MEIO AMBIENTE Licenciamentoambiental emxeque
MINAS GERAIS: POLO NACIONAL DE TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
NOVAS TECNOLOGIAS Construtoras investem em novos canais de comunicação e relacionamento
ENTREVISTALeonardo Dias de Oliveira
EVENTO Vem aí a 73ª Semana Oficialda Engenharia eda Agronomia
ANO 7 | EDIÇÃO 32 | ABR - JUN - 2016
ISS
N 2
44
7‑8
13
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EXCLUSIVO
Um velho sonho acalentado por inú-
meros associados da Sociedade Mi-
neira de Engenheiros está prestes a se
transformar em realidade. Em 2016,
após 11 anos, a SME estará, finalmente,
de volta à sua tradicional sede, locali-
zada na Rua Timbiras, nº 1514, no
Bairro de Lourdes, em Belo Hori-
zonte. Mesmo sendo limitadíssimos
os recursos financeiros disponíveis,
comparados ao montante estimado
para a recuperação integral do pré-
dio, demos início, neste primeiro se-
mestre, a uma reforma parcial com
vários propósitos a serem alcança-
dos, a curto prazo. Além de prover
espaço para o funcionamento admi-
nistrativo da SME, vamos dispor de
áreas para a realização de eventos or-
ganizados pela Diretoria e pelas Co-
missões Técnicas da SME e, inclusive,
para a cessão remunerada a profissio-
nais e empresas, na perspectiva de que
a entidade alcance o imprescindível
equilíbrio econômico-financeiro de
sua gestão.
Estão em reforma o 1º andar (hall de
entrada), local de eventos realizados
em passado recente, como o SME
12:30 e o Projeto Ponto x Contra-
ponto, e de cessão remunerada para
casamentos, festas, etc.; o 2º andar,
coração da Sociedade, com a implan-
tação de um novo auditório para 38
pessoas e o 3º andar, com a recupe-
ração do auditório para 44 pessoas.
Colocamos o foco nesses objetivos já
que ampliar a reforma para o restante
do 3º andar e para os 4º, 5º e 6º an-
dares exigiriam recursos financeiros
inexistentes na entidade, e que só se-
riam viabilizados por meio de parce-
rias. A SME deseja realizar essas
parcerias e tem feito diversas tratati-
vas, infelizmente, sem sucesso, até o
momento.
Fazem parte do nosso projeto, a
médio prazo, a instalação de um café
gourmet como ponto de encontro
dos engenheiros e, ainda, a utilização
do espaço do hall para a instalação de
uma galeria de arte. O que pretende-
mos, futuramente, é que esse espaço
seja integrado ao Circuito Cultural da
Praça da Liberdade.
Se por um lado, temos muitos planos
pela frente, por outro, já superamos
diversas dificuldade que surgem natu-
ralmente, quando se pretende refor-
mar um prédio de mais de 30 anos de
idade: promovemos a substituição in-
tegral do telhado da edificação; fize-
mos a impermeabilização de todas as
áreas externas, a exemplo de varan-
das e do primeiro piso; substituímos
por tubos de PVC os canos de ferro
fundido instalados quando da cons-
trução do prédio; estamos recupe-
rando as esquadrias enferrujadas e
com vazamento; retiramos camadas
de contrapiso, visando instalar pisos
de granito e porcelanato, sem gam-
biarras.
Trata-se de uma reforma parcial, mas
que está sendo feita com todo zelo
para que as áreas reformadas pos-
sam ser usadas com total segurança
e operacionalidade. E, por certo, es-
tamos, sim, à disposição de todos
aqueles que julguem que possam co-
laborar nesta difícil, mas imprescin-
dível jornada de retorno à sede da
SME.
Mudanças e Oportunidades
O primeiro semestre deste ano, ficará
marcado, também, pelas mudanças
ocorridas na esfera política no plano
nacional. Sob o ponto de vista dos in-
teresses da engenharia, destacamos
as medidas recém-anunciadas (e que
carecem de aprovação do Congresso
Nacional) pela equipe econômica do
Presidente Interino.
A retomada de investimentos e do
desenvolvimento econômico são cru-
ciais para fortalecimento da Engenha-
ria. Se estamos ainda distantes disso
(se não é possível dizer se chegamos
ao fundo do poço ou não), pelo
menos a sinalização é positiva no sen-
tido da redução da deterioração da
economia, ou seja, no ritmo de se
cavar um poço que poderia ser ainda
maior.
Nesta edição, abordamos algumas
iniciativas que estão gerando novas
oportunidades para a engenharia e
para os engenheiros. Recomenda-
mos a leitura de artigo que trata do
desenvolvimento regional, na Região
do Médio Sapucaí, por meio de coo-
peração intermunicipal, com o apoio
de centros de ensino e empresas
privadas, e dos que tratam da explo-
são das startups mineiras, cuja capa-
citação alcançou o reconhecimento
nacional e internacional, com grande
poder de agregação de profissionais
de engenharia.
As oportunidades, sob diversos as-
pectos, voltam a existir, muito em-
bora, em intensidade aquém do que
gostaríamos. É preciso estar aberto
às mudanças e se movimentar, pois,
afinal, disposição e otimismo não
fazem mal a ninguém!
EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE
3
Um pouco de Otimismo
Augusto Drummond
Presidente da SME
4
COMPROMISSO COM VOCÊ!
A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de
sua equipe, tem desenvolvido uma série de traba‑
lhos para atender cada vez mais e melhor a cada um
dos associados.
Em seus 85 anos de existência, a SME trabalha para in‑
tegrar, desenvolver e valorizar a Engenharia, a Arqui‑
tetura, a Agronomia e seus profissionais, contribuindo
para o aprimoramento tecnológico, científico, socio‑
cultural e econômico.
COMPROMISSO COM O FUTURO
Aprimoramento profissional e a inovação tecnológica
também têm sido uma das grandes bandeiras da SME
para oferecer os melhores serviços para você.
Por meio de nosso site, da Revista Mineira de Engenha‑
ria e da produção de eventos, a SME tem se tornado,
cada vez mais, um canal aberto para ouvir suas suges‑
tões e para representar seu interesse no setor.
VENHA PARA A SME
Mais informações: www. sme.org.br ‑ (31) 3292 3962 ou [email protected]
ApoioPublicação
Augusto Celso Franco DrummondPresidente
Alexandre Francisco Maia BuenoVice-Presidente
José Ciro MotaVice-Presidente
Luiz Henrique de Castro CarvalhoVice-Presidente
Marita Arêas de Souza TavaresVice-Presidente
Virgínia Campos de OliveiraVice-Presidente
Alexandre Rocha ResendeDiretor
Antônia Sônia Alves Cardoso DinizDiretora
Fabiano Soares PanissiDiretor
Humberto Rodrigues FalcãoDiretor
Janaína Maria França dos AnjosDiretora
José Andrade NeivaDiretor
Krisdany Vinicius Santosde Magalhães CavalcanteDiretor
Marcelo Monachesi GaioDiretor
Túlio Marcus Machado AlvesDiretor
Túlio Tamietti Prado GalhanoDiretor
CONSELHO DELIBERATIVO
Ailton Ricaldoni LoboPresidente
ConselheirosAlberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello
Fernando Henrique Schuffner NetoFlavio Marques Lisbôa Campos Francisco Maia NetoJorge Pereira RaggiJosé Raimundo Dias FonsecaLevindo Eduardo Coelho NetoLuiz Celso Oliveira AndradePaulo Henrique Pinheiro de VasconcelosRodrigo Octávio Coutinho FilhoWilson Chaves Júnior
CONSELHO FISCAL
Carlos Gutemberg Junqueira AlvimPresidente
ConselheirosAlexandre Heringer LisboaJoão José Figueiredo de OliveiraJosé Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos
Coordenador EditorialJosé Ciro Mota
Jornalista ResponsávelLuciana Maria Sampaio MoreiraMG 05203 JP
Revisão EditorialJalmelice Luz ‑ MG 3365 [email protected]
Projeto Gráfico / DesginBlog ComunicaçãoMarcelo Távora [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590
Depto. Comercial Blog Comunicação & [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 99133 8590
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Publicação | SMESociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andarSanto Agostinho | Belo Horizonte Minas Gerais | CEP ‑ 30170‑917Tel. (31) 3292 3962 [email protected] www.sme.org.br
18ENTREVISTA Leonardo Dias de Oliveira
24ARTIGOPoluição sonoranas cidades grandes
DESENVOLVIMENTO Responsabilidade social e cooperação estratégica para combater a corrupção
ECONOMIA Prudência e planejamentopara vencer a crise
53METRES DE ENGENHARIA60 anos de graduação, seisintegrantes da classe de 24 estudantes
32EVENTOFoz do Iguaçu sediará a 73ª edição da SOEA
34
36
MARKETING Construtoras apostam em novas tecnologias para atrair e fidelizar clientes
P&D Drones para monitorar áreas de erosões e cobertura vegetal8
MEIO AMBIENTE Mudanças na Política Nacional de Meio Ambienteestão em curso
48JOVEM ENGENHEIRO Pedro Henrique Moura Costa
START UPS Comunidade de San Pedro Valley, uma experiência promissora
46ARTIGO | CDS/SME
Comitê de Desenvolvimento
Sustentável da SME
INOVAÇÃO Movimento de startups se consolida em Belo Horizonte
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40
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NOTAS DO SETOR
SEGURANÇA DO TRABALHO
Novidades à vista na Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). A maior instituição de ensino superior do Estado
planeja para breve mudar os currículos da graduação. Se
aprovadas as alterações, a meta é fazer com que os calou-
ros de 2018 tenham grades mais flexíveis, que “conversa-
rão” entre si e com uma abrangência maior de aprendizado.
Pela proposta da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), cursos e áreas
afins terão entrada única e trajetos comuns até determinado mo-
mento da formação, para só depois deixar o caminho livre para a es-
pecialização do estudante, que poderá optar ainda por uma linha
genérica de formação. Esses moldes dão possibilidade até
mesmo de obtenção de um segundo diploma e de cursar
disciplinas na pós-graduação. A expectativa é conseguir re-
duzir, com o novo modelo, o número de vagas ociosas. As
mudanças serão discutidas com a comunidade acadêmica e
ficará a cargo de cada colegiado aderir ou não. Elas serão
feitas gradativamente, em um processo sem prazo para terminar. Es-
tima-se que, até meados de 2017, de quatro a cinco áreas consigam
se reorganizar para implantar as novas configurações já em 2018.
A engenheira Consuelo Bethonico Máximo foi homenageada com
a Medalha Christiano Ottoni, em 21 de maio/16, quando das co-
memorações dos 105 anos de fundação da Escola de Engenharia
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segunda mu-
lher a receber a comenda, instituída pelo Governo de Minas Gerais em 1961, Consuelo Bethonico contou que foi incentivada a escolher
esse curso pela engenheira Beatriz Alvarenga, que se tornaria professora da UFMG e, em 1996, primeira mulher agraciada com a Medalha.
Na solenidade, também foram homenageados os engenheiros da Escola graduados nas turmas de 1956, 1966 e 1991, que comemoram
neste ano, respectivamente, jubileu de diamante, ouro e prata. Foi lembrado ainda o centenário de formatura da primeira turma de alunos,
em 1916. O diretor da Escola, professor Alessandro Fernandes Moreira, fez pronunciamento em nome dos 310 formandos das turmas
de 1991. A Escola de Engenharia formou, ao longo dos anos, mais de 24 mil engenheiros e cerca de quatro mil mestres e doutores. Hoje
a Escola tem 13 departamentos, 11 cursos de graduação, dez programas de pós-graduação, cerca de 5.500 alunos de graduação, 1.250 de
mestrado e doutorado e 600 de especialização.
MUDANÇA DE CURRÍCULO
Estão abertas as inscrições para o 18º Prêmio de
Segurança do Trabalho, destinado a empresas as-
sociadas ao Sindicato da Indústria da Construção
Civil no Estado de Minas Gerais (SINDUSCON-
MG) e ao Serviço Social da Indústria da
Construção Civil no Estado de Minas Gerais
(SECONCI-MG). A iniciativa reconhece empresas
e funcionários que busquem aumentar a segurança
nos canteiros. As categorias voltadas a empresas
são: Empresa Prevencionista e Certificado de Em-
presa Prevencionista, em que são avaliadas as ade-
quações do canteiro à NR 18, do Ministério do
Trabalho e do Emprego (MTE), por meio do soft-
ware SEGCON. O programa também é utilizado
para eleger a vencedora na categoria Empresa
Destaque na Área de Vivência. O SEGCON é um
sistema desenvolvido pelo SECONCI-MG que re-
laciona elementos da obra a itens da norma regu-
lamentadora, além de indicar normas complemen-
tares. Ele pode ser acessado em qualquer compu-
tador, tablet ou smartphone. As obras devem estar
em execução nas cidades de Belo Horizonte,
Betim, Contagem, Lagoa Santa e Nova Lima, além
de inscritas no Programa Brasileiro de Qualidade
e Produtividade do Habitat (PBQP-H). Os interes-
sados têm até o dia 17 de junho para inscrever-se.
As inspeções nos canteiros de obras serão reali-
zadas pelo Departamento de Segurança do traba-
lho do SECONCI-MG, entre 1º de julho e 30 de
setembro de 2016.Mais informações no site
http://www.sinduscon-mg.org.br.
Na tribuna, à direita, o diretor da Escola de Engenharia, Alessandro Moreira.
À mesa, a partir da esquerda: estudante Vítor Vaz, servidora Rejani Apare‑
cida Andrade, vereador Tarcísio Caixeta, secretário de Transportes e Obras
Públicas, Murilo Valadares, vice‑diretor Cícero Starling, professor Pedro
Viana, engenheiro e presidente da SME, Augusto Drummond e professor
Bernardo Lopes.
Ao lado da filha Maria Flávia Máximo, a engenheira Consuelo Bethonico
recebeu o diploma e a medalha Christiano Ottoni do secretário de
Transportes, Murilo Valadares
MEDALHA CHRISTIANO OTTONI
Fonte: Jornal Estado de Minas
7
VALE DA ELETRÔNICA
ATIVIDADES/SME
SEMINÁRIO DE ARBITRAGEM
A indústria do polo eletroeletrônico do Sul de
Minas terá acesso a até R$ 50 milhões em cré-
dito por meio do Fundo de Investimento em
Direitos Creditórios (FIDC). O Fundo de In-
vestimento em Direitos Creditórios funcionará
por meio da Companhia de Desenvolvimento
Econômico de Minas Gerais (Codemig). Os
aportes de até R$ 50 milhões serão parcelados
em 36 meses, para o setor eletroeletrônico, no
polo de Santa Rita do Sapucaí – que engloba também os municí-
pios de Pouso Alegre, Varginha e Itajubá e é integrado por mais
de 150 empresas. O FIDC em Santa Rita do Sapucaí terá como
gestor o Bancoob Sicoob, vencedor de processo licitatório, que
será o responsável por atrair, cadastrar e realizar as operações
financeiras junto às empresas. A ideia
é proporcionar às empresas abrangidas
pelo Arranjo Produtivo Local (APL) a
possibilidade de obtenção de crédito
de forma mais vantajosa e econômica.
A Federação das Indústrias do Estado
de Minas Gerais (FIEMG) será parceira
no projeto. O Vale da Eletrônica de
Santa Rita do Sapucaí é formado por
três instituições de ensino e 153 empresas de setores, que vão
da informática à telecomunicação, e geram 14 mil empregos di-
retos e indiretos. Não por acaso, o lugar é comparado ao Vale do
Silício, polo tecnológico na Califórnia, nos Estados Unidos, criado
na mesma época, nos anos 1950.
Reunião dos
integrantes do
Comitê de
Desenvolvimento
Sustentável da SME,
dirigida pela
vice‑presidente e
engenheira Virgínia
Campos.
Reunião da diretoria da
SME, em 21 de março de
2016, para para discutir a
formação de engenheiros.
Houve a participação de
convidados, a exemplo dos
engenheiros Aécio Lira,
Gerônimo Bastos, Carlos
César Lima, Vitor Percival
Andrade, Antônio Carlos
Cabral e Lázaro Pôrto.
