Universo dos planadores, parte final- Como se tornar piloto de planador-
O mais completo e reconhecidamente o mais hábil dos pilotos no univer-
so da aviação.
Esta matéria foi publicada na edição 4 da Aviação e Mercado
http://www.aviacaoemercado.com.br/
Texto Cláudia Terra #cmdterra
Nas edições 2 e 3 da Aviação & Mercado (http://www.aviacaoemercado.com.br/ )anteriores
apresentamos a trajetória dos planadores, partimos da Segunda Guerra Mundial e chegamos
aos nossos tempos, com as evoluções dessas fabulosas máquinas desmotorizadas, que dão
mais belezas aos céus com seus voos planados. No Brasil os planadores mais usados ainda são
Nhapecan e Quero-Quero. Planadores de fabricação nacional e baixíssimas performances, se
comparados com os importados alemães e poloneses, que são o que há de melhor para se
voar sem motor, são o que há de melhor em tecnologia e performance hoje no que diz respei-
to há planadores. E já estão presentes aqui no Brasil. Um modelo como o alemão Alexander
Schleicher ASH30, que possui 26m de envergadura e razão de planeio que pode chegar facil-
mente a mais de 1:60. Um detalhe interessante é que assim como o ASH30 e outros planado-
res de ultima geração, eles vêm equipados com motores também, transformando-se em mo-
toplanador, o que lhes não independência na hora das decolagens.
Nesta parte final da trilogia dos planadores apresentamos um pouco dos procedimentos para
se voar de planador, o voo planado.O curso para piloto de planador são duas modalidades,
uma para quem não é piloto de nenhum tipo de aeronave e outro para pilotos em alguma
modalidade.
Para quem não é piloto e esta começando na aviação os requisitos são: Requerimento de Li-
cença. Desde 2012 os exames médicos (ccf/cma) não são mais emitidos em papel, sendo obri-
gatório o candidato ter seu Código Anac para realizar o exame; Procedimento para gerar o
código ANAC; Procedimento para realização do Exame Médico 4ª Classe para PPL e 2º Classe
para PP:
1 - Exame medico 4ª classe – Procedimentos
(http://www.aeroclubebebedouro.com.br/images/orientacoes-aeronavegantes-4-classe-.pdf )
2 - Exame medico 2ª classe – Procedimentos
(http://www.aeroclubebebedouro.com.br/images/orientacoes-aeronavegantes1-classe.pdf )
3 - Exame medico IFR / PC – Procedimentos
(http://www.aeroclubebebedouro.com.br/arquivos/cursoppl/orientacoes-aeronavegantes-
pp.pdf )
Exame médico 4ª classe - Procedimentos; exame médico 2ª classe - Procedimentos; exame
medico IFR / PC -;Procedimento para agendar o exame teórico na ANAC;
Para quem já é piloto: Requerimento de Licença; Procedimento para agendar o Exame Teórico
na ANAC (Matérias: Regulamentos, Teoria de Voo e Conhecimentos Técnicos). A maioria dos
aeroclubes disponibilizam alojamentos para os alunos.
O Aeroclube de Bebedouro também tem um planador especial adaptado com um kit que per-
mite que piloto com certa deficiência física consiga pilotar sem problemas. O planador é um
ASK-21, fabricado na Alemanha por Alexander Schleicher, um dos melhores fabricantes de
planadores do planeta. “O kit foi adquirido direto do fabricante com custo aproximado de 3
mil euros, mais instalação em oficina homologada no valor de 4 mil reais. O funcionamento do
KIT é bem simples.O mesmo é conectado aos comandos dos pedais e uma alavanca próxima à
alavanca do freio aerodinâmico comanda o leme direcional. Sem o kit, esse comando do leme
é feito com os pedais”,explica Angelo Sérgio Hermini, presidente do aeroclube. O ASK 21 per-
mite que pilotos com pernas deficientes possam pilotar. O leme é acionado por meio de uma
alavanca manual adicional para a parede esquerda da cabine. A alavanca de freio aerodinâmi-
co engata de um modo semelhante como uma alavanca de aba, para que uma mão fique livre
para controlar o leme. As alavancas de acionamento adicionais são facilmente e rapidamente
removíveis de modo que o ASK 21 também poça ser operado na forma usual. A experiência
com a operação de tal modificação do ASK 21 mostrou que as alavancas de acionamento são
ergonomicamente muito bem definidas e se destacam por baixas forças de atuação. A instala-
ção da alavanca de mão também é possível na cabine traseira.
