Nathalia Silva Bandeira Fraga
ÍNDICE DE ADESÃO DE PESSOAS EM RISCO OU PORTADORES DE DIABETES
MELLITUS TIPO 2 AO PROGRAMA NUTRICIONAL E À PRÁTICA DE
ATIVIDADE FÍSICA REGULAR
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
submetido ao Programa de Graduação da
Universidade Federal de Santa Catarina para a
obtenção do Grau de Licenciada em Ciências
Biológicas em 2019
Orientador: Prof.ª MSc. Carla Cristina Thober
Charão
Florianópolis
2019
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Nathalia Silva Bandeira Fraga
ÍNDICE DE ADESÃO DE PESSOAS EM RISCO OU PORTADORES DE DIABETES
MELLITUS TIPO 2 AO PROGRAMA NUTRICIONAL E À PRÁTICA DE
ATIVIDADE FÍSICA REGULAR
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de
Licenciado em Ciências Biológicas e aprovado em sua forma final pelo Programa de
Graduação em Ciências Biológicas
Florianópolis, 27 de Junho de 2019.
________________________
Prof. Carlos Roberto Zanetti, Dr.
Coordenador do Curso
Banca Examinadora:
________________________
Prof.ª Carla Cristina Thober Charão, MSc.
Orientadora
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Prof., Dr. Adair Roberto Soares dos Santos
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Prof. Drª. Domitila Augusta Huber
Universidade Federal de Santa Catarina
Dedico este trabalho aos meus pais,
Marizete da Silva e
Luiz Antonio Bandeira Fraga,
pelo apoio e amor incondicional.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus pais, que me incentivaram desde o
princípio a buscar o que realmente me faria feliz, independente do quão difícil pudesse
parecer. Mesmo longe, sempre me apoiaram e acreditaram no meu potencial, mesmo quando
as coisas fugiam do meu controle. Obrigada por serem minha base forte e meus principais
exemplos de caráter, resiliência e generosidade!
Agradeço à Universidade Federal de Santa Catarina pela oportunidade de estudar em
uma universidade de tamanha qualidade e pelos inúmeros bons momentos a mim
proporcionados. Também, à Coordenação e funcionários do Centro de Ciências Biológicas,
que estão sempre dispostos a ajudar no que é preciso.
Agradeço a todos os meus professores que fizeram parte desta trajetória, contribuindo
para a minha formação com muito conhecimento e troca.
Em especial, agradeço à minha querida orientadora, Profª. Msc. Carla Cristina Thober
Charão, que é uma pessoa excepcional, e me recebeu de braços abertos, proporcionando
várias oportunidades durante o curso. Participei dos projetos de extensão dos quais é
coordenadora (Princípios Básicos de um Viver Saudável e do Grupo de Apoio Saúde
Consciente), cujos princípios me identifico imensamente. Durante a elaboração deste trabalho,
foi muito solícita e companheira, contribuindo com toda sua experiência e competência no
que se propõe a fazer.
Agradeço também às pessoas com Diabetes mellitus tipo 2 ou em risco à doença que se
dispuseram voluntariamente a participar deste trabalho, compreendendo a importância deste
tema. Sem elas, o mesmo não seria possível.
Por fim, gostaria de agradecer também à banca examinadora, composta por Prof. Dr.
Adair Roberto Soares dos Santos e Profª. Drª. Domitila Augusta Huber por terem aceitado
participar desta etapa, em que finalizo este ciclo e crio asas para voar e buscar novas
conquistas.
RESUMO
O diabetes mellitus (DM) é uma das principais doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)
de origem metabólica. Pode ser classificada em três tipos: DM tipo 1 (DM1), DM tipo 2
(DM2) e DM Gestacional (DMG). A DM tipo 1 é dependente de insulina pois é caracterizada
por uma falha parcial ou total do pâncreas endócrino em produzir o hormônio insulina. A DM
Gestacional acontece durante a gestação e pode ser transitória ou permanecer após o parto
como DM tipo 2. A DM tipo 2 é a mais comum, caracterizada por uma resistência à insulina.
É causada por fatores genéticos e ambientais e está associada à obesidade, dieta rica em
gorduras e calorias, pobre em fibras vegetais, e sedentarismo. O tratamento é principalmente
através de um programa de atividade física regular e mudança de hábitos alimentares, e se
necessário, intervenção farmacológica. Muitos pacientes e/ou pessoas em risco a esta doença
tem dificuldade em aderir a um programa de mudança de estilo de vida. Este estudo fez um
levantamento do índice de adesão de pessoas com DM2 e/ou em risco para a mesma ao
tratamento através das respostas auto declaradas de uma amostra de 30 indivíduos obtidas em
um questionário online proposto a eles. Foi encontrado um perfil de pessoas no qual 56,7%
eram do sexo feminino e 43,3% masculino; 3,3% tinha menos de 30 anos, 13,3% entre 31 e
40 anos, 10,0% entre 41 e 50 anos, 23,3% entre 51 e 60 anos, 23,3% entre 61 e 70 anos e
26,7% mais de 70 anos; a maioria tinha Ensino Superior (50%, sendo que 20% com pós
graduação); 30,0% tinham peso normal, 53,3%, sobrepeso e 16,7%, obesidade I; 60% usam
medicamento, contra 40% que não usam; 60% praticam atividade física; contra 40% que não
praticam; 66,7% não fazem acompanhamento nutricional e 33,3% fazem; 48,3% tem familiar
diabético e 31,0% não e 20,7% não sabem; a média da classificação da adesão ao tratamento
de acordo com as repostas auto declaradas foi de 6,2 em uma escala de 1 à 10, o que configura
uma adesão relativamente baixa. As principais dificuldades estão relacionadas, em primeiro
lugar, com o plano alimentar, seguido pela dificuldade em iniciar e manter, principalmente,
alguma atividade física. Este estudo tem amostra (n=30) pequena e com perfil, aparentemente,
mais esclarecido, o que não representa a maioria da população diabética do tipo 2, segundo a
literatura. Apesar disso, este estudo é importante para a saúde pública, visto que contribui para
um processo de compreensão das razões pelas quais o tratamento não é cumprido em sua
totalidade.
Palavras-chave: Adesão ao tratamento; Dieta; Atividade física.
ABSTRACT
Diabetes mellitus (DM) is a serious metabolic pathology and is one of the major chronic non-
communicable diseases (CNCDs). DM can be classified into three types: DM type 1 (DM1),
DM type 2 (DM2) and DM Gestational (DMG). DM Type 1 is insulin dependent because it is
characterized by a partial or total failure of the endocrine pancreas to produce the hormone
insulin. DM Gestational occurs during pregnancy and may be transient or remain postpartum
as DM type 2. DM type 2 is the most common and it is characterized by an insulin resistance.
It is caused by genetic factors and also by environmental ones. It is a pathology associated
with obesity, a diet rich in fats and calories, poor in plant fibers and sedentary lifestyle. The
treatment of DM2, mainly in the initial stages, is predominantly through a program of regular
physical activity and change of eating habits and if necessary, pharmacological intervention.
Many patients and / or people at risk for this disease have difficulty to join a lifestyle change
program. This study made a survey of the adherence rate of DM2 and / or persons at risk for it
through the self-declared answers from 30 people obtained in an online questionnaire
presented to this people. The profile of people was: 56.7% were female and 43.3% male;
3.3% were less than 30 years old, 13.3% between 31 and 40 years old, 10.0% between 41 and
50 years old, 23.3% between 51 and 60 years old, 23.3% between 61 and 70 years old and
26.7% over 70 years; the majority has Higher Education (50%, with 20% with post-
graduation); 30.0% had normal weight, 53.3%, overweight and 16.7%, obesity I; 60% use
medication, against 40% that they do not use; 60% practice physical activity; against 40%
who do not practice; 66.7% didn’t have nutritional monitoring and 33.3% did; 48.3% have
diabetic relatives and 31.0% do not and 20.7% do not know; the mean treatment adherence
score according to the self-reported responses was 6.2 in a scale from 1 to 10, which
represents a relatively low adherence. The main difficulties are related, in the first place, to
the diet plan, followed by the difficulty in initiating and, especially, maintaining some
physical activity. This study has a small sample size (n=30) with an enlightened profile,
which doesn’t represent the majority of the type 2 diabetic population, according to the
literature. Despite this, this study is important for public health as it contributes to a process of
understanding the reasons why treatment is not totally fulfilled.
