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NOELl DIAS BRUNO
PSICOPEDAGOGIA: INTERVEN~AO EM AMBIENTE HOSPITALAR
Monografia apresentada ao Curso de P6s-Graduw;:ao em Psicopedagogia daUniversidade Tuiuti do Parana.Orientadora: Maria Letizia MarchefeMecking.
CURITIBA2002
I. INTRODU<;:AO
Quando se [ala da fum;:ao do psicopcctagogo, fala-se em diagnostico e
interven~ao que facilitem a aprendizagem. Sendo assim nao podcmos esquecer a necessidade
deste profissionai junto as institui~ocs hospitaiares, onde criany8s em idade cscolar,
permanecem internadas por variados perfodos para tratamento medico, ficando a margem de
urn acompanhamento educacional regular.
A atum.;:iio do psicopedagogo em ambiente hospitalar e urn assunto que
necessila de muilas discussoes c considera,\=oes, mas sua rc1cvancia e indiscutivel.
Percebe-se a necessidade deslas crians;as hospitalizadas relomarem suas vidas
normais, incluindo sellS esludos. Por que esperar que estejam aptas a frcqiicntar uma sala de
aula para 56 enlao haver a prcocupm;ao com sua aprendizagem, uma vez que, este processo
pode ter eontinuidade concomitanternente com 0 tratarncnlo hospitalar?
Nao podemos esquecer que 0 ser humano, apesar de enferrno, continua
necessitando desenvolver-se em suas potencialidadcs humanas, pois so assirn alcam;ara a
plenitude da rcaliza9ao humana. Portanto, a quesHlo norteadora deste trabalbo e esclarecer
quais os aspectos que caracterizam as interven90es do psicopedagogo no ambicntc hospitalar
e Slia necessidade.
Atraves de lima abordagem qualitativa, pretende-se explorar 0 assunto
abordado, investigando publica90es feitas a respeito, buscando respaldo teorico para dar
suslenta~ao it pesquisa. Apesar do pouco material bibliognHico disponivel, especifico sobre 0
tema - Psicopedagogia Hospitalar - sem feita uma busea de [ontes que nos fome~am
fundamentayao do contexto hist6rico e atua~ao do psicopedagogo1 que venha responder a
problcmatica em questao.
2. FUNDAMENTAC;:AO TEORICA
2.1 CONTEXTO HISTORlCO DA PSICOPEDAGOGIA
A Psicopedagogia e urn campo do conhecimento que estuda 0 processo
ensino-aprcndizagem como urn todD e suas intcrferencias. Trabalha em busca da genese do
sintoma que sc apresenta, da dificuldade de aprendizagem propriamcnte dira. Busea integrar
diferentes campos do conhecimento para melhor cornpreensao e interferencia no fenomeno da
aprendizagcm. 0 psicopedagogo pode intcrvir a mvel preventivo como terapeulico, atuando
em cUnicas e instituiyoes.
"A PsicopedagogiQ se Geupo do aprendizagem humana, e slirgiu dellmo demanda: 0 problema do aprendizagem. colocado I1UII/ territ6riopOlleD explorado, silIIado alem das limiles da Psic%gia e do propriaPedagogia ..... Por/onto, ela estuda as caraclerisficas da aprendizagemIwmana: como se aprende, como essa aprcndizagem variaevolufivamenle e esla condicionada par varios fa/ores; como seprodllzem as allerar;oes no oprendizagem. como reconhece-las, trala-las e preveni-Ias" (BOSSA, 2000. p. 2/).
Como outras areas da saude. a Psicopedagogia implica nurn trabalho nos
segmcntos preventivo e curativo. Oeste modo, 0 ser sob a otica da Psicopedagogia ecognitivo, afetivo e social.
"Jorge Visco a encara segundo 0 que chama de epis/emologiacOl1vergente, lima conceilllarriio da aprendizagem e silas dificlildadesem !Ulu;iio da integrar;iio - por assimilac;iio reciproca - dasconlriblli~jjes dos escolas pSiccmaliticas, piagelianas e da psicologiosocial de Enrique Pichon Riviere. Em vir/fide dessa conceitlla9iio. epassive! compreender a parlicipar.;iio dos aspectos a/elivos,
cognoscitivos e do meio, que conjluem no aprender do ser hllmano. "(VISCA, 1987. p. 7)
Segundo RUBINSTEIN apud seoz, a propos!a da psicopedagogia e
compreender 0 individuo enquanto aprendiz, no decorrer do longo caminho percorrido em sua
vida e, ainda segundo a autora:
"a protiea da psieopedagogia vem delineando dllasformas bosieas dealuar;oa: a diniea, mais va/tada para a terapeutiea (recliperar;aa) e ainslitucionai, mais voltada para a prevenr;oa, muito embora lambemse encanlre lima protica lerapeulica em instituif;oes, a exemplo dasUniversidades qlle possuem cenlras de psicopedagogia onde atende acomllnidade, seja nas modalidades individual elou grupal."(RUBINSTEIN apud SCOZ. 1987. p. 15)
No entanto, nem scmpre a Psicopedagogia foi entendida dcsta fonna. Ela
iniciou tendo como pressuposto que as pessoas que nao aprendiam tinham urn disturbio
qualquer. Os profissionais que atendiam essas pessoas eram medicos, psic61ogos e pedagogos
e diagnosticavam os deficits de aprendizagem. A criancra ficava rotulada e 0 sistema eximia·se
de suas rcsponsabilidades.
Para entender a origem e a evoluyao da Psicopedagogia, e necessario
reportar-sc a principios que dcram origem a sua presem;:a no contexto educacional e social.
Segundo VISCA (1987), a Psicopedagogia nasceu de uma ocupayao empirica pela necessidade
de atender as crianyas com difieuldades na aprendizagem, eujas causas eram estudadas pela
Medicina e pela Psicoiogia.
De acordo com BOSSA (2000), 0 historico do movimento psicopedag6gico
no Brasil reporta-se as ideias dos argentinos e tern influenciado a pnitica brasiieira. Diversos
autores argentinos ocupam 0 cemirio naeional no esforyo de sistematizar urn corpo teorico
pr6prio da Psicopedagogia. Cita·se: Sara Pain, Jorge Visca, Alicia Fernandes e outros. Essas
obras constituem, em geral, a bibliografia oosica das disciplinas que aprescntam os
fundamentos te6ricos da Psieopedagogia de cursos de formayao na area.
A literatura argentina esta marcada fortemente peJa literatura francesa.
Autores como Jacques Lacan, Maud Mannoni, Franyoise Doho, Julian de Diatkine, George
Mauco, Pich6n-Riviere e outros, sao freqilentemente citados nos trabalhos argentinos.
No Brasil, a crenya de que os problemas de aprendizagem eram causados por
fatores organicos duraram muitos anos e determinou a fonna de tratarnento dada a questao do
fracasso escolar. Na decada de 70, foi amplamente difundida a ideia que tais problemas teriam
como causa uma disfuny80 cerebral minima (OeM). 0 r6tulo de DeM foi apenas urn dentre
varios diagnosticos cmpregados para camuflar problemas socio-pcdag6gicos, uma vez que ate
40% dos escolares a possuiam. Assim eram estudados e tratados por medicos c, ainda hoje em
nosso pais, a primeira atitude dos educadores e familiares de criamras com dificuldades de
aprendizagem e recorrer a esse profissional.
