03 Redes Logistic As

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Artigo publicado na edição 03 www.revistamundologistica.com.br março/abril de 2008 revista A Revista MundoLogística pode ser encontrada em bancas ou pode ser aquirida por assinatura através do nosso site

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Artigo publicado na edição 03

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revista

A Revista MundoLogística pode ser encontrada em bancas ou pode ser aquirida por assinatura

através do nosso site

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A expressão “redes logísticas” é recorrente no ambiente

compreendido pela Logística. Via de regra esta expressão designa

pontos de origem e destino de produtos, ligados por meio de

transporte. A inexistência de um método comum de formatação do

desenho de redes logísticas sugere a correspondente inexistência

de fundamentação teórica que proporcione compreensão dos

princípios básicos da sua formação. Este artigo propõe um método

que proporciona a construção de desenhos de redes logísticas a

partir da observação de situações reais. Para tanto, o artigo inicia

através da definição e identificação do processo logístico, que

vem a ser o elemento básico da rede. A partir deste conceito, a

metodologia é demonstrada e exemplificada.

Metodologia para construção de desenho de redes logísticas

Como desenhar redes logísticas a partir da observação de situações reais

Mauro Roberto Schlüter

([email protected]) é formado em Administração, com

mestrado em Engenharia de Produção e doutorando em

Engenharia de Produção pela UFRGS. Diretor do IPELOG e

professor de Logística, com mais de 12 anos de experiência

em pesquisa, ensino e aplicação prática da Logística.

Palestrante sobre o assunto no Brasil e exterior.

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O ambiente de abrangência da Logística é formado pela área operacional de

uma organização empresarial. Esta forma de concepção do ambiente logístico uti-

liza como base o modelo macroscópico de sistema empresarial, em que o sistema é

visto como uma seqüência de input, processing, output e feedback, incorporando

a tomada de decisão (decision).

A inclusão da tomada de decisão no diagrama de decisão se justi�ca pela re-

percussão que ela, composta pelas características de organização e regeneração,

exerce sobre os sistemas arti�ciais. As informações de mercado (output) alimen-

tam o tomador de decisão (decision), que executa a gestão das entradas (input) e

sincronia do processamento (processing) para a sobrevivência do sistema no am-

biente. Uma adaptação do esquema de funcionamento de sistema empresarial é

mostrada na �gura 1.

: : Artigos

a

De�nição de processo logístico e sistema logístico

Figura 1. Sistema empresarial com inclusão da decisão.

Um exame detalhado sobre este

ambiente mostra que ele pode ser

formado por três níveis de !uxos. O

primeiro é formado pelas informações

do ambiente (feedback), que utiliza

interação entre o output e o ambiente

para retroalimentar o sistema logísti-

co. O segundo nível é formado pelo

!uxo das decisões em um sistema lo-

gístico, que utiliza as informações para

organizar-se e regenerar-se. O terceiro

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é formado pelo processamento, identi�cado pelo !uxo dos produtos que percor-

rem o sistema logístico. O caminho percorrido pela logística pode ser descrito

como sendo as informações de demanda que são tratados e (re)alimentam o sis-

tema, servindo de base para tomadas de decisões, que por sua vez repercutem

no !uxo dos produtos, conforme pode ser visto na �gura 2.

Figura 2. Diagrama de !uxos logísticos.

O conceito de logística trata da gestão do !uxo do produto e das informações

relacionadas a ele. Este conceito tem sido utilizado para descrever a sinergia pro-

porcionada pelas operações entre as funções das empresas, porém é necessário

que se busque, baseado neste conceito e na de�nição de sistema logístico, a des-

crição do que realmente é um processo logístico.

O processo logístico deve estar conectado ao conceito da Logística, compre-

ender as áreas operacionais (suprimento, produção, distribuição e utilização),

desde as fontes de matéria-prima até o produto acabado acessar as mãos do

consumidor �nal, buscando a minimização dos custos envolvidos e garantindo a

melhoria dos níveis de serviço.

