2
Produção de Nylon
QUI610
Ana Soares Supervisor: João Bastos
André Fonseca Monitora: Sónia Pinto
Bruno Sousa
Cindy Carvalho
Nuno Delduque
3
Sumário
A Ciência tem vindo a desbravar caminho ao longo do tempo, sempre
em prol do Homem, permitindo inúmeras descobertas importantes que
alteraram a forma como olhamos o Mundo. No século XIX, essa caminhada
levou ao aparecimento dos polímeros, materiais muito resistentes e
duradouros, que facilitaram em muito a obtenção de certos produtos.
Os polímeros podem ter diversos fins, sendo que a obtenção de fibras
sintéticas é uma das mais importantes. Destas, a que mais sobressai pelas
suas qualidades ímpares é, sem dúvida alguma, o nylon.
A descoberta desta fibra revolucionou o mundo em vários aspectos.
Por isso, e no âmbito da disciplina “Projecto FEUP” que tem como principal
objectivo preparar os alunos para as exigências técnicas e científicas do ensino
superior, foi-nos proposto desenvolver uma pesquisa sobre a produção deste
polímero revolucionário assim como todos os aspectos inerentes ao
aparecimento do mesmo.
Desencadeamos assim uma pesquisa de grupo que abordou
pormenorizadamente os processos de produção do nylon, assim como a
discrição detalhada de um destes processos (neste caso, o processo de
produção do nylon 6,6), uma vez que esta fibra pode ser produzida de várias
maneiras, consoante as características que se pretendem obter da mesma.
Além disso, há que perceber de que modo o seu aparecimento e utilização no
quotidiano alterou as nossas vidas, tanto a nível económico como social.
Incidimos, ainda, sobre vários outros aspectos, como os locais do globo onde o
nylon é produzido, quais as maiores empresas e os impactes ambientais da
produção destes polímeros.
O nosso objectivo é, por isso, adquirir mais conhecimentos acerca da
origem do nylon e perceber o porquê de ter um impacto tão grande no mundo.
4
Agradecimentos
Agradecemos a todos os que estiveram directa ou indirectamente
envolvidos na elaboração deste trabalho e permitiram que este fosse realizado
com rigor e correcção científica.
Sónia Pinto – por estar presente em todas as aulas do Projecto FEUP e
estar sempre disponível a aconselhar e ajudar-nos na construção do relatório.
João Bastos – por ter dado uma ajuda fundamental na linha de
orientação que este trabalho devia ter.
Lúcia Santos - por nos ter iniciado no projecto FEUP e ter indicado
pontos importantes para que o nosso trabalho tenha sucesso, quer nesta
disciplina, quer ao longo do curso.
5
Lista de figuras
Figura 1. A evolução da produção mundial das fibras ao longo da 2ª
metade do século XX. Pág. 9
Figura 2. Comparação da fórmula molecular do nylon 6 e do nylon 6,6.
Pág.10
Figura 3. Variação da produção mundial de nylon entre 1998 e 2005. Pág.
11
Figura 4. Mapa da sequência de operações envolvidas na produção da
fibra de nylon. Pág. 12
Figura 5. Filtro de velas. Pág. 15
Figura 6. Parafuso de extrusão. Pág. 15
Figura 7. Spinnerette. Pág. 15
Figura 8. Roldana. Pág. 16
Figura 9. Processo de drawing. Pág. 16
Figura 10. Consumo mundial das fibras de nylon durante o ano de 2007.
