UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Faculdade de Enfermagem
MICHELLE FERRAZ MARTINS JAMARIM
SIGNIFICADOS DO TOQUE PARA O FISIOTERAPEUTA QUE ATUA EM
AMBIENTE HOSPITALAR
CAMPINAS 2016
MICHELLE FERRAZ MARTINS JAMARIM
SIGNIFICADOS DO TOQUE PARA O FISIOTERAPEUTA QUE ATUA EM AMBIENTE HOSPITALAR
Dissertação apresentada à Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Ciências da Saúde, na Área de Concentração em Enfermagem e Trabalho.
Orientador: Prof. Dr. Claudinei José Gomes Campos ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA MICHELLE FERRAZ MARTINS JAMARIM E ORIENTADA PELO PROF. DR. CLAUDINEI JOSÉ GOMES CAMPOS.
CAMPINAS 2016
BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO
MICHELLE FERRAZ MARTINS JAMARIM
Orientador: PROF. DR. CLAUDINEI JOSÉ GOMES CAMPOS
MEMBROS:
1. PROF. DR. Claudinei José Gomes Campos [Orientador]________________
2. PROFª DRª Denise Hollanda Iunes___________________________________
3. PROFª DRª Vanessa Pellegrino Toledo______________________________
4. PROFª DRª Tatiana Benevides Magalhães Braga_______________________
5. PROFª DRª Elenice Valentim Carmona_______________________________
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da
Universidade Estadual de Campinas.
“A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora
encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno”.
Data: 28 de Julho de 2016
“É mais importante tocar do que curar.
A mão que toca cura porque leva
carícia,manifesta cuidado.”
Madre Teresa de Calcutá
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família, que sempre acreditou em mim, e em
todos os momentos da minha vida esteve incessantemente ao meu lado, para me
consolar e estender a mão quando as quedas eram inevitáveis. Dedico também aos
pacientes hospitalizados, que constituem minha rede de apoio, sem a qual nada disso
teria sido possível.
A vocês o meu eterno agradecimento e amor!
AGRADECIMENTOS
A DEUS, por tornar tudo possível em minha vida.
Às minhas filhas, Maria Clara e Ana Laura, que me ensinam todos os dias
o que é realmente importante e que tão prematuramente, souberam suportar minha
ausência ao longo desses anos.
Ao meu marido, Eder, que se fez presente em meu lugar e compreendeu,
com muita paciência, as dificuldades enfrentadas nesse período, dando a
tranquilidade e a segurança que eu precisava enquanto trilhava este caminho de
pesquisa.
Aos meus pais, José Christóvão e Maria Josefina, que deixaram suas
próprias vidas de lado para dedicarem-se à mim e as minhas filhas e que, durante
todos os anos, souberam ser a base e estrutura de tudo o que se faz importante em
minha vida. Por acreditarem em mim e por eu aprender com seus ensinamentos a
fazer-me a cada dia um ser humano melhor.
Ao meu irmão, Rogério, pelo amor incondicional, pelos conselhos, pela
amizade e pela torcida sempre constantes.
À minha querida tia Juvensina (Tia Du), que desde sempre é meu anjo
protetor que tanto auxilia com suas orações e se faz presente em todos os momentos
em que preciso de ajuda, dedicando-se sempre com tanto amor e carinho.
À minha querida amiga e conselheira Cibele Leite Siqueira, que nos piores
e melhores momentos de minha vida esteve presente, me apoiando e fortalecendo,
quando parecia que não possuía mais forças para continuar.
À amiga Camila Zucato da Silva, que aceitou prontamente participar deste
estudo, pela dedicação, apoio, auxílio e aconselhamento, contribuindo de forma
imprescindível na construção e efetivação deste trabalho.
Aos colegas do grupo de pesquisa NUPEQS pelas discussões ricas e
frutíferas durante esses anos.
Ao amigo e mestre Dr. José Tasca, que acreditou em meu sonho desde o
primeiro dia que entrei no hospital, apoiando-me e aconselhando-me durante toda a
trajetória da minha vida profissional.
A todos os fisioterapeutas sujeitos deste estudo, que com muita sinceridade
e boa vontade forneceram subsídios para os achados e deram voz aos meus anseios
e angústias enquanto pesquisadora.
Aos meus colegas de trabalho pelo apoio, pela torcida e por toda a ajuda
nos momentos de minha ausência.
Finalmente, ao meu orientador Prof. Dr. Claudinei José Gomes Campos
pela grandiosa oportunidade, pelos ensinamentos, por acreditar em mim e respeitar
minhas opiniões e visão de mundo, elementos que são essenciais na pesquisa
qualitativa.
RESUMO
Título: Significados do toque para o fisioterapeuta que atua em ambiente hospitalar. Introdução: O toque é a principal ferramenta de trabalho do fisioterapeuta, por incorporar uma relação muito íntima com o corpo, capaz de influenciar na qualidade da assistência, no cuidado e no tratamento dos pacientes. Objetivos: Conhecer os tipos de toque e compreender seus significados para os fisioterapeutas que atuam em ambiente hospitalar, na perspectiva dos sentimentos, atitudes e comportamentos durante a assistência. Métodos: Utilizou-se a abordagem qualitativa e o método proposto foi o estudo de caso qualitativo. A pesquisa realizou-se em um hospital geral, de natureza filantrópica com 162 leitos que presta serviços de alta complexidade, localizado ao sul de Minas Gerais. A população constituiu-se de 18 fisioterapeutas, sendo a amostra composta por intencionalidade e fechada por exaustão. Utilizou-se como critérios de inclusão: os fisioterapeutas contratados na referida instituição, que estavam presentes na coleta de dados e que possuíam experiência na área hospitalar por mais de seis meses. A amostra foi composta por 16 sujeitos. Para a coleta de dados foram utilizados três roteiros: um para entrevista semiestruturada, um para observação de campo e um para observação e análise do toque. No total foram realizadas 16 entrevistas e 19 observações. Para análise dos dados utilizou-se a análise temática de conteúdo. Resultados: Após a leitura do material emergiram quatro categorias: o toque instrumental como recurso fundamental da profissão; toque expressivo: sua pouca presença não significa ausência de afetividade; sentimentos do fisioterapeuta relacionados ao toque e a dificuldade em falar traduz deficiência na formação. O toque instrumental predominou durante as observações e, apesar da pouca presença do toque expressivo, os sinais de afetividade foram claros durante a assistência, não demonstrados no toque em si, mas por meio dos gestos e atitudes. As entrevistas contraporam-se às observações, pois os sujeitos relataram sentimentos de afeto, vínculo e troca de energia enquanto tocam, porém, as observações demonstraram afetividade durante a comunicação verbal, o olhar, a preocupação em explicar a técnica antes dos procedimentos, em solicitar permissão para atendê-los e a grande proximidade com o paciente durante suas ações. Os sujeitos também relataram a não abordagem desse tema durante sua formação, o que faz esse profissional conhecer o toque apenas de maneira instrumental. Conclusão: Sugere-se, a partir dos resultados desta pesquisa, uma intervenção educativa com esses profissionais de maneira a conscientizá-los da importância do toque expressivo e fazê-los incorporar novos valores ao toque, proporcionando uma assistência individualizada que contemple as necessidades do paciente, uma melhor relação e comunicação fisioterapeuta - paciente e uma assistência mais humanizada. Descritores: Fisioterapeutas; Toque terapêutico; Comunicação não verbal; Humanização da assistência; Linguagem corporal. Linha de Pesquisa: Processo de Cuidar em Saúde e Enfermagem
ABSTRACT
Title: The meanings of touch for the physiotherapist who works in the hospital environment. Introduction: The touch is the main physiotherapist’s working tool to incorporate a very close relationship with the body that is capable of influencing the quality of care in the assistance and treatment of patients. Objectives: To know the types of touch and understand their meanings for physiotherapists who work in hospital settings, from the perspective of feelings, attitudes, and behavior during their assistance. Methods: The qualitative approach was used, and the proposed method was a study of qualitative case. The research was carried out in a general philanthropic hospital with 162 beds that provides services of high complexity, located in southern Minas Gerais. The population consisted of 18 physiotherapists; the sample was composed by intentionality and closed by exhaustion. The inclusion criteria were: physiotherapists employed in the institution who were present during data collection and who had an experience of working in the hospital of more than six months. The sample consisted of 16 subjects. The data collections were used three: one for semi-structured interviews, one for field observation, and one for observation and analysis of touch. A total of 16 interviews and 19 observations were conducted. Data were analyzed through the thematic content analysis. Results: Four categories emerged after reading the collected material: instrumental touch as a fundamental feature of the profession; expressive touch: its little presence does not mean the absence of affectivity; feelings related to the touch; and the difficulty talking reflecting a deficiency in training. The instrumental touch prevailed during the observations despite the little presence of expressive touch; signs of affection were clear during the assistance, not demonstrated in the touch itself, but through gestures and attitudes. The interviews were opposed to the observations because the subjects reported feelings of affection, bond, and exchange of energy as they touch. However, the observations demonstrated affection during verbal and visual communication, concern about explaining the technique before the procedure and requesting permission to serve the patient and closeness to the patient during the activity. The subjects also reported the lack of approaching this subject during their training, which makes this professional only to know touch instrumentally. Conclusion: Based on the results of this research, an educational intervention with these professionals is suggested in order to make them aware of the importance of expressive touch and the incorporation of new values to the touch providing an individualized assistance that addresses the patient's needs, an improved physiotherapists - patient relation ship and communication, and a more humanized assistance. Keywords: Physiotherapists; Therapeutic touch; Nonverbal communication; Humanization of assistance; Body language.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANVISA
CCIH
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
CEP Comitê de Ética e Pesquisa
CLT
CNE
Consolidação das Leis do Trabalho
Conselho Nacional de Educação
COFFITO Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
CREFITO Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
CREFITO–4 Conselho Regional de Fisioterapia da 4ª região
FACIS Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo
FEnf Faculdade de Enfermagem
HC Hospital das Clínicas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
NUPEQS Núcleo de Pesquisa e Estudos Qualitativos em Saúde
PNH Política Nacional de Humanização
PUC Pontifícia Universidade Católica
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UE Unidades de Urgência e Emergência
UNAERP Universidade de Ribeirão Preto
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
UNIFEOB Centro Universitário Fundação de Ensino Octávio Bastos
UNIFESP Universidade Federal de São Paulo
USP Universidade de São Paulo
UTI Unidade de Terapia Intensiva
UTI neo Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
UTI–A Unidade de Terapia Intensiva Adulto
SUMÁRIO
1 A TRAJETÓRIA DA PESQUISADORA ATÉ A ESCOLHA DO TEMA DE PESQUISA
14
2 INTRODUÇÃO
18
2.1 Problema de pesquisa e sua delimitação 19
2.2 Justificativa 20
2.3 Pressupostos
22
3 OBJETIVOS
23
4 REVISÃO DE LITERATURA
24
4.1 O referencial teórico que apreendesse a subjetividade do objeto de
estudo
24
4.2 Fisioterapia: aspectos históricos e de formação 26
4.3 Importância da comunicação na área da saúde 33
4.4 Comunicação não verbal 35
4.5 O toque 37
4.6 O toque na relação interpessoal profissional-paciente
41
5 PERCURSO METODOLÓGICO
44
5.1 O Estudo de Caso como método 44
5.2 A instituição participante da pesquisa 46
5.3 População 47
5.4 Técnica amostral 48
5.5 Instrumentos e técnica para coleta de dados 49
5.6 Técnica de análise dos dados 54
5.7 A validade e confiabilidade dos dados 55
5.8 Aspectos Éticos e Legais
57
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
59
6.1 Caracterização dos sujeitos 59
6.2 As categorias 60
6.2.1 Categoria 1: O toque instrumental como recurso fundamental da
profissão
61
6.2.2 Categoria 2: Toque expressivo: sua pouca presença não significa
ausência de afetividade
65
6.2.3 Categoria 3: Sentimentos do fisioterapeuta relacionados ao toque 69
6.2.4 Categoria 4: A dificuldade em falar traduz deficiência na formação
73
7 À GUISA DAS CONCLUSÕES
77
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
79
9 REFERÊNCIAS
81
APÊNDICES
92
APÊNDICE A – Roteiro para entrevista 92
APÊNDICE B – Roteiro para observação de campo. 94
APÊNDICE C – Roteiro de observação e análise do toque 96
APÊNDICE D – Carta de autorização da instituição participante 99
APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
100
ANEXOS
103
ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
ANEXO B – Comprovante de submissão do artigo extraído da
dissertação.
103
108
14
1. A TRAJETÓRIA DA PESQUISADORA ATÉ A ESCOLHA DO TEMA DE
PESQUISA
Desde a infância o ambiente hospitalar significava socorrer, amparar,
defender, proteger e salvar. As percepções pareciam tão sedutoras que fizeram com
que a pesquisadora optasse pela área da saúde.
Após pesquisar diversas profissões, o curso de fisioterapia era o que mais
se aproximava do anseio de prestar cuidado ao paciente por meio de um contato físico
mais próximo, trazendo de maneira profissional, porém íntima, descobertas
detalhadas do sofrimento daquela pessoa pelo vínculo que ali se estabelecia.
Durante toda a vida profissional, dedicou-se a trabalhar somente em
ambiente hospitalar, aperfeiçoando-se por meio de cursos voltados a Unidades de
Terapia intensiva (UTI) ou Urgência e Emergência (UE).
O toque oferece muitas vezes o alívio da dor, o amparo, o consolo, o alívio
da dispnéia, o controle da respiração através das manobras de suas mãos,
alongamentos, compressões, massagens e técnicas, que de maneira especial esse
profissional encontra-se habilitado para executar. Eses fatores fizeram com que
escolhesse essa profissão.
No terceiro ano do curso de graduação, realizou um estágio de observação
durante as férias de julho, no hospital em que hoje atua. A correria do dia a dia e a
elevada demanda de pacientes para uma equipe com apenas cinco fisioterapeutas
tornavam o atendimento desses profissionais frio, rápido e mecanicista. Os
fisioterapeutas eramprestadores de serviço sem vínculo empregatício. Prestavam
seus serviços mediante um contrato e recebiam pagamento conforme o número de
pacientes atendidos, não possuindo especialização na área hospitalar esem
obrigatoriedade em cumprir uma carga horária.
Ressalta-se aqui que ainda não havia nenhuma legislação que exigia a
permanência do fisioterapeuta por determinado tempo ou alguma especialidade na
área. Era comum e aceitável que tais profissionais possuíssem outras especialidades,
com pouca experiência ou conhecimento em ventilação mecânica e procedimentos de
assistência respiratória como, por exemplo, aspiração traqueal ou mudanças de
decúbito.
Toda essa situação contribuía de maneira intensa para atendimentos
rápidos, mecanicistas, frios e quase sem contato físico desses profissionais com o
paciente. Nascia ali o desejo de um dia voltar e tentar conscientizá-los que ser
15
fisioterapeuta vai muito além de técnicas e procedimentos, que existe a necessidade
de compreender melhor a totalidade do indivíduo, que oferece cuidado humanizado e
reconhece o toque como um alicerce responsável por reabilitar, oferecer conforto,
apoio e amparo aos pacientes. Tudo isso instigava a compreensão dessa realidade e
o desejo de contribuir um dia com a melhoria da qualidade do cuidado prestado e,
consequentemente, com a humanização da assistência fisioterapêutica nessa
unidade de saúde.
