SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO E DESIGN
RELATÓRIO FINAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Dimensões da qualidade ambiental em Uberlândia: Desenvolvimento espacial
urbano e dinâmica do comércio e serviços.
Projeto: Plano Diretor de Uberlândia: Subsídios para análise e acompanhamento
Orientador: Prof. Dr. Fernando Garrefa
Aluno(a): Aline Macedo Queiroz
Número de Registro: APQ02360-10
Instituições Parceiras: FAPEMIG (Fundação de Amparo à pesquisa de Graduação de Minas Gerais) e PROGRAD (Pró- Reitoria de Graduação da Universidade Federal de Uberlândia)
Uberlândia, Novembro de 2011
Faz-se um especial agradecimento
à Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de Minas Gerais, que
possibilitou a concretização deste
trabalho através de seu apoio.
1
Sumário
1. Dados de identificação................................................................................ 2
2. Resumo ....................................................................................................... 2
3. Escopo ........................................................................................................ 2
4. Material e Métodos ..................................................................................... 3
5. Cronograma ................................................................................................ 3
6. Distribuição de carga horária semanal: ...................................................... 3
I. Padrões de desenvolvimento urbano e meio ambiente natural ................................ 4
1. Desenvolvimento físico da cidade de Uberlândia ...................................... 4
2. Vazios urbanos e meio ambiente natural .................................................. 17
3. Vetores de crescimento ............................................................................. 24
4. Densidade habitacional ............................................................................. 26
5. Modo de utilização dos recursos naturais ................................................. 30
6. Deslocamentos urbanos ............................................................................ 36
II. Dinâmica do Comércio e Serviços urbanos ........................................................... 41
7. Distribuição espacial................................................................................. 41
8. Imagem do Comércio ............................................................................... 67
III. Considerações finais............................................................................................... 75
Referências ...................................................................................................................... 77
2
1. Dados de identificação
Bolsista: Aline Macedo Queiroz
CPF: 103.987.436-30
Número de Matrícula: 11011ARQ001
Orientador: Prof. Dr. Fernando Garrefa
Nome do Projeto: Plano Diretor de Uberlândia: Subsídios para análise e
acompanhamento
Nome do Sub-projeto: Dimensões da qualidade ambiental em Uberlândia:
Desenvolvimento espacial urbano e dinâmica do comércio e serviços.
Instituição: Universidade Federal de Uberlândia
Faculdade: Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Design
Curso: Arquitetura e Urbanismo
2. Resumo
Esta pesquisa de Iniciação Científica tem como objetivo alimentar o banco de
dados do projeto em que se insere, buscando fornecer ao aluno oportunidade de abertura
de conhecimentos sobre as metodologias de pesquisa e ampliação de conhecimentos
sobre o campo de estudos do urbanismo. Por outro lado, com a contribuição desta
Iniciação científica os dados serão analisados (conjuntamente com o aluno participante)
e irão enriquecer os debates após a instalação do Fórum Permanente de Debates sobre o
Plano Diretor de Uberlândia.
3. Escopo
Para o cumprimento dos objetivos do trabalho, o aluno trabalhará em duas
dimensões do urbanismo a saber:
a) Padrões de desenvolvimento urbano e meio ambiente natural. Analisar o desenvolvimento físico da cidade de Uberlândia em relação aos aspectos, evolução da mancha urbana; vetores de crescimento; vazios urbanos; setores e densidade habitacional e; modo de utilização dos recursos naturais.
b) Dinâmica do Comércio e Serviços urbanos. Analisar a dinâmica e qualidade do comércio e serviços disponíveis em Uberlândia por meio dos
3
aspectos: distribuição espacial e formação de centros comerciais; Imagem do comércio.
4. Material e Métodos
Para a execução deste referido trabalho científico a metodologia utilizada foi:
a) Fundamentação teórica: aquisição de conhecimento sobre o assunto abordado de modo a embasar etapas posteriores. Para tal ação fez-se necessário um levantamento bibliográfico, seleção de leituras programadas e organização dos dados adquiridos;
b) Seleção dos itens de qualidade ambiental a serem pesquisados;
c) Coleta de dados sobre os aspectos: crescimento da cidade, população, distribuição de terras, produção, tratamento e reciclagem de resíduos, distribuição de água e energia, transporte, dinâmica e imagem comercial e de serviços de Uberlândia;
d) Organização do material coletado;
e) Análise dos resultados da pesquisa em conjunto com o orientador e elaboração do Relatório Final.
5. Cronograma
Etapas de trabalho 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2
Organização de banco de dados georreferenciado
Padrões de desenvolvimento urbano e meio ambiente natural
Dinâmica do Comércio e Serviços urbanos
Elaboração dos relatórios finais
6. Distribuição de carga horária semanal:
Segunda: 11:30-13:30 e 19:00-20:00 3h
Terça: 11:30-13:30, 14:00-16:00 e 19:00-20:00 5h
Quarta: 11:30-13:30 e 19:00-20:00 3h
Quinta: 11:30-13:30 e 19:00-20:00 3h
Sexta: 11:30-13:30 e 14:00-18:00 6h
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Dimensões da qualidade ambiental em Uberlândia:
Desenvolvimento espacial urbano e dinâmica do comércio e serviços.
Aline Macedo Queiroz
Professor Orientador Dr. Fernando Garrefa
Universidade Federal de Uberlândia - UFU
I. Padrões de desenvolvimento urbano e meio ambiente natural
1. Desenvolvimento físico da cidade de Uberlândia
A história de Uberlândia tem início nas expedições dos bandeirantes, que
chamaram a região do Triângulo Mineiro de “Sertão da Farinha Podre”
(UBERLÂNDIA, 2012). A ocupação da região levou ao surgimento de um povoado às
margens do Córrego São Pedro do Uberabinha, que acabou por ocupar a parte mais alta
do terreno, onde em 1853 foi construída a Capela Curada, que mais tarde como Matriz,
se configurou como centro da vila, de onde se irradiavam as ruas existentes. Na década
de 40 a Matriz foi convertida em Estação Rodoviária, e no final da década de 70 em
Biblioteca Municipal. Hoje, o largo da antiga Matriz é conhecido como Praça Cícero
Macedo (FONSECA, 2007).
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Figura 1: São Pedro de Uberabinha – 1856. Fonte: Adaptado de SEPLAN, 1991
Nesse momento, o povoado já era dividido em “parte alta” e “parte baixa”. A
primeira ocupada pela elite e a segunda, pelos menos favorecidos. Esta área ocupada é
conhecida hoje como Bairro Fundinho. Em 1883, foram doadas terras à Igreja, que
serviram para a criação do bairro popular Patrimônio de Nossa Senhora da Abadia, hoje
conhecido somente como Patrimônio, localizado do outro lado do Córrego São Pedro.
Em 1909 o cemitério foi transferido, dando lugar a atual Praça Clarimundo
Carneiro, onde em 1914 foi construída a Câmara Municipal e em 1926, o Coreto. Este
local se consolidou durante muito tempo como o centro cívico de Uberlândia.
Em 1895, foi inaugurada a ferrovia, que tinha sua estação onde hoje se localiza a
Praça Sérgio Pacheco. Os trilhos ocupavam a linearidade que hoje é a Av. João Naves
de Ávila. A presença da ferrovia atraiu o crescimento à nordeste, de forma desenvolver
6
a malha urbana com um traçado xadrez, com a abertura de seis avenidas e ruas
perpendiculares a elas.
Figura 2: Mancha urbana em 1920. Fonte: Adaptado de FONSECA (2007)
Figura 3: Mapa da cidade de 1927. Fonte FONSECA, 2007
Em meio ao novo traçado, foi criada a Praça dos Bambus, que atualmente é a
Praça Tubal Vilela. Aos poucos, o comércio que antes se localizava no Fundinho foi
ocupando os arredores desta praça e a Avenida Afonso Pena. Nas décadas seguintes, o
7
deslocamento do comércio do centro histórico para o centro atual prosseguiu, e a Praça
Tubal Vilela e as Avenidas Floriano Peixoto, Afonso Pena e João Pinheiro se
consolidaram como o centro da cidade.
Figura 4: Mancha urbana em 1940. Fonte: Adaptado de FONSECA (2007)
Em 1940, a área urbana compreendia o Centro e seus arredores, ainda sofrendo
uma limitação espacial pela ferrovia, até que a partir de 1950 Uberlândia sofreu uma
aceleração no seu crescimento, com a intervenção liberalista do Estado, abrindo portas
para o capital estrangeiro e com a construção de Brasília, que acarretou na abertura de
estradas ligando o centro-oeste ao centro-sul, passando por Uberlândia. Na década de 50
ocorreu a canalização do Córrego Cajubá, dando origem a atual Avenida Getúlio Vargas
e abrindo portas para o crescimento ao norte da cidade.
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Figura 5: Mancha urbana em 1950. Fonte: Adaptado de FONSECA (2007)
Durante a década de 60, a cidade cresceu nas direções leste, oeste e norte da
cidade, devido às limitantes espaciais (rios, córregos, trilhos e rodovias) que ainda não
tinham sido superadas. No final desta década foi canalizado o Córrego Tabocas, dando
origem à atual Avenida Minervina Cândida de Oliveira, que é a marginal sul da BR-
365. (FONSECA, 2007)
Figura 6: Mancha urbana em 1960. Fonte: Adaptado de FONSECA (2007)
9
No fim da década de 60 a ferrovia foi removida e instalada em outro ponto da
cidade, e sua antiga linha passou a ser uma importante via de transito rápido, a atual
Avenida João Naves de Ávila, permitindo o crescimento da cidade para as regiões leste,
através da continuidade da malha viária e sudeste, ao longo da nova avenida.
Se até a década de 70 as classes média e alta ocupavam as áreas centrais, e as
periferias leste, oeste e norte eram local de moradia para as classes menos abastadas, a
partir desse período Uberlândia começou a conhecer a “periferia rica”. Os Bairros
Fundinho, Tabajaras e Lídice abrigavam as residências das classes privilegiadas, mas o
crescimento demográfico e econômico demandava novas áreas de ocupação. A gestão
municipal da época, percebendo a eminente demanda, realizou várias obras que
permitiriam a ocupação da Zona Sul por esse público.