A Psicopedagogia no Brasil, hoje, e a arca que estuda elida com 0 "processo
de aprendizagem e suas dificuldades e, numa a~ao pro fissional, deve englobar varios campos
do conhecimento, integrando-os c sintetizando-os. No entanto, em rcla.yao it questao da
fonna.yao, cnfrenta dificuldades em construir uma identidade propria." (SCOZ 1991, p. 2)
o marco decisivo na historia da Psicopedagogia foi em 1984, com 0
IO.Encontro de Psicopedagogos, em Sao Paulo, intitulado "Experiencias e Perspectivas do
Trabalho Psicopedagogico na Realidade Brasileira", 0 tcmario versava essencialrnente sobre as
abordagens terapeuticas e preventivas do trabalho psicopedag6gica. Na sua posi.yao de
encerramento, a Associa.yao Brasileira de Psicapedagogia tarnau publica sua posi.yao quanta a
necessidade de urn trabalho psicopedagogico mais proximo da popula.y80 brasileira. Em 1986,
o 2°.Encontro de Psicopedagogos, tambem em Sao Paulo, contou com uma expressiva
participayao de profissionais de todo 0 Brasil, reafirmando, dessa maneira, a importancia dessa
area no cenario educacional brasiieiro, sobretudo as camadas menos priviJegiadas da popula.yao
(BOSSA -2000).
2.2 ATUACAO E FORMACAO DO PSICOPEDAGOGO
De acordo com SALVADOR (1994), 0 cspayo da Psicopedagogia
caracteriza-se como aquele que conflui urn conjunto de profissionais - basicarnente psicologos,
pedagogos e psicopedagogos - cuja atividade fundamental tern a vcr com a mancira como as
pessoas aprendem e se desenvolvem, com os problemas e dificuldades que encontram quando
realizam aprendizagens, com as intervenyoes dirigidas a ajudar-Ihes a superar essas
dificuldadcs.
Assirn, 0 cspayo pro fissional nao esta restrito a escola e a educayuo escolar.
Todos os processos educativos, independentemente do contexte institucional em que ocorrern
- instituiyoes escolares, familias, empresas, hospitais, centros de cducayuo de adultos, centros
de rormacrao e capacitayao, associayoes de trabalho centros recrearivos, meios de
comunica.yao, entre outros - sao em principio suscetiveis de fazer parte da a.yao dos
profissionais da Psicopedagogia. Dessa fonna, os possiveis ambientes de trabalho desses
profissionais devem levar em considerayao a sua intervenyao nas areas relacionadas com as
praticas educativas escolares, como servi.;:os especializados de orienta~ao educativa e
psicopedagogica - at raves de escolas especificas e servi~os de educa~ao especiai~ na
elaborayao de materiais didaticos c curriculares, na forma~ao de professores, na avaliayao de
programas, escolas e materiais educalivos, no planejamento e gestao educativa~ nas areas
relacionadas com oulros tipos de praticas educativas, como: serviyos e programas de
atendimento educativo a inffincia, it adolescencia e a juventude~ educayuo de adultos,
programas de formayuo profissional e trabalhista; programas educativos/recrcativos~ televisao
cducativa e programas educativos rnultimidia; campanhas e progrmnas educativos em meios de
comunicayao;nas cmpresas, na area de relayoes humanas, trabalhando com as questoes
relacionais, com as questoes da organiza~ao que aprende, com a vis5.o compartilhada. Nas
areas relacionadas com a psicologia e a psicopedagogia cHnica infantil, como: centros de saude
mental, hospitais, serviyos de atendimento precoce, etc; centros de diagn6stico e tratamento de
dificuldades de aprendizagem.
Porern, a presem;a dos profissionais da Psicopedagogia nesses ambitos ainda ernuito restrita em nosso pais. Ncsse sentido, acrcdita-se, pelas mudanyas que veem ocorrendo,
a intervenyao desse pro fissional toma-se uma necessidade para que se possa acompanhar essas
transformayoes. Esse fato vern a exigir urna s61ida fonnar;a.o pro fissional em Psicopedagogia.
A questao da forma,ilo do psicopedagogo, segundo BOSSA (2000), assume
urn papel de grande importancia na medida em que e a partir deja que inicia 0 percurso para a
formaya.o da identidade do psicopedagogo. Nesse sentido, e necessario reportar-se it marca
que diferencia 0 psicopcdagogo de outros profissionais para 0 reconhecimento de sua
identidadc como pro fissional. A carta de inten!i=oes para a rcgulamentay80 pro fissional do
psicopedagogo, enviada a Camara dos Deputados em Brasilia, ressaita, entre varios aspectos, a
delimitay30 do campo de atu8y80 da Psicopedagogia justificando a sua presenya nos contextos
onde 0 processo de ensino-aprendizagem acontecc.
Ao abordar os aspectos sobre a fonna!i=ao do psicopedagogo, e preciso
considcrar os conhecimentos que se fazem necessarios para urna pnitica consistente na forma
como e concebida a Psicopedagogia. Devido a complexidade de seu objeto de estudo, faz-se
necessaria a contribui!i=80 de diversas areas do conhecimento, as quais intcgradas, fornecem
condir;oes para uma melhor compreensao do campo da aprendizagem. Assim, as contribuirroes
da Psicamilise, Psicologia Genetica, Psicoiogia Social e Lingiiistica, articuladas ao campo
te6rico da Pedagogia e da Psicologia Geral, ernbasam a gama de conhecimcntos da
Psicopedagogia.(BOSSA, 2000).
No cntanto, nos cursos dc formac;ao a preocupac;ao deve deler-se--na
importancia de nao confundir 0 trabalho psicopedag6gico com a pnitica psicanalitica e nem
tampouco com qualquer pnitica que conceba uma unica face do individuo. Assirn. a fonnac;ao
do psicopedagogo deve pennitir ao pro fissional reconhecer a aprendizagem em sua dupla
vertcntc: 0 sujeito/meio e, especialmentc, compreender como ocorre essa integrayao.
Definir algumas das exigcncias que dizem respeito ao processo de formac;ao
dos profissionais da psicopedagogia para desenvolverem sua atividade nesses scrvic;os, requer
reconhecer 0 dominio de conhecimentos e atribuiyoes que tern sua origem em diferentes
ambilos da Psicologia e das cicncias da Educayao.
A Psicopedagogia tern 0 seu lugar na clinica e na instituic;ao e, e para essa
finalidade que deve se dirigir a formayao desse pro fissional. A intenyuo ao refcrir-se, nesse
estudo, a fonnay3o basica do psicopedagogo, se faz em relayao a atuayao deste em outros
contcxtos, uma vez que cada urn dos espayos implica uma mctodologia especifica de trabalho:
o caso do contexto hospitalar.
Segundo as Diretrizes Norteadoras do Curso de Psicopedagogia, elaboradas
no ConseJho Nacional, 0 presente curso e de especializay30 com caracteristicas especiais. No
seu processo de formacrao, 0 psicopedagogo necessita adquirir urn perfil de atuayao que
integre os conhccimentos te6ricos a uma mudanya de poslura profissional (leoria-pratica-
formayi.'io pessoal). 0 trabalho psicopedag6gico implica comprcender a situayao de
aprendizagell1 do sujeito, individualmente ou em grupo, dentro de seu proprio contexto. Tal
compreensao requer uma modalidadc particular de atuayi.'io para a situa~ao cm esludo. Cada
situatyao e unica e requer dos profissionais atitudes especificas em rela~ao aquela situarrao.