O curso para iniciantes na aviação é dividido em 50 reboques. Para quem já possui ao menos a
habilitação de Piloto Privado de Avião, o curso é feito em 30reboque, intercaladas com voos
solos e duplos. O custo para a obtenção de uma carteira de planador pode variar de aeroclube
para aeroclube, custo médio pode girar em torno de R$8.000,00 á R$12.000,00 reais. O aero-
clube de Itápolis-SP também oferece o curso de Piloto Rebocador de Planador (Curso muito
procurado para quem deseja acumular horas de voo para a formação de Piloto Agrícola) e o
curso de Instrutor de Planador. “Somos o único aeroclube do Brasil a contar com o rebocador
Pawnee de 235hp. Além dos tradicionais Aero Boeros-180 e Paulistinha 150hp. Também so-
mos o único aeroclube no Brasil a contar com 2 checadores credenciados, tanto para Piloto,
instrutor e rebocador de planadores. O aeroclube de Itápolis atualmente conta com 4 planado-
res sendo eles: 1 Nhapecan, 2 KW-1 (Quero-Quero) e um Grob G103 Acrobático|”, explica
Bruno de Camargo Penteadado , instrutor de planador do Aeroclube de Itápolis-SP.
De acordo com Bruno, uma nova tendência nos últimos anos, no Brasil, é a procura pelo curso
de planadores por pilotos comerciais. Com a inclusão das atividades de voo à vela pela ANAC
na aviação brasileira, com exames teóricos, certificados de capacidade física e exames de pro-
ficiência muito semelhantes aos dos aviões. O planador tem se tornado uma ferramenta para o
aprimoramento de pilotos de todas as categorias. Desde os jovens iniciantes a pilotos comerci-
ais formados. Os aeroclubes que não se adaptarem a essas novas tendências tendem a ficar
para trás na formação de novos pilotos. Apesar de ser uma atividade ainda desportiva, a for-
mação de pilotos de planador exige um profissionalismo muito grande.
Para se tornar um piloto rebocador de planador é necessário ter o curso de planador e pelo
menos 100 horas de voo de avião em comando. É um curso diferenciado pelo fato de se voar
em horários térmicos, ou seja, turbulentos necessitando de habilidade por parte do piloto.“O
alijamento da corda é outra peculiaridade. Cruzamos a cabeceira com 200 pés AGL a fim de
livrar os obstáculos e na lateral da pista alijamos a corda, ou seja, na grama. Após o alijamento
prosseguimos para o pouso buscando o eixo da pista. Existem sinais de emergência entre o
rebocador e o planador. Em caso de pane no planador é feito uma coordenação de primeiro
tipo(balançando as asas em torno do eixo longitudinal) com os spoilers (freios aerodinâmicos)
abertos, em caso de pane no rebocador é feito uma coordenação de primeiro tipo por parte
do rebocador, explica o piloto rebocador de planador do Aeroclube de Itápolis, Octavio Oli-
veira.
As habilidades dos pilotos de planadores são mundialmente reconhecidas como acima da
média. Entre essas, o planejamento detalhado, raciocínio rápido e conhecimento vasto da
meteorologia são algumas que se destacam nos pilotos de planador. No planador o piloto
curte o voo,mas sem se acomodar durante esse. O voo planado é conexão harmônica entre
piloto, aeronave e natureza. Não tem essa de ficar na pilotagem automática! As habilidades
dos pilotos de voo à vela podem fazer a diferença, por exemplo, no sucesso ou não de um
pouso de emergência para pilotos de aeronaves motorizadas. Como diz Bruno Penteado “ O
voo de planador é um voo que esta sempre em ‘pane’ ”, isso significa que o piloto sempre
estará voando em alerta, atento às condições meteorológicas e ao comportamento da aero-
nave, que depende totalmente das térmicas para se manter em voo, diferente de uma ae-
ronave motorizada que o piloto em voo não tem que se preocupar, mas se tiver uma pane
real, poderá ter dificuldades em resolve-las, já o piloto de planador consegue resolver esse
tipo de situação com maior probabilidade de sucesso, por estar habituado a voar sem mo-
tor, esse é um dos motivos pelo qual o voo de planador torna o piloto mais completo no co-
mando de qualquer aeronave motorizada.
