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Curso Profissional AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE CONDEIXA-A-NOVA de Técnico de Apoio Psicossocial
Editorial
Ensino profissional e educação para uma
prática profissional eticamente investida. O ensino
profissional na escola pública, e especialmente no curso de
técnico de apoio psicossocial, enfrenta três desafios bási-
cos aos quais tem de responder; o primeiro, refere-se à
exigência do trabalho dos formadores com os formandos
visar a educação para uma prática eticamente investida; o
segundo refere-se à exigência de que as aprendizagens
científicas e técnicas que sustentam a qualificação dos
futuros trabalhadores sejam aprendidas com eficácia; o
terceiro refere-se à exigência de que o percurso escolar dos
alunos seja feito em colaboração com a comunidade local,
nomeadamente com as suas instituições e empresas, não
porque se conceba uma formação provinciana e presa ao
local, mas porque é no local que há a possibilidade de
desenvolvermos uma formação em contexto de trabalho.
O primeiro desafio, e seguindo a óptima síntese de
A. D. Carvalho e I. Baptista, investigadores do Projecto
Europeu de Ética Social, pode ser concretizado se tivermos
como princípios básicos do nosso trabalho pedagógico o
reconhecimento e a valorização da perfectibilidade de
todos os seres humanos, seja qual for a sua situação na
vida (confiança antropológica), uma intenção pedagógica
alicerçada na confiança antropológica e, como tal, crente
na possibilidade de aperfeiçoamento e mudança positiva
(crença na educabilidade). Partindo destes princípios, o
trabalho formativo visa desenvolver nos formandos a
capacidade para ser afectado pelo destino do outro, e para
actuar escutando activamente aqueles para quem, e com
quem, trabalha, uma atitude de acolhimento e aceitação
do outro na sua condição de outro (sensibilidade relacio-
nal); contudo, a sensibilidade relacional tem de ser acom-
panhada pela competência reflexiva ou distanciamento
analítico, necessária à
avaliação racional das
situações (distância críti-
ca) e à consciência de
que, aspirando embora a
acção de técnico de apoio
psicossocial ao máximo
bem, nem todos os meios
são legítimos para o conseguir. Por fim, e talvez este seja o
primeiro no que se refere à criação de condições para o
sucesso do nosso projecto educativo, os nosso formandos
têm de desenvolver consciência de que as dificuldades não
podem servir para justificar comportamentos de desistên-
cia, demissão ou negligência profissional (perseverança
profissional).
Nesta perspectiva, a qualificação profissional não surge como uma simples prática de adestramento, que de resto não formaria profissionais capazes para uma socie-dade globalizada na qual a competência técnica, a adapta-
bilidade e a capacidade de actuar critica-mente nas organizações é essencial, mas como uma prática reflexiva que permite formar profissionais com tais competências; com efeito, um gestor que, tendo um plano de acção e deseje que ele seja bem-sucedido, mais do que simplesmente cum-
prido, procura ouvir os seus colaboradores, e não apenas os seus espelhos (isto é, as chefias por si nomeadas), pois pretende ideias alternativas, correcções baseadas na expe-riência do trabalhador ou simplesmente uma compreensão que capacite para a acção, de modo a que a sua decisão posterior seja compartilhada, e assumida como sua, pelos seus colaboradores. Ora só um trabalhador formado para uma prática reflexiva estará apto a desempenhar adequa-damente este papel; sabe-se como a falta de qualificação no nosso país no que se refere aos empreendedores, aos gestores e aos trabalhadores nos remete para práticas de gestão e de trabalho pouco produtivas, causadoras de insatisfação no trabalho e pouco concorrenciais no merca-do global (notar que tais práti-cas também afectam a orga-organização e a gestão escola-res). O segundo desa-fio pode, sobre-tudo no ensino profissional, parecer um combate quixo-tesco, um dese-jo piedoso, senão uma utopia cega; mas cabe aos formadores o trabalho de, definindo metas adequadas à qualificação pretendida e assumindo