Nesse ,enlido, BOSSA (2000, p. 85-86) afirma:
"A respeito da Psicopedagogia lnstitucional, vale dizer que jei existemexperiencias de alu{I(;iiopsicopedagogica em empresas, hospitais,creches e organiza~iJes assistenciais. (..) A Psicopedagogiainstill/cional se caracteriza pe/a propria inlencionalidade do [rabaillo.(...) A demanda da insli/lli~ao estei associada a forma de existir dosujeito inslitllcional, seja ele a familia, a escola, lima empresaindustrial, lIIIIacreche, um hospital, lIInaorganiza~iioassistencial".
Nesse sentido, percebe-se que para cada situac;ao e contexto, a fonnac;ao do
psicopedagogo deve comportar especifieidades que Ihe garantam uma adequada atuayao, para
que seu trabalho tenha exilo. Assirn. os cursos de fonnaty3o desse profissional, devem ter a
preocupa~ao de favorecer conhecimentos e experiencias que va ao encontro dessas demandas.
A area de Psicopedagogia Hospitaiar, demanda urna forrnacrao profissional
que corresponda as caractcristicas desse contexto. Quais, enlao, devem ser os conhecirnentos c
competcncias que esse pro fissional deve dorninar? Pelo que foi discorrido, fica claro que, aiem
de urna profunda compreensao do objeto de estudo da Psicopedagogia, que e 0 processo de
aprendizagem e seus enfoques e implicayoes, deve possuir conhccimentos cornplerncntarcs
pr6prios do contexto institucional hospitalar, os quais poderiam ser: noc;oes e principios de
deterrninadas patologias rnais freqiientes na populayao infanto-juvenil, as forma'5 de tratarnento
e suas conseqOencias; a atualyao junto as equipes de saude; caractedsticas do contexto
hospitalar e as formas de intervenc;ao; conhecirnentos sobre medicina alternativa; nocroes de
neuropsicologia e psiquiatria infanto-juvenil; etica hospitalar; desenvolvimento psicornolor e
humanizacrao do atendirnento it saude.
3. DESENVOLVIMENTO
3.1 INTERVENCAo PSICOPEDAGOGICA NO AMBIENTE HOSPIT ALAR
A socicdade atual, impactada peia acelerada expansao tecnol6gica e envolta
em problemas sociais crescentes, esta a exigir modific8yt3cs nas funy5es sociais como urn todD.
Assim, 0 papel da edUC8yaO toma-se cada vez mais importante face a muhiplicidade de
demandas das necessidadcs sociais emergentes; e 0 motivo pelo qual precisa a educ3yao, como
mediadora das transformayoes sociais, com 0 apoio das demais ciencias, conlribuir, corn maior
rapidez e criatividade, para uma sociedade mais conscientc, mais justa c mais humana. Sendo
assim, cria-se a necessidadc de formaryao continuada e de desenvolvimcnto de novas
habilidades para enfrentar lais demandas. Para responder as necessidades educativas da crianc;a
hospitalizada, comparcce ° pro fissional psicopedagogo, configurando-se progressivamente 0
seu espacro.
o trabalho do psicopedagogo esta voltado, nao para conteudos especificos
escolares. mas para atividades que venham desenvolver maior capacidade de compreensao e
interiorizat;ao de novos conhecimentos, ou seja, e caractcrizado pelo desenvolvimento das
estruturas da inteligencia. 0 objetivo maior e desenvolver capacidades que facilitarao a
aprcndizagcm.
SAL VADOR afirma que:
"(1 lese de Kohlbcrg inscreve-se numa tradic;ilo do pensamentopsicopedagogico, segundo a qual os es/on;os para ensinar cOlllelidos011 habilidades especijicas silo, ale ceria ponto, filteis. averdadeiramenle impOrlanlee, nesla perspectiva, a optiddo cognitivageml, sendo aflnalidade da educaquo l'efOI'r;aresta aplidiio cognitivadentro das margens permilidas pelas leis gerais do desellvolvimento aqlle esla sllbmetida. As leorias eslrlllurais do desenvolvimento (a de
Piaget e a mais conhecida, mas algo semelhanle ocorre com as deWerner, Kohlberg e outro~)proporcionaram urnapoio considertivel aesta lradit;iio 00 postular a existencia de uma dircr,'i1oe de algunseSf(igios 011 niveis IIniversais de desenvolvimento que podem serado/ados como fins educacionais, ;slo e, que podem sel"tomados como11m modelo do desenvolvimento pessoal que a educat;iio devepromover" (1994, p. 120e 121)
A Psicopedagogia Hospitalar situa-sc numa intcr-rela9ao entre os
profissionais da equipe medica e a educa~ao, intervindo na delicada situayao do enfermo,
considcrando que, quando se pensa cm doenya, as associa<yoes que ocorrem sao de grande
complexidade. Ela pode significar urn estado temponirio ou permanente de fragilidade, onde se
perde, no caso de uma hospitalizayao, a retina de uma vida normal com familiares e amigos. A
palavra doenya carrega varios sin6nirnos ocultos como fragilidade, morte, ansiedade, saudade,
dor e varios oulros e, quando se trata da pessoa que ests doente, em urn hospital, 0 sin6nimo
mais ouvido e 0 de "paciente", porque e aquele que sofre e, por isso, espera por cuidados que
outros poderao proporcionar.
Entender esses sentimentos e como eles atuam em alguns personagens do
ambiente hospitalar - pacientes, medicos, enfermeiros e famjliares - equal e 0 papel do
psicopcdagogo neste conflito e urn dos principais objetivos para a mudanr;a na funyao do
hospital para a sociedade. PonSm, essa mudanya nao constitui descaractcrizar a instituiyao
hospitalar de sua real funyao, que 6 0 de atendimento e busca de recursos da medicina para 0
tratamento e cura das enfennidades, mas sim. possibilitar ao individuo enfermo a conquista de
suas potencialidades em dimensoes mais significativas.
Segundo MATOS & MUGIATTI (2001), a realidade mostra que 0 doente
que procura 0 recurso medico, al6m de seu problema fisico, vern envolvido por uma
multiplicidade de outras siluac;oes, de ordem psicossocial, 0 que muitas vezes vern a agravar,
de forma imensunlvel, a molestia que 0 acometeu. Se a doenya, portanto, se mostra
multifatorial, nao e justo que sc realize urn tratamento mcramente fisico, assim atentando
apenas para 0 mais evidente, perturbador e residual, descartando os dcmais aspectos
iguaLmcnte importantes que contribuiram para a sua insta1ayilo e segurarneme contribuirao para
a recidiva, sc nao forem devidamente atendidos. Sob tal 6tica, considcrando as caracterfsticas
biopsicossociais do doente, e inadmissivel que se trate uma doenya numa unilateral
compreensao dissociada de seu todo, mas que atenda uma pessoa doente, considerando, nesse
procedimento, os fatores implicitos.
Tratar do desenvolvimento da crianya no contexte hospitalar significa
perceber os diferentes fatores que interferem. Entre estes fatores, 0 impacto que a descoberta
da doenya traz a sua vida, tendo em vista as inumeras mudanyas que tal fato provoca ao seu
desenvolvimento. Ao realizar-se 0 diagnostico de uma patologia, 0 estilo perceptual da crian<;a
pode alterar-se a partir do stress e da ansiedade gerados pela descoberta da doenya e seu
posterior tratamento. 0 compromisso do psicopedagogo e com 0 desenvolvirnento, com 0
conhecimento e com a hannonia neste ambiente.
