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Volume 16 número 2Novembro 1998

ISSN 0102-0536

SOCIEDADE DEOLERICULTURADO BRASILPresidenteNilton Rocha LealUENF-CCTAVice-PresidenteLuiz Gomes CorreaEMATER-MG1º Secretário

Arlete Marchi T. de MeloIAC

2º SecretárioIniberto HammerschmidtEMATER-PR

1º TesoureiroPedro Henrique MonneratUENF-CCTA

2º TesoureiroOsmar Alves CarrijoEmbrapa Hortaliças

COMISSÃO EDITORIALDA HORTICULTURABRASILEIRAPresidente

Paulo Eduardo de MeloEmbrapa Hortaliças

EditoraAlice M. Quezado SoaresEmbrapa Hortaliças

EditorAntônio T. Amaral Jr.UENF-CCTA

EditorDanilo F. Silva FoINPA

EditorJosé Magno Q. LuzUFU

EditorLuis Antônio B. SallesEmbrapa Clima Temperado

EditorMarcelo Mancuso da CunhaIICA- SRH

EditoraMaria Aparecida N. SediyamaEPAMIG

EditoraMaria do Carmo VieiraUFMS - CEUD - DCA

EditoraMirtes Freitas LimaEmbrapa Semi-Árido

EditorRenato Fernando AmabileEmbrapa Cerrados

EditoraSieglinde BruneEmbrapa Hortaliças

CORRESPONDÊNCIA:Horticultura BrasileiraCaixa Postal 19070.359-970 - Brasília-DFTel.: (061) 385-9000/9066/9051Fax: (061) 556-5744www.hortbras.com.brhortbras@ cnph.embrapa.br

Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

ÍNDICE

CARTA DO EDITOR101

ARTIGO CONVIDADOConsiderações sobre a cultura e processamento do açafrão.A. S. Pereira; P. C. Stringheta. 102Condicionamento osmótico de sementes de hortaliças: potencialidades e implicações.W. M. Nascimento 106

PESQUISACrescimento e produção de híbridos de pepino em função da enxertia.K. A. L. Cañizares; R.Goto. 110Correlações canônicas entre componentes primários e secundários da produção de frutosem pimentão.C. G. P. de Carvalho; V. R. Oliveira; V. W. D. Casali; C. D. Cruz. 113Metodologia para avaliação da resistência de péletes.J. B.C. da Silva; J. Nakagawa. 118Caracterização do melão tipo Galia durante a maturação.J. B. Menezes; A. B. Chitarra; M. I. F.Chitarra; U. O. Bicalho. 123Determinação do nível de dano econômico de tripes em cebola.P. A. S. Gonçalves. 128Impacto da combinação de inseticidas sobre a produção de repolho e parasitóidesassociados com a traça-das-crucíferas. F. H. França; M. A. de Medeiros. 132Qualidade de frutos de tomateiro fertirrigado com potássio em solo coberto compolietileno preto.R. A. Sampaio; P. C. R. Fontes. 136Efeito do ethephon em uma linhagem de abobrinha.A. I. I. Cardoso; N. da Silva; P. T. D. Vecchia. 140Determinação dos teores de nitrogênio na seiva do tomateiro por meio de medidor portátil.T. G. Guimarães; P. C. R. Fontes; P. R. G. Pereira; V. H. Alvarez V.; P. H. Monnerat. 144Confecção e avaliação de péletes de sementes de alface.J. B. C. da Silva; J. Nakagawa. 151Qualidade do melão tipo Galia durante o armazenamento refrigerado.J. B. Menezes; A. B. Chitarra; M. I. F. Chitarra; U. O. Bicalho. 159

PÁGINA DO HORTICULTORQualidade do melão ‘Hy-mark’ em cinco estádios de maturação.R. F. Brasil; E. F. Praça; J. B. Menezes; L. C. Grangeiro; J. G. Júnior; R. E. Alves. 165Rendimento de cultivares de maxixe em função de épocas de plantio.G. M. de Resende 167

INSUMOS E CULTIVARES EM TESTECaracterísticas de repolhos de verão em ecossistema de terra firme do Amazonas.M. O. Cardoso. 172Desempenho de tomates híbridos nas condições de verão, em Areia-PB.A. P. de Oliveira; J. C. de Araújo. 176Desempenho de três cultivares de alface sob cultivo hidropônico.R. M. R. Vaz; A. M. R. Junqueira. 178

NORMAS PARA A PUBLICAÇÃO181

Address:Caixa Postal 07-19070359-970 Brasília-DFTel: (061) 385-9000/9051/9066Fax: (061) [email protected]

Journal of the BrazilianSociety of Vegetable Science

Volume 16 number 2Nov 1998

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

INDEX

EDITOR'S LETTER101

INVITED ARTICLEConsiderations on turmeric culture and processing.A. S. Pereira; P. C. Stringheta. 102Osmoconditioning of vegetable seeds: potentials and effects.W. M. Nascimento 106

RESEARCHCucumber hybrids growth and yield accordingly to grafting.K. A. L. Cañizares; R.Goto. 110Canonical correlations between primary and secondary components of fruit production insweet-pepper.C. G. P. de Carvalho; V. R. Oliveira; V. W. D. Casali; C. D. Cruz. 113Methods to evaluate pellet firmness.J. B.C. da Silva; J. Nakagawa. 118Characterization of ‘Galia’ melon during maturation.J. B. Menezes; A. B. Chitarra; M. I. F.Chitarra; U. O. Bicalho. 123Determination of economic injury level of onion thrips.P. A. S. Gonçalves. 128Efficiency on cabbage production and impact of insecticide mixtures on parasitoids ofdiamondback moth.F. H. França; M. A. de Medeiros. 132Quality of tomato fruits fertigated with potassium in soil with black polyethylene mulch.R. A. Sampaio; P. C. R. Fontes. 136Use of ethephon on a summer squash line.A. I. I. Cardoso; N. da Silva; P. T. D. Vecchia. 140Determination of nitrogen on tomato sap using a portable meter.T. G. Guimarães; P. C. R. Fontes; P. R. G. Pereira; V. H. Alvarez V.; P. H. Monnerat. 144Production and testing of lettuce seed pellets.J. B. C. da Silva; J. Nakagawa. 151Quality of ‘Galia’ type melon during refrigerated storage.J. B. Menezes; A. B. Chitarra; M. I. F.Chitarra; U. O. Bicalho. 159

GROWER'S PAGEQuality of ‘Hy-mark’ melons during different maturation stages.R. F. Brasil; E. F. Praça; J. B. Menezes; L. C. Grangeiro; J. G. Júnior; R. E. Alves. 165Influence of planting dates on indian gherkin cultivar’s yield.G. M. de Resende 167

PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TESTEvaluation of summer cabbages in “terra firme” ecosystem of the Amazon state.M. O. Cardoso. 172Performance of tomatos hybrids during the summer in Areia (Paraíba) conditions.A. P. de Oliveira; J. C. de Araújo. 176Performance of three lettuce cultivars under hydroponic conditions.R. M. R. Vaz; A. M. R. Junqueira. 178

INSTRUCTIONS TO AUTHORS181

101Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

carta do editor

Com este número encerramos o volume 16 da nossa Horticultura Brasileira. Conforme havía-mos prometido no número anterior, fizemos o possível (algumas vezes o impossível também)para colocar a nossa revista em dia e aí está ela, mais uma vez à disposição dos sócios e dosdemais leitores. Aqueles que têm um conhecimento mais profundo dos trâmites editoriais sabemo quão árduo é o caminho até aqui.

Porém, não é apenas o volume 16 que se encerra com êste número da nossa revista. Tambémeu, Paulo Melo, me despeço. A partir do volume 17, a Comissão Editorial de Horticultura Brasi-leira terá um novo presidente, o Dr. Leonardo de Brito Giordano, que dispensa qualquer apre-sentação, estou certo. Os demais membros da Comissão Editorial, que me esforcei muito paraampliar durante os dois anos de presidência, continuarão a dar a sua valorosa e, muitas vezes,pouco reconhecida contribuição ao sucesso da revista. A Comissão Editorial formada nesses doisanos é uma equipe de rara competência que, liderada pelo Dr. Leonardo, estou seguro, saberámanter, e mais, será capaz de melhorar o nível de qualidade gráfica e de conteúdo alcançado pelaHorticultura Brasileira como publicação técnico-científica.

Não posso deixar de agradecer a todos os membros, sem exceção, da Comissão Editorial, quemuito colaboraram nesses dois anos e a quem eu atribuo o sucesso que tivemos, tendo sido publica-dos cinco fascículos. Porem, agradeço de forma especial aos editores Alice Maria Quezado Soares,Mirtes Freitas Lima e Renato Fernando Amabile, que tiveram muito trabalho neste período. Deforma ainda mais especial, o meu sincero e profundo agradecimento aos editores Marcelo Mancusoda Cunha, responsável pelo primor gráfico da nossa revista, cujas capas têm sido sempre motivo deelogios dentro e fora da Sociedade de Olericultura do Brasil, e Sieglinde Brune, incansável colega,tanto no trabalho de editoria, quanto no inestimável auxilio na secretaria e na tesouraria da revista.Sem o trabalho dessas pessoas, não estaríamos, hoje, no volume 16, numero 2.

Para encerrar, gostaria de chamar a atenção dos leitores para a nossa capa. Neste número,juntamente com a Prof. Rumy Goto, a Comissão Editorial está prestando uma merecida homena-gem a um dos mais incansáveis trabalhadores da olericultura brasileira. Com essa capa me despe-ço, realizado, pela missão cumprida; contente, por ter conhecido e trabalhado com pessoas ex-cepcionais, que permitiram que a qualidade da revista fosse mantida e que a sua gestão fossemodernizada; muito grato, por ter tido da Sociedade de Olericultura do Brasil, através da suadiretoria e do apoio dos sócios, essa magnífica oportunidade e, tranqüilo, por poder deixar aHorticultura Brasileira em tão boas mãos!

Paulo E. de Melo

102 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

artigo convidadoPEREIRA, A.S.; STRINGHETA, P.C. Considerações sobre a cultura e processamento do açafrão. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 2, p. 102 -105,

novembro 1998.

Considerações sobre a cultura e processamento do açafrão.

Albano S. Pereira;1 Paulo C. Stringheta2.1Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília - DF; 2UFV - DTA, 36.570-000 Viçosa – MG.

RESUMO

O açafrão (Curcuma longa L.) é amplamente utilizado comocorante natural e condimento, sendo também utilizado como agenteterapêutico nos programas de saúde da Índia. É uma cultura nativado sul da Ásia, sendo muito cultivado na Índia, China, IlhasCaribenhas e América do Sul. Nesta revisão se apresentam os prin-cipais usos do açafrão como corante natural para alimentos, dadosda planta, composição química e pigmentos presentes no rizoma,toxicologia, processamento, estabilidade, métodos de análise, ex-tração dos pigmentos e usos comerciais.

Palavras-chave: Curcuma longa L., curcumina, pigmentos,corantes naturais.

ABSTRACT

Considerations on turmeric culture and processing.Turmeric (Curcuma longa L.) is widely used as a natural food

colorant and spice, and as a therapeutic in Indian medicine systems.The plant is native in southern Asia, China, the Caribbean Islands,and South America. A review of turmeric used as a natural colorantfor food is presented. Data related to plants, chemical compositionand pigments of rhizome, toxicology, processing, pigmentsextraction, stability, analytical methods for the evaluation of turmeric,and commercial use are included.

Keywords: Curcuma longa L., curcuma, pigments, naturalcolorants.

(Aceito para publicação em 08 de junho de 1998)

ASPECTOS CULTURAIS

A cúrcuma é o rizoma limpo, emboas condições, seco e moído da

Curcuma longa L., uma planta herbá-cea da família Zingiberaceae, originá-ria do sul da Índia e muito cultivada naChina, Kuwait, Índia, Indonésia e SriLanka. Sua raiz é grossa e redonda comraízes laterais chamadas ‘dedos’. Apre-senta a vantagem de não exigir tratosculturais especiais, desenvolvendo-sebem em diversas condições tropicais,em altitudes que variam do nível do mara 1.500 metros e a temperaturas de 20 a30oC. Seu ciclo vegetativo varia de setea nove meses e sua propagação se dápela divisão das raízes. A planta podeatingir até 1 m de altura e a colheita éfeita quando as folhas tornam-se ama-relas. Os rizomas são retirados da terra,lavados e secos para serem processados(Govindarajan, 1980).

A Índia é o principal produtor mun-dial, com uma produtividade média de22 toneladas de rizomas por hectare.Possui diversas cultivares, dentre elas acultivar Alleppey com uma média de 7%de curcumina. No Brasil, a cúrcuma é

mais cultivada em Goiás, Mato Grossoe São Paulo, com produtividade médiade 8 a 12 toneladas de rizomas por hec-tare, com teores médios de curcuminade 3,5% (Oliveira et al., 1992).

UTILIZAÇÃO

Dependendo da cultivar, a cúrcumapode apresentar cor que varia do amare-lo-brilhante ao laranja-escuro. As culti-vares de cor amarelo-brilhante são apre-ciadas nos Estados Unidos em formula-ções de picles e pastas de mostarda. Já ascultivares de cor laranja-escuro são pre-feridas pelos indianos e asiáticos em pra-tos típicos (Viasan et al., 1989).

Atualmente são três os produtos decúrcuma disponíveis comercialmente: opó de cúrcuma, a oleoresina de cúrcumae o extrato de curcumina. O pó decúrcuma, que consiste em raízes secase moídas contendo cor e aroma, é umcomponente indispensável ao ‘curry’indiano. É também utilizado em pastasde mostarda e em condimentos. Nessasaplicações o aroma característico dacúrcuma é desejável.

A oleoresina da cúrcuma é obtida porextração com solventes do pó decúrcuma, com rendimento de cerca de

12%. Apresenta teores de 30 a 40% depigmentos expressos em curcumina e deóleo volátil entre 15 e 25%. É um pro-duto altamente viscoso e de cor marromalaranjada. Entretanto, quando diluídoa níveis de uso, obtém-se cor amarelabrilhante. Apresenta o aroma caracterís-tico da cúrcuma in natura, pungente ede sabor amargo. A função predominan-te é colorir. É largamente utilizada empicles, maionese, mostarda, revestimen-to de filés de peixe congelado, produtoscárneos, massas alimentícias, sucos,gelatinas, queijos e manteiga (Santos &Oliveira, 1991).

O extrato de curcumina purificado é ocorante sem aroma ou sabor residual, con-centrado, obtido por extração comsolventes do pó de cúrcuma seco. Em al-guns produtos alimentícios como bebidas,gelatinas, queijos, sorvetes, produtos deconfeitaria e manteiga, o aroma dacúrcuma é indesejável sendo preferívelutilizar a curcumina purificada (Freund etal., 1988; Santos & Oliveira, 1991).

A cúrcuma pode ser aplicada comopossível substituto da tartrazina, em ní-veis de 0,002 a 0,1%, ou ainda combi-nada à páprica em muitos queijos pro-cessados e em produtos à base de gor-

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dura. A cúrcuma tem sido utilizada paratemperar aves, frutos do mar e arroz ecomo corante e flavorizante em picles(Freund et al., 1988; Milan, 1992).

Os rizomas da cúrcuma também têmsido utilizados como repelente de inse-tos na Índia e no Paquistão, assim acúrcuma em pó é comumente misturadaao arroz para protegê-lo contra insetosnestes países. A ação repelente dacúrcuma tem sido atribuída às turmeronase andarturmeronas presentes no seu óleoessencial que é odorífero e pungente (Suet al., 1982). A cúrcuma tem sido am-plamente utilizada na medicina indianadevido a seus efeitos antiinflamatório,antiartrítico, regulador das funçõesbiliares e redutor dos níveis de coles-terol, como remédio caseiro, como esti-mulante ou carminativo, por curardispepsia e flatulência, ou, ainda,afecções de pele devido às impurezasdo sangue. Os rizomas têm sido empre-gados, na forma de pasta para curar con-tusões, inflamações de juntas e arra-nhões (Subba Rao et al., 1970;Sambaiah et al., 1982).

Os extratos da cúrcuma demonstra-ram efeitos antiinflamatórios em estu-dos de inflamação induzida. Inibiramedemas causados por carragenana eformalina, de modo similar ao efeito dacortisona. Os extratos etéreos mostraramatividade antiinflamatória e reduziram osníveis de histamina em 50%, redução estacomparável ao efeito da hidrocortisona(Arora et al., 1971). Atividades antimi-crobiana e antiprotozoária foram de-monstradas pelos extratos da cúrcuma eseus componentes inibindo o crescimentoda maioria dos organismos emcolecistites. Enquanto os curcuminóidesforam bacteriostáticos contraStaphylococcus. Os óleos essenciaisapresentaram atividades bactericida efungistática. O extrato alcoólico tambémexibiu atividade antiprotozoária eantimicrobiana (Lutomski et al., 1974;Ramprasad & Sirsi, 1994).

COMPOSIÇÃO QUÍMICA EPIGMENTOS PRESENTES

A cúrcuma contém em média 1,8 a5,4% de pigmentos responsáveis pelacor amarela; 1,0 a 5,0% de óleo essen-cial; 25,0 a 50,0% de amido; 4,0 a 10,0%de proteínas; 2,0 a 7,0% de fibras e 3,0a 7,0% de cinzas. O conteúdo dessescomponentes varia em função da culti-

var, local de plantio, práticas agrícolas,uso de fertilizantes e maturidade dosrizomas. O teor de amido possivelmen-te se relaciona ao grau de maturação. Acúrcuma é a fonte natural mais rica emcurcumina, contendo cerca de 2,5% des-se pigmento.(Krishnamurthy et al., 1975;Mangalakumari & Mathews, 1988).

A curcumina é um pó cristalino, ama-relo, inodoro, pertencente à classediferoluilmetano e de fórmula empíricaC

21H

20O

6. A cúrcuma contém além da

curcumina outros dois pigmentos,desmetoxicurcumina e bisdesmetoxi-curcumina, que podem ser separados porcromatografia em coluna utilizando sílicagel como fase estacionária e benzeno emetanol (80:20) como fase móvel. Essesconstituintes reagem de maneira similarà curcumina com cloreto férrico e outrosreagentes, sendo análogos estruturalmen-te. A curcumina possui dois gruposmetoxila, a desmetoxicurcumina um e abisdesmetoxicurcumina nenhum. Essespigmentos apresentam ponto de fusão de184, 173 e 224oC, absorção molar máxi-ma de 429, 424 e 419 nm, respectivamen-te. Apresentam fluorescência amarela sobluz ultravioleta e o espectro defluorescência apresenta excitação a 434nm e emissão a 520 nm. (Krishnamurthyet al., 1976; Govindarajan, 1980;Bhavanishankar & Sreenivasa Murthy,1987; Verghese, 1989).

O óleo essencial obtido pela destila-ção da cúrcuma em pó varia de amarelopálido a alaranjado, com odor residual dosrizomas da cúrcuma. O aroma da cúrcumaé devido a cetonas sesquiterpênicas for-madas por aproximadamente 59% de ar-turmerona, dehidroturmerona eturmerona, numa proporção de 40 e 60%,respectivamente. O óleo essencial dacúrcuma contém a-d-felandreno (1%), d-sabineno (0,6%), ceneole (1%), borneol(0,5%), zingibereno (25%), turmeronas(58%). A cúrcuma contem ainda cerca de6% de álcool sesquiterpênico(Krishnamurthy et al., 1976).

TOXICOLOGIA

A cúrcuma e seus derivados, quandoadicionados diretamente a culturas decélulas de hamsters e ratos, promoverammitose e alterações morfológicas decromossomos sugerindo interferência naprogressão do ciclo das células. Esta ten-dência, entretanto, não foi observada invivo (Bhavanishankar et al., 1986).

Estudos toxicológicos de dietas diá-rias contendo 500 mg de cúrcuma e 50mg de seu extrato alcoólico por kg depeso corpóreo, foram feitos em macacose ratos por nove a doze meses, respecti-vamente. Avaliações do crescimento, uti-lização dos alimentos e calorias, peso dosórgãos e análises de componentes do san-gue e da urina não indicaram diferençasignificativa entre os tratamentos e o con-trole (Bhavanishankar et al., 1986).

Estudos desenvolvidos porBhavanishankar & Sreenivasa Murthy(1987) em grupos de ratos submetidosa dietas diárias contendo 500 mg decúrcuma e 60 mg de seu extrato alcoó-lico por kg de peso corpóreo, por trêsgerações, mostraram não haver diferen-ças significativas nos índices de fertili-dade, gestação, variabilidade, lactaçãoe na média do número de filhotes vivosentre os tratamentos e o controle.

Estudos com porcos submetidos adietas diárias contendo 60, 296 e 1551mg de oleoresina de cúrcuma por kg depeso corpóreo, por quinze semanas,mostraram que o grupo que recebeu dosemais alta apresentou redução significa-tiva no ganho de peso e na eficiência deconversão dos alimentos. Para todos osníveis foram observados aumentos sig-nificativos no tamanho do fígado e datireóide (Bille et al., 1985).

A FAO/WHO aprovou a cúrcuma ea curcumina como corante em alimen-tos, estabelecendo Ingestões DiáriasAceitáveis (IDA) de 2,5 e de 0,1 mg/kgde peso corpóreo, respectivamente.

PROCESSAMENTO

A colheita dos rizomas da cúrcumaé feita manual ou mecanicamente quan-do a parte aérea da planta começa a se-car, geralmente sete a oito meses pós-plantio. Após o corte das folhas e docaule, os rizomas são retirados da terrae lavados com água (Govindarajan,1980; Oliveira et al., 1992).

A cura, que consiste em um proces-so de cozimento dos rizomas, facilita oprocesso de secagem, por promover agelatinização do amido e a difusão dospigmentos uniformizando a cor do pro-duto. Alguns sais alcalinos, como o car-bonato de sódio, têm sido adicionadosà água de cocção, a níveis de 0,05 a0,1%, com o objetivo de intensificar acor (Govindarajan, 1980).

A secagem dos rizomas é feita geral-mente ao sol. O material cozido é espa-

PEREIRA, A.S.; STRINGHETA, P.C. Considerações sobre a cultura e processamento do açafrão.

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lhado em áreas cimentadas ou de terrabatida. De tempos em tempos os rizomassão revolvidos para se garantir a unifor-midade do processo. A secagem é lenta,dez a quinze dias, e os rizomas ficam ade-quadamente secos quando se apresentamduros e quebradiços. Processos de seca-gem utilizando secadores com circulaçãode ar promovem a secagem dos rizomasfrescos em 75 horas e dos rizomas cura-dos em 48 horas à temperaturas médiasde 65 a 68oC (Govindarajan, 1980; Oli-veira et al., l992).

O processo de cura tem sido contro-verso, uma vez que pode levar a uma per-da de substâncias voláteis. Estudos maisdetalhados foram feitos na Índia porKrishnamurthy et al. (1975). Amostrassubmetidas à cocção a 80oC, por 30 mi-nutos a três horas e ao vapor d’água por20 minutos, descascadas ou fatiadas napresença de carbonato de sódio 0,1%, fo-ram comparadas a amostras não tratadas.Dois processos de secagem foram utili-zados: ao sol e em secador com circula-ção de ar. As características utilizadaspara efeito de comparação foram os teo-res de umidade, óleo essencial e pigmen-tos. Os resultados obtidos confirmaramas observações anteriores de que a curareduz o tempo de secagem, tanto ao solcomo no secador. Não ocorreram dife-renças significativa entre os teores depigmentos e óleo essencial. O fatiamentoforneceu um produto com teor de umi-dade mais baixo, o que é favorável paraobtenção do pó da cúrcuma e curcumina.O processo de cura quando utilizado como objetivo de diminuir o tempo de seca-gem e fornecer um produto de melhoraparência é desejável, sendo dispensadoquando o objetivo é a obtenção daoleoresina (Govindarajan, 1980).

A cúrcuma, como outras especiarias,encontra-se disponível comercialmentenas formas de rizomas secos, pó decúrcuma e como oleoresina. Os rizomassecos e inteiros são estocados em sacosde polietileno duplos. O pó de cúrcumaé empacotado a granel em recipientes defibra de vidro ou de metal para evitar aperda da cor, óleos essenciais, substân-cias voláteis e absorção de umidade. Novarejo o pó de cúrcuma é encontrado emembalagens de vidro ou plásticas. Aoleoresina é estocada em recipientes depoliolefinas, ao abrigo da luz e do calor(Souza, 1993).

EXTRAÇÃO

A oleoresina é obtida do pó decúrcuma por extração com solventes. Aescolha destes solventes está condicio-nada à sua pureza e à permissão de usopara fins alimentícios pela legislaçãovigente a nível nacional e internacional.A eficiência da extração, facilidade eeconomia na recuperação do solvente,de modo a deixar níveis residuais míni-mos no produto final, também são leva-das em conta (Martins, 1994). Álcooletílico e acetona têm sido indicadoscomo bons solventes. A acetona apre-senta alguns problemas com relação àinflamabilidade e alto custo de recupe-ração, entretanto tem sido o solventemais utilizado. O uso de dicloro etilenotem a vantagem de ser mais seletivo,imiscível em água, não inflamável eapresentar ponto de ebulição relativa-mente baixo, porém suas impurezas po-dem causar problemas de off-flavor(Govindarajan, 1980; Martins, 1994).

Krishnamurthy et al. (1976) estuda-ram processos de extração doscurcuminóides com acetona, etanol edicloro etileno. A extração com acetonaem extrator Soxhlet por quatro a cincohoras apresentou-se mais eficiente do queo etanol e o dicloro etileno, fornecendoum produto contendo 42% decurcuminóides,. Estes autores estudaramtambém o tamanho das partículas, 30 a60 mesh, e o efeito da temperatura deextração. Observaram que a produção deoleoresina e a eficiência da extração, tan-to a quente (Soxhlet) como a frio(percolação) foram maiores quando aspartículas tinham tamanhos menores. Ospigmentos compõem cerca de 33% deuma boa oleoresina. Para o uso comer-cial a oleoresina é misturada a um veícu-lo ou solubilizada com propilenoglicol,polissorbatos ou óleo vegetal para tornaro manuseio mais fácil (Milan, 1992).

Em alguns alimentos o aroma e o sa-bor amargo da cúrcuma são indesejáveis,devido à presença de substâncias volá-teis e não voláteis que só são removidasdos pigmentos mediante cristalização.Solventes seletivos como o hexano têmsido usados para retirada dos óleos es-senciais que arrastam as substâncias res-ponsáveis pelo aroma e sabor indesejá-veis. Assim, o hexano tem sido sugeridopara remover o princípio amargo dacúrcuma sem afetar o conteúdo decurcuminóides (Govindarajan, 1980).

Um processo para isolar curcuminada cúrcuma pela extração com ossolventes: hexano, heptano ou éter depetróleo, seguido de uma nova extraçãocom metanol, isopropanol removendoos solventes utilizados foi patenteadapor Goldscher (1993). Como acurcumina é insolúvel em água e éter, esolúvel em etanol e ácido acético glacial,uma maneira eficiente de se isolar oscurcuminóides, seria extraí-los dacúrcuma em pó com etanol a quente,lavar com éter de petróleo e cristalizar(Govindarajan, 1980). Um outro méto-do de extração da curcumina do pó decúrcuma, capaz de extrair as substân-cias voláteis com vapor d’água, extra-ção do pigmento com etanol, tratamen-to com éter de petróleo e cristalizaçãoproposto por Zhang & Yang (1988), per-mite obter 5 kg de curcumina, para cada100 kg de cúrcuma em pó. Para os mes-mos autores o óleo essencial pode serextraído utilizando-se solventes seleti-vos como hexano ou éter de petróleo,podendo ainda ser empregada a destila-ção por arraste de vapor. Os pigmentose óleo essencial da cúrcuma são está-veis à temperatura moderada e seuprocessamento não afeta muito essescomponentes como ocorre com a pimen-ta e o gengibre onde há perda de subs-tâncias voláteis.

A influência da luz, oxigênio e pH naestabilidade dos três maiores constituin-tes do pigmento da cúrcuma foi inves-tigada por Price & Buescher (1992). Elesobservaram que a estabilidade na presen-ça de luz e ar foi, em ordem decrescente:curcumina, desmetoxicurcumina ebisdesmetoxicurcumina. A cinética dedegradação desses pigmentos devido àfotoxidação foi de primeira ordem. Veri-ficaram ainda que, em atmosfera de ni-trogênio, a desmetoxicurcumina foi amais estável. Com relação à influênciado pH, foi constatado que abisdesmetoxicurcumina apresentou maiorestabilidade em meio alcalino seguida dadesmetoxicurcumina e curcumina. Umainstabilidade maior foi detectada na fai-xa de pH de 9 a 11. Segundo os autores,a degradação dos curcuminóides emmeio alcalino foi de pseudo primeira or-dem e a curcumina exibe baixa estabili-dade à luz e às condições alcalinas.

Soluções aquosas de oleoresina decúrcuma contendo 1,20 a 1,46 mg/ml decurcumina foram utilizadas por Rusig& Martins (1992) para determinar os

PEREIRA, A.S.; STRINGHETA, P.C. Considerações sobre a cultura e processamento do açafrão.

105Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

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MÉTODOS DE ANÁLISE

O método mais utilizado na quan-tificação dos pigmentos da cúrcuma(curcuminóides expressos emcurcumina) é o espectrofotométrico.Neste métodos os pigmentos são extraí-dos com etanol absoluto, o extrato é fil-trado em placa porosa no 2, transferidoquantitativamente para um balão de 100ml e diluído adequadamente para leitu-ra em espectrofotômetro no visível a 425nm Takahashi & Yabiku (1992). Para sequantificar os pigmentos presentes nacúrcuma isoladamente, pode-se utilizara cromatografia em coluna,cromatografia em camada delgada -TLC e cromatografia líquida de alta efi-ciência - HPLC (Tonnesen & Karlsen,1983; Diaz & Peinado, 1992).

Krishnamurthy et al., (1976) reco-mendaram o uso da cromatografia emcamada delgada com sílica gel - TLCpara separar os pigmentos da cúrcuma.A quantificação, neste caso, é muitodemorada pois é acompanhada da ras-pagem da mancha, redissolução,centrifugação ou filtração e medida daabsorbância a 425 nm.

Um método mais rápido para sepa-ração dos pigmentos da cúrcuma con-siste em utilizar a cromatografia líqui-da de alta eficiência - HPLC com umdetetor de fluorescência como descritopor Tonnesen & Karlsen (1983). Estametodologia oferece solução a proble-mas de decomposição fotoquímica eoxidativa. A decomposição fotoquímicaé eliminada pois a separação ocorre emcolunas de aço inoxidável. A decompo-sição oxidativa é minimizada pois a se-paração ocorre com relativa rapidez e ooxigênio da fase móvel é removido pordegaseificação. Rouseff (1988) utilizoucoluna C

18 de fase reversa como fase

estacionária pois os pigmentos decúrcuma são razoavelmente hidrofóbicose são retidos na fase não polar. A faseágua tetrahidrofurano na proporção de58:42 em fluxo isocrático de 1 ml/minpossibilitou excelente resolução dos pi-cos com um tempo de separação de 10

min. O detetor utilizado foi do tipo fluo-rescente. A determinação quantitativa doóleo essencial é feita por destilação pelométodo Clevenger (AOAC, 1984). Aidentificação dos componentes é feita porcromatografia gasosa e o resultado é ex-presso em ml/100 g de amostra seca.

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Condicionamento osmótico de sementes de hortaliças: potencialidades eimplicações.

Warley M. Nascimento 1Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília - DF.

RESUMO

O estabelecimento rápido e uniforme das plântulas no campo éum pré-requisito fundamental para se alcançar um bom estande e seter garantia da produtividade e qualidade do produto colhido. Dentreos diferentes tipos de tratamento de sementes, o condicionamentoosmótico vem sendo utilizado, principalmente em sementes de horta-liças e flores, com o objetivo de melhorar a velocidade de germina-ção, a uniformidade das plântulas e algumas vezes a percentagem degerminação, especialmente em condições edafo-climáticas adversas.Aspectos relacionados com esta técnica, seus efeitos e possibilidadespara futura pesquisa e desenvolvimento são discutidos.

Palavras-chave: tratamento de sementes, estabelecimento deplântulas, qualidade de sementes, germinação.

ABSTRACT

Osmoconditioning of vegetable seeds: potentials and effects.Rapid and uniform emergence are two important aspects to

achieve good stand establishment and to increase yield and qualityof harvested crops. Seed priming has become a common seedtreatment to enhance stand establishment, especially in vegetableand flower seeds. Aspects related to seed priming and its effects andpossibilities for future research and development are discussed.

Keywords: seed priming, seed enhancements, stand establishment,seed quality, germination.

(Aceito para publicação em 30 de setembro de 1998)

A produção de sementes de alta qua-lidade (genética, fisiológica, física

ou sanitária) é um dos principais desa-fios para a pesquisa e para os produto-res de sementes. O estabelecimento rá-pido e uniforme das plântulas no cam-po é um pré-requisito fundamental parase alcançar um bom estande e se ter ga-rantia da produtividade e qualidade doproduto colhido. As sementes, duranteo período de emergência, são normal-mente expostas a diferentes condiçõesedafo-climáticas, sobre as quais o pro-dutor nem sempre tem total controle. Aqualidade da semente é particularmen-te crítica quando são utilizadas novascultivares ou híbridos, onde o alto cus-to da mesma enfatiza a necessidade demelhores técnicas para se obter uma me-lhor emergência de cada semente. As-sim, diferentes tipos de tratamento desementes tem sido desenvolvidos, den-tre eles, o condicionamento osmótico,que consiste de uma hidratação contro-lada das sementes, suficiente para pro-mover atividade pré-metabólica, semcontudo permitir a emissão da radícula

(Heydecker et al., 1973). Em geral, otratamento consiste em embeber as se-mentes em uma solução osmótica porum determinado período de tempo e fa-zer em seguida uma secagem das mes-mas para o grau original de umidade.Isto torna este tratamento vantajoso,uma vez que as sementes podem sermanuseadas e/ou armazenadas. A pos-sibilidade de armazenar as sementes emescala comercial por determinado perí-odo após o tratamento, sem a perda dobenefício do mesmo, constitui fato al-tamente desejável.

O condicionamento osmótico temsido utilizado principalmente em semen-tes de hortaliças e flores, com o objeti-vo de melhorar a velocidade de germi-nação, a uniformidade das plântulas ealgumas vezes a percentagem de germi-nação, especialmente em condiçõesedafo-climáticas adversas (Bradford,1986; Khan, 1992; Parera & Cantliffe,1994). Entretanto, a utilização comer-cial desta técnica e consequentemente adisponibilidade de sementes condicio-nadas para os produtores é ainda relati-

vamente baixa, mesmo nos países de-senvolvidos, como os EUA. Uma dasrazões para o uso infrequente destas se-mentes é a inconsistência dos resulta-dos obtidos pela pesquisa. A respostaobtida pelo tratamento tem variado en-tre espécies, cultivares e mesmo entrelotes de uma mesma espécie/cultivar.Em adição, algumas mudanças morfoló-gicas, fisiológicas e bioquímicas queocorrem nas sementes, decorrentes dotratamento, não estão totalmente eluci-dadas e ainda se tem pouco conhecimen-to de como estas mudanças contribuempara os benefícios desta técnica. Sempretender esgotar o assunto2, o objetivodeste artigo foi revisar a técnica do con-dicionamento osmótico e considerar al-guns aspectos práticos da mesma.

FATORES AFETANDO OCONDICIONAMENTO

OSMÓTICO

Vários fatores afetam a técnica docondicionamento osmótico, dentre eles,o tipo de solução osmótica, potencial

1 Eng. Agr., MSc., em curso de doutorado na University of Florida, Horticultural Sciences Department, PO Box 110690, Gainesville FL, USA.2 Para informações adicionais veja Khan, 1992; Parera & Cantliffe, 1994; Pill, 1995 e Bray, 1995.

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osmótico, temperatura, período deembebição, aeração, luz, lavação e fi-nalmente a secagem das sementes (Khanet al., 1979; Brocklehurst & Dearman,1984; Furutani et al., 1986; Dearman etal., 1987; Murray, 1989; Smith & Cobb,1991; Bujalski et al., 1993; Bradford &Haigh, 1994; Perez-Garcia et al., 1995).Um grande número de produtos quími-cos tem sido utilizado no condiciona-mento osmótico, como polietileno glicol(PEG), KNO

3, K

3PO

4, KH

2PO

4, MgSO

4,

MnSO4, MgCl

2, NaCl, NaNO

3, manitol,

glicerol, e outros. Todos estes compos-tos tem sido utilizados para ajustar opotencial osmótico da solução, o qualtem variado de -0,5 a - 2,0 MPa. A tem-peratura geralmente é aquela utilizadapara a germinação das sementes, isto é,com algumas excessões, entre 15 e25°C. Com respeito à duração daembebição, 2 a 21 dias tem sido o perí-odo requerido, variando é claro, com aespécie, temperatura e outros fatores.Para a maioria das espécies, a aeraçãoda solução é importante, uma vez queadequado suprimento de oxigênio deveestar disponível durante o processo degerminação das sementes. A luz tam-bém pode afetar o tratamento; em geralas sementes que necessitam de luz paragerminar, a requerem também durantea embebição. Finalmente, a secagem dassementes após o período de embebiçãomerece atenção, devendo ser lenta.

Um outro fator que poderá afe-tar a resposta do tratamento é a qualida-de da semente. Existe na literatura con-trovérsia com respeito ao mérito do tra-tamento e o vigor das sementes. Tem-sesugerido o uso de sementes de alto vi-gor como pré-requisito para se obter umbom resultado (Parera & Cantliffe,1994). Entretanto, o condicionamentoosmótico tem “revigorado” certos lotesde sementes de baixa qualidade fisioló-gica (Szafirowska et al., 1981). Semen-tes isentas de microorganismos tambémdevem ser preferencialmente utilizadaspara se obter bons resultados, uma vezque as condições estabelecidas duranteo condicionamento contribuem para aproliferação de fungos e bactérias(Biniek & Tylkowska, 1987; Nascimen-to & West, 1997). Neste sentido, a adi-ção prévia de fungicidas às sementes oudurante a embebição das mesmas tor-na-se uma prática recomendável

(Bujalski et al., 1989; Finch-Savage etal., 1991).

EFEITOS BENÉFICOS DOCONDICIONAMENTO

OSMÓTICO

Diversos benefícios do condiciona-mento osmótico têm sido relatados. Umdeles é a maior probabilidade de se ob-ter uma melhor emergência, particular-mente em condições de estresse, comodéficit hídrico ou temperatura inadequa-da (Eira, 1988). Sabe-se que a tempera-tura exerce um importante papel duran-te a germinação das sementes. Depen-dendo da espécie, cultivar ou lote, tem-peraturas muito baixas ou muito altasafetarão a germinação. Tem-se observa-do um melhor desempenho das semen-tes condicionadas em temperaturas sub-ou super-ótimas para diferentes espéci-es, como aipo (Parera et al., 1993), al-face (Guedes & Cantliffe, 1980), alho-porró (Corbineau et al., 1994), beterra-ba (Khan et al., 1983), brássicas (Raoet al., 1987), cenoura (Cantliffe &Elballa, 1994), espinafre (Atherton &Faroque, 1983), melancia (Sacchs,1977), melão (Bradford et al., 1988),milho-doce (Bennett & Waters, 1987),pimenta (Rivas et al., 1984), tomate (Aliet al., 1990), dentre outras. Especial-mente em alface, tem-se obtido exce-lentes resultados em relação à termo-inibição e/ou termo-dormência atravésdo condicionamento osmótico (Cantliffeet al., 1981; Valdes et al., 1985). Maio-res uniformidades de germinação eemergência também têm sido observa-das em sementes condicionadas. A exe-cução dos tratos culturais e da colheitasão facilitados; além do que, um esta-belecimento mais rápido de plântulas nocampo implicará em um menor ciclo dacultura, menor risco, melhor controle deplantas daninhas e uma melhor eficiên-cia de irrigação.

Salinidade é outro fator que tem setornado limitante para a produção agrí-cola, especialmente em regiões áridas ousemi-áridas. Assim, sementes condicio-nadas tem contribuido para melhorar aemergência das plântulas em solos comalta concentração salina (Cano et al.,1991; Pill et al., 1991). A germinação dassementes e a emergência das plântulas

podem ser marcadamente reduzidas pelaação de microorganismos, especialmen-te fungos dos gêneros Pythium,Phytophthora, Rhizoctonia, e Fusarium(Agrios, 1988). Sementes condicionadastêm sido utilizadas para minimizar o efei-to destes microorganismos, reduzindoassim a incidência de “damping-off”(Taylor et al.,1985; Osburn & Schroth,1989; Rush, 1991). Problemas relacio-nados com a aderência do tegumento (tes-ta) aos cotiledones durante a emergênciatambém têm sido minimizados pelo con-dicionamento osmótico (Nascimento &West, 1998a).

Como mencionado anteriormente, ocondicionamento osmótico promoveuma maior rapidez na emergência dasplântulas, que consequentemente pode-rá influenciar o desenvolvimentovegetativo. Tem-se sugerido que o perí-odo para a maturação e colheita de algu-mas olerícolas pode ser influenciado pelotempo gasto por ocasião da germinaçãoe emergência (Currah, 1978). Entretan-to, se esta rápida emergência proporcio-nada pelo condicionamento osmótico éacompanhada pela taxa de crescimentodas plântulas, maturidade e finalmenteprodutividade é uma questão ainda nãototalmente elucidada. Estudos relaciona-dos com o desenvolvimento de plântulasapós o condicionamento osmótico têmsido realizados em diferentes espécies,como alface (Wurr & Fellows, 1984),brócolos (Jett & Welbaum, 1992),coentro (Pill, 1986), melão (Nascimento& West, 1998b), pimentão (Stoffella etal, 1992), tomate (Odell & Cantliffe,1986), dentre outras. Com relação à pro-dutividade, não se tem observado respos-ta positiva ao tratamento em alface (Seale& Cantliffe, 1986), aipo (Rennick &Tiernan, 1978), tomate (Wolfe & Sims,1982) e outras (Passam et al., 1989).

APLICAÇÃO COMERCIALDO CONDICIONAMENTOOSMÓTICO: ASPECTOS

PRÁTICOS

Alguns aspectos práticos devem serfocalizados durante todo o processo, par-tindo do produtor de sementes (a com-panhia), passando pelo analista, pelorevendedor e finalmente chegando aousuário final, o produtor de hortaliças.

As respostas obtidas pelo condicio-

NASCIMENTO, W.M. Condicionamento osmótico de sementes de hortaliças: potencialidades e implicações.

108 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

namento osmótico tem variado devidoa um grande número de fatores, a co-meçar pela metodologia em si da técni-ca. Em adição a isto, o processo, quan-do realizado em escala comercial, dife-re daquele realizado em condições delaboratório, onde se pode ter maior con-trole do processo; assim, a resposta aotratamento poderá ser completamentediferente (Akers & Holley, 1986). Equi-pamentos e/ou diferentes técnicas tam-bém devem ser testados visando aten-der às diferentes necessidades de cadacompanhia de sementes. Interações en-tre sementes condicionadas e outras téc-nicas, como tratamento químico oupeletização, por exemplo, também de-vem ser observadas (Valdes & Bradford,1987; Khan, 1992). Outro grande desa-fio será em relação à padronização dametodologia (protocolo) utilizada no tra-tamento, uma vez que diferentes respos-tas tem sido obtidas entre espécies, cul-tivares e mesmo entre lotes (Bradfordet al., 1990). Portanto, qual o lote a sercondicionado, o de mais alta ou maisbaixa qualidade? A vida útil do lote con-dicionado, isto é, a longevidade das se-mentes durante o período dearmazenamento deve ser enfatizada.Diferentes respostas têm sido observa-das em relação à qualidade da sementee ao armazenamento (Brocklehurst etal., 1984; Odell & Cantliffe, 1986;Dearman et al., 1987; Alvarado &Bradford, 1988), que levam a váriosquestionamentos. As condições ideaispara o armazenamento de sementes con-dicionadas são as mesmas utilizadaspara aquelas não condicionadas? Quan-do armazenadas em más condições, istoé, em altas temperaturas, sementes con-dicionadas de tomate apresentam efei-tos deletérios (Argerich et al., 1989).Isto poderá ser um entrave na comer-cialização das sementes, principalmen-te para o revendedor (a casa comerci-al), onde na maioria das vezes, as se-mentes permanecem na prateleira duran-te meses expostas a variações climáti-cas. Neste caso, a comercialização de-verá ser através de “encomenda”, ondea companhia de sementes, imediatamen-te antes do plantio, deverá “condicionar”um volume de sementes da espécie/cul-tivar requerida pelo produtor. Ainda, oanalista de sementes, seja ele da própria

companhia de sementes ou de laborató-rios oficiais, fará a mesma análise derotina? Isto é, utilizará a mesmametodologia prescrita nas Regras paraAnálise de Sementes para sementes nãocondicionadas? Quanto ao usuário finalda semente (o produtor de hortaliças),novas questões podem ser levantadas.Utilizando esta “nova semente”, novaspráticas culturais deverão ser adotadas?O maior valor pago pela semente con-dicionada será compensado pela melhor“performance” da cultura no campo?Para estes, a falta de conhecimento e/ou experiência com esta nova técnicapoderá ser um entrave inicial na aceita-ção do novo produto; estes problemasrelacionados com o “marketing” deve-rão ser enfatizados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora o condicionamento osmó-tico de sementes tenha sido largamenteestudado nas últimas duas décadas, ain-da existe a necessidade de se expandiro conhecimento básico sobre diferentesaspectos relacionados com esta técnica.Em relação à praticidade do tratamen-to, vários aspectos devem ser focaliza-dos , como por exemplo, padronizaçãoe uso da metodologia para cada espé-cie, cultivar e/ou lote produzido, equi-pamentos, armazenamento, comerciali-zação, etc. Embora esta técnica seja umprocesso que envolve custo, tantooperacional como de pesquisa e desen-volvimento , o custo final da sementecondicionada em relação ao custo deprodução da hortaliça ainda será com-pensador. Entretanto, não se deve criaruma grande expectativa em relação àsemente condicionada; para algumasespécies, e em determinadas condições,a utilização da mesma poderá ser signi-ficativamente benéfica, enquanto emoutras situações não.

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110 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

pesquisa

CAÑIZARES, K.A.L.; GOTO, R. Crescimento e produção de pepino em função da enxertia. Horticultura Brasileira, Brasília, v.16, n.2, p.110-113, novembro 1998.

Crescimento e produção de híbridos de pepino em função da enxertia.1

Kathia A.L. Cañizares; Rumy Goto.UNESP - FCA - Horticultura, C. Postal 237, 18.603-970 Botucatu – SP.

RESUMO

O presente trabalho objetivou avaliar o efeito da enxertia no cres-cimento, produção e na qualidade visual dos frutos de híbridos depepino (‘Nikkey’ e ‘Ancor 8’) em híbridos de abóbora (‘Ikky’ e‘Tetsukabuto’), em cultivo protegido. O ensaio foi conduzido na áreaexperimental da FCA da UNESP - Botucatu entre 29 de março e 30de agosto de 1996, num ambiente protegido com controle parcialdas condições ambientais. Os seis tratamentos resultantes da combi-nação dos dois híbridos de pepino enxertados por garfagem em fen-da cheia sobre os dois híbridos de abóbora além dos dois híbridossem enxertia, foram distribuídos em delineamento de blocos ao aca-so com quatro repetições, sendo as parcelas constituídas por trêsplantas, crescidas em vasos de plástico e preenchidos com dez litrosde solo corrigido. As características avaliadas foram: altura das plan-tas, número de internódios/planta, peso da matéria seca da raiz, nú-mero de frutos totais e comerciáveis por m2 e presença de brilho nosfrutos. A enxertia influenciou no crescimento, rendimento e na qua-lidade dos pepinos. As plantas enxertadas apresentaram valores su-periores para altura, número de internódios/planta e número de fru-tos totais e comerciáveis. Todos os frutos das plantas enxertadassobre “Ikky” apresentaram brilho na casca.

Palavras-chave: Cucumis sativus L, Cucurbitacea.

ABSTRACT

Cucumber hybrids growth and yield accordingly to grafting.The purpose of the present research was to evaluate the effect of

grafting on yield and visual fruit quality of cucumber hybrids(‘Nikkey’ and ‘Ancor 8’) grafted on squash hybrids (‘Ikky’ and‘Tetsukabuto’). The trial was carried out in the “FCA - UNESP -Botucatu” experimental area, from March 29 1996 to August 301996, under vinyl house, with parcial environmental control. Cleftgrafting was applied. Six treatments (four combinations of scionand rootstock, and two cucumber hybrids without grafting) were setout in a randomized block design, with four replications each ofthree plants. Plants were grown in ten liter plastic pots using correctedsoil. Plant height, number of internodes, root dry matter weight,number of total and commercial fruits per m2, and fruit shine wereevaluated. Grafted plants had higher growth, development, yield andfruit quality than non-grafted plants. Grafting increased plant height,number of internodes per plant, root dry weigth and number of totaland commercial fruits. Fruits of cucumber plants grafted on “Ikky”were shine.

Keywords: Cucumis sativus L, Cucurbitaceae.

(Aceito para publicação em 10 de stembro de 1998)

Em cultivo sob ambiente protegido em diversos países, o pepino cons-

titui uma importante hortaliça, já queocupa o segundo lugar após o tomate(Silva et al., 1995). Porém, o uso do solode forma intensiva, praticado neste sis-tema de produção de hortaliças tem tra-zido problemas fitossanitários. Assim,no Japão, Oda et al. (1993) atribuíram85% do fracasso da produção de horta-liças, em cultivos sucessivos sobambiente protegido, às doenças ocasio-nadas por patógenos do solo. Para pre-venir esta ocorrência, a enxertia tem sidousada na produção de pepino e tambémde melancia, melão, berinjela e tomate.

