MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E APLICADAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA E AQUICULTURA
RODRIGO MELINS COSTA ARAUJO LUZ
ANÁLISE DA PESCA COMPETITIVA COSTEIRA NO ESTADO DE
SERGIPE
São Cristóvão – Se
2015
ii
RODRIGO MELINS COSTA ARAUJO LUZ
ANÁLISE DA PESCA COMPETITIVA COSTEIRA NO ESTADO DE
SERGIPE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como requisito para obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia de Pesca pela
Universidade Federal de Sergipe.
Orientadora:
Profª Drª Kátia de Meirelles Felizola Freire
São Cristóvão - Se
2015
iii
iv
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Edson Araújo e Tatiana Melins, que sempre acreditaram e me apoiaram dando
força para concluir este trabalho.
Aos meus irmãos, Eric e Ticiane, que sempre estão do meu lado para tudo.
A minha orientadora, Profª Kátia de Meirelles Felizola Freire, pela oportunidade e orientação.
Aos companheiros de graduação, Sérgio, Rosualdo, Adriano e demais, com os quais
compartilhei uma fase muito importante e marcante na minha vida profissional e pessoal.
Ao Prof. Jodnes Sobreira pelo estágio concedido no UNIAQUA.
À Profª Ana Rosa por tudo que fez por mim durante o curso de Engenharia de Pesca.
Aos companheiros de laboratório, Osmir, Rafael, Crismem e Ana Cláudia, por auxiliar no
trabalho de campo e de laboratório, tornando nosso ambiente de trabalho um pouco mais
descontraído.
Aos amigos e companheiros da Equipe de Pesca “Os Grauçás”, Paulo, Flávio, Carlos, Marcos,
Arnis, Bruno e Sérgio, que me acompanharam nas pescarias.
A todas as equipes filiadas à ASPA-BV que contribuíram doando os peixes para a realização
desse trabalho.
Aos membros da ASPA-BV por terem participado desse trabalho, respondendo aos
questionários que permitiram descrever o perfil dos pescadores esportivos.
Ao Presidente da ASPA-BV, Dr. Abdon Piedade Ralim, e demais diretores que nos
permitiram fazer essa pesquisa no campeonato de pesca.
Ao Projeto de Monitoramento Participativo do Desembarque Pesqueiro por ceder os dados
não publicados de captura do barbudo e do bagre-guriaçu utilizados nesse trabalho para o ano
de 2014.
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para realização desse trabalho. Meu muito
obrigado.
v
RESUMO
A pesca esportiva hoje é um dos esportes mais praticados no mundo. No Brasil, a
pesca amadora marinha é estruturada em torno de clubes de pesca. Em Sergipe, o Clube de
Pescadores Amadores de Molinetes (CPAM) foi o primeiro a ser formado, encerrando suas
atividades em 1992. A Associação Sergipana de Pesca Amadora Bons Ventos (ASPA-BV) foi
criada em 1993 e passou a organizar a maior parte dos eventos de pesca competitiva no
estado. Porém, pouco ainda se conhece sobre a pesca amadora no estado de Sergipe,
principalmente as espécies capturadas e o perfil e hábitos de pesca dos pescadores amadores.
Assim, este estudo foi desenvolvido com o objetivo de aumentar o grau de informação sobre a
pesca amadora em Sergipe. Foram acompanhadas nove das dez etapas do XXI Campeonato
Sergipano de Pesca realizado pela ASPA-BV em 2014 (a 2ª etapa ocorreu no estado da Bahia
e não foi incluída). Ao final do evento, os peixes foram amostrados e levados para análise no
Laboratório de Ecologia Pesqueira da Universidade Federal de Sergipe, onde foram
congelados e posteriormente identificados e medidos (comprimento total, zoológico e
padrão), assim como tiveram seu peso medido e o sexo e estágio de maturação gonadal
avaliados. Para análise do perfil dos pescadores esportivos foram aplicados questionários
durante o campeonato. Nas nove etapas do campeonato foram capturados 2794 peixes (449
kg), sendo amostrados 1725 peixes (61,7%), distribuídos em 14 famílias e 27 espécies. As
espécies mais comuns foram: Sciades proops (bagre branco, 74,7% em número),
Menticirrhus littoralis (tremitara, 8,2%) e Polydactylus virginicus (barbudo, 5,6%). O
tamanho mínimo de captura definido no regulamento do campeonato em 2014 foi 15 cm.
Com esse tamanho, Sciades proops e M. littoralis encontram-se imaturos. Assim, sugere-se o
aumento do tamanho de primeira captura para 20 cm. Notou-se que 100% dos pescadores
eram homens, com idade de 16-64 anos e renda mensal de 6-10 salários mínimos. Dos 75
pescadores entrevistados (50% dos sócios), todos praticam pesca na região costeira e
estuarina, 52 pescam também em água doce, 40 em região oceânica e apenas dois praticam a
pesca subaquática. As iscas mais utilizadas são camarão cinza (Litopenaeus vannamei;
100%), tainha (Mugil spp.; 93%) e sardinha (Clupeidae ou Engraulidae; 46%). Os alvos na
pesca costeira e estuarina são robalo, carapeba e xaréu e, na pesca oceânica, atum, dourado,
cavala e xaréu. Com esse estudo pretende-se ter uma maior compreensão da pesca amadora no
estado de Sergipe e estimular o desenvolvimento de trabalhos semelhantes em outros estados.
Palavras chave: Pesca amadora, pesca esportiva, campeonato, competição, peixe.
