2º Geração do Modernismo Um período rico na produção poética e também na prosa Maior...

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2º Geração do ModernismoUm período rico na produção poética e também na

prosa Maior preocupação com o destino do homemsubstituindo o caráter destruidor pela intenção

construtiva recomposição de valores e configuração da nova

ordem estética

2º Geração do ModernismoA poesia prossegue a formas iniciada antes, ampliando

na direção da inquietação filosófica e religiosa ex Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Carlos Drummond de Andrade

CARACTERÍSTICAS Repensar a história nacional com humor e ironia - " Em outubro de 1930 / Nós

fizemos — que animação! — / Um pic-nic com carabinas." (Festa Familiar - Murilo Mendes)

Verso livre e poesia sintética - " Stop. / A vida parou / ou foi o automóvel?" (Cota Zero, Carlos Drummond de Andrade)

Nova postura temática - questionar mais a realidade e a si mesmo enquanto indivíduo

Tentativa de interpretar o estar-no-mundo e seu papel de poeta Literatura mais construtiva e mais politizada. Surge uma corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo (Cecília, Murilo

Mendes, Jorge de Lima e Vinícius) Aprofundamento das relações do eu com o mundo Consciência da fragilidade do eu - "Tenho apenas duas mãos / e o sentimento do

mundo" (Carlos Drummond de Andrade - Sentimento do Mundo) Perspectiva única para enfrentar os tempos difíceis é a união, as soluções coletivas -

" O presente é tão grande, não nos afastemos, / Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas." (Carlos Drummond de Andrade - Mãos dadas)

PROSARomances caracterizados pela denúncia social, verdadeiro

documento da realidade brasileira, atingindo elevado grau de tensão nas relações do eu com o mundo. Uma das principais características do romance brasileiro é o encontro do escritor com seu povo. Há uma busca do homem brasileiro nas diversas regiões, por isso o regionalismo ganha importância, com destaque às relações do personagem com o meio natural e social.

Os escritores nordestinos merecem destaque especial, por sua denúncia da realidade da região pouco conhecida nos grandes centros. O 1° romance nordestino foi A Bagaceira, de José Américo de Almeida. Esses romances retratam o surgimento da realidade capitalista, a exploração das pessoas, movimentos migratórios, miséria, fome, seca etc.

AUTORES - POESIAAugusto Frederico Schmidt (1906-1965) Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) Cecília Meireles (1901-1964) Jorge de Lima (1895-1953) Murilo Mendes (1901-1975) Vinícius de Moraes (1913-1980)

AUTORES - PROSA Cornélio Pena (1896-1958) Cyro dos Anjos (1906) Érico Veríssimo (1905-1975) Graciliano Ramos (1892-1953) Jorge Amado (1912-2001) José Américo de Almeida (1887-1957) José Lins do Rego (1901-1957) Lúcio Cardoso (1913-1968) Marques Rebelo (1907-1973) Octávio de Faria (1908-1980) Patrícia Galvão (1910-1962) Rachel de Queiroz (1910-2003)

Contexto HistóricoNas últimas décadas, a cultura brasileira vivenciou

um período de acentuado desenvolvimento tecnológico e industrial; entretanto, neste período ocorreram diversas crises no campo político e social.

Os anos 60 (época do governo democrático-populista

de J.K.) foram repletos de uma verdadeira euforia política e econômica, com amplos reflexos culturais: Bossa Nova, Cinema Novo, teatro de Arena, as Vanguardas, e a Televisão.

A crise desencadeada pela renúncia do presidente Jânio Quadros e o golpe militar que derrubou João Goulart colocaram fim nessa euforia, estabelecendo um clima de censura e medo no país (promulgação do AI-5; fechamento do Congresso; jornais censurados, revistas, filmes, músicas; perseguição e exílio de intelectuais, artistas e políticos). A cultura usou disfarces ou recuou.

A conquista do tricampeonato mundial de futebol em 1970, foi capitalizada pelo regime militar e uma onda de nacionalismo ufanista espalhou-se por todo o país, alienando as mentes e adormecendo a consciência da maioria da população por um bom período de tempo: "Brasil - ame-o ou deixe-o", a cultura marginalizou-se.

Em 1979, um dos primeiros atos do presidente Figueiredo foi sancionar a lei da anistia, permitindo a volta dos exilados. Esse ato presidencial fez o otimismo e esperança renascerem naqueles que discordavam da política praticada pelos militares daquele período.

Na década de 80 inicia-se uma mobilização

popular pela volta das eleições diretas, que só veio a concretizar-se em 89, com a posse de Fernando Collor de Mello, cassado em 1991.

1995 : eleição e posse do presidente Henrique Cardoso.

Acompanhando o progresso de uma civilização tecnológica e respondendo às exigências de uma sociedade impelida pela rapidez das transformações e pela necessidade de uma nova comunicação cada vez mais objetiva e veloz, as décadas de 50 e 60 assistiram ao lançamento de tendências poéticas caracterizadas por inovação formal, maior proximidade com outras manifestações artísticas e negação do verso tradicional.

1956 – Exposição Nacional de Arte Concreta

Museu de Arte Moderna de São Paulo

Poema-Objeto

Utilizam múltiplos recursos: AcústicoVisualCarga semânticaEspaço tipográficoDisposição geométrica dos vocábulos na página

Exige do leitor uma participação ativaPermite uma leitura múltipla.Poema = Desafio Leitor = Co-autor

RepresentantesHaroldo de CamposAugusto de Campos Décio Pignatari

Pós-TudoAugusto de

Campos1984

Poesia PráxisPoesia dinâmica, transformada pela

interferência ou manipulação do leitor, ou seja, por sua prática (práxis)

Periodicidade e repetição das palavras, cujo sentido e dicção mudam, conforme sua posição no texto.