As técnicas de análise e conceituação de processo são exploradas de forma

mais intensa no estudo da administração da produção. Uma descrição de um

processo logístico, que possa ser comum a todo o !uxo de produto da empresa,

difere da descrição de um processo de produção em um aspecto básico que é a

inclusão do deslocamento como parte integrante desse processo. Ao visualizar

um sistema logístico em toda a sua abrangência pode se veri�car que o produto

possui um padrão de !uxo do tipo “stop and go”. Existem algumas exceções a este

padrão, que é encontrado em empresas com processos de produção contínuos,

como é o caso da indústria do setor químico, ou de empresas com processos de

produção onde o operador executa as tarefas acompanhando o deslocamento

do produto em uma esteira. Mesmo estas exceções podem ser simpli�cadas por

ocasião da descrição de um processo logístico, assumindo-se que todo e qual-

quer bene�ciamento, exercido nos processos logísticos do subsistema de produ-

ção deste tipo de indústria seja de�nido como um procedimento do tipo “stop”.

Com relação ao deslocamento do pro-

duto entre duas paradas não existem

exceções conhecidas.

Um processo logístico é composto,

portanto, de um procedimento estáti-

co e um ou mais procedimentos dinâ-

micos. Este conjunto de procedimen-

tos que formam um processo logístico

deve exercer as suas ações dentro dos

conceitos da Logística, isso é, fornecer

o produto certo e sem defeitos, no lo-

cal da demanda do próximo processo,

dentro dos prazos acordados, ao me-

nor custo possível e com garantia e/

ou melhoria dos níveis de serviço. Esta

ótica é a mesma adotada pelos precei-

mencionada anteriormente. Assume-

se com esta de�nição que um ambien-

te logístico possui, além de clientes

externos, clientes internos e, portanto,

os fornecedores internos devem estar

conectados com o conceito e objetivo

da Logística. Com base nessas premis-

sas, é possível conceituar o processo

logístico como sendo a conjunção de

um procedimento estático e um pro-

cedimento dinâmico, que buscam a

minimização dos custos e melhoria

dos níveis de serviço, utilizando as in-

formações da demanda para apoiar as

decisões que interferem no processo.

O procedimento estático pode

ser de�nido como uma parada que o

produto sofre para execução de natu-

reza de bene�ciamento ou de dispo-

nibilidade do produto para demanda

futura. Como exemplo pode se citar os

procedimentos de solda (produção),

estocagem no almoxarifado (supri-

mento), exposição nas gôndolas de

um ponto-de-venda (distribuição), ou

uma ação de instalação (utilização). A

única diferença entre procedimentos

estáticos ocorre nas situações de bene-

�ciamento e de estocagem, nas quais

o tempo ocorre de forma dependente

nas situações de estocagem em relação

à demanda do próximo processo.

DISTRIBUIÇÃO

Os !uxos que fazem parte de um ambiente logístico também compartilham

a formação de custos, porém o !uxo de maior signi�cância em termos de custos

e de nível de serviço ao cliente é o !uxo do produto. Dessa forma, a estruturação

conceitual de processo logístico, para �ns deste artigo, deve enfocar o !uxo do

produto no sistema logístico.

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Quando ocorre um procedimento

estático de estoque, o tempo em que

o produto permanecer em estoque

depende da demanda de outro pro-

cesso, anterior ou posterior. Um exem-

plo para este tipo de procedimento es-

tático pode ser facilmente visualizado

nos estoques de produtos acabados

de uma empresa qualquer. Se existem

1.000 itens em estoque e o mercado

possui uma demanda de 500 itens por

mês, conclui-se que o tempo de dura-

ção do estoque será de dois meses. Já

nos procedimentos estáticos de bene-

�ciamento, o tempo de permanência

do produto neste procedimento será

unicamente o tempo de produção,

sendo completamente independen-

te da demanda de outro processo. O

tempo de pintura de um automóvel

em uma linha de produção dependerá

somente da velocidade com que este

procedimento será realizado.

