Trabalho realizado com o incentivo e fomento da Anhanguera Educacional S.A.
PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS ALIMENTARES EM ACADÊMICOS DE UM CURSO DE NUTRIÇÃO
Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo - 13.278-181
[email protected] [email protected]
Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE Publicação: 09 de março de 2009
Kelly Cristina Campos da Silva Profª. Ms. Flavia Melo Pontieri Curso de Nutrição FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.
Trabalho apresentado no 8º. Congresso Nacional de Iniciação Científica – CONIC – SEMESP em novembro de 2008.
RESUMO
Os transtornos alimentares podem ser definidos como desvios do comportamento alimentar, que levam a alterações excessivas do peso do indivíduo, como obesidade ou emagrecimento. Os principais tipos de transtornos alimentares que envolvem o emagrecimento são anorexia e bulimia nervosas. O aumento da prevalência desses transtornos entre a população jovem, decorrente de modificações na estrutura econômica e social das comunidades, é motivo de preocupação entre os profissionais de saúde. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo verificar a prevalência de transtornos alimentares entre acadêmicos de um curso de Nutrição. Para tanto, foram feitos cálculos de Índice de Massa Corporal e aplicação de questionários de auto-preenchimento (Eating Attitudes Test - EAT, Bulimic Investigatory Test Edinburg - BITE e Body Shape Questionnaire - BSQ). Os resultados obtidos permitiram traçar o perfil de prevalência de transtornos alimentares nessa comunidade e sugerir medidas de correção e prevenção entre os alunos do curso de Nutrição e conscientização da comunidade acadêmica em geral. Palavras-Chave: Transtornos alimentares, Bulimia nervosa, Anorexia nervosa, Nutrição.
ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008
116 Prevalência de transtornos alimentares em acadêmicos de um curso de Nutrição
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 115-127
1. INTRODUÇÃO
Os transtornos alimentares (TA) podem ser definidos como patologias cujas características
mais comuns são: alterações graves no padrão alimentar, distúrbios na percepção corporal
e controle obsessivo do peso (SAIKALI et al., 2004). Apresentam um alto grau de
morbidade (PINZON et al., 2001), e podem resultar em perda ou ganho de peso excessivo.
Os principais TA caracterizados por perda de peso são a anorexia nervosa e a bulimia
nervosa (BOSI; LUIZ; MORGADO, 2006).
A anorexia nervosa (AN) se caracteriza por um medo excessivo de ganhar peso,
mesmo o indivíduo estando em seu peso normal ou abaixo deste (SAIKALI et al., 2004). A
perda de peso nesses casos ocorre de forma intencional e os métodos dietéticos utilizados
são extremamente restritivos e radicais (BOSI; LUIZ; MORGADO, 2008). Não ocorre perda
real do apetite, mas sim uma negação do mesmo (CORDÁS, 2004). De acordo com o
comportamento do indivíduo, a anorexia nervosa pode ser classificada em dois tipos:
restritivo e purgativo (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000).
A bulimia nervosa (BN) é caracterizada por períodos alternados de compulsão
alimentar e utilização de estratégias para eliminar as calorias ingeridas. Essas estratégias
podem variar desde a indução do vômito até o uso de laxantes e excesso de exercícios
físicos (ROMARO; ITOKAZU, 2002).
Os TA são mais prevalentes em mulheres, e pesquisas apontam para um maior
índice em jovens acadêmicas de cursos nos quais a aparência física é importante. Entre
esses cursos os já citados em estudos são o de Nutrição (FIATES; SALLES, 2001) e
Educação Física (BOSI; LUIZ; MORGADO, 2008; PONTIERI; LOPES; EÇA, 2007).
Os estudantes de Nutrição, mesmo conhecendo os princípios da Nutrição e
Dietética, valores e as necessidades de nutrientes, confrontam-se com o fato de o controle
de calorias auto imposto ser bastante rígido, com restrição de alimentos até então
apreciados (DUNKER; PHILIPPI, 2003).
