Subsidio - Bibliologia

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(Capítulo 1) A Bíblia Bíblia é uma palavra de origem grega que significa "livros". Daí que se deu o título Bíblia à coleção dos livros que, sendo de diversas origens, extensão e conteúdo, estão essencialmente unidos pelo significado religioso que têm para o povo de Israel e para todo o mundo cristão: unidade e diversidade que não se opõem entre si, mas que se complementam para dar à Bíblia o seu especialíssimo caráter. Diversidade de designações: Desde tempos remotos, este livro sem igual tem sido conhecido com diferentes designações. Assim, os judeus, para os quais a Bíblia somente consta da parte que os cristãos conhecem como o Antigo Testamento, referem-se a ela como Lei, Profetas e Escritos (cf. Lc 24.44), termos representativos de cada um dos blocos em que, para o Judaísmo, se divide o texto bíblico transmitido na língua hebraica: a) Lei (hebr. torah), que compreende os cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. b) Profetas (hebr. nebiim), agrupados em: Profetas anteriores: Josué, Juízes, 1 e 2Samuel, 1 e 2Reis; Profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. c) Escritos (hebr. ketubim): Jó, Salmos, Provérbios, Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel, Esdras, Neemias, 1 e 2Crônicas. O título referido,  Lei, Profetas e Escritos, aparece reduzido em ocasiões como a Lei e os Profetas (cf. Mt 5.17) ou, de modo mais singelo, a Lei (cf. Jo 10.34).  No Cristianismo, com a incorporação dos livros do Novo Testamento e justamente a  partir da maneira que ali são citadas passagens do Antigo, é comum referir-se à Bíblia como as Sagradas Escrituras ou, de forma alternativa, como a Sagrada Escritura, as Escrituras ou a Escritura (cf. Mt 21.42; Jo 5.39; Rm 1.2). Freqüentemente, com essa última designação mais breve, faz-se referência a alguma passagem bíblica concreta (cf. Mc 12.10; Jo 19.24). As locuções Antigo Testamento e Novo Testamento, respectivamente, no seu sentido de títulos respectivos da primeira e da segunda parte da Bíblia, começaram a ser utilizadas entre os cristãos no final do séc. II d.C. com base em textos como 2Co 3.14. A palavra "testamento" representa aqui a aliança ou pacto que Deus estabelece com o seu povo: em primeiro lugar, a aliança com Israel (cf. Êx 24.8; Sl 106.45); depois, a nova aliança anunciada pelos profetas e selada com o sangue de Jesus Cristo (cf. Jr 31.31-34; Mt 26.28; Hb 10.29). Classificação dos livros da Bíblia: Os livros da Bíblia nem sempre são classificados na mesma ordem. Ainda hoje aparecem dispostos de maneiras distintas, seguindo para isso os critérios sustentados a esse respeito por diferentes tradições. 1

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(Capítulo 1)

A Bíblia

Bíblia é uma palavra de origem grega que significa "livros". Daí que se deu o título

Bíblia à coleção dos livros que, sendo de diversas origens, extensão e conteúdo, estãoessencialmente unidos pelo significado religioso que têm para o povo de Israel e paratodo o mundo cristão: unidade e diversidade que não se opõem entre si, mas que secomplementam para dar à Bíblia o seu especialíssimo caráter.

Diversidade de designações:Desde tempos remotos, este livro sem igual tem sido conhecido com diferentesdesignações. Assim, os judeus, para os quais a Bíblia somente consta da parte que oscristãos conhecem como o Antigo Testamento, referem-se a ela como Lei, Profetas eEscritos (cf. Lc 24.44), termos representativos de cada um dos blocos em que, para o

Judaísmo, se divide o texto bíblico transmitido na língua hebraica:a) Lei (hebr. torah), que compreende os cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis,Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio.

b) Profetas (hebr. nebiim), agrupados em: Profetas anteriores: Josué, Juízes, 1 e2Samuel, 1 e 2Reis; Profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oséias, Joel, Amós,Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

c) Escritos (hebr. ketubim): Jó, Salmos, Provérbios, Rute, Cântico dos Cânticos,Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel, Esdras, Neemias, 1 e 2Crônicas.

O título referido,  Lei, Profetas e Escritos, aparece reduzido em ocasiões como a Lei eos Profetas (cf. Mt 5.17) ou, de modo mais singelo, a Lei (cf. Jo 10.34).

 No Cristianismo, com a incorporação dos livros do Novo Testamento e justamente a partir da maneira que ali são citadas passagens do Antigo, é comum referir-se à Bíbliacomo as Sagradas Escrituras ou, de forma alternativa, como a Sagrada Escritura, asEscrituras ou a Escritura (cf. Mt 21.42; Jo 5.39; Rm 1.2). Freqüentemente, com essaúltima designação mais breve, faz-se referência a alguma passagem bíblica concreta (cf.Mc 12.10; Jo 19.24).

As locuções Antigo Testamento e Novo Testamento, respectivamente, no seu sentido

de títulos respectivos da primeira e da segunda parte da Bíblia, começaram a ser utilizadas entre os cristãos no final do séc. II d.C. com base em textos como 2Co 3.14.A palavra "testamento" representa aqui a aliança ou pacto que Deus estabelece com oseu povo: em primeiro lugar, a aliança com Israel (cf. Êx 24.8; Sl 106.45); depois, anova aliança anunciada pelos profetas e selada com o sangue de Jesus Cristo (cf. Jr 31.31-34; Mt 26.28; Hb 10.29).

Classificação dos livros da Bíblia:

Os livros da Bíblia nem sempre são classificados na mesma ordem. Ainda hojeaparecem dispostos de maneiras distintas, seguindo para isso os critérios sustentados aesse respeito por diferentes tradições.

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A versão de João Ferreira de Almeida, em todas as suas edições, tem-se sujeitado ànorma de ordenar os livros de acordo com o seu caráter e conteúdo, na seguinte forma:

ANTIGO TESTAMENTO:

a) Literatura histórico-narrativa: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio,Josué, Juízes, Rute, 1 e 2Samuel, 1 e 2Reis, 1 e 2Crônicas, Esdras, Neemias, Ester 

 b) Literatura poética e sapiencial (ou de sabedoria): Jó, Salmos, Provérbios,Eclesiastes, Cântico dos Cânticos.

c) Literatura profética: Profetas maiores: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel,Daniel Profetas menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum,

Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

NOVO TESTAMENTO:

a) Literatura histórico-narrativa: Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas, João Atos dosApóstolos.

 b) Literatura epistolar:  Epístolas paulinas: Romanos, 1 e 2Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses,1 e 2Tessalonicenses, 1 e 2Timóteo, Tito, Filemom.  Epístola aos Hebreus: Hebreus

 Epístolas universais: Tiago, 1 e 2Pedro, 1, 2 e 3João, Judas.

c) Literatura apocalíptica: Apocalipse (ou Revelação) de João. 

A formação da Bíblia

Para compreender os distintos aspectos do processo de formação deste conjunto delivros que chamamos de Bíblia, é necessário atentar para o fato básico da sua divisão em

duas grandes partes indissoluvelmente vinculadas entre si por razões culturais eespirituais: o Antigo Testamento e o Novo Testamento.

O Antigo Testamento recolhe e transmite a experiência religiosa do povo israelitadesde as suas origens até a vinda de Jesus Cristo. Os livros que o compõem são otestemunho permanente da fé Israelita no único e verdadeiro Deus, Criador do universo.É o Deus que quis revelar-se de maneira especial na história do seu povo, guiando-ocom a sua Lei, beneficiando-o com a aliança da sua graça e fazendo-o objeto das suas

 promessas. Passo a passo, Deus converteu o seu povo numa nação unida pela fé,sustentou-a e, em todo tempo, mostrou o caminho da justiça e santidade que deviaseguir para que não perdesse a sua identidade como povo escolhido. Assim, o Antigo

Testamento documenta a história de Israel desde a perspectiva do sentimento religioso,

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mantém viva a expressão de adoração da sua fé através do culto e recolhe as instruçõesdos seus profetas e as inspiradas reflexões dos seus sábios e poetas.

O Novo Testamento é a referência definitiva da fé cristã. Nele, se encontramconsignados os acontecimentos que deram origem à Igreja de Jesus Cristo, o Filho

eterno de Deus. Os Evangelhos narram o nascimento de Jesus no tempo do rei Herodes,os seus atos e ensinamentos, a sua morte numa cruz por ordem de Pôncio Pilatos,governador da Judéia, e a sua ressurreição, depois da qual manifestou-se vivo àquelesque havia antes escolhido para que anunciassem a mensagem universal da salvação.Está também no Novo Testamento o relato dos primeiros movimentos de expansão da fécristã, como viveram e atuaram os primeiros discípulos e apóstolos, como nasceram e sedesenvolveram as primeiras comunidades e como o Espírito Santo impulsionou oscristãos de então a darem testemunho da sua esperança em Jesus Cristo para todas asraças, nações e culturas. O processo de redigir, selecionar e compilar os textos da Bíblia prolongou-se pelo

espaço de muitos séculos. Com o decorrer dos anos, foram desaparecendo os dadosrelativos à origem de grande parte dos livros, isto é, o momento em que os relatos eensinamentos foram fixados por escrito, os quais até então e talvez durante muitasgerações tinham sido transmitidos oralmente. 

Por outro lado, nesse longo e complexo processo de formação, é muito difícil e atémesmo impossível fixar os autores. Isso ocorre especialmente nos casos em que foramvários redatores que escreveram textos, os quais, posteriormente, foram compiladosnum único livro ou quando também, na composição da literatura bíblica, são utilizadosou incluídos documentos da época (p. ex., Nm 21.14; Js 10.13; Jd 14-15).

Valor religioso da Bíblia

A Bíblia é, sem dúvida, um dos mais apreciados legados literários da humanidade.Contudo, o seu verdadeiro valor não se firma de maneira substancial no fato literário. Ariqueza da Bíblia consiste no caráter essencialmente religioso da sua mensagem, que atransforma no livro sagrado por excelência, tanto para o povo de Israel quanto para aIgreja cristã. 

 Nessa coleção de livros, a Lei se apresenta como uma ordenação divina (Êx 20; Sl 119),os Profetas têm a consciência de serem portadores de mensagens da parte de Deus (Is 6;Jr 1.2; Ez 2-3) e os Escritos ensinam que a verdadeira sabedoria encontra em Deus a suaorigem (Pv 8.22-31). 

Esses valores religiosos aparecem não só no título de Sagradas Escrituras, mas tambémna forma que Jesus e, em geral, os autores do Novo Testamento se referem ao Antigo,isto é, aos textos bíblicos escritos em épocas precedentes. Isso ocorre, por ex., quandolemos que Deus fala por meio dos profetas ou por meio de algum dos outros livros (cf.

Mt 1.22; 2.15; Rm 1.2; 1Co 9.9) ou quando os profetas aparecem como aquelas pessoasmediante as quais "se diz" algo ou "se anuncia" algum acontecimento, forma hebraica

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de expressar que é o próprio Deus quem diz ou anuncia (cf. Mt 2.17; 3.3; 4.14); tambémquando se afirma a permanente autoridade das Escrituras (Mt 5.17-18; Jo 10.35; At23.5), ou quando as relaciona especialmente com a ação do Espírito Santo (cf. At 1.16;28.25). Formas magistrais de expressar a convicção comum a todos os cristãos emrelação ao valor das Escrituras são encontradas em passagens como 2Tm 3.15-17 e 2Pe

1.19-21.

A Igreja cristã, desde as suas origens, tem descoberto na mensagem do evangelho omesmo valor da palavra de Deus e a mesma autoridade do Antigo Testamento (Mc16.15-16, Lc 1.1-4, Jo 20.31, 1Ts 2.13). Por isso, em 2Pe 3.16, se equiparam asepístolas de "nosso amado irmão Paulo" (v. 15) às "demais Escrituras". Gradativamente,a partir do séc. II d.C., foi sendo reconhecida aos 27 livros que formam o NovoTestamento a sua categoria de livros sagrados e, em conseqüência, a plenitude da suaautoridade definitiva e o seu valor religioso. 

Tal reconhecimento, que implica o próprio tempo da presença, direção e inspiração doEspírito Santo na formação das Escrituras, não descarta, em absoluto, a atividade físicae criativa das pessoas que redigiram os textos. Elas mesmas se referem a essa atividadeem diversas ocasiões (Ec 1.13, Lc 1.1-4, 1Co 15.1-3,11, Gl 6.11). A presença denumerosos autores materiais é, precisamente, a causa da extraordinária riqueza delínguas, estilos, gêneros literários, conceitos culturais e reflexões teológicas quecaracterizam a Bíblia.

****

(Capítulo 2)

ORIGEM DA BÍBLIA

OS ORIGINAIS 

Grego, hebraico e aramaico foram os idiomas utilizados para escrever os originais dasEscrituras Sagradas. O Antigo Testamento foi escrito em hebraico. Apenas alguns poucos textos foramescritos em aramaico.

 O Novo Testamento foi escrito originalmente em grego, que era a língua mais utilizadana época. Os originais da Bíblia são a base para a elaboração de uma tradução confiável dasEscrituras. Porém, não existe nenhuma versão original de manuscrito da Bíblia, mas simcópias de cópias de cópias. Todos os autógrafos, isto é, os livros originais, como foramescritos pelos seus autores, se perderam. As edições do Antigo Testamento hebraico edo Novo Testamento grego se baseiam nas melhores e mais antigas cópias que existeme que foram encontradas graças às descobertas arqueológicas.

Para a tradução do Antigo Testamento, a Comissão de Tradução da SBB usa a BíbliaStuttgartensia, publicada pela Sociedade Bíblica Alemã. Já para o Novo Testamento é

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utilizado The Greek New Testament, editado pelas Sociedades Bíblicas Unidas. Essassão as melhores edições dos textos hebraicos e gregos que existem hoje, disponíveis

 para tradutores.

O ANTIGO TESTAMENTO EM HEBRAICO

Muitos séculos antes de Cristo, escribas, sacerdotes, profetas, reis e poetas do povohebreu mantiveram registros de sua história e de seu relacionamento com Deus. Estesregistros tinham grande significado e importância em suas vidas e, por isso, foramcopiados muitas e muitas vezes e passados de geração em geração. 

Com o passar do tempo, esses relatos sagrados foram reunidos em coleções conhecidas por A Lei, Os Profetas e As Escrituras. Esses três grandes conjuntos de livros, emespecial o terceiro, não foram finalizados antes do Concílio Judaico de Jamnia, queocorreu por volta de 95 d.C. A Lei continha os primeiros cinco livros da nossa Bíblia. Já

Os Profetas, incluíam Isaías, Jeremias, Ezequiel, os Doze Profetas Menores, Josué,Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis. E As Escrituras reuniam o grande livro de poesia, osSalmos, além de Provérbios, Jó, Ester, Cantares de Salomão, Rute, Lamentações,Eclesiastes, Daniel, Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas. Os livros do Antigo Testamento foram escritos em longos pergaminhos confeccionadosem pele de cabra e copiados cuidadosamente pelos escribas. Geralmente, cada umdesses livros era escrito em um pergaminho separado, embora A Lei freqüentementefosse copiada em dois grandes pergaminhos. O texto era escrito em hebraico - da direita

 para a esquerda - e, apenas alguns capítulos, em dialeto aramaico. Hoje se tem conhecimento de que o pergaminho de Isaías é o mais remoto trecho doAntigo Testamento em hebraico. Estima-se que foi escrito durante o Século II a.C. e seassemelha muito ao pergaminho utilizado por Jesus na Sinagoga, em Nazaré. Foidescoberto em 1947, juntamente com outros documentos em uma caverna próxima aoMar Morto.

O NOVO TESTAMENTO EM GREGO

Os primeiros manuscritos do Novo Testamento que chegaram até nós são algumas dascartas do Apóstolo Paulo destinadas a pequenos grupos de pessoas de diversos

 povoados que acreditavam no Evangelho por ele pregado. A formação desses gruposmarca o início da igreja cristã. As cartas de Paulo eram recebidas e preservadas comtodo o cuidado. Não tardou para que esses manuscritos fossem solicitados por outras

 pessoas. Dessa forma, começaram a ser largamente copiados e as cartas de Paulo passaram a ter grande circulação.

A necessidade de ensinar novos convertidos e o desejo de relatar o testemunho dos primeiros discípulos em relação à vida e aos ensinamentos de Cristo resultaram naescrita dos Evangelhos que, na medida em que as igrejas cresciam e se espalhavam,

 passaram a ser muito solicitados. Outras cartas, exortações, sermões e manuscritoscristãos similares também começaram a circular.

O mais antigo fragmento do Novo Testamento hoje conhecido é um pequeno pedaço de

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 papiro escrito no início do Século II d.C. Nele estão contidas algumas palavras de João18.31-33, além de outras referentes aos versículos 37 e 38. Nos últimos cem anosdescobriu-se uma quantidade considerável de papiros contendo o Novo Testamento e otexto em grego do Antigo Testamento. 

OUTROS MANUSCRITOS 

Além dos livros que compõem o nosso atual Novo Testamento, havia outros quecircularam nos primeiros séculos da era cristã, como as Cartas de Clemente, oEvangelho de Pedro, o Pastor de Hermas, e o Didache (ou Ensinamento dos DozeApóstolos). Durante muitos anos, embora os evangelhos e as cartas de Paulo fossemaceitos de forma geral, não foi feita nenhuma tentativa de determinar quais dos muitosmanuscritos eram realmente autorizados. Entretanto, gradualmente, o julgamento dasigrejas, orientado pelo Espírito de Deus, reuniu a coleção das Escrituras que constituíamum relato mais fiel sobre a vida e ensinamentos de Jesus. No Século IV d.C. foiestabelecido entre os concílios das igrejas um acordo comum e o Novo Testamento foi

constituído.

Os dois manuscritos mais antigos da Bíblia em grego podem ter sido escritos naquelaocasião - o grande Codex Sinaiticus e o Codex Vaticanus. Estes dois inestimáveismanuscritos contêm quase a totalidade da Bíblia em grego. Ao todo temosaproximadamente vinte manuscritos do Novo Testamento escritos nos primeiros cincoséculos.

Quando Teodósio proclamou e impôs o cristianismo como única religião oficial noImpério Romano no final do Século IV, surgiu uma demanda nova e mais ampla por 

 boas cópias de livros do Novo Testamento. É possível que o grande historiador Eusébiode Cesaréia (263 - 340) tenha conseguido demonstrar ao imperador o quanto os livrosdos cristãos já estavam danificados e usados, porque o imperador encomendou 50cópias para as igrejas de Constantinopla. Provavelmente, esta tenha sido a primeira vezque o Antigo e o Novo Testamentos foram apresentados em um único volume, agoradenominado Bíblia. 

 HISTÓRIA DAS TRADUÇÕES 

A Bíblia - o livro mais lido, traduzido e distribuído do mundo -, desde as suas origens,foi considerada sagrada e de grande importância. E, como tal, deveria ser conhecida e

compreendida por toda a humanidade. A necessidade de difundir seus ensinamentosatravés dos tempos e entre os mais variados povos, resultou em inúmeras traduções paraos mais variados idiomas e dialetos. Hoje é possível encontrar a Bíblia, completa ou em

 porções, em mais de 2.000 línguas diferentes.

 A PRIMEIRA TRADUÇÃO

Estima-se que a primeira tradução foi elaborada entre 200 a 300 anos antes de Cristo.Como os judeus que viviam no Egito não compreendiam a língua hebraica, o AntigoTestamento foi traduzido para o grego. Porém, não eram apenas os judeus que viviamno estrangeiro que tinham dificuldade de ler o original em hebraico: com o cativeiro da

Babilônia, os judeus da Palestina também já não falavam mais o hebraico. DenominadaSeptuaginta (ou Tradução dos Setenta), esta primeira tradução foi realizada por 70

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sábios e contém sete livros que não fazem parte da coleção hebraica; pois não estavamincluídos quando o cânon (ou lista oficial) do Antigo Testamento foi estabelecido por exegetas israelitas no final do Século I d.C. A igreja primitiva geralmente incluía taislivros em sua Bíblia. Eles são chamados apócrifos ou deuterocanônicos e encontram-se

 presentes nas Bíblias de algumas igrejas.

Esta tradução do Antigo Testamento foi utilizada em sinagogas de todas as regiões doMediterrâneo e representou um instrumento fundamental nos esforços empreendidos

 pelos primeiros discípulos de Jesus na propagação dos ensinamentos de Deus. OUTRAS TRADUÇÕES 

Outras traduções começaram a ser realizadas por cristãos novos nas línguas copta(Egito), etíope (Etiópia), siríaca (norte da Palestina) e em latim - a mais importante detodas as línguas pela sua ampla utilização no Ocidente.

Por haver tantas versões parciais e insatisfatórias em latim, no ano 382 d.C, o bispo deRoma nomeou o grande exegeta Jerônimo para fazer uma tradução oficial dasEscrituras.

Com o objetivo de realizar uma tradução de qualidade e fiel aos originais, Jerônimo foià Palestina, onde viveu durante 20 anos. Estudou hebraico com rabinos famosos eexaminou todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua tradução tornou-seconhecida como "Vulgata", ou seja, escrita na língua de pessoas comuns ("vulgus").Embora não tenha sido imediatamente aceita, tornou-se o texto oficial do cristianismoocidental. Neste formato, a Bíblia difundiu-se por todas as regiões do Mediterrâneo,alcançando até o Norte da Europa.

 Na Europa, os cristãos entraram em conflito com os invasores godos e hunos, quedestruíram uma grande parte da civilização romana. Em mosteiros, nos quais algunshomens se refugiaram da turbulência causada por guerras constantes, o texto bíblico foi

 preservado por muitos séculos, especialmente a Bíblia em latim na versão de Jerônimo. 

 Não se sabe quando e como a Bíblia chegou até as Ilhas Britânicas. Missionárioslevaram o evangelho para Irlanda, Escócia e Inglaterra, e não há dúvida de que haviacristãos nos exércitos romanos que lá estiveram no segundo e terceiro séculos.Provavelmente a tradução mais antiga na língua do povo desta região é a do Venerável

Bede. Relata-se que, no momento de sua morte, em 735, ele estava ditando umatradução do Evangelho de João; entretanto, nenhuma de suas traduções chegou até nós.Aos poucos as traduções de passagens e de livros inteiros foram surgindo. 

 AS PRIMEIRAS ESCRITURAS IMPRESSAS 

 Na Alemanha, em meados do Século 15, um ourives chamado Johannes Gutembergdesenvolveu a arte de fundir tipos metálicos móveis. O primeiro livro de grande porte

 produzido por sua prensa foi a Bíblia em latim. Cópias impressas decoradas a mão passaram a competir com os mais belos manuscritos. Esta nova arte foi utilizada paraimprimir Bíblias em seis línguas antes de 1500 - alemão, italiano, francês, tcheco,

holandês e catalão; e em outras seis línguas até meados do século 16 - espanhol,dinamarquês, inglês, sueco, húngaro, islandês, polonês e finlandês. Finalmente as

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Escrituras realmente podiam ser lidas na língua destes povos. Mas essas traduções aindaestavam vinculadas ao texto em latim. No início do século 16, manuscritos de textos emgrego e hebraico, preservados nas igrejas orientais, começaram a chegar à Europaocidental. Havia pessoas eruditas que podiam auxiliar os sacerdotes ocidentais a ler eapreciar tais manuscritos.

Uma pessoa de grande destaque durante este novo período de estudo e aprendizado foiErasmo de Roterdã. Ele passou alguns anos atuando como professor na Universidade deCambridge, Inglaterra. Em 1516, sua edição do Novo Testamento em grego foi

 publicada com seu próprio paralelo da tradução em latim. Assim, pela primeira vezestudiosos da Europa ocidental puderam ter acesso ao Novo Testamento na línguaoriginal, embora, infelizmente, os manuscritos fornecidos a Erasmo fossem de origemrelativamente recente e, portanto, não eram completamente confiáveis.

 DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS 

Várias foram as descobertas arqueológicas que proporcionaram o melhor entendimentodas Escrituras Sagradas. Os manuscritos mais antigos que existem de trechos do AntigoTestamento datam de 850 d.C. Existem, porém, partes menores bem mais antigas comoo Papiro Nash do segundo século da era cristã. Mas sem dúvida a maior descobertaocorreu em 1947, quando um pastor beduíno, que buscava uma cabra perdida de seurebanho, encontrou por acaso os Manuscritos do Mar Morto, na região de Jericó.

Durante nove anos vários documentos foram encontrados nas cavernas de Qumrân, noMar Morto, constituindo-se nos mais antigos fragmentos da Bíblia hebraica que se têmnotícias. Escondidos ali pela tribo judaica dos essênios no Século I, nos 800

 pergaminhos, escritos entre 250 a.C. a 100 d.C., aparecem comentários teológicos edescrições da vida religiosa deste povo, revelando aspectos até então consideradosexclusivos do cristianismo. Estes documentos tiveram grande impacto na visão daBíblia, pois fornecem espantosa confirmação da fidelidade dos textos massoréticos aosoriginais. O estudo da cerâmica dos jarros e a datação por carbono 14 estabelecem queos documentos foram produzidos entre 168 a.C. e 233 d.C. Destaca-se, entre estesdocumentos, uma cópia quase completa do livro de Isaías, feita cerca de cem anos antesdo nascimento de Cristo. Especialistas compararam o texto dessa cópia com o texto-

 padrão do Antigo Testamento hebraico (o manuscrito chamado Codex Leningradense,de 1008 d.C.) e descobriram que as diferenças entre ambos eram mínimas.

Outros manuscritos também foram encontrados neste mesmo local, como o do profetaIsaías, fragmentos de um texto do profeta Samuel, textos de profetas menores, parte dolivro de Levítico e um targum (paráfrase) de Jó.

As descobertas arqueológicas, como a dos manuscritos do Mar Morto e outras maisrecentes, continuam a fornecer novos dados aos tradutores da Bíblia. Elas têm ajudado aresolver várias questões a respeito de palavras e termos hebraicos e gregos, cujo sentidonão era absolutamente claro. Antes disso, os tradutores se baseavam em manuscritosmais "novos", ou seja, em cópias produzidas em datas mais distantes da origem dostextos bíblicos.

ORIGEM DO DIA DA BÍBLIA

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O Dia da Bíblia surgiu em 1549, na Grã-Bretanha, quando o Bispo Cranmer, incluiu nolivro de orações do Rei Eduardo VI um dia especial para que a população intercedesseem favor da leitura do Livro Sagrado. A data escolhida foi o segundo domingo doAdvento - celebrado nos quatro domingos que antecedem o Natal. Foi assim que osegundo domingo de dezembro tornou-se o Dia da Bíblia. No Brasil, o Dia da Bíblia

 passou a ser celebrado em 1850, com a chegada, da Europa e dos Estados Unidos, dos primeiros missionários evangélicos que aqui vieram semear a Palavra de Deus.

Durante o período do Império, a liberdade religiosa aos cultos protestantes era muitorestrita, o que impedia que se manifestassem publicamente. Por volta de 1880, estasituação foi se modificando e o movimento evangélico, juntamente com o Dia da Bíblia,se popularizando.

Pouco a pouco, as diversas denominações evangélicas institucionalizaram a tradição doDia da Bíblia, que ganhou ainda mais força com a fundação da Sociedade Bíblica doBrasil, em junho de 1948. Em dezembro deste mesmo ano, houve uma das primeiras

manifestações públicas do Dia da Bíblia, em São Paulo, no Monumento do Ipiranga.

Hoje, o dia dedicado às Escrituras Sagradas é comemorado em cerca de 60 países, sendoque em alguns, a data é celebrada no segundo Domingo de setembro, numa referênciaao trabalho do tradutor Jerônimo, na Vulgata, conhecida tradução da Bíblia para o latim.As comemorações do segundo domingo de dezembro mobilizam, todos os anos,milhões de cristãos em todo o País. 

***(Capítulo 3)

 BÍBLIA: INSPIRADA POR DEUS 

Esta palavra deriva-se de in spiro, "soprar para dentro, insuflar", aplicando-se naEscritura não só a Deus, como Autor da inteligência do homem (Jó 32.8), mas tambémà própria Escritura, como "inspirada por Deus" (2Tm 3.16). Nesta última passagemclaramente se acha designada uma certa ação de Deus, com o fim de transmitir aohomem os Seus pensamentos. Ainda que se fale primeiramente de inspiração no AntigoTestamento, pode o termo retamente aplicar-se ao Novo Testamento, como sendo estelivro considerado também como Escritura. A palavra, significando "sopro de Deus",indica aquela primária e fundamental qualidade que dá à Escritura o seu caráter de

autoridade sobre a vida espiritual, e torna as suas lições proveitosas nos vários aspectosda necessidade humana.

O que é a inspiração, pode melhor inferir-se da própria reivindicação da Escritura. Os profetas do Antigo Testamento afirmam falar segundo a mensagem que Deus lhes deu.O Novo Testamento requer para o Antigo Testamento esta qualidade de autoridadedivina. De harmonia com isto, fala-se em toda parte da Escritura, como sendo a "Palavrade Deus". Tais designações como "as Escrituras" e "os oráculos de Deus" (Rm 3.2).havendo também frases como estas - "esta escrito" - claramente mostram a sua

 proveniência divina. Além disso, são atribuídas as palavras da Escritura a Deus comoseu Autor (Mt 1.22; At 13.34), ou ao Espírito Santo (At 1.16; Hb 3.7); e a respeito dos

escritores se diz que eles falavam pelo Espírito Santo (Mt 2.15). E deste modo as próprias palavras da Escritura são considerada de autoridade divina (Jo 10.34,35; Gl

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34.16), e as suas doutrinas são designadas para a direção espiritual e temporal dahumanidade em todos os tempos (Rm 15.4; 2Tm 3.16). O apóstolo Paulo reclama paraas suas palavras uma autoridade igual à do Antigo Testamento como vindas de Deus; esemelhante coloca a sua mensagem ao nível das mais antigas Escrituras.

A garantia de ter esta doutrina da Sagrada Escrituras autoridade divina está noensinamento a respeito do ES, que foi prometido aos discípulos de Cristo como seuMestre e Guia (Jo 14.26; 16.13).

É melhor usar o termo "revelação" quando se tratar, propriamente, da matéria damensagem, e a palavra "inspiração" quando quisermos falar do método pelo qual foirevelada a mensagem. Por inspiração da Escritura nós compreendemos a comunicaçãoda verdade divina, que de certo modo é única em grau e qualidade. Como os apóstoloseram inspirados para ensinar de viva voz, não podemos pensar que não tivessem sidoinspirados quando tinham de escrever. Por conseqüência, podemos considerar ainspiração como especial dom do Espírito Santo, pelo qual os profetas do Antigo

Testamento, e os apóstolos e seus companheiros no Novo Testamento, transmitiram arevelação de Deus, como eles a receberam.

É claro o fato de uma única inspiração das Escrituras. Mas até onde se estende estainspiração? Revelação é a manifestação dos pensamentos de Deus para a direção davida do homem. Se a vontade divina tem de ser conhecida, e transmitida às gerações,deve ser corporificada em palavras; e para se estar certo dos pensamentos, é preciso queestejamos certos das palavras. A inspiração deve, portanto, estender-se à linguagem.

Em 2Pe 1.21, os homens , e em 2Tm 3.16, a  Escritura, diz-se serem inspirados; naverdade, não poderíamos ficar satisfeitos, considerando inspirados os homens, e não osseus escritos, porque a inspiração pessoal deve, necessariamente, exprimir-se pelaescrita, se é certo que tem de perpetuar-se. A vida estender-se por toda parte do corpo, enão podemos realmente fazer distinção entre o espírito e a forma, entre a substância e omolde.

Todavia, a expressão "inspiração verbal" precisa ser cuidadosamente determinadacontra qualquer noção errônea. A possibilidade de haver má compreensão faz quemuitos cristãos prefiram a frase "inspiração plenária". A inspiração verbal não significaum ditado mecânico, como se os escritores fossem instrumentos meramente passivos:ditar não é inspirar. A inspiração verbal estabelece até que ponto vai a inspiração,

estendendo-se tanto à forma como à substância. Diz-nos o "que é", e não "como é", nãonos sendo explicado o método da operação do Espírito Santo, mas somente nos é dadoconhecer o resultado. Deus fez uso das características natural de cada escritor, e por umato especial do Espírito Santo, habilitou-os a comunicar ao homem, por meio da escrita,a Sua divina vontade. Observa-se esta associação do divino e do humano nas passagenscomo estas: Mt 1.22; 2.15; At 1.16; 3.18; 4.25. A operação do Espírito Santo junta-secom a atividade mental do escritor, operando por meio dele e guiando-o. Ainda que nãosaibamos explicar o modo de tal operação, conhecemos os seus resultados. Certamenteesta maneira de ver a respeito da inspiração refere-se somente aos escritos, como elessaíram das mãos dos escritores originais.

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Os manuscritos originais não foram preservados e por isso precisamos do auxílio de umminucioso criticismo textual de tal maneira que possamos aproximar-nos tanto quanto

 possível do tempo e das circunstância dos autógrafos.

Esta maneira de compreender a inspiração pode ser justificada pelas seguintes

considerações:

a) O uso atual da Bíblia, na vida e obra da Igreja cristã, sendo acentuada a suaautoridade no ensinamento verbal.

 b) Uma ponderada e sábia exegese em todos os tempos mas especialmente em nossosdias.c) O recurso à Bíblia em todos os assuntos de controvérsia.d) A crença sobre este ponto nos tempos apostólicos e sub-apostólicos.e) O uso do Antigo Testamento pelos escritores do Novo Testamento, notando-se 284citações, e frases como "está escrito".f) Jesus Cristo acha apoio no Novo Testamento para suas considerações, como em Jo

10.30-36.g) Os profetas e os apóstolos consideravam-se homens inspirados (2Sm 23.2; Jr 36.4-8;1Co 2.13; 14.37).

É impossível limitar a inspiração à doutrina, e considerar a história como sujeita acircunstâncias comuns, pois que doutrina e história estão unidas de tal modo que não

 podem separar-se. A própria revelação de Cristo é a de uma pessoa histórica, sendoinseparável os fatos e as doutrinas que lhe dizem respeito. E diz o Novo Testamento quea história do Antigo Testamento é inspirada e escrita pra nossa instrução (Rm 4.23,24;15.4; 1Co 10.6,11).

Sendo a Bíblia uma autoridade para nós, assim a devemos considerar, seja qual tenhasido o método da inspiração: porquanto o valor da autoridade realmente independentede todas as particularidades sobre o modo como foi inspirada. É auxiliado o estudo dainspiração pela analogia entre o Verbo encarnado e a Palavra escrita: ambos são divinos,e também são humanos, embora, em cada caso, é impossível dizer onde termina odivino e começa o humano. Ambos os elementos ali estão, reais e inseparáveis, demaneira que, quer se trate de Cristo ou da Bíblia, podemos dizer que tudo é

 perfeitamente humano e tudo é absolutamente divino. 

***

(Capítulo 4)

COMO A BÍBLIA CHEGOU ATÉ NOS.

A questão de quais livros pertencem à Bíblia é chamada questão canônica. A palavracânon significa régua, vara de medir, regra, e, em relação à Bíblia, refere-se à coleçãode livros que passaram pelo teste de autenticidade e autoridade; significa ainda queesses livros são nossa regra de vida. Como foi formada esta coleção?

