Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
A FUNÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA DA EQUIPE PEDAGÓGICA
NO ESPAÇO ESCOLAR
Leticia Pons Clavijo1 Leociléa Aparecida Vieira2
RESUMO
Este artigo apresenta a síntese dos resultados do Projeto de Intervenção Pedagógica intitulado: A Função Político-Pedagógica da Equipe Pedagógica no Espaço Escolar, tendo por base a fundamentação teórica e a pesquisa ação. Aborda o relato de uma proposta colaborativa que proporcionou aos componentes da equipe pedagógica do Colégio Estadual Cidália Rebello Gomes, localizado na Ilha dos Valadares, no município de Paranaguá-PR; a análise crítica referente à função do profissional pedagogo no espaço escolar. O pedagogo é o articulador e mediador do processo de ensino-aprendizagem, para que isto se efetive precisa desenvolver sua real função: o fazer pedagógico e a promoção da qualidade de ensino. Para cumpri-la ele precisa ter muito claro suas atribuições e principalmente perceber sua função somatória no cotidiano escolar. O professor pedagogo pauta seu trabalho no planejamento, o qual é um instrumento que possibilita a tomada de decisões e é o ponto de partida do fazer pedagógico. A organização do trabalho pedagógico dá suporte e subsidio para a prática pedagógica dos professores assim como orienta os alunos e articula as relações entre a comunidade e a gestão escolar. Mediou-se, como professora orientadora, discussões e debates propostos nas atividades do caderno temático objetivando esclarecer a função da equipe pedagógica no contexto escolar e valorizar a organização do trabalho pedagógico como garantia de uma escola pública gratuita e de qualidade. As atividades desenvolvidas resgataram na equipe pedagógica da escola a união, a autoestima e o gosto pelo estudo, evidenciando a necessidade da valorização do trabalho do pedagogo no chão da escola.
Palavras-chave: Pedagogo Escolar. Ensino-Aprendizagem. Organização do Trabalho Pedagógico.
1 INTRODUÇÃO
O pedagogo, sendo articulador e mediador do processo ensino-
aprendizagem, precisa estar a par da estrutura, organização, orientação pedagógica,
1 Pedagoga da Rede Estadual de Educação do Paraná, NRE de Paranaguá. Integrante do Programa
de Desenvolvimento Educacional, 2013-2014. Licenciada em Pedagogia pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá. 2 Orientadora Doutora em Educação: Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC/SP). Professora do Departamento de Educação na UNESPAR- CAMPUS Paranaguá.
ambiente escolar, alunos, profissionais da escola, currículo, avaliação, aspectos
estes, necessários para viabilizar o desenvolvimento do seu trabalho. Atuando
enquanto profissional na área de pedagogia, percebe-se que o dia a dia da escola
atrapalha o desenvolvimento do trabalho pedagógico na medida em que ele é
deixado de lado para resolução de problemas que não fazem parte das funções do
pedagogo.
Desta maneira, o estudo proposto vem de encontro, subsidiando e resgatando
na equipe pedagógica sua real função: o fazer pedagógico e a promoção da
qualidade de ensino. Sendo a educação uma atividade humana e histórica que se
define na totalidade das relações sociais, tem as suas especificidades e, portanto,
não é a mesma em todos os tempos e lugares, logo, não pode em momento algum
perder seu foco: o ensino.
É na interação escolar que se efetiva o trabalho do pedagogo, o qual fica
prejudicado devido a inúmeras intervenções ocorridas na realidade escolar. Nas
palavras de Vasconcellos (2006, p. 86),
Ser supervisor não é fiscal de professor, não é dedo duro [...] não é pombo correio [...] não coringa/tarefeiro/quebra galho/salva vidas [...] não é tapa buraco, não burocrata [...] não é de gabinete [...] não é generalista que entende quase nada de quase tudo.
Percebe-se então que a Organização do Trabalho Pedagógico (OTP) precisa
estar clara e definida para o efetivo desempenho das funções pedagógicas. Neste
sentido, buscando a garantia de uma escola pública, gratuita e de qualidade,
questiona-se de que maneira a organização do trabalho pedagógico pode influenciar
na efetivação da gestão democrática?
