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FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF
PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE
DOCENTES EM FÍSICA
O ENSINO DE FISICA NUMA PERSPECTIVA DE INOVAÇÃO
PEDAGÓGICA
LUIZ KILDERY DE MELO OLIVEIRA
Fortaleza – CE
2011
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LUIZ KILDERY DE MELO OLIVEIRA
O ENSINO DE FISICA NUMA PERSPECTIVA DE INOVAÇÃO
PEDAGÓGICA
Monografia apresentada como requisito
parcial para a obtenção do grau de
Licenciado em Física, do Programa Especial
de Formação Pedagógica de Docentes em
Física da Faculdade Integrada da Grande
Fortaleza.
Orientador: Prof. Ms. João Cláudio Nunes
Carvalho
Fortaleza – CE
2011
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Monografia submetida ao Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes em Física, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Licenciado em Física, outorgado pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza-FGF.
______________________________________________
Luiz Kildery de Melo Oliveira
Monografia aprovada em ___/____/___
_________________________________________
Prof.Orientador Ms. João Cláudio Nunes Carvalho
__________________________________________
Prof Examinador
__________________________________________
Prof Examinador
_________________________________________
Prof. Coordenador do Curso
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A Deus, que me deu força e coragem para enfrentar todo o curso de formação em Física, dedico este trabalho.
5
Agradecimentos A Deus, fonte inesgotável de sabedoria
e amor;
À minha família, pelo amor
imensurável;
Ao meu orientador, Professor João
Cláudio, pela orientação nesse
trabalho.
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A inovação envolve obrigatoriamente ás práticas. Portanto, a inovação pedagógica não deve ser procurada apenas nas reformas de ensino, ou nas alterações curriculares ou programáticas, ainda que ambas, reformas e alterações, possam facilitar ou mesmo sugerir, mudanças qualitativas nas práticas pedagógicas.
( Fino, 2008)
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RESUMO Pensar as práticas pedagógicas inseridas no processo educacional na atualidade é fazer refletir sobre a necessidade de mudanças que acompanhem as novas tendências e necessidades da sociedade. É entender que se nos tempos remotos a educação era formulada por meio a aprendizagens de “memorização” realizadas em sua maioria por perguntas e respostas, hoje em dia este fato já não possui a mesma grandeza, ou seja, o conhecimento exato, empírico não resulta no desenvolvimento educacional, apenas elabora um conhecimento efêmero que se dilui ao longo dos anos, não representando assim muito beneficio para a vida cotidiana e crescimento das pessoas. Outro ponto que torna notório o fracasso 7escolar dos moldes tradicionais da educação são os altos índices de reprovação, abandono e desmotivação, os quais refletem as respostas dos alunos diante dos conteúdos programáticos e das práticas pedagógicas utilizadas, que pouco acrescentam na formação do aluno, por vezes até dificultando a apreensão do conhecimento. Palavras-chave: Inovação Pedagógica. Ensino de Física. Contextualização.
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SUMARIO
INTRODUÇÃO......................................................................................... 09
CAPÍTULO I – INOVAÇÃO NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
1.1 Inovação Pedagógica: conceituações........................................... 13
1.2 O papel do professor inovador...................................................... 17
CAPÍTULO II – ENSINO DE FÍSICA E INOVAÇÃO
2.1 O Ensino de Física numa perspectiva inovadora......................... 23
2.2 A Física nos Parâmetros Curriculares Nacionais........................ 25
2.3 O Ensino de Física através de experimentos e tecnologias...... 27
METODOLOGIA.................................................................................... 34
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 37
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INTRODUÇÃO
Este trabalho monográfico tem como tema a Inovação Pedagógica no
Ensino de Física por perceber que a aprendizagem dessa disciplina tem sido uma
das questões mais discutidas e conseqüentemente de reflexão no que se refere
ao pressuposto de que a Física é mal assimilada pela grande maioria dos alunos,
por estar demasiadamente dissociada do que se aplica ou mesmo vivencia no dia
a dia, pois a experiência docente nos faz compreender além do distanciamento
que há entre teoria e prática nos ensinamentos de Física em sala de aula, que
estabelecer a interação entre as partes interessadas ao saber exige, sim, um
esforço do professor em basear sua prática no exercício constante de mediação,
interação e construção do conhecimento; esse esforço certamente contribui para
a formação de alunos que elaborem suas próprias hipóteses, deduzam e
resolvam situações-problemas com eficiência.
Segundo Behrens (2005, p.14)
Muitos pontos negativos se evidenciam decorrentes da postura dos docentes, especialmente os de Física que não se utilizam dos espaços para desenvolver, compartilhar experiências e resolução de problemas, com foco na construção de conhecimentos, troca de saberes e desenvolvimento de competências dos alunos, sem perder de vista uma relação essencial e estreita com a prática no cotidiano da escola e com a dimensão formal da proposta pedagógica.
Com o passar do tempo é nítida a necessidade de se constituir um novo
modo de ensinar e aprender, tendo como base as situações do mundo real e,
para a solução de situação problema que não seja meramente imposta dentro de
uma concepção linear e formal de um currículo defendido pela instituição de
ensino.
A dureza de práticas convencionais é recorrente por parte do professor ao
ensinar os conteúdos para seu aluno, como também avaliá-lo simplesmente para
promovê-lo à série seguinte ou reprová-lo; na maioria das vezes fazendo uso de
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provas extremamente difíceis, desafiadoras e, a partir disso, rotular os alunos de
incapazes, com rendimento insatisfatório além de diferenciar os alunos
“inteligentes” e “capazes”.
É necessário que novas concepções sobre o ensino da Física sejam
implementadas, neste foco, conforme Perrenoud (2000, p. 159) estas ações não
são simples e nem rápidas, pelo contrário, tratam, em sua maioria, de atitudes
que se desenvolvem ao longo dos anos, modificando costumes e quebrando
tabus educacionais.
Observa-se que o impacto colocado pela tecnologia da informação e
comunicação da sociedade atual, proporciona ao sistema educacional causas e
efeitos desafiadores, desde a simples inserção desta tecnologia na sociedade,
exigindo indivíduos com capacidade para o bom uso, até o ponto dessa mesma
tecnologia ser um eminente instrumento de otimização do processo de ensino.
Portanto, na atualidade torna-se “elementar” conciliar a aula de Física á
tecnologia de forma que ambas estejam efetivamente aliadas.
Ressalta-se que como formador do processo de ensino-aprendizagem da
disciplina Física, realizar um estudo que desenvolva a temática é uma forma de
ampliar conhecimentos e assim integrar-se de maneira mais efetiva diante a
realidade que atualmente se desenvolve entre as mudanças pedagógicas da
educação e assim a necessidade de perceber com mais ênfase os contextos de
integração entre o ensino-aprendizagem.
