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Page 1: Subsidio Magis 2013

MaterialPreparatório

Viver Nazaré

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Textos:André Luís de Araújo (Roteiros para oração/reflexão)Luís Duarte Vieira (Roteiros para grupos e redes)

Revisão:André Luís AraújoRachel Omoto GabrielVanessa Ap. A. Correia

Tradução:Espanhol: André Luís de AraújoInglês: Raphael Gil; Matheus C. Bartholomeu

Revisão tradução:José Luis Fuentes, sj

Projeto Gráfico:Victor Luigi Bautista Pisani

www.magis2013.com

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2. Introdução

3. Roteiros para Oração/reflexão

Eis-me aqui

Tudo o que existe canta ao Senhor

O olhar que salva o mundo

Ele está no meio de nós

Escutai, pois

Meus olhos veem a Tua salvação

Permanecei no meu amor

Conhecendo o sonho de Deus

Toma, Senhor, e recebe

Esperam por nós “nações”

4. Roteiros para grupos e redes

5. Anexo

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O MAG+S, um encontro da Companhia de Jesus com jovens inacianos do mundo inteiro, motiva os jovens a estar em profunda e sincera sintonia com o espírito do magis inaciano, expressão de uma sede inesgotável, um impulso vital, que nos leva a desejar e a realizar grandes coisas em favor do Reino.

Em 2013, o MAG+S terá lugar no Brasil, com o lema “Esperam por nós ‘nações’”, convocando-nos à mobilidade, à proximidade, à compaixão, ao profetismo, à comunhão de destino com o próprio Cristo, na doação completa da vida, para que a humanidade viva. Inspirado no texto da Congregação Geral 35 (Dec 2,22), o lema motiva-nos a ir às fronteiras, com a consciência de que “a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8,19), pois é nossa missão constantemente re-criar o mundo, fazendo aparecer nele a justiça e a paz.

O lema do MAG+S Brasil é também uma resposta que a juventude inaciana dá à Igreja, quando ela nos interpela, através do lema da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com o cha-mado de Cristo: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19), nas tantas nações que esperam por nós, por nosso testemunho, pelo Evangelho da esperança. Aqui não nos re-ferimos às nações geográficas, marcadas por fronteiras, como as que conhecemos. Para além das fronteiras geográficas, sustentamos que há outras nações, comunidades de pobres, opri-midos, deslocados, solitários, com as quais queremos compartilhar nossa vida e que clamam por um pouco de esperança, de luz e de sentido, num mundo que anuncia a diluição das fron-teiras geográficas e, ao mesmo tempo, ergue muros de exclusão, incompreensão, isolamento.

O MAGIS tem sido um convite a peregrinar, desde a sua criação em 1997. E, no Bra-sil, não será diferente. Será um apelo a peregrinar às nações, deixando-se questionar pela realidade e pelo Senhor, do mesmo modo que o fez o peregrino Inácio. Peregrinar a partir de si, para o encontro com o próximo. Peregrinar tendo o Cristo como guia, a humanidade como destinatária de amor e o mundo como lugar do seguimento, lugar amado pelo Deus que se encarna e onde se realiza a experiência de ser cristão.

Imbuído desse espírito de peregrinos, o MAG+S 2013 propõe um caminho. Como sabemos, a quantidade de jovens que participará, no Brasil, nos dias de encontro, é pouca, comparada às centenas de milhares de jovens inacianos no mundo. Mas o caminho que o MAG+S Brasil propõe é para todos porque, antes de tudo, ele quer nos colocar em sintonia com o magis inaciano, o qual todos somos chamados a viver, como projeto para a vida.

Para isso, idealizamos um caminho simbólico, bíblico e espiritual para os jovens e seus grupos. No caminho do MAG+S, vamos “visitar/viver” alguns lugares bíblicos. Luga-res percorridos por Jesus e que são cheios de sentido para nós, como caminho de cresci-mento humano e espiritual. Propomos seguir os caminhos de Jesus e, neles, seguir Jesus. O caminho rumo ao magis e rumo ao MAG+S é composto de diferentes momentos e atividades. Veja, abaixo, os eixos temáticos, a inspiração e o lugar que motivam cada mo-mento preparado para o MAG+S.

Este itinerário que é proposto nos vai inspirando, conforme a vivência de Jesus, nos diferentes tempos de sua vida, levando-nos igualmente a tantos lugares e situações. Co-meçaremos por Nazaré, lugar da preparação, do crescimento, do discernimento e da saída; chegaremos a Betânia, espaço para reconhecer-se comunidade, lugar da amizade e da ale-gria do encontro; faremos um grande percurso por diferentes povoados rumo a Jerusalém, percurso marcado por muitos encontros que nos revelam muito do Projeto de Deus; subi-remos a Jerusalém, lugar de confirmação e de resposta radical, e finalizaremos na Galileia, lugar dos desafios da vivência do cotidiano, do anúncio e do testemunho diário.

Introdução2. 3

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PREPARAÇÃO: VIVER NAZARÉEm espírito de acolhida, queremos iniciar este percurso rumo ao magise ao

MAG+S. Iniciaremos com este tempo de preparação, que tem como eixo central a di-mensão do discernimento, tempo de recolhimento, de aprendizado, de cotidiano, de escuta. Este tempo de espera até o MAG+S será tempo de viver Nazaré. Nessa pequeni-na cidade nos encontramos.

Nazaré quer dizer “aquela que guarda”, portanto, aquela que guarda a presença de Deus. É uma pequena aldeia, na Galileia, citada no Novo Testamento. É em Nazaré que Maria recebe a anunciação. É lá também que Jesus viveu toda sua infância e juven-tude, no convívio com a família, com os vizinhos, com a comunidade de fé, com a reali-dade sociopolítica de seu tempo, com o trabalho. De lá ele parte para a missão.

