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ÍNDICE
Introdução ……………………………………………………………………………………….. 3
O que é a Reflexologia? ……………………………………………….………………………... 4
Origem da Reflexologia ………………………………………………………………..……….. 9
Benefícios da Reflexologia …………………………………………………………….……….. 10
Os pés e a Reflexologia ………………..………………….…………………………….……….. 12
As Sessões de Reflexologia – aplicação num caso …………………………………….……….. 15
Dia Zero ………………………………………………………………………………… 16
Dia Um ………………………………………………………………………….………. 18
Dia Dois …………………………………………………………………………………. 20
Dia Três …………………………………………………………………………………. 22
Dia Quatro ……………………………………………………………………………… 23
Relação entre a Reflexologia e a Enfermagem ……………………………………….……….. 23
Conclusão ...…………………………………………………………………………….……….. 26
Referências Bibliográficas …………………………………………………………….……….. 27
Outras fontes consultadas………………………………………………………………………. 28
INTRODUÇÃO
A doença é algo que acompanha o Homem desde os primórdios da sua história, constituindo-se ao
mesmo tempo como um dos maiores flagelos e receios da Humanidade (COLLIÈRE, 1999). Flagelo
devido ao enorme sofrimento (quer físico, quer psicológico e social) que acarreta não só para os que
dela padecem, mas igualmente para as pessoas significativas dos doentes. Ela não destrói apenas
unicamente um ser, pode também, por exemplo, destruir toda uma família ao retirar-lhe o seu “ganha-
pão” ou inclusivamente aniquilar cidades e dizimar civilizações (como aconteceu com os surtos de
peste bubónica durante a Idade Média). Por outro lado, a doença suscita muitos medos, sendo talvez o
maior de todos relativo à morte que lhe pode sempre seguir. A morte, esse grande desconhecido que já
suscitou tantas questões e debates filosóficos e à qual o ser humano procura incessantemente escapar.
Os meios e as técnicas com as quais o Homem trava a luta contra a doença acompanharam a evolução
deste e, muito à sua semelhança, cresceram, multiplicaram-se e diversificaram-se. Esta diferenciação é
notória quando se constata que a grande maioria das sociedades ocidentais tem o seu Sistema de Saúde
assente na chamada “medicina convencional” ao mesmo tempo que, a nível quase marginal, se vão
praticando outro tipo de técnicas terapêuticas, designadas durante muito tempo de “medicinas
alternativas” cuja origem deriva de culturas orientais (MEINES, 1999).
É essencial, na minha opinião, que esta dicotomia entre “medicinas” se desvaneça, porque ambas
partilham, no fundo, a mesma finalidade que é ajudar as pessoas a serem saudáveis. Se em vez de se
colocarem como obstáculos mútuos formarem uma parceria podem constituir uma grande mais-valia na
prevenção, tratamento e reabilitação da doença e contribuir para um maior equilíbrio e harmonia na
vida de todos os indivíduos. É por isso que não chamarei alternativa à técnica terapêutica sobre a qual
vou versar este trabalho. Considero-a sim, uma técnica complementar que pode (e deve) ser utilizada
durante a prática de enfermagem.
Escolhi a reflexologia dos pés como tema deste trabalho porque achei interessante o facto de se poder
“trabalhar” todo o corpo a partir dos nossos pés e igualmente porque esta é a principal base da prática
na reflexologia actual (CRANE, 2000). Tal deve-se ao facto das “representações das partes corporais
serem mais fáceis de localizar nos pés, onde abrangem uma área maior e se revelam mais específicas –
o que torna o trabalho mais fácil com elas. Os pés possuem, igualmente, uma sensibilidade especial,
devido à abundância de terminais nervosos” (DOUGANS et al, 1994). Esta sensibilidade pode estar
relacionada com o facto de os pés serem dos órgãos sensitivos mais negligenciados de todo o corpo
(KUNZ, 1984). A própria consciência que tenho deste “abandono” dos nossos pés às agruras da vida
(inclusive por mim próprio, tenho que o reconhecer) contribuiu para o meu interesse pela reflexologia
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nos pés em detrimento da reflexologia das mãos ou das orelhas, outros locais em que esta terapia se
pode aplicar. Quero aprender a cuidar melhor dos meus pés e transmitir este conhecimento a outras
pessoas, para que todos possamos desfrutar de uma vida mais equilibrada e saudável.
Considerei, portanto, que a realização deste estudo era uma boa oportunidade de aprender mais acerca
desta técnica, não apenas a nível teórico, mas também para a poder aplicar nos doentes mais tarde.
Assim sendo, pretendo, aquando do final deste trabalho, ter uma maior percepção e conhecimentos
acerca desta técnica terapêutica e do modo como a posso integrar ao contexto da enfermagem.
O QUE É A REFLEXOLOGIA?
A reflexologia é uma técnica holística em que se aplica pressão utilizando as mãos nuas sobre
pontos reflexos específicos, presentes nos pés, mãos e orelhas (CRANE, 2000).
Dito deste modo simplista, poder-se-ia correr o risco de confundir a reflexologia com uma mera
massagem. No entanto, existem diferenças entre estas duas técnicas. A massagem é o termo usado para
designar certas manipulações dos tecidos moles do corpo, que são efectuadas mais eficazmente com as
mãos e que são administradas com a finalidade de produzir efeitos sobre os sistemas nervoso, muscular
e respiratório e sobre a circulação sanguínea e linfática local e geral (SOUSA, 1999 cit BEARD, 1952).
Estas manipulações, no entanto, são executadas de uma forma indiferenciada sobre uma área
relativamente vasta do corpo sem levar em linha de conta os efeitos particularmente benéficos que
podem advir da pressão de determinados pontos reflexos.
É aqui que a reflexologia se destingue da massagem. Ela sustenta-se no princípio fundamental de que
certas regiões corporais, como os pés por exemplo, constituem um autêntico microcosmo ou “mapa”
perfeito do corpo. Assim, todos os órgãos, glândulas e outras partes do corpo têm a sua disposição
reflectida nos pés (DOUGANS et al, 1994). Deste modo, a pressão exercida sobre os pontos
reflexos presentes nos pés pode afectar as estruturas a que estes
pontos estão associados, contribuindo para a restauração ou
manutenção de um bem-estar físico e mental (CRANE, 2000).
Fig. 1: Os pés - microcosmos corporal
Fonte: http://www.reflexology-usa.net/facts.htm
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Alguns autores, como Cruz (1999) ou Dougans et al (1994) referem que a reflexologia é
simultaneamente uma ciência e uma arte.
É ciência porque se baseia em estudos fisiológicos e neurológicos que foram levados a cabo de forma
rigorosa, sistemática e objectiva e que conduziram a resultados capazes de serem comprovados
empiricamente e que merecem a aprovação da comunidade científica em geral, nomeadamente os
estudos relativos ao mecanismo do reflexo (CRUZ, 1999).
Segundo Seeley et al. (1997) um reflexo é uma resposta automática a um estímulo, que ocorre
sem pensamento consciente. Ao longo de toda a superfície da nossa pele existem células sensoriais do
tacto. Quando estas células são estimuladas geram-se impulsos electroquímicos que formam uma
“mensagem”. Essa mensagem é então transmitida através de fibras nervosas designadas por neurónios
aferentes ou sensoriais até aos “centros de controlo” situados na espinal medula ou no cérebro, que
imitem uma directriz de resposta, devolvendo-a através dos neurónios eferentes ou motores para um
órgão, músculo ou glândula, alterando a sua dinâmica de funcionamento.
