O SETÃO TAMBÉM É PUNK: A TRAJETÓRIA DO PUNK ROCK NA CIDADE
DE DELMIRO GOUVEIA/SERTÃO DE ALAGOAS (1985-1996).
José Rinaldo Queiroz de Lima
Mestrando em História
Universidade Federal de Alagoas
Resumo: A experiência punk em Delmiro Gouveia-AL proporcionou para alguns
jovens a formação de sua identidade, apontando caminhos para reinventarem formas e
garantias de sua existência. Muitos desses jovens se formaram politicamente em meio
ao movimento punk que desde o seu nascimento tomou o viés politico social e não só
cultural, pois o punk é mais do que música e estética, é também uma filosofia de vida
apegada a muitos princípios libertários. A intensa circulação de pessoas em Delmiro
desde o início do século XX quebrou as fronteiras culturais proporcionando na década
de 1980 a formação da identidade punk e a construção do movimento e atuação do
mesmo na cidade com muita intensidade entre os anos de 1985 a 1996. A pesquisa
sobre os punks em Delmiro está sendo feita metodologicamente a partir da história oral,
bibliográfica e documental, mesmo a documentação existente tanto oficial quanto
empírica sendo pouca, ainda tem alguns zines, músicas gravadas da banda punk Classe
Suburbana, fotografias e alguns poucos jornais mostrando o contexto em que o
movimento punk foi criado na cidade.
Palavras-chave: Sertão, Punk, Classe Suburbana.
Introdução
Construir a história do movimento punk e dos punks em Delmiro Gouveia é dar
ênfase, visibilidade e protagonismo às pessoas que por longo tempo tiveram suas
vivências excluídas e marginalizadas pela historiografia oficial. Esses se encontram
numa sociedade desigual dividida em classes, onde durante muito tempo tiveram sua
história marginalizada em detrimento da história dos dominantes.
As narrativas sobre a cidade de Delmiro Gouveia, o sujeito ativo no processo
histórico, se destaca: Delmiro Augusto da Cruz Gouveia (1863-1917). A história
citadina oficial, pauta-se pelos “grandes feitos” deste industrial que trouxe progresso
para o sertão, elencando seus grandes feitos enquanto empreendedor, empresário,
proprietário de terras e visionário, além do progresso proporcionado pelo mesmo à
cidade, com a instalação da Hidrelétrica de Angiquinho e a construção de uma Indústria
têxtil.
A história que foi construída da cidade não varreu, não corrigiu, nem desmentiu
as memórias sobre este sujeito, todos os anos a cidade promovi festividades em
homenagem a esse homem, reforçando a memória coletiva da cidade construída em
torno do mesmo, “sem a vigilância comemorativa, a história depressa os varreria, mas
sem a história para transformá-lo, sová-lo, deformá-lo e petrificá-los não existiriam os
lugares de memória” (NORA, 1984, p.13). A história da cidade se resume a algumas
das construções idealizadas pelo Delmiro Augusto da Cruz Gouveia e construídas pelos
trabalhadores, essas construções se tornaram lugares de memórias, como: a Fábrica
Têxtil, a antiga e inutilizada Usina Hidrelétrica de Angiquinho nas quedas das águas do
Rio São Francisco entre Delmiro e a cidade de Paulo Afonso na Bahia, o museu da
cidade, a igreja e uma parte da linha do trem que cortava a cidade no início do século
XX.
Assim, produzir a história a partir dos de baixo é trazer para o debate a vivência
das camadas populares, os trabalhadores pobres, seus costumes, as formas de resistência
diante do sistema econômico, politico e cultural dominante. É também discutir as
revoltas proporcionadas pelos oprimidos diante de seus opressores.
Os punks em Delmiro Gouveia construíram um movimento que se contrapunha
aos poderes hegemônicos da cidade, estando esse poder nas mãos de famílias
tradicionais da região que durante muitos anos o exerceram a partir da estrutura do
Estado e da economia, deixando a população a mercê de suas vontades. Sendo
desenhado na cidade um cenário de exploração, marginalização e opressão por parte dos
políticos (coronéis).
1. A experiência punk em Delmiro Gouveia/Alto Sertão Alagoano
O movimento punk em Delmiro Gouveia começa a ser construído a partir de
1985 com o agrupamento de jovens envolvidos com a contracultura (movimento
contrário a cultura consumista, competitiva, egocêntrica e vigilante) que ao tomarem
contato com os materiais punks que chegavam à cidade através de punks vindos de
outros Estados e cidades vizinhas como Paulo Afonso-Bahia, identificaram-se com a
cultura punk. A realidade vivida pelos punks de outras localidades se assemelhava a
desses jovens sertanejos moradores de uma cidade do sertão construída em volta de uma
Indústria Têxtil. Mas isso não quer dizer que o movimento em Delmiro tenha sido igual
a outras localidades, mesmo as condições que proporcionou a sua existência tendo sido
parecida com outros espaços o movimento punk em Delmiro teve suas próprias
peculiaridades.
