Ernesto foi uma criana levada, um aluno brilhante e belohomem. Desde pequeno destacou entre os demais pela capa-cidade de liderar
Ernesto Guevara de la Serna
nasceu na Argentina, em 14 de
maio de 1928, s 3h15 da ma-
nh, na cidade de Rosrio. Mas
foi registrado um ms depois,
no mesmo dia e na mesma hora.
Isso porque sua me Clia de la
Serna casou-se grvida de trs
meses e Ernesto foi tido como
prematuro de 7 meses. Ernestito,
como era chamado, nunca sou-
be disso. Aos dois anos de ida-
de contraiu asma crnica, doen-
a que o seguiu por toda a vida.
Seu pai, Ernesto Guevara
Lynch, era bisneto de um dos
homens mais ricos da Amrica
do Sul. Estudou arquitetura e en-
genharia abandonando antes de
se formar para fazer sua prpria
dando aps a doena da av para
medicina. De acordo com Jon
Lee Anderson (autor de sua mai-
or biografia), no mesmo ms em
que sua av morreu, ele matri-
culou-se em medicina na Uni-
versidade de Medicina de
Buenos Aires. Mais tarde, ini-
ciou especializao em alergia,
provavelmente para estudar e
entender sua doena.
Em 11de abril de 1953, fez
seus ltimos exames. Assim que
soube que havia passado ele co-
municou aos pais que faria uma
nova viagem.
A TRAJETRIA DE UM MITO
fortuna com a herana
deixada pelo pai. Clia,
sua mulher, estudou em
um colgio catlico da
elite Argentina. Autn-
tica sangue azul da no-
breza espanhola, rf
de pai e me desde
cedo, herdou uma gran-
de fortuna aos 21 anos.
Ernestito foi o
primognito, mas o ca-
sal teve ainda mais trs
filhos. Ele herdou da
me a cultura e a intre-
pidez que fez dele um
lder. Sua me foi a pri-
meira a dirigir o prprio
carro, a usar calas compridas e
a fumar cigarros (coisas que para
poca eram desafios s normas
da sociedade). Ernesto foi uma
criana levada e, apesar da do-
ena, nada o impedia de sempre
fazer o que queria. Estudioso,
adorava histria, filosofia e des-
de pequeno lia Marx e Engels.
Adorava escrever em dirios,
hbito que levou por toda sua
vida.
Sempre foi bom aluno e bom
amigo. Cresceu numa boa casa
em Alto Gracia, na Argentina.
Seus amigos eram meninos po-
bres que moravam na favela pr-
xima. Da, talvez, dele ter adqui-
rido o jeito desleixado de andar.
Decidiu ser engenheiro, mu-
Por Guilene Matos
Che ainda um menino
Graas a essas viagens que
fez, uma em companhia de
Alberto Granado e outra com
Calos Ferrer, ele conheceu as
misrias da Amrica Latina e re-
solveu iniciar uma nova carrei-
ra, a de guerrilheiro.
poca da faculdade de medicina
O nascimento do apelido Che
Che no suportou ficar na revoluo apenas como mdico,ali nascia no s o apelido eterno, mas o revolucionrio
Ao lado do amigo Alberto
Granado, viajou de bicicleta pela
Amrica Latina para conhecer seus
habitantes e suas condies de vida,
histria e geografia. Na Guatemala,
junta-se s milcias populares que
defendiam o governo popular de
Jacob Arbnz contra uma invaso
orquestrada pela CIA.
Aps a queda do governo
Arbenz, exilou-se no Mxico. L,
conheceu o grupo de Fidel Castro,
tambm exilado como punio pelo
assalto ao quartel Moncada. Desse
encontro nasceu o apelido de Che,
pelo seu sotaque argentino de falar
a interjeio "che" a toda hora. Cas-
tro preparava uma invaso Cuba
e Guevara juntou-se aos guerrilhei-
ros como mdico.
Ainda no Mxico, Che conhe-
ce Ral Castro (irmo de Fidel).
Dois anos depois apresentado ao
prprio Fidel Castro. Sobre
ele Che escreveu em seu dirio:
Um acontecimento poltico foi ter conhe-cido Fidel Castro, o revolucionrio cuba-no, um homem moo, inteligente, muito se-guro de si e de uma audcia extraordin-ria. Acho que h uma simpatia mtua en-
tre ns. (ANDERSON:1997:203)
Em dezembro de 1958, o ento
mdico "dr. Guevara" fez a esco-
lha que mudou sua histria. O de-
sembarque em Cuba fora descober-
to pelo governo do ditador
Fulgncio Batista e os guerrilhei-
ros foram recebidos por um inten-
so bombardeio. Durante o tiroteio,
Guevara tinha a seus ps o carre-
gador de munio e a sacola cheia
de medicamentos. Seria impossvel
carregar as duas, (ele escolheu amunio). Mostrou ali, qual erasua verdadeira vocacao. Em 1
de janeiro de 1959 eles entraram
triunfantes em Havana.
