UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
DESMANTAMENTO: O QUE VOCÊ PODE MUDAR
Andréa Dominique Massena Ribeiro
Orientador
Prof. Ms. Celso Sanches
Rio de Janeiro
2007
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
DESMATAMENTO: O QUE VOCÊ PODE MUDAR
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito para obtenção do
grau de especialista em Planejamento e Educação
Ambiental.
Por: Andréa Dominique Massena Ribeiro
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AGRADECIMENTOS
Ao meu marido Luiz Gustavo e à minha
filha Ana Luiza, pela compreensão e
apoio em todos os momentos, apesar
dos sacrifícios e ausências que acabei
imputando, à minha mãe Marli que sem
ela eu nada seria e a Deus por ter
permitido mais uma conquista e, ainda,
aos professores que, com carinho e
dedicação, compartilharam comigo os
seus conhecimentos.
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“Ninguém educa ninguém. Ninguém educa a si mesmo.
As pessoas se educam entre si, mediatizadas pelo mundo."
Paulo Freire (In: Pedagogia do Oprimido, 1970, p. 68)
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DEDICATÓRIA
Eu dedico esse trabalho à minha filha,
como representante da esperança jovem,
para que ela possa um dia compreender a
extensão, a magnitude e a importância
desse tema, podendo contribuir com
consciência e atitudes para melhoria do
nosso planeta, e a todos aqueles que
quiserem, através da sabedoria, da
coragem e do respeito modificar antigos
hábitos e plantar muitas árvores.
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RESUMO
A degradação do meio ambiente e a utilização irracional de forma
predatória dos recursos naturais tem sido a grande preocupação das últimas
duas décadas, e o desmatamento, entre outros fatores, tem uma forte
contribuição para as alterações climáticas. A incessante necessidade do
homem em aumentar a produtividade, visando à obtenção do lucro, tem exigido
o emprego de técnicas cada vez mais elaboradas, as quais,
conseqüentemente, provocam a exploração do meio ambiente e o esgotamento
da biodiversidade. A derrubada de florestas mexe com todo o equilíbrio da
terra. O trabalho desenvolvido busca a apresentação de alguns aspectos
conceituais do desmatamento, identificando as principais causas e
conseqüências. Ao final, será proposto um projeto educacional de distribuição
de cartilha para veiculação de informações chamado “Plant-AR”, que significa
plantar para ter ar e não importa o que e onde, apresentado em uma cartilha,
com informações sucintas sobre o desmatamento e sugestões que visam
incentivar o plantio de árvores e plantas de modo geral.
As informações contidas na cartilha serão apresentadas pelo
personagem chamado Arthur que pensa ser sobrinho de José Bonifácio e quer
dar continuidade ao pensamento do suposto tio com relação à preservação das
florestas. Não há nada que comprove a ligação familiar, apenas as histórias
contadas pela sua bisavó que dizia ter ouvido, também, da sua bisavó que
viveu no século XVIII. Arthur sempre muito preocupado pela destruição de
florestas, decide, então, independentemente do parentesco, incentivar a todos
a plantar.
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METODOLOGIA
Na elaboração do presente trabalho, adotou-se o método da pesquisa
bibliográfica, realizada através de consultas à internet, livros pessoais, jornais,
revistas e entrevistas.
Após coleta, leitura e análise do material verificou-se a necessidade de
elaboração de uma cartilha voltada à educação, que narra o desmatamento,
em linguagem simples, com a criação de uma personagem para incentivar a
plantação de árvores, visto que o assunto é demasiadamente extenso e técnico
e, em alguns aspectos, de difícil assimilação para aqueles que não são da
área.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - Breve Histórico sobre o Desmatamento 11
CAPÍTULO II – Desmatamento: Causas e Conseqüências 15
CAPÍTULO III - Reflorestamento 20
CAPÍTULO IV - Educação Ambiental e Projeto Plant-AR 23
CONCLUSÃO 25
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 26
ANEXOS 28
ÍNDICE 31
FOLHA DE AVALIAÇÃO 32
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INTRODUÇÃO
O homem nunca tirou tanto do meio ambiente como nos últimos
cinqüenta anos. Se por um lado o avanço acelerado sobre a natureza nos deu
o desenvolvimento, por outro o tempo de resposta da natureza não é o mesmo
que de dois séculos atrás e o efeito colateral é catastrófico. As maiores
preocupações são a perda acelerada de biodiversidade e a degradação do
meio ambiente, a pressão sobre os estoques de água potável, o excesso de
pesca nos oceanos e indícios de mudanças climáticas causadas pela ação do
homem. O que esse processo mostra é que os recursos naturais podem estar
sendo consumidos em velocidade maior que a de reposição do planeta. Há o
risco de não sobrar para as gerações futuras.
