Projetos de interveno
em educomunicao
Lgia Beatriz Carvalho de Almeida
Campina Grande/PB
v 1.4 - 22 jul. 16
DOI: 10.13140/RG.2.1.2915.7526
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Como citar este trabalho (ABNT)
ALMEIDA, Ligia Beatriz Carvalho de. Projetos de interveno em educomunicao. Disponvel em: http://issuu.com/ligiacarvalho77/docs/as___reas_de_interven____o_da_educo/1. Acesso em: dia, ms, ano de acesso.
Projetos de interveno em educomunicao _____________________________________________________________________________
Sumrio
Introduo ..................................................................................................................................... 1
Razes da educomunicao ........................................................................................................... 2
Conceituando educomunicao .................................................................................................... 4
Conceituando interveno ............................................................................................................ 5
Conceituando ecossistemas comunicativos .................................................................................. 7
Intervenes em educomunicao ............................................................................................. 11
As reas de interveno ........................................................................................................... 13
Planejando intervenes em cada rea.................................................................................... 14
1 Epistemologia da Educomunicao .................................................................................. 15
2 - Produo miditica ........................................................................................................... 16
3 - Educao para a comunicao .......................................................................................... 19
4 - Pedagogia da comunicao ............................................................................................... 21
5 - Mediao tecnolgica na educao .................................................................................. 25
6 - Expresso atravs das artes .............................................................................................. 28
7 - Gesto da Comunicao.................................................................................................... 31
Situaes prticas ..................................................................................................................... 34
Educomunicao Corporativa ................................................................................................ 34
Educomunicao Comunitria ............................................................................................... 35
Educomunicao Escolar ........................................................................................................ 37
Referncias .................................................................................................................................. 39
Lista de Quadros e Figuras
Quadro 1 Espaos de educao.................................................................................................. 1
Figura 1- Relao criana/mdia: comportamentos dos pais e educadores ................................. 3
Figura 2 - Ecossistemas e formao do sentido ............................................................................ 9
Quadro 2 reas de interveno educomunicativas ................................................................. 13
Quadro 3 Epistemologia da Educomunicao .......................................................................... 15
Quadro 4 Produo Miditica .................................................................................................. 18
Quadro 5 Educao para a Comunicao ................................................................................. 20
Quadro 6 Pedagogia da Comunicao ..................................................................................... 24
Quadro 7 Mediao Tecnolgica na Educao ........................................................................ 27
Quadro 8 Expresso atravs das artes ...................................................................................... 30
Quadro 9 Gesto da comunicao .......................................................................................... 33
Projetos de interveno em educomunicao
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Introduo
Educomunicao educao e igualmente comunicao, a educao se constitui
por meio da comunicao. Educomunicao um campo de conhecimento com
identidade prpria, mas que surgiu como um denominador comum entre os campos da
comunicao e da educao, demarcando o espao em que eles se entrecruzam,
sobrepondo-se.
A mdia no Brasil considerada uma instncia de educao informal. A maior
parte dos produtos miditicos voltada ao entretenimento, contudo, mesmo no tendo a
inteno de educar, a mdia contribui para a educao da populao tanto quanto os
produtos jornalsticos que, ao fornecerem informao seletiva sobre os fatos, so
determinantes para que as pessoas construam sua viso de mundo.
Todavia, a mdia atua tambm em apoio educao formal e no-formal. Para
entender a questo, preciso conhecer as diferenas entre educao formal, no-formal
e informal, conforme Gohn (2006):
Quadro 1 Espaos de educao
Educao Formal No-Formal Informal
Caractersticas
Obrigatria em seu n-
vel bsico, estruturada,
organizada, sistem-
tica, intencionalmente
planejada e avaliada.
Cursos livres com inteno
de ensinar, que capacitam
para o trabalho, para a
manuteno da sade, para
a articulao coletiva, entre
outros.
Acontece cotidianamente, de
forma espontnea na
convivncia com familiares,
amigos, colegas e interlocutores
ocasionais.
Ambiente
Escolas de educao
infantil, bsica e
superior, credenciadas
pelo governo.
Escolas livres (de lnguas,
de dana, de computao,
etc) mantidas por
organizaes do primeiro e
terceiro setores, emissoras
educativas etc.
Mltiplos espaos de
convivncia e de socializao.
Lar, instituies religiosas,
mdia (rdio, tv, jornal, redes
sociais), clubes, bares, natureza
entre outros.
Fonte: elaborado pela autora
Dessa forma, no se pode generalizar e afirmar que a mdia exclusivamente
uma instncia de educao informal, ela abre algum espao para a educao formal e
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atua, s vezes, na educao no-formal. O Telecurso, veiculado na televiso aberta,
um programa que d apoio educao formal. Vale mencionar ainda que as emissoras
de rdio e tv educativas, assim como os programas educativos, tm a inteno de
educar.
Todavia, tendo a expressa inteno de educar ou no, a qualidade dos produtos
miditicos sempre foi questionada, o que fez brotar a semente da educomunicao.
Razes da educomunicao
Compreender o significado de educomunicao requer retornar no tempo para
entender como o campo de conhecimento surgiu. Suas razes esto basicamente
entranhadas nos campos da comunicao e da educao. Como consequncia, um
dilogo constante com ambos pontua as discusses sobre a educomunicao.
No sculo XX, o avano da tecnologia provocou sucessivas mudanas no
sistema de comunicao social: surgiram publicaes impressas peridicas, como o
jornal e a revista. Na sequncia, vieram as mdias eletrnicas de massa: o cinema, o
rdio, a TV e as digitais, em suportes diversos como computadores e plataformas
mveis. Conforme surgiram, foram se infiltrando no cotidiano social. O problema que
elas no s questionavam a ordem e os valores morais existentes, mas tambm os
conceitos vigentes de cultura e de arte eruditas, provocando abalos nas crenas
familiares e sociais e motivando discusses sobre a qualidade da sua contribuio para a
sociedade. A primeira reao da maioria das pessoas tem sido a de condenar as
inovaes tecnolgicas, contudo, diante da tentativa fracassada de det-las ou de
impedir o acesso de crianas e jovens a elas, duas principais alternativas acabam se
constituindo para a famlia e que terminam por envolver tambm os educadores
(ALMEIDA, 2012).
A primeira delas, que se denomina educao para a comunicao, mdia-
educao ou media education, em ingls, passa pelo reconhecimento de que alguns
produtos miditicos tm qualidade, o que implica em educar os jovens receptores das
mdias para selecionar o que consumir a partir de critrios que posicionam os produtos
como benficos ou perniciosos, utilizando processos que abrangem a anlise crtica do
contedo das mensagens, do seu processo de produo e de sua funo social. Outra
opo, ao se identificar a importncia da informao e da comunicao social na
formao para a cidadania, levar os jovens a conviverem com as mdias de forma
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proveitosa, levando-os no s a desenvolverem uma postura crtica em face de suas
mensagens e de suas propostas, mas a se apropriarem delas para dialogar e negociar
ideias e valores comuns e se articularem para a construo coletiva de uma realidade
que os satisfaa e promova melhorias em sua comunidade (ALMEIDA, 2012).
Figura 1- Relao criana/mdia: comportamentos dos pais e educadores
pais/ educadores
opes oferecidas para crianas
Educao para a comunicao
Dilogo
Fonte: produzido pela autora.
Sendo um movimento de origem tipicamente latina, gestado no seio de
movimentos sociais, a educomunicao d mais nfase ao ltimo objetivo sem, no
entanto, descuidar do primeiro, isso porque durante a ditadura na Amrica Latina foi
preciso alertar a populao sobre duas principais condies: a invaso cultural, que por
meio da veiculao massiva de produtos miditicos importados colocava em risco a
identidade nacional, e a explorao a que ela era submetida pelos governos,
demonstrando serem os meios de comunicao utilizados como aparelhos ideolgicos
dos Estados.
possvel identificar nas matrizes da educomunicao motivaes semelhantes
quelas que impulsionaram a educao. No incio da ditadura, o educador brasileiro
Paulo Freire defendia a educao para a autonomia e para a liberdade (FREIRE, 2006) e
afirmava que a pedagogia crtica-educativa faz da opresso e de suas causas objeto de
reflexo dos oprimidos, de que resulta o engajamento necessrio na luta por sua
libertao (FREIRE, 1968, p. 34). O mesmo se d em relao educao para a
APROPRIAO - alm da seleo, produzir textos e
disseminar ideias prprias usando as mdias.
RECEPO/CONSUMO - selecionar os poucos produtos miditicos de qualidade para assistir.
(maior passividade)
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participao, como demonstra o filsofo e educador Pedro Demo, que enfatiza estar a
educao formando o sujeito capaz de ter histria prpria, e no histria copiada,
reproduzida, na sombra dos outros, parasitria. Uma histria que permita ao sujeito
participar da sociedade (DEMO, 2007, p.16).
Dessa forma, com o envolvimento de educadores, comunicadores sociais e
membros da sociedade civil, pretendia-se conscientizar as comunidades para que
reconhecessem o seu prprio potencial para a libertao das condies opressoras, assim
como o potencial da comunicao para a articulao.
Portanto, ao denominador comum aos campos da educao e da comunicao
deu-se o nome de educomunicao, incorporando um neologismo utilizado na Amrica
Latina, na dcada de 1980, pelo pesquisador Mario Kapln e tambm pela UNESCO
(SOARES, 2008, p. 43).