No ano de 1971 as obras da canalização do Córrego São Pedro foram principiadas
e em 1979 a Avenida Rondon Pacheco, pavimentada sobre o córrego canalizado, foi
inaugurada. Também em 1971 foram realizadas algumas melhorias na via de ligação
entre Centro e Clube Caça e Pesca, que posteriormente foi chamada de Nicomedes
Alves dos Santos.
“Em 1971, começaram as obras de canalização do trecho que ia do
Rio Uberabinha até a BR-050, num total de 5.300m de extensão, com
o objetivo de permitir a abertura de uma nova avenida, a Avenida São
Pedro, que passou a chamar-se Rondon Pacheco. Sua construção era
justificada pela necessidade de urbanização e ocupação da zona sul da
cidade, com amplas possibilidades de investimento por parte do
mercado imobiliário. Essa obra foi, durante esses anos, a prioridade do
governo municipal, sendo interrompida várias vezes até que, em 1979,
a avenida recebeu sinalização e entrou em funcionamento.
Se a parte norte da cidade já estava consolidada, todavia, a zona sul
ainda seguia pouco ocupada. Em 1971, foram realizadas melhorias na
avenida que, partindo do centro, cortava os novos bairros de classe
alta da cidade, em direção ao Clube Caça e Pesca. Ela se converteria,
posteriormente, na atual Avenida Nicomedes Alves dos Santos. Essa
obra teve como principal objetivo criar uma via de acesso a essa
região da cidade.” (FONSECA, 2007. P. 112.)
Então, em 1973 iniciou-se a ocupação da Zona Sul de Uberlândia pelas classes
média e alta com o loteamento e ocupação do Bairro Altamira, que atualmente é parte
do Bairro Integrado Tabajaras. Em 1979 o Bairro Morada da Colina foi inaugurado, o
mesmo ano da inauguração da Av. Rondon Pacheco.
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No final da década de 1970, foram construídos grandes conjuntos habitacionais,
dos quais deve-se destacar o do Bairro Luizote de Freitas, do Bairro Santa Luzia e do
Bairro Segismundo Pereira. Deve-se ainda destacar que no período entre 1970 e 1980
aconteceu o maior aumento populacional da história de Uberlândia, que passou de
111.640 habitantes para 231.808 habitantes.
Deste modo, até o final da década de 70, a setorização social do crescimento da
cidade se refletiu sobre a setorização do Centro. Ocorreu uma verticalização ao redor da
praça Tubal Vilela, e esta parte do centro passou a abastecer a elite, enquanto os
arredores da praça Sérgio Pacheco davam lugar à lojas populares.
Figura 7: Mancha urbana em 1970. Fonte: Adaptado de FONSECA (2007)
Na década de 80 começaram a ser construídos condomínios de luxo verticais e
horizontais. Os primeiros no Centro, compartilhando do mesmo espaço que as
residências já existentes, os segundos predominantemente na Zona Sul, em regiões
pouco acessíveis.
Ainda assim, o centro continuou sendo o principal local de moradia das elites,
trazendo para ele a devida manutenção. “Nessa época, as ruas Goiás e Santos Dumont
abrigavam as butiques mais sofisticadas da cidade.” (FONSECA, 2007. P. 100).
Também aconteceu a retirada dos trilhos da atual Avenida Monsenhor Eduardo, o que
finalmente permitiu a ocupação da região. Mais tarde, foi implantado um corredor de
ônibus, que permanece até os dias atuais.
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A tomada da cidade pela globalização foi visível quando grandes supermercados
(Makro e Pão-de-Açúcar) foram implantados na cidade, quando foi loteado o Bairro
Jardim Karaíba, uma clara proposta de cidade jardim, e inaugurado o Ubershopping,
que não obteve sucesso econômico na época, mas que hoje, com a ocupação residencial
local e com a implantação de um famoso supermercado e uma universidade, voltou a ser
freqüentado. (SANTOS, 2002)
No fim da década de 80 foi loteado o Bairro Shopping Park, onde atualmente
moram cidadãos de classes menos abastadas, e onde existem recentes Conjuntos
Habitacionais. Ele se localiza junto à Avenida Nicomedes Alves dos Santos,
contribuindo para a especulação na Zona Sul, pois ele foi implantado de modo a deixar
um grande vazio urbano rico em infra-estrutura até os bairros de classe média alta
próximos à Avenida Rondon Pacheco.
A crescente ocupação da Zona Sul resultou na demanda por tráfego em seu acesso
principal, o que levou ao alargamento da Avenida Nicomedes Alves dos Santos em
1987, e a sua duplicação em 1989.
Destaca-se também que na década de 1980 a produção de conjuntos habitacionais
prosseguiu, praticamente que ampliando os até já então loteados bairros de 1970. É
importante frisar o loteamento do atual Bairro Mansour e de mais uma parte do Bairro
Luizote de Freitas, além de partes do Bairro Granada, Laranjeiras e São Jorge.
Figura 8: Mancha urbana em 1980. Fonte: Adaptado de FONSECA (2007)
12
Uma das principais mudanças da cidade aconteceu no ínicio da década de 1990: A
construção do hipermercado Carrefour, do Center Shopping e da nova Câmara
Municipal e Prefeitura. Fruto de um acordo entre os empreendimentos e o município,
mais um córrego foi canalizado, o Córrego Jataí, sobre o qual foi aberta a atual Avenida
Anselmo Alves dos Santos.
Ao contrário do Ubershopping, o complexo Center Shopping e Carrefour foi um
sucesso econômico, por se inserir na nova lógica do carro, dando acessos privilegiados
ao automóvel.
“O conjunto do Carrefour, Centershopping, Centro de Convenções e
Centro Administrativo terminou por criar um novo pólo de
centralidade na cidade que, junto com os diversos pontos de comércio
nos bairros, contribuiu para a diminuição da importância do centro.
Aliado a isso, a Avenida Rondon Pacheco vem se convertendo em
uma importante via, atraindo, cada vez mais, empresas ligadas ao
setor de prestação de serviços (bares, restaurantes, hotéis, escritórios
de várias empresas), beneficiadas, sobretudo, como veremos a seguir,
pela proliferação de bairros de classe média e alta surgidos na zona sul
e da construção do Centershopping.” (FONSECA, 2007. P. 102)
Na década de 1990, a expansão horizontal prosseguiu, assim como a
verticalização da Região Central. Embora essa verticalização fosse destinada à
população de alta renda, fatores como o fácil acesso pelo automóvel fez com que a Zona
Sul continuasse sendo ocupada. Ao mesmo tempo, as lojas sofisticadas saíram do seu
local tradicional e se mudaram para o Center Shopping. Essa transição, em conjunto
com a construção do Terminal Central, que aumentou ainda mais a acessibilidade da
população de baixa renda ao centro, induzindo a especialização deste em comércio
popular.
Em 1991 foi elaborado um plano de trânsito e transportes para Uberlândia, o
Sistema Integrado de Transportes, que reconhecia a Av. Nicomedes Alves dos Santos
como um Eixo Estrutural, por onde passariam várias linhas de ônibus. Isso trouxe para o
plano diretor a possibilidade de se especificar o uso do solo nesses eixos.
“O diagnóstico apresentado no Plano de Trânsito apontava que a causa
principal dos problemas detectados tinham origem legal e
institucional, uma vez que a lei de zoneamento (Lei nº. 5.013) não
considerou o sistema viário como um dos critérios fundamentais para
a definição dos parâmetros de adensamento, o que possibilitava a
localização quase indiscriminada das atividades geradoras de tráfego
nas vias já totalmente saturadas. Apesar da Lei de Uso do Solo criar
zonas específicas para as vias arteriais e coletoras, não estabelecia um
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vínculo mais direto entre sistema viário e os parâmetros de uso e
ocupação do solo.” (FONSECA, 2007. P. 188)
“A superposição de alguns trechos de percursos das linhas criavam
corredores de transporte coletivo, cujos principais eram as avenidas:
Afonso Pena, Floriano Peixoto, Monsenhor Eduardo, Fernando Vilela,
Marcos de Freitas, Getúlio Vargas, Sílvio Rugani, XV de Novembro,
Bernardo Guimarães e João Naves de Ávila. Os principais corredores
de acesso aos bairros eram as avenidas: Juscelino Kubitscheck,
Afrânio Rodrigues, Nicomedes Alves dos Santos, Engenheiro Azeli,
Segismundo Pereira e Rio Branco.” (FONSECA, 2007. P. 191)
Em 1997, o antigo edifício da Câmara Municipal passou a funcionar como o
Museu Municipal. Então a Praça Clarimundo Carneiro mudou seu papel político para
referência histórica.
Em 1999 a UNITRI (Universidade do Triângulo) instalou seu novo campus nesta
via, entre o Bairro Karaíba e o Shopping Park, consolidando a região como um pólo
educacional, onde se instalaram posteriormente outras universidades, trazendo mais
fluxo à via.
Figura 9: Mancha urbana em 1990. Fonte: Adaptado de FONSECA (2007)
Em 2001 a Prefeitura Municipal de Uberlândia promoveu através do SEDUR
(Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano) e do DMAE
(Departamento de Água e Esgoto), a Oficina de Desenho Urbano: A Cidade no Cerrado,
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onde dentre outros diagnósticos e propostas, foi constatada a vocação do Setor Sul da
cidade para pólo educacional e tecnológico.
“A equipe além de constatar, especialmente na área central, a
“vocação” de pólo educacional para o setor, também propõe que nesta
área poderia se instalar um parque tecnológico, de modo a criar uma
interface entre a produção e o conhecimento, a pesquisa e o
desenvolvimento. A adequação do sítio neste setor mostra-se viável,
na medida em que concentra centros universitários, com a possível
instalação de outras instituições de ensino.” (SANTOS, 2002. P. 76.)