Em geral, as plantas enxertadas têmmanifestado resistência a doenças, to-lerância a níveis elevados de umidade e

concentração de sais no solo, tolerânciaà alcalinidade e resistência ao frio(Janick, 1966). Epecificamente o pepi-no enxertado tem sua produção consi-deravelmente aumentada, sendo queatravés da enxertia podem determinadoscavalos induzir ao aumento do vigor dacopa (Janowski & Skapski, 1985). Oporta-enxerto Cucurbita ficifolia temapresentado tolerância a Phomopsissclerotioides e resistência aoVerticillium (Yamakawa, 1982). Temsido verificada resistência a temperatu-ras baixas em plantas de pepino enxer-tadas em determinados cavalos (Liebig,1985), fungos do solo e nematóides(Oda et al., 1993), umidade, salinidadee excesso de água (Oda, 1995). Por ou-tro lado, os frutos de plantas enxertadasem porta-enxertos específicos perdem

a cerosidade característica, ficando combrilho (Kawaide, 1985).

Considerando a importância de man-ter o estado fitopatológico do solo nasmelhores condições possíveis, por umlongo período de tempo nos ambientesprotegidos, faz-se necessário considerara enxertia como um método alternativode produção, visando controlar em for-ma preventiva a ocorrência de doençasdo solo, assim como amenizar o efeitodos nematóides. Com estes argumentose com a finalidade de estabelecer aspossíveis diferenças do desenvolvimen-to e produção entre plantas enxertadase não enxertadas, o presente trabalhoobjetivou avaliar o efeito da enxertia nocrescimento da planta, no rendimento ena qualidade visual dos frutos de híbri-dos de pepino enxertados em abóbora.

1 Com apoio da FAPESP

111Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido sob estruturasimples de metal, tipo arco, de 100 m2,coberto por filme plástico de 75 mili-micras e com controle parcial das condi-ções ambientais da FCA da UNESP -Botucatu, entre 29 de março e 31de agos-to de 1996.

A semeadura realizou-se em bande-jas de poliestireno expandido de 128células, uma semente/célula, aos 29 demarço de 1996 (abóbora) e aos 03 deabril de 1996 (pepino). Aos 09 de abrilde 1996 foi feita a enxertia pelo métodode garfagem em fenda cheia (Oda,1995), destacando-se o meristema apicalda abóbora, onde foi feito um corte de1,0-1,5 cm em sentido longitudinal. Namuda de pepino realizou-se um corte emcunha 3,0 cm abaixo das folhas cotile-donares. O enxerto foi fixado por um‘clip’ especial, permanecendo por qua-tro dias numa câmara coberta de filmede polietileno de 100 milimicras, comumidade relativa acima de 90% e apro-ximadamente 30oC. A adaptação damuda culminou aos dez dias e o trans-plante (0,7 x 0,5 m) para vasos de plás-tico de dez litros de capacidade ocorreuaos 23 de abril de 1996.

Os vasos foram preenchidos com dezlitros de um solo corrigido previamente.Assim, retirou-se uma camada à profun-didade de 0 a 20 cm de um solo classifi-cado por Carvalho et al. (1983) comoLatossolo vermelho - escuro, álico, detextura média, observando-se tratar deterra de reação ácida, com baixa por-

centagem de saturação de bases (Tabela1). Para a correção do pH aplicou-se 2,15g de calcário dolomítico, PRNT 90. Semesterilizar o solo, incorporou-se: 0,1 L/Lde esterco de curral curtido, 0,9 g/L desuperfosfato triplo, 0,3 g/L de cloreto depotássio e 0,03 g de FRITAS Br-8/L deterra. 30 dias após a primeira correçãofoi feita uma nova análise (Tabela 1). Emcobertura utilizou-se 13,64 g de nitratode cálcio, 0,48 g de superfosfato triplo e2,87 g de cloreto de potássio por kilo-grama de solo.

As plantas foram tutoradas indivi-dualmente e conduzidas com uma has-te. A irrigação por gotejamento, após oinício da floração oscilou entre 2,0 e 2,5litros/dia/vaso e na fase de produção defrutos quatro litros/dia/vaso. A colheitacomeçou aos 10 de junho de l996 e pro-longou-se até 30 de agosto de 1996.

Foram seis tratamentos estudados,resultantes da combinação dos dois hí-bridos de pepino (‘Nikkey’ e ‘Ancor 8’)enxertados sobre dois híbridos de abó-bora (‘Ikky’ e ‘Tetsukabuto’) além dosdois híbridos de pepino sem enxertar. Oshíbridos Nikkey e Ancor 8 são ampla-mente utilizados pelos produtores do

Estado de São Paulo, o porta-enxerto‘Ikky’ é utilizado por conferir brilho aospepinos e ‘Tetsukabuto’ é tradicional-mente utilizado pela resistência a baixastemperaturas e tolerância a nematóides.

Os tratamentos foram distribuídosnum delineamento de blocos ao acasocom quatro repetições e três plantas porparcela (uma planta por vaso).

Avaliou-se a altura da planta aos quin-ze, 45 e 120 dias, número de internódios/planta, peso da matéria seca da raiz, nú-mero de frutos totais (colhidos com 2,5-3,5 cm de diâmetro e/ou 20,0-23,0 cmde comprimento), número de frutoscomerciáveis/m2 (frutos sem defeitos) ecerosidade do fruto observando-se a pre-sença ou ausência de brilho na casca. Osresultados foram submetidos à análise davariância e as médias dos tratamentoscomparadas pelo teste de Tukey a 5%.Após esta análise, realizou-se o teste decorrelação de Spearman entre todas ascaracterísticas avaliadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise da variância para altura daplanta aos quinze e 120 dias (Tabela 2)

CAÑIZARES, K.A.L.; GOTO, R. Crescimento e produção de pepino em função da enxertia.

Hp.O.M

md.g 3-

Pmd/gm 3

lomm c md. 3- V%lA+H K aC gM BS CTC

setnA 0,4 0,13 0,5 0,86 3,0 0,2 0,1 3,3 0,17 0,4

sópA 0,6 0,23 0,691 0,42 4,0 5,4 9,1 8,6 0,19 0,47

Tabela 1. Análise química1, antes e após 30 dias da correção inicial do solo utilizado parapreencher os vasos. Botucatu, UNESP - FCA, 1996.

1 Laboratório do Departamento de Ciência do Solo (UNESP - FCA - Botucatu).

A I R TF 2 CF 2

51 54 021 lp/on g 2m/on 2m/onykkI-yekkiN cb5,01 a4,17 a7,371 a4,82 ba3,3 a6,84 1,92 b

otubakusteT-yekkiN b9,01 a6,46 ba9,261 a2,92 ba4,3 4,73 b 3,92 bykkI-rocnA 1,8 c a7,56 ba1,361 a6,92 a6,3 a9,25 a3,04

otubakusteT-rocnA cb5,01 a8,56 cba7,451 a8,82 ba0,3 ba0,64 ba4,23yekkiN a4,41 a8,56 0,421 c 2,32 b 3,2 b ba3,44 6,32 b

rocnA a6,41 a4,26 2,721 cb ba2,62 ba9,2 ba4,34 0,52 baidéM 5,11 0,66 9,051 6,72 1,3 5,54 0,03

)%5(yekuT 7,2 3,81 6,73 4,4 1,1 0,11 3,9)%(VC 8,9 6,11 4,01 7,6 35,51 1,01 0,31

Tabela 2. Altura da planta em centímetros (A) aos 15, 45 e 120 dias, número de internódios/planta (I), peso da matéria seca da raiz (R),número de frutos totais (FT) e comerciáveis (FC) por metro quadrado, de plantas de pepino enxertadas e não enxertadas em abóbora1.Botucatu, UNESP-FCA , 1996.1

*/ Colunas seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Tukey à 5%.1/ Dados originais (média de 3 plantas e 4 repetições).2/ Considerando espaçamento de 0,5 x 0,7 m.

112 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

detectou diferenças significativas entreos tratamentos e nenhuma diferença aos45 dias. O teste de Tukey (5%) encon-trou que aos quinze dias as plantas nãoenxertadas cresceram mais, sendo que,os tratamentos ‘Nikkey’ e ‘Ancor’ atin-giram 14,4 cm e 14,6 cm, respectiva-mente, enquanto as enxertadas demons-traram menor altura, com o tratamento‘Ancor-Ikky’ apresentando 8,1 cm. Aos45 dias os seis tratamentos mostraramvalores próximos e, aos 120 dias, asplantas enxertadas foram mais altas,destacando-se o tratamento ‘Nikkey-Ikky’ com 173,7 cm em oposição ao tra-tamento ‘Nikkey’ com 124,0 cm.

As diferenças entre os tratamentospara o número de internódios/planta aos120 dias foram significativas (Tabela 2).O tratamento que mais internódios apre-sentou foi ‘Ancor-Ikky’ com a média de26,6 internódios/planta, enquanto o hí-brido Nikkey sem enxertia apresentoua média de 23,2 internódios/planta. Nãohouve diferenças estatísticas entre asplantas enxertadas. Houve correlaçãoentre número de internódios com alturada planta aos 120 dias (r=0,86), indican-do que a enxertia aumentou a altura enúmero de internódios/planta.

O desenvolvimento do sistemaradicular foi melhor no tratamento‘Ancor-Ikky’, sendo que a média dopeso da matéria seca da raiz foi de 3,6g, em oposição ao tratamento ‘Nikkey’que registrou 2,3 g. Embora sem dife-rença estatística entre os tratamentosrestantes, o peso da matéria seca daraiz foi ligeiramente superior nas abó-boras quando comparadas com o pe-pino (Tabela 2).

A parte aérea das plantas pode ter sidoinfluenciada pelo vigor do sistemaradicular das abóboras ‘Ikky’ e‘Tetsukabuto’, aumentando a altura de‘Nikkey’ e ‘Ancor’, corroborando comas afirmações de Yamakawa (1982)quanto aos porta-enxertos selecionadosque incrementaram a eficiência da cul-tura e conferiram vigor à planta. O vigordas raízes da abóbora pode ter sidoeficientemente aproveitado nos meses dejunho e julho, onde se registraram tem-peraturas médias mínimas de 10 e 12 oC,respectivamente, condição climática pre-judicial para o desenvolvimento do pe-pino, já que a enxertia sobre materiais

vigorosos é recomendada para suportarperíodos curtos de temperaturas baixas,devido a que as raízes da abóbora conti-nuam absorvendo os nutrientes e a águanestas condições (Liebig, 1985).

A análise da variância do número defrutos totais e comerciáveis identificoudiferenças estatísticas (Tabela 2). O testede Tukey (5%) demonstrou que‘Nikkey’ e ‘Ancor’ enxertados sobre‘Ikky’ produziram mais frutos, 48,6 e52,9 frutos totais/m2, respectivamente.A produção de frutos de pepinos enxer-tados pode ser influenciada pelo aumen-to de flores femininas por causa de al-guma alteração nos reguladores da ex-pressão sexual do porta-enxerto(Takahashi et al., 1982 e Friedlander etal., 1977).

O porta-enxerto ‘Ikky’ incrementoua produção de frutos de ‘Nikkey’ em9,7% e de ‘Ancor’ em 21,9%. O porta-enxerto ‘Tetsukabuto’ aumentou a de‘Ancor’ em 5,4% e diminuiu a de‘Nikkey’ em 15,6%. A menor produção(37,4 frutos totais/m2) foi representadapelo tratamento ‘Nikkey-Tetsukabuto’,discordando com o desenvolvimento daplanta respaldado pelos valores da alturae do número de internódios atingidos pelomesmo tratamento. Este fato foi expli-cado por Kawaide (1985) que afirmouque existem híbridos usados como por-ta-enxertos que podem passar muito vi-gor à planta enxertada, e com isso exces-siva proliferação de folhas. É muito pro-vável que ‘Tetsukabuto’ tenha induzidomuito vigor a ‘Nikkey’ acusando assimproliferação de folhas, resultando emmenor produção de frutos o que está emconcordância com o observado neste ex-perimento. O tratamento ‘Ancor-Ikky’produziu 40,3 frutos comerciáveis/m2,sendo seguido pelo tratamento ‘Ancor-Tetsukabuto’ com 32,4 frutoscomerciáveis/m2, demonstrando que nes-te experimento, a maior eficiência foiobtida pelo ‘Ancor’ enxertado, emborao teste de Tukey a 5% não tenha detecta-do diferenças entre os demais tratamen-tos. Os híbridos não enxertados, ‘Nikkey’e ‘Tetsukabuto’ atingiram menores ren-dimentos, 23,6 e 25,0 frutoscomerciáveis/m2, respectivamente. Aprodução de frutos comerciáveis nasplantas não enxertadas foi 25,8% menor

que as enxertadas, sendo consideradoscomerciáveis, 59,8% da produção de fru-tos totais do tratamento ‘Nikkey-Ikky’;78,4% de ‘Nikkey-Tetsukabuto’; 76,1%de ‘Ancor-Ikky’; 70,5% de ‘Ancor-Tetsukabuto’; 53,2% de ‘Nikkey’ e57,8% de ‘Ancor’. O porta-enxerto‘Ikky’ aumentou em 23,2% o número defrutos comerciáveis/m2 em ‘Nikkey’ e61,0% em ‘Ancor’, enquanto, o porta-enxerto ‘Tetsukabuto’ aumentou em24,2% a produção de frutos comerciáveisem ‘Nikkey’ e em 29,6% em ‘Ancor’.Estes resultados sugerem que a enxertiainfluencia positivamente a qualidade vi-sual dos frutos, concordando com o rela-to de Kawaide (1985), de que a enxertiaem cucurbitáceas, usando cavalos sele-cionados, incrementa a eficiência em ren-dimento diminuindo a porcentagem defrutos com distúrbios fisiológicos. Issopode ser explicado pela maior capacida-de de absorção de nutrientes pelas plan-tas enxertadas durante a época mais fria(Liebig, 1985; Oda, 1995).

Também foi possível observar queos frutos das plantas enxertadas sobre‘Ikky’ apresentavam brilho na cascaconcordando com Kawaide (1985), epresença de cerosidade nos frutos dasplantas não enxertadas e enxertadas so-bre ‘Tetsukabuto’.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisado Estado de São Paulo (FAPESP), aosProfs. Drs. Júlio Nakagawa e RobertoLyra Villas Boas.

LITERATURA CITADA

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Correlações canônicas entre componentes primários e secundários daprodução de frutos em pimentão.

Claudio G. P. de Carvalho1; Valter R. Oliveira 2; Vicente W. D. Casali3; Cosme D. Cruz1.1 UFV - Depto. Biologia Geral, 36571-000 Viçosa - MG; 2 EPAMIG - Centro Tecnológico do Centro Oeste, C. Postal 35701-970 SeteLagoas - MG; 3 UFV - Depto. Fitotecnia, 36571-000 Viçosa - MG.

RESUMO

Avaliaram-se as associações existentes entre componentes pri-mários e secundários da produção de frutos, em genótipos de pi-mentão, por meio da análise de correlações canônicas. Além disso,realizou-se o estudo da adequação dos dados a esta análise em de-corrência da existência de multicolinearidade expressa nas matrizesde correlações utilizadas. O ensaio foi conduzido no município deViçosa (MG), no período de 6 de outubro de 1993 a 19 de março do1994. A umidade relativa do ar média anual da região é de 80%, atemperatura média anual é de 200C e a precipitação média anual éde 1340 mm. O delineamento experimental utilizado foi blocos com-pletos casualizados, com três repetições. Cada parcela foi compostade uma fileira com seis plantas, espaçadas 0,40 m, mantendo-se umespaçamento entre linhas de 0,9 m. As quatro plantas centrais cons-tituíram a parcela útil. O estudo das correlações e dos pares canônicosrevelou que há dependência significativa a 1% de probabilidade,pelo teste de qui-quadrado, entre caracteres morfológicos e agronô-micos (diâmetros do pendúnculo e do caule e alturas da planta e daprimeira bifurcação) e de fruto (comprimento, largura, relação com-primento/largura do fruto e espessura da polpa) com os componen-tes primários da produção (peso médio e número total de frutos). Aassociação mais expressiva foi estabelecida entre estes componen-tes e caracteres do fruto. Para estes caracteres, deve-se considerarsimultaneamente o comprimento e a largura do fruto e a espessurada polpa para se obter ganhos em número total e, principalmente,em peso médio de frutos. Entre os caracteres morfológicos e agro-nômicos, diâmetro do pedúnculo apresentou importância mais des-tacada e poderá permitir a obtenção de resposta correlacionada compeso médio de frutos.

Palavras-chave: Capsicum annuum L., multicolinearidade, pesomédio de frutos, características de frutos.

ABSTRACT

Canonical correlations between primary and secondarycomponents of fruit production in sweet-pepper.

Associations between primary and secondary components of fruitproduction in sweet-pepper genotypes were evaluated by means ofcanonical correlation analysis. Additionally, a study of data fitness forthis analysis was done as a result of observing multicollinearity in thecorrelation matrices used. The experiment was carried out in themunicipality of Viçosa (MG), during the period from October 6th 1993to March 19th 1994. The mean annual relative air humidity of the regionis 80%, the mean annual temperature is 200C and the mean annualprecipitation is 1340 mm. The experimental design used was completerandomized blocks with three replications. Each plot had a row with sixplants, spaced 0.40 m, with a space of 0.9 m between lines. The fourcentral plants represented the useful plot. The study of correlations andof canonic pairs revealed that there was a significant dependence (P >0.01), by the chi-square test, between morphological and agronomiccharacters (peduncle and stem diameters, and plant and first bifurcationheights) and fruit (fruit length, width and length/width relation and pulpthickness) with the primary yield components (fruit average weight andtotal number). The most expressive association between thesecomponents was established with fruit characters. For these characters,fruit length, width and pulp thickness should be consideredsimultaneously to obtain gains in total number of fruits and, mainly, infruit average weight. For morphological and agronomic characters,peduncle diameter stands out as it one for morphological and agronomiccharacters, peduncle diameter stands out as it is the one charactercorrelated with fruit average weight, correlated with fruit average weight.

Keywords: Capsicum annuum L., multicollinearity, fruit averageweight, fruit characters.

(Aceito para publicação em 18 de setembro de 1998)

114 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

O estudo de correlações entrecaracteres é importante no melhoramen-to genético, pois possibilita verificar aviabilidade da utilização de seleção in-direta para proporcionar progressosmais rápidos que a seleção direta nocaráter desejado.

Em Capsicum annuum L., Gill et al.(1977), Gupta & Yadav (1984) e Cruzet al. (1988) indicaram a utilização daseleção dos caracteres número total defrutos e peso médio de frutos para obterganhos genéticos em produção de fru-tos, por ser este um caráter de baixaherdabilidade, regulado por vários genese, portanto, difícil de ser selecionado.Contudo, as influências destes compo-nentes primários sobre a produção defrutos não tem grandes implicações prá-ticas pois estes caracteres são, geralmen-te, igualmente complexos e de baixaherdabilidade. Por outro lado, a seleçãodos componentes secundários visandoganhos genéticos nos componentes pri-mários, e por conseqüência, aumento naprodução de frutos, pode ser uma boaestratégia de melhoramento genéticopois os componentes secundários são,geralmente, menos complexos e têmmaiores herdabilidades, e algumas ve-zes, são mais fáceis de serem identifi-cados e/ou mensurados (Cruz &Regazzi, 1994).

Um aspecto relevante no estudo deassociações entre caracteres é que aquantificação e a interpretação da mag-nitude de correlação simples podem re-sultar em equívocos na estratégia de se-leção, pois correlação alta entre doiscaracteres pode ser resultado do efeito,sobre estes, de um terceiro caráter ou deum grupo de caracteres. Neste contexto,as correlações canônicas constituem-seem uma importante ferramenta estatísti-ca para melhor avaliar as associaçõesentre caracteres (Dunteman, 1984).

A técnica de correlações canônicasvisa identificar e quantificar as relaçõesexistentes entre dois complexos decaracteres, de forma a maximizar a cor-relação entre uma combinação linear doscaracteres de um complexo e uma com-binação linear dos caracteres do outrocomplexo. Os coeficientes das combina-ções lineares dos caracteres destes com-plexos, denominados coeficientescanônicos, expressam estas interrelações.

No melhoramento genético, estametodologia já foi utilizada, por exem-plo, com intuito de avaliar as associa-ções entre caracteres agronômicos e fí-sico-químicos em batata-doce (Mirandaet al., 1988) ou componentes primáriose secundários da produção de grãos emguandu (Santos et al., 1994).

Este trabalho teve como objetivodeterminar a intensidade de associaçãoentre componentes primários e secun-dários da produção de frutos em genó-tipos de pimentão (Capsicum annuumL.), utilizando-se análise de correlaçõescanônicas. Adicionalmente, avaliou-sea adequação dos dados a esta análise,em decorrência da existência de multi-colinearidade expressa nas matrizes decorrelações utilizadas.

MATERIAL E MÉTODOS

Cento e vinte e oito linhagens, umgenótipo e quatro cultivares de pimen-tão, da coleção de Capsicum do Bancode Germoplasma de Hortaliças da Uni-versidade Federal de Viçosa (BGH-UFV), foram analisados em condiçõesde campo, no período de 6 de outubrode 1993 a 19 de março do 1994, nomunicípio de Viçosa (MG) situado a 200

45’ S e 400 51’ W. O clima da região,segundo a classificação de Köppen, édo tipo Cwa com umidade relativa doar média anual de 80%, temperaturamédia anual de 200C e precipitação mé-dia anual de 1340 mm.

As mudas foram produzidas em se-menteira, sendo transplantadas quandoapresentavam cinco folhas definitivas,em média, para solo adubado com 270Kg de N (60 Kg no transplantio + 210Kg em cobertura), 30 Kg de P

2O

5

(30+0), 170 Kg de K2O (120+50), 72

Kg de Ca (72+0), 30 Kg de Mg (30+0),10 Kg de Zn (10+0) e 3,5 Kg de B(3,5+0), por hectare, nas formas denitrocálcio, superfosfato simples,cloreto de potássio, nitrocálcio, sulfatode magnésio, sulfato de zinco e bórax,respectivamente. Irrigações suplemen-tares e demais tratos culturais como ca-pinas, tutoramento das plantas e controlefitossanitário foram efetuados na medi-da em que se fizeram necessários, demodo a manter as plantas sob condiçõesótimas de crescimento e desenvolvimen-

to. Foram realizadas cinco colheitas defrutos a intervalos médios de dez dias,quando estes apresentavam, pelo menos,o ápice com coloração avermelhada.

O delineamento experimental utili-zado foi blocos completos casualizados,com três repetições. Cada parcela foicomposta de uma fileira com seis plan-tas, espaçadas 0,40 m, mantendo-se umespaçamento entre linhas de 0,90 m. Asquatro plantas centrais constituíram aparcela útil. Todos os frutos colhidos naparcela útil foram considerados nasmensurações dos caracteres.

Foram avaliados os caracteres núme-ro total de frutos/planta (NTF); pesomédio de fruto, em g/fruto, dado pelarelação entre o peso total e o númerototal de frutos (PMF); diâmetro dopedúnculo, em mm, medido próximo abase do fruto (DP); altura da planta, emcm, medida do nível do solo ao pontomais alto da planta (AP); altura da pri-meira bifurcação, em cm, medida donível do solo (AB); diâmetro do caule,em cm, medido próximo ao nível do solo(DC); número de ramos na primeira bi-furcação (NR); comprimento do fruto,em cm (CF); largura do fruto, em cm,medida na base do fruto (LF); relaçãocomprimento/largura do fruto (RCL);espessura da polpa, em mm, medida naporção mediana do fruto (EP). Estescaracteres foram agrupados em: grupoI - constituído pelos componentes pri-mários da produção de frutos (NTF ePMF) e grupo II - formado pelos com-ponentes secundários da produção defrutos. Este último grupo foi divididoem dois subgrupos: subgrupo II.a, re-presentando os caracteres morfológicose agronômicos (DP, AP, AB, DC e NR);e subgrupo II.b, representando oscaracteres do fruto (CF, LF, RCL e EP).

As estimativas das correlaçõesgenotípicas e dos coeficientes de deter-minação genotípica (H2%) foram obti-das de acordo com Mode & Robinson(1959) e Vencovsky & Barriga (1992),respectivamente. As determinações dascorrelações canônicas entre combina-ções lineares dos caracteres do grupo Ie de cada subgrupo II, e dos parescanônicos associados a estas correlaçõescanônicas, foram realizadas por meiodas equações (Dunteman, 1984):

CARVALHO, C. G. P. de; et al. Correlações canônicas entre componentes primários e secundários da produção de frutos em pimentão.

115Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

em queR

11= matriz de correlação genotípica

entre os caracteres do grupo I;

R22

= matriz de correlação geno-típica entre os caracteres de cadasubgrupo II; e

R12

= matriz de correlação genotípicaentre os caracteres do grupo I e oscaracteres de cada subgrupo II.

A primeira correlação canônica (r1)

entre uma combinação linear doscaracteres do grupo I e uma combina-ção linear dos caracteres de cadasubgrupo II foi estimada por:

em que λ1 é o maior autovalor da

matriz R11R

12R

22R

12 Os conjuntos de

coeficientes canônicos das combinaçõeslineares dos caracteres do grupo I e decada subgrupo II, associados a r

1 e de-

nominados primeiro par canônico, fo-ram obtidos por:

X1 = a'X e Y

1 = b'Y

em que

a = autovetor associado ao primeiroautovalor de R

11R

12R

22R

12;

b = autovetor associado ao primeiroautovalor de R

22R

12R

11R

12 e

X e Y = vetores de médias doscaracteres do grupo I e de cada subgrupoII, respectivamente.

As demais correlações canônicas e osseus respectivos pares canônicos foramestimados utilizando-se os autovalores eautovetores das expressões descritas deordem correspondente à da correlaçãoestimada. Inferências foram realizadassobre os pares canônicos associados acorrelações canônicas significativas emnível de 1% de probabilidade.

A significância da hipótese H0:

ρk>0 e ρ

k+1 = ...= ρ

s = 0 (k=0,1,...,s-1)

foi avaliada, pelo teste qui-quadrado,utilizando-se a expressão:

s

χ2 = -tloge [ Π (1 - r

i)]

i=k+1

em que

t = n - 0,5(p + q + 3);

n = número de pares de observaçõesexperimentais associados a cada correlação;

p = número de caracteres do grupo I;q = número de caracteres de cada

subgrupo II; es = número total de correlações (me-

nor valor entre p e q). Esta estatísticaestá associada a (p - k)(q - k) graus deliberdade.

Na utilização das regressões múlti-plas X

1 = a'X e Y

1 = b'Y nos casos em

que houve alguma variável independente(explicativa) correlacionada com outra oucom uma combinação linear de outrasvariáveis independentes do modelo, ouseja, nos casos em que foi detectadamulticolinearidade na matriz de correla-ção entre os caracteres de um complexo,e se o grau desta multicolinearidade foide moderado a severo, avaliou-se o des-carte de caracteres que contribuíram parao aparecimento deste fenômeno na esti-mação dos coeficientes canônicos. O graude multicolinearidade das matrizes R

11 e

R22 foi estabelecido de acordo com os cri-

térios indicados por Montgomery & Peck(1981), que baseiam-se nos valores dodeterminante e do número de condição(NC - razão entre o maior e o menorautovalor) destas matrizes. Para detec-tar os caracteres que contribuem para oaparecimento da multicolinearidade foiefetuada a análise dos elementos dosautovetores associados aos autovalores,descrita por Belsley et al. (1980). Adiagnose da multicolinearidade, bemcomo todas as outras análises deste en-

saio, foram realizadas utilizando-se oprograma computacional GENES(Cruz, 1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os componentes secundários queapresentaram maior correlação, emmagnitude, com o componente primá-rio número total de frutos (NTF) foramdiâmetro do pedúnculo (-0,45); largurado fruto (-0,41) e espessura da polpa (-0,40), e com o peso médio de fruto(PMF) foram largura do fruto (0,77);espessura da polpa (0,68) e diâmetro dopedúnculo (0,66). Como a magnitude deuma correlação simples pode não refle-tir adequadamente a relação causa-efeitoentre caracteres, realizaram-se análisesde correlações canônicas entre comple-xos destes componentes. Neste estudo,a análise e interpretação dos resultadosforam feitos em dois contextos. No pri-meiro, de maior interesse biológico, pro-curou-se identificar as associações quepermitissem acréscimos nos componen-tes primários da produção de pimentão.No segundo, de natureza metodológica,avaliou-se a adequação dos dados aoestudo, em decorrência da existência demulticolinearidade expressa nas matri-zes de correlações utilizadas.

A primeira (r = 0,76) e segunda (r =0,47) correlações canônicas entre oscomponentes primários e os caracteresmorfológicos e agronômicos (Tabela 1),

r1 = λ

1

(R11

R12

R22

R12

- λI)a = Φ e

(R22

R12

R11

R12

- λI)b = Φ

-1 -1

-1 -1

-1 -1

-1 -1

-1 -1

CARVALHO, C. G. P. de; et al. Correlações canônicas entre componentes primários e secundários da produção de frutos em pimentão.

socinônacsetneicifeoC

rapº1 rapº2

soirámirpsetnenopmoC

FTN 14,0 42,1

FMP 12,1 84,0

socimônorgaesocigólofroMseretcaraC

PD 36,0 71,0-

PA 52,0 25,0

BA 91,0 80,0-

CD 50,0 42,0-

RN 80,0- 80,0

R 67,0 74,0

aicnâcifingiS 10,0< 10,0<

Tabela 1. Correlações canônicas (r) e pares canônicos estimados entre componentes primá-rios da produção de frutos1 e caracteres morfológicos agronômicos2 de genótipos de pimen-tão. Viçosa, UFV, 1993/94.

1/ NTF - número total de frutos; PMF - peso médio de fruto.2/ DP - diâmetro do pedúnculo; AP - altura da planta; AB - altura da primeira bifurcação;DC - diâmetro do caule; NR - número de ramos na primeira bifurcação.

116 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

em nível de 1% de probabilidade, fo-ram significativamente diferentes dezero pelo teste de qui-quadrado, indi-cando haver relações entre os caracteresnos complexos analisados. Em relaçãoao primeiro par canônico, verificou-seque plantas com maior diâmetro dopedúnculo (DP) determinam o aumen-to em PMF. Dentre os caracteresmorfológicos e agronômicos, o caráterDP foi um dos que apresentou maiorcorrelação com PMF e, portanto, a aná-lise multivariada, baseada na correlaçãocanônica, ratificou o resultado já encon-trado nos estudos da correlação simples.

Em relação ao segundo par canônico,verificou-se que plantas com maior altu-ra da planta (AP) determinaram o au-mento em NTF (Tabela 1). Contudo,deve ser mencionado que o caráter APmostrou magnitude de correlação sim-ples com NTF de apenas 0,18. Portan-to, a associação entre estes doiscaracteres pode estar sendo definida poroutros caracteres e, por consequência,para a obtenção de ganhos em NTF,poderá haver a necessidade de selecio-nar simultaneamente tais caracteres,além da altura da planta. Contudo, oestudo dos coeficientes canônicos nãopossibilitou a identificação destescaracteres. Menciona-se ainda, em re-lação a este par canônico, o fato do ca-ráter DP, que pouco contribuiu na alte-ração em NTF, ter apresentado a maiormagnitude de correlação, dentre oscaracteres avaliados, com este compo-nente primário.

Com base nestes resultados, ficouevidenciada a importância do estudo decorrelações canônicas no entendimentodas relações entre os componentes pri-mários e os caracteres morfológicos eagronômicos para o material avaliado,pois as magnitudes das correlações sim-ples nem sempre refletiram adequada-mente a relação causa-efeito entrecaracteres.

Em batata-doce (Ipomoea batatas(L.) Lam), estudos de correlaçõescanônicas entre caracteres agronômicose físico-químicos, avaliados em 13 cul-tivares e 5 clones, revelaram a existên-cia de relação entre os caracteres pesoda raiz tuberosa e sólidos totais, apesarda magnitude da correlação simples en-tre estes caracteres ter sido próxima de

zero (Miranda et al.; 1988). Por outrolado, as análises de correlações canô-nicas entre os componentes primários esecundários da produção de grãos, ava-liados em cinqüenta e seis acessos deguandu (Cajanus cajan (L.) MILLSP),mostraram que plantas altas e com va-gens compridas influenciaram o aumen-to do número de sementes/vagem e otamanho do grão, confirmando os resul-tados encontrados nos estudos das cor-relações simples (Santos et al., 1994).

Além de ganhos individuais emPMF e NTF, outro aspecto de interesseé a obtenção de acréscimos simultâneosnestes caracteres para se conseguir, commaior eficácia, o aumento na produçãode frutos de pimentão. Apesar de exis-tir efeito de compensação entre os com-ponentes primários, ou seja, a medidaque se aumenta PMF diminui-se NTF evice-versa, percebeu-se a possibilidadede aumento conjunto nestes componen-tes se considerada a seleção simultâneanos caracteres morfológicos e agronô-micos. A combinação linear entre DP,AP e AB, ou entre DP, AP e DC em ín-dices de seleção deve ser avaliada comoalternativa para obtenção de ganhos si-multâneos nos componentes primários.

Ressalta-se ainda que os coeficien-tes de determinação genotípica paraNTF e PMF foram 63,85% e 83,64%,respectivamente. Os caracteres morfo-lógicos e agronômicos DP, AP, AB, DCe NR, estudados com interesse em res-posta correlacionada, apresentaram coe-ficientes de determinação genotípica de72,51%, 88,8%, 93,69%, 71,33% e82,27%, respectivamente. Assim, demaneira geral, constatou-se que oscaracteres morfológicos e agronômicosforam menos influenciados pelas varia-ções ambientais.

Com relação ao estudo da adequa-ção dos dados para estimação das cor-relações canônicas entre os componen-tes primários e secundários da produ-ção de frutos, verificou-se que oscaracteres de cada complexo avaliadoapresentaram multicolinearidade fraca,com números de condição das matri-zes inferiores a 15 (Montgomery &Peck, 1981). Apenas para a matriz com-primento do fruto (CF) – largura do fru-to (LF) - relação comprimento/largura(RCL) – espessura da polpa (EP) ob-

servou-se multicolinearidade de mode-rada a forte (determinante da matriz R

22

= 0,006 e NC = 481,09). Em análise detrilha (“path analysis”) sobmulticolinearidade, as variâncias asso-ciadas aos estimadores dos coeficien-tes de trilha podem atingir valores de-masiadamente elevados, tornando-ospouco confiáveis (Carvalho, 1995). Si-milarmente ao que ocorre na análise detrilha, coeficientes canônicos tambémpodem apresentar valores elevados emdecorrência da multicolinearidade en-tre caracteres, dificultando as interpre-tações desses coeficientes.

Neste ensaio, por exemplo, apesarde o caráter CF ter apresentado magni-tude de correlação com PMF e NTF de0,18 e 0,07, respectivamente, este mos-trou magnitudes dos coeficientescanônicos de -0,81 e -1,81, associadasàs primeira e segunda correlaçõescanônicas, respectivamente. Este resul-tado foi conseqüência da ocorrência demulticolinearidade, pois não se esperaque CF apresente magnitudes dos coe-ficientes canônicos de valor elevado ede sinal negativo, associadas a estascorrelações canônicas. Para contornarestes efeitos adversos, foi realizado odescarte dos caracteres do subgrupo II.bque contribuíram para o aparecimentodessa multicolinearidade. Estescaracteres foram os que apresentaram osmaiores elementos nos autovetores as-sociados aos menores autovalores(Belsley et al., 1980). Razão compri-mento/largura, apesar de sua importân-cia econômica, foi o caráter que maiscontribuiu para a ocorrência de multi-colinearidade neste subgrupo II (dadosnão apresentados). Desta forma, doiscomplexos de componentes secundáriosforam formados: (1) CF, LF e EP; (2)RCL e EP. Estes complexos apresenta-ram multicolinearidade fraca.

Na análise de correlações canônicas,utilizando-se o primeiro complexo decomponentes secundários (CF, LF e EP),as magnitudes dos coeficientes canô-nicos, associadas às primeira e segundacorrelações canônicas, para o caráter CFfoi de apenas 0,31 e 0,21, respectiva-mente (Tabela 2). Assim, o descarte decaracteres possibilitou remover os efei-tos adversos da multicolinearidade.Além disso, com base nas magnitudes

CARVALHO, C. G. P. de; et al. Correlações canônicas entre componentes primários e secundários da produção de frutos em pimentão.

117Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

dos coeficientes do primeiro par canô-nico, plantas com maior LF tenderam aproporcionar plantas com maior PMF.Este componente secundário, dentre osavaliados, foi o que apresentou a maiorcorrelação com PMF e, portanto, a aná-lise multivariada, baseada na correlaçãocanônica, ratificou o resultado encon-trado nos estudos da correlação simples.Para obtenção de ganhos simultâneosem PMF e NTF e, por consequência,aumento na produção de frutos, o usode uma combinação linear entre CF, LFe EP em índices de seleção poderá sersatisfatório. Isto foi verificado a partirda observação das magnitudes (não pró-ximas de zero) dos coeficientes do 1o

par canônico para os cinco caracteresavaliados.

Ressalta-se que os caracteres do fru-to, assim como os morfológicos e agro-nômicos, foram menos afetados pelasvariações ambientais em relação aoscomponentes primários, e o uso destespode ser uma boa estratégia de seleçãobaseada em resposta indireta ou em ín-dice de seleção. Neste estudo, os coefi-cientes de determinação genotípica paraCF, LF, RCL e EP foram 87,06%,78,96%, 91,62% e 81,46%, respectiva-mente.

Considerando-se o segundo comple-xo dos componentes secundários (Tabe-la 3), plantas com maior EP foramdeterminantes do aumento de PMF, con-firmando o resultado encontrado nosestudos da correlação simples. Alémdisso, somente a seleção destescaracteres (RCL e EP) não proporcio-nará ganhos simultâneos nos componen-tes primários, pois a magnitude do coe-ficiente canônico para NTF foi próxi-mo de zero (-0.09), indicando que estescomponentes secundários influenciarammuito pouco na determinação do cará-ter número total de frutos. Nestas duasúltimas análises, como as segundas cor-relações canônicas não foram significa-tivas em nível de 1% de probabilidade,inferências sobre os pares canônicosassociados a estas correlações não fo-ram realizadas.

As magnitudes das correlaçõescanônicas obtidas nos vários estudos(Tabelas 1, 2 e 3) permitiram concluirque uma associação mais expressiva doscomponentes primários PMF e NTF foi

estabelecida com os caracteres do pró-prio fruto (CF, LF e EP) e não com oscaracteres morfológicos e agronômicos(DP, AP, AB, DC e NR). Entretanto, nocaso destes foi possível identificar umcaráter de importância mais destacada(DP) que poderá permitir a obtenção deresposta correlacionada com PMF. Comrelação aos caracteres do fruto, oscaracteres LF e EP foram importantesna determinação de PMF. Além disso,deve ser considerado a seleção simultâ-nea de CF, LF e EP para se obter ganhosem NTF e, principalmente, em PMF.

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socinônaCsetneicifeoC

rapº1 rapº2

soirámirpsetnenopmoC

FTN 72,0 82,1

FMP 51,1 26,0

oturfodseretcaraC

FC 13,0 12,0

FL 56,0 20,0

PE 83,0 01,0-

r 29,0 32,0

aicnâcifingiS 10,0< 20,0-50,0

Tabela 2. Correlações canônicas (r) e pares canônicos estimados entre componentes primáriosda produção de frutos1 e caracteres do fruto2 de genótipos de pimentão. Viçosa, UFV, 1993/94.

1/ NTF- número total de frutos; PMF- peso médio de fruto.2/ CF- comprimento do fruto; LF- largura do fruto; EP- espessura da polpa.

socinônaCsetneicifeoC

rapº1 rapº2

soirámirpsetnenopmoC

FTN 50,0 03,1

FMP 30,1 08,0

oturfodseretcaraC

LCR 90,0- 81,0

PE 66,0 60,0

R 96,0 33,0

aicnâcifingiS 10,0< 20,0-50,0

Tabela 3. Correlações canônicas (r) e pares canônicos estimados entre componentes primáriosda produção de frutos1 e caracteres do fruto2 de genótipos de pimentão. Viçosa, UFV, 1993/94.

1/ NTF- número total de frutos; PMF- peso médio de fruto.2/ RCL- razão comprimento/largura do fruto; EP- espessura da polpa.

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Metodologia para avaliação da resistência de péletes1.

João B.C. da Silva2; João Nakagawa32Embrapa – Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília – DF3UNESP – Faculdade de Ciências Agronômicas, C. Postal 237, 18.603.970 Botucatu – SP.

ABSTRACT

Methods to evaluate pellet firmness.The amount of cement (adhesive) used for seed pelleting will

determine its firmness. The pellets must be sufficiently firm tomaintain their physical integrity during handling, processing,transportation and mechanical sowing. However, it is necessary touse the minimum of adhesive, because it inflicts viscosity to thewater solution retained in the pores of the pellets after irrigation,affecting the water drainage and consequently, the gas exchangebetween seed and the environment outside the pellet. To measurethe physical resistance of the pellets, a press with a gauge wasadapted, making a test-ring with 10 cm2 of internal surface and 8.7cm2 of piston. The force necessary to reduce each milimeter of thepellet sample layer closed inside the test-ring was determined. Theretilineus segment of the curve made by these determinationscorresponded to the range between 5% and 20% of the pellet volu-me reduction. In this range, the force necessary to reduce eachpercentage of volume was practically the same for samples of 20,30, 40 or 50 ml of pellet. A resistance index was proposed as theforce necessary to reduce 10% of the sample volume, employing 20ml of sample and the test-ring of 10 cm2. On the basis of this criteria,fourteen types of pellets were evaluated. Pellets made with sand andbentonite presented the smallest resistance index. The same pelletswhen covered with a fine lime finishing cover and glue of polivinilacetate (PVA) presented an intermediate value for resistance indexand pellets made with lime and PVA glue were the most resistant.

Keywords: pellet, seed, coat, pellet-quality, firmness.

1 - Parte do trabalho para elaboração de tese de doutorado em Agronomia, área de concentração em Horticultura, pela Faculdade deCiências Agronômicas - UNESP - Câmpus de Botucatu - SP.

(Aceito para publicação em 05 de outubro de 1998)

Os péletes não devem se desmancharou quebrar durante o processo de

classificação, no transporte, no manu-seio ou na semeadura mecanizada. Paraevitar a sua desintegração, são utiliza-dos os cimentantes (adesivos) que sãoaplicados por via úmida, em seguida

secados e, após a semeadura, reidratadospor meio de irrigação. A camada depeletização é relativamente delgada(menor que dois milímetros de espes-sura), mas é constituída por partículasfinas, bem arranjadas e aderidas entresi, formando uma capa intimamente

aderida à superfície da semente. Estaconstituição implica em se ter o míni-mo de porosidade e o máximo de forçade retenção da água, dificultando a suadrenagem.

O arranjo das partículas finas e aocupação dos espaços entre elas pelo

RESUMO

A rigidez da camada de peletização depende da proporção decimentante na sua constituição. Os péletes devem ser suficientementerígidos para manterem a sua integridade física durante a classifica-ção, no transporte, no manuseio ou na semeadura mecanizada. En-tretanto, deve-se utilizar o mínimo de cimentante (adesivo), poisestes são geralmente produtos visguentos e a viscosidade da soluçãoretida nos poros da camada de peletização, após a irrigação, afeta adrenagem da água e consequentemente a troca gasosa entre a se-mente e o ambiente externo ao pélete. Para avaliar a resistência físi-ca dos péletes, adaptou-se uma prensa confeccionando-se um anel-de-prova com superfície interna de 10 cm2 e êmbolo de 8,7 cm2.Determinou-se a força necessária para reduzir cada milímetro dacamada de pélete colocada no anel e, tomando-se o segmento retilíneoda curva originada das determinações, observou-se que a faixa de 5a 20% de redução percentual do volume de péletes apresentou prati-camente os mesmos valores de resistência para amostras de 20, 30,40 ou 50 ml de péletes. Estabelecendo-se como índice de resistên-cia, a força necessária para reduzir 10% do volume da amostra, par-tindo de uma amostra de 20 ml e utilizando-se anel-de-prova de 10cm2, mediu-se a resistência de quatorze tipos de péletes. Os péletesconfeccionados com areia mais bentonita apresentaram os menoresíndices de resistência. Quando os péletes haviam recebido o acaba-mento com calcário mais cola à base de acetato de polivinila (PVA),apresentaram resistência intermediária e aqueles confeccionados comcola PVA como único cimentante, apresentaram os maiores índices.

Palavras-chave: pélete, semente, qualidade, resistência.

119Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

cimentante e pela água de irrigação, for-mam barreira à troca gasosa entre a se-mente e o ambiente externo ao pélete,diminuindo o suprimento de oxigênio,muito necessário na fase de germinação.Este é o principal fator restritivo à ger-minação das sementes peletizadas, se-gundo trabalhos realizados por Sachs etal. (1981), Mukhin et al. (1982), Ota(1982) e Sachs et al. (1982).

As partículas sólidas do componen-te de enchimento podem se agregar porforça de coesão ou cargas eletrostáticasque atuam mais facilmente quando seadiciona água ao meio. Por isso, é pos-sível fazer péletes sem aplicação de ade-sivos ou cimentantes. Porém, formam-se estruturas de baixa resistência, que po-dem se desmanchar durante o processo desecagem ou no manuseio (Scott, 1989).

A firmeza da ligação entre as par-tículas define a consistência do péletee, quanto maior a proporção doingrediente cimentante, ou maior asuperfície de contato, considerandotanto o tamanho das partículas quantoa sua porosidade, maior é a ação defixação das estruturas.

Em razão da força de coesão entreas partículas e do arranjo a que são sub-metidas, à medida que vão se agregan-do à semente em camadas sucessivas,forma-se um núcleo compacto que nãonecessita ser fortemente fixado pelocimentante (Scott, 1989).

A afinidade entre o cimentante e osdemais ingredientes, ou o equivalenteao poder de fixação do produto é fatorimportante, no sentido de se utilizar omenor volume de solução ou a menorproporção de cimentante no pélete.Embora não se tenha encontrado qual-quer bibliografia relacionada com esteassunto, espera-se que, utilizando me-nor quantidade de cimentante, se tenha,ao reidratar os péletes após a semeadu-ra, uma solução de baixa viscosidade nacamada de peletização, o que deve faci-litar a drenagem da água retida nos po-ros, favorecendo assim, a sua desobs-trução e, conseqüentemente, a troca ga-sosa. Isto deve ocorrer porque os adesi-vos são, geralmente, produtos visguen-tos e a viscosidade da solução ou da sus-pensão depende da concentração.

A definição da proporção de cimen-tante implica portanto no dilema entre a

necessidade de se ter resistência física,e a limitação de uso de cimentantes, sen-do então necessário avaliar a resistên-cia dos péletes, para que se possa utili-zar a menor concentração possível decimentantes, sem afetar a qualidade fi-nal do produto.

O objetivo deste trabalho foi adap-tar uma prensa para avaliar a resistên-cia dos péletes, por não se ter encontra-do nenhuma descrição de metodologiapara esta finalidade.

MATERIAL E MÉTODOS

Ensaio 1 - Adaptação da prensa -Utilizou-se uma prensa dotada de aneldinamométrico com capacidade máxi-ma de 200 kgf, medidor de espessura(centésimos de milímetro) da camada dedeformação e macaco mecânico do tipoparafuso, acionado por manivela.

Na impossibilidade de se medir aresistência de cada pélete, optou-se porutilizar como índice de resistência, aforça necessária para reduzir determi-nado percentual do volume de umaamostra de pélete, definindo-se tambéma superfície de ação da força. Para isso,amostras de volume definido foram co-locadas dentro de um anel metálico(anel-de-prova) e sofreram deformaçõesproporcionais ao seu volume, utilizan-do um êmbolo metálico ajustado ao diâ-metro interno do anel-de-prova e pres-sionado pelo macaco mecânico.

Foram confeccionados dois conjun-tos de anel-de-prova mais êmbolo, comdiâmetro interno de 50 mm e 34 mm, osquais corresponderam às superfícies de20 cm2 e 8,7 cm2, respectivamente. Osconjuntos foram confeccionados comdiferença mínima de diâmetro, suficien-te para o encaixe entre as peças. Comisso, qualquer grânulo que se despren-dia do pélete e atingia a região de con-tato entre o êmbolo e o anel-de-prova,causava grande atrito e resistência àmovimentação das peças, sendo portan-to grande fonte de erro.

Para evitar o inconveniente, foramconfeccionados anéis de material plás-tico com o mesmo diâmetro do êmbolo,com espessura de aproximadamente 0,5mm e de diversas alturas, permitindoescolher o anel plástico de acordo como volume da amostra e a espessura da

camada a ser comprimida, de forma quea espessura do anel fosse pelo menos odobro da espessura da camada a sercompactada.

O anel de material plástico foi ajus-tado à região de contato entre as peçasmetálicas, impedindo a entrada de ma-teriais sólidos naquele local. Desta for-ma, as partículas que entravam entre assuperfícies dos anéis (de plástico e demetal) não causavam grande atrito emrazão da plasticidade do material.

Utilizando-se dois tipos de pélete,sendo um confeccionado com areia eoutro com calcário, ambos cimentadoscom cola à base de acetato de polivinila(PVA), mediu-se a força necessária parareduzir cada milímetro da altura da ca-mada de pélete, avaliando-se amostrasde 30 e 50 ml de péletes.

Confeccionou-se outro conjunto deanel mais êmbolo, com superfície inter-na de 10 m2 (diâmetro de 35,7 mm), parafacilitar o cálculo da espessura da ca-mada a ser reduzida (taxa de compres-são) e se ter uma relação decimal entreforça e a superfície de ação.