Ismar Soares sintetiza a trajetria da educomunicao, que foi gestada
nos embates das lutas sociais, junto ao pblico presente nos programas
de educao de jovens e adultos, numa trajetria que conta mais de 30
anos. Envolveu, primeiramente, os agentes sociais do movimento
popular; chegou depois mdia renovando a linguagem e os contedos
de programas massivos, especialmente na produo de documentrios
de interesse educativo nas grandes emissoras de rdio e TV, para
aportar finalmente na escola (SOARES, 2003, p. 9).
Conceituando educomunicao
Ismar Soares define a educomunicao como sendo:
o conjunto das aes inerentes ao planejamento, implementao e
avaliao de processos e produtos destinados a criar e fortalecer
ecossistemas comunicativos em espaos educativos, melhorar o
coeficiente comunicativo das aes educativas, desenvolver o esprito
crtico dos usurios dos meios massivos, usar adequadamente os
recursos da informao nas prticas educativas, e ampliar a
capacidade de expresso das pessoas (SOARES, 2003, p.1).
Com identidade prpria, o campo de conhecimento legitimou-se no Brasil em
face dos resultados de pesquisa realizada, no fim da dcada de 1990, por pesquisadores
do Ncleo de Comunicao e Educao da Escola de Comunicaes e Artes da
Universidade de So Paulo, junto a agentes culturais de 12 pases da Amrica Latina,
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Portugal e Espanha (SOARES, 2008). A pesquisa revelou que, com o objetivo de
transformar comunidades oprimidas ou marginalizadas e melhorar as condies de vida
de indivduos ou dos seus integrantes como um todo, os especialistas recorriam a
diversas atividades e usavam os recursos da comunicao e da educao (SOARES,
MACHADO, 2015). As atividades eram categorizadas conforme estivessem
relacionadas, por exemplo, com os objetivos de: conscientizar os participantes sobre o
papel dos meios de comunicao; empoderar os indivduos; fomentar o dilogo e
ampliar a capacidade de expresso; servir como um estmulo aprendizagem ou
incorporao das tecnologias no cotidiano, entre outras. Dessa categorizao, surgiram
reas de interveno educomunicativas. Entretanto, surge a questo: o que significa
interveno1?
Conceituando interveno
Vale ressaltar que no se emprega em educomunicao o conceito de
interveno no sentido de interdio, invaso, imposio ou interrupo, pelo contrrio,
o sentido o da realizao de atividades, da proposio de alternativas inovadoras, da
mediao, da oferta de referncias libertadoras, que usualmente, por diferentes motivos,
no so vislumbradas pelos membros de uma comunidade (SOARES, 2011, p.49).
comum se deparar com a seguinte justificativa: seus avs e seus pais j faziam
assim. Pela fora do hbito, muitas vezes, uma situao pode no se alterar por si s,
existe uma tendncia de reproduzir modelos/referncias de comportamento j
disponveis entre os humanos, de perpetuar situaes. As intervenes procuram
fornecer subsdios para o pensar diferente, que impulsione a ao e a mudana - de um
estado A, para um estado B. A compreenso das dimenses sociais, polticas,
ideolgicas, culturais e econmicas permite intervir educomunicativamente, permite
impulsionar o agir, motivando o enfrentamento coletivo de problemas comunitrios. As
intervenes sociais se voltam para o desenvolvimento pessoal, interessam-se pelo bem-
estar coletivo dos sujeitos e norteiam-se pela filosofia educomunicativa. Intervir um
ato de educao social que para Faur (1973, p. 126) "deve proporcionar ao homem a
1 Conforme o dicionrio da lngua portuguesa (SANTIAGO-ALMEIDA, 2011, p. 410), intervir e interveno significam: in.ter.vir v.t. 1. Tomar parte voluntariamente; intrometer-se. 2. Interpor a sua prpria autoridade,
iniciativa, competncia. 3. Pr-se como rbitro; mediar, assistir. v.i. 4. Ocorrer incidentalmente; sobrevir.
in.ter.ven.o [Pl.: -es] s.f. 1. Ato ou efeito de intervir. 2. MED. Cirurgia. 3. Administrao de uma empresa por um
delegado em caso de irregularidades. 4. Ao direta do governo federal em um estado.
Projetos de interveno em educomunicao
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conscincia do seu lugar na sociedade, fazer-lhe compreender que pode e deve
participar democraticamente na vida da coletividade e que, desta forma, possvel
melhorar ou piorar a sociedade". O foco na interveno educomunicativa orienta-se
principalmente para a escola, mdia e terceiro setor.
Como o valor perseguido pela educomunicao a vivncia democrtica plena,
fcil compreender a necessidade de um slido elo entre a educao e a comunicao
para atingir esse objetivo, uma vez que a mencionada vivncia depende da compreenso
e da aceitao por parte da populao de direitos e deveres a ela assegurados pelas leis,
assim como de sua conscientizao de que pode e deve assumir o papel de protagonista
de sua realidade. Ocorre que os cidados contemporneos so produto de um longo
processo scio histrico de sonegao de direitos bsicos, durante o qual arcaicas
estruturas de poder foram internalizadas e naturalizadas pelas pessoas, a ponto de, com
frequncia, se esquecerem de que a vida em sociedade uma construo humana.
Assim, ao ignorarem a existncia de muitos de seus direitos e possibilidades, pouco
provvel que rompam com a ordem hegemnica, que reivindiquem e apoderem-se de
seus direitos, bem como cumpram seus deveres sociais.
A educomunicao pretende habilitar os cidados a exercerem seus direitos,
principalmente aqueles que envolvem a liberdade de expresso e o acesso informao,
o que implica em, por meio de aes educativas, conscientizar as comunidades sobre o
poder da articulao comunitria na sociedade e o papel da comunicao e do dilogo
na construo de conhecimentos e na conquista de melhores condies de vida.
Importante frisar que se fala aqui da comunicao interativa, dialgica e no daquela
unilateral, praticada pela maior parte dos meios de comunicao de massa; da
comunicao que promove o encontro entre diversos pensamentos, permitindo a
negociao de ideias e a formao de um pensamento inovador, criativo; da
comunicao que no se limita ao encontro presencial e nem se restringe ao verbal.
Destaca-se ainda, que a educomunicao prev atividades de interveno no
apenas na educao formal e nem tampouco envolvendo somente crianas e jovens,
onde quer que exista a necessidade do dilogo para o entendimento e crescimento, l
poder atuar o educomunicador.
Projetos de interveno em educomunicao
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Conceituando ecossistemas comunicativos
O termo ecossistema comunicativo surge do conceito de ecossistema ecolgico,
que apregoa que os sistemas na natureza so interdependentes e se interinfluenciam.
Adicionalmente, outro conceito no campo da comunicao considerado, o de ecologia
cognitiva, proposto por Pierre Lvy e que implica no estudo das dimenses tcnicas e
coletivas da cognio, da aprendizagem em redes coletivas (LVY, 1993, p. 144-145
apud SOARES, 2011, p. 43).
Dessa forma, qualquer rede de comunicao que conecte pessoas com interesses
em comum pode ser considerada um ecossistema comunicativo. As redes de
comunicao costumam estar interligadas, de forma que se interinfluenciam. Vejamos
um exemplo: os cidados se conectam ao ecossistema comunicativo formado pelas
mdias de massa, o assunto proposto na novela ou na notcia vai pautar as discusses
nos outros ecossistemas de comunicao dos quais participa: presenciais - famlia,
escola, trabalho; mediados telefone, whatsapp, facebook e redes como instagram,
pinterest, google+ entre outras. Por outro lado, tambm os cidados se articulam no
interior de seus ecossistemas comunicativos e promovem manifestaes para pautar o
grande ecossistema comunicativo miditico, que ir pautar o ecossistema comunicativo
governamental e assim por diante.
Soares (2011, p. 44) destaca que o ecossistema educomunicativo persegue o
ideal de relaes, construdo coletivamente em dado espao, em decorrncia de uma
deciso estratgica de favorecer o dilogo social, levando em conta, inclusive, as
potencialidades dos meios de comunicao e de suas tecnologias. O autor coloca em
evidncia a necessidade de se cuidar da sade e do bom fluxo das relaes entre as
pessoas e os grupos humanos e do seu acesso e do uso adequado das tecnologias da
informao (2002, p. 3) e defende um ecossistema comunicativo que proporcione um
ambiente de dilogo equilibrado, no qual todas as partes possam se manifestar livre e
respeitosamente, tornando possvel a avaliao e a negociao das diferentes opinies,
em busca do melhor para a coletividade.
Ao abordar o sistema educacional, Soares reconhece que em sociedades
individualistas, competitivas, que visam apenas classificar os indivduos, esse ideal de
comunicao um devaneio, nelas se legitimam e naturalizam ecossistemas
comunicativos rgidos, marcados pela revolta e indisciplina (SOARES, 2011). Percebe-
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se, entretanto, que essa condio pode ser encontrada igualmente em todos os
ecossistemas comunicativos, no exclusivamente no escolar.
Para Liana Gottlieb (2010, p. 110), o conceito de ecossistema comunicativo
envolve:
as teias de relaes em determinado territrio ou espao educativo
(presencial ou virtual), que supe-se sejam: a) inclusivas (nenhum membro da comunidade pode sentir-se fora do processo), b)
democrticas (reconhecendo fundamentalmente a igualdade radical
entre as pessoas envolvidas) e c) criativas (sintonizadas com todas as
formas, os procedimentos, as linguagens e as tecnologias que facilitem
ou tornem possvel a esperada integrao).