A cidade de Delmiro Gouveia em 1985 vivia sob a dominação de duas famílias
que revezavam a administração da cidade, eram as famílias Bandeira e Serpa (José
Bandeira de Medeiros: Deputado Estadual e José Serpa de Menezes: Prefeito da cidade)
que detinham o poder politico apoiados pela Ditadura Militar cujo qual o Brasil estava
mergulhado há 21 anos. Essas famílias mandavam e desmandavam na cidade tendo o
apoio da Indústria Têxtil (Companhia Agro-Fabril Mercantil) e dos comerciantes que
tiravam vantagem da forma de politica exercida pautada no coronelismo. O José
Bandeira tinha um poder de dominação muito grande na cidade, em alguns momentos a
população não sabia quem era o prefeito: o José Serpa ou o José Bandeira. Em
entrevista André Luiz Fortes Carvalho ressaltou que:
Duas famílias mais a fábrica mandavam na cidade, a família Bandeira
e a família Serpa, o José Bandeira e o José Serpa os dois eram
prefeitos da cidade, eles mandavam. Agora assim, acho que não eram
prefeito ao mesmo tempo, mas ficavam reversando: um ficava um,
dois anos e o outro mais uns dois ou três anos. O que sei é que era
como se a cidade tivesse dois prefeitos. Eles eram linha dura queriam
manter a cidade em ordem, eles não eram coronéis, mas agiam como
se fossem1.
Essa conjuntura proporcionava uma cultura pautada em preceitos morais
conservadores que oprimia a população, principalmente a juventude que era conduzida
pelos seus pais com mãos de ferro. Mas a opressão na cidade se dava por diversos
setores: a Política institucional, a Polícia, a Igreja, o Patrão e a Família. É a partir do
1 André Luiz Fortes Carvalho era integrante da turma do rock nos anos 80. André é filho de dentista e é
natural de Salvador-BA, mudou-se com a família para Delmiro em 1985, mas antes disso vinha com
frequência à cidade. André Luiz é irmão da esposa do irmão do José Bandeira. Entrevista realizada dia
23//07//2018 na casa do André. Entrevista 01.
contato com o rock ainda nos anos de 1970 que alguns jovens da cidade passam a
entender um pouco e a questionar a dominação exercida sobre si. Sendo a partir da
identidade punk e do movimento que esses jovens começam a se formar politicamente e
a expressar suas angustias. Em entrevista José Clovis Marques Rodrigues ressalta que:
A sociedade delmirense nessa época era muito conservadora, não
aceitava nada que fosse diferente. Nossos pais e nossos avós eram
muito rígidos, principalmente nossos avós que eram muito religiosos,
todos os domingos estavam na igreja. Os punks em suas músicas
sempre criticaram muito a religião e a igreja. O povo antes aqui era
muito religioso, agora diminuiu mais2.
Por ser uma cidade do sertão que faz fronteira com os Estados de Pernambuco,
Sergipe e Bahia, além de ter em suas terras uma Fábrica de linha e tecido, e se encontrar
em meio a duas Usinas Hidrelétricas (Hidrelétricas de Xingó-SE e Paulo Afonso-BA),
em Delmiro Gouveia sempre houve uma circularidade muito grande de pessoas de
outros Estados entrando e saindo da cidade3. Em 1980 uma diversidade de pessoas
vinham de outros Estados para trabalharem tanto na Fábrica Têxtil quanto na Shesf (nas
cidades de Xingó-SE, Piranhas-AL, Canindé-SE e Paulo Afonso-BA), eram operários,
engenheiros e empresários que vinham principalmente de São Paulo-SP e Recife-PE
morar ou circular entre Delmiro e as cidades vizinhas. Desde a construção da Shesf
(1948/1954) no leito do Rio São Francisco entre Paulo Afonso-BA e Delmiro Gouveia-
AL que se deu uma maior movimentação de pessoas na cidade, e na segunda metade
dos anos 80 com a construção da Usina Hidrelétrica de Xingó/Canindé-SE (1987) esse
número teve um aumento considerável.
Com isso havia o contato entre principalmente os filhos desse operariado com a
juventude de Delmiro Gouveia, encontravam-se na escola, nas praças e em shows de
banda de baile que tocavam rock no Clube Vicente de Menezes (Um Clube pertencente
aos Operários da Companhia Agro Fabril Mercantil), evento que acontecia com bastante
2 José Clovis Marques Rodrigues fez parte da turma do rock em Delmiro durante todo os anos 80, o
mesmo não se fez parte do movimento punk, mas viu como seus amigos formaram sua identidade a partir
do punk e a construção do movimento punk da cidade. Clovis ressaltou em entrevista que não se
identificou com os punks, por isso não foi punk, achava tudo muito radical. Entrevista realizada no dia
15/08/2018 na casa do Clovis. Entrevista 01. 3 Saiba mais sobre o município de Delmiro Gouveia: sede do campus do sertão. In: Universidade
Federal de Alagoas/Noticias. Fonte: <https://ufal.br/noticias/2010/03/saiba-mais-sobre-o município-de-
delmiro-gouveia-sede-do-campus-do-sertão>. Acessado em: 25 de agosto de 2018.
frequência nos anos 1980. Alguns desses jovens que vinham de fora eram punks e
faziam parte do movimento em suas cidades, chegando em Delmiro se depararam com
muitos roqueiros e logo foram trocar experiências mostrando o que tinha de mais novo
em meio à cena rock´n´roll, o punk-rock.
