Post on 28-Dec-2018
Página 1 de 14
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador
SCS, Quadra 4, Bloco A, 6° Andar, Ed. Principal
70.304-000 Brasília-DF
Tel. (61) 3213.8081 Fax. (61) 3213.8484
Relatório: Vigilância em Saúde de Populações Expostas a
Agrotóxicos em São Paulo
Elaboração:
Gabriela Freire Martins
Analista Técnica de Políticas Sociais
Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos – Vigipeq
Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental- CGVAM
Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador – SVS/MS
Página 2 de 14
Sumário
Introdução ........................................................................................................................................................ 3
Agrotóxicos em São Paulo ............................................................................................................................... 4
Intoxicações por agrotóxicos em São Paulo .................................................................................................. 6
Fortalecimento da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos em São Paulo. ............. 7
Proposta de Vigilância em Saúde de Populações Expostas aos Agrotóxicos no Estado de São Paulo ..... 8
Municípios prioritários em São Paulo ........................................................................................................... 9
Execução da proposta ...................................................................................................................................... 9
Agrotóxicos em água para consumo humano em São Paulo ..................................................................... 12
Considerações finais ...................................................................................................................................... 12
Página 3 de 14
Introdução
Desde 2008, o Brasil se destaca por ser o maior consumidor de agrotóxicos do mundo,
detendo 19% da participação no mercado internacional. Entre 2000 e 2010, o mercado nacional de
agrotóxicos registrou crescimento de 190%, enquanto o mercado mundial cresceu 93%1. Em cinco
anos, a taxa de consumo de agrotóxicos no Brasil quase dobrou, passando de 10,11 kg/ha em 2007
para 18,57 kg/ha em 20122.
Assim, o uso de agrotóxicos tem sido intensificado nos meio urbano e rural, de modo que a
população pode ser exposta a partir do meio ambiente, da água e dos alimentos contaminados, ou
através das atividades laborais. Entre as inúmeras atividades que utilizam esses compostos
destacam-se a agropecuária, a produção industrial, as madeireiras, a silvicultura, o manejo florestal,
a preservação de estradas, a saúde pública, o controle de algas e a desinsetização.
Devido à sua toxicidade intrínseca, os agrotóxicos impactam na saúde humana, produzindo
efeitos que variam conforme o princípio ativo, a dose absorvida e a forma de exposição. As
consequências descritas na literatura englobam as alergias; os distúrbios gastrintestinais,
respiratórios, endócrinos, reprodutivos e neurológicos; as neoplasias; as mortes acidentais; e os
suicídios3. Os grupos mais vulneráveis a esses efeitos deletérios são os trabalhadores diretamente
envolvidos com agrotóxicos, bem como as crianças, as grávidas, os lactentes, os idosos e os
indivíduos com saúde debilitada.
Os agrotóxicos extrapolam, portanto, a questão ambiental e constituem um importante
problema de saúde pública. Em face disso, a Vigilância em Saúde de Populações Expostas a
Agrotóxicos busca a efetivação de ações integradas de prevenção, promoção, vigilância e atenção à
saúde de populações expostas – aqui compreendidos não só os trabalhadores, mas também as
comunidades afetadas pela contaminação do ar, do solo, da água e dos alimentos.
1ANVISA, UFPR. Relatório ANVISA – UFPR sobre Mercado e Regulação de Agrotóxicos. Brasília: ANVISA, 2012.
2 AGROFIT e IBGE, 2012.
3World Health Organization. Exposure to Highly Hazardous Pesticides: a Major Public Health Concern. Geneva: WHO,
2010.
Página 4 de 14
Agrotóxicos em São Paulo
São Paulo é o maior consumidor de agrotóxicos do Brasil4. Entre 2009 e 2010, sua taxa de
consumo disparou, passando de 6,98 kg/ha para 44,63 kg/ha, enquanto a área plantada se manteve
na ordem de 8 milhões de hectares (Tabela 1). Esse valor é bastante alto, sobretudo se comparado
com as médias regional e nacional de, respectivamente, 33,43 e 15,84 kg/ha em 2010.
Tabela 1: Taxa de consumo de agrotóxicos e área plantada – São Paulo, 2007 a 2012.