A Psicopedagogia busca compreender 0 processo ensino-aprendizagem como
urn todo e suas interferencias, e para isto e fundamental que se trabalhe com a terapia
sistemica, que entende 0 contexto como rela<;ao e integrayao de sistemas, onde a natureza do
todo e diferente da somatoria de suas partes. I-Ia urn processo dinamico e nilo estatico, que
continuameote influencia e e influenciado so frendo, desta forma, modifica<;oes.
Uma vez que se busca entender 0 processo como urn todo, nao e possivel que
se estllde fatos isolados procurando rcspostas em si mesmos. E preciso ter uma visao amp la,
percebendo os diferentes fenomenos interdependentes que interferem oeste processo. Quando
abrimos nosso campo de visao para considerar e entender todos os sistemas envolvidos, 0
diagnostico com certeza sera muito mais verdadeiro, baseado no real e nao em hip6teses; e em
consequcncia 0 trabalho desenvolvido junto a crian<;a, muito mais eficiente.
A psicopedagogia deve possibilitar '"'"uma visao e uma ayao interdisciplinar,
holistica, sistemica que permitam que 0 ser humano seja visto como urn inteiro, como alguem
que pensa, sente, faz e cornpartilha e que possibilitc que a aprendizagem nao fique restrila a urn
alO de simples acumulayoes de informa<;oes." (BARBOSA, 2001, p. 21)
A terapia sistemica viabiliza ferramentas importantes quando mostram, por
exemplo, que a partir do sistema enfocado, existem sub-sistemas e supra-sistemas! que se
relacionam continuamente e precisam ser considerados, para uma melhor compreensao do
todo. Tambem quando se trata a respeito da comunicayRo e como esta pode ser entendida,
mostrando que sempre algo esta sendo comunicado, mesmo que nao por paiavras, ou entao
que, nem sempre 0 que esta sendo comunicado, condiz com as palavras expressas.
Sempre ha comunica<;Ro; entender 0 que esta sendo comunicado e as reayoes
que esta comunicac;ao esta causando, e lima visao sustentada pela terapia sistemica. E sem
duvida, este e urn ponto chave para uma leitura da situa<;ao real do caso estudado. Saber fazer
I Cada sistema e constituido de sub-sistemas, c ao mesmo tempo, filz parte de urn sistema maior, 0 supra-sistema. Sub-sistema IS um sistema menor que pertence ao urn sistema maior. Suprasistema IS um sistema maior agrupando sistemas csub-sistemas.
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esta leitura envolve saber atender 0 que csta sendo comunicado.
Especialmente no ambiente hospitalar, a partir do momento que 0
psicopedagogo tiver entendimento da terapia sistemica, certamente teni mais facilidade em
chegar urn diagnostico preciso e a urna intcrferencia adequada. alingindo assim 0 resultado
csperado.
Quando falamos em considerar os diferentes fatores que cercam 0 paciente,
nao podemos deixar de mencionar a interdisciplinaridade.
Os trabalhos interdisciplinares, realizados em equipe, aonde atuam juntos
medicos, profissionais da educacrao fisica, psicologos, psicopcdagogos e enfermeiros, toma-se
muito importante. Tendo urn s6 objelivo, os profissionais concentram suas foryas no sentido
de auxiliar no atendimento de cada paciente, considerando processos multilatoriais de cada
docnya. Os pro fissionais devem trabalhar em sintonia para a recupera~ao total do paciente. Epreciso que seus componentes nao se perce bam isolados mas que decisOes sejam tomadas em
conjunto. Descobrir e conciliar esses fatores e buscar alternativas que possam intcgrar esta
situayao transit6ria exige forrnas de comunicayuo entre os sujeitos participantes do processo.
LINHARES apud seoz, define a equipe interdisciplinar como aquela "que se
opec tanto a gencralizayao abstrata quanto a soma dos elementos, pela afirma~ao de cada
clemento s6 pode ser compreendido no conjunto de suas relayoes com os outros, islo e, em
relayao ao todo, pela acrao que opera sobrc este todo e a influencia que cste exerce nele."
(1987, p. 41).
"0 que subsidia e a propria concep~ao de ciencia que nao pode serconfimdida como a de /1m cattilogo de [atos, mas que se afirma comoorganizarraoin/e/ectual, em que e ten/ada a aproximarriioconslruidado real, como uma totalidade dindmica nao redutivel GO somaloriodas suas partes constilulivas, nao sllbordinada 00 exc/usivismo dascadeias lineares de causa e efeito." (LINHARES apud SCOZ, 1987, p.4/)
Assim entendida a interdisciplinaridade e diferente da justa posicr3.o de
especialistas onde ocorre as somas das partes, com a tentativa de junta-las e reconstruir 0 lodo.
Mas ela requer 0 conhecimento do todo em sua realidade dinfimica.
No Brasil, ainda esse tipo de atendimento nos hospitais c revoluciomirio,
devido ao desconhecimento da atuayao do psicopedagogo como elemento integrador nas
equipes de saude. A preocupacrao das equipes de saude, portanto, sao os efeitos beneficos que
podem redundar na cura do enfenno, ou na prcvenyao de enfennidades. Pensar em oportunizar
II
a aprendizagem como uma necessidade e direito dessas crian~as constitui considerar todas as
implica~oes contidas nesse contexto.
Hi! de se considerar tamoom que, as crian~as hospitalizadas em conseqUencia
de enfermidades graves, desde os primeiros exames medicos apresentam rea~oes de ansiedade,
provocando medo em rcla9uo ao futuro c em relac;:ao it repetir;:ao dos procedimentos medicos
dolorosos. Alem disso, fica impossibilitada da continuidade de seguir seu rilmo nonnal de vida,
incluindo seu ana letivo cscolar.
Os medicos, cada vez mais admitem que as emoyoes exercern papel
importantc na c1inica medica e influenciam significativamente na recuperayao do paciente. A
ansiedade, a tristeza, estresse ou dcsgosto, 0 ceticismo ou desconfianc;:a e pcssimismo que
acometcm 0 pacicntc sao uma grande ameaya para a recuperar;:ao da saude. Assim, considcrar
a magnitude que as emoyoes perturbadoras possuem, no caso do escolar hospitalizado,
demanda fonnas de intervenc;:ao, no sentido, de superar essas emoyoes. 0 trabalho
psicopedagogico, dessa forma, contribui para atenuar esses impactos quando tende a resgatar a
auto-estima do paciente, atraves de atividades ludicas, pois e atraves dcstas que as "amarras"
sao desfeitas. Assim, cabe ao psicopedagogo provocar a rnotivac;:ao, isto e, colocar razoes para
cada ay30, em direyao a recuperar 0 autoconceito dessa crianya, que foi "marcado" pela
enfermidade adquirida, pois, a medida que a crianya cresce, seu autoconceito e 0 conhecimento
que cia tern de si mcsma vao se estabelecendo. A maneira pela qual ela se ve, 0 jeito pelo qual
ela sc scnte, irJo influir muito em tudo 0 que e1a faz e, basicamente, em sua capacidade de
aprendizagem. Ao rcalizar uma atividade que va contribuir para a construyao de sua auto-
estima, a crianya ira esfon;ar-se ao rm'lximo para sair-se bern, rnobilizando todos os seus
recursos. Esse esforyo, esse empenho, nada rnais e que a rnotivayao. Sabendo isso, se pode
entcnder melb~r por que urn autoconceito positivo e tao irnportante para que a crianya melhore
sua capacidade de aprendizagem e de recupera~ao da saude. Nesse quadro, 0 papel do
psicopedagogo e fundamental. Sua alitude para com 0 paciente pode influenciar de maneira
decisiva a construyuo da sua auto-imagem, de sua maneira de ver a si mesmo. So se tiver uma
auto-imagem positiva, 0 escolar hospitalizado, tent a necessaria motivayao para aprender e
melhorar sua saude, aceitando 0 tratamento e as terapias de forma mais natural, sem mcdos,
angustia, depressao e ansicdades. Assim, 0 trabalho psicopedag6gico, diferencia-se das demais
terapias, quando deflagra 0 desejo de aprender. de escolarizar-se, intervindo na soluyao da
problematica que interfere no processo desse desejo.