No dia 20 de junho de 2016, a Câ-
mara de Mediação e Arbitragem
(CMA) do Conselho Regional de En-
genharia e Agronomia de Minas Ge-
rais (CREA-MINAS) realiza o IV
Seminário Nacional de Arbitragem, Construção & Infraestrutura, tra-
zendo como tema o Comitê de Resolução de Disputas (CRD). Em
sua 4ª edição, o Seminário apresenta novas técnicas para solucionar
pleitos nos contratos. Previsto o lançamento, durante o evento, do
Livro: CRD - COMITÊ DE RESOLUÇÃO DE DISPUTAS nos Contra-
tos de Construção e Infraestrutura (Uma abordagem prática sobre a
aplicação de Dispute Boards no Brasil).
MINERAÇÃO NO SÉCULO XXI
O Instituto de Desenvolvi-
mento Integrado de Minas
Gerais (INDI), o Banco de
Desenvolvimento de Minas
Gerais (BDMG) e a Secre-
taria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas
Gerais em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) realizaram, no dia
15 de junho, o Fórum de Desenvolvimento e Tecnologia
para a Sustentabilidade Econômica e Ambiental do setor
de Mineração em Minas Gerais. Mais informações no site
www.indi.mg.org.br.
A vice-presidente da SME, Engª Marita Ta-
vares, coordenadora do Prêmio SME de
Ciência, Tecnologia e Inovação, recebeu na
sede da entidade, o estudante do 5º pe-
ríodo de Engenharia de Controle e Auto-
mação (UFMG), Lucas Fiuza. Ele é
presidente da Consultoria e Projetos Elé-
tricos (CPEJr.) e quis conhecer um pouco
mais da entidade e do Prêmio CT&I. Par-
ticipou da reunião o diretor da SME,
Engº Fabiano Panissi.
P&D
8
UFLA USA DRONES PARA
MONITORAR ÁREAS DE
EROSÕES E COBERTURA VEGETAL
Pesquisa desenvolvida no Departamento de Ciên-
cia do Solo (DCS/UFLA), mais precisamente com
os alunos do Programa de Pós-Graduação tem
usado Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs)
– popularmente conhecidos como drones – para fazer o
monitoramento de áreas de erosão e de cobertura ve-
getal, no próprio campus e em localidades próximas.
O coordenador do projeto é o engenheiro agrônomo,
Marx Leandro Neves Silva, doutor em Ciência do Solo, es-
pecialista na área de Conservação do Solo e da Água e
professor de diversos cursos (Engenharia Ambiental, En-
genharia Agrícola e Agronomia. Bolsista do CNPq por
produtividade científica, desde 1997, ele afirma que é um
criador de oportunidades e que os estudantes da institui-
ção devem aproveitar a experiência nessa pesquisa, du-
rante o processo de formação profissional.
“O talento desse projeto está nos alunos. Em nossos expe-
rimentos, temos constatado que o equipamento é uma
opção interessante para o monitoramento de erosões por
deslocamento de massa, de forma preventiva, ou para realizar
Marx Leandro Naves Silva,
professor de Engenharia
Ambiental, Engenharia
Agrícola e Agronomia.
Luciana Sampaio Moreira
9
levantamento de risco de áreas onde já
ocorreram deslizamentos”, afirma.
Em casos como o rompimento da
barragem do Fundão, em Mariana, se
essa tecnologia tivesse sido usada,
seria possível prever a evolução das
fendas e rachaduras, afirma. O des-
moronamento que destruiu a região
Serrana do Rio de Janeiro, em 2011,
também poderia ter sido evitado por-
que há como monitorar a evolução
de sinais de uma ocorrência do gê-
nero, segundo Marx Silva.
Regulamentação do uso
O uso de drones no mercado, prin-
cipalmente para a confecção de ima-
gens e levantamento topográfico,
tem crescido no Brasil. No entanto,
a Agência Nacional de Aviação Civil
(ANAC) está em processo de legali-
zação do equipamento, que está di-
vidido em três classes, com base no
peso da máquina.
De acordo com o professor, o drone
usado na UFLA é da classe 3 e tem
peso inferior a 25 quilos. “Voamos
em ambientes restritos e o uso é ab-
solutamente controlado dentro do
campus”, afirma. O equipamento foi
adquirido com recursos da Fundação
de Amparo à Pesquisa no Estado de
Minas Gerais (FAPEMIG) e tem um
sistema que interrompe o funciona-
mento nas proximidades de grandes
aeroportos. A segurança do projeto
deve-se também à capacitação dos
alunos para diferentes funções, como
a pilotagem.
Inspiração
O estudo feito na UFLA é uma exten-
são de uma pesquisa similar realizada
na Universidade de Lancaster, na In-
glaterra, no programa de dupla-titula-
ção do doutorado, firmado entre as
duas instituições. Lá, os equipamentos
foram usados para monitorar e cole-
tar materiais em vulcões, para preve-
nir ocorrências de terremotos e
erupções.
Em países europeus, onde há avalan-
ches, o monitoramento das áreas
segue a mesma lógica. Quando são
detectados sinais de um fenômeno de
grandes proporções, equipes especia-
lizadas vão até o local para fazer pe-
quenos deslizamentos e reduzir a
gravidade da ocorrência.
Pau
lo IS
cold
10
“É possível observar essas áreas porque o deslocamento
da neve começa sutilmente”, exemplifica.
“Estive lá e conheci a iniciativa do professor Mike James e
trouxe para o Brasil para fazer o manejo e conservação
de solo e água, para dar respostas para a população que
mora no entorno dessas áreas”, ressalta. Os resultados
têm sido positivos.
Esses equipamentos possuem um grande campo de aplica-
ção em ciências agrárias, como parte do monitoramento
e estudo de pastagens, áreas agrícolas, florestas e regiões
de interesse ambiental. Essa aplicação permite detectar
pragas, acompanhar o desenvolvimento da plantação e, até
mesmo, contar as unidades plantadas na propriedade.
Outra aplicação é a medição da composição do ar e de ní-
veis de poluição e sua dispersão em áreas rurais, urbanas
e industriais. Além disso, serve para a inspeção de grandes
estruturas, monumentos, levantamento de ocupação ur-
bana e prospecção topográfica, mineral e arqueológica.
Versatilidade
O drone da UFLA também tem sido usado para um pro-
jeto desenvolvido em Extrema, no Sul de Minas, para a con-
servação do solo, água e vegetação da sub-bacia dos rios
Jaguari/Camanducaia, que abastecem o Sistema Cantareira.
“Temos conscientizado os produtores agrícolas locais
para a importância de preservar a água em suas pro-
priedades, para que as fontes naturais continuem em
atividade. A medida pode evitar ocorrências de proble-
mas no abastecimento do recurso, como aconteceu nos
últimos anos”, destaca.
Em Itumirim, município vizinho a Lavras, a equipe mo-
nitora a erosão nas margens do Reservatório do Funil.
A equipe é composta por quatro estudantes de pós-
graduação (Bernardo Moreira Cândido, Adnane Be-
niaich,Pedro Velloso Batista, Fabio Arnaldo Avalos e
Paulo Siqueira Junior); quatro estudantes de graduação
(Wellington de Lima, Andre Alexandre Botega, Daniel
Acosta Tovio e Lorena Silva Pereira), além de um estu-
dante do Ensino Médio, Leandro Boari Naves Silva,
orientado na modalidade Iniciação Científica Junior/vo-
luntário - piloto do VANT.
Eles estão aliando o conhecimento teórico sobre prá-
ticas conservacionistas do solo e as tecnologias de sen-
soriamento remoto, por meio de imagens 3D utilizadas
em softwares modernos. “Essa é a nova geração de pro-
fissionais que serão responsáveis pela conservação dos
solos, em especial, em áreas cultivadas no País”, projeta
Marx Silva.
O drone da UFLA tam‑
bém tem sido usado
para um projeto desen‑
volvido em Extrema, no
Sul de Minas, para a
conservação do solo,
água e vegetação da
sub‑bacia dos rios Ja‑
guari/Camanducaia
P&D
INOVAÇÃO
12
Movimento de startups seconsolida em Belo Horizonte
Desafio ou oportu-
nidade? Os dois.
Falar sobre star-
tups, no atual ce-
nário de crise, é
apontar para diversos caminhos
que, trilhados de forma correta, dis-
ciplinada e profissional, podem re-
sultar em projetos de sucesso. Com
um modelo de gestão baseado em
empreendedorismo e dinamismo,
onde as possibilidades de erro e
risco são partes integrantes do ne-
gócio, essas empresas que nascem
encubadas ganham “corpo” para
conquistar o mundo, com propostas
de produtos e serviços inovadores.
Segundo dados da Associação Brasi-
leira de Startups (ABS), existem
4.172 empresas do gênero cadastra-
das pela instituição criada, em 2011,
para fortalecer o ambiente de negó-
cios do setor. Delas, 359 estão em
Minas Gerais, o segundo maior Es-
tado no ranking nacional, atrás de
São Paulo, que tem 1.294. Esse mer-
cado movimenta aproximadamente
R$ 2 bilhões ao ano. A meta do setor
é chegar, em 2.035, com participação
de 5% do Produto Interno Bruto
(PIB).
O trabalho de divulgação desse mo-
delo de negócios que, na verdade, é
uma tendência mundial, passa por
uma quebra de paradigma do mer-
cado de trabalho. Esse novo modelo
aponta para o empreendedorismo
como uma possibilidade de carreira
sustentável para profissionais de vá-
rias áreas, sobretudo aquelas ligadas
a tecnologia.
Além do trabalho desenvolvido para
dar suporte às micro e pequenas
empresas, o SEBRAE Minas também
é um dos parceiros das startups no
Estado, com um programa especial
para atender às demandas de gestão
desse novo perfil de empresário.
Segundo o gerente de Inovação e
Sustentabilidade do SEBRAE Minas,
Anízio Dutra Vianna, o projeto Iden-
tidade Startups foi desenvolvido para
estimular a cultura desse tipo de ne-
gócios para o ambiente corporativo.
Por meio da oferta de consultoria em
diversas áreas do Mercado, Finanças
e de RH, a entidade possibilita aos
empreendedores de primeira viagem
e, também, àqueles que têm organi-
zações consolidadas, a oportunidade
de fazer o modelo de negócios de
suas empresas sob uma nova ótica”,
adianta. Além de Belo Horizonte,
outras oito regionais do Estado
recebem esse tipo de consultoria.
Luciana Sampaio Moreira
Etapas da criação
O processo de criação de uma startup tem quatro
fases. A primeira é a curiosidade do empreendedor
que se dispõe a quebrar paradigmas, e criar algo novo
para o mercado. Além dos jovens recém-saídos da uni-
versidade, empresários experientes que pretendem re-
formular a modelagem dos seus negócios para ganhar
produtividade e competitividade, podem fazer parte
desse grupo. “Criou-se o conceito de que startup é
apenas para jovens. Mas a cultura de startup e a remo-
delagem de um negócio podem ser úteis para
qualquer empresa, de qualquer setor”, destaca
Dutra.
A segunda fase é a Ideia-Ação voltada para os em-
preendedores que têm um projeto considerado
viável, mas não sabem como transformá-lo em ne-
gócio. O SEBRAE Minas oferece cursos variados
para auxiliar esse momento, onde as decisões
devem ser tomadas. A terceira etapa é a operação,
quando a empresa passa a ter seu modelo de ne-
gócio, clientes, faturamento e CNPJ.
A quarta e última fase é o aprimoramento dos conhe-
cimentos de gestão, vendas, qualidade e, ainda, busca
de parceiros para incrementar o negócio. “Ao auxiliar
o processo de transformação de inovações em negó-
cios, o SEBRAE Minas contribui para a diversificação
da matriz econômica de Minas Gerais e, também, para
a atração de novos investimentos”, aponta o gestor.
Para fomentar o ambiente de negócios, a instituição
promove encontros de negócios, agendas de relacio-
namento com fundos de capital de risco.
13
4.172 STARTUPS NO BRASIL
1.294 SÓ NO ESTADO DE SÃO PAULO
MINAS TEM 359 STARTUPS, SENDO O 2º MERCADO NACIONAL
STARTUPS FATURAM R$ 2 BILHÕES AO ANO
EM 2035, STARTUPS VÃO REPRESENTAR 5% DO PIB
Anízio Dutra Vianna,
gerente de Inovação e
Sustentabilidade do
SEBRAE Minas
14
Sobrevivência
Mas nem tudo são flores. O gargalo do sistema é que
não há, no Brasil, um sistema de capital empreendedor
(leia-se capital de risco) maduro. Em fase inicial, há li-
nhas de crédito do Banco de Desenvolvimento de
Minas Gerais (BDMG), como o Pro-Inovação e Propi-
tec, que têm taxas de juros mais competitivas. Há, tam-
bém, o Criatec, do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), mas os investidores ainda
têm certo receio de investir em startups. Na Europa,
Ásia e, também, nos Estados Unidos da América (EUA),
esse já é um projeto consolidado.
“O primeiro investimento é o capital anjo ou semente,
para começar a startup. A dificuldade está no segundo
ou terceiro aportes para que a empresa consiga solu-
cionar problemas de mercado e gerar uma nova eco-
nomia”, explica. Para Vianna, políticas de metas e
incentivos fiscais podem auxiliar os projetos de star-
tups. Da mesma forma, um programa de mentoria bem
estruturado é outro desafio para a sobrevivência des-
ses pequenos negócios.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral
(FDC), em 2014, revelou que a mortalidade das star-
tups brasileiras alcança média de 75%, em três anos
de atividades. Comparando a realidade do País com a
dos EUA, que é considerado um dos melhores ecos-
sistemas de startups do mundo, segundo o The Startup
Ecossystem Report, os números são próximos de 70%
de fracasso, em 20 meses, após o primeiro investi-
mento.
Ainda conforme o estudo, existe uma grande dificul-
dade em mensurar a morte de uma startup, devido a
dinâmica desse tipo de negócio. Há que se considerar,
também, a necessidade de mostrar apenas resultados
positivos, o que interfere no grau de sucesso desses
empreendimentos, e ao desconsiderar o potencial de
aprendizado que se tem com as falhas de empreende-
dores que não evoluíram.
INOVAÇÃO
Uma pesquisa realizada pela Fundação Dom
Cabral (FDC), em 2014, revelou que a mor‑
talidade das startups brasileiras alcança
média de 75%, em três anos de atividades.
15
Ambiente de crescimento
O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa no
Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), Evaldo Vilela, res-
salta que a instituição apoia diretamente os ambientes
que abrigam as startups, ou seja, incubadoras, acelera-
doras, parques tecnológicos, programas do SEED e ou-
tros, que fazem a seleção dos projetos que serão
abrigados até alcançar condições favoráveis para in-
gressar no mercado formal.
Nesse ponto, a inovação cabe em qualquer setor de atua-
ção e motiva, ainda, que as universidades e institutos tec-
nológicos incentivem pesquisas de mestrado e doutorado,
que possam se transformar em melhorias para o setor
produtivo ou para a sociedade. O custo é mais baixo por-
que não é preciso licitar ou comprar patente. Atualmente,
um percentual das vendas é direcionado para o inventor.
No cenário mundial, o Brasil está atrasado. A falta de ca-
pital de risco para investimentos tem feito com que muitas
startups e cérebros com ativos migrem para outros países.
“A nova indústria brasileira está sendo perdida por não
nos organizarmos e não entendermos a real profundidade
do movimento das startups. A dificuldade em aceitar o
novo tem atrasado o País e, também, a vida das pessoas”,
alega Evaldo Vilela.
Para ele, as empresas mais tradicionais e consolidadas
ainda têm a “cabeça” analógica e, portanto, não compreen-
dem esse novo mundo de possibilidades. Em muitos casos,
compram essas organizações como oportunidades de ne-
gócios para, depois, “sufocá-las” em uma engrenagem,
onde inovação não existe na prática.
Segundo o dirigente, nesse movimento, o erro é parte da
estratégia corporativa. Essa é uma hipótese aceita em todo
o mundo. Nos EUA, por exemplo, há ambientes que só
aceitam projetos que já foram malsucedidos. Dessa forma,
os projetos inscritos estão mais amadurecidos e com uma
rota mais calculada. “Hoje, o profissional é chamado a cor-
rer riscos, errar, cair, fracassar, mas tomar isso como lição,
não o fim da linha”, explica.
Com isso, além de um novo conceito de empresa com
produtos e/ou serviços inovadores, o movimento de
startups também visa criar cidadãos e profissionais me-
lhores para a sociedade, por meio do empreendedo-
rismo. “O empreendedor é mais preparado para a
sociedade e entende melhor o mundo”, completa.
