Escola Secundaria José Afonso, Loures – Psicologia B
2011/2012
Índice
Índice....................................................................................................1
Introdução............................................................................................2
Marketing e Publicidade.......................................................................3
A importância da psicologia no Marketing e Publicidade......................6
A psicologia na manipulação do consumidor......................................13
Estudos de mercado, como são feitos?...........................................13
Mensagens subliminares e o poder de indução...............................14
Estratégias que afetam o comportamento das pessoas..................15
Visão profissional................................................................................16
Conclusão...........................................................................................18
Webgrafia...........................................................................................19
Bibliografia.........................................................................................19
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Introdução
Este trabalho surge no âmbito da disciplina de Psicologia, lecionada
no 12º ano, da área de Línguas e Humanidades. O tema deste
trabalho é a Psicologia no Marketing e Publicidade.
O objetivo deste trabalho é dar a conhecer um pouco mais sobre a
relação e a influência que a Psicologia tem na manipulação do
consumidor para o levar a adquirir um determinado tipo de produto
ou serviço.
Iremos começar por dar uma definição de Marketing e Publicidade, de
seguida iremos falar sobre a importância que a Psicologia tem nessas
mesmas técnicas de promoção de produtos/serviços e por fim iremos
explicar como a psicologia ajuda na manipulação do consumidor
(mensagens subliminares, cores, o poder de indução, os tipos de
estudos de mercado que são feitos e uma visão profissional [estudo
de um psicólogo])
Com este trabalho pretendemos, não só, aprofundar os nossos
conhecimentos acerca deste tema mas também, posteriormente com
a apresentação oral, os conhecimentos dos nossos colegas.
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Marketing e Publicidade
O marketing é definido como um conjunto de técnicas utilizadas para
fins de comercialização e distribuição de um determinado produto
entre vários consumidores, com o objetivo de satisfazer os seus
desejos, exigências e necessidades. Este processo inclui a
planificação, a organização, a direção e o controlo de decisões sobre
as linhas de produtos, os preços, a promoção e os serviços de pós-
venda. Uma linha de produtos é quando os bens apresentam igual
aparência, mas diferem em tamanho, preço e qualidade. Para que se
consiga desenvolvê-la, é necessário analisar o comportamento dos
consumidores, assim como a mudança dos costumes e o estilo de
vida, que têm uma influência direta sobre as vendas de produtos. Os
custos da produção e a concorrência são os principais determinantes
do preço. Não é rentável vender um produto a um preço inferior do
seu custo de produção, mas é impossível fazê-lo a um preço muito
superior aos bens idênticos. A publicidade, a venda direta e
a promoção de vendas são os principais métodos utilizados para
aumentar a venda de um artigo. A publicidade tem como objetivo
promover o produto e convencer os consumidores a comprá-lo,
mesmo antes de tê-lo visto ou provado. Por outro lado, a promoção
de vendas visa complementar e coordenar a publicidade com a venda
direta, incluindo algumas atividades da área da comercialização. Os
diferentes meios de distribuição, como a venda pelo correio, pela
televisão, ou ao domicílio, é um dos aspetos mais relevantes do
marketing. Os serviços são outros tipos de bens que utilizam também
o marketing para aumentar suas vendas. A pesquisa de mercado
engloba desde o estudo pormenorizado do mesmo até à elaboração
de estatísticas para a análise das tendências no consumo, previsão da
quantidade de produtos e localização dos mercados mais rentáveis
para esse fim. Os profissionais de marketing precisam de ter em
conta alguns fatores na hora de elaborar o plano: a contínua mudança
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nos interesses dos consumidores; o segmento ao qual se dirige, visto
que exige uma análise séria e uma extensa planificação; a
concorrência, que aumenta à medida que se intensifica o número de
empresas que fabricam um mesmo produto; os movimentos em
defesa do consumidor, que analisam a qualidade dos bens e serviços,
recomendando apenas os melhores; por fim, a preocupação com o
meio ambiente, que pode por vezes afetar também o desenho do
produto e as técnicas de marketing. Muitos consumidores consideram
mais interessante alugar ou arrendar certos produtos antes de
comprá-los, o chamado leasing, onde é também comum a utilização
do crédito: em que os consumidores que possuem cartões de crédito
podem comprar sem a necessidade de pagamento em espécie, o que
facilita as vendas. A imagem que transmite de si mesma ao público é
um fator determinante para o êxito de uma empresa.