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padrões de trabalho exigentes, capacitar os formandos para um desempenho profissional eficaz. Certamente nem todos conseguirão alcançar um nível de desempenho óptimo, mas nenhum poderá alcançar o seu certificado profissional sem atingir o que está definido, em termos de aptidão e de desempenho, como suficiente; esse foi o compromisso que, no Contrato Profissional do Curso de Apoio de Técnico Psicossocial, assumimos em conjunto, formandos, formadores e encarregados de educação. A comunidade para quem trabalhamos, e com quem traba-lhamos, não exige certamente outra coisa. Em notícia recente sobre os testes PISA, o jornal Público informa que oito por cento dos alunos avaliados pelo PISA vieram dos Cursos Profissionais do Secundário; independentemente da relevância efectiva e do significado que estes testes têm, enquanto indício seguro da qualidade de um sistema de ensino (e há muita controvérsia sobre este ponto), é inte-ressante anotar as palavras de Maria do Rosário Lima, que foi coordenadora do PISA, em 2009, numa escola pública de Pombal, sobre os seus ex-alunos do 10.º ano que parti-ciparam nos testes; afirmou que «estes jovens, que há alguns anos acabariam por abandonar a escola depois de ficarem sucessivamente retidos, mudam de atitude, tor-nam-se mais confiantes e motivados». (Público, 18/12/2010). Bem entendido, não basta estar confiante em que se sabe para saber de facto, mas a confiança em si próprio, no sentido do desenvolvimento de expectativas de auto-eficácia, é uma condição necessária para aprender (os estudos do psicólogo Albert Bandura provam este ponto), ou seja, é um ponto de partida para uma melhor aprendi-zagem.
O terceiro desafio remete-nos para a formação em contexto de trabalho, ou seja, para a necessidade de con-cretizar uma ideia pedagógica muito simples: a de que se aprende observando e fazendo; sendo um princípio peda-gógico geral, é contudo muito relevante num curso profis-sional, pois os cursos deste tipo procuram justamente direccionar o saber acerca de um domínio para o desem-penho desse domínio num dado contexto. Neste sentido, procurámos que o nosso trabalho integrasse esta compo-nente prática da formação não apenas no âmbito das aprendizagens realizadas na escola, mas também no âmbi-to das instituições e empresas nas quais os formandos,
após a formação, podem desenvolver a sua actividade profissional; este objectivo, de que o nosso plano de activi-dades é uma concretização (consultável em http://psicossocial-aquelabse.blogspot.com), e que esta-mos já a desenvolver, tem tido, da parte das instituições e empresas locais, um apoio sem o qual não seria possível a sua realização. Neste primeiro período, esse apoio chegou-nos do Centro de Saúde de Condeixa (acção de formação sobre socorrismo), do Centro Educativo de Condeixa (acti-vidades «como cuidar de crianças na pré-escola, um dia de trabalho dos formandos no Jardim de Infância, actividade «à procura dos óculos tradutores»), da Escola Básica 2,3 de Condeixa (actividade «alunos com NEE nas escolas regula-res – o caso do autismo), da Autoridade para as Condições de Trabalho (actividade sobre higiene, segurança e saúde no trabalho), da Santa Casa da Misericórdia de Condeixa (actividade no dia internacional da terceira idade), do ATL da Cáritas na Escola Secundária Fernando Namora (guarda
roupa para a actividade «à procura dos óculos tradutores») e da Câmara Municipal de Condeixa e do Agrupamento de Escolas de Condeixa (acção de formação e projecto sobre empreendedorismo); a nível individual, e decorrendo em contexto de aula, os formadores Sérgio Nogueira (activida-de sobre jogos ópticos) e Rui Rato (actividade formativa sobre construção e utilização de diapositivos) acrescenta-ram, com a sua experiência e conhecimento técnico, uma perspectiva mais concreta ao currículo. Dado que introduz uma novidade em relação ao que foi feito no ano anterior, destacamos o conjunto de actividades planificadas sob a designação «Um dia de tra-balho em ... (Instituição ou Empresa); com estas activida-des pretende-se incorporar por uma dia os formandos numa dada instituição ou empresa de modo a tomarem contacto com a realidade laboral e a desempenharem algumas das funções que poderão assumir profissional-mente no fim da sua formação. A primeira experiência decorreu no Centro Educativo de Condeixa e permitiu dos formandos contactar com um tipo de actividade que per-tence à área de competência do curso; supervisionados pelas educadoras do Centro, e distribuídos em pequenos grupos pelas salas do Jardim de Infância, os formandos tiveram de acompanhar, e participar, nas actividades das crianças. Os formandos aderiram entusiasticamente à acti-vidade.
