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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO – UNINOVE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO - PPGE
MARIA CECILIA DO AMARAL CAMPOS DE BARROS SANTIAGO A CONTRIBUIÇÃO DA LINGUAGEM DA ARTE NOS ESPAÇOS DO TERCEIRO
SETOR DA CIDADE DE SÃO PAULO
São Paulo 2014
MARIA CECILIA DO AMARAL CAMPOS DE BARROS SANTIAGO
A CONTRIBUIÇÃO DA LINGUAGEM DA ARTE NOS ESPAÇOS DO TERCEIRO
SETOR DA CIDADE DE SÃO PAULO
Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Nove de Julho (Uninove), como requisito para a obtenção do grau de Doutor em Educação.
Orientadora: Profª Drª Cleide Rita Silvério de
Almeida.
São Paulo 2014
Santiago, Maria Cecilia do Amaral Campos de Barros.
A Contribuição da Linguagem da arte nos espaços do Terceiro Setor da Cidade de São Paulo. Maria Cecilia
do Amaral Campos de Barros Santiago. 2014.
127 f.
Tese (doutorado) – Universidade Nove de Julho - UNINOVE, São Paulo, 2014.
Orientador (a): Profa. Dra. Cleide Rita Silverio de Almeida.
1. Educação pela arte. 2. Metodologia triangular. 3. Projetos sociais. 4. Terceiro setor. I. Almeida, Cleide Rita Silverio de. II. Titulo
CDU 37
MARIA CECILIA DO AMARAL CAMPOS DE BARROS SANTIAGO
A CONTRIBUIÇÃO DA LINGUAGEM DA ARTE NOS ESPAÇOS DO TERCEIRO SETOR DA CIDADE DE SÃO PAULO
Tese de doutorado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Educação (PPGE) da
Universidade Nove de Julho (Uninove), como requisitos para a obtenção do titulo do grau de
Doutor em Educação. Aprovada em: ______________
Banca examinadora:
________________________________________________________ Presidente: Profª. Drª. Cleide Rita Silvério de Almeida
(Orientadora) Universidade Nove de Julho
________________________________________________________ Profª. Drª. Silvia Sell Duarte Pillotto Universidade da Região de Joinville
_________________________________________________________
Prof. Dr. João Cardoso Palma Filho
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
_________________________________________________________
Profª. Drª. Francisca E. S. Severino Universidade Nove de Julho
_________________________________________________________
Prof. Dr. Marcos Antonio Lorieri Universidade Nove de Julho
_________________________________________________________
Prof. Dr. José Eustáquio Romão
Diretor do Programa de Pós-Graduação em Educação
_________________________________________________________
Profª. Drª. Maria Margarida Cavalcanti Limena (suplente) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
_________________________________________________________ Profª. Drª. Elaine Dal Mas Dias (suplente)
Universidade Nove de Julho
AGRADECIMENTOS
A vida nos mostra que somos eternos aprendizes e que Deus nos ensina a lutar por
ela e compreender o valor de cada dia, para podermos transpor os obstáculos do percurso.
Porém, nesse caminho que escolhemos temos de agradecer a todos os que fizeram parte dele,
ora com apoio, estímulo e exemplo, ora com ensinamentos para que os momentos de incerteza
se tornassem mais amenos.
Assim, agradeço:
A meus pais (in memoriam), por me introduzirem no mundo da arte.
A meus filhos: Lupa, Mirian, Guto, Elke, Luis Eduardo e Ketrin, pelo acolhimento
constante, por entenderem minhas ausências e me ajudarem a seguir em frente.
A meus netos: Artur, Laura, Lais e Karol, cuja companhia intensa nos momentos de
descanso sempre representava um presente que me carregava e dava forças para continuar.
A Regina Botura, minha amiga-irmã, pelo estímulo, carinho e diálogos cotidianos,
que foram essenciais para que eu conseguisse vencer este desafio.
À Profª. Drª. Maria da Glória Marcondes Gohn, que foi inicialmente minha
orientadora e que, com muito “puxão de orelha” e paciência, ensinou-me o que é uma
pesquisa.
À minha orientadora, Profª. Drª. Cleide Rita Silvério de Almeida, que me recebeu no
meio do caminho e me adotou com carinho. Obrigada pela acolhida e por ouvir meus “choramingos” durante este difícil processo de final de tese.
Aos Professores Doutores Elaine Dal Mas Dias, Marcos Antonio Lorieri, Francisca
E. S. Severino, João Cardoso de Palma Filho e Silvia Sell Duarte Pillotto, que, com seus
conhecimentos, mostraram a importância permanente de pensar e fazer pesquisa.
A todos os colegas da Uninove, especialmente, Zilpa, Célia e Marisa, boas ouvintes
nas angústias e questionamentos que a pesquisa ia trazendo.
À Uninove, que admitiu minha participação em seu Programa de Pós-Graduação,
como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
A meus especiais amigos, Clarita, Cássia, Fábio, Regina Helena, Iracema, Idatí; e
aos primos José Roberto e Beth, Sissa e Cristina, pelo companheirismo e apoio constantes.
Às Instituições Nova União da Arte e De Olho no Futuro, na pessoa de seus
dirigentes, Hermes, Maria José e Emerson Olho, por me permitirem conhecer de perto o
trabalho realizado pelas duas instituições e realizar minha pesquisa com liberdade.
Obrigada a todos, de coração, porque sem vocês esta tese não teria sido possível.
RESUMO
A pesquisa tem por objeto de estudo as práticas com arte nas entidades do Terceiro Setor
Nova União da Arte e De Olho no Futuro, analisadas sob o enfoque da Metodologia
Triangular, de Ana Mae Barbosa. Os objetivos são: identificar as práticas com arte utilizadas
nos projetos sociais escolhidos, verificar como a arte está sendo abordada pelos dirigentes e
educadores e compreender como os jovens participantes dos projetos sociais encontram um
lugar para a arte em suas vidas. A metodologia da pesquisa utilizou-se de levantamento
bibliográfico e documental de caráter quantitativo, para identificar as entidades do Terceiro
Setor da cidade de São Paulo que trabalhavam com arte no período do recorte (2000 a 2010).
A pesquisa de campo foi realizada nas entidades escolhidas, com entrevistas semiabertas
realizadas com dirigentes, educadores sociais e jovens participantes dos projetos sociais. O
resultado obtido evidencia o potencial do trabalho que envolve a arte como construção de
valores e fortalecimento da autoestima, buscando um novo olhar crítico sobre o mundo, tendo
em vista que a arte proporciona o conhecimento sobre si e sobre o outro.
Palavras-chave: Educação pela Arte. Abordagem Triangular. Projetos Sociais. Terceiro Setor.
ABSTRACT
The survey‟s purpose is to study the art practices in the Third Sector entities Nova União da
Arte and De Olho no Futuro, analyzed with a focus on Triangular Methodology, by Ana Mae
Barbosa. The objectives are to identify the practices involving art used in the social projects
chosen; verify how art is being addressed by leaders and educators and understand how young
people participating in social projects find a place for art in their lives. The research
methodology used to achieve these tasks was bibliographic review and documentary survey of
quantitative trait to identify the Third Sector entities in São Paulo working with art in the
cropping period (2000-2010). The field research was conducted in the selected entities with
semi-open interviews with leaders, educators and young people participating in social
projects. The result shows the potential of the work involving art as a way to build values and
strengthening self-esteem, seeking a new critical eye on the world, once art provides
knowledge about themselves and each other.
Keywords: Education through Art. Triangular Approach. Social Projects. Third Sector.
RÉSUMÉ
La recherche a pour l‟objet d‟étude les pratiques avec l‟art dans les entités du Troisième
Secteur Nouvelle Union d‟Art et Déjá à l‟Avenir, analysées sous l‟angle de la Méthodologie
Triangulaire de Ana Mae Barbosa. Les objectifs sont: identifier les pratiques avec l‟art
utilisées dans les projets sociaux choisis, verifier comment l‟art est abordée par les dirigeants,
les éducateurs et comprendre comment les jeunes participants des projets sociaux trouvent une
place de l‟art dans leur vie. La méthodologie de l‟enquête a utilisé un relevé bibliographique
et documentaire de caractère quantitatif, pour identifier les entités du Troisième Secteur de la
ville de São Paulo qui ont travaillé avec l‟art dans la période de 2000-2010. La recherche
effectuée a été realisée dans les entités choisies, avec des interviews semi-ouvertes avec des
dirigeants, des éducateurs sociaux et des jeunes participants des projets sociaux. Le résultat
obtenu exacerbe le potentiel du travail qui englobe l‟art comme une construction des valeurs
et à renforcer l‟estime de soi, en cherchant un nouveau regard critique sur le monde,
principalement en ce qui concerne l‟art fournit la connaissance sur soi et sur l‟autre.
Mots-clés: Éducation à l‟Art. Approche Triangulaire. Projets Sociaux. Troisième Secteur.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................9 METODOLOGIA DA PESQUISA ..........................................................................................13 A ORGANIZAÇÃO DO TEXTO ............................................................................................15 1 O PROTAGONISMO DAS ONGS NO CENÁRIO POLÍTICO BRASILEIRO E SUA REPRESENTAÇÃO NA SOCIEDADE CIVIL .........................................................16 1.1 BREVE HISTÓRICO .........................................................................................................16 1.2 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO .....................................................................21 1.3 O TERCEIRO SETOR COMO ALTERNATIVA DE SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS SOCIAIS ..........................................................................................................24 1.4 ENTIDADES ASSISTENCIAIS E CULTURAIS COMO UM NOVO ESPAÇO PÚBLICO DENTRO DO UNIVERSO DO TERCEIRO SETOR ...........................................28 1.4.1 Associação .......................................................................................................................29 1.4.2 Fundação .........................................................................................................................30 1.4.3 Instituto ............................................................................................................................30 1.4.4 Organização social ..........................................................................................................31 1.4.5 Oscip ................................................................................................................................31 1.4.6 Federação ........................................................................................................................34 2 CARTOGRAFIA DAS REFERÊNCIAS DO TERCEIRO SETOR DA CIDADE DE SÃO PAULO NO PERÍODO DE 2000 A 2010 .............................................................35 2.1 ÁREAS DE ATUAÇÃO DAS ENTIDADES ....................................................................37 2.2AMBIENTAÇÃO SOCIOECONÔMICA E GEOGRÁFICA DAS..............34 INSTITUIÇÕES QUE TRABALHAM COM ARTE ..............................................................40 2.3 REFLEXÕES SOBRE A CATEGORIZAÇÃO DOS DADOS COLETADOS ................43 2.4 AS ARTES NO CENÁRIO DAS POLITICAS PÚBLICAS DA CIDADE DE SÃO PAULO .....................................................................................................................................46 3 A EDUCAÇÃO PELA ARTE: O PAPEL SOCIAL DESEMPENHADO NA FORMAÇÃO DO JOVEM ....................................................................................................50 3.1 EDUCAÇÃO PELA ARTE................................................................................................50 3.2 A DANÇA COMO LINGUAGEM: PERCURSO ARTÍSTICO DA ONG DE OLHO NO FUTURO ...........................................................................................................................55
3.3 O GRAFITE COMO FERRAMENTA DE EXPRESSÃO NO INSTITUTO NOVA 57 UNIÃO DA ARTE (NUA) ................................................................................................ 4 TRABALHO DE CAMPO: DESCRIÇÃO DAS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR SELECIONADAS E ANÁLISE DAS ENTREVISTAS ......................................59 4.1 INSTITUTO NOVA UNIÃO DA ARTE ..........................................................................59 4.1.1 Projetos desenvolvidos pelo NUA na comunidade .........................................................62 4.1.2 Composição do corpo técnico da organização ..............................................................63 4.2 INSTITUTO DE OLHO NO FUTURO ............................................................................64 4.3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS DA PESQUISA DE CAMPO .......................66 4.3.1 Falas dos dirigentes: relações com a comunidade e natureza das ações desenvolvidas para a formação de jovens ...............................................................................66 4.3.2 Falas dos educadores: expectativas de seus projetos, identificando as abordagens de suas práticas com arte ....................................................................................68 4.3.3 Falas dos jovens: como a arte encontrou lugar em suas vidas ......................................72 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS: UMA ABERTURA PARA PENSAR AS PRÀTICAS COM ARTE NO TERCEIRO SETOR ..........................................................74 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................77 APÊNDICE A – CATEGORIZAÇÃO DAS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR QUE TRABALHAM COM ARTE NA CIDADE DE SÃO PAULO .................81 APÊNDICE B – TERMOS DE CONSENTIMENTO DOS DIRIGENTES DAS ENTIDADES ..........................................................................................................................91 APÊNDICE C – DEPOIMENTOS DE DIRIGENTES E EDUCADORES DAS ENTIDADES ..........................................................................................................................93 APÊNDICE D – ENTREVISTAS COM OS JOVENS PARTICIPANTES DO PROJETO ............................................................................................................................104 ANEXO A – ONGS REGISTRADAS NA SECRETARIA DE PARTICIPAÇÃO E PARCERIA DA PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ...........................109
9
INTRODUÇÃO
Meu interesse pelas artes não começa com a vida acadêmica. Filha única de pais
pesquisadores foi meu pai – apesar de seu pensar cartesiano – quem me conduziu para o
mundo das artes e deixou marcada em mim sua forma de apreciá-las, em suas várias nuanças
e diferentes manifestações. Tarsila do Amaral, nossa pintora modernista, era prima de meu
pai; eu a chamava de tia-avó e, nos eventos em que sua obra estava exposta, lá estavamos nós
para apreciá-la. Sempre acreditei que, de alguma forma, uma semente de arte trazida por ela
podia germinar, mesmo que fosse uma pequena semente. Sinto que tal fato foi decisivo para
me incentivar a trabalhar com arte, pois era como um exemplo a ser seguido.
Estudei desde o primário até a escola Normal em um colégio religioso e decidi cursar
Direito por razões pragmáticas, pois, na década de 1960, a Escola de Belas Artes formava
artistas, e os professores de arte não tinham muito espaço para lecionar. Ao me graduar em
Direito, fui para o ramo que até hoje faz parte de minha trajetória: o da perícia em arte. Esse
trabalho consiste em analisar obras para serem identificadas como falsas ou verdadeiras ou
simplesmente realizar perícias de avaliação de obras para o pagamento de dívidas. Dessa
forma, fui me preparar para obter esses conhecimentos sobre arte em Londres, nos cursos
dados pela universidade mantida pela Sotheby‟s Educational Studies (SES). Lá encontrei
orientação, não só para a apreciação das obras, como também para organizar uma
metodologia de análise de obras em pintura, escultura, mobiliário e arte oriental. Todos esses
cursos eram voltados à pericia, o que deu origem a duas publicações na área de arte: uma em
arte islâmica e oriental e outra em estilos de mobiliário, ambas em formato de CD-Rom. Em
São Paulo, lecionei durante dez anos a disciplina de História da Arte em cursos livres do
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), instituição que sempre privilegiou a
educação não formal.
Em 2005, questionando o ensino da arte não só no fazer, mas no refletir sobre as
possibilidades que ela poderia trazer na formação das pessoas, fui cursar o mestrado em Artes
Visuais, no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em São Paulo.
Ao término do mestrado em Artes Visuais na Unesp – em que defendi o tema “Uma
experiência estética com os portadores de baixa visão: uma aproximação com a vida” –, fui
trabalhar em uma organização não governamental (ONG) chamada Projeto Cidadania, que
recebe portadores de necessidades especiais para a inclusão no mercado de trabalho. Como
arte-educadora, exercia a função de mediadora entre o ensino de arte, nas oficinas em que eles
10 desenvolviam trabalhos com escultura, desenhos e jogos cênicos, e a formação de atitudes
para motivá-los a novas oportunidades e, consequentemente, à inserção no mercado de
trabalho. Observei nestas oficinas o quanto a autoestima dos participantes crescia a cada etapa
realizada. Assim, os portadores das mais variadas deficiências foram encaminhados para
entrevistas e todos tiveram desempenho satisfatório, conseguindo ser inseridos na vida social.
Com essa experiência, senti de perto que a arte não só foi uma ferramenta para conseguir um
crescimento pessoal, como também os ajudou a encontrar o caminho para uma vida cidadã.
Continuando minha pesquisa, fui à busca do doutorado, agora com um novo
problema: será que os jovens participantes de projetos sociais que trabalham com arte
conseguem mudanças em suas vidas? E foi assim que se constituiu minha hipótese de
pesquisa: as práticas com arte nos projetos sociais podem oferecer aos jovens possibilidades
de formação de valores e atitudes.
Como pressuposto básico, parto do fato de que alguns conhecimentos são
construídos entre o vivenciar e o simbolizar, entre o sentir e o pensar. Com base no conhecido
é possível desconstruir para reconstruir e modificar. Esse contexto só é possível de ser
percebido ao longo do processo, amalgamado pelo fazer e ver a arte.
A arte também é uma linguagem que aguça os sentidos, desenvolvendo a percepção e
a imaginação e fazendo com que o ser humano, ao ver a imagem, pergunte-se: quem somos?
Onde estamos? Como sentimos?
A partir desse enfoque, trago o objetivo geral da pesquisa: apresentar como a arte é
articulada em suas ações práticas nos espaços do “Terceiro Setor”, especialmente nos projetos
sociais da ONG De Olho no Futuro e do Instituto Nova União da Arte (NUA).
Objetivos específicos:
Identificar as práticas com arte utilizadas nos projetos sociais escolhidos;
Verificar como a arte está sendo abordada pelos dirigentes e educadores;
Compreender como os jovens participantes dos projetos sociais encontram um
lugar para a arte em suas vidas.
O objeto da pesquisa são as duas entidades do Terceiro Setor e a dinâmica de
trabalho com os jovens que vivenciam a arte nos projetos sociais. Para isso, torna-se
necessário refletir sobre como tem sido a participação dos jovens nesses projetos, que
aumentam dia a dia na cidade de São Paulo. Entende-se aqui participação como o processo de
vivência em que os valores e os significados trazidos pela arte os transformam em
protagonistas de suas histórias, levando-os a desenvolver uma consciência crítica que agrega
11 forças a si próprias, como cidadãos, e ao grupo, de modo a adequar seus valores e criar uma
cultura política capaz de organizar sua biografia e definir sua identidade.
Os sujeitos da pesquisa são os jovens que participam dos dois projetos sociais De
Olho no Futuro e Instituto Nova União da Arte. O recorte etário aqui utilizado para definir “juventude” – de 15 a 24 anos – é estabelecido por organismos internacionais, como a
Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (UNESCO).
O período de estudo (2000 a 2010) teve como base a criação da Lei nº 9.790
(BRASIL, 1999), que regulamentou as relações de parceria das entidades privadas sem fins
lucrativos com o poder público, provocando a renovação das antigas relações de tais
entidades, já existentes, que procuraram adequar-se às competências complementares trazidas
pela lei.
A escolha da cidade de São Paulo para a realização da pesquisa tem como
justificativa o número de projetos sociais que ela abriga e os problemas sociais que envolvem
os jovens nela residentes.
A pesquisa trata de um tema inovador, de acordo com consulta realizada em diversas
bases de dados: no banco da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) 1 e
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)2, não encontrei
pesquisas referentes ao assunto; no site da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa
em Educação (Anped)3, refinando a pesquisa para o GT-24, ligado a arte-educação, e GT-3, a
movimentos sociais e sujeitos dos processos educativos, não apareceu nada que indicasse
pesquisa semelhante; com referência aos artigos científicos da Biblioteca Científica Eletrônica
Online (Scielo)4, apareceram três artigos, mas não tratam diretamente do tema desta pesquisa.
A verificação se deu a partir da utilização das palavras-chave: arte, formação cidadã nas
ONGs, arte com jovens. Foram encontradas, no período do recorte, outras bases de dados
1 O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), vinculado ao Ministério de Ciência e
Tecnologia do governo federal, coordena o projeto da BDTD, que integra os sistemas de informação de teses e dissertações existentes nas instituições de ensino e pesquisa brasileiras. Informações disponíveis em: <http://busca.ibict.br/search BDTD>. Acesso em: 2 nov. 2013.
2 A Capes, fundação do Ministério da Educação (MEC), desempenha papel fundamental na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em todos os estados da Federação. Informações disponíveis em: <http://www.capes.gov.br/>. Acesso em: 13 nov. 2013.
3 A Anped é uma associação sem fins lucrativos que congrega programas de pós-graduação stricto sensu em Educação, professores e estudantes vinculados a estes programas e demais pesquisadores da área. Ela tem por finalidade o desenvolvimento da ciência, da educação e da cultura, dentro dos princípios da participação democrática, da liberdade e da justiça social.” Disponível em: <http://www.anped.org.br/anped/sobre-a-anped/apresentacao>. Acesso em: 12 fev. 2014.
4 Disponível em: <http://www.scielo.org/php/index.php>. Acesso em: 13 nov. 2013.
12 como: Universidade de São Paulo (USP), Mackenzie, Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Universidade
Federal da Bahia (UFB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Santa Catarina (UFESC).
O Quadro 1 e o Gráfico 1 trazem o número de produções, por titulação, que
contemplam as palavras-chave, reforçando a constatação de que se trata de um tema inovador.
Titulação Quantidade
Mestrado 21
Doutorado 3
Quadro 1 – Trabalhos pesquisados Fonte: a autora, com base em dados da pesquisa (2014).
Gráfico 1 – Pesquisa de trabalhos publicados, por titulação – 2014 Fonte: a autora, com base nos bancos de dados BDTD e Capes (2014).
O Quadro 2 e o Gráfico 2, a seguir, apresentam o nº de trabalhos por área de conhecimento e titulação:
Área Nº de trabalhos Doutorado Mestrado
Artes Visuais 6 2 4
Educação 8 - 8
Psicologia 1 - 1
Ciências Sociais 1 - 1
Comunicação e Semiótica 1 - 1
Antropologia Social 1 1 -
Educação, Arte e História da Cultura 5 - 5
Estudos do Lazer 1 - 1
Quadro 2 – Trabalhos publicados por área de conhecimento e titulação Fonte: a autora, com base em dados da pesquisa (2014).
13
Gráfico 2 – Trabalhos publicados, por área de pesquisa e titulação (2000 a 2010) Fonte: a autora, com base nos bancos BDTD e Capes (2014).
O referencial teórico sobre o ensino de arte que irá conduzir o universo dos conceitos
é trazido por Ana Mae Barbosa, que construiu significativos estudos na área de Arte-
Educação como papel de formação social, buscando identificar, na História, o papel social que
a arte desempenhou em momentos distintos de seu processo no tempo e no espaço.
METODOLOGIA DA PESQUISA
Para Pedro Demo (2008, p. 31), metodologia significa “a construção criativa e crítica
de modos alternativos de dialogar com a realidade social”. O trato da realidade é enriquecido
quando definimos as metodologias a serem empregadas, que traduzem o esforço da produção
científica.
A pesquisa tem caráter bibliográfico e de campo e seu desenvolvimento se deu na
sequência de duas abordagens: uma de caráter quantitativo e outra de caráter qualitativo.
A abordagem quantitativa foi trazida pela documentação fornecida pelas entidades
cadastradas na Coordenadoria da Juventude, órgão municipal ligado à Secretaria de
Participação e Parceria da Prefeitura do Município de São Paulo5. Fiz esta opção porque
outras fontes de cadastro, como a Associação Brasileira de Organizações Não
Governamentais (Abong), representam somente as ONGs filiadas e abarcam todo o território
5 Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.org.br>. Acesso em: 11 maio 2011.
14 nacional, enquanto a fonte escolhida engloba as ONGs da cidade de São Paulo, cadastradas na
prefeitura do município.
A análise documental constitui, ao mesmo tempo, uma pesquisa de informação e um
instrumento indicador de metas. Segundo Darrel Caulley (1981 apud LÜDKE, 1986, p. 38),
ela auxilia a identificar informações factuais nos documentos a partir de questões ou hipóteses
de interesse. São fontes não reativas em que as informações já estão contextualizadas, mas
ajudam na formação de novos contextos e, dessa maneira, introduzem novas perspectivas sem
desrespeitar a substância original dos documentos. Egon Guba e Yonna Lincoln (1981 apud LÜDKE, 1986, p. 39) resumem as vantagens do uso de documentos: “[...] uma fonte tão
repleta de informações sobre a natureza do contexto, que nunca deve ser ignorada, quaisquer
que sejam os outros métodos de investigação escolhidos”.
Com base nos dados coletados, identificados e categorizados, criaram-se tabelas e
gráficos indicativos da posição das entidades do Terceiro Setor que trabalham com arte.
A segunda fase da pesquisa foi o estudo de campo, cujo início se deu pela escolha de
dois projetos de instituições diferentes que têm na arte um meio de formação dos jovens.
Essa parte da pesquisa busca explicações a valores e significados num meio social.
Segundo Triviños (1995), a pesquisa qualitativa busca as causas, as relações e as possíveis
consequências do fenômeno estudado sobre a vida humana, captando, assim, a essência.
A preocupação, nesse tipo de pesquisa, é levantar todos os dados que possam
contribuir para a explicação e a compreensão do que se está investigando, bem como a
adequação entre os dados coletados e a realidade a ser captada, fundando seu critério na
prática e tratando-a de maneira científica.
As entrevistas, tanto dos dirigentes das entidades como dos educadores e dos jovens,
foram realizadas em formato de depoimento. Seu conteúdo teve caráter muito mais de
narração de histórias e acontecimentos vividos por eles nas entidades, apesar de eu ter
preparado um questionário preliminar, como forma de iniciar o diálogo. Os depoimentos
foram gravados e posteriormente transcritos.
A contribuição teórica de Ana Mae Barbosa, de pensar a arte como uma ferramenta
de possibilidades, foi essencial para a análise das entrevistas colhidas nas duas entidades,
sempre com o foco em meu objetivo: entender como a arte é articulada em suas ações práticas
nos espaços do Terceiro Setor, especialmente nos projetos sociais da ONG De Olho no Futuro
e no NUA.
15
A ORGANIZAÇÃO DO TEXTO
Os temas desenvolvidos foram organizados em quatro capítulos. O primeiro apresenta
as condições sócio-históricas da realidade brasileira, ao contextualizar o protagonismo das
entidades do Terceiro Setor na sociedade civil brasileira, tendo como referencial teórico o
pensamento de Maria da Glória Gohn (2010), que perfaz o cenário político das décadas de
1970, 1980 e 1990. Aborda também a reforma do Estado brasileiro, construído como
consequência da estratégia mundial da política neoliberal, que repassa a responsabilidade do
Estado para a sociedade civil. O capítulo encerra-se com uma retrospectiva dos conceitos que
privilegiam as questões que caracterizam o Terceiro Setor e suas inúmeras denominações
jurídicas, as quais incluem o gênero ONG. As definições são feitas à luz do Código Civil e da
legislação pertinente, para melhor entendimento das entidades escolhidas para a pesquisa.
O segundo capítulo aborda o percurso da pesquisa, em uma cartografia de referência
dos projetos com arte na cidade de São Paulo no período de 2000 a 2010; trata-se da primeira
parte da pesquisa com caráter quantitativo.
O terceiro capítulo apresenta o referencial teórico que norteia o trabalho de pesquisa e
os conceitos sobre a linguagem da arte-educação, trazido por Barbosa (2005), e o papel de
formação social da arte, entendida como prática de construção simbólica.
No quarto capítulo, são apresentadas e caracterizadas as entidades escolhidas: De Olho
no Futuro e NUA, trazendo a pesquisa de campo realizada com base nas entrevistas com os
dirigentes, educadores sociais e jovens que participam dos projetos sociais. É o momento em
que teoria e prática são indissociáveis para nortear o entendimento das atividades realizadas
pelos projetos escolhidos, no intuito de verificar se realmente têm sido práticas de formação
de cidadania.
Nas Considerações Finais, as aprendizagens construídas poderão ser entendidas como
possibilidades de reflexão sobre o tema, que apresenta o potencial da arte para a formação dos
jovens em projetos sociais.
16
1 O PROTAGONISMO DAS ONGS NO CENÁRIO POLÍTICO BRASILEIRO E SUA REPRESENTAÇÃO NA SOCIEDADE CIVIL
As ideias persistem e se transformam, agregando elementos novos ou negando velhos, segundo a conjuntura dos tempos históricos.
(GOHN, 2012, p. 109)
Este capítulo apresenta as condições sócio-históricas da realidade brasileira e a
evolução do percurso até a formação do Terceiro Setor. Para essa reconstrução histórica dos
fatos, busca-se apoio teórico em Maria da Glória Gohn, especialmente em seus livros O
protagonismo da sociedade civil (2008b), Conselhos gestores e participação sociopolítica (2011) e Educação não formal e cultura política (2008a).
1.1 BREVE HISTÓRICO
No Brasil, o conceito de sociedade civil segue a trajetória das lutas políticas e
sociais. A expressão “sociedade civil” passou a ser objeto de reflexão teórica na década de 1970, entendida como sinônimo de participação e organização da população civil, que se
contrapunha ao regime militar. Esse cenário estimulou inúmeras práticas coletivas voltadas
para a reivindicação de bens, serviços e direitos sociopolíticos negados pelo regime vigente,
como aponta Gohn (2008b). Na época, o país assistia ao fechamento dos espaços públicos de
convivência social, estratégia do poder instituído para tentar apagar os sinais de
reconhecimento popular e esvaziar o sentido da ação coletiva, como forma de alienação do
privado.
Dessa maneira, excluía-se a sociedade civil dos processos decisórios, cerceando-se os
direitos civis e políticos dos cidadãos pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5). Tal decreto
determinava medidas centralizadoras, como: suspensão do habeas corpus e dos direitos
políticos de qualquer cidadão considerado potencialmente perigoso para o sistema; criação de
aparelhos repressivos de Estado; intervenções nos estados e municípios; direito do Executivo
de dissolver o Congresso a qualquer momento. Era uma época em que organismos
internacionais denunciavam as violações aos direitos humanos, declaradamente
desrespeitados pelos militares em atos criminosos, para exercer o autoritarismo.
Algumas ONGs, sem fins lucrativos surgiram no Brasil no fim dos anos 1960 e início
dos anos 1970, durante o período mais rígido da ditadura militar. Desde a década de 1940,
17 porém, elas já haviam sido constituídas pela Organização das Nações Unidas (ONU) como
instituições capazes de estabelecer consultoria sobre assuntos sociais. Entretanto, somente
após 1980 as ONGs cresceram numericamente no país, construídas em torno de bandeiras de
luta de grupos étnicos, de gênero e de outros grupos marginalizados pela sociedade. Segundo
Gohn (2008a, p. 70), a partir da posição arbitrária do governo brasileiro, que modificou o
perfil da nação, parte da sociedade passou a se mobilizar e se organizar na luta contra o status
quo.
Na década de 1960, o governo do marechal Castelo Branco resolveu conceder o
Estatuto do Trabalhador Rural, estendendo ao trabalhador do campo o direito ao salário
mínimo, ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e à aposentadoria, igualando-o
ao trabalhador urbano. Até então, as relações de trabalho no campo eram de “relativa
harmonia”, graças a uma combinação entre patrões e empregados, denominada “meação”, que
assegurava aos trabalhadores rurais o recebimento, em dinheiro, de parte do resultado da
colheita. E, para atraí-los e fixá-los na propriedade, de modo a garantir a continuidade da mão
de obra, os fazendeiros montavam “colônias”, conjuntos de casas de alvenaria distantes entre
si o suficiente para que cada um tivesse sua horta e seus animais de criação. Havia pobreza,
mas não miséria. No período que antecedia as colheitas, o fazendeiro bancava as contas dos
empregados nas farmácias e nos empórios.
A reação dos fazendeiros à extensão de direitos aos trabalhadores rurais foi colocar
imediatamente todos os seus empregados para fora de suas propriedades. O Brasil
experimentou, então, o maior êxodo rural de todos os tempos. Milhões de pessoas
abandonaram o campo, sem nenhum planejamento. Sem ter onde morar e atraídas pela
indústria da construção civil – aquecida pelas obras de infraestrutura e carente de mão de obra
barata –, fizeram aumentar a população das favelas das grandes cidades brasileiras.
A primeira geração de camponeses migrados, ainda apegada a princípios éticos e
morais, não vivenciou grandes problemas sociopolíticos. Seus descendentes, todavia, não
aceitaram aquela situação de miséria, o que gerou violência e criminalidade crescentes.
Um dos principais eixos articuladores das reivindicações na década de 1980 estava
atrelado à autonomia, demandada por grupos da sociedade civil que defendiam reformas
sociais, entre elas as concernentes às relações do campo. Como esclarecem Leilah Landim
(1998) e Gohn (2008b), o papel das ONGs era apoiar o fortalecimento dos movimentos
populares, desenvolvendo trabalhos de conscientização dos novos personagens em cena: os
movimentos sociais que se estruturavam fundamentados na valorização da educação popular,
18 centrada na ética e na democratização das relações sociais, e outros, como o das mulheres, o
dos ambientalistas, o dos homossexuais, que se firmaram como agentes de construção de
identidades e de força social organizada.
Durante a década de 1970 e parte dos anos 1980, em pleno regime militar, o papel da
Igreja Católica foi decisivo para a formação de novos sujeitos, por meio de reuniões das
Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), para as quais as comunidades levavam seus
problemas. Ali se discutiam as mudanças nas relações entre a sociedade civil e o Estado e se
fornecia embasamento para essa militância nos princípios da Teologia da Libertação, de
Leonardo Boff, onde se encontra a fundamentação do processo de constituição das CEBs:
[...] a massa, mediante as associações, se transforma num povo que começa a recuperar a sua memória histórica perdida, elaborada na consciência de sua situação de marginalização, construindo um projeto para seu futuro e inaugurando práticas de mobilização para mudar a realidade circundante (COUTINHO, 2005, p. 61).
O pensamento da Teologia da Libertação procurava empreender uma análise
sociológica da realidade, fundamentada na participação do novo sujeito histórico. Emergia
uma noção de sujeito vinculada à ideia de reconhecimento de sua identidade e mudança social
com base em suas experiências. Também atuava, por meio das CEBs, de forma intencional,
mostrando novos padrões de sociabilização e relacionamento humano. Parte do clero
progressista apoiava o movimento, mas os sujeitos que dele participavam eram perseguidos
pelo Estado repressivo.
Surgia na década de 1970 um movimento operário capitaneado pelos metalúrgicos do
ABC – região próxima à capital paulista composta, à época, pelos municípios de Santo André,
São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul –, onde se localizavam as principais indústrias
do setor automobilístico. O movimento do ABC associou-se ao movimento da Igreja,
articulando-se às CEBs em uma luta antiditatorial e pela democracia.
No início dos anos 1980, o já fragilizado regime militar, temeroso da oposição da
Igreja, principalmente pela atuação de dom Evaristo Arns, passou a pressionar o Vaticano e
expressar sua insatisfação com o posicionamento das CEBs. O Vaticano, por sua vez,
preocupado com o possível viés político do movimento, chamou Leonardo Boff e, em um
julgamento sumário, impôs ao frade “o silêncio obsequioso”, uma forma diplomática de
acabar com o movimento. O cardeal Ratzinger, que mais tarde seria eleito papa Bento XVI,
era na época o chamado “guardião da fé”, responsável pela preservação da doutrina.
19
Mediante sucessivas medidas, o Vaticano determinou o fim das CEBs e proibiu frei
Leonardo Boff de publicar livros sobre a Teologia da Libertação, levando-o a abandonar a
batina. O Vaticano aconselhou que o engajamento social passasse a ser efetuado pelos
religiosos por meio de entidades privadas, para que pudessem contar com o acesso às fontes
católicas de financiamento internacional.
Frei Leonardo Boff pregava, em palavras faladas e escritas, o que ele denominava
aggiornamento, ou seja, o envolvimento da Igreja nas demandas cotidianas das populações
pobres, subindo morros e favelas para ajudar os miseráveis a resolver seus problemas de falta
de comida, de dinheiro, de educação para as crianças, de desemprego, brigas domésticas,
drogas, entre outros. Ele antevia que, se a Igreja Católica não agisse assim, estaria dando
enorme oportunidade para as outras igrejas tomarem o espaço que era dela. Parece que o
tempo lhe deu razão.
Com as crises econômicas que se sucederam, o desemprego atingiu taxas recorde. Os
movimentos sociais multiplicaram-se em todo o país em sua luta por educação, moradia,
saúde, trabalho e pela participação na vida política. Tal mobilização culminou na campanha
Diretas Já, em 1984, que levou às praças públicas milhões de manifestantes, tornando-se a
maior mobilização política da história da República. Como observa Lucio Kowarick (1994)
em seu livro As lutas sociais da cidade, a atuação dos movimentos sociais inaugurou no Brasil
a fase do “direito a ter direitos”.
De acordo com Eder Sader (apud GOHN, 2008b, p. 313):
Os movimentos sociais foram um dos elementos de transição política ocorrida entre 1978 e 1985. Eles expressaram tendências profundas na sociedade, que assinalavam a perda da sustentação do sistema político instituído. [...] Havia neles a promessa de uma radical renovação da vida política.
Os movimentos dos anos 1970 e 1980 contribuíram decisivamente para a conquista
de vários direitos sociais, inscritos na Constituição de 1988. São considerados um dos saldos
positivos da década de 1980 (GOHN, 2012, p. 109).
A Constituição de 1988 foi o marco de um novo pacto social para o país, fruto de
lutas dos diferentes setores organizados da sociedade civil e política. Agregou e ainda agrega
novos espaços e formas de agir dos grupos na sociedade. Esse marco tem como fundamento
os princípios dos direitos sociais na universalidade do acesso à seguridade social e à justiça. A
partir da Constituição de 1988, ficou assegurado o direito constitucional de cidadania a todos
como princípio fundamental de organização da sociedade brasileira, tornando obrigatória a
20 instalação de conselhos gestores, que abriram canais de participação, facilitando o encontro
entre sociedade e Estado.
As profundas mudanças sociais e políticas experimentadas pela sociedade brasileira
deveriam engendrar ações de democracia deliberativa, mas não estavam logrando êxito. Isso
decorria de desacertos de programas econômicos do próprio governo, que faziam acentuar
ainda mais a concentração de renda, provocando desemprego elevado. Na cidade de São
Paulo, o desemprego chegou a atingir 20% da população, o que fez aumentar ainda mais a
pobreza (KOWARICK, 1994, p. 62).
Com o alto índice de desemprego, houve diminuição da contribuição social e ocorreu
também um forte endividamento externo do Estado. Essa derrocada econômica produziu
inúmeras consequências para a população, que reivindicava e ainda reivindica direitos como:
casa própria, transporte, alimentação, saúde, educação, acesso aos novos bens de consumo e
vagas em creches para os filhos pequenos, permitindo aos adultos enfrentar os desafios de
trabalhar longe de suas casas.
Foi com o crescimento das demandas das ações participativas que surgiram as novas
entidades da sociedade civil, em diferentes formas, com diferentes conteúdos. Ampliou-se o
leque de atores que reivindicavam seus direitos. Nesse cenário, as redes de ONGs
expandiram-se para assessorar os novos movimentos populares, que progressivamente
ocuparam lugar de destaque no cenário do associativismo civil. Esses novos sujeitos, vistos
pelos valores que professavam, foram inseridos em ONGs cidadãs, movimentalistas e
militantes, que se multiplicaram, rompendo com as práticas autoritárias características dos
assuntos públicos. No novo cenário, conforme aponta Gohn (2005, p. 77-78),
[...] desenvolve-se o novo espaço público denominado não estatal, onde irão situar-se os conselhos, fóruns, redes e articulações entre sociedade civil e representantes do poder público para a gestão de parcelas da coisa pública que dizem respeito ao atendimento de demandas sociais.
A partir da Eco-926, as ONGs organizaram-se em reuniões paralelas e ocuparam
grande espaço nos meios de comunicação, com a presença dos exilados políticos que
retornavam ao país, assumindo tais projetos coletivos identificados com as lutas populares.
6 A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como
ECO-92 ou Cúpula da Terra, foi realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992, tendo reunido mais de cem chefes de Estado para debater formas de desenvolvimento sustentável. O documento gerado apresenta as discussões sobre um modelo de crescimento econômico menos consumista e mais preocupado com questões ambientais.
21
Na década de 1990 aconteceu uma sensível reconfiguração da relação do Estado com
as ONGs, bem como de sua forma de participação. Já distantes dos movimentos sociais, elas
assumiram o papel de dialogar com o Estado. Passaram a atuar como parceiras das ações
governamentais, em entidades privadas, com trabalhos voluntários e solidários. Absorveram
os temas sociais que até hoje estão fortes e presentes nos movimentos sociais, mas passaram a
ter espaços próprios, apoiados por leis, colocando-se como porta-vozes das populações
carentes na defesa de seus direitos.
A nova trajetória que se firmava no processo de reforma do aparelho estatal
brasileiro, iniciado em 1995, acenava para um novo tipo de sociabilização: a descentralização
do poder para dar maior autonomia às políticas públicas locais. Dessa forma, foi repassada às
ONGs e entidades civis a quase totalidade dos programas da área social. Restou clara a
intenção do Estado de reduzir suas atribuições, optando por parcerias com a sociedade civil,
transferindo-lhe a execução de políticas sociais que ele próprio não mais poderia sustentar,
com vistas a dividir os custos e a responsabilidade social.