Segundo GERBER (1988, p. 36), "a conexao invislvel entre 0 corpo fisico e
as foryas sutis do espirito detem a chave para a compreensao dos relacionamentos entre a
12
materia e energia.. A medicina vibracional procura curar as doen~as e transformar a
consciencia humana sobre os padroes energeticos que dirigem a expressao fisica da vida".
Atraves das artes plflslicas, esta iiga~ao, entre fisico e sutil, se lorna possivel.
Exempiificando, quando se utiliza pintura espontanea, da-se oportunidade it crian'ta de entrar
em contato com seus desejos, sonhos e necessidades. Nesta situa'tao, a crianya consegue
reiaxar sua autocensllra, deixando sua mente inconsciente fluir livremente. Por meio da pintura,
a crianya projeta, no papel, seu mundo interno. Com isto, consegue entrar em contato,
entender melhor e dialogar com essas imagens e, consequentemente com seus sentimentos. Ela
tambCm expressa, atraves dessas imagens, seus interesses e conhecimentos.
Pode-se observar que os diversos matcriais utilizados pelas crian(j!as e
adolescentes oportunizaram 0 contato com suas facilidades e dificuldades, allxiJiando-os a
descobrir 0 melhor canal de comunica93o.
Atraves do proccsso criativo, pode-se abrir novas vias de comunicayao,
ampliando a puisao energetica. Verifica-se que a criatividade possibilita expressar esses
conteudos psicol6gicos mobilizando 0 prazer. Percebendo suas aspirayoes e expectativas, a
crianya!adolescentc rcnova suas energias, suindo, dessc modo, do cicio ligado a doenya.
Segundo CURY, "dcntre as neoplasias malignas infantis, as leucemias e
linfomas ocupam Jugar de destaque pela alta frequencia com que ocorrem na popula93o
infanto-juvenil" (CURY, 1991 apud SCOZ, p 74). 0 tratamento quimioterapico das LLA
(leucemia Linf6ide aguda) mesmo apresentando os melhores resultados, tem efeitos colaterais
que comprometem, geralrnente em eriam;as, 0 sistema nervoso central, devido ao aparecimento
de outras complica90es, entre as quais, certos tipos de meningites neoplasticas. Quando ocorre
esse tipo de meningite, e comum outro tipo de quimioterapia. que leva a diminuiyao de cura c
sobrevida. Corn 0 conhecimento desses fatos, urn novo esquema terapeutico passa a ser
utilizado, aumcntando a taxa de sobrevida. Os pacientes submetidos a esse tipo de tratamcnto
com sucesso,
I·.•.oblem cura all remissclo prolongada da doem;a, mas passam aapresentar alterar,;oes,como: distllrbios na aquish;iio da linguagem,dislurbio na aprendizagem da escrita, problemas de memoria,dificuldades no raciocinio, dislexia, chegando ale, em casos maisset/eros, a dejiciencia mental e quadros psicoticos orgiinicos. Eslascomplicac;oes surgem apOs 0 lralamento neuro16gico ou podeaparecer muilo tempo depois e silo decO/·renteda a~·aosimuit - NDtquimiolerapia intratecal e radioterapia de SNC, sen ~lQior )-~incidencia (e gravidade) nos pacienJes que recebem mai ose de ~irradiar;ao" (CURY, aplId SCOZ, 1991, P 75, 76). ..!~!;!~L~~.,~
Apesar de ja cstarem comprovadas cstas complicayoes neurologicas,
decorrentes do tratamento, nao podemos deixar de considerar os diferentes fatores que
interferem no desenvolvirnento cognitivo da crian~a como a ausencia escolar, 0 estado
emocional, a propria fragilidade fisicadecorrente da doen~a e seu tratamento terapico.
"Algumas qllestiies sllrgem quando se IraJa de avaliar 0 malldesempenho escolar de crianr;assubmelidas a esse lipo de lraltlmenfo:aUt que ponto as jaltas escolares e 0 aspecto emocional poderiamin/elfertr 110 desenvolvimell/o deslas criam;as e prejudicar aaprendizado? Nao lui dlividas de que crianc;as em lratamenloqUiminterapicofaltam muitas vezes as aulas, au porqlle l1ecessitamira hospital para aplicQ(;iJesde quimioterapia au radiolerapia, 011porque apresenlam inlercorrencias como infecr;oes, indisposi~'jjes,anorexia, jraqueza, fatores que impossibilitam a crianr;a levar vidanormal. Do ponto de visfa emocional, costuma ocorrer lima l1ludanr;amuilo grande lJaestrllllIrafamiliar, com a amear;ade marie que rondaos pequenos pacienfes e que e percebida por eles mesmo que niloverbalizada. Todos estes fatores exercem forte in}luencia nopsiquismo da criallr;ae nilo podem ser desprezados na analise de suasdificlIldades escolares." (CURY, aplid SCOZ, 1991, p. 77)
Diante destes fatos fica claro a necessidade de uma interven~ao
psicopedagogica para pacicntes oneol6gieos , bern como, pacientes de outras dOeny3Scronicas
que afetam 0 processo de aprendizagem destas crianyas. E preciso entao assumir 0
compromisso de tmbalhar 0 paciente enquanto sujcito integral. Impoe-se identificar os danos
possiveis e interfcrir com processo corretor adequado que venha amenizar ou ate mesmo
veneer estas di.ficuldades.
A afetividade e a marea esscneial que inDu;consideravelmente na intcrvenyuo
psicopedag6giea, devido a crian~aencontrar-se fragilizadaem conscqUenciadas incertezas que
seu estado propieia. A afetividade desempenharia 0 papel de uma fonte energetica da qual
depcndcria 0 funcionamenlo da inteligeneia, podendo ser causa de acelera~oes ou retardos no
desenvolvimento. Acrcdita-se que a afetividade interfrranao somente nas questoes intelectuais.
mas tambem nas questoes de ordem psicomotora. Na verdade, ambas nao acontecem isoladas
uma da outra. Assim, 0 trabalho psicopedag6gico no hospital se faz, via cogni~ao. passando
peias questOespsicomotoras, ate chegar no elemento crucial: a afetividade.
Os procedimentos conscrvadores da maioria dos hospitais semprc
contribuiram e ainda hoje contribuem para que sua realidade se moslre fria, impessoal e
imprcgnada de carencia de afetividade. Ressalta-se, ainda, 0 formalismo administrativo, por
14
meio do qual e evidenciada a enfase a rcceita e a despesa, 0 que, nao raras vezes, e completado
com a agravante de que fica 0 doente a merce de funciomirios desmotivados que exerccm
negativas influencias no ambiente de trabalho. "Vislurnbrar novos caminhos, portanto c de
extrema necessidade. As instituiyoes hospitalares devem buscar soluyoes mais humanfsticas,
uma vez que delas dependem 0 possivcJ sucesso de suas intervenyoes" (MATOS &
MUGGIATI,2001).
