PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOCENTES: evocações dos alunos sobre
planejamento, métodos pedagógicos e melhoria na qualidade do ensino e
aprendizagem
Marttem Costa de SANTANA1
Mestrando em Educação pela Universidade Federal do Piauí.
e-mail: [email protected]
Nelson Soares da SILVA JÚNIOR2
Mestrando em Educação pela Universidade Federal do Piauí.
e-mail: [email protected]
Soraya OKA LÔBO3
Mestrando em Educação pela Universidade Federal do Piauí.
e-mail: [email protected]
RESUMO
Nesta pesquisa, percebemos que a educação é processo de formação contínua e
consciente do cidadão que envolve aspectos sociais, existenciais, econômicos, culturais
e teleológicos. Neste sentido, nossas vivências como professores no Colégio Agrícola
de Floriano vinculado à Universidade Federal do Piauí, verificamos, através da
inquietação e os questionamentos de nossos educandos, o interesse em realizar este
estudo que tem como objetivo geral investigar a prática pedagógica dos professores do
Ensino Médio na ótica dos educandos da 1ª, 2ª e 3ª série, e como objetivos específicos:
reconhecer a importância do planejamento da disciplina na ótica do educando;
identificar métodos pedagógicos preferidos pelos educandos; socializar propostas dos
educandos para melhorias da qualidade de ensino e aprendizagem no Ensino Médio.
Trata-se, portanto, de um estudo exploratório, utilizando a pesquisa narrativa como
abordagem qualitativa, tendo como instrumento de coleta de dados um questionário
semi-estruturado com perguntas abertas e fechadas. As categorias, 1 Importância do
planejamento da disciplina, 2 Métodos pedagógicos preferido pelo aluno e 3 Propostas
de melhorias da qualidade de ensino e aprendizagem, se basearam com os estudos de
Benjamim (1994), Becker (1993), Brito (2007), Charlot (2000), Connelly e Clandinin
(1995), Fazenda (1994), García (1992), Giroux (1997), Grillo (2004), Libâneo (1994),
Luckesi (1996), Nóvoa (1992), Santana, Silva Júnior e Oka Lôbo (2011) e Veiga
(1992). Cabem-nos através de uma inovação ou de reinventar nossa prática pedagógica
reiterativa para uma prática crítica e reflexiva, a fim de quebrar ou suprimir a rotina de
nossas ações, buscando sempre no cotidiano o (re)significar do planejamento e dos
métodos pedagógicos, a fim de possibilitar e facilitar o processo ensino-aprendizagem.
Palavras-Chave: Planejamento. Métodos Pedagógicos. Prática Pedagógica.
1 Graduado em Enfermagem pela Universidade Estadual Feira de Santana. Professor do Colégio Agrícola
de Floriano vinculado à Universidade Federal do Piauí – CAF/UFPI. 2 Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pernambuco. Professor do Colégio
Agrícola de Floriano vinculado à Universidade Federal do Piauí – CAF/UFPI. 3 Graduada em Ciências da Computação pela Universidade Estadual do Piauí. Professor do Colégio
Agrícola de Floriano vinculado à Universidade Federal do Piauí – CAF/UFPI.
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INTRODUÇÃO
No campo da educação vivenciamos um contexto de profundas transformações
culturais, epistemológicas, ideológicas, sociais e profissionais; todas estas estruturantes
de significativas mudanças nos diversos campos de conhecimento, de informação e de
tecnologia, conseqüentemente, provoca mobilização de uma prática pedagógica docente
responsável que promova a mediação e a aquisição de competências e habilidades que
favorecem o seu acesso ao mercado de trabalho.
A prática pedagógica docente deve ser muito mais que uma ação técnico-
instrumental, pois a escola, como uma sociedade organizada deve possuir uma prática
pedagógica gestora dinâmica, devido às atuais exigências do mercado de trabalho e da
família estar cada vez maiores. Sob a perspectiva da relação com as práticas
pedagógicas, com o planejamento e com os métodos pedagógicos, o ensino revela um
processo em movimento, diretamente influenciado pelas relações sociais (intrapessoais
e interpessoais) que permeiam o cotidiano da sala de aula. Assim, para se chegar à
concretização de uma prática pedagógica ligada à humanização do aluno, é necessário
compreender as relações sociais e, ainda desmistificar a idéia do professor como único
detentor do conhecimento e do aluno como mero expectador.