É preciso que o homem reveja todo o conceito de vida e de
sobrevivência de forma acelerada, pois, de modo geral, é necessário criar
mecanismos de energia limpa, alternativas mais velozes com relação ao lixo,
preservação da água e das florestas no combate ao aquecimento global. Muito
já está sendo feito, já há mobilização de governantes, pesquisadores, cientistas
e sociedade civil, mas ainda é pouco frente ao que se deve resgatar para a
melhoria do planeta.
Segundo a declaração da Junta Coordenadora da Avaliação
Ecossistêmica do Milênio (2001), destaca que: Todos, no mundo, dependem da
natureza e dos serviços providos pelos ecossistemas para terem condições a
uma vida decente, saudável e segura; Os seres humanos causaram alterações
sem precedentes nos ecossistemas nas últimas décadas para atender a
crescentes demandas por alimentos, água, fibras e energia; Estas alterações
ajudaram a melhorar a vida de bilhões de pessoas, mas ao mesmo tempo,
enfraqueceram a capacidade da natureza de prover outros serviços
fundamentais, como a purificação do ar e da água, proteção contra catástrofes
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naturais e remédios naturais; Dentre os problemas mais sérios identificados por
esta avaliação estão: as condições drásticas de várias espécies de peixes; a
alta vulnerabilidade de dois bilhões de pessoas vivendo em regiões secas de
perder serviços providos pelos ecossistemas, como o acesso à água; e a
crescente ameaça aos ecossistemas das mudanças climáticas e poluição de
seus nutrientes; As atividades humanas levaram o planeta à beira de uma onda
maciça de extinção de várias espécies, ameaçando ainda mais nosso bem-
estar; A perda dos serviços providos pelos ecossistemas constitui uma grande
barreira às Metas de Desenvolvimento do Milênio de reduzir a pobreza, a fome
e as doenças; As pressões sobre os ecossistemas aumentarão em uma escala
global nas próximas décadas se a atitude e as ações humanas não mudarem;
Medidas de preservação de recursos naturais têm maior chance de sucesso se
tomadas sob a responsabilidade das comunidades, que compartilhariam os
benefícios de suas decisões; A tecnologia e conhecimento de que dispomos
hoje podem reduzir consideravelmente o impacto humano nos ecossistemas,
mas sua utilização em todo o seu potencial permanecerá reduzida enquanto os
serviços oferecidos pelos ecossistemas continuarem a ser percebidos como
‘grátis’ e ilimitados e não receberem seu devido valor; Esforços coordenados
de todos os setores governamentais, empresariais e institucionais serão
necessários para uma melhor proteção do capital natural. A produtividade dos
ecossistemas depende das escolhas corretas no tocante a políticas de
investimentos, comércio, subsídios, impostos e regulamentação.
O Brasil é o país que ainda possui a maior área verde do planeta,
entretanto é o campeão mundial de desmatamento. É uma realidade que
precisa ser modificada, é preciso ampliar projetos que combatem o
desmatamento e incentivem, principalmente, o plantio e o reflorestamento de
árvores.