Em relao ao uso da tecnologia, Ismar Soares (2011, p 45) prefere ir alm do
que props Martn-Barbero2 ao afirmar que ecossistema comunicativo seria a ambincia
proporcionada pelas novas tecnologias, para Soares a relao dialgica no definida
pela tecnologia e sim por um tipo de convvio humano que dela se apropria visando
convivncia saudvel. O convvio saudvel dependente de ecossistemas com fluxos de
comunicao abertos, dialgicos, participativos, pois s por meio do dilogo coletivo
que a formao do sentido, a articulao e a mobilizao se tornam possveis.
A formao de sentido , porm um processo complexo, que perpassa os
diversos ecossistemas frequentados pelos sujeitos e envolve tanto a comunicao direta,
que aquela que acontece face a face, quanto a comunicao mediada, em que emissor
e receptor no esto fisicamente no mesmo local e se comunicam com o auxilio de
equipamentos tecnolgicos. Forma-se uma intrincada rede de mediaes (MARTN-
BARBERO, 1997), envolvendo dilogos intrapessoais, interpessoais e grupais, que se
retroalimentam. Intrapessoal diz respeito aos processos que acontecem subjetivamente,
o indivduo tem suas crenas e vivncias pessoais que o habilitam a entender um fato,
uma informao, de maneira nica. Interpessoal a relao entre pessoas, que tambm
colabora para a formao de sentido, assim como o fazem as relaes entre grupos de
pessoas em relaes grupais. O indivduo mantm relaes cotidianas nas trs esferas e
tendo por base essas trocas, forma o sentido das mensagens que recebe.
2 Martn-Barbero, Jesus. La educacin desde la comunicacin. Buenos Aires: Norma, 2002.
Projetos de interveno em educomunicao
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Assim, no h um nico sentido possvel para uma mesma informao, cada
indivduo constri o seu sentido a partir das relaes nos diferentes ecossistemas, como
exemplifica a figura a seguir:
Figura 2 - Ecossistemas e formao do sentido
Fonte: produzido pela autora, tendo por base a Teoria das Mediaes de Martn-Barbero
(1997)3.
O propsito da educomunicao intervir no sentido de aumentar a conscincia
crtica e a participao crtica dos sujeitos nos ecossistemas. O trabalho do
educomunicador planejar, aplicar e avaliar aes, apropriando-se dos recursos das sete
reas de interveno, apresentadas na sequncia. Seu objetivo, junto s mais diversas
comunidades, implantar, ampliar ou fortalecer ecossistemas comunicativos, cuidando
3 Utilizao de clip-arts do Office.com.
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para que eles mantenham um elevado coeficiente dialgico entre seus membros
(SOARES, 2003).
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Intervenes em educomunicao
Em educomunicao atua-se com intervenes socioculturais, nas quais o ato de
intervir est ligado constatao de: explorao humana, conflitos, irregularidades,
opresso, precrio aproveitamento da capacidade dos indivduos de construrem
conhecimento e de atuarem como protagonistas de sua prpria realidade, alm da
supresso dos direitos bsicos, principalmente, do direito informao e
comunicao. Identificada a necessidade, cabe planejar uma ao de interveno,
implant-la e avaliar os resultados alcanados. Contudo, para que o educomunicador
possa atuar como mediador de conflitos, prestar assistncia, gerir relacionamentos, ele
precisa estar conceitualmente preparado e ter desenvolvido competncias especficas.
Conforme Soares (2014), as atividades de interveno esto alocadas em sete
diferentes modalidades ou reas, so elas: 1) educao para a comunicao; 2)
pedagogia da comunicao; 3) gesto da comunicao; 4) mediao tecnolgica na
educao; 5) produo miditica educativa; 6) expresso comunicativa por meio de
linguagens artsticas e 7) epistemologia da educomunicao.
Este texto aborda o planejamento de intervenes, apresentando, de forma
didtica, o objetivo que motiva as aes do ponto de vista de cada uma das reas, para
auxiliar queles que se interessam por atividades educomunicativas e que enfrentam um
duplo desafio: entender a prpria educomunicao e a diferena conceitual entre as
reas de interveno. A experincia na formao de educomunicadores leva
constatao de que os futuros profissionais tm dificuldades de desenhar, com clareza,
objetivos para seus projetos, dificuldade esta que acaba repercutindo na avaliao das
intervenes que eles prprios planejam.
A literatura sobre educomunicao acessvel, estando disponvel em diversos
idiomas e em livros, manuais, peridicos cientficos, jornais, revistas, sites. Porm, isso
no ocorre em relao s reas de interveno, sendo Ismar de Oliveira Soares o autor
que mais esforos faz para sintetizar e disseminar o conhecimento sobre elas.
Existem publicaes que abordam as modalidades de interveno
individualmente, contudo um fato que no auxilia a quem quer construir uma viso
clara sobre o conjunto delas, que frequentemente essas publicaes no utilizam a
terminologia adotada em educomunicao e nem mencionam o termo educomunicao,
dificultando aos pesquisadores iniciantes estabelecerem relao do contedo exposto
com as respectivas reas.
Projetos de interveno em educomunicao
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A situao exposta ocorre em funo de a consolidao deste campo de
conhecimento ser ainda recente e por ter sido ele precedido por correntes de estudo que
j contavam com uma gama de relevantes publicaes, que costumam compor a
bibliografia bsica dos estudantes de educomunicao e no fazem referncia s reas
de interveno, sistematizadas posteriormente. As correntes so: a) em mbito
internacional, os media studies, chamados aqui no Brasil de mdia-educao ou
educao para a mdia, que subsidiam os estudos educomunicativos na modalidade de
interveno denominada educao para a comunicao; b) a pedagogia da
comunicao, que congrega outros tantos textos, oriundos principalmente do campo da
educao e que do suporte compreenso da rea de interveno educomunicativa de
mesmo nome: pedagogia da comunicao; c) arte-educao, reunindo textos do campo
das artes e da educao, servindo de base para a rea de expresso comunicativa pelas
artes e d) gesto da comunicao, cujo delineamento terico deriva de disciplinas dos
campos de saber da administrao (recursos humanos/marketing) e da comunicao
social (relaes pblicas/jornalismo/publicidade).
Vale lembrar que o recorte aqui apresentado sobre as reas de interveno,
advm da experincia pessoal, bem como da interpretao que a autora faz sobre a
literatura existente, sendo a exposio de ideias neste texto mais um convite ao dilogo
com outros estudiosos do que pretenso de consolidar conceitos.
Projetos de interveno em educomunicao
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As reas de interveno
Na sequncia apresenta-se um quadro com as reas, seus campos de origem, o
foco principal de cada uma e os valores que subsomem as aes, para, na sequncia,
discorrer separadamente sobre elas.
Quadro 2 reas de interveno educomunicativas
CA
MP
O
FU
ND
AN
TE
Media studies Educao Artes Comunicao
Social Educao
Educomuni-
cao
Administrao/
Comunicao
Social
R
EA
S
Educao para a
comunicao
Pedagogia da
comunicao
Expresso
pelas artes
Produo
miditica
Mediao
tecnolgica na
educao
Epistemologia
da educomu-
nicao
Gesto da
comunicao
FO
CO
P
RIN
CIP
AL
Capacitar os
participantes
para a prtica da
comunicao
dialgica, usan-
do - ou no - as
tecnologias.
Usar recursos
da comuni-
cao para
facilitar a
construo de
conhecimento.
Dialogar,
usando as
linguagens
artsticas.
Produzir
contedo
miditico
com inten-
cionalidade
educativa.
Inserir as
tecnologias na
educao.
Estudar a
educomu-
nicao.
Implantar e
otimizar flu-
xos de comu-
nicao em
ecossistemas
comunicativos
Educao
para
a comunicao.
Educao
pela
comunicao.
Comunica-
o pela
emoo.
Comunica-
o de valo-
res e concei-
tos, usando
produtos
miditicos.
Educao a
distncia,
comunicao
mediada por
tecnologia.
Divulgao,
pesquisa,
estudo sobre
a educomu-
nicao.
Diagnstico,
planejamento,
implementa-
o e avalia-
o de ecossis-
temas
comunicativos
.
VA
LO
-
RE
S
Igualdade de acesso, relao dialgica horizontalizada entre todos os envolvidos, com tomadas de
deciso participativa.
Fonte: produo da autora
, no entanto, importante frisar que pouco provvel o desenvolvimento de uma
estratgia educomunicativa envolvendo uma nica rea de interveno e quando isso
ocorre, muitas vezes, em funo da falta de conhecimento sobre o pleno potencial da
educomunicao por parte do estrategista. Potencial este que, infelizmente, deixa de ser
integralmente explorado quando tal fato ocorre. Emblemtica a situao em que para
motivar a prtica da lngua portuguesa o professor opta pelo desenvolvimento de um
jornal escolar. Ele usa a pedagogia da comunicao, uma vez que seu objetivo levar o
estudante a aprender a lngua materna, no entanto, ele poderia enriquecer a experincia
Projetos de interveno em educomunicao
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de aprendizagem, atuando simultaneamente com educao para a comunicao,
acrescentando mais um objetivo: levar o estudante a compreender a funo social dos
jornais, a linguagem jornalstica, as condies de trabalho nas redaes e as etapas de
produo de um jornal dirio.