Daí a importância do tema retratado no presente artigo, uma vez que visa
contribuir para a busca de novos mecanismos que resultem em práticas pedagógicas
voltadas para a aprendizagem e a formação humanizadora do homem. Do ponto de vista
acadêmico, a relevância do tema abordado reside na possibilidade de discutir a relação
planejamento, métodos pedagógicos e prática docente, a fim de pensar na sua
ressignificação e na inserção do aluno como sujeito ativo do processo ensino-
aprendizagem para nova concepção de práticas pedagógicas como meio de se alcançar
os objetivos da atividade educativa.
Desta forma, a relação planejamento, métodos pedagógicos e a prática
pedagógica docente são influenciados pelos constantes desafios que os professores se
deparam durante o processo de ensino e aprendizagem, onde muitas vezes não foram ou
não estão preparados para lidar com estas questões, que fogem do mero conhecimento
específico de suas disciplinas, para adentrar na seara social, político, psicológica e, por
vezes, até moral.
Em virtude dessas reflexões, inquietações e desejos em discutir, em aprender e
em superar as adversidades encontradas na nossa vida profissional, temos como questão
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de partida: Quais as evocações dos educandos do Ensino Médio do Colégio Agrícola de
Floriano (CAF) sobre a importância do planejamento e o método pedagógico dos seus
professores em sala de aula? Tendo como objetivo geral investigar a prática pedagógica
dos professores do Ensino Médio na ótica dos educandos da 1ª, 2ª e 3ª série, e como
objetivos específicos: reconhecer a importância do planejamento da disciplina na ótica
do educando; identificar métodos pedagógicos preferidos pelos educandos; socializar
propostas dos educandos para melhorias da qualidade de ensino e aprendizagem no
Ensino Médio.
Fundamentamos o trabalho nas obras de Benjamim (1994), Connelly e Clandinin
(1995), Fazenda (1994), Giroux (1997), Veiga (1992), dentre outros, sobre práticas
pedagógicas docentes e suas implicações no seu planejamento, métodos pedagógicos a
fim de possibilitar contribuição no processo ensino-aprendizagem.
Este estudo foi pensado através das discussões geradas nas disciplinas práticas
pedagógicas e Pesquisa Narrativa do mestrado em Educação da Universidade Federal
do Piauí – UFPI, sob orientação das professoras doutoras Bárbara Maria Macêdo
Mendes, Maria da Glória Soares Barbosa Lima, Antônia Edna Brito e Carmen Lúcia de
Oliveira Cabral que fazem parte do Programa de Pós-Graduação em Educação, do
Centro de Ciências da Educação – Prof. Mariano da Silva Neto.
PRÁTICA PEDAGÓGICA DOCENTE: o que dizem os teóricos
No que diz respeito especificamente à prática pedagógica podemos observar
algumas concepções da prática docente como uma prática social. Dessa forma, o papel
do professor, sai de transmissor para mediador do conhecimento sensível à
especificidade e complexidade da prática pedagógica no processo ensino-aprendizagem.
Por esta ótica, Veiga (1992, p. 16), entende:
[..] a prática pedagógica como uma prática social orientada por objetivos, finalidades e conhecimentos, e inserida no contexto da prática social. A prática pedagógica é uma dimensão da prática social que pressupõe a relação teoria–prática, e é essencialmente nosso dever, como educadores, a busca de condições necessárias à sua realização.
Parte dos educadores consegue transformar práticas imitativas e reiterativas de
ações com baixa efetividade aprendidas durante sua formação, autoformação ou usando
métodos e técnicas que vivenciou com seus professores enquanto ainda era apenas
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estudante para uma prática reflexiva e criativa. A ação docente deve ser muito mais que
uma ação técnico-instrumental porque o fazer docente deve conter a ação teórica
intelectual, ação ético-político e ação formativa. Neste sentido, Giroux (1997, p. 163)
menciona que é
Essencial para a categoria de intelectual transformador é a necessidade de tornar o pedagógico mais político e o político mais pedagógico. Tornar o pedagógico mais político significa inserir a escolarização diretamente na esfera da política, argumentando-se que as escolas representam tanto um esforço para definir-se o significado quanto uma luta em torno das relações de poder [...] Tornar o político mais pedagógico significa utilizar formas de pedagogia que incorporem interesses políticos que tenham natureza emancipadora [...].