Keywords: Adherence to treatment; Diet; Physical activity.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Classificação segundo a OMS a partir do IMC e contagem dos
indivíduos..............................................................................................................................29
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Sexo dos participantes..............................................................................27
FIGURA 2 – Faixa etária dos participantes....................................................................28
.
FIGURA 3 – Escolaridade dos participantes..................................................................28
FIGURA 4 – Utilização de medicamentos para o diabetes............................................29
FIGURA 5 – Medicamentos utilizado para o diabetes...................................................30
FIGURA 6 – Prática de atividade física.........................................................................30
FIGURA 7 – Atividade física que o participante pratica................................................31
FIGURA 8 – Frequência de atividade física praticada por semana................................32
FIGURA 9 – Tempo de atividade física por semana......................................................32
FIGURA 10 – Tipo de atividade física praticada...........................................................33
FIGURA 11 – Acompanhamento durante atividade física.............................................33
FIGURA 12 – Acompanhamento nutricional.................................................................34
FIGURA 13 – Frequência da consulta com nutricionista...............................................34
FIGURA 14 – Maneira como a doença foi descoberta...................................................35
FIGURA 15 – Sintomas..................................................................................................35
FIGURA 16 – Histórico familiar para diabetes .............................................................36
FIGURA 17 – Tipo de diabetes do familiar...................................................................36
FIGURA 18 – Tempo de tratamento com atividade física e/ou dieta............................37
FIGURA 19 – Dificuldades no tratamento.....................................................................38
FIGURA 20 – Dificuldades no plano alimentar.............................................................38
FIGURA 21 – Índice de adesão ao programa nutricional e prática de atividade física
regular..............................................................................................................................39
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AACC - American Association of Cereal Chemists
AC – Antes de Cristo
AVC – Acidente Vascular Cerebral
CRM – Conselho Regional de Medicina
DCNT – Doenças Crônicas Não Transmissíveis
DDP - Diabetes Prevention Program
DM – Diabetes mellitus
DM1 – Diabetes mellitus tipo 1
DM2 – Diabetes mellitus tipo 2
DMG – Diabetes mellitus Gestacional
DPS – Finnish Diabetes Prevention Study
GLUT4 –Transportador de glicose tipo 4
IMC – Índice de Massa Corporal
NHS – Nurses Health Study
OMS – Organização Mundial da Saúde
SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes
SUS – Sistema Único de Saúde
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
WHO – World Health Organization
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15
1.1 Breve história do Diabetes mellitus ....................................................................... 15
1.2 Aspectos Gerais ..................................................................................................... 16
1.3 Classificação do Diabetes mellitus ........................................................................ 17
1.3.1 Diabetes mellitus gestacional .............................................................................. 17
1.3.2 Diabetes mellitus tipo 1........................................................................................ 18
1.3.3 Diabetes mellitus tipo 2........................................................................................ 18
1.3.3.1 Atividade física...................................................................................................... 21
1.3.3.2 Dieta alimentar .................................................................................................... 222
1.3.3.3 Justificativa ............................................................................................................ 23
2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 24
2.1 Objetivo geral ........................................................................................................ 24
2.2 Objetivos específicos ............................................................................................. 24
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 25
3.1 Tipo do estudo ....................................................................................................... 25
3.2 Local do estudo ..................................................................................................... 25
3.3 Coleta de dados ..................................................................................................... 25
3.3.1 Questionário ......................................................................................................... 26
3.4 Cálculo do IMC ..................................................................................................... 26
3.5 Apresentação e análise dos dados ......................................................................... 26
4 RESULTADOS .................................................................................................... 27
5 DISCUSSÃO ........................................................................................................ 40
5.1 Perfil dos participantes .......................................................................................... 40
5.2 Utilização de medicamento no tratamento ............................................................ 41
5.3 Prática de atividade física no tratamento ............................................................... 42
5.4 Plano alimentar no tratamento ............................................................................... 43
5.5 Modo de descoberta da doença, fatores genéticos e tempo de tratamento ............ 44
5.6 Dificuldades no tratamento ................................................................................... 44
5.7 Adesão ao tratamento programa nutricional e prática de atividade física regular 45
6 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 46
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 47
ANEXO A .............................................................................................................53
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 Breve história do Diabetes mellitus
Distante de ser um fenômeno atual, o Diabetes mellitus (DM) teve suas primeiras
evidências encontradas em um papiro egípcio, confeccionado por volta de 1500 AC. O papiro
Ebers, descoberto pelo alemão Gerg Ebers em 1872, foi o primeiro registro da incidência de
uma disfunção caracterizada pela eliminação excessiva e constante de urina.
No entanto, foi na Grécia Antiga que Araeteus intitulou a doença de ―diabetes‖, que
significava ―sifão‖ em grego, fazendo referência à poliúria, um de seus sintomas. A poliúria
caracteriza-se pela excreção abundante de urina, tendo eliminação diária maior que 2,5 litros e
sendo acompanhada de polidipsia (sede excessiva) (LAIOS et al., 2012).
Thomas Willis, em 1674, percebeu, através do próprio paladar, que a urina dos
indivíduos com DM era adocicada, assim como mel. Devido a este fato, mais tarde, a doença
passou a ter nomenclatura binominal, sendo anexado ―mellitus‖ ao ―Diabetes‖ por William
Cullen, em 1769. Matthew Dobson (1776) reforçou a hipótese de Willis, onde por meio de um
experimento que consistiu em ferver a urina até a completa evaporação da água e constatou
que o material residual era, efetivamente, açúcar.
Foi inferida também, por Lanceraux e Bouchardat em meados do século XIX, a
existência de dois tipos de diabetes, um manifestava-se preponderantemente em jovens e
apresentava, aparentemente, uma maior gravidade; e outro, em pessoas com mais idade,
geralmente acima do peso e de evolução mais gradual (GOMES, 2015).
Ainda em meados do século XIX, a relação crucial entre o DM e o fígado foi descoberta
por meio de estudos fisiológicos liderados por Claude Bernard, na França, nos quais
demonstrou que a glicose circulante no sangue dos pacientes é originada, em parte, do
glicogênio, conhecido por ser a reserva energética do fígado (BARNETT; KRALL, 2009).
Outro aspecto marcante na história do diabetes foi sua associação com outro órgão
fundamental, o pâncreas. Oskar Minkowki e Joseph Von Mering descobriram, em 1889, que a
falta do pâncreas, de alguma maneira, estava relacionada com o diabetes. Para chegarem a
esta conclusão, extraíram o pâncreas de um cão e este passou a apresentar os mesmos
16
sintomas dos indivíduos diabéticos, a excreção de urina em excesso e a presença de glicose na
urina (TSCHIEDEL, 2014).
A suposição de que o pâncreas teria dois tecidos celulares distintos foi feita por Paul
Langerhans, em 1869, todavia, foi em 1900 que Eugene Opie constatou que o diabetes estava
relacionado à função endócrina do órgão, representada pelas ilhotas de Langerhans. (GOMES,
2005).
Frederick Bating e Charles Best foram figuras imprescindíveis na história do diabetes,
já que, em 1921, descobriram uma substância elementar para o tratamento e sobrevida dos
pacientes, a insulina. Em 1922 foi feito o isolamento da secreção interna pancreática e a
injeção da mesma pela primeira vez em um menino de 11 anos de idade, Leonard Thompson,
que apresentou melhora. Esta descoberta foi um grande marco na ciência, sendo estudada até
os dias de hoje (GOMES, 2005).
1.2 Aspectos Gerais
O Diabetes mellitus (DM) é uma das principais doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT) presentes no mundo pós-moderno, sendo, em sua maioria, consequência de hábitos
de vida prejudiciais à saúde, como má alimentação, uso abusivo de álcool, drogas e tabaco,
sedentarismo e obesidade. Uma DCNT caracteriza-se por ter origem multifatorial, de
prognóstico geralmente incerto, progressão lenta e duração longa ou indefinida, podendo ser
sintomática ou não e ter períodos de agudização (WHO, 2005).