Os Testes de Canonicidade

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Em primeiro lugar é importante lembrarmos que certos livros já eram canônicos antesde qualquer teste lhes ser aplicado. Isto é como dizer que alguns alunos são inteligentesantes mesmo de se lhes ministrar uma prova. Os testes apenas provam aquilo queintrinsecamente já existe. Do mesmo modo, nem a Igreja nem os concílios eclesiásticos

 jamais concederam canonicidade ou autoridade a qualquer livro; o livro era autêntico ounão no momento em que foi escrito. A Igreja ou seus concílios reconheceram certoslivros como Palavra de Deus e, com o passar do tempo, aqueles assim reconhecidosforam colecionados para formar o que hoje chamamos de Bíblia.

Que testes a Igreja aplicou?

1) Havia o teste da autoridade do escritor. Em relação ao A.T., isto significava aautoridade do legislador, ou do profeta, ou do líder em Israel. No caso do N.T., o livrodeveria ter sido escrito ou influenciado por uma apóstolo para ser reconhecido. Emoutras palavras, deveria ter a assinatura ou aprovação de uma apóstolo. Pedro, por 

exemplo, apoiou a Marcos, e Paulo a Lucas.

2) Os próprios livros deveriam dar alguma prova intrínseca de seu caráter peculiar,inspirado e autorizado por Deus. Seu conteúdo deveria de demonstrar ao leitor comoalgo diferente de qualquer outro livro por comunicar a revelação de Deus.

3) O veredicto das igrejas quanto à natureza canônica dos livros era importante. Naverdade, houve uma surpreendente unanimidade entre as primeiras igrejas quanto aoslivros que mereciam lugar entre os inspirados. Embora seja fato que alguns livro

 bíblicos tenha sido recusados ou questionados por alguma minoria, nenhum livro cujaautenticidade foi questionada por uma número grande de igrejas veio a ser aceito

 posteriormente como parte do cânon.

A Formação do Cânon

O cânon da Escritura estava-se formando, é claro, à medida que cada livro era escrito, ecompletou-se quando o último livro foi terminado. Quando falamos da “formação” docânon estamos realmente falando do reconhecimento dos livros canônicos pela Igreja.Esse processo levou algum tempo. Alguns afirmam que todos os livros do A.T. jáhaviam sido colecionados e reconhecidos por Esdras, no quinto século AC. Referênciasnos escritos de Flávio Josefo (95 DC) e em 2 Esdras 14 (100 DC) indicam a extensão do

cânon do A.T. como os 39 livros que hoje aceitamos. A discussão do chamado Sínodode Jamnia (70-100 DC) parece ter partido deste cânon. Nosso Senhor delimitou aextensão dos livros canônicos do A.T. quando acusou os escribas de serem culpados damorte de todos os profetas que Deus enviara a Israel, de Abel a Zacarias (Lc 11.51). Orelato da morte de Abel está, é claro, em Gênesis; o de Zacarias se acha em 2 Crônicas24.20,21, que é o último livro na disposição da Bíblia hebraica (em lugar de nossoMalaquias). Para nós, é como se Jesus tivesse dito: “Sua culpa está registrada em toda aBíblia - de Gênesis a Malaquias”. Ele não incluiu qualquer dos livros apócrifos que jáexistiam em Seu tempo e que continham relatos das mortes de outros mártires israelitas.O primeiro concílio eclesiástico a reconhecer todos os 27 livros do N.T. foi o concíliode Cartago, em 397 DC. Alguns livros do N.T., individualmente, já haviam sido

reconhecidos como canônicos muito antes disso (2Pe 3.16; 1Tm 5.18) e a maioria delesfoi aceita como canônica no século posterior ao dos apóstolos (Hebreus, Tiago, 2 Pedro,

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2 e 3 João e Judas foram debatidos por algum tempo). A seleção do cânon foi um processo que continuou até que cada livro provasse o seu valor, passando pelos testes decanonicidade.

Os doze livros apócrifos do A.T. jamais foram aceitos pelos judeus ou por nosso Senhor 

no mesmo nível de autoridade dos livros canônicos. Eles eram respeitados, mas nãoforam considerados como Escritura. A Septuaginta (versão grega do A.T. produzidaentre o terceiro e o segundo século AC) incluiu os apócrifos com o A.T. canônico.Jerônimo (c. 340 - 420 DC), ao traduzir a Vulgata, distinguiu entre os livros canônicos eos eclesiásticos (que eram os apócrifos), e essa distinção acabou por conceder-lhe umacondição de canonicidade secundária. O Concílio de Trento (1548) reconheceu-os comocanônicos, embora os reformadores tenham rejeitado tal decreto. Em algumas versões

 protestantes dos séculos XVI e XVII, os apócrifos foram colocados à parte.

O Texto de Que Dispomos É Confiável?

Os manuscritos originais do A.T. e suas primeiras cópias foram escritos em pergaminhos ou papiro, desde o tempo de Moisés (c. 1450 AC) até o tempo deMalaquias (400 AC). Até a sensacional descoberta dos Rolos do Mar Morto em 1947,não possuíamos cópias do A.T. anteriores a 895 DC. A razão de isto acontecer era aveneração quase supersticiosa que os judeus tinha pelo texto e que os levava a enterrar as cópias, à medida que ficavam gastas demais para uso regular. Na verdade, osmassoretas (tradicionalistas), que acrescentaram os acentos e transcreveram avocalização entre 600 e 950 DC, padronizando em geral o texto do A.T., engendrarammaneiras sutis de preservar a exatidão das cópias que faziam. Verificavam cada cópiacuidadosamente, contanto a letra média de cada página, livro e divisão. Alguém já disseque qualquer coisa numerável era numerada.

Quando os Rolos do Mar Morto ou Manuscrito do Mar Morto foram descobertos,trouxeram a lume um texto hebraico datada do segundo século AC de todos os livros doA.T. à exceção de Ester. Essa descoberta foi extremamente importante, pois forneceuum instrumento muito mais antigo para verificarmos a exatidão do Texto Massorético,que se provou extremamente exato.

Outros instrumentos antigos de verificação do texto hebraico incluem a Septuaginta(tradução grega preparada em meados do terceiro século AC), os targuns aramaicos(paráfrases e citações do A.T.), citações em autores cristãos da antiguidade, a tradução

latina de Jerônimo (a Vulgata, c. 400 DC), feita diretamente do texto hebraico correnteem sua época. Todas essas fontes nos oferecem dados que asseguram um textoextremamente exato do A.T.

Mais de 5.000 manuscritos do N.T. existem ainda hoje, o que o torna mais bemdocumentado dos escritos antigos. O contraste é surpreendente. Além de existiremmuitas cópias do N.T., muitas delas pertencem a uma data bem próxima à dos originais.Há aproximadamente setenta e cinco fragmentos de papiro datados de 135 DC até ooitavo século, possuindo partes de 25 dos 27 livros, num total de 40% do texto. Asmuitas centenas de cópias feitas em pergaminho incluem o grande Códice Sinaítico(quarto século), o Códice Vaticano (também quarto século) e o Códice Alexandrino

(quinto século). Além disso, há cerca de 2.000 lecionários (livretos de uso litúrgico quecontêm porções das Escrituras), mais de 86.000 citações do N.T. nos escritos dos Pais

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da Igreja, antigas traduções latinas, siríaca e egípcia, datadas do terceiro século, e aversão latina de Jerônimo. Todos esses dados, mais o trabalho feito pelos estudiosos da

 paleografia, arqueologia e crítica textual, nos asseguram possuirmos um texto exato efidedigno no N. Testamento.

Abreviações:

A.T. = Antigo Testamento / N.T. - Novo Testamento 

***(Capítulo 5)

As Divisões da Bíblia

A palavra "Bíblia" vem do grego bíblia, plural de bíblion, "livros".Desta forma podemos entender que a Bíblia realmente é uma coleção de muitos livros.

Esses livros estão divididos em duas seções: O Antigo e o Novo Testamento. Divisão da Bíblia

ANTIGO TESTAMENTO O Antigo Testamento conta a história do povo de Israel. Essa história retrata a fé do

 povo no Deus de Israel e descreve a vida religiosa dos israelitas como povo de Deus. Osautores destes livros escreveram o que Deus fez por eles como povo e como elesdeveriam adorá-lo e obedecer-lhe em resposta a seu amor. O quadro seguinte ensinagraficamente como estão agrupados os livros que formam o Antigo Testamento. 

A Lei: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Históricos, Josué, Juízes,Rute, 1Samuel, 2Samuel, 1Reis, 2Reis, 1Crônicas, 2Crônicas, Esdras, Neemias, Ester. Poéticos E de Sabedoria: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares.Profetas Maiores: Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel.

Profetas Menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque,Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

NOVO TESTAMENTO 

Os livros do Novo Testamento foram escritos pelos discípulos de Jesus Cristo. Elesqueriam que outros ouvissem a respeito da nova vida que é possível através da morte eressurreição de Jesus. O quadro que segue mostra os diferentes grupos de livros que compõem o NovoTestamento. Embora os eruditos divirjam em suas opiniões, tradicionalmente se diz queo apóstolo Paulo escreveu as cartas a ele atribuídas. 

Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas, João.

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 Cartas Paulinas: Romanos, 1Coríntios, 2Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses,Colossenses, 1Tessalonicenses, 2Tessalonicenses, 1Timóteo, 2Timóteo, Tito, Filemom.

Cartas Gerais: Hebreus, Tiago, 1Pedro, 2Pedro, 1João, 2João, 3João, Judas.

Histórico: Atos dos Apóstolos.

Profético: Apocalipse. Abaixo você vai encontrar resumos de cada livro da Bíblia. É evidente que, por sua

 brevidade, não são descrições completas. No entanto, podem ser úteis como umareferência adequada ao conteúdo da Bíblia.

ANTIGO TESTAMENTO (Resumo)

GÊNESIS: Este livro, que mostra como era "no princípio", faz uma narrativa dacriação, da relação de Deus com o homem e da promessa de Deus a Abraão e seusdescendentes. ÊXODO: O nome Êxodo significa "saída". Este livro conta como Deus livrou osisraelitas de uma vida de penúrias e escravidão no Egito. Deus fez um pacto com eles elhes deu leis para ordenar e governar sua vida. LEVíTICO: O nome do livro se deriva do nome de uma das doze tribos de Israel. Olivro registra todas as leis e regulamentos a respeito de rituais e cerimônias. NÚMEROS: Os israelitas vagaram pelo deserto durante quarenta anos, antes de entrar em Canaã, "a terra prometida". O nome do livro se deriva dos censos promovidosdurante esse tempo no deserto. DEUTERONÔMIO: Moisés pronunciou três discursos de despedida pouco antes demorrer. Neles recapitulou, com o povo, todas as leis de Deus para os israelitas. O nomedo livro expressa essa "recapitulação" ou "segunda lei".

JOSUÉ: Josué foi o líder dos exércitos israelitas em suas vitórias sobre seus inimigos,os cananeus. O livro termina descrevendo a divisão da terra entre as doze tribos de

Israel.

JUÍZES: Os israelitas constantemente desobedeciam a Deus e caíam nas mãos de países opressores. Deus constituiu juízes para livrá-los da opressão. RUTE: O amor e a dedicação de Rute à sua sogra, Noemi, são o tema deste livro. 1SAMUEL: Samuel foi o líder de Israel no período compreendido entre os Juízes eSaul, o primeiro rei. Quando a liderança de Saul falhou, Samuel ungiu a Davi como rei. 2SAMUEL: Sob o reinado de Davi, a nação se unificou e se fortaleceu. No entanto,

depois dos pecados de Davi, adultério e assassinato, tanto a nação como a família do reisofreram muito.

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 1REIS: Este livro inicia com o reinado de Salomão em Israel. Depois de sua morte, oreino se dividiu em conseqüência da guerra civil entre o Norte e o Sul, resultando nosurgimento de duas nações: Israel no Norte e Judá no Sul.

2REIS: Israel foi conquistada pela Assíria em 721 a.C. Judá, pela Babilônia, em 586a.C. Estes acontecimentos foram considerados como um castigo ao povo peladesobediência às leis de Deus. 1CRÔNICAS: Este livro inicia com as genealogias de Adão até Davi e, em seguida,conta os acontecimentos do reinado de Davi. 2CRÔNICAS: Este livro abrange o mesmo período que 2Reis, mas com ênfase emJudá, o reino do Sul, e seus governantes. ESDRAS: Depois de estar cativo na Babilônia por algumas décadas, o povo de Deus

retornou a Jerusalém. Um de seus líderes era Esdras. Este livro contém a admoestaçãoque Esdras fez ao povo para que este seguisse e honrasse a lei de Deus. NEEMIAS: Depois do templo, também foi reconstruída a muralha de Jerusalém.

 Neemias foi quem dirigiu esse empreendimento. Ele também colaborou com Esdras para restaurar o fervor religioso do povo. ESTER: Este livro relata a história de uma rainha judia da Pérsia, que denunciou umcomplô que visava destruir seus compatriotas. Com isso ela evitou que todos fossemaniquilados. JÓ: A pergunta "Por que sofrem os inocentes?" é tratada nesta história bíblica.

SALMOS: Estas 150 orações foram usadas pelos hebreus para expressar sua relaçãocom Deus. Abrangem todo o campo das emoções humanas, desde a alegria até o ódio,da esperança ao desespero. PROVÉRBIOS: Este é um livro de máximas de sabedoria, de ensinamentos éticos e desenso comum acerca de como viver uma vida reta. ECLESIASTES: Na sua busca por felicidade e pelo sentido da vida, este escritor,

conhecido como "filósofo" ou "pregador", faz perguntas que continuam presentes nasociedade contemporânea. CANTARES DE SALOMÃO: Este poema descreve o gozo e o êxtase do amor.Simbolicamente tem sido aplicado ao amor de Deus por Israel e ao amor de Cristo pelaIgreja. ISAíAS: O profeta Isaías trouxe a mensagem do juízo de Deus às nações, anunciou umrei futuro, à semelhança de Davi, e prometeu uma era de paz e tranqüilidade. JEREMIAS: Muito antes da destruição de Judá pela Babilônia, Jeremias predisse o

  justo juízo de Deus. Embora sua mensagem seja majoritariamente de destruição,Jeremias também falou do novo pacto com Deus.

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 LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS: Tal qual Jeremias havia predito, Jerusalém caiucativa da Babilônia. Este livro registra cinco "lamentos" pela cidade caída.

EZEQUIEL: A mensagem de Ezequiel foi dada aos judeus cativos na Babilônia.

Ezequiel usou histórias e parábolas para falar do juízo, da esperança e da restauração deIsrael. DANIEL: Daniel se manteve fiel a Deus, mesmo enfrentando muitas pressões quandocativo na Babilônia. Este livro inclui as visões proféticas de Daniel.

OSÉIAIS: Oséias se vale de sua experiência conjugal, em que ele era dedicado à suaesposa, mesmo sabendo que ela lhe era infiel, para ilustrar o adultério que Israel tinhacometido contra Deus e para mostrar como o fiel amor de Deus pelo seu povo nuncamuda. 

JOEL: Depois de uma praga de gafanhotos, Joel admoesta o povo para que searrependa. AMÓS: Durante um tempo de prosperidade, este profeta de Judá pregou aos ricoslíderes de Israel sobre o juízo de Deus; insistia em que pensassem nos pobres eoprimidos, antes de pensarem em sua própria satisfação. OBADIAS: Obadias profetizou o juízo sobre Edom, um país vizinho de Israel.

JONAS: Jonas não queria pregar para a gente de Nínive, que era inimiga de seu próprio país. Quando, finalmente, levou a mensagem enviada por Deus, seus habitantes searrependeram. MIQUÉIAS: A mensagem de Miquéias para Judá era de juízo, em vez de perdão,esperança e restauração. Especialmente notável é um versículo em que resume o queDeus requer de nós (6.8). NAUM: Naum anunciou que Deus destruiria o povo de Nínive por sua crueldade naguerra. HABACUQUE: Este livro apresenta um diálogo entre Deus e Habacuque sobre a

 justiça e o sofrimento. SOFONIAS: Este profeta anunciou o Dia do Senhor, que traria juízo a Judá e às naçõesvizinhas. Esse dia, que haveria de vir, seria de destruição para muitos, mas um pequenoremanescente, sempre fiel a Deus, sobreviveria para abençoar o mundo inteiro. AGEU: Depois que o povo voltou do exílio, Ageu o admoestou para que dessem

 prioridade a Deus e reconstruíssem em primeiro lugar o templo, mesmo antes dereconstruírem suas casas. ZACARIAS: Como Ageu, Zacarias instou o povo a reconstruir o templo, assegurando-

lhes a ajuda e bênçãos de Deus. Suas visões apontavam para um futuro brilhante.

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 MALAQUIAS: Após o retorno do exílio, o povo voltou a descuidar de sua vidareligiosa. Malaquias passou a inspirá-los novamente, falando-lhes do "Dia do Senhor".

NOVO TESTAMENTO

MATEUS: Este Evangelho cita muitos textos do Velho Testamento. Ele se destinava  primordialmente ao público judeu, para o qual apresentava Jesus como o Messias  prometido nas Escrituras do Velho Testamento. Mateus narra a história de Jesusdesdeseu nascimento até sua ressurreição e põe ênfase especial nos ensinamentos doMestre. MARCOS: Marcos escreveu um Evangelho curto, conciso e cheio de ação. Seuobjetivo era aprofundar a fé e a dedicação da comunidade para a qual ele escrevia. LUCAS:  Neste Evangelho é enfatizado como a salvação em Jesus está ao alcance de

todos. O evangelista mostra como Jesus estava em contato com as pessoas pobres, comos necessitados e com os que são desprezados pela sociedade. JOÃO: O Evangelho de João, pela sua forma, se coloca à parte dos outros três. Joãoorganiza sua mensagem enfocando sete sinais que apontam para Jesus como Filho deDeus. Seu estilo literário é reflexivo e cheio de imagens e figuras. ATOS DOS APÓSTOLOS: Quando Jesus deixou os seus discípulos, o Espírito Santoveio habitar com eles. Este livro foi escrito por Lucas para ser um complemento ao seuEvangelho. Ele relata eventos da história e da ação da igreja cristã primitiva, mostrandocomo a fé se propagou no mundo mediterrâneo de então. ROMANOS: Nesta importante carta, Paulo escreve aos romanos sobre a vida noEspírito, que é dada pela fé aos que crêem em Cristo. O apóstolo reafirma a grande

 bondade de Deus e declara que, através de Jesus Cristo, Deus nos aceita e nos liberta denossos pecados. 1CORíNTIOS: Esta carta trata especificamente dos problemas que a igreja de Corintoestava enfrentando: dissensão, imoralidade, problemas quanto à forma da adoração

 pública e confusão sobre os dons do Espírito. 

2CORíNTIOS: Nesta carta o apóstolo Paulo escreve sobre seu relacionamento com aigreja de Corinto e as dificuldades que alguns falsos profetas haviam trazido ao seuministério. GÁLATAS: Esta carta expõe a liberdade da pessoa que crê em Cristo com respeito àlei. Paulo declara que é somente pela fé que as pessoas são reconciliadas com Deus. EFÉSIOS: O tema central desta carta é o propósito eterno de Deus: Jesus Cristo é acabeça da Igreja, que é formada a partir de muitas nações e raças.

FILIPENSES: A ênfase desta carta está no gozo que o crente em Cristo encontra em

todas as circunstâncias da vida. O apóstolo Paulo a escreveu quando estava encarcerado.

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 COLOSSENSES:   Nesta carta o apóstolo Paulo diz aos cristãos de Colossos queabandonem suas superstições e que Cristo seja o centro de sua vida.

1TESSALONICENSES: O apóstolo Paulo dá orientações aos cristãos de Tessalônica a

respeito da volta de Jesus ao mundo. 2TESSALONICENSES: Como em sua primeira carta, o apóstolo Paulo fala do retornode Jesus ao mundo. Também trata de preparar os cristãos para a vinda do Senhor. 1TIMÓTEO: Esta carta serve de orientação a Timóteo, um jovem líder da igreja

 primitiva. O apóstolo Paulo lhe dá conselhos sobre a adoração, o ministério e osrelacionamentos dentro da igreja. 2TIMÓTEO: Esta é a última carta escrita pelo apóstolo Paulo. Nela lança um últimodesafio a seus companheiros de trabalho.

 TITO: Tito era ministro em Creta. Nesta carta o apóstolo Paulo o orienta sobre comoajudar os novos cristãos. FILEMOM: Filemom é instado a perdoar seu escravo, Onésimo, que havia fugido.Filemom deveria aceitá-lo de volta como a um amigo em Cristo.

HEBREUS: Esta carta exorta os novos cristãos a não observarem mais rituais ecerimônias tradicionais, pois, em Cristo, eles já foram cumpridos. TIAGO: Tiago aconselha os cristãos a viverem na prática sua fé e, além disso, ofereceidéias sobre como isso pode ser feito. 1PEDRO: Esta carta foi escrita para confortar os cristãos da igreja primitiva queestavam sendo perseguidos por causa de sua fé. 2PEDRO: Nesta carta o apóstolo Pedro adverte os cristãos sobre os falsos mestres e osestimula a continuarem leais a Deus. 1JOÃO: Esta carta explica verdades básicas sobre a vida cristã com ênfase nomandamento de amarem uns aos outros.

 2JOÃO: Esta carta, dirigida à "senhora eleita e aos seus filhos", adverte os cristãosquanto aos falsos profetas. 3JOÃO: Em contraste com sua Segunda Carta, esta fala da necessidade de receber osque pregam a Cristo. JUDAS: Judas adverte seus leitores sobre a má influência de pessoas alheias àirmandade dos cristãos. APOCALIPSE: Este livro foi escrito para encorajar os cristãos que estavam sendo

 perseguidos e para firmá-los na confiança de que Deus cuidará deles. Usando símbolos

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e visões, o escritor ilustra o triunfo do bem sobre o mal e a criação de uma nova terra eum novo céu. 

***(Capitulo 6)

BÍBLIA - Traduções em Português

Os mais antigos registros de tradução de trechos da Bíblia para o português datam dofinal do século XV. Porém, centenas de anos se passaram até que a primeira versãocompleta estivesse disponível em três volumes, em 1753. Trata-se da tradução de JoãoFerreira de Almeida. A primeira impressão da Bíblia completa em português, em umúnico volume, aconteceu em Londres, em 1819, também na versão de Almeida. Veja aseguir a cronologia das principais traduções da Bíblia completa publicadas na língua

 portuguesa.

Traduções da Bíblia em Português

 

· 1753-

Publicação da tradução de João Ferreira de Almeida, em três volumes.

· 1790-

Versão de Figueiredo - elaborada a partir da Vulgata pelo Padre católicoAntônio Pereira de Figueiredo, publicada em sete volumes, depois de 18 anosde trabalho.

· 1819-

Primeira impressão da Bíblia completa em português, em um único volume.Tradução de João Ferreira de Almeida.

· 1898-

Revisão da versão de João Ferreira de Almeida, que recebeu o nome deRevista e Corrigida. A tradução de Almeida foi trazida para o Brasil pelaSociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, em data anterior à fundação daSBB. Naquela época, a tradução de Almeida foi entregue a uma comissão detradutores brasileiros, que foram incumbidos de tirar os lusitanismos do texto,dando a ele uma feição mais brasileira.

· 1917-

Versão Brasileira. Elaborada a partir dos originais, foi produzida durante 15anos por uma comissão de especialistas e sob a consultoria de alguns ilustres

 brasileiros. Entre eles: Rui Barbosa, José Veríssimo e Heráclito Graça.

· 1932- Versão de Matos Soares, elaborada em Portugal.

· 1956-

Versão Revista e Atualizada, elaborada pela Sociedade Bíblica do Brasil.Quando em 1948, a SBB foi fundada, uma nova revisão de Almeida,independente da Revista e Corrigida, foi encomendada a outra equipe detradutores brasileiros. O resultado desse novo trabalho, publicado em 1956, é oque hoje conhecemos como a versão Revista e Atualizada.

· 1959-

Versão dos Monges Beneditinos. Elaborada a partir dos originais para ofrancês, na Bélgica, e traduzida do francês para o português.

· 1968 Versão dos Padres Capuchinhos. Elaborada no Brasil, a partir dos originais,

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- para o português.

· 1988-

Bíblia na Linguagem de Hoje. Elaborada no Brasil, pela Comissão deTradução da SBB, a partir dos originais.

· 1993- 2a Edição da versão Revista e Atualizada, de Almeida, elaborada pela SBB.

· 1995-

2a Edição da versão Revista e Corrigida, de Almeida, elaborada pela SBB.

· 2000-

 Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Elaborada pela Comissão de Traduçãoda SBB

 ***

(Capítulo 7)

História da Bíblia - (do antigo ao conteporâneo, sem perder aessência.)

A Bíblia, um livro que tem continuado vivo através dos séculos e indispensável aosServos do Rei, é o tema deste comentário.

O termo Bíblia tem origem no grego "Biblos" e somente foi usado a partir do ano 200dC pelos cristãos é um livro singular, inspirado por Deus, diversos Escribas, Sacerdotes,Reis, Profetas e Poetas (2Tm 3.16; 2Pe 1.20,21) a escreveram, num período aproximadode 1.500 anos, foram mais de 40 pessoas e notadamente vê-se a mão de Deus na suaunidade. Estes textos foram copiados e recopiados de geração para geração em diversosidiomas, tais como: Hebraico, Aramaico e grego; até chegar a nós.

Verificou-se através do Método Textual, que 99% dos textos mantêm-se fiel aosoriginais, é certamente uma obra divina, levando em consideração os milhares de anosentre a escrita e nossos dias. As partes mais antigas das Escrituras encontradas são um

 pergaminho de Isaías em hebraico do segundo século aC, descoberto em 1947 nascavernas do Mar Morto e um pequeno papiro contendo parte do Livro de João 18.31-33,37,38 datados do segundo século dC.

Divisão em Capítulos:A Bíblia em sua forma original é desprovida das divisões de capítulos e versículos. Parafacilitar sua leitura e localização de "citações" o Prof. Stephen Langton, no ano de 1227dC a dividiu em capítulos. Divisão em Versículos:

Até o ano de 1551 dC não existia a divisão denominada versículo. Neste ano o Sr.Robert Stephanus chegou a conclusão da necessidade de uma subdivisão e agrupou ostexto em versículos.

Até a invenção da gráfica por Gutenberg, a Bíblia era um livro extremamente raro e

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caro, pois eram todos feitos artesanalmente (manuscritos) e poucos tinham acesso àsEscrituras.O povo de língua portuguesa só começaram a ter acesso à Bíblia de uma forma maiseconômica a partir do ano de 1748 dC, quando foi impressa a primeira Bíblia em

 português, uma tradução feita a partir da "Vulgata Latina".

É composta de 66 livros, 1.189 capítulos, 31.173 versículos, mais de 773.000 palavras eaproximadamente 3.600.000 letras. Gasta-se em média 50 horas (38 VT e 12 NT) paralê-la ininterruptamente ou pode-se lê-la em um ano seguindo estas orientações: 3,5capítulos diariamente ou 23 por semana ou ainda, 100 por mês em média.

Encontra-se traduzida em mais de 1000 línguas e dialetos, o equivalente a 50% daslínguas faladas no mundo. Há uma estimativa que já foi comercializado no planetamilhões de exemplares entre a versão integral e o NT. Mais de 500 milhões de livrosisolados já foram comercializados. Afirmam ainda que a cada minuto 50 Bíblias sãovendidas, perfazendo um total diário de aproximadamente 72 mil exemplares!

Encontra-se nas livrarias com facilidade as seguintes versões em português:

Revista Corrigida;Revista Atualizada; Contemporânea;Nova Tradução na Linguagem de Hoje;Viva;Jerusalém;NVI - Nova Versão Internacional;

O segundo domingo de Dezembro, comemora-se o Dia Nacional da Bíblia, aprovado pelo Congresso.

Nestes séculos a Palavra de Deus foi escrita em diversos materiais, vejamos osprincipais:

PedraInscrições encontradas no Egito e Babilônia datados de 850 a.C.Argila e CerâmicaMilhares de tabletes encontrados na Ásia e Babilônia.Madeira

Usada por muitos séculos pelos gregos.CouroO AT possivelmente foi escrito em couro. Os rolos tinham entre 26 a 70 cm de altura.PapiroO NT provavelmente foi escrito sobre este material, feito de fibras vegetais prensadas.Velino ou PergaminhoVelino era preparado originalmente com a pele de bezerro ou antílope, enquanto o

 pergaminho era de pele de ovelhas e cabras. Quase todos os manuscritos conhecidos sãoem velino, largamente usado a centenas de anos antes de Cristo.PapelForma amplamente utilizada hoje.

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CDÁudioCD – RoomPara computadores, é a forma mais recente.On – line

Via internet.

Inegavelmente o Senhor Deus queria que sua Palavra se perpetuasse pelos séculos e providenciou meio para isto acontecesse. É um fato que evidencia a sua credibilidadecomo Livro inspirado pelo Espírito Santo.

Mas conhecer dados históricos não o aproxima do Senhor e tão pouco abre seus ouvidos para a voz do Espírito que revela a Palavra. Isto apenas enriquece-nos intelectualmentee é dispensável. O que realmente precisamos é estarmos aptos para ouvir o Espírito queflui através das páginas do Livro Sagrado e isto só acontece quando nos colocamos emsantidade e abertos para o santo mover. Experimente !

 ****

(Capitulo 8)

ESTUDANDO OS LIVROS:

8.1 O Pentateuco

Nome e divisões do Pentateuco

Pentateuco é o nome pelo qual, tradicionalmente, se conhece o grupo dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento. Trata-se de uma palavra de origem grega que  pode ser traduzida por "cinco estojos", fazendo referência aos estojos (caixas ouvasilhas) onde, na Antigüidade, se guardavam e protegiam da deterioração os rolos de

 papiro ou de pergaminho utilizados como material de escrita. Os judeus designam, por sua vez, esses livros com o título genérico de torah, termo hebraico que, apesar de ter sido traduzido de forma habitual por "lei", na realidade, tem um significado mais amplo.Torah, de fato, inclui o conceito de "lei" e, até com maior propriedade, os de "guiar","dirigir", "instruir" ou "ensinar" (cf. Dt 31.9).

O Pentateuco, ainda que se apresente dividido nos referidos cinco primeiros livros daBíblia, constitui, na realidade, uma unidade essencial. A divisão corresponde a umaépoca já remota: encontra-se na tradução grega do Antigo Testamento, a chamadaSeptuaginta ou Versão dos Setenta, que data do séc. III a.C. (Ver a Introdução aoAntigo Testamento). A causa da separação dos livros foi a dificuldade de dispor o textocompleto de todos eles em um único rolo, o que seria impraticável por causa do volumeexcessivo.

Os nomes de origem grega adotados pela Igreja cristã greco-latina como títulos dessescinco livros são os mesmos com que foram designados na Septuaginta. Correspondemrespectivamente ao conteúdo de cada um dos textos e consideram cada caso ao destacar 

um determinado fato ou assunto assim, Gênesis significa "origem" Êxodo, "saída"Levítico, "relativo aos levitas" Números, "conta" ou "censo" Deuteronômio, "segunda

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Lei". Quanto à tradição hebraica, limita-se, em geral, à norma de intitular os livros comalguma das suas palavras iniciais: ao primeiro chama de Bereshit (no princípio) aosegundo, Shemoth (nomes) ao terceiro, Wayiqrá (e ele chamou) ao quarto, Bemidbar (no deserto) e, ao quinto, Debarim (palavras). O Pentateuco e a história

Característica essencial do Pentateuco (ou Torah) é a alternância de seções narrativascom outras dedicadas a instruir o povo de Israel e a regulamentar a sua conduta, tanto naordem ética pessoal e social como, muito especialmente, na religiosa.

Em uma primeira parte, que abarca todo o Gênesis e até o cap. 19 de Êxodo, predominao gênero narrativo. Nessa seção, os relatos se enlaçam uns aos outros, somenteinterrompidos aqui e ali por algumas passagens de caráter normativo (p. ex., Gn 9.617.9-14 Êx 12.1-20). De Êx 20 em diante prevalecem os textos destinados a estabelecer as normas e disposições nas quais Deus revela o que quer e espera do seu povo. Dessamaneira, desde o impressionante pano de fundo de uma epopéia que vai da criação do

mundo à morte de Moisés (Dt 34.12), o Pentateuco mostra-se como o depósito davontade de Deus manifestada na forma de ensinamentos, mandamentos e leis, cujoobjetivo primordial é configurar um povo santo, que seja portador fiel perante o resto dahumanidade da oferta divina de salvação universal.

Formação do Pentateuco

Uma obra complexa, extensa e de grande valor religioso e cultural como o Pentateucomanifesta uma série de particularidades estilísticas, literárias e temáticas que se develevar em consideração ao se estudar o processo da sua formação.

Em primeiro lugar, há certos textos bíblicos que revelam a existência de fontesanteriores ao próprio Pentateuco, como, p. ex., o chamado Livro das Guerras doSENHOR, expressamente citado em Nm 21.14.

Em segundo lugar, achamo-nos diante de uma obra literária rica em conteúdo ecomplexa em composição, que freqüentemente deixa perceber o eco de diversas etapase distintos narradores. Assim ocorre com as variantes registradas nos dois textos doDecálogo (Êx 20.1-17 Dt 5.1-21) ou com as quatro apresentações do catálogo degrandes festas religiosas israelitas (Êx 23 34 Lv 23 Dt 16) ou com certas histórias, comoa da despedida de Agar e Ismael (Gn 16 21.8-21) ou com o ocultamento da condição de

esposa nos casos de Sara e Rebeca (Gn 12.10-20 20.1-18 26.6-14). Cada uma dessasnarrações oferece detalhes próprios, que a singularizam e a fazem aparecer como relatooriginal e não como mera repetição de um texto paralelo.

Também com respeito ao vocabulário e estilo observam-se, no Pentateuco, numerososmatizes diferentes. Assim, p. ex., em Gênesis, que começa com uma dupla apresentaçãodo relato da criação (1.1-3.24): enquanto que na primeira o Criador é chamado deElohim (forma hebraica usual para designar Deus), na segunda é chamado de YHWHElohim, expressão traduzida por "SENHOR Deus" na versão de João Ferreira deAlmeida. A partir desses relatos e até o momento em que Deus se revela a Moisés nomonte Horebe (Êx 3.1-15), a alternância dos nomes divinos mantém-se com relativa

uniformidade.

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Algumas passagens do Pentateuco caracterizam-se pelo seu frescor e espontaneidade (p.ex., Gn 18.1-15) outras, como acontece em Levítico, recorrem a uma linguagem jurídicade grande precisão, para tratar de temas legais ou relativos à pratica do culto de Israel eainda há outras (como Deuteronômio) que introduzem cálidos acentos, mesmo ao

 proclamar a Lei e ao exortar o povo a obedecer-lhe em devida resposta ao amor deDeus.

A análise dos indícios mencionados revela que o Pentateuco é o resultado de um processo lento e muito complexo, em cuja origem descobre-se a figura de Moisés, ogrande libertador e legislador que, com a sua personalidade, marcou o espírito e ahistória do povo de Israel um processo que se encerra com a coleção formada peloscinco primeiros livros da Bíblia.

 Na formação do Pentateuco há um importante trabalho inspirado, que compila, ordena eredige narrações, séries genealógicas e conjuntos de leis que, durante séculos, haviam

sido transmitidas oralmente de uma geração para outra. Nele está contida a herançaespiritual que Moisés legou ao povo de Israel, uma herança viva, fielmente transmitida eenriquecida com o passar dos séculos.