Evaldo Vilela, presidente da Funda‑
ção de Amparo à Pesquisa no Estado
de Minas Gerais (FAPEMIG)
INOVAÇÃO
A Federação das Indústrias do Estado de Minas
Gerais (FIEMG) lançou, em junho, o seu projeto
FIEMG LAB Novos Negócios. A necessidade de
ganhar competitividade é o que motiva a entidade
a participar ativamente do movimento startups e,
mais que isso, a divulgar esse novo modelo de ne-
gócios para setores econômicos já consolidados.
O assessor da Presidência da FIEMG responsável
pelo desenvolvimento de ecossistemas de startups
com indústrias mineiras, Fábio Veras, explica que é
preciso inspirar o segmento industrial a perceber
que essas pequenas empresas estão literalmente
quebrando setores consolidados, pela eficiência.
“Essa é uma nova cultura que abraça novos com-
portamentos, modelos de negócios e tecnologias”,
define.
O FIEMG LAB Novos Negócios é um projeto
pioneiro no Brasil. “É a primeira vez que uma
Federação das Indústrias desenvolve um projeto
que visa transformar tecnologia em negócios,
para encurtar o tempo de chegada das inova-
ções ao mercado. Por outro lado, permitir a ace-
leração de startups mais maduras para receber
da FIEMG metodologias e benefícios; para a ge-
ração de conexões com grandes empresas do
Brasil e do mundo", explica.
Com esse projeto, a instituição pretende criar
um ambiente de negócios colaborativo, onde
todos os atores atuarão para o bem comum.
Para Veras, empresas já consolidadas devem ser
capazes de observar, conviver, aprender e ajudar,
para alcançar melhores resultados.
Fábio Veras, assessor da presidência da
FIEMG, responsável pelo desenvolvimento
de ecossistemas de startups com indústrias
mineiras.
FIEMG quer levar a cultura de startups para a indústria
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Anecessidade de
diversificar a
matriz econô-
mica do Estado
tem unido mui-
tas forças. A vo-
cação da capital mineira para as
áreas de Tecnologia da Informação
(TI) e inovação ganhou incentivo
extra do governo do Estado, que,
por meio de parcerias com órgãos
públicos e entidades da iniciativa
privada, tem procurado fomentar
um novo ambiente de negócios e
empreendedorismo na capital. Com
isso, as startups têm ganho espaço
de destaque, não apenas nos sonhos
de muitos jovens egressos do en-
sino superior ou técnico, mas como
modelo de gestão que baseia-se em
inovação, flexibilidade e criatividade,
para gerar melhores resultados.
À frente desse projeto, que desponta
como um dos mais importantes pro-
gramas de desenvolvimento de
Minas Gerais, está o engenheiro ele-
tricista graduado pela Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) e
subsecretário de Tecnologia e Inova-
ção do Estado, Leonardo Dias de
Oliveira. Com experiência em em-
preendedorismo, ele foi fundador da
DM Promoções e gestor da MOV
Promotoras de Ideias. Ele também
foi vice-presidente de Negócios do
BH Convencions & Visitors Bureau e
presidente nacional da Associação
Brasileira dos Produtores de Evento
(ABRAPE). Além de ter atuado com
marketing esportivo, é tutor do por-
tal folia.com.br.
Por que o governo do Estado
decidiu investir nas áreas de
Tecnologia e Inovação?
A economia de Minas Gerais e do
Brasil, de forma geral, ainda é ba-
seada em setores tradicionais.
Diante da variabilidade dos merca-
dos mundiais e do surgimento de
novas atividades, o governo de
Minas entende como essencial a
busca de alternativas de desenvolvi-
mento, e a inovação figura como um
caminho de grandes perspectivas.
Investir em inovação e tecnologia é
incentivar o movimento da econo-
mia, por meio de iniciativas de pes-
soas e empresas dispostas a colocar
em ação uma ideia diferenciada, que
consiga alterar o dia a dia dos cida-
dãos. O ecossistema formado por
elas pode significar uma alternativa
para setores tradicionais, levando
Minas Gerais a resultados que vão
além da mineração e da agricultura,
seguindo exemplos de sucesso de
todo o mundo e impulsionando o
desenvolvimento do Estado.
Isso é parte do projeto ‑ que já
existia ‑ de transformar BH em
um centro de referência nas
áreas tecnológicas (Biotec, TI,
inovação)?
Belo Horizonte vem se destacando
no cenário de inovação, com proje-
tos como o San Pedro Valley, que
reúne diversas startups em um am-
biente de cooperação e troca de ex-
periências. O objetivo do governo é
18
ENTREVISTA | LEONARDO DIAS DE OLIVEIRA
Um grande projeto de desenvolvimento para Minas Gerais
Luciana Sampaio Moreira
19
Leonardo Dias de Oliveira,
engenheiro eletricista
graduado pela Universidade
Federal de Minas Gerais
(UFMG) e subsecretário
de Tecnologia e Inovação
do Estado de Minas Gerais
ENTREVISTA | LEONARDO DIAS DE OLIVEIRA
20
atuar efetivamente como agente de
inovação, empoderando ideias pio-
neiras e fortalecendo o universo da
tecnologia. Com o apoio de investi-
dores, empresários, pesquisadores e
instituições, pretendemos levar o in-
centivo à ciência para todo o Estado,
transformando Minas Gerais em
um espaço ideal para projetos ino-
vadores. A visão final é à geração
de empregos e renda para toda a
população, a partir do desenvolvi-
mento de novos setores e da mo-
vimentação da economia.
O projeto em curso antecipa o
futuro ou é uma resposta ao
setor produtivo estadual?
As ações do Governo de Minas Ge-
rais, por meio da Secretaria de Es-
tado de Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior (SECTES), buscam inserir o
estado em uma das maiores tendên-
cias econômicas da atualidade. São
diversos os exemplos de sucesso de
países que investiram em inovação e
alcançaram resultados que vão muito
além da economia, fortalecendo a
educação e todo o âmbito social das
regiões envolvidas.
Quando pensamos em estados
como a Califórnia, nos Estados Uni-
dos, por exemplo, vemos a experiên-
cia de uma economia antes baseada
em agricultura e indústrias de defesa,
e que agora tem empresas como
Google e Facebook, bases importan-
tes para a geração de empregos, co-
nhecimento e lucro. Referências no
mercado de tecnologia, esses dois
exemplos começaram como peque-
nas empresas, com ideias que nin-
guém havia pensado, e hoje são dois
dos maiores cases de empreendedo-
rismo do mundo.
Diversificar a economia significa bus-
car alternativas para a população, ge-
rando novos empregos e ampliando
as perspectivas para o futuro. Investir
em inovação é seguir o exemplo de
regiões que estão entrando no fu-
turo mais cedo, alcançando resulta-
dos que impactam diretamente na
área socioeconômica.
Além do governo do Estado,
quais as entidades e instituições
que participam desse projeto?
Como ele é gerido?
O setor de inovação tecnológica é
movido pelo governo, empresários e
instituições de ensino que, juntos,
compõem a chamada Tríplice Hélice.
Para desenvolver projetos efetivos é
necessário incluir todos os agentes,
sendo que cada um deles deve cum-
prir determinada função no desen-
volvimento do setor. A inovação, em
si, é o processo de interação entre
ciência, pesquisa, tecnologia e ensino,
envolvendo instituições diversas.
Sendo assim, a ação do governo é es-
sencial para integrar todos os envol-
vidos, incentivando e possibilitando a
atuação de investidores, empresá-
rios, universidades, pesquisadores,
fundações, aceleradoras, etc.
Além dos órgãos vinculados à SEC-
TES, nossos projetos são planejados
e executados com a parceria de di-
versas entidades e instituições. Hoje,
contamos com a parceria da Fape-
mig, do IGTEC, do IPEM, da UEMG,
da Fundação Helena Antipoff, da
UNIMONTES e de diversas outras
instituições, que atuam em progra-
mas específicos.
Qual é o conceito de startup
adotado pelo projeto?
Entendemos as startups como em-
presas iniciais de base inovadora,
envolvendo um pequeno grupo de
empreendedores focados em pro-
duzir um produto ou solução re-
petível e escalável, ou seja, são
iniciativas de negócios que preten-
dem desenvolver um projeto com
potencial de crescimento, em um
ambiente de extrema incerteza.
Os projetos da SECTES buscam
chegar a startups de todos os níveis
e perfis. O SEED, por exemplo, é
um programa de aceleração de
startups que abre possibilidades
para qualquer ideia, fornecendo in-
centivos financeiros, estrutura e
mentorias para empreendedores
em fase inicial. Outros projetos en-
globados pelo Minas Digital atuam
na formação de futuros empreen-
dedores, com ações voltadas para
educação e capacitação. Empresas
já mais desenvolvidas, também, são
atingidas pelo programa, que conta
com incubadoras e parques tecno-
lógicos, ambientes em que ideias
consolidadas conseguem embasa-
mento para conseguir investimen-
tos e crescer ainda mais.
21
Atualmente, há quantas star‑
tups no projeto? Há uma previ‑
são de crescimento? Qual o
número que se pretende atingir?
Criado pelo Governo de Minas Ge-
rais, o SEED é um programa de ace-
leração de ideias que busca fortalecer
a cultura empreendedora, acelerar o
desenvolvimento do ecossistema e
incentivar ideias e negócios inovado-
res no Estado. Considerado pela
Bloomberg Foundation um dos grandes
projetos de inovação do setor pú-
blico no mundo, o programa tem
como diferencial a não exigência de
CNPJ ou participação no negócio
criado pelas startups.
Em 2016, acontece a terceira rodada
do SEED, que vai acelerar 40 star-
tups e disponibilizar cerca de R$ 6
milhões em recursos. As inscrições
começaram, em janeiro de 2016, e
superaram os números das duas edi-
ções anteriores. Foram cadastradas
1453 startups de 48 países, somando
mais de 4 mil empreendedores, de
23 estados brasileiros e 52 naciona-
lidades diferentes. Nas primeiras
edições, o SEED já acelerou 73 star-
tups, sendo 53 brasileiras e 20 es-
trangeiras.
Qual a parcela de colaboração
do governo de Estado para in‑
centivar as startups? Há linhas
de crédito disponíveis para esses
projetos? Há planos para expan‑
dir esse projeto para o Estado?
Como isso será feito?
O SEED é apenas um dos projetos
participantes do Minas Digital, um
programa criado pelo Governo de
Minas Gerais, em 2015. Com o ob-
jetivo de investir R$ 1 bilhão até
2025, o programa busca gerar de-
senvolvimento econômico e social
a partir da inovação, economia digi-
tal e criativa. Além do SEED, que é
o único programa público de acele-
ração de startups do Brasil, o Minas
Digital também promove ações
como os Hubs de Inovação, ambien-
tes inspiradores de inovação e ex-
celência corporativa, que serão
distribuídos por 17 territórios es-
tratégicos ao redor do Estado. Os
ambientes contam com espaços de
coworking, cursos na área de tecno-
logia e empreendedorismo, e estru-
tura de mentoria e aceleração para
startups.
A SECTES também está potenciali-
zando as UAITECs, que disponibiliza
infraestrutura e cursos de em-
preendedorismo e tecnologia para
os mineiros, com o objetivo de fo-
mentar o desenvolvimento da cul-
tura empreendedora no Estado.
Fora isso, Minas também conta com
25 incubadoras e três parques tec-
nológicos, ambientes que integram
os agentes de inovação e propor-
cionam estrutura física e gerencial
para empresas em estágio inicial,
aproximando empreendedores, uni-
versidades e investidores.
Diversificar a economia significa buscar alternativas para a po‑
pulação, gerando novos empregos e ampliando as perspecti‑
vas para o futuro. Investir em inovação é seguir o exemplo de
regiões que estão entrando no futuro mais cedo, alcançando
resultados que impactam diretamente a área socioeconômica.
“
“
22
O Programa de Incentivo à Inova-
ção (PII) e os Polos de Inovação são
outros dos projetos englobados
pelo Minas Digital. Além deles, a
Secretaria também promove o SIMI
– Sistema Mineiro de Inovação, que
busca, desde 2006, promover a con-
vergência de ações governamentais,
empresariais, acadêmicas e tecnoló-
gicas para desenvolver a inovação
no Estado.
O Minas Digital também está pro-
movendo diversos eventos ao
longo do ano, com o objetivo de in-
tegrar os agentes de inovação e
gerar sinergia com o público. Entre
eles está o Pint of Science, um festi-
val internacional de divulgação
científica, que leva cientistas para
bares e restaurantes. O festival
aconteceu em Belo Horizonte,
entre os dias 23 e 25 de maio,
como parte das comemorações
dos 30 anos da FAPEMIG.
A área de tecnologia e inovação
está diretamente ligada à com‑
petitividade das empresas. O
projeto do governo aproxima as
empresas do setor produtivo
mineiro? Há cases de sucesso
para citar?
São diversas as experiências de
outros países no ambiente de ino-
vação, tornando visível o potencial
da tecnologia na micro e na ma-
croeconomia. Buscando diversifi-
car as atividades desenvolvidas em
todos os setores, a inovação tec-
nológica é berço de soluções que
direcionam ações positivas e de
alto impacto. A busca por solu-
ções pioneiras gera não só movi-
mentação econômica, mas cria
empregos e gera renda. Além
disso, um ambiente de inovação
atrai empresas e investimentos,
destacando a região enquanto po-
tencial de desenvolvimento.
Hoje, startups mineiras estão levando
suas soluções para todo o País, des-
tacando o nome do Estado no uni-
verso do empreendedorismo. Minas
está em segundo lugar em número de
startups no Brasil e originou casescomo EasyTaxi, Meliuz, Sympla, Hot-
mart e Rock Content. Também nas-
ceu em Minas a primeira empresa
comprada pelo Google fora dos EUA,
a Akwan Information Technologies, star-
tup criada por professores da UFMG
e vendida por US$ 225 milhões.
A inovação interfere em todos os
setores. Produtos e soluções dife-
renciados geram como resultado
alternativas para empresas, gover-
nos e pessoas. Exemplo disso são as
grandes empresas de base tecnoló-
gica que, hoje, interferem direta-
mente na economia e na identidade
de seus países. Da mesma forma,
queremos transformar Minas Ge-
rais em um estado de cultura em-
preendedora e inovadora.
ENTREVISTA | LEONARDO DIAS DE OLIVEIRA
“
“
Entendemos as startups como empresas iniciais de base
inovadora, envolvendo um pequeno grupo de empreen‑
dedores focados em produzir um produto ou solução
repetível e escalável, ou seja, são iniciativas de negócios
que pretendem desenvolver um projeto com potencial
de crescimento, em um ambiente de extrema incerteza.
Poluição sonora, saúde pública e engenharia
Apoluição sonora é um importante
problema ambiental e de saúde pú-
blica em áreas urbanas. A Organiza-
ção Mundial de Saúde – OMS[1]
classifica, na Europa, a poluição so-
nora como a segunda maior causa de
doenças, que levam a redução da expectativa de vida das
pessoas que vivem nas grandes cidades. Em primeiro
lugar, está a poluição do ar.
Inúmeros estudos científicos evidenciam que a exposição
ao ruído ambiental resulta em comprometimento cogni-
tivo, distúrbios de sono, zumbido, irritabilidade e mau
humor. Estudos epidemiológicos também correlacionam
doenças cardiovasculares à exposição ao ruído ambiental.
A OMS defini saúde como sendo "um estado de completo
bem-estar físico, mental e social" e reconhece que a ex-
posição ao ruído pode levar a morte prematura.
Apensar de todo esse sólido conhecimento científico
mundial e de a OMS apontar sua relevância, muitos paí-
ses sequer assumem este tema em suas políticas de
saúde pública.
Para definição de estratégias de gestão e elaboração de
planos de ação para o controle do ruído, alguns gover-
nos como o da Alemanha e de outros países europeus,
bem como algumas organizações não governamentais,
desenvolveram avaliações de risco para identificar a ex-
tensão dos potenciais efeitos sobre a saúde de suas po-
pulações, sobretudo, estimando a carga de doenças
devidas à exposição da população ao ruído ambiental.
