I INSTITUTO DE PESQUISAS ECONOMICAS - IPE
SAO PAULO - BRASIL
FRA NCISCO VIDAL LUNA
MINERA~~O: ESCRAVOS E DATAS MINERAlS
SAO PA ULO l 9 7 8
..
~ ' Nossos ag radecimento s a
FINANCIADORA DE ESTUDOS E
PROJETGS (F I N E P) e ao
INSTITUTO DE PESQUISAS ECDNnMICAS ( I P E ) cujo
apoio financeiro possibi
litou a e la boragao desta
pesquisa.
f N D I C E
Pagina
j . ,,
INTRODU~AO 1 t ~
l. VILA DE PITANCUI (1718 - 1723) ...... 6 I 29 I
I 2. ARRAIAL DO TEJUCO (1732 - 1733) .....
I I
44 I I 3. SERRO DO FRIO (1738) .•........•..... I
4. VILA RICA (1804) .................. .. 81
. 5. ESTRUTURA DE POSSE DE ESCRAVOS •••••• 90
6 . 0 R ICE M D 0 S E S C R A V 0 S A F R I CAN OS ••• ~ ••• 98
'"' CDNCLUSOES ••...••••••••••.••.•••••••••. 109
APENDICE S OBRE DATAS MINERAlS •••••••••• 112
APENDICE METODOL6CICO .; ••• i: .......... . 126
0 objetivo deste trabalho prende-se ao estudo da mas
' r sa de cativos utilizada na faina extrativa - aurlfera ou diarnan
tffera -- no secu1o XVIII em Minas Gerais.
Deve-se em pri~eiro 1ugar evidenciar a essencialida-
de da mao-de-obra escrava, dentro do processo produtivo mineiro
do seculo XVIII, seja na extra9ao do auto, seja na de diamantes.
"0 escravo Indio consti tuiu uma fdr9a de trabalho importante ate
a guerra dos emboabas, e .a e1e Andreoni se refers especialmente
a m~o-de-obra 'de que os paulistas se servem' ( •.. ). 0 negro con
t U d 0 f 0 i a' f 0 r 9 a d 8 t r a b a 1 h 0 e S S 8 n C i a 1 n a m i n e r a 9 a 0 II ( 1 ) •
Sua import~ncia pode ser atestada, pe1o pr6prio v{n-
cu1o que se realizava entre 0 numero de escravos possufdos pelos
mineradores e o tamanho das datas a que faziam jus, quando se
efetuava nova distribui9ao de terras minerals. Os quintos, da
mesma maneira, durante largo per{odo do secu1o dezoito, esteve -
' condicionado a quantidade de cativos de cada sehhor . Isto ocor-, f ,..., ,
reu, na area aurlfera, nao so na fase em que esteve vigente a c~
pita9ao, entre 1735 8 1750, como tambem na epoca em que OS minel
ros e os representantes da Coroa acordavam fintas a serem preen-
chidas, principalmente pe1os indivl~uos propriet~rio s de escra-
vos~ este sist ema perm ane ceu em vigor no in{cio da segunda deca
da do secu1o dezoito, ate 0 momenta em que come9aram a funcionar
efetivamente as Casas de Fundi9ao, em 1725.
Na regiao produtora de diamantes, utilizou-se igual-
mente esse sistema. ~ssim, exclu{da a epoca dos contratadores e
da extra9ao real, o tributo sabre os exploradores dessa pedra
preciosa, dava-se par uma taxa 2nual , r· . · lXi':! por cativo .
, . . Procuremos selecionar para estudo nao so localidades
_a~~ adas , co mo tambem diferen tes epocas, 0 que permitiu examinar
ases dis tintas da economia mineira.
Estudou-se a Vila de Pitangui ao final da segunda de
eda e inicio da terceira, do seculo dezoito, quando a atividade
ex~rativa ar raig aJa -se. A mobilidade extrema que caracterizara -
-s -i~erado re~ nos primei~os ana~ da lide explorat6ria; .quando -
:ac~-~ente retira~a-se do leito dos rios o . ouro de aluviao acumu
:a_o secular mente, reduziu-se com a · r~pi~o ~sgotam~nte desses ri
~OS dep 6sitos. Ao finalizar-se a segund~ decada do seculo,.o~
-~aoalhos tornavam-se de maior vulto, e mais durado~ros; com is-
so as ant igos arraiais- onde se.concentrara a ativida.de comer-,
c::..al e relig.iosa - passaram a constituir-se em verdadeiros nu-
c'eos urbanos. Pitangu·i, ~ epoca do manuscrito compulsado, prova
velmente vivia esse procasso de consolidacao da urbe.
0 segundo n~cleo apresentado, o arraial do Tejuco, -
em 1732 e 1733, correspondia ao centro da atividade extrativa de
diamanles . Essa pedra preciosa, descoberta oficialmente durante
a terceira decada do seculo dezoito, logo provocou intenso aflu-
xo popula cionaJ., de pesso as vindas de todas as partes da Coloni a
e de Portugal, 11 bandos de aventureiros dali pa rtiam em demanda a
uma fortuna que julgav am f~cil: dada a continu~da arribacao de -
portug ueses ao nosso solo; que sempre tiveram mais f~cil entrada
nas terras di ama ntif e ras, apesar das ordens terminante s , dadas -
posteriormente , proibi ndo o ingresso de tod a e qualquer . pessoa
nas terras da demarcacao 11 (2).
, A C or o a , co n s t a t a d a a r i quo z a d a a r e a , e s t a be 1 e c e ~ r
em 1730, o impasto de capitacao de 5$000 par esc r avo emp re gado -
ness3 lide ( 3) . Ap6s diversas mudancas .na estrut ur a legal que r e
3
gia e ss a a t ivida de , pa ssou-se, em 1732, a taxar em viAte mil
reis anu a is cada cativo alocado ness a faina ( 4) e no ano segui~
te, 1733, aumentav a - se o valor desse tribute para vinte e cinco
~il e seiscentos reis (5), a ser co brado em duas par celas .
Sem embargo , j~ em meade d~ aho de 1734 proibia - se -
totalmente a extra9ao dos di a mantss, t a nto no distrito diamanti -
no , como f o r a d a 1 a . E s s e Band o d e 14 d e j u 1-h o d e 1 7 3 4 , · e n t r o u em
. vigor a prime i r o de -s e t em b r o des s e an o , e .a par t i r des s a data
nao ma is se " abriun a regiao diainantina "ate' 1741' quand o se ini -
ciou o sistema 8e r:::ontratadores. Assim, os povos do Serra, . r ·ica
r am , d e s de 1 7 3 4 , a 1 i j ado s .d a fain a e x p 1 o r _a tor i a do s • d i am an t e s . ( 6 )
.. Desta forma , a data em que se estudou a terceira lo
calidade ~ {
Serra do Frio em 1738 -- a extra9ao diamantlfera,
atividade principal da ~reai encontrava-se par a lizada, e os mi -
neiros ali estabelecidos dedica vam-s e a faina aurifera, na espe-
ran9a de reabertur a da demarca9ao. Entretanto a reabertura nao -
ocorreu, pais em 1740 adot a va-se o si s tema de contr a tador es , co2 {_I ,
ce dendo-se a estes a exclusivida de no s trab a lhos aurfferos.
Assim, ap e sar de estarem os escra vos de dicedos a fa i
na aurif e r a , r e pr e senta va m, provav elm e nte, um a am ostra da escra-
vari a qu e a te entao se utiliz a r a na pro c ura da pe dra preciosa e m
questao.
0 ~ltim o loc a l e epo ca es tu da da correspond s a Vila -
Rica, no a no de 1 804. Es sa r eg i a o, qu e r ora a o lo ng o do s e culo
de zoito, o c e n tro e co n;m ico e adm i nistra t i ve da c a pit an~a revel~
va nessa e poca , tod os OS sinais de decade ncia . Sua riqueza mi ne-
r a l e sgotara- se e nao se haviam c r iado a ti v i dades e~o n ; ~ica s
s ubstitu tivas, capazes de manter o esplendor da qu e l a ur be, que -
Apesa r da de ~ adencia , e n cont ra mo s a in da ne s s a Vila ,
ao se iniciar o s ~cu lo pa s sado , um ma rc a nte c a r ~ ter ci~a d i no,
com cara c ter 1s tica s proprias que a dif e renci a m de outras ~ reas -
econ~mica s da Col~ni a , entr e as quais uma inten sa divis~o social
do t r a ba l Mo (7).
Al~m da estrutur a popula c io na l des sa s localidades
dais aspe cto s particulares d e v e r~o mer e cer re a 1ce: a estrutura
de poss e de escravos e a orig e m da ma ss a de cativos.
. . ·. 0 conhecimento da estrutura de posse de escravos de-
e c on tribuir para o entendimento da· est~atifica9~0 socia l da so
cjedad e mineira e no nfvel relative da riqueza dos diversos seg-
entos sOcio-econOmicos.
Quanta a origem da massa escrava, pretendemos apre
senta r evidencia s empfricas sa bre a participa~~o do elem e nto de
o r igem colonial 8 africana, e. dentre OS ultimos ve rifica r 0 peso
rela tive dos Santos e Sudanes es , o que deve lan9ar lu z sa bre te-
rna de a lt a relevancia par a o es tudo d a p opul a9~0 mineir a .
Como Ap endice se r~ a pre sen t a~ o urn qu ad ro suc i nto da
legisla9~ 0 pe rtin e nt e as da t as mi ne r a i s , bern c om o urn re s umo das.
prin c ip a ls infor ma 9~e s cont i das em ma nu ~ crito uti l iz ado , e ntr e
1715 e 1721, para o r e gistr o das da t as di s tribu1 das em Saba r a .
J 0 T A S
( 1 ) - C ~ N A S R A V A , A 1 i c e P i f f e r - " J o a o .A n to n i o A n·d r eo n i e s u a
Obra", in ANTONIL, Andre Joao (pseud.· de Joao Antonio An
dr eoni) - Cultur a e Opul~nci a do Brasil, introduc;:ao e vo
cabulario por A.P. Canabrava, 2a . edic;:ao, Editora Nacio
nal, Sao Paulo, s/6., il., (Roteiro do Brasil , vol. 2) ,
pp. 90-91.
( 2) - SANTOS, Joaquim Felicia dos - Mem6ri as do Distrito Dia
mantino, Livraria Itatiaia _ Editora Ltda./EDUSP, Sao Pau-
( 3) -
( 4) -
. . lo, 4a. edic;:ao, 1976, (Colec;:ao Reconquista do Brasil,vol . . . 26), pp. 50-51.
Sando de D. Lourenc;:o de Almeida, datado de 24 de junho -.
de 1730, in Ana is da Siblioteca Nacional, vol. 80,Rio de
Janeiro, 1960, PP· 92-93.
Sando de D. Lourenc;:o de Almeida, Governador e Capitao Ge
neral das Minas do Duro, de 22 de abril de 1732 in Ana is
da Biblioteca Na ciona l, vol. 80, Rio de Janeiro, 1960 .
pp. 109 em diante .
( 5) -. Bando de Andre de Mello de Castro Conde das Galv~as, Go~
vernador e Capi tao General das Minas do ·ouro, datado de
16 de abril de 1733 , in Anais da Biblioteca Nacional,vol .
80, Rio de Janeiro, 1960, pp . 111 em diante .
( 6) - Sando de Andre de Mello de Castro Conde das Galv~as, Go
vern ad or e Capitao General das Minas do Duro, datado de
19 de julho de 1734, iri An ais da Biblioteca Nacional ,
vol. 80, Rio de Janeiro, 1960, pp. 116-117.
( 7) - Par a uma ana lise das caracter{sticas citadinas de Vila
Ric a ao se iniciar o seculo XIX, vide LUNA, Francisco V.
e CO STA, Iraci del Nero da , em "Coiltribui c;:ao ao Estudo
de um f\lucleo Urbano Colonial (Vil a Rica: 1804)", Trabalho
Para Discussao nQ 24, de marc;:o de 1978 , do IPE/US P.
(1718 - 1723)
A analise dos ,
numeros relatives a Pitangui -- da
~ a_ tewos informa9oes, excluido o ana de 1721, para o per{odo
_a - 1723 -- propicia sugestivas ded~9oes a respeito dos pro-
=ietarios de eBcravos e da pr6pri~ ma~sa de cativos.
Evento dos mais marc a ntes refere-se ao crescimento 0 •
ca popula9~0 no ·p~r~odo citado (Tabela 1). Nota-se que ocorreu -
U to rapido expandir da massa escrava qu~,- de 1718 aos anos 1722 e
~
_723, viu-se quase triplicada, a acompanhar uma expansao semelhan
~e-no numero de proprietaries de escravos.
Tornados em conjunto escravos e propri~t~rios
em 1718, anotaram-se 349 pessoas; em 1719 esse numero ja atingia
477 , manteve -se e~tav~l em 1720 (com 481) e apresentou urn salta
no per{odo 1722/1723, qu and o alcan9ou mais de mil habitantes.
No que se refere aos proprietaries, ve-se que, de
apenas 49 em 1718, e 62 em 1720, contavam-se 124 em 1722 e 135
em 1723, ou seja, evoluiram em 175%, em cinco anos. Similarmente
a massa escrava, que alcan9ava o total de 300 em 1718 e 419 em -
1720 , mais do que duplicou entre 1720 e 1722, quando atingiu 893
escravos.
Os daJos apresentados, complementados pela Tabela 2,
onde constam as lo jas e vendas taxadas -- 5 relativas a 1720 ver
sus 20 corr es po nde nte s a 17.22 -- demonstram que, no perfodo em -
estudo, Pitangui apresentou urn acelerado crescimento, p~rticu1a~
mente entre as anos 1720 e 1722. Po ss ivelmente, nessa Vila, as -
oportunidade~ extrativas nos anos considerados , se apresentavam
favoraveis, o que estimu1ava o elevad o a fluxo, tanto de livres -
como de cativo s . Como sabemos no s primeiros anos do s~cu1o XVIII
e es o den~ro da zona o~de predo minav a a faina aurffera ocorriam
·ntensos mov inentos populacionais, condicionados as novBs desco
be rtas de ouro ·e ao esgotamento dos veios em explorar;:ao .
A an~lise do sexo ~as pe~soas, anotadas na Vila de -
Pitangui, revela franco predomfnio mas·culino em t~dos os anos
considerados. Em 1718, par exemplo, dentre os 49 senhores regis
trou-se somente urn elemento feminine -Silvana Card o za . Em 1723,
para urn total de 127 homens, as mulherem somavam oito pessoas.
Embora OS ind i v .iduos. do s exo m"as cul ina tambem pr ed£
minassem entre os cativos, a despropbrr;:ao Dao atingia tais nfveis
(Tabela 1 e 3). As mulheres reptesentaram, nos cinco perfodos
considerados, urn porcentual de aproximadamente 15% contra 85% do
sexo oposto.
A Tabela 4 mostra a repartir;:ao dos·escravos, segundo
a origem. Desde logo, nota-se o rnarcante peso relative dos afri
canes, com mais de BO% nos anos considerados; fato inequivocame~
te associado a fase inicial da atividade mineira.
A r~pida expansao dos tr a balhos extrativos exigia
correlate incremento da mao-de-ob~a escrava; esta necessidade
atendia-se, atraves da entrada de ample contingents de cativos -
oriundos do territorio africano. Quan ta ao elemento "colonial 11-
nasddo na colonia - cabe re a lr;:ar a s ignificativa pa rcela de in-·
d{genas r e duz ides a co nd ir;: a o de es era vas - . r epr es enta vam , em
1718, a porcentagem de 9,3~ do total da es crava ria, contr a 8,3%
de "coloni a is" t om ascenden ci a afri.cana. A elevada pr esenr;:a de -
Indios em Pitangui , explica-se pelo predomfnio dos paulistas ne s
sa Vila, que, se gundo anotou Antonil, se serviam em grande medi
da dos silv fcol as .
o-a - se , e ~r- ar.to , a cont i nua queda , ao longo dos
2nos , :; par~icipar;:ao dos i nd igena s : em 1723 representavam tao
r:' . sonente 5, 2 1" da rnassa de cativos. 0 incremento,. em t ermos absolu
- s, dos silvicolas -- de 28 em 1718 passaram a 45 em 1723 -- co
_ocou - se , portanto , bern aba ixo do relativo aos escravos africanos
e do dema is in d ividuos dd origem colonial. Por outro lado, o
components referente aos u1timos manteve-se es~avel, em que pese
a quebra porcentual dos indios. Este co~portamento se re1acionou
com 0 significativo acrescimo, em termos abso1utos·e·re1ativos '
oos cat ivos "coloniais" de ascendencia africa[la.
Na Tabela 5 aprese nta-se a repartir;:ao dos . escravos -
acricanos, segundo grandes gr~pos de origem. Os dados revelam
r · um lado, o incremento de escravos africanos -- de 245 ( em
_718) para 695 ( em 1723) -- e, par outro, a participar;:ao crescen
-e, no correr do periodo, dos Sudaneses -- do porcentual de 44,6~
em 1718, subiu -se para 49,8 em 1723. Este aumento deveu-se, so-
~-etudo , a maior presenr;:a dos " Mina '' 'que, em termos abso1utos
_assaram de 77 ( em 1718) para 295 (em 1723). Corresponds, este -
~ncrement o, a taxa de 283%, superior portanto a verificada par a
c massa de cativos em geral -- 183,6% -- e dos Bantos, em parti-
cular -- 156,3%.
Dent~ e os Ban tos revel ar am-se como importantes,quan-
-c itat iv a mente, diversas "n ar;:oes": Congas- que representaram
10s anos conside rados aproximadamente 30% do total desse grupo--
Bengalas , An golas e Monjolos .
Como vemos, o r a pido ~r esc imento da esc r ava r ia obs cr
vado em Pitangui, efetu3va - se , em grande parte, por africanos e,
dentre es t es , ~redom in avam os Sudan ese s . Em vcrdade , n~o dispo -
os de eleme nt os pa ra inferir se tais escravos provinh am direta -
mente da Africa ou representavam movimentos populacionais dentro ,
da propria zona mineira . Possivelmente,os dais processes ocorriam . .
·em simultaneidade,de onde se pode supor .que os Sudaneses deveriam
ser relativamente importantes, quantitativamente, tanto dentre o
estoque de escravos existentes em outras areas mineiras, como no
fluxo de cativos em diregao as Minas, vindos do Rio de Janeiro ,
da Bahia e de Sao Paulo.
Atrav~s dos dados cgmpul~ados~ pode-se tentar algumas
ilago~s quanto .a forma como os escravos se distribuiam dentre os
proprietaries, em Pitangui. Acreditamos que o estudo da estrutu
ra da posse de escravos permite algumas hipot~ses, quanta a dis
tribuigao da propria riqueza,. dentre os mineiros entregues a fai
na extrativa, em Pitangui. Os anos para os quais possuimos infor
magoes, 1718 a 1723, representam ainda uma fase na qual a ativi-
dade mineira se concentrava, em larga medida,no ouro de aluviao,
que rapidamente se esgotava e que exigia extrema mobilidade aos
mineiros. Este perfodo correspondia ao infcio da exploragao das
encostas nas quais a faina extrativa, mais estavel, contribuiu -
para que os povoados se consolidassem.
Assim, em perfodo a exigir ainda grande mobilidade -
aos mineradores, quando os cativos representavam a forga de tra-
balho ~nica com a qual contavam os minsiros , .
e as . proprlas datas
minerais se distribuiam em fungao do n~mero de escravos possufdos,
parece plausfvel a hipotese de que grande parte da riqueza dos -
ha bit a ntes das Minas constituia-se da massa de escravos da qual
eram proprietaries . Dess a forma a an alise da estrutura da posse
, -e escrc: •as a _gurr.as suposic;:oes quanta a propria distri-
buic;:ao da riqueza dos indivfouos, de d ic a dos e sse ncialmentc a ati
v idade extrativa mineral .
A Tabela 6 apresenta o numero de proprietarios em re ~ , r
lac;:ao ao numero de escravos possuldos; como se verifies, a gran-
de maioria dos senhores detinha quantid a de relativamente reduzi-
da de escravos. Em 1718 apen?~s dais anotaram-se. com mais de vin-
te cativos - Capitao Antonio Furquim, com 22, e Antonio Roiz Ve
lho ou ~ntonio Rodrigues Velho, com 24. Este "fazia.pa rte de uma
camilia de nobres bandeirantes paulistas, descobrindo-se-lhe, p~
_as apelidos , o parentesco com o celebrado, desbravador de ser-
oes Garcia Rodrigues Velho, d_e quem era, talv ez , irmao 11 (1),
tendo sido um dos primeiros juizes o~dinarios da Vila . Por outro
lado, doze dentre as 49 proprietaries possuiam dais escravos e
23 senhores detinham quatro cativos ou menos.
Em 1719 registraram-se quatro senhores com vinte ou
rais escravos, entre os quais Antonio Roiz Velho com 24, e Joseph
Ge Ca mp os Bueno; este, com 31 escravos, constituia-se no maior -
p oprie tario da Vila . Neste ana, ao contrario dos outros, a maior
concent rac;:ao de proprietaries deu-se em torno da faixa dos qua-
::.ro escravos .
No ana de 1720 apareceram novamente quatro proprieta
~~os com qu a ntidade i gual ou s uperior a vinte escravos -- Antonio
~oi z Velho , com 31 cativos; Jo sep h de Cam pos Bicudo, com 31;
Joao Velozo de Carvalho, com 24 e Manoel Lopez Castell o Branco ,
com 40 . A maior frequ~ncia volta ~ situ a r-s e em do is escravos
(~reze proprietarie s nessa sit uac;:ao ). Os elementos com quantida-
de igual au inf e ri or a quat ro escravos rep r esentam 50~ dos pro-
priet~ rios . Note-se que, embo ra t ais sEnho res repre s entassem a
met;Jde dos. anotados, a parcela de es c ravos que possui am represB!:!
tavam apenas 18,6% da massa de cativo s descrita.
A p a rtir de 1722 os mineiros possuidores de duas ou
rnais dezen 3 S de escravos tornaram-se em maior numero. Em 1722
registraram- s e nada menos do ~ue dez"indivfduos nessa condi9~0,
dQs quais tres -· -.Antonio Roiz V~lho, Jqseph de Campos Bicudo e
Manoel Lopez .Castello Branc6 apre s entaram-se com qu?renta ca-
tivos.
Embora 52,4% dos propriet~rl~s possuisse menos de
cinco cativos, ~ste segmento dos mineiros contro1ava a~enas . 18%
da ·escravaria. Se tomarmos os mineiros co m ·dez ou meno s escravos
encontramos 81,5% dos senhor~s, qu~, entretanto, contro1avam a-
parcela de .44,6% da populac~o escrava.
Por fim, ~o ano _de 1723, ~ada menos do que nove mine
radores apresentaram-se com quantid ade superior a dezenove escr a
vos. A 1ideranca na posse de escravos coube a Manoel de Saa Fi-
gueiredo com quarenta e quatro, seguido por Antonio Roiz Ve1ho 1
com quar enta e u m.
, Note-se , em 1723, o crescimento do numero de propri~
t~rio s com apenas urn escravo, que corresponderam a 22 mineradores,
contra dez em 1722 e quatro em 1720. Verific a - se elev ada concen-
tracao de individuos com tre s ou menos escravos (66 min eiros ), o
que corr. espond i a a 48 ,9% dos propriet~rios as quais cont rola va m
15,1% da escravaria . Par outro lado as nove maiores prbpriet~rios,
que representavam. tao somente 6,7 % dos elementos regist~ados co m
escravos, era~ donas de 32,7% da massa de cativos.
Pode - se adicionalment e pr~cessar , por m~todos estatls
ticos simples, os dados compulsados. A Tabe1a 7 contem a moda
(2) e a med iana (3) do numero de propr~et~rios , em r a1a9a0 aos -
escravos possu f dos . Ve - se que a moda -- excluido o ana de. 1719
situou-se em dais, em todo o periodo. A mediana por outro lado
alcan9ou cinco nos anos 1718 e 1719, e quatro nos demais. Na Ta-
bela 8, apresentam-se alguns indicadores adicionais; como vemos,
a media revelou-se crescente entre 1718 e 1722, (de 6,1 para 7,2),
com uma queda em 1723 (6,4).Por fim o indice de Gini (4) indica-
dar largamento utilizado omo medida de concentrag~o, mostrou- se
relativamente reduzido, mas aumentou anualmente no per.iodo consi
derado- exceto entre 1718 e 1·7.19.
Os valores encontrados mostram uma sociedade na qual,
a maior parte dns proprietarios possuia um numero reduzido de es
cravos. Revelaram-se poucos os senhores ~egistrados com elevado
numero de cativos, entretanto mesmo essa pequena quantidade de _
proprietarios - que se apresentam com lotes de 20 a 40 escravos
- au men t a v a a me d i a pa r a n i v e is . en t r e 6 , 1 a 7 , 2 • A o 1 on go do s -,
cinco anos considerados a moda permaneceu ern dais, contudo a me-
dia se arnpliava ao longo do tempo, o que representava maior peso ~
relativo dos senhores com vultoso numero de cativos, 0 que se re
fletia no Indice de Gini. 0
De 0,403 em 1718, este indicador. atingiu 0,532 em.
1723, a indicar uma distribui9~0 dos escravos, dentre os propri~
tarios, cada vez menos equitativa. 0 perlodo entre 1719 e 1720
demonstr.ou se r critico para esta alterag~o ~ a estrutura de posse
de cativos: e nquanto a media permanecia praticamente estav e l e 0
in di ce de Gini e~pandia-se .d e 0, 397 para 0, l~80.
Esta . t;...,a r;a na est:rutura de posse de e s cr a vos pods
ss r tamb~m a c ompanhada at :r av~s da s Curv as de Lor e ntz ( 4 ) que ap a
r s bem no .Gr ~f ico 1 . Co mo se not a a c urv a torna-~~ a c a da a no ma is
co nv ex a , a evide ncia r uma situar;ao gr a da tivamente mais co ncentra
da na pos se da escravaria existents e m Pitan g ui •
. Deve-se escl a rec e r que os da dos compulsados r e ferem-
-se a um se gmento da popula 9ao tota l, ou seja ~aque1es que pos-
suiam ao menos um e 3 cravo. A inexistenci a de informar;oes sobre o
r e stante dos habitante s de Pit a ngui impede que se conher;a mais -
profun damente a estrutur a popu1acion a 1 e de proprieda de dess a
Vila. Na o s abemos, por e xemplo, qu a ntos minera dores existi a m de s
tituidos da cativos, que se constituiam no e1emento fund a me nt a l
para o trab a lho na atividade a urifera.
