Post on 26-Nov-2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
MARIA D’AJUDA VASCONCELOS NASCIMENTO
O LÚDICO E SUA INFLUÊNCIA NA CONSTRUÇÃO DOS CONCEITOS
LÓGICOS MATEMÁTICOS EM UMA SALA DE QUATRO ANOS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
SALVADOR
2016
Monografia apresentada ao Curso de Pós Graduação em Docência na Educação Infantil pela Universidade Federal da Bahia como requisito de conclusão do curso sob a orientação da professora Maria Cristina Ribas Sousa
MARIA D’AJUDA VASCONCELOS NASCIMENTO
Salvador 2016
MARIA D’AJUDA VASCONCELOS NASCIMENTO
O LÚDICO E SUA INFLUÊNCIA NA CONSTRUÇÃO DOS CONCEITOS
LÓGICOS MATEMÁTICOS EM UMA SALA DE QUATRO ANOS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Monografia apresentada ao Curso de Pós
Graduação em Docência na Educação
Infantil pela Universidade Federal da Bahia
como requisito de conclusão do curso.
Aprovada em: ___/_____/______
Banca examinadora:
_____________________________________________________________
Professora: Maria Cristina Ribas Sousa - Orientadora
__________________________________________________________________________________ Professora: Maria Elisa Pacheco de Oliveira
DIDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao maior educador do mundo: Jesus. Ao seu
lado aprendi a enfrentar os desafios sem nunca perder de vista a fé e a
esperança.
Aos meus filhos por se constituírem pessoas belas e admiráveis em
essência, estímulos que me impulsionaram a buscar vida nova a cada dia. A
gratidão revela o reconhecimento de grandes coisas, reconheço os
momentos em que necessitei sacrificá-los para ir à busca de novos
conhecimentos, porém de uma coisa tenha certeza, vocês são e continuarão
sendo a minha fonte de inspiração.
Aos meus pais (in memorian), jamais irei esquecer que vocês foram os
primeiros a vibrar e aplaudir as minhas primeiras conquistas, em seus
exemplos, encontro forças para continuar lutando em prol dos meus ideais.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus criador de todas as coisas, da minha
própria existência, por me dar condições de vida e de finalizar mais uma
etapa de formação profissional e pessoal na minha caminhada.
Agradeço aos meus queridos filhos Luís Augusto e Vanessa que
sempre com suas preocupações, me incentivaram a ir em frente.
Aos meus familiares que com palavras de incentivo me estimularam e
acreditaram nessa caminhada e conquista.
Às colegas e companheiras de caminhada, que souberam perseverar
comigo até o fim.
As minhas adoráveis crianças do grupo 04 A que com seus
ensinamentos e curiosidades tanto contribuíram para o desenvolvimento da
minha pesquisa.
A todos os Coordenadores e professores do curso, especialmente, a
Neuza Silva e Regina Gramacho que com sua sabedoria souberam conduzir
e resolver, os nossos questionamentos e as nossas necessidades.
À Secretaria Municipal de Salvador por viabilizar esta formação para
mim e para os professores da Rede Municipal de Ensino.
A Professora Cristina Ribas minha orientadora, por todas as suas
orientações e boa vontade que muito contribuíram para a produção e
finalização deste trabalho.
“Brincar com criança não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los, sentados enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem”.
Drummond
RESUMO
Esta pesquisa apresenta uma abordagem sobre a influência da ludicidade na construção dos conceitos lógicos matemáticos, desenvolvidos através de jogos e brincadeiras para as crianças de quatro anos da Educação Infantil. As observações serão realizadas mediante atividades de recreação com brincadeiras e jogos. Estrutura as reflexões aqui trazidas com estudiosos como Constance
Kamii (1988), Kshimoto (2009), Piaget (1973), Vygotsky, Smolle e
bibliografia complementar que abordam a importância da ludicidade em sala
de aula e a interação entre os sujeitos envolvidos nesse processo. A
Pesquisa foi realizada no Centro Municipal de Educação Infantil da rede
municipal de Salvador. Os sujeitos serão vinte e cinco alunos de 04 anos,
sexo masculino e feminino. O trabalho se orienta por uma metodologia de
inspiração da etnopesquisa de abordagem qualitativa, que será realizada por
meio da observação do cotidiano dos meus alunos e suas vivencias junto a
minha atuação docente, no CMEI Álvaro da Franca Rocha, em Salvador-BA
como finalidade refletirmos sobre a importância do lúdico através do uso de
jogos e brincadeiras em sala de aula de quatro anos. Considerando as
informações coletadas comprovou-se que o lúdico é significativo para a
criança poder conhecer compreender e construir conhecimentos, que
brincando com jogos matemáticos as crianças elaboram raciocínio lógico e
melhoram a sua comunicação, desta forma estão se socializando e
aprendendo significativamente, construindo conceitos.
Palavras-chave: ludicidade, conceitos lógicos matemáticos, educação infantil.
ABSTRACT
This research presents an approach on the influence of playfulness in the construction of mathematical logical concepts, developed through games and activities for children four years of early childhood education. The observations will be carried out by recreational activities with fun and games. Structure reflections here brought with scholars like Constance Kamii (1988), Kshimoto (2009), Piaget (1973), Vygotsky, Smolle and complementary bibliography addressing the importance of playfulness in the classroom and the interaction between the subjects involved in this process. The search was carried out at the Municipal Center for Child Education municipal Salvador. The subjects will be twenty-five students 04 years old, male and female. The work is guided by an inspiration methodology of qualitative approach etnopesquisa to be held by observing the daily lives of my students and their livings with my teaching practice in CMEI Alvaro da Franca Rock in Salvador-BA intended to reflect about the importance of playfulness through the use of games and play in four years classroom. Considering the information collected it was shown that the playfulness is significant for the child to get to know understand and build knowledge that playing with mathematical games children prepare logical thinking and improve their communication in this way are socializing and learning significantly, building concepts.
Keywords: playfulness, logical mathematical concepts, early childhood
education
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO. ........................................................................................ 10 1 O LÚDICO NA CONCEPÇÃO DE TEÓRICOS IMPORTANTES PARA A
EDUCAÇÃO ............................................................................................ 14
1.1 Influências do lúdico no desenvolvimento da criança .................. 18
1.2 A contribuição do lúdico na educação infantil .................................. 22
2 CONCEITUANDO JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................................ 25
3 CONCEITOS LÓGICOS MATEMÁTICOS SEGUNDO A TEORIA DE PIAGET .................................................................................................... 34
3.1 A construção dos conceitos matemáticos no dia a dia da
educação infantil .................................................................................... 38
4 CAMINHOS DA PESQUISA .................................................................. 45
4.1 Método e tipo de pesquisa ........................................................................... 45
4.2 Campo de pesquisa .......................................................................... 46
4.3 Sujeito/Fonte ..................................................................................... 47
4.4 Instrumentos ou dispositivos .......................................................... 47
4.5 Procedimentos metodológicos ....................................................... 48
4.6 Jogos e brincadeiras desenvolvidos durante a pesquisa: ponto de ônibus, bingo, coelho na toca dos bambolês, classificando objetos, dez coloridos ............................................................................ 49
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 61 6 RFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 65 7 ANEXOS ................................................................................................ 67
10
INTRODUÇÃO
A minha formação acadêmica começou em 1978, quando iniciei o
curso de Graduação em Pedagogia Licenciatura Plena, realizado na
Faculdade de Educação da Bahia (Olga Mettig). A graduação foi significativa
na minha formação, na medida em que me ofereceu subsídios para
ampliação de conhecimentos no campo da educação. O meu interesse pelos
temas abordados nas diferentes disciplinas do curso levou-me a participar
de alguns debates e discussões acerca da profissão docente. Concluída a
faculdade alcancei oportunidade de lecionar em escolas da rede privada,
atuando em várias séries do segundo grau, lecionando Didática Geral e
Sociologia. Logo depois trabalhei como coordenadora do Fundamental II.
Por motivo do afastamento de uma das colegas fui convidada pela
diretora da escola a substituí-la, por um período de quase três anos, como
professora de Matemática. Minha trajetória continuou com o fundamental I.
Só faltava mesmo para me sentir privilegiada, era ter a oportunidade de
trabalhar com a Educação Infantil, pois considero o pilar e o alicerce de toda
construção na área de educação. Felicidade a minha, pois, em 2003 prestei
concurso para a Prefeitura Municipal de Salvador e fui convocada em
Novembro de 2007. Comecei atuando no grupo dois, confesso muito
temerosa e assustada, pois meu conhecimento sobre Educação Infantil era
muito pouco. Só tive uma alternativa aproveitar ao máximo os cursos e
treinamentos oferecidos pela rede municipal e aliado a isso pesquisar em
livros, artigos, textos e pesquisas encontradas na internet. Não satisfeita
busquei fazer uma pós-graduação na área de Alfabetização e Letramento,
que conclui em 2011, que tinha como eixo de pesquisa Jogos Matemático na
Educação Infantil.
De 2007 até a presente data já consegui ser presenteada com a
experiência de trabalhar com os grupos um, o grupo três e atualmente o
grupo quatro. Essas experiências trabalhando em vários grupos, com
crianças de diferentes faixas etárias e percebendo a dificuldade que elas
11
demonstravam ao construir alguns conceitos voltados para a Matemática,
me fez mais determinada em melhorar e ampliar meus conhecimentos sobre
Docência na Educação Infantil tendo como foco de estudos e pesquisa como
construir através do lúdico os conceitos lógicos matemáticos na Educação
Infantil. A intenção de dar continuidade a minha formação educacional levou-
me a participar do Processo Seletivo do Programa de Pós Graduação em
Docência na Educação Infantil em nível de especialização pela universidade
Federal da Bahia- UFBA. Fiz a inscrição e fui convocada o que me deixou
muito feliz. O curso é bastante intensivo e estimula a todos cada vez mais a
nos aprofundarmos em estudos e pesquisas. Com o transcorrer do curso,
onde foram abordados alguns conceitos sobre jogos, brincadeiras e
brinquedos no cotidiano da Educação Infantil e com minhas leituras sobre
concepções dos grandes autores como Froebel, Kshimoto, Kamii, Piaget,
Vygotsky entre outros, a minha inquietação com relação ao tema da minha
pesquisa aumentou. Educação Infantil, brinquedos, brincadeiras, jogos, o
lúdico tudo isso me incentivava cada vez mais e acelerava dentro de mim o
desejo de desenvolver uma pesquisa que buscasse conhecer as diferentes
formas de abordagens de como desenvolver a construção dos conceitos
matemáticos, utilizando para isso o lúdico para trabalhar com crianças de
quatro anos na educação infantil. A linguagem matemática na Educação
infantil é uma área do conhecimento considerada como complicada, árdua
de difícil aceitação e assimilação. Sendo assim, procurando entender melhor
como o processo da construção dos conceitos lógicos matemáticos através
da ludicidade, pode contribuir como a minha pratica é que decidi investigar
como o uso de atividades lúdicas pode influenciar na construção dos
conhecimentos lógicos matemáticos em uma sala de quatro anos de idade
na educação infantil? Toda essa motivação e interesse começaram quando
durante a minha prática em sala de aula desenvolvi jogos com a turma com
a qual trabalho, e os jogos acabavam sempre revelando apenas a parte
divertida parecia que outro objetivo que é a construção de conceitos
matemáticos durante as brincadeiras realizadas não se manifestava. A
referida pesquisa tem como objetivo refletir sobre a influência do lúdico, na
12
construção dos conceitos lógicos matemáticos destacando os jogos mais
utilizados na sala com crianças de quatro anos da educação infantil.
A ludicidade é um tema que vem se expandindo propiciando ao
professor melhor forma de conduzir o brincar. E na Educação Infantil
potencializa o que eles já trazem do seu dia a dia com o que eles têm
acesso em sua vida, uma interação que contribui para que a criança articule
seus conhecimentos.
Segundo Luckesi (2000), É através da ludicidade que a criança
organiza sua fala, imaginação e criatividade, e é nessa conexão que a
criança aprende de forma prazerosa e tem um crescimento satisfatório.
Logo, a criança aprenderá coisas novas perante seu contato com o próximo
e com o meio em que vive independente de seus valores e classe social,
pois o brincar está inserido em sua vida e ações.
Na educação infantil, as crianças são privilegiadas, pela facilidade de
memorização, cabe ao professor criar situações para estimular o início da
aprendizagem matemática que deve ter relação com situações conhecidas e
vivenciadas pela criança. O lúdico faz parte da vida do ser humano e, de
especial forma, da vida da criança, por serem as brincadeiras a essência da
infância. Sabe-se que os desafios contidos nos jogos e brincadeiras levam
as crianças a fazerem descobertas. Quando a criança brinca, estabelece um
canal de comunicação entre o adulto e outras crianças, possibilitando assim
o desenvolvimento da sua expressão, imaginação e criatividade. Portanto,
possibilitar o acesso das crianças ao mundo lúdico, constitui-se numa forma
de valorizar as suas descobertas, contribuindo para uma aprendizagem mais
significativa e prazerosa.
O lúdico também favorece a autonomia, a autoconfiança, a
curiosidade, a linguagem oral e o pensar crítico, essas atividades
transformam o conhecimento prévio que a criança tem, em conhecimento
geral, acionando o pensar para construir conceitos que surgem na medida
em que brincam, assimilando os papéis sociais e afetivos que a cercam,
desenvolvendo atitudes de colaboração, socialização, interação, construindo
um espaço em que a criança estará experimentando e aprendendo.
13
Para tanto foi escolhido como embasamento de nossa pesquisa, os
estudiosos Vygotsky, Jean Piaget e Luckesi por pensarem que a utilização
do lúdico aliada a atividades pedagógicas pode transformar o aprender
numa ação prazerosa que produz resultados positivos.
Este trabalho está estruturado da seguinte forma: a introdução,
trazendo informações, sequência e toda a estrutura do presente trabalho.