Assim, a reflexologia actua principalmente por via do sistema nervoso autónomo, equilibrando
as acções opostas das suas subdivisões principais – o ramo simpático (que predomina em situações
de tensão) e o ramo parassimpático (mais frequente quando o corpo se encontra em repouso). No
entanto, sabendo que “o ramo simpático é o accionado com mais frequência na nossa vida moderna, é
geralmente a acção do sistema nervoso parassimpático que é estimulada pelo tratamento” (CRANE,
2000).
Fig. 2: Esquema simplificado do mecanismo reflexo
Fonte: http://www.isurp.com.br/aula/ciência/Marcio/osistema.html
Através da sua acção sobre o sistema nervoso autónomo a reflexologia é igualmente susceptível de
reequilibrar a actividade do hipotálamo – que regula o mecanismo da fome, sede, temperatura e
sono, estando também relacionado com a nossa actividade emocional (SEELEY et al, 1997) – bem
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como da glândula pituitária – que produz diversas substâncias, designadas de “hormonas de
libertação” e que vão por sua vez controlar a actividade de outras glândulas, implicadas em diversas
funções e locais do organismo. É sabido que o desequilíbrio destas hormonas pode conduzir
directamente a um agravamento do nosso estado de saúde (CRANE, 2000). Deste modo, a prática da
reflexologia dos pés não resulta apenas num efeito local, mas é sobretudo uma intervenção
sistémica em todo o corpo, podendo actuar a um nível muito profundo para tentar eliminar a
causa subjacente a um problema.
A prática da reflexologia moderna baseia-se igualmente nos estudos levados a cabo pelo Dr. William
Fitgerald (1872 – 1942) e Eunice Ingham (1889 – 1974).
O primeiro era um eminente médico americano que, no início do séc. XX, desenvolveu o conceito de
“terapia zonal”. Inicialmente através de evidências empíricas e posteriormente mediante múltiplas
experiências ele chegou à conclusão que aplicando pressão nas zonas que correspondiam,
longitudinalmente, ao local de uma lesão era não só possível aliviar a dor como também, caso a pressão
fosse suficientemente firme, eliminar a causa desta. (CRANE, 2000) Assim, ele “dividiu” o corpo em
dez zonas longitudinais que percorrem o corpo, desde
o alto da cabeça até às pontas dos dedos dos pés. As
partes do corpo pertencente a cada uma das zonas
estão ligadas entre si através de um fluxo energético
e podem afectar-se mutuamente (DOUGANS et al,
1994). Sabendo que cada uma das zonas correspondia a
um dedo da mão e do pé específico, o Dr. Fitzgerald
investiu muito da sua prática na manipulação destes
locais tendo desenvolvido toda a sua terapia neste
sentido – isto constituiu, sem dúvida, um contributo
muito importante na evolução da reflexologia.
Fig. 3: As 10 zonas de Fitzgerald
Fonte: OXENFORD, 1998. Página 9
Eunice Ingham, considerada por muitos a “Mãe da Reflexologia Moderna”, separou o trabalho
sobre os reflexos dos pés da terapia por zonas em geral, uma vez que considerou que estes deviam
constituir-se como alvos específicos da terapia devido à sua natureza altamente sensível. Ela
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aperfeiçoou e modernizou a teoria da reflexologia, tendo investido muitos anos da sua vida na árdua
tarefa de mapear os pés em relação às zonas e seus efeitos no restante organismo, até que finalmente
obteve um “mapa” de todo o corpo nos próprios pés (DOUGANS et
al, 1994). Para além disso, esta senhora teve o mérito de partilhar o seu
trabalho com o público em geral, dando a conhecer ao mundo a
reflexologia. Os dois volumes que publicou: Stories The Feet Can Tell
(1938) e Stories The Feet Have Told (1951) foram das primeiras obras
escritas sobre o assunto e tiveram enorme êxito, constituindo a base da
reflexologia moderna (CRANE, 2000).
Fig. 4: Eunice Ingham
Fonte: http://www.reflexology-usa.net/history.htm
Mas a reflexologia não está apenas relacionada com a ciência ocidental. Ela colheu ao longo da sua
história muitas influências de culturas orientais, estando particularmente ligada a três teorias: a teoria
do Yang e Yin, do Chi e dos Meridianos.
O Yang e o Yin são respectivamente a luz e a escuridão, o calor e o frio, a masculinidade e a
feminilidade, a aspereza e a suavidade, a actividade e a passividade, a ascensão e o declínio. São dois
princípios opostos, mas complementares representando duas forças que interagem e necessitam uma da
outra para a manutenção do equilíbrio, da harmonia e da saúde. Há sempre um embrião Yin dentro do
Yang e vice-versa (WILHELM, 2002). Do mesmo modo, podemos encontrar
este princípio de equilíbrio no cerne da teoria reflexologista.
Fig. 5: O símbolo do Tao: Yin e Yang são opostos que se complementam
Fonte: http://www.krapu4.com/taichi/talkguid.htm
O Chi é uma palavra de origem chinesa que tem vários significados, tais como “força vital, “energia
vital interna”, “ar” ou “fôlego” (CRANE, 2000) Esta energia é fundamental à vida e circula pelo
corpo ao longo de meridianos, semelhantes aos circuitos sanguíneos, nervosos e linfáticos, tal
como a água corre pelos rios. Uma deficiência de Chi ou um desequilíbrio na sua circulação vai
constituir a causa principal das doenças. Usando a analogia do rio, o facto de se criar um bloqueio ou
construir-se uma barragem num rio em que as águas claras corriam livremente vai fazer com que estas
estagnem e se sujem (sendo a doença a consequência inevitável). No entanto, existem determinados
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pontos, vulgarmente designados de “pontos de acupunctura”
que actuam como comportas no canal, permitindo que se
possa ajustar a qualidade e quantidade de Chi num
determinado meridiano quando necessário,
descongestionando o fluxo de Chi e permitindo a restauração
do equilíbrio e da saúde. Os defensores desta teoria acreditam
que o tratamento destes pontos no início e no fim dos meridianos
tem um efeito particularmente forte. Deste modo o tratamento
dos pés é considerado bastante benéfico, o que é
completamente consentâneo com a teoria reflexológica.
Fig. 6: Os meridianos energéticos
Fonte: http://www.mantra.com.ar/frame_acupuntura.html
Por outro lado a reflexologia é também uma arte porque a sua eficácia depende bastante da habilidade
com que o terapeuta aplica o seu conhecimento e da dinâmica que ocorre entre este e o utente (CRUZ,
1999). Independentemente dos fundamentos teóricos que alicercem a prática do profissional serem
mais direccionados para a terapia de zonas/método de Ingham ou para a reflexologia dos meridianos,
esta prática só terá sucesso caso o terapeuta assuma uma perspectiva holística que é essencial à
reflexologia. Deste modo ele deve procurar tratar a pessoa na sua totalidade, “empenhando-se em
chegar à causa, que é a raiz da doença, anulando-a – e não aos sintomas” (DOUGANS et al, 1997).