A inovação pedagógica, hoje, é imprescindível na prática docente, uma
vez que não se concebe mais aulas expositivas e discursivas, onde o aluno
apenas recebe o conhecimento e o pratica através de exercícios repetitivos.
Inovar é, antes de tudo, buscar novas metodologias de ensino que levem o aluno
a questionar, a construir seu próprio conhecimento. E, para tanto, o professor
precisa lançar mão de recursos diferenciados.
Os recursos tecnológicos são instrumentos de promoção à melhoria da
qualidade do ensino aprendizagem, especialmente em Física, onde os alunos têm
a oportunidade de não só assimilarem os conteúdos, mas visualizarem o que está
sendo estudado.
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Sendo a Física uma ciência experimental, a escola dispõe de um local
apropriado para o aprofundamento dos conteúdos dessa disciplina, como o
laboratório de informática, onde o uso do computador pode ser feito na utilização
de dados experimentais.
A importância do uso das Novas Tecnologias da Informação e
Comunicação (NTIC) no processo de ensino-aprendizagem tem sido defendida
por vários autores. Dentre as razões que justificam sua implementação nas
escolas, López (2005) considera a capacidade de ajudar os alunos na busca de
informações.
Segundo Azinian (2004, p. 47):
As competências a serem desenvolvidas no âmbito educacional com o uso das NTIC vêm sendo sistematizadas por diversas instituições, tais como facilitar o trabalho com temas relevantes e possibilitar a aprendizagem por resolução de problemas. É possível ainda estender a aprendizagem baseada em problemas para a baseada em projetos, onde as tecnologias podem possibilitar diferentes formas de representação, facilitar a construção intencional, a exteriorização e a manipulação de modelos mentais e as relações dinâmicas entre os elementos.
Um dos fatores que poderiam dificultar o uso das novas tecnologias no
ambiente escolar seria a falta de acesso. Entretanto, apesar das dificuldades
encontradas pelas escolas no uso da sala de informática, é grande a
porcentagem de alunos e professores que possuem acesso à Internet. Estes
problemas podem dificultar a freqüência do acesso, principalmente no ambiente
escolar, porém não justificam o não conhecimento do site e de suas ferramentas
por parte dos alunos
Vale destacar que a possibilidade de vivência virtual de experiências no
ensino da Física e de outras disciplinas permite suprir uma das deficiências do
ensino tradicional, apontada por Medeiros (2002), que é a dificuldade de prover as
necessidades individuais de aprendizagem dos alunos quanto à repetição de
conteúdos/simulação de experiências.
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O estudo da Física requer do trabalho docente uma estreita relação
„teoria/prática‟, haja vista a necessidade de observação dos fenômenos estudados
vinculada à discussão/compreensão de conceitos, princípios e leis que os regem.
Os experimentos em Física também são um recurso bastante inovador,
uma vez que leva o aluno a fazer um confronto entre a teoria estudada no livro
didático e a prática, realizada nos laboratórios de ciências, informática etc.
Desta forma, é que esta monografia se dispõe a discorrer sobre os vários
recursos metodológicos que o professor pode utilizar na busca de uma
aprendizagem significativa para o ensino de Física.
O trabalho está dividido em dois capítulos. No primeiro capítulo,
apresentamos uma definição de inovação pedagógica, dando ênfase ao papel do
professor na perspectiva de tornar suas aulas mais atrativas e dinâmicas.
O segundo capítulo trata da inovação pedagógica no ensino de Física,
sugerindo-se várias ações metodológicas como o uso da informática e as aulas
através de experimentos.
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CAPÍTULO I
INOVAÇÃO NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
1.1 INOVAÇÃO PEDAGÓGICA: Conceituações
A escola de ontem baseada em conceitos e teorias abre espaço para
uma nova escola, na qual surgem inovações pedagógicas influenciadas pelo
desenvolvimento da sociedade da informação, que objetivam renovar as práticas
educacionais e assim conseguir a formação do aluno que a sociedade atual exige.
Fino (2010) descreve que “A inovação pedagógica implica mudanças
qualitativas nas práticas pedagógicas e essas mudanças envolvem sempre um
posicionamento crítico, explicito ou implícito, face às práticas pedagógicas
tradicionais”.
Assim, as práticas pedagógicas inovadoras baseadas também nos
avanços tecnológicos devem ser executadas com o objetivo de implementar
ações que conduzam a uma formação integrada, onde todos os conteúdos são
estudados com foco na realidade e na necessidade do aluno.
Segundo Gomes e Silva (2007, p.12)
o uso de práticas inovadoras no ensino das disciplinas são importantes tendo em vista que promovem motivação, organização, gestão da informação, conhecimento, melhora as relações entre professor e aluno, entre outras potencialidades.
Portanto, inovar as técnicas pedagógicas é mudar as práticas, sendo
na atualidade a existência da informação e tecnologia, acaba sendo uma forma de
fortalecer os elos que instituem o processo de ensino-aprendizagem, fazendo
assim com que o conhecimento seja melhor absorvido e vivenciado.
As práticas de inovação que corresponde assim às mudanças de
postura do professor devem também estar associadas à necessidade de
educação permanente dos docentes, que deve ser fundamentada na articulação
entre teoria e prática.
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Pensar a educação no foco da atualidade é, pois, pensar em
desenvolver propostas pedagógicas que se direcionam às necessidades
contemporâneas, as quais estão ligadas principalmente a questões de autonomia,
cidadania e visão da realidade social, que por sua vez traz valores que são
imprescindíveis à inclusão e reconhecimento do sujeito no dinâmico espaço da
globalização e velocidade de atributos adquiridos na sociedade da informação e
do conhecimento.
Essa realidade está inserida em um contexto globalizado no qual o
paradigma marcante, conforme afirma Barreira (1999, p.19)
Está referenciado pela velocidade da informação e no domínio do conhecimento, e complementa que, entretanto, o avanço da ciência e da tecnologia no âmbito da sociedade da informação e do conhecimento não tem sido capaz de reverter os crescentes resultados avaliativos que demonstram o aprofundamento do conhecimento por parte de uma minoria da população, enquanto aumenta a ignorância de maior parte excluída desse contexto.
As novas tecnologias da informação e comunicação caminham à luz de
uma plataforma que possibilita o domínio do conhecimento e desenvolvimento
humano, sendo, portanto, primordial sua inclusão para que a escola possa
enfrentar conflitos emergentes.