Utilizando o anel de 10 cm2 e o êm-bolo de 8,7 cm2 verificou-se que se ob-tinham praticamente as mesmas leitu-ras que as obtidas com o uso do anelplástico, pois os péletes em teste eramclassificados por peneira e tinham diâ-metro superiores a dois milímetros, en-quanto que a diferença entre o diâmetrodo anel e do êmbolo era de 2,3 mm. Ten-do-se o cuidado de centralizar o êmbo-lo, o afastamento entre as peças era deaproximadamente 1 mm e portanto ne-nhum pélete deixava de receber a forçade compressão e as partículas sólidasnão tinham granulometria suficientepara causar atrito entre as peças metáli-cas, dispensando-se portanto o uso doanel de plástico.

Ensaio 2 - Avaliação dos péletes- Definida a possibilidade do uso doequipamento na mensuração da resistên-cia de péletes, utilizou-se os aneis-de-prova com 10 e 20 cm2 de superfície in-terna para fazer avaliação da força ne-cessária para comprimir 5; 10; 15; 20 e25% do volume de amostras de 10; 20;30; 40 e 50 ml de pélete, utilizando-sepéletes de semente de alface confeccio-nados com areia e com calcário dolo-mítico como ingredientes básicos e com

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Metodologia para avaliação da resistência de péletes.

120 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

cola à base de PVA como cimentante.Os péletes apresentavam grau de umi-dade de 0,45% e foram classificados empeneira, utilizando-se os que passarampela peneira de 9,5 e foram retidos nade 7,5/64 de polegada (3 mm).

Foram feitas análises de correlaçãopara cada dupla de seqüência de dados(entre tipos de péletes), visando esco-lher o melhor tamanho de amostra, omelhor anel-de-prova e a melhor taxade compressão, bem como análise deregressão para a diferença da força me-dida para os dois tipos péletes, visandoescolher o critério de avaliação maisestável. Fez-se também análise devariância para verificar a importânciarelativa de cada fator e variação dasmedições.

Ensaio 3 - Avaliação da resistênciade vários tipos de péletes - Utilizou-seanel-de-prova com 10 cm2 e duas amos-tras de 20 ml dos quatorze tipos depéletes de sementes alface com a seguin-te codificação: ACB, ACBa, ACP,AFBa, AFB, AGB, AGBa, AP, CFB,CFBa, CGB, CGBa, CP e SP, sendo: A- areia; B - bentonita (como cimen-tante); C - calcário; F - granulometriafina; G - granulometria grossa; P - colaà base de PVA; S - serragem de euca-lipto; a - acabamento com calcáriocalcítico mais cola à base de PVA. Me-diu-se a força necessária para o esma-gamento até atingir as taxas de compres-são correspondentes a 5; 10; 15; 20 e25% do volume das amostras (reduçãode 1 até 5 mm de altura da camada deamostra).

Os dados foram analisados segundoo modelo de experimento inteiramentecasualizado, e as médias comparadaspor contrastes.

Para permitir a comparação entre astaxas de compressão, calcularam-se asforças necessárias para comprimir cada1% do volume das amostras (dividiu-seo valor da força pela taxa de compres-são), fazendo-se então, a análise devariância, considerando a taxa de com-pressão como variável independente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ensaio 1 - Fez-se a plotagem dosdados em gráfico e verificou-se que emtodos os casos, a força necessária para

comprimir os primeiros milímetros dacamada era semelhante para ambasamostras e que, ao comprimir excessi-vamente as amostras, os valores de for-ça eram tão elevados que correspondiamprovavelmente à força de compressãoda massa de materiais e não mais dospéletes em si (Figura 1). Verificou-seainda que havia, também em todos oscasos, uma faixa de medições em queos dados seguiam tendência retilínea epróximo do paralelismo entre si (entretipos de pélete e entre volume de amos-tra), indicando ser a faixa de compres-são de 5 a 10 mm, a que oferecia a maiorestabilidade das medições.

Calculando-se o volume percentualcorrespondente à altura da camada re-duzida pela compressão, verificou-se

que a faixa de comportamento retilíneodos dados estava entre 5 e 25% do vo-lume das amostras. Os dados correspon-dentes à esta faixa de leitura foram sub-metidos às análises de correlação e deregressão e obteve-se índices de corre-lação superiores a 99% quando se com-pararam valores para o mesmo tipo depélete e correlações de 92,4% e 94,6%quando se compararam valores entre ostipos de pélete, para os anéis-de-provade 20 e de 8,7 cm2, respectivamente. Nasanálises de regressão obtiveram-se va-lores de índices de ajuste (R2) superio-res a 98% para os modelos retilíneosajustados a cada seqüência de medição.

A média das medições foi de 36,9kgf, com mínimo de 8 kgf e máximo de54 kgf. A diferença entre os índices de

Figura 1. Força exigida para comprimir a camada correspondente a 50 ml de péletes con-feccionados com areia e com calcário, acondicionados em anel-de-prova de 10 cm2. Botucatu,UNESP, 1996.

Figura 2 . Resistência de dois tipos péletes ao esmagamento, utilizando o anel-de-provacom 10 cm2, volumes de amostra de 20; 30; 40 e 50 ml e taxas de compressão de 5% a 25%do volume (CAL = pélete com calcário, AR = pélete com areia). Botucatu, UNESP, 1996.

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Metodologia para avaliação da resistência de péletes.

121Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

resistência para os dois péletes em testefoi de 14,2 kgf quando se utilizou amos-tra de 30 ml, taxa de compactação de 5%e anel de 8,7 cm2 e de 35,3 kgf quando seutilizou amostra de 50 ml, taxa decompactação de 25% e anel de 20 cm2.Deste teste concluiu-se que o equipamen-to era útil para a avaliação da resistênciamecânica ao esmagamento dos péletes eque a faixa mais apropriada para as de-terminações estava entre 5 e 25% de taxade compressão da amostra. Concluiu-seainda que, quanto maior o volume daamostra, a taxa de compressão e a super-fície interna do anel, maior era a faixa dediferenciação dos índices de resistência(distanciamento entre índices de resistên-cia de péletes distintos).

Ensaio 2 - Analisando-se os dadosde resistência ao esmagamento de amos-tras com volumes de 20, 30, 40 e 50 ml,de dois tipos de péletes, verificou-se quea força exigida para comprimir deter-minada porcentagem do volume daamostra não dependeu do volume, quan-do se utilizou o anel-de-prova com 10cm2 de superfície interna (Figura 2), re-sultando em curvas praticamente sobre-postas, para ambos os tipos de péletes etambém a mesma proporcionalidade dosresultados entre os tipos.

Quando se utilizou o anel-de-provacom 20 cm2, obtiveram-se curvas dife-rentes, mas próximas do paralelismoentre si (Figura 3), principalmente seconsideradas para cada tipo de pélete,indicando a mesma tendência dos resul-tados obtidos com o outro anel. Notou-se também este resultado na análise decorrelação, que apresentou índices en-tre 95 e 99% quando se comparou asseqüências de dados para cada tipo depélete, e índices de 78 a 99% quando seanalisou as seqüências de dados relati-vas à diferença de valores entre os doistipos de péletes.

Na análise de regressão por“stepwise” verificou-se que todos os fa-tores (superfície do anel, volume daamostra e taxa de compressão), interfe-riram significativamente nos resultados,mas que a taxa de compressão foi o com-ponente mais influente do modelo, sen-do responsável por 49% da variação dosresultados, seguido pelo fator superfíciedo anel, com 37% dos efeitos, e do fatorvolume, com 5%, totalizando 91%, quefoi o coeficiente do modelo completo.

Ao trabalhar com taxas de compres-são e volume reduzidos, obteve-se me-nor diferença entre os tipos de péletes eportanto, menor poder discriminatóriodas medições. Considerando que o mé-todo causa a destruição da amostra e queos resultados obtidos com o anel de 10cm2 foram estáveis e suficientes paradiscriminar os tipos de péletes, propõe-se utilizá-lo neste tipo de determinação.

Utilizando-se a taxa de compressão de5% verificou-se que os valores obtidos seaproximavam entre si e, com estes valo-res, os péletes foram agrupados de formadiferente do obtido com a média das de-terminações feitas com as diversas taxasde compressão (Tabela 1). Este parâmetrofoi também o que apresentou os menoresíndices de correlação (92 a 97%) com asdemais determinações.

Ao comprimir 25% do volume dasamostras, obteve-se maior desvio dosresultados, indicando que parte da for-ça aplicada poderia estar sendo absor-vida por outro motivo, que não o do es-magamento dos péletes, concluindo-seque as taxas de compressão de 5 e de25% foram impróprias para a determi-nação da resistência.

As forças obtidas com as taxas decompressão de 10; 15 e 20% foram asque apresentaram os maiores índices decorrelação (cerca de 99%) entre si e coma média das determinações, agrupandode forma muito semelhante os quatorzetipos de péletes, para cada taxa de com-pressão considerada.

Os valores obtidos com a taxa decompressão de 20 e 25% são também

altamente correlacionados entre si e coma média, mas apresentaram quase o do-bro do coeficiente de variação obtidocom as taxas de 10 e 15%.

Utilizando como índice de resistên-cia a força necessária para comprimircada 1% do volume da amostra (divi-dindo o valor da força pela taxa de com-pressão) foi possível comparar estatis-ticamente os valores obtidos nas diver-sas taxas de compressão e também coma média, uma vez que se uniformizou odimensionamento do fator estudado.

Verificou-se que este índice foi maisalto quando se utilizaram as taxas decompressão de 5 e de 25%, indicandoque nestes casos mediam-se forças di-ferentes das necessárias para romper asestruturas dos péletes. O menor valormédio deste índice foi obtido com a taxade compressão de 15% (2,66 kgf / 1%de compactação), sendo que este nãodiferiu dos valores obtidos com a taxade 10% (2,65 kgf / 1% de compactação),que por sua vez não diferiu da de 20%(2,70 kgf / 1% de compactação), dondese concluiu ser esta a faixa mais estávelde medições.

Utilizando como termos de compa-ração, tanto a diferença mínima signifi-cativa (DMS) para a comparação dasmédias, quanto o valor de “F”, que é arelação entre a variância devida aos tra-tamentos e a variância devida ao erroexperimental, obteve-se, na avaliação deresistência em que se utilizou a taxa decompressão de 15%, o maior valor de“F” e menor valor de DMS, indicandoque aquele critério de avaliação era o

Figura 3 . Resistência de dois tipos péletes ao esmagamento, utilizando o anel-de-provacom 20 cm2, volumes de amostra de 20; 30; 40 e 50 ml e taxas de compressão de 5 a 25% dovolume (CAL = pélete com calcário, AR = pélete com areia). Botucatu, UNESP, 1996.

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Metodologia para avaliação da resistência de péletes.

122 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

que melhor discriminava ou agrupavaos péletes quanto ao fator avaliado.

Considerando que houve correlaçãomuito estreita (99%) entre as determi-nações feitas com as taxas de compres-são de 10, 15 e 20%, e que o trabalhopara fazer as três leituras é praticamen-te o mesmo de se fazer apenas uma, pro-põe-se fazer as três leituras, calcular oíndice citado anteriormente, e obter amédia das determinações. Para evitartrabalhar com números de baixo valor,deve-se multiplicar a média por dez,obtendo-se então o índice médio de re-sistência, definido como sendo a forçanecessária para reduzir 10% do volumeda amostra. Esses cálculos podem serresumidos na seguinte fórmula:

F10

F15

F20

—— + —— + ——10 15 20

Irm = ————————— x 10 sendo :

3

Irm - Índice médio de resistência,

F10,

F15

e F20

- Força necessária parareduzir em 10, 15 e 20% do volume daamostra, respectivamente.

Ensaio 3 - Utilizando como parâ-metro o índice de resistência citado an-teriormente, verificou-se que os péletesconfeccionados com calcário e cola àbase de PVA foram os mais resistentesao esmagamento e que os péletes con-feccionados com areia, utilizandobentonita como cimentante e sem apli-cação da camada de acabamento, foramos de menor resistência.

Fazendo-se agrupamentos dos péletes,concluiu-se que o calcário formou péletesmais resistentes que a areia; que a cola àbase de PVA atuou como cimentante maisforte que a bentonita; que aplicação dacamada de acabamento com cola à basede PVA mais calcário calcítico aumentoua firmeza dos péletes; e que a mistura deareia mais calcário formou péletes comresistência intermediária.

Diversos tipos de péletes foram ava-liados com esta metodologia, e os re-sultados fazem parte de outro trabalho.

A adaptação da prensa permitiu ava-liar a resistência dos péletes ao esmaga-mento, obtendo-se o índice de resistência,

que pode auxiliar na definição dos padrõesde qualidade e na determinação das pro-porções mais adequadas de ingredientes.

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PC a8,54 a5,58 a3,221 a7,471 a9,132 a40,231

PCA b5,32 cb1,63 c2,84 c5,07 c4,801 c43,75

aBFC cb1,12 cb9,43 c2,84 dc0,26 dc1,68 d84,05

aBGC c3,91 c7,33 c6,74 edc2,06 edc9,18 d55,84

aBCA dc7,81 c9,13 c8,54 edc2,06 edc5,28 d38,74

PS 7,51 ed b4,04 b1,86 b2,101 b9,341 b58,37

aBGA fe9,31 d1,42 d7,33 8,54 fed 4,16 fed e87,53

BGC 8,01 gf ed7,81 ed9,82 8,24 fe 9,96 fed e22,43

aBFA gf8,01 ed7,81 e7,42 9,43 f 0,44 f f36,62

BFC gf8,01 e5,71 e7,42 8,93 f fed6,26 80,13 fe

PA gf0,9 e1,51 e3,22 9,43 f 0,65 fe f74,72

BCA 2,4 h 0,6 f 6,9 f g1,21 g3,91 42,01 g

BFA 6,3 h 8,4 f 0,6 f g0,9 g1,51 17,7 g

BGA 0,3 h 2,4 f 6,6 f g0,9 g9,61 59,7 g

aidéM E10,51 D55,62 C43,83 B80,45 A51,77

)%(.V.C 0,5 6,5 6,4 7,8 8,8 41,9

Tabela 1. Força necessária para reduzir de 5 a 25% do volume de 20 ml de amostras de péletes de sementes de alface, utilizando o anel-de-prova com 10 cm2 de superfície interna. Botucatu, UNESP, 1996.

1 - Código dos materiais utilizados na confecção dos péletes: A - areia; B - bentonita (como cimentante); C - calcário; F - granulometria fina;G - gran. grossa; P - cola à base de PVA; S - serragem de eucalipto; a - acabamento com calcário calcítico mais cola à base de PVA.2 - Porcentagem de redução do volume da amostra.Os valores seguidos pela mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5%.

123Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

O interesse pela cultura do melão noRio Grande do Norte tem aumen-

tado nos últimos anos devido à crescenteexportação e às condições climáticas óti-mas ao seu desenvolvimento (intensida-de e duração de luminosidade, tempera-tura alta e precipitações baixas). Entre-tanto, o desenvolvimento de tecnologiaspara o controle de qualidade e conserva-ção pós-colheita não têm acompanhadoo ritmo da produção (Souza et al., 1994).

Nos últimos anos, tem-se introduzi-do na região diversas cultivares do gru-po reticulatus, destacando-se o melão‘Galia’ com sementes oriundas, princi-palmente, de Israel, Espanha, Holandae Grécia. Entretanto, a comercializaçãotem sido prejudicada pela alta pere-cibilidade, com vida útil pós-colheitanão ultrapassando 14 dias (Lester &Stein, 1993). O melão ‘Galia’ é de ori-gem israelense cujos frutos apresentam

de 850 a 1900 g. É um tipo varietal comcaracterísticas intermediárias entre omelão tipo Ogen (ou Haogen), polpaverde, doce e bastante aromático e o tipoHoney Dew de polpa verde, doce e semaroma. A cor da casca é normalmentelaranja. Entretanto existem híbridos quenão perdem a coloração verde da cascacom o amadurecimento completo. A corda polpa é verde e o aroma e o sabor sãosemelhantes aos do Ogen (Odet, 1993).A textura da polpa é mediana, com co-loração verde-claro na zona externa ebranco laranja na interna. O fruto é ge-ralmente redondo e reticulado (cicatri-zes nos sentidos longitudinal e transver-sal formando uma malha), separando-se facilmente do pedúnculo quando ma-duro (Zapata et al., 1989).

Em melão, o termo qualidade temsido relacionado a diferentes fatores.Uma das características mais estudadas

é o teor de sólidos solúveis – SS(Bosland et al. 1979; Fady, 1983;PROTRADE, 1995). O conteúdo de SS,definido como a percentagem de sóli-dos solúveis no suco extraído da polpa,é um fator tradicionalmente usado paraassegurar a qualidade do melão, embo-ra em alguns casos essa característicaseja considerada como um falso indica-dor de qualidade. Segundo Aulenbach& Worthington (1974) o teor de SS nãoé um bom indicador de qualidade, es-pecialmente quando está acima de 8%,nas cvs. Mayne Rocky e Gold Star. Es-tes autores argumentam que aroma, sa-bor e doçura deveriam ser consideradoscomo características complementares.

Em conseqüência da variação entretalhões, entre frutos da mesma planta eaté entre diferentes partes do mesmo fru-to (Scott & MacGillivray, 1940), o con-teúdo de SS pode não ser um indicativo

MENEZES, J.B. ; CHITARRA, A.B.; CHITARRA, M.I.F.; BICALHO, U.O. Caracterização do melão tipo Galia durante a maturação. Horticultura Brasilei-ra, Brasília, v. 16, n. 2, p. 123-127, novembro 1998.

Caracterização do melão tipo Galia durante a maturação.

Josivan B. Menezes1; Adimilson B. Chitarra 2; M a. Isabel F.Chitarra2; Urquisa O. Bicalho.21 ESAM - Núcleo de Estudos em Pós-colheita – QTC, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN;2 UFLA - DCA C. Postal 037, 37200-000 Lavras – MG.

RESUMO

Com o objetivo de avaliar a qualidade do melão tipo Galia(Cucumis melo L. var. reticulatus), híbrido Nun 1380, durante amaturação, montou-se um experimento em delineamento inteiramen-te casualizado, composto de cinco tratamentos e oito repetições deum fruto cada. Os frutos foram colhidos em cinco estádios dematuração: I, II, III, IV e V e as avaliações foram feitas 24 horasapós a colheita. Houve tendência à redução na firmeza da polpa du-rante a maturação, entretanto, não se observou diferença significati-va (p<0,05) entre os níveis de pectina solúvel e total. O estádio dematuração I apresentou os valores mais baixos de pH, sólidos solú-veis, açúcares totais e vitamina C e os valores mais elevados deacidez total titulável e clorofila total. O estádio de maturação I apre-sentou o teor mais elevado de açúcares redutores (2,92%) e o está-dio V revelou o teor mais baixo (1,67%). A redução no teor de açú-cares redutores foi concomitante à elevação na concentração desacarose. O estádio de maturação II apresentou o teor mínimo desólidos solúveis – SS exigido pelo mercado importador (SS superiora 9%) e resistência mecânica ao manuseio pós-colheita (firmeza dapolpa superior a 50N), sendo o mais indicado para a colheita.

Palavras-chave: Cucumis melo L., estádio de maturação.

ABSTRACT

Characterization of ‘Galia’ melon during maturation.The purpose of this study was to evaluate the quality of ‘Galia’

melon during maturation (Cucumis melo, L. var. reticulatus), hybridNun 1380. The experiment was carried out in a completelyrandomized design with five treatments and eight replicates each ofone fruit. The fruits were harvested at five maturation stages: I, II,III, IV and V, and evaluations made 24 h after harvesting. Firmnessof melon fruits decreased during maturation; however, no significantstatistical difference (p<0.05) was noticed in total and soluble pectin.The maturation stage I showed the lowest values for pH, solublesolids content, total sugars and vitamin C, and the highest values oftitratable acidity and total chlorophyll. The maturation stage I showedthe highest value of reducing sugar (2.92%) while the maturationstage V showed the lowest (1.67%). Accumulation of sucrose wasconcomitant with decreasing concentration of reducing sugar. Thedata obtained in this study on firmness and soluble solid contentindicated that the maturation stage II was the optimun for harvesting‘Galia’ melons, hybrid Nun 1380. At this stage the soluble solidcontent reached more than 9%, which is the minimum standardestablished for the import market, and the fruits had resistance topostharvest handling due to their firmness higher than 50 N.

Keywords: Cucumis melo L. maturation stage.

(Aceito para publicação em 20 de julho de 1998)

124 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

da grande variabilidade existente nocampo, sendo portanto necessárias ava-liações adicionais para definir mais ade-quadamente o estádio de maturação dosfrutos. A escolha do estádio ideal dematuração por ocasião da colheita, re-presenta, sem dúvida, uma das princi-pais dificuldades para os produtores demelão (Vaulx & Aubert, 1977). Este fa-tor torna-se mais importante, quandotrabalha-se com material genético des-conhecido.

Este trabalho teve como objetivo ava-liar a qualidade pós-colheita do melãotipo Galia, híbrido Nun 1380, durante amaturação e determinar o estádio dematuração adequado para colheita.

MATERIAL E MÉTODOS

Obtenção dos frutos: A área de cul-tivo para a obtenção dos frutos foi aFazenda Água Branca I, da FRUNORTELtda, no município de Carnaubais-RN.O plantio foi realizado no mês de se-tembro de 1994, em solo Podzólico ver-melho amarelo equivalente eutróficolatossólico de textura arenosa. A análi-se química do solo revelou: pH em água7,6; pH em CaCl

2 7,0; matéria orgânica

0,9%; P (resina) 95 mg/cm3; Ca 3,5 meq/100 cm3; Mg 0,79 meq/100 cm3; K 0,34meq/100 cm3; Na 0,17 meq/100 cm3 eAl 0,00 meq/100 cm3.

O espaçamento utilizado foi 2,0 mentre fileiras e 0,33 m entre plantas, pro-vendo uma população de 15 mil plantaspor hectare. A área total utilizada foi de0,46 ha (29 linhas de 80 m).

A adubação de fundação foi feitacom esterco, 15 m3/ha; superfosfato sim-ples, 1000 kg/ha; calcário dolomítico,500 kg/ha; e magnesita, 100 kg/ha. Afertirrigação até os 74 dias de plantio(época do segundo corte) foi feita comN, 51,5 kg/ha; P

2O

5, 160 kg/ha; K

2O, 268

kg/ha; Ca, 31,35 kg/ha e água, 2068 m3/ha, três vezes ao dia. A adubação foliarfoi conduzida com Nutrifolha, 2,73 kg/ha; mistura de micronutrientes, 4,56 kg/ha; molibdato de sódio, 0,29 kg/ha;Nutrimins CaB, 20,46 kg/ha e sulfatode potássio, 19,6 kg/ha. O controle deervas daninhas foi realizado com a apli-cação de podium (0,7 l/ha nove dias apóso plantio) e mecânico (17, 34 e 53 diasapós o plantio). Durante o experimentonão ocorreu precipitação pluviométrica.

A colheita foi feita em duas etapas:primeiro corte (69 dias) e segundo cor-te aos 74 dias após o plantio. Entretan-to, utilizaram-se frutos apenas do pri-meiro corte para a instalação dos expe-rimentos em laboratório.

Os frutos foram colhidos após 15:00h conforme os estádios de maturação: I- frutos de coloração verde-intenso compedúnculo totalmente preso; II - frutosde cor verde com início de descolora-ção e pedúnculo totalmente preso; III -fruto com pedúnculo em início deabscisão; IV - fruto com pedúnculo to-talmente rachado, e V- fruto sempedúnculo, que representaram os cincotratamentos.

Imediatamente, após a colheita eseleção (frutos com boas característicasexternas), os melões foram embaladosem caixas de mercado externo tipo te-lescópica ou peça única feita de pape-lão ondulado de parede dupla, onda BC,com 5% de área de ventilação. Os fru-tos foram transportados via terrestre paraNatal - RN, distante 230 km do local deprodução, via aérea para Belo horizon-te - MG e via terrestre para Lavras - MG,a 220 km de Belo Horizonte, totalizando24 horas após a colheita, sempre emcondições ambiente. Em Lavras - MG,os frutos foram imediatamente subme-tidos às avaliações de qualidade.

O delineamento experimental utili-zado foi inteiramente casualizado, comcinco tratamentos e oito repetições, deum fruto por parcela, totalizando 40 fru-tos no experimento.

Avaliações físicas: A firmeza da pol-pa foi medida como resistência à pene-tração usando-se penetrômetro(Magness-Taylor modelo 30 A; valormáximo de leitura 30 lb) com plungerde ponta cônica (diâmetro, 0,83 cm ecomprimento, 0,67 cm) em regiões equa-toriais (três determinações por fruto) dasuperfície do fruto desprovido de casca,conforme McCollum et al. (1989).

Preparo das amostras: Após asavaliações físicas separaram-se quatrofatias (2cm de largura), das quais ex-traiu-se a polpa comestível. Apóshomogeneização em liqüidificador, umaporção da polpa foi filtrada, utilizando-se parte do suco para as análises imedia-tas de pH, acidez total titulável e SS e orestante para o doseamento de vitamina

C total e açúcares. O restante da polpafoi cortado em cubos, congelado em ni-trogênio líquido, embalado em sacostransparentes de polietileno de baixadensidade (27,0cm X 31,0cm ) com fe-cho hermético e mantido a -18ºC paraas demais análises.

A casca dos frutos foi congelada emN

2 líquido e mantida a -18°C para de-

terminação do teor de clorofila total.

Pectina total e solúvel: A polpamantida sob N

2 líquido foi desintegrada

em homogeneizador de tecidos(Tissumizer - Tekmar company, tipoSDT 1880) e as frações pectina total esolúvel foram extraídas pelo método deMcCready & McCoomb (1952) a partirde 5 e 25 g de polpa homogeneizada,respectivamente. Para a hidróliseenzimática de pectina total utilizou-sepectinase (EC.3.2.1.15) de origemfúngica -Aspergillus niger, 1,0U/mg(Merck). Para a determinação da pectinatotal e da solúvel utilizou-se, após a ex-tração da pectina, diluições 1:20 e 1:4(v:v), em água, respectivamente, e umaalíquota de 0,2 ml do extrato foi utiliza-da para comparação com as leituras ob-tidas pela curva padrão, previamentedeterminada. Para evitar a interferênciade açúcares (glicose, frutose, sacarosee celulose) (Kintner & Van Buren, 1982)durante a determinação da fraçãopectina solúvel em água, a polpa foimantida sob agitação em álcool etílico95% (1:5; v:v) durante 1 hora antes dafiltração.

A análise foi feita por colorimetriaatravés da reação de condensação do m-fenilfenol (m-hidroxibifenil - EastmanKodak Company ou Sigma Company),segundo técnica adaptada deBlumenkrantz & Asboe-Hansen (1973).Observou-se a perda de coloração pelocromóforo a partir da superfície do ex-trato em poucos minutos (cerca de 30minutos). Para evitar a instabilidade dareação, e conseqüentemente, a obtençãode resultados inconsistentes, as leiturasforam feitas entre 15 e 30 minutos apóso início de repouso do sistema. As aná-lises foram feitas em ambiente com tem-peratura média de 25ºC e umidade rela-tiva inferior a 60%. A leitura foimonitorada em espectrofotômetro (mo-delo DU 640 B - Beckman InstrumentsInc. USA) a 520nm, operando com o

MENEZES, J.B. et al. Caracterização do melão tipo Galia durante a maturação.

125Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

sistema “Power Up DiagnosticsWindow”. O aparelho foi calibrado parafornecer leituras médias de dez repeti-ções a intervalos de 0,5 segundo. Osresultados foram expressos em mg deácido urônico por 100 g de polpa.

Acidez total titulável, pH e sólidossolúveis: O pH foi registrado em medi-dor de pH digital e a acidez total titulávelfoi obtida por titulação do suco (dilui-ção 1:5) com NaOH 0,1N e expressacomo mg de ácido cítrico por 100ml desuco, conforme Artés et al. (1993).

Determinou-se o conteúdo de sólidossolúveis totais por leitura em refratômetrodigital, (modelo PR - 100, Palette; AtagoCo., LTD., Japão) com compensaçãoautomática de temperatura. Os sólidossolúveis foram registrados com precisãode 0,1 a 25°C (Kramer, 1973).

Açúcares: As análises de açúcaresforam feitas 24 horas a partir da extra-ção do suco, mantido em freezer. Osaçúcares redutores e não-redutores fo-ram analisados pelo método deSomoghy-Nelson (Southgate, 1991).Partiu-se, inicialmente, de uma alíquotade 3ml de suco, diluída para 100ml emágua, usando-se 10ml da solução parahidrólise da sacarose e 3ml para despro-teinização. O doseamento foi moni-torado a partir de 0,2ml ou 0,3ml doextrato desproteinizado no caso dos açú-cares redutores e 1ml da solução apóshidrólise da sacarose desproteinizada.Os resultados foram expressos em gra-mas de glicose por 100ml de suco.

Vitamina C total: Em parte do sucoacrescentou-se ácido oxálico (80ml) ekiesselgur (seguido de filtração). A mis-tura foi mantida a -18ºC por até no máxi-mo 24 horas para avaliação do teor devitamina C. Tomou-se 20ml do extrato eadicionou-se 80ml de ácido oxálico(0,5%) e para o doseamento utilizou-se1ml do filtrado para 3ml da solução deácido oxálico 0,5%. O ácido ascórbico(após oxidação a ácido dehidroascórbico)foi doseado pelo método colorimétricocom o 2,4-dinitrofenilhidrazina, segun-do Strohecker & Henning (1967). Os re-sultados foram expressos em mg por100ml de suco.

Clorofila total: Foi determinada nacasca, previamente congelada em nitro-gênio líquido, (espessura de aproxima-damente 1mm). Utilizou-se para desin-

tegração, homogeneizador de tecidos,conforme metodologia de Bruinsma(1963), 1g do material para 10ml deágua destilada. Ao volume do extrato,após a homogeneização, adicionou-seacetona p.a. até a completa descoloração,seguido de filtração. O volume final doextrato foi de 50ml. A leitura daabsorbância foi efetuada a 652nm. Os ní-veis de clorofila total foram determinadosem mg/100g de casca, segundo a equaçãoadotada por Engel & Poggiani (1991):

clorofila total = [(A652

x 1000 x v/1000w)/34,5] ´ 100

onde: v = volume final do extratoclorofila-acetona; w = peso da casca emg; A

625 = leitura da absorbância a 652nm.

Análise estatística: As análises devariância dos dados foram efetuadasutilizando-se o software SPSSPC(Norusis, 1990). A comparação entre osestádios de maturação foi realizada atra-vés do teste de Tukey ao nível de 5% deprobabilidade (Gomes, 1987).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Firmeza da polpa, pectina total epectina solúvel: Houve redução de 54%na firmeza da polpa dos frutos do está-dio de maturação I até o V, similar aoverificado por Lester & Dunlap (1985)durante o desenvolvimento e amadure-cimento de Cucumis melo L. var.reticulatus e por Bianco & Pratt (1977)para o melão cantaloupe ‘PMR 45’ du-rante o amadurecimento.

O amolecimento dos frutos durantea maturação, característica comum, éatribuída à hidrólise de vários polissa-carídeos estruturais, sendo as substân-cias pécticas os principais. Entretanto,neste experimento não houve diferençasignificativa (p<0,05) entre os níveis depectina solúvel durante a maturação.

Em geral, a degradação de polissa-carídeos da parede celular é acompanha-da por aumento na atividade de hidro-lases tais como poligalacturonases (PG -enzimas responsáveis pela solubilizaçãode pectina), pectinametilesterases (PME- grupo de enzimas que catalisa adesesterificação de metilésteres galactosiluronatos da pectina a grupos carboxilaslivres) e endo-b-(1-4) glucanases.

Lester & Dunlap (1985) estudaramo processo de amolecimento de melão

reticulatus e constataram que não hou-ve mudança nos teores de pectina,hemicelulose e celulose. Estes pesqui-sadores não conseguiram explicar omecanismo que controla o amolecimen-to do melão através de correlação comenzimas de degradação da parede celu-lar. A atividade das duas principaisenzimas (PG e PME) permaneceu cons-tante ou declinou durante o período dedesenvolvimento e senescência do fru-to; entretanto, Gross & Sams (1984) eMcCollum et al. (1989) relataram dimi-nuição no tamanho molecular daspectinas, perda de resíduos de galactosile mudanças no tamanho molecular dospolímeros hemicelulósicos durante oamadurecimento do melão. A ligaçãocruzada dos polímeros pécticos mediadapelo cálcio tem sido citada como ummecanismo controlador do amolecimentoem maçã (Willey, 1977) e em tomate(Poovaiah & Nukaya, 1979). Entretanto,a concentração deste elemento parece nãoestar associada com a firmeza do melão(Lester & Dunlap, 1985). Apesar das ten-tativas de elucidar o mecanismo envol-vido no amolecimento do melão (Lester,1988; Lester, 1990), pouco se sabe acer-ca da atuação de enzimas diretamenterelacionadas com o processo.

pH e acidez total titulável: O está-dio de maturação I apresentou o menorvalor de pH (5,70), concordante com aconcentração mais elevada de acideztotal titulável (13mg de ácido cítricoanidro/100ml de suco). A variação nosníveis de acidez total titulável namaturação do melão possui pouco sig-nificado prático em função da baixa con-centração.

Sólidos solúveis e açúcares: O teormais baixo de SS (6,99%) foi registra-do no estádio de maturação I, diferindosignificativamente dos demais tratamen-tos, porém, os conteúdos mais baixos deaçúcares totais foram observados nosestádios I e II.

Pratt et al. (1977) também observa-ram aumento no teor de SS em frutos demelão colhidos em diferentes estádios dematuração. Oggle & Christopher (1957)observaram um aumento no conteúdo deSS entre os estádios de maturação full-slip e half-slip de diferentes cultivaresde melão cantaloupe. Portanto, deve-seestar atento para o ponto ideal de co-lheita dos frutos.

MENEZES, J.B. et al. Caracterização do melão tipo Galia durante a maturação.

126 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

O teor de açúcares totais corres-pondeu, em média, a 64% do conteúdode SS, sendo o estádio de maturação IIIo que apresentou maior proporção(74%). Artés et al. (1993) verificaramproporções variando de 57% (cv. Pielde Sapo) até 86% (cv. Galia); enquantoque Cohen & Hicks (1986) encontraramvalores de 57, 52 e 59%, respectivamen-te, para as cvs. Gold Star, Saticoy eSuperstar.

O aumento no conteúdo de SS du-rante a maturação do melão pode seratribuído a síntese de estaquiose nas fo-lhas e o conseqüente transporte para ofruto, onde é convertido em sacarose(Hughes & Yamaguchi, 1983). Presu-me-se que o fruto possua um sistema deenzimas capaz de metabolizar esteoligossacarídeo. Gross & Pharr (1982)mostraram que um extrato do pedúnculodo fruto foi capaz de converter in vitrogalactose-1-fosfato e frutose a sacarose,evidentemente, via UDP-galactose-pirofosforilase (EC 2.7.7.10), UDP-galactose-4-epimerase (EC 5.1.3.2.) esacarose sintase (EC 1.4.1.13). Isto tam-bém implicaria que b-galactosidase (EC3.2.1.23) e galactoquinase (EC 2.7.1.6)participam da reação completando aconversão de estaquiose a sacarose(Knee et al., 1991).

Considerando textura e SS concluiu-se que o estádio de maturação II é o maisindicado para a colheita do melão tipoGalia, híbrido Nun 1380, nas condiçõesde cultivo deste experimento. Neste es-tádio de maturação o fruto apresentou oteor mínimo de SS exigido pelo merca-do importador (SS superior a 9 %) e re-sistência mecânica ao manuseio pós-colheita (firmeza da polpa superior a50N). Além disso, nos estádios dematuração mais avançados não se regis-trou elevação no teor de SS. Entretanto,como o estádio de maturação III apre-sentou o teor mais elevado de açúcarestotais, pode também ser utilizado comoponto de colheita, principalmente, quan-do o fruto for destinado a mercados maispróximos.

O estádio de maturação I apresen-tou o teor de açúcares redutores maiselevado (2,92%) e o estádio V mais bai-xo (1,67%). A redução no teor de açú-cares redutores foi concomitante à ele-vação na concentração de sacarose. No

estádio de maturação inicial os açúca-res redutores corresponderam a, apro-ximadamente, 70% dos açúcares totais,enquanto que no último estádio dematuração este correspondeu, aproxima-damente, a apenas 26%.

Bianco & Pratt (1977) também ve-rificaram aumento na concentração desacarose e redução no teor de açúcaresredutores durante o amadurecimento demelão cantaloupe ‘PMR 45’.

A sacarose é o principal açúcar li-vre encontrado no melão maduro(Hughes & Yamaguchi, 1983; Lingle etal. 1987; McCollum et al., 1988) e o seunível continua aumentando durante odesenvolvimento do fruto, enquanto queos níveis de glicose e frutose permane-cem inalterados ou diminuem. Estespesquisadores verificaram que o aumen-to na concentração de sacarose estácorrelacionado com o declínio na ativi-dade da invertase ácida (EC 3.2.1.26), aqual apresenta níveis de atividade mui-to baixos no fruto maduro.

Ranwala & Masuda (1991) reporta-ram acúmulo de sacarose durante o de-senvolvimento de Cucumis melo L. cvPrince. Este acúmulo também foi correla-cionado com diminuição na atividade dasinvertases (Ranwala et al., 1991).

Vitamina C total: Houve diferençasignificativa no teor de vitamina C totalentre os estádios de maturação. O me-lão colhido no estádio de maturação Iapresentou o menor teor de vitamina Ctotal (20,63mg (100ml)-1 de suco). Oestádio de maturação V apresentou oteor mais elevado (32,23mg (100ml)-1

de suco). Não houve variação entre osestádios de maturação II, III e IV.

O aumento da concentração de vita-mina C total durante a maturação foiacompanhado por aumento no conteú-do de açúcares totais. Os valores de vi-tamina C total encontrados neste ensaiopara os estádios de maturação II até Vsão bastante semelhantes aqueles repor-tados por Dhiman et al. (1995) para di-ferentes genótipos de melão. Esses au-tores verificaram concentrações médiasde 32,49; 27,73; 28,50 e 24,90mg(100ml)-1 de suco, respectivamente, paraos genótipos MR-12, Hara Madhu,Punjab Sunehri e Punjab.

Clorofila total: O estádio de matu-ração I apresentou o teor médio mais

elevado de clorofila total (50,00mg/100g de casca) enquanto que o estádiode maturação V apresentou o menor(23,91mg/100g de casca). Isto represen-ta uma redução de 52,2% no conteúdode clorofila total na casca do fruto entreos estádios de maturação I e V.

Apesar da redução no teor de cloro-fila total, o fruto ainda apresentou-seesverdeado no estádio de maturação V,o que dificulta a comercialização, poisas principais cultivares de melão tipoGalia existentes no mercado apresentamfrutos amarelos quando maduros.

Os valores médios para os teores declorofila total são comparáveis aquelesobtidos por Flügel & Gross (1982) ape-nas para o último estádio de maturação.Nos demais estádios os valores são bas-tante superiores. Isto reforça a discussãoque o híbrido avaliado apresenta teoreselevados de clorofila total quando com-parado com outras cultivares de melão‘Galia’. Esta informação é extremamenteimportante para os programas de melho-ramento do melão ‘Galia’, pois a cor dofruto é uma importante característica dequalidade considerada pelo consumidor.

LITERATURA CITADA

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Determinação do nível de dano econômico de tripes em cebola.

Paulo A. S. GonçalvesEPAGRI S.A., C. Postal 121, 88400-000 Ituporanga - SC.

RESUMO

Com o objetivo de se determinar o nível de dano econômico deThrips tabaci Lind. em cebola foram realizados dois experimentosna EPAGRI S.A., Ituporanga, SC, entre agosto e dezembro de 1993e 1995. Em 1993 aplicações de lambdacialotrina 5 g. i.a/ha foramrealizadas quando o número médio de ninfas de tripes por planta foiigual ou superior a 5, 7, 10 e 15, durante todo o ciclo da cultura;quando o número médio de ninfas foi igual 5, 7 até a formação dobulbo e 10, 15, 20 após; 10 até a formação do bulbo e 20, 30 após.Em 1995 aplicações de lambacialotrina 30 g i.a/ha foram realizadasquando o nível médio de tripes/planta foi: 1, 3, 5, 7, 10, 15, 20, 25,30, 40, 50, 60, e testemunha. Em 1993 foi possível reduzir o númerode pulverizações de oito (controle adotado sempre que o nívelpopulacional de tripes atingisse 5 ninfas/planta) para quatro (trata-mento com 10 ninfas antes e 30 após a formação do bulbo) semprejudicar a produtividade. Em 1995 o número de pulverizaçõesvariou de zero para o nível médio igual ou superior a 20 ninfas/planta até sete para o nível de 1 ninfa/planta e a produtividade foiigual entre tratamentos. Sendo assim, as plantas de cebola toleraramo dano de tripes sem reduzir a produtividade. Isto ocorreu devido aomanejo do solo (em 1995 além de adubação química foi adicionadoadubação verde com mucuna, Stilozobium sp., e orgânica com ester-co de aves) e a distribuição de precipitação pluviométrica mais re-gular. Portanto, o nível de dano econômico de tripes em cebola estárelacionado com práticas adequadas de manejo de solo e distribui-ção de precipitação pluviométrica.

Palavras-chave: Allium cepa, Insecta, (Thrips tabaci) tripes dacebola, controle cultural, dano.

ABSTRACT

Determination of economic injury level of onion thrips.The objectives of this work to determine the economic injury

level of Thrips tabaci Lind. on onion. Two experiments were carriedout at EPAGRI S.A., Ituporanga, Santa Catarina State, Brazil,between August and December, 1993 and 1995. In 1993, sprays withlambdacyhalothrin, 5 g a.i/ha, were used throught the cycle wheneverthe number of nymphs of onion thrips reached the following levelsper plant: 5, 7, 10 and 15, during the whole cycle; 5, and 7 by bulbdevelopment and 10,15, 20 after; 10 by bulb development and 20,30 after; and untreated control. In 1995, spray with lambdacyhalothrin,30 g a.i/ha, was used when the levels of nymphs per plant wereobserved during the whole cycle: 1, 3, 5, 7, 10, 15, 20, 25, 30, 40,50, 60 and untreated control. In 1993, the number of sprays wasreduced from eight (using chemical control when the number of5 nymphs per plant was reached) to four (treatments with 10 nymphsbefore and 30 after the bulb development). In 1995, the untreatedcontrol gave a similar yield to chemical control treatments. Hencethe plants tolerated the onion thrips damage. This difference wasdue to soil management (in 1995, in addition to the chemical fertilizer,green manuring with Stilozobium sp was also used) and to regulardistribution of precipitation. Therefore the economic injury level ofonion thrips is related to rational soil management and distributionof precipitation.

Keywords: Allium cepa,Thrips tabaci, insecta, onion thrips,cultural control, damage.

(Aceito para publicação em 01 de setembro de 1998)

A principal praga da cebola em Santa Catarina é o tripes, Thrips tabaci

Lind. (EMPASC/ACARESC, 1991). Osagricultores da região do Alto Vale doItajaí, SC, têm utilizado para o controledesta praga inseticidas fosforados e pire-tróides, principalmente parathionmetílico e deltamethrina (Gonçalves &Guimarães, 1995). Recentemente, tem-se incrementado a utilização de ciper-metrina, lambdacialotrina, metamidofóse clorpirifós-etil pelos produtores decebola catarinenses. O número de pul-verizações/safra pode atingir até dozeem alguns casos. Este procedimentopode gerar a médio prazo problemas desaúde ao aplicador de agrotóxicos, acontaminação do meio ambiente e doproduto final, além do ônus econômi-

co. Com o advento do MERCOSUL, oagricultor deve racionalizar os custos, afim de obter produtividade e qualidadena produção de bulbos para competircom o mercado estrangeiro, sobretudoo argentino.

Os meses de outubro e novembroforam considerados como sendo os demaior ocorrência de tripes na região doAlto Vale do Itajaí, SC, com infestaçõesseveras a partir da segunda quinzena deoutubro (Lorini et al., 1986; Gonçalves& Guimarães, 1995). A realização depulverizações periódicas nesta fase nãoproduzem necessariamente incrementosna produtividade (Gonçalves, 1996).Lorini & Ferreto (1991) não observa-ram diferença no rendimento de cebolaao utilizarem aplicações de deltametrina

7,5 g i.a/ha em intervalos de 3, 7, 14 e21 dias. Os trabalhos que relacionamnúmero de tripes por planta e produtivi-dade são polêmicos, pois fatores comofenologia, épocas de plantio e deinfestações, variedade e clima podeminfluenciar na interação inseto-planta(Domiciano et al., 1993). Diante disso,é necessário considerar as característi-cas de cada região produtora (clima,época de plantio, cultivar utilizada) parase determinar a relação entre densidadepopulacional de tripes e rendimento dacultura. Hoffman et al. (1995) observa-ram uma redução do uso de inseticidassem afetar a qualidade e a produtivida-de de cebola ao adotarem o nível de danoeconômico para o manejo de tripes nes-ta cultura. A adoção desta estratégia de

129Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

manejo de tripes contribuiria para a re-dução de custos de produção, problemasambientais e aqueles relacionados à saú-de do agricultor catarinense.

Este trabalho teve como objetivodeterminar o nível de dano econômicode tripes em cebola, visando fornecerinformações que possibilitem o manejomais racional da cultura.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido na EstaçãoExperimental de Ituporanga, SC, EPAGRIS.A., a 475 m de altitude, em cambissolohúmico distrófico álico. Os dois experi-mentos foram conduzidos em 1993 (20/08 a 7/12) e 1995 ( 22/08 a 18/12).

A cultivar de cebola EMPASC 351Sel. Crioula, utilizada nos dois ensai-os, foi manejada de acordo com as re-comendações propostas por EMPASC/ACARESC (1991). A adubação no en-saio de 1993 foi de 1000 kg/ha da for-mulação N-P-K, 5-20-10. Em 1995,além de 800 kg/ha desta formulação,utilizou-se adubação verde prévia commucuna (Stilozobium sp.) e adubaçãoorgânica com esterco de aves (15 t/ha)incorporada 21 dias antes do trans-plante.

O delineamento foi blocos ao acasocom treze tratamentos e quatro repeti-ções. O tamanho da parcela foi de 2,8mx 3,0m, espaçamento de 40 cm x 7,5 cm,com 280 plantas/parcela, área útil de 6m2, em ambos os experimentos.

Em 1993, a aplicação delambdacialotrina (5 g i.a/ha) foi reali-zada quando o número médio de ninfasde tripes foi igual ou superior a: (1) 5;(2) 7; (3) 10 e (4) 15 ninfas, durante todoo ciclo da cultura; (5), (6) e (7) 5 ninfasaté a formação do bulbo e 10, 15, 20após; (8), (9) e (10) 7 ninfas até a for-mação do bulbo e 10, 15, 20 após; (11)e (12) 10 ninfas até a formação do bul-bo 20 e 30 após e (13) testemunha semaplicação. O período compreendido en-tre o transplante até a primeira quinze-na de novembro foi considerado comoestádio de formação do bulbo.

Em 1995, a aplicação delambdacialotrina (30 g i.a/ha) foi reali-zada quando a densidade populacionalatingiu os seguintes níveis de ninfas de

tripes/planta durante o ciclo da cultura:(1) 1; (2) 3; (3) 5; (4) 7; (5) 10; (6) 15;(7) 20; (8) 25; (9) 30; (10) 40; (11) 50 e(12) 60 ninfas por planta, e (13) teste-munha sem aplicação. O equipamentoutilizado na aplicação do inseticida foium pulverizador costal manual, combico leque 80.03 (1993) e 110.04 (1995),proporcionando um volume de calda deaproximadamente 600 l/ha.

Para a avaliação do número de tripescoletou-se semanalmente 5 plantas/par-cela. Estas foram acondicionadas emsacos de plástico e levadas ao laborató-rio para as contagens. Para facilitar aavaliação, as plantas foram cortadas àaltura do pseudo-caule e as ninfas pre-sentes em todas as folhas foram conta-das sob lupa de alça 10x. Em 1993 fo-ram realizadas nove avaliações no pe-ríodo de cinco de outubro (46 dias apóstransplante – DAP) a 30 de novembro,e em 1995 onze, de vinte e sete de se-tembro (38 DAP) a quatro de dezem-bro. O período de avaliações ocorreuprincipalmente nos meses de outubro enovembro, pois são os meses de maiorocorrência da praga (Lorini et al. 1986;Gonçalves & Guimarães, 1995). O nú-mero médio de ninfas de tripes na teste-munha foi correlacionado com valoresde precipitação pluviométrica do perío-

do de realização do experimento, segun-do dados fornecidos pela EstaçãoAgrometeorológica da EPAGRI,Ituporanga, SC. A produtividade foiavaliada em 60 bulbos/parcela,coletados em área de 1,8m x 1,5m, pre-viamente delimitada no centro da par-cela, onde foram selecionados apenas osbulbos com características comerciais(acima de 4 cm de diâmetro). Os valo-res de produtividade foram submetidosà análise de variância e as médias com-paradas pelo teste Duncan ao nível de5% de probabilidade (Gomes, 1987).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em 1993, adotou-se um maior nú-mero de pulverizações (oito) para o tra-tamento com o número médio de até 5ninfas/planta, enquanto que apenas qua-tro aplicações foram feitas para o nívelde 10 ninfas antes da formação do bul-bo e 30 após. Não houve diferença sig-nificativa para os valores de produtivi-dade entre os tratamentos com o con-trole químico (Tabela 1). Portanto, foipossível reduzir o número de pulveri-zações de oito para quatro mantendo-seníveis semelhantes de produtividade.Em 1995, o número de pulverizaçõesvariou de sete para o número médio de

GONÇALVES, P.A. de. Determinação do nível de dano econômico de tripes em cebola.

sotnematarT )on(seõçazirevluP *)ah/t(edadivitudorP

safnin5 8 a4,71

safnin7 6 a2,41

safnin01 6 a3,31

safnin51 6 a7,41

**safnin01/safnin5 7 a4,71

**safnin51/safnin5 7 a2,71

**safnin02/safnin5 7 a6,51

**safnin01/safnin7 6 a1,31

**safnin51/safnin7 6 a2,31

**safnin02/safnin7 5 a3,71

**safnin02/safnin01 5 a8,41

**safnin03/safnin01 4 a2,21

ahnumetseT 0 b1,5

Tabela 1. Número de pulverizações de inseticida no controle de tripes, Thrips tabaci, emcebola e produtividade da cv. EMPASC 351 Sel. Crioula. Ituporanga, EPAGRI S/A, 1993.

* Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si ao nível de 5 % de probabilidadepelo teste de Duncan.** Os tratamentos com dois níveis populacionais indicam valores de densidade populacionalpermitida antes e após a formação do bulbo.

130 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

1 ninfa/planta até zero para níveis aci-ma de 20 ninfas/planta. A produtivida-de não diferiu significativamente entretratamentos (Tabela 2). Desta forma, nãohouve incremento na produtividade de-vido ao uso de inseticidas. A produtivi-dade da cultura foi influenciada, princi-palmente, por dois fatores: manejo desolo e precipitação pluviométrica. Com-parando-se a produtividade da testemu-nha obtida em 1993 com aquela de 1995,observou-se, respectivamente 5,1 t/ha e24,8 t/ha (Tabelas 1 e 2). Este incremen-to deveu-se à adubação da área experi-mental, pois em 1995, além da aduba-ção mineral foi utilizado também adu-bação verde e orgânica. Além disso, aprecipitação pluviométrica medida em1995 (275,1 mm) embora menor que em1993 (309,0 mm) foi regularmente dis-tribuída durante todo o ciclo da cultura,correlacionando-se negativamente como número médio de ninfas de tripes notratamento testemunha, favorecendo àredução populacional da praga (por danofísico ao inseto). Entretanto, no experi-mento de 1993 não houve correlaçãosignificativa (Tabela 3). De acordo comFournier et al. (1995), o déficit hídricoestá relacionado com a capacidade deplantas de cebola em tolerar o dano detripes. Assim, o nível de dano econômi-co de tripes em cebola está também as-sociado ao estado nutricional da cultu-ra. Domiciano et al., 1993 consideraram

outros fatores tais como: fenologia daplanta, época de plantio, variedades, cli-ma, níveis de tripes e duração dainfestação.

O nível de dano econômico estabe-lecido por Domiciano et al. (1993) paratripes em cebola, foi 20 ± 5 tripes/plan-ta, enquanto que Shelton et al. (1987)adotaram o nível de 3 tripes/folha.Fournier et al. (1995) estimaram os ní-veis de 2,2 e 0,9 tripes/folha sendo este

último adotado para condições de défi-cit hídrico severo. Adaptando estes ní-veis para a cv. EMPASC 351 SeleçãoCrioula, que segundo Yokoyama et al.(1984), pode apresentar no desenvolvi-mento máximo de 8 a 10 folhas, o con-trole químico seria adotado entre 7,2 e30 tripes/planta. Hoffmann et al. (1995)em programa de manejo de tripes nacultura da cebola adotaram os níveis de1,5 e 3 tripes/folha e não observaram

GONÇALVES, P.A. de. Determinação do nível de dano econômico de tripes em cebola.

sotnematarT )ºn(seõçazirevluP *)ah/t(edadivitudorP

afnin1 7 a3,32

safnin3 7 a0,52

safnin5 7 a8,32

safnin7 5 a4,52

safnin01 5 a0,22

safnin51 4 a3,72

safnin02 0 a9,22

safnin52 0 a6,32

safnin03 0 a3,12

safnin04 0 a3,32

safnin05 0 a7,42

safnin06 0 a6,32

ahnumetseT 0 a8,42

Tabela 2. Número de pulverizações de inseticida no controle de tripes, Thrips tabaci, emcebola e produtividade da cv. EMPASC 351 Sel. Crioula. Ituporanga, EPAGRI S/A, 1995.

* Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si ao nível de 5 % de probabilidadepelo teste de Duncan.

3991 5991

ataDoãçatipicerP

)mm(safniN r ataD

oãçatipicerP)mm(

safniN r

01/50 6,85 1,1 sn81,0- 1 90/72 0,18 8,1 s66,0- 1

01/31 0,0 9,5 01/20 0,92 7,0

01/91 8,81 0,42 01/90 0,91 3,4

01/62 8,96 8,23 01/61 0,93 0,7

11/40 4,1 1,04 01/32 0,43 2,6

11/90 4,5 8,04 01/03 0,42 5,81

11/71 4,74 7,51 11/60 3,6 5,62

11/32 0,0 4,31 11/31 0,61 7,41

11/03 6,701 1,51 11/02 1,7 8,02

latoT 0,903 11/72 0,61 4,91

latoT 1,572

Tabela 3. Número médio de ninfas de tripes, Thrips tabaci, por planta na testemunha, precipitação pluviométrica acumulada entre as datasde avaliação, e coeficiente de correlação (r). Ituporanga, EPAGRI S/A,1993/1995.

1 - ns e s, respectivamente não significativo e significativo pelo teste de t ao nível de 5 % de probabilidade.

131Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

reduções na produtividade e qualidadedos bulbos. Caso fossem adotados estesníveis para a cv. EMPASC 351 SeleçãoCrioula, as pulverizações teriam sidofeitas entre os níveis de 12 e 30 tripes/planta. As variações na determinação denível de dano econômico de tripes emcebola devem-se às diferentes condiçõesde realização de cada trabalho, tais comocultivar, práticas de manejo de lavoura,características edafoclimáticas, além dainteração inseto-planta.

De acordo com os níveis de danoeconômico encontrados no presente tra-balho, conclui-se que é possível toleraraté 10 ninfas por planta antes e 30 apósa formação do bulbo sem prejudicar aprodutividade, ou até mesmo suprimiro controle químico. Suman & Wahi(1981) sugeriram uma escala com dife-rentes níveis de infestação: 1= leve (nú-mero igual ou menor que 5 tripes/plan-ta); 2= moderada (10 a 15 tripes/planta)e 3=severa (número maior ou igual que20 tripes/planta). De acordo com estaescala, neste trabalho foi possível a ocor-rência de infestações moderadas antese severa após a formação do bulbo, semperdas significativas na produtividadee até mesmo a não adoção do controlequímico. Ao confrontar os resultadosobtidos com a realidade prática do agri-cultor catarinense conclui-se que seriapossível reduzir o uso de inseticidas emcebola para o controle do tripes. Entre-tanto, os níveis de matéria orgânica dossolos na região do Alto Vale são relati-

vamente baixos, a rotação de culturasnão é praticada e a irrigação é poucoadotada, o que dificulta esse processo.Assim, para reduzir a aplicação de in-seticidas em cebola, é preciso adotarpráticas adequadas de manejo do solo eirrigação, para que as plantas tolerem odano causado pelo ataque de tripes.

AGRADECIMENTOS

Aos técnicos agrícolas José D. Petri,Marcelo Pitz e suas equipes, aos labora-toristas Adilson L. Petry, Adriana M. S.Campos, Cleide Tefen, ao responsáveltécnico da Estação Agrometeorológica daEPAGRI, Ituporanga, SC, Vinícius C.Mello, pelo fornecimento de dados. AoFEPA (Fundo de Estímulo à PesquisaAgropecuária) pelo apoio financeiro.

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Impacto da combinação de inseticidas sobre a produção de repolho eparasitóides associados com a traça-das-crucíferas.

Félix Humberto França; Maria Alice de MedeirosEmbrapa Hortaliças, Laboratório de Entomologia, C. Postal 218, 70.359-970 – Brasília DF.

RESUMO

A produção comercial de repolho foi obtida de parcelas que re-ceberam combinações de doses de deltametrina 25 CE e abamectin18 CE as quais proporcionaram controle dos danos causados pelatraça-das-crucíferas, Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera:Yponomeutidae). Os resultados foram comparáveis àqueles obtidospela pulverização de formulação concentrada emulsionada deBacillus thuringiensis. A utilização isolada de deltametrina 25 CE eabamectin 18 CE (0,5 l/ha) resultou em baixos níveis de produçãocomercial, respectivamente 7 e 8%. As misturas deltametrina eabamectin produziram mais de 42%. A elevada densidadepopulacional da praga fez com que não fosse obtida produção co-mercial na área não tratada. Os inseticidas ou suas combinações tes-tadas não provocaram qualquer impacto, estatisticamentemensurável, sobre populações das espécies dos parasitóidesDiadegma spp. (Hymenoptera: Ichneumonidae) e Apanteles spp.(Hymenoptera: Braconidae).

Palavras-chave: Plutella xylostella, Brassica oleracea var.Capitata; Diadegma spp., Apanteles spp., repolho, seletividade,controle químico, eficiência agronômica..

ABSTRACT

Efficiency on cabbage production and impact of insecticidemixtures on parasitoids of diamondback moth.

Commercial cabbage heads were obtained from plots sprayedwith mixtures of deltamethrin 25 CE and abamectin 18 CE, whichprovided control of the damages caused by the Diamondback moth,Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Yponomeutidae). Results weresimilar to those obtained from plots sprayed with the liquidformulation of the biological insecticide Bacillus thuringiensis.Deltamethrin and abamectin produced less than 8% of commercialcabbage, whereas the mixture abamectin + deltamethrin producedmore than 42%. There was no commercial production in the untreatedplots due to the high population densities of the pest. Insecticidesalone or combinations did not cause any measurable impact on thepopulations of natural enemies Diadegma spp. (Hymenoptera:Ichneumonidae) or Apanteles spp. (Hymenoptera: Braconidae).

Keywords: Plutella xylostella, Brassica oleracea var. capitata,Diadegma spp., Apanteles spp., cabbage, selectivity, chemicalcontrol, field test efficiency.

(Aceito para publicação em 03 de junho de 1998)

A traça-das-crucíferas (TDC),Plutella xylostella (Linnaeus)

(Lepidoptera: Yponomeutidae) é a prin-cipal praga do repolho, couve-flor, bró-coli, mostarda e canola, no Brasil e emmuitos países nos cinco continentes.Entre as táticas empregadas no seu con-trole, o uso de inseticidas é o mais ado-tado entre os produtores de brássicas emgeral. A história do desenvolvimento deprodutos para o controle de TDC mos-tra que em determinado momento, in-seticidas de todos os grupos químicos,foram eficientes no controle da praga(França et al., 1985; Barros et al., 1993;Silva et al., 1993; Talekar & Shelton1993; Castelo Branco et al., 1996). Con-tudo, o inseto possui variabilidade ge-nética que permite adaptação aos inse-ticidas independente do aumento dadose utilizada ou freqüência de aplica-ções, que, favorecem o surgimento depopulações resistentes, que rapidamen-te se multiplicam e dispersam

(Tabashnik et al., 1987). Com isso hánecessidade de contínua busca de no-vos inseticidas, formulações, doses ecombinações de produtos que possibi-litem seu controle de modo eficiente.

O objetivo deste trabalho foi defi-nir produtos ou combinações de pro-dutos e doses que proporcionem o con-trole eficiente da TDC, bem como, ava-liar o impacto destes em um complexo deparasitóides associados à larvas e pupasdo inseto. estas informações são deman-dadas freqüentemente por produtores dehortaliças de diversas regiões brasileirase são importantes na medida que podemsignificar o aumento da margem de lucrodo produtor que terá oportunidade de ofe-recer um produto de melhor qualidade es-tética num mercado competitivo. o conhe-cimento da seletividade dos inseticidassobre inimigos naturais permite a melhorescolha visando o uso racional desses pro-dutos, contribuindo para a reduzir o im-pacto destes sobre o meio ambiente.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido nocampo experimental da Embrapa Hor-taliças, Brasília, DF, em uma área delatossolo vermelho escuro. A cultivarutilizada foi o repolho Kenzan, que é opreferido pelos produtores do DF eGoiás. A semeadura ocorreu em 30 demaio, e as mudas foram transplantadasem 26 de junho.

As coletas de dados foram realiza-das entre 13 de agosto e 11 de setem-bro, período do ano que corresponde, ge-ralmente, às mais altas infestações doinseto na região devido à ausência deprecipitação pluviométrica (<5mm/mês), baixa umidade relativa (20%-50%) e temperaturas médias das máxi-mas elevadas (26ºC-30ºC). A adubaçãoutilizada foi de aproximadamente 500gda formula 4-30-16 e 500g de estercode galinha por cova, sendo a áreairrigada duas vezes por semana através

133Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

de um sistema de irrigação por asper-são convencional que aplicava o equi-valente a 10 mm de lâmina bruta deágua/dia, no decorrer do ensaio.

O delineamento experimental foi emblocos ao acaso com quatro repetiçõese cada parcela apresentou 48 plantas dis-postas em três fileiras, no espaçamentode 1,0m x 0,5m. Foram utilizadas as for-mulações em concentrado emulsionáveldos seguintes produtos ou combinaçõesde produtos nas seguintes doses, quecorresponderam aos tratamentos: (1)deltametrina 25 CE 0,30 l/ha + abamectin18 CE 0,35 l/ha; (2) deltametrina 25 CE0,30 l/ha + abamectin 18 CE 0,25 l/ha;(3) deltametrina 25 CE 0,20 l/ha +abamectin 18 CE 0,25 l/ha; (4)deltametrina 25 CE 0,15 l/ha + abamectin18 CE 0,25 l/ha; (5) deltametrina CE 0,30l/ha; (6) abamectin 18 CE 0,5 l/ha. Oproduto comercial na formulaçãoemulsionável, Bacillus thuringiensis,suspensão em óleo na dose de 0,50 l/hafoi utilizado como inseticida padrão(Tabela 1). Uma parcela pulverizadaapenas com água e espalhante adesivofoi considerada como testemunha. Osvolumes de calda utilizados variaramentre 2.600 ml e 4.000 ml/tratamento,equivalentes a aproximadamente a 394litros - 615 litros de calda/ha, entre aprimeira data de pulverização (17/7/97)e a última (21/08/97). Todas as pulveri-zações incluíram o espalhante adesivo,um óleo mineral a 0,25% e foram reali-zadas com pulverizador costal manual,com capacidade para 18 litros de solu-ção. As pulverizações foram iniciadasquando as plantas apresentavam-se noinício da formação das cabeças e reali-

zadas até 14 dias antes da colheita dorepolho. As três primeiras pulverizaçõesforam realizadas em intervalos de 14dias e as duas últimas em intervalos se-manais, totalizando cinco pulverizaçõesno período. O que determinou o início eo intervalo das pulverizações foi a pre-sença de adultos do inseto voando quan-do as plantas eram perturbadas e se asfolhas em torno da cabeça do repolho emformação apresentavam aproximada-mente 6 furos causados por larvas de ter-ceiro e quarto ínstares em cada planta.

Considerando-se o hábito de alimen-tação das larvas de TDC, geralmenteindividualizadas em cada sítio de ali-mentação, correspondendo cada furo àpresença de uma larva, e a densidade deplantas por unidade de área, os tratamen-tos foram iniciados ou continuadosquando a densidade da praga atingiuaproximadamente 12 larvas/m2. Em ge-ral foram amostradas 30 plantas esco-lhidas ao acaso em quatro repetições(Castelo Branco et al., 1996; 1997).

A eficiência dos tratamentos foi ava-liada por ocasião da colheita, determi-nando-se o número de furos presentesem quatro folhas da saia externa e nacabeça de repolho de tamanho comer-cial. Os danos foram classificados nasseguintes notas: 1= folhas da saia ex-terna e cabeça de repolho com poucosfuros pequenos; 2 = idem, com furospequenos e médios; 3 = idem, com fu-ros médios, 4 = idem, com furos gran-des, 5 = cabeça de repolho destruída,imprópria para comercialização, ouplanta com cabeça não formada devidoaos danos da TDC. Os dados foram sub-metidos à análise de variância e as mé-

dias foram comparadas pelo teste daDiferença Mínima Significativa(Fischer´s Protected LSD). A porcenta-gem de cabeças de repolho com aceita-ção comercial, por tratamento, foi defi-nida em função do número total de plan-tas nas quatro parcelas, e se refere a ca-beças bem formadas, pesando aproxi-madamente 1.200-1.400 gramas, comnenhum ou poucos furos pequenos.

A avaliação do impacto dos inseti-cidas e suas combinações sobreparasitóides foi efetuada determinando-se o número de adultos de Diadegmaspp. (Hymenoptera: Ichneumonidae) eApanteles spp. (Hymenoptera:Braconidae), que apresentavam com-portamento de busca sobre três plantasem cada parcela em três datas durante oexperimento. Os dados foram transfor-mados para log (x+1), submetidos à aná-lise de variância e, as médias separadaspelo mesmo teste.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O número de furos associados àsnotas de dano evidenciam a elevadapopulação da praga durante a realiza-ção do experimento (Tabelas 2 e 3). Emrazão da alta população de TDC, as ca-beças de repolho de nota igual ou supe-rior a 2,0 não foram consideradascomercializáveis, devido ao grande nú-mero de furos médios e grandes, alémda presença de larvas e pupas do inseto(Tabela 2). A combinação dos insetici-das deltametrina 25 CE 0,20 l/ha eabamectin 18 CE 0,25 l/ha possibilitoua obtenção da maior quantidade de ca-beças comerciais de repolho (85%) sen-

FRANÇA, F.H.; MEDEIROS, M.A. Impacto de combinações de inseticidas sobre parasitóides associados com a Traça-das-crucíferas no Distrito Federal.

emoNlaicremoc

ocincéTemoN ocimíuqemoN oãçartnecnoC oãçalumroFopurGocimíuq

essalC

nitcemabA nitcemabA

nitcemrevalitemed-0552)litemed-05(+a1A1(52)liporplitem-1(eda1AnitcemrevA)litelitem

/1l/.a.i.g81odartnecnoClevánoislume

adiciracAedadicitesni

acigóloibmegiro

.B sisneigniruhtE8

sullicaBsisneigniruht

.rav ikatsruk

sisneigniruhtsullicaB.rav ikatsruk

/2.I.U000.63.B

sisneigniruht gm/

meoãsnepsuSoeló

ocigóloiBadicitesnIocigóloib

anirtematleD anirtematleD-m-onaic-afla-)S(

-ic-litemid2,2-liznebixonefotalixobrac-onaporpolc

/1l/.a.i.g52odartnecnoClevánoislume

ediórteriP adicitesnI

Tabela 1. Inseticidas utilizados no ensaio de controle da traça-das-crucíferas Plutella xylostella em repolho e impacto em duas espécies deparasitóides. Brasília - DF, Embrapa Hortaliças, 1997.

1/Gramas de ingrediente ativo por litro.

134 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

do aproximadamente 19% superior aopadrão B. thuringiensis 8E 0,50 l/ha(Tabela 3).

Entre os tratamentos, apenasdeltametrina 25 CE aplicado na dose de0,30 litro por hectare não diferiu da tes-temunha, no que se refere a nota de danoproduzindo apenas 7% de cabeças derepolho comercializáveis (Tabela 3).Este resultado já era esperado, porqueeste produto vem sendo aplicado há qua-se duas décadas no Distrito Federal e,

eventualmente, apresenta episódios defalha de controle que pode ser atribuídaa dois fatores: (a) aumento da frequênciados genes que conferem resistência aoproduto (Castelo Branco & Gatehouse,1997); (b) alta temperatura que ocasio-nalmente pode influenciar negativamen-te a eficiência relativa de inseticidaspiretróides.

A aplicação de abamectin isolada-mente produziu apenas 8% de cabeçascomerciais, tendo sido atribuída a notade dano de 2,3 ± 0,6 ao tratamento (Ta-bela 3). Nos ensaios conduzidos sobinfestação moderada da praga, Françaet al. (1985) e Castelo Branco & Gui-marães (1990) verificaram queabamectin, aplicado nas doses de 20 gi.a./ha (mais de 1 litro/PC/ha) e 11,5 gi.a./ha (aproximadamente 640 ml/PC/ha), foi eficiente no controle da TDC.A baixa produção comercial obtida como tratamento abamectin não pode serexplicada pela resistência da populaçãoao produto. Em junho de 1996, a sus-ceptibilidade da população de TDC daEmbrapa Hortaliças a abamectin foiavaliada utilizando-se larvas de tercei-ro ínstar (n = 361). Foi determinada umaLC

50 = 0,19 (0,003 - 2,86) ml/ha equi-

valente a 2.100 vezes menor que a doserecomendada para eliminar 50% da po-pulação (Castelo Branco, dados nãopublicados), o que demonstra a suscep-tibilidade da mesma ao inseticida. Es-tes resultados concordam com CasteloBranco (1997), que sugere que outrosfatores além daqueles que condicionam

a resistência a inseticidas devem estarenvolvidos, como por exemplo, a den-sidade populacional do inseto na épocade condução dos experimentos.

Todas as misturas de deltametrina eabamectin não diferiram do tratamentopadrão B. thuringiensis 8E de acordocom o critério de avaliação utilizado(Tabela 3). B. thuringiensis é utilizadono DF e estado de Goiás desde 1977onde tem mostrado alta eficiência rela-tiva (Barbosa & França 1980; Barros etal., 1993), muito embora haja evidênci-as de que a resistência à toxina de B.thuringiensis exista na região (Camposet al., 1997).

Ainda que se considere que a popu-lação da TDC no DF apresente resistên-cia ao piretróide (Castelo Branco &Gatehouse, 1997), a eficiência da mis-tura entre os produtos deltametrina eabamectin, independente das doses uti-lizadas no controle do inseto, pode serexplicada pelo fato de que apesar dosinsetos sobreviverem à um dos produ-tos, deltametrina, eventualmente sucum-bem ao outro, abamectin.

A melhor eficiência relativa das mis-turas em comparação com abamectinisolado pode ser explicada pela hipóte-se de que a presença do piretróidedeltametrina contribui para aumentar apersistência de abamectin. Souza (1997)demonstrou que a qualidade da luz so-lar, mas não a precipitação ou intensi-dade da irrigação por aspersão, podeafetar a persistência de abamectin. Cas-telo Branco (1997) mostrou que a com-

FRANÇA, F.H.; MEDEIROS, M.A. Impacto de combinações de inseticidas sobre parasitóides associados com a Traça-das-crucíferas no Distrito Federal.

onadedatoN 1/sorufedºNMPE±aidéM( 2 )/

1 2,3±0,71

2 5,6±8,83

3 6,4±5,411

4 2,4±0,181

5 0,01±6,082

Tabela 2. Número de furos causados por lar-vas de Plutella xylostella em quatro folhasda saia externa e cabeça de tamanho comer-cial de repolho. Brasília - DF, Embrapa Hor-taliças, 1997.

1/Nota de dano se refere a furos nas quatrofolhas da saia externa e em cabeça de repo-lho: (1)= folhas da saia externa e cabeça derepolho com poucos furos pequenos; (2) =idem a (1), com furos pequenos e médios;(3) = idem a (1 e 2), com furos médios, (4)= idem a (1, 2 e 3), com furos grandes, (5) =cabeça de repolho destruída; imprópria paracomercialização, ou planta com cabeça nãoformada devido aos danos da TDC.2/Média do número de furos e erro padrão damédia.

)ah/lesod(sotnematarTsediótisaraP 1

MPE±aidéMonadedatoN 2

MPE±aidéMsaçebaC%siaicremoC 3

)52,0(EC81nitcemabA+)02,0(EC52anirtematleD a7,3±6,11 a1,0±4,1 58

.)05,0(E8sisneigniruht.B a9,8±0,22 a1,0±6,1 66

53,0EC81nitcemabA+)03,0(EC52anirtematleD a6,3±2,21 a2,0±6,1 06

)52,0(EC81nitcemabA+)03,0(EC52anirtematleD a9,4±8,21 a5,0±0,2 65

)52,0(EC81nitcemabA+)51,0(EC52anirtematleD a0,5±3,51 a6,0±1,2 24

)05,0(EC81nitcemabA a8,2±4,31 a6,0±3,2 8

)03,0(EC52anirtematleD a3,3±6,31 b2,0±9,3 7

ahnumetseT a2,4±3,81 b3,0±8,4 0

Tabela 3. Seletividade e impacto do uso de inseticidas e combinações no dano causado por larvas de Plutella xylostella nas folhas da saiaexterna e cabeça de tamanho comercial de repolho. Brasília - DF, Embrapa Hortaliças, 1997.

1 Média e erro padrão da média, em três datas de contagens do número de adultos de .2 Média do número de furos e erro padrão da média seguidas da mesma letra não diferem entre si.3 A porcentagem determinada em função do número total de plantas se refere a cabeças bem formadas.

135Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

binação de B. thuringiensis e abamectinfoi eficiente para o controle de TDC,sendo provável que além das caracte-rísticas do inseticida, o fato da formula-ção de B. thuringiensis conter óleo, in-fluencie a persistência do abamectin.Em tomate, a adição de óleo mineral nacalda inseticida, abamectin aumentousua persistência e eficiência relativa nocontrole da traça-do-tomateiro (CasteloBranco & França, 1996).

O repolho híbrido Kenzan em con-dições ótimas de produção, com plantioem fevereiro-março e colheita em maio-junho, quando há ocorrência de preci-pitação e temperaturas médias relativa-mente baixas, pouca incidência de inse-tos (pulgão e TDC) e doenças, chega aproduzir entre 90% e 95% de cabeçascomerciais, sendo esta perda atribuídaa fatores agronômicos. Considerando aépoca de realização do experimento e aalta infestação da TDC, a produção co-mercial alcançada pelos tratamentoscom nota de dano igual ou inferior a 2,0foi superior a 50% da produção (Tabe-las 2 e 3). Nas condições de produçãono Distrito Federal, entre agosto e no-vembro, é muito comum produtores debrássicas abandonarem o cultivo devi-do às dificuldades de comercializaçãoda produção por causa da depreciaçãocausada pelos danos da TDC. Nestescasos, em geral localizados em áreas deprodução específicas, inseticidas fosfo-rados e piretróides foram utilizados eresistência a estes produtos foi consta-tada (Castelo Branco, 1997).

O número de adultos de parasitóidesde larvas e pupas de TDC, Diadegmaspp. e Apanteles spp. observado nas par-celas pulverizadas com o inseticida bio-lógico B. thuringiensis e nas parcelasque não receberam pulverização comcalda inseticida foi maior que aqueleregistrado para as combinações de in-

seticidas, não havendo, entretanto, di-ferença estatística significativa entrequalquer dos tratamentos (Tabela 3). Emtodos os tratamentos foi observada umapopulação de parasitóides muito alta(média > 4,0 adultos/planta). Contudo,este fato pode ser explicado porque adul-tos de parasitóides escapam do contatodireto das pulverizações e, portanto, háconstante renovação e suprimento des-tas populações na área.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a VilmondesGeraldo Borges, Paulo Leonardo deLima, Hozanan Pires Chaves e RonildoCosmo Gonçalves pelo auxílio na con-dução dos trabalhos de campo e labora-tório; a Marina Castelo Branco pela re-visão e sugestões apresentadas ao textoe à Hoechst Schering Agrevo do BrasilLtda. pelo apoio financeiro.

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Qualidade de frutos de tomateiro fertirrigado com potássio em solo co-berto com polietileno preto.

Regynaldo A. Sampaio1; Paulo Cezar R. Fontes21 UFRR - Depto. de Fitotecnia, 69306-210 Boa Vista - RR; 2 UFV - Depto. de Fitotecnia, 36571-000 Viçosa – MG.

RESUMO

O objetivo deste estudo foi determinar os efeitos da fertirrigaçãopotássica e da cobertura do solo com polietileno preto na composi-ção e qualidade de frutos de tomate. O experimento foi realizadonos meses de setembro de 1995 a janeiro de 1996, compreendendo ofinal do período frio e seco e o início do período quente e chuvoso,na Universidade Federal de Viçosa, em solo podzólico vermelho-amarelo câmbico. Os tratamentos, com cinco repetições, no delinea-mento em blocos casualizados, foram: (A) aplicação manual de 40%da dose recomendada de K no sulco de transplante e 60% aplicadosmanualmente, em cobertura (testemunha); (B) aplicação manual de40% da dose de K no sulco de transplante e 60% aplicados porfertirrigação; (C) aplicação manual de 40% da dose de K no sulcode transplante e 60% aplicados por fertirrigação, em solo cobertocom polietileno preto; (D) aplicação de 100% da dose de K porfertirrigação e (E) aplicação de 100% da dose de K por fertirrigação,em solo coberto com polietileno preto. Cada unidade experimentalfoi constituída por 28 plantas no espaçamento 1,0 x 0,5 m, sendo aparcela útil formada pelas 10 plantas centrais. A percentagem dematéria seca e os teores de N-NH

4+, N-NO

3-, N-total, P, K, S, Mg e

relação K/Ca na matéria seca do fruto de tomate não foram influen-ciados pela fertirrigação e pela cobertura do solo com polietileno.Com a aplicação total do K por fertirrigação, o teor de Ca no frutofoi maior com o uso da cobertura do solo com polietileno. Por outrolado, as relações K/Mg e K/(Ca+Mg) no fruto foram, em geral, me-nores no tratamento com fertirrigação total e com polietileno. A per-centagem de sólidos solúveis totais, a acidez total titulável, o “flavor”,o pH e o teor de vitamina C no fruto de tomate não foram influenci-ados pela fertirrigação e pela cobertura do solo com polietileno, en-quanto os teores de licopeno e carotenóides totais, quando afertirrigação potássica foi total, aumentaram com o uso da coberturado solo.

Palavras-Chave: Lycopersicon esculentum, característicasquímicas e organolépticas, plasticultura.

ABSTRACT

Quality of tomato fruits fertigated with potassium in soil withblack polyethylene mulch.

An experiment was conducted to determine the effects ofpotassium fertigation and black polyethylene mulch on tomato fruitscomposition and quality. It was carried out from September/1995 toJanuary/1996, corresponding to the end of cold and dry season andbeginning of hot and rainy period, on a cambic yellowish podzolicsoil at the Federal University of Viçosa, in Brazil. Treatments wereset out in a randomized block design, with five replications, asfollows: (A) manual application of 40% of recommended K rate atseedling transplantation and manual sidedress application of 60%(control plot); (B) manual application of 40% of recomended K rateat seedling transplantation and 60% by fertigation; (C) manualapplication of 40% of recommended K rate at seedling transplantationand 60% by fertigation, with black polyethylene mulch; (D)application of 100% of K rate by fertigation and (E) application of100% of K rate by fertigation, with black polyethylene mulch. Eachplot constituted 28 plants, spaced 1,0 x 0,5 m, with data collectedfor the ten central plants. The dry matter percentage and N-NH

4+, N-

NO3-, N-total, P, K, S, Mg concentrations and K/Ca ratio in tomato

fruits were not influenced by fertigation and black polyethylenemulch. Ca concentration raised with total K fertigation and blackpolyethylene mulch use. On the other hand, the K/Mg and K/(Ca+Mg) ratios in tomato fruits generally were smaller in treatmentswith total fertigation and black polyethylene mulch. Total solids,titratable acidity, flavor, pH and vitamin C in tomato fruits were notinfluenced by fertigation and black polyethylene mulch, while thelycopene and total carotenes, when the potassium fertigation wastotal, increased with the black polyethylene mulch.

Keywords: Lycopersicon esculentum, chemical and organolepticscharacteristics, plasticulture.

(Aceito para publicação em 11 de setembro de 1998)

Os fatores do meio ambiente quemais influenciam a composição e

qualidade dos frutos de tomate são aluminosidade, temperatura, umidade edisponibilidade de nutrientes (Montagu,1990; Yadav et al., 1992; El-Gizawy etal., 1993; Naphade, 1993; Johjima,1994; Yanagi et al., 1995). Dentre osnutrientes, o nitrogênio influencia prin-cipalmente o conteúdo de sólidos solú-veis totais, a acidez total titulável e oteor de ácido ascórbico (Kooner &

Randhawa, 1990; Arora et al., 1993;Rao, 1994). O potássio, por sua vez,assume papel importante na síntese decarotenóides, principalmente na dolicopeno, responsável pela cor verme-lha do fruto. Também, níveis deficien-tes deste nutriente no fruto influenciama biossíntese de açúcares, ácidos orgâ-nicos, vitamina C e sólidos solúveis to-tais (Trudel & Ozbun, 1971; Sobulo &Olorunda, 1977; Matev & Stanchev,1979; Rao, 1994).

O suprimento adequado de potássiopode ser realizado por meio da incorpo-ração do fertilizante diretamente no soloou pela fertirrigação. Com o uso dafertirrigação pode-se parcelar a aduba-ção em maior número de vezes e, as-sim, melhorar a eficiência de utilizaçãodos nutrientes pelas plantas. Também,a eficiência da adubação potássica podeser aumentada com a aplicação manualou mecânica de 30 a 40% da dose reco-mendada do adubo no solo no

137Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

transplantio e o restante aplicado porfertirrigação durante o ciclo da cultura(Fischer, 1992).

O uso da fertirrigação associado àcobertura plástica do solo tem se cons-tituído em prática importante para o cul-tivo do tomateiro. Pesquisas mostramque a cobertura plástica conserva a umi-dade e eleva a temperatura do solo, fa-vorecendo a atividade microbiana e amineralização da matéria orgânica e,também evita a lixiviação de nitrato epotássio, importantes para a nutrição dotomateiro (Clark & Maynard, 1992;Tsekleev et al., 1993).

Os objetivos deste trabalho foramdeterminar a composição e a qualidadede frutos de tomate, em função dafertirrigação parcial ou total com potás-sio e da cobertura do solo com plástico.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na Hor-ta do Fundão da Universidade Federalde Viçosa, nos meses de setembro de1995 a janeiro de 1996, compreenden-do o final do período frio e seco e o iní-cio do período quente e chuvoso, emsolo podzólico vermelho-amarelocâmbico, textura argilosa, com teor ini-cial de potássio de 58,5 mg dm-3.

Sementes de tomate (Lycopersiconesculentum, Mill.), cultivar Santa Clara,foram semeadas em sementeira, em 8 desetembro de 1995. Nessa mesma data, nosolo previsto para o transplante das mu-das, foi incorporada até 50 cm de pro-fundidade, 40% da dose de calcáriodolomítico necessária para elevar a per-centagem de saturação de bases para70%. Os 60% restantes foram incorpo-rados até 15 cm de profundidade, três diasantes do transplante. Cada um dos cincotratamentos estudados ocupou uma par-cela de 14 m2, com espaçamento de 0,5m entre plantas e 1,0 m entre fileiras ecom 10 plantas úteis.

A dose de potássio, aplicada na for-ma de KCl, foi equivalente a 186 kg ha-

1 e correspondeu à dose de máxima efi-ciência física da produção comercial detomate obtida por Sampaio (1996). Notratamento A, considerado testemunha,40% do fertilizante potássico foi apli-cado manualmente no sulco de trans-plante e os 60% restantes foram aplica-

dos também manualmente em cobertu-ra, em três parcelas iguais, a cada 15dias. No tratamento B, 40% da dose depotássio recomendada foi aplicada ma-nualmente no sulco de transplante e os60% restantes aplicados por fertirri-gação em três parcelas iguais a cada 15dias. No tratamento C, 40% da dose depotássio recomendada foi aplicada ma-nualmente no sulco de transplante e os60% restantes aplicados por fertirri-gação em três parcelas iguais a cada 15dias, com o solo coberto com polietilenopreto. No tratamento D, 40% da dosede potássio recomendada foi aplicadapor fertirrigação no momento do trans-plante e os 60% restantes foram tam-bém aplicados por fertirrigação em trêsparcelas iguais a cada 15 dias. No trata-mento E, 40% da dose de potássio reco-mendada foi aplicada por fertirrigaçãono momento do transplante e os 60%restantes foram também aplicados porfertirrigação em três parcelas iguais acada 15 dias, com o solo coberto compolietileno preto. Os tratamentos foramdistribuídos no delineamento em blocoscasualizados com cinco repetições.

O N foi aplicado na forma de uréia,em doses equivalentes a 80 kg ha-1 de N,no sulco de transplante e 120 kg ha-1 deN parcelado em três vezes, nas mesmasdatas em que o adubo potássico foi par-celado. Por ocasião do transplante, foramaplicados também no sulco 180 kg ha-1

de P2O

5, na forma de superfosfato sim-

ples, 10 kg ha-1 de bórax, 10 kg ha-1 desulfato de zinco e 200 g ha-1 de molibidatode amônio, conforme recomendação daComissão de Fertilidade do Solo do Es-tado de Minas Gerais (1989).

Nos tratamentos com cobertura plás-tica, o solo foi coberto quinze dias apóso transplante das mudas utilizando-se fil-me de polietileno preto de baixa densi-dade medindo 3,6 m de comprimento por1,2 m de largura e espessura de 50 micras.As bordas do filme entre as fileiras fo-ram superpostas e cobertas com solo.

O tomateiro foi transplantado em 27de setembro de 1995 e conduzido comduas hastes tutoradas no sistema de cer-ca cruzada. A poda apical foi realizadaquando a planta atingiu 1,8 m de altura.

A demanda de água pela planta foiestimada com base na evaporação detanque classe “A”, conforme meto-dologia preconizada por Volpe &Churata-Masca (1988). No tratamento

A, a irrigação foi realizada no sulco en-tre fileiras de plantas, com mangueira,utilizando-se hidrômetro e chuveiroadaptados na extremidade, com eficiên-cia de irrigação estimada em 70% (Soa-res, 1986). Nos demais tratamentos, airrigação foi realizada por gotejamento,empregando-se o método xique-xique(Gonçalves, 1988), com eficiência deirrigação de 73% e considerando a per-centagem de área molhada de 50%.Neste sistema, as linhas laterais foramdistribuídas entre fileiras, com saída deágua a 10 cm de distância da planta. Afertirrigação foi feita pelo método dotanque de derivação de fluxo (Bonomo,1995), sendo a quantidade de água de-rivada para o tanque equivalente a cin-co vezes o seu volume (Frizzone, 1993).Durante a irrigação, o turno de rega foivariável, sendo que, a cada dois turnosde rega de dois dias, intercalava-se umde três dias. A lâmina de água aplicadadurante o ciclo da cultura foi 231,5 mmem complementação aos 734,8 mm pre-cipitados pluviometricamente (322,9mm do transplante até a 1ª colheita +411,9 mm da 1ª até a 7ª colheita).

Vinte e quatro frutos dos tipos extraAA (∅ ≥ 60 mm), extra A (56 mm ≤ ∅< 60 mm) e extra (52 mm ≤ ∅ < 56 mm),escolhidos ao acaso na quinta colheita,foram secos em estufa a 70°C até atin-girem pesos constantes e moídos emmoínho tipo Willey, determinando-se osteores de matéria seca, nitrato (Cataldoet al., 1975), fósforo (Braga & Defelipo,1974), enxofre, potássio, cálcio emagnésio (Malavolta et al., 1989). Nosfrutos frescos foram determinados o pHe a acidez titulável (Gould, 1974), ossólidos solúveis totais (°BRIX) e os teo-res de vitamina C (Normas Analíticasdo Instituto Adolfo Lutz, 1985), os teo-res de licopeno e de carotenos totais(Zscheile & Porter, 1947). Foram tam-bém calculadas as relações K/Ca, K/Mge K/(Ca+Mg) e o “flavor” pela relação°BRIX/acidez titulável.

Os dados obtidos foram submetidosà análise de variância, sendo os trata-mentos comparados a 5% de probabili-dade pelo teste de Duncan.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A percentagem de matéria seca e osteores de N-NH

4+, N-NO

3-, N-total, P,

K, S, Mg relação K/Ca no fruto de to-

SAMPAIO, R.A.; FONTES, P.C. Qualidade de frutos de tomateiro fertirrigado com potássio em solo coberto com polietileno preto.

138 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

mate não foram influenciados pelo usoda fertirrigação e da cobertura plásticado solo (Tabela 1). Resultado similar, emrelação à cobertura plástica do solo, foiobtido por Elkner & Kaniszewski (1995).

De modo geral, não houve efeitopronunciado dos tratamentos em rela-ção ao teor de Ca no fruto. Entretanto,considerando-se somente a aplicaçãototal do K por fertirrigação, possivel-mente em razão do aumento da dispo-nibilidade deste nutriente, observa-seque o teor de Ca no fruto foi maior como uso da cobertura plástica do solo (Ta-bela 1). Tal fato pode estar relacionadoao aumento da competitividade do K emrelação ao Ca (Marschner, 1995), emrazão da menor conservação de água nosolo sem cobertura plástica (Sampaio,1996). Os menores valores das relaçõesK/Mg e K/(Ca+Mg), em geral observa-dos nos tratamentos com fertirrigaçãototal e com cobertura plástica, eviden-ciam o efeito desta técnica na conserva-ção de umidade do solo (Clark &Maynard, 1992; Tsekleev et al., 1993),com consequente aumento da absorçãode nutrientes menos solúveis.

A percentagem de sólidos solúveistotais, a acidez total titulável, o “flavor”,o pH e o teor de vitamina C no fruto detomate não foram influenciados pelostratamentos (Tabela 2). A percentagemde sólidos solúveis totais, representadapelo °Brix, inclui os açúcares e os áci-dos e tem influencia sobre o rendimen-to industrial do tomate, enquanto a aci-dez total titulável, representada pelo teorde ácido cítrico, influencia principal-mente o sabor dos frutos. De forma si-milar à observada neste experimento,Moral et al. (1996) e Elkner &Kaniszewski (1995) não encontraramefeitos de fertilizantes químicos e orgâ-nicos e da cobertura plástica do solosobre os teores de ácido cítrico dos fru-tos de tomateiro. Frutos de tomate comteores de ácido cítrico abaixo de 0,44%são considerados insípidos(Panagiotopoulos & Fordham, 1995). O“flavor” do tomate está relacionado coma presença de diversos constituintes quí-micos, sendo os açúcares (°Brix) e áci-dos e as suas interações os mais impor-tantes. Neste caso, quanto maior o teor

de açúcar e de ácido melhor o sabor dofruto (Grierson & Kader, 1986).

Os valores de pH encontrados nesteexperimento (Tabela 2) encontram-seabaixo do limite de 4,50 estabelecidopara separar frutos ácidos de não ácidos(Gould, 1974). O pH baixo é importan-te para o processamento industrial defrutos de tomate, face a inibição do cres-cimento de bactérias.

Os teores de vitamina C encontra-dos em todos os tratamentos aproxi-mam-se de 18,00 mg 100 g-1 (Tabela 2).Estes valores estão abaixo da média en-contrada para frutos de tomate que é de23 mg 100 g-1 (Kanesiro et al., 1978). Éimportante considerar que, em razão dosbaixos níveis de calorias, proteínas e saisminerais, a vitamina C constitui o prin-cipal valor nutricional do tomate.

Em geral não houve efeito dos tra-tamentos em relação aos teores delicopeno e de carotenóides totais no fru-to de tomate. Entretanto, considerando-se apenas a aplicação total do potássiopor fertirrigação, os teores de licopenoe de carotenóides totais foram maiores

SAMPAIO, R.A.; FONTES, P.C. Qualidade de frutos de tomateiro fertirrigado com potássio em solo coberto com polietileno preto.

rT SM HN-N 4+ ON-N 3

- tot-N P K S gM aC gM/K aC/K )gM+aC(/K

1-gkgad

A *a48,4 a43,2 a02,0 a45,2 a85,0 a59,4 a02,0 a51,0 b31,0 a00,33 a80,83 a86,71

B a74,4 a03,2 a02,0 a05,2 a65,0 a21,5 a02,0 a61,0 ba51,0 a00,23 a31,43 ba25,61

C a36,4 a81,2 a81,0 a63,2 a45,0 a31,5 a91,0 a61,0 ba51,0 a60,23 a02,23 ba55,61

D a55,4 a60,2 a91,0 a52,2 a15,0 a09,4 a91,0 a61,0 b31,0 ba36,03 a96,73 ba09,61

E a35,4 a93,2 a02,0 a95,2 a05,0 a10,5 a02,0 a71,0 a71,0 74,92 b a74,92 47,41 b

Tabela 1. Teores de matéria seca (MS), nutrientes e relações iônicas no fruto de tomateiro em função dos tratamentos (Tr) A (testemunha);B (fertirrigação parcial); C (fertirrigação parcial + cobertura plástica); D (fertirrigação total) e E (fertirrigação total + cobertura plástica).Viçosa, UFV, 1995.

*Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Duncan.N-tot = N-NH

4+ + N-NO

3-.

rTxirB° 1TTA

rovalF HpCanimatiV onetoraC onepociL

% 1-g001gm 1-ggµ

A *a68,3 a23,0 a70,21 a61,4 a46,81 ba04,92 ba71,22

B a87,3 a23,0 a83,21 a61,4 a67,71 ba97,82 78,12 b

C a29,3 a33,0 a38,11 a91,4 a66,81 ba30,23 ba62,42

D a27,3 a13,0 a12,21 a02,4 a27,81 34,52 b 46,81 b

E a25,3 a92,0 a60,21 a81,4 a42,81 a44,63 a75,92

Tabela 2. Qualidade dos frutos de tomate em função dos tratamentos (Tr) A (testemunha); B (fertirrigação parcial); C (fertirrigação parcial+ cobertura plástica); D (fertirrigação total) e E (fertirrigação total + cobertura plástica). Viçosa, UFV, 1995.

*Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Duncan.1 Acidez total titulável.

139Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

no tratamento com cobertura plástica dosolo (Tabela 2). Nestas circunstâncias,a conservação da umidade do solo pormaior período e o aumento da tempera-tura do solo, conforme verificado porSampaio (1996), podem ter favorecido asíntese de carotenóides. O efeito da umi-dade do solo e da temperatura sobre a sín-tese de carotenóides em frutos de toma-teiro também foi observado por Naphade(1993) e Robertson et al. (1995).

Teores elevados de vitamina C e decarotenóides no fruto de tomate são im-portantes pelo fato destes possuirempropriedades anti-oxidantes, reduzindoo risco de doenças cardiovasculares ede algumas formas de câncer (Mozafar,1993; Amaral Jr. et al., 1996/1997).

Considerando que não houve gran-des diferenças na composição e quali-dade dos frutos de tomate entre os tra-tamentos e também que mudanças naforma convencional de cultivo podemacarretar aumentos nos custos de pro-dução, sugere-se a adubação manual(tratamento A) como o método mais in-dicado para aplicação de potássio.

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140 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

CARDOSO, A.I.I.; SILVA, N. da; DELLA VECCHIA, P.T. Efeito do ethephon em uma linhagem de abobrinha. Horticultura Brasileira, Brasília, v.16, n.2,p. 140-143 , novembro. 1998.

Efeito do ethephon em uma linhagem de abobrinha.

Antonio Ismael I. Cardoso1; Norberto da Silva1; Paulo T. Della Vecchia21 UNESP-FCA, C.Postal 237, 18.603-970, Botucatu-SP; 2 AGROFLORA S/A, C.Postal 427, 12.900-000, Bragança Paulista-SP

RESUMO

Com o objetivo de determinar os efeitos da aplicação do ethephonem uma nova linhagem de abobrinha (Cucurbita moschata), utiliza-ram-se quatro concentrações do produto (0, 200, 400 e 600 ppm)aplicadas quando as plantas estavam nos estádios de 1a , 1a e 3a e 1a

e 5a folhas definitivas expandidas. Foram utilizadas três repetiçõescom dez plantas para cada tratamento dispostas em um delineamen-to experimental de blocos ao acaso. Avaliaram-se o número de flo-res ao longo do ciclo e o número de frutos maduros em cada plantaao final do ciclo. Um outro experimento foi conduzido com apenasuma aplicação de etephon, no estádio de 1a folha definitiva expandi-da, com as mesmas quatro concentrações utilizadas no experimentoanterior. Neste experimento foram avaliados o número de folhas eárea foliar por planta aos 54 dias após a semeadura. Concluiu-se quea linhagem utilizada foi muito sensível ao ethephon, ocorrendo re-dução na área foliar, número de flores e de frutos maduros por plan-ta. Observou-se grande redução na relação entre o número de floresmasculinas e femininas, pela redução do número de flores masculi-nas por planta. A reversão de flores masculinas para femininas nãofoi suficiente para uma completa mudança da expressão do sexodesta linhagem de monóica para ginóica.

Palavras-chave: Cucurbita moschata, expressão sexual, flores.

ABSTRACT

Use of ethephon on a summer squash line.To determine the effects of ethephon application on a summer

squash line (Cucurbita moschata), four concentrations (0, 200, 400and 600 ppm) of the product were applied at the 1st, 1st and 3rd and 1st

and 5th true leaf stages. Three replications of ten plants for eachtreatment were set out in a complete randomized block design.Number of flowers and mature fruits per plant were evaluated. Asecond experiment was carried out to evaluate the number of trueleaves and leaf area per plant 54 days after sowing. Ethephon wasapplied only at the 1st true leaf stage using the same productconcentrations as in the first experiment. It was concluded that thissummer squash line was very sensitive to ethephon, showing areduction of leaf area, number of flowers and mature fruits per plant.A large reduction in the male to female flower ratio was observed,mainly due to a reduction in the number of male flowers/plant.Reversion of male to female flowers however was not enough for acomplete change in the sex expression of this line from monoeciousto gynoecious.

Keywords: Cucurbita moschata, sex expression, flowers.