Nesse sentido, possiveJ prevenir ate superar problemas
desenvolvirnentistas (afetivos, cognitivos e psicornotores), criando urn clirna mais propicio asupcrayao dos mesmos, como coloca PILETII (1991). Urn deles e a eiabora<;ao de uma
programayao pedag6gica com atividadcs que fortaicyam a psicomotricidade do paciente.
Auxiliar na construyao desses elementos, atraves de urn atendimento individual ou em
pequenos grupos, e muito importante. 0 psicopedagogo pode propor atividades que envolvarn
exercicios psicomotores, atividades de alongarnento e relaxamento corporal, teatro, jogos
didaticos, conversas informais, bern como selecionar outras tanlas atividades que estejam de
acordo com a faixa etaria dos pacientes e suas condi90es fisicas. Para desenvolver uma
proposta pedag6gica voltada ao desenvolvimento infantil no hospital parte-se das tres
dimensoes do ser humane: 0 pensar, 0 sentir e 0 agir. 0 ser humane c urn tode e seus aspectos
cognitivos nao se dissociamdos afetivos e dos rnotores.
o compromisso do psicopedagogo no hospital, entao, code propiciar
atividades facilitadoras do desenvolvimento dos pacientes envolvidos em qualquer tratamento,
a partir de quesloes cognitivas, afetivas e corporais.
Devern ser salientadas as atividades ludicas como importante estrategia para
atingir os objetivos esperados. Os jogos sao uma das estrah~gias usadas detenninadas
previamente. Apcsar de serem considerados uma brincadeira, para divertir e distrair, os jogos
sao caminhos que desenvolvemmuitas habilidadese atitudes do edueando.
Afinnado por BOSSA "'no referente as estrategias de operacionalizay30 do
trabalho psicopedag6gica. 0 jogo que se constitui nurn excelente catalisador de aprendizagem.
Rompe defesas, pennite a crian~ projetar seus conflitos e revive-los, manejando-os de acordo
com 0 scu desejo." (2000, pili)
Principalmente no ambiente hospitalar a crianya precisa ser estimulada e
conquistada para participar das atividades propostas e 0 jogo passa a ser uma poderosa anna
para fazer com que a crian9a aprenda. De forma prazerosa e desafiadora. a aprendizagem
aconlece e os objetivos sao alcruwados.
15
"0 exercicio de fodas as /um;oes semioticas que supoem alividadeludica possihilita lima aprendizagem adequada, na medjda em quealraves dela que se consfr6i as c6digos simh6licos e sigmilicos e seprocessam os paradigmas do conhecimento conceilllal, ao sepossibilitar afraVf!Sda Jantasia e do Iralamenlo de cada objelo liassuas multiplas circunstancias passiveis." (PAIN, 1992, p 50).
Segundo LOPES, "0 desenvolvimento infantil precisa acontecer
concomitantemente nas diferentes areas para que haja 0 equilibrio necessario entre elas e 0
individuo como urn todo''. (LOPES, 2000). A crian~a quando participa de urn jogo onde 0
educador tern claro quais sao os objetivos propostos, cia constr6i seu conhecimento e atinge
desenvolvimento equilibrado das areas corporal, cognitiva e afetiva.
No contexto hospitaiar, principalmente. os jogos e as brineadeiras assumem
verdadeira funyllo terapeutiea, pois representam a imitayao c a vontadc de ereseer e de se
desenvolver. Quando brincam oujogam as erianyas dramatizam suas pr6prias reiayoes, os seus
conflitos e expressarn suas necessidades de afeto. Fazem do brinquedo ou do jogo a
representayao autentica da atividade do pensamento, revelando seus medos, angustias e
necessidades.
Para VYGOTSKY apud OLIVEIRA (1997),0 brinquedo cria urna zona de
desenvolvirnento proximaf. pois na brincadeira a crianca cornporta-se nurn nive! que ultrapassa
o que eSla habituada a fazer, funcionando como se Fosse maior do que e. 0 jogo oportuniza
preencher as necessidades nao realizaveis e a possibilidade de exercitar 0 simbolismo.
Para WALLON apud OLIVEIRA (1997), a atividade ludica e urna forma de
irnitayao das situa~oes do dia a dia e desencadeia a ernocao, atraves do processo imitativo-
interativo da crianca com 0 adulto. Considerando esses pressupostos, 0 trahalho
psicopedagogico no hospital tern inesgotaveis recursos para desenvolver sua inlerven~ao de
forma eficiente e produtiva.
E convcniente citar, que a psicopcdagogia hospitalar envolve inslituiyocs nao
s6 de saude gera!, como tambem instituiyoes de saudc mental, como os hospitais de psiquiatria
infantil. Os pacientes atendidos nesse tipo de instituiyao hospitalar apresentam queixas de
hiperatividade, dificuldades de aprendizagem, dificuldades de estabeiecer rela~oes, baixo auto-
estirna, entre outros. 0 trabalho do psicopedagogico consiste em proporcionar aos pacientes a
oportunidade de criar, confeeeionar e utilizar jogos e brinquedos.
2A :r.ona de desenvolvimento proximal define aquc1ns fun~i'les que ainda nllo amadureccram, mas que eSliIo em proccsso demalura~lIo. Trala-sc de conhecimcnlOS que ainda nao sc c capaz de realizar sozinho a !live! real mas que eslilo prescntes anive!potcneia1.
16
Segundo GONTlJO, psicopedagoga que trabalba numa instituir;ao hospilalar
de psiquiatria infantil, de Minas Gerais, a Psicopedagogia, nesse contexto, trabalba 0 individuo
com patologias graves como psicose ou neuroses alraves das Of1cinas, onde podem resgatar
seu contato com a realidade. descobrir suas potencialidades e lidar com seus lirnites.
Atraves das atividades propostas e desenvolvidas nas oficinas 0 paciemc
perccbe suas possibilidades de crescer, aprendcr e conviver em sociedade. 0 objetivo maior e a
reinserr;ao desse paciente na comunidade onde vive, pois a maioria deles esta fora da cscola,
ou de alguma fomm, exduida dentro dela. Procura-se leva-los a descobrir novas forrnas de
conviver com oulras crianr;as c/ou adolescentcs, desenvolver 0 gosto pelo aprender, pelo fazer
bern [eito. Durante 0 proccsso aprendem a lidar com projetos de trabalho, pesquisar, conduir e
criticar, dcsenvolvendo suas estruturas cognitivas e melhorando sua auto-estima.
o trabalho psicopedag6gico nessa instituir;3.o reconhcce que a familia de urn
doente mental tambem demanda tratamcnto psicopedag6gico para que possa lidar com 0
paciente de maneira a ajuda-Io na sua recuperar;ao. E necessArio que seja ouvida e orientada.
Portanto, a inserr;ao do psicopedagogo em instituir;ocs de saude mental enecessaria, porem ainda pequena. A fum;:ao principal das instituiryoes de saude mental epromover uma melhor qualidade de vida dos seus pacicntes e procurar garantir-Ihes uma
relar;ao sadia e 0 mais "normal" possivel com sua comunidade. Para que 0 paciente
psiquiatrico possa se relacionar em sociedade, e necessario que aprenda a aprcnder. E 0 papeJ
do psicopedagogo e exatamenle prornover a aprendizagcm efetiva, qualquer que seja ela.