Nesse cenário as práticas pedagógicas, precisam propor ao contexto
atual, inovações consociadas com o ideal construtivista, que têm como base
fundamental defender que tanto aprender como ensinar implicam em construir
novos conhecimentos, descobrir novas formas e desafiar fronteiras para adquirir
novos significados. É importante, entretanto, orientar-se em experiências e
conhecimentos já existentes, pois exatamente sob essa ótica é que as práticas
pedagógicas dialogam, defendendo um perfil inovador para que o ensino e a
aprendizagem possam enfrentar o conflito ora vivido por toda a esfera
educacional.
Segundo perspectivas dessas práticas, a escola precisa absorver a
carga histórica e cultural que seus alunos trazem consigo, conforme aponta
Sousa (2004, p.13): “A escola de hoje não pode mais ignorar todo o potencial em
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terrenos culturais, saberes, interesses e necessidades que a enorme diversidade
dos alunos lhe coloca”.
Papert (2008, p.134) por sua vez, acrescenta que “a meta é ensinar de
forma a produzir a maior aprendizagem a partir do mínimo de ensino”.
A proposta construtivista é esta, validar meios de aprendizagens
condizentes com o dinamismo da sociedade, consolidar fontes, dinâmicas, que
valorizem a construção mental do sujeito apoiadas em suas próprias construções
no mundo. Estas práticas em questão vão de encontro a esse ideal de autonomia,
destreza, reconhecimento da individualidade de cada sujeito no mundo. Neste
viés defendem o mínimo de conteúdo a ser explorado e o máximo de condições
para que os mesmos construam seu próprio arcabouço cognitivo, levando em
conta as ímpares trajetórias de vida de cada sujeito aprendiz.
Conforme Teixeira e Néder (2010, p.87)
O pensamento que envolve a mudança nos paradigmas escolares veio se desenvolvendo ao longo dos anos, influenciado pelos pensamentos de estudiosos que ressaltavam a importância de uma formação educacional completa e não apenas enraizada na cultura do aprender conteúdos ou direcionamentos profissionais.
Os autores ressaltam a importância da busca de formas para efetivar a
formação educacional mais autônoma, buscando validar seus contextos
educativos, proporcionando bases inovadoras para solucionar os conflitos
escolares, tendo como premissa a formação continuada dos docentes, a qual
reorienta a prática escolar reformulando as maneiras do processo de ensino-
aprendizagem, as quais saem da visão limitada de conteúdos e passam a uma
ação voltada a formação cidadã.
De acordo com Gadotti o uso de ferramentas pedagógicas inovadoras
é importante, tendo em vista que a escola é um ambiente que deve ser acolhedor
e agradável, assim ao utilizar técnicas que agradem alunos e professores a
escola acaba ganhando seu espaço. Neste contexto o autor acrescenta também
que:
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A escola está desafiada a mudar a lógica da construção do conhecimento, pois a aprendizagem agora ocupa toda a nossa vida. E porque passamos todo o tempo de nossas vidas na escola, ¾ não só nós, professores, ¾ devemos ser felizes nela. A felicidade na escola não é uma questão de opção metodológica ou ideológica, mas sim uma obrigação essencial dela. (2000, p.04)
Portanto, a escola deve estar sempre atenta às novas práticas
pedagógicas a fim de fazer da aprendizagem um processo agradável ao aluno e
do mesmo modo colocar o ensino como um instrumento satisfatório ao professor.
A educação deve sempre perceber o futuro e seus determinantes, os
quais devem ser formados por meio do repensar os erros passados, da
necessidade presente e dos desafios do futuro.
Segundo Sousa (2004, p.73) é necessário entender que o futuro da
educação reina em três cenários, os quais são: globalização, fragmentação com
competitividade e solidariedade. Percebendo cada um destes pilares, têm-se que
para o autor a globalização foi importante porque aproximou os países, trazendo
assim as culturas para uma convivência mais próxima e consequentemente
formando outras idéias sobre a educação.
Conforme Dale (2004, p.392) ainda no que concerne a globalização e
sua relação com o processo educacional, o autor aponta que:
A “globalização” é frequentemente considerada como representando um inelutável progresso no sentido da homogeneidade cultural, como um conjunto de forças que estão a tornar os estados-nação obsoletos e que pode resultar em algo parecido com uma política mundial, e como refletindo o crescimento irresistível da tecnologia da informação.
Assim, a educação pensada neste contexto atual é formada por
inúmeros fragmentos, onde uma parcela orienta e determina certos moldes e
práticas pedagógicas, já outra defende práticas muitas vezes diversas. Esta
fragmentação é o resultado da maior autonomia das pessoas, as quais passaram
a assumir com mais fidelidade seus valores.
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O terceiro cenário que deve ser considerado no qual a educação e seu
futuro está inserido compreende a solidariedade, descrita por Sousa (2004) como
um fator que reflete a troca, ou seja, no processo de ensino e aprendizagem não
acontece de forma unilateral, mas sim é formado por estímulos e respostas, onde
todos aprendem e isto confere a riqueza do aprendizado.
1.2 O PAPEL DO PROFESSOR INOVADOR
Educar é colaborar para que professores e alunos - nas escolas e
organizações - transformem suas vidas em processos permanentes de
aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu
caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das
habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam
encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tornar-se cidadãos
realizados e produtivos.
Na sociedade da informação todos estamos reaprendendo a conhecer,
a comunicar-nos, a ensinar e a aprender; a integrar o humano e o tecnológico; a
integrar o individual, o grupal e o social.
Uma mudança qualitativa no processo de ensino/aprendizagem
acontece quando conseguimos integrar dentro de uma visão inovadora todas as
tecnologias: as telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, musicais,
lúdicas e corporais.
Passamos muito rapidamente do livro para a televisão e vídeo e destes
para o computador e a Internet, sem aprender e explorar todas as possibilidades
de cada meio.
O professor tem um grande leque de opções metodológicas, de
possibilidades de organizar sua comunicação com os alunos, de introduzir um
tema, de trabalhar com os alunos presencial e virtualmente, de avaliá-los. Cada
docente pode encontrar sua forma mais adequada de integrar as várias
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tecnologias e procedimentos metodológicos. Mas também é importante que
amplie, que aprenda a dominar as formas de comunicação interpessoal/grupal e
as de comunicação audiovisual/telemática.
No começo procurar estabelecer uma relação empática com os alunos,
procurando conhecê-los, fazendo um mapeamento dos seus interesses, formação
e perspectivas futuras. A preocupação com os alunos, a forma de relacionar-nos
com eles é fundamental para o sucesso pedagógico. Os alunos captam se o
professor gosta de ensinar e principalmente se gosta deles e isso facilita a sua
prontidão para aprender.