SÃO PAULO 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Área plantada (hectare) 6.822.416 7.577.086 7.545.828 8.490.211 7.935.314 7.917.042
Taxa de consumo de
agrotóxico (kg/ha) 9,49 7,38 6,98 44,63 43,61 46,26
Fonte: IBGE e AGROFIT.
De modo geral, a desproporcionalidade entre o consumo de agrotóxicos e área plantada é
frequente no país. Entre os fatores que explicam essa situação, está o aumento da produtividade
agrícola, alcançado com a introdução de novas tecnologias e o melhor aproveitamento de insumos5.
Nesse contexto, os pequenos produtores chamam atenção, já que seu acesso reduzido à informação
e à tecnologia os torna mais suscetíveis ao uso inadequado de agrotóxicos. Em São Paulo, a
agricultura familiar representa 66% dos estabelecimentos agropecuários e ocupa cerca de 330 mil
pessoas, que produzem, sobretudo, arroz, mandioca e milho6. Essas culturas correspondem, juntas, a
aproximadamente 13% dos cultivos paulistas (Figura 1).
4Agrofit/MAPA, 2012.
5FORNAZIER, Armando; VIEIRA FILHO, José Eustáquio Ribeiro. Heterogeneidade Estrutural na Produção
Agropecuária: uma comparação da produtividade total dos fatores no Brasil e nos Estados Unidos. Brasília: IPEA,
2013. (Texto para Discussão nº 1819). 6 FRANÇA, Caio Galvão de; DEL GROSSI; Mauro Eduardo; MARQUES; Vicente P.M. de Azevedo. O censo
agropecuário 2006 e a agricultura familiar no Brasil. Brasília: MDA, 2009
Página 5 de 14
Figura 1: Percentual das principais culturas - São Paulo, 2012. Fonte: SIDRA/IBGE.
Além disso, a cana-de-açúcar, o milho, a soja e a laranja compõem 90% dos cultivos. Se por
um lado a mecanização agrícola contribuiu para reduzir a exposição dos trabalhadores, por outro
lado a contaminação ambiental e a pulverização representam ameaça à saúde dos paulistas,
sobretudo porque essas culturas estão entre as que mais consomem agrotóxicos no Brasil7.
Por fim, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos (PARA), da ANVISA, monitora
os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos, com o objetivo de proteger todos os
consumidores de produtos agrícolas, inclusive nas cidades. Em São Paulo, 40% das amostras
analisadas pelo programa, em 2012, foram consideradas insatisfatórias para o consumo humano8.
7 SINDAG, 2011.
8 ANVISA. Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) – Relatório de atividades de 2011
e 2012. Brasília: ANVISA, 2013.
Página 6 de 14
Intoxicações por agrotóxicos em São Paulo
Em São Paulo, a incidência de intoxicações não acompanhou, proporcionalmente, a taxa de
consumo de agrotóxicos de 2007 a 2012. Enquanto a incidência manteve crescimento gradual, da
ordem de 30% ao ano, a taxa de consumo apresentou crescimento explosivo a partir de 2010,
passando de 6,98 para 44,63 kg/ha e mantendo-se em torno desse patamar desde então (Figura 2).
Figura 2: Consumo de agrotóxicos e intoxicações registradas no SINAN, São Paulo - 2007 a 20129.
Considerando a magnitude da utilização de agrotóxicos em São Paulo, e a comparação com a
média regional, o número de intoxicações registradas provavelmente está aquém da realidade. Dos
645 municípios paulistas, somente 44 apresentaram mais de 100 registros entre 2007 e 2012. Entre
os que concentraram o maior volume de notificações, destacam-se São Paulo, Guarulhos, São José
do Rio Preto e Marília (Figura 3).
9Fonte: IBGE, SINAN, AGROFIT. Os dados do SINAN referentes a 2012 são parciais. Consulta em 13/03/2014.
Página 7 de 14
Figura 3: Municípios que mais notificaram no SINAN, São Paulo - 2007 a 201210
.
Nesse sentido, cabe ressaltar que as intoxicações exógenas por agrotóxicos integram a Lista
de Notificação Compulsória (LNC) e devem ser notificadas semanalmente no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (SINAN)11
por qualquer profissional de saúde ou
responsável pelos estabelecimentos de saúde ou ensino.