A OMS[2] estima que pelo menos um milhão de anos de
vida saudável são perdidos, a cada ano, devido à exposi-
ção aos atuais níveis de pressão sonora, devidos ao
ruído ambiental. Estima-se que 61 mil anos de vida são
perdidos pelo desenvolvimento de doenças cardiovas-
culares, 22 mil por zumbido, 903 mil decorrentes de dis-
túrbios no sono, 45 mil por comprometimento cognitivo
das crianças e 654 mil decorrentes de incômodo, irrita-
bilidade e mudança de humor, provocados pela exposi-
ção ao ruído ambiental. Estes números contemplam
apenas a população dos estados-membros da União Eu-
ropeia e da Europa Ocidental, e foram calculados através
de uma metodologia preparada por especialistas do es-
critório regional da OMS para a Europa.
Dentre as diferentes fontes sonoras contribuintes ao
ruído ambiental, o ruído de tráfego urbano é conside-
rado a principal. Mas são preocupantes também os ruí-
dos industriais, de atividades de laser e os ruídos de
ARTIGO | KRISDANY CAVALCANTE
Krisdany Vinícius S. M. Cavalcante
tráfego aeroviário, ferroviário, metroviário e rodoviário,
principalmente quando registrados em áreas residen-
ciais, escolares e hospitalares.
No Brasil, a primeira Lei a abordar a questão da polui-
ção sonora é datada de 1941, quando o art. 42 do de-
creto-lei 3688/41, instituiu a Lei das Contravenções
Penais e considerou, em seu art. 42 que ”perturbar al-
guém, o trabalho ou o sossego alheio: I – com gritaria
ou algazarra; II – exercendo profissão incômoda ou rui-
dosa, em desacordo com as prescrições legais; III – abu-
sando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; IV
– provocando ou não procurando impedir barulho pro-
duzido por animal de que tem guarda. Pena: prisão sim-
ples, de 15 dias a 3 meses, ou multa”. Atualmente, no
âmbito federal, o tema é tratado em resoluções do Con-
selho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.
A Resolução CONAMA nº 01 de 1990 especifica que “a
emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer ativi-
dades industriais, comerciais, sociais ou recreativas, in-
clusive as de propaganda política, obedecerão, no
interesse da saúde, do sossego público, aos padrões, cri-
térios e diretrizes estabelecidos nesta Resolução”. De-
fine também que “são prejudiciais à saúde e ao sossego
público, para os fins do item anterior aos ruídos com
níveis superiores aos considerados aceitáveis pela
norma NBR 10151”.
Assim, os estudos de licenciamento ambiental e os re-
latórios de monitoramento ambiental sonoro passaram
a aplicar compulsoriamente a ABNT NBR 10151, uma
vez que esta Resolução especifica que “as medições de-
verão ser efetuadas de acordo” com esta norma.
No mesmo ano, a Resolução CONAMA nº 02 instituiu
o Programa Nacional de Educação e Controle da Polui-
ção Sonora – programa “SILÊNCIO”.
No que se refere a emissão de ruído veicular, a Reso-
lução CONAMA nº 01 de 1993 fixou “limites máximos
de ruídos” a serem emitidos por veículos automotores
nacionais e importados, novos e no período de garan-
tia, excetuando-se motos e similares. Já as Resoluções
CONAMA nº 03 de 1993 e nº 418 de 2009, dentre ou-
tras, estabeleceram “padrões de emissão para veículos
em circulação” e “critérios para a elaboração de Planos
de Controle de Poluição Veicular – PCPV e para a im-
plantação de Programas de Inspeção e Manutenção de
Veículos em Uso – I/M”, a serem adotados pelos ór-
gãos estaduais e municipais de meio ambiente em pro-
gramas de Inspeção e Manutenção para Veículos
Automotores em Uso.
O Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, também,
publicou a Resolução nº 204 de 2006, onde “regulamenta
o volume e a frequência dos sons produzidos por equipa-
mentos utilizados em veículos e estabelece metodologia
para medição a ser adotada pelas autoridades de trânsito
ou seus agentes”.
Em Minas Gerais, a poluição sonora é abordada na Lei Es-
tadual 7302 de 1978, que teve seu art. 2º, foi alterado, em
1990 pela Lei 10100. Essa lei é aplicada a estudos de im-
pacto ambiental e no atendimento às condicionantes am-
bientais de monitoramento pelo executivo estadual.
Apesar de revisada no mesmo ano de publicação da Re-
solução CONAMA 01 de 1990, a lei estadual adota prin-
cípio diferente no estabelecimento de critérios de
avaliação. Conforme seu art. 2º, é admissível a um em-
preendimento produzir até 10 dB acima do “ruído de
fundo, sem tráfego”, desde que este resultado não ultra-
passe a 70 dB e 60 dB, respectivamente nos períodos
diurno e noturno. Este princípio traz prejuízo à saúde e
bem-estar da população residencial e também prejuízo fi-
nanceiro e ao desenvolvimento do setor industrial.
Ao adotar o limite baseado apenas no “ruído de fundo”,
desconsiderando a condição de uso e ocupação do solo
no local avaliado, a Lei 7302 impõe às indústrias localizadas
em áreas de baixa densidade, enormes investimentos no
controle do ruído ambiental.
O prejuízo à saúde da população também é evidente, uma
vez que 10 dB, em escala logarítmica, equivale a uma ex-
posição 3 vezes maior em termos de pressão sonora. Ou
seja, a lei estadual admite o ruído ambiental de um em-
preendimento mascare o “ruído de fundo” existente.
Além dos problemas apontados, a Lei Estadual também
determina o intervalo do período noturno entre 1h e 3h
menor que o estabelecido pelo CONAMA, contrariando
o preceito da hierarquia das normas.
Apesar de Minas Gerais ser um dos poucos estados da
federação a tratar em lei, desde 1978, das permissões,
proibições, limites e penalidades no que tange a emissão
de ruído ambiental, nenhum governo implantou qualquer
estrutura de pessoal e instrumental para fins de fiscaliza-
ção e garantia à aplicação desta lei.
Já o Estado de São Paulo, apesar de não possuir lei es-
pecífica sobre ruído ambiental, através da Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, implan-
tou uma política fiscalizatória a fim de assegurar o
atendimento à Resolução CONAMA 01/90. Esta estru-
tura conta com profissionais instrumentalizados e dis-
tribuídos nas diferentes regiões do estado.
Na esfera municipal, o que se nota é o estabelecimento
de políticas reativas. Em muitas secretarias municipais
de Meio Ambiente as queixas e reclamações de polui-
ção sonora representam 70 % das denúncias ambien-
tais. Reativamente as prefeituras optam por implantar
programas específicas para atendimento às reclama-
ções, a exemplo do PSIU em São Paulo, Disque Silêncio
em Fortaleza e Disque Sossego em Belo Horizonte.
Nestes programas as prefeituras disponibilizam um nú-
mero telefônico para recebimento de denúncias. Uma
vez registrada, a equipe de fiscalização procede a fis-
calização medindo os níveis de pressão sonora junto
ao reclamante. Caracterizada a poluição sonora, o em-
preendimento poluidor é então autuado.
Como são inúmeras as queixas, principalmente aos fi-
nais de semana, quando não atendido pelo executivo,
o reclamante recorre ao Ministério Público Estadual,
através das Promotorias de Meio Ambiente e também
à Polícia Ambiental. Nos casos de regulação federal, a
exemplo do ruído de pousos e decolagens em aero-
portos, tais demandas cabem ao Ministério Público
Federal.
26
ARTIGO | KRISDANY CAVALCANTE
Considerando que a Constituição Federal estabelece
como competência municipal a regulamentação do uso e
parcelamento do solo, é possível aos municípios a adoção
de políticas públicas preventivas, assegurando os preceitos
estabelecidos pelo CONAMA e pela OMS.
Neste sentido a prevenção de conflitos decorrentes de
poluição sonora é possibilitada pela compatibilização dos
Planos Diretores e das leis de uso e ocupação do solo
com os critérios recomendados pela ABNT NBR 10151,
referenciada pela Resolução CONAMA 01/90.
A ABNT NBR 10151, em sua versão vigente desde 2000,
estabelece metodologia para medição dos níveis de pres-
são sonora bem como “fixa as condições exigíveis para
avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades, in-
dependente da existência de reclamações”. Os níveis de
critério de avaliação são fixados, à cada período-horário,
de acordo com os tipos de áreas, ou seja, de acordo com
a predominância observada na ocupação do solo.
Esta norma, especifica que os períodos diurno e noturno
“podem ser definidos pelas autoridades de acordo com
os hábitos da população. Porém, o período noturno não
deve começar depois das 22 h e não deve terminar antes
das 7 h do dia seguinte. Se o dia seguinte for domingo ou
feriado o término do período noturno não deve ser antes
das 9 h”.
Os limites são especificados em nível de pressão sonora
contínuo equivalente ponderada em A – LAeq, em dB, para
cada tipo de área a cada período, conforme tabela 1:
Alguns municípios seguem diretamente esse preceito, a
exemplo da lei nº 2007 de 2007 de Nova Lima, MG. Ou-
tros referenciam a aplicação da Resolução CONAMA
01/90, como em Contagem, MG, onde esta matéria é
abordada na lei nº 3789/2003 e na lei complementar nº
082/2010.
Outros municípios ignoram seu papel constitucional e
afrontam a regra da hierarquia das normas, abrandando o
estabelecido em regulamento federal, como o faz a lei nº
9505/2008 de Belo Horizonte, que estabelece critério
comum a todo o território municipal, independentemente
da área e do uso dado ao solo.
Situações como a de Belo Horizonte são indutoras de
conflitos, uma vez que trazem prejuízo e insegurança jurí-
dica aos seus munícipes, sejam eles empresários dos se-
tores de bares, restaurantes, culturais e industriais, sejam
residentes de áreas afetadas pelo ruído ambiental.
Todas as questões relativas à caracterização do ruído, ao
planejamento sonoro urbano, às medidas e projetos de
controle do ruído e eliminação da poluição sonora reque-
rem a atuação de profissionais técnicos especializados em
acústica ambiental, industrial e urbana.
O conhecimento em acústica é inerente à formação dos
físicos. No entanto, sua aplicação requer a atuação de pro-
fissionais especializados em diferentes campos interdisci-
plinares. No que tange a acústica ambiental, industrial e
urbana, os profissionais da engenharia, geografia, biologia,
urbanismo e da arquitetura raramente recebem adequada
27
TABELA 1
Níveis de critério de avaliação, em dB, para ambientes externos. TIPOS DE ÁREAS DIURNO NOTURNO
Áreas de sítios e fazendas 40 35
Área estritamente residencial urbana, de hospitais ou de escolas
50 45
Área mista, predominantemente residencial 55 50
Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55
Área mista, com vocação recreacional 65 55
Área predominantemente industrial 70 60
Fonte: ABNT NBR 10151:2000
formação durante a graduação. Até mesmo cursos de En-
genharia Ambiental raramente incorporam a disciplina de
acústica ambiental.
Esta deficiência na formação acadêmica tem reflexo nas
políticas públicas e nas ações, nem sempre assertivas, por
parte do poder executivo e dos empreendedores, com-
prometendo o sucesso no controle da emissão de ruído
ambiental e no combate à poluição sonora.
Quanto as ferramentas de engenharia aplicáveis a acústica
ambiental, o estado da arte em instrumentação e software
permite monitorar em tempo real as emissões e as imis-
sões sonoras, possibilitando o registro contínuo e a atua-
ção preventiva, evitando queixas e reclamações de
comunidades afetadas pelo ruído urbano e industrial. Tais
monitoramentos envolvem técnicas de medição, proces-
samento e análise de sinais nos domínios do tempo e da
frequência e em alguns casos análise por FFT.
Outro importante instrumento de planejamento urbano
e de análise de impacto ambiental sonoro, comumente
adotado pelos países-membros da União Europeia, são os
mapas acústicos.
Elaborados com base em informações do relevo, do clima,
da ocupação e cobertura do solo, bem como nas caracte-
rísticas acústicas das fontes e dos receptores sonoros, os
mapas acústicos ilustram, em escala de cores, as curvas de
mesma faixa de níveis de pressão sonora, normalmente
representadas de 5 dB em 5 dB. Tais mapas são excelentes
instrumentos técnicos aplicáveis em estudos de novos em-
preendimentos ou de ampliação de empreendimentos
existentes.
Além de bons instrumentos e ferramentas tecnológicas,
uma boa engenharia requer também a consolidação e har-
monização do conhecimento em normas técnicas.
No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT é oficialmente reconhecida como único foro na-
cional de normalização, por meio da Resolução nº 07 de
1992 do Conselho Nacional de Metrologia e Qualidade
Industrial – CONMETRO.
Dada as características interdisciplinares da acústica, dife-
rentes Comitês Brasileiros publicaram normas que direta
ou indiretamente referenciam questões de acústica e
ruído ambiental. Como exemplo a norma ABNT NBR
15575, elaborada no âmbito do Comitê Brasileiro da
Construção Civil – ABNT/CB-02.
Em 2013, com o apoio da Sociedade Brasileira de Acústica
– SOBRAC, a ABNT instalou a Comissão de Estudo Es-
pecial de Acústica – ABNT/CEE 196, cujo escopo contem-
pla a normalização no domínio da acústica, incluindo os
métodos de medição de fenômenos acústicos, geração,
transmissão e recepção e todos os aspectos de seus efei-
tos sobre o homem e ao ambiente.
28
ARTIGO | KRISDANY CAVALCANTE
A poluição sonora é considerada como a segunda
maior causa de doenças que levam a redução da
expectativa de vida das pessoas que vivem nas gran‑
des cidades. Em primeiro lugar, está a poluição do ar.
Diretamente relacionadas ao tema ruído ambien‑
tal, tem‑se as seguintes normas e projetos:
ABNT NBR 10151:2000, Acústica – Avaliação do ruído em
áreas habitadas, visando o conforto da comunidade – Pro-
cedimento. Esta norma encontra-se em revisão. Seu pro-
jeto está previsto para submissão à Consulta Nacional em
2016.
ABNT NBR 10152:1987, Níveis de ruído para conforto
acústico – Procedimento. Esta norma encontra-se em re-
visão e seu projeto foi submetido à Consulta Nacional em
2016. O resultado da CN encontra-se em análise da
ABNT/CE-02:135.01.
ABNT NBR 16313:2014, Acústica – Terminologia. Esta
norma foi elaborada pela ABNT/CEE-196 e publicada em
dezembro de 2014.
ABNT NBR 16425-1:2016, Acústica – Medição e avaliação
de níveis de pressão sonora provenientes de sistemas de
transportes – Parte 1 – Aspectos gerais. Esta norma foi
elaborada pela ABNT/CEE-196 e publicada em
07/04/2016.
ABNT NBR 16425-2:2016, Acústica – Medição e avaliação
de níveis de pressão sonora provenientes de sistemas de
transportes – Parte 2 – Sistema aeroviário. Este projeto
encontra-se em Consulta Nacional, até 10/07/2016.
ABNT NBR 16425-4:2016, Acústica – Medição e avaliação
de níveis de pressão sonora provenientes de sistemas de
transportes – Parte 4 – Sistema ferroviário. O projeto
desta norma foi submetido à Consulta Nacional em 2016
e o resultado da CN está em análise pela ABNT/CEE-196.
A participação de profissionais de diferentes formações e
de representantes de diferentes setores é condição ne-
cessária ao sucesso no processo de normalização.
É fundamental que esta participação se dê na etapa de ela-
boração dos projetos. Porém, é possível participar tam-
bém na etapa de Consulta Nacional. Uma vez aprovada
pela Comissão de Estudos, a norma é publicada pela
ABNT e passa a ter valor em todo o território nacional,
impactando na vida de todos, sobretudo, na atuação dos
profissionais da engenharia.
[1] European Parliament – Directorate General for Internal Po-licies, Policy Department A: Economic and Scientific Policy, To-wards A Comprehensive Noise Strategy – Study, November2012.
[2] Word Health Organization – WHO, Regional Office for Eu-rope and JRC European Commission. Burden of disease fromenvironmental noise – Quantification of healthy life years lostin Europe. 2011.
Krisdany Vinícius S. M. Cavalcante é Mestre em Saneamento,Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG, Especialistapelo CEFET-MG e Engenheiro Eletricista pela PUC Minas. É Di-retor da Sociedade Mineira de Engenheiros – SME e DiretorTécnico do dB Laboratório de Engenharia Acústica, acreditadopela Cgcre do Inmetro para ensaios conforme a ABNT NBR10151. É membro do Conselho Deliberativo da ABNT e Coor-denador das Comissões de Estudo Especial de Acústica –ABNT/CEE-196 e de Desempenho Acústico de Edificações –ABNT/CE-02:135.01. É consultor especialista em Acústica Am-biental e Industrial e ex-diretor da Sociedade Brasileira de Acús-tica – SOBRAC.