Figura 10: Mancha urbana em 2000. Fonte: Adaptado de FONSECA (2007)
Na última década, os processos de especulação imobiliária deram continuidade ao
espalhamento urbano de Uberlândia. Os principais fatores de crescimento atuais são os
programas habitacionais municipais e federais destinados à população de baixa renda,
que são implantados, em sua maioria, às margens da cidade, assim como nas décadas de
70, 80 e 90; a produção contínua de condomínios fechados horizontais e a inserção no
mundo globalizado, que trouxe para a cidade grandes empresas, como os hipermercados
Atacadão, Extra, Walmart, a rede de supermercados Bretas, o Shopping Uberlândia e o
Praça Shopping, além de grandes boutiques de luxo internacionais que se instalam nos
Shoppings. Também tem se verificado com intensidade o processo de conversão
imobiliária de equipamentos comerciais, a exemplo do que acontece com os shopping
centers, têm sido edificados, especialmente após 2009 diversos conjuntos comerciais
com características típicas dos shopping centers, tais como: aluguel das lojas,
comodidades para o automóvel e gestão integrada. Com essa postura, parte do comércio
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deixa de representar um equipamento espontâneo, regido por forças naturais de mercado
e passa a fazer parte do rol dos produtos imobiliários, explorados por agentes de outros
segmentos como o imobiliário e o financeiro em um processo que pode se tornar
predatório e maléfico à cidade, embora por outro lado tenda a contribuir para um melhor
atendimento e diversificação de escolhas para o consumidor.
16
Figura 11 Mancha urbana em 1920. Fonte: Adaptado de FONSECA (2007) e PREFEITURA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA (2012)
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2. Vazios urbanos e meio ambiente natural
Para melhor entendimento, explicita-se a divisão que o município fez da cidade
em cinco setores censitários: Setor Norte, Setor Sul, Setor Leste, Setor Oeste e Setor
Central.
“Setor Central
� Daniel Fonseca
� Osvaldo Resende
� Martins
� Bom Jesus
� Nossa Senhora Aparecida
� Brasil
� Cazeca
� Centro
� Fundinho
� Tabajaras
� Lídice
Setor Oeste
� Jardim Holanda
� Jardim Canaã
� Panorama
� Jardim das Palmeiras
� Jardim Europa
� Planalto
� Chácaras Tubalina e Quartel
� Mansour
� Jaraguá
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� Luizote de Freitas
� Jardim Patrícia
� Dona Zulmira
� Guarani
� Tocantins
� Morada do Sol
� Taiaman
� Setor Norte
� São José
� Jardim Brasília
� Presidente Roosevelt
� Maravilha
� Pacaembu
� Santa Rosa
� Marta Helena
� Minas Gerais
� Residencial Gramado
� Distrito Industrial
Setor Leste
� Santa Mônica
� Segismundo Pereira
� Alvorada
� Morumbi
� Tibery
� Custodio Pereira
� Umuarama
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� Aclimação
� Alto Umuarama
� Jardim Ipanema
� Morada dos Pássaros
� Mansões Aeroporto
Setor Sul
� Shopping Park
� Laranjeiras
� São Jorge
� Granada
� Santa Luzia
� Pampulha
� Carajás
� Lagoinha
� Vigilato Pereira
� Saraiva
� Morada da Colina
� Jardim Karaíba
� Patrimônio” (PREFEITURA MUNICIPAL DE
UBERLÂNDIA, 2012)
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Figura 12 Setores Censitários (SEPLAN, 2010)
Desde a década de 1970 Uberlândia teve seu crescimento associado à especulação
imobiliária, onde se faz loteamentos longínquos, e, em benefício dos detentores das
terras urbanas, é implantada infra-estrutura em toda a extensão de terra vazia, agregando
ao proprietário, gratuitamente uma renda diferencial do solo urbano, principalmente
considerando-se que a planta genérca de valores, que serve para balizar a cobrança do
PTU está bastante desatualizada..
Nos últimos anos, os interesses dos especuladores foram atendidos, levando à
incorporação crescente de terras rurais ao perímetro urbano por meio de sua ampliação.
A incorporação de terras talvez mais significativa foi a que aconteceu na Zona Sul, na
década de 70. Por isso, essa região, de todas as regiões da cidade, é a que tem maior
porcentagem de terras vazias.
Alguns desses vazios urbanos se configuram como conjuntos de terrenos
particulares, que foram loteados, vendidos e que não foram ocupados, sendo muitos
deles pertencentes a alguma grande empresa imobiliária que tem a intenção de lucrar
com a valorização. Outros são pequenas glebas inseridas na malha urbana, geralmente
ocupando um ou vários quarteirões, atrapalhando o desenvolvimento pontual de
algumas áreas da cidade e aumentando seus gastos em infra-estrutura, e outros são
grandes glebas não loteadas, resultantes da incorporação de terras rurais, que acabam
por servir à produção de condomínios fechados, habitações de interesse social
21
periféricas, contribuindo no gasto com infra-estrutura e com a especulação imobiliária
em sua conseqüência, e a grandes empreendimentos, como é o caso do atual complexo
Shopping Uberlândia, Leroy Merlin e Walmart, Praça Shopping ou mesmo o pólo
tecnológico que está a surgir.
Dentre eles, é possível identificar através de imagens aéreas áreas arborizadas, que
provavelmente são matas naturais, e áreas desmatadas. Seria interessante pensar a
possibilidade de preservar as áreas que ainda possuem mata nativa do cerrado, pois ela é
cada vez menos comum, tanto dentro do perímetro urbano quanto fora dele, e também
com a finalidade de proporcionar um respiro na cidade, de modo a filtrar a poluição
gerada, eliminando as ilhas de calor e aumentando a qualidade ambiental da cidade.
A fim de permitir uma leitura gráfica dessa diferença, os vazios urbanos
desmatados foram chamados de “Vazios Especulativos” e os arborizados de “Vazios
Ecológicos”.
Existem na cidade áreas de preservação parcial e permanente previstas no plano
diretor, detalhadas na Lei Complementar Nº 525 de 14 de Abril de 2011, mapeadas no
ANEXO I, o mapa de zoneamento. São elas a Zona de Preservação e Lazer (ZPL), que
abrange os cursos d’água do município e suas matas ciliares, e a Zona de Preservação
Parcial (ZPP), existente apenas em um trecho adjacente ao Rio Uberabinha, próximo ao
perímetro urbano, na Zona Sul.
Embora o município coloque essas áreas como áreas de preservação, talvez por
falta de ações educativas mais abrangentes e fiscalização, muitos córregos da cidade
estão poluídos por lixo doméstico e entulho. Sobre as ações do município acerca da
preservação de matas ciliares e cursos d’água, destaca-se o trabalho realizado em um
trecho do Rio Uberabinha, transformado em parque, e a despoluição das águas do
mesmo.
Além das áreas de preservação, existem Parques Municipais, com os objetivos de
preservar a mata nativa, complementando-a se necessário, de conferir qualidade
ambiental à cidade, minimizando localmente os impactos da ocupação, e de oferecer
local de lazer e aprendizado para a população. São os Parques de Uberlândia dentro do
perímetro urbano:
• Parque Natural Municipal do Óleo • Parque Natural Municipal Victório Siquierolli • Parque Municipal do Distrito Industrial • Parque Municipal Luizote de Freitas • Parque Municipal Mansour
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• Parque Municipal Santa Luzia • Parque do Sabiá • Parque Linear Rio Uberabinha
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Figura 13: Mapa de Vazios Urbanos e Áreas de Preservação Fonte: UERLÂNDIA (2011), PREFEITURA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA (2012) e Google Earth
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3. Vetores de crescimento
É possível perceber que poucas mudanças aconteceram no setor Norte de
Uberlândia desde 1990. Ao mesmo tempo, as regiões Leste e Sul vêm sendo ocupadas
no mesmo período, e tendem a continuar dessa maneira.
Ao estudar o crescimento de Uberlândia, percebe-se que o deslocamento das
classes de alta renda teve início tardio, e que o destino da mesma têm sido claramente a
Zona Sul, e seus equipamentos vêm sendo instalados na Avenida Nicomedes Alves dos
Santos, o novo eixo comercial de Uberlândia, cuja ocupação comercial teve início no
séc XXI.
Já a população de baixa renda tende a se deslocar para o Setor Oeste, onde já
existem bairros populares e onde foram construídos na última década vários conjuntos
habitacionais, de várias iniciativas, e edifícios residenciais do programa “Minha Casa,
Minha Vida”. O eixo viário que se destaca como nova ocupação comercial eminente é a
Avenida Getúlio Vargas, que já tem seu segmento central consolidado como “eixo da
saúde”, mas que nos trechos a oeste do Rio Uberabinha, tem uma ocupação limitada a
poucas lojas de materiais de construção, bares e lanchonetes.
No setor Leste, o crescimento é mais lento do que no setor sul e oeste, mas novos
bairros, condomínios e conjuntos do “Minha Casa, Minha Vida” se instalaram. Os
grandes atrativos do setor são o Aeroporto e o Condomínio Mansões Aeroporto. O
primeiro tem seu aspecto atrativo no sentido do comércio e da prestação de serviços,
mas ao mesmo tempo a série de restrições construtivas existentes em seu entorno
tornam a região menos interessante para o mercado imobiliário. Talvez por isso grandes
glebas permaneceram praticamente inalteradas na divisão leste desde 1990. Atualmente,
uma dessas glebas está prestes a dar lugar ao Praça Shopping, que se localiza em um
ponto estratégico, próximo ao Parque do Sabiá, que teve sua importância cultural
ampliada nos últimos anos, aos condomínios da Zona Leste e ao Aeroporto.
25
Figura 14: Vetores de Crescimento. Fonte: Adaptado de FONSECA, 2007.
26
4. Densidade habitacional
É conhecido que Uberlândia cresceu de forma rarefeita, sendo a densidade geral
do município baixa. Em 2010, a população urbana do município era de 587.266
habitantes, e a área total era de 4.115,2km², ou seja,411.520 Ha. Dessa forma, a
densidade demográfica do município é de 146,78hab/km², ou 1,46hab/ha.
Foram calculadas as densidades habitacionais de cada bairro, e os resultados
mostram uma diferença expressiva tanto entre bairros quanto se comparados à
densidade da cidade, e a causa de maior ou menor população em determinados locais
pode ser o tempo de ocupação, a classe social que os habita, os processos de
especulação, ou a presença maior ou menor de comércio e prestação de serviços.