O procedimento dinâmico pode

ser de�nido como o deslocamento

do produto entre dois procedimentos

estáticos. Este deslocamento pode-

rá ser realizado em qualquer dos três

subsistemas abrangidos pela Logís-

tica. Como exemplos destes procedi-

mentos, pode-se citar o transporte de

um container (case) de partes de um

produto para um processo logístico de

montagem ou então o deslocamento

de matérias-primas do almoxarifado

para a produção.

Um processo logístico pode ser re-

presentado de forma análoga à repre-

sentação de um processo de rede, con-

forme pode ser visto nas �guras 3 e 4.

Figura 3. Processo logístico com tempo dependente.

Figura 4. Processo logístico com tempo independente.

Além das diferenças relativas à

ocorrência de tempo dos procedimen-

tos estáticos, veri�ca-se também que

os gargalos destes procedimentos

ocorrem de forma diferenciada. Em

procedimentos estáticos com tempo

dependente (estocagem), pode ocorrer

gargalos relacionados à falta de espa-

ço e em procedimentos estáticos com

Redes de processos logísticos

Os processos logísticos podem ser representados sob a forma de redes in-

terligadas desde um processo isolado, até em toda a abrangência do sistema da

cadeia de suprimentos.

A sua composição e desenho re!etem o interesse de estudo e, portanto,

o seu desenho pode assumir diferentes formas e estruturas.

Estruturação de redes de processos logísticos

As formas de estruturação do desenho da rede podem assumir várias con�-

gurações, dependendo de como se deseja visualizar um determinado cenário.

As con�gurações dos desenhos das redes podem ser classi�cadas das seguintes

formas:

As estruturas de desenho das redes podem assumir duas classi�cações:

a de�nição de nível refere-se ao grau de detalhamento do

desenho, que pode ser simpli�cado de acordo com o interesse.

Microscópica – contempla apenas os processos logísticos.

Mesoscópica – contempla os subsistemas.

Macroscópica – contempla os sistemas logísticos.

Ampla – contempla as cadeias.

a de�nição de dimensão refere-se à forma que o de-

senho do diagrama da rede considera a evolução do processo, considerando

tempo independente (bene�ciamento), pode ocorrer gargalos relacionadas à falta

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Técnica para construção de redes de processos logísticos

A construção de uma rede deve ser precedida de uma lógica para transformar

as ações que ocorrem no !uxo que o produto percorre no ambiente logístico,

em processos logísticos, compostos por procedimentos estáticos e dinâmicos. É

normal a ocorrência de mais de uma ação nos processos logísticos.

A técnica para transformar os dados das ações em processos logísticos é dada a

seguir.

I. Realizar uma descrição das ações que envolvem o !uxo que o produto per-

corre, no ambiente de estudo desejado, numerando cada uma em ordem cro-

nológica. Nas situações práticas, torna-se recomendável utilizar a visualização

in-loco para realização deste levantamento. O nível de detalhamento da des-

crição deve sempre conter as ações relacionadas diretamente no produto.

II. Confeccionar uma tabela e colocar os dados das ações em ordem cronológica

que ocorrem na rede que se deseja estudar, e posteriormente transformar

esses dados em informações acerca dos processos conforme a tabela 1.

III. O desenho da rede deve levar em consideração o posicionamento do produ-

to em relação ao espaço e ao tempo, dependendo da forma de estruturação.

Dessa forma, se o produto permanecer parado será um procedimento estáti-

co, e se o produto é transportado entre dois procedimentos estáticos então é

considerado um procedimento dinâmico.

IV. Preencher os demais campos da tabela, iniciando pela identi�cação do tipo

de procedimento.

V. Após a conclusão do quarto passo, deve se mesclar as células da coluna de

“Ordem do Processo”, de forma a obter somente uma célula para cada proces-

so.

VI. As informações obtidas nas três últimas colunas referem-se ao desenho da

rede propriamente dita. As informações destas colunas devem ser reposicio-

nadas no sentido horizontal para se obter o diagrama completo do ambiente

de estudo que é objeto da investigação.

VII. O desenho de procedimentos estáticos de subsistemas, sistemas e cadeias

devem assumir a con�guração de acordo com a sua competência. Dessa for-

ma, um subsistema de produção terá o seu desenho de procedimento está-

Tipo de ProcedimentoSimbologia do Pro-

cedimentoOrdem do Processo Nome do Processo

Inserir o número de ordem relativo à ação que foi executada em ordem cronológica.

