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subsídios PARA A HISTÓRIA DE

SALVATERRA DE MAGOS

* SÉC. XII - SÉC.XXI *

COLECTÂNEA INCOMPLETA Autor: JOSÉ GAMEIRO

(José Rodrigues Game iro)

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SUBSIDIOS para a História De Salvaterra de Magos * Séc. XII – Séc. XXI *

********** COLECTÂNEA INCOMPLETA Autor: GAMEIRO, JOSÉ Editor: JOSÉ RODRIGUES GAMEIRO * Edição On-Line Morada: Bairro Pinhal da Vila Rua Padre Cruz, Lote 49 2120-059 Salvaterra de Magos Setembro: 2010 http://www.historiadesalvaterra.blogs.sapo.pt

Primeira Parte

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À memória de meus Pais; José Gameiro Cantante, e Felisbela Lopes Rodrigues

* Nasceram; Desde crianças cresceram na vida árdua do campo, as mãos, o corpo e a alma calejaram. Os trabalhos de sol-a-sol, com uma hora a pé de ida e outra de volta, foi a sua escola. Ficaram analfabetos…..! * Viveram; Uma vida de mais de setenta anos, sonhando. Sonharam… Sonharam… com uma vida melhor. Meu pai, aprendeu a fazer o seu nome já de idade avançada, Copiou…Copiou…Copiou…. Conseguiu! Minha mãe, contava pelos dedos, qualquer aritmética, mesmo os dias de sua vida. Um dia choraram, eu tinha-lhes oferecido um livro que escrevi. * Morreram; Vergados pela idade e pela doença, eram felizes, sabiam que tinham deixado aos três filhos, uma vida que eles sempre desejaram ter. Uma vida melhor!

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APRESENTAÇÃO

Tenho documentos e fotografias que fazem parte da história da terra onde nasci – Salvaterra de Magos, muitos desses documentos vêem do séc. XIII, que fui juntando ao longo de mais de 50 anos. É agora um pequeno espólio. Com tais cópias já fiz muita utilização, conforme as necessidades; desde o campo jornalístico, à feitura da monografia, editada em 1985 e 1992, com o título:

SALVATERRA DE MAGOS – UMA VILA NO CORAÇÃO DO RIBATEJO, com edições esgotadas De posse dessa “riqueza” documental, coloquei o meu empenho na feitura de uma edição “Recordar, Também é Reconstruir!”, uma Colecção de Apontamentos, que começa na edição Nº 0 e termina no Nº 45, trabalho que registei para salvaguardar a sua origem. A forma de pequenos livros em Colecção Apontamentos, foi a que melhor encontrei naquela altura para divulgar vários assuntos, com poucas páginas cada um e, acompanhados de algumas fotos, pois o leitor gosta de ter ao seu alcance uma rápida e fácil informação. Professores e estudantes, até o simples visitante, sempre curiosos das coisas de Salvaterra, quando me procuram nunca deixam de “beber” do meu arquivo, sabendo de antemão, que estão perante um trabalho de carolice, até porque “Recordar, Também é Reconstruir!”, decerto fará cobiça a um qualquer investigador na área da história deste concelho. O património documental, de carácter histórico existente sobre Salvaterra, é pouco e repetitivo, especialmente os Forais. Destes, e de outros documentos menos usados também eu, os utilizei necessitando de muitas horas de busca, pois encontram-se avulsos e de difícil acesso. Factos considerados históricos de um passado ainda recente, mas que nos vai ficando cada vez mais longínquo, vão aqui ser lembrados. O legado monumental da povoação, é cada vez mais escasso, as gerações antigas não lhes deram o devido resguardo, muito dele deixou mesmo de existir, agora a sua lembrança só nos papéis. Em Salvaterra de Magos, as muitas culpas, terão de ser imputadas aos cidadãos, que serviram as autarquias locais – Câmara Municipal e Junta de Freguesia. Culpas essas, que também não deixam de responsabilizar todos aqueles particulares, que um dia os tiveram como sua propriedade, e lhes deram uso e destinos, que levaram ao seu desaparecimento, ou à sua degradação. Era uma riqueza da comunidade! Todos, são motivo de grave censura, que não deixo de aqui registá-las, nas páginas desta edição, para que conste…! No património monumental, sabe-se que algum foi consumido pelo fogo; o Paço Real e a Casa da Ópera (Teatro Real de Salvaterra). Calamidades naturais, como: os terramotos de 1775, 1858 e 1909, também contribuíram para o desaparecimento e degradação de outros.

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O tempo passou, não havendo forma de qualquer remedeio para o que desapareceu, temos a sua descrição na leitura das páginas dos livros ao nosso dispor, veja-se o estado lastimável em que se encontrava até á bem pouco tempo, o edifício da antiga Falcoaria Real, condição que durou décadas e, não fora o interesse e diligências do então presidente, Gameiro dos Santos, tomando em si o projecto encetado por António Moreira, não teria recuperação. Ainda bem, que Ana Ribeiro, lhe deu continuidade! As Chaminés das antigas Cozinhas do extinto Palácio Real de Salvaterra, um património raro no pais, e uma das poucas riquezas da terra, sempre alguém pugnou pela sua conservação, chegando mesmo a património de interesse público, está agora a sofrer um estado de grande degradação. Uma nova urbanização, construída no seu encosto, levou a um contagioso, que opõe o seu proprietário e a câmara municipal. Outras entidades ministeriais, responsáveis na área da conservação deste património público, também estão “arroladas” nesta desavença. Porque o material a publicar é muito, neste primeiro volume, de “Subsídios para a História de Salvaterra de Magos” vai decerto o leitor, encontrar a minha presença, na descrição pessoal de alguns temas, tal justifica-se, até porque neles participei, ou andei por lá perto. Salvaterra, é fértil em contos e lendas, a ingenuidade juvenil, é a mais vulnerável, porque acredita facilmente encantada, quer nas construções de subterrâneos, quer mesmo na fantasia das lendas, muitas delas fazendo agora parte dos fólios da história da vila. As “fontes onde vão beber”, algumas delas oficiais, levam os mais incautos, a considerar toda essa informação como verdadeira. Algumas são erros grosseiros. Por mim, desejo que isso não aconteça! Decerto o leitor vai encontrar nesta edição, alguns erros e omissões, pois não sendo um trabalho requintado em palavras bonitas e pomposas, que aliás as não sei escrever, notando-se aliás neste livro, a minha falta de formação académica, especialmente na literacia usada. Muitos documentos aqui publicados, já antes serviram para a Colecção de Apontamentos, “Recordar, Também é Reconstruir”, são agora com a necessária adaptação e revisão, o suporte desta primeira parte, “Subsídios para a História de Salvaterra de Magos”. Uma Colectânea Incompleta, edição online, que poderá ser impressa em papel e, no sistema informático, sem aquele cuidado gráfico desejado. Dos leitores apenas espero a desejada benevolência, por isso aqui fica desde já o meu pedido de desculpas. Setembro: 2010 O Autor JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)

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PALAVRAS DE CONFORTO: * Algumas entre muitas *

Ao prestimoso amigo José Rodrigues Gameiro, dedicado colaborador, do “Aurora do Ribatejo”, em testemunho de gratidão Ano: 1967 O Director

a) - Joaquim A Pereira dos Santos

In) – Oferta das edições (encardenadas) do Jornal “Aurora do Ribatejo”, que se encontram na Biblioteca Municipal, em 1985

****** Cumprimentos * Agradece, a José Gameiro, Reconhecidamente a Divulgação “ Ano: 1972 a) – José Amaro Dr. Amaro D` Almeida (Médico) In) – Livro: Contos do Ribatejo “ O Último Dia do Lobo em Salvaterra” ****** Ao José Gameiro, com muita Admiração 5/7/1968 a) – Tareka (Ângela Sarmento) In ) – Livro: Histórias Breves de Autores Portugueses * Os Dias Longos”, ****** Ao José Rodrigues Gameiro, meu querido e velho amigo, com admiração e, estima Ano: 1970 a) Ângela Sarmento In ) – Livro: A Árvore ****** Para o Senhor José Gameiro * Aqui lhe deixo o livro sobre Ornitologia de Angola, que lhe tinha prometido * Muito Atentamente Ano: 1997 a) – Viriato C. Ferreira In)– Livro: Ornitologia de 1983 * Angola * 1º Volume (Non Passares) * Autor: A.A. Rosa Pinto *******

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Pela colaboração, no livro do Padre Camilo, ofereço um exemplar ao grande amigo e colega de trabalho, no JVT * José Gameiro * Um Abraço Setº / 1978 a) Mário Gonçalves In) – Livro: Samora Correia, Através dos Tempos * Autor, Padre Camilo Neves Martins * 1996

***** Ao meu amigo de infância, com um abraço de estima Ano: 2005 a) Manuel Naia

(Padre, Prof. Doutor Manuel Augusto Naia da Silva)

In) – Livro: Temas Comuns no De Benefiis de Séneca * E na Virtuosa Benfeitoria do Infante D. Pedro * Dissertação de Doutoramento em Língua e Cultura Latinas * Apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanistas da Universidade Nova de Lisboa * 1996 ******

“Que este livro sirva de eterno elo de amizade que nos une”

06/12/1989 a) – Joaquim Mário Silva Antão * Vereador da Cultura*

In) – Livro: O Paço Real de Salvaterra de Magos (A Corte * A Falcoaria * A Ópera) - Autores: Joaquim Correia da Silva e Natália Correia Guedes

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Ao Senhor José Rodrigues Gameiro, que muito admiro pela sua imensa curiosidade.... “Ofereço este livro que lhe prometi nas Jornadas Históricas em Salvaterra de Magos”

Lxª 4 de Agosto de 2004 a) Justino Lopes de Almeida

In) - Livro: Estudo de História da Cultura Portuguesa * Edição: Academia Portuguesa de História e Universidade Autónoma de Lisboa * Pelo Académico de Número * Justino Mendes de Almeida * Reitor da Universidade Autónoma de Lisboa ****** Ao antigo Director, José Gameiro, pelo trabalho e zelo dedicado ao Centro Paroquial e pelo seu gosto na preservação do património cultural de Salvaterra de Magos15/12/1997

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a) Padre, Agostinho de Sousa In) – CENTRO PAROQUIAL “50 Anos de Acção Social em Salvaterra de Magos (1947-1997)” “AO ZÉ GAMEIRO – COM UM ABRAÇO “ “Se existem campeões mercê do exclusivo feito dos seus pombos – também os clubes estão cheios de outros “campeões” que não subindo ao pódio, nem por isso são menos dignos de consideração. São aqueles que enamorados pelo feitiço columbófilo, enquanto entretenimento dão tudo o que têm lá dentro em dedicação, esquecendo quase sempre os seus próprios interesses. Os campeões desportivos recebem taças, medalhas, dinheiro – tudo isso embrulhado em jubilosos abraços e aplausos de quem sobe a ladeira da glória; os outros, os cabouqueiros dos clubes, aqueles que endireitam as veredas por onde os outros passam, remetem-se ao anonimato e, muitas vezes, a sua recompensa final é um cruel e sonoro pontapé no sítio onde as costas acabam. Cremos (e desejamos) que, Salvaterra de Magos, seja neste aspecto, um oásis no deserto, onde moram essas mais que frequentes ingratidões. De qualquer modo não podemos deixar de registar o nome de um HOMEM – José Gameiro – que hoje, a entrar nos quarenta, e desde os 15 anos é um “campeão” na divulgação Columbófila, levando a toda a parte, pela palavra escrita, a voz dos columbófilos seus conterrâneos. Em mil sítios e por mil formas essa voz está gravada. Filho de um velho columbófilo, José Gameiro Cantante, que chegou a ser sócio número 4 da Sociedade Columbófila local – Gameiro, possui um pequeno pombal com 20 pombos, e joga-os sem qualquer preocupação de resultados. Enamorado das coisas da sua terra, possui uma rica e numerosa biblioteca, guião da história, de ontem e de hoje, das terras de Salvaterra. Correspondente de vários jornais – quando era difícil selo, incluindo está bem de ver, a nossa Revista Columbófila. A RDP e a TV, já se têm aproveitado dos seus conhecimentos, para saber coisas lá do burgo. Sendo um autodidacta, é como empregado de escritório, que no trabalho e pelo trabalho, ganhou as esporas do traquejo jornalístico, José Gameiro, tem dedicado um grande carinho à divulgação do ideário columbófilo. Saber reconhecer, estar pronto a dizer um OBRIGADO, AMIG0! Não fica mal a ninguém. Assim – e só assim! – Entendemos a vivência desportiva. É por isso com um sonoro HURRA!.... HURRA!.... de amizade, aqui deixamos uma muita singela homenagem ao Zé Gameiro e fazemos votos para que o seu “namoro” com a columbofilia e com as coisas da sua terra, continue por muitos e muitos anos .... “ ( In - Revista Columbófila) - 1975 * a) JOSÉ SARDINHA ******

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EDITORIAL JOSÉ GAMEIRO, SEJA BEMVINDO AO JVT

Com as novas instalações do Jornal Vale do Tejo, agora na rua Elias Garcia, em Salvaterra de Magos, a direcção deliberou reforçar também os seus recursos humanos, convidando José Gameiro para Secretariar a Redacção, porque é sempre importante conhecer um pouco melhor quem escreve quinzenalmente nestas páginas, não podia deixar de aludir alguns pormenores desta que é considerada uma das figuras carismáticas de Salvaterra de Magos: foi durante muitos anos participante activo em muitos periódicos regionais, e nalguns nacionais; José Gameiro, autor de quatro trabalhos literários, sobre Salvaterra de Magos, tem sido um incansável autodidacta, cuja investigação histórica, social e geográfica parece fazer parte do quotidiano. Até um intelectual da Universidade de Coimbra, que estava então a preparar a sua tese de doutoramento, quis um dia conhecer José Gameiro, para que este lhe pudesse ajudar a deslindar dúvidas sobre algumas matérias da história salvaterrense. Como é indulgente confrontar alguns sonhos e criações da vida de José Gameiro, com ele estamos sempre a aprender. A cada instante saboreamos novos horizontes do conhecimento que são certamente apanágio da vida enquanto saber. A experiência e as vivências, por vezes duras do passado, são a chave – mestra para que hoje se consiga abrir portas, que são claramente as etapas duma vida que transita até ao desenlace. Amante das aves, essas aves que têm decididamente um campo de visão mais amplo que o homem, uma arena menos poluída, uma liberdade mais apurada e distante, um conhecimento e um saber diferente do nosso. É também de aves que, José Gameiro fala com facilidade, explica aos mais velhos e incentiva os mais novos a apreciarem a beleza e a acrobacia de cada voo. É sobre tudo isto e muito mais, que em cada momento de labor, o amparo de José Gameiro coadjuvará o nosso jovem corpo de redactores. A simbiose entre os jovens e este amável e simpático veterano será a elasticidade propícia as muitas passagens e cheias de novidades que pretendemos continuar aqui no vosso JVT * a) Mário Gonçalves ( In - Jornal Vale do Tejo * Edição de 9/7/19 )

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I FORAIS, E OUTROS DIPLOMAS OFICIAIS NOTA PRÉVIA Os Forais, eram documentos da Idade Média, que outorgavam, Doações Reais, Conquistas do Povo e, incluíam decisões discutidas em Senado como; as Leis das Sesmarias. Eram leis, importantes para o desenvolvimento económico, cultural e social das povoações agora sob o domínio português. Salvaterra de Magos, em 1295, recebeu do rei D. Dinis, o seu primeiro Foral, onde lhe atribuía regalias e deveres.

Um outro Foral de 1455, copiado ao de Santarém e, um outro também de D. Manuel I, em 20 de Agosto de 1517, que confirmou as primeiras regalias, e lhe atribuiu novas benesses e outras responsabilidades a 40 lavradores.

A importância do seu porto fluvial, tem mais acuidade em 1680, onde para além das

cargas de pescado e material transportado por via dos fragateiros, que aqui aportavam, o

movimento dos bergantins reais era constante.

Outras tantas leis reais, outorgavam notável

importância a Salvaterra de Magos, perdem-se no resguardo nos códices.

O terramoto de 1755, e o de 11 de Novembro de 1858, com dois fogos no palácio, acabaram por completo com a sua vida social e política. Os restos que ficaram dos edifícios régios foram convertidos em pedra, sendo muita desfeita e aproveita para o calcetamento de algumas das sete ruas da vila, segundo alguns registos. O correio trocado a este respeito é de tal importância, que por aí se pode saber muito do que Salvaterra, tinha no campo da cultura, no país.

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OUTROS DIPLOMAS OFICIAIS A Doação de um Estandarte, a Nossa Senhora da Piedade, Padroeira da Capela Real, bordado a ouro, dos três conquistados na batalha de Ourique (Alentejo) O Regimento da Coutada Real de Salvaterra, assinado pelo rei D. Sebastião, em 1569 A venda de todo o património da casa real, no séc. XIX, incluindo o terreno da sua Coutada Real, ficando a população da vila e concelho de Salvaterra de Magos, sem aquela opulência do resguardo real, passando a uma vida recatada, igual à vivida na Lezíria ribatejana. A restauração do seu concelho, no reinado do rei D. Luiz, em 22 de Julho de 1863. As actas das reuniões, que levaram alguns “homens bons” de Salvaterra, a tomarem providências, para socorrerem a população, vítimas do Terramoto de 1909. A troca de correio, em 1927, para a devolução dos bens religiosos, confiscados após a implantação da República, em 1910, e que estiveram à guarda da Junta da Paróquia perto de duas décadas. A feitura do brasão, bandeira e selo municipal, em 1936, através da portaria 8.393 de 25 de Março, vivendo esta vila e concelho, sempre debaixo da alçada régia, nada disso possuía. A criação da comarca de Benavente, em 1965 (1), que só foi homologada, com a anuência do município de Salvaterra.de Magos, tendo existido trocas de terrenos em os dois concelhos, como contrapartidas. Em 16 de Março de 2005, os autarcas municipais, deliberação introduzirem algumas alterações, no diploma que criou e identificava o Brasão da vila e concelho. *****************

(1) - Jornal “Aurora do Ribatejo” – Dezembro de 1965

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A FALCOARIA REAL DE SALVATERRA

NOTA PRÉVIA

A Cetraria, sendo classificada para além de uma arte é uma ciência, vem de milénios atrás. Os romanos, encontraram em Diana, a deusa da Castidade e da Caça. Os povos Árabes, especialmente os Sauditas, foram seus percursores, onde usavam o Açor, o Falcão e o Gavião, entre outras espécies, que incluía a Águia, na caça de Altanaria. Na Europa, os dinamarqueses, ombreavam com os holandeses, no início da Cetraria, na época medieval, tendo os espanhóis grande sorte na península ibérica, pois a abundancia daquelas espécies cinegéticas, era conhecida entre outras serras, na Serra Morena. Em Portugal, o Gerês, era o local mais conhecido do seu habitat.

Em 1210, mais propriamente a 28 de Dezembro, pode ler-se um correio sobre a arte de caçar com aves de rapina, desde os primeiros séculos da nacionalidade portuguesa. Sabe-se que esta prática de caçar, há muito era

usada pelo povo “Mouro” que vivia nas terras, que deram origem a Portugal, como país. Baeta Neves, que se socorreu das pesquisas efectuadas por Rui de Azevedo, P. Avelino de Jesus da Costa e Marcelino Rodrigues Pereira, publica parte desse documento na Separata do Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa.

“A dhuc concedo ut nunquam teneatis in domibus nestris meos aztorarios neque falcoanarios neque blistarios neque detis eciam bestias meis aztoraiis neque falconariis quod ducant illas ad ripariam” ************* Pintura: Do Livro – A Propósito de Caça, pág. 479

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Este documento, é parte da correspondência que o rei enviou ao Bispo de Coimbra, onde isentava todo o clero de irem ao fossado e, a qualquer outras expedições, a não ser contra os mouros que invadem o país. Nota-se assim, o grande interesse que os primeiros reis de Portugal, mostravam por esta forma de fazer caça, que foi ombreando com os seus parentes espanhóis, durante séculos. Alguns tratados descrevem sobre a Altanaria em Portugal,, ou mesmo sobre a Cetraria, Um deles, da autoria de Diogo Fernandes Ferreira, escrito em 1616 e, recentemente reeditado, com o titulo “ A Caça com o Falcão”. Não devemos menosprezar ensinamentos sobre este tipo de caça que nos legaram, grandes apaixonados por este tipo de caça. . Cento e cinquenta anos depois, numa carta de 22 de Fevereiro, em 1366, D. Pedro I, faz doação a Luiz Anes, falcoeiro do rei, de duas casas, uma olaria e um barreiro, e ainda uma terra de bacelo, na região de Beja e em seu termo, em troca com a vila de Salvaterra de Magos. Esta doação engloba também seus filhos, demonstrando-lhe assim o seu apreço. Com o decorrer dos séculos, cada vez é mais forte o gosto pela caça de Altanaria em Portugal,

onde os monarcas vão assinando leis de protecção às aves de rapina e dando novas regalias a quem delas tratava com desvelo e carinho. Em Portugal, mais recentemente, temos à nossa disposição o livro “A Propósito de Caça” de João Maria Bravo, com os seus Subsídios para a História da Falcoaria em Portugal, que nos descreve muito sobre a arte da Cetraria. O espanhol, Félix Rodriguez de La Fuente, dedicou parte da sua vida a estudar o comportamento de muitas aves de rapina nesta forma de caçar. e, o português, Nuno Sepúlveda Veloso, deixou-nos a sua

experiência dos tempos em que caçava desde a Ota a Elvas, sem ver as suas aves, presas ou mortas ingloriamente a tiro, ou em qualquer fio eléctrico. A FALCOARIA REAL DE SALVATERRA O Infante D. Luiz, desenvolveu a Coutada de Salvaterra, para tal prática, no entanto esta teve o seu apogeu com o rei D. José, onde a Montaria também tinha lugar, suas nas terras. O gosto desta forma de caçar, que já vinha de D. Pedro II, como se pode ler num relato descrito. AS RUINAS DO PALÁCIO DA FALCOARIA No ano de 1953, eu, incluído num grupo de 40 repetentes da 3ª classe, manifestamos a nossa curiosidade em conhecer as ruinas da Falcoaria e, lá nos facultaram a visita ao Pombal, com dificuldade nos movimentamos no seu

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interior, estava cheio de velharias, mas podemos apreciar e contar, na parede redonda, os 310 buracos, eram os ninhos onde os pombos criavam. Quanto ao antigo palácio, com moradores nas alas da frente, estava também em estado de ruina e servia de arrecadação de material agrícola. É uma construção edificada primitivamente nas extremas com o concelho de Benavente, para Poente da vila, foi construído um edifício apalaçado (1), que mais tarde viria a servir para a Falcoaria de Salvaterra de Magos, e seus anexos, incluindo um Pombal, com casas de habitação dos falcoeiros. Todo este conjunto de construções foi construído no séc. XVIII, chegou aos nossos dias, mesmo que, em grande parte adulteradas na sua traça original. Segundo, Joaquim Silva Correia e sua filha Natália Correia Guedes, no livro, O PAÇO REAL DE SALVATERRA DE MAGOS, editado de parceria com a câmara municipal local, descreve nas suas páginas toda a grandiosidade e beleza em que se vivia, nesta vila.

Na última década do séc. XX, os autarcas; António Moreira e José Gameiro dos Santos, puseram grande empenho quer na recuperação daqueles edifícios, quer na volta da tradição da arte da caça de altanaria a Salvaterra, o que levou à feitura de projectos de arquitectura para os edifícios e, destiná-los ao turismo local, albergando o Museu Nacional da Falcoaria. Entraram em conversações com o seu proprietário na altura, Jorge de Melo e Faro (Conde de Monte Real), que em cerimónia pública, fez a sua venda a custo zero para a autarquia, visto também estar empenhado na valorização daquele espaço e, ser um apreciador da arte de caçar, que é a Cetraria. O telhado do edifício principal, acabou por cair, e as obras levadas a cabo pelo executivo de Ana Cristina Ribeiro.

************** (1) Segundo Francisco Câncio, o edifício teria sido o primeiro Palácio da vila, sendo depois destinado a Falcoaria, com as obras realizadas pelo Infante D. Luiz ********** * PALACIO E POMBAL - Considerados Monumentos de interesse público, pelo Dec. – Lei do ano de 1958 *

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O POMBAL Uma bonita e original construção, suporta nas paredes do seu interior 310 “buracos”, onde os pombos criavam, para servirem de alimentação e treino às aves de caça, como: Falcões, Açores e Gaviões.

Emparedado num conjunto de edificações rasteiras construídas a esmo, habitadas por famílias de parcos recursos, está o Pombal, uma construção redonda mal cuidada, que séculos atrás fazia parte da Falcoaria real de Salvaterra de Magos. A existência de um Pombal, com estas semelhanças, é única na Península Ibérica, tem no entanto a origem do seu desenho na Holanda, o que levou os autarcas da época a vários contactos que

levaram a uma geminação com o município holandês de Valkansuaard, local de onde vinham os Falcoeiros. Assim, nos descreviam a situação, visitantes de património local.

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III

MONUMENTOS E TEMPLOS RELIGIOSOS

DE INTERESSE PÚBLICO

NOTA PRÉVIA Certo é, sendo arrolados os bens da ex-comenda de Salvaterra de Magos, em 1877, e a venda em 1891, muitas construções desaparecidas, agora nos fariam recordar a grandeza que Salvaterra possuiu na área arquitectónica. Os anos passaram, as calamidades naturais e as transformações que os particulares promoveram, ao adquirirem tal espólio, Salvaterra ficou mais pobre. Os monumentos, ou construções com traça de interesse público, existentes em Salvaterra de Magos, são agora tão poucos, que os dedos de uma mão chegam para os identificar: Igreja Matriz, Palácio da Falcoaria e seu Pombal, Antiga Capela do Paço Real, Antigas Chaminés das Cozinhas do Paço Real, Capela da Misericórdia, Fachada do Edifício e Salão Nobre da Câmara Municipal, Edifícios Apalaçados do séc. XIX e Frontões Religiosos.

A CASA DO MONTEIRO-MOR Para além da grande construção de estilo Manuelino, que vai da antiga Capela Real ao que foi o Largo da Fonte de Santo António, terminando na Trav. do Secretário, que se encontra num estado de grande degradação, com portas e janelas emparedadas, onde ainda no séc. XVIII, Ali estavam instalados os serviços de administração da Casa Real de Salvaterra e, da sua Coutada Real.

Junto à Igreja Matriz, na entrada da rua Luís de Camões (antiga rua Direita), pode-se apreciar a fachada do edifício que serviu de residência do Monteiro-Mor de Salvaterra de Magos. Nos tempos que correm, sendo propriedade particular, já foi habitação e, estabelecimento de roupas e mercearia,

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ultimamente está lá instado um café. Quando do terramoto em Lisboa de 1775, a povoação de Salvaterra, sofreu grandes danos nas construções e, a casa municipal, encontrava-se num estado de grande precariedade, segundo alguns relatos da época. O tempo decorreu, e as petições param um novo edifício, onde a autoridade concelhia, se instala-se com dignidade duravam há já alguns anos. A rainha D. Maria II, cedeu do seu património uma casa apalaçada, sendo estruturada para servir a municipalidade de Salvaterra de Magos. Recebeu outras reparações, por causa dos sismos de 1858 e 1909 e, nos anos de 1982/83, volta a receber obras de conservação, com uma grande remodelação no seu interior. Um novo reboco na fachada, e mudança de telhado. acompanhada de alterações nas salas, foi construída uma escada em ferro no seu interior, que passou a dar acesso entre os dois pisos do edifício. A sala-mor, ou salão nobre foi conservado. Novas obras são efectuadas, cerca de 20 anos depois, o interior do edifício é adaptado às novas exigências dos serviços, e no espaço da escada de acesso entre os dois pisos, foi instalado um elevador. Na frente do edifício, são efectuadas algumas alterações, com destino aos deficientes motores, parque de estacionamento para veículos e, a colocação de uma pequena construção em ferro, em frente à porta do rés-do-chão. CHAMINÉS DAS COZINHAS DO EXTINTO PAÇO REAL Quando da venda da casa real, o que ainda restava do antigo palácio de Salvaterra de Magos, também foi vendido em haste pública.

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Depois de ter vários proprietários, Manuel Vieira Lopes, antigo combatente da I guerra mundial, foi comprar este património, com o seu pequeno casario anexo, em licitação pública, no tribunal de Coruche, comarca que servia o concelho de Salvaterra. Nele instalou a sua residência e uma taberna, além de outros postos de venda.

Por volta de 1950, as três chaminés que pertenceram às cozinhas do palácio, passaram a estar incluídas no Restaurante Típico Ribatejano, tendo servido de atracção turística durante 30 anos. O Restaurante, mesmo fechado ainda agora contém todos os seus pertences, no entanto um diferendo judicial, entre os proprietários e o município local, alegando aqueles, que uma nova urbanização construída ao lado, colocou em risco

a existência deste património monumental, que são as chaminés. A CAPELA DO ANTIGO PALÁCIO REAL Sendo um edifício maneirista, construído em meados do séc. XVI, o seu interior divide-se em duas secções distintas.