A prática pedagógica dos professores assim como o seu papel, que
são produtos essencialmente da sua formação pré e pós-universitária; em todos
os níveis de ensino é algo muito questionado nestes últimos anos, pois estes têm
que cada vez mais aprimorar a sua prática em função de vários fatores como: a
tecnologia avançada, incentivar a produção de conhecimento atuando, por
exemplo, com o ensino pela pesquisa, ter habilidade de trabalhar em grupo e se
manter informado das exigências do mercado de trabalho que também estão em
constante mutação.
Como a mudança do papel dos professores está relacionada com as
mudanças paradigmáticas, estes não podem entrar no paradoxo de superar a sua
prática conservadora, e ficarem com as mesmas atitudes e posturas diante seus
alunos.
Segundo Tardif (2006, p.15)
A maneira dos professores ensinarem, advém de muitos fatores, como: o seu conhecimento pré-adquirido antes da formação, familiares, amigos, ambiente escolar, as bases da formação, as fontes curriculares e as condições de seu trabalho cotidiano.
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Para o autor, ensinar é agir com outros seres humanos, o saber se dá
através de relações complexas entre o professor e o aluno, enfatiza-se na prática
dos professores a relação com o outro.
Os docentes que adotam uma abordagem tradicional, segundo
Mizukami (1986), defendem como elementos imprescindíveis a transmissão de
conteúdos. Ato o qual, a mesma autora considera como motivo das críticas a este
modelo de ensino. Os Paradigmas inovadores, que para Behrens (2005), formam
uma aliança entre a abordagem progressista, a abordagem holística, o ensino
com pesquisa, juntamente com a utilização de tecnologias inovadoras; busca a
produção do conhecimento, o que consequentemente exige mais dos
professores.
Grande parte dos professores tem uma prática embasada no ensino
tradicional, deixando o aluno passivo diante da apresentação dos conteúdos que
devem ser copiados, decorados e transcritos na avaliação final do semestre.
Assumindo papéis que não oportunizam a interação dentro da sala de aula.
Na concepção de Behrens (2005), “O novo paradigma a ser proposto
para os docentes, exige destes e de seus alunos a produção conhecimento, com
autonomia, criticidade, e espírito investigativo”.
Uma prática inovadora se conquista a partir do desenvolvimento do
paradigma da complexidade. Para Tardif (2006), dentro da formação dos
professores os modelos conservadores e inovadores muitas vezes não são os
únicos a definir o papel dos professores, este podem adquirir-los de outras fontes,
como a cultura cotidiana, os conhecimentos pré- institucionais, pós-institucionais;
pois muitos professores tiveram uma formação tradicional e acabam inserindo-se
na formação com este papel.
O novo sujeito educativo é o educador que é capaz de entender a
heterogeneidade da turma, adequando-se e integrando-se a ela, tendo domínio
do conteúdo que o torne capaz de promover o intercâmbio entre os alunos e o
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conhecimento, consequentemente estabelecendo uma relação harmoniosa em
atendimento às exigências do princípio da inclusão.
Com o novo educador o fazer pedagógico, torna-se mais sensível e
aprimorado, reforçando uma postura mais humana em seu desempenho em
paralelo ao desempenho profissional, dotado de um conjunto de capacidades que
incluem habilidades e competências, que o torne capaz de realizar um trabalho
mais cooperativo, integrador atualizado e responsável, com mobilidade e
interação, preparado para criar condições novas, transpirando afetividade e
paciência pedagógica.
No convívio escolar, educandos e educadores estão sempre
aprendendo a aprender, a fazer, a ter, a conviver, a empreender e a transformar-
se em um indivíduo mais informado e autônomo e a desenvolver também a
concepção, execução e avaliação do trabalho pedagógico num contexto
participativo no âmbito da escola, dos sistemas de ensino ou outros espaços
organizacionais, educacionais e culturais, com diferentes sujeitos sociais.
O que a sociedade precisa é de profissionais intelectualmente
preparados, capazes de atuar de forma competente. Esse preparo será
encontrado no conhecimento científico, mas, é através da pratica que ele vai
exercitar o seu espírito docente e humano quanto aos problemas e às dificuldades
encontradas, fortalecendo-se como educadores, traçando um paralelo entre o
conhecer e o saber, o praticável que produza prazer e qualidade educativa.
É preciso conduzir a aprendizagem dos alunos numa relação de
respeito, reforçando uma postura humana integrada à postura do educador, com
a responsabilidade de avaliar as peculiaridades de cada aluno.
Conforme Masetto (2003, p.82),
[...] A oportunidade de alunos e professores, pessoalmente e por interesse e motivação própria, poderem entrar em contato imediato com as mais novas e recentes informações, pesquisas e produções científicas do mundo todo, em todas as áreas; a oportunidade de desenvolver a auto-aprendizagem e a interaprendizagem pelos microcomputadores das bibliotecas, das
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residências, dos escritórios, dos locais de trabalho faz com que tais recursos sejam incorporados ao processo de aprendizagem, uma nova forma de se contactar com a realidade ou fazer simulações facilitadoras de aprendizagem.
O professor competente deve estar pronto para inovar, desenvolver um
processo de reflexão na prática educativa e sobre esta prática. É preciso trabalhar
com uma aspiração interior, buscando sempre a qualidade da educação. Fazer
auto-avaliações constantes, usando o olhar crítico de quem possui a capacidade
de saber o que faz e o que deve ser feito, com a tranqüilidade de perceber onde
errou e onde acertou a cada final de um dia letivo.
Segundo Aragão (2006) o docente antes de inovar, deve analisar
alguns aspectos-chave, cuja ponderação é necessária para uma inovação bem-
sucedida. Toda atividade implica planejamento e execução, e o professor, na sala
de aula, precisa pensar estrategicamente, deve analisar fatores diversos, a fim de
traçar os melhores trajetos para atingir os objetivos de aprendizagem propostos.
Aspectos que devem ser considerados pelo docente, a priori, para inovar, são:
necessidades e possibilidades dos alunos; recursos do professor; infra-estrutura
da instituição de ensino; conteúdo a ser desenvolvido, objetivos de aprendizagem
e cultura educacional.
Aragão (2006) discursa sobre a necessidade de motivação para
esforços adicionais extra-classe do docente que deve conhecer e estudar também
as suas possibilidades para inovar, como exemplo, ao adquirir bons livros, na
preparação de aulas e conteúdos visando o pleno entendimento dos alunos com
destaque aos recursos financeiros, temporais e materiais. Ainda, são importantes
os recursos materiais, ou seja, tudo aquilo que o docente possui para preparar
suas aulas, como os livros que dispõe, computadores, vídeos, DVDs e CDs. A fim
de inovar, devem ser ponderados também o conteúdo a ser desenvolvido e os
objetivos de aprendizagem da disciplina.
