SÃO PAULO, 12 A 14 DE MARÇO DE 2016.
Estudo mostra que área verde atrai 95% dos usuários do Parque do Povo
Porcentagem foi levantada em uma pesquisa feita em 32 pontos.
Trabalho de mestrado avaliou o espaço público de Presidente Prudente.
As áreas verdes do Parque do Povo são os principais atrativos para os usuários do local,
considerado o maior espaço público urbanizado de Presidente Prudente. O motivo foi
levantado em uma pesquisa da educadora física Fernanda Berguerand Xavier, que analisou
e entrevistou os praticantes de exercícios físicos durante seis meses.
Algumas das informações levantadas foram de que o público que frequenta o Parque do
Povo é predominantemente masculino (65%), a maioria é de adultos (59%), mais da
metade frequenta à noite (53%), grande parte tem ensino superior (56%) e o que mais atrai
as pessoas é a vegetação (95%), na condição de indicador de qualidade urbana ambiental.
“O que eu verifiquei é que as pessoas têm essa autopercepção da saúde através da atividade
física e que elas relacionam isso com o ambiente verde. Mas, em geral, os pontos mais
frequentados eram os que possuíam instalações, como quadras, a pista de skate e a pista de
ciclismo. As partes que continham apenas árvores não eram muito frequentadas, talvez por
uma questão de iluminação, segurança”. Fernanda Berguerand Xavier, educadora física
Além disso, aos fins de semana, o número de crianças aumenta e reduz o de idosos.
Quem mais frequenta são pessoas das imediações, que demoram menos de dez
minutos no deslocamento de suas casas, a pé ou de carro. Em geral, os usuários são
pessoas conscientes do bem-estar em saúde e que compõem uma elite, de forma que
o parque não é tão democrático quanto parece à primeira vista.
Os dados são fruto de seis meses de trabalho, feito entre janeiro e julho de 2015,
quatro vezes por dia – em todos os períodos, três vezes ao mês, em 32 áreas
determinadas por ela. A pesquisadora dividiu a extensão do Parque do Povo em
“áreas-alvo”.
"Ia para as áreas e observava os usuários, da direita para a esquerda, contando
quantas pessoas estavam ali. Com auxílio de um tablet e um aplicativo para utilização
da metodologia [Sopac], eu ia verificando e anotando se era homem, mulher, adulto,
adolescente ou idoso, se estava sedentário, andando, caminhando ou em atividade
rigorosa", explicou ao G1.
Nesta etapa, foram observadas 19.105 pessoas. A metodologia citada por Fernanda é o
Sistema para Observação de Jogo e Recreação em Comunidades (Soparc, na sigla em
inglês), ferramenta eletrônica que avalia como a população utiliza espaços públicos,
levando em conta fatores como sexo, idade e nível de atividade, entre outras
informações.
“Diferentemente dos parques internacionais, somente 27% das pessoas estavam
sedentárias. No exterior, essa porcentagem é maior, as pessoas usam os locais para
fazer piqueniques. Mas, aqui, as pessoas usam para alguma prática esportiva, não são
sedentárias”, destacou.
Espaço verde
Depois, a educadora física entrevistou 200 pessoas. Foi nesta etapa que ela conseguiu
mensurar questões como nível de escolaridade e a motivação de estarem ali.
"Dessas pessoas, 43% disseram que existe um local próprio para a atividade física mais
perto de sua casa, mas que preferiam o Parque do Povo. Antes da pesquisa, eu tinha
essa ideia de que o parque era importante, porque diariamente você vê a enorme
quantidade de pessoas no local. Porém, não imaginava que o motivo era pelas áreas
verdes", disse Fernanda.
A pesquisadora verificou que 95% das pessoas preferem o Parque do Povo por causa
do espaço verde urbano. Entretanto, os dados de sua observação apontaram o
contrário. "O que eu verifiquei é que as pessoas têm essa autopercepção da saúde
através da atividade física e que elas relacionam isso com o ambiente verde. Mas, em
geral, os pontos mais frequentados eram os que possuíam instalações, como quadras,
a pista de skate e a pista de ciclismo. As partes que continham apenas árvores não
eram muito frequentadas, talvez por uma questão de iluminação, segurança", revelou
Fernanda.