Os proprios indicad or e s revelariam resultados diver-
sos. 0 Indies de Gini, por e xemplo, a o introduzir-se na a mostr a
individuos sem escr av os, a pr esen t a ri a va lore s ma i s eleva dos, o -
que denotaria ma ior concentr ar;ao da propri eda de.
Em comp1 em ento ao e s tu do do t e xto, a presen t a mos a Ta
be l a 9. Ne 1 a apres en t am-se alg uns se gme ntos socio-econo mi cos d e
Pita ng ui. In fe1izme nte, r a r as vez es e sp e cific a va-se a qu a lifica -
r;ao dos pr oprietarios , o que t or na a am ostr a re la tiv a me nt e r ed u-
zida .
Em 171 8 e 1719 su r gi r am in d i v f d uo s por t ad o re s de pa -
tentes mili ta r e s, e p ro p r ie t ~rios d e eat i vos ( 10 , 3 e 11,3 res pe c
tiv a men t e ) que , em m~d i a , co rresp o nd i a a qu ase o dob ra da m~d i n
ge ra l. Em 1720 apa r eceram t r es Patentes , c om m~d i a j~ bastan t e -
r ed uzid a ( ? , 3 ) , i nferior , i nclusive , a m~dia da Vila ( 6 , 8 ). Re-
g i s tram-se , adicionalmente , c i 1:co ec1esi~st i cos com tr eze es c r a -
vos e m~ d i a de apen a s 2 , 6. D e s cri v~ o Joa o Henrique de Alva r en ga ,
~ PITANGUI ·1718
PITANGUI·1722
GR.AFICO I
CURVAS DE LORENTZ (PITANGUI1718-1723)
PITANGLII ·1719 PITANGUI·1720
PITANGUI ~ 1723
_5
, res o,sa e1 pe1a cobrar9a , escla rec eu q ue, nests ano de 1720, co
~ra~a -s e pela prime i ra vez o quinto do s eclesi~sticos.
Em 1722 e ncontramos oito Pa tentes·, com 127 cativos e
a me di a de 15,9; cinco elementos do clero com 55 escravos, com -
me dia ta mb em eleva da (1~ 1 0) .. Nesse ano anotaram-se tambem tr~s
forros propriet~rios de nove e s cravos, portanto, com a media de
tr ~s . Por fim, em 1723 conta~ am-se nove ~ndiv{d~os portadores de
Pa tentes, que se apre s entavam com 150 escravos (com media de 16,7).
Os eclesi~sticos apareceram em mesmo numero e com a mesma quant~.
da de de escravos·do a na anterior. Os forros passaram a quatro
co m dez escravos, 0 que representava a media de 2,5 cativos por
forro. Ainda em 1723 surgiu o Doutor Jci~o Baptista Vieira, com -
cinco escravos.
A falta de elementos informativos impede que identi-
fiquemos as atividades produti vas da regi~o. Possivelmente os · in
dividuos residentes em Pitangui dedic ~ vam -se quase que exclusiv~
mente a minera9~0, pois a agricultura 8 as a tividades urb a nas 88
encontravam a inda em fase embrion~ri a na s Gerais.
Por fim va mos apr es entar a lg umas informa9oes quanta
as t axa s co brad a s no s a no s consider ad os, e o valor a rreca da do e m
Pitangui.
Em 1718 a r r e c ad ou- se 1050 oita vas , corre s pond e nts a
" tre z en to s ne g ros a tr~ s oitav as e. d o ze vinte ns por ne g ro e qu~
tro 1ojas a dez o it avas por lo ja ( •.. )t: .. ( 5 )
Refe r e nts a 17 1 9 1~ - se "I mpo r ta e s t a l is t a 41 5 neg ros
e cin co l oj as . Sa iu por negro a duas oilavas e tr ss qu a rto s e
::;a:- .:.. a ;a a· dez oita as cada uma desta lista. Entreguei ao prove
dar da Fazenda Real e Corre gedor de s ta Comarca a Doutor Bernardo
Pereir a de Gu smao e Noronha mil e cento e trinta oitavas de aura
como consta do recibo que me deu a dito Doutor Bernardo Pereira,
e faltou para ajustar esta lista vinte negros e uma venda tudo -
do de funto Diogo d~ Costa Afonsec~ q~e o mataram antes de satis
fazer as ditos quintos e tomaram as seus bens logo pelqs ausentes
e nao se _p ag ou a · dita parcela ate agora; par isso far;:o esta cla:
reza para constar a todo 0 tempo que nao - cobrei est8S quintOSj -
as~ im mais Joao Lobo de Macedo nao pagou tambem OS vinte n~gros
que . deu nesta lista par fugir uma noite desta Vila antes de ter
oago as ditos quintos par urn alevan·tamento que houve nella e tu
do consta da quitar;:ao que tenho do dito Doutor Bernardo Pereira
Gusmao 11 (6).
No ano de 1720 fez-se o seguinte resumo "Importa es
ta lista 421 negros 8 cinco lojas saiu par negro a tres oitavas
8 par loja a dez. Importou 1312 oit a vas cresceu uma oitava da
con t a desta lista e houve nella dais falidos, entreguei a impor
tancia desta lista na Vil a do Sabara ao Tezoureiro Joao de Souza
Sotto Mayor par ordem do Doutor Joseph de Souza Baldes como
consta do recibo que tenho " (7).
Com r efe r~nci a a 1721 a escrivao Jo~o Henrique de Al arenga esclar8C8U que 11 0 ano de 1721 nao cobrei OS quintos, rna~
dou a camara cobrar palo seu escrivao Jo seph Roiz Santiag o" (8).
Em 17 22 escreveu Joao Henrique de Alv aren ga "I mp ortou
esta lista 901 negros 8 vinte lojas e vendas, saiu par negro a -
oitava 8 da i s . tostoes 8 par loja a seip oitavas e m8ia que as sim
. e ma ndou por ord ern sua esta Cama ra cobrar es t es quinto s os quais
i mp ortar.am este ana de 1722 mil e trezer;tos e doze oitavas c o mo
co nsta do recibo que tenho da dita Ca mara quando entreguei os di
tos quintos" (9).
0 acerto de contas referents ao ana de 1723 apresen
ta-se i1e g{vel , bern co~o parte da 1ista .correspondents a esse
exercfcio. 0 mesmo ocorre com a maior parte dos lan9amentos a1u-
sivos a 1724; par e ssa raz~o deixamos de apurar os dados desse -
ano, pais os resultados poderiam n~o refletir a verdadeira estru
tura popu1acional. (10)
Pelos ·acertos de contas de 1718 a 1722 verifica-se -
que a taxa9~0 por escravos alcan9ou tr~s -ditavas e doze vintens,
em 1718; reduz~u-se para duas oitavas e tr~s quartos, em 1719, -
e1ev~u-se para . tr~s oitavas em 1720 e apresentou gr~nde queda em
1722, quando foi de apenas uma oitava e dais tostoes. Quanta ' as
1ojas e vendas sua tributa9~0 manteve~se em d~~ oitavas nos ahos
1718 a 1720, e situou-se em t~o somente seis oitavas e meia, em
1722. 0 total arrecadado atingiu 1050 oitavas em 1718; foi aumen
tado para 1130 oitavas em 1719 e manteve-se em 1312 oitavas nos
anos 1720 e 1722. 0 total arrecadado f azia parte da fint a que o s
mineiros se haviam comprometido pagar anualmente, em troca do li G
vre circul ar do ouro, que n~o necessitava passar pelas Casas de
Fundi9~o, onde se efetuaria a quintagem. · A varia9~0 da importan-
cia ajustada -- 25 arrobas a partir de 1718 e 37 arrobas apos
1722 -- e da popula9ao a ser taxada, refletia-se no valor do tri
buto cobra do par escravo e por loja ou venda possuida.
( 1)
N 0 T A S
COELI, Paulo de Medina "Pit a nguy de Outros Tempos", in
Revista do Argui vo P~ bl ico Min e iro, nQ XXIII,
Oficial, Bela Horizonte, 1929, p. 333.
Imprensa
( 2) -. Moda, medida de posi gao, que represents a classe para a
qual as vari~v~is se apresent a m. mais concentrad a s.
( 3) -. Mediana, medida esta tistica, que corresponds ao valor da
vari~vel onde a frequ~ncia acumulada .atinge a ~etade da
a mostra.
( 4) 0 indies de Gini corresponds . a um coeficiente estatisti
co larg a mente utiliza do par~ medir co~centragao de renda
ou riq~eza. Constitui, na verdade, a relagao entre ~re a s
de um quadr a do, construido de forma a representar,
dos eixos (o horizont a ~), a popula~ao segmentada em
centis e no outro (o v~rtic a l), a riqueza ou ren da
num -
bern dividid a em percentis) da coletividade estud a da.
peE_
(ta~
Caso os detentores da· rer:da (ou riqueza) e esta s e dis
tribui ss e m d e ma neir a absolut a mente i g u a lit~ria, a cada
ponto do ei xo horizonta l corr e spon deri a outro na dia go
na l do qu adra do. Como geralmen te isso na o ocorr e , quando
se plot a m e s ses va lor e s no qua drado obtem-se uma curv'"a ,
ch ama da de "Lorentz". Dividindo a ~rea e ntre a curva de
Lorentz e a dia gon a l pel ao~r ea trian gul a r sob a di a gona l,
de termi na-se o in d ie s de Gini. De s sa form a , quan t a ma is . , .
re gul a r me nte s e d i s tri bui a r e nda ou riqueza ma l s proxl-
mo de zero es t a r ~ o· va lor do indies (zero no limi te);coE_
rel a ti va me nte , qu an ta mais co n ce ntrad a e s tiver a r.iqu e za ·
ou ren da , ma ior se r a 0 val or do "a ludi do indies que , no -
m~x i m o, i gua l a - se a un i dade .
( 5)- Codice -!-0 38 : PI TANGUI: Quint os e Cap it ac;a o, a c arg o do
c obrad or J oa o Henrique de Alvarenga , co m ter mos d o a be r
t ura e encerramen t o omiss os ; p e ri odo 17 18 a 172 4 ; p. 10.
( 6 ) I dem , p . 22 .
( 7) • Id-em, p . 32.
( B) - Idem, p. 32.
( 9) -. Idem, p. 46.
(10) -. As pequenas diferen9aS que OEOrreram no numero de escra
vos, qu~ndo comparamos o resumo existents no manuscrito
e nossas tabelas, -corre sp·ondem a do is tipos de desvios
~) o ~ocumento em algumas partes se apresenta rasurado
co~ dificuldades oe leitura; b) excluimos da popula9ao
OS escravos anotados COmO mortos.
ANOS
Qua1ifica~ao ~ H
PROPR IETJ!:RIOS 48
I. NM FORROS 48 I I FORROS -
POPULA~~O ESCRAVA 255
TOTAL POPULA~M 3.03
1 71 A
M H+M (k I H
1 49 61
1 49 61
- - -43 300 350
44 349 411
Tabela 1
TOTAL DE POPULACAO
(Pitangui -1718 a 17~3)
1 71 q 1720
M H+M H N
1 62 58 4
1 62 58 4
- - - -
65 415 350 69
66 477 408 73
. .
1722
H+M H M
62 114 10
62 111 1 0
- • 3 -' 14.6 419 739
481 853 156 .
-----
(*) A diferen~a entre a co1una (H+M) e a soma .das co1unas
H+f4
124
1 21
3
893
1017
(H) e (M), corresponde aos individuos para os quais nio
se obteve o sexo.
172 3
H M H+M
127 8 135
"124 7 1 31
3 1 4
702 141 867
829 149 1002
Tabe la 2
LOJAS E VENDAS · .
(Pitangui. ~ 1718 a 17~_3)
ANOS LOJASLVENDAS
1718 04
1719 05 . 1720 05
1722 20
1723 19
Tabela 3
SEXO DE ESCRAVOS
(Pitangui - 1718 a 1723}
" Sexo H M DESC. TOTAL ., A no "' Numero % Numero % Numero %
"
1718 255 85,0 43 1 4 ; 3 2 0,7 . 300
1719 350 84,3 65 15,7 - - 415 I
1720 350 83,5 69 16,5 - - 419 I . 1722 739 82,8 146 16,3 8 0,9 893
1723 702 81 , 0 141 16,3 24 2,7 867
--- ~ ---1 [ _______
Ta be 1 a 4_
REPARTI~AO DOS ESCRAVOS, SEGUNDO A ORIGEM - VILA DE PITANGUI
f"'- A no
Origem
""" 17 18 1 71 9 1720 1 7 22
AFR ICA NO S 245 81 '7 342 82,4 346 82,6 731
COLONIA IS . 53 17 '6 70 16 '9 70 16 '7 144
-D e as cendenc i a Africana 25 8,3 33 7 '9 33 7 '8 9.0 Cri ou1os 14 4,6 18 4,3 14 3,3 47 Ou tros 11 . 3 '7 1 5 3;6 1 9 4:s 43 " -I ndi os 28 9,3 37 9,0 37 8,9 54
-REHI6IS - - - - - - 1
Sem es p ecifica~ao 2 0 ~ 7 3 0 ·, 7 3 0,7 17
TOTAL 300 415 419 . 893
.
81 '9 695
1 6 '1 125
1 0 '1 80 5,3 43 4,8 37 6,0 45
0 '1 1
1 '9 46
867
1723
80,2
14,4
9 , 2 4,9 4 , 3 5,2
0,1
5,3
-N V-J
Tabe1a 5
REPARTIC~O DOS ESCRAVOS AFRICANOS, SEGUNDO A ORIGEM - VI~A DE PITANGUI
1718 1719 ' 1720 ·. 1722 172 3 Grandes Grupos e "Na~~es'
CaJ (b) (c) (a) (b) (c .) . (a) (b) (c) (a) (b) (c) (a ) (b) ( c ) -
SUDAN ESE$
* tt, ina 77 72,0 114 77,0 11 9 82,1 294 84,7 295 87,3 Cab o Verde 1 9 1 7, 7 20 1 3. 5 13 8,9 28 8.1 27 8,0 Outras 1 1 10,3 14 9,5 1 3 9,0 25 7 • 2 16 4,7 Total de Sudaneses 107 100% 44,6 148 100% 43,8 145 100% 42,8 347 100% 48,9 338 100% 49,8
SANTO S . Benga1 i1 · ·- 36 27,1 40 21 '0 38 19,6 59 16,2 69 20,3 Angola . 1 5 11 '3 30 15,8 28 14,4 . 59 16. 2 74 21 '7 Co ng o 40 30 '1 63 33,2 59 30,4 131 36,1 108 31 '7 Mon jolo 16 12,0 21 11 '0 23 11 '9 37 10,2 28 8,2 Ho~ambique 7 5,3 9 4,7 7 3 '6 14 3,9 13 3,8 Lo an go 12 9,0 18 9,5 23 11 , 9 42 11 , 6 26 7,6 Outras 7 5,2 9 4,8 16 8,2 21 5,8 23 6,7 Total de Santos 133 100% 55,4 190 100% 52,2 194 100% 57,2 363 100% 51 '1 34'1 100% 50., 2 Total (Santos+ Sudaneses) 240 100% 338 100%. 339 100% 710 100% 679 100% Outros Africanos (*} 5 4 7 21 16
I
' I
(a) numeros absolutes.
(b} porTentagem sobre o total do grupo. ( c }_ porcen tag em sobre o tot a 1 Bantos +- Sudaneses.
Tabela 6
PROPRIETARIOS EM RELACXO AO NOMERO
DE ESCRAVOS POSSUIDOS
(Pitanguf . - 1718 a 17231
. Numero de N" 0 M E R 0 D E p R 0 p R I E T "A R I 0 s
Escravos Possuidos .171 8 1719 1720 1722 1723
. . l 2 1 4 10 22 2 12 8 13 25 . 23 . 3 -2 9 8 19 21 4 7 10 6 ; 11 13 5 5 7 .5 1S 1 5 6 6 9 9 9 8 7 1 2 . 3 3 1 8 4 3 1 4 6 9 3 1 3 5 3
10 1 . 3 1 2 3 11 1 12 1 1 2 1 1 1 3 l 2 2 . 1 4 1 1 2 2· 1 5 3 2 16 4 2 i7 1 2 18 1 1 1 2 1 1 9 20 2 1 1 21 2 1 22 1 1 23 24 1 1 1 1 1 25 26 27 28 29 1 30 .. -·
2 31 1 2 32 33 34 1 35 36 37 38 1 39 40 1 3 1 41 1 42 43 44 ___, .
TOTAL 49 62 I 62 124 135 '--
Tabela 7
PROPRIET~RIOS EM RELACAO AO NOMERO I
DE ESCKAVOS POSSUIDOS
(fitangui - 1718 a 1723)
~Indicadores ANOS "' MODA MJ:"nTANA
.
1718 02 05
1719 04 05
1720 02 04
1722 02 04
1723 02 04
""'
. ..
ANOS Indicadores ~
I. DE GINI
M~DIA
1718
0,403
6' 1,..
Tabe1a 8
INDICADORES ESTAT!STICOS
(Pitangui - 1718 a 1723)
_1719 1720
0. 397 0,480
6,7 6,8
I
ll22 1723 I I
0,508 0,532
7,2 ·~ 6,4
Tab <: 1 a 9
MEDIA OE ESCRAVOS POR PROPRIETARIO
(Pitangui - 1718 a 1723)
A nos Segmentos so=~ 1 71 8 1719 1720 1722 17 23 . cios-economicos (a) (b) ( c ) (a) { b \ {c) {a ) {b) (c) (a ) . (b) ( r: ) (a ) { b \ ( r: )
Patentes 4 41 10,3 4 45 11 '3 . 3 1 6 5,3 8 127 15,9 9 150 16,7
Ec1eciasticos 5 13 ·2,6 5 55 11 '0 5 55 11 , 0
. ~I Ferro . 3 9 ·3,0 4 10 2,5
Doutor - I . 1 5 5,0
Desconhecido 45 259 5,8 sa· 370 6,4 54 390 7,2 108 702 6,5 116 647 5,6
. TOTAL· 49 300 6~J 62 415 6,7 62 419 6. 8 . ,1 24 893 7,2 135 867 '6 ,4
.
. j -------- . I
(~L ~ M~d~a de ~sc~ayQs po~ p~oprtetirio
('l - P~rti~ipd~io dos propriet~rios do segmento no total (c) - Participa~ao dos escravos pertencentes ao segmento no total
2 . 0 TEJUCO (1732 - - 17331
Os c6dice~ 1058 e 1060, permitem cap~a~ algumas ca
racterfsticas do arraial do Tejuco, localidade pertencente a co-
marca do Serra do Frio. Com a descoberta dos diamantes, ocorrida
_durante a decada dos vinte; do seculo dezoito, grande massa pop~
lacional concentrou-se nessa regiao, dedicando-se, em especial ,
a lide extrativa daquela cobi~ad a pedra ~reciosa. Contra uma taxa
de c a pitac;ao, permitiu-se a "livret' extrac;ao dos diam.antes ate-
1734; neste ano proibiu-se essa atividade aos h~bitantes da ~re~;
somente reiniciada em 1740, atraves do sistema de contratadores.
Os ma~uscritos nomeados referem-se a capita~ao dos -
es·cravos r .
dedicados a faina aurlfera, nos anos de 1732 e 1733, ou
seja, os dais ~ltimos perfodos nos quais aos "povos'' permitiu-se
essa lide.
Infelizmente, nesses dais documentos listav am -se ap~ _
nas os mineiros, propriet~rios de escravos, sem que se descreves
sem os respectivos cativos. Desse modo, o tr a balho que se pode -
re3lizar, resume-se na caracteriza~ao da estDtura de posse de e~
cravos , sem qualquer ideia, quanta as c a racteristicas da massa -
de cativos ali existents.
Embo r a os dois livros correspondam ao masmo local,
em dois anos seguidos 1732 a 1733 -- notamos diferen9as quan-
titativas e qualitativas ma rcantes entre os dois per fodo s . 0 fe-
~5meno se dave, em grandE parte, ao fato da capitagao ter-se rea
:izado , am cada um desses dais anos , com v~rios livros . Conforms
~ans ~ a 0 cc ~ ice ~erere n te a 732 , este manus crito correspondia
ao seg undo de sets li vros utilizados com a mesma final~dade; em
_733, por outro lado, na cobran9a desse tributo, a Coroa serviu
- se de seis livros . Por conseguinte, as diferen9as observadas
ros dai s anos , talvez ref1itam muito mais diferen9as na amostra
da popu 1a9~o total , qu e mudan9as na . estrutura s6cio-econ~mica
ocorrida nesse a rraia1.
A Tabe 1a I cio ntem a massa de propriet~rios e os escra
vos respectivame nte dec1arados. Em 17}2 somaram-se no c6dice 346
s enhor es - 344 do s qu·a is e1em en tos do s exo mas cu1 ina - que de
c1araram possuir 1754 escra vos. No ano seguinte, em 1733, esses
numeros a1c a n 9aram 694 propriet~rios - com apenas cinco mu1heres
tributad os em 5688 escravos.
A Tabe la ·II, referents a o. ano de 1732, apresenta os
propriet~rios divididos pe1o numero de ~scravos possu{dos. Como
se v~ , nada menos de 86 indivfduos, ou seja, quase urn quarto dos
senhor.es , anotaram-se com apenas urn cativo. Os possuidores de
quantidades i guais ou inferiores a quatro escr.avos, perfaziam
porcent~gem supe rior a dais ter9os dos propri e t~rios, entretanto,
da massa de cativos , t~o somente 28,1% 1hes pertenci a . Os seriho
res 1istados com vinte ou mais cativos, o tot al de quatorze
o que corresponds a 4,2% - detinham pouco menos de urn quarto da
escr.a varia ( 24 , 2% ). Os maiores propriet~rios anotados -- Jo~o de
Castro Soto ~'layor e o C a pit~o Rob er to de Heredra (?) - pag a r am
a capita9~0 sabre r es pe ctivamen te 43 e 45 escravos. (Gr afico I)
Pela Tabela III, a media de c a tivos por senho r a1can
9ou , para o ano de 1732 - na parcela dos mineiros que cons ta m
no c6dice 1058 o valor de 5,1 . Para a mesma popu1a9~0 a
mod a situou-se em urn e a mediana em tr~s; qu a nta ao Indies de Gi
ni , o resulta do encont r ado foi de 0,530 .
c ns~a a ccjica ~ererente a 1732 , este manus crito correspondia
ao segundo de sete li vros utilizados com a mesma final~dade; em
~733, po r outro lado, na cobran9a desse tributo, a Coroa serviu
- se de seis livros . Por conseguinte, as diferen9as observadas
ros dai s anos , talvez reflitam muito mais diferen9as na amostra
da popu la9~0 total , qu e mudan9as na . estrutura s6cio-econ~mica
ocorrida nesse a rraial.
A Tabe la I cio ntem a massa de propriet~rios e os escra
vos respect i vame nte decla rados. Em 17}2 somaram-se no c6dice 346
senhore s - 344 dos quai s elementos do sexo masculino - que de
clararam possuir 1754 escravos. No ano seguinte, em 1733, esses
numeros alc a n 9aram 694 propriet~rios - com apenas cinco mulheres
tributad os em 5688 escravos.
A Tabe la ·II, referents a o. ano de 1732, apresenta os
propriet~rios dividido s pelo numero de ~scravos possu{dos. Como
se v~ , nada menos de 86 indiv!duos, ou seja, quase um quarto dos
senhor.es , anotaram-se com apenas um cativo. Os possuidores de
quantidades i guais ou inferiores a quatro escr.avos, perfaziam
po rc e nt~gem supe rior a dais ter9os dos propriet~rios, entretanto,
da massa de cativos , t~o somente 28,1% lh es pertencia. Os seriho
res listados c om vinte ou mais cativos, o tot a l de quatorze
o que corresponds a 4,2% - detinham pouco menos de um quarto da
escra varia (24 , 2% ). Os maiores propriet~rio s anotados -- Jo~o de
Castro Soto ~'layor e o C a pit~o Rob e rto de Heredra (?) - pag a r am
a capita9~0 sabre r es pectivamen te 43 e 45 escravos. (Gr afi co I)
Pela Tabela III, a media de c a tivos por senho r alcan
9ou , para o ano de 1732 - na parcela dos mineiros que cons ta m
no c6dice 1058 o valor de 5 , 1 . Para a mesma popula9~0 a
moda situou-se em um e a media na em tr~s; quanta ao Indies de Gi
ni , o resulta do encontra do foi de 0,530 .
. GRAFICO I ' ·
. - \
PRQPRIETARIOS EM RELAc;Ao AOS ESCRAVOS POSSU(DOS \" (Tciuco_- ~732} ·-
PARTICIPA<;AO EM RELA(;;.\0 · . ?ARTiCIPA<;AO H1 RELA(,":AO Ao"S . . AOS PROPRIETARIOS ESCRAVOS POSSU(DOS
'---~) 1 A 4 ESCRA VOS
mrrm 5. A 19 ESCRA vos
1##8=1 20 OU .MAIS ES~f:AVOS.
~ a Ta be:a I V te mas · os proprieta~ios registrados·
no Co d ice 1060, de 1733 -- divididos pelo numero de cat{vos pos-
5 u idos. Como se verifica, a faixa da maior concentr agao de sen ho
~e s ( moda), com 127 individuos, correspondeu ~quela de dais es
crav os par proprietario . Os elementos com menos de cinco c a tivos
represent a vam quase a metade dos mineiros an ot ados (47,8%), en
tretanta· detinham apenas 13,6% da massa de cativos. Par outro 1a
do, um n~mero de-proprietaries relativamente alto declarou-se se
nh or de grande escravaria; se tomarmos t~o ~aments aque 1e s que -
de tinham quantidade igua1 ou superior a quarenta escravos, conta
n os . dezesseis mineircis (2,3% dos prbprietar~os) a participar com
13,9% da massa de cativos. Nate-se · que, n~ segmento dos senhures
com numero de escravos entre cinco e quatorze, situavam-se trin
ta e oito par cento do~ propri~tarios, aos quais corre~pondia
u ma parce1a proporcional da escravaria tributada (3B,2%).(Graf.II)
Os numeros acima discutidos resultaram nos seguintes
i n dicadores estatisticos (Cf. Tabela III). A m~dia alcangou 8,2
escr a vos par proprietario; a moda alcangou o valor dais; a me
diana ci~co e o Indies de Gini 0,528.