Pág. 19
Figura 11. Produção mundial de nylon durante os últimos dois anos, por
comparação ao polyester. Pág. 20
6
Índice
1.Introdução................................................................................................................................. 7
2.Produção de Nylon ................................................................................................................. 8
3.Importância Económica e Social .......................................................................................... 9
4.Processamento de Nylon ..................................................................................................... 11
4.1. Produção de pastilhas ..................................................................................................... 12
4.2. Melt spinning ..................................................................................................................... 14
4.3. Drawing .............................................................................................................................. 15
5.Produção Mundial ................................................................................................................. 17
6.Impacte Ambiental ................................................................................................................ 20
7.Conclusão............................................................................................................................... 22
8.Bibliografia .............................................................................................................................. 23
7
1. Introdução
O nylon é uma fibra têxtil sintética muito importante, visto possuir
propriedades vantajosas em relação às fibras têxteis naturais (como por
exemplo, o algodão). Destas propriedades destacam-se a facilidade de
produção e o baixo custo da matéria-prima, assim como uma óptima
resistência ao desgaste; no entanto, apesar de todas as características
favoráveis que possui, esta fibra sintética deixa uma pegada ecológica
importante no meio ambiente, tanto durante a produção como depois de obtido
o produto, uma vez que pertence à família dos plásticos. Para se ter uma
noção, quando descartado em locais impróprios, o nylon demora cerca de 400
anos a degradar-se!
O nylon é utilizado no fabrico de diversos produtos, devido às
características que possui, desde velcros, roupas íntimas, biquínis, roupas
desportivas, entre outros, mas também em outras áreas da sociedade, como
Medicina, onde o nylon é o constituinte principal dos fios utilizados em suturas,
advindo o facto do mesmo ser um material inerte ao organismo e, portanto, não
causar reacções inflamatórias.
Contudo, para chegarmos aos produtos é necessário perceber os
processos que levaram à obtenção dos primeiros. Assim, e visto nos
encontrarmos num curso de engenharia, vamos focar-nos na unidade industrial
propriamente dita e em todos os processos inerentes a esta: obtenção de
matéria-prima, processamento e produção, impactes ambientais, etc. Esta
questão da unidade industrial é mais pertinente, já que o emprego que
ambicionamos como engenheiro químico está directamente relacionado com a
mesma. Todavia, existem variadas formas de obter as fibras de Nylon, assim
como diversos tipos de Nylon. Focar-nos-emos, por isso, em apenas uma
delas, mas concretamente na produção de nylon 6,6, visto ser o mais utilizado
a nível mundial. Esta parte será, por isso, a mais importante do trabalho, pois
abordaremos alguns processos químicos e unidades processuais com as quais
trabalharemos durante todo o curso.
8
2. Produção de Nylon
Até à década de 60, o objectivo principal foi apenas criar novas fibras
sintéticas, todavia tornou-se necessário modificar quimicamente essas fibras de
modo a que as mesmas pudessem ter as características necessárias para
serem utilizadas em fins específicos. As pesquisas elaboradas permitiram
alterar vários aspectos das fibras, como a forma, a resistência a determinadas
substâncias, a ductilidade, entre outras.
Com todas estas qualidades, foi natural a importância que as fibras
sintéticas começaram a ter relativamente às naturais junto dos consumidores e
das empresas, sobretudo por permitirem a obtenção de maiores lucros por
parte das mesmas e ao mesmo tempo uma redução do custo da obtenção de
produtos por parte da população.
Posteriormente, o aumento
demográfico, assim como a
melhoria das suas condições de
vida, permitiu que as empresas
elevassem a produção, o que
levou à implementação em
definitivo das fibras sintéticas.
.Actualmente, as fibras
sintéticas mais vendidas são o
nylon, o polyester e o polyolefin,
sendo, por isso, de elevada
importância. [1]
Figura 1. A evolução da produção mundial das fibras ao longo da 2ª metade do século XX.
9
3. Importância Económica e
Social
O nylon foi um dos materiais que revolucionou muitos mercados,
especialmente o têxtil. Antes da invenção deste polímero, o principal
componente das peças de vestuário era o algodão. Em 1925 a Companhia
Norte Americana DuPont apercebeu-se de que o tratamento do algodão era
dispendioso, como tal, era necessário encontrar materiais alternativos mais
baratos como, por exemplo, a seda.
Actualmente, entre os tipos
de nylon mais consumidos,
destacam-se o nylon 6,6 (75% do
consumo norte americano) e o
nylon 6 ( 25 % do consumo norte
americano) [2]. Os processos de
produção destes são muito
similares [4], e também aparte do
ponto de fusão ser um ligeiramente
diferente, as duas moléculas têm basicamente propriedades idênticas [3]. Mas
os derivados químicos destes compostos são diferentes. A invenção de nylon
permitiu avanços significantes na química e tecnologia dos polímeros, como
será abordado abaixo.