Planejando intervenes em cada rea
As estratgias intervencionistas a serem desenvolvidas pelo educomunicador
devem ter um objetivo claro, mantendo relao com o potencial dos ecossistemas
comunicativos das comunidades analisadas.
Didaticamente, ao pensar em interveno, convenciona-se a existncia de dois
polos: a equipe, que protagonizar a interveno e os participantes, que sofrero a
interveno. Ressalta-se, contudo que as decises sobre o que fazer no podem ser
unilaterais, os processos devem ser participativos, dialgicos, envolvendo todos: os
interventores e os participantes.
O compromisso daqueles que intervm com a transformao que pretendem
ver na comunidade em que a interveno ocorrer, assim sendo o objetivo ser
formulado pensando sempre no que se espera que os participantes faam. No correto
estabelecer como objetivo, por exemplo: explicar o que educomunicao, mas sim
levar o participante a compreender o que educomunicao. A diferena que, no
primeiro caso, poder-se-ia dizer que o objetivo foi atingido pelo fato de o interventor ter
explicado o conceito de educomunicao, contudo para que se alcance a transformao,
preciso se certificar de que o participante entendeu o conceito, resultado que deve ser
assegurado atravs de avaliao desenvolvida especificamente para isso.
Com inteno meramente didtica, na exposio a seguir as reas sero tratadas
de forma isolada. Sero fornecidos: conceitos, exemplos de situaes problema que
requeiram interveno, objetivo, metodologia e sugesto de procedimentos para
avaliao das estratgias.
Ao considerar a avaliao, importante que ela seja rigorosa, no existem
frmulas prontas, devem ser definidos indicadores e critrios para mensur-los, se, por
exemplo, pretende-se aumentar o dilogo em uma comunidade, cabe definir uma forma
para verificar se todas as pessoas se comunicam, com que frequncia o fazem e qual a
qualidade da comunicao - elas interagem, so claras, so propositivas ou somente
reativas, etc.
Projetos de interveno em educomunicao
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1 Epistemologia da Educomunicao
A palavra epistemologia vem do grego: episteme (conhecimento) + logos
(estudo). Significa estudo do conhecimento. Assim, nessa rea de interveno analisa-
se a origem, a natureza e a validade do conhecimento sobre educomunicao para a
sociedade. Segundo Soares (2000), o estudo epistemolgico ocorre na academia, sendo
conduzido metodologicamente e possibilitando o reconhecimento, a evoluo e a
legitimao do campo por meio de sistematizaes e anlises sobre seus objetos, sobre a
sua constituio, fundamentos tericos, metodologias e espaos de trabalho
(SOARES, 2014, p. 140). Como, no entanto, a academia se organiza sobre um trip que
rene ensino, pesquisa e extenso, tambm as intervenes na rea acabam
ultrapassando os muros da universidade, por envolverem seus espaos de trabalho, que
so as organizaes, as escolas e as comunidades externas.
Objetivamente, pretende-se a compreenso de conceitos, valores, objetivos e
metodologias educomunicativas, estudando sua aplicabilidade nas diferentes regies e
ambientes e observando os resultados alcanados.
Quadro 3 Epistemologia da Educomunicao
Pblico alvo: Os interessados na prtica de atividades educomunicativas costumam ser os protagonistas
dessas aes, entre eles estudantes de graduao ou de ps-graduao, oriundos em sua maioria de
cursos nas reas de comunicao social e da educao.
Exemplo de situao problema: Processo de descoberta e de divulgao de resultados em que
pesquisadores e profissionais verificam estratgias educomunicativas capazes de atender as necessidades
de adolescentes de comunidades com caractersticas especficas. Eles devero conhecer a fundo os
parmetros educomunicativos e a comunidade, trabalhar com um pequeno grupo de jovens e avaliar
quais aes funcionam e quais no, concluindo sobre a possibilidade de as estratgias darem certo em
comunidades com caractersticas semelhantes.
Objetivo geral: levar os participantes a entenderem o que a educomunicao, quais so seus objetivos,
as metodologias que emprega, e tambm a construrem conhecimento sobre ela.
Metodologia: exposio oral, debate, pesquisa, entrevista, visita, simulao, produo textual e
miditica.
Recursos: textos, audiovisuais, podcasts, games, entre outros.
Avaliao: anlise de depoimento oral, de textos, relatrios, de mdias produzidas.
Fonte: produo da autora.
Projetos de interveno em educomunicao
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2 - Produo miditica
Conforme Soares (2014, p. 138), esta rea de interveno envolve aes,
programas e produtos da mdia elaborados a partir do parmetro educomunicativo. Ela
contempla o trabalho de profissionais que se dedicam a renovar a linguagem e os
contedos de programas massivos de interesse educativo nas grandes emissoras de rdio
e TV (SOARES, 2003, p. 9). Enquadra-se no ambiente da comunicao mediada, em
que emissor e receptor no esto fisicamente presentes no mesmo local, a mensagem
flui por meio de um suporte tecnolgico como: telefone, computador, televiso, rdio,
papel, entre outros.
Por produtos da mdia entende-se materiais produzidos para serem divulgados
nos veculos de comunicao: filme, novela, desenho animado, documentrio,
telejornal, artigo de jornal ou revista, folder, fanzine, pea publicitria, programa de
rdio, livro, jogo eletrnico, etc. Como parmetro educomunicativo delimita-se a
produo com intencionalidade educativa elaborada em ambientes educacionais formais
ou no, que ao promover o conhecimento crtico se nutra de: princpios democrticos e
valores como a cidadania, a solidariedade, a criatividade, o dilogo horizontalizado.
Especial ateno deve ser concedida ao planejamento do produto miditico.
Considerando que todas as pessoas produzem cultura, ele deve envolver o pblico alvo,
usar seu vocabulrio e componentes do seu cotidiano, sendo feito a partir de uma
perspectiva participativa e assegurando o uso de estratgias que promovam a interao e
a livre expresso do pblico alvo.
Contudo, na atualidade, possvel uma compreenso ampliada da atuao nessa
rea, ao considerarmos que:
a) ao de mdia o ato de veiculao de mensagens usando os meios de comunicao
tradicionais ou alternativos, fato que autoriza tambm o envolvimento do
educomunicador no planejamento e implementao de aes de comunicao no
necessariamente veiculadas em veculos de massa, mas em mdias alternativas,
como por exemplo: internet, telefones celulares, rdios comunitrias, jornais de
baixa circulao, fanzines, em shopping centers, banheiros, ou em meios de
transporte como metr, motocicleta, nibus, bicicleta, etc.
Projetos de interveno em educomunicao
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b) no sentido tecnolgico, um programa de mdia pode se referir a um aplicativo ou a
um software destinado interao entre pessoas, desenvolvido em equipes
multidisciplinares com a participao de um educomunicador;
c) mdia pode significar tanto um suporte fsico para arquivo de dados (DVDs, blu-
rays, cartes de memrias, pendrives), como a indstria cultural, que produz e
veicula informaes, ideias, mercadorias e oferece entretenimento. Portanto, um
produto miditico no precisa, necessariamente, ter vnculos com a mdia de massa,
podendo ser elaborado por produtoras independentes, ou especializadas em produtos
educativos e divulgado em canais segmentados ou comercializado em suportes
como DVDs, blu-rays, cartes de memrias, pendrives.
Assim, produo miditica educomunicativa a atividade realizada por sujeitos
individualmente ou em equipes multidisciplinares, que tenham o domnio pleno do
contedo a ser ensinado, da pedagogia da comunicao que envolve a linguagem
miditica escolhida e da tcnica de produo. O resultado o desenvolvimento de
produtos comunicacionais marcados por intencionalidade educativa, a serem exibidos
em emissoras de rdio, televiso, cinema, veculos impressos, web, circuitos fechados
nas diferentes organizaes e em ambientes educativos virtuais, entre outros. Contempla
ainda o desenvolvimento de materiais didticos, para serem utilizados na educao, em
apoio aprendizagem, como jogos, vdeos, cartilhas, fanzines, etc.
Os educomunicadores que atuam com produo miditica, alm das mdias de
massa, usualmente se vinculam s organizaes do segmento da educao formal ou
no formal, com especial nfase quelas que se voltam para a educao a distncia.
Importante ressaltar que nesta rea de interveno no se consideram as
produes amadoras, com qualidade de contedo ou tcnica insuficiente, feitas por
estudantes, professores e outras pessoas com intenes outras que no a de ensinar algo
para o espectador ou usurio. Em educomunicao, quando se prope a jovens que
produzam um jornal ou programa de rdio ou tv, o que importa o processo de
produo e no o produto final, assim sendo, nesse caso, o objetivo est na rea de
interveno de educao para a comunicao, j que se pretende que eles aprendam de
forma prtica o que comunicao e no que o programa criado por eles sirva para
ensinar algum contedo para algum, at porque, grande parte das vezes, nem existe um
canal de comunicao em que o produto possa ser veiculado.
Projetos de interveno em educomunicao
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Quadro 4 Produo Miditica
Pblico Alvo: neste caso, os participantes sero os usurios das mdias que iro consumir o produto
ofertado.
Exemplo de uma situao problema: Produo de um vdeo para explicar a teoria da relatividade,
proposta por Einstein.