29
Krisdany
Vinícius
S. M.
Cavalcante
Aberta inscriçãopara o 24º PrêmioSME de Ciência, Tecnologia eInovação
INSCRIÇÃO
A inscrição é gratuita e deverá serfeita por meio de formulário oficial doPrêmio SME de Ciência, Tecnologia eInovação, até o dia 2 de setembro de2016. Podem ser inscritos um ou maistrabalhos individualmente ou emgrupo de no máximo seis integrantes.
PÚBLICO ALVO
O Prêmio SME CT&I é dirigido aosestudantes de Engenharias, Arqui-tetura e Agronomia, regularmentematriculados em Instituições de En-sino Superior (IES), de Minas Gerais.
LINHA DE PESQ
Os temas abordaferencialmente ntrial. As soluçõesa sustentabilidadcomo a comprovção custo/benefos pontos de vistnômico/financeital, ou ainda, qaumento de prod
APOIO
QUISA
ados são livres, pre-no segmento indus-s devem assegurarde do projeto, bemvação de uma rela-fício adequada sobta estratégico, eco-ro, ético e ambien-que resultem emdutividade.
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Os cinco primeiros colocados recebe-rão certificados e prêmios. Além disso,se tornarão associados aspirante(s) daSME, e receberão a anuidade de 1 anogratuitamente. A solenidade de en-trega dos prêmios será no dia 28 denovembro de 2016.
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no site www.sme.org.br ou
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A Sociedade Mineira de Enge‑
nheiros (SME) realiza a 24ª Edi‑
ção do Prêmio SME de Ciência,
Tecnologia e Inovação, em
parceria com a Federação das
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Gerais (FIEMG).
REALIZAÇÃO
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32
ENGENHARIA BRASILEIRA
Entre os dias 29 de agosto e 1º de setembro, a
cidade de Foz do Iguaçu (PR) recebe, pela sexta
vez, a programação da 73ª Semana Oficial da
Engenharia e da Agronomia (SOEA), que terá
como tema “A Engenharia a favor do Brasil – Mudanças e
Oportunidades”. Paralelamente, será realizado o 3º Con-
gresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia
(CONTECC), que divulga trabalhos técnicos e científicos
desenvolvidos por diversas instituições brasileiras.
O evento é uma promoção conjunta do Conselho Federal
de Engenharia e Agronomia (CONFEA), Conselho Regio-
nal de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR) e
da Caixa de Assistência dos Profissionais do CREA
(MÚTUA).
Uma das marcas registradas da SOEA é reunir diversas
gerações de profissionais, para valorizar o passado, re-
conhecer os avanços da atualidade e enriquecer o fu-
turo. Segundo os organizadores, neste ano, o projeto
homenageado será a grandiosa obra de construção da
Itaipu Binacional, a partir de 1974, com a chegada das
primeiras máquinas ao futuro canteiro de obras, o que
transformou a pequena Foz do Iguaçu.
Em 10 anos, a população de 34 mil habitantes passou
para 136 mil moradores. Nesse grande projeto da En-
genharia brasileira, as profissões do Sistema CON-
FEA/CREA estiveram presentes em todas as fases da
execução, desde os canteiros de obras, passando pela
alteração do curso do Rio Paraná e, também, na edifi-
cação da barragem propriamente dita.
A programação deste ano tem destaques importantes. Um
deles é a exposição com os CREAs de todo o Brasil e a
primeira etapa do 9º Congresso Nacional de Profissionais,
que terá como tema “O Sistema CONFEA/CREA e
MÚTUA em Defesa da Engenharia e da Agronomia”.
O Engenheiro civil e presidente do CONFEA, José Tadeu
da Silva, ressalta que a SOEA é o principal evento do
Sistema, por promover o debate sobre legislação, habi-
litação e fiscalização do exercício e das atividades pro-
fissionais de engenheiros e agrônomos brasileiros. A
expectativa do dirigente é reunir 4 mil inscritos “Espe-
ramos que a 73ª edição da SOEA siga a tradição e fique
eternizada por significantes contribuições sobre os
rumos da Engenharia Brasileira”, afirma.
O engenheiro civil e presidente do CREA-PR, Joel Krüger,
acredita que a 73ª SOEA vai privilegiar a formação de par-
cerias e promover a integração dos profissionais, que irão
a Foz do Iguaçu, para debater sobre o papel dos engenhei-
ros no processo de desenvolvimento nacional.
Foz do Iguaçu sediará a 73ª edição da SOEA
José Ciro Mota, vice‑
presidente da SME e
José Tadeu da Silva,
engenheiro civil e
presidente do
CONFEA
Joel Krüger,
engenheiro civil
e presidente do
CREA‑PR
Tenho a convicção de que teremos uma oportunidade
ímpar para discutirmos ações em prol do Sistema CON-
FEA/CREA e MÚTUA, principalmente por realizarmos em
conjunto o 9º Contecc, que reunirá trabalhos acadêmicos
de todo o País”, aponta.
O engenheiro civil e presidente da MÚTUA, Paulo Gui-
marães, reafirma que mudanças, inovação e oportunidades
são temas que têm pautado discussões nos vários níveis
da sociedade. Na 73ª SOEA, os organizadores vão colocar
esses temas em pauta, para a análise dos profissionais bra-
sileiros que são parte imprescindível desse processo. “
O Sistema CONFEA/CREA em parceria com a MÚTUA,
que tem como missão primordial ser o braço assistencial
da área tecnológica, ao capacitar os profissionais propicia
um cenário de mudanças e oportunidades, por meio de
soluções que passam pela inovação e criatividade em favor
da sociedade”, projeta. O vice-presidente da Sociedade
Mineira de Engenheiros (SME), José Ciro Mota, participou
do evento como representante da SME.
O período de inscrições termina em 22 de agosto. Para
saber mais, visite o site da 73ª SOEA, www.soea.org.br.
ECONOMIA
34
OBrasil está em crise política e econô-
mica, há mais de dois anos. A expecta-
tiva por mudanças é grande mas, o
governo interino de Michel Temer tem
muitos problemas a resolver. Entre eles
o desemprego em 10,9%, taxa de juros de 14,15% e infla-
ção acima da meta. No entanto, empresas e profissionais
devem ficar atentos porque as medidas anunciadas não
devem ser transformar em realidade em poucos dias.
Segundo o diretor da Arcal Soluções Empresariais, Ha-
roldo Mota de Almeida, ainda não há um cenário econô-
mico definido para nortear as decisões. “O que existe é
uma perspectiva de mudança e de diretrizes para um novo
foco econômico, o que é muito insipiente porque não há
definição sobre o julgamento final do processo de im-
peachment da presidente Dilma Rousseff”, explica. Em
suma, a movimentação política continua direcionada para
essa questão.
Assim, todo cuidado é pouco. Embora o mercado projete
crescimento para 2018, o consultor é mais comedido na
sua análise. “A retomada não deve acontecer antes de
2020. A exemplo do que aconteceu em 1980, vamos ter,
novamente, uma década perdida”, lamenta.
Se preparar para este período é essencial para manter os
negócios. Na área de Engenharia, por exemplo, um plane-
jamento estratégico é a ferramenta mais indicada para as
Prudência e planejamento para vencer a crise
Haroldo Mota de
Almeida, diretor
da Arcal Soluções
Empresariais
empresas, com uma visão
de, no mínimo, oito anos
para frente. “O desafio
das empresas é atraves-
sar o “deserto”. Muitas
construtoras estão com
estoque alto e pouco ca-
pital de giro. A indústria
da construção pesada
está parada porque não
há investimentos públi-
cos em grandes proje-
tos”, afirma.
Quem vai sobreviver é
aquele que conseguir vislumbrar oportunidades nesse
cenário adverso. Segundo Haroldo de Almeida, a região
Nordeste tem experimentado os efeitos da crise com
menos força que Sudeste e Sul. Mas nenhuma decisão
pode ser tomada com base em “olhadinhas” no mer-
cado e confiança na ação governamental. “Nada acon-
tecerá nos próximos 60 dias. As empresas devem ter
uma estratégia muito bem ajustada para retomar uma
condição de equilíbrio financeiro. Ao contrário do que
se pensa, esse processo dura entre três e quatro anos,
para ser construído com bases sólidas”, alerta.
O analista de Gestão do SEBRAE-MG, Haroldo Santos
Araújo, afirma que, neste momento, é preciso agir com
prudência e com base em informações consistentes
para encontrar oportunidades. “Muitos hábitos de con-
sumo estão mudando em função da crise. Então, se não
há grandes projetos de Engenharia, a empresa deve se
adaptar para pegar empreitadas menores que, bem ge-
ridas, podem se transformar em ganhos”, aponta.
Pequenos projetos de reforma residenciais ou de em-
presas podem alavancar o caixa da empresa. “As
oportunidades são pontuais e, nesse momento, a ava-
liação do cenário deve ser mais rigorosa porque todo
investimento em construção, no período atual, é de
extrema necessidade. Dependendo do porte do ser-
viço, é possível compatibilizar dois ou três serviços e
negociar prazo de entrega”, avalia.
Para sobreviver em um cenário de crise, os profissio-
nais também têm que aprender a “dançar conforme a
música”. Seja como empregados ou como pessoa ju-
rídica, a capacidade de adaptação é um diferencial
competitivo importante, para entrar ou manter-se em
atividade. Para garantir a execução, é importante man-
ter uma equipe de fornecedores executar os projetos
no nicho de atuação definido. Nunca é demais lem-
brar que o mercado tem grupos de consumidores
que precisam de um serviço diferenciado. Criar valor
e soluções é parte da estratégia para manter uma em-
presa competitiva.
“A capacidade de vislumbrar oportunidades é algo a
ser exercitado neste momento. A observação do
comportamento do mercado deve ser constante para
uma análise consistente do cenário econômico”, rea-
firma.
Para o analista, os gestores também precisam tomar
decisões com segurança. “Quem é empreendedor
sabe que o fator risco existe em qualquer momento,
mesmo naqueles de grande crescimento. Seja em
menor ou maior escala, esse é um aspecto que cos-
tuma ter peso maior quando não há foco ou avalia-
ções bem construídas”, conclui Haroldo Araújo.
Haroldo Santos Araújo,
analista de Gestão do
SEBRAE‑MG
35
36
O fracasso ou simplesmente a não implantação de
políticas públicas, de âmbitos federal e estadual, é um
dos problemas enfrentados pela maioria dos municí-
pios brasileiros. Da mesma forma, embora exista di-
versas linhas de crédito, muitas cidades perdem
prazos e possibilidades de incrementar a oferta dos
serviços para a população, devido à não apresentação
de projetos consistentes para o recebimento dos re-
cursos.
O que gera esses problemas? O engenheiro argentino
radicado em Minas Gerais, há 40 anos, Edgardo Cáceres,
tem a resposta. “A falta de engenheiros é um empecilho
para o desenvolvimento regional, principalmente nos
municípios com até 20 mil habitantes”, sentencia. No
currículo, ele tem uma grande experiência em desenvol-
vimento sustentável e trabalhos como a implantação
do Sistema de Qualidade Assegurada da Fiat Allis Latino
América e do Plano de Qualidade Total que levou a em-
presa a ser eleita a melhor do Brasil, em 1993. Ele tam-
bém foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do
Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade
(PBQP) e atualmente é secretário da iniciativa.
Uma iniciativa interessante que aponta para essa dire-
ção é o Escritório de Projetos Regionais (EPR), braço
de responsabilidade social da Alta Engenharia. O pro-
cesso de incubação dessa startup especializada em tec-
nologia de gestão pública, começou em fevereiro de
2015, após ser selecionado como empreendimento de
interesse social pelo Conselho do Programa Municipal
de Incubação Avançada de Empresas de Base Tecnoló-
gica do município de Santa Rita do Sapucaí (PROIN-
TEC), considerada uma das melhores entre as 400 que
operam no Brasil.
Responsabilidade social e cooperação estratégica para combater a corrupção
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Edgardo Cáceres,
engenheiro argentino
radicado em Minas
Gerais, há 40 anos.
Luciana Sampaio Moreira
37
“A escolha de Santa Rita do Sapucaí
deve-se ao ambiente de inovação e
empreendedorismo que caracteriza
a cidade, a receptividade das lideran-
ças locais e a importância que foi
atribuída ao sistema de educação
como fator de desenvolvimento,
desde os anos de 1950”, destaca ele,
que é membro do Conselho do EPR.
Atualmente, o grupo gestor é lide-
rado pelos engenheiros Camilo Lél-
lis Nogueira, atual presidente da
Alta Engenharia, Alexandre Matos,
gerente de projetos da empresa e
pelo biólogo e especialista em pes-
quisas georreferenciadas, Márcio
Farah. Cáceres conheceu a proposta
em 2013, quando visitou a Alta En-
genharia. Naquele ano, a empresa
recebeu o Prêmio Mineiro da Qua-
lidade, faixa Ouro da União Brasi-
leira pela Qualidade (UBQ).
Para fazer a transformação social
da região, a EPR pretende gerar
desenvolvimento sustentável, em
regime de cooperação estratégica
com a Associação dos Municípios
da Microrregião do Médio Sapucaí
(AMESP), que abrange um territó-
rio com trinta prefeituras.
Por meio de convênio de coopera-
ção técnica, que incluiu o Sindicato
das Indústrias de Aparelhos Elétri-
cos, Eletrônicos e Similares do Vale
da Eletrônica (SINDVEL) e a Facul-
dade de Administração e Informá-
tica de Santa Rita do Sapucaí (FAI),
o EPR passou a receber demandas
encaminhadas pela AMESP.
38
Em 2015, o EPR prospectou as ne-
cessidades da região e, paralela-
mente, estudou formas para inserir
a solução no contexto de coopera-
ção que caracteriza a cultura do
Médio Sapucaí. Outro trabalho exe-
cutado foi uma análise das diretrizes
definidas pelo atual governo do Es-
tado e as políticas públicas conside-
radas prioritárias nos cenários
nacional e internacional.
“Entre os trabalhos em curso
estão solicitações de cooperação
para a formulação de projetos de
saneamento básico, o que implica
desde coleta seletiva de resíduos
urbanos e rurais, e gestão de resí-
duos sólidos, até sistemas de es-
goto e captação de águas pluviais
e prevenção de possíveis enchen-
tes”, exemplifica.
Segundo o engenheiro, priorizar
esse tipo de projeto demonstra a
profunda inovação do atendimento
de uma das principais demandas de
infraestrutura dos municípios, de
forma integrada e sinérgica. Entre os
ganhos está a redução dos custos,
qualidade superior dos projetos,
planejamento cooperativo que en-
volve gestores de todos os municí-
pios e, ainda, desenvolvimento de
competências e trabalho em equipe,
entre os profissionais envolvidos.
Financiamento
O próximo passo é captar recursos
nacionais e internacionais para implan-
tar projetos que correspondam ao
modelo de gestão preconizado, com
ênfase em áreas como saneamento
básico, observatórios sociais, melhoria
dos serviços públicos e de seus cus-
tos, a exemplo da educação, saúde, de
tecnologias socio ambientais, e busca
de Parcerias Público Privadas (PPP).
O engenheiro explica que os mu-
nicípios e os consórcios intermu-
nicipais precisam cumprir com a
legislação específica, que exige trans-
parência nas contas públicas. “Isso é
um pré-requisito para que uma re-
gião seja contemplada com repasse
de recursos”, lembra.
Isto criou para o EPR a necessidade
de escolher, como uma das principais
frentes de atuação, colaborar no
processo de divulgar e compartilhar
os conhecimentos aplicáveis para
evitar erros que levem ao desvio de
recursos públicos. Para tanto, a em-
presa é uma das parceiras para a im-
plantação do Observatório Social do
Sapucaí.
Na prática, além de fazer os contro-
les internos, deve atender às normas
ISO 9001:2015, e colaborar para que
cada projeto, implantado na região
do Sapucaí, possa respeitar as legis-
lações de Responsabilidade Fiscal,
Controle Social e Transparência.
Dessa forma, o EPR pretende se fir-
mar como um exemplo para outras
regiões de Minas Gerais. “Todo pro-
jeto de desenvolvimento regional
requer engenheiros de diversas
áreas. Da mesma forma, as prefeitu-
ras têm múltiplas possibilidades de
reduzir custos e melhorar resulta-
dos incorporando engenheiros nos
seus quadros”, recomenda.