Segundo a Organização Mundial da Saúde [do inglês, (World Health Organization
WHO), 2016], o DM é a doença com maior ascensão no mundo nas últimas décadas, tendo a
quantidade de afetados quadruplicada de 1980 até os dias atuais. Em 2014, estimou-se a
existência de pelo menos 422 milhões de adultos, com mais de 18 anos de idade, com diabetes
no mundo (NCD Risk Factor Collaboration, 2016). Ainda assim, em 2015, a doença atingiu a
marca de sexta principal causa de morte no mundo (WHO, 2017). É responsável por 14,5% da
mortalidade mundial por todas as causas, sendo maior do que a soma dos óbitos causados por
doenças infecciosas (International Diabetes Federation, 2015). Logo, os impactos à saúde
pública são brutais, e tendem a se agravar, já sendo considerada uma grave epidemia mundial.
17
De modo geral, o DM é uma doença metabólica que acarreta diversas alterações no
metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídios no organismo. Sua principal característica é
a hiperglicemia, ou seja, o aumento da glicose circulante no sangue. Tal ocorrência se deve ao
fato de que a insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, não é capaz de transferir a glicose
existente no sangue para as células dependentes deste hormônio, seja por falhas na produção
de insulina (DM1) ou nos receptores de insulina da célula, que não a reconhecem e/ou tem
baixa sensibilidade a ela (DM2) (Expert Committee on the Diagnosis and Classification of
Diabetes Mellitus, 1997).
O diabetes está associado a diversas doenças como hipertensão arterial, dislipidemias,
obesidade e doenças cardíacas. As complicações crônicas vasculares são responsáveis por
80% das mortes em pessoas com a doença, sendo três vezes maior do que na população em
geral. Dentre elas, existem as microvasculares, que incluem a nefropatia, retinopatia e
neuropatia diabética, e as macrovasculares, que podem provocar acidente vascular cerebral
(AVC), doença vascular periférica, nos membros inferiores, e infarto agudo no miocárdio
(TSCHIEDEL, 2014).
O Diabetes mellitus classifica-se em três tipos principais: o gestacional, o tipo 1
(insulino dependente) e o tipo 2 (não insulino dependente) (ADA, 2009).
1.3 Classificação do Diabetes mellitus
1.3.1 Diabetes mellitus gestacional
O Diabetes mellitus gestacional (DMG) é uma das principais complicações durante a
gravidez, afetando de 1% a 37,7% das gestantes, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes
(SBD, 2017), dependendo da população estudada. No Brasil, a prevalência no Sistema Único
de Saúde (SUS) é de cerca de 18%. A doença pode ser diagnosticada geralmente no segundo
ou terceiro trimestre de gravidez. Trata-se de um aumento significante na concentração de
glicose no sangue materno durante a gestação, causando, consequentemente, hiperglicemia no
feto. Essas taxas podem normalizar após o parto, bem como podem permanecer no pós-parto,
caracterizando-se como um importante fator de risco para o desenvolvimento de DM2
(Diretrizes da SBD, 2017-2018).
18
Os principais fatores de risco do diabetes gestacional são: idade de 35 anos ou mais;
sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez; deposição central excessiva de
gordura corporal; história familiar de diabetes em parentes de primeiro grau; crescimento fetal
excessivo, polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez; antecedentes obstétricos de
abortamentos de repetição, malformações, morte fetal ou neonatal ou macrossomia; síndrome
de ovários policísticos; baixa estatura (BRANCHTEIN et al., 2000).
1.3.2 Diabetes mellitus tipo 1
O Diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é mais frequente em pessoas com idade inferior a 30
anos, geralmente em crianças e adolescentes, e sua causa específica ainda não é totalmente
conhecida. Contudo, sabe-se que é uma doença autoimune, caracterizada pela destruição ou
disfunção das células beta (β) presentes no pâncreas. Estas são responsáveis pela secreção do
hormônio insulina, o que garante que as células que dependem deste hormônio sejam capazes
de obter glicose para suas funções vitais. Desta maneira, com a produção hormonal destas
células comprometida, os indivíduos come DM1 tornam-se insulinodependentes apresentando
alterações metabólicas graves sendo indispensável a insulinoterapia para sua sobrevivência
(Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus, 1997).
1.3.3 Diabetes mellitus tipo 2
O Diabetes mellitus tipo 2 (DM2) acomete 9 em cada 10 pessoas com diabetes, segundo
à Sociedade Brasileira de Diabetes (Diretrizes da SBD, 2014-2015). Todavia, embora seja o
mais frequente e com o crescimento mais significativo, é também o que mais pode ser
evitado, pois é determinado por fatores majoritariamente ambientais e passíveis de
modificação. Além disso, é o que apresenta maior comorbidade, ou seja, manifesta a
existência de mais de uma doença relacionada simultaneamente.
O DM2 é uma doença em que os receptores de insulina da célula não reconhecem este
hormônio produzido pelo pâncreas e/ou tem baixa sensibilidade a ele, fazendo com que o
pâncreas produza mais insulina gerando, assim, resistência insulínica. Tais circunstâncias
impedem a inserção da glicose no interior das células-alvo, causando, além do déficit de
19
energia, que seria necessária para as funções vitais do corpo, um acúmulo de glicose na
corrente sanguínea, acarretando diversas complicações para o organismo (GINSBERG, 2000).
Geralmente, a doença ocorre em pessoas com mais de 40 anos, embora a incidência em
jovens esteja aumentando drasticamente. Em uma revisão publicada no The Lancet Diabetes
& Endocrinology (LASCAR et al., 2018), os pesquisadores constataram que o número de
jovens com DM2 triplicou a partir dos anos 90, em que era 4%. Este aumento se deve à
explosão da obesidade, decorrente do sedentarismo e hábitos alimentares equivocados.
Estima-se que cerca de 40% das pessoas no mundo tem IMC> 25 kg/m², o que já caracteriza
sobrepeso, e que dentre os indivíduos com DM2, 28,6% tem sobrepeso e 61,7% são obesos,
totalizando 90,3% (MASMIQUEL et. al, 2016).
Embora a doença compreenda fatores genéticos importantes, são os ambientais que
demandam intervenção. Neste sentido, o DM2 pode ser prevenido e controlado através da
mudança no estilo de vida (ERIKSSON; LINDGARDE, 1991).
O pré-diabetes foi apontado em 1997 e 2003 pelo Expert Committee on the Diagnosis
and Classification of Diabetes mellitus como uma condição que afeta um grupo de indivíduos
que apresenta concentração de glicose no sangue muito elevados para serem considerados
normais (glicemia de jejum entre 100-125 mg/dL, segundo SBD, 2014), porém abaixo do que
os classificaria como diabéticos (glicemia de jejum ≥ 126mg/dL). Contudo, permeiam uma
condição de alto risco para o desenvolvimento de DM2. Para estes, a prevenção através da
mudança de estilo de vida seria fortemente indicada, sendo capaz de postergar ou até mesmo
evitar a doença.
A prevenção da DM2 integra o Programa de Prevenção ao Diabetes [do inglês, Diabetes
Prevention Program (DPP)], que tem como principais metas intervencionistas atingir um
mínimo de 7% de perda de peso e um mínimo de 150 minutos de atividade física por semana,
semelhante a uma caminhada rápida. O estudo consistiu em um ensaio clínico com duração de
2,8 anos para inferir se a intervenção no estilo de vida ou uso da terapia farmacológica
metformina impediria ou retardaria o início de diabetes em pessoas com alto risco. Ambas
foram eficazes, porém, a intervenção no estilo de vida reduziu em 58% a incidência de
diabetes, contra 31% nos que foram tratados com o medicamento (LINDSTRÖM et al., 2003).
Assim como o DPP, o Estudo Finlandês de Prevenção ao Diabetes [do inglês Finnish
Diabetes Prevention Study (DPS)] foi extremamente significante na literatura para reforçar a
20
hipótese de que a intervenção no estilo de vida é eficiente na prevenção primária do DM2. O
estudo contou com 522 adultos em grupo de risco para diabetes, os quais foram divididos
aleatoriamente em grupo ―controle‖ e ―estilo de vida‖. Após três anos de acompanhamento,
dispondo de orientação nutricional, prática de atividade física supervisionada por um personal
trainer, participação em grupos de estudos, aulas de culinária e visitas a supermercados, a
incidência de DM2 no grupo ―estilo de vida‖ foi 58% menor do que no grupo ―controle‖
(LINDSTRÖM et al., 2003).
