Neurose ObsessivaAlexandre Monteiro, Ana Dulce Dourado, Géssica Oliveira, José
Walter Monteiro, Priscila Cathlen, Raedja Guimarães e Viviane
Ferreira.
Caso Clínico
FREUD, S. Notas sobre um caso de neurose obsessiva (1909) In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, vol. 10. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
Início do Tratamento O tratamento desse caso, por Freud,
começou em 1º de outubro de 1907. O tratamento durou mais de onze meses;
Os principais aspectos do seu distúrbio:
Medo de que algo pusesse acontecer a duas pessoas de quem ele gostava muito : seu pai e uma dama a quem admirava ;
Impulsos compulsivos, tais como, o impulso de cortar a garganta com uma lâmina;
Criou proibições, às vezes, em conexão com coisas um tanto sem importância.
Sexualidade Infantil Sua vida sexual começou muito cedo;
Fräulein Peter e Fräulein Lina: governantas, com as quais teve as primeiras curiosidades sobre o corpo feminino;
Quando tinha seis anos de idade já sofria de ereções, e tinha o pressentimento de que havia alguma conexão entre esse assunto e suas ideia e indagações.
Relação com o Pai
- Considerava que o pai era o melhor amigo;
- Vontade de proteção;
AMOR ÓDIO
- Desejos pela morte do pai;
- Interferência nos relacionamentos amorosos;
FREUD, S. Notas sobre um caso de neurose obsessiva (1909) In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, vol. 10. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
Relação com o Pai- Aos seis anos foi repreendido pelo pai por
conduta relacionada com a masturbação:
- O paciente é tomado de fúria quando o pai o castiga por uma travessura no período que coincidia com a doença fatal de uma irmã mais velha;
- É castigado por ter mordido alguém.
Perturbador do gozo sexual
FREUD, S. Notas sobre um caso de neurose obsessiva (1909) In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, vol. 10. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
Relação com o Pai
“... Seu curioso comportamento numa vez em que ele estudava para um exame e brincava com sua fantasia favorita de que seu pai ainda estava vivo e a qualquer momento poderia aparecer.” (FREUD 1909)
- Expressão do antagonismo na sua relação com o pai:
Amor X ÓdioFREUD, S. Notas sobre um caso de neurose obsessiva (1909) In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, vol. 10. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
Algumas consideraçõesMorte do pai que castra, que impede o gozo;
CONFLITOdúvida
Duração com a vida e a possibilidade de morte das pessoas
Veem a morte como solução para os conflitos
Eles são incapazes de chegar a uma decisão especialmente em matéria de amor
Esforçam-se por protelar qualquer decisão
FREUD, S. Notas sobre um caso de neurose obsessiva (1909) In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, vol. 10. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
Definição de Neurose Obsessiva
Manifesta-se pelos sintomas compulsivos e pensamentos ruminativos;
O sintoma encontra-se no nível dos pensamentos;
O neurótico obsessivo tende a crer na onipotência de seus pensamentos;
Sentimentos de auto-recriminação e culpa;
As fantasias desempenham um papel predominante;
Caracteriza-se por uma relação com o desejo;
O trauma é acompanhado de prazer;
Perda de realidade e delírios que dificultam a compreensão do seu discurso.
NASCIMENTO, R.M; ASSAD, M.E. O Significante na neurose obsessiva: o sintoma e sua relação com o desejo. Anais do SILEL, Uberlândia, v.1: EDUFU. 2009. Disponível em: <http://www.ileel.ufu.br/anaisdosilel/pt/arquivos/gt_lg12_artigo_8.pdf>.
Estrutura da Neurose Obsessiva
Estrutura: MecanismosA especificidade da Neurose
Obsessiva se dá do ponto de vista: dos mecanismos(1), da vida pulsional (2) e tópico(3);
Dos Mecanismo: deslocamento, isolamento e a anulação retroativa;
Tópico: relação sádica interiorizada.
LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J.B. Vocabulário da psicanálise. 4a. edição. São Paulo, Martins Fontes, 2001.
Vida Pulsional: AmbivalênciaSimultaneidade de tendências, atitudes e de
sentimentos apostas sobre o mesmo objeto, como amor e ódio;
“Nos casos de neurose obsessiva, os sintomas são de tendências contraditórias – ou de natureza negativa, como proibições, penitências, ou satisfações substitutivas, em disfarce simbólico; nesses pacientes, a ambivalência se mostra como um fator fundamental, ou seja, a uma ação determinada, se segue um segundo ato que anula essa primeira ação.” (GIORDANI, 2011)
GIORDANI, J. P. Pensar obsessivo e ambivalência. UFRGS, 2011. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/psicopatologia/wiki/index.php/Pensar_obsessivo_e_ambivalência>. Acesso em: 05 dez.