Aí será o nosso lugar nestes meses de preparação que antecedem ao MAG+S Brasil e à Jornada Mundial da Juventude. Aí nos vamos reconhecendo, vendo como o Projeto de Amor do Pai se encarna corajosamente em nós. Aí vamos descobrindo o de-sejo infinito de Deus e o nosso princípio e fundamento, as bases sobre as quais se ergue e se sustenta a nossa vida. Aí vamos aprendendo a força de uma nova maneira de olhar, de entrar no íntimo dos seres para salvá-los, para refazer a realidade por mais dura que seja. Nazaré revela quem somos, porque experimenta a simplicidade do povo, o amor que redime e testemunha o crescimento em estatura e graça. Nazaré evidencia a cen-tralidade do Reino, uma vez que ouviu a Palavra do Senhor e abriu espaços para que ela se encarnasse. Nazaré nos permite compreender a vida do povo e chegar àquele lugar da redenção mais profunda, onde o fruto da iniciativa amorosa de Deus se encontra e cresce, enquanto se entrega total e livremente. Nazaré se esvazia para ver o mundo se encher de amor e nos inquieta, porque se desinstala em favor de um bem muito maior, mais universal. De Nazaré o discípulo se projetará no mundo, em busca das nações que o ajudarão a inflamar os povos no mesmo amor.

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MOMENTO INSPIRAÇÃOEIXO LUGAR BÍBLICO

Preparação

Encontro emSalvador (Bahia)

O que Deus medá a desejar?

Reconhecer-secomunidade

Discernimento Nazaré

Betânia

Experiências Ide, inflamai omundoEnvio Caminho para

Jerusalém

JMJ Diante da comunidadeConfirmação Jerusalém

Encontro

Volta para casa Responder coma vidaMissão Galiléia

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COMO USAR ESTE MATERIALPara nos aprofundarmos na vivência de Nazaré, propomos estes roteiros que são

esquemas de oração, de partilha e de encontro, divididos em dois tipos. Na primeira seção, apresentamos esquemas que, elaborados a partir de dez dimensões, podem ser feitos individualmente ou em grupos, por partilhas ou por revisão de vida, por meio de tempos fortes de meditação ou contemplação do Mistério de Salvação que se encar-na e nos salva. Evidentemente que se notará certa linearidade no percurso proposto, uma vez que a base se encontra nos Exercícios Espirituais. No entanto, isso não invalida os tempos e os momentos de cada grupo ou pessoa, que poderão imprimir o ritmo que quiserem, dado que os temas se estruturam mais por dimensões concêntricas, que propriamente obedecendo à lógica da sucessão. Assim, nesta disposição circular, os te-mas estão como que justapostos, desenvolvidos a partir de cinco sugestões bíblicas e de uma breve motivação, oferecendo-se a oportunidade de se começar a partir de qualquer ponto, bastando simplesmente o ânimo e a generosidade, aproveitando-seda estrutura tanto quanto ajude a atingir o fim para o qual se destina (EE 23). Afinal, a con-tinuidade e o aprofundamento exigidos em cada dimensão dar-se-ão conforme a reali-dade do(s) exercitante(s), à medida que se reconhece aproximando ou distanciando do centro, que é o próprio Cristo, para onde todas as coisas se encaminham.

Nos roteiros da segunda seção, apresentamos três sugestões de temas para se-rem trabalhados nos grupos/comunidades/redes, na mística de Nazaré. Outros temas, que façam mais sentido para as distintas realidades, podem ser incorporados. A ideia principal é permitir que o MAG+S seja um tempo oportuno para o encontro de grupos de jovens inacianos e para a articulação de redes inacianas de jovens, em cada parte do mundo. Nesse sentido, a realização de atividades com os temas propostos nos roteiros seria conveniente para reunir jovens de diferentes grupos, de diferentes obras, tecendo redes.

Os roteiros propõem, na mística de Nazaré, refletir, contar, rezar as histórias de vida dos jovens. Nazaré é o lugar da vida escondida de Jesus, lugar onde Ele cultiva sua história na vida da família, da vizinhança, da comunidade de fé. Ela pode ser para cada jovem lugar de encontro e cultivo de sua história de vida também. Os roteiros propõem, ainda, os temas da realidade juvenil e do discipulado, a partir de Nazaré. Por fim, eles sugerem diferentes tipos de atividades que podem ser realizadas pelos jovens. A essas atividades sugeridas podem se agregar outras que façam sentido em cada realidade.

Enfim, o MAG+S Brasil pretende ser este tempo de graça. Sermos colocados com o Filho, no seu seguimento, no dinamismo do Reino, ajudando a gerar um mundo mais humano, fraterno e justo, entrelaçando o melhor de nossos desejos com o desejo de Deus. Ir às ‘nações’ conscientes de que quando esses desejos se harmonizam, o magis acontece, porque só no diálogo de desejos pode brotar uma realidade nova.

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Pontos paraOração Pessoal3.

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Todo caminho da gente é resvaloso. Mas, também, cair não prejudica demais.

A gente levanta,a gente sobe, a gente volta!

(Guimarães Rosa)

A quem recebe os Exercícios, muitoaproveita entrarneles com ânimo egenerosidade para com seu Criador e Senhor. (EE 5)

Há em nós um desejo profundo, algo que nos inquieta e que de alguma maneira nos impulsiona. Somos o tempo todo instigados, provocados a reagir. São muitos afetos, sentimentos: imagens, cores, recordações, sons, vídeos, vozes, angústias, ruídos, odores, lugares, gostos, alegrias, texturas, pessoas...Tanto apelo, muita vida! Como ordenar tudo isso? Como selecionar tanta informação? Como processar esses dados sem se perder?

