TPGfolitécnico
Polyteehnicof Guarda
RELATÕRIO DE ESTÁGIO
Licenciatura em Farmácia
Relatório Profissional 1 1
Carolina Lucas Monteiro
outubro 1 2014
Escola Superior de Saúde
Instituto Politécnico da Guarda
R E L A T Ó R I O D E E S T Á G I O
P R O F I S S I O N A L I I
Carolina Lucas Monteiro
Relatório para obtenção do grau de licenciatura em Farmácia
junho/2015
Relatório De Estágio Profissional II 2
Escola Superior de Saúde
Instituto Politécnico da Guarda
CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO
4º ANO / 2º SEMESTRE
R E L A T Ó R I O D E E S T Á G I O
P R O F I S S I O N A L I I
ESTÁGIO EM FARMÁCIA COMUNITÁRIA
CAROLINA LUCAS MONTEIRO
SUPERVISOR NO LOCAL DE ESTÁGIO: DRA ANA RAQUEL VIDEIRA LOPES ANDRADE
PROFESSORA ORIENTADORA: ANABELA SANTOS
junho/2015
Relatório De Estágio Profissional II 3
Este relatório de estágio, que é o culminar de 4 anos de resultados positivos na minha
licenciatura, é algo que só me é possível graças à minha família. Em primeira análise
dedico-o aos meus pais e irmãos, agradecendo todo o apoio, psicológico, monetário.
A imensa gratidão que sinto para com eles será algo que nunca perderei.
Gostaria de agradecer à Dra. Raquel Videira Lopes, Diretora Técnica da Farmácia
Moderna, a oportunidade de estagiar nesta farmácia. Gostaria igualmente de
agradecer à Técnica de Farmácia Carlota e à Farmacêutica Carla Forte Marques por
toda a simpatia e conhecimentos que delas adquiri, e a toda a restante esquipa pela
simplicidade como me receberam, por tudo o que me ensinaram, pela confiança que
depositaram em mim, a simpatia, o auxílio e a boa relação que construímos.
A todos, um muito obrigada…
Relatório De Estágio Profissional II 4
LISTA DE SIGLAS
AC-Anticólicas
AR-Antiregurgitante
AD-Antidiarreico
ANF- Associação Nacional de Farmácias
AO-Antiobstipante
BPF- Boas Práticas Farmacêuticas
BPPM- Boas Práticas de Preparação de Manipulados
CCF- Centro de Conferência de Faturação
CNPEM- Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos
DCI- Denominação Comum Internacional
DL- Decreto Lei
FEFO- First Expire, First Out
FIFO- First In, First Out
GH- Grupo Homogéneo
IVA-Imposto sobre Valor Acrescentado
MSRM- Medicamentos Sujeitos a Receita Médica
MNSRM- Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica
MUV-Medicamentos de Uso Veterinário
PNV- Plano Nacional de Vacinação
PVA- Preço de Venda ao Armazenista
PVP-Preço de Venda ao Público
RCM- Resumo das Características do Medicamento
RE- Receita Especial
SNS-Serviço Nacional de Saúde
TF- Técnico de Farmácia
Relatório De Estágio Profissional II 5
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Valores de referência da tensão arterial (17) ................................................. 38
Tabela 2:Valores de referência da glicémia (16) ........................................................... 39
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Zona de dermocosmética ............................................................................... 12
Figura 2: Zona de puericultura ...................................................................................... 13
Figura 3: Gabinete de apoio ao utente ........................................................................... 14
Figura 4: Laboratório ..................................................................................................... 16
Relatório De Estágio Profissional II 6
ÍNDICE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 8
1. FARMÁCIA MODERNA ....................................................................................... 10
1.1. HISTÓRIA E LOCALIZAÇÃO DA FARMÁCIA ................................................. 10
1.2. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO ..................................................................... 10
1.3. RECURSOS HUMANOS ....................................................................................... 10
1.4. ESPAÇO FÍSICO DA FARMÁCIA ....................................................................... 11
1.4.1. Espaço exterior .................................................................................................... 11
1.4.2. Espaço interior .................................................................................................... 11
1.5. EQUIPAMENTO INFORMÁTICO ....................................................................... 17
2. APROVISIONAMENTO E ARMAZENAMENTO ............................................. 19
2.1. ENCOMENDAS ..................................................................................................... 19
2.1.1. Seleção do fornecedor e aquisição de produtos ................................................ 19
2.1.2. Realização de encomendas ................................................................................. 20
2.1.3. Receção de encomendas ...................................................................................... 21
2.2. DEVOLUÇÃO DE PRODUTOS ............................................................................ 23
2.3. CONTROLO DE PRAZOS DE VALIDADE ......................................................... 24
2.4. ARMAZENAMENTO ............................................................................................ 24
3. DISPENSA DE MEDICAMENTOS E PRODUTOS DE SAÚDE ...................... 26
3.1. DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA (MSRM)
26
3.1.1. Vendas suspensas ................................................................................................ 29
3.1.2. Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica Especial .................... 29
3.2. SISTEMAS DE COMPARTICIPAÇÃO E ENTIDADES
COMPARTICIPADORAS ............................................................................................. 30
3.3. DISPENSA DE MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ... 31
3.4. PREPARAÇÃO E DISPENSA DE MANIPULADOS ........................................... 32
4. ACONSELHAMENTO E DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE
35
5. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E OUTROS CUIDADOS DE SAÚDE .............. 38
5.1. MEDIÇÃO DA TENSÃO ARTERIAL .................................................................. 38
5.2. PARÂMETROS BIOQUÍMICOS .......................................................................... 39
5.2.1. Glicémia capilar .................................................................................................. 39
Relatório De Estágio Profissional II 7
5.2.2. Colesterol total e triglicéridos ............................................................................ 40
5.2.3. Teste de gravidez, Combur-Test® ..................................................................... 40
5.3. ADMINISTRAÇÃO DE INJETÁVEIS .................................................................. 41
5.4. ACONSELHAMENTO EM NUTRIÇÃO, PODOLOGIA, AUDIOLOGIA E
MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ..................................................................... 41
5.5. DISTRIBUIÇÃO DOMICILIÁRIA DE MEDICAMENTOS ................................ 41
6. PROCESSAMENTO E FATURAÇÃO DO RECEITUÁRIO ............................ 42
7. VALORMED ............................................................................................................ 44
8. VALIDAÇÃO DE PICTOGRAMAS NA POPULAÇÃO IDOSA ...................... 45
8.1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 45
8.2. RESULTADOS ....................................................................................................... 46
8.3. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO .............................................................................. 47
9. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 49
10. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 51
Anexo 1-Fatura de entrega de encomenda ..................................................................... 53
Anexo 2-Requisição de Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes ....................... 54
Anexo 3- Nota de devolução .......................................................................................... 55
Anexo 4-Ficha de Produção de Manipulados ................................................................. 56
Anexo 5-Cálculo do preço do manipulado ..................................................................... 57
Anexo 6-Registo de Movimentos de Matérias-Primas ................................................... 58
Anexo 7-Listagem das Matérias-Primas......................................................................... 59
Anexo 8-Verbete de Identificação de Lote ..................................................................... 60
Anexo 9- Relação Resumo de Lotes............................................................................... 61
Anexo 10-Fatura Mensal dos Medicamentos ................................................................. 62
Relatório De Estágio Profissional II 8
INTRODUÇÃO
O presente relatório surge no âmbito do Estágio Profissional II, integrado no plano
de estudos do 2º semestre do 4º ano do curso de Farmácia 1º ciclo. Foi realizado na
Farmácia Moderna, localizada na cidade da Guarda, com Direcção Técnica da Dr.ª Ana
Raquel Videira Lopes. O presente estágio foi orientado pela Farmacêutica Dr.ª Ana
Raquel Videira Lopes, e por todos os colaboradores que dela fazem parte.
Pedagogicamente, este estágio foi orientado pela docente Prof.ª Anabela Santos. Este
estágio decorreu entre os dias 16 de fevereiro de 2015 e 28 de abril de 2015, com um total
de 500 horas. Seguindo as orientações da direção da farmácia, o horário estabelecido foi
ajustado à realidade do local de estágio, sendo o turno maioritário o das 9:00 horas às
13:00 horas e das 14:00 horas às 18:00 horas perfazendo oito horas diárias de serviço, no
entanto, por vezes, o horário era um pouco mais alargado. Este estágio visa a integração
e autonomia no desempenho das diferentes funções do Técnico de Farmácia em que a
aprendizagem se desenvolve em contexto real, tendo como principais objetivos
educacionais:
(1) Favorecer, em contexto real, a integração das aprendizagens que vão
sendo desenvolvidas ao longo do curso, de modo que o perfil do estudante vá ao encontro
das competências necessárias no âmbito da sua formação;
Preparar o estudante para dar resposta às exigências da sociedade,
promovendo a socialização e integração profissional;
Aplicar os princípios éticos e deontológicos subjacentes à profissão;
Desenvolver e avaliar planos de intervenção adequadamente integrados
numa equipa multidisciplinar;
Responder aos desafios profissionais com inovação, criatividade e
polivalência.
Durante o meu estágio na Farmácia Moderna, tive a oportunidade de integrar
numa equipa dinâmica que me apoiou e transmitiu todos os conhecimentos técnicos e
práticos inerentes à atividade do Técnico de Farmácia comunitário. Tive a possibilidade
de participar ativamente em múltiplas tarefas que contribuem para o bom funcionamento
da farmácia comunitária, desde a receção de encomendas, gestão, armazenamento,
dispensa, aconselhamento de medicamentos e prestação de cuidados de saúde. Cada uma
Relatório De Estágio Profissional II 9
em particular contribuiu para que o meu contato com a profissão se tornasse numa
experiência enriquecedora tanto a nível profissional, como pessoal. Este relatório
pretende, deste modo, resumir a atividade e conhecimentos adquiridos ao longo do meu
estágio.
Foi-me proposta a realização de inquéritos em entrevista intitulados de Validação
de Pictogramas na População Idosa. Este estudo tem como descrição dos sujeitos, pessoas
com idade igual ou superior a 65 anos. Tem como objetivo determinar quais as imagens
que melhor são compreendidas quando se informam os utentes idosos sobre o
medicamento a tomar, a posologia, precauções e efeitos secundários associados.
Relatório De Estágio Profissional II 10
1. FARMÁCIA MODERNA
1.1. HISTÓRIA E LOCALIZAÇÃO DA FARMÁCIA
A Farmácia Moderna iniciou a sua atividade, sob a direção técnica da Drª Ana
Raquel Videira Lopes Andrade, em setembro de 2007, no Largo 1º de Dezembro em São
Miguel da Guarda e mudou para novas instalações em maio de 2011, sendo estas,
localizadas na Avenida São Miguel, Edifício 2B (Facheira) Guarda-Gare.
A farmácia está situada numa zona preferencialmente habitacional, estando
também próxima do Centro de Saúde que serve todos os habitantes da Freguesia de São
Miguel da Guarda e freguesias próximas. A sua localização, assim como um parque de
estacionamento próximo, contribuem para a diversidade de utentes da Farmácia e
consequentemente para a variedade de serviços prestados.