Em 2000, após o término do Curso de Graduação em Fisioterapia em
Ribeirão Preto, iniciou o curso de especialização em Clínica Médica na Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP) e, em 2001, finalmente voltava à sua cidade de
origem e dava início à realização de seu maior ideal.
O primeiro passo seria conseguir ingressar naquela instituição que,
coincidentemente, necessitava de um fisioterapeuta com habilidades em ventilação
mecânica, para treinar a equipe com os respiradores que haviam comprado. Era uma
oportunidade única para demonstrar seu trabalho e plantar uma semente que talvez
um dia pudesse gerar frutos.
Durante dois anos trabalhou como voluntária dentro da Unidade de Terapia
Intensiva Adulto (UTI – A) e Unidade de Terapia Intensiva neonatal (UTI – neo) e,
conforme a equipe multidisciplinar reconhecia seu trabalho, conquistava aos poucos
seu espaço com a oportunidade de demonstrar habilidades jamais realizadas naquele
local como: sentar na poltrona um paciente em coma, ajustar os parâmetros do
ventilador mecânico, amenizar a dispnéia do paciente sem fazer uso de mais
sedativos e mobilizar o paciente no leito a ponto de amenizar o edema e o número de
úlceras por pressão.
Com o passar dos meses, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
(CCIH) mostrava, com entusiasmo, a visível queda mensal das taxas de pneumonias
relacionadas à ventilação mecânica. Após dois anos, apesar de conseguir alcançar
seus objetivos em relação ao seu profissionalismo, sentia-se exausta e desanimada
por trabalhar 12 horas por dia, de segunda a sexta-feira, sem esperança de um
possível contrato. Diante desta situação a pesquisadora decidiu conversar com o
coordenador e após inúmeras reuniões, cartas e pedidos, a administração propôs um
contrato.
Nos primeiros anos trabalhou nas UTI-A e UTI-neo e algumas situações
durante seus atendimentos chamavam-lhe a atenção. Havia certa vez um prematuro
16
extremo de 500 gramas, entubado, com muitas dificuldades respiratórias devido à
imaturidade do parênquima pulmonar, instável hemodinamicamente, hipotenso,
hipotérmico e cardiopata. Parecia não haver muitos recursos e a cada dia a certeza
de que ele não conseguiria sobreviver se reafirmava. A saturação de oxigênio
permanecia em torno de 74%, enquanto o normal seria acima de 90%, a frequência
cardíaca acelerada e, apesar das drogas, a pressão arterial sempre abaixo da média.
Entretanto, uma coisa a intrigava. No momento da visita, a mãe, com todo
o seu amor, acariciava, cantava, conversava, chorava e beijava aquela criança e,
quase que milagrosamente, os dados vitais apresentavam melhora de forma que
nenhum medicamento ou técnica era capaz de fazer. A saturação mantinha-se em
torno de 92% (valor considerado pela equipe dentro da normalidade), a pressão
arterial normalizava e o coração desacelerava. Talvez, naquele momento, a
pesquisadora ainda não percebesse que o toque e o amor daquela mãe eram os
únicos responsáveis.
Anos depois, na UTI-A, percebia-se durante os atendimentos algumas
reações que os pacientes, sedados ou em coma, manifestavam e por meio das quais
pareciam tentar estabelecer uma forma de comunicação durante a assistência
fisioterapêutica, tais como: lágrimas, sons vocálicos, expressões faciais, o arrepio na
pele e alterações dos sinais vitais. Aquilo era apaixonante e apesar de desconhecer a
linguagem não verbal, começava a entender que aquela comunicação acontecia
sempre após o toque no paciente.
Em 2010, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA lançou uma
legislação que entrou em vigor em 2013 e dispõe os requisitos mínimos para o
funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva (UTI), no que diz respeito a
estrutura, organização e processos de trabalho e na obtenção e monitoramento de
indicadores de saúde que retratem o perfil assistencial da unidade. A resolução exigea
presença de no mínimo um fisioterapeuta para cada dez leitos ou fração em um total
de 18 horas diárias e coordenada por fisioterapeuta especialista em terapia intensiva.
Tal resolução visa atender a necessidade de assistência à saúde de usuários de alta
complexidade(1).
Ao mesmo tempo, o número de prescrições aumentava e é lógico que tal
legislação colaborou com o aumento do número de fisioterapeutas na equipe, que
possibilitou melhor reestruturação e divisão do trabalho e consequentemente, melhora
na qualidade da assistência. Cada profissional contratado significava uma vitória e,
17
lentamente, conquistou-se uma equipe com 17 fisioterapeutas mais a coordenadora,
que atuam hoje em quase todos os setores da instituição.
No mesmo ano de 2010, após ser nomeada coordenadora da equipe de
fisioterapia, a responsabilidade se tornava ainda maior, assim como o desejo de
conscientizar esses profissionais de que suas mãos são mais do que um instrumento
terapêutico, sendo possível um cuidado de qualidade de forma consciente e segura
se agregarmos valor ao toque.
Durante a experiência profissional a pesquisadora percebeu que suas
mãos poderiam obter informações preciosas, por meio do toque e da relação que ali
se formava, capazes de interferir na conduta de toda a equipe oferecendo qualidade,
segurança e humanização na assistência aos pacientes sob sua responsabilidade.
Observando as atividades diárias dos fisioterapeutas, começou a repensar
o fazer do fisioterapeuta para além de uma atividade tecnicista e cumpridora de
protocolos clínicos. Iniciou leituras sobre a relação do fisioterapeuta com o paciente,
assim como suas formas de comunicação. Destas observações e reflexões algumas
inquietações surgiram: Qual o significado do toque para o fisioterapeuta? O
fisioterapeuta percebe o toque como um recurso adicional em sua profissão, promotor
de afeto, vínculo e de humanização no cuidado do paciente hospitalizado? Durante a
formação acadêmica, esse profissional traz embasamento e conhecimento teórico-
científico sobre a importância do toque no cuidado humanizado?
Mais tarde, tais questões levaram a pesquisadora a dar início ao curso de
mestrado com o objetivo de compreender melhor o tema e, posteriormente, intervir no
grupo de fisioterapia no intuito de valorizar e utilizar o toque expressivo de maneira
consciente para que beneficie a qualidade da relação fisioterapeuta, paciente e
equipe, tornando a assistência mais humanizada.
18
2. INTRODUÇÃO
A comunicação é a base fundamental das relações humanas(2). Ao
comunicarmos com os outros entendemos quem somos, compreendemos, nos
tornamos mais humanos e transformamos a realidade em que vivemos(3). Ela, quando
apropriada, favorece o relacionamento interpessoal, em especial na relação entre
pacientes e profissionais, contribuindo na efetividade, na qualidade da assistência e
na humanização do cuidado(3,4).
A comunicação se dá de duas formas: verbal e não verbal. A comunicação
verbal ocorre por meio de palavras, mensagens faladas, escritas ou sons. As
mensagens da comunicação não verbal, por sua vez, são transmitidas em sua maioria
de forma inconsciente e demonstradas por meio do toque, do olhar, da linguagem
corporal, dos gestos, das expressões faciais, das posturas, das distâncias mantidas
entre as pessoas, do tom de voz etc..., que revelam sentimentos e intenções(5,6).
Mesmo o silêncio pode significar e transmitir inúmeras mensagens(7).
O toque é o sentido mais desenvolvido e juntamente com a proximidade,
são as maneiras mais importantes de se comunicar não verbalmente com o paciente
e de demonstrar afeto, envolvimento, segurança e valorizá-lo como ser humano, o que
facilita o entendimento das necessidades do paciente(8). Este tocar lhe confere melhor
percepção do quadro físico e emocional do mesmo, além de instigar a busca de
formas de auxiliar, informar e solicitar o apoio da equipe multidisciplinar(9).
A fisioterapia é uma ciência que lida diretamente com o corpo do outro e
esse profissional é ensinado a usar o toque, constantemente, para efeitos curativos.
Ao mesmo tempo é um profissional envolvido na prevenção e promoção da saúde(9).
O toque intensifica as habilidades terapêuticas e a potencialidade de
recuperação do paciente por relacioná-lo a uma ação curativa(8). O toque do
fisioterapeuta diferencia-se das outras profissões porque o paciente espera encontrar
nas mãos desse profissional a “cura” para sua enfermidade, enquanto no médico este
efeito curativo encontra-se no medicamento, no enfermeiro no cuidado, na psicóloga
nas palavras e etc.
A fisioterapia está inserida no contexto da humanização por não ser
somente o domínio de técnicas que reabilita fisicamente, mas, sobretudo, contribuir
com uma assistência plena que visualize e atenda o indivíduo em sua totalidade, de
forma que configure sua identidade na sociedade. Embora disponha de variados
19
recursos físicos e tecnológicos, o toque está inserido no “ser fisioterapeuta”, por ser
por meio de suas mãos, o instrumento que proporciona cuidado, reabilitação, conforto,
melhoria e humanização na saúde(9). Como profissionais de saúde, devemos nos
preocupar com o ser humano em sua totalidade e isso só é possível quando
desenvolvemos meios, instrumentos, técnicas, habilidades, capacidades e
competências para uma existência mais compreensiva e humana(2).
A escolha do tema se deu por entender que o fisioterapeuta não reabilita
sem ter habilidades de comunicação não verbal, em especial o toque. Assim, esse
profissional deveria receber capacitação necessária para conhecer e saber utilizar os
tipos e as diferentes formas de tocar o paciente, pois diversas vezes em nossa prática
diária, tocamos sem sentir e não captamos as reais necessidades do paciente.
Neste estudo, foi dada ênfase à comunicação tacêsica, que é o estudo do
toque e suas características(3). Tal escolha se deu por ser esse o objeto principal do
trabalho do fisioterapeuta, uma área do conhecimento que utiliza o toque como
recurso básico na prestação da assistência.
Desta forma, o recorte temático deste estudo buscou a compreensão:
“Significados do toque para o fisioterapeuta que atua em ambiente hospitalar”.
2.1 Problema de pesquisa e sua delimitação
O capitalismo fez com que o campo de saúde adicionasse valores na
produtividade e em sua mecanização. Após mais de 25 anos de criação do Sistema
Único de Saúde (SUS), ainda se discute o acesso aos serviços de saúde, a
integralidade e a resolutividade da assistência prestada. A elevada demanda de
trabalho e os novos padrões de gestão fizeram com que a fragmentação do trabalho
se apoiasse em intervenções mínimas e, consequentemente, o profissional de saúde
não compreende mais o verdadeiro sentido do seu trabalho e a totalidade do processo
no qual está imerso(10). Tudo isso é percebido na instituição onde o estudo se realizou,
cuja demanda de trabalho é intensa e a assistência ao paciente fica prejudicada.
Devido à insuficiência de serviços particulares ou credenciados e a crise
econômica, social e política do país, a instituição onde o estudo se realizou vem
enfrentando o desafio de atender cada vez mais pacientes que dependem do SUS. O
hospital é referência regional e enfrenta muitas dificuldades como: escassez de verbas
e recursos federais e estaduais, elevada demanda, número de leitos insuficientes,
20
pacientes graves aguardando vagas no setor de UE à espera de transferência para o
UTI, dificuldade de organizar o fluxo, restrito número de funcionários contratados e o
modelo de cuidado centrado no médico. Tudo isso impacta na comunicação e na
relação entre o profissional de saúde e o paciente, que é traduzido em desempenho
prejudicado de suas atividades e interferência na assistência prestada aos pacientes.
O Conselho Regional de Fisioterapia define a fisioterapia como uma ciência
que fundamenta suas atividades em mecanismos terapêuticos próprios, visando a
biomecânica, a sinergia funcional e patológica dos órgãos e sistemasdo corpo humano
e as disciplinas comportamentais e sociais(11).
Entretanto, mesmo expressando em tal definição o ponto de vista humano
e o entendimento das necessidades emocionais e sociais do indivíduo, na prática,
permanece de forma predominante o modelo biomédico e tecnicista que vincula o ser
fisioterapeuta a uma assistência restrita aos aspectos e recursos físicos, que tão
pouco considera o ser humano em sua totalidade. Nessa perspectiva, compreende-
se que sendo o toque, um recurso tão utilizado no dia a dia do trabalho do
fisioterapeuta, seu uso poderia extrapolar o caráter mecânico, mostrando-se um
instrumento promotor de vínculo, afeto e humanização da assistência.
Sendo assim, delimitou-se o problema de pesquisa na pouca utilização do
toque expressivo, que parece retratar o desconhecimento dos valores agregados a
este e ao despreparo quanto à forma que esse profissional compreende e utiliza os
tipos e as diferentes formas de se tocar.
2.2 Justificativa
Por ser uma profissão relativamente nova e encontrar-se na fase de
desenvolvimento, a fisioterapia apresenta importante escassez de literatura disponível
quando relacionada ao tema toque expressivo, visto que a procura da palavra toque
poderia estar inserida na massoterapia, propriocepção, palpação e etc, limitando-se a
instrumentalização do cuidado.
Durante os anos de assistência em UTI, à pesquisadora percebe o
fisioterapeuta, um profissional que assiste o paciente dentro de um contexto mais
humano e não apenas como um objeto do seu cuidado. Percebe também que o seu
papel dentro do ambiente hospitalar vai além do ajuste de um respirador ou de
21
técnicas e exercícios que tornam os músculos mais fortes. O fisioterapeuta é o
profissional que reabilita o paciente e isso significa, em grande parte, que esse
profissional acompanha de perto todos os momentos da doença, pois muitas vezes o
acompanha do início ao fim de seu tratamento.
Tudo isso remete à necessidade de desenvolvimento de pesquisas nessa
área a partir do entendimento de que o toque realizado por esse profissional tem
importante papel nesse contexto(9).
A escolha do tema se explica por tornar-se impossível o ato de reabilitar do
fisioterapeuta, ou qualquer ação na assistência ao ser humano, sem que haja
habilidades de comunicação não verbal. Nesse contexto, tem destaque o toque, por
ser esse o recurso mais utilizado no trabalho desse profissional(7).
Percebe-se a necessidade de conscientizar esse profissional quanto à
importância do toque expressivo e seu papel na comunicação não verbal, buscando
um crescimento na relação interpessoal fisioterapeuta - paciente e fisioterapeuta -
equipe multidisciplinar, aprimorando o vínculo e consequentemente a qualidade e a
humanização da assistência.
A comunicação não é somente uma ferramenta para o relacionamento, mas
uma competência ou capacidade que deve fazer parte da formação desse profissional
de saúde(7). O conhecimento e a experiência quanto ao uso dos sinais não verbais
podem torná-los mais habilidosos na percepção da subjetividade, o que contribui para
melhorar a eficiência e competência profissional(12). Nesse sentido, há a necessidade
de ir além da visão mecanicista nos métodos educativos relacionados às atitudes e à
assistência desses profissionais.
Diante das considerações acima, entende-se a necessidade de conhecer
os tipos de toque mais utilizados e compreender seus significados para o
fisioterapeuta hospitalar, sua sensibilidade em perceber e refletir por meio de suas
mãos, uma ferramenta que pode contribuir no tratamento do paciente e influenciar a
qualidade da assistência.