Descrever se o procedimen-to é dinâmico ou estático. Se for estático, informe se é dependente ou indepen-dente.

Alocar neste quadro a simbologia do procedi-mento, de acordo com a sua quali�cação.

Colocar os processos em ordem numérica de ocor-rência.

Fornecer um nome para o processo. Utilizar nomes que sejam de conhecimen-to comum aos envolvidos no estudo.

Tabela 1. Transposição de dados em informações.

somente o espaço ou ao espaço e tempo ocupado pelo processo logístico.

– contempla apenas o espaço ocupado pelos processos de uma rede.

– contempla o espaço ocupado pelo processo ao longo do

tempo, tanto de um só produto como também de vários produtos (mono e

multiproduto).

As duas estruturas de desenho das redes não são excludentes e podem com-

binar entre si, formando redes complexas dependendo do objetivo da análise

determinado pelo interesse.

tico sob a forma de um retângulo,

uma vez que a competência deste

subsistema é de tempo indepen-

dente.

Redes de processos logísticos

microscópicas

As redes de processo microscópi-

cas abrangem somente os processos

logísticos de um determinado cenário.

Conforme mencionado, é possível

desenhar qualquer tipo de rede de

acordo com o interesse que se tem so-

bre um determinado cenário, inclusive

analisando redes de processos com

procedimentos desmembrados de

outro processo. Para melhor esclareci-

mento, o exemplo do cenário a seguir

mostra também a aplicação da técnica

para a construção da rede de proces-

sos passo a passo.

Considera-se a necessidade de

desenhar uma rede de apenas um pe-

queno conjunto de processos logísti-

cos de produção. Após uma visualiza-

ção in-loco dos processos envolvidos

no cenário de estudo, veri�cou-se que

se trata de um conjunto de processos

de execução de um furo em uma peça

metálica, já considerado o set-up.

A partir deste cenário, deve-se proce-

der aos passos das técnicas de constru-

ção da rede mencionadas anteriormen-

te, conforme demonstrado a seguir:

Passo I – Veri�cação in-loco e des-

crição das ações envolvidas na rede,

descritas em ordem cronológica de

sua ocorrência conforme consta a se-

guir:

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-

�ciamento, em que se executa o

furo na peça (procedimento está-

tico), a peça furada é transportada

até a caixa que está localizada no

seu lado direito (procedimento di-

nâmico), e a colocação das sobras

do furo em uma caixa, localizada

produtos furados e o respectivo

transporte até o próximo proces-

so.

O desenho da rede mostra de for-

ma clara que os estoques, por possuí-

rem tempos dependentes da demanda

posterior e anterior à execução do furo,

têm o seu desenho de procedimento

estático representado por um círculo.

Já o procedimento estático de bene-

�ciamento (execução do furo), tem o

seu desenho retangular, uma vez que

representa um procedimento estático

com tempo de permanência comple-

tamente independente, isso é, depen-

de apenas da rapidez com que o furo

é executado pelo conjunto operador

x máquina. As demais representações

referem-se ao transporte de produtos

entre dois procedimentos estáticos.

Observa-se que os processos são

nominados de acordo com a atividade

do procedimento estático. O uso des-

ta técnica de identi�cação deve-se ao

fato de que o transporte é de difícil di-

ferenciação (a nomenclatura é comum

a todos os procedimentos dinâmicos),

e é comum a todos os processos, como

será veri�cado nos demais exemplos.

Figura 5. Diagrama da rede em estudo.

1º. uma caixa contendo peças metálicas com dimensões previamente padroni-

3º. o operador retira uma peça da caixa de estoques pré-bene�ciamento, trans-

5º. o operador retira esta peça da perfuratriz para o estoque de produtos pron-

8º. as peças permanecem depositadas na caixa de produtos acabados que está a

chapas metálicas furadas até o próximo processo.