Assim, é essencial que o terapeuta desenvolva uma relação de empatia com a pessoa e procure uma
compreensão conjunta do porquê dos problemas que a afectam, isto porque “qualquer problema de
saúde, seja um sintoma físico ou mental, é na verdade uma condição da pessoa como um todo”
(CRANE, 2000). Para além disso, segundo o mesmo autor, também os factores sociais devem ser
levados em linha de conta na avaliação do terapeuta, uma vez que a tensão emocional e o esforço
mental contribuem para a enfermidade.
É de frisar, no entanto, que por mais compassivo, carinhoso e dedicado que o terapeuta seja em
relação ao bem-estar do utente este não deve, em momento algum, decidir pelo cliente em relação ao
início ou manutenção do tratamento. É, pois, promovida a autonomia e a liberdade de escolha do
cliente, que é o único responsável pela sua saúde (DOUGANS et al, 1994).
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Outro dos princípios no qual assenta a reflexologia e que deve ser sempre respeitado pelo terapeuta é
o conceito de auto-cura do organismo. De facto, o reflexologista não cura coisa alguma – ele apenas
facilita a cura. O corpo tem, de um modo geral, uma grande capacidade de recuperação, desde que os
seus sistemas não estejam a ser demasiado sobrecarregados (CRANE, 2000). A reflexologia, seja
através de impulsos electroquímicos e reacções neurofisiológicas seja mediante canais que facilitam os
fluxos energéticos, vai sem dúvida contribuir para a revitalização do organismo de forma a que a
sua capacidade natural de auto-cura possa funcionar (MATSUYAMA, 1998). Por outro lado, a adopção
de estilos de vida e comportamentos saudáveis também ajuda à manutenção de uma boa capacidade de
auto-cura do organismo. A adopção de uma dieta nutritiva, a manutenção de bons hábitos de postura
acompanhados de exercícios regulares e a promoção do desenvolvimento mental, evitando factores
de stress devem ser ensinados e incentivados por parte do terapeuta aos utentes.
ORIGEM DA REFLEXOLOGIA
As raízes da reflexologia são remotas e estão presentes em múltiplas civilizações diferentes, não
tendo ainda sido possível comprovar-se quando e de que maneira é que a reflexologia se tornou
no que é na actualidade.
Há quem acredite que esta técnica é originária do antigo Egipto, uma vez que foram encontradas
inscrições datadas da Sexta Dinastia (2423-2263 a.C.) num túmulo do “médico” Ankhm’ahor que
mostram “uma massagem ou manipulação no pé ou na perna e ombro, que podem indicar uma forma
de tratamento reflexológico” (CRANE, 2000).
Fig. 7: Os altos-relevos encontrados no túmulo de Ankhm’ahor
Fonte: http://www.reflexology-usa.net/history.htm
Por outro lado a arte das massagem e as técnicas de manipulação do corpo desenvolveram-se
principalmente na Grécia, Roma, Norte de África e Península Arábica, provando desde há milhares
de anos ter um efeito profundo e extremamente benéfico sobre a saúde. A título de exemplo, Hipócrates
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(o “pai da medicina”) já defendia no séc. I a. C o uso da fricção e manipulação para aliviar a dor nas
articulações (CRANE, 2000).
Também a oriente foi dada muita importância à manipulação do corpo durante a antiguidade. Há
diversos autores que defendem a ideia que a acupunctura e a reflexologia são dois “ramos” de uma
mesma árvore, tendo-se originado mais ou menos ao mesmo tempo na antiga China como duas
técnicas complementares no tratamento de desequilíbrios e doenças (MATSUYAMA, 1998). Supõe-se,
por exemplo, que os pés eram tratados primeiro para estimular todo o organismo e localizar zonas de
perturbação, utilizando-se depois as agulhas para os coordenar. O tratamento dos pés era também
praticado na Índia, na Indonésia e entre os Índios, que acreditavam que os pés são o nosso elo de
ligação com a terra e com as suas energias (OXENFORD, 1998).
Como já foi referido, só a partir deste século é que os investigadores ocidentais juntaram a sabedoria e
as técnicas das culturas antigas à moderna perspectiva do assunto. Distinguem-se, para além do Dr.
William Fitzgerald e Eunice Ingham, Robert St. Jonh, que foi o primeiro a explorar os efeitos
psicológicos e fisiológicos do tratamento e Inge Dougans que trabalhou para demonstrar a ligação em
termos interpretativos entre o que é hoje denominado reflexologia e a teoria dos meridianos
(OXENFORD, 1998).
BENEFICIOS DA REFLEXOLOGIA
A reflexologia confere vários benefícios à pessoa que a pratique. Assim, e segundo Dougans et al
(1994), esta técnica/ciência/arte:
Induz um estado de relaxamento profundo ao mesmo tempo que diminui o stress individual;
Melhora a circulação sanguínea e linfática local e geral;
Limpa o organismo de toxinas e impurezas;
Promove a diminuição do sofrimento nervoso;
Revitaliza a energia da pessoa;
Contribui para o equilíbrio geral de todo o organismo.
O stress assume-se cada vez mais como uma preocupação e uma constante do quotidiano que afecta
qualquer pessoa independentemente da idade, sexo, estatuto social ou cultural. Apesar deste fenómeno
poder ser estimulante e positivo para a vida de um indivíduo ele pode também ser (e muitas vezes é)
extremamente negativo, desgastante e destrutivo. Quando uma pessoa entra em stress ocorre um
processo dinâmico de activação que envolve todo o organismo – ele induz emoções, altera o
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comportamento observável e interfere com mecanismos biológicos e cognitivos (SERRA, 1999). Numa
primeira fase dá-se uma reacção de alarme que acontece quando um indivíduo toma consciência de
uma situação ameaçadora ou potencialmente perigosa para si: ocorre um aumento na segregação de
adrenalina e noradrenalina através das glândulas supra-renais o que vai levar a um aumento da
frequência cardíaca e respiratória, vasodilatação periférica e abrandamento das funções digestivas.
Isto vai permitir ao indivíduo estar preparado para um surto breve de actividade acentuada que
esperançosamente permitirá a resolução do problema. No entanto, às vezes tal não acontece e o ser
humano não consegue lidar nem adaptar-se à situação que induz o stress. Aí entra em exaustão
podendo a sua saúde sofrer sérias consequências a vários níveis: corre um maior risco de sofrer de
hipertensão arterial e de outros problemas cardiovasculares, de contrair diabetes, de adquirir infecções
devido à maior vulnerabilidade do seu sistema imunitário, de ter problemas gastrointestinais como
úlceras do duodeno, entre outras. Por outro lado, o stress afecta a pessoa não apenas no aspecto físico,
mas também psicologicamente: dele pode advir a fadiga, a ansiedade, a depressão e porventura
problemas de saúde mental muito graves (SERRA, 1999).
Assim, o primeiro benefício apontado anteriormente será provavelmente o mais importante da
reflexologia, porque esta técnica ajuda efectivamente a aliviar os efeitos do stress provocando uma
descontracção profunda, permitindo ao sistema nervoso funcionar com normalidade e libertar o
organismo para procurar alcançar de novo a sua homeostase. De facto, “quando o corpo está
relaxado tem oportunidade de se autocurar e funcionar melhor” (DOUGANS et al, 1994).