Tabela 1: Densidade habitacional por bairro. Fonte: Adaptado de SEPLAN, 2010
Bairros População Área (Ha) Densidade (Hab/Ha)
Setor Norte
Presidente Roosevelt 21297 330 64 Jardim Brasília 14439 284 50
São José 392 80 4 Marta Helena 9762 180 54
Maravilha 6643 112 59 Pacaembu 9304 124 75
Santa Rosa 11357 287 39 Residencial Gramado 2558 50 51
Nossa Senhora das Graças 9301 189 49 Minas Gerais 8215 322 25
Setor Sul
Tubalina 8960 153 58 Cidade Jardim 7378 260 28
Nova Uberlândia 2892 340 8 Patrimônio 4420 95 46
Morada da Colina 2925 272 10 Vigilato Pereira 3736 132 28
Saraiva 10019 115 87 Lagoinha * 56 *
Carajás * 71 * Pampulha * 125 *
Jardim Karaíba 3098 274 11 Jardim Inconfidência * 234 *
Santa Luzia 4127 182 22 Granada 13118 219 59
São Jorge 26564 458 58 Laranjeiras 19403 496 39
27
Bairros População Área (Ha) Densidade (Hab/Ha)
Ibiporã** 219 200 1 Shopping Park + Bosque Karaíba 4098 725 5
Demais SUL 14885 486 30
Setor Leste
Tibery 18631 337 55 Santa Mônica 35737 574 62
Segismundo Pereira 18537 318 58 Umuarama 3736 133 28
Custódio Pereira 9551 282 33 Alto Umuarama * 186 * Jardim Ipanema * 403 *
Morada dos Pássaros * 112 * Mansões Aeroporto * 422 *
Morumbi 18004 383 47 Residencial Integração** 14374 700 20
Demais LESTE 18430 1123 16
Setor Oeste
Jaraguá 8083 161 50 Planalto 15668 202 77
Chác. Tubalina e Quartel 6410 297 21 Jardim das Palmeiras 13983 198 70
Jardim Canaã 14860 312 47 Panorama 3086 525 5
Jardim Holanda 4879 330 14 Mansour 7159 136 52
Jardim Europa 4675 399 11 Luizote de Freitas 19168 255 75
Jardim Patrícia 8242 191 43 Dona Zulmira 4045 95 42
Taiaman 8318 203 40 Guarani 9046 226 40
Tocantins 12431 177 70 Morada do Sol 486 397 1
Setor Central
Fundinho 2732 38 71 Centro 7262 138 52 Lídice 4180 69 60
Cazeca 3202 39 82 Tabajaras 6811 123 55
Bom Jesus 4466 67 66 Martins 8788 145 60
Osvaldo Rezende 18578 250 74 Daniel Fonseca 4793 102 46 Nossa Senhora 11390 171 66
Brasil 12701 220 57
28
Os bairros de Uberlândia têm densidades entre 1hab/hac e 87hab/hac, sendo que
todos eles têm densidade maior que a geral da cidade, com exceção do bairro Morada do
Sol e Ibiporã, o que revela que existem muitos espaços vazios na cidade.
Figura 15: Densidade habitacional por bairro. Fonte: Adaptado de SEPLAN, 2010
É interessante destacar que o bairro mais denso é o Bairro Saraiva, seguido pelo
Cazeca e Planalto, bairros que abrigam classe média e baixa, e que já tem algum tempo
de ocupação, além de serem bem servidos pela prestação de serviços e troca de
mercadorias. O Centro tem uma densidade habitacional mediana, e os conjuntos
habitacionais atuais, uma densidade baixa.
Observando a distribuição espacial dos bairros e sua densidade, é possível
perceber que o Fundinho mantém um uso habitacional, proporcionado principalmente
pela sua verticalização, e que o centro e sua área contígua vivem um êxodo habitacional,
em que residências são abandonadas ou convertidas em estabelecimentos comerciais.
Percebe-se também que bairros com fácil acesso à região central, mas que não são
totalmente ocupados por lojas, salvo os eixos viários mantém densidades mais altas, e
que a zona sul, que tem a maior porcentagem de lotes vagos, concentra também as
menores densidades.
29
Figura 16: Mapa de densidade habitacional por bairro. Fonte: Adaptado de SEPLAN, 2010
30
5. Modo de utilização dos recursos naturais
Nessa pesquisa, foram reunidas informações acerca de alguns serviços urbanos
básicos, como coleta de resíduos sólidos e reciclagem, coleta e tratamento de esgotos e
distribuição de água e energia. Algumas informações foram encontradas disponíveis
online, e outras foram obtidas através de questionários realizados pessoalmente nas
diversas divisões de Serviços Urbanos, como o DMAE, a Divisão de Coleta e a própria
Secretaria de Serviços Urbanos.
A coleta de resíduos sólidos é feita de porta em porta, e a empresa responsável é a
Limpebras. Em Uberlândia, o lixão a céu aberto foi eliminado em 1995, e a nova forma
de deposição passou a ser o aterro sanitário. Em 2011 o primeiro aterro foi encerrado, e
ao lado dele, foi cavado o segundo aterro, que tem vida útil de 20 anos.
A empresa Limpebras tem 33 caminhões. Tomando-se como base o mês de
Agosto de 2012, foram percorridos 92.525km durante mês, ou seja, os 33 caminhões
percorrem aproximadamente 2.984,67km/dia e calculando-se uma média, cada um deles
percorreria aproximadamente 90,5km/dia. A distância entre o centro urbano e o aterro
sanitário é de aproximadamente 13 km.
O município disponibiliza virtualmente alguns relatórios e bancos de dados, a
partir dos quais foi possível verificar como foi o crescimento da produção de resíduos
na cidade.
Figura 17: Geração de resíduos sólidos (kg/hab/dia) anual. Fonte: Adaptado de SECRETARIA
MUNICIPAL DE SERVIÇOS URBANOS, 2012
31
Tabela 2: Geração de resíduos sólidos. Fonte: Adaptado de SECRETARIA MUNICIPAL DE SERVIÇOS URBANOS, 2012
Empresas (ton) Residuos sólidos urbanos (ton) AMBOS (ton) Média Diária
Total anual
Média Diária Total anual
Per capta Kg/hab/dia
TOTAL ANUAL
Média diária
2001 51,356 18.744,970 331,809 121.110,350 0,657 139.855,320 383,165 2002 51,377 18.752,540 329,876 120.404,620 0,632 139.157,160 381,253 2003 40,149 14.654,430 304,123 111.005,010 0,564 125.659,440 344,272 2004 32,543 11.878,240 307,790 112.343,440 0,553 124.221,680 340,333 2005 37,322 13.622,460 307,597 112.272,920 0,539 125.895,380 344,919 2006 49,825 18.186,220 331,762 121.093,100 0,566 139.279,320 381,587 2007 55,270 20.173,680 337,355 123.134,700 0,568 143.308,380 392,625 2008 49,673 18.130,720 358,067 130.694,630 0,590 148.825,350 407,740 2009 56,384 20.580,090 386,316 141.005,360 0,628 161.585,450 442,700 2010 44,708 16.318,410 410,259 149.744,380 0,699 166.062,790 454,967 2011 51,680 18.863,190 429,294 156.692,490 175.555,680 480,974
32
É perceptível que o crescimento de resíduos sólidos não acompanhou o
crescimento populacional, que aumentou de 2001 a 2009 e teve uma queda populacional
em 2010, enquanto a produção de resíduos caiu de 2001 a 2005 e desde então aumentou
ininterruptamente até 2010.
Figura 18: Crescimento populacional. Fonte: Adaptado de SECRETARIA MUNICIPAL DE SERVIÇOS URBANOS, 2012
Existe na cidade a coleta seletiva, instaurada a pouco tempo, e por isso ainda
atinge a poucos bairros, de forma a atender atualmente aproximadamente 35% da
população. Os bairros atendidos são o Centro, Tibery, Dona Zulmira, Jardim Patrícia,
Luizote, Mansour, Santa Mônica e Segismundo Pereira, Daniel Fonseca, Martins, Bom
Jesus, Osvaldo Resende, Fundinho, Tabajaras, Finotti e Roosevelt. A coleta seletiva
funciona de maneira semelhante à coleta de resíduos, mas o caminhão é caracterizado e
sonorizado.
33
Figura 19: Coleta Seletiva. Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA, 2012
34
A quantidade de material coletado é grande, e verifica-se uma variação significativa de quantidade de recicláveis recolhidos em cada mês
de 2012.
Tabela 3: Peso de materiais recicláveis coletados (Kg) – 2012. Fonte: DIVISÃO DE COLETA, 2012
População % Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto TOTAL STA. MÔNICA/SEGISM. 54.274 8,980 51.620 40.820 37.200 31.630 37.310 31.740 47.740 38.640 316.700 TIBERY 18.631 3,080 18.480 10.520 16.700 15.250 14.320 11.460 13.690 12.660 113.080 FUND./TABAJ. 9.543 1,570 17.200 19.280 16.990 13.540 16.380 14.450 10.890 14.950 123.680 ROOSEVELT 21.297 3,520 9.170 11.100 9.450 9.810 8.090 12.190 7.820 7.980 75.610 LUIZ./D.ZULM./MANS./PATRÍCIA 38.614 6,390 17.020 31.930 22.450 23.280 21.400 16.750 22.840 21.000 176.670 CENTRO 7.262 1,200 8.380 4.300 10.190 4.700 3.200 5.400 1.800 4.300 42.270 DANIEL FONSECA 4.793 0,700 0 3.600 3.950 1.350 * * * * 8.900 OSVALDO/MARTINS/BOM JESUS 31.832 5,270 0 0 9.550 13.680 18.290 16.770 22.570 26.900 107.760 HOSPITAL ---- ---- 2.200 700 10.090 2.100 500 1.750 2.200 1.960 21.500 DIVERSOS ---- ---- 31.080 13.810 8.360 21.910 26.270 15.150 12.175 19.900 148.655 MORADA DO SOL 486 0,080 0 0 0 0 0 3.300 1.745 1.800 6.845 BRASIL 12.701 2,100 0 0 0 0 0 4.800 9.580 10.850 25.230 APARECIDA 11.390 1,860 0 0 0 0 0 0 0 0 0 TOTAL 210.823 34,750 155.150 136.060 144.930 137.250 145.760 133.760 153.050 160.940 1.166.900 * Incluído com os Bairros Osvaldo/Martins/Bom Jesus
35
Figura 20: Quantidade de recicláveis coletados. Fonte: Adaptado de DIVISÃO DE COLETA, 2012
Além das coletas de resíduos e coleta seletiva, existem locais na cidade onde a
população pode depositar materiais recicláveis, orgânicos resultantes de podas, móveis e
entulho de construção civil, chamados Ecopontos.