Mas os roqueiros delmirenses não estavam alheiros ao som pulsante, simples e
enérgico do punk-rock, pois desde 1983 já assistiam alguns clipes de bandas punks que
passavam na Rede Bandeirantes aos domingos, reuniam-se na casa de alguém que tinha
televisão e passavam a manhã assistindo os clipes da banda punk Ramones, Sex Pistols
e outras. Reuniam-se na casa de algum deles porque nem todos tinham TV em casa,
então iam para a casa de quem tinha. Em entrevista com Roberto mais conhecido dentro
do movimento como Beto Punk, integrante da primeira banda punk de Delmiro Gouveia
a “Classe Suburbana”, ele ressalta que:
Rapaz... vendo os clipes das bandas punks que passava na televisão,
Sex Pistols..., Ramones... eu ficava louco pô, eu sentia uma
identificação com os caras, eu me via ali, eu queria tá ali com aqueles
caras é... sem querer eu já era punk4.
Dessa forma uma parte dos roqueiros delmirenses escutavam punk-rock,
gostavam do som, identificavam-se com a atitude e a estética punk, mas não entendiam
muita coisa, tendo em vista não saberem falar Inglês não entendiam o que as bandas
estavam dizendo em suas músicas, só posteriormente com o acesso aos zines com
algumas letras traduzidas é que vão entender algumas músicas que já escutavam há um
bom tempo. A respeito desta questão André Luiz ressaltou que:
Os caras começaram escutando o punk rock inglês, e achavam muito
massa: aquele som sujo, simples e direto, mas não entendiam muita
coisa. Identificaram-se com a forma que os punks apareciam: com
roupas parecidas com as que muitos de nós já usávamos e também
com a forma rebelde em que os punks apreciam na televisão. Só
depois que foram chegando as fitas e os zines dos punks do Brasil é
que a galera conhece mesmo o movimento e sua proposta. Mas já
tinham uns caras que já escutavam uns rocks de protesto, mas foi com
os punks que aprenderam mesmo5.
4 Entrevista com Roberto (Beto Punk) baterista da banda Classe Suburbana, realizada no dia 15 de março
de 2016. Local: Universidade Federal de Alagoas-UFAL. Entrevista 01. 5 André Luiz. Entrevista 02.
E um dos primeiros discos de punk rock que chegou a cidade em 1985 foi
através do Reginaldo dono de uma lojinha de discos chamada “Aki Discos”, o mesmo
costumava comprar alguns discos de rock para vender em sua loja, em uma de suas
compras feita no Recife viu um disco com uma capa interessante com o nome “Sex
Pistols”, o Reginaldo entendeu “Sax e Pistom” e comprou o disco pensando que fosse
um disco de Sax e de Pistom de algum grupo Inglês, mas quando foi ouvir não tinha
nada de Sax e nem de Pistom, então o Reginaldo mostrou o disco aos garotos do rock
que reconheceram na mesma hora a banda modelo, mas precursora do punk e do punk
rock. O disco não foi vendido a ninguém ficando na loja disponível para ser ouvido na
lá mesmo. Assim todas as tardes alguns roqueiros que já estavam guinando para o punk
iam escutar o disco.
É importante ressaltar algumas coisas em relação a turma do rock: primeiro que
era uma turma heterógena, nem todos pertenciam à mesma classe social, e nem todos
gostavam do mesmo gênero de rock, mas estavam juntos por acharem que tudo era rock
e por conta do compartilhamento da bebida (cachaça) que alguns tinham dinheiro para
comprar e compartilhar com os que não tinham. Em meio ao grupo tinham garotos que
eram filhos de diretores da Fábrica, outros filhos de chefes do IBGE, filhos de médicos
e dentistas. Para a realidade econômica da cidade esses pertencia à classe média, no
entanto eram poucos: “uns quatro ou cinco que gostavam mais de Heavy Metal e rock
progressivo” ressaltou em entrevista o André Luiz Fortes Carvalho6.
Mas nessa turma a maioria eram filhos dos operários, dos feirantes, dos donos de
bar, dos pedreiros e outros. E parte destes não gostava do Heavy Metal, alguns do rock
progressivo, mas o que mais escutavam era o rock dos anos 70 e início dos anos 80,
como: Raul Seixas, Ednardo, Sérgio Sampaio, Caetano, Janis Joplin, Pink Floyd, Led
Zeppelin, Nazareth, Creedence, The Steve Miller Band, Uriah Heep, Titãs, Plebe Rude7.
