8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
1/46
1
VICTOR PEDRO SANTANNA DE MORAES
A EDUCAO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLASPBLICAS MUNICIPAIS DE BELM
Trabalho de Concluso de Curso TCC apresentado aFaculdade de Geografia e Cartografia da UFPA comorequisito parcial para a obteno da graduao debacharelado e licenciatura em geografia.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Bordalo Junior
Belm/PA2009
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
2/46
2
VICTOR PEDRO SANTANNA DE MORAES
A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DASESCOLAS PBLICAS MUNICIPAIS DE BELM
Trabalho de Concluso de Curso TCC apresentado aFaculdade de Geografia e Cartografia da UFPA comorequisito parcial para a obteno da graduao de
bacharelado e licenciatura em geografia.
Aprovao em ____ de setembro de 2009
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
Orientador
_________________________________________
Examinador
__________________________________________
Orientador
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
3/46
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
4/46
4
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Bordalo, pela dedicao e pela orientao dos trabalhos;
Ao Professor Clay, pela ajuda e pacincia cruciais concretizao de minha formatura;
Ao Professor Naum, pela extrema disciplina e por me fazer olhar com mais seriedade
questo pedaggica;
Professora Mrcia, por tudo;
meus amigos de curso que acabaram por coorientar este trabalho;
Aos Professores e alunos das escolas que me receberam com carinho;
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
5/46
5
RESUMO
O objetivo deste trabalho proporcionar uma aproximao terica e temtica entre
geografia e educao ambiental e Conhecer as abordagens sobre EA realizadas porprofessores de Geografia das escolas pblicas ensino fundamental. Para o qual comeamos
levantando um breve histrico do surgimento da questo ambiental que vai desde a revoluo
industrial, e a mudana no modelo de produo, ate a institucionalizao da questo ambiental
no Brasil, e a conseqente criao de uma legislao ambiental e seu seqente desdobramento
para a educao ambiental. A partir da lana-se os olhares para a questo ambiental dentro da
esfera de ensino formal no Brasil, norteada pelos conceitos de interdisciplinaridade e
transversalidade, faz-se necessrio ento relacionar os conceitos de educao ambiental
produzidos ao longo da historia. A partir de onde comea uma aproximao com a cincia
geogrfica e seus focos de abordagem, analisando a relao entre produo/apropriao do
espao e degradao ambiental. Estas questes abordadas culminaro nas observaes sobre a
pesquisa de campo desenvolvida nas escolas selecionadas, onde analisaremos a prticas, estas
existentes ou no, dos educadores a respeito de educao ambiental.
Palavras-chave: EDUCAO AMBIENTAL ENSINO FUNDAMENTAL GEOGRAFIA PRODUO DO ESPAO PRTICAS DE ENSINO.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
6/46
6
ABSTRACT
The objective of this work is to provide a theoretical approach and focus between
geography and environmental education and be familiar with the approaches to the task for
geography teachers in public school education. To which we started raising a brief history of
the emergence of environmental issues ranging from the industrial revolution and the change
in the production model, until the institutionalization of environmental concerns in Brazil, and
the subsequent creation of environmental legislation and its sequential development for
education environment. Since then cast into the eyes of the environmental issue within the
sphere of formal education in Brazil, guided by the concepts of interdisciplinary and cross-
disciplinary, it is then necessary to relate the concepts of environmental education produced
throughout history. From where one gets closer to science and geographical focus of its
approach, analyzing the relationship between production / appropriation of space and
environmental degradation. The questions addressed will culminate in the comments on the
survey carried out in selected schools, where we analyze the practices, they exist or not,
educators about environmental education.
Keywords: ENVIRONMENTAL EDUCATION ELEMENTARY SCHOOL
GEOGRAPHY PRODUCTION OF SPACE PRACTICE TEACHING.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
7/46
7
NDICE
1 - INTRODUO .............................................................................. ................................................................ 8.
2 UMA BREVE LEITURA SOBRE A QUESTO AMBIENTAL................... ....................................... ......12.
2.1 Construindo as bases da questo ambiental................................................... ............... ..............................1 2.
2.2 - A institucionalisao da questo ambiental no Brasil...... ............................. ................ ..............................1 4.
2.3 - Legislao brasileira sobre educao ambiental.................................................................................. .......17.
.
3 A QUESTO AMBIENTAL E EDUCAO ................................ ................................ ...................... 20.
3.1 - Educao ambiental e ensino formal no Brasil ......... ......... ......... ..... ...... ........ ......... ......... .. ......... ......... 21.
3.2 - Os PCNs e a Geografia............................................................................ ................ ....................... ..........22.
3.2 - A questo da transversalidade............................................................................ ................ ........................23.3.2 Uma evoluo de conceitos da educao ambiental ................................ ................................ ............ 24.
3.3 - Racionalidade, modernidade, educao e a problemtica ambiental ................................ ..................... 27.
3.4 - A aproximao com a geografia ................................ ................................ ................................ ......... 29.
4 - A PESAQUISA EM CAMPO: UMA ANALISE SOBRE AS ESCOLAS: ......... ......... ......... ..... ... ........ ... 33.
4.1 - Uma abordagem de educao ................................ ................................ ................................ ............. 33.
4.2 - Apresentao das escolas................................ ................................ ................................ .................... 33.
4.3 - Os professores e as consideraes sobre a pesquisa de campo ................................ ............................. 35.
4.4 - Analise dos textos produzidos pelos alunos ................................ ................................ ......................... 39.4.5 - A didtica em sala de aula................................................................................................... .......................40.
4.6 - Formas de avaliao ................................ ................................ ................................ ........................... 41.
5 - CONSIDERAES FINAIS ................................ ................................ ................................ ................ 42.
6 - BIBLIOGRAFIAS ................................ ................................ ................................ ................................ 44.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
8/46
8
1 - INTRODUO
O conceito de Educao Ambiental sempre esteve interligado ao conceito de meio
ambiente e ao modo como este apropriado. O conceito de meio ambiente, atrelado a um
reducionismo natural, no permite apreciar as interdependncias nem a contribuio das
cincias sociais e outras compreenso e melhoria do ambiente humano.
No perodo em que estamos nenhum outro tema parece mais presente no seio da
sociedade do que a questo ambiental. Um conceito muito usado na pedagogia e aplicado ao
ensino de forma geral o conceito de interdisciplinaridade, e no imaginamos tema melhor
para desenvolver essa funo seno este ambiental. A sociedade hoje vive em torno desta
preocupao, dialogando questes relacionadas ao ambiente e prpria manuteno da vida,podemos citar a exemplo degradao ambiental, processos produtivos, conservao-
preservao, distribuio de riquezas, sustentabilidade. As atenes esto voltadas para estes
problemas, e diversos setores da sociedade tm se organizado e buscado alternativas para
solucion-los. Uma delas a conscientizao para as questes ambientais atravs da educao
escolar.
No inteno abordar neste trabalho, com maior nfase, a questo da
interdisciplinaridade, e sim chamar ateno para o carter transversal da educao ambiental
assimabordada dos Parmetros Curriculares Nacionais a qual norteia e soma esforos de
diferentes cincias.
Seria relevante citar as palavras de Clsio Silva, gegrafo, pedagogo e amigo, que
disse certa vez que o estudo das relaes entre sociedade-natureza, assim como suas
experincias em sala de aula, lhe motivaram, guiaram seu interesse pela educao e pela
escola como meios privilegiados para o surgimento de uma nova conscincia, necessria para
a sustentabilidade da vida.
Assim, se pode entender que a escola tem um papel fundamental diante da necessidadede reflexo e da busca por solues para os problemas ambientais, e que ser professor e ter a
possibilidade de mediar dilogos sobre questes to complexas,so minhas motivaes para
investigar como as escolas participam desse momento de transformao, e como podem atuar
de forma responsvel e construtiva.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
9/46
9
Iniciaremos esta pesquisa procurando investigar como a educao ambiental ocorre
nas escolas pblicas da rede municipal de Belm, estado do Par, utilizando o ensino de
Geografia como referncia para a anlise do discurso ambiental nas escolas, e Como os
professores podem contribuir para a disseminao de novas idias, diante do desafio da (re)
construo de uma leitura de mundo mais interessada na questo ambiental?
Algumas questes secundrias, porem igualmente importantes, como o papel da
transversalidade nesse processo de inter-relao dos saberes, e como esses saberes so
articulados na prtica cotidiana? Ajudaram a compor os problemas a serem explorados.
Assim, de uma forma geral, buscou-se tratar das questes ambientais, nas sries iniciais da
rede pblica municipal de Belm, adotando como foco da analise a 5 serie em duas escolas: a
Fundao Centro de Referencia em Educao Ambiental Professor Eidorfe Moreira e a E.M.
Monsenhor Jos Maria Azevedo, ambas as escolas localizadas na ilha de Caratateua, esturioguajarino e distrito administrativo do municpio de Belm.
Iniciando o projeto, apresentamos no captulo primeiro, uma reviso bibliogrfica a
cerca da questo que nos propomos a discutir: a educao ambiental, da sua origem at o
momento atual; a delimitao terica afunilando o entendimento sobre EA.
No segundo capitulo, procuramos abordara, os possveis conceitos de EA, a relao
entre meio ambiente e educao, e, de forma geral, uma aproximao terica e temtica da
educao ambiental com a geografia,
No capitulo trs, apresentamos o processo de pesquisa com as entrevistas e a analise
do material produzido pelos alunos e seus resultados. Onde se procurou saber dos professores,
em que trabalham e como concebem, em linhas gerais, o desenvolvimento das questes
ambientais em sala de aula.
Finalmente, apresentaremos o entendimento que fiz sobre educao ambiental e
geografia, e comentrios s prticas dos professores do ensino fundamental no municpio de
Belm, ilha de Caratateua, no que se refere s questes ambientais.