Os resultados
A dissertação denominada "Qualidade urbana ambiental e prática de atividades físicas: um
estudo sobre o Parque do Povo de Presidente Prudente-SP" deu a Fernanda o título de
mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. Agora, ela pretende encaminhar o
trabalho para a administração pública, para que o espaço seja mais bem aproveitado.
"O Parque do Povo é subutilizado. É um espaço enorme para ser pouco utilizado. A maior
parte do tempo está vazio. Os gestores poderiam trazer mais mulheres e crianças, que são
os públicos menores, para o local, oferecendo atividades gratuitas. No caso dos idosos, eles
usam mais as partes com pista de caminhada, e poderiam ser feitas outras pistas",
salientou.
A pesquisadora disse estar bastante satisfeita com o trabalho e o resultado. Contudo,
houve uma insatisfação por detectar que a área não é "tão democrática".
"É mais para as pessoas das imediações, de uma classe social. É um cartão-postal da cidade,
é valorizado, mas poderia ser melhor utilizado para a busca de uma saúde melhor por meio
da prática de atividade física, o que pode mudar, de acordo com as medidas adotadas pelos
profissionais", pontuou Fernanda.
Ela citou o exemplo de Recife (PE), onde foram oferecidas atividades nos espaços verdes da
cidade, o que fez com que aumentasse a frequência de mulheres e atividades vigorosas. "O
estudo indica exatamente como pode ser utilizado o Parque do Povo", finalizou.
O estudo desenvolvido na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) teve a orientação da
professora Alba Regina Azevedo Arana e a avaliação foi feita pelas doutoras Edilene
Mayumi Murashita Takenaka e Maria Encarnação Beltrão Sposito, convidada junto ao
campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Presidente Prudente.
Sobre o programa de adoção de praças
Em artigo, arquiteto defende parcerias com iniciativa privada – mas faz ressalvas
importantes.
Sou favorável à adoção de praças pela iniciativa privada. Seria ótimo se a prefeitura
conseguisse dar conta de oferecer o serviço com qualidade, mas não é assim. Nossas
praças são ambientes sujos, desestruturados e inseguros. Deste modo, a parceria me
parece uma solução muito boa para estimular a reativação destes nossos espaços,
mantendo-os limpos, seguros, equipados, iluminados e bem cuidados. Tem tudo para
dar certo. Contudo, tenho alguns poréns a respeito, que listo a seguir.
É importante que não haja sobreposição dos poderes privados sobre a autonomia do
cidadão que desfruta do espaço público. Por exemplo: o cidadão quer deitar na grama
que serve para isto, ou no banco ali desocupado. Seu direito deve ser respeitado, seja
ele mendigo ou milionário, pois este é um direito de uso da praça pública. Não pode
haver ali regras privadas como há nos shoppings ou mesmo praças pertencentes a
conjuntos privados, que caracterizam espaços privados de acesso público. Nestes está
claro que o dono do empreendimento controla as regras. Se houver esse tipo de
apropriação indevida das praças, a adoção passa a ser uma modalidade equivocada.
Se a autorização for para pagar uma taxa na prefeitura para colocar uma placa e fazer
melhorias, podemos esperar uma transformação mais significativa de nossos
equipamentos. Mas se a gestão da praça continuar sendo da prefeitura, não mudará
muita coisa, pois mesmo praças importantes da cidade deixam de receber os cuidados
mínimos necessários. Teoricamente haverá uma verba adicional destinada para as
praças. Na prática não veremos muito resultado, pois a gestão pública é muito
ineficiente e a adoção servirá mais para autorizar uma plaquinha na praça do que para
transformar o espaço público.
O melhor modo de se fazer isso, a meu ver, é permitir que a iniciativa privada faça a
gestão do espaço, contratando o zelador, professores de educação física, faxineiros,
jardineiros, arquiteto paisagista responsável, etc., e a prefeitura faz a fiscalização –
neste caso, pensando que a prefeitura fará a coisa como deve ser feita, o que
infelizmente não é a regra.
A cidade tem muito a ganhar colocando praças sob administração privada, mas para
isso deve haver condições bem claras que não descaracterizem a praça como espaço
público e para não descaracterizarem o desenho original (quando houver).