A psicanalise contribui para que a inlervenr;ao seja facilitada, dando mais
dareza as rela<;oes envolvidas. BOSSA diz:
"Vma forma mais abrangente de /ratar 0 problema de aprendizagem,ancorada, entre Quiros conhecimenlos, n(l psicamilise, significa levarem conla 0 caniler, desejando que 0 sujeilo, qller dizer, admitir ainlellerencia do desejo nos processos mentals e consequentemente naaprendizagem.... a niio aprender enquanto impossibilidade deincorporar os objelos de conhecimento, integrando-os as experienciasconcre/as de vida, cumpre as mats diversas!lIIu;oes, alendendo semprea eSle desconhecido - 0 desejo. " (2000, p. 106)
A articularyiio te6rica entre a psicamilise e a educa<;3.o, nos da urn rcspaldo
importante para 0 trabalho psicopedag6gico. E necessArio saber que a aprendizagem acontece
a partir do imaginario da crianr;a, ou seja, do simb6lico, da representa~ao do real.
E esta represcntar;ao sO vai acontecer no momento que 0 conhecimento a SCf
apreendido, for significante. Significante e mais que memorizar e decorar, e 0 registro de urn
17
c6digo. E c nas relal;oes sociais que a crianl;a vai adquirir os significantcs; desta fonna a
relal;ao profissional-paciente e fundamental para que as dificuldades de aprendizagem sejam
supcradas.
o descjo de saber, faz com que a crian~a busque 0 conhecimento como
satisfalYao, ou seja, de forma prazerosa. Se aprcndizado for 0 desejo da crianlYa, cia ira ter urn
grande desempenho.
o dcsejo e a falta, e a busca da satisfalYilo, que traz a mobiliza'Yao. A [onna
como cada individuo lida com a perda, a sua posi'Yao diante do objeto de desejo, vai dar
significados que direeionam as rcla'Yoes sociais do individuo. 0 desejo da crian'Ya precisa ser
ouvido e entendido para que se caminhc em direyao a aquisiyao do conhecimento com
signi ficayao faliea.
o psicopedagogo tern a funyao de oferecer possibilidades de entendimento
intelectual e conscicntc para cada pacicnte do que esui aconteeendo com cle, para que 0
mesmo eheguc mais proximo de umjulgamento da sua imagem. Utilizando-se da metodologia
integrativa a Psicopedagogia sera capaz de concretizar vivencias e experiencias junto aos
pacicntcs, no sentido de possibiLitar a integrayao scnsayoes/sentimentos/pensamentos no
descnvolvimento cognitivo de cada urn. Essa metodologia resume-so no possibilitar, vivenciar
e ampliar sensibilizayoes e dinamicas de grupo, a fim de promover 0 autoconhecimento e au1O-
aceitayao, trabalhando tambCm a ansiedade.
o trabalho psicopedag6gico constitui urn abrandarnento para a enfennidade,
pois denota urn investimento e a esperanya na recuperayao. Portanto, 0 envolvimento com as
atividades educativas traz ilimitados beneficios pelos seus pr6prios principios educativos da
individualiza'Yao c da socializa9ao do escolar docnte. A interven9ao psicopedag6gica, por sua
vez, visa a aquisi930 de certas aprendizagens dirctas ou indiretamente relacionadas it
manuten<;:ao e aos cuidados com a saudc, em suas vcrtcntes psicol6gicas e sociais c de sua
preven<;:ao.
Porem, e irnportante observar que a fa.'ie de escolaridade no hospital
representa uma situa<;:ao ernergencial e transit6ria, tornando-se imperiosa a necessidade de urn
preparo quanta ao seu retorno a nonnalidadc. Esse processo de devoluIY30 do escolar docntc
ao ambiente extra-hospitalar deve preocupar a equipc, no sentido de que haja uma garantia de
continuidade da identidade social da crian9a1adolcscente com sellS familiares. Dessa forma,
justifica-se a necessidadc de. durante a fase de hospitalizayao, haver urn perrnanente estimulo
as rela(foes com a escola de origem, por meio de intercambio de informa'Yoes e de manuten<;:3o
de intercsscs.
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Nesse sentido, evidencia que a escolaridade no hospital, mediada pelo
trabalho psicopedag6gico, ameniza 0 processo de normaliza~ao e auxilia 0 reencontro corn a
vida extra-hospitalar. Cabe, tambem, no ambito desse trabalho, 0 incentivo it participa~ao dos
familiares no atendimento dos melhores cuidados aos seus filhos cnferrnos. Sao muito
importantes 0 vinculo e a ajuda obtidajunto aos familiares levando a estirnula-Ios it valoriza~ao
do tratamento e da escola. com 0 fun de obler uma vis30 mais dinfimica do futuro da crian~a.
Oeste modo, molivar esses farniliarcs para 0 envolvirncnto com 0 desenvolvimento da crian¥a,
complementa 0 trabalho psicopedagogico.
MUGGIAT[ lembra que e assegurado por lei 0 direito a saude c edUC3¥aO "A
Declara¥ao dos Oireitos da Crianya, da Organiza¥ao Mundial de Saude, e clara quando
assevcra que: ... a crian¥a gozara de prote~o especial e ser-Ihe-ao proporcionadas
oportunidadcs e facilidades por lei e por oulros meios, a fim de the facultar 0 desenvolvimento
fisico, moral, espiritual e social, de forma sadia e normal e em condiyoes de liberdade e
dignidade." (2001, p. 27).
Se 0 acesso a saude e cducayao e direito aliemivel de toda crian~a e
adolescente, como pcrrnitir entao que diante da realidade de uma enfermidade em que seja
necessario urn pedodo de intcrna¥ao, 0 escoJar docnte fique marginalizado e esquecido pela
sociedade educacional?
"Na verdade, essas erianfGs e adoleseentes sao tolhidwi do exerciciodos sellS legilimos direilos, pelo simples /alo de serem doentes, flQSeOlldh;oes ja mencionadas. 0 en/erma em tal situQ(;iio se lOrna vitima,realmente, de lima soeiedade elilisla e antidemocralica; eslQ, no sellindividllalismo, es/a eontribuindo par avolumar as fileiras dos /zilurosadlillos analfabetos OIl despreparados para assllmir devidamente asSilas condit;(jes de cidadiios." (MUGGIATI, 2001, p. 28).
Oiante dessa responsabilidade social defend ida por lei, depara-se com a
necessidade de que a sociedadc assuma seu compromisso e proporcione as condiyoes
necessarias para que todos tenham acesso it educayao mesmo em arnbiente hospitalar. 0
pro fissional mais capacitado que faria esta inlervenyao, scm duvida. e 0 psicopedagogo.
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3.2 VIABILlZA<;:AO DA PROPOSTA
Apos a cxposic;:ao da nccessidadc e relevancia do psicopedagogo no ambiente
hospitalar, faz-se necessario cnlenrler na pratica como se daria cste atendimcnto e 0 que
diferenciaria dos outros atcndimcntos: 0 cHnico e 0 da instituic;:ao escolar.
No hospital, 0 atcndimento psicopedag6gico nao ficaria restrito a apenas urn
ambientc au sala espccifica, mas aconteceria dentro da nccessidade e disponibilidade do
pacicnte e da estrutura do hospital. As atividades poderiam ser realizadas no quarto do
paciente - se estc estivesse limitado a cama - ou mesmo em uma sala de jogos ou
brinquedoteca, cornu mente encontradas ern hospitais infantis. 0 atendimento poderia ser
coletivo ou individual, respondendo a objetivos especificos prcviamente detcnninados.