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CAPÍTULO I
BREVE HISTÓRICO SOBRE O DESMATAMENTO1
No aspecto global o desmatamento acompanha o mundo desde as
antigas civilizações, mesmo aquelas em que, de certa forma, reconheciam no
meio ambiente a ligação de sustento e convivência harmônica. Um bom
exemplo de desmatamento agressivo de antigas civilizações é a civilização
Maia, que, para obtenção, do que hoje chamamos de cal, eles derrubavam até
4 quilômetros de florestas nativas, cortando árvores jovens, pois o caule
deveria ser ainda verde, que serviam para o abastecimento de fornos que
queimavam argila até a obtenção de cerca de 400 gramas do pó, que era
utilizado nas construções de casas e templos.
Na baixa idade média, que se deu início no século XI, com o fim das
invasões bárbaras a Europa entrou numa de estabilidade ajudada pela
expansão demográfica decorrente da queda da taxa de mortalidade, que
resultou no renascimento da atividade econômica, ou seja, a renovação de
práticas agrícolas fomentada pela descoberta de novos instrumentos de
trabalho, como a foice, o arado de ferro e a enxada, surgiu o movimento de
arroteamentos, que consistia na derrubada de imensas florestas nativas e
drenagem de pântanos para agricultura. Apesar desse movimento ter iniciativa
dos camponeses, os senhores feudais apoiaram porque perceberam aí uma
oportunidade de aumentar o volume de suas rendas.
Outro exemplo significativo é a Inglaterra, que já em meados do século
XVII, já apresentava escassez de madeira, tanto para construção como para
lenha. Foi por causa dessa falta de madeira que os ingleses se tornaram
grandes consumidores de carvão mineral.
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Outro exemplo de devastação ocorreu nos EUA, quando os primeiros
colonos chegaram ao continente ele era completamente arborizado ao leste de
Mississipi - eram 179 milhões de hectares de verdejantes florestas. Hoje não
restam mais de 10 milhões.
No Brasil, o desmatamento começou tão logo após a sua descoberta,
pois os portugueses no ano de 1500 ficaram impressionados com as riquezas
encontradas, principalmente, com as árvores de pau-brasil que tinham um
grande valor no mercado europeu, pois a madeira era utilizada para a
confecção de móveis e instrumentos musicais e a seiva avermelhada era
usada para tingir tecidos.
Com grande interesse nos lucros, os portugueses iniciaram a
exploração ostensiva da Mata Atlântica, que contava com a ajuda dos índios
que aceitavam quaisquer bugigangas, como espelhos, colares, apitos,
chocalhos, em troca do trabalho do corte das árvores e o carregamento até as
caravelas, que partiam do litoral brasileiro carregadas de toras de pau-brasil
para serem vendidas no mercado europeu. O pau-brasil foi apenas o ciclo
econômico inicial de extração e cultivo, entre outros que viria logo a seguir,
como o da cana-de-açúcar, o do café e a própria pecuária que também
contribuíram para a contínua exploração até os dias de hoje.
Desde então, a extração dos recursos naturais se intensificaram na
medida em que crescia o desenvolvimento e não havia uma preocupação
legítima quanto ao meio ambiente e à escassez de recursos, apesar de terem
sido encontrados registros que apontam, em 1823, a preocupação de José
Bonifácio com relação à água, aos recursos naturais e as florestas.
Em 1881, devido à destruição da Mata Atlântica e ao impacto sofrido
com a falta d’água, D. Pedro II, com idéias já fomentadas por José Bonifácio,
1 As conceituações que se seguem foram retiradas das seguintes bibliografias: PAZZIANATO, Alceu; SENISE, Maria Helena. História moderna e contemporânea. 1ª ed. São Paulo, Ática, 1997; PETERSON, Larry; HAUG, Gerald. O declínio dos maias. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/sciam/conteudo/materia/materia_105.html>. Acesso em 11/01/2007.
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em uma atitude inédita, ordenou, de um lado, a retirada de fazendeiros e de
outro, o reflorestamento das áreas atingidas pelo plantio de café, com espécies
nativas da Mata Atlântica, dando origem ao Parque Estadual da Tijuca,
atualmente mais conhecido como Floresta da Tijuca. O projeto de
reflorestamento foi realizado pelo major Manoel Gomes Archer, contando com
a ajuda de escravos e transcorreu pelo período de 13 anos, com o plantio de
cerca de 60 mil árvores, que contribuiu diretamente para o retorno de animais
ao seu habitat.