Os principais temas e as seções correspondentes do Pentateuco podem ser analisadossegundo o esquema seguinte: 1. Desde a criação do mundo até a genealogia de Abraão(Gn 1-11). 2. A história dos Patriarcas (Gn 12-50). 3. A saída do Egito (Êx 1-15). 4.Desde o Egito até o Sinai (Êx 16-18). 5. A revelação do SENHOR no Sinai (Êx 19-Nm10). 6. Desde o Sinai até Moabe (Nm 10-36). 7. O livro de Deuteronômio (Dt 1-34).

8.2 Livros Históricos

 Na continuação do Pentateuco, encontram-se os livros históricos. No cânon da BíbliaHebraica, os seis livros de Josué, Juízes, 1Samuel, 2Samuel, 1Reis e 2Reis formam umconjunto que é denominado genericamente de Profetas anteriores. Esse título vem deuma antiga tradição, segundo a qual esses livros foram compostos por alguns dos

 profetas de Israel. Quanto ao qualificativo "anteriores", parece dever-se ao lugar quelhes foi reservado no cânon hebraico, para diferenciá-los dos "Profetas posteriores":Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze Profetas Menores.

A fé do povo israelita descobriu nesses livros os vínculos estreitos que existem entre a

história narrada e a mensagem profética que nela se proclama. Personagens como Josué,Samuel, Débora, Gideão, Saul, Davi e Salomão, principais protagonistas dos fatosregistrados nesses livros, fazem parte do plano de salvação disposto por Deus em favor do ser humano. Todos eles, homens e mulheres pertencentes a diferentes etapas da vidade Israel, foram contemplados no Judaísmo desde a dupla perspectiva da sua realidadehistórica e do fato de terem sido escolhidos como instrumentos para cumprir umdesígnio divino de salvação. Nessa dupla perspectiva se estriba a consideração delescomo profetas. Por isso, junto com eles enquanto pessoas, os textos a eles atribuídosforam reconhecidos também como de caráter profético.

Atualmente, se costuma chamar o conjunto dos Profetas anteriores de História

Deuteronomista. Essa denominação se deve à influência exercida sobre a interpretaçãoda história pela teologia do Deuteronômio, influência que é perceptível de modo

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especial na avaliação dos comportamentos humanos, considerados tanto no âmbitoindividual como no coletivo (cf., p. ex., Dt 12.2-3 2Rs 17.10-12). 

8.3 Livros Poéticos e Sapienciais

Os Escritos

A Bíblia Hebraica, após as suas duas primeiras seções, conhecidas respectivamentecomo a Lei e os Profetas, contém uma terceira, chamada de modo genérico de osEscritos (ketubim). Esta terceira seção consiste num conjunto de treze livros: Rute, 1 e 2Crônicas, Esdras,

 Neemias e Ester outros seis são poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticodos Cânticos e Lamentações de Jeremias e um, Daniel, é de evidente concepção

 profética e apocalíptica.

Os gêneros literários das obras que integram o grupo dos Escritos se acham misturados.O mesmo, em maior ou menor grau, ocorre também em outros livros da Bíblia.Recorde-se a esse respeito a forma poética de certas passagens dos Profetas (p. ex., Is40-55, jóia da poesia do Antigo Oriente) ou do Pentateuco (Gn 49.2-27 Êx 15.2-18.21).Quanto às características da poesia hebraica, ver a Introdução aos Salmos.

Gêneros literários

Mesclando temas e estilos, os ketubim dão um destacado lugar ao gênero sapiencial (dolatim sapientia, ou seja, "sabedoria"), especialmente representado por Jó, Provérbios,Eclesiastes, por certos salmos e por algumas passagens de outros livros.

A sabedoria que esses escritos didáticos fazem permanente referência, tentando inculcá-la nos seus leitores, é de caráter eminentemente prático não consiste tanto em um apeloteórico quanto numa exortação para saber viver, ou seja, para que o comportamento da

 pessoa seja adequado a todas e a cada uma das múltiplas circunstâncias da vida, quecada qual deve desempenhar de maneira correta no papel que lhe corresponderepresentar no meio da comunidade humana a que pertence. Assim como o bom artesão

 possui uma espécie de "sabedoria" que o capacita para esculpir madeira, forjar metal,

engastar pedras preciosas ou compor belas telas (cf. Êx 35.31-35), também "o sábio",segundo a perspectiva bíblica, possui a habilidade, a agudeza e as qualidades precisas para enfrentar com êxito as contingências da vida, quaisquer que sejam.

A sabedoria é, essencialmente, um dom de Deus desenvolvido prontamente pelaexperiência e pela reflexão. Porque a experiência do cotidiano é também, por sua vez,fonte inesgotável de sabedoria para aquele que anda com os olhos bem abertos e não seagrada da sua própria ignorância. Por isso, o sábio observa a realidade, julga aquilo quevê e, finalmente, comunica aos seus discípulos aquilo que ele mesmo aprendeu primeirodo seu relacionamento pessoal com o mundo circundante. 

Para transmitirem o seu ensinamento, os sábios recorrem freqüentemente ao provérbio

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ou à reflexão que se acha nos Ketubim sob duas diferentes formas: a admoestação e asentença. A primeira se reconhece logo pela freqüência do uso do modo verbal imperativo,empregado para aconselhar e exortar os discípulos acerca do caminho que devem seguir 

(cf. Pv 19.18 20.13 Ec 7.21).A segunda, a sentença, consiste na breve descrição objetiva de uma realidadecomprovável, de um fato sobre o qual não se pronuncia nenhuma espécie de juízo moral(cf. Jó 28.20 37.24 Pv 10.12 14.17 Ec 3.17 Ct 8.7).

Junto com essas fórmulas proverbiais, a Bíblia recolhe outros modelos didáticosutilizados pelos sábios para a transmissão dos seus conhecimentos: o poema sapiencial(Pv 1-9), o diálogo (Jó 3-31), a digressão no discurso (característica de Eclesiastes), aalegoria (Pv 5.5-19) e também a oração e o cântico de louvor (formas características dosSalmos).

Caráter e temas

Mediante a comunicação dos seus conhecimentos, da sua experiência e da sua fé emDeus, os sábios de Israel tencionam que os seus discípulos, a quem eles costumavamchamar de filhos (cf. Pv 1.8), aprendam a importância de desenvolver determinadosaspectos práticos da vida. Entre esses aspectos, podem ser citados o autodomínio, especialmente no falar (Jó 15.5Pv 12.18 13.3), a dedicação ao trabalho (cf. Jó 1.10 Pv 12.24 19.24 Ec 2.22) e oexercício da humildade, que não é debilidade de caráter, mas antítese da arrogância e doexcesso de confiança em si mesmo (Jó 26.12 Pv 15.33 22.4). Os sábios tambémvalorizam altamente a amizade sincera (Jó 22.21 Pv 17.17 18.24), ao passo quecondenam a mentira e o falso testemunho (Jó 34.6 Pv 14.25 19.5). Além disso, exortama preservar a fidelidade conjugal (Pv 5.15-20), a tratar generosamente os necessitados(Jó 29.12 31.16-23 Pv 17.5 19.17 Ec 5.8) e a praticar a justiça (cf. Pv 10.2 21.3,15,21). Característico da literatura sapiencial é o tema da justiça retribuidora. Conforme esta,Deus recompensa o justo de conduta e castiga o mau (cf. Jó 34.11,33 Pv 11.31 13.13),de quem são respectivamente figura o sábio e o néscio. De modo semelhante, osdiscípulos que seguem os conselhos de seu mestre serão premiados com o dom da vida,enquanto que a necessidade de outros (não ainda a intelectual, mas a de uma conduta

ética vituperável) lhes acarretará a morte. Importantes são também, sobretudo em Jó eEclesiastes, os aportes dos sábios ao problema sempre atual do sofrimento humano (Jó11 22.23-30 36.7-14 Pv 2 Ec 3.16-18 cf. Rm 11.33 1Co 2.6-16) e da inevitabilidade damorte (Jó 17.16 20.11 33.19-22 34.10-30 Pv 18.21 24.11-12 Ec 8.8). A sabedoria

 Nos escritos sapienciais, não só se escuta a voz dos sábios de Israel, mas também, àsvezes, se deseja ouvir a dos sábios de outros povos (Pv 30.1 31.1). E, em certasocasiões, inclusive a Sabedoria (personificada) fala e convida a todos a receberem o seuensinamento, que é tesouro de valor incomparável (Pv 8.10-11). Como uma diligente

dona de casa, a Sabedoria preparou um banquete do qual deseja que todos participem

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(cf. Pv 9.1-6). Em contraposição a ela, e também personificada, a Loucura tenta atrair com seduções e falsos encantos os ingênuos e os inexperientes (Pv 9.13-18).

 Numa etapa posterior da sua história, o povo hebreu identificou a sabedoria com a Lei(lit. "instrução") promulgada por Moisés no monte Sinai. Assim, Pv 1.7 estabelece que

"o temor do SENHOR é o princípio do saber" (cf. Sl 111.10 Pv 9.10) e Jó 28.28 afirmaque "o temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se do mal é o entendimento", o quecontém uma admoestação característica da lei mosaica e também de toda a Bíblia.

8.4 Livros Proféticos

Lugar no cânon

A segunda das três grandes seções em que se divide a Bíblia Hebraica é a chamada deos Profetas (nebiim), por sua vez, subdividida em dois grupos:Profetas anteriores e Profetas posteriores.

 Diferentemente das nossas Bíblias atuais, entre as quais se conta a presente edição, aBíblia Hebraica considera proféticos e assim cataloga no grupo dos "anteriores" seislivros de caráter histórico: Josué, Juízes, 1 e 2Samuel, 1 e 2Reis. O conjunto dos posteriores é formado por Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze profetasmenores, assim nomeados não porque o seu conteúdo seja de menor importância, mas

 porque são notavelmente menores que os escritos dos "três grandes profetas".

Por outro lado, enquanto que o índice da LXX (que é o adaptado pela Almeida) incluiLamentações e Daniel entre os livros proféticos, a Bíblia Hebraica os coloca na terceiraseção, entre os Escritos (ketubim). Os profetas e a sua mensagem

Profeta é uma palavra derivada do vocábulo grego profetés, composto pela preposição pro, que tem valor locativo e equivale a "diante de", "na presença de", e o verbo femí,que significa "dizer" ou "anunciar". Na LXX, encontramos profetés como tradução da

 palavra hebraica nabí, relacionada esta última a várias outras semíticas cujo sentido principal é anunciar ou comunicar alguma mensagem.

Em âmbitos alheios ao texto da Bíblia, é freqüente dar o nome de profeta a alguém quetransmite mensagens da parte de alguma divindade ou que se dedica à adivinhação dofuturo. Porém, se se restringe o uso da palavra ao seu sentido bíblico, profeta éespecialmente alguém a quem Deus escolhe e envia como o seu porta-voz, seja diantedo povo ou de uma ou várias pessoas em particular. Não se trata, pois, na Bíblia, deadivinhos, magos, astrólogos ou futurólogos entregues a predizer acontecimentosfuturos, mas de mensageiros do Deus de Israel, enviados para proclamar a sua palavraem precisos momentos históricos. Em certas ocasiões, a mensagem profética se referia aalgum evento futuro, porém sempre vinculada a uma situação concreta e imediata naqual surgia a profecia (cf., p. ex., Is 7.1-25). Para descreverem o fato histórico, estãodestinadas certas passagens que, na maioria dos livros, contemplam acontecimentos

  bem conhecidos e datados (p. ex., Jr 1.3, a conquista de Jerusalém Ez 1.1-3, adeportação para a Babilônia Is 1.1, Os 1.1, cronologias reais). Para se compreender o

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 profundo sentido da palavra de Deus transmitida pelos profetas, deve-se prestar máximaatenção ao contexto histórico em que foi originalmente proclamada. Somente dessaforma será possível também atualizar a mensagem profética e aplicar o seu ensinamentoàs necessidades e circunstâncias do momento atual. 

Os profetas nos textos históricos

A figura do profeta freqüentemente ocupa um lugar importante nos livros narrativos daBíblia. Tal é o caso de Samuel, Natã, Elias e Eliseu, os quais tiveram uma significaçãoespecial na história de Israel. Porém, juntamente com eles, aparecem também outros

 profetas, homens e mulheres cujos nomes, em geral, são menos familiares ao leitor,como, p. ex., Aías, de Siló (1Rs 14.2-18) Débora (Jz 4.4-5.31) Gade, "vidente de Davi"(2Sm 24.11-14,18-19) Hulda (2Rs 22.14-20) Miriã, a irmã de Moisés e Arão (Êx 15.20-21) Micaías, filho de Inlá (1Rs 22.7-28). Esses relatos, às vezes, conservam palavras oucantos dos profetas (p. ex., 1Sm 8.11-18 2Sm 7.4-16), ainda que a atenção do texto

esteja voltada em geral para realçar a importância do ministério profético emcircunstâncias decisivas da história de Israel (p. ex., 1Rs 18).

A mensagem dos profetas

Os profetas habitualmente introduzem as suas mensagens mediante fórmulasexpressivas como "Assim diz o SENHOR", "Palavra do SENHOR que veio a..." ououtras semelhantes e, freqüentemente, apresentam-se a si mesmos como enviados deDeus e investidos de autoridade para proclamar a sua palavra. Essa certeza pessoal deterem sido divinamente escolhidos para comunicar determinadas mensagens é um sinalcaracterístico da consciência profética. Assim, Isaías, que responde ao chamado doSENHOR: "Eis-me aqui, envia-me a mim" (Is 6.8) ou Jeremias, que escuta a voz doSENHOR: "Eis que ponho na tua boca as minhas palavras" (Jr 1.9) ou Ezequiel, queouve a ordem de Deus: "Vai, entra na casa de Israel e dize-lhe as minhas palavras" (Ez3.4) ou Amós, que se sente separado das suas tarefas pastoris e transforma-se em porta-voz de Deus: "Vai e profetiza ao meu povo de Israel" (Am 7.15). A literatura profética

A literatura produzida pelo profetismo israelita na sua comunicação da palavra de Deusé rica em formas e estilos.

  Nela, estão visões (Jr 1.11-13 Am 7.1-9 8.1-3 9.1-4), hinos e salmos (Is 12.1-6 25.1-1235.1-10), orações (Jn 2.2-10 Hc 3.2-19), reflexões de caráter sapiencial (Is 28.23-29 cf.Am 3.3-8) e temas alegóricos (Is 5.1-7) ou simbólicos (Is 20.1-6 Jr 13.1-14 Os 1-3). Significações particulares revestem os textos vocacionais, nos quais se descreve asituação em cujo meio Deus chama o profeta para exercer a sua atividade (Is 6.1-13 Jr 1.4-10 Ez 1.1-3.27 Os 1.1-3.5).

Em relação à freqüência de aparições, as mensagens que mais se empregam são as quese referem à salvação ou ao juízo e à condenação.

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  No primeiro caso, proclamam o amor, a misericórdia e a disposição perdoadora erestauradora de Deus em favor de seu povo (cf. Is 4.3-6 Jr 31.31-34 Ez 37.1,14). 

 No segundo caso, os discursos sobre temas condenatórios - que, às vezes, começam

com uma figura imprecatória como "Ai de... !" - primeiro denunciam os pecadoscometidos pelas pessoas, seja por um ou vários indivíduos (cf. Is 22.15-19 Jr 20.1-6 Ez34.1-10), pelas nações pagãs (cf. Am 1.3-2.3) ou pela nação israelita como um todo (cf.Is 5.8-30 Am 2.6-16) e, em continuação, anunciam o castigo correspondente.O Deus que os profetas pregam é um Deus exigente, que põe descoberto e faz justiçacom extrema severidade ao pecado do seu povo eleito um Deus justo e santo que, por isso mesmo, não tolera a mentira, nem a idolatria, nem a injustiça, em nenhuma das suasmanifestações. Porém, ao mesmo tempo, é um Deus cheio de compaixão, cuja glóriaconsiste em revelar-se como libertador e salvador um Deus que quer beneficiar, com oseu favor e dons, a todos os seres humanos e não somente ao povo de Israel.

E assim chegará o dia em que, ao ver a libertação desse povo que parecia perdido e semremédio, todas as nações reconhecerão que o seu Deus é o único Deus e dirão: "Vinde, esubamos ao monte do SENHOR e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seuscaminhos, e andemos pelas suas veredas" (Is 2.3 cf. Ez 36.23,36 37.28 39.7-8).

A influência dos profetas

Os profetas exerceram uma influência decisiva tanto na religião de Israel quanto posteriormente no Cristianismo. Contudo, foram bem menos as ocasiões em que os primeiros destinatários da mensagem prestaram a devida atenção (cf. Ag 1.2-15). Pelocontrário, segundo o testemunho dos próprios textos bíblicos, a princípio faziam-se desurdos à voz dos profetas, as suas palavras caíam no vazio ou eram rechaçadas semterem obtido a resposta requerida. Mais ainda, quando a comunicação proféticamolestava os ouvidos dos seus receptores, estes tratavam freqüentemente de fazer calar o mensageiro de Deus. Como diz Isaías: "Porque povo rebelde é este, filhos mentirosos, filhos que não queremouvir a lei do SENHOR. Eles dizem aos videntes: Não tenhais visões e aos profetas: Não profetizeis para nós oque é reto dizei-nos coisas aprazíveis, profetizai-nos ilusões;... não nos faleis mais do

Santo de Israel" (Is 30.9-11) e Amós acusa Israel: "Aos profetas ordenastes, dizendo: Não profetizeis" (Am 2.12 cf. 7.10-13). Quando os intentos de fazer calar a mensagem profética se chocavam contra afidelidade do profeta à palavra de Deus (cf. Jr 20.9), os ataques se dirigiam contra os

 próprios mensageiros, alegando que os seus anúncios tardavam muito em cumprir-se.Por isso, Isaías reprova o ceticismo dos seus ouvintes, que reclamavam: "Apresse-seDeus, leve a cabo a sua obra, para que a vejamos aproxime-se, manifeste-se o conselhodo Santo de Israel, para que o conheçamos" (Is 5.19 cf. 28.9-10) e o mesmo fazEzequiel aos que diziam: "Prolongue-se o tempo, e não se cumpra a profecia?" (Ez12.22 cf. 2.3,7 12.26-28 33.30-33).

Jesus conhecia os valores e o profundo significado do profetismo de Israel e também as

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dificuldades que rodeavam a existência dos profetas enviados por Deus. Por isso, deutestemunho de que o profeta não tem honra na sua própria terra (Jo 4.44) e, em certaocasião, declarou isso para mostrar que o profeta não tem honra na sua própria terra,nem entre os seus parentes, nem mesmo em sua casa (Mc 6.4). Porém a mensagem

 profética continua vigente e não deixa de apelar à consciência humana, porque é a

 palavra de Deus, e há de prestar-lhe atenção como uma luz que ilumina lugares escuros,até que o dia amanheça e brilhe nos corações dos seres humanos (2Pe 1.19 cf. vs. 20-21).

****(Capítulo 9)

BIBLIOLOGIA - Doutrina das Escrituras

I. INTRODUÇÃO

A) Terminologia:

Bíblia - Derivado de biblion, “rolo” ou “livro” (Lc 4.17).Escrituras - Termo usado no Novo Testamento (N.T.) para, os livros sagrados do A.T.,que eram considerados inspirados por Deus (2Tm 3.16; Rm 3.2). Também é usado no

 N.T. com referência a outras porções do N.T. (2Pe 3.16).Palavra de Deus - Usada em relação a ambos os testamentos em sua forma escrita (Mt15.6; Jo 10.35; Hb 4.12).

B) Atitudes em Relação à Bíblia:

Racionalismo: a. Em sua forma extrema nega a possibilidade de qualquer revelação sobrenatural.

  b. Em sua forma moderada admite a possibilidade de revelação divina, mas essarevelação fica sujeita ao juízo final da razão humana.

Romanismo: A Bíblia é um produto da igreja; por isso a Bíblia não é a autoridade única ou final.

Misticismo:A experiência pessoal tem a mesma autoridade da Bíblia.

Neo-ortodoxia:A Bíblia é uma testemunha falível da revelação de Deus na Palavra, Cristo.

Seitas: A Bíblia e os escritos do líder ou fundador de cada uma possuem igual valor.

Ortodoxia: A Bíblia é a nossa única base de autoridade.

C) As Maravilhas da Bíblia:

1) Sua formação: levou cerca de 1500 anos.2) Sua Unidade: Tem cerca de 40 autores, mas é um só livro.

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3) Sua Preservação.4) Seu Assunto.5) Sua Influência.

II. REVELAÇÃO

A) Definição: “Um desvendamentos; especialmente a comunicação da mensagemdivina ao homem”B) Meios de Revelação:

1) Pela Natureza (Rm 1.18-21; Sl 19).2) Pela Providência (Rm 8.28; At 14.15-17)3) Pela Preservação do Universo (Cl 1.17)4) Através de Milagres (Jo 2.11)5) Por Comunicação Direta (At 22.17-21)

6) Através de Cristo (Jo 1.14)7) Através da Bíblia (1Jo 5.9-12)

III. INSPIRAÇÃO

A) Definição:

Inspiração é a ação supervisionadora de Deus sobre os autores humanos da Bíblia demodo a, usando suas próprias personalidades e estilos, comporem e registrarem semerro as palavras de Sua revelação ao homem. A Inspiração se aplica apenas aosmanuscritos originais (chamados de autógrafos).

B) Teorias sobre a Inspiração:

1) Natural - não há qualquer elemento sobrenatural envolvido. A Bíblia foi escrita por homens de grande talento.

2) Mística ou Iluminativa - Os autores bíblicos foram cheios do Espírito comoqualquer crente pode ser hoje.

3) Mecânica (ou teoria da ditação) - Os autores bíblicos foram apenas instrumentos

 passivos nas mãos de Deus como máquinas de escrever com as quais Ele teria escrito.Deve-se admitir que algumas partes da Bíblia foram ditadas (e.g., os Dezmandamentos).

4) Parcial - Somente o não conhecível foi inspirado (e.g., criação, conceitosespirituais).

5) Conceitual - Os conceitos, não as palavras, foram inspirados.

6) Gradual - Os autores bíblicos foram mais inspirados que outros autores humanos.,

7) Neo-ortodoxa - Autores humanos só poderiam produzir uma registro falível.

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8) Verbal e Plenária - Esta é a verdadeira doutrina e significa que cada palavra (verbal)e todas as palavras (plenária) foram inspiradas no sentido da definição acima.

9) Inspiração Falível - Uma teoria, que vem ganhando popularidade, de que a Bíblia éinspirada mas não isenta de erros.

C) Características da Inspiração Verbal e Plenária:

1) A verdadeira doutrina é válida apenas para os manuscritos originais.2) Ela se estende às próprias palavras.3) Vê Deus como o superintendente do processo, não ditando aos escritores, masguiando-os.4) Inclui a inerrância.

D) Provas da Inspiração Verbal e Plenária:

1) 2Tm 3.16. Theopneustos, soprado por Deus. Afirma que Deus é o autor dasEscrituras e que estas são o produto de Seu sopro criador. 2) 2Pe 1.20,21. O “como” da inspiração - homens “movidos” (lit., “carregados”) peloEspírito Santo. 3) Ordens especificas para escrever a Palavra do Senhor (Ex 17.14; Jr 30.2). 4) O uso de citações (Mt 15.4; At 28.25). 5) O uso que Jesus fez do Antigo Testamento (A.T.) (Mt 5.17; Jo 10.35). 6) O N.T. afirma que outras partes do N.T. são Escrituras (1Tm 5.18; 2Pe 3.16). 7) Os escritores estavam conscientes de estarem escrevendo a Palavra de Deus (1Co2.13; 1Pe 1.11,12).

E) Provas de Inerrância:

1) A fidedignidade do caráter de Deus (Jo 17.3; Rm 3.4).2) O ensino de Cristo (Mt 5.17; Jo 10.35).

3) Os argumentos baseados em uma palavra ou na forma de uma palavra (Gl 3.16,“descendente”; Mt 22.31,32, “sou”).

IV. CANONICIDADE.

A) Considerações fundamentais:

1) A Bíblia é auto-autenticável e os concílios eclesiásticos só reconheceram (nãoatribuíram) a autoridade inerente nos próprios livros.2) Deus guiou os concílios de modo que o cânon fosse reconhecido.

B) Cânon do Antigo Testamento (A.T.):

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1) Alguns afirmam que todos os livros do cânon do A.T. foram reunidos e reconhecidossob a liderança de Esdras (quinto século a.C.).

2) O N.T. se refere a A.T. como escritura (Mt 23.35; a expressão de Jesus equivaleria

dizer hoje “de Gênesis a Malaquias”; cf. Mt 21.42; 22.29).

3) O Sínodo de Jamnia (90 A.D.) Uma reunião de rabinos judeus que reconheceu oslivros do A.T.

C) Os princípios de Canonicidade dos Livros do Novo Testamento (N.T.): 1) Apostolicidade. O livro foi escrito ou influenciado por algum apóstolos?2) Conteúdo. O seu caráter espiritual é suficiente?3) Universalidade. Foi amplamente aceito pela igreja?4) Inspiração. O livro oferecia prova interna de inspiração?

D) A Formação do Cânon do Novo Testamento (N.T.): 1) O período dos apóstolos. Eles reivindicaram autoridade para seus escritos (1Ts 5.27;Cl 4.16).2) O período pós-apostólico. Todos os livros forma reconhecidos exceto Hebreus, 2Pedro e 3 João.3) O Concílio de Cartago, 397, reconheceu como canônicos os 27 livros do N.T.

V. ILUMINAÇÃO

A) Em Relação aos Não-Salvos:

1) Sua necessidade (1Co 2.14; 2Co 4.4)2) O ministério do convencimento do Espírito ( Jo 16.7-11)

B) Em Relação ao Crente:

1) Sua necessidade (1C0 2.10-12; 3.2).2) O ministério do ensino do Espírito (Jo 16.13-15)

VI. INTERPRETAÇÃOA) Princípios de Interpretação:

1) Interpretar histórica e gramaticalmente.2) Interpretar de acordo com os contextos imediatos e mais amplo.3) Interpretar em harmonia com toda a Bíblia, comparando Escritura com Escritura.

B) Divisões Gerais da Bíblia:

1) Antigo Testamento (A.T.):

A - Livros históricos: de Gênesis a Ester.

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B - Livros poéticos: de Jó a Cantares.C - Livros proféticos: de Isaías a Malaquias.

2) Novo Testamento (N.T.):

A - Evangelhos: Mateus a João.B - História da Igreja: Atos.C - Epístolas: de Romanos a Judas.D - Profecia: Apocalipse.

C) Alianças Bíblicas:

1) Aliança Noética (Gn 8.20-22).2) Aliança Abraâmica (Gn 12.1-3)3) Aliança Mosaica (Ex 19.3 - 40.38)4) Aliança Palestiniana (Dt 30)

5) Aliança Davídica (2Sm 7.5-17)6) Nova Aliança (Jr 31.31-34; Mt 26.28)

****

(Capítulo 10)

O Cânon: Antigo e Novo Testamento

O sentido desta palavra tem diversas aplicações, dentre elas, Escrituras Sagradas,consideradas como regra de fé e prática. A palavra cânon é de origem grega. Empregou-se, nesta acepção pelos primeiros doutores da Igreja, mas a idéia é mais remota. Paraque um livro tivesse lugar entre os outros livros da Bíblia, precisava ser canônico; outrolivro, sem os requisitos necessários para tal fim, chamava-se não canônico.

O cânon do Antigo Testamento (A.T.):

A literatura sagrada evoluiu gradativamente e foi cuidadosamente vigiada. Os dezmandamentos escritos em tábuas de pedra, e que eram a constituição de Israel, foramguardados em uma arca, Ex 40.20. Os estatutos foram registrados no livro do pacto,20.23, até cap. 23.33; 24.7. O livro da lei, escrito por Moises, era colocado ao lado da

arca, Dt 31.24-26. A esta coleção se ajuntaram os escritos de Josué, Js 24. 26.Samuel escreveu a lei do reino e a depositou diante do Senhor, 1Sm 10. 25.

 No tempo do rei Josias, o livro da lei do Senhor, o bem conhecido livro, foi encontradono Templo e reconhecido pelo rei, pelos sacerdotes, pelo povo, pelas autoridades e

 pelos anciãos, 2Rs 22.8-20. Do Livro encontrado se tiraram cópias, Dt 17.18-20.

Os profetas reduziram as suas palavras a escrito, Jr 36.32, e eram familiarizadosreciprocamente com os seus escritos que os citavam como padrões autorizados, Is 2.2-4;Mq 4.1-3. 

A lei e os profetas eram tidos como produções autorizadas; inspiradas pelo EspíritoSanto, e cuidadosamente guardadas por Jeová, Zc 1.4; 7.7,12.

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 A lei de Moisés compreendendo os cinco primeiros livros da Bíblia, circulava comouma porção distinta da literatura sagrada no tempo de Esdras em cujas mãos esteve, Ed7.14, sendo douto no conhecimento dela, 6,11. A pedido do povo, ele leu publicamenteno livro da Lei, Ne 8.1,5,8. Por este tempo, e antes do cisma, entre os judeus e os

samaritanos, chegar a seu termo, o Pentateuco foi levado para Samaria. O colecionamento dos profetas menores em um grupo de doze, é confirmado por Jesus,filho de Siraque, como em voga, no ano 200 A.C. Sua linguagem dá a entender aexistência do grande grupo formado pelos livros de Josué, Juizes, Samuel, Reis, Isaías,Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores, que formavam a segunda divisão docânon hebreu, caps. 46-49. A existência da tríplice divisão das Escrituras em “Lei, Profetas e os outros que osacompanharam”; ou “a Lei, os Profetas e os outros livros”, ou, “a Lei, os Profetas e oresto dos livros”, é confirmada já no ano 182 A.C. juntamente com a existência de uma

versão grega da mesma época, atestada pelo neto de Jesus, filho de Siraque.

O judeu Filo, que nasceu em Alexandria no ano 20 A.C. e ali morreu no reinado deCláudio, possuía o cânon, e citou quase todos os livros, com exceção dos Apócrifos. O Novo Testamento cita as “Escrituras” como escritos de autoridade religiosa, Mt21.42; 26.56; Mc 14.49; Jo 10.35; 2Tm 3.16, como livros santos em Rm 1.2; 2Tm 3.15,e como Oráculos de Deus, em Rm 3.2; Hb 5.12; 1Pe 4.11; e menciona a tríplice divisãoem Moisés, Profetas e Salmos, em Lc 24.44, cita e faz referências a todos os outroslivros, exceto Obadias e Naum, Esdras, Ester, Cântico dos Cânticos e Eclesiastes.Josefo que foi contemporâneo do apóstolo Paulo, cujos escritos datam do ano 100 A.D.(Anno Domini), falando do seu povo, diz: “Nós temos apenas 22 livros, contendo ahistória de todo o tempo, livros em que “nós cremos”, ou segundo geralmente se diz,livros aceitos como divinos”, e o mesmo escritor exprime em termos bem fortes,afirmando a exclusiva autoridade destes escritos, e continua, dizendo: “Desde os diasde Artaxerxes até os nossos dias, todos os acontecimentos estão na verdade escritos;ma estes últimos registros não têm merecido igual crédito, como os anteriores, por causa de não mencionarem a sucessão exata dos profetas. Há uma prova prática doespírito em que tratamos as nossas Escrituras; apesar de ser tão grande o intervalo detempo decorrido até hoje, ninguém se aventurou a acrescentar, a tirar, ou a alterar uma única sílaba; faz parte da natureza de cada judeu, desde o dia em que nasce,

considerar estas Escrituras como ensinos de Deus; confiar nelas, e, se for necessário,dar alegremente a vida, em sua defesa”.

Josefo apresenta o conteúdo das Escrituras sob três divisões:

1. “Cinco livros pertencem a Moisés, e contêm as suas leis e as tradições sobre a origemda humanidade, até a sua morte.” 2. Desde a morte de Moisés até Artaxerxes, escreveram os profetas que viveram depoisdele, os fatos de seu tempo, em treze livros.” Josefo acompanhou o arranjo feito noslivros da Escritura pelos tradutores de Alexandria. Os treze livros são provavelmente,

Josué, Juizes com Rute, Samuel, Reis, Crônicas, Esdras com Neemias, Ester, Jó, Daniel,Isaias, Jeremias com as Lamentações, Ezequiel e os doze Profetas Menores.

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 3. Os quatro livros restantes, contêm hinos a Deus e preceitos de conduta para a vidahumana. Sem dúvida ele se refere aos Salmos, ao Cântico dos Cânticos, aos Provérbiose ao Eclesiastes. 

Havia uma tradição corrente, que o cânon fora arranjado no tempo de Esdras e de Neemias. Josefo, já citado, fala da crença universal de seus patrícios de que nenhumlivro havia sido acrescentado desde o tempo de Artaxerxes, isto é, desde Esdras e

 Neemias.

Uma extravagante legenda do fim do primeiro século da era cristã deu curso a umatradição de que Esdras havia restaurado a lei, é mesmo o Antigo Testamento inteiro por se haverem perdidos os exemplares guardados no Templo, Ne 14.21,22,40. Afirma a tallegenda que os judeus da Palestina, naquela época, reconheciam os livros canônicos,como sendo vinte e quatro.

Uma passagem de duvidosa autenticidade e de data incerta, talvez escrita 100 anos antesde Cristo em 2Macabeus 2.13, alude à atividade de Neemias em conexão à segunda eterceira divisão do cânon. Ireneu transmite a tradição assim: “Depois que os sagrados escritos foram destruídos, noexílio, sob o domínio de Nabucodonosor, quando os judeus, depois de setenta anos,voltaram do cativeiro para a sua pátria, Ele (Deus) nos dias de Artaxerxes, inspirou aEsdras, o sacerdote, da tribo de Levi, para arranjar de novo todas as palavras dos

 profetas dos dias passados, e restaurar para uso do povo a legislação de Moisés.”Elias, levita, escrevendo em 1588, fala da crença que o povo tinha, dizendo: “No tempode Esdras os 24 livros ainda não estavam unidos em um volume. Esdras e seusassociados fizeram deles um volume dividido em três partes, a lei, os profetas e ahagiógrafa.” Esta tradição contém verdades. Se pode ser aceita em todos os seus

 particulares, isso depende de determinar a data em que certo, livros foram escritos, taiscomo Neemias e Crônicas.

O Pentateuco, como trabalho de Moisés, compreendendo a incorporação das leisfundamentais da nação, formou uma divisão do cânon, e com direitos firmados nacronologia, ocupou o primeiro lugar na coleção dos livros.

A segunda divisão dos livros teve a designação de proféticos por serem escritos pelos

seus autores assim chamados. Estes livros eram em número de oito, Josué, Juizes,Samuel, e Reis, denominados os primeiros profetas, e Isaias, Jeremias, Ezequiel e osdoze profetas menores, denominados os últimos profetas. O núcleo da terceira divisão é formado de seções de livros de Salmos e Provérbios.Tinham duas feições distintas: eram essencialmente poéticos e os seus autores não eramoficialmente profetas. Atraíram para si todas as outras produções de literaturasemelhante. A oração de Moisés no Salmo 90, não foi escrita por profeta, mas foicolocada nesta divisão dos livros da Escritura por ser produção poética. Pela mesmarazão, as Lamentações de Jeremias, escritas por profeta, e sendo poesia, entraram naterceira divisão do cânon hebreu. Uma razão adicional existiu para separá-las de

Jeremias, é que eram lidas por ocasião dos aniversários da destruição de ambos ostemplos, e por isso, foram postas com os quatro livros menores que eram lidos por 

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ocasião de outros quatro aniversários, Cânticos, Rute, Eclesiastes e Ester, e formavamos cinco rolos, ou  Megilloth. O livro de Daniel foi incluído nesta parte por ter sidoescrito por homem que, posto dotado de espírito profético, não era oficialmente profeta.Com toda a probabilidade, as Crônicas foram escritas por um sacerdote e não profeta, e

 por esta razão, foram postas na terceira divisão do cânon.