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A vida do tempo. Expressões da infância a partir das
narrativas infantis
A actividade «a vida do tempo», de cuja primeira parte
(expressões da infância a partir das narrativas e jogos
infantis: duendes, fadas, Pai Natal, Mãe Natal) se dá aqui
notícia, visou desenvolver nos formandos do curso TAP
algumas competências da sua área profissional, aplican-
do-as num contexto específico, o Jardim de Infância do
Centro Educativo de Condeixa.
Centrando-nos no tema da tradução, metáfora lin-
guística para a multiculturalidade que nos envolve e nos
interpela, em termos políticos, económicos, culturais e
religiosos, procurámos tornar visível, num tempo em
que a naturalização dos hábitos das culturas dominantes
esquece (e apaga) a magnificência da diferença, o que,
na infância, é o ainda aberto ao possível, «esse para
quem não existem esta margem, a outra, nem ambas, e
que é imperturbável e desapegado, esse eu considero
uma criança» (Buda).
O projecto, que se iniciou com duas actividades pré-
vias realizadas no jardim-de-infância (a actividade
«Como cuidar de crianças na pré-escola» e a actividade
«Um dia de trabalho no Centro Educativo de Condeixa»),
que deram aos formandos conhecimento básico sobre a
escola e os alunos, teve como produtos de processo a
aprendizagem da planificação, organização e realização
de actividades de intervenção de carácter lúdico e peda-
gógico junto de crianças do ensino pré-escolar, e teve
como produtos finais a realização de um espectáculo
teatral e a elaboração de um livro que, no essencial, é um
guião do espectáculo, ilustrado por desenhos de algumas
crianças do pré-escolar do Centro Educativo de Condei-
xa.
Dia
Ficha Técnica À PROCURA DOS ÓCULOS TRADUTORES
(baseado na obra “Os Óculos do Pai Natal”,
de Alice Cardoso, edição Nova Gaia, Porto)
Encenação, dramaturgia e adaptação do
texto: Madalena Almeida.
Autoria da Música: Lina Carregã.
Formatação digital e acompanhamento
musical: Ricardo Gabriel.
Cenários: Formandos do Curso TAP com
orientação e supervisão de Dina Ferreira.
Guarda Roupa: Vera Alves e formandos do
Curso TAP.
Iluminação: Formandos do 2º EI com orien-
tação e supervisão de Vitor Paranhos.
Design Gráfico e Supervisão da Elaboração
do Livro: Concepção dos formandos do cur-
so TAP com orientação de Laurentina Soa-
res.
Organização | Letra das canções: Paulo Car-
regã.
Curso Profissional de Técnico de Apoio Psi-
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internacional de combate à violência doméstica
No dia internacional de combate à violência domésti-
ca, e prosseguindo um trabalho iniciado no ano anterior
(nomeadamente, na nossa participação na Expo-Condeixa),
assinalámos o dia com uma intervenção nas Salas de Aula
da Escola Fernando Namora, distribuindo um desdobrável
informativo (que pode ser consultado no nosso Blogue) e
afixámos alguns cartazes. No desdobrável, apresentámos
os dados mais recentes referentes a situação portuguesa e
sugerimos alguns conselhos sobre como agir quando temos
conhecimento de uma situação de violência doméstica.
Dia Mundial da Terceira Idade
Porquê uma actividade orientada para a popula-
ção idosa? O curso Técnico de Apoio Psicossocial,
no âmbito da sua área de intervenção, visa formar
profissionais capacitados para desenvolverem um
trabalho de ajuda no campo da saúde, da cultura e da
integração social recorrendo a diversas formas de
intervenção, que utilizam múltiplas competências,
actividades, estratégias e recursos; o trabalho com
idosos é uma das áreas de intervenção do técnico de
apoio psicossocial, e por isso assinalámos o dia mun-
dial da terceira idade, uma pequena actividade que
inicia um projecto mais amplo no âmbito do protocolo
de colaboração que temos como a Santa Casa da
Misericórdia de Condeixa. A actividade é tanto mais
relevante quanto os problemas sociais do envelheci-
mento da população são hoje uma das preocupações
mais graves que a sociedade terá de resolver. Como
refere F. C. Rocha, «cerca de um quarto da popula-
ção nacional vive na pobreza. E, de acordo com um
estudo da União Europeia, 20 por cento dos portu-
gueses vivem abaixo do limiar da pobreza. Por outro
lado, 40 por cento dos pobres, em Portugal, têm como
principal fonte de rendimento o que recebem de salá-
rio; 41 por cento das pessoas que recebem subsídio
de desemprego são consideradas pobres; e 65 por
cento dos que vivem dos benefícios sociais continuam
a ser pobres. O grupo etário mais atingido pela pobre-
za é o dos idosos. E são eles também as maiores
vítimas da exclusão social. O problema do envelheci-
mento adquire, assim, uma dimensão social. E não há
democracia social, digna desse nome, enquanto não
houver uma política social que responda aos desafios
que o envelhecimento da população hoje coloca.