‘Eis-me aqui!’ Para quê? Por quê? Em que condições? Quando? Querendo ir para onde? Em que

direção? Sozinho? Alguém mais vai junto? Por quanto tempo? Questionar-se ajuda, anima, auxilia quem se dispõe a caminhar. Orienta as forças,

estimula e lança luz onde estamos e nos vamos constituindo. Encoraja quem se comprome-te a se aproximar, a ver de perto, a analisar e a medir esforços diante dos desafios. Elimina os voluntarismos e faz olhar uma e outra vez para fora e para dentro. É um exercício de reconhecimento, uma tentativa de nomeação.

Uma busca e, de repente, um encontro. A graça diante do Senhor, uma clareza e um nível diferente de compreensão. Um amor maior que nos abraça e que se compromete a nos acompanhar, que acredita em nós e nos dá condições de fazer coisas ainda muito maiores... É o dinamismo do Reino abrindo caminho na História!

• GRAÇA: Fazer-se presente na presença do Senhor.

• PALAVRA DE DEUS: Êx3, 1-10 Sb 9, 1-18 Is6, 1-8 Lc1, 26-38 Lc 10, 1-9

• REVISÃO/PARTILHA DA ORAÇÃO: Onde estou? Oque me impulsiona no caminho a seguir?

Eis-me aqui!

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Sou uma filha da natureza:quero pegar, sentir, tocar, ser.

E tudo isso já faz parte de um todo,de um mistério.

Sou uma só...Sou um ser.

E deixo que você seja.Isso lhe assusta?

Creio que sim.Mas vale a pena.

(Clarice Lispector)

As outras coisas sobre a face da Terra sãocriadas para o ser humano e para o ajudarem aatingir o fim para o qual é criado.(EE 23)

Um ser entre os demais, um ser como os demais; um com os demais, um para os demais. Um dinamismo crescente, exigente, uma percepção aguçada da vida. Descobrir-se parte de um mistério muito maior que se distende, se abre, se nutre de nossa existência e se faz também com a nossa participação. É espantoso e é maravilhoso: o Senhor conta conosco para continuar criando.

Tudo o que existe canta ao Senhor... Um concerto harmonioso, uma diversidade de acordes, uma combinação inusitada,

uma riqueza de possibilidades e uma parceria. Para quê? Por que o homem? Criatura em meio às criaturas, em busca de sua própria revelação, procurando com-

preender: o mundo, a natureza, os outros seres, o fim para qual é criado. E o sentido, tocado, experimentado vai chegando pelas relações que estabelece com o que existe e se manifesta.

E ainda a tentativa de alcançar o transcendente e de mergulhar nele. Abrir-se ao infinito e gerar um mundo mais humano, mais divino, mais possível.

• GRAÇA: Perceber como Deus trabalha e age em mim e em todas as criaturas.

• PALAVRA DE DEUS: Sl8 Dn3, 52-90 Rm8, 18-30 Cl 1, 12-20 Ap 21, 1-7

• REVISÃO/PARTILHA DA ORAÇÃO: Como me vejo criatura entre as criaturas? Qual é o meu papel? Como descobri-lo? Como executá-lo?

TUDO O QUE EXISTE CANTA AO SENHOR...

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O meu olhar é nítido como um girassol.Tenho o costume de andar pelas estradasolhando para a direita e para a esquerda,e, de vez em quando, olhando para trás...

E o que vejo, a cada momento,é aquilo que nunca antes eu tinha visto,

e eu sei dar por isso muito bem...Sei ter o pasmo essencial

que tem uma criança se, ao nascer,reparasse que nascera deveras...

Sinto-me nascido a cada momentopara a eterna novidade do Mundo...

(Alberto Caeiro)

“Façamos a redenção do gênero humano...” (EE 107)

Algo se perde pelocaminho. Cai em meio às pedras, aos espinheiros ou num ter-reno pouco profundo.E, querendo brotar, é sufocado e queimado pelo sol. Parece morto, sem vontade, inerte, esquecido. Porém, basta um olhar...

O olhar que salva o mundo. Uma maneira nova de ver, que resgata,que redime e devolve dignidade a tudo.

Uma forma de entrar no íntimo dos seres e salvá-los desde dentro, fazendo acordar as fibras que despertam a vida. Uma forma de enxergar movendo os olhos para todos os lados. Para trás? Para esquerda? Voltando, avançando, reconsiderando, refazendo?

E, então, perguntar-se: O que eu vejo? Como vejo? Como me vejo, percebo os outros e o que acontece? Como me relaciono com o mundo, com as coisas, com a natureza e com Deus?

Finalmente, oespanto: a vida! E nós, estamos abertos à novidade do que aprendemos a ver ou acostumamos o olhar à rotina das mesmas formas? O que a realidade pede de nós?

• GRAÇA: Ter um olhar agradecido e atento, capaz de dar-se conta de como todos os bens e dons descem do Alto.

• PALAVRA DE DEUS: Sl 13 (14) Ez 37, 1-14 Os 11, 1-9 Mt 13, 1-9 Lc7, 11-17

• REVISÃO/PARTILHA DA ORAÇÃO: Sou capaz de dar um sentido novo à realidade que vejo?

O OLHAR QUE SALVA O MUNDO9

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Sei que Deus mora em mim como em sua melhor casa.Sou sua paisagem,

sua retorta alquímica,e, para sua alegria, seus dois olhos.