1.2. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO
Relativamente ao horário de funcionamento, a Farmácia Moderna tem como
horário de abertura das 8:30 horas encerrando às 22 horas, sem interrupção para almoço,
de segunda a sábado. A cidade de Guarda tem 10 farmácias pelo que a Farmácia Moderna
está incluída no sistema de rotatividade que gere as farmácias de serviços. Deste modo,
cada farmácia fica de serviço de 10 em 10 dias. Nos dias em que a farmácia fica de
serviço, esta encontra-se aberta até às 24 horas. A partir dessa hora e até as 9 horas do dia
seguinte os atendimentos passam a ser realizados através de um postigo de atendimento
noturno.
1.3. RECURSOS HUMANOS
(2) A Farmácia Comunitária é um espaço que se caracteriza pela prestação de
cuidados de saúde de elevada diferenciação técnico-científica, que tenta servir a
comunidade sempre com a maior qualidade. Para tal é necessário uma equipa pró-ativa,
dedicada e centrada no bem-estar do doente. A Farmácia Moderna caracteriza-se pelo
bom ambiente que existe entre os diferentes colaborados e pelo espírito dinâmico e de
interajuda, fatores que, em muito contribuem para uma melhor resposta às necessidades
do doente. Esta equipa é constituída por sete Farmacêuticos, cinco Técnicos de Farmácia
Relatório De Estágio Profissional II 11
(TF) e uma auxiliar de limpeza. A direcção da farmácia está a cargo da Farmacêutica Ana
Raquel Videira Lopes.
1.4. ESPAÇO FÍSICO DA FARMÁCIA
1.4.1. Espaço exterior
A localização da Farmácia Moderna está assinalada pela existência no exterior de
um letreiro luminoso com o logótipo e a designação da mesma, bem como pela presença
da cruz verde luminosa (iluminada durante a noite quando a farmácia está de serviço).
Existe ainda afixada, uma placa com o nome da farmácia e da Diretora Técnica,
informação sobre o horário de funcionamento da farmácia e uma lista com as farmácias
do município da Guarda em regime de serviço permanente e respetiva localização e
contacto.
A farmácia possui uma fachada envidraçada, possuindo três montras, uma em
cada lado da porta e outra na zona da entrada a qual se encontra decorada de uma forma
atrativa e profissional atendendo às normas do marketing farmacêutico. Na parte lateral
da farmácia, na zona de receção de encomendas, existe também uma montra secundária.
As montras são periodicamente remodeladas tendo em conta diversos fatores: produtos
aos quais se pretende dar mais visibilidade, campanhas a decorrer na farmácia,
sazonalidade, produtos novos, informações importantes para o utente, entre outros.
O espaço exterior da Farmácia Moderna cumpre todos os requisitos que permitem
a correta identificação da localização da mesma e garante a acessibilidade de todos os
utentes, incluindo crianças, idosos e cidadãos portadores de deficiência.
1.4.2. Espaço interior
As instalações da farmácia abrangem uma área com condições de luz, temperatura
e humidade dentro dos parâmetros normais que contribuem para a criação de um ambiente
profissional apropriado e tranquilo, permitindo o bom funcionamento de uma farmácia
de modo a proporcionar uma atmosfera agradável quer aos utentes quer às pessoas que
nela trabalham. A Farmácia Moderna é composta por dois pisos, sendo constituída
essencialmente por nove espaços diferenciados:
Relatório De Estágio Profissional II 12
Piso 1:
a) Área de atendimento ao público
Este espaço caracteriza-se pela sua ampla dimensão e luminosidade. O utente,
após tirar a sua senha no dispositivo automático de senhas, pode ir verificando a sua vez,
através de dois monitores existentes em locais de fácil visualização. Tem a possibilidade
de aguardar a sua vez numa zona destinada para tal. Existem ao dispor do utente e/ou
acompanhantes cadeiras em várias zonas da farmácia onde estes podem repousar
enquanto aguardam pelo seu atendimento. Visto que existe uma área de atendimento
ampla, que permite às pessoas circularem e/ou aguardarem sentadas, a privacidade dos
utentes não é comprometida.
Segundo as Boas Práticas Farmacêuticas (BPF) em Farmácia Comunitária, na
área de atendimento poderão estar disponibilizados produtos de saúde no âmbito da lei
em vigor (2).
Na Farmácia Moderna, os produtos expostos na zona de atendimento estão
localizados em áreas diferenciadas, existindo uma zona destinada aos produtos de
dermocosmética, (Figura 1) uma zona onde se encontram todos os produtos de
puericultura (onde está incluída uma zona de lazer para crianças para brincarem enquanto
os pais ou acompanhamentos estão a ser atendidos) (Figura 2), alimentação infantil,
podologia, uma zona onde estão expostos os produtos bucodentários e uma zona
destinada aos produtos ortopédicos e dispositivos adjuvantes da mobilização.
Existe ainda neste espaço, várias prateleiras e gôndolas onde são expostos
diferentes produtos que podem variar consoante a estação do ano ou campanhas a decorrer
na farmácia. A área de dermocosmética, possui uma vasta área de lineares, tais como,
Uriage ®, Skin Ceuticals®, Ren®, Avéne®, Roche Posay®, Caudalie®, Lierac®, Vichy®
entre outros.
Figura 1: Zona de dermocosmética
Relatório De Estágio Profissional II 13
Na Farmácia Moderna existem 10 postos de atendimento (8 gerais, 1 de
dermocosmética, 1 de puericultura). No entanto, estes balcões são reversíveis, visto que
por vezes o balcão de puericultura serve também para o atendimento aos delegados de
promoção de produtos, ou então para outros atendimentos em que os utentes necessitem
de estarem sentados.
Os postos de atendimento gerais estão equipados com computadores que possuem
o sistema informático Spharm® (software elaborado pela SoftReis), caixa, impressora,
que para além de emitir recibos, emite também a informação necessária no verso de cada
receita médica, dispositivos de leitura ótica de código de barras, terminais de multibanco
e diversas gavetas com material de apoio aos profissionais. Atrás dos postos de
atendimentos gerais, estão dispostos os lineares de produtos fitoterapêuticos, suplementos
alimentares, nutrição clínica, capilares, emagrecimento, dispositivos médicos e de
Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM). A disposição dos produtos tem
em conta as várias técnicas de merchandising cujo objetivo é cativar, seduzir o cliente
tendo em conta as características do produto. A organização dos lineares é atualizada
periodicamente tendo em conta as diferentes situações de aconselhamento terapêutico
mais comuns, como por exemplo gripes, constipações, tosse, entre outros.
b) Local de armazenamento dos Medicamentos Sujeitos a Receita
Médica (MSRM)
Neste local encontra-se um armário com gavetas deslizantes, designado compato,
onde se arrumam MSRM por ordem alfabética de nome comercial e segundo a sua forma
farmacêutica, ou seja, há gavetas específicas para formas farmacêuticas
como:comprimidos e cápsulas, gotas orais e auriculares, colírios, enemas e pomadas ou
cremes de aplicação retal, óvulos e outros medicamentos de uso ginecológico, pomadas,
Figura 2: Zona de puericultura
Relatório De Estágio Profissional II 14
cremes e geles, granulados em saquetas, soluções orais em ampolas bebíveis, supositórios,
aerossóis, preparações injetáveis, alguns medicamentos de uso veterinário (MUV) e
produtos destinados ao auto controlo da diabetes (tiras reativas e lancetas).
Os psicotrópicos e estupefacientes encontram-se armazenados separadamente
numa gaveta, respeitando assim as normas legais de armazenamento e conservação deste
tipo de medicamentos.
Nesta zona da farmácia existe ainda um frigorífico para todos os MSRM e
MNSRM termolábeis, que devem ser mantidos a uma temperatura entre 2 a 8ºC, estando
organizados por ordem alfabética, independentemente da sua forma farmacêutica.
c) Gabinete de apoio ao utente
O gabinete de apoio ao utente é uma área reservada que permite, quando
necessário, um diálogo em privado e confidencial com o doente (Figura 3).
Neste gabinete realizam-se também as medições de alguns parâmetros
bioquímicos e fisiológicos, como por exemplo, colesterol total, glicémia, ácido úrico e
triglicéridos. Este gabinete é também utilizado para a administração de vacinas não
constantes no Plano Nacional de Vacinação (PNV) (como por exemplo, a vacina contra
a gripe) e de outros medicamentos injetáveis, bem como para aconselhamento de
podologia.
É também neste local que são feitas as reconstituições de algumas suspensões
orais, designadamente os antibióticos, e também aconselhamento e cuidados inerentes
sobre material de penso.
Figura 3: Gabinete de apoio ao utente
Relatório De Estágio Profissional II 15
d) Zona de armazenamento dos medicamentos genéricos
A Farmácia Moderna dispõe de uma zona específica para a alocação dos
medicamentos genéricos, sob a forma farmacêutica de comprimidos e/ou cápsulas. Estão
também dispostos por ordem alfabética, mas neste caso, por princípio ativo.
e) Armazém
Este armazém está subdividido em diferentes áreas, entre elas, medicamentos
sazonais, soluções orais, excedentes de medicamentos genéricos (arrumados por ordem
alfabética de príncipio ativo), pomadas/ cremes, produtos de higiene oral e íntima,
produtos de dermocosmética, equipamentos de saúde, suplementos alimentares, nutrição
e dietética, excedentes dos MSRM e MNSRM, papas e leites infantis, material de penso
e cosmética infantil.
f) Zona de receção de encomendas
Esta zona da farmácia, com porta para o exterior e montra adicional, é destinada
à receção e conferência de encomendas de todos os medicamentos e outros produtos
farmacêuticos. É uma zona constituída por dois computadores, uma impressora de texto
e uma de impressão de etiquetas e ainda de dois leitores de código de barras usados no
ato da receção de encomendas.
É também neste local que se efetuam diariamente as encomendas aos armazenistas
com os quais a farmácia trabalha e onde se regularizam devoluções e notas de crédito. Os
contentores com os produtos e/ou medicamentos para quebras e para fazer devolução
encontram-se também nesta área.
g) Zona de tratamento de receituário
Nesta zona existe um posto de trabalho com uma secretária, fotocopiadora,
digitalizador de receitas, onde se efetua o tratamento do receituário. Na zona contígua,
localiza-se um armário imbutido na parede onde se armazenam separadamente os
produtos de uso externo, material de penso, soluções antiséticas e desinfetantes, produtos
de higiene íntima, homeopáticos, dispositivos para aspiração nasal e outros dispositivos
médicos. Esta zona está munida de estantes para arrumação de dossiers, gavetas e
armários para a arrumação das receitas corrigidas e não corrigidas.
h) Copa/vestiário
Nesta zona, os funcionários tem ao dispor uma mesa, um frigorífico, um micro-
ondas onde podem fazer pequenas refeições. Existem também armários onde cada
Relatório De Estágio Profissional II 16
colaborador pode colocar os seus pertences e cabides. Dispõe ainda de instalações
sanitárias reservada aos colaboradores.