Dentro da cspecificidade e qualificayao profissional do trabalho
psicopedagogico, seriio realizados os procedimentos necessarios para uma avaliay30
diagnostica das crianyas atendidas, para enlao intervir com atividades significativas que
venham proporcionar 0 desenvolvimento esperado.
Procedimentos e tt~cnicas utilizadas tanto no atendimento clinico como no
atendimento institucional podem ser apropriados para 0 ambicnte hospitalar, desde que
observando e respeitando as iimitayoes fisicas, organizacionais e funcionais deste ambiente. 0
principal ponto c nao perder de vista a funyao especilica do trabalho psicopedagogico e ter
born senso e coerencia para desenvolve-Io na realidadc do ambiente hospitalar.
Como afirmar MUGGIATI, "a finalidade da ayao educativa continuada no
ambito hospilalar e propria de uma saber e de uma profissao especifica, numa ayao pedagogica
que nao se opoem e nem se confundc com a ayao e a finalidade que sao co-naturais a Medicina
e ao alO medico." (2001, p. 37). Portanto lembrando scmpre que se trata de urn processo
difercnciado, realizado em ambienle hospitalar que tcrn como prioridade a saude e nao a
educayao, ou seja, hospital nao e escola e suas funyoes na~ podem ser confundidas.
Como 0 trabalho psicopedag6gico hospitalar ainda na~ esta adequadarnente
estruturado, cabe ao profissionai psicopedagogo construir seu trabalho de trabalho, com
responsabilidade e competencia, consciente da importancia de sua atuayao.
MUGGIATI nos leva a pensar a respeito:
"Em todos os iimbilos do saber, a ciencia pressllpiJes sempre lima
etapa de praxis empirica, inllliliva, na qual a afGOpralica gllia-sepe/a inleiigencia geral e comllm ate que desemboca na techm!, nllm'que Jazer' que se caracteriza por se conhecer ja 0 porque se Jaz"
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(GONZALES, SIMANCAS E POLAINO, LORENTE, 1990, pl8 apudMATOS, 2001, p. 35)
o trabalho tcria inicio basicamente identificando as crianyas que necessitam
de IOl1ga permanencia no hospital, delimitando quais os pacientes que seriam atendidos. EnHio
partir para a avaliac;:ao diagnostica e busca de infonnac;oes com a equipe medica de
possibilidades e iimites, em face da doenya ocorrentc, em cada caso. A intervenyao viria a
seguir com procedirncntos c atividades que proporcionc 0 born desenvolvimento de
potencialidades e superayao de dificuldades. A durac;:ao e frequencia determinadas para 0
atendimenlo seriam estabelecidas obscrvando a disponibilidade do paciente e do
psicopedagogo, cuidando para naQ ser demasiadamente curto ou longo, onde em ambos os
casos nao haveria urn born aproveitamento.
o esparro fisico a ser utilizado, como foi comentando anteriormente, pode
variar, dependendo da necessidade c lirnitarroes impostas pelo pacicnte, peJo ambiente e peJo
proprio trabatho a ser desenvolvido. Podem ser sugeridas mudam;:as gradativas no ambicnte
fisico do hospital scm prcjudicar a funcionalidade do mesmo, mas que venha dar melhore
condir;oes ao trabalho psicopedagogico. Portanto nao se trata apenas de 'adaptar-se' ao ritmo
do hospital, scm querer iocomodar, mas solicitar modificayoes oeste ambiente prc-
estabelecido, que sejam realmente importantes respeitaodo sua funr;ao primordial.
Cabe lembrar ainda que 0 atendimento psicopedagogico nao pode ser
reali7..ado isoladamente mas deve voltar-sc para a interdisciplinaridade, onde 0 trabalho sera
muito mais eficienle quando os diferentes participes deste processo se complemcntcm em
sentido de cooperayao e interdepcndencia com contribuiyoes diversificadas, contudo
integradas e com unicidade de objetivos.
4. CONCLUSAO
Toda crian';:8 que cnfrcnta uma doen~a grave e nccessita ficar hospitalizada se
vc perantc urn impasse: para obler sucesso e seu tratamento de saude ser concluido e, sc
restabelecer fisicamente, acaba por fracassar no seu aprovcitamento escolar que fica em
segundo plano diantc da possibilidade de perder a propria vida.
Quando se fala do direito de teda a criam;:a em reeeher educac;ao. incluindo as
crianyas com necessidades cspeciais, nao podemos excluir deslc acesso a educayao aquelas que
eslao enfermas e impossibililadas de rrcqGentar uma instituiyao escolar. E dever da sociedade
proporcionar eSle direito a educayao, entendida como desenvolvimento humane rume acidadania.
Quando se passa a considerar os beneficios que a intervcnyao
psicopcdagogiea ao eseolar doente, pereebe-se que todos os esforyos necessarios no sentido
de proporcionar este atendimento e acesso a aprendizagem valem a pena.
Alem de facilitar 0 retorno desta crianya ao convivio escoiar, 0 atendimento
psicopedag6gico daria condiyoes para que sua permam!ncia no hospital transcorresse com
maior incentivo e esperanya em rctomar sua vida normal. 0 escolar doente nao ficaria a
margem de urn atendimento educacional e teria 0 beneficio de reccher estimulos nas areas
emocional, motora e eognitiva.
Os heneficios terapeuticos do atendimento psicopedagogico sao, scm duvida,
de grande reievancia. No ambiente hospilalar 0 psicopedagogo passa a ser 0 mediador e
articulador entre 0 escolar hospitalizado e as expericncias educativas adequadas. A forma de
intervir do psicopedagogo contribui para entender os aspectos cmocionais na clinica medica,
uma vez 'lue se sabe da importancia que as cmoyoes excrCCI1l na rccupcra9uo da saude.
22
Apostando no restabelccimento do clicnte, atravcs no investimento do seu
futuro como cidadao c realizado, a erian~a hospitalizada sente a seguram;a e a aeeitaltuo do
tratamento eom mais disposi'rao, pois percebe que a sua fonnayao escolar constitui-se em
promessa e eredibilidade na superayao da enfermidade que a aeometeu.
Quando a intervenyao psicopedagogica e realizada com eficiencia,
considerando a erian~a enquanto ser biopsieosocial, os resultados obtidos sao satisfatorios,
Lrazendo maior qualidade ao atendimento que cia vcrn recebendo no hospital. E preciso
considerar 0 fisico (organico). 0 psico (emocional) e 0 social (contexto) da crianya cnferma,
percebendo suas limitayoes e areas a screm trabalhas e estirnuladas para que se carninhe em
direltao ao desenvolvimento integral desta crianya. Assim a fmalidade da interven~ao
psicopedagogica e alcan~ada.
Com este trabalho os pontos fundamentais para entender como se daria equal
a necessidade deste atendimento em ambiente hospitalar foram disculidos. E claro que rnuito
ha pela frente a ser questionado e argumentado. mas podemos pereeber que ° eseolar doente, a
equipe interdisciplinar e a familia" em suma, a sociedadc como urn todo, tena rnuito a ganhar
proporcionando tal atendimcnto. Desta forma, 0 ambiente hospitalar tera urna realidade muila
mais humana, eficiente e carninhando rumo a verdadeira cidadania.
23
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