A identificação da presença de TA nessa população de acadêmicos é primordial, uma vez
que serão esses mesmos indivíduos, potencialmente doentes, os profissionais que irão
lidar e tratar de outros doentes. A identificação precoce permite tanto a conscientização
quanto o tratamento do futuro profissional, além de estender esses valores à comunidade
em geral. Além disso, instrumentalizar os professores e demais responsáveis pela
formação dos profissionais para a obtenção de métodos efetivos para a capacitação técnica
destes enquanto estudantes (BOSI; LUIZ; MORGADO, 2006).
Kelly Cristina Campos da Silva, Flavia Melo Pontieri 117
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 115-127
2. OBJETIVO
Objetivo geral:
Verificar a prevalência de transtornos alimentares em acadêmicos de um curso de
Nutrição.
Objetivos específicos:
1) Traçar um perfil nutricional dos alunos do curso de Nutrição a partir do Índice de
Massa Corporal (IMC);
2) Verificar a necessidade de trabalhos de conscientização acerca da imagem corporal e
inserção de disciplinas específicas no curso que permitam a diminuição da prevalência
verificada.
3. METODOLOGIA
Para realização da pesquisa, o projeto foi submetido e aprovado por Comitê de Ética em
Pesquisa em Seres Humanos.
A composição da amostra foi feita a partir da apresentação do projeto de pesquisa
a todos os alunos regularmente matriculados no curso de Nutrição da Instituição. Os que
se dispuseram a participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE). O único critério de exclusão estabelecido foi a recusa do estudante em participar
da pesquisa.
Em momento posterior ao da assinatura do TCLE, os participantes preencheram
quatro instrumentos da pesquisa:
1. Formulário de dados antropométricos – com anotações de peso atual auto inferido, peso máximo, peso mínimo e altura. A partir dos dados de peso atual e altura foi calculado o IMC, para avaliar o estado nutricional do indivíduo. A classificação do IMC foi feita segundo a OMS (2006), de acordo com o exposto na Tabela 1.
2. Questionários de auto-preenchimento validados para verificação da presença de TA. A escolha e utilização dos questionários, em número de 3, seguiram o mesmo procedimento utilizado por Pontieri, Lopes e Eça (2007). Os questionários auto-aplicáveis são fáceis de usar na avaliação de grande número de pessoas. (PENZ; BOSCO; VIEIRA, 2008).
118 Prevalência de transtornos alimentares em acadêmicos de um curso de Nutrição
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 115-127
Tabela 1. Estado nutricional segundo o IMC.
Estado Nutricional IMC (kg/m²)
Magreza Grau III <16,0
Magreza Grau II 16,0 -16,99
Magreza Grau I 17,0 -18,49
Eutrofia 18,50 - 24,99
Pré-Obesidade 25,0 -29,99
Obesidade Grau I 30,0 – 34,99
Obesidade Grau II 35,0 -39,99
Obesidade Grau III ≥40,0 Fonte: OMS, 2006.
A classificação dos participantes segundo os parâmetros apresentados permitirá o
traçado do perfil de prevalência de TA em acadêmicos deste curso de Nutrição. Os
questionários de auto-preenchimento validados para determinação da presença de TA
(PONTIERI; LOPES; EÇA, 2007) apresentam a caracterização a seguir:
EAT-26 (Eating Attitudes Test): Esse questionário foi desenvolvido em 1982
por Garner et al. (CORDÁS; NEVES, 2002, apud PONTIERI, LOPES E EÇA, 2007;
ASSUNÇÃO et al., 2002), e a versão utilizada no estudo foi validada e traduzida no Brasil
por Bighetti em 2003 (CORDÁS; NEVES, 2002, apud PONTIERI; LOPES; EÇA, 2007;
ASSUNÇÃO et al., 2002). É um instrumento auto-aplicativo, que avalia as atitudes e
comportamentos típicos de pacientes com anorexia nervosa. É composto por 26 questões,
onde cada questão é dividida em 3 escalas do tipo Likert com 6 opções de resposta, com
pontuação de 0 (nunca) a 3 (sempre). Se a soma dos pontos for superior a 21 indica
sintomatologia ligada à anorexia nervosa. Se for inferior, indica normalidade (CORDÁS;
NEVES, 2002, apud PONTIERI; LOPES; EÇA, 2007; ASSUNÇÃO et al., 2002).