Uma delas é constituída pelo corpo do templo de configuração quadrada, onde sobressaem três pequenas naves, de pequenas colunas clássicas adoçadas às paredes. Em outras duas colunas, assenta uma cúpula octogonal, na outra secção, pode-se admirar o Altar-mor, com dois corredores laterais, cuja

abóbada de berço surge de um entablamento longitudinal apoiado em colunas toscanas À abóbada central e a cúpula, irrompem de fortes entablamentos, um pouco desfigurados pela saliência, que apresentam no apoio dos arcos-testas, possivelmente de um enxerto posterior. O edifício, tem outras construções iguais, um em Tomar e um outro em Évora (Capela dos ossos). Na antiga Capela do Paço Real, desta vila, foi baptizado em 15 de Fevereiro de 1778, o Conde Oyenhausen, primo do Conde de Lipe, que tinha deixado a religião Protestante. Ali, casou o Duque Lafões, na altura com mais de 70 anos de idade, com uma filha do 5º Marquês de Marialva. No séc. XIX, em 24 de Outubro de 1897, o avô materno do autor destas linhas, João Lopes Rodrigues, foi baptizado naquele templo, sendo seu padrinho, Francisco Pedro Ferreira, campino e, sua madrinha, Nossa Senhora da Piedade, através da sua evocação, tendo tomado a insígnia da santa, Joaquim de Sousa Ramalho, conforme consta no seu registo de nascimento/ casamento/óbito. No templo, existia uma pequeno órgão de tubos, que em

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1964, um pequeno grupo de escuteiros, que ali se instalou, provocou-lhe grandes estragos.

O MILAGRE NA HORTA DO PALÁCIO

Ex-Voto

Numa parede da antiga capela do paço real de Salvaterra, existe um grande

painel com uma pintura, que conta a “história” do salvamento de uma criança,

no poço da horta real, situada ali a escassos metros no lado sul, no ano de

1746. Pelo seu sentido de devoção religiosa, a Nª Sª da Piedade, o painel ao

longo dos séculos tem sido guardado como um “ex-voto” (*) Esta preciosidade,

é a única neste campo em Salvaterra de Magos e, desde a implantação da

República em Portugal, em 1910, teve sempre uma “parança agitada“ depois

da separação da Igreja do Estado.

Todo o património religioso da Igreja Matriz e da Capela Real, foi sujeito a um

inventário dos “Bens e Imóveis” , passando a estarem à guarda da Junta de

Freguesia de S. Paulo, sendo devolvido após troca de vária correspondência,

em 22 de Janeiro de 1928, à então Corporação Paroquial Fabriqueira da Igreja,

com outros pertencentes religiosos da terra Voltou à capela, mas o edifício

uns anos antes tinha sido sujeito a obras de conservação e, na década de 50

do séc. XX, as irmãs; Sebastiana Fernandes de Sousa Vinagre e Leonor

Fernandes de Sousa Vinagre, tomaram a si os encargos do restauro naquele

painel. Enquanto foram vivas, conservaram-no em seu poder, o que ainda se

verificava em 1959 (1). Esta preciosidade iconográfica, mostrando uma das

fachadas do Paço Real, com sua arcaria e colunatas, tem servido para

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possíveis desenhos da sua reconstituição. Após a morte daquelas senhoras, o

quadro voltou à sua origem e foi novamente colocado numa das parede do

edifício. Em 1992, o vereador da cultura, Joaquim Mário Antão, encarregou-se

de providenciar a sua reparação, pois necessitava de grandes reparos,

voltando a ser reposto em Novembro de 1995, naquela capela. Nos últimos

anos, com a realização de exposições e outros eventos culturais ali realizadas,

é frequentemente retirado, o que causa grandes preocupações a muitos

apreciadores deste tipo de pintura, pois o seu lugar deveria ser sempre no

interior daquele antigo espaço religioso.

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(*) - Pintura a óleo sobre tela, com as dimensões, 99 x 71, 2 cm, recebeu o último restauro em 1992

(1) - Anais de Salvaterra – José estevam -1959 *********** ************

A CAPELA DA MISERICÓRDIA Templo fundado em 1660, no cimo de um Botaréu, entre a rua Direita e Rua Santo António. Tinha o nome daquele santo, servindo para a realeza fazer as suas devoções religiosas, quando das suas viagens de e para Lisboa, através da vala real pelo rio Tejo. Mais tarde, com nossa senhora da Conceição, como padroeira, foi doado à Misericórdia da vila. A capela, tinha um anexo, uma Albergaria (pequeno hospital), que servia de apoio aos peregrinos, cujo caminho destino era Santiago, em Espanha (1). A Albergaria, como espaço de assistência, foi perdendo actividade ao longo dos séculos e, foi-se degradando, até que quando da venda dos bens da casa

real, no séc. XIX, a Misericórdia deixou de encontrar ali, os apoios que recebia para acudir aos seus doentes. O terramoto de 1909, foi o golpe final na sua existência, pois a estrutura do telhado e demais divisões ruíram. Nos anos seguintes, o

espaço esteve arrendado a particulares, sendo a sua serventia, feita através da porta existente no Botaréu – lado da rua Cândido dos Reis.

Por volta de 1960 o seu espaço deu lugar, a um pequeno jardim, fruto da iniciativa do abastado lavrador, João Oliveira e Sousa, que morava junto ao local. A antiga fachada, do lado da entrada da capela, onde existia a porta principal encimada por uma pedra em mármore foi destruída e, a pedra foi colocada ao fundo, junto à porta de serventia, sendo nela colocado um gradeamento em

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ferro. A Capela, que também foi atingida pelo sismo de 1909, ainda tem no seu interior, nas paredes painéis de azulejos, do séc. XVIII, com episódios da vida de Cristo e da Virgem. No interior, no seu tecto, até 1979, existiam telas de pinturas (retábulos) de um grande valor artística e patrimonial, alusivos à misericórdia e à vida mariana. O temporal daquele ano, com a queda do telhado, danificou-as e, retiradas estiveram largos anos na capela real, recebendo anualmente alguma recuperação, por estagiários/alunos, da Fundação Espírito Santo. Fazendo parte, do espólio daquele templo, a misericórdia local, tem a responsabilidade de zelar pela sua recuperação e paradeiro. (2).

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********** *********** (1)Livro : A Misericórdia de Salvaterra de Magos * Dr. José Cardador * (2) – Uma reportagem sobre este edifício religioso, publicada no Jornal Vale do Tejo, em 2000, preocupava-se com o seu paradeiro e a sua recuperação como obra de arte. ************* ************

Os trabalhos de recuperação do edifício, ficaram concluídos em 1984, passando o templo a servir para as cerimónias exéquias dos mortos a sepultar no cemitério da terra.

A IGREJA MATRIZ

Templo religioso evocativo a S. Paulo, orago da freguesia de Salvaterra de Magos, foi construído em 1296, um ano depois da fundação oficial da sua vila e concelho. Situada no então centro da povoação, é um edifício bem conservado, tem no seu interior digno de ser visto: Na Capela – Mor, o altar de boa talha dourada, decorado com uma grande tela do séc. XVI, na boca da tribuna, bem

com o seu tecto onde repousam lindas imagens de santos. Existem dois cilhardes de azulejos azuis e branco da mesma centúria com cenas de correntes da bíblia. A pia baptismal, de traça vulgar é referenciada do séc. XVI. O grande do tecto do templo, está pintado de cor azul, onde uma linda pintura do santo Paulo, está rodeada de anjos “voando”. No interior, do lado norte, foi construída em 1659, uma capela, por devoção, ao “senhor morto” e, na sua entrada encontra-se a pedra tumular de Pedro Sanches. À entrada, num primeiro andar (falso) construído em madeira, encontra-se um móvel com um órgão de tubos, construído no séc. XVIII, foi recentemente recuperado. No reinado do rei D. Pedro II (1667-1706), foi alvo de obras de conservação, reparações também recebidas em outras situações, que se foram verificando com o passar dos anos como: nos sismos de 1755, 1858 e 1909.

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Também, em 1957, o padre José Rodrigues Diogo, pároco da freguesia, se empenhou com muito entusiasmo na sua conservação, foi modificado o seu interior, no espaço dos fiéis, aproveitou o Adro exterior ( lado norte), para construir novas salas. Também intercedeu este religioso, junto da câmara municipal, a substituição do antigo relógio, que tinha caracteres tipo romano, Nos trabalhos de reconversão junto ao altar, foram postas à vista pública, três pedras tumulares. Na altura, o padre Diogo, confirmou pelos documentos que tinha na casa da paróquia, que uma delas era do Bispo Soalhães, fundador do templo e, uma outra era do Conde dos Arcos. Em 1995, o Pe Agostinho de Sousa, pároco da freguesia, levou a cabo a substituição de todo o seu telhado, aproveitando, uma das salas para ali instalar o Museu de Arte Sacra, onde se encontra uma Pietá, em madeira, com boa policroma, da virgem com Cristo nos braços após a decida da cruz e, dois Cristos em tamanho natural – eram do espólio da capela real. Nestas obras, foi aproveitado para a instalação de um sistema informático, fazendo os sinos tocar para as várias cerimónias religiosas que tinham lugar diariamente. Foram conservados, os azulejos da torre, que uns anos antes por iniciativa do vereador da câmara, Cassiano de Oliveira, levou o município de Salvaterra, a substituir os primitivos colocados por volta de 1858. FRONTÕES RELIGIOSOS

A religiosidade da comunidade salvatoriana, perde-se nos tempos da sua fundação, no entanto foi volta do séc. XVII, que as manifestações se tornaram mais evidentes. A corte de D. Pedro II, acompanhada de embaixadores estrangeiros aqui, faziam a semana santa da Páscoa, a pratica da caça de

Montaria ao Javali, era a mais usada. Para comemorar, os festejos que se realizavam, especialmente com a procissão de Nosso Senhor dos Passos e, talvez por uma questão religiosa da época, muitas das residências passaram a ter nas suas fachadas, um FRONTÃO, que quase sempre era ocupado por uma imagem da crendice do proprietário. Ainda existem em Salvaterra de Magos, vários edifícios com esse tipo de construção. O Celeiro que foi da Companhia das Lezírias do Ribatejo e Sado, a Capela Real e, uma casa solarenga, na rua Cândido dos Reis. Esta última possuía uma estatueta em pedra, do Santo António, com o filho nos braços, que desapareceu, após o 25 de Abril de 1974.

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IV PALÁCIOS E PALACETES NOTA PRÉVIA Ao longo dos séculos, na vila de Salvaterra de Magos, viveram famílias, que possuindo brasão, ostentavam-nos, em forma de ”Pedra de Armas”, sendo as suas residências, local ideal para colocar o símbolo de sangue, ou fruto de uma benemerência real. Quando eu era menino, entre os 8 a 12 anos de idade, morava com os meus pais, no Botaréu da Capela da Misericórdia, ali perto existe o Solar do Barão de Salvaterra, de que descendem vários ramos da família Roquette. Muitas vezes entrei naquele Palacete. Nas paredes das salas, fascinavam-me os quadros e fotos de membros da família – senhoras com muitos caracóis e homens de farta barba e bigode grande, que teriam vivido no final do séc. XIX, início do séc. XX. Na parede exterior do edifício, uma pedra de armas, onde eu, perdia algum tempo tentando decifrá-lo, era o brasão da família. O tempo passou, talvez no ano 2000, fui revisitar aquela obra de arte, para além do Palacete que ainda ostenta uma outra grande beleza que são as suas varandas, cuja ferraria é digna de apreciar. O edifício foi mandado construir pelo 1º Barão de Salvaterra, Luiz Ferreira Roquette Pestana de Melo Travassos. PALACETE DOS ALMADAS A encimar o portão, do velho Palacete, encontra-se a “Pedra de Armas” dos Condes de Almada. É uma bonita construção, bem conservada ao longo dos tempos, encontra-se agora situada entre a Av. António Viana Roquette e Av. José Luís Brito Seabra.

Segundo alguns registos, foi construído na primeira metade do séc. XIX, sendo de realçar a sua fachada cheia de janelas, no início do séc. XX, pertencia à família Roquette e, nos anos 50, foi comprado por Armando Leitão Cabaço. Conta-se que nos seus terrenos anexos, ali se realizaram-se alguns

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“brincos reais”, pela sua configuração ainda existente leva a supor ali terem ocorrido alguns desses espectáculos taurinos. Numa outra entrada para a propriedade, já na actual rua Gen. Humberto

Delgado, existe um portal, onde se pode ler a inscrição de 1846. Esta família Almada, foi acolhedora de um dos dois irmãos Roberto, ambos famosos bandarilheiros, naquela época.

PALÁCIO DO BARÃO DE SALVATERRA PALACETE DA FAMÍLIA COSTA FEIRE Na rua João Gomes, uma grande construção, ainda é residência de descendentes da família Costa Freire, que ostenta no seu interior, o seu brasão e, tem cópia nos museus de Sintra, descendendo esta família do Desembargador da Corte, António Eliseu da Costa Freire. No dobrar do século séc. XX, o seu proprietário, lavrador, Ernesto Costa Freire, deu-me oportunidade de ver o brasão da sua família, ali no prédio. Por volta de 1980, a então proprietária; Henriqueta da Costa Freire, já viúva do Eng.º Carlos da Costa freire, facultou-me a visita a documentos oficiais oriundos da casa real, dados à família.

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PALACETE DO CONDE MONTE REAL

Construção primitiva feita pela família de José Luís de Brito Seabra, já no séc. XX, passou a pertencer a Jorge de Melo e Faro, II Conde de Monte Real. Ao longo dos anos, foi recebendo obras de conservação e remodelação. Com a morte do Conde e da Condessa, o palacete continua na posse dos seus descendentes.

OUTRAS CONSTRUÇÕES Com o decorrer dos anos o casario tradicional de casa rasteira e pequena, com chaminé de cano largo, foi dando lugar a prédios de vários andares. Da sua urbanização do final séc. XIX, início do séc. XX ainda conserva três ou quatro construções, que não são muito diferentes no seu estilo, são grandes casas apalaçadas, onde o tipo de decoração das frontarias é o azulejo. Eram construções, que mostravam a grandeza dos seus proprietários, pois imitavam as habitações dos novos-ricos, vindos de África e Brasil e, que marcaram uma época. Ainda se podem apreciar, o da família Costa Ramalho, na rua Alm. Cândido dos Reis, um outro na Av. José Luiz Brito Seabra, que foi mandada construir por António Jorge de Carvalho, um outro ainda no Largo da Igreja Matriz, que pertenceu aos famosos toureiros, irmãos Roberto (s). Um outro situa-se junto à capela da misericórdia, da família Oliveira e Sousa, onde se pode apreciar um Mirante, que decerto em tempos recuados, se via o campo, o rio Tejo e as vilas de Azambuja e Vala do Ribatejo.

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v

BRASÕES E CASA BRASONADAS

NOTA PRÉVIA

Por volta de 1985, um dia de visita a meus familiares em Cascais, dei comigo a falar com o patrão de um deles, era um 2º neto de José Luís Brito Seabra. Sabendo do meu interesse pelas coisas da história da minha terra – Salvaterra de Magos, logo me pediu informações sobre aquele antecessor do seu ramo genealógico. Depressa, ´reuni alguma documentação, que ao longo dos anos fui guardando e, dela fiz chegar ao interessado. Uns meses depois, recebi a promessa feita do primeiro encontro – Uma grande moldura com a foto, de José Luís Brito Seabra, que a família guardava no seu Palacete, em Valada d Ribatejo. Mais tarde, recebo correio, onde me enviava um livro da sua raiz genealógica – OS SEBRAS, DO RIBATEJO! Naquela edição, já estavam incluídas as informações que, entretanto já tinham oferecido ao interessado. Do quadro fotográfico de José Luiz Seabra, fiz chegar à câmara municipal de Salvaterra de Magos, para ser exposto na biblioteca municipal, acabada de inaugurar conforme desejo do ofertante. Do pequeno livro da genealogia dos Searas, verifiquei que a árvore genealógica, tinha ramos cruzados com a família Roquette. Da pessoa de D. Teresa Roquette (Rocha e Melo), obtive informação sobre a sua descendência. Sobre a família Costa Freire, foi a D. Henriqueta Rosa Rodrigues (Costa Freire), que disponibilizou-me a documentação necessária. Quanto à família Monte Real, recorri a várias Enciclopédias. Na vila e freguesia de Muge, do concelho de Salvaterra, desde o séc. XIV, existe a Casa Cadaval, iniciada pelo Duque Nuno Alvares Pereira AS NOBRES CASAS BRASONADAS DO SEU CONCELHO O primeiro Foral, em 1295, como documento régio, iniciou a povoação de Salvaterra de Magos, no municipalismo e, assim ficou ligada à raiz dos concelhos imperfeito, como regista o escritor: Eça de Queiroz. Foram seus lavradores e proprietários ao longo de muitos séculos, fidalgos, com casas brasonadas. Da região da Flandres, no Sul da França, vieram colonos que aqui se fixaram, dando origem aos usos e costumes de um povo rural. O seu campo foi também coutado régia, dando origem a grandes movimentações de pessoas no palácio real, em plena vila, com mais acuidade entre os séculos XVI e XVIII.

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A vila de Salvaterra de Magos, de início tinha na sua área urbana sete ruas, conforme nos mostra um mapa de 1789 e, nele se vê existirem edificados palácios e edifícios solarengos. Até 1909, data do desaparecimento do que foi o Largo de S. Sebastião, existia a Albergaria da vila. Naquele antigo espaço, uma construção solarenga ainda hoje nos mostra, a encimar o portal, uma pedra de armas que, pertenceu à família dos Almadas. A NOBRE E ANTIGA CASA DOS COSTA FREIRE Fidalga e bem antiga, é a linhagem dos ramos que deram origem à árvore genealógica; da Costa Freire, de Salvaterra de Magos. No seio da família ainda existe a crença que, um remoto parente, por ser

olheiro, quando da descoberta, da Índia, lá foi a mando do rei, confirmar tal encontro de terras e bens. Por tal serviço prestado à coroa, recebeu benesses e foi feito fidalgo. No entanto a tradição histórica que, é para eles motivo de legítimo orgulho, é a carta régia passada em 1749, em que a família Costa Freire, é

reconhecida e brasonada. É do conhecimento, que aquela família começou com Pedro Joaquim da Costa Feire, casado com D. Maria da Conceição Avelar Freire, filha do último morgado de Alviela.

Vários membros da família, estão referenciados como pertencentes aos serviços da casa real e, ao Almoxarifado de Salvaterra de Magos. O solar, casa opulenta para a época, foi mandada construir em

Salvaterra de Magos por, José dos Santos Freire, em 1751, edificada na rua João Gomes, suposto gravador - ex-librista, que viveu no séc. XVI. Na geologia desta família, consta ainda que um seu membro, António Eliseu da Costa Freire, após enviuvar encaminhou a sua vida para a privação religiosa, tornando-se frade. No início do século XX, a linhagem tinha em Carlos Avelar da Costa Freire, falecido em 1924, casado com D. Maria Henriqueta da Silva Santos Freire, o início de um ramo geracional.

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A família Costa Freire, tendo no brasão os seus quatro campos familiares, estão instalados numa construção heráldica do tipo inglês, sendo de raiz fidalga, não consta que o seja de raiz carnal, pois o uso de tal distinção foi concedido. O seu escudo de armas, foi “beber” em familiares afastados, ou próximos, que dependiam de ramos genealógicos como: Os Costa, Tavares, Rus e Coelho. Este símbolo familiar, encontra-se exposto na famosa sala dos brasões, no palácio de Sintra.

Com os filhos: Henrique Avelar da Costa Freire, Ernesto Avelar da Costa Freire, D. Eugénia Avelar da Costa Freire (Torres) e Carlos Avelar da Costa Freire. As Filhas deste último, foram D. Maria Eugénia da Costa Freire e D. Maria Luísa Santos da Costa Freire. A casa Costa Freire, enveredou os seus rendimentos na área da agricultura, onde possuía imensas propriedades, no Ribatejo, nos concelhos de Salvaterra, Coruche, Benavente e Azambuja. No entanto ainda existe no seu Palacete, de Salvaterra, uma sala recheada de troféus e baquetes de flores, recebidos por alguém da família que, no século XIX, se salientou na arte de bem tourear, recebendo fama e proveito.

Carta Régia

“ Dom João, rei de Portugal, por graça de Deus, faço saber aos que esta minha carta

virem que José dos Santos Freyre, Almoxarife do Paço Real da vila de Salvaterra de

Magos, me fez petição dizendo-me que ele vinha por legitima descendência da geração e

linhagem dos Costas, Coelhos, Tavares e Freyres, as quais gerações neste Reino são de

Fidalgos de Linhagem e Cotta de Armas e me pedia por mercê que para memória dos

seus antecessores se não perder e ele usar, e gozar de honra e armas que pelos

merecimentos de seus serviços ganharão e lhe forão dadas affim dos privilégios, honras,

graças e mercês que por direito, e por bem dellas lhe pertencem, lhe mandece dar minha

carta das ditas Armas que estavão registadas em livros dos registos das Armas dos

Nobres e Fidalgos dos meus reynos que tem Portugal meu principal das Armas dos

Nobres e Fidalgos dos meus reynos que tem Portugal meu principal Rey de Armas

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para o que me apresentou sua pertença de justificação de sua ascendência e nobreza

proferida pello Doutor Francisco Xavier Porcille, meu Dezembargador e Corregedor

Cível.”

A FIDALGA CASA DO BARÃO

DE

SALVATERRA DE MAGOS

Resenha Geológica da Família Ferreira Roquette

O primeiro título, data de 1745, sob forma de brasão honorífico,

assinado a 3 de Junho, por El-rei D. João V, nos seus termos

precisos e enaltecedores, constantes da carta de armas daquele dia e

ano, concedida a João de Melo Pestana Travassos que, foi 3º avô

do primeiro Barão de Salvaterra de Magos. Só mais tarde, em

1770 o rei D. Luiz I, em testemunho de muita consideração e

apreço, em que tinha a pessoa, de Luiz Ferreira Roquette Pestana de Melo Travassos,

filho de António de Carvalho Roquette Pestana, fidalgo da casa real e, de D. Ritta Leone

Barreto de Melo (N.? – Faleceu 1884) Pestana Travassos, concedeu-lhe o título de

Barão de Salvaterra de Magos, criado expressamente para esse fim. Esta distinção,

como as de Comendador das Ordens de Nossa Senhora da Conceição e de Isabel a

Católica, juntou ao título de fidalgo da Casa Real, já usado por herança familiar.

Com vasto património, em imóveis urbanos na vila, a Casa do Barão, também tinha

no concelho entre outras, as propriedades rústicas; Quintas de Santa Maria e S. José,

Sesmarias, Pinhal dos Morros, Alagoa das Eiras, Corte do Freixo e Boca da Goiva,

além das terras da Salema, no concelho de Benavente.

Casa agrícola, grande produtora de cereais, vinho e arroz, também era detentora de

muito gado, vacum e ovino, fabricava: queijo fresco e seco. Por volta de 1920, construiu

em seus terrenos na rua do Calvário, uma grande adega, edifício que durou mesmo

desactivado até finais do século, dando origem a uma nova urbanização no local.

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Árvore Genealógica da

Família Ferreira Roquette (A)

0 - Leon de La Roquette, natural de Paris, casado com Bárbara Dum, de nacionalidade Inglesa ? 1 - Claudé de La Roquette, Do 1 º Casamento c/ Catarina Manions, nasceram 3 Filhos - Do 2º Casamento c/ Maria Garcia de Oliveira e Silva, nasceram 7 filhos:

João de Melo Pestana Travassos * Recebeu, em 1745, o título de fidalguia em forma de Brasão Honorífico, em Carta de Armas, concedido a 3 de Junho, pelo rei D. João V * (3º Avô do Primeiro Barão de Salvaterra)

António de Carvalho Roquette Pestana, casou c/ Ritta Leone Barreto de Melo Pestana Travassos, Pai de:

Luiz Ferreira Roquette (de Melo Travassos) – ( N ? – F.1884 ) * 1º Barão de Salvaterra * Em 1770, recebeu do rei D. Luiz I,

através do Dec. Lei de 29 de Agosto, o titulo de Barão de Salvaterra de Magos, que juntou aos já possuídos: de Fidalgo da Casa Real, recebido por herança, * Comendador das Ordens de Nossa Senhora da Conceição e de Isabel a Católica. Foi presidente das Câmaras Municipais de Salvaterra de Magos e Benavente. * Casou Maria Isabel de Magalhães, que usou o titulo: Baronesa de Salvaterra. José Ferreira Roquette (0000 - 1914), Sucedeu a seu pai, na posse da casa e do titulo de: 2º Barão de Salvaterra

Luiz Ferreira Roquette; (Engenheiro-Agrónomo), sucedeu a seu pai, na casa e, no titulo Barão de Salvaterra * Foi presidente da Câmara do Concelho de Salvaterra de Magos, de 1933 a 1935 * faleceu em Julho de 1936 José Manoel Viana Ferreira Roquette; Filho de João Ferreira Roquette, irmão do Luiz e do António Viana, recebeu o título de Barão de Salvaterra, por seu tio: Luiz Ferreira Roquette, não deixar descendência.

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Dr. António Viana Ferreira Roquette; Sucedeu a seu irmão na administração da agrícola, foi presidente da Câmara de Salvaterra em 1936/194 * Deixou descendência “Ramo: Viana Roquette”

José Luís Seabra Ferreira Roquette Presidente da Câmara de Salvaterra, em 1935/37, e 1954/1957

OUTROS DESCENDENTES DA FAMILIA ROQUETTE

JOSÉ LUIS DE BRITO SEABRA (*) Filho de João Jacinto Seabra, (nascido em Agosto de 1799, em Valada, falecido em Salvaterra, 1845) e de Maria Joana Roquette da Silva e Brito, Natural de Benavente. Nasceu em Salvaterra de Magos, a 3 Agosto de 1845 e faleceu em Valada do Ribatejo, a 27 de Junho de 1893.

A ORIGEM DA GENEALOGIA MONTE REAL

(Conde) Titulo criado em 1907, através do decreto assinado pelo rei D. Carlos I, foi seu primeiro titular, Artur Porto de Melo e Faro, nascido no Rio de Janeiro (súbdito português), era filho de; José Dionísio de Melo e Faro e de D. Amélia Augusta da Silva Porto. Casou o Conde de Monte real, com D. Laura Cardoso Diogo da Silva. Dos três filhos nascidos; Jorge Cardoso Pereira da Silva de Melo e Faro, nascido em 31.7.1916, foi o herdeiro do título, casou com D. Maria Teresa de Castro Pereira Guimarães. Jorge de Melo Faro, aparece a titular bens e propriedades em Salvaterra de Magos, que recebeu de seu pai, que lhe passaram a pertencer por faltas cometidas no campo dos negócios, por um membro da família Brito Seabra. O Solar, uma peça emblemática da Casa do II Conde Monte Real, em Salvaterra de Magos, tem a sua construção original no final do séc. XIX, inicio do séc. XX, pela família Brito Seabra.

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A EXCELSA E NOBRE CASA CADAVAL DE MUGE

Sua Origem

Esta nobre e excelsa família assume o seu legado genealógico a partir de D. Nuno Álvares Pereira de Melo, nascido em Évora (1), no dia 4 de Novembro de 1638 e Faleceu a 27 de Janeiro de 1727.

AS ARMAS As armas de Cadaval, são as antigas da Casa de Bragança – Uma Aspa Vermelha em campo de prata e nela o escudo das quinas.

SENHORIO O grande condestável do reino que foi senhor das terras de: Cadaval, Vila Nova de Anços, Álvaiazere, Rabaçal, Arega, Buarcos, Anobra, Carapito, Murtágua, Penacova, Vilalva, Vila Ruiva, Albergaria, Água de Peixes, Peral, Cercal, Póvoa, Santa Cristina, Tentugal, Muge, Noudar, Barrancos, etc. * Foi Alcaide-mor das vilas e castelos de Olivença, e de Alvor. * Comendador das comendas de: Santo Isidoro (vila de Eixo), Santo André de Morais, Santa Maria de Marmeleiro (1), S. Mateus, Sardoal, pertencentes à ordem de Cristo. Grandola, da ordem de S. Tiago. *********** (1) - Alguns documentos dão-nos o seu nascimento em Cernache de Bonjardim e Flor da Rosa (Dic. História Portugal - Joel Serrão)

Foi Noudar, da ordem de Aviz. * Pertenceu aos conselhos de estado e da guerra, dos reis de D. Afonso VI, D. Pedro II e D. João V * Teve os cargos de Capitão - General da Cavalaria da Província da Estremadura. Governador das Armas de Setúbal e Cascais, entre outras cidades. GENEALOGIA D. Nuno Álvares Pereira, era filho do 3º Marquês de Ferreira e 4º Conde de Tentúgal, dois títulos que sempre se mantiveram juntos com o de Cadaval. Tendo a mesma varonia que a casa de Bragança, porque descende de D. Álvaro, 4º filho de D. Fernando – 2º Duque de Bragança e de sua mulher a Duquesa D. Joana de Castro, filha de D. João de Castro, senhor do Cadaval. * Na árvore genealógica que descende do ramo de D. Álvaro, para além dos títulos atrás referidos, também possuía em Espanha, os de Marqueses de Vilhescas,

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Condes de Gelves e Duques de Veragua. * Quando D. João IV, foi aclamado rei de Portugal, seus pais, os Marqueses de Ferreira, mudaram residência para Lisboa e D. Nuno Álvares Pereira, teve educação no paço real. Três anos, após o nascimento, em 20 de Março de 1641, foram concedidos os títulos de Conde de Tentúgal, com retroactivos de validade ao dia em que nascera, acumulado com o de Alcoutim * Com apenas 10 anos de idade, o rei D. João IV, autargou-lhe o titulo de Duque de Cadaval, pela alegria do nascimento do Infante D. Pedro. Aos 19 anos de idade, quis D. Nuno, tomar parte na guerra do Alentejo, mas a rainha regente D. Luísa de Gusmão, proibiu-o de tal dislate, pois fazia falta na corte.* Mais tarde, em 1658, tentou novamente alistar-se no exército, o que lhe foi dada permissão, até porque a rainha tencionava nomeá-lo General de cavalaria. Ao longo da sua vida, D. Nuno, exerceu altos cargos e desempenhou funções políticas de grande interesse para o interesse do país. Tendo casado três vezes, destes matrimónios descenderam muitos filhos, alguns dos quais foram encaminhados para a vida religiosa, por serem ilegítimos.