22
2.3 Pressupostos
Pressuposto 1: Nem todos os fisioterapeutas conhecem e compreendem os tipos,
significado e a importância do toque expressivo;
Pressuposto 2: O toque expressivo é um instrumento ainda pouco explorado no
campo da fisioterapia e deve ser conhecido e ensinado;
Pressuposto 3: Percebe-se que o fisioterapeuta não observa e nem interpreta as
mensagens do paciente de maneira eficaz, o que poderia tornar a assistência mais
humanizada.
23
3. OBJETIVOS
Conhecer os tipos de toque e compreender seus significados para os
fisioterapeutas que atuam em ambiente hospitalar, na perspectiva dos sentimentos,
atitudes e comportamentos durante a assistência.
24
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1 O referencial teórico que apreendesse a subjetividade do objeto em estudo
A busca pela literatura que pudesse orientar a subjetividade do tema em
estudo não foi fácil, devido à escassez bibliográfica e à raridade de artigos sobre o
tema “toque expressivo” voltado à área da fisioterapia. Conversando com o orientador
e discutindo a dissertação com os membros do grupo de pesquisa do Núcleo de
Pesquisa e Estudos Qualitativos em Saúde (NUPEQS), sediado na Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), algumas obras foram sugeridas.
Inicialmente, as leituras partiram dos conceitos de Maguida C. Stefanelli
relatando a importância da efetiva comunicação com o paciente(2,13); em seguida, o
livro “Comunicação tem remédio”, de Maria Júlia Paes da Silva, que chama a atenção
para a importância da afetividade com os pacientes e com os profissionais de saúde
que compõem o ambiente de trabalho(3).
Ainda em busca de aprofundar as reflexões sobre a questão do “toque”, foi
enviado um e-mail à professora Maria Júlia, que gentilmente sugeriu a leitura da obra
“Tocar: o significado humano da pele”, de Asley Montagu(8). Após a leitura desta obra
tudo parecia mais claro: os ensinamentos sobre a pele, os benefícios trazidos pelas
experiências sensoriais, o toque, a influência desses nas relações e no
comportamento, o que nos deu a certeza de estar no caminho correto, uma vez que
Montagu traz em seu livro o homem como referencial principal e a maneira como as
experiências táteis, desde quando bebê, influencia nosso comportamento durante
toda vida.
Os ensinamentos deste autor respondem muitas das inquietações que
levaram a pesquisadora a dar início a este estudo, o que não poderia deixar de se
dividido com os leitores. Assim, Montagu descreve que os ocidentais privam-se de
experiências sensoriais ao longo do tempo devido à alta tecnologia que cerca a
sociedade. A capacidade de nos relacionarmos uns com os outros está muito atrasada
se comparada à capacidade de relacionarmos com bens de consumo e com
necessidades desnecessárias que nos mantêm escravos devido às nossas posses.
Nossos limites pessoais não nos permitem nos comunicarmos profundamente porque
a dimensão humana encontra-se constrangida. Logo, não damos conta de que os
nossos sentidos modelam a nossa realidade(8).
25
A comunicação verbal representada por meio das palavras ocupa o lugar
de nossos sentidos e experiências sensoriais, sendo representadas pela comunicação
não verbal, que são vividas através do relacionamento interpessoal. As palavras
passam a serem então declarações, ao invés de demonstrações de envolvimento e
afeto e nos tornamos grosseiros, monótonos e frios(8).
Para se comunicar, as pessoas utilizam tanto os sentidos da distância
(visão e audição) quanto os sentidos de proximidade (olfato e tato, o último o mais
distante). Em razão do pouco envolvimento em nossas relações, utilizamos com
exagero a comunicação verbal, excluindo de nossas experiências o universo da
comunicação não verbal(8).
O sentido do toque é muito importante para nossa reumanização,
principalmente nos dias de hoje, onde a impessoalidade da vida está produzindo uma
raça de indivíduos intocáveis. Neste caminho, porém, não conseguimos criar uma
sociedade em que as pessoas se toquem em mais sentidos do que apenas
fisicamente(8).
Nossos sentidos são capazes de valorizar e compreender em profundidade
o outro. Tocar é o principal sentido. As comunicações que transmitimos por meio do
toque constituem o elemento essencial para nos relacionarmos e obter nossas
experiências de vida(8).
É nos primeiros minutos do nascimento, por exemplo, que o amor e a
humanidade começam a serem sentidos pelo toque. O sistema tátil é o primeiro
sistema sensorial a tornar-se funcional e o mais associado à pele. O tato é o primeiro
a desenvolver-se no embrião humano, quando esse ainda tem menos de 2.5
centímetros de comprimento(8).
A pele é o meio pelo qual o mundo externo é percebido. O rosto e a mão
transmitem ao cérebro informações sobre o meio ambiente, como também lhe passam
informações relativas ao “sistema nervoso interior”. A pele do rosto registra as
experiências de derrota ou conquista de toda uma vida. É dela que emergem os
sentimentos, as amarguras e os prazeres(8).
O desenvolvimento da sensibilidade da pele depende dos estímulos
ambientais recebidos. É na epiderme, a camada mais superficial da pele que
encontram-se as terminações nervosas que dão real sentido ao sistema tátil e por
meio dos receptores sensoriais captam esses estímulos de calor, frio, toque, pressão
e dor(8).
26
O toque de uma mão humana é muito mais eficiente do que a aplicação de
um aparato mecânico. A estimulação cutânea recebida pelos recém-nascidos e jovens
em suas variadas formas, através do toque de suas mães, é fundamental para a saúde
e o desenvolvimento físico e comportamental. A estimulação e o afeto nos seres
humanos significam o essencial para um desenvolvimento emocional e afetivo
saudável, pois não aprendemos a amar com instruções e sim sendo amados(8).
No ir e vir dessas obras e artigos, o que parecia obscuro sedimentou-se e
evidenciou-se a certeza de estar no caminho certo. Conforme aprofundávamos as
reflexões sobre os preceitos dessas obras as inquietações foram sendo
compreendidas, o que trouxe subsídios aos achados deste estudo.
4.2 Fisioterapia: aspectos históricos e de formação
A história da fisioterapia no Brasil tem seu início em 1929, quando a Santa
Casa de Misericórdia de São Paulo criou o primeiro curso técnico com o propósito de
atender populações com sequelas da poliomielite e os casos de acidentes de trabalho
advindos da era da industrialização entre os anos de 1930 à 1950(14).
Na primeira metade do século XX o Brasil deparava-se com uma série de
doenças infecciosas e parasitárias, o que fez o Estado incentivar ações sanitárias que,
juntamente com a expansão do modelo capitalista e a industrialização, motivaram a
demanda de mão de obra de profissionais da área da saúde como uma nova opção
para o mercado de trabalho(15). Além desses fatores, o país passava a ter uma
característica agroexportadora e com muitos trabalhadores exercendo seus empregos
em indústrias, o que originou um crescente número de pessoas acidentadas e
lesionadas afastadas de sua função, embora necessitassem ser inseridos novamente
ao mercado e à sociedade. Esses fatos incentivaram a criação da fisioterapia como
uma técnica para reabilitar os trabalhadores e reinserí-los no sistema de produção,
visto que os mesmos moviam a economia do país. Sua recuperação não era vista
como um direito social e sim como sua reinserção no mercado de trabalho(16).
Apenas em 1969 é que a fisioterapia foi regulamentada como profissão por
meio do Decreto-lei n. 938/1969(17). Tal criação se deu no período de declínio das
condições de saúde no país em virtude das doenças epidemiológicas, das dificuldades
na assistência à saúde e do sistema econômico e capitalista que já trazia as diferenças
27
entre as classes sociais(16). Nesse momento de regulamentação, em 1969, existiam
no país somente seis novos cursos de graduação(18).
O fisioterapeuta é o Profissional de Saúde, com formação acadêmica
Superior, habilitado à construção do diagnóstico dos distúrbios cinéticos funcionais
(Diagnóstico Fisioterapêutico), à prescrição das condutas fisioterapêuticas, à sua
ordenação e indução no paciente bem como ao acompanhamento da evolução do
quadro clínico funcional e das condições para alta do serviço(19).
No ano de 1963, o Conselho Federal de Educação aprovou o parecer nº
388/63 que estabelecia o primeiro currículo mínimo para a graduação em Fisioterapia,
que apesar de ser um avanço para a profissionalização, carregou uma derrota em
suas linhas quando trazia o fisioterapeuta como um auxiliar médico, chamado de
Técnico em Fisioterapia(20).
Em 1984 tal número subiu para 22 cursos, sendo o crescimento lento
explicado pela pequena expansão do ensino superior no Brasil em decorrência da
repressão do regime militar e o pouco conhecimento das competências e benefícios
da fisioterapia para a população(18).
Em 28 de fevereiro de 1983, mais uma vez o Conselho Federal de
Educação estabeleceu os mínimos de conteúdos e duração dos cursos de fisioterapia.
Por meio da Resolução nº4, o tempo de formação passou para quatro anos com pelo
menos 3.240 horas e foi determinada a inclusão de disciplinas integrantes no currículo
mínimo que deveriam ser divididas em quatro ciclos de matérias: biológicas; formação
geral; pré-profissionalizantes e profissionalizantes(21). No ciclo de formação geral
estavam incluídas disciplinas humanísticas como Sociologia, Psicologia,
Antropologia(22). O estabelecimento deste currículo mínimo veio reforçar a posição da
profissão de se pautar no modelo curativo-reabilitador. Nos anos 90, a Fisioterapia
viveu um crescimento exponencial, fomentado pela busca do Estado por corrigir o
déficit de escolaridade superior e pelo respeito e valorização da profissão pela
sociedade(18).
Sob o pretexto de ampliação da oferta, o governo incentivou e liberou o
ensino à iniciativa privada sem, no entanto, fazer o mesmo com as instituições
federais. O Conselho Nacional de Educação (CNE) acelerou e facilitou os processos
de autorização, reconhecimento e credenciamento de cursos e instituições
particulares(23). Dessa forma, graças à iniciativa privada, deu-se acelerado aumento
da oferta de cursos, ao mesmo tempo em que na rede pública e nas universidades
28
federais provocava uma expansão desenfreada e desorganizada, tendo como
consequências a baixa qualidade do ensino e falta de equilíbrio entre as áreas de
conhecimento nas diversas regiões do país(24).
Somado a isso, em meados de 1991, a exigência do currículo mínimo foi
retirada, tornando as disciplinas humanísticas não mais obrigatórias e as grades
curriculares variáveis(22). A estrutura, a metodologia de ensino e a organização
curricular dos cursos de formação ainda não se baseavam nas demandas sociais e
políticas públicas de saúde, além de existir pouco envolvimento dos discentes e
docentes com políticas institucionais e governamentais(25) As instituições de ensino
mantiveram e aprofundaram o modelo curativo – reabilitador privatista, com uma visão
de profissional liberal. Estimulou-se aprimorar um modelo tecnicista sob o discurso da
crescente concorrência do mercado de trabalho, em que o domínio do conhecimento
biológico e das técnicas de reabilitação era requisito suficiente para estabelecer o
mercado de trabalho(18).
Cabe ressaltar que, a partir da publicação da Constituição Federal de 1988
e regulamentação do SUS (Lei n. 8.080/1990 e do Decreto n. 7.508/2011), os órgãos
relacionados à fisioterapia, tanto o COFFITO e os CREFITOs, assim como as
faculdades de fisioterapia, passaram a incentivar a incorporação deste profissional
junto aos atendimentos de Atenção Básica à Saúde para melhor acompanhar o
desenvolvimento das políticas públicas para o atendimento da população(26-28). Assim,
visava-se garantir que o fisioterapeuta realmente fosse incorporado à equipe de
Atenção Básica à Saúde, necessitando realizar adaptações nas diretrizes curriculares
instituída aos estágios, junto aos hospitais e postos de atendimento(29).
Embora a fisioterapia tivesse conquistado o reconhecimento como uma
profissão, perpetuava a característica técnica com forte ligação com o paradigma
biomédico, centrado no atendimento aos indivíduos que necessitavam reabilitação. As
intervenções eram limitadas à doença já consolidada no sujeito, impedindo-o de
participar do atendimento precoce e da prevenção de doenças, se restringindo apenas
a uma assistência individualizada onde ainda é um profissional obrigado a atuar
submisso à autoridade médica em clínicas e hospitais. Nota-se que a formação do
fisioterapeuta é fundamentada na perspectiva curativo-reabilitadora baseada no
modelo mecanicista, orientado pela lógica do capital e do lucro(30).
No início do século XXI, parece haver o despertar para a necessidade de
redimensionamento do modelo de formação em fisioterapia e da construção de um
29
novo perfil profissional. Assim, foi criada a Associação Brasileira de Ensino em
Fisioterapia (Abenfisio) que congregaram docentes, discentes e coordenadores de
cursos de graduação com o intuito de iniciar um processo de transformação do ensino
da fisioterapia no Brasil(19).
Em 2002, o CNE instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Graduação em Fisioterapia, em que foram definidos princípios, fundamentos e
condições para a formação de todas as instituições nacionais de ensino(31). Para o
egresso no curso e no que diz respeito ao desenvolvimento das competências e
habilidades para a profissão, deve-se atentar para a atenção à saúde, pois esses
profissionais, dentro de seu âmbito profissional, devem estar aptos a desenvolver
ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível
individual quanto coletivo(32). Assim, o perfil do profissional egresso incorpora uma
formação generalista, humanista, critica e reflexiva, estando capacitado para atuar em
todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor cientifico e intelectual(31).
As mesmas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Fisioterapia definiram ainda que a formação do profissional deve oferecer subsídios
para o desenvolvimento de habilidades como: atenção à saúde, tomada de decisões,
comunicação (envolvendo a verbal e não-verbal, escrita e falada), liderança,
administração e gerenciamento e educação permanente. Também reinsere como
disciplinas essenciais, além das ciências biológicas, as ciências humanas e sociais(31).
Em 2004, a Carta de Vitória foi um importante documento-síntese lançado
no 1° Congresso Nacional do Ensino da Fisioterapia que constituiu um referencial para
a qualidade da formação na área e propôs uma mudança de carga horária para 4500
horas, adequação dos currículos às necessidades regionais, incorporação de
princípios e diretrizes do SUS no processo de formação e desenvolvimento de práticas
comunitárias(33).
Entretanto, essa carga horária mínima não foi contemplada até o momento
na maioria das universidades privadas. Assim, desde julho 2008, os membros da
Comissão do CNE participaram de um debate sobre o tema da carga horária com
entidades representativas da área de saúde no CNS. Naquela oportunidade, a
Comissão do CNE tomou conhecimento da recomendação do referido Conselho, que
sugeriu no estabelecimento de carga horária mínima de 4.000 horas para os cursos
de graduação da área de saúde que não foram contemplados até o momento, pois
30
aguardam homologação do Ministério da Educação após a Câmara de Educação
Superior ter aprovado por unanimidade o voto dos relatores(18).
No que se refere ao modelo de formação e ao perfil dos profissionais
egressos, observa-se a hegemonia da formação curativo-reabilitador privatista,
originada da condição de surgimento da fisioterapia. Nem mesmo as mudanças
epidemiológicas e do sistema de saúde brasileiro alteraram esse perfil(18). Apesar dos
esforços realizados e do desenvolvimento do currículo, especialmente proposto pelas
Diretrizes Curriculares Nacionais, ainda se aguarda uma mudança mais profunda na
formação humanística do fisioterapeuta.