Nesta zona encontra-se ainda uma pequena divisão onde está um computador que
contém todo o circuito relativo à multimédia, como por exemplo, servidores,
relativamente hardware, unidade de alimentação ininterrupta e aparelhagem sonora.
Piso 2:
i) Laboratório
O laboratório da farmácia é uma área destinada à preparação de manipulados e
armazenamento de matérias-primas e material de acondicionamento necessários à
preparação, segundo as Boas Práticas de Preparação de Manipulados (BPPM) (3).
Este espaço contém uma zona de lavagem dos materiais, exaustor, uma bancada
apropriada para a preparação de manipulados (Figura 4) bem como todos os
equipamentos e materiais de exigência mínima obrigatória para a preparação dos mesmos,
como exemplo, papel de filtro, papel de pesagem, balança de precisão, material de vidro.
Este departamento tem obrigatoriamente material de consulta, como por exemplo,
a Farmacopeia Portuguesa, Regimento Geral de Preços e Manipulações e material de
arquivo, como o dossier de registo de Produção de Manipulados e Movimento de
Matérias-primas realizados na farmácia.
Neste piso está situado uma zona de apoio para a farmácia dividida em dois setores,
num dos quais se encontram os consumíveis da farmácia, material de arquivo e toda a
documentação que é exigida na farmácia, tais como faturas dos armazenistas. Na outra
parte estão organizados produtos para oferta aos utentes, folhetos informativos, material
de decoração da farmácia. Também se encontra um amplo escritório da diretora técnica
Figura 4: Laboratório
Relatório De Estágio Profissional II 17
devidamente equipado com secretária e mesa de apoio onde por vezes são realizadas
reuniões. Existem também dois gabinetes onde profissionais credenciados fazem
aconselhamento na área da medicina tradicional chinesa, audiologia, nutrição e de
cosmética, podendo ser utilizado para outras valências.
De salientar que toda a farmácia é climatizada e todos os locais de armazenamento
de medicamentos se encontram com condições de temperatura, humidade e luz
controladas (temperatura inferior a 25º C, humidade inferior a 60 % e proteção da luz
solar direta) (2) em que é feito um registo periódico dos valores de temperatura e
humidade através dos vários termohigrómetros existentes em cada zona da farmácia onde
haja armazenamento de medicamentos, como legislado.
O controlo da temperatura e humidade do frigorífico é feito eletronicamente e,
todas as segundas-feiras, o farmacêutico responsável verifica se houve picos de alteração
de temperatura. Sempre que o sistema informático gera um novo relatório de registo
(habitualmente de 10 em 10 dias) imprime-se o relatório, verifica-se e arquiva-se na
respetiva pasta devidamente rubricada. O mesmo processo se faz respetivamente à
temperatura e humidade dos restantes locais.
1.5. EQUIPAMENTO INFORMÁTICO
A Farmácia Moderna utiliza o sistema informático Spharm® que permite fazer
atualizações diárias dos preços e comparticipações de medicamentos. Este software
permite acompanhar e controlar o circuito dos produtos desde que é efetuada uma
encomenda, passando pela sua receção até a sua dispensa, facilita, portanto, o
acompanhamento farmacoterapêutico dos utentes e permite uma maior rapidez na
obtenção de informação. A título de exemplo, este software permite a:
Preparação de encomendas, podendo estas ser com ou sem sugestão, com base em
gráficos de consumo e de existências na farmácia, transmissão de encomendas por
modem, fax ou e-mail (apenas realizada por farmacêuticos), gestão de encomendas,
visualização de encomendas e posterior receção das mesmas, gestão de stocks e
devoluções (quando aplicável);
Dispensa de produtos sem e com receita médica (com o respetivo organismo e
percentagem de comparticipação), com protocolo, devoluções e notas de crédito, havendo
em todas estas situações uma atualização imediata de stock;
Relatório De Estágio Profissional II 18
Consulta de vendas e respetiva edição/anulação;
Pesquisa de um medicamento por nome comercial, nome genérico ou grupo
homogéneo (GH) bem como de informação sobre o mesmo, no que diz respeito a
dosagens, indicações, contraindicações, efeitos adversos, interações, posologia, prazo de
validade, forma farmacêutica, informação específica para o utente e/ou profissional de
saúde e acesso ao Resumo das Características do Medicamento (RCM);
Acesso ao histórico de vendas do utente e outro tipo de informação relevante sobre
o mesmo, que permite melhoria no atendimento;
Faturação a organismos, fecho da faturação e gestão de lotes faturados.
Relatório De Estágio Profissional II 19
2. APROVISIONAMENTO E ARMAZENAMENTO
Numa farmácia, as funções de aprovisionamento, armazenamento e gestão dos
medicamentos existentes na farmácia são de grande importância na medida em que o bom
funcionamento de uma farmácia depende, entre muitos outros fatores, de uma correta
gestão de stocks.
O aprovisionamento caracteriza-se por um conjunto de ações que vão desde a
elaboração da encomenda até à sua receção e armazenamento e eventual devolução de
produtos se necessário. Tem como finalidade colocar à disposição dos utentes, os
produtos farmacêuticos na quantidade e qualidade desejadas, de forma rápida e eficaz e
assim satisfazer as suas exigências.
2.1.ENCOMENDAS
2.1.1. Seleção do fornecedor e aquisição de produtos
A seleção e aquisição de medicamentos e de dispositivos médicos, onde estão
incluídos por exemplo os produtos cosméticos e de higiene corporal entre outros, é feita
a várias entidades como é o caso de laboratórios farmacêuticos (compras diretas) e
armazenistas. A escolha do fornecedor ao qual se faz aquisição do stock baseia-se na sua
qualidade e rapidez de serviços do mesmo. A seleção dos fornecedores depende também
do número de entregas diárias, da rapidez e eficácia nas entregas, da disponibilidade de
produtos, das bonificações de produtos, dos descontos financeiros e facilidades de
pagamento e política de devolução de produtos.
A gestão de stocks permite decidir quanto e quando encomendar os produtos,
podendo estipular as quantidades indispensáveis para um bom funcionamento da farmácia,
ajudando assim a garantir a qualidade no serviço de saúde prestado. Esta gestão de stock
é feita pelo sistema informático, baseando-se na estatística de venda de cada produto,
criando assim uma boa gestão sem nunca existirem medicamentos ou outros produtos em
rutura ou pelo contrário em excesso criando stocks sem rotação.
Na Farmácia Moderna são efetuadas encomendas diariamente a 4 fornecedores:
Alliance Healthcare (armazém do Porto e Castelo Branco), Cooprofar (armazém da
Guarda, Gondomar e outros), Cofanor e Agroviseu. A Cooprofar pela sua proximidade e
Relatório De Estágio Profissional II 20
rápida acessibilidade é o armazenista selecionado nas situações que requerem que a
dispensa do produto ao utente seja efetuada num curto espaço de tempo. Cada fornecedor
tem horários de entregas diárias previstas, o que durante a realização das encomendas
influencia a seleção do fornecedor.
2.1.2. Realização de encomendas
Na Farmácia Moderna as encomendas são realizadas quer por farmacêuticos quer
por TF, no entanto, apenas os farmacêuticos podem fazer as encomendas via modem,
através de um sistema rotativo semanal. Esta tarefa é atribuída mediante um quadro de
tarefas diárias (ou semanais) elaborado pela Diretora Técnica. A aquisição de produtos
farmacêuticos pode ser feita essencialmente através de duas formas: compras aos
armazenistas e compras diretas aos laboratórios. As encomendas aos armazenistas podem
ser efetuadas eletronicamente (por modem) ou por via telefónica.
Atualmente, a existência de grandes quantidades de produtos farmacêuticos em
stock não acontece frequentemente, uma vez que os armazenistas distribuem diariamente
e várias vezes ao dia encomendas na farmácia. Para além das encomendas diárias, fazem-
se ainda encomendas quinzenais, mensais e encomendas diretas de acordo com as
necessidades da farmácia.
Aquisição de produtos farmacêuticos através dos armazenistas
As encomendas efetuadas por modem podem ser feitas com e sem sugestão, isto
é, nas encomendas com sugestão, o programa informático faz uma sugestão de produtos
a pedir e respetivas quantidades necessárias, tendo em conta os mínimos e máximos
estabelecidos para cada produto e o stock existente na farmácia. O farmacêutico tem a
possibilidade de manter, alterar ou suprimir essa proposta. Para tal, pode suportar a sua
decisão mediante análise dos gráficos de consumos dos produtos, uma vez que estes dão
informação das saídas dos medicamentos ao longo do tempo. É ainda possível transferir
encomendas de um fornecedor para outro, quando esses produtos se encontram esgotados.
Na Farmácia Moderna, a maior parte das encomendas efetuadas por modem são
elaboradas tendo como base a sugestão feita pelo SPharm®. No entanto, os farmacêuticos
podem optar por fazer uma encomenda sem sugestão. Esta opção utiliza-se com menor
frequência e quando a quantidade de produtos a encomendar é reduzida ou prioritária,
Relatório De Estágio Profissional II 21
sendo neste último caso, quando a necessidade de produtos surge fora da hora de
atendimento telefónico do armazém.
Estas encomendas são feitas por exemplo, quando surge na farmácia um utente
que solicite um produto específico não existente no stock da farmácia. Cabe ao
profissional de saúde, informar o utente que existe a possibilidade de encomendar por
telefone, determinado produto, bem como a hora/dia previstos para a sua entrega na
farmácia. O armazenista é selecionado tendo em conta os horários de entregas na
Farmácia para que o produto em falta, seja cedido ao utente no menor período de tempo
possível.
Aquisição de produtos farmacêuticos através de compras diretas aos
laboratórios
As compras diretas são normalmente acordadas com base em reuniões prévias
com os laboratórios farmacêuticos e são validadas pela Diretora Técnica ou pelos
responsáveis pelos diferentes departamentos da farmácia.
Quando se trata de compras diretas, estas são feitas em grandes quantidades de
modo a que a farmácia possa beneficiar de vantagens económicas, como por exemplo,
condições de pagamento, bonificações, recolha de produtos em fim de prazo de validade,
entre outras, tendo em atenção que a farmacoeconomia faz cada vez mais sentido numa
farmácia. No entanto, o fator primordial é a satisfação das necesidades do utente, ou seja,
é necessário ter em atenção quais os medicamentos que são mais solicitados pelos utentes.
Na Farmácia Moderna fazem-se compras diretas a alguns laboratórios de
genéricos (Ratiopharm, Teva, Mepha, Generis, entre outros), outros laboratórios de
produtos de venda sazonal, dermocosmética, puericultura, entre outros.
2.1.3. Receção de encomendas
Como referido anteriormente, as encomendas chegam à farmácia várias vezes por
dia, consoante os horários de entrega dos diferentes armazenistas que fornecem a farmácia.
As encomendas vêm dentro de baques ‘banheiras’ enumerados e fazem-se
acompanhar pela respetiva fatura e/ou guia de remessa. (Anexo 1) As faturas têm a
identificação do armazenista (nome, morada, número de contribuinte), bem como da
farmácia, o número de fatura e data. Após assinatura das guias de entrega ao funcionário
Relatório De Estágio Profissional II 22
do armazém/transportadora, procede-se à verificação dos produtos encomendados, tendo
em conta o estado dos produtos, as suas validades e quantidades pedidas e recebidas.