Como definição do conceito de publicidade, pode-se caracterizar
como o ato ou o efeito de promover um determinado tipo de produto
ou produtos, levando o consumidor a querer adquiri-lo. Pode também
ser definida como a arte de convencer, persuadir ou seduzir. É um
processo de comunicação que espalha a informação através de vários
meios, como a televisão, a rádio, a internet, e a imprensa escrita
(jornais e revistas).
A publicidade tem um processo comunicativo, ou seja informa sobre
os produtos e/ou serviços disponíveis, dando a conhecer diferentes
tipos de um produto idêntico para que o consumidor escolha o que
melhor se lhe adapta. Incentiva também a concorrência e reduz os
preços, visto que quanto mais as pessoas conhecerem o que é
publicitado, maior será o número de potenciais compradores e por
consequência quanto mais vendido for o produto, menor será o preço
a cobrar.
A publicidade, por outro lado pode manipular os consumidores,
levando-os a adquirir produtos ou serviços, estimulando o seu
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consumo exagerado, podendo funcionar assim como um incentivo ao
endividamento excessivo.
Existem diversas restrições à publicidade em termos legislativos. A
publicidade que é dirigida menores de idade, deve ter em conta a
vulnerabilidade psicológica das crianças e jovens, não podendo então,
levar os mesmos a adquirir um produto/serviço, que possa pôr em
perigo a saúde e segurança do consumidor. Como exemplo disso
temos os produtos alimentares, muito publicitados na televisão
durante a programação juvenil, que são excessivamente ricos em
gordura e açúcares, e com isso também pouco recomendáveis numa
dieta alimentar saudável, assim como as bebidas alcoólicas, ainda
que sejam proibidos os anúncios dirigidos a jovens menores de idade.
Este tipo de publicidade tem uma divulgação proibida entre as 7h e
as 21.30 horas. No caso do tabaco e/ou medicamentos sujeitos a
receita médica, não podem ser publicitados em qualquer suporte.
Como conclusão, a publicidade deve obedecer às restrições impostas
pela lei e está regulamentada. Os organismos de defesa do
consumidor, fiscalizam e controlam a atividade publicitária,
garantindo assim a informação para que se consiga resistir às
armadilhas da publicidade.
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A importância da psicologia no Marketing e
Publicidade
A psicologia está relacionada especificamente com o marketing, na
medida em que este se volta para a compreensão do comportamento
do consumidor.
Mason (1998) lancou a proposta em que defende o nascimento do
marketing como disciplina a partir da sua separação da economia, ou
também a proposta por Lagneau (sociólogo francês - 1981), que
vincula o nascimento do marketing ao advertising (publicidade), onde
a psicologia desempenha um papel central.
A importância da aplicação da psicologia no marketing fica explícita
nas palavras de um dos seus pioneiros – Shaw (1912 apud DAWSON,
2005, p. 64) –, que citou:
“Somente nos anos recentes, quando o desenvolvimento da produção
(potencialmente superior ao mercado disponível) tem vindo a mudar
o ênfase para a distribuição, tem o homem de negócios [...] tornando-
se um pioneiro na fronteira dos desejos humanos. Hoje, o homem de
negócios progressista está à procura das necessidades inconscientes
do consumidor, está a produzir bens para gratificá-lo, está a capturar
a atenção do consumidor para a existência de tais produtos e, para
atender a essa demanda, quando ela se torna real, está a levar os
bens até ao consumidor.”
Embora a psicologia já esteja presente na literatura do marketing
desde o início do século XX, quando os psicólogos demonstravam
desde então um crescente interesse em estudar o comportamento do
consumidor, foi apenas após a Segunda Guerra Mundial que o campo
se expandiu. Assim afirmou Piirto (1991 apud DAWSON, 2005, p. 65):
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“[...] entre 1900 e 1930, havia pouco menos do que meia dúzia de
psicólogos práticos comerciais, enquanto no final de 1930, pelo
menos seis livros académicos sobre técnicas de pesquisa de mercado
tinham sido publicados [...]. Antes da Segunda Guerra, a pesquisa de
mercado estava envolvida principalmente com dimensionamento, por
meio de técnicas de pesquisa de campo e análise económica. A
precisão na amostragem era fundamental; pouca atenção era
dedicada a considerações psicológicas.”