De acordo com o problema elencado, buscou-se momentos de análise e
reflexão com os pares, no contexto do Colégio Estadual Cidália Rebello Gomes,
município de Paranaguá (PR). Partindo do ponto inicial de como era visto o trabalho
do pedagogo pelos diversos segmentos da instituição, avaliou-se qual segmento
escolar percebia o trabalho pedagógico mais próximo da sua real função.
Utilizando textos diversificados acerca do tema, gerando aprofundando e
discussão, foi elaborado um plano de trabalho docente, o qual teve por objetivo
orientar e facilitar o trabalho pedagógico na escola.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O pedagogo procura proporcionar uma prática pedagógica para atender o
aluno real. Tem como meta a identificação das dificuldades no processo de ensino-
aprendizagem, auxiliando esse aluno (objeto de nosso trabalho), na busca de formas
de superá-las. Assim,
Cabe ao pedagogo o acompanhamento sistemático do processo de ensino-aprendizagem desse aluno, observando os resultados obtidos nas avaliações realizadas e a sua integração na turma da qual faz parte e na escola como um todo. (ALMEIDA; SOARES, 2010, p.95).
O pedagogo, desempenhando a sua função orientadora, auxilia os
professores nos encaminhamentos metodológicos, possibilitando o acesso aos
conhecimentos, incentivando com que estes busquem a atualização em relação aos
avanços científicos, contribuindo, assim, para a construção da autonomia do
professor. Desta forma,
Com relação ao planejamento escolar, o pedagogo, em sua ação orientadora, pode, a partir do diagnóstico elaborado sobre as dificuldades encontradas no processo ensino-aprendizagem, auxiliar o professor na seleção/organização dos conteúdos escolares e na definição dos encaminhamentos metodológicos e do processo avaliativo (ALMEIDA; SOARES, 2010, p. 87-88).
Estas funções se inter-relacionam, pois, para o improviso não há espaço,
todas as ações são significativas e contextualizadas em busca do objeto principal
destas: o ensino-aprendizagem. Logo, para o pedagogo, profissional atual que se
compromete com as transformações sociais, cabe buscar agora as possibilidades
educacionais, sendo um desafio o desempenho do trabalho coletivo dentro da
organização escolar.
Quando tratamos sobre a ação supervisora e orientadora do pedagogo escolar, estamos nos referindo ao agir, à sua atuação, às atividades por ele desenvolvidas, enfim, à própria forma de organização dos diferentes espaços e momentos em que a ação pedagógica ocorre. (ALMEIDA; SOARES, 2010, p.8)
A teoria e a prática devem estar associadas, uma não deve se contrapor à
outra, haja vista que conhecimentos teóricos subsidiam uma prática pedagógica
consistente.
Nas palavras de Saviani (1985, p. 28) “o pedagogo escolar é aquele que
domina sistemática e intencionalmente as formas de organização do processo de
formação cultural que se dá no interior das escolas”. Assim sendo, é o articulador
deste processo.
Na competência de suas funções, fundamenta-se o trabalho do pedagogo em
sua amplitude, pois, esse profissional é o mediador do processo de ensino-
aprendizagem e um dos componentes que promovem a gestão participativa e
democrática na relação com a comunidade. Estes são, entre outros, os principais
aspectos a serem cumpridos a fim de que o trabalho do pedagogo se efetive dentro
do ambiente escolar.
A presença da organização no âmbito escolar interfere na qualidade das
atividades de ensino. “Por pedagogo escolar entendemos aquele profissional que,
egresso do curso de graduação em Pedagogia, tem como responsabilidade a
organização do trabalho pedagógico desenvolvido na instituição escolar” (ALMEIDA;
SOARES, 2010, p.11).
