O ANTICRISTOO ANTICRISTOO ANTICRISTOO ANTICRISTO UMA VISÃO BÍBLICA, CONFESSIONAL E UMA VISÃO BÍBLICA, CONFESSIONAL E UMA VISÃO BÍBLICA, CONFESSIONAL E UMA VISÃO BÍBLICA, CONFESSIONAL E HISTÓRICAHISTÓRICAHISTÓRICAHISTÓRICA....
Joelson Galvão Pinheiro
Produzido por
Joelson Galvão Pinheiro
Diagramado por
Fabio Martins
Imagem de capa: http://c590298.r98.cf2.rackcdn.com/XEF4_017.JPG
Brasil – 2013
INTRODUÇÃO:
O tema do Anticristo é bastante explorado em nossos dias. Creio que isto seja devido,
especialmente, às novas formas de interpretação de profecias que surgiram na igreja a
partir do século XIX para cá. A grande maioria dos que se autodenominam evangélicos,
abraçaram à doutrina “Dispensacionalista” (ainda que não saibam disto) que é futurista
em sua visão acerca do livro do Apocalipse, e, que, portanto, espera uma figura que virá
num futuro não muito distante para ser o Anticristo.
Mas há também aqueles que são chamados de Preteristas, ou seja, aqueles que adotam
a doutrina Preterista (parcial ou completa) acerca da Escatologia, e, por conseguinte, ao
contrário do Futurismo, afirmam que maior parte das profecias já aconteceram no
passado. Para estes, o Anticristo foi alguma figura do passado, como por exemplo, o
Imperador Nero, ou alguma outra pessoa. E hoje, o Anticristo se refere apenas a qualquer
falso mestre que aparece na igreja ou a qualquer pessoa que se opõe abertamente a
Cristo, e não a certa pessoa ou algo específico.
Cremos que ambas as visões que foram brevemente citadas acima estão incorretas; e
isto tanto do ponto vista Escriturísticos quanto histórico. Mas nosso propósito não é
ficarmos refutando tais posições neste estudo, e sim simplesmente apresentar aquilo que
cremos ser bíblico. Cremos que isto já será o suficiente.
A Confissão de Fé de Westminster afirma no capítulo XXV:
VI. Não há qualquer cabeça da Igreja, exceto o Senhor Jesus Cristo (Cl 1:18; Ef
1:22); o Papa de Roma não pode ser, em qualquer sentido, esta cabeça, pois ele
é o Anticristo, o homem do pecado e filho da perdição que exalta-se a si mesmo
na Igreja, contra Cristo e tudo que seja chamado Deus (Mt 23:8-10; 2Ts 2:3-4,8,9;
Ap 13:6).
Aqui lemos uma declaração direta e objetiva acerca da identidade do Anticristo. A
Confissão afirma que o tal é o Papa de Roma. Será que esta não é uma afirmação
ousada demais? Está a Confissão certa em afirmar que o Papa de Roma é o Anticristo
profetizado nas Escrituras? Os autores da Confissão e os Reformadores criam nisto
somente por terem tido problemas com o Papado, como muitos afirmam? Ou será que
eles criam nisso por uma firme convicção bíblica?
Nosso objetivo, com este breve estudo, é analisarmos as Escrituras para saber se esta
declaração contida na Confissão de Fé é realmente bíblica. Para isto, analisaremos o
seguinte texto bíblico:
“Ora, irmãos, rogamos-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela
nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento,
nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como
de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma
vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se
manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se levanta
contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como
Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. Não vos lembrais de que
estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco? E agora vós sabeis o que
o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da
injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; e
então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca,
e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia
de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira.” (2Ts 2:1-9).
Este texto é o que mais tem sido usado na história da igreja para descrever e expor a
figura do Anticristo. Apesar da palavra “Anticristo” não constar neste texto, é evidente,
pela descrição nele contida, que ele se refere ao Anticristo. No verso quatro lemos que o
Apóstolo fala sobre aquele “que se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus”,
na língua original a expressão “se opõe” é ἀντίκειµαι (antikeimai). Esta figura é, então,
um AntiDeus ou Anticristo.
Analisemos então, neste texto, algumas coisas importantes relacionadas à figura do
Anticristo:
1. O SURGIMENTO DO ANTICRISTO ESTÁ RELACIONADO À APOSTASIA – verso 3:
“Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes
venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição”
Com isso, queremos dizer que o Anticristo, seja quem ele for, não surgiria do meio do
paganismo ou do ateísmo, mas no meio da Igreja Cristã. Não existe apostasia fora do
seio da Igreja.