Fortalecimento da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos em São Paulo.
Visando ao fortalecimento da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos, a
Portaria nº 2.938/GM/MS, de 20 de dezembro de 2012 autorizou o repasse automático de recursos
do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Estaduais e do Distrito Federal, de modo que São Paulo
recebeu R$1.000.000,00 (um milhão de reais). Em face disso, recomendou-se a elaboração da
proposta estadual de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos e sua subsequente
pactuação na Comissão Intergestores Bipartite (CIB). Como base para a elaboração desse
documento, a CGVAM disponibilizou o “Instrutivo Operacional de Vigilância de Populações
Expostas a Agrotóxicos” 12
, que traça diretrizes para a implementação dessa Vigilância.
10
Consulta em 17/03/2014. 11
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.271, de 06 de junho de 2014. Diário Oficial da União nº 108, Seção 1,
págs. 67 a 69, de 9 de junho de 2014. 12
Documento aprovado pelo Grupo de Trabalho de Vigilância em Saúde (GTVS), da CIT.
Página 8 de 14
Proposta de Vigilância em Saúde de Populações Expostas aos Agrotóxicos no Estado de São
Paulo
A Proposta de Vigilância em Saúde de Populações Expostas aos Agrotóxicos no Estado de
São Paulo foi elaborada pela Divisão de Doenças Ocasionadas pelo Meio Ambiente (DOMA), do
Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), da SES/SP. Balizado pela sua autonomia, o estado
optou por não pactuá-la na CIB. O documento prevê a articulação entre a Atenção, a Vigilância, os
Órgãos Afins e as Universidades, bem como a realização de quatro etapas:
1. Diagnóstico do perfil de uso/consumo de agrotóxicos no estado de São Paulo;
2. Diagnóstico do perfil epidemiológico das intoxicações por agrotóxicos no estado de
São Paulo;
3. Participação Social; e
4. Capacitação dos profissionais de saúde. O cronograma de implantação das ações foi
inserido na Programação Anual de Saúde (PAS).
A Proposta Estadual e a PAS foram analisadas à luz do Instrutivo Operacional de Vigilância
em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos, que define as ações mínimas para a Vigilância
(Tabela 2). Verificou-se que a PAS contempla ações semelhantes às previstas na Proposta, à
exceção das medidas de controle e vigilância em saúde do ciclo de vida dos agrotóxicos.
Tabela 2 – Análise das atribuições da proposta e da PAS à luz do Instrutivo
Ações Mínimas (item III.2 do Instrutivo) Contemplado na
Proposta Estadual PAS
Medidas de controle e vigilância em saúde no que se refere à produção,
armazenamento, transporte, distribuição, comercialização e utilização e
destinação final de agrotóxicos.
Sim Parcialmente
Caracterização e cadastramento de grupos populacionais em situação de
exposição ocupacional ou ambiental a agrotóxicos. Sim Sim
Vigilância dos ambientes e processos de trabalho. Sim Sim
Monitoramento de resíduos de agrotóxicos em água para consumo humano e
em outras matrizes de interesse da saúde. Sim Sim
Alimentação, monitoramento e análise dos dados dos sistemas de informação
com regularidade. Sim Sim
Promoção de estratégias de educação permanente dos profissionais de saúde. Sim Sim
Informação e comunicação de risco à saúde. Sim Sim
Página 9 de 14
Municípios prioritários em São Paulo
A priorização possibilita a otimização de recursos, a qualificação da resposta às demandas e a
articulação com movimentos sociais, ampliando o impacto das ações de vigilância, de fiscalização e
de controle. Por isso, recomenda-se a priorização de áreas com populações expostas ou
potencialmente expostas a agrotóxicos, levando em consideração os seguintes critérios:
Produção agrícola;
Consumo de agrotóxicos;
Tamanho da população exposta ou potencialmente exposta;
Número de casos de intoxicação exógena por agrotóxicos no SINAN; e
Monitoramento da água para consumo humano, conforme os parâmetros do
VIGIAGUA.
A despeito das recomendações da CGVAM, São Paulo optou por não priorizar municípios.