Desse modo, a importância da participação da sociedade civil se fez não apenas por
ocupar espaços anteriormente atribuídos ao Estado, como também por democratizar a gestão
da coisa pública, como observa Gohn (2008b).
1.2 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO
Com a crise do modelo econômico do pós-guerra, em 1974, quando a economia
mundial apresentou grande recessão, o paradigma do Estado de bem-estar social não mais
conseguia se manter, em virtude do desemprego e da consequente queda salarial. Se antes os
problemas sociais e econômicos eram amenizados pelo Estado, agora ele não mais podia
sustentar o sistema. Embora anteriormente economistas e empresários apoiassem a
intervenção do Estado na proteção da indústria doméstica e na criação de empresas estatais
nos setores em que o capital privado se revelava incapaz, nesse momento passaram a ser
favoráveis à privatização. Ou seja, o Brasil entrava em outro ciclo de intervenção do Estado.
Em seu livro Crise econômica e reforma do Estado no Brasil, Luiz Carlos Bresser-Pereira
(1996, p. 70) afiança que seria necessário “reduzir, compactar, contrair a estrutura do Estado
para superar a crise fiscal e criar condições para um novo estágio de desenvolvimento”.
No Brasil, a reforma do Estado surgiu como alternativa para liberar a economia,
então agravada com o desemprego e a pobreza crescente, conduzindo-a para uma nova etapa
22 em direção à globalização. Tal reforma foi impulsionada pelas instituições financeiras: Banco
Mundial, Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) e Fundo
Monetário Internacional (FMI), que vincularam a ajuda ao nosso país a exigências de
mudanças nas políticas econômicas e sociais aqui praticadas. Na realidade, era um ajuste
estrutural diante da crescente dívida externa, combinada às altas taxas de inflação e taxas de
juros internas que impediam o crescimento do país. Assim, esses agentes financiadores
internacionais pediram uma rigorosa disciplina fiscal, com redução de gastos e reformas
tributárias.
Como se percebe, a preocupação fundamental do Banco Mundial era com o
aprofundamento do processo de abertura comercial, a desregulamentação das relações entre
capital e trabalho, a privatização das empresas, o aumento da poupança interna por meio de
reformas fiscais, a reforma previdenciária, a reforma educacional e a implantação de
programas sociais mediante ONGs, tudo dentro da lógica neoliberal. Para o Estado brasileiro,
não existia alternativa viável além da reforma de sua administração e da redefinição do modo
de intervenção na economia para recuperar seu poder de governança.
O governo Fernando Henrique Cardoso foi pressionado a adotar as bases do
Consenso de Washington7 e promoveu uma série de reformas. A mais importante foi a
reforma fiscal, pela qual a União assumiu as dívidas de todos os estados e municípios e as
securitizou. A dívida da União, que era de U$ 650 bilhões e lastreada pela taxa Selic com
juros de 43% ao ano, duplicou em menos de um ano. O FMI exigiu também a implantação da
Lei de Responsabilidade Fiscal, impondo tetos de endividamento aos estados e municípios. O
governo da União foi obrigado a comprometer 60% a 70% de seu orçamento somente para
pagamento da imensa dívida assumida, e assim todos os demais serviços básicos, como
educação, saúde e previdência, foram abandonados, numa época em que o crescimento
econômico foi praticamente nulo.
Para Bresser-Pereira (1996, p. 22), havia a necessidade de mudanças porque “um Estado que está falido, que não dispõe de poupança pública, que é cronicamente vítima do
déficit público, é um Estado fraco [...] um Estado doente, pois o governo não dispõe dos
recursos fiscais para governar”. O ex-ministro afirmava que o objetivo não era enfraquecer o
7 A expressão “Consenso de Washington”, utilizada para consolidar o neoliberalismo, nasceu em 1989, criada
pelo economista inglês John Williamson, ex-funcionário do Banco Mundial e do FMI. Em conferência no Institute for International Economics (IIE), em Washington, Williamson listou políticas preconizadas pelo governo dos Estados Unidos para a crise econômica dos países da América Latina. Por decisão do Congresso estadunidense, as medidas do Consenso de Washington foram adotadas como imposições na negociação das dívidas externas dos países latino-americanos. Acabaram se tornando o modelo do FMI e do Banco Mundial para todo o planeta.
23 Estado, mas sim permitir um sistema produtivo que fosse competitivo, em qualidade e custo,
diante dos outros mercados, apontando sempre para um modelo de Estado social-liberal capaz
de estimular e preparar o país para a globalização.
A articulação da reforma do Estado teve três princípios reguladores: o do Estado e o
do mercado – que saíram reforçados – e o terceiro princípio, o da comunidade, que redefiniu
outro tipo de participação social, trazendo a solidariedade e o trabalho voluntário, conceitos
estes fora do marco filantrópico e articulados às novas redes de sociabilidade mediadas pelo
Estado. A nova formatação da seguridade social estava subordinada à participação da
sociedade e à descentralização político-administrativa. Dileno Souza (2009, p. 110) define a
reforma do Estado como “a privatização do conceito de cidadania construída, fortalecendo o
espaço privado, usando a simbologia da eficiência, competência e respeito à democracia e aos
direitos dos cidadãos a partir da visão de consumo”.
Gohn (2008b, p. 90) mostra que “é inaugurada uma nova era de fazer política na
gerência dos negócios públicos”. A cultura passava a se centrar na gerência dos projetos,
assimilando novos mecanismos de gestão, por meio da introdução da avaliação de
desempenho, do controle por resultados, do foco na satisfação do usuário e do controle de
custos. As palavras de ordem das entidades agora eram eficiência e produtividade na gestão
de projetos sociais, para que pudessem gerir os recursos recebidos pelo poder público.
A partir desse momento, também, as entidades deveriam contar com pessoal
qualificado para elaborar projetos que trouxessem resultados. Dessa forma, nas entidades,
saíam da cena os militantes com engajamento sociopolítico para dar lugar a pessoas
contratadas em função do discurso das habilidades e competências para assumir as
responsabilidades que o Terceiro Setor quis criar como representação.
As ONGs passaram, então, a fazer parte da estrutura funcional do Estado, na medida
em que se comprometeram com a prestação de assistência em áreas que antes eram de
responsabilidade do Estado. Elas tentaram criar a imagem de organizações bem-sucedidas na
solução dos problemas sociais, pulverizando as ações do Estado para com a sociedade. Na
qualidade de parceiras mediadoras entre a sociedade e o Estado, várias ONGs deslocariam seu
eixo de articulação, para não mais apoiar reivindicações e lutas populares dos movimentos
sociais, como faziam anteriormente, e sim inserir essas reivindicações como demandas,
apresentando-se como qualificadas para atendê-las.
Com a Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998, foi implantado o Programa Nacional de
Publicização, que definia a forma como se substituiria uma entidade pública por uma entidade
24 particular qualificada como “organização social” (BRASIL, 1998). Criando uma nova figura
jurídica, de regime e de natureza diversos, a organização social (OS) transformava as antigas
entidades assistenciais que pertenciam à administração pública, passando a serem de direito
privado. Segundo Hely Meirelles (2002, p. 360-361),
[...] o objetivo da criação da figura das Organizações Sociais foi encontrar um instrumento que permitisse a transferência para elas de certas atividades exercidas pelo poder público e que melhor o seriam pelo setor privado, sem necessidade de concessão ou permissão. Trata-se de uma nova forma de parceria, com a valorização do chamado terceiro setor, ou seja, serviços de interesse público, mas que não necessitam ser prestados pelos órgãos e entidades governamentais.
Nesse sentido, as OS são instituições particulares sem fins lucrativos constituídas,
por um lado, para exercer atividades públicas e, por outro lado, como forma de envolver a
sociedade civil nos rumos da reforma do Estado.
1.3 O TERCEIRO SETOR COMO ALTERNATIVA DE SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS
SOCIAIS
Para a obtenção do certificado de prestação de serviços sociais, o conceito de
Terceiro Setor trazido pela legislação enquadra qualquer organização que não seja comercial,
sindicato ou partido político. São inúmeras as discussões acerca da polissemia do termo
Terceiro Setor, inserido no contexto neoliberal para a formulação de políticas de obtenção de
recursos para os projetos sociais. Tal pluralidade é fruto de tendências que se formaram na
segunda metade dos anos 1980, com o crescimento dos novos movimentos sociais na
sociedade civil. As entidades criadas refletiam esse processo e representavam determinado
papel por meio de sua intervenção na construção desses movimentos e grupos diversificados,
mas traziam a marca de valores universalizantes de cidadania. Assim, pode-se dizer que o
Terceiro Setor foi construído a partir de um recorte do social nas esferas do Estado (Primeiro
Setor), do mercado (Segundo Setor) e da sociedade civil.
Teoricamente, ao Primeiro Setor, o Estado, cabe promover o bem comum,
arrecadando impostos para transformá-los em bens e serviços ao cidadão. O Segundo Setor, o
mercado, é constituído por organizações da iniciativa privada, com fins lucrativos, que
ofertam bens e serviços à sociedade. O Terceiro Setor seria constituído de organizações da
iniciativa privada sem fins lucrativos. Sua natureza seria solidária, construída na parceria e na
25 concessão voluntária, direcionada às questões que atingem a coletividade. Mas, sabe-se que
entre a teoria e a viabilidade prática há uma distância enorme.
Como afirma Gohn (2008b, p. 60, grifo da autora), “o Terceiro Setor é um tipo
Frankenstein: grande, heterogêneo, construído de pedaços, desajeitado, com múltiplas
facetas”. Pode ser visto como uma resposta das estratégias neoliberais, de um lado, à
mobilização dos movimentos sociais e, de outro lado, ao desmantelamento de políticas sociais
do Estado, desobrigando-o de investimento na área social e trabalhando em uma perspectiva
de parceria para captação de recursos em prol da sociedade civil. Ainda de acordo com Gohn
(2008b), o Terceiro Setor traz a figura do público não estatal, constituindo uma nova cultura
política, sobretudo nas questões sociais, em todas as esferas de governo: federal, estadual e
municipal.
Com o propósito de caracterizar o Terceiro Setor em suas relações de construção, o
presente estudo recorre a alguns autores, como Rubens Cezar Fernandes (2005, p. 27), que o
descreve como um composto de:
[...] organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito não governamental, dando continuidade às práticas tradicionais da caridade, da filantropia e do mecenato, expandindo seu sentido para outros domínios, graças, sobretudo, à incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil.
A definição de Fernandes posiciona a filantropia em oposição à caridade e relaciona
cidadania ao mecenato, alternando situações de conflito, cooperação e indiferença. Diz o
autor serem situações que ainda estão em processo de mutação, perdendo a dureza da
contradição radical para dar lugar a um jogo de relações complementares.
Ainda no mesmo texto, Fernandes (2005) indica quatro principais pontos para
identificar e distinguir a natureza dos componentes do Terceiro Setor:
1) “Faz contraponto com as ações de governo, ressaltando a ideia de que os serviços
públicos podem ter parcerias com a iniciativa privada” (FERNANDES, 2005, p. 29). A
concepção defendida pelo autor traz implicações profundas para a cultura política do Estado.
2) “Faz contraponto com as ações de mercado, abrindo o campo do interesse coletivo
para a iniciativa particular, emprestando uma nova visibilidade, uma vez que os indivíduos
sempre foram chamados para contribuir para o „bem comum‟” (FERNANDES, 2005, p. 29). Novamente, o autor traz a noção de cidadania, em que a iniciativa privada é pressionada a
tornar-se consciente de suas obrigações cidadãs, a estar mais aberta a resultados em longo
prazo, com investimentos sem fins lucrativos.
26
3) “Empresta um sentido maior aos elementos que o compõem (Estado X mercado X
sociedade civil)” (FERNANDES, 2005, p. 29). O autor aponta para uma noção de
complementaridade entre as ações públicas e privadas que só será possível se as instituições
trouxerem a ideia de voluntariado como expressão cidadã, formando um mercado específico
de trabalho sem fins lucrativos, em práticas de solidariedade.
4) “Projeta uma visão integradora da vida pública” (FERNANDES, 2005, p. 29), ou melhor, uma visão combinatória. O autor mostra-nos que essa relação só será possível se a
dinâmica de tais organizações sem fins lucrativos assimilar que elas são geradoras de histórias
possíveis e apoiadas por um sistema legal que regulamenta os limites das ações voluntárias.
Fernandes enfatiza essa complementaridade entre os três setores como responsável nessa nova
cultura política.
Para Ruth Cardoso (2005, p. 8), o conceito de Terceiro Setor é caracterizado pelo “espaço que não é Estado nem mercado, cujas ações visam o interesse público: iniciativas
sem fins lucrativos, filantrópicas e voluntárias”. Nesse espaço, haveria duas ações: a de
participação e a da experimentação de novos modos de pensar e agir na realidade social.
Nesse ponto, Cardoso (2005) e Fernandes (2005) concordam com o rompimento da
dicotomia público e privado e entendem o Terceiro Setor como um enriquecimento da
dinâmica social em que se potencializam energias privadas da sociedade civil com iniciativas
governamentais. Cardoso (2005) apresenta o Terceiro Setor como caminho para uma ação
social consequente e eficaz, porque o Estado se tornou inoperante e distante; e o mercado, por
si mesmo, não teria interesse nas demandas sociais. Na perspectiva desse autor, não é um
processo de desresponsabilização do Estado, pois ele deve, sim, garantir os direitos básicos e
universais, mas, com a participação do Terceiro Setor, poderá combater os desequilíbrios
historicamente consolidados.
O lugar das ações de governo, a meu ver, está claramente demarcado. Cabe ao governo garantir os direitos essenciais e universais dos cidadãos, os quais, por sua vez, podem e devem exigir que isso se faça de modo eficiente e qualitativo. No Brasil o papel da sociedade civil foi bastante significativo na defesa dos direitos básicos de cidadania quando eles não estavam garantidos. Hoje é tarefa e responsabilidade dos ministérios governamentais assegurar o acesso à educação, à saúde, ao trabalho e à cultura a todos os cidadãos deste país. (CARDOSO, 2005, p. 10)
Acreditando na necessidade dessa atuação conjunta, Cardoso (2005) liderou o
programa Comunidade Solidária, que comprometia governo e sociedade civil, por meio de
novos espaços de interlocução, a promover e mobilizar recursos, desenvolvendo ações
27 pontuais juntamente com o conselho das comunidades descentralizadas, voltadas ao âmbito
municipal, apoiando e criando centros de voluntários que seriam elos entre os que querem
doar e os que precisam desse trabalho. O programa foi criado com o propósito de substituir as
diversas instituições de ação social pelo modelo neoliberal de política social, que predomina
até hoje no Brasil.
No pensamento de Lester Salamon (2005), o Terceiro Setor é composto de
organizações estruturadas, localizadas fora do aparato formal do Estado, que não são
destinadas a distribuir lucros auferidos com suas atividades entre seus diretores ou entre um
conjunto de acionistas. De acordo com essa definição, o autor esclarece as cinco
características nas quais as instituições devem enquadrar-se:
1) estruturadas: possuir uma formalização de regras e procedimentos, excluindo-se as
que não apresentam uma estrutura formal (definição legal);
2) privadas: não ter nenhuma relação institucional com governos, embora recebam
recursos (definição econômica);
3) não distribuidoras de lucros: não distribuir lucro gerado entre os proprietários e
dirigentes. O que as distingue é o fim dado ao dinheiro, como missão da instituição (definição
de propósitos);
4) autônomas: possuir meios para controlar sua própria gestão, não sendo
controladas por entidades externas (definição de caráter público);
5) voluntárias: envolver um grau de participação de voluntários no trabalho
desenvolvido de forma direta nas soluções dos problemas sociais (definição do voluntariado).
Salamon (2005) enfatiza também que o Terceiro Setor é fonte de renovação do
espaço público em uma ação concreta, no resgate da solidariedade e da cidadania, vindo a
multiplicar as possibilidades de mobilizar energias humanas e recursos financeiros para
promover mudanças nos problemas sociais, bem como o realinhamento entre o público e o
privado e a estruturação da esfera pública para atender ao mercado.
Ainda para Salamon (2005), o Terceiro Setor é grande desafio, tanto governamental
como empresarial. Na medida em que ele se empenha para a solução dos problemas sociais,
necessita aperfeiçoar seus sistemas de administração e desempenho, uma vez que a missão
organizacional está na conduta ética e legal. Segundo o autor, o Terceiro Setor traz uma visão
de que as ações entre público e privado são compartilhadas em benefício público para a
recomposição do espaço da sociedade civil. Observa-se que o autor busca legitimar o modelo
de política social que transfere as ações para a iniciativa privada.
28
A ideia de que o Terceiro Setor é saída para todos os males de uma sociedade não é
unânime: existem outros olhares sobre a questão. Em sua obra Terceiro Setor e questão
social, Carlos Montano (2010) afirma que o debate sustentado pelos pressupostos do Terceiro
Setor oculta uma ideologia de funcionalidade para com o projeto neoliberal no enfrentamento
da questão social, inserido no atual processo de reestruturação do capital. Para o autor, o
Terceiro Setor configura, tanto na esfera do capital como na da responsabilidade social, uma
retirada paulatina dos compromissos do Estado, tanto nas ações sociais como nos ganhos dos
trabalhadores, nos seus direitos e cidadania. Mostra-se relevante o posicionamento crítico
desse autor, que alerta para o descomprometimento gradativo do Estado e uma possível fonte
de lucro, no longo prazo, para o capital privado.
Segundo Andrés Thompson (2005), em seu artigo Do compromisso à eficiência?, o
enfoque político que caracteriza o Primeiro Setor está estruturado ao redor do poder; o
enfoque econômico trazido pelo Segundo Setor é o lucro; e o do Terceiro Setor são as
necessidades da sociedade civil.
Gohn (2008b) também destaca a importância que o Terceiro Setor vem ganhando na
sociedade e cita suas contraditoriedades. De um lado, ações politizadas, articulações e
reivindicações por direitos sociais, políticos, culturais e por uma nova cidadania; de outro,
operacionalização de um novo segmento da economia, com movimentação de recursos,
lucratividade e geração de empregos, contribuindo para a privatização dos serviços e áreas
públicas.
É nessa sociedade civil, com suas contradições e seus espaços de educação não
formal, que reside o foco do nosso objeto de pesquisa: os projetos sociais que atuaram com a
linguagem da arte, em práticas com jovens das organizações do Terceiro Setor da cidade de
São Paulo, no período de 2000 a 2010.
1.4 ENTIDADES ASSISTENCIAIS E CULTURAIS COMO UM NOVO ESPAÇO
PÚBLICO DENTRO DO UNIVERSO DO TERCEIRO SETOR
Em seu trabalho de mapeamento quantitativo publicado no livro Não fronteiras:
universos da educação não formal, Gohn (2007) revela que o universo das entidades do
Terceiro Setor que se dedicam ao trabalho de integração sociocultural incluídas no gênero
ONG é rico e variado, evidenciando que a ação social pode-se dar por meio de vários
instrumentos juridicamente distintos, com vistas a um mesmo resultado,
29
O termo ONG – segundo consta, usado pela primeira vez pela Organização das
Nações Unidas (ONU) em 1945 – referia-se a qualquer entidade ou organização social que
não estivesse vinculada ao poder público. Hoje, a sigla ainda resiste, designando entidades
privadas que possuem finalidade pública, sem fins lucrativos, ou seja, são as OS que, sem
visar ao lucro ou a interesse diverso, dedicam-se a realizar um trabalho benéfico à sociedade
em geral.
As ONGs têm forma de existência jurídica diversificada, podendo ser constituídas
como associações, fundações, institutos ou federações. A Constituição Federal (BRASIL,
1988) prevê a existência das ONGs e isenta de vários tributos as que se destinam a atividades
de assistência social sem fins lucrativos, característica que, aliás, tem repercussão maior na
legislação infraconstitucional, como veremos mais adiante.
Na classificação usada pelos juristas, o termo “organização sem fins lucrativos”
aplica-se a empresas privadas que não têm o propósito de gerar lucro. Recorremos ao disposto
no Código Civil brasileiro (BRASIL, 2002) e lá encontramos suas definições e formas legais.
1.4.1 Associação
Associação é uma união de pessoas que se organizem para fins não econômicos, ou
seja, trata-se de um grupo de indivíduos que se organizam com uma finalidade em comum,
para realizar algo sem motivação econômica. Porém, mesmo que o objetivo não seja
econômico, em regra costuma existir uma finalidade patrimonial nessas entidades, algo que
lhe traz uma vantagem física, comumente o aumento do patrimônio.
Para citar exemplos, podemos considerar os clubes esportivos, frequentemente
constituídos em forma de associação, entidades cuja finalidade é proporcionar lazer a seus
associados e que sobrevivem da cobrança de mensalidades associativas mais as receitas
decorrentes de sua própria atividade. Outras possuem fim associativo e assistencial, ou seja,
visam a prestar benefícios a determinado segmento social que seja, de alguma forma, carente.
Tais associações captam recursos de diversas fontes e os aplicam exclusivamente em suas
atividades assistenciais, evidentemente com algum investimento em sua estrutura, para melhor
atender à camada social a que se dirigem.
O que distingue as associações que nos interessam das que não fazem parte do
universo estudado é exatamente a finalidade, ou seja, conforme diz o texto constitucional, são
aquelas que se constituem como “instituições de educação e de assistência social” (BRASIL,
30 1998, art. 1º). Importam-nos as entidades que se voltam a promover a integração social por
meio da arte, entre as quais se incluem algumas associações.
1.4.2 Fundação
São formadas por uma dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se
destinam. As fundações são resultado, portanto, da destinação de um patrimônio, que pode ser
formado por imóveis, equipamentos, mobiliário ou mesmo dinheiro, documentadamente
destinado à realização de alguma finalidade. Se essa finalidade tiver em sua essência a
contribuição social, seja assistencial, seja promocional, seja de integração das pessoas, a
entidade será considerada uma ONG. Vale ressaltar que fundação não é entidade societária,
não se caracteriza pela reunião de pessoas, e sim por um patrimônio destinado a determinado
objetivo.
Para que se inclua no elenco de ONGs, a fundação não pode ser criada ou mantida
pelo poder público, seja mediante administração direta, seja indireta, pois nesses casos seria
entidade pública. Para ser ONG, deve ter caráter eminentemente privado, ou seja, sem
interferência estatal.
A finalidade a que se destina a entidade, para caracterizar uma ONG, deverá ser de
natureza social, ou seja, estar voltada para atividades que promovam a integração do cidadão à
sociedade, ou que beneficiem o conjunto social de alguma forma, evidentemente sem
nenhuma intenção lucrativa. Existe hoje um grande número de ONGs caracterizadas como
fundações, sobretudo pela conscientização sobre a responsabilidade social dos grupos
econômicos, que passaram a investir no universo social, contribuindo, dessa forma, para o
desenvolvimento da sociedade. É comum, atualmente, encontrar fundações mantidas por
indústrias, instituições financeiras, comerciais ou por doações de pessoas com grande
patrimônio.
1.4.3 Instituto
São de grande valia as palavras de Paulo Haus Martins, em artigo sobre as
instituições não públicas voltadas ao trabalho social, quando assim se expressa:
No mundo do direito privado, que é onde se encontra o Terceiro Setor em matéria
societária, não conheço definição legal para instituto. Pode-se fazer uma fundação com nome
31 de instituto, uma cooperativa, uma ONG, uma OSCIP, enfim, qualquer coisa. Instituto é um
nome, uma designação, não uma figura jurídica (MARTINS, 2002, p. 1).
Apesar de encontrarmos quantidade considerável de entidades de caráter
sociopromocional com a designação de instituto, perante o Direito elas sempre serão
fundações, sociedades ou associações, não existindo definição legal para tal denominação.
1.4.4 Organização social
Em 1998 foi aprovada e sancionada a Lei nº 9.637, que até hoje vigora e trata da
publicização das atividades privadas, ou seja, alguns serviços públicos obrigatórios passariam
a ser desenvolvidos por entidades privadas, sob a supervisão do poder público (BRASIL,
1998). Por previsão constitucional, o Estado tem diversas obrigações para com os cidadãos, e
deve cumpri-las diretamente ou por intermédio de terceiros. Estudos técnicos concluíram que
algumas dessas atividades voltadas para a integração sociocultural poderiam ser prestadas
eficientemente se fossem delegadas a entidades privadas, que, por sua vez, substituiriam o
Estado no cumprimento da obrigação.
Na verdade, tais instituições, embora privadas, têm na administração uma parcela de
representantes do poder público, conforme prevê a lei mencionada, compondo seus conselhos
de administração (BRASIL, 1998, artigo 3º, inciso I, a), o que demonstra claramente uma
gestão conjunta entre a iniciativa privada e o poder público. Ainda conforme a lei, essas
entidades não devem nem podem ter fins lucrativos e têm de investir possíveis superávits na
própria atividade desenvolvida. O objetivo da lei é permitir, de forma segura, que entidades
privadas especializadas sem fins lucrativos possam prestar determinados serviços que seriam
de responsabilidade do poder público em parceria com este. Por esse instituto jurídico, o
poder público fornece recursos e a entidade presta o serviço.
1.4.5 OSCIP
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) é um título que
certifica o reconhecimento, pelo poder público, do caráter social relevante de uma entidade
privada que presta serviços à população. Trata-se de um atestado de idoneidade social de uma
entidade privada voltada à assistência, à integração ou à promoção do ser humano na
sociedade civil.
32
A denominação Oscip pode ter variadas formas jurídicas de existência, mas
distingue-se por cumprir os dispositivos instituídos por lei para exercer sua finalidade em
parceria com o Estado. Podemos ver Oscips em forma de associação, de fundação e mesmo
de sociedade. O essencial é que asumam uma das 12 atividades elencadas na Lei Federal nº
9.790/99 (BRASIL, 1999) para que possam pleitear seu reconhecimento.
O reconhecimento, porém, não se resume apenas à atividade exercida pela entidade.
Deverá ela, também, cumprir uma série de requisitos estatutários previstos na mesma lei e se
submeter à fiscalização permanente do Estado enquanto exercer sua finalidade. Assim,
poderá, entre outros benefícios, firmar parcerias com o poder público e dele receber subsídios.
As Oscips diferem das OS, pois estas prestam serviços públicos como entidades de
administração mista, enquanto aquelas continuam com seu caráter eminentemente privado,
preenchendo lacunas deixadas pelo Estado. Mais especificamente, as OS executam tarefas
que o poder público poderia efetivar, porém o fazem autorizadas por lei; já as Oscips prestam
serviços que interessam ao Estado, mas que não são fornecidos por ele.
A legislação que prevê a existência das Oscips, mais especificamente a Lei Federal
nº 9.790/99, delimita as condições para que uma entidade possa receber o certificado de
Oscip, tanto em relação ao disposto em seus estatutos como no que diz respeito ao tipo de
entidade pleiteante, assim dispondo:
Art. 3º A qualificação instituída por esta lei, observado, em qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das organizações, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham, pelo menos, uma das seguintes finalidades: I – promoção da assistência social; II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta lei; IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta lei; V – promoção da segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do voluntariado; VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos socioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais;
33
XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo. Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele previstas configura-se mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins (BRASIL, 1999).
Basicamente, a lei relaciona apenas as entidades dedicadas à assistência social, à
promoção cultural e educacional, assim como ao desenvolvimento da cidadania nos
segmentos sociais mais necessitados, e tudo isso de forma gratuita. Podemos notar que a lei
veda expressamente o reconhecimento de entidades que não convêm ao objetivo legal,
excluindo do rol das credenciadas aquelas que possam ter, por trás da fachada beneficente ou
promocional, algum interesse lucrativo ou vantajoso, mesmo que velado. Portanto, não
permite que entidades ligadas a atividades não relacionadas no artigo 3º se credenciem como
Oscip. Também fica vedado o credenciamento a entidades que tenham sua existência
dependente ou vinculada ao poder público, pois a credencial se destina exclusivamente a
instituições privadas (BRASIL, 1999).
O teor do artigo 2º da mesma lei é explícito e, portanto, merece transcrição:
Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de qualquer forma às
atividades descritas no artigo 3o desta lei:
I – as sociedades comerciais; II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional; III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações; V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; VI – as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados; VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras; VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras; IX – as organizações sociais; X – as cooperativas; XI – as fundações públicas; XII – as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por fundações públicas; XIII – as organizações creditícias que tenham quaisquer tipos de vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o artigo 192 da Constituição Federal (BRASIL, 1999).
34
Quanto à forma de administração, prevista nos estatutos, as entidades que pretendem
credenciar-se como Oscip são submetidas a exigências rigorosas. Isso tudo, todavia, não
impede a existência das entidades que não podem ou não pretendem se credenciar; apenas as
exclui do rol das instituições passíveis de firmar parcerias com o poder público.
1.4.6 Federação
Embora o conceito de federação seja mais utilizado para definir os estados federados,
a exemplo dos Estados Unidos e do próprio Brasil, o termo também serve para designar a
congregação de entidades de diversas áreas, como sindicatos, clubes esportivos e até entidades
religiosas. As federações têm caráter congregacional, ou seja, reúnem uma quantidade de
entidades de mesma espécie e sua finalidade é coordenar as atividades dessas instituições. Às
vezes, entidades de tal espécie ou com essa denominação exercem atividades de promoção e
integração social; porém, sua finalidade não é essa especificamente, e a atividade
desenvolvida caracteriza-se como um plus, um apêndice de sua existência e finalidade, não as
caracterizando como entidades típicas na prestação desse tipo de serviço. Sua função, como
dissemos, é coordenar as atividades das entidades que congrega, organizando-as, criando
regras de procedimento em seu relacionamento com as demais congêneres e determinando a
política de atividade de forma genérica. Não podem ser tomadas como entidades componentes
da classificação feita, mas podem exercer atividade paralela que interesse à pesquisa.
A sociedade civil cresceu e ampliou o leque de atores e de suas formas organizativas,
como resultado do cenário até aqui caracterizado, em que o Terceiro Setor, articulado a
empresas, bancos, redes de comércio e indústrias, passou a realizar projetos junto à
população, em parceria com o Estado. Equipes de profissionais são formadas a partir de
experiências práticas, em que se observa o pragmatismo experimental, trabalhando de forma
diferente de outras entidades associativas civis de épocas anteriores. O trabalho é focalizado
em populações vulneráveis, de grupos pequenos, com projetos e com prazo determinado.
Apesar de ser o trabalho voluntário um apelo constante dessas entidades, muitas vezes
encontramos profissionais atuando como pedagogos e psicólogos.
Com base na contextualização das diversas denominações jurídicas, poderemos
enxergar as aproximações e distinções que as entidades escolhidas para a pesquisa apresentam
em suas peculiaridades.
35
2 CARTOGRAFIA DAS REFERÊNCIAS DO TERCEIRO SETOR DA CIDADE DE SÃO PAULO NO PERÍODO DE 2000 A 2010
Este capítulo trata do estudo quantitativo das entidades do Terceiro Setor que
trabalham com a linguagem da arte; neste momento, apresento a pesquisa de coleta dos dados,
relacionando as entidades por atividade e por localização.
O mapeamento de dados coletados sobre as entidades do Terceiro Setor da cidade de
São Paulo no período de 2000 a 2010 teve como metodologia o estudo quantitativo, cuja base
documental foram as entidades cadastradas na Coordenadoria da Juventude, órgão municipal
ligado à Secretaria de Participação e Parceria, na qualidade de dados oficiais e referendados
pela Prefeitura do Município de São Paulo (Anexo A). O perfil dos registros cadastrados na
fonte utilizada mostra que são 422 entidades no período, porém, com distintas caracterizações,
agregando diferentes práticas e organizações. Por exemplo, universidades privadas e casas de
saúde particulares encontram-se também cadastradas, junto com associações e federações
populares, quanto ao acesso a benefícios e subsídios governamentais referentes ao Terceiro
Setor, o que indica uma fragilidade nesse conceito, ao equiparar tais setores com ONGs e
OSCIPs.
Foram encontradas diversas nomenclaturas jurídicas:
Associação, com 220 registros (predominante);
Instituto, com 88 ocorrências;
Fundação possui 15 registros e, junto aos institutos, são ligadas a empresas,
bancos e redes comerciais;
Sociedade amigos de bairro, 19 ocorrências;
Congregações religiosas apresentaram 4 registros;
Clube de mães, creches e lares de crianças são denominações também
utilizadas e apresentaram 30 registros;
Centros culturais, recreativos, esportivos, religiosos e profissionalizantes que,
em sua denominação, já mostram sua finalidade, possuem 38 registros;
Uma federação: a Federação Paulista de Futebol;
Uma entidade do Sistema “S”, o Serviço Nacional de Aprendizagem de
Trânsito (SENAT);
Finalmente, as entidades que utilizam as expressões OSCIP e ONG em sua
denominação: 6 registros.
36
A Tabela 1 e o Gráfico 3 mostram os registros das entidades descritas.
Tabela 1 – Tipos de entidades cadastradas na Prefeitura de São Paulo
Tipos Total Percentual
Associações 220 52,1
Institutos 88 20,9
Fundações 15 3,6
Sociedades amigos de bairro 19 4,5
Congregações religiosas 4 0,9
Clubes de mães e creches 30 7,1
Centros culturais, esportivos, profissionalizantes 38 9,0
Federações 1 0,2
Sistema “S” 1 0,2
ONGs e Oscips 6 1,5
Total de registros na prefeitura 422 100,0
Fonte: a autora, com base em dados da pesquisa (2013).
Gráfico 3 – Percentual de tipos de entidades cadastradas na Prefeitura de São Paulo Fonte: a autora, com base em dados da pesquisa (2013).
37
2.1 ÁREAS DE ATUAÇÃO DAS ENTIDADES
Normalmente, as áreas de atuação das entidades do Terceiro Setor encontradas na
pesquisa são reveladas em sua própria autodenominação, assim temos:
→ Assistencialistas: procuram satisfazer necessidades básicas para a integração das
famílias na sociedade, distribuindo remédios, cestas básicas e fazendo encaminhamento
médico. Entre elas incluem-se associações, creches, clubes de mães, centros comunitários.
Todas são instituições que exercem práticas tutelares.
→ Educacionais: abrigam jovens cujas vidas são marcadas por crescente
descontinuidade em relação aos estudos, deixando-os vulneráveis em sua autoestima e
formação de identidade. Essas entidades trazem práticas curriculares de ensino e
aprendizagem aos que querem retomar seus estudos. São denominadas associações, centros e
institutos.
→ Religiosas: apresentam a formação religiosa como condição em seus projetos, e
tratam de jovens cuja realidade socioeconômica é precária. Apostam na contribuição da
religião para ampliar as possibilidades desses jovens de organizar projetos de vida. Essas
atividades na área confessional são trabalhadas em associações, centros e institutos em que há
predominância da religião católica, mas também protestante, espírita e outras.
→ Profissionalizantes: vêm suprir os constrangimentos da falta de emprego a jovens
que não tiveram oportunidades, proporcionando oficinas de formação cujo objetivo é o
desenvolvimento de habilidades específicas e o aprendizado de um ofício para inclusão no
mercado de trabalho. Recebem a denominação de associações, centros e institutos.
→ Comunitárias: não têm em seu trabalho apenas o foco assistencial e tutelar para a
comunidade em que se instalam, mas também oferecem práticas educacionais relacionadas a
esportes e artes, que possam vir a contribuir na formação de atitudes e valores dos jovens
participantes em situação de risco psicossocial, deficientes, moradores de rua e dependentes
químicos. Em geral, são denominadas associações, centros comunitários e sociedades amigos
de bairro.
→ Esportivas: trabalham com jovens carentes, viabilizando oportunidades e
sinalizando perspectivas de formação técnico-profissionalizante nas diversas modalidades
esportivas, para a formação de futuros atletas. Em geral, são denominadas associações,
centros, institutos e federações.
→ As que trabalham com arte: utilizam as linguagens artísticas como mediadoras do
processo de construção de cidadania e privilegiam, em suas oficinas, música, artes visuais,
dança e teatro. O foco desse eixo de atuação é “ensinar, observar, questionar, [...] estimular a
38 construir sua própria história, [...] descobrir sonhos e desejos [... ou] conscientizar a respeito
dos direitos do cidadão” (GOHN, 2007, p. 54). A inclusão da arte nas propostas pedagógicas
das entidades do Terceiro Setor visa à integração social do jovem carente e tem
desempenhado um papel de relevo nesses empreendimentos.
A Tabela 2 e o Gráfico 4 mostram o percentual de entidades cadastradas na
Prefeitura que utilizam a arte em seus projetos.
Tabela 2 – Entidades que utilizam a arte em seus projetos
Tipo de entidade Nº entidades Percentual
Associações 15 44,1
Institutos 11 32,5
ONGs e Oscips 6 17,6
Comunidades Educativo-Pastorais (CEP) religiosas 1 2,9
Centros de orientação e educação 1 2,9
Total de registros na prefeitura 34 100
Fonte: a autora, com base em dados da pesquisa (2013).
Gráfico 4 – Percentual de entidades que utilizam a arte em seus projetos Fonte: a autora, com base em dados da pesquisa (2013).
No Quadro 3, a seguir, foram identificados, no intervalo 2000-2010, 34 registros de
entidades do Terceiro Setor que trabalham atividades artísticas nos projetos voltados para a
inclusão de jovens na sociedade, como cidadãos.
39
Nome Registro (nº e ano)
1 Associação de Apoio ao Projeto Quixote – AAPQ 1188/06
2 Associação Bloco do Beco 1127/06
3 Associação de Olho no Futuro 1111/05
4 Associação Song of Love 1595/10
5 Associação Nova União da Arte 1401/08
6 Associação Amigos do Projeto Guri 0881/01
7 Associação Casa dos Curumins 1206/06
8 Associação Cidade Escola Aprendiz 1118/05
9 Associação Corrente Libertadora 1585/10
10 Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente Bom Pastor 1517/09
11 Associação Meninos do Toque do Tambor 1076/04
12 Associação Comunitária Micael 1168/06
13 Associação Morungaba 1336/07
14 Associação Internacional Arte sem Fronteiras 1192/06
15 Associação Casa do Bairro 1367/08
16 Centro de Orientação e Educação à Juventude (Projeto Sol) 0946/02
17 Commune Coletivo Teatral (Oscip) 1336/07
18 Doutores da Alegria – Arte, Formação e Desenvolvimento (ONG) 1089/04
19 Futurong Ação Sociocultural (ONG) 1161/06
20 Grupo de Apoio ao Idoso, Infância e Adolescência – Gaia (Oscip) 1119/05
21 Imagemágica (Oscip) 0888/01
22 Instituto Ayrton Senna 1155/06
23 Instituto Beethoven 1601/10
24 Instituto Cidadão Brasileiro Participativo – Icibap 1155/06
25 Instituto Criar de TV e Cinema 1154/06
26 Instituto Iochpe 1422/08
27 Instituto de Música Educação e Cultura Harold Berman Choro Blue 1558/10
28 Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural 1520/09
29 Instituto Pensarte 1228/07
30 Instituto Pombas Urbanas 1420/08
31 Instituto Religare Reciclagem Cultural e Social 1311/07
32 Obra Social Dom Bosco Comunidade Educativo Pastoral – CEP 1054/03
33 Obras Recreativas, Profissionais, Artísticas e Sociais – Orpas (ONG) 1324/07
34 Via Cultural – Instituto de Pesquisa e Ação pela Cultura 1413/08
Quadro 3 – Entidades que trabalham com arte em seus projetos Fonte: a autora, com base em dados da pesquisa (2013).
40 2.2 AMBIENTAÇÃO SOCIOECONÔMICA E GEOGRÁFICA DAS 34 INSTITUIÇÕES
QUE TRABALHAM COM ARTE
É significativa qualquer reflexão sobre a atuação das organizações em geral, entre
elas as entidades do Terceiro Setor nas grandes metrópoles, como São Paulo, pela importância
e grandeza que esta cidade representa, conforme comprovam as estatísticas publicadas a cada
censo. Megalópoles significam problemas maiores de gestão pública para lidar de modo
igualitário com os recursos e sua demanda. Entre as dificuldades, estão o tamanho e a
distribuição da população, o acesso e a ocupação geográfica, o fornecimento de serviços de
educação e saúde para todos e o acesso à cultura e ao lazer.
O crescimento desordenado, pela falta de planejamento, levou as comunidades e a
atividade econômica a caminharem geograficamente movidas por interesses e possibilidades
circunstanciais. Assim, junto ao núcleo inicial da cidade fixaram-se os fundadores e, com eles,
o centro do poder político e econômico. As chácaras e fazendas do início da cidade situaram-
se em seu contorno, o chamado cinturão verde, abastecedor de produtos hortifrutigranjeiros,
espalhando-se pelas várzeas de rios e córregos que a cortavam. Suas sucessoras, as indústrias,
instalaram fábricas e depósitos nas várzeas próximas, empurrando a agricultura de sustento
para mais longe.