Tendo em vista que a diferenciação entre os gêneros do rock não influenciava tanto,
mesmo alguns gostando de um rock com um teor politico/contestador conseguiam
aparar as arestas.
6 André Luiz Fortes Carvalho, entrevista 03. 7 Entrevista realizada através de e-mail com Edimilson Punk (Dedê), o mesmo não mora mais em
Delmiro Gouveia, hoje ele mora na cidade de Brasília Capital do país. Dedê foi vocalista e baixista da
banda Classe Suburbana, a entrevista foi realizada no dia 10 de março de 2016. Entrevista 01.
E partir de 1986 com uma maior circulação de materiais punks em meio a esses
garotos (zines8, fitas K7, revistas e alguns discos punks) faz com que a identidade punk
seja formada em Delmiro Gouveia, e com isso um racha na turma do rock. Pois os
garotos que se tornaram punks relatam que ao tomarem conhecimento do que era o punk
diziam que eram punks antes de saberem da existência do mesmo, e que o punk rock
não era um gênero musical, mas sim um movimento.
E essa maior circulação de materiais na cidade se deu a partir do momento em
que alguns punks de Paulo Afonso-BA foram morar em Delmiro, isso proporcionou
uma intensa circulação de punks na cidade trazendo todas as informações do
movimento, pois até então chegava pouca coisa, tendo em vista que alguns garotos
vinham de São Paulo-SP e traziam alguns zines, revistas e fitas K7, mas por não
voltarem mais a São Paulo ficavam com o acesso limitado, já em Paulo Afonso tinha
um movimento punk desde o início dos anos 80 que mantinha relação com o
movimento de São Paulo e outros Estados, e esses mandavam seus materiais pelos
correios para os punks em Paulo Afonso e posteriormente Delmiro. Em entrevista com
Carlos Luciano Bispo (Luciano Punk), ele ressalta que:
Nós já escutávamos punk rock e também hard-core, já gostávamos da
arte subversiva a muito tempo, sempre quis ser o contrario de tudo que
a sociedade tem como normal, nunca gostei do conformismo. Nós não
tínhamos acesso a muitas coisas, o dinheiro não dava. Devido a isso
você notava o modo que a sociedade te tratava, então eu queria que a
sociedade se explodisse. Quando o Dedê foi morar em Delmiro, ele
era de Paulo Afonso na Bahia, foi ai que conheci muito sobre o punk e
o movimento punk, Dedê já era punk lá em Paulo Afonso, punk e
anarquista. Nós e os punks de Paulo Afonso sempre tivemos uma boa
relação9.
Assim, admitindo para si a filosofia (faça você mesmo) e a proposta politica do
movimento punk (lutar contra todo tipo de opressão/exploração), os punks delmirenses
se afastaram da turma do rock fazendo vária críticas a esses, não houve brigas, mas por
entender que o punk era um movimento cultural e social que batia de frente com o
8 Revista alternativa feita por conta própria sem intenção de lucro. Em alguns momentos o zine se resumi
a uma ou duas folhas. 9 Entrevista através de e-mail com Luciano Punk, o mesmo não mora mais em Delmiro Gouveia, hoje ele
mora na cidade de Brasília Capital do Brasil. Luciano era guitarrista da banda Classe Suburbana. A
entrevista foi realizada no dia 10 de março e 2016. Entrevista 01.
sistema, e o rock que seus amigos escutavam tinha perdido sua essência contestadora e
não passava de mais uma mercadoria do capital, afastaram-se e construíram o
movimento punk em Delmiro mantendo uma unidade com o movimento em Paulo
Afonso.
Outro motivo que causou o afastamento entre os punks e os roqueiros foram as
condições financeiras, pois aqueles que se tornaram punks foram aqueles garotos que
desde criança já tinham que trabalhar para ajudar os pais em casa. Mas essa situação em
que se formaram os punks delmirenses não foi diferente de outras localidades onde o
punk emergiu, pois historicamente a identidade punk se formou a partir da experiência
de uma parcela de jovens das classes baixas da periferia dos grandes centros, sendo
parte desses jovens filhos de operários em atividade e outros desempregados, este
último uma realidade muito acentuada em Londres na Inglaterra, haja vista os punks
terem nascidos em meio a uma crise econômica que devastava a classe trabalhadora
europeia desde o início dos anos 70 com a crise do petróleo. Sendo neste espaço onde o
punk rock foi transformado em movimento cultural e posteriormente em sociocultural a
partir de 1977 com o envolvimento dos punks em manifestações e protestos operários10.
2. A Classe Suburbana
A insistência de encontrar a harmonia/
no meio das placas da miséria/
criadas pelo progresso.
Prefiro o silêncio dos livros/
do que a imagem medíocre das tvs11.