Ao invés disso, trabalha com 28 regionais. O estado alega que iniciou medidas de Vigilância em
Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos nos anos 80, e executa, desde então, ações de
Vigilância Epidemiológica e Sanitária nessa área. Em face disso, preferiu manter sua lógica de
trabalho, focando em áreas urbanas e em certos processos produtivos, como a indústria canavieira.
Execução da proposta
Segundo o DOMA, as atividades ocorrem principalmente com recursos próprios, visto que
São Paulo já trabalhava com os agrotóxicos antes da Portaria GM/MS nº 2.938/2012. Assim, as
ações relacionadas a agrotóxicos vêm sendo executadas conforme a Programação Anual de Saúde
(PAS), havendo poucas informações sobre o andamento da Proposta de Vigilância em Saúde de
Populações Expostas aos Agrotóxicos no Estado de São Paulo (Tabela 3).
Tabela 3: Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos inserida na PAS13
e outras ações de vigilância.
AÇÕES DA PAS 2013 e 2014 Status
QUALIFICAR OS PROFISSIONAIS DAS EQUIPES MUNICIPAIS E ESTADUAIS
DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA NAS SUAS DIFERENTES ÁREAS DE ATUAÇÃO.
1. Capacitações de profissionais de saúde em Noções Básicas sobre agrotóxicos e nas
estratégias do Programa Toxicovigilância do Agrotóxico. Executado
2. Realizar evento de capacitação dos profissionais de saúde das regiões que não entraram no
PTA, em Noções Básicas sobre agrotóxicos e nas estratégias do Programa Toxicovigilância
do Agrotóxico.
Em andamento
13
Última atualização em 11/03/2014.
Página 10 de 14
3. Seminário do Programa Toxicovigilância do Agrotóxico. Executado
4. Oficina Estadual do Programa Toxicovigilância do Agrotóxico. Cancelado
5. Capacitação dos profissionais de saúde do Programa Toxicovigilância do Agrotóxico, no
Manual de Vigilância do Risco – Agrotóxico. Cancelado
FORTALECER A VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR (VISAT) Sem
informação
6. Capacitar as unidades de saúde estaduais para a notificação e investigação dos acidentes e
doenças relacionadas ao trabalho Sem informação
IMPLEMENTAR O SISTEMA ESTADUAL DE TOXICOVIGILÂNCIA.
7. Elaborar a proposta de estruturação dos Comitês Regionais de Toxicovigilância em conjunto
com os interlocutores regionais de Toxicovigilância Executado
8. Constituir grupo técnico e construir modelo de atenção em toxicologia Cancelado
9. Apresentar proposta do modelo da rede de atenção em Toxicologia Cancelado
IMPLEMENTAR O DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES DE VIGILÂNCIA EM
SAÚDE AMBIENTAL.
10. Elaborar referências programáticas e operacionais para cursos temáticos em vigilância de
fatores ambientais de risco à saúde, na modalidade ensino à distância. Executado
11. Realizar curso de avaliação crítica de cenários regionais de produção e consumo de água
potável e de medidas de gerenciamento de riscos. Não executado
12. Elaborar relatório técnico com perfil de uso de agrotóxicos, impactos nos compartimentos
ambientais e riscos à saúde dos trabalhadores, consumidores e população em geral Em andamento
13. Efetuar Diagnóstico do perfil epidemiológico das intoxicações por agrotóxicos no Estado de
São Paulo Executado
14. Elaborar diretrizes das ações de vigilância para gerenciamento de fatores de riscos
relacionados à exposição a agrotóxicos, considerando atribuições e competências das áreas
afins.
Em andamento
15. Capacitar e qualificar profissionais de saúde em vigilância e atenção à saúde (detecção,
diagnóstico e tratamento dos casos de exposição/intoxicação, notificação dos casos,
utilização dos sistemas de informação e em ferramentas para analise dos dados).
Não executado
FORTALECER A REDE LABORATORIAL DO IAL PARA ATENDER O CONTROLE DE
QUALIDADE DE PRODUTOS E ELEMENTOS DO MEIO AMBIENTE, DEMANDAS
FISCAIS E DEMAIS AÇÕES PROGRAMÁTICAS DAS VIGILÂNCIAS SANITÁRIA,
AMBIENTAL E DE SAÚDE DO TRABALHADOR.