Esta abordagem está relacionada com a aplicação da psicologia ao
marketing, com a ocorrência da “revolução do marketing
corporativo”, quando o nascimento deste é atribuído ao lançamento
do livro de Drucker (1954) – “The practice of management”, tornou a
pesquisa em marketing um instrumento crítico na gestão das
organizações. O aumento da popularidade das pesquisas de mercado
relacionou-se com o aumento do “conceito de marketing”, levando a
assumir que o ponto crítico da administração seria antecipar as
necessidades e desejos de mercados para satisfazê-los melhor do que
os seus concorrentes.
Isso implicava a compreensão do comportamento do consumidor a
partir da psicologia, questão que remete à história do pensamento
em marketing. De acordo com o economista Mason (1998), para
quem o marketing teria sido apenas uma disciplina da economia até
1910, o debate já estava presente na Associação Americana de
Marketing desde 1930, com a publicação no “Journal of Marketing”,
do artigo de Harry Tosdal (professor da Escola de Administração da
Universidade de Harvard), “Bases for the study of consumer demand”
(TOSDAL, 1939), onde o autor afirmava que os economistas
académicos especializados em marketing eram incapazes de
considerar a importância central do consumo. De acordo com Mason
(1998, p. 145): “Com exceção da psicologia, a qual estava, na visão
de Tosdal, contribuindo substancialmente para um melhor
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entendimento da demanda do consumidor, os economistas pareciam
incapazes de endereçar essa questão”.
The consumption of wealth (PATTEN, 1901) - livro do economista
Simon Patten originado pelo debate–, no qual o autor afirmava que os
economistas estudiosos deveriam ser melhor informados sobre a
psicologia moderna caso precisassem de explicar o comportamento
das pessoas diante da necessidade de fazer escolhas.
Logo, a pergunta “porque é que as pessoas compram?”, embora
reconhecida como uma questão central, teria sido, segundo Mason
(1998, p. 146), perseguida não por economistas académicos, mas por
psicólogos que nas décadas posteriores a 1910, continuaram a
explorar os processos individuais mentais dos consumidores e a
aplicar os princípios de psicologia à publicidade e às vendas. Esse
interesse na pesquisa sobre o comportamento do consumidor levou à
formação da Association for Consumer Research (proveniente do fim
de um grupo de cientistas behavioristas no interior do campo
académico de marketing) que, vendo-se cada vez mais frustrados
com a negligência da pesquisa de consumo dentro da disciplina,
resolveram fundar o seu próprio grupo (MASON, 1998, p. 151).
Mason (1998) refere-se aos estudos de Brisco como sendo as
publicações iniciais viradas às relações entre psicologia e publicidade,
o que sugere que seja tomada em conta a perspetiva defendida por
Lagneau (1981), pois para ele o marketing teria surgido a partir do
interesse pela pesquisa sobre o comportamento do consumidor. No
entanto, para o autor, as pesquisas teriam sido originadas no interior
da publicidade, que teria existido antes do marketing como hoje é
conhecido, e teriam sido então os Estados Unidos os grandes
pioneiros dessa prática, assim como Lagneau afirmou que o
marketing nasceu da publicidade, procurou basear-se em estudos
científicos sobre o consumidor para poder verificar os seus anúncios.
Também segundo este autor, após a grande depressão, em 1930,
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houve uma evolução geral das economias ocidentais que por sua vez
promoveu, entre outras coisas, uma mutação da publicidade: “ele
afasta-se cada vez mais dos procedimentos que lhe valiam a violação
das multidões, para começar a auscultar os seus públicos” (LAGNEAU,
1981, p. 18). Seria então esse o ponto de inflexão histórica na qual “a
ideologia produtivista dá lugar à ótica do consumidor [...] e ao
marketing, palavra de origem inglesa que designa a tendência das
práticas comerciais a racionalizar-se em função do mercado”
(LAGNEAU, 1981, p. 18). Este facto levou a uma procura mais
científica das práticas de pesquisa, por meio do uso de técnicas
estatísticas e de diferentes teorias a respeito do comportamento do
consumidor: antropologia, sociologia, psicologia e outras afins.