O pedagogo, mediador do processo de ensino-aprendizagem e responsável
pelo trabalho pedagógico na escola, precisa atuar de forma que se promova uma
educação pública de qualidade proporcionando a emancipação das classes
populares, pois para que o trabalho pedagógico se concretize, é indispensável a
organização dos processos de ensino e aprendizagem, a esse respeito Libâneo
(2004, p. 209) afirma que
Esse aspecto refere-se ao suprimento dos suportes pedagógico-didáticos necessários à organização do trabalho escolar. Compreende o currículo, a organização pedagógico didática (planos, metodologias, organização dos níveis escolares, horários, distribuição de alunos por classes), assistência pedagógica sistemática aos professores, avaliação, ações de formação continuada, conselhos de classe, etc.
O planejamento é um instrumento que possibilita a tomada de decisões, é o
ponto de partida do “fazer pedagógico”. Para Libâneo (2004, p. 207)
A estrutura organizacional e o cumprimento das atribuições de cada membro da equipe é um elemento indispensável para o funcionamento da
escola. Um mínimo de divisão de funções faz parte da lógica da organização educativa, sem comprometer a gestão participativa. O que se deve evitar é a redução da estrutura organizacional a uma concepção estritamente funcional e hierarquizada de gestão subordinando o pedagógico ao administrativo, impedindo a participação e discussão e não levando em conta as ideias, os valores e a experiência dos professores.
Neste contexto, o professor pedagogo é o responsável pelo suporte ao
trabalho docente, mediante os conhecimentos próprios de sua função, formando os
alunos capazes de apropriarem-se dos conteúdos e os professores autônomos para
os aplicarem.
É notório que o processo de ensino-aprendizagem, para ser efetivado,
depende da organização da escola estar baseada nos princípios da gestão
democrática e participativa. Libâneo (2004, p. 137) recomenda
faz-se necessário superar as formas conservadoras de organização e gestão, adotando formas alternativas, criativas, de modo que aos objetivos sociais e políticos da escola correspondam estratégias adequadas e eficazes de organização e gestão.
De acordo com as palavras de Libâneo percebe-se a importância de uma
equipe gestora que trabalhe de forma colaborativa e solidária, assim como uma
comunidade formada por pedagogos, professores e alunos que busque
comprometer-se com a organização coletiva.
3 APLICAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
O dia a dia da escola atrapalha o desenvolvimento do trabalho pedagógico na
medida em que ele é deixado de lado para resolução de problemas que não fazem
parte das funções do pedagogo, sendo este um profissional atual que se
compromete com as transformações sociais, cabe buscar agora as possibilidades
educacionais, sendo um desafio o desempenho do trabalho coletivo dentro da
organização escolar.
Desta maneira, este projeto colaborativo, por meio de um caderno temático,
vem de encontro aos anseios e necessidades da equipe pedagógica, subsidiando e
resgatando sua real função: o fazer pedagógico e a promoção da qualidade de
ensino.
O caderno temático propôs o aprofundamento do tema em estudo por meio
de uma abordagem centrada em um conteúdo específico, visando a integração
teórico-prática.
O objetivo deste projeto é analisar as consequências decorrentes do acúmulo
de atividades exercidas pelo pedagogo no contexto escolar, quando estas não são
inerentes ao trabalho pedagógico.
O projeto foi dividido em quatro etapas, as quais são descritas a seguir.
Na primeira etapa, a equipe pedagógica e diretiva reuniu-se para
apresentação do projeto de intervenção pedagógica, onde foram motivadas a
trabalharem no desenvolvimento do mesmo.
Na continuidade do trabalho, a equipe pedagógica do estabelecimento,
realizou uma pesquisa com toda a comunidade escolar: professores, agentes
administrativos 1 e 2 e um grupo de alunos, contendo uma questão única: “Qual o
papel do pedagogo (função no contexto escolar)?”. Com as respostas em mãos,
procedeu a análise das respostas, tendo a real noção de como era visto o trabalho
do pedagogo no colégio.
No terceiro momento, a equipe tendo conhecimento de como é visto o
desenvolvimento de seu trabalho pelo coletivo escolar, buscou aprofundamento
teórico baseada em textos a respeito do tema. As atividades foram desenvolvidas na
forma de grupos de estudo, aplicando técnicas diversificadas para compreensão dos
mesmos. É proposta a análise de cinco textos com atividades específicas, cada um
deles foi reproduzido e trabalhado em quatro horas aula. São eles:
Texto 1: LIBÂNEO, José Carlos. Organização Geral do Trabalho Escolar. In:______. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. revista e ampliada. Goiânia: Editora Alternativa, 2004. p. 205-211.