  Não sabemos por que estes livros se acham nesta divisão, quando é certo que algunsdeles e partes deles que agora se acham nela, já existiam antes de Malaquias e Zacariasna segunda divisão.

É conveniente que se diga que, conquanto o conteúdo das diversas divisões do cânon permanecessem inalteráveis, a ordem dos livros da terceira divisão variou de tempos emtempos; e mesmo na segunda divisão o Talmude dá Isaias entre Ezequiel e os ProfetasMenores. Esta ordem dos quatro livros proféticos, Jeremias, Ezequiel, Isaías, e osProfetas Menores, foi evidentemente determinada pelo tamanho, dando a prioridade aosde maior volume.

 Logo no fim do primeiro século da nossa era, o direito de certos livros figurarem naterceira divisão do cânon, foi disputado. Não havia dúvida em pertencerem ao cânon.As discussões versaram sobre o conteúdo dos livros e sobre as dificuldades deharmonizá-los entre si. Estes debates, porém, eram meras exibições intelectuais. Nãohavia intenção de excluir do cânon qualquer destes livros, e sim tornar bem claro odireito que ele tinham aos lugares que ocupavam.

O cânon do Novo Testamento (N.T.):

A igreja apostólica recebeu da igreja judaica a crença em uma regra de fé escrita.Cristo mesmo confirmou esta crença, apelando para o Antigo Testamento como a

 palavra de Deus escrita, Jo 5.37-47; Mt 5.17,18; Mc 12.36; Lc 16.31, instruindo os seusdiscípulos nela, Lc 24.45. Os apóstolos habitualmente referem-se ao Antigo Testamento como autoridade, Rm3.2,21; 1Co 4.6; Rm 15.4; 2Tm 3.15-17; 2Pe 1.21. Em segundo lugar, os apóstolos baseavam o seu ensino, oral ou escrito na autoridade doAntigo Testamento, 1Co 2.7-13; 14.37; 1Ts 2.13; Ap 1.3, e ordenavam que seus escritosfossem lidos publicamente, 1Ts 5.27; Cl 4.16,17, 2Ts 2.15; 2Pe 1.15; 3.1-2, enquanto

que as revelações dadas à Igreja pelos profetas Inspirados, eram consideradas comofazendo parte, juntamente com as instruções apostólicas, do fundamento da Igreja, Ef 2.20.

Era natural e lógico que a literatura do Novo Testamento fosse acrescentada à doAntigo, ampliando deste modo o cânon de fé. No próprio Novo Testamento se vê aintima relação entre ambos, 1Tm 5.18; 2Pe 3.1,2,16. 

 Nas épocas pós-apostólicas, os escritos procedentes dos apóstolos e tidos como tais,foram gradualmente colecionados em um segundo volume do cânon, até se completar oque se chama o Novo Testamento.

 Porquanto, desde o princípio, todo livro destinado ao ensino da Igreja em geral,

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endossado pelos apóstolos, quer fosse escrito por algum deles, quer não, tinha direito aser incluído no cânon, e constituía doutrina apostólica. Desde os primeiros três séculosda Igreja, era baseado neste principio que se ajuntavam os livros da segunda parte docânon.

A coleção completa fez-se vagarosamente, por varias razões. Alguns dos livros só eramconhecidos como apostólicos em algumas Igrejas. Somente quando esses livrosentraram no conhecimento do corpo cristão em todo o Império Romano, é que elesforam aceitos como de autoridade apostólica. O processo adotado foi lento, por causa ainda do aparecimento de vários livros heréticose escritos espúrios, com pretensões de autoridade apostólica. Apesar da sua lentidão, oslivros aceitos por qualquer igreja, eram considerados canônicos porque eramapostólicos. O ensino dos apóstolos era regra de fé, e lido nas reuniões do culto público.

Já no principio do segundo século, os escritos apostólicos eram chamados Escrituras. Os

evangelhos segundo Marcos e Lucas entraram na Igreja pela autoridade de Pedro ePaulo, de que foram companheiros. Logo começaram os comentários a estes escritos,cuja fraseologia saturou a literatura da idade pós-apostólica.

São dignos de nota os seguintes fatos para explicar a rapidez com que a coleção dosLivros se estendeu a toda a Igreja. Os quatro evangelhos entraram nas igrejas desde o principio do segundo século. Asegunda epístola de Pedro, cap. 3.16, mostra-nos que as epistolas de Paulo já haviamformado uma coleção de escritos familiares aos leitores das cartas de Pedro. Muito cedoaparecem as expressões “evangelho” e “apóstolos” designando as duas partes do novovolume. A evidência sobre a canonicidade dos Atos Apostólicos, leva-nos à primeirametade do segundo século. Alguns livros, é certo, sofreram contestações por parte decertos grupos de igrejas, mas serve para provar que tais livros entraram no cânon depoisde evidentes provas de sua autenticidade. Finalmente, vê-se que a Igreja da Síria, no segundo século, recebeu como canônicostodos os livros de que se compõe o atual Novo Testamento, exceto o Apocalipse, aepístola de Judas, a segunda de Pedro, a segunda e a terceira de João.

A Igreja Latina aceitou todos os livros, menos as epístolas de Pedro, a de Tiago, a

terceira de João; a Igreja africana do norte aceitou todos os livros, exceto a epístola aosHebreus, a segunda de Pedro e talvez a de Tiago. As coleções recebidas pelasmencionadas igrejas somente continham os livros que elas haviam recebidoformalmente, como de autoridade apostólica, mas isto não prova a não existência deoutros livros de igual procedência e autoridade.

Os restantes eram universalmente aceitos no curso do terceiro século, apesar de opiniõesdiferentes a respeito de alguns deles.

 No decorrer dos tempos, e quando entramos na época dos concílios, o Novo Testamentoaparece na lista dos livros canônicos como hoje o temos. No quarto século, dez dos

 padres da Igreja e dois concílios deixaram listas dos livros canônicos. Em três destaslistam omitem o Apocalipse, contra o qual se  levantaram objeções que desapareceram

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diante dos testemunhos abundantes em seu favor. As outras listas dão o NovoTestamento como hoje o temos. Em vista destes fatos, deduzimos:

1.Apesar de a formação do N. T. cm um volume ter sido morosa, nunca deixou deexistir a crença de ser ele livro considerado como regra de fé primitiva e apostólica.

A história da formação do cânon do N. T. serve apenas para mostrar como se chegougradualmente a conhecer os direitos que eles tinham para entrar no rol dos livrosInspirado..2.As diferenças de opinião sobre quais os livros canônicos e sobre os graus de certezaem favor deles, vêem-se nos escritos e nas Igrejas do segundo século. Este fato, pois,mais uma vez vem afirmar o cuidado e o escrúpulo das Igrejas em receber livros comoapostólicos sem evidentes provas. Do mesmo modo se procedeu com referência aoslivros espúrios.

3.A prova em favor da canonicidade dos livros do Novo Testamento é a evidência

histórica. Quanto a isto, o juízo da Igreja primitiva em favor dos nossos vinte e setelivros é digno de inteira fé, enquanto não for provado o contrário. Não os devemosaceitar como tais, só porque os concílios eclesiásticos os decretaram canônicos, nem por causa do que eles dizem. A questão versa só e unicamente sobre a sua evidenciahistórica.

4.Finalmente se nota que a palavra cânon não se aplicou à coleção dos livros sagradosantes do quarto século. Não obstante, existia, a  noção que representa, isto é, que oslivros sagrados eram regra de fé, contendo a doutrina apostólica.

****

(Capítulo 11)

Livros Apócrifos ou Não Canônicos

1. A palavra Apócrifo , do grego apokrypha, escondido, nome usado pelos escritoreseclesiásticos para determinar, 1) Assuntos secretos, ou misteriosos; 2) de origemignorada, falsa ou espúria; 3) documentos não canônicos.

2. Os livros apócrifos do Antigo Testamento (A.T.): Estes não faziam parte do Cânon

hebraico, mas todos eram mais ou menos aceitos pelos judeus de Alexandria que liam ogrego, e pelos de outros lugares; e alguns são citados no Talmude. Esses livros, aexceção de 2 Esdras, Eclesiástico, Judite, Tobias, e 1 dos Macabeus, foram

 primeiramente escritos em grego, mas o seu conteúdo varia em diferentes coleções.

Eis os livros apócrifos pela sua ordem usual:

 I  (ou III) de Esdras: é simplesmente a forma grega de Ezra, e o livro narra o declínio ea queda do reino de Judá desde o reinado de Josias até à destruição de Jerusalém; ocativeiro de Babilônia, a volta dos exilado, e a parte que Esdras tomou na reorganizaçãoda política judaica. Em certos respeitos, amplia a narração bíblica, porém estas adições

são de autoridade duvidosa. O historiador Josefo é o continuador de Esdras. Ignora-se otempo em que foi escrito e quem foi o meu autor.

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 II (ou IV) de Esdras: Este livro tem estilo inteiramente diferente de 1º de Esdras. Não é propriamente uma história, mas sim um tratado religioso, muito no estilo dos profetashebreus. O assunto central, compreendido nos caps. 3-14, tem como objetivo registrar as sete revelações de Esdras em Babilônia, algumas das quais tomaram a forma de

visões: a mulher que chorava, 9.38, até 10.56; a águia e o leão, 11.1 até 12.39; o homemque se ergueu do mar, 13.1-56. O autor destes capítulos é desconhecido, masevidentemente era judeu pelo afeto que mostra a seu povo. (A palavra Jesus, que seencontra no cap. 7.28, não  está nas versões orientais.) A visão da águia, que éexpressamente baseada na profecia de Daniel (2º Esdras 12.11), parece referir aoImpério Romano, e a data de 88 A.D. até 117 A.D. é  geralmente aceita. Data posterior ao ano 200 contraria as citações do v. 35 cap. 5 em grego por Clemente de Alexandriacom o  Prefácio: “Assim diz o profeta Esdras.” Os primeiros  dois e os últimos doiscapítulos de 2º Esdras, 1 e 2, 15 e 16 são aumentos; não se encontram nas versõesorientais, nem na maior parte dos manuscritos latinos. Pertencem a uma data posterior àtradução dos Setenta que já estava em circulação, porquanto os profetas menores já

aparecem na ordem em que foram postos na versão grega, 2º Esdras, 1.39, 40. Os dois primeiros capítulos contêm abundantes reminiscências do Novo Testamento e justificama rejeição de Israel e sua substituição pelos Gentios, 2º Esdras, 1.24,25,35-40;2.10,11,34), e, portanto, foram escritos por um cristão, e, sem dúvida, por um judeucristão.

Tobias:  Este livro contém a narração da vida de certo Tobias de Neftali, homem piedoso, que tinha um filho de igual nome, O pai havia perdido a vista. O filho, tendo deir a Rages na Média, para cobrar uma dívida, foi levado por um anjo a Ecbatana, ondefez um casamento romântico com uma viúva que, tendo-se casado sete vezes, ainda seconservava virgem. Os sete maridos haviam sido mortos por Asmodeu, o mau espíritonos dias de seu casamento. Tobias, porém, foi animado pelo anjo a tornar-se o oitavomarido da virgem-viúva, escapando à morte, com a queima de fígado de peixe, cujafumaça afugentou o mau espírito. Voltando, curou a cegueira de seu pai esfregando-lheos escurecidos olhos com o fel do peixe que já se tinha mostrado tão prodigioso. O livrode Tobias é manifestamente um conto moral e não uma história real. A data mais

 provável de sua publicação é 350 ou 250 a 200 A.C.

 Judite: E a narrativa, com pretensões a história, do modo por que uma viúva judia, detemperamento masculino, se recomendou às boas graças de Holofernes, comandante-chefe do exército assírio, que sitiava Betúlia. Aproveitando-se de sua intimidade na

tenda de Holofernes, tomou da espada e cortou-lhe a cabeça enquanto ele dormia. Anarrativa está cheia de incorreções, de anacronismos e de absurdos geográficos. Émesmo para se duvidar que exista alguma cousa de verdade; talvez que o seu autor setenha inspirado nas histórias de Jael e de Sisera, Jz 4.17-22. A primeira referência a estelivro, encontra-se em uma epístola de Clemente de Roma, no fim do primeiro século.Porém o livro de Judite data de 175 a 100 A. C., isto é, 400 ou 600 anos depois dosfatos que pretende narrar. Dizer que naquele tempo Nabucodonosor reinava em Níniveem vez de Babilônia não parecia ser grande erro, se não fosse cometido por umcontemporâneo do grande rei.

 Ester: Acréscimo de capítulos que não se acham nem no hebreu, nem no caldaíco. O

livro canônico de Ester termina com o décimo capítulo. A produção apócrifa acrescentadez versículos a este capitulo e mais seis capítulos, 11-16. Na tradução dos Setenta, esta

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matéria suplementar é distribuída em sete porções pelo texto e não interrompe ahistória. Amplifica partes da narrativa da Escritura, sem fornecer novo fato de valor, eem alguns lugares contradiz a história como se contém no texto hebreu. A opinião geralé que o livro foi obra de um judeu egípcio que a escreveu no tempo de Ptolomeu.Filometer, 181-145 A.C.

 Sabedoria de Salomão: Este livro é um tratado de Ética recomendando a sabedoria e aretidão, e condenando a Iniqüidade e a idolatria. As passagens salientam o pecado e aloucura da adoração das imagens, lembram as passagens que sobre o mesmo assunto seencontram nos Salmos e em Isaías (compare: Sabedoria 13.11-19, com Salmos 95;135.15-18 e Isaias 40.19-25; 44.9-20). É digno de nota que o autor deste livro,referindo-se a incidentes históricos para ilustrar a sua doutrina, limita-se aos fatosrecordados no Pentateuco. Ele escreve em nome de Salomão; diz que foi escolhido por Deus para rei do seu povo, e foi por ele dirigido a construir um templo e um altar, sendoo  templo feito conforme o modelo do tabernáculo. Era homem genial e piedoso,caracterizando-se pela sua crença na imortalidade. Viveu entre 150 e 50 ou 120 e 80,

A.C. Nunca foi formalmente citado, nem mesmo a ele se referem os escritores do NovoTestamento, porém, tanto a linguagem, como as correntes de pensamento do seu livro ,encontram paralelos no Novo Testamento (Sab. 5.18-20; Ef 6.14-17; Sab. 7.26, com Hb1.2-6 e Sab. 14.13-31 com Rm 1.19-32).

 Eclesiástico:  também denominado   Sabedoria de Jesus, filho de Siraque. É obracomparativamente grande, contendo 51 capítulos. No capítulo primeiro, 1-21, louva-segrandemente o sumo sacerdote Simão, filho de Onias, provavelmente o mesmo Simãoque viveu entre 370 - 300, A.C. O livro deveria ter sido escrito entre 290 ou 280 A.C.,em língua hebraica. O seu autor, Jesus, filho de Siraque de Jerusalém, Eclus 1.27, eraavô, ou, tomando a palavra em sentido mais lato, antecessor remoto do tradutor. Atradução foi feita no Egito no ano 38, quando Evergeto era rei. Há dois reis com estenome, Ptolonmeu III, entre 247 a 222 A.C., e Ptolomeu Fiscom, 169 a 165 e 146 a 117A.C. O grande assunto da obra e a sabedoria. É valioso tratado de Ética. Há lugares quefazem lembrar os livros de Provérbios, Eclesiastes e porções do livro de Jó, dasescrituras canônicas, e do livro apócrifo, Sabedoria de Salomão. Nas citações destelivro, usa-se a abreviatura Eclus, para não confundir com Ec abreviatura de Eclesiastes.

 Baruque:  Baruque era amigo do Jeremias. Os primeiros cinco capítulos do seu livro pertencem à sua autoria, enquanto que o sexto é intitulado “Epístola de Jeremias.”Depois da introdução, descrevendo a origem da obra, Baruque 1.1,14, abre-se o livro

com três divisões, a saber:

1) Confissão dos pecado. de Israel e orações, pedindo perdão a Deus, Baruque 1.15, até3.8. Esta parte revela ter sido escrita em hebraico, como bem o indica a introdução, cap.1:14. Foi escrita 300 anos A.C. 2) Exortação a Israel para voltar à fonte da Sabedoria, 3.9 até 4.4. 3) Animação e promessa de livramento, 4.5 até 5.9. Estas duas seções parece que foramescritas em grego, pela sua semelhança com a linguagem dos Setenta. Há dúvidas,quanto à semelhança entre o cap. 5 e o Salmo de Salomão, 9. Esta semelhança dá a

entender que o cap. 5 foi baseado no salmo, e portanto, escrito depois do ano 70, A.D.,ou então, que ambos os escritos são moldados pela versão dos Setenta. A epístola de

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Jeremias exorta ou judeus no exílio a evitarem a idolatria de Babilônia. Foi escrita 100anos A.C.

 Adição à História de Daniel :

O cântico dos três mancebos (jovens): Esta produção foi destinada a ser Intercalada nolivro canônico de Daniel, entre caps. 3.23,24. É desconhecido o seu autor e ignorada adata de sua composição. Compare os versículo, 35-68 com o Salmo 148.

A história de Suzana: É também um acréscimo ao livro de Daniel, em que o seu autor mostra como o profeta, habilmente descobriu uma falsa acusação contra Suzana, mulher 

 piedosa e casta. Ignora-se a data em que foi escrita e o nome de seu autor.

Bel e o dragão: Outra história introduzida no livro canônico de Daniel. O profetamostra o modo por que os sacerdotes de Bel e suas famílias comiam as viandasoferecidas ao ídolo; e mata o dragão. Por este motivo, o profeta é lançado pela segunda

vez na caverna dos leões. Ignora-se a data em que foi escrita e o nome do autor.

Oração de Manassés , rei de Judá quando esteve cativo em Babilônia. Compare, 2º Cr 33.12,13. Autor desconhecido. Data provável, 100 anos A. C.

 Primeiro Livro dos Macabeus: E um tratado histórico de grande valor, em que serelatam 05  acontecimentos políticos e os atos de heroísmo da família levítica dosMacabeus durante a guerra da lndependência judaica, dois séculos A.C. O autor édesconhecido, mas evidentemente é judeu da Palestina. Há duas opiniões quanto à dataem que foi escrito; uma dá 120 a 106 A.C., outra, com melhores fundamentos, entre105 e 64 A.C. Foi traduzido do hebraico para o grego.

 Segundo Livro dos Macabeus: É inquestionavelmente um epítome da grande obra deJasom de Cirene; trata principalmente da história Judaica desde o reinado de SeleucoIV, até à morte de Nicanor, 175 e 161 A.C. É obra menos importante que o primeirolivro. O assunto é tratado com bastante fantasia em prejuízo de seu crédito, todavia,contém grande soma de verdade. O livro foi escrito depois do ano 125 A.C. e antes atomada de Jerusalém, no ano 70 A.D.

Terceiro Livro dos Macabeus: Refere-se a acontecimentos anteriores à guerra daindependência. O ponto central do livro e pretensão de Ptolomeu Filopater IV, que em

217 A.C. tentou penetrar nos Santo dos Santos, e a subseqüente perseguição contra os judeus de Alexandria. Foi escrito pouco antes, ou pouco depois da era cristã, data de 39,ou 40 A.D.

Quarto Livro dos Macabeus: É um tratado de moral advogando o império da vontadesobre as paixões e ilustrando a doutrina com exemplos tirados da história dos macabeus.Foi escrito depois do 2º Macabeus e antes da destruição de Jerusalém.

É, talvez, do 1º século d.C. Ainda que os livros apócrifos estejam compreendidos naversão dos Setenta, nenhuma citação certa se faz deles no Novo Testamento. É verdadeque os Pais muitas vezes os citaram isoladamente, como se fossem Escritura Sagrada,

mas, na argumentação, eles distinguiam os apócrifos dos livros canônicos. S. Jerônimo,em particular, no fim do 4º século, fez entre estes livros uma claríssima distinção. Para

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defender-se de ter limitado a sua tradução latina aos livros do Cânon hebraico, ele disse:“Qualquer livro além destes deve ser contado entre os apócrifos. Sto. Agostinho, porém(354-430 à.C.), que não sabia hebraico, juntava os apócrifos com os canônicos como

  para os diferençar dos livros heréticos. Infelizmente, prevaleceram as idéias desteescritor, e ficaram os livros apócrifos na edição oficial (a Vulgata) da Igreja de Roma. O

Concilio de Trento, 1546, aceitou “todos os livros... com igual sentimento e reverência”,e anatematizou os que não os consideravam de igual modo. A Igreja Anglicana, pelotempo da Reforma, nos seus trinta e nove artigos (1563 e 1571), seguiu precisamente amaneira de ver de S. Jerônimo, não julgando os apócrifos como livros das SantasEscrituras, mas aconselhando a sua leitura “para exemplo de vida e instrução decostumes”.

3. Livros Pseudo-epígrafos. Nenhum artigo sobre os livros apócrifos pode omitir estesinteiramente, porque de ano para ano está sendo mais compreendida a sua importância.Chamam-se Pseudo-epígrafos, porque se apresentam como escritos pelos santos doAntigo Testamento. Eles são amplamente apocalípticos; e representam esperanças e

expectativas que não produziram boa influência no primitivo Cristianismo. Entre eles podem mencionar-se:

 Livro de Enoque (etiópico), que é citado em Judas 14. Atribuem-se várias datas, pelosúltimos dois séculos antes da era cristã.Os  Segredos de Enoque  (eslavo), livro escrito por um judeu helenista, ortodoxo, na

 primeira metade do primeiro século d.C.O   Livro dos Jubileus  (dos israelitas), ou o  Pequeno Gênesis, tratando de

 particularidades do Gênesis duma forma imaginária e legendária, escrito por um fariseuentre os anos de 135 e 105 a.C.Os Testamentos dos Doze Patriarcas: é este livro um alto modelo de ensino moral.Pensa-se que o original hebraico foi composto nos anos 109 a 107 a.C., e a traduçãogrega, em que a obra chegou até nós, foi feita antes de 50 d.C.Os Oráculos Sibilinos,  Livros III-V, descrições poéticas das condições passadas efuturas dos judeus; a parte mais antiga é colocada cerca do ano 140 a.C., sendo a porçãomais moderna do ano 80 da nossa era, pouco mais ou menos.Os Salmos de Salomão , entre 70 e 40 a.C.

 As Odes de Salomão , cerca do ano 100 da nossa era, são, provavelmente, escritoscristãos.O Apocalipse Siríaco de Baruque (2º Baruque), 60 a 100 a.C.O Apocalipse grego de Baruque (3º Baruque), do 2º século, a.C.

 A Assunção de Moisés, 7 a 30 d.C. A Ascensão de Isaias , do primeiro ou do segundo século d.C.

4. Os Livros Apócrifos do Novo Testamento (N.T.): Sob este nome são algumas vezesreunidos vários escritos cristãos de primitiva data, que pretendem dar novasinformações acerca de Jesus Cristo e Seus Apóstolos, ou novas instruções sobre anatureza do Cristianismo em nome dos primeiros cristãos. Entre os EvangelhosApócrifos podem mencionar-se:

O Evangelho segundo os Hebreus  (há fragmentos do segundo século);O Evangelho segundo S. Tiaqo , tratando do nascimento de Maria e de Jesus (segundo

século);Os Atos de Pilatos.(Segundo século).

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Os Atos de Paulo e Tecla (segundo século).Os Atos de Pedro (terceiro século).

 Epístola de Barnabé  (fim do primeiro século). Apocalipses, o de Pedro (segundo século).Ainda que casualmente algum livro não canônico se ache apenso a manuscritos do N.T.,

esse fato é, contudo, tão raro que podemos dizer que, na realidade, nunca se tratouseriamente de incluir qualquer deles no Cânon.****

(Capítulo 12)

Introdução - Antigo Testamento

TEXTO E FORMA

Antigo Testamento é o nome dado, desde os primórdios do Cristianismo, às escriturassagradas do povo de Israel, formadas por um conjunto de livros muito diferentes uns

dos outros em caráter e gênero literário e pertencentes a diversas épocas e autores. O Antigo Testamento ocupa, sem dúvida, um lugar preeminente no quadro geral daimportante literatura surgida no Antigo Oriente Médio. No decorrer da sua longahistória, egípcios, sumérios, assírios, babilônicos, fenícios, hititas, persas e outros povosda região produziram um importante tesouro de obras literárias porém nenhuma delas secompara ao Antigo Testamento quanto à riqueza dos temas e beleza de expressão e,muito menos, quanto ao valor religioso. Os gêneros literários do Antigo Testamento

Em termos gerais, todos os escritos do Antigo Testamento podem ser incluídos em umou outro dos dois grandes gêneros literários que são a prosa e a poesia em tudo, umasegunda aproximação permite apreciar a grande diversidade de classes e estilos que,muitas vezes misturados entre si, configuram ambos os gêneros.

Quanto à prosa, é o gênero no qual estão escritos textos como os seguintes:

a) relatos históricos, presentes sobretudo nos livros de caráter narrativo e que, a partir deAbraão (Gn 11.27-25.11), referem-se ou diretamente ao povo de Israel e aos seus

 personagens mais significativos ou indiretamente aos povos e nações cuja história está

relacionada muito de perto com Israel;  b) o relato de Gn 1-3 sobre as origens do mundo e da humanidade, o qual, do ponto devista literário, merece referência à parte; c) passagens especiais (p. ex., a história dos patriarcas), narrações épicas (p. ex., oêxodo do Egito e a conquista de Canaã), quadros familiares (p. ex., o livro de Rute),

  profecias (em parte), visões, crônicas oficiais, diálogos, discursos, instruções,exortações e genealogias; d) textos legais e normas de conduta e regulamentação da prática religiosa coletiva e

 pessoal.

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Quanto à poesia, o Antigo Testamento oferece vários modelos literários, que podem ser resumidos em:

a) cúlticos (p. ex., Salmos e Lamentações);

 b) proféticos (uma parte muito importante dos textos dos profetas de Israel);c) sapienciais, os quais recolhem reflexões e ensinamentos relativos à vida diária(Provérbios e Eclesiastes) ou que giram em torno de algum problema de caráter teológico (Jó).Autores e tradição

De acordo com a sua origem, os livros do Antigo Testamento podem ser classificadosem dois grandes grupos. O primeiro é formado pelos escritos que deixam transparecer aatividade criadora do autor e parecem ser marcados pelo selo da sua personalidade. Talé o caso de boa parte dos textos proféticos, cuja mensagem inicial foi, às vezes,ampliada, chegando, posteriormente, ao seu pleno desenvolvimento em âmbitos onde a

inspiração do profeta original se deixava sentir com intensidade. 

 No segundo grupo são incluídos os livros nos quais, não tendo permanecido marcas próprias do autor, foram as tradições que se encarregaram de transmitir a mensagem preservada pelo povo, proclamando-a e aplicando-a às circunstâncias próprias de cadatempo novo. A esse grupo pertence uma boa parte da narrativa histórica e da literaturacúltica e sapiencial.

Transmissão do texto

A passagem da tradição oral para a escrita chega ao Antigo Testamento num tempo emque o papiro e o pergaminho já estavam em uso como materiais de escrita. Deles sefaziam longas tiras que, convenientemente unidas, formavam os chamados "rolos", umaespécie de cilindros de peso e volume às vezes consideráveis. Assim, chegaram até nósos textos do Antigo Testamento (cf. Jr 36), ainda que não nos seus manuscritoshebraicos originais, porque com o tempo todos desapareceram, mas graças à grandequantidade de cópias feitas ao longo de muitos séculos. Dentre elas, as mais antigas quetemos pertencem ao séc. I a.C. Foram descobertas em lugares como Qumran, a oestedo mar Morto, algumas em muito bom estado de conservação e outras, muitodeterioradas e reduzidas a fragmentos. 

Das cópias que contêm o texto integral da Bíblia Hebraica, a mais antiga é o Códice deAlepo, que data do séc. X d.C. e é o reflexo da tradição tiberiense.

O sistema alfabético utilizado nos primitivos manuscritos hebraicos carecia de vogais:na sua época e de acordo com um uso comum de diversas línguas semíticas, somente asconsoantes tinham representação gráfica. Essa peculiaridade era, obviamente, uma fontede sérios problemas de leitura e interpretação dos escritos bíblicos, cuja unificaçãorealizaram os especialistas judeus do final do séc. I d.C.

O trabalho daqueles sábios foi favorecido na última parte do séc. V a.C. pelodesenvolvimento, sobretudo em Tiberíades e Babilônia, de um sistema de leitura que

culminou entre os séculos VIII e XI d.C. com a composição do texto chamado"massorético". Nele, fruto do intenso trabalho realizado pelos "massoretas" (ou

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"transmissores da tradição"), ficou definitivamente fixada a leitura da Bíblia Hebraicaatravés de um complicado conjunto de sinais vocálicos e entonação. Apesar do excelente cuidado que os copistas tiveram para fazer e conservar as cópias dotexto bíblico, nem sempre puderam evitar que aqui e ali fossem introduzidas pequenas

variantes na escrita. Por isso, a fim de descobrir e avaliar tais variantes, o estudo dosantigos manuscritos implica uma minuciosa tarefa de comparação de textos, nãosomente entre umas ou outras cópias hebraicas, mas também em antigas traduções paraoutras línguas:o texto samaritano do Pentateuco (escrita samaritana) as versões gregas, especialmente aLXX (feita em Alexandria entre os séculos III e II a.C. e utilizada freqüentemente pelosescritores do Novo Testamento) as aramaicas (os targumim, versões parafrásticas) aslatinas, em especial a Vulgata as siríacas, as coptas ou a armênia. Os resultados dessetrabalho de fixação do texto se encontram sintetizados nas edições críticas da BíbliaHebraica.

GEOGRAFIA E RELIGIÃO

A Palestina do Antigo Testamento

A região onde se desenrolaram os acontecimentos mais importantes registrados noAntigo Testamento está situada na zona imediatamente a leste da bacia doMediterrâneo. O nome mais antigo dela registrado na Bíblia é "terra de Canaã" (Gn11.31), substituído posteriormente, entre os israelitas, por "terra de Israel" (1Sm 13.19Ez 11.17 Mt 2.20). Os gregos e romanos preferiram chamá-la de "Palestina", termoderivado do apelativo "filisteu", pelo qual era conhecido o povo que habitava a costa doMediterrâneo. No tempo em que o Império Romano dominou o país, pelo menos umaregião deste recebeu o nome de "Judéia". Durante a maior parte do período monárquico(931-586 a.C.), a terra de Israel esteve dividida em duas: ao sul, o reino de Judá, sendoJerusalém sua capital e ao norte, o reino de Israel, tendo a cidade de Samaria comocapital. As grandes diferenças políticas que separavam ambos os reinos aumentaramainda mais quando, em 721 a.C., o reino do Norte foi conquistado pelo exército assírio. O território palestino é formado por três grandes faixas paralelas que se estendem do

 Norte ao Sul. A ocidental, uma planície banhada pelo Mediterrâneo, estreita-se emdireção ao Norte, na Galiléia, e depois fica cercada pelo monte Carmelo. Nessa planíciese encontravam as antigas cidades de Gaza, Asquelom, Asdode e Jope (atualmente um

subúrbio de Tel Aviv) e a Cesaréia romana, de construção mais recente.

A faixa central é formada por uma série de montanhas que, desde o Norte, como que sedesprendendo da cordilheira do Líbano, descem paralelas pela costa até penetrar no Sul,no deserto de Neguebe. O vale de Jezreel (ou de Esdrelom), entre a Galiléia e Samaria,cortava a cadeia montanhosa, cujas duas alturas máximas estão uma (1.208 m) naGaliléia e a outra (1.020 m), na Judéia. Nessa faixa central do país, encontra-se a cidadede Jerusalém (cerca de 800 m acima do nível do mar) e outras importantes da Judéia,Samaria e Galiléia.

A oriente da região montanhosa serpenteia o rio Jordão, o maior rio da Palestina, o qual

nasce ao norte da Galiléia, no monte Hermom, e caminha em direção ao sul ao longo de300 km, (pouco mais de 100 km, em linha reta). No seu curso, atravessa o lago Merom

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e depois o mar ou lago da Galiléia (ou ainda "mar de Tiberíades") e corre por umadepressão que se torna cada vez mais profunda, até desembocar no mar Morto, a 392 mabaixo do nível do Mediterrâneo. Mais além da depressão do Jordão, no seu lado oriental, o terreno torna a elevar-se.

Sobretudo na região norte há cumes importantes, como, já fora da Palestina, o monteHermom, com até 2.758 m de altura. 

A Palestina é predominantemente seca, desértica em extensas regiões do Leste e Sul do país, com montanhas muito pedregosas e poucos espaços com condições favoráveis para o cultivo. Os terrenos férteis, próprios para a agricultura, encontram-se, sobretudo,na planície de Jezreel, ao norte, no vale do Jordão e nas terras baixas que, ao ocidente,acompanham a costa. As altas temperaturas predominantes se atenuam nas parteselevadas, onde as noites podem chegar a ser frias. As duas estações mais importantessão o inverno e o verão (cf. Gn 8.22 Mt 24.20,32), mas, quanto ao clima, o essencial

 para os trabalhos agrícolas é a regularidade na chegada das chuvas: as temporãs (entreoutubro e novembro) e as serôdias (entre dezembro e janeiro). Armazena-se, então, aágua em algibes (ou cisternas), para poder tê-la durante os outros meses do ano.

Valorização religiosa do Antigo Testamento

 No Antigo Testamento, como em toda a Bíblia, é reconhecida, em sua origem, umaautêntica experiência religiosa. Deus se revelou ao povo de Israel na realidade da suahistória e fez isso como o único Deus, Criador e Senhor do universo e da história, não seassemelhando a nenhuma outra experiência humana, nem identificando-se com algumaimagem feita pelos homens. Deus é o Autor da vida, o Criador da existência de todos osseres e é um Deus salvador, que está sempre ao lado do seu povo, mas que não se deixamanipular por ele que impõe obrigações morais e sociais, que não se deixa subornar,que protege os fracos e ama a justiça. É um Deus que se achega ao povo, especialmenteno culto um Deus perdoador, que quer que o pecador viva, porém julga com justiça ecastiga a maldade. As idéias e a linguagem do Antigo Testamento transparecem nosescritos do Novo Testamento, em cujo pano de fundo está sempre presente o Deus doAntigo Testamento, o Pai de Jesus Cristo, em quem é revelado, definitivamente, o seuamor e a sua vontade salvadora para todo aquele que o recebe pela fé.

O Antigo Testamento dá especial atenção ao relacionamento de Deus com Israel, o seu

 povo escolhido. Um dos mais importantes aspectos desse relacionamento é a Aliançacom Israel, mediante a qual Javé se compromete a ser o Deus daquele povo que tomoucomo a sua possessão particular e dele exige o cumprimento religioso dos mandamentose das leis divinas. Assim, a fé comum, as celebrações cúlticas e a observância da Lei sãoos elementos que configuram a unidade de Israel, uma unidade que se rompe quando setorna infiel ao Deus ao qual pertence. A história de Israel como povo escolhido revelaque o mais importante é manter a sua identidade religiosa em meio ao mundo ao seuredor, passo necessário que será dado em direção à mensagem universal que depois, emJesus Cristo, será proclamada pelo Novo Testamento.