Nos primeiros dois versos, notamos que o Apóstolo Paulo tinha a preocupação de que os
Tessalonicenses não deveriam ser enganados pensando que o retorno de Cristo estava
para acontecer imediatamente (v.1 e 2), pois havia ainda algumas coisas que deveriam
acontecer antes da vinda de Cristo. Uma das coisas era a apostasia que faria com que o
“homem do pecado” surgisse. Portanto, o Apóstolo Paulo não cria numa vinda imediata de
Cristo que poderia acontecer a qualquer momento, pois, segundo ele mesmo, ainda
haveria coisas para acontecer.
Há também outros textos bíblicos que comprovam que o Anticristianismo está relacionado
à apostasia. Em 1Jo 2:18,19 lemos:
“Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também
agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última
hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam
conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós” (1 Jo
2:18-19).
A expressão “a última hora” aqui, se refere a toda era do Novo Testamento desde a
primeira vinda de Cristo até Sua volta (Hb 1:1-2; 1Co 10:11; At 2:16,17). O Apóstolo João,
para indicar que estamos vivendo sob “os últimos dias” ou “a última hora”, nos informa
acerca dos muitos anticristos que têm surgido como precursores do Anticristo. E ele
afirma que tais anticristos são apóstatas, pois “saíram de nós”, diz ele.
Em Apocalipse 19:7,8 e 21:2 lemos que a Igreja de Cristo é descrita como uma mulher
fiel e uma santa cidade. Enquanto o anticristianismo, ou aquilo que se opõe a fé dos
santos, é descrito como uma mulher e como uma cidade, porém não fiel nem santa (Ap
17:1; Ap 17:4-6).
“Portanto, tanto a igreja quanto o anticristianismo são descritos como uma mulher
e uma cidade, mas de caráter completamente oposto. Há semelhança na forma,
mas naturezas opostas. Isto indica que o anticristianismo é uma forma falsa de
Cristianismo e uma falsa igreja. Devemos pensar no Anticristo em termos de
Cristianismo apóstata ao invés de uma oposição abertamente ateísta ou pagã”
(David Silversides).1
Notemos também a expressão “filho de perdição”. Vemos esta expressão sendo aplicada
a uma pessoa: a Judas, o traidor (Jo 17:12). Judas era o falso discípulo. Aquele fingiu ser
discípulo de Cristo até traí-lo com um beijo. Ele era um apóstata. Isto também nos indica
que o Anticristo é um apóstata.
Com isso, já podemos concluir que o Anticristo não pode ser uma figura que
simplesmente se opõe a Cristo. Mas ele o faz apostatando da fé. Portanto, o Anticristo
não é uma figura que surge do ateísmo ou paganismo para se opor a Cristo, mas é algo
ou alguém que sai do meio da Igreja Cristã, ou seja, um apóstata. Alguém que diz
abertamente ser Cristão, quando de fato não é.
Já podemos dizer, pelo menos por enquanto, que o Papado se encaixa nesta
característica que vemos neste texto bíblico. Pois este afirma ser Cristão desde quando
ele surgiu na história, mas ensina e propaga um falso evangelho que anula a obra de
Cristo.
1 The Anticrhist: A Biblical and Confessional View, p. 4, David Silversides.
2. SEU PROPÓSITO É SE OPOR A DEUS E A CRISTO - v. 4:
“O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora”.
2.1. Ele faz isto se opondo e se exaltando contra tudo que se chama Deus.
Com isto entendemos que ele não apenas se opõe diretamente a Deus, mas a tudo que
está relacionado com as coisas de Deus.
2.2.1. Ele se exalta contra as coisas de Deus em geral
Isso quer dizer que ele se opõe a Cristo, o Filho de Deus, sendo assim o Anticristo. Ele se
opõe ao Espírito Santo de Deus, pois o Este é o verdadeiro substituto de Cristo na terra
(Jo 14:16-18; Jo 16:7), portanto ele também toma o lugar do Espírito de Deus.
O Anticristo também se opõe ao verdadeiro evangelho de Deus; ele faz isto se tornando
um falso mestre pregando um falso evangelho. Pregando por exemplo, um evangelho de
salvação por obras, negando assim a obra que Cristo realizou em Sua carne por nós (1Jo
4:3; Ef 2:8).
Ele também se opõe ao povo de Deus. Ele assim o faz perseguindo e procurando destruir
os santos (Ap 17:6; Dn 7:212).