A maior leva de mão de obra do Nordeste, do Centro-Oeste e do Norte do país veio
para São Paulo a partir dos anos 1950 para trabalhar na indústria, e foi se instalando em
terrenos situados entre o anel fabril e o cinturão verde, formando os bairros operários. A leva
seguinte, com muito mais migrantes, nos anos 1970 e 1980, na esteira do crescimento da
construção civil, não teve as mesmas facilidades, povoando os espaços disponíveis em
ocupações de áreas em litígio, públicas ou abandonadas pelos proprietários. Moravam em
favelas, além dos bairros operários, nas franjas da cidade ou, em menor quantidade,
incrustados nos bairros mais centrais (KOVARICK, 1994).
Nesse cenário, os recursos político-econômicos permaneceram próximos ao centro e
a comunidade mais carente, cada vez mais afastada.
No Mapa 1, a seguir, posicionamos a sede das operações das entidades do Terceiro
Setor que trabalham com arte na cidade de São Paulo, assinaladas com um triângulo
vermelho, conforme categorização (Apêndice A), identificando número e ano do registro na
prefeitura, sua localização, o público-alvo, os projetos e abordagens com arte. O mapa registra
em cores o perfil socioeconômico dos diferentes bairros do município.
41 Mapa 1 – Mapa socioeconômico por regiões da cidade de São Paulo – Oscips Fonte: a autora, com base em dados da pesquisa (2013).
O Mapa 1 ressalta a indicativa da preferência das OSCIPs pelas áreas mais
desenvolvidas e estáveis do centro político-econômico-cultural da metrópole – fronteira das
regiões Centro, Oeste e Sul, identificada pela cor verde-escuro. Ali se situam bairros como
Pacaembu, Higienópolis, Pinheiros e Jardins Paulista e América, onde estão os principais
escritórios das fontes de recursos e da geração de projetos, ou seja, onde se encontram os
principais financiadores (públicos e privados) e os provedores dos recursos para os projetos a
serem executados em escolas públicas situadas em áreas carentes.
Para a realização dos seus projetos, essas Oscips deslocam-se até as comunidades e
se retiram uma vez estejam eles concluídos, sem permanência local para acompanhamento da
evolução do resultado do projeto ao longo do tempo. A situação geográfica das Oscips no
município indica uma preocupação maior de seus gestores com a eficiência da operação, o
que poderá ser benéfico para a obtenção dos resultados. Se houver eficácia similar na
aplicação e no acompanhamento da execução dos projetos nas localidades onde são
executados, isso reverterá em benefícios à comunidade.
Prosseguindo na observação comparativa do mapa regional da cidade de São Paulo,
em que posicionamos a sede das operações das ONGs e CEP, assinaladas com um triângulo
vermelho, nota-se que muitas ONGs comunitárias e assistenciais, que também trabalham com
arte, estão instaladas nas regiões de maior demanda social – baixo perfil socioeconômico
(Mapa 2), mais nas bordas da cidade. Existem, também, bolsões de pobreza situados em
42 regiões mais ricas. Todavia, no cadastro da Secretaria de Participação e Parceria da Prefeitura
do município de São Paulo não havia nenhuma instituição que tivesse atuado nesses lugares
entre 2000 e 2010.
Mapa 2 - Mapa socioeconômico por regiões da cidade de São Paulo – ONGs e CEPs Fonte: a autora, com base em dados da pesquisa (2013).
Tais entidades foram constituídas, na quase totalidade, nas comunidades em que
atuam e contam com doações da própria comunidade, além das verbas públicas a elas
destinadas. Seus projetos são originados pela comunidade e nela focados, em caráter
permanente. Nas ONGs comunitárias e assistenciais, o trabalho dos educadores é quase
sempre voluntário.
Gráfico 7 - Distribuição geográfica das entidades do Terceiro Setor Fonte: a autora, com base em dados da pesquisa (2013).
43
O conjunto das duas análises dos mapas da cidade, marcando as regiões, e o Gráfico
7, que também sintetiza a distribuição das 34 instituições que trabalham com arte na cidade de
São Paulo, apresenta-as distribuídas pelas cinco regiões metropolitanas. Em uma análise
geográfica, podemos perceber maior concentração na Região Sul. Isso se deve à grande área
carente, correspondente ao antigo município de Santo Amaro, no entorno das Represas
Billings e Guarapiranga, até as franjas da Serra do Mar, onde se encontram bairros como
Grajaú e Jardim Ângela. As regiões Centro e Oeste alojam escritórios de um número
significativo de OSCIPs, além das ONGs comunitárias e assistenciais ali existentes. A
concentração das OSCIPs está na fronteira daquelas regiões com a Região Sul.
As regiões Norte e Leste, conforme o Gráfico 7, possuem instituições em menor
número e de diferentes categorias. Na Região Norte, elas se espalham em toda a área
geográfica e, na Leste, elas se situam próximas da fronteira municipal.
Na “Região Virtual”, se assim puder ser denominado o espaço atingido pela
tecnologia da informação, encontram-se instituições que utilizam esse recurso para se
aproximar de um maior número de assistidos, sem localização territorial determinada. São
instituições recentes e, caso acompanhem o crescente e acelerado uso dessa tecnologia pela
sociedade, deverão crescer em quantidade e diversidade dentro de uma futura amostragem.
2.3 REFLEXÕES SOBRE A CATEGORIZAÇÃO DOS DADOS COLETADOS
Após a coleta de dados, foi realizada uma categorização (Apêndice A), que detalha,
em seu protocolo, nome da entidade, ano e número de registro na prefeitura, endereço da sede
e abordagem da arte. Essa categorização traduz um panorama da realidade das entidades que
atuam com arte em São Paulo. Entrecruzei esses dados com visitas diretas, para verificar se o
que está colocado pelas entidades na internet é fruto de um discurso inócuo ou se realmente há
atividades culturais que mobilizem ações educativas nesses espaços de educação não formal.
No percurso, encontrei líderes da comunidade que lutaram com dificuldades para a criação de
ONGs, mas, motivados por ideais de crença na solidariedade, lutam por seus projetos, porque
realmente acreditam neles. Em contrapartida, algumas OSCIPs, em busca de parceiros
financeiros para levar seus projetos a escolas públicas, estão muito mais motivadas por ações
que tragam ganhos financeiros, procurando parceiros que vejam no projeto uma forma de
cumprir sua parcela de responsabilidade social, independentemente de resultados.
44
Para o jovem construir sua identidade, depende das perspectivas que esses espaços
oferecem. Essa relação se dá na esfera intersubjetiva de identificação com símbolos, linguagens,
mas também é resultado de uma experiência gregária, porque, como aponta Gohn (2008b, p. 31),
“os significados são aprendidos e apreendidos, socializados, identificados, configurados e
testemunhados por aqueles que defrontam com o outro”. Quando esses significados são
apreendidos, produzem no grupo discussões que provocam processos identitários.
Na pesquisa, as diferentes linguagens artísticas estão distribuídas da seguinte forma:
Gráfico 8 - Distribuição de linguagens da arte Fonte: a autora, com base em dados da pesquisa (2013).
Por meio dos dados do Gráfico 8, podemos notar que a música é a linguagem mais
utilizada com os jovens nas entidades do Terceiro Setor. Mas também a dança, o teatro e as artes
visuais fazem parte dos recursos utilizados como fio condutor de formação de cidadania. Em
algumas entidades, o artesanato ainda é forma de trazer uma renda pessoal.
Todo esse cenário leva-nos a perceber que os espaços voltados à educação não formal
que utilizam a arte como linguagem ainda são poucos. Os dados coletados indicam a necessidade
de ampliar a utilização das linguagens da arte, cada vez mais, em atividades e oficinas.
Quadro 4 – Linguagens da arte trabalhadas nas 34 entidades do Terceiro Setor – São Paulo, 2000-2010 Fonte: a autora, com base em dados da pesquisa (2013).
46 2.4 AS ARTES NO CENÁRIO DAS POLITICAS PÚBLICAS DA CIDADE DE SÃO
PAULO
Suscitar reflexões e debates que sirvam de esteio à pesquisa, para direcionar novas
ações de políticas públicas para a arte e cultura, é uma constante preocupação do meio
acadêmico. Porém, esses debates não acompanham efetivamente as políticas publicas sobre as
produções culturais e artísticas. Arte e cultura estão ligadas à educação formal e não formal,
tanto nas iniciativas das escolas como nas proposições das universidades e nas comunidades.
Mas não é só levar o espetáculo de teatro, musica ou dança às comunidades e escolas de
forma eventual, em épocas de eleição, mas sim dar oportunidades que mobilizem uma
aprendizagem pelo fazer artístico, desenvolvendo a sensibilidade, a cognição e o
conhecimento das diversas linguagens da arte.
O histórico da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo tem um discurso escrito
sobre ações culturais muito boas em intenções, mas que ficam à mercê de recursos que nunca
chegam, deixando no papel projetos de qualidade. Em 1912, por meio do Decreto-Lei nº
2.234, foi aprovado um projeto do deputado Altino Arantes que oferecia bolsas aos artistas
plásticos e músicos eruditos para se aperfeiçoarem na Europa, sobretudo em Paris e Roma.
José Freitas Valle assumiu a seleção dos participantes, junto com um conselho de importantes
figuras paulistanas ligadas à arte, como Francisco de Paula Ramos de Azevedo e Olívia
Guedes Penteado. As bolsas tinham a duração de cinco anos e os artistas comprometiam-se a
enviar relatórios de suas atividades e produções. Foram beneficiados com essa bolsa: Anita
Malfatti, Victor Brecheret, Francisco Mignone e João Souza Lima. Quando Freitas Valle foi
demitido, em 1931, o órgão foi reformulado, surgindo um conselho de orientação artística que
nada produzia de positivo (CUNHA, 2010).
Em 1935, a prefeitura criou o Departamento de Cultura e Recreação, idealizado por
Paulo Duarte e cuja diretoria foi entregue a Mário de Andrade. Esse departamento foi
composto de três divisões: o de Expansão Cultural, que abrigava teatro, cinema e música, com
programas educativos tanto infantis como adultos, trazendo a música erudita; a Divisão das
Bibliotecas, que se subdividia em municipal circulante e infantil e propunha um acervo de
recebimento de doações de livros por parte de empresas; a última divisão era a de Educação e
Recreio, que cuidava das áreas de atividades físicas e esportes, em parques municipais. E
também um Departamento de Documentação Histórica e Social, com a responsabilidade de
47 arquivamento, restauração, tradução e publicação de textos, dando origem à Revista do
Arquivo, que trazia os resultados das pesquisas etnográficas (CUNHA, 2010).
A cultura e as artes tiveram um pequeno avanço na época, com a criação desses
departamentos e com a consciência das necessidades da cidade, que Mário de Andrade
imprimia em seu trabalho.
Em 1937, o prefeito Fábio Prado lançou o projeto das casas de cultura, que consistia
em pequenos núcleos em bairros populares, com salas para bibliotecas e atividades artísticas.
Contudo, tal projeto nunca se concretizou, ficando apenas na intenção da ação.
Em 1938, o prefeito Prestes Maia cortou verbas para os programas culturais, pois
estava mais preocupado com a reforma urbana da cidade do que em liberar recursos para as
artes. No entanto, em seu mandato houve um evento importante: a criação do Corpo de Balé
Municipal, com sede no Teatro Municipal, oferecendo oportunidades às meninas de seguirem
uma carreira.
Tanto no período getulista como nos anos da ditadura militar, as atividades culturais
e artísticas somente atendiam a interesses políticos. Com a abertura política, no final da
década de 1970, foi criada, na gestão do prefeito Miguel Colassuono, a Secretaria de Cultura
do município, tendo sido implantada pelo seu sucessor, Olavo Setúbal.
Após 1988, com a nova Constituição, a Secretaria Municipal de Cultura iniciou uma
nova etapa, com a socialização dos bens culturais para as áreas periféricas, incentivando o
teatro e os espetáculos de música e dança em regiões com população em situação de exclusão
social.
Também foram fomentados, em bibliotecas e centros culturais, palestras, oficinas e
seminários sobre todas as linguagens da arte. Era possível notar uma linha para as políticas
públicas, mas essas práticas eram deficientes, por dependerem dos recursos escassos e de
pessoal não capacitado. Também contribuiu muito o rodízio de mandato a cada quatro anos,
impossibilitando a criação de formas para institucionalizar as ações culturais, pela dificuldade
de se manterem as práticas anteriores.
A prefeita Luiza Erundina, eleita pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em 1988,
convidou, para a Secretaria Municipal de Cultura, a Profa. Dra. Marilena Chaui, que trouxe
um projeto a ser desenvolvido, com o nome de Cidadania Cultural, que atendia às camadas
populares em suas necessidades culturais, no intuito de despertar, por meio das artes, a prática
de uma cidadania participativa. Foram criadas, na periferia de São Paulo, 14 casas de cultura,
48 espaços de práticas culturais, oficinas de teatro, literatura, artes plásticas, dança, shows
musicais e debates.
Festas e saraus também foram ativados nas comunidades pelos novos sujeitos
culturais, que se reuniam em coletivos trazendo novas culturas, como o forró, o hip-hop, a
capoeira, resgatando as culturas das etnias e das diversidades regionais para fazer parte da
paisagem urbana.
Apesar de o projeto não ter garantido uma política de cidadania cultural, conseguiu
naquele período conquistas importantes, como a formação cultural em oficinas das casas de
cultura e a criação de bibliotecas em bairros periféricos. Mas, como nos mostra Paulo Sérgio Barreto (1997) em seu texto “Casa de cultura e o projeto de Cidadania Cultural”, o projeto
apontou para a separação entre centro e periferia, em termos geográficos, socioeconômicos e
culturais. Essa política cultural abriu a perspectiva para a reflexão das culturas urbanas, com
suas diversas identidades.
Comunidades criaram novos modos de vida, reivindicando seus direitos sociais, uma
melhor infraestrutura para seus bairros, compartilhando valores existenciais e provocando
uma mudança radical nas práticas culturais da metrópole.
Na gestão de Erundina foi promulgada a Lei de Incentivo Fiscal nº 10.923, de 30 de
dezembro de 1990, para a realização de projetos culturais; o beneficio era concedido tanto a
pessoa física como jurídica, abrangendo todas as áreas artísticas e culturais (SÃO PAULO,
1990). Essa lei veio ajudar as ONGs, em seus projetos com arte, a receber apoio financeiro
tanto de pessoas físicas como de empresas, embora sempre as mais beneficiadas com os
investimentos sejam aquelas cujos projetos trazem mais visibilidade.
No período de 2000 a 2004, enquanto prefeita, Marta Suplicy implementou o projeto
dos centros educacionais unificados (CEUs), os quais, além da educação básica, propiciam a
essas culturas periféricas a oportunidade de se firmar nos espaços de socialização das oficinas
de arte, permitindo aos jovens expressar saberes vinculados a suas realidades de vida,
inventando novas formas de formular o fazer cultural. Outro programa de destaque em 2004
foi o programa lançado pela Secretaria de Cultura e denominado Valorização de Iniciativas
Culturais (VAI), um incentivo às produções culturais de grupos de jovens sem recursos
financeiros, possibilitando~lhes a representação de sua própria cultura. Várias leis de fomento
a projetos com arte surgiram nessa época, fornecendo recursos a projetos estabelecidos na
cidade de São Paulo.
49
Na gestão do prefeito José Serra, em 2005, a Secretaria da Cultura lançou um
programa denominado Virada Cultural Paulista, inspirado nas “noites brancas” europeias, em
que diversas cidades realizam atividades culturais em horários contínuos até a madrugada. A
primeira noite branca foi em Paris, em 2002; a ideia era a ressignificação do espaço urbano
por meio de atividades artísticas em locais onde usualmente elas não aconteciam. O intuito do
evento era estimular um novo olhar sobre a cidade.
Desde 2005, a Virada Cultural paulista tem sido um evento anual da Secretaria de
Cultura, em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Social da Indústria
(Sesi). O programa tem como proposta levar cultura a todos, estimulando o trabalho dos
artistas locais e uma consciência de cidadania cultural por parte da população. Esse evento
tem sido realizado, nos mesmos moldes, em várias outras cidades do estado de São Paulo,
visando a integrar o espírito de participação da população à gratuidade do evento nos espaços
públicos.
É necessário entender, porém, que uma política cultural não é só promover eventos,
restaurar sítios históricos, mas sim ter uma visão mais orgânica, mais contínua, menos sujeita
à promoção de partidos políticos. Uma visão mais comprometida com a população na
continuidade das ações e práticas socioculturais, em caráter permanente, como um meio para
o exercício da cidadania.
50
3 A EDUCAÇÃO PELA ARTE: O PAPEL SOCIAL DESEMPENHADO NA FORMAÇÃO DO JOVEM
A arte é a única porção da linguagem universalmente compreendida por toda a nossa espécie.
(COMTE apud BASTIDE, 1979, p. 184)
Os referenciais teóricos presentes neste capítulo apontam para o papel que a arte
desempenha na formação de jovens. Esse corpus constitui-se como subsídio para as reflexões
desencadeadas no processo de construção de significados que o estudo com arte engendra.
Nesse caso, ele é vetor para reflexões acerca de panoramas sociais e educacionais que se
deseja perscrutar no contexto das entidades do Terceiro Setor escolhidas.
3.1 EDUCAÇÃO PELA ARTE
Para enfrentar os desafios de oferecer possibilidades reais de reconstrução de projeto
de vida e de formação de valores, as entidades do Terceiro Setor encontram na linguagem da
arte uma ferramenta capaz de instigar a transformação do olhar dos jovens, com força de
interferir positivamente tanto no plano da autoestima como no da constituição da própria
imagem, estimulando-os a buscarem oportunidades, como pessoas e como cidadãos.
A importância da arte no processo educativo passou a ser discutida no século XX, a
partir do momento em que as narrativas teóricas se libertaram de cânones mais rígidos. Os
artistas deixaram os modelos preestabelecidos e evidenciaram a imaginação e a expressão
individual no processo de criação. A arte saiu da esfera do belo e adquiriu uma nova
dimensão: a da expressão e da determinação pessoal, em uma atitude de procurar ver não só a
técnica, mas o que a forma fala do artista. Assim, a obra de arte passou a ser percebida não
apenas de maneira linear na contextualização da história da arte, tampouco com o rigor da
técnica, mas como linguagem que difere de tempos em tempos e de lugar para lugar, com
emoções, formas de expressões diferentes, mas não isoladas. Essa nova concepção no olhar a
obra de arte, enfatiza Barbosa (2005), tem como enfoque a construção da história a partir do
exame da obra, para que sejam estabelecidas as conexões e relações entre uma obra e outra e
também com outras manifestações culturais.
A arte é o atributo estrutural de toda a construção humana. O educador, ao utilizar-se
de suas linguagens, ensina os jovens a lidar com as diferenças entre si, indicando atitudes de
51 solidariedade e generosidade para com o outro. Esse olhar que vê o outro, que restitui o
diálogo, a partilha de valores, é que permite a fruição não só dos momentos estéticos como
também de um sentimento de amadurecimento em suas relações interpessoais. É essa a
síntese que as teorias aqui elencadas se propõem a iluminar, tendo como referência as práticas
educativas nas entidades abordadas na pesquisa.
Usualmente, cada instituição determina sua forma de construção do processo
pedagógico e os objetivos a serem alcançados, dentro de seus limites e disponibilidade de
recursos.
Nessa visão, a arte se mostra em um processo dialético com a realidade, no momento
em que alguém seleciona, compara e interpreta as imagens registradas sobre qualquer suporte,
seja o som, a dança, o teatro, a cor, a forma de uma escultura e de tudo o que faz parte da
vida. Ela transforma o olhar, que deixa de ser passivo e torna-se ativo, seletivo, tátil,
contemplativo e criador, articulando-se aos processos da vida cotidiana. Nesse entendimento,
a prática artística torna-se uma linguagem promotora da identidade, em que é possível
estabelecer uma reflexão crítica, considerando o jovem um sujeito sociocultural, ou seja, que
percebe, reconhece e passa a considerar a diversidade no contexto social.
É nesse universo voltado para o sensível, para o reconhecimento do cognitivo, que a
linguagem da arte, de forma lúdica e criativa, oferece aos jovens uma oportunidade de
ampliação de seus horizontes no campo da cidadania.
Os conteúdos são construídos pelo agir e pensar. Nesse sentido, é o caráter coletivo
das ações vividas e mediadas pelos educadores que trazem os resultados individuais.
Foi a partir do livro Educação pela arte, de Herbert Read, publicado em 1943, que se
desenvolveu um estudo de análise psicológica das expressões artísticas de crianças e
adolescentes. Read, influenciado pelo pensamento de Platão, defende a tese de que a arte deve
ser a base da educação, e desenvolve argumentos sobre os objetivos da educação na formação
das individualidades e na construção da democracia, bem como oferece uma definição de arte
e seus pressupostos no desenvolvimento da percepção, da imaginação e da expressão: “A arte é uma dessas coisas que, como o ar ou o solo, estão por toda a nossa volta, mas que raramente
nos detemos para considerar. Pois a arte não é apenas algo que encontramos em museu e
galerias, ela está presente em tudo que fazemos para satisfazer nossos sentidos” (READ, 2001, p. 16).
Somente nos anos 1960, contudo, Richard Smith, Joe Tilson, Eduardo Palozzi, da
Newcastle University, na Inglaterra, lançavam as bases teórico-práticas da arte-educação, que
52 nos Estados Unidos foi desenvolvida pelo Getty Center of Education in Arts, sob a
denominação de discipline-based art education (DBAE). Precursor desse movimento foi o
trabalho realizado no México pelas escuelas al aire libre, que associavam a leitura dos
padrões estéticos da arte com a história, recuperando a consciência cultural e política do povo.
Segundo Barbosa (2005, p. 36), buscava-se no fazer artístico a leitura da obra, sua história e a
solidificação da consciência de cidadania do povo. Foi o movimento mais bem-sucedido da
América Latina em arte-educação.
Mas o primeiro livro que estabeleceu, para o ensino de arte, a relação entre o
conhecimento e a arte como performance foi o de Edmund Feldman, denominado Becoming
human through Art: aesthetic experience in the school, publicado em 1970. De acordo com
Barbosa (2005), trata-se de um livro didático que apresenta o ato de ver associado a princípios
estéticos, éticos e históricos, divididos em quatro processos distintos, porém, interligados: o
primeiro é o descritivo, que utiliza os sentidos, narrando e observando o que se vê e o que já é
conhecido. O segundo processo é a análise, é o momento de dar significado à obra,
observando as intenções do artista ao criá-la. O terceiro estágio do processo é a interpretação,
que é o resultado do encontro pessoal com a obra, explorando a imagem, descobrindo as
sutilezas das linhas, da forma, da cor. É por meio das habilidades críticas que se procura um
significado da obra pelos seus símbolos. O quarto processo é o julgamento: depois de ter
estabelecido uma relação pessoal com a obra e conhecendo seu tempo histórico, o fruidor
constrói uma história particular que compara a obra com as inquietações pessoais e faz refletir
sobre o universo que essa obra abre. A arte passa a ser valorizada como objeto do saber, com
base na construção, na elaboração e na organização desse saber, que é acrescido ao fazer e
traz a possibilidade de compreensão do patrimônio artístico cultural da humanidade.
Para Barbosa (2005), o livro de Feldman é tão importante para a arte-educação que,
segundo ela, “me contentaria com o ato de tradução integral de Becoming human through Art,
o que satisfaria o meu desejo de fusão absoluta com a obra” (BARBOSA, 2005, p. 44).
Inspirada nesses teóricos e nessa abordagem para a arte-educação, Ana Mae Barbosa
construiu uma concepção teórica e uma prática que sistematizou as pesquisas em arte no
Brasil nos anos 1980, apresentando a proposta triangular. Tal proposta é fruto de vivências da
autora com as escuelas al aire libre, no México, o critical studies inglês e o movimento de
apreciação estética aliado ao DBAE estadunidense, que estabeleceu as bases teóricas das
práticas com arte, tratando de forma integrada a produção, a crítica, a estética da arte e a
história da arte. Essas três experiências de ensino e aprendizagem contribuíram para que
53 Barbosa (1998) vivenciasse, em um ambiente de educação não formal – o museu –, sua
proposta inédita e pertinente à realidade brasileira. Recebeu o nome de metodologia triangular
porque aponta para um tripé: fruir, contextualizar e fazer a obra de arte. Barbosa (2005, p. 31-
32) explica:
[...] quando falo de um conhecimento que nas artes visuais se organiza inter-relacionando o fazer artístico, a apreciação da arte e a história da arte. Nenhuma das três áreas sozinha corresponde à epistemologia da arte. O conhecimento em artes se dá na interseção da experimentação, da decodificação e da informação [...] Só um fazer consciente e informado torna possível a aprendizagem da arte.
É uma proposta que questiona, busca o papel transformador e crítico da arte como
forma de expressão e de reflexão do homem e da sociedade na história de suas vidas e nas
memórias do povo.
Em seu livro Tópicos e utópicos, Ana Mae Barbosa (1998) busca considerar a
importância do estudo da arte local como gerador de reflexão crítica sobre o contexto social e
cultural da comunidade à qual pertence. A autora entende que é dominando as referências
culturais da própria comunidade, da própria classe social que se abre a porta para a
assimilação do outro. “Através das artes temos a representação simbólica dos traços
espirituais, materiais, intelectuais e emocionais que caracterizam a sociedade ou o grupo
social, seu modo de vida, seu sistema de valores, suas tradições e crenças” (BARBOSA, 1998, p. 16). A contribuição trazida pela metodologia triangular permitiu o aprofundamento
das reflexões sobre o papel social e cognitivo da arte na educação.
Pensar a arte não apenas como expressão, mas como cognição, marca uma nova
postura no ensino, ao entendê-la como parte da cultura que emerge do dia a dia das pessoas.
Isso possibilita ver na arte as dimensões de uma forma de pensar, de gestos vividos que
trazem na memória inscrições da consciência, do pertencimento. “A consciência cultural
conduz para questões a respeito da identidade e do ato representativo em si mesmo” (BARBOSA, 1998 p. 16). O cruzar fronteiras pode ser conflituoso, mas é um movimento
exploratório que se confronta com problemas de passado e presente, interior e exterior.
Para a pesquisadora e crítica de arte Aracy Amaral, em seu livro Arte para quê?, “[...] a arte é em si um canal transmissor, embasando seu valor na força da comunicação [...]” (AMARAL, 2003, p. 323). É por essa força que a experiência estética mobiliza nos jovens a
dimensão do sensível, podendo despertar neles nova consciência mental e corporal. A
intensidade dessas experiências sugere a existência de um processo de solidariedade que
54 acontece pela vida afora, entrelaçando-se no vivenciar da experiência e possibilitando, nessas
relações, a descoberta de valores e ideal de vida.
A proposta da metodologia triangular lança luz sobre essa forma de compreensão do
que é arte. Esta passa a ser entendida também a partir de como se mobilizam as operações
cognitivas no indivíduo, em um movimento de transformação do olhar, que deixa de ser
passivo para se tornar ativo, seletivo, criador. Um olhar que passeia pelas ruas, pelas praças,
pela comunidade, observando o entorno e procurando ver o que ele pode revelar de si e do
outro e o que afeta a ambos. De acordo com Barbosa (2005 p. 43), “a contextualização pode
ser a mediação entre a percepção trazida pelo olhar, a história e a identidade”. É nessa
experiência proporcionada pela arte que se tem revelado seu papel social, voltado para uma
formação humanizadora, portadora de criticidade, que implica o reconhecimento dos direitos
sociais dos indivíduos. É a construção de um novo modo de ser, pelo aprendizado de novos
significados, que reconhece na linguagem da arte a pluralidade e outras culturas.
Para esse entendimento, Barbosa inspirou-se em Leah Morgan, uma professora do
estado de Kentucky, nos Estados Unidos, que integrou a arte da comunidade a suas práticas
pedagógicas. Seu compromisso era chamar a atenção para as formas de arte existentes na
comunidade. O trabalho de Morgan mostrou que esse é um passo essencial para a educação
comprometida com a mudança social. Trouxe também a ideia de criar um perturbamento
familiar, processo que consiste em perceber o invisível do cotidiano a partir da compreensão
de sua identidade cultural, além de refletir sobre questões de gênero, inclusão social e
mudanças políticas dentro do seu contexto, valorizando as manifestações da comunidade e
fortalecendo a autoestima. Severino (1994, p. 104) enfatiza: “[...] os homens se reconhecem
como semelhantes, como membros de uma mesma comunidade em virtude de um cotidiano
que tem também uma dimensão pré-reflexiva”.
Dessa forma, a arte se constitui em uma ação significativa porque passa a ser
processo de conhecimento, não apenas do ponto de vista da estética, como produção de obras
belas e harmoniosas, mas da argumentação que esse jovem possa elaborar sobre as mediações
de sua existência. A atividade artística reflete no enfoque social o sentido de organização de
experiências, articulando e integrando os participantes do projeto a um todo significativo, que
se comunica com quem olha e seleciona um dos aspectos com o qual se identifica e se
reorganiza, trazendo o novo. Esse significado poderá ser representado por qualquer linguagem
da arte, seja a dança, seja a música, as artes visuais ou o conhecimento do patrimônio
histórico.
55 3.2 A DANÇA COMO LINGUAGEM: PERCURSO ARTÍSTICO DA ONG DE OLHO NO
FUTURO
Os corpos são zonas de encontro, sem começo nem fim, e a presença da dança os
reconfigura, permitindo ressignificá-los. O corpo, por sua dupla potência perceptiva
(comportamento e gesto), promove no sujeito a vivência da experiência estética com a dança.
Essa experiência estética é caracterizada pela identificação do intérprete que, ao recriar a
dança, traz novos sentidos de interpretação de mundo. O intérprete produz um fluxo entre
dificuldade e superação, determinado pelas relações e repertórios já vividos e percebidos por
ele. São as pausas e os lugares de descanso que pontuam a qualidade da experiência. Nesse
caso, o resultado é o equilíbrio, que incorpora significado e aumenta as possibilidades de
enfrentar outros obstáculos.
A dança, enquanto agente vinculadora de conhecimentos, pode propiciar ao jovem
envolvido um desenvolvimento integral, um equilíbrio harmônico e uma melhor compreensão
da sua identidade.
O ensino da dança pela abordagem da metodologia triangular compõe um tripé cujos
vértices são compostos a partir das relações entre arte, ensino e sociedade, na formulação de
uma proposta de aprendizado que faça sentido para quem a executa.
Os conceitos do fazer artístico, da apreciação, da leitura da obra de arte e sua
contextualização são as bases da abordagem da metodologia triangular. Partindo desse
pressuposto, é possível trabalhar com a dança relacionando as sensações de prazer, alegria,
autoestima, poder e pertencimento. Os entrelaçamentos das experiências corporais
transformam sensações particulares em atitudes compartilhadas.
É nessa troca de experiências corporais e atitudes compartilhadas que se torna
possível a construção de valores nos projetos sociais em que a dança é a linguagem que
instrumentaliza o trabalho com os jovens. Utilizam-se dela para constituir novos laços que os
aproximem, visando a apresentar uma perspectiva que seja transformadora. O objetivo da
dança, na abordagem triangular, é apontar a expressão corporal como forma de integração
social, compreendendo a importância de uma prática que respeite o corpo e a liberdade de
expressão, não só na busca de sua identidade, mas no viver em sociedade, no relacionar-se
com o seu eu e com o próximo.
Assim, os três vértices da metodologia triangular aplicados à dança podem ser vistos
desta forma:
56
o primeiro vértice é a fruição da dança. Na execução dos movimentos, os
jovens tomam consciência do corpo e passam a apreciar seus próprios segmentos corporais, de
maneira a observar os movimentos de forma unilateral e bilateral. Além disso, sentem a
importância dos corpos, que caminham para atingir a independência dos movimentos. Trata-
se da interação da ação com o mundo e no mundo. A percepção do dançar e as transformações
ocorridas no corpo do dançante constituem o fundamento para sua percepção do mundo de
forma crítica e sensível. O conhecimento das diferentes capacidades de movimento ajuda a
encontrar gestos que se articulam com os signos da linguagem da dança. Estes são aprendidos
no conhecimento dos textos discutidos, entendidos para que sejam corporificados e
apropriados nessa mediação. A dança deve ser trabalhada para favorecer o desabrochar do
corpo, que é a forma natural da expressão humana.
o segundo vértice é a contextualização da dança. Ela nunca aparece dissociada
da apreciação; ela situa os atores da ação interpretativa em seus contextos de referência. É
relacionar histórias não do ponto de vista dos fatos, mas as formas como foram construídos
seus processos criativos e interpretativos nos repertórios já identificados. Os textos das danças
são passíveis de múltiplas leituras e, ao serem compartilhados pelos dançantes em processos
dialógicos, recortam-se, compõem-se e se organizam de maneira a ressignificar os conteúdos
e buscar, de modo não linear, as diversas dinâmicas estabelecidas pelos corpos.
o terceiro vértice é o fazer na dança: o dançar. Isto implica realizar projetos que
direcionem o olhar para as relações entre os leitores da dança, o conhecimento da arte e a
leitura de mundo produzida no dançar. Projetos que envolvam educadores, jovens e a
comunidade social, projetos que ofereçam a possibilidade de caminhos intencionais para que
os leitores da dança se transformem em cidadãos.
O que parece ser um diferencial nessa metodologia aplicada à linguagem da dança é
o fato de o fazer artístico acontecer no corpo e afetar intimamente o indivíduo que participa de
sua realização. A dança é uma forma de ação sobre o mundo, ela engendra e propõe abertura
em direção à constituição de sentidos para os jovens, dentro dos projetos sociais.
Dessa forma, a linguagem da dança, pensada como proposta de renovação e
transformação nos projetos sociais, constitui-se em uma visão que procura na pesquisa uma
perspectiva para entender como acontece o engajamento de jovens em tais projetos.
57 3.3 O GRAFITE COMO FERRAMENTA DE EXPRESSÃO NO INSTITUTO NOVA
UNIÃO DA ARTE (NUA)
Desde os primórdios da civilização, já existia o ato de manifestar sentimentos e
contar histórias por intermédio de inscrições nas paredes, associadas a manifestações políticas
e sociais. Podemos citar as pinturas rupestres, “[...] que se trata das mais antigas relíquias da
crença universal no poder das imagens [...]” (GOMBRICH, 2003, p. 39), como também outras
inscrições nas pinturas murais dos egípcios, nos relevos do Palácio de Assurbanípal, na
Mesopotâmia, que sempre eram associados a uma manifestação de poder. Também na
antiguidade romana, o grafite era usado para manifestar o descontentamento com figuras
públicas da sociedade.
Como movimento estético, o grafite nasceu em 1968, em uma manifestação
estudantil francesa. Era inicialmente um movimento mantido de forma marginal, que foi
tomando corpo nos elementos plásticos e nos conteúdos psicológicos. O grafite chegou aos
Estados Unidos nos anos 1970, com inscrições feitas com pincel atômico e depois com spray
nos muros e paredes do metrô, uma forma de identificar gangues e tribos.
Porém, foi com os artistas Jean Michel Basquiat, Keith Haring e Kenny Scharf que o
grafite encontrou um novo estilo: o figurativo, carregado de elementos psicológicos. Foi com
esses artistas que o grafite se firmou como arte, estabelecendo uma relação de ruptura com a
forma tradicional do artista se relacionar com a sociedade e produzir sua obra. Eles
encontraram no espaço urbano uma tela gigante para expressar sua arte intervencionista, que
critica, satiriza perturba e agita a ordem, visando a gerar uma consciência social. A rua se
transforma em ferramenta de comunicação.
No Brasil, o grafite surgiu no final da década de 1970, dentro de um contexto
sociopolítico de repressão, o que dificultava qualquer manifestação pública. Era o período da
ditadura militar, em que os movimentos contrários ao poder estabelecido, principalmente na
arte, seriam reprimidos.
Nesse panorama é que surgiram os grafiteiros Alex Vallauri, Galo de Souza, Os
Gêmeos e Hudnilson Júnior, que transformaram o espaço urbano em disseminação de ideias e
comunicação política. Uma nova identidade visual nas ruas tomava posse daquilo que, ao
mesmo tempo, era de todos e de ninguém, utilizando de seus contornos e superfícies para
socializar o pensamento em forma de arte.
58
Hoje, o grafite é tratado como uma linguagem de arte que exprime a comunicação de
diferentes agentes sociais, suas questões e relações com o imaginário urbano. Em seu aspecto
plástico, de interferência expressa no suporte dos muros e paredes, o grafite é um processo
cultural. Ele difere da pichação, uma escrita rápida que não passa de rabiscos e garatujas não
autorizadas, que suja e polui a cidade, funcionando como marca de posse de território de
gangues.
Tratar o grafite como arte não é só entendê-lo como meio de expressão e
comunicação, mas sim como produção cultural inserida em um contexto histórico, político e
social. A proposta da metodologia triangular convida a reconhecer e apreciar as qualidades
singulares do estilo desenvolvido pelos artistas em suas produções.
Assim, abordamos os três vértices da proposta:
o primeiro vértice é a fruição: a abertura aos questionamentos sobre o tema,
levantando as questões sobre grafite e pichação, bem como perceber os detalhes buscados na
sobreposição das mensagens, nas composições transitórias e na comunicabilidade das
inscrições, observando que o grafite resulta de uma articulação de códigos impregnados da
visão de mundo de quem o realiza.
o segundo vértice é a contextualização: compreender que o grafite é um
movimento artístico realizado em espaços públicos, que carrega consigo as qualidades
estéticas, as imagens significativas e os valores que a obra conduz através do tempo e do
espaço para as próximas gerações. É possível também que outras obras sobre o mesmo tema,
mas de épocas diferentes, sirvam para refletir sobre preconceitos, valores e ideologias.
o terceiro vértice é o fazer artístico: a criação de imagens expressivas
experimentando os recursos dessa linguagem e das técnicas como o lambe-lambe, que são as
composições formadas a partir de recortes e colagens de desenhos. Suas mensagens podem ser
líricas ou politizadas. Outra técnica usada é o estêncil: um recorte em negativo, ou seja, um
molde colocado contra a parede, que recebe jato de tinta spray. Para os artistas grafiteiros, a
rua transforma-se em uma galeria de arte rica em registros dos envolvidos nesse fazer,
deixando marcas de interferência vinculadas a causas políticas, ambientais e sociais. É uma
arte de comunicação e de mudanças sociais, colocada nos muros e paredes da cidade para
acordar os olhares adormecidos dos passantes.
59
4 TRABALHO DE CAMPO: DESCRIÇÃO DAS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR SELECIONADAS E ANÁLISE DAS ENTREVISTAS
Inicio esta parte explicitando os critérios adotados para a seleção das entidades; em
seguida, é apresentado o trabalho de campo, com a descrição, ambientação e localização das
duas instituições escolhidas. Com o objetivo de melhor levantar questões acerca de como
estão sendo realizadas as práticas com arte dentro das complexas relações das entidades, foi
feita uma delimitação pelo objetivo da pesquisa e também pela busca de espaços de
denominações jurídicas diferentes. Encerrando este capítulo, procedo à análise das entrevistas
de dirigentes, educadores e jovens participantes dos projetos.
Os critérios utilizados para a seleção das entidades a serem estudadas foram:
a) terem denominações jurídicas diferentes, que contemplassem a atuação dessas
entidades junto à sociedade;
b) apresentarem ações propostas com linguagens de arte diferentes, para verificar
qual foi a de maior penetração na formação dos jovens.
Com base nestes critérios, foram escolhidas, da lista apresentada no segundo
capítulo, as seguintes entidades:
Instituto Nova União da Arte (NUA), organização social que trabalha com
artes visuais, música e projetos de participação dos moradores nos assuntos da comunidade;
Instituto De Olho no Futuro, ONG que atua em comunidade, trabalhando com
dança, artes visuais e customização de moda, como linguagem de formação de valores.
Tais entidades ilustram bem essa diversidade: diferem nos aspectos de origem,
tamanho, configuração, recursos financeiros e formas de participação no entorno de sua
localização. A época de criação dessas entidades também é muito próxima, ficando entre os
anos 2000 e 2008 (como data oficial). O ponto em comum entre as duas é o público-alvo:
jovens que participam de projetos que utilizam a linguagem da arte como ferramenta de
construção de cidadania.
4.1 INSTITUTO NOVA UNIÃO DA ARTE
O texto a seguir conta brevemente a história desta OS, segundo depoimentos de seus
fundadores e educadores (Apêndice C), complementada com a observação da pesquisadora
em visita às oficinas.
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Organização social da sociedade civil sem fins lucrativos que atua na comunidade de União de Vila Nova CNPJ 07.676.917/0001-50
Endereço: Rua Tancredo Neves, 87 Tel.: (11) 2058-0643/2297-3871 Segunda oficina: Rua Edson Pino, 410 Bairro União de Vila Nova (antigo Jardim Pantanal) Ano de criação oficial: 2005, atuando na comunidade desde 2000 Dirigentes: Hermes de Souza e Maria José, fundadores da OS
Site: <www.novauniaodaarte.org.br> E-mail: <contato@novauniaodaarte.org.br> Facebook: <www.facebook.com.instituto-nova-uniao-da-arte>
Quadro 4 – Retrato do NUA Fonte: a autora, com base em dados da pesquisa (2013).