Após a leitura, foi feita uma discussão sobre as ideias relevantes
mencionadas no texto e considerando a um paralelo com a seguinte citação:
Ser supervisor não é fiscal de professor, não é dedo duro [...] não é pombo correio [...] não coringa/tarefeiro/quebra galho/salva vidas [...] não é tapa buraco, não burocrata [...] não é de gabinete [...] não é generalista que entende quase nada de quase tudo (VASCONCELLOS, 2006, p.86).
Texto 2: LIBÂNEO, José Carlos. Formação Continuada. In:______. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. revista e ampliada. Goiânia: Editora Alternativa, 2004. p. 227-234.
Considerando a relevância da formação continuada para o desenvolvimento
do trabalho do pedagogo, elaborou-se uma proposta de estudos para o ano letivo de
2014.
Texto 3: PARO, Vitor Henrique. A Natureza do Trabalho Pedagógico. In:______. Gestão democrática da escola pública. 3. ed. São Paulo: Ática, 2006. p. 29-37.
Levando em consideração a natureza do trabalho pedagógico, respondeu-se
as seguintes questões:
Que aspectos da nossa realidade precisam ser transformados?
Que pontos necessitamos firmar na nossa escola?
O que podemos fazer como grupo?
Texto 4: ALMEIDA, Claudia Mara de; SOARES, Kátia Cristina Dambiski. O Pedagogo na Atualidade. In:______. Pedagogo escolar: as funções supervisora e orientadora. Curitiba: Ibpex, 2010. p. 37-46.
a) Após leitura do texto foram elencados os desafios da atualidade que
atrapalham o desenvolvimento do trabalho do pedagogo, assim como
apresentaram sugestões para superação destes desafios;
b) Neste momento foram produzidos materiais na forma de planilhas,
quadros, fichas resumo que busquem propostas para facilitar e organizar o
trabalho pedagógico cotidiano;
c) Após a discussão referente à leitura desta temática, foi proposto ao grupo
o filme “Meu nome é Rádio”, o qual aborda a questão da diversidade,
auxiliando na discussão a respeito da inclusão de pessoas com
necessidades educacionais especiais, tão presentes nas escolas, onde o
pedagogo deve estar subsidiado a trabalhar com estes alunos e auxiliar
demais funcionários nessa questão.
Ao término do aprofundamento e análise teórica dos textos propostos, a
equipe pedagógica elencou os limites e possibilidades do trabalho pedagógico no
cotidiano escolar e elaborou um plano de trabalho que foi apresentado à direção.
O projeto, em sua quarta etapa, após aprofundamento e análise teórica dos
textos relevantes para a melhoria da pratica pedagógica, elencou os limites e as
possibilidades do trabalho pedagógico no cotidiano escolar, e elaborou um plano de
trabalho que foi apresentado a direção do estabelecimento de ensino, onde buscou
perpassar os limites e possibilidades do trabalho do pedagogo.
4 EXPERIÊNCIAS COM O GRUPO DE TRABALHO EM REDE (GTR)
O momento do GTR foi o mais difícil no decorrer do programa, expor todo o
trabalho realizado para pessoas desconhecidas e com realidades e vivências tão
diferentes, causaram muita ansiedade e preocupação, como seriam as criticas, as
sugestões, como argumentar com colegas, muitas vezes, mais experientes.
Teoricamente, estava preparada, as leituras proporcionaram embasamento para tal
situação. Quando começou a apresentação dos cursistas percebeu-se que a
experiência seria o ponto forte do grupo, alguns pedagogos, muitos gestores,
professor atuantes em Núcleos de Educação, SEED, vários colegas com PDE já
concluídos. Logo, após o fórum de apresentação os cursistas participaram da
temática l, onde foi apresentado o Projeto de Intervenção Pedagógica, para análise
e viabilidade de aplicação do mesmo em suas escolas.