Em 1988 em meio a muitas dificuldades é formada a banda Classe Suburbana
considera a primeira banda punk do alto sertão alagoano. A Classe Suburbana era
formada pelos punks: Edmilson (Dedê punk) no vocal, Luciano punk na guitarra,
10 GALLO, Ivone Cecília D’Avilla. Por Uma Historiografia do Punk. In: Projeto História. São Paulo, n.
41, p. 283-314, Dez./2010. p.287. Disponível em:
<http://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/viewFile/6542/4741> Acessado em: 20 de junho de
2015. 11 “Andróide” nome de umas das músicas da Classe Suburbana, a mesma encontra-se numa fita demo
gravada ao vivo em 1992 no clube Privê em Delmiro Gouveia. Encontrasse também em CD e digitalizada
e disponível para baixar no seguinte site:<http://www.4shared.com/rar/NZSTZ1CA/classe_suburbana_-
_o_ateu.html>. Acesso em: 20 de Agosto de 2018.
Roberto (Beto punk) na bateria e Edson Punk no baixo, posteriormente em 1992
Cláudio Punk do movimento em Paulo Afonso e integrante da banda punk Skória
entraria para tocar contrabaixo na banda.
Durante toda a segunda metade dos anos de 1987 os punks em Delmiro
passaram tentando conseguir instrumentos para montar uma banda punk, como não
tinham dinheiro suficiente para comprar nenhum instrumento, pegaram um violão usado
que o Dedê tinha comprado em Paulo Afonso na “feirinha do troca12” e começaram a
Classe Suburbana tendo como único instrumento um violão. A banda ficou assim:
Luciano fazendo os riffs no violão, Dedê no vocal sem microfone, Roberto (Beto Punk)
na bateria sem bateria fazendo o som da mesma na boca (o Edson só entraria na banda
posteriormente quando a banda já tinha um baixo). E em 1988 a Classe Suburbana
começa os seus primeiros ensaios, seguindo uma das principais filosofias do movimento
punk: faça você mesmo. Em entrevista com Dedê Punk e Beto Punk, eles relatam o
caminho percorrido para montar uma banda punk. Que segundo Dedê:
Escutávamos muito punk rock e hard-core, nos reuníamos para
debater sobre o capitalismo e a exploração e a opressão que ele causa
ao povo, debater sobre o governo que só oprime e rouba o povo,
falávamos sobre tudo a partir dos zines e das músicas punks que
ouvíamos. Mas queríamos fazer parte do protesto, nosso visual já era
uma forma de protestar chocando a sociedade, mas tínhamos que nos
expressar com mais força, colocar para fora toda raiva que tínhamos
acumulado ao olhar a sociedade sem a venda nos olhos, então foi ai
que surgiu a Classe Suburbana. Conversei com Beto e Luciano para
montarmos uma banda, eles toparam na hora, mas tinha um problema:
nós não tínhamos nenhum instrumento e nem tínhamos dinheiro para
comprar, então pegamos um violão que eu tinha comprado de um cara
doido da porra lá de Paulo Afonso e já começamos a ensaiar, ainda
tentamos juntar dinheiro para comprar um baixo e uma guitarra, vixi!
Não deu certo. Então pegamos o violão e começamos a compor alguns
sons e letras de protesto bem anarquista mesmo. Luciano meteu uns
riffs no violão, Beto começou a imitar o som da bateria com a boca e
fazer o som dos pratos com o nariz, e Eu como vocal estourando a
garganta de tanto cantar, ou melhor: gritar13.
12 Um espaço a parte da feira-livre onde a população leva diversos produtos usados para trocar ou vender. 13 Entrevista realizada através de e-mail com Edimilson Punk (Dedê), o mesmo não mora mais em
Delmiro Gouveia, hoje ele mora na cidade de Brasília Capital do país. Dedê foi vocalista e baixista da
banda Classe Suburbana, a entrevista foi realizada no dia 10 de março de 2016. Entrevista 02.
Nesse período o movimento em Delmiro já fazia alguns zines com recortes de
revistas e textos escritos a mão, e agora tinham conseguido montar uma das principais
ferramentas do movimento: a banda punk. Com a banda os punks começaram a ciar
letras de músicas pautadas no protesto social, mas não estavam tendo condições de tocar
em lugar nenhum por não terem instrumentos, nesse período ainda tocaram em dois
eventos punks em Paulo Afonso-BA com os instrumentos do evento. Mas isso não os
favorecia muito, pois em outros momentos não podiam tocar em lugar nenhum.
Mas na segunda metade de 1988 o Dedê conseguiu arrumar um emprego como
operário da Shesf na Usina de Itaparica, o Dedê é um daqueles punks de Paulo Afonso
que foi morar em Delmiro no início dos anos 1980. O seu pai tinha sido operário da
Shesf, e em conversas com amigos conseguiu arrumar uma vaga para o Dedê trabalhar
na empresa. Com um trabalho fixo recebendo todos os meses o Dedê começou a juntar
dinheiro, alguns meses depois pegou todo o dinheiro que tinha conseguido juntar e
comprou um contrabaixo usado de uma banda de seresta do Inhapi-AL cidade vizinha
de Delmiro. Conseguiu comprar uma guitarra usada também a um punk de São Paulo
que tinha colocado sua guitarra para vender anunciando no zine, com isso o Dedê pegou
o endereço e escreveu uma carta para os punks em São Paulo falando que queria
comprar a guitarra, um mês depois obteve a resposta de confirmação da venda. Então o
Dedê enviou o dinheiro pelo correio e o punk de São Paulo enviou a guitarra para
Delmiro pelo correio.