Schön (1983) apud García (1992, p. 60) acrescenta nesta discussão a
característica fundamental do ensino: “é uma profissão em que a própria prática conduz
necessariamente à criação de um conhecimento específico e ligado à ação, que só pode
ser adquirido através do contato com a prática, pois, trata-se de um conhecimento tácito,
pessoal e não sistemático”.
Durante a prática docente, o professor deve envolver a participação do discente
buscando desvelar mecanismos que possam contribuir para a (re)significação da sua
ação na sala de aula e possibilitar um melhor aprendizado. Nesta ótica, Fazenda (1994,
p. 63), ressalta que:
Há necessidade de o professor apropriar-se do conhecimento científico, de saber organizá-lo e articulá-lo, de ter competência. Mas essa competência, para o verdadeiro educador, deve estar impregnada de humildade, de simplicidade de atitudes. É necessário enxergar o outro, construir com ele o alicerce do conhecimento, não só para servir a sociedade, mas para enaltecer a vida.
Todo professor deve se lembrar de que práticas docentes bem sucedidas
requerem a adequação de competências individuais (talentos, técnicas, lideranças)
somadas às competências de outros professores (grupais). Ao nos perguntar que tipo de
professores nós somos e que tipo de professores idealizamos, devemos verificar que
tipos de práticas fazem (educativas, qualificadas, mobilizadoras, refletidas, sociais,
terapêuticas e criativas), bem como que tipo de professor queremos ser (disponível,
afetivo, equilibrado e responsivo).
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Para Santana, Silva Júnior e Oka Lôbo (2011, p. 8) complementam que:
A prática pedagógica não se constrói através da acumulação de títulos, de técnicas, de honras e de prestígios, todavia, por uma reflexão crítica construtiva sobre nossas práticas e nossa identidade profissional. Neste sentido, devemos tomar cuidado com os problemas de competitividade, medição de forças com os colegas e alunos, e, sobretudo nas situações de sala de aula e nos encontros pedagógicos. É preciso nos distanciarmos (como se tivéssemos olhando do alto) para ampliarmos a nossa percepção sobre as nossas próprias práticas e nos aproximarmos do que não foi visto, sentido ou narrado antes.
Assim, investigar a prática pedagógica de professores pode contribuir para uma
reflexão sobre as práticas ideais e reais configuradas a partir das perspectivas dos
alunos, movimento que pode colaborar para o desenvolvimento profissional docente e
conseqüentemente para o processo de ensinar e aprender com sentido e significado.
Portanto, quando o professor solicita aos discentes sugestões sobre conteúdos,
metodologias, métodos avaliativos (co)produz uma prática pedagógica mais
colaborativa, interativa, propiciando aulas interessantes, dinâmicas facilitando o
processo ensino-aprendizagem.
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
A metodologia utilizada baseou-se em uma pesquisa narrativa de abordagem
qualitativa. A pesquisa narrativa, no campo educacional, incluindo (auto)biografias,
histórias de vida, cartas pedagógicas, diários, relatos orais, depoimentos, vem sendo
bastante difundida e utilizada nos últimos anos. Nesta perspectiva,
[...] Los seres humanos somos organismos contadores de historias, organismos que, individual y socialmente, vivimos vidas relatadas. El estudio de la narrativa, por lo tanto, es el estudio de la forma en que los seres humanos experimentamos o mundo. De esta Idea general se deriva la tesis de que la educación es la construcción y la reconstrucción de historias personales y sociales; tanto los profesores como los alumnos son contadores de historias y también personajes en las historias de los demás y en las suyas propias [...] (CONNELLY; CLANDININ, 1995, p. 11/2).