16. Padronizar e implantar as novas metodologias. Executado
AÇÕES FORA DA PROGRAMAÇÃO
17. Realização do Curso de Atualização de Tutores, Orientadores de Aprendizagem e
Coordenadores participantes do curso de especialização em Saúde do Trabalhador e Ecologia
Humana da ENSP/Fiocruz.
Executado
18. Elaboração de Guia Operacional do Projeto Capina Química. Executado
19. Realização de treinamento aos Interlocutores de Toxicovigilância sobre operacionalização do
Projeto Capina Química. Executado
Página 11 de 14
20. Elaboração do Manual de Vigilância do Risco Tóxico - Agrotóxico Executado
21. Análise do banco de dados do SINAN relativo a intoxicação. Executado
22. Elaboração de Guia de orientação para aperfeiçoar a notificação das intoxicações. Executado
23. Elaboração do 2º Relatório do Diagnóstico das Situações de Exposição a Agrotóxicos. Executado
24. Elaboração do Guia Operacional para Prevenção e Abordagem da Capina Química em meio
urbano – informações e orientações operacionais para vigilância sanitária. Executado
25. Treinamento dos Interlocutores Regionais de Toxicovigilância no Guia Capina Química. Executado
26. Levantamento de situação dos CEATOX. Executado
27. Elaboração de Projeto referente aos CEATOX. Executado
28. Elaboração do Caderno de Toxicovigilância II - orientação para notificação das intoxicações
no SINAN. Executado
29. Elaboração do Caderno de Toxicovigilância I – revisão. Executado
30. Elaboração do Caderno de Toxicovigilância III – atenção ao paciente exposto e intoxicado
(demanda espontânea). Em andamento
TOTAL: 19 ações executadas; 04 ações em andamento; 02 ações não executadas; 01 sem
informação; 04 canceladas.
Legenda:
Além disso, atividades de ensino e pesquisa na área temática dos agrotóxicos vêm sendo
desenvolvidas no estado, conforme mostra a Tabela 4.
Tabela 4: Projetos de Pesquisa citados no Relatório da PAS 2014
LABORATORIO DE PESTICIDAS RESIDUAIS
Avaliação da população com suspeita de contaminação a organoclorados persistentes, área contaminada de Vila
Carioca, Município de São Paulo. Atendimento: contínuo
Avaliação da população e trabalhadores de área contaminada no Município de Cubatão, Estado de São Paulo, com
suspeita de contaminação a hexaclorobenzeno (HCB). Atendimento: contínuo
Estudo de método e avaliação de resíduos de agrotóxicos em água destinada ao consumo humano por cromatografia
à gás acoplada à espectrometria de massas (CG/MS/MS)
Curso: Análise de Resíduos de Agrotóxicos em água (FINEP - Resag-Sibratec).
Estudo epidemiológico da população com atividades de pesca na Represa Billings: Investigação da exposição dos
pescadores e seus familiares aos contaminantes químicos identificados na Represa Billings.
PROGRAMA PPSUS-SP FAPESP
Avaliação de resíduos de pesticidas e protozoários patogênicos em água de abastecimento público no ESP.
Bom Regular Excelente Incipiente
Página 12 de 14
Agrotóxicos em água para consumo humano em São Paulo
Conforme comentado anteriormente, São Paulo incluiu ações de monitoramento de resíduos
de agrotóxicos na água para consumo humano em sua proposta e na PAS. No entanto, como a
análise do parâmetro agrotóxico é obrigatória14
, já se executavam essas atividades anteriormente.
Assim, São Paulo fez o Controle da Qualidade da Água para Consumo Humano15
em 52,7%
de seus municípios, com 99,4% das amostras em conformidade. Já em relação à Vigilância da
Qualidade da Água para Consumo Humano, de responsabilidade da SES/SP, não se observou a
inserção de dados no SISAGUA, exceto alguns municípios isolados (1,9%), até a publicação do
Boletim Epidemiológico – Monitoramento de Agrotóxicos na Água para Consumo Humano no
Brasil, 2011/2012, da SVS.
Considerando as análises realizadas, 22 municípios apresentaram resultados insatisfatórios
quanto ao parâmetro agrotóxico. Devido à inclusão de ações monitoramento da qualidade da água
para consumo humano na proposta e na PAS, espera-se avanço nos próximos resultados estaduais.