Entre negociação e chegada da guitarra foram 3 meses para que a Classe
Suburbana finalmente estivesse com sua guitarra. Ligaram a guitarra e o baixo em um
amplificador ligado a uma caixa de som de carro, arrumaram um microfone e
começaram a ensaiar plugados14, a banda só não tinha conseguido comprar uma bateria,
mas ao invés da boca o Beto arrumou umas latas e uns baldes, improvisando uma
bateria. Segundo Beto Punk:
Primeiro não tínhamos nada, só um violão e a boca para imitar o som
de alguns instrumentos, depois o Edmilson começou a trabalhar e
conseguiu comprar umas coisas para a banda, o Edmilson era foda!
Mas ainda continuamos sem bateria, uma bateria era muita cara
naquele tempo, ainda hoje é! Então... o que foi que eu fiz? Arrumei
14 Instrumentos ligados na energia elétrica (caixas amplificadas).
umas latas, uns baldes, uma coroa de bicicleta e montei uma bateria,
foi de primeira.
Mas o Dedê continuou trabalhando e juntando uma pequena parte do que
ganhava para comprar uma bateria. E no início de 1989 alguns punks de Salvador
escreveram uma carta para a Classe Suburbana querendo trocar material, em uma dessas
trocas vieram alguns zines do movimento em Salvador, e em um desses zines tinha a
propaganda de um punk que estava fazendo bateria no fundo do quintal em sua casa
(bateria artesanal), diante disso os punks da Classe Suburbana escreveram uma carta
para esse punk de Salvador querendo comprar uma bateria caseira, depois de alguns dias
já estavam com a resposta na mão, arrumaram dinheiro emprestado e o Dedê e o
Roberto (Beto Punk) foram para Salvador buscar a bateria. Segundo Beto Punk:
(...) a bateria da gente era boca quente... uma bateria caseira que
fomos buscar lá em Salvador, eu vivia dizendo: “rapaz... vamos
comprar uma bateria, a gente fica tocando em lata, balde velho, eu não
aguento mais não bicho...”. Mas eu não tinha dinheiro para comprar
uma bateria, ninguém tinha dinheiro, mas o Edmilson trabalhava e
ganhava uma graninha, o Luciano fazia umas pinturas e tirava alguma
coisa quando chamavam ele para pintar, mas eu não fazia nada, não
trabalhava, só bebia! Então eu coloquei na cabeça dos caras que eles
tinham que comprar uma bateria. Mas bateria era cara e ninguém tinha
dinheiro para comprar uma original, foi ai que pegamos o endereço de
um punk que fazia bateria caseira lá em Salvador, e ai o Edmilson
tinha uma graninha que dava pra comprar essa bateria caseira,
caseeeeira de lascar! Ele mandou uma carta para o cara e encomendou
a bateria, o cara marcou o dia para a gente ir buscá-la, e ai, nós fomos
para Salvador buscar a bateria, alegria daaaa porra!15.
Quando chegamos lá para pegar a bateria o cara disse que ainda
estava fazendo, foi uma da porra, eu pensei... e agora bicho? Vamos
esperar? Ai Eu e o Edmilson ficou lá esperando, o cara ia para um
lado ia para outro, fazia as ferragens colocava as madeiras, as peles, e
em poucas horas a bateria estava pronta, ai cara... a gente saiu doooido
para pegar o ônibus para vim para casa, fomos pegar o coletivo e o
motorista não queria levar a bateria não, e... bicho foi uma da gota viu,
tivemos que adular muito, ai o motorista mandou a gente jogar a
bateria dentro do ônibus que levava a gente na rodoviária, ai... foi...
assim que agente conseguiu nossa bateria, sofrimento da porra!16.
15 Entrevista com Roberto (Beto Punk), 02. 16Entrevista com Roberto (Beto Punk), 03.
A partir dai a Classe Suburbana pode organizar seus próprios eventos e fazer
apresentações na cidade, pois a banda tocava em qualquer lugar onde tivesse uma
tomada para ligar a caixa de som. Segundo Dedê:
A Classe Suburbana tocava em qualquer lugar, nossos ensaios já era
como se fosse um evento, a galera toda colava. A ideia era passar a
ideia, por isso fazíamos músicas para provocar a reflexão da galera
para as coisas que estavam erradas, como: uns terem de mais, outros
terem menos, e esses que tem mais é porque explora quem tem menos,
entende? É isso aí, fazíamos nosso protesto a partir de nossa música,
mas também participávamos de protestos e passeatas junto com o
movimento punk de Paulo Afonso e também fazíamos parte do
coletivo anarquista de lá. Mais é isso, essa era nossa forma de
militância17.