Seguindo exemplos dos Parâmetros Curriculares Nacionais, o
professor numa prática inovadora deve considerar que
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É importante salientar que o espaço de aprendizagem não se restringe à escola, sendo necessário propor atividades que ocorram fora dela. A programação deve contar com passeios, excursões, teatro, cinema, visita a fábricas, marcenarias, padarias, enfim, com as possibilidades existentes em cada local e as necessidades de realização do trabalho escolar (BRASIL, vol. 1, 1997, p. 103).
Nesse contexto, os recursos materiais a serem utilizados pelo
professor, esbarramos na carência de escolas públicas, tornando ainda mais
imprescindível o conhecimento e consciência político-pedagógico sobre materiais
didáticos que podem ser desenvolvidos buscando parcerias que possam melhorar
a qualidade dos recursos da escola e, consequentemente, o processo ensino
aprendizagem.
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CAPÍTULO II
ENSINO DE FISICA E INOVAÇÃO
2.1 O ENSINO DE FÍSICA NUMA PERSPECTIVA INOVADORA
O aprendizado da Física promove a articulação de toda uma visão de
mundo, de uma compreensão dinâmica do universo, capaz de transcender
nossos limites temporais e espaciais. Ao lado de um caráter mais prático, a Física
revela, também, uma dimensão filosófica, com uma beleza e importância que não
devem ser subestimadas no processo educativo.
Vive-se um momento de transformações e promover a autonomia para
aprender deve ser preocupação central, devem-se buscar competências que
possibilitem a independência de ação e aprendizagem futura. A percepção do
saber físico é também uma construção humana, mesmo que não suficiente, para
que se promova a consciência de uma responsabilidade social e ética.
O estudo de física não resulta da falta de sua aplicação no cotidiano do
aluno, pois ela está presente, por exemplo, no funcionamento de aparelhos
eletrônicos existentes na maioria dos lares brasileiros. Também não se pode
alegar que é uma disciplina cujo conteúdo seja difícil de ensinar e aprender. As
dificuldades que se encontram nessa disciplina partem do principio de que os
professores não diversificam sua prática docente, haja vista que é notório que os
docentes não buscam novas metodologias na aplicabilidade dos conteúdos
repassados aos alunos, aliados à carência de infraestrutura básica das escolas,
que não dispõem ambiente adequado às aulas práticas de ciências; a carência
de oportunidades para treinamento de professores; a dificuldade ao acesso a
novas tecnologias para a educação, entre outros.
O ensino de física no nível médio caracteriza-se, na maioria das vezes,
por aulas teóricas e descritivas, distantes da realidade dos alunos, ou seja,
atualmente o modelo adotado por alguns educadores tende a obedecer ao
método tradicional de simples repasse de conteúdos, com aulas à base de giz,
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quadro-verde e livro didático, com ênfase na linguagem matemática desprovida
de um embasamento experimental, desvinculando os conteúdos de suas
possíveis relações com os fatos do cotidiano, deixando de lado os aspectos
fenomenológicos.
Esta tendência em direcionar o ensino de Física a resolução de
problemas, que normalmente estão recheados de cálculos, fortemente
influenciados pelo uso do livro didático, tem sido tema de sérias críticas as
editoras e, por conseqüência aos autores das obras. A maioria dos livros que
circulam nas escolas apresentam os conteúdos como conceitos estanques,
dando o caráter de Ciência acabada e imutável a Física. Porém, o mais
problemático das obras está na forte identificação que elas agregam entre a
Física e os algoritmos matemáticos. Os textos e, principalmente, os exercícios
são apresentados como matemática aplicada, na qual a questão fundamental se
resume a treinar o estudante na resolução de problemas algébricos.
Segundo PIMENTA (1996), o caráter dinâmico da profissão de
professor configura-se a partir das constantes transformações que é obrigada a
sofrer tendo em vista a importância de se atender às novas demandas da
sociedade. Assim, deve-se buscar definir quais características da docência devem
permanecer como práticas consagradas, quais devem deixar de existir por se
mostrarem ultrapassadas e quais são as que devem ser modificadas, adquirindo
novas características, ajustando-se às exigências atuais.
Nesse sentido, para a autora, uma identidade profissional se constrói a
partir da significação social da profissão, da revisão constante dos significados
sociais da profissão, da revisão das tradições, mas também da reafirmação de
práticas que tradicionalmente permanecem significativas.
Segundo Pietrecola (2001, p.31)
O ensino de Física na educação básica tem passado por transformações, visto que é necessário mostrar na escola as possibilidades oferecidas pela Física e pela ciência em geral como formas de construção de realidades sobre o mundo que nos cerca.
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Assim, a área de Ciências Naturais, onde a Física está inserida,
está pautada em concepções mais modernas de Ciência e da prática
educativa. O professor passa a ser considerado um mediador do processo
ensinoaprendizagem e além do conhecimento a escola dever preocupar-se
com um conjunto de competências e habilidades a serem desenvolvidas
pelos educandos.
As relações entre os conhecimentos científicos e os adquiridos no
cotidiano são particularmente de grande importância para o processo ensino-
aprendizagem em Física. Como exemplo da importância desta relação entre o
conceito espontâneo trazido pelo aluno para o ambiente escolar e o científico
desenvolvido na escola, pode-se analisar o estudo da dilatação dos corpos. O
aluno já traz consigo, como fruto de sua relação cotidiano com o meio social, a
convicção de que, à medida que um corpo é aquecido, aumenta de tamanho
(volume), porém é no ambiente escolar que ele amplia esse conceito, na busca
pela sua cientificidade, analisando fatores que interferem nesse aumento; o que
significa o aquecimento do corpo; a diferença existente em função da natureza da
substância; ou, ainda, a possibilidade de que, ao contrário de se expandir, ele se
contraia.
2.2 A FÍSICA NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
Uma inovação muito importante introduzida na prática pedagógica do
professor é o fato do processo ensino-aprendizagem, a partir dos PCNs, voltar-se
para o ensino de habilidades que, por conseqüência, devem gerar o
desenvolvimento de uma ou mais competências pelo aluno.
Para Perrenoud (1999 apud CAVALCANTI, 2003) competência é a
faculdade de mobilizar e associar um conjunto de recursos ou esquemas mentais
de caráter cognitivo, sócio-afetivo e psicomotor (saberes teóricos e da experiência
26
e a afetividade) com a finalidade de solucionar com eficácia uma série de
situações novas.