Há mais de um ano, talvez fruto deste programa, a praça Vinícius de Moraes, no
Morumbi, foi adotada. É uma praça importante, paralela ao Palácio dos Bandeirantes e
muito usada pela população. A grama passou a ser melhor aparada, a vegetação, mais
bem cuidada, a manutenção se tornou mais visível. Entretanto, alguns bancos foram
pintados de azul, na cor do patrocinador, o que foi muito negativo porque
empobreceu a paisagem, foi uma medida paisagística e arquitetonicamente tosca para
uma praça bem traçada que deveria ser, na verdade, protegida e cuidada na
originalidade de seu desenho. Pior ainda, inseriram ali umas flores de fibra de vidro,
grandonas, parecidas com o mobiliário de parques temáticos, lembrando aqueles
latões de lixo em forma de boca de palhaço. Estes totens medonhos poluem o campo
visual onde quer que você esteja, e vetaram a possibilidade de se sentar e apreciar o
pôr-do-sol, por exemplo, na companhia do céu, da grama e das árvores. Acho esse tipo
de inserção muito negativa e um reflexo da falta de critério (se houver algum) para
aprovar as intervenções que se deseja realizar ao adotar a praça. Se ao menos
estivessem concentrados num cantinho temático, teríamos efeito mais sutil. Talvez
promover um canto com parklets e licenças para operar um café ou comidinhas
ocupando duas ou três vagas de estacionamento seriam mais positivos e incentivariam
a frequência.
Sou favorável à medida, mas deve haver um critério claro para as intervenções, para
que os espaços não piorem sob a adoção. Por um lado a prefeitura não pode
burocratizar demais as intervenções, mas por outro os patrocinadores não podem
descaracterizar os espaços que merecem ser mantidos.
Talvez o programa pudesse exigir que o candidato apresentasse projeto indicando as
intervenções assinadas por arquiteto paisagista. Os arquitetos paisagistas devem ser
consultados, nós temos muito a contribuir para a qualificação e apropriação do espaço
público. Isto poderia até viabilizar intervenções mais interessantes que se somariam ao
patrimônio construído da cidade – o que não foi nem de perto o ocorrido na Vinícius
de Moraes.
Arrisco sugestões:
1. Não descaracterize o desenho de praças já bem desenhadas, nem que seja com
cores. O banco azul não vai ajudar em nada a sua divulgação e ainda vai prejudicar a
praça.
2. Priorize o essencial acrescentando itens que faltam ao mobiliário urbano ou
realizando, com maior eficiência, serviços ali deficientes. Realize primeiro o básico do
básico. Disponha mobiliário para que as pessoas possam sentar.
3. Instale lixeiras e tenha um programa eficiente para recolher o lixo. Muitas ficam
transbordando por dias, quando não são vandalizadas.
4. Desenvolva um sistema para instalar e gerir corretamente banheiros públicos. Na
França já há banheiros autolimpantes em alguns pontos importantes que funcionam
muito bem. Talvez aqui seja mais barato ter um desses com um vigia por perto do que
ter funcionários para limpar banheiros convencionais.
5. Instale equipamentos de ginástica e playgrounds mais criativos do que aqueles que
as crianças tem na escola. Siga o exemplo da prefeitura de Campo Grande e contrate
professores de Educação Física para atender os usuários das praças.
6. Viabilize a operação de pequenos serviços complementares junto às praças. Podem
ser pequenos cafés em trailers ou lojas de suco, mas poderiam ser também sapateiros,
chaveiros, jornaleiros. Só precisam ser coisas bem pequenas e rigorosamente
fiscalizadas, evitando o camelódromo.
7. Implemente nas praças deficientes – na verdade vazios chamados praças -,
programas de arborização e cuidados da mesma. Obviamente, sempre com projeto
assinado por paisagista.
8. Incrementos com sistemas de fito-remediação seriam muito bem vindos, pois
contribuiriam para o tratamento da água do próprio local e da água subterrânea em
locais de brejo, por exemplo, como é a cota mais baixa da praça citada (Vinicius de
Moraes). Lá existe o brejo, muito simpático, mas ainda não há sistema de tratamento
na modalidade citada.
Ressalto que sou otimista com relação à medida e acredito que, no geral, a tendência é
melhorar.
Outras áreas.
Além da adoção de praças, também poderiam considerar cotas para manutenção e
promoção de áreas verdes existentes e subutilizadas ou mal cuidadas. Exemplo: o
Parque Alfredo Volpi teria dez cotas de adoção para investimentos em sua
manutenção. É um absurdo pensarmos no potencial daquele espaço e não fazerem
uma grande revitalização e promoção deste parque e de outros como o da Água
Branca, Burle Marx, Trianon, Jardim da Luz.