Quanto ao resíduo de construção civil, os Ecopontos recebem apenas resíduos
domiciliares de até 1m³, e estes são utilizados no aterro sanitário, misturados à terra,
para a compactação do lixo. O poder público não se responsabiliza pelos resíduos de
construção civil das grandes empresas, que devem dar destino adequado aos seus
resíduos.
Tabela 4 fonte Divisão de coleta, 2012
COMPARATIVO SAÍDA DE ENTULHOS NOS ECOPONTOS – 2012 (M³)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago TOTAL Ecoponto Luizote 135 171 369 279 333 126 108 162 1683 Ecoponto São Jorge 103,5 103,5 94,5 126 112,5 130,5 135 117 922,5 Ecoponto Santa Rosa 171 450 450 468 567 436,5 441 504 3487,5 Ecoponto Guarani 180 180 157,5 126 157,5 198 225 207 1431 Ecoponto Roosevelt 693 607,5 693 603 670,5 652,5 697,5 778,5 5395,5 Ecoponto Daniel Fonseca 0 0 94,5 117 117 207 216 216 967,5 Ecoponto Morumbi 0 0 0 0 18 135 171 135 459
Total Mensal 409,5 1512 1858,5 1719 1975,5 1885,5 1993,5 2119,5 13473
O município não tem uma usina de reciclagem própria, sendo o material coletado
pelos caminhões encaminhado para as associações de catadores e recicladores, que
fazem a triagem e comercializam o material com as empresas.
36
“ARCA – Associação dos Recicladores e Catadores Autônomos
Rua Dolomita s/nº, Bairro Dona Zulmira – Uberlândia-MG
Telefone: (34) 3086-2801
e-mail: [email protected]
CORU – Cooperativa de Recicladores de Uberlândia
Rua Dolomita s/nº, Bairro Dona Zulmira – Uberlândia-MG
Telefone: (34) 3086-2801
Celular: (34) 9156-8277
e-mail: [email protected]
ACOPPPMAR – Associação de Coletores de Plásticos, Pet, PVC e
outros Materiais Recicláveis
Rua Antônio Carrijo nº 212, Bairro Roosevelt – Uberlândia-
MG
Telefone: (34) 3225-1830 / (34) 3223-8284
Celular: (34) 9154-8360 / (34) 9122-0636” (PREFEITURA
MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA, 2012)
Sobre a coleta de esgoto, são produzidos aproximadamente 103.680.000L/dia,
todo o esgoto coletado é tratado, e aproximadamente 99% do esgoto produzido em
Uberlândia é coletado. Excetuam-se da coleta as áreas rurais e algumas chácaras
longínquas, que possuem fossas.
Sobre a distribuição de água, são produzidos 200.000m³/dia, e o índice de perda é
de 29,7. Existem hoje 169.289 ligações de água.
Em 2010 a Cemig de Uberlândia produziu 1.345.468kWh e tinha 240.128
consumidores. Atualmente, 4.812.797kWh são gastos em iluminação pública,
incluindo-se os distritos.
6. Deslocamentos urbanos
Em uma cidade cheia de vazios, o gasto energético com deslocamentos e a
poluição oriunda dele são grandes. De 2001 a 2012, a proporção entre automóveis e
habitantes cresceu de 1:3 (um automóvel para cada três habitantes) para 1:1 (um
automóvel para cada habitante). Observa-se que tanto a quantidade de veículos quanto a
37
população aumentou até 2009, embora o ritmo de crescimento em quantidade de
automóveis tenha sido maior, e nos anos seguintes, mesmo com uma diminuição de
população, a frota veicular aumentou.
Figura 21: Evolução da frota veicular. Fonte: BORGES, 2012
Deve-se observar que muitas famílias não possuem automóveis, ou seja, existe
uma concentração de renda. Por isso a demanda por transporte público cresce em um
ritmo ainda mais acelerado que a quantidade de veículos privados.
Tabela 5: Evolução no numero de passagens de ônibus/mês. Fonte: BORGES, 2012
Passagens de ônibus/mês
Ano Média mensal
1997 257.468
1998 253.880
1999 289.332
2000 430.125
2001 430.960
2002 487.628
2003 459.613
2004 478.454
2005 479.555
2006 493.166
2007 499.781
2008 524.004
2009 504.337
2010 536.725
38
2011 565.652
Figura 22: Evolução no numero de passagens de ônibus/mês. Fonte: BORGES, 2012
O aumento de demanda apresenta sintomas, como a superlotação, e uma
conseqüência, o aumento do número de automóveis. A Avenida Nicomedes Alves dos
Santos, por exemplo, além de suportar a locomoção diária das classes de alta renda, a
via consolida-se como eixo de transporte coletivo, como previsto no plano de
transportes de 1991. O sistema viário e transporte público estão sobrecarregados pelo
aumento significativo de passageiros causado pela implantação de conjuntos
habitacionais no Bairro Shopping Park, pelo crescente número de estudantes das
Universidades localizadas na Zona Sul e pelo aumento do número de trabalhadores na
região, que agora conta com o Uberlândia Shopping, recém inaugurado, com galerias
comerciais ao longo da via, um supermercado e um hipermercado.
“As cinco linhas de ônibus do transporte coletivo (A140, A141, A142,
I341 e A331) que atendem à zona sul de Uberlândia tiveram um
aumento de 46.189 passageiros, entre agosto de 2011 e fevereiro deste
ano. O aumento foi de 25,44% em relação aos 181.563 passageiros
que utilizavam os ônibus daquela região até agosto do ano passado.
O crescimento do fluxo de passageiros nesse período é atribuído pela
Prefeitura de Uberlândia à entrega de casas do programa Minha Casa
Minha Vida no bairro Shopping Park, às demandas como as dos
alunos de instituições de ensino superior e moradores e funcionários
de condomínios fechados daquela região, além da implantação recente
de um novo shopping center, que terá até 900 funcionários.”
(PACHECO, 2012)
39
Devido a essas problemáticas, aconteceu este ano a construção de um Viaduto
sobre a Av. Rondon Pacheco, e a Prefeitura Municipal de Uberlândia pretende implantar
um Terminal de Transporte Coletivo na Avenida Nicomedes Alves dos Santos.
(UBERLÂNDIA, 2010. P68 e 75)
“O viaduto da avenida Nicomedes Alves dos Santos começou a ser
construído em novembro do ano passado com previsão para ser
entregue no segundo semestre de 2012. O investimento municipal de
R$ 8,2 milhões contempla um complexo com tabuleiro de 225 metros
de extensão, quatro pistas (sendo duas pistas por sentido de tráfego) e
travessia de pedestres.
‘O intuito é tornar o trânsito mais rápido, organizado e seguro, com
redução no tempo de viagem, especialmente na ligação entre os
setores sul e centro, o que também proporcionará economia de
combustível e menor impacto para o meio ambiente’ explicou o
secretário de Trânsito e Transportes, Divonei Gonçalves.”
(PREFEITURA DE UBERLÂNDIA, 2012)
Em confirmação ao aumento da demanda, foi realizado um breve questionário por
telefone à números residenciais aleatórios, atentando-se apenas à localização das
residências. Foi questionado se o morador utiliza transporte público ou automóvel
próprio; com que freqüência de desloca pela cidade e se o destino mais comum das
viagens seria o Centro ou outro bairro.
A maioria dos entrevistados respondeu que os moradores usam o transporte
público, mesmo quando afirmaram possuir algum veículo. Muitos entrevistados
responderam se locomover todos os dias, geralmente para o mesmo destino. Os destinos
mais comuns foram o Centro e os Bairros Martins e Brasil.
40
Figura 23: Meios de transporte. Fonte: Autor.
Figura 24:Freqüência do uso do transporte público. Fonte: Autor.
41
Figura 25: Destino dos deslocamentos. Fonte: Autor.
II. Dinâmica do Comércio e Serviços urbanos
1. Distribuição espacial
Foram desenvolvidos mapas do comércio, onde se evidencia onde as atividades
comerciais mais significativas acontecem e quais suas especialidades. Para realizar este
mapeamento, as diversas regiões da cidade foram visitadas, e para a classificação do
comércio e serviço, foi utilizada a Lei Complementar nº 245 de 30 de novembro de
2000.
O Anexo V da Lei 245, de Parcelamento e Zoneamento do Uso e Ocupação do
Solo, documenta a Classificação dos Usos. Este documento foi utilizado no
mapeamento das atividades comerciais e de prestação de serviços, de modo a promover
paralelismo entre a linguagem utilizada no Plano Diretor de Uberlândia e a do presente
estudo, garantindo eficácia do subsídio em futuras análises.
Este projeto de Iniciação Científica contempla o uso comercial e de serviços, ou
seja, apenas duas categorias de classificação no documento.
“2. - COMERCIAL (C)
2.1. - Comércio Varejista Local (C1)
2.2. - Comércio Varejista Diversificado (C2)
2.3. - Comércio Especial (C3)
3. - SERVIÇOS (S)
42
3.1. - Serviços Locais (S1)
3.2. - Serviços Diversificados (S2)
3.3. - Serviços Especiais (S3)”
(UBERLÂNDIA, 2000)
No desenrolar das atividades desta Iniciação Científica, o Plano Diretor da cidade
foi alterado, sendo a nova lei de uso e ocupação do solo a Lei complementar nº 525 de
14 de abril de 2011, que segue a classificação do CNAE (Código Nacional de
Atividades Econômicas - criado pelo IBGE/Receita Federal). Infelizmente não foi
possível acompanhar a mudança, mas o modo como os dados foram coletados permite
uma interpretação e atualização precisa das informações, de modo que a pesquisa não
perde sua qualidade diante da inconsistência da legislação.
A fim de proporcionar uma representação gráfica legível e de interpretação
precisa, foram desenvolvidas uma legenda de formas e outra de cores. A legenda de
formas se baseia na Classificação de Usos do Município, enquanto a legenda de cores
foi elaborada na pesquisa, sendo que cada cor representa um ramo de atividade,
podendo ser associada a qualquer uma das classes de serviço ou comércio.