Como pode ser visto, são basicamente nove ações que ocorrem no ambiente

de estudo. A descrição serve para obtenção de domínio do cenário em que se

quer desenhar a rede, e o seu nível de detalhamento é su�ciente para obtenção

das informações.

Após a realização do primeiro passo das técnicas de

construção da rede logística, parte-se para os passos II a V, que é a construção da

tabela (veja tabela 2).

Os processos logísticos devem ser colocados em ordem cronológica de ocor-

rência. A ordem mais comum de representação de um processo logístico é um

procedimento estático seguido de um procedimento dinâmico. Porém, esta or-

dem pode ser modi�cada de acordo com as especi�cidades e interesse de estudo

da própria rede. A �gura 5 demonstra esta a�rmação.

Passo VI – Após a tabela, executa-se a transposição dos processos na posição

horizontal de forma a obter a rede, conforme �gura 5.

Apenas para �ns de melhor compreensão desta transformação, os números

relativos à ordem das ações estão alocados sobre os procedimentos estáticos e

dinâmicos. Em geral, pode ocorrer mais de uma ação em um procedimento es-

tático.

É possível veri�car que o fato que direciona o desenho da rede é a posição do

produto ou o “stop and go”, conforme descrição a seguir:

armazenados em caixas ao nível do solo (procedimento estático), e posterior-

mente são transportados um a um para a produção do furo (procedimento

Redes de processos logísticos

mesoscópicas

Redes de processos logísticos me-

soscópicas são constituídas de subsis-

temas logísticos (suprimento, produ-

ção, distribuição e utilização), e podem

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incluir ou não o nível de detalhamento de redes microscópicas. Recomenda-se

que o primeiro desenho de qualquer rede seja completo, pois facilita a visualiza-

ção detalhada de todo o cenário.

O desenho da rede utilizada como exemplo envolve as ações de recebimen-

to do veículo que transportava a matéria-prima até o seu deslocamento para o

subsistema de produção. Seguindo os passos das técnicas de desenho da rede, se

obtêm o seguinte desenvolvimento:

Passo I – Descrição das Ações do Cenário

A cronologia de eventos listada a seguir ocorre no subsistema de armazena-

gem de suprimentos da indústria recebedora e serviram de base para execução

do primeiro passo de construção da rede:

1º. motorista da transportadora noti�ca na portaria da empresa a chegada do

3º. havendo espaço na doca de descarregamento, o veículo é autorizado a entrar

Tipo de ProcedimentoSimbologia do

Procedimento

Ordem do

ProcessoNome do Processo

1a

Procedimento estático – tempo dependente (é estoque, e o tem-po que produto permanece neste estoque depende da demanda de produção).

1o Estoque pré-furo.

2a Permanece o mesmo procedimen-to estático da ação anterior.

3aProcedimento dinâmico – trans-porte da peça até a furadeira.

4a

Procedimento estático – tempo independente. O produto perma-necerá na furadeira, dependerá somente da própria rapidez deste procedimento.

2o Execução do furo.

5a

Procedimento dinâmico – trans-porte da peça furada para o esto-que posterior.

6a

Procedimento dinâmico – retirada das sobras do furo para o estoque de sobras.

7a

Procedimento estático – tempo dependente. O tempo que as so-bras permanecerão em estoque depende da execução de furos em todo o lote.

3o Estoque de sobras.

8a

Procedimento estático – tempo dependente. O tempo de perma-nência do produto no estoque pós-furo, depende da execução do lote que está no processo an-terior.

4o Estoque pós-furo.

a Procedimento dinâmico – é trans-porte.

4º. o encarregado do almoxarifado

solicita a nota �scal para confron-

tar com as ordens de compra em

5º. con�rmada a confrontação da nota

�scal com a ordem de compra, ini-

cia-se o descarregamento na plata-

6º. após o descarregamento, o encar-

regado do almoxarifado veri�ca se

a quantidade entregue é a mesma

7º. veri�ca também a integridade e

Tabela 2. Construção da tabela de processos.