O NUA situa-se no bairro de União de Vila Nova, em São Miguel Paulista, Zona
Leste da capital paulista. O bairro surgiu a partir das obras de alteração do curso do Rio Tietê,
que mudou os limites entre os municípios de Guarulhos e São Paulo, formando o antigo
Jardim Pantanal, uma zona de várzea que se estende até a Rodovia Ayrton Senna.
Na década de 1980, 260 famílias ocuparam a área, que foi crescendo de forma
desordenada. Com barracos montados ao longo de córregos imundos, os moradores viviam
quase isolados, em uma zona dominada por um “lixão”, sem saneamento básico, com esgoto a
céu aberto e alto índice de criminalidade, criado pelo ambiente hostil em que vivia aquela
população.
Mapa 3 – Região de União de Vila Nova Fonte: Google Maps, 3 abr. 2013.
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O maior agravante do bairro era o lixão, local onde era depositado o lixo da cidade
de São Paulo e de supermercados. Lá, para sobreviver, moradores iam catar material
reciclável e mesmo alimentos já vencidos, ficando expostos a doenças, sem contar o mau
cheiro que impregnava a região. Crianças, jovens e adultos viviam à margem das condições de
sobrevivência, sem saúde, educação, cultura e lazer.
No ano 2000, o jovem Hermes, recém-saído da Fundação Estadual para o Bem-Estar
do Menor (Febem), atual Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente
(Fundação Casa), de volta a seu bairro, ficou tocado com a situação que encontrou, totalmente
igual ao que era. Para modificar esse cenário, iniciou um projeto de conscientização dos
problemas da comunidade, pela participação dos jovens em projetos que priorizassem a arte
como linguagem de transformação social.
Três anos depois, Hermes e outros moradores conseguiram desativar o lixão e, junto
com os jovens, grafitou as ruas do bairro, mudando a paisagem com intervenções artísticas
em casas, escolas e estabelecimentos comerciais.
Em época de eleição, o governo do estado lançou um projeto para pintar as casas do
bairro, em parceria com o arquiteto Ruy Ohtake. A implantação do projeto teve como critério
de escolha as ruas que dão mais visibilidade ao novo viaduto, que liga a Avenida Jacu-
Pêssego à Rodovia Ayrton Senna. A recuperação dessas casas fez parte de um projeto da
Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), denominado Programa
Nosso Bairro.
Hermes iniciou em sua casa atividades de reunião dos moradores, levantando
discussões sobre as demandas da comunidade e trazendo o sentimento de pertencimento ao
bairro: a necessidade e o direito de viverem com mais qualidade. Assim nasceu a OS Instituto Nova União da Arte (“nova” em alusão ao renovar e reformar a vida da população local; “união” como forma de ligar esforços da coletividade do bairro; “arte” com o objetivo de
despertar, pela emoção, a valorização da população local).
Em 2005, o NUA conseguiu ser oficialmente uma OS, contando com fontes de
financiamento da Prefeitura de São Paulo, da Secretaria de Assistência Social, Secretaria de
Participação e Parceria, Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Fundo
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Funcad) e outras empresas privadas, em
parceria com a entidade, como a Unimed e a Central Nacional da Mostra Internacional de
Cinema de São Paulo.
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Pelo fato de ser uma organização social, é prevista em seu estatuto a presença de um
funcionário da Secretaria de Assistência Social, que cumpre no estabelecimento 40 horas
semanais de trabalho. Duas vezes por mês, o NUA passa pela fiscalização de seus agentes
financiadores.
Fotografia 3 – Sede principal do NUA Fonte: a autora (2013). 4.1.1 Projetos desenvolvidos pelo NUA na comunidade
→ Filó Cabruêra: projeto que tem como base uma empresa social criada para gerar
renda para as mulheres da comunidade. Atualmente, participam 90 mulheres artesãs, que
transformam banners de propaganda, descartados e doados por empresas, em bolsas, estojos
etc., com muita criatividade. O trabalho se traduz em fonte de renda para essas mulheres, pois
recebem encomendas para brindes de empresas.
Fotografia 4 – Moradora da comunidade trabalhando na confecção de bolsas Fonte: a autora (2013).
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Fotografia 5 - Bolsa confeccionada por costureiras do projeto Filó Cabruêra Fonte: a autora (2013).
→ Projeto Ponte de Cultura: oficinas realizadas com jovens de 14 a 24 anos com o
objetivo de fortalecer os vínculos de pertencimento à comunidade, por meio de atividades que
têm a arte como linguagem, como grafite, percussão, capoeira, dança. Para a avaliação do
projeto, é feito um constante trabalho de verificação por parte dos educadores que ministram
as oficinas, observando frequência, sociabilização e melhora cognitiva e técnica dos jovens
participantes.
→ GPS Delivery Artes: projeto que promove, nos espaços abertos da comunidade,
campanhas de orientação sobre o uso de drogas, violência doméstica e exploração infantil,
utilizando o teatro como meio de construção de valores.
4.1.2 Composição do corpo técnico da organização
Os dirigentes são Hermes de Souza, com formação superior e pós-graduação em
Administração, e Maria José de Souza, sua esposa, ambos fundadores da instituição. Conta,
ainda, com cinco arte-educadores, dois deles estudantes de Educação Física e formados no
NUA, um assistente social, um artista plástico e um psicólogo.
O trabalho da organização é desenvolvido por 16 pessoas, com registro em carteira,
incluindo os empregados encarregados de serviços gerais.
As visitas que fiz às unidades do NUA proporcionaram-me um olhar diferente,
criado por um espaço de alegria e acolhimento, onde jovens e crianças convivem e aprendem
a lidar com as dificuldades de suas vidas.
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4.2 INSTITUTO DE OLHO NO FUTURO
Associação sem fins lucrativos, pessoa jurídica de direito privada (ONG) Anteriormente denominada Associação de Olho no Futuro Não é subvencionada pelo governo, mantém-se com parcerias e doações da comunidade. CNPJ nº 07.122.636/0001-55
Endereço: Rua Amilcar Marchesini, 35 Bairro Pedra Branca Ano de criação oficial: 2006 Dirigente: Emerson Olho
Site: <www.deolhonofuturo.org.br> E-mail: <contatoadmin@deolhonofuturo.org.br> Facebook: <www.facebook.com.instituto-de-olho-no-futuro>
Quadro 5 – Retrato do Instituto De Olho no Futuro Fonte: a autora, com base em dados da pesquisa (2013).
Em fins do século XIX, havia uma concentração de pedreiras e de chácaras de
hortifrutigranjeiros, cultivadas por imigrantes espanhóis, portugueses e italianos, que
fundaram o Bairro de Pedra Branca, distrito do Mandaqui. Era a região do Engenho de Pedra.
Em 1895, foi criada a Estrada de Ferro da Cantareira e, a pedido das pedreiras, uma das
estações foi implantada nessa região, tendo recebido o nome de Pedra Branca. Em 1896, a
área foi desapropriada para a instalação do Horto Florestal do Estado de São Paulo, uma das
maiores áreas verdes da capital. O trem foi desativado em 1964, mas ficou imortalizado pelo
samba Trem das onze, de Adoniran Barbosa, do cancioneiro paulista.
Mapa 3 – Localização do Instituto De Olho no Futuro Fonte: Google Maps, 3 abr. 2013.
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Na década de 1990, a população de baixa renda construiu propriedades clandestinas
em área de preservação ambiental, dando origem às favelas, hoje denominadas “comunidades”.
Vendo essa população sem recursos e sem futuro é que Emerson Olho reuniu
moradores e, juntos, fundaram a ONG, para retirar das ruas crianças expostas à violência e à
droga, que existiam com muita força. Emerson afirma que não se trata de assistencialismo,
mas de possibilitar um projeto de vida a essas crianças e jovens, plantando sonhos,
esperanças, dando um sentido real à palavra cidadania.
O instituto tem a colaboração regular de parceiros que assumem o custo dos salários
de 12 funcionários, alimentação das crianças e gastos com passeios. São seus parceiros
financeiros: Ferronor – Ferro e Aço, Padaria Ronchetti, Academia PH5, Shock Metal, Sabesp,
Procasp, Mesa Brasil, Sesc, Centro do Voluntariado de São Paulo, Rotary Club Mandaqui,
além de pessoas físicas que colaboram com a entidade.
Suas oficinas sempre iniciam com o reforço escolar, conferindo as tarefas e tirando
dúvidas; cumprida esta etapa, começam a participar de outras que escolhem: informática,
judô, dança e customização.
Em 2013 iniciou-se, na oficina de customização de camisetas, um trabalho não só
com jovens, mas também com mães. Elas confeccionam sacolas de tecido que, depois de
prontas, são vendidas no bazar da ONG a um custo baixo, ficando parte do rendimento obtido
para elas e parte para ajudar na manutenção da ONG.
Fotografia 6 - Fachada do Instituto De Olho no Futuro Fonte: a autora (2013).
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Participam do projeto 150 moradores, entre jovens e crianças. Não há tempo
determinado para permanecerem: ficam até sentirem seus vínculos fortalecidos, tanto com os
familiares como com a comunidade. Saem de lá para iniciar uma vida de trabalho, com mais
dignidade e consciência de suas possibilidades, como diz o dirigente Emerson. Cada
participante tem um custo mensal de atendimento de R$ 300,00.
4.3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS DA PESQUISA DE CAMPO
Relembrando que o objetivo desta pesquisa é o entendimento de como a arte é
articulada em suas ações práticas nos espaços do Terceiro Setor, especialmente nos projetos
sociais das ONGs De Olho no Futuro e NUA, é que foi iniciada a coleta de dados, para
posterior análise. As entrevistas foram transcritas e todos os entrevistados deram
consentimento por escrito para a realização do trabalho (Apêndice B).
As falas foram organizadas em blocos: o primeiro bloco aborda as falas dos
dirigentes, que apresentam o trabalho por eles realizado na entidade, suas relações com a
comunidade e a natureza das ações com o trabalho de arte realizado; o segundo bloco
apresenta a visão dos educadores sobre as expectativas de seus projetos com arte,
identificando as abordagens de suas práticas com arte; o terceiro bloco mostra as falas dos
jovens participantes dos projetos, verificando como a arte encontrou lugar em suas vidas.
4.3.1 Falas dos dirigentes: relações com a comunidade e natureza das ações desenvolvidas
para a formação de jovens
Os dirigentes de ambas as entidades entendem a comunidade como um espaço
possível de construção de cidadania. Essa postura contribui para a conscientização dos jovens,
posicionando tais dirigentes como agentes de transformação de seu contexto histórico cultural.
O rompimento com o cotidiano sofrido da comunidade é que oferece aos jovens a
possibilidade de refletirem sobre valores de respeito e solidariedade. É do caráter coletivo das
ações vividas e mediadas pelos dirigentes que um novo desafio é buscado por esses jovens.
A comunidade estava sobrevivendo do lixão quando começamos o nosso trabalho, muita droga e violência. [...] Conscientizamos a participar de um projeto que fizesse desse local um local em que eles entendessem que miséria poderia ser revertida com a ajuda de todos, e se todos participassem
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dos projetos iniciais de mutirão poderíamos falar em conquistar uma cidadania. [...] Nosso trabalho era conscientizar que essa situação poderia ser revertida com a ajuda de todos. [...] Se não participarem, como é que querem adquirir cidadania? [...] Hermes [dirigente, junto com Mazé] procura apresentar os problemas locais nas reuniões que faz com a comunidade, para buscarem as soluções dos problemas. (Mazé)
Nosso projeto tem como base a comunidade pobre do Morro da Cantareira, a comunidade Flamingo. [...] Antes do projeto, tínhamos um alto índice de violência familiar e droga. [...] Essas crianças e jovens têm o tempo todo preenchido com atividades aqui no projeto. [...] Discutem com os educadores assuntos da comunidade, como prostituição, violência familiar e droga, e dessa conversa temos observado resultados positivos. É a nossa forma de trazer as reflexões sobre a cidadania a esses jovens e crianças. [...] Construímos uma praça, pintamos as árvores, plantamos árvores frutíferas e, com a ajuda de comerciantes do bairro, colocamos bancos, onde eles fazem suas propagandas. (Emerson)
Ambos falam sobre a importância da escola para fazer parte do projeto e enfatizam
também a alimentação que os jovens recebem, dando destaque a esses dois bens que, além de
trazerem um sustento que eles não têm em casa, trazem a escola como uma condição de
aprendizado para a vida. Lembramos Severino (1994, p. 98), que nos mostra que o homem “é
cidadão se ele pode usufruir dos bens materiais, necessários à sustentação de sua existência
física, dos bens simbólicos, necessários à sustentação de sua existência subjetiva, e dos bens
políticos, necessários para a sustentação de sua existência social”.
Eles chegam, almoçam e fazem os exercícios de casa passados pela escola, com uma educadora que ensina o que ficou difícil para eles o entendimento; é uma repetidora, porque eles sentem muita dificuldade no aprendizado. Elas almoçam, tomam lanche e jantam antes de ir embora. Mas a exigência para estarem aqui é a frequência na escola. (Mazé)
Para participar do projeto, todas as crianças precisam estar matriculadas na escola, porque muitos deles, antes de estarem aqui, com 13, 14 anos não frequentavam escolas e, naturalmente, ficavam vagando na comunidade. (Emerson)
A compreensão dos dirigentes nas práticas com arte enfatiza, como diz Barbosa
(2005, p. 193), “o que une e não o que divide”, estimulando a capacidade de simbolização
para inventar estratégias diferentes e mais mediadas na resolução de problemas sociais. “A
criação artística proporciona uma oportunidade sem igual para oferecer esses processos de
pensamento divergentes.” (BARBOSA, 2005, p. 193) A arte, no entendimento desses
dirigentes, é um instrumento de educação para a paz, favorecendo a identificação com o outro
no trabalho compartilhado, em que os jovens se reconhecem como iguais. “Valorizar as
ligações intrínsecas entre a arte e a vida cotidiana constitui a base de uma arte/educação
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democrática, porque envolve o reconhecimento de várias práticas artísticas.” (BARBOSA, 2005, p. 228)
É uma constante nos dois depoimentos a conquista da cidadania e é nesse ponto que
vemos o papel social da arte ligado diretamente a essa conquista, buscando incluir os jovens
no processo do fazer artístico, que vai na direção de ressignificar as conexões com suas vidas
no cotidiano da comunidade. “Esse processo não é apenas significativo para os alunos e a
comunidade, mas também é um passo essencial a caminho da educação comprometida com a
mudança social.” (BARBOSA, 2005, p. 242)
O Hermes acreditava que a arte poderia trazer muitas mudanças, e foi assim que iniciamos, com muita luta e pouco dinheiro. O Hermes não ficou sossegado só em tirar o lixão, mas dar uma nova cara a essa paisagem da comunidade, para que pudessem ter motivos para sorrir. Com a ajuda de um artista plástico, os jovens começaram a oficina do grafite e, depois de entenderem e conhecerem, partiram com seus pincéis para as mudanças. [...] Da oficina do grafite, passamos a construir instrumentos musicais com latas, tampas, galões de tinta, e os jovens os transformavam em instrumentos de percussão. Hoje, já conseguimos de nossos parceiros os instrumentos para eles tocarem. (Mazé) Hoje o forte é a oficina de dança, que todas as jovens do projeto participam, não para formar talentos, mas conhecimento do seu corpo e melhor interagir com suas colegas, mas elas gostam tanto que sempre querem que eu organize um evento para elas se apresentarem. (Emerson)
É nítida, na fala dos dois entrevistados, a valorização do deficiente, ajudando-o a ter
confiança em si e mostrando aos outros jovens o sentido de dar segurança, para que possam
ter um encontro com as dificuldades num clima de afeto e valorização.
Ainda não temos deficientes, mas já estamos preparando para termos, com a reforma do banheiro. (Mazé)
Quero que você veja a nossa querida Beatriz, que têm Síndrome de Down, como é bem aceita no grupo. (Emerson)
4.3.2 Falas dos educadores: expectativas de seus projetos, identificando as abordagens de
suas práticas com arte
A aplicação da metodologia triangular sem prévio conhecimento, por parte dos
educadores Fabiano e Almir, do NUA, e de Rosângela, da ONG De Olho no Futuro, obteve
resultados. Apesar de não terem formação superior em Arte, o entendimento de suas práticas
com arte estava ligado à formação dos jovens e à consciência de que a vivência dos problemas
do cotidiano é comum a todos os participantes do projeto.
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Assim, ambos seguiram contando o processo para o início do trabalho com os jovens:
Começamos perguntando aos jovens se conheciam o que era grafite e se pichação era a mesma coisa. No começo eles me olhavam, mas sabia que para eles até então era a mesma coisa: uma transgressão. E continuei perguntando se eles conseguiam entender as mensagens registradas nos muros e nas paredes pelos pichadores e grafiteiros. Foi então que comecei a mostrar, depois de muitas discussões e quando estavam bem motivados, que o grafite é uma arte que estabelece um diálogo com o artista grafiteiro e o espaço urbano. (Fabiano)
Primeiro apresentei alguns vídeos de balé, como O Lago dos Cisnes, e depois o Quebra-Nozes, da Royal Academia de Londres, e elas fizeram a votação e escolheram o Quebra-Nozes. Trabalhei esse balé de varias formas, até com uma apresentação cheia de fantasia, que é o vídeo do Quebra-Nozes da Barbie. (Rosângela)
Na fala do educador Fabiano, ele trouxe, a partir de temática significativa para os
jovens da comunidade, um caráter de busca de participação ativa da comunidade em todo o
processo. Foi na caminhada do olhar que o processo artístico foi construído, consolidando o
olhar em proposições de alternativas para a modificação da realidade das paredes das ruas da
comunidade. Quando define essa etapa na metodologia triangular, Barbosa (2005) mostra a
importância do observador construindo realidades em função do contexto que percebe ao seu
redor.
Como mostrei no terceiro capítulo, o primeiro vértice é a fruição, que é a abertura
aos questionamentos sobre o tema.
Assim, na dança, ao trazer as diversas formas de apresentação do balé Quebra-Nozes,
Rosângela levou às jovens a percepção dos movimentos com a interação da ação com o
mundo que as cerca. Nesse momento, a arte é explorada nos diferentes níveis de
complexidade, nas atitudes, na forma de discriminar opções, tomar decisões e emitir juízos de
valor.
O segundo vértice da abordagem triangular, que é o contextualizar, também foi
aplicado por ambos: no caso do grafite, foi com a apresentação de imagens da pré-História, da
arte egípcia, romana e a história dos grafiteiros pioneiros, como Basquiat e Haring. Na dança,
esse vértice foi explorado na leitura dos textos do balé e no entendimento de como foram
construídos seus processos criativos e interpretativos. É o relacionar histórias, não do ponto de
vista dos fatos, mas da forma como foram construídos os processos criativos e interpretativos
nos repertórios. Como esclarece Barbosa (1998, p. 41), “é uma educação crítica do
conhecimento construído pelo próprio aluno, com a mediação do professor, acerca
70 do mundo visual [...] é construtivista, interacionista, dialogal, multiculturalista e é pós-
moderno, por tudo isso e por articular arte como expressão e cultura”.
A contextualização com obras de artistas trazidas pelos educadores foi a forma de
tratar a arte como conhecimento. Ela não deve ser vista só como um meio de concretizar o que
se quer expressar, mas também é necessário conhecer produções já realizadas e entendidas em
seus contextos socioculturais. Para Barbosa (2005ª, p. 32), “o conhecimento em artes se dá na
interseção da experimentação, da decodificação e da informação”.
Depois, com a ajuda de um retroprojetor, mostrei imagens da pré-História, da arte egípcia, romana e as obras de grafiteiros famosos. [...] Hermes nos fazia perceber o grafite como uma expressão que pode buscar a sensibilidade do olhar. Mostrou-nos a história de vários grafiteiros, como Basquiat, Haring, que tinham uma vida muito parecida com as nossas, mas que, ao expor suas ideias nos muros, levantaram muitas questões sociais. (Fabiano)
Estamos explorando a fantasia, a realidade, fazendo que elas observem postura, disciplina e atitudes das bailarinas, e sempre mostrando respeito ao tempo de cada um dos participantes que formam o conjunto. [...] O que quero no projeto não é formar bailarinas, mas trazer a elas uma nova perspectiva de vida. (Rosângela)
O terceiro vértice da metodologia triangular, o do fazer, também foi explorado pelos
educadores Fabiano e Rosângela. Ao executar o grafite nos muros, os jovens começaram a
criar imagens expressivas, dividindo paredes e muros com os colegas e compartilhando tintas,
pincéis, giz colorido, num envolvimento estético que lhes trazia uma consciência de
pertencimento ao mesmo grupo e à mesma comunidade.
Na dança, esse vértice realizou-se com a execução do bailado, o fazer artístico
acontecendo no corpo, propondo uma abertura em direção ao seu autoconhecimento e a
autoestima pela apreciação de todos os que assistem esse fazer.
Ocorreu um envolvimento tão grande por parte dos jovens que ficaram ansiosos para começar o projeto do grafite nas ruas da comunidade. Primeiro, começamos por grafitar as paredes da nossa casa NUA. Depois, partimos para as ruas; utilizamos jato de tinta, giz colorido para marcar os esboços e panos para controlar a tinta, para não escorrer. [...] Aquele contato com a arte junto aos colegas descortinava um mundo inteiramente novo para eles. Apesar dos contratempos, como falta de tinta, tivemos pontos positivos, como a solidariedade mostrada pelos jovens na superação dos problemas, transformando o visual das ruas da comunidade com a criatividade nos muros, com temas como: paz, preservação do meio ambiente e alusões ao mal da droga de uma forma silenciosa, para fazer com que todos que olhem se identifiquem. (Fabiano)
O corpo delas, que é o próprio dançarino; é ele que executa os movimentos e é capaz de criar, de pensar e de escolher. Ensino passos de dança clássica, mostro a elas como os passos fazem parte de um exercício de disciplina e só
71
na continuidade é que poderão se tornar flexíveis. [...] Mas também quero que a dança provoque nelas uma forma de articular novas possibilidades com seu corpo e com sua mente. (Rosângela)
No trabalho com arte realizado pelos dois educadores – Fabiano com o grafite e
Rosângela com a dança – é que percebemos a consciência formadora que a arte traz na
construção simbólica, relacionando o mundo dos jovens ao que poderá ser. Sua percepção é a
de uma ponte que se abre entre o sensível e o inteligível, entre as suas realidades e a
experiência estética vivida. Citando Roger Bastide (1979, p. 184), em seu livro Arte e
sociedade, “A arte é uma linguagem, também é um instrumento de solidariedade social e
como, além disso, não se trata de um sistema de sinais intelectuais, mas de um sistema de
símbolos afetivos, a solidariedade conseguida é ainda mais estreita que a da palavra falada”. Assim é que sentimos esse trabalho dos educadores: muito mais forte do que a palavra falada
foi a experiência estética vivida com as práticas artísticas. Tanto Rosângela, ao mostrar a
dança como uma educação cultural, quanto Fabiano, apresentando o grafite como um meio de
compartilhar a arte na comunidade, trouxeram uma arte de diálogo, reflexão e percepção de
uma rica experiência estética, aos moldes da metodologia triangular em seu conceito.
Na fala dos educadores Fabiano e Almir, do NUA, foi possível perceber que eles
entraram no projeto pequenos e se formaram educadores sociais. Fabiano teve convivência
com o projeto do dançarino Ivaldo Bertazzo – que também ensina crianças carentes – e pôde
entender melhor como ser um educador, vivenciando um processo de formação ao se tornar
um multiplicador em sua comunidade: “Fui crescendo, crescendo aqui, me tornando homem e
me conscientizando nessa procura de uma vida melhor. Hoje sou educador social [fala que
repete com orgulho]” (Fabiano)
O educador Almir tem formação em Educação Física; também cresceu no projeto e
percebeu a necessidade de sair da instituição e levar a praças mais distantes um pouco de arte
e reflexão. Assim, criou um projeto com o nome de GPS Delivery, que consiste em sair às
ruas de triciclo, ele e um outro jovem, vestidos de palhaço. Começam com brincadeiras até as
pessoas se achegarem e então começam a conversar entre si sobre assuntos que ocorrem na
comunidade, pedindo que o público participe, dê opiniões. Como disse Almir, é uma forma
lenta, tímida, mas tem conquistado alguns novos membros: “O projeto foi criação minha, com
a aprovação do Hermes e da Mazé, e é basicamente a utilização das artes circenses para que a
comunidade que ainda não se achegou até nós comece a sua aproximação”. (Almir)
Essa ludicidade que a arte proporciona aos jovens assistentes do projeto GPS
Delivery faz com que eles vivam uma interação com seus pares e também com os palhaços.
72 Num sorriso largo, soltam a imaginação e vão construindo representações que são apropriadas
pelo jogo simbólico dessa fantasia que articula a realidade com um novo enfoque,
compreendendo o mundo e a si com um novo repertório, de conhecimento e experiências
pessoais.
4.3.3 Falas dos jovens: como a arte encontrou lugar em suas vidas
As jovens do projeto com dança queriam contar sobre sua participação no balé;
estavam receptivas, alegres, sensíveis, prontas para falar o quanto esta experiência fez com
que elas entendessem melhor o seu corpo, como lidar com ele, e o novo olhar para as
situações de conflito que viviam.
Segundo Pillotto (2004, p. 42), “O sentimento pode ser entendido como forma de
apreensão direta do estar no mundo. As percepções apreendidas das situações dadas pela
experiência acompanham as simbolizações, que muitas vezes são subjetivas”.
O mesmo aconteceu com os jovens do NUA, também querendo contar sobre o tempo
em que estavam no projeto e o trabalho de arte que desenvolvem. A arte gerou neles questões
que nortearam atitudes e valores novos, até então despercebidos e desconhecidos.
Se hoje não sou drogado e consigo estudar, devo tudo ao convívio aqui na NUA. [...] Primeiro conheci o grafite, e com o Fabiano aprendi a diferença entre pichação, achava que tudo era igual antes de aprender. O que me motivou foi conhecer a vida dos grafiteiros, muito parecida com as nossas vidas, cheias de conflitos e perrengues, tendo que se defender, senão o bicho come. Assim, todos do projeto sentiram a mesma vontade de melhorar a comunidade e então, no dia que saímos para grafitar, foi muito legal. (Diego Ferreira, 16 anos, NUA)
Também participei do projeto do grafite, foi o maior barato. (Evanildo, 15 anos, NUA)
Cheguei aqui com 8 anos, minha mãe precisava trabalhar. Não tenho pai, ele nos deixou há muito tempo, eu era pequena. Minha mãe procurou as creches aqui por perto e nenhuma tinha vaga, lá na comunidade indicaram para minha mãe a ONG, que atendia crianças propondo atividades e ficando com elas até a volta de seu trabalho. Foi aqui que cresci e conheci minhas amigas, aprendi a estudar, aprendi informática e pretendo ficar até poder arranjar um emprego. (Ana Cristina Lemos, 16 anos, De Olho no Futuro)
Já fiz de tudo aqui, aprendi informática, faço reforço escolar, aprendo a costurar e agora, balé. (Flávia Santos, 14 anos, De Olho No Futuro)
Nessas falas, novamente podemos observar o papel social que a arte imprime em seu
fazer, na forma de compartilhar e visualizar o outro, que passa a não ser mais indiferente, mas
73 juntos pertencerem ao mesmo grupo, com novas práticas que permitem focalizar concepções
críticas dos modos de vida da comunidade.
O Hermes, a Mazé, o Fabiano, deram um gás aqui nos jovens e todos participaram do grafite, com muito entusiasmo. Queríamos embelezar nossas ruas. [...] Depois, até os políticos em época de eleição vieram aqui pintar as casas, mas não fizeram um trabalho como o nosso. (Evanildo dos Santos, 15 anos, NUA)
Inicialmente, não acreditava que poderia dançar, por ser muito alta, magra e desengonçada, como todos assim me achavam. Mas Rosângela, a professora, foi me convencendo a ver que ser alta, magra, não era nenhum defeito e que poderia adquirir uma bonita postura com a dança e deixar de ser desengonçada. Agora não perco nenhuma aula, e principalmente o ensaio do balé Quebra-Nozes, que estamos preparando para apresentar no teatro de uma escola. No domingo, as minhas amigas que moram na comunidade e que estão no balé se reúnem para ensaiar, assim nossa apresentação fica cada vez melhor e a gente se diverte dançando, as horas passam e nós ficamos com o domingo cheio de brincadeiras e conversas. (Ana Cristina Lemos, 16 anos, De Olho no Futuro)
Entrei na dança porque foi sempre o balé que me encantava, ver as bailarinas na TV com aquelas roupas e sapatilhas, fazendo passos leves e saltando no ar... Que vontade que me dava de poder repetir tudo que via e achava que estaria distante de mim! [...] Concentração, porque antes era muito “cabeça de vento”, como minha mãe dizia, a dança exige que os movimentos sejam um conjunto, todas dançando ao mesmo tempo e no mesmo ritmo, temos que levar a sério nossas aulas, porque senão não conseguimos fazer as apresentações que tanto queremos. (Monique, 15 anos, De Olho no Futuro)
Ah! A dança me fez conhecer e perceber o meu corpo, reparando nos meus gestos e nas atitudes que temos que ter como bailarinas. [...] Antes, meus gestos eram brutos, rápidos. A professora Rosângela me fez ver que teria que ter gestos mais delicados, se não não dariam harmonia no conjunto de um balé tão bonito. Aprendi a me concentrar e ter respeito pelo tempo das outras meninas; era muito afobada e esquecia que não era só eu no pedaço. (Flávia Santos, 14 anos, De Olho no Futuro)
Em suas falas, os jovens mostram como a arte tem atuado na compreensão de suas
histórias, estimulando e ampliando o senso critico que possibilita a construção de uma
autonomia. Também apresentam nas falas aspectos fundamentais para a formação da
cidadania e a inserção social na comunidade. Pode se observar pelas falas que houve uma
influência positiva na vida desses jovens abrindo perspectivas e criando condições para novas
escolhas.
74
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS: UMA ABERTURA PARA PENSAR AS PRÁTICAS COM ARTE NO TERCEIRO SETOR
Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar Cores
de Frida Kahlo Cores!
Passeio pelo escuro Eu
presto muita atenção No que meu irmão ouve E
como uma segunda pele Um calo, uma casca Uma
cápsula protetora Ai, Eu quero chegar antes Pra
sinalizar O estar de cada coisa
Filtrar seus graus [...]
Pela janela do quarto Pela janela do carro Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela? Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle (CALCANHOTO, 1992)
Relembrando a música “Esquadros”, de Adriana Calcanhoto, e me apropriando da
letra para formar minhas metáforas, inicio dizendo: eu andei por esse mundo, eu andei pelas
34 entidades, gastei muito sapato, e no que prestei atenção? Foi nas cores, que não eram nem
de longe as cores de Almodóvar ou de Frida Kahlo, mas cores que estavam cinzas e que, com
o esforço dos dirigentes em seus pincéis, estão sendo, aos poucos, modificadas. Passeei pelo
escuro quando Mazé e Emerson contaram o início do NUA e do De Olho no Futuro:
comunidades carentes de tudo e com alto índice de criminalidade.
Aos poucos, com o depoimento dos jovens, comecei a perceber cores novas, trazida
por esses pincéis eficientes que se juntaram a uma boa paleta, formada pelos educadores, para
misturar as cores. Assim, apareceu a cor laranja para a autoestima, a cor azul para a paz
conquistada, a verde para a reflexão, a amarela para a autonomia de pensamento, a vermelha
para a solidariedade. Fui encontrando nuances de cores, todas conquistadas pelo afeto, pela
percepção, e principalmente pela experiência estética que despertou nesses jovens o sensível,
fazendo com que se deixassem afetar por uma estética que se transmutou em valores para suas
vidas.
75
Dessa forma, senti que a hipótese de minha pesquisa pôde ser comprovada pelas
práticas nessas entidades; procurei fundamentá-la com autores que pensam sobre as práticas
com arte bem como entender de que modo, nos projetos sociais, tais ações podem oferecer aos
jovens possibilidades de formação de valores e atitudes.
Continuando com a metáfora da música, eu também precisei enquadrar minha
pesquisa, com a apresentação do cenário político do Terceiro Setor, mostrando a
reconfiguração da forma de participação entre o Estado e essas entidades, que passaram a
atuar como parceiras das ações governamentais, com trabalhos voluntários e solidários que
absorveram os temas sociais. Apoiadas pelas leis, essas entidades colocaram-se como porta-
vozes das populações carentes, na defesa de seus direitos.
Mas também precisei enquadrar a janela do quarto, o que fiz com a cartografia usada
para identificar as entidades que trabalhavam com arte em São Paulo no período escolhido.
Faltava enquadrar na tela os critérios para a escolha de duas entidades, por meio de diferenças
nos aspectos de origem, tamanho, configuração, recursos financeiros e práticas com
linguagens artísticas diferentes.
Transitei por duas selecionadas: a primeira foi a ONG De Olho no Futuro, localizada
em Pedra Branca, que atende à comunidade de Flamingo, estabelecida no Morro da
Cantareira. Sua subsistência é resultado de recursos de comerciantes locais e de alguns
parceiros, como também de eventuais colaborações da prefeitura, verbas estas repassadas de
forma inconstante. Mas horizontes bem coloridos foram visualizados no dirigente Emerson,
que dedica sua vida à ONG, como uma vocação quase sacerdotal, enfrentando todos os
problemas e, dentro do possível, dando continuidade a esse espaço de educação não formal.
No Instituto Nova União da Arte (NUA), situado no antigo bairro Jardim Pantanal,
com os dirigentes Hermes e Maria José – carinhosamente chamada por todos de Mazé –
também encontrei cores fortes, vivas, trazidas pela consciência e vontade de transformar a
comunidade. A prefeitura, no caso da OS, atua como parceira, tendo mesmo um funcionário
na própria entidade, possibilitando um recurso maior para a realização dos projetos.
Assim, ouvi o depoimento dos jovens que, sem cápsula protetora, revelaram todas as
mudanças ocorridas no corpo, na pele e na mente. Algumas situações todo o tempo eram
mencionadas, tais como perdas, ausências, ressentimentos, dúvidas, vivências nas quais as
linguagens da dança e do grafite conseguiram operar mudanças, reavaliando o compartilhar, o
convívio com o outro e o encontrar nesse companheiro um membro do seu grupo.
76
Mas, ainda não vejo tudo enquadrado. Faltam meus objetivos específicos: identificar
as práticas com arte utilizadas nos projetos sociais escolhidos. O que constatei foi que a dança
não está ali para formar talentos, mas para aproximar os participantes do conhecimento de sua
corporeidade; e o grafite, em sua linguagem de arte urbana, levanta questões sociais comuns à
comunidade, ajudando a construir novos caminhos e novas realidades para esses jovens.
A abordagem trazida pelos dirigentes sobre as práticas com arte revela sua crença em
que as mudanças estruturais possam vir pela cognição, pelas práticas dialógicas, pelos
símbolos e pelas representações da arte, que criam uma rede de significados e sentidos nas
interações entre os jovens.
Verifiquei que a experiência dos educadores com a comunidade trouxe para os jovens
a abordagem triangular de Ana Mae Barbosa de uma forma empírica, afetiva, muito mais
baseada na vivência do que em uma metodologia a ser seguida. Porém, este ainda é um
problema que as entidades do Terceiro Setor enfrentam: educadores sociais sem formação em
arte, apenas voluntários, de boa vontade.
Para sinalizar o estar de cada coisa, eu finalizo com jovens compreendendo que
realmente a arte está se internalizando em cada pedacinho de suas peles, enraizando-se em
suas atitudes, acordando-os para a transformação, filtrando com consciência seus valores, que
a cada dia ficam mais críticos, mais reflexivos, a caminho da cidadania.
Assim, depois de tudo ou quase tudo enquadrado, que foi exposto a meu modo,
termino dizendo que vou continuar prestando atenção nas cores que o mundo nos revela,
podendo ser cores de Matisse ou talvez de Tarsila.
77
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TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1995.
81
APÊNDICE A
CATEGORIZAÇÃO DAS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR QUE TRABALHAM
COM ARTE NA CIDADE DE SÃO PAULO
O objetivo dessa técnica de padronização de coleta de dados é identificar as
características das entidades do Terceiro Setor que trabalham com a linguagem da arte na
cidade de São Paulo no período de 2000 a 2010.
Segundo Marconi e Lakatos (2001, p. 167), essa disposição de dados possibilita
maior facilidade de verificação das inter-relações entre eles. É uma parte do processo técnico
de análise estatística, que permite sintetizar os dados de observação apurados nas diferentes
categorias e representá-los graficamente. Dessa forma poderão ser compreendidos e
interpretados mais rapidamente.
Ao fazer a categorização desses dados, a pesquisadora teve uma postura ética
necessária para evitar possíveis distorções nos dados coletados, a fim de não comprometer as
interpretações.
Registro Localização
Nome da No Ano Endereço da sede Telefone/site
Item instituição
Tipo Público-alvo Projetos Abordagem em arte
Rua Luis Gomes Cardim (11) 5083-0449
Associação de Sangirardi, no 789 – Vila
Apoio ao Projeto 1188 2006 Mariana WW.projetoquixote.org.br
Quixote ― Programa Clínica.
― Programa de Educação
1 para o Trabalho. ―
Oficinas de dança, grafite,
― Programas
Crianças,
música, passeios culturais e
Oscip pedagógicos.
jovens e
reciclagem com arte.
Atua desde 1996 ― Programa de
familiares
Refugiados Urbanos para
juventude de rua.
2 Associação Rua Acedio José Fontanette, vila
1127 2006 6, no 7 – Jardim Ibirapuera, perto blocodobeco@gmail.com
Bloco do Beco de Guarapiranga
82
Registro Localização
― Percussão geral e
canto. ― Contato e manuseio de
― Observação: a instrumentos de percussão por
comunidade criou uma técnicas simplificadas de execução
identidade própria sobre suas musical.
raízes étnicas, em que negros e ― Espaço lúdico musical, voltado
ONG Juventude
nordestinos criam músicas e para os primórdios das festas de
danças para o Carnaval, Carnaval paulistanas; com as
lembrando o folclore brasileiro. marchinhas, sambas de enredo e
A essência dessa entidade é na outros ritmos característicos do
verdade o Carnaval e a Carnaval e das festas populares
participação da comunidade como maracatu, frevo, baião e
nessa festa que procura manter capoeira.
as tradições dos moradores.
Associação De 1111 2005
Rua Amilcar Marchesini, no 35 (11) 3451-1481
Olho no Futuro – Pedra Branca (11) 3476-3911
WW.deolhonofuturo.org.br
― Acompanhamento
escolar, esporte e arte.
3 ― Observação: lutam ― Passeios a museus.
ONG Crianças e com muita dificuldade na ― Aulas de balé.
jovens obtenção de recursos, mas ― Oficinas de artes visuais.
conseguem realizar projetos ― Oficina de customização
com a comunidade de jovens,
tirando-os das drogas.
Associação Song 1595 2010
www.songoflove.com.br
of Love
― Composição de uma música
exclusiva, especial para cada
entrevistado. A música é produzida
4
Crianças e ―
Música especial para a profissionalmente e entregue
gratuitamente em CD personalizado
ONG jovens com criança ou jovem para suavizar
com seu nome e a letra da canção.
doenças graves sua vida.
As músicas são como um retrato da
criança, falam de suas brincadeiras
preferidas, seus amigos, parentes e
até bichinhos de estimação.
Associação Nova Rua Tancredo de Almeida (11) 2058-0643
União da Arte – 1401 2008 Neves, no 87 – União de Vila (11) 2299-3871
NUA Nova, Jardim Pantanal WW.novauniaodaarte.org
― Grafite, dança de rua,
percussão. ― Tem por missão contribuir
― Filó Cabruêra é uma para o desenvolvimento social e
empresa social criada para econômico na comunidade, por meio
ensinar as mães da comunidade da arte, educação, esporte e geração
5 a trabalhar no corte e costura. de renda.
―
Observação:
com ― Objetivo
principal é
Organização
Jovens entusiasmo, o dirigente Hermes fortalecer o engajamento infanto-
Social
fala da adesão da juventude a juvenil por meio de ações que
novos projetos como o grafite promovam a garantia dos direitos
para dar uma cara nova ao sociais, políticos e civis,
bairro. Afirma também que fortalecendo laços afetivos e
depois de iniciar esse projeto, o familiares e a participação
índice de criminalidade comunitária.
diminuiu.
83
Registro Localização
Associação Avenida Francisco Matarazzo, (011) 3874-3355
Amigos do 0881 2001 no 682, e no Colégio Santa
Projeto Guri Marcelina – Perdizes WW.projetoguri.com.br
― Aprendizado de
instrumento musical.
―
Trabalhar com música.
― Aprendizado de canto coral.