O Estudo chinês de Da Qing de Prevenção ao Diabetes (do inglês, China Da Qing
Diabetes Prevention Study) corroborou com estes estudos. Randomizou 577 indivíduos em
quatro grupos: ―controle‖, ―apenas dieta‖, ―apenas exercício físico‖, ―dieta vinculada ao
exercício físico‖, durante 6 anos. O grupo ―controle‖ apresentou maior incidência de diabetes
em comparação com os outros grupos (PAN et. al, 1997). Após 20 anos deste ensaio, um
relatório de acompanhamento observou que os indivíduos do grupo ―dieta vinculada ao
exercício físico‖ continuaram a se beneficiar, tendo redução de risco próxima a da fase de
intervenção (LI et al., 2008).
O Estudo da Saúde de Enfermeiros [do inglês, Nurses Health Study (NHS)], conduzido
pelo Departamento de Nutrição da Harvard School Public Health, constatou que grande parte
dos casos de Diabetes mellitus tipo 2 pode ser evitado com a adoção de um estilo de vida
saudável. O estudo foi realizado com enfermeiras americanas consideradas grupo de baixo
risco devido à associação de cinco variáveis: IMC inferior a 25; dieta rica em fibras e gordura
polinsaturada, baixa em gordura trans e de baixo índice glicêmico; atividade física diária por
pelo menos 30 minutos; ausência de tabagismo; e o consumo diário de no máximo meia dose
de bebida alcoólica. Após 16 anos de acompanhamento, o risco de desenvolver diabetes
diminuiu em 91% (HU et al.,2001).
Enfim, inúmeros estudos apontaram a importância da mudança de estilo de vida para
prevenir ou retardar o DM2 a partir da inclusão de hábitos saudáveis à rotina. É relevante
ressaltar que o tratamento medicamentoso demonstra ser eficaz, no entanto, não é mais
benéfico do que os métodos naturais, como dieta apropriada e prática de atividade física
(ADA, 2011).
21
Desta forma, o controle da doença se dá através de três pilares principais: um programa
nutricional adequado, a prática de atividade física regular e o uso de medicamento caso seja
necessário (PAN et al., 1997).
Tal associação entre exercícios físicos e dieta balanceada presume a redução de peso e
de medidas, como de circunferência abdominal, de percentual de gordura e de índice de massa
corporal (IMC). Todos os elementos citados são aspectos intrínsecos à obesidade, sendo,
portanto, fatores de risco para o diabetes (WHO, 2003). Logo, as pessoas propensas a
adquirirem a doença podem reverter esta condição, e os diagnosticados podem controlá-la.
1.3.3.1 Atividade física
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2015), a atividade física aeróbica de
baixa/média intensidade e longa duração possibilita ao músculo uma melhoria no
aproveitamento do oxigênio e dos combustíveis existentes no sangue, ao passo que o
exercício de resistência causa hipertrofia e força de contração. Ambos os exercícios, aeróbico
e de resistência, reduzem os níveis de glicose do sangue e aumentam a sensibilidade do
receptor à insulina. Este processo ocorre, principalmente, devido ao aumento da expressão de
GLUT4 nas células dos músculos esqueléticos, transportador encarregado de conduzir a
glicose para dentro da célula, otimizando seu funcionamento. Todavia, o exercício de
resistência tem maior probabilidade de induzir o ganho de massa muscular e,
consequentemente, maior capacidade de captação de glicose, devido à uma via independente
da ação da insulina através da contração muscular (SIGAL et al., 2004; SCHRAUWEN et al.,
2002; RICHTER, 2013).
Diversos estudos comprovam que a atividade física para diabéticos é de suma
importância. Uma pesquisa realizada recentemente randomizou Ratos Wistar em quatro
grupos: ―controle sedentário‖, ―controle treinado‖, ―diabético sedentário‖ e ―diabético
treinado‖. O Diabetes mellitus foi induzido farmacologicamente nos dois grupos de
diabéticos. O treinamento físico, que incluía natação 5 dias por semana, foi aplicado nos dois
grupos treinados durante 6 semanas. Ao fim do experimento pode-se averiguar que houve
uma melhora acentuada no metabolismo hepático e diminuição do diâmetro mitocondrial do
fígado, além de restaurar o peso corporal e glicogênio hepático no grupo ―diabético treinado‖.
Desta forma, este estudo sugere uma diminuição na hiperfunção mitocondrial, que ocorre em
22
diabéticos como tentativa de prevenir uma esteatose hepática, que se traduz em um acúmulo
de gordura no fígado (PETERSEN, 1977; KUGA, 2018).
1.3.3.2 Dieta alimentar
O Departamento de Nutrição e Metabologia da Sociedade Brasileira de Diabetes sugere
um programa nutricional com alimentação balanceada para o controle da glicemia. Nele, está
prescrita uma dieta hipocalórica; o fracionamento de refeições; a ingestão de alimentos
naturais ricos em fibras (que retardam a velocidade com que a glicose chega o sangue,
evitando picos glicêmicos, e consequentemente, de insulina), vitaminas e antioxidantes; a
diminuição de industrializados, o que acarreta em um menor consumo de lipídios,
principalmente ácidos graxos saturados e trans; redução do sódio; maior consumo de vegetais,
como hortaliças, frutas, cereais pouco refinados e leguminosas (SBD, 2009).
O consumo de alimentos ricos em fibras alimentares é essencial para prevenir e
controlar o DM2. Segundo a Associação Americana de Químicos de Cereais [do inglês,
American Association of Cereal Chemists (AACC)], fibra alimentar pode ser definida da
seguinte forma:
A fibra da dieta é a parte comestível das plantas ou
carboidratos análogos que são resistentes à digestão e absorção
no intestino delgado de humanos com fermentação incompleta
ou parcial no intestino grosso. A fibra da dieta inclui
polissacarídeos, oligossacarídeos, lignina, e substâncias
associadas às plantas. A fibra da dieta promove efeitos
fisiológicos benéficos, incluindo laxação, e/ou atenuação do
colesterol do sangue e/ou atenuação da glicose do sangue
(FILISETTI, 2006).
De acordo com sua classificação quanto à solubilidade em água, as fibras podem ser
solúveis ou insolúveis. As solúveis são as pectinas, as mucilagens, as gomas, as inulinas e
algumas hemiceluloses, e são encontradas em leguminosas, farelo de aveia, cevada, frutas e
verduras. Estas, por terem a capacidade de se dissolver em água formam géis, tendo alta
viscosidade não sendo digeridas no intestino delgado. Assim, a fermentação ocorre com
facilidade no intestino grosso através da flora bacteriana lá existente. Logo, as fibras solúveis
são responsáveis por retardarem o esvaziamento gástrico e a absorção intestinal dos
nutrientes. (BERNAUD e RODRIGUES, 2013).
23
Apesar de as fibras solúveis diminuírem a glicemia após a ingestão de carboidratos
(JENKINS et al., 2002), são as insolúveis que estão mais associadas à redução do risco de
DM2 (SCHULZE et al., 2007; MUNTER et al., 2007), já que auxiliam na redução de peso por
terem fermentação limitada, proporcionando um efeito de saciedade e induzindo o
peristaltismo intestinal. As insolúveis são as ligninas, celuloses e algumas hemiceluloses, e
tem como principais fontes grãos e cereais integrais, verduras e farelo de trigo (BERNAUD e
RODRIGUES, 2013).
Embora os alimentos ricos em fibras sejam fundamentais para uma alimentação
saudável por contribuírem no controle da velocidade com que o açúcar é liberado no sangue
(índice glicêmico), é pertinente frisar que a carga glicêmica é depende da quantidade de
carboidrato existente em certa porção de alimento. Portanto, é necessário ponderar as calorias
destes alimentos, pois o consumo em excesso de alimentos com alto teor de carboidrato pode
acarretar no ganho de peso, o que aumenta o risco de DM2.
1.3.3.3 Justificativa
Não obstante os inúmeros estudos sobre a eficácia do tratamento do DM2 com
programa nutricional e prática de atividade física regular, a adesão não é unânime. Desta
maneira, é pertinente a análise dos pacientes com DM2 e de seu desempenho. Assim sendo,
este estudo é de suma importância para a saúde pública, de forma a tentar entender a razão
pela qual há falhas na aderência ao tratamento.
Além disso, este estudo é pertinente para que a comunidade acadêmica estudiosa da área
da saúde compreenda o perfil das pessoas com DM2, sendo capazes de identificar aqueles que
apresentam desempenho insatisfatório no que diz respeito ao autocuidado.