No primeiro capitulo será abordado o lúdico na concepção de
teóricos como Piaget, Vygotsky e Luckesi, a influência do lúdico no
desenvolvimento da criança e sua contribuição para a educação infantil.
No segundo capitulo será abordado conceitos de jogo, brinquedo e
brincadeira.
No terceiro capitulo será abordado os conceitos lógicos matemáticos
segundo a teoria de Piaget, e a utilização desses conceitos no cotidiano da
criança.
No quarto capítulo, apresentam-se os procedimentos metodológicos
citando o público-alvo, os instrumentos utilizados; o processo de coleta e
análise dos dados, os jogos desenvolvidos com as crianças durante a fase
de observação e analise.
O quinto capítulo apresenta e discorre-se sobre os dados obtidos no
decorrer da pesquisa realizada. Por fim, trazem-se as considerações finais
acerca da temática abordada, dessa forma, este trabalho apresenta-se como
relevante, pois, por meio da concretização do mesmo espera-se que ao
responder a pergunta que está me instigando a desenvolver o mesmo: como
o uso de atividades lúdicas pode influenciar na construção dos
conhecimentos lógicos matemáticos em uma sala de quatro anos de idade
na educação infantil, possa provocar outras inquietações, novos estudos e
(re) construção de conhecimentos sobre a utilização do lúdico na Educação
Infantil no processo educativo de forma coerente, dinâmica e flexível,
visando à promoção de um ambiente favorável à qualidade da
aprendizagem, bem como, à formação plena dos alunos, enquanto sujeitos
críticos e ativos no meio social do qual fazem parte.
14
1 O LÚDICO NA CONCEPÇÃO DE TEÓRICOS IMPORTANTES PARA A
EDUCAÇÃO.
Piaget e Vygotsky são dois ícones no campo da pedagogia. Ambos
compreendem o ensino como interação e construção individual e
concordaram que a aprendizagem e o desenvolvimento são autorregulados,
e que a criança obtém conhecimento através da participação e não de
maneira automática. Jean Piaget (Suíça, 1896-1980) e Lev Vygotsky
(Rússia, 1896-1934), são pontos de referência quando o assunto é a
ludicidade. Foram contemporâneos, mas não se conheceram. Piaget usava
a terminologia jogo e Vygotsky brinquedo para conceituar a ação de brincar.
VYGOTSKY E O LUDICO
VYGOTSKY (1998) atribuiu relevante papel ao ato de brincar na
constituição do pensamento infantil, mostrando que é no brincar, jogar que a
criança revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil e motor. A criança
por meio da brincadeira constrói seu próprio pensamento.
Assim a atividade lúdica, o jogo, o brinquedo e a brincadeira são
essenciais no desenvolvimento e na educação da criança, uma vez que
partindo do pressuposto de que é brincando e jogando que a criança ordena
o mundo á sua volta, assimilando experiências, informações e assim,
incorporando valores.
Vygotsky fala que o brinquedo ajudará a desenvolver uma
diferenciação entre a ação e o significado. A criança, com o seu evoluir,
passa a estabelecer relação entre o seu brincar e a ideia que se tem dele,
deixando de ser dependente dos estímulos físicos, ou seja, do ambiente
concreto que a rodeia.
O brincar relaciona-se ainda com a aprendizagem. Brincar é
aprender; na brincadeira, reside à base daquilo que, mais tarde, permitirá à
15
criança aprendizagens mais elaboradas. O lúdico torna-se, assim, uma
proposta educacional para o enfrentamento das dificuldades no processo
ensino-aprendizagem.
Vygotsky (1998, p. 137) afirma: “A essência do brinquedo é a criação
de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção
visual, ou seja, entre situações no pensamento e situações reais”. Essas
relações irão permear toda a atividade lúdica da criança. Será também
importante indicador do desenvolvimento da mesma, influenciando sua
forma de encarar o mundo e suas ações futuras.
Para Vygotsky a criança ao brincar criava uma situação imaginária
onde existiam, sempre, regras nas brincadeiras, pelo simples fato de que a
partir do momento em que existe uma situação imaginária esta tem regras
de comportamento que são representadas na brincadeira.
PIAGET E O LUDICO
Segundo PIAGET (1971), o desenvolvimento da criança acontece através
do lúdico, ela precisa brincar para crescer.
É, pois, por meio do universo lúdico que a criança se satisfaz, realiza seus
desejos e explora o mundo ao seu redor, tornando importante proporcionar
às crianças atividades que promovam e estimulem seu desenvolvimento
global, considerando os aspectos da linguagem, do cognitivo, afetivo, social
e motor. Deste modo o lúdico pode contribuir de forma significativa para o
desenvolvimento global do ser humano, auxiliando na aprendizagem e
facilitando no processo de socialização, comunicação, expressão e
construção do pensamento.
Para Piaget (1978), ludicidade é manifestação do desenvolvimento
da inteligência que está ligada aos estágios do desenvolvimento cognitivos.
Cada etapa está relacionada a um tipo de atividade lúdica que se sucede da
mesma maneira para todos os indivíduos.
Para Ferreira (2014), o lúdico é uma maneira eficiente de submeter à
criança a atividades que constroem o conhecimento e que contribuem para a
16
sua formação de cidadão, tornando-a capaz de responder a desafios e
intervir na realidade, uma formação aliada a princípios valorizados pela
sociedade.
Para LUCKESI quando a criança brinca, sua brincadeira tem a
profundidade de quem se dedica a construir e cuidar do mundo, o mundo
que é significativo para si, na idade e nas circunstâncias metafísico-
evolutivas que está atravessando. O mesmo poder-se dizer do adolescente
e do adulto. A criança estará brincando como criança, o adolescente como
adolescente, e o adulto como adulto; cada qual em sua faixa de idade e com
sua circunstância evolutivo-metafísica. Cada um realizando a sua poiesis.
Assim sendo, o ato de brincar será um ato profundo de cuidar da
existência, de forma criativa, alegre e até mesmo hilariante, com as
especificidades de cada idade e de cada circunstância de vida.
Profundidade, aqui, traz leveza, que é diferente de leviandade. Leveza tem a
ver com o contato significativo conosco mesmos, com o nosso ser, com o
âmago do nosso destino. O que é profundo é leve, e, pois, diverso do
pesaroso.
Luckesi defende a ideia de que “o ato lúdico propicia uma experiência
plena para o sujeito”. Mas, o ato de brincar não só é revelador do
inconsciente, ele também é catártico, ou seja, ele é liberador. Enquanto a
criança brinca, ela, ao mesmo tempo, expressa e libera os conteúdos do
inconsciente, procurando a restauração de suas possibilidades de vida
saudável, livre dos bloqueios impeditivos. E, por vezes, os bloqueios já estão
tão fixados, que eles impedem a criança até mesmo de brincar; fato este que
estará nos sinalizando para uma atenção mais cuidadosa para esta criança.
Para Luckesi (2000, p.63) “o que caracteriza a ludicidade é a
experiência de plenitude que ela possibilita a quem a vivencia em seus atos”.
Nesse sentido, o lúdico difere de toda atividade imposta, uma vez que, ao
brincar, a atenção da criança concentra-se na atividade em si e não em seus
resultados. A ludicidade é um fenômeno natural, aflora no ser humano o
entendimento do mundo real, mediante o uso das primeiras percepções
17
sensoriais e imaginárias, haja vista não ser possível conceber a imaginação
sem o novo e o surpreendente da emoção, esta, peculiaridade do lúdico.
Conforme Winnicott (1995), o lúdico é considerado prazeroso,
devido a sua capacidade de absorver o indivíduo de forma intensa total,
criando um clima de entusiasmo.
É este aspecto de envolvimento emocional que torna uma atividade
de forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia.
Por meio do lúdico, a criança canaliza suas energias, vence suas
dificuldades, modifica sua realidade, propicia condições de liberação da
fantasia e a transforma em uma grande fonte de prazer. E isso não está
apenas no ato de brincar, está no ato de ler, no apropriar-se da literatura
como forma natural de descobrimento e compreensão do mundo,
proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da
concentração.
Portanto, o lúdico é uma ponte que auxilia na melhoria dos
resultados por parte dos educadores interessados em promover mudanças.
O lúdico é uma necessidade humana que proporciona a interação da
criança com o ambiente em que vive, sendo considerado como meio de
expressão e aprendizado. As atividades lúdicas possibilitam a incorporação
de valores, o desenvolvimento cultural, assimilação de novos
conhecimentos, o desenvolvimento da sociabilidade e da criatividade.
Assim, a criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário e
tem a oportunidade de se desenvolver de maneira prazerosa.
Conforme Kishimoto (1994), o lúdico é um instrumento de
desenvolvimento da linguagem e do imaginário, como um meio de
expressão de qualidades espontâneas ou naturais da criança, um momento
para observar a criança que expressa através dele sua natureza psicológica
e suas inclinações. Momento, esse, de aprender valores importantes,
socialização e a internalização de conceitos de maneira significativa.
O lúdico na sala de aula passa ser um espaço de reelaboração do
conhecimento vivencial e constituído com o grupo ou individualmente. Sendo
assim, a criança passa a ser a protagonista de sua história social, o sujeito
18
da construção de sua identidade, buscando uma autoafirmação social, e
dando continuidade nas suas ações e atitudes, possibilitando o despertar
para aprender.
O lúdico desempenha um papel vital na aprendizagem, pois através
desta prática o sujeito busca conhecimento do próprio corpo, resgata
experiências pessoais, valores, conceito busca soluções diante dos
problemas e tem a percepção de si mesmo como parte integrante no
processo de construção de sua aprendizagem, que resulta numa nova
dinâmica de ação, possibilitando uma construção significativa.
O lúdico pode se caracterizar assim, o sentimento, os
questionamentos, prática social, mediação professor/aluno, habilidades,
autonomia, responsabilidades, senso crítico e aprimoramento de estruturas
mentais, como atenção, percepção e raciocínio.
A ideia de Alves (1987) sobre o lúdico está ancorada quando ele diz:
O lúdico se baseia na atualidade, ocupa-se do aqui e do agora, não prepara para o futuro inexistente. Sendo o hoje a semente de qual germinará o amanhã, podemos dizer que o lúdico favorece a utopia, a construção do futuro a partir do presente. (p.22).
O lúdico é ferramenta importante nas dificuldades de aprendizagem,
pois a criança pode ser trabalhada na individualidade ou em grupo se ela
mesma poderá sanar suas dúvidas e corrigir o que é de real dificuldade.
Assim, ela passará a se conhecer melhor, criará estratégias para um melhor
aprendizado, que será prazeroso e significativo.
1.1 A INFLUÊNCIA DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
Para que entendamos a relação entre infância, brincadeiras é
necessário resgatar o ato de brincar enquanto experiência lúdica. Como
instrumento que pode ser utilizado no processo formativo de estudo, o lúdico
busca o papel do brincar o acesso á cultura, a incorporação dos valores e
apropriação de novos conhecimentos. No entanto compreendemos que a
inserção das atividades lúdicas no desenvolvimento da criança é importante
19
para que ela possa alcançar seus objetivos no contexto da educação infantil.
PIAGET (1962 e 1976) diz que "a atividade lúdica é o berço obrigatório das
atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável á prática
educativa" (...) Através do lúdico a criança encontra o equilíbrio entre o real e
o imaginário. É na infância que a criança adquire o ato de brincar e buscar
experiência com outras crianças. O brincar também envolve atividades
físicas, mentais, sociais, comunicativas e emocionais para o
desenvolvimento da criança. A brincadeira é um fenômeno da cultura que se
configura em um conjunto de práticas. No brincar, casam-se a
espontaneidade e a criatividade com a progressiva aceitação das regras
sociais e morais. Dessa forma o conhecimento destaca o desenvolvimento e
o ato de brincar contribui para um melhor desenvolvimento da criança em
todos os aspectos que contribuem para a vida social de todo ser humano, e
assim com a brincadeira é que a criança viaja na sua imaginação, se
tornando gente grande em alguns momentos.
Diante de todas as contribuições históricas, passamos a observar a
educação lúdica como um instrumento metodológico que possibilita o
desenvolvimento do ser humano intelectual e físico. Sabemos que quando
falamos de criança, o universo de fantasia não pode ser desconsiderado,
mesmo e principalmente, quando a questão é conhecer e aprender. No ato
de brincar, os gestos, sinais, objetos e os espaços valem e tem um sentido
diferente daquele que demonstra ter. A brincadeira contribui com a criança
para a melhoria de sua autonomia e criatividade, e favorece para a
interiorização de determinados modelos de adultos presentes na sociedade.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998)
destaca que a brincadeira está colocada como um dos princípios
fundamentais, defendida como direito, uma forma particular de expressão,
pensamento, interação e comunicação entre as crianças. Nessa perspectiva,
o lúdico tem um papel relevante para o desenvolvimento infantil, pois quando
a criança brinca exercita-se cognitiva, social e afetivamente.
O lúdico, portanto, não se restringe apenas em criar espaços ou
disponibilizar materiais para a criança brincar. Uma aula pode ser lúdica
20
mesmo não tendo esses recursos, envolve, sobretudo, um estado de
inteireza, de estar pleno naquilo que se faz com prazer. Reconhecer o lúdico
é reconhecer a especificidade da infância, permitindo que as crianças sejam
crianças e vivam como crianças, sem perder de vista o compromisso com a
construção da identidade, autonomia e a cidadania do indivíduo.
Através da atividade lúdica e do jogo, a criança forma conceitos,
seleciona ideias, estabelece relações lógicas, integra percepções, faz
estimativas compatíveis com o crescimento físico e desenvolvimento e, por
meio dele vai se socializando com as demais crianças. Existem diversas
formas de manifestar a ludicidade, através dos jogos, das brincadeiras, das
canções, das danças entre outras.