OS TITULARES DA CASA CADAVAL

Foi 2º Duque de Cadaval, D. Luís Ambrósio de Melo, filho do primeiro duque; D. Nuno Álvares Pereira de Melo, e da sua terceira esposa, a princesa D. Margarida Armanda de Lorena.* 3º Duque de Cadaval, D. Jaime Álvares Pereira * 4º Duque de Cadaval, D. Caetano Álvares Pereira de Melo * 5º Duque de Cadaval, D. Miguel Caetano Álvares Pereira de Melo * 6º Duque de Cadaval, D. Nuno Caetano Álvares Pereira de Melo * 7º Duque de Cadaval, D. Jaime Caetano Álvares Pereira de Melo, que casou com D. Graziela Zilleri dal Verme, em 12 de Outubro de 1887 * Marquês de Cadaval, D. António Caetano Pereira de Melo, N. - 25.7.1894 * F. – 17.2.1939, casou com D. Olga Nicolis Di Robilan Filhos: D. Olga Alvares Pereira de Melo (Cadaval) e D. Graziela Álvares Pereira de Melo (Cadaval) – Condessa de Schonborn, pelo casamento com o Conde Schonborn Wiessetheid (Alemão).

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O BRASÃO DE PEDRA DO EDIFICIO AUTÁRQUICO

Em 1956, era tempo de Verão, na fachada dos Paços do Concelho de Salvaterra de Magos por ali andava um pedreiro (*), em trabalhos de conservação da fachada do edifício, nos retoques junto ao Brasão de pedra, usava uma colher muito fina pontiaguda, para colocar a massa necessária junto à sua costura com o reboco da parede. Perante a minha curiosidade em tal trabalho, lá me foi dizendo, que se chamava Luís Palma e, quando menino, talvez uns vinte anos antes, fez serventia a seu avô (na época pedreiro que prestava trabalho a soldo para a câmara, tal como agora o fazia e, que já vinha dos seus antepassados), na colocação daquele brasão que é uma peça trabalhada em quatro blocos, disse-me!

Salvaterra de Magos, no séc. XIII, em 1295, através do Foral de D. Dinis, recebeu usos e costumes da monarquia feudal, com um sistema socioeconómico que, lhe trouxe importância de concelho. Já no séc. XVIII, o Marquês de Pombal, na sua organização administrativa do país, conservou as antigas Comarcas Medievais e o sistema

concelhio. No séc. XIX, com o processo da classificação da história de Portugal, iniciada por Alexandre Herculano, foi-lhe introduzido, dois termos históricos: “Concelho Imperfeito”, e “Concelho Perfeito”. Os Concelhos Perfeitos, era a designação dada àqueles cuja construção das povoações, foi por iniciativa do homem. Os Imperfeitos, estavam na área dos que apareceram por imposição e Salvaterra de Magos, estava nestes incluído, pertencendo à Província da Estremadura.

O BRASÃO DA VILA E DO CONCELHO

Uma das razões desta falta, era que desde o seu primeiro Foral, tinha tido a protecção de reis, e assim era considerado um concelho fidalgo, perante muitos outros existentes no sistema territorial do país.

Com a venda do património da casa real em Salvaterra de Magos, a sua grandeza de outrora, foi-se esbatendo no tempo, os aqui nascidos alhearam-se, assistindo à sua decadência, especialmente os com responsabilidade camarária. Assenta-lhes bem, o que dizia o escritor Ramalho Ortigão:“ Oh, gente tão distraída, que só sente o calor da cadeira do poder *

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Mesmo quando, das agitadas reformas do séc. XIX, Salvaterra de Magos, perdeu o concelho que foi instalado na vila de Muge, e oito anos depois o rei D. Luiz, pelo Decreto de 24 de Outubro de 1855, fez a sua restituição a Salvaterra de Magos, não deixando de focar a legitimidade de concelho. No ano de 1935, o então presidente do concelho de Salvaterra de Magos, homem culto, mandou fazer um estudo sério que, leva-se à feitura para a sua terra mãe, de uma bandeira, um brasão, enfim uma identificação heráldica, para que Salvaterra de Magos, volta - se a ter dignidade.de vila e concelho, do trabalho de investigação se encarregou Afonso de Ornelas. O concelho, naquele tempo, era composto apenas, por duas freguesias (vilas) Salvaterra de Magos e Muge. Esta vila, continuava sob a protecção senhoril da Casa Cadaval, e tinha já um novo povoamento a que chamavam “Foros de Muge”, o aparecimento da freguesia de Marinhais, nos seus terrenos. O brasão, então escolhido não só identificava a vila de Salvaterra de Magos, mas tinha uma abrangência concelhia, pois a sua população era de origem rural. De acordo com o trabalho encomendado e apreciado, pela Associação do Arqueólogos, na sua Secção de Heráldica, em 1936, a vila e concelho de Salvaterra de Magos, passou a ter o seu brasão heráldico, conforme o decreto-lei publicado no Diário do Governo, da época. BANDEIRA – Esquartelada de azul e amarelo. Cordões e borlas de ouro e de azul. Haste e lança douradas.* ARMAS: -De azul (*), com um touro possante de ouro. Em chefe um cacho de uvas de púrpura folhado de ouro., acompanhado de dois molhos de três espigas cada um, do mesmo metal. Coroa de prata de quatro torres. Por debaixo uma fita branca com os dizeres: “Vila de Salvaterra de Magos” de negro. * SELO: - Circular, tendo ao centro as peças de armas, sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro dos círculos concêntricos, os dizeres: Câmara Municipal de Salvaterra de Magos. NOVA IDENTIFICAÇÃO NO BRASÃO DA VILA E CONCELHO

DE SALVATERRA DE MAGOS

Os autarcas vereadores do concelho de Salvaterra de Magos, em Abril de 2005, aprovaram em decisão camarária que, o Listel, do Brasão da Vila de Salvaterra de Magos/ou Concelho, fossa alterada. Entre as várias escolhas, recaiu em: ”Município de Salvaterra de Magos” ou “Salvaterra de Magos”, deixando a decisão final aos heráldicos nacionais. ************** (*) – O azul para o campo das armas é esmalte que mais se coaduna com a história local, onde a lealdade sempre existiu. O azul em heráldica representa a lealdade. As peças em ouro, é o metal que, em heráldica, representa poder e liberdade, nobreza e constância.

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OS BRASÕES DAS FREGUESIAS A Freguesia de Marinhais, sendo a terceira a “nascer” no concelho de Salvaterra de Magos, em 23 de Março de 1928, com o Dec. Lei 15521, sucedendo a Muge, foi a iniciadora de um longo processo que, culminou no aparecimento de outras três, como: Glória do Ribatejo, Foros de Salvaterra e Granho. Após as eleições autárquicas 2001/2005, todas as seis freguesias do concelho, estavam agora providas do seu símbolo heráldico, As suas raízes históricas estavam ali contadas.

UM BRASÃO PARA A FREGUESIA DE SALVATERRA DE MAGOS

Também a freguesia de Salvaterra de Magos, não escapou, a este processo de mudança, após uma decisão dos seus autarcas, recebendo parecer favorável, da Comissão de Heráldica, em 19 de Março de 2002, é criado um brasão. Entre o símbolo usado, encontra-se “Burelas Onduladas”, identificadas como um símbolo da principal ligação da vila ao Tejo, para além de ter permitido uma ligação estreita á comunidade avieira, vinda da “Praia de Vieira de Leiria” ****************** (*) - Segundo vários especialistas, em Antropologia, são duas as comunidades, que deram raiz ao povo da freguesia de Salvaterra de Magos. A mais antiga é a marítima, pois o homem

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como nómada, viveu junto às margens dos cursos dos rios, seguindo-se a rural, ambas estão ligadas à sua história. Daí haver traços próximos, com os Cagaréus e Avieiros.

No folheto distribuído quando da sua apresentação pública, as justificações que deram origem ao símbolo do Brasão, destacava-se estas: “Após AturAdo estudo e diversos contactos, não descortinamos mais do que uma comunidade oriundA “dos mAres do Lis” dos LAdos de vieirA de LeiriA, A ser vistA, no rio e A instalar-se no conceLho, no sítio do escAroupim.” Decerto, que os autarcas da freguesia, para chegarem a esta conclusão, não descuraram um estudo exaustivo, apoiado por alguma Associação local, que tenha algum material histórico sobre esta matéria, - isto é a Geografia da Mobilidade Humana - uma das ciências que estuda as causas “imigração do homem”, até porque a comunidade marítima aqui estente, veio há séculos de vários sítios como: Setúbal, Montijo, Alcochete, Constância, Rio-de-Moinhos. * * * * * * * * * * * Nota do autor: Os pescadores, Cagaréus – Da Murtosa, Estarreja, Ovar e Aveiro, vivendo da faina da pesca do rio Tejo, especialmente na época de Inverno, usavam a vala de Salvaterra, aportando ali os seus barcos varinos (bateiras) ao cais, fazendo lota do pescado. Tinham casas alugadas ou compradas, normalmente pescavam com a ajuda de um outro homem ou rapaz, conhecido por camarada, tinham espírito emigratório, para o Canadá, Austrália e EUA Por volta de 1890, são já conhecidos ramos genealógicos, que engrossaram a antiga população pescadora de Salvaterra de Magos, bem como em Lisboa, existia o bairro da Madragoa. Por outro lado, os Avieiros, vindos de Vieira de Leiria, são pescadores, que ao instalarem-se ao longo do Tejo, deram origem a várias comunidades. Em Salvaterra, ao virem para terra, encontraram no Escaroupim, lugar para fazem as suas primitivas cabanas, assentes em estacas, para se resguardarem das constantes cheias do Tejo. Como o tempo e, o fraco caudal do rio, foram modificando as suas habitações.

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VI

A ORIGEM E CULTURA DOS POVOS DO CONCELHO

NOTA PRÉVIA

No ano de 1997, integrado na redacção do “Jornal Vale do Tejo”, foi marcante a minha já longa colaboração na comunicação social. Nesta fase, dei à letra em forma de artigos, alguns documentos, que guardava sobre a história do povo de Salvaterra de Magos, e dos restantes do concelho. Uns já tínhamos usado nas minhas crónicas, na Rádio Marinhais, uns tempos antes.

Nos artigos publicados, no JVT, tinham um formato jornalístico, agora nesta edição, sob um conteúdo literário, com fotos de acompanhamento, tento unir todo o concelho, pensando dar a conhecer melhor as povoações de Marinhais, Muge, Glória e Granho, nas suas raízes Demográficas e Geográficas. Foros de Salvaterra, tem um passado recente, no séc. XIX, ainda as suas terras eram da Coutada Real. Quando foram “arroteadas”, os seus primeiros moradores vieram da terra-mãe, Savaterra de Magos. As origens e formas de vida, incluindo as suas próprias culinárias que, os fazem povos diferentes, influenciados alguns por viverem próximo da borda-d’água, outros nas terras de charneca, decerto, por ser um assunto de grande importância para o concelho, este trabalho, já o tinha editado na Colecção de Apontamentos “Recordar, Também é Reconstruir” com o número trinta e cinco. UM POVO, UMA CULTURA !

A comunidade, que faz o concelho de Salvaterra de Magos, é predominantemente rural, havendo de premeio três outras que do rio Tejo tiravam o seu sustento – Os Fragateiros, os Cagaréus/ou Varinos e finalmente os que ainda existem no sítio do Escaroupim, os Avieiros. Nos dois últimos dois milénios, o homem que aqui se fixou, teve necessidade de trabalhar as terras, nesta bela planície da bacia do Tejo, com as suas terras de Aluvião e Areno-Anerosas, que dá às povoações do concelho uma riqueza agrícola permanente. Registos existem que à cerca de 7.000 anos, o homem do Paleolítico Superior aqui viveu, nestas terras, tal era a riqueza das suas entranhas.

Na idade média, com a permissão para as povoarem, famílias vindas das terras da Flandres, aqui se radicaram trazendo seus usos e costumes, como consta, nas leis da época, tal como o foral de D. Manuel I, as regalias concedidas eram convidativas para atrair o homem sedente de espaço e liberdade.

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No seu início, a povoação de Salvaterra de Magos, com poucos habitantes depressa se expandiu e, séculos depois, chegou aos 300 vizinhos, onde a lagoa da Ameixoeira e outras zonas pantanosas, foram aproveitadas para terras de semeadora, em desfavor das áreas de charneca, cujo matagal deu origem à famosa Coutada Real de Salvaterra. Vivendo muito pobremente, até porque o ter de quebrar e preparar terras, para cultivo do seu sustento, trouxe ao primitivo homem salvatoriano, grandes humilhações como ser humano. Não eram as pessoas totalmente livres, as leis que sucederam, como: “As Sesmarias” de 1375, assinado pelo rei D. Fernando, tinham origem nos costumes germânicos. A criação do seu concelho municipal, por ter origem numa doação real, na idade média, nos inventários mais tarde realizados, foi incluída nos títulos de concessão de terras, classificados: de imperfeitos e revolucionários típicos.

O homem da Lezíria ribatejana desde o seu vestuário à alimentação, mais não fez que adaptar-se a uma região, ora rica, ora pobre, consoante estivesse no Verão ou no Inverno, pois as terras ficavam ricas de nateiros, quando alagadas. Também as suas danças e cantares, eram fortes e viris e, o que chegou aos nossos dias e que se vai conservando através do folclore, divulgado pelos agrupamentos ainda existentes no concelho, dão-nos disso conhecimento. O Fandango, era uma forma de desafio usada pelos homens campinos, para seduzir as moças, mostrando o seu porte garboso. Nos cantares e danças o “ Passo Largo”, como outras de menor vivacidade, ainda mostram-nos a alegria ou o choro, quer da riqueza das terras no Verão, e do Inverno, com as cheias alagando e destruindo as sementeiras. (1) SALVATERRA DE MAGOS Ainda não está longe o tempo em que o trabalhador quando dirigia a palavra ao “patrão” tinha como sinal respeitoso, de destapar a cabeça, enquanto a mulher nas mesmas condições fazia-o ajeitando o lenço. Quando menino de 4/5 anos de idade, acompanhava muitas vezes minha mãe, quer no Domingo à tarde, quer ainda na Segunda-feira de manhã, à “praça da jorna” aguardando a oferta de trabalho, via casos destes. As mulheres tinham este local de encontro na zona junto ao armazém (taberna grande) de vinho do Dr. José Henriques Lino, entre a avenida principal e, a rua Dr. Gregório Fernandes. Os homens, esses juntavam-se um pouco mais distantes no local onde hoje se encontram os edifícios das duas instituições bancárias nesta vila. Muitas vezes declinavam uma oferta de trabalho, na esperança que daí a pouco alguém viesse oferecer mais um ou dois tostões, no salário diário. *********** (1) – Ver: Apontamentos Nº 35 da Colecção “Recordar, Também é Reconstruir” – do autor

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No final da semana, trabalhando ainda no sábado de manhã, depois do almoço, comido à pressa, esperavam muitas vezes toda a tarde até ao cair da noite junto à casa dos patrões pelo pagamento da jorna. O trabalho de sol-a-sol, nos finais dos anos 50, do séc. XX, estava já em declínio em favor das 8 horas diárias, resultado das lutas iniciadas pelos camponeses que, se fizeram sentir em todo o Ribatejo, por volta de 1930. Dessa revolta, tiveram como consequência algumas prisões, culminando com acções policiais e cargas de cavalaria da GNR, vindos de Santarém para percorrerem a campina. As prisões foram muitas.. ! A meio do século, ainda era manifesta a procura de “trabalhadores de enxada”, que os seareiros utilizavam na cultura de grandes áreas de produção de melão, nas terras húmidas de Salvaterra e Vila Franca, juntas das margens do Tejo. Salvaterra, tinha trabalhadores especialistas neste tipo de actividade. Outras culturas agrícolas vieram transformar o panorama da agricultura até aí usados, os terrenos de searas de sequeiro, deram lugar ao regadio, com grandes produções de batata, tomate e recentemente a cultura da cenoura.

A obra literária, da respeitada escritora Ângela Sarmento “Os dias longos”, editado em 1968, retrata fielmente o drama deste povo naqueles tempos.

As idas e vindas, percorrendo alguns kms a pé, até ao local de trabalho, onde as mulheres se faziam acompanhar dos filhos, meninos (ao colo ou a pé) - eu ainda o fiz, passou a ser uma recordação do passado.

Madrugada fora, ainda mal cantava o galo e, o dia não era nada, já as mulheres gritavam nas esquinas das ruas, chamando-se umas às outras, para em grupo se dirigirem ao campo. Ao nascer do sol, já o trabalho estava iniciado. Pelas 10 horas da manhã, havia o almoço, pelas 2 horas da tarde, o jantar, com uma sesta de uma hora, nos dias de Verão. De regresso, quando chegavam a casa, já noite dentro, ainda iam fazer a ceia para a família. Tudo isto depois de um dia de trabalho intenso, muitas vezes dentro de um canteiro de água, na cultura do arroz, no Paul de Magos. Como era penosa aquela vida ! MUGE A povoação de Muge, não fora as descobertas arqueológicas do “Homem Taganus ” e, mostradas no Congresso Mundial em 1880, na cidade do Porto, não registava qualquer manifestação de progresso. Conhece-se que em 1301, pertencia aos frades de Alcobaça e depois em 1304, foi povoado “servil” à casa de Cadaval, sua donatária. Com os primeiros achados arqueológicos, em 1863, por Carlos Ribeiro, várias campanhas arqueológicas foram feitas, que culminaram naquele

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congresso do Porto, figurando assim como referência na história de Portugal e, mesmo na história da humanidade. A época romana, também está muito bem demonstrada, nos vários achados, encontrados nas suas terras, que vai do séc. I, a. C, ao séc. V, d. C. A sua primeira carta de Foral data de 6 de Dezembro de 1304, assinada por D. Dinis, data que passou a vila e com seu termo, igual a quando pertencia aos frades de Alcobaça, sendo então povoada. Recebeu segundo foral, em 1307. Outros acontecimentos, marcam a sua história, em 1496, estando D. Manuel I, no Paço de Muge, ali assinou a ordem de expulsão de Portugal, de Judeus e Muçulmanos. D. Nuno Alvares Pereira (1º Duque de Cadaval), no séc. XVII, passou a donatário de Muge e seu termo. Um dia, agregou o concelho de Salvaterra de Magos, tendo cerca de oito anos depois, em 1855, conhecido a extinção passando a pertencer ao de Salvaterra de Magos, numa lei editada em 1860 Dos seus terrenos, “nasceram” as povoações de Marinhais, Glória e Granho, tendo em 1991, uma população de 1163 habitantes, e uma área geográfica de 50,79 K ms2. A sua culinária, tem as duas misturas: a do rio à base do peixe e, a da charneca, onde entrava a carne do cabrito e caneiro. GLÓRIA DO RIBATEJO Primitivamente conhecida por: Santa Maria da Glória, em 1362 recebeu como oferta do Rei D. Pedro II, uma capela, para a missão religiosa dos tementes a Deus. Era um sitio de poucas almas dependentes da lavoura e da pastorícia, por estar durante largos séculos isolada, passou a estar muito marcada no campo linguístico, o que deu origem a vários estudos, nesta área já no dobrar do século XX. Já antes o escritor Alves Redol, se tinha interessado por este povo, dedicando-lhe as páginas de um livro. Foi criada freguesia em 29 de Agosto de 1966, com uma área de 53,56 Kms2, pelo censo de 1991, tinha 3250 habitantes. O artesanato, vestuário, danças, e outros valores sociais, associaram-se e marcam uma grande originalidade do seu povo. Na culinária, o povo usava com assiduidade, o cabrito e o borrego, a carne de porco entrou nos hábitos já na década de 30 do século passado.

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MARINHAIS Povoação nascida nos terrenos da “Charneca do Concelho” foi mais tarde conhecida por Foros de Muge, pois a história esclarece-nos que, passou a ser habitada, depois que o povo tomou posse e aforou os seus baldios. No entanto o povo de Marinhais, aceita que os seus hábitos culturais, são originários nos trabalhadores que vinham da região centro: Figueira da Foz, Cantanhede e Pombal, para aqui trabalhar, na época Primavera / Verão, e que ali se fixaram. O santo S. Miguel, é o padroeiro do povo e orago da sua Capela, que foi construída em 1875, sendo freguesia desde 23 de Março de 1928. Nos últimos anos do século passado, registou um grande desenvolvimento demográfico, depressa teve condições para ser elevada a vila, passando a ser a terceira do concelho, depois de Salvaterra de Magos (sede do concelho) e Muge. Para além do comércio, muitas pequenas e médias empresas, na área da construção civil ali se localizaram devido aos baixos preços dos terrenos. Na sua culinária, entrava a alimentação usada na charneca, completada com a carne do porco. O seu folclore é singular, em relação ao povo que o rodeia. GRANHO É um povoado recente, com uma urbanização dispersa, pois é constituído por terras aforadas, que vêm do século XIX, que pertenciam à Casa Cadaval (Muge). Passou a freguesia em 23 de Maio de 1998, ocupando a extrema mais elevada do concelho, junto à ribeira de Muge. Em 1981, tinha a área de 26,21 Kms2 e, um conjunto de habitantes, na ordem das 882 almas. Por estar no interior das terras da charneca, a sua culinária era também à base de carne, onde entrava o borrego, cabrito e o porco. FOROS DE SALVATERRA É uma extensão de terreno que saiu de Salvaterra de Magos, sua terra-mãe, até ao séc. XIX, foi pertença da Comenda Real, fazendo parte da Coutada Real, e a caça de Montaria, tinha lugar. As terras, depois de “arroteadas” foram usadas para semeadura à base de sequeiro. O pinhal e o eucalipto, a par da vinha, mostravam grandes manchas e eram a riqueza do povo foreiro. No primeiro quartel do séc. XX, já a rega dava os primeiros passos através de poços abertos, junto às habitações. A bacia de água do Amieixoeiro, mais tarde com a Barragem de Magos, muito veio ajudar as searas em grande extensão, usando o regadio.

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As suas terras, junto à frescura do Paul de Magos, eram procuradas para a criação do gado cavalar. A freguesia, é recente, foi criada através do Dec.- Lei 73/84 de 31 de Dezembro de 1984. ARTESANATO A população rural, desenvolveu artes de confeccionarem, Esteiras e Capachos, através de uma herbácea, que extraiam das zonas húmidas. Estas também eram usadas como assento e costas, nas cadeiras ou bancos, nas casa rurais. No entanto, o que ainda se conserva para actividades turísticas, são os bordados da Glória, os Vimes de Marinhais e o barro de Muge A GASTRONOMIA NO CONCELHO Os primitivos, que ao rio Tejo, e outras ribeiras, tiveram acesso, na sua alimentação incluíam nos seus cozinhados o peixe, como o sável, fataça e barbo. Estes pratos, são agora aproveitados, na restauração como oferta ao turismo, especialmente a enguia. A sopa de feijão, uma refeição de toda a Lezíria ribatejana, é agora apresentada naquele comércio, como sopa da pedra O torriscado (pão seco torrado na brasa) pelo homem do campo, depois untado com azeite, ou outra gordura, como o toucinho (gordura de porco) com alho. A MISTURA DOS POVOS

O Inverno, ainda é propício a cheias com as suas águas impetuosas, que trazem a desilusão, e o choro às gentes ribeirinhas, com a perca das culturas e gado. No entanto a bacia do rio Tejo, rica em terras de aluvião e húmus, ajuda a sua fertilização, e são de uma riqueza tal, que em plena Primavera (meados de Março) dá trabalho a todo o povo rural da zona. Noutros tempos, a procura de braços de trabalho, que os lavradores tinham de fazer, alguns eram “falados” no Sul do país, mormente da zona de Évora, vindo a maioria desde Viseu a terras da Beira Baixa, os chamados beirões/ou barrões.

Nesses ranchos de muitas dezenas de mulheres, que vinham fazer os trabalhos do campo desde Março até ao fim das vindimas, algumas moças acabavam por ficar aqui casadas, todos os anos. O namorico desenrolava-se, quer no convívio dos trabalhos do campo, quer nos “quartéis” das “barroas”, onde todos os fins-de-semana havia bailes. As danças e cantares daquele povo misturavam-se com as dos naturais, e daí hoje se encontrarem influências beirãs, nas terras do Ribatejo.

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No leito do rio Tejo, outras populações viviam o seu dia-a-dia, eram os pescadores que se radicaram no Escaroupim, que trouxeram os seus usos e costumes de Vieira de Leiria, daí o serem conhecidos por “Avieiros”.

As suas danças características da Nazaré, a par da sua culinária ainda hoje são um marco nas suas raízes. O sável, peixe que existiu em abundância no Tejo, até meados dos anos 50, deu origem, a um prato confeccionado por eles que ainda é muito procurado, nos restaurantes locais, a Açorda de Sável. Os marítimos, homens que em 1951, viram a sua profissão “morrer”, com a construção da ponte de Vila Franca de Xira e aberta ao tráfego rodoviário, vieram até à vala real, desde tempos que se perdem na memória. As suas fragatas e faluas, para o transporte de abastecimento a Lisboa, era um barco típico, das povoações a montante do rio como: Barquinha, Tancos e Constância, a par de outros que chegavam de Setúbal, Montijo e Alcochete, acabando muitos barqueiros, por aqui se radicarem, constituindo família. Tinham na sua gastronomia um prato, ainda hoje muito consumido nesta zona; a Caldeirada à Fragateiro. Os Varinos/ ou Cagaréus, eram pescadores vindos do norte do país, após o terramoto de 1755, povoaram uma zona de Lisboa, o bairro da Madragoa. No último quartel do século XIX, chegavam a Salvaterra, vindos de Aveiro, Murtosa e Estarreja, vinham fazer a safra de Inverno/Primavera, na pesca do sável.

Alugavam casa, e com o passar dos anos, muitos se fixaram, tendo habitação própria e alugada por vários meses, ou mesmo anos.

Nas embarcações, as pequenas bateiras varinas, tiravam o seu sustento na faina da pesca, nas águas Tejo, com um jovem, aquém chamavam “camarada”, e às vezes da mulher e filhos mais velhos, aproveitando as marés, para a pesca na vala real de Salvaterra. A mulher, tinha a seu cargo além da casa a educação dos filhos, a venda do pescado na vila, muitas vezes afastava-se percorrendo as terras vizinhas com a canastra à cabeça, chegando a serem vistas nos Foros de Salvaterra.

Até ao primeiro quartel do século passado, a venda de uma parte do pescado, tinha como destino o norte do país. O seu transporte fazia-se por caminho-de-ferro a partir da estação de Muge. As embalagens eram cestos de verga, o peixe acondicionado em espadanas (planta herbácea palustre), que as crianças apanhavam nos baldios, junto à ponte da vala real, a troco de um ou outro peixe.

Sendo um povo com falar próprio, eram tementes a Deus, e tinham hábitos, conhecidos por nomes e alcunhas, como; os “Carrascos”, os Pereiras, os “Preguiças”. Daqui partiram para a emigração famílias inteiras com destino ao Brasil, Canadá, Austrália e países da América do Sul, incluindo os EUA.

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Os Cagaréus/Varinos, não eram uma comunidade fechada com os seus usos e costumes, a introdução de outras culturas nas suas famílias ao longo dos tempos. As alcunhas, existiam, e quem não conhecia; Os Carinha, Os Pereiras; Os Lagouchas; os Carrascos; Os Naias; entre outros. Nas iguarias da sua alimentação, que agora servem de pratos na restauração do concelho como: o “ensopado de enguias” e a “fataça assada”. Não há dúvidas que Salvaterra de Magos, foi um cruzamento de várias culturas!

AGRO-PECUÁRIA EM SALVATERRA DE MAGOS

O Outono/Inverno, era tempo das chuvas, chegavam agora momentos de pausa, deitar contas à safra do ano agrícola, ver as formas de riqueza que a sua agro-pecuária teve na economia quer local quer distrital, ou mesmo ainda a nível nacional.

Como sabemos Salvaterra de Magos como população sempre foi de raiz rural, era da terra que provinha o seu sustento. A actividade agrícola até ao dobrar do século passado, sempre teve como suporte a agro-pecuária, onde a

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criação do gado cavalar predominava e, como tal assim foi até à total mecanização naqueles anos.