Se compararmos as duas amostras estud a das -- uma re
c er en te ao ano de 1732 e outra a 1733 -- verificamos que, embora
a n ~ d ia de escravos par proprietario seja bastant~ diferente, o
_nd i c e de Gini alcangou va1ores bastante proximo s . Provavelmente
essas du a s amostras representassem segmentos diferentes d a popu
~agac propri e taria do a rraial do Tejuco, a segunda -- correspon
dent s ao ano de 1733 -- rel a tiv a mente mais rica do que a primei
_a , e ntr e tanto com igua1 perfil d e distri buigao dos escravos
existe nte s .
. . -----·;-- · . . . GRAFICO II · .. ~· ... .
PROPRIETARlOS EfkRELACAO AOS ESCRAVOS POSSUfDOS (Tcjuco • 1733)
?ART ICIPA CAO H1 RELACAO AOS Pri OPR !ETI- RlOS
i Ill ! I i !I 5 A 19 ESCRAVOS ..
§j~i-@ 20 OU MAIS ESCRAVOS .
# ---- -· ---- --·-- .. - -- -.
0
. .
PARTICIPA<;.A.o EM RELACAO AOS ' ESCRAVOS POSSU(DOS
. ·.
D ~ fici ~ me ~ e ta: muda n ~a p o deri a ter ocorri d o, entre
ssses oois anos , na p op u l a9a o to mad a como urn todo. Para que tal
=o :-_ esse ·teri a si d o nece ss~ rio o afluxo de consid.er~vel massa-
_a e s c rav os ao a rr a ial, adquirida pelos propriet~rios na propor
~~~ dos ca ti v os j~ anterior mente possuldos par cada urn deles •
. : _8- o ~ ss o, os in d ivlduos p'ropriet~r ios que che g assem ao Tejuco
ass e per lodo deveriam apresentar tambem perfil.semelhante.
A seguir apresentamo~, atraves das Tabelas V e VI,os
~ :- apri e t ~ rios para os quais constou algum tipo de qualifica~ao ..
Em 1732 conta mos trint a e urn indivlduos pertencentes
eo g r upo "~atentes, Funcion ~ rios e Militares". Destacam-se nesse
sagm e n t o dez mineiros com a patente de Sargento Mor - que pos
s u iam noventa e dais escravos, com media de 9,2 par propriet~rio
- e outros dez Capitaes, com a medi a pouco superior (9,9 cativos
par se nh or).
Nove propriet~rios foram anotados como "Doutores e -
L ~ cen cia d os", com media bastante baixa (4,5), inferior inclusive
2 ~ e d i a total. Os eclesi~sticos tot a lizavam quinze propriet~rios,
c~r ~ e d i a d e seis cativos por elemento dessa c a tegoria.
Em 1733, a qualifica 9aO constou p a ra urn nu mero redu-
z:do de mi neiros (quarenta e s~is), d os qu a i s vinte e oito clas
s~~i_c a r am -se em "P a tentes, Funcio n ~rio s e Milibues". As sim como
2 732 , a s cate gori a s "Sar g ento-f"' or", com sete integrant e s, e
~apita o 11 c om on ze , sur g ir am como a s ma i s frequ e ntes. Do ponto -
2 ~ista da med i a d e e s cr av o s par p rop ri e t~rio, assin a laram-se -
o s seguin te s s egme ntos: Coro ne l co~ 23,7; -S a r g ent o Mo r com 26,6;
e ~ a p it a o Mar com 5 3 ..
Os a c les i~st ic o s to t alizaram qu a tor z e ind i vfduos com
. . !
: ~6 as-~av :s (~~o·a ce 13,3), e o grupo "Doutores e Licenciados"
c:-3J2 quatro indivlduos co m m~d ia de 18,3 escravos por elemento.
Conforms explicado anteriormente, OS manuscritos com
~ _sados referem-se a capita9aO dos diamantes ~0 Tejuco.
No codice 1058 encontramos o segu~nte termo de aber-
:. • :-a :
"Hade servir este Livro · para nele se fazerem os ter
-ss das cargas ao tesoureiro da·fazenda Real do Recebimento dos
Quinto s dos escravos que se deram no Registro para numerar dia-
antes , na capita9ao que se conduz em nove do mes de Maio do pr~
sente ano. Tejuco de Abril 22, .1733, Dr. Josep~ de Carvalho (.;.)
(ass inatura)".
... Embora o livro em sua quase totalidade corresponda a
cobran9a da capita9ao nota mos alguns lan9amentos adicionais, co-
mo o arremate de uma da ta no riacho Fundo, par trezentos mil
reis, realizado por Antonio Joao Rabelo. ('
Quanta a capita9a0 cobrad a , referents ao ana de 1732,
alcan9ava a import~ncia de . vinte mil r~is por e s cravo, taxa im-
pasta pelo Sando do Governador e Capitao General das Minas de Ou
ro, Dom Louren9o de Al me ida, de 22 de abril,de 1732.
Conforms o "T ermo de Rec enssament o do cobrado nes te
livre da capita9ao de 20$00"0 que principiou em 10 de junho de
1732" , datado de doze de janeiro de 1741, o valor total arrecada
do atraves do codice 1058 - 0 "livro segund o da capita 9a0 --'-· al
can9ou 37 : 140~000, af incluidos alguns ade n dos efetuad os apos o
perfodo de cobran9a.
'o ~vro consta , tamb~m , o resumo da a rrec adaga o rea
: ~zada atraves do livro pri meiro e, que somou 81:878$7 85 . Portan
atrav~s do s dois primeiros registros cobrar a~-~e quintos na
:~po~tancia de 119 :01 8$785, mais l:L~20 $ 000 de adigoes anotadas -
ao ~inal do ma nu scri to, ou seja , um total de cento e vinte cantos,
-~ •at rocentos e trinta e oito mil, setecentos e oitenta e cinco -
~eis .
Caso essa importa ncia corres~ondesse exclusivamente
a capitagao de escravos, esse s dais livros representatiam a mas
sa de aprox imadamente seis mil escr a vos. Entretanto efetu aram-se
:cn~aw entos ex tr an ho s a c ap ita9ao, co mo aquele an teriormente
a~ontado . No livro seg undo, codice 1058, esses registros mostra
~a~ -se raros, mas nao sabemos sua frequencia no livro primeiro.
0 codic e 1060, serviu, como consta do termo de aber
~ura "( •.. ) para nele se fazerem as cargas ao Te s oureiro da Fa
zenda Real Manoel da Fons eca e Silv a do segundo pagamento da pr~
ssnte capitagao que se h~ de findar nb ~ltimo de Dezembro do ano
~esent e. Tejuco dezembro 9 de 17 33 .
Dr. Jo seph de Carva lho ( ..• ) ( ass inatura)".
Confor ms o San d o da ta do de 16 de abril de 1733, do -
~vernador e Capitao General das Minas do Duro, Andre de Me llo e
Castro, Conde das Galveas, fixou-se a capita9ao para o a no de
:733, em vinte e cinco mil e seiscentos reis: a metade dev ia ser
paga no " a to do re g i str o e a outra metade no fim dos prim e iros -
qua tro meses , o qu e se entendera de todos aqueles que se alista
~e~ desde 0 ~lti mo dia da capitacao do presents ana, que e de no
ve de Maio ate o ~ltimo de Dezembro ( ... )".
Como no cod ic e an t erior nc s te encontramos alguns ca
sas peculiares .
E . sua folha · 120 le - se o seguinte asse nto "Carrego -
-c..:.s ao dito Tesoureiro a qu antia de cento e vinte mil,- e quatr_£
2e~~os reis. Que recebeu do produto da arremata9ao de uma mulata
~~ nome Joana penhorada, rem a tada a Rodrigo Nunes Ribeiro para
~~;a ento·de outra vantagem que devia .a fazenda Real dos escravos
_ e :-egistrou, ( ) II . . . . .
0 total arrecadado com 0 codice 1060, incluindo-se -
_ _, adendos, alcan9ou de acordo com o "Termo de Recenceamento do
- r ad 0 n e s t e L i v r 0 d a cap i t a 9 a b . d e 2 5 $ 6 0 0·· d 0 an 0 de 1 7 3 3 II ' e d a
· ~aso de doze de janeiro de i741 -·a . importanci a de 77:107$200.
= . anus crito consta ainda o seguinte res~mo: 11 Mostra-se do dito
:-e~enceamen to a folha 127 ter importadq o que o dito Tesoureiro
=ace eu nos cinco Livros em que se registraram os escravos que -
~=abalharam na dita capitagao e pagaram no atQ do registro noven
-a e sets cantos sstecentos e vinte e ·sets mil oitocentos reis:-
57 . 727SBOO . ( ... ) 11, o que somando ao arrecadedo no codice 1060 ,
totali za 174:835$000, que corresponds a "todo o rendimento da di
~a capita9ao do ano de 1733, em que se pagou a vinte e cinco roil
e seiscentos reis por escravo.
Tabela I
~OPULA9AO TOTAL- SE XO
(Tejuco - 1732 e 1733)
PROPRIETARIOS {1) HOH ENS HUL HI:Rt:S ESCRAVOS TOTAL
ANO __ n 1mero % nurnero 7. TOTAL ( 2) (1)+(2)
1732 344 99,1!2 2 0,58 34 6 1754 2100
1733 689 99,27 5 0,73 694 5688 6382 .
Tabela II
PROPR1ETARIOS EM RELA~~O AO NOMERO DE ESCRAVOS POSSU!DOS (Tejuco- 1732}
NOMERO PROPRIET 71:RIO S ESC RA VOS
ESCRAVO N01·1ERo· % N0 ~1ERO % - .. . .
1 86 2~ '9 . 86 4,9 - - .. -
2 69 1 9 '9 l38 7,9 3 44 12,7 132 7,5 4 34 9,8 136 7,8 5 21 6, 1 105 6,0 6 22 . 6,4 132 7~5
7 9 2,5 63 3,6 8 9 .2t5 72 4,1 9· 9 2,5 81 4,6
10 ___ 5 ____ - _ 1,4 - 50 .. ... _2 ,8 .
11 4 l • 2 44 2,5 12 4 1 , 2 48 2,7 13 2 0,6 26 1 '5 14 5 1 , 4 70 4,0 15 2 o. ~ 30 1 , 7 16 3 0,9 48 2,7 17 2 0,6 34 1 , 9 18 1 0,3 18 1 , 0 19 1 o·, 3 ·1 9 1 • 1 20 1 0,3 20 1 , 1 21 1 0,3 21 1 '2 22 3 0,9 66 3,8 26 1 0,3 26 1 , 5 29 1 0 ,3 29 1 '7 31 i 0,6 62 3~5
35 1 0, 3 . 35 -2,0 37 1 0,3 37 2 'l 38 1 ·0,3 38 2,2 43 1 0,3 43 2,5 45 1 0 ,3 45 2,6
TO TAL 346 1100,0%. 1754 11 0 0 0~
Tabe1a III
INDICADORES ESTAT!~TICOS
(Tejuco- r732 e 1733) '
INDICADORES· 1732
M~DIA 5,1
HODA 1
HEDIANA .
3
!NDICE DE GINI 0,530
. '
I I
1733
8,2
2
5
0,528
Tabela IV
I
PROPRIET~RIOS EM RELACAO AD NOMERO DE ESCRAVOS POSSUIDOS
(Tejuco- 1733}
'iO IERO PROPRIE TARIOS ESC RA VOS N 0~1l RO PROPRIET AR IOS ES CRA VOS ESCRAV~ NOt~ E RO % NOHERO % ESCRAV O:: NO MERO % NOMERO ~
1 78 11 , 3 78" l ~ 4 26 3 0,4 78 l , 4
2 127 18,3 254 4,5 27 3 0,4 81 1 ,4
3 66 9,6 198 3,5 28 l 0,1 28 0,5
4 59 8,6 236 4,2 29 3 0,4 87 l '5
5 47 6,8 235 4,1 30 5 0,7 150 2,6
6 37 5,4 222 3,9 31 5 0,7 155 2,7
7 32 4,7 224 3,9 32 1 0,1 32 0,6
8 33 4,8 264 4,6 34 3 0 ,4 . . 102 1 '8
9 28 4,1 252 4,4 ?5 2 0,3 70 1 '2
1 0 27 3,9 270 4,8 36 1 0 ' 1 36 0,6
11 12 1 , 8 132 2,3 37 l 0.1 37 0,7
1 2 19 2,7 228 4 , 0 40 1 0 '1 40 0,7
13 13 1 , 9 169 3,0 42 1 0 '1 42 0,7
"14 13 1 , 9 182 3,2 43 3 0,4 . 129 2,3
1 5 1 0 1 , 5 150 2,7 44 1 O, l 44 0,8
1 6 9 1 , 3 144 2 ,5 45 1 0' 1 45 0,8
1 7 5 0,7 85 1 , 5 47 2 0,3 94 1 '7
18 8 1 , 2 144 2,5 48 1 0' 1 48 0,8
19 8 l. , 2 15 2 2,7 50 l 0 '1 50 0,9
20 4 0,6 80 1 , 4 52 1 0 '1 52 0,9
21 4 0,6 84 1 • 5 53 l 0 '1 53 0,9
22 4 0,6 88 1 , 5 56 1 0.1 56 1 • 0
23 2 0,3 46 0 ,8 62 l 0, 1 62 l , 1
24 1 0 ~ 1 - 24 0 ,4 76 1 0.1 76 1 • 3 I .
25 4 0, 6 10 0 l • 8 TnT 11 1 f-0.1 1() () I( r:s:oo ., 1 "" "0(
Tabela V ·
MEDIA DE ESCRAVOS . POR PROPRIETARIO
(Tejuco- 1732) .•
' ·SEGMENTOS NOMERO DE N0~1ERO DE MEDIA. DE
SOCIO-ECONOMICOS PROPRit::TA- , ESCRA~OS ESCRAVOS p RIOS POSSUIDOS. PROPRIET.
Patentes, Funci onari OS . e Mi1itares
Mestre de Campo 2 . 7 3,5
Capitao Mor - - -Sargento Mor 10 92 9. 2
Guarda ~lor 3 31 10,3
Coronel 1 1 1 • 0
Capitao 1 0 99 9,9
Cabo de esquadra 2 2 1 , 0
A1feres - 1 1 1 , 0
Sol dado 1 12 12,0
Escrivao 1 1 1 • 0
Doutores, Licenciados 9 4'2 4 , 7
Eclesiasticos 15 97 6,5
Tota 1 55 385 7,0
Tabela VI
MEDIA DE ESCRAVdS POR P ~O P RIET~RIO
(Tejuco- 1733)
SEGMENTOS NOMERO DE . . NOM ERO DE MEDIA DE SOCIO-ECONO MICOS PROPRIEH- E SCRA~OS ESCRA VOS P/
RIOS POSSUIDOS PROPRIET .
' Patentes,Funcionarios . e Militares
Capitao Hor . 1 53 '53 ,0
·sargento Nor 7 186 26,6
Guarda Mor 1 12 1 2) 0
Coronel 3 71 23,7
Capitao 11 145 1 3 '2
Alferes 5 51 1 0 '2
Doutor, Licenciado 4 73 18,3 -
Eclesiasticos 14 186 1 3 '3
TOTAL 46 777 1 6. 9
~--------~
44
.·
3. SERRO DO FRIO (173 8 )
0 Codice 1068, correspondents ao Serra do frio pela
variedade de dados contidos, representa um elemento extremamente
- ~til para alargar nosso entendimento ~ respeito da sociedade mi
neira, em particular, daquela parcela da popula9ao que se concen
trava junto as areas diamantiferas.
0 manuscrito diz respeito a capita9a0 dos escravos ,
iniciada em 1735, .e abrangia toda a capitania de Minas Gerais
Esses cativos, listados no Serra, em ' l738,- provavelmente, eram
alocados na atividade aurifera, · pais a faina extrativa dos dia
man tes encontrava-se proibida desde 173~, e somente foi retomada
em 1740, com o inicio do sistema de contratadores.
A riqueza do documento possibilita"o estudo de varios
aspectos daquela economia, como as caracteristicas principais
dos proprietarios de escravos -- em p a rticular o sexo --; dos c a
tivo s -- origem, sexo, cor e idade --; a representatividade dos
· div iduos forros e a estrutur a de posse de escravos.
A Tabe la I, demonstra co mo distribuia-se a popul a 9ao·
=~u~aca . Encon tramos um to tal de 96 81 pessqas, represent adas por
:7 ~ individuos livres (18, 1% ) e 7937 escravos ( 81 ,9%). Dentre -
~s a_ementos li~res , nada menos do que 3 87 (22, 2% ) constituiam -
-se cs forros .
Qu 2n to ao sexo, notamos na populagao tot a l, o eleva
=s-otivo dos elementos do sexo mas c uline ~ 83 ,51%, contr a
_ _,
~~ , ~9 das mu lheres. o segmento dos "nao forros 11 ocorl:'ia a mai·or
d~ce r en9a entre os sexos; enquanto os homens atingiam a· ,
numero
de _315, o que correspondia a 97,4%, o sexo oposto t6talizava 42
pessoa~ , ou seja, somente 2,59%.
No que se refers ao sexo dos forros revelou-se urn to
tal pre dom inio dos elementos do sexo ferninino. Dentre as 38? pr£
p-iet~rios registrados como forros, nada menos de 244 ~orrespon-
_diam a mulheres, · ou .seja 63,05%; aos home~s, que somavam tao so
e,te 143 elementos, cabia a parcela de -~6 ,~5%.
Quanta · a.massa de cativos, revelou-se a suprenracia
mc: sculina com 83, 5%, contra um a reduzida .propor9ao ~e mulheres-. r:rf ,
16 , 5;a . Estes numeros correspondem ao esperado, pais se.tratava-
de escravos alocados em ativi~ades produtivas, a exigir grande -
v igor, 0 que levav a a preferencia pelcis elementos do sexo mascu-
lino .
Os Gr3ficos I e II, permitem que se visualize melhor
os dados apresentados acim a , enquanto o Gr~fico III contem a po
pula9ao propriet~ria distribuida par sexo. Neste, nota-se,dentre . .,..., os indivfduos do sexo masculino , a preponder~ncia dos "nao for-
ros'', com 90, 2% , en quanto a representat ividade dos forros alcan-
9ava tao somente 9, 8% . Entret anto, quando se analisa o sexo femi
nin o vemos que tal proporgao se in ve rtia e as 'forras apareciam -
com 85 , 3% da pa rcel a de mulheres propriet ~rias de escravos, con
tra 14 J 7 'J~ das II naO fo rra s II,
Dos da dos acima dis cutid os , urn ponto merec~ realce .
Tra ta-se da elevada propor9ao de forros dentre os propri e t~rios
de esc ra vos , a dentre os libertos a tepresontativid a de dos ele-
men tos do sexo feminino . A ativ id ade mine ir a , c om o j~ foi devi-
-~-------'d3men te des tacada pe los pesq uis adores ·que t r a tar am de nos sa his·-
POPULA<;AO TOTAL .
I j'ESCRA-VOS-
GRAFICO I
SEXO- DISTR18Uic;;Ao POR CONDic;;/\o SOCIAl (Serro do Frio· 1738)
,·
I Il l i Il l ?RoPRIETARios;·NAo'Fci"RRos;;;
. Elftfj=8 :rfi oPRIE'fATIOS ~'FORRos·; l •, 0 • I ~
POPULAQAO FE MININA
..
.. ..
GRAFICO II ·
... .... . . . . . SEXO- POPULACAO TOTAL . · . .
· (Scrro do Frio- 1738) ·
WO% ~· ~~~~JL
. ~~. ~;~~:
20%
~~~-~ POPULA<;A o NAo FORRos POPULA<;Ao TOTAL
LIVRE F0!1ROS .· ESC~AVA POPUL.t:-<;AO
. .
·~ MASCULINA . · . . c=JFEMININA . . . · . .
· :go%
GRAFICO Ill
· POPULAc;i-1,0 LIVRE (Serro do Fr io· 1738)
FE W: ININA
. . :•.
: , I -- )"
( J FORRO.
E2;?222 NAO FOR RO -
. : . . - '· ... ; .. ...... . ·· ··· ..
toria, poss ib ilitava a os escravos maior mobilid a de social. A for
rna co mo se realizava a explorac;~o de ouro e diamantes 1 ievava
. al~m disso, a maior liberdads e iniciativa aos cativos.Por maior
que Fosse o controls exercido, em particular na lavagem do casca
. lho, o escravo detinha elevada p a rcela de responsabilidade na lo
calizac;~o das pedras pieciosas e das partfculas de ouro. Por es
sa razao, os mineiros procuravam estimul a r seus escravos, e lhes
concediam premios por produc;~o, o que tornava. frequents a alfor-
ria dos cativos~
Ao escravo, obtida a libsrdade, tornava-se relativa-
mente facil dedicar-se a atividade extrativa, como faiscador; os
resultados de seu trabalho, caso contasse com sorts, poderia pr£
porcionar-lhe os recursos para tornar-se, , .
ele proprlo, urn senhor
de escravos.
Dessa forma, compieen~e-se o elevado ,
nurnero de:) for-
ro s ; e ntretanto, a proporc;~o de mulhetes dentre OS libertos, nao
a pr es e nta justificativa tao imediata, e a respeito do assunto
s omente se pode especular. Em primeiro lugar, sabe-se que as es-
cr ava s se co nstituiam, em larga medida, amasias de seus propria-. t a r io s "cada um deles, au par n~o ter, au por deixar em Portu gal
suas famflias, ligava-se a escravas afric a nas ou mulatas, qu e
po r es sa procura, atingiam pre go s a lt!ssimos'1 (1), o que lh es as
segu r a va um a possibilidade de alforria. Adicionalmente, grande -
nume ro de , . ' escrav a s e forras, de d icavam-se a o comerclo ou a pro s -~
t.ituic;a o. Sab r e .o assunto, .lembr a mos o Banda de 1733, o Gov e rns-
- • n( ) do :- e Ca pi t a o General de Min a s Gerais, on d e se le: , • . • e co n~
tando - me junta me nte, que nos corre gos, e s£tios on d e se miner ~ o
=~a an t e s an da m negr a s com tabol e i r os , e ou tras v endendo c ac ha c; a , ..
_ que em to da e s t a s Min a s e proi b i do? qua l qu e r delas; que for ------~
5 _
2chada nas dila s paragens, al~m de perder tbda a merc~ncia, que
~e v ar, ser ~ presa e n~o sair~ da cadeia, sem primeiro pagar cern
mi l reis, ou seja forra, ou cativa; ( ... )" (2).
Por fim, a arduidade dos trabalhos de minera9ao tor
na vam, possivelmente, as mulheres pouco aptas a essa faina,o que
~o rnava sua alforria mais f~cil do que aos indiv{duos do sexo
a sculin·o.
· Assim, a.creditamos que essas tres causas- possibi
_i dade de se tornarem am~sias; com~rcio ~ - p~ostituf9~0 e a difi
c ul dade nos trab.alhos mineiros - provavelmente, agiam em GonjuD.
- o , · no sentido de tornar mais comum a alforria aos e.lementos do
s ex o f em in in o do que a que 1 e s p e r t E;ln c e n t e s a o s e x o o p o s t.o .
Estudemos a seguir _a estrutura de idade do~ escravos
cuja informa9~0 constava do codice em estudo - apesar de sa-
e r mos que tal dado pods apresentar algumas incorre9oes pois a
i da de dos cativos era geralmente presumida.
Na Tabela II e III aparecem os escravos distribuidos
por idade. Na primeira tabela, salta a vista, a concentra9~o de
pessoas que ocorria a cada cinco anos, a partir dos doze. Ve-se
que as idades terminadas em dois e sets, apresentavam porcentagem
si gn ificativamente maior do que aquelas situadas em torno qelas.
Com idade de vinte e dois anos -- por exemplo contaram-se 877
i nd iv{duos, o que corresponds a 11,06%, enquanto nas id a des de -
v inte e um e vinte e tres anos, anotaram-se apenas 227 e 127 es
cr a vos, resp e ctivamente. A mesma despropor9~0 se repete em vinte
e s ete a nos, trinta e dois, trinta e s e t e , e assim por diante
I ss o imped e que se an a lise cad a id a de ss pe cificamente, e torna -
p r e f e rfvel o uso de class es , como const a da Ta be l a III. Ne s t a to
. amos Faixas de cinco anos e ass im, em cada um a , se inclui uma
daquelas idades concentradoras .
Nota-se reduzida porcent age m de . cativos com menos de
quinze anos -- 3,3%. A partir da faixa dos 15-19 anos essa parti
cipagao mantem - se elevada: 10,83% na faixa de l5 -l9 anos; 24,31%
na Faixa de 20-24; 21,90% na f a ixa de 25-29 e 18,06% na Fa ixa de
30-34 anos. Assim, na Faixa de 20-24 anos concsntravam-se quase
urn -quarto dos cativos listados no Serra; se c.onsiderarmos o seg-
menta de cativos, com idades entre 15 e 34· anos contaremos urn n~
' mero de escravos que represinta m ?~,l% do total da escr a varia
anotada . Por outro lado, entre 30 e 49 anos existiam nada menos
do que 35,65% o~ seja, quase urn tergo d~ massa de escravos regi~
tr a dos em uma faixa, que abrange vint e anos , e que pode ser con
siderada elevada para elementos reduzidos ~ cqndigao de escravos.
Na Tabela IV, e Grafi_co IV, dividiu-se a massa escra
va de form a a separar a popul aga o em idade ativa. Assim, vemos -
que 99,04% da escravaria se concentr a va na faixa de idade entre
15 a 64 anos, chamada de "at iva" . As "criangas" represent a vam & -
3,27% dos escravos capitados e os "ancioes" apenas 0,53%.
Duas ressa lvas deve m ser feitas qu ant a aos r esu ltado s
acima apresentados . Em primeiro lug ar a classifica9ao utilizada
foi elaborada para indivfduos livre s , o que dificulta sua perfei
ta a dapta9 ao a massa de escravos qu e co me9a va a tr aba lhar com
t e nr a id ade , e cuja esperan9a de vid a era pequena, normalmen te -
menor do que os 65 anos qu e representa o extrema s up e rio r da . .
classe de idade ativa . A segunda consideragao refere-se ~s cara£
terfsticas da massa de escravos com a qual efetuarnos a pesq ui sa .
GRAFICO IV
ESTRUTURA POPULACIGrJAL.DOS ESCRAVOS (Serro do Frio· 1733)
100%--------------------------------------
., . \ . . ··.
80%
60%
40%
l I ----J~----~----_J~----~L------~
t;_f!_ IA~<;:AS POPULA<;:AO < ANCIOES ATIVA
-· · ·--·-~--------- ·
•.
ossa document o r sf ere-s e ao rol do s morad ore s do Se rra, anot a -
dos com a fi na li da de de pa gamento da capitagao dos escravos;es sa , . .
pa ra os a fricanos, era d e vida para qualq uer idade, e para os ca-
ti vos na scido s na colonia, cobrava-se o tribute apenas sab r e
a queles e scravos com quatorze ou mais anos . Alem di s so , is enta-
vam- se OS que comprovadam e nte nao es tivessem aptos a trab a lhar .