24
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
O trabalho tem como objetivo avaliar o índice de adesão à mudança de estilo de vida de
pessoas com Diabetes mellitus tipo 2, ou propensas a adquirirem a doença. Além disso, tem
como propósito tentar identificar alguns dos possíveis motivos pelos quais aqueles que não
demonstraram adesão ao tratamento teriam para tal postura.
2.2 Objetivos específicos
- Identificar o perfil do participante, como idade, sexo, escolaridade e se tem propensão
genética à doença;
- Analisar se estão seguindo plano alimentar e praticando atividade física regular;
- Avaliar a adesão dos portadores ao tratamento nutricional, físico e medicamentoso;
- Tentar compreender as dificuldades auto relatadas dos pacientes em cumprir o
tratamento;
- Verificar, conforme autoanálise do acometido se os indivíduos estão, de fato,
comprometidos com o tratamento.
25
3 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada no período temporal de Março de 2018 à Junho de 2019.
Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica em sites de pesquisa científica
como Pubmed e Scielo e livros sobre o tema Diabetes mellitus, com o intuito de enquadrar
teoricamente o trabalho. A partir disso, foi efetuada uma pesquisa descritiva, com a coleta de
dados em forma de questionário.
3.1 Tipo do estudo
Trata-se de um estudo observacional transversal descritivo, de caráter quantitativo.
O estudo é considerado observacional transversal quando os dados são coletados em um
único instante de tempo. ROUQUAYROL, 1994 define a pesquisa transversal: ―é o estudo
epidemiológico no qual fator e efeito são observados num mesmo momento histórico e,
atualmente, tem sido o mais empregado‖.
Tem caráter descritivo, com registros e descrições dos fatos observados sem a
interferência do pesquisador.
Quanto ao tipo de abordagem, é classificada como quantitativa, apresentando aspectos
descritivos para a análise detalhadas do tema que permite promover resultados estatísticos e
compará-los com dados encontrados anteriormente na literatura. Neste trabalho foi
apresentada a tabulação da frequência das respostas obtidas.
3.2 Local do estudo
Por se tratar de uma pesquisa com coleta de dados via questionário online, o estudo não
tem localidade específica.
3.3 Coleta de dados
Os dados foram coletados através de um questionário online onde uma amostra de 30
voluntários anônimos acessou e respondeu.
26
3.3.1 Questionário
A pesquisa foi realizada através da aplicação de um questionário virtual confeccionado
com auxílio do Google Forms, ferramenta da plataforma Google que permite a elaboração,
compartilhamento e disponibilização de formulários na web. O formulário desenvolvido foi
disponibilizado aos participantes por meio de um link. As pessoas diabéticas tipo 2 ou pré-
diabéticas que se prontificaram a participar da pesquisa foram convocadas através de
chamadas em redes sociais realizadas pela pesquisadora.
O questionário foi desenvolvido com a pretensão de tentar mapear a amostra para a
pesquisa se tornar mais abrangente e fidedigna. Foram utilizadas questões abertas, em que era
possível escrever, e fechadas, de múltipla escolha, visando, com esta diversificação, obter um
resultado mais confiável do perfil dos indivíduos e, com isto, tentar compreender
particularidades e dificuldades em modificar o estilo de vida. Ao fim do questionário havia
uma questão que instigava o participante a classificar seu nível de adesão ao tratamento em
uma escala numérica de 1 a 10.
3.4 Cálculo do IMC
O Índice de Massa Corporal (IMC) dos participantes deste estudo foi calculado com
base nos dados de peso e altura autodeclarados. Este índice é calculado dividindo o peso, em
quilogramas, pela altura, em metros, ao quadrado (WHO, 1995).
3.5 Apresentação e análise dos dados
A apresentação dos dados foi realizada com auxílio do programa Microsoft Excel. Foi
efetuada a tabulação por meio de tabelas dinâmicas e gráficos, que exibiram a frequência dos
fatores/respostas de uma mesma alternativa e a porcentagem entre as frequências. Esta
tabulação foi feita através da plataforma Google, que transfere automaticamente para as
tabelas e gráficos, as respostas obtidas no Google Forms, formulário online utilizado para a
elaboração dos questionários.
Posteriormente, a análise dos dados obtidos foi fundamentada a partir de comparações
dos mesmos com outros resultados já demonstrados na literatura, buscando, resgatar
informações apresentadas no levantamento bibliográfico da pesquisa, bem como comparar
com outros estudos.
27
4 RESULTADOS
Os resultados obtidos neste trabalho foram baseados nas respostas auto declaradas
fornecidas por 30 participantes através de um questionário. Dentre as 23 questões, 17 eram de
natureza fechada (1, 2, 3, 6, 8, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 18, 19, 21, 22 e 23), sendo 3 destas,
de resposta múltipla (13, 21 e 22) e o restante, de resposta única; e 6 abertas (4, 5, 7, 9, 17 e
20).
Para maior visualização do perfil dos participantes, foram confeccionados gráficos
contendo a frequência das respostas. Das 30 pessoas que participaram da pesquisa, foi
encontrada uma maioria de mulheres, sendo 17 indivíduos do sexo feminino (56,7%) e o
restante, 13 (43,3%) do sexo masculino, conforme apresentado na figura 1.
Sexo:
FIGURA 1 – Sexo dos participantes
Em relação à faixa etária dos participantes, todos tinham idade igual ou maior à 18 anos,
onde apenas 1 participante (3,3%), tinha menos de 30 anos, enquanto 4 pessoas (13,3%) entre
31 e 40 anos; 3 (10,0%) entre 41 e 50 anos; 7 (23,3%) entre 51 e 60 anos e 7 (23,3%) entre 61
e 70 anos. A maioria (8) dos indivíduos diabéticos ou pré-diabéticos que responderam ao
questionário proposto tinha mais de 70 anos, representando 26,7% das respostas, conforme
apresentado na figura 2.
28
Faixa etária:
FIGURA 2 – Faixa etária dos participantes
Das 30 pessoas que contribuíram com a pesquisa, apenas 1 (3,3%) apresentou Ensino
Fundamental incompleto, seguido por 2 pessoas (6,7%) com Ensino Fundamental completo.
Do total, 3 indivíduos (10,0%) não completaram o Ensino Médio, mas 5 pessoas (16,7%) o
fizeram. Quanto à escolaridade superior, 4 participantes (13,3%) não a completaram, mas a
grande maioria (9 pessoas, o que corresponde a 30,0%) tinha formação completa. Ainda, 6
participantes (20,0%) possuíam pós graduação, o que inclui os cursos de mestrado, doutorado,
especialização e aperfeiçoamento profissional (figura 3).
Escolaridade:
FIGURA 3 – Escolaridade dos participantes
29
Dos 30 participantes, nenhum se classificou como baixo peso (IMC < 18,5); 9 pessoas
(30,0%) tinham peso normal, apresentando IMC entre 18,5 e 24,9; 16 pessoas (53,3%) foram
classificadas como tendo sobrepeso (IMC entre 25,0 e 29,9), representando a maioria; e 5
indivíduos (16,7%) classificaram-se na faixa da obesidade I, tendo IMC entre 30,0 e 34,9.
Nenhum participante deste estudo apresentou obesidade II (IMC entre 35,0 e 39,9) e
obesidade III (IMC ≥ 40,0), conforme tabela 1.
TABELA 1 – Classificação segundo a OMS a partir do IMC e contagem dos indivíduos.
Quando questionados se tomavam algum medicamento para o diabetes, 18 pessoas
(60,0%) responderam que sim, contra 12 pessoas (40,0%) que responderam que não, de
acordo com a figura 4.
Toma algum medicamento para o diabetes?
FIGURA 4 – Utilização de medicamentos para tratar o diabetes
Classificação IMC n Porcentagem
Baixo peso <18,5 0 0,0%
Peso normal 18,5 - 24,9 9 30,0%
Sobrepeso 25,0 - 29,9 16 53,3%
Obesidade I 30,0 - 34,9 5 16,7%
Obesidade II 35,0 - 39,9 0 0,0%
Obesidade III ≥ 40 0 0,0%
30
Servindo como continuação à questão anterior, aos que responderam que utilizam algum
medicamento para o diabetes, lhes foi questionado qual(is) seria(m) este(s) medicamento(s).
Partindo do pressuposto que era uma questão aberta e que poderiam apontar mais de um
medicamento, o total da contagem totalizou mais de 100,0%. A figura 5, representada abaixo,
foi construída a partir das respostas obtidas.