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Local, data, latitude e longitude das nove etapas do XXI Campeonato Sergipano de
Pesca Amadora Bons Ventos realizado em Sergipe em 2014. ................................................. 12
Tabela 2 - Composição das famílias e suas respectivas espécies, nomes comuns e número de
peixes capturados no XXI Campeonato Sergipano de Pesca Amadora Bons Ventos realizado
em Sergipe em 2014.. ............................................................................................................... 14
Tabela 3 - Profissão dos pescadores esportivos da ASPA-BV atuantes em 2014. ................... 24
Tabela 4 – Espécies-alvo e capturadas pelos pescadores filiados à ASPA-BV ....................... 27
Tabela 5 - Resposta dos pescadores esportivos da ASPA-BV sobre com quem aprendeu a
pescar e com quem pesca normalmente. .................................................................................. 28
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Distribuição de frequência do comprimento total do Sciades proops capturado no
XXI Campeonato Sergipano de Pesca Amadora Bons Ventos em 2014.. ............................... 16
Figura 2 - Produção comercial (Com) e amadora (Am) do Sciades proops no estado de
Sergipe nos anos de 2012-2014. ............................................................................................... 17
Figura 3 - Relação peso-comprimento para Sciades proops capturado pela pesca amadora na
costa de Sergipe em 2014. ........................................................................................................ 17
Figura 4 - Distribuição de frequência de Menticirrhus littoralis capturado nas rodadas do XXI
Campeonato Sergipano de Pesca Amadora Bons Ventos em 2014.......................................... 19
Figura 5 - Captura de M. littoralis no XXI Campeonato Sergipano de Pesca Amadora Bons
Ventos em 2014 ........................................................................................................................ 19
Figura 6 - Relação peso-comprimento para Menticirrhus littoralis capturado pela pesca
amadora na costa de Sergipe em 2014...................................................................................... 20
Figura 7 - Distribuição de frequência do comprimento total de Polydactylus virginicus
capturado nas rodadas do XXI Campeonato Sergipano de Pesca Amadora Bons Ventos em
2014. ......................................................................................................................................... 21
Figura 8 - Produção comercial e amadora de Polydactylus virginicus no estado de Sergipe nos
anos de 2012-2014. ................................................................................................................... 21
Figura 9 - Relação peso-comprimento para Polydactylus virginicus capturado pela pesca
amadora na costa de Sergipe em 2014...................................................................................... 22
Figura 10 - Idade dos pescadores esportivos da ASPA-BV atuantes em 2014 ........................ 23
Figura 11 - Renda mensal dos pescadores esportivos da ASPA-BV em 2014, em salários
mínimos (NA= não se aplica). 1 Salário mínimo = R$ 724,00 em 2014 ................................. 24
Figura 12 - Tamanho dos anzóis utilizados no campeonato (□) e fora do campeonato (■) pelos
pescadores esportivos da ASPA-BV em 2014. ........................................................................ 26
Figura 13 - Iscas mais utilizadas pelos pescadores esportivos da ASPA-BV em 2014. .......... 26
Figura 14 - Problemas observados pelos pescadores esportivos da ASPA-BV que afetam a
pesca amadora........................................................................................................................... 28
viii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 9
2. METODOLOGIA ............................................................................................................. 11
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 13
3.1. Análise da Ictiofauna ........................................................................................................................ 13
3.2. Perfil do pescador amador da ASPA-BV ................................................................................... 22
4. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 28
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 29
ANEXOS .................................................................................................................................. 35
ANEXO A - QUESTIONÁRIO DO PROJETO “PESCA ESPORTIVA MARINHA DE
SERGIPE"......................................................................................................................................................... 36
ANEXO B – REGULAMENTO XXI CAMPEONATO SERGIPANO DE PESCA
AMADORA BONS VENTOS DE ARREMESSO 2014 ................................................................... 39
ANEXO C - FOTOS DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE PEIXES CAPTURADAS NO XXI
CAMPEONATO SERGIPANO DE PESCA AMADORA BONS VENTOS EM 2014........... 47
9
1. INTRODUÇÃO
Desde a antiguidade, a pesca é uma fonte importante de alimentos, empregos e
benefícios econômicos para as pessoas que se dedicam a sua prática. Antes os recursos
aquáticos eram considerados de riqueza ilimitada. Mas, com o passar do tempo, houve um
grande avanço no conhecimento e na evolução das pescarias. Com isso, foi demonstrado que
os recursos aquáticos, apesar de serem renováveis, são limitados, necessitando assim de uma
atenção adequada para contribuir com o bem-estar nutricional, social e econômico (FAO,
1995). A pesca em geral é considerada uma das principais fontes de perturbação antrópica do
reino marinho, devido à sobrepesca de diversos estoques em todo o mundo (FAO, 2009).
De um modo geral, a prática da pesca amadora ainda é vista como inofensiva em
termos ecológicos, recebendo, portanto, menos atenção do que a pesca comercial (Lewin et
al., 2006). Por outro lado, países como os Estados Unidos, o Canadá e alguns países da
Europa vêm dando uma grande importância à pesca esportiva, procurando conhecer melhor a
sua prática, regulamentando e estimulando seu desenvolvimento (Matlock et al., 1988). A
pesca esportiva é muito praticada em todo mundo. Na América do Norte foi estimado que
existem cerca de 31.000 eventos de pesca realizados todos os anos em águas marinhas e rios,
eventos estes que geram grande desenvolvimento em algumas regiões (Schramm et al., 1991).
Estima-se que nos Estados Unidos existam 33,1 milhões de pescadores amadores (United
States Department of the Interior/Fish and Wildlife Service).
No Brasil, a atividade da pesca para muitos é um meio de obtenção de alimentos, mas
a pesca esportiva vem se desenvolvendo muito, principalmente nas últimas décadas, a qual
visa o turismo e o lazer, gerando, assim, recursos para a economia de diversas regiões
(Shrestha et al., 2002; Freire et al., 2012). O Brasil, por contar com mais de 12% de toda água
doce do mundo e um extenso litoral que abrange oito mil quilômetros de costa, tem condições
propícias para se tornar um dos principais destinos da pesca amadora em todo o mundo (GEO
Brasil, 2007). Além disso, o Brasil conta com uma diversidade ictiofaunística marinha (1239
espécies) e continental (3295 espécies) muito elevada (Froese & Pauly, 2015).
A lei que regulamenta a pesca esportiva no Brasil é a Lei 11.959, de 29 de junho de
2009, que define pesca amadora ou esportiva como uma atividade praticada por brasileiros ou
estrangeiros com a finalidade de lazer ou desporto (MPA, 2009). A pesca amadora pode ser
do tipo embarcada ou desembarcada. Ambas necessitam de licença para pesca, que é emitida
10
pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), sendo válida em todo território nacional. Em
2013, um total de aproximadamente 400 mil licenças foram emitidas no Brasil. Porém,
estima-se que haja no país um total de 6 milhões de pescadores esportivos (IPAAM, 2002).