BITE (Bulimic Investigatory Test Edinburgh): Esse instrumento avalia a
sintomatologia dos pacientes com bulimia nervosa. É um questionário auto-explicativo
composto por 30 itens, cujas respostas “sim” ou “não” são pontuadas. São avaliadas a
escala de sintomas e a escala de gravidade do transtorno. Há alta gravidade com
pontuação maior ou igual a 10 nas questões 06, 07 e 27. Com pontuação entre 9 e 5,
gravidade moderada. Valor 5 indica estado clinicamente comprometido e resultado menor
que 5 não é significativo clinicamente (OLIVEIRA et al., 2003). Para as demais questões,
pontuação maior ou igual a 20 indica presença de comportamento alimentar compulsivo
com grande possibilidade para desenvolvimento de bulimia, entre 19 e 10 o padrão
alimentar é não usual e abaixo de 10 indica normalidade (SOUZA et al., 2002, apud
PONTIERI; LOPES; EÇA, 2007).
Kelly Cristina Campos da Silva, Flavia Melo Pontieri 119
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 115-127
BSQ (Body Shape Questionnaire): Esse instrumento foi desenvolvido em
1987 por Cooper et al. (FREITAS; GORENSTEIN; APPOLINARIO, 2002). Seu objetivo é
avaliar a preocupação do paciente com seu peso e sua forma corporal, traduzidos pela
sensação de “sentir-se gordo” (FREITAS; GORENSTEIN; APPOLINARIO, 2002). A versão
utilizada na pesquisa foi traduzida por Cordás e Castilho em 1994 (apud PONTIERI;
LOPES; EÇA, 2007). Nela existem 34 itens, cada um com 6 possibilidades de resposta, de 1
(nunca) a 6 (sempre). Se na soma dos pontos o valor for menor que 70, é indicativo de
normalidade. Entre 70 e 90, indica distorção leve da imagem corporal. Entre 90 e 110
distorção moderada da imagem corporal, e maior que 110 pontos distorção grave da
imagem corporal (ASSUNÇÃO et al., 2002).
4. DESENVOLVIMENTO
Os transtornos alimentares são definidos como “desvios do comportamento alimentar que
podem levar ao emagrecimento extremo, também conhecido por caquexia, ou à obesidade,
entre outros problemas físicos e mentais” (MAGALHÃES; MENDONÇA, 2005).
Os TA são mais freqüentes em indivíduos do sexo feminino, independente de
condições sociais e de escolaridade (FIATES; SALLES, 2001). Sua ocorrência em homens é
baixa, tendo sido observada em homossexuais. Mesmo ocorrendo em indivíduos de
gêneros distintos, existe similaridade tanto na resposta ao tratamento como nos aspectos
clínicos (MELIN; ARAÚJO, 2002).
O aumento da prevalência de TA está diretamente ligado a questões econômicas,
sociais e culturais da modernidade, em especial no ocidente, onde se vive a crença,
amplamente divulgada pela mídia, de que “o belo deve ser magro” (CORDÁS;
CLAUDINO, 2002).
Pesquisas também apontam para uma maior prevalência de TA em jovens
universitárias cujos cursos exijam mais da aparência física, um exemplo é o curso de
Nutrição (FIATES; SALLES, 2001; OLIVEIRA et al., 2003; PONTIERI; LOPES; EÇA, 2007).