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
“ “A inovação deve vir primeiro, independente das
consequências. Não pode ser barrada ou limitada por leis.
Edgardo Cáceres
No final de 2015, em Kyoto, no Japão, a Conferência de En-
genharia Mundial discutiu como os profissionais da área
podem contribuir para o desenvolvimento de soluções de
problemas variados, enfrentados pela população mundial, e
que compõem a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sus-
tentável. Entre eles, o combate à corrupção.
O engenheiro eletricista e diretor Administrativo da Re-
gional Metropolitana do Sindicato dos Engenheiros de
Minas Gerais (SENGE), Alfredo Diniz, participou do evento
como representante do Sistema CONFEA. “O interesse
da ONU, por meio da Unesco, em envolver os engenheiros
nesse plano de desenvolvimento representa muitas opor-
tunidades de melhoria para o mundo”, enfatiza.
Entre os temas debatidos, a globalização do conheci-
mento, a mobilidade dos engenheiros e a necessidade
de vencer desafios como o déficit de saneamento bá-
sico, devem ser priorizados nos projetos de Engenharia,
no mundo. Segundo Diniz, a participação dos profissio-
nais no processo de desenvolvimento das nações é es-
sencial. “Da mesma forma, os engenheiros brasileiros
têm que se engajar nesse movimento mundial que, entre
outros ganhos, quer quebrar paradigmas e impulsionar
ainda mais a nossa atividade. Não somos o “Deus Sol”,
mas estamos no centro de tudo e temos que compreen-
der que temos trabalhos importantes a fazer para o
bem da sociedade”, enfatiza.
Entre eles está o desenvolvimento regional dos países.
“A Engenharia pode promover a inovação na gestão
pública e nas práticas e processos, para gerar melho-
res resultados para a sociedade e reduzir os casos de
corrupção”, conclui.
Nova perspectiva para a Engenharia Mundial
A Engenharia pode promover a inovação na gestão pública e
nas práticas e processos, para gerar melhores resultados para
a sociedade e reduzir os casos de corrupção.
“
“
Alfredo Diniz, engenheiro eletricista e
diretor Administrativo da Regional do SENGE‑MG
Apartir de 2011, as empresas de tecnologia
de Belo Horizonte começaram a se instalar
no tradicional bairro de São Pedro, região
Centro-Sul da capital mineira. A aglomera-
ção de startups ganhou o nome de San Pedro Valley, uma
referência bem-humorada ao Vale do Silício (Silicon Val-
ley, em inglês), onde estão as sedes de empresas como
Google, Facebook e Apple.
O projeto mineiro deu certo, e atualmente, abriga mais
de 200 startups de diversos setores, além de espaços
de trabalho em grupo, aceleradoras, investidores e in-
teressados no setor de desenvolvimento tecnológico.
Para este ano, os aportes financeiros para abertura de
novas empresas deve superar a marca dos R$ 1 milhão,
com aumento de 14% em relação ao exercício anterior.
E essa não é a única boa notícia. Enquanto o mercado está
recessivo e o desemprego aumenta no País, as startups da
San Pedro Valley contratam, com salários acima da média
do mercado. A meta é gerar mais 220 vagas de trabalho
até dezembro, para abastecer um segmento econômico
que tem registrado 30% de crescimento ao ano.
Samba Tech no mundo
Entre os cases de sucesso está a Samba Tech, maior distri-
buidora independente de vídeos online da América Latina.
Em pouco mais de 11 anos de existência, a empresa acaba
de receber o seu terceiro investimento externo. Desta vez,
o recurso será usado para o projeto de internacionalização,
a partir da abertura de um escritório em Seattle, nos Esta-
dos Unidos. O montante de R$ 10 milhões veio do mais
novo parceiro de negócios da companhia: José Augusto
40
Comunidade de San PedroValley, uma experiênciapromissora
START UPS
Luciana Sampaio Moreira
Schincariol. Segundo a Forbes Brasil, o herdeiro tem usado
parte do dinheiro, que recebeu com a venda da companhia
de bebidas da família para a japonesa Kirin, para investir em
projetos de desenvolvimento tecnológico.
O diretor de marketing da Samba Tech, Pedro Filizola, explica
que o desafio de sobrevivência de toda startup brasileira é
conquistar a confiança do mercado para atrair novos inves-
timentos. No caso da empresa, a estratégia usada tem dado
certo. “A questão é vender a ideia da Samba Tech com base
em informações consistentes e transparência de propósitos
em relação ao uso do recurso”, ressalta.
Depois do chamado “investimento anjo”, para a abertura do
negócio, da parte do empresário catarinense Almir Gentil, a
companhia também recebeu, em 2009, um aporte da FIR
Capital, para a mudança de foco. Criada para desenvolver jo-
guinhos para celular, a Samba Tech já conquistou oito países
da América Latina e se prepara para ganhar o mundo, com
a sua plataforma profissional de vídeos. “Quanto mais clien-
tes, mais barato fica o custo da nossa tecnologia”, explica Fi-
lizzola.
O sonho de dois empreendedores cresceu, e hoje, movi-
menta a criatividade de 80 profissionais que atuam em di-
versas áreas de negócio. “Podemos dizer que o projeto
Samba Tech está dando certo. Estamos vivendo novas expe-
riências e mercados, para crescer cada vez mais. Nossa meta,
para 2016, é dobrar a empresa”, afirma o executivo. Além
da sede, em Belo Horizonte, a empresa tem escritórios em
São Paulo, Colômbia e nos Estados Unidos. Na lista de clien-
tes estão Grupo Kroton, Rede Globo, SBT, Grupo Abril, Bo-
ticário, Unimed e outros, que usam a plataforma que
também é acessada por pequenas e médias empresas.
41
Pedro Filizola, diretor de marketing da Samba Tech
Empreendedorismo recompensado
O engenheiro eletricista pela Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG) e especialista em Inovação e Em-
preendedorismo pela Universidade de Stanford, Roberto
Costa de Oliveira, 43 anos, seguiu o exemplo da família
e empreendeu para criar a Take.net. Em 1999, ele já so-
nhava em atuar no mercado latino-americano de tecno-
logia móvel. “A internet móvel era apenas uma tendência
promissora. Acreditamos que poderíamos levar esse ser-
viço para o dia a dia das pessoas. Por isso, apoiamos em-
presas a desenvolver, para seus consumidores, canais
interativos multimídia via mensagens, que são conhecidos
como contatos inteligentes ou chatbots (com automati-
zação)”, analisa. A empresa tem 100 funcionários.
A empresa foi pioneira e líder de mercado na distribuição
de ringtones nos anos 2000, desenvolveu uma plataforma
integrada para operadoras e gerenciou serviços de comu-
nicação e conteúdo via SMS. Entre eles, o Tim Music Store,
o Vivo Chat e o Vivo Dieta. A Take.Net também lançou o
SMS a cobrar em todo o País e ingressou no ramo de SMS
Marketing. Os resultados vieram. Desde 2013, a Take.net
é reconhecida pela Great Place to Work como uma empresa
boa para se trabalhar e figura entre as 100 melhores do
setor de TI e Telecom. No ranking da Deloitte, desde 2012,
é apontada como uma das organizações que mais cresce
no Brasil.
Um ponto a favor é o ambiente de negócios de Belo
Horizonte. “Encontramos na capital mineira um cenário
fértil para o desenvolvimento de empresas inovadoras.
Além disso, a existência da San Pedro Valley agrega
muito valor ao dia a dia, pela troca de experiências e
ajuda mútua que nos auxilia a enfrentar os desafios de
forma conjunta”, destaca. Serviços como messaging echatbots têm sido apresentados como a grande tendên-
cia tecnológica para os próximos anos. “Vamos usar a
experiência acumulada, em 16 anos, para auxiliar empre-
sas a construir canais ricos, práticos e efetivos para se
comunicar com os clientes. Em período de crise, o rela-
cionamento com o consumidor torna-se mais crítico e
acreditamos que as empresas estão atentas às novidades
que podem potencializar o contato”, avalia.
A inovação não acontece por si só. No caso da Take.net,
o uso de tendências muito novas, como os canais inte-
ligentes de mensagens, ainda, não está consolidado pelo
mercado. Segundo o engenheiro, é preciso fazer um tra-
balho forte para educar os clientes e mostrar as vanta-
gens em adotar esses canais. Internamente, o modelo de
gestão que recebe o nome de Take.OS que é baseado
42
“
“
Encontramos na capital mineira um cenário fértil para o desenvolvi‑
mento de empresas inovadoras. Além disso, a existência da San Pedro
Valley agrega muito valor ao dia a dia, pela troca de experiências e
ajuda mútua que nos auxilia a enfrentar os desafios de forma conjunta.
START UPS
Roberto Costa de Oliveira
em cinco pilares: visão estratégica baseada na plataforma
e aplicações de mensageria da empresa, valores que per-
meiam todas as atividades, design organizacional para al-
cançar os objetivos, metodologia OKR, para estabelecer
foco a curto prazo. Projetos de desenvolvimento para
longo prazo e, ainda, Feedbech 360º, momento de apoio
aos colaboradores (Take.Seres) para desenvolver habi-
lidades técnicas e comportamentais.
De acordo com Roberto de Oliveira, essa proposta
de gestão é outra inovação da Take.net. “Englobamos
pontos indispensáveis para o crescimento da empresa,
como desenvolvimento humano, foco no mais impor-
tante, clareza nas responsabilidades de cada um e pro-
missora visão de futuro”, detalha. Para fomentar o
ambiente de negócios para as startups, o engenheiro
mantém um estreito relacionamento com a Secretaria
de Ciência e Tecnologia do Estado. Para ele, o governo
tem um papel importante no processo de construção
de políticas de estímulos ao setor, para beneficiar a
todos os empresários. Em poucas palavras, quanto
mais forte for a comunidade de startups, melhor será
o futuro.
Netbee e a Internet das Coisas
Outra empresa que está construindo uma história de su-
cesso é a Netbee. À frente do negócio está o engenheiro
eletrônico e eletricista Gibram Raul Campos de Oliveira,
35 anos. “Tudo começou em novembro de 2010, quando
criamos a empresa chamada TCBH Engenharia. Na época,
seguimos uma abordagem tradicional e desenvolvemos
tecnologias de sistemas eletrônicos para as áreas de
transporte, indústria e comércio”, comenta. Porém, a em-
presa não tinha um foco definido.
Roberto Costa de Oliveira, engenheiro e
especialista em Inovação e Empreendedo‑
rismo pela Universidade de Stanford
44
A mudança de rumos aconteceu a
partir de 2013, para atender as de-
mandas do segmento de transporte.
“Conheci o conceito de startup e
criamos a Netbee. Colocamos o
nosso potencial a nosso favor”, disse.
A equipe de engenheiros com expe-
riência em empreendedorismo, inova-
ção e desenvolvimento de tecnologia,
passou a trabalhar em sistemas ino-
vadores, produtos e serviços para a
"Internet das Coisas", como a solução
para resolver o problema de roubo
de veículos, por meio de uma aborda-
gem completamente diferente da tra-
dicional.
A Netbee participou do Programa
SEED, passou pelo Startup Brasil, foi
incubada na INOVA-UFMG e acele-
rada pelo Techmall-MG. Os gestores
conquistaram bolsas Rhae CNPq para
mestres e doutores. Em 2014, a em-
presa foi finalista nacional do Desafio
Brasil e ficou entre as 30 startups bra-
sileiras mais inovadoras do País.
Em 2015, a Netbee ficou entre as 10
startups mais disruptivas e inovado-
ras do Brasil, segundo o Inovativa.
Em 2016, ficou com a 8ª posição
entre as startups mais promissoras,
segundo o movimento 100 OpenStar-tups, entre 1.500 concorrentes. No
mesmo ano, foi considerada uma das
10 startups do mundo selecionadas
para um programa de aceleração de
nosso negócio pela maior seguradora
do mundo. Apenas duas startups bra-
sileiras foram selecionadas.
"Retornamos, agora, ao Brasil, depois
de 40 dias em Madri, e fomos pre-
miados lá como a startup com maior
potencial de impacto na indústria
mundial de seguros. Esta premiação
foi dada pela maior seguradora do
mundo. Possuímos visão antecipada
de resolução de problemas da área
em que atuamos e focamos em ser
referência mundial em nosso negó-
cio”, afirma Gibram de Oliveira.
O próximo passo é implantar a tec-
nologia que permite recuperar veí-
culos roubados, de forma gratuita
para toda a população, e dez vezes
mais barata para as seguradoras se
comparada a qualquer solução exis-
tente no mundo. A patente está em
processo de registro internacional,
Div
ulg
ação
START UPS
45
para 147 países. “Tudo começou
quando entendemos e conhecemos
o modelo atual de inovação de alto
impacto”, enfatiza.
Para o empresário, Belo Horizonte
é a melhor capital do País para se
desenvolver startups, já que possui
um ecossistema que se fortalece a
cada dia. A cooperação entre as em-
presas também é uma ferramenta
para atingir crescimento e ganho
em escala.
Gibram de Oliveira abriu a empresa
com recursos próprios. Ele pediu de-
missão de uma das maiores empre-
sas de Engenharia do Brasil, sacou o
dinheiro na caderneta de poupança
para comprar matéria-prima de um
produto que não existia ainda, mas
que ele tinha acabado de vender.
Chamou um amigo e foram traba-
lhar. Depois de 30 dias, a mercadoria
já estava pronta e entregue ao
cliente. “Até hoje recebemos enco-
mendas do dispositivo”, destaca.
Com o tempo, a startup “correu
atrás” de incentivos, por meio da
participação de editais e programas
de aceleração.
Com exceção do SEED e do Se-
braetec, eles não receberam re-
cursos financeiros nas outras
experiências. Por outro lado, ti-
veram acesso à capacitação, in-
fraestrutura e condições para o
desenvolvimento do negócio.
“No Startup Brasil, apesar de
termos sido aprovados na edição
de 2013, nenhuma aceleradora
compreendeu o potencial da In-
ternet das Coisas. Por isso, não
fomos aceitos. Essas são barrei-
ras que devemos estar prepara-
dos para enfrentar”, alega.
Embora o cenário seja de crise, as
perspectivas são de crescimento. O
retorno da Europa, onde tiveram a
oportunidade de estruturar um
modelo de negócios global, am-
pliou as conversas com quatro paí-
ses, para a implantação da tecnolo-
gia desenvolvida pela Netbee.
“Somos uma excelente opção para
tempos de crise’”, brinca.
Para tanto, a empresa tem um mo-
delo de gestão baseado no que
funciona ou é suficientemente ne-
cessário. A metodologia Aqil é
usada para a comunicação interna
e gestão de projetos. Com o início
da implantação do sistema no Bra-
sil, a startup começou a criar um
modelo de métricas para as áreas
de marketing e vendas.
Além da iniciativa privada, a Net-
bee também tem interesse em
fazer parceria com o sistema de
segurança pública do Estado, para
a implantação estruturada do seu
negócio. Mas a gestão da startup
não depende da chancela pública.
“A inovação deve vir primeiro, in-
dependente das consequências.
Não pode ser barrada ou limitada
por leis”, analisa.
Gibram Raul
Campos de Oliveira,
presidente da Netbee
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Div
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A inovação deve vir primeiro, independente das
consequências. Não pode ser barrada ou limitada por leis.
CDS | SME
COMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
46
O Projeto de Lei (PL) nº 3.312 de 2016, que pretende
instituir a Política Estadual dos Atingidos por Barragens
e outros Empreendimentos (PEABE), pode incluir mais
uma etapa para a viabilização de empreendimentos no Es-
tado de Minas Gerais, cujo procedimento é um dos mais
complexos do país.
O PL foi proposto pelo governador Fernando Pimentel
como resultado dos esforços de um Grupo de Trabalho
instituído pelo Poder Executivo, para apresentação de
proposta da Política Estadual para Atingidos por Obras
de Infraestrutura e Urbanização. De acordo com o go-
vernador, “a instituição da PEABE reflete um avanço social
do Estado e um aprofundamento do processo democrá-
tico, já que privilegia a construção de soluções que têm
por escopo garantir a interlocução entre os órgãos de
governo competentes, os empreendedores e os atingidos
pela construção, instalação, ampliação e a operação de
barragem e outros empreendimentos”
Em linhas gerais, os principais objetivos são coordenar
e implementar ações mitigadoras de conflitos decorren-
tes do processo de remanejamento dos atingidos por
quaisquer empreendimentos e garantir a interlocução
entre os órgãos de governo competentes, empreende-
dores e atingidos pelo empreendimento.