Figura 2. Comparação da fórmula molecular do nylon 6 e do nylon 6,6.
10
Figura3. Variação da produção mundial de nylon entre 1998 e 2005.
No período de 1960-1980, o valor de produção cresceu de mil milhões
de libras por ano, até sete mil milhões de libras por ano. O consumo de têxteis
crescia aproximadamente 7,5 % por ano. As indústrias de nylon cresciam
progressivamente, até mesmo com a seca de petróleo em 1970. Este
crescimento ficou-se a dever, em parte, a melhoras no processo de produção,
como o aumento da velocidade das máquinas que integram o processamento
do nylon. Em 2005 a produção mundial de nylon foi estimada em 4070
toneladas. Como o nylon é fabricado a partir de monómeros que derivam do
petróleo a indústria de nylon está dependente da indústria petrolífera. Mesmo
assim, devido ao aparecimento desta fibra sintética, mais consumidores têm
hoje acesso a bens básicos, como têxteis, a um custo menor, porque veio
substituir o algodão, uma fibra cuja produção de custo elevado aumentava o
preço de venda de peças de vestuário ao público. [3]
As fibras de nylon são especialmente fortes e hoje em dia têm uma vasta
aplicação em variados produtos. Hoje em dia estes polímeros têm um papel
significante no fabrico de ecrãs, escova de dentes, isolamentos para cabos
eléctricos, equipamento desportivo, cortinas de casa de banho, redes de pesca,
bancos de autocarros, airbags dos veículos, raquetes de ténis e até redes de
socorro em space shuttles. O nylon também é usado extensivamente como um
plástico maleável (modulação), como em rodas dentárias, ou componentes de
altas-temperaturas para máquinas ou também para a tinta exterior dos
carros.[5]
11
4. Processamento de Nylon
Cada tipo de nylon exige matérias-primas diferentes para a sua
produção. Como o nylon 6,6 é o mais comum e os restantes não têm
aplicações em grande escala, comparativamente ao primeiro, resolvemos
incidir apenas na produção do nylon 6,6. Com tal conhecimento podemos obter
uma ideia de como todos os outros nylons são produzidos.
O processo de produção de nylon engloba três fases fundamentais.
Numa primeira fase é necessário produzir pastilhas de nylon a partir da
matéria-prima em bruto (benzeno e ácido adípico). De seguida, as pastilhas
sofrem o processo de melt sipining dando origem a um único fio de nylon. Por
último, o fio é entrecruzado através de uma técnica denominada por drawing.
Trataremos de detalhar os processos acima enunciados, bem como as
unidades processuais e as reacções químicas associadas a estes.
Figura 4. Mapa da sequência de operações envolvidas na produção da fibra de nylon.
12
4.1. Produção de pastilhas
Para a produção de pastilhas de nylon é necessário dois ragentes: o
ácido adípico e a hexametilenodiamina. Para a obtenção do ácido adípico é
necessário o benzeno, que é um subproduto do petróleo. O benzeno é
hidrogenado e produz-se ciclo-hexano (1). Este também pode ser obtido por
destilação fraccionada do petróleo. O próximo passo é a oxidação da
substância para ciclo-hexanol e ciclo-hexanona, na presença de ar (2). Logo
depois, a mistura é oxidada pelo ácido nítrico, originando ácido adípico (3).
O ácido adípico que foi obtido por este processo é um reagente na
produção de fibras de nylon e é também a matéria-prima para a
hexametilenodiamina, que é o outro reagente. Para a produção de
hexametilenodiamina é preciso formar um composto intermédio: o adiponitrilo.
Este pode ser obtido por diferentes métodos. Um dos processos consiste na
reacção de amonólise-reacção idêntica à da hidrólise mas com no, lugar de
H2O utiliza-se NH3 (4). Outra forma é pela série reactiva dos compostos
furfural, furano, óxido de ciclotetrametileno, 1,4-diclorobutano e, finalmente,
adiponitrilo (5). Por outro lado, este também pode ser obtido por buta-1,4-dieno
(o qual é derivado do petróleo), que pode ser usado como matéria-prima para
fazer o adiponitrilo via 1,4-diclorobut-2-eno e 1,4-dicienobut-2-eno (6). O
adiponitrilo em todas as situações é hidrogenado (7).