Crime 3Fuma fuma tabaque bate: que pança?

Dança curtido corpode charque charcoem corruto beiço

tensãocharuto e seu

sanguesoca seu peito soca e

eis que ao lado ooutro

caboclo bate: disputa um ataque à bronca (ou

em bloco) de ronco e

lata. E na mão do primeiro o

punhal se empunha se ergue chispando e em X pando desce: se crava

cavo, na caixade som

(colchão murcho coração).

Poesia SocialReabilitação do verso e do lirismoLinguagem próxima do cotidianoPoesia= instrumento de participação social e

políticaRepresentantes

Ferreira Gullar, Mário Quintana

Mário Quintana – O POETA DAS COISAS SIMPLES

Mário de Miranda Quintana foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Nasceu em Alegrete na noite de 30 de julho de 1906 e faleceu em Porto Alegre, em 5 de maio de 1994.

Poeminha do Contra

Todos esses que aí estãoAtravancando meu caminho,Eles passarão...Eu passarinho!

(Prosa e Verso, 1978)

Poesia Marginalpoesia de produção alternativa, divulgada à margem da editoração oficial, porém

ocupando seu espaço na literaturapoesia das ruas, do corpo a corpo dos poetas nas filas

dos cinemas, dos teatros e outras; nos bares, nas praças, nos institutos culturais, nas escolas, nas editoras, e até na sala de aula de alguns professores liberais.

Os poetas alternativos levaram a poesia para as ruas, democratizaram a arte, declamaram bem alto...

Cartões, camisas, o papel, a brochura, a xerox, o espaço, vozes ecoando nas praças, nos palcos, nas telas dos cinemas, nos pátios, nos bares, nas calçadas

RepresentantesCacaso (Antônio Carlos Ferreira de Brito) Charles CHACALTorquato Neto

Combativas e criativas vozes daqueles anos de ditadura ajudaram a dar visibilidade e respeitabilidade ao fenômeno da "poesia marginal", em que militavam, direta ou indiretamente.

Descartes

Não háno mundo nada mais bemdistribuído do que a razão: até quem não tem temum pouquinho

Cacaso(Antônio Carlos Ferreira de Brito)

Lar doce lar(para Maurício Maestro)

Minha pátria é minha infância:por isso vivo no exílio

TropicalismoMovimento cultural do fim da década de 60 que,

usando deboche, irreverência e improvisação, revoluciona a música popular brasileira, até então dominada pela estética da bossa nova. Liderado pelos músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil, o Tropicalismo usa as idéias do Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade para aproveitar elementos estrangeiros que entram no país e, por meio de sua fusão com a cultura brasileira, criar um novo produto artístico. Também se baseia na contracultura, usando valores diferentes dos aceitos pela cultura dominante, incluindo referências consideradas cafonas, ultrapassadas ou subdesenvolvidas

O movimento é lançado com a apresentação das músicas Alegria, Alegria, de Caetano, e Domingo no Parque, de Gil, no Festival de MPB da TV Record em 1967.

O Tropicalismo manifesta-se, ainda, em outras artes, como na escultura Tropicália (1965), do artista plástico Hélio Oiticica, e na encenação da peça O Rei da Vela (1967), do diretor José Celso Martinez Corrêa (1937-).

O movimento acaba com a decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968. Caetano e Gil são presos e, depois, exilam-se na Inglaterra.

Alegria, AlegriaCaetano Veloso

Caminhando contra o ventoSem lenço, sem documentoNo sol de quase dezembroEu vou

O sol se reparte em crimes,Espaçonaves, guerrilhasEm cardinales bonitasEu vou

Em caras de presidentesEm grandes beijos de amorEm dentes, pernas, bandeirasBomba e brigitte bardotO sol nas bancas de revistaMe enche de alegria e preguiçaQuem lê tanta notíciaEu vou

CáliceChico Buarque

Pai, afasta de mim esse cálicePai, afasta de mim esse cálicePai, afasta de mim esse cáliceDe vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amargaTragar a dor, engolir a labutaMesmo calada a boca, resta o peitoSilêncio na cidade não se escutaDe que me vale ser filho da santaMelhor seria ser filho da outraOutra realidade menos mortaTanta mentira, tanta força bruta

Como é difícil acordar caladoSe na calada da noite eu me danoQuero lançar um grito desumanoQue é uma maneira de ser escutadoEsse silêncio todo me atordoaAtordoado eu permaneço atentoNa arquibancada pra a qualquer momentoVer emergir o monstro da lagoa

De muito gorda a porca já não andaDe muito suada a faca já não cortaComo é difícil, pai, abrir a portaEssa palavra presa na gargantaEsse pileque homérico no mundoDe que adianta ter boa vontadeMesmo calado o peito, resta a cucaDos bêbados do centro da cidade

Pra não dizer que não falei de floresGeraldo Vandré

Caminhando e cantando e seguindo a cançãoSomos todos iguais braços dados ou nãoNas escolas, nas ruas, campos, construçõesCaminhando e cantado e seguindo a canção

Vem, vamos embora que esperar não é saberQuem sabe faz a hora, não espera acontecer

Pelos campos a fome em grandes plantaçõesPelas ruas marchando indecisos cordõesAinda fazem da flor seu mais forte refrãoE acreditam nas flores vencendo o canhão