Na pir~mide de idads dos cativos, vs-se de imediato
a de spropor9ao entre o pes o rel a tive dos d o i~ sexos. Alem di s so,
a p i r ~ m ide nao mostra o perfil de um a popul a 9ao comum, pa is no
cas o da escravaria anali s ada, par s ~ tratar do segm e nto produti-
vo , ocorria uma concentra9ao e x~e s siva na f a ixa de idade entr e -
20 e ·29 anos; t a l fato se verifica tanto pa r a os indiv!duos do -
sexo ma sculine, como para as mulh e res . Entretanto , no caso do s -
elemen tos do sexo feminine, con s t ata -se relatl vo equilibria en-
tre a s fa i xas de 10 a 19 e d i 30 . a 39 anos, enquanto entre os ho
mens a fa ixa de 30 a 39 particip ava com urn p es o mais de du as ve -
zes s u pe rior ao da faixa de 10 a 19 anos. I ss o repr e s e nta qu e a s L
h omens se constituiam e m urn s eg me n t o popula cion~ l p r oporcion alme~
te ma i s velho do que a s mu1heres. (Crafico V)
Esse fato po ds s e r ma i s evi de nc i ad o atr a ve s da Ta be -
1a V e do Cr 3fico VI, no s qua i s s e a pres e nt am a razao d e mas c ul i
nidade ,
nu me ro de hornens par a c ada ce rn mul he res - e ntr e a po -
pula9ao es crava , d ividida em grupos e t a ri o~ . Es se i ndic ad or, que
se most r a em to da s as f aixa s extremamen t e e l e vad o, c r es ce co m a
idade . As s im, e rtq uan to na .fa i xa de 1 0 - 19 anos a r aza o de rnascu -
lini da de at in gia 3 13,7 no segmento en tr e 30 e 39 an os e s s a medi~
da evoluia para 613 , 3, e alcan9ava seu pont e m~x imo na fa i x ~ di
60 a 69 a nos , c om u rn valor de 1180 , o que r eprese n ta uma p ropor -
95o de quase doze homens para ca d a e1e mento do sexo o pos t o exi s -
. I
· .... ;)
. I
3000
Ob:.: Efetivoa-10.000
I
I .
2000
5
. GRAFICO V
. PIRAM!DE DE lDADE- ESCRAVOS {Serro do Fr.io- 1738)
MASCULINA
I
I 1000
· ~
80 e mais
70-9
60-9
50-9
40-9
30-9
20-9
10-9
0-9
FEMININA :
I 1000
I 2000 .
I 3000
I 4000
I ! i I
I . !
·- IT~~§ .
1]1~- -
\900
'100 []_ __ _
55
GRAFICO VI
HAZi\0 DE M/\S CULlf\J!D f-l.OE .DE • ESCRAVOS POR GRUPO DE lDADES
· • (Serro do Frio- 1738)
. - I ,-,--
j10 . 20 30 40 50 60 70 80 e nwis
A Tabela VI exibe a rep a rti9ao dos escravos, segundo
a origem. Destaca-se a preponder~ncia dos ~fricanos, co~ 7491 ca
ti os, (9 4 , 38%)~ o que demonstra a import~ncla dos elementos tra
zidos da Africa dentre a for9a de tr aba lho alocada na atividade ,
extrativa mineral. Nessa epoca, embora transcorresse cerca de
tr~s d~cadas do in!cio -da fa~na mineira, ainda nao se criara,nas
erais, massa de escravos de origem colonial suficiente para
atender as crescentes necessidades de . mao de obra. Assim OS cati
•os nascidos no Brasil, com 399 "elementos constituiam tao somen-
~e 5,03% da escravaria anotada; destes, a maior parte, ou seja - ·
261 indiv{duos, foram caracterizados como crioulos, enquanto os
1 _atos e outros somavam 138. Em complemento, dentre os "coloniais"
C00tamos sete indios, 0 que perfazia o, o9% dos cativos. Finalmen
~e, onze dos escravos existentes no Serra em ~738, foram classifi
cedos como Rein6is.
Na Tabela VII e Grafico VII mostra-se a rep a rti9ao -
~os escravos africanos, segundo a origem~ onde se ressalta a su
~~emacia dos Sud ane ses, que totaliz avam nada menos de 5912 e1e-
-entos , o que representa mais de tr~s quartas partes (7 8 , 9~) da
sscravaria africana. Por outro lado, os Bantos somaram 1579 indi
: ~duos, com uma participa9ao de somente 21,1%.
Dentre os Sudaneses predominaram os anotados como
-!na (54, 8% ), seguidos pelos coura e coura mina com 13,4%. ~in-
teres sante observarmos, que diversas "na9~es" apareceram com no-
es compostos c~mo coura mina, cobu - mina, sabaru-mina, lada-mina
e outros .
No segmento dos Bantos preponderaram aqueles classifi
~cdos como a ngo1as, com 8 92 indivl du os, o que corresponds a 56,5%
cesse g rupo. Os bengal?s colocaram-sB logo a seguir, com 20,5% -~------------
5·7
GRAFICO VII
ORIGEM DOS ESCRAVOS · (Serra do Frio· 1738)
: ~00'}~~ .. ---------
.. . 60%'
;:-.. : -:~ . .
. :·· :-':": .
~
40%.
. .;
I. ~ANGOL·J\ .
gg_-:=::-) MINA
f<>'X:,{XJ SUDANESE~_,
58 ·
seguidos pelos mogambiqu es (7,2~ ) e pelos congas (7,2%).
Acreditamos que a Ta be l a VIII, onde cruz a-se a origem
' do~ cativos contra a idade, permits ilag~ e s complementares. V~-
-se qu e , dentre OS Santos predominaram, com 37' 6 2~~ ' OS indivld uos
na f a i xa ,
eta ria de 20 a 29 anos, se guidos pelos segmentos de id a -de entre 30 8 39 anos '· com 25', 7 8% , 8 de ·40 a 49 anos,com 14, 4 L~% .
' . Qu a nta aos Sudaneses, verifi~a-se que na faixa de
' '
ma ior ·importanci a quant i t a tiv a - entr e 20 a 29 a nos - concan-. '•
t r ava-se qu a se metade . dos in~ ivlduos ~ssse grupo (4 8 ,96%); o se-
~und o nivel, 0
em represent a tividade - de 30 a 39 a nos - absorvia
u rn quarto dos e ?cravos Sudaneses (25,9 2 ). A faixa de lOa 19
anos ~ o nstitui~-se na terceira em peso ~el a tivo, com 13,15% dos
:~d iv i du o s , se g u i da par a quela que englob a va os elementos com 40
a 49 an os, 8' 9 6% .
Dentre OS Sa ntos, contr a riam e nte ao ocorrido com OS
~ ~ ... ~anese s, a p a rticipa gao dos escr av os qu e se situ a va m entre 40
c a9 anos reve l ou-se eq uiv a l ents a parcela dos cativos que s e -
c a~aram co m a i d ad e de 15 a 19 anos; a dicio nal men te, para os S~
~a-sses , a i mportancia relativa d ~ segmento entre 20 e 29 ano s
3 ~ase~t ou - s e bas tante s uperior a quela veri f ic ada na mass 3 d e
~~--- s.
Dessa f or ma , confor ms po ds se r visualiza do pelo Cr~-
J_II, os Sudaneses mos tr a vam u ma estru~ura de id a de r e l ati-
z-e :e ra is jovem do que o s San tos. Par a a quel es, n a da me no s do
6: ;_ da escravar ia p o s suia id ade inf er ior a trint a a no s , en
os Ba . tos , o s i nd i vi duos ne sse segme n t o pa rticip avc:.•.m
=nas 52,3%. Por outro lade, os cat i vos c om id ade supe ri or
-~ - ~ - o ~na o infRri nr a ~SSSBnta. rep r BSSfl t avam , p~
80 e muiS":
70-9
60·9
50-9
110 ·9 r---·
38·9
20-9 ~-
10-9
0-9
.···
I :4ooo: '·---·· '
:3ooo:
GRAFICO VIII
1 ESTRUTURA DE IDADE ~ ESCRAVOS! (Scrro do Frio, 1733) .
0--·--~ -· · - · -.... l .B~NTOS:
I
12000 11~ooo :
... i'suoAr~n:s·Es ·f .
\1000: I
.12ooo: .
/ '·
~
.·
\3000. ~4oo6:
.. .
I
'5000 '
~I
~ .~
60
Ain da a Tabela VIII, complementada pelo Gr~fico IX ,
permits que se estude a composigao et~ria dos "coloniais" e se -. .
compare osresultados com os obtidos para a massa de africanos.
Para os "coloniais" a faixa et~ria preponderante
que correspondia aos indivlduos entre 20 e 29 anos -- englobava
f;.l ,9% dos cativos; seguia-se a esta, a classe que absorvia OS BE_
cravos com ida de na faixa dos trinta anos; com ~2,81% ; em tercei
ro lugar, com aproximadamente urn quartG dos ''coloniais" encontra
~as a faixa et~ria. de 10 a .19 anos .
Comp arando -s e o grupo "colonial" com o africano, A
ve-
-se que este representava uma estrutura etaria "mais velha" que
segmento de escravos nascidos no Brasil: enquanto dentre as
a-='ricanos 13,5% possuia menos de vinte anos para as "colonials "
~a- parcela alcangava 26,6%. Para as primeiros ocorria uma con -
~= ~rag~o de 72,5% nas pessoas entre 20 a 39 anos, enquanto nos
~o-oniais", nesse mesmo segmento et~rio, contaram-se escravos -
~-e representavam 64,7%.
Os resultados acima obtidos, evidencia que, relativa
-srte aos africa nos, os "coloniai~" apresentavam uma estrutura -
=-~~~a 11 mais jovem". Na medida em que, as africanos representavam
2 se_mento dos escravos trazidos do e~terior, a composigao dessa
-c.ssa nao deveria canter uma parcela rnuito significativa de in di
.~::-as de tenra idade, qu e , de form a geralj as navies negreiros
__ !~a_a~ adq uirir na ~frica; o elemento preferido correspondia -
:::.- , eg:-o jovem, ·mas j~ fornmdo fisicamente, e que pudesse propoE_
-:~-ar oom rendimento no trabalho bra9al . Por outro !ado, entre
~o:o n iais 11 -- nasc i dos no Brasil --, se tomassemos a popula-
e n~o a ~enas o seamento orod utivo para o qual
· 80 c ~-a·i~!
70-9
G0-9
l - 5o~ r;o.g '----
Ll~~~-I
20-9
10-9
0-9
•·
5000"
· ,
..
I L____-~---
,, . :4000
fot;s~i_~(q~i~?_-;__xo._o9P..\
1 .. l3oao-:
I
GRAFICO IX
ESTRUTURA DE I DADE- ESCRAVOS (Scrro do Frio· 1738)
!TOTAL AFRICANOS \
1 :TOTAL COLONIAlS:
n I
I i I
-------~- --·---- ------r I
12000: : 1COO r
t1ooo l
:2000 I
;3oco
r
:4ooo:
,-· 3 =:j
I
:5000
' 0 ~-~2 e~3 ~:a, com paso re_ativamente grande nas idRdes mais bai-
x~s . e compondo uma piramide etaria bastante diferente, quando -
c~~·::::arc.da. com a dem oris trada pelos a fricanos .
*
dados Uma a nalise possfvel de ser realiz~da, com OS
=~s~onf ,e is, refere-se a estrutura de posse de escravos . Pela T~
_:_c. ::x podemos formar uma ideia sobre a forma como os· escrav o s -
=~s~~~buiam- se entre os proprietaries anotados no Sarro, em 1738 .
: -~zd~o contem tres co1unas que necessitam ser exp1icadas . 0 rna
--sc=~to c6mpu1sado corresponds a "1ista das pessoas que capit~o
s2~s escravos, em a 1a. matrfcula deste ano de 1738", ou seja
32=-ic. a cobranga de tribute pela Coro a , diretamente propor c iona1
c.= ~mer o de escravos produtivos que c ada mineiro possuia . Va-se
==~a do cumento, que uma elevada parcels dos proprietaries (26% )
_c.:cL esso taxa com mu1ta, provavelme~ te por atraso no reco1hi
=--:.o.
Consideremos inicialmente os mineradores como urn to-
Pe_cebe - se c1 aramen te, o predomlnio quantitative das pessoas
--- u~ ~nic o cativo, que representavam nada menos de 37,5% dos
embor a pos suis s em, e .m · con junto, t~o s omen te 8,3% ,
=~ escrav aria. Se tomarmos o segmento dos mineiros co m um numero
~~= super ior a qu a tro cativos, vamos encontrar a significativa -
--~~s~a oe 73,5~ , dos se n hor es de escravos mas cujo grupo detinha
21BS massa de cativos. (crafico X)
Por outro 1 ad o, se considerarmos os elementos com
~-~e ou mois escravos e que repre sentavam 3,8~ dos proprietaries,
=~~~~ca - se que controlavam mais de urn qu a rto da escravaria (27, 5% ).
GRAFICO X .
. . PRO?RIETARIOS EM RELA<;AO AOS ESCR/\VOS POSSU~-DOS {Serre do Frio - 1733)
.PARTiCIPA<;AO EM RELA~AO AOS PROPRI~TARIOS
PARTIC!PA<;AO, E~ RELA<;AO Aos :
·: :
.. . · . . .. . . ' ' .
. ·. . ; : ~ . . . :· . : . . . : . . . ·.
Cl:1 ~~-ESCRAi.iOS .
fTlf 1! i J,s·A ·19.ESCRA-vbs · · '.
ESCRAVOS PCSSU(DOS
I
l.
. .
GRAFICO XI
CURVAS DE LORENTZ
SERRO DO FRIO· 1738
a , e. cent :c amas se t e mi ne i ros com cinquenta au mais ca-
-- - =~ . G t _e a s quais r e gistraram-se com o maior n~me ro de es -
c s . · s ~ 8ap ti s ta.Ro1im e Manoe1 Teixeira da · Si1va, possuin-
_eSQec t" vame nte, 79 e 77 cativos.
'a faixa de propriet~rios m~dios, en tr e cinco e deze
- - . a sscra ' OS, revelou-se uma maior proporcionalidade ; represen-
~2.::' d . . L ~"' os mln e lros e detinham 42,6% da escravaria .
, Esses numeros podem ser adiciona1mente Rr?cessados -
- 2Lodo estatfstico simples , cujos resultados.sao apresenta -·
::; 2 Tab e1a X. ·Verifica-se que, no Serra em 1738 , dentre os
-::; :: iet~r~os que recolheram a capita~ao, a m~dia de e~cra vo s
-~ - ~ia 4 ,6; a moda a lcan~ou urn, e a mediana dais . Estes dais in
= ~ :2:Qres demonstraram o elevado pe so relativo dos propriet~rios
-=- ::eduzi do n~mero de escravos . Par fim , o fndice de Cini, cal-
__ _ a _o para o segmento dos propriet~rios de escravos, alcancou -
- · ~73 . 0 Cr~fico XI , adicionalment e mostra a Curva de Lorentz
:_ ::: espo nd e nte a popula~ao em estudo.
Voltemos ~ Tabela X, e analisemos isoladamente as
:is g rupos -- com e sem multa -- nos quais dividimos os minei-
Cla r a me nte, o segmento "c om mult a ", aparece como ma is pobre,
::e=.c.t..i vame nte ao 11 sem mult a ". Enqu a nto neste ~ltimo cont a m-se se
--~ :: es qu e r e present a vam 74% do tot a l de propriet~rios, estes
:ssu i am e m conjunto Bl% da es crav a ri a ; port a nto aos 11 com multa 11,
-_e participa vam e m 26% no conjunto dos propriet~rios, s o brava a
~~::ce 1 a do 19% do s e s cravos.
Coma vimos, a me d i a de 'c a tivo.par propri e t a rio, e ntr e
a total i da de d o s se nhor e s, a tingia 4,6, e Mtret a nto esse indic a do r
5
_ ::_:~a ~arcan tes dife rengas ent re os dois grupos, acima nomea-
::o.:..s clcangava 5 ,0 entre os " sem multa", e 3,4 nos indivi-
•tro segmen to.
No g:rupo "com multa", apen<;~s nove indiv:iduos anota-
- se com vinte au mais escravos, e dqis possuiam n~mero supe-
: 2 quarenta . Em contrapartida nada menos do que 47% dos se-
des se grupo :regis~rou- se com urn s6 cativo. Esta·f aixa de
:.:... ~ cuos -- com · urn esc:ravo -- atingia, dent:re os "s em rn u 1 t a It,
Como com~lemento ~ an~~ise do Serro, tomamos as qua-
-:cagoes dos mineiros ariot~dos, ~ a re~acionamos ~om o ,
nurnero
escravos possufdos. Na Tabela ~I, mostramos esses dados para
.:..neiros em :relag~o aos qua~s constou alguma ca:ract~ristica -,
Observ a-s e, de imediato, o elevado num er o de forros
:::-:ietarios (387), conforme se havia salientado anteriormente.
-_:es libe rto s , embora possuis sem media de escravos bastante re-
:_z.:..da (dais po:r elemento), dado ~eu . elevado n~mero, detinham
--~ ~a rcela consideravel da escravaria relacionada no manuscrito
Dutro segmento importante da populag~ o, os eclesias-
~-os , apare ceram em n~mero de quar e nta e urn com 294 escravos , o
e representa a significativa media de sete cativos por e cle sia~
~co . De v e~se ress alta r qu e , den tr e esses membros da lgrej a , al
_ s revelaram-se grandes ~enhores de cativos, como o Padr e Al-
a o Pereira Coelho, com 33 escravos, o Reverendo Jo s e ·Gar ces Ca
a_cant , com 27,e o Pad r e Lui s Pinto, com 26 cativos.
67
0 terceiro segmento em import~ncia, correspondia ao
;~ ~po onde juntamos as Patentes, os Funcionarios e os Militares.
e ~re os Funcionarios merecem relevo, ~or ~eus cargos, o Inten-
:21-e dos Diamantes, Raphael Pires Pardinho, com seis escravos
e o Intendente do Duro, Placido de Almeida Montor·o, com tres.
ssse segmento aparecem grandes proprietaries, como o Capitao Ma
-:e_ de Souza Tavera, com 34 escravos; o C api t~o Mor Francisco -
=~s_ra Carneiro, senhor de 42 cativos; b Co~onel Antonio de Ma1
: : .:.. e s i'-1 a chad o , p o s s u i do r d e 3 2 , · .o S a r g en t o . M o r J o s e d e S o u z a R i -
=e~~o, com 28, e outros mineiros com mais de vinte escravos, o ~
:_e eleva a media de cativos po~ proprietario desse grupo para -
-3:9, significati vamente maior do que a demonstrada pelos outro s
se;;-;en tos.
Urn fato digno de nota, refere-se aq surgimento de um
- ~::> ..... .. _ fem inine - Teodozi a Maria - caracterizada como "gentio da
-:::.-:-a", e possuidora de uma escrava mina.
*
(
Par~ finalizar esta parte de nosso trabalho vamos
--- ecer algumas informa~~es adicionais extrafdas do c6dice ora
-:-::...!lsado .
A Tabela XII mostra alguns escr a vos para os quais
: s~ou alguma qualifica~ao; estas constituiram-se em mineiro
__ re_ro , ferrador, sapateiro , alfaiate , barbeiro , cozinheiro e
, . :-:_c;:::r1o .
Nota-se que predominam na maioria das atividades os
- - =~~- c s classificados como minas e angolas .
68
Encontramos no mariuscrito alguns casas de escravos
"casados", como exemplificamos a seguir:
1. Bernardo mina ca sado, 37 anos
Joana mina casada, 18
2. Antonio min a casado, 27 .
Francisc a Cabo Verde casada, 39
3 . ,
Casad-o mina, 42 Jose
Tereza Casada Angola, 32 .
4. Faa casado, 32
Min a casada, 27
5. Joao cas ado ,
~2 Cobu,
Roza cas ada Couranas 32
A nos so ver, 0 relevante nesses exemplos, se consti-
a mistura das "nac;:O.es" dos escravos, nesses 11 casamento 11 ,
. ( . em prlnclplo, seria de se esperar, qual soja
- -aio r frequ~ncia de ligac;:~es dentro do pr6prio grupo.
H~ alguns. casas interessantes no que se refera aos -
=s=~cJos . 0 De sembar ga dor Rafael Pardinho, Intendente dos Diaman
2 .egad o de Portu gal pouco tempo antes (3), possuia um escra
- -=,ore Ma rcos Affonso, qualificado como ''branco", e nascido
:~csto ". Du tro cativo denomin a do Gabr i el Pires, foi cara cte-
:::; COillO "i ngles ", da ilha d e Monsarr a t (ou r-'lonsarnit). Um
i=o Jos~ Fe rr e ir a , criou l o, anotou-s e com "estatu li bre"
--= __ o •avelmen t e r ep r e s e nt a va que a t al c a tivo correspondia -
_ -=-~:c;:~o jur {di ca ospecial, quando co mparada com a situ a c;:ao
a Col onia .
r. n o m i2 exoli c amos . o c 6di c e re fe r e-se a c 0b r an -
_ ~-~~~ta ncia de quat~o oitavas e t r es quartos , a ser pag o em
_as oa~celas anuais . 0 documento serviu para arrecadar-se a pri
-s:ra oarcela do tributo no ano de 173 8 , que mon.tava a 2,375 oi-
-~ as ou , conforms an otado no documento, duas oitavas e vinte e
se~e g~aos . 0 total arrecadado dos proprietarios sem multa ,
~-~s-es que pagaram na epoca devida atingiu 15587 oitavas de
~-~~ e nove graos .
Como vimos, grande parte ~os senhores de escravos
Qcgaram a ca~itag ~o com mul~a; confor~e a legislag~o, impo£
c. e. urn decim o do v alar do tributo, o que elevava a taxa para
-:-:25 oitavas par c a tivo. 0 total pago pelos proprietaries com
--~a alcang ou 4187 oitavas e sessenta g~aos , conforms consta do
=-::u ento .
Assim, na prim e ir a matrfcula da c~~itag~o dos escr~ -
do Serra, referents ao ano de 173 8, a arrecadag~o total
e sem mul ta - alcangou a importaflcia de 19774 oitavas de ou
~
e sessenta e nove graos.
Deve-se es clarecer que OS numeros de proprietarios 8
-- ssc :-avos cor.tados par nos n~o &e iguala a soma efetuada no
==~-~·o manus crito. No do cumento co nsta urn total de 1787 propri~
-~~-0s e 8166 escravos (total de 9953 pess oas ), enquanto em nos-
~-s resultados encontramos, respectivamente, OS numeros 1744 8
' --:7 . Tal fa to de ve-se a falt a de seis folh~s no manuscrito, que
_ .e cante r os quarenta e tres se nhor es e o s duz en to s e vint e e
escravos que representam a diferenga ent re as du as somas .
0 .T A S
( :) -. LI'iA JU NIOR, Augusto de -A Ca pitania das Min a s Gerais
Livrari a Editora Zelio Valverde, Rio de Janeiro, 2a. edi
c;ao, 1943 , il., p. 142.
2 ) - 8 a nd o do G o v e r n ad or e , Cap i t a·o G en e r a 1 d as Minas d e 0 u r o ,
Andre &e Mel lo de Castro, Cohde das Galv~as, datado de
-dois de dezembro de 1733.
• 3 ) - ~AN TOS, -Joaquim ~elfcio ·dos - Mem6ria s do Distrito Diaman
tino, Liv~a;ia Itatiaia Editor~ Ltda./EDUSP, Sao Paulo · ,
4a . edig;o, 1976, (Colec;ao Reconquista do Brasil, vol.26)
p. 57. .
Tabe lJ'l r·
POPULA~AO TOTAL - SEXO
(Serra do Frio -1738)
Se xo HASCtU !NO FEMININO
Caracterizac;~ Numero 7. Numcro % TOTAL
Popula<;ao Livre 1458 83,60 . 286 16,40 1744
Nao Forros 1315 97,40 42 2,59 1350
Forros 143 36,95 244 63,05 387
Popula<;ao Escra -va. 6627 83,49 1310 16,50 7937
TOTAL POPULA~AO 8085 83,51 1596 16,49 9681
.
72
Tabe1a II
DISTRIBUI~AO DOS ESCRAVOS POR IDADE
(Serro do Frio - _1738)
I DADE Ntil•!ERO !DADE .,
41 62 0,78 8 - 1 0,~1 ~2 457 5,76 9 2 0,03 43 21 0,27
10 18 0,22 44 17 0,21 11 23 0,29 -45 16 0,20 12 56 0 ,"70 46 22 0, 2 8 13 42 0,57 47 102 1,29 14 118 1,49 48 21 0,26 15 86 1,P8 49 7 0,09 16 165 2,08 50 13 0,16 17 239 3,01 51 21 0,26 18 224 .2, 82 52 127 1,60 19 146 1,84 53 7 0,09 20 503 6,34 54 2 0,03 21 227 2,86
22 877 11,06 56 10 G,13 23 127 1,60 57 19 0,24 24 197 2, 4 8 58 6 0,08 25 183 2,30 60 5 0,06
0
26 286 3,60 61 7 0,09 27 971 12,23 62 47 0,59 28 180 2,27 64 1 0,01 29 119 1,50 65 2 0,03 3 0 280 3,53 67 2 o;o 3 3 1 13 8 1,74 70 1 0,01 3 2 8 83 11,13 71 • 4 0,0 5 33 5 6 0, 7 1 7 2 . 18 0,23 34 7 8 0 ,98 77 1 0,01 3 5 4 1 0 ,5 2 80 1 0,01 36 9 2 1 , 16 82 11 0,1 4 37 3 72 4, 6 9 86 1 0,01 38 71 0 ,89 9 3 1 0 , 01 39- --- - 29 0, 3 7 Na o Con s ta 13 0,1 6 40 .