2013
Ambivalência no Caso Clínico “Ele estava muito agitado com isso, e muito
incrédulo. Queria saber como lhe fora possível ter um desejo desses, considerando que ele amava seu pai mais do que amava qualquer outra pessoa no mundo; não podia haver dúvida de que ele teria renunciado a todas as suas próprias perspectivas de felicidade se, fazendo-o, pudesse ter salvo a vida do pai. – Respondi que exatamente um amor assim intenso era a precondição necessária do ódio reprimido.” (FREUD, 1909, pg. 65)
FREUD, S. Notas sobre um caso de neurose obsessiva (1909) In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, vol. 10. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
Ambivalência no Caso Clínico“Citou um trecho de Nietszche: ‘Eu o fiz’,
diz minha Lembrança. ‘Eu não posso ter feito isto’, diz meu Orgulho, e permanece inexorável.” (FREUD, 1909, pg. 66)
Comentário feito antes de contar a história da espingarda de brinquedo com graveto que quase cega o irmão. Apesar de ama-lo, sentia ciúmes por ser “(...) o mais forte e de melhor aparência entre os dois, e consequentemente o favorito”
FREUD, S. Notas sobre um caso de neurose obsessiva (1909) In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, vol. 10. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
Ambivalência
O Homem dos Ratos. Produção de Bruce Norman. Reino Unido: BBC, 1973. (50 min.). Port. Disponível em: http://youtu.be/FbXHtAyEKNU Acesso em: 30 nov 2013.
Vida Pulsional: Regressão Temporal -> retorno do sujeito a etapas ultrapassadas
do seu desenvolvimento (fase libidinal, relações com objetos, identificações);
Formal -> passagem a modo de expressão e de comportamento de nível inferior do ponto de vista da complexidade, da estruturação e da diferenciação;
“A característica da regressão remete o sujeito ao ponto de fixação sádico-anal que se expressa, sob a forma de intenções agressivas ou destruidoras. Visto que estes impulsos anais e sádicos são intolerantes ao neurótico obsessivo, o sujeito continua a lutar ofensivamente contra os impulsos edipianos.” (FENICHEL, 1981. apud. OLIVEIRA, 2011)
OLIVEIRA, A. S. P. de. Regressão na Neurose Obsessiva. UFRGS, 2011. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/psicopatologia/wiki/index.php/Regress%C3%A3o_na_Neurose_Obsessiva >. Acesso em: 05 dez. 2013
Regressão no Caso Clínico“Ele então disse, embora se considerasse uma pessoa moral, que podia lembra-se, com bastante determinação, de haver feito coisas em sua infância que provinham do seu outro eu (self). – Observei que, aqui, ele havia incidentalmente atingindo uma das principais características do inconsciente, ou seja, a relação deste com o infantil. O inconsciente, expliquei, era o infantil; era aquela parte do seu eu (self) que ficara apertada dele na infância, que não participaria dos estádios posteriores do seu desenvolvimento e que, em consequência, se tomara reprimida.” (FREUD, 1909, pg. 64)
FREUD, S. Notas sobre um caso de neurose obsessiva (1909) In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, vol. 10. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
Fixação na Fase Anal“Segundo Freud (1913) a escolha da fixação da pulsão é decisiva para a escolha da neurose e o obsessivo regride, a posição anal-sádica da libido. Essa regressão constante ocorre, particularmente, no momento de conflito psíquico caracterizado pela ambivalência nas relações com o objeto. Por conseguinte, a presença de idéias dicotômicas se manifestam na constante indecisão, um estado de dúvida que acaba paralisando o sujeito e impedindo-o de fazer escolhas. Ao se tomar uma decisão é preciso suportar a perda de algo e é justamente isso que o obsessivo não consegue suportar. Assim, ele não sustenta uma determinada opção em detrimento de outra, permanecendo em estado de dúvida.” (FERRARI, 2007)FERRARI, C.P. A Neurose Obsessiva: neurose obsessiva e pulsão anal. UFRGS, 2007. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/psicopatologia/neurose_obsessiva/caludia_ferrari.htm>. Acesso em: 05 dez. 2013.
Fixação na Fase Anal“Segundo Lacan (1999), o que caracteriza o sujeito obsessivo é a sua capacidade de pensar, mas com a característica de que ele pensa para si mesmo e para anular o desejo do Outro. Se, na fase oral, a primazia é a do sujeito de ser nutrido pelo Outro, diferentemente, na fase anal, é o sujeito que está sujeitado a demanda do Outro. Assim, a introdução na fase anal ocorre por ser o Outro quem demanda ao sujeito.” (FERRARI, 2007)
FERRARI, C.P. A Neurose Obsessiva: neurose obsessiva e pulsão anal. UFRGS, 2007. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/psicopatologia/neurose_obsessiva/caludia_ferrari.htm>. Acesso em: 05 dez. 2013.
Fixação na Fase Anal“Conforme Bouvet (2005), há duas fases no estágio anal-sádico. Na primeira fase os desejos sádicos destrutivos com intenções de incorporação são predominantes; na segunda é o desejo de posse, de manutenção do objeto, que confere uma satisfação narcisista ao sujeito. Assim, os diferentes desejos expressam o caráter ambivalente tão presente na neurose obsessiva, isto é, a retenção, o amor, e a expulsão, o ódio.” (FERRARI, 2007)
FERRARI, C.P. A Neurose Obsessiva: neurose obsessiva e pulsão anal. UFRGS, 2007. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/psicopatologia/neurose_obsessiva/caludia_ferrari.htm>. Acesso em: 05 dez. 2013.