Para se tornar um piloto de planador não é obrigatório que o aluno seja proprietário de um
planador, pois após o curso ele pode locar um planador de um aeroclube e fazer os seus
voos normalmente, o pagamento é por reboque (valor que varia para cada aeroclube, mas
de modo geral pode variar de 200 a 400 reais) e não pela hora de voo, que é muito variável.
A Federação Brasileira de Voo à Vela (FBVV) tem alguns projetos de incentivos ao volovelis-
mo, como o Projeto Voa Planador São Paulo, criado com a Secretaria de dos Esportes de São
Paulo e tem por objetivo auxiliar a formação de um(a) novo(a) piloto de planador, além de
desenvolver e difundir a modalidade esportiva de voo à vela no Estado de São Paulo, a qual se
apresenta como uma atividade seletiva e competitiva, enquadrada, portanto, no desporto de
alto rendimento, bem como aumentar o número de pilotos de planadores, ampliando a base
da pirâmide e descobrir talentos esportivos através dos cursos de instrução oferecidos. A sele-
ção dos candidatos foi feita através da análise dos dados cadastrais informados e do desempe-
nho durante os voos de avaliação, buscando-se sempre a maior convergência possível com o
perfil desejado. O processo de seleção compreende a análise do cadastro do candidato e do
seu desempenho no voo de experiência. Os voos de experiência e avaliação são custeados
pelos candidatos. Apenas os voos realizados após a seleção dos bolsistas aprovados serão
100% financiados pelo projeto conforme especificado no regulamento, disponível no site da
FBVV, bem como a relação de aeroclubes participantes do projeto. “É importante salientar que
estes incentivos pelo projeto de formação de pilotos de planado, reduzem um pouco os custos
operacionais e patrimoniais dos equipamentos envolvidos na formação e treinamento de pilo-
tos competidores, mas estamos muito atrás de países que priorizam e muitas vezes obrigam
empresas ( principalmente ligadas à aviação) a investirem neste esporte, que ajuda qual-
quer piloto a melhorar a eficiência operacional e tomada de decisão em casos de panes em
aeronaves comerciais”, informa Marcos Afonso Junqueira, tesoureiro da FBVV.
Além desse e outros, a FBVV tem o Projeto Planador Brasil, que tem objetivo de realizar a
importação de planadores para aeroclubes, que, como mostramos na edição 3 da Aviação &
Mercado, infelizmente o Brasil ainda não tem empresa fabricante de planadores, como temos
de aviões. O Projeto Planador Brasil, esta ativo desde 2010 e nesse período realizou a compra
de 12 planadores e de acordo com Marcos Junqueira essas importações são geralmente de
planadores com 10 a 15 anos de uso, com máximo de 2 mil horas voadas, a um valor médio
de 20 mil Euros, se o planador for novo o custo varia de 100 a 120 mil euros, no país de
origem. Mas a logística de transporte, taxas (ANAC, ICMS, IPI, PIS, COFINS, IR, Contribuição
Social) e impostos de importação, o custo dessas aeronaves podem dobrar de valor. O que
pode comprometer a compra para muitos clubes e seus associados. Os clubes, às vezes conse-
guem a captação dos valores para a importação com empresas, que com isso, recolhem parte
do imposto de renda através da lei de incentivo ao esporte.