Mas esta letra é minha.(Adélia Prado)

Olhar como Deus habita nas criaturas eem mim, dando-me o ser, o viver,o sentir e o entender. (EE 235)

Certa vez alguém dizia que contemplar é perceber o templo que existe em cada ser, em cada criatura. É considerar a maneira como o Criador vive e habita no que é cria-do. E esse esforço conduz a uma memória agradecida da vida que se vê transformada e, ao mesmo tempo, autenticamente livre.

Ele está no meio de nós! Por livre decisão da Sua vontade, caminha conosco, discretamente, enos quer

tambémlivres de todo e qualquer condicionamento. Não se ausenta, não se omite, não gera tumultos e vai se encarnando na realidade. Não invade; pede para entrar e estar conosco. Simples presença.

Como perceber, então,os efeitos dessa presença sem perder a própria identidade e dando conta dos frutos que ela gera em nós? E como exercer nossa criatividade e en-contrar nosso lugar no mundo sem nos determinarmos por uma situação qualquer que nos pudesse vitimar? Isso exige personalidade e protagonismo!

É o desafio de encontrar um jeito próprio de ser e de responder com a própria vida,à medida que reconhecemos o Senhor e O seguimos. Aprender com Ele, no comum dos dias, o melhor modo de ser humano. Olhando para Ele, sabemos quem somos...

• GRAÇA: Reconhecer e experimentar os efeitos da presença do Senhor.

• PALAVRA DE DEUS: Sl 22 (23) Mt 14, 22-36 Lc2, 1-15 Jo1, 1-18 Jo 21, 1-14

• REVISÃO/PARTILHA DA ORAÇÃO: O que posso fazer concretamente para tornar mais sensível a presença do Senhor nos lugares onde Ele parece não estar?

ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS!

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Escutai, pois!Se as estrelas se acendem

é porque alguém precisa delas.É porque, em verdade,

é indispensável que sobre todos os tetos,cada noite,

uma única estrela,pelo menos, se alumie.

(Maiakówski)

Não ser surdo, mas pronto e diligente paraatender ao chamado do Senhor. (EE 91)

Se por um instante paro e presto atenção ao que está à minha volta, começo a ter a sensação de que vou negligenciando muita coisa. Pessoas, sons, animais, cheiros, objetos, gostos, cores, paisagens, cenas... vão passando despercebidos, apesar de evidentes e ime-diatos. Por que isso acontece? Onde me refugio? Quais são os meus critérios para ouvir, ver, sentir e interagir com o que está ao meu redor?

Escutai, pois! Orelhas enrijecidas, olhares cansados, braços e pernas vacilantes. Como reeducar a

sensibilidade? Como ver e ouvir além do que se mostra e sentir os seus apelos? Gaste tempo neste exercício. Olhe as pessoas e tente descobrir nelas a Pessoa do Senhor; es-

cute o que dizem e, entre todas as vozes, procure perceber e discernir o que lhe é dito agora; observe o que fazem e participe, opte, colabore, aprenda, escute, reconheça e se reconheça.

A nossa abertura ao infinito e o nosso desejo mais profundo revelam quem somos. Por isso, propor esse diálogo de desejos é dispor-se a ver surgir uma realidade nova, um di-namismo novo, a força do Magis – um modo de ser e de proceder, de experimentar o amor que redime, na pessoa de Jesus. A centralidade do Reino.

• GRAÇA: Escutar e responder, com grande ânimo e generosidade, ao chamado do Senhor.

• PALAVRA DE DEUS: Dt5, 1-3 1Sm 3, 1-10 Mc 7, 31-37 Jo 10, 11-18 Tg1, 19-25

• REVISÃO/PARTILHA DA ORAÇÃO: Meus desejos são expressões do meu ser? Brotam do meu manancial?

ESCUTAI, POIS!11

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Se cada dia cai,dentro de cada noite há um poço

onde a claridade está presa.Há que sentar-se

à beira do poço da sombrae pescar a luz caída

com paciência.(Pablo Neruda)

Recordar os benefícios recebidos pela criação, redenção e dons particulares, ponderando, com muito afeto, quanto Deus nosso Senhor tem feito por mim e quanto me tem dado daquilo que tem... (EE 234)

Reconhecer minimamente a bondade, manifestar gratidão. Esforço e sutileza es-piritual, olhar iluminado, braços estendidos. Luz que se projeta e se amplifica, sinal no céu que atravessa a noite e a escuridão até outras margens. Ânimo e conforto para os que há muito esperam. Promessa e testemunho.

Meus olhos veem a tua salvação! O corpo rejubila. A alegria se instala. A alma bendiz. O olhar se transforma. O espí-

rito se revigora. A ação de graças acontece. E agora que posso ver, o que faço? O que essa luz pode fazer? Onde colocá-la? Agora

que se acendeu, como propagá-la, para quechegue a outras partes?Parailuminar outros ros-tos? Para não ofuscar o que precisa ser visto?Para não invadir ou violentar nenhuma realidade?

Sentir, recolher, saborear internamente, e com muito afeto, o que o Senhor tem feito por nós. Aprender a delicadeza da pergunta: ‘que queres que eu te faça?’; ou ainda: ‘crês que posso fazê-lo?’. Ouvir, respeitar, silenciar, acolher ou, corajosamente, anunciar, compadecer-se, amar, servir...

• GRAÇA: Conhecimento interno do Senhor e de tanto bem recebido, para que, inteiramente reconhecendo, possa em tudo amar e servir.