Figura 26: Legendas. Fonte: Adaptado de UBERLÂNDIA, 2000
Uma pizzaria, por exemplo, é classificada pelo município como um comércio
varejista diversificado, e é, ao mesmo tempo, uma atividade alimentícia, sendo
representada por um trapézio de cor alaranjada. Já um açougue pertence à classe
comércio varejista local, e também é alimentício, sendo representado por um quadrado
alaranjado. Deste modo, as diversas atividades encontradas na cidade são bem
representadas graficamente, sendo a legenda a seguir resultante da junção entre legenda
de formas (classificação de usos do município) e legenda de cores (temática):
43
Figura 27: Legenda. Fonte: Adaptado de UBERLÂNDIA, 2000
44
As visitas técnicas à cidade e o mapeamento das impressões obtidas evidenciou
que Uberlândia não tem grandes centros alternativos, se mantendo ainda muito ligada à
região central, que por isso ainda não foi esquecida pelo poder público e pela população,
apesar do êxodo habitacional crescente. Já nas áreas contíguas ao centro existe um uso
misto, e o comércio e a prestação de serviços se expande a partir da região central em
Eixos Especializados, coincidentes com os eixos estruturais em termos de transportes,
que atraem determinadas atividades graças ao seu fluxo intenso e constante.
Talvez devido ao espalhamento urbano de Uberlândia, causado principalmente
pela especulação imobiliária, foram observados dois centros comerciais periféricos, com
uma concentração e variedade tão grande de atividades que livra os moradores de
deslocar-se pela cidade por grandes períodos. Estas atividades desligadas do centro
principal não abastecem às elites, mas sim à população de baixa renda. Já reconhecidos
pelo município, localizam-se em bairros consolidados e de densidade considerável que
em sua criação eram conjuntos habitacionais extremamente afastados, que são o Bairro
Luizote de Freitas e o encontro entre os Bairros Granada, São Jorge, Laranjeiras e Santa
Luzia.
É importante observar que todas as maneiras de ocupação comercial encontradas
em Uberlândia estão intimamente ligadas aos eixos viários. No Centro, avenidas no
sentido leste-oeste detêm os principais focos de troca, sendo as vias no sentido norte-sul
menos movimentadas e menos ocupadas salvo os casos em que estas servem como via
arterial. Nas áreas mistas próximas ao centro acontece o mesmo, e as perpendiculares às
vias de comércio e fluxo são geralmente mais residenciais, ou mais utilizadas para
escritórios e semelhantes. Os ditos centros secundários são na verdade uma ocupação
comercial linear na principal via de um bairro denso e distante. Já os.shopping centers,
que são uma forma de ocupação diferenciada, em que se reproduz o centro urbano em
seu interior, têm uma ocupação comercial densa e específica concentrada em um ponto,
mas localizada em vias de grande fluxo.
Foi realizado um mapa que evidencia a densidade comercial da cidade, sem no
entanto especificar quais as especialidades de cada segmento, e outro onde foram
verificadas as tipologias dos eixos de comércio e serviços.
45
Figura 28: Locais de maior uso comercial. Fonte: Autor
46
Os locais de maior uso comercial são o Centro, suas áreas contíguas, como os
Bairros Martins, Aparecida e Brasil, e os eixos comerciais especializados. Cada um foi
visitado, mapeado e analisado individualmente. São eles:
• Av. Rondon Pacheco
• Av. João Naves de Ávila
• Av. Getúlio Vargas
• Av. Nicomedes Alves dos Santos
• R. Duque de Caxias
• Av. Segismundo Pereira
• Av. Belarmino Cotta Pacheco
• R. Ortízio Borges
• Av. José Fonseca
• Av. Seme Simão
• R. Raul Petrolino de Pádua
Verifica-se que praticamente todos os eixos são ocupados prioritariamente pelo
comércio popular, enquanto as lojas requintadas ocupam a Av. Nicomedes, a Av
Rondon Pacheco, parte do Fundinho e os Shoppings.
A região central se caracteriza pelo comercio popular, mas ainda assim é possível
perceber que os produtos comercializados próximos à Praça Sérgio Pacheco são mais
baratos e de baixa qualidade, enquanto que os produtos comercializados próximo à
Praça Tubal Vilela, apesar de também baratos, são mais nobres do que os primeiros, o
que evidencia uma herança dos processos históricos.
As avenidas que ligam o Fundinho à Pç. Sergio Pacheco tiveram o início de sua
ocupação como eixo comercial e assim permanecem na atualidade. Existem algumas
aglomerações especializadas inseridas na malha ortogonal central, como pequenas lojas
de roupas, acessórios e eletrônicos de baixa qualidade próximos ao Terminal Central;
bancos na Av. Afonso Pena próximos à Praça Sérgio Pacheco; papelarias, lojas de
calçados, acessórios e roupas próximas à Praça Tubal Vilela, nas avenidas Afonso Pena
e Floriano Peixoto; eletrodomésticos na Av Afonso Pena, próximos à Pç. Tubal Vilela;
laboratórios e drogarias próximas aos hospitais Santa Clara e Santa Catarina, nas
avenidas Cipriano Del Fávero e João Pinheiro; universidades, e também nessas vias,
cursos técnicos e profissionalizantes próximos ao terminal central, etc.
47
A maioria das ruas perpendiculares abriga lojas de comércio e serviços que
exercem funções que necessitam de menos visibilidade, como estacionamentos e
restaurantes.
No Bairro Fundinho, a habitação persiste por meio dos edifícios residenciais
verticais, enquanto os edifícios de gabarito mais baixo dão lugar a estabelecimentos
comerciais, onde destacam-se as clínicas médicas e estéticas, escritórios, lojas de
decoração, restaurantes e mercados.
Nas áreas ao redor do centro, a morfologia de ocupação é semelhante, onde é
possível encontrar prestação de serviços e comércio em todo o bairro, mas as ocupações
mais intensas se dão nas vias principais. São os bairros da região central mais
comerciais o Martins, Aparecida e Brasil.
O Bairro Martins começou a ser formado antes da década de 40, e hoje é parte da
chamada Zona Periférica do Centro (ZPC) (ALVES, 2011). Sedia o Terminal
Rodoviário desde 1976, tem um uso misto em toda sua extensão e é cortado por vários
Eixos Especializados que têm ligações de fluxo com o Centro. A degradação e o
abandono são crescentes principalmente na região mais próxima à rodoviária. Os seus
eixos especializados são as avenidas Vasconcelos Costa, Belo Horizonte e Fernando
Vilela.
Os Bairros Aparecida e Brasil começaram a ser ocupados antes da década de 40 e
já estavam completamente loteados até 1960. Também fazem parte da ZPC (ALVES,
2011), e o uso comercial se dá principalmente nos eixos viários, que são nada mais que
continuação dos eixos do Centro: Av. Cesário Alvim, Av Floriano Peixoto, Av Afonso
Pena, Av. João Pinheiro e Av. Cipriano Del Fávero.
O Centro e as áreas mistas ao seu redor vêm sendo alvo de muitos estudos tanto
por parte de acadêmicos quanto por parte do poder público na busca por melhorias. Por
isso, nessa pesquisa existe um maior aprofundamento de estudo nos eixos comerciais
fora do centro e áreas mistas (Fundinho, o Bairro Martins, Aparecida e Brasil).
Os eixos comerciais seguem os caminhos da hierarquia viária pela cidade, de
modo que é possível identificar aqueles eixos que se expandem a partir do centro, outros
que pertencem à regiões diversas mas que mantém ligação viária com os primeiros, e
outros completamente avulsos, que são entendidos como Centros Secundários pelo
Plano Diretor.
48
Figura 29: Eixos Comerciais. Fonte: Autor
49
Os Eixos Especializados que se expandem a partir da grande região central são:
• Av. Rondon Pacheco
• Av. João Naves de Ávila
• Av. Getúlio Vargas
• Av. Nicomedes Alves dos Santos
• R. Duque de Caxias
Av. Rondon Pacheco
A Av. Rondon Pacheco pode ser dividida em duas partes distintas levando-se em
conta os tipos de atividades que são exercidas em cada trecho. Existe um segmento a
oeste da Av. João Naves de Ávila e outro a leste da mesma.
A primeira ainda pode ser segmentada em três partes, a partir das diferentes
especialidades comerciais encontradas ao longo da via. O trecho mais próximo à Av.
João Naves de Ávila caracteriza-se pela presença de estabelecimentos ligados à
alimentação e lazer (restaurantes, pizzarias, etc), ligados a mobiliários de luxo e também
ao comércio automotivo de alta qualidade. O trecho intermediário se especializa em
atividades financeiras (bancos, contabilidade, investimentos, etc) e o terceiro, próximo
ao Praia Clube, se especializa em educação, comércio de roupas finas e abriga um
hipermercado e um supermercado.
Em toda a via existem lojas de materiais de construção, mas em seu trecho a leste
da Av João Naves de Ávila esta é a maior atividade existente, juntamente à serviços
automobilísticos e hotelaria.
No encontro entre a Av. Rondon Pacheco e Av. João Naves de Ávila se localiza o
Center Shopping.
50
Figura 30: Tipos de uso comercial nos Eixos – Av. Rondon Pacheco. Fonte: Autor
51
Figura 31: Tipos de uso comercial nos Eixos – Av. Rondon Pacheco. Fonte: Autor
52
Av. João Naves de Ávila
A Av. João Naves de Ávila também é dividia em dois trechos, sendo um central e
denso, com atividades muito ligadas à atividade do centro e áreas mistas, e outra que se
expande até a periferia.
O segmento periférico, que tem seu início marcado pelo cruzamento com a Av.
Rondon Pacheco, se especializa principalmente no setor da construção, mas no trecho
que circunda o Bairro Saraiva, próximo à UFU (Universidade Federal de Uberlândia) e
ao Center Shopping, existe uma considerável atividade ligada a alimentação
(restaurantes, bares, lanchonetes, etc).
53
Figura 32: Tipos de uso comercial nos Eixos – Av. João Naves de Ávila. Fonte: Autor
54
Av. Getúlio Vargas
Em meio a diversas atividades, a especialidade da Av. Getúlio Vargas em seu
segmento central é a saúde, uma provável influência da presença do Hospital Santa
Catarina na via.
Na área próxima à Av. Marcos de Freitas Costa, existem alguns pet shops e
clínicas veterinárias, provavelmente porque a citada via se especializa também em
serviços e venda de insumos e maquinário agropecuário.
Na sua extremidade oeste, perto do Rio Uberabinha, os sinais de semelhança à sua
configuração periférica aparecem: grandes terrenos vagos, algumas oficinas mecânicas e
lava-jatos.