A presena da educao ambiental como prtica pedaggica no ensino formal ainda se
da de forma incipiente, comeou a ser elaborada ainda na dcada de 1960, at os dias de hoje.
Apesar do volume de trabalhos sobre a temtica ambiental para a escola, mas sem deixar de
reconhecer e valorizar as importantes conquistas nesse campo, ainda no podemos considerar
um campo estvel. As transformaes das sociedades e do conceito de educao ambiental
movidas pela prpria dinmica das sociedades e da forma de apropriao do espao fazem
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
10/46
10
com que este campo de conhecimento, constitudo fora da escolarizao formal, ainda no
tenha ganho forma definida.
A questo ambiental vem sendo gradativamente inserida na prtica pedaggica de
inmeros professores, das mais diversas reas do conhecimento e nveis educacionais, daEducao bsica Universitria (e recentemente incorporado a grade curricular do curso de
licenciatura e bacharelado em geografia da UFPA como disciplina regular). A abordagem nos
PCNs sobre as questes ambientais e seu carter transversal norteia professores a refletir
sobre o assunto, justificando assim, a importncia de pensarmos sempre a educao ambiental
e sua estreita relao com a escola.
Resumindo assim, que o que se pretende aqui verificar como a EA compreendida
pelos professores e de que forma as prticas vem se desenvolvendo na rea de estudo em
questo juntamente com a importncia da educao ambiental para o ensino de geografia.
Este o contexto do qual partem os objetivos gerais e especficos propostos para o trabalho,
que tem por pretenso dialogar sobre os conceitos bsicos e norteadores acerca da Educao
Ambiental e identificar prticas desenvolvidas pelos professores das sries iniciais da rede
municipal de ensino de Belm relacionado s questes ambientais. E assim podermos
conhecer as abordagens sobre EA realizada por professores de Geografia das escolas pblicas
ensino fundamental, localizadas no municpio e observar que princpios e temas da EA so
privilegiados no processo ensino-aprendisagem, alem de fazer uma aproximao terica e
temtica com a geografia e formar opinio sobre a importncia da educao ambiental para o
ensino de geografia.
O estabelecimento destes objetivos conduz a um conjunto de questionamentos, os
quais reforo, procuramos explanar analisando a 5 serie do ensino fundamental.
A partir do tema e dos objetivos deste trabalho, podemos considerar a Geografia a
cincia que por excelncia trabalha com as questes ambientais na escola dentro de um
contexto de interdisciplinaridade/transversalidade e sem perder de vista a relao sociedade-
natureza?
De que maneira o ensino de geografia pode contribuir para o conhecimento dos
problemas ambientais locais e para a ampliao de uma leitura do mundo, que estabelea a
relao entre o local e o global, permitindo uma perspectiva ambiental sobre o espao
geogrfico?
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
11/46
11
Diante dessas questes acreditamos encontrar um cenrio de desigualdade, visto que
em primeira analise, a fundao escola bosque tem uma lgica voltada para formao em
educao ambiental.
No que se refere a geografia, a empiria nos diz que h interlocuo entre EA e acincia geogrfica visto que eixos temticos comuns a geografia como sociedade e natureza
ou meio ambiente e desenvolvimento sustentvel so por excelncia eixos que trabalham a
questo ambiental, e o trabalho dos professores sob estes eixos podem contribuir e muito para
o combate aos problemas ambientais locais.
Conforme nos diz Milton Santos (2002, p. 264), o espao a casa do homem e
tambm a sua priso, uma vez que este pode servir aos interesses de alguns. Assim, a
Educao Ambiental, enquanto contedo do ensino bsico tratado pela Geografia, tem
importncia fundamental para a construo de uma sociedade mais igualitria e para o uso
racional dos recursos naturais, uma vez que os mais pobres so os mais afetados pela
degradao do Planeta.
Para a realizao deste trabalho, foram adotadas algumas estratgias fundamentais
para o desenvolvimento do projeto de pesquisa, como a pesquisa bibliogrfica, que foi
realizada em livros,produes acadmicas, documentos oficiais e materiais diversos. Esta foi
realizada atravs de leitura completa, de fichamentos, e consultas a internet os quais se
resumiram a uma base confivel durante o processo de construo do trabalho. A partir da
entramos num segundo momento que se refere a pesquisa de campo.
A pesquisa de campo foi realizada a partir de entrevistas por questionrio semi-
estruturado em questes fechadas e abertas , com as quais pretendo obter o perfil dos
entrevistados, e a categorizao dos discursos sobre os conceitos de educao ambiental e das
prticas cotidianas.
Referente ainda ao processo de entrevista trabalhamos tambm com o conceito de
grupo focal, que se trata darealizao entrevistas coletivas, foram reunidos grupos de alunos
para debates sobre questes referentes educao e meio ambiente e a qualidade do ensino na
escola.
Segundo (FUENTES, 2006), O grupo focal permite ao pesquisador conseguir boa
quantidade de informao em um perodo de tempo mais curto; permite o conhecimento das
representaes, percepes, crenas, hbitos, valores, restries, preconceitos, linguagens e
simbologias no trato de uma dada questo por um grupo.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
12/46
12
2 - UMA BREVE LEITURA SOBRE A QUESTO AMBIENTAL
2.1 - Construindo as bases da questo ambiental
Segundo Espinosa (1993), a partir da Revoluo Industrial, adota-se um novo modelo
de produo baseado, principalmente, no uso intensivo de energia fssil, na super explorao
dos recursos naturais e no uso do ambiente natural, (ar, gua e solo) como depsito de dejetos,
o que foi apontado como a principal causa da degradao ambiental atual.
Os problemas ambientais no passaram a existir somente aps a Revoluo Industrial.
Certamente que os impactos da ao dos seres humanos se ampliaram violentamente com o
desenvolvimento tecnolgico e com o aumento da populao mundial provocados por essa
Revoluo.
Os primeiros grandes impactos da Revoluo Industrial, ou os primeiros sintomas da
crise ambiental, surgiram na dcada de 50.
Em 1952, o smog, poluio atmosfrica de origem industrial,provocou muitas mortes em Londres. A cidade de Nova York viveu omesmo problema no perodo de 1952 a 1960. Em 1953, a cidade japonesade Minamata enfrentou o problema da poluio industrial por mercrio emilhares de pessoas foram intoxicadas. Alguns anos depois, a poluio
por mercrio aparece novamente, desta vez na cidade de Niigata, tambmno Japo
(Porto, 1996; Czapski, 1998).
Em 1971, ocorre a primeira reunio do Conselho Interministerial da Coordenao do
Programa sobre o Homem e a Biosfera, MAB (onde Participaram cerca de 30 pases e
diversos organismos internacionais FAO,OMS, IUCN), na qual as discusses comeam a
dar nfase ao carter multidisciplinar do meio ambiente, considerando a conservao da
natureza no s como questo cientfica, mas, sobretudo, de carter poltico, social e
econmico, ou seja, de aes antrpicas sobre a biosfera. Esta concepo, determinante para aquesto ambiental, consolida-se em 1982, quando a Comisso Mundial para o Meio Ambiente
e Desenvolvimento publica, no Relatrio Brutndtland, o conceito de desenvolvimento
sustentvel fazendo oposio ao crescimento econmico mundial sem limites.O relatrio
sugere um desenvolvimento que atenda as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das geraes futuras de atenderem suas prprias necessidades. A partir de ento,
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
13/46
13
esse conceito usado como base s discusses dos modelos econmicos, sociais e polticos a
serem adotados s questes internacionais e nacionais sobre meio ambiente.
Em 1972, o Clube de Roma publicou um relatrio chamado Os Limites do
Crescimento, onde se fazia uma previso bastante pessimista do futuro da humanidade, casoas bases do modelo de explorao no fossem modificadas. No mesmo ano, a Organizao
das Naes Unidas (ONU) realizou em Estocolmo, Sucia, a Conferncia das Naes Unidas
sobre o Ambiente Humano, onde foi criado o Programa das Naes Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA).
Em 1975, na cidade de Belgrado, ocorreu o Seminrio Internacional de Educao
Ambiental, o qual resultou na famosa Carta de Belgrado. Neste encontro, 65 pases se
reuniram para formular os princpios orientadores do Programa Internacional de Educao
Ambiental (PIEA), que passa, ento, a existir formalmente.
Ocorrida em 1977, a Conferncia Intergovernamental de Tbilise, primeira conferncia
dedicada especialmente EA, constri seus princpios, objetivos e estratgias de
implementao internacionalmente reconhecidas. Tais como o enfoque humanstico, holstico,
sistmico, descentralizado, democrtico e participativo. A base fundamental da Conferncia
foi a recomendao aos Estados-Membros que integrassem a EA s polticas nacionais e a
definio de se confiar escola um papel determinante no conjunto da Educao Ambiental
e organizar, com este objetivo, uma ao sistemtica na educao primria esecundria
(SORRENTINO, 1998), quando a EA compreendida como tema a ser contemplado em cada
rea de conhecimento, e no como disciplina especfica, singular.O discurso de EA em
Tbilisi aparece mais articulado. Ao analisarmos as recomendaes da Unesco se pode
observar a transio de uma concepo de educao ambiental centrada na modificao de
valores e comportamentos individuais, para uma preocupao com a transformao como
projeto coletivo (p. 45). Loureiro (2004) tambm observa avanos nas propostas de Tbilisi,
que une a EA ao meio educativo, articulando as dimenses ambientais e sociais. E tambm
ressalta o cuidado que se tem em no creditar somente EA a responsabilidade de reverter oquadro da crise ambiental . (SORRENTINO, Op. cit.)