Apesar da iniciativa de D. Pedro II, o desmatamento no Brasil não
parou de crescer. A Mata Atlântica tem, atualmente, apenas 7% da cobertura
original de 1500. O desmatamento não só atinge a Mata Atlântica e a Floresta
Amazônica, mas todas as regiões do Brasil e ocorre no mundo inteiro, inclusive
em países ricos como Estados Unidos e Rússia que devastaram as suas
florestas ao longo do tempo, mas, ocorre, também, nos países em
desenvolvimento, como a China que tem quase toda a sua cobertura vegetal
explorada.
A intensificação do desmatamento no Brasil se acentuou a partir de
1920, após o término da I Grande Guerra, com a vinda de imigrantes,
especialmente da Europa. Além do prosseguimento da derrubada das árvores
da Mata Atlântica, ocorreu a destruição avassaladora dos pinheirais da região
Sul do país.
O desmatamento acaba ocorrendo em função de diversos fatores,
entretanto o desenvolvimento econômico, atualmente sustentado pelo modelo
capitalista, é ainda o mais forte. A derrubada predatória de florestas para
aumentar as frentes agrícolas, criação de gado, construções de usinas
hidroelétricas, corte de madeira, exploração mineral, ocupação desordenada
associada ao crescimento urbano que culminam na derrubada de florestas para
a construção de rodovias, condomínios residenciais e pólos industriais.
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Um grande exemplo de desmatamento associado a desenvolvimento
no Brasil ocorreu entre as décadas de 40 a 60, as indústrias brasileiras foram
as maiores responsáveis pelo desmatamento, pois naquele período a energia
mais barata e acessível para o consumo era a lenha, que gerava energia no
processo de industrialização. Somente nesses 20 anos, os dados de
desmatamento nas regiões Sudeste e Sul indicaram uma taxa de 400.000 Km²
de Mata Atlântica.
Há outros problemas que, também, influenciam no desmatamento,
como as queimadas e incêndios florestais, que ocorrem de forma criminosa,
por fazendeiros para ampliação de áreas para criação de gado, ou de forma
irresponsável, como balões e cigarros, este último apontado pelos bombeiros,
como um grande causador de incêndios quando pontas de cigarros são
jogadas nas beiradas das rodovias, além dos incêndios espontâneos que
acontecem no verão.
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CAPÍTULO II
DESMATAMENTO: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS2
É considerado desflorestamento ou desmatamento, toda ação de
destruição, corte e abate indiscriminado de matas e florestas, para
comercialização de madeira, utilização dos terrenos para agricultura, pecuária,
urbanização, qualquer obra de engenharia ou atividade econômica.
É preciso entender a importância das florestas para o equilíbrio da vida
no planeta. A importância das árvores já começa nas raízes que ajudam a fixar
o solo. Quando se destrói uma grande área de floresta para a pecuária, por
exemplo, o solo fica desprotegido, perde a consistência original e a cada chuva
toneladas de terra que antes permaneciam na área da floresta são carreadas
na direção dos rios. Os primeiros 20 cm de superfície do solo são os mais ricos
e é justamente essa parte que é levada pela chuva na direção dos rios,
assoreando o leito e prejudicando o equilíbrio ecológico.
Quando se fala em aquecimento global não se pode esquecer que as
árvores são imensos reservatórios de carbono, pois elas precisam do carbono
para crescer e seqüestram esse carbono da atmosfera.
A destruição das florestas agrava o problema do aquecimento global,
isso acontece, por exemplo, nas queimadas quando aumentam as emissões de
CO2, que é conseqüência da queima de combustíveis fósseis, ou quando se
constrói uma represa e as árvores que permanecem submersas nas águas
inundadas apodrecem liberando metano, um dos gases que também contribui
para o aquecimento global.