55
Figura 33: Tipos de uso comercial nos Eixos – Av. Getúlio Vargas. Fonte: Autor
56
Av. Nicomedes Alves dos Santos
O curso do desenvolvimento da cidade fez com que a Av. Nicomedes Alves dos
Santos seja composta por duas partes distintas, facilmente identificáveis. Uma é central,
ao norte da Avenida Rondon Pacheco e a outra é uma via rápida periférica, de ocupação
recente, baixa densidade e rodeada de vazios urbanos.
No trecho central da Avenida Nicomedes são encontrados muitos consultórios
médicos e empresas voltadas para finanças, em sua maioria ocupando antigas
residências adaptadas. Já no trecho ao sul da Av. Rondon Pacheco encontram-se
predominantemente galerias, empresas de design e consultórios médicos, construídas
com esse fim e com alto investimento na aparência do estabelecimento.
Em toda a Avenida existe a predominância de comércio e serviços de compra
planejada, como escritórios, consultórios e galerias comerciais com vastos
estacionamentos. No segmento central existe um número significativo de
estabelecimentos prestadores de serviços ligados à saúde humana, como consultórios e
laboratórios, além de escritórios de prestação de serviços técnico-profissionais em
diversas áreas, como advocacia e arquitetura, seguradoras e escolas/academias privadas.
Em contraposição, existem poucas lojas de “compra por impulso”, ou seja, embora o
segmento central da via tenha um histórico de especulação imobiliária, o agente urbano
de ação mais significativa é o “comerciante independente”.
Já no segmento sul, de ocupação ainda rarefeita, chamam atenção um
supermercado, as galerias comerciais e o Shopping Uberlândia, tornando visível que
quem age no local é o empreendedor imobiliário.
57
Figura 34: Tipos de uso comercial nos Eixos – Av. Nicomedes Alves dos Santos. Fonte: Autor
58
Figura 35: Tipos de uso comercial nos Eixos – Av. Nicomedes Alves dos Santos. Fonte: Autor
59
R. Duque de Caxias
A Rua Duque de Caxias é mais um caso de eixo comercial dividido. Ela não
atravessa a Av. Rondon Pacheco em nível, mas o viaduto que a transpõe faz o papel
segmentador.
Esta via é um dos principais acessos da Zona Sul ao Centro e é rota do transporte
público, por isso nela se instalaram as atividades de apoio aos moradores do bairro mais
denso de Uberlândia, o Bairro Saraiva.
Dessa forma, o trecho a sul da Av. Rondon Pacheco serve de apoio ao bairro, com
atividades ligadas à alimentação, construção, oficinas mecânicas e beleza, enquanto o
trecho a norte da mesma abriga atividades mais centrais, como estacionamentos, lojas
de roupas, bancos, comercio de eletrodomésticos, restaurantes, etc.
60
Figura 36: Tipos de uso comercial nos Eixos – R. Duque de Caxias. Fonte: Autor
61
Já os eixos mais afastados do centro, geralmente ligados à um bairro, mas que
mantém ligação viária com os eixos ramificados a partir do centro são vias do Bairro
Santa Mônica, que foi loteado na década de 60, e além de possuir um uso comercial
rarefeito característico de um bairro residencial, possui três eixos paralelos parcialmente
especializados.
• Av. Segismundo Pereira
• Av. Belarmino Cotta Pacheco
• R. Ortízio Borges
Os três eixos têm em comum a enorme quantidade de salões de beleza e clínicas
de estética, e os três também têm uma presença muito forte de atividades alimentícias.
Ainda assim, cada uma tem sua peculiaridade e especialização. A Av. Segismundo
Pereira, por exemplo, é o principal caminho percorrido pelos moradores dos bairros
periféricos Morumbi, Celebridade, Segismundo Pereira, etc., e por isso parte da via é
tomada por atividades ligadas à construção, enquanto a área próxima à Universidade
Federal de Uberlândia é utilizada para atividades de apoio ao público universitário,
como self-services, copiadoras e papelarias.
Já as Av. Belarmino e Ortízio Borges, abrigam um grande número de lojas de
insumos para prestadores de serviços, artigos para festas e drogarias.
62
Figura 37: Tipos de uso comercial nos Eixos – B. Santa Mônica. Fonte: Autor
63
Figura 38: Tipos de uso comercial nos Eixos – B. Santa Mônica. Fonte: Autor
64
Ocupações comerciais semelhantes, mas não tão significativas, foram encontradas
também nos Bairros Tibery e Roosevelt:
O Bairro Tibery é uma periferia da década de 60 localizada entre dois cursos
d’água que com o tempo foi valorizada. Na sua extremidade Leste foram observados
galpões, pela proximidade com a rodovia. Já nas Avenidas Montreal e Benjamim
Magalhães, e principalmente à volta da Praça Senador Camilo Chaves há um uso do
solo comercial mais marcante do que em outros bairros da cidade.
O Bairro Roosevelt também foi loteado aproximadamente na década de 60, e
assim como o Tibery tem um uso do solo comercial marcante, concentrado em suas
praças e avenidas que as ligam. Ambos não desenvolvem Centros Comerciais tão
concentrados quanto os do Luizote e do São Jorge provavelmente por se localizarem
relativamente próximos ao Centro.
E os Eixos que são tratados pelo município como ditos Centros Secundários, que
ocupam regiões periféricas desconexas dos outros eixos comerciais, são:
• Av. José Fonseca
• Av. Seme Simão
• R. Raul Petrolino de Pádua
Essas regiões têm em comum sua relação com a cidade, bem como a data em que
foram loteadas. Ambas fazem parte da periferia de Uberlândia e ambas foram
instrumento de especulação imobiliária nas décadas de 70 a 90, por terem sido loteadas
como conjuntos habitacionais (FONSECA, 2007) populares isolados do resto da cidade,
de forma que a infra-estrutura implantada até a localidade valorizasse as áreas entre elas
e o centro.
Av. José Fonseca, Av. Seme Simão e R. Raul Petrolino de Pádua
Os Bairros Luizote de Freitas e São Jorge foram conjuntos habitacionais das
décadas de 1970 e 1980, e hoje são uns dos bairros mais densos de Uberlândia. A
distância em relação ao centro e o grande período em que a mobilidade era reduzida
para os moradores das periferias devido a baixa qualidade do transporte público são
prováveis causas para o aparecimento de uma atividade comercial linear que não só
atende ao bairro, como também reproduz as atividades centrais, permitindo aos
moradores ficar grandes períodos sem ir ao Centro.
65
Figura 39: Tipos de uso comercial nos Eixos – Av. José Fonseca e Silva. Fonte: Autor
66
Figura 40: Tipos de uso comercial nos Eixos – B. São Jorge. Fonte: Autor
67
2. Imagem do Comércio
A arquitetura comercial é influenciada mais pela escala e público alvo do que pelo
tipo de atividade que ela abriga. Isso se dá principalmente pelo fato de os
estabelecimentos sempre procurarem formas internas de fácil mudança e adaptação, o
que faz com que a grande maioria se comporte como um “galpão decorado”, em que a
intenção principal é chamar a atenção do consumidor. Por isso os eixos viários que
apresentam mais fluxo também acabam por apresentar mais atividades comerciais, pois
neles existe uma centralidade crucial para a vida no mercado.
VARGAS (2001) define centralidade como local de encontro de fluxos de
pessoas, mercadorias, veículos e informações, que reúne variadas atividades terciárias
(comércio e serviços, cultura, lazer, educação, saúde, administração pública, turismo,
etc.). Assim sendo, os três agentes urbanos podem ser definidos de acordo com sua
relação com a centralidade. O “pequeno comerciante independente”, por exemplo, só
existe se a centralidade existir, pois ele tira proveito do fluxo de pessoas para a venda de
seus produtos. Já o “grande comerciante varejista” possui um grande negócio e um
grande estabelecimento, que necessita da centralidade para existir, mas reproduz vida
urbana internamente, além de ser muitas vezes indutor de urbanização. São exemplos as
lojas de departamento, “grands magasins”, “magasins populares”, lojas de preço único e
supermercados. O “empreendedor imobiliário” pelo contrário, é o responsável pela
criação de centralidades, e são exemplos desse fenômeno as galerias comerciais e os
shoppings.
Ao mesmo tempo percebe-se que além da diferença de escala entre atividades
proporcionadas pelos três agentes, existem arquiteturas mais ou menos requintadas, com
aparência mais popular, mais barata e com aparência mais cara.
Assim, o que torna as diferenciações explícitas não é a tipologia das atividades
exercidas, mas a imagem comercial que os agentes urbanos assumem e disseminam. O
comerciante tenta manter boa imagem/reputação através da imagem mental (marketing)
e física (arquitetônica/decorativa). O ambiente do estabelecimento tem papel importante
na lucratividade de uma empresa, uma vez que o caráter, humor, tom, atmosfera e
localização da loja têm influência sobre o estímulo do interesse de compra.
Um bom exemplo dessa influência são as vitrines. Segundo VARGAS (2001), as
vitrines são uma amostra do que a loja tem a oferecer, e as diversas formas de exposição
refletem em diversas interpretações. Mercadorias amontoadas, por exemplo, induzem à
exploração em busca de produtos baratos, enquanto outras formas de exposição
somadas a outros aspectos físicos podem indicar modernidade e sofisticação.
68
Tendo a cidade e a rua como meio de comunicação, VARGAS (2001, P.319)
afirma que a publicidade pode ser realizada de três maneiras: pelas fachadas, pela
arquitetura (usada como vitrine) e pela mídia externa (outdoors, informativos, etc.).
A publicidade realizada através das fachadas acontece tipicamente quando um
imóvel foi construído para outro fim e tem que ser adaptado. Nos estabelecimentos
comerciais, existe a necessidade de se informar, geralmente através de placas, que
atividade se desenvolve ali. Geralmente as fachadas são pintadas de cores fortes para
destaque e são adicionados letreiros, faixas e cartazes. Isso acontece porque a
arquitetura residencial não possui os signos que permitam identificação comercial, no
que se refere à imagem do comércio sustentada culturalmente.
Restrições legais em relação à densidade de uso e ocupação do solo em algumas
áreas das cidades favorecem a sofisticação e diferenciação do uso comercial, que passa
a usar a arquitetura como elemento de propaganda. Isso geralmente acontece em áreas
sem ocupação prévia, onde os imóveis comerciais podem ser planejados e construídos
especialmente para o uso que se dará, sem necessidade de reformas e adequações.