O animal, as alfaias agrícolas e todos os outros acessórios que trabalhavam a terra a par de grandes ranchos de pessoas eram a base da agricultura local. Num trabalho publicado num boletim distrital em 1936, verifica-se que desde 1870, o concelho de Salvaterra de Magos ocupava posição cimeira na economia do distrito de Santarém, contribuindo assim para que este ocupa-se o lugar privilegiado entre os 17 distritos que então compunham o país. ( DE 1870 A 1935 ) Num estudo analítico de 1870 verifica-se que o concelho de Salvaterra, com apenas duas povoações (Salvaterra e Muge) tinha agregados à área agrícola 1690 cabeças de gado cavalar para um distrito com 11387 e onde o concelho de Mação registava apenas 22 cabeças. No campo económico detinha o 1.º lugar com o valor global de 68.797.920 reis e uma média 40.708 reis, na última posição registava-se Constância com 659.040 reis e 18.899 reis.

Num outro estudo efectuado 30 anos depois (1900) calculava-se que o país detinha cerca de 90.000 cabeças de equídeos, contribuindo o distrito com 12.000 e neste Salvaterra tinha um efectivo de 13,3%. Em 1925 novo arrolamento é efectuado e verifica-se que o número destes animais continuava a descer sendo o seu número de 80.078, tendo o distrito de Santarém registado 11.774 cabeças e novamente Salvaterra ocupa o lugar cimeiro com a 3.ª posição com o número 1530 cabeças, estando o Sardoal na 18.ª posição com 19 cabeças.

A mecanização que desde a década de 20 vem sendo mais intensa na agricultura ribatejana e mesmo a nível nacional começa a partir de 1950 a fazer a total cobertura, desaconselhando a utilização dos animais nos trabalhos agrícolas. Em 1934 verifica-se que Santarém detêm no distrito o 1.º lugar com 2730 cavalos e Salvaterra, ocupa a 3.ª posição com 1339 cabeças desta espécie animal.

Quanto ao gado Muar e voltando ao ano 1870, Salvaterra

tem 42 cabeças, e em 1925 regista 116 passando para 141 em 1934. O gado assino (burros) tem grande aproveitamento a par dos muares como animais de carga - de puxar à carroça, registando-se a existência de 482, 1244 e 1416 cabeças naqueles anos. Os bovinos em idêntico recenseamento e igual período de tempo, no concelho de Salvaterra têm uma existência de 3332, 3344 e 1959 cabeças.

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Com tão acentuado peso na economia distrital, o concelho de Salvaterra ainda tem no campo alimentar, uma posição invejável. Em 1935 manifesta como valor pecuário expresso em peso vivo, de animais para abate, como caprinos (1281 cabeças) e suínos (3.583 cabeças) na quantidade de 1.533.079 quilos. Como curiosidade refere-se que uma porca de criação custava no distrito um valor médio de 448$00 por cabeça, e o chamado porco cevado tinha a cotação de 703$00 por unidade, quanto bácoro ou leitão custava 100$00 por unidade

FOLCLORE, UMA CULTURA A PRESERVAR Em 1936, ainda havia uma restea de hábitos na apresentação corporal do homem do campo, as barbas grandes (suíças) e bigodes, estavam e desuso. Naquele ano, com a realização em Santarém da parada e cortejo do trabalho,

A freguesia de Salvaterra, enviou um grupo de rapazes e raparigas trabalhadores rurais, afim de integrar o desfile folclórico, onde se mostrou os trajes usados nos campos de Salvaterra no início do século.

Os trajes domingueiros, característicos dos trabalhadores rurais de

Salvaterra foram confeccionados com o tecido conhecido “chita”. Foi sua costureira Elvira. Santana, uma das últimas artesãs da vila que, confeccionavam este tipo de vestuário naquele tempo. A saía da mulher tinha uma roda (4 panos), franzida na cintura por um cós. A saía de castor, de cor vermelha, era usada por debaixo, na segunda posição.

Nos anos seguintes, já a entrar na década de 50, passou a usar-se nos dias festivos a saia de castor (hoje, conhecido como feltro de 15), como também foi reduzido para três panos Em 1960, era usual ver-se no rodado da saia o tecido de nome “riscado” e, na confecção das blusas das mulheres e camisas dos homens entrava a “populine”. Em 15 de Maio de 1981, o já desaparecido, rancho infantil dos trabalhadores rurais de Salvaterra de Magos, de Núncio Costa, vinha usando aqueles trajes.

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Agora, temos no rancho folclórico da Casa do Povo de Salvaterra de Magos o garante da preservação e divulgação da forma de vestir do campino e camponesa, em dias de festa.

Traje da campina

- Lenço de algodão com ramagens. A camisa de piqué, com espigas e papoilas bordadas à mão, colarinho redondo e justa ao corpo. A saia é de tecido de baeta vermelha, com barra bordada a ponto cruz com linha algodão preto, é toda pregueada. Normalmente quando é despida alinhava-se as pregas ao meio e em baixo, e é colocada de seguida debaixo do colchão para que ficasse sempre direita sem ter de ser passado a ferro. O avental é de tecido de merino preto, bordado à mão em tons de amarelo e azul para sobressair sobre a saia vermelha. As

meias são compridas, feitas de fio de algodão branco, feitas à mão e usadas apenas com o traje de gala. Os sapatos, confeccionados em cabedal preto, têm salto de prateleira, embora mais pequeno, que o do homem. Toda a roupa interior de pano

branco, sendo a saía franzida com o folho, e bordado que é também franzido para dar mais roda à saía. Traje do campino em dia de Festa Barrete verde, com cercadura vermelha * Colete vermelho, atado com cordões na frente enfeitados com botões metálicos, mostrando nas costas o ferro da casa agrícola (de que é trabalhador), bordado a preto.

A cinta vermelha, de lã com franjas, que tinha a função de apertar o corpo para proteger o campino

.* A camisa branca é justa de colarinho redondo

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* O calção, de fazenda rapada azul-escuro, é enfeitado com botões metálicos do lado de fora da perna.* A meia branca é usada por cima do joelho, é arrendada feita à mão. * Os sapatos de salto de prateleira são usados com fivelas e espora. Roupa de trabalho O traje de trabalho é de calça e colete de cotim cinzento, camisa azul, barrete e cinta preta. O sapato é de cabedal preto, sendo usado também a bota grossa, cardada para o trabalho. Por volta de 1976/77, uma pesquisa que fiz em Salvaterra, sobre contos e provérbios populares na sua população rural, apenas encontrei nalguns idosos a rondar os 80 anos de idade e, que há muito tinham deixado o trabalho do campo, que além de usarem uma linguagem, cheia de trocadilhos, e mesmo as alcunhas eram o nome quando se referiam a alguém, guardavam provérbios e contos populares, que registei.

O povo foreiro, que em 1845 se instalou, nas terras que eram de charneca e mato, tinham sido até 1821, pertença da Coutada Real, transformando-as em terras de pão. Também foi uma boa “gaveta” de informações, quanto às buscas de que necessitava. Foi deveras gratificante, confirmar que aquelas gentes, tinham um vocabulário e modos de vida da sua terra-mãe, Salvaterra de Magos. Notava-se uma pequena nova forma de falar, nos mais novos, visto tal como em Salvaterra, os mais idosos, sabiam apenas que o ano tinha 12 meses e, seis eram conhecidos através dos santos – S. João, S. Tiago, S. Miguel, Piedade, Santos e Natal. A GASTRONOMIA Povo Rural O trabalho do campo era duro, de sol a sol (começava ao nascer do sol, terminava quando o sol se escondia), muitas vezes com uma hora de viagem a pé na ida e uma outra, no regresso. A comida dos camponeses, tinha na carne de porco, o seu principal alimento, usada na sopa de feijão branco ou encarnado. A carne era salgada, durava meses, o toucinho, era a principal gordura, na falta do azeite, com os enchidos de porco (chouriço de carne e chouriço de mouro/preto). O torriscado; era um alimento, à base de pão duro assado na brasa, depois barrado com azeite ou toucinho, usava-se de manhã, com um copo de vinho/ou água-pé. A comida à base de criação, especialmente a galinha, era só usada quando em dias de grande festa (Casamento/Natal e quando havia um parto). O carneiro, também entrava nas ementas destes dias. A sopa de feijão, era uma alimentação muito usada pela população rural de toda a Lezíria ribatejana. Em meados do séc. XX, a restauração passou a usa-

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la, com o nome de sopa da pedra. O homem rural, pela madrugada a caminho do campo, fazia o “mata-bicho”, um copo de aguardente, nas tabernas já abertas à clientela. Nas terras, da charneca, o carneiro/borrego e o cabrito, também faziam parte da sua alimentação. Fragateiros, Avieiros e Cagaréus Nos primeiros anos da década de 50, do século passado, a actividade no cais da vala de Salvaterra, entra em declínio, após a construção da ponte sobre o rio Tejo, em Vila Franca de Xira. Até ai, os fragateiros na sua alimentação, confeccionavam um prato que ficou famoso “A Caldeirada à Fragateiro” Para além de ser uma refeição entre a faina do dia-a-dia, quantas vezes convivas não foram recebidos a bordo daquelas embarcações para uma boa almoçarada, em passeios nas águas calmas do rio, em pleno Verão. Foram convívios que enchem páginas de memórias! A confecção destes pratos era feita pelos homens fragateiros que, de alguma forma tinham jeito para a culinária. O rio dava a matéria-prima, o peixe, as diferenças na base da confecção era notória entre eles e as comunidades pescadoras (Avieiros e Cagaréus). Mesmo entre os pescadores, os paladares daqueles que, vieram do Norte do país, divergiam dos seus companheiros de artes, vindos de Vieira de Leiria. Na comunidade nortenha, era público a singeleza dos condimentos usados, na sua culinária, onde a erva aromática – a hortelã, dava o toque no gosto. O MÊS DA ENGUIA EM SALVATERRA! Refeições que foram deles, como: As Caldeirada, dos Fragateiros, a Açorda de Sável dos Avieiros, a Caldeirada de Enguia com o seu Ensopado, das gentes da Murtosa, depressa passaram às ementas da restauração local. O Restaurante Típico Ribatejano, já em 1955, punha à disposição da clientela, o famoso prato “Açorda de Sável”. Em Março de 1996, numa iniciativa e patrocínio da câmara municipal de Salvaterra de Magos, o então presidente José Gameiro dos Santos, deu início ao mês da enguia, como tema gastronómico e turístico no concelho. Para o inicio desse primeiro evento, foi pedida a minha colaboração, pois pertencia aos quadros administrativos camarários, com a cedência o meu espólio sobre este tema. Poucos anos são passados, agora anualmente no mês, de Março, é um evento, com a participação de muitos restaurantes, fazendo chegar ao concelho milhares de visitantes, em busca destes pratos.

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Originalmente, eram refeições assim confeccionadas: A CALDEIRADA DE ENGUIA

A caldeirada de Enguia, sendo um prato das gentes da borda de água, os pescadores da Murtosa, tinha nele um prato simples de confecção que em tempo de fartura estava sempre na mesa. Numa refeição para 4 pessoas usava-se cerca de 2/3 Kgs, de enguia que estando amanhada e bem lavada, recebia a cosedura.

Ingredientes – Água, Azeite, Sal, Alho, Louro, Cebolas e batatas (às rodelas) e hortelã – q.b. *Algumas vezes eram usadas o molho do toucinho (unto), em substituição do azeite. * No caso do colorau e pimenta, também se usada a pimenta de açafrão (Amarela). Preparação – No fundo de uma panela, ou tacho são

colocadas as cebolas às rodelas, por cima uma camada de batatas. Em cima destas, uma camada de enguias que recebem uma outra de batatas que, fecha com uma ou duas cebolas às rodelas. Esta refeição é temperada com sal, louro, alho, colorau e pimenta, q. b. e, fica em condições de ir ao lume. ENSOPADO DE ENGUIAS (Fragateiros)

As enguias depois de bem amanhadas e lavadas, são levadas ao lume num tacho, ou panela. Para uma mesa de 4 pessoas, 2/3 Kgs deve chegar, onde entra os seguintes ingredientes: Pimentos encarnados, Louro, Colorau, Piri-piri,

Cebola, Alho, Coentros, Pimentos verdes, Salsa, Tomate (maduro) e Sal - q.b. A preparação do refogado, faz-se com os produtos acima descritos – sem esquecer de juntar o vinho branco que é o liquido principal e, de grande importância. Quando este estiver cozido, passa-se o molho. As enguias são cozidas, temperadas com sal e piri-piri. O pão torrado em pedaços grandes, ou fatias (também se usa frito), deve estar em descanso (frio).

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Depois de estar pronto, serve-se em pequenos tachos de barro, onde previamente no fundo foram inseridos pedaços, ou fatias de pão torrado (ou frito), a fechar o ensopado salpica-se com coentros. ENGUIAS FRITAS

Refeição para 4 pessoas – 2/3 Kgs de enguias Ingredientes – Sal e Farinha Preparação – As enguias, de preferência de tamanho pequeno/médio, finas, após amanhadas e bem lavadas, devem ficar a “embebedar” umas horas antes em vinho, ou vinagre com alho. No fritar; Utiliza-se o azeite, ou óleo

************** ************ Nota: Algumas famílias, juntavam o unto do toucinho de porco, substituindo o azeite, por ser mais barato e dar outro gosto ao tempero, depois de derretido numa frigideira em lume brando. ************* ************ AÇORDA DE SÁVEL (Avieiros do Escaroupim) Ingredientes: - Sável, Azeite, Alho, Água, Salsa, Sal, Pimenta. Piri-piri, Pão e Óleo para fritar o peixe. – q. b. para 4 pessoas. Confecção: - Cozem-se as ovas, com a cabeça e o fígado do sável, em água temperada com sal. Depois da cozedura, o caldo é “passado e limpo” para ensopar o pão cortado às fatias finas, já colado num tacho.

O pão depois de “embebedado” é mexido para ser desfeito. Em frigideira tapada, o azeite com o alho esmagado, ou cortado, vai ao lume e depois de fritos os alhos são retirados. Com o azeite rega-se a açorda, que volta ao lume e para não pegar vai-se mexendo. A pimenta, o piri-piri, e a salsa picada são agora

introduzidas, serve ainda quente em tacho de barro apropriado. O sável cortado às postas finas, depois de frito em óleo, é servido em recipiente próprio. ************

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Nota: - No dobrar do séc. XX, o Restaurante Ribatejano, de Salvaterra de Magos, foi o grande divulgador destes pratos, na área do turismo regional, o que durou cerca de 30 anos, até ao seu encer

VII

A ECONOMIA/ DESEMVOLVIMENTO

NOTA PRÉVIA

A riqueza económica da vila, via-se pelo constante trânsito mercantil, nas Fragatas, que iam e vinham com as marés do rio Tejo. No dobrar do século, ainda o cais da Vala Real, tinha dias cheios de trabalho, que mais parecia um porto de mar, com tantos barcos, num constante vai e vem, nas suas cargas e descargas. Barris com vinho, lenha e sacos de arroz, viam-se entre a muita mercadoria, ali carregada com destino a Lisboa, alguma dela vinda dos lados do Alentejo. Vivendo eu, junto à Capela da Misericórdia, todos os dias, não deixava de brincar naquele espaço, com o rapazio da zona – os rapazes da vala. Os jogos da bola, eram o entretêm dos rapazes, quando o cais estava um pouco vago. Vi, e assisti às descargas de muitos e grandes caixotes de madeira com material, que veio dos Estados Unidos da América, com destino à Glória do Ribatejo. A RARET, estava a instalar-se nos seus terrenos e, naquele tempo, também os Fragateiros, traziam nos seus barcos, carregamentos de adubo (preto), pesando cada saca uma centena de quilos cada uma - eram toneladas, que carregavam às costas, para camionetas e carroças, com destino à lavoura da região. Talvez aquele trânsito nada tivesse a ver com o movimento que o porto marítimo tivera, na época da Idade Média e, que durante séculos, foi o ponto de desenvolvimento de Salvaterra de Magos, sendo mais notório o séc. XVIII, época em que a realeza vinha ao seu Paço Real, utilizando os Bergantins.

A BACIA DO VALE DO TEJO

O grande Vale do Tejo, segundo nomenclaturas editadas nos finais do séc. XIX, os geógrafos, atribuíam ao período do Quaternário, a existência da região, agora denominada por Ribatejo, ficando este limitado pelas Beiras, pela Estremadura e Alto Alentejo. A região do Ribatejo, segundo aqueles estudos, estava situada como tendo duas sub-regiões: o Ribatejo Norte e o Ribatejo Sul, pois encontravam-se separadas, por uma bacia hídrica, cuja relevância se dá especialmente no rio Tejo. A segunda possuía uma vasta Lezíria, onde se descortinavam muitas

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áreas de terras de aluvião, junto às margens daquele curso de água, e se constituíam grandes mouchões Nessa zona de grande planície, o armazenamento de águas das cheias, que todos os anos ali ficavam depositados naquelas terras, eram locais pantanosos, que provocavam em época estival, doenças como: a malária, aos habitantes da região. A SUA RIQUEZA FLORESTAL Já em 1936, o agricultor salvaterrense, José Henriques Lino, Engenheiro-Agrónomo e professor na Escola de Regentes Agrícolas de Santarém, num artigo sobre a floresta escrevia: -“ O concelho de Salvaterra tem uma das suas fontes de riqueza, a exploração florestal que é escoada pelo cais fluvial da vila” ”Dos 270 quilómetros quadrados, tal era a área do concelho, de solos com aluvião e areias soltas, constituindo os “Foros” de Salvaterra, Muge e Marinhais, todo o resto é revestido por matas de sobreiros, eucaliptos e pinheiros, com acentuada predominância destes últimos. O sobreiro prospera principalmente nas partes norte e nascente do concelho formando povoamentos de boa densidade, sendo as cortiças como as suas vizinhas do vale do Sorraia, da melhor qualidade entre todas as portuguesas.

O eucalipto é uma essência de recente introdução neste meio; os seus maciços datam de há duas décadas, aquando do grande desbaste feito nos pinhais no período da guerra. De rápido desenvolvimento rebentando facilmente de touca, têm as suas madeiras longo emprego como combustível, e na indústria do papel. Além de lenhas emprega-se igualmente para as vedações rurais, e na confecção de material agrícola, exportando-se ainda grande parte em “faxina”

.O pinheiro manso e bravo, com predomínio deste último, é, como disse, a essência disseminada e mais antiga, existindo exemplares dignos de nota pelo seu porte, a atestar a idade e o vigor que esta árvore desfruta nestes terrenos. Constitui o pinhal uma fonte de receita inesgotável, principalmente

explorado pelas lenhas cujos tipos mais vulgares são: o “metano”, que é o

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molho formado pelas braças dos pinheiros que se reúnem em feixe com as bases voltadas para o mesmo lado, atando-se o molho com junco. A atada, faz-se à maneira que se procede à desrama, operação esta que consiste em encurtar os ramos a machado ou à pedôa, encabada numa vara comprida, para os ramos mais altos. Se o metano não sai imediatamente do pinhal, é empilhado de modo a evitar uma secagem muito rápida que provocaria a queda da agulha. O metano é medido às “talhas” que são grupos de 60 molhos, com largo consumo nos fornos de pão, cal, tijolo, etc. que, se exporta em larga escala para a capital e para os telhais na outra margem, nomeadamente Alhandra. Como foi afirmado pelo saudoso silvicultor Sousa Pimentel, o mercado de Lisboa, só recebe bem o “metano” do pinheiro bravo, e despensa o de manso porque a folhagem deste, sendo mais curta e basta, não levando a chama tão alta, por isso aquece menos uniformemente os fornos. O “metano” feito com pinheiros novedios tem menos valor porque míngua muito, quando bem seco tem menos força calorífica. A “faxina” resulta do corte dos pinheiros sendo em seguida torados (toros) aproveitando-se os troncos e braças mais direitos que em seguida são descascados fazendo-se a medida por “correias” com o comprimento de um metro. Os troncos grossos demais para metano, e tortos constituem a tranbolhia. A exploração dos pinhais é geralmente feita por proprietários que mandam proceder às desramas e cortes debaixo da sua orientação, havendo, porém, nas pequenas explorações quem entregue os cortes ao “cuidado” dos compradores” A MUDANÇA Toda a riqueza económica extraída daqueles produtos, retirados das terras arenosas, era completada com o rendimento realizado nas terras que permaneciam trambolhadas, grande parte do tempo - As lavouras. Os anos passaram, as tralhoadas, onde chegavam a lavrar em fila 12/14 juntas de bois, no dobrar do séc. XX, há já há muito tinham, deixado os trabalhos da terra, dando lugar à máquina a fogo, onde entrada a ceifeira, debulhadora e mesmo a enfardeira. A mão-de-obra, então usada, de grandes ranchos, dava lugar a meia dúzia deles homens e mulheres.

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Os mais novos, foram de abalada procurar melhor sustento para até às áreas industriais, próximas de Lisboa, tais como Alhandra, Sacavém, Setúbal e Barreiro, zonas já procuradas nos anos 30/40. A emigração também os atraiu, aliás como em todo o país, de onde saíram milhares, com destino à França e Luxemburgo.

O próprio campino, senhor de uma arte e figura respeitada em terras do Ribatejo, estava em decadência, as grandes manadas de gado, estavam a desaparecer. A sua presença, era agora

muito solicitada, em certames e paradas turísticas, o seu lugar na Lezíria, passou a ser ocupado pelo tractorista, uma nova actividade nas terras que o conheciam de hà muitos séculos.

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As terras começaram a ficar sem “braços” para as trabalharem, as modificações introduzidas nas conhecidas terras de sequeiro, passaram para uma agricultura de maior rendimento, tais como: a batata, o tomate e ultimamente aposta-se na cenoura, porque o regadio é agora uma constante forma de retirar grandes colheitas. As searas de sequeiro, são do passado! Os espaços vazios deixados pela floresta e vinha, vêem sendo ocupados por segundas habitações dos que vivem nas áreas urbanas e industriais, que as ocupam apenas nos fins-de-semana, ou épocas de férias. As grandes manchas de pinhal e de vinha, são agora meras recordações! *************************** ******************

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VIII

A VALA REAL NOTA PRÉVIA O Foral de 1 de Julho de 1295, atribuído pelo monarca, D. Dinis, que mandou povoar a vila de Salvaterra de Magos, nas exigências feitas, constata-se o uso da via fluvial, para movimentar através do rio Tejo, produtos agrícolas e outras mercadorias.

Os trabalhos da abertura daquela Sangria, tinham começado no sítio da Ameixoeira, passando por Magos, onde deveria existir um Paul, porque as terras eram alagadiças, sendo o seu ponto de ligação com o Tejo, a Boca da Goiva. A dita obra hidráulica, ainda não estava completa, conforme se lê no Foral do rei D. Manuel I, concedido a 20 de Agosto de 1517, a Salvaterra de Magos.

Também o rei D. João IV, em 1650, fazia constar, numa determinação real “Por constar que o Paul de Magos”, não está ainda aberto, mandava-o ele abrir, por conta da renda do Infante, despesa calculada em 45 mil cruzados ficando com légua e meia de comprimento, num percurso de nascente para poente”. Foi seu último donatário; Pêro Guedes, antes da sua passagem para a casa real e entregue ao infante D. Luís. A VALA REAL Junto às primeiras casas lado Norte, num pequeno logradouro de lodos, aportavam pequenos barcos de carga de mercadorias, que navegavam numa pequena vala, sujeita às águas das marés, vindas do Tejo. Por vezes viam-se os de vela latina, que faziam as viagens longas, com destino a Lisboa e Santarém. Nalguns documentos, nota-se a informação da existência de uma passagem em madeira, que servia de ponte a caminho do campo, dando acesso à estrada dos “espanhóis” (Almeirim e Santarém) e à barca na Palhota, que ligava o Tejo à outra margem, para Valada, Cartaxo e Azambuja.

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Um documento de 1758, descreve que a Vala Real/ ou Sangria, tinha uma ponte de cantaria junto da vila e, de permeio com uma outra a montante, umas portas/ou sarilhos, no valado do lado direito, que alimentava um moinho de água, para moer arroz.(1) Da vila, vislumbrava-se a margem esquerda do rio Tejo, cujas águas corriam longitudinalmente, estando dela distante em linha para o Norte, menos de meia légua de distância. Ao longo dos tempos, o constante aumento do movimento de mercadorias e, até do trânsito de pessoas, que o cais da Vala Real suportava, vindas nas fragatas registadas no seu porto e de outras vindas de Alcochete, Montijo, Azambuja, Vila França de Xira, Constança, Santarém, Moita e Benavente, aumentavam o tráfego daquele estreito caudal de água. Também os pescadores, especialmente os Varinos/ou Cagaréus, em pequenas bateiras, com peixe fresco, pescado no rio, no cais faziam a sua lota Em 1908, devido a um Inverno chuvoso, que durava há meses, a falta de trabalho dos trabalhadores do campo, levou o presidente da câmara municipal a escrever um pedido, a sua majestade o rei (*), a limpeza da vala real, e seus valados deram trabalho aos habitantes do concelho e de outras terras vizinhas. Uma outra grande obra em 1941/42, foi efectuada na Vala Real de Salvaterra de Magos, o seu cais foi totalmente remodelado, uma vasta zona recebeu estacaria, alguma com 12 metros de comprimento, sendo depois revestido todo o local com uma camada de betão e calçada portuguesa. Uma muralha em pedra, concluiu aquela benfeitoria, ladeando a estrada de acesso ao campo, terminando no muro da ponte. ************** (1)- Nos anos 50 do séc. XX, ainda se viam no valado (margem direita), algumas das suas pedras * Nelas as mulheres, 20 anos antes ali lavavam a roupa * Agora estão tapadas pelo lodo e terra, com salgueiral por cima.* Os valados da vala, periodicamente tinham de ser reparados, pois os rombos provocados pelas águas das cheias, que todos os anos vitimavam animais e culturas, num ciclo vicioso.

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A construção desta ponte, segundo alguns especialistas poderá ser da época da ocupação filipina, em Portugal., no séc. XVII, até porque nesse período de tempo, tanto o palácio como outros edifícios reais de Salvaterra, foram alvo de ampliação e conservação (1).

Das fulas, uma do Arrais; José Damásio, e dos seus filhos, João Luís e Inácio Damásio, e uma outra de José Paulino e do filho Carlos que, de Lisboa faziam duas vezes por semana a carreira do transporte das mercadorias, destinadas ao comércio da vila, e para esta vasta região que, se estendia à vila de

Coruche, por vezes ao Alentejo, até Mora e Évora. Os doentes, que iam aos hospitais a Lisboa, aproveitavam estas viagens. O mestre-arrais, Vicente Francisco, nas suas memórias – nos dois livros editados pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, nos dá conta desta actividade marítima que pertence a um passado da vida diária nas

águas do Tejo, e que terminou em 1951, quando da construção da ponte de Vila Franca de Xira. (*) A LIMPEZA DA VALA Já depois da “morte” do seu tráfego marítimo comercial, periodicamente, aquele curso de água da Vala Real, tem sido sujeito a trabalhos de limpeza, especialmente na retirada dos lodos da bacia do cais, pois estes crescem devido à falta da intensa navegação de fragatas, que deixou de existir, após a construção da ponte em Vila Franca de Xira, em 1951. Nos últimos anos outros usos têm sido dados à vala real, em 1980, ali foi construída uma comporta, por cujo pavimento passou a efectuar-se o trânsito – ao lado, a ponte original, ficou esperando uma “morte lenta”, pois nunca mais foi reparada e conservada. Em 1987, uma notícia na comunicação social, dá conta da presença do membro do governo, Carlos Pimenta, em Salvaterra de Magos, pois veio apreciar um projecto que no futuro dava àquele espaço secular, um novo tipo de utilidade – uma marina, que seria enquadrada numa vasta obra de recuperação do local e até mesmo do rio, até ao Escaroupim. ********** (1)- A ponte da vala real, é de construção efectuada com pedras aparelhadas, tendo entre os seus dois túneis, corta águas a Jusante e a Montante, por causa das marés (2) – A comunicação social da época, disso deu eco durante algum tempo.

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Um pequeno túnel, dava acesso à chamada vala pequena, onde chegavam as águas dos terrenos dos Foros de Salvaterra Era o espaço para as crianças aprenderem a nadar, foi usada até meados do século passado. Naquele sitio os autarcas da terra, acharam por bem, em 2000, construírem, uma ETAR, onde passava a ser canalizado todo o esgoto doméstico da vila. Para aproveitar o espaço do cais e de um antigo casario ali existente, o executivo municipal, em 2005, ali mandou construir um edifício para fins culturais, obra que foi muito contestada. (2) Poucos anos depois, uma obra de grande envergadura e custos, foram levadas a cabo, na sua ponte, onde foram recuperadas as paredes (muralhas) de guarda, e houve beneficiações nos dois arcos da passagem da água, cujas pedras das suas abóbodas ameaçavam cair. Uns meses após estas dispendiosas obras, verificava-se que as mesmas poderiam cair a qualquer momento, pois as fendas eram notórias, sendo necessário, a colocação de uma confragem de suporte. Dando acesso à vala real, existia uma pequena entrada de água, passando por um túnel, servia para escoar as águas vindas lá dos campos dos Foros de Salvaterra, em tempo de invernia. Nessa pequena bacia, que se formava logo à entrada, em tempo de verão, com água suficiente por causa das marés, era aí que os rapazes e raparigas, aprendiam a nadar, sem alguém a ensiná-los. ***************** (1)- A ponte da vala real, é de construção efectuada com pedras aparelhadas, tendo entre os seus dois túneis, corta águas a Jusante e a Montante, por causa das marés (2) – A comunicação social da época, disso deu eco durante algum tempo.