Silva (2003) afirma que as competências são estruturas mentais
prévias a desempenhos de diferentes naturezas e não devem ser confundidas
com desempenho. São as competências que geram as ações, não existindo
desempenho sem competências e nem competências sem desempenho. O
conceito de habilidade está ligado a “saber fazer” algo específico, ou seja, esse
conceito está sempre associado a uma ação, física ou mental, indicadora de uma
capacidade adquirida (MORETTO, 2005, p. 19).
Os PCNs sugerem que as práticas pedagógicas do professor devem
estar voltadas para o desenvolvimento de competências através do ensino de
habilidades.
Para que essas práticas possam ter chances reais de sucesso, o
processo ensino-aprendizagem deve aliar-se à interdisciplinaridade e à
transversalidade (BRASIL, 1999).
Segundo Lenoir (2001 apud CAVALCANTI, 2003) a
interdisciplinaridade pode ser uma proposta de aprendizagem muito rica, pois
possibilita que o aluno construa suas respostas aos problemas de forma mais
contextualizada e global, já que a interação que proporciona cria mecanismos
para uma aprendizagem mais significativa.
As modalidades didáticas usadas no ensino das disciplinas científicas
dependem fundamentalmente da concepção de aprendizagem de Ciência
adotada (KRASILCHIK, 2001). Segundo a autora, mesmo após as reformas
educacionais, os currículos tradicionalistas ou racionalistas-acadêmicos ainda
prevalecem no Brasil, assumindo-se assim que o objetivo dos cursos se resume à
transmissão de informações, cabendo ao professor apresentar a matéria de forma
atualizada e organizada, facilitando a aquisição dos conhecimentos.
O conhecimento de Física na escola média ganhou um novo sentido a
partir das diretrizes apresentadas nos PCN. Trata-se de construir uma visão da
Física que esteja voltada para a formação de um cidadão contemporâneo, atuante
27
e solidário, com instrumentos para compreender, intervir e participar na realidade.
Nesse sentido, mesmo os jovens que, após a conclusão do ensino médio não
venham a ter mais qualquer contato escolar com o conhecimento em Física, em
outras instâncias profissionais ou universitárias, ainda assim terão adquirido a
formação necessária para compreender e participar do mundo em que vivem.
A Física deve apresentar-se, portanto, como um conjunto de
competências específicas que permitam perceber e lidar com os fenômenos
naturais e tecnológicos, presentes tanto no cotidiano mais imediato quanto na
compreensão do universo distante, a partir de princípios, leis e modelos por ela
construídos. Isso implica, também, na introdução à linguagem própria, que faz uso
de conceitos e terminologia bem definidos, além de suas formas de expressão,
que envolvem, muitas vezes, tabelas, gráficos ou relações matemáticas. Ao
mesmo tempo, a Física deve vir a ser reconhecida como um processo cuja
construção ocorreu ao longo da história da humanidade, impregnado de
contribuições culturais, econômicas e sociais, que vem resultando no
desenvolvimento de diferentes tecnologias e, por sua vez, por elas impulsionado.
De acordo com os PCNs o ensino de Física deve contribuir para
a formação do cidadão e de uma cultura científica que favoreça a
interpretação dos fenômenos naturais, com o ser humano sendo parte integrante
das natureza.
O PCN de Física apresenta propostas para contornar as situações -
problema existentes, procurando dar ao professor condições de melhorar sua
prática pedagógica. A idéia é que todas as pessoas envolvidas no processo de
ensino de Física possam buscar, por meio destas inovações, meios para um
ensino de melhor qualidade, contribuindo para a formação dos futuros cidadãos
de nosso país, capazes de refletir sobre sua realidade, e de agir para modificá-la,
se necessário, não meros reprodutores de uma realidade pré-definida.
2.3 O ENSINO DE FÍSICA ATRAVÉS DE EXPERIMENTOS E
TECNOLOGIAS
28
A compreensão da linguagem Física se faz cada vez mais necessário,
principalmente porque vivemos em um mundo em constante transformação, e
para que o aluno possa ter condições de emitir um senso crítico, deverá entender
que transformações são essas. Além do mais, o acompanhamento não só dessas
transformações, mas de notícias científicas em geral, pelos mais diversos meios
de comunicação é outra forma desenvolver o interesse dos alunos, provendo-lhes
de condições para identificar o assunto e interpretar seus significados. Mas para
isso, paralelamente devem ser desenvolvidas competências para que os alunos
sejam capazes de avaliar a veracidade das informações.
Por fim, os alunos deverão ter a consciência de que os conceitos
físicos não são absolutos, eles estão em constante processo de mudança, e
fazem parte de uma construção histórica e que leva em consideração a forma de
pensar de cada etapa vivida pela sociedade. Que muito já se descobriu, mas que
muito mais espera por ser desvendado, e que esta função não está destinada
apenas a gênios, mas a pessoas normais, desde que desenvolva suas
capacidades e competências.
Sobre isso, Pena (2007, p.517), escreve que:
O conhecimento histórico incorporado à cultura e integrado como instrumento tecnológico tornou-se indispensável à formação da cidadania contemporânea, tal como a necessidade que o conhecimento físico seja explicado como o processo histórico, objeto de contínua transformação e associado às outras formas de expressão e produção humanas.
A compreensão de que o processo histórico, acima mencionado, está
integrado a condições sociais, políticas e econômicas de uma determinada área
em uma determinada época, é competência essencial para que se possa
estabelecer uma relação entre a Física e as Ciências Humanas
Ricardo et al. (2008) comentam que no ensino por competência, se faz
necessário entender que a relação didática engloba um conjunto de variáveis que
vão além da relação entre professor-aluno e/ou entre aluno-conteúdo. Estas
29
variáveis interagem entre si e ocorrem dentro de um sistema didático mais amplo
que a relação didática, pois ultrapassam a barreira da sala de aula, sofrendo
assim tanto influências internas como externas.
Logo, a realidade fora da sala de aula, quando o aluno não está mais
sobre a tutela do professor, deve ser levada em conta por este último e pela
escola na hora da tomada de decisões, pois também é objetivo, mesmo quando
não está na escola, que o aluno continue aprendendo. Para que isso ocorra,
sugere-se estabelecer inicialmente as competências a serem desenvolvidas na
escola, e só depois escolher os conteúdos e metodologias que irão contribuir para
este fim.
Segundo Bonadiman e Nonenmacher (2007), a experimentação nas
aulas de Física deve se constituir um dos referenciais para o processo de ensino-
aprendizagem, e não apenas ser um mero complemento como é o que ocorre
atualmente. Com o objetivo de oferecer ao aluno boas condições de
aprendizagem, através do uso de experimentos, o professor deve atuar como
agente motivador e articulador das bases de referência sobre a qual se irá
construir o que chama de conhecimento escolar. Essas bases são os saberes do
aluno, o conhecimento da ciência e as idéias produzidas no contexto
experimental.