De 2009 a 2015, o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) foi responsável por gerir
a pesca no país, inclusive a pesca amadora com seus milhões de pescadores esportivos e toda
a ampla cadeia produtiva que a atividade envolve. Com relação ao setor de pesca amadora, o
MPA promoveu o I Encontro Nacional da Pesca Amadora, em Brasília, nos dias 1 e 2 de
setembro de 2010, evento que contou com a participação de delegações de todos os estados
brasileiros (MPA, 2015). Atualmente, a responsabilidade de gestão da pesca passou para o
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Segundo Freire (2005), a pesca amadora no Brasil é estruturada em torno de clubes de
pesca os quais promovem vários eventos de pesca. Muitos destes clubes são filiados à
Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Aquáticos (CBPDS) e, portanto, seguem seus
regulamentos ao promoverem esses eventos. Porém, existem muitos clubes e associações que
não fazem parte da CBPDS e têm seus próprios estatutos e regulamentos. Nos estados da
região sudeste e na Bahia, são muito comuns eventos de pesca esportiva em águas marinhas
em busca dos agulhões e afins (Arfelli et al.,1994; Pimenta et al., 2001; Amorim & Silva,
2005). Poucos são os dados relativos à caça submarina recreativa. Em 1951, foi fundada a
Associação Brasileira de Caça Submarina (ABCS) no Rio de Janeiro, a qual realizou vários
campeonatos (Costa Nunes et al., 2012). Posteriormente, este esporte começou a se espalhar
pelo Brasil. O único trabalho científico encontrado sobre a pesca subaquática foi desenvolvido
através da análise quantitativa dos desembarques realizados por pescadores amadores
subaquáticos utilizando fotografias de três regiões da Bahia nos anos de 2006 a 2008 (Costa
Nunes et al., 2012).
O primeiro clube de pesca esportiva de beira de praia do Brasil foi fundado em 1923, e
o primeiro campeonato de pesca que se tem registro data de 1948, ambos no sudeste do
Brasil. No Nordeste, o primeiro clube de pesca a ser fundado foi o Pâmpano Esporte Clube
(PEC) no Rio Grande do Norte em 1954. Este clube ainda está em atividade, promovendo
diversos campeonatos de pesca (Alves, 2011). Ainda não se tem registros do número total de
clubes de pesca no Brasil. Na região nordeste, Freire (2010) estimou que existiam pelo menos
88 clubes de pesca, realizando em torno de 100 eventos anualmente. Poucos são os trabalhos
sobre pesca esportiva em campeonatos de pesca de beira de praia. No Nordeste, existem
11
apenas quatro: um em Ilhéus, na Bahia (Pinto-Nascimento, 2008), dois no Rio Grande do
Norte (Freire, 2005; Alves, 2011) e um no estado de Sergipe (Freire et al., 2014).
A história da pesca esportiva costeira em Sergipe começa em 1967 com a fundação do
Clube de Pescadores Amadores de Molinetes (CPAM) que promovia, além do Campeonato
Sergipano de Pesca, gincanas e torneios (Freire et al., 2014). Com o fechamento do CPAM
em 1992, foi criada a Associação Sergipana de Pesca Amadora Bons Ventos (ASPA-BV) em
1993. A ASPA-BV hoje tem no seu quadro de associados 150 sócios ativos (Paulo Crispim,
atual presidente da ASPA-BV, comunicação pessoal), promovendo vários eventos
anualmente. Com propósitos comparativos, deve-se notar que em 2014 foram emitidas 192
licenças em todo o estado (Michel Machado, IBAMA/MS, comunicação pessoal). Além da
pesca costeira, existem três empresas que realizam o turismo da pesca esportiva praticando o
pesque e solte: a Sergipe Sport Fishing, que tem como foco as águas estuarinas
principalmente dos rios São Francisco, Sergipe, Vaza Barris e Real (sergipesportfishing.com),
a Clytton Iaggo Fishing Guide (Clytton Iaggo, comunicação pessoal), nos rios Vaza Barris e
Real, e a Emsergipe.com que tem como foco a pesca oceânica (emsergipe.com).
O trabalho realizado por Freire et al. (2014) em Sergipe apresentou apenas os dados de
captura total proveniente de eventos de pesca esportiva, não apresentando detalhes da captura
por espécie, uma vez que o clube não coleta tal informação. Assim, esse trabalho foi
desenvolvido com o objetivo de caracterizar a ictiofauna capturada nos campeonatos de pesca
esportiva realizados na costa do estado de Sergipe e descrever o perfil dos pescadores
amadores locais.
2. METODOLOGIA
Sergipe possui um litoral de cerca de 150 km de extensão, que se estende desde a foz
do rio São Francisco, ao norte, na divisa com o estado de Alagoas, até a foz do rio Real, ao
sul, na divisa com o estado da Bahia (Oliveira, 2003). Vários eventos de pesca são realizados
ao longo de suas praias. Foram acompanhadas nove das dez etapas do XXI Campeonato
Sergipano de Pesca Bons Ventos realizado pela ASPA-BV em 2014, etapas estas que
aconteceram em seis praias do litoral sergipano (Tabela 1). A segunda etapa, realizada em
fevereiro, ocorreu na Praia de Costa Azul, no estado da Bahia, e, portanto, ficou fora desse
12
estudo. No mês de abril foi realizada a Gincana Norte-Nordeste de Pesca, que é promovida
pela ASPA-BV e, portanto, não houve etapa do campeonato devido ao envolvimento da
equipe técnica na organização daquele evento. No mês de julho também não foi realizada
nenhuma etapa devido ao mau tempo geralmente observado no inverno.
Tabela 1- Local, data, latitude e longitude das nove etapas do XXI Campeonato Sergipano de
Pesca Bons Ventos realizado em Sergipe em 2014.