Fixação na Fase Anal “Para Joel Dor (1991) há uma tendência do
obsessivo em se constituir como tudo para o outro e também de uma forma autoritária tudo controlar e dominar para que o Outro não consiga lhe escapar. Pode-se então fazer uma relação com uma das características do neurótico obsessivo, na qual ele está sempre pedindo explicações e que lhe ordenem sobre aquilo que ele deve fazer. Isso parece uma tentativa de reduzir o misterioso desejo do Outro, pois perguntando ao Outro o que ele deseja que o sujeito faça não precisará pensar no que ele, sujeito, realmente deseja.” (FERRARI, 2007)FERRARI, C.P. A Neurose Obsessiva: neurose obsessiva e pulsão anal. UFRGS, 2007. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/psicopatologia/neurose_obsessiva/caludia_ferrari.htm>. Acesso em: 05 dez. 2013.
Fixação na Fase Anal “Então me contou que estava ciente de haver sentido outros
impulsos vingativos, dessa vez voltado à dama a quem tanto admirava, de cujo caráter ele pintou uma ardente imagem. Podia ser verdade, disse ele, que ela não pudesse amar com facilidade; mas ela estava reservando todo o seu eu (self) para o homem a quem uma dia pertenceria. Ela não o amava. Quando ele tornara sabedor disso, uma fantasia consciente tomara forma em sua meta: de como ele veria a ficar muito rico e casar-se com outra, e então a levaria a visitar a dama, a fim de ferir os sentimentos dela. Entretanto, a essa altura a fantasia frustrara-se, de vez que ele fora obrigado a confessar a si mesmo que a outra mulher, sua esposa, lhe era completamente indiferente; logo, seus pensamentos ficaram confusos, até que lhe nasceu no pensamento a idéia de que essa outra mulher teria de morrer.” (FREUD, 1909, pg. 66-67)
FREUD, S. Notas sobre um caso de neurose obsessiva (1909) In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, vol. 10. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
Fixação da Fase Anal
O Homem dos Ratos. Produção de Bruce Norman. Reino Unido: BBC, 1973. (50 min.). Port. Disponível em: http://youtu.be/FbXHtAyEKNU Acesso em: 30 nov 2013.
Complexo de Édipo3ª. Fase do complexo de Édipo;
Falo está na cultura na simbolização da lei;
Todos são castrados;
“Os pensamentos a respeito da morte de meu pai ocuparam minha mente desde uma idade muito precoce e por um longo período, deprimindo-me enormemente.” (Freud, 1909, p.58)
FREUD, S. Notas sobre um caso de neurose obsessiva (1909) In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, vol. 10. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
Complexo de Édipo
Ódio inconsciente pelo pai, desejo da morte do pai, já que esse foi o impedimento do seu gozo;
Mesmo com a morte do pai, não consegue concretizar seu desejo, pois o pai mantém-se presente como pai simbólico.
FREUD, S. Notas sobre um caso de neurose obsessiva (1909) In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, vol. 10. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
Referências BibliográficasFERRARI, C.P. A Neurose Obsessiva: neurose obsessiva e pulsão anal. UFRGS, 2007. Disponível em: http://www.ufrgs.br/psicopatologia/neurose_obsessiva/caludia_ferrari.htm. Acesso em: 05 dez. 2013. FREUD, S. Notas sobre um caso de neurose obsessiva (1909) In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, vol. 10. Rio de Janeiro: Imago, 1996. GIORDANI, J. P. Pensar obsessivo e ambivalência. UFRGS, 2011. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/psicopatologia/wiki/index.php/Pensar_obsessivo_e_ambivalência>. Acesso em: 05 dez. 2013LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J.B. Vocabulário da psicanálise. 4a. edição. São Paulo, Martins Fontes, 2001.NASCIMENTO, R.M; ASSAD, M.E. O Significante na neurose obsessiva: o sintoma e sua relação com o desejo. Anais do SILEL, Uberlândia, v.1: EDUFU. 2009. Disponível em: <http://www.ileel.ufu.br/anaisdosilel/pt/arquivos/gt_lg12_artigo_8.pdf>. Acesso em: 04 dez. 2013O Homem dos Ratos. Produção de Bruce Norman. Reino Unido: BBC, 1973. DVD (50 min.): DVD. Port. Disponível em: <http://youtu.be/FbXHtAyEKNU> Acesso em: 30 nov. 2013.OLIVEIRA, A. S. P. de. Regressão na Neurose Obsessiva. UFRGS, 2011. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/psicopatologia/wiki/index.php/Regress%C3%A3o_na_Neurose_Obsessiva>. Acesso em: 05 dez. 2013
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