― Aprendizado de
― Observação: o Projeto
instrumento e canto coral.
Guri é considerado o maior
― Nas aulas são trabalhados
6 programa sociocultural que a
os mais variados gêneros musicais,
Organização Jovens de 6 a Secretaria da Cultura do Estado
desde canções populares e músicas
Social 18 anos de São Paulo desenvolve em
folclóricas a composições eruditas.
parceria com as prefeituras do
― Além de apresentar aos
interior e do litoral norte e
alunos novos estilos de música e
empresas privadas, e com o
manifestações culturais, a variedade
Santa Marcelina.
de repertório trabalhada nos polos
mantém vivas as raízes culturais da
própria comunidade.
Associação Casa Rua dos Mandis, n
o 48 –
(11) 95672-5131
1206 2006 Pedreira, perto do Balneario
dos Curumis
Casadoscurumis.com.br
São Francisco
7 Crianças e ― Banda de cultura popular,
jovens em
formada por mais de 230 crianças e
ONG situação de ― Projeto Batuque Arte. adolescentes, criada pelo jovem
vulnerabilidade músico e coreógrafo Henrick
social Mendes.
Associação 1118 2005
Rua João Gonçalves, no 180 – (11) 3812-5637
Cidade Escola Pinheiros WW.cidadeescolaaprendiz.org.br
Aprendiz
― O foco do trabalho
dessa Oscip é consolidar a ideia
de bairro-escola, no qual se cria
um amplo espaço educativo,
estruturado por uma rede que une
toda a comunidade, amplia as
possibilidades de aprendizagem e
melhora a qualidade de vida ― Projetos contínuos com
8 urbana. parcerias, mesmo em escola.
―
Observação:
Criada ― Conversa cultural, que
Crianças e
Oscip pelo educador e jornalista consiste em trazer os artistas da Vila
jovens
Gilberto Dimenstein, esse projeto Madalena para expor a forma de
cresceu, não ficando só no seu trabalho, ideias sobre arte e interagir
núcleo de Pinheiros, mas também com os jovens participantes.
na Barra Funda, compartilhando
com escolas estaduais,
municipais e escola Técnica de
Campos(ETC) que atuam na
periferia (Jardim Ângela) e no
interior do estado, com núcleos
no Vale do Paraíba.
9 Associação
1585 2010 Rua Cerqueira César, no 61 – (11) 3534-2189
Corrente Santo Amaro WW.correntelibertadora.com.br
Libertadora
84
Registro Localização
Crianças e ― Ensino e prática da capoeira e
a utilização da sua simbologia como
jovens em
― Berimbau de Ouro, interpretação da realidade social.
ONG situação de
dança de roda e capoeira. ― Ensino do instrumento.
risco pessoal e
― Ensino de um esporte que em
social
sua formação traz a dança popular.
Associação 1338 2007
Rua Erwin Fuhrmann, no 34 – (11) 5527-0970
Comunitária São Grajaú WW.acomisaosimao.com.br
10 Simão
ONG Jovens ― Formação de cidadania. ― Oficinas de música, teatro,
artes visuais e dança.
Associação
Meninos do 1076 2004 Av. João XXlll, no 765, Altos – (11) 96918-5956
Toque do Vila Formosa
WW.menino-do-tambor.org.br
Tambor
― Projetos para meninos
“Meninos do Toque do Tambor”.
11 ONG Com meninas o projeto é de um – Oficinas de música, teatro, artes
coral com o nome “Encanto da
Fundada em visuais e dança para aumentar a
Crianças, Vila”
2001, mas seu autoestima e despertar talentos. As
adolescentes e ― Observação:
A
registro na
oficinas trabalham o folclore, tendo a
melhor idade associação tem origem em uma
Prefeitura é de dança de roda como integração desses
escola de música do Prof. Roberto
2004
jovens.
Jordan, que resolveu ampliar seu
projeto para jovens carentes da
Vila Formosa.
Associação 1168 2006
Rua Roberto Robinson, no 275 (11) 3781-3999
Comunitária – Jardim Boa Vista WW.micael.com.br
Micael (Acomi)
― Oficinas de arte para
12 desenvolvimento da
Crianças, autoestima e cidadania.
― Oficina de artes visuais, de
ONG adolescentes e ― Observação:
É
dança e música.
adultos iniciativa de um trabalho
voluntário de país de alunos do
Colégio Waldorf.
Associação 1336 2007 Rua Cristiano Viana, no 977 – (11) 3083-6274
Morungaba Pinheiros
www.morungaba.org.br
― Projetos ligados à arte
para reverter o quadro da
13 Oscip exclusão social, fortalecendo a
Foi fundada em
identidade do jovem para que ― Oficinas de dança, teatro,
Jovens e
2000, mas o se sinta encorajado a lutar pelos artes visuais, capoeira e histórias
deficientes físicos
registro é de seus direitos. infantis.
2007 ― Projetos realizados em
escolas públicas da região do
Butantã.
14 Associação
1192 2006 Rua Jericó, n
o 255, 12
o andar, (11) 3032-8044
Internacional sala 125 – Sumarezinho WW.artesemfronteira.org.br
Arte Sem
85
Registro Localização
Fronteiras
― Projetos específicos ― Vídeos explicativos de cada
aderentes às atividades uma das obras de arte de artistas
Oscip Crianças e jovens culturais, em parcerias com brasileiros, com as histórias de cada
Bradesco, DPZ, Azevedo Sodré obra, distribuídos para as 3.850
Advogados, Alfa Agroenergia e escolas da rede pública do estado de
outras. São Paulo.
Provisoriamente parados,
Centro Cultural
segundo o dirigente W. (11) 97107-7570
1367 2008
Raphael Galvano, porque a casa
Casa do Barro
WW.casadebarro.org.br
em que funcionava a entidade
foi pedida pelo proprietário.
― Núcleo artesanal com
oficinas de pintura ilustração,
modelagem e artesanato.
― Núcleo corporal: focando
15 suas atividades no corpo com
Crianças e ― Atua com núcleos oficinas de teatro, dança, capoeira e
adolescentes em focados em artesanato, circo.
ONG situação de expressão corporal, expressão ― Núcleo palavra: foca na
vulnerabilidade e pela palavra e expressão expressão da palavra, com oficinas
risco sonora. de poesia e literatura, leitura,
idiomas e criatividade.
― Núcleo sonoro: tem como
foco a expressão através dos sons,
com oficinas de canto, cordas,
percussão e musicalidade.
Nome da No Ano Endereço da sede Telefone/site
Item instituição
Tipo Público-alvo Projetos Abordagem em arte
Centro de
Orientação e Rua Dr. Paulo de Barros (11) 5668-9494
Educação à 0946 2002 Whitaker, nos
113/300 – Cidade
Juventude Dutra (Favela Vinte) www.projetosol.org.br
16 (Projeto Sol)
Crianças e
― Programa de arte que ― Oficinas de artes visuais,
ONG
objetiva trazer oportunidades de modelagem com argila, dança, balé
adolescentes
desenvolvimento como ser clássico, sapateado, teatro, música
humano aos jovens da favela. com formação de orquestra e coral.
Comune 1336 2007 Rua da Consolação, no 1218 – (11) 3476-0792
Centro
www.commune.com.br
17
― Montagens cênicas em ― Teatro infantil e para
Oscip
Crianças e comunidades da periferia e jovens.
adolescentes
centro de São Paulo em parceria ― Após os espetáculos são
com a Unesco, Funarte, feitos debates e leituras sobre o tema
Petrobrás, Visa, CMDCA, Sesc. tratado nas peças.
Doutores da
18 Alegria – Arte,
1119 2004 Rua Alves Guimarães, n
o 73 – (11) 3061-5523
Formação e Pinheiros
Desenvolviment
www.doutoresdaalegria.org.br
o
86
Registro Localização
Jovens que
moram em
comunidades ― Formação para
ONG populares e palhaços para atuar em hospitais ― Oficinas de teatro.
que tenham
e creches, levando alegria aos
cursado o doentes.
ensino médio
(11) 5526-3355
Futurong Ação 1161 2006 Rua Rio São Nicolau, no 599 – (11) 4227-5494
Sócio Cultural
Parelheiros
www.futorongorg.br
19
ONG
― Reciclagem com arte,
Fundada em Crianças e
fazendo o jovem refletir sobre ― Trabalham
com a
2002, mas com um mundo mais sustentável.
jovens
criatividade ao reciclar o lixo,
registro na ―
Inclusão do jovem no
produzindo objetos.
Prefeitura em
mercado de trabalho com a
2006 venda da produção.
GAIA – Grupo Rua Professor
Guilherme
(11) 5632-1748
de Assistência ao
1119 2005 Belfort Sabino, no 715 – Vila
Idoso, à Infância São Pedro. www.gaia.gov.br
e ao Jovem.
20
Crianças, ― Oficinas de teatro, música,
ONG jovens e ― Assistência social para dança e línguas.
idosos valorização do ser humano.
Registro Localização
Nome da No Ano Endereço da sede Telefone/e-mail
Item instituição
Tipo Público-alvo Projetos Abordagem em arte
(11) 2577-9902
Imagemágica 0888 2001 S/ endereço físico
olhar@imagemagica.org
― Escola do olhar que ― Curso de fotografia como
visa à implementação de ferramenta de comunicação com o
21 núcleos fotográficos como mundo.
caminho para conscientização e ― Oficinas em comunidades
cidadania; em parceria com o carentes para que os jovens sejam
OSCIP
Jovens
Laboratório Aché, Laboratório protagonistas do seu entorno.
Merck, Adubos Araguaia e ― Capacitação de professores
outras. para que utilizem essa ferramenta em
― Observação: criado sala de aula.
pelo fotógrafo francês radicado ― Realização de exposições
no Brasil André François, não fotográficas que promovam a
tem uma sede. Trabalha por conscientização da identidade social
solicitação das escolas públicas. que o jovem está construindo.
87
Registro Localização
Instituto 1155 2006 Rua Dr. Fernandes Coelho s/n
o
(11) 2974-3000
Ayrton Senna – Pinheiros
www.instituto_ayrton_senna.org.br
― Programas de educação
complementar como: Se Liga,
Ação Jovem, Acelera Brasil.
― Programas de educação
pelo esporte e educação
tecnológica com escola
conectada.
― Programa Educação
22 Crianças e
pela Arte, em parceria com
escolas e outras ONGs.
Oscip
jovens e
― Oficinas de artes visuais, dança,
― Observação: É a
educadores realização do sonho do música e teatro.
tricampeão de formula 1 ajudar
o país a diminuir a desigualdade
social. Com sua morte a família
tem levado o instituto à frente
com várias parcerias. O instituto
é reconhecido pela Unesco.
― Trabalham, em seus
programas, o desenvolvimento
de competências e habilidades.
Instituto 1601 2010 Rua Bento Frias, no 35 – (11) 3031-9057
Beethoven
Pinheiros
www.artsuplay.com.br
23
ONG que
funciona como Jovens ― Formação de orquestra
escola desde
deficientes ― Oficinas de música.
com crianças carentes
2000
Registro Localização
Nome da No Ano Endereço da sede Telefone/site
Item instituição
Tipo Público-alvo Projetos Abordagem em arte
Instituto Rua Fragata Constituição, n
o 63
(11) 3941-1493
Cidadão 115 2006
Brasileiro 5 – Parque Taipas
www.institutocidadaoparticipativo.or
Participativo g.br
24 ― Trabalho com arte e
cultura nos CEI, bem como em
escolas da periferia, ― Oficinas de artes visuais,
ONG Jovens ressignificando o que já é dança e música.
conhecido na comunidade
anteriormente. Parceria com a
Secretaria Municipal de
Cultura.
25 Instituto 115
2006 Rua Sólon, n
os 1089 a 1121 – (11) 3333-7676
Criar de TV 4 Bom Retiro
e Cinema
www.institutocriar.org.br
88
Registro Localização
― Audiovisual como
elemento de transformação
social e de oportunidade de
Jovens entre 17 a
trabalho na periferia. Também
trabalham com programas de
20 anos, cursando
Oscip
desenvolvimento pessoal como
o terceiro ano do ― Oficinas de cinema e TV.
o “Projeto de vida” e “Criando
ensino médio
Asas”.
― Foi criado por Luciano
Huck e tem como parceiros
Banco Itaú, Coca Cola e
Volkswagen.
Instituto 142 2008 Alameda Tietê, no 618 – Jardim (11) 3060-8388
Iochpe
2
Paulista
www.artenaescola.org.br
― Desenvolvimento de
material facilitador para o
ensino das artes nas escolas e
treinamento aos professores
para aplicação desse material.
26
― A rede arte na escola
tem polos em todo o Brasil,
Crianças e jovens
tendo como base universidades
Oscip
das escolas
― Atuam em todas as artes:
conveniadas que trabalham com
públicas e privadas
audiovisual, dança, música e teatro.
pesquisa e educação continuada
do ensino da arte, para que seja
replicado e multiplicado nas
escolas. Tem como parceiros
não só a Fundação Ioschpe
como o Banco Bradesco,
PetrobraseSesi,eé
referendado pela Unesco.
Registro Localização
Nome da No Ano Endereço da sede Telefone/site
Item
instituição
Tipo Público-alvo Projetos Abordagem em arte
Instituto de
Música,
(11) 3064-2485
Educação e 1558 2010 Alameda Lorena, no 1304, cj.
Cultura Harold
706 – Jardim Paulista
www.choroblue.org.br
Berman –
Choro Blue
― Ensino da música popular
27 brasileira, aliada aos
conhecimentos do jazz e
blues americanos, em
Oscip
Jovens parceria com escolas de
carentes ensino médio. ― Oficinas de música.
― Observação O maestro John Berman é o criador e professor dos jovens. Trabalham em escolas públicas com projetos e no
89
Registro Localização
Céu Jaguaré.
Instituto Olga 1520 2009
Rua Haddock Lobo, no 1307, cj. (11) 3081-9300
Kos de Inclusão 181 – Jardim Paulista.
Cultural
www.institutoolgakos.org.br
― Resgate da cultura, por
meio de publicações de arte
28 Crianças e
de 20 artistas brasileiros ― Oficinas de pintura, música e
com a finalidade de
Oscip jovens com
exercitar as habilidades teatro com enfoque de
síndrome de
desenvolvimento das
motoras. O trabalho é
Down
habilidades motoras e
realizado em Instituições
perceptivas do jovem deficiente.
parceiras, como: Apae,
Adere, Novo Ângulo,
Alternativa, etc.
Instituto 1228 2007 Alameda Nothman, no 1029 – (11) 3667-2361
Pensarte-OS
Santa Cecília
www.pensarte.org.br
― Projeto Cuca Mirim de
culinária, apresentando um
olhar diante dos alimentos
além da necessidade física,
29 abordando as formas de ―
Organização Jovens
preparar, misturar alimentos Oficinas de artes visuais, dança
reconhecendo seus valores, e música. São realizadas na sede
Social carentes
sabores que permitem a na alameda Nothman para
criatividade. jovens carentes da região.
― O livro falante, projeto que
desperta não só o gosto pela
leitura como representa o
livro em comunidades e
escolas públicas.
Registro Localização
Nome da No Ano Endereço da sede Telefone/site
Item instituição
Tipo Público-alvo Projetos Abordagem em arte
Instituto 1420 2008
Avenida dos Metalúrgicos, no (11) 2285-7758
Pombas 2100 – Cidade Tiradentes
Urbanas
www.pombasurbanas.org.br
― Projeto da Comunidade
aoTeatro,doTeatroà
30
Comunidade para formação de
valores de cidadania.
Oscip
Crianças e ― A Cohab cedeu um ― Oficinas: teatro, música,
jovens galpão de 1600 m2, onde foram
instaladas as oficinas. Esse artes visuais e dança.
espaço foi objeto de reportagem
da revista do jornal Folha de
S.Paulo em 15/07/2012, com o
titulo “Quebrada fértil”.
31 Religare –
1311 2007 Rua Sousa Lima, no 300, 1º (11) 3825-9036
Reciclagem
andar – Santa Cecília
Cultural e
90
Registro Localização
Social www.religare.org.br
― Facilitadores da
difusão e inclusão cultural de
Jovens que
jovens em situação de risco
social, praticando uma educação
cumprem
Oscip dos sentidos.
O nome
medidas ― Oficinas de teatro.
“Religare” foi criado para dar
socioeducativas
sentido ao projeto: ligar jovens
internos da Fundação Casa à
sociedade, com a inserção das
artes em suas vidas.
Obra Social 1054 2003 Rua Álvaro Mendonça, no 456 – (11) 2205-1100
Dom Bosco Itaquera
www.dombosco.com.br
32 CEP
― Projetos assistenciais
― Projeto socioeducativo
Comunidade
Crianças e Criarte, em parceria com o ― Oficina de artes visuais,
jovens Projeto Guri, para formação de
Educativa dança, música e teatro.
orquestra, Escola de Samba
Pastoral
Dom Bosco,
com oficinas
voltadas ao Carnaval.
Orpas – Obras
Recreativas, 1324 2008
Rua João Santana, nos
329 e 358 (11) 97885-7665
Profissionais, – Chácara Santana
Artistícas e
www.orpas.com.br
33 Sociais
Crianças e
― Oficinas de formação
ONG ― Projeto cultura para humana com música de percussão,
jovens
todos. canto coral, dança, artes visuais,
teatro e psicodrama.
Registro Localização
Nome da No Ano Endereço da sede Telefone/e-mail
Item
instituição
Tipo Público-alvo Projetos Abordagem em arte
Via Cultural – Avenida Brigadeiro Faria Lima,
(11) 3624-5791
Instituto de
1413 2008 no 1597, cj. 707 (escritório) –
Pesquisa e Ação Pinheiros www.viacultural.org.br
pela Cultura
― O projeto “Memórias
Construídas” une conhecimento
34
Jovens em
a competência. Sua metodologia
propõe construir uma nova
condição de
Oscip, parceria identidade
sociocultural dos
vulnerabilidad ― Oficinas de restauração de
com o Sesc jovens, tendo
como base
e da antiga
obras.
desde 2008 experiências,
percepções,
Febem e casas ― Aulas de história da arte.
vivências, visitas em um
de abrigo
processo de aculturação e
apropriação do entorno da
cidade como patrimônio
histórico.
91
APÊNDICE B TERMOS DE CONSENTIMENTO DOS DIRIGENTES DAS
ENTIDADES
92
93
APÊNDICE C
DEPOIMENTOS DE DIRIGENTES E EDUCADORES DAS ENTIDADES
MAZÉ – DIRIGENTE DO NUA
Liguei para a sede do NUA e conversei com Hermes, criador e fundador da OS,
juntamente com sua esposa, Maria José, ambos dirigentes da entidade. Nesse telefonema,
expliquei o propósito de minha visita e disse que gostaria de conversar com ele sobre o NUA.
Apesar da indicação sobre o local, foi difícil encontrar, porque as ruas não têm
identificação e a numeração não tem continuidade. Depois de quase uma hora andando em
círculos, parei em frente a uma escola estadual e liguei pedindo ajuda. Maria José foi ao meu
encontro. Maria José, 30 anos, conhecida como Mazé, foi logo pedindo desculpas pela
ausência de seu esposo, que fora a uma reunião imprevista na Secretaria de Participação e
Parceria da Prefeitura. Disse: “Fique sossegada estarei à sua disposição. E, você sabe,
vivemos dessas verbas”.
Ao entrar na sede, deparei com crianças alegres, brincando e começando a comer um
farto prato de comida. Nesse momento, ela quis que eu olhasse o que as crianças estavam
comendo e me disse que elas almoçavam, tomavam lanche e, antes de ir embora, jantavam. “Mas há uma exigência para estarem aqui: a da frequência na escola”.
Fotografia 7 – Refeição servida para os participantes do NUA Fonte: a autora (2013).
Perguntei qual era o custo de cada participante no projeto e ela me informou que era
de R$ 60,00. Frisou que, nesse valor, estavam incluídas refeições e o material didático
individual utilizado nas oficinas, pelas crianças.
94
Continuando a visita, fomos à biblioteca e ao espaço onde são realizadas as oficinas
de grafite, dança e percussão. Mazé mostrou a reforma de um banheiro e as rampas que
haviam acabado de construir para receber deficientes. Então perguntei: Dentro do projeto e
frequentando as oficinas vocês tem muitos deficientes? E ela me respondeu: “Não ainda, mas
queremos recebê-los”.
Fotografia 8 – Reformas para receber deficientes Fonte: a autora (2013).
Sentamos e ela continuou o depoimento de todas as suas vivências no NUA. Vi seus
olhos brilharem e se encherem de lágrimas: “Vamos começar a recordar tempos difíceis e
tempos de construção”. Foi então que percebi o quanto ela queria falar e deixei-a à vontade.
Mazé: Como você já sabe [fazendo referência ao site do NUA], mas vou relatar: o Hermes
esteve um tempo na antiga Febem e lá ele começou a esculpir, com um cortador de unha, uma
cabeça de cavalo. Os colegas mostraram ao diretor, que o convidou então para lá formar uma
oficina de arte e dar aulas a seus colegas. Ele começou a sentir, nesse trabalho de oficineiro, o
bem que a arte fazia a todos que lá estavam. Não só os tirava do ócio, como também permitiu
que eles construíssem peças criativas que elevavam a sua autoestima. Quando ele saiu da antiga Febem, voltei com ele ao bairro para visitar um amigo que aqui
morava. Nesse tempo, estávamos morando na Penha [com um suspiro de lembrança]. Como
ficamos assustados e decepcionados! Tudo havia piorado, a comunidade estava sobrevivendo
do lixão, muita droga e violência. Vendo tudo isso, o Hermes reparou que aqui tudo girava em
círculo vicioso, de tal forma que nada de bom acontecia, e percebeu que o destino dos jovens
95 seria o mesmo que o dele. Então, resolveu reverter essa história triste contada aqui. Pediu
ajuda ao Marcos, um psicólogo que o acompanhou durante seu tempo de Febem, para juntos
trabalharem com a comunidade, conscientizando-a a participar de um projeto que fizesse
desse local um local diferente, que eles pudessem entender que a miséria poderia ser revertida
com ajuda de todos; e se todos participassem dos projetos iniciais de mutirão, poderíamos
falar em conquistar suas cidadania. Assim, fizemos mutirão do lixo, que depois a Globo [Rede
Globo de Televisão] veio e fez também. [enfática] Você sabe, uma andorinha só não faz
verão! E pudemos, com essa ajuda poderosa da Globo, acabar definitivamente o lixão. O Hermes acreditava que a arte poderia trazer muitas mudanças, e foi assim que iniciamos,
com muita luta e pouco dinheiro, em 2000. Em 2005, depois de cinco anos de luta, é que nos
tornamos uma organização social e tendo a prefeitura como parceira, várias secretarias nos
financiam, mas fiscalizam e controlam os gastos, tudo aqui é rigorosamente controlado por
nós e pelo Nelson, funcionário da prefeitura que cumpre 40 horas aqui conosco.
Nesse momento, eu estava preparada para fazer algumas perguntas, mas Mazé, muito
ansiosa, começou a contar como foi o início da oficina de percussão.
Mazé: Começamos na percussão com instrumentos construídos com latas, tampas, galões de
tinta, e os jovens os transformavam em instrumentos de percussão. Hoje já conseguimos de
nossos parceiros os instrumentos para eles tocarem. Seguimos a metodologia de Paulo Freire em nossas oficinas. Nossas crianças e jovens ficam o
tempo que querem. Você viu o Fabiano [educador social que deu seu depoimento], foi cria do
projeto, e muitas crianças falam que, quando crescerem, querem se tornar educador social e
trabalhar aqui... [deu um sorriso] Ah, crianças! Quantos sonhos, tudo é possível.
Sorridente, alegre e muito calma, ela atendia a todos enquanto conversávamos. Pedia
desculpas, mas dizia: “ser dirigente é isso, ainda mais quando o Hermes não está”.
Mazé: Ah, esqueci de contar que tivemos de mudar e fazer da sede nossa residência por
questões práticas e financeiras, e aqui no NUA realmente é a minha casa [falando com certo
orgulho]. Hoje são vários projetos que estão sendo desenvolvidos porque, graças a Deus, a
participação da comunidade cresceu, e com isso, mais duas casas foram alugadas: uma para o
projeto Filó Cabruêra e outra para o GPS Delivery.
96 O Filó Cabruêra é o que dirijo pessoalmente, um projeto com mães que aprenderam a costurar
e hoje fazem bolsas, carteiras, sacolas com reutilização de banner que as empresas iam jogar
fora e, a nosso pedido, nos enviam para a sede, e aqui transformamos em lindas peças que
vendemos na comunidade e fora também. É o nosso projeto sustentável.
Fotografia 9 – Projeto Filó Cabruêra. Da esquerda para a direita: duas costureiras, Mazé e Sissa. Fonte: a autora (2013).
Fomos à sede do projeto GPS Delivery, onde aproveitei para colher o depoimento do
educador social Almir.
Mazé: [mostrando o local] É aqui que acontecem as reuniões da comunidade. Hermes procura
apresentar os problemas locais, e junto com os moradores, busca encontrar as soluções. Pesquisadora: E como é a participação dos moradores? Mazé: Se não participarem, como é que querem adquirir cidadania?
Confesso que fiquei até assustada em perceber o quanto Mazé era politizada. Já
estava tarde, e ela precisava supervisionar no lanche das crianças, que logo iriam para suas
casas. Então me despedi e agradeci todo o acolhimento.
97
EMERSON – DIRIGENTE DO INSTITUTO DE OLHO NO FUTURO
Em uma sexta-feira ensolarada, cheguei ao Instituto De Olho no Futuro. A visita
havia sido previamente agendada com o dirigente, que disse ser sexta-feira o melhor dia para
se ter uma ideia de como funciona o projeto. Expliquei tratar-se da minha tese de doutorado, e
ele foi muito receptivo.
Muito falante, irrequieto, ele queria abraçar todas as questões que surgiam ao seu
redor e ao mesmo tempo ser gentil comigo e contar do trabalho que realizam. Assim, mostrou
as dependências físicas onde funciona enquanto conversávamos.
Emerson: O pagamento do aluguel é resultado do esforço mensal da comunidade nas
contribuições. Quanto à ajuda da prefeitura, ela é muito eventual, só quando resolvem enviar;
principalmente em época de eleição é que somos lembrados por representantes aqui do bairro
de Pedra Branca que precisam ser reeleitos e forçam na prefeitura uma liberação de verba.
Fora isso, é muito raro, não podemos contar. O que contamos mesmo é com colaboradores,
lojistas da região que nos ajudam mensalmente. Nosso projeto tem como base a comunidade pobre do Morro da Cantareira, e abriga famílias
que estão alojadas em barracos sem licença da prefeitura, em terrenos ocupados; comunidade
que, antes do projeto, tinha um alto índice de violência familiar e droga. Para participar do projeto, todas as crianças precisam estar matriculadas na escola e com
frequência regular. Damos muita ênfase para a escola porque muitos deles, antes de estarem
aqui, com 13, 14 anos não frequentavam escolas e, naturalmente, ficavam vagando na
comunidade. Eles chegam, almoçam e fazem os exercícios de casa passados pela escola, com uma
educadora que ensina o que ficou difícil para eles o entendimento; é uma repetidora, porque
eles sentem muita dificuldade no aprendizado. Terminando a lição, eles começam outras
atividades, como judô, dança, customização de roupas e um pouco de artes visuais.
Permanecem aqui até as cinco e meia [17h30], tomam um lanche bem reforçado e vão para
suas casas. Assim, essas crianças e jovens têm não só o tempo preenchido com atividades, como também
discutem com as educadoras assuntos do dia a dia da comunidade, como prostituição aos 14
anos, violência familiar e iniciação na droga, fazendo-os refletir sobre suas escolhas futuras.
98
“Ah!”, lembrou, “quero contar o que fizemos esses últimos meses”, e começou o
relato com muito entusiasmo.
Emerson: Havia um matagal que as crianças atravessavam para chegar às suas casas, tanto na
volta da escola como para chegar ao nosso projeto. Era um local muito perigoso, porque era
ponto de droga e local de aliciamento de menores para o tráfico e venda. A pedido das
próprias crianças e jovens do projeto, fui ao local verificar e vi que precisávamos agir
rapidamente. Pedi à subprefeitura que limpasse o terreno e desse uma iluminação necessária
para o local. Construímos uma praça, pintamos as árvores, plantamos árvores frutíferas e, com
a ajuda de comerciantes do bairro, colocamos bancos, onde eles fazem suas propagandas.
Afastamos a droga e ficou um lugar de reunião para os jovens. Agora, estamos querendo
colocar alguns brinquedos para as crianças e aparelhos de ginástica para os jovens, mas isso
depende muito, muito, da ajuda de todos e até pedir à subprefeitura para deixar colocar. Bem,
a esperança de conseguir é uma próxima eleição, porque dará visibilidade ao candidato do
bairro. Esse local é chamado pelos jovens do projeto de “nosso cantinho”.
“Agora vou deixar você conversando com as educadoras, preciso tomar algumas
providências no banco”, finalizou Emerson. Agradeci e comecei as entrevistas com as
educadoras.
FABIANO – EDUCADOR SOCIAL DO NUA
Fui apresentada a Fabiano por Mazé: ”Fabiano é um dos nossos educadores. Temos
quatro, mas ele é cria nossa”. Ela explicou a Fabiano que eu estava construindo um perfil do
NUA para meu doutorado, e que ele poderia me ajudar muito com seu depoimento.
Fabiano: Sou educador social e muito, muito me orgulho de dizer que minha vida começou a
ter sentido aqui no projeto do NUA. Tenho 24 anos e atualmente estou fazendo faculdade de
Educação Física. Comecei no projeto aos 14 anos, época em que o Hermes procurava mostrar
aos moradores a importância de transformar a comunidade em um lugar melhor e com mais
condições de vida, e não sobrevida. Naquele tempo, aqui se chamava Jardim Pantanal e era um lixão, mas o Hermes, você sabe, é
um artista plástico [fala com muito respeito e admiração no tom de voz], organizou vários
99 mutirões para acabar com o lixão, até sensibilizar o poder público a vir agir aqui nessa
comunidade, que estava esquecida, e acabar definitivamente o lixão.
Continuando em sua fala, percebi que Fabiano queria me contar tudo o que viveu
nesse tempo, e continuou falando de Hermes, dizendo que ele não havia sossegado em só tirar
o lixão, mas queria dar uma “nova cara” a essa paisagem da comunidade, para que todos
pudessem ter motivos para sorrir.
Fabiano: Foi então que ele começou aqui na sede – que era, na época, sua residência – a
oficina de grafite com os jovens. Ele nos fazia perceber o grafite como uma expressão que
podia buscar a sensibilidade do olhar. Nos mostrou a história de vários grafiteiros, como
Basquiat, que tinha uma vida muito parecida com as nossas, mas que, ao expor suas ideias nos
muros, levantou muitas questões sociais. Fomos à luta e transformamos muitos dos espaços
do bairro, que eram muito feios, em lugares mais criativos. Da oficina do grafite surgiu a
percussão, e da percussão, a dança de rua, em que me amarro muito.
Fotografia 10 – Grafite feito pelos jovens em volta da horta Fonte: a autora (2013).
O rapaz demonstrou até um brilho nos olhos ao dizer que conseguira uma bolsa no
Curso de Formação Bertazzo, do coreógrafo e dançarino Ivaldo Bertazzo, e lá foi se
aperfeiçoar.
Fabiano: Fui crescendo, crescendo aqui, me tornando homem e me conscientizando nessa
procura de uma vida melhor. Hoje, sou educador social [fala que repete com orgulho]. Todos
os jovens do projeto estão na escola, é uma condição para frequentar nossas oficinas. E eu
100 estou aqui para repetir tudo a eles que aprendi. Muitos desses jovens que estão aqui também
querem, no futuro, pertencer ao NUA como educadores e levar também algo que aprenderam
a outros jovens, que veem porque agora o NUA não para [com sorriso largo, dando ênfase à
frase].
Brincando, falou: “Oh, quanta responsabilidade!” Nesse momento, as crianças
correram ao seu redor, o abraçaram e começaram a contar histórias que ele parou para ouvir.
Assim, senti que havíamos terminado. Pensei em tirar uma foto desse quadro das crianças o
abraçando, mas percebi que o depoimento lhe trouxe muitas lembranças. Ele estava
emocionado e de seus olhos rolavam algumas lágrimas, então resolvi respeitar esse momento
final.
ALMIR – EDUCADOR SOCIAL DO NUA
Almir, 24 anos, um rapaz que também se formou no projeto do NUA, entrou menino
e acabou sendo educador e criador, junto com Hermes, do projeto GPS Delivery. Quando
Mazé fez as apresentações, contou a ele que o NUA fazia parte da minha tese de doutorado.
Ele ficou entusiasmado e se ofereceu para contar sobre o projeto que é o seu sonho. Sentamos
e comecei a ouvi-lo.
Almir: Por mais que a comunidade participe e que o Hermes sempre esteja atento em abrir o
espaço para novos moradores, ainda existem os que ficam desconfiados, não acreditando por
que queremos melhorar essa comunidade. Observando esse fato como constante é que eu e o
Hermes, e mais alguns educadores do projeto, nos juntamos e resolvemos criar o projeto GPS
Delivery. Senti na pele as mudanças que o NUA fez em mim. Se hoje não sou drogado e
consigo estudar em uma faculdade, devo tudo ao convívio com todos do NUA. O projeto GPS Delivery consiste em, duas vezes por semana, sairmos às ruas da comunidade
de triciclo e com um vasto equipamento lúdico. Vamos vestidos de palhaços, assim paramos
em um local mais distante da comunidade e com pessoas que ainda não conhecem ou não
participam do nosso projeto e começamos a fazer brincadeiras entre nós, palhaços. Os
moradores começam a abrir as janelas, as crianças saem nas ruas e, aos poucos, vão se
achegando. O que fazemos? Muitas palhaçadas, brincadeiras, malabarismos, mas também
contamos histórias que falam de violência doméstica e drogas, que são as ocorrências mais
101 comuns aqui na comunidade. Ficamos umas duas ou três horas no máximo e depois
convidamos todos para chegar até a sede do NUA.
Pesquisadora: E como tem sido o retorno do projeto? Almir: Ainda é tímido, mas o importante é que já estamos conseguindo.
Percebi que ele olhou para o relógio com certa ansiedade e me disse que precisava se
apressar para a aula da faculdade. Gentilmente, me perguntou: “Você ainda precisa de mim?” Agradeci e disse que poderia ir à aula, e que seu depoimento tinha sido muito importante para
minha pesquisa.
ROSÂNGELA – EDUCADORA DO INSTITUTO DE OLHO NO FUTURO
Fui apresentada por Emerson à educadora Rosângela, 30 anos, que ministra a oficina
de balé e prontamente quis colaborar. Emerson fez um comentário: “É ela que faz as meninas
sonharem e sentirem que também podem ter graça e flexibilidade, como qualquer jovem que
se dedica à dança. Você sabe, para essas jovens a inspiração está na TV”.
Pesquisadora: Qual é a sua formação? Rosângela: Cursei o balé da Prefeitura. Então, resolvi utilizar minhas habilidades, trazendo a
dança tanto para as crianças quanto para as jovens.
Pesquisadora: O que você ensina a elas? Rosângela: O corpo delas que é o próprio dançarino; é ele que executa os movimentos e é
capaz de criar, de pensar e de escolher. Ensino passos de dança clássica, mostro a elas como
os passos fazem parte de um exercício de disciplina, e só na continuidade é que poderão se
tornar flexíveis. Mas também quero que a dança provoque nelas uma forma de articular novas
possibilidades, com seu corpo e com sua mente. Estou contando a você, não o dia a dia das
oficinas, mas o que pretendo ao trazer o balé a essas crianças e jovens.
Na segunda vez em que fui à instituição com o propósito de novamente conversar
com ela e com as jovens participantes do projeto, ela me autorizou a colocar seu nome. Sua
escolaridade: cursou até o ensino médio e estudou balé clássico durante sete anos. Sempre deu
102 aulas de balé em varias academias do bairro de Santana e de Pedra Branca. Mas sua formação
em dança é mais prática do que teórica. Atenciosa e simpática me recebeu e disse: “Darei,
sim, a entrevista que você precisa, mas assista ao ensaio, apontando um banco para sentar e
observar”. Após o ensaio, conversamos mais um pouco.
Rosângela: O que você achou do balé? Pesquisadora: Apreciei muito. Como foi essa preparação para chegar à escolha do Quebra- Nozes? Rosângela: Esse nosso projeto do balé Quebra-Nozes foi uma escolha em conjunto com essas
jovens. Primeiro apresentei alguns vídeos de balé, como o Lago dos Cisnes, e depois o
Quebra-Nozes do Royal Academia de Londres, e elas fizeram uma votação e escolheram o
Quebra-Nozes. Trabalhei esse balé de varias formas, até com uma apresentação cheia de
fantasia, que é o vídeo do Quebra-Nozes da Barbie. Você conhece o vídeo? Pesquisadora: Conheço, assisto sempre com a minha neta. Rosângela: Estamos explorando a fantasia, a realidade, fazendo que elas observem postura,
disciplina e atitudes das bailarinas e sempre mostrando o respeito ao tempo de cada um dos
participantes que formam o conjunto. O que quero com esse projeto não é formar bailarinas,
mas trazer a elas uma nova perspectiva de vida. É muito importante elas tomarem consciência
do corpo, do movimento e aprender a conhecê-lo e ter respeito por ele. Você sabe por que
batalho nessa tecla? É que na comunidade Flamingo, onde elas moram, a gravidez prematura
é muito comum, meninas com 13, 14 anos já são mães. Você observou a Beatriz? [menina com Síndrome de Down que participava do projeto]. Você
percebeu como ela é bem aceita pelas colegas? Ela dança no seu ritmo e muitas vezes seus
passos saem dos padrões das outras jovens. Não tem importância, ela faz parte do projeto e,
mesmo que dance diferente, ela faz parte de nosso conjunto e da realidade da ONG. Pesquisadora: Observei sim, e fiquei admirada pelo respeito e carinho das colegas para com
ela, ajudando a relembrar algumas posições, o que reduz o grau de importância de seu
problema mental nesse espaço da dança. Rosângela: Beatriz sente-se livre e interage com suas colegas; acredito muito no poder da arte e,
é claro, no poder da dança, porque traz a essas jovens um olhar mais sensibilizado, que procura
um pouco de encantamento para suas vidas árduas. Na dança, elas se sentem confiantes, se
esforçam para apresentarem gestos alinhados com as demais, para formar um conjunto, como
sempre estou alertando. Mas elas também se divertem explorando o mundo da
103 fantasia e testando os limites de seu potencial. Elas estão muito motivadas nesse projeto que
vamos apresentar agora em dezembro, querem ouvir elogios e mostrar a todos as suas
habilidades.
Fotografia 11 – Oficina de balé Fonte: a autora (2013).
Rosângela: Agora quero mostrar a você as fotos do balé da Branca de Neve que
apresentamos no teatro em Santo André nesse final de ano. Nós reinventamos a história da
Branca de Neve, oferecendo uma abertura de possibilidades à princesa. Repare como os
passos tradicionalmente marcados arriscam outras possibilidades de expressão, para se
discutir a dança.
Fiquei observando as fotos junto com Rosângela, e todas as alunas já estavam
prontas na barra, à sua espera. Ela disse: “fique vendo as fotos, porque agora as minhas
dançarinas querem ter oficina”. Despedimo-nos e ainda fiquei observando a oficina mais um
tempo.
104
APÊNDICE D
ENTREVISTAS COM OS JOVENS PARTICIPANTES DO PROJETO
JOVENS DO NUA
a) Evanildo dos Santos Idade: 15 anos Escolaridade: cursando a 6ª série do ensino fundamental noturno, na escola pública da
comunidade
Evanildo entrou no Nua com 11 anos, começou construindo instrumentos musicais
com materiais recicláveis e só depois de dois anos tocando esses instrumentos é que, hoje, ele
toca bumbo, fazendo parte da percussão. Foi uma entrevista rápida. Evanildo era muito
inquieto, mas deixou claro o seu senso crítico sobre a política e políticos.
Evanildo: Participo da aula de percussão que foi onde comecei, mas também participei do
projeto com o grafite, foi o maior barato. O Hermes, a Mazé e o Fabiano deram um gás aqui
nos jovens e todos participaram do grafite, com muito entusiasmo. Queríamos embelezar
nossas ruas. Depois, até os políticos em época de eleição vieram aqui pintar as casas, mas não
fizeram um trabalho como o nosso. Eles não entendem nada de comunidade, só de votos. Bem, preciso ir. Tchau!
b) Diego Ferreira Idade: 16 anos Escolaridade: cursando a 7ª série do ensino fundamental noturno, na escola pública da
comunidade
Apresentado pelo educador Fabiano, que o introduziu na entrevista dizendo ser “prata da casa” porque liderou todo o trabalho com o grafite.