 Nem todos os aspectos do Antigo Testamento mantêm igual vigência para o cristão. O

Antigo Testamento deve ser interpretado à luz da sua máxima instância, que é JesusCristo. A projeção histórica e profética do povo de Israel no Antigo Testamento é uma

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etapa precursora no caminho que conduz à plena revelação divina em Cristo (Hb 1.1-2).Por outro lado, o Novo Testamento é o testemunho de fé de que as promessas feitas por Deus a Israel são cumpridas com a vinda do Messias (cf., p. ex., Mt 1.23 Lc 3.4-6 At2.16-21 Rm 15.9-12). Por isso, certas instruções absolutamente válidas para o povo

 judeu deixam de ser igualmente vigentes para o novo povo de Deus, que é a Igreja (cf.

At 15 Gl 3.23-29 Cl 2.16-17 Hb 7.11-10.18) e alguns aspectos da lei de Moisés, doculto do Antigo Testamento e da doutrina sobre o destino do ser humano, pessoal ecomunitariamente considerado, devem ser interpretados à luz do evangelho de JesusCristo, o Filho de Deus. HISTÓRIA E CULTURA

A existência de Israel como povo remonta, provavelmente, ao último período do séc. XIa.C. Era o tempo do nascimento da monarquia e da unificação das diversas tribos, queviviam separadas entre si até que, sob o governo do rei Davi, constituiu-se o Estadonacional, com Jerusalém por capital. 

Até chegar a esse momento, a formação do povo havia sido lenta e difícil, mescladafreqüentemente com a história das mais antigas civilizações que floresceram no Egito,às margens do Nilo e na Mesopotâmia, nas terras regadas pelo Tigre e o Eufrates. Asfontes extrabíblicas da história de Israel naquela época são muito limitadas, carentes da

 base documental necessária para se estabelecerem com precisão as origens do povohebreu. Nesse aspecto, o livro de Gênesis proporciona alguns dados de valor inestimável, pois o estudo dos relatos patriarcais permite descobrir alguns aspectosfundamentais da origem do povo israelita.

A época dos patriarcas Os personagens do Antigo Testamento, habitualmentedenominadas "patriarcas", eram chefes de grupos familiares seminômades que iam deum lugar a outro em busca de comida e água para os seus rebanhos. Não havendochegado ainda à fase cultural do sedentarismo e dos trabalhos agrícolas, os seusassentamentos eram, em geral, eventuais: duravam o tempo em que os seus gadosdemoravam para consumir os pastos.

Gênesis oferece uma visão particular do começo da história de Israel, que é mais propriamente a história de uma família. Procedentes da cidade mesopotâmica de Ur doscaldeus, situada junto ao Eufrates, Abraão e a sua esposa chegaram ao país de Canaã.Deus havia prometido a Abraão que faria dele uma grande nação (Gn 12.1-3 cf. 15.1-2117.1-4) e, conforme essa promessa, nasceu o seu filho Isaque, que, por sua vez, foi o pai

de Jacó. Durante a sua longa viagem, primeiro na direção norte e depois na direção sul,Abraão deteve-se em diversos lugares mencionados na Bíblia: Harã, Siquém, Ai e Betel(Gn 11.31-12.9) atravessou a região desértica do Neguebe e chegou até o Egito, deonde, mais tarde, regressou para, finalmente, estabelecer-se em um lugar conhecidocomo "os carvalhais de Manre", junto a Hebrom (Gn 13.1-3,18). Ao morrer Abraão (Gn25.7-11 cf. 23.2,17-20), Isaque converte-se no protagonista do relato bíblico, que oapresenta como habitante de Gerar e Berseba (Gn 26.6,23), lugares do Neguebe (Gn24.62), na região meridional da Palestina. Isaque, herdeiro das promessas de Deus aAbraão, aparece no meio de um quadro descritivo da vida seminômade do segundomilênio a.C.: busca de campos de pastoreio, assentamentos provisórios, ocasionaistrabalhos agrícolas nos limites de povoados fronteiriços e discussões por causa dos

 poços de água onde se dava de beber ao gado (Gn 26).

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Depois de Isaque, a atenção do relato concentra-se nos conflitos pessoais surgidos entreJacó e o seu irmão Esaú, que são como que uma visão antecipada dos graves problemasque, posteriormente, haveriam de acontecer entre os israelitas, descendentes de Jacó, eos edomitas, descendentes de Esaú. A história de Jacó é mais longa e complicada que as

anteriores. Consta de uma série de relatos entrelaçados: a fuga do patriarca para a regiãomesopotâmica de Padã-Arã a inteligência e a riqueza de Jacó o regresso a Canaã oepisódio de Peniel, onde Deus mudou o nome de Jacó para Israel (Gn 32.28) a revelaçãode Deus e a renovação das suas promessas (Gn 35.1-15) a história de José e a morte deJacó no Egito (Gn 37.1-50.14). 

A saída do Egito

A situação política e social das tribos israelitas, do Egito e dos países do Oriente Médio,no período que vai da morte de José à época de Moisés, sofreu mudanças consideráveis.

O Egito viveu um tempo de prosperidade depois de expulsar do país os invasoreshicsos. Este povo oriundo da Mesopotâmia, depois de passar por Canaã, havia seapropriado, no início do séc. XVIII a.C., da fértil região egípcia do delta do Nilo. Oshicsos dominaram no Egito cerca de um século e meio, e, provavelmente, foi nessetempo que Jacó se instalou ali com toda a sua família. Esta poderia ser a explicação daacolhida favorável que foi dispensada ao patriarca, e de que alguns dos seusdescendentes, como aconteceu com José (Gn 41.37-43), chegaram a ocupar postosimportantes no governo do país.

A situação mudou quando os hicsos foram finalmente expulsos do Egito. Osestrangeiros residentes, entre os quais encontravam-se os israelitas, foram submetidos auma dura opressão. Essa mudança na situação política está registrada em Êx 1.8, que dizque subiu ao trono do Egito um novo rei "que não conhecera a José." Durante omandato daquele faraó, os israelitas foram obrigados a trabalhar em condiçõessubumanas na edificação das cidades egípcias de Pitom e Ramessés (Êx 1.11). Porém,em tais circunstâncias, teve lugar um acontecimento que haveria de permanecer gravado, para sempre, nos anais de Israel: Deus levantou um homem, Moisés, paraconstituí-lo libertador do seu povo.

Moisés, apesar de hebreu por nascimento, recebeu uma educação esmerada na própria

corte do faraó. Certo dia, Moisés viu-se obrigado a fugir para o deserto, e ali Javé (nomeexplicado em Êx 3.14 como "EU SOU O QUE SOU") revelou-se a ele e lhe deu amissão de libertar os israelitas da escravidão a que estavam submetidos no Egito (Êx3.1-4.17). Regressou Moisés ao Egito e, depois de vencer com palavras e açõesmaravilhosas a resistência do faraó, conseguiu que a multidão dos israelitas se colocasseem marcha em direção ao deserto do Sinai.

Esse capítulo da história de Israel, a libertação do jugo egípcio, marcou indelevelmentea vida e a religião do povo. A data precisa desse acontecimento não pode ser determinada. Têm-se sugerido duas possibilidades: até meados do séc. XV e até meadosdo séc. XIII. (Neste último caso seria durante o reinado de Ramsés II ou do seu filho

Meneptá.).

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Durante os anos de permanência no deserto do Sinai, enquanto os israelitas dirigiam-se para Canaã, produziu-se um acontecimento de importância capital: Deus instituiu a suaAliança com o seu povo escolhido (Êx 19). Essa Aliança significou o estabelecimentode um relacionamento singular entre Javé e Israel, com estipulações fundamentais que

ficaram fixadas na lei mosaica, cuja síntese é o Decálogo (Êx 20.1-17). A conquista deCanaã e o período dos juízes.

Depois da morte de Moisés (Dt 34), a direção do povo foi colocada nas mãos de Josué,a quem coube guiá-lo ao país de Canaã, a Terra Prometida. A entrada naquelesterritórios iniciou-se com a passagem do Jordão, fato de grande significação histórica,

 porque com ela inaugurava-se um período decisivo para a constituição da futura naçãoisraelita (Js 1-3).

Conquistar e assentar-se em Canaã não se tornou empresa fácil. Foi um longo e duro processo (cf. Jz 1), às vezes, de avanço pacífico, mas, às vezes, de inflamados choques

com os hostis povos cananeus (cf. Jz 4-5), formados por populações diferentes entre si,ainda que todas pertencentes ao comum tronco semítico muitas delas terminaramabsorvidas por Israel (cf. Js 9).

 Naquele tempo da chegada e conquista de Canaã, os grandes impérios do Egito e daMesopotâmia já haviam iniciado a sua decadência. Destes eram vassalos os pequenosEstados cananeus, de economia agrícola e cuja administração política limitava-se,geralmente, a uma cidade de relativa importância nos limites das suas terras. Em relaçãoà religião, caracterizava-se sobretudo pelos ritos em honra a Baal, Aserá e Astarote, e adeuses secundários, geralmente divindades da fecundidade.

A etapa conhecida como "período dos juízes de Israel" sucedeu à morte de Josué (Js24.29-32). Desenvolveu-se entre os anos 1200 e 1050 a.C., e a sua característica maisevidente foi, talvez, a distribuição dos israelitas em grupos tribais, mais ou menosindependentes e sem um governo central que lhes desse um mínimo sentido deorganização política. Naquelas circunstâncias surgiram alguns personagens queassumiram a direção de Israel e que, ocasionalmente, atuaram como estrategistas e oguiaram nas suas ações de guerra (ver, p. ex., em Jz 5, o Cântico de Débora, que celebrao triunfo de grupos israelitas aliados contra as forças cananéias). Entre todos os povosvizinhos, foram, provavelmente, os filisteus que representaram para Israel a mais graveameaça. Procedentes de Creta e de outras ilhas do Mediterrâneo oriental, os filisteus,

conhecidos também como "os povos do mar", que primeiramente haviam intentado semêxito penetrar no Egito, apoderaram-se depois (por volta de 1175 a.C.) das planíciescosteiras da Palestina meridional. Ali estabeleceram-se e constituíram a "Pentápolis", ogrupo das cinco cidades filistéias: Asdode, Gaza, Asquelom, Gate e Ecrom (1Sm 6.17),cujo poder reforçou-se com a sua aliança e também com o monopólio da manufatura doferro, utilizado tanto nos seus trabalhos agrícolas quanto nas suas ações militares (1Sm13.19-22).

O início da monarquia de Israel A figura política dos "juízes", apta para resolver assuntos de caráter tribal, mostrou-se

ineficaz ante os problemas que, mais tarde, haveriam de ameaçar a sobrevivência doconjunto de Israel no mundo palestino. Assim, pouco a pouco, veio a implantação da

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monarquia e, com ela, uma forma de governo unificado, dotado da autoridadenecessária para manter uma administração nacional estável. Ainda que a monarquiatenha enfrentado, no início, fortes resistências internas (1Sm 8), paulatinamente chegoua impor-se e consolidar-se. Samuel, o último dos juízes de Israel, foi sucedido por Saul,que em 1040 a.C. iniciou o período da monarquia, que se prolongou até 586 a.C.,

quando, durante o reinado de Zedequias, os babilônios sitiaram e destruíram Jerusalém,tendo Nabucodonosor à frente. Saul, que começou a reinar depois de ter obtido umavitória militar (1Sm 11) e de ter triunfado em outras ocasiões, todavia, nunca conseguiuacabar com os filisteus, e foi lutando contra eles no monte Gilboa que morreram os seustrês filhos e ele próprio (1Sm 31.1-6). Saul foi sucedido por Davi, proclamado rei pelos homens de Judá na cidade de Hebrom(2Sm 2.4-5). O seu reinado iniciou-se, pois, na região meridional da Palestina, masdepois estendeu-se em direção ao norte. Reconhecido como rei por todas as tribosisraelitas, conseguiu unificá-las sob o seu governo. Durante o tempo em que Davi viveu,

  produziram-se acontecimentos de grande importância: a anexação à nova entidade

nacional de algumas cidades cananéias antes independentes, a submissão de povosvizinhos e a conquista de Jerusalém, convertida desde então na capital do reino e centroreligioso por excelência. Próximo já da sua morte, Davi designou por sucessor o seufilho Salomão, sob cujo governo alcançou o reino as mais altas cotas de esplendor.Salomão soube estabelecer importantes relacionamentos políticos e comerciais,geradores de grandes benefícios para Israel. As riquezas acumuladas sob o seu governo

 permitiram realizar em Jerusalém construções de enorme envergadura, como o Temploe o palácio real. O prestígio de Salomão fez-se proverbial, e a fama da sua prudência esabedoria nunca tiveram paralelo na história dos reis de Israel (1Rs 5-10). A ruptura da unidade nacional

A despeito de todas as circunstâncias favoráveis que rodearam o reinado de Salomão,foi precisamente aí que a unidade do reino começou a fender-se. Por um e outro lado do

 país, surgiam vozes de protesto pelos abusos de autoridade, pelos maus tratos infligidosà classe trabalhadora e pelo agravamento dos tributos destinados a cobrir os gastos queoriginavam as grandes construções. Tudo isso, fomentando atitudes dedescontentamento e rebeldia, foi causa do ressurgimento de antigas rivalidades entre astribos do Norte e do Sul.

Os problemas chegaram ao extremo quando, morto Salomão, ocupou o trono o seu filho

Roboão (1Rs 12.1-24). Sem a sensatez do seu pai, Roboão provocou, com imprudentesatitudes pessoais, a ruptura do reino: de um lado, a tribo de Judá, que seguiu fiel aRoboão e manteve a capital em Jerusalém de outro, as tribos do Norte, que

 proclamaram rei a Jeroboão, antigo funcionário da corte de Salomão. Desde essemomento, a divisão da nação em reino do Norte e reino do Sul se fez inevitável.

Judá, sempre governada por um membro da dinastia davídica, subsistiu por mais detrezentos anos, ainda que a sua independência nacional tivesse sofrido importantesoscilações desde que, no final do séc. VIII a.C., a Assíria a submeteu a uma duravassalagem. Aquele antigo império dominou a Palestina até que medos e caldeus, já

 próximo do séc. VI a.C., apagaram-na do panorama da história (Na 1-3). Então, em

Judá, onde reinava Josias, renasceram as esperanças de recuperar a perdidaindependência mas, depois da batalha de Megido (609 a.C.), com a derrota de Judá e a

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morte de Josias (2Cr 35.20-24), o reino entrou em uma rápida decadência, que terminoucom a destruição de Jerusalém em 586 a.C. O Templo e toda a capital foram arrasados,um número grande dos seus habitantes foi levado ao exílio, e a dinastia davídica chegouao seu fim (2Rs 25.1-21). Ao que parece, a perda da independência de Judá supôs a suaincorporação à província babilônica de Samaria mas, além disso, o país havia ficado

arruinado, primeiro pela devastação que causaram os invasores e em seguida pelossaques a que o submeteram os seus povos vizinhos, Edom (Ob 11), Amom e outros (Ez25.1-4). 

O reino do Norte, Israel, nunca chegou a gozar uma situação politicamente estável. Asua capital mudou de lugar em diversas ocasiões, antes de ficar finalmente instalada nacidade de Samaria (1Rs 16.24), e várias tentativas para constituir dinastias duradourasterminaram em fracasso, freqüentemente de modo violento (Os 8.4). A aniquilação doreino do Norte sob a dominação assíria ocorreu gradualmente: primeiro foi a imposiçãode um grande tributo (2Rs 15.19-20) em seguida, a conquista de algumas povoações e a

conseqüente redução das fronteiras do reino e, por último, a destruição de Samaria, oexílio de uma parte da população e a instalação de um governo estrangeiro no paísconquistado. O exílio

Os babilônios permitiram que os exilados do reino de Judá formassem famílias,construíssem casas, cultivassem pomares (Jr 29.5-7) e chegassem a consultar os seus

  próprios chefes e anciãos (Ez 20.1-44) e, igualmente, permitiram-lhes viver emcomunidade, em um lugar chamado Tel-Abibe, às margens do rio Quebar (Ez 3.15).Assim, pouco a pouco, foram-se habituando à sua situação de exilados na Babilônia.Em semelhantes circunstâncias, a participação comum nas práticas da religião foi,

 provavelmente, o vínculo mais forte de união entre os membros da comunidade exiladae a instituição da sinagoga teve um papel relevante como ponto de encontro para aoração, a leitura e o ensinamento da Lei, o canto dos Salmos e o comentário dos escritosdos profetas.

Desta maneira, com o exílio, a Babilônia converteu-se num centro de atividadereligiosa, onde um grupo de sacerdotes entregou-se com empenho à tarefa de reunir e

 preservar os textos sagrados que constituíam o patrimônio espiritual de Israel. Entre oscomponentes desse grupo se contava Ezequiel, que, na sua dupla condição de sacerdote

e profeta (Ez 1.1-3 2.1-5), exerceu uma influência singular.

Dadas as condições de tolerância e até de bem-estar em que viviam os exilados naBabilônia, não é de estranhar que muitos deles renunciassem, no seu tempo, regressar ao seu país. Outros, pelo contrário, mantendo vivo o ressentimento contra a nação queos havia arrancado da sua pátria e que era causa dos males que lhes haviam sobrevindo,suspiravam pelo momento do regresso ao seu longínquo país (Sl 137 Is 47.1-3).

Retorno e restauração

A esperança de uma rápida libertação cresceu entre os exilados quando Ciro, rei de

Anshan, empreendeu a sua carreira de conquistador e fundador de um novo império.Elevado já ao trono da Pérsia (559-530 a.C.), as suas qualidades de estrategista e de

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 político permitiram-lhe superar rapidamente três etapas decisivas: primeiro, a fundaçãodo reino medo-persa, com a sua capital Ecbatana (553 a.C.) segundo, a conquista dequase toda a Ásia Menor, culminada com a vitória sobre o rei de Lídia (546 a.C.)terceiro, a entrada triunfal na Babilônia (539 a.C.). Desse modo, ficou configurado oimpério persa, que, durante mais de dois séculos, dominou o panorama político do

Oriente Médio.

Ciro praticou uma política de bom relacionamento com os povos submetidos. Permitiuque cada um conservasse os seus usos, costumes e tradições e que praticasse a sua

 própria religião, atitude que redundou em benefício aos judeus residentes na Babilônia,os quais, por decreto real, ficaram com a liberdade de regressar à Palestina. O livro deEsdras contém duas versões do referido decreto (Ed 1.2-4 e 6.3-12), no qual seampararam os exilados que quiseram voltar à pátria. E é importante assinalar que oimperador persa não somente permitiu aquele regresso, mas também devolveu aos

 judeus os ricos utensílios do culto que Nabucodonosor lhes havia arrebatado e levado àBabilônia. Para maior abundância, Ciro ordenou também uma contribuição de caráter 

oficial para apoiar economicamente a reconstrução do templo de Jerusalém. O retorno dos exilados realizou-se de forma paulatina, por grupos, o primeiro dos quaischegou a Jerusalém sob a liderança de Sesbazar (Ed 1.11). Tempos depois iniciaram-seas obras de reconstrução do Templo, que se prolongaram até 515 a.C. Para dirigir otrabalho e animar os operários contribuíram o governador Zorobabel e o sumo sacerdoteJosué, apoiados pelos profetas Ageu e Zacarias (Ed 5.1). O passar do tempo deu lugar amuitos problemas de índole muito diversa. As duras dificuldades econômicas às quaistiveram que fazer frente, as divisões no seio da comunidade e, muito particularmente, asatitudes hostis dos samaritanos foram causa da degradação da convivência entre osrepatriados em Jerusalém e em todo Judá.

Ao conhecer os problemas que afligiam o seu povo, um judeu chamado Neemias,residente na cidade de Susã, copeiro do rei persa Artaxerxes (Ne 2.1), solicitou que,com o título de governador de Judá, tivesse a permissão de ajudar o seu povo (445 a.C.).

 Neemias revelou-se um grande reformador, que atuou com capacidade e eficácia. A sua presença na Palestina foi decisiva, não somente para que se reconstruíssem os muros deJerusalém, mas também para que a vida da comunidade judaica experimentasse umamudança profunda e positiva (cf. Ne 8-10).

Artaxerxes investiu, também de poderes extraordinários, ao sacerdote e escriba Esdras,

a fim de que este, dotado de plena autoridade, se ocupasse de todas as necessidades doTemplo e do culto em Jerusalém e cuidasse de colocar sob a lei de Deus tanto os judeusrecém-repatriados como os que nunca haviam saído da Palestina (Ed 7.12-26). Entreeles, promoveu Esdras uma mudança religiosa e moral tão profunda, que, a partir deentão, Israel converteu-se no "povo do Livro". A sua figura ocupa nas tradições judaicasum lugar comparável ao de Moisés. Com relação às referências a Artaxerxes no livro deEsdras (7.7) e no de Neemias (2.1), se correspondem a um só personagem ou a dois, oshistoriadores não têm chegado a uma conclusão definitiva.

O período helenístico

O domínio persa no Oriente Médio chegou ao seu fim quando o exército de Dario IIIsucumbiu em Isso (333 a.C.) ante as forças de Alexandre Magno (356-323 a.C.). Ali

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começou a hegemonia do helenismo, que se manteve até 63 a.C. e que entre os seussucessos contou com o estabelecimento de importantes vínculos entre Oriente eOcidente. Mas as rivalidades surgidas entre os sucessores de Alexandre (os Diádocos)impediram o estabelecimento de uma unidade política eficaz nos territórios que elehavia conquistado. De tais divisões originou-se, com referência à Palestina, a que fora

dominada primeiro pelos ptolomeus (ou lágidas) do Egito e depois pelos selêucidas daSíria, duas das dinastias fundadas pelos generais sucessores de Alexandre. Durante aépoca helenística estendeu-se consideravelmente o uso do grego, e muitos judeusresidentes na "diáspora" (ou "dispersão") habituaram-se a utilizá-lo como língua

 própria. Chegou um momento em que se fez necessário traduzir a Bíblia Hebraica paraatender às necessidades religiosas das colônias judaicas de fala grega. Essa tradução,chamada de Septuaginta ou Versão dos Setenta, foi feita aproximadamente entre os anos250 e 150 a.C.

Durante o reinado do selêucida Antíoco IV Epífanes (175-163 a.C.), produziu-se naPalestina um intento de helenização do povo judeu, que causou entre os seus membros

uma grave dissensão. Muitos adotaram abertamente costumes próprios da cultura grega,divergentes das práticas judaicas tradicionais, enquanto que outros se agarraram comtenaz fanatismo à lei mosaica. A tensão entre eles foi crescendo até desembocar narebelião dos macabeus. Essa rebelião desencadeou-se quando um ancião sacerdotechamado Matatias e os seus cinco filhos organizaram a luta contra o exército sírio.Depois da morte de Matatias, Judas, o seu terceiro filho, ficou à frente da resistência e,chefiando os seus, reconquistou o templo de Jerusalém, que havia sido profanado pelossírios, e o purificou e o dedicou. A Hannuká ou Festa da Dedicação (Jo 10.22)comemora esse fato. Convertido em herói nacional, Judas foi o primeiro a receber osobrenome de "macabeu" (provavelmente "martelo"), que depois foi dado também aosseus irmãos.

Depois da morte de Simão, o último dos macabeus, a sucessão recaiu sobre o seu filhoJoão Hircano I (134-104 a.C.), com quem teve início a dinastia hasmonéia. Ainda viveua Judéia alguns dias de esplendor, mas, em geral, durante o governo dos hasmoneus, aestabilidade política deteriorou-se progressivamente. Mais tarde, entrou em jogo oImpério Romano, e, no ano 63 a.C., o general Pompeu conquistou Jerusalém e aanexou, com toda a Palestina, à que já era oficialmente província da Síria. A partir dessemomento, a própria vida religiosa judaica ficou hipotecada, dirigida aparentemente pelosumo sacerdote em exercício, mas submetida, em última instância, à autoridadeimperial.

 Períodos da História de Israel A história do povo de Deus no AT divide-se em oito períodos.

1º Período: De mais ou menos 1900 a 1700 aC, e nele viveram os patriarcas Abraão,Isaque e Jacó.

2º Período: Escravidão no Egito e êxodo, mais ou menos de 1250 a 1030 aC. O líder nesse período é Moisés.

3º Período: Conquista e posse de Canaã, mais ou menos de 1250 a 1030 aC. O povo écomandado por Josué e pelos Juízes. O último juiz foi Samuel.

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4º Período: O Reino unido, mais ou menos de 1030 a 932 aC. O povo é governado por três reis: Saul, Davi e Salomão.

5º Período: O Reino dividido, de 931 a 586 aC. O Reino de Israel, ao norte, durou 200

anos. Samaria, sua capital, caiu em 722 aC. Conquistada pelos assírios. O Reino deJudá, ao sul, durou 345 anos, tendo chegado ao fim com a conquista de Jerusalém pelos babilônios em 587 ou 586 aC.

6º Período: O período do cativeiro, também chamado de exílio, começou em 722, coma conquista de Samaria. Os moradores do Reino do norte foram levados como

 prisioneiros para a Assíria. 136 anos depois, em 587 ou 586, Jerusalém foi conquistada,e os moradores do Reino do sul foram levados para a Babilônia.

7º Período: A volta do povo de Deus à Terra Prometida começou em 538 aC, por ordem de Ciro, rei da Pérsia, que havia dominado a Babilônia. Vários grupos de judeus

voltaram para a terra de Israel, ficaram morando nela e reconstruíram o templo (520 aC)e as muralhas de Jerusalém (445-443 aC).

8º Período: É o intertestamentário, isto é, o que fica entre o fim do Antigo Testamento eo começo do Novo Testamento. Ele vai de Malaquias, o último profeta, que profetizouentre 500 e 450 aC, até o nascimento de Cristo. Este período é chamado de helenístico

 por causa do domínio e da cultura grega.

O rei grego Alexandre, o Grande, começou a governar Israel em 333 aC.

De 323 a 198, o governo foi exercido pelos ptolomeus, descendentes de um general deAlexandre. De 198 a 166, o domínio foi dos selêucidas, descendentes de um general deAlexandre que havia governado a Síria.

De 166 a 63, Israel viveu 123 anos de independência, sendo o país governado pelosasmoneus, que eram descendentes de Judas Macabeu, o líder da libertação de Israel.

Em 63 a.C, Jerusalém caiu em poder dos romanos e passou a fazer parte do ImpérioRomano. O governo em Israel era exercido por reis nomeados pelo Imperador de Roma.Um desses reis foi Herodes, o Grande, que governou de 37 a 4 aC. 

**** (Capítulo 13)

Bíblia - Novo Testamento

O Cristianismo, nas suas etapas iniciais, considerou o Antigo Testamento como a suaúnica Bíblia. Jesus, como os seus discípulos e apóstolos e o resto do povo judeu, citou-ocomo "as Escrituras", "a Lei" ou "a Lei e os Profetas" (cf. Mc 12.24 Mt 12.5 Lc 16.16).

Com o passar do tempo, a Igreja, tendo entendido que em Cristo "as coisas antigas já

 passaram eis que se fizeram novas" (2Co 5.17), produziu muitos escritos acerca da vidae da obra do Senhor, estabeleceu e transmitiu a sua doutrina e estendeu a mensagem

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evangélica a regiões cada vez mais distantes da Palestina. Dentre esses escritos foi-sedestacando aos poucos um grupo de vinte e sete, que pelos fins do séc. II começou a ser conhecido como Novo Testamento. Eram textos redigidos na língua grega, desiguaistanto em extensão como em natureza e gênero literário. Todos, porém, foramconsiderados com especial reverência como procedentes dos apóstolos de Jesus ou de

 pessoas muito próximas a eles. O uso cada vez mais freqüente que os crentes faziam daqueles vinte e sete escritos(convencionalmente chamados "livros") conduziu a uma geral aceitação da suaautoridade. A fé descobriu, sem demora, nas suas páginas a inspiração do Espírito Santoe o testemunho fidedigno de que em Jesus Cristo, o Filho de Deus, cumpriam-se asantigas profecias e se convertiam em realidade as esperanças messiânicas do povo deIsrael. Conseqüentemente, a Igreja entendeu que os escritos hebraicos, que chamou deAntigo Testamento, requeriam uma segunda parte que viesse a documentar ocumprimento das promessas de Deus. E, enfim, após um longo processo e já bemavançado no séc. V, ficou oficialmente reconhecido o cânon geral da Bíblia como a

soma de ambos os Testamentos. Divisão do Novo Testamento.

Desde o séc. V, o índice do Novo Testamento agrupa os livros da seguinte maneira:

1. Evangelhos (4):a). Sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas.

 b). João.2. Atos dos Apóstolos (1)3. Epístolas (21):a) Paulinas (13): Romanos, 1Coríntios, 2Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses,Colossenses, 1Tessalonicenses, 2Tessalonicenses, 1Timóteo, 2Timóteo, Tito eFilemom.

 b) Epístola aos Hebreus (1)c) Universais (7): Tiago, 1 Pedro, 2 Pedro, 1 João, 2 João, 3 João e Judas4. Apocalipse (1) Essa catalogação dos livros do Novo Testamento não corresponde à ordem cronológicada sua redação ou publicação é, antes, um agrupamento temático e por autores. Talvez,deve-se ver nesse agrupamento o propósito de apresentar a revelação de Deus e oanúncio do seu reino eterno a partir da boa nova da encarnação (Evangelhos) até a boa

nova do retorno glorioso de Cristo no fim dos tempos (Apocalipse), passando pelahistória intermediária da vida e da incumbência apostólica da Igreja (Epístolas). A transmissão do texto

É realmente extraordinário o número de manuscritos do Novo Testamento que chegou anós depois de tantos séculos desde que foram escritos. Ao todo, são mais de 5.000.Alguns são apenas pequenos fragmentos, tão deteriorados pelo tempo e pelas máscondições ambientais, que a sua utilidade é praticamente nula. Mas são muito maisnumerosos os manuscritos que, no todo ou em parte, se conservaram num estadosuficientemente satisfatório para transmitir até o presente a sua mensagem e testificar 

assim a fidelidade dos cristãos que os escreveram.

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Assim sendo, os manuscritos que conhecemos não são autógrafos, isto é, nenhum provém da mão do próprio autor. Todos, sem exceção, são cópias de cópias dos textosoriginais gregos ou de traduções para outros idiomas. Copistas especializados

 pacientemente consagrados a esse labor de muitos anos de duração, os produziram nos

lugares mais diversos e no decorrer de séculos.

As cópias mais antigas até agora conhecidas são papiros que datam do séc. III, procedentes do Egito. O papiro é uma planta abundantemente encontrada às margens do Nilo. Da sua haste,cortada e prensada, preparavam-se tiras retangulares, que se uniam formando folhas deuns 30 centímetros de largura e vários metros de comprimento. Uma vez escritas,enrolavam-se as folhas com o texto para dentro, atando-as com fios.

Os rolos de papiro eram de fácil fabricação, mas o seu manejo era incômodo. Ademais,

tanto a umidade como o calor seco danificavam o material e impediam a sua prolongadaduração. Por isso, em substituição ao papiro, entre os séculos II e V, se difundiu o usode pergaminho, que era uma folha de pele de ovelha ou cordeiro especialmente curtida

 para poder-se escrever nela. Esse novo material, bastante mais custoso que o anterior, porém muito resistente e duradouro, permitiu, primeiro, a preparação de cadernos e,depois, o de códices, isto é, livros na forma em que os conhecemos atualmente. Entre osdiversos códices da Bíblia descobertos até o dia de hoje, os mais antigos e,simultaneamente, mais completos são os chamados Sinaítico e Vaticano, ambos datadosdo séc. IV.

Palestina romana

Jesus nasceu em fins do reinado de Herodes, o Grande (47 a 4 a.C.) Homem cruel (cf.Mt 2.1-16) e, sem dúvida, inteligente, distinguiu-se pela grande quantidade de terras ecidades que conquistou e pelas numerosas e colossais construções com que as dotou.Entre estas, o templo de Jerusalém, do qual apenas se conservaram uns poucos restos

 pertencentes à muralha ocidental (o Muro das Lamentações). Após a morte de Herodes (Mt 2.15-19), o seu reino foi dividido entre os seus filhosArquelau, Herodes Antipas e Filipe. Arquelau (Mt 2.22), etnarca da Judéia e Samaria,foi deposto pelo imperador Augusto no ano 6 d.C. A partir de então, o governo esteve

em mãos de procuradores romanos, entre eles Pôncio Pilatos, que manteve o cargodesde o ano 26 até 36. Herodes Antipas (Lc 3.1) foi tetrarca da Galiléia e Peréia até oano 39 e Filipe (Lc 3.1), até 34 o foi da Ituréia, Traconites e outras regiões orientais do

 Norte (Ver a Cronologia Bíblica). 

 No ano 37, o imperador Calígula nomeou rei a Herodes Agripa e o colocou sobre atetrarquia de Filipe, à qual logo acrescentou a de Herodes Antipas. Com a morte deCalígula (assassinado no ano 41), o seu sucessor, Cláudio, ampliou ainda mais osterritórios de Agripa com a anexação da Judéia e Samaria. Desse modo, Agripa reinouaté a sua morte (44 d.C.), praticamente sobre toda a Palestina.

Antipas foi aquele que mandou prender e matar a João Batista (Mc 6.16-29) e HerodesAgripa foi quem perseguiu a igreja de Jerusalém e mandou matar a Tiago e prender a

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Pedro (At 12.1-19). O Novo Testamento fala também de outro Herodes Agripa, filho doanterior: o rei que, acompanhado da sua irmã e mulher Berenice, escutou o discurso

 pronunciado por Paulo em sua própria defesa, em Cesaréia (At 25.13-26.32).

Por detrás de todos esses personagens se manteve, sempre vigilante, o poder romano.

Roma era quem empossava ou demitia governantes nos países submetidos ao seudomínio, conforme lhe convinha. Durante a vida de Jesus e até à destruição deJerusalém no ano 70, sucederam-se em Roma sete imperadores (ou césares). Três delessão mencionados no Novo Testamento: Augusto (Lc 2.1), Tibério (Lc 3.1) e Cláudio(At 11.28 18.2). E há um quarto, Nero, cujo nome não é mencionado, a quem Paulo faztácita referência ao apelar ao tribunal de César (At 25.10-12 28.19). A Palestina fazia parte do Império Romano desde o ano 63 a.C. Essa circunstânciasignificara a perda definitiva da sua independência nacional. Dois longos séculos deagitação política a tinham levado a um estado de irreparável prostração moral, de queRoma, pela mão do general Pompeu, aproveitou-se apoderando-se do país e integrando-

o na província da Síria.

A fim de manter a paz e a tranqüilidade nos seus territórios, Roma atuava geralmentecom muita cautela, sem pressionar excessivamente a população submetida e sem forçá-la a mudar os seus próprios modelos da sociedade, nem os seus costumes, cultos ecrenças religiosas. Inclusive, às vezes, a fim de pôr uma nota de tolerância e boavontade, consentia a existência de certos governos nacionais, como os de Herodes, oGrande, e dos seus sucessores dinásticos. O que Roma nunca permitiu foi a agitação

 política e muito menos a rebelião aberta dentro das suas fronteiras. Quando isso ocorria,o exército se encarregava de restabelecer a ordem, atuando com presteza e com omáximo rigor. Foi isso que aconteceu no ano 70 d.C., quando Tito, filho do imperador Vespasiano, arrasou Jerusalém e provocou a "diáspora" (ou dispersão) de grande parteda população, a fim de acabar de uma vez por todas com as revoltas judaicas iniciadasuns quatro anos antes.