(Aceito para publicação em 03 de setembro de 1998)

Durante o ano de 1992 foram pro-duzidas 66.644 t de abobrinha no

Brasil, em uma área de 4.665 ha(Hamerschmidt, 1993). Duas cultivares,Caserta (Cucurbita pepo) e Menina Bra-sileira (C. moschata), respondem porcerca de 80% do volume de sementescomercializadas no Brasil. As cultivareshíbridas, embora representem cerca de20% do volume de sementes comer-cializadas, já participam com cerca de33% do valor do mercado para o produ-to e com tendência a crescer rapidamen-te (Tullio Jr., comunicação pessoal). Oaumento na utilização de sementes híbri-das vem ocorrendo não só pelo interessecomercial das companhias de sementes,mas também pelas vantagens apresenta-das pelos híbridos em termos de aumen-to na precocidade da produção, na uni-formidade dos frutos e na produtividade(Whitaker & Robinson, 1986).

No gênero Cucurbita a maioria dasespécies é monóica. Embora as flores

nas cultivares monóicas sejamestaminadas ou pistiladas, as gemas flo-rais embrionárias são bissexuais. Duran-te o desenvolvimento da flor ocorre umasupressão no desenvolvimento do pistiloou estame, resultando em floresunissexuais (Frankel & Galun, 1977).Este mecanismo de determinação dosexo é o resultado de fatores genéticose ambientais que atuam nos primórdiosflorais e ocorre devido ao balançohormonal na planta (Galun et al., 1963).Friedlander et al. (1977) sugerem que oetileno participa da regulação endógenada expressão sexual, favorecendo a fe-minilidade, cuja intensidade dependedos níveis de etileno, da constituiçãogenética da planta e das condiçõesambientais (Loy, 1971).

A produção de sementes híbridas F1

de abobrinha pode ser feita por meio depolinização manual ou por insetos. Emambos os casos é necessária a eliminaçãocompleta de todas as flores masculinas da

linhagem materna. O método ideal e eco-nomicamente viável é, entretanto, apolinização por insetos sem a necessida-de de emasculação manual. Isto só é pos-sível com a utilização de ginoicismo in-duzido por reguladores de crescimentoaplicados na linhagem materna.

O ethephon é um regulador de cres-cimento que, quando aplicado em diver-sas cucurbitáceas, promove a liberaçãode etileno nos tecidos das plantas trata-das. Sabe-se que os melhores resulta-dos para a indução de ginoicismo, vi-sando a produção de sementes híbridasem plantas do gênero Cucurbita, têmsido obtidos com a aplicação deethephon nos estádios de 1a a 5a folhadefinitiva, em concentrações do produ-to variando de 100 a 600 ppm (Lower& Miller, 1969; Robinson et al., 1970;Rudich et al., 1970; Nagai, 1975;Shannon & Robinson, 1979; Shinohara,1984; George, 1985; Peixoto et al.,1989). Entretanto, o efeito do ethephon

141Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

depende do genótipo utilizado (Peixotoet al., 1989), sendo que a tecnologia deaplicação deve ser ajustada para cadalinhagem pelo produtor de sementes(Whitaker & Robinson, 1986).

O objetivo deste trabalho foi avaliaro uso do ethephon na indução aoginoicismo em uma nova linhagem deabobrinha.

MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização deste trabalho foiutilizada uma linhagem F

2S

6 de abobri-

nha (braquítica) obtida no programa demelhoramento da Agroflora S/A, cujagenealogia foi descrita por DellaVecchia et al. (1993). A semeadura foifeita em bandeja de poliestireno expan-dido de 128 células em 19 de outubrode 1990 e o transplante (uma planta/cova) em 13 de novembro de 1990 naFazenda Experimental São Manuel,município de São Manuel-SP, da Facul-dade de Ciências Agronômicas da Uni-versidade Estadual Paulista (FCA-UNESP), campus de Botucatu.

Utilizou-se o delineamento experi-mental de blocos ao acaso com três re-petições, dez plantas por parcela noespaçamento de 1,5 x 1,0m, sendo umaplanta por cova. Os doze tratamentosestudados foram resultantes da combi-nação das concentrações de 0, 200, 400e 600 ppm de ethephon (produto comer-cial Ethrel com 90% de p.a.), com apli-cações na fase de 1a folha definitiva, 1a

e 3a folha definitiva e 1a e 5a folha defi-nitiva. A primeira aplicação (estádio de1a folha definitiva) foi feita aos 17 diasapós a semeadura, quando as plantas

ainda estavam nas bandejas, a segundaaplicação aos 29 dias (estádio de 3a fo-lha definitiva) e a última aos 33 dias apósa semeadura (estádio de 5a folha defini-tiva), sendo as duas últimas aplicaçõesapós o transplante das mudas.

Neste experimento, a avaliaçãoconstou de contagens, a cada dois ou trêsdias, das flores femininas, masculinase, eventualmente, hermafroditas abertas,não se considerando aquelas que abor-tavam antes da antese por não seremfuncionais. Para se avaliar o efeito dasaplicações no início, meio e final doflorescimento das plantas, a avaliaçãofoi dividida em três subperíodos: o pri-meiro de 13 a 28 de dezembro de 1990,o segundo de 01 a 19 de janeiro de 1991e o terceiro de 21 de janeiro a 11 de fe-vereiro de 1991. Ao final do ciclo con-tou-se o número de frutos maduros emcada planta.

Após a análise de variância, realiza-da no esquema fatorial (4 doses x 3 es-tádios de aplicação), com as devidastransformações de dados quando neces-sárias (os resultados de contagens foramanalisados com os valores transforma-dos em arcoseno de sua raiz quadrada),testaram-se os contrastes entre as médiasdos tratamentos pelo teste de Tukey aonível de 5% de probabilidade.

Um outro experimento foi instaladoem 30 de novembro de 1990, tambémcom semeadura em bandeja, e transplan-te em 21 de dezembro de 1990. Nestefoi feita apenas uma aplicação deethephon aos 14 dias após a semeadura,quando as plantas estavam na bandeja,no estádio de 1a folha definitiva utili-zando as mesmas quatro dosagens utili-

zadas no experimento anterior. O deli-neamento experimental foiinteiramemente casualizado com trêsrepetições e cinco plantas por parcela.As plantas foram colhidas aos 54 diasapós a semeadura quando foram conta-dos o número de folhas expandidas emedida a área foliar de cada planta.

Após a análise de variância testaram-se os contrastes entre as médias dos tra-tamentos pelo teste de Tukey ao nívelde 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No primeiro experimento obteve-seinterações significativas entre concen-trações de ethephon versus estádio dedesenvolvimento da planta para a maio-ria das características avaliadas. Foimuito pequeno o número de floreshermafroditas (média inferior a uma porplanta) em todos os tratamentos, nãohavendo diferença estatística. No tercei-ro subperíodo de avaliação doflorescimento as plantas também nãoforam afetadas pelos tratamentos, pro-vavelmente porque já teriam superadoo efeito do ethephon neste período finaldo seu ciclo.

A aplicação de ethephon na concen-tração de 600 ppm prejudicou a produ-ção de frutos por planta quando se utili-zou duas aplicações muito próximas (es-tádios de 1a e 3a folhas definitivas), pro-vavelmente devido ao efeito fitotóxicoacumulado e sobreposto de duas apli-cações fazendo com que a planta supor-tasse um menor número de frutos ma-duros (Tabela 1).

CARDOSO, A.I.I. et al. Efeito do ethephon em uma linhagem de abobrinha.

soidátsE atnalpropserolfedlatotoremúN atnalpropsorudamsoturfedoremúN

atnalpad mpp0 mpp002 mpp004 mpp006 aidéM mpp0 mpp002 mpp004 mpp006 aidéM

ahlofª1 Aa4,76 Aa3,84 Aa4,26 Aa4,16 9,95 Aa75,3 Aa37,2 Aa35,3 Aa32,3 72,3

ahlofª3eª1 Aa9,07 Aba8,15 Aba0,05 Ab4,04 2,35 Aa33,3 Aba00,3 Aba76,2 Bb02,2 08,2

ahlofª5eª1 Aa2,97 Ab4,55 Ab8,94 Ab8,34 1,75 Aa06,3 Aa32,3 Aa31,3 BAa37,2 81,3

aidéM 5,27 8,15 1,45 5,84 74,7 05,3 99,2 11,3 27,2 80,3

.V.C %5,8 %3,7

Tabela 1. Número total de flores e de frutos maduros por planta em função das concentrações e estádios de aplicação de ethephon em umalinhagem de C. moschata. São Manuel, FCA-UNESP, 1990-1991.

*/ Médias, dentro de linhas, seguidas pela mesma letra minúscula, ou, dentro de colunas, pela mesma letra maiúscula não diferemestatísticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

142 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

Observou-se redução do número to-tal de flores por planta (Tabela 1), emrelação à testemunha, apenas quando fo-ram feitas duas aplicações, e tanto maiorfoi esta redução quanto maior a concen-tração do produto utilizada. Esta redu-ção deve ter sido devido ao abortamentode grande número de flores antes de suaantese, principalmente no primeirosubperíodo de avaliação das plantas, tantode flores masculinas (Tabela 2) como defemininas (Tabela 3). Este abortamentode flores antes da antese provavelmenteseja efeito colateral do etileno que acele-ra a senescência das flores.

Houve redução no número total deflores masculinas por planta (Tabela 2),principalmente quando se fizeram duasaplicações e este efeito foi mais acentua-do quanto maior a dosagem utilizada.Esta redução pode ser consequência nãosó do abortamento de flores antes daantese como também da reversão sexualde algumas gemas florais que ao invésde se diferenciarem em flores masculi-nas se diferenciaram em flores femini-nas. Quando se subdividiu a avaliação,observou-se que com apenas uma apli-cação de ethephon no estádio de 1a fo-lha definitiva a redução do número de

flores masculinas ocorreu apenas noprimeiro subperíodo (13 a 28 de dezem-bro de 1990), independentemente dadosagem utilizada. Já quando foram fei-tas duas aplicações, este efeito foi nota-do nos dois períodos iniciais do ciclo,sendo que no segundo foi mais acentua-do, quanto maior a dosagem. No tercei-ro sub-período não houve diferença en-tre os tratamentos (média de 9,8 florespor planta).

O número total de flores femininaspor planta não foi afetado nem pelasdiferentes concentrações de ethephonnem pelos diferentes estádios de desen-volvimento da planta (média de 19,7 porplanta). Porém, considerando-se ossubperíodos de avaliação, observou-seque no segundo (média de 6,2 por plan-ta) e terceiro (média de 5,5 por planta)realmente não houve diferença, mas noprimeiro houve redução do número deflores com a aplicação de ethephon (Ta-bela 3), provavelmente devido aoabortamento de flores neste período.

A expressão sexual de uma plantaou linhagem pode ser expressa por di-versos índices, sendo um deles a rela-ção entre o número de flores masculi-nas pelo número de flores femininas (M/

F). Observa-se que esta relação, consi-derando-se o período total de avaliação,reduziu-se significativamente quandoforam feitas duas aplicações mais espa-çadas (1a e 5a folhas definitivas) em re-lação a apenas uma aplicação no está-dio de 1a folha definitiva (Tabela 3). Noprimeiro subperíodo de avaliação obser-vou-se redução significativa na relaçãoentre flores masculinas e femininas paratodas as dosagens, independente do es-tádio de aplicação, em relação à teste-munha, indicando ter ocorrido reversãosexual pois um decréscimo nesta rela-ção é devido a uma redução no númerode flores masculinas, ou a um aumentonas femininas ou a ambos. Quanto aossegundo e terceiro subperíodos de ava-liação nenhuma diferença estatística foiobservada, indicando que o efeito doethephon na reversão sexual já haviaterminado ou se fazia muito reduzido.Os valores obtidos no segundosubperíodo (média de 6,10) foram bemsuperiores aos respectivos valores doprimeiro (média de 0,81), mesmo nadosagem zero (testemunha, médias de6,84 e 1,05 para o segundo e primeirosub-períodos, respectivamente), indi-cando que esta linhagem apresenta-se

CARDOSO, A.I.I. et al. Efeito do ethephon em uma linhagem de abobrinha.

soidátsE )19/20/11a09/21/31(latotodoíreP )09/21/82a31(odoírep-busº1 )19/10/91a10(odoírep-busº2

atnalPad mpp0 mpp002 mpp004 mpp006 aidéM mpp0 mpp002 mpp004 mpp006 aidéM mpp0 mpp002 mpp004 mpp006 aidéM

ahlofª1 Aa9,64 Ab2,43 Aba4,14 Aba5,24 2,14 Aa7,01 Ab4,1 Ab6,4 Ab4,3 0,5 Aa2,42 Aa5,12 Aa4,62 Aa0,72 8,42

ahlofª3eª1 Aa2,84 Ab4,33 Bb2,03 Bb2,42 0,43 Aa3,9 Ab0,2 Ab6,1 BAb8,0 4,3 Aa9,42 Aba1,32 BAba1,02 Bb8,61 4,12

ahlofª5eª1 Aa0,15 Ab4,43 Bcb8,42 Bc9,22 3,33 Aa3,01 Ab4,3 Ab2,1 Bb4,0 8,3 Aa9,62 Aba1,22 Bb6,61 Bb5,71 8,02

aidéM 7,84 0,43 1,23 9,92 2,63 1,01 3,2 5,2 5,1 1,4 4,52 2,22 2,12 4,02 3,22

)%(.V.C %1,7 %2,03 %5,9

Tabela 2. Número de flores masculinas por planta em função das concentrações e estádios de aplicação de ethephon em uma linhagem deC. moschata. São Manuel, FCA-UNESP, 1990-1991.

*/ Médias, dentro de linhas, seguidas pela mesma letra minúscula, ou, dentro de colunas, pela mesma letra maiúscula não diferemestatísticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

soidátsE )19/20/11a09/21/31(latotodoíreP )09/21/82a31(odoírep-busº1 )19/10/91a10(odoírep-busº2

atnalPad mpp0 mpp002 mpp004 mpp006 aidéM mpp0 mpp002 mpp004 mpp006 aidéM mpp0 mpp002 mpp004 mpp006 aidéM

ahlofª1 Aa9,8 Bb9,3 Aba0,7 Ab0,6 5,6 Aa83,2 Aa67,2 Aa51,2 Aa24,2 34,2 93,2 54,0 67,0 16,0 A50,1

ahlofª3eª1 Aa1,9 BAb1,6 Aba7,8 Ab2,6 5,7 Aa82,2 BAa49,1 BAa67,1 BAa27,1 39,1 44,1 15,0 75,0 36,0 A97,0

ahlofª5eª1 Aa0,21 Ab7,8 Aba4,01 Ab7,8 9,9 Aa69,1 Bba87,1 Bb60,1 Bba71,1 05,1 53,1 85,0 22,0 51,0 A85,0

aidéM 0,01 2,6 7,8 9,6 0,8 12,2 61,2 66,1 77,1 59,1 a37,1 b15,0 b25,0 b74,0 18,0

.V.C %1,51 %1,32 %9,15

Tabela 3. Número de flores femininas por planta (primeiro sub-período de avaliação) e relação entre o número de flores masculinas pelasfemininas (M/F) por planta (período total e primeiro sub-período de avaliação) em função das concentrações e estádios de aplicação deethephon em uma linhagem de C. moschata. São Manuel, FCA-UNESP, 1990-1991.

*/ Médias, dentro de linhas, seguidas pela mesma letra minúscula, ou, dentro de colunas, pela mesma letra maiúscula não diferemestatísticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

143Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

mais feminina no primeiro período dociclo, ao contrário do descrito na litera-tura para outros genótipos dentro dogênero Cucurbita (Shifriss, 1985).

No segundo experimento observou-se que a aplicação de ethephon apenasno estádio de 1a folha definitiva, nasconcentrações utilizadas, não alterou onúmero de folhas por planta (média de18,6), porém reduziu para menos dametade a área foliar total da planta, in-dependentemente da dosagem utilizada,passando de 1594 cm2/planta na teste-munha para uma média de 640 cm2/plan-ta. Esta redução ocorreu devido à dimi-nuição da área foliar média de cada fo-lha, que reduziu de 69,2 cm2/folha (tes-temunha) para 37,3 cm2/folha (médiadas três dosagens) e não pela reduçãodo número de folhas por planta, indi-cando susceptibilidade desta linhagemao ethephon, conforme já havia sido re-latado para algumas outras cultivares/linhagens por Lower & Miller (1969) epor Rudich et al. (1970).

Pode-se concluir que esta linhagemde C. moschata se mostra muito sensí-vel à aplicação de ethephon com redu-ção na área foliar, número de flores enúmero de frutos maduros por planta.Entre duas aplicações mais próximasentre si (1a e 3a folhas definitivas) oumais espaçadas (1a e 5a folhas definiti-vas), as mais espaçadas foram mais van-tajosas por não afetar o número de fru-tos maduros por planta e reduzir maissensivelmente e por mais tempo a rela-ção entre o número de flores masculi-nas e femininas.

Na linhagem estudada, provavel-mente seria muito difícil a reversão com-pleta de todas as flores masculinas emfemininas, ou seja, transformá-la emginóica, com o uso de ethephon. Umaalternativa para a utilização desta linha-gem como progenitor feminino na pro-dução de sementes híbridas F

1 , é o uso

conjugado de duas ou mais aplicaçõesespaçadas de ethephon, e a eliminaçãomanual das flores masculinas restantesantes da antese destas. O número de flo-res masculinas seria sensivelmente re-duzido e a mão de obra necessária, parase realizar a eliminação das mesmastambém seria reduzida. Assim, a possi-bilidade de contaminação desta linha-gem materna com seu próprio pólen se-ria minimizada com o menor número deflores masculinas a se eliminar, garan-tindo-se uma maior qualidade genéticado lote de sementes híbridas produzido.

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144 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

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Determinação dos teores de nitrogênio na seiva do tomateiro por meiode medidor portátil.1

Tadeu G. Guimarães2; Paulo C. R. Fontes3; Paulo R. G. Pereira4; Victor H. Alvarez V. 5; Pedro H.Monnerat6.2, 3 e 4 UFV - Departamento de Fitotecnia, 36571-000 Viçosa - MG; 5 UFV - Departamento de Solos, 36571-000 Viçosa – MG; 6 UENF -Laboratório de Fitotecnia - CCTA, 28015-620 Campos - RJ.

RESUMO

O presente estudo objetivou determinar teores e níveis críticosde nitrogênio na forma de nitrato (N-NO

3) na seiva do pecíolo de

tomateiros utilizando-se medidor portátil, e estabelecer a relaçãodestes valores com os teores de N-NO

3 na matéria seca dos pecíolos,

e de N-orgânico e de N-total na matéria seca do limbo. Plantas detomateiro (Lycopersicon esculentum), cv. Santa Clara, cultivadas emvasos contendo amostras de dois solos (argiloso = Vi; areia-franca =TM), foram submetidas a cinco doses de N (25, 125, 225, 325 e 425mg/dm3) aplicadas parceladamente, via solução nutritiva. As folhasopostas ao 1o e ao 3o cacho foram amostradas por ocasião do inícioda antese das flores do respectivo cacho, e as concentrações de N-NO

3 na seiva dos pecíolos foram determinadas utilizando medidor

portátil equipado com microeletrodo seletivo ao N-NO3. Determi-

nou-se, também, as concentrações de N-NO3 na matéria seca do

pecíolo e do limbo, e as concentrações de N-orgânico na matériaseca do limbo, ambas por colorimetria. Os valores de N-total namatéria seca do limbo foram obtidos a partir da soma dos teores deN-NO

3 e de N-orgânico. Os níveis críticos das formas de N foram

maiores no solo TM, e em ambos os solos, maiores na folha opostaao 1o cacho. Os níveis críticos de N-NO

3 nas seiva das folhas opos-

tas ao 1o e ao 3o cacho foram, respectivamente 2.581 e 1.085 mg/Lpara o solo Vi, e 2.616 e 1.690 mg/L para o solo TM. Os teores deN-NO

3 na matéria seca dos pecíolos, e de N-orgânico e de N-total

na matéria seca do limbo foram estimados com relativa precisão àpartir dos teores de N-NO

3 na seiva, em ambas as amostragens fei-

tas nas plantas cultivadas no solo TM, e nas folhas opostas ao 3o

cacho das plantas cultivadas no solo Vi.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, nitrato, nível crítico.

ABSTRACT

Determination of nitrogen on tomato sap using a portablemeter.

The aim of this study was to determine concentrations and criticallevels of NO

3-N in tomato petiole sap by a quick test using a portable

meter, and the relationship between these values and those of NO3-

N on petiole dry matter, and of organic and total N on leaf blade drymatter. Tomato (Lycopersicon esculentum Mill.) plants, cv. SantaClara, grown in pots of two soil samples (clay = Vi and sand-course= TM), were submitted to five N rates (25, 125, 225, 325 and 425mg/dm3) sidedress applied as nutrient solutions. Leaves opposite to1st and 3rd clusters were sampled at the onset of anthesis of eachcluster, and petiole sap NO

3-N concentrations were determined with

a portable meter equipped with a microelectrode selective to NO3-

N. Additionally, organic N (org-N) and NO3-N were determined in

leaf blade dry matter, and NO3-N was determined in petiole dry

matter. Total-N (tot-N) concentrations in blade dry matter were thesum of NO

3-N and organic-N. Critical N levels were highest on the TM

soil, and for both soils, highest on the 1st cluster. NO3-N critical levels in

petiole sap of leaves opposite to 1st and 3rd clusters were 2,581 and 1,085mg/L on soil Vi, and 2,616 and 1,690 mg/L on soil TM, respectively.Concentrations of NO

3-N in petiole dry matter and of org-N and tot-N

in blade dry matter were well estimated by sap NO3-N concentrations

in leaf samples taken from plants grown on soil TM, and in leavesopposite to the 3rd cluster from plants grown on soil Vi.

Keywords: Lycopersicon esculentum, critical level, nitrate.

1 Parte da tese de Doutorado do primeiro autor; 2 Endereço atual: UFU - DEAGO, Campus Umuarama, 38400-902 Uberlândia - MG; 3 e 5

Bolsistas do CNPq.

(Aceito para publicação em 01 de outubro de 1998)

Recentemente, o manejo correto dafertilização nitrogenada do tomatei-

ro tem sido mais enfaticamente pesqui-sado, visto que além de proporcionar au-mentos qualitativos e quantitativos naprodução, concorre para a redução doscustos de produção e da contaminaçãodo ambiente. Dentre as principais me-didas apropriadas para o manejo da fer-tilização nitrogenada destacam-se asaplicações parceladas e localizadas dos

fertilizantes, procurando-se quantificaras doses a partir dos resultados das aná-lises de solo e da planta.

As análises de solo têm sido utiliza-das em outros países para a recomenda-ção de adubação nitrogenada para diver-sas culturas como milho (Binford et al.,1992; Blackmer et al., 1993), batata(Neeteson et al., 1986; Neeteson, 1989;Neeteson & Swetsloot, 1989; MacKerronet al., 1993), beterraba açucareira

(Neeteson, 1989; Neeteson & Swetsloot,1989), dentre outras. Entretanto, a ausên-cia de métodos de análise de N no soloque estimem, confiavelmente, as quanti-dades necessárias à adequada nutrição dotomateiro faz com que o seu estadonutricional e possíveis recomendações deadubação nitrogenada sejam feitasempiricamente ou com base em determi-nações das concentrações de N-total e N-NO

3 nos tecidos foliares (Coltman, 1988).

145Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

Uma vez que o N-NO3 é a forma de

N preferencialmente absorvida e trans-locada pelo tomateiro, a sua concentra-ção nas folhas tem sido mais indicadapara a verificação do “status” de N e re-comendação de adubação nitrogenada(Coltman, 1988). Entretanto, as deter-minações de N-NO

3 na matéria seca têm

custo elevado, e gasta-se muito tempoentre a tomada da amostra e a obtençãodos resultados (Minnoti et al., 1989).Assim, a utilização de testes rápidos emcampo para a avaliação do estadonutricional do tomateiro em N é umaalternativa promissora para a explora-ção racional da cultura.

Sob condições de cultivos comer-ciais, sejam em ambientes protegidos ouno campo, a análise da seiva dospecíolos do tomateiro é um dos méto-dos mais rápidos e, de certa forma, maisconfiáveis, para se verificar o “status”em N das culturas (Coltman, 1987; Sar-ro et al., 1985 e 1987). A análise da sei-va informa o estado nutricional da plantaem um determinado instante, com ime-diata aplicação no manejo da fertiliza-ção nitrogenada (Sarro et al., 1985 e1987). As determinações das concentra-ções de NO

3 na seiva podem ser feitas

utilizando-se eletrodos ou tiras de papelespecíficos (Coltman, 1988). Assim, aanálise de NO

3 na seiva do pecíolo, a qual

mede o balanço entre a demanda e o su-primento de N pelo solo, poderá ser in-dicado como critério para a realização dediagnóstico do “status” nitrogenado dotomateiro de maneira fácil e rápida.

O presente estudo objetivou deter-minar, utilizando microeletrodo seleti-vo, os níveis críticos de N-NO

3 na seiva

do pecíolo, de N-NO3 na matéria seca

de pecíolos, e de N-orgânico e de N-to-tal na matéria seca do limbo de folhasdo tomateiro, como também estudar arelação existente entre os valores dasconcentrações de N-NO

3, N-orgânico e

N-total na matéria seca e os das con-centrações de N-NO

3 na seiva.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido emcasa-de-vegetação do Departamento deFitotecnia da Universidade Federal deViçosa (DFT-UFV), no período de 24de novembro de 1995 a 27 de janeiro de

1996, utilizando-se vasos de 12,0 L com10 dm3 de amostras de dois solos de tex-turas e condições de fertilidade contras-tantes, cujas principais característicasquímicas e físicas encontram-se na Ta-bela 1. A amostra de solo de Viçosa-MG(Vi), de textura argilosa, é provenientede uma área destinada ao cultivo de hor-taliças na Universidade Federal de Vi-çosa, e que seria utilizada para a condu-ção de ensaios de campo, envolvendoestudos sobre fertilização nitrogenadado tomateiro, enquanto que a amostrade solo de Três Marias-MG (TM) detextura areia-franca, é proveniente deárea sem exploração agrícola atual.

No dia da semeadura (24/11/95) foifeito a calagem no solo TM aplicando-se uma mistura de CaCO

3 e MgO (4:1

mols), ambos p.a., para elevar a satura-ção de bases a 60%, e 300 mg/dm3 de Pna forma de superfosfato triplo; no soloargiloso aplicou-se 500 mg/dm3 de Putilizando-se a mesma fonte. Metade dadose de P foi aplicada em 1 dm3 do vo-lume do solo, o qual foi localizado su-perficialmente nos vasos, e a outra me-tade aplicada nos 9 dm3 restantes.

Em seguida, os vasos foram irriga-dos e seis sementes de tomate de culti-var Santa Clara foram semeadas. Após

a emergência, foi feito desbaste, deixan-do-se uma planta por vaso.

Os tratamentos constaram de cincodoses de N (25, 125, 225, 325 e 425 mg/dm3), parceladas em seis aplicações emcobertura, via solução nutritiva (25 %como N-NH

4+), utilizando NH

4NO

3,

KNO3 e NaNO

3, todas p.a., como fon-

tes. As doses de N foram parceladasobedecendo o seguinte cronograma, emdias após a semeadura (DAS): 5% emcada aplicação aos 14 e 24 DAS; 10%aos 33 DAS; 20% aos 43 DAS; 30% aos49 DAS, e 30% aos 54 DAS. As unida-des experimentais foram dispostas naestufa seguindo o delineamento de blo-cos casualizados, com 5 repetições.

Foram aplicados K, Ca, Mg, S emicronutrientes em cobertura, na formade soluções nutritivas, sendo os micro-nutrientes também aplicados por viafoliar. As aplicações de K e S foram rea-lizadas conjuntamente com as aduba-ções nitrogenadas, seguindo o mesmoparcelamento destas, totalizando 182 e40 mg/dm3 de K e de S, respectivamen-te. No solo TM aplicou-se 0,975 e 0,45cmol

c/dm3 de Ca e de Mg, respectiva-

mente, enquanto que no solo Vi aplicou-se 0,75 e 0,3 cmol

c/dm3 de Ca e de Mg,

GUIMARÃES, T.G.; et al. Determinação dos teores de nitrogênio na seiva do tomateiro por meio de medidor portátil.

sacitsíretcaraC )iV(artsomA )MT(artsomA

aicnêdecorP GM-asoçiV GM-sairaMsêrT

)gk/gad(aligrA 44 21

larutxeToãçacifissalC osoligrA acnarF-aierA

mc/g(etnerapAedadisneD 3) 590,1 063,1

)gk/gk(opmaCededadicapaC 923,0 560,0

)gk/gad(acinâgrOairétaM 85,1 64,0

H(Hp2

)O 5,5 7,4

md/gm(P 3) 1,18 1,2

md/gm(K 3) 17 61

lA +3 lomc(c

md/ 3) 0,0 3,0

aC +2 lomc(c

md/ 3) 2,3 1,0

gM +2 lomc(c

md/ 3) 7,0 0,0

lomc(lA+Hc

md/ 3) 7,2 6,3

lomc(BSc

md/ 3) 80,4 41,0

lomc(tCTCc

md/ 3) 80,4 44,0

lomc(TCTCc

md/ 3) 87,6 47,3

)%(V 2,06 7,3

)%(m 0,0 2,86

Tabela 1. Procedência e principais características físicas e químicas das amostras de soloutilizadas. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1995/1996.

146 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

respectivamente, em cobertura via so-luções nutritivas.

No solo Vi as doses de micronu-trientes totalizaram 2 mg/dm3 de Zn; 1mg/dm3 de B; 1 mg/dm3 de Cu; 0,5 mg/dm3 de Mn, e 0,2 mg/dm3 de Mo, en-quanto que no solo TM estas totalizaram4 mg/dm3 de Zn; 1,5 mg/dm3 de B; 1,5mg/dm3 de Cu; 1 mg/dm3 de Mn, e 0,4mg/dm3 de Mo. Foram feitas aplicaçõesfoliares de soluções de H

3BO

3 a 0,15

dag/L, ZnSO4.7H

2O a 0,75 dag/L e

Na2MoO

4.2H

2O a 0,0125 dag/L por oca-

sião do aparecimento do 1o cacho (aos34 DAS) e aos 55 DAS.

Pulverizações com fungicida, inse-ticida e acaricida foram feitas sempreque necessárias.

Por ocasião da abertura das flores do1o e do 3o cachos (42 e 57 DAS, respec-tivamente), as folhas opostas a cada ca-cho foram destacadas entre as 7 e 8 h damanhã, acondicionadas em sacos plás-ticos e levadas ao laboratório, onde fo-ram colocadas sob refrigeração. Logoem seguida, seções de 1 cm de compri-mento foram retiradas da base dospecíolos e maceradas, em “espremedorde alho”, para extração da seiva. Com o

auxílio de uma micropipeta a seiva foicoletada e analisada em medidor portá-til de nitrato (C-141 Cardy Nitrate Me-ter- HORIBA, INC.) equipado commicroeletrodo seletivo ao nitrato. Pos-teriormente, os pecíolos foram separa-dos do limbo foliar, sendo ambos osmateriais, separadamente, acondiciona-dos em sacos de papel, secos em estufade circulação forçada de ar a 75oC por72 h, pesados, moídos em moinho tipoWiley com peneira de 20 mesh e arma-zenados. Nas matérias secas do pecíoloe do limbo, após a extração com águaem banho-maria a 45oC durante 1 h, fo-ram determinadas as concentrações deN-NO

3 por colorimetria, em espectro-

fotômetro a 410 nm (Cataldo etal.,1975). Foram determinados, ainda,após digestão sulfúrica, os teores de N-orgânico (N-org.) na matéria seca dolimbo por meio do reagente de Nessler(Jackson, 1982), calculando-se, poste-riormente, os valores de N-total (N-tot)à partir da soma dos teores de N-NO

3 e

de N-orgânico.As plantas tiveram seus pontos de

crescimento eliminados imediatamenteabaixo da 4a inflorescência, por ocasião

do surgimento destas. Aos 64 DAS fo-ram cortadas rente ao solo, divididas emfolhas, caules e frutos, e secas em estu-fa de circulação forçada de ar por 72 h a70 oC para determinação das produçõesde matéria seca.

Os dados foram submetidos às aná-lises de variância e de correlação linearde Pearson, relacionando-se as formasde nitrogênio analisadas à produção dematéria seca da parte aérea. Posterior-mente, foram ajustadas equações de re-gressão relacionando as variáveis depen-dentes às doses aplicadas de nitrogênio.Os coeficientes de correlação e os coe-ficientes de determinação foram testa-dos a 1 (**), 5(*) e 10% (o) de signi-ficância. A partir das doses de N neces-sárias para obtenção de 99% da produ-ção máxima de matéria seca da parteaérea, foram calculados os níveis críti-cos de N-NO

3 na matéria seca e na sei-

va dos pecíolos, bem como os níveiscríticos de N-org e N-tot na matéria secados limbos foliares. Também foramajustadas equações de regressão toman-do-se os teores de N-NO

3 na matéria

seca dos pecíolos e os de N-orgânico eN-total na matéria seca do limbo comoas variáveis dependentes, e os teores deN-NO

3 na seiva dos pecíolos como a

variável independente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No solo de Viçosa (Vi), os maioresvalores das produções de matéria secade frutos e da parte aérea foram 36,8 e141,3 g/planta, respectivamente, obtidoscom a maior dose estudada, 425 mg/dm3

de N (Figura 1). Tal fato indica que nes-sa amostra de solo, para maximizar ocrescimento, deveria ter sido aplicadodose de N ainda maior, ou ter aplicadomaior percentagem das doses nas adu-bações iniciais. No solo de Três Marias(TM) os valores estimados máximosforam 23,4 e 95,7 g/vaso para as maté-rias secas de frutos e da parte aérea, res-pectivamente, valores obtidos com asdoses de 300 e 350 mg/dm3 de N, res-pectivamente (Figura 1). As doses res-ponsáveis por 99% da máxima produ-ção de matéria seca da parte aérea fo-ram 384 e 301 mg/dm3 de N, para ossolos Vi e TM, respectivamente.

A produção de matéria seca da par-te aérea das plantas cultivadas no solo

Figura 1. Produção de matéria seca de frutos (FR) e da parte aérea (PA) do tomateiro, emsolos de Viçosa (Vi) e de Três Marias (TM), em função de doses de nitrogênio. Viçosa,Universidade Federal de Viçosa, 1995/1996.

GUIMARÃES, T.G.; et al. Determinação dos teores de nitrogênio na seiva do tomateiro por meio de medidor portátil.

147Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

Vi correlacionou-se positivamente comtodas as formas de N analisadas, sendoque, em ambas as amostragens, as de-terminações dos teores de N-NO

3 na

seiva apresentaram os maiorescoeficientes de correlação (Tabela 2).No solo TM, a matéria seca da parte aéreatambém correlacionou-se positivamentecom todas as formas de N analisadas (Ta-bela 2). Nesse solo, as correlações obti-das para os teores de N-NO

3 determina-

dos na seiva, foram maiores que as obti-das quando o N-NO

3 foi analisado na

matéria seca dos pecíolos (Tabela 2).Nas plantas cultivadas no solo Vi,

os teores de N-NO3 na matéria seca e na

seiva dos pecíolos e os teores de N-orge de N-tot nos limbos das folhas opos-tas ao 1o cacho associaram-se às dosesde nitrogênio, podendo ser representa-das por modelos dos tipos raiz-quadrático e quadrático, respectivamen-te, com coeficientes de determinação(R2) muito baixos (Figuras 2, 3, 4 e 5, eTabela 3). Apesar disto, os coeficientesdas equações apresentaram elevadasignificância, indicando efeitos signifi-cativos das doses crescentes aplicadas.Tal fato deve ter ocorrido em decorrên-cia das pequenas quantidades de N apli-cadas (20% do total das doses) até aocasião da amostragem destas folhas,sendo mais um indicativo de que o li-mite superior do intervalo experimen-tal para este solo, de textura argilosa,deveria ter sido maior.

Nas plantas cultivadas no solo TM,os teores de N-NO

3 na matéria seca e na

seiva dos pecíolos das folhas opostas ao1o cacho aumentaram linearmente (Fi-guras 2 e 3; Tabela 3), enquanto que osteores de N-org e N-tot no limbo destasapresentaram comportamentoquadrático, com o aumento das doses deN (Figuras 4 e 5; Tabela 3). Provavel-mente, a absorção de NO

3 ultrapassou a

demanda metabólica da planta.

Nos pecíolos das folhas opostas ao3o cacho, as concentrações de N-NO

3 na

matéria seca e na seiva aumentaram li-nearmente com os aumentos nas dosesde N, em ambos os solos, porém, sendomenores que aquelas observadas nospecíolos das folhas opostas ao 1o cacho(Figuras 2 e 3; Tabela 3). Tais decrésci-mos observados nas concentrações deN-NO

3 na seiva e na matéria seca dos

GUIMARÃES, T.G.; et al. Determinação dos teores de nitrogênio na seiva do tomateiro por meio de medidor portátil.

oinêgortinedsamroFsadasilana

aeréaetrapadacesairétaM

)r(raeniloãçalerrocedetneicifeoC

iVoloS MToloS

ON-N3

)L/gm;1C(S **116,0 **276,0

ON-N3

)gk/gm;1C(P *393,0 **406,0

)gk/gad;1C(gro-N º782,0 **747,0

)gk/gad;1C(tot-N º292,0 **837,0

ON-N3

)L/gm;3C(S **835,0 **465,0

ON-N3

)gk/gm;3C(P **874,0 **305,0

)gk/gad;3C(gro-N º433,0 **257,0

)gk/gad;3C(tot-N º143,0 **947,0

Tabela 2. Correlações de Pearson entre o peso da matéria seca da parte aérea do tomateirocultivado em solos de Viçosa (Vi) e de Três Marias (TM), e os teores de N-NO

3 da seiva (S)

e da matéria seca do pecíolo (P), e os teores de N-orgânico (N-org) e N-total (N-tot) damatéria seca do limbo das folhas opostas ao 1o (C1) e ao 3o (C3) cachos. Viçosa, Universi-dade Federal de Viçosa, 1995/1996.

**, * e o = significância aos níveis de 1, 5 e 10% de probabilidade, respectivamente.

seõçauqE 2R

iVoloS

ON-N3

D**9,917+9,556.2-=)1CS( 5,0 D**261,32- 853,0

ON-N3

D**79,917.2+8,710.01-=)1CP( 5,0 D**56,99- 914,0

D**834,0+73,1=)1C(gro-N 5,0 D**710,0- 734,0

D**564,0+82,1+=)1C(tot-N 5,0 D**810,0- 493,0

ON-N3

D**22,2+5,042=)3CS( 567,0

ON-N3

D**638,5+70007,0-=)3CP( 607,0

D**1000,0+Dº4210,0-70,3=)3C(gro-N 2 01.7,1- 7- D3 999,0

D**1000,0+Dº3210,0-90,3=)3C(tot-N 2 01.7,1- 7- D3 999,0

MToloS

ON-N3

D**8,8+7,23-=)1CS( 589,0

ON-N3

D**57,12+5,455=)1CP( 289,0

D*10000,0-D**110,0+30,3=)1C(gro-N 2 299,0

D*10000,0-D**210,0+40,3=)1C(tot-N 2 399,0

ON-N3

D**03,5+4,49=)3CS( 498,0

ON-N3

D**33,11+2,89-=)3CP( 459,0

Dº10000,0-D**5900,0+74,2=)3C(gro-N 2 999,0

Dº0000,0-D**5900,0+94,2=)3C(tot-N 2 999,0

Tabela 3. Equações de regressão relacionando os teores de N-NO3 na seiva (S) e na matéria

seca do pecíolo (P), e os teores de N-orgânico (N-org) e de N-total (N-tot) na matéria secado limbo das folhas opostas ao 1o (C1) e ao 3o (C3) cachos do tomateiro, cultivado emamostras de solos de Viçosa (Vi) e de Três Marias (TM), em função das doses de nitrogênio(D). Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1995/1996.

**, * e o = significância aos níveis de 1, 5 e 10% de probabilidade;

148 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

pecíolos com o desenvolvimento do to-mateiro são relatados por diversos au-tores (Coltman, 1987; Hochmuth, 1994;Mason & Wilcox, 1982). Com o desen-volvimento da planta, o aumento da de-manda em N pela parte aérea não éacompanhado, proporcionalmente, pelaquantidade de N absorvida pelo siste-ma radicular, fazendo com que as con-centrações de NO

3 nos pecíolos das fo-

lhas do tomateiro apresentem um gra-diente decrescente da base para o ápice.

As concentrações de N-org e de N-tot no limbo das folhas opostas ao 3o

cacho apresentaram comportamentodescritos pelos modelos cúbico no soloVi e pelo quadrático no solo TM (Figu-ras 4 e 5; Tabela 3). O N-tot presente nolimbo das folhas amostradas constituiu-se quase que totalmente por N-orgâni-co, sendo muito pequena a contribuiçãodo N-NO

3 (Figuras 4 e 5).

A relação entre os valores de N-NO3

na matéria seca dos pecíolos e os valo-res de N-NO

3 na seiva destes foram li-

neares nos dois solos e nas duasamostragens. Somente o modelo ajus-tado na 1a amostragem para o solo Viapresentou R2 próximo de 0,78; todosos demais, apresentaram valores de R2

superiores a 0,92 (Tabela 4). Em estu-dos semelhantes realizados naCalifórnia, com tomateiro cultivado nocampo, Hartz et al.(1993) obtiveramvalores de R2 igual a 0,83 na estimativadesta relação.

A relação entre os valores de N-orge de N-tot na matéria seca do limbo, eos valores de N-NO

3 na seiva do pecíolo

foram semelhantes entre si, com valo-res de R2 muito próximos, em ambas asamostragens, em cada solo (Tabela 4).Entretanto, os valores de R2 das equa-ções obtidas para o solo TM foram sem-pre maiores que aqueles das equaçõesobtidas para o solo Vi, indicando que acapacidade preditiva foi melhor para osresultados obtidos neste solo (Tabela 4).

Os níveis críticos das formas de Nnas partes analisadas das plantas foramsempre maiores no solo TM que no soloVi (Tabela 5). Tal fato, associado à me-nor produção de matéria seca de frutose da parte aérea das plantas cultivadasno solo TM, indicam que houve algumimpedimento ao crescimento das plan-tas cultivadas neste solo. Originalmen-

Figura 2. Teores de N-NO3 na matéria seca dos pecíolos das folhas opostas ao primeiro e ao

terceiro cacho do tomateiro, em solos de Viçosa (Vi) e de Três Marias (TM), em função dedoses de nitrogênio. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1995/1996.

GUIMARÃES, T.G.; et al. Determinação dos teores de nitrogênio na seiva do tomateiro por meio de medidor portátil.

** e * = significância aos níveis de 1 e 5% de probabilidade;

seõçauqE R2

iVoloS

ON-N3

X**46,2+3,812-=)1C( 777,0

X**73000,0+59,2=)1C(gro-N 465,0

X**14000,0+59,2=)1C(tot-N 975,0

ON-N3

X**36,2+2,036-=)3C( 429,0

X**500000,0-X**900,0+27,0-=)3C(gro-N 2 773,0

X**1500000,0-X**8800,0+4410,0-=)3C(tot-N 2 073,0

MToloS

ON-N3

X**74,2+2,556=)1C( 689,0

X**2000000,0-X**5100,0+19,2=)1C(gro-N 2 869,0

X**2000000,0-X**5100,0+29,2=)1C(tot-N 2 079,0

ON-N3

X**80,2+7,202-=)3C( 669,0

X**36000000,0-X**6200,0+10,2=)3C(gro-N 2 897,0

X**26000000,0-X**6200,0+30,2=)3C(tot-N 2 018,0

Tabela 4. Equações ajustadas para estimativa dos teores de N-NO3 (mg/kg) na matéria seca

de pecíolos, e de N-org (dag/kg) e N-tot (dag/kg) na matéria seca do limbo das folhas opos-tas ao 1o (C1) e ao 3o (C3) cachos de frutos do tomateiro, cultivado em amostras de solos deViçosa (Vi) e de Três Marias (TM), em função dos teores de N-NO

3 (mg/L) na seiva dos

pecíolos. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1995/1996.

149Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

te, o solo TM é pobre em P, K, Ca e Mg,e possui baixa capacidade de retençãode água (Tabela 1). Levando-se em contaque não foi aplicado micronutrientes aosolo no plantio (somente em cobertura),e que o experimento foi conduzido emcasa-de-vegetação no verão, é provávelque, a carência de algum micronutriente(talvez Zn e, ou, B) associada à menordisponibilidade de água tenham exerci-do efeito depressivo sobre o crescimen-to das plantas, causando acúmulo de Nnestas plantas. Em cada um dos solos,os níveis críticos das formas de N naspartes analisadas das plantas forammaiores nas folhas opostas ao 1o cachoque naquelas opostas ao 3o (Tabela 5),tendo a provável explicação já sidorelatada anteriormente.

As concentrações de N-NO3 na sei-

va dos pecíolos obtidas no presente tra-balho encontram-se acima da faixa desuficiência de N-NO

3 na seiva da folha

recentemente madura de tomateiro cul-tivado em estufa, proposta porHochmuth (1994), os quais são 1000-1200 e 800-1000 mg/L de N-NO

3 na

seiva, para as fases que vão dotransplantio até o 2o cacho e deste ao 5o

cacho, respectivamente. Esses valoresforam observados em plantas cultivadasno campo, e foram obtidos por meio detestes colorimétricos, ao contrário dopresente estudo, no qual as plantas fo-ram cultivadas em vasos e as concen-trações de N-NO

3 na seiva foram deter-

minadas por método potenciométrico.

Os resultados relativos às concentra-ções de N-NO

3 na seiva do pecíolo para o

tomateiro cultivado no solo Vi são simi-lares aqueles propostos por Coltman(1987) para plantas cultivadas em vasoscontendo 13 dm3 de solo, e que apresen-taram a máxima produção de frutoscomercializáveis associada à concentra-ções de N-NO

3 na seiva de 2138 e 1091

mg/L, para o início do florescimento e parao início da frutificação, respectivamente.

Os níveis críticos de N-NO3 na ma-

téria seca dos pecíolos das plantas culti-vadas no solo Vi e no solo TM, naamostragem realizada por ocasião doaparecimento do 3o cacho (Tabela 5),encontram-se abaixo da faixa de suficiên-cia proposta por Geraldson & Tyler(1990). Esses autores propõe como defi-cientes, os teores de N-NO

3 na matéria

Figura 3. Teores de N-NO3 na seiva dos pecíolos das folhas opostas ao primeiro e ao tercei-

ro cacho do tomateiro, em solos de Viçosa (Vi) e de Três Marias (TM), em função de dosesde nitrogênio. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1995/1996.

seca dos pecíolos da 4a folha à partir doápice, extraídos com ácido acético, de8000 mg/kg no início do florescimento ede 6000 mg/kg no estádio de frutos pe-quenos (2,5 cm de diâmetro), para toma-teiro cultivado no campo para fins indus-triais. As concentrações de N-NO

3 na

matéria seca do pecíolo das folhas opos-tas ao 1o cacho encontram-se abaixo dovalor associado à máxima produção dematéria seca pelo tomateiro em condi-

ções de solução nutritiva obtido por Fon-tes et al. (1995), para plantas amostradasno início de florescimento e utilizandotodos os pecíolos da planta.

Os resultados obtidos mostram que autilização do microeletrodo representauma alternativa viável no diagnóstico danutrição nitrogenada do tomateiro, devi-do a rapidez e facilidade de uso, e à rela-ção existente com as formas de N usual-mente determinadas em laboratório.

GUIMARÃES, T.G.; et al. Determinação dos teores de nitrogênio na seiva do tomateiro por meio de medidor portátil.

sadasilanaoinêgortinedsamroFiV MT

ohcacº1 ohcacº3 ohcacº1 ohcacº3

ON-N3

)L/gm(oloícepodaviesan 1852 5801 6162 0961

ON-N3

)gk/gm(oloícepodacesairétaman 7105 2422 1017 2133

)gk/gad(obmilodacesairétamangro-N 34,3 34,3 34,5 24,4

)gk/gad(obmilodacesairétamantot-N 84,3 94,3 57,5 44,4

Tabela 5. Níveis críticos de N-NO3 na seiva e na matéria seca do pecíolo, e de N-org e N-tot

na matéria seca do limbo das folhas opostas ao 1o e ao 3o cachos de tomateiro cultivado emamostras de solos de Viçosa (Vi) e Três Marias (TM). Viçosa, Universidade Federal deViçosa, 1995/1996.

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Figura 5. Teores de N-total no limbo das folhas opostas ao primeiro cacho e ao terceirocacho do tomateiro, em solos de Viçosa (Vi) e de Três Marias (TM), em função de doses denitrogênio. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1995/1996.

Figura 4. Teores de N-orgânico no limbo das folhas opostas ao primeiro cacho e ao terceirocacho do tomateiro, em solos de Viçosa (Vi) e de Três Marias (TM), em função de doses denitrogênio. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1995/1996.

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Confecção e avaliação de péletes de sementes de alface.1

João Bosco C. da Silva2 ; João Nakagawa32Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, CEP 70.359-970 Brasília – DF; 3UNESP – Faculdade de Ciências Agronômicas. C. Postal 237, CEP18.603-970 Botucatu – SP.

1 Parte do trabalho para elaboração de tese de doutorado em Agronomia, área de concentração em Horticultura, pela Faculdade de CiênciasAgronômicas - Universidade Estadual Paulista – UNESP, Botucatu - SP.