Assim diante desse contexto instalado no cenrio mundial:Inicia-se um profundo questionamento dos conceitos progresso e
crescimento econmico. Algumas correntes de pensamento afirmavam que ocrescimento econmico e os padres de consumo (nos nveis da poca) noso compatveis com os recursos naturais existentes. Uma das idias centraisera a de que os seres humanos no s estavam deliberadamente destruindo omeio ambiente, exterminando espcies vegetais e animais, como tambm
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
14/46
14
colocando sua prpria espcie em risco de extino (Ehlers, 1995). Parte dessascorrentes buscava formas de sensibilizar a opinio pblica sobre a urgncia dadiscusso acerca dos custos ambientais e sociais do desenvolvimento. Previama necessidade de serem desenvolvidas novas bases para o crescimentoeconmico, bases compatveis com a preservao dos recursos naturaisexistentes. Dentro desse processo dinmico e efervescente de discusso,
esboaram-se os conceitos Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentvel,como a base terica para repensar, em termos perenes, a questo docrescimento econmico e do desenvolvimento.
(Marcatto, 2002)
Em 1997, no Japo, realizou-se a Conveno das partes sobre Mudanas Climticas
que discutiu sobre a grande emisso de gases poluentes na atmosfera. Nesse encontro foi
assinado o Protocolo de Kyoto, onde os pases desenvolvidos assumem o compromisso de
reduo da quantidade de gases que provocam o efeito estufa ou aquecimento terrestre. Para
que o Protocolo possa ser aprovado e entrar em vigor, precisa ser ratificado por pases
responsveis por 55% das emisses de gases do efeito estufa, verificados em 1990. O perodo
previsto para entrar em vigor as aes de reduo dos gases entre 2008 e 2012
Em agosto de 2002 realizou-se em Johannesburgo, frica do Sul, o Encontro da Terra,
tambm conhecida como Rio+10, pois teve a finalidade de avaliar as decises tomadas na
Conferncia do Rio em 1992.
Nesse encontro foi realizado um balano dos dez anos da Agenda 21 e reafirmou-se a
insustentabilidade do modelo econmico vigente. A EA, dentro da perspectiva desse evento,
afirmada como uma estratgia para alcanar o desenvolvimento sustentvel.
2.2 - A institucionalizao da questo ambiental no Brasil
Ao final de 1973, como resultado da grande presso internacional que o governo
brasileiro sofreu aps a Conferncia de Estocolmo, criado o primeiro organismo oficial
brasileiro para gesto integrada de meio ambiente. A Secretaria Especial do Meio Ambiente
(SEMA) funcionou entre os anos de 1974 e 1989 e, aps esse perodo, une-se com outros
organismos oficiais e forma o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA). Apesar dos
seus limites institucionais, a SEMA exerceu na poca um papel importante na estruturao de
polticas pblicas voltadas para o meio ambiente. Foi responsvel pelo primeiro esforo de
incorporar a temtica ambiental no ensino formal ao organizar em Braslia, juntamente com a
Fundao Educacional do Distrito Federal e a Fundao da Universidade de Braslia, cursos
de extenso para professores de ensino fundamental. Entre 1977 e 1981, desenvolveu o
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
15/46
15
projeto de Educao Ambiental de Ceilndia (DF) que foi pioneiro ao pensar um currculo
interdisciplinar e unir a educao escolar com as demandas da sua comunidade e tambm
fomentou a discusso ambiental nas Universidades ao promover uma srie de debates e
seminrios. Em 1986, com o amparo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico
(CNPq), da Fundao Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior
(CAPES) e Pnuma, organiza o I Curso de Especializao em Educao Ambiental,
juntamente com a Universidade de Braslia (UnB), voltada para formao de profissionais de
nvel superior (DIAS, 1991; MEYER, 1994).
No Brasil esse pensamento globalizante em relao s questes ambientais se efetivou
com a promulgao da Poltica Nacional de Meio Ambiente (PNMA) em 1981. Foi a primeira
lei que assegurou um tratamento abrangente, sistemtico e instrumentalizado para a proteo
do meio ambiente em todo o territrio nacional. Na Constituio Federal Brasileira de 1988,vrios dispositivos institudos pela PNMA foram explicitamente recepcionados, o qual vale
citar o artigo 225, no 1, inciso VI promover a educao ambiental em todos os nveis de
ensino e a conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente.
Em 1991, ocorreu o Encontro Nacional de Polticas e Metodologias para a Educao
Ambiental, promovido pelo MEC e SEMA, com apoio da UNESCO/Embaixada do Canad
em Braslia, com a finalidade de discutir diretrizes para definio da Poltica da Educao
Ambiental e foi assinada a Portaria 678/91 do MEC, determinando que a educao escolar
deveria contemplar a EA, permeando todo o currculo nos diferentes nveis e modalidades de
ensino, enfatizando a necessidade de investir na capacitao de professores.
Assim, foram criadas duas instncias no Poder Executivo, destinadas a lidar
exclusivamente com a Educao Ambiental, que segundo FREIRE (2006), seriam: o Grupo
de Trabalho de Educao Ambiental do MEC, que em 1993 se transformou na Coordenao
Geral de Educao Ambiental (COEA/MEC), com o objetivo de definir com as Secretarias
Estaduais de Educao, as metas e estratgias para a implantao da EA no pas e elaborar
proposta de atuao do MEC na rea da educao formal e no-formal para a Conferncia daONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. E a Diviso de Educao Ambiental do
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA), cujas
funes serviram para institucionalizao da Poltica de Educao Ambiental no mbito do
SISNAMA. No ano seguinte, o IBAMA instituiu os Ncleos de Educao Ambiental em
todas as suas superintendncias estaduais, visando operacionalizar as aes educativas no
processo de gesto ambiental na esfera estadual. (FREIRE et al, 2006; BRASIL, 2005)
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
16/46
16
Quatro anos aps a promulgao da Constituio, realizado no Rio de Janeiro, A
Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92),
reunindo cerca de 130 pases, foi um dos maiores encontros de discusses sobre o meio
ambiente.
Dessa Conferncia resultaram alguns documentos que permearo as polticas dos
governos para o futuro do meio ambiente. Um dos principais documentos resultantes do
evento foi a Agenda 21, que se constitui em um programa recomendado aos governos,
agncias de desenvolvimento, rgos das Naes Unidas, organizaes no governamentais e
sociedade civil de um modo geral, para ser colocado em prtica a partir de sua aprovao, em
14 de junho de 1992, e implementado ao longo do sculo 21. A partir de ento, tem-se uma
serie de acontecimentos que incentivam e legitimam a ao de EA,
J em 1993, o MEC instituiu um Grupo de Trabalho para EA, com o objetivo de
coordenar, apoiar, acompanhar, avaliar e orientar as aes, metas e estratgias para a
implementao da EA nos sistemas de ensino em todos os nveis e modalidades
concretizando as recomendaes aprovadas na ECO 92 (FREIRE et al, 2006).
Nessa perspectiva, os Ministrios da Educao, Meio Ambiente, Cultura, Cincias e
Tecnologia criaram, em 1994, o Programa Nacional de Educao Ambiental (ProNEA) com o
objetivo de capacitar os profissionais dos sistemas de educao formal e no-formal, supletivo
e profissionalizante, em seus diversos nveis e modalidades. O ProNEA busca atingir trs
diretrizes: (a) capacitao de gestores e educadores; (b) desenvolvimento de aes educativas
e; (c) desenvolvimento de instrumentos e metodologias (FREIRE et al, 2006; BRASIL, 2006).
Embora tenhamos feito aqui meramente uma apresentao cronolgica dos fatos a
cerca do processo de construo da questo ambiental no Brasil, no podemos perder de vista
que esse processo marcado por tendncias e ideologias polticas e acadmicas, as quais
norteiam o processo de construo do conhecimento acerca da educao ambiental e
influenciam na forma como este apropriado.
Tendo em vista esse carter de diviso ideolgica e poltica que se instala no processo
de construo e desenvolvimento da gesto ambiental no Brasil, adotamos aqui uma proposta-
sntese de periodizao do processo de desenvolvimento da gesto ambiental.
Para Bordalo (1999), o desenvolvimento da poltica ambiental no pas seque uma
periodizao organizada em trs fases, na qual denomina a primeira como perodo
conservacionista, que vai da dcada de 1930 a 1970, no perodo criam-se as primeiras
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
17/46
17
normatizaes para apropriao e explorao dos recursos naturais, e na dcada de 1970 que
se inicia a institucionalizao da gesto ambiental no pais com a criao da SEMA. A
segunda, que chama de poltico-institucional, ocorre durante a dcada de 1980, e marca o
pice da interveno estatal, com a constituio federal de 1988, a distribuio da
competncia para todas as esferas do estado e com os estudos de impacto ambiental
coordenados pelo SISNAMA e a terceira, na dcada de 1990, que assume um carter
descentralizado e participativo, com a participao da sociedade civil e a difuso do conceito
de sustentabilidade.
Lago (2002), citando Reigota (1995), Carvalho (1998) e Medina (1994), nos diz que:
existem, no Brasil e no mundo, duas vertentes que disputam a.hegemonia para orientar os fundamentos da educao ambiental. So elas:a vertente Ecolgico-preservacionista e a vertente Scio-ambiental. De
acordo com Medina, a primeira tendncia conceituada como detreinamento, onde ocorre a transmisso de conceitos especficosimportantes, mas que no so suficientes, e a segunda uma abordagemque considera os aspectos polticos, sociais, econmicos, culturais,ambientais e histricos, numa viso integrada, necessria para a construode um conhecimento crtico e consciente sobre o meio ambiente.