A atividade lúdica longe de ser uma concepção ingênua de
passatempo, diversão superficial, brincadeira, é uma ação inerente à criança
e aparece como forma transacional em direção a algum conhecimento, que
se reorganiza nas trocas entre o pensamento individual e o coletivo
(ALMEIDA, 2003 in QUEIROZ, 2009, p.08).
De acordo com Kshimoto (2010), ao assumir a função lúdica e
educativa, o brinquedo educativo merece algumas considerações:
1. Função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer,
quando escolhido voluntariamente;
2. Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o
indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão o mundo.
(KISHIMOTO, 2010, p.41).
Vygotsky (1984) atribui relevante papel ao ato de brincar na
constituição do pensamento infantil. É brincando, jogando que a criança
revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de
aprender e de entrar em uma relação cognitiva com o mundo de eventos,
pessoas, coisas e símbolos.
A criança, por meio da brincadeira, reproduz o discurso externo e o
internaliza, construindo seu próprio pensamento. A linguagem, segundo
Vygotsky (1984), tem importante papel no desenvolvimento cognitivo da
21
criança à medida que sistematiza suas experiências e ainda colabora na
organização dos processos em andamento.
De acordo com Vygotsky (1984, p.97),a brincadeira cria para as crianças
uma "zona de desenvolvimento proximal" que não é outra coisa senão a
distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela
capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível atual de
desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um
problema sob a orientação de um adulto ou com a colaboração de um
companheiro mais capaz.
Por meio das atividades lúdicas, a criança reduz muitas situações
vividas em seu cotidiano, as quais, pela imaginação e pelo faz-de-conta, são
reelaboradas. Esta representação do cotidiano se dá por meio da
combinação entre experiências passadas e novas possibilidades de
interpretações e reproduções do real de acordo com suas afeições,
necessidades, desejos e paixões. Estas ações são fundamentais para a
atividade criadora do homem.
Tanto para Vygotsky (1984) como para Piaget (1975), o
desenvolvimento não é linear, mas evolutivo e, nesse trajeto, a imigração se
desenvolve. Uma vez que a criança brinca e desenvolve a capacidade para
determinado tipo de conhecimento, ela dificilmente perde esta capacidade. É
com a formação de conceitos que se dá a verdadeira aprendizagem e é no
brincar que está um dos maiores espaços para a formação de conceitos.
Negrine
(1994, p.19) sustenta que as contribuições das atividades lúdicas no
desenvolvimento integral indicam que elas contribuem poderosamente no
desenvolvimento global da criança e que todas as dimensões estão
intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a motricidade e a
sociabilidade. Essas qualidades são inseparáveis: sendo a afetividade a que
constitui a energia necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual
e motriz da criança.
Brincar é sinônimo de aprender, pois o brincar e o jogar geram um
espaço para pensar, sendo que a criança avança no raciocínio, desenvolve
22
o pensamento, estabelece contratos sociais, compreende o meio, satisfaz
desejos, desenvolve habilidades, conhecimentos e criatividade. As
integrações que o brincar e o jogo oportunizam favorecem a superação do
egocentrismo, desenvolvendo a solidariedade e a empatia, e introduzem,
especialmente no compartilhamento de jogos e brinquedos, novos sentidos
para a posse e o consumo.
1.2 A CONTRIBUIÇÃO DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
O lúdico ao longo do tempo tem sido muito explorado, a cada dia
descobertas estão inteiramente envolvidas no cotidiano da criança, é parte
integrante do mundo infantil da vida de todo ser humano. Os jogos e
brinquedos fazem parte da infância das crianças, onde a realidade e o faz de
conta intercalam-se. O olhar sobre o lúdico não deve ser visto apenas como
diversão, mas, sim, de grande importância no processo de ensino-
aprendizagem na fase da infância. Pode-se dizer que a atividade lúdica
funciona como um elo integrador entre os aspectos motores, cognitivos,
afetivos e sociais, portanto a partir do brincar, desenvolve-se a facilidade
para a aprendizagem, o desenvolvimento social, cultural e pessoal e
contribui para uma vida saudável, física e mental. Ao brincar a criança
também adquire a capacidade da simbolização, permitindo que ela possa
vencer realidades angustiantes e domar medos instintivos. A brincadeira, o
jogo, e o brinquedo, as atividades lúdicas devem se fazer presentes como
recurso didático no processo educacional, principalmente na Educação
Infantil, e as séries iniciais. Compreender esse universo lúdico torna-se
indispensável para o bom desenvolvimento do trabalho pedagógico efetivado
pelo professor, que é um mediador destas ações. O jogo educativo é
essencial, pois possibilita a criança uma aprendizagem através das
vivências, por meio das quais podem experimentar sensações e explorar as
possibilidades de movimento do seu corpo e do espaço, adquirindo um
saber globalizado a partir de situações concretas. A ludicidade é um grande
laboratório para o desenvolvimento integral da criança, que merece atenção
23
dos pais e dos educadores, pois é através das brincadeiras que a criança
descobre a si mesmo e o outro, além de ser um elemento significativo e
indispensável para que a criança possa aprender com prazer, funcionando
como exercícios úteis e necessários á vida. O jogo simbólico, é importante, é
na infância que se inicia o fantasiar, fazendo um paralelo do mundo real com
o imaginário.
Têm-se até hoje a opinião de que a imaginação da criança é mais rica
do que a do adulto. A infância é considerada a idade de maior
desenvolvimento da fantasia e segundo essa opinião, á medida que a
criança vai crescendo, diminuem a sua imaginação e a força de sua fantasia,
Goethe dizia que as crianças podem fazer tudo de tudo, e essa falta de
pretensões e exigências da fantasia infantil, que já não está livre na pessoa
adulta, foi interpretada frequentemente como liberdade ou riqueza da
imaginação infantil (...). Tudo isso junto serviu de base para afirmar que a
fantasia funciona na infância com maior riqueza e variedade do que na idade
madura. A imaginação da criança (...) não é mais rica, é mais pobre do que a
do adulto; durante o desenvolvimento da criança, a imaginação também
evolui e só alcança a sua maturidade quando homem é adulto. (VYGOTSKY
apud ELKONIN, 1998, p.124). O jogo é crucial para o desenvolvimento
cognitivo, pois é o processo de criar situações imaginárias, leva ao
desenvolvimento do pensamento abstrato. Isso acontece porque novos
relacionamentos são criados no jogo entre significados e objetos e ações.
A escola deve compreender que ela mesma, por um determinado
tempo da história pedagógica, foi um dos instrumentos da imobilização da
vida, e que esse tempo já terminou. A evolução do próprio conceito de
aprendizagem sugere que educar passe a ser facilitar a criatividade e, deve-
se abandonar de vez, a ideia de que apreender significa a mesma coisa que
acumular conhecimentos sobre fatos, dados e informações isoladas numa
autêntica sobrecarga da memória. De acordo com o Referencial Curricular
da Educação Infantil (1998, p.23),
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados,
brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam
24
contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação
interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de
aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos
conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.
Entende-se que educar ludicamente não é jogar lições empacotadas
para o educando consumir passivamente. Educar é um ato consciente e
planejado, é tornar o indivíduo consciente, engajado e feliz no mundo. É
seduzir os seres humanos para o prazer de conhecer. É resgatar o
verdadeiro sentido da palavra "escola", local de alegria, prazer intelectual,
satisfação e desenvolvimento.
25
2. CONCEITUANDO JOGO, BRINQUEDO, BRINCADEIRA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL.
Inúmeros autores consideram a ação lúdica como metacomunicação:
a possibilidade da criança compreender o pensamento do outro. No jogo
simbólico, ao referendar o pedaço de madeira utilizado como telefone, ao
substituir o significado do pedaço de madeira pelo do telefone, ao efetuar um
raciocínio analógico, o brincar implica uma relação cognitiva e representa a
potencialidade para interferir no desenvolvimento infantil.
Se o brincar é instrumento importante para desenvolver a criança, é
também instrumento para a construção do conhecimento infantil. Pelo
brincar diz Vygotsky, a criança reorganiza suas experiências. Oferecer
oportunidades para a criança brincar é criar espaço para a reconstrução do
conhecimento.
O brincar permite, ainda, aprender lidar com as emoções. Pelo brincar,
a criança equilibra as tensões provenientes de seu mundo cultural,
construindo sua individualidade, sua marca pessoal, sua personalidade.
Os jogos que envolvem números, quantidades e significados
estimulam as crianças a usar a memória e o raciocínio logico, em que elas
simulam as situações em momentos do cotidiano que acontecem em casa,
nas ruas, nas lojas e nos locais de passeio. No processo de
desenvolvimento da criança, há uma realidade externa, que faz com que a
mesma normalmente crie suas próprias soluções, construindo o
conhecimento de formas variadas, se adaptando ao ambiente em que vive e
esta adaptação só se dá, se houver uma troca recíproca de experiências. O
jogo é um processo que auxilia a evolução da criança, utiliza a análise, a
observação, a atenção, a imaginação, o vocabulário, a linguagem e outras
capacidades próprias do ser humano. E os jogos são uma maneira de fazer
que as crianças compreendam e a utilizem regras que serão empregadas no
processo de ensino-aprendizagem ao longo da caminhada escolar.
Entre os teóricos que discutem o jogo temos a contribuição de
Kishimoto, Piaget, Vygotsky entre outros. Kishimoto (1998) considera uma
26
tarefa difícil definir a palavra jogo, em virtude da variedade de fenômenos
considerados como jogo. Neste sentido a autora afirma:
(...) a variedade de jogos conhecidos como faz-de-conta, simbólicos, motores, sensório-motores, intelectuais ou cognitivos, de exterior, de interior, individuais ou coletivos, metafóricos, verbais, de palavras, políticos, de adultos, de animais, de salão e inúmeros outros mostra a multiplicidade de fenômenos incluídos na categoria jogo. (KISHIMOTO, 1998 p. 1)
De acordo com as considerações acima, o jogo enquanto fenômeno
social assume a imagem e o significado, conforme os valores e costumes
atribuídos por cada sociedade. Dependendo da cultura de cada sociedade o
jogo pode ser visto sobre diferentes aspectos e para que se possa
compreender o jogo, é necessário conhecer os elementos que a
caracterizam. A existência de regras, por exemplo, é uma característica
marcante em todos os jogos.
Para Piaget (1989, p.5), “Os jogos não são apenas uma forma de
divertimento, mas são meios que contribuem e enriquecem o
desenvolvimento intelectual. Para manter seu equilíbrio com o mundo, a
criança necessita brincar, criar, jogar e inventar”.
Na concepção Piagetiana quando a criança brinca, assimila o mundo
à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o
objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe
atribui. Nesse sentido, ao manifestar a conduta lúdica, a criança demonstra o
nível de seus estágios cognitivos e constrói conhecimentos. O educador
deve compreender que brincar é a ludicidade do prazer e que, enquanto
brinca, a criança aprende.
Para Piaget (1975) no jogo prepondera assimilação, ou seja, a criança
assimila no jogo, o que percebe da realidade as estruturas que já construiu e
neste sentido o jogo não é determinado nas modificações das estruturas. De
acordo com os teóricos o jogo é de suma importância para a aprendizagem
da criança, é nesse processo de assimilação que a criança vai interagindo
com os colegas e assim buscando conhecimento de construção de acordo
com sua realidade se sentindo a vontade no espaço escolar. Na concepção
27
piagetiana os jogos não são apenas uma forma de entretenimento para
gastar energias, mais sim meios que contribuem e enriquecem o
desenvolvimento social, afetivo, cognitivo e moral da criança. Este teórico
propõe estruturar os jogos segundo três formas básicas de assimilação: o
jogo de exercício, o simbólico e o de regras, investigando o desenvolvimento
da criança nos vários tipos de jogos e sua evolução no decorrer dos estágios
de desenvolvimento cognitivo.
Os jogos de exercício correspondem, segundo Piaget (1978), às
primeiras manifestações lúdicas da criança.
Os jogos simbólicos surgem durante o segundo ano de vida com o
aparecimento da representação e da linguagem. Nos jogos simbólicos, ou
jogos do tipo “faz-de-conta”, ocorre à representação, pela criança, do objeto
ausente, já que se estabelece uma comparação entre um elemento real e o
elemento imaginado. Desta forma, o jogo ajuda a criança a assimilar o
mundo da maneira como pode ou deseja, criando situações. Assim, a
criança se torna capaz de produzir linguagens, buscar explicações e
respostas, ainda que provisórias, às várias questões que já começam a
perturbá-la.
Outro jogo é o de regras, o qual começa a partir dos quatro anos e
predomina de sete aos onze anos de idade. Para Piaget (1978), a regra
pressupõe a interação de dois indivíduos e sua função é regular e integrar o
grupo social. No jogo de regras, a criança abandona o seu egocentrismo e
seu interesse passa a ser social, havendo necessidade de controle mútuo e
de regulamentação.
De acordo com Vygotsky (1994) uma das características que define o
jogo é o fato de que nele, uma situação imaginária é criada pela criança, ou
seja, o principal atributo do jogo é criar uma relação entre o pensamento
imaginário e situações reais. Segundo Vygotsky no começo da atividade
lúdica, a percepção infantil é dominada pelo objeto real, que determina seu
comportamento; assim, o bebê não consegue separar o campo do
significado do campo perceptual. Mais tarde, o significado predomina no
28
jogo, as ações no brinquedo serão subordinadas ao significado que a
criança atribui aos objetos.
Nesse sentido, Vygotsky considera que:
No brinquedo, no entanto, os objetos perdem sua força determinadora. A criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação àquilo que vê. Assim, é alcançada uma condição em que a criança começa a agir independente daquilo que vê. (VYGOTSKY, 1994, p.127)
Segundo Vygotsky ao brincar, a criança assume papéis e aceita as
regras próprias da brincadeira, executando, imaginariamente, tarefas para as
quais ainda não está apta ou não sente como agradáveis na realidade.
Vygotsky se aprofundou nas investigações no campo da psicologia,
sobre educação de deficiente. Foi um pensador pioneiro na noção de que o
desenvolvimento intelectual que ocorre em função das interações sociais e
nas condições de vida do individuo.