Pesquisadora: O que o motivou tanto no projeto do grafite? Diego Ferreira: Primeiro conheci o grafite, e com o Fabiano aprendi a diferença entre
pichação, achava que tudo era igual antes de aprender. O que me motivou foi conhecer a vida
dos grafiteiros, muito parecida com as nossas vidas, cheias de conflitos e perrengues, tendo
105 que se defender, senão o bicho come. Assim, todos do projeto sentiram a mesma vontade de
melhorar a comunidade e então, no dia que saímos para grafitar, foi muito legal. Estou atrasado, preciso ir para a aula. Tudo bem? Tchau!
JOVENS DO DE OLHO NO FUTURO
Quero lembrar a acolhida e a receptividade das jovens: quando pedi que falassem
sobre suas vivências e a participação nas atividades na ONG, todas sorriram e prontamente se
aproximaram, ávidas por falar.
Apresentei-me, explicando que estava fazendo uma pesquisa para meu trabalho de
doutorado e elas perguntaram o que era o doutorado. Expliquei que é a continuação dos
estudos depois da faculdade, que me habilitam a ser professora universitária.
O dirigente da ONG, Emerson, não permitiu que eu gravasse as entrevistas, apenas
anotasse; mas deu liberdade para que elas falassem, deixando-me muito à vontade com as
jovens.
a) Ana Cristina Lemos Idade: 16 anos Escolaridade: cursando a 8ª série do ensino fundamental noturno, na escola pública do bairro
Moradora da comunidade Flamingo, perto da ONG
Pesquisadora: Há quanto tempo você está na ONG? Ana Cristina: Cheguei aqui com 8 anos, minha mãe precisava trabalhar. Não tenho pai, ele
nos deixou há muito tempo, eu era pequena. Minha mãe procurou as creches aqui por perto e
nenhuma tinha vaga, lá na comunidade indicaram para minha mãe a ONG, que atendia
crianças propondo atividades e ficando com elas até a volta de seu trabalho. Foi aqui que
cresci e conheci minhas amigas, aprendi a estudar, aprendi informática e pretendo ficar até
poder arranjar um emprego.
Pesquisadora: Fale-me sobre a atividade com a dança. Ana Cristina: Inicialmente, não acreditava que poderia dançar, por ser muito alta, magra e
desengonçada, como todos assim me achavam. Mas Rosângela, a professora, foi me
convencendo a ver que ser alta, magra, não era nenhum defeito e que poderia adquirir uma
106 bonita postura com a dança e deixar de ser desengonçada. Agora não perco nenhuma aula, e
principalmente o ensaio do balé Quebra-Nozes, que estamos preparando para apresentar no
teatro de uma escola. No domingo, as minhas amigas que moram na comunidade e que estão
no balé se reúnem para ensaiar, assim nossa apresentação fica cada vez melhor e a gente se
diverte dançando, as horas passam e nós ficamos com o domingo cheio de brincadeiras e
conversas. Bem, agora tenho que ir treinar antes do ensaio com a professora. Tchau! [saiu correndo].
b) Monique Olho Idade: 15 anos Escolaridade: cursando a 8ª série do ensino fundamental matutino, na escola pública do bairro
Monique está na ONG desde que nasceu. É filha do dirigente Emerson e sempre acompanha a
vida de seus pais no trabalho com a comunidade. Ela não só participa das atividades, como
também ajuda no que sabe junto às crianças menores, ea também participa do grupo de dança.
Pesquisadora: como a dança entrou na sua vida? Como escolha ou por ser uma atividade da ONG? Monique: [quase indignada] Não! Entrei na dança porque foi sempre o balé que me
encantava, ver as bailarinas na TV com aquelas roupas e sapatilhas, fazendo passos leves e
saltando no ar... Que vontade que me dava de poder repetir tudo que via e achava que estaria
distante de mim! Isso me deixava cheia de vontade de ser uma delas e pedia a meu pai que
gostaria de dançar balé. Assim veio uma professora procurar meu pai, a Rosângela, que era
justamente o que eu sonhava: uma professora de balé! Meu pai perguntou a todas as meninas
se realmente gostariam de ter aulas de balé e eu fui a primeira a insistir para que essas aulas
acontecessem.
Pesquisadora: O que a dança trouxe de bom para você e para sua vida? Monique: Concentração, porque antes era muito “cabeça de vento”, como minha mãe dizia, a
dança exige que os movimentos sejam um conjunto, todas dançando ao mesmo tempo e no
mesmo ritmo, temos que levar a sério nossas aulas, porque senão não conseguimos fazer as
apresentações que tanto queremos. [falava com entusiasmo, com brilho nos olhos, buscando
uma realização nessa apresentação que iriam fazer no final do ano]. Desculpe-me, agora vou me reunir com as meninas, elas já estão ensaiando.
107
c) Flávia Santos Idade: 14 anos Escolaridade: cursando a 6ª série do ensino fundamental noturno, na escola pública do bairro
Moradora da comunidade do Flamingo. Está na ONG desde os 5 anos; quem indicou à sua
mãe foi uma amiga moradora da comunidade, que tinha a filha Bruna participando dos
projetos da ONG.
Flávia: Já fiz de tudo aqui, aprendi informática, faço reforço escolar, aprendo a costurar e
agora, balé.
Pesquisadora: Então, conte-me como tem sido a dança para você. Flávia: [com entusiasmo] Ah! A dança me fez conhecer e perceber o meu corpo, reparando
nos meus gestos e nas atitudes que temos que ter como bailarinas.
Pesquisadora: Você pode explicar melhor? Flávia: Antes, meus gestos eram brutos, rápidos. A professora Rosângela me fez ver que teria
que ter gestos mais delicados, se não não dariam harmonia no conjunto de um balé tão bonito.
Aprendi a me concentrar e ter respeito pelo tempo das outras meninas; era muito afobada e
esquecia que não era só eu no pedaço. Agora, por exemplo, no domingo na comunidade
aparece o caminhão de água, assim enchemos baldes, latões para usarmos durante a semana e
também um latão que colocamos uma mangueira para tomarmos banho. Antes, pensava
primeiro em mim e corria para usar a mangueira; agora dou banho primeiro nos meus irmãos,
Luana, 5 anos, e o Ailton, de 3 anos. Eles se divertem, fazem folia e depois é que chega a
minha vez. Aprendi aqui na ONG, e em especial com o balé, a respeitar a minha vez.
Flávia: Você viu o que estamos fazendo para colocar na praça da comunidade, enfeitá-la para o natal? Pesquisadora: Achei lindo, estão reciclando material descartável, não é? Flávia: Tudo de garrafa pet que os donos de bares e moradores nos doaram, a pedido do
Emerson. Primeiro, assistimos um vídeo de uma cidade do Sul, não me lembro do nome. Lá
as crianças das escolas cortam as garrafas e fazem coisas lindas de natal. Aqui, o Emerson
esta nos ajudando e, veja! [levando-me até o que já estava pronto: um boneco de neve, árvore
de natal e castiçais com velas, tudo feito por elas com garrafas de água de plástico, um
108 trabalho bonito e bem feito] Agora vamos colocar luzes e deixar na praça da comunidade,
veja como ficará bonita a nossa praça, não vejo a hora de tirar muitas fotos, afinal tudo está
sendo feito por nós, daqui do projeto. Agora me dê licença para participar do ensaio. Tchau e obrigado. Pesquisadora: Quem agradece sou eu.
109
ANEXO A
ONGS REGISTRADAS NA SECRETARIA DE PARTICIPAÇÃO E PARCERIA DA PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
0001/94 62.264.494/0001-79 CENTRO SOCIAL NOSSA SENHORA DO BOM PARTO 3/11/2012
0002/94 62.081.138/0001-10 FUNDAÇÃO PAULISTA DE ASSISTÊNCIA À INFÂNCIA "CASA DOM GASTÃO" 26/7/2011
0003/94 47.413.513/0001-98 TURMA DA TOUCA - ACRS 03/11/2013
0004/94 62.203.427/0001-44 FUNDAÇÃO JOVEM PROFISSIONAL 17/6/2013
0006/94 62.666.466/0001-88 SERVIÇO PROMOCIONAL E SOCIAL DA PARÓQUIA SANTA CECÍLIA 20/9/2013
0007/94 67.139.907/0001-07 CENTRO DE ASSISTÊNCIA E PROMOÇÃO SOCIAL NOSSO LAR 17/11/2011
0009/94 55.085.187/0001-65 CENTRO COMUNITÁRIO CATÓLICO E OBRAS SOCIAIS OSCAR ROMERO 12/7/2013
0010/94
62.442.132/0001-20
CENTRO ESPÍRITA IRMÃ NICE
17/6/2013
0012/94 54.239.041/0001-64 CENTRO SOCIAL DE PARELHEIROS 1/4/2014
0013/94 62.402.193/0001-64 A NOSSA CASA DA CRIANÇA 17/5/2014
0014/94 62.258.751/0001-60 ASSOCIAÇÃO MARIA IMACULADA 9/2/2012
0015/94 56.089.956/0001-66 CENTRO EDUC. COMU. DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE "ADEMIR DE ALMEIDA LEMOS" 29/11/2013
0016/94 60.975.737/0001-51 SOCIEDADE BENEFICENTE SÃO CAMILO 17/11/2013
0017/94 51.440.105/0001-00 ASSOCIAÇÃO GRUPO ASSISTENCIAL LUIZ SÉRGIO 18/1/2013
0019/94 60.935.574/0001-83 OBRA DE SÃO TEODORO 4/10/2014
0020/94 49.077.829/0001-81 CENTRO COMUNITÁRIO NOSSA SENHORA APARECIDA - CCNSA 17/5/2013
0021/94 63.066.054/0001-70 CASA DA CRIANÇA DE VILA MARIANA 28/4/2009
0022/94 43.039.916/0001-68 AÇÃO COMUNITÁRIA SÃO BENEDITO 26/7/2013
0023/94 51.743.235/0001/04 CENTRO ESPÍRITA JOÃO SILVA 20/8/2010
0024/94 62.715.529/0001-49 INSTITUTO ROGACIONISTA ANÍBAL DIFRÂNCIA 1/6/2011
0025/94 62.462.528/0001-30 COMUNIDADE EDUCACIONAL DE BASE SITIO PINHEIRINHO 11/6/2011
0026/94 55.647.887/0001-04 ASSOCIAÇÃO AMIGOS DO JARDIM REIMBERG 5/10/2010
0027/94 50.123.496/0001-69 ASSOCIAÇÃO SÃO JOSÉ DAS SERVAS DA CARIDADE 26/7/2013
0028/94 54.534.151/0004-00 CENTRO DE PROMOÇÃO SOCIAL SÃO CAETANO DE THIENE 18/6/2010
0029/94
58.068.776/0001-23
ASSOCIAÇÃO MÃOS AMIGAS DA RECONCILIAÇÃO - A. M. A. R.
19/4/2011
0030/94 51.195.410/0001-76 CENTRO COMUNITÁRIO JOÃO PAULO I 22/3/2013
0031/94 43.987.809/0001-61 AÇÃO SOCIAL LARGO 13 3/5/2013
0032/94 60.981.073/0001-33 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE GRUPO DA CARIDADE 1/2/2014
0033/94
46.332.888/0001-60
OBRAS SOCIAIS DE VISTA ALEGRE
1/4/2015
0035/94
49.478.019/0001-37
SOCIEDADE AMIGOS DO BAIRRO DE VILA PROGRESSO E ADJACÊNCIAS
1/9/2011
0036/94
53.054.078/0001-55
NÚCLEO COMUNITÁRIO DE VILA TEREZINHA
30/11/2012
0037/94 51.582.229/0001-12 COMUNIDADE ASSISTENCIAL RAINHA DOS APÓSTOLOS 22/2/2014
0038/94 55.072.474/0001-30 IHDI-INSTITUTO HUMANIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO INTEGRAL 19/4/2013
0039/94 47.437.488/0001-82 CRECHE MARIA THEREZA DE MELLO MORORÓ 17/11/2013
0040/94 64.027.980/0001-07 CLUBE DE MÃES DO PARQUE SANTA RITA 09/5/2014
0043/94 43.785.328/0001-73 NÚCLEO SOCIAL PAULISTANO 4/8/2011
0044/94 47.296.884/0001-37 SOCIEDADE DE ENSINO PROFISSIONAL E ASSISTENCIA SOCIAL - SEPAS 31/5/2013
0045/94 53.817.169/0001-03 MOVIMENTO COMUNITÁRIO ESTRELA NOVA 14/3/2014
0046/94 47.090.162/0001-21 OBRA SOCIAL SANTA RITA DE CÁSSIA 10/9/2013
0047/94 53.996.914/0001-10 SOCIEDADE AMIGOS DO JARDIM SÃO JORGE E ADJACÊNCIAS 5/10/2010
0048/94 53.824.082/0001-55 OBRAS SOCIAIS DO JARDIM CLÍMAX 18/1/2013
0049/94 51.727.949/0001-29 ASSOCIAÇÃO METODISTA DE AÇÃO SOCIAL - AMAS VILA MEDEIROS 3/11/2011
0050/94 44.002.939/0001-60 LAR NOSSA SENHORA DA CONSOLAÇÃO 9/2/2011
0051/94 56.825.334/0001-59 ASSOCIAÇÃO METODISTA DE AÇÃO SOCIAL - AMAS JABAQUARA 29/6/2011
0053/94 47.383.864/0001-01 AÇÃO COMUNITÁRIA TODOS IRMÃOS 1/9/2011
110
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
0055/94 55.219.075/0001-50 LAR ESCOLA RECANTO CRISTÃO 23/8/2013
0056/94 33.570.052/0018-09 ASSOCIAÇÃO SÃO VICENTE DE PAULO 18/1/2013
0057/94
43.320.977/0001-07
MOVIMENTO COMUNITÁRIO DE PROMOÇÃO HUMANA
6/8/2013
0060/94
50.866.490/0001-81
NÚCLEO ASSISTENCIAL IRMÃO ALFREDO
22/3/2014
0061/94 62.286.422/0001-22 CONGREGAÇÃO DAS IRMANZINHAS DA IMACULADA CONCEIÇÃO 17/6/2013
0062/94 62.702.550/0001-00 LAR DA BENÇÃO DIVINA 17/1/2014
0063/94 59.936.781/0001-73 CENTRO DE PROMOÇÃO SOCIAL BORORÉ 12/7/2013
0064/94 03.505.564/0001-74 CENTRO ASSISTENCIAL SANTA ANGELA - CASA 17/1/2014
0065/94 62.959.333/0001-08 CRECHE CATARINA LABOURE 17/6/2013
0067/94 48.051.502/0001-78 OBRA SOCIAL SÃO JOSÉ DE VILA ZELINA 29/6/2012
0068/94 48.040.315/0001-99 CENTRO DE PROMOÇÃO HUMANA NOSSA SENHORA APARECIDA 17/6/2013
0069/94 47.389.788/0001-33 SOCIEDADE BENEFICENTE CAMINHANDO PARA O FUTURO 09/5/2014
0071/94
73.062.325/0001-72
ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO À MATERNIDADE À INFANCIA E À ADOLESC. - ASPROMATINA
11/6/2011
0074/94 60.597.044/0001-72 LIGA DAS SENHORAS CATÓLICAS DE SÃO PAULO 3/5/2013
0077/94 60.980.364/0001-07 CENTRO SOCIAL LEÃO XIII 12/7/2013
0078/94 92.812.049/0059-83 SOCIEDADE EDUCAÇÃO E CARIDADE - SEC 19/4/2014
0079/94 62.180.252/0001-05 FRATERNIDADE IRMÃ AMÉLIA 1/9/2011
0080/94 69.129.880/0001-05 NÚCLEO CORAÇÃO MATERNO 16/11/2013
0081/94 50.253.590/0001-32 LAR CRIANÇA FELIZ 12/7/2013
0083/94 51.748.531/0001-06 ASSOCIAÇÃO AMIGOS DO BAIRRO JARDIM KLEIN 17/1/2012
0084/94 59.829.622/0001-70 CENTRO SOCIAL PADRE CICERO ROMÃO 17/6/2013
0085/94 60.904.711/0001-12 ASSOCIAÇÃO DAS DAMAS DA CARIDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO 26/7/2013
0086/94 56.565.781/0001-16 CEI - CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL FILADÉLFIA 26/5/2011
0091/94 23.157.506/0010-03 CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS CARMELITAS MISSION. DE SANTA TERESA DO MENINO JESUS 8/9/2012
0092/94 52.164.233/0001-23 ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO JARDIM COMERCIAL E ADJACENCIAS 6/8/2013
0093/94 43.570.050/0001-17 AÇÃO SOCIAL CAPELA DA SANTA CRUZ 19/10/2012
0094/94 45.707.155/0001-09 GRUPO ASSISTENCIAL E PROMOCIONAL SÃO JANUÁRIO 11/6/2011
0095/94 53.755.799/0001-92 ACORDE - ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA JARDIM INDEPENDÊNCIA 3/11/2012
0096/94 43.371.392/0001-08 AÇÃO SOCIAL NOSSA SENHORA DE FATIMA 17/1/2015
0097/94 52.841.186/0001-05 ASSOCIAÇÃO METODISTA DE AÇÃO SOCIAL - AMAS VILA MARIANA 31/5/2011
0098/94 53.494.860/0001-95 CRECHE PRINCESA ISABEL 9/2/2012
0100/94 61.813.333/0001-24 CONGREGAÇÃO DAS FRANSCISCANAS FILHAS DA DIVINA PROVIDÊNCIA 17/5/2013
0105/94 43.430.024/0001-93 CENTRO DE ASSISTENCIA SOCIAL E PROMOÇÃO DE VILA ALPINA 31/5/2013
0106/94
57.814.386/0001-92
CENTRO DE PROMOÇÃO HUMANA SÃO JOAQUIM SANT´ANA
1/4/2014
0107/94
43.897.560/0001-01
SOCIEDADE DE AMPARO FRATERNO CASA DO CAMINHO
5/4/2014
0108/94
50.255.546/0001-61
GRUPO ASSISTENCIAL OS SAMARITANOS
17/1/2014
0109/94 43.309.145/0001-81 GRUPO SOCORRISTA MARIA DE NAZARÉ 1/6/2013
0110/94 62.915.459/0001-72 MAMÃE - ASSOCIAÇÃO DE ASSISTENCIA A CRIANÇA SANTAMARENSE 6/8/2013
0111/94 62.957.923/0001-93 CENTRO COMUNITÁRIO DO JARDIM JAPÃO 17/5/2013
0112/94 60.907.680/0001-53 ASSOCIAÇÃO BENEFICIENTE PROVIDENCIA AZUL 18/10/2014
0113/94 62.440.045/0001-34 ASSOCIAÇÃO OBRA DO BERÇO 12/7/2013
0114/94 46.533.725/0001-46 CENTRO DE PROMOÇÃO SOCIAL CÔNEGO LUIZ BIASI 24/11/2011
0115/94 58.373.234/0001-64 ASSOCIAÇÃO CRIANÇA BRASIL 4/10/2013
0116/94 61.215.265/0001-00 ORDEM DOS SERVOS DE MARIA PROVINCIA DO BRASIL 2/7/2010
0118/94 43.306.331/0001-67 OBRAS EDUCACIONAIS E SOCIAIS FREI LUIZ AMIGÓ 18/8/2011
0119/94 49.737.703/0001-96 ASSOCIAÇÃO AMIGOS DO PARQUE FIGUEIRA GRANDE 3/11/2012
0120/94 48.492.391/0001-35 JARDIM UNIDOS NUM TRABALHO DE OBRAS SOCIAIS -JUNTOS 17/6/2013
0121/94
55.218.358/0001-87
ASSOCIAÇÃO CRISTÃ MÃE ZAZÁ
1/6/2012
0122/94 07.248.545/0009-18 INSTITUTO DAS MENSAGEIRAS DE SANTA MARIA 1/6/2012
0123/94 47.084.603/0001-82 MOVIMENTO COMUNITÁRIO DE VILA REMO 5/4/2011
0125/94 61.800.967/0001-42 GRUPO DA FRATERNIDADE IRMÃO DE SAGRES 23/8/2013
111
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
0126/94 61.061.743/0001-66 ENTIDADE BENEFICENTE CANTINHO FELIZ DO JARDIM JOÃO XXIII 29/10/2004
0127/94 62.805.759/0001-07 FUNDAÇÃO JULITA 14/2/2014
0128/94
52.636.891/0001-70
CENTRO DE PROMOÇÃO SOCIAL CARMEN MENDES CONCEIÇÃO
31/5/2013
0129/94
62.592.712/0001-02
CENTRO SOCIAL SANTA MARIA GORETTI
17/1/2014
0130/94 61.054.698/0001-12 CASA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DE SANTO AMARO - GROSSARL 24/8/2012
0134/94 44.694.297/0001-08 CASA DA PEQUENA IVETE ASSOCIAÇÃO ASSISTENCIAL 1/6/2012
0137/94 60.731.569/0001-59 SOCIEDADE SANTOS MÁRTIRES 1/4/2012
0138/94 43.970.029/0001-09 ASSOCIAÇÃO CRISTÃ LUIS CARLOS ELO DE AMOR - CASA DE CRIANÇAS 29/6/2012
0139/94 61.576.005/0001-51 GRUPO DE ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHADORES INDEPENDENTES - GOTI 22/2/2013
0140/94 54.059.548/0001-36 CENTRO SOCIAL SANTA CRUZ DE VILA RE 8/4/2013
0141/94 61.705.877/0001-72 ASSOCIAÇÃO EVANGÉLICA BENEFICENTE - AEB 17/6/2013
0144/94 57.060.204/0001-35 AÇÃO SOCIAL COMUNITÁRIA DO LAGEADO JOILSON DE JESUS 4/10/2013
0147/94
53.818.191/0001-60
SOCIEDADE BENEFICENTE EQUILÍBRIO DE INTERLAGOS - SOBEI
10/9/2013
0148/94 52.804.861/0001-26 MOVIMENTO COMUNITÁRIO CRISTO LIBERTADOR 19/4/2013
0149/94 47.459.524/0001-09 SOCIEDADE AMIGOS DO BAIRRO SICILIANO ANGLO BRASILEIRA 29/6/2011
0150/94 60.978.723/0001-91 UNIÃO BRASILEIRO-ISRAELITA DO BEM ESTAR SOCIAL - UNIBES 17/1/2014
0151/94 45.880.499/0001-07 AÇÃO SOCIAL SÃO MATEUS 15/9/2011
0152/94 48.577.985/0001-49 LAR DAS CRIANÇAS DIVINO AMOR 18/10/2013
0153/94 52.838.596/0001-05 SERVIÇO ASSISTENCIAL CAMILLE FLAMMARION 17/6/2013
0154/94 61.696.555/0001-04 SOCIEDADE ESPÍRITA EURIPEDES BARSANULFO 10/9/2013
0155/94 60.600.491/0001-33 SOCIEDADE ASSISTENCIAL ESPIRITA - SAE 22/12/2011
0157/94 54.277.744/0001-87 CENTRO COMUNITÁRIO E RECREATIVO DO JARDIM MACEDÔNIA 10/9/2013
0158/94 51.232.221/0001-26 ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA MONTE AZUL 29/11/2013
0159/94 61.876.868/0001-44 CÍRCULO DE TRABALHADORES CRISTÃOS DE VILA PRUDENTE 18/5/2012
0160/94 47.468.186/0001-71 SOCIAL BOM JESUS 29/11/2013
0161/94 69.271.930/0002-86 SOCIEDADE SAL DA TERRA 17/5/2013
0162/94 35.797.364/0001-29 ALDEIAS INFANTIS SOS BRASIL 29/6/2012
0164/94 51.150.423/0001-29 ASSISTÊNCIA SOCIAL A COLMÉIA 15/4/2014
0165/94 61.015.129/0001-68 SOCIEDADE INSTRUÇÃO E SOCORROS 30/11/2011
0167/94 50.708.486/0001-95 CENTRO COMUNITÁRIO JARDIM IPANEMA 26/7/2013
0168/94 53.835.294/0001-38 SOCIEDADE AMIGOS DO JARDIM COIMBRA PARQUE AMÉLIA E JARDIM SÃO CARLOS 1/6/2012
0169/94 49.311.285/0001-70 PROMOÇÕES HUMANAS EUGÊNIO DE MAZENOD 14/3/2014
0170/94 47.858.550/0001-00 CENTRO EDUCACIONAL INFANTIL REGINA ANGELORUM 15/9/2013
0171/94
50.996.198/0001-83
MOVIMENTO COMUNITÁRIO DO JARDIM SÃO JOAQUIM
15/4/2014
0173/94
52.945.227/0001-03
ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DO JARDIM KAGOHARA
18/1/2011
0175/94
50.293.448/0001-19
ASSOCIAÇÃO LAR CRISTO REI MENINO
7/7/2011
0176/94 51.230.894/0001-47 INSTITUIÇÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DO JARDIM PRINCESA 6/8/2013
0177/94 62.925.508/0001-58 CENTRO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL BRÁS MOOCA 26/7/2014
0178/94 43.473.487/0001-32 CROPH -COORDENAÇÃO REGIONAL DAS OBRAS DE PROMOÇÃO HUMANA 09/5/2014
0180/94 53.724.977/0001-18 CENTRO COMUNITÁRIO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - CCCA 17/6/2013
0182/94 55.224.877/0001-58 UNIÃO DOS MORADORES DO PARQUE ANHANGUERA 15/6/2012
0183/94 47.665.013/0001-43 OBRAS COMUNITÁRIAS DE PROMOÇÃO HUMANA DE SÃO JOSÉ OPERÁRIO 10/9/2013
0184/94 43.845.585/0001-53 CENTRO SOCIAL LEME DO PRADO 4/10/2013
0188/94 50.195.999/0001-40 CENTRO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SANTA TEREZINHA 5/4/2013
0189/94 53.065.611/0001-84 ASSORAVIM - ASSOCIAÇÃO REIVINDICATIVA E ASSISTENCIAL DE VILA MEDEIROS 31/5/2013
0190/94 55.641.237/0001-43 AÇÃO COMUNITÁRIA TIRADENTES 24/8/2012
0191/94 62.272.497//0001-54 ASSOCIAÇÃO SANTO AGOSTINHO - ASA 18/1/2012
0196/94
61.920.005/0001-27
SÃO PAULO WOMANS CLUB-CLEBE PAULISTANO DE SENHORAS
14/2/2015
0198/94 49.826.902/0001-70 NÚCLEO ASSISTENCIAL FRATERNO 3/11/2012
0199/94 43.853.936/0002-59 SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA À FAMILIA CASA DA EDITINHA 5/4/2011
0202/94 67.134.379/0001-01 ASSOCIAÇÃO LUIZ RAMOS NATAN STAMFATER 10/9/2013
112
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
0203/94 50.861.129/0001-62 UNIÃO CIDADE LIDER PRÓ MELHORAMENTO DO BAIRRO 10/9/2013
0204/94 56.265.580/0001-01 CENTRO DE ASSISTENCIA SOCIAL SÃO VICENTE DE PAULO 09/5/2014
0205/94
55.292.379/0001-42
CENTRO SOCIAL PADRE BATISTA
17/1/2014
0206/94
60.982.576/0001-23
ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS DE SÃO PAULO
09/5/2014
0207/94 62.481.064/0001-09 CONJUNTO ASSISTENCIAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA 29/11/2013
0210/94 60.944.998/0001-04 CIRCULO SOCIAL SÃO CAMILO 25/4/2014
0211/94 55.236.152/0001-80 ASSOCIAÇÃO METODISTA DE AÇÃO SOCIAL - AMAS TUCURUVI II 1/4/2014
0212/94 53.831.616/0001-70 ASSOCIAÇÃO METODISTA DE AÇÃO SOCIAL - AMAS VILA FORMOSA 3/11/2012
0213/94 58.930.447/0001-40 NÚCLEO ASSISTENCIAL FRATERNIDADE 6/4/2012
0217/94 44.082.642/0001-52 SERVIÇO SOCIAL PERSEVERANÇA 17/5/2013
0219/94 45.702.776/0001-91 ASSOCIAÇÃO ADELAIDE FERREIRA 29/11/2014
0220/94 52.802.295/0001-13 AMA - ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS DO AUTISTA 17/6/2014
0222/94
54.284.823/0001-15
CRECHE IMACULADA CORAÇÃO DE MARIA DO JARDIM PRINCESA
23/8/2011
0223/94 62.852.892/0001-06 SOCIEDADE BENFEITORA JAGUARÉ 17/5/2012
0225/94 62.460.670/0001-48 CENTRO DE AÇÃO CRISTÃ 23/8/2013
0227/94 61.988.531/0001-29 ASSOCIAÇÃO MADRE CABRINI DAS MISSIONÁRIAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 17/6/2013
0230/94 61.863.825/0001-24 ASSOCIAÇÃO CENTRO SOCIAL BROOKLIN PAULISTA 15/4/2014
0231/94 46.250.411/0005-60 FUNDAÇÃO FÉ E ALEGRIA DO BRASIL 6/8/2013
0232/94 62.863.162/0001-00 ASSOCIAÇÃO FEMININA VILA ALPINA - PARQUE SÃO LUCAS 31/5/2013
0233/94 92.873.413/0010-90 ASSOCIAÇÃO FILHAS DE SANTA MARIA DA PROVIDÊNCIA - AFISMAP 1/6/2012
0234/94 62.831.383/0001-05 LAR REDENÇÃO 23/8/2014
0235/94 78.210.374/0006-33 ASSOCIAÇÃO FAA DI BRUNO - FADIB 8/3/2012
0240/94 61.031.928/0001-28 INSTITUTO MARIA IMACULADA 8/3/2012
0242/94 62.808.894/0001-06 ASSOC. DOS CAV. SOBERANA ORDEM MILITAR DE MALTA DE SP.E BRASIL MERIDIONAL 17/1/2014
0243/94 48.118.384/0001-78 CENTRO SOCIAL SÃO JOSÉ 28/2/2014
0245/94 58.000.142/0001-39 UNIÃO DOS MORADORES DA COMUNIDADE SETE DE SETEMBRO 23/6/2011
0246/94 60.502.242/0001-05 ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS DE SÃO PAULO 6/8/2014
0247/94 55.223.457/0001-57 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE IMACULADA CONCEIÇÃO - ABIC 15/4/2014
0248/94 43.082.197/0001-68 ARRASTÃO MOVIMENTO DE PROMOÇÃO HUMANA 14/2/2014
0251/94 66.862.657/0001-76 ARCO- ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE 19/4/2013
0254/94 58.916.099/0001-56 ONG - CBAE - CRUZADA BRASILEIRA DE ASSISTÊNCIA E EDUCAÇÃO 29/11/2013
0255/94 62.440.094/0001-77 INSTITUIÇÃO BENEFICENTE PERSIO GUIMARÃES AZEVEDO 31/5/2013
0256/94 51.536.662/0001/11 ASSOCIAÇÃO DE CRECHES MARIA DE NAZARÉ 1/4/2014
0257/94
45.762.234/0001-04
CRECHE NOSSA SENHORA MÃE DA IGREJA
5/11/2011
0260/94
50.534.932/0001-92
CRECHE ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
31/5/2013
0261/94
62.701.594/0001-15
SERVIÇO SOCIAL E PROMOCIONAL SÃO PAULO DA CRUZ
12/7/2013
0263/94 60.464.492/0001-06 CENTRO SOCIAL PAROQUIAL DE SÃO GERALDO DAS PERDIZES 27/7/2013
0267/94 56.814.668/0001-27 ASSOCIAÇÃO BEM AVENTURADA IMELDA 1/6/2011
0268/94 62.851.811/0001-53 ASSOCIAÇÃO CEDRO DO LIBANO DE PROTEÇÃO A INFANCIA 6/8/2013
0270/94 61.573.424/0001-30 ASSOCIAÇÃO EDUCATIVA MARIA TERESA 16/11/2012
0271/94 52.801.602/0001-41 OBRA DE PROMOÇÃO HUMANA SÃO SEBASTIÃO - OPHUSS 22/2/2013
0272/94 57.184.723/0001-05 CENTRO COMUNITÁRIO JARDIM AUTÓDROMO 30/10/2011
0273/94 47.895.586/0001-63 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE MADRE CAMILA 8/9/2012
0274/94 60.742.616/0001-60 CASA DE SAÚDE SANTA MARCELINA 17/5/2013
0277/94 58.371.451/0001-15 CENTRO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SANTO AGNELO (CASSA) 21/7/2011
0279/94 47.685.896/0001-53 ASSOCIAÇÃO METODISTA DE AÇÃO SOCIAL - AMAS 18/1/2014
0280/94 53.812.855/0001-83 INSTITUTO TRIUNFO I.T. 30/11/2012
0282/94
62.526.256/0001-94
ASSOCIAÇÃO CRISTÃ FEMININA DE SÃO PAULO
26/11/2011
0283/94 51.964.195/0001-20 ASSOCIAÇÃO FRATERNIDADE ASSISTENCIAL RIO PEQUENO 1/6/2012
0285/94 43.633.288/0001-44 COR-CENTRO DE ORIENTAÇÃO À FAMÍLIA 17/1/2014
0286/94 53.454.971/0001-78 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE BOM PASTOR 22/2/2013
113
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
0288/94 51.934.909/0001-58 CENTRO SOCIAL DA PARÓQUIA SANTA TEREZA DE ARTUR ALVIM 18/1/2014
0289/94 51.601.748/0001-80 CENTRO COMUNITÁRIO SANTA INÊS - CECOSI 26/7/2013
0290/94
60.993.193/0001-50
CONGREGAÇÃO DE SANTA CRUZ
8/3/2013
0294/94
61.690.467/0001-03
OBRA ASSISTENCIAL NOSSA SENHORA DO Ó
12/7/2013
0297/94 54.325.238/0001-16 ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DA ZONA NORTE 14/2/2014
0298/94 33.621.319/0005-17 PROVÍNCIA CARMELITANA DE SANTO ELIAS 10/9/2013
0300/94 62.391.818/0001-30 CENTRO COMUNITÁRIO E CRECHE SINHAZINHA MEIRELLES 14/3/2014
0302/94 43.116.672/0001-70 CENTRO SOCIAL FÉ E ALEGRIA 10/9/2013
0309/94 55.641.468/0001-57 ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO JARDIM SANTA CECÍLIA 3/5/2012
0312/94 60.927.290/0001-45 ESCOLAS PROFISSIONAIS SALESIANAS 18/10/2013
0313/94 46.135.745/0001-69 CASA DE ESTAR SÃO MARTINHO 8/9/2012
0316/94 47.384.102/0001-11 APROCIMA - ASSOCIAÇÃO PROMOCIONAL CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA 09/5/2014
0317/94
53.780.565/0001-03
CASA DA CRIANÇA PAULO DE TARSO
1/2/2014
0319/94 53.494.894/0001-80 AÇÃO COMUNITÁRIA SÃO JOSÉ OPERÁRIO 03/11/2013
0321/94 61.697.678/0001-60 MOSTEIRO SÃO GERALDO DE SÃO PAULO 31/5/2013
0322/94 62.708.912/0001-70 ASSOCIAÇÃO CÍVICA FEMININA 10/9/2014
0323/94 53.834.560/0001-08 CENTRO SOCIAL DA PARÓQUIA SANTA LUZIA 4/10/2013
0324/94 51.221.760/0001-60 LAR DO ALVORECER CRISTÃO 3/5/2014
0325/94 60.915.790/0001-67 CRUZADA PRÓ-INFANCIA 5/4/2013
0326/94 43.704.600/0001-43 CENTRO DE ASSISTENCIA SOCIAL DO JARDIM PERI 17/1/2014
0330/94 48.239.958/0001-66 CENTRO SOCIAL CORAÇÃO DE MARIA 15/9/2012
0331/94 51.933.349/0001-17 ASSOCIAÇÃO METODISTA DE AÇÃO SOCIAL DE ÁGUA FRIA - AMAS 17/1/2014
0332/94 57.277.808/0001-38 CRECHE FRATERNIDADE MARIA DE NAZARÉ - CEFRAMAN 09/5/2014
0333/94 51.158.848/0001-84 ASSOCIAÇÃO OBRAS SOCIAIS SANTA CRUZ - AOSSC 10/9/2014
0334/94 49.876.394/0001-35 CENTRO SOCIAL SANTA CATARINA 1/6/2011
0335/94 67.980.862/0001-07 ASSOCIAÇÃO LUZ DO MUNDO 18/1/2012
0339/94 43.384.635/0001-42 CENTRO SOCIAL BOM JESUS DE CANGAÍBA 1/4/2014
0340/94 54.369.954/0001-03 SOCIEDADE AMIGOS UNIDOS DA RIVIERA E ADJACÊNCIAS 10/9/2013
0341/94 53.254.678/0001-67 GRUPO DE MÃES COMUNIDADE FELIZ 5/10/2012
0342/94 62.629.613/0001-40 SEARA BENDITA - INSTITUIÇÃO ESPIRITA 31/5/2013
0343/94 51.739.977/0001-66 CENTRO SOCIAL COMUNITÁRIO PADRE JOSÉ 8/9/2012
0344/94 62.789.699/0001-34 OBRAS SOCIAIS NOSSA SENHORA AQUIROPITA 22/3/2012
0349/94 58.933.391/0001-87 UNIÃO DOS MORADORES DA FAVELA DO JARDIM COLOMBO 5/4/2013
0350/94
62.249.727/0001-64
ASSOCIAÇÃO MUTIRÃO DO POBRE
09/5/2014
0351/94
43.553.478/0001-51
CENTRO COMUNITÁRIO PAROQUIAL DO JARDIM BRASIL
10/9/2013
0355/94
65.887.382/0001-62
ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA E BENEFICENTE PADRE JOSÉ AUGUSTO MACHADO MOREIRA
25/4/2014
0358/94 61.989.000/0001-50 GRUPO ESPÍRITA BATUÍRA 1/9/2011
0360/94 60.802.154/0001-29 INSTITUTO DOM BOSCO 17/6/2013
0361/94 60.598.539/0001-16 ASSOC. BARÃO DE SOUZA QUEIROZ DE PROTEÇÃO À INFANCIA E À JUVENTUDE 24/8/2012
0362/94 62.769.583/0001-77 LAR DOM ORIONE DAS PEQUENAS IRMÃS MISSIONARIAS DA CARIDADE 12/7/2014
0363/94 45.321.056/0001-86 SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA À INFÂNCIA PAULO SILAS 17/9/2011
0364/94 59.587.865/0001-49 AÇÃO COMUNITÁRIA BENEFICENTE DO JARDIM SÃO CARLOS 27/7/2011
0365/94 66.063.231/0001-52 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE BETSAIDA 7/7/2011
0367/94 52.399.292/0001-80 ASSOCIAÇÃO METODISTA DE AÇÃO SOCIAL -AMAS-TUCURUVI 7/7/2011
0368/94 60.419.637/0001-49 FUNDAÇÃO LAR DE SÃO BENTO 04/10/2013
0371/94 50.863.315/0001-30 CENTRO DE RECREAÇÃO INFANTIL BETEL 3/5/2013
0372/94 50.246.529/0001-68 CAMP PINHEIROS - CENTRO DE APREND. E MONIT. PROF. DR. JOAQUIM LOURENÇO 26/7/2013
0373/94
33.646.704/0001-95
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DA COMPANHIA DE MARIA -ANECOM
6/4/2012
0374/94 52.806.585/0001-35 SOCIEDADE AMIGOS DE BAIRRO DO CONJUNTO HABITACIONAL JARDIM SAPOPEMBA 03/11/2013
0379/94 54.636.022/0001-71 MOVIMENTO DE DEFESA DO FAVELADO REGIÃO EPISCOPAL DE BELÉM 14/2/2014