• PALAVRA DE DEUS: Is 49, 1-13 Mt 9, 27-31 Mc 10, 46-52 Lc2, 22-40 Rm 13, 8-14

• REVISÃO/PARTILHA DA ORAÇÃO: O que me é necessário para conseguir reconhe-cer a bondade e seus efeitos e ter uma atitude agradecida diante do que acontece a mim e aos outros?

MEUS OLHOS VEEM A TUA SALVAÇÃO!

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Quando o amor vos fizer sinal, segui-o;ainda que os seus caminhos sejam duros e escarpados.

E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir.

(Khalil Gibran)

Em tempo de desolação nunca fazer mudança, mas permanecer firme e constante nos propósitos e determinação em que estava na consolação precedente. (EE 318)

Um convite a desinstalar-se. Compreender a fundo o Mistério que nos envolve. E, mais do que nunca, o necessário auxílio da Graça, a fim de captar a realidade envolvente do nosso pecado e a força transformadora do Amor. O momento de decidir por um cami-nho e gastar a vida nele. Estou disposto a responder a este apelo?

Permanecei no meu amor! Tenho forças suficientes para essa empreitada? Conheço minhas fraquezas e mi-

nhas desordens? Estou consciente de minhas armadilhas? Onde deposito minha confian-ça? Qual é o tamanho do amor que eu tenho e que trago no coração?

Considerar isso é importante, pois buscar a vontade de Deus é, de algum modo, buscar e encontrar em nós mesmos o fruto da iniciativa amorosa e criadora do Senhor. Trata-se daquele lugar e daquela direção profunda e autêntica de nossa vida pessoal em que desvelamos a ação do Espírito que nos move num amor sempre crescente.

O processo, porém, é de esvaziamento, mas para encher o coração de um amor sempre maior, capaz de uma entrega total. Somente se permanecermos nesse amor é que a nossa vontade poderá se manter no seu propósito. Sem o amor, a pura força de vontade não resistiria...

• GRAÇA: Pedir o dom do discernimento dos espíritos, a fim de ser firmes no amor e na perseverança!

• PALAVRA DE DEUS: Jr 31, 10-14 Mt 2, 13-23 Jo 15, 9-17 2Cor 1, 3-7 1Pd 4, 8-13

• REVISÃO/PARTILHA DA ORAÇÃO: Que tensões e conflitos tenho experimentado? Quais são meus condicionamentos? Com que amorrespondo a esses desafios?

PERMANECEI NO MEU AMOR!

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Desejo, primeiro, que você ame,e que, amando, também seja amado.

E que se não for, seja breve em esquecere, esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim,mas se for, saiba ser sem desesperar.

(Victor Hugo)

Ver a mim mesmo, como estou diante de Deus nosso Senhor e de todos os seus santos, para desejar e conhecer o que é mais grato à sua divina bondade. (EE 151)

O Senhor nos inquieta quando penetra em nossa vida. Suscita inspirações, ul-trapassa o imediato, alarga nossos horizontes. Mas é discreto, ama, conhece, confia e espera... E como reagimos? Evitamos o perigo? Procuramos segurança? Repetimos o pas-sado? Afastamos os obstáculos? Arriscamos, paralisamos, atacamos, avançamos, recua-mos, confiamos?

Conhecendo o sonho de Deus... Uma aventura e um desafio para o medo, um incentivo para o desejo. Desejo e

medo: instintos de sobrevivência a serem considerados e integrados na natureza humana que, levada a contemplar o sonho de Deus, tem nele uma ajuda concreta para centrar os afetos e liberar os desejos na direção do bem mais universal – desejado e possível.

Enfim, deixar-se afetarinteiramente e permitir que o Senhor interpele, passo a passo, em cada cena, em todo tempo, a partir do acontecimento salvífico. Reconhecer que justamente aí Deus tem a iniciativa e nós nos calamos, paranos oferecermos sem re-servas, dispostos a lutar contra todo egoísmo e contra toda dificuldade, colocando nossas vidas a serviço do Reino.

• GRAÇA: Conhecer e desejar o que o Senhor quer para minha vida.

• PALAVRA DE DEUS: Sl 139 (138) Is 35 Ef1, 3-14 1Tm 2, 1-7 Hb 10, 5-10

• REVISÃO/PARTILHA DA ORAÇÃO: Estou onde Deus quer? Faço a Sua vontade? Confio Nele plenamente?

CONHECENDO O SONHO DE DEUS...

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‘Onde fica a saída?’, perguntou Alice ao gato que ria.‘Depende’, respondeu o gato.

‘De quê?’, replicou Alice;‘Depende de para onde você quer ir.’

(Lewis Carroll)

Os que quiserem afeiçoar-se e distinguir-se mais em todo serviço do seu Rei Eterno e Senhor Universal farão oferendas de maior valor e importância. (EE 97)

Um encontro é sempre uma oportunidade, uma possibilidade de um novo signi-ficado, outro sentido. De um reconhecimento a um processo de identificação, para incor-porá-lo ou deixá-lo de vez. Confirmação e certeza ou conversão e mudança de rota. Mas sempre: encontro! Seguir com o olhar, acompanhar; falar face a face, relembrar; ouvir a voz e se emocionar; estar na estrada, caminhar; abraçar, acolher, perdoar.

Toma, Senhor, e recebe... O que eu tenho para partilhar? Quanto eu quero oferecer? Do que eu preciso

me desfazer? O que desejo agradecer? Tenho algo a pedir? É melhor partir ou ficar? Que sentimentos tenho experimentado?

Descobrir-se noMistério: éeste o tempo favorável. Pessoalmente o Senhor vem ao nosso encontro enos leva em segurança e nos abre os tesouros da Sua graça. Fala conosco como quem fala a um amigo, distribui de Seus dons conforme lhe apraz, dispõe de tudo, renova a nossa vida. É a explosão de um amor sempre fiel: saída, anúncio, tes-temunho, empenho detodo o ser.Entrega total e silêncio – sinal de uma presença cuja profundidade não se conhecia antes...