Dos participantes que declararam realizar tratamento medicamentoso, 12 (66,7%)
disseram utilizar Cloridrato de Metformina; 1 (5,5%) afirmou usar metformina + associação;
4 (22,2%), insulina; e 2 (11,1%), outro tipo de medicamento.
Qual medicamento utiliza?
18 respostas
FIGURA 5 – Medicamentos utilizado para tratar o diabetes
Em relação ao assunto ―atividade física‖, 18 dos participantes (60,0%) afirmaram
praticar alguma, contra 12 pessoas (40,0%), que não praticam (figura 6).
Pratica alguma atividade física?
30 respostas
FIGURA 6 – Prática de atividade física
31
Dos 18 participantes que disseram praticar alguma atividade física, alguns declararam
praticar mais de uma atividade, totalizando mais de 100,0% nas 18 respostas (figura 7).
A maior parte dos participantes (9) fazem caminhadas ou correm, seguido por 4 que
fazem hidroginástica, 4 que fazem ginástica localizada, circuito, musculação ou frequentam
aulas da academia, 2 que fazem pilates e 1 que pratica dança, 1 que joga futebol, 1 que luta
jiu-jitsu e 1 que adotou o ciclismo como uma de suas modalidades favoritas.
Qual(is) atividade(s) física(s) você pratica?
18 respostas
FIGURA 7 – Atividade física que o participante pratica
Em seguida, ao grupo que relatou praticar atividade física, lhes foi perguntado a
frequência com que praticam. Dos 18 (100,0%), apenas 1(5,6%) participante disse praticar
uma vez por semana; 5 pessoas (27,8%) praticam, em média, duas vezes por semana; 8
indivíduos (44,4%), três vezes por semana, o que caracteriza a maioria. Por fim, 2 pessoas
(11,1%) disseram praticar quatro vezes por semana, bem como outras 2 pessoas que dizem
praticar cinco vezes por semana. Nenhum dos participantes se exercita mais de cinco vezes
por semana, de acordo com a figura 8.
32
Quantas vezes por semana pratica atividade física?
FIGURA 8 – Frequência de atividade física praticada por semana
Quanto ao tempo médio que se exercitam por semana, 1 pessoa (5,6%) afirmou praticar
atividade física por até 30 minutos; 4 (22,2%), de 31 a 60 minutos; 4 (22,2%), de 61 a 90
minutos; 4 (22,2%) de 90 a 120 minutos; 1 (5,6%) disse se exercitar de 2 a 3 horas; e outras 4
pessoas (22,2%) informaram se realizar atividade física durante 4 horas por semana ou mais
(figura 9).
Quanto tempo médio por semana se exercita?
FIGURA 9 – Tempo de atividade física por semana
33
Ainda sobre atividade física, nenhum participante a classificou como anaeróbica; 12
pessoas (66,7%) classificaram como atividade mista e 6 pessoas (33,3%) como aeróbica,
como representado na figura 10.
Como classifica sua atividade física?
FIGURA 10 – Tipo de atividade física praticada
Quando questionados sobre se recebem auxílio durante a atividade física praticada, e
quem os acompanha, 9 pessoas (50,0%) alegaram praticar por conta própria; 11 pessoas
(61,1%), com acompanhamento do professor da academia; e 1 único participante (5,6%)
disse ter acompanhamento de personal trainer. Nesta questão, o participante poderia marcar
mais de uma opção, totalizando mais de 100% (figura 11).
Você pratica atividade física:
18 respostas
FIGURA 11 – Acompanhamento durante atividade física
34
Em relação ao tema alimentação, foram questionados se fazem acompanhamento
nutricional. Dos 30 participantes, 20 (66,7%) responderam negativo, contra 10 (33,3%), que
afirmaram receber auxílio (figura 12).
Faz acompanhamento nutricional?
30 respostas
FIGURA 12 – Acompanhamento nutricional
Dos 10 participantes que confirmaram o acompanhamento nutricional, 4 (40,0%)
disseram frequentar a nutricionista uma vez a cada dois meses; 5 (50,0%), uma vez a cada
três meses; e 1 (10,0%), uma vez por ano; e ninguém registou consultar a nutricionista uma ou
duas vezes por mês (figura 13).
Com que frequência consulta a nutricionista?
10 respostas
FIGURA 13 – Frequência da consulta com nutricionista
35
Das 30 pessoas, apenas 28 responderam à questão sobre a maneira com que descobriram
o diabetes, sendo que 21 (75,0%) descobriram através de exames de rotina, em oposição a 7
(25,0%), que perceberam sintomas característicos da doença (figura 14).
Como descobriu a doença?
28 respostas
FIGURA 14 – Maneira como a doença foi descoberta
O gráfico representado pela figura 15 foi confeccionado baseado nas respostas das
pessoas que afirmaram ter descoberto a doença através de sintomas, sendo, portanto, uma
questão aberta, podendo, assim, ter sido descrito mais de um sintoma.
Destas, 2 pessoas auto declararam ter tido tonturas; 2, cansaço; 2, perceberam urina em
excesso; 4 indivíduos relataram ter muita sede e/ou apresentar lábios secos, que são sinais de
desidratação. Outros sintomas como suor em excesso, tremores, desmaio, emagrecimento,
urina com espuma e ―na gravidez‖ foram mencionados, cada um por 1 pessoa.
Quais sintomas você teve?
7 respostas
FIGURA 15 – Sintomas
36
Aos 30 participantes iniciais, foi questionado se tinham algum familiar diabético,
porém, apenas 29 responderam a questão. Destes, 14 indivíduos (48,3%) afirmaram ter, em
contrapartida a 9 (31,0%), que indicaram não ter. O restante, 6 pessoas (20,7%), revelaram
não saber, de acordo com a figura 16.
Tem algum familiar diabético?
FIGURA 16 – Histórico familiar para diabetes
Dos 14 (100,0%) participantes que declararam ter ou ter tido algum familiar diabético, 1
(7,1%) informou ser do Tipo 1; 1 (7,1%), Gestacional; 2 (14,3%) declararam não saber; e 10
(71,4%), configurando a maioria, relataram ser do Tipo 2 (figura 17).
Qual o tipo de diabetes seu familiar tem/teve?
FIGURA 17 – Tipo de diabetes do familiar
37
Dos 30 participantes, 26 responderam à questão que indagava sobre o tempo de
tratamento com atividade física e/ou dieta. As respostas encontradas foram: 3 (11,5%)
responderam que não faziam; 4 (15,4%), que tratavam há menos de 1 ano; 8 (30,8%), entre 1
e 4 anos; 3 (11,5%), entre 5 e 9 anos; e 8 pessoas (30,8%), mais de 10 anos. O gráfico da
figura 18 foi formulado e separado em categorias a partir das respostas obtidas em questão
aberta.
Há quanto tempo faz tratamento com atividade física e/ou dieta?
26 respostas
FIGURA 18 – Tempo de tratamento com atividade física e/ou dieta
Sobre as dificuldades no tratamento, 29 pessoas responderam à questão, onde poderiam
ser marcadas todas as alternativas que se aplicassem, totalizando mais de 100,0%. Destas, 18
pessoas (62,1%) têm dificuldade em seguir o plano alimentar adequado; 10 (34,5%)
acreditam ser difícil iniciar a prática de uma atividade física; 12 participantes (41,4%)
consideram ser um grande obstáculo mantê-la; 5 pessoas (17,2%) afirmaram ter dificuldade
em usar a medicação prescrita; e somente 1 pessoa (3,4%) revelou não ter nenhuma
dificuldade, conforme a figura 19 indica.
38
Qual a sua maior dificuldade no tratamento?
FIGURA 19 – Dificuldades no tratamento
Com relação às maiores dificuldades no plano alimentar, 28 dos 30 participantes
responderam à questão. Nesta questão, assim como na anterior, poderiam ser assinaladas mais
de uma alternativa, de acordo com a particularidade de cada indivíduo.
As respostas obtidas foram: 9 (32,1%) tem dificuldades em restringir o consumo de
refrigerantes; 11 (39,3%) em trocar alimentos refinados por integrais; 14 (50%) em
restringir o consumo de doces; 11(39,3%) em diminuir o consumo de sal; 10 (35,7%) em
restringir o consumo de bebidas alcoólicas; 14 (50%) em aumentar a ingestão de água; 13
(46,4%) em restringir o consumo de alimentos industrializados; 10 (35,7%) em inserir
legumes e verduras no cardápio; 1 (3,6%) em diminuir o consumo de carboidratos; e 1
(3,6%) marcaram a opção outros, conforme a figura 20.