2.3 - A legislao brasileira sobre educao ambiental
Marcatto (2002), ao analisar a legislao brasileira sobre EA afirma que existem
vrios artigos, captulos e leis brasileiras com importncia para a educao ambiental. Umadas primeiras leis que cita a educao ambiental a Lei Federal N 6938, de 1981, que institui
a Poltica Nacional do Meio Ambiente. A lei aponta a necessidade de que a Educao
Ambiental seja oferecida em todos os nveis de ensino.
A Constituio Federal do Brasil, promulgada no ano de 1988, estabelece, em seu
artigo 225, que: Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e
coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as atuais e futuras geraes; cabendo
ao Poder Pblico promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e a
conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educao, Lei N 9394, de dezembro de 1996, reafirma
os princpios definidos na Constituio com relao Educao Ambiental: A Educao
Ambiental ser considerada na concepo dos contedos curriculares de todos os nveis de
ensino, sem constituir disciplina especfica, implicando desenvolvimento de hbitos e atitudes
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
18/46
18
sadias de conservao ambiental e respeito natureza, a partir do cotidiano da vida, da escola
e da sociedade. No ano de 1997, foram divulgados os novos Parmetros Curriculares
Nacionais - PCN. Os PCNs foram desenvolvidos pelo MEC com o objetivo de fornecer
orientao para os professores. A proposta que eles sejam utilizados como instrumento de
apoio s discusses pedaggicas na escola, na elaborao de projetos educativos, no
planejamento de aulas e na reflexo sobre a prtica educativa e na anlise do material
didtico. Os PCN enfatizam a interdisciplinaridade e o desenvolvimento da cidadania entre
os educandos. Os PCN estabelecem que alguns temas especiais devem ser discutidos pelo
conjunto das disciplinas da escola, no constituindo-se em disciplinas especficas. So os
chamados temas transversais. Temas transversais definidos pelos PCN: tica, sade, meio
ambiente, orientao sexual e pluralidade cultural.
No entanto, uma lei merece destaque por ser o marco que propiciou a legitimao daEducao Ambiental como poltica pblica nos sistemas de ensino: a Lei n 9.795, de 28 de
abril de 1999, que dispe sobre a Poltica Nacional de Educao Ambiental (PNEA),
determina a incluso da EA de modo organizado e oficial no sistema escolar brasileiro.
Dentre as polticas publicas, o Programa Nacional de Educao Ambiental (PRONEA)
merece destaque. Em dezembro de 1994 foi criado pela presidncia da repblica o
(PRONEA), em funo da Constituio Federal de 1988 e dos compromissos internacionais
assumidos com a Conferncia do Rio, compartilhado pelo ento Ministrio do Meio
Ambiente, dos Recursos Hdricos e da Amaznia Legal e pelo Ministrio da Educao e do
Desporto, com a parceria do Ministrio da Cultura e do Ministrio da Cincia e Tecnologia. O
PRONEA foi executado pela Coordenao de Educao Ambiental do MEC e pelos setores
correspondentes do MMA/IBAMA, responsveis pelas aes voltadas respectivamente ao
sistema de ensino e gesto ambiental, embora tambm tenha envolvido em sua execuo,
outras entidades pblicas e privadas do pas (BRASIL, 2003).
O ProNEA busca atingir trs diretrizes: (a) capacitao de gestores e educadores; (b)
desenvolvimento de aes educativas e; (c) desenvolvimento de instrumentos e metodologias.Dentro dessas linhas de ao e estratgias responsvel por realizar, a cada dois anos, a
Conferncia Nacional de Educao Ambiental, precedida de conferncias estaduais e o apoio
Rede Brasileira de Educao Ambiental na realizao dos Fruns Brasileiros de Educao
Ambiental antecedidos por fruns estaduais (BRASIL, 2003).
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
19/46
19
Em 1995 foi criada a Cmara Tcnica temporria de Educao Ambiental no Conselho
Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, que foi determinante para o fortalecimento da EA
no Brasil.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
20/46
20
3 - A QUESTO AMBIENTAL E EDUCAO
A EA surge a partir dos anos de 1960 sobre a tica conservacionista, como j foi
periodizado, reflexo darealidade histrica e da lgica social e poltica do perodo.
Como j visto anteriormente, grandes conferncias internacionais, a partir de 70,
tornaram a criao de programas de educao ambiental imperativo para transformao da
sociedade. Assim,polticas de educao ambiental fazem parte das aes do estado que as
implanta nos sistemas educacionais
Acumulando leituras sobre a questo ao longo do curso de graduao em geografia
pudemos perceber que a Educao Ambiental est ligada a dois eixos que me parecemessenciais: a questo dos desequilbrios ecolgicos, dos desgastes da natureza, e a questo da
educao.
Parece-nos obvio a primeira vista, porem, o que nos interessa questionar a que
abordagens e a que lgicas esto ligadas seus estudos e prticas?
Os desequilbrios ambientais e a educao so heranas de um modelo de
desenvolvimento socioeconmico que se caracteriza pela reduo da realidade a seu nvel
material econmico (Tristo, 2005). Dentro desta realidade a educao tem em sua herana a
diviso do conhecimento em disciplinas que fragmentam a realidade, pela reduo do ser
humano a um sujeitoracional, pela diviso das culturas.
Segundo Munhoz (2004), uma das formas de levar educao ambiental comunidade
pela ao direta do professor na sala de aula e em atividades extracurriculares. Atravs de
atividades como leitura, trabalhos escolares, pesquisas e debates, os alunos podero entender
os problemas que afetam a comunidade onde vivem. Porem, preciso atentarpara as formas
como esses conceitos so apropriados pelos educadores ambientais e que posicionamentos
poltico pedaggicos seriam mais relevantes?
A diversidade de nomenclaturas hoje enunciadas (referenteaos diversos adjetivos atribudos ao substantivo ambiental, educaoambiental, ecologismo ambiental, educao ambiental critica...),retrata um momento da educao ambiental que aponta para anecessidade de se re-significar os sentidos identitrios e fundamentaisdos diferentes posicionamentos poltico pedaggicos. (...) O fato quedesignar diferentemente esse fazer educativo voltado questoambiental, convencionalmente intitulado de Educao Ambiental,
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
21/46
21
tambm estabelece outras identidades, enunciadas no prprio nome,carregadas de significados (LAYRARGUES, 2004).
Observar o espao geogrfico sob uma perspectiva ambiental significa tornar claras as
inter-relaes e interdependncias dos diversos elementos que compe a mesma. medida
que a humanidade evolui suas tcnicas, aumenta sua capacidade de intervir na natureza parasatisfao de necessidades e desejos produzidos pela lgica materialista-desenvolvimentista,
surgem tenses e conflitos quanto ao uso do espao e dos recursos.
Um modelo de civilizao tem se imposto com o passar dos sculos, alicerado na
industrializao, com sua forma de produo e organizao do trabalho, com os modelos de
otimizao de explorao dos recursos naturais, a mecanizao da agricultura, o uso intensivo
do solo, a utilizao de agrotxicos e a concentrao populacional nas cidades.
3.1 - Educao ambiental e ensino formal no Brasil
A educao ambiental no ensino formal tem enfrentado inmeros desafios, entre os
quais poderamos destacar o de como se inserir de forma central nas prticas escolares a partir
de sua condio de transversalidade.
A EA tem como ideal a interdisciplinaridade e uma nova viso de organizao do
conhecimento, o que a fez constituir-se como temtica transversal, porem sua essncia
inovadora pode ser uma faca de dois gumes, pois isso pode significar tanto ganhar o
significado de estar em todo lugar quanto, ao mesmo tempo, no pertencer a nenhum dos
lugares j estabelecidos na atual estrutura curricular de ensino.
A EA encontra-se numa encruzilhada, ou muda ao menos minimamente essa estrutura
ou permanece a margem, sem construir mediaes adequadas e experincias significativas de
aprendizado pessoal e institucional.
Em 1996 a Secretaria de Educao Fundamental - SEF definiu as grandes diretrizes
bsicas que deveriam ento orientar os processos de ensino-aprendizagem no ensinofundamental, que tem como temas norteadores a dignidade da pessoa humana, a igualdade de
direitos, participao e co-responsabilidade pela vida social. Ressaltando a importncia da
educao para formao de seres sociais reflexivos e crticos.
O MEC, viaSecretaria de Educao Fundamental SEF, lanou os Parmetros
Curriculares Nacionais PCNs do Ensino Fundamental, com a inteno de ampliar e
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
22/46
22
aprofundar um debate educacional envolvendo escolas, pais, governos e sociedade, para que
servissem de apoio s discusses e ao desenvolvimento do projeto educativo das escolas,
reflexo sobre a prtica pedaggica, ao planejamento das aulas, anlise e seleo de
materiais didticos e de recursos tecnolgicos e, em especial, que pudessem contribuir para a
formao e reciclagem dos professores. (BRASIL, 2001)
3.2 - Os PCNs e a Geografia
A Geografia, na proposta dos Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998),
tem um tratamento especfico enquanto campo de conhecimento, uma vez que oferece
instrumentos essenciais para compreenso e interveno na sociedade. A partir de
determinadas leituras podemos compreender como diferentes sociedades interagem com a
natureza na construo de seu espao, as singularidades e as similaridades dos lugares em que
vivemos, e, assim, adquirirmos uma conscincia maior dos vnculos identitarios que
estabelecemos com os mesmos. Tambm podemos conhecer as mltiplas relaes entre os
lugares, distantes no tempo e no espao, assim como as cristalizaes do passado no presente
do passado no presente (Santos, 1980).
Nos PCNs, a parte de Geografia prope um trabalho pedaggico que se prope a
ampliar a capacidade dos alunos, do ensino fundamental, de interpretar, comparar erepresentar o lugar em que vivem a partir de diferentes paisagens e espaos geogrficos.