• GRAÇA: Dispor-se inteiramente no amor e no serviço a Deus e aos irmãos.

• PALAVRA DE DEUS: Êx, 33, 7-17 Mt 25, 14-30 Mc 10, 17-22 Lc 21, 1-4 2Cor 6, 1-10

• REVISÃO/PARTILHA DA ORAÇÃO: De que encontros me recordo e como eles me levam a sair de mim?

TOMA, SENHOR, E RECEBE...15

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Desistir...eu já pensei seriamente nisso,

mas nunca me levei realmente a sério;é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas

pernas,mais esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus ombros,

mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça.(Cora Coralina)

Considerar as palavras de Cristo nosso Senhor a todos os servidores e amigos que envia para esta jornada.(EE 146)

Unidos sob a Bandeira de Cristo já não temos mais bandeiras. Há muito chão, muitos passos, muita estrada. Formamos todos juntos uma única comunidade enviada em Missão, com o intuito de chegar às “nações” humanas, para além das fronteiras ge-ográficas, que se abrem continuamente. Nas palavras do Padre Geral, um coro de vozes reclama a nossa assistência...os pobres, os marginalizados, os excluídos, os diminuídos, os pequenos, os inferiorizados, os manipulados esperam por nós...

Esperam por nós “nações”... Todas com necessidade de profetas que façam chegar até elas as notícias da sal-

vação, essa mensagem enorme, universal e irredutível, que alcança todos os povos, que lhes devolve a dignidade e a esperança. Nações que ainda estão muito longe humana-mente, existencialmente. E, para muitas das quais, a salvação ainda é um sonho, um de-sejo.

É este, pois, o sentido da Missão da Igreja, da Companhia e de todos os que se inspiram no Magis. Que ela seja a favor das “nações”, como um serviço desinteressado, segundo o coração de Deus, de Sua vontade, de Seu Espírito.

• GRAÇA: Pedir a Nossa Senhora para alcançar-nos de seu Filho, nosso Senhor, a graça de sermos recebidos sob sua Bandeira.

• PALAVRA DE DEUS: Is 52, 7-10 Mt 28, 16-20 Mc 6, 7-13 Lc3, 1-6 At 22, 6-21

• REVISÃO/PARTILHA DA ORAÇÃO: Estou sinceramente disposto a colaborar para que a alegria e a esperança do Evangelho se transformem em realidade nessas “nações”?

ESPERAM POR NÓS “NAÇÕES”...16

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Roteiros para grupos e redes4.

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Estar em Nazaré significa que somos chamados a estar com Jesus, naquela que guarda a presença de Deus e a história de crescimento do seu enviado. Em Nazaré, encontramos os relatos da vida escondida de Jesus, a vida que estamos acostumados a chamar de vida oculta. Nazaré é entendida como ponto de partida, tempo de preparação e discernimento. Mas é também ponto de chegada, porque somos sempre motivados a retornar ao silêncio, ao escon-dimento, à história pessoal de vida e crescimento.

Nos Exercícios Espirituais, ao contemplarmos os mistérios da vida de Cristo, Santo Inácio nos propõe contemplar a sua vida oculta. O que chamamos, então, de vida oculta trata--se da vida cotidiana, sem fatos relevantes. Vida na qual Ele foi definindo sua vocação, que tinha o Pai e Seu projeto como centro. Viver Nazaré, então, é dar-nos conta dos mistérios de nossa própria vida, isto é, dos aspectos, fatos, memórias que guardam a presença de Deus, nas coisas pequenas, triviais, cotidianas que vivemos.

Nos trinta anos que viveu em Nazaré, Jesus teceu grande parte de sua história. Não há Jesus sem os trinta anos ocultos em Nazaré. Não haveria a doação e a entrega que Ele fez se não tivesse havido o lugar da vida, do aprendizado, do discernimento, da escuta. Assim, o que guarda a presença amorosa de Deus é a própria história.

Do mesmo modo, nós construímos nossas histórias, cheias das marcas de Deus, no co-tidiano, ocultas, em lugares pouco ou muito importantes, no encontro com tantas pessoas, no diálogo e aprendizado da cultura, da fé, do ofício. Nossas histórias são os lugares que guardam a presença de Deus, e viver Nazaré é dar-se conta disso.

Nazaré como lugar simbólico é, para nós, espaço de crescimento humano e espiritu-al. Crescimento em graça e estatura (Lc 2,52). Para os jovens, Nazaré é espaço para cultivar a família, o trabalho, os amigos, o aprendizado, a fé. Na mística de Nazaré, cultivamos:

• a família como lugar de aprendizagem dos valores;• o cotidiano como parte da vida;• a amizade como dom de relações mais fraternas e serviço;• a escola como espaço de aprendizado, crescimento, encontro;• o trabalho como oferta dos dons e construção da vida, do mundo;• a cultura como terreno de encontro com a história coletiva, com a memória e com

o diferente;• a história pessoal e social como espaço de contradições, de pobrezas, de preconcei-

tos, de dificuldades;• a história pessoal e social como espaço de graça, de sabedoria, de dons.

Na partilha de nossas vidas, notamos que elas tecem, com outras, a história da hu-manidade. E olharmos a história da humanidade, em nossa localidade, faz-nos perceber, mais claramente, nossa realidade, com suas alegrias e dores, e esta, por sua vez, nos faz sonhar a vida plena, abundante e feliz para todas as pessoas.