2.2.2. Ele se exalta sobre o poder do Magistrado Civil
E ele ainda se exalta contra as coisas que são chamadas “Deus”. Nas Escrituras, lemos
que algumas coisas são chamadas de “Deus”, além do próprio Deus. Lemos nas
Escrituras, por exemplo, que o Magistrado Civil é chamado de “deuses” no Salmo 82:1,6.
Ainda que em sua natureza eles sejam apenas humanos, eles têm uma autoridade e
domínio sobre as outras pessoas, e, neste sentido, são chamados de deuses. Isso quer
dizer que o Anticristo se exaltará sobre os poderes civis das nações. 3
A história comprova que é isto que o Papado vem fazendo ao longo da história. E ainda
hoje ele procura influenciar as grandes autoridades de muitas nações. Isto é afirmado
quando um novo Papa surge:
2 Posteriormente notaremos que este pequeno chifre de Daniel 7 é o Anticristo.
3 Podemos encontrar esta interpretação nos comentários de John Gill, Matthew Henry, Matthew Poole, nos sermões
de Thomas Manton sobre o texto em consideração, e etc.
“Quando o papa é coroado hoje, é com estas palavras: ‘Receba tua Tiara.
Adornada com três coroas, e saiba que tu és o pai de Reis e de Príncipes,
Governador do Mundo, e Vigário de Cristo na terra, a quem seja honra e glória para
sempre”. 4
2.2.3. Ele se exalta sobre os anjos de Deus
Também lemos que os anjos, nas Escrituras, também são chamados de deuses (Salmo
8:5 – a palavra “anjos” no original é “Elohim” que pode ser traduzido por anjos, juízes,
deuses, etc). O Anticristo também se exaltará sobre os anjos. Os Papas afirmam também
que têm poder sobre os anjos:
“O Papa Clemente VI proclamou um Jubileu e prometeu perdão de pecados que
deveria vir de Roma; e em sua bula para isto, diz que: ‘Se qualquer um que
confessou, mas morreu pelo caminho, ele deve ser livre de todos os seus pecados;
e nós ordenarmos os anjos que eles tirem tal alma do purgatório inteiramente
absolvida, e introduzida na glória do paraíso.” (John Gill).
2.2. Ele se opõe a Cristo tomando o lugar de Cristo - v. 4:
“de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer
Deus”.
2.2.1. A preposição grega “anti”.
A preposição “anti” na língua original não apenas significa oposição, mas também
significa “em lugar de”. Em (Mt 2:22) e em (Lc 11:11) lemos:
“E, ouvindo que Arquelau reinava na Judéia em lugar de Herodes, seu pai, receou
ir para lá; mas avisado em sonhos, por divina revelação, foi para as partes da
Galiléia.” (Mt 2:22)
“E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou,
também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente?” (Lc 11:11)
Em Mateus 2:22, a expressão “em lugar de”, no texto original em grego, é a palavra
“ἀντί” (anti). É o mesmo caso com a palavra “por” [peixe uma serpente], em Lucas 11:11.
A palavra “anti” é usada em ambos os textos no sentido de substituição.
4Citação retirada do texto que se encontra no seguinte link: http://www.iphr.org.br/2009/02/o-papa-e-o-anticristo/
O Apóstolo Paulo, no texto que estamos considerando, diz que o “homem do pecado” e o
“filho da perdição” se oporá a Deus tomando o lugar de Deus, ou seja, substituindo a
Deus, pois ele se assentará no templo de Deus, querendo ser Deus.
2.2.2. Os termos usados
Vemos também que o Apóstolo parece relacionar ao Anticristo, alguns termos importantes
que são, geralmente, usados em relação à Cristo:
A) Revelado – “e então será revelado o iníquo” (v.8). Esta palavra (revelado) é a
palavra grega ἀποκαλύπτω (apocalupto), que significa revelação (no sentido de
mostrar algo que estava oculto). Nesta mesma carta, no capítulo anterior, esta
palavra é aplicada a Cristo (1Ts 1:7). A palavra ἀποκάλυψις (apocalipsis) –
“manifestado” em português - é derivada da palavra que acabamos de mencionar
acima.
B) Vinda – “A esse cuja vinda...” (v.9). A palavra grega é παρουσία (parousia). A
mesma usada é usada aplicada a Cristo no verso 8 desta passagem que estamos
considerando (2Ts 2:8).