Os participantes, interagindo com os demais cursistas teceram comentários
importantes acerca do Projeto, seguem alguns muito relevantes, que serão
nomeados por P1 (professor 1) a P4 (professor 4) :
Após a leitura das considerações estabelecidas com base no texto proposto nesta primeira fase do curso de aperfeiçoamento em questão, devo concordar com os meus colegas quando eles mencionam o acúmulo de atividades realizadas pelo pedagogo as quais diferem do proposto em sua prática. Acredito que muitos dos relatos acima expostos são vivenciados em diversos estabelecimentos de ensino, por inúmeros pedagogos. (P1)
De acordo com Libâneo (2010, p. 34), “o processo educativo se viabiliza,
portanto, como prática social precisamente por ser dirigido pedagogicamente”.
A função desempenhada pelo pedagogo na escola é de suma importância
para os alunos, de acordo com o aprendizado efetivo eles assumem seus papeis na
sociedade.
Creio que isto ocorra devido a aproximação que o pedagogo têm com diversas faces da comunidade escolar, deixe-me explicar, estamos ligados tanto aos professores, como alunos, diretores, demais funcionários do setor administrativo, pais, e indo além disso, ex-alunos, núcleo regional de educação... Bom, isto faz com que as pessoas criem um vínculo forte entre nós e qualquer informação ou ação pertinente a escola. Claro que as ações interpessoais, bem como o estabelecimento de relações com toda a comunidade façam parte do nosso trabalho, mas de forma alguma podemos deixar que esta relação interfira no bom funcionamento do nosso plano de ação, para que isto ocorra é bom que deixemos claro qual a nossa intenção, quais os objetivos traçados, quais os nossos métodos de ação, e fundamentalmente, qual é a nossa atuação dentro das escolas. Infelizmente existe uma crença de que o pedagogo é realmente um "tapa buraco", "faz tudo", isto vem se perpetuado ao longo de anos, para que isto mude é preciso caminharmos e termos uma voz realmente ativa quanto ao nosso trabalho. (P2)
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), nº 9.394/1996,
em seu Art. 12, inciso Vl, preconiza que o estabelecimento escolar deve se articular
com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com
a escola.
De acordo com este artigo, a gestão democrática passa a marcar presença no
coletivo escolar, buscando a integração escola, família e sociedade, fato positivo, em
contrapartida aumenta a demanda das funções do pedagogo.
Boa noite a todos! Após a leitura do Projeto de Intervenção da docente pude estabelecer um elo comparativo ao projeto que desenvolvi no ano de 2009 no estabelecimento de ensino em que atuo. A diferença é que o foco foi na educação de jovens e adultos, mas a discussão se deu entorno da função do pedagogo para a organização do trabalho pedagógico. Acredito que sua ação será muito importante para que todos compreendam que um trabalho coletivo e bem organizado com certeza resultará em novas atitudes. Todos nós pedagogos temos que assumir nossas funções em cada escola e não simplesmente fazer de conta, ou desviar o caminho. Ser pedagogo exige muito, principalmente uma base teórica bem solidificada, para que possamos orientar alunos, professores, pais e comunidade em geral. (P3)
Segundo Libâneo (2010, p. 29), “a pedagogia é um campo de conhecimentos
sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo
tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa”.
Percebe-se a complexidade da pedagogia enquanto objeto de estudo.
Diversas atividades no dia a dia da escola acabam nos envolvendo de tal forma que não nos damos conta, de perceber quais delas seriam realmente prioridades do pedagogo. O fato, porém, é que para muitos de nós pedagogos, tanto em relação às atribuições, quanto as concepções de papel do pedagogo, ainda estão longe de serem consensuadas. Assim, se torna pontualmente importante a proposta de reflexão teórica e análise das práticas, relevante objetivo do projeto em questão. (P4)
Libâneo (2004, p. 275) menciona que
o exercício de práticas de gestão democráticas e participativas a serviço de uma organização da escola que melhor atenda a aprendizagem dos alunos requer determinadas ações bem como conhecimentos, habilidades e procedimentos práticos
A função pedagógica compreende a natureza do trabalho coletivo na escola,
media as relações pedagógicas: professor, aluno, currículo, metodologia, processo
de avaliação, processo de ensino/ aprendizagem e organização curricular, razão
pela qual o pedagogo deve estar comprometido com o acesso de todos ao
conhecimento sistematizado.