62 0,78 -
Tabela III
ESTRUTURA DE IDADE ~A MASSA ESCRAVA
(Serro do Frio- 1738)
NQ DE PESSOAS PORCENTAGEM NA FAIXAS ETARIAS NA FAIXA FAIXA
0 - 9 3 o. ot. 10 - 14 257 3,24
15 -"19 860 10,83 20 - 24 1931 24,31 25 - 29 1739 21,90
30 - 34 1435 18,06 35 - 39 605 7,62 40 - 44 619 7,80 45 - 49 168 2,17 50 - 54 170 2,14 55 - 59 35 0,44 60 - 64 60 0,76
65 - 69 4 0,05 70 - 74 23 0,29
75 - 79 1 0,01 80 a 98 14 0,18 Nao Consta 13 0,16
TOTAL 7937 100,00% -- --
Tabela IV
ESTRUTURA POPULA~IONAL DA· MASSA ESCRAVA
(Serro do Frio - -1 738)
ESTRUTURA POPULACIONAL N0HERO PERCENTAGEH
Crian~a s 260 3,27
Popula~ao At iva 7622· <
96,04 . Aucioe s 42 0,53
. - Consta 13 0,16 ao
'l'abela V
RAZAO DE NASCULINIDADE ENTRE POPULAvAO ESCRAVA ·
(Serro do Frio - 1738)
Tat>e1a ''I
REPARTH;.Ao DOS ESCRAVOS, SEGUNDO A ORIGEM
(Serro _do Frio - 1738)
ORIGEM ESCRAVOS
NliMERO PORCENTAGEM
AFRICAN OS 74 91 94,38
COLONIAlS 399 5,03
- De ascendencia Africana
Criou1os 261 3,29
Mu1atos 75 0. 94 -Outros 56 0. 71
Indios 0 7 0,09 -
REINOIS 11 0,14
Sem especifica~ao 36 0,45
TOTAL 7937 100,00
,
Tabela VII
REPARTI~AO DOS ESCRAVOS AFRICAN OS'· SEGUNDO A ORIGEM
{Serro do Frio - 1738)
-------------------------.------------r---~~~~~~~~~~~~~---------.
I PARTICIPA(:AO
GRA..~DES ~RUPOS E NtfMERO "NAt;:OES" ESCRAVOS Dent .r.e os Dentre os Dentre os
Africanos Sudaneses Bantos
St:::Dk!'ESES
- Mina
- Coura e Coura Mina
- Cobu e Cobu Mina
- Sabaru e Sabaru Mina
- Lada e Lada Mina
- Fom e Fom Mina
- Nag3 e Nag3 Mina
- Cabo Verde
- Xamba
- sao Tome
- Ladano
- Timbu
- Putros Sud a neses
TOTAL SUDANESES
BA'iTOS
- Angola
- Benga1a
- Moc;ambique
- Congo
- Monjolo
- Massangano
- Gangue11a
- Outros Bantos
TOTAL DE BANTOS
TOTAL DE AFRICANOS
3241
791
342
277
249
302
181
122
65
47
52
33
210
5912
892
323
114
114
36
30
29
41
157 9
7 4 91
4.3. 3
10,6
4,56
3,7
3,3
4,0
2,4
1,6
0,9
0,6
0,7
0,4
2,8
78,92
11,9
4,3
1,5
1,5
0,5
0,4
0,4
0,5
100,0
5,.,8
13,"4
5,8
4,7
4,2
5,1
3,1
2 '1
1,1
0,8
0,9
0,6
3' 6
100,0
56,5
20,5
7 '2
7,2
2,3
1,9
1.8
2,6
100,0
100,0
I\ o R-IG EM FAIXAS \ ETA RIAS
0 - 9
10 - 19
20 - 29
3 0 - 39
40 - 49
5 0 - 59
60 - 6 9
70 - 79
8 0 - 8 9
Nao Coo.stl. ·
TOTAL
1
BM<TO S
NQ I i. (***)
2 32
5 94
4 0 7
2 28
80
22
11
4
1 4 , 69
37, 62
2 5 ,7 8
14 ,4 4
5,07
1,40
0,70
0 ,25
1 I o, os
1579 I 100,0
Tabe1a VIII
RELA~AO ENTRE A ORIGEM DOS ESCRAVQS E IDADE
(S e rro do Frio - 1738)
(* ) SU DAN ESE $ TOTAL AFR I CANO S COLONIAlS INDIOS
NQ I 7. (** * ) NQ 17. ( * * *) NQ I 7. (***) NQ I r. (**_* )
2
777
2 89 4
1532
5 3 0
115
40
1 2
10
0,03 1 2 0,0)
13 ,47 13, 1 5 I 1009
48, 9 6
25,92
8, 96
1,95
0,68
0, 2 0
0,15
3 488 . 46,59
,1939 · 25,88
758 10,12
19 5 2,60
62 0,83
23
14
0 , 31
0,17
1 -
5912 1100,0 7491 1100,0
1
105
167
91
22
10
2
1
399
0 '25' -
26,32• -
41, 8 5
22,81
5,51
2,51
o,so 0,25
100,0
(* ) Inc1ui Bantos, Sudaneses e outros africanos
(** ) Inc1ui Reinois e sem especifica~ao de origem
(** * ) Porcen tag em em rel a ~ao ao total da orig em
4
2
1
7
57,14
28,57
14,29
100,0
OUTROS (**)
NQ I % (~-*~2
3
14
11
7
.-
12
47
·6. 3 8
29,80
23,40
14,89
25,53
100,0
TO TAL
NQ 17.~
3
1117
3670
2040
787
205
64
24
14
13
7937
0,04
14 '0)
46,24
25,72
9, 92
2,5 8
0,81
0,30
0,16
0,16
oo,o
-..J -..J
78
Tabe1a IX
" PROPRIETlRIOS EM RELACiO AO NOMERO DE ESCRAVOS POSSUIDOS
(Serro do Frio - 1738)
1.- 1-lERO DE SEH HU LT A . COH MULT A T 0 T A L -~ ESCRAVO S N9 Pro- N9 P ro- N9 Pro- 7. Pro- . ~ scrayos 7.
~ OSSUl-pr i et . 7. p ri et . 7. IP r i e t ~. t- OS Es cr avo s
1 442 34,2 213 46,7 655 3 7 '5 655 8,3 2 234 1.8,2 86 18,9 320 18,:} 640 8,1
~ -3 126 9,7 51 11,1 177 10,0 531 6 '7 4 107 8,3 30 6,7 137 7 ~ 7 . 548 6,8 5 68 5,3 10 2,2 78 4,5 3 90 4. 8.
L 6 51 3,8 12 2,6 &3 3,6 378 4,-8 7 38 2,8 6 1,3 44 2,5 308 3,8 8 ·2 8 2,2 6 1,3 34 1, 9 272 3. 4 9 29 2,3 11 2,4 40 2,3 360 4,5
10 23 1,8 6 1,3 29 1' 7 290 3. 7 11
. 12 0,9 3 0,7 15 0,9 165 2,1 ""-"- 1 2 23 1,8 6 1,3 29 1,6 348 4,4
1 3 14 1,1 . 1 0. 2. 15 0,9 195 2,5 . 1 4 5 0,5 2 '0,4 7 0,4 98 1,2
L 1 5 7 0,5 2 0,4 9 0,5 135 1' 7 16 7 0,5 3 0,7 10 0,6 160 2,0 17 8 0,6 - - 3 0,5 136 1, 7
L 18 7 0,5 - - 7 0,4 126 1. 6 19 1 0,1 , - - 1 0,1 19 0,2 20 2 0,2 - - 2 0,1 40 0,5 21 5 0,4 1 0,2 6 0 , 3 126 1,6 22 7 0,5 1 0, 2 8 0,5 176 2. 2 23 1 0,1 . 1 0,2 2 0,1 46 0,6 24 1 0,1 - - 1 0,1 24" o,:! .
1-- 25 2 0,2 - - 2 0,1 50 0, 6 . 26 2 0 ,2 - - 2 0,1 ·52 . 0 '7 •. 27 6 0 , 5 - - 6 0, 3 162 2,0 28 5 0,4 - - 5 0 , 3 140 1, 8 29 3 0, 2 - - 3 0,2 87 1 '1 1-- 30 2 0,2 - - 2 0,1 60 0,8 31 - - - - - - - -
\ ·
32 1 0,1 1 0,2 2 0,1 64 0, 8 33 3 0,2 1 0, 2 4 0,2 132 1 '7 1--- 34 1 0 , 1 1 0, 2 2 0,1 6 8 0, 9 38 3 0,2 ' 1 0,2 4 0, 2 152 1,9 41 1 0,1 . 1 . 0, 2 2 0,1 8 2 l ' 0 42 2 0 ,2 - - 2 0 , 1 84 1, 1
~ !,3 - - 1 0 ; 2 1 0, 1 43 0,5 44 1 0 ,1 - - 1 0,1 44 0,6 . 46 1 0 ,1 - - 1 0,1 4 6 0, 6' '8 1 0, 1 - - 1 0,1 48 0,6 50 l 0,1 - - 1 0,1 50 0, 6 t-- 5~ 1 0,1 - - l 0 , 1 54 0,7 57 1 0 ,1 - - 1 0 , 1 57 0,7 6 ' 1 0, 1 - .. 1 0 ; 1 64 0, 8 76 1 0,1 - - 1 0,1 76 1. 0
1- 77 1 0,1 - - 1 0,1 77 1 , 0 79 1 0,1 - - 1 0,1 7 9 1, 0
'
- - ' 1287 100,0 457 100,0 17 41~ 1 0 0,0 7937 10 0 ,0 ~ _ ... ~
1 l -
abela· X
INDIC ADORES ESTAT!STICOS
(S rro do Frio~ 1738)
INDICES VALOR
!NDICE DE GINI 0,573
- MJ!:DIA 4,55
~10DA 1
MEDIANA 2
<
Tabela XI
M~DIA DE ESCRAVOS POR PROPRIETARIO
(Serro do Frio - 1738)
SEGHE NT OS NOMERO DE ESCRAVOS N9 M£D IO
S6CIO-ECO N0MICOS PRDPRIETARIOS POSS UIDOS POR
PROPRIETARIOS
Patentes,Funcionario s e Hi1itares 34 343 10,1
Doutor, Desemb a r gador e L icenc i ado 9 47 5,2
Ec1esiasticos so 347 7,0
.Forros - 3/4 758 2,0
!ndio 1 1 1 '0
--
Tabela XII
QUALIFI"CA<;AO ANOTADAS PARA ESCRAVOS
(Serro do Frio- 1738)
. N9 DE ES-CRAVOS NA
ATIVIDADE ATIVIDADE ORIGEM
Mineiro 1 Min a
Ferreiro 10 Hina
Ferreiro Fom
Ferre.iro Sabaru
Ferreiro Angola
Barbeiro 23 Min a
Barbeiro Cobu
Barbeiro Fol"l.
Barbeiro Outros Sudaneses
Barbeiro Angola
Sapateiro 9 Min a
Sapateiro Angola
Sapateiro Coloniais
Alfaiate 2 Angola
Alfaiate Colonial
Cozinheiro 2 Min a
Cozinheiro Bengala
Ferrador 1 Reinol
Boticadoria 1 Min a
·.
N9 DE ES-. CRAVOS DA ORIGEH
1
5
1
1
3
10
1
1
1
10
2
3
4
1
1
1
1
1
1
t:. . V_LA RIC
Para o estudo de Vila Rica, servimo-nos do censo po-
---==!~~2: realizado em Minas Gerais, no ano de 18D4, e revelado,
-- : 3 :::-~e por Herculano Comes . Mathias (1). A ~rea divulgada cor
~-=-:-:e aos distritos de Antonio Dias ; Duro Preto, Alto da Cruz, . (
Ca begas e Morro , o que representaria o atual pErlm~
-=-= _::-~a.'"'o de Duro Preto.· Exceto os aspectos a seguir discutidos
~-=..acio'lados com a estrutura de poss.e de escravos - o referi
- =--s foi exaustivamente analisado por Costa, em Vila Rica:
* *
*
Computamos, em Vila Rica, baseados no censo de 18D4,
" e cinquenta e sete proprietaries de escravos 475
do sexo masculino e 282 mulheres. Considerada a pare~
~~ulagao total correspondents a livres e forros com mais
_3-r.~ze anos (17D5 homens e 2383 elementos do sexo oposto)
""' que os senhores de escravos representavam 18,5~ do
de adultos ( aqui entendidos como aqueles com quinze ou
~as) . Dentre os homens, 27,9% possu1am escravos , para as
--~:-as a cifra atingia, somente, 11,8%.
Ds cativos somavam 2839 indiv1duos. Tem-se, pois , a
:e 3,7 escravos por dono. Tornados isola damente os seis di s
comp onents~ de Vil a Rica, revelam-se significati0as vari~
~orno deste valor medio . No Duro Preto e Alto da Cruz
:ecia o m1ni mo de 3,5%, enquantcr em Cabe9as observava-se o
ximo : 4,8.
Pa =a c~ arif ica r mos a e strutura de posse de escravos
· -- 2 ~~sa e em c ad a urn dos seus distritos faz-se necessaria
---:=:.::!a es ta t istica de concentrac;ao; _para tanto, recorremos
_ :-=:-= Ge Gin i. To ma ndo-se o total de proprietaries e cativos
~-==~==a-os pa ra tal indies o valor de 0 1 502 (cf •. Tabela I).
Pa ra os distritos, considerados isoladamente, revel~
s.:. g'l i f ic a ti vas var i ac;oes em tor no da ci r·ra acima a no tad a.
e~if icou-se manor concentrac;ao_nos distritos de Padre Fa
e Duro Preto(0,437)~·o valor maximo correspondeu ao
Ca bec;as (0,599); nas demais unidades distritais o in
__ = assu~.:.u n iveis intermediaries: ~nt~nio Di a s (0,519), Morro
e Alto da Cruz (0,536).
Cabem, de sde logo, algumas observagoes quanta aos va
2ci a a rrolados. No dis tr ito de Cabegas ,' '0 alto in dice de
a presen c; a do Cel. Jose Velloso Carmo que
de min erar com Fabrica" e possui a elevadissimo n~mero de
s vis -a-vis a media vigente na urbe; tratava-se de um dos
:_-~ =s grande s mineradores da regiao conforms o testemunho de -
--=s ~iaja ntes da epoca.
Com resp e ito ao Alto da Cruz outro minerador r e vslou
:~ande proprietario de escra vos, o Capitao Francisco Ca etano
cat i vos corr es pondiam a 24% do total da escrava
cist r i to.
, No ~1orro 1 como j a a firm ad o, pr e domin a va m OS faisca do
s -;-ine i ro s. E:ntr e OS ~ l ti rn o s , a parecia m tr8s senhores com
_e 22~ do tota l d e escr a vos do distrito 0 que corre s pondi a
cat ivos p ertencentes a os mi n e rad ores ali resident e s.
0 !n dic e de Ant~n io Di a s expl i ca-s e pe la presen c; a d e
= . :~ 6 ~ :os da a d inistr a~ ~o publica e milit a r detentores de sig
~ :~~a ·~va pa rce la do numero de cativos.
A di s tribui~~o existente no Padre· Faria, local em
-_e se ve rificou o menor fndice de Cini, justifica-se pela exis-
~9 -c ~ a de um conju n to de senhores, ao que parece, composto de in
= ~ - ~ cuos de medianas posses. Par outro lado, r conquanto, al resi-
- ~ss e~ n u i tos mineiros e faiscadores a parcela oos mesmos, pas-
--~ ~ n ~ a de escravos, revelou-se infima. Possivelmente, a elevada
=c ze o d e masculinidade dos escravos af prevalece~te (217,31 -- a
~:~~ de Vila Rica) (3), devia-se ao fato de que os cativos des-
- :-c _ e~ - s e~ predominantemente, a fainas produtivas vinculadas ao ,
sendo reduzido o numero de escravas ocupadas no ser-
c ase iro.
No distrito de Duro Preto, cujo indice ~ostrou-se
supe rior ao do Padre Faria e a baixo do vigente na urbe,
__ s ti am mineiros, os lavradores mostravam-se praticamente au
- -es . Os escravos distribuiam-se entre uma gama variada de se-
-= = = s - d e s d e a 1 t 0 s f u n c i 0 n a r i ,o s d a a d min is t r a~ a 0 p u b 1 i c a 8 ~ i ,
_ --~ ate elementos forros -- sem que se verificassem grandes
--=~=~a c i a s no numero media de cativos pertencentes a cada 88£
__ s proprietarios.
Evidentemente, poder-se-ia arguir os elementos expli
ar rolados acima, com ba se em seu carater ad hoc. No en-
2 analise a nfvel ma is desagre gado parece confirm a r 0 con
s-~s t a ntivo dos mesmos. Para t a nto, vej a mos o que nos rev e
ado s anot a dos na Ta bela II.
Con s i de:remos, inicialme n t e , os se gmentos referentes
:-_:~as e agricullore s . Ch ama-no s a at e n c ~o, desde lo go, o
~~er a me dia de c a tivos c orr es pond e nts a este s dais gru-
__ , e 3,0 respectivamente). Tais cifras apresentaram-se .
-- - - -· ,.... - - = - - -~C.S e m rela9ao as prevalecentes para as outras categorias
=c s aqu~ncia, muito superiores ao n~mero m~dio, de 3,7 ca-
= =~ pro prietario, referents a totalidade dos distritos com ' .
- : : as da area urbana de Vila Rica.
Mesmo que efetuassemds ajusfes cablveis, ou seja, ca
c.ss emos da po pul_a9a o, do is s enhor es - um miner ado r e
- --=- ag ~.::.cultor -·-; possuidores de, respectivamente, 126 e 69
(n ~meros a discrepar excessivamente dos padroe? vigentes
i dade em fctc~), ainda chegariamos a valores m~dios· muito
- -~=:= ~as aos dos demais segmentos: 6,6 para os mineiros e,
---== a~s agricultores, 7,4. Tais atividades permitiaffi, portan-
a.::.- =a ~ue para reduzida pa~cela dos elementos a elas vincula
s c ra nutent;:ao de n~mero .razoavel d·e escravos. Por outro 1ado,
~ =- sa lembrar que, por sua propria natureza, tanto a 1ide agri
_3 =-a~ to a mi~eira, tendiam a uti1izar intensivamente o fator
--=---~ - o. ,.
Como seria de se esperar, aos faiscadores, cabia nu-
de cativos muito inferior aquele relative aos mineiros
ta r s us 11,8). Ademais, da massa de escravos, somente 0,7% -
poder dos proprietaries ocupados corn a faisca9ao -
- s . c or sua vez, representavam 1,3% do n~mero total de indivf
- :J s s u i do r o s d e e s c r a v o s . Po r o u t r o 1 ad o , o s m in e ir o s - 3 , 0 ~G
-=opr ietarios -'- detinham 9,6% da escravaria .
As diferengas entre mineradores e faiscadores co-
amp l mente explorarlo pela historiografia brasileira di-
::e s pe i.tn, sobretudo, ao proc e sso. e•Jolutivo da f a ina exp1or1:_
. As sim, a pr e s e n9a de faisc a dores marcava a propria deca-
da min era95o. As evid~ncias emp~ricas oncontradas no cen-
es-ucc conf~r am so~eja~ente tal asse rtiva. Destarte, do
· =a :::essoas val adas a est a s duas atividades, pouco mais de
- ~ 2 ~ ~ :J · ( 2 5 , 8% ) an o to u-s a co m o mine i r o s . A g r a r:l d ·e mass a , p or-
co7.punha - se de faiscadores.
Urn significative indicador da disparidade econ~mica
-~~=~te entre as categorias em quest~o, consubstan cia-se na
-~=s:c cos indlv{duos que, de cada uma delas, apresentaram-se -
:-_ sa~hores de escravos. Enquanto, para o total de mineiros os
correspondiam a 39%, apenas ..
dos faiscadores de-
p o s s u ir c a t i v o s •
Analisemos duas outras categorias econ~micas -- arte
_ comerciantes altamente representativas, quer em termos
-a-- relativo de proprietaries (27%), seja quanta a parcela -
es::::-avos a elas adstrita - 21,5%. Nestes segmentos, relativa
aos demais , os cativos distribu{am-se mais harmoniosamente;
deve riam decorrer as pequenas oscilag~es do n~mero m~dio -
:::::::ivos por proprietario entre os seis distritos considerados.
A modestia du media de cativos par senhor (2,9 para
---=~ciantes e 3,0 correspondents aos artas~os) aliad9 ao ponds~
_:_:::~ pes o relative destas categorias, tanto sabre o total de
--=-~~e tarios quanta com respeito ... a escravaria, patenteiam, par
- :sdo, a exist~ncia de avult ad a quantidade de pequenos neg6cios
:. pn - outro, o carater franc amen te citadino de Vila Rica.
A
Tal assergao v e -se corro bo r ada pela maci9a presenga
~uncionarios, oclesiasticos s indiv{ du os portadore s d e paten-
- s . Em conjunto estas c ateg or ias ·-- qu e . dese mpenha vam papol de
:-ande imp or t ~n cia na. sociedade esta me nt a l do Brasil Col~ n ia
rcsentavam 20,6% dos propri eta r i es e possu{am pouco mais de -
- quarto ( 25 , 6% ) d~ esc r avaria . De mo~o geral , com respoito aos --------------~~
8·6
:~s~ritos 8 estritamente valido para a vila'como urn todo, OS 88~
2~~os em foco detinham, de oer si , maior n~mero m~dio de cativo s
-=~ senho ~ do qu e o v~rificado para artes~os e comerciantes.
Finalmente, ocupemo-nos dos forros. Conc en tr ad os effi
--~ io Dias e Duro Preto, atingiam 2,9% dos proprietarios e con
~=-:avam 1,7% da massa de c a tivos. 0 n~mero media de escravos
=- senho r forro (2,2) coloc a va-se muito abaixo. das cifras cor-
==s=~nden tes aos outros segmentos, exceto os faiscadores (2,0).
Qu an ta a o porc ent ua1 da escravaria s up1 antava , t~o
_:~:~~e, aos faiscadores (1,7% face a 0,7%); c l fras a divergir
-=~-=a~en te das preva1ecentes para as demais cate gori as . Da f po-
-::-se concluir que, embora estivesse abe rta aos forros a pos-
~-~~~dade de possuirem escravos, a posi9~0 re1ativa por eles
-=-=~~a reve1a v a - s e das mais modestas em Vil a Rica.
· o r A s
MM HIAS, Her c ulan o Gome s - Um Rece nseamento n a Ca pit a nia
d e •.:._ ~s Ge r a i s ( Vila Ric a - 1804), Arquivo Na cional, Rio
~e Ja n eiro , 19 69 , il., XXXVI mais 209 p .
~ STA , Ira ci d e l Ne ro da- Vil a Ri c a : Popul a9a o ( 1719 ·
_ 8 26 ), Fa c ulda d e de Ciencia s Ecanomic a s e Admi n istra 9ao
da Univers i dade de Sao Pa ulo, 1 977, mimeo.
3 COSTA , I i e ci del Ne ro d a - op. cit., p. 114 e seguint es .
I
DISTRITOS
ANTONIO DIAS
OURO PRE TO
ALTO DA CRUZ
CABE~AS
PADRE FARIA AGUA LIMPA E TAQUARAL
MORRO
TOTAL
88
Tabela I -
INDICADORES ESTAT!STICOS
(Vila Rica- Censo de 1804)
!~dice de
Gini Media
0,519 3,6
0,437 3,5 .
I 0,536 3,5
0,599 4,8
0,424 3,8
0,520 4,0
<
0,502 3,7
Scgrnentos
socio-economi
c os
Mineiros
Faiscado r es
Agricult or es
A:: t esaos
Comerciantes
Funcionarios
E.:!lesiastico
!I'atentes
Fo rro s
Outros
Indeterminados
TOTAL
Media de D i s t
Tabela II
M~DIA DE ESCRAVOS POR PROPRIETARIO
(Vila Ric~ - 1804)
escravos por provrietarios r i t 0 s
Partici pa<;ao Vila Rica
Antonio Ouro Alto da P;;td re Fa Dentr~ os No total r1as e = lvila Rica ProH~et. ~gse~H a-Dias Pre to Cruz Cabe~as outro s (*) Morro
2, 0 - 1,8 126,0 3,0 9;6 11,8 3,0 9,6
2,0 - 2,0 - 2 ; 5 1,8 2,0 1,3 0,7
10,3 3,0 69,0 9,0 6,5 6,0 13 t 0 1,4 5,0
2,7 3,8 2,6 3,1 2 t 8 2,3 3,0 16,6 13,5
1,8 3,1 3,0. 3,6 4,0 i,o 2,9 10,4 8,0
4,5 4 ' 4 2,5 2 ,7 - 3,0 ~.2 6, 8 7,7
4,0 4, 6 4,0 6,5 7,0 7,0 4,9 4,2 5,4
4,3 5,0 2,2 13,0 4,0 3,8 4,8 9,6 12,5
2,5 2. t 2 - 2,0 - - 2,2 2, 9 1,7
4,5 3', 5 . 2, 7
I 4,9 2 , 3 2, o. .3, 4 9,6 ?,6
4,0 2,8 3,0 2,5 4,2 2 '9 3,0 34,2 27~3
3,6 3 , 5 3,5 4 '8 3,8 4,0 3.,7 100,0% 100,0%
OBS:- (*) Pad r e Faria, Agua Limpa e Taquaral.
(1) Participa~io dos proprietaries do segmento no total de senhores • . (2) Participa~ao dos escravos pertencentes ao segmento no total de cetivos.
!
r: -' . • POSS E DE ESCRA VOS
0 a ss u~ to qu e pretendemos tr9tar nesta parte do tra-
~esp e ito ~ e s trutura de posse de cativos . Seu conheci
~-=-s , d e _anc;a r luz sabre a estratificac;ao social vigente
soci ed3 de sob ~n~lise e representar valioso subsfdio
- ~ 8a~e n to das ativid? des produtivas de ~aior significan
~ ?.ca mon ento histcrico, apresenta"-se como elemento alta -
~2 =e - svan te no est a bele c imento do nivel relativb ~e riqueza
=e~-ento s soc i o-economicos em que se pode decompor uma cornu-
---=e cc s i derad a . A vista disso evidencia-se claramente o subs
-:_ c co ntributo que trar~ ao entendimento das caracterfsticas
: ==a _ ica des em foco, a identificac;ao da aludida estrutura .
Cremos, alem disso que a estrutura de posse de escr~
- e!elav a - ao menos nas fases iniciais da lide mineira
_ e_e ada correlac;ao com a propria forma como a riqusza distri
- -s en tre os mineradores. "A natureza mesma da empresa minei
~= pe r mitia uma ligac;ao ~terra do tipo . da que prevalecia
=-~:~es ac;ucareiras. 0 capital fixo era reduzido, pais a vi
2 - ~a l av ra er a s e mpre alga incerto. A empresa estav a organi
_ -e fo r ma a poder desloc a r-se em tempo relativamente curta
_ :~o l a do, a elev a da lucrativid a de do negocio induzia a co~
propri a min er a c; a o todos os recursos dispon.lveis'' (1),
_a ~as co mp let a ri a mo s com a afir~a tiv a de que esses recursos
-: a ~ed i da a loc a va m- s e na compr a de es cravos, principa l f a
~od uc; a o utili zad o no trab a lho extrativo, do seculo XVIII.