C) Mistério – “Porque já o mistério da injustiça opera”. Esta palavra é usada no
Novo Testamento para descrever o misterioso plano de Deus em salvar pecadores
por meio de Cristo. Tal plano ficaria completamente desconhecido aos homens se
o próprio Deus não o revelasse (1Tm 3:16; Ef 3:3-9; Rm 11:25; 1Co 15:51).
D) Sinais e prodígios – “com todo o poder, sinais e prodígios...”. Estas expressões
também são aplicadas a Cristo (At 2:22). A diferença é que os “sinais e prodígios”
do Anticristo são de mentira, ou seja, ele afirma ter este poder, mas não é
exatamente igual ao de Cristo.
Com isto percebemos que estes termos indicam que o desígnio de Satanás é substituir a
Cristo usando este homem do pecado.
2.2.3. A palavra “templo”
É importante notarmos que a palavra “templo” usada no texto, é também usada para
descrever o “Santo Lugar”, mas também é usada para descrever o povo de Deus (Ef 2:21-
22; 2Co 6:16). Isso significa que ele surgiria no meio do povo de Deus como resultado de
uma apostasia declarando-se o grande líder e Cabeça da Igreja, substituindo assim,
aquele é o verdadeiro Cabeça da Igreja: Cristo.
O Papa de Roma afirma que ele mesmo é o Vigário de Cristo na terra, ou seja, o Seu
substituto com toda a Sua glória, poder e autoridade. Ele afirma ter poder para perdoar
pecados e para salvar ou condenar almas:
“No décimo quarto século Bonifácio declarou: Aquilo que foi falado a respeito de
Cristo, que todas as coisas sejam sujeitas aos seus pés… deve ser dito da mesma
forma a meu respeito. Eu tenho a autoridade de Rei dos reis, eu sou tudo em todos
e sobre todos, assim que Deus, Ele mesmo e eu, o Vigário de Deus, temos um só
consistório (autoridade), e eu sou capaz de fazer quase tudo que Deus pode fazer.
O que podem me considerar senão Deus?”5
“No século XVII (1644) um cardeal se dirigiu ao recém eleito Papa Inocente X:
‘Santíssimo e abençoado Pai, Cabeça da Igreja, Governador do Mundo, a quem as
chaves do Reino dos céus foram entregues, a quem os anjos nos céus
reverenciam, e a que as portas do inferno temem, a quem todo o mundo adora, nós
especialmente veneramos, cultuamos e te adoramos, e nos entregamos com tudo
que nos pertence ao teu dispor, paternal e divino.” O que mais poderia ser dito que
considere o papa um Deus?’”6
“No século XIX, durante o Concílio Vaticano (1870) que pronunciou o dogma de
que os papas são infalíveis, proclamou: ‘O Papa é Cristo em ofício, Cristo em
jurisdição e poder… nós nos inclinamos diante de tua voz, ó Piedoso, com diante
da voz de Cristo, o Deus da verdade; em nos unirmos a ti, estamos unidos a
Cristo.’”7
“No século XX (1922) Pio XI declarou: ‘Vós sabeis que eu sou o Santo Padre, o
representante de Deus na terra, o Vigário de Cristo, o que significa que eu sou
Deus na terra.’”8
Nós declaramos, nós proclamamos, nós definimos que é absolutamente necessário
para a salvação que cada criatura humana esteja sujeito ao Pontífice Romano”.
(Papa Boniface VIII, Bula Unam Sanctam).9
5 Idem
6 Idem
7 Idem
8 Idem
9 http://www.montfort.org.br/old/documentos/unamsanctam.html
A única coisa que precisamos fazer é ouvir aquilo que Papa diz de si mesmo! Nunca
houve em toda a história da humanidade alguém que reivindicasse ser o substituto de
Cristo na terra, o Cabeça da Igreja, sendo Deus mesmo que deve ser adorado por todos,
senão o Papa de Roma.
3. O ANTICRISTO NÃO É UMA SIMPLES PESSOA, MAS UMA DINASTIA (v. 5-8).
3.1. Algo detinha o surgimento do Anticristo (v.6,7).
“Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco? E agora
vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o
mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado”
O Apóstolo Paulo afirma que havia ensinado isto pessoalmente aos irmãos de
Tessalônica (v.5) e, portanto, eles sabiam o que estava detendo o surgimento do
Anticristo (v.6), apesar de que o ministério dele já estava sendo operado (v.7; 1Jo 4:3).
Mas então nos perguntamos: o que ou quem estava detendo o surgimento do Anticristo,
de acordo com Paulo?