A primeira parte descreve uma epistemologia da Geografia, enquanto cincia e
disciplina escolar, mostrando suas tendncias atuais e sua importncia na formao do ser
social. Nesta so expostos tambm os conceitos, os procedimentos e as atitudes a serem
ensinados, para que os alunos se aproximem e compreendam a dinmica deste campo de
conhecimento.
Na segunda parte, encontramos sugestes de como pode ser trabalhado a disciplina,
nas sries iniciais.
Finalizando, o documento traz uma srie de indicaes sobre a organizao do
trabalho escolar do ponto de vista didtico. Nas orientaes didticas, os princpios e os
procedimentos de Geografia so apresentados como recursos a serem utilizados pelo professor
no planejamento de suas aulas e na definio das atividades a serem propostas para os alunos.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
23/46
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
24/46
24
Abro um parntese aqui para entrar finalmente, na questo da transversalidade que por
definio, relaciona-se a temas que perpassam, atravessam diferentes campos do
conhecimento, porm sem constituir novos campos disciplinares.
A transversalidade ento pressupe pontos de encontro das distintas reas do saber,transpassa a noo fragmentaria de contedo e abre a noo de parte da realidade. A
transversalidade um desafio maior do que em princpio se pretende propor, a abordagem de
temas transversais sugere, a meu ver de forma direta, a globalizao do currculo.
Assim, dentro de nossa analise, podemos compreender interdisciplinaridade converte-
se em um veiculo transversalidade, e esta j se configura como necessidade e como reao
diante das insuficincias do paradigma mecanicista.
3.4 - Uma evoluo de conceitos da educao ambiental
Diversas classificaes e denominaes explicitaram as concepes que preencheram
de sentido as prticas e reflexes pedaggicas relacionadas questo ambiental, as
concepes e perspectivas mais relevantes ao desenvolvimento deste trabalho sero abordadas
posteriormente. Neste primeiro momento o intuito abordar de forma geral e apontar suas
extensas vocaes.
O Congresso de Belgrado, promovido pela UNESCO em 1975, definiu a EducaoAmbiental como sendo um processo que visa:
(...) formar uma populao mundial consciente e preocupadacom o ambiente e com os problemas que lhe dizem respeito, umapopulao que tenha os conhecimentos, as competncias, o estado deesprito, as motivaes e o sentido de participao e engajamento que lhepermita trabalhar individualmente e coletivamente para resolver osproblemas atuais e impedir que se repitam (...)
(citado por SEARA FILHO, G. 1987).
No Captulo 36 da Agenda 21, a Educao Ambiental definida como o processo que
busca:
(...) desenvolver uma populao que seja consciente epreocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes soassociados. Uma populao que tenha conhecimentos, habilidades,atitudes, motivaes e compromissos para trabalhar, individual ecoletivamente, na busca de solues para os problemas existentes epara a preveno dos novos (...)
(Captulo 36 da Agenda 21).
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
25/46
25
Para Loureiro:
A constatao dos fatos histricos, considerandoprincipalmente, o atual cenrio de descuido com os nossos recursosnaturais e com a Vida, podemos afirmar que, para verdadeiramentetransformarmos o quadro de crise em que vivemos, a EA se define
como elemento estratgico na formao da ampla conscincia crticadas relaes sociais que situam a insero humana na natureza
(LOUREIRO, 2003 In: Layrargues, 2004 ).
Layargues, (2004), ao abordar a esfera educacional, nos diz que:
... Educao Ambiental, portanto o nome quehistoricamente se convencionou dar s prticas educativasrelacionadas questo ambiental. Assim, Educao Ambientaldesigna uma qualidade especial que define uma classe decaractersticas que juntas, permitem o reconhecimento de suaidentidade, diante de uma Educao que antes no era ambiental.
Para Brando (2002):
devemos aprender que a EA no outra matria a mais nasnossas escolas. No um dado contedo pedaggico extra destinado aaumentar a carga de contedos de nossos currculos escolares. Nouma nova ideologia ou uma nova pedagogia atrelada aos novosparadigmas, pois dentro de suas inmeras vocaes e vertentes cabemdiferentes filosofias de vida, diversas ideologias e diferentespedagogias.
Sauv (1996) e Carvalho (2003) nos lembram que a EA adentra no campo
educacional, mas a interface dos campos ambientais e educativos uma conquista da
sociedade que vai alm de um acessrio s diversas formas de educaes, constituindo-se
como um substantivo poltico forte que redimensiona o campo educacional e ambiental.
Reconhecer o pertencimento da EA ao campo ambiental, posicionando-a na esteira
dos movimentos sociais e ecolgicos mais que ao campo institucional educativo estrito senso
, de certa forma, uma tomada de posio nesta disputa poltico-conceitual
(Carvalho, op.cit.).
Assim podemos resumir que a EA outro ponto de partida, um outro aprender a
saber, olhar, sentir, viver e socializar. um cenrio cultural e pedaggico de convergncia
de diversos campos de saber, de sentido e de ao que deveria vir a ser um caminho de
encontros por meio do qual toda a educao que praticamos possa no apenas ser
reformulada, mas sim transformada.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
26/46
26
De posse disto, no que ser apresentado a seguir, Partimos do pressuposto de que a
educao ambiental est imbuda de um contedo poltico e de que a ao educativa situa-se
numa ampla e complexa relao de conflitos, histrica, social e culturalmente condicionados.
Uma vs que este estudo voltado, principalmente analise dos conceitos e praticas adotadas
na escola publica, desenvolve - se uma reflexo, ao longo do trabalho, e mais maciamente
nesse primeiro momento, destacando, algumas passagens dos PCN de Meio Ambiente que
consideramos relevantes para a apreenso da concepo de Educao Ambiental, sejam estas
tradicionais ou no.
De modo geral, os Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs) propem que a escola
dever, ao longo das oito sries do ensino fundamental, oferecer meios efetivos para cada
aluno compreender os fatos naturais e humanos referentes a essa temtica, desenvolver suas
potencialidades e adotar comportamentos pessoais e sociais que lhe permitam viver numarelao construtiva consigo mesmo e com seu meio, colaborando para que a sociedade seja
ambientalmente sustentvel e socialmente justa; protegendo e preservando todas as
manifestaes de vida no planeta e garantindo as condies para que ela prospere em toda a
sua fora, abundncia e diversidade.
E no que diz respeito s perspectivas na esfera do currculo, conforme assin-la
Silva (2003, p. 17), In apud velloso (2006, p. 60):
(...) uma teoria defini-se pelos conceitos que utiliza paraconceber a realidade. (...). O autor define, da seguinte maneira, asgrandes categorias de teoria do currculo e os conceitos a elasassociados: s teorias tradicionais referem-se os conceitos ensino,aprendizagem, avaliao, metodologia, didtica, organizao,planejamento, eficincia e objetivos; s teorias crticas, ideologia,reproduo cultural e social, poder, classe social, capitalismo, relaessociais de produo, conscientizao, emancipao e libertao,currculo oculto e resistncia; s teorias ps-crticas, identidade,alteridade, diferena, subjetividade, significao e discurso, saber-poder, representao, cultura, gnero, raa, etnia, sexualidade emulticulturalismo.
Aqui o discurso dos PCN apresenta, acerca da questo ambiental e da educao
ambiental propriamente dita, uma tendncia conservadora na temtica:(...) fundamental a sociedade impor regras ao crescimento,
explorao e distribuio dos recursos de modo a garantir aqualidade de vida daqueles que deles dependam e dos que vivem noespao do entorno em que so extrados ou processados. Portanto,deve-se cuidar, para que o uso econmico dos bens da Terra pelosseres humanos tenha um carter de conservao, isto , que gere omenor impacto possvel e respeite as condies de mximarenovabilidade dos recursos (...)
(BRASIL, 1998, p. 173).
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
27/46
27
J em outros trechos, uma orientao crtica na qual o processo educativo est
comprometido com a contextualizao e o aprofundamento da problemtica ambiental nas
relaes sociais:
(...) a questo ambiental impe s sociedades a busca de novas formas de pensar eagir, individual e coletivamente, de novos caminhos e modelos de produo de bens, para
suprir necessidades humanas, e relaes sociais que no perpetuem tantas desigualdades e
excluso social, e, ao mesmo tempo, que garantam a sustentabilidade ecolgica . Isso implica
um novo universo de valores no qual a educao tem um importante papel a desempenhar
(BRASIL, 1998, p. 180).
3.5 - Racionalidade, modernidade, educao e a problemtica ambiental
SALINAS (1989), In: BORDOLOZZI (1997), nos diz que dentro da construo de um
pensamento racional seria coerente esperar que o acmulo de conhecimentos permitisse ao
homem dominar de forma plena a natureza racionalizando indefinidamente suas condies de
vida, baseado na crena de que razo cincia e tecnologia impulsionariam a historia
continuamente em direo a verdade e a melhoria das condies de vida, porem, o quadro de
crises, mais civilizatrias que ambientais, se constituem no prprio cenrio da modernidade
reforando que nada considerado mais atual em qualquer poca que a obsesso pelatecnologia e seus efeitos sobre a humanidade pois a forma de explorao dos recursos
naturais estabelecida pelo homem, associada a explorao cruel do modo de produo que
resulta no modelo de degradao ambiental em que vivemos .
A esses termos, a racionalidade passou a ser uma faca de dois gumes quando esta
inseri a natureza no processo produtivo incorporando-a em sua cultura de dominao,
ignorando sua prpria existncia enquanto integrante da natureza.