A conclusão a que se chega é que a relação entre psicologia e
marketing se centrou no comportamento do consumidor. Há duas
teorias que influenciaram mais diretamente o campo do marketing: a
teoria comportamental e a psicanalítica. A primeira, cujas principais
influências foram Ivan Pavlov e B. F. Skinner, com as suas teorias do
condicionamento, teve os seus conceitos amplamente utilizados no
campo das vendas e da publicidade, cujo foco principal é o anúncio
do produto. Pelo contrário a teoria psicanalítica teve uma profunda
influência na formatação da pesquisa motivacional voltada nos seus
primórdios, a entender as necessidades e desejos mais profundos dos
consumidores.
O comportamentalismo é uma teoria que se foca na questão de que
estímulo ambiental produz e reforça ações e respostas desejáveis ou
indesejáveis e não nos significados profundos das ações e relações
dos indivíduos. O que importa é planear e modelar o estímulo que
levará as pessoas a respondê-lo da maneira mais adequada. Então, a
psicologia ensinou aos produtores que a manipulação
cuidadosamente planeada do estímulo pode produzir associações
mentais extremamente fortes e eficientes que induzem a ações
desejadas por eles.
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O comportamentalismo e o marketing têm uma relação próxima. O
behaviorista John Broadus Watson, após uma longa e intensa carreira
académica na defesa dos princípios da ciência comportamental,
começou a trabalhar (1920), na agência de publicidade norte-americana
J. Walter Thompson, onde teve uma carreira brilhante com o seu
interesse em ajudar a resolver os “problemas” do consumidor que a
ascensão do capitalismo corporativo tinha intensificado.
Segundo Buckley (1989) – professor norte-americano de história da
psicologia e autor da biografia – afirmava que J. B. Watson tinha sido um
dos mais influentes psicólogos norte-americanos da sua geração,
ingressou no mundo da publicidade após ter sido demitido da
Universidade Johns Hopkins, devido a problemas pessoais, passando
então a aplicar os seus conhecimentos de psicologia comportamental
ao comportamento do consumidor, usando os mesmos princípios
teóricos aplicados à manipulação dos processos de aprendizagem
humana, Watson referiu: “o consumidor é, para o fabricante, a loja de
departamentos e a agência de advertising, o que a rã ingênua é para
o fisiologista” (BUCKLEY, 1989, p. 137).
Afirma-se então, que a pesquisa
motivacional, de base psicanalítica,
também se voltou para um conhecimento
instrumental dos desejos humanos. As
relações entre o marketing e os seus
alvos (targets) sempre foram
profundamente intervencionistas,
embora no caso da pesquisa de base
psicanalítica a forma de se relacionar com
o consumidor seja outra, a de
complementar a aplicação da teoria
comportamental ao ato de compra, resultando no que Kotler e
Armstrong deram o nome de “estímulo de marketing”, para quem o
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estímulo de marketing está constituído por três P’s: produto, preço e
promoção. Mas outros estímulos estariam associados, como as forças
sociais, desafiando o profissional de marketing a entender como os
estímulos são transformados em respostas.
Foi nesse ponto que a teoria psicanalítica ajudou nas relações entre
psicologia e consumo, especialmente no que diz respeito à maneira
de aplicar os conhecimentos ao ato de compra. Tom Snyder
(especialista em “psicanálise aplicada ao marketing”), afirmava que o
sucesso do marketing requer um controlo cuidado na exploração da
profundidade do estímulo de marketing na mente do consumidor.
A teoria freudiana para a compreensão do comportamento do
consumidor já tinha sido anunciada pelo economista Wroe Alderson,
que já afirmava (1957) que Sigmund Freud, juntamente com Charles
Darwin e Thorstein Veblen, seriam fundamentais para a formulação
de uma teoria do marketing. Alderson escreve no segundo pós-
guerra, momento em que o foco do marketing passa a ser o
consumidor, tornando o crescimento da pesquisa motivacional uma
parte inseparável das pesquisas de mercado, que foram valorizadas
no sentido de permitirem um maior conhecimento do consumidor.