Os principais tipos de TA ligados ao emagrecimento são a anorexia nervosa (AN) e a
bulimia nervosa (BN) (MAGALHÃES; MENDONÇA, 2005). Os dois transtornos
apresentam alguns sintomas em comum, como a preocupação excessiva com o peso e o
medo patológico de engordar, e percepção alterada da imagem corporal
(SCHEBENDACH; REICHERT, 2005). Essa similaridade diferencia os TA de outros
padrões comportamentais relacionados à ingestão de alimentos, e sua presença altera a
120 Prevalência de transtornos alimentares em acadêmicos de um curso de Nutrição
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 115-127
composição corporal de forma prejudicial ao organismo (MORGAN; VECCHIATTE;
NEGRÃO, 2002).
4.1. Anorexia Nervosa
De acordo com Cordás et al. (1999, apud PONTIERI; LOPES; EÇA, 2007), o indivíduo com
anorexia nervosa tem alguns traços característicos de personalidade, tais como
preocupação e cautela excessivas, medo de mudanças, sensibilidade exacerbada e gosto
pela ordem.
São sintomas comuns da AN o medo de ganhar peso, mantendo-o sempre abaixo
do peso normal, dietas severas e restrições alimentares, distorção da imagem corporal,
sentindo-se gordo(a) mesmo estando magro(a), perda de peso em períodos curtos de
tempo, amenorréia, sentimento de culpa quando algum alimento é ingerido, excesso de
exercícios físicos, hipersensibilidade ao frio, irritabilidade, entre outros (OLIVEIRA et al.,
2003; CLAUDINO; BORGES, 2002). Homens com anorexia podem desenvolver aparência
feminina (MELIN; ARAÚJO, 2002).
Na AN restritiva o paciente utiliza-se de dietas, jejuns e exercícios para perda de
peso (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000). Na AN purgativa, o paciente tendo ou não
episódios de ingestão compulsiva, faz purgações, como auto-indução de vômito, uso de
laxantes e diuréticos de forma irregular (CORDÁS; CASTILHO, 1994, apud
APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000).
Segundo Baptista (2005, apud PONTIERI; LOPES; EÇA, 2007), as conseqüências da AN
podem ser divididas em cardiovasculares, dermatológicas, digestivas e neuroendócrinas.
4.2. Bulimia Nervosa
A BN tem como principal sintoma a compulsão alimentar, estado em que o indivíduo
alterna a ingestão exagerada de alimentos com estratégias para eliminação das calorias
ingeridas. Essas estratégias podem ser: uso de laxantes, diuréticos e auto-indução de
vômitos (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000; ROMARO; ITOKAZU, 2002).
Segundo Schebendack e Reichert (2005), algumas características psicológicas dos
indivíduos com BN são: impulsividade, desorganização, fácil desmotivação, tendência a
modismos e extroversão. Romaro e Itokazu (2002) também citam baixa auto estima, nível
elevado de ansiedade e baixo limiar à frustração. Além disso, são sujeitos à percepção da
imagem corporal alterada, medo de ganhar peso e insatisfação com o próprio corpo
(ASSUNÇÃO et al., 2002; ROMARO; ITOKAZU, 2002).
Kelly Cristina Campos da Silva, Flavia Melo Pontieri 121
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 115-127
De acordo com Baptista (2005, apud PONTIERI; LOPES; EÇA, 2007), as
conseqüências da BN podem ser divididas em cardiovasculares, digestivas,
neuroendócrinas, pulmonares, físicas.
Em se tratando de transtornos com conseqüências tão graves, e do pequeno
número de pesquisas publicadas no Brasil, já citadas na introdução deste trabalho
(CORDÁS, 2001), faz-se necessário que pesquisas acerca da prevalência de TA sejam feitas.
Através da aplicação de questionários auto-explicativos e auto-preenchíveis, o EAT, o
BITE e o BSQ, foi possível determinar se acadêmicos de um curso de Nutrição apresentam
alto índice de prevalência para transtornos alimentares. Mais que isso, se os fatores de
risco para o desenvolvimento de tais transtornos existem. Os questionários possuem
sistema de pontuação própria, que foram analisados a partir da metodologia selecionada.
5. RESULTADOS
A amostra foi composta por 155 alunos regularmente matriculados no curso de Nutrição.