De acordo com antigos comentaristas das Escrituras10, aquilo que detinha era algo (“o
que” – v.6) e alguém (“um que” – v.7) ao mesmo tempo, e estes dois se referem,
respectivamente, ao império Romano e ao imperador Romano da época do Apóstolo.
Lemos nos primeiros versos de Atos 17, que quando Paulo estava exatamente em
Tessalônica, os Judeus que invejam ele, o denunciaram para as autoridades romanas
dizendo que Paulo ensinava que havia outro Rei (o Senhor Jesus), no lugar de César, o
Imperador Romano. Portanto, Paulo não poderia dizer abertamente numa carta pública
para os Tessalonicenses, o que e quem estava detendo a vinda do Anticristo, mas eles já
sabiam quem era.
Vejamos o que diz Jerônimo e Tertuliano:
“Jerônimo (347-420a.d): “Diz o apóstolo Paulo em sua segunda carta aos
Tessalonicenses, a menos que o Império Romano seja primeiro desolado, e o
anticristo se manifeste, Cristo não virá”11
“Tertuliano (155-222a.d.) Comentando 2 Tess. 2:7 e a revelação do Anticristo:
‘Que obstáculo há para que o estado Romano divido e fragmentado em dez reinos,
introduza o Anticristo em suas próprias ruínas?’” (A divisão do Império Romano
não havia ainda completado até 476a.d.)12
10
Por exemplo: Matthew Henry, Matthew Poole, John Gill, etc. 11
Idem a nota 2. 12
Idem
Vejamos também o que diz Thomas Manton (1620-1677):
“Mas o que era este impedimento? Os antigos, de uma maneira geral,
determinaram que era o império Romano; para Tertuliano, era o império de Roma,
que se dividiria em dez reinos; e a razão mostra isto, porque o homem do pecado
não poderia surgir em sua grandeza enquanto o império Romano estivesse de pé.
Por que? Porque aquele que era para se exaltar sobre tudo que se chama Deus, e
sobre tudo que é augusto, não poderia trazer seus desígnios à tona enquanto o
império Romano mantivesse sua majestade; mas uma vez que este foi eclipsado e
removido, seria, então, revelado em seu tempo: todas as coisas têm seu tempo, e
também o homem do pecado. Então, era o império Romano que impedia a
manifestação do Anticristo (...). O trono do Anticristo deveria ser onde estava o
trono do império Romano; e São João nos diz que este estava situado na cidade
que tem sete montes: “As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher
está assentada” (Ap 17:9). E esta é Roma, que famosamente se sabe que está
fundamentada sobre sete montes ou sete colinas. O Anticristo não teria lugar
enquanto este assento estava preenchido pelo Imperador Romano, pois este
assento não poderia ser preenchido por dois poderes imperiais de uma só vez,
especialmente por tal poder tirânico como é o do Anticristo, exaltando-se não
somente sobre Reis e Reinos, mas sobre o augusto estado dos próprios
imperadores (...) Enquanto o imperador possuiu Roma, o trono estava ocupado, e
até que este não estivesse vazio, não poderia ser ocupado pelo Anticristo. (...) E
isto aconteceu quando o império Romano foi dividido em dez Reinos, como
Tertuliano disse, e isto concorda com a profecia de São João, Apocalipse 17:12: “E
os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas
receberão poder como reis por uma hora, juntamente com a besta.”. (Thomas
Manton, Eighteen Sermons on 2Thessalonians Chapter Two, Fifth Sermon).
Concordando com este raciocínio, o trono que se levantaria em Roma, seria também uma
dinastia que duraria muito tempo. Também vemos que o Anticristo é uma dinastia em
Daniel capítulo 7. Neste capítulo, que é a descrição da visão que Daniel teve de três
animais (leão, urso, leopardo) e um quarto que era o mais terrível. Estes quatro animais
representam reis e reinos (v. 17). Muitos estudiosos se referem a estes animais como os
quatro grandes reinos ou impérios da Babilônia, Medo-Persa, Grego e Romano.
O quarto animal, de acordo com o texto, possui dez chifres e mais um que sobe do meio
dos dez (v.7 e 8). Os dez chifres são dez reinos (v.24), ou seja, uma dinastia, mas o verso
17 fala que os animais formam apenas quatro reinos. Isso quer dizer que na verdade,
estes quatro reinos, são formados por dinastias com vários reis emergindo cada um em
seu tempo.
Porém, o pequeno chifre mencionado no verso 8, age de maneira diferente dos outros
chifres:
A) Ele fará guerra aos santos (v.21) – se oporá ao povo de Deus que é verdadeiramente
fiel ao evangelho de Cristo. Ele os perseguirá e prevalecerá por algum tempo.