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Redes de processos logísticos macroscópicas

Redes de processos logísticos

amplos (cadeias)

8º. o encarregado do almoxarifado assina o canhoto da nota �scal e libera o mo-

-

10º. o produto é deslocado da plataforma até o local designado pelo endereça-

11º. o produto permanece estocado até que o subsistema produção execute a

13º. o produto é retirado do local de estocagem nas quantidades solicitadas pelo

15º. o produto é deslocado até ingressar no seu primeiro processo logístico do

subsistema de produção.

Por ocasião da veri�cação in-loco e respectiva descrição das ações, optou-se

por agregar as ações de tomada de informações e de tomada de decisões, uma

vez que geravam acréscimos de tempos aos processos logísticos, sendo este o

foco da análise do cenário. Os passos II, III, IV e V seguem a mesma técnica apon-

tada no item anterior.

Passo VI – Na �gura 6 está o desenho da rede de processos mesoscópica com

a inclusão da rede microscópica.

A representação de um conjunto de subsistemas logísticos forma um sistema

logístico de uma empresa. Nesse contexto, o diagrama pode ser totalmente de-

Uma cadeia de suprimentos (sup-

ply chain) pode ser representada ana-

logamente da mesma forma que uma

rede de processos logísticos. Percebe-

se que o processo logístico é o com-

ponente básico de qualquer cadeia de

suprimento, mas que também pode

ser visto em vários níveis de agrega-

ção, como, por exemplo, um conjunto

de empresas de uma cadeia de supri-

mentos, que pode ser vista como um

diagrama de redes logísticas contendo

vários macroprocessos logísticos (sis-

temas logísticos). Veja �gura 8.

Entre outros interesses, este de-

senho pode demonstrar ao gestor de

logística o posicionamento da empre-

sa na cadeia através das relações de

dependência e poder das empresas de

uma cadeia.

Redes de processos logísticos

espaciaisSão diagramas de redes que consi-

deram somente o espaço ocupado por

um processo logístico de um determi-

nado produto, não alocando o tempo

no diagrama. Todos os exemplos de

Figura 6. Desenho da rede macroscópica com inclusão da rede microscópica.

Figura 7. Diagrama de um sistema logístico de uma indústria.

Suprimento

Suprimento

1o

Processo

Veri�cação de Procedência

Veri�cação Documental

Veri�caçãoFísica

EstocagemPicking de Produção

2o

Processo3o

Processo4o

Processo5o

Processo

11o 11o

12o 12o

10o 13o 15o6o

8o

7o

o

5o4o3o

2o1o

Produção Distribuição

talhado, ou não, porém cada processo

deve ser desenhado considerando a

forma dos procedimentos estáticos em

relação à dependência ou indepen-

dência do seu tempo de ocorrência.

Em subsistemas e sistemas, desenha-

se segundo a competência principal

do procedimento estático. O cenário

da �gura 7 inclui apenas os níveis me-

soscópico e macroscópico.

Os subsistemas de suprimento,

produção e de distribuição foram

desenhados de acordo com a repre-

sentação de processos logísticos com

tempo dependente e independente

de acordo com a sua competência.

Page 9: 03 Redes Logistic As

Redes de processos logísticos

espaço-temporais

Redes espaço-temporais mono-

produtos

As redes de processos logísticos

espaço temporais consistem em uma

evolução das redes espaciais, porém

considerando a dinâmica de ocorrência

da realidade de bene�ciamentos, es-

tocagens e deslocamentos em função

da inclusão do tempo. A representação

se dá através de grá�cos com dois ei-

xos para situações de desenho de um

só produto, e de três eixos quando se

trata de diversos produtos. Estas duas

formas de estruturação de redes são os

desenhos mais completos, pois captam

a realidade ao longo do tempo.

Redes de processos logísticos es-

paço temporais que incluem um só Figura 8. Diagrama de redes de uma cadeia.

redes microscópicas, mesoscópicas, macroscópicas e amplas, citados nos itens

anteriores, são exemplos de redes espaciais, pois mostram o !uxo dos processos

logísticos pelos quais um produto trafega. A utilização desta forma de represen-

tação pode ser aplicada por ocasião do planejamento de processos de lançamen-

to de um novo produto, estabelecimento de um novo layout de armazenagem

ou de produção, entre outras aplicações.