Como a narração origina-se dentro de uma comunidade a experiência do
narrador e do ouvinte inserem-se no mesmo fluxo narrativo, comum e vivo e sendo
assim, permite formas diferentes de continuidade para a história narrada. Benjamim
(1994) afirma que atividade de narração possui semelhanças com o trabalho do artesão,
pois o narrador dar forma à matéria narrável, que é a própria vida humana, é a
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experiência vivida. Os narradores buscam sempre a continuidade e a plenitude das
histórias, entretanto as explicações não são definitivas, pois a história permanece aberta,
disponível para outras interpretações que se renovam a cada leitura que fazemos.
Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário semi-
estruturado com perguntas abertas e fechadas com discentes do ensino
profissionalizante concomitante com o ensino médio do Colégio Agrícola de Floriano
vinculado à Universidade Federal do Piauí. Os interlocutores desta pesquisa
constituíram-se em 10 alunos do 1º Ano, 10 do 2º Ano e 10 do 3º Ano do Ensino Médio,
perfazendo um total 30 alunos.
A partir da análise dos dados coletados foram descortinadas três categorias: 1
importância do planejamento da disciplina, 2 métodos pedagógicos preferido pelo
aluno e 3 propostas de melhorias da qualidade de ensino e aprendizagem, apresentadas
neste texto e apoiada pelos estudiosos da área de prática pedagógica e dos registros de
trinta educandos, que foram identificados como “S” (Sujeito) numerados de 1 a 10 e
seguido do ano específico do Ensino Médio.
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
A partir dos depoimentos escritos resultantes dos questionários aplicados nas
turmas do Ensino Médio – 1º, 2º e 3º ano do Colégio Agrícola de Floriano, após
processar os dados, foram reveladas 03(três) categorias. Na TABELA 1, a seguir,
demonstramos as respostas dos interlocutores categorizadas, conforme a frequência em
que aparecem:
TABELA 1- Importância do Planejamento da Disciplina
FONTE: Pesquisa direta – 2011.
% CATEGORIA 1 - IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA
DISCIPLINA 1º ANO 2º ANO 3º ANO TOTAL
1. Melhoria do Aprendizado 30 30 10 70 2. Professor preparado para a aula 20 20 10 50 3. Evita perda de tempo/ ver todo conteúdo 10 - 30 40 4. Organização da disciplina 10 20 - 30 5. Dinâmica da aula 10 - 10 20 6. Para o aluno ter em mãos o que vai ser
explicado 10 - 10 20
7. Atualização da disciplina - 10 10 20 8. Exposição adequada do assunto - - 20 20 9. Saber o que fazer e como ensinar 10 - - 10 10. Atingir Objetivos da disciplina - 10 - 10 11. Esclarecimento de dúvidas - - 10 10
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Na categoria 1 – IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA DISCIPLINA,
obtivemos 11 subcategorias. Dentre elas, as mais citadas foram: Melhoria do
Aprendizado com 70%; Professor preparado para a aula, 50%; Evita perda de
tempo/ ver todo conteúdo, 40%. É fundamental que os professores reconheçam a
importância de sua participação nas reuniões pedagógicas para uma ação refletida, a fim
de tomar decisões se baseando tanto nas necessidades dos alunos e nos imprevistos do
cotidiano escolar.
Para isso, devem se organizar em atividades delineadas, sistematizadas e
programadas, com intuito de ressignificar a sua forma de ensinar, a fim de incentivar o
aluno a aprender de forma significativa. A meta principal do estudante do ensino médio
é adquirir conhecimentos de forma rápida, simplificada (“macetes”), efetiva e eficaz
para que possam ter um bom desempenho em provas que dão acesso ao nível superior.
As falas a seguir expressam e corroboram essa afirmação:
Com certeza para que haja um melhor esclarecimento dos conteúdos (S –1ANO);
Por que com isso a aula fica melhor para se aprender (S7–1ANO);
É melhor para o aprendizado, pois expõe melhor o assunto (S5–3ANO);
Por que a cada dia as matérias vão se atualizando e preparar cada aula traz novidades para os alunos (S4–3ANO);
Os dados obtidos permitem que se articule com o pensamento de Luckesi
(1996, p. 49) quando este afirma que:
[...] o planejamento define os resultados e os meios a serem atingidos; a execução constrói os resultados e a avaliação serve de instrumento de verificação dos resultados planejados que estão sendo obtidos, assim como para fundamentar decisões que devem ser tomadas para que os resultados sejam construídos.