Esse número corresponde a 45% do total de alunos matriculados no curso. Desses 155, 147
são do sexo feminino e 08 são do sexo masculino. Foram obtidos os seguintes resultados
após compilação dos dados:
5.1. IMC
Pode-se observar na Figura 1 a comparação entre os resultados obtidos pelo IMC. Ela
mostra 12,5% de Magreza Grau II nos homens (1 homem) e 8% nas mulheres (12
mulheres); 0 de Magreza Grau I nos homens e 17% nas mulheres (25 mulheres); 75% de
Eutrofia nos homens (6 homens) e 64% nas mulheres (94 mulheres); 12,5% de Pré-
Obesidade nos homens (1 homem) e 10% nas mulheres (14 mulheres); 0 de Obesidade
Grau I nos homens e 1% de Obesidade Grau I nas mulheres (2 mulheres). Nenhum
indivíduo com Obesidade dos Graus II e III ou Magreza grau III.
122 Prevalência de transtornos alimentares em acadêmicos de um curso de Nutrição
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 115-127
Figura 1. Resultados IMC comparação entre homens e mulheres.
5.2. EAT
Mediante gráfico (Figura 2), pode-se observar quanto ao EAT: 25% de Sintomatologia
ligada a Anorexia Nervosa nos homens (2 homens) e 29% nas mulheres (43 mulheres); 75%
de Normalidade presente em homens (6 homens) e 71% nas mulheres (104 mulheres).
Figura 2. Resultados EAT comparação entre homens e mulheres.
Magreza Grau
III %
Magreza Grau
II% Magreza Grau
I%
Eutrofia%
Pré‐Obesi‐
dade%
Obesidade
Grau I%
Obesidade
Grau II%
Obesidade
Grau III%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
55%
60%
65%
70%
75%
INDÍCE DE MASSA CORPORAL
Homens Mulheres
Sintomalogia ligada a Anorexia Nervosa
Normalidade
0%
5%10%
15%20%
25%30%
35%
40%45%
50%55%
60%65%
70%
75%
ANOREXIA NERVOSA
Homens
Mulheres
Kelly Cristina Campos da Silva, Flavia Melo Pontieri 123
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 115-127
5.3. BITE – Escala de Sintomas
Mediante gráfico (Figura 3), pode-se observar quanto ao BITE, escala de sintomas: 2% de
Comportamento alimentar compulsivo nas mulheres ( 3 mulheres); 12% de Padrão
alimentar não usual nos homens ( 1 homem) e 27% nas mulheres ( 40 mulheres); 88% de
Normalidade nos homens (7 homens) e 71% nas mulheres (104 mulheres).
Figura 3. Resultados BITE comparação entre homens e mulheres.
5.4. BITE – Gravidade dos Sintomas
Mediante gráfico (Figura 4), pode-se observar quanto ao BITE, gravidade dos sintomas: 3%
de Alto Grau de Gravidade nas mulheres (4 mulheres); 12% de gravidade moderada nas
mulheres (17 mulheres); 12% de Estado Clínico Comprometido nos homens (1 homem) e
18% nas mulheres (27 mulheres); 88% de Resultado Clinicamente não significativo nos
homens (7 homens) e 67% nas mulheres (99 mulheres).
Comportamento alimentar
compulsivo
Padrão alimentar não usual
Normalidade
0%
5%
10%15%
20%25%
30%
35%
40%
45%50%
55%
60%
65%
70%75%
80%85%
90%
BULIMIA NERVOSA ‐ ESCALA DE SINTOMAS
Homens
Mulheres
124 Prevalência de transtornos alimentares em acadêmicos de um curso de Nutrição
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 115-127
Figura 4. Resultados BITE comparação entre homens e mulheres.
5.5. BSQ
Mediante gráfico (Figura 5), pode-se observar quanto ao BSQ: 100% de Normalidade nos
homens (8 homens) e 50% nas mulheres (74 mulheres); 13% de Distorção leve da Imagem
Corporal nas mulheres (19 mulheres); 17% de Distorção Moderada nas mulheres (25
mulheres); 20% de Grave distorção da Imagem Corporal nas mulheres (29 mulheres).