0381/94 61.655.221/0001-92 INSTITUTO SANTA TERESINHA 14/2/2014
114
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
0384/94 55.871.974/0001-32 GRÃO DA VIDA 26/7/2011
0385/94 47.310.966/0001-99 ASSOCIAÇÃO CULTURAL E EDUCACIONAL CAJARANA 10/8/2013
0386/94
48.876.445/0001-66
CENTRO DE APRENDIZADO E MONITORAMENTO PROFISSIONAL DO CAXINGUI-CAMP
6/8/2014
0388/94
52.168.804/0001-06
SOCIEDADE AMIGA E ESPORTIVA JARDIM COPACABANA - SAEC
3/11/2012
0390/94 52.801.883/0001-32 AÇÃO COMUNITÁRIA PAROQUIAL DO JARDIM COLONIAL 17/6/2013
0391/94 47.309.836/0001-36 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTROFIA MUSCULAR - ABDIM 10/9/2012
0394/94 69.127.611/0001-00 PROMOVE AÇÃO SÓCIO CULTURAL 15/9/2012
0397/94 62.848.460/0001-21 CASA DE NOSSA SENHORA DO BRASIL 15/4/2015
0399/94 59.489.369/0001-52 OBRA SOCIAL SANTA EDWIGES 14/2/2014
0400/94 56.812.373/0001-11 AÇÃO SOCIAL PADRE PASCHOAL BIANCO 09/5/2014
0401/94 57.854.473/0001-73 AÇÃO COMUNITÁRIA SENHOR SANTO CRISTO 12/5/2011
0403/94 64.033.061/0001-38 CARITAS DIOCESANA DE CAMPO LIMPO 1/2/2013
0405/94
50.209.717/0001-16
LEGIÃO MIRIM DE VILA PRUDENTE
19/10/2012
0407/94 58.409.871/0001-43 CENTRO SOCIAL SANTO DIAS 24/8/2012
0411/94 61.683.272/0001-28 CENTRO ISRAELITA DE APOIO MULTIDISCIPLINAR - CIAM 14/3/2012
0414/94 61.058.475/0001-23 ASSOCIAÇÃO DA CASA DOS DEFICIENTES DE ERMELINO MATARAZZO 26/2/2012
0415/94 96.532.973/0001-40 PROGRAMA COMUNITÁRIO DA RECONCILIAÇÃO 27/7/2011
0417/94 43.896.505/0001-99 AME 18/1/2013
0419/94 62.661.251/0001-74 FUNDAÇÃO FRANCISCA FRANCO 10/8/2012
0420/94 50.993.880/0001-12 LAR DA REDENÇÃO 18/10/2011
0421/94 62.909.114/0001-06 LAR ESCOLA CAIRBAR SCHUTEL 17/6/2013
0424/94 68.478.791/0001-01 ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DAS MULHERES DO MOV. SEM TERRA DE ERM. MATARAZZO 1/2/2013
0426/94 61.330.817/0001-12 ASSOCIAÇÃO PELA FAMÍLIA 26/7/2014
0427/94 60.958.972/0001-15 LAR BATISTA DE CRIANÇAS 31/5/2013
0428/94 49.356.157/0001-43 LACE - NÚCLEO DE AÇÕES PARA A CIDADANIA NA DIVERSIDADE 4/10/2013
0429/94 74.110.503/0001-56 CENTRO DE ASSISTÊNCIA E PROMOÇÃO SOCIAL ANA VIEIRA 12/7/2013
0433/94 74.137.126/0001-49 ALDEIA DO FUTURO - ASSOC. PARA MELHORIA DA CONDIÇÃO DA POPULAÇÃO CARENTE 18/8/2011
0434/94 65.508.863/0001-10 CENTRO DE EDUCAÇÃO POPULAR DA COMUNIDADE NOSSA SENHORA APARECIDA 14/2/2014
0435/94 53.283.040/0001-54 CENTRO DE AÇÃO SOCIAL ESPAÇO LIVRE 14/2/2014
0437/94 55.707.384/0001-79 SOCIEDADE AMIGOS DA PEDREIRA VILA PORTELA 23/12/2003
0438/94 45.219.623/0001-98 CAAP'I - CENTRO DE APOIO AO APRENDIZADO PROFISSIONAL DO IPIRANGA 3/11/2012
0439/95 43.686.682/0001-40 AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA DO BRASIL 25/4/2014
0440/95 64.025.232/0001-87 ASSOCIAÇÃO BENÇÃO DE PAZ 17/6/2013
0441/95
55.382.196/0001-18
SAMOSI- SOCIEDADE AMIGOS DOS MORADORES DE VILA SANTA INÊS
10/9/2013
0443/95
00.126.648/0001-09
CENTRO DE ASSISTENCIA SOCIAL REINO DA CRIANÇA
4/10/2013
0444/95
96.534.979/0001-57
CENTRO DE PROMOÇÃO HUMANA NOSSA SENHORA APARECIDA JD. PEDREIRA
4/10/2014
0446/95 60.428.406/0001-00 OBRAS SOCIAIS UNIVERSITÁRIAS E CULTURAIS 28/2/2015
0454/95 67.983.833/0001-90 ASSOCIAÇÃO NOVA ESPERANÇA AMIGOS DE PIANORO 22/12/2011
0456/95 59.483.099/0001-72 CASA JOSÉ COLTRO 09/5/2014
0459/95 65.501.025/0001-14 ASAM - CENTRO DE APOIO AO JOVEM 14/1/2013
0463/95 67.134.155/0001-91 ASSOCIAÇÃO UNIÃO DA JUTA 19/4/2014
0464/95 47.461.264/0001-06 INSTITUTO SEVERINO FABRIANI PARA CRIANÇAS SURDAS 3/5/2012
0466/95 67.641.902/0001-88 NÚCLEO ASSISTENCIAL À CRIANÇA EXCEPCIONAL MUNDO ENCANTADO - NACEME 18/10/2013
0469/95 60.428.646/0001-04 ASSOCIAÇÃO FEMININA DE ESTUDOS SOCIAIS E UNIVERSITÁRIOS 12/7/2013
0471/95 74.636.671/0001-80 ASSOCIAÇÃO BENEF. ASSISTENCIAL DOS FUNC. DO GRUPO AGF BRASIL SEGUROS 17/11/2013
0473/95 47.424.296/0001-31 CENTRO SOCIAL COMUNITÁRIO JARDIM PRIMAVERA 17/1/2014
0474/95 65.508.855/0001-73 OBRA FILANTROPICA E MISSIONARIA NOVO LAR BETANIA 28/2/2015
0476/95
73.482.986/0001-57
BRASCRI-ASSOCIAÇÃO SUIÇO BRASILEIRA DE AJUDA A CRIANÇA
26/7/2014
0477/95 61.000.683/0001-71 ASSOCIAÇÃO UNIÃO BENEFICENTE DAS IRMÃS DE SÃO VICENTE PAULO GYSEGEM 17/6/2014
0481/95 62.743.760/0001-46 CRECHE BARONEZA DE LIMEIRA 7/4/2012
0483/95 71.732.960/0001-94 SALUS - ASSOCIAÇÃO PARA A SAÚDE NÚCLEO SALUS PAULISTA 17/6/2012
115
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
0486/95 66.058.942/0001-39 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE E COMUNITÁRIA NOVO MUNDO - ABC 10/9/2013
0487/95 50.535.376/0001-79 CENTRO COMUNITÁRIO MARANATA DE SÃO PAULO 3/11/2012
0489/95
46.418.422/0001-82
CENTRO SOCIAL LAUZANE PAULISTA
25/4/2014
0491/95
60.463.072/0001-05
LICEU CORAÇÃO DE JESUS
03/11/2013
0492/95 62.123.336/0001-07 INSPETORIA SALESIANA DE SÃO PAULO 30/11/2013
0493/95 67.973.545/0001-55 LAR DONA COTINHA 1/2/2013
0498/95 53.812.574/0001-20 ASSOCIAÇÃO AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS DO BROOKLIN - AAEB 17/5/2013
0499/95 66.519.067/0001-45 ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL LABOR 22/3/2012
0500/95 72.519.978/0001-75 AÇÃO BENEFICENTE SANTA LUZIA 8/9/2011
0502/95 59.495.119/0001-25 ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DO JARDIM NAZARÉ II 03/11/2011
0503/95 74.682.550/0001-74 ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DESPERTAR 3/5/2013
0507/95 67.184.481/0001-03 ASSOCIAÇÃO PAULISTA PROJETO AMPLIAR 17/1/2012
0510/95
61.750.246/0001-75
AÇÃO COMUNITARIA DO BRASIL SÃO PAULO
6/8/2014
0511/95 61.574.786/0001-45 COLMÉIA - INSTITUIÇÃO A SERVIÇO DA JUVENTUDE 4/10/2013
0513/95 60.410.339/0001-98 CASA DA DIVINA PROVIDENCIA MADRE TERESA MICHEL 4/10/2013
0514/95 61.047.031/0001-92 MOVIMENTO DE ASSISTÊNCIA AOS ENCARCERADOS DO ESTADO DE SÃO PAULO - MAESP 6/8/2011
0516/95 00.000.633/0001-68 INSTITUTO QUALIDADE NO ENSINO 24/8/2011
0517/95 57.752.206/0001-95 PÓLIS - INSTITUTO DE ESTUDOS, FORMAÇÃO E ASSESSORIA EM POLÍTICAS SOCIAIS 16/11/2013
0518/95 60.982.352/0001-11 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO E CULTURA-ABEC 17/11/2013
0519/95 58.916.685/0001-09 COMUNIDADE CANTINHO DA PAZ 04/10/2011
0528/95 04.392.021/0001-50 ASSOCIAÇÃO BALLET STAGIUM MARIKA GIDALI 09/5/2012
0533/95 97.363.352/0001-43 INSTITUTO PARA DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - INDICA 6/8/2011
0536/95 62.717.137/0001-19 INSTITUTO DAS FILHAS E FILHOS DO CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA 26/5/2012
0540/95 45.877.933/0001-08 CARMINHA INST. PARA REABILITAÇÃO DO EXCEPCIONALE DESENVOLVIMENTO HUMANO 10/9/2013
0542/95 62.063.060/0001-00 ESCOLA ESPECIAL PARA EDUCAÇÃO DE EXCEPCIONAIS 4E 20/9/2013
0543/95 43.028.075/0001-93 CENTRO SOCIAL NOSSA SENHORA DA PENHA - CENHA 14/2/2014
0546/95 33.915.604/0001-17 LEGIÃO DA BOA VONTADE 31/5/2011
0549/96 71.729.628/0001-70 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE SANTA FÉ 28/2/2013
0553/96 00.102.763/0001-43 ASSOCIAÇÃO ESPAÇO DE PREVENÇÃO E ATENÇÃO HUMANIZADA - EPAH 14/2/2013
0557/96 61.011.094/0001-99 ASSOC. SÃO FRANCISCO DE ASSIS - IRMÃS FRANCISCANAS DA PROVIDÊNCIA DE DEUS 8/9/2012
0563/96 01.014.623/0001-86 AVIB - ASSOCIAÇÃO DE VOLUNTÁRIOS INTEGRADOS NO BRASIL 19/10/2011
0568/96 00.686.149/0001-76 CASA JESUS, AMOR E CARIDADE 14/3/2013
0569/96 96.523.063/0001-00 ASSOCIAÇÃO MADRE TERESA DE CALCUTÁ 19/10/2013
0570/96
38.893.038/0001-03
ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DA CRIANÇA AUTISTA - AUMA
17/6/2012
0572/96
62.999.172/0001-78
IGREJA BATISTA EM VILA POMPÉIA
26/7/2013
0575/96
03.601.723/0001-34
ASSOCIAÇÃO SOLIDARIEDADE E ESPERANÇA - ASES
10/8/2012
0576/96 01.044.756/0001-03 FUNDAÇÃO PROJETO TRAVESSIA 14/2/2014
0583/96 00.081.908/0001-77 CENTRO EDUCACIONAL E PROFISSIONAL VINÍCIUS 17/6/2013
0584/96 61.532.826/0001-96 INSTITUTO DE CEGOS PADRE CHICO 26/7/2013
0588/96 00.296.242/0001-74 CASA DA CRIANÇA FELIZ 27/6/2013
0590/96 74.121.880/0001-90 ASSOCIAÇÃO DE APOIO ÀS MENINAS E MENINOS DA REGIÃO SÉ 31/5/2013
0592/96 54.321.773/0001-07 LAR MÃE DO DIVINO AMOR 09/5/2014
0599/96 74.566.035/0001-29 ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL E ASSISTENCIAL CASA DO ZEZINHO 31/5/2013
0600/96 38.883.732/0001-40 UNIÃO DE NÚCLEOS ASSOC. E SOCIED. DE MORAD. HELIÓPOLIS E SÃO JOÃO CLÍMACO 23/8/2013
0601/96 57.745.291/0002-64 NÚCLEO ROTARY DE APRENDIZAGEM PROFISSIONAL 26/7/2014
0602/96 73.950.362/0001-17 ASSOC.DE APOIO À FAMILIA, AO GRUPO E À COMUNIDADE SÃO PAULO - AFAGO 24/8/2012
0604/96 67.841.643/0001-39 ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA AURI VERDE 17/1/2014
0606/96
01.309.378/0001-34
OBRA ASSISTENCIAL JESUS MENINO
5/4/2013
0608/96 00.750.121/0001-50 INSTITUTO DE RECICLAGEM DO ADOLESCENTE - RECICLAR 26/7/2014
0614/96 01.202.250/0001-77 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE O SEMEADOR 31/5/2012
0616/96 62.827.860/0001-50 CASA DA CRIANÇA BETINHO -LAR ESPÍRITA PARA EXCEPCIONAIS 10/9/2011
116
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
0618/96 58.397.472/0001-00 ASSOCIAÇÃO GRUPO DE MÃES NOVO AMANHECER 23/8/2012
0620/96 00.880.938/0001-43 ASSOCIAÇÃO DE APOIO EDUCACIONAL AO DEFICIENTE AUDITIVO 17/6/2011
0621/96
61.804.399/0001-58
SHALOM LIGA ISRAELITA DO BRASIL - OAT OFICINA ABRIGADA DE TRABALHO
3/9/2011
0623/96
62.816.871/0001-35
ASSOCIAÇÃO ESPIRITA ANJO GABRIEL
17/6/2012
0625/96 43.567.809/0001-02 ASSOCIAÇÃO DE DIABETES JUVENIL - ADJ 26/2/2013
0630/97 55.064.513/0001-58 ASSOCIAÇÃO DOS EXCEPCIONAIS SÃO DOMINGOS SAVIO 17/5/2013
0635/97 63.015.481/0001-29 INSTITUTO MADRE MAZZARELLO 19/10/2013
0639/97 44.146.587/0001-17 CHAMA SOCIEDADE DE ASSISTENCIA AO EXCEPCIONAL 14/2/2014
0640/97 62.527.551/0001-65 INSTITUTO MATER DEI 17/1/2012
0641/97 66.511.833/0001-25 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE PARSIFAL 26/7/2013
0645/97 43.420.520/0001-66 APOIE - ASSOC. PARA PROFISSIONALIZAÇÃO ORIENT. E INTEGRAÇÃO DO EXCEPCIONAL 5/10/2012
0646/97 60.992.427/0001-45 BENEFICENCIA NIPO - BRASILEIRA DE SÃO PAULO 20/9/2014
0650/97
43.487.834/0001-86
ADERE ASSOCIAÇÃO PARA DESENV. EDUCAÇÃO RECUPERAÇÃO DO EXCEPCIONAL
8/9/2012
0651/97 61.904.678/0001-93 AMPARO MATERNAL 22/2/2013
0654/97 47.465.745/0001-90 NÚCLEO ASSISTENCIAL BEZERRA DE MENEZES 23/8/2013
0655/97 60.805.975/0001-19 SOCIEDADE PESTALOZZI DE SÃO PAULO 5/4/2012
0656/97 62.465.927/0001-54 INSTITUTO BENEFICENTE CULTURAL JOSÉ KENTENICH 29/11/2012
0659/97 60.737.590/0001-61 FUNDAÇÃO NOSSA SENHORA AUXILIADORA DO IPIRANGA 17/5/2013
0665/97 51.364.792/0001-14 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE VOLUNTÁRIOS EM MUSICOTERAPIA 17/12/2011
0667/97 53.372.454/0001-50 LAR DA CRIANÇA NINHO DE PAZ 18/10/2011
0668/97 53.498.044/0001-50 ADEFAV – CENTRO DE RECURSOS EM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA,SURDOCEGUEIRA E 09/5/2014
DEFICIÊNCIA VISUAL
0670/97 01.702.632/0001-60 SOCIEDADE BENEFICENTE CONEGO LUIZ 17/6/2014
0671/97 55.577.563/0001-39 ARCA DO BRASIL 04/10/2013
0672/97 58.795.758/0001-43 GRUPO BENEFICIENTE FRATERNIDADE 22/2/2014
0673/97 62.394.283/0001-50 RECANTO DE INTERLAGOS 18/10/2012
0679/97 61.923.090/0001-87 LAR DO AMOR CRISTÃO 12/7/2013
0684/97 60.762.846/0001-90 ASSOCIAÇÃO CRUZ VERDE 1/10/2011
0685/97 74.145.715/0001-79 MA - MÁ UNIÃO PARA ASSISTENCIA À CRIANÇA 14/3/2013
0686/97 62.026.976/0001-90 INSTITUIÇÃO BENEFICENTE NOSSO LAR 29/11/2013
0687/97
47.095.294/0001-46
ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE CASAIS
1/4/2012
0690/97 50.059.070/0001-93 ASSOCIAÇÃO CIVIL GAUDIUM ET SPES - AGES 03/11/2013
0691/97 45.983.418/0001-02 ASSOCIAÇÃO INSTITUTO JOVEM CAMINHAR 1/2/2013
0692/97
62.103.619/0001-89
ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA E BENEFICENTE JESUS MARIA JOSÉ
3/5/2013
0697/97
61.004.149/0001-33
SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO E BENEFICENCIA
09/5/2014
0702/97
51.569.655/0001-16
CENTRO DE ESTUDOS PAULISTA DE PSIQUIATRIA
27/7/2012
0703/97 61.957.627/0001-20 CASA DE DAVID TABERNÁCULO ESPÍRITA PARA EXCEPCIONAIS 20/9/2011
0706/97 01.817.591/0001-57 INSTITUTO DE JUVENTUDE INICIAÇÃO, FORMAÇÃO E CAPACIT. PROF. DANIEL COMBONI 03/11/2013
0708/97 10.656.123/0001-39 PIME - ASSOCIAÇÃO 16/11/2013
0711/97 67.143.818/0001-34 CENTRO DE DEFESA MÔNICA PAIÃO TREVISAN 25/4/2013
0717/97 61.015.087/0001-65 INSTITUTO DAS APOSTOLAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 14/2/2015
0718/97 01.902.672/0001-55 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE CAMINHO DE DAMASCO 26/7/2013
0719/97 01.755.906/0001-89 GRUPO ASSISTENCIAL ALVORADA NOVA 24/8/2012
0721/97 01.378.253/0001-66 ASSOCIAÇÃO CASA DE APOIO AMIGOS DA VIDA - ACAAV 28/2/2012
0722/97 43.898.923/0001-15 ASSISTÊNCIA E PROMOÇÃO SOCIAL EXÉRCITO DE SALVAÇÃO 19/10/2011
0723/97 54.963.061/0001-83 ASSOCIAÇÃO DE APOIO A CRIANÇA COM CANCER 17/1/2012
0724/97 02.072.483/0001-65 ASSOCIAÇÃO PRÓ - HOPE APOIO À CRIANÇA COM CÂNCER 22/3/2014
0731/97
57.284.994/0001-32
GRÊMIO RECREATIVO CULTURAL EDUCACIONAL E SOCIAL MARAVILHA
2/7/2011
0733/97 01.870.905/0001-85 AÇÃO COMUNITÁRIA CANTINHO FELIZ 17/6/2013
0734/97 57.998.932/0001-92 IGREJA BATISTA NACIONAL DE VILA MARIA 26/7/2013
0740/97 44.006.203/0001-60 ASSOCIAÇÃO MARIA HELEN DREXEL 10/11/2011
117
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
0742/98 62.300.082/0001-47 FUNDAÇÃO OBRA DE PRESERVAÇÃO DOS FILHOS DE TUBERCULOSOS 17/11/2013
0746/98 73.937.625/0001-58 ASSOCIAÇÃO EVANGÉLICA PROJETO RAIZES 17/1/2014
0748/98
53.081.881/0001-89
ASSOCIAÇÃO DE MÃES DOS ESPECIAIS DE ITAQUERA - AMEI
19/4/2013
0749/98
60.568.284/0001-49
ASSOCIAÇÃO DAS SENHORAS EVANGÉLICAS DE SÃO PAULO
1/2/2013
0752/98 69.272.698/0001-09 MORADIA ASSOCIAÇÃO CIVIL 1/4/2012
0753/98 01.409.526/0001-92 ASSOCIAÇÃO PROGRAMA EDUCAR 26/7/2013
0755/98 64.044.654/0001-08 SOCIEDADE AMIGOS DO BAIRRO REAL PARQUE 14/2/2014
0757/98 71.740.732/0001-66 PROGRAMA SOCIAL GOTAS DE FLOR COM AMOR 16/11/2012
0759/98 47.140.710/0001-80 SOCIEDADE DOS AMIGOS DO BAIRRO DO PARQUE BOTURUSSU 17/11/2013
0760/98 02.161.154/0001-90 ASSOCIAÇÃO MENINOS DO MORUMBI 28/6/2014
0762/98 57.130.285/0002-81 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE SÃO FRANCISCO DE ASSIS 04/10/2013
0769/98 60.533.940/0001-78 ASSOCIAÇÃO INSTRUTORA DA JUVENTUDE FEMININA 15/9/2012
0773/98
48.755.607/0001-08
SERVIÇO DE AMPARO E REABILITAÇÃO SOCIAL - SEARAS
15/9/2013
0774/98 55.292.874/0001-51 SORRI BRASIL 04/10/2012
0775/98 46.520.714/0001-21 ASSOCIAÇÃO FEMININA DAS SERVIDORAS PÚBLICAS DO BRASIL 10/9/2011
0776/98 62.657.333/0001-45 CASA DE BENEFICENCIA SÃO PAULO 27/7/2011
0779/98 00.113.842/0001-50 CENTRO DE APOIO À CRIANÇA CARENTE COM CANCÊR - CACCC 1/6/2012
0781/98 00.251.757/0001-58 ASSOCIAÇÃO CIVIL ANIMA 17/1/2015
0787/98 62.024.120/0001-86 ABRACE - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ADOLESCENTES E A CRIANÇA ESPECIAL 4/8/2011
0797/98 51.205.094/0001-76 CENTRO ESPÍRITA JESUS REDIVIVO 18/10/2013
0799/98 61.287.546/0001-60 PIA SOCIEDADE DE SÃO PAULO 11/6/2011
0800/98 02.969.279/0001-41 INSTITUTO NOSSA SENHORA DA ANUNCIAÇÃO 17/5/2014
0807/98 62.020.102/0001-26 ADID ASSOCIAÇÃO PARA DESENVOLVIMENTO DO DOWN 14/2/2014
0811/99 01.525.749/0001-15 ENTIDADE DE PROMOÇÃO E ASSISTENCIA SOCIAL ESPAÇO ABERTO 11/5/2012
0813/99 00.631.212/0001-77 ESPAÇO INFANTIL RECREATIVO E ED. QUADRANGULAR PROJETO VIDA 14/3/2014
0816/99 00.277.850/0001-31 FUNDAÇÃO REVIVER, REFÚGIO, VIDA VERDADEIRA 23/8/2013
0817/99 02.998.969/0001-29 SDA - SOCIEDADE DE DEFESA E APOIO AS COMUNIDADES URBANAS 17/1/2014
0824/99 69.107.142/0001-59 CASA ASSISTENCIAL MARIA HELENA PAULINA 3/11/2011
0831/99 57.062.366/0001-02 ASSOCIAÇÃO VIDA JOVEM 28/2/2012
0834/99 60.507.100/0001-30 FUNDAÇÃO DORINA NOWILL PARA CEGOS 17/11/2013
0835/99 03.151.435/0001-25 LALEC - LAR AMOR LUZ E ESPERANÇA DA CRIANÇA HIV + 1/4/2012
0837/99 65.513.806/0001-29 AHIMSA - ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL PARA MÚLTIPLA DEFICIÊNCIA 26/7/2011
0838/99 02.469.083/0001-98 ASSOCIAÇÃO ARTE DESPERTAR 1/10/2011
0840/99
02.172.735/0001-28
LAR DA CRIANÇA FAVOS DE LUZ
04/10/2013
0842/99
03.997.628/0001-00
INSTITUTO ATO
25/4/2014
0844/99
01.222.327/0001-70
ASSOCIAÇÃO CULTURAL CONSTELAÇÃO
3/9/2011
0848/99 02.928.443/0001-72 CENTRO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E FORMAÇÃO PROFISSIONAL SÃO PATRÍCIO - CIAP 5/10/2012
0849/99 58.720.350/0001-02 CENTRO SOCIAL EVANGÉLICO DO SACOMÃ - CESES 09/5/2014
0850/99 02.820.605/0001-54 FUNDAÇÃO GOL DE LETRA 1/4/2014
0853/99 62.106.505/0001-92 CRUZ AZUL DE SÃO PAULO 1/4/2015
0860/00 02.530.487/0001-40 INSTITUTO MENSAGEIROS 29/11/2013
0862/00 03.215.066/0001-97 FUNDESP - FUNDAÇÃO ESPERANÇA 31/5/2013
0863/00 38.894.796/0001-46 FUNDAÇÃO ABRINQ PELOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 20/9/2012
0867/00 53.638.359/0001-55 LUMEN - ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA AO DEFICIENTE NEURO-MOTOR OU MENTAL 14/2/2014
0869/00 03.679.074/0001-94 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE SONHO DE CRIANÇA 14/2/2013
0871/00 03.205.769/0001-34 INSTITUTO CRIANÇA CIDADÃ 17/6/2013
0873/00 61.557.110/0001-05 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE VIVENDA DA CRIANÇA 7/7/2011
0877/00
02.627.820/0001-33
SAMARITANO SÃO FRANCISCO DE ASSIS
18/1/2012
0881/01 01.891.025/0001-95 ASSOCIAÇÃO AMIGOS DO PROJETO GURI 15/1/2011
0882/01 03.767.604/0001-56 ASSOCIAÇÃO NOVOLHAR 28/2/2012
0884/01 51.549.301/0001-00 ESPRO - ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SOCIAL PROFISSIONALIZANTE 28/6/2012
118
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
0887/01 62.365.655/0001-10 CONGREGAÇÃO MEKOR HAIM 10/8/2013
0888/01 04.159.753/0001-03 IMAGEMAGICA 04/10/2012
0890/01
01.314.935/0001-05
CENTRO DE APOIO COMUNITÁRIO DE PERUS
04/10/2013
0892/01
04.287.687/0001-49
ASSOCIAÇÃO MARLY CURY
1/4/2012
0893/01 55.651.707/0001-50 SOCIEDADE AMIGOS DO JD. GUARUJÁ E CHACARÁ SANTANA 1/4/2014
0894/01 61.038.436/0001-64 ASSOCIAÇÃO LITERÁRIA E EDUCATIVA SANTO ANDRÉ 5/4/2013
0896/01 67.132.746/0001-20 NÚCLEO DE APOIO E DESENVOLVIMENTO HUMANO 17/6/2013
0898/01 03.129.195/0001-62 CENTRO DE DEFESA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESC. CEDECA INTERLAGOS 15/9/2012
0900/01 04.437.234/0001-51 REDE CRIANÇA DE COMBATE A VIOLENCIA DOMESTICA 17/5/2013
0901/01 60.915.477/0001-29 INSTITUTO MISSÕES CONSOLATA 3/5/2013
0905/01 50.712.280/0001-39 CENTRO DE HABILITAÇÃO FILOSOFIA E CULTURA 1/4/2014
0906/01 04.382.253/0001-28 CASA DIA COEXISTIR 18/1/2013
0908/01
60.931.847/0001-11
INSTITUTO CRISTÓVÃO COLOMBO
22/2/2014
0912/01 55.647.911/0001-05 CENTRO ROTÁRIO, EDUC. SOCIAL, CULTURAL E RECREATIVO - CRESCER 4/8/2011
0914/01 59.837.674/0001-98 ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA SEMPRE VIVA 09/5/2014
0915/01 01.215.483/0001-04 ASSOCIAÇÃO CARPE DIEM 3/12/2011
0918/01 60.470.960/0001-47 SOCIEDADE DAS FILHAS DE NOSSA SENHORA DO SAGRADO CORAÇÃO 17/5/2013
0921/01 61.601.183/0001-95 INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA LÚCIA FILIPPINI 17/1/2014
0923/01 69.100.576/0001-27 ASSOCIAÇÃO DO ABRIGO NOSSA SRA. RAINHA DA PAZ DO JARDIM FIM DE SEMANA 03/11/2013
0925/01 61.581.773/0001-01 CAMINHANDO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO E AÇÃO SOCIAL 4/8/2011
0927/02 00.132.719/0001-86 LAR DA CRIANÇA FREI LEOPOLDO 31/5/2011
0928/02 60.916.731/0001-03 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCADORES LASSALISTAS 6/8/2011
0931/02 04.488.578/0001-90 CASA DE ISABEL CENTRO DE APOIO A MULHER A CÇ.E ADOL.VIT.DE VIOL.DOMÉSTICA 22/12/2011
0935/02 01.409.519/0001-90 CENTRO DE FORMAÇÃO IRMÃ RITA CAVENAGHI 17/11/2013
0936/02 43.373.430/0001-61 LAR DA CRIANÇA MENINO JESUS 8/3/2014
0938/02 60.556.164/0001-21 ASSOCIAÇÃO LAR MARIA E SININHA 10/9/2013
0940/02 62.187.562/0001-43 LAR SIRIO PRÓ INFANCIA 19/4/2013
0941/02 00.236.857/0002-96 ASSOC. DE ASSIST. A CRIANÇA E AO ADOL. CARDIACOS E TRANSPL. DO CORAÇÃO - ACTC 3/5/2014
0945/02 61.057.246/0001-94 GRUPO ASSISTENCIAL EMMANUEL 27/7/2011
0946/02 02.467.531/0001-14 CENTRO DE ORIENTAÇÃO E EDUCAÇÃO A JUVENTUDE 31/5/2012
0947/02 52.837.093/0001-07 COMUNIDADE KOLPING SÃO FRANCISCO DE GUAIANASES 04/10/2013
0948/02 62.132.725/0001-90 CENTRO SUVAG DE REABILITAÇÃO AUDITIVA E DA FALA 22/4/2012
0949/02 64.035.496/0001-11 CENTRO POPULAR DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS FREI TITO DE ALENCAR LIMA 12/7/2013
0950/02
74.502.550/0007-30
FUNDAÇÃO ORSA
17/9/2011
0951/02
62.537.014/0001-04
CENTRO SOCIAL NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS DO ALTO JABAQUARA
5/11/2011
0954/02
74.032.871/0001-23
CONGREGAÇÃO SÃO VICENTE PALLOTTI - IRMÃS PALOTINAS
15/9/2012
0956/02 67.009.043/0001-09 ASSOCIAÇÃO CULTURAL E DESPORTIVA BANDERANTES 17/1/2014
0957/02 71.738.645/0001-74 MOVIMENTO UNIFICADO DE DEFESA DA CRIANÇA E ADOLESCENTE DE RUA 3/5/2013
0962/02 04.488.507/0001-97 CACTUS - INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E CULTURA 17/6/2012
0963/02 03.363.505/0001-09 NASCE - NÚCLEO DE APOIO SOCIAL AO CANTINHO DA ESPERANÇA 4/10/2013
0965/02 60.921.327/0001-28 SOCIEDADE DE ESTUDOS ESPÍRITAS "3 DE OUTUBRO" 18/1/2013
0976/02 66.855.515/0001-62 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE FILADELFIA 18/10/2013
0977/02 44.036.895/0001-90 CENTRO ESPÍRITA JOSEFA OLÍMPIA DE OLIVEIRA - CEJOO 23/3/2012
0979/02 60.766.060/0001-41 CONGREGAÇÃO ISRAELITA PAULISTA 5/4/2013
0980/02 04.601.038/0001-70 INSTITUTO GABRIELE BARRETO SOGARI 6/8/2013
0981/02 75.637.256/0017-70 ASSOCIAÇÃO ANTONIO E MARCOS CAVANIS 30/10/2011
0983/02 04.016.828/0001-99 ASSOCIAÇÃO CIVIL O CANTINHO QUE ENCONTREI 8/9/2011
0987/02
04.449.826/0001-93
INSTITUTO ACAIA
3/5/2014
0995/02 62.025.275/0001-37 EXTERNATO SANTA TEREZINHA 18/1/2014
0997/02 04.941.695/0001-67 CENTRO INTEGRADO DE PROMOÇÃO SOCIAL 10/8/2011
1000/02 04.065.617/0001-46 NÚCLEO DE ESPECIALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO PARA DEFICIENTE FÍSICO E MENTAL - NEED 15/9/2012
119
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
1003/02 00.134.362/0001-75 AÇÃO EDUCATIVA ASSESSORIA PESQUISA E INFORMAÇÃO 27/7/2011
1004/02 00.229.779/0001-11 CLUBE DE MÃES CRIANÇA ESPERANÇA 17/1/2014
1005/03
02.498.522/0001-90
INSTITUTO DE RECUPERAÇÃO E NATAÇÃO ÁGUA CRISTALINA
2/7/2011
1006/03
53.686.192/0001-06
CADEVI-CENTRO APOIO AO DEFICIENTE VISUAL
22/12/2011
1007/03 00.175.872/0001-90 SOCIEDADE PADRE COSTANZO DALBÉSIO 10/8/2012
1008/03 69.108.124/0001-91 INSTITUTO ECOAR PARA A CIDADANIA 4/10/2012
1009/03 05.075.160/0001-13 ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA PRIMEIRO PASSO DO JARDIM DONÁRIA 19/4/2013
1010/03 05.238.918/0001-97 CENTRO EDUCACIONAL INFANTIL LUZ E LÁPIS 22/3/2014
1011/03 52.163.292/0001-87 GFA GRUPO FRATERNO DE ASSISTENCIA 29/11/2013
1013/03 69.127.835/0001-03 CAMP CENTRO - CENTRO DE APRENDIZAGEM E MELHORAMENTO PROFISSIONAL 26/7/2013
1015/03 03.862.123/0001-20 ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DO JARDIM SÃO JORGE E ADJACENCIAS 17/6/2013
1016/03 96.476.924/0001-38 ASSOCIAÇÃO DO BEM ESTAR SOCIAL DA ZONA NORTE 9/2/2012
1017/03 04.003.965/0001-99 CENTRO COMUNITÁRIO BENEFICIENTE CONJUNTO HABITACIONAL CASTRO ALVES E 25/4/2014
ADJACENTES
1023/03 01.636.581/0001-15 SAVIC - SOCIEDADE AMIGOS DE VILA CONSTANÇA 03/11/2013
1024/03 74.126.582/0001-93 SOCIEDADE BENEFICENTE SANTO EXPEDITO 3/11/2012
1026/03 04.427.955/0001-80 CASA FREI REGINALDO DE ACOLHIDA A CRIANÇA E AO IDOSO-CAFRACI 23/8/2013
1027/03 61.387.247/0001-05 LAR DAS CRIANÇAS CASA DO CAMINHO 24/8/2011
1028/03 04.373.052/0001-64 NÚCLEO CRISTÃO CIDADANIA E VIDA 22/3/2014
1030/03 61.602.280/0001-00 LAR MARIA ALBERTINA 18/1/2014
1033/03 60.665.528/0001-01 ASSOCIAÇÃO PEDAGÓGICA RUDOLF STEINER 6/4/2012
1034/03 04.381.220/0001-63 INSTITUTO ESPORTE E EDUCAÇÃO 17/1/2012
1037/03 50.811.330/0001-05 ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL E BENEFICENTE VALE DA BENÇÃO 29/11/2013
1042/03 04.590.929/0001-79 ASSOCIAÇÃO DE APOIO À INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA - NOSSA TURMA 18/1/2013
1045/03 51.228.930/0001-38 CEAPA - CENTRO ESTADUAL DE APOIO PROFISSONAL AO ADOLESCENTE 14/3/2013
1047/03 61.600.839/0001-55 CIEE - CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA ESCOLA 8/9/2011
1048/03 04.730.949/0001-06 ASSOCIAÇÃO DEHONIANA BRASIL MERIDIONAL 09/5/2012
1050/03 69.103.588/0001-05 CENTRO DE ESTUDOS DA SEXUALIDADE HUMANA DO INSTITUTO KAPLAN 6/8/2011
1054/03 61.882.395/0001-98 OBRA SOCIAL DOM BOSCO 22/3/2013
1055/04 61.000.071/0001-89 ASSOCIAÇÃO PIO XII - IRMÃS FRANCISCANAS DA PROVIDÊNCIA DE DEUS 8/9/2013
1056/04
54.603.998/0001-48
ASSOCIAÇÃO ESPÍRITA FÉ ESPERANÇA E CARIDADE
03/11/2013
1059/04 05.219.202/0001-42 PLUGADOS NA EDUCAÇÃO 03/11/2011
1061/04 73.386.070/0001-01 MOCA - MOVIMENTO DE ORIENTAÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE 14/2/2014
1062/04
60.794.047/0001-04
SOCIEDADE BENEFICENTE ALEMÃ
09/5/2012
1063/04
05.097.443/0001-66
ASSOCIAÇÃO VIVER MELHOR DO JARDIM MIRIAM
6/8/2013
1065/04
02.853.922/0001-77
LAR JESUS MARIA JOSÉ
29/11/2014
1066/04 02.926.858/0001-07 ASSOCIAÇÃO VIVA E DEIXE VIVER 19/4/2012
1067/04 53.285.805/0001-95 FORÇA HUMANITÁRIA NOSSO LAR 28/6/2011
1070/04 03.934.459/0001-50 ASSOCIAÇÃO DE MAES E AMIGOS DA CRIANÇA E ADOLESCENTE EM RISCO 17/1/2012
1071/04 05.300.162/0001-69 INSTITUTO CRIANÇA E VIDA 23/7/2011
1073/04 60.979.457/0001-11 ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA À CRIANÇA DEFICIENTE - AACD 17/5/2012
1076/04 02.537.472/0001-03 ASSOCIAÇÃO CRESCER SEMPRE 10/3/2012
1077/04 50.951.805/0010-80 ASSOCIAÇÃO EDUCADORA E BENEFICENTE 17/6/2013
1080/04 51.201.002/0001-80 MOVIMENTO DE APOIO A INTEGRAÇÃO SOCIAL 17/5/2013
1081/04 04.186.468/0001-73 ASSOCIAÇÃO ALIANÇA DE MISERICÓRDIA 14/2/2014
1082/04 03.841.493/0001-80 INSTITUTO SOCIAL SANTA LÚCIA 23/8/2013
1083/04 67.185.694/0001-50 GRUPO DE APOIO AO ADOLESCENTE E A CRIANÇA COM CÂNCER - GRAACC 6/8/2011
1088/04
56.577.059/0001-00
FUNDAÇÃO FACULDADE DE MEDICINA
18/6/2011
1089/04 00.491.904/0001-67 DOUTORES DA ALEGRIA - ARTE, FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO 17/1/2013
1092/04 02.156.316/0001-00 ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS BARBARA APRIERO 14/2/2014
1097/05 03.147.422/0001-82 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE DE MÃES ORDEM E PROGRESSO 26/7/2013
120
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
1098/05 50.679.489/0001-48 AÇÃO SOCIAL SANTA RITA DE CÁSSIA 18/1/2014
1099/05 59.178.822/0001-00 FIB FEDERAÇÃO DE IRMÃOS BENEFICENTE 8/3/2013
1100/05
04.497.845/0001-95
PROJETO, APOIO E PESQUISAS ESPECIAIS TRILHAR - PAPET
22/4/2012
1103/05
04.492.408/0001-89
ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE GUAINUMBI
11/6/2011
1104/05 58.109.505/0001-79 ASSOCIAÇÃO DE MULHERES DO JARDIM COLORADO 10/9/2013
1106/05 43.101.179/0001-86 NÚCLEO DE ESTUDOS ESPIR. HUMBERTO DE CAMPOS E ASSIS. SOCIAL FILANTRÓPICA 1/2/2013
1107/05 00.346.741/0001-29 ASSOCIAÇÃO DE MULHERES AMIGAS DE JOVA RURAL 14/2/2014
1108/05 52.569.043/0001-96 CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO MULTI-PEDAGÓGICO 30/11/2011
1110/05 01.363.178/0001-60 INSTITUTO CIDADANIA ATIVA 31/5/2012
1111/05 07.122.636/0001-55 ASSOCIAÇÃO DE OLHO NO FUTURO 17/5/2013
1113/05 03.324.868/0001-35 ASSOC. COMUNITÁRIA CASA DOS DEFICIENTES DE S. MIGUEL PAULISTA 23/8/2013
1115/05 00.664.464/0001-00 CASA DE ASSISTENCIA FILADELFIA 25/4/2015
1117/05
46.543.781/0004-04
SOCIEDADE ASSISTENCIAL BANDEIRANTES - INSTITUTO VIVA MELHOR
24/8/2011
1118/05 03.074.383/0001-30 ASSOCIAÇÃO CIDADE ESCOLA APRENDIZ 26/7/2011
1119/05 07.040.234/0001-01 GAIA - GRUPO DE ASSISTÊNCIA AO IDOSO À INFÂNCIA E À ADOLESCÊNCIA 12/7/2013
1121/05 05.324.125/0001-90 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE DA INFÂNCIA , ADOLESCÊNCIA E TERCEIRA IDADE - ABIATI 09/5/2014
1122/05 73.480.493/0001-88 CAMP- CENTRO DE APRENDIZAGEM E MONITORAMENTO PROFISSIONAL DO JABAGUARA 27/7/2011