1
2
3
13
Quando o hexametilenodiamina e o ácido adípico se misturam numa
solução de estequiometria molar 1:1 dá-se a precipitação do sal de nylon
adipato de hexametilenodiamina. Depois da purificação, este sal é polimerizado
para obter o material com a massa molecular desejada. É aquecida até cerca
de 280oC no vácuo enquanto é mexido numa câmara de pressão durante 2-3
horas. Numa fase final, a temperatura é aumentada até ao 300oC por um curto
período de tempo. A massa molecular tem de ter um valor suficientemente alto
para ser utilizada na formação de fibras, contudo esta não pode exceder o valor
específico para a formação da fibra. Caso este valor ultrapasse esse limite, a
viscosidade da substância aumenta e vai requerer temperaturas e pressões
extremamente altas dentro da unidade processual para que numa fase
posterior em que são necessárias rotações muito elevadas a solução do sal
flua. Uma pequena quantidade de ácido acético é adicionada para finalizar o
crescimento da cadeia da molécula, pela reacção de terminação entre este
ácido e os grupos amina.
O produto polimerizado é um material extremamente insolúvel e tem de
ser fiado e derretido. De seguida, segue-se a pigmentação onde é necessário
adicionar o pigmento da cor desejada ou o dióxido de titânio à cadeia de
polimerização seguido de solidificação. Para facilitar o seu uso, a cadeia de
nylon sofre extrusão a partir da autoclave, formando-se assim um fio fino que
posteriormente a um arrefecimento é facilmente quebrado em pastilhas.
Quando possível, este processo é omitido e passa-se directamente para a
operação de rotação do polímero líquido.
4
5
6
7
14
4.2. Melt spinning
O polímero sólido em forma de pastilha (ou o em
estado líquido se a fase de extrusão for omitida) é posto
num parafuso de extrusão. A profundidade e o ângulo
helicoidal dos tubos são projectados de tal forma a que o
derretimento aconteça na secção inicial (na cabeça do
parafuso) e o polímero derretido progrida para a secção
abaixo sob condições de pressão mais elevadas. O
polímero derretido segue para um tanque onde é aquecido
uniformemente, antes de entrar numa bomba que
analisa o fluxo de líquido que passa por esta e
nivela essa taxa. Qualquer método usado para
manter o polímero derretido em condições próprias
para produção usa uma bomba de mudanças de
pressão e temperatura, o que fornece tanto
pressões elevadas como uma taxa de fluxo
constante. De seguida o polímero avança até um
filtro, que consiste numa placa de metal num nível superior com pequenos
poros, que conduzem o filtrado a pequenos tubos. Estes contêm placas de
metal com poros na superfície. A dimensão destes vai diminuindo ao longo do
tubo fazendo com que o filtrado se vá tornando cada vez mais puro. Existe
outra forma de filtração em que os tubos estão cheios com grãos de areia em
que os mais finos estão em baixo, tornando a filtração cada vez mais selectiva.
Depois de ser filtrado o polímero derretido a uma pressão de alguns milhares
de libras por polegada ao quadrado é extrudido por
pequenos capilares na máquina de altas rotações. É
necessário manter a temperatura do tanque, da bomba,
do filtro da máquina de rotação de 20 a 30o C acima do
ponto de fusão do nylon que é 264oC. As fibras que têm
a estrutura desejada podem ser produzidas pelas
spinerettes seleccionadas que contêm buracos com
configuração apropriada para o efeito.
Figura 7. Spinnerette.
Figura 6. Parafuso de
extrusão.
Figura 5. Filtro de velas.
15
O processo de produção de nylon requer que as fibras extrudadas
emirjam da spinnerette e prossigam para um tanque de arrefecimento onde
uma corrente de ar frio arrefece rapidamente (quench) e torna-o num sólido. Os
filamentos do sólido seguem depois para uma chaminé onde arrefecem mais e
um lubrificante é aplicado antes do nylon entrar em contacto com as roldanas
para reduzir a fricção. O novo fio formado pela spinnerette é enrolado por um
enrolador e depois segue para a fase seguinte do processo de produção,
denominado drawing.