A revoluo cientifica (sec. XVIII), de modo geral, instituiu uma feio mecanicista natureza. Com a revoluo industrial, ocorrem tambm mudanas nas condies econmicas,
sociais, polticas e culturais instaurando uma reformulao nas necessidades de consumo,
provocado pelo modo de produo capitalista como aponta (LEFEBVRE In: SANTOS, 1994)
quando mostra que o modo de produo atual esta voltado mais para uma revoluo
cientifica e tcnica e no social e poltica.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
28/46
28
De acordo com BORDOLOZZI (1997) em meados do sculo XX, com a expanso
econmica e o processo de globalizao instalados no mundo, e a formao de multinacionais,
intensificam-se as formas de apropriao da natureza, A sociedade da produo industrial,
tecnolgica e cientifica transforma natureza em recurso e organiza-se de forma cada vez mais
eficaz explorao, tornando-se irracional.
A partir destes entendimentos a cerca de razo, modernidade e educao ambiental,
torna-se mais clara a percepo dessa necessidade de trazer a temtica ambiental para a sala
de aula.
Os novos Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 19998) propem trabalhar a
questo ambiental de forma transversal. Temas transversais so temas norteadores dos saberes
dentro do currculo da escolaridade obrigatria, traam eixos que guiam os contedos, as
praticas, e as orientaes didticas de todas as disciplinas. Com isso pretende-se que esses
temas ajam como saberes integradores das reas convencionais relacionando-as aos temas
atuais.
A luz dos pensamentos de Bordolozzi, podemos entender que papel da educao e
ao nosso entendimento por conseqncia do educador contribuir para a mudana
paradigmtica do saber atravs de aes que possam gerar agentes crticos e modificadores
da realidade.
Dentro de um caminho mais bem delineado na esfera do papel da educao, esta acompreenso da organizao do espao e das relaes sociais, e nestas a resposta para
formao de um cidado comprometido com a questo ambiental, da a importncia do ensino
de geografia, o qual tem essas questes em sua base construtiva, seu objeto de estudo: o
espao geogrfico.
Desse modo, a educao pode abrir caminhos para o desenvolvimento de novos
valores necessrios ao encaminhamento de uma mudana paradigmtica do saber, o que
ocasionara uma conscientizao da importncia da produo de novos conhecimentos,
rompendo segundo LEFEBVRE (op. Cit.), com os fatores de homogeneizao hierarquizao
e fragmentao do cotidiano (...).
E pode-se entender tambm que as transformaes que se verificam no mundo atual
trazem consigo preocupaes que historicamente envolvem a pesquisa e o ensino de
geografia, e que esta se encontra, mais que nunca, instigada a responder a questionamentos
como: Como relacionar o local e o global? Como sensibilizar os alunos para a importncia do
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
29/46
29
conhecimento da geografia para a sua vida em suas mltiplas dimenses e, em especial, para a
compreenso dos problemas ambientais?
Trata-se de questes que indicam queemerge a necessidade de se repensar a
contribuio do ensino da Geografia temtica ambiental na Educao Bsica.
Entende-se que, para que o ensino forme o aluno do ponto de vista reflexivo, flexvel,
crtico e criativo, fundamental que este se torne um agente da pesquisa da realidade, e no
somente um receptor do conhecimento produzido por outros. Nesse sentido, espao
geogrfico passa a ser entendido como o resultado de uma construo do conhecimento e
no um dado preexistente em si (OLIVEIRA, 1990, p. 28).
3.6 - Uma aproximao com a geografia: Geografia, sociedade e educao
Este tpico tem por pretenso aproximar a problemtica ambiental ao ensino de
geografia, apontando os principais objetos e justificativas do estudo, e procurando apresentar
quais so os paradigmas que constroem a viso do educador de geografia.
Se partirmos do pressuposto da produo do espao como um produto da ao
humana, encontramos as bases para adequao das lentes entre geografia e educao
ambiental, uma vez que a produo do espao, atravs do trabalho humano, implica na
transformao da natureza, e a partir da, podemos demonstrar a importncia das mesmas
sociedade.
Podemos observar a estreita relao do olhar geogrfico com a formao do tecido
social Quando a geografia interpreta a formao da sociedade a partir das relaes de
proximidade, levando a compreenso geogrfica dos lugares um pouco alem da objetividade do
mundo fsico, tendo como objeto o espao vivido. Isso esta demonstrado de forma clara em
FRMONT:
O espao vivido toma dimenses sociais medida que se forma,da criana at o homem. A me e o pai, os irmos, os camaradas eos professores, os parentes e as amizades, os grupos profissionais eas relaes de vizinhana, mais alm a sociedade regional ou ovasto mundo da sociedade global constituem outras tantaspessoas ou grupos que animam os crculos da vida. As relaessociais manifestam-se atravs de certas reparties espaciais.Inversamente, as estruturas do espao humanizado no podem sercaptadas sem referncia ao conjunto das relaes de sociedade.(FRMONT, 1980 In:REFFATTI, 2001 ).
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
30/46
30
Esta interpretao pode tambm ser aplicada escola, como vemos em Rego:
A escola espao privilegiado para educar a intersubjetividade pode ser tambm o espao onde a geografia supere adisciplinaridade coisificante para se converter na produo desaberes que faam da transformao do espao vivido o objetocatalisador de pensamentos e aes dos educandos. Oconhecimento geogrfico produzido na escola pode ser oexplicitamente do dilogo entre a interioridade dos indivduos e aexterioridade das condies do espao geogrfico que oscondiciona sendo esse dilogo mediado pelas dinmicasintersubjetivas estabelecidas na relao educacional,intersubjetividades que podem chegar a acordos referentes nosomente ao como compreender, mas tambm, em alguma medida,ao como transformar a realidade cotidianamente vivida.(Rego, 2000 In:REFFATTI, 2001 ).
A Geografia, concebida de uma maneira crtica, tem como primeira preocupao a
transformao da ordem social:
Os gegrafos crticos, em suas diferenciadas orientaes, assumem a perspectiva
popular, da transformao da ordem social. Buscam uma geografia mais generosa e um
espao mais justo, que seja organizado em funo dos interesses dos homens (MORAES,
1997, p. 127).
A luz das idias de Milton Santos (1996), podemos dizer que o que marca a entrada do
sculo XXI a velocidade das transformaes da sociedade e o fluxo de informaes, a
rapidez com que acontecem as coisas acaba influenciando na transformao do espaotrazendo conseqncias que nem sempre so pensadas junto aos movimentos de produo e
apropriao em suas diferentes escalas, causando certos impactos ao meio.
Alguns dos temas mais discutidos na atualidade so referentes a questo ambiental,
secas, enchentes, desmatamento, monoculturas, reserva hdrica entre outros. A emergncia
destes problemas ambientais nas ltimas dcadas trouxeram novos desafios tanto sociedade
quanto s cincias, no raro vermos movimentos sociais nas manchetes ou trabalhos
acadmicos que utilizam paradigmas da temtica ambiental.
Souza Santos (1996) In: Goettems (2006), defende que estamos numa fase de
transio paradigmtica, tanto no mbito epistemolgico como no social: do paradigma da
modernidade para um outro que, por no ter ainda um nome, por muitos autores
caracterizado como ps-modernidade. Um dos sinais de desgaste da modernidade
demonstrado pelas degradaes ambientais, resultantes do processo de desenvolvimento que
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
31/46
31
se d como sinnimo de acumulao capitalista, e que acaba gerando uma viso de natureza
enquanto recurso, como mera condio de produo.
A partir desta viso de natureza enquanto recurso forma-se as bases para a apropriao
e o controle dos espaos que dispe destes recursos. O estabelecimento de controle e relaesde poder dentro de um determinado espao configura um territrio, organizando novos
recortes geogrficos.
Essa relao sociedade/natureza, baseada na apropriao de recursos, discutida na
cincia geogrfica, como afirma Moraes (1994, p. 83), quando diz que: Algumas disciplinas
tm aspectos da temtica ambiental dentro de seu horizonte tradicional de pesquisa. o caso
da Geografia, por exemplo, que tem na relao homem/natureza um de seus mais clssicos
temas de reflexo. Portanto, entendemos que a Geografia uma das cincias, que pode e
deve trabalhar a Educao Ambiental como parte de sua rea de atuao.
Assim, a Educao Ambiental presente no contedo do ensino bsico tratado pela
Geografia, tem importncia fundamental para a construo de uma sociedade mais igualitria
e para o uso racional dos recursos naturais, uma vez que os mais pobres so os mais afetados
pela degradao do Planeta.
Isto justifica a pertinncia e a importncia da Educao Ambiental. Isso se deve ao
tamanho do problema que a sociedade conseguiu gerar no que tange maneira de interferir no
ambiente
Partimos assim do entendimento de que o ensino de geografia deve incorporar a
problemtica ambiental e esclarecer que um mesmo espao pode constituir-se de diferentes
problemas ambientais ou problemas ambientais semelhantes podem ocorrer em espaos
distintos, porem, o que no se diferenciam so as causas que os originam. Assim, embora os
problemas ambientais possam ter essas configuraes, suas causas so oriundas de um mesmo
processo histrico de produo do espao geogrfico e de sua organizao e gesto territorial.
Dessa forma, a prpria observao dos cenrios de degradao ambiental mostra a
necessidade de uma autntica educao ambiental. (BORTOLOZZI, 1997).
A geografia, ao abordar a questo ambiental, deve procurar no interpretar sociedade e
natureza como plos antagnicos e excludentes, e sim possibilitar uma abordagem crtica das
prticas concretas dos atores que atuam na organizao do espao
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
32/46
32
BORTOLOZZI (1997) ressalta tambm que os conhecimentos produzidos nas prticas
escolares podem contribuir para uma gesto adequada dos problemas ambientais e para
caminhar para um desenvolvimento sustentvel, pois isso ser possvel se contarmos com a
participao de cidados conscientes.