Kshimoto relata sobre o pensamento segundo Vygotsky:
[...] Vygotsky chama atenção para o fato de que, para a criança com menos de 3 anos, o brinquedo é coisa muito séria, pois ela não separa a situação imaginária da real. Já na idade escolar, o brincar torna-se uma forma de atividade mais limitada que preenche um papel específico em seu desenvolvimento, tendo um significado diferente do que tem para uma criança em idade pré - escolar. (1997. P.62.)
Vejamos o que Vygotsky 1984, afirma quanto a importância do
brinquedo: Com o brinquedo a criança constrói suas relações com os
objetos, relações de posse, de utilização, de abandono, de perda, de
desestruturação que constituem na mesma proporção, os esquemas que ela
produzirá com outros objetos na sua visa futura. Cercar a criança de objetos,
tanto no quadro familiar quanto no quadro das coletividades infantis (creches
e pré-escolas), é inscrever o objeto, de um modo essencial, no processo de
socialização e é também, dirigir em grande parte a socialização para uma
relação com o objeto. (Vygotsky 1984, p.64). Com isso a cada dia pode se
desenvolver várias maneiras de se trabalhar o lúdico, tanto com materiais
pedagógicos, músicas e arte em geral, fazendo com que a criança tenha
experiências e possa se destacar de uma forma alegre e ao mesmo tempo
educativa. Resgatando assim a liberdade, a autonomia e estimulando
29
também a criatividade das crianças, se defrontando com um conjunto de
normas e valores aceitos em determinado meio social.
Afinal, o que difere o jogo do brinquedo?
Para Friedmann (1996) o jogo é uma brincadeira que envolve regras e
o brinquedo refere-se ao objeto de brincar, enquanto a brincadeira refere-se
basicamente à ação de brincar, sendo caracterizada pelo comportamento
espontâneo que resulta em uma atividade não estruturada.
Para Brougère (1998) o jogo pode ser visto como um objeto que têm
regras e que possui uma função específica. O brinquedo é um objeto que
apresenta um expressivo valor simbólico, supõe uma relação íntima com a
infância, cuja função é a brincadeira. No que diz respeito ao brinquedo a sua
função é a atividade lúdica que sempre envolve ações e significados, isso
implica na interpretação que a criança faz do brinquedo Pode-se dizer que
um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos
reais, para que possa manipulá-los.
Segundo Kshimoto (1994), o jogo, vincula-se ao sonho, á
imaginação, ao pensamento e ao símbolo. É uma proposta para a educação
de criança (e educadores de crianças) com base no jogo e nas linguagens
artísticas. A concepção de Kshimoto sobre o homem com ser símbolo, que
se constrói coletivamente e cuja capacidade de pensar esta ligada á
capacidade de sonhar, imaginar e jogar com a realidade é fundamental para
propor uma nova “pedagogia da criança.” Kshimoto vê o jogar como gênero
da “metáfora” humana. Ou, talvez, aquilo que nos torna realmente humanos.
Para Kshimoto:
O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil. Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo adquire noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro com cognições, afetivas, corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande relevância para desenvolvê-la. (1997. p.36).
Kshimoto neste texto mostra que a brincadeira/jogo é instrumento de
grande importância para aprendizagem no desenvolvimento infantil, pois se
a criança aprende de maneira espontânea, o brinquedo passa a ter
30
significado crucial na formação e na aprendizagem. Segundo Kshimoto
(2003), o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando
escolhido voluntariamente a função educativa, o brinquedo ensina qualquer
coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua
apreensão do mundo. O brincar e jogar são dotados de natureza livre típica
de uns processos educativos. Como reunir dentro da mesma situação o
brincar e o educar. Essa é a especificidade do brinquedo educativo.
Durante determinado período de nossa história, os jogos lúdicos na
matemática assumiram um papel relevante no que concernem as atividades
cotidianas das crianças. Os jogos lúdicos não eram entendidos como parte
de um trabalho escolar e nem valorizado como prática educativa. Hoje, com
a nova perspectiva em relação aos jogos, educadores e pesquisadores, da
educação, incentivam a prática do jogo como forma de aperfeiçoar o
desenvolvimento infantil, deixando de serem consideradas atividades
secundárias e passando a ser pedagogicamente aceitos como parte dos
conteúdos escolares. Até porque o brinquedo possibilita o desenvolvimento
total da criança, já que ela se envolve afetivamente no seu convívio social. A
brincadeira faz parte do mundo da criança. É nesse momento que ela
experimenta, organiza-se, regula-se, constrói normas para si e para o grupo.
Desse modo, o brincar é uma das formas de linguagem que a criança usa
para entender e interagir consegue mesmo e com os outros e o próprio
mundo.
“O RCNEI (BRASIL, 1998, p. 58) destaca a importância de se valorizar
atividades lúdicas na educação infantil, visto que “as crianças podem
incorporar em suas brincadeiras conhecimentos que foram construindo”.
Ainda se observa no RCNEI a valorização do brinquedo, entendidos
como componentes ativos do processo educacional que refletem a
concepção de educação assumida pela instituição. Constituem-se em
poderosos auxiliares da aprendizagem. Sua presença desponta como um
dos indicadores importantes para a definição de práticas educativas de
qualidade em instituição de educação infantil. (Brasil, 1998, p.67. v. 1)”.
Assim podemos entender que enquanto a criança brinca, vai
garantindo a integração social além de exercitar seu equilíbrio emocional e
atividade intelectual. É na brincadeira também que se selam as parcerias,
porém o aprendizado não deve estar presente só na escola, mas também
31
como parte do dia-a-dia da criança, na medida em que a criança progride
em seu desenvolvimento e amadurecimento é necessário que ela
manifeste o que é próprio da cada etapa de sua vida. Para as crianças, o
jogo está relacionado a brincadeiras e utilizar o jogo como instrumento do
ato educativo é oferecer à criança uma aprendizagem significativa.
Quando brinca, a criança toma certa distância da vida cotidiana e entra
no mundo da imaginação e brincar não é uma dinâmica interna do
indivíduo, mas uma atividade dotada de uma significação social precisa
que, como outras, necessitam de aprendizagem.
Assim incluir o jogo lúdico na linguagem matemática no planejamento é
uma maneira de trazer mais ludicidade e prazer para a prática docente,
garantindo às crianças a atividade de sua criatividade com alegria e
colaborar para o ato educativo significante para a criança. Com o objetivo
de atender necessidades das crianças, a utilização de jogos infantis é uma
forma apropriada para a aprendizagem dos conteúdos escolares; trata-se,
portanto, não de ensinar menos ou de forma mais fácil, mas que a criança
construa seu conhecimento matemático de maneira a desenvolver e utilizar
todo o seu potencial criativo e crítico, tendo desafio constante tornando-se
assim mais prazeroso na maneira de aprender. O lúdico na matemática vai
além do que uma simples brincadeira infantil, pois tem regras, objetivos a
serem alcançados, na qual se torna uma ferramenta pedagógica essencial
para desenvolver habilidades e competências de raciocínio lógico
matemático. Esta é uma metodologia que deve estar presente no ensino
lúdico da matemática, principalmente por possibilitar à criança a alegria de
vencer obstáculos criados por sua própria curiosidade, vivenciando o que
significa aprender matemática de maneira significativa. De acordo com o
referencial curricular nacional para a educação infantil RCNEI:
“Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois
permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a
criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de
soluções. propicia a simulação de situações-problema que exigem
soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações
(mec, 1998, p.47).”
32
Torna-se um grande desafio para os professores na qual tem o papel
de agente orientador nesse processo, responsável por garantir a criança o
acesso ao conhecimento matemático e o lúdico com o objetivo de tornar o
ensino da matemática mais prazeroso, aumentando assim a motivação e o
interesse compreendendo e conhecendo a criança que se encontra nesse
período escolar, pois tratando de jogos, estes não são vistos apenas como
forma de entretenimento, mas uma atividade que poderá auxiliar no
desenvolvimento de várias habilidades, conforme ressalta Kshimoto (2009b,
p. 37):
“A utilização do jogo potencializa a exploração e a construção do
conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas
o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a influência
de parceiros bem como a sistematização de conceitos em outras situações
que não jogos.”
Assim, para que isso ocorra, faz-se imprescindível o lúdico no ensino
aprendizagem da matemática, pois as ferramentas aplicadas servirão de
auxilio, tanto para o educador no ato de ensinar, como para o aluno no ato
de aprender, utilizando esse recurso como um facilitador, colaborando para
trabalhar os bloqueios das crianças apresentadas em relação às dificuldades
encontradas na matemática e detectando as dificuldades, tendo assim em
vista que os jogos mostram-se eficazes contribuindo para a aprendizagem e
o desenvolvimento infantil no aspecto cognitivo, afetivo, emocional. É
preponderante afirmar que o ensino lúdico é um fator essencial no processo
de ensino aprendizagem.
Quanto aos jogos de regras a serem selecionados com o objetivo de
explorar noções matemáticas, podemos classifica-los em dois tipos: jogos de
sorte e jogos de estratégias.
Na Educação Infantil podemos propor jogos de sorte, jogos de
estratégia e outros que contemplam os dois critérios, a sorte e uma
estratégia vencedora. A ideia que sobressa nessa classificação é a
possibilidade de exploração os diferentes ritmos de aprendizagem dos
alunos. Ao mesmo tempo em que devem ser desafiadores, os jogos
precisam estar de acordo com as possibilidades de resolução de problemas
de cada criança.
33
O brinquedo é o objeto manipulado no desenvolvimento da atividade
lúdica, portanto pode ser utilizado como tal também nos jogos. O brincar
significativo aliado ao aprender a aprender preciso estar mais presente no
cotidiano educacional da criança. O brincar promove a construção do
conhecimento o brinquedo apresenta uma função social, uma vez que
permite o processo de apreensão, análise, síntese, expressão e
comunicação da criança sobre si mesma e o mundo que a rodeia.
Segundo os PCNs da Educação Infantil (2007), as brincadeiras de faz-
de-conta, os jogos de construção e aqueles que possuem regras, como os
jogos de sociedade (também chamados de jogos de tabuleiro), jogos
tradicionais, didáticos, corporais, etc., propiciam a ampliação dos
conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica.
O jogo pressupõe uma regra, o brinquedo é o objeto manipulável e a
brincadeira nada mais é que o ato de brincar como brinquedo ou mesmo
com o jogo. Percebe-se, pois, que jogo, brinquedo e brincadeira têm
conceitos distintos, todavia estão imbricados; ao passo que o lúdico abarca
todos eles. (MIRANDA 2001, p.30)
34
3. CONCEITOS LÓGICOS MATEMÁTICOS SEGUNDO A TEORIA DE
PIAGET.
A grande contribuição de Piaget foi estudar o raciocínio lógico-matemático,
que é fundamental, mas não pode ser ensinado, dependendo de uma
estrutura de conhecimento da criança.
As descobertas de Piaget tiveram grande impacto na pedagogia, mas,
de certa forma demostraram que a transmissão de conhecimentos é uma
possibilidade limitada. Por um lado, não se pode fazer uma criança aprender
o que ela ainda não tem condições de absorver. Por outro, mesmo tendo
essas condições, não vai se interessar a não ser por conteúdos que lhe
façam falta em termos cognitivos.
Isso porque, para o cientista suíço, o conhecimento se dá por
descobertas que a própria criança faz – um mecanismo que outros
pensadores antes dele já haviam intuído, mas que ele submeteu a
comprovação na prática. Vem de Piaget a ideia de que o aprendizado é
construído pelo aluno e é sua teoria que inaugura a corrente construtiva.
Educar, para Piaget é “provocar a atividade” – isto é, estimular a
procura do conhecimento.
Com Piaget, ficou claro que as crianças não raciocinam como os
adultos e apenas gradualmente se inserem nas regras, valores e símbolos
da maturidade psicológica. Essa inserção se dá mediante dois mecanismos:
assimilação e acomodação.
O primeiro consiste em incorporar objetos do mundo inferior a
esquemas mentais preexistentes. Por exemplo: a criança tem a ideia mental
de uma ave como um animal voador, com penas e asas, ao observar um
avestruz vai tentar assimila-lo a um esquema que não corresponde
totalmente ao conhecido. Já a acomodação se refere às modificações dos
sistemas de assimilação por influência do mundo externo. Assim depois de
aprender que um avestruz não voa, a criança vai adaptar o seu conceito
“geral” de ave para incluir as que não voam.
35
O conhecimento não pode ser uma cópia, visto que é sempre uma
relação entre objeto e sujeito.
A construção do pensamento lógico-matemático é desenvolvida pela
percepção das diferenças contidas nos objetos que estão na realidade
externa. Para Kamii (1999, p.14) “a diferença é uma relação criada
mentalmente pelo indivíduo quando relaciona dois ou mais objetos”. Essa
percepção também é estabelecida quando a criança faz suas arrumações
intuitivas, porém, não ocorre a construção do conceito.
Piaget (2005, p.56) preocupava-se com a construção psicológica real
das operações matemáticas nas crianças. Ele acreditava que o
desenvolvimento da inteligência matemática na criança pode ocorrer,
primeiramente, quando ela aprende conceitos matemáticos sem perceber
que se trata de matemática, resolvendo-os em função de sua inteligência
geral, onde “todo aluno normal é capaz de um bom raciocínio matemático
desde que se apele para a sua atividade e se consiga assim remover as
inibições afetivas que lhe conferem com bastante frequência um sentimento
de inferioridade nas aulas que versam sobre essa matéria” (PIAGET, 2005,
p.57).
Na construção do raciocínio lógico-matemático o educador precisa
encorajar a criança a pensar, proporcionando quantificações, comparações,
seriações, entre outros conceitos. Assim, a criança adquire autonomia e é
levada a agir de acordo com suas convicções, para escolher a resposta
adequada ao problema proposto. Essa autonomia leva ao desenvolvimento
natural do pensamento lógico matemático.