Após o término de cada etapa, os peixes foram levados pelas equipes para o local de
pesagem, em sacos devidamente lacrados, de acordo com o regulamento da competição
(Anexo 1). Após a pesagem, os peixes foram cedidos pelas equipes e levados para análise em
laboratório. Não foi possível levar todos os peixes capturados nas etapas por dois motivos: o
tamanho mínimo de captura de 15 cm, de acordo com o regulamento do ano de 2014 para
todas as espécies (e assim muitos peixes capturados abaixo dessa medida foram liberados), e o
desejo de algumas equipes de levar os peixes para consumo próprio ou para doação. Nesse
caso, apenas foram amostrados os exemplares daqueles pescadores que concordaram em
ceder todos os exemplares capturados.
No Laboratório de Ecologia Pesqueira da Universidade Federal de Sergipe
(LEP/UFS), todos os peixes foram identificados utilizando as chaves de identificação contidas
em: Figueiredo, 1977; Figueiredo & Menezes, 1978, 1980, 2000; Menezes & Figueiredo,
1980, 1985; Carvalho-Filho, 1999; Szpilman, 2000, 2004; Carpenter, 2002a-c; Menezes et al.,
2003; Espírito-Santo, 2005; Garcia-Júnior, 2010. Realizou-se posteriormente a biometria de
cada exemplar utilizando ictiômetro com precisão de 1 mm: comprimento total (CT; cm),
Evento Etapa Local Data Latitude Longitude
Campeonato 2014 1ª Coqueirinho 12/01/2014 11°11'59"S 37°10'82"W
Campeonato 2014 3ª Praia da Costa 09/03/2014 10°53'63"S 36°59'94"W
Campeonato 2014 4ª Jubiabá 04/05/2014 11°21'26"S 37°17'93"W
Campeonato 2014 5ª Coqueirinho 08/06/2014 11°11'59"S 37°10'82"W
Campeonato 2014 6ª Jatobá 31/08/2014 10°46'89"S 36°52'88"W
Campeonato 2014 7ª Caueira 28/09/2014 11°14'73"S 37°13'09"W
Campeonato 2014 8ª Praia da Costa 19/10/2014 10°53'63"S 36°59'94"W
Campeonato 2014 9ª Jatobá 30/11/2014 10°46'89"S 36°52'88"W
Campeonato 2014 10ª Abaís 14/12/2014 11°16'73"S 37°15'34"W
13
comprimento padrão (CP; cm) e comprimento zoológico (CZ; cm). O peso total (PT; g) foi
medido utilizando balança digital com precisão de 0,01 g.
Para análise do perfil dos pescadores esportivos, foram aplicados questionários ao
longo do campeonato com os pescadores participantes do XXI Campeonato Sergipano de
Pesca Bons Ventos, com perguntas fechadas e abertas. O questionário constou de perguntas
relacionadas a questões sócio-econômicas, como profissão, salário, idade e sexo, e outras
perguntas relacionadas aos hábitos de pesca (Anexo 2).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. ANÁLISE DA ICTIOFAUNA
Nas nove etapas do XXI Campeonato Sergipano de Pesca Amadora Bons Ventos
realizadas em Sergipe no ano de 2014 foram capturados 2794 peixes, correspondendo a
aproximadamente 449 kg. Desse total, 1725 peixes (61,7%) foram amostrados, distribuídos
entre 14 famílias e 27 espécies. As famílias mais representativas em número de espécies
foram: Carangidae (5 espécies), Ariidae (4), Haemulidae (4), Tetraodontidae (3) e Sciaenidae
(2) (Tabela 2). As demais famílias apresentaram somente uma espécie.
As espécies com maior predominância foram: Sciades proops (Bagre branco, 74,7%
em número), Menticirrhus littoralis (Tremitara, 8,2%), Polydactylus virginicus (Barbudo,
5,6%), Aspistor quadriscutis (Bagre amarelo, 2,1%), Conodon nobilis (Coroca, 1,9%),
Caranx hippos (Xarelete, 1,7%), Sphoeroides testudineus (Baiacu, 1,2%) e Dasyatis guttata
(Arraia, 1,0%) (Tabela 2). As demais espécies obtiveram menos de 1% de frequência relativa.
Neste trabalho, a discussão será baseada nas três espécies que foram mais capturadas
no ano de 2014. Esses resultados estão diretamente relacionados com os aspectos biológicos
dessas espécies, como por exemplo, o habitat e o hábito alimentar.
14
Tabela 2 - Composição das famílias e suas respectivas espécies, nomes comuns e número de peixes capturados no XXI Campeonato Sergipano
de Pesca Amadora Bons Ventos realizado em Sergipe em 2014. Em negrito encontram-se as espécies com maior número de exemplares
capturados.
FAMÍLIA ESPÉCIE NOME COMUM
NOME
INGLÊS*
Nº DE
PEIXES
FREQUÊNCIA
RELATIVA (%)
Ariidae Sciades proops Bagre branco Crucifix sea catfish 1288 74,7
Aspistor quadriscutis Bagre amarelo Bressou catfish 36 2,1
Bagre bagre Bagre veleiro Coco sea catfish 6 0,3
Bagre marinus Bagre fidalgo
Gafftopsail sea
catfish 2
0,1
Carangidae Caranx hippos Xarelete Crevalle jack 30 1,7
Trachinotus goodei Barbari Great pompano 11 0,6
Trachinotus carolinus Pampo Florida pompano 3 0,2
Chloroscombus chrysurus Garapau Atlantic bumper 2 0,1
Oligoplites saurus Solteira Leatherjacket 1 0,1
Haemulidae Conodon nobilis Coroca Barred grunt 33 1,9
Genyatremus luteus Sauara Torroto grunt 5 0,3
Anisotremus surinamensis Pirambú Black margate 2 0,1
Pomadasys corvinaeformis Coroca branca Roughneck grunt 2 0,1
Sciaenidae Menticirrhus littoralis Tremitara Gulf kingcroaker 142 8,2
Cynoscion leiarchus Pescada branca Smooth weakfish 2 0,1
Tetraodontidae Sphoeroides testudineus Baiacu Checkered puffer 20 1,2
Lagocephalus lagocephalus Baiacu xaréu Oceanic puffer 3 0,2
Colomesus psittacus Baiacu pé de meia Banded puffer 3 0,2
Carcharhinidae Carcharhinus sp. Cação ‒ 1 0,1
Centropomidae Centropomus parallelus Robalo peva Fat snook 4 0,2
Dasyatidae Dasyatis guttata Arraia Longnose stingray 18 1,0
15
FAMÍLIA ESPÉCIE NOME COMUM
NOME
INGLÊS*
Nº DE
PEIXES
FREQUÊNCIA
RELATIVA (%)
Elopidae Elops saurus Ubarana Ladyfish 3 0,2
Engraulidae Lycengraulis grossidens Sardinha arenga Atlantic sabretooth 2 0,1
Gerreidae Eucinostomus melanopterus Carapicum Flagfin mojarra 7 0,4
Lobotidae Lobotes surinamensis Gereba Tripletail 1 0,1
Polynemidae Polydactylus virginicus Barbudo Barbu 96 5,6
Rhinobatidae Rhinobatos percellens Cação viola Chola guitarfish 2 0,1
Total Geral ‒ ‒ 1725 100
*Fonte: FishBase (Froese & Pauly, 2015).