Por saberes do aluno entende-se toda a carga de conhecimentos que
traz consigo e que adquiriu fora da sala de aula. Estes conhecimentos podem ser
saberes do senso comum ou aqueles que são aceitos pela ciência. Por idéias
produzidas no contexto experimental, é o conhecimento que é produzido pelo
aluno ao manter contato com o experimento tanto em sala de aula como fora da
escola, ou até mesmo por um experimento teórico. O conhecimento da ciência
são os saberes produzidos pelo homem ao longo da história e aceitos pela
comunidade científica. Na junção destas três bases, mediada pelo professor, o
aluno produz o conhecimento dinâmico e que está sempre evoluindo por causa
das interações de suas bases, o que chamamos de conhecimento escolar.
Segundo Bonadiman e Nonenmacher (2007, p.452)
30
Com a experimentação é possível, entre outros, que se veja a Física como uma ciência produzida pelo homem ao longo dos tempos, de forma dinâmica, pois é influenciada pelo contexto social, cultural, político e econômico de cada época; que funciona como um meio de articular as diversas disciplinas superando a fragmentação e linearidade dos conteúdos; que proporciona ao aluno a possibilidade de desenvolver seu senso crítico diante dos problemas que se apresentam em seu cotidiano; que desenvolve sua capacidade de análise de dados e interpretação de resultados facilitando a compreensão dos modelos teóricos e seus significados; que seja dado ao aluno a oportunidade de expor os conhecimentos que adquiriu fora da escola.
O professor, por atuar como mediador deve ter como objetivo que o
conhecimento escolar esteja cada vez mais próximo do conhecimento científico.
Este movimento, por ser resultado de um processo dinâmico de interação entre as
bases do conhecimento, não ocorre de forma linear e nem em um período
determinado de tempo. Porém, durante o experimento, não deve interferir em
demasia na prática dos alunos, apenas tirar possíveis dúvidas sobre a realização
do procedimento e execução da atividade, deve deixar as idéias dos aprendizes
fluírem de forma espontânea, mesmo que não estejam de acordo com o
conhecimento científico, pois o que importa neste momento é a reflexão por parte
dos alunos. Em um momento posterior, todas estas reflexões serão discutidas e
avaliadas por toda a sala.
Marineli e Pacca (2006) lançam uma discussão sociológica sobre
ciência, e a partir desta, tentam explicar as principais dificuldades que os alunos
têm em um laboratório didático de Física, sempre ligando essas dificuldades ao
que os estudantes vivenciam em seu cotidiano.
Observa-se que, com o laboratório, os estudantes interagem com
outros estudantes, professores e o conteúdo, pois ligam um conteúdo teórico a
um referencial empírico, mas apesar do grande número de estudos feitos nesta
prática, não são poucas as dificuldades dos alunos, principalmente relacionadas à
análise dos erros experimentais.
Dessa forma mencionam que a ciência é uma construção de
conhecimentos que ocorre de uma forma mais apurada, usado técnicas diferentes
31
daquelas empregadas no dia-a-dia, o que acaba revelando uma “realidade”
diferente daquela vista pelo senso comum. Desta forma é possível ter diferentes
formas de acesso ao mesmo fenômeno, mas ele só passa a fazer parte da
“realidade” depois que conceitualizado e interpretado.
A “realidade” de algo toma sentido se houver coerência nos seus
elementos, caso contrário haverá dúvidas se será real ou não. A visão que o
senso comum descreve em relação à “realidade” e a ciência trazem
conseqüências negativas para a prática laboratorial, principalmente quando se
referem a: falta de critérios para identificar o que era significativo nos dados; a
vinculação entre o instrumento de medida, operador e objeto medido.
Ricardo et al. (2006) abordam o uso da tecnologia na sala de aula,
destacando sua importância não só como instrumento para despertar o interesse
dos alunos, mas seu senso crítico e assim estarem preparados para lidar com as
novas escolhas que o mundo moderno lhes possibilita.
Mencionam que, a tecnologia tem a função de auxiliar a alfabetização
científica e tecnológica, aproximando a escola do mundo moderno, tendo sua
perspectiva ampliada, onde o status tecnológico de mera aplicação da ciência
muda, possibilitando que o aluno esteja em condições de julgar e mudar as
relações de poder que está nas mãos de quem detém a tecnologia. Daí a
importância do uso da tecnologia não só como uma forma de deixar a aula mais
criativa, mas como uma forma de despertar o senso crítico nos alunos.
A ciência e a tecnologia são atividades próprias dos seres humanos,
não sendo possível fazer uma separação total dos objetivos de uma e de outra,
pois ambas evoluíram tornando complexo a demarcação de seus elementos.
Porém a tecnologia pode ser concebida como o estudo científico do artificial e
está mais preocupada com o projeto de artefatos, desde o planejamento até sua
realização, tudo fundamentado no conhecimento científico, enquanto a ciência
está mais voltada para as coisas naturais. Desta forma, os artefatos são os
produtos finais do processo tecnológico, porém não se pode esquecer que o
desenvolvimento tecnológico depende dos valores humanos, que por sua vez
possui um aspecto organizacional e métodos peculiares.
32
Pires e Veit (2006) abordam o uso de tecnologias de informação (TI) no
ensino de Física, como uma forma de consolidar o conhecimento, aumentando o
tempo de aula e proporcionando maior interação com o computador como
instrumento facilitador.
O uso das tecnologias em sala de aula é uma opção para quebrar o
tradicionalismo e complementar as escassas aulas experimentais, além de
motivar o uso da informática como ferramenta de aprendizagem de Física. Porém
para que tudo isso se torne realidade, é preciso investir mais não só em infra-
estrutura, mais principalmente nos professores.
Barbosa et al. (2006) mostra que é possível usar o computador para
auxiliar a aprendizagem de Física no Ensino Médio. Halloun, citado em Barbosa
et al. (2006), afirma que um bom modelo deve ter simplicidade, precisão e poder
de previsão. Porém para que os modelos se tornem satisfatórios, exigem
complexidade e tratamento matemático sofisticado, o que acaba sendo uma
dificuldade para os professores. Neste sentido, a prática laboratorial é de grande
importância, pois possibilita ao aluno visualizar melhor os limites dos modelos
envolvidos. O computador tem sido usado não só nas práticas laboratoriais, mas
em sala de aula, abordando conteúdos de grande complexidade e que exigem um
tratamento matemático mais amplo.