Qual(is) sua(s) maior(es) dificuldade(s) no plano alimentar?
28 respostas
FIGURA 20 – Dificuldades no plano alimentar
39
Na última questão, foi proposto que os participantes classificassem sua adesão ao
tratamento do diabetes, com a mudança do estilo de vida, numa escala de 1 (baixa adesão) a
10 (alta adesão). Das 30 pessoas que participaram da pesquisa, 29 responderam à esta questão,
onde 3 (10,3%) auto declararam que sua adesão era compatível com o número 4 da escala; 9
(31%) com o número 5; 3 (10,3%) com o número 6; 7 (24,1%) com o número 7; 5 (17,2%)
com o número 8; e 2 (6,9%) com o número 9. Nenhuma das pessoas assinalaram as opções 1,
2, 3 e 10, segundo a figura 21.
Como classifica sua adesão ao tratamento e mudança do estilo de vida, de 1 a 10?
FIGURA 21 – Índice de adesão ao programa nutricional e prática de atividade física regular.
40
5 DISCUSSÃO
5.1 Perfil dos participantes
Em relação aos resultados obtidos pode-se perceber que a maioria das pessoas
diabéticas ou pré-diabéticas do tipo 2 que participaram desta pesquisa são do sexo feminino,
embora esta diferença tenha pequena (57,7% das pessoas eram do sexo feminino e 43,3%, do
sexo masculino). Segundo dados já conhecidos, este contraste é mais significativo (MALTA
et. al, 2017; ROSSANEIS et. al, 2016), podendo indicar que o gênero feminino possui
maiores cuidados com a saúde, realizando com maior frequência exames de rotina e
procurando auxílio médico assim que detectam algum sintoma incomum, sendo
diagnosticadas mais precocemente em relação aos homens. Além disso, os resultados sugerem
que as mulheres têm maior interesse em participar de pesquisas como esta.
A faixa etária que prevaleceu nos resultados da pesquisa foi acima de 70 anos de idade,
seguido por entre 61 e 70 anos e entre 51 e 60 anos, apresentando, as duas últimas, a mesma
porcentagem de frequência. Este resultado se aproxima com o observado em outros estudos
(KHAWALI et. al, 2003; IBGE, 2014). Pode-se inferir que idosos são os mais acometidos
com a doença, podendo-se associar este fato com um distúrbio da célula beta, que diminui a
produção insulínica e a resistência a ela, causado devido às mudanças corporais ocasionadas
pelo envelhecimento (SBD, 2014). Além disso, pode-se vincular este resultado à possível
dificuldade que os idosos têm de acessar a informação quando se diz respeito à atividade
física e dieta. Outro fator que pode ter contribuído para este resultado é a grande
disponibilidade da maioria das pessoas com mais de 70 anos de idade para responder ao
questionário proposto, devido à aposentadoria.
Os resultados obtidos relacionados com a escolaridade foram, em geral, heterogêneos,
contendo respostas em todas as categorias. A maioria dos participantes possui Ensino
Superior completo (30,0%), seguido por pessoas com Pós-graduação (20,0%). Pessoas que
iniciaram, mas não concluíram o Ensino Superior também representa frequência relevante
(13,3%). Estes resultados revelam que a doença também afeta pessoas mais qualificadas e
com mais acesso à informação, possivelmente devido ao componente genético significante ou
ao estilo de vida pouco saudável. Porém, também se pode observar que uma fração dos
participantes possuem apenas o Ensino Médio completo (16,7%) ou incompleto (10%) e a
minoria possui apenas o Ensino Fundamental completo (6,7%) ou não o concluiu (3,3%).
41
Conforme analisado acima, é possível constatar, de acordo com os dados deste trabalho, que o
acesso à informação não é o fator principal de ocorrência da doença. No entanto, sabe-se que
a baixa escolaridade é um aspecto relevante, estando associada à maior prevalência de DM2,
como já observado em estudos anteriores (ISER et. al, 2014).
Em relação aos Índices de Massa Corporal (IMC) pode-se observar que a maioria dos
participantes (53,3%) está inserida na categoria sobrepeso. A segunda maior frequência
(30,0%) encontrada foi de pessoas com peso normal, seguido de pessoas classificadas com
obesidade I, porém um pouco menos frequente (16,7%). As classificações baixo peso,
obesidade II e obesidade III não foram encontradas. Os resultados obtidos associados ao IMC
distanciam-se moderadamente dos dados encontrados no estudo publicado na revista
Cardiovascular Diabetology, já mencionado anteriormente, que informa que dentre os
indivíduos com DM2, 28,6% tem sobrepeso e 61,7% são obesos (MASMIQUEL et. al, 2016).
Tal divergência pode ter ocorrido devido ao fato de que o IMC, analisado isoladamente, não é
capaz de indicar informações sobre a composição corporal da pessoa, como a localização da
gordura no corpo, a proporção de músculo e as diferenças sexuais (AHIMA; LAZAR, 2013).
Da mesma forma, é possível que as pessoas que se dispuseram a responder o questionário
tenham obtido algum tipo de sucesso no decorrer do tempo. Este argumento tem suporte no
dado da figura 18, onde percebe-se que aproximadamente 42% da amostra pratica atividade
física e/ou adere à dieta há pelo menos 5 anos.
Além disso, os resultados obtidos neste trabalho são inerentes ao perfil dos participantes
desta amostra, que dispõe de um n pequeno, onde a maioria deles tem mais acesso à
informação, o que se pôde observar no nível de escolaridade dos mesmos, tendo,
consequentemente, um maior grau de esclarecimento. Este fato pode ter contribuído para que
estes indivíduos se voluntariassem para responder ao questionário, o que demonstra uma
maior compreensão da relevância do tema. Pode-se ressaltar, portanto, que a amostra
analisada não corresponde à realidade da população brasileira.
5.2 Utilização de medicamento no tratamento
A maioria dos participantes (60,0%) declararam utilizar algum medicamento para o
tratamento do diabetes. Com base nesta informação, percebe-se que o tratamento
medicamentoso ainda é muito recorrente, o que, muitas vezes, acaba por desvalorizar o
42
tratamento com métodos naturais, fundamentados na mudança do estilo de vida, que tem
apresentado resultados surpreendentes, como foi evidenciado no Diabetes Prevention
Program (DDP), publicado pela revista Diabetes Care, em 2003. A utilização de fármacos é,
sem dúvida, uma ferramenta eficaz e mais fácil de ser aderida, porém, o tratamento baseado
na reeducação alimentar e prática de atividade física regular apresenta maiores benefícios à
saúde e pode, até mesmo, ser mais eficiente comparado com o tratamento medicamentoso
isolado (DDP, 2003).
Em relação aos medicamentos utilizados, a prevalência foi do cloridrato de metformina,
como já esperado, visto que esta droga é a principal prescrita por médicos, além de ser
fornecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O cloridrato de metformina possui mecanismo
de ação que induz o aumento da sensibilidade insulínica dos receptores celulares, causando,
consequentemente, a redução da hiperglicemia devido à maior internalização da glicose
(JOHANSEN, 1999; GIORGINO et. al, 2005; ZHOU et. al, 2001). Apenas uma pessoa
informou utilizar cloridrato metformina em associação com outro fármaco, o que produz
efeito semelhante. Outros 4 declararam usar insulina para tratar a doença, sendo que destes, 1
faz associação com o cloridrato de metformina.
5.3 Prática de atividade física no tratamento
Os resultados obtidos referentes à prática de atividade física apontaram que a maioria
(60,0%) se exercita, entretanto, grande parte dos participantes (40,0%) é sedentária. Este é um
aspecto relevante neste estudo, pois o sedentarismo é fator de risco para o DM2, sendo a
prática de atividade física regular, preventiva e curativa.
As respostas relativas à atividade física praticada e o tipo demonstraram que a maioria
declara realizar exercícios mistos (aeróbico e anaeróbico), o que corrobora com a
recomendação da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2015). Todavia, grande parte dos
participantes realiza apenas atividade física do tipo aeróbica, não usufruindo dos benefícios do
exercício de resistência (anaeróbico), apontados, também, pela SBD.