16
Sciades proops
Durante as análises foi observado que o comprimento total do Sciades proops variou
de 12,0 a 60,5 cm, com média geral de 19,2 cm (Figura 1). A maioria dos exemplares
amostrados estavam imaturos (99,7%), encontrando-se somente duas fêmeas prontas para
desovar (CT: 45,5 e 50,5 cm). Segundo Azevedo et al. (2010), o tamanho de primeira
maturação do Sciades proops é de 36,6 cm.
A maior captura dessa espécie foi observada em setembro e dezembro (Figura 2).
Comparando-se com a pesca comercial, observou-se uma semelhança, com dois picos de
captura, um no primeiro semestre e outro no segundo semestre. Nota-se também que no
período do inverno as capturas são reduzidas tanto na pesca comercial quanto na pesca
amadora.
Figura 1 - Distribuição de frequência do comprimento total do Sciades proops capturado no XXI
Campeonato Sergipano de Pesca Amadora Bons Ventos em 2014. A linha vertical pontilhada indica o
tamanho de primeira maturação (36,6 cm) de acordo com Azevedo et al. (2010). A linha vertical
tracejada indica o tamanho mínimo de captura definido nas regras do campeonato (15 cm).
Os bagres da espécie Sciades proops pertencem à família Ariidae, sendo comumente
encontrados nas zonas tropicais e subtropicais em ambientes marinhos, estuarinos e em águas
interiores, geralmente em fundo lodoso ou arenoso (Araújo, 1988; Andreata et al., 1989). As
áreas costeiras e estuarinas são consideradas locais de alimentação, reprodução e abrigo desta
17
espécie (Gurgel et al., 2000). Os Sciades proops são carnívoros a detritívoros e seu hábito
alimentar é baseado em peixes e crustáceos (Froese & Pauly, 2015).
Figura 2 - Produção comercial (Com) e amadora (Am) do Sciades proops no estado de Sergipe nos
anos de 2012-2014 (Thomé-Souza et al., 2014a, b; UFS, no prelo).
Estimou-se a relação peso-comprimento para o S. proops: PT = 0,0047CT3,1139
.
Observa-se uma tendência à alometria positiva (b > 3; Figura 3).
Figura 3 - Relação peso-comprimento para Sciades proops capturado pela pesca amadora na costa de
Sergipe em 2014.
02468101214161820
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000Ja
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Dez
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ro
Pes
o c
aptu
rado n
a pes
ca a
mad
ora
(kg)
Pes
o c
aptu
rado n
a pes
ca c
om
erci
al
(kg)
Com 2012 Com 2013 Com 2014 Am 2014
y = 0,0047x3,1139 R² = 0,9712
0
200
400
600
800
1000
1200
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Pes
o T
ota
l (g
)
Comprimento Total (cm)
N = 1288
18
Menticirrhus littoralis
Duas espécies de tremitara ocorrem no Brasil, Menticirrhus americanus e
Menticirrhus littoralis. No campeonato de pesca acompanhado em 2014 no estado de Sergipe,
somente foi capturada a espécie M. littoralis, cujo comprimento total variou de 13,2 a 33,0 cm
(média: 23,9 cm; Figura 4). Esta espécie matura pela primeira vez aos 23 cm (Braun &
Fontoura, 2004), observando-se que muitos exemplares imaturos foram capturados. Um
número maior de fêmeas foi capturado, as quais tinham maior tamanho. Isso ocorre devido ao
fato da espécie se deslocar de águas mais profundas para águas mais rasas para se reproduzir
(Braun & Fontoura, 2004). Menticirrhus spp. desova em águas costeiras e os juvenis são
encontrados na zona de arrebentação (Teixeira et al., 1992). A maioria das fêmeas capturadas
estavam no estágio III (matura), sendo que em todos os meses foram encontradas fêmeas
maturas.
Menticirrhus littoralis foi uma das espécies que mais se destacaram durante o
campeonato, com 142 exemplares capturados. É comumente encontrada em águas rasas com
fundos arenosos ou lamacentos. Sua área de ocorrência é da Flórida (EUA) até o sul do Brasil
(Menezes & Figueiredo, 1980). Em um trabalho realizado em Ilhéus, M. littoralis também
teve uma grande representatividade nas etapas do campeonato interno do Clube de Pesca de
Ilhéus - CLUPESIL (10,3%) (Pinto-Nascimento, 2008). Alves (2011) também registrou a
captura da M. littoralis no campeonato do Rio Grande do Norte com 210 indivíduos.
Trabalhos realizados em praias arenosas do sul e sudeste do Brasil constataram elevada
abundância desta espécie na região costeira (Cunha, 1981; Zahorcsak et al., 2000; Godefroid
et al., 2003; Gomes et al., 2003; Gaelzer, 2005; Félix, 2006).
As maiores capturas no campeonato de pesca foram observadas em janeiro e dezembro
de 2014 (Figura 5). A comparação com a captura comercial em Sergipe não pôde ser efetuada
porque as capturas associadas ao nome comum papa-terra, de acordo com Thomé-Souza et al.