As músicas da banda eram carregadas de protesto social, traziam a proposta de
um mundo novo. Faziam a crítica ao capitalismo, ao Estado, ao Governo, a Companhia
Mercantil Agro Fabril (Indústria Têxtil da cidade), faziam a crítica a todo tipo de
dominação e exploração, como podemos ver na música “Operário”:
“Operário”
Operário pobre coitado/ chega cedo em seu trabalho
Pelo sistema é explorado/ganhando migalhas sendo ordenado
Acorde Operário/ não seja governado
Todo Operário tem seu direito/ se não lutarmos ai não tem jeito
Toda essa farsa você não vê/acorde Operário destrua o poder
Você pode muito bem/ não se aliene
Não se entregue pra ninguém/ não, não, não, não...
Anarquia, Anarquia/ viva a Anarquia18.
17 Dedê. Entrevista 03. 18 Operário” nome de uma das músicas da Classe Suburbana, a mesma encontra-se numa fita demo
gravada ao vivo em 1992 no clube Privê em Delmiro Gouveia. Encontrasse também em CD e digitalizada
e disponível para baixar no seguinte site:<http://www.4shared.com/rar/NZSTZ1CA/classe_suburbana_-
_o_ateu.html>. Acesso em: 20 de Agosto de 2018.
A música é carregada de uma mensagem política falando da opressão pela qual
passa os trabalhadores tanto pelo patrão quanto pelo governo, além de incentivar a luta
dos trabalhadores contra seus opressores.
Com a sua irreverência e postura militante a Classe Suburbana participou de vários
eventos em todo o Nordeste. O movimento punk em Delmiro mantinha relações com o
movimento de outros Estados, isso fez com que a Classe Suburbana fosse convidada para tocar
em cidades como: Paulo Afonso-BA, Natal-RN, Belém-PA, Fortaleza-CE, Campina
Grande-PB e São Luís-MA. A banda tocou nestas cidades entre os anos de 1989 e 1992,
viajavam pegando carona e vendendo adereços feitos por conta própria com materiais
recicláveis.
3. A formação política e intelectual fora dos muros da academia
A universidade é instalada em Delmiro Gouveia 25 anos depois do início do
movimento punk na cidade. A partir do Programa de Apoio de Restauração e Expansão
das Universidades Federais (Reuni) criado em 2007, em 2010 um Campus da
Universidade Federal de Alagoas-UFAL é instalado no Alto Sertão Alagoano na cidade
de Delmiro Gouveia.
Que foi um avanço para a cidade em diversas áreas não tem como negar,
principalmente em relação ao seu principal objetivo: ensino/aprendizagem. Mas não foi
a luz que estava faltando neste espaço, pois na cidade sempre houve uma cultura
intelectual autodidata, e os punks representam essa cultura. Muitas das discussões que
são travadas dentro dos muros da academia, os punks nos anos 1980 em Delmiro já a
respeito de determinados temas sem nunca ter visto uma universidade.
Muitos punks na segunda metade dos anos 1980 e início dos anos 1990 não
tinham terminado nem a oitava série do ensino fundamental (1° Grau), não tinham
acesso às bibliografias que os intelectuais do PCB tinham na cabeceira da cama, mas
isso não foi um impedimento para que os punks não conseguissem fazer uma análise de
conjuntura (a situação politica, econômica e cultural da cidade e do país) transformando
em música. Segundo Thompson a respeito do povo no século XIX na Inglaterra:
A primeira metade do século XIX, quando a educação formal de
grande parte do povo se resumia a ler, escrever e contar, não foi
absolutamente um período de atrofia intelectual. As vilas, e até
as aldeias, ressoavam com a energia dos autodidatas
(THOMPSON, 1987, p.414).
Em relação a esse período o Thompson aborda a questão dos jornais não
franquiados produzidos por trabalhadores radicais serem uma forma de informação e
conhecimento para os operários ingleses na década de 1820. Para os punks o
conhecimento e a informação se davam muito a partir dos zines e das músicas punks, os
zines traziam informações de como estava a situação do país em termos políticos,
cultural e econômico, além de indicações de livros para leitura.
Com isso os punks em Delmiro aprendiam a observar com mais delicadeza o seu
meio, fazendo análises da situação da cidade e produzindo seus próprios zines falando
sobre a politica, a economia e a cultura da mesma, além de falar da banda Classe
Suburbana e do movimento. Segundo Dedê:
Os zines eram o modo mais consciente de divulgação da ideologia, da
informação, pois quem produzia tinha conhecimento do seu potencial
e fazia com imenso ideal, e quem recebia tinha fome de conhecimento
e pressa em pôr em prática. Foi com os zines que nós aprendemos
muita coisa que só os caras do movimento estudantil de Delmiro
metidos a intelectuais falavam na cidade. Nós éramos anarquistas e
sabíamos muita coisa19.