Outro benefício da reflexologia que se reveste de grande importância é o facto de melhorar a
circulação sanguínea e linfática do organismo. A função circulatória é fundamental ao funcionamento
humano. Qualquer falha, por mais curta que seja, pode ser fatal. É a circulação que estabelece a ligação
do oxigénio e nutrientes com as células, permitindo-lhes continuar a obter a energia essencial à vida.
Por outro lado, é também através da circulação que se eliminam as toxinas e as impurezas resultantes
do consumo dessa mesma energia. Ao reduzir o stress e a tensão, a reflexologia contribui para que
os vasos cardiovasculares transportem o sangue com uma maior facilidade, ao mesmo tempo que
ajuda a que os diversos aparelhos e sistemas orgânicos - incluindo os de rins – trabalhem bem e
os desperdícios sejam devidamente eliminados (DOUGANS et al, 1994).
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OS PÉS E A REFLEXOLOGIA
A importância que os nossos pés podem ter na nossa saúde – contribuindo para o nosso bem-estar
físico, mental e espiritual e para a manutenção de uma vida harmoniosa e em equilíbrio – é muitas
vezes ignorada pela população em geral. Na realidade poucos são os indivíduos que dão qualquer
espécie de atenção especial aos seus pés.
No entanto, os pés são essenciais ao Homem, não se podendo pensar neles como uma parte isolada e
estática do corpo, mas sim como elementos dinâmicos do nosso organismo, que interagem
constantemente com os órgãos e sistemas deste. Eles fazem parte do mecanismo de propriocepção do
corpo, actuando como órgãos sensitivos que auxiliam na detecção de possíveis alterações no meio
ambiente, recolhendo e trocando rotineiramente informações úteis ao resto do corpo com o objectivo de
assegurar a manutenção do equilíbrio de todo o organismo (KUNZ, 1984).
Por outro lado, autores como Dougans et al (1994) acreditam que os pés não só nos colocam em
contacto com o chão, mas ligam-nos à terra, literal e figurativamente. Eles constituem a nossa base e
alicerces, permitindo o nosso interacção com a Terra e com as energias que desta fluem (de acordo com
a medicina tradicional chinesa esta energia da Terra é Yin, tão necessária quanto a energia Yang
proveniente do Sol e do ar para o equilíbrio e harmonia de um indivíduo).
Para além de serem essenciais à nossa locomoção são também os pés que suportam o nosso peso e
postura incorrecta e que, de um modo geral, estão submetidos a uma pressão diária muito grande
ao longo de toda a nossa vida (MOTTA, 1999). Esta tensão acentua-se com o calçado (muitas vezes
demasiado apertado) que usamos, com as meias e as peúgas que, de certo modo, “sufocam” os nossos
pés não os deixando respirar, com o vaivém constante que as exigências da vida moderna nos impõe,
obrigando-nos a fazer marchas forçadas, que “cansam” os nossos pés sobremaneira. Há que referir
também que a esta espécie de “tortura” que exercemos em relação aos nossos pés acresce a
negligência que pode ser igualmente prejudicial quer directamente para esta região do corpo,
quer indirectamente para todo o organismo. Assim, os parcos cuidados de higiene dos pés –
relativos às unhas destes ou à hidratação da pele – e a exposição súbita destes a ambientes muito
diferentes e potencialmente adversos (por exemplo, andar descalço sobre superfícies com grandes
diferenças de temperaturas) podem afectar o equilíbrio da pessoa enquanto todo e ser propício ao
aparecimento de doenças de vários tipos (CRANE, 2000).
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Fig. 8: Mapa da planta dos pés e respectivos reflexos
Fonte: OXENFORD, 1998. Páginas 60 e 61
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Fig. 9: Mapa do peito e faces laterais dos pés e respectivos reflexos
Fonte: OXENFORD, 1998. Página 63
Como já foi referido anteriormente, segundo a teoria reflexologista o estado actual dos pés é um
indicador de saúde de todo o organismo, isto porque os pés constituem um microcosmo, ou mapa
miniatural perfeito do corpo, estando todos os seus órgãos e zonas reflectidos nos pés, assumindo as
suas posições um “padrão anatómico lógico semelhante ao do corpo” (DOUGANS et al, 1994). De
uma forma geral, à medida que se desce pelo corpo, as áreas reflexas vão-se deslocando da ponta dos
dedos para o calcanhar (CRANE, 2000). Assim, e como está ilustrado de uma forma clara nas figuras 8
e 9, as diferentes estruturas do corpo estão representadas nos pés da seguinte maneira (DOUGANS et
al, 1994):
Áreas reflexas do crânio e cérebro Dedos dos pés;
Área torácica antepé;
Área abdominal arco do pé;
Área pélvica calcanhar;
Área reprodutora tornozelo;
Coluna Vertebral face interna do pé;
Exterior do corpo face externa do pé;
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Área do peito e pontos circulatórios especiais peito do pé.
Utilizando os conhecimentos da reflexologia e as técnicas inerentes a esta ciência é possível obter
informação detalhada nos pés acerca do “bem-estar” das diversas partes do organismo. Aliada aos
benefícios globais que esta terapia traz à pessoa – quer ao seu corpo, quer à sua mente e espírito – não
se pode negar a importância que a prática da reflexologia pode ter no âmbito da prevenção primária
dos desequilíbrios, disfunções e doenças no Homem.
Por outro lado, a reflexologia permite tratar problemas ou doenças já existentes na pessoa através da
aplicação de pressão de uma forma sistemática e coerente em pontos reflexos precisos, podendo ser
utilizada igualmente no sentido de impedir o aparecimento de recaídas. Deste modo a reflexologia pode
também constituir-se como uma mais-valia no âmbito da prevenção secundária e terciária das
doenças (CRANE, 2000).
AS SESSÕES DE REFLEXOLOGIA – APLICAÇÃO NUM CASO
A reflexologia é uma técnica terapêutica que pode conduzida ou por um terapeuta – que a irá aplicar
num determinado indivíduo de acordo com as suas orientações ideo-metodológicas específicas; pode,
por exemplo, adoptar uma técnica de cariz ocidental (em que a pressão exercida é menor, o estímulo é
mais fraco, superficial, agradável e o resultado é mais demorado) ou oriental (em que a pressão é
mais firme, o estímulo é forte, profundo, havendo maiores probabilidades de ocorrer inicialmente uma
certa sensação de dor, mas os resultados são, normalmente, mais imediatos); pode também utilizar o
método de Ingham ou uma técnica correlacionada com a teoria dos meridianos, por exemplo – ou pela
própria pessoa que a aplica em si mesma (MATSUYAMA, 1998).