1124/06 02.970.204/0001-80 CENTRO DE OBRAS SOCIAIS NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS DA CAPELA DO SOCORRO 10/8/2012
1127/06 06.042.422/0001-06 ASSOCIAÇÃO CULTURAL RECREATIVA ESPORTIVA BLOCO DO BECO 8/12/2011
1128/06 05.960.559/0001-87 ASSOCIAÇÃO CASA ABRIGO JOVENS DO FUTURO 17/11/2013
1130/06 57.006.116/0001-55 ASSOCIAÇÃO PROPAGADORA SOVERDI 14/2/2015
1132/06 07.494.715/0001-97 CENTRO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NOSSA SENHORA DA PIEDADE 5/4/2012
1133/06 58.415.092/0001-50 FAT - FUNDAÇÃO DE APOIO À TECNOLOGIA 8/3/2012
1135/06 62.786.074/0001-52 OBRA SOCIAL SÃO BENEDITO 8/3/2012
1136/06 01.807.345/0001-14 ASSOCIAÇÃO AMIGOS DO JARDIM SÃO FRANCISCO 26/7/2011
1140/06 01.212.674/0001-12 INSTITUTO DAS IRMAS DE SANTA DOROTHEA 6/8/2013
1141/06 52.631.033/0001-33 ASSOCIAÇÃO DAS VOLUNTÁRIAS DO HOSPITAL INFANTIL DARCY VARGAS 17/6/2013
1142/06 62.340.203/0001-84 PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL 9/2/2012
1146/06 04.721.224/0001-43 SOCIEDADE BENEFICENTE GOTA DE AMOR 1/4/2012
1149/06 07.376.674/0001-34 GFWC - CRE - SER 22/3/2014
1150/06 04.063.710/0001-11 ABECL - ASSOCIAÇÃO BENEFICIENTE ESPORTE, CULTURA E LAZER NOSSO SONHO 1/9/2011
1152/06 07.482.689/0001-87 CASA ABRIGO ESTRELAS DO AMANHÃ 21/7/2011
1153/06 60.737.178/0001-41 ASSOCIAÇÃO ALIANÇA PELA VIDA - ALIVI 20/9/2011
1154/06
05.600.020/0001-17
INSTITUTO CRIAR DE TV E CINEMA
15/4/2012
1155/06
00.328.072/0001-62
INSTITUTO AYRTON SENNA
19/4/2012
1157/06
03.881.139/0001-80
INSTITUTO BENEFICENTE ZULMIRA DIÓGENES E AMÉRICO FERREIRA
28/2/2012
1159/06 02.964.406/0001-10 ASSOCIAÇÃO NINHO CRIANÇA ESPERANÇA 10/11/2011
1160/06 05.099.062/0001-16 CENTRO DE CONVIVÊNCIA INFÂNCIA - JUVENTUDE THOMAZ GOUVEIA NETTO 24/8/2013
1161/06 05.439.543/0001-23 ONGF - ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL FUTURONG - AÇÃO SÓCIO CULTURAL 28/6/2011
1162/06 60.622.073/0001-47 ASSOCIAÇÃO ISRAELITA DE BENEFICÊNCIA BEIT CHABAD DO BRASIL 5/4/2014
1164/06 68.586.957/0002-86 CENTRO DE ESTUDOS PSICO PEDAGÓGICOS PRÓ-SABER 20/9/2013
1165/06 05.099.715/0001-67 INSTITUIÇÃO MARIA JOSÉ EDUCAR 4/10/2013
1167/06 62.784.756/0001-26 LAR DE ELISINHA 4/8/2012
1168/06 03.859.135/0001-03 ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA MICAEL 12/7/2013
1170/06 57.182.503/0001-42 INSTITUTO AVISA LÁ FORMAÇÃO CONTINUADA DE EDUCADORES 12/7/2013
1172/06 66.856.642/0001-03 PROJETO ESPERANÇA DE SÃO MIGUEL PAULISTA 5/10/2012
1174/06 06.923.499/0001-95 INSTITUTO PROFISSIONALIZANTE PAULISTA 17/1/2013
1175/06
04.609.534/0001-70
SOCIEDADE BENEFIC. CENTRO DE CULTURA AFRO-BRASILEIRO ASE YLE DO HOOZOANE
14/3/2013
1176/06 54.751.599/0001-24 CAMP - NORTE ESCOLA PROFISSIONALIZANTE - DOUTOR LUIS DIOGENES ZEPPELINI 26/7/2013
1179/06 03.956.762/0001-54 ASSOCIAÇÃO DANYANN - APRENDER E EVOLUIR 14/3/2013
1180/06 65.502.262/0001-08 OBRAS SOCIAIS SÃO FRANCISCO XAVIER 28/2/2014
121
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
1181/06 74.087.081/0001-45 APOIO - ASSOCIAÇÃO DE AUXILIO MÚTUO DA REGIÃO LESTE 14/2/2014
1182/06 04.831.433/0001-40 ASSOCIAÇÃO VIVER EM FAMÍLIA PARA UM FUTURO MELHOR 28/6/2014
1183/06
67.984.864/0001-66
ASSOCIAÇÃO MENINO DEUS
13/10/2011
1185/06
05.263.071/0001-09
INSTITUTO ALANA
25/4/2014
1186/06 04.250.687/0001-74 AAPQ - ASSOCIAÇÃO DE APOIO AO PROJETO QUIXOTE 10/9/2012
1188/06 47.460.183/0001-91 INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS E APOIO COMUNITÁRIO QUEIROZ FILHO - IBEAC 17/6/2013
1191/06 50.951.805/0013-22 CESPROM - ASSOCIAÇÃO EDUCADORA E BENEFICENTE 17/1/2014
1192/06 05.620.365/0001-32 ARTES SEM FRONTEIRAS 17/1/2013
1193/06 03.783.381/0001-10 ASSOCIAÇÃO PROBRASIL 25/4/2014
1194/06 60.543.279/0001-81 AÇÃO SOCIAL CLARETIANA 8/12/2011
1197/06 73.540.775/0001-23 CAAPE - CENTRO DE APRENDIZADO E APOIO AO PRIMEIRO EMPREGO DE VILA MARIA 10/8/2011
1198/06 45.298.122/0001-61 FUNDAÇÃO HEYDERENREICH 29/11/2011
1199/06
61.370.094/0001-85
FUNDAÇÃO DE ROTORIANOS DE SÃO PAULO
17/1/2013
1200/06 02.871.771/0001-80 ASSOCIAÇÃO ALFASOL 4/10/2012
1202/06 05.401.345/0001-70 INSTITUTO ANGLICANO 17/1/2014
1204/06 05.877.183/0001-41 ASSOCIAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL CRISTO JESUS 17/6/2013
1205/06 05.220.780/0001-07 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE DE VOLTA PARA CASA 14/2014
1206/06 07.883.701/0001-65 ASSOCIAÇÃO CASA DOS CURUMINS 10/9/2013
1207/06 03.486.190/0001-97 LABORIDADE-INST. DE ESTUDOS, FORM. E ASSES. EM POLÍT. SOC. DO ENVELHECIMENTO 22/2/2012
1211/06 04.941.442/0001-93 CRIANÇA SEGURA SAFE KIDS BRASIL 17/1/2013
1213/06 04.901.768/0001-97 CRECHE COMUNITÁRIA SANTA ISABEL 03/11/2013
1215/06 07.270.546/0001-01 ASSOCIAÇÃO PELA SAÚDE EMOCIONAL DE CRIANÇAS 17/11/2012
1217/06 07.077.735/0001-62 ASSOCIAÇÃO BOTAFOGO FUTEBOL CLUBE DE VILA LEOPOLDINA 9/3/2012
1221/06 58.926.908/0001-00 OBRAS PROMOCIONAIS DE CRISTO RESSUSCITADO 27/7/2013
1222/06 04.955.194/0001-30 ASSOCIAÇÃO METODISTA LIVRE AGENTE 03/11/2013
1223/06 05.541.517/0001-01 COMUNIDADE NOVO GLICERIO 14/2/2014
1224/07 03.378.311/0001-87 UNIDOS DO JARDIM VIRGÍNIA E ADJACÊNCIAS 9/2/2012
1225/07 07.360.486/0001-18 ASSOCIAÇÃO PAULISTA PARA ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO 29/11/2012
1226/07 53.758.025/0001-15 CENTRO DE CONVÍVIO E HABILITAÇÃO PARA EXCEPCIONAIS - MARIA JOSÉ 17/6/2013
1227/07 04.966.165/0001-73 CENTRO DE REABIL. PROFIS. PARA PORTADORES DE DEFIC. JOSÉ DE ANCHIETA 16/11/2012
1228/07 02.606.758/0001-01 INSTITUTO PENSARTE 16/11/2013
1231/07 92.017.516/0012-10 CONGREGAÇÃO DE NOSSA SENHORA 18/1/2012
1232/07 07.325.044/0001-30 ASSOCIAÇÃO FAZENDO HISTÓRIA 17/1/2013
1233/07
60.806.577/0001-17
ASSOCIAÇÃO CULTURA FRANCISCANA
22/2/2013
1234/07
07.297.923/0001-04
ASSOC. DOS PESQUIS. DE NUCLEO DE ESTUDOS E PESQ. SOBRE A CRIANÇA E O
29/11/2012
ADOLESCENTE
1235/07 49.789.118/0001-30 CENTRO ESPIRITA IRMÃ ANGELA 26/2/2008
1239/07 08.002.631/0001-51 INSTITUTO VIVA MELHOR 14/3/2014
1240/07 01.719.136/0001-19 CLUBE DE MÃES MONTE DAS OLIVEIRAS 29/11/2013
1243/07 04.836.469/0001-16 ASSOCIAÇÃO VIDA ESTRELA DE DAVI - AVED 5/4/2013
1246/07 50.711.845/0001-63 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TALASSEMIA ABRASTA 28/2/2013
1249/07 69.127.793/0001-00 INSTITUTO BENEFICENTE ISRAELITA "TEN YAD" 4/8/2011
1250/07 07.189.118/0001-59 INSTITUTO CIDADÃO BRASILEIRO PARTICIPATIVO - ICIBAP 8/9/2011
1252/07 02.662.779/0001-36 ASSOCIAÇÃO CRISTÃ MONTE GEREZIM 10/9/2013
1253/07 02.680.126/0005-03 CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO SUBSTENTAVEL 09/5/2013
1254/07 00.177.289/0001-19 UNIÃO SOCIAL BRASIL GIGANTE 24/8/2012
1256/07 07.961.751/0001-13 CRETOF - CENTRO DE RECREAÇÃO DE PESSOA ESPECIAL - TORRE FORTE 28/2/2013
1257/07
06.284.677/0001-85
INSTITUTO MOVERE DE AÇÕES COMUNITÁRIAS
09/5/2013
1258/07 07.719.794/0001-97 ASSOCIAÇÃO MISSÃO BELÉM 5/4/2013
1260/07 05.900.183/0001-15 ASSOCIAÇÃO OPEN DOOR DE INGLÊS E INFOR. P/ PORTADORES DE DEFICIENCIA 4/10/2011
1262/07 00.629.001/0001-08 INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS E PESQUISAS COMUNITARIAS 28/6/2013
122
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
1265/07 07.314.217/0001-15 INSTITUTO NOVA - ESTUDO, PESQ. E ANALIS. DE PROJ. E PARC. SÓCIO GOVERNAMENTAIS 30/5/2011
1266/07 07.719.028/0001-22 CENTRO DE CONVIVÊNCIA ÔMEGA - CCO 4/8/2011
1267/07
07.987.317/0001-02
SOLID ROCK CHURCH BRASIL
17/5/2011
1272/07
05.439.515/0001-06
INSTITUTO BRASIL - IBRA
18/6/2011
1273/07 56.272.222/0001-18 LIFE ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL 27/7/2013
1274/07 06.004.136/0001-56 ASSOCIAÇÃO ESPAÇO COMUNITÁRIO COMENIUS - ECCO 18/6/2011
1275/07 04.749.009/0001-50 MUSEU A CÉU ABERTO - CULTURA, ECOLOGIA & DESENVOLVIMENTO 17/1/2014
1276/07 08.620.672/0001-01 PAC - PROJETO AMIGOS DAS CRIANÇAS 28/6/2013
1277/07 03.145.227/0001-13 CETE - CENTRO DE TRAUMATO-ORTOPEDIA DO ESPORTE 24/8/2011
1279/07 61.861.621/0001-54 IRMÃS DE JESUS BOM PASTOR - PASTORINHAS 25/4/2014
1281/07 07.144.360/0001-06 ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE APOIO A FAMÍLIA - APAF 17/6/2014
1284/07 61.937.975/0001-35 LAR ESCOLA SÃO FRANCISCO - CENTRO DE REABILITAÇÃO 26/7/2013
1285/07
07.734.354/0001-09
INSTITUTO DE GENÉTICA E ERROS INATOS DO METABOLISMO - IGEIM
23/7/2011
1286/07 07.923.116/0001-41 ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ESTAÇÃO SOLIDÁRIA 10/9/2013
1287/07 00.549.108/0001-38 COOPERATIVA DE PROMOÇÃO A CIDADANIA - COOPERAPIC 23/7/2011
1288/07 67.640.441/0001-29 LARAMARA - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA ASSISTÊNCIA AO DEFICIENTE VISUAL 3/11/2012
1289/07 52.032.398/0001-41 CASA DE CARIDADE JESUS DE NAZARETH E JOÃO BATISTA 6/8/2013
1290/07 60.922.168/0001-86 ASSOCIAÇÃO CONGREGAÇÃO DE SANTA CATARINA - ACSC 03/11/2014
1292/07 03.816.478/0001-82 INSTITUTO VIDA SÃO PAULO 29/11/2013
1293/07 07.827.871/0001-22 CENTRO DE CAPACITAÇÃO PARA A VIDA - PROJETO NEEMIAS 7/7/2011
1296/07 03.435.857/0001-22 MOVIMENTO PAULISTA 1/4/2014
1299/07 04.401.524/0001-45 ABRACCI - AÇÃO BRASILEIRA DE ASSISTÊNCIA E CONSCIENTIZAÇÃO DA CIDADANIA 3/11/2012
1300/07 01.945.608/0001-51 COMUNIDADE SPICILEGIUM DEI DE AMPARO SOCIAL E CRISTÃO 26/7/2013
1301/07 48.464.523/0001-15 INSTITUTO DE AÇÃO SOCIAL AMIGOS DA CIDADE 09/5/2014
1303/07 06.135.340/0001-06 INSTITUTO RENOVAR 17/9/2011
1305/07 02.859.021/0001-92 INSTITUTO PATRÍCIA MEDRADO 19/10/2011
1307/07 07.707.869/0001-10 INSTITUTO VERDESCOLA 19/10/2011
1309/07 67.832.576/0001-96 LAR INFANTIL ALLAN KARDEC 4/10/2013
1318/07 08.346.099/0001-90 INSTITUTO HERDEIROS DO FUTURO 26/7/2013
1320/07 07.754.695/0001-46 INSTITUTO KÁRIS 22/10/2011
1321/07 62.779.384/0001-40 ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES E AMIGOS DE VILA GUILHERME 29/11/2013
1323/07 62.025.606/0001-39 FEDERAÇÃO PAULISTA DE FUTEBOL 29/6/2012
1325/07 43.156.728/0001-10 GREMIO RECREATIVO CULTURAL SOCIAL ESCOLA DE SAMBA UNIDOS DA VILA MARIA 17/1/2014
1329/07
00.265.814/0001-58
ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE COMUNITÁRIA EM ITAQUERA E ADJACÊNCIAS
12/7/2013
1332/07
01.493.607/0001-13
INSTITUTO UNIÃO KERALUX
4/10/2013
1333/07
60.518.180/0001-20
ASSOCIAÇÃO EDUCADORA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE
14/2/2015
1334/07 07.042.337/0001-00 ASSOCIAÇÃO UNIÃO FAROL DO ALVORECER DA ZONA LESTE 09/5/2014
1335/07 55.050.546/0001-49 ASSOCIAÇÃO SÃO SABAS DE FILANTROPIA 26/7/2013
1336/07 05.511.440/0001-27 COMMUNE 31/5/2011
1338/07 52.806.478/0001-07 ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA SÃO SIMÃO 29/11/2013
1340/07 00.984.768/0001-47 INSTITUTO TOMIE OHTAKE 26/2/2012
1341/07 07.672.403/0001-26 INSTITUTO BARRICHELLO KANAAN 1/4/2012
1342/07 55.074.439/0001-50 CENTRO ECUMÊNICO DE PUBLICAÇÕES E ESTUDOS "FREI TITO DE ALENCAR LIMA" 17/1/2014
1343/07 04.436.297/0001-93 CASA DO PEQUENO CIDADÃO NOSSA SENHORA APARECIDA 8/12/2012
1344/07 04.093.343/0001-07 ASSOCIAÇÃO PEQUENO SER DE AMOR 03/11/2013
1346/07 03.864.895/0001-09 ASSOCIAÇÃO ASSISTENCIAL COMUNITÁRIA AZARIAS 29/11/2013
1347/07 07.310.595/0001-20 INSTITUTO VIVENDO VALORES 17/11/2012
1348/07
02.257.969/0001-78
INSTITUTO DE FORMAÇÃO E AÇÃO EM POLÍTICAS SOCIAIS PARA A CIDADANIA
16/11/2013
1350/07 64.616.246/0001-75 UNIÃO POPULAR DE MORADIA ADÃO MANOEL DA SILVA 30/11/2011
1351/07 08.008.707/0001-56 ASSOCIAÇÃO SOLIDARIEDADE EM MARCHA - SOMAR 8/12/2011
1352/07 09.095.549/0001-81 ASSOCIAÇÃO AMIGOS DA INOCÊNCIA 15/9/2011
123
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
1353/07 43.586.056/0001-82 INSTITUTO ADVENTISTA DE ENSINO 1/6/2012
1356/08 04.224.512/0001-92 INSTITUTO EM DEFESA DA CIDADANIA 3° MILENIO - IDC 25/4/2013
1360/08
33.858.184/0006-99
FEDERAÇÃO DE BANDEIRANTES DO BRASIL
30/11/2011
1364/08
07.396.491/0001-80
CRDC - CENTRO DE RECREAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ESPECIAL
17/1/2013
1365/08 08.487.189/0001-09 ASSOCIAÇÃO CRESCER COM A GENTE 28/6/2011
1366/08 09.000.046/0001-85 CASA DE AMPARO TIA MARLY 26/7/2011
1367/08 03.927.922/0001-37 ASSOCIAÇÃO MORUNGABA 14/3/2012
1370/08 02.163.617/0001-53 ASSOCIAÇÃO CENTRAL E COMUNITÁRIA DO CONJUNTO HABITACIONAL BRASILANDIA B-3 03/11/2013
1371/08 06.284.703/0001-75 ASSOCIAÇÃO DE JOVENS MAKANUDOS DE JAVEH 10/9/2012
1372/08 08.799.999/0001-92 ASSOCIAÇÃO NOSSO SONHO DE REAB. E INT. DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 14/2/2012
1374/08 06.001.476/0001-23 INSTITUTO ESPAÇO VIDA 23/3/2012
1376/08 60.765.823/0001-30 SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA BRASILEIRA HOSPITAL ALBERT EINSTEIN 6/4/2012
1377/08
01.221.016/0001-97
ASSOCIAÇÃO RENOVADORA DO MOVIMENTO COMUNITÁRIO S/C
1/2/2012
1378/08 52.041.183/0001-97 INSTITUTO UNIBANCO 9/2/2012
1379/08 06.119.904/0001-17 GEMA - GRUPO DE ESPERANÇA DE MENOS ABANDONO 19/4/2013
1382/08 01.207.939/0001-94 ADD - ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA PARA DEFICIENTES 09/5/2014
1383/08 07.561.536/0001-25 ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL - ONG PLENOVIVER 1/6/2011
1387/08 05.000.703/0001-33 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE CAMINHO DE LUZ - ABECAL 18/1/2013
1391/08 03.987.497/0001-71 GRUPO DE APOIO À ESCOLARIZAÇÃO TRAPÉZIO 18/1/2013
1392/08 08.015.170/0001-51 MDLD - AMIGOS UNIDOS VENCEREMOS 10/8/2013
1393/08 09.068.229/0001-32 ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES AJUDA SÃO PAULO - AMASP 10/8/2012
1396/08 48.032.700/0001-94 FUNDAÇÃO PREFEITO FARIA LIMA CENTRO - CEPAM 3/11/2013
1397/08 08.907.329/0001-42 ASSOCIAÇÃO DE MORADORES E AMIGOS DOS JARDINS DOS ALAMOS E ALADIM 14/2/2014
1398/08 61.967.220/0001-83 CENTRO ESPÍRITA UNIÃO 29/6/2012
1399/08 07.694.431/0001-44 INSTITUTO PROF 22/3/2013
1400/08 05.104.718/0001-41 INSTITUTO KAIRÓS 24/8/2011
1401/08 07.676.917/0001-50 ASSOCIAÇÃO NOVA UNIÃO DA ARTE - NUA 24/8/2011
1402/08 07.671.816/0001-96 INSTITUTO EDUCACIONAL E ASSISTENCIAL GENTE HUMILDE 10/8/2012
1403/08 03.074.855/0001-55 CONDECAN - CONSELHO COMUNITÁRIO DE EDUCAÇÃO E AÇÃO SOCIAL DO CANGAÍBA 17/6/2013
1405/08
00.329.160/0001-89
CANÁRIO ESPORTE CLUBE
24/8/2011
1407/08 07.069.893/0001-70 ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA E BENEFICENTE NOVA SANT'ANA 17/6/2013
1408/08 08.541.314/0001-03 ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA AMANHÃ PARA TODOS DO PARQUE SANTO ANTÔNIO 25/4/2014
1410/08 01.824.608/0001-01 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE ASSISTENCIAL AQUARELA 29/6/2012
1413/08
07.736.439/0001-26
VIA CULTURAL - INSTITUTO DE PESQUISA E AÇÃO PELA CULTURA
18/1/2013
1414/08
08.817.519/0001-79
PROJETO VIDA NOVA SÃO PAULO
19/10/2012
1416/08 02.861.398/0001-86 INSTITUTO KWARAY 24/8/2012
1418/08 04.023.060/0001-80 ASSOCIAÇÃO SOCIAL BENEFICENTE LÍRIOS DO VALE 17/6/2011
1419/08 07.231.976/0001-14 INSTITUTO RUKHA 5/10/2012
1420/08 05.416.356/0001-24 INSTITUTO POMBAS URBANAS 10/8/2011
1421/08 04.803.394/0001-77 INSTITUTO NACIONAL DE RENOVAÇÃO INTEGRADO - INRI 19/10/2012
1422/08 93.131.290/0001-93 FUNDAÇÃO IOCHPE 18/1/2014
1426/08 47.331.822/0001-19 APCD - ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE CIRURGIÕES-DENTISTAS 29/6/2013
1427/08 02.481.393/0001-28 SOCIEDADE AMIGOS DE GUAIANASES 5/10/2012
1429/08 52.449.733/0001-01 UNIÃO DE MORADORES DA CIDADE JÚLIA 20/9/2011
1430/08 04.676.010/0001-00 ASSOCIAÇÃO DE LUTA E PROMOÇÃO SOCIAL JARDIM ROBRU E ADJACÊNCIAS 1/6/2012
1431/08 08.748.875/0001-88 INSTITUTO LEO MADEIRAS 3/11/2011
1432/08
01.429.614/0001-56
ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE COMUNITÁRIA AURORA - ABC AURORA
19/10/2012
1434/08 07.861.624/0001-42 ASSOCIAÇÃO EDUKANDARIUM PAI HERÓI 10/8/2013
1436/08 65.037.426/0001-65 CASA ASSISTENCIAL AMOR E ESPERANÇA 30/11/2012
1437/08 03.092.662/0001-27 TUCCA - ASSOCIAÇÃO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TUMOR CEREBRAL 14/2/2014
124
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
1439/08 73.471.963/0002-28 SENAT-SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO TRANSPORTE 18/1/2013
1440/08 09.003.011/0001-08 INSTITUTO EDUCADORES SEM FRONTEIRAS 19/10/2012
1443/08
04.286.105/0002-90
INSTITUTO ARYRAN DE DESENVOLVIMENTO HUMANO, CULTURA E MEIO AMBIENTE
17/6/2011
1445/08
07.133.912/0001-80
ASSOCIAÇÃO BATISTA DA PENHA
22/2/2014
1450/08 09.002.329/0001-66 INSTITUTO CUORE 17/6/2011
1451/08 08.827.445/0001-51 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE MUNDO ENCANTADO 22/3/2014
1452/08 44.315.919/0001-40 FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO - FIA 1/2/2012
1453/09 45.236.114/0001-73 GRÊMIO RECREATIVO CULTURAL SOCIAL ESCOLA DE SAMBA UNIDOS DE SÃO LUCAS 5/4/2013
1454/09 01.501.866/0001-49 FUNDAÇÃO COMUNIDADE DA GRAÇA 17/1/2014
1455/09 61.669.966/0001-00 FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO 3/5/2014
1460/09 07.263.076/0001-59 ISEC - INSTITUTO DE SOLIDARIEDADE EDUCACIONAL E CULTURAL 4/10/2012
1462/09 61.587.333/0001-53 CLUBE DE MÃES RAIOS DE LUAR 22/3/2013
1463/09
03.873.905/0001-64
ASSOCIAÇÃO HELENA PICCARDI DE ANDRADE SILVA - AHPAS
14/2/2014
1464/09 10.399.215/0001-80 PROJETO PAPEL DE GENTE 17/1/2014
1466/09 05.632.423/0001-48 CENTRO DE AÇÃO SOCIAL ESPERANÇA 19/4/2012
1467/09 10.298.541/0001-00 NÚCLEO ESPIRAL - PESQUISA, ASSIST. E PREV. DA VIOL. CONTRA CÇS E ADOL. 30/11/2011
1472/09 43.126.366/0004-67 ISBET - INSTITUTO BRASILEIRO PRÓ-EDUCAÇÃO, TRABALHO E DESENVOLVIMENTO 28/6/2012
1473/09 10.343.765/0001-88 INSTITUTO FAMILIAR N.S. 14/2/2012
1474/09 71.725.949/0001-05 ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE TERAPIA FAMILIAR 17/6/2013
1475/09 04.871.097/0001-69 CENTRO DE EDUCAÇÃO, INTEGRAÇÃO E AÇÃO SOCIAL DE SÃO PAULO 14/2/2014
1477/09 10.289.561/0001-06 ASS.BENE.SÉRGIO GONÇALVES DE DESENV.INTEGRAL DA CÇA E ADOL. - INSTITUTO DICA 22/3/2012
1479/09 10.372.276/0001-54 ASSOCIAÇÃO ASSISTENCIAL UNIDOS VENCEREMOS 17/6/2011
1480/09 05.022.246/0002-69 FUNDAÇÃO TÊNIS 6/8/2012
1481/09 05.972.232/0001-25 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE CLUBE DE MÃES AÇÃO FAMÍLIAS 12/7/2011
1486/09 78.636.974/0004-04 INSTITUTO SOCIAL EDUCATIVO E BENEFICENTE NOVO SIGNO 12/7/2011
1487/09 04.274.410/0001-81 OUTWARD BOUND BRASIL 6/8/2012
1488/09 03.435.809/0001-34 ASSOCIAÇÃO DOS CONSELHEIROS TUTELARES DO ESTADO DE SÃO PAULO 6/8/2012
1490/09 08.849.334/0001-46 ONDACAIMA-ORG.NAC.DE DEFESA E APOIO A CÇA. E ADOL.,DO IDOSO E DO M.AMBIENTE 3/5/2013
1492/09 61.592.531/0001-05 GRUPO DE MULHERES VILA FLÁVIA SÃO MATEUS 14/2/2014
1493/09 09.593.339/0001-06 ASSOCIAÇÃO FÁBRICA DE CIDADANIA 1/4/2012
1494/09 05.413.029/0001-19 TURMA DO BEM 6/8/2012
1495/09 03.950.913/0001-67 TRANSFORMAR - ASS. PARA O DESENVOLVIMENTO DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA 12/7/2013
1497/09 07.745.671/0001-20 CASA DA MÃE DE DEUS E NOSSA 31/5/2012
1498/09
07.122.453/0001-30
INSTITUTO ANDRÉ FRANCO VIVE
23/8/2013
1499/09
06.956.524/0001-37
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PRÓ BEM ESTAR SOCIAL
26/7/2011
1502/09
01.492.723/0001-18
INSTITUTO SOLIDARIEDADE
23/8/2012
1503/09 10.462.524/0002-39 ASSOCIAÇÃO DE CULTURA, EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA SOCIAL SANTA MARCELINA 18/10/2012
1505/09 05.461.315/0001-50 REDE CIDADÃ 26/7/2011
1506/09 04.130.842/0001-19 INSTITUTO CRESCER PARA A CIDADANIA 10/9/2014
1508/09 04.735.852/0001-08 UNITED WAY BRASIL 17/11/2012
1509/09 01.408.480/0001-97 INSTITUTO DE AÇÃO SOCIAL PRESIDENTE JUSCELINO 4/10/2013
1510/09 10.453.012/0001-25 ASSOCIAÇÃO O PODER DO DESEJO 4/10/2012
1512/09 60.554.417/0001-28 SINDICATO DOS CLUBES DO ESTADO DE SÃO PAULO - SINDI-CLUBE 20/9/2012
1514/09 60.450.418/0001-22 CASA PADRE MOYE 10/9/2014
1517/09 05.972.800/0001-98 ASSOCIAÇÃO DE APOIO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE BOM PASTOR 03/11/2013
1518/09 01.963.173/0001-78 IPA BRASIL - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PELO DIREITO DE BRINCAR 4/10/2012
1519/09 09.319.028/0001-60 LUGAR DE VIDA - CENTRO DE EDUCAÇÃO TERAPÊUTICA 03/11/2012
1520/09
08.745.680/0001-84
INSTITUTO OLGA KOS DE INCLUSÃO CULTURAL
10/9/2012
1523/09 09.026.715/0001-98 INSTITUTO PARADA VITAL 4/10/2011
1524/09 10.140.180/0001-60 INSTITUTO SKF SUCCES FOR KIDS DO BRASIL 4/102012
1525/09 10.558.869/0001-00 ASSOCIAÇÃO RECANTO DE CONVIVÊNCIA INFANTIL MEU DOCE LAR 17/1/2014
125
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
1526/09 08.562.948/0001-42 ASSOCIAÇÃO AQUARELA NA ALDEIA DE MATA VIRGEM 25/4/2012
1527/09 08.259.935/0001-07 FUNDAÇÃO BACHIANA FILARMÔNICA 10/9/2012
1529/09
03.775.221/0001-20
ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA E BENEFICENTE DO CONJUNTO RESIDENCIAL ITAJUÍBE
20/9/2014
1531/09
53.815.718/0001-00
ASS. CEDESC - CENTRO DE DES. EDUCACIONAL, SOCIAL E CULTURAL DO PQ. FERNANDA
17/1/2013
1532/09 60.974.680/0001-76 JUNTA DE EDUCAÇÃO DA CONVENÇÃO BATISTA DO ESTADO DE SÃO PAULO 20/9/2011
1533/09 07.305.065/0001-94 INSTITUTO CEM POR CENTO SOCIAL 03/11/2013
1534/09 07.675.108/0001-23 SE TOQUE - INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL DE SÃO PAULO 03/11/2012
1537/09 67.182.618/0001-90 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SÍNDROME DE RETT DE SÃO PAULO 17/1/2012
1538/09 05.699.372/0001-71 INSTITUTO NACIONAL DE CAPACITAÇÃO E EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO - VIA DE ACESSO 23/8/2012
1540/09 03.763.483/0001-74 CENTRO PRÓ - AUTISTA 17/1/2015
1544/10 03.584.025/0001-78 ASSOCIAÇÃO VIVA! CRIANÇA SEMENTE DA FLOR 10/9/2011
1547/10 03.789.508/0001-09 CEFAC - ASSOCIAÇÃO ASSISTENCIAL EM SAÚDE E EDUCAÇÃO 14/2/2012
1550/10
11.300.462/0001-40
PROJETO CASULO
15/4/2014
1555/10 07.190.699/0001-49 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE COMUNITÁRIA E CULTURA NÚCLEO DE ATENDIMENTO SOCIAL - 29/11/2013
ABECAM
1556/10 11.383.053/0001-55 ASSOCIAÇÃO CASA DE BARRO - FORMANDO INDIVIDUOS PARA A SOCIEDADE 25/4/2014
1557/10 67.977.637/0001-03 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE E CULTURAL OS MENTORES 09/5/2015
1558/10 08.679.929/0001-23 INSTITUTO DE MUSICA EDUCAÇÃO E CULTURA HAROLD BERMAN CHORO BLUE 09/5/2013
1559/10 57.274.714/0001-05 ASSOCIAÇÃO FEMININA COMUNITÁRIA CONJ. HAB. BRIGADEIRO EDUARDO GOMES 17/6/2011
1560/10 10.589.848/0001-51 INSTITUTO FOMENTANDO REDES E EMPREENDEDORISMO SOCIAL 25/4/2014
1561/10 07.989.026/0001-53 ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS VOLUNTARIOS DO PROJETO PINDERE - AAVPP 17/6/2011
1562/10 07.669.797/0001-63 INSTITUTO RECORD DE RESPONSABILIDADE SOCIAL 17/6/2011
1563/10 09.665.394/0001-71 INSTITUTO SORRIR PARA VIDA 17/6/2011
1564/10 02.449.283/0001-89 INSTITUTO OPORTUNIDADE SOCIAL 17/6/2011
1565/10 07.906.535/0001-75 ASSOCIAÇÃO MISSIONÁRIA ATRAVESSANDO OS VALES 17/6/2011
1566/10 07.722.367/0001-68 NÚCLEO ASSISTENCIAL VILA BRASILÂNDIA - NAB 17/6/2011
1568/10 08.698.871/0001-32 INSTITUTO NEXTEL 17/6/2011
1570/10 11.130.022/0001-01 ASSOCIAÇÃO CULTURAL FILHOS DA CORRENTE 17/6/2011
1571/10 07.905.222/0001-00 PRO REI - ASSOCIAÇÃO COMUNIDADE PROJETO PARA REINTEGRAÇÃO DE VIDAS 17/6/2011
1572/10 44.695.260/0001-02 SOCIEDADE AMIGOS DO JARDIM MECEDONIA E ADJACENCIAS 17/6/2011
1573/10
10.979.371/0001-10
INSTITUTO RUGBY PARA TODOS
17/6/2011
1574/10 06.340.891/0001-01 INSTITUTO AUDITORIO IBIRAPUERA 28/6/2011
1575/10 61.587.945/0001-46 ASSOCIAÇÃO CORAÇÃO DO AMOR 26/7/2011
1577/10
07.466.217/0001-30
INSTITUTO TECNOLÓGICO IMPACTA - ITI
6/8/2011
1578/10
04.213.718/0001-17
ASSOCIAÇÃO POPULAR DE SAÚDE
6/8/2011
1579/10
48.436.034/0002-30
CRECHE ANTONIO ASSUNÇÃO FERREIRA
6/8/2011
1580/10 00.818.544/0001-65 INSTITUTO DE INTEGRAÇÃO DE APOIO À CIDADANIA BEM VIVER 6/8/2011
1581/10 09.359.786/0001-02 ASSOCIAÇÃO SÃO GABRIEL 6/8/2011
1582/10 05.705.920/0001-29 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE MELHOR IDADE DO PARQUE 10/9/2011
1583/10 09.201.480/0001-23 ASSOCIAÇÃO CASA DA MULHER DA CIDADE TIRADENTES 10/9/2011
1584/10 08.563.610/0001-05 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HIPPOTERAPIA E PET TERAPIA - ABRAHIPE 10/3/2011
1585/10 02.254.698/0001-05 ASSOCIAÇÃO CULTURAL CORRENTE LIBERTADORA 10/9/2011
1586/10 12.095.736/0001-70 INSTITUTO BRASILEIRO DE APRENDIZAGEM PROFISSIONAL 14/2/2013
1587/10 07.245.272/0001-09 IMAGEM DA VIDA 09/5/2012
1588/10 03.807.888/0001-67 ASSOCIAÇÃO A CRIANÇAS, AO ADOLESCENTE E JOVENS DO ICARAÍ 4/10/2011
1589/10 05.600.632/0001-00 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE CULTURAL DE JUVENTUDE JUDAICA RACHA CAROLINE 4/10/2011
1591/10 58.632.282/0001-20 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE LUZ DA SABEDORIA 4/10/2011
1592/10
05.667.600/0001-21
INSTITUTO DE CIDADANIA PADRE JOSIMO TAVARES
4/10/2011
1593/10 67.008.615/0001-35 CENTRO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL IRMÃO AUGUSTO 4/10/2011
1595/10 10.519.686/0001-85 ASSOCIAÇÃO SONGS OF LOVE – AMEDICINA DA MÚSICA 4/10/2011
1596/10 07.606.349/0001-10 GAASP – GRUPO DE APOIO A ADOÇÃO DE SÃO PAULO 18/10/2011
126
Número
Datade
do
CNPJ
Nome da ONG
Validade
registro
1597/10 07.896.835/0001-10 ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA ALTO DA RIVIERA 03/11/2011
1598/10 07.186.567/0001-43 ASSOCIAÇÃO SÓCIO CULTURAL MADRE TERESA DE JESUS 03/11/2011
1599/10
67.139.907/0001-07
CLÍNICA COMUNITÁRIA GREI
03/11/2011
1600/10
04.421.431/0001-82
ASSOCIAÇÃO ODONTO CRIANÇA
25/4/2013
1601/10 05.038.386/0001-44 INSTITUTO MUSICAL BEETHOVEN 17/11/2011
1602/10 50.228.097/0034-20 ASSOCIAÇÃO DE INSTRUÇÃO POPULAR E BENEFICÊNCIA 17/11/2011
1603/10 61.592.044/0001-42 ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DOS MORADORES DA CIDADE KEMEL/ITAIM PAULISTA 17/11/2011
1604/10 04.186.163/0001-61 ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE 2001 17/11/2011
1605/10 07.044.456/0021-46 ASSOCIAÇÃO CENTRO CATÓLICO DE EVANGELIZAÇÃO SHALOM 29/11/2011
1606/11 08.860.853/0001-05 IBTE – ISTITUTO BRASILEIRO DE TRANSFORMAÇÃO PELA EDUCAÇÃO 29/11/2011
1607/10 59.479.816/0001-92 UNIÃO DE PROJETOS ASSISTENCIAIS Á COMUNIDADE 29/11/2011
1608/11 10.853.772/0001-20 INSTITUTO MINHA ESPERANÇA 17/1/2012
1609/11
05.332.047/0001-76
INSTITUTO CRESCER COM A VIDA
17/1/2012
1610/11 06.921.866/0001-11 INSTITUTO EDIFICANDO 17/1/2012
1611/11 05.276.047/0001-04 ENTIDADE BENEFICENTE ANTONIETA GRANERO 17/1/2012
1612/11 04.789.703/0001-00 INSTITUTO CEPODH 17/1/2012
1613/11 11.118.357/0001-95 CENTRO DE REABILITAÇÃO INFANTIL AMIGOS DO MARINHO 17/1/2012
1614/11 08.807.080/0001-01 INSTITUTO FUTURO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL, EDUCACIONAL, CULTURAL E 17/1/2012
AMBIENTAL
1615/11 96.534.607/0001-20 ACCGESPER – ASSOCIAÇÃO CIDADANIA E CULTURA DO GRANDE ESTADO DE SÃO PAULO E 17/1/2012
REGIÃO
1616/11 03.798.727/0001-54 FUNDAÇÃO ABIÓPTICA PELO DIREITO DE ENXERGAR DIREITO 17/1/2012
1617/11 03.049.245/0001-00 ASSOCIAÇÃO SANTA BÁRBARA 17/1/2012
1618/11 01.039.446/0001-92 ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA E SERVIÇO SOCIAL MARANATHA 17/1/2012
1619/11 07.208.563/0001-19 INSTITUTO SÃO PAULO MELHOR 17/1/2012
1620/11 10.585.864/0001-76 CASA DE APOIO SOCIAL SERVUS 14/2/2012
1621/11 10.635.252/0001-40 INSTITUTO SAÚDE E SUSTENTABILIDADE 14/8/2012
1622/11 00.385.999/0001-34 ASSOCIAÇÃO AMIGOS LUTANDO PARA UM FUTURO MELHOR 14/2/2012
1623/11 09.156.211/0001-92 ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DE BAIRRO DO JARDIM JARAGUÁ 28/2/2012
1624/11 07.925.623/0001-14 NEUTRÓPICA – INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS APLICADAS 28/8/2012
1625/11
29.260.676/0002/87
CECIP – CENTRO DE CRIAÇÃO DE IMAGEM POPULAR
14/3/2012
1626/11 03.172.728/0001-99 INSTITUTO OIKOS 1/4/2012
1627/11 03.254.082/0003-50 INSTITUTO ACQUA – AÇÃO,CIDADANIA,QUALIDADE URBANA E AMBIENTAL 1/4/2012
1628/11
05.875.060/0001-71
INSTITUTO PILAR
1/4/2012
1629/11
65.088.403/0001-80
INSTITUTO CASA DO SOL - ICS
09/5/2012
1630/11
02.176.231/0001-86
UNIÃO COMUNITÁRIA DE MULHERES DO JARDIM NAIR
09/5/2012
1631/11 08.482.612/0001-70 ESPAÇO D.I.A. – DESENVOLVIMENTO, INTEGRAÇÃO E AÇÃO 09/5/2012
11 MAIO 2011