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Dando acesso à vala real, existia uma pequena entrada de água, passando por um pequeno túnel, servia para escoar as águas vindas lá dos campos dos Foros de Salvaterra, em tempo de invernia. Nessa pequena bacia, que se formava logo à entrada, em tempo de verão, com água limpa e suficiente por causa das marés, era aí que os rapazes e raparigas, aprendiam a nadar, sem alguém a ensiná-los. Um ou dois anos depois, já confiante dentro de água, toda a criançada, juntava-se aos jovens e adultos, dando saltos das muralhas e atravessando do valado para o cais e volta. As raparigas, na maioria eram filhas de fragateiros e pescadores, usavam um vestido que lhes chegavam aos pés. Por volta do ano, 2005, deliberou o executivo camarário, fazer naquela pequena bacia, uma ETAR municipal, desaparecendo assim o local de escoamento daquelas águas, que anualmente, provocam inundações naquelas terras.

* ) – Pedido da Câmara Municipal, para a limpeza da Vala real

“A Câmara Municipal do concelho de Salvaterra de Magos como

representante dos interesses do seu município, não pode deixar de

mais uma vez implorar a attenção de Vossa Majestade para uma

das mais urgentes necessidades do seu concelho afim de que Vossa

Majestade se digne dar –lhe remédio. Existe neste concelho uma

valla que partindo desta villa se dirige ao Tejo, constituindo a

única comunicação fluvial que liga esta villa com Lisboa e mais

terras marginais do Tejo, é por esta valla que são transportados

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todos os géneros produzidos neste concelho e mais parte dos do

concelho de Coruche que se dirigem aos mesmos pontos, Daqui se

vê a grande importância que para estes concelhos tem a

navegabilidade da mesma valla attendendo ainda a que o

transporte fluvial é o que maiores garantias offerece da modalidade

de preço. É porém desfavorável o estado em que a dita valla se

acha, principalmente na sua entrada no Tejo onde os assoriamentos

desta quase lhe impedem a entrada, tendo de esperar-se a praiamar

para ella se effectuar. Se não for removido urgentemente o lodo que

constantemente as marés alli depositam e reparada

convenientemmente a mesma entrada, tornar-se-há dentro em pouco

completamente impossível a navegação”.

E não sendo possível a esta Câmara cujos encargos lhe absorvem

totalmente os seus rendimentos, prover a este mal vem esta mesma

câmara respeitosamente pedir a Vossa Majestade para que esses

trabalhos sejam feitos com a possível urgência pela direcção das

obras públicas do Tejo (Secção Hidráulica), a quem pertencem os

trabalhos d`esta natureza, e por isso P.e a Vossa Majestade Haja

por bem deferir.

C.. M. .Salvaterra de Magos, Maio de 1908

* O Presidente da Câmara * Os Vereadores

RECORDAÇÕES !

Ainda menino de escola, brincava eu, com o rapazio da zona, no cais da vala. Os jogos de bola eram os mais frequentes, especialmente em dias de soalheira, pois o cais estava a maior parte do ano cheio de material para os barcos carregarem. Por ali, andavam antigos marítimos e pescadores, todos os dias vinham até à beira da vala – matar saudades!

O velho Alvaro Magalhães, a quem por defeito linguístico tratavam por

“ Magalhões”, o João Maria Côdea, José Mendonça, Carlos Augusto André, e o Setúbal, entre muitos outros de cujos nomes esqueci, juntavam-se, passando o tempo no cais, vendo os que andavam na faina, carregando ou descarregando os barcos. Quando eram sacos, estes tinham cem quilos de peso, especialmente o adubo preto, vindo da Alemanha, corriam através de duas pranchas (uma para subir outra para descer), carregando carroças que estevam em fila esperando a carga.

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Se havia petisco, ou almoço, lá entravam e participavam, numa bela

caldeirada. Um, ou outro grupo oferecia a bebida, mandavam comprar um garrafão de vinho.

Óh, rapá! vai ali ao ti Artur Xavier, e compra lá este garrafão de vinho, que

eu depois vou lá pagar, era a ordem dada ao rapazio. Sem refilar, ou pestanejar, lá corríamos à taberna ali perto, fazer o recado, recomeçando depois as brincadeiras. Outros, paravam na taberna do Camilo, jogando as cartas. Entre eles, via-se o Ernesto “Cigano”, criador de cabras e cabritos, e um tal Maia, cigano, pessoa querida no local, pois vivia com a grande família numa tenda, debaixo das amoreiras, ali junto ao celeiro.

COSENDO AS VELAS! Sentado, numa pequena muralha, que existia no cais, ligada à muralha

grande, manhã cedo, lá estava o velho marinheiro da armada portuguesa, Pedro Pinto, entre as costuras à mão, das velas das Fragatas.

O Pedro Pinto, era um homem baixo, parecia redondo, devido ao peso dos

anos e, a barriga grande, que pesava-lhe, em cima do cinto. Tinha sempre junto a ele um garrafão de vinho e, já meia tarde, dizia algumas parábolas, como: Só morre, quem quer, pois lá em baixo também há chão!

Na Faina dos barcos, que faziam um movimento diário de mais de 20

embarcações a sair e entrar, algumas vindas de Benavente, Alcochete, Montijo, Moita, com carga para Lisboa e Barreiro, lá andavam os Arrais: Vicente Francisco, com os camaradas; Manuel Galvão e Inácio Damásio; Carlos Oliveira Marques (Chiné); José Paulino, e seu filho Carlos Paulino; Manuel Diogo (Manuel Soares), este tinha como camaradas seus irmãos; António Diogo e José Diogo. (José Maria Soares.

O Jovem, José Maria Soares (José Careca), filho do Manuel Diogo, já ia dando uma ajuda nos trabalhos da embarcação. Na faina da pesca, andavam famílias; Os vários irmãos da família Pereira, uns alcunhados de Carrasco e, outros de Veneno, Carramilas, o Manuel José Pereira; O Manuel Lagoncha, o velho António Naia, entre outros. Era hábito, cada qual com o seu camarada, muitas vezes um assalariado, ou então um familiar, que era um filho mais velho.

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O CORRER DA CORDA!

O João José Carinhas, velho pescador vindo da Murtosa, ainda leve de perna, lá acompanhava, os rapazes no correr da corda, entre os choupos. Ele, entretinha-se a “coser” cordas, muitas de muitos metros, eram enroladas dentro dum grande caldeirão, posto em cima de uma fogueira, recebia a cor da tinta da carrasca de pinheiro.

As cordas, eram feitas de cordel, por uma família que vinha de Benavente,

que ao longo do muro da propriedade da casa Monte Real, entendiam os seus acessórios.

O BARCO NÃO SAIU DE CASA! Um outro caso mais pitoresco que não me saiu na memória; António

Joaquim Henrique Miranda, calafate de profissão, conhecido pelo “Preguiça”, vivia muito próximo da minha casa, na rua de baixo, ali no Botaréu, (Cândido dos Reis), tinha um filho, o João José, que andava comigo na escola. Tinha mais duas filhas.

O Preguiça, bebia bem o seu copito, e

por vezes esquecia-se do trabalho, mas lá ia dando conta do recado, construía e reparava, barcos, especialmente as bateiras. - Um dia, construiu uma bateira/ barco varino, dentro da oficina, e quando foi para a tirar de lá, nem pela janela conseguiu. Lá teve de desmanchar, grande parte das madeiras, do barco, e voltar a construi-lo já na rua, o que levou muitos dias esta operação. -

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IX

URBANIZAÇÃO/ TOPONOMIA NOTA PRÉVIA

Ao longo dos séculos, a religião, força militar e política, sempre tiveram em cada época, destas coisas – dar, ou mudar os nomes às ruas das urbes! Os feitos de cada cidadão, merecedor dessa memória futura, decerto são bons exemplos dados a comunidade, sendo recordados e homenageados por intermédio de uma toponímia. Em Portugal, as grandes localidades, depressa adoptaram este simbolismo, nos seus espaços habitados, sobressaindo as ruas e praças. A vila de Salvaterra de Magos, durante muitos séculos esteve confinada a pouco mais de sete ruas e alguns largos, onde as propriedades da casa real, ficavam na orla dessas vias dessas vias públicas. O povo dava grande importância, à conotação toponímica, com nomes ligados à religião católica, daí algumas das ruas de Salvaterra de Magos, terem nomes de santos, como: Santo António, São Paulo e S. Sebastião. Com o decorrer do tempo gerações ainda existem, que falam, tão embevecidos da sua rua, por nelas considerarem a sua habitação, ou o seu nascimento, ligando-as à sua entidade pessoal. Por imperativos do terramoto de 1909, a vila de Salvaterra de Magos, teve de alargar o seu espaço urbano e, depressa abarcou outras identificações para as suas novas artérias, já então concluídas no novo regime republicano, acabado de surgir no país, em 1910. Nos últimos anos a toponímia da vila, sofreu grande transformação, pois foram substituídos nomes, que duravam à séculos. Um factor político, deu alento para uma outra mudança, foi a revolução dos cravos, em 25 de Abril de 1974, pois até aí as mudanças eram quase inexistentes. As placas toponímicas, de ferro esmaltado, do início do século XX , ainda indicam quais os atributos do homenageado, as mais recentes em pedra, colocadas nas ruas e largos da vila, omitem juntar ao nome, um pequeno dado biográfico, de identificação, aliás um dado que se vê nas grandes cidades. Aqui em Salvaterra de Magos, também seria a melhor maneira de dar a conhecer e perpetuar a memória de quem foi homenagem daquela maneira. Nomes como: os irmãos Roberto(s); Vicente Roberto e Roberto Jacob, Francisco Ferreira Lino e outros, não mereceram a lembrança, dos autarcas que têm passado pelas autarquias – Junta e câmara municipal Os irmãos, Robertos (s), à época bandarilheiros, espalharam pelo país e estrangeiro, o nome da sua terra. .A glória das suas actuações assim o exigiam. Mais tarde, enquanto lavradores, espalharam o bem pelos pobres da sua terra, mesmo após a sua morte, não se esqueceram deles, nem das instituições de misericórdia, como se pode apreciar nos seus testamentos.

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Gaspar da Costa Ramalho, depois de uma constante “lembrança” exigida pelo autor desta nota, nas páginas dos jornais e mesmo nos lugares próprios como: sessões de Câmara Municipal, Assembleia Municipal, Junta de e Assembleia de freguesia, que durou alguns anos, lá foi reconhecido e perpetuado pela filantropia que fez pela na sua terra natal. LOCALIZAÇÃO

Salvaterra de Magos, como vila e concelho durante muito tempo esteve identificada, em poucas linhas: está localizada na margem Sul do rio Tejo, em pleno coração da Lezíria ribatejana, fica a cerca de 50 km de Lisboa e a 30 de Santarém, que, é a capital de distrito da Província do Ribatejo. Tem como fronteira administrativo-territorial; os concelhos de Almeirim, Cartaxo, Coruche, Benavente e Azambuja, com a área de 269 Km2, em 1953 (1).

No séc. XX, especialmente na sua última metade, todos os terrenos que um dia foram da sua Coutada Real, deram lugar a povoações, mais tarde freguesias, sendo agora seis: Salvaterra de Magos Salvaterra de Magos, Muge, Marinhais, Glória do Ribatejo, Granho e Foros de Salvaterra.

URBANIZAÇÃO

As habitações

Como povoação, Salvaterra de Magos, pequena que era, no final do séc. XIX, começo do séc. XX, as habitações eram constituídas por pequenas casas térreas, alinhadas ao longo das ruas, onde eram usados materiais como: terras de aluvião (simples ou com palha), em forma de bloco, intervalado por uma fiada de tijolo em forma de taipa, as paredes; rebocadas com argamassa de cal e, madeiramento que suportava a telha portuguesa (barro cozido em forma de meia cana). A porta de entrada em madeira, sem vidro, pintada de cor, que ia do verde, ao castanho e azul, dava acesso ao interior da casa por um corredor, que por sua vez comunicava este com as poucas divisões existentes (uma sala de entrada/ou casa de fora, um quarto e cozinha. A cozinha normalmente de um espaço, para uma grande chaminé, construída quase sempre a um canto, onde funcionava a lareira, sendo a comida cozida durante horas, dentro de uma panela (também conhecida por burra),em ferro fundido, com um tripé a sustentá-la, em cima do lume. Na lateral da chaminé, existia uma pequena aba do mesmo material, ou em madeira, que servia para guardar pequenos utensílios, especialmente os fósforos e candeeiro a petróleo, ou vela.

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(1) - Em 1965, sofreu novas alterações - houve permuta de terrenos com o concelho Benavente, quando da (re) instalação da Comarca, que serve os dois concelhos.

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Junto à chaminé, uma bancada fechava o espaço e servia de poial para os potes e infusas de água. Quando grande a cozinha, o espaço ostentava uma pequena escada em madeira, fixa à parede dando acesso ao sobrado (sótão), servindo a madeira do chão deste, de tecto à sala e ao quarto.

O sótão, para além de armazém, era muitas vezes usado como quarto, pois as famílias quase sempre eram numerosas, com muitos filhos.

O pavimento da habitação era de salão (1), que era lavado semanalmente com um pano embebido em água, para continuar lustroso e macio. No dobrar do século passado, as novas moradias construídas, usavam já na sua construção o cimento e o tijolo e telha Marselha e na parede frontal para a rua, a porta encontrava-se agora muitas vezes com uma janela de cada lado, ficando as divisões interiores separadas com um corredor no meio da casa.

TOPONOMIA

A antiga toponímia da vila mostra as sete ruas de Salvaterra de Magos, antes de 1788, como: Largo S. Sebastião, Rua do Arneiro, Azinhaga das Oliveiras, Rua do Jogo da Bola, Trav. do Forno de Vidro, Trav. do João Gomes, Trav. do Hospital, Rua das Cozinhas, Rua de S. Paulo, Rua de Santo António, Rua Direita, Rua de Água, Rua do Pinheiro, Rua do Calvário e o Largo do Pelourinho (Junto à Câmara). No lado Este, junto da povoação, existiam terras de baldio, que durante séculos foi vazadouro público, sendo conhecido por Trás-Monturos (Rossio).

Esta zona, no final do século XIX, recebeu um arranjo urbanístico, por via da feitura da estrada para o Escaroupim, com acesso ao porto fluvial da Palhota, no espaço junto às moradias e por onde viria a passar a estrada, foi colocada estacaria, e passou a ser conhecido pelo Rossio da vila, pois dali o acesso ao campo dava-lhe grande beleza.

NOVAS RUAS

Quando da extinção da casa real, os seus bens foram para leilão, muita da pedra que restava do paço real e outras moradias, serviram para calcetar as ruas primitivas da vila e, usada na construção de grandes adegas e armazéns para produtos agrícolas. Por via do terramoto de 1909, Salvaterra de Magos,

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(1) – Salão (terra negra de aluvião)

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muita da sua urbanização sofreu grandes estragos, como as vizinhas; Samora Correia e Benavente. Nos trabalhos de recuperação das habitações, um novo projecto urbanístico levou a alargar o seu perímetro de povoação, sendo cons -

truídos novos arruamentos para Sul e Poente da vila, obras que se arrastaram por alguns anos, No inicio de 1910, o rei D. Manuel II, ainda aqui esteve para se inteirar dos danos sofridos pelo sismo e dar as necessárias soluções às pretensões de uma “ Comissão de Homens Respeitados “ entretanto constituída no concelho.

O novo Regime Republicano, em Outubro de 1910, veio encontrar as obras de Salvaterra de Magos a meio, os novos autarcas afectos ao novo regime político, logo se apressaram a mudar a toponímia da vila, aliás uma situação verificada em todo o país. Nos terrenos a Sul, próximos das chaminés das antigas cozinhas, do que foi o paço real, apareceram as ruas, Luís de Camões, Conde dos Arcos, Rua do Charco. A Rua Debaixo dos Arcos, assim conhecida, por no local existir restos da construção que ligava o palácio velho ao paço das damas. Tempos depois, a rua Debaixo dos Arcos, deu lugar à rua Heróis de Chaves, a rua Conde dos Arcos, à rua Elias Garcia, a rua do Hospital, teve a sua origem por estar de frente ao hospital da vila, a rua do Charco, recebeu o nome do aviador, Gago Coutinho, em homenagem ao seu feito de ter atravessado o Atlântico, até ao Brasil.

O final daqueles arruamentos, ficava junto a uma horta, entretanto construída para alimentar a população, passando a ser conhecida por Horta do Sopas. O conhecido Largo Dr. Oliveira Feijão, nome ilustre de um filho da terra, deu lugar à Praça da República. O muito antigo Largo do Palácio, não teve tempo de saber que, se chamava de 5 de Outubro, passou a Largo dos Combatentes, em memória dos militares portugueses que estiveram na I guerra mundial (1914 -1918).

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O tempo passava, a miúdas vezes, lá aparecia um novo nome e, a vila de Salvaterra de Magos, sempre incompleta na sua toponímia. Em 1950, um novo mapa da vila, nos mostra uma vila cuja toponímia era assim: Av. José Luís Brito Seabra, (ocupando a antiga Rua Jogo da Bola e Largo S. Sebastião) neste largo, foi construída uma escola, um pequeno arruamento, ali junto recebeu o nome, Av. António Viana Roquette. Rua Almirante Cândido Reis, (Rua Santo António), Rua Machado Santos, (Rua Direita), Rua Miguel Bombarda, (Rua do Pinheiro), Rua de Água, Av. Vicente Lucas de Aguiar (que foi a Rua do Calvário), Trav. da Azinhaga, Rua Mártires da Pátria (com a sua área de pequenos quartos), Trav. do Forno de Vidro, e Trav. das Amoreiras. Rua Porfírio Neves da Silva, Rua 31 de Janeiro, Trav. do Forno, Trav. do Bilbau, Trav. do Secretário, Rua da Capela Real, Rua Nova de S. Paulo, Rua Trás da Igreja, Rua Marquês de Pombal, Trav. do Cotovelo, Rua Luís de Camões. A Rua Elias Garcia, que em 1920, ainda era rua Conde dos Arcos , Rua do Hospital, Rua do Charco (Rua Gago Coutinho), Rua Defensores de Chaves (Rua Debaixo dos Arcos) Largo da Igreja, Praça da República O Largo dos Combatentes, passou também a ser conhecido popularmente por Largo do Lopes, ou do Ribatejano. A antiga rua do hospital, passou a recordar o iminente cientista, médico-cirúrgico, Gregório Fernandes, filho de uma antiga família da terra e, a casa onde nasceu, ostenta várias placas de homenagens, de que foi alvo. Para outros beneméritos como: Francisco Ferreira Lino, os irmãos Roberto (Roberto da Fonseca e Vicente Roberto), tarda o reconhecimento pelos autarcas que, aos longos de muitas décadas, passaram pelos destinos do município salvaterrense. Com a revolução de Abril de 1974, logo houve oportunidade para os novos responsáveis camarários se “apressarem” a mudar e doar novos nomes às ruas da vila, como: António João Ramalho Almeida, que substituiu a Rua de Água, Porfírio Neves da Silva, deu lugar a Gen. Humberto Delgado.

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A rua Marquês de Pombal, absorveu a Luís de Camões, tendo a toponímia do poeta substituído a rua Direita e, a rua 31 de Janeiro, foi repartida com a rua 25 de Abril. Mais tarde, uma outra decisão dos autarcas, levou a rua que liga a Av. Dr. Roberto Ferreira da Fonseca, com o Bairro da Chesal, dando acesso ao Parque Infantil e Escola Secundária da vila, ficou com o nome de Natércia Rita Assunção, insigne professora primária, que acabava de receber dos seus antigos alunos, justa homenagem pública. Em 12 de Outubro de 1999, outros responsáveis municipais da Junta de Freguesia, em reunião e, num “impulso de solidariedade”, aprovaram a mudança da antiga rua Trás da Igreja, para rua de Timor Loro Sae. Em espaços de novas urbanizações da vila, apareceu a Rua Padre Cruz, Rua Capitão Salgueiro Maia, Padre José Rodrigues Diogo, Rua CentroParoquial. O novo poder autárquico, eleito desde 1976, não se esqueceu de outras ruas e largos, que foram recebendo nomes, como: Dr. Joaquim Gomes de Carvalho, distinto médico, que durante anos foi Delegado de Saúde no concelho e Rebelo da Silva, escritor, que imortalizou a morte do Conde dos Arcos, numa corrida real de toiros, em Salvaterra de Magos, para além dos capitães de Abril de 1974. UMA RUA GASPAR PARA GASPAR COSTA RAMALHO Depois de muitos escritos na comunicação social e, até mesmo com intervenções em sessões públicas, o autor deste trabalho, chamava a atenção da falta de respeito dos autarcas, para com este filantropo. Finalmente, numa das últimas resoluções, foi-lhe atribuída a toponímia a uma rua, que vai da Padre José Diogo, em frente à misericórdia local, onde se pode apreciar o seu Lar/Centro de Dia, até à rua Padre Cruz, junto dos terrenos do cemitério local.

A URBANIZAÇÃO DA EN 118 ( Junto à Praça de Toiros ) Volta na volta, o espaço que envolve a Praça de Toiros, é alterado com arranjos urbanísticos. Desde 1940, data do seu primeiro embelezamento, que é um terreno apetecível para os autarcas locais, darem nas vistas!

Entre muitas outras, já lá foram construídas zonas ajardinadas separadoras de trânsito, com sistema eléctrico de semáforos, cópia do que se usava em todo o país, na prevenção dos acidentes rodoviários. Em 1996, um novo

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estudo levou à construção de duas placas separadoras de trânsito, cujo projecto final dava em duas fontes artificiais. Pela sua configuração, logo o povo as chamou de “tigelas”, mas era uma nova forma urbanística, encontrada, pelo executivo do então presidente do município, José Gameiro dos Santos. O jovem arquitecto italiano, Flávio Barbini, estagiário no departamento de obras da câmara, teve influência no desenho, pois era uma arquitectura moderna e, em voga em muitas cidades europeias. Aconteceram, as eleições autárquicas de 1997, um novo executivo camarário foi eleito, a obra estava a meio, foi tomada a decisão em substituir a construção. Os anos passaram, um novo desenho foi encontrado pelo executivo, sob a presidência de Ana Cristina

Ribeiro. Uma “Rotunda”, como muitas outras, que se vêem agora por tudo quanto é sítio, seria a melhor forma de escoar ali, o imenso trânsito, que utiliza a EN 118, atravessando a povoação de Salvaterra de Magos. O estado, através do Instituto de Estradas de Portugal - IEP, avalia a construção e chama a si a feitura daquela nova obra, muito usadas em vários pontos de Portugal. Urbanizada a gosto da municipalidade local, a Rotunda, suporta agora uma escultura alegórica ao tema emblemático da terra ribatejana; O Campino, o Cavalo e o Toiro. Com inauguração, prevista para o dia 11 de Outubro de 2002, a mesma veio a acontecer no dia 18, com a pompa e circunstância desejada pelos executivos autárquicos – Junta de Freguesia e Câmara Municipal. de Salvaterra de Magos.

OS SEUS ESPAÇOS AJARDINADOS Jardim da Praça da República

O vasto Largo, Dr. Oliveira Feijão, no final do século XIX, era um espaço emblemático, pois era o único na vila e, disso nos dá conta uma planta, quando das obras que recebeu, para a construção do jardim público, deixando de existir a escadaria em frente ao edifício municipal, que dava acesso da Igreja Matriz à Fonte de Santo António. O jardim público, cuja construção era semelhante a um outro existente, na vila de Almeirim, murado a meio metro de altura, tinha

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vedação em ferro, em cima de lajes em pedra de lioz. O jardim, na frente para a residência paroquial, tinha um bonito portão de entrada, construído em ferro, suportado por duas colunas em pedra e, pegado a si o mercado diário da terra. Este espaço público de Salvaterra de Magos, tornou-se uma curiosidade fotográfica, no primeiro quartel do século XX, sendo agora uma saudade. As suas fotos reproduzidas em quantidade fazem a decoração em tudo quando é lugar público, especialmente em cafés e salas de restaurantes. Após a revolução republicana, de 1910, o largo mudou de nome, e passou para Praça da República. No seu terreno, passa um subterrâneo, que transportava um caudal de água, que alimentava a Fonte de Santo António., que estava encostada em forma de meia-lua, à parede em pleno largo de Santo António (espaço que ligava a rua do mesmo nome à antiga capela real). A destruição da construção original do jardim e mercado, verificou-se em 1957, para dar lugar a uma nova urbanização ajardinada. Jardim do Largo Combatentes

Situado num grande espaço térreo no centro de Salvaterra de Magos, mesmo ali em frente ao edifício escolar “ O Século”, passou a ser conhecido pelo jardim do Lopes, ou do Ribatejano A sua urbanização como jardim público, ronda o ano de 1957, pois até aí, no local apenas existiam algumas árvores, já de idade avançada, e o terreno era de argila

com pequena pedra redonda (saibro). O seu espaço, ocupado com um quadrado, cujo chão recebeu calçada portuguesa, para além da relva, sustentava canteiros de flores, nas quatro épocas do ano. O abastecimento da rede pública de electricidade à vila, em 1951, trouxe a possibilidade, de aí serem colocados, quatro candeeiros de grande altura, construídos em cimento, de configuração redonda AS ESCADARIAS (Capela Real) No final do século XIX, em 1892, a construção da estrada de Salvaterra ao Escaroupim, levou a que algumas janelas e portas do edifício da antiga capela do paço real, fossem emparedadas, pois o nível da estrada subiu no lado Sul, do jardim público., passando a existir uma estrada com acentuado declive.

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Jardim Dr. Oliveira Feijão (Praça da República) Tal como aconteceu junto à Capela Real, no lado Norte, do jardim público, também o acesso ao edifico municipal, a escadaria, deixou de existir, para dar lugar a uma via de trânsito. Quer uma, quer outra ficaram com a cota da construção inclinada, vendo-se as mazelas causadas no antigo edifício religioso que, mostra portas e janelas emparedadas. Na sua esquina, antes das obras, ainda se podia apreciar uma nascente de água, que era conhecida pela Fonte dos Passarinhos, como nos contou um dia, Francisco Costa. Avenida Dr. Roberto F. Fonseca

A rua do Calvário, nos primeiros anos do século XX, ainda era uma grande artéria, onde passava o gado. Ali, existia o novo hospital da vila e junto a um espaço com pinhal (1), ostentando uma grande cruz em pedra,. Por volta de 1920, a cruz de pedra, foi transferida para o

cemitério local, onde se encontra, mas sem a base de assento primitivo. Vinte cinco anos depois, um grande investimento urbanístico, trouxe à rua do Calvário, a dimensão de avenida, com os seus grandes canteiros para relva e flores, onde as árvores em fila, de ambos os lados, contemplavam os seus cerca de 900 metros de comprimento. Recebeu o nome de Avenida: Vicente Lucas de Aguiar, antigo presidente da câmara municipal, passou a ser a via de maior transito e, na sua entrada com a bonita Praça de Toiros, construção emblemática da vila e o hospital. Logo após a revolução de Abril de 1974, com a mudança de alguns nomes nas ruas, a avenida passou a ser conhecida por: Dr. Roberto Ferreira da Fonseca, distinto médico, nascido em Salvaterra e, que foi seu presidente da câmara municipal. ******** (1) – Espaço onde foi construído o edifício da Casa do Povo

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O ABASTECIMENTO DE ÁGUA NOTA PRÉVIA A povoação de Salvaterra de Magos, encontra-se na bacia do rio Tejo, as suas terras desde sempre foram macias, terras de aluvião, são terras da bordadura e, deram água a pouca profundidade. Tem o benefício, ou prejuízo das marés, ou mesmo do armazenamento quando de épocas muito chuvosas, daí o seu caudal. Sendo terras de aluvião e pouco arenosas junto ao rio, as águas são doces que se vão tornando salobras, mais para sul quando encontram terras argilosas (secas), já banhadas pela bacia do rio Sado, especialmente junto à orla

marítima, conforme descrito num trabalho de, F.N. Delgado e outros. (1) Com água em abundância as “sangrias” da terra, proporcionavam fontes naturais que duravam séculos, até um dia secarem, daí os muitos fontanários naturais que existiram em Salvaterra, daí muitos terem desaparecido. Os poços, artifícios do homem, ainda encontra água a profundidades muito próximas do solo,

de três a cinco metros de profundidade – junto à margem do rio (lado sul) a 3/4 Kms da vila. Desde os meados do séc. XX, com a agricultura de regadio intensiva, a abundancia de água é escassa, mesmo para o uso domestico.

A FONTE DO ARNEIRO O século XIX, estava nos últimos anos, os terrenos que pertenciam ao Arneiro da vila, ainda recebiam as águas pluviais, encaminhadas através da Azinhaga, com destino ao campo, e à vala real. A Fonte do Arneiro, fornecia água à população, como outras nascentes na povoação. Edificada no Arneiro da vila, é de construção simples, mas digna de apreciar. Com tecto e entrada abóbada, é um fontanário, de duas bicas, cujo acesso tem escadaria em pedra de lioz, não polida, já muito carcomida pelo tempo.