O exemplo de rede de processos do cenário demonstrado na �gura 5 mostra

como o desenho espacial pode ser estruturado.

Os desenhos das redes espaciais são melhor assimilados quando os processos

são alocados em desenhos de planta baixa das áreas abrangidas pela rede.

B

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60

Redes de processos espaço-

temporais multiprodutos

produto são representadas através de um diagrama sob a forma de um grá�co

de dois eixos perpendiculares entre si, em que o tempo está alocado no eixo das

abscissas e o espaço está alocado no eixo das ordenadas.

Na representação desse tipo de rede logística é possível evidenciar as movi-

mentações e paradas de um produto ao longo do tempo. Este tipo de rede pode

ser utilizado como auxiliar na montagem de mapas de planejamento integrado

da Logística, ampliando o espectro de planejamento dos mapas de MRP II ou até

de APS (advanced plan schedulle).

A técnica para a construção deste tipo de rede assemelha-se à técnica de

redes de processos logísticos espaciais, porém acrescentam-se as informações

acerca dos tempos dos lotes processados em cada procedimento, seja ele estáti-

co ou dinâmico. A técnica consiste dos seguintes passos:

I. confeccionar a rede de processo espacial através da utilização das técnicas

II. efetuar a descrição das localizações em que o lote foi processado ao longo do

III. confeccionar um grá�co alocando no eixo das abscissas o tempo e no eixo

IV. alocar no eixo do espaço (ordenadas), os nomes dos procedimentos estáticos

V. alocar no eixo do tempo (abscissas), a escala adequada para a rede em estu-

do. Considerando que o tempo é um elemento crítico na maioria das situa-

ções que envolvem tomadas de decisão em Logística, recomenda-se que se

VI. o desenho é iniciado com o primeiro processo que será analisado, respeitan-

do a posição no espaço e o tempo que ele permanecerá tanto no procedi-

mento estático quanto no dinâmico.

O exemplo utilizado no item 2.3, que trata da construção da rede de proces-

sos logísticos de produção, é usado a seguir como base para a construção de uma

rede espaço-temporal monoproduto.

Passo II – Rastreamento do Lote Processado

1º. Um lote de três peças é depositado no processo de estoque pré-furação.

2º. As peças são retiradas uma a uma do estoque pré-furação.

3º. A operação de furo é executada, a razão de uma peça a cada 5 minutos.

4º. Após a execução do furo, cada peça é colocada no processo de estoque pós-

furação.

5º. As sobras decorrentes da operação de furo são colocadas em um container

posicionado atrás do operador, ao �nal de cada operação realizada.

Considerações acerca da construção de

redes espaço-temporais monoprodutos:

lote de produtos. Neste caso, o lote

deve ser acompanhado ao longo

do espaço e do tempo, mesmo que

seja desmembrado em unidades

ou lotes menores para processa-

-

tos estáticos de estoque (pré-fu-

ração, pós-furação e sobras) tem o

seu desenho estendido ao longo

do tempo sob a forma de círculos

pontilhados, que indicam a exis-

tência de estoques remanescentes

do lote em estudo.

Dentre os dois tipos de desenhos

de redes espaço-temporais, a rede

mutliprodutos é a mais complexa, pois

considera a movimentação, estocagem

e bene�ciamento de vários produtos

simultaneamente ao longo do tempo.

Nas redes monoprodutos, o espaço era

unidimensional, por se tratar de diagra-

mas de redes de um só produto. Nas re-

des em que existe mais de um produto,

o espaço deve ser bidimensional, repre-

sentando a localização dos processos

em largura e extensão. Caso contrário,

pode haver sobreposição dos proce-

dimentos estáticos no desenho, o que

6º. O lote de produção é transportado

para o próximo processo.

Os passos III, IV, V e VI que tratam

da confecção do grá�co, alocação da

escala de tempo, identi�cação dos

processos no espaço e de confecção

do desenho da rede são realizados em

conjunto.