Apesar dos avanços, tanto na produção de conhecimento quanto na sua
implementação, a Fisioterapia continuou sendo vinculada ao saber técnico, alheia à
questões filosóficas, sociológicas e politicas(34).
A organização curricular precisa ir além do ensino fundamentado em
técnicas, procedimentos, métodos de atendimento e de abordagem clínico-terapêutico
característicos das ciências médicas. O desenvolvimento de uma identidade própria
da profissão pode proporcionar uma aproximação entre a Fisioterapia e as
necessidades da população(29).
Enfim, urge proporcionar uma formação crítica e consciente dos
procedimentos técnicos, mas também da magnitude do sujeito a ser tratado, uma vez
que o paciente é atendido na maioria das vezes de uma forma tecnicista, sem que
seja compreendido como um sujeito único e cuja subjetividade pode demandar uma
abordagem mais humanizada e de maior envolvimento do profissional da
Fisioterapia(29).
Contrapondo-se a este tecnicismo, faz-se necessária uma formação
humanística do fisioterapeuta. No que se refere à humanização, esta é vista como
uma forma de valorizar a qualidade da assistência que não é mais apreciada somente
a partir da utilização de tecnologias, mas também considera os direitos do usuário, a
sua subjetividade e cultura, além de reconhecer o profissional também enquanto
sujeito. Em uma perspectiva filosófica, a humanização pode ter estreita relação com
a felicidade humana se validada como bem comum(35).
O termo humanização engloba inúmeros aspectos, podendo ser
compreendido como um vínculo entre profissionais e usuários baseado em ações
guiadas pela compreensão e pela valorização dos sujeitos, que refletem uma atitude
ética e humana. Sob outra perspectiva, a humanização é associada à qualidade do
31
cuidado, o que abrange a valorização dos trabalhadores e o reconhecimento dos
direitos dos usuários(36).
Nos últimos anos tem-se utilizado o termo humanização com diferentes
significados. Antes, essa palavra estava relacionada aos movimentos religiosos,
filantrópicos e paternalistas, mas hoje este conceito tem-se modificado passando a
ser entendido como uma prática de respeito ao outro, com respeito ao cidadão, não
apenas como um consumidor dos serviços de saúde(9,37).
O SUS surgiu após muitas lutas pela redemocratização em meio aos
movimentos de resistência à ditadura militar. Tais movimentos foram influenciados
pela oposição ao tecnicismo do modelo médico-industrial, e o SUS emergiu como uma
proposta de saúde que contempla todos os cidadãos por meio da prevenção,
promoção e reabilitação com foco na atenção primária(9).
Apesar dos avanços em seus princípios norteadores e da descentralização
da atenção e gestão, o SUS ainda encontra dificuldades no processo de trabalho:
despreparo em lidar com as práticas de atenção; pouca interação entre as equipes;
desqualificação quanto à gestão e ao trabalho em equipe; desrespeito aos direitos dos
usuários e um sistema de saúde burocrático, o que forma equipes distantes da política
pública de saúde instituída(38).
Assim, embora a saúde seja um direito constitucional, existe uma
contradição em suas práticas diárias. A crise vivenciada pelos usuários e
trabalhadores no processo saúde-doença ainda persiste nos dias de hoje, devido ao
foco ainda ser a doença. A experiência de vida e a interdependência dos fatores
biopsicossociais, culturais e ambientais não são valorizadas, o que se reverte em um
relacionamento negativo entre profissional e usuário, impactando diretamente no
cuidado dos mesmos(9).
Diante dessa problemática, foi lançada, em 1994 a Política Nacional de
Humanização (PNH), conhecida como Humaniza SUS, com a proposta de assegurar
os princípios do SUS nos modelos de atenção e gestão das práticas de saúde e a
sensibilização e preparação dos trabalhadores na área da saúde, que têm uma
formação acadêmica tecnicista. Assim, o aspecto humano se adaptaria à nova
realidade do “tratar em saúde”(9,39).
A desumanização na área da saúde se baseia no modelo biomédico, onde
os usuários são reduzidos a objetos despersonalizados em sua própria técnica
mecanizada, fria e com um único propósito: obter lucro. A doença passou a ser
32
reconhecida só cientificamente e a assistência se desumanizou principalmente no
atendimento e nas condições de trabalho, com falhas na organização do que
dificultam as relações humanas. Diante disso, se faz necessário humanizar as práticas
em saúde, onde vivemos um rápido avanço tecnológico sem a valorização das
emoções, crenças e valores dos usuários(9,40,41).
O fisioterapeuta que permanece centrado em amenizar e reabilitar o corpo
lesado fisicamente, desde as grandes guerras mundiais, não pode furtar-se a não se
envolver com o paciente(9). Para tal deve usar a comunicação, o relacionamento
interpessoal, o vínculo e a troca de conhecimentos, uma vez que utiliza do toque no
corpo do outro de uma forma muito íntima.
A formação profissional, carente de aprofundamento em disciplinas que
propõem o exercício do pensamento crítico, desprepara o fisioterapeuta para o
enfrentamento de situações que não se restringem à ordem técnica. As mesmas mãos
que operam modernos equipamentos também tocam o mais íntimo do ser humano:
suas emoções que nem sempre estão aparentes nas práticas diárias. Essa prática
contribui para a humanização do atendimento quando é percebida pelos profissionais
da área da saúde(9).
Assim, o fisioterapeuta apresenta entre seus próprios recursos terapêuticos
um instrumento que facilita e promove uma maior humanização na saúde: o toque,
que coloca este profissional em posição privilegiada. É a partir do conhecimento
holístico do ser humano que se pode alcançar o objetivo maior do fisioterapeuta, que
é o de preservar, manter, desenvolver e restaurar a integridade dos órgãos, sistema
e/ou função. O profissional da saúde que detém em seu conhecimento apenas uma
visão reducionista no campo físico e na doença, perde sua essência, pois deve saber
reconhecer o ser humano na sua integridade e singularidade, entendendo o valor de
seu papel e aceitando as atitudes dos pacientes frente à doença(9).
Visando à humanização, o fisioterapeuta necessita reconhecer o paciente
como um sujeito e não como um objeto de sua atenção, deixando de considerar a
doença e dedicando-se a cuidar de uma pessoa que se encontra doente, levando em
consideração vários aspectos de sua vida como os contextos social, econômico,
familiar e espiritual através do compromisso ético, político e técnico para com a
comunidade(9).
A humanização qualifica o atendimento, traz melhores condições de
recuperação e satisfação do paciente e profissional, podendo ser instituída como
33
estratégia de interferência nas práticas de saúde. Assim, mostra que os sujeitos da
sociedade, quando mobilizados, são capazes em conjunto de transformar realidades
e a si mesmos(9).
Como qualquer outro profissional da saúde, o fisioterapeuta precisa estar
ciente e sensibilizado quanto à questão da humanização, saber reconhecer o ser
humano em sua integridade e singularidade e ter consciência do seu papel frente
aqueles que o procuram acometidos por alguma enfermidade, aceitando suas reações
psíquicas e a própria atitude frente à doença(9).
Como se nota, ao longo da história da Fisioterapia, se realizaram esforços
na busca pela superação da formação baseada no modelo biomédico, visíveis por
meio de disciplinas humanísticas e do alicerce para a atenção básica inseridos no
currículo.
Ainda é questionável se somente as mudanças propostas pelas Diretrizes
Nacionais Curriculares são capazes de fomentar as instituições para uma formação
adequada no que se refere à humanização, e se as instituições têm pensado
estratégias além das obrigatoriedades curriculares.
Tais questões são pertinentes, uma vez que ainda são apontados
desconhecimentos por fisioterapeutas não só sobre a PNH, como também do SUS, o
que contribui diretamente para o despreparo na atuação em atender ás necessidades
do SUS e da população(9).
Dessa forma, parecem ser necessárias novas atitudes para a superação
do modelo histórico da Fisioterapia e para a promoção de uma formação profissional
atenta à questões como a humanização.
4.3 Importância da comunicação na área da saúde
A palavra comunicar origina-se do latim communicare e significa “por em
comum”(42). Também assemelha-se ao processo de compreender e compartilhar
informações, ideias, sentimentos, experiências, pensamentos e emoções com outros
indivíduos, expressas de maneira verbal ou não verbal, por meio dos signos que são
os símbolos ou sinais e pode influenciar o comportamento das pessoas envolvidas(2,43-
45).
Para a comunicação acontecer de forma completa, são necessários seis
elementos: fonte, remetente, mensagem, canal, decodificador e receptor. A fonte
34
representa a quantidade de pessoas que pretendem comunicar, que criam e codificam
as informações a serem trocadas, expressa em forma de mensagem e transmitida por
meio de um canal para o receptor que pode ser pessoalmente, por e-mail, reuniões,
cartas, relatórios e outros. Para responder a mensagem e completar a comunicação,
o receptor precisa de um conjunto de habilidades sensoriais: o decodificador, o que
converte a mensagem de volta para a informação(46,47).
O processo de comunicação só acontece quando a mensagem é recebida,
interpretada e se tem um resultado. Em muitos casos, nem sempre o receptor
interpreta o signicado da mensagem da maneira como o emissor desejava. A
decodificação (interpretação) depende de vários fatores, incluindo o conhecimento, a
experiência do receptor, da sua relação com o emissor, da presença ou ausência de
opinião, das diferentes culturas, das condições financeiras e sociais em que a
mensagem é recebida(46).
Existem vários motivos para estudar a comunicação porque, em primeiro
lugar, o ser humano não existe sem se comunicar, pois trata-se de um processo
contínuo e único que não se repete, cada ato comunicativo possuindo seu conteúdo
e relação. A mensagem transmitida tem um significado comum e determina a quem a
recebe o desenvolvimento da empatia, da confiança, do envolvimento social e respeito
mútuo, um dos fatores exigentes na área da saúde. Estudar a comunicação é
essencial para compreender o comportamento das pessoas, pois é por meio dela que
as relações acontecem(13).
Os profissionais de saúde utilizam estratégias de comunicação para
instruir, receber informações e realizar diversas funções e procedimentos(48). Tudo
isso auxilia no sucesso dos resultados de forma individualizada, pois ajuda na
compreensão de seus pacientes. Por isso, os profissionais devem demonstrar
cortesia, bondade, sinceridade e confidencialidade durante o processo de
comunicação(49). Entretanto, quando esses profissionais estão cientes da linguagem
corporal e não verbal, aumentam a efetividade na comunicação com os pacientes, o
que interfere no entendimento e nas orientações dessa relação(50).
A comunicação entre profissional de saúde e paciente tem sido um dos
mais relevantes temas de pesquisas, porque beneficia o paciente, melhora a adesão
ao tratamento e impacta na qualidade de vida. A comunicação eficiente identifica as
necessidades do paciente e diminui sua ansiedade e angústia(51). Desta forma, é
35
importante que o fisioterapeuta busque conhecimentos dentro da sua área de forma a
manter uma comunicação eficaz com o paciente.
4.4 Comunicação não verbal
Edwards e Brilhart apud Silva(3) afirmam que em relação a comunicação,
apenas 7% dos pensamentos são expressos por palavras e 93% por meio da
comunicação não verbal, dos quais 38% são sinais paralinguísticos ou paraverbais,
tais como: entonação da voz, grunhidos, ruídos vocálicos, pronúncia, tosse e suspiro.
Além disso, 55% compõem-se de sinais silenciosos do corpo como gestos, o olhar, a
postura, a expressão facial, fisionomia e demais características físicas que
individualizam a pessoa.
A comunicação não verbal envolve todas as manifestações de
comportamentos que não são expressos pelo uso de palavras e que não controlamos
totalmente e, às vezes, pode contradizer aquilo que a palavra está dizendo(2). A
comunicação não verbal pode nos ajudar a identificar a dor, o medo, a irritação, a
ansiedade ou a preocupação. As expressões faciais e corporais são as mais
percebidas e o toque, que é o foco principal deste trabalho, é uma das formas de
transmitir mensagens e se comunicar(3).
A comunicação não verbal foi classificada em paralinguagem, cinésica,
proxêmica, tacêsica, características físicas e fatores do meio ambiente, que podem
ser sintetizados da seguinte maneira(52):
— A paralinguagem traduz o jeito como falamos ou qualquer som produzido
pelo aparelho fonador sem o uso da língua e demostram sentimentos,
personalidade, atitudes, formas de relacionamento interpessoal e
autoconceito. Diz respeito ao tom e entonação da voz, intensidade,
grunhidos, tosses por tensão, suspiros, entre outros;
— A cinésica é a comunicação por meio dos movimentos do corpo como
gestos manuais, movimentos dos membros, balanços com a cabeça,
expressões faciais, tremores na mão etc;
— A comunicação proxêmica considera o espaço utilizado pelo homem
como a distância mantida entre os interlocutores e que diversas vezes
36
pode indicar o tipo de relacionamento, diferenças de status, preferência,
poder e outros;
— A comunicação tacêsica envolve o tato, tal como a pressão exercida, o
local onde se toca o outro ou a si mesmo, a idade e o sexo dos
comunicadores, o espaço pessoal e as expectativas de relacionamento;
— As características físicas são a própria forma e aparência do corpo.
Estão relacionadas com o sexo, a idade, a etnia, o estado de saúde, a
classe social e outros. Os adornos como alianças, jornais, roupas, tipo
de carro são formas de características na comunicação e
— Os fatores do meio ambiente determinam as características e a
disposição do próprio espaço da comunicação como a cor, a forma e o
tamanho dos objetos do entorno. As diferenças no meio ambiente geram
reações emocionais dependendo se o ambiente é quente, é frio,
abafado, grande ou apertado(52).
A comunicação não verbal complementa a verbal de modo a reforçar, retirar
e completar o que foi dito verbalmente, usando sinais para substituir as palavras, o
que ocorre em pacientes que não podem ou não conseguem se expressar de forma
verbal, assim como por aqueles que demostram sinais para se comunicarem evitando
as palavras. Assim, por meio de sinais da comunicação não verbal é possível
contradizer o verbal. A demonstração das emoções e sentimentos pode ser anunciada
através das expressões faciais. Um sinal não verbal pode ter várias interpretações.
Os indivíduos impossibilitados de verbalizarem emitem sinais não verbais(3).
Para a mesma autora, o rosto é o mais perfeito “mentiroso” não verbal, pois
transmite os sentimentos. É possível com um treino que as pessoas disfarçem seus
sentimentos, mas o olhar é uma expressão facial sobre a qual não temos controle
voluntário porque não depende de nosso controle a contração ou dilatação da pupila.
Por meio do olhar dominamos o fluxo da conversa e dependendo da distância que
estamos um do outro, transmitimos nossas emoções como surpresa, alegria, tristeza
e falamos de assuntos mais impessoais quando, por exemplo, se está interessado em
dominar as relações do interlocutor, se é de uma cultura que enfatiza o olhar, se é
extrovertido, se tem a necessidade de associar-se, se ouve mais do que fala e se
possui habilidades de percepção(3).
_____________________________
* Edwards, BJ, Brilhart, JK. Communication in nursing practice.Saint Louis, Mosby, 1981.