A Ta bela I nos mos tr a 3 lguns indica dor e s sabre a
de pos se de escra vo s , con s ide r ados ap e na s os in d ivf duos
· t .:.ri os de ca tiv os . Co mpa r a ti va rnonte no a rr a i a l d o Tejuco,
em 1733, r e sultou a maior media de escravos par senhar·-- 8,3. Em
segundo lugar situou-se a Vila de Pitangui, para a qual a media
revelou-se crescente, entre 1718 e 1722 - 6,1 no primeiro ana -
e. 7' 2 no ultimo - reduzindo-se com grande intens idade no ana de
1723' quando a1 canc;ou 6' l~; par· outro "1ado' as medias no s erro e
Vi~a Rica, situ~ram-se bastante a~aix~, ~,6 e 3,7, respectivame~
te. Ao contrario de Pitangui estas du as u1timas 1oca1idades a pr e . -sentaram moda urn ·e mediana dais , enqu a nto em Pitangui tais indi-
cadores alcanc; a ram, em 1723, respectivamente dais e . quatro. No-
Tejuco nota-se uma marcante diferenc;a entre as dois anos analis a
dos; a moda e a media~a cujos v a 1or~ s situaF a m-se em um e tr~s
em 1732, elevaram-ie, respectivamente, para dois e cinco,em 1733,
0 que se refletia na media de escravo s por proprietario (2).
Esses jesultados demonstr a rn que uma elevad a parcela
dos senhores de cativos, em Minas, ( .
po s sula dais ou menos escra-
vas. Em Tejuco 1732, no Serro e em Vil a Rica a maior concentra-
c;ao de proprietaries ocorr e u nos individuos qu e se anotar a m com
apenas urn cativo; em Pitangui, e no Tejuco, em 1733 , o ma ior po£
centual CGube aos senhores com dais.
0 fndice de Gini de modo ger a l a pr e sentou valores r e
lativame nte baixo s e proximos entre si . Alc a ngou seu maximo no -
Serra, com 0,573; no arr a i a l do Tejuco, em Vi la Ric a e na Vila -,
de Pitan gui en~ont ra mos numeros rel a tiv a me nte i nferiores , e mbor a
nes ta ul t i ma ocorr ess e, a o long o do s a no s e s tud a dos, u rn proc esso
de concentr a c; a o na po ss e de es cr av os , compro va do pelo fn di c e de
Gini . No Se rra ·a pesar d a redu zi da media , e ncontr a mos inum e ros mi
ne iro s c om e l e0ada qua n ti dado de escrav os , embo r a ne nhu m de l es -
a lca n 9aSS8 ma i s de oi te nt a c a tivo s . A ba i xa med i a de ve - se a o sig
nificati vo pes o do s pe quo no s se nh ores de es c rav os - urn ou dai s
72
cativos - muitos dos quais forros que haviam ascendido a categ~
ria de senhores.
Essa relativa dicotomia, dentro do segmento dos pro-
prietarios - uma grande quantidade de pequenos senhores que de
tinham , apesar de se u elevado numero, uma prop0r9a0 pequena da -
escravaria existents , em oposi9ao, a uma- reduzida parcela de
grandes proprietaries ocorria tambem nas outras localidades -,
estudadas, porem em menor propor9ao .
As peculiaridades da atividade mineira permitiam a
coexistencia desses dais tipos de mineradores, e mesmo de indivi { . ~
duos sem posses. Essa caracterlstica da minera9ao foi assim ex-
pasta par Celso Furtado . "Na economia mineira, as possibilidades
que tinham um homem livre com iniciativa eram muito maiores . Se
dispunha de recursos, podia organizar uma lavr~·em escala grande,
com cem au mais escravos. Cont~do, o capital que imobilizava par
escravo au par unidade de produ9ao era bern inferior ao que cor-·
respondia a um engenho real. Se eram reduzidos os seus recursos
iniciais, podia limitar SUa empresa as mfnimas propDI"908S permi-
tidas pela disponibilidade de mao-d e -obra, isto ~' a um escravo.
Por ultimo, se seus recursos nao lhe permitiam mais que financiar
o pr6prio sustento durante um periodo limitado de tempo, podia -
trabalhar ele mesmo como faiscador. Se.lhe favorecia a sorte, em
pouco tempo ascenderia a po si9ao de empresario" (3) .
• I , • Note-se que dentre os milhares de proprle~ ar los com
pulsados, apenas .um, em Vila Rica, anotou-se com mais de cem es-
cravos (126 cativos). Prov ave lmente , em meado do seculo dezoito,
quando a minera9ao a tingiu seu apogeu em Minas Gerais, existia -
uma pa rcela maior de mineiros com uma au mais centonas de cati-
vas, infelizmento nao encontramos , a t6. o momenta, documentos per-
(
Para finalizar este capltulo, apresentamos a Tabela
II, onde se mostra a m~dia de escravos par propriet~rio i estes -
d·i v id idos con fo r ·me a qua 1 if i ca9ao a no tad a .
Desde logo sobressai a maior complexidad~ das in f o r
ma9oes de Vila Rica , em cujo censo encontramos uma inf i nidade de
atjvidades econ~micas , nao referidas no& manuscritos das demais
localidade s , principalmente par nao terem estes u ltimos a finali
dade ceneit~ria ~ sim tribut~ria .
Note - se, a elevada media do segmento das " ~atentes ,
Funcion~rios e M·ilita.res", e dos " Eclesi~sticos ", quando cdmpar~
da ~ media total de cada localidade . Isso .denota uma• caracteris -
tic~ marcante da sociedade colonial brasileira , qual se~a , a im
port~ncia r~iativa daquelas categorias s6cio - econ~mica~ , a ref l e
tir se u car~ter estamental .
Apesar dessa caracterfstica, a economia mineira , co -
mo vimos , permitia maior mobilidade social, quando comparada as
outras existentes no Brasil Col~nia . Isso refletia-se na freque~
te asce n9ao do ex - escravo a categoria de proprietario de cativos ,
conforme salientado anteriormente nests trabalho , e que pode ser
reafirmado pela tabela II. Curiosam e nte no Tejuco nao en-
contramos , em 1732 e 1733, nenhum lib e rto como proprietario , em-
bore na comarca do Serra, em 1738, seu numero a'lcan9asse ( . nlVelS
bastante elevados. Talvez a explica9~0 para essa disparidade es
tej a no documento de tr~s de fevereiro de 1732, qu e em parte re-
produzimos : " Os Negros, Negras, e Mulatos forros, que se. acharem
na comarca do Serra do Frio, sao tao prejudiciais assim para OS
mineiros , que.tirao Diamantos , como p~ra o interesse da Fazenda
Real, como o tern mostrado a experi~ncia, e assim V.Mce . os fara
despejar oxecutando neles as pcnas do meu Dando, que sao a9o utes,
prizao, e degredo para a nova Colonia ( ... )" ( 4). Como se A
ve,
procurava-se evitar que os forros explorassem os cobi9ados diaman
tes; sendo o Tejuco um dos mais importantes locais, dentre aqu~
les onde se realizava essa atividade extrativa , possivelmente se
tivesse efetivamente r ealizado a expulsao dos libertos desse
ar_r a ial.
[m 1734 demarcou-se o "distrito dos Diamantes da co
ma rca do-Serro db_Fr~o '' , e proibiu-se qualquer tipo de minera~ap
nessa zona especffica, na qual p assou-s~ - a exercer um rigoroso -
c~ntrole, orden~ndq-se"aos Dragoes que patrulhassem consta~teme~
te as terras demarcadas com a ma ior vigil~rrcia , a fim de evitar
que . algu~m tentasse explor~-ias'' ($). Destarte possibilitava- se
o estabelecimento dos " indesej~veis ''forros em ~reas da Comarca do
S err o exclusive a · zona· d iamantf fer a s e_gr e gada .
95
N 0 T A S
( 1) - FURTADQ, Celso - Formac~o Econa mica ·do Brasil, Ci a . Edi
tora Nacional, Sa. edi~~o, S~o Paulo, 1968, p. 82 .
. ( 2) -. Reaf irmamos que, OS codices correspondentes ao arraial -
do Tejuco, repr esentam , em cada ana, apenas uma part e oa
popula9~o proprietaria to tal , pais a Coro a serv iu- se de
livros adi cion ais na c apita~~o dos anos de 173 2 e 1733 .
( 3 ) FUR T A 0 0 , C e 1 so - o p . cit . , p . 8 2 .
( 4) - "R espostas· as duvid a.s , e perguntas, que expos o Doutor -
Ouvidor Gera1 do Serra do Frio sabre a execu~~o do Regi
mento" das Minas de Diama ntes de 26 de junho de 1730, da
t adas de tres de fevereiro de 1732, in Anais da Bi bliote
ca Naciona 1, val. 80 , Rio de Janeiro, 1964 , pp . 105 es
diante .
( 5) - SANTOS, Joaquim Fe1fcio dos - £P....:.._cit...:..,' p. 59 ·
Tabela I
INDICADORES ESTAT!STICOS
. !NDICE DE LOCAL AND H~DIA MODA MEDIAN A GINI
PITANGUI 1718 6,1 2 5 0,403 1719 6,7 4 5 0. 3 97 1720 6,8 2 '• 0,480 . 1722 7,2 2 4 0,508 1723 6,4 2 4 0,532
TEJUCO 1732 5,0 1 3 0,530 TEJUCO 1733 8,3 2 5 0,528 SERRO DO FRIO 1738 4,6 1 2 0,573 VILA RICA 180/1 3,7 1 2 0,502
.
-
• Segtos. Soc io-Economicos Pltanqui-1723
Mineiros -Faiscadores -Agrfc~l tores -
I -Artesaos
I -
Comerciantes -Patentes,Funcic na ri OS e Hil it~ 16,7
Ec 1 e s i as t i cos 11.0
Doutores,Licen ci3.dos e Desem bargadores 5,0
Forros 2,5
Total dos pro prietarios. - I 6,4
Tabela I!
MEOlA DE ESCRAVQS POR PROPRlET~RlO
Serro do Frio Tejuco-1732 Tejuco-1733 1738
- - -- - -- - -- - -- - -
7,9 18.5 lO.I
6,5 .. 13,3 7,0·
4,7 18,3 5,2
- - 2,0
5,0 8.,3 4,6 - - --------- ·- ---
'
. Vila Rica-1804
11.8
2,0
13,0
3,0
2,9
4,6
.. _ 4,9
...
2,2
3,7
·.
\.L ..... ,
6 . ORIGE M DOS ESCRAVOS AFRICA NOS
Urn aspecto que pretendemos abordar refere-se a origem
dos escravos africanos existentes em Minas Gerai s , dur a nte o s~-
culo XVIII .
Desde h~ muito, pesquisadores t~m tratado do assunto, de
forma particul ar para as CerBis, ou de modo mais abrangente, com
estudos que cobrem v~ri as regi~es brasileiras . No s~culo passado
acredit~va - se que teria existido total pr edom fnio dos africanos
per tencentes ao grupo dos Bantos, *de ntre aqueles trazidos para o
Brasil. Provou - se , ao inicio do s~culo XX (1), a grande imports~
cia quantitativa dos Sudaneses, que afirmava-se, teriam se res -
tringido a algumas ~reas do Norde ste ; ao Sul os Bantos const i tui
riam am pla maioria .
Em ~poca recente, novas estudos (2) vieram demonstrar a
elevada particlpa9a o do grupo Sudanes em ~reas ao Sul do pais
inclusive em Minas Gerais .
Paralelamente , firmam - se o consenso de que os S udaneses
fora~ levados para as Gerais, em razao de possuirem conhecimento
t~cnico relativamente avan9ado e estarem f2miliarizados com o
trabalho extrativo mineral ern suas "na9~es " de origem (3) .
As habilidades, as qualifica9 ~ es relativas, ass im como a
adaptab ilid ade de Bantos e Sudaneses a lida minerat6ria foram
desdc os prim6rdios do estabelecimento da economia mineira, ava -
liadas distintamente.
0 confronto de textos legais c oe\.!os evide nci a as mudanc;as
verificadas na apreciac;ao desses dois 9rupos . Em Car t a R~gia de
l 7 ll 1 B- S e II f·1 e p a r 8 C 8 lJ r e S 0 1 V e T q U 8 0 S n e g T 0 S q U e 8 r1 t l' a T 8 m n 0 S t e
Estado ( Brasil) vindos de Angola , e ,
forem envindos por negocio -
-·
para as minas paguem de saida a seis mil reis a que chamam pegs
das fn~ias, e os lotados ao mes~o respeito, e os que forem da
costa da mina, ~ se remeterem tamb~m para as Minas, paguem tr~s
mil reis por cabega e que chamam pega, e os lotados na mesma for
ma, por sarem inferiores, e de menos servigo que os de Angola'' -
(4). Em documento datado de 28 de julho de 1714, revelava-se opi ,
niao divergente: "Pela copia do edital que com esta remeto sera
presents a Vossa Majestade ter-se dado cumprimento ao que foi
servi9o ordenar por esta Provisao e como nela se determina que -
os negros que vies~em de Angol a para esta praga e dela fossem
por negocio para as minas pag asse m a saida seis mil reis por ca-
bega, sendo pegas da India e os da Costa da Mina a tr~s mil reis
por serem inferiores e de menos servigos·que os de Angola, o que
~ tanto pelo contr~rio, que os que vern da Mina se vendem por pr~
go mais subido por ter mostrado a experi~ncia d~s mineiros serem
estes mais fortes e capazes para aturar o trabalho a que os apli
cam; o que me obrigou a consultar esta materia com os Ministros:
e pessoas de mais inteligencia e resolvi que vista a equivoca9ao
que houve no valor de uns e outros negros pagassem todos igual-
mente quatro mil e quinhentos por ~abega e nesta forma interessa
a Real Fazenda de Vossa Majestade, OS mesmos direitos que impor-
tam os direitos de tr~s e seis II ( 6) .
Pass ados onze anos ( em 1725) voltava-se ao tema e reafir
mava - se a "superioridad e " do elemento Sudan~s: "As Minas e certo,
que se nao podem cultivar senao com negros ( ... )OS negros minas
sao os de maior ieputagao p~ra aquele trabalho, dizendo os Minei
~
ros que sao os mais fortes, e vigorosos, mas ou entendo que ad-
quiriram aquela reputagao par serem tidos por feiticeiros , e · tern ,
introduzido o diabo, que so eles descobrem ou ~o . e pela mesma
c a usa nao h~ f"linej ro que se possa viv"er sem nem urna negra mina '
dizendo que s6 com elas tern fortuna II (6) •
Pelos docum entos expostos torna-se patente que, ape
sar do erro inicial de avalia9~0 par parte da Coroa, logowid en
ciou-se a preferencia dos mineiros pelos negros mina. Provavel
mente seu propalado poder diab6lico para encontrar ouro, nada -
mais Fosse do que o resultado de conhecimentos ~iner ais , adqui
ridos na Africa, e que seus senhores negavam-se a admitir .
Na Tabela I apresentamos a· propor9~0 de Bantos e Su
dan eses em tres das localid9des estudadas (7). Vemos que, em Pi-
tBngui, no perfodo 1718 a 1724, a parcela dos Sudaneses, dentre
os afri canos, ~xpandiu -se de um porcentual de quarenta e cinco -
para cinquenta par cento. Assim, apesar ·do acelerado crescimento
pelo qual passava o contingents de escravos nessa Vila, ampliava
-se o peso relative do elemento Sudan~s, a dembnstrar que, esse
grupo participava em elevada propor9~0 no fluxo de cativos trazi
dos da Africa nesse espa90 de cinco anos e/ou no estoque de es
cravos existentes na Colonia -- inclusive nas Gerais -- e que se
deslocava, em parte, para Pitangui .
No Serra, cujos dados • referem-se a uma fase de maior
conso lida9~0 da atividade extrativa em Minas Gerais, verificamos
marc an te predomfnio dos Sudaneses , com propor9ao superior a dais
ter9os dos africanos alf anotados.
Par fim, em Vila Rica, no ano de 1804, ou seja , em -
periodo de franca dec aden cia da lide mineira , apenas 15% dos
africanos contados constituiam-se de elementos do Crupo Sudanes .
A vista dos resultados obtido s , verificamos que DCO£
reram sign ificativas mudancas, no correr do tempo, na composi ~ao
da massa de afri canos. A nos so ver a predominancia de um ou outro
101
grupo condicionou-se, de urn 1ado, pe1o evolver da atividade mine
ratori a e, por outro, pe1as condi9oes da oferta de escr~vos, so-
bretudo as re1ativas as ~reas africanas fornecedoras dessa mao -
-de-obr a .
Assim - res s.alvadas as transforma9oes ocorridas nas
zonas de que erarn oriundos os africanos e dada a pref erencia do s
mineradores pelos Sudaneses, em geral, e pelos ."Mina" em partie~ ( ~ ,
lar -, no perlodo em ascenr;ao da lida exploratoria ocorreu con-
comitant eme nte incremento no por9entua l correspondents ao grupo
em apre9o.
A epoca do auge da faina - au r1Fera parece ter havido
preponderancia dos grupos Sudaneses; reciproc amen te, ao tempo da
decad~ncia, passaram a dominar _os Santos . Revelou-se, paralelame~
te, tendencia a "substituir" aqueles por estes, fato a evidenciar
o estreito 1iame entre o elemento Sudanes e o trabalho explorato
rio. ( Gr~ fico I)
Em complemento ao assunto em discussao, origem
dos cativos --, apresentamos a massa esc rav a dividida em Col,.o-
niais e Africanos.
• A Tabela II contem os resultados obtidos , nas tres -
1 o c a 1 ida d e s -.- Pi tan g u i , S e r r o do F r i o e V i 1 a R i c a . N o s d o is p.r i
(
meiros correspondentes a perlodos de intenso a[ luxo de escravos
para as Gerais, a propor9ao de "co loniais" mostrou-se pequena -
me nos de 20% para Pitangui e 5% para o Tejuco -, nao constituin
do ainda, a mass a de cativos na scidos no Brasil , base sufic ien te
de mao-de-obra para a febril atividade mineira.
Inici ada a decadencia minei ra provavelme nt e reduziu
-s e a capacidade de compr ar novas escravos; esse fato, aliado ao
; ~oo% 1
75% ·
..
"50%
125% 1 ,_- ··-·.
f- -l-. I ·l_l
GRAFICO I
ORiGEM DOS ESCRAVOS A!=RICAi\JOS
I . I I
- ~ . . .....
f I . . . n I I ~
I • ~-·~ I I SUDANESES •• i·l·l···J~./ I I ~ .. ~.~L-~!-~1 I • I ~
t/ .~:~ 1 ;~ ~.~:;,;<~0;:::< I;///~:;??~~;;}~ . . I . ~(
·---- .•.•... ~: i-rlr"ANGlit-·1 :sE"R"R·o-oo:i="RiO\ . iviLA-Ric:A: · · . .· · ·
niU;. I l'[ii"fi' I \1"1?0:. I \1 7721 I ii~ I· :173n": r· . . l 1l80-4 · I . . . .
1 03
me n t e a com po s i9ao da e scrav a ri a , com a um e nto proporcional dos
c a ti vos nas cidos na Colonia. Ass im, em . l 804, ano par a o qual po~
s'u i mo s as info rma9o es r e spei t an tes a Vila Rica, os "colonia is" -
I supla nt ava m os afric a no s ; aqu e l e s repre s ent a vam 59,2~ do total -
da mas s a de c a tivo s , contr a 40, 8% dos el ementos tra z idos da
Afr ica . (Grafic~ II)
-----
--
-
--
-r 5: 0
· ~ ·
. - . (/) · ~
. 4: z z 4:
·· .o u • ..J a: .
. 0 ~ . u ~ . ·.· .· ~ D ..
·.,p. lll
oN
- - . -.
-
---
-
( 1) -
( 2)
N 0 TA S
RAMOS, Arthur - As Culturas Neqras no Novo Mundo, Civili
za9~0 Brasile ira, Rio de Janeiro, 1937, (8iblioteca de
Divulga9~0 Cientffica, vol. XII), e RODRIGUES, Nina- Os
Africanos no Brasil, ~a.edi9~o,· Cia. Editora Nacional
S~o Paulo, 1976, (Cole9~0 Brasiliana , vol. 9).
SALZANO, F.M. e FREIRE-MAIA, M. - Po pula~~es Brasileiras
- As p e c to s de rn o g r a fico s , q en e t i cos e_ an t r o polo g i cos , Ed i
tara Nacional e Editora da USP, S~o Paulo, 1967; COELHO,
Lucinda Coutinho de Mello - 11 f~ao -:-de .Obra Es.crava na Mine
ra9~o e Trafico Negreiro no Rio de Janeiro'', in Anais do
VI Sirnoosio Nacional dos Professores Universitarios de > -
His t 6 r i a ( T r a b a l h o Livre e T r a b a l h o' E s c r avo ) ·' v o l . I
FFLCH - USP, S~o Paulo, 1 973 e CO~TA, Iraci del Nero da~
_Vila Ric~: Popula.£_ao_u719_-_l82~), Fac uldade d'e Econornia
e Ad.rninistra9~0 da Universidade de S~o Paulo, S~o Paulo,
1977, rnirneo., n~o publicada; LUNA, F.V. e COSTA, I.N. da
- "Algu mas Caracterfsticas do Contin~te de CaLivos ern
Minas Cera is", co rnun i ca9ao apr es e ntada no 1 Q Con gr es so -
de Historia de Minas, prornovido pelo Instituto de Histo
ria e Arte, B. Horizonte, Janeiro 1978.
( 3) -. Cf, por exemplo, CARNEIRO, Edison - Ladinos e Crioulos
( E s t u do s s o b r e o n e .9.£9.-12.£_§__~ as i JJ , C i v i l i z a 9 ~ o 8 r as i 1 e i r a ,
R i o d e J a ne i r o , 1 9 6 4 , ( R e t r a to s d o 8 r as i 1 , v o 1 . 2 8 ) , p p .
17-18 e RUSSEL-WOOD, A.J.R. - "Technology and Society
The Imp act of Gold Mining on the Institution of Slavery
in Portu guese America" in The Jourr1al ~f Economic His ~O_E_L ,
vol. 37, nQ 1, rnar9o de 1977, Johns Hopkins University ,
pp. 59-83 .
. ( 4) - "C arta Regia estabelecendo novas providencias sabre a
venda e re.rnessa de escravos Afric2nos para as Minas " da
tada aos 27 de fevereiro de 1711, in Docurnento~ Interes
sant:~' vol. 50 , Bib1ioteca ~Jacional, 1929 , pp. 60-61 .
106
( 5) Carta do Governador datada aos 28 de julho de . l714.
( 6) - "C a rta do Govern ad or da -Capitani a do Rio de Janeiro ao
Rei, dando as informa~~es determinadas pela provis a o de
18 d e junho de 1725, relativa aos negros que mais convi
riam as Minas " , de 5 de julho de 1726, in Documentos In
teressantes, val. 50, Biblioteca Nacional, l929 , pp.60-6l .
. Conforms j~ exp licamos a~terior~ente, as c6dices refere n
tes ao arrai a l do Tejuco n~o cont~m a descri~~o dos es-
cravos . ·
Tabe1a I
REPARTI9X0 DOS ESCRAVOS AFRICANQS, SEGUNDO A ORIGEM
BANTOS SUDANESES
LOCAL ANO NtiMERO i. NOMERO i.
Pitangui 1718 133 55,4 107 44,6
1719 190 52,2 148 43,8
1720 194 57,2 145 42,8 . 1722 363 51,1 347 48,9
1723 3"41 50,2 338 49,8
1738 1579 21,1 5912 78,9
Vila Rica(* 1804 961 84,7 173 15,2
(*) _Nos dados referentes ·a Vila Rica, servimo-nos
do material levantado por Costa, I~aci del N~
ro da, em Vila Rica: Popula ~ ao (1719-1826);
Faculdade de Economia e ~dminist~a~ao da Univer
sidade de Sao Paulo, Sao Paulo, 1977, mimeo
nB:o publicada.
Tabe1a II
RE. J..R""I((A O DOS ES CRAVOS, SEGUNDO A ORIGEM
COLONIAlS_ AFR ICA NOS
LOCAL AN O NlJHERO % NtiM ERO %
_itangu i 1718 53 1-7,78 245 82,22
1719 70 17.00 342 83. oc
1720 70 16,83 346 83' 17 . 1722 144 16,46 731 83.541 1723 125 15,43 695 84,57
Serro do Frio 1738 399 5,05 7491
94. 'i \'i la Rica (*) 1804 16 /~ 8 59,20 1135 40,8
_j
(*) Nos dados referentes ~ Vila Rica servimo-nos do
materia l levantado por Costa, Iraci del Nero da,
em Vila Rica: Popula~l 719-1 826 ); Faculdad e
de Economia e Adminis tr a~ao da Universidade de -
Sa o Paulo; Sao Paulo, 1977, mimeo nao publicad a .
~ 9
C 0 N C L U S 0 E S
No tr a nscorrer do presente tr a balho, procurou-se evi
Denci a r as caracterlsticas da sociedade formada nas Gerais no se
culo XVIII, voltad a fundament~lmente ao trabalho extrativo mine
ral -- ouro e diamantes.
Na s Gerais consolidou-se ~rna economia pecu~iar, em -
-rela9ao as dem a is· atividades produtivas da Colonia. A propria
form a como se revelava o miner a l a ser ~xt~a fdo, basicamente na
forma de aluviao, po~sibilitava a exist~ncia concomit a nts -de
faiscadores au propriet~rios de e s cr a vos _junto a l a uras de consi
der~vel porte.
De modo geral a lide mineira, estruturada para o tra
balho nos depositos de aluvia o, exi g ia um a consider~ v el mobilida ~
de, o que privilegiava o fator tr a ba lho, frente aos equip a mento s
d e porte, subst~tuto ime diato da mao de obra. Esta, represent a da
cl a se exclusiv a mente pa los escravos, . tornou-se o elemento es-
se ncial a explic a r ~ possibilidad e s de a +a rg a mento da produ9 a o -
d e ouro e di ama ntes.
, . A proprla Coro a , ao di s tribuir a s da tas miner a is na
r propor9 a o dos c a tivos po s suldo s pe los min e iros, reconh e cia qu e a
e x t r a 9a o eo estoque de e scravos estavam umb ilica l me nt e lig a dos .