Objetivo: por meio de um produto miditico, levar os participantes a aprenderem conceitos.
Metodologia: manipulao de contedos educativos, utilizando as linguagens miditicas e recursos
tecnolgicos para produzir um texto miditico.
Recursos: cmeras, computadores, gravadores de udio, equipamento de iluminao, estdio, atores,
ilustradores, designers, programadores, entre outros.
Avaliao: aps expor a audincia ao produto criado, recriando as mesmas condies de audincia que
ela desfrutaria individualmente, so analisados seus depoimentos orais, textos, relatrios sobre o
contedo abordado no produto miditico.
Fonte: produo da autora.
Projetos de interveno em educomunicao
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3 - Educao para a comunicao
Nessa rea, o objeto de estudo a comunicao, entenda-se aqui tanto a
comunicao direta quanto a comunicao mediada, em que emissor e receptor no
esto fisicamente no mesmo local. Segundo Ismar Soares (2014, p. 138), rene
prticas voltadas a sensibilizao e formao das audincias para a convivncia com os
meios de comunicao media education, educacin en mdios educao miditica.
Estratgias especficas podem nortear as aes nesta rea de interveno conforme
o objetivo especfico seja: levar os envolvidos a entender a importncia da comunicao
e/ou a usar eficazmente a comunicao. Dessa forma, entre outras aes, possvel: a)
orientar os participantes sobre como deve ser a comunicao entre os membros de uma
mesma comunidade, estabelecendo regras simples como, por exemplo, no falar ao
mesmo tempo, escutar os outros; b) estudar estratgias lingusticas; c) aprender como se
produz mdia, fazendo um jornal, um programa de televiso ou rdio; d) analisar as
estratgias das grandes corporaes de mdia.
Tamanha a dimenso que a mdia ocupa nos processos sociais que se entende que
seus contedos so importantes componentes culturais e artsticos e necessitam ser
analisados. Para levar os participantes a compreenderem os processos miditicos, so
desenvolvidas tanto atividades de leitura crtica da mdia quanto de produo de mdia.
Considerando a educao formal, interessantes indicadores de qualidade para os
projetos de educao para a comunicao, so fornecidos pela Secretaria Municipal de
Educao da cidade de So Paulo: a) promover o protagonismo infanto-juvenil atravs
da comunicao e das Tecnologias da Informao e da Comunicao (TICS); privilegiar
a participao coletiva dos estudantes; b) garantir o direito comunicao; potencializar
a expresso comunicativa; c) articular as atividades a contedos das diversas reas de
conhecimento e aos temas transversais, bem como a outros programas e projetos; d)
promover a integrao da comunidade escolar; e) realizar a incluso pedaggica; f)
promover a reflexo crtica sobre a presena dos meios de comunicao na escola e na
sociedade; g) promover a melhoria na convivncia escolar; h) promover o aprendizado
atravs da comunicao4 (PREFEITURA DO MUNICPIO DE SO PAULO, 2015).
4 Consideramos que o objetivo contido no item H enquadra-se na rea de pedagogia da comunicao,
por se tratar de educao pela comunicao.
Projetos de interveno em educomunicao
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Quadro 5 Educao para a Comunicao
Pblico Alvo: Os participantes potenciais so todos aqueles que usam a comunicao.
Exemplos de situao problema:
1. Em um municpio, os estudantes de todas as escolas poderiam compartilhar experincias e
conhecimento por meio de uma rede de comunicao juvenil. Para isso, possvel preparar os
alunos das escolas municipais para produzirem pequenos podcasts e post-los em uma rede virtual
prpria. Importa tambm que os envolvidos compreendam que, para isso, no necessrio copiar
modelos adotados nas rdios comerciais.
2. Auxiliar os membros de uma organizao no governamental a produzirem e manterem um site.
Objetivos - levar os participantes a: 1. ampliar o dilogo entre todos os membros da comunidade; 2. ter
um olhar crtico para a mdia; 3. compreender como a comunicao pode ajudar as pessoas a construrem
conhecimento e a se entenderem; 4. entender o papel que os meios de comunicao de massa exercem na
sociedade.
Metodologia: debate, anlise de texto, anlise de contexto, estudo de caso, traduo, simulao de
produo e produo de mdia5.
Recursos: textos, filmes, udios, cmeras, computadores, gravadores de udio, etc.
Avaliao: anlise de depoimentos orais, textos e outras produes realizadas, observao de
comportamento.
Fonte: produo da autora.
5 Para detalhamento consultar Almeida, Cerigatto e Andrelo, 2013, p.66.
Projetos de interveno em educomunicao
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4 - Pedagogia da comunicao
Usar a pedagogia da comunicao consiste em promover a construo de
conhecimento por meio da comunicao dialgica e da relao entre as pessoas,
utilizando estratgias que impulsionem a interao em uma comunidade de
aprendizagem, incentivando a participao de todos. tambm comunicar-se bem,
usando recursos que facilitem a compreenso dos assuntos em pauta. Adotar a
pedagogia da comunicao ser verdadeiro, evitando pregar uma ideia e no coloc-la
em prtica.
Ao mediador da aprendizagem recomenda-se que, alm de dominar o contedo,
esteja em sintonia com os envolvidos expressando-se de forma simples e clara, com
exemplos e vocabulrio pertencentes ao cotidiano deles, o que implica em saber ouvi-
los e conhecer a sua realidade. Outros cuidados so: demonstrar interesse, entusiasmo
e explorar gestos e voz, evitando exposies montonas; adotar os recursos da
comunicao visual, jogos eletrnicos e a tecnologia, de forma a potencializar a ateno
e a compreenso, despertando emoes e auxiliando na memorizao.
bom observar que apesar de a escola ser o local privilegiado da educao, na
sociedade atual, a aprendizagem ao longo da vida uma premissa bsica. A
aprendizagem um valor perseguido nos mais diversos ambientes organizacionais e,
como consequncia, h demanda para a aplicao da pedagogia da comunicao fora da
escola. A falta de interao entre as pessoas e a comunicao autoritria, verticalizada,
antidialgica6 causam problemas nos ambientes empresariais.
A pedagogia da comunicao implica tambm em no fornecer respostas prontas,
no impor pontos de vista. Um bom pedagogo da comunicao expe diversos pontos
de vista sobre os assuntos, oferece subsdios para que os sujeitos comparem argumentos
contraditrios, reflitam e tirem suas prprias concluses. Essa atitude cabe nos mais
diversos espaos: na escola, nos jornais, nas organizaes, nas comunidades.
No ambiente da educao, de acordo com Soares, a pedagogia da comunicao
relaciona-se a procedimentos que qualificam a aprendizagem, criando condies de
alterao para melhor da prpria prtica pedaggica (SOARES, ALMEIDA, 2012,
6 Termo cunhado por Freire (1968).
Projetos de interveno em educomunicao
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p. 123). Nela se auxilia os professores a articular a ao comunicativa no trabalho
didtico (SOARES, 2000b, p. 63). Penteado (2006, p. 122) destaca:
Ao colocar em discusso junto aos alunos um problema, indagando,
ouvindo e acolhendo as opinies e consideraes feitas, por mais
divergentes que se apresentem, e expondo a sua viso do problema
e a importncia de sua focalizao na escola, estar dando o primeiro
passo dentro de uma metodologia comunicacional de ensino.
Pedagogia a prtica de ensinar (HOLANDA, 1995, p. 490). Contudo, hoje no
mais se acredita no ensino por transmisso ou em aprendizagem passiva, mas sim em
construo ativa de conhecimento, em que um indivduo mais experiente atua como
mediador da aprendizagem. Paulo Freire, um dos tericos de referncia, ao afirmar que
a comunicao verdadeira no nos parece estar na exclusiva transferncia ou
transmisso do conhecimento de um sujeito a outro, mas em sua co-participao no ato
de compreender a significao do significado (FREIRE, 2006, p. 70), condenava a
noo de transferncia de conhecimento, utilizada no mtodo tradicional de ensino.
Para o autor, educao comunicao, dilogo, na medida em que no a
transferncia de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a
significao dos significados (FREIRE, 2006, p. 69). Dessa forma, ele identificava
aprendizagem com comunicao e defendia que a construo do conhecimento se daria
somente por meio do dilogo, desacreditando o mtodo tradicional de ensino. A
educao tem, ento, o desafio de desenvolver metodologias, que levem aos estudantes
a compreenderem a significao dos significados, a motiv-los para a aprendizagem.
Para provocar o envolvimento dos alunos com os contedos curriculares, possvel
lanar mo de produtos miditicos, como por exemplo: filmes, animaes, programas
de rdio, histrias em quadrinho, games. Esses recursos tm de ser inseridos na
educao como disparadores de debates crticos, acarretando fluxos de dilogo,
incentivando a interao entre os elementos da comunidade de aprendizagem. So
frmulas para evitar a formao de barreiras aprendizagem e criatividade,
produzidas na presena de comportamento antidialgico (FREIRE, 1968).
Entende-se que no possvel o desabrochar da criatividade e a construo de
conhecimento quando no h interlocuo/entendimento, quando no existem processos
de comunicao horizontalizados, quando so registrados processos autoritrios que
inviabilizam a livre expresso.