Um dos seus principais representantes – considerado “o pai da
pesquisa motivacional”, foi Ernest Dichter (psicólogo austríaco que se
exilou nos EUA no final da década de 1930 e autor do livro The
strategy of desire), Dichter (1960) foi pioneiro na aplicação dos
conceitos psicanalíticos no estudo do comportamento do consumidor,
que, por meio da análise de como os indivíduos tendem a projetar
valores e crenças em objetos, forneceu alguns fundamentos da
psicologia aplicada aos problemas de marketing.
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O uso da
psicologia tem um
forte contributo
para a expansão
do campo de
pesquisa sobre o
comportamento do
consumidor. O
marketing
orientado para o
consumo virou a sua atenção para a compreensão dos seus
potenciais alvos, focando-se nos processos mentais do ato de olhar
vitrines, comprar e usar um determinado produto. Ries (2006)
afirmou que “praticamente todo o princípio da psicologia tem uma
aplicação em marketing [...] o estudo do marketing começa com o
estudo da psicologia”.
O que a história do marketing revela com a relação dos seus vínculos
e a psicologia é que a pesquisa com base nos conhecimentos
psicológicos já tinha como alvo um consumidor. Foram feitas algumas
perguntas no que toca às relações de compra citadas por Dawson
(2005, p. 53), tais como: “como é que os nossos alvos percebem e
reagem a todos os fatores ambientais que afetam as suas decisões de
compra e uso dos nossos produtos?”; “como é que as pessoas
decidem que condimento usar para preparar as refeições?”; “uma
mudança na embalagem dos nossos produtos poderia fazê-los captar
um pouco mais a atenção do olhar dos compradores nos
supermercados?”; ou “que sentimentos as pessoas têm em relação à
sopa?” , questões que indicam uma sociedade de consumo
constituída. A pergunta anterior que deve ser feita é como é que esta
sociedade de consumo foi formada. Para isso, a psicologia e o
marketing também foram fatores fundamentais.
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Prova disso foi quando em 1950, as empresas de alimentos tiveram
dificuldades com o mercado de café instantâneo, as empresas
acharam que fracassaram porque foram incapazes de usar
corretamente a publicidade para impulsionar as vendas, dada a
conveniência aparentemente óbvia do café instantâneo. A Nestlé
Corporation, produtora do café instantâneo com a marca Nescafé,
contratou uma pesquisa motivacional, baseada na teoria da
psicanálise. As entrevistas mostraram que, se as pessoas eram
expostas a imagens reais dos grãos de café não processados,
poderiam ser mais recetivas a igualar café instantâneo com café dito
“normal”. A Nestlé substituiu a sua estratégia de marketing e passou
a adotar a ideia de que o café instantâneo foi produzido pelos mais
ricos e reais grãos de café. Enquanto isso, Ernest Dichter aconselhava
a agência de café pan-americana (Pan American Cofee Bureau) a
substituir os tediosos cafés comuns por imagens que retratassem o
café instantâneo como uma sofisticada bebida, degustada em lugares
românticos como Viena. Como resultado desses projetos de pesquisas
motivacionais, o café instantâneo tornou-se um sucesso de mercado
e a imagem do café “comum” foi decididamente transformada.
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A psicologia na manipulação do consumidor
A psicologia no marketing ajuda a perceber sobre as necessidades do
consumidor através de estudos de mercado.
Através desses estudos os psicólogos procuram medir perceção, a
atenção, a memória, as sensações e os sentimentos em laboratório
para descobrirem como é que os consumidores fazem as suas
escolhas e elegem o aspeto dos produtos.
Os psicólogos utilizam como principal técnica a capacidade de
manipular o comportamento dos indivíduos. Existem vários métodos
que manipulam os consumidores tais como, a propaganda através
das mensagens subliminares, as cores e os poderes de indução.
Estudos de mercado, como são feitos?
Os estudos de comportamento
do consumidor sempre estão de
braço dado com a psicologia,
cada fator trata de estudar e
compreender hábitos, crenças,
atitudes e outros fatores como o
fator psicológico, cultural, social
e pessoal.