O foco central da construção do conhecimento lógico matemático é o
raciocínio produzido pela criança na busca e na descoberta da solução
adequada.
Muitas vezes nos interrogamos como a criança constrói o
conhecimento lógico-matemático. Que conhecimento utiliza na elaboração
do conceito matemático? Sabemos que a criança resolve situações
matemáticas por meio da linguagem oral, desenvolvendo ações práticas que
foram criadas no meio social e no convívio familiar. Quando entra para a
36
escola, ela desenvolve outros processos, que envolvem o espaço e o
relacionamento com outras crianças. Diversas atividades desenvolvidas em
sala fazem a criança vivenciar princípios básicos de matemática.
Atualmente o PCN (1998) mostrou a necessidade de adequar o ensino
da matemática a realidade do educando, fazendo com que ela desempenhe
o papel de formadora das capacidades intelectuais, da estruturação e
agilidade do raciocínio e da elaboração do pensamento lógico. A utilização
do material concreto é produto e produtor da construção do pensamento
lógico-matemático. É produto da atividade da criança, sem constituir-se a
essência dessa atividade.
É produtor na elaboração das situações que proporcionam a
construção desse conhecimento.
Piaget (1970; 1975) distingue três tipos de conhecimento: o
conhecimento físico, em que a criança tem a percepção externa dos objetos
e o adquire pela observação. Para que haja a construção desse
conhecimento é necessário haver ação sobre o objeto. O segundo é o
conhecimento social, em que estão implícitas as convenções criadas pelas
pessoas. É cultural e arbitrário, sendo adquirido pela transmissão social. O
terceiro é o conhecimento lógico-matemático, em que a criança estabelece
relações mentais sobre objetos, coisas e pessoas. Ocorre a coordenação
das ações sobre o objeto, produzindo a manipulação simbólica e o raciocínio
dedutivo.
Piaget (1970; 1975) distinguiu dois tipos de abstração: a abstração
empírica, que focaliza uma determinada propriedade do objeto, esquecendo-
se do restante e a abstração reflexiva, que significa “a construção de
relações entre os objetos” (KAMII, 1999, p.17), realizada pela mente. Para
construir o raciocínio lógico matemático, a criança utiliza a abstração
reflexiva. O número, de acordo com Piaget (apud KAMII, 1999), é uma
síntese das relações de ordem e de inclusão hierárquica, que a criança
elabora entre os objetos, pela abstração reflexiva. Essa construção é feita de
dentro para fora, na interação da criança com o ambiente. Essas abstrações
são indissociáveis, ou seja, uma não acontece sem a outra.
37
No conceito de inclusão hierárquica, a criança inclui, mentalmente, o
um em dois, o dois em três, o três em quatro e, continua sucessivamente na
realização da quantificação dos objetos como um grupo. No conceito de
ordem, a criança estabelece uma organização entre os objetos, não sendo
necessário colocá-los numa ordem espacial. Com base nas pesquisas de
Piaget, Kamii (1997, 2002) pode concluir que as crianças constroem os
conceitos numéricos pela reinvenção da aritmética, criando relações,
estabelecidas mentalmente, entre os objetos. “Quando a criança coloca
todos os tipos de conteúdos em relação, seu pensamento adquire
mobilidade, proporcionando o desenvolvimento da estrutura lógico-
matemática de número” (KAMII, 1999, p.23). Quando o pensamento se torna
móvel, adquire a capacidade de se tornar reversível. Consequentemente, a
base fundamental para sua construção do raciocínio lógico-matemático, é a
própria criança. O educador precisa focalizar o pensamento desenvolvido
pela criança, quando emite uma resposta a um problema dado, as tensões
geradas e as reações emocionalmente associadas à auto regulação da
aprendizagem ocorrida em sala de aula.
O jogo simbólico é a representação corporal do imaginário, e apesar
de nele predominar a fantasia, a atividade psicomotora exercida acaba por
prender a criança à realidade. Na sua imaginação ela pode modificar sua
vontade, usando o "faz de conta", mas quando expressa corporalmente as
atividades, ela precisa respeitar a realidade concreta e as relações do
mundo real. Na pré-escola, o raciocínio lógico ainda não é suficiente para
que ela dê explicações coerentes a respeito de certas coisas. Pelo jogo
simbólico, a criança exercita não só sua capacidade de pensar, ou seja,
representar simbolicamente suas ações, mas também, suas habilidades
motoras. Didaticamente devemos explorar com muita ênfase as imitações
sem modelo, as dramatizações, os desenhos e pinturas, o faz de conta, a
linguagem, e muito mais, permitir que realizem os jogos simbólicos, sozinhas
e com outras crianças, tão importantes para seu desenvolvimento cognitivo e
para o equilíbrio emocional. (Piaget- 1978)
38
3.1 A CONSTRUÇÃO DOS CONCEITOS MATEMÁTICOS NO DIA A DIA
DA EDUCAÇÃO INFANTIL
A forma como os conceitos lógicos matemáticos são trabalhados com
as crianças é muito importante para a construção do conhecimento, sendo
que os educadores podem trazer explicações, exemplos, atividades de
raciocínio lógico representam um método positivo para iniciar a construção
desses conceitos na Educação Infantil.
Smolle 2000, p. 62, afirma:
Na escola infantil o trabalho com a matemática permanece subjacente, escondido sob uma concepção de treinar as crianças a darem respostas corretas, ao invés de fazê-las compreender a natureza das ações matemáticas (SMOLE, 2000, p.62).
O processo de aprendizagem vai se construindo conforme a
adaptação da criança ao meio em que vive e assim quando aprende algo,
significa que esta conseguiu ter mudanças de comportamento no meio ao
qual está inserida e essas mudanças em geral ocorrem a partir da
aprendizagem, de acordo com Piaget (2007) é o ser vivo que se adapta ao
meio que está inserido. Na pré-escola esse processo não é favorecido
apenas em atividades em grupos, pois a criança precisa também de forma
pessoal ir adquirindo o conhecimento e são nesse momento que o professor
deverá utilizar diversas atividades para que a criança possa estar
observando-as e refazendo-as, pois esta ação tem uma grande importância
para sua aprendizagem. Balestra (2007, p.40) diz que “[...] o objeto deve ser
desafiador, provocar a ação do sujeito. Deve, portanto, ser significante para
o sujeito, ou a criança.”.
Piaget (2007) dividiu o desenvolvimento infantil em quatro estágios, o
primeiro é o estágio da inteligência sensório-motora que vai do nascimento
da criança até os dois anos de idade, onde seu comportamento é via reflexo
e suas ações influenciam o seu desenvolvimento, o segundo é o estágio da
39
inteligência simbólica ou pré-operatória, que vai dos dois anos até
aproximadamente oito anos de idade, onde a criança já começa a usar
símbolos para representar objetos, o terceiro é o estágio da inteligência
operatória concreta, que vai dos oito anos à aproximadamente doze anos de
idade, onde a criança já tem o pensamento operacional concreto e já
começa a utilizar a lógica para resolver problemas e o quarto é o estágio da
inteligência formal, que vai dos onze anos até aproximadamente quinze anos
de idade, é nesse estágio que a criança já consegue aplicar a lógica em
todas as situações problemas.
É no segundo estágio, o pré-operacional, que aparece a linguagem
da qual a criança começa a mudar seu comportamento, intelectual e afetivo,
e assim consegue reconstruir suas ações do passado e antecipar as novas
ações apenas pela sua representação verbal conseguindo pensar no objeto
sem que ele esteja presente, quando ela alcança um resultado satisfatório
ganha motivação para buscar novas experiências fazendo com que se sinta
motivada a enfrentar novos desafios, assim pelo pensamento simbólico, que
é aquele expresso por meio de imagens, ela pode estar imitando e criando
novas representações e significações, “a imitação, quando o objeto está
ausente, é um gesto que indica que a criança já realiza a evocação mental.”
(BALESTRA 2007, p.69), ou seja, a criança já consegue reproduzir, ou
imaginar aquele objeto sem que ela precise ver, ou estar com ele.
A aprendizagem pode ser realizada por desafios que o professor
propõe para cada criança na qual esta estará mostrando interesse em
resolver determinado problema, a motivação que lhe é dada estará
conservando a resolução do desafio em sua mente, ao estar ensinando
lógica a uma criança, esta deve estar diante de situações que a levem a
esse aprendizado, levando-a a formar esses conceitos em ordem
sistemática. O ensino da matemática deve ser seguido de um trabalho em
que haja o desenvolvimento do pensamento lógico-matemático, pois a partir
desse pensamento a criança estará desenvolvendo o raciocínio lógico,
adquirindo assim os conhecimentos numéricos, aprendendo a classificar,
ordenar e a sequenciar os números.
40
Na educação infantil a brincadeira favorece a aquisição da
aprendizagem dos conteúdos da matemática, ao trabalhar os conhecimentos
do sistema de numeração, espaço e forma, desenvolve-se na criança, a
partir da resolução de problemas matemáticos, a capacidade de analisar,
questionar, refletir, procurar hipóteses e inferir sobre o que ela estará
aprendendo.
O processo de aprendizagem na criança ocorre a partir de situações
que a levem ao processo de abstração e representações visuais que darão
base para sua aprendizagem, à representação vem acompanhada da
descrição do que está sendo representado e para isso utiliza-se a linguagem
onde a criança por vezes cria essa linguagem sendo posteriormente ajudada
pelo professor a perceber qual será mais adequada para o tipo de
representação que lhe foi apresentada.
As representações verbais estão ligadas à aprendizagem da
matemática e assim essa aproximação da linguagem com a matemática faz
com que a criança tenha uma melhor comunicação e possa estar trocando
conhecimentos com os outros, interagindo assim com esses e, a partir dessa
interação, desenvolvendo o respeito pela opinião do outro e também
valorizando e expandindo o seu raciocínio. A criança pode se situar em
um âmbito espaço-temporal maior, estabelecendo uma relação recíproca
com o objeto, cada vez que há um desenvolvimento maior nas
representações, aumentam-se as distâncias entre a ela e o objeto, em
determinado tempo e espaço, e assim suas ações começam a ser
representadas por possibilidades que acabam por lembrá-las de ações
momentâneas, futuras ou passadas, e que podem estar distantes ou
próximas. Ao trabalhar com os conceitos matemáticos, deve-se fazer com
que a criança sinta-se motivada e a vontade para trazer com ela novos
interesses, novas perguntas e que esses interesses não gerem nela uma
frustração, por às vezes não encontrar uma solução para o seu problema,
medo de fracassar e ansiedade, por talvez não encontrar uma saída para o
seu fracasso, deve-se dar autonomia à criança para que ela se sinta
confiante em relação ao seu conhecimento sobre a matemática,
41
conseguindo assim mostrar que terá capacidade em utilizá-la, essa
autonomia se desenvolve a partir do momento que a criança sabe da
capacidade de raciocinar e pensar, ampliando-a assim que descobre que a
matemática é prazerosa e que todos os problemas são lógicos.
A criança desenvolve sua participação, cooperação, crítica e respeito
através das conversas com as outras crianças, de acordo com Kamii (apud
Smole 2000, p.135) “no desenvolvimento da criança as ideias dos outros são
importantes porque promovem situações que levam a criança a pensar
criticamente sobre suas próprias ideias em relação às dos outros.”.
É através da troca de conhecimentos e pontos de vista que a criança
enriquece o seu entendimento e o seu modo de pensar, trazendo assim para
outras pessoas o seu conhecimento prévio modificado e mais enriquecido, a
construção dos conceitos matemáticos estará parcialmente ligada á
situações cotidianas enriquecendo assim a visão da criança para esse
contexto. “É importante que o aprendizado não se distancie da realidade do
mundo moderno [...] que fazem parte do dia a dia do aluno.” (MUNHOZ,
2011, p.196). Deve ser levada em conta toda a experiência que a criança
adquire em suas relações sociais, desde a família até as brincadeiras, em
qualquer etapa das suas noções matemáticas, deve-se estar dando a
possibilidade da criança estar aprimorando seu desenvolvimento crítico,
lógico e sua capacidade de resolver problemas. As crianças que acreditam
em sua eficácia de expor suas próprias conclusões, quando precisam
responder a um desafio ou pensar sobre um tema debatido, não tem receio
de expor sua ideia, quando há uma opinião contrária à sua, conseguem
convencer o outro a mudar de ideia, ou sem problemas, afirmam estarem
erradas, assim vemos que a matemática pode ser importante nessa
interação com os outros participantes, essa relação, pode ajudar no
conhecimento e nas estratégias de resolução de situações problemas que
são colocadas à criança. Desenvolver as aptidões da criança na resolução
de problemas pode ajudar na ligação entre o conhecimento informal, que ela
traz de sua vida fora da escola, e o seu entendimento formal que está
42
previsto no currículo de matemática, para que a criança possa estar
aprimorando esse desenvolvimento, pode-se estar utilizando a ludicidade.
A ação pedagógica em matemática organizada pelo trabalho em grupo não apenas propicia troca de informações, mas cria situações que favorecem o desenvolvimento da sociabilidade, da cooperação e do respeito mútuo entre os alunos, possibilitando aprendizagens significativas. Acreditamos que uma das formas de viabilizar um trabalho assim é utilizar brincadeiras infantis (SMOLE, 2000, p. 15).
É na relação com outras crianças, que a criança estará desenvolvendo
sua lógica, pois no momento em que está sozinha pode fazer o que sentir
vontade, apenas pelo prazer do momento, já na presença de outras
crianças, ela estará pensando no que fazer, em qual atitude tomar, sabendo
assim que deve haver uma compreensão do outro, nessa atitude que foi
tomada.
As atividades lúdicas proporcionam para as crianças diferentes
aprendizagens, essas que são obtidas por frequentes reestruturações do
conhecimento e vivência de experiências, assim quando a criança começa a
adquirir formas de pensar sobre determinadas situações manifestando sua
opinião, ela está se apropriando de conceitos.