Projetos de interveno em educomunicao
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Todavia, no se trata apenas de usar produtos miditicos e tecnologias da
informao e da comunicao, recorre-se tambm a estratgias que fomentem e
facilitem o dilogo, entre elas pode-se mencionar o no posicionamento das carteiras em
filas, nas quais se enxerga apenas a nuca de interlocutores potencial, organizando-as de
forma a permitir o trabalho em grupos, ou acomodando-as em um crculo para que todos
os presentes possam se ver.
A pedagogia da comunicao pode ser igualmente utilizada para solucionar
desafios de relacionamento nas diversas organizaes, uma vez que aos problemas de
comunicao so usualmente atribudas as falhas nos processos e produtos. Na
atualidade, se espera que a produtividade seja alcanada por meio de comunicao
excelente, que fomente a criatividade e o saber inovador, seja para a resoluo de
problemas, como para a proposio de inovaes nos processos. Saber se comunicar no
uma capacidade nata, ela pode ser aprendida por gestores e lderes nas organizaes,
principalmente se forem considerados os parmetros educomunicativos, que
acrescentaro um diferencial cultura organizacional, no apenas do ponto de vista
econmico, mas principalmente da qualidade de vida dos funcionrios e dos
consumidores.
Vale ressaltar que a diferena entre as reas da educao para a comunicao e da
pedagogia da comunicao que o objetivo da pedagogia da comunicao criar
condies para que o dilogo se estabelea favorecendo a aprendizagem de contedos
curriculares e na educao para a comunicao, a comunicao em si o tema de
estudo, como assevera Porto ao falar sobre a pedagogia da comunicao, diferenciando
ambas (1998, p. 29):
[...] no uma pedagogia sobre os meios de comunicao. uma
pedagogia que estabelece comunicao escolar com os
conhecimentos, com os sujeitos, considerando os meios de
comunicao. Dialoga-se com os meios e suas linguagens, em vez de
falar dos meios.
Ento, em pedagogia da comunicao o educador se apodera de recursos da
comunicao para ensinar histria, geografia, e em educao para a comunicao
questiona-se a prpria comunicao e ensina-se a utilizar formas de comunicao no
convvio social.
Projetos de interveno em educomunicao
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Quadro 6 Pedagogia da Comunicao
Pblico Alvo: Os principais envolvidos so os educadores, contudo todos os gestores de pessoas podem
ser beneficiados.
Exemplos de situao problema: inovar os mtodos de ensino organizando as carteiras das salas de aula
de forma no tradicional, de forma a permitir o dilogo entre os estudantes; usando produtos miditicos e
recursos das novas tecnologias da informao e da comunicao; propondo aprendizagem por projetos e
pesquisa.
Objetivos: a) levar os participantes a debaterem ou refletirem sobre um determinado assunto que no seja
a comunicao, usando para isso os recursos da informao e da comunicao; b) motivar para a
aprendizagem e para o dilogo.
Metodologia: debate, anlise de textos e vdeos, simulaes, elaborao de propostas.
Recursos: textos, filmes, udios, cmeras, computadores, gravadores de udio, etc.
Avaliao: anlise de depoimentos orais, textos e outras produes realizadas, observao de
comportamento.
Fonte: produo da autora.
Projetos de interveno em educomunicao
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5 - Mediao tecnolgica na educao
a rea de interveno que se preocupa com a presena das tecnologias como
elemento interveniente nas mediaes culturais que mobilizam a sociedade, com
influncias nos modos de perceber o mundo e de produzir cultura (SOARES, 2014,
p.12).
Visa incorporao das tecnologias da informao e da comunicao nos
processos educativos, de forma a ampliar e multiplicar as oportunidades de
aprendizagem, sempre privilegiando a sua utilizao humanizada e colaborativa, tendo
como centro do processo o educando e o processo de aprendizagem e no o contedo e
nem a tecnologia7.
Soares destaca a preocupao mantida em relao mediao tecnolgica no nvel
bsico da educao escolar, afirmando que essa rea:
preocupa-se com os procedimentos e as reflexes sobre a presena das
tecnologias da informao e seus mltiplos usos pela comunidade
educativa, garantindo, alm da acessibilidade, as formas democrticas
de sua gesto. Trata-se de um espao de vivncia pedaggica muito
prximo ao imaginrio da criana e do adolescente, propiciando que
no apenas dominem o manejo dos novos aparelhos, mas que criem
projetos para o uso social das invenes que caracterizam a Era da
Informao. Esta rea aproxima-se das prticas relacionadas ao uso
das Tecnologias da informao e Comunicao (TIC), sempre que
entendidas como uma forma solidria e democrtica de apropriao
dos recursos tcnicos (SOARES, 2011, p. 48).
Dessa forma, o educomunicador se questionar: de que forma a tecnologia pode
colaborar com a aprendizagem, com a criao, assimilao e gesto do conhecimento na
perspectiva da cidadania, do desenvolvimento e da solidariedade? Parte-se da premissa
de que a aprendizagem constante, social e universal mantm estreita relao com a
ampliao da inteligncia coletiva.
Trabalhar nessa rea de interveno indagar-se constantemente sobre a funo
e o potencial da tecnologia para o avano da humanidade. Afinal, a mesma tecnologia 7 Afirmamos que o interesse no est na tecnologia no que concerne a seu aspecto fsico (hardware) ou
de programao (software). Procura-se a insero da mediao tecnolgica de forma a ampliar trocas e dilogos, ento pouco importa se a opo por computadores, smartphones ou tablets, desde que eles sirvam necessidade humana de construo de conhecimento.
Projetos de interveno em educomunicao
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utilizada para manter um rgido controle sobre o ser humano pode servir para a
construo coletiva de conhecimento, rompendo inclusive barreiras semnticas e
conectando crebros com interesses comuns em qualquer ponto do planeta (LEVY,
2014). Uma comunidade do sul do planeta pode se beneficiar com modelos de soluo
de problemas, adotados por uma comunidade localizada ao norte do planeta que tenha
enfrentado problemas semelhantes.
Nos processos de educao a distncia, a tecnologia permite que brasileiros, com
dificuldade de frequncia diria a uma instituio de ensino superior, tenham
possibilidade de estudar e conectar-se s redes de produo de conhecimento. Ela
permite a aplicao de metodologias revolucionrias de ensino, assim como a
aprendizagem autnoma, j que as informaes nunca estiveram to acessveis. A
tecnologia rompe ainda outras espcies de barreiras fsicas, basta, por exemplo,
observar animaes tridimensionais que reproduzem o funcionamento do corpo
humano, permitindo conhec-lo por dentro.
Entretanto, h ainda um despreparo para a utilizao do pleno potencial da
tecnologia. Na maior parte das escolas brasileiras, as tecnologias tradicionais continuam
a ser consideradas novas, tamanho o estranhamento que sua presena causa no ambiente
educativo. H quem proponha o uso do tablet na educao da mesma forma que se usa o
caderno de papel. Do ponto de vista do desenvolvedor de solues tecnolgicas, h
ainda quem desenhe interfaces de computador no amigveis, no as adequando as
especificidades dos usurios.
A mediao tecnolgica na educao com parmetro educomunicativo uma
rea de interveno desafiadora, com muito a se fazer na educao formal, no formal,
informal e nos mais variados ambientes organizacionais, nos quais aprender
constantemente passou a ser condio para a sobrevivncia. As empresas multinacionais
igualmente necessitam da mediao da tecnologia para construir conhecimento inovador
entre seus pares que beneficiem tanto os seus funcionrios quanto os consumidores.
Projetos de interveno em educomunicao
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Quadro 7 Mediao Tecnolgica na Educao
Pblico Alvo: comunidades aprendentes, com nfase quelas inseridas na educao formal.
Exemplos de situaes problema:
1. inserir tablets na escola, orientando gestores, professores e estudantes a utiliz-los de forma a
otimizar a aprendizagem.
2. desenvolver ambientes virtuais de aprendizagem dialgicos, usando recursos das tecnologias da
informao e da comunicao que possibilitem experincias enriquecedoras entre os pares, por
meio do dilogo e da troca de conhecimento.
Objetivos: Levar os participantes a incorporarem educomunicativamente as tecnologias da informao e
da comunicao na educao
Metodologia: essa rea de interveno requer a elaborao de estratgias personalizadas para
atendimento de cada comunidade especfica, porm em geral necessrio oferecer treinamento para
manipulao da tecnologia e de suas linguagens e para produo de mdia, proceder a anlise crtica de
seu uso.
Recursos: filmadoras, cmeras de fotografia, computadores, gravadores de udio, banda larga, games,
blue-rays, etc.
Avaliao: anlise de depoimentos orais, textos e outras produes realizadas, observao de
comportamento.
Fonte: produo da autora.
Projetos de interveno em educomunicao
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6 - Expresso atravs das artes
O potencial de comunicao do ser humano amplo. Diversos tipos de
linguagens esto a sua disposio, entre elas possvel mencionar: oral, gestual,
corporal, escrita, artstica. De acordo com a finalidade, o homem pode se apropriar delas
intuitiva ou racionalmente, usando-as individualmente ou combinando-as, em funo do
contexto.
So linguagens artsticas: teatro, mmica, circo, dana, msica, canto, pintura,
desenho, gravura, grafite, poesia, escultura, arquitetura, moda, decorao, paisagismo,
culinria, assim como as denominadas artes miditicas, como: fotografia, linguagem
radiofnica, audiovisual e cinema, novela, arte digital, desenhos animados e animaes
tridimensionais, games, entre outras.