2 As conceituações que se seguem foram retiradas das seguintes bibliografias: AGRICULTURA. Impactos Ambientais. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em 04/08/2006; BUCHALLA. A. A terra é o paraíso. Revista Veja. Rio de Janeiro, ano 38, nº 41, p.96-100. out. 2005; COSTAS. R. O risco de pagar para ver. Revista Veja. Rio de Janeiro, ano 38, nº 41, p.114-115. out. 2005; COUTINHO. L. As 7 pragas da Amazônia. Revista Veja. Rio de Janeiro, ano 38, nº 41, p.102-112. out. 2005; FRIZROY, Sterling. Tempo quente muita gente. Revista EcoSpy. São Paulo, ano 2, nº 7, p. 32-35. jan. 2007.
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Quando se destrói uma floresta há inúmeros prejuízos, às vezes,
irreversíveis para a biodiversidade. São milhões de espécies vegetais e
animais que nem conhecemos ainda e que deixam de ser aproveitados em
pesquisas de biotecnologia. Inúmeros medicamentos têm origem na
descoberta de substancias encontradas na floresta, um bom exemplo é a
aspirina, cujo principio ativo foi retirado de uma árvore chamada salgueiro
branco.
Segundo Trigueiro (2005), as florestas realizam uma função importante
de regulação do clima na terra, liberando imensas quantidades de vapor d’água
na atmosfera. As florestas não oferecem somente produtos como madeira,
borracha, guaraná, insumos para a indústria farmacêutica e cosmética, a
floresta oferece serviços, pois uma das maneiras de se reduzir o estoque de
carbono acumulado na atmosfera é plantando árvores. Toda árvore quando
cresce seqüestra carbono da atmosfera, mas as árvores da região neotrópica
(Américas Central e Sul), em contraposição a região paleotrópica (África
Tropical, Ásia e Austrália), são particularmente sumidouros de carbono. Todas
as plantas fazem fotossíntese e precisam assimilar o gás carbônico, essa
assimilação é a conseqüente transformação em açúcar e depois em celulose e
correspondente a 40% da biomassa total assimilada pela parte terrestre do
planeta, ou seja, ela corresponde a quase metade da capacidade de seqüestro
de carbono, pois quando as plantas realizam a fotossíntese elas produzem
celulose durante o seu crescimento e durante toda a sua vida e então, aos
poucos, vão acumulando carbono na estrutura de seus corpos. O acúmulo de
carbono ao longo dos anos resulta no que se chama de seqüestro de carbono.
Quando uma floresta é devastada, há um aumento considerável de
carbono na atmosfera. A necessidade premente de projetos que ampliem cada
vez mais o plantio de árvores no sentido de se restabelecer o equilíbrio das
florestas.
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2.1 - Causas para o Desmatamento
O modelo de desenvolvimento econômico tem influência direta na
forma e intensidade de utilização dos recursos naturais. O processo de
industrialização baseado na exploração de recursos como água, petróleo,
madeira e minerais, bem como na concentração da população nos centros
urbanos e na agropecuária predatória, provocou profundas mudanças no meio
ambiente, caminhando para o esgotamento de recursos indispensáveis à
própria sobrevivência da humanidade.
Muitas coisas que nós compramos contribuem para a devastação da
Floresta Tropical. Madeiras nobres, como mogno, peroba e embuia, são
exemplos clássicos. Plantações de frutas tropicais são freqüentemente
encontradas em áreas onde no passado havia uma Floresta Tropical ou mata
nativa.
O crescimento da população mundial intensifica a necessidade de
áreas cada vez maiores para a produção de alimentos e técnicas que
aumentem a produtividade da terra, o que diminui as florestas e amplia as
áreas destinadas a lavouras de monocultura e criação de animais, com
conseqüente diminuição da diversidade de espécies animais e vegetais.
A urbanização contribui para a diminuição das áreas florestadas na
periferia das cidades, agravando o desequilíbrio do meio ambiente,
principalmente quando o desmatamento e a ocupação ocorrem em áreas de
mananciais ou de risco, poluindo e diminuindo a água potável disponível na
região. A destruição da floresta decorre do desmatamento de encostas dos
morros, assim como do incontrolável corte de madeira, da agricultura, da
produção de carvão vegetal e da ocupação imobiliária desordenada.