Como exemplo podemos citar que ao se ensinar a identificação e
reconhecimento dos números para as crianças de maneira lúdica e
prazerosa, elas estarão apropriando-se de conhecimentos que as levarão a
desenvolverem o raciocínio lógico, estimulando a organização e a
percepção, como na brincadeira do Bingo onde as crianças estarão
dispostas em círculo, receberão uma cartela cada uma contendo os números
de 1 a 10 dispostos dentro de um quadrado cada um, formando uma cartela
de bingo. A professora distribuirá várias tampinhas de refrigerante de
diferentes cores e pedirá que os alunos coloquem a tampinha em cima do
número.
Podemos também trabalhar o conceito de quantidade por meio da
brincadeira Ponto de Ônibus, onde as crianças estarão adquirindo melhor o
conhecimento, pois esta brincadeira irá também despertar na criança seu
raciocínio lógico e em função deste a sequência numérica e conceito de
43
quantidade. Nesta brincadeira, ela jogará um dado e o número que sair, será
a quantidade de passageiros que elas poderão colocar em seu respectivo
carro, quando tiverem alcançado o final da pista de ônibus cada criança terá
que identificar quem chegou primeiro, quantos passageiros ela conseguiu
colocar em seu carro, direcionando dessa maneira as crianças a terem
atenção e autonomia para a observação da posição da chegada e
conceituação de quantidades.
A brincadeira coelho na toca dos bambolês pode ser inserida no
momento em que a professora irá ensinar a conceituação de espaço, pois
nessa brincadeira as crianças estarão dispostas em frente aos bambolês
espalhados pelo chão. A partir da ordem da professora quando diz:
“COELHO NA TOCA” todas as crianças correrão para dentro de um bambolê
cada uma. Antes de cada ordem, a professora retira um bambolê de maneira
que sempre uma toca esteja em falta. A intenção é que em cada reinicio do
jogo um bambolê (toca) seja retirado para que o número de tocas seja
diminuído gradativamente fazendo com que todas tenham noção do espaço
que precisarão tomar bem como a devida atenção para entrar e sair dos
bambolês quando a música parar de tocar. É nesse momento que estarão
desenvolvendo a percepção, e consequentemente, o raciocínio-lógico para
resolver os problemas apresentados e a noção de espaço.
Para trabalhar o conceito de tempo, poderá ser utilizada a brincadeira
esconde-esconde, pois nela as crianças dependerão do tempo do contar os
números para poderem se esconder esse tempo não poderá ser curto nem
longo demais, e consequentemente as crianças que irão se esconder
também deverão ter noção do tempo, pois devem se esconder antes da
contagem terminar. Por meio dessa brincadeira, as crianças estarão
desenvolvendo o conhecimento do tempo que precisarão para estarem
realizando o que se pede que seja se esconder, como também a contagem
de números, a atenção para encontrar os amigos que se esconderam a
resolução de problemas para estarem conseguindo sair do esconderijo sem
serem vistas e, por conseguinte, a noção da distância, pois ela se encontra
44
distante do local para se salvar e o espaço que deverá percorrer para
poderem não ser pegas.
Brincar, ouvir histórias, colecionar, pintar, dobrar, cantar, jogar são
algumas atividades que permeiam o universo infantil.
Contar, calcular, comparar, medir, estimar, construir figuras, resolver
situações problemas faz parte de algumas ações realizadas de forma
natural, cotidiana e intuitiva pelas crianças durante seu percurso pela
educação infantil. Nada mais prazeroso e gratificante que procurarmos
agregar esses dois grupos de atividades infantis, de modo que representem
um caminho que favoreça o desenvolvimento pessoal, afetivo e social da
criança, a construção e a prática de formas diferenciadas de se expressar,
dentre elas a Matemática seus saberes conceituais.
45
4 CAMINHOS DA PESQUISA
Neste capitulo pretendo delinear todo processo ocorrido durante o
desenvolvimento da minha pesquisa em sala de aula com as crianças, o
método e tipo de pesquisa, onde ela foi realizada, quem foram os sujeitos
envolvidos, quais os instrumentos utilizados e os jogos e brincadeiras
selecionadas para ilustrar.
4.1 METÓDO E TIPO DE PESQUISA
MACEDO, Roberto Sidnei. Etnopesquisa crítica, etnopesquisa-
formação. Brasília: Líber Livro Editora, 2006. 179 p.Com sua preocupação
etno (do grego ethnos, povo, pessoas), a etnopesquisa direciona seu
interesse para compreender as ordens socioculturais em organização,
constituídas por sujeitos intersubjetivamente edificados e edificantes, em
meio a uma bacia semântica culturalmente mediada. Nesse sentido,
preocupa-se primordialmente com os processos que constituem o ser
humano em sociedade e em cultura e compreende esta como algo que
transversaliza e indexaliza toda e qualquer ação humana e os etnométodos
que aí se dinamizam. (p. 9)2. No processo de construção do conhecimento,
a etnopesquisa crítica não considera os sujeitos do estudo um produto
descartável de valor meramente utilitarista. Entende como incontornável a
necessidade de construir juntos; traz pelas vias de uma tensa interpretação
dialógica e dialética a voz do autor social para o corpus empírico analisado e
para a própria composição conclusiva do estudo, até porque a linguagem
assume aqui um papel co-construtivo. (p.10)3. (...) o significado social e
culturalmente construído não se torna resto esquecido na conclusão de uma
pesquisa; ele é trazido para o cenário ativo da construção do conhecimento,
com tudo aquilo que lhe é próprio: regularidades, contradições, paradoxos,
ambiguidades, análises da investigação vozes de segmentos sociais
oprimidos e alijados, em geral silenciados historicamente pelos estudos
normativos e prescritivos, legitimadores da voz das ambivalências as
46
sincronias, insuficiências, transgressões, traições, etc. (p.10)4. (...) trazer
para os argumentos e racionalidade descontextualizada. (p.11)5. (...) ao
estudarmos as realidades sociais, não estamos lidando com uma realidade
formada por fatos brutos, lidamos com uma realidade constituída por
pessoas que se relacionam por meio de práticas que recebem identificação
e significado pela linguagem usada pra descrevê-las, invocá-las e executá-
las; daí o interesse pelas especificidades qualitativas da vida humana. (p.11).
Da perspectiva da etnopesquisa crítica, o que não se admite é que pelo
esforço de construir conceitos de “segunda ordem” se destrua a própria
realidade investigada e a substitua por uma versão cientificizada e abstrata
(pg.12).
O trabalho se orienta por uma metodologia de etnopesquisa de
abordagem qualitativa, pesquisa que será realizada através da de aplicação
jogos e brincadeiras tendo como foco o uso do lúdico na construção de
conceitos matemáticos, para isso, primeiramente buscamos suporte teórico,
depois fizemos anotações e registros das crianças durante o cotidiano para
em seguida trabalharmos os jogos e brincadeiras em sala de aula através da
participação ativa da criança, com relatos, observações, diário de bordo.
4.2 CAMPO DE PESQUISA
A Pesquisa será realizada no Centro Municipal de Educação Infantil
da rede municipal de Salvador.
O Centro Municipal de Educação Infantil, antes Centro de Educação
Infantil, tem como entidade mantenedora hoje a Prefeitura Municipal de
Salvador. Foi inaugurado em Março de 1994, esteve sob a responsabilidade
da Secretaria de Ação Social durante muito tempo, desenvolvendo um
trabalho com um caráter assistencialista. Atualmente atendendo a
modalidade de ensino de creche e pré-escola em tempo integral, com
crianças de 2 a 5 anos de idade, perfazendo uma média de 180(cento e
oitenta) crianças matriculadas em turno integral, contabilizados em dobro
47
visto que é tempo integral. O CMEI tem um espaço físico amplo e arejado,
contando com 08 (oito) salas de aula, 04(quatro) banheiros de alunos, 03
(três) para funcionários, 01 (um) diretoria, 01 (uma) sala de professor,
01(uma) secretaria, 01 (uma) sala de saúde, 01 (uma) sala de recursos,
01(uma) lavanderia, 01 (uma) rouparia, 01(um) depósito de merenda, 01
(uma) almoxarifado, 01(uma) sala de coordenação pedagógica, 01(um) pátio
coberto e uma área externa muito grande.
Têm no seu quadro funcional 13 servidores municipais, entre
professores e gestora, 03 professores (REDA), 24 funcionários advindos de
empresas terceirizadas, os quais desempenham as funções de auxiliar de
desenvolvimento infantil, cozinheiras, serviços gerais, assistente
administrativa e segurança.
4.3 SUJEITOS/FONTES
Os sujeitos serão vinte e cinco alunos de 4 a 5 anos, sexo masculino
e feminino. Os sujeitos de pesquisa foram selecionados a partir da
disponibilidade de tempo e aceitação da participação na pesquisa, pois os
mesmo são alunos da pesquisadora.
4.4 INSTRUMENTOS OU DISPOSITIVOS
Inicialmente será feito um levantamento de conhecimentos prévios
com as crianças, uma conversa sobre alguns conceitos matemáticos como
número, grandeza, quantidade, posição, lateralidade, espaço e forma, onde
elas poderiam encontrá-los e para quê eles serviam; sendo assim, podemos
valorizar o conhecimento prévio de cada criança para o desenvolvimento das
atividades. Em seguida, será lançada a proposta de desenvolver e participar
junto com as crianças de algumas brincadeiras e jogos.
As crianças serão divididas em grupos de cinco, para melhores
resultados.
48
Para coleta de dados serão utilizadas atividades que norteiam o tema
em ação, O lúdico e sua influência na construção dos conceitos lógicos
matemáticos numa sala de quatro anos na Educação infantil. As atividades
realizadas serão: cinco tipos de jogos, sendo eles, Jogo do Ponto de ônibus
(abordando ação de juntar, acrescentar, comparar, mais e menos) Bingo
(abordando números e cores), Dez coloridos (comparação de quantidade,
contagem oral, cores, classificação), Coelho na toca dos bambolês (abordar
noções de espaço: dentro/fora), Bom de Bola (abordando levantamento de
hipóteses relacionadas à quantidade e correspondência entre cor e valor).
Procuramos propor atividades nas quais os alunos pudessem ter
iniciativa de começar a desenvolvê-las de modo independente. Por serem na
grande maioria alunos de 04 anos e meio, percebemos a necessidade que
tinham de tomarem próprias sem a ajuda do outro.
As atividades previstas nessa pesquisa nos levarão a prever as
possibilidades de cada aluno, permitindo a compreensão de seu próprio
processo de construção da lógica matemática, desenvolvendo sua
autonomia para continuar a desenvolver e aprender.
4.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho será baseado em uma pesquisa de campo na qual
serão aplicados jogos e brincadeiras no ensino da matemática, com crianças
do grupo 04 da Educação Infantil.
A coleta de dados será realizada através da observação direta das
crianças diante da prática dos jogos, realizados no período de agosto a
novembro de 2015, podendo ser prorrogado até abril de 2016, em duas
sessões semanais de 30 minutos cada. Serão feitas observações do
desempenho das crianças e registradas em um caderno para posterior
análise. Serão utilizados cinco tipos de jogos, sendo eles: Jogo do Ponto de
ônibus (abordando ação de juntar, acrescentar, comparar), jogo do bingo
(abordando ação de quantificação, contagem oral, identificação,
49
reconhecimento de números), jogo coelho na toca com bambolês
(abordando noções de quantificação, inclusão, classificação, tempo e
espaço), classificando objetos pequenos e grandes (abordar noções de
medida, tamanho, peso, tempo), dez coloridos (comparação de quantidade,
contagem oral, classificação).
4.6 JOGOS DESENVOLVIDOS DURANTE A PESQUISA.
JOGO DO PONTO DE ÔNIBUS
OBJETIVO: Reconhecer a quantidade, explorar procedimentos de
contagem, comparação e ordenação de quantidades (mais/menos)
MATERIAL: Quatro pistas de ônibus nas cores azul, amarela, vermelha e
verde, quatro carrinhos estilo caminhão, vários bonecos pequenos
simbolizando passageiro, um dado grande numerado e com bolinhas de
acordo com o número expresso no verso do dado.
REGRAS DO JOGO DO PONTO DE ÔNIBUS:
Serão selecionadas quatro crianças. Cada criança escolhe um carro
na cor da sua preferencia e se posiciona em frente à pista da mesma cor do
seu carro. As crianças decidem quem será a primeira a jogar recitando uma
parlenda como, por exemplo: fui à feira comprar uva, encontrei uma coruja,
eu pisei na cauda dela, me chamou de cara suja. A primeira criança a jogar
lança o dado e coloca dentro do carro a quantidade de bonecos
correspondentes ao número que saiu no dado. Em seguida, jogam os
demais participantes, cada um na sua vez, repetindo o mesmo processo. A
cada rodada, as crianças avançam seus carros uma casa na coluna
respectiva. O jogo termina quando todos os participantes chegam com o
50
carro ao final do trajeto. O vencedor é aquele que conseguir chegar ao final
com o maior número de passageiros.
DURANTE O DESENVOLVIMENTO DO JOGO PONTO DE ÔNIBUS
Algumas intervenções foram feitas como, por exemplo:
-O que vocês veem no tabuleiro? Falem sobre o que vocês observam.
R- As crianças responderam por unanimidade que viam carro, dado,
bonecos de heróis e fichas com números.
-Por que será que cada pista é de uma cor diferente?
R- MC disse que era para ficar mais bonito e colorido, JG disse que
era para cada colega ficar com uma cor, para ver quem ganhava.
- Por que será que os carros estavam vazios?
R-IP respondeu que era para encher de heróis durante o jogo.
-Quantos jogadores vocês acham que podem participar deste jogo?
R-EF respondeu quatro, pois aqui só tem quatro carros, um meu,
outro de JG, outro de IP e outro de MC.