No Marketing o estudo do comportamento do consumidor é um dos
fatores mais importantes pois leva-nos a conhecer melhor os desejos
e as necessidades do consumidor.
Dentro dos fatores psicológicos temos a motivação, a perceção que
ajuda os psicólogos a perceber como o consumidor seleciona,
organiza e interpreta a informação que lhe é dada. A aprendizagem
que demonstra a mudança de comportamentos através de
experiencias e as crenças e atitudes que demonstram ao psicólogo
como pensam e agem. Nos fatores culturais a cultura é o fator que
mais influência, porque é através da cultura e dos conjuntos de
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valores que se percebem os comportamentos e as preferências de um
determinado publico alvo assim com a classe social. O fator social é
importante pois mostra-nos as referências de cada grupo. Por último
o fator pessoal, dentro deste fator está em estudo a idade, as
necessidades, os desejos, o emprego, as condições económicas, o
estilo de vida e a personalidade.
O comportamento do consumidor também é objeto de estudo,
ajudam a perceber sentimentos, pensamentos e ações dos
consumidores e a influência que é feita sobre eles vai determinar as
mudanças no mercado.
O processo de compras é feito através das influências sociais e de
marketing, primeiro é feito o reconhecimento das necessidades, a
busca de informação, a avaliação de alternativas, a decisão de
compra e por fim a avaliação pós compra.
Mensagens subliminares e o poder de indução
As mensagens subliminares são um tipo de mensagem que não
podem ser captadas pelos
sentidos humanos, é detetada
apenas pelo inconsciente. Tem a
capacidade de influenciar o
recetor. 85% das nossas
decisões são tomadas na zona
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inconsciente do nosso cérebro, normalmente a mensagem indireta é
sempre sedutora.
As cores também têm um poder de indução
na escolha do produto e de uma forma
inconsciente pois trazem-nos sensações e
provocam nos vários estímulos por
exemplo, a cor vermelha aumenta atenção,
é estimulante e motivadora, é a cor
indicada para representar o calor e a
energia. O verde por sua vez já é uma cor mais estimulante mas com
pouca força sugestiva oferece ao
consumidor uma mensagem de
repouso. O azul tem um grande
poder de atração, transmite calma
e tranquiliza o consumidor, é
utilizado geralmente para anúncios
relacionados com o frio. O preto é
uma cor não aconselhável pois
pode trazer frustração ao consumidor.
Estratégias que afetam o comportamento das
pessoas
1 - Seguir a multidão, as pessoas seguem sempre o que a maioria faz,
têm tendência a seguir a multidão porque seguir a maioria ajuda-nos
a reduzia a ansiedade pois faz com que parece a decisão mais
acertada.
2 – As celebridades e os media, as pessoas seguem sempre o que as
celebridades dizem e fazem por a maior parte das pessoas
desenvolve um fascínio por essas pessoas e tentam imita-las ao
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máximo. Por isso é que a maior parte dos anúncios é feito por
celebridades, para atrair o consumidor.
3 – A raridade de um produto faz com que esse produto seja alvo de
maior interesse e seja mais desejado. Por isso é que quanto maior é a
procura menor é a oferta e maior vai ser o preço, assim as empresas
de marketing lucram sempre.
4 - As redes sociais são outro tipo de atração visto que as pessoas
passam la a maior parte do seu tempo é conveniente para as
empresas meterem anúncios nas redes sociais pois acaba por ser
mais apelativo.
Visão profissional
“A relação estreita entre Marketing e Psicologia está no objetivo de
cada segmento, ou seja, o marketing busca promover bens e serviços
ao mercado consumidor a fim de satisfazê-lo, e a psicologia procura
entender as pessoas e ajudá-las a descobrir suas necessidades.
Marketing é um instrumento de integração nas relações estabelecidas
entre os produtores de bens e serviços, o mercado e a sociedade
consumidora. O objetivo primordial é que as trocas estabelecidas
entre cada setor atendam suas próprias necessidades. Sandhusen
(2000, p. 8) conceitua o marketing como “o processo de planejar a
conceção, o preço, a promoção e a distribuição de bens e serviços
para criar trocas que satisfaçam os objetivos individuais e
organizacionais”. Outros autores como Fletcher e Jones (1994) nos
falam a respeito do ciclo de marketing para melhor entendermos seu
significado.