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Na sua frontaria tem esculpida a inscrição ANN 1711, dando-nos a data da sua construção. Na frente, em cima das duas bicas, uma pequena porta de acesso, para limpeza, pois a sua água vem de uma nascente, através de um aqueduto (subterrâneo), desde os distantes terrenos do convento de Jericó, segundo versão popular, e que foi confirmada por José Caleiro, homem que viveu em dois séculos, antigo militar no primeiro conflito mundial, numa entrevista que me concedeu para o “Aurora do Ribatejo”, em 1980, que disse; ter trabalhado lá dentro nas limpezas, que a câmara fazia periodicamente, viso ali nascerem ervas. Com a fonte ali à mão, ao longo dos tempos, os mestres: ferreiros e carpinteiros, tinham instalada no terreno próximo uma grande pedra redonda (molde), que utilizavam para a construção das rodas dos carros. A esta fonte, estão ligadas algumas histórias da vila, especialmente as da roda de pedra. (Ver: Contos e Lendas)

A FONTE DA PETEJA (*) (Mina/Nascente)

Nascente já referenciada, antes da delimitação do concelho de Salvaterra de Magos, com o vizinho concelho de Benavente. De uma construção em tijoleira, situando-se numa barreira, nos terrenos com o mesmo nome, próximo do palácio da Falcoaria. A entrada, bordada a pedra, apresentava em 1980, no seu interior, uma água esverdeada, pela falta de uso hà

muitos anos, e pela sombra a que está sujeita. Numa nova visita que fiz, vinte anos depois, aquela construção não estava visível, pois o silvado e, outras ervas daninhas, ofuscaram a sua presença, bem como a configuração da barreira, o terreno que já tinha sofrido alguma alteração. A ladear o terreno, lado esquerdo – sentido Norte, existe uma estrada de pedra, que passa sobre uma ponte, que pela sua construção é atribuída à época romana. Também nesta última visita, os arcos da citada ponte estavam invisíveis de tanto mato e silvas. ************ (*) – A barreira, que suporte o poço (nascente) de água, e que alguém em tempos idos resguardou, encontra-se muito próximo do palácio da Falcoaria e de uma velha ponte de pedra, que alguns dizem ser da época romana. * Nota: Na 1ª Foto do autor, com seu filho na entrada do poço, na 2ª Foto a nascente, já em grande estado de má conservação.

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A FONTE DE SANTO ANTÓNIO Tinha um formato em meia-lua. Era uma construção linda…..! Construída na parede do Mercado Municipal, era já conhecida no séc. XVIII, junto a ela, uma escadaria em pedra de lioz dava acesso, quer ao Mercado Diário da vila, quer ao Jardim Público. Forrada até meia altura com mármore de cor rosa, nos dois lados um pequeno banco em pedra, dava para os utentes aguardarem a sua vez de encherem o vasilhame, especialmente o pote e a infusa. Tinha duas bicas, que deitavam água por debaixo de uma grande porta em madeira. A sua nascente vinha de uma mãe-água, que foi identificada nos terrenos, onde foi construída uma instituição bancária, passava por debaixo do

edifício dos bombeiros, vinha até aos terrenos do jardim, passando por debaixo da escola. A água que sobrava, corria por uma pequena caleira em tijoleira, a céu aberto pela Trav.do Secretário, com destino a um grande tanque construído em pedra de lioz, que por sua vez servia para as manadas de gado que por ali passavam diariamente, se sementarem. Como estava sempre cheio, a água sobrante corria por um pequeno regato até uma vala com destino à vala real. Uma vereda de choupos, suportava as terras daquela vala e, outros enchiam todo o terreno, do Rossio (Trás-de-Monturos).da vila. Em 1957, a câmara municipal chefiada por José Luís Seabra Ferreira Roquette, delegou no vereador Eng.º Carlos Costa Freire, o pelouro das obras. Este, acompanhou destruição do depósito da água, e a construção de um Mercado Diário coberto, (para tal aproveitou um espaço de terreno junto ao Quartel dos Bombeiros, onde foi construído um edifício a titulo provisório As bancadas em pedra do antigo mercado, junto ao edifício camarário, passaram para o novo, seria provisório. Durou 50 anos !

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Da Fonte, apenas resta um pedaço da coluna em pedra, que suportava a escada, que lhe era paralela. ************************* FONTE S. SEBASTIÃO (Fontanário) Com a limpeza e nova urbanização do espaço que foi o Largo de S. Sebastião, em 1933/34, após o terramoto de 1909, que destruiu a Albergaria (Hospital) ali existente, foi construída um fontanário, cuja água provinha de um furo através de uma bomba, movida por um motor, colocado na sua base.

O Fontanário, no Largo S. Sebastião, era igual a um outro, construído no mesmo ano, junto à casa do Povo, que foi demolido em 1948. No antigo Largo, nasceram a Av. José Luís Brito Seabra, a Av. António Roquette, e construída um edifício escolar.

O Fontanário, em 1951, passou a ser alimentado com a água da rede de abastecimento de água, no sistema domiciliário publico que, foi instalado na vila. Esta construção sempre foi apreciada, mesmo pelos interessados em arquitectura “É de uma construção sóbria em cimento “vivo”, sendo uma peça que, estando enquadrada no património local, é referenciada nas suas publicações. Durante mais de 50 anos, foi conservada a sua beleza no estado original. Em 1998, a DOMSU, um departamento camarário, a cargo do vereador João Abrantes, mandou proceder à sua pintura de cor branca e amarelo.

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O povo comentou, foi de mau gosto ! Uma aberração ! Disseram na altura. Tal dislate, do Vereador Abrantes, foi uma porta aberta para que a pintura “grafit” ali começa-se a ter lugar, naquele património, que passa tempos sem fim, limpa de tal pinturas

BOMBA DE ÁGUA

Em 1940, na rua Heróis de Chaves, a Casa Roquette, numa sua propriedade, instalou uma bomba-de-água para beberar os seus animais, já tinha servido para abastecimento público da população, na rua 25 de Janeiro, aproveitando a passagem da água com destino à fonte de S. António, junto à câmara municipal.

Os anos passaram, agora ainda se encontra no mesmo sítio, nas instalações da escola Profissional de Salvaterra de Magos, como peça emblemática de um passado. ************************** *********************

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XI

A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SALVATERRA NOTA PRÉVIA A Caridade, sempre foi uma forma de fazer misericórdia, era uma tendência de ajudar os mais necessitados, evoluiu com os tempos. Segundo compêndios mais antigos, a designação assistência, provém de auxílio, socorro ao próximo. Desde tempos que se perdem, enquanto a memória do homem pode recuar, ajudar os famintos, desabrigados, transviados, impacientes, dar consolação de espírito, mesmo aos presos, assistência material, eram formas de “dar sem receber”. Isto era fazer misericórdia. Era uma forma individual de ser caridoso, com os tempos as comunidades reunidas em grupo, tornaram-se mais fortes. Recuarmos à antiguidade, já no antigo Egipto a misericórdia, era levada à prática, na área da escravatura. Os escravos, eram considerados como homens, baseado na sua religião e crença natural na vida além-túmulo. Já no séc. XVI, em 1540, Fernão Mendes Pinto, nos descreve no que viu em Pequim, na China. Escolas, para crianças pobres, escolas de ofícios, escolas para enjeitados. A história da assistência cristã, é o alicerce do que veio a ser as Obras das Misericórdias, na Europa e que Portugal adoptou, desde a idade média, com Albergaria, Hospícios, Hospitais, Gafarias e Mercearias. A SANTA CASA Com o início das Confrarias em 1498, Portugal, através de D. Leonor de Lencastre, viúva do Rei D. João IV, e com grande empenho do rei D. Manuel I, é instituída a Misericórdia de Lisboa, naquele ano, deixando o direito religioso de ter plenos poderes, caso das ordens religiosas, e o direito civil começou a intervir na sua construção e administração e, aí temos no último quartel do séc. XV, a lei das Misericórdias, aparecendo a Misericórdia de Lisboa.

A vila de Salvaterra de Magos, muitos anos depois teve a sua primeira Albergaria, que dava apoio aos peregrinos a caminho de Santiago, num pequeno anexo junto à Igreja da Nossa Senhora da Conceição, que recolhia esses caminhantes tementes a Deus. Fazendo fé em alguma documentação oficial, a fundação da Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos, data de 1660. Ao longo da sua existência, a Santa Casa, teve já vários “Compromissos” No primeiro, constavam 36 capítulos de obrigações e deveres, como era prática no século XV. Um outro de 1912, regulava a instituição, dando-lhe o

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nome: “Associação de Beneficência - Misericórdia de Salvaterra de Magos”, datado de 30 de Abril Tendo sido destruídos, pelo terramoto de 1909, a Albergaria da Capela e a Mercearia, no Largo S. Sebastião, a assistência médica e hospitalar, passou a ser uma necessidade premente na vila, especialmente da camada populacional mais empobrecida, mesmo existindo o Montepio de Salvaterra, que dava apoio aos socialmente menos carecidos, pois pagavam uma quota mensal. Um Novo Hospital um novo hospital foi construído a expensas, do então provedor, o benemérito; Gaspar da Costa Ramalho, e de algumas dádivas que angariou. A construção do novo edifício hospitalar, orçou na quantia de nove contos e noventa e cinco mil quatrocentos e sessenta e um reis (9.095.461,000. A quantia angariada pelo provedor foi de; sete contos e onze mil novecentos e cinquenta e cinco reis (7.011.955 rs), costeando ele a parte em falta. O novo hospital, foi inaugurado solenemente, em 9 de Março de 1913, pela mesa administrativa da misericórdia; João Ferreira Vasco, Manuel Frazão d`Azenha, Francisco de Almeida Henriques, António Henriques Alexandre, Augusto Lopes e José Pedro Valente. À cerimónia estiveram presente representantes da; Câmara Municipal, Junta da Paróquia, Associação dos Trabalhadores Rurais, Club de Salvaterra, Montepio, Centro Republicano e respectiva banda de música, Sindicato Agrícola, Caixa de Crédito Agrícola,

Comissão Organizadora da Festa da Árvore, funcionários e demais povo. Como era seu hábito, nas benemerências que fazia, o cidadão, Gaspar Ramalho não esteve presente. Considerado na época um edifício modelo de construção, na área hospitalar, em todo o Ribatejo, durante anos serviu a população do concelho de Salvaterra de Magos, nas várias situações de internamento e partos. O terceiro, regulamento “Compromisso”, data de 20 de Fevereiro de 1961

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AGRADECIMENTOS ! Desde os primórdios da sua existência a Misericórdia de Salvaterra de Magos, sempre soube ser humilde nos agradecimentos, para quem a serviu e ajudou, na sua obra de beneficência, especialmente com aqueles que lhe deixaram legados.

Algumas homenagens foram assinaladas e constam gravadas em pedra, para a memória dos tempos, a homens que lhe prestaram benemerência, como os doutores; Armando dos Santos Caiado, José António Vieira, Roberto Ferreira da Fonseca e Joaquim Gomes de Carvalho, que durante muitas décadas, ofereceram aos protegidos da instituição os seus actos médicos. Seguindo os mesmos ditames da filantropia, um outro distinto médico, Fernão Marçal Correia da Silva, também contribuiu graciosamente, até à sua morte, os necessitados da Misericórdia de Salvaterra de Magos.

UM CENTRO DE DIA PARA IDOSOS A chamada terceira idade, tem dado assunto para páginas e páginas de literatura, horas de conferências, onde ficaram registadas sábias lições sobre gerontologia, mas pouco se tinha feita até aquela data em benefício dos necessitados.

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Em 1980, fiz publicar no semanário “Aurora do Ribatejo”, uma notícia onde destacava a iniciativa de um grupo de amigos da Misericórdia, em construir um Centro de Dia para Idosos, e o apoio ao domicílio, o que era raro no país. Foi posta mãos à obra, um pequeno grupo fez dois peditórios pelas ruas da vila, o resultado financeira foi insignificante. O grupo, onde eu me incluía, não desistiu. Aquela decisão era original, teve eco noutros meios de comunicação, que a reproduziram e foi assunto de meditação. Um deles, foi a rádio comercial no seu programa “As Cidades e as Serras”, em Maio de 1980.

O Centro de Dia, foi inaugurado em 21 de Junho de 1985, num espaço de um edifício, cedido pela câmara municipal e, acolheu grande número de idosos, que ali passaram a ficar todo o dia, libertando as suas famílias, para as suas actividades profissionais. Foram seus obreiros: José Luís Serra Borrego, José Rodrigues Gameiro, Armando Rafael de Oliveira, José Teodoro Amaro, António José da Silva, João S. Castanheira (João Raposo), Eurico Norberto Santos Borrego e João António Nunes da Silva. Os doentes, e idosos acamados nas suas residências, passaram diariamente a ser visitados e tratados, o que era uma novidade. Foi uma aposta dos seus promotores, que não desistiram, e continuaram a sonhar - um espaço novo e moderno – tinha que ser um novo emblema na solidariedade, da Santa Casa local.

a implementação de Lares para Idosos, e daí nasceu uma outra forma de assistência, os Centros de Dia.

UMA PRÁTICA DA CARIDADE!

Muitas horas em programas e debates, se tem gasto, na melhor

forma de proceder com o ser humano carenciado de afectos, especialmente com os idosos. Houve-se muitas vezes os especialistas, quanto se encontra alguém a viver num lamentável estado de falta de higiene - entre animais. Por exemplo uma pessoa idosa, vivendo entre cães, e onde a limpeza não existe. “ É de levar a pessoa, para um Lar, e os animais para um Canil “ “Assim, o problema de saúde pública fica resolvido, diziam! “ No entanto os afectos que, ambos estão habituados e necessitam para viver, com a separação vai acabar na solidão manifestando-se irremediavelmente por vezes no ser humano, chegando este à morte mais

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depressa. A Misericórdia de Salvaterra, em 1985, teve em mãos uma situação dessas e, resolveu-a a contendo de ambas as partes - O humano e os Animais. Nos primeiros dias do seu Centro de Dia, uma idosa senhora, vivia só, numa instalação abarracada, e tinha apenas como companheiros uma enorme matilha de cães, onde a higiene faltava, no espaço onde habitava. A melhor solução foi encontrada – a senhora, anuiu a ir viver para o Centro de Dia, aceitando que os seus animais estivessem a viver em sítio próximo, onde os podia visitar. Diariamente. Os animais, ficaram sob vigilância dos serviços veterinários municipais e, a senhora na sua nova “residência” construída em madeira, foi uma solução - viveram ainda muitos anos, sem problemas.

LAR E CENTRO DE DIA PARA IDOSOS Na edição de 15 de Abril de 1992, o Jornal Vale do Tejo, noticiava a inauguração do edifício do Lar para Idosos, pela Misericórdia de Salvaterra de Magos, construído nos seus terrenos. Ao acto solene, esteve presente o secretário de estado da segurança social, Dr. Vieira de Castro. Entre outros convidados oficiais, encontrava-se o Bispo da Diocese de Santarém, D. Manuel Pelino e, entre a multidão anónima presente à inauguração, encontravam-se aqueles que um dia levaram a cabo a iniciativa da construção do Centro de Dia e, mais tarde o Lar de Idosos, agora a receber as honras festivas da sua fundação. Edifício moderno, contou desde a primeira hora, do projecto, com a “carolice” de José Teodoro Amaro, António José da Silva, Eurico Borrego, José Luís Borrego e Armando Rafael Oliveira, João Nunes, António Eduardo Andrade, e eu próprio, entre outras pessoas incansáveis que, desde 1977 esperavam a aprovação no Departamento e Equipamento Social, do Ministério da Segurança Social que, apoiou a sua construção. O Provedor da Santa Casa, Armando Oliveira, naquele dia memorável, para esta vila, fez das suas as palavras de todos quanto se tinham empenhado na concretização daquela obra.“ Para que a velhice não seja um peso, mas sim um continuar da vida, onde o amor e fraternidade do ser humano, são postos

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ao serviço do seu semelhante – Seja tudo isto o que damos aos outros, faz-nos mais humildes e felizes”. No rosto de alguns amigos daquela obra, uma lágrima de emoção rolou, não estava ali presente o José Teodoro Amaro, a morte tinha-o levado alguns dias antes. O José Teodoro, era um homem que, durante a sua vida, sempre se dedicou com empenho e espírito de solidariedade às instituições da sua terra e ele não estava agora junto ao grupo que muito se empenhou, quer na construção do Centro de Dia, quer agora no Lar e Centro de Dia, para idosos da misericórdia. O seu antigo projecto de apoio à terceira idade, na residência, era agora uma realidade, e servia de exemplo a nível nacional. A comunicação social amiúdas vezes, fazia referência a este trabalho, da Santa Casa de Salvaterra, pois era já uma obra cimentada na boa prática. ************************* Dos Jornais: CHORAR DE EMOÇÃO, EM DIA DE ALEGRIA

(Uma obra dos amigos da Santa Casa)

O homem liberta-se, ao chorar de emoção, em dia de alegria!

Cada sonho, cada realização, torna o ser humano, mais digno de si mesmo. A

dignidade, está também visível na forma de vida que, em união de esforços consegue

buscar para si, ou para o bem-estar da comunidade onde está inserido. Em Portugal, os

lares para idosos, não eram e, ainda não são bem aceites pelas gerações que, foram

educadas onde o dogma é a família. Em Salvaterra, como hábito de séculos, enraizado

na cultura familiar das gerações mais antigas, “os velhos”, sempre viveram e acabaram

os seus últimos dias de vida, dependendo das disponibilidades e carinhos dos filhos, ou

familiares mais próximos.Na década de 70, as instituições de solidariedade social,

mormente as misericórdias, levaram a cabo no nosso país a implementação de Lares

para Idosos, e daí nasceu uma outra forma de assistência, os Centros de Dia.

In Jornal Vale do Tejo – 16.07. 1998 * José Gameiro

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O HOSPITAL FOI DESACTIVADO! Com as transformações verificadas na política do país, seguida após a revolução de Abril de 1974, a área económica do país foi a mais afectava com as nacionalizações. No campo da assistência médico-social, várias unidades hospitalares das misericórdias, e outras instituições de solidariedade social, viram os seus hospitais serem “requisitados” pelo estado para funcionarem num novo serviço de saúde implementado no país. O hospital de Salvaterra, deixou de prestar assistência com internamentos à população e, as suas amplas instalações, foram adaptadas para “Centro de Saúde” e, serviços administrativos. Anos mais tarde, foi devolvido à sua proprietária, a Santa Casa, que fez obras de conservação no edifício em Outubro de 1999, e ali foi instalado um novo serviço de apoio de emergência a idosos e deficientes – CATEI, que a Misericórdia dirige. UM NOVO CENTRO E SAÚDE

Inserido no novo sistema do serviço nacional de saúde, em Dezembro de 1997, foi inaugurado um novo edifício para Centro de Saúde de âmbito concelhio. A sua construção, teve lugar numa parcela de terreno oriundo do espaço do antigo hospital, fruto de uma permuta entre a Misericórdia e a Autarquia local.

No seu início, e na fase da instalação dos serviços era seu Director, o médico José Mineiro (José Emídio Mineiro), o seu empenho e trabalho realizado, foi reconhecido. Aqui o recordamos para que conste ! *****************

In Jornal Vale do Tejo * José Gameiro

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O EX-LIBRIS PRAÇA DE TOIROS DE SALVATERRA Inaugurada em 1 de Agosto de 920, num terreno oferecido pela câmara, para os lados sul da vila, na área onde ainda existiam restos de um dos três moinhos de vento, que houve no local. Uma ”Comissão” de homens de boa vontade, levou avante a sua iniciativa, entre os festejos inaugurativos houve também duas corridas de toiros, sendo depois entregue por doação à Santa Casa da Misericórdia local. Anos depois, pelo ciclone de 1942, com a sua construção suportada em grande parte por madeiramento, ficou parcialmente destruída, necessitando de avultadas obras. O benemérito, Gaspar da Costa Ramalho, suportou os custos das paredes e outras fundações, tendo a Condessa Monte Real, dado donativos para a feitura de bancadas em cimento. Pela sua traça original, aos longos dos anos, especialistas em arquitectura têm considerado aquele taurodromo, uma obra de valor que, para os naturais da terra é um ex-libris da vila. Com a construção da EN 118, em 1943, e devido à sua localização, ao longo dos anos o espaço que, a circunda tem sido alvo das mais variedades obras de urbanização, levadas a cabo pelos executivos que têm passado pela autarquia. ********************** ***************

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XII

OS BRASÕES DAS FREGUESIAS DO CONCELHO

NOTA PREVIA

As alterações verificadas no Código Administrativo do país, a partir do Antigo Regime (D. João VI), até às muitas modificações que o mesmo sofreu, no séc. XIX, o espírito territorial de “Concelho” prevaleceu, mesmo quando, no Código Reformista de 1878, Rodrigues Sampaio, dizia no seu preâmbulo. O “concelho”, é um espaço próprio e digno da identidade do povo, está sujeito às suas raízes, à conveniência da História Geográfica. Em algumas enciclopédias de Geografia reportando-se à mobilidade humana, o conceito de Município, é uma associação natural dos concelhos para a sua vida administrativa Quando da publicação em 18 de Março de 1942, de um outro código legislativo, Salazar, volta a confirmar o que ainda se verifica, nos muitos brasões que, ostentam a figura de vila, não deixando no entanto de serem sede de concelho.

MUNICIPIO – NOVA IDENTIFICAÇÃO NO LISTEL

DO CONCELHO DE SALVATERRA DE MAGOS

Os autarcas vereadores do concelho de Salvaterra de Magos, em Abril de 2005, aprovaram em decisão camarária que, o Listel, do Brasão da Vila de Salvaterra de Magos/ou Concelho, fossa alterada. Entre as várias escolhas, recaiu em: ”Município de Salvaterra de Magos” ou “Salvaterra de Magos”, deixando a decisão final aos heráldicos nacionais. Desde logo, aqui dá para reflectir sobre a decisão tomada, e sobre o assunto, o autor, decidiu interpelar quer a Câmara, quer a Assembleia Municipal, enviando correio. A determinação decisória dos autarcas ao tempo na câmara de Salvaterra de Magos, vê-se pela diferença que existe em relação aos outros concelhos seus congéneres do Ribatejo, que ainda agora mantêm o seu brasão de armas, com a identificação de ”vila”, o mesmo se reporta a toda a informação desta autarquia, que ainda continua a usar o brasão antigo e, pelo correio que anexamos, nota-se da justeza encontrada pelo executivo camarário quanto à resposta emitida pelo órgão concelhio “Assembleia Municipal”, na falta de documentação própria, discutida e aprovada, usou cópia do original do executivo camarário.

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BRASÕES PARA AS FREGUESIAS A Freguesia de Marinhais, sendo a terceira a “nascer” no concelho de Salvaterra de Magos, em 23 de Março de 1928, com o Dec. Lei 15521, sucedendo a Muge, foi a iniciadora de um longo processo que, culminou no aparecimento de outras três, como: Glória do Ribatejo, Foros de Salvaterra e Granho. Após as eleições autárquicas 2001/2005, todas as seis freguesias do concelho, estavam agora providas do seu símbolo heráldico, As suas raízes históricas estavam ali contadas.

Também a freguesia de Salvaterra de Magos, não escapou, a este processo de mudança, após uma decisão dos seus autarcas, encabeçados, pelo presidente da Junta de Freguesia; João Nunes Silva Santos, recebendo parecer favorável, da Comissão de Heráldica, em 19 de Março de 2002, é criado um brasão. Entre o símbolo usado, encontra-se “Burelas Onduladas”, identificadas como um símbolo da principal ligação da vila ao Tejo, para além de ter permitido uma ligação estreita á comunidade avieira, vinda da Praia de Vieira” ****************** (*) - Segundo vários especialistas, em Geografia Humana, são duas as comunidades, que deram raiz ao povo da freguesia de Salvaterra de Magos. A mais antiga é a marítima, pois o homem como nómada, viveu junto às margens dos cursos dos rios, seguindo-se a rural, ambas estão ligadas à sua história. Daí haver traços próximos, com as comunidades, Cagaréus e Avieiros.

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No folheto distribuído quando da sua apresentação pública, as justificações que deram origem ao símbolo do Brasão, destacava-se estas: “Após AturAdo estudo e diversos contactos, não descortinamos mais do que uma comunidade oriundA “dos mAres do Lis” dos LAdos de vieirA de LeiriA, A ser vistA, no rio e A instalar-se no conceLho, no sítio do escAroupim.” Nota do Autor: Decerto, que os autarcas da freguesia, para chegarem a esta conclusão, não descuraram um estudo exaustivo, apoiado por alguma Associação local (se ela existia), que tendo algum material histórico sobre esta matéria, - isto é a Geografia da Mobilidade Humana - uma das ciências que estuda as causas “imigração do homem”, até porque a comunidade marítima aqui referida, veio há séculos de vários sítios como: Setúbal, Montijo, Alcochete, Constância, Rio-de-Moinhos. * * * * * * * * * * *

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XIII SEUS CONTOS, SUAS LENDAS ! NOTA PRÉVIA

Todas as povoações, têm os seus contos, e as suas lendas. Quem em criança, não ouviu aos seus avós. “Contos e Lendas” da sua terra. Estes, já as tinham ouvido aos seus avós, que também tinham ouvido aos avós deles. Na idade escolar, com a imaginação fértil própria das crianças, esses Contos e Lendas, são contados de mil formas.“ Os subterrâneos da vila, por onde os reis que aqui viveram, usavam para fugirem dos inimigos; os milagres de S. Baco: a morte do Conde dos Arcos; o Milagre da Horta Real; a Roda da Fonte da Peleja ”, despertaram em mim o desejo, em conhecer melhor as suas origens e, essa oportunidade chegou alguns anos depois, quando era já um jovem adulto. A própria origem da povoação de Salvaterra, confunde os menos prevenidos, pois aceitam à partida que, foi por terem sido enviados para estas terras, os degredados que praticavam feitiçaria. Durante anos, além de ter acesso à informação escrita, sobre aquelas historietas, “bebi” por volta de 1980, de pessoas idosas da vila, algumas delas viveram em dois séculos, descrições sobre estes assuntos e, de algumas ainda guardo os seus testemunhos, em gravação áudio. Para mim, o tempo mostrou-me através dos documentos que, existe muita fantasia, tão ao gosto do povo, sobre a origem de Salvaterra de Magos.

A ORIGEM DE SALVATERRA

A opinião de alguns cronistas, ainda é tida em conta, que a povoação de Salvaterra, era sítio montanhoso, local certo para desterro dos que praticavam a bruxaria, ou feitiçaria, e assim para aqui vinham condenados pelas leis da Inquisição. Batalha Gouveia, escreveu no jornal “O Incrível” de 26.11.1985; “É sabido, que o termo Magos, trata-se de uma palavra de origem céltica, significativa de “campo” e, no estudo da ciência etimológica se apressaram a conotar Salvaterra, como uma expressão equivalente aos “Campos Elísios” da antiguidade, campos esses precedidos de portas, a fim de impedir a entrada dos espíritos malfazejos”.

A Abertura do Paul

Próximo da vila, no sítio de Magos, os seus pântanos, passavam a maior parte do ano alagados, e as suas terras eram necessárias para cultivo. O rei D. Dinis, no Foral exigiu a criação de um Paul naquelas terras, cuja vala, ou sangria (1), leva-se até ao Tejo, as águas vindas de uma bacia que as armazenava em quantidade, no sítio conhecido por Ameixoeira

************

(1) - Quando do Foral de D. Manuel I, em 20 de Agosto de 1517, tal obra ainda estava por concluir.

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AS LENDAS !!

Para os menos interessados na pesquisa, é mais cómodo, porventura até

mais fácil, conhecerem as urbes pelo seu imaginário do que propriamente pela

sua geografia e cultura, daí as lendas criadas.

Assim sendo, a origem do nome de Salvaterra de Magos, para alguns

continua nas brumas de uma lenda !

Também não é de desprezar alguma opinião que, se encontra impressa, que

a origem do nome primitivo esteja ligado a uma erva selvagem – SALVA, nome

vulgar da “Salvina Officinaiis Lin”, tal como o BRUCO, e a erva de SÃO

ROBERTO, que há época eram abundantes nestes terrenos da bacia do rio

Tejo.

S. BACCO

ENTERRADO EM TERRAS MOVEDIÇAS

Não fora o príncipe D. Luís, a construir em terreno do vizinho concelho de

Benavente, nas extremas com Salvaterra, um convento que, doou aos frades

Arrábidos, o povo desta região não viveria na sua crendice religiosa, o culto a

S. Bacco. Sendo um novo Cristão, pois a sua

conversão aconteceu, depois de muitas lutas como

soldado romano, adoptou o nome de Bacco.

A sua fé, foi de tal maneira praticada, que o povo

de cristo, viu nele um exemplo – um santo.

Pedir ao Frade Mártir – S. Bacco, a ajuda para

chegar à divindade cristã pretendida, as suas

súplicas eram atendidas e, os milagres realizados.

Um conto – Uma Lenda, passa de geração em geração !!