A proposição estabelece ainda que as ações e medi-
das da PEABE constituirão um Plano de Recuperação
e de Desenvolvimento Econômico e Social (PRDES),
com caráter suplementar e subsidiário ao disposto
na legislação ambiental, a ser desenvolvido de forma
articulada com procedimentos de autorização dos
órgãos competentes.
A gestão do PEABE competirá ao Comitê Gestor, que terá
a função de coordenar, monitorar e avaliar a execução da
política. Referido comitê, com composição paritária entre
o poder público e a sociedade civil, será integrado por 22
membros com direito a voto. Foi proposto que os mem-
bros da sociedade civil organizada sejam escolhidos por
meio de seleção pública coordenada pela Secretaria de Es-
tado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania
(SEDPAC) e pelo Movimento dos Atingidos por Barragens
(MAB).
Entretanto, o projeto por si só não garante a interlocução
entre os órgãos do governo, empreendedores ou atingidos.
A composição do Comitê Gestor do PEABE, ao contrário
das organizações paritárias que compõem os órgãos do
Sistema Nacional de Meio Ambiente – Sisnama, não asse-
gura a participação diversificada e equilibrada da sociedade
civil, por meio de associações, entidades de classes, orga-
nizações não governamentais e movimentos sociais.
Projeto de Lei que pretende criar a Política Estadual dos Atingidos por Barragens e outrosEmpreendimentos: Avanço ou Contradição?
*Flávia Frederico Goulart de Oliveira e Laura Castro Othero
No mesmo sentido, também não se encontra assegurada
a participação dos empreendedores, cujo segmento é di-
retamente afetado pelas mudanças pretendidas pelo PL.
Portanto, alerta-se para o respeito a um dos mais caros
princípios que regem o Estado: princípio democrático.
Por outro lado, em um momento de discussão na socie-
dade sobre a racionalização das exigências do licencia-
mento ambiental, referido Projeto de Lei vincula o seu
prosseguimento perante o órgão ambiental à prévia ho-
mologação do PRDES pelo Comitê Gestor. Assim, merece
atenção tal exigência, que vai de encontro ao contido na
Política Nacional do Meio Ambiente e na Lei Complemen-
tar 140/2011, que determina que a construção, instalação
e operação de empreendimentos utilizadores de recursos
ambientais dependerão de prévio processo de licencia-
mento ambiental, que dará origem a uma licença conce-
dida por ente federativo competente, por órgãos
executores do Sisnama. Identifica-se aí um conflito interno
no próprio texto do projeto de lei, em que se pretende
suscitar a característica de subsidiariedade da norma.
Deve-se atentar-se ainda, com fins de evitar sobreposição
de disposições em planos distintos, para a interface da
proposta com a legislação vigente, em especial a Lei Esta-
dual 12.812/98, que regulamenta o parágrafo único do art.
194 da Constituição do Estado, que dispõe sobre o plano
de assistência social às populações de áreas inundadas por
reservatórios.
Outro aspecto relevante é a inclusão de outros empreen-
dimentos no texto do PL. O inciso III do art. 2º descreve
empreendimentos como sendo “a construção, a instala-
ção, a ampliação e a operação de atividades ou obras de
natureza industrial, extrativista, minerária e agrossilvopas-
toril, potencialmente causadoras de degradação socioam-
biental”. Ora, esse dispositivo amplia a abrangência da
proposição para todas as atividades que possam causar
degradação socioambiental, independentemente do im-
pacto, constituindo-se não em plano de atingidos por bar-
ragens, mas sim em um plano de atingidos por qualquer
empreendimento que visa ao desenvolvimento econô-
mico sustentável. A abrangência é tão ampla que se corre
o risco de desviar o foco dos atingidos por barragens.
Por fim, conclui-se pela necessidade de discussão mais
ampla da PEABE com a sociedade, visando amadureci-
mento de suas disposições, de forma a alcançar realmente
seus objetivos, quais sejam: mitigação dos conflitos decor-
rentes do remanejamento dos atingidos e a interlocução
entre órgãos competentes do governo, empreendedores
e atingidos.
Flávia Frederico Goulart de Oliveira, graduada em direito pela
UFMG, advogada inscrita na OAB/MG sob o nº 65.657, consultora
jurídica da FEAM de 2002 a 2006 e assessora jurídica ambiental
da Limiar Consultoria e Projetos Ltda. desde 2006.
Laura Castro Othero, jornalista pela PUC Minas, atuou nas áreas
de Educação, mídias e governo digitais. É estagiária de Direito na
assessoria jurídica ambiental da Limiar Consultoria e Projetos Ltda.
Laura Castro Othero e
Flávia Frederico Goulart de Oliveira
47
Envie seu comentário sobre o tema desta coluna para
o e‑mail [email protected] para ampliar nossa
interlocução, com a publicação das considerações no
site e página no Facebook da SME.
48
Curiosidade para encontrar soluções para problemas
JOVEM ENGENHEIRO | PEDRO HENRIQUE MOURA COSTA
Engenheiro de automação
graduado pelo Centro Uni-
versitário UNA, no final de
2012, Pedro Henrique
Moura Costa, 28 anos, sempre teve
facilidade com as matérias da área de
Exatas. Desde criança, era curioso
em saber como as coisas funcionam.
Depois de muitas perguntas feitas,
ele descobriu que as respostas estão
na Engenharia.
Movido a inovação, ele percebeu que
o que, realmente, o motivaria seria
trabalhar com algo em que pudesse
aproveitar seus pontos fortes para
propor soluções para problemas,
com criatividade e dinamismo. A En-
genharia de Controle e Automação
chegou às universidades brasileiras,
na década de 1990, com a proposta
de unir as áreas de Elétrica, Eletrô-
nica, Mecânica e Computação.
“Descobri o curso no pré-vestibular,
depois de uma pesquisa. Naquele
momento, as áreas de Controle e
otimização de processos e, ainda, ro-
bótica me chamaram muito a aten-
ção. A primeira interfere direta-
mente nos resultados da indústria.
A segunda tem relação estreita
com as áreas de pesquisa, desenvol-
vimento e inovação tecnológica”,
relata.
A necessidade de enfrentar esses
desafios e a carência de mão de
obra qualificada também foram mo-
tivos para a escolha do engenheiro.
Ele compreende que a Engenharia
é, ao mesmo tempo, simples, subje-
tiva e ampla para materializar mé-
todos e conhecimentos científicos,
na forma de soluções que objeti-
vam melhorar a vida das pessoas.
“Para isso o engenheiro estuda o
problema, planeja uma solução que
seja viável técnica e economica-
mente, para, então, executá-la ou
coordenar o projeto”, ressalta.
Os estágios, durante a graduação,
contribuíram para o amadureci-
mento de Pedro Henrique Costa.
A primeira experiência, quando ele
estava no terceiro período do
curso, foi na multinacional Dalkia,
que atua nos segmentos de ma-
nutenção e facilities. “Naquele
momento, eu fui trabalhar com
engenheiros formados. Além dos
conhecimentos que adquiri, pude
entender na prática como atua um
engenheiro e é assim que eu atuo
no meu trabalho diário”, afirma.
Pelo bom trabalho, o então estu-
dante recebeu uma promoção, mas a
vontade de aprender foi maior. Por
conta própria, decidiu mudar de
ramo. O segundo estágio foi na
empresa de projetos de automa-
ção industrial TSA, onde ele
atuou nos setores de Planeja-
mento e TI Industrial.
Com a experiência adquirida ao
longo do curso, dentro e fora da sala
de aula, Costa não teve dificuldades
para ingressar no mercado de traba-
lho. O primeiro contrato foi na TSA,
onde obteve duas promoções, como
engenheiro.
Luciana Sampaio Moreira
Para ele, as oportunidades e a dispo-
nibilidade que são oferecidas pela
empresa, quando se trata de investi-
mento no conhecimento, têm sido
um fator motivacional. “Temos total
apoio por parte dos gestores para
realização de cursos externos, sendo
que, em grande parte, são custeados
pela própria empresa. Além disso,
temos a oportunidade de participar
de congressos, onde podemos publi-
car artigos técnicos”, comenta.
Atualmente, ele trabalha com proje-
tos direcionados para a indústria, na
Linx Process, uma empresa do grupo
TSA. Além da operação, Costa tam-
bém atua como cliente e/ou gestor.
Por isso, a escolha de um curso de
pós-graduação tem de ser “sob me-
dida”. O plano do engenheiro é um
programa de Gestão de Projetos, se-
guido de mestrado em Controle de
Processos, para aperfeiçoar as habi-
lidades já adquiridas e ampliar o
leque de oportunidades para a car-
reira. No momento, ele está con-
cluindo o curso de inglês e já planeja
iniciar espanhol, uma vez que a em-
presa está buscando novos negócios
na América Latina.
“Apesar da crise e da retração da
área de Engenharia, é possível en-
xergar uma luz no fim do túnel,
pois sabemos que sempre existi-
rão períodos difíceis e de reto-
mada de crescimento, que vêm
acompanhados da abertura de
novas vagas de trabalho para en-
genheiros”, enfatiza.
Solteiro, o engenheiro pretende se
casar e ter filhos. Mas, no mo-
mento, ele aposta na carreira, que
tem sido motivo de grande alegria.
“Nas horas de lazer, faço o que
gosto, pratico esportes e passo
tempo com a minha família. Sempre
que posso, reúno os amigos “,
conta. Mas, se um assunto tecnoló-
gico aparecer, ele não deixa para
depois. Para quem trabalha com
prazer, não há hora certa para in-
vestir no futuro profissional.
Mas não basta apenas os conheci-
mentos técnicos. O jovem enge-
nheiro sabe que parte importante
do trabalho que ele faz tem como
base a capacidade de liderar equipe
e a segurança necessária para tomar
decisões. Esses são atributos que os
profissionais da área também devem
exercitar. “A vida profissional e a
vida social acabam se confundindo
um pouco. Há coisas do trabalho
que trouxe para minha vida coti-
diana, e coisas do meu aprendizado
familiar que, também, fazem parte
da minha atividade profissional”,
conclui.
49
“Pedro Henrique Moura
Costa compreende que a
Engenharia é, ao mesmo
tempo, simples, subjetiva
e ampla para materializar
métodos e conhecimentos
científicos, na forma de so‑
luções que objetivam me‑
lhorar a vida das pessoas.
Apesar da retração de 9% do número de apa-
relhos de telefonia celular, em março de
2016, no comparativo com o mesmo mês
do ano anterior, o Brasil tem 125,42 equi-
pamentos para cada grupo de 100 habitantes, segundo
dados da Anatel. Não há como negar que a ideia de
“carregar o mundo na palma das mãos” veio para ficar.
A indústria da construção civil já percebeu a força
dessa tendência. Muitas construtoras mineiras incluí-
ram as chamadas novas tecnologias de comunicação
com o consumidor no seu portfólio de diferenciais
competitivos, para auxiliar a tomada de decisões do
cliente ou mesmo a sua fidelização, ao longo do tempo.
Fundada há 41 anos, a Katz Construções, empresa do
Grupo Katz, tem apostado em novas tecnologias para
oferecer ao cliente uma experiência diferente da tra-
dicional na compra do imóvel. Dessa forma, todos os
imóveis em construção na capital podem ser vistos por
meio da realidade virtual. “A pessoa anda pelo aparta-
mento e também nas áreas comuns”, explica o presi-
dente, Daniel Katz.
A plataforma de realidade virtual ainda é uma novidade
no Brasil, assim como a experiência de interação com
o cliente. “Essas ferramentas ajudam muito na decisão
de compra do imóvel”, afirma.
Outra tecnologia bastante usada, são os drones. Eles
captam imagens que são transformadas em vídeos, com
exibição em canal do Youtube, site da empresa ou pelas
redes sociais da construtora. “No nosso lançamento,
na região das Seis Pistas, em Nova Lima, não temos
apartamento decorado tradicional, mas o imóvel no
50
Construtoras mineirasapostam em novastecnologias para atrair efidelizar clientes
MARKETING
Daniel Katz,
presidente da
Katz Construções
ambiente virtual. O cliente consegue ver o pro-
duto pronto e o nosso custo cai pela metade com
o uso dessa ferramenta. Tem sido muito bom para
os negócios”, explica o empresário.
A Direcional Engenharia, também, tem investido
muito em novas tecnologias. Segundo a gerente
de Comunicação e Marketing da empresa, Renata
Mattos, essas ferramentas mudaram a forma
como as empresas se relacionam com seus clien-
tes ou potenciais consumidores e vice-versa.
“Hoje, grande parte da nossa vida acontece no
ambiente online. Fazemos compras, pesquisas
sobre produtos e empresas, lemos notícias e essa
nova realidade nos traz clientes mais informados
e conscientes do processo de compra de um imó-
vel. Temos que estar prontos para nos relacionar
com esse novo consumidor”, enfatiza.
51
Ação de marketing feita no estande do empreen‑
dimento, onde a ambientação foi criada para
utilização de óculos de realidade virtual, (Rift),
simula um voo de balão, permitindo a sensação de
presença no local e vivenciar o espaço.
52
Assim, todas as campanhas de mídia
são pensadas para interagir também
no ambiente virtual. Anúncios no
Google, Facebook e portais de imó-
veis têm conteúdo específico, para
chamar a atenção do consumidor
para os empreendimentos da cons-
trutora. “Também monitoramos e
cuidamos da reputação da empresa
nas redes sociais. Buscamos uma re-
lação de transparência com todos os
públicos com os quais nos relaciona-
mos”, ressalta.
É no estande de vendas que a Dire-
cional procura conquistar o seu
cliente. Em dois lançamentos, foi
usada a tecnologia do tour virtual na
área de lazer, por meio dos óculos
Rift. Dessa forma, as pessoas puderam
vivenciar aquele espaço e vislumbrar
as mudanças propostas para a região.
“Todas as nossas estratégias são pen-
sadas de acordo com o público dos
nossos produtos e suas peculiarida-
des. Desta forma, conteúdos e cam-
panhas digitais são direcionados,
pois para conseguir estabelecer um
bom relacionamento, é preciso que
gerem identificação”, analisa. Um
bom exemplo dessa iniciativa foi a
webserie “Como Comprar seu Imó-
vel”, que foi especialmente criada
para consumidores interessados em
apartamentos de porte médio.
Como o projeto deu certo, a em-
presa já está criando uma nova série,
focada no público econômico. Se-
gundo Renata Mattos, o conteúdo
visa despertar o interesse deste seg-
mento para compra, passar as infor-
mações do processo de forma
simplificada e orientá-lo a manter a
saúde financeira para quitar as par-
celas.
Neste ano, a empresa também pro-
moveu uma campanha de marketing
educativa – “Boa Hora” – para des-
pertar o cliente para as oportuni-
dades de compra. Segundo a
gestora, foram produzidos vídeos
nas redes sociais e peças de mídia
direcionadas para esse tema.
Novas tecnologias realmente chamam
a atenção do consumidor. E não po-
deria ser diferente. O diretor da Fá-
brica Comunicação e professor de
cursos de pós-graduação, Robson
Fontenelle, explica que o consumidor
de hoje deseja uma experiência dife-
rente no momento da compra e um
acompanhamento estreito, no pós-
venda, principalmente, quando se trata
de produtos de alto valor agregado,
como é o caso de um imóvel.
“O uso da tecnologia, nesse caso, re-
presenta maior comodidade para o
cliente que pode acompanhar a exe-
cução do projeto, sem ter que se
deslocar. Nessa lógica, o canteiro de
obras ganha novos olhos, que acom-
panham cada detalhe e podem, inclu-
sive, apontar problemas ou falhas”,
alerta.
Por outro lado, em um cenário de
instabilidade econômica, os consu-
midores se sentem mais seguros
porque podem ver, passo a passo, a
construção. Segundo Fontenelle, os
excelentes resultados alcançados
têm feito com que o mercado seja
mais receptivo às novidades tecno-
lógicas.
No caso da indústria da construção,
o processo de compra é lento. O
cliente fidelizado volta com algum
espaço de tempo, se for para morar.
No caso de investidores, a frequên-
cia é maior. No entanto, a possibili-
dade de ter um contato mais direto
com a empresa representa uma se-
gurança a mais.