Algumas áreas da Floresta Tropical são ricas em metais preciosos,
como o ouro e a prata. Grandes depósitos de alumínio, ferro, zinco e cobre
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também são encontrados. A exploração industrial de minérios e a afluência de
mineiros nas áreas de matas não-exploradas resultam inevitavelmente em
desflorestamento, além da contaminação pelo mercúrio usado na extração de
ouro.
A abertura de grandes rodovias, sem planejamento de preservação
ambiental, favorece a instalação de projetos agropecuários e de indústrias de
mineração industrial que provocam poluição e aumentam a demanda de carvão
vegetal, ampliando dessa forma o desmatamento e a destruição da fauna e da
flora.
As queimadas, amplamente utilizadas para limpar o terreno na
expansão das fronteiras agrícolas, visando à instalação de projetos
agropecuários, geralmente de monocultura, como a soja ou cana-de-açúcar,
aceleram o processo de empobrecimento do solo.
A construção de grandes hidrelétricas também causa a destruição de
matas e produz profundas alterações no meio ambiente.
2.2 - Conseqüência do Desmatamento
A queimada retira, em curtíssimo tempo, a vegetação que sustenta e
nutre o solo, expondo-o à erosão e lixiviação (perda dos nutrientes do solo
carregados pela água das chuvas); além disso, mata os microrganismos
responsáveis pela decomposição e circulação de materiais na natureza. O
desmatamento também traz graves impactos para a flora e a fauna,
provocando a extinção de diversas espécies vegetais e animais, além de
diminuir a população de peixes e outros animais de valor econômico e
importância ecológica.
Além de empobrecer o solo, as queimadas também provocam a
abertura de crateras enormes devido à erosão, causam a morte de rios pela
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lixiviação, além de lançar para a atmosfera grandes quantidades de gases,
como o dióxido de carbono ou gás carbônico, que podem aumentar a
temperatura do planeta, contribuindo para o chamado efeito estufa. Os
cientistas não possuem consenso sobre se o efeito estufa já está ocorrendo,
mas preocupam-se com o aquecimento da Terra, que chegou a 0,6ºC nos
últimos cem anos.
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CAPÍTULO III
REFLORESTAMENTO3
Segundo Jared Diamond (2005) o sucesso e o fracasso de uma
sociedade está intimamente ligado aos valores culturais, pois o maior perigo
está naqueles valores culturais que funcionaram bem durante séculos e, de
repente, deixaram de ser adequados às mudanças. Nesse caso, os valores que
antes eram positivos e ajudaram aquela sociedade começam a atrapalhar.
Um bom exemplo são os Estados Unidos. O país enriqueceu e se
tornou o mais rico do mundo sendo consumista. Isso funcionava muito bem
enquanto ele dispunha de recursos infinitos. Hoje, o hábito cultural americano
de consumo exacerbado pode comprometer seriamente nossa sobrevivência. E
Jared Diamond (2005), vai mais adiante quando pergunta por que existem
sociedades que aprendem com os erros enquanto outras não? O fato é que,
muitas vezes, há conflitos de interesse que impedem as autoridades de tomar
atitudes para evitar o colapso. Algumas pessoas ficam ricas causando o
problema ambiental, enquanto o restante da sociedade sofre com ele. Se esses
indivíduos fazem parte do governo ou o influenciam, fica difícil resolver a
questão.
O modo como às sociedades respondem aos problemas de escassez
de recursos naturais define, em muitos casos, se elas sobrevivem ou entram
em colapso, e a história está repleta de exemplos que demonstram isso.
3 As conceituações que se seguem foram retiradas das seguintes bibliografias: DIAMOND. Jared. A cegueira das civilizações. Revista Veja. Rio de Janeiro, Edição 1921. set. 2005; GRYZINSKI. V. Perigo real e imediato. Revista Veja. Rio de Janeiro, ano 38, nº 41, p.84-87, out. 2005; TRIGUEIRO, André. Meio ambiente no século 21. 4ª ed. São Paulo, Auditores Associados, 2005; TRIGUEIRO, André. Mundo sustentável. 1ª ed. São Paulo, Globo, 2005; WALLACE, Scott. Amazônia urgente. Revista National Geographic. São Paulo, ano 7, nº 82, p. 20-51. jan. 2007.