A arte permite a construo identitria nas comunidades e abre caminhos para a
conscientizao social, para a descoberta dos direitos, das obrigaes de cada um
(BARBOSA, 2015). Ela importante na aprendizagem para desenvolver formas sutis
de pensar, diferenciar, comparar, generalizar, interpretar, conceber possibilidades,
construir, formular hipteses e decifrar metforas (BARBOSA, 2004, p. 51).
, entretanto importante ressaltar que o objetivo da rea de interveno de
comunicao atravs das artes no tem a ver com o ensino de contedos curriculares de
arte - movimentos artsticos, histria da arte, produtores de arte, elementos bsicos das
linguagens artsticas, etc, nem com o domnio tcnico da produo artstica, o que
interessa aqui a utilizao da linguagem artstica para a interao entre seres humanos.
Ismar Soares (2015, p. 6) destaca que a rea de interveno rene aes realizadas
por meio de esforos de arte-educadores no sentido de garantir espaos de fala,
visibilidade e livre expresso para cada um dos sujeitos sociais, sendo constituda por
prticas que valorizam a autonomia comunicativa das crianas e jovens mediante a
expresso artstica arte-educao (SOARES, 2014, p.138).
Da perspectiva da educomunicao, o dilogo constitui-se sempre o principal foco.
Dessa forma, a princpio, dois tipos de ao podem ser previstas: a) usar a linguagem
artstica para estabelecer contato com os sujeitos - um exemplo o ativismo musical de
Bono Vox, da banda U2 - e b) estimular algum a se expressar por meio dela.
Projetos de interveno em educomunicao
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H casos em que o uso da linguagem verbal ou escrita no d conta de criar as
condies necessrias para o dilogo, assim como outros em que no possvel
expressar o que se quer dizer, ou estabelecer contato com uma pessoa, a no ser usando
as linguagens artsticas, que iro auxiliar tanto nos fluxos de dilogo, como na
construo do conhecimento, deflagrando um processo que, muitas vezes, toca o outro
de forma inatingvel por outras linguagens. Essa situao mais frequente nas
intervenes envolvendo populaes em situao de vulnerabilidade social, indivduos
com dificuldade de socializao ou portadores de deficincias fsicas como, por
exemplo, os autistas. A linguagem artstica , ento, capaz de conectar indivduos
dispersos. A arte contagia e mobiliza as dimenses perceptiva, motora e imaginativa ao
acionar a mente, o corao, o tato. Faz sentir, refletir, sonhar, imaginar, recordar
(COUTINHO, 2004).
A relao arte, mdia e tecnologia ampliou as possibilidades de produo e
expresso artsticas, estabelecendo relevante conexo com o universo juvenil. Lucia
Santaella (2005, p. 14) destaca que as tecnologias miditicas expandiram o campo das
artes para as interfaces com o desenho industrial, a publicidade, o cinema, a televiso, a
moda, as subculturas jovens, o vdeo, a computao grfica etc. Na atualidade os
jovens tm maior acesso tecnologia disponvel nos computadores, tablets, celulares, o
que permite que se expressem artisticamente produzindo digitalmente fotografias,
vdeos, fanzines, animaes, msicas entre outros. Da mesma forma, usam as redes
digitais com facilidade para divulgar o material produzido, dialogando por meio deles
com outros jovens igualmente conectados.
Projetos de interveno em educomunicao
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Quadro 8 Expresso atravs das artes
Pblico Alvo: a) Pblico em geral; b) portadores de deficincias fsicas ou psicolgicas; c) populaes
marginalizadas.
Exemplo de situaes problema:
- Chamar a ateno de pessoas ao redor do mundo para uma determinada causa social, utilizando a
msica;
- Considerando um jovem infrator, em liberdade assistida, criar oportunidade para a sua integrao com
a comunidade por meio de atividade coletiva de interveno artstica no ambiente escolar, propondo a
utilizao por eles de linguagens como: msica, dana, grafite, entre outras.
Objetivos:
a) levar os participantes a se comunicarem usando as linguagens artsticas;
b) Estabelecer contato com as pessoas usando as linguagens artsticas.
Metodologia: apreciao e leitura crtica de arte comunitria, produo artstica.
Recursos: textos, filmes, udios, cmeras, computadores, gravadores de udio, instrumentos musicais,
microfones, tinta, pinceis, etc.
Avaliao: anlise de depoimentos orais, textos e outras produes realizadas, observao de
comportamento.
Fonte: produo da autora.
Projetos de interveno em educomunicao
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7 - Gesto da Comunicao
Esta rea de interveno visa implantao e manuteno de ecossistemas
comunicativos. Neles, uma vez que o direito voz no deve ser influenciado por
estruturas hierrquicas ou interesses polticos e econmicos, potencializa-se a
aprendizagem e a construo de conhecimento colaborativo e inovador. Procura-se
implantar ambientes democrticos, nos quais a comunicao flua entre todos os
participantes, que contam com igual oportunidade para se expressar. A comunicao
pode ser interpessoal ou mediada, ocorrendo em ambientes virtuais - acessados a
distncia por receptores de um meio massivo de comunicao - ou presenciais, em
escolas, empresas e organizaes aprendentes.
A gesto da comunicao, normalmente, precede as atividades educomunicativas a
serem implantadas utilizando os recursos das outras reas de interveno. O gestor, ou a
equipe gestora, avalia o potencial e as necessidades de relacionamento nas
comunidades, realizando um diagnstico da situao existente. Detecta fragilidades na
comunicao e identifica dificuldades de relacionamento, prope e acompanha a
implantao de estratgias e de meios de comunicao que permitam ampliar o
coeficiente comunicativo e fortalecer as relaes, considerando as possibilidades
oferecidas por todas as reas de interveno.
Alm de se dedicar ao pensamento analtico e estratgico, cabe ao gestor
preocupar-se com aspectos pragmticos, que garantam que a comunicao se viabilize
conforme planejado, zelando pela organizao dos ambientes de trabalho e cuidando
para que tanto a estrutura fsica, quanto os recursos tcnicos e humanos necessrios
estejam disposio da comunidade, como afirma Soares (2014, p. 48):
A rea da gesto da comunicao volta-se para o planejamento e a
execuo de planos, programas e projetos referentes s demais reas
de interveno, apontando, inclusive, indicadores para a avaliao de
ecossistemas comunicacionais. Converte-se, nesse sentido, numa rea
central e indispensvel, exigindo o aporte de um especialista, de um
gestor, enfim. Cabe a este cabe no apenas incentivar os educadores para que faam a melhor opo em termos das reas de interveno,
mas tambm de suprir as necessidades do ambiente no que diz
respeito aos espaos de convivncia e s tecnologias necessrias.
Projetos de interveno em educomunicao
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O que caracteriza a gesto educomunicativa so os valores que sustentam os
relacionamentos e norteiam os processos nos ecossistemas. Os processos de
comunicao e a forma como os interessados neles se envolvem so fundamentais,
cabendo ao gestor capacitar os participantes (SOARES, 2000b). Ser orientado por
parmetros educomunicativos adotar o planejamento participativo e a gesto
comunitria dos processos e mdias, recorrer a mltiplos meios de comunicao,
envolver os participantes na produo dos produtos de comunicao comunitrios e
desenvolver frmulas que levem todos a dialogar, considerando as especificidades e
possveis limitaes dos sujeitos participantes.
Para viabilizar a implantao e a gesto de um ecossistema comunicativo,
provavelmente ser necessrio levar os envolvidos a refletirem sobre: a cultura de
participao, a funo da comunicao dialgica, suas vantagens para a comunidade, o
respeito entre os sujeitos falantes, as formas de opresso ao dilogo, a gesto
comunitria, as diretrizes para elaborao de projetos de comunicao e a avaliao das
estratgias propostas. Tambm poder ser preciso orient-los a usar as linguagens
artsticas e miditicas e os processos interativos de comunicao produo de textos e
roteiros, o uso da voz e da expresso corporal, tcnicas de entrevista , alm de
prepar-los para operar artefatos tecnolgicos, como: cmeras, gravadores, softwares de
edio e veiculao de mensagens, redes digitais de comunicao, entre outros.
H grandes desafios na gesto educomunicativa da comunicao. Um deles o
fomento manuteno, nos ecossistemas, de princpios como: solidariedade, tolerncia,
cooperao, igualdade, comprometimento, tica, respeito, gentileza, entre outros. Outro
obter a incluso de todos os envolvidos.
Inserida nesta rea de interveno est a importante atuao do educomunicador na
esfera pblica, como gestor de polticas pblicas que renam a comunicao e a
educao, como exemplificam diversos programas educomunicativos j implantados no
Brasil, caso do programa Nas Ondas do Rdio, da Secretaria Municipal de Educao de
So Paulo e, em nvel federal, do Mais Educao, do Ministrio da Educao, alm da
adoo dos parmetros educomunicativos pelo Ministrio do Meio Ambiente
(SOARES, 2014a).
Projetos de interveno em educomunicao
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Quadro 9 Gesto da comunicao
Pblico Alvo: Qualquer comunidade aprendente com predisposio a trabalhar sob os parmetros
educomunicativos.
Exemplo de situao problema: A associao de moradores de um determinado bairro sente a
necessidade de otimizar a comunicao entre os moradores, para tanto resolve fazer uma grande
assembleia em que todos reflitam sobre o desafio e proponham alternativas a serem implantadas
comunitariamente, visando soluo do problema.