Figura 5. Resultados EAT comparação entre homens e mulheres.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise dos dados coletados permite afirmar que os TA estão presentes no curso de
Nutrição estudado, com características variáveis para o desenvolvimento de anorexia e
bulimia nervosas.
Alto Grau Gravidade
Moderado
Estado Clinico Comprome‐
tido Re
sultado Clinicamente não
significativo
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
BULIMIA NERVOSA ‐ GRAVIDADE SINTOMAS
Homens Mulheres
Normalidade
Distorção Leve da
Imagem
Corporal
Distorção Moderada
Grave Distorção da
Imagem
Corporal
0%5%10%15%20%25%30%35%40%45%50%55%60%65%70%75%80%85%90%95%
100%
BSQ ‐ SENSAÇÃO DE "SENTIR‐SE GORDO"
Homens
Mulheres
Kelly Cristina Campos da Silva, Flavia Melo Pontieri 125
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 115-127
Há que se considerar que a população estudada compreende alunos de diversas
séries do curso de Nutrição, portanto alguns ainda não possuem conhecimento técnico
suficiente que os permitam avaliar seu próprio estado nutricional e as conseqüências que
os transtornos alimentares podem provocar nas suas vidas.
Os resultados dessa pesquisa estão em concordância com alguns estudos já
citados, tais como Pontieri, Lopes e Eça (2007), que encontraram fatores de risco para o
desenvolvimento de TA em acadêmicos de um curso de Educação Física, de acordo com os
instrumentos BSQ, EAT e BITE.
Fiates e Salles (2001), em sua pesquisa em acadêmicos de um curso de Nutrição
seus resultados apresentaram classificações no EAT (+) ou Sintomatologia ligada a AN,
nas mulheres de 25,43%. A mesma pesquisa realizada por Fiates e Salles (2001) obteve
como valor de EAT (+) ou Sintomatologia ligada a AN, 14% em estudantes de outros
cursos, onde se faz uma comparação e o curso de nutrição se destaca pela maior presença
de TA.
Souza et al. (2002), encontraram, em estudo realizado em alunas de um curso de
Medicina, EAT (+) ou Sintomatologia ligada a AN, em 32,1% da amostra pesquisada, e
para o BITE 3,5% da amostra com Comportamento Alimentar Compulsivo na escala de
sintomas, além de 2% das alunas com Alto Grau de Gravidade na escala de gravidade.
Em relação ao BITE – Escala de Sintomas, Bosi; Luiz e Morgado (2006)
apresentam em seus resultados de sintomas comportamento alimentar compulsivo nas
mulheres 5,7%. Ele mostrou 27% de padrão alimentar não usual nas mulheres e 12% nos
homens. Estes resultados mostram que os sintomas estão mais presentes nas mulheres.
Com relação à gravidade de sintomas do BITE, os resultados mostram Alto Grau de
Gravidade em 3,2% das mulheres, reforçando o fato de que a gravidade dos sintomas que
aparecem estão mais presentes nas mulheres.
A partir desses dados fica evidenciado que os acadêmicos do curso de Nutrição estudado
apresentam perfil de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares. Sugere-se
que tanto um trabalho de conscientização como a inclusão de atividades que esclareçam a
presença e as consequências dos TA sejam feitas o quanto antes.
PARECER DE APROVAÇÃO DE COMITÊ
Pesquisa autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Anhanguera
Educacional S/A – CEP/AESA - em 16/04/2008 por meio do parecer: 36/2008.