B) Ele se oporá ao Altíssimo (v.25) – ele se oporá ao Senhor falando palavras contra o
Altíssimo.
C) Ele mudará tempos e leis (v.25) – ele criará novas leis e decretos para serem
obedecidos.
D) Ele será destruído pelo povo do Altíssimo (v.26) – ele será destruído pelo povo de
Deus e ele será desfeito até o fim.
Com isto vemos que as expressões reis e reinos são também aplicadas a ele como
também podemos ver em Dn 11:36:
“E este rei fará conforme a sua vontade, e levantar-se-á, e engrandecer-se-á sobre
todo deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas, e será próspero,
até que a ira se complete; porque aquilo que está determinado será feito”
(Dn 11:36).13
E no verso seguinte, vemos, inclusive, uma menção ao celibato (como em 1Tm 4:1-3):
“E não terá respeito ao Deus de seus pais, nem terá respeito ao amor das
mulheres, nem a deus algum, porque sobre tudo se engrandecerá.” (Dn 11:37)
A expressão “respeito ao amor das mulheres” é traduzida na King James, por exemplo,
por “não terá desejo por mulheres”.
13
Alguns comentaristas afirmam que o texto se refere a Antíoco Epifânio. Mas John Gill, por exemplo, afirma que ele
era um tipo do Anticristo, o mesmo que o pequeno chifre mencionado em Daniel 7.
3.2. A destruição do Anticristo (v.8)
3.2.1.O Anticristo será destruído pelo assopro da boca de Cristo.
O Apóstolo Paulo afirma que o Anticristo será destruído pelo assopro da boca de Cristo. O
que isto significa? O Apóstolo Paulo tem em mente Isaías 11:4:
“Mas julgará com justiça aos pobres, e repreenderá com eqüidade aos mansos da
terra; e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios
matará ao ímpio” (Is 11:4).
João Calvino em Isaías 11:4 diz: “quando o profeta diz ‘pelo sopro de sua boca’,
isto não deve ser limitado à pessoa de Cristo, pois isto se refere à Palavra que é
pregada por Seus ministros’”.14 Sobre 2Ts 2:8, Calvino diz: “O Anticristo será
reduzido à nada pela Palavra de Deus”.15
A palavra “assopro”, no verso 8, é palavra πνεῦµα (pneuma) no grego, que pode ser
traduzida por Espírito16 (Gn 2:7; Sl 33:6; Jo 20:22). O Espírito que procede do Pai e do
Filho é Quem concede a Palavra de Deus que é inspirada por Ele mesmo.
John Gill comentando esta passagem afirma:
“(...) Por Seu Espírito significa Seu evangelho; as Escrituras em geral são o sopro
de Deus, sendo divinamente inspirada por Ele, e a espada do Espírito, a espada de
dois gumes da lei e do evangelho, que procede da boca de Cristo. O evangelho
contém as palavras de Cristo que são espírito e vida (...)”.
Também vemos nas Escrituras que aquilo que sai da boca de Cristo é a Sua Espada, que
é a Sua Palavra:
“E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de
dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece.” (Ap
1:16).
“E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele
chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram
como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um
nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo. E estava vestido de uma veste
14
Citado por David Silversides, em The Antichrist, Biblical and Confessional View. 15
Idem 16
Como na King James.
salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus. E
seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino,
branco e puro. E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as
nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do
vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso.” (Ap 19:11-15).
“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada
alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e
medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” (Hb
4:12).
Com estas evidências Escriturísticas, podemos afirmar que há uma forte relação entre a
Palavra de Deus com o Espírito de Deus (que é o “sopro” de Deus) como sendo a
Espada de que sai da boca de Cristo. É com esta espada que Ele destruirá o Anticristo.
Esta visão também é consistente com outras passagens das Escrituras onde lemos que o
Anticristo será destruído e consumido por Cristo, mas com a instrumentalização do povo
de Deus por meio do Evangelho sendo pregado. Veja, por exemplo, Dn 7:25,26 e Ap
14:6-8.
3.2.2. O Anticristo será destruído pelo esplendor da vinda de Cristo.
Tem havido divergência em muitos estudiosos com a expressão “esplendor da sua vinda”.