Configuração física da Palestina

O Jordão é o rio da Palestina. Nasce no monte Hermom e percorre o país de norte a sul,dividindo-o em dois: a Cisjordânia, ou lado ocidental, e a Transjordânia, ou ladooriental. Depois de atravessar o mar da Galiléia, corre serpenteante ao longo de umadepressão geológica cada vez mais profunda, até desembocar no mar Morto, a uns 110

km do lugar do seu nascimento e a quase 400 m abaixo do nível do Mediterrâneo.

O mar Morto, de quase 1000 km² de superfície, deve o seu nome ao fato de que a alta proporção de sal e outros elementos dissolvidos nas suas águas fazem nelas impossívela vida de peixes e de plantas. Ao contrário, o mar (ou o lago) da Galiléia, tambémchamado de lago de Genesaré ou de Tiberíades (cf., p. ex., Mt 4.18 14.34 e Jo 6.1), de145 km² de superfície e situado igualmente em uma profunda depressão (212 m abaixodo nível do Mediterrâneo), é uma grande represa natural de água doce em que abundamos peixes (cf. Lc 5.4-7 Jo 21.6-11).

A Palestina é uma terra de montanhas. Na época do Novo Testamento, quase todas as

suas cidades estavam situadas em algum ponto da cordilheira que desce, desde osmaciços do Líbano (3.083 m) e do Hermom (2.760 m) até os limites meridionais do país

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na região desértica do Neguebe. Essa cadeia só se vê cortada pela planície de Jezreel (Js17.16), que penetra nela, deixando ao norte os montes da Galiléia e ao sul os desviosdas montanhas de Samaria.

Alguns nomes do sistema orográfico da Palestina se conhecem pela menção que deles

fazem os relatos bíblicos. No lado oriental do Jordão, p. ex., encontra-se o monte Nebo,de 1.146 m de altura e, no lado ocidental, o Carmelo (552 m), o Gerizim (868 m), omonte das Oliveiras (uns 800 m) e o Tabor (562 m). A Palestina achava-se limitada pelos desertos da Arábia e da Síria ao leste e, a oeste,

 pelo mar Mediterrâneo, separado das montanhas pelas terras baixas que começam nafértil planície de Sarom (cf. Ct 2.1 Is 35.2), junto ao monte Carmelo.

Populações da Palestina

Os Evangelhos e Atos dos Apóstolos mencionam um bom número de cidades, vilas e

aldeias espalhadas pelo país, especialmente a oeste do Jordão e do mar Morto. Na regiãoda Galiléia se encontravam, às margens do lago de Genesaré, Cafarnaum, Corazim eMagdala e, mais ao interior, Caná, Nazaré e Naim.

 Na região da Judéia, a quase 1.150 m acima do nível do mar Morto, eleva-se Jerusalém.Perto dela, ao sul, Belém a leste, sobre o monte das Oliveiras, Betânia e Betfagé e, aoeste, Emaús, mais longe, Lida e, por último, o porto de Jope. A partir daqui, descendo

 pelo litoral, Azoto e Gaza. O Novo Testamento menciona também algumas cidades evilas palestinas que não pertenciam à Judéia ou Galiléia: Cesaréia de Filipe, na IturéiaSarepta, Tiro e Sidom, no litoral da Fenícia Siquém, em Samaria.

Sociedade e cultura no mundo judaico

Os relatos dos evangelistas oferecem uma espécie de retrato da forma de vida dos judeus de então. As parábolas de Jesus e as ocorrências nos percursos que fez pelaPalestina destacam a importância que, naquela sociedade, representavam os trabalhos docampo. A semeadura e a colheita de cereais, o plantio de vinhas e a colheita de uvas, a

 produção hortícola e as referências à oliveira, à figueira e a outras árvores são dadosreveladores de uma cultura basicamente agrária, completada com a criação de rebanhosde ovelhas e cordeiros, de animais de carga e, inclusive, de manadas de porcos. Por outro lado, a pesca ocupava um lugar importante na atividade dos moradores que

viviam nas aldeias costeiras do mar da Galiléia. Junto a essas profissões exerciam-setambém outras de índole artesanal. Ali se encontravam perfumistas, tecelões, curtidores,carpinteiros (cf. Mc 6.3), oleiros e fabricantes de tendas de campanha (cf. At 18.3) e,certamente, também servidores domésticos, comerciantes, banqueiros e cobradores deimpostos (ver Publicanos na Concordância Temática). Nos degraus mais baixos daescala sócio-econômica estavam os peões contratados ao salário do dia, os escravos (cf.Êx 21.1-11), as prostitutas e um número considerável de pessoas que sobreviviam com a

 prática da mendicância.

Religião e política

A religião e a política caminham juntas no mundo judaico. Eram dois componentes deuma só realidade, expressa no sentimento nacionalista que brotava da mesma fonte, a fé

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no Deus de Abraão, Isaque e Jacó. A história do povo de Israel é a história da sua fé emDeus e a sua fé é a fé em que Deus governa toda a sua história. Por isso, o sumosacerdote em exercício era precisamente aquele que presidia o Sinédrio, máximo órgão

 jurídico e administrativo da nação. Este consistia num conselho de 71 membros, no qualestavam representados os três grupos político-religiosos mais significativos da época:

 os sacerdotes, arrolados na sua maioria no partido saduceu os anciãos, geralmentefariseus e os mestres da Lei. O Sinédrio gozava de todas as competências de um governo autônomo, salvo aquelasem que Roma se reservava os direitos de última instância. O Sinédrio, p. ex., eracompetente para condenar à morte um réu, mas a ordem da execução exigia o visto daautoridade romana, como sucedeu no caso de Jesus (cf. Jo 19.10).

Em relação aos partidos, convém assinalar que os fariseus eram os representantes maisrigorosos da espiritualidade judaica. Com a sua insistência na observância estrita da Lei

mosaica e no respeito às tradições dos "pais" (isto é, os antepassados), exerciam umaforte influência no povo. Jesus reprovava o seu exagerado zelo ritual e o afã desatisfazer os mais insignificantes aspectos da letra da Lei, que os fazia esquecer freqüentemente os valores do espírito que a anima (cf. Mc 7.3-4,8-13. Ver 2Co 3.6).

Os saduceus representavam, de certo modo, a aristocracia de Israel. Esse partido, maisreduzido numericamente que o fariseu, era formado, em grande parte, pelas poderosasfamílias dos sumos sacerdotes. Na sua doutrina, em contraste com o que ensinavam osfariseus, os saduceus mantinham "não haver ressurreição, nem anjo, nem espírito" (At23.8).

Tradicionalmente, se tem considerado que os zelotes constituíam um grupo judaiconacionalista que se rebelou contra Roma. Eram conhecidos também como cananitas.Com ambos os epítetos se identifica no Novo Testamento Simão, um dos dozediscípulos de Jesus (ver Lc 6.15, nota n e cf. Mt 10.4 e Mc 3.18 com Lc 6.15 e At 1.13).Os zelotes desempenharam um papel muito ativo na rebelião dos anos 66 a 70.

À parte desses três grupos, havia outros, como os herodianos, cuja identidade não seconseguiu esclarecer totalmente. É provável que se tratasse de pessoas a serviço deHerodes, embora alguns achem que o nome se adapte melhor aos partidários de Herodese de sua dinastia.

Os escribas, mestres da Lei ou rabinos formavam um grupo profissional e não um  partido. Eram os encarregados de instruir o povo em matéria de religião. Não pertenciam, em geral, à classe sacerdotal, mas eram influentes e chegaram a gozar deuma elevada consideração como intérpretes das Escrituras e dirigentes do povo.

Pouco tempo e pouco espaço necessitou Jesus de Nazaré para realizar uma obra cujas bênçãos haveriam de alcançar a todos os seres humanos de todos os tempos e de todosos lugares. O Novo Testamento dá testemunho disso: ele é o registro que, com a mesmasingeleza com que o Filho de Deus se manifestou em carne, também fala do amor deDeus e da sua vontade salvadora.

 Partidos Religiosos e Políticos

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Fariseus:Um dos principais grupos religiosos dos judeus. Eles seguiam rigorosamente a Lei deMoisés, as tradições e os costumes dos antepassados (Mt 9.11,14; 12.1,2; 19.3; Lc18.11,12; At 15.5). Eles foram contra Jesus (Mt 9.34; 12.14; 16.1-12; Jo 9.17;

11.47,48,57), mas alguns deles o trataram com respeito e cordialidade (Lc 7.36-50;11.37; Jo 3.1; 7.50,51; 19.39,40). O apostolo Paulo foi criado fariseu (At 23.6; 26.5; Fp3.5,6) e aluno do renomado mestre fariseu Gamaliel, de Jerusalém (At 22.3).

 Mestres da Lei:Judeus eruditos que eram mestres das Escrituras hebraicas, especialmente dos livros daLei de Moisés, os primeiros cinco livros da Bíblia. Estes homens esclareciam dúvidassobre o que as Escrituras Hebraicas querem dizer, citando opiniões dos famosos mestres

  judeus do passado. Eram chamados de “Rabi” (ou “Rabôni”), que quer dizer “MeuMestre” (Mt 2.14; 5.20; 7.29; 15.1,2; 22.25; Mc 1.22; Lc 7.30; 10.25; 11.45,46,52; At

5.34). Nacionalistas:Partido de judeus que lutavam contra o domínio romano (pagão) na terra de Israel (Lc6.15 e At 1.13). Nicolaítas:Seguidores de uma seita herética que perturbavam as igrejas em Éfeso e de Pérgamo(Ap 2.6,15).

Partido de Herodes:Judeus que preferiam ser governados por um descendente do rei Herodes, o Grande,emvez de um governador romano, como Pôncio Pilatos (Mt 22.16; Mc 3.6; 12.13). Saduceus:Um pequeno mas poderoso grupo religioso dos judeus. Faziam partes desse partido ossacerdotes e as pessoas ricas e de influência de Jerusalém (At 5.17). Eles baseavam seusensinamentos principalmente nos primeiros cinco livros do Antigo Testamento. Nãoacreditavam na ressurreição, no juízo final ou na existência de anjos (Mt 22.23-33). Ossaduceus não se davam bem com os fariseus (Mt 22.23-32; At 23.6-9), mas às vezes se

 juntaram com eles contra Jesus (Mt 16.1-4).

 Samaritanos:Pessoas nascidas em Samaria, região que ficava entre a Judéia e a Galiléia. Os judeus eos samaritanos n ao se davam por causa de diferenças de raça, religião e costumes (Mt10.5; Lc 9.52,53; 17.15-18; Jo 4.7-9,20; 8.48).

***

(Capítulo 14)

ESCRITURAS SAGRADAS

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A Bíblia foi escrita num período muito longo, aproximadamente 1500 anos. Sãodiversos autores, são mais de 40 homens ungidos pelo Espírito Santo, eram pessoas detodas as classes sociais, do humilde ao nobre. Desde a sua finalização, Já são quase 2mil anos. Apesar dos milênios, continua na sua forma original. Com certeza, é a mão doSenhor na sua preservação.

É um livro especifico para o povo de Deus. O ímpio a encara como mais uma literaturae não dão a devida credibilidade às suas informações. Ela foi escrita para os eleitos! E

 para aceita-la é necessário crer integralmente em suas informações. É um Livro de Fé, para um povo de Fé.

Explicá-la e praticamente desnecessário. Entende-la, não depende de uma boa formaçãocultural, de sabedoria, ou mesmo dominar sua língua original.  Na verdade apenasaceita-se seus princípios, sem questioná-los! É a única fonte reveladora de Deus, Suavontade e propósitos para Seus filhos. Aos que querem viver em comunhão com oEterno, precisam conhecê-la e meditar em suas verdades.

A seguir forneço diversos textos, nos quais podemos ver, o que a Bíblia diz a seu próprio respeito. Medite.

A Bíblia tem sua origem no coração do Senhor e segundo o Espírito Santo foi reveladaa homens puros:

É inspirada por Deus (2Tm 3.16) e pelo Espírito Santo (At 1.16; Hb 3.7; 2Pe 1.21),o Senhor Jesus mostrou sua eficácia ao citá-la diversas vezes ( Mt 4.4; Mc 12.10; Jo7.42) além de usá-la para ensinar seus seguidores (Lc 24.27). Isto é o suficiente para

 jamais a colocarmos em dúvida. Na sua leitura constatamos que é chamada inúmerasvezes de Palavra de Deus e de Cristo (Tg 1.21; 1Pe 2.2; Lc 11.28; Hb 4.12; Cl 3.16).

São muitos os termos usados pelo Senhor para denominá-la, veja alguns: Palavra da Verdade ( Tg 1.18);Escrituras (Dn 10.21; Rm 1.2; 2Tm 3.15);Livro do Senhor e da Lei ( Sl 40.7; Ap 22.19; Is 34.16; Ne 8.3; Gl 3.10);Lei do Senhor (Sl 1.2; Is 30.9);Espada (Ef 6.17);Oráculos do Senhor (Rm 3.2; 1Pe 4.11).

 Em seu conteúdo encontramos informações diversas, entre elas:

As promessas do evangelho (Rm 1.2);Leis, Estatutos e Juízo (Dt 4.5,14; Ex 24.3,4);Profecias (2Pe 1.19-21);Testemunho a respeito de Cristo ( Jo 5.39; At 10.43; 18.28;1Co 15.3).

A Bíblia é auto-suficiente, ela se explica em suas próprias paginas, sendo desnecessáriaqualquer outra literatura para fazer-se entender. Ela é completa (Lc 16.29,31) e osuficiente para nos guiar sem erros (Pv 6.23; 2Pe 1.19) em direção à salvação pela fé

(2Tm 3.15).

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Os seus ensinamentos são descritos como:

Puros (Sl 12.6; 119.140; Pv 30.5);Eternos (Sl 119.160; Jo 17.17);Perfeitos (Sl 19.7);

Preciosos ( Sl 19.10; Hb 4.12). E foram escritos para nossa Instrução e Conhecimento (Rm 15.4) são direcionados atodos os homens (Rm 16.26), este porém, não devem subtrair ou adicionar nada ao seuconteúdo (Dt 4.2; 12.32).

A finalidade principal dos seus ensinamentos é:

Regenerar (Tg 1.18; 1Pe 1.28; Sl 19.7);Vivificar (Sl 119.50,93);Iluminar (Sl 119.130);

Santificar (Jo 17.17; Ef 5.26);Produzir Fé (Jo 20.31);Conceder Esperança ( Sl 119.49; Rm 15.4);Levar à obediência (Dt 17.19,20);Purificar (Jo 15.3; Ef 5.26; Sl 119.9);Dá crescimento (1Pe 2.2);Edificar (At 20.32; 1Ts 2.13);Aconselhar (Sl 19.11; 1Co 10.11);Consolar (Sl 119.82; Rm 15.4);Alegrar (Sl 19.8; 119.111).

 No entanto, estes ensinamentos serão verdadeiramente entendidos apenas por aquelesque se deixam envolver pelo Espírito do Senhor; os demais, que não possuem o Espíritonão conseguem entende-la ou aceita-la (Jo 6.63; 2Co 3.6) e a sua ignorância os leva aoerro (Mt 22.29; At 13.27). O Senhor Jesus e o Espírito Santo, nos capacitam a entende-la e a aceitá-la sem questionamentos (Lc 24.45; Jo 16.13; 1Co 2.10,14). Os homens queforam transformados em novas criaturas devem observar seus ensinamentos e aceitá-los.É fonte de vida e crescimento na comunhão com o Eterno.

Ela é:

Padrão de Vida ( 1Pe 4.11);Dignas de aceitação ( Jo 2.22);Lida (Dt 17.19; 31.11-13; Ne 8.3; Is 34.16; Jr 36.6; At 13.15);Conhecida (2Tm 3.15);Palavra de Deus (1Ts 2.13);Digna de Meditação diariamente (At 17.11);Guardada no coração (Dt 6.6; 11.18);Ensinada às crianças (Dt 6.7; 11.19; 2Tm 3.15);Ensinada a todos (2Cr 17.7-9; Ne 8.7,8);Sempre nos lábios (Dt 6.7);Digna de obediência (Mt 7.24; Lc 11.28; Tg 1.22);

Usada contra os inimigos ( Mt 4.4,7,10; Ef 6.11,17).

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Vivendo assim, as vitórias são certas.

É um dever do servo:

Amar ( Sl 119.97,113,159,167);

Sentir prazer em sua leitura (Sl 1.2);Desejá-la (Sl 119.82); Admira-la (Sl 119.161; Is 66.2);guardá-la na mente (Sl 119.16);Guardá-la no coração (Sl 119.11);Esperar nela (Sl 119.74,81,147);Meditar (Sl 1.2; 119.99,148);Confiar (Sl 119.42);Obedecê-la ( Sl 119.67; Lc 8.21; Jo 17.6);Clamar pelas suas promessas (Sl 119.25,28,41,76,169);

Os que a observam são abençoados (Lc 11.28; Tg 1.25).

Os homens que continuam a viver segundo a carne, impulsionados pelo maligno sãoinimigos da palavra e para estes os seus ensinamentos são nulos (Mc 7.9-13), rejeitados(Jr 8.9) e não obedecidos (Sl 119.158).

Amados irmãos, sem equívocos a Bíblia deve ser observada e seus ensinamentos  praticados no dia-a-dia. A meditação em suas verdades nos aproxima e nos fazsemelhantes ao Criador. 

****

(Capítulo 15 )

A PALAVRA DE DEUS PRODUZ:

VIDA –  I João 6.63 - “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida”.

PRODUZ FÉ – Hebreus 11.3 – “Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das cousas que não aparecem”.

LIMPA – João 15.3 – “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado”.

LUZ - II Pedro 1.19 – “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, efazeis bem em atendê-la, como uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que odia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração”.

ENTENDIMENTO – Salmo 119.105 – “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra eluz, para os meus caminhos”.

FIRME SEGURANÇA – Mateus 7.24,25 – “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas

 palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casasobre a rocha”.

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 REGENERA  – I Pedro 1.23 – “pois fostes regenerados não de semente corruptível,mas da incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e permanece parasempre”. 

A Palavra é eterna – “a palavra do Senhor, porém, permanece para sempre” (I Pedro1.25).CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Bíblia deve ser o nosso alimento espiritual diário se desejamos ser fortes evigorosos na fé que professamos. Precisamos ter: decisão para ler a Palavraconstantemente; graça para assimilá-la; presteza para reproduzi-la no viver diário econhecimento para darmos testemunho dela aos outros. Se alguém não possui onecessário entendimento para isso, o útil conselho que a própria Escritura dá é: “Se,

 porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmentee nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tiago 1.5).

 Não esqueçamos que a Palavra é:(a) leite que nutre – “desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuínoleite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (I Pedro2.2);(b) água que limpa – “tendo-a purificado por meio da lavagem e da água pela palavra”(Efésios 5.26);(c) espada para as lutas – “Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito,que é a palavra de Deus” (Efésios 6.17);(d) mel que deleita – “os juízos do Senhor são verdadeiros e igualmente justos,... sãomais doces do que o mel e o destilar dos favos” (Salmo 19.10);(e) fogo e martelo – “Não é a minha palavra fogo, diz o Senhor, e martelo que esmiúçaa penha?” (Jeremias 23.29); e, finalmente, “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma;o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor sãoretos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos” (Salmo19.7,8). Amém. 

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Bibliografia

Cap. 1, 2, 5, 8, 12, 13: iLúmina - A Bíblia do século XXI (SBB) (¹² Bíblia de Estudos NTLH).Cap. 3: Dicionário Bíblico Universal - p. 198.Cap. 4: A Bíblia Anotada .Cap. 6: site da SBB.Cap. 7: Revista Comunhão Ano 4 nº 44 e Bíblia em Bytes (CD - Room).Cap. 9: Transcrito da “A Bíblia Anotada” Pg 1624,1625.Cap. 10: Dicionário da Bíblia John Davis.Cap. 11: Dicionário Bíblico Universal.

Cap.14: (compilação do Site): http://www.vivos.com.br  – Pr. Elias R. de OliveiraCap.15: Texto de Erasmo Ungaretti – Site: adorar.net

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É verdade que a Bíblia foi mudada com o passar dotempo?

de Álvaro César Pestana

[Este texto foi extraido do livro "Sempre Me Perguntam"

Copyright © 2003 Editora Vida Cristã. Reproduzido com a devida autorização.]

  - É verdade que a Bíblia foi mudada com o passar do tempo?

  Resposta: Não. A Bíblia é o livro mais bem preservado de todos os livros daantigüidade. Embora a preservação da Bíblia seja um trabalho entregue aoshomens, não podemos deixar de ver a mão de Deus atuando por sua providência,fazendo com que tenhamos em mãos a autêntica Palavra de Deus.

A Bíblia é inspirada por Deus (2 Tm 3.16-17). Por ser um livro inspirado por Deus, acerta sempre e tem sua veracidade comprovada em várias áreas do conhecimentohumano. Embora a nossa declaração de que a Bíblia é vinda de Deus seja umadeclaração de fé, as evidências bíblicas só podem ser explicadas pela inspiração divina.Como explicar as profecias? As verdades científicas previstas ou pressupostas naBíblia? Como imaginar uma origem melhor para o universo do que a origem propostana Bíblia?

A Bíblia foi bem conservada. Os críticos sempre caluniam a Bíblia dizendo quefoi alterada no decorrer dos séculos. Esta acusação baseia-se em ignorância. Aconservação da Bíblia, desde sua formação, esteve a cargo dos sacerdotes judaicos, e,depois, das igrejas cristãs espalhadas pelo mundo. Há dezenas de milhares demanuscritos bíblicos de comprovada antigüidade que mostram que a Bíblia é o livromais bem conservado que veio da antigüidade até os nossos dias. Nela se cumprem as

 palavras de Jesus que disse que as suas palavras não passariam (Mc 13.31) e que aEscritura não falha (Jo 10.35).

A Bíblia está completa. Jesus aceitou a Bíblia Hebraica, dividida em três partes(Lc 24.44) que corresponde aos nossos 39 livros do Velho Testamento. Depois eleautorizou seus apóstolos a relatarem a verdade que o Espírito iria lhes transmitir (Jo14.26; 16.12-13) que acabou produzindo os nossos 27 livros do Novo Testamento.Assim, nada falta em nossa Bíblia. Os chamados livros perdidos ou livros apócrifos,nunca fizeram parte da Bíblia Hebraica aprovada por Jesus e os que foram supostamente“impedidos” de entrar no Novo Testamento, na verdade, não foram escritos por apóstolos de Jesus. Portanto, nossos 66 livros bíblicos são tudo que devia constar na

Bíblia, conforme Deus mandou seu Filho anunciar. As lendas de livros perdidos ou de

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outros evangelhos são sempre ligadas a falsificações ou heresias que se tentou produzir muito mais tarde, depois da morte dos apóstolos.

A Bíblia está bem traduzida. Jesus mandou seus discípulos pregarem a todasas nações, e portanto, eles teriam que traduzir a Bíblia nas línguas destas nações (Mt

28.18-20). De fato, a Bíblia é o livro mais traduzido do mundo. No Brasil, há traduçõesexcelentes e, exceto no caso da tradução dos chamados “Testemunhas de Jeová”, astraduções da Bíblia são boas. A melhor versão para o estudo é Almeida, Revista eAtualizada, 2ª edição. A Nova Versão Internacional, NVI, também vem conquistandoespaço como Bíblia para estudo, mas há muitas outras boas versões. Ninguém podealegar que não dá para entender ou confiar nas traduções: em qualquer Bíblia dá paraaprender o evangelho.

Provavelmente, você já ouviu frases como estas: “A Bíblia foi mudadacom o passar dos séculos”; “Os papas e os sacerdotes de Roma mudaram toda a Bíblia.Os originais estão escondidos no Vaticano”; “Vários livros foram retirados da Bíblia”;

“O problema com a Bíblia é que há muitas traduções”; “Há muitas Bíblias diferentes”.

Por trás de todas elas, há um só temor: que a mensagem de Deus,entregue no passado aos homens, tenha sido desfigurada e corrompida como tudo o que

 passa pela mão da humanidade. Há também a desconfiança do homem e da mulher comum, acostumados a ver manipulação da informação em muitas ocasiões, eimaginando que o mesmo poderia ter sido realizado com a Bíblia.

É verdade que a Bíblia foi mudada com o passar do tempo? A resposta éum retumbante e seguro “não”. A Bíblia é o livro mais bem preservado de todos os

livros da antigüidade. Embora sua preservação tenha sido e ainda seja um trabalhohumano, não podemos deixar de ver a mão de Deus guiando e cuidando de todo o processo, atuando por sua divina providência, fazendo com que cada geração cristãtenha, em mãos, a autêntica Palavra de Deus.

Quando alguém nos fala da Bíblia como tendo sido alterada, éimportante perguntar em primeiro lugar, qual mudança o questionador tem em mente.

 Na minha experiência pessoal, quando me defronto com pessoas que têm esta dúvida e pergunto: “Qual mudança ou alteração você tem em mente?”, normalmente, a pessoanão pode citar nenhum caso específico. Fala de boatos contra o Vaticano ou contra osimperadores romanos. Alguns falam de “livros proibidos” ou de “livros retirados ou

 perdidos” da Bíblia. Mesmo nestes casos, todas as referências são vagas e incertas.Pouquíssimos tem algo concreto a perguntar.

Depois de perguntar, podemos responder conforme o nível deconhecimento e informação do inquiridor. Sempre devemos tratar com respeito a pessoae sua pergunta, mas devemos tomar o cuidado de mostrar, acima de tudo, quegeralmente estas questões contra a Bíblia são fruto da falta de conhecimento efamiliaridade com a Escritura. Quem conhece e estuda a Bíblia adquire respeito eadmiração por ela. Quem não a conhece ou só tem conhecimento dela de segunda mão,muitas vezes por meio da imprensa sensacionalista, acaba desconfiando dela ou

  julgando que está corrompida, como os próprios meios de comunicação que lhe

 passaram informações falsas.

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Observaremos que a Bíblia afirma ser um livro inspirado por Deus e quefoi bem conservado, desde sua formação até hoje.

 A BÍBLIA É INSPIRADA POR DEUS

A Bíblia afirma ser inspirada por Deus. Isto pode não significar muito para quem não acredita nela, mas é uma afirmação importante, pois há poucos livros nomundo que afirmam ser inspirados por Deus. De fato, a maioria dos livros assume ser simples obra humana. O fato da Bíblia afirmar ser inspirada já a coloca numa categoriadestacada perante outros livros. Logicamente, sua afirmação precisa ser verificada dealguma forma, assim como também examinamos todos os livros que se dizem divinos.

A declaração de inspiração, contudo, é explícita em muitos textos: 2Timóteo 3.16-17 e 2 Pedro 1.20-21.

2 Timóteo 3.16-17

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17 a fim de que o homem de Deusseja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.”

2 Pedro 1.20-21

“sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; 21 porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos

 pelo Espírito Santo.”Estas afirmações de sua inspiração divina querem dizer que Deus estava

 por trás dos autores humanos, durante a redação dos livros individuais que compõem aBíblia. A expressão chave de 2 Timóteo 3.16 é a frase “Toda Escritura é inspirada por Deus” é explicada por 2 Pedro 1.21 que diz que os autores humanos que escreveram aBíblia, fizeram isto sob a influência e controle do Espírito Santo, de forma que o queeles falaram não era deles, mas de Deus.

Tal declaração bíblica elimina todo tipo de mal entendido sobre osignificado da chamada “Inspiração da Bíblia”. O texto mostra que os homens falaram

da parte de Deus, mas ainda como homens, ou seja, não era um processo de simplesditado ou de “psicografia”. O Espírito Santo, agindo nestes profetas, fez com quefalassem a vontade de Deus usando as palavras e o estilo do próprio autor. O resultado édivino em verdade e origem, mas humano em formato.

A aceitação da Bíblia como livro inspirado por Deus é um ato e decisãode fé: isto quer dizer que não se aceita este ensino sem confiar em Deus. Contudo, aEscritura não apela para a irracionalidade ou superstição. As Sagradas Escriturasmostram as evidências de ser um livro inspirado por Deus. Quando estudamos a Bíblia àluz de certos ramos verdadeiros do conhecimento humano, percebemos, facilmente, ainspiração divina da Bíblia.

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Se a Bíblia fosse um livro, “cheio de erros”, como dizem alguns, aafirmação de ser um livro inspirado por Deus estaria comprometida, pois, se um livroerra a todo instante, é obra humana e de pouco valor. Contudo, o que se observa é que aBíblia é um livro “cheio de acertos” em todas as áreas do conhecimento humano:história, geografia, ciências biológicas, psicologia, etc. Embora a Bíblia não seja livro

texto destas matérias, sua afirmações em cada uma destas áreas, sempre pode ser verificada como correta.

As profecias bíblicas, contudo, são uma das provas mais importantes afavor de sua inspiração. Só um livro escrito sob a direção de Deus, poderia prever detalhes da história e, sobretudo, da carreira de Jesus na terra, com tanta precisão eantecedência.

Estas “provas” da inspiração da Bíblia podem ser encontradas em muitoslivros sobre a fé cristã[1]. O próximo capítulo deste livro trata um pouco desta questão.

 No momento, contudo, basta afirmar e lembrar que a Bíblia é inspirada por Deus e,

 portanto, precisaria chegar a nós bem conservada para que pudesse ser útil. E foiexatamente isto que aconteceu.

 A BÍBLIA FOI BEM CONSERVADA

Ocasionalmente os boatos sobre supostos erros da Bíblia baseiam-se nodesconhecimento sobre como a Bíblia foi formada e como foi transmitida até hoje.Imagina-se que o processo de formação e transmissão da Bíblia desde a antigüidade atéhoje, tenha sido um processo obscuro, cheio de falsificações e de interferênciashumanas.

A verdade é que a Bíblia atravessou os séculos, desde sua origem atéhoje, em um processo que pode ser acompanhado pela análise da própria Escritura. ABíblia foi redigida durante aproximadamente 1500 anos, desde o primeiro escritor,Moisés em 1440 a. C., até o último, o apóstolo João, que morreu pouco antes do ano100 A.D. Depois disto, ela foi transmitida até nossos dias.

Embora a Bíblia seja inspirada por Deus (2 Pe 1.20-21; 2 Tm 3.16-17;Ap 1.1-3), a participação do homem na recepção da revelação assumiu várias formas:ocasionalmente, o escritor bíblico recebeu um “ditado” divino para escrever (Lv 26.46);outras vezes o escritor teve que estudar antes de escrever (Dn 9.2; Lc 1.1-4); eles se

utilizavam de outros livros inspirados ou não (Nm 21.14; Js 10.13; 2 Sm 1.18; 1 Cr 29.29; etc); ocasionalmente descreviam visões, sonhos ou aparições que testemunharam(Is 6, Jr 24; Dn 7-12; Ap 1-22); vários autores puderam escrever seu testemunho

 pessoal, pois foram testemunhas oculares dos eventos que relatam (Josué 24.26. João19.35; 21.24; 1 Jo 1.1-4; 2 Pe 1.16-18); também citaram documentos antigos, quetinham à sua disposição (Daniel 4; 2 Crônicas 36.23; Esdras 1.2-4; 7.11-26; etc);compuseram, como artistas, poesia e outras manifestações da sabedoria (Salmos,Provérbios, etc).

A história da formação do Velho Testamento começa com Moisés, querecebeu a revelação divina em várias formas e depois transcreveu-a em livros. Ele

redigiu-os usando livros, tradição oral, oráculos recebidos diretamente de Deus além dofato de que participou de toda a história narrada entre Êxodo e Deuteronômio. Ele

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recebeu ordens expressas de escrever (Êxodo 17.14; 24.4, 7; 34.27-28). Relatou osacontecimentos da época (Nm 33.2). No fim de sua vida, com os cinco primeiros livros

 praticamente terminados, já tinha perfeita percepção de que estes livros tornar-se-iamnormativos para o povo: seriam “o Livro da Lei”, os cinco primeiros livros[2] (Dt28.58,61; 29.20-29; 30.10; 31.9-13, 19, 22, 24-26).

Embora a obra que temos hoje seja completa e acabada, pode-se notar,aqui e ali, possíveis unidades menores que foram incorporadas, pelo próprio Moisés nasua obra. Uma unidade que foi obviamente revelada antes de sua incorporação foram“Os Dez Mandamentos” (Êxodo 20.1-1-17; Deuteronômio 5.1-21). Alguns conseguemver em Êxodo 21-23 uma primeira unidade de material escrito, chamada ocasionalmentede “Livro da Aliança” (Êxodo 21.7) e que teria sido um dos primeiros agrupamentos deleis, dadas a Moisés e usadas num dos primeiros rituais da aliança. Por outro lado, nãoera a primeira coisa que Moisés já tinha escrito (Êx 17.14). Há também versos quemostram que uma composição recebeu, do próprio Moisés, uma adição. Levítico 26.46tem uma frase conclusiva que é repetida em Levítico 27.34. Estas repetições podem

indicar a suplementação do relato anterior com o novo material.

Devemos lembrar que Moisés viveu com o povo de Israel por quarentaanos no deserto, e teria não somente tempo mas conhecimento e condições paraescrever.

Durante a época de Moisés e depois dele, outros profetas continuaramsua obra oral e escrita (Êx 15.20; Nm 12.6; Dt 18.15-22; 34.10; Jz 4.4; 6.8). Ossacerdotes e levitas foram encarregados de guardar, colecionar e copiar os livros doVelho Testamento. O tabernáculo e depois, o templo, eram o centro de reunião dosmateriais inspirados (Dt 17.18-20; 31.9-13,24-29).

Os livros estavam disponíveis aos líderes da nação e do sacerdócio. Casoeles fossem também profetas, como era o caso de Josué, eles também acabariam por escrever algo ou até uma obra inteira que seria incorporada à coleção de livros sagrados(Josué 1.8; 24.26; 25.21). O período da conquista da terra de Canaã e também dosJuízes, evidencia a presença dos livros pela prática dos seus ensinos: a aliança foilembrada (Juízes 2.1-5) e alguns rituais foram praticados (Juízes 13.2-7,13-14).

Samuel, como “primeiro profeta”, tratou de dar impulso à historiografia profética (1 Samuel 10.25; 1 Crônicas 29.29). Os profetas foram os historiadores de

Israel: eles narravam os acontecimentos, privilegiando os assuntos que interessavam aodesenvolvimento dos propósitos de Deus para o seu povo (2 Crônicas 9.29; 12.15;13.22; 20.34; 26.22; 32.32; 33.18, 19)

 No período dos reis e profetas, bastante material já estava centralizadono templo de Jerusalém (2 Crônicas 34.14-18; Jeremias 36). Os reis Davi, Salomão,Josias, Ezequias e os vários profetas são escritores ou divulgadores dos livros bíblicos.Os reis deviam sempre obedecer a lei (2 Reis 14.6). Os textos de alguns livros foramsendo compilados durante o período dos reis. A frase final do Salmo 72.20 mostra quehouve uma época em que a coleção dos Salmos terminava ali. Depois ela foi ampliada.Da mesma forma Provérbios 25.1, mostram que o livro de Provérbios foi ampliado.

Todas estas compilações a amplificações dos livros ocorrem dentro da inspiraçãodivina, através do Espírito Santo.