Neste mesmo pensamento, Libâneo (1994, p. 222) afirma que “é a previsão dos
objetivos e tarefas do trabalho docente para um ano ou um semestre; é um documento
mais elaborado, no qual aparecem objetivos específicos, conteúdos e desenvolvimento
metodológico.” Cabe aos educadores pensarem sobre o seu fazer, como fazer, quando
fazer, com que fazer, com quem fazer para mediar conteúdos curriculares, prioritários,
preparatórios para o vestibular e para a vida.
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Na TABELA 02 a seguir, estão apresentadas, em ordem determinada pela
frequência de respostas, com base nas falas dos alunos:
TABELA 02: Métodos Pedagógicos Preferidos Pelos Discentes
% CATEGORIA 2- MÉTODOS PEDAGÓGICOS PREFERIDO PELO
ALUNO 1º ANO 2º ANO 3º ANO TOTAL
1. Expositiva através da projeção de slides 70 30 50 150 2. Dinâmicas (teatro, mímica, música, etc.) 50 40 10 100 3. Interrogativa (debates) 40 10 40 90 4. Seminário 20 50 10 80 5. Exposição do pincel 20 30 20 70 6. Demonstrativa (cartazes, laboratórios,
etc.) 40 20 - 60
Fonte: Pesquisa Direta – 2011.
Na categoria 2 – MÉTODOS PEDAGÓGICOS PREFERIDOS PELOS
DISCENTES, obtivemos 06 subcategorias. Dentre elas, as mais citadas foram:
Expositiva através da projeção de slides com 150%; Dinâmicas (teatro, mímica,
música, etc.), com 100%; Interrogativa (debates), com 90%. Vale ressaltar, que esses
percentuais obtidos foram em decorrência dos alunos ter escolhido mais de uma opção
de método pedagógico. As falas a seguir expressam e corroboram essa afirmação:
1 ano:
Por que assim, o aprendizado fica melhor fixado e, se esquecer, é só olhar no caderno. (S9–1ANO)
Por que uma boa aula é aquela aula criativa em que o aluno sinta prazer em assisti-la. (S8–1ANO)
Ajuda visual faz com que fixemos melhor as informações na mente e os debates estimulam a criatividade dos alunos (S1–2ANO)
Para os debates é preciso estudar antes e depois o professor tira nossas dúvidas melhorando assim no aprendizado. (S1–3ANO)
Um revezamento dos métodos propicia uma boa aprendizagem e um bom aprimoramento (S2–3ANO)
As falas dos alunos supracitadas associadas ao pensamento de Grillo (2004, p.
75) afirmam que: “[...] não existe manual de Didática que apresente um modelo de
docência a ser seguido com soluções para o ensino, porque não existe, igualmente, um
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problema originado de uma causa única, relativa a uma só questão”. Participa dessa
mesma discussão, Brito (2007, p. 57) ao afirmar que:
[...] a prática desafia o(a) professor(a) na articulação e na construção de saberes para responder às situações concretas da sala de aula, instando-o a transformar o conhecimento científico em saber articulado às reais necessidades da prática pedagógica vivenciada na escola. Nesta concepção, o(a) professor(a) produz no exercício da profissão, os saberes necessários a sua ação, reelaborando e reconstruindo sua intervenção pedagógica, numa atitude crítico-reflexiva, produzindo modos de ser e de agir essenciais no desenvolvimento de suas ações docentes. (BRITO, 2007, p. 57).
Por esta razão, a maneira como a aula é planejada pelo professor, utilizando
novas abordagens tecnológicas, torna-se mais prazerosa, atrativa e interessante. Sendo
assim, o aluno tem possibilidade de aprender mais, pois a aula deixa de ser “cansativa,
sonolenta e enfadonha”.