A questão principal está na palavra “esplendor” ἐπιφάνεια (epiphanea) que significa
“aparecimento” ou “aparição” e aparece somente seis vezes no Novo Testamento e
somente nas cartas pastorais com exceção de 2Ts 2:8 (a passagem que estamos
considerando). Em algumas destas passagens, esta palavra se refere a segunda vinda de
Cristo (1Tm 6:14; 2 Tm 4:1; 2Tm 4:8; Tt 2:13). Mas também é usada em 2 Tm 1:10 com
referência a primeira vinda de Cristo.
Então, o Apóstolo está falando acerca do “Aparecimento da Sua vinda”, esta expressão
não é usada em nenhum outro lugar das Escrituras. Com isto, muitos podem interpretar
esta expressão como a segunda vinda de Cristo, quando ele destruirá totalmente o
Anticristo. Porém, ao afirmar isto, ao mesmo tempo está sendo dito que o Anticristo ficará
mantido de pé até o último dia quando Cristo voltar ou que a apostasia final (o pouco de
tempo de satanás em Apocalipse 20) será um retorno do Anticristo.
Contudo, o texto de Daniel diz que os santos o desfarão até o fim pela pregação do
Evangelho, como já vimos. E quando a Escritura se refere a “vinda do Senhor”, nem
sempre ela está relacionada com o dia do juízo final (Hb 3:3-15; Mq 1:3-5; Is 63:1-3).
Lemos que a passagem de Apocalipse capítulo 19 fala sobre a vinda de Cristo, de
maneira não corporal, para destruir a besta e o falso profeta com a Espada de Sua boca,
e, depois disto, satanás é preso, começa os milênio, e após este, o pouco de tempo de
satanás, e somente depois o juízo final (Apocalipse 20).
Levando em consideração estas e outras passagens das Escrituras, sou mais inclinado a
crer que a expressão “esplendor da sua vinda” seja um paralelismo com o “sopro da
sua boca”.
Mas também queremos dizer que tudo isto indica que o Anticristo não é apenas uma
simples indivíduo, mas uma sucessão de pessoas, uma dinastia que duraria até o fim da
era do Novo Testamento, quando as promessas do avanço do evangelho começarem a
se cumprir.
4. O TESTEMUNHO DA HISTÓRIA
Os homens mais piedosos e eminentes da história da Igreja Cristã foram unânimes em
declarar que o papado de Roma era o Anticristo. 17O número de citações confirmando isto
é grande demais para colocarmos num breve estudo como este.18
Lutero (1483-1546). Numa carta a George Spalatin, um Reformador Alemão e
amigo, em 1520: “Eu estou extremamente aflito em minha mente. Eu não tenho
mais dúvida de que o papa é realmente o anticristo. As vidas e as conversas dos
papas, suas ações, seus decretos, tudo aponta para a descrição que as Escrituras
fazem dele.”
Calvino (1509-1564): “Daniel (Dn 9:27) e Paulo (2Ts 2:4) predizem que o
Anticristo se assentaria no Templo de Deus. Entre nós, é o Pontífice Romano que
fazemos líder e representante legítimo deste iníquo e abominável reino.”
Thomas Cranmer (1489-1556) (Por ocasião do seu martírio): “E quanto ao papa,
Eu o abomino como inimigo de Cristo, e anticristo, com todas as suas falsas
doutrinas”
John Knox (1514-1572): (Ao Deão Annan, um Romanista, em 1547): “Quanto à
sua Igreja Romana, encontra-se corrompida…Eu não tenho mais dúvida, quanto a
ela ser Sinagoga de Satanás, e aquele que se intitula cabeça dela, o papa, o
homem do pecado de que o apóstolo Paulo falou, do que eu duvido que Jesus
Cristo sofreu só para adquirir a igreja visível de Jerusalém”
Matthew Poole (1624-1679): “Vou falar ousadamente: ou não há anticristo, ou o
bispo de Roma é ele”
Matthew Henry (1662-1714): “O anticristo aqui mencionado é alguém usurpador
da autoridade de Deus na Igreja Cristã e que reivindica honra divina; e a quem isto
melhor se aplica além do bispo de Roma, a quem os títulos mais blasfemos têm
sido dado…?”