Doar a vida. Amar sem medida. Partilhar a vida. Fazer amigos. Contar nossas histórias de vida. Manter viva a memória. Sonhar. Encontrar-se. Escutar. Olhar com os olhos de Deus. Usar a voz. Dar voz. Romper os medos e preconceitos. Defender a vida. Comprometer-se com os pobres e sofredores. Colocar-se a caminho. Compreender a realidade. Não aceitar a violência e a opressão. Ofertar o que somos. Cuidar. Esperar. Eis o que aprendemos a viver em Nazaré.

A MINHA NAZARÉ, LUGAR QUE GUARDA A PRESENÇA DE DEUS

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PARA CONVERSAR:

1 – Quais aspectos, circunstâncias, memórias, acon-

tecimentos de sua história guardam a presença amorosa

de Deus?2 – Comentar, no grupo, experiências familiares, re-

ligiosas, de vizinhança que são mais significativas na vida

pessoal de cada um.3 – No local em que vivemos temos espaços comuns

de convivência, tempo para “estar juntos”? Quais aspectos

fortalecem e quais fragilizam nosso convívio comunitário

(no grupo, na família, na vizinhança, na Igreja...)?

SUGESTÃO DE TEXTOS BÍBLICOS

PARA REZAR E DISCUTIR COM O

GRUPO/COMUNIDADE:

• Dt 4, 9• Êx 3, 1-10• Lc 1, 26-38• Lc 2, 1-15

SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA

REALIZAR COM OUTROS JOVENS

INACIANOS SOBRE O TEMA PRO-

POSTO:• Cine-Fórum;• Tarde de Oração;• Rodas de Conversa;• Retiros;• Oficinas de contação de histórias;

• Atividades culturais com o tema: como saraus,

apresentações teatrais, vídeos, shows, festivais;

• Fóruns sobre a realidade juvenil de sua localidade.

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Nazaré foi o lugar de Jesus ser criança, de crescer. Foi aí que Ele viveu os tempos intensos da adolescência e juventude e tudo que marca esse tempo da vida. Em cada época, as fases da vida ganham significados e conteúdos novos, mas podemos imaginar que muitas coisas que marcam hoje o ser jovem, tiveram também influência na vida de Jesus, em Nazaré. Aprender um ofício, inserir-se na realidade sociocultural de uma época, formar seus próprios grupos, pares, assumir uma fé, ir delineando um projeto pessoal para a vida.

No mundo, hoje, temos mais de um bilhão de pessoas jovens (entre 15 e 24 anos). Representando quase um terço da população mundial, esses jovens compõem a maior população jovem da história. Pelos mais diversos cantos do mundo, em milhares de Nazarés, os jovens vão vivendo suas dores, alegrias, descobertas, medos, sonhos e desejos, oportunidades e dificuldades.

Contemplar a vida de Jesus, em Nazaré, como propõem os Exercícios Espirituais de Santo Inácio, pode iluminar a contemplação que fazemos da vida dos jovens contem-porâneos. São muitos os desafios para ser jovem hoje.

Em Nazaré, Jesus aprende a profissão do pai e assume esse ofício. Essa relação com o trabalho, tão marcante na vida das pessoas, como o foi na vida do Cristo, é vivida por muitos jovens mundo afora. Do mesmo modo, a experiência do estudo é impactante para os jovens de hoje. A escola não é só lugar de aprendizado, é também espaço de cresci-mento e de relações, de superação e de inclusão.

Esses dois campos da vida juvenil, no entanto, são hoje atravessados por grandes desafios. O desemprego atinge aproximadamente 75 milhões de jovens entre 15 e 24 anos. Em algumas regiões, as taxas de desemprego juvenil chegam a 25%. São os jovens também que assumem os trabalhos mais precários. Além disso, cerca de 100 milhões de adolescentes e jovens estão fora da escola1.

O tempo que Jesus viveu em Nazaré o fez profundo conhecedor da realidade de sua época e dos desafios que o povo vivia. Seguir Jesus, na mística de Nazaré é também um convite a olhar a vida da juventude e de todo o povo. Quais são os desafios atuais? Quais as razões do sofrimento dos jovens? E quais são suas esperanças?

Como peregrinos, contemplar a vida da juventude de nossas realidades e do mundo nos leva também a contemplar a vida do próprio Jesus, no oculto de Nazaré. Olhar e ouvidos atentos, coração aberto; dessa maneira, somos chamados a estar no mundo, no cotidiano da vida. Ouvir, ver, sentir as dores e alegrias do mundo, das pessoas, dos jovens.

Em Nazaré, nesse solo de tanta vida e de tantas coisas pequeninas, Jesus vai des-cobrindo e assumindo sua missão. É na juventude que vamos descobrindo o desejo mais profundo de nosso coração. É na juventude que vamos definindo nosso projeto de vida, em confronto com o que vemos, ouvimos e sentimos na realidade da vida.

1. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU), em relatório mundial da juventude.

NAZARÉ NA VIDA DE JESUS E NA VIDA DA JUVENTUDE

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PARA CONVERSAR:

1 – Quais os principais desafios e características da juven-

tude na região onde você vive?

2 – Quais as formas que os jovens de sua região e do

mundo têm buscado para superar os desafios da vida juvenil?

3 – Em quê o exercício de olhar a vida de Jesus, em Naza-

ré, nos ajuda a ver a realidade juvenil hoje?