Considerações finais
Entre os pontos positivos observados em São Paulo, destacam-se a tradição da Vigilância, que
executa atividades relacionadas a agrotóxicos há anos; a cobertura do Controle de Qualidade da
Água, se comparado a outras UFs; o investimento em pesquisas; e as ações em áreas urbanas.
Reconhece-se, então, a atuação da Secretaria de Saúde de São Paulo na Vigilância em Saúde de
Populações Expostas a Agrotóxicos.
Entre os pontos que podem ser melhorados, está a incidência de intoxicações por agrotóxicos
no estado, que não acompanhou o aumento explosivo da taxa de consumo de agrotóxicos a partir de
2010 e é inferior à média regional. Uma vez que a notificação é imprescindível ao monitoramento
da saúde da população, bem como ao planejamento de ações e às decisões dos gestores, a
subnotificação deve ser combatida. Para isso, sugere-se melhoria nos fluxos reativos, em que as
notificações são oriundas de demandas aos serviços de saúde, bem como a busca ativa de casos,
identificando, registrando e monitorando populações expostas em prol da efetividade das ações de
prevenção, recuperação e promoção à saúde.
Observou-se, também, a necessidade de aprimorar as ações de monitoramento de resíduos de
agrotóxicos pela Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, que apresentou baixa
cobertura; e de executar ações de vigilância cabíveis no que se refere à produção, armazenamento,
transporte, distribuição, comercialização e utilização e destinação de agrotóxicos.
14
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Diário Oficial da União nº3,
Seção 1, pág. 43, de 04 de janeiro de 2012. 15
Executado pelo responsável pelo sistema ou por solução alternativa coletiva de abastecimento de água.
Página 13 de 14
Em relação às recomendações da CGVAM, verificou-se que o estado, amparado por sua
autonomia, preferiu não pactuar a proposta na CIB. Entretanto, mesmo com boa execução da PAS,
ainda não há clareza a respeito da contribuição que a “Proposta de Vigilância em Saúde de
Populações Expostas aos Agrotóxicos no Estado de São Paulo” ou os recursos da Portaria GM/MS
nº 2.938/2012 trouxeram para São Paulo. Sugere-se, portanto, a utilização dos recursos federais, a
fim de fortalecer, efetivamente, a Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos.
Outra recomendação não adotada por São Paulo foi a priorização de municípios. Caso o
estado decida priorizar municípios futuramente, sugere-se atenção para aqueles que apresentaram
resíduos de agrotóxicos em água acima dos valores máximos permitidos (Quadro 1).
Quadro 1 : Municípios com amostras de água fora do padrão quanto ao parâmetro agrotóxico.
1 Américo Brasiliense 12 Monte Alto
2 Avanhandava 13 Patrocínio Paulista
3 Barrinha 14 Penápolis
4 Campinas 15 Pereira Barreto
5 Casa Branca 16 Pindamonhangaba
6 Guararema 17 Pirassununga
7 Ibirá 18 Pradópolis
8 Jarinu 19 Santa Cruz da Conceição
9 Lençóis Paulista 20 Santo Antônio da Conceição
10 Luiziânia 21 Santo Antônio do Aracanguá
11 Monguagá 22 Serra Negra
Além desses, Morro Agudo, Guaíra, Itaberá, Itapeva e Barretos se destacam, pois seu
percentual de produção agrícola é superior a 1%. Esse valor é significativo, tendo em vista o padrão
pulverizado da produção agrícola no estado de São Paulo (Figura 4).
Página 14 de 14
Figura 4: Produção agrícola por município, São Paulo – 2012. Fonte: SIDRA/IBGE.
O Grupo Técnico de Vigilância em Saúde da Comissão Intergestores Tripartite (GTVS)
sugere, ainda, que os estados definam estratégias para ampliar a participação dos municípios na
construção e na implementação das ações. Por fim, cabe à Secretaria de Saúde realizar
investigações mais detalhadas, a fim de verificar que estratégias de intervenção são adequadas a seu
contexto. Respeita-se, portanto, a autonomia administrativa do estado, de modo que os aspectos
abordados neste documento são sugestões para o aprimoramento da Vigilância em Saúde de
Populações Expostas a Agrotóxicos em São Paulo.