Na fatura ou guia de remessa, os produtos vêm identificados pelo código nacional,
nome comercial, forma farmacêutica, dosagem, quantidades (pedidas e enviadas),
desconto (quando aplicável), Preço de Venda ao Público (PVP) (quando estabelecido pelo
Infarmed), Preço de Venda ao Armazenista (PVA) e preço de custo para a farmácia,
percentagens de imposto sobre valor acrescentado (IVA) (total e parciais) e valor total da
fatura.
No ato da receção das encomendas, seleciona-se o item da receção de Encomendas
do SPharm®, tendo previamente escolhido o fornecedor. Caso seja uma encomenda
efetuada por modem, o sistema informático permite importar a encomenda. Esta função
agiliza todo processo na medida em que basta fazer a leitura ótica dos códigos de barras
de cada produto, conferir e atualizar os prazos de validade e verificar se as quantidades
recebidas correspondem ou não às pedidas e às faturadas. O responsável pela receção das
encomendas deve ainda conferir se o preço de custo e o PVP da fatura correspondem aos
preços indicados pelo Spharm®.
Existem alguns medicamentos cuja receção requer especial atenção. São eles os
produtos de conservação no frio (termolábeis), os psicotrópicos e estupefacientes e as
matérias primas e material de acondicionamento após preparação de medicamentos
manipulados. Os produtos que requerem conservação no frio são preferencialmente
rececionados.
No que diz respeito aos psicotrópicos e estupefacientes, apesar de estarem
discriminados nas faturas juntamente com os outros produtos, fazem-se acompanhar de
uma via de requisição especial em duplicado (Anexo 2). Ambas as vias de requisição
(original e duplicado) devem ser assinadas e carimbadas pelo Diretor Técnico, ou sua
legal substituta. A via original deve ser arquivada juntamente com uma cópia da fatura
num dossier destinado única e exclusivamente à documentação referente aos
psicotrópicos e estupefacientes, e deve permanecer na Farmácia por um período mínimo
de 3 anos. O duplicado deve ser reencaminhado ao fornecedor. Após a sua receção, estes
são imediatamente armazenados na gaveta destinada aos mesmos.
A receção das matérias-primas obedece a um tratamento diferenciado dos outros
medicamentos. Quando estas são rececionadas, é necessário colocar uma fotocópia da
fatura de cada matéria prima e seu boletim de análise, no dossier correspondente, no
Relatório De Estágio Profissional II 23
laboratório e colocar na embalagem da matéria prima uma etiqueta com o preço. No caso
de se tratar de material de acondicionamento, é necessário colocar a cópia da fatura
referente ao material de acondicionamento no dossier correspondente ao registo de
movimentos. Caso haja alteração do preço do material, é preciso actualizar a tabela de
preços que se encontra no dossier. Se o material for novo na Farmácia, coloca-se a cópia
da fatura no dossier e acrescenta-se o mesmo à tabela de preços.
Após a conferência e receção das encomendas, arquivam-se os documentos da
encomenda devidamente rubricados no respetivo local respeitando o armazenista e
original/duplicado. No final de cada mês, são conferidas as faturas que deram entrada na
farmácia com o resumo das faturas enviado pelos armazenistas, para evitar erros, de forma
a proceder à sua liquidação.
Diversos problemas podem surgir aquando da receção de uma encomenda: PVPs
errados, produtos em falta, produtos em excesso, produtos trocados, entre outros. Desta
forma, deve-se contactar o fornecedor para o esclarecimento da situação e resolução dos
mesmos. No que diz respeito aos produtos em falta nas encomendas, deve-se procurar
apurar a razão pela qual estes não foram enviados à farmácia. As situações em que os
produtos se encontrem “esgotados”, “descontinuados”, “em falta” levam a que o pedido
seja redirecionado para outro fornecedor.
2.2.DEVOLUÇÃO DE PRODUTOS
No que respeita às devoluções aos fornecedores, após a receção, estas devem ser
efetuadas o mais rápido possível, pois cada fornecedor tem um prazo de aceitação de
devolução. São várias as situações que podem levar à devolução dos produtos aos
fornecedores. Entre elas, a deteção de produtos em aproximação do fim de prazo de
validade, produtos danificados, produtos não correspondentes aos encomendados,
produtos faturados em quantidade superior à encomendada, produtos faturados com preço
incorreto, recolha de produtos do mercado por ordem do INFARMED, entre outros. Os
produtos devolvidos fazem-se acompanhar da respetiva nota de devolução, carimbada e
assinada. Para além de se enviar este documento ao fornecedor, fica também arquivado
na farmácia um duplicado da mesma. Na nota de devolução (Anexo 3), constam os dados
correspondentes à identificação da farmácia, o número da nota de devolução, o fornecedor
Relatório De Estágio Profissional II 24
a quem se devolve o produto, código nacional do produto, nome comercial do mesmo,
quantidade a devolver e motivo da devolução.
Nas situações em que o fornecedor aceita a devolução, esta pode ser feita sendo
o produto em causa trocado por um igual ou por uma nota de crédito. Após o fornecedor
regularizar a situação, na farmácia procede-se à regularização da cópia da nota de
devolução anteriormente arquivada. No entanto, a devolução pode não ser aceite, pelo
que o produto regressa nas mesmas condições à farmácia. Nestas situações, dá-se quebra
dos produtos e estes são colocados no contentor da ValorMed para posterior destruição.
Nestes casos, emite-se uma nota de quebra (comprovativo contabilístico da eliminação
do produto).
2.3.CONTROLO DE PRAZOS DE VALIDADE
Considera-se como prazo de validade o (4) "período de tempo durante o qual um
determinado medicamento, após a sua preparação e na sua embalagem definitiva, pode
considerar-se estável; as características físicas, químicas, microbiológicas, galénicas,
organoléticas, terapêuticas e toxicológicas não se alteram ou sofrem modificações dentro
de limites aceitáveis e bem definidos ". Cada vez que um medicamento é rececionado, os
prazos de validade são conferidos e atualizados.
No início de cada ano é elaborada uma escala trimestral, relativamente aos
colaboradores responsáveis, para o controlo de prazos de validade. No mês definido, a
pessoa responsável deve imprimir a listagem de prazos de validade dos produtos
existentes na farmácia, permitida pelo sistema informático. É com base nela que o
responsável pelo controlo do prazo de validades verifica quais os produtos em
aproximação ou no fim de prazo de validade. Após análise dos prazos de validade,
pondera-se uma possível devolução ao fornecedor. Caso não seja possível a sua dispensa
ou devolução, faz-se quebra do produto.
2.4.ARMAZENAMENTO
Após a receção dos medicamentos, estes devem ser armazenados nos locais
correspondentes. É importante garantir todas as condições para uma correta conservação
dos medicamentos e outros produtos. Para tal é necessário monitorizar a temperatura, a
Relatório De Estágio Profissional II 25
humidade e a luminosidade dos armazéns (2). Os produtos são armazenados nas
diferentes áreas que lhe estão destinadas, como referido anteriormente, por ordem
alfabética e de acordo com as regra FIFO (First In, First Out) e FEFO (First Expire, First
Out). Sempre que há stock excedente, todos os medicamentos e outros produtos são
colocados no armazém que possui várias prateleiras para sua exposição de modo a
facilitar a procura.
O processo de armazenamento é de especial relevância na Farmácia, uma vez que
permite uma melhor organização do espaço e um melhor controlo dos stocks da farmácia,
bem como facilita a procura dos produtos farmacêuticos, o que se traduz numa redução
do tempo de espera dos utentes durante o atendimento.
Relatório De Estágio Profissional II 26
3. DISPENSA DE MEDICAMENTOS E PRODUTOS DE SAÚDE
De acordo com a legislação portuguesa, o Decreto-Lei (DL) n.º 176/2006 de 30
de agosto-Estatuto do Medicamento, define medicamento como sendo: (5) “Toda a
substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo propriedades
curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa
ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico
médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar,
corrigir ou modificar funções fisiológicas.”
(2) O ato de dispensa de medicamentos consiste na ação pela qual o profissional
de farmácia, após avaliação da medicação, cede o(s) medicamento(os) ou substâncias
medicamentosas de acordo com a prescrição médica, em regime de automedicação ou sob
indicação farmacêutica.
Para os utentes da Farmácia, existe um cartão que permite a acumulação de pontos,
sendo considerado um cartão de fidelização.
3.1.DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA
(MSRM)
Considera-se um medicamento sujeito a receita médica quando: (4)
Apresenta risco para a saúde do doente se utilizado sem vigilância médica;
Quando pode ser um risco para a saúde do doente se utilizado com frequência
e em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destina;
Quando se destina a ser administrado por via parentérica.
Existem medicamentos que, apenas podem ser dispensados na farmácia ao utente
mediante apresentação de receita médica, devido às suas características farmacológicas,
como descrito no DL nº 176/2006. Segundo o mesmo, os MSRM podem ainda ser
classificados como: (4)
a) Medicamentos de receita médica renovável - cada via tem uma validade
de seis meses, contados a partir da data da sua emissão;
b) Medicamentos de receita médica não renovável – a receita é válida pelo
prazo de 30 dias úteis a contar da data de emissão;
c) Medicamentos de receita médica especial – contenham uma substância
classificada como estupefaciente ou psicotrópico;
Relatório De Estágio Profissional II 27
d) Medicamentos de receita médica restrita- de utilização reservada a certos
meios especializados, como por exemplo, destinarem-se a uso exclusivo
hospitalar.
Atualmente, a prescrição de medicamentos é em grande parte feita via eletrónica,
o que contribui para aumentar a segurança no ato da prescrição e da dispensa, facilitar a
comunicação entre profissionais de saúde e agilizar processos.
Para que o profissional de farmácia possa aceitar a receita eletrónica e dispensar
os medicamentos nelas contidos, deve verificar a existência dos seguintes parâmetros: (7)
Número da receita (19 dígitos) e sua representação em código de barras;
Dados do utente:
Nome do utente;
Entidade responsável pela comparticipação:
Número de beneficiário - que corresponde ao número que
permite identificar o doente junto da respetiva entidade
financeira responsável. No caso do Serviço Nacional de Saúde
(SNS), o número de Utente;
Identificação do prescritor e local de prescrição;
Identificação do medicamento: Denominação Comum Internacional (DCI),
dosagem, forma farmacêutica e dimensão da embalagem (em numerário e
extenso);
Excecionalmente, o prescritor pode prescrever por marca comercial. Essa menção
deve ser feita através da respetiva designação (nome comercial do medicamento e número
de registo do medicamento, representado em dígitos e código de barras).
Posologia e duração do tratamento;
Comparticipações especiais (quando aplicável);
Números de embalagens - em cada receita podem ser prescritos até quatro
medicamentos distintos num total de quatro embalagens por receita e no
máximo duas embalagens por medicamento, ou então, quatro embalagens
se se tratar de medicamento de toma única;
Data da prescrição;
Assinatura manuscrita do prescritor.
Todos os campos acima referenciados têm de estar legíveis e não rasurados.