Segundo ele, questes como esta so pertinentes ao intuito deste trabalho de tentar aproximar
problemtica ambiental, ensino e geografia, pois, enfatiza a necessidade da integrao entre
escola e comunidade atravs de praticas docentes voltadas para uma EA integradora, onde a
escola entendida como parte de espao geogrfico que foi socialmente construdo e tambm
como um lugar de contradies que, se por um lado (re)produz formas estticas de explicar a
realidade, por outro, pode apresentar elementos geradores de mudanas
Introduzimos aqui, rapidamente, a questo da interdisciplinaridade, a qual entendemos
ser uma ferramenta indispensvel para uma mudana paradigmtica na forma como se
apresenta o saber, ou seja, a busca de uma viso mais completa da realidade. No processo de
analise das escolas, a prxis no ensino de geografia, ao que posso compreender o
desenvolvimento da educao ambiental, em alguns casos, parece estar perpetuando as
mentalidades e praticas conservadoras j existentes em vez de construir novos pontos de vista.
A questo da integrao no ensino de geografia deve ter dentro de si o conhecimento
da realidade prxima ao aluno, como forma de educ-lo para cidadania. Assim, o ensino de
geografia pode explicar como o espao geogrfico produzido socialmente.
Sem esquecer que importante considerar tambm as vises que o professor de
geografia tem sobre a questo da educao ambiental, pois suas praticas de ensino so guiadas
pelas mesmas.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
33/46
33
4 - A PERQUISA EM CAMPO: UMA ANALISE DAS ESCOLAS
4.1 - Uma abordagem de educao
No campo de abrangncia da educao e suas abordagens, destacamos aqui as de
concepo dialtica, com as tradies marxistas e humanistas. Como a abordagem histrico-
social crtica, elaborada por Saviani (2003), a qual faz parte tambm da tradio
emancipatria.
Para Saviani (2003), Uma teoria pedaggica crtica se "levar em conta os
determinantes sociais da educao"; no-crtica se "acreditar (...) ter a educao o poder de
determinar as relaes sociais, gozando de uma autonomia plena em relao estrutura
social" (p.93).
Ele nos diz que a pedagogia histrico-crtica, embora "consciente da determinao
exercida pela sociedade sobre a educao", fato que a torna crtica, acredita que "a educao
tambm interfere sobre a sociedade, podendo contribuir para a sua prpria transformao"
(p.94), fato que a torna histrica.
Ainda segundo Saviani, vivel, mesmo numa sociedade capitalista, "uma educao
que no seja, necessariamente, reprodutora da situao vigente, e sim adequada aos interessesda maioria, aos interesses daquele grande contingente da sociedade brasileira, explorado pela
classe dominante" (p.94).
A educao, para Saviani, transmisso do saber, e precisa ser transmitido aos que
esto sendo educados.
Ento em resumo, uma teoria pedaggica, para ser histrico-crtica precisa reconhecer
que a educao determinada socialmente, mas tambm admitir que ela possa transformar as
condies sociais.
4.2 - Apresentao das escolas
Foram selecionadas duas escolas municipais como objetos de pesquisa Para
desenvolvimento do processo emprico cujos resultados sero apresentados e analisados
posteriormente a Fundao Centro de Referencia em Educao Ambiental Professor Eidorfe
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
34/46
34
Moreira e a E.M. Monsenhor Jos Maria Azevedo, ambas as escolas localizadas na ilha de
Caratateua, ilha do esturio Guajarino e distrito administrativo do municpio de Belm.
Estas foram selecionadas, primeiramente, por sua localizao geogrfica, por
pertencerem a mesma localidade e terem como base as mesmas caractersticas ambientais;pela proposta pedaggica, caracterstica esta referente fundao Escola Bosque, e por serem
da mesma esfera administrativa (municpio de Belm). As escolas esto situadas na regio
insular de Belm, nos domnios da bacia hidrogrfica do rio Maguari (ilha de Caratateua), na
regio metropolitana de Belm, local de grande extenso de reas verdes e recursos naturais
que so utilizados pela populao local, principalmente com a economia informal com o
turismo de lazer ou de frias para fins recreativos (balnerio), para fins de subsistncia (a
exemplo a pesca artesanal), ou pela economia formal, representada por companhias de
transporte martimo, movelarias, etc..
Segundo seu prprio estatuto, finalidade da Escola Bosque fomentar a educao
ambiental em carter formal e no formal, difundindo-a prioritariamente junto Rede
Municipal de Ensino de Belm, mediante a formao de profissionais ligados rea de
estudos sobre o meio ambiente e a implementao de projetos e aes educacionais voltados
para a sua preservao. Atuando em parceria com a Secretaria Municipal de Educao, a
Escola tem tambm como prioridade o atendimento demanda educacional das ilhas, que
representam 69% da superfcie do Municpio de Belm.
A proposta de formao educacional oferecida pela Escola Bosque baseia-se nos
princpios da democratizao, no que se refere formao profissional, qualifica tcnicos em
Manejo de Flora, Manejo de Fauna e Ecoturismo, voltados para o atendimento das demandas
da regio amaznica.
A E.M. Monsenhor Jos Maria Azevedo, apesar de no ter a mesma conduo do
trabalho pedaggico este foco direcionado essencialmente a educao ambiental, est
localizada em um bairro um pouco mais afastado das reas de aglomerao populacional,
onde reside uma camada mais tradicional da comunidade. A populao predominante do lugar de famlias de baixa renda. Nesta comunidade configuram-se relaes de proximidade e
vizinhana, aliceradas pela sobre-ocupao de descendentes que tambm caracteriza o lugar.
De acordo com os dilogos do grupo focal, que veremos melhor a seguir, os alunos
de ambas as escolas, em geral vem de famlias humildes que tem como base de seu sustento
prestao servios, comumente informais.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
35/46
35
Conclu assim, que aE.M. Monsenhor Jos Maria Azevedo seria a escola mais
adequada para se comparar com os resultados da Fundao Centro de Referencia em
Educao Ambiental Professor Eidorfe Moreira.
4.3 - Os professores e as consideraes sobre a pesquisa de campo
Foram selecionados para realizao deste trabalho oito professores como objetos de
pesquisa Para desenvolvimento do processo emprico, porem, apenas trs professores se
dispuseram a responder os questionrios, ainda com a restrio de no utilizar seus nomes no
trabalho.
Foram buscadas ainda outras escolas, entretanto no houve interesse por parte dos
professores em participar do projeto.
Pensou-se ainda na possibilidade de trabalhar com professores de outras disciplinas
que estavam dispostos a colaborar com o estudo, porem essa alternativa descaracterizaria o
trabalho que se refere mais a abordagem dos professores de geografia em relao aplicao
da EA.
Para a realizao deste trabalho, levamos em conta ento, a disposio dos professores
em colaborar e dividir suas experincias e concepes no ensino de geografia.
Assim, foram entrevistados 03 professores de geografia que vamos denominar
professores A, B e C, por motivos de proibio do uso pleno dos dados obtidos na
entrevista com o propsito de analisar a percepo que eles tm do conceito de educao
ambiental e suas aplicaes. Buscou-se investigar os mtodos adotados por esses professores
para trabalharem esse tema na 5 srie do ensino fundamental nas escolas municipais.
Quanto ao tempo de atuao dos educadores, atuam como professor entre cinco e dez
anos, dois possuem apenas graduao e especializao e um possui mestrado importante
salientar que nenhum dos professores, nem o mais antigo exercendo a docncia na ilha,residem no local.
Portanto, pode-se dizer que os professores que atuam nas escolas em questo
apresentam significativa experincia no trabalho como educadores.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
36/46
36
A experincia de trabalho como educador um requisito importante para o processo
de ensino e aprendizagem, tanto para o desenvolvimento das prticas de ensino como para a
formao do professor.
Todos os professores entrevistados trabalham Educao Ambiental utilizandoprincipalmente estratgias como textos informativos, exemplos e contedos inseridos em aula
e conscientizao e preocupao com problemas ambientais em escala global.
Geralmente, atividades em Educao Ambiental no so aplicadas regularmente no
cotidiano do ensino formal, a maioria ocorre oportunamente seguindo o calendrio escolar.
Alguns dados quantitativos foram levantados para caracterizar o trabalho desenvolvido
pelos professores do Ensino Fundamental das escolas municipais de Belm. Optou-se pela
aplicao de um questionrio semi estruturado em questes abertas e fechadas para a obteno
de um panorama geral a respeito do trabalho dos professores de geografia, sobre as questes
ambientais. O objetivo aqui , portanto, apresentar os resultados do questionrio respondido
pelos professores.
A partir da pergunta elaborada para o questionrio: Voc costuma desenvolver
alguma atividade extraclasse com seus alunos durante o ano letivo ? Comente. Pudemos
extrair alguns dados muito importantes ao trabalho. O professor (B) e o professor (C)
declararam desenvolver alguma atividade extraclasse com os alunos, referindo-se a atividades
realizadas fora da escola. Os professores denominaram essas atividades como Trabalho deCampo.
Entende-se como Trabalho de Campo um momento, que permite obter, por meio da
observao e do registro, os dados qualitativos e quantitativos que posteriormente sero
trabalhados em sala de aula.
No dialogo com os alunos, dentro da dinmica do grupo focal, indicaram respostas que
confirmam o grande interesse dos alunos por esse tipo de atividade, e confirmam a
potencialidade quanto ao desenvolvimento da aprendizagem de contedos de Geografia, ou de
qualquer outra disciplina.
O mtodo de estudo, possibilita a realizao de uma pesquisa bsica e aplicada, o
que requer a utilizao de certos procedimentos metodolgicos para observao,
documentao e a interpretao de dados tericos e empricos.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
37/46
37
A responsabilidade do professor de Geografia assume particular importncia
nesse sentido, visto que estes afirmaram tomar iniciativa para a realizao de pesquisa de
campo em suas escolas.
