Relatório de atividade prática em Psicologia Hospitalar: visita ao Pronto Socorro da Criança (PSC) Zona Sul.
Manaus/AM
2013
OTÁVIO FERREIRA LIMA NETO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE PSICOLOGIA
CURSO DE PSICOLOGIA
Relatório de atividade prática em Psicologia Hospitalar: visita ao Pronto Socorro da Criança (PSC) Zona Sul.
Relatório de atividade prática apresentado à disciplina FEP180 Psicologia Hospitalar I do Curso de Psicologia da Universidade Federal do Amazonas como requisito parcial à obtenção de créditos.
Orientador: Profª. Drª. Nazaré Maria de Albuquerque Hayasida
Manaus/AM
2013
SUMARIO
1. Dados de identificação do Local
2. Diagnóstico (impressão) institucional2.1 – Histórico resumido2.2 – Espaço físico (salas, setores, etc.)2.3 – Profissionais/Equipe técnica (formação dos profissionais)2.4 – Serviços oferecidos aos usuários2.5 – Condição socioeconômica dos usuários2.6 – Projeto Político do local 2.7
3. Atividades da escuta clínica:3.1- Anamnese com o paciente/cliente/ familiar3.1 - Anexos (organograma, etc.)3.2 - Referências
1. Identificação do Local
Nome: Pronto Socorro Infantil Zona Sul
Nome Empresarial: Pronto Socorro Infantil Zona Sul
CNES: 2012472
CNPJ: 00697295004780
Personalidade: Juridica
Logadouro: Av. Codajás nº 26
Tipo Unidade: Pronto Socorro especializado
Esfera Administrativa: Estadual
Gestão: Estadual
Natureza da Organização: Administração direta da saúde (MS, SES, SMS)
Dependencia: Mantida
2. Profissionais SUS
Médicos: 20
Outros: 357
3. Atendimento Prestado
3.1. Tipos de Atendimento/Convênio
Ambulatorial: SUS
Internação: SUS
SADT: SUS
Urgência: SUS
3.2. Fluxo de Clientela: Atendimento de demanda espontânea e referenciada.
4. Histórico da Instituição
A estrutura conhecia atualmente como Pronto Socorro da Criança – Zona Sul foi construída em 1983, na cidade de Manaus, estado do Amazonas. Em 25 de janeiro de 1985 os segurados do Instituto Médico e Previdência Social (INAMPS) receberam uma Unidade de Saúde denominada Pronto Socorro do INAMPS, anexa ao Posto de Assistência Médica (PAM), na Avenida Codajás, 26 bairro da Cachoeirinha, Zona Sul de Manaus.
Somente em agosto de 1990 é que o Pronto Socorro do Inamps passou a chamar-
se Pronto socorro da Criança (PSC), visando substituir o Pronto Socorro Infantil Dr.
Fajardo, o qual ficou apenas com os atendimentos ambulatorial e hospitalar. Os
serviços de urgência e emergência ficaram sob a responsabilidade do PSC – Zona
Sul, que foi inaugurado recebendo a mesma estrutura física do Pronto Socorro do
INAMPS.
5. Missão da instituição
Promover assistência interdisciplinar em urgência e emergência;
Orientar princípios éticos e valores humanos;
Promover bem está a saúde e o bem estar da criança;
Contribuir para o desenvolvimento do ensino e pesquisa nas ciências da saúde;
6. Estrutura física
Sala de Espera: recepção, ouvidoria, sala de brinquedos, banheiros, fraudário Ambulatório: Sala de triagem, cinco consultórios clínicos, sala de psicologia,
sala de serviço social, sala de inalação, vigilância epidemiológica, sala de reidratação, sala de radiografia, leitos de observação, passagem para o PAM (em casos de eletroencefalograma), altar
Enfermaria:- Lua: crianças de 15 anos- Primavera: 4 leitos – Isolamento para doenças infectocontagiosas- Aquario: 6 leitos – 5 a 6 anos- Vitória-régia: 6 leitos- Arco-iris: especifica para queimados – 5 leitos- Sol: semi-intensiva- Verão: 5 leitos- Girassol: pediatria, cirurgia, ortopedia – 6 leitos- Posto de enfermagem
- Complexo Encontro das Aguas: enfermaria Rio Solimões (Pediatria – 6 leitos), enfermaria Rio Negro (pediatria – 5 leitos), Sala de vacinação
UTI Sorriso: 10 leitos UTI Vitoria: 10 leitos Espaço de observação: posto de enfermagem, sala de ortopedia, sala de sutura,
sala de vacinação.
7. EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
Pediatras;
Enfermeiros;
Especialistas em urgências e emergências;
Ortopedistas;
Cirurgiões;
Anestenologistas;
Intensivistas;
Fisioterapeutas;
Psicologa
ATIVIDADES DA ESCUTA CLINICA.
Caso Clinico
Ducicleia de Jesus Alcantara, 27 anos, católica, genitora de Poliana de 9 anos, internada no Pronto Socorro, que tem como diagnóstico uma neuropatia conhecida como distrofia.
Ela afirma morar numa casa de dois andares do seu sogro em que divididos em quatro casas moram ela, seu esposo Pedro Pereira, 27 anos, servente, que estudou até a quinta serie do ensino fundamental e seu filho caçula Diogo; em outra casa mora a ex-esposa de outro irmão do seu marido com quem reveza o acompanhamento de Poliana no hospital; essa cunhada mora com seu filho Andrei de 6 anos de idade. Em outro espaço mora seu outro cunhado Mario com companheira e por ultimo em outra casa reside o sogro da entrevistada de “sessenta e poucos” (sic) anos. A mãe da entrevistada mora perto da residência. Ela não conheceu seu pai biológico. Ela relata que vive a 17 anos com Pedro e tem uma relação estável. O relacionamento com os filhos é bem próximo, segundo ela, os quatro, pai, mãe, caçula e Poliana são muito próximos e tem muito carinho um pelo outro.
A gravidez de Poliana, segundo relato da genitora, foi normal, a criança era desejada e quem escolheu o nome foi o pai. Foi feito pré-natal e com isso aos cinco meses soube que esperava uma menina. Não teve acidentes e aos nove meses de gestação teve parto normal em uma maternidade. Houve demora no choro da criança. Não sugava o peito. Poliana teria nascido com os “pés viradinhos”(sic) e fez teste do pezinho. Aos sete ou oito meses “não era durinha”. Desde então a criança apresenta os sintomas de neuropatia, mas a familia nunca conseguiu marcar consulta com neurologista, só conseguiram com a internação dela no Pronto-socorro.
A criança está em seu sétimo dia de internação, não toma medicação atualmente, há preocupação maior em que ganhe peso. As atividades dela são desenhar, escrever e
quando dá jogar vídeo-game. Poliana recebe muitas visitas, tem muitos amigos. A mãe reveza os cuidados: durante a semana fica no hospital e no sábado e domingo troca com sua cunhada que fica na enfermaria e vai cuidar do caçula em casa. Pedro, o marido, vem do trabalho para o hospital durante a semana.
Durante a internação de Poliana, a mãe relata que nunca lhe dissera quais as causa da doença de Poliana, “eles não falam nada demais, só a parte de nutrição”(sic). Quanto ao coração acelerado eles afirmam ser uma espécie de “sopro no coração”. A mãe encerra o relato dizendo que a criança “quer ir embora para casa”(sic) e que ela, a mãe, também quer ir embora para casa com sua filha.
Impressões Diagnósticas
A genitora aparenta ser muito estável emocionalmente, pois durante toda a entrevista em apenas duas ocasiões chorou principalmente quando foi perguntado como ela se sentia quanto à situação de saúde de sua filha. Mas ao mesmo tempo percebia-se muita tristeza, mas nenhum sinal de raiva ou revolta.
Do relato da paciente percebe-se certa negligencia para com a saúde da criança, não explicito se por falta de informação, por falta de interesse ou se é resultado de algum processo depressivo que a genitora esteja desenvolvendo. A criança segundo o relato esta reagindo bem à internação, não há sinais de episodio depressivo. Sua mente é lívida, é inteligente e muito ativa. Tem uma rede amigos muito consistente o que resulta como estimulo maior para sua recuperação.