Do grupo de participantes que pratica atividade física, a maioria tem frequência igual à
três vezes por semana, seguido de duas vezes por semana. Em relação ao tempo médio
semanal de atividade física, a maioria das respostas se dividiu entre quatro categorias: de 31 a
43
60 minutos, de 61 a 90 minutos, de 90 a 120 minutos e 4 horas ou mais. Segundo a SBD
(2015), o ideal é 150 minutos de exercícios de intensidade moderada por semana, 75 minutos
de exercícios de alta intensidade por semana ou uma combinação de ambos. Comparando os
resultados obtidos com o recomendado, pode-se concluir que a maioria dos participantes deste
estudo não se exercita conforme o aconselhado quanto ao tempo médio semanal, apresentando
desempenho insuficiente.
Sobre o acompanhamento durante a prática de atividade física, a maior parte declarou
dispor do auxílio do professor da academia, porém, uma parcela considerável se exercita por
conta própria. Por um lado, o fato de praticar atividade física por conta própria parece
positivo, pois demonstra que a adesão é maior, já que requer persistência e disciplina para
continuar. No entanto, este também é o ponto negativo, pois é mais fácil de desistir. Outra
observação é que praticar atividade física por conta própria correlata o fato de que o exercício
é acessível a todos, independente da questão financeira, podendo ser realizado em qualquer
ambiente. Neste estudo, a modalidade da caminhada/corrida teve prevalência dentre as
atividades físicas mencionadas, indo ao encontro aos achados da literatura nacional, que
classificam a caminhada como principal atividade física realizada (MALTA et al., 2012).
Além disso, a Organização Mundial da Saúde lançou em 2018 um plano de ação global,
que incentiva os países, inclusive o Brasil, a reduzirem a inatividade física em 15% até 2030
por meio da melhoria dos ambientes públicos e criação de oportunidades para todos,
abrangendo práticas de caminhada, ciclismo, dança, jogos, esportes e recreação ativa (WHO,
2017).
5.4 Plano alimentar no tratamento
No que se refere à alimentação, a maioria não faz acompanhamento nutricional, mas dos
que o fazem, a maior parte consulta a nutricionista apenas uma vez a cada três meses. Depois,
a segunda resposta mais frequente foi uma consulta a cada dois meses; e, por último, uma vez
ao ano, o que deve caracterizar como um reajuste anual. O elevado número de pessoas que
não fazem o acompanhamento nutricional pode indicar que este cuidado com a alimentação
apresenta grande carência.
Em relação ao plano alimentar, os maiores desafios encontrados pelas pessoas que
participaram da pesquisa foram: restringir doces, aumentar a ingestão de água e restringir
44
alimentos industrializados, além de trocar alimentos refinados por integrais e diminuir o
consumo de sal. Sabe-se que o consumo de produtos alimentícios tem relação direta com o
diabetes, pois contêm elevada quantidade de açúcares, que desestabilizam a glicemia, levando
a picos glicêmicos. Isto não é interessante para o diabético tipo 2, visto que este tem
resistência à insulina, hormônio responsável por estabilizar o nível de glicose no sangue.
5.5 Modo de descoberta da doença, fatores genéticos e tempo de tratamento
Quanto ao modo de descoberta da doença, 75% informaram ter descoberto a partir de
exames de rotina, em contraponto a 25% que descobriu através de sintomas. Este resultado
sugere que a maioria dos participantes desta amostra realizam exames de rotina,
demonstrando preocupação com a saúde, fator que deveria afetar positivamente na adesão ao
tratamento. Já os que descobriram através de sintomas, provavelmente já vinham tendo
hábitos de vida menos saudáveis.
Dentre os sintomas descritos, os que apareceram com frequência foram: sede/lábios
secos, que são sinais de desidratação, tontura, cansaço e urina em excesso, sintomas típicos da
DM2, reforçando o que informa a SBD, 2017.
De fato, além dos importantes fatores ambientais, existe uma predisposição genética
relevante que contribui para o surgimento da doença, o que é possível ser observado nos
resultados da pesquisa. O predomínio de pessoas que possuem familiares diabéticos do tipo 2
valida essa afirmação e apoia-se na pesquisa que estuda as bases genéticas do DM2 (REIS et.
al, 2002; ALMGREN et. al, 2011).
5.6 Dificuldades no tratamento
As principais dificuldades apontadas no tratamento foram, em primeiro lugar, seguir o
plano alimentar; seguido das outras duas alternativas de mesmo objeto: atividade física.
Porém, ainda mais complexo do que iniciar a prática da atividade física é mantê-la, segundo
as respostas registradas. O uso da medicação prescrita apareceu como último fator de
dificuldade, com exceção aos que relataram não apresentar nenhuma, o que já era esperado,
por ser de mais fácil aderência e não necessitar tanto de disposição, disciplina e auto-controle.
45
Este aspecto corrobora com os resultados obtidos em outras pesquisas, que mostram que
existe uma elevada adesão ao tratamento medicamentoso (HANKÓ et al., 2007; GIMENES et
al., 2009).
O obstáculo predominante evidenciado nas respostas registradas está relacionado ao
plano alimentar. Uma das possíveis causas para tal seria a associação dos hábitos alimentares
com fatores mais complexos, os quais envolvem questões culturais, padrões enraizados
transmitidos no decorrer das gerações; econômicos, que tem relação com disponibilidade e
valor dos alimentos; valores afetivos e sociais, correlacionados com a aceitação de
paradigmas alimentares. O segundo maior aspecto limitante diz respeito à atividade física, o
que já demonstravam estudos realizados anteriormente (ASSUNÇÃO et. al, 2002;
HERNÁNDEZ-RONQUILLO et. al, 2003), que constataram baixa adesão à dieta e atividade
física.
5.7 Adesão ao tratamento programa nutricional e prática de atividade física regular
Finalmente, os participantes foram incentivados a classificarem seu índice de adesão ao
tratamento, que requer mudança do estilo de vida. A média foi de 6,2, o que configura uma
adesão relativamente baixa, de acordo com o perfil da amostra. Este resultado demonstra que,
em geral, as pessoas têm consciência de que não estão atingindo seu melhor desempenho
quanto ao tratamento. Porém, este não é o único parâmetro a ser utilizado para definir o índice
de adesão dos sujeitos, pois, por se tratar de uma questão auto declarada, há diversas outras
variáveis a serem consideradas. Além das informações obtidas através da última questão,
onde os próprios participantes classificam sua adesão ao tratamento, as questões anteriores
também são pertinentes, já que auxiliam a detectar padrões que expressam a adesão dos
mesmos.
As conclusões deste trabalho corroboram com resultados encontrados na literatura, que
indicam baixa adesão às recomendações de exercício físico regular e plano alimentar
adequado (BOAS et al., 2011; TORRES, 2004).
46
6 CONCLUSÃO
A pesquisa realizada demonstra que para esta amostra, caracterizada majoritariamente
por indivíduos adultos e bem instruídos, conforme os dados da escolaridade, a adesão ao
tratamento é relativamente baixa. Isto sugere que apesar da qualificação, discernimento e
acesso à informação, há outros componentes que são significantes na adesão.
Foi possível detectar que a principal causa para a baixa/média adesão está relacionada
com a dificuldade que os participantes têm em seguir um plano alimentar adequado. O
segundo fator causal preponderante indica a dificuldade em iniciar e, principalmente, manter
alguma atividade física.
Embora este estudo tenha uma amostra (n) pequena e com perfil, aparentemente, mais
intelectualizado e provido de informação, ele é importante para a saúde pública, visto que
contribui para um processo de compreensão das razões pelas quais o tratamento não é
cumprido em sua totalidade. Além disso, é relevante para a comunidade acadêmica da área da
saúde, pois pode auxiliar nas suas pesquisas, através da comparação do perfil das pessoas com
DM2. Com isto, profissionais da área podem ter mais subsídios para analisarem e estudarem
estratégias, quer sejam elas nutricionais, cognitivo-comportamental e/ou que propiciem a
prática de atividade física regular, visando a diminuição da prevalência do Diabetes mellitus
tipo 2 na população por eles atendida, bem como seu controle. Desta forma, se torna possível
a expansão do conhecimento e práticas de tratamento desta doença, beneficiando, assim, os
indivíduos com a doença e pessoas em risco para o Diabetes mellitus tipo 2.
Como sugestão para futuras pesquisas, propõe-se, além de estudar uma amostra maior e
mais representativa, aprofundar as causas intrínsecas às dificuldades apontadas neste estudo,
buscando compreender fatores psicológicos, emocionais e biológicos que podem contribuir
para a não aderência.
47
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