Parques como o do Ibirapuera já estão saturados. Ver tanta gente ali se amontoando
chega a ser bonito e ao mesmo tempo desesperador, pois não é reflexo do amor ao
Ibira, mas da falta de opção. Não há espaços públicos de qualidade para a prática das
atividades ali realizadas – chega a ser desagradável que eles sejam tão lotados, pois
você vai ao parque relaxar e encontra filas, trânsito, tumulto, dificuldade para
atravessar a rua interna do parque. Obviamente há coisas que só temos no Ibirapuera,
como as exposições no Pavilhão da Bienal, o planetário ou a sensacional marquise do
Niemeyer, mas outras demandas poderiam ser melhor absorvidas e supridas
localmente, facilitando a ocupação descentralizada dos espaços públicos e
diversificando o leque de opções por toda a cidade.
Agenda verde tem D2 e feijoada 'veg', para comemorar o St. Patrick's
Day
Curso de educação ambiental terá nova turma
Colaborar para a transformação social por meio da educação ambiental e do agroextrativismo sustentável. Este é o propósito do curso denominado Apoio à implementação do Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar nos territórios, de 120 horas, oferecido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), na modalidade EaD (Educação a Distância).
O curso contará com tutoria e será realizado entre abril e julho de 2016. As inscrições estão abertas, de hoje (11 de março) até 1º de abril. Os interessados precisam preencher o formulário disponível aqui e enviar a documentação indicada.
Podem participar gestores e servidores públicos, profissionais de ensino, representantes de organizações da sociedade civil e lideranças de movimentos de campo, com ensino superior completo. O objetivo é capacitar esses agentes para o desenvolvimento de políticas públicas, programas e projetos de educação ambiental no contexto da agricultura familiar.
Os alunos aprenderão a fazer o diagnóstico socioambiental de seu território e trabalhar estratégias pedagógicas com as populações locais. Ao longo da formação,
serão realizadas atividades práticas, como visitas técnicas, pesquisas de campo, organização de reuniões e entrevistas.
“Será incentivada a reflexão sobre as políticas públicas para o campo e sobre os problemas e conflitos socioambientais existentes. Também queremos estimular a participação social nos assuntos que interferem na qualidade ambiental do território”, conta o coordenador do Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar (PEAAF) no MMA, Alex Bernal.
O coordenador explica que o conteúdo do curso é extenso e exige capacidade de análise e leitura. “O debate nos fóruns é muito importante para que os alunos consigam realizar as atividades práticas”, esclarece. Sobre a seleção de alunos, ele diz
que terão preferência pessoas que já atuam junto à agricultura familiar e que sejam vinculadas a instituições. “Uma pessoa sozinha não consegue implementar o programa, o apoio da instituição é muito importante”.
Nível do Sistema Cantareira registra alta nesta segunda
Chuva em março já foi 86% do previsto para todo o mês.
Sistemas Alto Tietê também teve alta.
O nível de água do Sistema Cantareira registrou nova alta nesta segunda-feira (14) e opera
com 61,9 % da sua capacidade, segundo dados divulgados pela Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). No domingo (13), o manancial operava com 61,6%.
Considerando apenas o volume útil, que fica acima do volume morto, o sistema segue
operando com 32,4% da capacidade.
Até o momento, o Cantareira já recebeu 153,2 mm de chuva, 86% do previsto para todo o
mês. Em fevereiro, as represas do sistema receberam 236,4 mm, o equivalente a 16,7%
acima do esperado para o período. Em 30 de dezembro de 2015, o Sistema Cantareira
deixou a dependência do volume morto após 19 meses.
Além do Cantareira, o Sistema Alto Tietê também teve elevação nesta segunda. O
Guarapiranga e o Alto Cotia registraram queda, e o Rio Grande e o Rio Claro se mantiveram
estáveis.
- Cantareira: 1.269 bilhões de litros (com o volume morto) e está com 61,9% da capacidade
- Alto Tietê: 573,8 bilhões de litros e está com 43,2% da capacidade
- Guarapiranga: 171,2 bilhões de litros e está com 87% da capacidade
- Alto Cotia: 16,5 bilhões de litros e está com 102,7% da capacidade
- Rio Grande: 112,2 bilhões de litros e está com 97,3% da capacidade
- Rio Claro: 13,7 bilhões de litros e está com 100% da capacidade
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