4.3.Drawing
Após ocorrer o enrolamento, o nylon pode ainda ser
esticado entre 4 a 7 vezes o seu tamanho, mantendo a sua
resistência. A fase que se segue consiste na estiagem a frio,
aonde o nylon é transferido a uma taxa controlada sobre
baixa tensão. Depois esse nylon passa por uma roldana que
determina a taxa de quantidade deste polímero que passa
para a próxima etapa. Esta roldana também previne escorregamentos do fio de
nylon. De seguida a fibra é enrolada por outro enrolador, de onde segue para
uma segunda roldana que tem uma velocidade giratória superior à anterior que
determina a quantidade de estiagem desejada. O nylon pode ficar esticado até
400% da fibra original.
As moléculas longas presentes no
nylon 6,6 ao saírem da spinnerette tendem a
formar estruturas cristalinas de dimensões
moleculares, enquanto os polímeros
solidificam na forma de fibras recém criadas.
Na operação de drawing ambas as
estruturas ordenadas e as áreas amorfas
tendem a orientar-se de tal forma a que as moléculas longas ficam paralelas ao
eixo da fibra e facilita-se o processo de criação de pontes de hidrogénio. É esta
orientação e existência de pontes de hidrogénio que permite à fibra com baixa
resistência tornar-se numa fibra bastante resistente.
Figura 9. Processo de drawing.
Figura 8. Roldana.
16
Controlando a quantidade e as condições do drawing é possível variar a
quantidade de cristalização e o seu grau. O grau de cristalização varia
conforme o produto final desejado. Para aplicações têxteis é pretendido um
baixo nível de cristalização, pois é desejado um alongamento considerável e
um baixo grau de resistência do material, tendo em conta que as roupas têm de
ser objectos maleáveis do dia-a-dia. Por outro lado pode haver uma maior
cristalização, favorecendo-se então a resistência do produto como, por
exemplo, cordas para transporte de carga pesada.
O nylon final é embalado a velocidades, aproximadamente, de 6000
m/min. [6]
17
5. Produção Mundial
Como já foi referido, deve-se a Wallace Hume Carothers (1896-1937) a
produção de nylon. Este químico trabalhava no DuPont Experimental Station
Laboratory, em Delaware (EUA). Esta empresa foi fundada em 1802 e é
conhecida pelo desenvolvimento de inúmeros materiais como lubrificantes e
teflon e tem instalações espalhadas por todo o mundo, mais propriamente, nos
Estados Unidos da América, na China, no Japão, no Taiwan, na Índia, na
Alemanha e na Suiça. [7]
Em 1931, Carothers liderou uma equipa de químicos da empresa no
desenvolvimento do nylon. Apesar de terem enfrentado algumas dificuldades
conseguiram, em 1935, obter nylon que foi comercializado, pela primeira vez,
em 1939.
Para a empresa, a comercialização do nylon foi um sucesso e, obteve
assim um lucro de 33% com a venda de meias femininas. Sendo a síntese do
nylon considerada um dos maiores sucessos da história comercial. [ 8]
Com o passar dos anos, o nylon foi tendo cada vez mais aplicações. Por
exemplo, durante a Segunda Guerra Mundial, a produção de nylon destinava-
-se para esta (desde a produção de pára-quedas à produção de coletes à
prova de bala) contudo, após a guerra produzia-se nylon para a indústria têxtil
(fabrico de camisas, blusas), para a indústria automóvel (reforço de pneus),
para a produção de tapetes, cordas, entre outros.
Todavia, apesar dos Estados Unidos terem sido os maiores produtores
de nylon durante vários anos, isso não se verifica na actualidade. A Ásia é o
continente que mais produz e consome fibras (entre elas está o nylon),
enquanto nos EUA e na Europa Ocidental o consumo vai diminuindo devido à
crise económica e financeira dos últimos anos, às condições económicas a que
cada região está sujeita, à produção de fibras alternativas mais baratas, ao
aumento da concorrência e competitividade do mercado europeu e às
preferências do consumidor. Em relação à China acontece o contrário, o
18
consumo vai aumentando graças ao crescimento económico do país, à falta de
outras ofertas e ao mercado pouco desenvolvido neste sector. [9]
Analisando o gráfico efectuado em 2007, pode concluir-se que a China é
o país que mais consome nylon no mundo, seguido dos Estados Unidos e da
Europa Ocidental, no que diz respeito aos anos mais recentes.