Veit e Teodoro (2002) mostram as vantagens do uso de softwares
educacionais no ensino de Física, mostrando que eles são a ligação entre o
abstrato e o concreto, possibilitando um ganho considerável no aprendizado.
Nesse contexto acrescenta
Muitas publicações, entre elas as da Revista Brasileira de Ensino de Física, trazem a idéia de que o computador não pode ser usado unicamente para fornecer informações, mais principalmente para auxiliar na construção do conhecimento, porém não se dá a ênfase necessária à modelagem computacional, mesmo esta sendo usada pelo discurso científico que trabalha mais com representações do que com explicações.
33
No tocante a Física, o uso da modelagem contribui consideravelmente
para o alcance dos objetivos propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino Médio que por sua vez orienta que os alunos adquiram
competências e habilidades, ao invés de conteúdos específicos.
O docente também deverá ter o devido cuidado para que a atividade
não se torne apenas uma tarefa realizada mecanicamente, mas que adquira um
significado conceitual concreto, fazendo com que a aprendizagem dos alunos
possa ocorrer através do raciocínio e não através da memorização.
Por isso a reflexão sobre os experimentos realizados, a sua
contextualização e interdisciplinaridade são de suma importância e devem ser
executadas. O aluno deverá ser dado a possibilidade, embora de forma bem
simples, de vivenciar em sala de aula alguns dos procedimentos da ciência.
34
METODOLOGIA
Esta monografia será elaborada através de definições teóricas e
conceituais como instrumento crucial da investigação. O estudo teórico é sua
base de sustentação. Devemos dizer que é imprescindível a definição clara dos
pressupostos teóricos, das categorias e conceitos utilizados de forma sintética.
Teve uma abordagem qualitativa para um conhecimento mais denso no que diz
respeito ao ensino da Física numa perspectiva inovadora e contextualizada.
Segundo Cervo e Bervian, (2005, p. 45) a pesquisa qualitativa permite
ao pesquisador aumentar sua experiência em torno de certo problema. Baseia-se
na premissa de que conhecimentos sobre os indivíduos só são possíveis com a
descrição da experiência humana, tal como ela é vivida e tal como ela é definida
por seus próprios atores (Ruiz, 2004, p. 65).
A redação pressupõe um estilo claro, objetivo, conciso, livre de
hermetismo e excessos verbais, esclarecendo as práticas pedagógicas
inovadoras no Ensino de Física.
Para embasamento teórico desta pesquisa, buscar-se-á leituras em
livros de autores como Fino e Sousa (2004), Papert (1008) que discorrem sobre o
tema inovação pedagógica, bem como Gadotti (2000), relatando a importância do
uso de ferramentas pedagógicas inovadoras, tendo em vista que a escola é um
ambiente que deve ser acolhedor e agradável, assim ao utilizar técnicas que
agradem alunos e professores a escola acaba ganhando seu espaço.
35
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As discussões sobre o processo ensino-aprendizagem em Física,
principalmente no ensino médio, tem sido tema de várias pesquisas nestes
últimos anos. A preocupação central tem estado na identificação do estudante
com o objeto de estudo. Em outras palavras, a questão emergente na
investigação dos pesquisadores está relacionada à busca por um real significado
para o estudo dessa Ciência na educação básica.
O educador não deve ficar restrito às quatro paredes da sala de aula. A
dinâmica do trabalho exige que se estimulem os alunos a querer um ensino mais
baseado em projetos que encaminhem o processo educativo à
interdisciplinaridade, à multidisciplinaridade e à transdisciplinaridade.
Na condição de princípio cientifico, a busca constante da ação-
reflexão-ação apresenta-se como instrumentação teórico-metodológica para
construir o processo de mudança que favorecerá a educação de qualidade. O
sistema de ensino público e privado é o que torna a sociedade capaz de promover
mudanças para um melhor resultado em conjunto. A escola por sua vez tem o
poder ao lado da família, de formar cidadãos. Urge que haja uma cobrança maior
no que diz respeito à educação brasileira, pois são poucas as medidas inovadoras
adotadas, e o sistema educacional de qualidade para todos está estagnado. Toda
a sociedade deve se unir em prol da melhoria da nossa educação.
O ensino de Física tem-se realizado freqüentemente mediante a
apresentação de conceitos, leis e fórmulas, de forma desarticulada, distanciados
do mundo vivido pelos alunos e professores e não só, mas também por isso,
vazios de significado. Privilegia a teoria e a abstração, desde o primeiro momento,
em detrimento de um desenvolvimento gradual da abstração que, pelo menos,
parta da prática e de exemplos concretos. Enfatiza a utilização de fórmulas, em
situações artificiais, desvinculando a linguagem matemática que essas fórmulas
representam de seu significado físico efetivo. Insiste na solução de exercícios
36
repetitivos, pretendendo que o aprendizado ocorra pela automatização ou
memorização e não pela construção do conhecimento através das competências
adquiridas.
Sendo o Ensino Médio um momento particular do desenvolvimento
cognitivo dos jovens, o aprendizado de Física tem características específicas que
podem favorecer uma construção rica em abstrações e generalizações, tanto de
sentido prático como conceitual. Levando-se em conta o momento de
transformações em que vivemos, promover a autonomia para aprender deve ser
preocupação central, já que o saber de futuras profissões pode ainda estar em
gestação, devendo buscar-se competências que possibilitem a independência de
ação e aprendizagem futura.
A metodologia hoje presente em nossas salas de aula também tem
grande contribuição para a aversão que os alunos têm ao conhecimento,
principalmente quando se fala de Física. A forma tradicional de repassar o
conteúdo precisa ser modificada, o aluno tem que deixar de ser elemento passivo
no processo de ensino-aprendizagem para assumir uma postura ativa incluindo-
se nesse processo. Para que isto ocorra é de suma importância o
comprometimento do professor, possibilitando a interação com o aluno.
Tratando mais especificamente quanto à metodologia aplicada ao
ensino de Física, algumas culturas precisam ser modificadas, como o forte apelo
à ferramenta matemática, o que por muitas vezes faz o aluno pensar que Física e
Matemática são matérias semelhantes. O professor também precisa inovar sua
prática, fazendo com que este assuma um sentido na vida do aluno, o que não é
difícil, pelo contrário, a Física está presente na vida do aluno, dentro e fora de
casa, e esta ligação, quando percebida pelo aluno, desperta seu interesse. Outro
elemento que vem a somar é a interdisciplinaridade, pois não existe fato presente
no cotidiano do aluno que contenha apenas elementos de uma disciplina; antes
cada área do conhecimento pode dar a sua contribuição e juntas proporcionar ao
aluno um conhecimento rico e integral.
37
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