Se bem que pareça aliciante a perspectiva do auto-tratamento, quer pelo menor gasto monetário quer
pelo aparente ganho de tempo e evitar de incómodos que estão sempre associados ao acto de procurar
um profissional e marcar as respectivas consultas este processo tem várias desvantagens. Assim,
segundo Dougans et al (1994) é impossível obter deste modo o “supremo bem da reflexologia” – o
relaxamento, isto porque o factor conforto que é um dos pré-requisitos indispensáveis para que tal
suceda não se encontra presente devido às posições e movimentos contínuos que o indivíduo tem que
levar a cabo em si próprio. Por outro lado, não acontece a troca de energia vital entre profissional e
utente – não apenas devido ao facto de não haver contacto físico entre duas pessoas no acto de
execução da técnica, mas sobretudo devido à ausência daquilo que em enfermagem é vulgarmente
chamado de relação empática de ajuda em que o profissional ajuda a pessoa a ajudar-se, não apenas
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através do tacto, mas também da sua sabedoria – conhecendo bem a sua história de vida e o que está
na base dos problemas – e das suas palavras – dando conselhos úteis à pessoa, acalmando-a e
relaxando-a ainda mais mediante a utilização de tons brandos e suaves. Pode também afigurar-se
complicado ter um acesso rigoroso aos nossos próprios reflexos e conseguirmos efectuar alguns
movimentos da forma mais eficaz, podendo um tratamento completo demorar bem mais que uma
hora e requerer uma boa dose de agilidade. Assim, aquilo que parecia à primeira vista um ganho de
tempo, pode-se converter-se numa gasto razoável, ainda que positivo, pois apesar de todas estas
desvantagens não deixa de ser uma solução a levar em linha de conta no que diz respeito à prevenção
primária e ao alívio rápido de um dado problema.
A melhor opção em termos de sessões de tratamento de reflexologia não deixa de passar pela
actuação profissional de um reflexologista com formação. Aí os níveis de eficácia serão maximizados e
todos os objectivos e benefícios da reflexologia são passíveis de se concretizar em pleno. Sabendo isto,
tive algumas reticências em empregar esta técnica durante a fase inicial do meu estágio actual. Para
além de recear não a executar da melhor forma, desconhecendo o grau de eficácia que iria conseguir
obter havia igualmente a problemática de este meu Ensino Clínico se passar num serviço de Psiquiatria,
um serviço muito específico, em que a maior parte dos utentes têm problemas graves de ordem
psicológica, podendo ter reacções imprevisíveis durante as sessões. Felizmente, este meu estereótipo
desvaneceu-se pouco tempo depois de dar entrada no serviço porque, como constatei, muitos deles são
extremamente acessíveis, colaborantes e até predispostos a participar. No entanto, continuava com
receios e só durante as últimas semanas de estádio me arrisquei a experimentar esta técnica numa
senhora que, segundo ela, “adorava este tipo de coisas”.
Adoptei uma técnica de cariz mais ocidental, uma adaptação do método original de Ingham
expressa por Rosalind Oxenford no seu livro intitulado Reflexologia. A minha escolha baseou-se
no facto de este livro conter esquemas simples e objectivos, de fácil compreensão para um “leigo”
como eu, para além de possuir muitas ilustrações que me ajudaram bastante durante a execução da
terapia.
DIA ZERO
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Por ser um estudante de enfermagem, sem qualquer experiência na área da reflexologia, salvo a
adquirida durante as aulas da disciplina de Terapias Complementares, procurei documentar-me bastante
acerca desta técnica/ciência/arte e ir o mais preparado possível para a minha “primeira sessão”.
Assim, procurei treinar em casa nos meus próprios pés algumas técnicas básicas de aplicação de
pressão, no sentido de evitar futuras dificuldades quando estivesse a aplicar a terapia à senhora. Há que
referir que a aplicação destas técnicas em mim próprio pouco relaxamento me suscitou – estava bem
mais preocupado em apreender a melhor maneira de as concretizar, devo admitir!
Das técnicas que procurei desenvolver constam:
a pressão alternada com o polegar ou com os dedos, que é uma técnica muito precisa para
trabalhar determinados pontos reflexos, em que se utiliza o polegar ou dedo para aplicar a
pressão alternada ou apalpação num dado ponto, por alguns momentos. A pressão é então
aliviada (embora o polegar ou dedo mantenha o contacto com a pele do pé), movendo-se o
polegar ou dedo para o ponto seguinte onde a pressão é novamente aplicada;
a pressão rotativa com o polegar, dedos ou nós dos dedos, uma técnica em que se deve
pressionar com firmeza o ponto reflexo e, mantendo uma pressão constante, fazer duas ou três
pequenas rotações no sentido dos ponteiros do relógio ou no sentido inverso. Deve-se então
aliviar a pressão e dirigir o polegar, dedos ou nós dos dedos para o ponto seguinte, como na
técnica da pressão alternada;
Figs. 10, 11 e 12: Pressão rotativa – com o polegar; com os dedos; com os nós dos dedos
Fonte: CRANE, 2000. Página 36
a fricção tem o objectivo de aquecer e descontrair os pés, gerando um efeito de atrito. Pode ser
usada cada um dos dedos dos pés em separado. Coloca-se o dedo entre o polegar e o indicador
como se fosse uma pinça e fricciona-se delicadamente, movendo-se o polegar e indicador em
direcções opostas;
17
o amassamento utiliza-se em áreas onde a estimulação exige uma maior pressão, em que a pele é
normalmente grossa ou áspera e menos sensível (ex. Calcanhar). Fecha-se a mão e com os nós dos
dedos executa-se um movimento circular simulando o amassar do pão, massajando todo o pé.
Pode-se também apertar e espremer o pé com a mão de apoio num movimento de vaivém;
o passeio pode ser usado para aplicar uma pressão suave sobre uma área extensa (no dorso do pé,
por exemplo). Pode ser executado por uma ou por ambas as mãos. O punho fechado da mão de
apoio deve ficar encostado à palma da mão ou à planta do pé para ampará-los – deve-se usar os
polegares caso se utilizem ambas as mão para levar a cabo esta técnica. Em seguida, com um, dois
ou três dedos (conforme der mais jeito) deve-se passear os dedos sobre o pé, de cima a baixo e a
toda a largura, em movimentos alternados.
Figs. 13, 14 e 15: Técnica da fricção; Técnica do amassamento; Técnica do passeio
Fonte: CRANE, 2000. Página 39
DIA UM
Neste dia passei à primeira fase da abordagem reflexológica que, curiosamente, não envolve qualquer
aplicação de contacto físico. Procurei, sim, como vários autores incluindo Crane (2000) e Dougans et al
(1994) conhecer bem a história de vida da senhora: compreender os seus problemas, o modo como
lida com eles, os seus hábitos e estilos de vida… em suma, fazer uma boa avaliação da situação e da
pessoa, uma vez que todas estas informações podem ser muito úteis para o planeamento e eficácia
das intervenções, quer a nível da reflexologia, quer inclusive dentro do contexto mais geral da
enfermagem.
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Assim, e apesar de já conhecer relativamente bem o seu historial, tive uma boa conversa com ela, de
modo a apurar o meu conhecimento da sua situação.
Dos dados que recolhi acho pertinente expor os seguintes:
A senhora Júlia (nome fictício) tem 40 anos de idade e deu entrada no serviço com um diagnóstico
de depressão major que surgiu na sequência de uma ruptura conjugal, aliada a uma sobrecarga
laboral (esta senhora é solicitadora);
Quando lhe propus esta actividade já se encontrava no serviço há cerca de duas semanas, sendo
visível a melhoria no seu estado de humor e redução da sintomatologia depressiva;
Referiu queixas relativas a dores de cabeças ocasionais (afirmando que sofre de enxaquecas há já
alguns anos) e a insónias que a têm incomodado bastante recentemente;
Confessou-me igualmente que, face à alta que se avizinha, já estava a ficar stressada só de pensar
em voltar ao seu emprego. Acredita que é possível que não se consiga adaptar novamente ao ritmo
frenético do seu trabalho, que entretanto se encontra em stand-by devido ao seu processo de baixa
psiquiátrica.