Vivemos numa sociedade onde impera a cultura
do prazer, da posse e do novo; onde se fomenta e
defende as virtudes da concorrência e do individua-
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lismo; onde se cria artificialmente uma apetência
desenfreada para o consumismo. Uma sociedade que
idolatra o novo tende a desprezar o que é velho, isto
é, tende a abandonar o idoso. Em tal contexto, é difícil
germinar a solidariedade. A solidariedade tem a ver
com cada um de nós. Com a prática de uma cidada-
nia activa. Menos consumista e mais interventiva na
comunidade. Especialmente junto dos mais desprote-
gidos, designadamente dos idosos. Para combater
este estado de coisas é necessária uma mudança nas
mentalidades. Acabar com os preconceitos ainda
existentes à volta do idoso. Porém, não basta só
mudar as mentalidades. É necessário mudar também
os comportamentos, a começar nas famílias, nas
escolas, nas instituições, nos serviços» (F. C. Rocha,
O problema social do envelhecimento).
Tópicos da sessão
Escola Inclusiva: haverá lugar para TODOS nas escolas regu-
lares?
Intervenção educativa com alunos com NEE de carácter
permanente:
a Educação Especial.
Tipologia das Necessidades Educativas Especiais
Especificidade do Agrupamento de Escolas de Condeixa-a-
Nova:
UAM – Unidade de Apoio à Multideficiência
UEE – Unidade de Ensino Estruturado para o Autismo
O autismo – o que é?
O Síndroma de Asperger
Como agir com crianças/jovens com autismo?
O papel do assistente operacional.
Formadora: Maria João Antunes
Higiene, saúde e segurança no trabalho no âmbito do
Apoio Psicossocial
Os problemas de higiene, saúde e segurança no tra-
balho, dado o número de acidentes verificados em Portu-
gal, é um aspecto muito importante para a preparação de
futuros trabalhadores, nomeadamente no âmbito do tra-
balho psicossocial. Com efeito, os riscos psicossociais no
ponto de trabalho dos profissionais de apoio psicossocial,
similares aos de outros profissionais na área (médicos,
enfermeiros, assistentes operacionais hospitalares), têm
sido enfatizados em diversos estudos, sobretudo os que
estão relacionados com o stresse e o assédio no posto de
trabalho. O convite à formadora Isabel Nunes, do ACT, para
desenvolver alguns tópicos no âmbito deste tema procurou
trazer à escola alguém com um conhecimento real do que
se passa nas instituições e empresas no campo da HSST.
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Socorrismo
A actividade enquadra-se na área de competências do
Curso TAP; contudo, a actividade justifica-se também por
se ter constado a necessidade de prover informação mais
técnica, e fornecida por especialistas com uma perspectiva
prática e funcional, mas sobretudo capazes de ligar a área
de trabalho do Curso TAP ao tópico do socorrismo, espe-
cialmente no âmbito dos cuidados a idosos, crianças, pes-
soas portadoras de deficiência e de doenças mentais.
A actividade decorreu no Centro de Saúde de Condeixa, na
Unidade de Saúde Familiar, e foi orientada pelos estagiá-
rios de enfermagem Cátia Gonçalves, Enoque Nunes e
Tatiana Mendes.
Brinquedos ópticos
Construção e utilização de diapositivos
À procura dos óculos tradutores (imagens do espectácu-
lo; mais imagens e vídeo em http://psicossocial-
aquelabase.blogspot.com).
O jornal psicossocial é uma publicação trimestral.
Responsável da edição: P. M. Carregã, Director de Curso.