17
As citações abaixo também foram retiradas do seguinte texto: http://www.iphr.org.br/2009/02/o-papa-e-o-
anticristo/ 18
Veja, por exemplo, uma lista de cerca de 90 homens eminentes do passado que disseram que o papado de Roma
era o Anticristo no seguinte link (obs: não conheço todo o conteúdo deste site, portanto não posso recomendá-lo
como boa fonte de estudos): http://www.remnantofgod.org/4fathers.htm
Charles H. Spurgeon (1834-1892): “É responsabilidade e dever de todo cristão
orar contra o Anticristo, e o quem seria este anticristo, ninguém em sã consciência
ousa questionar. Se não é o papado na Igreja de Roma, não há nada neste mundo
que possa ser chamado como tal. Se temos um aviso sobre o Anticristo,
deveríamos ter esta igreja em suspeição,… pelo fato de corresponder tão
exatamente à descrição”
“Então têm sido provado que este Anticristo é o maior e mais cruel inimigo que a
Igreja de Cristo jamais teve, e está de acordo com a descrição dada acerca da
Igreja de Roma: ‘E vi que a mulher estava embriagada com o sangue dos santos, e
do sangue das testemunhas de Jesus’ (Apocalipse 17:6). Assim, o diabo e seu
grande ministro, o Anticristo, iraram-se com violência e crueldade contra a Igreja
de Cristo! E, deste modo, a prostituta da Babilônia se embriagou com o sangue
dos santos e mártires de Jesus.” (Jonathan Edwards).19
Outras citações dos reformadores podem ser vistas no seguinte endereço:
http://iprbsp.wordpress.com/category/anticristo/
19
History of Redemption, Jonathan Edwards, 1793, p. 452, 460)
5. CONCLUSÃO
Concluiremos este estudo fazendo algumas considerações:
1. Esta doutrina é de suma importância. Alguns objetam dizendo que os Reformadores e
Os Puritanos eram homens de sua época que tiveram problemas com o Papado que os
perseguiu e os matou, portanto, tudo isto influenciou o pensamento deles. Porém, se
negarmos este fato, ficará provado que nós somos aqueles que são influenciados por
nosso presente contexto. Pois hoje vemos que Papado não está fazendo explicitamente
tudo aquilo que ele fez nos séculos 16 e 17, e isto, faz com que concluamos que Papado
não é o Anticristo, enquanto os Reformadores e Puritanos o viram como ele realmente é.
2. Professar Catolicismo Romano é professar Anticristianismo. Portanto, deve ser
rejeitada toda e qualquer ideia de ecumenismo religioso com o Catolicismo Romano.
Aqueles que professam o Catolicismo Romano devem ser vistos como pessoas que
necessitam de salvação e que precisam ouvir o evangelho de Cristo, e não como irmãos e
irmãs que possuem uma diferente visão acerca da fé Cristã.
3. Todas as Igrejas que possuem práticas cada vez mais próximas do Catolicismo
Romano, devem ser consideradas como Igrejas filhas da grande prostituta e Igrejas que
estão indo para o lado do Anticristo. Muitas Igrejas chamadas evangélicas têm adotado
práticas semelhantes ao do Catolicismo Romano, tais como sucessão apostólica,
elementos cerimoniais no culto, forma de governo episcopal, continuacionismo, etc.
4. O dever do verdadeiro Cristão, diante desta doutrina, é orar ao Senhor para que o
Anticristo seja destruído. Nossos pais na fé oravam constante e publicamente pela queda
do Anticristo. Quando oramos pedindo ao Senhor que o Seu Reino venha, também
devemos ter em mente que estamos Lhe pedindo a destruição do reino de satanás. A
glória de Cristo está em jogo, portanto devemos pedir ao Senhor que Cristo seja
engrandecido e glorificado.
BIBLIOGRAFIA
SILVERSIDES, David. The Antichrist: A Biblical and Confessional View. 1 ed. Glasgow:
The James Begg Society, 2002.
MANTON, Thomas. Eighteen Sermons on 2Thessalonians Chapter Two. Disponível em:
http://www.puritansermons.com/manton/mantonindex.htm
HENRY, Matthew. Commentary on The Whole Bible.
GILL, John. Exposition of The Bible.
Sermões em audio sobre o assunto:
Rev. Stephen Hamilton – Antichrist: the Pope? The Historic Protestant View
http://www.sermonaudio.com/sermoninfo.asp?SID=112801223644
Rev. David Silversides – The Identity of the Antichrist
http://www.sermonaudio.com/sermoninfo.asp?SID=1170494544
Rev. Steven Dilday – Many Antichrists? (Part 1) – Ver também as outras partes.
http://www.sermonaudio.com/sermoninfo.asp?SID=4712173348
Muitos outros sermões podem ser encontrados em:
http://www.sermonaudio.com/search.asp?currpage=2&keyword=Antichrist&keywordDesc=
Antichrist&AudioOnly=false&sortby=downloads