Com tudo o que a senhora me disse, achei necessário fazer uso de intervenções de enfermagem
complementares à reflexologia. Procurei, por exemplo, tranquilizá-la em relação à sua
sintomatologia, promovendo-lhe uma esperança realista – de facto, é possível atenuar ou suprimir
quer as insónias e dores de cabeça, quer o próprio stress de uma forma geral [factores que, por sinal,
podem (e muitas vezes estão!) associados entre si]. Para além disso dei-lhe algumas sugestões e
ensinei-lhe algumas estratégias para gerir o stress após a alta e conseguir desta maneira manter um
maior equilíbrio e harmonia na sua vida. Referi-lhe, por exemplo, a importância de a nível laboral não
se envolver em demasiados projectos ao mesmo tempo, devendo prosseguir no caminho da sua
recuperação total por “pequenos passos”, sem pressas. Para além disso, realcei a importância de ter
atenção à sua nutrição, de praticar exercício físico e de participar em actividades relaxantes.
Destas actividade relaxantes e terapêuticas não deixei de realçar a reflexologia. Aproveitei igualmente
para lhe explicar um pouco mais acerca do que consiste esta técnica, quais os seus objectivos,
benefícios e modo de actuação. Face ao seu interesse emprestei-lhe igualmente o livro Vida Nova –
Reflexologia de Rosalind Oxford para que o lesse e combinámos uma sessão para a manhã seguinte.
Durante esta explicação a senhora Júlia perguntou-me se esta técnica lhe faria algum mal. Dei-lhe a
conhecer as ideias de Crane (2000), Dougans et al (1994) e Matsuyama (1998) acerca deste assunto.
19
Estes autores estão de acordo no facto de que a reflexologia não traz malefícios à pessoa que a ela é
submetida, embora haja algumas precauções e eventuais contra-indicações à sua prática,
particularmente no que diz respeito a doenças que afectem especificamente os pés – como patologias
provocadas por fungos, por exemplo, ou infecções localizadas num determinado ponto do pé e que se
podem espalhar com a manipulação dos tecidos. Também há que se ter cuidado no tratamento de
determinados pontos reflexos. A título de exemplo, a sobrestimulação dos pontos relativos ao pâncreas
podem suscitar, num doente diabético, problemas no mecanismo de produção e regulação de insulina.
No entanto, não era o que se passava neste caso concreto, pois para além da depressão que trouxe a
senhora Júlia ao serviço e das enxaquecas de que se queixava, não existia nenhuma patologia orgânica
digna de registo, quer actualmente, quer no seu passado clínico.
Alertei-a também para a possibilidade de vir a experimentar sensações dolorosas em algumas zonas
dos pés durante as sessões iniciais, pois a sensibilidade dos pontos de reflexologia está intimamente
relacionada com o funcionamento dos órgãos que lhes estão associados (CRANE, 2000). Quanto
maior for o desequilíbrio e o congestionamento energético, maior será a sensibilidade de uma
determinada área à pressão (DOUGANS et al, 1994). Esta sensibilidade tenderá a diminuir e a
desaparecer à medida que as sessões de tratamento progridem.
Por outro lado, disse-lhe que normalmente as reacções que se seguem a um tratamento de
reflexologia são bastante agradáveis – calma e descontracção ou energia e rejuvenescimento, apesar
de poder ocorrer a chamada “crise de cura” nas primeiras sessões, que se deve à activação da
capacidade de auto-cura do organismo e que corresponde a uma limpeza das toxinas que nele se
haviam acumulado. A sintomatologia mais comum envolve um processo de depuração a nível dos
principais sistemas orgânicos de depuração – nos rins, intestinos, peles e pulmões . Assim pode
ocorrer uma maior frequência na micção com a eliminação de urina mais escura devido à elevada
concentração de toxinas, um aumento no peristaltismo intestinal e emissão de gases, uma transpiração
intensa e aumento na emissão das secreções mucosas do nariz, boca e brônquios; a pessoa pode
também sentir a cabeça pesada e os membros doridos e inclusivamente experimentar alterações do
humor, ficando ansiosa, por exemplo. O aparecimento destas reacções não deve ser motivo de grande
preocupação, dado que muitas vezes é um indicador positivo da eficácia da técnica, costumando
estes “sintomas” desaparecer após algumas horas. No entanto, dado que a perda de líquidos é frequente
é conveniente que a pessoa beba muita água para evitar o risco de desidratação (OXENFORD, 1998).
DIA DOIS
20
Neste dia levei a cabo a sessão de reflexologia propriamente dita. Procurei um lugar reservado, num
ambiente tranquilo e acolhedor para assegurar desde o início as condições propícias a um bom
relaxamento por parte da senhora Júlia. O seu quarto acabou por se revelar o mais adequado à prática
da sessão, por ser um sítio relativamente privativo e familiar para a utente.
Utilizei como materiais um colchão que poisei no chão para a senhora se deitar, diversas almofadas
que lhe garantiram uma posição e um “estar” confortável ao longo de toda a sessão, uma cadeira na
qual a utente assentou os seus pés e que também me permitiu eu acesso mais fácil a eles, três toalhas
que serviram para limpar e proteger os seus pés e também para manter quente o pé que não estivesse a
ser trabalhado, óleo de amêndoas doces e uma tina com água tépida, sabão e desinfectante
utilizadas para uma higiene inicial aos pés.
O conforto é condição essencial da reflexologia, sendo necessário quer ao utente quer ao profissional,
para que ambos se concentrem ao máximo na técnica, permitindo uma melhor eficácia desta. Este
conforto é assegurado não só com a ajuda de materiais como o colchão ou as almofadas, mas também
com o assumir de uma postura adequada por ambos. Foi isso que procurei fazer ao longo da sessão,
colocando quer a senhora Júlia quer eu próprio numa posição confortável e facilitadora para o
desenrolar da técnica – este posicionamento é semelhante ao patente na figura 16.
Fig. 16: Posição assumida por mim e pela utente; acresce a
utilização de um colchão para promover o conforto lombar e a
substituição deste tipo de banco por uma cadeira visto ser o único
material disponível na altura
Fonte: OXENFORD, 1998. Página 16
Após a lavagem e desinfecção procurei detectar marcas ou imperfeições nos pés e em todas as suas
estruturas que pudessem indicar um desequilíbrio no organismo. Observei a temperatura, cor, estado
da pele e tonicidade muscular dos pés. A senhora Júlia tinha os pés bem cuidados, relativamente
quentes e de cor normal (pés frios, azulados ou avermelhados são sinal de má circulação), cuja pele se
encontrava íntegra e hidratada (pele seca pode igualmente indicar problemas de circulação) e com uma
boa tonicidade muscular. Não possuía igualmente quaisquer calosidades, joanetes ou alterações na cor
e estrutura das unhas.