A maior parte dos estabelecimentos comerciais de Uberlândia existem por
iniciativa do “pequeno comerciante independente”, e sua publicidade se faz pela
fachada, com placas, toldos de lona e cores fortes. Existem exemplos espalhados por
toda a cidade. Os Eixos Especializados que se guiam por essa imagem são:
• R. Duque de Caxias
• Av. Segismundo Pereira
• Av. Belarmino Cotta Pacheco
• R. Ortízio Borges
• Av. José Fonseca
• Av. Seme Simão
• R. Raul Petrolino de Pádua
69
Figura 41: Exemplo de publicidade na fachada – Av. João Pinheiro, Centro. Fonte: Autor.
Figura 42: Exemplo de publicidade na fachada – Av. José Fonseca e Silva. Fonte: Google Earth
70
Figura 43: Exemplo de publicidade na fachada – Av. Seme Simão. Fonte: Google Earth
Nas Avenidas Rondon Pacheco e Nicomedes Alves dos Santos predominam os
estabelecimentos que têm sua arquitetura como vitrine, produzidas pelo empreendedor
imobiliário. Já nas Avenidas João Naves de Ávila e Getúlio Vargas, existe uma mistura
de intenções e estéticas, algumas de grande porte, outras menores, como no centro,
algumas de caráter mais popular e outras que são mais refinadas. No centro e em alguns
eixos é possível perceber a ação do “grande comerciante varejista”, através de lojas de
departamentos e supermercados.
Figura 44: Exemplo de arquitetura como vitrine – Hotel San Diego, Av. Rondon Pacheco. Fonte: Google
Earth
71
Figura 45: Exemplo de arquitetura como vitrine – Center Shopping, Av. Rondon Pacheco. Fonte: Google
Earth
Figura 46: Exemplo de arquitetura como vitrine em adaptação para uso comercial – Bairro Fundinho.
Fonte: Autor.
72
Figura 47: Exemplo de ação do “grande comerciante varejista” – Hipermercado Extra, Av. Rondon
Pacheco. Fonte: Google Earth
De todos os Eixos Especializados estudados, o que melhor serve a esse estudo é a
Av. Nicomedes Alves dos Santos, pois em sua arquitetura comercial, existem amostras
de várias tipologias arquitetônicas e ações dos agentes. Na parte mais centralizada,
próxima à Praça Clarimundo Carneiro, a arquitetura comercial de adaptações e fachadas
acontece em dois quarteirões, aproximadamente.
Figura 48 Exemplo de típica publicidade de fachada na Av. Nicomedes Alves dos Santos. Fonte: Autor.
Sabendo-se que a área de declive ao norte da Av. Rondon Pacheco foi durante
muito tempo local de moradia das classes mais abastadas e portanto local de lotes de
dimensões generosas e edificações sofisticadas, é possível perceber que os
estabelecimentos que usam a “arquitetura como vitrine” existentes ali são também fruto
73
de reformas e adequações, permeados por alguns exemplares de publicidade pela
fachada e sua cor, mas em grandes dimensões.
Figura 49 Exemplo de arquitetura como vitrine em adaptação para uso comercial. Fonte: Autor.
Figura 50 Exemplos de publicidade pela fachada e arquitetura como vitrine. Fonte: Autor.
74
Figura 51 Exemplos de publicidade na fachada. Fonte: Autor.
Já na parte sul da via, de ocupação recente, vê-se estabelecimentos construídos
exclusivamente para o fim comercial, em que galerias e escritórios abusam da
sofisticação arquitetônica, constituindo exemplos genuínos de “arquitetura como
vitrine”.
Figura 52 Exemplo de Arquitetura como vitrine. Fonte: Autor.
75
Figura 53: Exemplo da ação do “empreendedor imobiliário” – Shopping Uberlândia. Fonte: Autor.
III. Considerações finais
Uma síntese conclusiva dos estudos, aponta para os seguintes aspectos que
merecem atenção tanto na discussão/ revisão do Plano Diretor de Uberlândia, quanto na
elaboração de políticas públicas e projetos:
O modelo de desenvolvimento físico de Uberlândia foi desde o princípio disperso,
permitindo por um lado grande espraiamento da mancha urbana e por lado baixas
densidades em processo semelhante ao de diversas outras cidades brasileiras. Nota-se
que o Plano Diretor de 2006 possui mecanismos para a contenção desse processo,
notadamente aqueles relacionados à aplicação dos instrumentos do Estatuo da Cidade.
No entanto, após 6 anos de sua implantação, nenhuma das medidas foram tomadas,
mantendo-se portanto o modelo d crescimento disperso. Tal modelo traz consigo uma
lógica que agrega intensa especulação imobiliária, materializada na forma de grandes
vazios urbanos, bem como grande quantidade de lotes vagos, o que faz com que se
dificulta a produção de moradia bem localizada. Associada ao processo, a ampliação
dos deslocamentos necessários ao trabalho, moradia e lazer traz além de maiores
emissões de gases a atmosfera, menor integração social, tempos de deslocamento
significativamente maiores e, portanto menor possibilidade de lazer para a população. O
76
modelo espraiado, também leva ao aceleramento da degradação ambiental,
especialmente no que se refere às áreas nativas de cerrado que tem desnecessariamente
desaparecido para ar lugar aos novos loteamentos. A contenção deste fenômeno, embora
prevista no Plano Diretor precisa ser urgentemente contemplada com firmeza pelos
gestores públicos de Uberlândia, no sentido de conferir maior justiça social e
sustentabilidade ambiental à cidade e portanto, ampliando seus indicadores de qualidade
de vida.
Do ponto de vista do saneamento basco, Uberlândia atinge índices excelentes nos
quesitos água, esgoto (coleta e tratamento), sendo seu atendimento universal. Em
relação aos resíduos sólidos, nota-se que esse quesito deixa a desejar, notadamente em
relação à coleta seletiva, que é feita de maneira precária e somente em alguns bairros e
ao não estabelecimento de programas e políticas públicas para a educação na deposição
e reciclagem de resíduos sólidos em suas diversas fontes geradoras. Nesse quesito o
município está muito longe do ideal e precisa adotar providências urgentes no sentido
de implantar práticas universais e abrangentes em relação aos resíduos sólidos.
Uma das causas do desenvolvimento disperso é a ação do poder público ao longo
dos anos, que realizou muitos conjuntos habitacionais longínquos desde 1950. A
dificuldade de deslocamento levou à formação de Centros Secundários periféricos, em
antigos conjuntos habitacionais das décadas de 70 e 80, que hoje têm densidade
habitacional considerável.
A ampliação dos deslocamentos ao longo dos anos fez com que Uberlândia
atingisse hoje proporção habitante/automóvel de 1:1, e sua formação viária altamente
hierarquizada contribui para isso. Desse modo, as atividades econômicas se
desenvolvem ao longo das vias de maior fluxo. A aglomeração de serviços e atividades
comerciais leva a uma setorização temática e arquitetônica natural, formando Eixos
Especializados interligados entre si na malha viária, de origem no centro. Essa forma
linear de distribuição de comércio e serviços se aplica desde a lógica central até os
centros secundários, que apesar de serem reconhecidos no Plano Diretor com essa
nomenclatura, são na verdade uma reprodução linear das atividades centrais, localizadas
na principal via de bairros residenciais. Compreendendo esta lógica, a produção
imobiliária da cidade já não se restringe mais apenas à produção habitacional, mas
também atua na criação de centralidades através de shoppings centers, hipermercados e
galerias, abusando da sofisticação arquitetônica.
O trabalho também trouxe ao aluno um maior entendimento sobre a cidade e
sobre os assuntos que guiaram a pesquisa. O objetivo de alimentar o banco de dados e
enriquecer os debates acerca do planejamento urbano de Uberlândia foi atingido com
77
sucesso, pois nesta pesquisa, são reunidas várias informações fundamentais, que no
planejamento realizado exclusivamente pelo município, permanecem separadas.
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78
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http://www.uberlandia.mg.gov.br/uploads/cms_b_arquivos/1430.pdf>. Acesso em: 01
novembro 2012.
SEPLAN. Plano Diretor: São Pedro de Uberabinha. Uberlândia: Prefeitura
Municipal de Uberlândia, 1991. Disponível em:<
http://www.uberlandia.mg.gov.br/uploads/cms_b_arquivos/1881.pdf>. Acesso em: 01
novembro 2012.
SEPLAN. População por Bairro. Uberlândia: Prefeitura Municipal de Uberlândia,
2010. Disponível em:
<http://www.uberlandia.mg.gov.br/uploads/cms_b_arquivos/1460.pdf>. Acesso em: 01
novembro 2012.
SEPLAN. Resultados Censo 2010 – IBGE. Uberlândia: Prefeitura Municipal de
Uberlândia, 2010. Disponível em:
<http://www.uberlandia.mg.gov.br/uploads/cms_b_arquivos/265.pdf>. Acesso em: 01
novembro 2012.
SETRAN. Plano Diretor de Transportes – Versão Preliminar. Uberlândia: Prefeitura
de Uberlândia,2010. Disponível em:
<http://www.uberlandia.mg.gov.br/uploads/cms_b_arquivos/1595.pdf>. Acesso em: 26
de julho de 2012.
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UBERLÂNDIA. Lei complementar nº 245, de 30 de novembro de 2000. Dispõe
sobre o parcelamento e zoneamento do uso e ocupação do solo do município de
Uberlândia e revoga a lei complementar nº 224 de 23 de dezembro de 1999 e suas
alterações posteriores.
UBERLÂNDIA. Lei complementar nº 432, de 19 de outubro de 2006. Aprova o
plano diretor do município de Uberlândia, estabelece os princípios básicos e as
diretrizes para sua implantação, revoga a Lei Complementar nº 078 de 27 de abril de
1994 e dá outras providências.
UBERLÂNDIA. Lei complementar nº 525, de 14 de abril de 2011. Dispõe sobre o
zoneamento do uso e ocupação do solo do município de Uberlândia e revoga a lei
complementar nº 245, de 30 de novembro de 2000 e suas alterações posteriores.
VARGAS, H. C. Espaço terciário: o lugar, a arquitetura e a imagem do comércio.
1. ed. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2001. 335 p.
VILLAÇA, F. Espaço intra-urbano no Brasil. 2. ed São Paulo: Livros Studio Nobel
Ltda., 1998. 373 p.
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