Objetivos: levar os participantes a diagnosticar, planejar, implantar e avaliar projetos, programas ou
planos de comunicao, corrigindo rumos quando necessrio, com a finalidade de potencializar os fluxos
de comunicao na comunidade, usando para isso, as estratgias das demais reas de interveno.
Metodologia: debate, anlise de texto, anlise de contexto, estudo de casos, elaborao participativa de
propostas, implantao e avaliao de programas e estratgias.
Recursos: textos, filmes, cmeras, computadores, gravadores de udio, etc.
Avaliao: observao de comportamento, anlise de depoimentos orais, de textos e mdias produzidas,
pesquisa com os envolvidos.
Fonte: produo da autora.
Projetos de interveno em educomunicao
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Situaes prticas
muito comum a indagao se existe um projeto educomunicativo que se
enquadre em uma nica rea de interveno e o fato que isso dificilmente ocorre.
Porm, cabe ao educomunicador aproveitar todo o potencial das aes, dimensionar o
que ter condio de fazer a cada interveno, ser rigoroso ao delimitar objetivos e
verificar seu cumprimento.
Na sequncia, situaes imaginrias demonstram a variedade de objetivos que se
pode ter em diferentes circunstncias.
A. Educomunicao Corporativa
O desafio em uma organizao do primeiro, segundo ou terceiro setores pode ser
o de tornar o ato de trabalhar significativo para os funcionrios, estimulando o
protagonismo e a formao de redes dialgicas de cooperao no ambiente de trabalho,
que usem atitudes inovadoras e a autonomia na resoluo de problemas. Para isso
possvel utilizar recursos e aes de comunicao, como reunies, palestras, simulaes,
vdeos, planejamento participativo com o diagnstico da situao e a elaborao de
propostas, produo de mdias corporativas, entre outros, que conduzam reflexo
coletiva sobre a funo social da organizao e a qualidade das relaes no ambiente de
trabalho.
- reas de interveno e objetivos possveis, considerando o potencial da atividade
educomunicativa:
1. Produo Miditica produzir vdeos e aplicativos para demonstrar e auxiliar a
adoo da metodologia do planejamento participativo e aumentar o coeficiente
comunicativo no ecossistema organizacional.
Objetivos: facilitar o processo de compreenso da metodologia, por meio da produo
de vdeos e aplicativos que considerem as caractersticas dos funcionrios e a cultura
organizacional. Aumentar o coeficiente comunicativo no ecossistema organizacional.
2. Pedagogia da comunicao por meio de vdeos e rodadas de conversa as
pessoas sero conscientizadas sobre a importncia da organizao para a sociedade e
tambm sobre a importncia da comunicao para a qualidade do relacionamento na
empresa;
Projetos de interveno em educomunicao
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Objetivo: levar os funcionrios a compreenderem a importncia da organizao para a
sociedade e da comunicao para eles.
3. Educao para a comunicao capacitar os colaboradores para a comunicao
dialgica e para a troca de informaes acerca das suas condies de trabalho, sobre o
objetivo social da organizao, assim como sobre o seu compromisso social.
Objetivo: orientar os participantes a se comunicarem e a transmitirem informaes
eficazmente utilizando a comunicao direta, a comunicao impressa, as redes sociais
e os aplicativos telefnicos.
4. Mediao tecnolgica compatibilizar as ferramentas tecnolgicas disponveis
na organizao com o potencial dialgico e os recursos humanos existentes.
Objetivo: assegurar que a tecnologia seja corretamente dimensionada e que os
participantes estejam aptos a sua utilizao, de forma a permitir a sua incorporao no
cotidiano da comunidade.
5. Gesto da comunicao - planejar e implantar processos participativos de
comunicao na comunidade.
Objetivo: reunir a comunidade, analisar a necessidade cotidiana de comunicao,
diagnosticar os recursos existentes, definir redes por meio das quais o ecossistema de
comunicao possa ser viabilizado, atribuir responsabilidades de gesto, prazos de
implantao, processos de funcionamento e critrios de avaliao.
B. Educomunicao Comunitria
Imagine um projeto em uma vila de pescadores, orientado educao para a
preservao do meio ambiente, no qual tecnologias, como murais, radioamadores,
telefones celulares e redes de computadores, sejam utilizadas para: articular os
pescadores, envolver os moradores da comunidade local nas estratgias, divulgar
informaes e controlar as aes. possvel a existncia de mltiplos objetivos,
atendendo a cada rea de interveno.
reas de interveno e possveis objetivos, considerando o potencial da atividade
educomunicativa:
Projetos de interveno em educomunicao
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1. Produo Miditica produzir vdeos e aplicativos para ensinar os pescadores
sobre o meio ambiente e para auxili-los no controle dos processos de pesca e de
comunicao.
Objetivo: facilitar o processo de ensino-aprendizagem sobre a preservao ambiental e
de comunicao e controle de processos, por meio da produo de vdeos e aplicativos
que considerem a caractersticas dos pescadores e das suas comunidades.
2. Pedagogia da comunicao por meio de vdeos e rodadas de conversa as
pessoas sero conscientizadas sobre a importncia da preservao do meio ambiente;
Objetivo: levar os pescadores a entenderem o que a pesca predatria, a gravidade da
sua prtica e as formas de denncia, as licenas necessrias e as punies previstas em
lei, a cadeia produtiva da pesca martima, as espcies em extino.
3. Educao para a comunicao capacitar os pescadores e a comunidade para a
comunicao dialgica e para a troca de informaes sobre a condio das mars, dos
pescados, dos navios pesqueiros, transportes terrestres e mercadorias.
Objetivo: ensinar os participantes a se comunicarem eficazmente utilizando as redes
sociais e os aplicativos telefnicos.
4. Mediao tecnolgica compatibilizar as ferramentas tecnolgicas com o
potencial e recursos existentes.
Objetivo: assegurar que a tecnologia seja corretamente dimensionada e que os
participantes estejam aptos a sua utilizao, de forma a permitir a sua incorporao no
cotidiano da comunidade.
5. Expresso atravs das artes sensibilizar toda a comunidade para a preservao
ambiental usando o teatro, ofertando, entre outras, oficinas de desenho, pintura,
possibilitando que se expressem sobre a temtica em pauta.
Objetivo: levar a comunidade a expressar-se e a divulgar ideias utilizando as linguagens
artsticas.
6. Gesto da comunicao - planejar e implantar processos participativos de
comunicao na comunidade.
Objetivo: reunir a comunidade, analisar a necessidade cotidiana de comunicao,
diagnosticar os recursos existentes, definir redes por meio das quais o ecossistema de
comunicao possa ser viabilizado, atribuir responsabilidades de gesto, prazos de
implantao, processos de funcionamento e critrios de avaliao.
Projetos de interveno em educomunicao
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C. Educomunicao Escolar
Uma escola recebe um lote de tablets a serem distribudos para os alunos do terceiro
ano do ensino mdio e apesar de no ter recebido formao sobre como utiliz-los
resolve inseri-los no cotidiano escolar em auxlio ao processo de ensino aprendizagem.
Um educomunicador oferece as opes de: pesquisa de contedos na web; estudo de
lngua espanhola no aplicativo duolingo; criao de um blog da escola, que permita o
dilogo com alunos, pais e comunidade sob gesto compartilhada de professores e
alunos; produo e veiculao no blog de podcasts gravados por alunos, tendo como
temtica os contedos curriculares.
reas de interveno e objetivos possveis, considerando o potencial da atividade
educomunicativa:
1. Pedagogia da comunicao com o auxlio da tecnologia ser possvel estudar
espanhol e outros contedos curriculares;
Objetivo: motivar os jovens para o estudo da lngua espanhola e outros contedos.
2. Educao para a comunicao capacitar os jovens e professores a: utilizar os
tablets, a criar blogs e podcasts, produzir e veicular contedos nas mdias.
Objetivo: ensinar os participantes a se comunicarem eficazmente utilizando blogs e
podcasts.
3. Mediao tecnolgica inserir os tablets no cotidiano escolar.
Objetivo: assegurar que os tablets sejam utilizados no processo de ensino-
aprendizagem.
4. Gesto da comunicao - planejar e implantar um blog que auxilie a
comunicao com a comunidade escolar.
Objetivo: reunir a comunidade, analisar a necessidade cotidiana de comunicao,
diagnosticar os recursos existentes, definir redes por meio das quais o blog possa ser
viabilizado, atribuir responsabilidades de gesto, prazos para implantao do blog,
processos de funcionamento e critrios de avaliao.
5. Expresso atravs das artes produzir animaes, ilustraes, fotografias,
msicas, permitindo que se expressem.
Projetos de interveno em educomunicao
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Objetivo: levar a comunidade a expressar-se e a divulgar ideias utilizando as linguagens
artsticas digitais, assim como lev-los a refletir sobre a funo das artes digitais quando
inseridas no universo miditico.
Como se observou, para cada situao exposta existem propostas de trabalho em
diversas reas de interveno. No entanto, as atividades podem ser desenvolvidas em
uma s rea, ou nas diversas reas, de forma simultnea ou sequencialmente,
dependendo do tempo disponvel, dos recursos existentes e da formao da equipe que
planeja e promove as atividades. Uma equipe multidisciplinar pode enriquecer as
experincias, possibilitando que se explore todo o potencial de cada atividade realizada.
Projetos de interveno em educomunicao
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