37
Em um estudo realizado com enfermeiros, evidenciou-se que esses
profissionais direcionam seu atendimento principalmente de forma verbal e que existe
uma insuficiente percepção dos sinais não verbais na relação desses profissionais
com os pacientes, influenciando no retorno dos mesmos ao hospital por falhas no
processo de comunicação que interferiam na compreensão das orientações
recebidas(53). Após detectar tal deficiência, foi realizado um programa de educação
continuada com os mesmos profissionais e percebeu-se aumento da percepção dos
sinais não verbais do paciente mostrando eficiente a temática do ensino(50).
O conhecimento da comunicação não verbal também pode evoluir com o
treinamento da competência, a experiência de vida e a disponibilidade do profissional
em querer entender e se fazer entender.
4.5 O toque
O toque e a proximidade física são formas de se comunicar com o paciente
de forma afetiva, envolvente, segura e acima de tudo promove a valorização do
outro(8). O contato físico não é um acontecimento emocional, mas seus elementos
sensoriais provocam emoções devido às alterações glandulares, neurais, musculares
e mentais. Assim, o tato por muitas vezes não é percebido como sensação e sim
“sentido” como emoção(3).
Tocar significa apalpar, ter contato com, comover, sensibilizar, ir de
encontro, aplicar o sentido do tato, aproximar-se(54). O Toque transmite segurança,
afeto e proteção, o que o torna fundamental durante toda a vida do ser humano e
durante a doença, pode transmitir apoio, amparo e valorização do indivíduo(8,55). O
toque tem a capacidade de união e percepção um do outro e dependendo da forma
como esse toque for utilizado, poderá tanto aproximar como distanciar o terapeuta do
paciente(56).
O toque pode ser caracterizado como: instrumental, onde o contato físico
só existe durante procedimentos técnicos e para a prestação da assistência;
expressivo ou afetivo, que normalmente é espontâneo e aplicado de maneira mais
humanizada, não relacionada a uma atividade específica. Tem como objetivo
estimular o paciente a se comunicar e demonstrar carinho, aceitação, apoio,
segurança, empatia e proximidade em relação ao paciente, entre outros aspectos.
38
Existe ainda o toque expressivo-instrumental, quando um procedimento técnico é
acompanhado do toque afetivo(3,57). Existe ainda o toque terapêutico que é uma
terapia integrativa e holística baseada na milenar técnica terapêutica de imposição
das mãos com o objetivo de aliviar sintomas, dores, minimizar ansiedade, melhorar o
processo de cicatrização onde se acredita em uma energia universal, vital e que
mantém todos os seres vivos(58).
O toque não se define apenas pelo contato físico, mas também um “tocar”
que envolve o outro, a atenção visual, o cheiro, a voz, a luminosidade, os gestos e a
maneira como se toca(59,60). Tocar influencia na qualidade das relações e contribui
para a formação do vínculo que pode transmitir afeto, segurança e proteção(8,35). Nem
sempre o toque é permitido ou desejado, e por isso devemos estar atentos aos sinais
do outro para demonstrar que sabemos estar sendo invasivos, além de sempre pedir
licença para tocá-lo(3).
Ao tocar demonstramos nossos sentimentos de empatia e confiança. Em
algumas situações, o toque pode ser a única maneira de transmitir “ajuda”, transmitir
apoio e dizer “estamos com você”(3). Quase todas as ações da fisioterapia necessitam
da presença do toque, que transmite os pensamentos e emoções, o que exige desse
profissional o conhecimento e as habilidades em relação à comunicação não verbal.
O toque faz parte do processo de humanização da assistência na relação
profissional-paciente e é recomendado em várias circunstâncias: quando o paciente
sente-se sozinho, com dor, quando está morrendo, quando apresenta baixa
autoestima, tristeza ou está deprimido, com sua consciência diminuída ou mesmo
quando recebemos ou nos despedimos de alguém. Tocar também significa invadir o
espaço pessoal e, portanto, é necessário conhecermos os sinais não verbais que
demonstram consentimento ou não(3). Essa permissão pode ser verbalizada ou não,
mas diz respeito ao foro íntimo de cada um(61).
A partir do momento em que tocamos alguém invadimos o seu espaço
pessoal e, então, é importante que fiquemos atentos aos sinais não verbais que
demonstrem consentimento ou não. No ambiente hospitalar, somos obrigados a
estabelecer uma distância e um contato íntimo com pessoas que não nos são
próximos. Ao prestar assistência, o fisioterapeuta, necessita estar a uma distância
íntima do paciente, mas não devemos descuidar da distância pessoal que todos têm,
motivo pelo que temos que permanecer atentos aos sinais de defesa.
39
Apesar de o toque ser inerente ao exercício da profissão, existe o receio
em função da profundidade do toque e da proximidade do terapeuta com o paciente.
O contato mais próximo pode incomodar ou trazer desconforto aos profissionais pela
subjetividade que o toque provoca e que, por uma questão de pudor ou até repulsa(62),
os leva a usarmeios de evitá-lo enquadrando-o como umaação apenas profissional, o
que limita as trocas muito pessoais(63). Assim, o “aprender tocar” na relação de ajuda
se torna importante por permitir maior envolvimento do profissional e maior sensação
de segurança ao paciente, o que proporciona eficiência no tratamento.
O toque expressivo, o olhar, o sorriso, a proximidade física e a escuta são
formas de comunicação não verbal encontradas por profissionais de saúde(64). Os
sentimentos podem ser expressos pelo tom de voz, o olhar fixo, a fisionomia, as
expressões, o comportamento, a distância mantida em relação à pessoa que se
comunica e o toque. Frequentemente a equipe de saúde usa a comunicação verbal
como forma de afirmar e repetir o dito, embora não se privam da comunicação não
verbal como complemento(65).
As relações interpessoais acontecem por intermédio da linguagem, que não
pode omitir a importância da comunicação não verbal associada a ela. Há uma relação
sensorial durante a assistência que se faz por meio do olhar, da escuta e do toque e
se tornam vitais nessa relação(66). O tocar é o sentido mais desenvolvido e importante
por se fazer interagir, pois ninguém toca sem ser tocado(67). Enquanto a visão e a
audição examinam o corpo de maneira superficial, o sentido tátil percebe em
profundidade o outro através de toda superfície da pele(68).
Então, tocar o outro se torna um instrumento indiscutível para uma relação
de qualidade, pois reúne o conjunto dos gestos de valor expressivo e comunicacional,
que expressam uma determinada qualidade presencial diante do outro e da relação(63).
O tocar na relação começa quando o profissional, ao oferecer o cuidado, ultrapassa
seus gestos técnicos e preocupa-se com a realidade do seu paciente(69).
Quase todas as técnicas e ações do fisioterapeuta exigem o toque. Por ser
um meio de linguagem não verbal, expressamos por meio dele nossos sentimentos e
pensamentos ao paciente que, da mesma forma, pode percebê-los, o que faz
despertar nele emoções, comportamentos e pensamentos, motivo porque devemos
ficar atentos quando tocamos um paciente(3). Assim, todo profissional de saúde
deveria ter conhecimento e ser treinado quanto à habilidade, os tipos e as formas de
se tocar, pois, muitas vezes, durante nossa rotina diária tocamos sem sentir e
40
rotulamos os pacientes como se fossem para nós somente um enfisematoso,
hipertenso, cardiopata e outros.
O desconhecimento e a falta de habilidade em relação à comunicação não
verbal e aos tipos de toque nos leva também a transmitir mensagens de uma forma
errada, mesmo sem querer. Desperta no paciente um autoconceito que por meio de
sentimentos e pensamentos indesejáveis influenciam na relação interpessoal. Como
exemplo podemos citar as inúmeras vezes em que estamos realizando uma técnica
ou comunicando algo ao paciente, olhando no relógio e pensando em como conseguir
realizar todas as tarefas, ou quando estamos distraídos conversando com outros
profissionais enquanto “realizamos” o atendimento. Se estivermos treinados e
possuirmos habilidades de comunicação, minimizamos esses prejuízos porque a
comunicação vai além das palavras.
A comunicação em saúde é considerada tecnologia leve e é imprescindível
na humanização da assistência entre profissional e paciente, de modo a resolver
problemas e promover o bem estar. Embora o atual sistema necessite da manipulação
dos equipamentos e das técnicas aprimoradas, incorporar a tecnologia leve e valorizá-
la parece estar longe de ser realidade. As máquinas são muito mais valorizadas e tal
fato pode ser atribuído ao acúmulo de valor agregado no complexo médico-hospitalar,
cuja impressão é de que esse dinamismo causa riqueza, o que leva à cegueira quanto
ao lugar indiscutível e fundamental da participação humana e relacional na produção
da saúde(70).
Só será possível oferecer um atendimento mais humano se houver
mudanças nos modos de fazer, trabalhar, produzir e educar na área da saúde,
tentando unir a teoria com a prática(40).
A cultura e os valores de cada um parecem estar relacionados com a forma
de enviar e receber mensagens, pois dependem de nossas atitudes, crenças, valores,
experiências prévias e expectativas quanto às mensagens e à forma como nos
relacionamos com cada pessoa. Comunicar, muitas vezes é mais difícil porque a
maioria das mensagens é transmitida por sinais e não por símbolos(71,72)– que têm
significados denotativos, que orientam o indivíduo na realidade em que vive, e
conotativos, que fazem interpretar as mensagens de acordo com suas ideias, valores,
crenças e experiências(3).
Quando um paciente é tocado, ele espera que essa mão não apenas toque
o corpo físico, mas seja capaz de cuidar de um ser humano com seus medos e
41
potencialidades(73). A mão que toca não pode enganar como a palavra, pois se trata
de um “tocar de escuta” que legitima e reconhece o ser humano(74).
4.6 O toque na relação interpessoal profissional-paciente
Na visão Rogeriana, algumas atitudes são mais importantes do que a
competência e as habilidades técnicas do profissional que devem estar ligados na
relação profissional-paciente. Para que haja liberdade e desenvolvimento na relação,
é necessário que esta contemple três situações: a congruência, em que o terapeuta
deve ser transparente e autêntico, logrando transformações na personalidade do
paciente; aatenção positiva, que mesmo diante do medo, da confusão, do ódio ou da
cólera leva o terapeuta a demonstrar reação positiva e de acolhimento, valorizando o
paciente como se fosse único e a compreensão empática, com que o terapeuta
percebe os sentimentos vivenciados pelo paciente e consegue compreendê-lo através
da boa comunicação que se estabelece(75).
Afeto, congruência, respeito, aceitação, atenção, valorização do paciente e
empatia são condições que devemos estabelecer quando queremos que haja sucesso
e qualidade na comunicação(75).
O que facilita as relações interpessoais são o autoconhecimento e o
conhecimento do outro, que permitem estabelecer relações verdadeiras,
indispensáveis e significativas pautadas na confiança e compreensão(75). O toque na
relação terapeuta-paciente, permite esse conhecimento, o que pode tornar a terapia
mais eficaz.
A assistência ao paciente deve ser prestada de forma a não substituir a
presença humana(76) e para isso, o fisioterapeuta deve valorizar a comunicação não
verbal, entendê-la e aprendê-la. Se isso acontecer, a qualidade da comunicação entre
fisioterapeuta e paciente melhora, diminui a ansiedade de ambos, estabelece-se
vínculo e a relação torna-se transparente e capaz de trazer o entendimento de suas
necessidades.
Vale ressaltar que alguns membros da equipe são mais sensíveis ao
interpretar as respostas do paciente, especialmente quando se trata de comunicação
não verbal e emoções(77). Quanto maior for capacidade do profissional de saúde de
42
decodificar (interpretar) de maneira correta o não verbal, maiores suas condições de
comunicar, compreender e orientar o paciente(3).
Na prática fisioterapêutica é habitual o contato direto com limitações e
sequelas dos pacientes, o que exige desse profissional um amplo conhecimento
técnico, teórico, científico e que deve sempre estar associado às questões
humanísticas em todos os aspectos(78). Em qualquer espaço de contato entre
fisioterapeuta e paciente devem ser preservados os valores éticos e morais, sempre
respeitando os limites permitidos pelo paciente(79).
O desamparo experimentado pelo paciente durante a situação de
internação induz a uma exacerbação de suas necessidades, que é mais uma
justificativa da importância do toque na área da saúde(3). O ato de tocar e a
proximidade física são as maneiras mais importantes de se comunicar, envolver e
valorizar o ser humano(8).
O profissional da área da saúde não está preocupado somente com
problemas fisiopatológicos, mas também com as questões psicossociais, que estão
intimamente ligadas à doença física(80). O respeito, o amor e o vínculo minimizam a
impessoalidade e melhoram a qualidade da atenção dispensada ao paciente e assim,
constrói-se um ambiente hospitalar mais humano(81).
O toque é utilizado por quase todos os profissionais da área da saúde no
ambiente hospitalar. Entretanto, o fisioterapeuta é o profissional que incorpora em sua
atividade profissional uma relação muito íntima com o corpo, o que exige em seu
relacionamento terapêutico uma longa permanência e maior contato físico com
estímulos táteis prolongados. Mesmo sendo as mãos seu principal objeto de trabalho,
estabelecendo tal intimidade no corpo do outro e sendo o profissional que mais têm
contato físico, na prática, o toque instrumental mostra-se mais visível em relação ao
toque expressivo.
A pele é o órgão que transforma os estímulos físicos em comunicadores
químicos e em emoções. Um contato terno e amoroso na pele produz a sensação de
apoio, consolo, companhia e presença amiga. Por outro lado, um contato rude e
agressivo faz o indivíduo sentir-se rejeitado, desprezado, invadido e provoca-lhe
reação de defesa(82). O toque estabelece empatia que é um sentimento de
identificação(83) na relação dependendo do sentimento exteriorizado, podendo o
profissional alcançá-la se observar as reações provocadas na pessoa e também se
43
refletir sobre suas experiências, sendo essa relação terapeuta/paciente, a própria
essência do propósito do profissional(84).
O toque é uma das maneiras com que o fisioterapeuta estabelece uma
relação diferenciada, íntima e que ocorre por meio da pele, da respiração, dos
músculos e das articulações. Esta relação é marcada pela afeição, confiança e
reciprocidade, que podem afetar o curso, a qualidade e o prognóstico do tratamento,
o que diferencia esse profissional e pode definir decisões, condutas terapêuticas e
uma assistência mais humanizada(85).
44
5. PERCURSO METODÓLOGICO
A escolha pela abordagem qualitativa se deu por se aplicar ao estudo das
relações de como os seres humanos pensam e percebem a si mesmos. Trata-se de
abordagem que se preocupa com um nível de realidade que não pode ser
quantificado, ou seja, preocupa-se com o universo dos significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um aprofundamento das
relações e dos fenômenos(86).
Neste estudo, dada à complexidade do fenômeno, optou-se pelo estudo de
caso qualitativo que pode ser definido como “uma investigação empírica que investiga
um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de vida real,
especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente
evidentes”(87). A pesquisa qualitativa aborda as inquietações mais íntimas e
particulares e não dá importância somente aos resultados da pesquisa, mas ao
processo que se desenvolve até chegar àquele(88).
5.1 O Estudo de Caso como método
O estudo de caso na pesquisa qualitativa permite a investigação de
múltiplas variáveis com diferentes fontes de evidência, além de poder se beneficiar do
desenvolvimento anterior das proposições teóricas para orientar a coleta de dados(87).
Este tipo de estudo, pode ser simples e específico, complexo e abstrato(89).