Boa parte dos punks conheceram as ideologias socialistas a partir dos zines e das
músicas que ouviam de bandas punks nacionais e internacionais, tinham acesso a alguns
livros anarquistas que circulavam em meio ao movimento não tendo um único dono,
pois a ideia era que todos pudessem ler. Dessa forma um livro do Mikail Bakunin podia
circular por muitos Estados Brasileiros passando por muitas mãos.
Em Estados como São Paulo alguns punks tinham amigos que estavam na
universidade e pegavam livros emprestados com esses, e colocavam o livro para circular
em meio a todo o movimento. Com um livro nas mãos alguns punks transformavam o
19 Dedê. Entrevista 04.
mesmo em zine, pois transcrevia alguns trechos do livro no zine, fazendo com que o
conhecimento fosse socializado, haja vista o poder de alcance do zine.
Considerações Finais
O movimento punk construído em Delmiro Gouveia na segunda metade dos
anos 1980 não foi só um grupo de jovens que não gostavam de tomar banho, ou não
queriam ir à escola (visão que algumas pessoas tinham dos punks na cidade). Foi um
movimento político-social de jovens trabalhadores, desempregados e filhos de
trabalhadores que aprendiam no dia a dia (experiência) que nada é natural e nem foi
Deus que quis assim. Por isso passaram a contestar toda a forma de dominação exercida
em meio a sociedade.
Aprenderam muito com os zines e as músicas punks, mas também produziram
zines e musicas punks para poder se expressar de uma forma que outras pessoas
pudessem os ouvir. Os punks em Delmiro usaram a música para denunciar a exploração
proporcionada pela Fábrica Têxtil da cidade, para protestar contra a repressão policial e
contra o autoritarismo dos políticos da região com todos os resquícios do coronelismo
embutido na forma de fazer política.
O movimento punk proporcionou para muitos jovens uma formação política e
intelectual (autodidata) que teoricamente só é possível dentro dos muros da academia,
sendo que na prática a realidade é outra. Pois alguns punks não sabiam ler muito bem
mas pediam para outros que sabiam lê-se para eles, a pouca leitura não era um
impedimento para que sempre estivessem iterados das discussões que aconteciam em
meio ao movimento e na cidade. Mas o discurso e a imagem que foi construída em
torno do sertão: é de uma terra seca, imprópria para a vida, de pessoas analfabetas e
ignorantes.
Por isso quando dizemos que “o sertão também é punk” é para levantar o debate
em torno da construção imagético-discursiva que coloca as condições sociais e
climáticas da região como um marco de identidade de um povo, sendo que esses não
são fatores que iram definir a identidade do povo da região. Uma região com uma
diversidade cultural grande, de um povo que a cada dia reinventa suas formas de
existência lutando e resistindo as mazelas que lhes são impostas.
Referências
GALLO, Ivone Cecília D’Avilla. Por Uma Historiografia do Punk. In: Projeto
História. São Paulo, n. 41, p. 283-314, Dez./2010. p.287. Disponível em:
<http://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/viewFile/6542/4741> Acessado em: 20
de junho de 2015.
NORA, Pierre. Entre Memória e História: A problemática dos lugares. Proj. História.
São Paulo. 10 de Dez. de 1993, p.7-28.
THOMPSON, Edward P. “Consciência de Classe”. In: A formação da classe operária
inglesa: a força dos trabalhadores, vol. III. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p.414.
Sites
“Andróide” nome de umas das músicas da Classe Suburbana, a mesma encontra-se
numa fita demo gravada ao vivo em 1992 no clube Privê em Delmiro Gouveia.
Encontrasse também em CD e digitalizada e disponível para baixar no seguinte
site:<http://www.4shared.com/rar/NZSTZ1CA/classe_suburbana_-_o_ateu.html>.
Acesso em: 20 de Agosto de 2018.
“Operário” nome de uma das músicas da Classe Suburbana, a mesma encontra-se
numa fita demo gravada ao vivo em 1992 no clube Privê em Delmiro Gouveia.
Encontrasse também em CD e digitalizada e disponível para baixar no seguinte
site:<http://www.4shared.com/rar/NZSTZ1CA/classe_suburbana_-_o_ateu.html>.
Acesso em: 20 de Agosto de 2018.
Saiba mais sobre o município de Delmiro Gouveia: sede do campus do sertão. In:
Universidade Federal de Alagoas/Noticias. Fonte:
<https://ufal.br/noticias/2010/03/saiba-mais-sobre-o município-de-delmiro-gouveia-
sede-do-campus-do-sertão>. Acessado em: 25 de agosto de 2018.
Fontes Orais
BISPO, Carlos Luciano. Punk e integrante da banda de punk Classe Suburbana.
CARVALHO, André Luiz Fortes. Integrante da turma do rock nos anos 80.
FERREIRA, Edmilson Alves. Punk e integrante da banda de punk Classe Suburbana.
RODRIGUES, José Clovis Marques. Integrante da turma do rock nos anos 80.
SILVA, José Roberto. Punk e integrante da banda de punk Classe Suburbana.
Top Related