RESUMO

Para este trabalho, os péletes foram confeccionados em betonei-ras, onde as sementes rolam umas sobre as outras, recebendo aospoucos e alternadamente os ingredientes de enchimento e cimentante,até atingirem o tamanho desejado, sendo então secados e classifica-dos. Foram confeccionados péletes de semente de alface com areiafina, areia grossa, calcário fino e calcário grosso, utilizando comocimentante, bentonita diluída em água a 7,5% ou cola à base deacetato de polivinila (PVA) a 30%. Parte dos péletes recebeu acaba-mento com calcário calcítico mais cola à base de PVA. Os péletespequenos, confeccionados com areia fina ou com a mistura de areiae calcário, com ou sem acabamento, apresentaram os melhores re-sultados, não diferindo da germinação e da velocidade de cresci-mento de plântulas obtidas de sementes nuas. A utilização de calcárioprejudicou o crescimento das plântulas e o prejuízo foi mais acentu-ado para os péletes grandes. Os péletes confeccionados com calcárioe cola à base de PVA foram os mais resistentes ao esmagamento e ospéletes confeccionados com areia, utilizando bentonita comocimentante, os de menor resistência. A cola à base de PVA atuou comocimentante mais forte que a bentonita e a aplicação da camada deacabamento com cola à base de PVA aumentou a firmeza dos péletes.Os péletes confeccionados com areia apresentaram maior velocidadede dissolução, mas todos os péletes testados se dissolveram em me-nos de um minuto. Todos eles apresentaram baixo grau de umidade(média de 0,45%) e baixa higroscopicidade (cerca de 0,6%).

Palavras-chave: Lactuca sativa, peletização, higroscopicidade,resistência.

ABSTRACT

Production and testing of lettuce seed pellets.In this work, pellets were produced in a small concrete mixer-

like machine (pan), where seeds rolled over one another, receivinggradually and alternately coating (stuffing) and cement (adhesive)ingredients, until they reached the required size. Seeds were thendried and classiffied. Lettuce seeds were pelleted with fine sand,coarse sand, fine lime or coarse lime, using bentonite diluted in waterat 7,5%, or polivinil acetate glue (PVA) at 30%, as cement. A portionof these pellets were covered with a thin layer of lime plus PVA.The small pellets made of fine sand plus lime with or without thefine finish cover presented the best results. Rates of germinationand seedling development were similar to those obtained with bareseeds. Lime usage delayed seedling growth, being more pronouncedon larger pellets. Using lime plus PVA glue resulted in the mostphysical resistance, whereas the use of sand plus bentonite, resultedin the least resistance; fine finish enhanced the pellet resistance.Pellets with PVA glue were more resistant than those with bentonite.Coats of sand were most quickly dissolved, although pellets testeddissolved in less than one minute. The water content in each type ofpellet was less than 0.45%, with low higroscopicity (less than 0.6%).

Keywords: Lactuca sativa, coat, pelleting, resistance, higroscopicity.

(Aceito para publicação em 28 de agosto de 1998)

Os péletes de semente são confec-cionados basicamente com um ma-

terial seco, não solúvel, inerte e degranulometria fina, denominado de en-chimento, e um cimentante que deve serum adesivo não fitotóxico, solúvel emágua e de reidratação rápida.

A camada de peletização é relativa-mente delgada (menor que 2 mm de es-pessura) mas é constituída por partícu-las finas, bem arranjadas e aderidas en-tre si, formando uma capa intimamenteaderida à superfície da semente. Estaconstituição implica em se ter o míni-

mo de porosidade e o máximo de forçade retenção da água, dificultando a suadrenagem e, conseqüentemente, restrin-gindo a troca gasosa entre a semente e oambiente externo ao pélete, causando oretardamento na germinação (Sachs etal., 1982; Tonkin, 1984).

152 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

Os péletes são geralmenteconfeccionados em um equipamentotipo betoneira, onde as sementes sofreminúmeras rotações em torno de seus pró-prios eixos, com tendência a rolaremumas sobre as outras, e recebem aospoucos os ingredientes, que aderem à su-perfície das sementes em camadas su-cessivas, até o tamanho desejado e o for-mato esférico serem atingidos(Longden, 1975). Neste processo, aspartículas sólidas sofrem compactaçãoe arranjo, que provavelmente reduzemao mínimo os espaços entre elas.

O processamento é geralmente feitoem betoneiras com baixa rotação (25 a30 rpm) (Sharples, 1981) e a massa desemente ou péletes-semente deve rolarcontinuamente sobre si, recebendo aospoucos os ingredientes (Longden, 1975;Sharples, 1981; Scott, 1989). Desta for-ma, embora o processamento seja rela-tivamente demorado, o atrito e as que-das sofridas pelas sementes não devemcausar danos mecânicos.

Em princípio, o material de enchi-mento deve constituir-se de partículasgrossas e uniformes, visando formarporos grandes. Ocorre entretanto, gran-de limitação na granulometria do mate-rial de enchimento, porque as partícu-las não podem rolar livres (não aderidasàs sementes), pois se isso acontecer, elasaderem entre si, formando péletes vazios(sem sementes). Utilizando-se partícu-las grandes ocorre também maior difi-culdade para promover a sua adesão àsuperfície das sementes, em razão de seupeso e o maior atrito com a massa emmovimento. Para promover a adesão departículas relativamente grandes é ne-cessário utilizar maior quantidade deadesivo, o que pode favorecer a adesãoentre sementes, causando a formação depéletes com mais de uma semente, o queé indesejável.

À medida que os péletes vão se for-mando, aumenta-se a superfície de con-tato e o peso, permitindo então o uso dematerial mais grosseiro. Mas, na fase deacabamento, é necessário utilizar nova-mente materiais mais finos, para se ob-ter uma superfície lisa e uniforme. Háportanto, necessidade de estabelecer asgranulometrias mais adequadas e a pro-porção dos ingredientes para cada fasee, cabe ao operador desenvolver a habi-

lidade de identificar o momento da apli-cação dos ingredientes. As informaçõescontidas nestes dois parágrafos forãoobservações feitas durante a realizaçãode trabalhos anteriores (Silva & Márton,1992; Silva et al., 1992; 1993a; 1993b).

O objetivo deste trabalho foi confec-cionar péletes utilizando os materiais se-lecionados a partir das metodologiasdescritas por Silva & Nakagawa (1998a;1998b), e avaliar o desempenho das se-mentes peletizadas e a qualidade dospéletes.

MATERIAL E MÉTODOS

Equipamentos e peletização – Noscatálogos de firmas nacionais e estran-geiras fornecedoras de equipamentospara laboratórios não se encontram equi-pamentos para confecção de péletes desementes à nível laboratorial. Desenvol-veu-se então uma pequena betoneiracom bojo de fundo arredondado, dematerial plástico, com 38 cm de diâme-tro maior, 30 cm de diâmetro de boca e29 cm de profundidade, acionada pormanivela com dez centímetros de raio,colocada ao lado do bojo, sendo os doiseixos interligados por corrente e poliadentada. O conjunto foi montado em umcavalete de metal dotado de ajustes paraaltura e para inclinação dos eixos (dabetoneira e da manivela).

Ao final do processo de peletizaçãofez-se a secagem em estufa e a classifi-cação em peneira de crivos redondos,considerando como péletes pequenos osretidos entre as peneiras 2,5/64 e 7,5/64de polegada, e péletes grandes os reti-dos entre as peneiras 7,5/64 e 9,5/64 depolegada. Os péletes com diâmetrosmenores que 2,5/64 de polegada foramdescartados.

Ensaio 1 - Confecção de péletes etestes de germinação e emergência –Foram confeccionados cinco tipos depéletes com sementes de alface do tipomimosa, cultivar Salad Bowl com osmateriais: 1) areia fina (grânulos meno-res que 250 mm); 2) areia grossa (grâ-nulos de 250 a 300 mm); 3) calcáriodolomítico fino (grânulos menores que125 mm); 4) calcário grosso (grânulosde 125 a 250 mm); 5) pélete com nú-cleo de calcário fino, constituindo 10%da massa total de ingredientes sólidos,

terminado com areia grossa. Parte decada tipo de pélete recebeu acabamentocom calcário calcítico e cola à base dePVA, diluída em água, na concentraçãode 30% (v/v).

Todos os péletes foram confeccio-nados na betoneira motorizada à rota-ção de 25 rpm, utilizando 50 g de se-mentes e 500 ml da suspensão em águade bentonita da marca Volclay, na pro-porção de 7,5% p/v. Terminado o pro-cesso, os péletes foram secados em es-tufa a 38 – 40oC, por 24 horas.

A peletização de semente com a for-mação do núcleo de calcário fino, cita-do anteriormente, foi a opção utilizadapara facilitar a confecção de péletes comareia grossa, porque, ao colocar areia esementes de alface na betoneira, a pro-ximidade de peso entre as partículas(areia e semente) fazia com que os grãosde areia rolassem da mesma maneira queas sementes. Assim, ocorria, indistinta-mente, a agregação entre partículas, for-mando grande quantidade de resíduosque formariam péletes vazios.

Parte das sementes foi despeletizada,obtendo-se o tratamento testemunha, esementes nuas (que não passaram peloprocesso de umedecimento, atrito e se-cagem) que constituíram a testemunhageral. As sementes da testemunha e tes-temunha geral foram semeadas sobreduas folhas de papel-substrato tipogermitest (Brasil, 1992).

Foram conduzidos testes de germi-nação utilizando-se câmara para germi-nação regulada à temperatura de 200C ecom luz, gerbox com substrato de pa-pel, sendo uma folha de papel tipogermitest e outra de papel de filtroplissado, umedecido com um volume deágua destilada correspondente a 2,2 ve-zes a massa (g) do substrato (Brasil,1992). O papel plissado tinha dez centí-metros de largura e doze dobras de apro-ximadamente sete milímetros. O volu-me de água aplicado em cada gerbox foideterminado pela média de duas pesa-gens de dez conjuntos de substrato.

As sementes peletizadas foram tes-tadas em substrato composto industrialde marca Plantagro, utilizando-se ban-dejas de isopor com 128 células e 6 cmde altura, com semeadura à profundida-de de um centímetro. Após o enchimen-to das bandejas com o substrato, foi fei-

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Confecção e avaliação de péletes de sementes de alface.

153Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

ta uma irrigação abundante, aguardou-se duas horas para realização da drena-gem do excesso de água, fez-se ocoveamento, utilizando um marcador decovas, a semeadura e a cobertura dassementes (péletes) com substrato secopeneirado. Manteve-se o conjunto compouca umidade no substrato por trêsdias, fazendo apenas uma ligeira apli-cação de água nos horários de maiorcalor, sempre que se notava a mudançade coloração na superfície do substrato,em função do início da secagem domesmo. As bandejas foram colocadasem ambiente fechado por tela, cobertocom plástico transparente e sombrite,reduzindo em cerca de 50% a incidên-cia de radiação solar. No período, a tem-peratura média do ambiente foi de 21oC,a média das temperaturas máximas foide 26oC e a umidade relativa do ar va-riou de 58 a 80%.

A germinação tanto em gerbox quan-to em bandejas foi acompanhada comcontagens diárias do número de plântulasque emitiam qualquer estrutura de cres-cimento. Após quinze dias da semeadu-ra, avaliaram-se as plântulas, classifican-do-as como normais vigorosas, normaisfracas ou anormais. Foram obtidas asmassas de matéria fresca e matéria secadas plântulas normais (vigorosas e fra-cas), utilizando-se estufa de circulaçãoforçada de ar a 60oC, por 24 horas.

Para as plântulas crescidas emgerminador, foram consideradas comonormais vigorosas aquelas que tinhammais de 2,5 cm de comprimento da parteaérea e de raiz. Plântulas normais fracaseram as que tinham todas as estruturasnecessárias para a formação de uma plan-ta normal, mas que apresentavam peque-no crescimento, e plântulas anormais sãodefinidas pelas Regras para Análise deSementes. Todas as plântulas normaisforam lavadas sobre peneira, enxugadascom papel-toalha e submetidas a umacorrente de ar frio durante aproximada-mente 30 segundos, pesadas e trans-feridas para a estufa de secagem.

Para as plântulas crescidas em ban-dejas, foram consideradas normais vi-gorosas aquelas que apresentavam pelomenos uma folha definitiva e mais detrês centímetros de altura entre a super-fície do substrato e a gema apical.Plântulas normais fracas eram as que

tinham todas as estruturas necessáriaspara a formação de uma planta normal,mas que apresentavam pequeno cresci-mento, e plântulas anormais eram as quenão continham estruturas básicas ou es-tas se apresentavam com deformaçõesque comprometeriam a formação dasplântulas. A parte aérea das plântulasnormais foi cortada ao nível do substratoe se obtiveram as massas de matériafresca e de matéria seca.

Ensaio 2 - Avaliação da resistênciados péletes – Utilizando uma prensadotada de um anel-de-prova com 10 cm2

de superfície interna, mediu-se a forçanecessária para o esmagamento daamostra de péletes, até atingir as taxasde compressão correspondentes a 10; 15e 20% do volume das amostras (redu-ção de 2; 3 e 4 mm de altura da camadade amostra), conforme metodologia des-crita nos trabalhos de Silva (1997). Fo-ram feitas avaliações em duas amostrasde 20 ml dos dez tipos (cinco acabadose cinco sem acabamento) de péletes re-feridos no ensaio anterior, além dospéletes confeccionados com calcário ecola PVA (20% v/v), com serragem deeucalipto e cola PVA (10% v/v) e comareia com cola PVA (20% v/v).

Para permitir a comparação entre astaxas de compressão, calculou-se o ín-dice de resistência da seguinte forma:dividiu-se o valor da força necessáriapara atingir cada taxa, pelo volume dacamada de pélete esmagado, obtendo-se então três valores de força necessáriapara comprimir cada 1% do volume daamostra. Multiplicando-se a média des-ses valores por dez, obteve-se a forçamédia necessária para reduzir em 10%o volume da amostra. Esses cálculospodem ser resumidos na seguinte ex-pressão:

F10

F15

F20

—— + —— + ——5 10 15

Irm = ————————— x 10 sendo :

3

Irm - Índice médio de resistência

F10,

F15

e F20

- Força necessária parareduzir em 10, 15 e 20% do volume daamostra, respectivamente.

Os dados foram analisados se-gundo o modelo de experimento intei-ramente casualizado e as médias com-paradas por contrastes.

Ensaio 3 - Avaliação do tempo paraa quebra da resistência dos péletes,quando umedecidos – Cinqüenta péletessecos de cada um dos sete tipos depéletes (areia fina + bentonita, areiagrossa + bentonita, calcário fino +bentonita, calcário grosso + bentonita,calcário + PVA, areia + calcário +bentonita e serragem + PVA) foram co-locados um a um sob a borda de um ci-lindro metálico com 3,3 cm de diâme-tro, pesando 140 g, e umedecidos comágua aplicada com conta-gotas. A par-tir desse momento cronometrou-se otempo para o desmanche dos péletes.

Os dados foram analisados segundoo delineamento de experimento inteira-mente casualizado, com 50 repetições.

Ensaio 4 - Avaliação da higrosco-picidade – Os cinco tipos de péletes quetiveram acabamento, conforme descritoanteriormente (ensaio 1) foram embala-dos em sacos de papel e armazenados emambiente de laboratório por quinze dias,para uniformização das amostras em re-lação à umidade. Duas amostras de 50 gforam submetidas à secagem em estufade circulação forçada de ar a 38 – 40oC,por 24 horas, sendo a seguir esfriadas emdessecador, pesadas e expostas aoambiente. Fez-se a pesagem das amos-tras aos 30 minutos, quatro horas, um,dois, três e quatro dias.

O cálculo da perda ou do ganho deágua foi feito pela diferença de massa,dividida pela massa da amostra do ma-terial seco (base seca). Porém, para fa-cilitar a interpretação e a exibição dosdados em gráfico, a diferença de massafoi calculada aplicando como primeirotermo, a massa das amostras no instan-te da pesagem e, como segundo, as suasmassas iniciais (úmido). Desta forma,obtiveram-se valores negativos de teorde umidade quando as massas eram in-feriores às massas iniciais das amostrase positivos, quando a absorção de águafoi maior que a perda de massa duranteo processo de secagem.

Ao final do quarto dia, as mesmasamostras foram colocadas em estufa a105oC, por 24 horas, e após exposiçãoàs condições de ambiente do laborató-rio, tiveram as massas determinadas acada intervalo de 24 horas, até quatrodias, obtendo-se a higroscopicidade àpartir da matéria seca.

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Confecção e avaliação de péletes de sementes de alface.

154 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

Ensaio 5 – Avaliação do grau de umi-dade dos péletes e das sementesdespeletizadas – Duas amostras de 25 gde péletes tiveram as sementes despele-tizadas manualmente, passadas em peneirae em assoprador, obtendo-se cerca de 700mg de sementes por amostra, que foramcolocadas na estufa a 105oC, seguindo as

prescrições da Regras Para Análise deSementes, RAS (Brasil, 1992), para de-terminação do grau de umidade.

O grau de umidade dos péletes foiobtido durante a realização do teste dehigroscopicidade, considerando-se a pri-meira pesagem das amostras, após a se-cagem em estufa a 105ºC, por 24 horas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ensaio 1 - Os péletes de semente dealface confeccionados com areia ou comnúcleo de calcário seguido do revesti-mento de areia, resultaram nos maioresvalores de germinação, índice de velo-cidade e porcentagem de plântulas

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Confecção e avaliação de péletes de sementes de alface.

siairetaM-olunarG

airtem 1

uoohnamaTopit 2 %siamroN

sasorogiV 3

%latot 4 %

ed.dnÍedadicolev 5

.massaMlp/gmacserf

.massaMlp/gmaces

aierA a88 a28 a29 a7,97 a84,71 b27,0

oiráclaC b36 b65 b17 b0,05 a24,71 a08,0

oiráclac+aierA a09 a58 a39 a8,48 a36,71 b37,0

aunetnemeS a98 a78 a59 a1,09 a16,61 b27,0

6aidéM aniF b67 b96 b28 b2,46 a81,71 a67,0

assorG b57 b96 b18 b8,56 a27,71 a67,0

aunetnemeS a98 a78 a59 a1,09 a16,61 a27,0

aidéM oneuqeP b08 b47 b48 b4,37 a42,71 b07,0

ednarG b87 b27 b38 b2,56 a30,81 a97,0

odabacA b77 b17 b48 b0,86 a81,71 ba67,0

aun.meS a98 a78 a59 a1,09 a16,61 b27,0

aierA aniF oneuqeP a39 a78 a59 a0,88 a52,71 a96,0

ednarG a98 a48 a19 a2,08 a24,71 a27,0

odabacA a28 a08 a98 b0,57 a02,81 a67,0

assorG oneuqeP a39 a98 a59 a4,98 a75,71 a67,0

ednarG a09 a48 a49 b0,67 a97,71 a67,0

odabacA a08 a37 a78 b8,96 a36,61 a27,0

adazitelepseD a29 a88 a69 a6,39 a80,71 a96,0

oiráclaC oniF oneuqeP b96 b85 b47 b9,64 a50,81 ba38,0

ednarG c75 c94 cb76 b3,54 a89,51 ba47,0

odabacA b46 b75 b37 b6,84 a51,61 ba97,0

ossorG oneuqeP b76 b16 b27 b3,95 a64,71 b96,0

ednarG c55 c94 c56 b3,14 a53,91 a49,0

odabacA b76 b16 b37 b9,85 a35,71 ba97,0

adazitelepseD a49 a39 a69 a0,89 a05,81 ba17,0

oiráclac+aierA oneuqeP a98 a38 a39 a0,58 a39,71 a17,0

ednarG a09 a58 a19 a7,18 a55,71 a37,0

odabacA a29 a68 a59 a6,78 a14,71 a47,0

)%(.V.C 6,31 5,51 6,11 9,12 1,7 3.21

Tabela 1. Teste de germinação e de crescimento de plântulas realizados com sementes de alface do tipo mimosa, cultivar Salad Bowl,peletizadas com areia e com calcário dolomítico em duas granulometrias, utilizando-se bentonita como cimentante e cola à base de PVAmais calcário calcítico para acabamento. Botucatu, UNESP, 1996.

1/ Areia fina: grânulos < 250 mm; areia grossa: de 250 a 300 mm; calcário fino: <125 mm e calcário grosso: de 125 a 250 mm.2/ Pequeno = peneira de crivo circular de 2½ a 7½; grande = peneira de 7½ a 9½ (medidas em polegada/64).3/ Plântulas com mais de 2,5 cm de comprimento da parte aérea e da raiz.4/ Porcentagem de sementes que iniciaram a germinação.5/ Índice de velocidade de germinação, calculado com a fórmula proposta por Silva & Nakagawa (1995), adotando-se os valores de A=3 eP=100.6/ As médias se referem ao grupo de materiais que foram aplicados em duas granulometrias.

155Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

consideradas normais e normais vigo-rosas, não diferindo estatisticamente docomportamento das sementes não peleti-zadas (Tabela 1).

As sementes peletizadas com cal-cário, independentemente da granulo-metria do material e do tamanho dospéletes, apresentaram redução na por-centagem de germinação e porcentagemde plântulas consideradas normais enormais vigorosas. Dentre estes, ospéletes de maior diâmetro restringiramainda mais a germinação e a formaçãodas plântulas.

A adição da camada de acabamentofoi também um fator de ligeira reduçãodo desempenho das sementes, não che-gando contudo a valores significativos.

O índice de velocidade, que consi-dera o tempo para o surgimento das es-truturas das plântulas quanto à expres-são do potencial de germinação mos-trou-se um parâmetro de grande varia-bilidade (C.V. = 21,9%). Por isso, dife-renças relativamente grandes de valo-res não foram estatisticamente signifi-cativas, indicando tanto pelos valoresem si quanto pelo coeficiente de varia-ção que os péletes causaram desunifor-midade na fase inicial de crescimentodas plântulas.

A superação do obstáculo impostopela peletização é intimamente relaci-onada ao vigor das sementes e por isso,pequenas diferenças de vigor contribuempara a desuniformidade da população

inicial de plântulas. Contudo, vencida abarreira, as plântulas se igualam na ve-locidade de crescimento, formandomudas uniformes em massa de matériafresca e seca, tanto em condições de la-boratório quanto em viveiro de mudas(Tabela 2).

Ao semear os péletes em bandejas,acrescentou-se a barreira imposta pelacamada de substrato, causando reduçãoda média geral de desempenho das se-mentes peletizadas, que tiveram germi-nação média de 80% (plântulas nor-mais), mas a emergência de 69% dasplântulas nas bandejas. Com isso, au-mentou-se a desuniformidade dasplântulas, avaliada por meio do elevadocoeficiente de variação para as determi-

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Confecção e avaliação de péletes de sementes de alface.

siair-etaM-olunarG

airtem 1 otnemabacA %siamroNasorogiV 2

%latoT 3 %

ed.dnÍedadicolev 4

acserF.taMlp/gm

aceS.taMlp/gm

aierA a97 a86 a18 a4,57 a01,96 a66,4

oiráclaC b74 b24 b94 b4,65 a27,37 a01,5

oiráclac+aierA a87 b45 a08 a6,18 a10,56 a18,4

aunetnemeS a27 a86 a27 a2,58 a12,59 a92,6

aidéM 6 aniF b85 b15 b06 c1,06 a01,86 a27,4

assorG a07 a56 a27 b7,17 a27,47 a50,5

aunetnemeS a27 a86 a27 a2,58 a12,59 a92,6

aidéM .mabaca/c a46 b45 a66 b0,07 a84,96 a17,4

.mabaca/s a56 b35 a76 b8,16 a34,37 a50,5

aun.mes a27 a86 a27 a2,58 a12,59 a92,6

aierA aniF .mabaca/c a57 a27 a77 b2,37 a93,17 a76,4

.mabaca/s a67 a66 a87 b8,17 a90,37 a09,4

assorG .mabaca/c a38 a86 a48 a8,18 a91,57 a28,4

.mabaca./s a48 a56 a68 ba8,47 a47,65 a52,4

adazitelepseD a38 a28 a58 a5,48 a83,59 a87,6

oiráclaC oniF .mabaca/c c83 d92 c04 c4,15 a17,85 a16,4

.mabaca/s c34 c93 c64 d2,44 a22,96 a96,4

ossorG .mabaca/c b16 b84 b36 b7,37 a36,27 a47,4

.mabaca/s b45 b35 b65 c4,65 a23,49 a83,6

adazitelepseD a08 a47 a18 a0,68 a30,59 a08,5

oiráclac+aierA .mabaca/c a08 a16 a58 a2,28 a98,96 a46,5

.mabaca/s a67 a84 a08 a9,08 a31,06 a89,3

)%(.V.C 6,31 2,31 7,21 9,8 8,22 6,02

Tabela 2. Teste de emergência e de crescimento de plântulas realizados com sementes de alface do tipo mimosa, cultivar Salad Bowl,peletizadas com areia e com calcário dolomítico, em duas granulometrias, utilizando-se bentonita como cimentante e cola à base de PVAmais calcário calcítico para acabamento. Botucatu, UNESP, 1996.

1/ Areia fina: grânulos < 250 mm; areia grossa: de 250 a 300 mm; calcário fino: <125 mm e calcário grosso: de 125 250 mm.2/ Plântulas com mais de 2,5 cm de comprimento da parte aérea e com pelo menos uma folha definitiva aberta.3/ Porcentagem de sementes que iniciaram a emergência.4/ Índice de velocidade de emergência, calculado com a fórmula proposta por Silva & Nakagawa (1995), adotando-se os valores de A=3 e P=100.*/ Os valores seguidos pela mesma letra na coluna não diferem entre si. (teste de contrastes)

156 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

nações de peso de material fresco e seco.Entretanto, a redução ocorreu tambémpara as sementes nuas (testemunha) queapresentaram 89% de germinação e 72%de emergência das plântulas. Portanto,a diferença de comportamento entre se-mentes peletizadas e nuas foi relativa-mente pequena.

Comparando-se os resultados obti-dos com sementes despeletizadas e se-mentes nuas, observou-se, tanto no tes-te de germinação, quanto no de emer-gência em bandejas, que as despele-tizadas se comportaram com superiori-dade. Este comportamento pode relacio-nar-se a duas hipóteses: a primeira é queocorreu a pré-germinação das sementesdurante as fases de processamento e se-cagem dos péletes. As sementes e osmateriais são umedecidos, na proporção

aproximada de 400 ml de suspensão decimentante, 900 g de enchimento e 100g de sementes, para formar 1 kg depéletes secos, necessitando de temporelativamente longo de secagem. Outrahipótese é que, durante o processo depeletização, as sementes maiores ten-dem a formar péletes grandes e assimas sementes menores, provavelmentemenos vigorosas, tendem a formarpéletes refugados no processo de clas-sificação.

A análise de correlação entre os testede germinação em gerbox e a emergên-cia em substrato, utilizando bandejas deisopor foi alta e significativa para todosos parâmetros (plântulas normais, nor-mais vigorosas, total e índice de veloci-dade), sendo os índices de correlaçãosuperiores a 0,79. No entanto, a média

de germinação de péletes confecciona-dos com areia foi de 88%, com emergên-cia de 79% quando semeados emsubstrato, enquanto que os péletes con-feccionados com calcário apresentaram,em média, 63% de germinação e 47% deemergência, confirmando que o calcárioimpôs maior restrição à germinação.

Ensaio 2 - Utilizando como parâ-metro, o índice de resistência, verificou-se que os péletes confeccionados comcalcário e cola à base de PVA foram osmais resistentes ao esmagamento e queos péletes confeccionados com areia, uti-lizando bentonita como cimentante e semaplicação da camada de acabamento, fo-ram os de menor resistência (Tabela 3).

Fazendo-se agrupamentos dos péle-tes verificou-se que: 1 – o calcário for-

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Confecção e avaliação de péletes de sementes de alface.

siairetaM 1

airtemolunarG otnemabacA 2 aicnêtsiseRedecidnÍ 3

)fgk(otnemihcnE etnatnemiC

aierA atinotneB c3,21

ocitímolodoiráclaC atinotneB b5,52

oiráclacsiamaierA atinotneB cb7,81

atinotneB .mabacamoc b3,62

atinotneB .mabacames c6,11

AVPaloC 4 - a2,54

aierA atinotneB aniF .mabacamoc e5,71

.mabacames f3,4

assorG .mabacamoc d2,32

.mabacames f4,4

ocitímolodoiráclaC atinotneB aniF .mabacamoc c7,23

.mabacames 9,71 e

assorG .mabacamoc c8,13

.mabacames ed8,91

oiráclacsiamaierA atinotneB - .mabacamoc c2,13

- .mabacames f1,6

aierA AVPaloC - - e8,51

ocitímolodoiráclaC AVPaloC - - a8,48

.lodoiráclac+aierA AVPaloC - - c5,43

otpilacueed.rreS AVPaloC - - b5,54

)%(.V.C 1,5

Tabela 3. Resistência de pélete ao esmagamento, em função dos ingredientes utilizados na peletização e da granulometria dos materiaisutilizados como enchimento. Botucatu, UNESP, 1996.

1/ Areia fina: grânulos < 250 mm; areia grossa: de 250 a 300 mm; calcário fino: <125 mm; calcário grosso: de 125 a 250 mm e serragem<300 mm.2/ Aplicação de uma camada fina de calcário calcítico com cola à base de PVA a 30%.3/ Força necessária para comprimir 10% do volume da amostra de 20 ml de pélete, utilizando anel-de-prova de 10 cm2.4/ Cola à base de acetato de polivinila.*/ Os valores seguidos pela mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 %.

157Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

mou péletes mais resistentes que a areia;2 – que a cola à base de PVA atuou comocimentante mais forte que a bentonita;3 – que a aplicação da camada de aca-bamento com cola à base de PVA ecalcário calcítico aumentou a firmezados péletes; 4 – que a mistura de areiamais calcário formou péletes com resis-tência intermediária.

A resistência ao esmagamento serelaciona à manutenção da integridadedos péletes durante as operações debeneficiamento, transporte e manuseio.Porém, péletes excessivamente rígidosdevem ter solubilidade mais lenta e de-vem constituir em maior impedimentoà germinação.

Os péletes confeccionados com areiae bentonita, sem aplicação do acabamen-to foram os de menor resistência, mas seesboroavam com facilidade, exigindomaior cuidado no manuseio, enquanto ospéletes confeccionados com serragem ecola à base de PVA eram os que se des-manchavam com maior dificuldade, em-bora os péletes confeccionados comcalcário e cola à base de PVA fossem osde maior índice de resistência.

A diferença de comportamento des-ses materiais se deve às característicasfísicas dos mesmos. A serragem é ummaterial poroso que possui grande afi-nidade com o adesivo e é material dotipo dúctil, que se caracteriza por expe-rimentar grande deformação antes de seromper. Com isso, formou-se uma es-trutura firme e com plasticidade, que nãoruiu durante o teste de esmagamento,enquanto a areia e o calcário são grânu-los compactos e são do tipo frágil, quese caracterizam pelo rompimento brus-co (estalo) da estrutura, sem ocorrergrande deformação.

Os péletes confeccionados com nú-cleo de calcário (10% do material deenchimento), seguido da aplicação deareia fina ou grossa, utilizando-sebentonita como cimentante e fazendo-se o acabamento com cola à base dePVA, mais calcário calcítico, apresen-taram índice de resistência intermediá-rio e não se desmanchavam facilmentecom o manuseio. Aliando-se a isso afacilidade de confeccionar os péletescom aplicação do núcleo de calcário (oque pode ser substituído por outro ma-terial de alta densidade e com granulo-

metria fina) e a vantagem de ser o calcáriocalcítico um corante natural, faz com queesta composição seja bastante promisso-ra para a peletização de sementes.

É esperada uma correlação negativaentre a resistência física dos péletes e agerminação ou a emergência das plân-tulas. Mas, durante a fase de germina-ção, a resistência é totalmente diferentedaquela obtida com o pélete seco, poisocorre a solubilização do cimentante empouco tempo após a irrigação. Por isso,fazendo-se a análise de correlação en-tre resistência e a germinação, emergên-cia das plântulas, formação de plântulasconsideradas normais e também a velo-cidade de germinação, obtiveram-secoeficientes de correlação relativamen-te altos (valores absolutos) mas combaixos níveis de significância, ocorren-do inclusive correlações positivas emalguns casos, quando se fizeram as aná-lises por material.

A partir da análise de correlaçãopercebeu-se um fato não destacado atra-vés da análise de variância e testes decomparação de média. O desempenhodas plântulas originadas de péletes con-feccionados com calcário e com acaba-mento apresentou, freqüentemente, va-lores superiores (não significativos) emrelação aos péletes também confeccio-nados com calcário e não acabados (Ta-belas 1 e 2), originando neste caso, ín-dices de correlação positiva entre a re-sistência do pélete e o desempenho dassementes peletizadas, o que não era es-perado.

Ensaio 3 - Pode-se considerar quetodos os tipos de péletes se dissolveraminstantaneamente (Tabela 4), pois o tem-po máximo decorrido para a dissolução

foi cerca de um minuto. Portanto, as di-ferenças obtidas, mesmo que significa-tivas do ponto de vista teórico, não temimportância prática, principalmente sefor levado em conta que a intensidadeda força de ligação entre as partículasapós o umedecimento não foi avaliada,pois os péletes foram colocados secossob os cilindros metálicos e medido ape-nas o tempo para a sua dissolução.

Os péletes confeccionados com ser-ragem mais PVA se comportaram comomaterial dúctil e portanto, não foi pos-sível perceber o momento em que seiniciava a sua deformação, pois ao con-trário dos materiais frágeis, não ocor-reu a ruptura brusca das estruturas dospéletes.

Ensaios 4 e 5 - Os péletes utilizadosnos testes anteriores, embalados em sa-cos de polietileno e armazenados emambiente de laboratório, apresentaramgrau médio de umidade de 0,61%, indi-cando que os materiais utilizados napeletização não retiveram umidade e queo processo de secagem a 38 – 40oC por24 horas foi suficiente para retirar todaa água aplicada durante o processo depeletização.

As sementes despeletizadas apresen-taram 6,7% de umidade (6,3 a 7,1%), in-dicando que o processo de secagem foisuficiente para colocá-las ao grau de umi-dade adequado para o armazenamento emembalagem impermeável, de conformida-de com os estudos realizados porHarrington & Douglas (1970), citados porCarvalho & Nakagawa (1983).

No processo de despeletização, uti-lizaram-se peneiras e assoprador pararemover os resíduos dos péletes mas al-gumas partículas não puderam ser re-

SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Confecção e avaliação de péletes de sementes de alface.

)setneidergni(etelépedsopiT)sodnuges(oãçulossidaarapopmet

ominím omixám oidém

atinotneb+anifaiera 2 8 a4

atinotneb+assorgaiera 6 08 c63

atinotneb+onifoiráclac 4 85 b12

atinotneb+ossorgoiráclac 4 13 b41

AVP+oiráclac 5 76 b02

atinotneb+oiráclac+aiera 5 08 c43

%95=.V.C

Tabela 4. Tempo de dissolução dos péletes durante o umedecimento. Botucatu, UNESP, 1996.

Os valores seguidos pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 %

158 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

Utilizando o processo de secagem a105oC, recomendado pela RAS (Brasil,1992) para as determinações de umida-de, observou-se maior diferença dos teo-res de umidade, em relação ao teste an-terior, mas confirmou-se a baixahigroscopicidade dos materiais, porapresentarem valores de absorção deumidade inferiores a 0,6%. Verificou-se ainda que, cerca de dois dias após oteste de determinação do grau de umi-dade, os péletes se apresentavam emequilíbrio higroscópico (Figura 2),

retornando ao nível da umidade iniciale praticamente não apresentaram acrés-cimo de umidade a partir daquele perío-do. Portanto, pode-se considerar que osmateriais areia e calcário formarampéletes com baixa retenção de umidadee baixa higroscopicidade.

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movidas da amostra. Considerando queestas partículas retém pouca umidade, adeterminação da umidade da sementepode ter sido subestimada.

A higroscopicidade dos materiais,tendo como base os péletes secos a 38 – 40oC foi relativamente pequena (Figura1), pois após quatro dias de exposição aoambiente de laboratório, verificou-se oacréscimo médio de apenas 0,54% deumidade. O máximo de higroscopicidade(0,66%) foi obtido para os péletes con-feccionados com calcário fino.

Figura 1. Higroscopicidade de péletes de semente de alface, confeccionados com areia fina,areia grossa, calcário fino, calcário grosso e núcleo de calcário revestido de areia, em rela-ção à secagem em estufa a 38oC e ao peso de amostras colocadas em ambiente não controla-do. Botucatu, UNESP, 1996.

Figura 2. Higroscopicidade de péletes de semente de alface confeccionados com areia fina,areia grossa, calcário fino, calcário grosso e núcleo de calcário revestido de areia, em rela-ção à secagem em estufa a 105oC e ao peso de amostras colocadas em ambiente não contro-lado. Botucatu, UNESP, 1996.

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Qualidade do melão tipo Galia durante o armazenamento refrigerado.

Josivan B. Menezes1; Adimilson B. Chitarra 2; M a. Isabel F.Chitarra2; Urquisa O. Bicalho.21ESAM - Núcleo de Estudos em Pós-colheita – QTC, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN;2 UFLA - DCA C. Postal 037, 37200-000 Lavras – MG.

RESUMO

Com o propósito de avaliar a qualidade pós-colheita do melãotipo Galia, híbrido Nun 1380, armazenado sob refrigeração (7±1ºC,UR= 88±3%) instalou-se um experimento em Lavras-MG com fru-tos provenientes do Pólo Agrícola Mossoró-Assu-RN. Os frutos fo-ram colhidos no estádio de maturação I, selecionados e tratados comprochloraz (300ml.l-1 do produto comercial), secos à temperaturaambiente, embalados e transportados para Lavras-MG, onde foramarmazenados à temperatura de 7±1ºC e UR de 88±3%. Montou-seum experimento em delineamento inteiramente casualizado com-posto de oito tratamentos. Observou-se um aumento na perda depeso durante 35 dias de armazenamento e perda na firmeza da pol-pa. Entretanto, não houve associação entre amolecimento de frutose aumento de pectina solúvel. Não observou-se efeito do período dearmazenamento no pH, concordante com a estabilização da acideztotal titulável. Os teores de sólidos solúveis totais, açúcares solúveistotais e açúcares não-redutores diminuíram durante oarmazenamento, entretanto, o teor de açúcares redutores manteve-se constante. Houve redução nos teores de vitamina C total e cloro-fila total. A aparência interna limitou o tempo de vida útil pós-co-lheita do melão tipo Galia, híbrido Nun 1380 em 26 dias quandomantido sob refrigeração.

Palavras-chave: Cucumis melo L., pós-colheita, refrigeração.

ABSTRACT

Quality of ‘Galia’ type melon during refrigerated storage.The purpose of this research was to examine the postharvest

quality of ‘Galia’ melon, hybrid Nun 1380, at refrigerated storage(7 ±1ºC, RH 88 ±3%). This study was carried out in Lavras-MGwith fruits from Pólo Agrícola Mossoró-Assu-RN. Fruits wereharvested at maturation stage II and selected for good externalcharacteristics. Fruits were treated with prochloraz (300ml.l-1) anddried at room temperature. After packing fruits were transported toLavras-MG. The experiment was carried out in a completerandomized design with eight treatments (eight storage times: 0, 5,10, 15, 20, 25, 30 and 35 days). Reduction in fruit wheight and fleshfirmness were observed during storage period. There was noassociation between softening of fruits and increasing of solublepectin. The pH and titratable acidity did not change during storage.Soluble solids content, total sugars and non-reducing sugarsdecreased significantly (p<0,05) during storage, but reducing sugarscontent was not affected by the storage period. The contents of totalvitamin C and total chlorophyll decreased during storage. The storageperiod of 'Galia' melon was reduced to 26 days. After this period theinternal fruit appearance decresed (25 days of storaging - 7±1ºC,RH 88 ±3% - plus one day prior to storage).

Keywords: Cucumis melo L., post-harvest, refrigeration.

(Aceito para publicação em 20 de julho de 1998)

A exportação de melão do Brasil ex-pandiu-se rapidamente nos últimos

anos, tendo nos países da ComunidadeEconômica Européia, o seu principalmercado. Devido à grande distância des-te mercado, o país só tem exportado me-lão com vida útil pós-colheita com ca-pacidade para resistir ao transporte ma-rítimo (onze dias, em média), como é ocaso do melão amarelo (Cucumis meloL. var. inodorus ). A exportação de me-lões “nobres” é limitada em função desua vida útil pós-colheita ser relativa-mente curta (uma a duas semanas), ca-racterística esta que exige o frete aéreo,reduzindo a margem de lucros em até50%, dependendo da época do ano .

Sob as técnicas normais de manu-seio comercial de frutos, a perda de qua-lidade dos melões “nobres” ocorre nor-malmente dentro de apenas duas sema-nas (Ryall & Lipton, 1972). Entretanto,

os melões inodorus apresentam vida dearmazenamento média de três a quatrosemanas, podendo estender-se até cin-co ou seis semanas, dependendo da cul-tivar. Os principais problemas encontra-dos no prolongamento da vida útil pós-colheita dos melões nobres são a rápidataxa de respiração e a senescência dosfrutos quando mantidos a temperaturasacima de 5ºC e a suscetibilidade a injú-rias pelo frio abaixo de 5ºC (Edwards& Blennerhassett, 1994).

O melão Galia é o principal tipo cul-tivado em Israel tanto para acomercialização no mercado externoquanto para o interno (Aharoni et al.,1990). Na Espanha, este tipo de melãorepresenta 15% do volume de produçãoe 31% das exportações (Artés et al.,1993). Em ambos, os principais com-pradores são os países da ComunidadeEconômica Européia (Milla, 1995).

No Brasil, o melão tipo Galia foiintroduzido há cerca de três anos com oobjetivo de suprir o mercado europeu,na entressafra dos concorrentes. Estetipo de melão é bastante apreciado peloseu excelente sabor e aroma.

Este trabalho teve como objetivoavaliar a qualidade pós-colheita e o po-tencial de conservação do melão tipoGalia, híbrido Nun 1380 durante oarmazenamento refrigerado.

MATERIAL E MÉTODOS

O plantio foi instalado em área do PóloAgrícola Mossoró-Assu-RN e conduzidosob fertirrigação. Os tratos culturais e osprocedimentos de colheita foram idênti-cos àqueles utilizados para o plantio co-mercial de melão na região. No períodode condução da cultura, registrou-se pre-cipitação pluviométrica de 109 mm.

160 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

Os frutos foram colhidos no estádiode maturação II (frutos verdes com iní-cio de descoloração e pedúnculo total-mente preso), 69 dias após o plantio.Imediatamente após a colheita, os fru-tos apresentando boas característicasexternas foram tratados com prochloraz(300 ml do produto comercial por litro,por três minutos) embalados em caixade papelão. O transporte para Lavras-MG foi realizado em 24 h à temperatu-ra ambiente. O armazenamento dos fru-tos foi feito em câmara com circulaçãode ar a 7±1°C e UR 88±3%.

O experimento foi conduzido emdelineamento inteiramente casualizado,com oito tratamentos (tempos dearmazenamento: 0, 5, 10, 15, 20, 25, 30e 35 dias), e oito repetições. Devido àhomogeneidade do material experimen-tal, utilizou-se um fruto por parcela,totalizando 64 frutos.

Preparo das amostras: Separaram-sequatro fatias eqüidistantes (2cm de lar-gura) das quais extraiu-se a polpa co-mestível. Após homogeneização em li-qüidificador, uma porção da polpa foifiltrada e imediatamente utilizada paraanálises de pH, acidez total titulável esólidos solúveis e o restante para odoseamento de vitamina C total e açú-cares. A outra parte da polpa foi corta-da em cubos, congelada em nitrogêniolíquido, embalada em sacos transparen-tes de polietileno de baixa densidade(27cm ´ 31 cm) com fecho hermético emantida à -18ºC para utilização em aná-lises posteriores.

A casca dos frutos foi congelada emN

2 líquido e mantida à -18°C para de-

terminação do teor de clorofila total.Aparência externa, aparência interna

e injúria pelo frio: Os frutos foram avalia-dos através de escala de notas consideran-do a presença de defeitos na aparênciaexterna: depressões, murcha ou ataquefúngico e injúrias pelo frio como manchasescuras na superfície do fruto e na apa-rência interna: colapso, sementes soltas elíquido na cavidade das sementes.

A escala subjetiva correspondeu àsnotas de 0 a 4 de acordo com a severi-dade dos defeitos, onde: 0 = ausênciade defeitos; 1 = defeitos leves (1-10%do fruto afetado); 2 = defeitos modera-dos (11-30%); 3 = defeitos severos (31-50%); 4 = defeitos extremamente seve-

ros (acima de 50%). Considerou-secomo fruto inadequado àcomercialização aquele cuja nota foiigual ou superior a 3 para quaisquer ava-liações.

Perda de peso: Foi determinada empercentagem considerando-se a diferen-ça entre o peso inicial do fruto e aqueleobtido a cada intervalo de tempo deamostragem. Como a perda de peso pe-los frutos, durante o armazenamento, éatribuída principalmente à perda deumidade (Kader, 1992), neste experi-mento assumiu-se como sendo predo-minantemente perda de umidade.

Firmeza da polpa: Foi medida comoa resistência à penetração utilizando-sepenetrômetro (Magness-Taylor modelo30 A; valor máximo de leitura 30 lb)com plunger de ponta cônica (diâme-tro, 0,83cm e comprimento, 0,67cm).Foram feitas três determinações na re-gião equatorial da superfície de cada fru-to desprovido da casca, conformeMcCollum et al. (1989).

Pectina total e solúvel: A polpamantida sob N

2 líquido foi desintegrada

em homogeneizador de tecidos(Tissumizer - Tekmar company, tipoSDT 1880) e as frações pectina total esolúvel foram extraídas pelo método deMcCready & McCoomb (1952) a partirde 5 e 25g de polpa homogeneizada,respectivamente. Para a hidróliseenzimática de pectina total utilizou-sepectinase (EC.3.2.1.15) de origemfúngica -Aspergillus niger, 1,0U/mg(Merck). Para a determinação da pectinatotal e da solúvel utilizou-se, após a ex-tração da pectina, diluições 1:20 e 1:4v:v, em água, respectivamente, e umaalíquota de 0,2 mo do extrato foi utili-zada para comparação com as leiturasobtidas pela curva padrão. Para evitar ainterferência de açúcares (glicose,frutose, sacarose e celulose) (Kintner &Van Buren, 1982) durante a determina-ção da fração pectina solúvel em água,a polpa foi mantida sob agitação em ál-cool etílico 95% (1:5 v:v) por 1horaantes da filtração.

A análise foi feita por colorimetriaatravés da reação de condensação do m-fenilfenol (m-hidroxibifenil - EastmanKodak Company ou Sigma Company),segundo técnica adaptada deBlumenkrantz & Asboe-Hansen (1973).

Observou-se a perda de coloraçãopelo cromóforo a partir da superfície doextrato em cerca de 30 minutos. Paraevitar a instabilidade da reação e, con-seqüentemente, a obtenção de resulta-dos inconsistentes, as leituras foram fei-tas em ambiente com temperatura mé-dia de 25ºC e umidade relativa inferiora 60%. entre 15 e 30 minutos após o iní-cio de repouso do sistema.

A leitura foi monitorada emespectrofotômetro (modelo DU 640 B -Beckman Instruments Inc. USA) a520nm, operando com o sistema “PowerUp Diagnostics Window”. O aparelhofoi calibrado para fornecer leituras mé-dias de dez repetições a intervalos de0,5 segundo. Os resultados foram ex-pressos em mg de ácido urônico por100g de polpa.

Acidez total titulável, pH e sólidossolúveis: A partir do suco extraído dapolpa fresca, registrou-se o pH em me-didor de pH digital e a acidez totaltitulável através da titulação do suco(diluição 1:5) com NaOH 0,1N e expres-sa como mg de ácido cítrico por 100mlde suco, conforme Artés et al.(1993).

Determinou-se o conteúdo de sólidossolúveis totais por leitura em refratômetrodigital (modelo PR - 100, Palette; AtagoCo., LTD., Japão) com compensaçãoautomática de temperatura. Os sólidossolúveis foram registrados com precisãode 0,1 a 25°C (Kramer, 1973).

Açúcares: As análises de açúcaresforam feitas 24h a partir da extração dosuco, mantido em freezer. Os açúcaresredutores e não-redutores foram anali-sados pelo método de Somoghy-Nelson(Southgate, 1991). Partiu-se, inicial-mente, de uma alíquota de 3ml de suco,diluída para 100ml em água, usando-se10ml da solução para hidrólise dasacarose e 3ml para desproteinização.O doseamento foi monitorado a partirde 0,2ml ou 0,3ml do extratodesproteinizado no caso dos açúcaresredutores, e 1ml da solução apóshidrólise da sacarose desproteinizada.Os resultados foram expressos em g deglicose por 100ml de suco.

Vitamina C total: Em parte do sucoobtido da polpa fresca acrescentou-seácido oxálico (80ml) e kiesselgur (se-guido de filtração) e manteve-se a -18ºCpara a avaliação do teor de vitamina C,

MENEZES, J.B.; et al. Qualidade do melão tipo Galia durante o armazenamento refrigerado.

161Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

dentro de no máximo 24h. Em 20ml doextrato (suco diluído com ácido oxálicoapós clarificação), adicionou-se 80ml deácido oxálico (0,5%) e para odoseamento, utilizou-se 1ml do filtradopara 3ml da solução de ácido oxálico0,5%. O ácido ascórbico (após oxida-ção à ácido dehidroascórbico) foidoseado pelo método colorimétrico como 2,4-dinitrofenilhidrazina, segundoStrohecker & Henning (1967). Os re-sultados foram expressos em mg por100ml de suco.