As sim, nos p a r e c e u da ma ior i m port~nci a , no a l a r ga-
men ta de nosso c onhe c i me nto so br e a s o c i e da de min e ira o e s tu do
da massa d e cat i vos exis ten t e s nas Gera is e sua es t r utur a de po~
' se d8n tr e os sen~o r es ded i ~ados a lide mine i ra .
r . Pel o s r es u l t ad os empl r l c os o b t ido s, f r uto do estu do
de documenta9ao man uscr i ta original , evi de n c iou-s e na s Ge r a i s
~ 0
uma sociedade onde seu prin cipal fator de produ~ao, os escravos ,
encuntravam - se distribu{dos de forma bastante pulverizada, entre
uma infinidade de pequenos e medias proprietario~, sendo raros -
OS senhores com urn elevado numero de cativos . Assim,por exempl o,
dentre os milhares de registros compulsados encontramos apenas -
urn mineiro com mais de cern escravos .
A sociedade mostrou-se tambe~ flexf~el quanta a mobi
lidade social , mesmo dos indiv{duos na condi~so de escravos . Es-
tes, em "larga propor<;:ao obtinham s ua alforria , tornando-s e inclu·
sive proprietari6s de cativns . No Serra do Frio, uma das regi~es
estudadas, .nada me nos de 22 , 2% dos senhores anotavam - se como for
ros em 1738.
Na presents pesquisa procurou-se tambem discuti r a -
origem dos escravos af ricanos ex istente s nas Gerais . Os r es ulta-
dos obtidos nao deixam duvida quanta a import~ncia dos african os
de origem Sudanesa dentre a escravari~ alocada na faina mineira,
que apresentam,de modo geral, urn peso equivalents ao dos cativos
caracterizados como Bantos .
{
Quanta ao sexo dos escravos , evidenciou - se o predom2:_
n io do elemento masculino, que revelava-se rn~is apto a executar
o rude trabalho exigido pela ativ~dade mineira.
Do ponto de vi sta dos senhores de escravos , consta -
t~u-se tambem ampl; maioria dos homens, sendo reduzido o ,
nurnero
de mulheres proprietarias de cativos. De modo geral a faina minei
ra revelou-so uma atividade francamente masculina.
Entretanto ~uando so analisa o segmento dos forros -
proprietaries nnta-se urn predomlnio feminino, o que permits a s~ ~
posic;-:ao de m3ior facilidade de ascen<;:ao social do elernento cati-
111
vo do sexo f eminino frent e a os hom e ns s ubmeti dos a tal condi9ao.
De modo ge ral po d e -se de du z ir qu e a socieda de forma
aa nas Ge r a is dif e ria em l a rg a medid a da exis tents em qu a lquer -
9utra re g i ; o do Br as il Col~ n i a J refl ex o essencialmente da s pecu
liarid a des da economi a min e ir ~ que a lf s e con s olidou.
112
APtNDICE SO~RE DATAS MINERAlS
A proposi9ao inicial desta pesquisa abrangia o estu
do das datas minerais, concedidas pela Coroa aos indivfduos po~
suidores de determinado numero de escravos, presentes nas oca-
sioes em que as . datas fossem distribufdas.
Apesar do interesse despertado pelo tema, pouco foi
possfvel·r~aliza~ . em raz~o do prec~rio estado dos livros de re
gistro de datas localizados (1). Apenas um codice revelou-se em
situa9~o a permitir man~seio e estudo (2).
A seguir apresentam-se como ilustra9~0 ds dados obti
dos" neste manuscrito, sem pretender extrair -- pelo reduzido nu-
mero de re~istros existentes no codice -- evid~ncias i~portantes.
0 livro em quest~o (3) abrange o perfodo de 1715 a -
1721. Nessa epoca vigorava quanta a minera9~o o Regimento de de-
zenove de abril de mil setecentos e dois, embora permanecessem -
' em vigor disposi9~es contidas em outros regimentos anteriores e
nas Ordena9~es Filipinas.
De forma geral esses dispositivos legais procuravam
estimular a procura de nov as zonas produtoras de metais, em par-
ticular do ouro. Concediam-se aos descobridores diversas regalias
e exige-se destes a comunic a 9~0 oficial de sua descoberta.
Deve-se esclarecer que se permitia a busca de metais
-esmo em terra de terceiros "Qualquer pessoa poder~ bu scar e se
= ~r rina em herdade ou t erra alheia contan~o que ds que a acha-
~-~ e os que a l avrarem d~em fian9a e pagarem o dano que par ra-
=ao da dita mi na vier ao dono de tal ~erd a de'' (4).
Pelo Regimento de 1702, comunicada a descoberta de -
uma area exploravel, e Superintendencia das Minas devia·, atraves
do guarda-mor, ·repar ti-l a entre os mineiros · interessados " regula!2
do-se pelos escra vos que cada urn tiver que em chegando a doze es
cravos ou·dai para cima, fara reparti9ao de uma data de trinta-
bra9as conf orms 0 estilo 8 aquelas pessoas que nao chegarem a
ter doze escravos lhes serao repartidas duas br.a 9as e meia por -
cada escravo ( ... )" (5).
A ordem de escolha das areas seria feita por sorteio,
para evitar qualquer tipo de favorecimento . Sem embargo , antes da
repart i9 aO concedia-se "data a pessoa que descobriu 0 Rib eiro .. a
qual se ha de dar na parte onde ele apontar e logo repartia ou-
tra data para a minha fazenda no mais bern parado do dito Ribeiro
e ao descobridor dara logo outia data como laurador em outra
qualquer parte que ele apontar por convir que os descobridores -
sejam em tudo favorecidos a esta meres os animem a fazerem muitos
descobrimentos ( ... )" (6).
' Os mineiros que se apresentassem com mais de doze es
cravos somente receberiam areas adicionais quando, satisfeitos -
todos os indivfduos presentes, ainda houv essem terras para repa£
tir .
0 regimento exigia o infcib da explora9ao das datas
recebidas no prazo maximo de quarenta dias, sob risco de perder
0 direito sabre a concessao , exceto em casas previstos - saude ,
falta de alimentos, dist~lncia ou invernada ........ quando o prazo po
dia ser dilatado. Nao se permitia a venda das datas e o mineiro
que a tivesse recebido ficava impedido de pleitear outras ate a
completa explora9ao da primeira.
Apos esta breve apresenta9ao de · al gun s itens l ega is
.pertinentes ~S dat~s minerais vejamos OS dados contidos no cadi -
ce i013 . foi possfvel extrair i nforma9~es sobre ?B · registros on
de aparecem, em geral nome do benefici~rio , tam a nho da data , lo -
cal , dia do registro e da posse; em alguns casos consta a quali -
fica9ao do beneficiado . (Qu a~ro I ).
A maioria dos mineiros receberam data de trinta bra-
~as. Dentre os que receberam uma data e constava seu tamanho ( 60
casos ) nada menos de cinquenta rep~esentavam area s daq uela medi-
da-- trinta bra9as . (Quadro II ). Como concedia - se 2 . 1/ 2 bra9as
por escravo pode - se presumir que cada um desses mineradores apr~
sent ou- se com doze cativos . A menor data distribu{da alcan9ou
12 .1/2 bra9as correspondents a cinco'escravos . Tres mineiros,de~
tre OS que obtiveram Uma data , fizeram jus a areas superiores a
trinta bra9as , sendo a maior delas de 52 1/ 2 .
Dentre os registros observam - se quatro casos nos quais
concederam - se mais de uma data a o mesmo indiv{duo . Urn deles - - o
L~cenciado Joao de Lima Curado aparece como ~o s suidor de dez
datas de trinta bra9as. Dutro mineiro ~ Bento Rodrigues de An -
drade obteve duas datas, uma de cinquenta bra9as e outra de
cento e vinte (Quadro III).
Dentre os mineiros a nota dos nada menos de de z quali-
ficaram-se como c a pitae s , doi s como alferes, um como tenente, urn
como mestre de c a mpo, urn como sargento ,
mor, urn como capitao ,
mor,
u rn c omo lic e nciado, doi s como pa dres e dois como forros. Os dais
mineiros forros rece be r a m arua s de trinta bra9 a s c a da . (Qu a dro IV)
A gr a nd e ma ioria dos mineiro s tomou posse r a pid a men-
~ e da d a t a mi ner a l. Ass im, nad a menos de 34 o fizer a m em s ete
dias ou me nos e 5 5 no pr az o do a t~ qu a r e nt a di as . Em cinco cas a s
a posse efetuou-se transcorridos mais de quarenta dia s . Pa ra 1 8
casas -nao foi possfvel identificar o prazo. (Quadro V) ..
..... 16
~ 1) - Loca1izamos no Arquivo P~blico Mineiro diversos c6dices
referentes a terr as minerais. De modo geral estes docume~
tos se apresentam em estado prec~rio, dificultando a lei
tura e interpr eta9a o de seus · dados .
Os c6dices manuseados foram os ·seg uintes:
1 . CMS -74 - Cuarda Moria ·- Datai de Terr as e Aguas Mi ne
rais de Sao Joao do Morro Gr ande (1784-1798) .
2. CMS- 05 . - Datas e ~ guas Minerais _- Rio Acima , Congonhas,
Raposos (Gu a rd a mori a ) 1721-30.
3 . CMS -12 - Gu ar da Moria - Da t as e Aguas Minerais . Saba
r~, Ro9a Gr a nde, Congonhas e Sa~ta Luz ia .
4. CMS -15 - Datas Miner a i s , Sabar~, Rap oso s ; Rio Acima ,
Ro9a Grandee Con gonhas (1741-1745) .
5. CM S -39 - Gu arda Moria - Datas e Aguas Miner~is, Saba
r~ - Rapo so·s .
6 . CMS- 40 - Ter ras e ~gu as Min erais de Sabar~ e Ro9a Gran
de (176 8-1774).
( 2) -. Acervo da Casa dos Conto s , C6dice 1013 - ~ABAR~ - Datas
Min erais , pe rf odo 1715 a 17 2i , com 39 folh as numer a das ,
rubricadas e utilizadas.
( 3) - Corr esp onds ao 1ivro previsto no artigo 13 do Regimento
de 1702, ond e consta :
"0 Gu a rd a mor tera um livro rubricado pelo Superintends~
t e em que se far~ assento de cad a um d~s Ribeiros qu e se
dsscobrirem com titulo a parte do dia, me s e a no em que
se descobriu, do di a em que reparti ram as datas , f aze ndo
- se decla r a9ao das pessoas a quem se r eparti r am as datas ,
faz end o-se declara9a o das pessoas a quem se rep a rtir um
b~;as de terras qu e se deram a cada urn, confronta9o es e
marc os,que se puseram e de tudo o far~ f aze r termo que . ,
ass1 nara o guarda mor e cada um dos mineiros a qu e se r e
pa rtir a data •• . Regimento de dezBnove de a bril d e mil se
t ecenLos e dois, in PACS LEME , Pedro Taq ues de Al me ida -
Notfcias da s Minas de Sao Paulo e dos Sertoes da Mesma
117
Capitani a ; Edi9~0 Comemorativa do IV Centen~rio da Funda
9 ~ o d e S ~ o P au 1 o , L i v r a t i a Mar tins E d i to r a , 1 9 5.4 , · i 1 .
p. 193.
( 4) - Regimento das Minas do Brasil de treze de agosto de 16 03 ,
ar ti go 21; in PAES LEME, op . cit., p. 167. Sabre a qu es
t~o da propriedade do subsolo , Wald ema r Ferr eira no co men
t ~ r i o d as 0 r d e ·n a 9 o e s · F i 1 i p in as - T :f. b u 1 o X X X I V - D as M i
nas e Metais -- assim se expressou " P. historia da legi~
l a9~ 0 d as minas e veeiros no Brasil ~ fortuo s~ , no que
respeita ~ propriedade do subsolo das terras em que elas
se achavam, ou se ac ham ._ Pod emos, atent o esse aspecto , d]:_
vidi-l a em 4 fases . .
Na 1!! fase ( a do Direito Re a1 , a . que faz expressa men9 ao
~ Or denac;~o F i1ipina do· 1ivro seg.undo t.i tu1o 26 , 16Q pa
ragrafci) as minas se r ep ut avam " em cravos realengos (cf.
Ca 1og eras : ob. cit., III pg s . 16-57 , porque a referida e
citada Ordena9~0 asp~~ entre os Direitos Reais (~ .. ).
Ass im, po is, naque la prim e ira fas e as . mi nas ( e tambem o s
terrenos diamantinos) era direito dos Reis pouco impor-~
t and o, em s uam que o principal de que Fosse acessa o pe£
tencesse ao particular ( ... ). Mas , ficaram, ao depoi s ,
da propriedade do Estado, quando ent~o come9aria a segu~
da fase ( •.. ). Veio a Constituig~o Federal d~ 1891 ere ' , .
con duzindo- no s a teoria de q ue o a ce ss or1o segue o prin-
cipal, declaro u: "As minas pertencem aos proprietaries
do so lo". l a terce ira ra'se , que se p rolon gou ate 1937
(10 de outubro), quando a Constituig~o ent~o outorgada
diversificou urn tanto da orienta9~0 an terior, p a ra r~es
tatizar o s ub-solo mineiro . s·urgiu ass im a quarta f ase , r
que indo de 1937 a 1946, se int~oduziu pelo per1odo , po~ .. terio~ a 1946 que, em nada, teve altera da a ess~ncia da
anterior ( ... )''. Ordena9oes e Leis do Reina de Portugal.
Rec~il~das par. m~ndato d ' e l Rei D. Felipe, o Primeiro.
Texto,com introduc;~o , breve s nota s e remissoes red i giJas
por Fern and o H. Mendes de Almeida , Edic;ao Saraiva , S~o
P~ul o, 1957.
( 5) . Regimento de 1702, artigo 5, in PAES LE ME, Pedro Taq u e s . . . ·- . - .
de Almeida- op. cit., p. 190.
( 6) Regime~to de 1702, artigo 5, in PAE~ LEM£, Pedro Taques
de Almeida- op. cit., p. 190.
Quadro I ·
REGISTRO DE DATAS MINERAlS DISTRIBU!DAS
N 0 M E •
- AGEDA DE ARAUJO
- ANTON IO REGU O
- FRANCIS CO XAVIER
FERNANDES e JOAO DE OLIVEIRA
GOMES
- MANOEL DE OLIVEIRA
- LUIS DE ALMEIDA BRAN DAO
- ANTONIO DE MACEDO REGO
- FRANCISCO DA SILVA PORTILHO
- MANOEL PINTO ALVES
- FRANCIS CO XAVIER PEREIRA
- MANOEL RIBEIRO DA SILVA
- MANDEL ALVES TEIXEIRA E MANDEL PEREIRA
- SIMAO FRIZ SILVA
- TOMAZ LUIZ MOREIRA
- MANOEL FERNANDE S GOMES
- ••. DE ALMEIDA MACIEL
- MANOEL DE ANDRADE COSTA
- JOSEPH RIBEIRO
- DIOGO DE AGUIAR BRAGA
- LUIS DE ALMEIDA BRANDAO
- A~TONIO FRIZ DE BRITO
QU ALIF ICAt;AO
Preta Forra
Preto Forro
Licenciado
>C~pitao
.
Capitao
Ajudante
Padre
Capitao I. ' . . .
Capitao
n .... .l- ... - l'!f .. 'LQI:L DI; SEI:-::tiS_LUUlliAlUL I L C U•"
I
I
I I I
(Sabara -
TAMANHO
30 brac;as
30 brae; as
30 brac;as
30 brae; as
15 brac;as
I 30 bre,c;as
30 brac;"as(l)
30 bra~ as
30 brac;as
30 brae; as
30 brac;as
25 brae; as
50 esc. ·
30 brae; as
30 brac;as
... 40 brac;as
... 30 brae; as
30 brae; as
30~as (2)
1715/1721)
L 0 C A L
Rio das Ve1has
Rio das Ve1has- Abaixo
Rio Acima
Rio Abaixo (perto Rio das Ve1has)
No Dito Rio
Na Betra . do Ribeirao do Inferno
Na Beira do Ribeirao do Inferno
Rio das Ve1has
DATA REGISTRO
DATA POSSE
20.09.1715 25.12.1715
22.09.1715 25.12.171 5
15.12.1715 15.12.171 5
TTT 1715 i6.09,171 J
•• 10.1715 12.10.1715
30.10.1715 31.10.171 5
31.10.1715 20.11.1715
31.10.1715 •• 11.1715
08.11.1715 09.11.1 715
Em Frente a Igreje Matriz . I 16.11.1715 118.11.171 )
Ribeirao Caete- Distrito V.Nova RainhJ 25.11.1715 20.11.171 5
Ribeirao Comprido
No Araia1 dos Porcos·
No Corrego Manoe1 Friz
No Corrego Manoe1 Fr~z
Rio das Ve1has
21.11.1715125.11.17 15
0 8 • 11. 1 9 7 5 I 11..11. 1 71 :, I
22.11.1715 27.11.171 ~
22.11.1715 27.11. 171~
1 7 • 1 o • 1 7 1 s 2 8 . 11 . 1 7 1. •, I
Beira Rio das Ve1has,junto aos RATOS~ 09.12.1715109.12.111 ~
Rio das Ve1has
Rio das Ve1has
Ribeirao Co~prido
Junto a um Rego e ao Rio Sabari No Sitio de Jbseph da Costa-R.Abaixo
11. 0 1. 1 716,14 . 0 1 , 1 /} II
11.01.1716 14.01.171~
~l-5.02.1716
17.02.1716 20.02: l1lh
16.02.1716 27.02.1117 12.12.1715 l'•.Ol.l"ll(•l
N 0 M E
- JOSEPH VIEIRA DA COSTA
- FLORIANO FERREIRA DE BR ITO
- BRAS DE BARROS
- HA~OEL FERREIRA DA SILVA
- FRA~CISCO LEITE DE FARIA
- FELIZ PEREIRA DA ROCHA
- MARI1NHO DE ALMEIDA E FARIA
- JOAO ALVES GOMES
- AMARO MOREIRA LOP ES
FELIPE DE OLIVEIRA
- ·HANDEL PINTO- DE MELLO
- JOAO ANTUNES
- FRANCISCO DUARTE DE ME I RE LLES
- CAETANO DUARTE DO VALE
- JOAO DUARTE DQ VALLE
- BENTO RODRIGUES DE AND RAD E
- BENTO RODRIGU ES DE ANDRADE
- MANOEL PEREIRA BAHIA
- MATHIAS BARBOSA GODINH O
- DOMINGOS GOMES DE CASTRO
- JOS5 CABF.AL DA CUNHA DA E~ E MANOEL CABRAL DA ECA
- PHACINTO NUNES VIEIRA
- CLEMENTE COSTA DA FONSECA
JOl.O PINTO BRANDAO
QUALIFICAr;:.Ao
Capitao
Tenentc
Capitao Mayor
Capitao ~
Alferes
Cap i ta o
CL\pitao
TAMANHO
30 brac;as
30 brac;as
30 brac;as
30 brac;as
52 e 1/2 b<;-(3)
( 4)
30 brac;as
30 brac;as
30 brac;as
30 brac;as(2)
30 brac;as(2)
12 e 1/2
30 brac;as
30 brac;as
30 brac;as
50 brac;as(S)
120 b r ac;as(6)
50 brac;as(5)
25 br :1c;a s (7)
30 br ac; as
30 brac;as
30 brat;as
(8).
(9)
Rio Abaixo
Rio Abaixo
L 0 C A L DATA
REGISTRO
11.12.1715
12.12.1715
DATA POS SE
Re g o de Manoel Gonc;alves e Rib.Infemol20.03.1716
Rio Sabara
Ri o Acima
Rib.Comprido no Distr, da V.Rainha
No Morro da Vila Real
No Morro da Vila Real
No Morro da Vila Real
Rio Gr and e
Na Roc;a Grande
Nd Rio das Velha s
No Rio d as Vel ha s
No Ri o das Velhas
No Rio das Ve1has
Na Beir a do Rio das Velhas
No Rio das Velhas
Arraial Velho
Na Beira do Rio das Velhas
No Rio das Ve1has ·
No Rio Sabara
No Rio Sabara
No Ribeirao od Inferno
No C6rr eg o do ~abari
21.03.1716
20.04.1716
23.03 .171
0 5 • 0 4 • 1 7 1 6 I 0 4 • 0 5 • 1 7 l r1
25.04.1716
25.04.1716
i 2.05 .1716
12.05.1716
04.05.1716
13. 05 . 171
13. 0 5 • 1 7 I II
1 8 • 0 5 • 1 7 I I>
0 4 , 0 5 . 1 7 1 6 1 8 • 0 ) . 1 7 1 I>
04.05.1716 18.05.1 /lh
0 4. 05.17 16 ~8.05.17111
2 0 • 0 5 • 1 7 1 6 • • 0 5 • 1 7 I !I
2 0. 0 5 • 17 16 . . 0 5 . l/J II
2o:os.1116 27.0S.l'll
20.05.1 716 26 . 05.111
18 . 0 6 • 1 7 16 1 9 • 0 6 . 1 ., I (I
07.06.1716 08.06.1
07.06.1716 Q8.06.1
03.05.1716 10.07.111
06.07.1716 11.07.111
I
N 0 M E QUALIF ICA<;AO TAHANHO L 0 C A L
72 - DOMI NGOS DE BARROS 30 brac;as Rio das Ve1has
73 - BEN TO . . . 30 brac;as Beira do ·Ri o das Ve1has
74 - JO AO DE CASTRO SO UTO MAIOR E Mestre Campo LUIS TE NURIO DE MOLINIA Sargentro Hor 30 brac;as No C6rreg~ que passa pe1o Sfti o d o
Padre Hanoel
75 - J OXO DE LI MA CURADO (?) Licenciad o (11) No Ri be irio do Gaija
76 - MANDEL FAU STI NO RABE LLO 30 brac;as (2) No Ribeirao do Gaijn
77 - LOUR EN<;O DE SOUZ A ROUSADO Nio Consta Nio Consta
78 - MA~OE L TEI XE I RA DOS SAN TOS E BERNARD O TE I XEIRA DOS
OBSE RVA <; OE S : - ( l}"
( 2)"
( 3) "
( 4)" ( 5)"
( 61"
( 7)"
( 8)"
( 9)"
(10)."
(11)"
(12)"
SAN TOS (12) No Ho r ro Vermelho
30 br a c;as de terra em quadro"
30 brac;as com suas quadras e sobre suas quadras"
52 b rac; a s e 1 /2 tendo 21 escravos que•receberam 2 e meia br•c;as cada u~a''
Um tabu 1e iro"
50 br a c; a s para lavrar com 20 negros ~ 2 brac;as e meia cada negro"
120 br·ac;as com 40 negros"
25 brac; a s par a 1avrar com 10 negros"
Por cart a de da t a de terr a pe1a pi:carra"
No seu en g en ho"
Estava de posse ha 3 anos e meio·"
Dez dat a s de terra de 30 brac; a s"
Duas da tas de ter ra de 30 brac;as cada"
-DATA DATA I
REGISTRO POSS E ,
01.02.1717 1 5. 02.17 I 01.06~1717 ...
13.11.1717 13 . 11. 17
02.11.1719 04.0L17
05.11.1719 04.01.1 7
29.01.1721 Nao Con !!
28.i1.1721 29 . 01. 17 --
TMiANHO
(BRAe; AS)
12 1/2
15
25
30
40
50
52 1/2
123
Quadro II
TAMANHO DAS DATAS CONC EDIDAS
(1 DATA POR INDIV!DUO)
NthfERO PRESUH!VEL
ESCRAVOS
5
6
10
12 .
16
20
21
Quadro III
NOMERO DE DATAS CONCEDIDAS E TANANHO
(INDIV!DUOS QUE RECEnERAH MAIS DE miA)
NtlHERO
OCORR£NCIAS
1
1
5
50
1
1"
1
NOHERO DATAS TAMANHO EM NtlMERO PRESUM!VEL
RECEBIDAS BRA~AS (GADA) DE ESCRAVOS
2 30 24
2 30 24
2 50/120 60
, 10 30 120
1 2 4
Quadro IV
QU ALI FJC AQ AO DO S MI NEIROS
NOMER O DE CAS OS OCOR RIDOS QUALIFICA <;AO TAM ANH O DATAS EH BRAN CAS
3·o so 52 11 2 2 X 30 10 X 3 0 Des eo .nb..e.ti.d.i . CAPITAO 5 . 3 - -. - 2
ALFERES 2 - - - - -FORRO 2 - - - - -LICE NCIADO 1 . - - . - 1 -AJUDANTE 1 - - - - -PADRE 1 - - - - 1
TENENT E - ' - 1 - - -ME ST RE CAHP O - - ,... 1 - -SARGEN TO -MOR ( * ) 1 - - - - 1
CAPITAO HAi ffi - - - - - 1
(*) - Junto com mest re de c ampo
Quadro V
TEMPO TRANSCORRIDO ENTRE 0 REGISTRO E A POSSE
DIAS CAS OS
Mesmo dia 5
1 a 7 dias 29
8 a 15 dias 9
l6 a 30 dias 4
Menos de 30 dias 4
31 a 40 dias 4
l1enos de 40 dias 55
Mais de 41 dias 5
Desconhecido 18
126
APt NDICE METODDL6CICO
1. Fon tes Prim~rias Manuscritas
Neste trabalho servimo-nos, como fonte principal de
dados prim~ rios · , do acervo que se co~he~e como "Arquivo da Casa
dos Contos", que como referido no Codice e Documentos Avulsos --
Casa dos . Contos - Vila R.ica" ( •.• ) foi salvo da destruic;:ao por
Jos~ Afonso Mendonc;:a de Az eved o no in{dio deste s~culo. 0 n~cleo
o~iginal foi entao dispersado entre tr~s instituic;:~es: . Arquivo -
P~blico Mineiro, Arq~ivo Nacional e Biblioteca Nacional. Na sua
ess~ncia sao documentos que tratam· de quest;es econ~mico-fiscaib
e af ins" (l).
Loc a l1z ada essa Fonte documental, reproduzimos "xero
graficamente" os livros que nos interessavam a partir do acervo
(gravado em microfilmes) existents na Casa dos Contos, em Duro
Preto. Cent ramos no ssa atenc;:ao em quatro livros, utilizados -urn
,a Vila do Pitan gui (1718 a 1724), dais no a rraial Tejuco, nos -
anos de 1732 e 1733 e urn na Co marca do S e rra Frio, em 1738 - P.9.
~a listar , com finalidade fiscal de cobranc;:a do quinto, os pro-
~rietari os de escravos e seus respectivos cativos.