O “caso” constitui-se numa unidade dentro de um sistema mais amplo, é
bem delimitado e seus contornos ficam mais claros conforme se desenvolve o estudo.
O “caso” pode ser similar a outros, mas é ao mesmo tempo distinto, pois tem interesse
próprio e singular, tornando-se único e particular(89).
O “caso” em questão – “o toque dos fisioterapeutas”, é um fenômeno
complexo, singular e para ser compreendido é necessário estudá-lo em profundidade,
o que deixa claro que o método escolhido adequa-se perfeitamente.
Para saber se o estudo de caso é o método mais acertado, deve-se
perguntar se há a necessidade de explicar alguma circunstância presente como, por
exemplo, “qual a maneira como um determinado fenômeno funciona”ou mesmo a
profundidade deste fenômeno. Este fenômeno pode ser individual, grupal,
organizacional, social ou político. Surge do desejo de entender fenômenos sociais
45
complexos, permitindo que os investigadores retenham as características holísticas e
significativas dos eventos da vida real, entre os quais o comportamento dos pequenos
grupos(87).
A escolha do caso a ser estudado – “o toque dos fisioterapeutas”,
especificamente no ambiente hospitalar – deve-se inicialmente à inquietação da
pesquisadora, mas também ao fato de esta unidade possuir grande impacto nas
relações humanas no hospital, visto o enorme volume de pacientes, profissionais,
estudantes e os inúmeros procedimentos e técnicas realizados neste local.
Neste estudo optou-se por conhecer os tipos de toque e compreender seus
significados para o fisioterapeuta que atua no ambiente hospitalar e como se dão
essas relações na vida real, no cenário de pesquisa escolhido. Os estudos de caso
estimulam novas descobertas em função da flexibilidade do seu planejamento;
enfatizam a multiplicidade de dimensões de um problema, focalizando-o como um
todo, e apresentam simplicidade nos procedimentos, além de permitirem analisar em
profundidade os processos e as relações entre eles(90).
Dentre as pesquisas qualitativas, o estudo de caso é um dos métodos mais
relevantes e tem como objeto uma unidade que se analisa profundamente, do aspecto
da natureza e da abrangência, e que pode ser tanto um sujeito como uma
comunidade, o que favorece o conhecimento da realidade delimitada com seus
resultados permitindo formular hipóteses para conduzir outras pesquisas(91).
Há três tipos de estudo de caso: os exploratórios, os descritivos e os
explanatórios, porém o pesquisador poderá utilizar em alguns momentos de mais de
um tipo, pois há algumas sobreposições entre eles(87). Neste estudo optou-se pelo
estudo de caso exploratório devido à natureza do fenômeno a ser apreendido.
Na pesquisa qualitativa há uma relação entre o mundo real e o sujeito, isto
é, um vínculo entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser
quantificado. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são
básicas. O caráter descritivo refere-se às características de determinada população
ou fenômeno, ou ao estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de
técnicas padronizadas de coleta de dados como questionário e observação
sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento(91).
46
5.2 A instituição participante da pesquisa
A instituição participante da pesquisa é um hospital de grande porte, geral
e filantrópico, fundado em 1904. Conta com 805 funcionários e 162 leitos, destes 121
leitos cadastrados para atendimento no SUS e 41 leitos destinados ao atendimento
de convênios e particulares. Conta com suporte clínico e cirúrgico, além de serviços
de alta complexidade como Oncologia, Urgência/Emergência, Terapia Intensiva
Adulto, Pediátrica e Neonatal, Terapia Renal Substitutiva, Neurocirurgia e
Traumatologia. A escolha de tais unidades se deveu ao fato de nelas haver o
profissional de fisioterapia em atuação.
Seu planejamento estratégico concebeu como missão prestar assistência
à saúde com excelência, de importância estratégica municipal e regional, colaborando
com o ensino e a pesquisa. A visão desta instituição é prestar serviço humanizado de
saúde com qualidade, segurança, gestão compartilhada e incorporando novas
tecnologias com sustentabilidade econômica. Seus valores são pautados na Ética,
Responsabilidade Social, Cooperação, Eficiência, Persistência, Prosperidade,
Humanização. O seu negócio é promover a saúde e cuidar da vida.
Poços de Caldas é uma cidade do interior de Minas Gerais, da microrregião
do Alto Rio Pardo. Em 2010, a população era de 162.379 habitantes(92). Os municípios
limítrofes que circundam a cidade são os mineiros Botelhos e Bandeira do Sul a
nordeste, Campestre a leste, Caldas a sudeste e Andradas ao sul, além das cidades
paulistas de Águas da Prata a sudoeste, São Sebastião da Grama e Divinolândia a
oeste e Caconde ao norte.
Na escala hierárquica dos centros urbanos brasileiros, classificados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Poços de Caldas caracteriza-se
como “Capital Regional” em função da centralidade que desempenha sobre outros
municípios da região no processo de distribuição de bens e serviços. Dessa forma,
Poços de Caldas polariza diretamente outras 23 pequenas cidades em seu entorno.
O Serviço de Fisioterapia do Hospital mantém vínculo trabalhista com regime da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Conta com uma fisioterapeuta responsável
pela equipe, que é a pesquisadora deste estudo, mais uma fisioterapeuta que é
colaboradora e fez as observações participantes desta pesquisa, além de mais 16
fisioterapeutas que prestam atendimento nos diversos setores da instituição. Como
47
exigência do setor de recursos humanos e para obedecer às portarias do Ministério
da Saúde, todos os fisioterapeutas possuem especialização na área hospitalar.
5.3 População
O quadro de pessoal da equipe que compõe a fisioterapia do hospital está
representado no Quadro 1.
Quadro 1 – Distribuição quantitativa dos fisioterapeutas nos setores do hospital e cobertura do
serviço.
Setor Quantitativo Cobertura de fisioterapia
Horário de Trabalho
Fisioterapia (Ferista) 01 Férias Conforme necessidade
CTI* Neonatal 05 18h
Três fisioterapeutas: 12x60h e dois
fisioterapeutas: 6h em noites alternadas.
CTI* Adulto 05 18h
Três fisioterapeutas: 12x60h e dois
fisioterapeutas: 6h em noites alternadas.
Enfermarias (Médica, Cirúrgica e Pediatria) Urgência/Emergência
02 10h 5h diárias e plantões fim
de semana de 10h.
Urgência/Emergência 02 10h 5h diárias e plantões fim
de semana de 10h.
Oncologia 02 10h 5h diárias e plantões de
10h fim de semana.
Coordenadora 01 06h 6h diárias de segunda a
sexta-feira.
* CTI: Centro de Terapia Intensiva.
Fonte: Dados do estudo, 2016.
As jornadas de trabalho variam de cinco, seis, dez e 12 horas não
ultrapassando 30 horas semanais, de acordo com a legislação vigente(93).
A equipe de fisioterapia formou-se a partir dos esforços da pesquisadora
deste estudo e vem ganhando espaço e respeito à custa de muito trabalho, sendo
48
reconhecida ao longo desses anos por toda equipe de saúde, principalmente por parte
dos médicos que, após entender a verdadeira função do fisioterapeuta hospitalar,
passaram a valorizar a profissão. Isso pode ser confirmado através do aumento do
número de pedidos diários de fisioterapia.
Em 2004, após o Coordenador da Comissão de Infecção Hospitalar da
referida instituição ter demonstrado em reunião através de gráficos estatísticos sobre
a considerável queda no número de pneumonias relacionadas a ventilação mecânica,
após a inserção da fisioterapia na equipe multidisciplinar do CTI, entendeu-se da
necessidade desse profissional em outros setores e hoje a equipe de fisioterapia
conquistou importante espaço entre os profissionaisdessa instituição.
A contratação dos fisioterapeutas sempre foi vista pela coordenadora e
pesquisadora deste estudo como uma conquista e, então, o critério que usava para a
seleção sempre foi voltado à especialização hospitalar que abrange a parte
cardiopulmonar, por meio de processos seletivos e entrevistas técnicas e psicológicas.
O lado humano ou o toque nunca foi o propósito buscado nas seleções, mesmo
porque o profissional com perfil humanista não pode ser caracterizado em uma prova
escrita ou entrevista de seleção e sim na prática vivenciada diariamente.
5.4 Técnica amostral
A composição da amostra deu-se por intencionalidade e fechada por
exaustão. Na escolha dos sujeitos de pesquisa devem-se privilegiar os sujeitos sociais
que detêm os atributos que o investigador pretende conhecer, definindo claramente o
grupo social mais relevante sobre o qual a pergunta central da pesquisa incidirá(86). A
exaustão é um critério de composição amostral, onde os participantes são todos os
que fazem parte do universo do pesquisador(94,95). Assim, foram abordados todos os
sujeitos elegíveis.
Utilizaram-se os seguintes critérios de inclusão: fazer parte do quadro de
fisioterapeutas da instituição; aceitar participar da pesquisa; estar presente no
momento da coleta de dados e possuir mais de seis meses de experiência na
profissão. Não foram incorporados à amostra a própria pesquisadora e uma
fisioterapeuta responsável pelo auxílio nas observações participantes, assim como se
excluíram os fisioterapeutas em estágio ou contratadoscom experiência menor de seis
49
meses na instituição. Todos os fisioterapeutas estavam presentes na coleta de dados,
constituindo a amostra de 16 sujeitos.
Alguns autores ressaltam que é possível que uma amostra fechada por
exaustão seja suficiente para saturar algumas ou todas as categorias estabelecidas
pelo pesquisador, tratando-se de uma constatação de saturação não decorrente do
próprio processo de pesquisa(96).
A familiaridade com os sujeitos do estudo facilitou a coleta de dados do
referido grupo, uma vez que a pesquisadora é a coordenadora da equipe de
fisioterapia e também a fisioterapeuta colaboradora atua no mesmo grupo onde a
pesquisa se realizou.
5.5 Instrumentos e técnica para coleta de dados
Para a coleta dos dados foram utilizados três roteiros: primeiro para
entrevista semiestruturada (APÊNDICE A), elaborado a partir do modelo proposto por
Turato(96). Um segundo para observação de campo (APÊNDICE B), seguindo o modelo
proposto por Triviños, porém com algumas modificações(91) e um terceiro para
observação eanálise do toque (APÊNDICE C), usado para avaliar o toque e elaborado
a partir dos itens sugeridos por Maria Júlia Paes, que orienta utilizá-lo quando se quer
estudar o toque(3). Tais instrumentos foram escolhidos por permitir que os
participantes pudessem revelar informações importantes de maneira natural.
Na observação participante, a participação do pesquisador na situação
investigada pode variar de sua total imersão na realidade até um completo
distanciamento(91).
Optou-se, neste estudo, a pesquisadora manter certo distanciamento
durante as observações, por ser coordenadora da equipe de fisioterapia da mesma
instituição e, portanto, detentora de certo envolvimento com o ambiente e os
profissionais da pesquisa, o que poderia influenciar o comportamento e as atitudes
dos participantes, que poderiam vir a sentir-se vigiados, fiscalizados e/ou intimidados
enquanto observados na prática com seus pacientes.
Assim, foi treinada nas questões técnicas e éticas uma fisioterapeuta que
atua nessa instituição e que também é participante do mesmo grupo de pesquisa que
a pesquisadora. O grupo de pesquisa aqui referido é o grupo NUPEQS (Núcleo de
Pesquisa Qualitativa em Saúde da Faculdade de Enfermagem da Universidade
50
Estadual de Campinas – UNICAMP) que conhece os objetivos deste trabalho e
durante as apresentações e discussões nas disciplinas cursadas, a referida
fisioterapeuta participou de modo a compreender o estudo em questão, tendo aceitado
colaborar com o mesmo.
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, o observador deve ter em mente
os propósitos específicos do estudo para dar início à coleta de dados. Para isso, é útil
que sua observação seja orientada em torno de alguns aspectos importantes para o
tema pesquisado, evitando o acúmulo de informações irrelevantes e permitindo uma
análise mais completa do problema(89).Dessa forma, a pesquisadora e a colaboradora
elaboraram o terceiro roteiro juntas. O roteiro era composto por dados do sujeito,
aspectos a serem observados do toque nas perspectivas tacêsica e proxêmica, além
de um campo com observação livre para que a colaboradora anotasse dados em que
o instrumento não contemplasse.
Toda observação participante deve utilizar um roteiro de observação de
campo que pode ser um bloco de notas em que o investigador anota o que observa
diariamente(86). Para este estudo optou-se também por um roteiro de observação de
campo e um roteiro que embasassem e orientassem o investigador em como
descrever e analisar o que foi observado em relação ao toque. As anotações de campo
foram de natureza reflexiva descritiva e reflexiva, conforme recomendado por
Triviños(91).
O toque avaliado foi o instrumental e o expressivo, e os itens que permitiram
essa análise foram: a frequência, a duração, a localização, a intensidade, a sensação
provocada e a ação do terapeuta antes de realizar o toque. Também se observou a
distância (proxêmica) do fisioterapeuta enquanto realizava o atendimento. O estudo
de caso permite a observação direta dos sujeitos e, associadoàs entrevistas, pode
apresentar uma grande variedade de evidências(87).
Para a fisioterapeuta colaboradora ter liberdade e tempo suficiente para
realizar tais observações, foi permitido pela instituição que a mesma se afastasse de
seus plantões, possuindo a flexibilidade de horário para se dedicar exclusivamente ao
referido estudo. Para a amostragem de tempo definiu-se que a fisioterapeuta
acompanharia o sujeito durante o horário de plantão do observado, durante o período
que julgasse necessário e quantas vezes achasse viável entre segunda-feira e
domingo. Para aqueles profissionais que trabalhavam 12 horas, optou-se por observá-
51
los no período matutino por ser este um horário em que a demanda de atendimento é
maior.
A escolha do profissional observado ocorreu de forma aleatória e sem
agendamento para maior validação dos dados. Durante as observações, a
fisioterapeuta colaboradora se posicionou beira-leito e auxiliou quando necessário em
algumas técnicas, sem influenciar a tomada de decisão do profissional. Não foi feita
nenhuma devolução aos sujeitos das observações realizadas, porém, logo após tal
atividade, a fisioterapeuta observadora reunía e apresentava o que foi observado à
pesquisadora e, posteriormente, com o orientador do estudo em seus encontros
semanais. As observações participantes aconteceram em todas as unidades onde
havia atuação do fisioterapeuta. Pelo fato da fisioterapeuta colaboradora fazer parte
da equipe de fisioterapia e conhecer todos os profissionais não houve dificuldades na
coleta.
As observações foram realizadas no período de agosto de 2015 a
novembro de 2016, e totalizou-se 19 observações com duração média de cinco horas,
sendo a variação de 4.47 horas. Um sujeito do estudo requereu três observações e
outro sujeito duas observações, ambos para a confirmação dos dados, sendo que tal
necessidade decorreu da alta demanda nos setores naquele dia, o que resultou em
atendimentos consequentemente mais rápidos.
As anotações no roteiro de observação de campo foram escritas após o
término da observação, tendo a fisioterapeuta colaboradora optado por realizar
primeiramente o roteiro de observação para análise do toque, uma vez que longas
anotações poderiam atrapalhar tal observação, e por considerar intimidador realizar
anotações diante do observado, preferindo tomar uma atitude de colega de trabalho e
não de pesquisadora.