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No entanto, quando procedi a uma palpação inicial dos pés em busca de pontos mais sensíveis à
pressão, verifiquei que a senhora Júlia referia um «incómodo» (segundo as suas próprias palavras)
quando a ponta dos cinco dedos de ambos os pés eram manipulados. Este evento afigurou-se-me com
sentido, uma vez que a zona em questão diz respeito à área do cérebro e cabeça – área esta que está sem
dúvida relacionada com a patologia depressiva que a trouxe ao serviço e eventualmente também com as
suas dores de cabeça e insónias recentes. Há inclusive uma forte possibilidade de todos estes problemas
estarem associados entre si.
Apesar de lhe ter detectado estes pontos sensíveis, atendi ao facto de ainda ser muito inexperiente
neste ramo e por isso decidi apenas levar a cabo nesta sessão inicial um tratamento geral de
reflexologia, sem levar em conta pontos reflexos específicos. Antes, porém, deste procedimento
procurei relaxar a senhora mediante o uso de palavras calmas e tranquilizadoras e também através da
aplicação de uma massagem de aquecimento dos pés, serviu também para preparar os pés para o
tratamento reflexológico subsequente. Esta técnica está descrita com mais pormenor no Anexo I deste
trabalho. Quando senti que a senhora Júlia estava preparada quer física, quer psicologicamente para a
aplicação do tratamento geral de reflexologia procedi então à mobilização da técnica descrita no
Anexo II. A sessão durou aproximadamente 50 minutos. Conclui-a com outra massagem breve, em que
utilizei óleo de amêndoas doces para hidratar a pele dos pés.
A doente revelou depois da sessão finalizada uma profunda descontracção. Manifestou igualmente o
seu contentamento por ter sido a «feliz contemplada» com uma técnica deste tipo, agradecendo por
várias vezes a atenção especial e o "jeitinho" que eu tive ao cuidar dos seus pés. No dia seguinte
falámos novamente e referiu-me que tinha andado relaxada durante o resto do dia. No entanto, à noite
as enxaquecas e as insónias regressarem em força. Não experiênciou nenhuma “crise de cura”. Propus-
lhe a realização de mais uma ou duas sessões na semana seguinte e ela aceitou de bom grado.
DIA TRÊS
Neste dia de início de semana, para além de ter realizado todas as técnicas que já descrevi no dia dois,
resolvi trabalhar melhor os pontos mais sensíveis presentes nos dedos dos pés da utente e acrescentei
três sequências específicas ao tratamento geral de reflexologia que julguei serem as mais adequadas
aos problemas que a senhora Júlia manifestava – nomeadamente uma sequência destinada ao alívio do
stress, outra tendo em vista o melhoramento do sono e a última tendo em vista o alívio das dores de
cabeça. Estas sequências estão descritas respectivamente nos Anexos III, IV e V. Durante a sessão e
22
especialmente quando trabalhei os seus pontos sensíveis queixou-se de uma «dor surda» constante, de
intensidade média enquanto lhe fazia pressão. No entanto, com a minha “insistência” na manipulação
desses pontos a dor acabou por se atenuar. Após a sessão a utente manifestou novamente descontracção
e relaxamento, tendo permanecido assim modo ao longo de todo o dia. Referiu ter ido à casa de banho
mais vezes do que era costume e ter suado intensamente à noite. Neste dia a senhora Júlia conseguiu
adormecer rapidamente tendo, no entanto, acordado a meio da noite completamente suada e com dores
de cabeça (embora mais fracas que anteriormente).
DIA QUATRO
Estávamos no final da semana. Esta seria a última sessão que iria aplicar à senhora, uma vez que ela
tinha alta marcada para o dia seguinte. Utilizei exactamente os mesmos procedimentos que no dia três.
Para além da já habitual descontracção e relaxamento que se prolongou até à noite, a senhora Júlia
referiu-me na manhã posterior (pouco antes de abandonar o serviço) que não experiênciou quaisquer
dores de cabeça (um facto que não era normal para si, mas muito bem-vindo, por sinal!), apesar de ter
tido dificuldades em adormecer. Por outro lado referia que estava calma e demonstrava uma atitude
positiva dizendo que tinha novamente «forças para viver» e para «ir à luta». Confessou-me ter
guardado a referência do livro de Rosalind Oxford para depois o adquirir e manifestou a sua intenção
de continuar a praticar a reflexologia em si própria. Aproveitei a “deixa” para lhe explicar as vantagens
e desvantagens desse método, para lhe fornecer outras referências bibliográficas acerca desta terapia e
também para lhe recomendar que procurasse um reflexologista profissional que conseguiria, sem
dúvida, obter resultados bem mais positivos que os por mim alcançados.
Com a alta da senhora Júlia acabou esta minha experiência com a reflexologia dos pés, da qual só
posso retirar um saldo positivo, uma vez que me permitiu evoluir na compreensão e na aplicação desta
técnica, para além de ter produzido bons resultados – que podiam ter sido melhores, na minha opinião,
caso eu tivesse mais experiência e formação e se houvesse tido a oportunidade de efectuar um maior
número de sessões. Apesar de tudo, sinto que contribui para um maior equilíbrio e harmonia da senhora
Júlia e que a ajudei a encarar a vida com um sorriso, o que muito me apraz.
RELAÇÃO ENTRE A REFLEXOLOGIA E A ENFERMAGEM
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A reflexologia e a enfermagem têm mais em comum do que à primeira vista aparentam. Se por um
lado a primeira é simultaneamente uma ciência, técnica e arte, não é menos verdade que também a
enfermagem se pode descrever nestes moldes. De facto, para além desta profissão se basear em
conhecimentos científicos, tendo um enfermeiro que conhecer em detalhe factos respeitantes ao
comportamento normal e patológico do corpo humano e muita informação respeitante a farmacologia
(e isto é apenas um exemplo dentro de uma infinidade de knowledges que qualquer enfermeiro tem que
ter presente para poder prestar da melhor forma os seus cuidados), a enfermagem assenta também a sua
prática num vasto número de técnicas desde o puncionar de uma veia ou uma entubação nasogástrica
até uma das técnicas mais básicas e essenciais a qualquer profissão de interacção humana – a
comunicação. É exactamente com a capacidade de comunicação, de “saber estar” com as pessoas,
estabelecendo uma relação de compreensão e empatia com elas, que a enfermagem se pode definir
como uma arte por excelência (BOLANDER, 1998). A reflexologia pode sem dúvida ajudar a “refinar”
esta arte, uma vez que se constitui como uma (boa) maneira de comunicarmos com o utente, assumindo
um relevo diferente do que uma simples conversa porque se trata de comunicação não-verbal – e às
vezes «um acto vale mais que mil palavras». Assim, pode funcionar como um meio de entrarmos em
contacto com os utentes ou de o consolidarmos, permitindo-nos conhece-los e compreendê-los melhor
ao mesmo tempo que promove o estabelecimento de uma relação empática e terapêutica.