O grá�co da �gura 10 mostra o de-

senho da rede considerando a dinâmi-

ca de movimentações e ocupações de

espaço ao longo do tempo.

Figura 10. Diagrama da rede de processos logísticos espaço-temporais.

Page 11: 03 Redes Logistic As

61

di�cultaria a sua visualização e com-

preensão. A representação do tempo é

feita através da inclusão de um terceiro

eixo, cuja posição é perpendicular aos

outros dois eixos.

Existem raras situações em que a

rede pode assumir uma situação de

espaço tridimensional com a inclusão

de processos em alturas diferentes, o

que poderia levar à inclusão de mais

um eixo na representação grá�ca para

identi�cá-la na rede. Recomenda-se

que tal procedimento seja utilizado

em redes espaciais ou espaço-tempo-

rais monoprodutos. Em redes espaço-

temporais multiprodutos, a inclusão

de espaço tridimensional inviabiliza a

inclusão do eixo do tempo nos casos

em que a representação grá�ca é reali-

zada sobre planos bidimensionais (pa-

pel por exemplo), o que prejudicará a

compreensão da evolução dos proces-

sos ao longo do tempo.

A técnica para construção deste tipo

de rede consiste nos seguintes passos:

I. desenhar os processos logísticos

de cada produto em um espaço

bidimensional, considerando a po-

sição de cada um na área analisada

II. alocar o espaço de cada processo

ao longo do tempo de acordo com

a quantidade de tempo consumi-

do pela ocupação em cada proce-

III. desenhar o grá�co com os três ei-

xos, conforme consta na �gura 14,

alocando as escalas de tempo e de

espaço bidimensional nos respec-

IV. iniciar o desenho das redes através

da escolha de um determinado

produto e alocar os processos ao

longo do espaço bidimensional e

do tempo.

O formato do diagrama de redes

espaço-temporais multiprodutos com

três eixos tem uma representação se-

melhante à demonstrada na �gura 11.

Figura 11. Diagrama de rede espaço-temporal multiproduto.

Considerações sobre o desenho das redes logísticas

1. A simbologia do processo logístico pode ser utilizada para desenhar qualquer

tipo de rede e identi�car as paradas (procedimento estático de estoque ou

manuseio), e os deslocamentos (procedimento dinâmico) do produto.

2. O detalhamento do desenho dos processos e de uma rede pode assumir

qualquer nível de complexidade.

3. O nível de detalhamento depende unicamente do cenário que se quer ana-

lisar, porém quanto mais amplo (sistêmico), e detalhado, maior acuracidade

poderá ser obtida.

4. O desenho da rede deve expressar o ambiente de interesse de estudo, seja

ele um simples processo, um subsistema, um sistema ou toda a cadeia, em

qualquer intervalo de tempo.

5. A rede deve ser desenhada a partir do cliente, seja ele interno, externo, ou até

mesmo o consumidor �nal, até as fontes de matéria-prima (da frente para trás).

6. A rede de um supply-chain deve ser feita por produto, iniciando com o produ-

to de consumo �nal, passando pelos integrantes que fazem partes, conjuntos

e subconjuntos, até chegar aos fornecedores de matérias-primas básicas.

7. O início do desenho da rede passa por uma compreensão do cenário em que ele se

insere através da descrição detalhada de todas as ações envolvidas no cenário.

8. Na medida em que se obtiver conhecimento sobre as técnicas de construção

de redes de processos logísticos, é possível simpli�car a rede, diminuindo a

quantidade de processos, desde que a simpli�cação não afete a acuracidade

na otimização dos processos.

: : Referências

-bution and Logistics Management. Vol 34, n‘ 8, 2004.

Resultado. HTS Editora, Inadiatuba: 2005.

Considerando a complexidade deste tipo de rede proporcionado pela tridi-

mensionalidade na construção, a sua representação em superfícies planas torna-

se difícil, tornando-se necessário o uso de pacotes computacionais do tipo Auto-

cad ou similares. Na ausência desse tipo de pacote computacional, recomenda-se

uma adaptação do espaço, transformando o tridimensional em bidimensional ou

até unidimensional e manter o eixo alocação do tempo.