A colaboradora do estudo relatou, não ter percebido constrangimento,
curiosidade ou qualquer intimidação no momento em que os sujeitos estavam sendo
observados e percebia que, após algum tempo, agiam de maneira natural não se
opondo à presença da mesma.
Após o término de cada observação, a colaboradora do estudo se reunia
com a pesquisadora para contar o que percebia durante os atendimentos dos sujeitos:
como e quando tocavam, a afetividade, a maneira de comunicarem, as atitudes e os
comportamentos, e tudo era anotado de maneira que, conforme as discussões
aconteciam, a forma de proceder a observação e as anotações de campo tornavam-
52
se mais ricas em detalhes. Esses detalhes foram imprescindíveis para compreender
as falas dos sujeitos e o entendimento da comunicação não verbal.
A entrevista semiestruturada foi realizada pela própria pesquisadora do
estudo, por ser um dos principais meios que o investigador possui para coletar dados.
Além de valorizar a presença do mesmo, oferece todas as perspectivas possíveis para
que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias, o que
enriquece a investigação(91).
Os sujeitos da pesquisa podem ser submetidos a várias entrevistas
individuais, com o intuito de colher o máximo de informações e também para avaliar
as variações das respostas em diferentes momentos(91). As entrevistas foram
gravadas no próprio local de trabalho, em lugar reservado, na sala de reuniões,
combinado e de acordo com a disponibilidade dos fisioterapeutas participantes. Foram
posteriormente transcritas pela própria pesquisadora. Foi esclarecido aos
participantes o uso do gravador e nenhum dos sujeitos recusou-se participar ou
responder a alguma das questões.
A entrevista semiestruturada foi escolhida para que os participantes
pudessem revelar informações de maneira natural e por se tratar de umas das
maneiras mais eficazes de coletar dados ao oferecer a liberdade e a espontaneidade
necessárias para enriquecer a investigação, sem contar que os sujeitos da pesquisa
podem responder aos questionamentos quantas vezes forem necessárias com o
intuito de avaliar as respostas em diferentes momentos e colher o máximo de
informações possíveis(91). O instrumento foi discutido com o orientador nas disciplinas
cursadas pela pesquisadora e no grupo de pesquisa NUPEQS.
As 16 entrevistas foram coletadas imediatamente após o término das
observações de campo, no intuito de evitar influências no comportamento dos
participantes durante as observações. Ocorreram no período de dezembro de 2015 a
março de 2016. Foram realizadas pela própria pesquisadora do estudo sem
agendamento prévio, segundo a disponibilidade dos entrevistados e conforme os
próprios achavam viáveis.
O tempo das entrevistas foi menor que o esperado, tendo a entrevista mais
longa transcorrida em 23 minutos e a mais curta em 16 minutos. Tal fato pode ser
atribuído à visível dificuldade observada em falar sobre o tema. Durante as entrevistas
a pesquisadora também anotava em um diário de campo as expressões faciais e
corporais, os olhares, o tom de voz, que às vezes alterava-se, atitudes,
53
comportamentos, etc. Essas entrevistas foram gravadas para apreender a totalidade
do ambiente e foram digitadas separadamente conforme data da entrevista.
Ao término da transcrição das 16 entrevistas todo o material foi impresso e
colocado em uma pasta para proceder à leitura flutuante. Não foi feita nenhuma
devolução aos sujeitos entrevistados, porém foram discutidas com o grupo de
pesquisa NUPEQS e o orientador desse estudo.
Conforme os dados eram coletados, procediam-se a leitura das anotações
de campo, os roteiros da observação e o contato com as entrevistas gravadas. Como
recomendado por vários autores, a pesquisa qualitativa permite este ir e vir no material
colhido, o que traz enriquecimento ao conteúdo. À medida que a pesquisadora e a
fisioterapeuta colaboradora do estudo entravam em contato com os dados coletados
percebia-se que a coleta poderia ser melhor. Assim, a profundidade das entrevistas
foi ficando cada vez melhor.
À medida que se ouvia as entrevistas gravadas e voltava-se às anotações
das observações de campo e no roteiro era possível aprofundar, perceber e entender
o conteúdo manifesto pelos sujeitos do estudo. Nesse momento, as anotações feitas
durante o tempo em que os sujeitos eram observados permitiram revelar as
inferências de alguns discursos velados.
Mesmo com a saturação de dados na 11ª entrevista, encerrou-se a coleta
de dados após entrevistar todos os 16 sujeitos, pois optou-se pelo critério de exaustão.
Pode - se dizer que os dados de uma pesquisa saturou quando não mais se constatam
novos elementos para subsidiar e aprofundar a argumentação ou teorização
almejada(94).
Após a realização das observações e entrevistas preferiu-se fazer uma
pausa para refletir e amadurecer todas aquelas informações. Tanto os dados das
observações quanto das entrevistas foram analisados pela pesquisadora juntamente
com a colaboradora do estudo. Foi pedido a outro pesquisador que lesse todo material
coletado para certificar-se da saturação dos dados e obter maior confiabilidade. A
saturação foi percebida conforme não havia novas informações.
54
5.6 Técnica de análise dos dados
Para o tratamento dos dados foi escolhida a análise de conteúdo, que diz
respeito a técnicas de pesquisa que permitem tornar replicáveis e válidas inferências
sobre dados de um determinado contexto, por meio de procedimentos científicos e
especializados. Essa análise permite ao pesquisador avaliar a subjetividade dos
sujeitos em seu conteúdo manifesto das comunicações, formando um conjunto
composto por “técnicas de pesquisa que permitem tornar replicáveis e válidas
inferências sobre dados de um determinado contexto, por meio de procedimentos
especializados e científicos”(86).
Os dados obtidos das observações e das entrevistas foram analisados por
meio da análise temática de conteúdo proposta por Minayo, que relaciona a afirmação
de um tema a um determinado contexto podendo-se utilizar palavras, frases e
resumos para tal análise(86).
A autora propõe três etapas a serem seguidas para esta análise. Na
primeira etapa, denominada pré-análise, inserem-se a leitura flutuante, a constituição
do corpus, a formulação e a reformulação de hipóteses e objetivos; o que determina,
por fim, o recorte do texto em unidades de registro (palavra-chave ou frase), unidade
de contexto (delimita o contexto e compreende a unidade de registro), os recortes, a
forma de categorização, a modalidade de codificação e os conceitos teóricos mais
gerais (ampliação do quadro de hipóteses ou pressupostos) que orientarão a análise.
Na segunda etapa é feita a exploração do material em que o pesquisador compreende
o texto e busca encontrar expressões ou palavras significativas em função do
conteúdo e organização de uma fala (redução do texto) que se traduz em categorias,
podendo estas ser teóricas ou empíricas, que especificarão os temas. Na terceira
etapa a autora sugere o tratamento dos resultados obtidos e a sua interpretação(86).
Os resultados são submetidos a operações estatísticas simples que
colocam as informações obtidas em destaque e, a partir daí, o analista interpreta e
interrelaciona-as com as dimensões teóricas sugeridas pela leitura do material(86).
Alguns dias depois da transcrição das entrevistas, deu-se início às leituras
flutuantes uma a uma, voltando inúmeras vezes na fala de cada sujeito para melhor
compreensão. Para maior clareza, construiu-se um quadro dividido em colunas e as
transcrições dos dados para formar o corpus das entrevistas. A identificação se deu
do mesmo modo.
55
Conforme as leituras aconteciam percebia-se algumas falas mais fortes e
evidentes, algumas falas pareciam ter algo em comum com outras ou ainda,
coincidiam com as anotações observadas se mostrando muito importantes para a
análise dos dados. Assim, construía-se outro quadro dividido em colunas que continha
a pergunta da entrevista no título, o código do entrevistado e a fala dos sujeitos
respondendo tal pergunta, o que resultaria, assim, na formação das categorias e
subcategorias do estudo.
Num segundo momento iniciou-se o recorte das falas do corpus da
entrevista e a colocação das mesmas dentro das perguntas. Nesse momento, as
anotações dos comportamentos e atitudes dos sujeitos durante a entrevista também
foram analisadas para interpretar suas falas, tais como: risos, choros, falas, vícios de
linguagem entre outros. Essa foi a forma que a pesquisadora encontrou para organizar
o material e certificar-se do caminho a ser percorrido. O material estava organizado e
transcrito de duas maneiras distintas: uma versão na íntegra e outra segundo o roteiro
da entrevista.
O material digitado das anotações de campo foi utilizado e contribuiu
significativamente para a construção das categorias. Com essas observações
transcritas pode-se fazer a comparação das falas com o comportamento e a realidade
durante a assistência desses profissionais, o que contribuiu de forma significativa para
os resultados obtidos.
O material empírico oriundo das entrevistas e das observações foi
analisado por pares, incluindo as autoras deste estudo e o grupo de pesquisa
NUPEQS, de modo a não criar viés de estudo. As entrevistas foram nomeadas pela
letra “E” seguida do número da mesma. Do mesmo modo se deu com as observações
participantes, que foram nomeadas pela letra “O” seguida do número da observação.
A análise dos dados foi realizada tanto pela pesquisadora quanto pela
colaboradora para que se obtivesse um maior rigor na validação dos dados.
5.7 A validade e confiabilidade dos dados
A pesquisa qualitativa exige transparência do início ao fim do estudo. Para
os estudos de caso recomenda-se que o pesquisador esclareça como se deu a
56
validade e a confiabilidade da pesquisa de acordo com os dados que foram
coletados(87).
Validade de uma pesquisa qualitativa deve remeter-se às ideias de
consistência/solidez dos elementos que esperamos obter durante a investigação, em
que os instrumentos utilizados apreendem a verdade do objeto e desta forma evita
erros(96).
A validade busca indicar o que constitui uma pesquisa bem feita, confiável
e eficaz e, por isso, verificar a validade de uma pesquisa é uma forma de mensurar o
que o pesquisador propôs-se a medir, se conta com processos metodológicos
coerentes e se seus resultados são consistentes(97).
A validade também responde, em primeiro lugar, à preocupação de
investigar o seu trabalho com fidelidade no que diz respeito ao comportamento do
fenômeno investigado, na realidade, o que exige o máximo rigor na concepção,
recolha e validação das informações(98).
Ressalta-se aqui que, para o ajuste do instrumento de coleta de dados
(roteiro da entrevista) aplicou-se um pré-teste em uma amostra de dois profissionais
de fisioterapia de outro hospital com a mesma especificidade do local de estudo, e
que não compuseram a amostra. Após a realização das entrevistas do pré-teste, estas
foram discutidas com o orientador e algumas modificações no roteiro foram realizadas.
Para manter rigor metodológico e maximizar a validade de um instrumento
de pesquisa, algumas técnicas são utilizadas em pesquisas qualitativas e
recomendadas, de modo a facilitar a expressão da subjetividade dos entrevistados:
garantia do anonimato, conforto físico, respeito à disponibilidade dos sujeitos e
validação por pares(99).
Todos os aspectos sugeridos pelos autores citados foram cumpridos para
a validação dos dados. Para garantir o anonimato foi estabelecido um local reservado
para as entrevistas de modo a deixar os sujeitos mais confortáveis para expressar
seus sentimentos. O conforto físico foi garantido durante a entrevista, visto ser um
local ventilado, sem ruídos, privativo e com cadeiras apropriadas para que se
sentissem à vontade e confortáveis. Quanto à disponibilidade dos sujeitos, a
pesquisadora atendeu à data e horário por eles estabelecidos. As entrevistas
aconteceram no próprio ambiente de trabalho, o que possibilitou uma condição
favorável já que o sujeito pode sentir-se descontraído em um ambiente já conhecido.
57
A validação por pares foi feita no grupo de pesquisa NUPEQS, além da
fisioterapeuta colaboradora do estudo e o orientador. Foram utilizadas duas fontes de
coleta de dados: a observação participante e a entrevista semiestruturada.
A validade interna é um processo que envolve o autor e seu projeto e deve
ter rigor na apreensão do fenômeno, dando a ele atributos de verdade, próximo ao
real(96). Para o alcance desta etapa, a pesquisadora utilizou os seguintes recursos
recomendados pelo autor: utilização de mais de um instrumento de coleta de dados
(entrevista semiestruturada e observação participante), validação dos instrumentos de
coleta de dados pelo NUPEQS). Com rigor foram percorridas todas as etapas
sugeridas pela autora na análise temática de conteúdo(86).
A confiabilidade de um estudo diz respeito à seriedade e competência no
emprego das estratégias de coleta e definição dos dados, levando a obter os mesmos
resultados se a pesquisa fosse conduzida por outro pesquisador, em outro cenário,
com outra população e em outro momento(96). Para garantir a confiabilidade do estudo
foram construídos roteiros prévios às observações e entrevistas. A transcrição das
falas dos entrevistados foi feita conforme “ipsis litteris”.
Triviños sugere que as perguntas norteadoras sejam adaptadas ao objetivo
do estudo e para isso aconselha alguns tipos a serem utilizados nos roteiros das
entrevistas. Neste estudo utilizaram-se perguntas norteadoras do tipo descritivas,
avaliativas e hipotéticas, que foram construídas juntamente com o orientador desta
pesquisa(91).
5.8 Aspectos Éticos e Legais
O estudo foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da
UNICAMP e aprovado sob o parecer número: 1.136.177 (ANEXO A). Todas as
normas da Resolução n. 466/2012, que normatiza pesquisas com seres humanos
foram cumpridas. Foi encaminhada carta de autorização de pesquisa à instituição de
saúde participante e o estudo foi autorizado pela superintendente da instituição,
conforme APÊNDICE D(100).
Foram esclarecidos pela própria pesquisadora os objetivos do estudo a
todos os participantes e somente após a assinatura do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE), elaborado de acordo com a resolução citada (APÊNDICE E) e
58
assinado pelos sujeitos, iniciou-se a participaçãona pesquisa. A própria pesquisadora
foi responsável por abordar os sujeitos explicando-lhes os propósitos do estudo e
coletando as assinaturas do TCLE a partir do que iniciou-se a coleta de dados.
A pesquisadora e a colaboradora também se comprometeram com os
sujeitos da pesquisa a manter a confidencialidade e o anonimato de todo o material,
escrito ou gravado, coletado durante as observações e entrevistas. A pesquisa não
ofereceu riscos previsíveis aos sujeitos.
59
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 Caracterização dos sujeitos Tabela1-Caracterização dos fisioterapeutas que trabalham no hospital (n=16).
Variáveis Total (f) %
Sexo
Masculino 01 6.25
Feminino 15 93.75
Total 16 100,0
Faixa Etária
25 – 30 05 31.25
31 – 39 11 68.75
Total 16 100,0
Estado Civil
Casado 09 56.25
Solteiro 07 43.75
Total 16 100,0
Religião
Católico 10 62.50
Evangélico 03 18.75 Espírita 03 18.75
Total 16 100,0
Setor de Atuação
UTI* adulto 05 31.25
UTI* neonatal 05 31.25
Enfermarias 02 12.50
Urgência e Emergência 02 12.50
Oncologia 02 12.50
Total 16 100,0
Graduação
Universidade Particular
Universidade Federal
Universidade EstadualTotal
15
00
00
16
100.0
00.00
00.00
100,0
Especialista
UTI** adulto 03 18.75
UTI** neonatal 03 18.75
UTI** adulto e neonatal 01 6.25
Cardiopulmonar 03 18.75
Pneumofuncional 02 12.50
Saúde Coletiva 01 6.25
Oncologia Adulto 01 6.25
Oncologia Adulto e Pediátrico 01 6.25
Cuidados Paliativos 01 6.25
Total 16 100,0
Horário de trabalho
12:30 às 17:30 01 6.25
07:00 às 19:00 06 37.50
19:00 às 01:00 04 25.00
Total 16 100,0
Vínculo empregatício
01 vínculo 08 50.00
02 vínculos 05 31.25
03 vínculos 03 18.75
Total 16 100,0
Tempo de experiência profissional
01 a 5 anos 08 50.00
06 a 9 anos 05 31.25
Mais que 10 anos 03 18.75
Total 16 100,0
*UTI: Unidade de Terapia Intensiva
Fonte: Dados do estudo, 2016.