É inegável que “o desenvolvimento da disciplina de enfermagem tem sido no sentido de uma
abordagem em que o doente/utente tem um papel mais activo nas tomadas de decisão e em que a
relação enfermeiro/doente se guia por princípios como a intimidade, a reciprocidade e a parceria. Isto é
vital nessa relação” (SOUSA, 1999). Recentemente tem-se lutado contra uma prática de enfermagem
de cariz biomédico que se instalou no sistema de saúde ocidental e que perdura há já vários séculos,
uma vez que é reducionista, procurando tratar a doença do doente em vez de cuidar do todo que a
pessoa é; mecanicista porque assenta essencialmente em tarefas automáticas e rotineiras por parte do
pessoal de enfermagem, mais centradas sobre a tecnologia do que propriamente nos utentes; e
essencialmente pouco humana – porque a pessoa é muitas vezes ignorada enquanto tal e não lhe é dada
qualquer autonomia e liberdade de decisão em relação à sua saúde (WATSON, 1989). A melhor
alternativa assenta na adopção de uma filosofia holística em que não se dá somente importância à parte
da pessoa que está doente, mas em que se cuida dela como um todo, procurando o seu desenvolvimento
e equilíbrio a nível físico, mental e social (RIBEIRO, 1995). A reflexologia baseia-se nesta mesma
filosofia – de facto, como Crane (2000) refere, parafraseando um dito antigo, mas muitas vezes
esquecido «o todo não é meramente a soma das partes» e é sobre ele que tanto a reflexologia como a
enfermagem devem trabalhar.
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Por outro lado é de realçar que nem a enfermagem nem a própria reflexologia pretendem sobrepor-se
ou constituir-se como uma alternativa à instituição médica. Não são os reflexologistas e muitos menos
os enfermeiros que “diagnosticam doenças, tratam um problema de saúde específico, receitam ou
corrigem medicações” (DOUGANS et al, 1994). No entanto, existem diagnósticos de enfermagem
(NANDA, 2001) e igualmente diagnósticos de reflexologia (DOUGANS et al, 1994). Estes têm uma
função muito importante, uma vez que permitem compreender melhor os problemas das pessoas e
organizar de uma forma mais coerente e eficaz as intervenções necessárias para os resolver
(intervenções que estejam dentro da esfera de competências de cada profissional, claro). Através deles,
por exemplo, os enfermeiros podem dar uma maior e melhor contributo à equipa interdisciplinar no
sentido de se ajudar a pessoa com problemas de saúde que é afinal, o objectivo último do nosso
trabalho.
Também os reflexologistas podem trabalhar em parceria com a chamada “medicina convencional” –
podem, por exemplo, detectar determinado tipo de problemas que requeiram uma confirmação através
de exames médicos ou receber pessoas já com desequilíbrios graves que não se conseguem resolver
apenas com uma acção reflexológica. Assim, eles servem como ponte de ligação entre as “medicinas
alternativas” (como popularmente são designadas) e a medicina convencional encaminhando as pessoas
para as instituições mais indicadas à restauração/manutenção do seu bem-estar. Infelizmente, esta
ligação é praticamente nula no sentido inverso, uma vez que os “técnicos convencionais” muitas vezes
não acreditam na utilidade e benefícios destas terapias e assumem algumas reservas em as admitir na
sua prática (SOUSA, 1999). É essencial promover o contacto e o diálogo entre as diferentes abordagens
porque, na minha opinião, o facto de se compreenderem e aceitarem, sendo complementares em relação
uma à outra só traria vantagens, não só para quem as pratica, mas sobretudo para os utentes que seriam
mais bem cuidados como um todo.
Apesar de tudo o recurso a terapias complementares por parte dos enfermeiros tem vindo a aumentar.
Isto deve-se, segundo Sousa (1999), ao facto de “estes profissionais estarem um pouco desiludidos, e
porque não dizê-lo frustados, com o impacte que os tratamentos, cada vez mais invasivos, têm sobre os
seus doentes. Procuram, por isso, encontrar uma abordagem menos traumatizante, mais suave de
cuidar, promovendo um maior envolvimento pessoal de quem cuida e de quem é cuidado”. A
reflexologia, enquanto terapia complementar, possui igualmente esta importante particularidade de ser
uma técnica holística não invasiva que procura conferir/manter um equilíbrio e harmonia na vida das
pessoas, assentando muito do seu “ser” no toque e na relação enfermeiro-utente. A introdução desta
técnica na prática diária de enfermagem não só é possível (como eu próprio pude constatar, ao aplicá-la
na senhora Júlia) como é aconselhável, pois pode levar por um lado à “melhoria dos cuidados
25
prestados, mas também a uma maior satisfação dos enfermeiros nessa mesma prática” (SOUSA, 1999).
Devido à sua natureza não-invasiva a reflexologia poderia até ser uma das terapias de eleição para o
uso em pessoas que sofrem de doenças terminais (cancro ou VIH, por exemplo) e pelas quais a
medicina dita convencional pouco ou nada pode fazer senão procurar aliviar o sofrimento.
Se não for por tudo o que já foi dito até agora, há outro motivo de peso pelo qual os enfermeiros não
devem pura e simplesmente ignorar as terapias complementares e a reflexologia. Este motivo prende-se
com o dever que os enfermeiros têm em estar constantemente inteirados de todos os recursos
disponíveis que possam contribuir para a melhoria da saúde dos utentes e de educar as pessoas em
relação a estes, de modo a permitir-lhes uma decisão informada e autónoma acerca do modo como
querem resolver os seus problemas. Mesmo que não acreditem inteiramente na eficácia das técnicas
devem-nas conhecer e fazer uso desses conhecimentos para orientar as pessoas, até porque há vários
utentes que decidem abandonar os tratamentos da medicina convencional quando acreditam que esta
não está a surtir o efeito desejado – podem assim recorrer, um pouco “às cegas” a um reflexologista
“charlatão”, isto é, um amador que não teve qualquer formação e que pode trazer danos às pessoas que
a ele se dirigem em busca de auxílio. Os enfermeiros devem estar atentos a este tipo de situações,
procurando incutir aos utentes a importância de uma complementaridade de tratamentos e, em caso de a
decisão destes de abandonar a terapia convencional ser irrevogável, respeitar a sua decisão e
encaminhá-los para um profissional que possa responder da melhor forma às suas solicitações
(MEINES, 1999).
CONCLUSÃO
Com a realização deste trabalho aprendi bastante acerca da reflexologia, não apenas em termos
teóricos, mas igualmente a nível prático. Na sua abordagem holística, centrada na pessoa e não na sua
doença, identifiquei o próprio conceito de enfermagem que me foi incutido desde que entrei para o
curso e que procurarei seguir ao longo de toda a minha vida profissional e pessoal.
Virei também o foco da minha atenção para os pés das pessoas, uma parte do corpo que (confesso) me
havia mais ou menos “esquecido” até aqui o que, infelizmente, não é só mal meu, mas um problema da
maior parte da população e ao qual a enfermagem não escapa. Não voltarei a cometer esse erro. Os pés
são uma parte essencial do corpo humano e podemos descobrir muitas coisas acerca do funcionamento
do organismo se os observarmos com atenção.
Para finalizar, tenho que referir que não só aprendi muito com a experiência prática, como também
gostei de a realizar. Fiquei feliz sobretudo porque verifiquei resultados positivos na utente e fui capaz
26
de lhe suscitar um sorriso. Penso que é essencial que se incorpore não só a reflexologia como outras
terapias complementares na enfermagem. Para que tal aconteça é necessário que haja uma formação e
um treino efectivo das mesmas no âmbito da disciplina e profissão (SOUSA, 1999), que é exactamente
o que acontece nesta unidade curricular.
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27
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