Na temática II, na qual foi apresentado o Material Didático-Pedagógico, os
cursistas realizaram a exposição das ideias e interagiram com os participantes,
conforme textos abaixo:
A Produção Didático-Pedagógico sugerida no texto estudado, auxilia nos processos reflexivos filosóficos sobre os temas abordados nos textos. Por sinal, são textos excelentes, eles articulam conhecimentos teóricos e práticos do cotidiano escolar. As questões sugeridas promovem discussões que devem ser debatidas nas escolas, além disso, possibilitam que muitos professores que não costumam expor opinião quando ao cotidiano da escola, ou ao trabalho da equipe pedagógica se manifestem. Acredito que tanto a aprendizagem como a compreensão dos textos aconteceram com facilidade em debates produzidos no meio docente, e ouse dizer que ambos irão além do que foi proposto pelos textos, pois irão fomentar novas discussões. Segundo a minha avaliação dos textos, as discussões sobre organização e formação continuada seriam de maior valia. Pois mostrariam a importância de uma unidade, de um trabalho pedagógico em equipe, além de mostrarem a importância do estudo e da atualização profissional. Atualmente não estou atuando na escola, participo da equipe da secretaria, mas certamente se o estivesse iria propor estas discussões na escola. Mas de qualquer forma, os textos e a ideia me fazem pensar na importância de se construir um diálogo constante, baseados em teorias e práticas, com a equipe de trabalho. Acredito que todos nós temos a ganhar com
discussões construtivas quanto a rotina de trabalho, da instituição de ensino, da sala de aula, de práticas docentes. (P1)
No livro Pedagogo Escolar: as funções supervisora e orientadora, Almeida e
Soares (2010, p.58) afirmam que: “a importância da formação continuada articula-se
à compreensão da natureza do trabalho docente, relacionada à questão do
conhecimento”.
É indispensável, nos dias de hoje, que o professor assuma também a postura
de estudante e o pedagogo tem papel preponderante no incentivo de tal prática.
Com certeza iremos utilizar seu material em nosso Colégio, quanto ao público ao que se destina é adequado e vai nos auxiliar em seu objetivo principal que é a função dos pedagogos e a valorização da organização do trabalho pedagógico com a oportunidade de discutir no grupo a teoria para posterior aplicação na prática diária. Destaco o texto 1, porque descreve a organização dos espaços e tempos escolares e em especial a ação como prática a ser seguida e não fala que diverge com o agir. Quanto a função do pedagogo destaco o Saviani (1985) quando descreve a atuação do pedagogo que como uma relação intrínseca do papel do diretor e do pedagogo na gestão escolar, pois, o pedagogo responde pela mediação, organização, integração e articulação do trabalho pedagógico. Portanto, sugere a própria compreensão de que ser pedagogo significa ter o domínio sistemático e intencional das formas (métodos) através dos quais se deve realizar o processo de formação cultural. (P2)
Conforme Almeida e Soares (2010, p. 86), “as discussões e o estudo
realizados no interior da escola sob o direcionamento do pedagogo podem contribuir
para a construção da autonomia do professor”.
O pedagogo ao desenvolver seu trabalho de forma planejada e intencional é
responsável pelas mudanças de postura e prática pedagógica dos professores.