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Os profetas pregaram e escreveram suas obras (Is 30.8; Jr 25.13; 29.1;30.2, 36.1-32; 51.60-64; Ez 43.11; Hc 2.2; Dn 7.1; 2 Cr 21.12). Eles sabiam queestavam deixando suas obras para o futuro e até enviaram-nas para outros lugares (Jr 29.1; 36.1-8; 51.60-61; 2 Cr 21.12). Liam, citavam e usavam as obras uns do outros (Is2.1-5 e Mq 4.1-5; Jr 26.18 cita Mq 3.12), atestando a existência da coleção de livros

inspirados (Dn 9.2). Entendiam que seus livros tornar-se-iam obra de referência econsulta no futuro (Is 34.16; Dn 12.4).

Este material inspirado foi levado ao exílio e à dispersão (Dn 9.2),quando os judeus foram deportados da Palestina. Talvez tenha sido trazido de volta por aqueles que iriam iniciar a religião dos samaritanos (2 Rs 17.24-41). Mas, o granderetorno da lei à Palestina ocorreu com Esdras, sacerdode e grande escriba (Ed 7; Ne 8-10). O oficio de Esdras como sacerdote e levita mostra que, no Velho Testamento, ossacerdotes eram os que centralizaram e preservaram o Velho Testamento. Os últimos

 profetas a escreverem Ageu, Zacarias e Malaquias tiveram suas obras reconhecidas eincorporadas no Velho Testamento, assim também, os últimos livros históricos tais

como Crônicas, Esdras, Neemias e Ester.

Segue-se então o chamado período intertestamental ou interbíblico ondese costuma dizer que houve quatrocentos anos de silêncio profético, até João Batista.

 Não houve profetas e nem foram incluídos livros na coleção de livros sagrados. Muitacoisa foi escrita neste período, mas nada inspirado por Deus.

Assim, quando chegamos a Jesus, no Novo Testamento, ele conhecia eaprovava a Bíblia Hebraica, ou a Bíblia dos Judeus, que era dividida em três partes: Lei,Profetas e Escritos (Lc 24.44) e que continha os 39 livros de nosso Velho Testamento.A ordem dos livros era outra, e começava em Gênesis e terminava em 2 Crônicas(Lucas 11.51).

Os apóstolos e a igreja antiga usavam a Bíblia Hebraica como suasEscrituras. Paulo reconheceu que uma das vantagens do povo judeu era o fato e teremsido receptáculos dos Oráculos de Deus (Rm 3.2). A Bíblia da igreja antiga era o VelhoTestamento (1 Co 15.3-5), mas eles se utilizavam especialmente da versão grega, feita

 pelos próprios judeus, chamada de Septuaginta (Versão dos Setenta). Para eles, contudo,ler o Velho Testamento não era um exercício idêntico ao feito pelos judeus, pois, para ocristão, fim da lei é Cristo (Rm 10.4): a lei testemunhava de Cristo (Rm 1.2) e eracompreendida a luz do evento Jesus, o Cristo, o Filho de Deus.

A formação do Novo Testamento começa com as próprias palavras deJesus que, mesmo que preservadas oralmente, eram consideradas autoritativas pararesolver questões, tais como: dúvidas sobre a volta de Cristo (1 Ts 4.13-18); questõesligadas a matrimônio e divórcio (1 Co 7.10); diretrizes para o sustento de obreiros (1 Co9.14); o significado da ceia (1 Co 11.23-25); etc. De fato, a palavra de Jesus equivalia,em autoridade, ao Velho Testamento (1 Tm 5.18).

Ao contrário do que afirma a “erudição” imaginativa, a igreja distinguiaclaramente a palavra de Jesus da palavra dos apóstolos (1 Co 7.12) e não “criava” frasesou ditos, atribuindo-os a Jesus.

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O que Jesus viveu, ensinou e fez tornou-se a base do Novo Testamento,mesmo antes dele começar a ser escrito. Sua morte, sepultamento e ressurreição são ocentro e o núcleo de tudo que se escreverá (1 Co 15.3-5). Na redação do NovoTestamento, contudo, seu exemplo foi sempre invocado (Fp 2.5-11; 1 Pe 2.21-25; etc),o que aconteceu com ele foi narrado (At 2.22-24; 2 Pe 1.16-18; etc), suas ações e

atitudes geraram conclusões nos escritores inspirados (Por exemplo: Mc 7.19b é umcomentário de Marcos sobre a ação de Jesus). Enfim, a impressão sobre seus discípulosfoi tão forte que ao lermos o Novo Testamento concluímos que "haviam eles estadocom Jesus" (At 4.13).

Também a interpretação que Jesus deu ao Velho Testamento tornou-se a base para os escritores do Novo Testamento. Foi Jesus que abriu o entendimento dosapóstolos para entenderem a Bíblia Hebraica (Lc 24.44-45). Desta forma, asinterpretações geniais das Escrituras que temos no Novo Testamento são, muitas vezes,de Jesus e mesmo que ele não as tenha feito expressamente, seu ministério e ensino

 prepararam o terreno de tal forma que aquelas idéias iriam brotar inevitavelmente.

Assim, podemos entender que Paulo, o autor de Hebreus e todos os que se utilizaramricamente das Escrituras Hebraicas, fizeram-no pela mediação de Jesus.

É conhecido que Jesus prometeu a vinda do Espírito aos apóstolos (Jo14-16), para que eles pudessem ser canais de sua revelação (1 Coríntios 3.10). Elestornaram-se as colunas da igreja (Gálatas 2.2,9) e o ponto de referencia dela na doutrina(Atos 2.42). Embora os apóstolos distinguissem bem o que vinha de Jesus e o que vinhadeles mesmos, sabiam ser autoritativos quando falavam (1 Coríntios 7.40; 14.37-38).

O Novo Testamento começou a ser escrito no tempo em que aindacirculavam tradições orais e escritas sobre Jesus (At 20.35; 1 Tm 5.18). Havia já umaforte tradição e pregação apostólica (2 Tessalonicenses 2.15; 1 Coríntios 11.2) e muitosmateriais incorporados no Novo Testamento já poderiam ter sido usados de forma oralou escrita antes de sua incorporação no relato Bíblico: a carta aos Hebreus parece uma

 pregação (13.22); ocasionalmente cita-se fórmulas que poderiam estar sendo usadascomo arcaicas confissões de fé (1 Co 11.3; Fp 2.11; etc); pode-se detectar pedaços dehinos aqui e ali (Fp 2.6-11; 1 Tm 3.16; Ef 5.14); talvez, textos usados no ensino sobre o

 batismo estivessem na base de 1 Pedro; houve incorporação de relatos que explicavam aceia (1 Co 11); usou-se, muitas vezes, as chamadas listas de pecados e virtudes (Rm1.29-31, etc); há catálogos de comportamento ou listas de deveres, comuns no mundoantigo, mas adaptados para o uso cristão (1 Tm 3.1-13; Ef 5.22-6.9; etc); etc.

Teoriza-se, também, que houve uma ou várias coleções de palavras deJesus[3]. Há também sugestão que os cristãos colecionavam séries de textos do VelhoTestamento que auxiliavam na pregação[4].

A redação do Novo Testamento começa com as cartas de Paulo escritasentre os anos 48 e 66 A.D. As primeiras cartas de Paulo são aos Gálatas, aosTessalonicenses, aos Coríntios e aos Romanos. As chamadas epístolas da prisão,escritas de Roma são: Filipenses, Efésios, Colossenses e Filemom. As últimas cartas dePaulo são as chamadas Epístolas Pastorais, escritas depois de sua libertação da prisãonarrada em Atos 28: 1 Timóteo, Tito, 2 Timóteo e talvez Hebreus, se for de Paulo.

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A carta de Tiago é difícil de datar, mas talvez seja antiga, podendo ter sido escrita entre 45-48 A.D., antes da maioria das cartas de Paulo. As cartas de Pedro ea de Judas parecem ter sido escritas depois da obra de Paulo já ter sido acabada naregião da Ásia de forma que devem ter sido escritas no fim da vida deste apóstolo. Até oano 66 A.D., provavelmente, todas as cartas do Novo Testamento já estavam escritas,

menos as de João.

Os três primeiros evangelhos, chamados Evangelhos Sinóticos, foramescritos entre o ano 50 e 70. Provavelmente, antes da destruição de Jerusalém. Como selerá adiante, há paleografistas que estão postulando datas bastante antigas para osEvangelhos, embora os descrentes tentem negar, inutilmente, a antigüidade de todos osrelatos.

Há várias teorias sobre a origem dos Evangelhos Sinóticos. A maisaceita[5] é que Marcos escreveu primeiro, usando como base a pregação de Pedro. Eleteria sido utilizado por Mateus e Lucas na redação de seus respectivos evangelhos onde

eles citam as histórias de Marcos, abreviando-as um pouco e adicionando materiais quenão se encontram em Marcos. Os materiais adicionados igualmente por Mateus e Lucastêm sido considerados oriundos de uma fonte comum destes dois evangelhos, além dotexto de Marcos. Alguns tem chamado esta fonte de “Q”, e assim, Marcos, a fonte “Q”seriam a explicação dos materiais que estão tanto em Mateus como em Lucas. Há,contudo, materiais exclusivos de Mateus e outros, exclusivos de Lucas. Assim, elestambém teriam outras fontes de material para incorporar em seus livros.

Estas teorias de fontes são apenas teorias e não podem ser provadas.Fornecem, contudo, uma compreensão do trabalho de redação dos evangelhosinspirados por Deus e que está de acordo com o prólogo de Lucas (Lc 1.1-4).

Os escritos de João (literatura joanina) são os últimos a serem escritosnos anos 80 e 90 do primeiro século. Suas obras são: Evangelho Segundo João, 1,2 e 3João e o Apocalipse.

Estes livros já começaram a circular na época em que foram redigidos.Eles eram lidos nas reuniões da igreja (1 Ts 5.27; Cl 4.16), que recebiam ordens decircular e divulgar o livro (Cl 4.16; Ap 1-3; 1 Pe 1.1-2). Formaram-se, então, ascoleções de livros durante a vida dos apóstolos (2 Pe 3.14-16).

O reconhecimento destes livros pela igreja foi rápido e fácil[6]. Já no primeiro século, Clemente Romano, um dos bispos da igreja de Roma (aprox. 95 d.C.)menciona explicitamente 1 Coríntios, conhece Romanos, Hebreus, e o "ensino deCristo", talvez os evangelhos de Mateus e Lucas. Há momentos em que parece refletir 1Timóteo, Tito, 1 Pedro e Efésios. Isto aconteceu enquanto João, o apóstolo, ainda estavavivo.

 Na primeira metade do segundo século, aumenta o reconhecimento e adivulgação dos livros do Novo Testamento. O papiro de John Rylands, datado de cercade 125 d.C., encontrado no Egito, mostra que o Evangelho de João, 35 anos depois desua redação, já estava circulando dentro das igrejas primitivas. Esta circulação e

reconhecimento dos livros nada tinha a ver com concílios ou sínodos. Era resultado docontato direto dos receptores dos livros com os autores inspirados, membros do círculo

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apostólico. Os autores cristãos deste período citam as Escrituras e distinguem muito bem a autoridade e a inspiração apostólicas dos seus escritos. Começam as citações dostextos bíblicos do Novo Testamento.[7]

Policarpo (aprox. 115 d.C.) está cheio de linguagem do Novo

Testamento em seus escritos.[8] Inácio, bispo de Antioquia (morto entre 107-117 d.C.)cita os evangelhos (Filad 8.2), as cartas de Paulo (Efe 12.2) e os diferencia de seusescritos (Roman 4.3). Pápias (aprox. 130-140 d.C) em "Exposição dos Oráculos doSenhor", conservado em fragmentos, cita Mateus e Marcos por nome. Um antigomanual chamado “Didaquê” (aprox. 120-150 d.C.) cita Mateus. Uma epístolaficticiosamente atribuída a Barnabé (100-130 d.C) cita Mateus 22.14 como Escriturausando a fórmula “está escrito” para o Novo Testamento[9]. A chamada SegundaEpístola de Clemente (135 d.C.) cita os evangelhos como Escrituras. A obra de Hermas,chamada “O Pastor” (145-150 d.C.) faz uso abundante do Novo Testamento. O Martíriode Policarpo (145-150) cita Lucas 6. Justino Mártir (morre aprox. 165 d.C.) cita as"Memórias dos Apóstolos" ou "Os Escritos dos Profetas" como lidas nos cultos

cristãos[10]. Deu testemunho sobre o Apocalipse, e sobre os Evangelhos.

Márcion ou Marcião foi um herege gnóstico (150) que, entre outrascoisas, fez uma lista de livros a serem aceitos. Rejeitou todo o Velho Testamento por considerá-lo obra de um “deus inferior”. Sua lista de livros bíblicos inclui: uma versãoresumida de Lucas (retirando os primeiros capítulos por serem muito judaicos) e maisdez epístolas de Paulo (as chamadas “Pastorais” não foram aceitas por serem-lhecontrárias, assim como todas as outras). Chamou “Efésios” de “Laodicenses”.

Sua rejeição dos livros bíblicos forçou as igrejas a tomarem uma posiçãoexplícita sobre estes livros. De fato, a rejeição dos livros prova que já havia umconsenso, mas a igreja tornou-se mais consciente deste consenso na luta contra aheresia.

  Na segunda metade do segundo século o Novo Testamento já éconsiderado par do Antigo. Começam os comentários, trabalhos literários e traduçõesdo Novo Testamento. As traduções para o latim antigo e para o siríaco neste período jáincluem todo o Novo Testamento, exceto 2 Pedro na versão siríaca. A heresia deMarcião e de Montano, bem como os movimentos gnósticos contribuíram para aaceleração do processo de reconhecimento dos livros inspirados, uma vez que Marciãonegava muitos livros; Montano alegava ter novas revelações; e os gnósticos buscaram

 produzir sua literatura “superior”.

Taciano (170 d.C.) aluno de Tertuliano que depois tornou-se membro deuma seita rigorosa[11] escreveu o "Diatessaron", uma harmonia dos evangelhoscanônicos. Um documento chamado Cânon Muratoriano (170 d.C.) é uma cópia de umdocumento do segundo século descoberto pelo bibliotecário L. A. Muratori. Omanuscrito do oitavo século, mutilado no início e no fim foi escrito em latim bárbaro.Faz uma lista quase perfeita do Novo Testamento como o temos hoje[12]. Irineu (morreem 202) conhece e emprega os quatro evangelhos. Cita todo o Novo Testamento excetoFilemom, 2 Pedro[13], 3 João, Judas, Tiago e Hebreus. Já em Clemente de Alexandria(morre em 215). quase todo o Novo Testamento é citado. Tertuliano (220) cita 22 livros

do Novo Testamento[14].

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  No terceiro século, a compilação do Novo Testamento completocontinua. A distinção dele das outras literaturas cristãs também está em progresso.Alguns dos problemas para a aceitação de certos livros persistem, mas cada vez commenos intensidade. Orígenes (185-254) é o grande estudioso deste período. Além deseus grandes labores na Septuaginta e na confecção da chamada Hexapla, de seus

trabalhos teológicos, apologéticos e catéticos, Orígenes comentou quase todo o NovoTestamento em suas obras, sermões e tratados, enfatizava a inspiração divina dos livros.Dionísio de Alexandria (morto 265), discípulo de Orígenes explica que o Apocalipsesempre fora aceito no Ocidente, mas discutido no Oriente e que, no caso da Epístola aosHebreus, ocorria o reverso. Ele aprova Tiago, 2&3 João, mas não 2 Pedro e Judas.

 No século quarto a igreja já conseguiu descobrir e divulgar o cânon, listade livros inspirados e autoritativos do Novo Testamento. Apesar das discussõesregionais sobre alguns textos e das dificuldades de outros, em geral, o Novo Testamento

 já é aceito pela grande maioria como o conhecemos hoje.

Eusébio de Cesaréia (270-340) historiador eclesiástico discutelargamente sobre os vários livros do Novo Testamento e outras literaturas que seaproximavam dele[15]. Num momento[16], faz um resumo e classificação em duascategorias, sendo que a segunda categoria tem duas subdivisões: (1) Os aceitos,admitidos ou “confessados”[17] por todos: os quatro evangelhos, Atos, as cartas dePaulo, 1 João, 1 Pedro e Apocalipse; (2) Os discutidos[18]: dentro desta categoria háduas sub divisões: 2.1 - Os reconhecidos[19]: Tiago, Judas, 2 Pedro, 2 & 3 João; 2.2 -Os espúrios[20]: Atos de Paulo, Pastor, Apocalipse de Pedro, Ep. de Barnabé, Didaquê,Apocalipse de João (Eusébio menciona que alguns o consideravam espúrio), Evangelhodos Hebreus.

Atanásio de Alexandria em 367 AD, em sua  Epístola Festiva  para aPáscoa, alista os nossos 27 livros do Novo Testamento e mostra as razões para evitar osoutros. Em termos gerais, depois desta época, a lista de livros do Novo Testamentoficou inalterada[21].

O processo de descoberta de quais livros deviam ser incluídos na Bíblia equais não deviam não foi feito por nenhuma autoridade eclesiástica ou por concílios,como pretendem os romanos, mas veio de um consenso da igreja antiga que nãodeterminou o cânon, mas o descobriu.

Os critérios mais comuns pelos quais os livros tinham que passar foramtrês: É apostólico? Alguma igreja recebeu este livro na antigüidade? É consistente coma doutrina?

1. Apostolicidade. Um livro seria aceito se tivesse sido escrito por umapóstolo, ou por alguém do círculo apostólico. Observe os escritores do NovoTestamento e sua condição de apostolicidade. Mateus, João, Pedro e Paulo foramapóstolos; Tiago e Judas eram irmãos (filhos de José e Maria) de Jesus; Marcos eraassociado na redação de seu evangelho com Pedro; Lucas era associado de Paulo notrabalho missionário. O autor de Hebreus, se não for Paulo, é alguém que se situa nocírculo apostólico (Hebreus 2.3-4). Assim, todo o Novo Testamento está ligado aos

apóstolos de Jesus, que tinham sido especialmente designados por ele como porta-vozesautorizados. A antigüidade do livro e a presença de doutrina apostólica aceita como

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 padrão também contariam. É por este critério que Hebreus, Judas, Apocalipse e outrostiveram dificuldades para serem reconhecidos, pois sua autoria apostólica não era clara.Por outro lado, a atribuição do Didaquê, da Epístola de Clemente e do Pastor deHermas, a personagens neotestamentários (apóstolos, Filipenses 4.3 e Romanos 16.14)levou alguns a pensarem que os livros eram inspirados. A igreja antiga procurava

distinguir livros autoritativos, dos livros úteis, como a Epístola de Barnabé.

2. Recepção. A igreja receptora deveria ser a testemunha do usocontínuo do documento e de sua origem apostólica. Este critério que decorre doanterior, atrapalhou muito as chamadas "Epístolas Gerais" por não serem dirigidas auma só igreja e portanto, carecerem de apoio específico no testemunho de sua origemapostólica. O fato de um livro estar sendo lido em público na igreja seria um fator muito importante para sua aceitação (1 Tessalonicenses 5.27; 2 Tessalonicenses 3.14-15; Colossenses 4.16; Apocalipse 1.3; 3 João 9).

3. Consistência de doutrina, tendo como parâmetros o Velho

Testamento, o ensino de Jesus e dos apóstolos. Ortodoxia é outro modo de entender estecritério (Rm 6.17; 2 Tm 1.13; 1 Tm 6.20). As obras heréticas e apócrifas seriam logorejeitadas nesta base. O bispo Serapião, de Antioquia (200 d.C.), ao saber que umaigreja de sua região lia e apreciava o Apocalipse de Pedro, fez uma avaliação e rejeitou-o com base no seu ensino herético.

Pedro, no fim da sua vida já afirmava o fato de que Deus havia doado aoseu povo, "todas as coisas que conduzem à vida e à piedade" (2 Pedro 1.3) e Judas, maistarde ainda fala da "fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos" (Judas 3).Estas afirmações mostram que os apóstolos e os profetas da igreja antiga estavamconvencidos de que tinham recebido tudo o que era necessário para a igreja. Não faltanada aos cristãos que seguem o Novo Testamento.

Assim, a Bíblia foi escrita e seus livros reunidos num conjunto que foitransmitido, através dos séculos até os nossos dias. Através de cópias feitas à mão, ostextos bíblicos do Velho e do Novo Testamentos foram transmitidos e preservados atéinvenção da imprensa e até que em 1516, o primeiro texto grego do Novo Testamentofoi publicado por Erasmo de Rotherdan.

Os autógrafos originais de todos os livros do Novo Testamento nãoexistem mais. Eram feitos de papiro e este material não resistia aos séculos em

condições normais de uso. O que temos hoje, são cópias destes originais. O fato dosoriginais não existirem não deve assustar ninguém. Até mesmo a obra de Camões, "OsLusíadas", só é preservada por cinco cópias e não há o original. Mesmo assim, ninguémduvida de que temos a obra como Camões a escreveu com sua própria mão. A famosa“Ilíada” de Homero é atestada por 643 manuscritos, sendo que o mais antigo manuscritocompleto é do século treze![22] As tragédias gregas de Eurípides são atestadas por aproximadamente 330 manuscritos[23]. E veja que o Novo Testamento tem mais de24.000 fontes de evidência: quase 5.300 manuscritos gregos, 10.000 manuscritoslatinos, 9.300 de outras versões. Veja que contraste entre o Novo Testamento e a“Ilíada” ou “Os Lusíadas”.

Outros contrastes ajudam a ver a riqueza de evidência do nosso NovoTestamento. [24]

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A obra de Júlio César chamada As Guerras Gálicas, composta entre 58 e50 a. C., foi preservada em vários manuscritos, mas apenas nove ou dez são bons e omais velho dista 900 anos da época em que Júlio César viveu e escreveu.

Dos 142 livros da  História de Roma do escritor Lívio (59 a. C. a 17 A.

D.), apenas 35 sobreviveram e nos são conhecidos através uns quase 20 manuscritos,dos quais o mais antigo, que contém fragmentos dos livros III a VI, é do século quarto.

Da obra de Tácito,  Historias, que constava de 14 livros, restaram sóquatro e meio. Outra obra sua chamada “Anais”, constava de 16 livros, mas somente 10deles chegaram completos até hoje e outros dois apenas em partes. Contudo, osmanuscritos mais antigos destas obras são dos séculos nono e décimo primeiro!

A  História da Guerra do Peloponeso de Tucídides (460-400 a. C.) éconhecida através de oito manuscritos, sendo que o mais antigo é do início da era Cristã.O caso das  Histórias de Heródoto (480-425 a. C.) não é diferente. E assim, também,

ocorre com a maioria dos livros da antigüidade: só temos cópias recentes destes livros, enunca os originais da mão do escritor.

Por outro lado, os livros do Novo Testamento têm milhares demanuscritos, vários bem antigos, evidenciando sua leitura original. Há centenas de

 papiros do segundo e terceiro séculos, sendo que já se discute que alguns deles podemser até mesmo do primeiro século[25]! Há excelentes códices em pergaminho do quartoe quinto séculos e há milhares de outras testemunhas mais antigas do que as utilizadas

 para a atestação destas obras históricas que mencionamos acima.

 Ninguém duvida que Heródoto, Tucídides, Júlio César, Tácito ou Lívioescreveram as obras deles que a nos chegaram, embora estas obras estejam muito pior  preservadas que o Novo Testamento. Ninguém nega o valor ou a utilidade destas obrasantigas, afirmando que estão tão corrompidas com os anos que são imprestáveis para oestudo, pelo contrário, são as obras fundamentais para o estudo dos períodos históricossobre os quais se debruçam. Assim, o Novo Testamento tem muitíssimo mais direito deser chamado de livro bem preservado e confiável para tratar dos assuntos e temas sobreos quais se preocupa.

O processo de redação dos livros bíblicos ocorreu sob a inspiração doEspírito Santo. Deus abençoou o processo de copiar o texto da Bíblia de modo que os

 pouquíssimos erros de cópia, quando existem, nunca são importantes para o sentido dotexto ou da doutrina cristã. Para se ter uma idéia da extensão dos problemas devidos acópia dos manuscritos, basta observar a ocorrência de colchetes na versão de AlmeidaRevista e Atualizada no Brasil. A presença de colchetes no texto indica um possível erroou uma dúvida sobre o texto correto. O que se nota é que a ocorrência de tais marcas émuito rara.[26]

Os livros bíblicos, na forma de manuscritos, foram, durante a IdadeMédia, preservados em mosteiros. Foi nestes lugares que ficaram estocados, por séculos, os textos do Novo Testamento. Não havia muito uso para o texto bíblico, mas,assim mesmo, os monges guardavam os livros. Mesmo sem a intenção, estavam

estocando dados arqueológicos que seriam descobertos séculos mais tarde, e quecontribuiriam para reafirmar a preservação do texto bíblico. Como a Bíblia, neste

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 período, não era a autoridade da igreja, mas sim o clero, não houve tentativas de mudar ou alterar o texto bíblico. A Bíblia não foi atacada por não representar, nesta época,

 perigo para os detentores do poder.

Durante o período que os historiadores chamam de Renascença, houve o

despertamento dos estudiosos para as fontes originais do ensino de todo tipo dedisciplina, inclusive, da Bíblia. Começou-se a estudar as línguas originais da Bíblia e buscar as cópias mais antigas da mesma. Saindo um pouco do esquema cronológico, háo exemplo de Constantin von Tischendorf que, no século dezenove, visitava mosteirosantigos à busca de manuscritos antigos e que, dentre outras coisas, acabou encontrandoo famoso (e antigo) manuscrito Sinaítico, que tem todo o Novo Testamento, do quartoséculo da era cristã. Foi este tipo de espírito que fez com que os textos bíblicos fossem

 buscados em sua situação original.

Em 1516, um humanista conhecido como Desidério Erasmo ou Erasmode Rotherdan, publicou o primeiro Novo Testamento em grego, encerrando o período de

transmissão manuscrita do Novo Testamento e iniciando uma verdadeira "febre" de publicação de textos gregos do Novo Testamento. Foi com base nestes textos gregosque, mais tarde, as traduções bíblicas foram reiniciadas e a palavra de Deus divulgadacada vez mais. (Tecnicamente, o primeiro Novo Testamento Grego foi impresso pelocardeal Ximenes de Cisneros mas, como a obra aguardava o término da impressão dotexto do Velho Testamento para ser distribuída, a obra de Erasmo é considerada a

 primeira).

Desde o tempo de Erasmo, os editores de Novos Testamentos gregosforam sofisticando suas técnicas e descobrindo manuscritos cada vez mais antigos. Oresultado foi a produção de edições críticas do Novo Testamento grego, que recuperamem altíssimo grau de qualidade e certeza, o texto original do Novo Testamento.

O texto hebraico do Velho Testamento foi preservado pelos judeus namaioria dos casos. Mais ou menos ao redor dos anos 500 a 900 d.C., eruditos judeuschamados Massoretas introduziram um sistema de pontos colocado acima, abaixo eentre o texto consonantal do Velho Testamento, de forma a marcar a vocalização dotexto (Além disto eles cercaram o texto de uma série de anotações chamadas Massorá,que garantiam a imutabilidade do texto). Estes pontos, chamados pontos vocálicos,exerceriam a função de vogais, mas tinham a vantagem de nada acrescentar ou tirar dotexto consonantal inspirado. Este sistema preservou a pronúncia do hebraico que, nesta

época, era língua dos eruditos judeus. Foi o texto hebraico preservado por este grupo deeruditos judeus que chegou aos dias de hoje.

O rigor com o qual os judeus transmitiram a Bíblia Hebraica até hoje pode ser visto nas prescrições abaixo, preservadas no Talmude:

“Um rolo de sinagoga deve ser escrito sobre peles de animais limpos, preparadas por um judeu, para o uso particular da sinagoga. Estas devem ser unidasmediante tiras [de couro] retiradas de animais limpos. Cada pele deve ter conter umcerto número de colunas, igual em toda a extensão do códice. A altura da coluna nãodeve ser menor do que 48 nem maior do que 60 linhas; e a largura deve ser de 30 letras.

Toda a cópia deve ser primeiro dotada de linhas; e se três palavras forem escritas nelasem uma linha, será sem valor. A tinta deve ser preta, não vermelha, verde nem de

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qualquer outra cor e deve ser preparada de acordo com uma receita definida. Uma cópiaautêntica deve ser o modelo do qual o transcritor não deve desviar-se até nos menoresdetalhes. Nenhuma palavra, letra e nem ainda um  yod [27] deve ser escrito de memóriasem que o escriba não a tenha olhado no códice que está a sua frente. ... Entre cadaconsoante deve intervir o espaço de um cabelo ou de um pavio; entre cada palavra o

espaço será de uma consoante estreita; entre cada novo  parashah ,ou secção, o espaçoserá de nove consoantes; entre cada livro, três linhas. O quinto livro de Moisés deveterminar exatamente com uma linha, mas os restantes não necessitam terminar assim.Além disto, o copista deve sentar-se com vestimenta judia completa, lavar todo o seucorpo, não começar a escrever o nome de Deus com a pena recentemente molhada natinta e mesmo que um rei lhe dirigisse a palavra enquanto estava escrevendo este nome,deve não dar atenção a ele.”[28]

Os manuscritos mais antigos oriundos dos trabalhos dos Massoretas sãodos anos 900 a 1000 d.C. Apesar de serem tão distantes dos originais, a arqueologia temdemonstrado que eles fizeram um bom trabalho ao preservar o texto hebraico. Os

manuscritos encontrados no Mar Morto (pertenciam a uma comunidade de Essênios deQumran) datados, em geral, de 100 a.C - 100 d.C., confirmam a exatidão do chamadoTexto Massorético, embora haja mais de 1000 anos de distância entre estes achadosarqueológicos e os mencionados manuscritos dos massoretas.

Até esta descoberta de manuscritos em Qumran (Mar Morto), os maisantigos e mais importantes manuscritos do Antigo Testamento em hebraico eram osseguintes[29]:

•  Manuscrito Oriental nº 4445 do Museu Britânico: trata-se de uma

cópia do Pentateuco (Gênesis 39.20 a Deuteronômio 1.33) cujo textoremonta a 850 d.C.

•  O Códice dos Profetas Anteriores e Posteriores da Sinagoga Caraítado Cairo. Foi escrito em Tiberíades em 895 d.C. Os ProfetasAnteriores são: Josué, Juízes, Samuel, Reis. Os Profetas Posterioressão: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Os Doze (Profetas Menores).

•  O Códice Petropolitano, escrito em 916 d.C. (ou 930 d.C.), veio daCriméia. Contém apenas os Profetas Posteriores. Está na biblioteca deLeningrado (a antiga Petrogrado, donde deriva o nome Petropolitano).

•  O Códice de Alepo, de cerca de 980 d.C. contém todo o texto doAntigo Testamento. Era guardado zelosamente pela sinagoga sefárdicade Alepo. Foi contrabandeado em anos recentes da Síria para Israel.Será utilizado como base da nova Bíblia Hebraica, em preparo pelaUniversidade Hebraica, de Jerusalém.

•  O códice de São Petersburgo (B 19a) Está na biblioteca de Leningrado(Rússia). Foi escrito cerca do ano 1000 d.C. Foi copiado no ano 1008-9 d.C., no Cairo. Este, por um tempo, foi o mais antigo manuscritocompleto do Antigo Testamento com data conhecida. Ele é a base damoderna Biblia Hebraica Stuttgartensia.

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Embora estes textos fossem os mais antigos, as descobertas de Qumrantrouxeram à luz textos que confirmam a exatidão da transmissão textual do AntigoTestamento. É muito conhecido o caso do famoso Rolo do livro de Isaías, chamado1QIsª, datado de 150-100 a.C., que era cerca de 1000 anos mais velho que os maisantigos manuscritos até então existentes! O texto deste rolo concorda com os das nossas

Bíblias atuais e, muitas vezes, se mostra inferior ao texto preservado pelos massoretasnas Bíblias hebraicas modernas. Temos assim uma prova singular da autenticidade e da preservação cuidadosa das Escrituras.

Foram encontrados em Qumran cerca de 823 manuscritos, sendo que amaior parte é de livros bíblicos ou relacionados. Alguns manuscritos achados emQumran, além do supra citado manuscrito de Isaías, são[30]:

•  O comentário de Habacuque (1QpHb) que tem apenas os capítulos 1 e2, datado de cerca de 100-50 a.C.

•  O rolo de Isaías da Universidade de Jerusalém (1QIs b) datado de cercade 50 a.C. contendo parte do livro. Não confundir com o outro rolo deIsaías mencionado antes.

•  Fragmentos de Levítico (1QLv) contém os capítulos 19-23. Este temsido datado entre os séculos IV e II a.C. Está grafado com páleo-hebraico, uma forma arcaica de escrever.

•  4QSmª do livro de Samuel, datado do primeiro século a.C.

•  4QSm b, uma cópia de textos de Samuel, talvez seja o manuscrito maisantigo descoberto em Qumran. Datado de cerca de 225 a.C. ou antes,com uma ortografia primitiva.

•  4QXIIª é uma copia dos Profetas Menores datada do século terceiroa.C.

Há centenas de outros manuscritos de Qumran que podiam ser mencionados. Estes bastam, contudo, para mostrar que temos encontrado materiaismuito antigos e que eles somente tem aumentado nossa confiança no texto bíblico, nacerteza que ele foi bem preservado e transmitido até os dias de hoje.

Um famoso teólogo do início do século XIX, F.C.Baur, dizia que oevangelho de João só tinha sido escrito por volta do ano 160 d.C., negando a origemapostólica do documento. Mas no século XX já se descobriu um fragmento doevangelho de João, no Egito, datado de 125 d.C., derrubando completamente a teoriadaquele "erudito". Este papiro (tecnicamente conhecido como Papiro 52), contém

 poucos versos do evangelho de João (18.31-33, 37-38), mas era o texto mais antigo do Novo Testamento que conhecíamos e mostra que o evangelho que havia sido escritodepois de 90 d.C. já tinha alcançado uma cidade do Egito em menos de 35 anos! É destaforma que as descobertas recentes confirmam o relato e o texto da Bíblia.

  Numa caverna da Judéia, descobriu-se um fragmento de papirodesignado 7Q5 (localizado na caverna 7, agrupado aos manuscritos de Qumran e

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identificado como #5). Foi datado, por paleografia, como sendo de cerca do ano 50 d.C.Um estudioso católico José O'Callaghan, estava tentando o livro do Velho Testamentoou da literatura judaica ao qual o fragmento pertencia, não conseguiu identificar nenhuma parte desta literatura. Só por curiosidade, verificou se havia aquela seqüênciade letras no NT e para sua surpresa, descobriu que o fragmento encaixava-se

  perfeitamente em Marcos 6.52-53. Tal descoberta foi muito contraditada, masrecentemente vem se impondo com força tal que muita coisa deve mudar nas teorias dedatação dos evangelhos sinóticos. Tudo por causa de um "papelzinho bem

 pequenininho”...

The Times, um famoso jornal inglês publicou em sua primeira página navéspera do natal de 1994 a notícia: “Um papiro que se acredita ser o mais antigofragmento existente do Novo Testamento foi encontrado na biblioteca de Oxford” “Elefornece a primeira prova material de que o Evangelho segundo Mateus é um relato detestemunha ocular, escrito por contemporâneos de Cristo”. A reportagem apoiava-se notrabalho de um respeitado estudioso bíblico alemão, o paleógrafo Carsten Peter Thiede.