Relatório De Estágio Profissional II 28
No entanto, a prescrição manuscrita ainda se mantém. Para que o profissional de
farmácia possa aceitar a receita manual e dispensar os medicamentos nela prescritos, tem
de verificar adicionalmente aos itens acima referidos, a presença de vinhetas na receita
médica referentes à identificação do prescritor. Também é obrigatório, ser identificado o
motivo pelo qual o médico está a prescrever manualmente, no canto superior direito da
receita, sendo apenas válidas as seguintes justificações (7) : falência informática,
inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio e prescrição de até 40 receitas/mês.
Após validação da receita, os medicamentos são dispensados ao utente. No ato da
dispensa, o profissional tem a obrigação de informar o utente da existência de
medicamentos genéricos similares ao prescrito, comparticipados pelo SNS e qual o mais
barato. Caso não existam genéricos disponíveis no mercado, tem a obrigação de informar
o utente qual o medicamento de marca mais barato, similar ao prescrito. É importante dar
a conhecer ao utente que este tem o direito de opção na escolha do medicamento.
A farmácia tem que ter em stock, no mínimo, três medicamentos de cada GH de
entre os cinco medicamentos com preço mais baixo. Deste modo, e na existência de GH,
o profissional tem que dispensar o medicamento que cumpra a prescrição médica e, no
caso de ser aplicável, deve dispensar o mais barato dos três. No entanto, o utente pode
optar por qualquer medicamento com o mesmo Código Nacional para a Prescrição
Eletrónica de Medicamentos (CNPEM), independentemente do seu preço, assumindo a
diferença de preço, ficando essa opção de escolha do utente marcada aquando do
aviamento da receita. (7)
O profissional de saúde deve ainda informar o utente acerca do esquema
posológico do medicamento, duração do tratamento, possíveis efeitos adversos e
interações com outros fármacos ou alimentos, precauções especiais de administração e
conservação. De seguida procede-se ao processamento informático da receita. Efetua-se
a leitura dos códigos de barras dos medicamentos/produtos, seleciona-se a entidade que
comparticipa e a portaria, quando aplicável. No final, o profissional deve carimbar e datar
o verso da receita. O utente deve igualmente assinar o verso da receita no campo referente
ao “direito de opção”. No verso da receita está emitida alguma informação obrigatória,
para posterior conferência e validação da parte do Centro de Conferências de Faturas e
Receituário (CCF), tais como:
Identificação da farmácia;
Código matrix da receita médica;
Relatório De Estágio Profissional II 29
Preço total de cada medicamento dispensado, preço de referência,
IVA, valor de comparticipação, quantidade e valor total da receita,
Espaço dedicado à declaração pelo utente da dispensa dos
medicamentos, onde conste uma das seguintes frases:
a) ‘Declaro que me foram dispensadas as nn,nn embalagens de medicamentos
constantes na receita e prestados os conselhos sobre a sua utilização’;
b) ‘Declaro que não exerci direito de opção’ (em relação ao não exercício do direito de
opção);
c) ‘Declaro que exerci o direito de opção para medicamento com preço superior ao 5º
mais barato’ (declaração pelo utente ao seu direito de opção). (8)
Espaço dedicado à declaração pelo utente do seu direito de opção no
caso de prescrição com justificação técnica destinada a assegurar
continuidade terapêutica de tratamento superior a 28 dias. (9)
Finalizando a venda, a fatura/recibo que é emitida, é carimbada, rubricada e
entregue ao utente.
3.1.1. Vendas suspensas
Na Farmácia Moderna, esta situação aplica-se a casos em que o utente apresenta
receita médica, mas apenas necessita de aviar no momento uma parte da medicação
prescrita ou também quando a sua situação económica não lhe permite aviar toda a
medicação prescrita no momento. Nestes casos a receita fica na posse da farmácia até ao
final do mês correspondente ao aviamento ficando o utente com a possibilidade de
levantar a restante medicação até à data indicada. A receita é arquivada juntamente com
o talão de venda suspensa.
3.1.2. Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica Especial
Existem determinados medicamentos e subtâncias medicamentosas com
requisitos legais específicos para a sua dispensa, como é o caso dos estupefacientes e
psicotrópicos, cujo ato da dispensa é feito com uma receita médica especial.
No que diz respeito à prescrição de medicamentos contendo uma substância
classificada como estupefaciente ou psicotrópica (compreendidas nas tabelas I e II anexas
ao DL nº 15/93, de 22 de janeiro ou referidas no nº1 do artigo 86º do Decreto –
Regulamentar nº 61/94, de 12 de Outubro), estes têm que ser prescritos isoladamente. A
Relatório De Estágio Profissional II 30
receita não pode conter outros medicamentos. Para a prescrição destes medicamentos são
seguidas as mesmas regras utilizadas para os restantes, nomeadamente no que diz respeito
ao número de embalagens por receita (7).
Na Farmácia Moderna, os procedimentos são efetuados com especial atenção,
tanto no seu aprovisionamento, armazenamento como na cedência e registo. Aquando da
dispensa destes medicamentos, o sistema informático SPharm® abre uma janela que
obriga ao registo eletrónico de algumas informações quer do doente, quer do adquirente:
nome e morada do doente, nome do médico prescritor, número da receita médica especial,
nome, morada, número e data de emissão do cartão de cidadão ou bilhete de identidade
do adquirente, e data da dispensa. Caso não seja possível obter os dados referentes ao
cartão de cidadão ou bilhete de identidade do adquirente, o profissional de farmácia pode
servir-se de outros elementos seguros de identificação, como a carta de condução.
Após finalizar a dispensa, no verso da receita são impressos os dados referentes à
dispensa dos medicamentos e os dados do adquirente. São também impressos dois talões
para serem anexados a duas cópias da receita onde constam as informações introduzidas.
Um talão comprovativo da venda do psicotrópico fica no arquivo da farmácia, onde é
colocado juntamente à cópia da fatura da aquisição, e o outro é enviado trimestralmente
para a entidade competente (INFARMED) junto com uma cópia da receita (10).
3.2.SISTEMAS DE COMPARTICIPAÇÃO E ENTIDADES
COMPARTICIPADORAS
Existem vários regimes de comparticipação que variam de acordo com o
organismo no qual o utente está incluído, com o regime de comparticipação a que está
sujeito, e com o medicamento em causa. A legislação em vigor prevê a possibilidade de
comparticipação de medicamentos através de um regime geral e de um regime especial
(11).
No regime geral, uma parte do PVP do medicamento é paga pelo Estado de acordo
com os escalões de comparticipação em que se inserem os medicamentos dispensados e
o restante é pago pelo utente. O regime especial de comparticipação abrange pensionistas,
patologias e grupos especiais de utentes. Encontram-se também abrangidas por um
regime de comparticipação especial do Estado, as tiras-teste para determinação da
Relatório De Estágio Profissional II 31
glicémia, assim como as seringas e lancetas destinadas ao controlo da diabetes. Estes
produtos têm de estar prescritos isoladamente.
Os medicamentos manipulados inseridos no Despacho nº 18694/2010, de 18 de
novembro, são também comparticipados em parte pelo Estado.
Apesar de o SNS, entidade designada por 01, ser o organismo mais comum,
existem outras entidades de comparticipação, intitulados de subsistemas de saúde, como
é o caso dos Serviços de Assistência Médico-Social (SAMS) Centro-M9, Energias de
Portugal (EDP), Correios de Portugal em associação com a Medis (JC), entre outros.
3.3.DISPENSA DE MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA
MÉDICA
Os MNSRM, tal como o próprio nome indica, são medicamentos que não
requerem receita médica para a sua dispensa numa farmácia. Destinam-se principalmente
ao alívio e tratamento, por norma rápido, ou a título preventivo. São aqueles que não
constituem um risco para a saúde do utente, direta ou indiretamente, mesmo quando
utilizados sem vigilância médica, no entanto, não são isentos de efeitos colaterais, sendo
necessária uma correta avaliação do estado clínico do utente para que o aconselhamento
seja assertivo.
Um dos grandes problemas da utilização destes medicamentos, mas também dos
MSRM é a automedicação, em que as pessoas fazem o uso incorrecto quer a nível do seu
efeito terapêutico como a nível das dosagens. Isto acarreta elevados riscos como
negligência no diagnóstico, pois o utente pode mascarar uma patologia grave, interações
entre a terapêutica prescrita com a não prescrita e um notório abuso por parte dos
consumidores (2). Por norma, a automedicação advém das dificuldades em obter uma
consulta médica, experiências próprias e a publicidade em meios de comunicação social.
Uma vez que a automedicação é estabelecer um tratamento medicamentoso por
parte do utente, compete ao profissional de farmácia orientar a utilização, ou não, do
medicamento solicitado, contribuindo para que a automedicação se realize sob
aconselhamento adequado e segundo o uso racional do medicamento, uma vez que a
prática da automedicação sem indicação farmacêutica acarreta vários riscos, tais como:
diagnóstico incorreto e inadequação do tratamento farmacológico, entre outros.
Nos casos em que é pedido um aconselhamento ao profissional de saúde, este deve
optar pela escolha de medicamentos que contenham apenas um princípio ativo, evitando
Relatório De Estágio Profissional II 32
assim associações. Este deve também optar por dar a escolher ao utente diferentes marcas,
a fim de este optar pela que mais lhe agrada. As embalagens devem ser as mais reduzidas,
por forma a evitar automedicação descontrolada, assim como ter em conta o custo dos
medicamentos, possibilitando igualdade de tratamento a todos os utentes. Após a escolha
do medicamento, deve ser fornecida toda a informação necessária, nomeadamente no que
diz respeito à posologia, o que fazer em caso de esquecimento da toma, as principais
interações e reações adversas.
3.4.PREPARAÇÃO E DISPENSA DE MANIPULADOS
Medicamento manipulado é qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal
preparado ou dispensado sob a responsabilidade de um profissional de farmácia. Define-
se Fórmula Magistral como “qualquer medicamento preparado numa farmácia de oficina
ou serviço farmacêutico hospitalar, segundo uma receita médica e destinado a um doente
determinado” e Preparado Oficinal por “qualquer medicamento preparado segundo as
indicações compendiais de uma farmacopeia ou de um formulário oficial, numa farmácia
de oficina ou em serviços farmacêuticos hospitalares, destinado a ser dispensado
diretamente aos doentes assistidos por essa farmácia ou serviço” (12).
Hoje em dia, a preparação de medicamentos manipulados é uma prática pouco
frequente nas farmácias comunitárias estando restrita a sua elaboração, por exemplo, a
medicamentos destinados a aplicação cutânea ou a medicamentos preparados com vista
à adequação de uma dose destinada a uso pediátrico. (18)
A Farmácia Moderna dispõe de instalações e material adequado para a preparação
de medicamentos manipulados. As operações de preparação, acondicionamento e
rotulagem efetuam-se num espaço concebido especificamente para estes procedimentos,
o laboratório. Ao preparar um medicamento manipulado, deve-se assegurar a qualidade
da preparação e, para tal, deve-se ter em conta as “ Boas Práticas a observar na preparação
de medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar”, descritas no anexo
da Portaria nº 594/2004 de 2 de junho. (13)
Na Farmácia Moderna, após da preparação de um medicamento manipulado,
efetua-se o seu registo na “Ficha de Produção de Manipulado” (Anexo 4), na qual consta:
número e lote interno do manipulado, dados do utente e do prescritor, matérias-primas
utilizadas, respetivas quantidades utilizadas e lotes, forma farmacêutica, bem como o
Relatório De Estágio Profissional II 33
cálculo do respetivo PVP, de acordo com a legislação em vigor e a rubrica e data de quem
preparou e de quem supervisionou a preparação do medicamento manipulado.