Em meados de 2008, as dez maiores empresas produtoras foram
responsáveis por 38% da produção mundial, sendo a INVISTA, com as suas
instalações na América, na Europa Ocidental e na Ásia, produtora de 13% da
capacidade mundial. Vindo depois a Shaw Industries e a Solutia com 5% da
produção mundial cada uma. [10]
Figura10. Consumo mundial das fibras de nylon durante o ano de 2007.
19
Em 2009, produziu-se cerca de 3,7 milhões de toneladas de nylon em
todo o mundo, sendo que no que diz respeito à China a produção de 1,4
milhões de toneladas é a mais relevante, seguido dos EUA com menos de
metade, nem às 700 mil toneladas chegou a sua produção.
Figura11. Produção mundial de nylon durante os últimos dois anos,
por comparação ao polyester.
20
6. Impacte Ambiental
O nylon é um polímero cuja sua descoberta possibilitou um novo mundo
de materiais. Mas nem tudo nesse contexto é positivo, de facto a sua produção
sofreu várias modificações desde a forma inicial de processamento das fibras
deste polímero, no sentido de melhorar a eficiência da sua produção, bem
como de minorar os impactes ambientais.
O principal impacte ambiental associado à obtenção deste material
consiste na forma como se obtém o ácido adípico. Este é produzido através da
oxidação do ciclo-hexanol ou ciclo-hexanona usando o ácido nítrico, sendo que
um dos produtos secundários é o ácido nitroso: um gás destruidor da camada
de ozono e que, portanto, contribui para o efeito estufa. Anualmente são
produzidos 2,2 milhões de toneladas (inglesas) métricas de ácido adípico, o
que por outro lado leva a produção estimada de 5% a 8% de todo o gás nitroso
produzido no planeta durante o ano. No entanto a Universidade de Nagoya
desenvolveu uma forma de cristalizar o ácido adípico usando peróxido de
hidrogénio em vez de ácido nítrico. Apesar de ser um processo mais caro (o
peroxido de hidrogénio tem um custo mais elevado do que o ácido nítrico),
estamos perante uma técnica que já não possui limitações e pode levar a um
caminho mais “verde” a produção de nylon, bastando para que tal aconteça
que haja uma diminuição do preço do peróxido de hidrogénio.
Existe também a preocupação da matéria prima inicial, o benzeno, ser
um derivado do petróleo. Este é um recurso não-renovável e um combustível
fóssil muito poluente. Apesar disto o seu uso na indústria do nylon é tão
diminuto, que o seu impacte ambiental, comparado com outras indústrias que
usam o petróleo de uma forma mais intensiva, não tem significado relevante.
Outra questão pertinente diz respeito à excessiva utilização de energia e
água associadas às unidades processuais existentes na produção e
processamento das fibras deste polímero. As águas utilizadas ficam inutilizadas
e não podem voltar a entrar no sistema de novo, não existindo deste modo uma
política de reutilização de produtos secundários das reacções. Também de
21
apontar que para além de não existirem infraestruturas que se destinem a
reciclar nylon.
Um ponto positivo relacionado com a obtenção do nylon relaciona-se
com o facto do processo de melt spinning ser relativamente mais limpo do que
o processo de dry and wet spinnig, o que se traduz numa diminuição do
impacte ambiental associado ao processamento deste polímero. [11]
22
7. Conclusão
Os nylons são uma família de polímeros derivados do petróleo,
substância que revolucionou o mundo em muitos aspectos. A descoberta
destes tornou possível a produção de muitos materiais com inúmeras utilidades
na actualidade. O nylon tanto é utilizado na produção de novos produtos, como
na invenção de novas tecnologias.