SUGESTÃO DE TEXTOS BÍBLICOS

PARA REZAR E DISCUTIR COM O

GRUPO/COMUNIDADE:

• Lc 1, 26-38• Lc 1, 39-56• Lc 4, 16-21• Mt 2, 16-18• Mt 2, 19-23

SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA

REALIZAR COM OUTROS JOVENS

INACIANOS SOBRE O TEMA PRO-

POSTO:• Cine-Fórum;• Tardes de Oração;• Rodas de Conversa;• Encontros para refletir/rezar sobre a vida de Jesus

em Nazaré;• Encontros para estudar/debater como é ser jovem hoje;

• Atividades em defesa dos direitos dos jovens;

• Festivais e atividades culturais, com diferentes ex-

pressões culturais jovens.

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Nazaré, na vida de Jesus, é lugar de chegada e de partida. Chegada, quando regres-sa do exílio no Egito, ainda criança (Mt 2, 21-22). Partida, quando assume o projeto do Pai para sua vida e sai em missão (EE 158).

Aquele que segue Jesus é também chamado a ser discípulo missionário. A palavra discípulo tem a ver com aprender, isto é, aprender com o mestre um jeito de ser, de agir, de viver, de servir. Os jovens terão a oportunidade de doar as próprias vidas em favor da humanidade, se tomarem Jesus como modelo e horizonte, como fizeram os primeiros discípulos que conviveram com Ele. Os discípulos viam Jesus orar, atuar, salvar, contestar, acolher, perdoar, curar e desejaram fazer as mesmas coisas, embora fossem lentos para crer e compreender.

Contemplando a vida de Jesus, em Nazaré, podemos aprender seu modo de vida para fazer como Ele. A sua vida em Nazaré nos aponta a direção do Reino e nos revela um modo de seguir Jesus, no cotidiano de nossa realidade. Sua vida oculta nos ajuda a entrar em contato com nossa história, nossa realidade, nossos sonhos, os desafios da realidade e, nisso tudo, descobrir um projeto para a vida. Da mesma forma, esse projeto pode se realizar em nossa história, nosso trabalho, nossa casa, nossa família e nossas amizades, nosso estudo. Alimentar nossa sede de mais amar, mais servir, de mais vida e mais felici-dade.

Por isso, podemos dizer que Nazaré nos envia às “nações” que esperam por nós. Como discípulos de Jesus, sabemos que o seu seguimento não trata de grandes feitos. Ele mesmo, enviado como salvador do mundo, não saiu nunca da Palestina, revelando-nos que segui-Lo pode ser algo do cotidiano, da realidade concreta da vida. Entretanto, exige atitude de Peregrino, ou seja, atitude de busca, de mobilidade, de confiança, a exemplo do Peregrino Inácio.

E o MAG+S nos motiva a pensar nas “nações” que esperam por nós. Essas nações podem ser lugares, realidades, comunidades, situações, fronteiras. Pode ser a vizinhança, a escola, o trabalho, a vida dos pobres, os deslocados, os deprimidos, as pessoas com quem vivemos. É preciso ir a essas nações e, com elas, seguir na direção do Reino, da vida plena, abundante e feliz para todos. Sentimo-nos motivados?

As “nações” esperam discípulos que tenham conhecido o Cristo e queiram ser con-tinuadores de seu Projeto. “O nosso profundo amor a Deus e a nossa paixão pelo mundo deveriam fazer-nos arder como um fogo que acende outros fogos” (CG 35ª Dec 2, 10).

AS NAÇÕES QUE ESPERAM POR NÓS

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PARA CONVERSAR:

1 – Como anunciar, hoje, a alegria do Reino aos jovens

das nossas comunidades e dos nossos grupos?

2 – Como respondo a Jesus que pede uma entrega to-

tal, generosa, feliz e sem reservas?

3 – Como podemos nos ajudar mutuamente para se-

guirmos na direção do Reino e da vida plena e feliz

para todos?

SUGESTÃO DE TEXTOS BÍBLICOS

PARA REZAR E DISCUTIR COM O

GRUPO/COMUNIDADE:

• Jo 13, 1 -17• Jo 15, 9-17• Jo 10, 10-18• Mt 28, 16-20• Mc 6, 7-13

SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA

REALIZAR COM OUTROS JOVENS

INACIANOS SOBRE O TEMA PRO-

POSTO:• Cine-Fórum;• Tardes de Oração;• Rodas de Conversa;• Realizar missões jovens;

• Celebrar o envio da delegação do MAG+S Brasil;

• Oficinas de elaboração de projetos de vida.

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DECRETO 2, 22 – 35ª CONGREGAÇÃO GERAL DA COMPANHIA DE JESUS

Deus criou um mundo com diversidade de habitantes; e isso é bom. A criação exprime a rica beleza deste mundo digno de ser amado: pessoas que trabalham, que riem, que prosperam juntas são sinais de que Deus está vivo no meio de nós. Todavia, a diversida-de torna-se problemática quando as diferenças entre as pessoas são vividas de tal maneira que algumas prosperam à custa de outras que são excluídas, de maneira que as pessoas lutam, se matam umas às outras e se empenham em destruir. Então, Cristo sofre no mundo e com o mundo que Ele quer renovar. É precisamente aqui que se situa a nossa missão. É aqui que temos de discerni-la, de acordo com os critérios do magis e do bem mais universal. Deus está presente nas trevas da vida, tentando sempre refazer as coisas. Deus precisa de co-laboradores nesta empresa: pessoas que têm a graça de ser recebidas sob a bandeira do Seu Filho. Esperam por nós “nações”, para lá de de-finições geográficas, “nações” que hoje incluem os que são pobres e deslocados, os que estão isolados e profundamente sós, os que igno-ram a existência de Deus e os que usam Deus como um instrumento com objetivos políticos. Há novas “nações” e fomos enviados a elas.

Anexos 5.

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Anexos

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