Já com os campos preenchidos, é necessário anexar a receita médica à ficha de
produção de manipulados e colocar detalhadamente todos os passos do cálculo do preço
do manipulado (Anexo 5) e, de seguida, colocar um rótulo na ficha de produção do
manipulado.
No que diz respeito às matérias-primas a usar na preparação de medicamentos
manipulados, o profissional deverá assegurar-se da qualidade das mesmas e também se
estas se encontram corretamente rotuladas e armazenadas em condições de conservação
apropriadas, de forma a evitar contaminações cruzadas (13). Na Farmácia Moderna existe
um registo dos movimentos das matérias-primas (Anexo 6) utilizadas na preparação dos
medicamentos manipulados, onde se regista o nome e número da matéria-prima, (Anexo
7) fornecedor, origem, data de receção e de validade, lote, quantidade recebida,
quantidade utilizada e a quantidade restante e o número do boletim de análise, que é
anexado a este documento, e finalmente a assinatura do operador. Após a preparação de
um manipulado, têm de estar vários documentos anexados, nomeadamente a Ficha de
Produção de Manipulado, a cópia da receita médica e a folha de cálculo do preço do
manipulado. Estes documentos fazem parte integrante do sistema de garantia de qualidade
dos medicamentos preparados na Farmácia Moderna, e são arquivados nas instalações da
farmácia, num prazo mínimo de três anos (13).
Após a preparação do medicamento manipulado e, antes da dispensa do mesmo,
deve proceder-se às verificações necessárias que garantem a boa qualidade final do
medicamento manipulado, incluindo a verificação dos caracteres organoléticos, de acordo
com a Farmacopeia Portuguesa. (2,13)
Todas as embalagens das fórmulas magistrais preparadas na Farmácia devem ser
rotuladas de forma a fornecer toda a informação necessária ao doente. (13) Este rótulo
contém a identificação da farmácia, o nome do manipulado, a forma farmacêutica, a data
de preparação, o prazo de utilização/validade, a menção “uso externo” quando necessário,
o nome do utente e o PVP.
O cálculo do preço dos medicamentos manipulados é feito com base no
enumerado na Portaria nº 769/2004 de 1 de julho. O PVP dos medicamentos manipulados
é composto por três vertentes distintas: valor dos honorários, valor das matérias-primas e
valor dos materiais de embalagem (14). Aos valores de aquisição a utilizar no cálculo é
Relatório De Estágio Profissional II 34
previamente deduzido o IVA respetivo. O PVP é o resultado da aplicação da seguinte
fórmula:
((valor dos honorários + valor das matérias primas + valor dos materiais de
embalagem)×1,3)+ valor do IVA á taxa em vigor.
Durante o meu período de estágio, tive a oportunidade de observar a
preparação de um manipulado- Pomada de Ácido Salícilico com Dermovate®.
Relatório De Estágio Profissional II 35
4. ACONSELHAMENTO E DISPENSA DE OUTROS
PRODUTOS DE SAÚDE
A Farmácia Moderna tem ao dispor do utente uma grande variedade de produtos
de saúde. Cada profissional de saúde, seja TF ou Farmacêutico, tem a seu encargo uma
área específica, estando responsável pela aquisição e escolha destes produtos, bem como
pela organização e disposição dos mesmos na farmácia. Os profissionais devem procurar
manter-se informados e atualizados no que diz respeito aos diferentes produtos existentes
no mercado.
Relativamente aos produtos de dermocosmética e higiene corporal, a Farmácia
Moderna dispõe de uma vasta gama de várias marcas, como Bioderma®, Uriage®,
Ávene®, La Roche-Posay®, Lierac®, entre outras. Sempre que uma nova gama/produto
é adquirido pela farmácia, é prestada a formação adequada de modo a que se possa
aconselhar o utente com maior segurança e qualidade. Algumas marcas de
dermocosmética, dispensam regularmente conselheiras à farmácia para dar formação a
toda a equipa, para a realização de tratamentos personalizados e para o aconselhamento
sobre a utilização desta gama de produtos.
Pela sua diversidade e complexidade, muitos profissionais da farmácia sentem um
pouco de dificuldade nesta área. Também eu própria senti dificuldades, mas nenhum
atendimento ficou por concluir, devido à interajuda da equipa, recorrendo muitas vezes a
profissionais mais qualificados.
Em relação ao aconselhamento em dermocosmética, o profissional deve fazer uma
cuidada observação ao utente, nomeadamente o estado da pele. É necessário fazer uma
correta observação, saber distinguir o estado da pele (se está desidratada, com manchas,
com vermellhidão, sensibilizada), estabelecendo um diálogo com o utente, tornando
assim um atendimento mais fácil e mais assertivo perante as situações que se apresentam.
O objetivo é escolher o produto adequado a aplicar numa determinada situação ou
encaminhar o utente para um médico caso a situação assim o explique.
No que diz respeito aos produtos dietéticos infantis, muitos pais deslocam-se à
farmácia com o intuito de procurar obter o melhor aconselhamento sobre cuidados a ter
com os seus filhos, quer ao nível da alimentação, quer sobre outras questões que surgem
aquando do seu nascimento e durante o seu crescimento. É necessário possuir os
conhecimentos necessários nesta área para poder esclarecer qualquer dúvida que seja
Relatório De Estágio Profissional II 36
colocada, e para isso, tive formação de uma farmacêutica, na área de nutrição infantil,
responsável destes produtos, sobre a diversidade de produtos existentes nesta área,
nomeadamente sobre os diferentes tipos de leites e diferentes tipos de papas.
Os diferentes tipos de leites subdividem-se em leites para latentes, leites de
transição e leites de crescimento. Existem ainda diversos leites destinados
especificamente para diversas situações clínicas nas quais se incluem os leites
hipoalergénicos (HA), anti – regurgitantes (AR), anti–cólicas (AC), antidiarreicos (AD)
e antiobstipação (AO) e fórmulas especiais, que incluem os leites em pó sem lactose e as
fórmulas hidrolisadas. Também se comercializam na farmácia diferentes tipos de papas,
diferenciadas em lácteas e não lácteas, com ou não glúten na sua constituição. A Farmácia
Moderna tem ao seu dispor várias marcas como Nestlé®, Nutribén®, Enfalac®,
Aptamil®, entre outras.
Relativamente à área de puericultura, deparei-me também com o aconselhamento
nomeadamente em vários casos, sendo os mais comuns, situações de pele atópica e
eritema da fralda para a qual presenciei e fiz posteriormente aconselhamento.
Nomeadamente sobre a pele atópica, existem ao dispor cada vez mais várias linhas de
cosmética infantil para esta área no sentido de minimizar a intensidade e o número de
repetições de crises. Também é informado ao utentes conselhos não farmacológicos. No
que diz respeito sobre o eritema da fralda, é aconselhada o creme de muda fralda e
conselhos não farmacológicos, como por exemplo, a limpeza do rabo do bebé ser
realizada com compressas de não tecido embebidas em água micelar.
Na Farmácia Moderna existe uma variada gama de produtos fitoterapêuticos (ex.:
Arkocápsulas®). Para além de produtos à base de plantas, existem também gamas de
suplementos nutricionais e produtos homeopáticos. Aposta-se também na formação dos
seus colaboradores para que o aconselhamento vise a oferta de uma alternativa terapêutica
adequada às necessidades do utente.
Pude observar ao longo do meu estágio, que existe uma grande procura destes
produtos por parte dos utentes para a resolução das mais diversas situações, sendo as mais
comuns o emagrecimento, cansaço físico e psicológico, ansiedade e insónia. No entanto,
as suas aplicações são diversas podendo atuar também ao nível de problemas circulatórios,
problemas gastrointestinais, prevenção de estados inflamatórios e infecciosos, entre
outros.
Relatório De Estágio Profissional II 37
Relativamente aos Medicamentos de Uso Veterinário (MUV), estes são cruciais
para a defesa da saúde e do bem-estar dos animais e para a proteção da saúde pública. A
Farmácia Moderna tem em stock alguns medicamentos de uso veterinário destinados às
situações para as quais estes são solicitados mais vezes.
Os produtos para desparasitação interna (ex.: Drontal Plus®), e externa, para o
controlo e prevenção de infestações por pulgas, carraças e/ou piolhos mordedores (ex.:
Frontline Combo® e Advantix®), higiene (shampoo e loção) são os que a Farmácia
Moderna tem ao dispor dos utentes.
Na Farmácia Moderna, também é possível encontrar produtos dietéticos de
nutrição clínica. Este tipo de produtos é indicado para pessoas com necessidades
nutricionais diferenciadas. Nos casos em que há manifestação de necessidade de aumentar
a cicatrização, como acontece em doentes acamados ou pós-cirúrgicos, por exemplo, há
ao dispor na farmácia um produto que contém alginato de sódio que facilita o processo
em causa, nomeadamente Resource Arginaid®. Em casos pós-operatórios, em que o
utente se encontre mais débil, ou no caso dos doentes oncológicos que necessitem de
maior aporte energético, pode ser aconselhado um suplemento rico em energia e proteina,
Resource Energy®. Em casos em que as pessoas não fazem uma alimentação correta, que
não consomem peixe nem carne (fontes de proteína), têm ao dispor Resource Protein®.
O Resource Diabet® é aconselhado para as pessoas diabéticas, que têm uma dieta
restritiva, com objetivo de suplementar as deficiências proteicas e calóricas. Para casos
de disfagia provocados por Acidente Vascular Cerebral ou outra situação clínica, existe
o Resource Crema® e o espessante da mesma marca. A água gelificada é destinada para
pessoas que não ingerem quantidade insuficiente de água diária ou em casos de pessoas
com disfagia, para fazer uma correta hidratação.
Para um aconselhamento correto, é importante ter em conta, em relação a todos
os suplementos, o cálculo das necessidades de cada utente em termos proteicos e calóricos.
Relatório De Estágio Profissional II 38
5. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E OUTROS CUIDADOS DE
SAÚDE
Como já foi referido, na Farmácia Moderna existe um gabinete onde os utentes têm a
oportunidade de realizarem a medição de determinados parâmetros fisiológicos e
bioquímicos, que são avaliados, estes últimos, através de um equipamento denominado
Reflotron Plus® da Roche.
5.1.MEDIÇÃO DA TENSÃO ARTERIAL
A medição da tensão arterial (Tabela 1) é a base para o diagnóstico, gestão,
tratamento, epidemiologia e pesquisa de hipertensão. (15) Durante o meu estágio, tive a
oportunidade de medir por diversas vezes a tensão arterial a utentes, tendo-me deparado
com várias situações como hipotensão, hipertensão medicada e controlada, e hipertensão
medicada e não controlada.