- Como é que você sabe que tem somente quatro carros?
R- Eu contei que ver? E começou a contar juntos com os três colegas
e o restante da turma.
-Como será que se joga esse jogo?
R- JG respondeu que jogava o dado e pró diz quantos heróis eu vou
colocar. MC disse que era um, herói, depois dois, depois três e ia, ia...
Expliquei as regras do jogo para as crianças, selecionei quatro
aleatoriamente e começamos a jogar.
Outras intervenções fora feitas:
-Depois que o jogador joga o que dado o que se deve fazer?
R- JG respondeu falando a parlenda, quem falar tudo certinho
começa.
-O que poderiam acontecer se todas as colunas fossem da mesma cor
e os carros também?
R- Mais uma vez JG me surpreende respondendo que todo mundo ia
51
se atrapalhar, pois Isabela já é desastrada, derruba tudo, mistura tudo, fica
no lugar dos outros na hora da amarelinha.
- Quando o jogo termina?
R- Todos responderam que era quando todos os carros chegassem ao
ponto final.
- Como vamos saber quem ganhou o jogo?
R- Silencio. JG e MC disseram quem tiver mais heróis dentro do carro.
Terminado o jogo cada jogador contou na sequencia seus super. JG
colocou oito heróis, MC 14, EF 11 e IP apenas sete, pois jogou o dado e só
caia o número um. Isso serviu para chamar a atenção dos colegas que
gritavam: De novo. Ela só tira um. Perguntei tirar somente um é bom ou não,
mais uma vez JG respondeu ela vai ficar com pouco herói. Por quê?
Perguntei. Ele respondeu, dois é mais, e três também. Eu já tirei dois e três
e o meu carro está mais cheio do que o dela. JG e MC conseguem fazer a
contagem dos bonecos num sentido inverso, ou seja, de trás para frente na
ordem descendente. Já IP e EF quando perguntei a elas, por exemplo, qual
o número que vem depois do quatro, elas necessitam retornar ao número
1(um), para sequenciar os demais.
Observei que durante a realização do “jogo Ponto de Ônibus”, as
crianças IP e EF encontram-se segundo Pedro Palhares no nível chamado
de cadeia inquebrável, onde acontece a diferenciação das palavras, que
passam a corresponder cada uma a um número, tornando-se possível a
contagem dos objetos, que é um importante componente da matemática
infantil. JG e MC começam a entrar no nível chamado de cadeia quebrável,
pois a criança passa a poder dizer os números a partir de outro que não o 1
(um). Começa a dizer os números no sentido descendente, começando do
cinco e acabando no número 1(um). Sem, no entanto fazer a de adição de
números. Durante o desenvolvimento dessa atividade pude observar
também que a criança ao utilizarem a parlenda para iniciar o jogo facilitou
para que os jogadores chegassem a um consenso sobre como seria a
ordem da aplicação da atividade proposta. Alguns conceitos matemáticos
como reconhecer a quantidade expressa em cada face do dado exploraram
52
procedimentos de contagem a partir desse reconhecimento, reconheceram a
importância de cada jogador ter a pista e o carro na mesma cor, pois
segundo as próprias crianças ficava fácil identificar quem chegaria primeiro e
quem teria mais passageiros no final da jogada. Ao final do jogo as crianças
tiveram o desafio de calcular o número de passageiros que cada ônibus
transportou. A contagem dessa quantidade final pode ser percebida pela
ação de juntar os bonecos que simbolizam os passageiros. As crianças
contaram um a um, depois de acordo com a cor do carro. Para Piaget este
processo se dá pela abstração reflexiva, ou seja, a criança consegue
estabelecer relações entre os objetos a partir do conhecimento existente
sobre esses objetos que estejam na sua mente, mas isso depende da
abstração empírica. Isso se configura no que na estaria construindo um
conhecimento inicial sobre um objeto pela teoria de Piaget é denominado “de
dentro para fora”, ou se preferir, a criança sua manipulação, isso estaria
sendo “guardado em sua mente” e quando estimulado por elementos
externos, teria condições de buscar “lá dentro” conhecimento para relacionar
com a realidade externa. Na construção do número, a abstração reflexiva
será responsável por essa habilidade da criança, mas essa abstração não
ocorre separada da sua forma empírica (KAMII, 1990). Isso nos chama a
atenção para o fato do construtivismo piagetianos considerar o uso de
materiais concretos para a estruturação desses conhecimentos.
JOGO DO BINGO
OBJETIVO: Identificar números e cores.
MATERIAL: Cartela de bingo impressa no computador com os algarismos
de 1 a10.
REGRAS DO JOGO DO BINGO: Os alunos deverão prestar atenção
quando a professora for mostrando gradativamente os números, e de posse
das tampinhas de refrigerante tentar identificá-los na cartela do bingo.
53
DURANTE O DESENVOLVIMENTO DOJOGO DO BINGO
Na sala de aula as crianças recebem uma cartela cada uma contendo
os números de 1 a 10 dispostos dentro de um quadrado cada um, formando
uma cartela de bingo. A professora distribuirá várias tampinhas de
refrigerante de diferentes cores e pedirá que os alunos coloquem a tampinha
em cima do número. Na proporção que a professora for mostrando os
números, por exemplo, o Nº 3, os alunos deverão identificar o referido
número por meio da utilização da tampinha de refrigerante, logo em seguida,
mostrar qual a cor da tampinha que ele colocou em cima do número.
Após a realização desse jogo, foram exploradas, além das noções
matemáticas, as habilidades artísticas no momento em que as crianças
enfeitaram com bolinhas de papel recortado os numerais.
.
No JOGO DO BINGO, observou-se que a maioria dos alunos já
consegue identificar as cores e fazer a leitura dos números de 1 a 10. O
referido jogo contribuiu para desenvolver a concentração dos alunos,
aspecto considerado relevante para o desenvolvimento do raciocínio-lógico
matemático, como também, promoveu a criatividade quando as crianças
tiveram a oportunidade de trabalhar com a arte no momento em que
enfeitaram o número com as bolinhas de papel que se encontravam na
cartela de bingo, desenvolvendo assim, a coordenação motora fina, além, da
socialização quando os alunos construíram juntos os cartazes com o jogo do
bingo.
Para Kishimoto (1996), qualquer jogo empregado na escola, desde
que respeite a natureza do ato lúdico, apresenta caráter educativo e pode
receber também a denominação geral de jogo educativo. Analisando as
possibilidades do jogo nas aulas de matemática, é importante que haja um
equilíbrio entre as duas funções ao mesmo tempo: a lúdica e a educativa.
Por exemplo, muitas crianças representam o número de sua casa, do
54
seu calçado, do telefone, ou registram quantidades por meio de desenho, e
até mesmo recitam sequencias numérica isto não significa que tenham
construído o conceito de número. Baseada na teoria de Piaget, Kamii explica
que “[...] o número é construído por cada criança a partir de todos os tipos de
relações que ela cria entre os objetos” (KAMII, 1986, p.13).
No jogo do bingo percebemos que as crianças conseguem fazer a
sequenciação um dos processos básicos para se entender a construções
dos conceitos matemáticos, que é o ato de fazer suceder a cada elemento
outro sem considerara ordem entre elas, isto é, sem qualquer critério, como
cantar os números durante o jogo aplicado.
COELHO NA TOCA COM BAMBOLÊS
OBJETIVO: Desenvolver noções de quantidade e de lateralidade.
MATERIAL: Bambolês de cores variadas e orelhas de coelho
confeccionadas com EVA colorido.
REGRAS DO JOGO COELHO NA TOCA COM BAMBOLÊS
Na sala, as crianças recebem orelhas de coelho com os olhos e boca
previamente pintados, para que elas possam colar algodão em todo o rosto
do coelho, completando assim a máscara. Terminado o momento da arte,
todas as crianças com suas máscaras de coelho no rosto se dirigem até a
área da escola onde encontrarão vários bambolês espalhados pelo chão. A
partir da ordem da professora quando diz: “COELHO NA TOCA” todas as
crianças correrão para dentro de um bambolê cada uma. Antes de cada
ordem, a professora retira um bambolê de maneira que sempre uma toca
esteja em falta. A intenção é que em cada reinicio do jogo um bambolê
55
(toca) seja retirado para que o número de tocas seja diminuído
gradativamente.
A professora enquanto mediadora no processo lúdico da
aprendizagem deve fazer referências com relação à quantidade de
bambolês (tocas) que estarão em falta a cada reinicio do jogo e a quantidade
de crianças que não conseguirão encontrar um lugar dentro da toca pela
falta das mesmas.
DURANTE O DESENVOLVIMENTO DO JOGO COELHO NA TOCA COM
BAMBOLÊS.
Durante a realização dessa atividade, as crianças tiveram a
oportunidade de desenvolver habilidades relacionadas à arte no momento
em que enfeitaram as orelhas de coelho, antes de se dirigirem para a área
de recreação. Com relação à matemática, essa atividade favoreceu o
aprendizado de algumas noções tais como: a de quantidade, quando as
crianças, com a mediação da professora, contaram a quantidade dos
coelhos que estavam dentro ou fora da toca, bem como noções de posição,
envolvendo as palavras dentro e fora, a partir dos seguintes
questionamentos:
Professora: Quantos coelhos estão dentro da toca?
JG: 10 coelhos, respondeu depois de contar um por um.
Professora: E quantos coelhos estão fora?
MC: 8 coelhos, respondeu contando um por um também.
Professora: Existem mais coelhos dentro ou fora da toca?
Os dois responderam: Dentro, depois de contar individualmente.
Quantos a mais perguntei?
JG: Dois e mostrou os colegas e ainda citou os nomes dos mesmos.
A referida atividade foi desenvolvida no espaço de recreação da
escola, causando um impacto não só para os alunos do grupo 4 que
demonstraram que já tinham acesso àquele material lúdico, como mais um
56
objeto de brinquedo. Após retornarem para a sala, fora solicitado que os
alunos fizessem o desenho de um coelho dentro da toca número cinco.
No momento da aplicação dessa atividade as crianças ficaram
bastante concentradas, demonstrando interesse e motivação na realização
da tarefa. Fora, então, evidenciada a importância da perspectiva lúdica no
processo de aprendizagem dos alunos da educação infantil. Segundo o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil o trabalho com a
arte na educação infantil estimula a capacidade criativa, desenvolvem a
concentração, percepção, sensibilidade, e a coordenação motora,
capacidades essenciais no processo educativo das crianças.
As crianças mostraram que brincando, jogando, cantando, recitando
parlenda, ouvindo história, se movimentando, elas estavam construindo
conceitos matemáticos, como por exemplo: quantidade ao quantificar as
crianças que ficavam sem entrar no bambolê, o processo de inclusão
quando eu dava o comando dentro e fora. Enquanto brinca, a criança pode
ser incentivada a realizar contagens, comparação de quantidades, identificar
algarismos, adicionar pontos que fez durante a brincadeira, perceber
intervalos numéricos, quantificar chegando a identificar alguns números com
o decorrer das brincadeiras e atividades desenvolvidas·.
CLASSIFICANDO OBJETOS
OBJETIVO: Desenvolver noções relacionadas à quantidade, medida e
tempo.
MATERIAL: Diversos objetos grandes e pequenos
REGRAS DO JOGO CLASSIFICANDO OBJETOS PEQUENOS E
GRANDES:
Nesta atividade foi solicitado que os alunos se dividissem em grupo e
depois foi escolhido um representante para cada grupo, a fim de fazer a
separação dos objetos de acordo com as características atribuídas que
57
consistia na separação entre os objetos pequenos e grandes e depois os
alunos teriam que colocar numa caixa de papelão.
DURANTE O DESENVOLVIMENTODO JOGO CLASSIFICANDO
OBJETOS PEQUENOS E GRANDES.
Nesse dia estavam presentes vinte crianças e foram formados quatro
grupos com cinco crianças cada um. O grupo número 01 ficou sob a
liderança de JG, o grupo número dois sob a liderança de RS, o grupo
número três teve como líder MC, e o grupo número quatro teve como líder
EF.
Sob o comando da professora, os grupos iam separando os objetos de
acordo com o tamanho.
Após realizar a separação dos objetos os alunos deveriam fazer a
contagem geral dos objetos. Logo em seguida, a professora aproveitou essa
atividade, para explorar noções com relação à peso: solicitando que os
grupos separassem também os objetos leves dos pesados. Quando
terminou o jogo foram feitos alguns questionamentos como, por exemplo:
Qual o grupo que demorou mais para separar os objetos?
JG respondeu: O grupo de EF, pois foi o que terminou por último.
E qual o grupo que terminou logo a separação dos objetos?
Ele mesmo respondeu: O de RS, pois foi quem acabou primeiro. E depois o
meu ele sinalizou.
Qual o grupo que conseguiu separar mais objetos pequenos?
MC respondeu: O de RS e coisas grandes o de JG.
Teve algum grupo que conseguiu separar a mesma quantidade?
As crianças só conseguiram responder depois que tiraram os objetos
e contaram um por um de novo. Descobriram que o grupo liderado por MC
tinha separado a mesma quantidade de objetos pequenos e grandes.
O mesmo critério foi adotado para a separação dos objetos por peso.
Nessa parte do jogo foi interessante a fala de EF, pois ela associava o peso
ao tamanho do objeto.
58
Durante a aplicação desse jogo pude observar que algumas crianças
demonstravam através do desenvolvimento dos jogos e das colocações
feitas por elas durante o questionamento feito pela professora que segundo
Jean Piaget elas haviam adquiridos as noções fundamentais sobre os
processos básicos mentais para construção de alguns conceitos
matemáticos. A correspondência, pois fazia a relação um a um dos objetos,
a conservação, pois compreendiam que determinada quantidade de objetos
permanecia a mesma, ainda que sua aparência ou sua disposição espacial
fosse alterada.