(2014a, b; UFS, no prelo), incluem as espécies Stellifer rastrifer, Stellifer brasiliensis e
Menticirrhus americanus, não sendo feita nenhuma referência a M. littoralis.
Estimou-se a relação peso-comprimento para o M. littoralis: PT = 0,0056CT3,1424
.
Observou-se também uma tendência à alometria positiva (b > 3; Figura 6).
19
Figura 4 - Distribuição de frequência da Menticirrhus littoralis capturado no XXI Campeonato
Sergipano de Pesca Amadora Bons Ventos em 2014. A linha vertical indica o tamanho de primeira
maturação de acordo com Braun & Fontoura (2004).
Figura 5 - Captura de M. littoralis no XXI Campeonato Sergipano de Pesca Amadora Bons Ventos em
2014.
0
5
10
15
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30
35
9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33
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Abso
luta
Comprimento Total (cm)
0
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2000
3000
4000
5000
6000
Cap
tura
(g)
20
Figura 6 - Relação peso-comprimento para Menticirrhus littoralis capturado pela pesca amadora na
costa de Sergipe em 2014.
Polydactylus virginicus
O barbudo, Polydactylus virginicus, ocorre desde os Estados Unidos até o sul do
Brasil (Cervigón, 1993). Seu habitat são os fundos arenosos e lamacentos das águas costeiras,
estuários e manguezais, sendo também encontrado ocasionalmente nas zonas de arrebentação
(Motomura, 2004). Nas etapas do campeonato, os exemplares capturados apresentaram
comprimento de 13,9 a 27,5 cm (média: 20,6 cm; Figura 7). Dos 96 exemplares amostrados,
41 eram fêmeas, 19 machos, 14 apresentavam os dois sexos (hermafroditas) e 22
indeterminados, sendo que 48,4% estavam maturos. Esta espécie apresenta caráter de
hermafroditismo (Santos et al., 1987), onde as fêmeas se transformam em machos. Isso pode
ser uma estratégia adotada para que a limitação de machos ou fêmeas não interfira na
perpetuação da espécie.
Pinto-Nascimento (2008) registrou, no campeonato interno de Ilhéus, uma elevada
participação de barbudos nos campeonatos, assim como Alves (2011) no estado do Rio
Grande do Norte. Em trabalhos realizados na zona de arrebentação, o Polydactylus spp. tem
uma alta freqüência de ocorrência, mas geralmente com pouca abundância (Godefroid et al.,
2003; Gomes et al., 2003; Gaelzer, 2005; Vasconcelos et al., 2007). O barbudo também tem
uma alta abundância em capturas noturnas (Félix, 2006).
y = 0,0056x3,1424 R² = 0,9435
0
50
100
150
200
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300
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400
0 5 10 15 20 25 30 35
Pes
o T
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l (g
)
Comprimento Total (cm)
21
Figura 7 - Distribuição de frequência do comprimento total de Polydactylus virginicus capturado no
XXI Campeonato Sergipano de Pesca Amadora Bons Ventos em 2014.
Foi observada uma maior abundância nos campeonatos nos meses de março e
dezembro de 2014 (Figura 8). Comparando-se com a produção pesqueira artesanal do estado,
principalmente em 2014, ano de realização do campeonato, não se encontra correspondência
(Thomé-Souza et al., 2014a, b; UFS, no prelo). Isso pode ocorrer em função da diferença de área
de atuação das duas pescarias.
Figura 8 - Produção comercial e amadora do Polydactylus virginicus no estado de Sergipe nos anos de
2012-2014 (Thomé-Souza et al., 2014a, b; UFS, no prelo).
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5
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8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
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Abso
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Comprimento Total (cm)
00,511,522,533,544,5
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Pes
o p
esca
am
adora
(kg)
Pes
o p
esca
com
erci
al (
kg)
Com 2012 Com 2013 Com 2014 Am 2014
22
Estimou-se a relação peso-comprimento para o P. virginicus: PT = 0,0064CT3,1396
,
observando-se uma tendência à alometria positiva (b > 3; Figura 9).
Figura 9 - Relação peso-comprimento para Polydactylus virginicus capturado pela pesca amadora na
costa de Sergipe em 2014.
Os ambientes de praias arenosas, em termos ictiofaunísticos, são considerados áreas de
alimentação e com elevada abundância de juvenis, como foi observada nas amostras
coletadas. A alta turbidez e turbulência destes ambientes colaboram para a proteção contra
predadores, além de elevada abundância de recursos alimentares e sua relevância para
reprodução de diversas espécies de peixes (Lasiak, 1986). Das espécies que foram capturadas
a maioria é considerada como não residente, sendo sua ocorrência em zonas de arrebentação
relativamente alta em algumas épocas do ano quando essas espécies utilizam sazonalmente a
área para alimentação e reprodução (Brown & Mclachlan, 1990; Felix, 2006).
3.2. PERFIL DO PESCADOR AMADOR DA ASPA-BV
Para a análise do perfil dos pescadores esportivos foram entrevistados 75 pescadores
esportivos filiados à ASPA-BV. Ficou evidenciado que 100% dos pescadores são do sexo
masculino, com idade variando de 16 a 64 anos (97,3% adultos e 2,6% adolescentes). A
maioria dos pescadores tem entre 32 e 48 anos (46,6%) (Figura 10). Em um trabalho realizado
y = 0,0064x3,1396 R² = 0,9711
0
50
100
150
200
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0 5 10 15 20 25 30
Pes
o (
g)
Comprimento Total (cm)
N = 96
23
em Ilhéus (BA), Pinto-Nascimento (2008) encontrou a maioria dos pescadores com idade
entre 36 e 54 anos. Basaglia & Vieira (2005) encontraram a maioria dos pescadores entre 40 e
45 anos no Rio Grande (RS) e Chiappani (2006), em um trabalho realizado em Vitória (ES),
observou que a idade dos pescadores recreativos variou entre 41 e 50 anos.