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3.1 - Atitudes Bem Sucedidas
JAPÃO
O problema: No século XVII, um período de paz e prosperidade
econômica levou ao crescimento da população e da demanda por madeira para
construir casas e para ser usada como lenha. O desmatamento desmedido
causou escassez de madeira.
A solução: Os xoguns estabeleceram normas para dificultar a extração
de madeira. Foram criados programas de reflorestamento. O carvão substituiu
a lenha no aquecimento doméstico e nas cozinhas.
Resultado: Apesar de ser um dos países de maior densidade
populacional, o Japão tem 70% de sua área coberta por florestas.
NOVA GUINÉ
O problema: Milhares de anos de agricultura devastaram as florestas
da Nova Guiné e a erosão do solo fez cair à produtividade. Com o aumento da
população, a procura por madeira para as construções e o uso doméstico
cresceu.
A solução: No século IX, a população plantou mudas de árvores
retiradas do leito dos rios em meio às áreas de cultivo agrícola. A espécie
escolhida, a casuarina, ajuda a fixar nitrogênio no solo, deixando-o mais fértil.
Resultado: Os moradores da Nova Guiné sobrevivem há mais de 7
000 anos praticando a agricultura de maneira sustentável.
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3.2 - Atitudes que Levaram ao Colapso
MAIAS
O problema: A destruição da floresta para abrir espaço à agricultura
provocou a erosão do solo. Isso, aliado a secas e guerras, levou à redução na
produção de alimentos e à fome.
A solução: Envolvidos em disputas internas pelo poder, os reis maias
isolaram-se do resto da sociedade e continuaram a cobrar impostos pesados
dos camponeses.
Resultado: Em apenas 150 anos, a mais desenvolvida das sociedades
pré-colombianas perdeu 90% de sua população e a selva cobriu suas cidades
e templos.
ILHA DE PÁSCOA
O problema: As árvores foram derrubadas para abrir espaço para
lavouras, fornecer material para a confecção de canoas e para arrastar
imensos ídolos de pedra. A destruição da mata levou à erosão do solo e à
extinção de muitos animais.
A solução: O desmatamento continuou. Os caciques optaram por
construir ídolos ainda maiores, com a esperança de que os deuses
resolvessem à crise.
Resultado: A ilha perdeu todas as suas árvores e as fontes de
alimento se esgotaram. No século XVII, a sociedade ruiu em uma série de
guerras civis e os sobreviventes tiveram de comer ratos e recorrer ao
canibalismo.
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CAPÍTULO IV
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PROJETO PLANT-AR4
No seu processo histórico, a educação ambiental surge como um
acontecimento da relação existente entre o ecológico, o político e o
institucional. Como fato social, surge com o movimento ecologista que eclodiu,
principalmente, entre os anos 1960 e 1970, quando já constituía uma crítica
sobre a industrialização e a ação poluidora que essa industrialização
exacerbada impacta no ambiente. Já nas décadas de 1980 e 1990, com os
impactos crescentes e catástrofes contínuas, chamam a atenção de governos e
se consolidam movimentos sociais relacionados ao meio ambiente. Isso marca
a evolução das preocupações ambientais nas esferas política e jurídica, o que
contribuiu para um posicionamento mais ativo por parte das instituições. Assim,
movimentos sociais e organizações não-governamentais (ONGs) passam
então a constituir verdadeiros agentes de educação ambiental.
O grande desafio da humanidade é sem dúvida, promover o
desenvolvimento sustentável de forma rápida e eficiente, não há mais tempo
para refletir, é preciso agir imediatamente.
É o conflito que se estabelece, não há muito tempo para efetuar
mudanças rápidas e por outro lado, mudar comportamento, é talvez, senão, a
trajetória mais difícil de ser implementada. E somente projetos voltados para a
educação é que podem contribuir para a mudança de cultura, de
conscientização, cidadania e respeito, porque só a educação constrói.