Outro processo observado durante o jogo foi o de seriação que é o ato
de ordenar uma sequência segundo um critério. As relações assimétricas
são as que empregamos ao seriar objetos, na forma ascendente ou
descendente, pelas diferenças ordenáveis de um atributo. Assim podemos
seriar objetos de uma coleção em função de um atributo tamanho,
colocando-os em ordem do menor para o maior (ascendente) ou do maior
para o menor (descendente). Pode-se seriar pela espessura, pelo peso, pela
idade e outros.
JOGO “DEZ COLORIDOS”
OBJETIVO: Trabalhar a contagem, a comparação de quantidades e a
correspondência, além de fixação de cores e da socialização.
MATERIAL: Canudos, giz de cera.
REGRAS DO JOGO “DEZ COLORIDOS”
Os integrantes de cada grupo deverão trabalhar em conjunto para
vencer o jogo. Cada criança receberá 10 canudos com cores misturadas
aleatoriamente e deve-se incentivar a contagem oral, pedindo que cada uma
se assegure de que possui realmente 10 canudos. Feito isso, sorteia-se um
giz de cera. Cada criança vai então contar quantos canudinhos possui
daquela cor, devendo o grupo, em seguida, somar o total de seus canudos
59
com a cor idêntica ao giz sorteado. Ganha o grupo que tiver maior
quantidade de canudinhos daquela cor.
Para ajudar na fixação das cores, pode-se usar no jogo canudinhos e
giz com cores próximas, como por exemplo, amarelo e alaranjado. As
crianças devem fazer a classificação correta e, se houver dúvida, o professor
pode levantar a discussão, nos grupos.
Para trabalhar a socialização será solicitado às crianças que coloquem os
canudos da cor selecionada no meio da roda, junto com os das outras
crianças do grupo, trabalhando, assim, o sentimento de posse que as
crianças demonstram fortemente nessa fase.
A etapa seguinte do jogo consiste na retomada, pelas crianças, dos
canudinhos que haviam colocado no centro do círculo. Mais uma vez se
manifesta o individualismo e o sentimento de posse. As crianças brigam para
pegar o maior número possível de canudos e muitas vezes solicitam a
intervenção do professor. Deve-se usar a Matemática como mediadora,
estimulando-se a contagem até que todos constatem que têm cada um 10
canudinhos. Se um aluno juntar mais de 10, deve-se questioná-lo sobre o
que fazer. O jogo termina dando vez ao grupo que ainda não venceu.
DURANTE O DESENVOLVIMENTO DO JOGO “DEZ COLORIDOS”
A aplicação do jogo Dez Coloridos, fora muito gratificante, pois com
esse jogo, notou-se que houve a retomada dos canudos e a maioria queria
pegar de volta o maior número possível de canudos, e não apenas os dez,
previamente estipulados. As crianças foram convencidas de que cada um
deveria ter o total de dez canudos apenas, sendo assim, uma a uma, fora
refeita a contagem e, quando o número ultrapassava os dez, os
companheiros ajudavam a restituir o colega que possuía menos. A criança,
ao agir em grupo, supera, pelo menos em parte, seu egocentrismo natural.
Por esse motivo, essa atividade se estendeu mais que o tempo estipulado
anteriormente, uma vez que a intervenção ocorreu em todas as mesas e se
claramente o sentimento de posse que certas crianças possuíam, podendo,
60
assim, intervir, ajudando-os a solucionar seus conflitos. No segundo
momento do jogo, onde não apenas no primeiro dia de jogo. Porém, fora
gratificante, após alguns dias, ao ser aplicado novamente o jogo, perceber
que as crianças que possuíam dificuldade no primeiro dia já haviam se
apropriado das regras, jogando corretamente.
Desse modo, infere-se que o ensino da matemática na Educação
Infantil, deve oferecer oportunidade de situações significativas de
aprendizagem e que os jogos e brincadeiras devem estar sempre presentes,
auxiliando na construção dos conceitos matemáticos, proporcionando
aquisição de habilidades e desenvolvendo capacidades motoras.
Nesse momento realizou-se a contagem para saber qual grupo havia
ganhado. Houve empate entre dois grupos, com 26 pontos cada.
Aproveitando a ocasião, fora enfocado o que seria um empate, dando como
exemplo, jogos de futebol.
61
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O lúdico vem tomando espaço nas discussões teóricas como um
instrumento importante no processo de ensino e aprendizagem. As reflexões
teóricas mostram que os jogos e brincadeiras fazem parte do ambiente
sociocultural das crianças e, neste sentido, é preciso respeitar e valorizar os
jogos já de conhecimento dos alunos, seja os tradicionais, ou aqueles que
vão sendo culturalmente criados. Dessa forma, o educador aprende
observando e ouvindo seus alunos, as formas como brincam e desenvolvem
suas atividades lúdicas.
Ao longo deste trabalho, procuro apresentar não receitas prontas,
mais possíveis caminhos ou indicações que possibilitam uma melhor
reflexão sobre como a prática lúdica reflete no processo de aprendizagem
das crianças. Fazendo referência à problemática que me estimulou a
realização desta pesquisa, constatei por meio da experiência vivenciada em
sala de aula, que o lúdico foi visto como algo que serviu de estimulo e
incentivo para os alunos.
Em cada uma das atividades desenvolvidas houve a preocupação de
fazer o levantamento dos conhecimentos prévios das crianças, valorizando
assim, aquilo que a criança já sabia, buscando partir desses conhecimentos
para poder ampliá-los. E uma das perguntas com relação aos seus
conhecimentos prévios foi se as crianças já haviam brincado com os jogos
propostos durante a realização da pesquisa. De acordo com suas falas,
percebeu-se que as crianças tinham esse costume, ficando assim
evidenciado que a professora costumava desenvolver aulas lúdicas, porém
era quase despercebida a construção dos conceitos lógicos matemáticos
desenvolvidos pelas crianças a partir da realização dos jogos e brincadeiras.
O ensino ativo presume que as crianças são capazes de dar
significado às coisas, construtores ativos do seu próprio conhecimento que
trazem a cada experiência de aprendizagem uma reserva de informação da
qual podem dispor ao procurar compreender.
62
Destaca-se, que a proposta envolvendo o lúdico na construção dos
conceitos matemáticos, teve como objetivo refletir sobre a influência do
lúdico nessa construção e também estabelecer uma conexão com outras
áreas do conhecimento como à arte, à aquisição da linguagem oral e escrita,
o desenvolvimento psicomotor, sociocultural e afetivo dos alunos.
Ao fazer uma reflexão sobre os resultados desta pesquisa, percebeu-
se que o lúdico foi algo marcante no decorrer dessa experiência, pois
contribuiu para uma melhor socialização, despertando interesse e motivação
dos alunos na parte que se refere à linguagem matemática, principalmente,
nas atividades envolvendo jogos e brincadeiras.
Antes do início de cada jogo ou brincadeira as crianças tinham a
curiosidade de perguntar qual o jogo seria apresentado naquele dia. As
indagações das crianças foi uma resposta positiva nesse processo, pois
contribuiu para uma melhor reflexão sobre a importância de proporcionar-
lhes momentos de alegria e aprendizagem ao mesmo tempo, sem nunca
perder de vista o compromisso com a cidadania, o desenvolvimento pessoal
e intelectual do educando.
Considerando que o ato de aprender se renova a cada dia, como
profissional de educação, entende-se, que só educamos de verdade, quando
aprendemos com cada coisa, pessoa, ou ideia que vemos, ouvimos,
sentimos, e, sobretudo, compartilhamos. Como bem afirma Freire: “quando
educamos o outro educamos a nós mesmos”.
O lúdico foi relevante para desenvolver novos conceitos e ao mesmo
tempo reforçar aqueles já aprendidos pelas crianças, contribuindo assim,
para instigar o pensamento crítico dos alunos no momento em que eles
tiveram a oportunidade de expressar suas opiniões diante das situações
desafiadoras que envolviam resolução de simples problemas da vida diária.
A experiência com o lúdico, na construção dos conceitos matemáticos,
buscou revelar para as crianças que aprender é tão divertido quanto brincar.
Nesse sentido, o trabalho desenvolvido em minha sala de aula me fez
experimentar que brincar ouvir história, colecionar, pintar, dobrar, cantar,
jogar... são algumas atividades que permeiam o universo infantil. Contar,
63
calcular, comparar, medir, estimar, construir figuras, resolver pequenas
situações problemas, formar conceitos... São algumas ações realizadas de
forma natural e intuitiva pelas crianças em seu cotidiano, e que nos
educadores da educação infantil devemos além de conceber as brincadeiras
como espaço de atividades lúdicas, devemos também considera-las como
contexto de construção de conceitos, pois, educar significa investigar o que
o outro deseja, buscando, sobretudo, refletir que esses seres humanos estão
em fase de constante desenvolvimento, necessitando, portanto, vivenciar
experiências significativas no seu processo de aprendizagem.
O trabalho com as crianças abrangendo a ludicidade é um método
prazeroso que envolve as mesmas em uma série de conhecimentos e
novidades que se pode aprender brincando, jogando, socializando e
construindo atividades grupais. Desse modo, os jogos são vistos como uma
atividade diferenciada e que tem um aproveitamento positivo. As
problematizações elencadas contemplaram oportunidades para as crianças
através da ludicidade, desenvolverem de forma prazerosa conceitos lógicos
matemáticos. Durante as atividades foi possível verificar a satisfação que as
crianças sentiram, ou não, na realização dos desafios propostos, que
algumas noções ou ideias foram sendo construídas enquanto interagiam
com as outras crianças no momento do desenvolvimento dos jogos e
brincadeiras realizadas.
A pesquisa trata da utilização de jogos e brincadeiras voltadas para a
linguagem matemática na busca da construção de conceitos lógicos tendo
como foco principal a ludicidade. O objetivo deste trabalho foi alcançado,
pois deu a possibilidade de encontrar jogos que podem ser aplicados dentro
e fora da sala de aula para melhorar o conhecimento e desenvolver de forma
lúdica, criativa e prazerosa conceitos matemáticos que estão inseridos no
dia a dia da criança como: contagem, relações entre quantidade e sua
representação, comparações de objetos.
Os jogos na matemática ajudam a estruturar o pensamento e o
raciocínio lógico. Sendo um recurso pedagógico, é uma ferramenta
importante para construir e aprimorar conceitos lógicos matemáticos, bem
64
utilizados pelo professor, além do aluno aprender brincando, é um
desencadeador de novas descobertas, onde professor e aluno interagem.
A prática da ludicidade no cotidiano da educação infantil é de fundamental
importância, para a construção de conceitos matemáticos, pois através do
lúdico na Educação Infantil podemos priorizar o avanço do conhecimento
das crianças, diante de situações significativas de aprendizagem.
Conclui-se que os conceitos lógicos matemáticos devem ser ensinados
relacionados com as situações reais da vida, detectando as dificuldades
produzindo meios que venham aumentar a autoestima dos alunos, visando
ampliar um melhor conhecimento na construção da aprendizagem.
65
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 12. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
BROUGÉRE, Gilles. Jogo e Educação. Tradução Patrícia Chittoni Ramos. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1998.
CHATEAU, J. O Jogo e a Criança. Tradução Guido de Almeida. São Paulo:
Summus
Editorial, 1987.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996.
FRIEDMANN, Adriana (Org). Brincar: crescer e aprender. O resgate do jogo
infantil. São Paulo: Moderna, 1996.
HUIZINGA, J. Homo Ludens. O jogo como elemento da cultura. Tradução: João
Paulo Monteiro. 4ª ed. Perspectiva, São Paulo: 1993.
JAPIASSÚ, Hilton. Interdisciplinaridade e patologiado saber. Rio de Janeiro: ed.
IMAGO, 1976.
KAMII, Constance. A criança e o número. Implicações educacionais da teoria de
Piaget para a atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. Tradução: Regina A de
Assis, 11ª. ed. Campinas, São Paulo: Papirus, 1990.
KAMII, Constance. RHETA, Devries. Jogos na educação infantil:
implicações da teoria de Piaget. Porto Alegre: Artmed, 2009.
KRAMER, Sônia. Com a pré-escola nas mãos. 13. ed. São Paulo: Ática, 1999.
KISHIMOTO, T. M. O Brincar e suas Teorias. São Paulo: Cengage Learning,
2008.
66
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a Educação Infantil. 1ª. ed. São Paulo:
Pioneira, 1998.
KISHIMOTO, M. T. (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação.
12.ed.São Paulo: Cortez, 2009b.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1990.
LUCKESI, Cipriano Carlos (Org). Ludopedagogia. Educação e Ludicidade
Salvador:
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho,
imagem e representação. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. 3. ed. Rio de Janeiro:
Zahar, 1978.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou da educação. Trad.: Sérgio Milliet.
3. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. Tradução de: Émile; ou, De
l’éducation.
SALLES, Fátima e FARIA Vitória. Currículo na Educação Infantil. 2ª Ed.
ática, 2013
SMOLE, Kátia Stocco. A Matemática na Educação Infantil: a teoria das
inteligências múltiplas na prática escolar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
SMOLE, Diniz e Candido. Brincadeiras infantis nas aulas de matemática:
Matemática- 0 a 6 anos. Porto Alegre: Artmed, 2000.
TOLEDO, M. Didática da matemática – Como dois e dois: A construção da
matemática. In: TOLEDO, Mauro. São Paulo: FTD, 1997.
VYGOTSKY, L S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994
67
7 ANEXOS
PARLENDA UTILIZADA PARA DAR INÍCIO
AO JOGO PONTO DE ÔNIBUS
PISTA CONSTRUÍDA PARA O JOGO PONTO DE ÔNIBUS
69
CRIANÇAS PARTICIPANDO DA BRINCADEIRA COELHOS
NA TOCA DOS BAMBOLÊS- INÍCIO DA BRINCADEIRA
CRIANÇAS PARTICIPANDO DA BRINCADEIRA COELHOS NA
TOCA DOS BAMBOLÊS- CONTINUAÇÃO DA BRINCADEIRA