O profissional de farmácia desempenha um papel importante no controlo da
tensão arterial, pelo que deve alertar para os perigos que advém do não controlo da mesma,
devendo ainda realçar a importância da adesão à terapêutica (quando esta já esteja
instituída) bem como, promover hábitos de vida saudável.
Classificação Sistólica Diastólica
Ótima <120 e <80
Normal 120-129 e/ou 80-84
Normal Alta 130-139 e/ou 85-89
Hipertensão de grau 1 140-159 e/ou 90-99
Hipertensão de grau 2 160-179 e/ou 100-109
Hipertensão de grau 3 ≥180 e/ou ≥110
Tabela 1- Valores de referência da tensão arterial (17)
Relatório De Estágio Profissional II 39
5.2.PARÂMETROS BIOQUÍMICOS
Na Farmácia Moderna é efetuada a medição de diversos parâmetros bioquímicos
com o intuito de prevenir e monitorizar determinadas patologias e terapêuticas
medicamentosas, tais como, glicémia capilar, colesterol total e triglicéridos e ácido úrico.
5.2.1. Glicémia capilar
Antes de se efetuar a medição da glicémia, é necessário ter em conta diversos
fatores. O profissional deve procurar saber se o utente é ou não diabético e se este,
aquando da medição se encontra ou não em jejum, pois a interpretação dos valores é
distinta consoante estas situações (Tabela 2). A medição é feita através da obtenção de
uma amostra de sangue capilar, obtida por punção capilar com uma lanceta descartável,
sendo o sangue recolhido para um tubo capilar próprio que dispõe de um anticoagulante.
A amostra recolhida é colocada na tira reativa, introduzindo-a no aparelho para leitura.
Cerca de três minutos depois o resultado é mostrado no ecrã do aparelho e fica registado
em papel para o utente.
Diabético Jejum (Pré-Prandial) 70- 130 mg/dL
Pós-Prandial ± 180 mg/dL
Não diabético Jejum (Pré-Prandial) 60-100mg/dL
Pós-Prandial ± 140 mg/dL
Tabela 2:Valores de referência da glicémia (16)
Nas situações em que o utente apresente um elevado valor de glicémia, este é
aconselhado a fazer um controlo relativo aos níveis de glicémia. Se os valores se
mantiverem elevados, deve-se aconselhar uma ida ao médico, tanto em casos em que
utente não é diagnosticado como diabético, como em casos em que o utente seja um
diabético diagnosticado e não controlado.
Relatório De Estágio Profissional II 40
5.2.2. Colesterol total e triglicéridos
Nestas determinações, é importante que o utente se encontre em jejum de pelo
menos 8 horas, sendo o protocolo do teste igual ao acima referido para a glicémia capilar.
Deve-se ter em conta os valores de referência (Colesterol Total <190 mg/dL; Triglicéridos
<150 mg/dL) (17) para que, deste modo possa interpretar os valores de forma adequada.
Quando estes valores se apresentam ligeiramente alterados, é necessário aconselhar o
utente a alterar os seus hábitos alimentares, no sentido de reduzir a ingestão de alimentos
com elevado teor em gorduras e açucares, fazendo uma dieta hipocalórica e hipolipídica.
É também importante incentivar a prática de exercício físico moderado. Caso os valores
se mantenham alterados, deve-se recomendar ao utente uma consulta médica, uma vez
que pode ser necessário iniciar ou alterar a terapêutica farmacológica.
Durante o meu percurso no estágio, tive a possibilidade de observar e efetuar a
realização deste teste bioquímico. No que diz respeito ao teste do ácido úrico, como é um
teste que se faz com pouca frequência na Farmácia Moderna, não me foi possível observar
nenhuma realização do mesmo.
5.2.3. Teste de gravidez, Combur-Test®
Na Farmácia Moderna realizam-se, quando solicitados e/ou aconselhados outros
testes como é o caso do Teste de gravidez e do Combur-Test®.
No que diz respeito ao Combur-Test®, as tiras de teste para urina Combur-Test®
são um método rápido e económico para detetar qualquer tipo de infeção urinária. Este
teste tem carácter apenas qualitativo e apenas se realiza como medida de despistagem,
quando o utente se desloca à farmácia referindo sintomas de infeção urinária e solicitando
um antibiótico (prática comum nestas situações). Nestes casos, o teste é efetuado com o
objetivo de detetar alterações na urina. Se os resultados forem positivos, encaminhar-se-
à o utente para o médico. Caso não se detetem alterações, é necessário aconselhar medidas
não farmacológicas destinadas ao alívio do desconforto, bem como se deve informar o
utente sobre o perigo de desenvolver resistências decorrentes da toma inadequada de
antibióticos.
Tive a oportunidade de realizar algumas vezes o Combur-Test® aos utentes e
aconselhar medidas não farmacológicas para o alívio do desconforto, mas, em algumas
Relatório De Estágio Profissional II 41
das vezes, quando os resultados deram positivo, nomeadamente presença de sangue na
urina, encaminhei o utente para o médico.
Relativamente ao teste de gravidez, infelizmente não tive possibilidade de
observar a realização do mesmo, pelo fato de ser um teste que as pessoas preferem fazer
em privado.
5.3.ADMINISTRAÇÃO DE INJETÁVEIS
Como referido anteriormente, na Farmácia Moderna são administradas vacinas
não constantes do PNV e também outros medicamentos injetáveis. Esta função é realizada
por farmacêuticas e TFs com formação específica nesta área, no gabinete de apoio ao
utente.
5.4.ACONSELHAMENTO EM NUTRIÇÃO, PODOLOGIA, AUDIOLOGIA E
MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
Estes aconselhamentos fazem-se sob a forma de rastreio e podem ser sugeridos ao
utente no seguimento de um atendimento em que se verifique que existe necessidade de
reencaminhamento para um profissional mais especializado. O aconselhamento em
nutrição destina-se aos utentes que pretendam executar uma alimentação saudável e/ou
controlo de peso. O aconselhamento em podologia é indicada para utentes que
recorrentemente têm afeções a nível pé como por exemplo, doentes diabéticos. Realiza-
se ainda periodicamente na Farmácia Moderna, aconselhamento em audiologia, em que
são feitos rastreios com intuito de despistar problemas de audição adquiridos ou já
existentes, e de Medicina Tradicional Chinesa, para aconselhamento personalizado e
adequado, por profissionais com competência nas respetivas áreas.
5.5.DISTRIBUIÇÃO DOMICILIÁRIA DE MEDICAMENTOS
A Farmácia Moderna disponibiliza este tipo de serviço a todos os utentes da
farmácia quando estes, por razões de vária ordem, estão impossibilitados de se deslocar
à farmácia ou quando estes se deslocam à farmácia e parte da sua medicação não se
encontra disponível, não sendo possível a cedência da mesma no momento.
Relatório De Estágio Profissional II 42
6. PROCESSAMENTO E FATURAÇÃO DO RECEITUÁRIO
Este processo é iniciado com a dispensa de um MSRM, onde é introduzido um
código, referente ao organismo do qual o utente é beneficiário. Este procede à
comparticipação automática, e também atribui um número sequencial, de acordo com o
respetivo organismo e regime de comparticipação. Para o mesmo organismo de
comparticipação as receitas são organizadas em lotes de 30. A conferência de receituário
está a cargo de dois farmacêuticos destacados mensalmente para essa função. No final de
cada dia, faz-se a recolha e a contagem das receitas que posteriormente são separadas por
organismos e por lotes. Poderá acontecer o último lote emitido não se encontrar completo,
no entanto, é enviado na mesma com o número de receitas que possui. A conferência do
receituário passa pela verificação de toda e qualquer informação de preenchimento
obrigatório. A informação relativa à dispensa do medicamento tem de respeitar as
determinadas regras, sob pena de não ser aceite para conferência. (9)
Conforme se vão fechando os lotes, vão-se imprimindo os respetivos Verbetes de
Identificação de Lote (Anexo 8), que contém o nome e carimbo da Famácia, o respetivo
código da Associação Nacional das Farmácias (ANF), a identificação do lote, mês e ano
a que se refere, número de etiquetas, importância total do lote (correspondente ao PVP),
importância total para utentes e importância total paga pelos organismos. Os lotes deverão
ser fechados até ao último dia de cada mês, para no primeiro dia do mês seguinte ser
iniciada uma nova série.
É no final do mês que também se procede ao processo de faturação, emitindo a
Relação Resumo de Lotes (Anexo 9) de cada organismo (elementos que constam em cada
verbete), e Fatura Mensal dos Medicamentos para cada organismo (Anexo 10) onde
descreve o nome da farmácia, número total de lotes e receitas, valores totais do PVP,
carimbo e assinatura da Diretora Técnica, ou sua legal substituta. Relativamente ao
documento da Relação Resumo de Lotes, é enviado juntamente com os verbetes, sendo
que o duplicado fica arquivado na farmácia apenas para controlo interno, visto que não é
útil para faturação. O original do documento relativo à Fatura Mensal dos Medicamentos
é enviado para a centro de contabilidade da Farmácia, para posteriormente, ser faturado.
No final de todo este processo, são enviados o receituário correspondente ao CCF,
e os organismos independentes para a Associação de Farmácias de Portugal (AFP).
Ambas as entidades procedem à conferência e averiguação dos valores que devem ser
reembolsados à farmácia.
Relatório De Estágio Profissional II 43
Durante o meu estágio, pude participar por diversas vezes no processo de
conferência de receituário o que, numa primeira fase permitiu que me ambientasse com
os vários conceitos ligados ao receituário e posteriormente permitiu que, durante o ato da
dispensa estivesse mais atenta para certos aspetos, para que assim pudesse evitar alguns
erros (receitas fora de validade, vinhetas erradas, cedência de mais unidades do que as
prescritas, ausência de assinatura do médico, atribuição de uma entidade diferente, entre
outros).
Relatório De Estágio Profissional II 44
7. VALORMED
É da responsabilidade do profissional de farmácia informar os utentes para a
possibilidade de encaminharem os medicamentos fora de uso, devido à conclusão do
tratamento ou ao término do prazo de validade. A ValorMed é responsável pela gestão
dos resíduos de embalagens e medicamentos fora de uso. (19) O profissional deve assim,
incentivar o utente para a participação no programa ValorMed. Todos os medicamentos
que se encontrem nas situações acima descritas são recolhidos e colocados em contentores
próprios, sejam embalagens ou blisters vazios ou não, evitando irem para o lixo doméstico,
com o fim de serem destruídos em segurança. Após estarem cheios, estes são selados e
recolhidos pelos fornecedores da farmácia, nomeadamente a Cooprofar, Alliance e todos
os armazéns que trabalham com a farmácia. Antes da recolha é necessário pesar o
contentor, preencher uma ficha onde consta o nome da Farmácia, o código da Farmácia,
o peso em quilogramas e a assinatura do colaborador responsável pelo fecho do mesmo.
O original segue com o contentor e o duplicado fica arquivado na farmácia.