Segundo esses autores o ciclo de Marketing possui elementos
importantes como a pesquisa de mercado, através da qual é revelada
as necessidades do cliente; o estabelecimento de uma estratégia de
marketing, quando se faz necessário responder à pergunta “O que
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vamos fazer?”; bem como a elaboração de um plano de marketing, ou
seja, como colocar em prática a ação planejada. Esse processo inicia
e termina pelo contato com o cliente consumidor ou organização que
busca o serviço.
Na verdade, por trás de cada produto ou serviço que uma empresa
lança no mercado, deveria haver uma pesquisa, buscando descobrir
os desejos e anseios do público consumidor alvo, a fim de satisfazer
suas necessidades e consequentemente possibilitar o sucesso da
empresa. Essa relação entre o marketing e a psicologia dá-se através
da chamada psicologia do consumidor e vai muito além apenas da
criação de um produto necessário e desejado pelo público alvo. Além
do conteúdo e da qualidade do produto, o preço, os canais de
distribuição, a promoção, tudo isso irá compor a imagem do produto
ou serviço da organização que o está oferecendo, assim como
influenciar a compra ou não do produto pelo consumidor. Importante
destacar que o relacionamento da empresa com seus funcionários e
com a sociedade, o relacionamento dos vendedores com os clientes,
todas estas questões estão inter-relacionadas e afetam os resultados
finais do trabalho.
A consultoria em marketing e psicologia une, portanto, essas duas
áreas de conhecimento, buscando analisar o cliente como um todo,
passando pela sua formação, estória, características pessoais,
expectativas, desenvolvimento pessoal e profissional, aparência,
forma de lidar com as pessoas (há orientação e treinamento nesse
sentido), chegando-se dessa forma, a construção de uma imagem.
Esta construção de imagem seria um “polimento”, conservando-se a
essência do cliente e mantendo a coerência entre seu conteúdo e a
imagem que ele passa. Todo o trabalho é feito com muito cuidado
para que o cliente realmente se veja nesta nova “roupagem”,
identificando-se com ela.
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Este tipo de consultoria, não poderia, portanto, ser realizada por um
profissional da área do marketing, sem conhecimentos em psicologia,
visto que possivelmente não alcançaria plenamente seus objetivos,
pois a meta não é apenas o crescimento profissional em questões de
remuneração e prestígio, mas também a satisfação e identificação
pessoal do cliente ao realizar o seu trabalho e obter o
reconhecimento que sempre desejou.”
Texto de Márcia Papaléo – Psicóloga especializada em psicologia de
marketing.
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Conclusão
O objetivo pretendido com a elaboração deste trabalho, é dar a
conhecer a importância que a Psicologia tem nas técnicas de
Marketing e Publicidade que muitos de nós somos incitados e
influenciados a adquirir, ainda que inconscientemente, pois o objetivo
de utilizar a Psicologia para este fim é mesmo a manipulação do
consumidor, estudando todas as técnicas e as formas que mais
convém ao produtor.
Para concluir, o marketing é definido como um conjunto de técnicas
utilizadas para fins de comercialização e distribuição de um
determinado produto/serviço entre vários consumidores, é um
processo que inclui a planificação, a organização, a direção e o
controlo de decisões sobre as linhas de produtos, os preços, a
promoção e os serviços de pós-venda.
Por outro lado, a publicidade está mais relacionada com a
comunicação visto que informa sobre os produtos e/ou serviços
disponíveis, dando a conhecer diferentes tipos de produtos. Pode
também manipular os consumidores, levando-os a adquirir produtos
ou serviços, onde entra também o uso dos conhecimentos a nível
psicológico.
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Webgrafia
http://www.portaldomarketing.com
http://www.slideshare.net
http://www.slideshare.net
http://www.fatorpsicologico.com
www.marciapapaleo.com
http://seer.psicologia.ufrj
http://psicoemarketing.blogspot.pt
http://www.oficinadanet.com.br
Bibliografia
PSICOLOGIA DO CONSUMIDOR E DA PROPAGANDA - GADE,
CHRISTIANE – EPU
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