Novos clientes também gostam de
uma experiência diferenciada. “Vive-
mos em uma sociedade imagética
ao extremo e isso deve ser lem-
brado pelas empresas. Deixar a ima-
gem disponível para o acesso do
consumidor pode, inclusive, viralizar
na rede”, aponta o jornalista.
MARKETING
Robson Fontenelle, diretor
da Fábrica Comunicação e
professor de cursos de
pós‑graduação
53
Logo depois da forma-
tura, os alunos da 77ª
turma de engenheiros
de minas, metalurgia e
civis da Escola de Minas
decidiram que, a cada cinco anos, fa-
riam um encontro em Ouro Preto. E
assim foi feito. Em 2015, por ocasião
dos 60 anos de graduação, seis inte-
grantes da classe de 24 estudantes – a
maior até 1955 – voltaram à cidade
onde moraram, estudaram e se prepa-
raram, muitas vezes longe da família,
para a vida profissional. Acompanha-
dos pelos familiares, receberam home-
nagens da instituição e também das
repúblicas.
Paschoal Paione Netto, 85 anos, saiu
de Varginha para fazer o segundo grau
em Uberlândia e preparar-se para o
vestibular na tradicional Escola de
Minas. Depois de formado, fez car-
reira na área de Engenharia Civil e
teve uma trajetória profissional de
grandes experiências. Construiu de
tudo um pouco e afirma que tudo o
que fez tem como base o aprendi-
zado na Escola de Minas.
“Naquele tempo, as universidades não
tinham a pretensão de encher as salas
de aula. Queriam os melhores. Se a
gente não passasse, tinha que voltar
no ano seguinte. Se perdesse uma ma-
téria, repetia o ano. A turma era unida
e o contato com os professores era
mais próximo. Sabíamos que estáva-
mos ali para estudar – e muito - por-
que o nível de exigência era alto.
Nossa recompensa era imediata por-
que já saíamos da universidade com
boas vagas de emprego”, relata.
Em Ouro Preto, a sua casa foi a Re-
pública Pif-Paf, da qual nunca se afas-
tou. “Sempre me escrevem pedindo
alguma contribuição para as festas. Eu
dou. No começo, eu sempre ia na
“Festa do Doze”, mas depois vi que
não dava conta de tanta agitação. Mas
não deixo de privilegiar os encontros
da turma, sempre no Grande Hotel
de Ouro Preto, onde fazíamos os nos-
sos eventos desde a escola”, comenta.
A vida social dos alunos acontecia nas
festas promovidas no Centro Acadê-
mico. Ali, eles conheciam outros cole-
gas e, no caso de Paschoal Paione
Netto, a futura esposa. Como muitos
estudantes de Ouro Preto, ele saiu da
cidade muito bem casado com Tere-
zinha.
Natural de Sacramento, no Triângulo
Mineiro, o engenheiro Paulo Mendes,
86 anos, construiu uma carreira de
sucesso na área de mineração. A cada
cinco anos, ele faz questão de retor-
nar a Ouro Preto e, além do encon-
tro com os ex-colegas e amigos de
toda uma vida, ele também visita a re-
pública Pif-Paf, onde morou. “Eles nos
recebem muito bem e preparam as
homenagens com direito a muita cer-
veja e bate papo. Neste ano, os atuais
alunos me surpreenderam. Primeiro
me passaram a palavra e depois ajoe-
lharam e pediram a minha benção”,
conta sem esconder a emoção.
Colegas de profissão, amigos para sempre
Luciana Sampaio Moreira
MESTRES DA ENGENHARIA
54
O ambiente das repúblicas mudou,
mas os antigos alunos não se esque-
cem da rotina das aulas e da convi-
vência com os colegas. “Tínhamos
cozinheira e todos almoçavam em
casa. Isso mantinha a união do grupo.
Depois da formatura, mantivemos um
vínculo muito forte com os colegas”,
disse Mendes. Ativo, o engenheiro sai
todos os dias de casa, rumo ao escri-
tório que mantém em sociedade com
o colega de turma, Luiz de Oliveira
Castro. Mesmo aposentado, gosta da
rotina de sair para trabalhar.
A Escola de Minas homenageia os ex-
alunos que completam 25, 50 e 60
anos de formados na instituição. “Dão
medalha, inclusive”, destaca o enge-
nheiro João Villar Etrusco, 85 anos.
Além de encontrar com os outros
cinco amigos de sala, ele aproveitou
para visitar a República Esparta, onde
também foi recebido com festa.
“Nós temos uma estima muito
grande. Consideramos Ouro Preto
como nossa segunda cidade. A popu-
lação nos recebeu muito bem,
quando fomos estudar, e a convivên-
cia dos alunos era muito boa”, afirma
o engenheiro que, ao todo, morou
por 11 anos na cidade.
Natural de Ponte Nova, ele teve a
sorte de estudar “perto de casa”, em-
bora a viagem de trem para rever a
família fosse bastante demorada. O
que ficou de toda essa experiência, foi
a confiança na qualidade do ensino
que ele recebeu e, também, as amiza-
des que alcançaram sete décadas.
Uma vez graduado, retornou para
Ponte Nova, onde iniciou sua carreira
e casou-se.
Neste ano, a Escola de Minas de Ouro
Preto comemora 140 anos de funda-
ção. Nos primórdios, o imponente pré-
dio que fica na Praça Tiradentes, no
centro de Ouro Preto, recebia uma
média diária de 120 estudantes. Hoje, a
Universidade Federal de Ouro Preto,
fruto da fusão da Escola de Farmácia
(1893) e a Escola de Minas (1876),
ocorrida em 1969, tem 37 cursos e 17
mil estudantes de graduação e pós-gra-
duação, nas modalidades presencial e
EAD (educação a distância).
Em pé, da esquerda para a direita,
José Ignácio Fonseca, João Vilar
Etrusco, Alberto Carlos Almeida e
Paschoal Paione Netto. Sentados,
José Francisco Barreto Sobral e
Paulo Mendes.
MESTRES DA ENGENHARIA
55
Fundada, em 14 de abril de 1946, por
quatro alunos da Escola Nacional de
Minas e Metalurgia – Geraldo de Al-
meida Fonseca, Caio Vierno Leão, Fer-
nando Homem da Costa e João
Batista Sabino – a República Pif-Paf
acaba de completar 70 anos de ativi-
dades. Por lá, passaram mais de 120
ex-alunos dos cursos de Engenharia.
No sétimo período do curso de En-
genharia Mecânica da Universidade
Federal de Ouro Preto (UFOP), o es-
tudante Dione Carlos Soares da Silva,
22 anos, divide a casa do bairro Pilar
com mais 16 futuros engenheiros.
A famosa “Festa do Doze” é o evento
mais tradicional da UFOP que, em
parceria com a Associação dos Anti-
gos Alunos da Escola de Minas e Fun-
dação Gorceix, engloba uma série de
homenagens e atividades que possi-
bilitam a confraternização dos ex-
alunos, que retornam a Ouro Preto
especialmente para a data.
Paralelamente às atividades e soleni-
dades realizadas pela Escola de Minas,
a República Pif-Paf promove a sua
festa interna. A comemoração é mar-
cada pela presença de um grande nú-
mero de ex-alunos que retornam a
Ouro Preto a fim de reencontrar os
amigos de sua época, os atuais mo-
radores da República, visitar a Es-
cola de Minas, fazer contatos e
confraternizar com as gerações de
alunos que passaram pela república
e pela cidade. “As contribuições
que recebemos dos ex-alunos para
esses eventos são para o pagamento
dos custos”, explica.
Segundo Dione Carlos da Silva, a
oportunidade de contactar os ex-
alunos é sempre interessante para os
estudantes. “São momentos de cres-
cimento e desenvolvimento intelec-
tual, acadêmico e social. O encontro
com nossos ex-alunos propicia a in-
tegração, o respeito e amizade das
diferentes gerações que por aqui
passaram e passarão, através dos
bons debates sobre a República, con-
selhos e compartilhamento de expe-
riências, tanto profissionais quanto
pessoais, e das diversas histórias hilá-
rias e fantásticas vividas por cada um
em sua época”, relata.
Não há como não reconhecer que os
tempos mudaram. Mas a vida estu-
dantil em uma República marca a vida
dos alunos, para sempre. Em nome
dos Pif-Pafianos, o estudante resume
a experiência. “Quando nós deixamos
nossas casas e nossas famílias em
busca de um "lugar para morar" em
Ouro Preto, não temos nem ideia da
dimensão do que realmente é viver
em uma República como a Pif-Paf.
Desde nossos primeiros dias como
calouros, até o momento da inaugu-
ração do quadrinho, finalizando a gra-
duação, aprendemos a conviver com
outros estudantes de diferentes ori-
gens e culturas, a administrar e gerir
nossa casa, trabalhar em equipe, inclu-
sive em relação aos estudos. Além de
estimular a interação social, a vida na
República faz que nós desenvolvamos
qualidades fundamentais para um
bom profissional como dinamismo,
organização e pro-atividade”, afirma.
Para manter viva a tradição da Repú-
blica, há o projeto Eterno Pif-Pafiano,
no qual os ex-alunos fazem contribui-
ções para a manutenção da infraes-
trutura da casa. “Estamos em um
imóvel histórico que requer cuidados
específicos’, ressalta. Com os fundos
arrecadados, entre 2014 e 2015, con-
seguimos fazer a reforma estrutural
externa e pintura da casa.
REPÚBLICA PIF-PAF COMEMORA 70 ANOS DE ATIVIDADES
56
LEGISLAÇÃO | MEIO AMBIENTE
Considerado o maior
legado da Política
Nacional de Meio
Ambiente (Lei nº
6938/1981), o pro-
cesso de licenciamento ambiental de
empreendimentos de Engenharia pa-
rece estar com os dias contados.
No final de abril, a Comissão de
Constituição e Justiça do Senado
(CCJ) aprovou o projeto de Lei do
senador Romero Jucá (PMDB/RR),
(PLS nº 654/2015), que prevê criação
de regras distintas para o licencia-
mento ambiental de obras de infra-
estrutura como rodovias, hidrovias,
portos, ferrovias, aeroportos e em-
preendimentos de telecomunicação
e energia.
Mas a mudança não para por aí. A
Proposta de Emenda Constitucional
(PEC nº 65/2012), de autoria do se-
nador Acir Gurgacz (PDT/RO), tam-
bém, teve redação apresentada e
aprovada pela mesma comissão.
Com base no artigo 7º, a nova regra
vai alterar completamente a siste-
mática do licenciamento e separar
a atividade econômica da proteção
ambiental. Da forma como está, es-
tabelece que basta apresentar um
Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
pelo empreendedor para que o em-
preendimento seja aprovado e possa
ser levado a diante.
Além de leis específicas, há duas re-
soluções do Conselho Nacional de
Meio Ambiente (Conama) – 001/86
e 237/97 – que tratam do
EIA/RIMA (Estudo de Impacto
Ambiental e do Licenciamento
Ambiental em geral) que dão
suporte ao tema. Elas,tam-
bém, devem ser impacta-
das pela mudança.
Engenheiro eletricista e de segurança
graduado pela Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais (PUC
Minas), ambientalista, sete mandatos
eletivos como vereador, deputado es-
tadual e federal, ex-vice prefeito de
Belo Horizonte, ex-secretário muni-
cipal de Meio Ambiente, ex-presi-
dente da Copasa, Ronaldo Vasconcel-
los Novais afirma que, apesar da
importância dos temas relacionados
à proteção ao meio ambiente e da
visão alarmante de cientistas de todo
o mundo, essa não é uma causa que
Mudanças na Política Nacional de Meio Ambienteestão em cursoLuciana Sampaio
Ronaldo Vasconcellos Novais,
Engenheiro eletricista e de
segurança e ex‑secretário
municipal de Meio Ambiente
57
O processo de licenciamento
ambiental de empreendimentos
de Engenharia parece estar
com os dias contados.
caiu, de forma decisiva, na lista de rei-
vindicações consideradas essenciais
pela sociedade. “As pessoas cobram
saúde, segurança e educação, mas
quase não falam sobre a proteção ao
meio ambiente”, afirma.
Em relação às mudanças propostas
no cenário nacional ele é categórico.
“Depois de 35 anos, a legislação pre-
cisa ser modernizada. Mas isso não
quer dizer que as regras do processo
de licenciamento ambiental sejam
simplificadas ou flexibilizadas para
atender aos interesses econômicos
apenas. “Mas isso não quer dizer que
as regras devem ser facilitadas. Isso
não pode acontecer”, adianta.
No cenário estadual, o clima também
é de mudança. Entre erros e acertos,
o governo de Minas Gerais também
apresentou um projeto para flexibili-
zar o licenciamento ambiental, para
atender a uma antiga reivindicação
dos empreendedores e investidores
imobiliários. Em contrapartida, tam-
bém, enviou uma proposta que “en-
durece” as regras para a construção
de barragens no Estado. Essa última
é uma resposta atrasada ao rompi-
mento da Barragem do Fundão, no
Distrito de Bento Rodrigues, em Ma-
riana (MG), em novembro de 2015.
Na gestão municipal de Belo Hori-
zonte, a situação não é muito dife-
rente. Na Secretaria de Meio
Ambiente o gestor da pasta é adjunto.
Segundo Vasconcellos, a questão do li-
cenciamento ambiental também tem
contornos duvidosos.
“Na prática, basta “passar lá que
está resolvido. Não há respeito às
regras do licenciamento ambiental”,
reafirma.
De herói a vilão, o licenciamento am-
biental tem sido apontado como o
grande culpado pelos atrasos dos
empreendimentos, e pela perda de
competitividade da indústria da
construção civil. De acordo com
Ronaldo Vasconcellos, as falhas e
morosidades do processo podem
ser corrigidas, sem que a legislação
seja flexibilizada ou simplificada.
Para o engenheiro, falta mão de obra
qualificada, principalmente, na área de
projetos. Prova disso é que o mer-
cado do setor tem promovido a sis-
temática separação “do joio e do
trigo”, onde permanecem as empre-
sas realmente qualificadas para a
prestação desse serviço.
CAPACITAÇÃO
É aí que a competência técnica dos engenheiros pode fazer
toda a diferença. Apesar de buscarem novos materiais, pro-
cessos e fontes de energia, os profissionais da área ainda
precisam incluir, de fato, a proteção ao meio ambiente aos
aspectos considerados essenciais para um empreendi-
mento realmente sustentável.
Segundo a bióloga e mestre em Ciências Biológicas pela
UFMG e professora de Gestão Ambiental e Responsabi-
lidade Social para os cursos de Engenharia Civil, Mecâ-
nica e de Produção do IBMEC/MG, Bernadete de Souza
Santos, o momento é de grande perplexidade em relação
à aprovação da PEC 65/2012. “Confesso que fiquei pro-
fundamente surpresa e vi cair por terra a legislação am-
biental brasileira e considero que esse é um flagrante
desrespeito à Constituição, que torna letra morta tudo
o que diz respeito ao meio ambiente.
O desenvolvimento sustentável aplicado aos projetos de
Engenharia é o maior desafio dos profissionais da área. Da
mesma forma, a responsabilidade socioambiental compac-
tuada com o bem-estar das comunidades, também, é um
fator a ser considerado, no dia a dia de trabalho.
“Os engenheiros precisam entender o desenvolvimento
econômico minimizando os impactos ambientais, mas
percebe-se ainda uma certa carência de informações e
um conhecimento ainda insípido sobre meio ambiente
e da legislação ambiental. O Brasil é um País biodiverso,
cada região tem as suas próprias características, logo
precisamos atentar para a legislação ambiental aplicada
em cada situação ou indústria de produção”, pondera.
Projetos de saneamento básico são parte do trabalho
a ser feito, segundo a professora. Da mesma forma, os
investimentos na matriz energética, com incentivo ao
desenvolvimento das fontes alternativas, também,
podem gerar desenvolvimento e melhor qualidade de
vida para a população.
58
LEGISLAÇÃO | MEIO AMBIENTE
Bernadete de Souza Santos, bióloga e mestre em Ciências
Biológicas pela UFMG, professora de Gestão Ambiental e Res‑
ponsabilidade Social para os cursos de Engenharia Civil.
O Brasil é um País biodiverso, cada região tem as suas próprias
características, logo precisamos atentar para a legislação
ambiental aplicada em cada situação ou indústria de produção.
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