Ess es docu me ntos apresentam - se , de for ma geral, em -
- r _o~ estad o de conserv a c;: ao e mostram-se posslveis de leitura rela
-~vamen te s eg ur a , conforms exposto a seguir:
1038 (2)
Manuscrito qu e se encontra complete, mas relativame~
.. c;e~erior do , em particul r a parti r da folh3. n~rnero 59; o do-0 .. .-, ''"' .... \ -
ra efetuar-se a rol dos moraddres da Vil a de Nossa Sonhor a da
Pie dade de Pit angui .
0 segmento final do manuscrito, que se encontra ile
(
·g1vel , referia-se em pequena pa rte ao ano de 1723, e a totalida
de do ana de 1724, o que nos levou i evitar a an~lise deste ~1-
timo ana, pela grande quantidade . de falhas que apresentaria .
0 co n t e ~do do man us c r it o p o d e s e r e x e Ill p 1 i f · i c a cl o , p ~
· los lan~amentos abaixo, reprocluzidos do mesmo .
"1718 - List a dos Escravos dos Moradores· desta Villa de Nessa -
Senho ra da Pi edade do Pitanguy este ana de 1718 11 ( 3 ).
"8 0 Capit~o Francisco Bueno de Cam a rgo oito .
escravos cujos no-
mes vao abaixo declarados.
Antonio Min a
Joao Cabo verde
Sebastiao ~1onyollo
Domingos Min a
Bento Carijo )
Gervazio Congo
Francisco Crioulo
Pedro f•1ot;:ambique
(assinatura Alvareng a ") ( 4 )
Ao final de cada ana contem urn acerto de contas, do
seguinte tipo:
"I mporta esta lista do ana de 1718 1050 oitavas, trezentos ne-
gros e tr8s oitavas e doze vintes par ne gro, e quatro lojas a
dez oitavas por loja, houve urn f alido que ( ... ) duas oitavas e
me.ia ( ••. )
(assinatur a ) Joao Henriq ue de Alv arenga " (5).
-28
Codice 1058
Livro cuj as fo1has apresentam-se numerad as de 1 . a
1 0 5 - com a fa l t a d a n u me r o 7 3 - e q u e s e r ~ i u ·a F a z e n d a R e a 1 n a
cobranc;a dos quintos - vinte mil a o ana par escravo -, referen
te ao Te juco em 1732 , dos proprietaries cujos cativos dedicavam
-se a 1ide diamantlfera. Tomemos um exemp lo:
"Aos vinte e quatro di as do "mes de ab ril de mil setecentos e
trinta e tr es anos carreguei em receita viva a o Tesoureiro da Fa
zenda Real desta com a rca d6 Serra do Frio o Sargento Mar Ma noel·.
da Fons e c a e Silva quare nta mil reis qu e recebeu do Irma o
Francisco ~as Chagas procedidos de dois escravos que se acham re
g i st r ado s no 4Q Livro, folha 61 de como rec ebe u a dita quantia e
assinou comigo Vicente Ferreira da Silva escrivao do registro da
receita da capita9ao dos d i am ante s que escrevi (as sinaturas )n(7).
Co nsta ,ao final do documento um acert o de cont as
"Recenseamento do que recebeu o Te sou r eir o da Fa zend a Re a l Mano e l
¢a Fonseca e Silva neste livro segundo da capita9ao de 17 32 " ( B).
Codice 1060 (9)
Manuscrito que se encontra numerado de 1 a 133, e no
qual nota-se a falta da folha nove . . Pr es ti!J u-s e "par a n e ls se fa
zer8m as c a rgas ao te sour8iro da Fazenda Re al Manuel da Fons e c a
e Silv2 , do segundo pagamen to da presents capita9ao que se ha de
findar no ultimo de dezembro do ana presents. Tejuco, dezemb r o,
9 de 1733 11 ( 10 ). Ou seja, destinava-se a cobr3n9a da segunda pa£
cela dos quinto s s a bre os escravos al oc3dos n o t r abalho extrati
vo des diamantes, d urante o ana de 1733; no Te juco.
Exemplifiquemos com um lanc;amento:
"carrsga ao mesmo tesour eiro a quantia de trinta e oito mil e
quatrocentos reis ••. 38$400 que recebeu de_Domingos de Oliveira
Maia procedidos de tres escravos que registrou no Livre 3Q folha
59 e assinou comigo o escrivao ( ... ) (11).
0 c6dice nomeado contem, em sua parte final, um acer
to de contas da arrecadac;ao do ana de 1733.
Como vemos, nos c6dices 1058 e 10-68, que correspon -
diam ao Te ju co, lis tavarn-se os propr ietar io s de es cravos, e o n u
r - r · . mero destes possu1dos, mas nao se anDtavam caracter1sticas dos -
cativos.
c6dice 1068 (1 21
Manuscrito cujas folhas nao se ap~&sentam numeradas;
entretanto, a cada proprietario ljstado no livre corresponds um
numero de 1 a 1787. Pelo exams dessa sequencia constatamos a fal
ta de seis folhas neste manuscrito, utilizado pela Fa zenda Real,
p'ara a cobranc;a da capit ac;ao dos escravos) dedicados essencial-
mente a faina aurifera, na comarca do Serra do Frio, em 1738.
Abaixo transcrevemos , como modele um dos registros -
e ncontrados no livro:
•' Q 45 Jos~ Ma no e l de Moura soldado mor a dor no Tejuco
1 Joana Mina de ................. .. . 22 (anos)
l Luis Mina de 20
1 de • ••..•••••. •.••. 22
Assinatur a s" (13)
Es t e documento revela uma informac;ao adicional extra
-ament P ut i l, OU s eja 1 a idade de c a da 8SCravo listado .
130
2. Fon tes Primari as Impressas
Alem dos codices nomeados, servimo-nos tambem do Re-
censeamento de Vila Rica, referents ao ana de 1804 (14). Tal do-
cumento foi exaustivamente analisado par Costa (15), exceto na -
estrutura de posse dos cativos, gentilmente omitida em seu estu-
do, pais tratava-se de um dos assuntos principais de nossa pesqui
sa, que ja se encontrava em andamento.
3. Esque ma de Tabulagao dos Dados
Os dados conti dos nos codices citados receb eram dife
rentes tipos d~ tratamento, conforms expliczremos a seguir. De -
forma geral fizemos uso de computa9ao eletronica, o que nos faci
litou o trabalho operacional e nos permitiu executar diversos ti
- ( pos de rela9oes estat1sticas dificilmente obti~as manualmente.
Apos tabul a r os dados da forma descrita abaixo, atr~
ves de um sistema de codigos posteriormente apresen ta do , perfur~
vam-se os correspondentes cartoes, e procedia-se a uma exaus~iv a
confer~ncia, atraves da qual corrigia-se poss!veis erros cometi-
dos tanto ao se tabularem os da dos como ao se perfurarem os car-
toes . A seguir estes fora m transcritos em fit as e a partir des-
tas efetuou-se o processamento desejado.
3.1 - Codice 1038
As infor ma908S contidas nests cod ice re ferem-se a Vi
la de Nessa Senhora da Piedade do Pitangui, Co marca do Rio das -
·ortes, 8 se a present a m em uma serie de 1718 a 1724.
, Conf orms ja citado anteriormente, este documento co n
em, em geral, o nome do senhor de escravos , a descri9ao desles
..__ _____ com nome e origem - bern como um. resumo final . .
Embora esse corresponda ao esquema b~sico pelo qu c l
as dados se mostram , ' temos diversas pec uliaridades quanta as in -
f o r'mac;:oes.:
a ) Omiss~o da origem do esc r avo.
1 . Antonio pequeno.
2 . Domingos · moleque.
3 . Francisco casado.
4. Antonio selleiro .
5 . Jose mulato.
b ) Caracteri~ticas do propriet~rio .
1 . Capitao Mor Pedro da Rocha Gandano.
2. Reverendo Joseph Pomeo.
3 . Manoel Ferreira F~rro .
Adicionalmente, algumas partes do do c umento apresen
tam-se deterioradas, e sua leitura torna-se diflcil ou mesmo im-
oossfvel . Para o tratamento dessa variedade de casas criamos urn
s istema de codigos e lanc;:amentos , cujo roteiro passamos a descre
_er.
Lan9 a mos os dados diretamente do manuscrito a Folha
~ e Codifica9~0 (que comporta 80 d{gitos). A cada propriet~rio
==r respondeu um n~mero ( 001 a 249 ) , e uma folha individual , divi
- ~ da da seguinte forma:
~ Propriet~rio .
Colunas Significado
1 a 5 Co d i go do proprietario.
6 Codigo para s oparar os cartoes.
7 a 40 No me do propri e tario (por extenso) .
4 1 a 42 Caract e riza9ao sucio- e conomic a .
4 3 Sexo .
b) Escravos .
Co1un as
1 a 5
6
7 a 10
11 a 14
15 a 17
18
19 a 25
26 a 32
33 a 39
132
Sign ificado
Codigo do proprietario
Co digo para separar os cartoes .
Ano.
Local.
Numero de escravos possuidos por este
mineiro .
Em br anco.
Infor~a9oes ~obre . o 1Q escravo.
Idem, para o segundo~
Id em , para cr terceiro.
Para cada · cativo , uti1izamos 7 dlgitos, assim distr i
buidos para o primeiro escravo :
Co1unas Significado ,
19 Codigo de sexo do escravo .
20 a 21 codigo do nome.
22 a · 23 codigo de origem.
24 Codigo de cor .
25 cadi go de informar;ao comp1ementar do
escravo .
Deve-s e o bs ervar qu e todos os lanr;amentos anuais de
u~ me s mo pro priet a rio se efetu a vam no me smo numero e folha,o que
, os ob ri g ou ~ um ma nuqe io extre mamente traba1hoso , de nomes d e -
se~ho r e s de es cra vos, n em se mpre a notados i gua lm e nte . Pa ra deci
djr se detar~ i nad o pr oprietario corr e s pondi a a ou t ro anteriorme~
.. e c itado , levamo s em co n t a a le m d e s e u nome, a co mposir; a o da ( ,. , ('
a s sa de es c rav os poss u ldos . Tal ti po de a na lise s o foi po ss lv e 1
..... -·
, . por tratar-se de Qma local i da~e com urn numero relativ amente redu
zido de senhores de escravos.
3.2 - Codigo 106 8
Tal codice, correspondents ao Serra do Frio, 1738, -
revela a peculiaridade de canter a idade dos escravos, alem dos
elementos descritos para o codice 1038. Entretanto uma vez que -
este livro contem urn ~nico ano nao nos preocup~mos em trabalhar
com o nome dos propriet~rios que no caso anterior permitia acorn-
panhar o mineiro no tempo. Criamos portanto uma estrutura algo ~
diferente. Intro.d uzimos dois cart~e s , urn espe~ffico para senhores
e outro pa!a cativos:
a) Cartao de propriet~rio.
Co lunas Sign ifi cado
1 a 6 Ref eren ts ao primeiro propriet~rio.
7 a 12 Referents ao segundo.
73 a 78 Referents ao decimo terceiro.
Quanta ao primeiro proprietario, temos:
Co lunas Significado
1 Codi go de sexo do propriet~rio.
2 Codigo de cor.
3 a Codi go de c aracteriza~ao , . ,., .
soclo-economlca. 4
5 a 6 N~m e ro de escravos pos s uidos pe lo senhor.
) Escravos.
Co lunas Si gn i ficado
1 a 7 Ref erents ao primeiro oscra vo.
Ref e r e nte ao s8g und o •
. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . 7 J. Ci Tl Referenle aQ d~cimo primeiro.
Com referencia ao primeiro escravo, temos·:
Co1unas Significado
1 cadi go de sexo do escravo . ,
2 Codigo de cor .
3 a 5 cadi go de or ig ·em.
6 a 7 Idade.
3.3 - Codic es 1058 8 1060
Nos c6dices acima ref ere ntes a o Arraia1 do Tejuco
nos a nos de 1732 e 1733 n~o consta qua1qu~r descri9~0 dos cativos
e por isso mereteram.um tratamento mais simples, onde urn s6 tipo
de cart~o foi suficiente.
a) Proprietaries
Co1unas Significado
1 a 6 Referents ao primeiro proprietario .
7 a 12 Referents ao segundo.
73 a 80 Referents ao decimo terceir~ .
No que s~ refers ao primeiro sen hor, temos:
Co lunas Significado
l Codi go de sexo do mineiro .
2 Codi g o de cor.
3 a 4 c6digo de caracteriza9~0 socio-econ~mica.
5 a 6 N~mero de escravos possufdos .
3.6 - Recenseamento de 1804
Embora o recenseamento seja extremamente rico , a
quase tota1idode do material nele contido foi processado 8 anali
sado por Costa, conforms ja explicado . Os dados com os quais tra
ba lhamos foram operados com esqcsma similar a 3 . 3 .
4. Crltica aos Dados e Sistema de Codigo s
Os codices utilizados serviram . ,
- con for me J a expos-
to- a Coro a na arrecadac;ao dos quintos do OUI'El "e dos diam on tes
nas Minas Gerais. Na medida em que a listagem dos escravos reve-
lava urn objetivo tribut~rio possivelmente ocorriam omissoes por
parte dos mineiros , com a finalidade de sonegar os quintos . En-
tretanto , nao ac redit arnos que tal fato fosse d(3 ordem a comprom~
ter os resultados obtidos, pois ocul tar· inforrnagoes sabre escra-
vos deveria representar urn alto risco, principalrne~t~ se levarrnos.
em conta o ri gor fiscalizador da Coroa e as sever as penalidauos
que·irnpunha aos sonegadores estimulando inclusive a delagao, atr~
v~s de recompensas aos denunciantes ou castigos ao que sabendo -
de fraudes nao ccmunicasse o fato ~~ autoridades.
Cl aramente, urn sistema de codigos, por mais geral
que seja, nao permite captar todas as particularidades que docu
ientos como OS compulsados por nos, apresentam . A seguir descre-
vemos tal sistema, explicando, . (
na rnedida do posslvel, sua composi
&ao e a crltica a cada urn dos !tens considGradds.
4.1 - Escra vos
No codice 1038, que apresen tav a a descrigao dos es -,
~ravos , em varios anos, preocUpamo-~os em tabular seus nomes , em
sistema de codigos que S8 estende de l a 160 para OS homens 8 1
~ 81 para mulheres. Nos dois casas, quando os nornes se apresent~ r .... ,. ,
!~m ileg1veis ou na sua ausencia ass oci avarnos ao nome o codigo -
=sro. Embora tabuladcs, nao processamos os nomes para a presents
-asquisa, mas ma ntemos esses dado9 armazenados em fita magn~tica,
4._.2 - Sexo
Atrav~s do nome do cativo nos foi poss!vel identifi-
car se~ sexo, qu e codificamos da seguinte forma:
0 nao COGSta OU ilegfvel
1 homem
2 mulher.
4.1 . 3 - Cor
A cor r e presenta um _ probla~a extr e mamente complexo
Como vimos pelos r ~s ultado~ o btidos na · pesquisa a grande maioria
~os e scravos proce dia da Africa; nes te caso usualmente o lancamerr
!:o efetuado continha o nome e origem do cativo, sem que se anota~.
se sua cor . Como existiam na pr6pria Africa variadas tonalidades
de pale nao foi possivel identificar a cor associada a tais cati
os. Assim consideramos tais elementos como "s~m declarar;ao de -
cor" . , ,
Entretanto este nao e o unico problema. Encontramos
es cr a vos declarados como ''crioulos", q~e man tivemos com essa de '
nominar;:ao, mas cujo termo parece ter r e presentado o "negro" nas -·
cido no Brasil (16).
Mesmo nos casas apresentados , nos documentos como
"mulato", 11 cabra", "pardo" e "mesti r;o ~ (17) , incorria-se em um a
elevada ma rgem de erro a subjetividade. 0 pr6 prio preconc e ito d~·
via influir quando se i dentif icava a cor dg uma determin ad a pes-
soa . Em nosso estudo mantivemos a cor declarada, e a codificamos
da s eguinte fc.rma :
- :Jrme
( ,_ - -~--~ 0!1 .:.~e g.: !fL . - l...: -OJ~
3 mu_ato .
4 pardo .
5 cabra.
6 crioulo.
8 a fric ano sem declarac;:ao de cor.
9 rnestic;:o .
4.1.4 - Ori gem
Nos c6dices cb mpu ls ados encuntramos uma v arieda~e
de ori gem de escravos ou c aracter lstic~s que indire
~e nos levaram a ela .
Assi m encontrarnos :
Jua o min a .
Ant on io bengalc:1 .
Jos 8 angola .
Ma ri a c rioul a .
Fr ancisco rnulato .
I sabel carij6.
Na codificac;:ao, a cad a "nac;:ao" africana associamos -,
urn numero . Esse sistema torno u-s e bastante co1nplexo, pais o noma
cie urnn 11 n a c;:ao 11 escrevia - se de difer.en tes formas, qu e foram a gre -
ga~as na fase final do trabalho, quando se efetuo u a an~lise dos
res ult3.dos . Note-se qu e o conce ito de "nac;: ao 11 deve ser to rnado
com ext r ema cuidado pais essa infor ma9a o pod e representar tanto
a verdadeira ~ nn~ao 11 do escravo , c om o s ua lingua , loc alidade on-
de nasceu ou mesmo o porto de emb~rque para o Bras il. Nosso obj£
tivo principal foi identificar, qu an ta ~ os africanos os da i s
grandes grupos -- Gantos e Sudaneses - e den tre as 11 nar;:oes 11 que
==-~~e~ 2q e :as ~ u e se re vela ra m ma is import a ntes· qu a ntitati
(
- e ~e , no pe r1 odo es t uda do .
Associ a r o grupo correspondents Banto ou Sudanes
2s 11 na c;:o e s 11 encontr a das exigiu um exausti vo tr a bal ho de pes-
__ is a , (
e em muitos casos isso ' somente foi poss1vel par vias indi
::2:-.as.
Q t ( d. uan a aos 1n los, em geral apareciam anot~dos como
=a rijos~, . nome generico que as ind{genas recebiam nas Gerais, ~
=.J r a nte a seculo XVIII (18). Embora a denominac;:ao "carijos" re-
~~es entasse a macic;:a maioria, t a mbem encontramos nos codices .
Jer melho do gentio"; 11 gentio da teira"; "carijo das min a s ''; 11 ca
:: i j 6 d 0 s e r t a 0" ; II tap u i a II ; II c"a it 8 II . etc . N est e t r a b a 1 h 0 c 0 m put am 0 s
:! todos como "{ndios".
Os cativos ' nascido s no Brasil, denomin a dos par nos -
c omo "colonia ls", foram identificado s de forma indireta. Conside
_am os como "coloniais" as anotados como "crioulo"; "mulato";
11 pardo"; "cab ra" e "mestic;:o". Ocorreram alguns casas onde ao la-I
do da cor citava-se ma is claramente a origem- "mulato de Minas",
"crioulos· da s l'-1inas 11 , "crioulo do Br a sil" etc. - mas tais casas
r e v e 1 a r a rn -s 8 p o u c a f r e q u e n t 8 s •
Os casos c l assificad os como "nao consta au il e giveis",
co r r e spo nde m aquel e s cuja 11 orig em 11 au su a "cartt -- modo indireto
de identific ac;: ao - nao const a va au mostrava-se ile givel .
4.1.5 - I dad e
In f elizment e a p e nas a Codice 1068 apresenta a idade
do s escra vos . Os re s u l t ad os obt ld os pa r a ca da idad e especf f ica -,.
d8 ve m se r to rnad os co m cuida do, pais, na e poca, principal me nte no
qu e se r efers a os escra vo s , i mp u tava -s e uma d e t e r mi na da idad e,
n :-1 n n hT'i nRtnr i amP.nte 3. r eal .
139
4.2 - Proprie t srios
4.2.1 - Nome
Lsvamos em conta o nome do propriet~rio de escravos,
apenas no Codic e 1038 . Ne ste tom a mos o nome de forma integral, e
_nao par codigo, pais preocup a mo-nos em acomp a nha r 0 mesmo proprie
t~rio ao longo dos v~rios anos abr a ngidos por este ma nus cri t o. -
Co m os names em si nao se efetuou qualquer an~lise, embora se p~
desse tenta r algum estudo quanta as famllias .
, Deve -se notar · que tal estudo envoLve um sem nu mer o -
de dificuldades, pois na ~poca em questao os names nem s emp re se
grafavam de forma homo genea ou completa, e o s membros de uma mes
ma f~mflia, muitas vezes possuiam sdbrenomes radicalmen te dife-
rentes .
4. 2 .2 - Sexo
0 levantamento de sexo, quanta aos propriet~rios, se
guiu uma forma similar aquela utilizada para OS cativos. I denti -
ficamos o sexo pelo nome , e o co dificamos d~ forma similar ao
descrito em 4.1.2.
4.2.3 - Cor
Como no caso dos escravos, encontramos s~rios obsta-
cufos a i d entifica~ao da cor dos s e nhore s , pois de modo geral
e s se dado nao se anotav a .
Das Fontes compulsad a s, o censo de 1804, corres ponds ,
a unica Fo n te onde co nst a, com r e ~ativ a re gularidade , a c o r dos
mi ne i r os. Mesm o nssse c a so d e v e -s e ta ma r mui to cu idad o na i nto= -
pr eta~ao dos resu l tados obt i dos , po js em fun~a o do pre c or.cei_o '
--~--- --
va a cor de cada indivlduo .
A cor aparece com relativa frequencia quando se tra-
c. de " forros" . Neste c aso o libe r to 8p a r ece desc r ito como : 11 Ma-
ria preta forra "; " Jose preto for r o " etc.
Os codices utilizados para cor assemelham - se aos
anu nciados em 4.1 . 3 , conforme segue:
0 ilegivel
1 br<;mco .
2 ,
proprietario para 0 qual nao consta cor
3 mula to
4 par do
5 cabra
6 crioulo
7 pre to
9 mestir;o .
Embora tivessemos an otado a cor, tanto dos cativos -)
como dos senhores, evitamos analisar na maioria dos casas os re-
su ltados obtidos, pel a s distorr;oes que podem apresentar.
4.2 . 4 - CaracteriZaQ~ O socio- ec on6mica
Identific a r as funr;oes s ocio-economicas des empenhadas
~as Minas, no transcorrer do seculo XVIII, rev~l a-s e de extrema
import anc ia pa r a o entendimento da socieuade a l i existent s . Por
esse mo tivo, procuramos tabular qualquer tipo de ca ract eriza ao
c.dic ional que co ns t asse no re gistro de cada propriet3rio . Inc_uew
- se otivid8des profissionais, cargos publicos, paten tes em gera_,
ou rre smo a condi.r;ao ju r .idic a de ''forro 11 •
, L.2.5 - de esc'avos par p~o~rieta~~o
Em todos OS codices encontramos um dado extra a~e ~e ,
~ortante , que corresponds a quantidade de ~scravos possu~cos -
~or cada proprietario . Seu processamento revelou-se simples,pois
~=abalhamos diretamente com o n~mero de cativos .
A S
( : ) - C6 d i ce s e Do c umentos Avulsos - Casa dos Contos - Vila
Ric3 , lQ vol ., Centro de Estudos do Ciclo do Duro (CECO),
19 p. 2.
' 2) - C6dice 1038: PITANGUI: Quintos e Capita9~o, a cargo do
cobrador Jo~o Henrique de Alv~renga, com term os de aber
tura e en~err amento omis~os; pirfodo 1718 a 1724, com 87
folhas numeradas, das quais 76 se apresentam utilizadas.
( 3) Idem , f o lh a · 1 .
(.4) Id em, folha 1.
( ~) Ide m, folha io.
( 6.) - . C 6 d i c e 1 0 5 8 : T E J U C 0 : D i a m.a n t e s ; Q u in to s , C a p i. t a 9 ~ o , r e c e
bimentos a cargo do Tesoureiro da Real Fazenda, termo de
abertura datado de Tejuco a 22 de abril de 1735 por Jos~
de Carvalho 1"1onteiro, Ouvidor 'ceral e Provedor na Co mar
ca de Serra Frio e Superintendents das Terras Diamantinas,
perfodo de 1733 a 1741, com 144 fo1has numeradas , das
quais 108 se apresent a m utilizadas .
( 7) -. Idem, fo1ha 4.
( 8 ) - I.d em , f o 1 h a 9 6 .
( 9) - C6dic e 1060 : TEJUCO : Di a mantes; Quintos, Capitag~o, rece
bimento a cargo do Tesoureiro da Real Fazenda no Tejuco,
termo de abertura de Li s boa, s / d, por Joao de Souza Sou
to Maior ; termo de encerramento de Tejuco, s/d, s/n, pe
rfodo de 1733 a 1741, com 144 folhas numer a das, das quais
132 se apresentam utilizadas .
(10) - Idem, fo1ha 1.
(11) - Idem, fo1ha 2.
, Livro de ~atric _2
2~ertura e encerr3mento omissos, periodo de
_73 8 , con 229 folha s numeradas e ut ilizadas .
.:..3 Ide;n, folha 5 .
.:..~) - ~ATHlAS , He rcu lano Torres - Urn Recense a mento na Cap ita
nia de Minas Gerais, Vila Rica - 18 04, Arquivo Nacional,
Rio de Janeiro, 1969.
~5) - COSTA, Ir aci del Nero da - Vila·Rica: Populacao (1719 -
1826), Uni ve r sidade de Sao Paulo- faculdade de Economia
e Admin is tracao , Sao Paulo, 1977, tese nao public a da,
(mi meo ).
(16) - SOUZA, Bernardino Jos~ - Dicion~rio da Terra e da Gente
~o Br asil ; Ci a .E ditora Nacional, 5a . edi9ao, Sao Paul o,
1939,
(17) -- CALD AS AULETE apresenta os seguintes significados: "ca-
bra" : mestir;o, filho de mulato e negra, e vice - versa ;
"mu lato" : que descends de pai branco e ~ae preta o vice
-v ersa ; " pardo" : de cor escura, entre o branco e o preto ,
· ~o mem pardo, mulato ; 11 mGst.ir;o 11 : de pais de diferentes ra
gas , filho de preto e branco .
AULETE, Caldas - Dicion~rio Cont empo r~neo da Li ngua Pc r
tucu esa , Editor a Delta S/A, 4a . edir;ao, Rio de J aneiro ,
1958, 5 volumes .
( 18) - 11 CARlJDS": alem de designar,genericamente, os escravos -
indi genas que tomavam parte na s expedi~~es de descoberta
e conquista de Minas ( ... )". SENNA, Nelson de- " Sabre a
Etho grap hi a Brasileira. Prin cipals Povos Selvagens que -
t iv eram o se u 11 hsb it at " em territorio das l'-1inas Ger aistt -
in RAPM nQ XXV de 1937 .