O papiro estava na biblioteca do Magdalen College (Faculdade Madalena), e haviarecebido em 1953 uma datação errada, situando-o no fim do segundo século A.D., e

 portanto, não despertava atenção. A data atualmente proposta para este papiro é 50A.D.! “Estes fragmentos são provas importantes da sofisticação e ambição institucionaisda igreja antes da destruição do Templo, sugerindo uma bem planejada estratégiaeclesiástica em ação nos meados do século I A.D”.

Depois disto e com base em pesquisas semelhantes, papiros tem recebidonovas datas:

PAPIRO DATA ATUAL

[proposta]

DATA ANTIGA

[talvez errada] p46 85 A.D. c. 200 p66 125 A.D. c. 200 p32 175 A.D. c. 200 p45 150 A.D. séc. III p77 150 A.D. séc. II/III p87 125 A.D. séc. III p90 150 A.D. séc. II

 

Os papiros são os mais antigos documentos nos quais o NovoTestamento foi preservado. Contudo, até mais importantes do que eles, são os chamados“Manuscritos Unciais” ou os “Códices Unciais” do Novo Testamento, onde o texto foicopiado sobre pergaminho com letras maiúsculas ou unciais. Estas obras, fruto da épocaem que a igreja deixou de ser perseguida, preservou o Novo Testamento de formacompleta ou quase completa, e foi a base dos grandes labores dos críticos textuais doséculo XIX em prol de um texto neotestamentário acurado.

Os principais são[31]:

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•  O Códice Sinaítico ( a ). Pertence ao Museu Britânico. Data da primeirametade do século IV (c. de 340 d.C.). Foi descoberto pelo erudito L. F.Constantin von Tischendorf, em 1844 no Mosteiro de Santa Catarina, aosopé do Monte Sinai. A história de sua aquisição é muitoimpressionante. Foi o Czar da Rússia que o adquiriu em 1889. O

governo inglês comprou-o dos russos em 1933 por 100.000 librasesterlinas, equivalentes, na época, a 500.000 dólares.

•  O Códice Vaticano (B). Data do início do século IV (c. de 325 d.C.).Pertence à biblioteca do Vaticano, que em 1475, já incluía estemanuscrito no seu catálogo. É um texto de alta qualidade para os estudosdo Novo Testamento.

•  O Códice Alexandrino (A). Pertence ao Museu Britânico. Data do iníciodo século V (c. de 425 d.C.). Tem este nome porque foi escrito em

Alexandria e também pertenceu à Biblioteca Patriarcal à partir de 1098.Em 1621 foi levado à Constantinopla por Cirilo Lucar, patriarca deAlexandria. Em 1624 Cirilo presenteou-o ao rei Tiago I da Inglaterra, omesmo que autorizou a famosa versão inglesa de 1661. Em 1757 o reiJorge II doou a biblioteca da família real à nação e assim o famosomanuscrito chegou ao Museu Britânico.

•  O Códice Efraemi ou Efraimita (C). Pertence ao Museu do Louvre,Paris. Data do século V (c. de 450 d.C.). É um palimpsesto, ou seja, o

 Novo Testamento foi “raspado” no século XII para que o pergaminhofosse usado para escrever outra obra: os escritos e Efraém, da Síria.

Tischendorf conseguiu restaurar a leitura original e encontrou ali os doisTestamentos incompletos. Tischendorf publicou-o em 1845.

•  O Códice Beza (D). Pertence à biblioteca da Universidade deCambridge, Inglaterra. Data do Século VI. Trata-se do mais antigocódice bilingüe do Novo Testamento. Contém os Evangelhos, Atos. Éum texto famoso pelas suas adições e desvios antigos. Passou pelasmãos de Teodoro Beza, que o doou à Universidade de Cambridge.

•  O Códice Claramontano (D2). Pertence ao Museu de Louvre, Paris. Datado Século VI. Contém as epístolas paulinas incluindo Hebreus. É

 bilingüe (grego e latim) e também passou pelas mãos de Beza.

Há centenas de outros códices, mas estes ilustram a riqueza e a grandevariedade de testemunhas em favor do texto do Novo Testamento. Além destes grandescódices unciais, há os cursivos, ou seja, escritos com letras minúsculas. Além destes háos chamados lecionários e uma série de outros artefatos que servem de ajuda na

 preservação do texto do Novo Testamento. Somando a isto as antigas versões do NovoTestamento que também tem centenas de manuscritos e adicionando também as citaçõesdos textos bíblicos feitas pelos antigos escritores cristãos, temos como resultado, umtestemunho sólido e imenso em favor da veracidade do texto do Novo Testamento.

O que se conclui de toda a história da origem e da preservação da Bíblia,é que não existe livro do mundo antigo tão bem preservado como a Bíblia. Deus deixou

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aos homens a tarefa de preservar o texto bíblico, mas não os abandonou sozinhos nisto.As evidências que temos hoje, no decorrer da história da Bíblia, é que Deus cuidou desua palavra, em nosso benefício.

De fato, “a Escritura não pode falhar” (Jo 10.35) e “passará o céu e a

terra, mas as minhas palavras não passarão” (Mc 13.31). Jesus sempre tem razão.

 

A BÍBLIA ESTÁ COMPLETA

Muitos perguntam sobre os supostos livros tirados da Bíblia pelosreformadores protestantes: os chamados apócrifos. Como se verá abaixo, os livros

apócrifos, chamados pela igreja romana de “deuteronômicos”, nunca fizeram parte daBíblia, nem para os judeus, nem para Jesus, nem para os apóstolos e nem para a igreja.

O termo "apócrifo" vem da palavra grega APOKRYPHOS que quer dizer "oculto", "escondido" e daí a idéia de serem livros "duvidosos". Esta é a designação doslivros que não devem fazer parte da Bíblia ou do cânon bíblico. Eles são sete (ou oito)livros: Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico (não confundir comEclesiástes), Baruque e Epístola de Jeremias (esta, ora é contada como um livroseparado, ora adicionada a Baruque). Entre os apócrifos, ficam também as adições aoslivros bíblicos de Ester e Daniel.

Estes livros surgiram no período de aproximadamente 400 anos entreMalaquias e João Batista, conhecido como o "período intertestamental" ou"interbíblico". Este tempo foi caracterizado pelo silêncio profético, de modo que nãohouve nele profetas de Deus como os antigos profetas do Velho Testamento. O períodointertestamental foi agitado e conturbado. Os livros apócrifos manifestam as incertezase esperanças do período. A maior parte destes livros foi escrita entre os anos 200 a.C. e100 d.C.. Foram escritos e distribuídos em grego, embora alguns tivessem originaishebraicos.

Os livros canônicos para a igreja são os nossos 39 livros do VelhoTestamento, que correspondem exatamente aos 22-24 livros do cânon judaico. A igreja

segue o princípio de que "aos judeus foram confiados os oráculos de Deus" (Rm 3.2) e portanto, os cânones judaico e cristão do Velho Testamento devem coincidir.

O que ocorre, contudo, é que tais livros nunca fizeram parte da Bíblia.Como se verá, nem a igreja, nem os judeus acreditavam nestes livros. A postura daigreja romana no Concílio de Trento foi equivocada e contrária à sua própria tradição.

O prólogo do livro de Eclesiástico (fim do séc. II a.C. = aprox. 130 a.C.)diz: "Visto que a Lei, os Profetas e os outros escritores, que se seguiram a eles, deram-nos tantas e tão grandes lições ... meu avô Jesus, depois de dedicar-se intensamente àleitura da Lei, dos Profetas e dos outros livros dos antepassados, ... mas a própria Lei, osProfetas e o resto dos livros têm grande diferença nos originais..." (1-2, 7-10, 24-26; aBíblia de Jerusalém).

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O que se observa é que os judeus desta época já tinham a divisão de três  partes dos livros do Velho Testamento: Lei, Profetas e Escritos. Os livros que pertenciam a este conjunto é que eram reconhecidos como divinos. Os livros apócrifos,nunca foram contados entre aqueles livros ou entre as três divisões da Bíblia Hebraica.

Jesus (aprox. 30 d.C.) citou e aceitou a tríplice divisão do cânon judaico(Lucas 24.44-45; Mateus 23.35; Lucas 11.51). O livro inicial e final é o mesmo docânon judaico (Gênesis a 2 Crônicas) a referência de Mateus 23.35 e Lucas 11.51 não écronológica pois o último assassinato cronológico é o de Urias em Jeremias 26.23, logoa expressão é literária. As vezes Jesus só cita "Lei e Profetas" como em Mateus 7.12;22.40; Lucas 16.16; Mateus 11.13. Em outras ocasiões o termo "Lei" abrange tudo noVelho Testamento (João 10.34; Romanos 13.8-10; Gálatas 5.14). O fato é que Jesusnunca cita um apócrifo como Escritura.

A Septuaginta, (séc. III ao I a.C.), versão do VT do hebraico-aramaico  para o grego, começou a ser feita no tempo dos Filadelfos (285-247 a.C.) em

Alexandria, Egito. No começo só o Pentateuco foi traduzido, o resto veio depois. Pareceque o prólogo de Eclesiástico refere-se a ela. As cópias, completas ou quase completas,mais antigas que temos desta versão são do século IV, e foram confeccionadas por cristãos. Elas tem todos os livros da Bíblia hebraica e alguns dos livros apócrifos.

Isto levou alguns a teorizarem a existência de dois “cânones” do VelhoTestamento, um palestiniano e outro alexandrino. Tal teoria, porém, cai por terraquando se observa o conteúdo dos grandes manuscritos da Septuaginta do quarto equinto séculos.

Eles tem os seguintes livros apócrifos e pseudo-epígrafos:

Nome domanuscrito

sigla de

identificação

apócrifos

omitidos

pseudo-epígrafos presentes

Vaticano B 1 e 2 Mc 1 EdSinaítico alefh Bar 4 McAlexandrino A nenhum 1 Ed, 3 e 4 Mc

 

A tabela mostra que os grandes manuscritos cristãos da Septuaginta,embora tivessem todos os livros da Bíblia Hebraica, não tinham os apócrifos comconstância e até tinham alguns livros que ninguém, nem mesmo a igreja romana, tentaincluir na Bíblia.

Isto é suficiente para mostrar que não havia consenso sobre que livrosadicionar na Septuaginta. A omissão de vários dos apócrifos e a inclusão de livros queninguém nunca aceitou como inspirados, ajuda a ver que não havia uma “lista oficial”de livros em Alexandria que era diferente da “lista oficial” da Judéia.

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Antes de mais nada, é bom lembrar de novo que as cópias encadernadasda Septuaginta que temos hoje são oriundas dos cristãos e não dos judeus. O fato dascópias da Septuaginta incluir e omitir apócrifos e pseudo-epígrafos mostra que acolocação deste livros numa só encadernação com os inspirados não era indicação desua aceitação no “cânon” bíblico. Além disto, a igreja lia estas obras, mas considerava-

as secundárias. Não há nada que pudesse ser chamado de "cânon alexandrino".

Filon e Josefo, que utilizavam quase exclusivamente esta versão grega,mas sempre defenderam o cânon da Bíblia hebraica.

Flávio Josefo (aprox. 90 d.C.) disse: "Não temos dezenas de milhares delivros em desarmonia e conflitos, mas só vinte e dois contendo o registro de toda ahistória, que , conforme se crê com justiça, são divinos. Cinco são de Moisés, quereferem tudo o que aconteceu até a sua morte, durante perto de três mil anos, e aseqüência dos descendentes de Adão. Os profetas que sucederam este admirávellegislador, escreveram em treze livros tudo o que se passou depois de sua morte até o

reinado de Artaxerxes, filho de Xerxes, rei dos Persas, e os quatro outros livros contêmhinos e cânticos feitos em louvor de Deus e preceitos para os costumes. Escreveu-setambém tudo o que se passou desde Artaxerxes até os nossos dias, mas como não seteve, como antes, uma seqüência de profetas, não se lhes dá o mesmo crédito que aosoutros livros de que acabo de falar e pelos tais temos tal respeito que ninguém jamaisfoi tão atrevido para tentar tirar ou acrescentar ou mesmo modificar-lhe a mínima coisa.

 Nós os consideramos como divinos, chamamo-los assim ..." (Contra Ápio 1.8).

Josefo fala apenas de 22 livros porque os judeus dividiam seus livros demodo diferente do nosso. Suas Bíblias tinham 22 ou 24 livros, mas estes são exatamenteiguais aos 39 livros da Bíblia atual. Veja abaixo, dois modos possíveis dos judeusarrumarem os livros da Bíblia;

  TEXTO MASSORÉTICO e IVESDRAS - 24 livros

FLÁVIO JOSEFO - 22 livros

(a distribuição é hipotética)TORÁH Gn, Ex, Lv, Nm, Dt = 5 Gn, Ex, Lv, Nm, Dt. = 5

 NEBI'IM Profetas anteriores - Js, Jz, Sm, Rs =4

Profetas posteriores - Is, Jr, Ez, XII =

4

Js, Jz-Rt, Sm, Rs. Is, Jr-Lm,Ez, XII, Dn, Ec, Es-Ne, Et, Cr.= 13

KEThUBhIM - Poesia e sabedoria - Sl, Jó, Pv. = 3

"Megilloth" - Rt, Ct, Ec, Lm, Et = 5

História - Dn, Es-Ne, Cr. = 3

Poesia e sabedoria - Sl, Pv, Jó,Ct. = 4

Josefo reconhece as 3 divisões do cânon e os mesmos livros da BíbliaHebraica(22). Na opinião dele, nenhum livro canônico foi escrito depois do reinado deArtaxerxes (462-424 a.C.) e ainda afirma que, durante estes séculos, desde Artaxerxes,nada foi alterado nos livros sagrados. Embora Josefo conhecesse os livros do períodointerbíblico, não os considerava canônicos. Embora fosse um leitor da Septuaginta, nãocria que os chamados apócrifos fizessem parte da Bíblia.

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Alguns costumam afirmar que foi o "concílio judaico de Jamnia" (aprox.90 d.C.) que retirou os apócrifos do Velho Testamento. Isto é absurdo! Pouco se sabesobre este suposto sínodo. Depois da destruição da Jerusalém, o Rabino Johanan benZakkai obteve permissão dos romanos para estabelecer-se em Jamnia e desenvolver aatividade literária. O local tornou-se um centro de estudo bíblico para os judeus e

discutiu-se a canonicidade de livros como Ezequiel, Ester, Cantares, Eclesiástes eProvérbios.

O fato é que não havia ali um verdadeiro concílio acontecendo e o queeles faziam era discutir como lidar com alguns livros já considerados autoritativos. Asdiscussões eram acadêmicas e não representavam o pensar do povo. As razões das suasdúvidas eram: Ester não trazia o nome de Deus; Eclesiastes parecia filosofia epicurista;Cantares falava apenas do amor sensual; Ezequiel apresentava os rituais do templo emaparente contradição com a Lei; Provérbios tinha contradições aparentes (26.4,5).

O certo é que Jamnia não deve ser tomado como decisivo para o cânon

do Velho Testamento, apesar de todos os livros da Bíblia hebraica serem finalmentereferendados e acatados ali. Os judeus de Jamnia trabalhavam sobre decisões anteriorese não as alteraram em nada. Somente expressaram as dúvidas de seu tempo e atéanteriores, e acabaram ficando com o que começaram. Os chamados apócrifos nãoforam objeto de discussão naquela reunião judaica.

O bispo Melito de Sardes (aprox. 170 d.C.) viajou para o Oriente parainvestigar o número e a ordem dos livros do Antigo Testamento. Concluiu. "Cinco deMoisés. Gn Ex, Lv, Nm e Dt; Js, Jz, Rt, quatro dos Reinados, dois de Crônicas, Salmosde Davi, Provérbios de Salomão (que é também Sabedoria), Ec, Ct, Jó; Os profetas - Is,Jr, XII, Dn, Ez e Ed”.

Pode-se comentar que Lamentações deve estar incluído em Jeremias; e Neemias, em Esdras, como já era costumeiro. Ester é omitido, sem sabermos a razão;talvez estivesse incluído num mesmo conjunto: Esdras-Neemias-Ester. Não sabemos seo termo Sabedoria inclui o apócrifo ou não. Assim, a lista de Melito não ajuda aimaginar que os apócrifos tinham qualquer espaço entre os livros inspirados, emborafossem lidos e usados na igreja.

Tertuliano (160-250 d.C.) considerava canônicos os 24 livros da BíbliaHebraica. Orígenes (morreu em 254 d.C.) disse que havia 22 livros no Velho

Testamento, como Josefo. As únicas diferenças parecem ser a inclusão da "Epístola deJeremias", ignorando que esta não foi escrita em Hebraico[32], e dos Macabeus. Hiláriode Poitiers (305-366 d.C.) mencionou o número de 22. Jerônimo (340-420 d.C.),tradutor da Vulgata, no "Prologus Galeatus", e em outros lugares considerava apenas 22livros do hebraico como canônicos, relegando os outros a uma posição secundária. "Este

 prólogo, como vanguarda com capacete das Escrituras, pode ser aplicado a todos oslivros que traduzimos do hebraico para o latim, de tal maneira, que possamos saber quetudo quanto é separado destes deve ser colocado entre os apócrifos. Portanto, aSabedoria comumente chamada de Salomão, o livro de Jesus, filho de Siraque, e Juditee Tobias e o Pastor (supõe-se que seja o "Pastor de Hermas"), não fazem parte do cânon.Descobri o primeiro livro de Macabeus em hebraico; o segundo foi escrito em grego

conforme testifica a sua linguagem"[33]. Ele ainda declara ter descoberto Eclesiásticoem Hebraico, mas que Sabedoria deve ter sido redigida em grego. Ele continua. "E

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assim, da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite e Tobias e Macabeus mas não osrecebe entre as Escrituras canônicas, assim também sejam estes dois livros úteis para aedificação do povo, mas não para estabelecer doutrinas da Igreja." Também em seucomentário de Daniel enfatizou que as adições "História de Suzana" e "Bel e o dragão"não faziam parte do texto canônico de Daniel.

O cânon do Velho Testamento ficou sob discussão informal por muitosanos, e na verdade, nunca tinha sido bem definido. A tendência geral até a época deAgostinho (aprox. 400 d.C.) era a da rejeição dos apócrifos como canônicos, apesar deafirmar-se sua utilidade. Na época de Agostinho, talvez por influência dele, algunschegaram a considerar os apócrifos de igual valor como os livros da Bíblia hebraica. Noentanto, desde sua época até o século XVI os grandes intérpretes da Bíblia colocavamos apócrifos em um lugar "mais baixo" do que os livros da Bíblia. O catolicismoromano só veio a tomar posição em 8 de abril de 1546, no Concílio de Trento, emreação ao protestantismo. Mesmo assim, houve quem não concordasse com isto dentrodo próprio catolicismo.

As chamadas "Bíblias Católicas" tem 46 livros no Velho Testamento, eadições de outros livros. Tal conceito de "Bíblia Católica" é inadmissível. A Bíblia éuma só. O que existe são edições produzidas pela igreja romana com acréscimos nãoinspirados no Velho Testamento.

As razões para se rejeitar os apócrifos já foram expostas, mas podem ser resumidas abaixo:

1. Estes livros nunca foram incluídos na Bíblia Hebraica dos judeus e

“aos judeus foram confiados os oráculos de Deus” (Rm 3.2).2. Jesus e os apóstolos conheciam estes livros, mas nunca os citam como

Escritura inspirada. As alusões a estas obras não constituem prova de nada, a não ser doconhecimento que eles tinham destas obras. Os escritores do Novo Testamento tambémfazem alusões a obras como o livro de Enoque, Assunção de Moisés, 3 e 4 Macabeus,etc. Se as alusões provassem algo, então haveria muitos outros livros incluídos, alémdos reconhecidos pelo Vaticano.

3. Estas obras não foram aceitas pelos escritores judeus do primeiroséculo tais como Josefo e Filo. Os rabinos de Jamnia e muitos cristãos eminentes não

aceitavam tais obras. Mesmo homens como Filo e Orígenes, de origem alexandrina, nãotentavam incluir estes livros no cânon. Jerônimo não os incluía na Vulgata. Eruditoscatólicos contemporâneos ao Concílio de Trento não aceitavam tais livros. O cardealXimenes, em sua Poliglota Complutense (1514-1517) havia feito distinção entre osapócrifos e os canônicos. O cardeal Cajetan, que se opusera a Lutero em 1518, publicouem 1532, uma lista de livros fidedignos do AT que não incluía os apócrifos.

4. Os livros não têm qualidades próprias de livros inspirados por Deus. Olivro de Judite é altamente lendário, com vários erros ou desvios deliberados dahistória[34]. Nabucodonosor é retratado como rei da Assíria(?), em Nínive; seu generalé Helofernes (um nome persa?), e assim, há vários erros. Há erros doutrinários tais

como oração pelos mortos[35]. A obra chamada Tobias relata práticas que combinammais com bruxaria do que com Deus[36]. A moral de Sabedoria e de Eclesiástico é

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muitas vezes falha, quando comparada com a Bíblia: mostra desprezo pela mulher [37], revela tendência pela avaliação materialista da espiritualidade e aproxima-se da éticados filósofos gregos, o que não é, em si mesmo, um fator ruim, mas que ocasionalmentecompromete o conselho apresentado. O fim do livro de 2 Macabeus[38] tem uma“confissão” da falta de inspiração e de autoridade do escritor. Ele considera a

 possibilidade de sua obra “não exceder a mediocridade” (TEB) ou “estar imperfeita emedíocre” (BAM) ou estar composta “vulgarmente e de modo medíocre” (BJ). Nenhumautor inspirado poderia tem colocado tal observação no fim da Palavra de Deus.

5. Os livros mentem e exageram. São livros “bons demais”. Com istoqueremos dizer que contam histórias exageradas e por demais parciais. Os livrosverdadeiramente inspirados não escondem limitações e pecados dos seus protagonistas,mas, nos apócrifos, os personagens são "super-santos" e verdadeiras maravilhas dereligiosidade. O quadro é, sem dúvida, artificial. Os milagres e histórias apresentadossão, justamente, aqueles que agradam ao orgulho humano. Não soam como os livrosinspirados que nos repreendem, mas parecem afagar o ego dos leitores. São livros do

homem para o homem.

6. Eles não podem e não devem acompanhar os livros inspirados, poisgeram confusão. A igreja Anglicana e outras envolvidas no Ecumenismo mantêm oslivros numa posição “semi-canônica” aceitando-os na leitura pública, mas não paradeterminar doutrinas. Este tipo de tentativa de agradar “gregos e troianos”, nãocontribui para a certeza da verdade. Os livros são inspirados e lidos na igreja, ou nãodevem ser lidos. Não lemos Tomás a Kempis, Euclides da Cunha, Homero ou Heródotonos culto. O único livro da igreja tem que ser a Bíblia, porque ela é inspirada por Deus.

7. Um decreto romano não pode mudar a verdade e nem séculos dehistória. Os apócrifos sempre foram rejeitados e suspeitos. O Concílio de Trento, na suaquarta sessão, no dia 8 de abril de 1546 decretou que os apócrifos eram Escrituracanônica com autoridade igual a todos os outros livros do cânon. Tal decisão foicontestada tanto por católicos como pelos protestantes. Uma das grandes razõesromanas para incluir estes livros eram os textos onde eles favoreciam doutrinascatólicas que estavam sendo contestadas pelos protestantes, como por exemplo, adoutrina da oração pelos mortos criticada por Lutero e defendida com base em 2Macabeus 12.45-46. Por outro lado, nem todos os chamados “apócrifos” foramcanonizados. Os seguintes livros que estavam no mesmo conjunto com os apócrifos nãofoi canonizado: 3 e 4 Esdras e a Oração de Manassés. Um dos motivos da exclusão de 2

Esdras era porque continha um verso forte contra as orações aos mortos (2 Esdras7.105).

O Novo Testamento também tem seus apócrifos, mas como são obrasclara e definitivamente espúrias, muito inferiores ao Novo Testamento, nunca houvecontrovérsia se estes livros foram retirados da Bíblia ou não, pois, a verdade é que elesnunca estiveram ali.

Eles não fazem parte do cânon pelas mesmas razões descritas acima paraos apócrifos do Velho Testamento.

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Os apócrifos do Novo Testamento surgiram com o desejo de suprir informações omitidas, adornar as narrativas, propagar ensinos heréticos ou novos,entreter, sistematizar ensinos, acomodar mitos, tradições e filosofias anteriores.

É interessante ver nos apócrifos a preocupação de apresentar Jesus de

modo mais glorioso do que o que foi apresentado nos evangelhos inspirados peloEspírito. Pretendiam suprir algo que, no pensar de seus escritores, faltava ao retrato deJesus. Nos evangelhos apócrifos, a caverna onde Jesus nasceu é posta a brilhar mais doque o Sol. Dragões, panteras, leões e outros animais vêm e adoram ao menino Jesus. Afamília de Jesus (pai, mãe e irmãos) não ousava comer sem primeiro ter a bênção dele edar-lhe a precedência no ato de servir-se. O menino Jesus ensinava os seus professores.Fazia pardais de barro que voavam quando ele batia palmas. Transformou um homemem uma mula, crianças zombeteiras em cabritos, etc. Um menino que derramou a águaque Jesus havia juntado ao brincar, é “ressecado”; os pais imploram a ele pelo filho eele o cura, mas deixa um membro ressecado como aviso. Estes são apenas algunsexemplos dos apócrifos! Quanta bobagem!

Há, nestes apócrifos, ditos atribuídos a Jesus, que são verdadeirasfórmulas de falsas doutrinas, tais como a idéia de panteísmo. Não passam de umatentativa de colocar na boca de Jesus a idéia de uma pessoa ou de um sistema religioso.

Enfim, a Bíblia foi bem conservada. Nada se perdeu, nada seacrescentou, nada se transformou. Deus, que inspirou sua palavra, transmitiu-a durante ahistória com grande fidelidade, mesmo que através de homens falhos.

 A BÍBLIA ESTÁ BEM TRADUZIDA

Surge, então, uma última questão. De que adianta uma Bíblia inspirada por Deus, bem conservada pelos séculos, mas que tem inúmeras traduções conflitantes? Na verdade, esta insinuação é falsa. A Bíblia é o livro mais e melhor traduzido nomundo, de todas as épocas. O mesmo Deus que inspirou a Bíblia e deixou aos homens atarefa de preservá-la, também deu aos homens a obrigação de traduzi-la. A ordem deevangelizar todas as nações do mundo (Mt 28.18-20; Mc 16.15-16) tinha comoconseqüência natural a tradução da Bíblia para estes povos.

Hoje, as traduções da Bíblia feitas por eruditos, especialistas nas línguasantigas e modernas têm dado cada vez mais certeza da compreensão da vontade de Deus

e do evangelho.

Embora existam muitas igrejas e muitas doutrinas, elas não se baseiamem “diferenças de traduções da Bíblia”. Mesmo numa Bíblia publicada por uma editoracatólica, os irmãos de Jesus ainda são irmãos de Jesus. Eles não ousaram traduzir a

 palavra de outra forma. Nas notas de pé de página, contudo, há tentativas de explicação. No caso de Atos 2.38, todas as traduções ensinam que o batismo é “para remissão de pecados”. Embora o mundo evangélico, em sua maioria, não aceite esta expressão, nãoousam mudar sua tradução: em todas as Bíblia evangélicas em português, o batismo, emAtos 2.38, é “para remissão de pecados”.

O único grupo que, deliberadamente, altera a tradução da Bíblia para“vender” sua doutrina é a Sociedade Torre de Vigia. Eles são os únicos que fazem

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grandes alterações e adulterações na tradução bíblica. Podemos esperar que, no passar dos anos, surjam traduções estranhas que, na verdade, não são traduções. Mas, em geral,ninguém ficará sem compreender a Bíblia, se usar as traduções mais comuns e maistradicionais que existem à disposição de todos.

A Bíblia é uma obra muito bem traduzida e através desta tradução, podemos entender a vontade de Deus. Não é possível deixar de ver a vontade de Deusna Bíblia. Podemos, contudo, ficar seguros que o que temos hoje em mãos, e em nossalíngua, representa muito bem a mensagem salvadora de Deus em Jesus.

Em português, a melhor versão para estudo bíblico é a tradução de João Ferreira deAlmeida, Revista e Atualizada no Brasil, 2ª edição, publicado pela Sociedade Bíblicado Brasil. Há uma concordância muito boa publicada para o estudo desta Bíblia, etambém programas de computador que têm esta versão, além de muitas outras. Paraquem quer uma versão mais simples, o Novo Testamento, Versão Fácil de Ler,

 publicado pela Editora Vida Cristã, é uma excelente opção. Também a Nova Versão

Internacional, agora em português, deve ser uma obra melhor do que a original inglesa.

Notas_____ 

[1] Ted T. Stewart, Evidências Cristãs (apostila), São Paulo, Editora Vida Cristã, 1993; J. D. Thomas,Razão, Ciência e Fé, São Paulo, Editora Vida Cristã, 1984; Josh McDowell, Evidência que exige umveredicto (vols. 1 e 2), São Paulo, Editora Candeia, 1989/93.

[2] Estes livros são chamados Pentateuco.

[3] Os eruditos costumam chamar de "logia", ou "Q", o mais famoso destes documentoshipotéticos.

[4] "Testimonia" é o nome que se dá a estas seleções de textos.

[5] Esta teoria é chamada “A Teoria das Quatro Fontes”, que seriam: Marcos, “Q”, “M”e “L”, onde M e L são, hipotéticas fontes exclusivas das quais Mateus e Lucas seutilizaram respectivamente.

[6] Milton Fischer, “O Cânon do Novo Testamento” in Philip Wesley Comfort (ed.), A

Origem da Bíblia, Rio de Janeiro, CPAD, 1998, pág.s 101-110.[7] Conforme bem lembrou B.B. Warfield (citado por Michael Green, 2 Pedro e Judas:

 Introdução e comentário, São Paulo, Edições Vida Nova, 1983, p. 36, nota 73), o fatode um autor ou de um livro ser pouco citado no período logo após sua composição não

 pode ser usado como negação de sua existência ou como prova contra sua antigüidade.Ele cita o caso de Heródoto, que é citado uma só vez no século após sua composição.Tucídedes só foi citado dois séculos depois da sua composição! Desta forma, o fato decertos livros do Velho e do Novo Testamento demorarem para ser citados não prova suanão existência.

[8] Cita Jesus e Paulo, considerando este último como Escritura (Filip 12.1). [Efésios4.26].

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[9] Ep. de Barn. 4.14

[10] Apologia I,67,3

[11] Ele tornou-se encratita, uma seita que enfatizava demais o “auto-controle” de modo

a exigir abstenção de muitas coisas.

[12] Mt, Mc, Lc, Jo, At, 1 & 2 Co, Ef, Fp, Cl, Gl, 1 & 2 Ts, Rm, Fm, Tt, 1 & 2 Tm,Laodicenses e Alexandrinos tratadas como espúrias, Jd, 1 & 2 Jo, Sabedoria, Ap,Apocalipse de Pedro [seria 2 Pedro?], reconhecendo que alguns rejeitam o último,recomenda Pastor de Hermas, sem autoridade.

[13] Há várias formas de se ler este documento e ver nele alusões a 2 Pedro.

[14] Os 4 evangelhos, Atos, 13 cartas de Paulo, 1 Pe, 1 Jo, Jd, Ap. Conhece Hb masnão considera canônica.

[15] História Eclesiástica, III.

[16] História Eclesiástica III,25.1-7

[17] “HOMOLOGOUMENA”

[18] “ANTILEGOMENA”

[19] “GNORIMA”

[20] “NOTHA”

[21] O reconhecimento dos livros do Novo Testamento variou de região para região:Igreja siríaca: O uso no culto era o mais importante fator de canonicidade. Usava-se o

 Diatessaron até o século V. Só no século VI que 2 Pedro, 2 e 3 João, Judas eApocalipse foram aceitos. Reconhece todo o Novo Testamento, mas algumas de suasramificações ainda não aceitam 2 Pedro, Judas, 2 & 3 João e Apocalipse. Igreja grega:adicionam livros no Velho Testamento. Dividiu os livros do Novo Testamento em trêscategorias. 1. "ANANTIRRETA" ou "HOMOLOGOUMENA", isto é, livros sobre osquais não se fala nada ou que são aceitos por todos; 2. "AMFIBALLOMENA", são

aqueles que são colocados oura entre os aceitos, ora entre os rejeitados (2 Pedro, 2&3João, Hebreus, Tiago, Judas); 3. "PSEUDE", ou seja, falsos: os apócrifos do NovoTestamento. Igreja latina: adicionam livros no Velho Testamento. Nos Concílios deHipona (393) e Cartago (397) tudo ficou resolvido. Jerônimo e Agostinho contribuíram

 para a aceitação dos 27 livros do Novo Testamento. Posteriormente a igreja romanadividiu os livros do Novo Testamento em canônicos e deuterocanônicos. IgrejasAnglicana e Luterana: aceitam os chamados apócrifos como úteis para vida einstrução, mas não para estabelecer doutrina. Igrejas etíopes: aceitam 1 Enoque e oLivro dos Jubileus.

[22] Josh McDowell, Evidência Que Exige Um Veredito, 2ª ed. (Evidence That

Demands A Verdict, Historical Evidences for the Christian Faith, Revised Edition, San

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Bernardino, Here’s Life Publishers, Inc., 1979, trad, Márcio Redondo), São Paulo,Candeia, 1996, pág. 54.

[23] Philip W. Confort, A Origem da Bíblia, Rio de Janeiro, CPAD, 1998, pág. 255.

[24] F. F. Bruce, Merece Confiança o Novo Testamento? 2ª ed.(Are the NewTestament Documents Reliable?, Chicago, InterVarsity Press, 1943, trad. Waldyr Carvalho Luz), São Paulo, Edições Vida Nova, 1990, pág. 23-24.

[25] Philip W. Confort, A Origem da Bíblia, Rio de Janeiro, CPAD, 1998, pág. 251,269-270;, Carsten Peter Thiede & Matthew D’Ancona, Testemunha Ocular de Jesus,Imago Editora, Rio de Janeiro, 1996.

[26] Também a Bíblia na Linguagem de Hoje e a Nova Versão Internacional informamao pé da página as possíveis variações textuais.

[27] Menor letra do alfabeto hebraico (Mateus 5.18 o “i”).

[28] S. Davidson, Text of Old Testament2, p. 89, citado por James Hastings, ADictionary of The Bible, Vol. 4, Peabody, Hendrickson, 1988 [original de 1898], pág.949.

[29] Gleason Archer Jr., Merece Confiança o Antigo Testamento, São Paulo, EdiçõesVida Nova, 1974, pág. 42-43. Julio Trebolle Barrera, A Bíblia Judaica e a BíbliaCristã: introdução à história da Bíblia, Petrópolis, Vozes, 1996, pág. 317.

[30] Gleason Archer Jr. Op. Cit., pág. 38-39.[31] Wilson Paroschi, Crítica Textual do Novo Testamento, São Paulo, Edições Vida

 Nova, 1993. capítulo 2.

[32] Hist. Ecles. VI.25

[33] Citado por Gleason L. Archer Jr. Merece Confiança o Antigo Testamento, SãoPaulo, Edições Vida Nova, 1974, pág. 76, nota 5.

[34] Judite 1.1ss

[35] Baruque 3.4; 2 Macabeus 12.38

[36] Tobias 6.2-9; 8.2-3: queimar o fígado de um peixe para espantar demônio!

[37] Siriácida 25.13, 24, 25-26; 33.25-26

[38] 2 Macabeus 15.38

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