O foco de intervenção deve ser a família da criança, pois há falta de esclarecimentos maiores sobre as reais condições da menina, tanto quanto à neuropatia, quanto ao problema cardíaco que ela apresenta e sobre outras necessidades no modo de vida dela como especial.
IMPRESSÕES QUANTO À INSTITUIÇÃO E OS SERVIÇOS
Instituição
O Pronto-Socorro da Criança nos dias em que fui mostrou-se ter uma demanda muito grande, pois por voltas das nove horas da manhã a sala de espera sempre estava lotada e havia os mais diferentes casos.
Do que se percebe a ação da instituição está voltado para a prevenção secundaria e terciária; quanto a prevenção primaria só vi a sala de vacinação. Porém há grande deficiência na promoção de saúde devido à falta de psicólogos e de pedagogos para o desenvolvimento de programas de educação para saúde e para prevenção de doenças e acidentes, o que é muito necessário já que grande parte do publico que é atendido é de pessoas sem formação e de baixa renda e há muitos casos vindos do interior, em que a desinformação é o maior mal.
Achei interessante haver uma sala de brinquedos na sala de espera, mas infelizmente durante minha permanência das dependências da instituição não a vi ser utilizada. Mas houve um trabalho interessante da psicóloga que cuida da Ouvidoria, cujo nome infelizmente não me lembro o nome, em que a mesma distribuía desenhos e lápis de cor para as crianças.
Quanto a cirurgias, a demanda é grande, pois os casos são muito delicados por serem crianças os pacientes. Mas o atendimento é imediato em casos de urgência.
A instituição está a meu ver atendendo bem à sua demanda, mas sendo Pronto-Socorro e pela falta de profissionais na área de psicologia há grande ansiedade no publico, pois muitos não tendo informação, não sabem como reagir à doença dos filhos, chegando a casos de quase violência nas dependências do local.
Atendimento psicológico
A psicóloga, sendo sozinha em sua função, tem um trabalho muito extenso e por vezes ingrato, pois não há equipe suficiente para cobrir todas as áreas do hospital e todos os focos de atendimento em saúde que sua profissão lhe exige.
Por conta disso, não há foco em trabalhos voltados à sala de espera. O foc está voltado para o acompanhamento, prevenção secundaria e terciaria e para a promoção de saúde nas enfermarias e na UTI.
Segundo relato da psicóloga, há demandas que fogem de sua responsabilidade como profissional em psicologia, nas quais tem dificuldade de resolver e atender por conta do grande volume de casos que tem em seu expediente: falhas no serviço social, casos de abuso, casos de negligencia.
Dos pacientes e sua reação à intervenção psicologia e ao estado de doença
O publico que vem ao Pronto-socorro, segundo relato, se mostra bem receptível às informações que lhes são repassadas. Do que percebi as crianças por serem ativas, tem uma grande resiliencia quanto aos aspectos de sua doença e internação.
Mas mesmo com isso ainda há aflição por conta de não haver informações mais claras quanto à evolução do quadro de saúde do paciente, papel esse muitas vezes designado à psicóloga, o de clarear as informações técnicas dos médicos.
Sugestões de melhorias
1. Aumento do quadro de funcionários em saúde tais como psicólogos, pedagogos, psicopedagogos.
2. Capacitação dos profissionais de saúde para melhoria no atendimento ao publico que vem ao Pronto-Socorro e para o trabalho multiprofissional na instiruição
3. Criação de projeto de clinica psicológica do trabalho, focando-se nos enfermeiros e nos médicos.
4. Melhoria no sistema de som da sala de espera5. Criação de projetos em ludoterapia para com as crianças das enfermarias,
ambulatório e sala de espera.6. Criação de programas semanais de promoção de saúde aos pais do pacientes
das enfermarias.
REFERENCIAS
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ANEXOS
1. Fotos do primeiro dia de visitação
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