Durante o meu período de estágio, pude observar que uma grande parte dos utentes
da farmácia já deposita nos contentores da ValorMed, sacos com medicação, cuja
validade expirou ou que, por alguma razão, suspenderam.
Relatório De Estágio Profissional II 45
8. VALIDAÇÃO DE PICTOGRAMAS NA POPULAÇÃO IDOSA
8.1.INTRODUÇÃO
No âmbito da unidade curricular Estágio Profissional II, foi-me proposta a
realização de questionários em entrevista intitulados de Validação de Pictogramas na
População Idosa. Este estudo tem como descrição dos sujeitos pessoas com idade igual
ou superior a 65 anos. Tem como objetivo determinar quais as imagens que melhor são
compreendidas quando se informam os utentes idosos sobre o medicamento a tomar, a
posologia, precauções e efeitos secundários associados. Com a participação dos
indivíduos irá ser possível criar indicações ilustrativas no âmbito de um projeto para
melhorar a comunicação e aumentar a compreensão das instruções sobre o uso dos
medicamentos.
(20) Os pictogramas constituem um instrumento particular de comunicação que
associa figuras e conceitos com o intuito de transmitir de forma clara, ágil e simples
informação sobre os produtos para os consumidores. Funcionam como um sistema
suplementar de comunicação visual, ao qual o profissional de farmácia, pode recorrer
para disponibilizar ao paciente as informações mais importantes acerca do tratamento
farmacológico. Como podem amplificar o significado da língua falada, servem como um
sistema suplementar de comunicação visual, ao qual o profissional de farmácia, e outros
profissionais de saúde, pode recorrer para disponibilizar ao paciente as informações mais
importantes acerca do tratamento farmacológico.
“A comunicação em saúde diz respeito ao estudo e utilização de estratégias de
comunicação para informar e para influenciar as decisões dos indivíduos e das
comunidades no sentido de promoverem a saúde.” (21) A comunicação entre o utente e o
profissional de farmácia é muito importante. Para comunicar é essencial que o utente
compreenda a informação relacionada com a sua medicação. Por vezes esta informação
não é percebida devido a diferenças entre a linguagem falada pelo utente e pelo cuidador
de saúde, o nível de escolaridade, ou alterações de saúide relacionadas com a idade.
Através da utilização de imagens, em simultâneo com materias escritos e falados, os
profissionais de farmácia poderão ajudar a melhorar a compreensão do utente
relativamente aos seus medicamentos, e quais os efeitos esperados durante a sua toma.
Relatório De Estágio Profissional II 46
Neste sentido, como referido anteriormente, este estudo tem como objetivo verificar
quais as imagens que melhor são compreendidas pelos doentes com 65 ou mais anos,
sendo que as comissões de ética examinam toda a investigação efetuada pelos seus
colaboradores e investigadores, tendo em vista assegurar a proteção dos direitos e o bem-
estar dos inquiridos.
8.2.RESULTADOS
O inquérito foi dirigido a 7 pessoas com idade superior a 65, exepto duas pessoas
que fizeram questão de responder ao inquérito para verificarem se sabiam interpretar as
figuras. A maioria dos inquiridos eram do sexo feminino e não apresentavam um elevado
grau de escolaridade. Todos os indíviduos eram habitantes do concelho da Guarda, sendo
metade dos mesmos residentes na área urbana e outra metade na área rural. Todos os
participantes se mostraram disponíveis e prestáveis para a realização das entrevistas, mas
nem todos os questionados aceitaram em participar neste estudo. Com os participantes foi
estabelecido um bom discurso onde houve compreensão mútua, e para isso tive que
adaptar o meu discurso tendo em conta, principalmente o grau de escolaridade do
entrevistado.
Na recolha de dados foi obtido o consentimento informado das pessoas
participantes da pesquisa, sendo-lhes assegurado a confidencialidade de suas respostas.
Na maioria, as pessoas tiveram dificuldade em identificar as imagens, correta ou
incorretamente, demorando algum tempo a interpretar as mesmas e na maior parte das
vezes as respostas não eram as corretas. Além disso, reparei com alguma frequência, que
as pessoas afastavam-se da ideia de que deveriam associar a imagem a uma informação
transmitida relativamente um medicamento, e não a um tema diferente. Por esta razão
havia necessidade de relembrar isto constantemente.
Apesar da dificuldade na identificação dos pictogramas, depois de ser revelada a
resposta correta, muitas vezes as pessoas admitiam que a imagem realmente estava
indicada para a informação que pretendia passar, e eram, por vezes, sugeridas algumas
melhorias na imagem por parte dos utentes. No entanto, também foram expostas críticas
quando se justificava.
De notar que a população inquirida com maior grau de escolaridade conseguia
interpretar de forma mais correta as imagens, assim como, quem tinha carta de condução.
Relatório De Estágio Profissional II 47
Relativamente ao perfil de consumo, nos casos em que as pessoas eram medicadas,
as respostas obtidas mostraram que são responsáveis relativamente às tomas da
medicação e a medicação é preparada pelos próprios.
8.3.DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Com a realização deste estudo da interpretação de pictogramas na população
idosa, é notária a variação das mesmas de acordo com o nível de escolaridade das pessoas.
Na minha opinião, as imagens apresentam um elevado grau de complexidade, o
que muitas vezes causa confusão à população. Deviam por isso ser mais específicas
principalmente no que toca à informação básica que pretende passar, isto é, se se trata de
informação de indicação, efeito secundário, precaução, via de administração ou
posologia.
Os efeitos secundários variam bastante de pessoa para pessoa bem como da
medicação que é associada. Assim, penso que não faz muito sentido a colocação desta
informação até porque pode passar a ideia exatamente oposta, podendo ser interpretada
como indicação, como aconteceu em alguns inquéritos.
A posologia também varia de indivíduo para indivíduo, mas concordo que exista
uma imagem na caixa com esta informação, visto ser bem interpretada pela maioria dos
inquiridos. Acredito que seja das informações mais bem passadas pelos profissionais de
farmácia aos utentes, sem causar praticamente dúvidas nenhumas, por isso, penso que
seja importante tendo esta informação em pictogramas.
No que diz respeito às precauções dirigidas às grávidas ou mulheres em fase de
amamentação, não considero importante colocar porque as grávidas são constantemente
informadas, por todos os profissionais de saúde, dos cuidados que devem ter com a
medicação.
Após a realização dos inquéritos por entrevista posso concluir que a população
idosa, de uma forma geral, apresenta carência de atenção e gostam de uma conversa longa.
São pessoas muito prestáveis, acessíveis, principalmente no que respeita a questões
relacionadas com medicamentos e saúde, sendo um assunto que as preocupa e interessa.
Como atualmente grande parte da população é polimedicada, isto seria uma ótima
forma de facilitar as tomas e os erros associados à falta de conhecimento por parte da
população. Além disso facilitaria em muitos aspetos a comunicação entre os profissionais
Relatório De Estágio Profissional II 48
de farmácia e os utentes, na medida em que, se estas imagens estiverem nas caixas de
medicamentos e a sua informação for elucidada pelo profissional de farmácia, mais
facilmente, em casa, o utente se recorda da sua correta informação.
Relatório De Estágio Profissional II 49
9. CONCLUSÃO
Concluindo este relatório relativo ao Estágio Profissional II, realizado na
Farmácia Moderna, faço um balanço extremamente positivo e enriquecedor tanto a nível
profissional como pessoal.
Ao longo do meu estágio, tive a oportunidade de entrar em contacto com a
dinâmica de funcionamento da Farmácia Moderna. Pude acompanhar todo o circuito do
medicamento, no contexto da farmácia comunitária desde a realização e receção de
encomendas, adequado armazenamento até à dispensa, quer de medicamentos, quer de
outros produtos de saúde, faturação, bem como prestação de outros serviços como
medições bioquímicas e o esclarecimento de dúvidas dos utentes.
O espirito pró-ativo e de interajuda da equipa contribuíram em muito, para que o
meu estágio se revelasse uma experiência enriquecedora a todos os níveis.
A variedade de utentes que recorre aos serviços da Farmácia Moderna é muito
diversificada, tem um amplo leque de utentes, desde aos mais jovens aos mais idosos,
com ou sem formação, o que também me fez estar preparada para as mais diversas
situações, pois existiam os utentes fidelizados, com o qual se incide no seguimento
farmacoterapêutico, mas também os utentes de “passagem”.
Os utentes procuram aconselhamento sobre uma grande variedade de produtos
que obriga a um conhecimento atualizado do mercado e a adaptação às mais diversas
circunstâncias. Os objetivos propostos inicialmente para a realização deste estágio foram
conseguidos com sucesso, pois considero que realizei de forma positiva as atividades que
foram sendo propostas e tive igualmente espírito de autonomia.
Desempenhei todas as funções pedidas pela equipa e fui autónoma para fazer
determinadas tarefas adjacentes, para superar os meus objetivos. Organizei por várias
vezes o armazém de acordo com as várias áreas que possui, colocando os medicamentos
e produtos de saúde por ordem alfabética. Também me disponibilizei para organizar toda
a zona de apoio situada no piso 2, organizando os armários com os brindes para os utentes,
com os folhetos informativos e com elementos da decoração da farmácia. Disponibilizei-
me para executar a decoração das montras, tanto as principais como a secundária, de
acordo com a sazonalidade e com os produtos aos quais se pretende dar mais visibilidade.
Durante o período de estágio, pude observar as várias vertentes do Técnico de
Farmácia na Farmácia Comunitária enquanto prestador de cuidados de saúde e na
Relatório De Estágio Profissional II 50
importância que este desempenha no seio da sociedade. Assim sendo, ao contactar com a
realidade profissional, desenvolvi tanto as minhas capacidades técnico-científicas, como
as minhas capacidades comunicativas e humanas.
Todos os conhecimentos que me foram transmitidos e todas as vivências
experienciadas ao longo deste período, serão sem dúvida, uma mais-valia para o meu
desenvolvimento enquanto futura profissional de saúde.
Relatório De Estágio Profissional II 51
10. BIBLIOGRAFIA
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5. Decreto-Lei n.º 176/2006, 2014;
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Relatório De Estágio Profissional II 52
17. Ministério da Saúde: Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de abril Diário da República–
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Relatório De Estágio Profissional II 53
Anexo 1-Fatura de entrega de encomenda
Relatório De Estágio Profissional II 54
Anexo 2-Requisição de Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes
Relatório De Estágio Profissional II 55
Anexo 3- Nota de devolução
Relatório De Estágio Profissional II 56
Anexo 4-Ficha de Produção de Manipulados
Relatório De Estágio Profissional II 57
Anexo 5-Cálculo do preço do manipulado (observado)
Relatório De Estágio Profissional II 58
Anexo 6-Registo de Movimentos de Matérias-Primas
Relatório De Estágio Profissional II 59
Anexo 7-Listagem das Matérias-Primas
Relatório De Estágio Profissional II 60
Anexo 8-Verbete de Identificação de Lote
Relatório De Estágio Profissional II 61
Anexo 9- Relação Resumo de Lotes
Relatório De Estágio Profissional II 62
Anexo 10-Fatura Mensal dos Medicamentos
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