Clorofila total: Foi determinada apartir da casca, previamente congeladaem nitrogênio líquido, (espessura deaproximadamente 1mm). Utilizou-separa desintegração homogeneizador detecidos, conforme metodologia desen-volvida por Bruinsma (1963), 1g domaterial para 10ml de água destilada.Ao volume do extrato, após ahomogeneização, adicionou-se acetonap.a. até sua completa descoloração. Emseguida, o extrato foi filtrado resultan-do em um volume final de 50ml. A lei-tura da absorbância foi efetuada a652nm. Os níveis de clorofila total fo-ram determinados em mg/100g de cas-ca, segundo a equação adotada por Engel& Poggiani (1991):

clorofila total =[(A

652 ´ 1000 ´ v/1000w)/34,5] ´ 100

onde: v= volume final do extrato clo-rofila-acetona; w= peso da casca em g;A

625= leitura da absorbância a 652nm.

Análise estatística: As análises devariância foram efetuadas através dosoftware SPSSPC (Norusis, 1990). Oscritérios para a escolha da curva maisadequada foram: (1) o valor de r2 ajus-tado; (2) a significância estatística - Fdo r2; e (3) a significância dosparâmetros da equação testados peloteste t. As regressões foram efetuadasatravés do programa Table Curve(Jandel Scientific, 1991).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As principais características queconferiram perda de qualidade externados frutos foram o murchamento e osurgimento de manchas escuras devidoà senescência, acompanhadas de depres-sões superficiais, mais aparentes após

35 dias de armazenamento. Miccolis &Salteveit (1995) também verificaramaumento progressivo de manchas super-ficiais em frutos de melão armazenadosa 7ºC e umidade relativa próxima a 90%.No presente trabalho, os frutos apresen-taram pouca degradação interna (colap-so interno, sementes soltas e líquido nacavidade) até os 26 dias pós-colheita(um dia de transporte em condiçõesambiente + 25 dias em ambiente refri-gerado). Considerando-se que os frutoscom nota ³3 eram inadequados ao con-sumo, conclui-se que a vida útil pós-colheita do melão tipo Galia, híbridoNun 1380, limita-se a 26 dias sob refri-geração (7±1°C e UR 88±3%.). Estesdados são extremamente úteis na esti-mativa do limite de tempo decomercialização para o produto.

Apesar da alta suscetibilidade domelão tipo Galia às infecções fúngicasdurante o armazenamento (Teitel et al.,1991), neste experimento não observa-ram-se contaminações com aparênciamacroscópica, nem na superfície do fru-to, nem próximo ao pedúnculo, até 35dias de armazenamento.

Houve efeito significativo (p<0,05)do período de armazenamento sobre a

perda de peso dos frutos. Verificou-seaumento regular na perda de peso (Fi-gura 1). A perda de peso foi, em média,6,60% e 6,65% aos 30 e 35 dias dearmazenamento, respectivamente. Asusceptibilidade dos melões reticuladosao murchamento também foi verificadapor Lester & Bruton (1986).

A firmeza da polpa decresceu como período de armazenamento (Figura 2),entretanto, não houve associação entreo amolecimento do fruto e o aumentode pectina solúvel. Estes resultados in-dicam que a perda de firmeza domesocarpo do melão tipo Galia, híbri-do Nun 1380, durante o armazenamentonão pode ser atribuída somente àdespolimerização e solubilização deprotopectina, como sugere Bleinroth(1994). O amolecimento também podeestar relacionado à perda de integrida-de de membranas das célulasmesocárpicas hipodermais (Lester &Stein, 1993), atribuída à atividade dalipoxigenase (EC 1.13.11.12) que cau-sa alterações nas membranasmicrossomais (Lester, 1990). Outrosfatores que podem estar envolvidos noamolecimento do melão são rompimen-to das interações iônicas entre polímeros

Figura 1. Perda de peso (% em relação ao peso inicial) de melão tipo Galia, híbrido Nun1380, armazenado durante 35 dias sob temperatura de 7ºC±1ºC e umidade relativa de88%±3%. UFLA, Lavras-MG, 1996.

MENEZES, J.B.; et al. Qualidade do melão tipo Galia durante o armazenamento refrigerado.

162 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

da parede celular ou atuação de b-galactosidases (Ranwala et al., 1992).

Miccolis & Salteveit (1995) obser-varam que após três semanas dearmazenamento em ambiente refrigera-do (7, 12 e 15ºC; UR @ 90%) frutosdas cvs. Honeydew, Amarelo, JuanCanary e Golden Casaba apresentaramredução na firmeza da polpa de 67, 63,60 e 54%, respectivamente. Entretanto,nas cvs. Paceco e Honey Loupe esta re-dução foi de apenas 40 e 32%, nestaordem.

Não houve efeito significativo doperíodo de armazenamento sobre o pHe a acidez total titulável dos frutos. Emgeral, este comportamento é observadoquando os frutos são armazenados, in-dependentemente da temperatura. A ten-dência na estabilidade destas variáveisdurante o armazenamento mostra queambas não são bons indicadores para aavaliação da qualidade dos frutos demelão após a colheita.

Os teores de sólidos solúveis e açú-cares solúveis totais apresentaram pou-ca redução (p<0,05) durante oarmazenamento (Figura 3). Em ambos,a redução mais pronunciada ocorreudurante os primeiros cinco dias dearmazenamento. Isto pode ser atribuídoao consumo de açúcares via mecanis-mo respiratório. Ao contrário de frutosclimatéricos como banana e maçã quearmazenam apreciáveis quantidades deamido para conversão em açúcares du-rante o armazenamento (Brady &Young, 1987), o tecido mesocárpico domelão não contém reserva de amido porocasião da colheita.

Entre os principais açúcares solúveisencontrados no melão (sacarose, glicosee frutose), apenas o teor de açúcares não-redutores, calculado como percentagemde sacarose apresentou redução signifi-cativa da ordem de 38% (Figura 3).Como houve consumo de açúcares du-rante o armazenamento, é normal queaqueles redutores formados durante aconversão da sacarose tenham sidoprontamente utilizados. Isto justifica ocomportamento relativamente constan-te do teor de açúcares redutores duranteo período experimental.

Em melão, a degradação da sacaroseé atribuída à atividade da invertase (b-frutofuranosidase, EC 3.2.1.26) produ-

Figura 3. SS (%), açúcares totais, açúcares redutores e sacarose (% de glicose), de melãotipo Galia, híbrido Nun 1380, armazenado durante 35 dias sob temperatura de 7ºC±1ºC eumidade relativa de 88%±3%. UFLA, Lavras-MG, 1996.

Figura 2. Firmeza da polpa (N) de melão tipo Galia, híbrido Nun 1380, armazenado durante 35dias sob temperatura de 7ºC±1ºC e umidade relativa de 88%±3%. UFLA, Lavras-MG, 1996.

MENEZES, J.B.; et al. Qualidade do melão tipo Galia durante o armazenamento refrigerado.

163Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

zindo glicose e frutose (McCollum et al.,1988). A redução de sacarose tem sidorelacionada também ao aumento da ati-vidade da sacarose sintase em algunsregimes de armazenamento. A ativida-de da sacarose fosfato sintase, geralmen-te, declina durante o armazenamento. Oconteúdo de sacarose foi inversamenteproporcional à atividade da invertase emvários frutos (Hawker 1969; Manning& Maw 1975; Walker & Hawker, 1976;Yamaki & Ishikawa, 1986). Em geral,as mudanças nos níveis de sacarose demelão após a colheita são atribuídas a umequilíbrio estabelecido entre as ativida-des das enzimas sacarose fosfato sintase,invertase ácida e sacarose sintase e nãoda atividade de uma dessas enzimas emparticular (Knee et al., 1991).

O conteúdo de vitamina C total (áci-do ascórbico + ácido dehidroascórbico)foi afetado significativamente pelo tem-po de avaliação, havendo oxidação des-tes componentes durante o período ex-perimental. A redução foi de 35% até25 dias de armazenamento. Evensen(1983), também observou decréscimodo conteúdo de ácido ascórbico duranteo armazenamento de cultivares de me-lão do tipo cantaloupe.

Das quatro enzimas responsáveispela destruição oxidativa da vitamina Cem frutos - ácido ascórbico oxidase,fenolase, citocromo C oxidase eperoxidase - (Aycward & Haisman,1969), apenas com ácido ascórbicooxidase reage diretamente com osubstrato (Mapson, 1970) e esta pareceser a responsável pela degradação devitamina C total no melão. Isto pode serconfirmado a partir do trabalho de Saariet al. (1995) que registraram que a áci-do ascórbico oxidase (AAO) apresentaalta atividade no melão (cvs. Prince,Andes, Kinsho e Papaya) quando com-parada com aquela apresentada por fru-tos como laranja e maçã.

Houve efeito significativo (p<0,5) doperíodo de armazenamento do fruto noteor de clorofila total. No início doarmazenamento o fruto apresentou teorde clorofila total de 47,92mg/100g decasca fresca e no final, de 20,83mg/100g,equivalente a uma redução de 56,3% (Fi-gura 4). Apesar deste declínio no teor declorofila total o fruto ainda apresentousuperfície esverdeada aos 35 dias de

armazenamento, o que é um sério pro-blema de aceitação pelo consumidor. Aperda de clorofila tem sido atribuída àruptura dos cloroplastos e/ou à atividadede clorofilases. Diferentes hipóteses pos-tulam que as clorofilases podem intervirtanto na síntese quanto na degradação daclorofila, apesar da função sintética sermais comumente associada à enzima invivo e à função catabólica in vitro(Minguez-Mosquera & Gallardo-Guerrero, 1996). Outras enzimas envol-vidas na degradação de clorofila são aclorofila oxidase, Mg-dequelatase e adioxigenase, aparentemente responsáveispela clivagem oxigenolítica do anelporfirina. Conseqüentemente, a degrada-ção de clorofila pode estar associada comsistemas enzimáticos oxidativos e aclorofilase pode intervir apenas no está-gio inicial do processo. (Kays, 1991).

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Figura 4. Clorofila total (mg/100 g de casca fresca) de melão tipo Galia, híbrido Nun 1380,armazenado durante 35 dias sob temperatura de 7ºC±1ºC e umidade relativa de 88%±3%.UFLA, Lavras-MG, 1996.

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maturação. Horticultura Brasileira, Brasília, v.16, n.2, p. 165-166, novembro 1998.

Qualidade do melão ‘Hy-mark’ em cinco estádios de maturação.

Rosemary F. Brasil1; Everardo F. Praça1; Josivan B. Menezes1; Leilson C. Grangeiro1; Júlio G. Júnior 1;Ricardo E. Alves2

1ESAM - Departamento de Química e Tecnologia - Núcleo de Estudos em Pós-colheita, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN,2Embrapa Agroindustria Tropical, C. Postal 3761, 60511-110 Fortaleza-CE.

RESUMO

Com o objetivo de avaliar a qualidade do melão ‘Hy-mark’(Cucumis melo L. var. reticulatus), durante a maturação, montou-seum experimento em delineamento inteiramente casualizado, com-posto de cinco tratamentos com oito repetições de um fruto. Os fru-tos foram colhidos em cinco estádios de maturação: I - fruto verdeintenso com pedúnculo totalmente preso; II - fruto verde em iníciode descoloração e pedúnculo totalmente preso; III - fruto amareladocom pedúnculo em início de abscisão; IV - fruto amarelado compedúnculo totalmente rachado; e V - fruto amarelado e sempedúnculo. Houve tendência à redução na firmeza da polpa durantea maturação. O estádio de maturação I apresentou o menor teor desólidos solúveis com 5,51% e o conteúdo mais elevado de clorofilatotal com 66,37 mg/100 g. Os dados obtidos para firmeza, clorofilatotal e sólidos solúveis indicaram que o estádio de maturação III é omais indicado para a colheita do melão ‘Hy-mark’.

Palavras-chave: Cucumis melo L. var. reticulatus, pós-colheita.

ABSTRACT

Quality of ‘Hy-mark’ melons during different maturation stages.The purpose of this study was to evaluate the quality of ‘Hy-

mark’ melons during maturation (Cucumis melo, L. var. reticulatus).The experiment was carried out in randomized block design withfive treatments and eight replicates each of one fruit. The fruits wereharvested at five maturation stages: I – green fruits with attachedpeduncle; II – greenish fruits, with attached peduncle; III – Yellowishfruits and initial abscission of peduncle; IV – Yellowish fruits andhalf slip peduncle and, V – yellowish fruit and full slip peduncle.Melon firmness decreased during maturation. Maturation stage Idisplayed the lowest values of soluble solid contents with 5.51%,and the highest values of total chlorophyll with 66.37 mg/100 g.The data obtained in this study for firmness, total chlorophyll andsoluble solids content indicated that the maturation stage III was theoptimum recommended for harvest of ‘Hy-mark’ melons.

Keywords: Cucumis melo L. var. reticulatus, post-harvest.

(Aceito para publicação em 25 de Agosto de 1998)

Atualmente o Brasil é o terceiro maior produtor de melão da Amé-

rica do Sul. A região Nordeste é respon-sável por 84% da produção total do país(IBGE, 1992; FAO, 1994) e o Rio Gran-de do Norte destaca-se como estadomaior produtor.

No Brasil as principais cultivaresplantadas, são ainda do grupo inodorus,devido à excelente vida útil pós-colhei-ta, 25 a 30 dias em condições ambiente(Silva, 1992; Gonçalves et al., 1996).Nos últimos anos tem-se introduzido, naregião do Pólo Agricola Mossoró-Açu,diversas cultivares do grupo reticulatus,cuja vida de armazenamento, relativa-mente curta, limita severamente as suaspossibilidades de exportação para mer-cados potencialmente lucrativos comoEstados Unidos e Europa.

Esse grupo de melão, também de-nominado de “nobre”, é mais preferidoque o amarelo, devido ao seu sabor ecoloração da polpa, valor nutritivo

(excelente fonte de vitamina A) e uni-formidade para embalagem. Além dis-so são comercializados por preços me-lhores e representam o principal grupode melão consumido no HemisférioNorte (Milla, 1995).

Dentre os novos materiais introdu-zidos, o híbrido ‘Hy-mark’ vem sendocultivado em elevada escala, principal-mente por pequenos produtores. Os fru-tos apresentam excelente qualidade, aro-ma forte, sabor agradável, polpa de co-loração alaranjada, casca com reti-culação uniforme e abcisão do pedún-culo quando maduro. Devido à sua altaperecibilidade, são comercializados emcentros próximos da região de plantio.No presente trabalho foi avaliada a qua-lidade do melão ‘Hy-mark’ colhido emcinco estádios de maturação com o ob-jetivo de caracterizar sua maturação efornecer subsídio para identificação doponto ideal de colheita.

MATERIAL E MÉTODOS

Os frutos foram adquiridos da fazen-da São Francisco localizada a 65 Kmde Mossoró - RN, cultivado dentro dospadrões comerciais da região. A colhei-ta foi realizada pela manhã (temperatu-ra em torno de 26°C), em cinco estádiosde maturação com a coloração variandodo verde intenso ao amarelo, como se-gue: I - fruto verde intenso compedúnculo totalmente preso; II - frutoverde em início de descoloração epedúnculo totalmente preso; III - frutoamarelado com pedúnculo em início deabscisão; IV - fruto amarelado compedúnculo totalmente rachado; e V - fru-to amarelado e sem pedúnculo. O expe-rimento foi instalado em delineamentointeiramente casualizado com cinco tra-tamentos (estádios de maturação) e oitorepetições. As características avaliadasimediatamente após a colheita foram:firmeza da polpa, determinada com auxí-

166 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

lio de um penetrômetro e expressa emNewton (N); acidez total titulável, expres-sa em mg de ácido cítrico/100 ml de suco,conforme Artés et al. (1993); sólidos so-lúveis, avaliados por refratometria e clo-rofila total, obtida pela maceração de umgrama de casca, em gral, utilizando ace-tona a 80% v:v como extrator sendo a lei-tura efetuada em espectrofotômetro a 652nm e os resultados expressos em mg declorofila/100 g de casca, segundo a equa-ção adotada por Engel & Poggiani (1991).A comparação entre os estádios dematuração foi realizada através do testede Tukey ao nível de 5% de probabilida-de (Gomes, 1987).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para todas as características avalia-das, houve diferença significativa (p <0,05) entre os estádios de maturação. Afirmeza da polpa diminuiu progressiva-mente, ocorrendo um decréscimo de44% entre os estádio I e V, porém, entreos estádios I, II e III não houve diferen-ça significativa (Tabela 1) . O maiorvalor da acidez total titulável foi encon-trado no estádio I (13,88 mg de ácidocítrico/100 ml de suco). A variável aci-dez total titulável não mostrou-se comoum bom indicador para avaliar a quali-dade do melão ‘Hy-mark’ pois, verifi-cou-se pouca redução entre os estádiosde maturação.

Para os sólidos solúveis, o teor maisbaixo (5,51%) foi registrado no estádiode maturação I, diferindo significativa-mente dos demais (Tabela 1). Não hou-ve diferença entre os estádios II, III, IVe V. Apesar do teor de sólidos solúveisrelativamente baixo para os estádios IIaté V, este valor não é limitante em ter-mos de aceitação a nível de consumidorfinal, já que o aroma e o sabor do melão‘Hy-mark’ são, obrigatoriamente, fato-res complementares de qualidade.

O teor mais elevado de clorofila totalfoi verificado também no estádio dematuração I (66,4 mg/100 g de casca fres-ca), enquanto que o último estádio dematuração apresentou menor teor (3,09mg/100 g de casca fresca), representan-do uma redução de 95,34% entre os es-tádios de maturação I e V. O teor de clo-rofila correspondente ao último estádiode maturação mostrou que o melão ‘Hy-mark’ apresenta alta taxa de degradaçãode clorofila, favorecendo a sua aparên-cia diante do consumidor final.

A avaliação dos resultados apresen-tados, com base nas características cita-das, permite concluir que, o estádio dematuração III (fruto verde com início dedescoloração e pedúnculo preso) é o maisindicado para a colheita, uma vez quenesse estádio os frutos apresentaram boaresistência mecânica ao manuseio pós-colheita e teor de sólidos solúveis emtorno de 8%. Além disso, os sólidos so-lúveis do estádio III foram semelhantesaos dos estádios de maturação IV e V.Entretanto, é importante acrescentar queo estádio de maturação a ser recomenda-do depende do período de tempo reque-rido pelo mercado e também deve-se le-

var em consideração a temperatura dearmazenamento e transporte e o meio delocomoção a ser utilizado.

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BRASIL, R.F.; et al. Qualidade do melão ‘Hy-mark’ em cinco estádios de maturação.

edsoidátsEoãçarutam

adazemriF)N(aplop

TTA)lm001/gm(

SS)%(

aliforolC

**I A*70,86 A88,31 B15,5 A73,66

II BA28,16 BA74,21 A22,7 B15,34

III BA54,65 BA01,21 A37,7 B13,83

VI CB47,24 CB36,31 A88,7 C80,9

V C84,03 C31,21 A43,8 C90,3

Tabela 1. Valores médios de firmeza da polpa, acidez total titulável (ATT), sólidos solúveis(SS) e clorofila total em melão ‘Hy-mark’, colhido em cinco estádios de maturação. Mossoró,ESAM, 1997.

* Médias na vertical seguidas pela mesma letra não diferem significativamente a 5% peloTeste de Tukey.** I - fruto verde intenso com pedúnculo totalmente preso; II - fruto verde em início dedescoloração e pedúnculo totalmente preso; III - fruto amarelado com pedúnculo em iníciode abscisão; IV - fruto amarelado com pedúnculo totalmente rachado; e V - fruto amareladoe sem pedúnculo.

167Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

RESENDE, G. M. de. Rendimento de cultivares de maxixe em função de épocas de plantio. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n.2, p. 167-171, novembro 1998.

Rendimento de cultivares de maxixe em função de épocas de plantio.

Geraldo M. de ResendeEmbrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56300-000 Petrolina-PE

RESUMO

Com o objetivo de identificar cultivares de maxixe mais produ-tivas e melhores épocas de plantio, instalou-se oito ensaios no Cam-po Experimental do Gorutuba, Porteirinha-MG. O delineamentoexperimental foi de blocos ao acaso em parcelas subdivididas, sen-do as parcelas constituídas pelas quatro épocas de plantio (novem-bro, fevereiro, maio e agosto) e as subparcelas pelas cultivares regio-nais de maxixe (Liso, Semi-Liso, Espículos e Quinado) e cultivarescomerciais (Maxixe do Norte Topseed e Corradini) com cinco repe-tições. As cultivares regionais sobressaíram-se em rendimento, des-tacando-se a cultivar de maxixe Quinado como a mais produtiva(17,50 t.ha-1) e com maior peso médio de fruto (45,69 g/fruto), en-quanto as cultivares de maxixe Liso e Semi-liso apresentaram o maiornúmero de frutos por planta (28,01 e 25,94 frutos/planta, respecti-vamente). As melhores épocas foram os meses de fevereiro e agos-to, sendo o menor rendimento apresentado no período de maior ocor-rência de temperaturas mais baixas (maio).

Palavras-chave: Cucumis anguria, épocas de cultivo, peso médiode fruto, número de frutos por planta.

ABSTRACT

Influence of planting dates on indian gherkin cultivar’s yield. The objective of the study was to identify more productive indian

gherkin cultivars under different planting dates. Eight trials werecarried out at the Gorutuba Experimental Station, Porteirinha-MG,Brazil. A split-plot complete randomized block design was used,with main plots made up of planting dates (November, February,May and August) and subplots by local cultivars (Indian GherkinSmooth, Semi-smooth, with Spines and Smooth Quinate) andcommercial cultivars (North Indian Gherkin Topseed and Corradini),with five replications. The local cultivars showed the greatest yield,and the Smooth Quinate cultivars, the highest yield (17.50 ton.ha-1)and mean fruits weight (45.69 g/fruit), whereas the Smooth and Semi-smooth cultivars showed the highest number of fruits per plant (28.01and 25.94 fruits/plant, respectively). The February and Augustplanting dates resulted in the highest yield, whereas the lowest yieldoccurred in the winter season (May).

Keywords: Cucumis anguria, fruit mean weight, number of fruitsper plant.

(Aceito para publicação em 22 de setembro de 1998)

O maxixe (Cucumis anguria L.) éoriginário da África Tropical, ten-

do como ancestral à espécie Cucumislongipes, de frutos amargos, a qual, atra-vés de mutação natural, deu origem àespécie Cucumis anguria L. É cultiva-do esporadicamente em áreas concen-tradas na região de clima tropical esubtropical, principalmente no Brasil eCaribe. No Brasil a maior área de pro-dução ocorre nas regiões de forteinfluência da cultura africana (Norte,Nordeste e Sudeste) onde há plantas emestado semi-selvagem, subespontâneo eem cultivos consorciados com cereais(Yokoyama & Silva Júnior, 1988).Queiroz (1993), relatou que emTacaimbó-PE, além de cultivado no pe-ríodo das chuvas, o maxixe é cultivadono período seco sob regime irrigado.

Pouco cultivado no Centro-Sul doBrasil, ocupa posição de destaque comouma iguaria muito apreciada no Nortede Minas Gerais, nos estados do Nor-deste, Rio de Janeiro e São Paulo, quedestacam-se como os principais merca-dos consumidores. Trata-se de uma

planta rústica, cujos frutos são utiliza-dos na alimentação humana, sendo con-sumidos cru em saladas, cozidos ou naforma de picles (Tindall, 1983; Baird &Thieret, 1988). É alimento basicamenteenergético, sendo uma fonte valiosa devitaminas e sais minerais (Martins,1986) e quando consumido in natura naforma de saladas, substitue com vanta-gem o pepino, por ser menos indigesto(Corrêa, 1974). O maxixe mostra-secomo uma hortaliça de grande poten-cialidade como alternativa ao pepinopara consumo em conserva (Koch &Costa, 1991).

Na região metropolitana do estadodo Rio de Janeiro o consumo por co-mensal/ano de frutos de maxixe é de 1,0kg, enquanto em Belo Horizonte é de0,8 kg (Saturnino et al., 1982). Acredi-ta-se que atualmente esse consumo es-teja a níveis superiores e que no Nortede Minas Gerais e nos estados do Nortee Nordeste do Brasil esse consumo sejaainda mais elevado, devido principal-mente, ao hábito alimentar regional e acultura encontrar condições edafo-

climáticas favoráveis ao seu desenvol-vimento.

É uma espécie de clima quente, su-portando temperatura e pluviosidadeelevadas (Yokoyama & Silva Junior,1988). No Rio de Janeiro semeia-se deagosto a novembro, podendo ser plan-tado durante o ano todo em localidadesbaixas e quentes, e de setembro a feve-reiro em zonas de serra (Filgueira,1981). No Maranhão o cultivo ocorredurante o ano inteiro sendo a maior con-centração nos meses de julho a dezem-bro, quando a precipitação é mais es-cassa. No período chuvoso há uma re-dução bastante acentuada de plantio(Martins, 1986).

Existem duas cultivares de maxixe,uma com frutos de espículos carnosos eoutra com frutos lisos, sendo que a acei-tação no mercado da Amazônia indepen-de desta característica (Pimentel, 1985).Ao contrário, no Rio de Janeiro parecehaver uma preferência por frutos maislisos (Filgueira, 1981). A população bra-sileira de maxixe é caracterizada pelaprodução de frutos compridos, lisos e

168 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

não amargos (Paterniani & Costa, 1992),com frutos ovais a oblongos, de 4 a 5cm de comprimento e 3 a 4 cm de diâ-metro (Tindall, 1983).

As cultivares lisas produzem 30 fru-tos/cova com peso médio de 30 g/fruto,e as cultivares com espículos rendem 32frutos/cova com peso médio por frutode 36 g, em período chuvoso, com 3plantas/cova. No período seco com irri-gação, a cultivar lisa produziu 110 fru-tos/cova, com peso médio de 37 g/frutoe a com espículos apresentou 165 fru-tos/cova e peso médio de fruto de 38 g,salientando que o espaçamento usado foide 3,0 x 2,0 m (Pimentel, 1985).

Informa Filgueira (1981) que a co-lheita inicia-se aos 60-70 dias após asemeadura, prolongando-se por um pe-ríodo de 3 meses ou mais, com rendi-mento de 5 t.ha-1. Enquanto Kurihara etal. (1993) salientaram que em Brasília,o período de entressafra ocorre nos me-ses de junho a outubro quando se obtémas maiores cotações de preços, indican-do um rendimento de 6 a 8 t/ha-1, para acultivar utilizada (Semi-liso). O maxi-xe é cultivado o ano inteiro noMaranhão, com rendimento médio de 16t.ha-1 na maior parte do ano, sendo po-rém a área de plantio reduzida no perío-do chuvoso, quando o rendimento tam-bém diminuiu para 8-10 t.ha-1. A pro-dutividade é variável segundo a popu-lação de cultivo (Martins, 1986). Umestudo com 23 populações brasileiras euma boliviana com transplantio dasmudas em setembro, revelou rendimen-to variando de 6,6 a 17,1 t.ha-1, noespaçamento de 1,5 m x 1,0 m, em 9colheitas. O número de frutos por plan-ta variou de 27 a 86 unidades e o pesomédio oscilou de 34 a 70 g/fruto commaior concentração no intervalo de 40a 50 g/fruto. O diâmetro do fruto varioude 3,67 a 4,63 cm e o seu comprimentode 4,98 a 6,65 cm (Yokoyama, 1987).

A carência de informações técnicasa respeito da cultura, sua capacidade deproduzir mesmo em condições desfavo-ráveis de clima (seco e temperatura ele-vada), a demanda crescente e boa acei-tação nos principais mercados consumi-dores nacionais, justificou o presentetrabalho. Objetivou-se avaliar o compor-tamento de cultivares regionais e comer-ciais de maxixe em épocas de plantiocom maior potencial produtivo e melhoraceitação do mercado consumidor.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidosno Campo Experimental do Gorutuba,Porteirinha-MG, em clima segundo aclassificação de Köppen, do tipo Awcom verão chuvoso (outubro a março) einverno seco (abril a setembro) em soloaluvião eutrófico, textura arenosa. Osdados climáticos durante a execução dosexperimentos são apresentados na Ta-bela 1. O delineamento experimental foide blocos ao acaso, em parcelas subdi-vididas, onde as parcelas foram consti-tuídas pelas quatro épocas de plantio(novembro, fevereiro, maio e agosto) eas subparcelas pelas cultivares regionaisde maxixe (Liso, Semi-liso, Quinado eEspículos) e cultivares comerciais (Ma-xixe do Norte Topseed - Norte T e Ma-xixe do Norte Corradini - Norte C) comcinco repetições. As subparcelas cons-tituíram-se de quatro linhas de 7,0 x 1,0m (28,0 m2) onde a área útil foram as 2linhas centrais, retirando-se um metroem cada extremidade. As covas espaça-das de 1,0 m, foram adubadas com 50 gda fórmula 4-30-16, sendo que após odesbaste deixou-se 2 plantas/cova. Porocasião do desbaste e 30 dias após fo-ram feitas adubações em cobertura em-pregando-se com 50 g/cova de sulfatode amônio em cada aplicação.

Os plantios foram realizados no diacinco do mês de cada época nos anos de1986/87 e 1987/88, sendo as irrigaçõespor sulcos de infiltração em intervalosde três dias até 20 dias após a semeadu-ra e posteriormente semanais, com lâ-minas em torno de 30 mm. Foram reali-zadas pulverizações semanais contrapulgões e vaquinhas com Pirimicarb eTriclorfon, respectivamente.

As colheitas (frutos imaturos) inicia-ram-se aos 55-65 dias da semeadura sen-do realizadas uma vez por semana, porum período de 45 dias (sete colheitas)para os plantios de maio e agosto, 35dias (6 colheitas) para fevereiro e 30 dias(cinco colheitas) para novembro. Foramavaliadas as seguintes características:rendimento (t.ha-1), peso médio de fru-to (g), número de frutos por planta, diâ-metro transversal e comprimento de fru-to (cm). Os efeitos dos fatores estuda-dos sobre as características estudadasforam conhecidos mediante a análise devariância e comparação das médias peloteste de Tukey a 5% de probabilidade(Gomes, 1987).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados evidenciaram efeitossignificativos para cultivares, época de

RESENDE, G. M. de. Rendimento de cultivares de maxixe em função de épocas de plantio.

seseM.cerP

acirtémoivulparutarepmeT

edadimUavitaleR

oãçalosnI

*1onA **2onA 1onA 2onA 1onA 2onA 1onA 2onA

orbmevoN 5,34 9,09 2,52 1,62 46 76 6,891 7,861

orbmezeD 5,951 9,423 8,52 6,52 07 87 6,181 2,251

orienaJ 0,121 6,83 2,62 4,62 66 66 0,292 9,172

oriereveF 7,2 0,87 3,72 7,62 85 36 7,942 1,932

oçraM 7,911 0,401 8,52 4,52 07 27 0,622 2,612

lirbA 9,34 7,23 4,52 6,42 76 56 2,842 1,272

oiaM 2,41 0,0 6,42 5,42 56 85 3,182 5,682

ohnuJ 0,0 0,0 5,32 5,22 26 85 2,452 5,462

ohluJ 0,0 0,0 5,32 3,12 85 95 5,692 0,072

otsogA 0,0 0,0 3,42 0,42 45 46 0,013 0,682

orbmeteS 3,95 0,0 5,52 5,52 26 36 2,742 5,322

orbutuO 3,22 9,88 7,72 1.62 95 06 2,772 5,322

Tabela 1. Valores mensais de precipitação pluviométrica (mm), insolação (horas acumula-das) temperatura (°C) e umidade relativa do ar (%) média, durante a execução dos experi-mentos. EPAMIG, Porteirinha - MG, 1986 a 1988.

* Ano 1 (Novembro/86 a Outubro/87)** Ano 2 ( Novembro/87 a Outubro/88)

169Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

plantio e interação cultivares x épocasde plantio, para todas as característicasem estudo, contudo sem nenhum efeitopara os anos de estudo.

Os rendimentos variaram de 2,15 a26,15 t.ha-1 nas diferentes épocas deplantio (Tabela 2). A melhor época deplantio foi no mês de fevereiro que apre-sentou rendimentos entre 10,58 e 26,15t.ha-1, seguida pelos meses de agosto enovembro, tendo o plantio no mês demaio apresentado o pior desempenho,com rendimento máximo alcançado pelacultivar Quinado de 5,34 t.ha-1. Estesmenores rendimentos ocorridos nosplantios de maio e novembro devem-seprovavelmente à ocorrência de tempe-raturas mais baixas (maio), chuvas emenor luminosidade (novembro) (Tabe-la 1). Estas condições não satisfazem asexigências de altas temperaturas eluminosidade da cultura, que se desen-

volve melhor nas épocas secas, sendomenos suscetível às doenças nos perío-dos úmidos conforme relatou Witaker &Davis (1962). Os maiores rendimentosalcançados nos plantios de fevereiro eagosto alicerçam as informações deYamaguchi, (1983) e Casseres (1984)sobre a melhor adaptação das cucur-bitaceas às zonas quentes e semi-áridas,com alta luminosidade e temperaturas de18 a 30oC, não tolerando temperaturasbaixas. As maiores cotações de preçospara Brasília-DF, ocorrem de junho aoutubro (Kurihara et al., 1993). Vale res-saltar que o plantio de agosto se enqua-dra plenamente, para suprir essa deman-da de mercado neste período. As meno-res cotações ocorrem de novembro a ja-neiro, o que deve-se principalmente àmaior ocorrência de plantios, sobretudode sequeiro (dependentes de chuvas) come sem consórcio com cereais.

A cultivar de maxixe Quinado so-bressaiu-se nas épocas com rendimen-tos variando de 5,34 a 26,15 t.ha-1, comum rendimento médio de 17,50 t.ha-1

seguida das cultivares de maxixe Liso,Semi-liso e com Espículos, que nãomostraram-se diferenças entre si (Tabe-la 2). Estes resultados são superiores aorendimento de 5 t.ha-1 relatado porFilgueira (1981) e concordantes comYokoyama (1987) que obteve rendimen-tos variando de 6,6 a 17,1 t.ha-1, assimcomo com Martins (1986) que verificouproduções de 16 t.ha-1 nos períodos se-cos e 8-10 t.ha-1 no período chuvoso.

Com relação ao peso médio de fru-tos (Tabela 3), observou-se uma varia-ção das cultivares dentro das épocas deplantio de 14,57 a 49,90 g/fruto, compequena oscilação entre as épocas(23,24 a 29,11 g/fruto), destacando os

RESENDE, G. M. de. Rendimento de cultivares de maxixe em função de épocas de plantio.

seravitluCoitnalpedsacopÉ

saidéMorbmevoN oriereveF oiaM otsogA

osiL b*72,9 b20,22 ba86,4 b14,02 b01,41

osil-imeS b37,9 c90,81 ba12,4 cb65,81 b56,21

C-etroN c82,3 d85,01 b51,2 d03,01 c85,6

T-etroN c01,3 d93,31 ba09,2 d51,21 c98,7

solucípsE b24,9 cb59,02 ba06,3 21,71 c b77,21

odaniuQ a12,41 a51,62 a43,5 a92,42 a05,71

saidéM C71,8 A35,81 D18,3 B41,71

)%(.V.C 73,02=seravitluC 23,51=sacopÉ

Tabela 2. Rendimento (t.ha-1) de cultivares de maxixe em função das épocas de plantio. EPAMIG, Porteirinha-MG1, 1986 a 1988.

1 Média de dois anos.*Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% deprobabilidade.

seravitluCoitnalpedsacopÉ

saidéMorbmevoN oriereveF oiaM otsogA

osiL b64,62 b86,82 b93,52 b19,82 b53,72

osil-imeS b63,62 b09,72 c03,22 b99,72 c10,62

C-etroN c99,81 d55,81 e75,41 c20,91 e87,71

T-etroN c32,91 c03,22 d51,71 c02,91 d74,91

solucípsE b70,72 b28,72 cb30,32 b15,62 cb11,62

odaniuQ a81,84 a09,94 a99,63 a47,74 a07,54

saidéM B17,72 A11,92 C42,32 BA32,82

)%(.V.C 92,7=seravitluC 44,5=sacopÉ

Tabela 3. Peso médio de frutos (g) de cultivares de maxixe em função das épocas de plantio. EPAMIG, Porteirinha-MG1, 1986 a 1988.

1 Média de dois anos.*Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% deprobabilidade.

170 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

plantios de fevereiro e agosto com me-lhor desempenho. Pimentel (1985) tam-bém detectou uma pequena variação nopeso médio entre os períodos seco echuvoso para as cultivares Lisas e comEspículos, salientando que no períodoseco, sob irrigação, obtiveram-se osmaiores pesos médios de frutos. Quan-to às cultivares, “Quinado” sobressaiu-se com peso médio de 45,70 g/fruto,seguida de Liso e Espículos (27,35 g e26,11 g/fruto, respectivamente), sendoo menor peso (17,78 g/fruto) apresenta-do pela cultivar Norte-C. Resultados si-milares foram evidenciados porYokoyama (1987) para a cultivarQuinado. Ao contrário, Pimentel (1985)observou para cultivares Lisas e comEspículos, pesos médios (30 a 38 g/fru-to), superiores aos do presente trabalho,contudo trabalhando com espaçamentode 3,0 x 2,0 m, pouco competitivo quan-do comparado ao espaçamento utiliza-

do (1,0 x 1,0 m). Yokoyama (1987), tra-balhando com 24 populações, verificouque o peso médio de frutos oscilou de34 a 70 g, com maior frequência de fru-tos no intervalo de 40 a 50 g. Todavia,estes resultados foram obtidos em cul-tivos com 5 plantas/parcela noespaçamento de 1,5 x 1,0 m e com umaplanta/cova.

Quanto ao número de frutos porplanta (Tabela 4), nota-se que os maioresíndices foram alcançados em plantios defevereiro e agosto (34,79 e 32,70 fru-tos/planta, respectivamente) e com me-nor desempenho no período de maio(9,36 frutos/planta), quando ocorremmenores temperaturas, corroborando asafirmações de Casseres (1984), sobre amelhor adaptação das cucurbitáceas àscondições de temperaturas eluminosidade mais elevadas. Obteve-seoscilação de 7,91 a 41,27 frutos/planta,destacando-se as cultivares Liso, Semi-

liso e Espículos como as mais prolífi-cas. Estes resultados foram suplantadospor Yokoyama (1987) que encontrouvariação de 27 a 86 frutos por planta,embora estudando apenas 5 plantas/par-cela no espaçamento de 1,5 x 1,0 m.

No que se refere ao comprimento dofruto (Tabela 5), verificou-se uma osci-lação de 3,70 a 6,51 cm, tendo o plantiode fevereiro se destacado nesta caracte-rística. O plantio de maio apresentou omenor tamanho médio de fruto com 4,45cm, seguido pelo de agosto (4,77cm) enovembro (4,80 cm) sem diferença es-tatística entre si. Entre as cultivares so-bressaiu-se a cultivar Quinado que apre-sentou uma variação de 5,61 a 6,51 cmno comprimento de fruto. Resultadosestes pouco inferiores às observações dePaiva (1994), que encontrou compri-mento de fruto de 5,31cm em popula-ção natural de maxixe e concordantescom Yokoyama (1987) que destacou a

RESENDE, G. M. de. Rendimento de cultivares de maxixe em função de épocas de plantio.

seravitluCoitnalpedsacopÉ

saidéMorbmevoN oriereveF oiaM otsogA

osiL a*39,12 a72,14 a11,21 a57,63 a20,82

osil-imeS a55,22 cb69,43 a23,01 a19,53 ba49,52

C-etroN b36,01 c56,03 a90,8 cb97,82 c45,91

T-etroN b87,9 c35,23 a90,9 ba15,33 c32,12

solucípsE a18,81 ba34,93 a56,8 ba76,33 b41,52

odaniuQ a83,71 c78,92 a19,7 c65,72 c86,02

saidéM C58,61 A97,43 D63,9 B07,23

)%(.V.C 22,81=seravitluC 36,8=sacopÉ

Tabela 4. Número de frutos por planta de cultivares de maxixe em função das épocas de plantio. EPAMIG, Porteirinha-MG1, 1986 a 1988.

1 Média de dois anos.*Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% deprobabilidade.

seravitluCoitnalpedsacopÉ

saidéMorbmevoN oriereveF oiaM otsogA

osiL b*69,4 b92,5 b76,4 b79,4 b79,4

osil-imeS b98,4 b03,5 c73,4 b09,4 b78,4

C-etroN d21,4 c76,4 e07,3 d11,4 d51,4

T-etroN dc83,4 b90,5 d59,3 d81,4 d04,4

solucípsE c75,4 b31,5 c34,4 c35,4 c66,4

odaniuQ a98,5 a15,6 a16,5 a29,5 a89,5

saidéM B08,4 A33,5 C54,4 B77,4

)%(.V.C 07,3=seravitluC 89,1=sacopÉ

Tabela 5. Comprimento (cm) de frutos de cultivares de maxixe em função das épocas de plantio. EPAMIG, Porteirinha-MG1, 1986 a 1988.

1 Média de dois anos.

171Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

cultivar Quinado com maior compri-mento e diâmetro transversal de fruto.No que se refere ao diâmetro transver-sal (Tabela 6), o plantio de fevereiroproporcionou o maior diâmetro médio(3,02 cm), não havendo diferença entreas demais épocas. Ocorreu uma varia-ção de 2,42 cm a 3,89 cm dentro dascultivares nas diferentes épocas, tendoa cultivar Quinado apresentado o maiordiâmetro médio (3,65 cm), sendo o me-nor desempenho obtido pela cultivarNorte-C (2,46 cm). As variações decomprimento e diâmetro obtidas nestetrabalho são equivalentes às obtidas porTindall (1983) e pouco inferiores aque-las relatadas por Yokoyama (1987) que,trabalhando com espaçamento e menornúmero de plantas obteve valores maisaltos para esta característica.

Deve-se salientar que o bom desem-penho das cultivares regionais para asdiversas características avaliadas emcomparação às cultivares comerciais foiproporcionado pela sua melhor adapta-ção às condições locais de cultivo. A cul-tivar Espículos, apesar da pouca aceita-ção nos mercados consumidores, mos-trou-se tão produtiva quanto as cultiva-res Lisa e Semi-lisa, podendo comporfuturos trabalhos de melhoramento, vi-sando a obtenção de cultivares produti-vas e adaptadas. O espaçamento utiliza-do (1,0 m x 1,0 m com duas plantas/cova)mostrou-se muito competitivo, com am-pla cobertura do solo, à exceção do plan-tio de maio quando é menor o desenvol-vimento vegetativo. Uma vez que o plan-

tio nesta época resulta em colheita naentressafra, estudos de espaçamento fa-zem-se necessários para a obtenção demaior rendimento de colheita.

Neste contexto, pelos bons resultadosobtidos nas diferentes características ana-lisadas, aliados ao maior interesse dasempresas produtoras de sementes e suaboa aceitação nos principais mercadosconsumidores nacionais, o maxixe des-ponta como uma hortaliça de grandepotencialidade e uma nova alternativa deplantio, sobretudo nos perímetros irriga-dos, do Norte de Minas Gerais e Nordes-te, tanto como para consumo in natura,como para a industrialização.

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RESENDE, G. M. de. Rendimento de cultivares de maxixe em função de épocas de plantio.

seravitluCoitnalpedsacopÉ

saidéMorbmevoN oriereveF oiaM otsogA

osiL b*18,2 b90,3 b09,2 cb78,2 b29,2

osil-imeS b08,2 cb79,2 b87,2 b39,2 cb78,2

C-etroN c44,2 d45,2 c24,2 dc44,2 e64,2

T-etroN b76,2 d47,2 c65,2 e16,2 d46,2

solucípsE b57,2 dc88,2 b67,2 ed37,2 c87,2

odaniuQ a95,3 a98,3 a15,3 a26,3 a56,3

saidéM B48,2 A20,3 B28,2 B78,2

)%(.V.C 70,5=seravitluC 74,2=sacopÉ

Tabela 6. Diâmetro transversal do fruto (cm) de frutos de cultivares de maxixe em função das épocas de plantio. EPAMIG, Porteirinha-MG1, 1986 a 1988.

1 Média de dois anos.*Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% deprobabilidade.

172 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

insumos e cultivares em teste

CARDOSO, M.O. Caracterização de repolhos de verão em ecossistema de terra firme do Amazonas. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 2, p. 172 - 175,novembro 1998.

Características de repolhos de verão em ecossistema de terra firme doAmazonas.

Marinice O. CardosoEmbrapa Amazônia Ocidental, C. Postal 319, 69011-970 Manaus, AM.

RESUMO

Um experimento de campo foi conduzido na Embrapa Amazô-nia Ocidental, município de Manaus, AM, de setembro a dezembrode 1995, em solo do tipo Latossolo Amarelo muito argiloso,ecossistema de terra firme, para avaliar diferentes repolhos de ve-rão: União, Master, Shutoku, Astrus, Saikô, Sooshu (testemunha),Saturno, XPH 5786, XPH 5787, XPH 5904 e XPH 5909. Os seisprimeiros são comerciais e os restantes híbridos experimentais. Odelineamento experimental foi de blocos ao acaso com quatro repe-tições e parcelas de 20 plantas no espaçamento 0,80 m x 0,40 m.Realizou-se adubação orgânica e química, bem como os tratos cul-turais necessários. Os híbridos XPH 5787, XPH 5909, XPH 5904,Saturno, Sooshu, Saikô, Astrus e Shutoku apresentaram as cabeçasmais pesadas (799,03 g a 1119,54 g). Foram mais produtivos os hí-bridos XPH 5787, XPH 5909, XPH 5904, Saturno, Sooshu, Saikô eAstrus, cujas produções por parcela variaram de 14,50 kg a 20,73kg. As cabeças mais compactas foram produzidas pelos híbridosShutoku, Astrus, Saikô, XPH 5786, XPH 5909 e XPH 5787. O hí-brido XPH 5909 foi o de menor profundidade do coração (relaçãoC/D de 0,51). Os híbridos Master, XPH 5786 e XPH 5787 forma-ram cabeças levemente alongadas, de pouca aceitação comercial. Ohíbrido Sooshu foi o mais precoce com ciclo vegetativo de 60 dias.Concluiu-se que, dentre as cultivares comerciais, os híbridos Saikôe Astrus podem ser testados em níveis mais extensivos, emecossistema de terra firme, para uso alternativo à testemunha. Oshíbridos experimentais XPH 5909 e XPH 5787, que tiveram boaprodutividade, mostraram incidência de cabeças com formação in-terna atípica e foram mais tardios que a testemunha e os dois primei-ros (Saikô e Astrus), o que levou à não indicação dos mesmos.

Palavras-chave: Brassica oleracea var. capitata, cultivar, híbrido,trópico úmido.

ABSTRACT

Evaluation of summer cabbages in “terra firme” ecosystemof the Amazon state.

A field experiment was carried out at Embrapa AgroforestryResearch Center for the Western Amazon, in Manaus, AM, fromSeptember to December 1995, in a very clayey Yellow Latosol soil,“terra firme” ecosystem, with the objective of evaluating severalsummer cabbages: União, Master, Shutoku, Astrus, Saikô, Sooshu(control), Saturno, XPH 5786, XPH 5787, XPH 5904 and XPH 5909.The first six cultivars are commercial cabbages and the others expe-rimental hybrids. The experiment was set out in a randomized blockdesign with four replications and twenty plants per plot, at plantingdistances of 0.80 m between ridge and 0.40 m between plants.Organic and chemical fertilizers as well as indispensable culturalpractices were applied. Hybrids XPH 5787, XPH 5909, XPH 5904,Saturno, Sooshu, Saikô, Astrus and Shutoku showed the highest headweight (799.03 g to 1119.54 g). Hybrids XPH 5787, XPH 5909,XPH 5904, Saturno, Sooshu, Saikô and Astrus produced highestyield (14.50 kg to 20.73 kg, per plot). Hybrids Shutoku, Astrus, Saikô,XPH 5786, XPH 5909 and XPH 5787 had the most compact heads.Hybrid XPH 5909 had the shortest core depth (C/D ratio of 0.51).The heads showed slightly lengthened shapes in hybrids Master, XPH5786 and XPH 5787, a trait of low commercial preference. HybridSooshu was the earliest with a vegetative cycle of 60 days. It wasconcluded that, among the commercial cultivars, the hybrids Saikôand Astrus can be tested in larger experimental areas, on “terra fir-me” ecosystem, as an alternative to the control cultivar. The experi-mental hybrids XPH 5909 and XPH 5787, which had good yieldperformances, displayed an incidence of heads with internalmalformations and a later vegetative cycle than the control and thecommercial hybrids Saikô and Astrus. This was the reason for notrecommending these experimental cabbages.

Keywords: Brassica oleracea var. capitata, cultivar, hybrid, humidtropic.

(Aceito para publicação em 22 de junho de 1998)

173Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

Entre as variedades botânicas da es-pécie Brassica oleracea, o repolho

é a de maior expressão econômica na pro-dução mundial e brasileira (Sonnenberg,1981; Silva Júnior, 1989; Hamerschmidt,1994). No estado do Amazonas, o repo-lho tem se destacado pelo aumento doconsumo e expansão da área plantada(Cardoso & Normando, 1990; Silva etal., 1996). O cultivo dessa hortaliça noEstado é realizado nas áreas de várzea ede terra firme que são dois ecossistemasbem diferenciados quanto às condiçõesedáficas. Os solos de terra firme exibemfortes limitações ao uso quanto à fertili-dade natural (Cravo et al., 1989), en-quanto os de várzea são naturalmenteférteis, em decorrência das inundaçõesperiódicas que depositam sedimentos dealto teor de argila e silte, bem como deelementos minerais (Melo et al., 1979).