4 As conceituações que se seguem foram retiradas das seguintes bibliografias: DAVIS. C. Piaget ou Vygotsky. Revista Memória da Pedagogia. Rio de Janeiro, nº 2, p.38-49. out. 2005.; LAGO, Antônio; PÁDUA, José. O que é ecologia. 1ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1984.; WEINBERG. M. Um olhar sobre o futuro. Revista Veja. Rio de Janeiro, ano 38, nº 41, p.94-95, out. 2005.
24
O melhor ponto de fortalecer a informação é divulgá-la desde a
infância, pois certos conceitos podem se transformar em hábitos que podem
perdurar para o resto de suas vidas, como por exemplo, se a criança desde
pequena observa os pais a efetuarem coleta seletiva, esse hábito tende a se
fixar e a criança tenderá a dar continuidade a esse hábito no decorrer de sua
vida.
Com base na análise da educação e da necessidade emergencial de
se construir projetos ambientais com informativos constantes, foi elaborada
uma cartilha auto-explicativa, com abordagem simples e de fácil assimilação
que fala sobre o desmatamento, voltada para todo e qualquer tipo de público,
inclusive até a terceira idade, através de projeto chamado “Plant-AR” que é
“plantar para ter ar e não importa o que e onde”, descrito por uma personagem
chamada “Arthur” (ver anexo). Arthur é extremamente preocupado com as
florestas e procura sempre plantar, pois para ele a natureza é para ser
respeitada e as florestas preservadas. Ele procura agir, pensar e viver de forma
harmoniosa com o meio ambiente, busca sempre informações que possam
contribuir com aprendizagem e com a melhoria da qualidade de vida no
planeta.
25
CONCLUSÃO
É com um passado histórico de iniciativas humanas destrutivas que o
planeta chegou ao limite da degradação em que hoje se encontra, as
conseqüências das atitudes irracionais, consumistas e erros que acabaram por
gerar a preocupação do que fazer para mudar o curso da história, já que os
recursos são, comprovadamente, esgotáveis. Desse modo, é preciso aceitar o
erro como parte do aprendizado, a educação ambiental está se tornando parte
integrante do processo para senão corrigir, tentar no mínimo, amenizar as
agressões que foram feitas até aqui.
Somente ações em conjunto com educação ambiental são capazes
de modificar os hábitos que até então contribuíram para a degradação do meio
ambiente. A veiculação de informações é capaz de alterar o curso da história,
no sentido criar parceiros e multiplicadores.
Resumidamente, podemos dizer que educação ambiental é o
caminho para o conhecimento e a informação voltados à conscientização da
necessidade da preservação e do equilíbrio do meio ambiente. Quando o
homem perceber e aplicar essas atitudes é que enfim, passará a viver melhor e
em harmonia, respeitando as florestas que possuem milhões de anos em
sabedoria.
26
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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28
ANEXO
Índice de anexos
Anexo 1 >> Cartilha sobe Desmatamento - Projeto Plant-AR;
Anexo 2 >> Convites e Ingressos.
29
ANEXO
Cartilha sobe Desmatamento - Projeto Plant-AR
30
ANEXO
Convites e Ingressos
31
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 5
RESUMO 6
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
BREVE HISTÓRICO SOBRE DESMATAMENTO 11
CAPÍTULO II
DESMATAMENTO: CAUSAS E CONSEQUENCIAS 15
2.1 - Causas para o Desmatamento 17
2.2 - Conseqüências do Desmatamento 18
CAPÍTULO III
REFLORESTAMENTO: SUCESSOS E FRACASSOS 20
3.1 - Atitudes bem sucedidas 21
3.2 - Atitudes que levaram ao colapso 22
CAPÍTULO IV
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O PROJETO PLANT-AR 23
CONCLUSÃO 25
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 26
ANEXOS 28
ÍNDICE 31
32
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: Desmatamento: o que você pode mudar
Autor: Andréa Dominique Massena Ribeiro
Data da entrega:
Avaliado por: Prof. Celso Sanches Conceito:
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