Ainda em 1959, Che se divor-
ciou de Hilda Gadea, trs anos de-
pois que se casou, quando ela esta-
va grvida. Sobre a paternidade
Che escreveu: Passou-se muito tem-po e se produziram novos acontecimento.Anotarei apenas o mais importante: a par-
tir de 15 de fevereiro de 1956, sou pai,Hilda Beatriz a primognita.
Che e sua primognita Hilda Beatriz (Hildita)
O amigo Fidel Castro
(ANDERSON:1997:234)
Aps a separao Che casou-
se novamente com Aleida
March, e teve outros quatro fi-
lhos. Nesse perodo Che foi no-
meado por Fidel Castro a Minis-
tro da Economia de Cuba.
A pequena Hildita
Por Guilene Matos
A foto que revelou Che ao mundo
A imagem mais reproduzida do mundo foi ti-rada em 5 de maro de 1960, pelo fotgrafocubano Alberto Korda
A imagem do guerri-
lheiro argentino com olhar
distante, de cabelos longos
debaixo de uma boina com
uma estrela, virou cone
popular. Alm de ser uma
das imagens mais
reproduzidas do mundo, a
foto de Che se tornou uma
das mais usadas em publi-
cidade de produtos dos
mais variados.
Essa foto foi tirada
quando centenas de pesso-
as prestavam homenagem
s vtimas de exploses do
cargueiro francs "LaCouble" que chegava car-regando armas para o go-
verno cubano.
Alberto Korda, na poca fo-
tgrafo do jornal Revolucin,estava l para cobrir o evento e
foi o responsvel pela imagem
que celebrizou Che no mundo
inteiro. A partir dela, Guevara
assumiu a identidade de mito
popular.
Atualmente, sua estampa est
em ms de geladeira, camise-
tas, bons, lataria de carros,em
faixas de protestos, na bandeira
da torcida do Cruzeiro de Belo
Horizonte, no bceps flcido de
De todos os atributos conhe-
cidos: a valentia, o rosto belo, a
barba que lhe emprestou um as-
pecto entre poeta romntico e
um Cristo rebelado, nenhuma
delas marcaram tanto o mito
Che Guevara como a persistn-
cia e ousadia. Talvez, isso se
deva o fato de sua
perpetualidade.
Num mundo de heris
efmeros e celebridades reco-
nhecidamente medocres, sua
durabilidade um verdadeiro
assombro.
Haja vista, ter despertado a
imaginao dos estudantes
parisienses, na revolta ocorrida
em maio de 1968 (apenas um
ano aps sua morte). Assim,
essa fotografia, definitivamente,
ficou associada a lutas organi-
zadas, alm de ter virado sm-
bolo de revolta passando por v-
rias geraes.
Por Guilene Matos
Diego Maradona e na barriga de
Mike Tyson, e at em biquinis
de grifes famosas.
Por no ter se adaptado buro-
cracia castrista, Che deixou o car-
go de Ministro da Economia de
Cuba, em 1965. Pois "outros pa-
ses do mundo clamavam por revo-
lues". Na Bolvia isolado em ter-
ritrio desconhecido e sem apoio
do partido comunista local, foi per-
seguido pelo exrcito e levado para
o povoado de La Higuera, onde foi
assassinado no dia seguinte.
Depois de intenso tiroteio, com
sua arma avariada e com a perna
ferida por uma bala, Che Guevara
rendeu-se. Naquelas alturas a apa-
rncia dele era assustadora. Pare-
cia um mendigo, magro, sujo e es-
farrapado. Levaram-no para um ca-
sebre em La Higuera que servia
como escola rural. L, ele tinha a
companhia dos cadveres de dois
jovens guerrilheiros cubanos. Ali
passou sua ltima noite.
Foi interrogado pelo tenente
Andr Selich, quem arrancou de
Che a frase "eu fracassei, est tudoterminado e por essa razo queme v neste estado". Depois demuitas tentativas de interrogatrio
do Coronel Joaquin Zenteno Anaya
e do agente cubano-americano da
CIA, Flix Rodrigues, chega ento
pelo rdio, ao meio-dia e meia, a
ordem final do General Ren
Barrientos, do alto comando boli-
viano de La Paz, que segundo
Selich a mensagem era: proceder a
eliminao do sr. Guevara.
Apesar de nenhum deles con-
cordarem com a execuo, pois
Che valia muito mais vivo do que
morto, j que, ao expor derrotado
podiam exigir de Cuba uma inde-
nizao para cobrir os gastos dei-
xados pelas guerrilhas e colaborar
com os familiares de bolivianos
mortos. Mas, a ordem teve de ser
cumprida. Mrio Tern o homen
que executou Che disse que as l-
timas palavras dele foram " me-lhor assim (...). Eu nunca deveriater sido capturado vivo."(ANDERSON:1997, 847)
A nica ordem dada a Tern so-
bre a execuo foi de livrar o rosto
e que s atirasse do pescoo para
baixo. Tern puxou o gatilho e ati-
rou nos braos e nas pernas e en-
quanto Che se contorcia de dor e
mordia os pulsos na tentativa de
evitar gritar, uma outra rajada foi
dispa
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