O híbrido de verão Sooshu é o repo-lho cultivado no Estado há mais de umadécada (EMBRAPA, 1979). Nas áreasde cultivo, danos pelos agentes patogê-nicos do solo Rhizoctonia solani (podri-dão úmida), Erwinia carotovora (podri-dão mole) e Xanthomonas campestrispv. campestris (podridão negra) são co-muns, com prejuízos sobre os rendimen-tos das lavouras (Lourd et al., 1988). Apodridão negra é a principal doença dasbrássicas, provocando perdas totais emcondições quentes e úmidas (Tokeshi &Salgado, 1980). Nas condições climáti-cas estaduais, onde as médias da tem-peratura (26ºC) e da umidade relativado ar (87%) são elevadas (Boletim...,1995), o cultivo sucessivo e prolongadodo híbrido Sooshu, denota tolerância àbactéria responsável pela podridão negra,não permitindo que a infecção atinja ní-veis letais. Mas, esse híbrido apresenta oinconveniente de não formar cabeças decompacidade firme, fundamental para oatendimento dos padrões comerciais(Cardoso & Martins, 1997).

Novas cultivares de repolho sãoconstantemente colocadas no mercado,oriundas dos programas de melhora-mento de empresas nacionais e estran-geiras, e sua avaliação nas condiçõesedafoclimáticas regionais possibilitaráa identificação de materiais promisso-res de uso imediato. Os materiais expe-rimentais, prestes a serem liberados pe-las empresas, poderão ter indicações

mais precisas sobre suas capacidadesprodutivas e expressão de outras carac-terísticas comerciais importantes, quan-do avaliados em condições tropicaisúmidas, como as da região Amazônica,que exercem marcante influência sobrea resposta dos genótipos, ainda que se-jam repolhos de verão. Assim sendo, oobjetivo do presente trabalho foi avaliarcultivares de repolho de verão, comer-ciais e experimentais, nas condiçõesedafoclimáticas do ecossistema de ter-ra firme do estado do Amazonas.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido nocampo experimental da sede daEmbrapa Amazônia Ocidental, municí-pio de Manaus, AM, de setembro a de-zembro de 1995, em solo LatossoloAmarelo muito argiloso (ecossistema deterra firme) com as seguintes caracte-rísticas químicas: pH em H

2O = 4,2;

P(mg/dm3) = 49; K+(mg/dm3) = 46; Ca2+

(c.molc/dm3) = 2,96; Mg2+ (c.mol

c/dm3)

= 0,29; Al3+ (c.molc/dm3) = 0,7. No pe-

ríodo de condução do ensaio, registra-ram-se as seguintes médias das condi-ções climatológicas: temperatura do ar= 25,9ºC; umidade relativa do ar = 87%;precipitação = 228,3 mm; brilho solar= 156,4 h luz/mês.

O delineamento experimental ado-tado foi o de blocos ao acaso com qua-tro repetições. Os tratamentos foram seiscultivares comerciais (híbridos Master,Shutoku, Astrus, Saikô, Sooshu-teste-munha e a cv. União, variedade depolinização aberta) e cinco experimen-tais (híbridos Saturno, XPH 5786, XPH5787, XPH 5904 e XPH 5909). A par-cela experimental (6,40m2) compreen-deu quatro linhas de cinco plantas noespaçamento 0,80m x 0,40m. Apesardos razoáveis níveis residuais denutrientes do solo, especialmente P, fez-se o aporte no plantio de 100g de P

20

5,

(superfosfato simples), 80g de K2O

(cloreto de potássio) e de 5 kg de ester-co de galinha por linha da parcela, bemcomo de 3 g de bórax por planta. No-venta dias antes do plantio efetuou-se acalagem da área do experimento comcalcário dolomítico, para elevar a 70%a saturação por bases. Realizaram-seaplicações de 10 g de uréia por planta,

em cobertura, aos quinze dias e 30 diasapós o transplantio das mudas. Estas,produzidas em copos de plástico, foramtransplantadas, com 25 dias, na fase dequatro a cinco folhas definitivas. O con-trole de invasoras exigiu três capinas,executadas com enxada. As regas, utili-zando-se irrigadores manuais, foramrequeridas com maior frequência nosprimeiros 30 dias no local definitivo,quando foi menor a precipitação pluvial(182 mm). Próximo ao início da colhei-ta, no controle das pragas Ascia monusteorseis e Brevicoryne brassicae foramfeitas duas pulverizações, a primeiracom o inseticida trichlorfon e nasequência deltamethrine, em mistura comespalhante adesivo. As doenças inciden-tes (Erwinia sp e Alternaria sp.) não ocor-reram em níveis de danos severos, nãotendo sido efetuado qualquer controle.

Por ocasião da colheita, quando asfolhas que envolvem a cabeça começa-ram a enrolar-se para trás, as cabeçasforam pesadas e posteriormente, divi-didas ao meio, longitudinalmente, paraas seguintes determinações: compa-cidade, através das notas 1(fofa), 2(mé-dia) e 3(firme); comprimento do cora-ção (cc), diâmetros longitudinal (dl) etransversal (dt). A relação dl/dt resul-tou num índice de formato que repre-senta cabeças arredondadas à medidaque se aproxima o valor unitário; e arelação cc/dl (relação C/D) expressa aprofundidade do coração. O ciclocorresponde ao número de dias pós-transplantio até a colheita, e para análi-se estatística deste parâmetro efetuou-

se a transformação para x + 12 . As

médias das variáveis estudadas foramcomparadas ao nível de 5% de probabi-lidade pelo teste de Tukey.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram observadas diferenças signi-ficativas entre os tratamentos quanto àscaracterísticas (peso da cabeça, produ-ção por parcela, compacidade, relaçãoC/D, índice de formato e ciclo) avalia-das (Tabela 1).

Os resultados de peso da cabeça ob-tidos, indicam que entre as cultivarescomerciais, os maiores valores foramapresentados pelos híbridos Sooshu

CARDOSO, M.O. Caracterização de repolhos de verão em ecossistema de terra firme do Amazonas.

174 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

(953,80 g) e Saikô (869,40 g) e os me-nores pelas cultivares União (694,55 g)e Master (698,93 g). Entretanto, não sedetectou diferença estatística entre asmesmas. Dentre as experimentais, oshíbridos XPH 5787 (1119,54 g) e XPH5909 (1045,67 g) tiveram as cabeçasmais pesadas e o híbrido XPH 5786(750,06 g) as mais leves. No geral, oshíbridos Saikô, Sooshu, XPH 5904,XPH 5909 e XPH 5787, aproximaram-se do peso da cabeça considerado idealpara comercialização, de 1 kg (Muniz,1988); os valores, igualmente, encon-tram-se dentro das faixas de amplitudesregistradas em plantios comerciais nascondições tropicais úmidas da Amazô-nia (Pimentel, 1985).

O híbrido experimental XPH 5787(20,73 kg), e a testemunha (Sooshu -18,84 kg) foram os mais produtivos, eas cultivares XPH 5786 (12,40 kg),Shutoku (12,70 kg), Master (11,22 kg)e União (10,42 kg) as de menor produ-ção. Verificou-se que os tratamentosXPH 5787 (32,40 t.ha-1), Sooshu (29,43t.ha-1), XPH 5909(24,86 t.ha-1),Saturno (23,44 t.ha-1), Saikô (23,37t.ha-1), XPH 5904 (22,68 t.ha-1), eAstrus (22,63 t.ha-1), alcançaram va-lores superiores à média mundial de 20

t.ha-1 (Cobbe, 1983) e que os rendimen-tos são de valores absolutos compará-veis ou superiores aos obtidos com ohíbrido Sooshu (test.) em condições ex-perimentais (23,60 t.ha-1) e em lavou-ras comerciais (15,83 t.ha-1) no Ama-zonas (Noda, 1979; Silva et al., 1996).

Em relação à compacidade, as culti-vares Master (2,16), XPH 5904 (2,15),Saturno (2,13), União (1,93) e Sooshu(1,81) produziram as cabeças de menorcompacidade, diferindo dos híbridosShutoku (2,81), Astrus (2,74), Saikô(2,80), e XPH 5909 (2,72) que foramos mais compactos. Convém ressaltarque os valores médios para esta carac-terística, no caso de algumas cultivares(XPH 5909, XPH 5904, XPH 5787,XPH 5786, Saturno, Master e União),foram influenciados pela incidência decabeças com formação interna atípica,de folhas com nervuras espessas e frou-xamente adensadas, aspecto, comercial-mente, depreciativo.

Em se tratando da relação C/D, ohíbrido XPH 5909 foi o de melhor de-sempenho (menor profundidade do co-ração) e diferente dos híbridos XPH5904, Saturno, Astrus e Shutoku, quese destacaram no tocante à maior pro-fundidade do coração. Considerando-se

que a profundidade do coração pode serafetada pelas condições ambientais pre-valecentes (Giordano et al., 1985; SilvaJunior, 1989), deve-se ressaltar que ascultivares comerciais Shutoku, Saikô eSooshu expressaram valores da relaçãoC/D que guardam coerência com outrosresultados obtidos por Cardoso &Martins (1997), nas condições regionais.Variações para esta característica, tam-bém, podem estar associadas com o for-mato das cabeças expresso nas condi-ções de cultivo. Neste ensaio, os índi-ces de formato sugerem que os trata-mentos Sooshu, Saikô, Astrus e Shutokuproduziram cabeças mais achatadas,enquanto os demais formaram cabeçasarredondadas (União, Saturno, XPH5904 e XPH 5909) ou levemente alon-gadas (Master, XPH 5786 e XPH 5787).

Quanto ao ciclo, sobressairam-se emrelação à precocidade os híbridos co-merciais Master (77 dias), Astrus (72dias), Saikô (72 dias), Shutoku (70 dias)e Sooshu (60 dias), destacando-se o úl-timo como mais precoce. O híbridoMaster (77 dias) e a cv. União (80 dias)foram mais tardios, bem como os híbri-dos experimentais, diferindo do híbridoXPH 5787 (88 dias) que teve o ciclomais longo. Ainda que seja considerada

CARDOSO, M.O. Caracterização de repolhos de verão em ecossistema de terra firme do Amazonas.

seravitluC aicnêdecorPadoseP

)g(açebacoãçudorP 1

)gk(edadicapmoC D/CoãçaleR

edecidnÍotamrof

)said(olciC

siaicremoC

oãinU HPNC 55,496 c 24,01 c 39,1 d cba55,0 cb79,0 cb08

retsaM SERECORGA 39,896 c 22,11 c dcb61,2 cb35,0 ba20,1 edc77

ukotuhS IIKAT 30,997 cb 07,21 c a18,2 ba95,0 e58,0 07 e

surtsA WORGSA 17,728 cb 05,41 cb a47,2 ba95,0 e58,0 27 ed

ôkiaS AROLFORGA 04,968 cba 59,41 cb a08,2 cba75,0 78,0 ed 27 ed

uhsooS IIKAT cba08,359 ba48,81 18,1 d cba55,0 67,0 f f06

siatnemirepxE

6875HPX WORGSA c60,057 04,21 c cba93,2 cb25,0 a40,1 cba18

onrutaS WORGSA 12,108 cb 00,51 cb 31,2 dc a06,0 cba89,0 cb08

4095HPX WORGSA cba89,768 15,41 cb 51,2 dcb ba95,0 cba00,1 87 dc

9095HPX WORGSA ba76,5401 cba19,51 a27,2 c15,0 49,0 dc ba78

7875HPX WORGSA a45,9111 a37,02 ba65,2 cba85,0 a50,1 a88

)%(.V.C 8,91 5,12 9,51 7,6 1,01 5,5

Tabela 1. Características de cultivares de repolho de verão em ecossistema de terra firme do estado do Amazonas. Manaus, Embrapa -Amazônia Ocidental, 1997.

*Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey, 5%.1/Produção por parcela

175Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

a fase pré-transplantio, de 26 dias, to-dos os repolhos foram colhidos antes dos120 dias, ciclo que acha-se dentro dointervalo (85 dias - 130 dias), enuncia-do por Filgueira (1982), para híbridosprecoces de verão completarem o ciclovegetativo.

Concluiu-se que, dentre as cultiva-res comerciais, os híbridos Saikô eAstrus podem ser testados em níveismais extensivos, em ecossistema de ter-ra firme do Estado, visando o cultivocomo alternativa ao híbrido Sooshu (tes-temunha). Os híbridos experimentaisXPH - 5909 e XPH - 5787, que mostra-ram boa produtividade, tiveram incidên-cia de cabeças com formação internaatípica e foram mais tardios que a teste-munha e os dois primeiros (Saikô eAstrus), o que levou à não recomenda-ção desses materiais.

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Desempenho de tomates híbridos nas condições de verão, em Areia-PB.

Ademar P. de Oliveira; Juscelino C. de AraújoUFPB, - CCA, Depto. de Fitotecnia. 58397-000 Areia-PB.

RESUMO

Com o objetivo de verificar o desempenho de tomates híbridosnas condições de Areia - PB, conduziu-se um experimento no perío-do de agosto a novembro de 1995 em campo experimental do Cen-tro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. O de-lineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados comseis tratamentos (quatro híbridos EF-50, EF-49, EF-52 e Saladinha)e duas cultivares (Santa Adélia Super e IPA-5), em quatro repeti-ções. Os híbridos EF-50 (70,05 t/ha), EF-52 (67,05 t/ha), EF-49(59,95 t/ha) e Saladinha (50,20 t/ha) foram estatisticamente iguais,embora o EF-50 tenha sido o mais produtivo. Os híbridos EF-50(322,50 g) e EF-52 (290 g) apresentaram maiores pesos de frutos,EF-52 (7,50), EF-49 (7,50) e Saladinha (7,25) maiores números decachos por planta, EF-52 (6,60) e EF-49 (5,81) maiores números defrutos por cacho.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill, produção.

ABSTRACT

Performance of tomatos hybrids during the summer in Areia(Paraíba) conditions.

In 1996, a field experiment was carried out at the Centro deCiencias Agrárias, of University Federal of Paraíba, Areia, Brazil,to identifty the performance of tomato hybrids in Areia conditions.The experiment was laid out in a complete randomized block designwith four replications. The treatments consisted of four tomatohybrids (EF-50, EF-49, EF-52 and Saladinha) and two cultivars (San-ta Adélia Super and IPA-5). The hybrids EF-50 (70.05 t/ha), EF-52(67.05 t/ha), EF-49 (59.95 t/ha) and Saladinha (50.20 t/ha) were notsignificantly different while EF-50 was the most productive. Thehybrids EF 50 (322.5 g) and EF-52 (290 g) showed high fruit weight.The hybrids EF-52 (7.50), EF-49 (7.50) and Saladinha (7.25) revealedhigh cluster number per plant, and EF-52 (6.60) and EF-49 (5.81)produced high numbers of fruits per cluster.

Keywords: Lycopersicon esculentum Mill, production.

(Aceito para publicação em 13 de outubro de 1998)

O tomate (Lycopersicon esculentumMill), é um fruto de consumo bastantedifundido em todo o mundo devido àssuas peculiaridades, destacando-se amenor perecibilidade em relação às de-mais hortaliças, boa resistência ao trans-porte, ampla possibilidade de proces-samento industrial, excelentes qualida-des organolépticas e alto valor nutriti-vo. Seu cultivo apresenta grande expres-são econômica para diversas regiõesbrasileiras, nas quais o plantio se pro-cessa de maneira intensiva (Leal &Shimoya, 1973). No Brasil, o tomateocupa o segundo lugar, entre as cultu-ras oleráceas por ordem de importânciaeconômica (Filgueira, 1982). A produ-ção brasileira em 1993 foi de 2.339.885toneladas com uma área colhida de53.421 hectares, e uma produtividade de43.801kg/ha. O estado da Paraíba ocu-pa o 12o lugar em produção obtida, com14.560 toneladas e área colhida de 533hectares, que reflete um rendimentomédio de 27.317 kg/ha, com a produ-ção em sua quase totalidade destinadaao consumo in natura (IBGE, 1993). Poroutro lado, todo tomate produzido é pro-veniente de cultivares.

Devido à grande variabilidade emtermos de produção apresentada quandose implanta uma cultura através de culti-vares, o emprego de híbridos no cultivode hortaliças de uma maneira geral, re-presenta um avanço tecnológico e umagarantia de produção, desde que, sejamoferecidas condições favoráveis ao seucultivo. Nas regiões Sul e Sudeste mui-tos produtores aderiram ao emprego dehíbridos, fato não constatado na regiãoNordeste. Em tomate o emprego de hí-bridos proporciona aumentos potenciaisna produção de 25 a 40%, maturaçãomais precoce, melhor uniformidade,maior vigor inicial e desenvolvimento,melhor qualidade de frutos, resistência àdoenças e capacidade de adaptação maisampla (Melo et al., 1988).

No Brasil, o emprego de tomateshíbridos no segmento do mercado paraconsumo fresco apenas representam 5%do total da área plantada, sendo os 95%restantes representados pelas cultivaresdo tipo Santa Cruz. As limitações queaparentemente mais dificultam o seudesenvolvimento estão relacionadas àsexigências de mercado e dizem respei-to ao formato e tamanho do fruto. Já no

segmento de cultivares biloculares, temsido constatado uma nítida tendênciapara frutos cada vez maiores, porémmantendo o formato padrão do grupoSanta Cruz (Melo et al., 1988).

Este trabalho teve como objetivo ava-liar o comportamento de alguns tomateshíbridos, em relação a cultivarescomumente utilizadas na região de Areia-PB, sob condições de verão. Optou-sepelo cultivo em época quente, caracteri-zada pela ausência de chuva, para me-lhor diferenciar o comportamento doshíbridos, quanto à adaptação, uma vezque esta época coincide com a maior áreaplantada com esta hortaliça na região.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido em LatossoloVermelho-Amarelo de textura média,durante o período de agosto a novem-bro de 1996, datas de transplantio e daúltima colheita, respectivamente.Inicialmente realizou-se a produção demudas em sementeira convencional(Filgueira, 1982). Cerca de 30 dias apósa semeadura as mudas foram transplan-tadas para o campo de produção, no

177Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

espaçamento de 1,00 m x 0,5 m. O pre-paro do solo constou de uma aração,uma gradagem, empregando-se arado dedisco tricorpo fixo de levante hidráuli-co e grade de disco de levante hidráuli-co, e abertura de sulcos de plantio à tra-ção mecânica. Posteriormente foramfeitas as adubações orgânica e mineralde plantio, utilizando-se 35 t/ha de ester-co bovino curtido, 1.600 kg/ha desuperfosfato simples, 600 kg/ha decloreto de potássio e 500 kg/ha de sulfa-to de amônio. As adubações de cobertu-ra foram feitas aos 30 e 60 dias após otransplantio utilizando-se 250 kg/ha desulfato de amônio e 85 kg/ha de cloretode potássio. As pulverizações realizadasvisaram o controle da broca dos frutos edoenças foliares. Utilizou-se irrigaçãopor aspersão, procurando-se manter onível de disponibilidade de água acimade 80% da capacidade de campo e capi-nas, sempre que necessárias, além daspráticas culturais indispensáveis ao toma-te de crescimento indeterminado, comotutoramento e desbrota nos híbridos.

No campo, os híbridos e as cultivaresforam dispostos em parcelas de 5,00 m2 ,com 20 plantas por parcela, consideran-do-se toda área como útil, num delinea-mento experimental de blocos casua-lizados com seis tratamentos: quatro hí-

frutos pequenos.Com relação à produção total de fru-

tos, os resultados indicaram produçõesvariando de 35,75 a 70,05 t/ha entre ascultivares e os híbridos (Tabela 1). Em-bora todos os híbridos tenham se com-portado de maneira semelhante quantoa produção total de frutos, os híbridosEF-50 (70,05 t/ha) e EF-52 (67,05 t/ha)destacaram-se quanto ao aspecto produ-tivo. Em segundo plano figuram os hí-bridos EF-49 (57,45 t/ha) e Saladinha(50,20 t/ha). As cultivares apresentaramproduções equivalentes a quase a meta-de dos híbridos mais produtivos (SantaAdélia Super com 39,45 t/ha e IPA-5com 35,75 t/ha). Estes resultados refle-tiram a grande capacidade dos híbridosem adaptação e produção ( Melo etal.,1988).

Embora não se possa recomendarcultivares ou híbridos com apenas umano de experimentação, os dados obti-dos com este trabalho sugerem que oshíbridos EF-50 e EF-52, quanto aos as-pectos produção total e peso médio defrutos, apresentam melhor comporta-mento para as condições de verão emAreia-PB. A produtividade alcançadapor estes híbridos, atinge a média nacio-nal, que de acordo com Filgueira (1982)e Melo et al. (1988) situa-se em tornode 70 t/ha.

LITERATURA CITADA

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bridos (EF-50, EF-52, EF-49 e Saladinha)e duas cultivares (Santa Adélia Super eIPA-5) em quatro repetições. Foram ava-liados o número de cachos por planta,número de frutos por cacho, peso médiode frutos e produção total.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diferenças estatisticamente signifi-cativas entre os híbridos e as cultivaresforam observadas para todos osparâmetros avaliados (Tabela 1). Os hí-bridos EF-50, EF-49 e Saladinha apre-sentaram maior número de cachos porplanta, seguidos do híbrido EF-50 e dacultivar Santa Adélia Super com resul-tados intermediários, enquanto a culti-var IPA-5, foi a que menos se destacou.Para o número de frutos por cacho, omelhor desempenho foi observado paraos híbridos. O pior desempenho foi dascultivares, com média de 4,85 e 3,96frutos por cacho, para Santa AdéliaSuper e IPA-5, respectivamente. Tratan-do-se do peso médio de frutos, os híbri-dos EF-50 e EF-59 apresentaram frutoscom peso de 322,50 g e 290 g respecti-vamente, superando o peso médio detomate híbrido, que segundo Melo et al.(1988) está em torno de 300 g. Já ascultivares apresentaram maior índice de

OLIVEIRA, A.P.de.; ARAÚJO, J.C.de. Desempenho de tomates híbridos nas condições de verão, em Areia-PB.

esodirbíHseravitluc

edoremúNatnalp/sohcac

edoremúNohcac/soturf

edoidémoseP)g(soturf

latotoãçudorP)ah/gk(

05-FE ba05,6 ba16,5 a05,223 a50,07

25-FE a05,7 a06,6 b00,092 a50,76

94-FE a05,7 a18,5 a00,052 ba59,75

ahnidalaS a52,7 ba26,5 b00,022 ba02,05

ailédAatnaS ba00,6 b58,4 c00,081 54,93 b

5-API 57,4 b b69,3 d52,121 57,53 b

)%(VC 74,71 7,12 3,7 7,02

Tabela 1. Características produtivas de cultivares e híbridos de tomate, cultivados em con-dições de verão. Areia, UFPB; CCA, l996.

Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%de probabilidade.

178 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

VAZ, R.M.R.; JUNQUEIRA, A.M.R. Desempenho de três cultivares de alface sob cultivo hidropônico. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 2, p. 178-180,novembro 1998.

Desempenho de três cultivares de alface sob cultivo hidropônico1 .

Ragiane Maura R. Vaz; Ana Maria R. JunqueiraUniversidade de Brasília, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, C. Postal 04508, 70910-970, Brasília – DF.

RESUMO

Em condições de casa de vegetação, na Fazenda Água Limpa -UnB, Brasília-DF, foram plantadas as cultivares de alface VerônicaCrespa, Americana Tainá e Elisa em sistema hidropônico NFT (Téc-nica do Filme de Nutrientes). Para formulação de 1000 litros de so-lução nutritiva utilizou-se: 550 g de sulfato de magnésio, 950 g denitrato de cálcio, 810 g de nitrato de potássio, 115 g de monofosfatode amônio, 3,0 g de ácido bórico, 0,2 g de molibdato de sódio, 2,0 gde sulfato de manganês, 0,15 g de sulfato de cobre, 0,2 g de sulfatode zinco e 60 g de ferro EDDHA (ferrilene). As mudas foram prepa-radas em bandejas de isopor e transplantadas 20 dias após a semea-dura. A colheita foi realizada 36 dias após o transplantio. O delinea-mento experimental foi inteiramente casualizado com três tratamen-tos e 25 plantas por tratamento. Os pesos médios/planta foram: 183,40g para a cv. Verônica Crespa, 182,53g para a cv. Elisa e 175,84gpara a cv. Americana Tainá. O maior número médio de folhas/plantafoi observado na cv. Elisa (22,12) seguida da cv. Verônica Crespa(13,31). Observou-se diferença estatística significativa entre culti-vares para o número de folhas/planta, e não para peso/planta.

Palavras-chave: Lactuca sativa, hidroponia, sistema NFT, produção.

ABSTRACT

Performance of three lettuce cultivars under hydroponicconditions.

An experiment was carried out at Fazenda Água Limpa –University of Brasília (Brazil), in a glasshouse environment, toevaluate yield response of three lettuce cultivars, Verônica, Ame-ricana Tainá and Elisa under hydroponic conditions (NFT system).The formula used in the nutrient solution was prepared with 550 gof magnesium sulfate, 950 g of calcium nitrate, 810 g of potassiumnitrate, 115 g of MAP, 3 g of boric acid, 0.2 g of sodium molibdate,2 g of manganese sulfate, 0.15 g of copper sulfate, 0.2 g of zincsulfate and 60 g of Ferrilene (EDDHA) for 1000 lt of nutrientsolution. The plants were transfered to the hydroponic system 20days after the sowing date and harvested 36 days later. The experi-mental design was completely randomized with three treatmentsand 25 plants per treatment. There was no significant differencebetween cultivars in plant weight. The average weight was 183.4 gfor Verônica Crespa, 182.53 g for Elisa and 175.84 g for America-na Tainá. A significant difference was observed between cultivarsin the number of leaves per plant. The cultivar Elisa showed 22.12leaves per plant and the cultivar Verônica Crespa 13.31 leaves perplant. The three cultivars showed a satisfactory performance underhydroponic conditions.

Keywords: Lactuca sativa, hydroponic, NFT system, yield.

(Aceito para publicação em 1o de outubro de 1998)

A hidroponia é o cultivo de plantasem meio líquido, associado ou não asubstratos não orgânicos naturais, aoqual é adicionada uma solução nutriti-va necessária ao desenvolvimento dacultura (Castellane & Araujo, 1994). Amesma vem sendo conduzida em con-dições de ambiente controlado, ondetemperatura, luminosidade, umidaderelativa do ar e o ataque de pragas edoenças são monitorados para propor-cionar condições adequadas ao desen-volvimento da cultura.

O sistema hidropônico em nível co-mercial é feito, basicamente, com hor-taliças e flores. O cultivo sem solo noBrasil vem sendo utilizado para a pro-dução de alface, tomate, pepino, moran-

go e flores (Castellane & Araujo, 1994).O sistema NFT (Nutrient FilmTechnique) ou Técnica do FluxoLaminar, comercialmente usado emhidroponia, consiste em canais onde asplantas ficam com as raízes submersasem um filme de nutrientes que circulapelas raízes e é depois recolhido a umtanque (Moss, 1983). Dois terços do sis-tema radicular da planta devem perma-necer submersos, absorvendo os nutrien-tes necessários ao desenvolvimento dacultura e um terço restante deve desen-volver-se ao ar livre, absorvendo oxi-gênio (Castellane & Araujo, 1995). Aestrutura básica de um sistema NFT écomposta de casa de vegetação ou estu-fa, reservatório para solução nutritiva,

bancada ou mesa para os canais, bom-ba, encanamento e temporizador .

A alface (Lactuca sativa), olerícolatradicionalmente cultivada em quasetodo o território nacional, é bastante sen-sível às condições adversas de tempe-ratura, umidade e principalmente às chu-vas. O cultivo em estufas permite a uti-lização intensiva da terra e capital, comotambém a produção de maneira contro-lada, com menor dependência das con-dições climáticas, melhor aproveitamen-to de insumos, possibilitando a distri-buição da produção ao longo do ano,regularizando a oferta e dando oportu-nidade ao produtor de fugir das épocasde menor preço (Rodrigues et al., 1997).Além disso, por ocupar pouco espaço,

1 Trabalho realizado como parte das exigências para obtenção do grau de Engenheira Agrônoma pela primeira autora.

179Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

atingir mais rapidamente o ponto decomercialização e proporcionar rápidoretorno financeiro, a alface é a culturaque vem ganhando cada vez mais espa-ço na produção hidropônica (Zito et al.,1994). Assim, torna-se necessário co-nhecer quais as cultivares de alface quemelhor se adaptam ao cultivohidropônico.

Portanto, o objetivo deste trabalhofoi avaliar o comportamento das culti-vares de alface Verônica Crespa, Elisae Americana Tainá em hidroponia.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado em casade vegetação na Fazenda Água Limpa(FAL) - UnB, localizada no núcleo ru-ral Vargem Bonita, durante o período de29 de abril a 3 de junho de 1997.

Na casa de vegetação foram instala-dos o berçário, o leito definitivo, o re-servatório, o conjunto moto-bomba e otemporizador, dispostos em linha.

O berçário foi constituído de umabancada de 1,00 m de altura x 1,00 mde largura x 2,45 m de comprimento.Sobre a bancada foram dispostas duastelhas de cimento-amianto lado a lado,recobertas com plástico preto paraimpermeabilização.

O leito definitivo foi constituído deuma bancada de madeira e duas telhasde cimento-amianto impermeabilizadascom plástico preto.

O reservatório utilizado foi uma cai-xa d’água circular de cimento-amiantocom capacidade para 250 litros. A dis-tribuição da solução nutritiva nos canaisfoi feita através de canos de ¾ de pole-gada, perfurados. A solução era reco-lhida através de calhas localizadas nasextremidades das bancadas, ligadas aoscanos de duas polegadas que retornavama solução ao reservatório para ser nova-mente bombeada aos canais (sistemaNFT). O conjunto moto-bomba de 3/

4 HP

foi ligado ao temporizador programadopara permanecer ligado a intervalos dequinze minutos durante o dia (6:00 às18:00 horas) e à noite (18:00 às 6:00horas) quinze minutos ligado e duashoras desligado.

As mudas de alface foram produzi-das em bandejas de isopor em substratocomercial e transplantadas para o ber-

çário aos 20 dias de plantio com três aquatro folhas definitivas. As mudas fo-ram retiradas do substrato e as raízeslavadas para retirada do torrão até nãorestar mais resíduos, transferidas para oberçário e colocadas em placas de isoporcom orifícios de 3 cm de diâmetro es-paçados de 5 cm. Foram transplantadaspara o berçário, 72 mudas de cada culti-var, retiradas aleatoriamente da bande-ja de isopor, onde permaneceram poronze dias.

Foram transferidas 32 mudas de cadacultivar para o leito definitivo, perma-necendo por 25 dias até a colheita. Aplaca de isopor utilizada nesta fase pos-suía orifícios de 5 cm de diâmetro, es-paçados de 25 x 25 cm.

O delineamento experimental utiliza-do foi inteiramente casualizado com trêstratamentos e 25 plantas por tratamento,sendo que para o leito definitivo foramdescartadas as excedentes do berçário.

A solução nutritiva foi preparadaconforme recomendação da EmbrapaHortaliças com a seguinte formulaçãopara 1.000 litros: 550 g de sulfato demagnésio, 950 g de nitrato de cálcio, 810g de nitrato de potássio, 115 g demonofosfato de amônio, 3,0 g de ácidobórico, 0,2 g de molibdato de sódio, 2,0g de sulfato de manganês, 0,15 g de sul-fato de cobre, 0,2 g de sulfato de zincoe 60 g de ferro EDDHA – Ferrilene.

Na fase de berçário utilizou-se umasolução nutritiva com metade da con-centração de sais da solução completautilizada no leito definitivo (Castellane& Araújo, 1995). A troca da soluçãonutritiva na fase de berçário foi feita cin-co dias após o transplantio e na fase deleito definitivo, semanalmente. O pH dasolução foi monitorado com peagâmetromantendo-se entre 5,5 e 6,5.

A temperatura média no período foi de17,90C, a umidade relativa média de 69%e a radiação global de 294 cal/cm/dia.

O experimento foi colhido 25 diasapós a permanência das plantas no leitodefinitivo, totalizando 56 dias da semea-dura à colheita. Os parâmetros avalia-dos foram peso e número médio de fo-lhas por planta.

Os dados foram submetidos à analisede variância e as médias comparadas peloteste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve diferença estatística sig-nificativa entre as cultivares para pesomédio, apenas para número médio defolhas por planta (Tabela 1).

A cv. Verônica Crespa apresentoupeso médio de 183,40 g e número mé-dio de folhas igual a 13,31. O númeromédio de folhas da cv. Verônica foi sig-nificativamente menor do que da cv.Elisa (22,12). Horino et al. (1993) ob-servaram para a cv. Verônica Crespapeso de 169,2 g e 17,8 folhas por plantaem condições de hidroponia. Em con-dições de campo, a cv. Verônica Crespaobteve valores médios de 139,4 g depeso e 22,6 folhas por planta sob dife-rentes níveis de irrigação no estado doPiauí (Andrade et al., 1992). Tambémpara a cv. Verônica foi observado, emTeresina, peso médio de 175 g e 214 g enúmero de folhas por planta de 26,98 e25,73, para período chuvoso e seco, res-pectivamente (Duarte et al., 1992). San-tos & Souza (1996), em Lavras, avalian-do a relação entre manejo do solo emétodos de plantio e tratamento dasmudas, obtiveram para a cv. Elisa, pesomédio de plantas variando entre 240 e427 g. Observa-se, de uma maneira ge-ral, que os pesos médios de plantas ob-tidos no experimento estão semelhan-tes aos relatados na literatura para alfa-ce cultivada sob hidroponia e no solo.

VAZ, R.M.R.; JUNQUEIRA, A.M.R. Desempenho de três cultivares de alface sob cultivo hidropônico.

ravitluC )g(oidémoseP sahlofedoremúN

asilE a35,281 **a21,22

apserCacinôreV a04,381 b13,31

*ániaTanaciremA a48,571 -

Tabela 1. Peso médio e número médio de folhas por planta das cultivares Elisa, VerônicaCrespa e Americana Tainá cultivadas sob hidroponia, observados 56 dias após o plantio.Brasília - DF, UnB - FAL, 1997.

*Não foi observado o número de folhas desta cultivar, pois a mesma forma cabeça.**Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey (P < 0,05).

180 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

Porém, na prática, em trabalho recente-mente realizado por Costa & Junqueira(1998) verificou-se que o peso das ca-beças de alface, cv. Verônica, observa-das no Distrito Federal e entorno temvariado de 250 a 450 g cada.

A hidroponia, por ser uma técnicaainda relativamente nova no Brasil, nãofoi ainda adequadamente explorada emtermos de pesquisa e portanto, sãopouquíssimos relatos sobre as cultiva-res testadas. O que se observa é que acv. Verônica Crespa é a grande favoritaentre os produtores da região de Brasí-lia e entorno (Costa & Junqueira, 1998).

É importante ressaltar que cada cul-tivar possui características intrínsecas eo presente trabalho não pretende indi-car a melhor cultivar a ser plantada, poisos produtores devem considerar a pre-ferência do mercado.

As três cultivares pesquisadas res-ponderam de forma satisfatória às con-dições de cultivo.

AGRADECIMENTOS

As autoras agradecem aos funcioná-rios da Fazenda Água Limpa - Univer-sidade de Brasília pelo apoio na reali-zação dos trabalhos de campo e à Dra.Mirtes Freitas Lima (Horticultura Bra-sileira) pela revisão do manuscrito.

LITERATURA CITADA

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VAZ, R.M.R.; JUNQUEIRA, A.M.R. Desempenho de três cultivares de alface sob cultivo hidropônico.

181Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

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1. ARTIGO CONVIDADO : sobre tópico de interesseatual, a convite da Comissão Editorial, tendo forma livre,porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (b) e (d)de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave,abstract, título em inglês e keywords (observe instruções naalínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigató-ria a sua anuência à publicação. Caso haja citação de literatu-ra, obedecer às alíneas (f) e (g) de PESQUISA. Caso hajatabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicosou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l),(m) e (n) de PESQUISA;

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financiadoras e concessão de bolsas devem ser colocadas emAGRADECIMENTOS;

e) A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro:1. Resumo em português, com palavras-chave ao final. Aspalavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s)científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem re-petir termos para indexação que já estejam no título; 2.Abstract, em inglês, acompanhado de título e keywords. Oabstract, o título em inglês e keywords devem ser versõesperfeitas de seus similares em português; 3. Introdução; 4.Material e Métodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradeci-mentos; 7. Literatura Citada; 8. Figuras e tabelas.

f) Referências à literatura no texto deverão ser feitasconforme os exemplos: Esaú & Hoeffert (1970) ou (Esaú &Hoeffert, 1970). Quando houver mais de dois autores, utilizea expressão latina et alli, de forma abreviada (et al.), sempreem itálico, como segue: De Duve et al. (1951) ou (De Duveet al., 1951);

g) As referências bibliográficas citadas no texto deverãoser incluídas em LITERATURA CITADA, em ordem alfabé-tica, pelo primeiro autor. Quando houver mais de um artigodo(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, indicar por umaletra minúscula, logo após a data de publicação do trabalho,como segue: 1997a, 1997b. A ordem dos itens em cada refe-rência deverá obedecer as normas vigentes da AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas - ABNT, como segue:

Periódico: NOME DOS AUTORES (em caixa alta,separados por ponto-e-vírgula. Independente do número deautores, todos devem ser relacionados, vedando-se, emHorticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURACITADA). Título do artigo. Título do Periódico (emHorticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a uti-lização de abreviações), cidade de publicação (apenas paraperiódicos brasileiros), volume, número do fascículo (quan-do a informação estiver disponível), paginação inicial e fi-nal, mês (indicando com inicial maiúscula os meses paraperiódicos em inglês e, com inicial minúscula, para periódi-cos em português, e abreviando-se na terceira letra quandoo nome do mês possuir mais de quatro letras), ano de publi-cação. Recue o início de uma eventual segunda linha de re-ferência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial.Veja o exemplo:

VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heatproduction of vegetables during refrigerated storage.Journal of the American Society for HorticulturalScience, v. 97, n. 3, p. 431 - 432, Mar. 1972.

Livro : NOME DOS AUTORES (em caixa alta, sepa-rados por ponto-e-vírgula. Independente do número de auto-res do artigo, todos devem ser relacionados, vedando-se, emHorticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURACITADA). Título do livro (em Horticultura Brasileira sem-pre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Ci-dade de publicação: editora, ano de publicação. Número total

182 Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

de páginas. Recue o início de uma eventual segunda linha dereferência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial.Veja o exemplo:

ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3 ed. NewYork: John Willey, 1979. 632 p.

Capítulo de livro: NOME DOS AUTORES DO CAPÍ-TULO (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Inde-pendente do número de autores, todos devem ser relaciona-dos, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et allina LITERATURA CITADA). Título do capítulo. In: NOMEDOS EDITORES OU COORDENADORES DO LIVRO (emcaixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente donúmero de autores, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERA-TURA CITADA). Título do livro (em Horticultura Brasileirasempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações).Cidade de publicação: editora, ano de publicação. Páginasinicial e final. Recue o início de uma eventual segunda linhade referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inici-al. Veja o exemplo:

ULLSTRUP, A.J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F. ed.Corn and corn improvement. New York: Academic Press,1955. p. 465 - 536.

Tese: NOME DO AUTOR (em caixa alta). Título datese (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Cidade de publicação: insti-tuição, ano de publicação. Número total de páginas. (Tesemestrado ou doutorado). Recue o início de uma eventual se-gunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letrada linha inicial. Veja o exemplo:

SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthoraem pimentão na fase juvenil. Piracicaba: ESALQ, 71 p.(Tese mestrado).

Trabalhos apresentados em congressos (quando nãoincluídos em periódicos): NOME DOS AUTORES (em cai-xa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do nú-mero de autores do artigo, todos devem ser relacionados, ve-dando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LI-TERATURA CITADA). Título do trabalho. In: NOME DOCONGRESSO (em caixa alta, vedando-se, em HorticulturaBrasileira, o uso de abreviações na LITERATURA CITADA),número do congresso. (seguido de ponto), ano de realizaçãodo congresso, cidade de realização do congresso. Título dapublicação... (Anais...; Proceedings..., etc..., seguido de reti-cências): Local de edição da publicação: editora ou institui-ção responsável pela publicação, ano de publicação. Páginasinicial e final do trabalho. Recue o início de uma eventualsegunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letrada linha inicial. Veja o exemplo:HIROCE, R; CARVALHO, A.M., BATAGLIA, O.C.; FURLANI, P.R.;

FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO, J.R. Composição mine-ral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DEFRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p.357 - 364.

h) A citação de resumos apresentados em congressos deveser limitada a no máximo 20% do total de referências, exceto nocaso de assuntos onde não há literatura em quantidade razoável;

i) A citação de trabalhos com mais de dez anos de idadedeve ser limitada a no máximo 50% do total de referências,exceto no caso de assuntos onde não há literatura em quanti-dade razoável;

j) Somente deverão ser incluídas tabelas e figuras queapresentem dados relevantes à interpretação do assunto e quenão possam ser apresentados em poucas linhas de texto. Da-dos apresentados em figuras não devem ser apresentados no-vamente em tabelas e vice-versa. As tabelas e figuras devemser apresentadas ao final do artigo, uma por página, com nu-meração consecutiva;

k) Utilize o padrão da revista para títulos de tabelas,rodapés e legendas, indicando no título ou legenda, nesta or-dem: local, instituição e ano de realização do trabalho. Tabe-las e figuras devem ser sempre autoexplicativas, ou seja, oleitor deve entender o que está sendo demonstrado, sem sernecessário que consulte o texto. As tabelas devem ser confi-guradas no padrão SIMPLES do processador de textos Word,ou similar. Linhas verticais não são utilizadas e linhas hori-zontais devem aparecer somente entre o título e o corpo databela; entre o cabeçalho e o conteúdo da tabela e, quando foro caso, entre o conteúdo da tabela e a última linha;

l) Ao longo do texto, as fórmulas químicas devem serindicadas de acordo com a nomenclatura adotada pelaChemical Society (Journal of the Chemical Society, p. 1067,publicado em 1939). Em tabelas, as fórmulas químicas de-vem ser apresentadas no rodapé;

m) No caso de agrotóxicos é vedada a utilização de no-mes comerciais. Deve ser utilizado o nome técnico ou a refe-rência ao princípio ativo;

n) No caso do trabalho conter fotografias, a ComissãoEditorial deve ser consultada. No caso de fotografias colori-das, os autores devem cobrir os custos adicionais.

4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL : trabalho naárea de economia aplicada ou extensão rural, tendo formalivre porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (a),(b), (c), (d), (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresen-tar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Casohaja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação.Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências aagrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas(j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.

5. PÁGINA DO HORTICULTOR : Comunicação ounota científica, passível de utilização imediata pelo horticultor.Observar o mesmo padrão de PESQUISA.

6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE : comuni-cação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos,fertilizantes ou cultivares, tendo forma livre, mas devendoobedecer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) dePESQUISA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i)de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave,abstract, título em inglês e keywords (observe instruções naalínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatóriaa sua anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmu-las químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de foto-

183Hortic. bras., v. 16, n. 2, nov. 1998.

grafias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.

7. NOVA CULTIVAR : Comunicação relatando o regis-tro de nova cultivar, tendo forma livre, mas devendo obede-cer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) de PESQUI-SA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i) de PES-QUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract,título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e)de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a suaanuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulasquímicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografi-as, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.

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9. Trabalhos que não atendam às alíneas (a), (h) e (i) dePESQUISA não serão aceitos.

10. Trabalhos que não atendam às alíneas (b), (d), (e), (f),(g), (j), (k), (l), (m) de PESQUISA serão devolvidos aos au-tores para que sejam adequados sem serem registrados nasecretaria da revista.

11. Trabalhos que não atendam à alínea (c) de PESQUI-SA permanecerão na secretaria da revista, com processo detramitação suspenso, por 90 dias a contar da data constanteno aviso de recebimento do trabalho enviada aos autores pelaComissão Editorial. Findo esse prazo, caso as indicações con-tidas na referida alínea não tenham sido atendidas pelos auto-res, os originais dos trabalhos serão destruídos e o trabalhoserá excluído dos registros da secretaria da revista.

III. Os manuscritos submetidos à publicação nas seçõesPESQUISA e ECONOMIA e EXTENSÃO RURAL serãoapreciados por no mínimo dois assessores ad hoc, especialis-tas no tema do artigo apresentado, que darão parecer sobre aconveniência de sua publicação do trabalho, com base naqualidade técnica do trabalho e do texto. Os artigos submeti-dos à publicação nas demais seções, a critério da ComissãoEditorial, podem também ser apreciados por assessores adhoc. Ao seu critério, os assessores ad hoc poderão sempreque consultados indicar alterações que adequem o artigo aopadrão de publicação da revista.

IV. Em caso de dúvidas, consulte a Comissão Editorial ouverifique os padrões de publicação em Horticultura Brasilei-ra, v. 14 em diante.

V. Os casos omissos serão decididos pela Comissão Edi-torial. Se necessário, modificações nas normas de publicaçãoserão feitas posteriormente.

VI. Os originais devem ser enviados para:Horticultura Brasileira

C. Postal 190

70.359-970 Brasília - DFTel.: (061) 385.9051 / 385.9000

Fax: (061) 556.5744

E.mail: [email protected]. Assuntos relacionados mudança de endereço, filiação

à Sociedade de Olericultura do Brasil - SOB, pagamento deanuidade, devem ser encaminhados à diretoria da SOB, noseguinte endereço:

UENF - CCTA

Av. Alberto Lamego, 2000, Horto28.015-620 Campos dos Goytacazes - RJ

Tel.: (024) 726.3747

Fax: (024) 726.3746e.mail: [email protected]

Programa de apoio a publicações científicas

A revista Horticultura Brasileira é indexadapelo CAB, AGROBASE, AGRIS/FAO,TROPAG e sumários eletrônicos/IBICT.

Horticultura Brasileira, v. 1 nº1, 1983 - Brasília, Sociedade deOlericultura do Brasil, 1983.

Semestral

Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura.V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.

Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.

Periodicidade até 1981: Anual.

1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos.I. Sociedade de Olericultura do Brasil.

CDD 635.05

Tiragem: 1.100 exemplares

TOSIAKI KIMOTO (1935-1997)Natural de Arealva (SP), Prof.

Kimoto graduou-se em 1960 pelaEscola Superior de Agricultura“Luiz de Queiroz”/USP. Entre 1961e 1963, realizou treinamento naUniversidade de Chiba-Japão, emmelhoramento e produção de hor-taliças, tendo sido orientado peloProf. Dr. Takeo Fujii.

Em 1963, foi contratado pelaESALQ. Nesta mesma Universida-de, obteve em 1968 o título de Dou-tor, passando a exercer a função deProfessor Assistente Doutor. Colabo-rou com o Prof. Salim Simão (1969-1971) na disciplina de Olericultura,no curso de pós-graduação.

A partir de 1969, ingressou porConcurso de Títulos na atual Facul-dade de Ciências Agronômicas daUNESP - Campus de Botucatu,como Professor Regente do Depar-tamento de Fitotecnia, disciplina deOlericultura, Floricultura ePaisagismo. Em 1980, passou aexercer o cargo de Professor Titularjunto ao mesmo Departamento, atéa sua aposentadoria em 1993.

Como docente, orientou diver-sos alunos de graduação e pós – gra-duação, sendo lembrado com cari-nho por todos seus alunos. A satis-fação em repassar conhecimentosfoi uma característica marcante desua personalidade.

Como Administrador, foi Dire-tor da Fazenda Experimental de SãoManuel (1971-74) e Supervisor doSetor de Ciências Agronômicas(1971-73), tendo com o Prof. Dr.Fernando A. D. Conceição planeja-do e otimizado a referida estaçãoexperimental para atender Ensino,Pesquisa e Extensão. Como ViceDiretor da Faculdade de Ciências

Agronômicas da UNESP, planejou,organizou e lutou para a implanta-ção do curso de pós-graduação emAgronomia, área de ConcentraçãoHorticultura.

Como pesquisador, foi pioneirona pesquisa com uso de filmes plás-ticos no Brasil, principalmente nacultura do morango. Na década de70, foi convidado pelas IndústriasAlimentícias “Carlos de Brito” - Fá-brica Peixe, em Pesqueira-PE, paraauxiliar na solução de problemas nacultura do tomateiro paraprocessamento industrial. Prestouassistência técnica para produtoresde tomate de mesa, alho e cebola emvárias regiões do país. Prestouconsultoria para a Cooperativa Agrí-cola de Cotia e Japan InternationalCooperation Agency – JICA.

Nos últimos anos vinha lideran-do equipe de profissionais no desen-volvimento da cultura do alho nobrena região Sudeste do Brasil. Com osresultados obtidos em suas pesquisasfoi possível estabelecer o período ide-al de vernalização de bulbilhos dealho, termoterapia para o controle denematóides (Dithylencus dipsasci) equebra de dormência para antecipara colheita de alho, viabilizando eco-nomicamente o plantio desta olerícolaem várias regiões.

Durante sua vida recebeu inúme-ras homenagens. Convém destacar a“Chave da Cidade de Osaka” e o di-ploma de “Honorary Membership”pela Câmara Junior de Tóquio (Ja-pão) em 1973; Cartão de Prata dosAgronomandos de 1970 e homena-gem da turma de 1975 da Faculdadede Ciências Médicas e Biológicas deBotucatu. Como reconhecimento porsua contribuição para o desenvolvi-mento da olericultura de Minas Ge-rais, recebeu de autoridades munici-pais e estaduais, Diploma de “Hon-ra ao Mérito”. Da ComissãoOrganizadora do 34o Congresso Bra-sileiro de Olericultura da SOB, re-cebeu Placa e Diploma de Honra.

Este número da HorticulturaBrasileira presta uma homenagem aoprofessor Kimoto pelas grandes con-tribuições prestadas para aOlericultura da América Latina.

(Profa. Dra. Rumy Goto, Prof.Dr. Julio Nakagawa UNESP/FCA- Campus Botucatu, C.Postal, 237,18603-970 Botucatu,SP e-mail:[email protected])