Todos os professores entrevistados durante as conversas declararam que a prtica podeauxili-los na abordagem de uma multiplicidade de temas e contedos, tanto do entorno da
escola como de aspectos com os quais a comunidade escolar no convive diretamente e que
podem vir a ser objeto de estudo.
Porem, Um dado relevante indicado pelo questionrio refere-se localizao das reas
escolhidas, pelos professores, para a realizao de Trabalho de Campo, geralmente
desenvolvem esse tipo de atividade fora do bairro em que se localiza a escola (geralmente
reas fechadas como parques bosques ou museus) o professor da escola bosque relatou que
realiza tais atividades em caminhadas por trilhas dentro do prprio espao escolar. Trata-se de
um dado que denota certa falta de preocupao com a observao do entorno da escola,
levando principalmente em considerao a geomorfologia da rea, que se constitui em parte
por falsias, e o processo de ocupao e uso do solo com as invases em reas vitais ou de
risco que diretamente relacionado ao tema e poderia ser abordado durante um estudo de
qualidade de vida.
Relacionando ao que a priori nos soou como falta de preocupao com a situao
ambiental local, relevante analisar o item seis do questionrio que se refere a formao das
unidades de paisagem nas margens fluviais ilha de Caratateua. Pedimos aos professores que
pontuassem e/ou marcassem os elementos que compem a paisagem da orla, divididas em
categorias como: unidades de paisagem, processos elicos e hidrodinmicos, formas de relevo
resultante destes processos e formas de ocupao e uso da orla. Foi ignorada nos questionrios
dos professores A e B a unidade de paisagem terra firme, alem de terem sido respondidas
erradamente (ou ao menos de maneira incompleta) nos trs questionrios as formas de relevo
que compem a paisagem da orla dentre as quais no foram assinaladas promontrios e
enseadas.A atividade nos revelou, alem da falta de preocupao com a realidade local, algo mais
grave que a falta de conhecimento em geografia fsica, conhecimento este necessrio
abordagem dos temas da EA.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
38/46
38
A dificuldade no trabalho da EA e com a adoo dos trabalhos de campo como
prtica freqente nos planos de curso podem ter outra explicao alem das apresentadas pelos
professores.
Por outro lado levantado dentro de sala de aula discusses como o problema dapoluio e tratamento da gua ou a produo e destinao do lixo domstico na ilha, bem
como apontamento de provveis solues para os problemas, o que sem duvida um ponto
positivo no processo de (re)construo do saber.
Estes so dados que remetem discusso terica desenvolvida no segundo captulo, no
qual se procurou contextualizar, do ponto de vista do conhecimento, a relevncia da geografia
para a educao ambiental um detalhe a ser acrescentado que nenhum dos professores
respondeu que h participao dos alunos na fase de planejamento das atividades, como
sugere um modelo participativo.
(...) Acredita-se que a participao dos alunos emtodas as etapas da realizao do Estudo do Meio fundamental,tanto para conseguir o envolvimento e o compromisso de todoscomo para possibilitar a aprendizagem nas diversas etapas, desdea escolha do tema at a socializao dos resultados.
(OLIVEIRA, 1990)
Conforme discutido no captulo dois, a utilizao da interdisciplinaridade no caminho
transversalidade fundamental para o estudo integrado do meio, devido sua complexidade e
suas mltiplas possibilidades de leitura.
Visto isso, procurou-se mensurar a preocupao dos professores com a questo, e as
respostas obtidas, utilizando como ilustrao as palavras do professor B, foram que:
embora tenha vontade de desenvolver atividadeem conjunto com outras disciplinas torna-se difcil na pratica porcausa do tempo, da permanncia do professor em uma s escola.Fica difcil realizar projetos a longo prazo tendo que estar emtrs ou quatro escolas diariamente
Somente o professor da escola bosque, realizou ou incentivou algum projeto em
Educao Ambiental em sua escola fora do contexto de Feira de Cincias ou Amostras
Culturais, que so parte do cronograma da escola.
Trabalhos de Ecologia, Reciclagem e Visitas Ecolgicas, tambm fora dos contextos
citados anteriormente, no foram observados em quantidade relevante.
Em rpida dinmica, foi pedido no questionrio que marcassem e/ou sugerissem
tpicos em que pudessem abordar as praticas de educao ambiental. Os tpicos
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
39/46
39
"Conservao e Preservao do Meio Ambiente", "a sociedade e o Meio Ambiente" e
"Prticas de Conscientizao" foram considerados o mais adequados para atividades em
Educao Ambiental.
Procuramos identificar, ainda por meio do questionrio mencionado, as principaisdificuldades para a realizao do Estudo do Meio.
Os principais obstculos apontados foram, em primeiro, a falta de recursos e/ou
material, seguido da falta de tempo e depois de incentivo/apoio por parte da instituio a qual
faz parte.
Com relao falta de tempo, esta uma realidade para a maioria dos professores da
rede pblica, uma vez que eles cumprem em mdia 40 horas/aulas na semana o que na
maioria das vezes superior, e haja verdade que a realidade do professor hoje que para
alcanar um padro de vida razovel professores tende se submeter a cargas horrias cada vez
maiores. Tal situao reflete a insuficincia de verbaspara as escolas pblicas em geral.
A Educao Ambiental deve se apresentar de forma constante no cotidiano, a
apresentao de "folders", cartazes, ou eventos isolados, que so mais abundantes nas datas
comemorativas, no configuram uma mudana na interpretao do espao e no suficiente
para formar ou mudar valores.
Junto com as observaes houve tambm conversas com os professores, a respeito das
condies de trabalho na escola pblica, das condies salariais e do trabalho realizado por
eles com seus alunos.
Adotamos tambm, como j foi citada, a conversa em grupo com os alunos, apesar da
conscincia de que nossa presena por si s j alterava a rotina de seu cotidiano. Procurou-se
tambm analisar turmas de mesmo perodo, no caso matutino, para que pudssemos ter um
perfil semelhante entre os alunos.
4.4 - Anlise dos textos produzidos pelos alunos
Desse modo, foi sugerida a idia de que alm das observaes das aulas seria
interessante ter um registro dos alunos. Sob a iniciativa de um dos professores foi sugerida
uma redao a eles com o tema problemas e solues ambientais na ilha de Caratateua. O
que nos chamou a ateno para a facilidade no trato com elementos da problemtica
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
40/46
40
ambiental numa escala global, respeitando a idade e a capacidade de sistematizao de
informaes de alunos egressos na 5 serie, o que nos refora a idia de que a questo
ambiental esta estreitamente ligada a totalidade das realidades sociais. Neste processo
podemos observar tambm uma equivalncia no volume de informaes de ambas as turmas.
Tantos detalhes fizeram com que a anlise das redaes fosse adotada como um dos
componentes centrais do processo de pesquisa.
Em cada redao buscamos identificar idias aplicadas de acordo com o tema
proposto, referente a questo ambiental, ainda que de forma desorganizada, pude notar que os
alunos se valiam, grosso modo, de conhecimentos geogrficos para o desenvolvimento de
seus textos, como mencionar Aspectos naturais, sociais e culturais; uso da natureza pela
sociedade; degradao da paisagem e citao de rgos como o IBAMA dentro de suas
opinies. Podemos observar certa confuso na aplicao dos conceitos de paisagem enatureza, quando a maioria dos alunos relaciona natureza ao que pode ser percebido com a
viso.
As observaes apreciadas s foram levadas em considerao quando verificamos a
incidncia nas duas turmas. J nas analises entre alunos de uma mesma turma podemos
observar uma distancia significativa entre o volume de informaes e o trato com os
problemas comuns ao cotidiano. Dentre as razes para isso jamais poderemos nos esquecer
que analisamos indivduos com subjetividade, o que j nos basta para no devermos esperar
uniformidade. Outras razes possveis so a influncia familiar e o histrico escolar,
esclarecendo que alguns alunos vieram de outras escolas.
4.5 - A didtica em sala de aula
As escolas utilizam como material de ensino os livros didticos de geografia da 5
serie distribudos pelo MEC, via SEMEC (secretaria municipal de educao), salvo o
professor da Fundao Escola Bosque, que tambm utiliza material de elaborao prpria. As
aulas tm durao de 45 minutos, dos quais na escola Monsenhor foi preenchido apenas com
parte expositiva, em que o professor apresenta e explica o assunto. J na Escola Bosque o
professor preocupou-se em organizar dinmicas que explicassem o contedo e resoluo de
exerccios.
8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU
41/46
41
4.6 - Formas de avaliao
Na escola Monsenhor as formas de avaliao so tradicionais, ou seja, baseadas em
provas, sendo estas, testes de mltipla escolha com algumas questes dissertativas. Enquanto
na escola bosque, a maioria das avaliaes dada em produo de textos ou seminrios.
Conclui-se ento, que a escola Monsenhor desenvolve uma educao essencialmente
tradicional, as prticas de ensino e os contedos no so trabalhados de forma significativa, e
a formao do aluno no direcionada a nada, sendo tratada apenas como quesito obrigatrio
obteno de diploma de ensino fundamental.
J da fundao escola bosque se pode dizer que desenvolve uma pedagogia
significativa, critica, flexvel e fluida. As praticas de ensino e os contedos so trabalhados
sob a perspectiva histrico-crtica, e so organizados com um objetivo muito bem definido
que a preparao dos alunos para o nvel tcnico ofertado pela escola.
Contudo um a questo nos surpreende que a questo das redaes, com tantas
caractersticas diferentes, sobre tudo com relao a forma como o ensino transmitido, por
que os alunos apresentaram tanta proximidade no volume de informaes a cerca do tema?
Uma primeira explicao possvel e retomada aqui, a questo da difuso do debate
sobre os temas ambientais pelos diversos veculos e nveis sociais globalizando os temas e
incorporando-os ao cotidiano da v
Top Related