Professora não sou pedagogo, mas analisando o material que produzistes sobre a função político-pedagógica da equipe pedagógica no espaço escolar, percebo que seu objetivo é fornecer material didático aos Pedagogos, que tem como uma de suas atribuições na escola a de coordenar reuniões pedagógicas e grupos de estudo com professores para reflexão e aprofundamento de temas relativos ao trabalho pedagógico e para a elaboração de propostas de intervenção na realidade da escola. A melhoria do processo educativo e a oferta de um ensino de qualidade é uma meta que todos os professores buscam alcançar. Porém, alguns obstáculos se interpõem para que esse alvo seja atingido. Conhecer os fatores que impactam sobre a aprendizagem dos alunos é o
primeiro passo para dimensionar esses obstáculos e criar alternativas possíveis para seu enfrentamento. Acredito que todas as atividades estão elaboradas de forma que podem atuar como determinantes para o sucesso escolar dos alunos e a qualificação do trabalho docente. Destaque é dado à atuação do Pedagogo para interpretar como esses fatores ocorrem no cotidiano da escola, de modo a propor alternativas para organizar o trabalho pedagógico nas escolas, neste sentido seu estudo irá facilitar o trabalho dos pedagogos e recomendaria para a equipe pedagógica da escola em que trabalho. (P3)
Almeida e Soares (2010, p.113), referindo-se ao profissional pedagogo
mencionam que: “esse profissional assumiu historicamente as tarefas decisórias de
planejamento, coordenação e direção do trabalho educativo realizado no cotidiano
escolar”.
Percebe-se então a dimensão do trabalho pedagógico no dia a dia da escola.
Sua produção Didático-Pedagógica está pertinente com o objetivo de seu trabalho, pois os textos escolhidos são excelentes para o exercício da reflexão sobre a importância do trabalho do pedagogo na escola. Com certeza eu usaria sim esse material para o estudo e fundamentação de nossa atividade. São textos de fácil compreensão facilitando o entendimento e o aprofundamento teórico sobre o trabalho do pedagogo como articulador do processo ensino-aprendizagem. Acredito que todas as atividades previstas estão bem elaboradas, porém o primeiro texto do Libâneo sobre Organização geral do trabalho escolar é fundamental para a análise do processo organizacional da escola. Ele exemplifica algumas situações que estão presentes em nosso dia a dia e que atrapalham muito a organização administrativa e pedagógica nas instituições de ensino, chamando-nos atenção sobre o cuidado que devemos ter para não deixar que o pedagógico fique subordinado ao trabalho burocrático e administrativo, bem como a análise sugerida a partir da citação de Vasconcellos do papel do pedagogo no exercício de sua função. Sua produção é muito importante e, com certeza, será um ótimo subsídio às equipes pedagógicas das escolas do Paraná, como material de apoio para as reuniões e grupos de estudo. Parabéns pela excelente elaboração do caderno temático. (P4)
Conforme Libâneo (2004, p. 207): “a estrutura organizacional e o
cumprimento das atribuições de cada membro da equipe é um elemento
indispensável para o funcionamento da escola”.
Para que a escola desempenhe sua função cada segmento precisa realizar
suas tarefas, sem sobrecarregar os demais.
Na Temática III, onde os cursistas implementaram pelo menos uma das
atividades ou sugeriram outras de mesma relevância, abriu-se um leque infinito de
possibilidades de colaboração com o trabalho pedagógico, seguem algumas
sugestões:
Participei da turma do PDE/2009 e minha proposta de intervenção também foi junto aos pedagogos e professores de modo que todos pudessem perceber a função que estes devem exercer nos estabelecimentos de ensino. Algumas práticas foram modificadas, mas no início de cada ano letivo ao elaborarmos coletivamente o plano de ação da escola fica muito claro a função de cada um para que o coletivo escolar possa ter um bom desempenho, apesar dos percalços e situações problemas enfrentados no dia a dia. Isto tem surtido um bom resultado, mas esclareço ainda que cada pedagogo tem que mostrar a que veio em cada escola. Afinal a conquista e valorização do professor pedagogo são recentes, se pensarmos que qualquer professor poderia exercer a função supervisora, não é verdade? (P1)
A unificação das funções da Orientadora Educacional e da Supervisora, no
Estado do Paraná, ocorreu a partir da Lei Complementar 103/2004 da Secretaria
Estadual da Educação, que trata do Plano de Carreira do Professor da rede,
estabelece em seu Cap. lll, Art. 4º, item v, o pedagogo como professor pedagogo e
não mais especialista.
Segundo a referida Lei, a definição de professor passa a ser: servidor público,
que exerce docência, suporte pedagógico, direção, coordenação, assessoramento,
supervisão, orientação, planejamento e pesquisa exercida em Estabelecimento de
Ensino, Núcleos Regionais de Educação, Secretaria da Educação e unidades a ela
vinculadas. (PARANÁ. Secretaria Estadual da Educação, 2004).