Figura 10 - Idade dos pescadores esportivos da ASPA-BV atuantes em 2014
Durante a análise dos dados foram observadas 31 profissões entre os pescadores
filiados à ASPA-BV, das quais as que mais se destacaram foram: empresário, vendedor,
corretor e funcionário público federal (Tabela 3). A categoria “outros” foi representada por
todas aquelas que incluíram apenas um pescador: comerciante, encarregado de manutenção,
técnico em radiologia, odontólogo, fisioterapeuta, técnico em operações, arquiteto, técnico em
petróleo e gás, gastrônomo, veterinário, técnico de segurança, bioquímico, webmaster,
professor e supervisor.
A renda mensal média da maioria dos pescadores foi de 6 e 10 salários mínimos
(34,6%) (Figura 11), a mesma observada por Chiappani (2006) em Vitória (ES). Em Ilhéus,
Pinto-Nascimento (2008) relatou que a maioria dos pescadores entrevistados recebe entre 2 e
5 salários mínimos e Basaglia & Vieira (2005) estimaram uma média de 3 a 5 salários
mínimos para os pescadores amadores em Rio Grande (RS).
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0-16 16-32 32-48 48-64
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%
Idade
24
Tabela 3 - Profissão dos pescadores esportivos da ASPA-BV atuantes em 2014.
Profissão Número %
Empresário 6 8,0
Vendedor 5 6,7
Corretor 5 6,7
Funcionário Público Federal 5 6,7
Contador 4 5,3
Funcionário Público Estadual 4 5,3
Médico 4 5,3
Advogado 4 5,3
Engenheiro Civil 4 5,3
Representante 3 4
Aposentado 3 4
Economista 3 4
Estudante 3 4
Bancário 3 4
Motorista 2 2,7
Administrador 2 2,7
Outros 15 19,5
Figura 11 - Renda mensal dos pescadores esportivos da ASPA-BV em 2014, em salários mínimos
(NA= não se aplica). 1 Salário mínimo = R$ 724,00 em 2014.
Apesar da licença de pesca amadora ser obrigatória para todos os pescadores amadores
maiores de 18 anos (sendo os aposentados isentos do seu pagamento), cinco pescadores não
possuíam a licença. Dos 70 que possuíam, 65 tinham a licença categoria A (desembarcado) e
0
5
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40
2-5 6-10 11-20 mais de 20 N A
Fre
quên
cia
rela
tiva
%
Salário
25
cinco tinham a licença categoria B (embarcado). Quanto aos hábitos de pesca, dos 75
pescadores entrevistados (50% dos sócios), todos praticam pesca na região costeira e
estuarina, 52 pescam também em água doce, 40 em região oceânica e apenas dois praticam a
pesca subaquática.
Todos os pescadores participantes do campeonato interno da ASPA-BV praticam tanto
a pesca de campeonato quanto a pesca fora dos campeonatos. O molinete é utilizado por
100% dos pescadores, seguido da carretilha (21,3%) e linha de mão (8%). A espessura do
nylon utilizado pelos pescadores durante o campeonato é de 0,14 a 0,50 mm e fora do
campeonato de 0,14 a 0,70 mm. Assim, observa-se o uso de linhas com maior espessura fora
do campeonato. O tamanho do anzol utilizado depende do tipo de evento (no campeonato ou
fora do campeonato) e do objetivo do pescador, seja capturar muitos peixes, peixes grandes
ou determinada espécie de peixe (Figura 12), sendo os maiores anzóis utilizados fora do
campeonato. O material dos anzóis mais utilizado é o níquel (100% dos pescadores), seguido
por inox (64%). O formato do anzol em J obteve 100% da preferência entre os pescadores. Já
o formato circular somente foi utilizado por 12% dos mesmos. Todos os pescadores utilizam
anzol com barbela. Segundo Chaves & Freire (2012) muitos pescadores não têm
conhecimento sobre os impactos sofridos pelos peixes após a soltura (pesque-e-solte). Um dos
problemas vistos frequentemente é quando o anzol permanece no peixe. Estudos realizados
sobre o grau de oxidação do níquel comprovou que os anzóis desse material são de fácil
ejeção (McGrath, 2011).
As iscas mais utilizadas pelos pescadores foram camarão cinza (Litopenaeus
vannamei; 100%), tainha (Mugil spp.; 93%) e sardinha (Clupeidae ou Engraulidae; 46%;
Figura 13). Fora do campeonato, 68% dos pescadores entrevistados utilizam iscas artificiais
em suas pescarias realizadas nos rios ou em áreas oceânicas.
A preferência do tipo de maré para os pescadores fora dos campeonatos foi a seguinte:
41,3% preferem pescar na maré grande (Lua cheia e Lua nova), 36,0% na maré de lançamento
(Quarto crescente), 16,0% na maré morta (Quarto minguante) e 6,6% em todas as marés. Um
total de 77,3% prefere pescar nos finais de semana, 16,0% sempre que pode e 6,6% todos os
dias. Os peixes capturados são consumidos por 96,0% dos entrevistados. Um total de 68,0%
afirma que comem ou doam o pescado e 4,0% doam. O pesque e solte é praticado por 40,0%
dos pescadores amadores estrevistados.
26
Figura 12 - Número dos tamanhos de anzóis utilizados no campeonato (□) e fora do campeonato (■)
pelos pescadores esportivos da ASPA-BV em 2014.
Figura 13 - Iscas mais utilizadas pelos pescadores esportivos da ASPA-BV em 2014.
Os pescadores entrevistados preferem a pesca de estuário e oceânica. No estuário, os
peixes mais cobiçados são: robalo, carapeba e xaréu (Tabela 4). Na pesca oceânica, as
espécies-alvo são atum, dourado, cavala e xaréu.
0
10
20
30
40
50
60
26 24 22 20 18 16 15 14 12 10 1/0 2/0 3/0 4/0 5/0 6/0 8/0
Fre
quên
cia
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ativ
a %
Tamanho do Anzol
Campeonato Fora do Campeonato
0
20
40
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80
100
120
Fre
quâc
ia r
elat
iva
%
Iscas
27
A maioria dos pescadores aprendeu a pescar com um amigo (52%) e/ou com o pai
(38%; tabela 5). Atualmente, 100% pescam com os amigos e 26,6% com o pai (Tabela 5).