Após o pedido feito, o planador chega ao Brasil em 6 meses. “Estamos empenhados em zerar
as taxas e impostos na construção e ou na montagem de planadores, como existem em outras
atividades competitivas. Pretendemos também acabar com a exigência do uso de aeronaves
homologadas, pois isso onera os custos de produção, habilitação e revisões periódicas ( I-
AM/CA), dificultando a produção de planadores no Brasil. Existe, por exemplo, um planador
biplace de treinamento avançado, o P1, construído por Ekkehard Schubert, piloto e engenhei-
ro aeronáutico do ITA e dos fundadores da EMBRAER, que ainda não se transformou em reali-
dade por falta de incentivos e pelos exagerados custos na homologação”, lembra Marcos
Junqueira. O P1 já foi testado e aprovado como planador seguro e eficiente. A iniciativa de
construir o P-1 surgiu em 1996, em São José dos Campos quando o projetista de aviões conse-
guiu reunir 66 pessoas, que dispuseram a arcar com os custos da construção do protótipo e
também participar do desenvolvimento do projeto. Schubert, que há décadas voa em planado-
res e foi, por 10 vezes, campeão brasileiro de planador, diz que o P-1 é extremamente dócil e
tem excelente performance para a sua categoria. Confira na edição 2 da Aviação & Merca-
do,mais informações sobre esse planador
(https://www.yumpu.com/pt/document/view/56255178/aviacao-e-mercado-revista-3 ) O
Projeto Planador Brasil é comandado por uma equipe com 4 gestores, 1 presidente, 1 vice-
presidente e 2 tesoureiros.
A FBVV representa os interesses do esporte junto às autoridades aeronáuticas do país, como,
ANAC e DECEA zelando pelos interesses dos filiados. Dentre algumas atividades que são de
responsabilidade da Federação estão: defesa do espaço aéreo, fundamental para o exercício
do voo com planadores. Problema localizado atualmente próximo aos grandes centros e que
tende a aumentar nos próximos anos e uma ação no sentido de defender os interesses dos
volovelistas é fundamental para o futuro do esporte. A federação busca patrocínios e auxílios.
Ao longo da história, os patrocínios eram concedidos pelo poder público, de certo modo res-
ponsáveis pela existência dos aeroclubes no Brasil e também pela maioria dos rebocadores e
planadores de instrução. Mas atualmente o poder público não mais oferece subsídios diretos
ao esporte, portanto, um grande desafio é conseguir patrocínios via setor privado, como pelas
leis de incentivo ao esporte, por exemplo.
A legislação atual esta passando por um período de mudanças sobre a formação de pilotos,
estrutura de aeroclubes e escolas de pilotagem, certificação de capacidade física, manutenção
de aeronaves. A FBVV tem estado presente, respondendo às consultas públicas sobre o assun-
to, defendendo os interesses da comunidade volovelista. Aos pilotos com melhor situação no
Ranking Brasileiro, são distribuídos planadores, com objetivo de facilitar o treinamento para
participação nos campeonatos nacionais e internacionais. Esses planadores estão disponíveis a
todos associados FBVV que preencherem os requisitos mínimos para voá-los. FBVV é mantida
por seus pilotos filiados de competição mais engajados nos campeonatos e os pilotos volovelis-
tas, que apesar de não voarem nos maiores campeonatos têm interesse, com seus clubes, em
ver o seu esporte bem representado diante da sociedade brasileira.
O voo de planador permite que os profissionais, piloto de outras modalidades , tornem -se
mais completos na pilotagem, mas também permite que pessoas que só ame voar por lazer
ou esporte complete integração com os céus, levado em um voo só pelas forças do ven-
to(térmicas ascendentes) para a vastidão silenciosa e encantadora das alturas. Não é tão difícil
explicar a parte técnica de um voo, falar dos elementos físicos do voo, mas descrever o que
ocasiona sua existência no espírito de quem ama voar,isso quase é impossível, pois explicar a
magia de voar esta além das palavras. E o voo planado é um estilo de voo que representa a
essência natural de voar livre só com as forças na da natureza , é essa a magia dessas ma-
jestosas e elegantes aeronaves, que vale apena conhecer.
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