126 Prevalência de transtornos alimentares em acadêmicos de um curso de Nutrição
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 115-127
REFERÊNCIAS APPOLINÁRIO, J.C; CLAUDINO, A.M. Transtornos alimentares. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 22, n. 3, , 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000600008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008 ASSUNÇÃO, S.S.M. et al. Dismorfia muscular. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 24, n. 3, p. 80-84, 2002. BOSI, M. L. M.; LUIZ, R. R.; MORGADO, C. M. C. Autopercepção da imagem corporal entre estudantes de nutrição no Rio de Janeiro. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 55, n. 2, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852006000200003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008. ______. Comportamento alimentar e imagem corporal entre estudantes de educação física. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 57,2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852008000100006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008. CLAUDINO, A. M.; BORGES, M. B. F. Critérios diagnósticos para os transtornos alimentares: conceitos em evolução. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v.24, n. 3, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462002000700003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008. CORDÁS, T.A. Transtornos alimentares em discussão. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 23, n. 4, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151644462001000400003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008. ______. Transtornos alimentares: classificação e diagnóstico. Revista Brasileira de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v.31, n.4, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832004000400003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008. CORDÁS, T.A.; CLAUDINO, A.M. Transtornos alimentares: fundamentos históricos. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 24. n. 3, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462002000700002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008. DUNKER, K. L. L.; PHILIPPI, S. T. Hábitos e comportamentos alimentares de adolescentes com sintomas de anorexia nervosa. Revista de Nutrição, Campinas, v.16, n.1, p.51-60, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732003000100006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008. FIATES, G. M. R.; SALLES, R. K. Fatores de risco para o desenvolvimento de distúrbios alimentares: um estudo em universitárias. Revista de Nutrição, Campinas, v.14, p. 3-6, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732001000400001&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008. FREITAS, S.; GORENSTEIN, C.; APPOLINARIO, J. C. Instrumentos para avaliação dos transtornos alimentares. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v.24, n. 3, p.34-38, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462002000700008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008. MAGALHÃES, V. M.; MENDONÇA, G. A. S. Transtornos alimentares em universitárias: estudo de confiabilidade da versão brasileira de questionários autopreenchíveis. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v.8, n.3, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-790X2005000300005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008. MELIN, P.; ARAÚJO, A. M. Transtornos alimentares em homens: um desafio diagnóstico. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v.24, n. 3, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462002000700016&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008.
Kelly Cristina Campos da Silva, Flavia Melo Pontieri 127
Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 115-127
MORGAN, C. M.; VECCHIATTE, I. C.; NEGRÃO, A. B. Etiologia dos transtornos alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v.24, n.3, p.18-23, 2002. OLIVEIRA, F. P. et al. Comportamento alimentar e imagem corporal em atletas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v.9, n.6, p. 348-356, 2003. OMS 2006. Obesidad y sobrepeso. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/es/>. Acesso em: 04 jul. 2008. PENZ, L. R; BOSCO, S. M. D; VIEIRA; J. M.; Risco para desenvolvimento de transtornos alimentares em estudantes de Nutrição. Revista Scientia Médica, Porto Alegre, v. 18, n. 3, p. 124-128, jul./set. 2008. PINZON, V. et al. Peculiaridades do tratamento da anorexia e da bulimia nervosa na adolescência: experiência do PROTAD. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v.31, n.4, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832004000400007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008. PONTIERI, F. M.; LOPES, P. F.; EÇA, V. B. Avaliação da presença de fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares em acadêmicos de um curso de Educação Física. Revista de Ciências Biológicas e Saúde, Valinhos, v. 2, n. 2, 2007. ROMARO, R. A.; ITOKAZU, F.M. Bulimia Nervosa: Revisão de Literatura. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 15, n. 2, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722002000200017&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008. SAIKALI, C. J; et al. Imagem corporal nos transtornos alimentares. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 31, n. 4, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832004000400006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 jul. 2008. SCHEBENDACH, J. E; REICHERT. P. Nutrição nos Distúrbios Alimentares. In: MAHAN, K.; SCOTT- ESTUMP, L. Krause: Alimentos Nutrição e Dietoterapia. 11 ed. São Paulo: Roca, 2005. p.560–580. SOUZA, F.G.M. et al. Anorexia e bulimia nervosa em alunas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará – UFC. Revista de Psicologia Clínica, São Paulo, v. 29, n. 4, p.172-180, 2002.
Top Related