Um dia alguém pretendeu mudar a sua estatueta, para Benavente,

transportando-a num carro de bois. Com a viagem iniciada, o carro foi-se

atolando em terreno movediço e nada o fazia mover, um velho crente do Santo,

alvitrou que o carro fosse preparado para o seu regresso à origem, e logo as

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terras para espanto de todos os presentes ficou em condições do carro e

animais, fazerem o percurso de regresso ao convento”

A fé cresceu ainda mais nos devotos, e a imagem de S. Bacco, o milagreiro,

passou a ser ainda mais religiosamente venerada, o que ainda se mantém, na

sua pequena capela do antigo Convento de Jericó.

De há anos até hoje, um grupo de senhoras devotas, todas as quartas-

feiras, providencia o acesso à sua imagem, na sua capela e, todos os anos em

dia de Quinta-feira de Ascensão, é realizada uma festa campestre, com missa.

A MORTE DO CONDE DOS ARCOS

UM CONTO !?

A morte do jovem Conde dos Arcos, na presença do rei D. José, numa

corrida de toiros, na vila de Salvaterra de Magos,, foi motivo para o escritor

Rebello da Silva, cerca de 80 anos depois, fizesse dela, uma narração

romanceada, no seu livro de contos lendas: “A última corrida de toiros real em

Salvaterra “ Obra, marcante na literatura portuguesa na época do romantismo,

realça a passagem da corte, pelo palácio real de Salvaterra, passando a ser

um marco da história desta vila.

O CONDE DOS ARCOS - A SUA ORIGEM

É pela carta real de 2 de Fevereiro de 1620 que, pela primeira se fala deste

titulo – Conde dos Arcos. Segundo alguns historiadores, é um titulo atribuído

com conotação com a povoação de Arcos de Valdevez. O nascimento do 7º

Conde dos Arcos; D. Manuel José de Noronha e Menezes, terá acontecido em

Marvila, no ano de 1740. Em 1779, a corte do rei D. José I, estava em férias,

em Salvaterra de Magos e, como era costume, depois de uma caçada, houve

um brinco taurino, próximo da vila, lá para as terras da Murteira. (1).

**********

(1) – De acordo com o registo cronológico dos titulares “Conde dos Arcos”, regista-se a sua morte em

1779, mas em documentos usados posteriormente, como: “certidão de óbito”, a sua morte ocorreu em 10

de Fevereiro de 1778.

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O registo da morte do jovem Conde dos Arcos, sabe-.se que, foi feito nos

serviços da secretaria do paço real de Salvaterra e do mesmo, fez notícia a“

Gazeta de Lisboa”., jornal da época.

A MORTE TRÁGICA DO CONDE, NUNCA ACONTECEU !

O controverso investigador da temática taurina portuguesa, Pizarro

Monteiro, falecido em 1991, em diversas conferências fez a análise sobre a

morte do Conde dos Arcos, deixando escrito no seu trabalho publicado em

1982, que ela nunca aconteceu em Salvaterra de Magos, “ A Morte do jovem

conde dos Arcos, descrita e imortalizada por Rebello da Silva, nunca aconteceu

Outras fontes, como: Dicionários e Enciclopédias, fazem alusão à sua morte,

em Salvaterra. Numa oração fúnebre que, deixou escrita, com data de 1778,

consta que a sua morte foi natural.

A 3ª INVASÃO FRANCESA

Quando da 3ª Invasão francesa, segundo registos, uma parte daquele

exército, esteve aquartelado, em Valada do Ribatejo (Cartaxo).

Um encontro entre as tropas portuguesas e as invasoras, aconteceu em

terrenos, no termo da vila de Salvaterra de Magos, junto ao rio Tejo.

Do confronto, o exército português, com a ajuda da população local, deu-lhe

boa réplica, fazendo-o destroçar. Com tal encontro à vista, muitas famílias

conseguiram pôr a salvo os seus bens, pois sabia-se, que haveria saque nas

vivendas e palacetes, como aconteceu nas invasões anteriores. Entre os bens

do palacete da família Brito Seabra, encontravam-se alguns documentos

alusivos à tragédia ocorrida com o do Conde dos Arcos, disso nos dá conta

uma nota, inserta na cronologia, da sua árvore genealógica daquela família.

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AS PEDRAS TUMULARES NO CONVENTO

Tal como no adro da Igreja Matriz de Salvaterra, nos terrenos do Convento

de Jericó, ou de Nossa Sª da Piedade, existia um espaço que servia de

cemitério. No convento, para além dos seus frades Arrábidos, serem

sepultados, outros corpos ali estavam em descanso eterno. Muitos daqueles

túmulos térreos foram saqueados. Este episódio, ainda era contado, pelas

gerações antigas, no início do século XX, dizendo-se que, os restos mortais do

Conde dos Arcos, vieram do Convento, para a Igreja Matriz, de Salvaterra de

Magos. Muitos anos depois, com a venda daquele antigo templo religioso,

muitas das pedras tumulares, foram empilhadas, junto ao que restava da sua

capela destinada ao culto de Nª Senhora da Piedade, estando nela em sítio

apropriado, a imagem do mártir S. Bacco..

O CONDE DOS ARCOS, ESTARÁ NA IGREJA MATRIZ ?

Na Igreja Matriz de Salvaterra, em 1958, quando das obras de conservação

do edifício, junto ao altar, vieram a ser identificadas, três pedras tumulares,

uma das quais, era do seu fundador. O Pároco da freguesia, de então, Padre

José Diogo, comunicou aos serviços oficiais, interessados nesta matéria,

segundo ele, para além de documentos existentes na paróquia, confirmava a

existência da pedra tumular que, seria do Conde dos Arcos.

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A POLÉMICA

A curiosidade em conhecer melhor o que foi escrito por Rebello da Silva, sobre a “Última corrida de toiros real em Salvaterra”, tem levada à realização de vários colóquios, onde as inúmeras intervenções, causam sempre alguma polémica. Também em 2003, Vitor Escudero, considerado um investigador no mundo dos toiros, garantiu: “ É uma das maiores mentiras da nossa História” .

Tal como na vizinha Samora Correia, na época, constava a existência de uma propriedade, de nome Murteira, mas uma outra houve em Salvaterra, com nome semelhante, e chegou mais tarde a pertencer à família Costa Ramalho.

CERTIDÃO DE ÓBITO

7º CONDE DOS ARCOS

MANUEL DE MENEZES E NORONHA

Aos vinte e um dias do mez de Fevereiro de mil setecentos e setenta e oito faleceu o IIImº e Excmº

Conde dos Arcos Manuel de Menezes e Noronha, casado com a IIImª e Exmª Condeça dos Arcos

D. Juliana Xavier de Noronha, Morador no Largo da Antigua Igr.ª do Salvador,Districto

desta freguesia de S. Thomé. Não fez test.to e foi sepultado em Salvaterra de Magos no Conv.to

dos Religiosos Arrábidos de Jericó; de que fiz êste assento que assinei.

O Padre Pedro Francisco Caneva

RECORDAÇÕES DO ACONTECIMENTO

Para além da obra escrita de Luiz Augusto Rebello da Silva, artistas no

campo das artes plásticas, têm dado azo à sua imaginação pintando quadros

alegóricos à preservação deste acontecimento histórico.

Quando da inauguração da Biblioteca Municipal de Salvaterra de Magos,

em 1985, num espaço ajardinado foi para além de uma lápide, colocado um

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grande painel em azulejos, de cor azul, a imortalizar a cena da morte do jovem

Conde dos Arcos.

No ano 2003, os autarcas locais, num espaço do largo da praça de toiros da vila construíram um pequeno

suporte, onde para além da esfinge de Rebello da Silva, foram colocados, um quadro em azulejos, alusivo ao

acontecimento, - “A morte do Conde dos Arcos e seu pai, o Marquês de Marialva, matando o touro na arena” e,

um texto homenageando o escritor

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O MILAGRE NA HORTA DO PALÁCIO

Numa parede da antiga capela do paço real de Salvaterra, existe um grande

painel com uma pintura, que conta a

“história” do salvamento de uma criança, no

poço da horta real, situado ali a escassos

metros, no ano de 1746, conforme é

descrito na sua base

Pelo seu sentido de devoção religiosa, o

painel ao longo dos séculos tem sido

guardado como um “ex-voto”

O ÚLTIMO DIA DO LOBO EM SALVATERRA !

Nos terrenos que foram da coutada real de Salvaterra de Magos, havia já

muitas dezenas de anos que, tinham sido arroteados. Mesmo assim nos seus

arredores, existiam grandes manchas de pinhal.

O Mestre - Ferreiro, Manuel Amaro, um dia foi caçar lá para os lados do Vale

Queimado, quando encontrou numa toca, alguns lobitos. Para casa trouxe um,

mas tal achado só lhe trouxe problemas, com o decorrer da vida do animal, que

mais parecia um cão. Um sobrinho, seu aprendiz daquele ofício, vivendo

algumas cenas, anos depois veio a publicar em livro um conto: “O Último dia do

Lobo em Salvaterra !”

OS SUBTERRÃNEOS DA VILA

* FONTE DO LARGO DE S. ANTÓNIO *

A existência de subterrâneos ou túneis, em Salvaterra de Magos, é

conhecida, antes de 1788, por via de alguns mapas da vila. Além da Fonte do

Arneiro, existia uma outra a “Fonte de Santo António”, era uma bonita

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construção em meia-lua, onde a pedra de lioz, e o mármore rosado, lhe

realçavam a beleza.

A ORIGEM DA SUA ÁGUA

No ano de 1938, quando da edificação do quartel dos bombeiros de

Salvaterra de Magos, foi posto a descoberto um aqueduto de água. Construído

em pedra e taipa transportava uma

linha de água, que segundo

referências antigas abastecia aquela

fonte. O aqueduto encontrado, foi

interrompido, sendo a sua linha de

água aproveitada para um “poço” no

seu piso, abastecimento assim aquela corporação. Anos mais tarde, em 1987,

quando das obras, do edifício da Caixa Crédito Agrícola, (CCAM), a nascente -

mãe-d’água - foi posta a descoberto, por alguns dias.

Foi tema de conversa na vila e arredores, o “buraco”, foi visitado por muitos

curiosos. Eu, para fazer noticia para o jornal, lá andei dentro, e fiz fotos, uma

delas do João Monteiro, na altura encarregado do turismo da câmara,

O seu percurso passava no antigo arruamento do palácio real (hoje rua 25

de Abril), e dos terrenos do edifício Escola Primária, terminando por debaixo do

jardim público e mercado diário, abastecendo a fonte, junto à câmara

municipal.

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FONTE DO ARNEIRO

No primeiro quartel do século XX, a Azinhaga da vila, ainda escoava as

águas pluviais para o Tejo, através do terreno junto à fonte. Com a fonte ali à

mão, ao longo dos tempos, os mestres: ferreiros e carpinteiros, tinham

instalada uma grande pedra redonda (molde), que utilizavam para a construção

das rodas dos carros.

A Roda da Fonte do Arneiro

Uma outra história se ouvia contar, sobre a Roda dos Enjeitados !

Nos primeiros anos do século XX, ainda era hábito, a miúdas vezes, na roda

de pedra, pela calada da noite, bebés serem ali abandonados e entregues à

Misericórdia local. Encaminhados por esta, para a Casa Pia e Misericórdia de

Lisboa, eram registados com um nome próprio e um sobrenome de “expostos”,

acabando por crescer e educados naquelas instituições.

Para recordar, tal época o executivo municipal, em 1985, quando do arranjo

da zona, ali mandou colocar a roda em pedra, que há muito se encontrava em

sítio menos resguardado.

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XIV

JOGOS TRADICIONAIS

NOTA PRÉVIA

A geração que, viveu a sua infância no após a segunda guerra mundial, aquela a pertenço, ainda conheceu muitas formas de brincadeiras e jogos, como: o pião, o arco, a cabra cega, etc., Eram divertimentos populares. Os Provérbios, cantigas de bem e mal dizer., a par das benzeduras e superstições, ainda eram usados pelas gerações mais antigas. A prática dos jogos era na rua, era aí o local de encontro do rapazio da vila. Os descendentes da população rural, esses já andando no campo, depois de saírem da escola, outros jogos aprendiam, como o jogo do Pau e o da burricada. O jogo do Pote, tinha um tempo próprio, efectuava-se nos dias de Entrudo (Carnaval)., sendo praticando pelos adultos. Com o decorrer dos tempos, foram entrando em desuso, e outros divertimentos como forma de brincar passaram a ocupar o seu lugar, pois cada geração, tem as suas próprias brincadeiras. Nas páginas a seguir tento dar uma pequena amostra dos muitos jogos e divertimentos que o povo usava nesta terra. Outros por já estarem esquecidos, houve necessidade de os recuperar, junto de quem os praticou um dia, e assim algumas populações do concelho, como: na Glória do Ribatejo e Foros de Salvaterra ainda hoje praticam o Jogo da Malha. Quanto aos Provérbios Populares, quando fiz a recolha de alguns, em 1957, junto de pessoas idosas - eram as últimas gerações que os diziam por necessidade - sendo analfabetas, deles faziam uso para seu governo. (Os Divertimentos do Povo) Longe vão os tempos em que as crianças e adolescentes, tinham por brincadeira, alguns jogos e divertimentos, mesmo que ingénuos os entretinham nas suas poucas horas de brincadeira.

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Todos eles de uma prática ingénua, uns seriam mais violentos, como o Jogo do Pau. Este uso tinha as suas raízes no trabalhador rural, especialmente o campino, pois o cajado era um companheiro inseparável., na guarda do gado. No Século XVIII, houve em Salvaterra de Magos, uma rua, com o nome do Jogo da Bola, ali junto à capela da vala, era o espaço consentido, para a brincadeira da Pelota, pela fidalguia. As feiras anuais, muitas vezes eram o único lugar, em que as novidades de alguns jogos e divertimentos, se viam e praticavam pela primeira vez, trazidos pelos feirantes. A concessão da realização das feiras, fazia parte do estatuto municipal, concedido pelos forais, e uma outra, a carta de feira, de 1434, deu a Salvaterra de Magos, autorização para o início de uma feira-franca, com duração de 15 dias. Aquela feira, tinha lugar no caminho que ligava as povoações de Salvaterra de Magos e Benavente, em frente ao Convento de Jenicó (ou Jericó). Naquele tempo, aí apareceram entre muitos jogos e divertimentos, a Corrida dos Sacos, do Pau Ensebado, jogos vistos tempos antes em, Leipzig, cidade da Alemanha central.

O DERRUBE DO BONECO

Nos meados do séc. XIX, era já muito conhecido e praticado nas feiras do país. Uma prateleira com uma fila de pequenos bonecos confeccionados em barro, teriam de ser derrubados, com uma bola de lã (tamanho de encher a mão), com um seixo lá dentro, para fazer peso, no lançamento. O boneco ao ser derrubado, devia partia-se e dentro tinha um papel com o nome do prémio que, ia desde uma Queijada (bolo), a um conjunto de três Naprons, um Charuto, além de utilidades caseiras usadas na época, como a Colher de Pau.

O JOGO DO POTE

(ou da Enfusa) Recebido do século anterior, o jogo do Pote, ainda foi de grande uso até ao dobrar do século XX, na época carnavalesca. Um grupo de vários homens/ou rapazes, entre si juntavam algumas moedas e, compravam um pote de barro. Começado o lançado do Pote pelo ar, de uns para os outros e agarrado com as duas mãos. Se alguém o deixa-se cair teria de ir logo comprar um outro, e o jogo continuava, pelas ruas da vila. Era uma forma de agradar às moças, pela destreza mostrada pelos lançadores Amiúdas vezes, vinham até Salvaterra de Magos, Grupos de Saltimbancos, na sua vida de gente ligada às acrobacias do circo, onde mostravam cenas e

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jogos burlescos. Muitos desses divertimentos, ficaram ligados às gentes do povo, que através dos tempos os consideram seus. O PAU ENSEBADO Um grosso poste liso, previamente ensebado com gordura fresca, fazia-o escorregadio, e no seu topo, era colocado um saco, com um animal caseiro (prémio surpresa), para quem o conseguisse alcançar.

Com o pagamento de uma moeda, o jogador, tinha de o subir, sem a ajuda de qualquer objecto estranho ao calçado, roupa e mãos. Para o primeiro impulso da subida, podia receber a ajuda de um grupo de dois amigos. O tempo da subida era limitado, vigiado pelo encarregado do jogo, que também procedia à vista de

alguma “malandrice” usada pelo subidor do pau.

O JOGO DA CORDA

Usado nas festas na Inglaterra, já era conhecido em Portugal, no final do séc. XIX. Naquelas terras inglesas, em dias de mau tempo, usava-se a variante um ribeiro, como meio de fazer cair os competidores no meio da água. Sendo um jogo onde 12 membros de cada grupo, puxavam uma corda, para fazerem cai “desmembrando” o outro grupo, ou ultrapassarem um risco previamente feito no chão. O grupo (ou grupos), que perdiam ficava sujeito ao pagamento de uma refeição de convívio O JOGO DO BURRO

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Este jogo, actualmente também conhecido pelo jogo do “saltar ao eixo”, tinha um componente que necessitava de um primeiro voluntário, para fazer de “burro”. Este, dobrado com as mãos nos joelhos, com os pés em cima de uma linha (risco) no chão, aguardava que os dois grupos em competição saltassem por cima de si e, aqueles que não conseguissem, na primeira ronda, eram eliminados, tendo acabado os primeiros saltos, recomeçavam uma nova ronda. O jogo continuava assim por diante, e o “burro” ai distanciando os pés na mesma medida, e os últimos que conseguissem saltar, deviam receber um prémio, que seria pago pelo grupo de perdedores. O JOGO DAS CAVALITAS

( ou do Derrube)

Jogo, que antigas gerações fizeram chegar, aos jovens e, no início do século XX, sendo praticado na rua - que era deles - faziam vários grupos de jogadores, às cavalitas nos ombros de uns dos outros, faziam o derrube dos seus opositores. Num espaço demarcado, e com o tempo limitado, por um vigilante, que dava inicio ao jogo através de um assobio, ia “olhando” para evitar alguma infracção às regras estabelecidas.

O JOGO DO ARCO ( ou da Roda )

Com uma área demarcada, o grupo de jogadores apresentava-se com um arco e uma gancheta, em ferro (ou arame), para o fazer deslizar. Num tempo limitado, um vigilante depois de um assobio, confirmava se os vários jogadores procediam de maneira a que o arco (roda) não cai-

se ( deixar de rolar).No final do tempo, eram conhecidos como vencedores aqueles, que terminassem sem deixar cair, ou menos vezes o arco. O JOGO DAS ANDAS (Pernas de Pau) Pernas de pau, ou Andas, sendo dois paus compridos, com um apoio no meio, para os pés, servia para o andar apoiado com os pés e mãos. Num percurso demarcado, os detentores da “perna de Pau”, faziam por andar não caindo, aquele que conseguisse andar o mais tempo em cima, seria o vencedor e recebia como prémio a bebida de um “pirolito”. Esta gasosa, era comprada, na Taberna mais próxima da brincadeira, depois de uma colecta entre os jogadores.

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O CINQUILHO

Pela natureza deste jogo, em tempos idos, estava proibidos à prática dos rapazes e jovens. Uma lei saída na época do Liberalismo, decretou a seu uso fora dos “olhares públicos”, sendo praticado nas Tabernas, em sítios recatados ao ar livre, mas sujeitos à repressão policial, pelas discussões causadas, que iam mesmo à agressão. Registos existem, que em Salvaterra de Magos, também eram praticados, o Conto “O último dia do lobo em Salvaterra”, de José Silva Ferreira, descreve que a Taberna da Anunciada, na trav da Azinhaga, era um desses locais (1) Em época de feiras e festas, era autorizado a sua livre pratica. No concelho de Salvaterra de Magos, o hábito de jogar o Cinquinlho, ou Malha, ainda se vê, entre a população da Glória do Ribatejo e Foros de Salvaterra. É um jogo muito popular, em Portugal, que consiste no lançamento de malhas (discos em ferro) de encontro a um pequeno paulito (toro) de madeira, colocado no solo a uma certa distância, previamente acordada entre os jogadores. Cada “malhada” fará parte de um somatório de pontos “tentos”, que os jogadores vão acumulando, e o final será concretizado com uma bebida, que em tempos eram jarros de vinho, nas Tabernas. ********* (1)- Na Trav. da Azinhaga, nos anos 30 do séc. xx, existia a “Taberna da Anunciada”, onde se praticava este jogo, A Anunciada, era sogra de José Caleiro

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O JOGO DA LARANJINHA (*) Sendo um entretêm muito antigo, já conhecido nos séculos XV e XVI, era usado apenas entre-muros palacianos. Nos séculos seguintes, converteu-se em jogo popular, passando também a fazer parte nas festas locais. Para o praticar será necessário uma prancha (calha) em madeira - ensebada – para deslizar uma bola em madeira, com um diâmetro nunca inferior a 20 /30 cm. A bola deverá ter vários furos, para serem colocados os dedos, para o lançamento. no fundo será colocada uma outra bola (imóvel), ou um certo número de palitos em madeira em posição paralela, para serem derrubados. O jogo pode ser praticado por um grupo, de vários jogadores em competição, que vão contando pontos “tentos”, conforme os derrubes alcançados.

O JOGO DA APANHADA

( ou da cabra-cega)

Até aos anos 40, do século XX, as crianças da classe social mais abastada, tinham como entretenimento, vários jogos florais. Desses jogos, a Cabra-cega, era o mais praticado. Dois grupos de meninos, ou meninas, na hora de grande lazer, em recinto recatado, antes da hora do lanche, depois de um sorteio, iniciava-se, com um membro do grupo a levar os olhos cobertos com um lenço, e uma flor presa na cintura. Todo o grupo lhe dirigia piropos, como: És uma Cabra-cega ! Que tens uma flor Depois de a “roubar”. Vou dá-la ao meu amor ! A Cabra-cega, jogo andando às voltas, em direcção das vozes, procurando com as mãos agarrar alguma das “provocadoras” quando o conseguia, seria substituída pela agarrada. Por vezes, viam-se jovens adolescentes, também na prática deste divertimento. ************

(1) – Sendo agora pouco praticado, nesta zona do Ribatejo, desde meados do século XX, em Portugal passou a ser conservado por muitas colectividades recreativas

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OUTROS JOGOS

Tal como os jogos do Botão, e do Berlinde, o Pião, era no dobrar do século XX, um entretém das crianças, após as horas escolares. O Pião sendo um pequeno brinquedo, feito em madeira, tem na ponta um prego (ferro), que o conserva a rodar no chão. Depois de ser lançado, com a mão, por um cordel, previamente enrolado na parte de baixo, fica a rodar em grande rotação. Para o apanhar ainda a “rodar”, é necessário aproveitar a sua velocidade, e metê-lo através do 2º e 3º dedo da mão, até conservá-lo a rodar na palma da mão.

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XV

BENZEDURAS E PROVERBIOS

NOTA PRÉVIA

Um dia, no dobrar do século XX, ouvi a Maria Mendes, uma senhora de

idade muito avançada, que em menina tinha vindo lá das beiras, dos lados de

Pombal. Como ela muito gostava de dizer, meteram-me num rancho de

mulheres “prenhudas” e, para cá vim trabalhar no campo, ficando cá casada.

Muito brincalhona que era gostava de utilizar os provérbios. Como aquele de

“Semear o Alho” e, as histórias sobre D. Pedro e seu irmão D. Miguel.

Maria Inês, que tendo vivido largos anos nos campos da Lezíria Grande, ali

junto à capela, acompanhando o marido que foi campino. Tinha pela senhora

de Alcamé, grande veneração, e lembrava-se dos versos “ Da Ermida da

Senhora de Alcamé” e, de um outro a “Mulher e o Vento”.

Já nos Foros de Salvaterra, Rita Silva, minha sogra, sendo analfabeta, e ali

tendo nascido, guardava na memória um fabuloso “anuário” em que cada mês

tinha a sua riqueza, usada pelas gentes do campo.

Já muito pouco usado em Salvaterra, por não haver pequenos fornos caseiros

de coser pão. Nos Foros de Salvaterra, nos dias que correm estes ainda são

muito usados. Em 1978, numa recolha que fiz encontrei uma senhora de

provecta idade que me disse o seguinte quando se cosia o pão: Depois do

Forno bem quente, a massa com a forma de vários pães, em tabuleiro de

madeira, depois de um sinal da cruz, dizia o seguinte:

Cá te vou meter..! Queria ficar como tu..! Pois sou magra, e ninguém olha..!

Fica grande..!, como algumas bimbas do c´…..!

Também Custódia da Conceição Jesus (Serafim), gostava de lembrar alguns provérbios, que ouvia quando era menina, lá na sua terra natal, o Granho, como: * CARVALHO; FELHUDOS E MARALHUDOS! * DIGO, E DIRALHO, FORMOSO E CARVALHO!, dito em ocasiões de zangas e desabafos. Um outro “CRESCER EU, CRESCERES TU, CRESCE TANTO, COMO AS BIMBAS DO MEU C…” Desejo, muito utilizado pelas mulheres quando punham a massa do pão a coser e desejavam que o pão ficasse grande.

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AS BENZEDURAS As benzeduras, e maus olhares, faziam parte do quotidiano da vida do povo. Quando havia alguma dor de cabeça mais forte, nalgum membro da família, logo se apressavam a contactar uma mulher mais velha, que sabia destas coisas: Uma gota de azeite era posta num prato com água, e se esta se desdobra-se em várias gotas, tinha havido um mau olhar, de alguém com quem se cruzou, pois não devia gostar dela. “ Logo, uma reza saia: “ Dor, dorzinha, vai-te embora, que eu mal não faço a ninguém, mas se queres ficar na minha cabeça, vai para a cabeça de tua mãe”. A dor de cabeça logo passava! Tal como passou a mim….! Um dia, jogava eu a bola no recreio da escola, e Torci o tornozelo. Minha, procurou a mulher de José Carinhas, um colega de meu pai, tal como ele fazia as limpezas do lixo, nas ruas de Salvaterra. A reza, foi gratuita! Um novelo de meias velhas, uma agulha com linha, e rezas que não percebi. No final, encarregou minha mãe, de fazer uma ligadura, com pano de um braço de camisa velha. Água e sal, todos durante uma semana. A dor passou-me…!, No entanto com o decorrer dos anos, lá estava ela amiúdas vezes, incomodando-me.

A MULHER SEM LEITE PARA O BEBÉ

* A mulher, ainda jovem mãe quando não tinha leite para o filho, era uso, durante três noites seguidas, por o corpete de segurar mamas ao relento, e na terceira noite, pela meia-noite, uma mulher mais velha, batia-lhe com um pau. Sendo recolhido, ainda de madrugada, molhado do orvalho da noite, dava sempre resultado, pois o leite aparecia. * Quando a criança tinha seis meses, era posta com o c... no chão, e pão na mão. Começava a comer sopa, e pão embebido em leite.

ENJOOS, E DORES NO CORPO

Um rolo feito de várias meias velhas, servia para nele introduzir agulha e

linha - fazer cozedura, enquanto faziam a sua ladainha, em reza.

Escaldões de água quente, intercalada com água fria, completavam a

receita, conforme a situação dos pacientes, o que dava também para as

entorses. Muitas vezes, as mães apresentavam-se com as filhas ainda

jovens, que sofriam de enjoos. A curandeira, tinha dificuldade em encontrar

a causa, mesmo com o azeite separado na água, em três olhos, lá ia

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dizendo: Rapariga não te rales, que a barriga há-de crescer, e os enjoos

duram um mês, e daqui a nove, ficas capaz de outra!

PROVERBIOS E CANTIGAS POPULARES Cantar as Janeiras: 1 – Por uma estrela guiados , 2 – Também nós aqui vimos, Os três Reis do Oriente, Reunidos, bem juntinhos, Já partiram para Belém, P``ra saudar alegremente Cada um, com seu presente Todos os nossos vizinhos REFRÃO 3 - Adoremos nós também, 4 - Natal é dia da vida, A Jesus, o Salvador, De paz, d` amor e de bem, Damo-lhes aqueles presentes O dia que ensina a gente, Que nos manda a lei do Amor A dar o melhor que tem REFRÃO 5 – Viva lá esta família 6 – A Igreja esteve em obras, (casal, senhor, senhora) Que bom coração que tem, Temos muito que pagar, Vai abrir as suas mãos, Não nos dê as suas sobras, E largar algum vintém Pois isso não vai chegar 7 – Hoje, vimos cá pedir-vos 8 – Não queremos ir embora, Que nos deis uma notinha Com as mãos a abanar, Uma notinha de quinhentos Venham ver e abram a bolsa Ou outra mais grandinha E depois venham cantar

REFRÃO

9 – Não estamos a pedir muito 10 – Deus vos dê Festas Felizes Não somos muito exigentes Estimados moradores Aceitamos o que nos derdes A bênção de Deus vos cubra E ficamos contentes De virtudes e Louvores

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Quadra Cantada no início e fim !

REFRÃO

As Janeiras são cantadas Do Natal até aos Reis Olhai lá por vossa casa Se há “notas” que nos deis ! Nota: O refrão, usava-se, quando do peditório para alguma das obras efectuadas na Igreja da vila * Podem-se adaptar a qualquer situação !!!

A PROPÓSITO DA AGRICULTURA, E SEMENTEIRAS NA HORTA!

APANHA DA FAVA

Nos fins de Março * Vai ao campo e prova * Prova e Come! * Já não te fará mal * Em Maio, ceifa e enche o celeiro *Todo o ano há comida para o animal!