A última categoria encontrada - PROPOSTAS DE MELHORIAS DA
QUALIDADE DE ENSINO E APRENDIZAGEM. As falas a seguir expressam e
corroboram essa afirmação:
Muitos professores deveriam dar mais atenção aos alunos mais quietos na sala de aula,
fazem atividades diferentes. (S5–1ANO) Que os professores deixassem mais o quadro de lado e pasarem (passarem) a fazer suas
aulas mais demonstrativas e dinâmica. Alguns fazem isso e suas aulas são ótimas, mas tem alguns que se prendem muito ao quadro e não acho isso muito legal. (S8–1ANO)
Professores mais comprometidos com a escola. Professores que não se ausentam muito; regras mais rigorosas. (S1–1ANO)
Os professores devem acabar com a questão de serem muito tradicionais. Devem ser
mais dinâmicos em sala de aula, deixar de fazer os alunos terem de decorar vários assuntos como a hidrografia do rio Amazonas. (S1–2ANO)
[...] sempre que o professor terminar de explicar o assunto fazemos em debate sobre para saber o que cada aluno entendeu; e que os professores e alunos andassem sempre juntos, para um ajudar o outro com suas necessidades e parcerias. (S6–2ANO)
Novos modos de dar aula, ouvir a opinião dos alunos e entender suas dificuldades tanto no assunto, como no cotidiano fora da sala, pois às vezes temos problemas que nos atrapalha e quase nenhum entende isso. (S8–2ANO)
Aulas mais criativas; professores mais dispostos a ensinar e aprender uns com os outros; materiais de melhor qualidade na busca pelo melhor ensino; (S4–3ANO)
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Baseado nas falas dos alunos, Nóvoa (1992, p.9), afirma que “não há ensino de
qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma adequada
formação de professores”. Cada professor deve estar atento às solicitações verbais e não
verbais de cada educando. Escutar sensivelmente cada gesto, dúvida e mudanças no
comportamento individual e do grupo são requisitos necessários para contribuir num
processo ensino e aprendizado mais humano, ético e significativo.
Nesta discussão, Charlot (2000, p. 53) participa acrescentando que nascer
significa ver-se submetido à obrigação de aprender. “Aprender para construir-se, em um
triplo processo de “hominização” (tornar-se homem), de singularização (tonar-se um
exemplar único de homem) de socialização (tornar-se membro de uma comunidade,
partilhando seus valores e ocupando um lugar nela)”.
A não existência de práticas pedagógicas discentes compromete a qualidade da
educação em direção à concretização de uma escola verdadeiramente democrática.
Neste sentido, “assumir a lógica do aluno/educando constitui [...] o grande desafio do
professor/educador atual e futuro” (BECKER, 1993, p. 298). Desta forma, é necessário
que a escola saiba o que quer buscando sempre envolver a comunidade acadêmica
(docente, discente e gestor) e pais/responsáveis, para que possa atingir às metas
propostas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo procurou associar o planejamento, os métodos pedagógicos e
as práticas pedagógicas através da fundamentação de estudiosos das ciências humanas,
sociais e educacional. Como educadores compromissados devemos acompanhar o
movimento, as transformações e as mudanças inerentes ao fazer docente e as
necessidades geradas pelo contexto do momento atual.
Podemos delinear com os dados obtidos no inquérito investigativo, através dos
depoimentos dos alunos do ensino médio, compete ao educador incrementar seus
conhecimentos e saberes com atualizações dos programas e conteúdos programáticos
adequados a realidade que outrora vivenciamos. Cabem-nos através de uma inovação ou
de reinventar nossa prática pedagógica reiterativa para uma prática crítica e reflexiva, a
fim de quebrar ou suprimir a rotina de nossas ações, buscando sempre no cotidiano o
(re)significar do planejamento e dos métodos pedagógicos, a fim de possibilitar e
facilitar o processo ensino-aprendizagem.
A relação professor-aluno deve ser construída sob diferentes perspectivas,
notadamente no que tange a conteúdos que possibilitem ao aluno a motivação necessária
ao seu bom desempenho e ao professor um norte para uma prática com valor, sentido e
significado, levando-o a uma intercomunicação dialógica na sala de aula. Essa relação
dialética envolve os interlocutores e suas ações e, perpassa a relação de sentidos e
significados, pois a sala de aula é um espaço para estar-se e colocar-se ativamente, e é
onde ocorre essa interação cotidiana oportunizando a história, a escrita, o social e,
principalmente, o falar e o ouvir.
É na sala de aula que buscamos contribuir na formação cidadão, atuantes e
participativos, bem como, docentes cientes e conscientes da sua colaboração formativa e
informativa do cotidiano escolar, embasados nos preceitos da ética e da
responsabilidade social.
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