Pinto-Nascimento (2008) observou que 43,1% aprenderam a pescar com o pai e 20,7% com
amigos. Já quando vão pescar, 36,5% pescam com amigos e 14,8% com o pai. Assim, apesar
de ser um conhecimento passado de pai para filho, há uma preferência pela pesca com
amigos.
Tabela 4 – Espécies-alvo e capturadas pelos pescadores filiados à ASPA-BV.
Planejado/capturado Planejado Capturado TOTAL
Carapeba 73 0 2 75
Robalo 52 0 23 75
Xareu 30 1 44 75
Cavala/serra 30 1 11 42
Coroca 25 0 50 75
Atum/Albacora 24 17 1 42
Raia 16 0 59 75
Barracuda/bicuda 4 1 46 51
Cacao 3 0 71 74
Dourado 2 12 21 35
Agulhao/marlin 1 22 0 23
Garoupa/mero/badejo 0 1 72 73
Bagre 0 0 75 75
Tremitara 0 0 75 75
Barbudo 0 0 75 75
Baiacu 0 0 75 75
Sauara 0 0 75 75
Ubarana 0 0 75 75
Barbari 0 0 75 75
Carapicum 0 0 75 75
Vermelho 0 0 75 75
Os maiores problemas da pesca amadora citados pelos pescadores entrevistados foram
falta de peixes (50,6%), arrastos de camarão, redes de espera e proibição da prática da pesca
esportiva em algumas praias da costa do estado, por serem áreas de reserva (Figura 14). Pinto-
Nascimento (2008) verificou que 34,4% dos pescadores do CLUPESIL vêm como maior
problema para a pesca amadora, a pesca com arrastões. Deste modo, as autoridades gestoras
deveriam dar maior atenção a estes problemas.
28
Tabela 5 - Resposta dos pescadores esportivos da ASPA-BV para com quem aprendeu a
pescar e com quem pesca normalmente.
Com quem aprendeu a pescar?
(%)
Com quem pesca normalmente?
(%)
Pai 38,6 26,6
Mãe 0 1,4
Avô 5,3 1,3
Mulher 0 6,6
Filhos 0 14,6
Amigos 52 100
Outros 18,6 28
Figura 14 - Problemas observados pelos pescadores esportivos da ASPA-BV que afetam a
pesca amadora.
4. CONCLUSÃO
Em Sergipe, 27 espécies de peixes, típicas de zona de arrebentação, foram capturadas
no campeonato de pesca realizado no ano de 2014. As três espécies que mais se destacaram
em número foram Sciades proops, Menticirrhus littoralis e Polydactylus virginicus. As regras
da competição só permitiam a captura de indivíduos a partir de 15 cm. Com esse tamanho,
Sciades proops e Menticirrhus littoralis encontram-se imaturos. Como essas são as principais
0 10 20 30 40 50 60
Organização da Associação
Falta de divulgação
Disputa entre amigos
Falta de renovação de pescadores
Proibição das Praias para Pesca Esportiva
Arrastões/Redes
Falta de peixes
Frequência Relativa (%)
29
espécies capturadas em áreas costeiras, o regulamento deveria ser revisto pela equipe técnica
da ASPA-BV, sugerindo-se o aumento do tamanho de captura para 20 cm. Essa mudança
resultaria em mudança no tamanho dos petrechos de pesca e contribuiria para uma diminuição
da captura de peixes imaturos.
A análise do perfil dos pescadores entrevistados evidenciou que, na ASPA-BV, todos
os seus sócios eram homens, na maioria de meia idade, que têm preferência pela pesca
estuarina e oceânica. A maior parte prefere a maré grande (lua cheia e crescente) para a
prática da pesca. O anzol mais utilizado é o tipo-J, de níquel e com barbela. Uma proporção
de 64% ainda usa anzol de inox, o que poderia também ser revisto pelos pescadores, pois esse
material é mais resistente à oxidação. Assim, algumas medidas poderiam ser tomadas pela
comissão técnica da ASPA-BV para uma pesca sustentável, como o aumento do tamanho do
anzol e a proibição do uso de anzol inox nas competições.
Espera-se que este trabalho inspire outros pesquisadores a analisar a pesca de
competição em outros estados, como já realizado na Bahia e Rio Grande do Norte, de modo
que tenhamos uma compreensão melhor dessa atividade em todo o país. Assim, estar-se-ia
contribuindo para uma melhor preservação dos estoques e conscientização dos pescadores e
das autoridades pertinentes.
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35
ANEXOS
36
ANEXO A - QUESTIONÁRIO DO PROJETO “PESCA ESPORTIVA MARINHA
DE SERGIPE”.
37
38
39
ANEXO B – REGULAMENTO DO XXI CAMPEONATO SERGIPANO DE
PESCA AMADORA BONS VENTOS 2014.
40
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ANEXO C – PRINCIPAIS ESPÉCIES DE PEIXES CAPTURADAS NO XXI
CAMPEONATO SERGIPANO DE PESCA AMDORA BONS VENTOS EM 2014.
Sciades proops (Valenciennes, 1840)
Menticirrhus littoralis (Holbrook, 1847)
48
Polydactylus virginicus (Linnaeus,1758)
Aspistor quadriscutis (Valenciannes, 1840)
Conodon nobilis (Linnaeus, 1758)
49
Caranx hippos (Linnaeus, 1766)
Sphoeroides testudineus (Linnaeus,1758)
Dasyatis guttata (Bloch & J.G. Schneider, 1801)
50
Trachinotus goodei (D.S. Jordan & Evermann, 1896)
Eucinostomus melanopterus (S.F. Baird & Girard, 1855)
Bagre bagre (Linnaeus, 1766)
51
Genyatremus luteus (Bloch, 1790)
Centropomus parallelus (Poey, 1860)
Trachinotus carolinus (Linnaeus, 1766)
52
Lagocephalus lagocephalus (Linnaeus, 1758)
Colomesus psittacus (Gill, 1884)
Bagre marinus (Mitchill, 1815)
53
Cynoscion leiarchus (Cuvier, 1830)
Rhinobatos percellens (Walbaum, 1792)
Carcharhinus spp.
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