TEMPO, EM RELAÇÃO Á VINHA

No São Tiago, pinta o Bago * Vai à vinha, e em São Lourenço, e enche o lenço * No São Miguel, o vinho está no túnel * No São Martinho, vai à adega e prova o vinho !

TEMPO DE SEMEAR O ALHO e A SUA VENDA !

* Se o queres no bacalhau, não tardes em semeá-lo * Pois, no Natal já deve ter bico de pardal ! * Alho cresce, Alho, Alho * Mata Caracol, cura couve e alho Vendedor: Quem, quer alho * Quem, quer alho!

O GRÃO, ACOMPANHA O BACALHAU

- Se o queres no bacalhau, não tardes em semeá-lo * Cuida dele, que no Natal, deve ter bico de pardal MUDANÇA DO INVERVO PARA A PRIMAVERA ! - Huga, a noite com o dia * O Calendário a 22 de Março * Antes por serem pequenos, não podia * Juntar o pão, com a vinha, fazer bagaço ! -

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QUANDO O ANIMAL, MOSTRA FORÇA

( O Homem !!! ) * Muita força, tem a Besta ! * Por ter dinheiro ou Faladora ! * Animal, que mostra a testa ! * O Cordeiro, esse fala brandura ! * Berra, sua aflição modesta ! * É Forte, mas só em Candura !

FALECIMENTOS AO FIM DE SEMANA !

* Se na sexta há mortes * No Sábado outras vêm para o ninho *

No Domingo, não há descanso * Decerto, outras vêm a caminho! VAI CHOVER TODA A SEMANA !

Se ao Domingo chove, antes da Missa * Resguarda-te, toda a semana, pois missinga (chove)

ARREMETIDAS MALICIOSAS! (conversa, em dias de soalheira) * Quem tem tempo e vagar * Faz Bonecas, ou Colheres * Se não tem, decerto está * De má língua, com as mulheres!” * Quem água não bebe * Papas não come * Não sabe quilo que perde! * Nem todos têm em baixo, dois badadalos! * Nem em cima, seios no coração * Aos de cima, Dá prazer beijá-los * Aos debaixo, Dá dor ao bater no chão! * Morre o pobre, vai para a vala * O rico, vai de caixão * Na morte, são iguais * Só no enterro, é que não! * As raparigas novas, de 20 anos * À noite gostam, de beijinhos * As velhas, de 40 anos * De manhã gostam, de dar peidinhos! * Uns têm trabalho e tristeza * Outros glória e fortuna * A morte é igual para todos * Não à nada, que nos una! * Será cego, ou tolo * Quem parte, e reparte ( o bolo ), se não fica, com a maior parte! * Vive as glórias, do tempo presente * Viver as agruras do futuro * Ficar ligado ao passado, deve ser mais penoso * Será ter um tudo, na mente!

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- Eu, te ensino filho meu * Porque à escola não fui, não sejas “parvo” como eu

* Muito literado e culto queria ser * Meus livros foi o campo, onde vi o Sol; por e nascer - Nos trabalhos da Grade, aos 7 anos já lá andava * Mil lágrimas chorei, * Hoje, são lembranças de quem não brincava! - Não culpo meus pais, teus avós * Não tiveram a Candeia, que a uns “Alumia” e a outros queima, como a nós ! Toma bem nota destas lembranças * Na tua vida, boa falta fará * Olha bem, os meses pequenos e os grandes * Todos eles te darão grandes e pequenas emoções ! Os meses pequenos, com frio e chuva * Lágrimas e luto, te vão dar * Os grandes, além de canseiras * Sonhos e alegrias te fazem suar ! Os nomes deles te ensino * Janeiro, Fevereiro, Março, Abril e Maio, crescendo vão * São os tais meses de pequenino * São meses, onde a lareira aquece o coração ! A crescer seguem outros, como o São João (Junho), onde a sardinha já pinga no pão * Há um outro, que tal de calor (Julho) * Dá lugar ao de São Tiago (Agosto) * Um já pequeno vem, é o de São Tiago (Setembro) * Um outro a seguir vem, com chuva e calor, é o da Piedade (Outubro) * Mas o de todos os Santos, dias de Primavera tem (Novembro) * O mais pequeno enfim chega, é o mais desejado e trás o Natal (Dezembro) - Fevereiro quente, trás o Diabo no ventre - Com vento Nordeste, não vá ao mato, nem pescar - Quem não cuida do que é seu, E se fia na vizinha - Ou perde a falar * Ou fica a doidar - O namoro dos rapazes * É como o da Cotovia * Acaba-se o tempo da azeitona * Vou-me embora Maria! - Janeiro fora, há uma hora ( a mais) * Mas quem bem contar, hora e meia, há-de achar ! - Na Primavera, se a Páscoa for soalheira * No Verão, vai à lenha limpar o pinhal * No Outono, Choverá até à soleira * No Inverno, é de borralheira até ao Natal No Verão: - Foi carreando, carreando * Lágrimas de suor chorou * Mas viu o celeiro alargando * Das sementeiras, que trabalhou No Inverno: - Não carreou, carreou * Viu o celeiro minguando * Com lágrimas, nos olhos ficou * Da fome que ia passando

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JANEIRO: - o LUAR DE Janeiro; Não tem parceiro * Mas lá virá o de Agosto; Que lhe dá pelo rosto

- FEVEREIRO - Sobe o Outeiro; Se vires verdejar; Põe-te a cantar * Se vires branquear; Põe-te a chorar MARÇO - Março, Marçagão; Manhã de Inverno * Tarde de Verão; É à noite cara de cão - Em Março; Já se queimou a Dama no Paço * Mas lá virá os dias * Que se apanham; Rosas no Regaço - Mais vale uma trovoada de água * Entre Março e Abril * Do que um carro de oiro * De campo e carril - Lá virá o mês de Maio * Com agua fresca, guardas o cantil * Não te esqueças do Verão, que tem dias de vivermos senil (Morrinhentos) ABRIL - Dias pequenos já passaram * Já vai a velha, se pôs ao caminho * Agora vai, vê bem o caminho * Ao luar, pode começar a dormir AS ABELHAS Em Abril * Deixa-as sair * Em Maio * Arrecadai-as * Se tudo bem fizeres no Verão * No Inverno tens mel - Neste mês, ainda se queima carro e carril * E o resto que ficar * Em Maio, se há-de queimar MAIO - Antes de Maio, ainda com sono e fome caio * Depois de Maio, vou e venho do trabalho - Neste mês já cedo me levanto * O galo me desperta * O sol não nasceu e trabalho * É noite, e não descanso * A pé, vou para casa, que a fome aperta

- QUINTA-FEIRA DE ASCENÇÃO (Maio) Oração Popular: Da Páscoa, à Ascenção, Quem bem contar, Quarenta dias vão ! * 5ª-feira de Ascensão, seca-se a raiz ao pão. No dia de Ascensão, não ponhas o pé no chão. Se os passarinhos soubessem. Quando era a Ascensão. Não comiam, nem bebiam. Nem punham os pés no chão. - Nesse dia as Moçoilas + Ao campo vão + Desde a Espiga, às Papoilas * Outras flores lhe enchem a mão ! Quando chove em dia de Ascensão até as pedrinhas dão pão !

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Dia da Espiga: Hoje é dia Da espiga. Para festejar esse dia fomos ao campo colher um raminho de flores: Uma flor branca simboliza a paz; Uma amarela, o ouro; Uma espiga, o pão; Uma papoila, o amor e um raminho de oliveira, o azeite. Agora vamos guardá-lo em casa durante todo o ano, para termos sempre alegria, dinheiro, paz e pão ! JUNHO - Se no São João (junho) pinga a sardinha, no pão, também neste mês devem os Cegonitos, estar no chão ! JULHO - Neste mês, vai à vinha, ver se pinta a baginha * Mas como é Baginha em Santiago, não te esqueças de provar o bago - No Inverno, faz boa poda * Para no Verão, boa árvore te aconchega * Se não tens calor e nem a sombra te acolhe ! AGOSTO - Vai embora, mês de Agosto * Deixa vir o São Miguel * Lá virá os Palheireiros, que terão uma vida cruel (Ceifa e Separar o grão da palha – Eira)

LEMBRANÇAS DOS TEMPOS DO TEMPO DE D. MIGUEL - D. Miguel, subiu ao trono * Com suas esporas de prata * Cavalgando em seu cavalo branco * Com os “Malhados” à arreata! - Venha cá seu “Malhado” * Sente-se bem nesta cadeira * Dê vivas a D.. Miguel * Se o não fizer, parto-lhe a caveira! - Os de Samora, são “Mosquitos” * Os de Benavente, “Chichareiros * Da Ribeira, são “Abóboras” * Os de Salvaterra, são “Vinagreiros” D. PEDRO E D. MIGUEL A Fonte de El-Rei, nas terras da Lagoa - Andando um velhinho, próximo da Fonte de El-Rei, pastoreando o seu gado, viu um cavaleiro, montado em seu cavalo branco e, mais atrás um outro, em seu cavalo cinzento. (Eram D. Miguel e seu Irmão D. Pedro II, que vinham da caça) - Pedindo um pouco de água ao velho, logo um deles perguntou: Quem vive !.... D. Pedro ou D. Miguel ! - Viva D. Miguel e D. Pedro, logo respondeu de pronto o velho, e disse: O povo tantos martírios sofre, por uma pele que anda em dois! - A mim dai-me lágrimas e desgostos, porque velho ainda não sou, e desavindos não queria vê-los, porque a vossa pele é do meu corpo ! *** (O pastor:, Era o pai dos dois reis de Portugal, que estava disfarçado ) ****

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ERMIDA DA SENHORA DE ALCAMÉ A Ermida de Alcamé está caiada de branco, até ao chão; Por causa das raparigas; É que os rapazes lá vão! * Ermida de Alcamé; Está rodeada de urtigas; Agora fica viúva; Vão-se embora as raparigas ! - Ermida de Alcamé; Está virada ao Norte; Está fazendo ramalhetes; Ao senhor da Boa Morte !

A MULHER E O VENTO

- Se ele, embirra e faz novela * A menina já tem pêlo na venta ! - Se ele, faz estragos em dia de vendaval * A moça e já tem coisa debaixo do avental ! - Se ele, corre de manso e não tenso * A mulher tem criança no berço ! ************************ ************

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INDICE DOS CAPITULOS: * I - FORAIS E OUTROS DIPLOMAS …………………………… Pág 8 * II – A FALCOARIA REAL DE SALVATERRA DE MAGOS… Pág.12 * III – MONUMENTOS E TEMPLOS RELIGIOSOS DE INTERESSE PÚBLICO………………………………. Pág. 16 * IV – PALACIOS E PALACETES ……………………………… Pág. 24 * V – BRASÕES E CASAS BRASONADAS ………………… Pág. 27 * VI – A ORIGEM E CULTURA DOS DO POVOS …………… Pág. 39 * VII – A ECONOMIA/ DESENVOLVIMENTO ……………… Pág. 67 * VIII – A VALA REAL ………………………………………… Pág. 59 * IX – URBANISMO / TOPONOMIA …………………………… Pág. 67 * X - O ABASTECIMENTO DE ÁGUA……………………… Pág. 76 *XI – A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA………………… Pág. 81 * XII – OS BRASÕES DAS FREGUESIAS ………………… Pág. 89 * XIII - SEUS CONTOS, SUAS LENDAS!............................. Pág. 96 * XIV – JOGOS TRADICIONAIS …………………………… Pág. 107 * XV - BENZEDURAS E PROVÉRBIOS ………………............ Pág. 114

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FOTOS USADOS:

Pág. 10 – Foral de Salvaterra, edição traduzida; Torre do Tombo e Câmara Municipal * Original do Foral, outorgado por D. Dinis em 1295 Autor

Pág. 11 - Cerimónia da entrega de Diploma de Honra, ao Ministro da Justiça, quando da restauração Comarca de Benavente, que incluía os concelhos de Benavente e Salvaterra de Magos (1965) ………… a/d

Pág. 15 – Falcoeiro, Nuno Sepúlveda Veloso ………………………… a/d

Pág. 16 – Palácio da Falcoaria, em ruinas ( Exterior) …… Autor * Fachadas interiores ( Lado Sul e Norte) …………………………. Autor

Pág. 17 -O Pombal, em ruinas ………………………………………….. a/d

* Interior do Pombal, cheio de velharias ………………………………… a/d *O edifício da Falcoaria, recuperado depois das obras (2009) …… Autor

Pág. 18 – Casa do Monteiro-Mor de Salvaterra (Falcoaria) – 1940 .. a/d

Pág. 19 – Construção estilo Manuelino (algumas portas e janelas estão emparedadas), ali foi instalada a Biblioteca Municipal ……………….. Autor * Edifício Municipal, recebendo obras de conservação e alterações no seu interior ………………………………………………………………. Autor

Pág.20 - Chaminés das Cozinhas do desaparecido paço real (1968) Autor * Fachada da Capela Real (1957 – Vida Ribatejana) ……………… a/d

Pág. 21 - Ex-voto (Milagre na Horta Del- Rei), Capela Real ……… Autor

Pág. 22 - Capela da Misericórdia (1964) ……………………………. Autor * Pedra do Portal da Albergaria da Capela (1964) …………….. Autor

Pág. 23 – Capela da Misericórdia, destruída pelo temporal (1979) … Autor * Capela da Misericórdia, recuperada (2010) * Falta o Tecto Autor

Pág. 24 – Igreja Matriz e Taberna do Morais …………………. (s/d) e a/d * Obras de conservação na Igreja Matriz, lado sul (1995) ………… Autor

Pág. 25 – Palacete * Frontão, Rua Alm. Cândido Reis (1999) …… Autor

Pág. 26 – Palacete dos Conde de Almada (2000) ………………… Autor *Brasão de Pedra dos Conde Almada ………………………………… Autor Pág. 27 - Portal na rua Gen. Humberto Delgado (2000) ………… Autor Pág. 27 - Gravura do Palacete da Família Roquette ……… s/d e a/d

Pág. 28 – Palacete, Família Conde Monte Real (1999) … …………. Autor

* Casa Solarenga, Família Oliveira e Sousa (1936) Revista A Hora …… a/d

Pág. 30 – Pedro Joaquim Freire * Maria Conceição Avelar Freire * Brasão de Armas, Revista A Hora (1936) …………………………………………. a/d

Pág. 31 – Brasões de Armas, donde descende Família Costa Freire.. a/d Pág. 32 - Brasão de Armas, Barão de Salvaterra (Família Roquette) .. a/d

Pág. 37 - Brasão em Pedra, da rainha D. Maria II edifício municipal - Autor * Edifício Câmara Municipal, em Obras ………………………………… Autor

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Pág. 39 – Brasões municipais, freguesias concelho Salvaterra – a/d

Pág. 40 - Barracas Pescadores Avieiros (1950) Maria Adelaide Salvado * Mulheres Avieiras, reparando as redes (1950), Maria A. Salvado * Pág. 48 – Lavrando a terra, com Juntas de Bois (1936) ………… a/d

* O Tractor, uma nova forma de trabalhar a terra, teve inicio últimos anos do dobrar o séc. XX ……………………………………………… s/d e a/d

Pág. 49 – Acácio Santa Bárbara, campino em dia de Festa ……….. Autor * Edmundo Nestório Borrego, campino vestido em dia de festa s/d e a/d

Pág. 50 – Rancho Folclórico Infantil “ Os Trabalhadores de Salvaterra de Magos (1981) ………………………………………………………… Autor * Rancho Fol. Casa do Povo de Salvaterra de Magos (1980) …… Autor

Pág. 51 –Rancho Casa do Povo dançando ……………………….. Autor * Campino e Camponesa, mostrando os trajes em dia de festa …… a/d

Pág. 57 – Rancho de Mulheres, trabalhando nas cearas …(1936) .. a/d * Homem, malhando o Milho (1936) ………………… ………... a/d

* Pág. 58 - Carro de bois, recebendo carga de Milho …… (1936) a/d * Rancho de Mulheres, cavando a terra com enxada (1936) …….. a/d * Pág. 59 - Lavrando a terra (1936) …. …………………………. a/d * Mulher, gradando a terra …(1936) ……………………………………. a/d * Homem, guardando uma vara de porcos (1936) …………………. a/d * Rapaz, guardando um rebanho de carneiros (1936) ………………. a/d * Uma manada de éguas, tomando banho (1936) ……………………. a/d * Pág. 60 - Campinos, em guarda de hora, nas Festas de Salvaterra (1966) “Revista A Hora” a/d

*Campino, com traje de trabalho, segunda metade do séc. XX …. a/d *Rapaz, vestido de campino, em dia de festa anos 70 do séc. XX a/d

* Camponesa, com traje de trabalho campos de Salvaterra (Século Ilustrado – 1970) ……………………………. Eduardo Gageiro

Pág. 61 – A vala real, para jusante (a caminho do Tejo) 2001 ……. Autor * Manuel José Pereira, Pescador na Vala real (Século Ilustrado – 1970) Eduardo Gageiro

Pág. 62 – Barcos Fragateiros, aportados no cais da vala real (1940) Alexandre Cunha

Pág. 63 – Limpeza dos lodos, a vala real, junto ao cais – Ao fundo a casa pequena, ali existiu a taberna do Miguel, mais tarde da Gualdina Catarino

e na grande, era a taberna do Camilo Miguéiz Martinez (1985) …. a/d

Pág. 64 – Ponte e muralha da vala real (Pedras do Túnel, ameaçam cair ! (1995) ……………………………………………………………………. Autor * Vala Real, os três túneis da passagem de água (1995)………… Autor

Pág. 65 - Construção da ETAR, no espaço que foi da “Vala Pequena” (2005) …………………………………………………………………… Autor

Pág. 67 - Ruinas do prédio, onde existiu a taberna do Artur Xavier (2010) ……………………………………………………………………. Autor

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Pág. 68 – Casa onde o “preguiça”, morava e tinha a sua oficina de construção de bateiras, por volta de 1950 ……………(2010) ….. Autor

Pág. 70 – Os Quartos, pequenas casas construídas, após o terramoto de 1909 …… (1999) …… ……………………………………………… Autor

Pág. 71 - Inicio da construção das primeiras casa dos bairros sociais

da Igreja de Salvaterra – uma iniciativa do Padre José Diogo (1970) a/d

Pág. 72 – Mapa de Salvaterra de Magos (0000) …………………… a/d

Pág. 73 – Jardim, na Praça da República (1940) Autor: Alexandre Cunha

Pág. 74 – Inauguração da Rua Cap. Salgueiro Maia ………………… Autor

Pág. 75 – Nova urbanização, junto à Praça de Toiros, na foto está Júlio Gonçalves (1985) ………………………………………………….. Autor

* Nova Urbanização entre a Praça de Toiros e a EN 118 (1996) Autor * Inauguração do Busto de D. Dinis (Praça da República) (0000) … Autor

Pág. 76 - José Gameiro Cantante, pai do autor, em frente ao portão do jardim púbico, na Praça da República (1955) … ……….. Alexandre Cunha

* Jardim do Largo dos Combatentes ………….. ……. (1999) …… Autor

Pág. 75 – Planta do Largo da República (antigo Largo Dr. Oliveira Feijão), onde mostra a Fonte e as escadarias, lado do edifício municipal e da capela real (1896) ………………………………………………………….. a/d

Pág. 77 Entrada da Av. Roberto Ferreira da Fonseca (lado sul, junto à Praça de Toiros) …. (1970) …………………………………………… a/d * Planta do Jardim Dr. Oliveira Feijão (Praça da República) com a Fonte Santo António, e escada lateral ……………………………………… a/d

Pág. 78 - Aqui, existia uma fonte junto à capela real, apontam os três homens: Francisco Costa, Francisco Pinto Figueiredo (Xico Chouriço) e Joaquim Hipólito Ramalho (1993) * Chafariz do Arneiro (1999) Autor

* Fonte do Arneiro ………………………………………………………. Autor

Pág. 80 – Pintura do Fontanário, no Largo S. António …………….., a/d * Jardim, Mercado e Depósito da Fonte S. António …… ………………. a/d

Pág. 81 - Mapa dos Fontanários existentes em Salvaterra ………… a/d *Fonte (construída, em 1934 -1935 no antigo Largo S. Sebastião), f(1983) …………………………………………………………………………. Autor

Pág. 82 – Fonte S. Sebastião, depois de pintada (1999) ………. Autor * Fonte S. Sebastião, com “grafites” - junto Luís Palma, quando menino deu serventia ao seu avô, na sua construção ………………. … Autor * Bomba de tirar água, existente na actual Escola Profissional, foi retirada por volta de 1940, da rua 31 de Janeiro, com a Rua Miguel Bombarda ( quando deixou de haver passagem de água), a família Roquette, levou-a para um seu Páteo das vacas, na rua (Debaixo dos Arcos) Rua Defensores de Chaves, no local houve mais tarde celeiros de trigo. É agora um símbolo da Escola Profissional de Salvaterra … Autor

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Pág. 84 - Hospital da Misericórdia, no dia da inauguração – 1913.. … a/d * Placa de homenagem, a Maria de Lurdes Vinagre (Menezes), que descerrou a lápide (1984) no local existe uma outra, de homenagem ao Dr. Gregório Fernandes, casa onde nasceu. …………………………… Autor * Pág. 85 - Grupo que fez o peditório nas ruas de Salvaterra, para a construção do primeiro Centro de Dia, da Misericórdia ……………… Autor

* O mesmo grupo, junto às futuras instalações do Centro de Dia (1985) ……………….. ………………………………………………………………… Autor

Pág. 86 – Dia da Inauguração do Centro de Dia (1985) ……………. a/d * Mulher com os seus cães, recolhida numa barraca, no Centro de Dia …………………………………………………………………………… Autor

Pág. 87 -Novo Lar e Centro de Dia, da Misericórdia, dia da inauguração que o grupo anterior, levou a cabo a sua construção ……………….. Autor * O Bispo da Diocese de Santarém, na inauguração do Lar ………… Autor

* Pág. 88 - Primeiro grupo de Idosos, no novo Lar (1992) …… Autor

Pág. 89 – O Provedor da Misericórdia, Armando Oliveira, na apresentação das novas funções destinadas ao antigo hospital ….. Autor * Descendentes de Gaspar Ramalho, na nova utilidade do Hospital - Autor * Edifício do Centro de Saúde, Inaugurado em 1995 ………... …… Autor

Pág. 90 - A Praça de Toiros. Um Ex-libris de Salvaterra …………… Autor

Pág. 103 – Pedra tumular, existente na Igreja Matriz, presume-se seja a do Conde dos Arcos, segundo o padre José Diogo, em 1957 ………… Autor

Pág. 105 - Quadros e Pinturas da morte do Conde dos Arcos, segundo várias artistas; 1ª - Tampa de caixa de bolos “Os Marialvas” – 2ª Pintura do Pavilhão de Salvaterra, exposição de Santarém 1936, última; uma pintura de Martin Maqueda …………………. a/d

Pág. 104, Ex-Voto, Quadro pintado, existente na Capela real, onde descreve o milagre na Horta del- rei ……………………… …………….. a/d

Pág 107 – Subterrâneo ( mãe-de-água), que abastecia a fonte de Santo António, posto a descoberto, quando das fundações do edifício, que veio a servir para a Caixa Agrícola de Salvaterra (1987) …………………. Autor *Curiosos , vêm a abertura feira quando das fundações do edifício onde foi instalada a Caixa Agrícola de Salvaterra (1987) …………………. Autor

* Uma pesquisa no Interior do subterrâneo, João Monteiro, funcionário da câmara municipal (1987) ……………………… Autor

Pág. 108 – Roda de pedra, molde onde os Ferreiros e Carpinteiros, por volta de 1940, ainda faziam as rodas para os carros, especialmente os

que trabalhavam no campo, além de Lezeirões, em ponto pequeno para as dormidas do pessoal agrícola. Segundo algumas informações de idosos da terra, era aí que depositavam as crianças, abandonadas, sendo depois recolhidas pela misericórdia de Salvaterra, e entregues à Misericórdia de Lisboa e Casa Pia ……………………………. Autor

Nota: A/d = Autor desconhecido * S/d = foto sem data * Autor = José Gameiro

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Na Pág. 3 - Na Foto do grupo de Trabalhadores Rurais, que estiveram em representação da Freguesia de Salvaterra de Magos, na Exposição-Desfile, realizada em Santarém, em 1936. O Homem, é José Gameiro Cantante, e a Mulher que o antecede, é a esposa, ambos são meus pais. A Mulher, que segue meu pai, é a sua cunhada Maria Lopes Rodrigues, e minha madrinha.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: * Capitulo: I

- Foral, de 1295, doado pelo rei D. Dinis e Edição do Foral traduzido; Torre do Tomo e Câmara Municipal de Salvaterra de Magos

- Subsídios para a história da Falcoaria em Portugal (Separata do Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa * Baeta Neves)-1983 * A Propósito de Caça * ( A Real Falcoaria de Salvaterra de Magos) – João Maria Bravo, Dr. * O Paço Real de Salvaterra de Magos * Joaquim M. Correia Silva, e Natália Brito Correia Guedes * Salvaterra de Magos – Vila Histórica no Coração do Ribatejo (Monografia) 1985/1992 – José Gameiro * Francisco Câncio – Instituto de Coimbra e do Instituto Português de Arqueologia, Histórico e Etnográfico “ Síntese fotográfica e Documental – Exposição em Salvaterra de Magos,1983 * Dec. Lei Nº 160 de 10.7.1860 * Carta de Lei de 14 de Abril de 1835 * Comunicação Social – Jornal Vale do Tejo – Edição de 24/2/2004 * Foral doada a Salvaterra, por D. Manuel I, em 20.08.1517 * Actas das reuniões dos cidadãos, que intervieram nos primeiros socorros, quando do terramoto de 1909 * Capitulo: II

- Falcoaria Real de Salvaterra (Uma Arte de Caçar na Coutada da Vila) Colecção Apontamentos: Recordar, Também é Reconstruir – Vol. Nº

45 * Autor

Capitulo: III - Monumentos e Edifícios de Interesse Público, Colecção de Apontamentos: “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 01 * Autor - As Chaminés das Cozinhas do Antigo Paço Real, Colecção de Apontamentos: “Recordar, Também é Reconstruir “– Vol. 19 * Autor

Capitulo: IV - As Nobres Casas Brasonadas da Vila!, Colecção de Apontamentos:

“Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 44 * Autor - A Origem dos Brasões do Concelho, Colecção de Apontamentos: “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 30 * Autor

Capitulo: V - As Nobres Casas Brasonadas da Vila!, Colecção de Apontamentos:

“Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 44 * Autor - A Origem dos Brasões do Concelho, Colecção de Apontamentos: “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 30 * Autor

Capitulo: VI - A Origem da População do Concelho (As suas Raízes), Colecção de Apontamentos “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 23 * Autor

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Capitulo: VII - A Vala Real (Uma via para o Desenvolvimento Demográfico e Socioeconómico), Colecção de Apontamentos “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 23 * Autor - Os Avieiros, Nos finais da Década de Cinquenta * Maria A.Salgado - Uma Zona Industrial (Um Desejo do Passado), Colecção “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 10 * Autor - A Origem da População do Concelho (Suas Raízes), Colecção de Apontamentos “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 23 * Autor - Chesal (Cooperativa de Habitação Económica), Colecção de Apontamentos “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol.21 * Autor - Os Transportes Públicos de Passageiros (Da Diligência ao Automóvel, viagens a até ao cabo), Colecção de Apontamentos “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 13 * Autor

Capitulo: VIII - A Vala Real (Uma via para o Desenvolvimento Demográfico e Socioeconómico), Colecção de Apontamentos “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 23 * Autor - Fragateiros, Cagaréus e Avieiros (Gente que veio do mar!), Colecção de Apontamentos: “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 11* Autor - Recordações da Navegação, Arrais; Vicente Francisco - 1987

Capitulo: IX - Urbanização e Toponímia da vila (Suas ruas, Largos e Jardins), Colecção de Apontamentos “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 36 * Autor

Capitulo: X - Fontes e Fontanários (O Antigo Abastecimento de Água da Vila), Colecção “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 16 * Autor

- Contos e Lendas (Uma riqueza da nossa terra), Colecção de Apontamentos “Recordar, Também é reconstruir” – Vol.24 * Autor

Capitulo: XI - A Misericórdia de Salvaterra de Magos (Uma Instituição de Caridade, Através dos Tempos); Colecção de Apontamentos; “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 05 * Autor

Capitulo: XII - - A Origem dos Brasões do Concelho, Colecção de Apontamentos: “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 30 * Autor

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Capitulo: XIII - A Morte do Conde dos Arcos (Uma certeza nesta vila!), Colecção de Apontamentos: “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol.39 * Autor - Contos e Lendas (Uma riqueza da terra), Colecção de Apontamentos: “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 24 * Autor - Fontes e Fontanários ( O Antigo Abastecimento de Água da Vila) – Colecção de Apontamentos “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol.16 * Autor

Capitulo: XIV - Jogos e Provérbios Populares, Colecção de Apontamentos : “Recordar, Também é Reconstruir “– Vol. 24 * Autor

Capitulo: XV - Jogos e Provérbios Populares, Colecção de Apontamentos: “Recordar, Também é Reconstruir” – Vol. 24 * Autor

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