Em 2013 realizamos uma pesquisa “tipo pesquisa de satisfação”. A ideia era provocar motivação e envolvimento com a escola especialmente por parte dos alunos do Ensino Médio noturno. A pesquisa foi realizada pela aplicação aos alunos de um questionário não nominal com questões a serem respondidas sobre a atuação de cada segmento. O resultado da pesquisa de um modo geral provocou desconfortos a todos os segmentos da escola. O que ficou evidente no resultado foi a percepção distorcida por parte dos discentes acerca das atribuições e papéis específicos relativas a cada segmento no conjunto de ações da instituição escolar. Pelas expectativas e frustrações apontadas pelos alunos aos segmentos demonstrou-se que entre estes, em grande parte ainda concebem a instituição escola como uma organização hierarquizada na qual um
segmento está subordinado a outro. Para avançarmos na desconstrução dessa concepção equivocada, temos investido na pauta com os professores na hora atividade e na participação dos alunos representantes de turma e do Grêmio estudantil nas reuniões pedagógicas. Estamos colhendo alguns frutos! (P2)
Muitas escolas já avançaram neste sentido, sendo capaz de perceber o
processo de gestão não como um favor, mas um direito, uma conquista,
democratizando as relações, os projetos, expressando mobilização, articulação,
cooperação e participação.
No colégio que atuo como pedagoga, utilizamos as Reuniões Pedagógicas, já estabelecidas no Calendário Escolar, para discussões e reflexões de textos teóricos sobre a organização do trabalho pedagógico. Em uma destas reuniões apresentamos um resumo sucinto sobre a função de cada seguimento escolar, retiradas do Regimento, em forma de slide, com vídeos de reflexão no final de cada apresentação, com intuito de demonstrar a importância de cada um desempenhar sua função específica, articulada com os demais profissionais, visando não sobrecarregar o outro e evitar a desorganização das atividades diárias da escola. Reafirmamos a necessidade do trabalho em equipe, com ações coordenadas, bem definidas em prol de um único objetivo, o processo ensino-aprendizagem. Acredito que é válido termos momentos para refletirmos coletivamente sobre a prática pedagógica. (P3)
É importante que pais, professores, alunos, funcionários e a comunidade
externa estejam centrados no conhecimento, propondo experiências de ensino-
aprendizagem significativas entre todos, pois juntos se aprende e se ensina.
Percebe-se neste momento do curso que muitos colegas trabalhando em
escolas tão distantes do Colégio objeto desta investigação, com realidades
totalmente diferentes, vivem os mesmos problemas e angústias e sentem-se
também tomados pela impressão que desenvolvem muitas tarefas e não realizam
quase nada de “significativo”.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde a concepção do projeto, o desenvolvimento do Projeto de Intervenção,
a produção do Material Didático, a implementação do Projeto de Intervenção, o
GTR, e a elaboração do artigo final há um longo caminho a ser percorrido e a
experiência adquirida no processo é imensurável.
As atividades desenvolvidas resgataram na equipe pedagógica da escola a
união, a autoestima e o gosto pelo estudo, assim como puderam evidenciar que se
almeja uma escola pública gratuita e de qualidade, precisam-se antes de qualquer
coisa valorizar o trabalho do pedagogo no chão da escola e organizá-lo, somente
assim, será realizado em sua plenitude.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Claudia Mara de; SOARES, Kátia Cristina Dambiski. Pedagogo escolar: as funções supervisora e orientadora. Curitiba: Ibpex, 2010. BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) 9.394/96. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/ tvescola/leis/lein9394.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2013. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. revista e ampliada. Goiânia: Alternativa, 2004. PARANÁ. Secretaria de Estado e Educação. Regimento escolar. Superintendência da Educação. Coordenação de Gestão Escolar. Subsídios para elaboração do regimento escolar. Curitiba, 2010. Disponível em: <http://www.gestaoescolar. diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/regimento_escolar.pdf>. Acesso em: 22 maio 2013. SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 19. ed. São Paulo: Cortez, 1985. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2006.
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