Por consequência desta inovação, a produção e consumo de nylon
aumentou de uma forma exponencial nos últimos 50 anos, sendo que na última
década mostra sinais de abrandamento e estabilização. Em relação aos
processos de produção e ao processamento desta fibra podemos dizer que
existem vários tipos de nylon (destacando-se o nylon 6 e 6,6), mas as
características da produção de cada um são, no geral, idênticas. A obtenção
deste polímero requer um número elevado de etapas e várias unidades
processuais, o que torna o processo complexo.
Contudo o nylon infelizmente pode, também, causar estragos no
ambiente. Durante a sua produção são libertados gases nitrosos para a
atmosfera que degradam a camada de ozono, contribuindo para o aquecimento
global. No entanto este problema pode ter um fim à vista, tendo em conta os
avanços tecnológicos na obtenção de ácido adípico por oxidação de peróxido
de hidrogénio, um composto mais ecológico do que o ácido nítrico. O único
obstáculo consiste no elevado custo do peróxido de hidrogénio relativamente
ao ácido nítrico não sendo, por enquanto, economicamente rentável.
23
8. Bibliografia
[1] YNFX (Yarns And Fibers Exchange). 2010. Nylon – Production Description.
http://www.yarnsandfibers.com/textile-reports/nylon.htm (accessed October 2,
2010).
[2] Trail Center. 2010. How “Green” is Your Gear? The Environmental Impact
of Nylon. http://www.trailcenter.org/newsletter/2000/spring2000/spring2000-
06.htm (accessed October 10, 2010).
[3] Lewis, Richard J. 2002. Hawley’s Condensed Chemical Dictionary. New
Jersey: John Wiley & Sons.http://www.knovel.com/web/portal/basic_search/
display?_EXT_KNOVEL_DISPLAY_bookid=704 (accessed October 3, 2010).
[4] Fiber Facts. 2010. Fiber Production. http://www.fibersource.com/f-
info/fiber%20production.htm (accessed October 1, 2010).
[5] Chenier, Philip J. 2002. Survey of Industrial Chemistry, 257-259. Kluwer
Academic/PlenumPublishers.http://www.knovel.com/web/portal/browse/display
?_EXT_KNOVEL_DISPLAY_bookid=900 (accessed October 3, 2010).
[6] Bralla, James G. 2007. Handbook of Manufacturing Processes - How
Products, Components and Materials are Made. NY: Industrial Press, Inc.
http://www.knovel.com/web/portal/basic_search/display?_EXT_KNOVEL_DIS
PLAY_bookid=2479&_EXT_KNOVEL_DISPLAY_fromSearch=true&_EXT_KN
OVEL_DISPLAY_Page=1&_EXT_KNOVEL_DISPLAY_sistring=0;;;0;;;0;;;0;;;0;
;;0;;;122468;;;-
2;;;0;;;0;;;0;;;0;;;0;;;0;;;0&_EXT_KNOVEL_DISPLAY_ststring=nylon;;;;;;0;;;0;;;0
;;;0;;;0&_EXT_KNOVEL_DISPLAY_searchType=basic (accessed September
30, 2010).
[7] CHA, Inc. (Cook-Hauptman Associates, Inc.). Nylon Life Cycle.
http://www.cha4mot.com/e_galry.html#e_lc_nyl (accessed October 3, 2010).
24
[8] Official Spin. 2010. World Nylon Trends In Demand And Supply 2009.
http://www.officialwire.com/main.php?action=posted_news&rid=137420&catid
=1054 (accessed September 30, 2010).
[9] ICIS (Chemical Business). 2010. The balance in the market for the man-
made fiber continues to tilt eastward. China is the main producer and
consumer.http://www.icis.com/Articles/2010/08/30/9388327/china-strengthens-
position-in-nylon-fibers.html (accessed September 30, 2010).
[10] SRIC (Science Research International Consulting). 2008. Nylon Fibers.
http://www.sriconsulting.com/CEH/Public/Reports/541.7000/ (accessed
September 30, 2010).
[11] UTK (University of Tennessee – Knoxville). 2007. Nylon Fibers.
http://www.engr.utk.edu/mse/pages/Textiles/Nylon%20fibers.htm (accessed
October 2, 2010).
Top Related