60
Os sujeitos desse estudo eram todos graduados egressos de universidades
particulares: Pontifícia Universida Católica campus Poços de Caldas/MG (PUC-Poços
de Caldas); Pontifícia Universida Católica campus Campinas/SP (PUC- Campinas);
Centro Universitário Fundação de Ensino Otávio Bastos (UNIFEOB), São João da Boa
Vista/SP; Universidade Vale do Rio Verde (UNINCOR) e Universidade Vale do
Sapucai (UNIVAS).
6.2 As categorias
Inicialmente, foram elaboradas cinco categorias e de uma delas emergiu
uma subcategoria. Foram, então, lidas novamente e verificou-se que algumas
categorias poderiam se mesclar a outra categoria. Novamente foi levado ao
orientador, que sugeriu pequenas modificações para clarear e contribuir na
organização resultando, finalmente, em quatro grandes categorias.
A partir dessa etapa tudo parecia mais claro e com menos dificuldades do
que no início. Conforme comparava as entrevistas com as observações, as categorias
já não traziam somente os sentimentos e significados, mas a profundidade e
interpretação do quê os sujeitos estavam transmitindo com aqueles sentimentos.
Foram, então, estabelecidos os enunciados que dariam um nome às categorias. Cada
categoria foi novamente analisada juntamente com a colaboradora.
Conforme os nomes dos enunciados iam emergindo, as falas dos sujeitos
foram sendo colocadas dando melhor sentido às categorias. Na primeira vez, foram
colocadas todas as falas que ilustravam tais categorias e, como existiam muitas frases
e os enunciados já tinham sido decididos, iniciou-se o processo de selecionar quais
falas melhor ilustrariam essas categorias.
Quatro categorias foram encontradas e estão representadas no Quadro 2.
Estas categorias surgiram da relação entre nossa experiência profissional, os
referenciais teóricos e metodológicos adotados e as questões subjetivas que
demonstram esta relação. As discussões junto aos pesquisadores, ao orientador e ao
grupo de estudo NUPEQS também foram responsáveis por ajudar a propiciar essas
relações, que resultaram em tais enunciados.
61
Quadro 2 – Categorias que emergiram da análise do material empírico. Campinas, 2016.
Nº CATEGORIA TEMA DA CATEGORIA
CATEGORIA 1 O toque instrumental como recurso fundamental da profissão.
CATEGORIA 2 Toque expressivo: sua pouca presença não significa ausência de afetividade.
CATEGORIA 3 Sentimentos do fisioterapeuta relacionados ao toque.
CATEGORIA 4 A dificuldade em falar sobre o toque expressivo traduz deficiência na formação.
Fonte: Dados do estudo, 2016
6.2.1 Categoria 1: O toque instrumental como recurso fundamental da profissão
A primeira categoria emergente da análise do material surgiu de forma
bastante persistente e clara nas observações, sendo confirmada nas falas dos sujeitos
durante as entrevistas.
O toque realmente parece ser o instrumento principal e indispensável do
trabalho do fisioterapeuta, uma exigência da própria prática. Talvez o fisioterapeuta
seja um dos profissionais que mais toca o paciente por serem suas mãos a maior
ferramenta de trabalho. Nas observações, foi visível a necessidade de tocar durante
todo o atendimento desse profissional e também nas entrevistas durante as falas:
E1:“Ah! na nossa profissão de fisioterapia em quase todos (risos) os momentos do atendimento,né?porque nosso atendimento é bem manual, cê precisa [tocar] (...)”.
E6: “Como é que você vai ser fisioterapeuta [se não quiser tocar o outro?], acho que mão é sinônimo de fisioterapia, né? Toque é o sinônimo da nossa profissão, então é o mais importante (...)”.
E16: “É meu trabalho [tocar]! O trabalho do fisio é muito mais mão (...)”.
62
Por meio do roteiro de análise tacêsica, percebeu-se que o toque apareceu
como frequente ou muito frequente e nota-se que a maioria das técnicas, necessita
da manipulação das mãos desse profissional:
E3: “A maioria do atendimento em si [o fisioterapeuta] tá tocando [...]o tempo que eu tiver com o paciente praticamente tô fazendo algum toque (...)”.
E8: “Tocar pra mim é tá desenvolvendo a minha função, né? (...)”.
E15: “(...) mas acho assim: o toque é essencial, pra nossa profissão principalmente, né? Sem tocar no paciente a gente não trata ele, né? (...)”.
No que diz respeito à prática desses profissionais, o tipo de toque
predominante durante as observações foi o instrumental, talvez se justificando pelo
fato de ser o mais ensinado durante sua formação. Nas entrevistas se percebe a
necessidade de tocar para realizar uma técnica e muito pouco se fala sobre otocar
expressivo, utilizado para apoiar, acalmar, humanizar ou entender em profundidade o
outro, talvez pelo desconhecimento quanto aos tipos de toque. As falas a seguir
demostram isso:
E5: “(...) através do toque você consegue um processo de reabilitação, então, através de manobras... é... ou da parte, se o fisio da parte motora ou da parte respiratória é uma forma de ‘cê tá proporcionando a reabilitação da saúde nesse paciente”.
“E6: “Eu acho que é... a...é o...é o... o procedimento mais importante, o toque, né? Do ponto de vista é... fisioterapêutico, pelo toque ‘cê consegue ver tudo no seu paciente. Pra você avaliar o teu paciente cê tem que tocar, pra você tratar o teu paciente cê tem que tocar, então o toque ele é o primordial, assim né? Porque ‘cê não consegue tratar sem tocar!”.
Foi relatado também que o toque é uma forma de estar próximo e
estabelecer uma relação mais íntima entre terapeuta e paciente:
E5: “O toque é uma forma de você tá próximo do paciente”.
63
E8: “Pra mim, tocar é...(silêncio) é ter essa relação com uma outra pessoa, né?”
E10: “Tem paciente que só conta as coisas pessoais pra gente depois que tocamos nele... isso é engraçado”. E13: “É diferente a intimidade que se tem com o paciente quando tocamos nele, né? A entrega é maior...”.
Na área da saúde o toque assume um papel primordial na comunicação,
uma vez que estabelece um contato físico e, dependendo de como se toca, traz
aproximação entre quem cuida e quem é cuidado. É por meio do toque que os atos
da assistência se concretizam e se convertem no fazer, sentir, dar, ouvir, entender,
partilhar, manifestar sentimentos, sensibilidade, pensamentos e emoções(101). O toque
é considerado como a principal forma de comunicação não verbal, podendo enviar
mensagens positivas e negativas para o paciente, dependendo do tipo de estímulo
recebido, do momento, da forma e do local onde ocorre(102,103).
A pele é o mais sensível e antigo de nossos órgãos, configura o primeiro
meio de comunicação com o mundo e por ser um meio de recepção sensorial é
através dela que o ser humano apreende o seu ambiente e percebe o mundo externo,
constituindo-se em uma necessidade humana básica. Todos nós dependemos das
percepções, da pressão, do calor, do frio e do prazer que o toque provoca. O toque
expressado em gestos e emoções estimula as terminações nervosas e desencadeia
sensações prazerosas que provocam alterações neurais, glandulares, musculares e
mentais que, combinadas, chamamos de emoções(8).
Acredita-se que o toque é a maneira mais rápida de estabelecer relação
com o paciente e conquistar sua confiança, empatia e encorajamento para enfrentar
seus problemas, eliminar suas defesas e expressar seus sentimentos e
pensamentos(104). Assim, o toque é parte indissociável da assistência fisioterapêutica
e culturalmente é permitido que esse profissional entre em contato mais íntimo com o
paciente, do que outros tipos de interação, e é aceito que o toque seja utilizado de
maneira profunda no corpo do outro, pois as ações e procedimentos do fisioterapeuta
exigem aproximação e manipulação manual.
O ato de tocar provoca a liberação de endorfinas trazendo inúmeros efeitos
à saúde e ao bem-estar do indivíduo. Cientistas descobriram que a endorfina
64
influencia a condução simpática, melhorando a depressão, reduzindo os níveis de
estresse, aliviando a dor física e emocional, além de também apresentar ligação com
o sistema imunológico aumentando os linfócitos T, o que eleva a resistência do
organismo contra doenças e infecções(105,106).
Entretanto, o toque está tão próximo do ato de cuidar que os profissionais
o confundem num só procedimento e nem percebem que também utilizam o toque de
forma expressiva. É uma forma espontânea, não relacionada a uma tarefa física,
necessária ao bem-estar físico e emocional a qualquer ser humano, principalmente
quando se está doente. O toque incentiva o paciente a se comunicar e demonstrar
aceitação, empatia e apoio, já que o tocar estimula a vontade de viver e faz com que
a pessoa tocada se sinta querida, protegida e viva (107).
Nas observações notou-se que os fisioterapeutas utilizavam
intencionalmente o toque instrumental na maioria das vezes, sem perceber que
inconscientemente e de maneira automática também captam as necessidades do
paciente conforme manipulam o corpo do outro, pois não há como separar as técnicas
da subjetividade que existe nessa relação.
O ato de tocar traduz a proximidade, pois ninguém toca sem ser tocado.
Toca-se para transmitir algo, mas também para sentir algo. Assim sendo, destaca-se
a necessidade do profissional perceber o processo de comunicação, devendo validá-
lo e interpretá-lo sempre no contexto em que ocorre a interação do profissional com o
paciente(108).
Como foi exposto, o toque faz parte das atividades cotidianas desse
profissional e está presente em situações em que o paciente experimenta o
isolamento, a dor, a baixa autoestima, o processo de morte ou qualquer outra situação
em que o paciente seja submetido a uma dura realidade(109).
É recomendado que os fisioterapeutas utilizem com maior frequência o
toque expressivo, de maneira consciente e intencional, estando associado a uma
melhor interação e ao envolvimento assistencial, levando-o a prestar uma assistência
de forma integrada e consciente, capaz de serelacionar e alterar o planejamento da
assistência quando for necessário.
65
Quadro 3 – Resumo dos achados da Categoria 1 que emergiram da análise das observações e
entrevistas. Campinas, 2016.
OBSERVAÇÕES ENTREVISTAS
Toque: exigência da própria prática Não há como realizar fisioterapia sem tocar.
Fisioterapeuta na prática: talvez um dos
profissionais que mais toca o corpo do paciente.
Mãos: maior ferramenta de trabalho
Análise tacêsica: frequente ou muito frequente. Necessidade de tocar tecnicamente
Tipo predominante: instrumental Toque instrumental: mais ensinado
Pouco se fala do toque expressivo –
(desconhecimento).
Para tocar o corpo do outro é necessário estar
próximo.
Toque: forma de estar próximo/estabelecer
vínculo.
Dificuldade em falar sobre o tema.
Fonte: Dados do estudo, 2016
6.2.2 Categoria 2: Toque expressivo: sua pouca presença não significa ausência
de afetividade
A princípio, neste estudo, a pesquisadora desejava fazer um diagnóstico
dos significados que o toque tem para o fisioterapeuta da referida instituição e,
posteriormente, analisar os sentimentos, atitudes e comportamentos que esse
profissional tem quando utiliza o toque em seus pacientes. Até então, pressupunha
que encontraria o toque expressivo com muita frequência e a afetividade estaria
relacionado a esse.
Para sua surpresa, o toque instrumental predominou e o toque expressivo
foi raro. Entretanto, durante as observações havia manifestações claras de afetividade
na relação fisioterapeuta-paciente e sinais visíveis de cuidado ao tocar, porém não
por meio do toque em si, mas durante a assistência, sendo demonstrados por meio
das palavras (comunicação verbal) e durante a comunicação não verbal. Apesar do
afeto não ter sido demonstrado por meio do toque expressivo, os profissionais
pareciam estar desejando, emanando bons sentimentos enquanto tocavam e isso não
se pode afirmar ao observar, contudo, tal pressuposto se confirmou nas entrevistas
quando relataram o afeto durante o atendimento.
Não foi possível observar o que o fisioterapeuta pensava e desejava
transmitir enquanto tocava o paciente instrumentalmente, porém foram observadas
66
diversas atitudes e gestos de afeto, vínculo e humanização na maioria dos
profissionais por meio da comunicação verbal como: o tom de voz baixo e tranquilo,
explicavam a técnica previamente, muitas vezes contavam histórias de sua vida
pessoal e também ouviam os paciente, olhavam nos olhos, preocupavam-se com o
posicionamento e se o paciente manifestava dor durante o atendimento.
Os sinais de comunicação não verbal que estiveram presentes nas
observações manifestavam-se, em sua maioria, de forma inconsciente nesses
profissionais, que deixavam evidente que o toque representava uma das maneiras de
demostrarem afetividade na relação durante a assistência. O homem tem pouco
domínio consciente sobre a comunicação não verbal, de modo que a intenção que a
gerou pode permanecer obscura, inclusive para ele mesmo(3).
Apesar de não ter percebido o toque expressivo durante os atendimentos,
nas entrevistas os sujeitos relatavam afeto, vínculo e cuidado ao tocar, contrapondo-
se às observações:
E3: “(...) É... Até mesmo como um trato de carinho,né?de conforto pra trazer pra ele [o paciente]...um posicionamento às vezes mais interessante, não sei, trazer um pouco mais de conforto, de alívio às vezes da dor (...)”.
E5: “(...) eu realizo o toque até numa forma de tá tentano transmitir algo de bom, então pra Deus abençoar muitas vezes... Então, o toque não só no processo... [mas também] como uma forma de reabilitação! Eu uso o toque muito pra tentar transmitir um pouco do meu sentimento (...)”.
E12: “Significa além de realizar meu trabalho mecânico, né? É... significa oferecer a ele [o paciente]...é...o meu carinho, o meu apoio, mesmo ele tando às vezes inconsciente, às vezes...é...sedado, é...o calor da minha mão, ah... o movimento, né? com as minhas mãos. Acredito que isso pra mim dá sentido pra ele, ajuda até na, na melhora dele (...)”.
E13: “(...) é como se eu tivesse doado um pouquinho de mim pra cada paciente que eu atendo, é como se tivesse uma doação e eu acho que isso ajuda na recuperação deles. Um conforto, eu acho que essa troca, essa resposta que eles me dão é muito positiva”.
A comunicação verbal é expressa por meio da linguagem falada (palavras)
ou escrita. Alguns aspectos da comunicação verbal devem ser considerados quando
67
se quer obter uma comunicação efetiva: a clareza quanto àquilo que desejamos
informar; a forma de transmitir ou expressar quando interagimos com; clarificar ou
explicar um fato, uma ideia, uma postura, um gesto, um comportamento que esteja
ocorrendo no momento ou entender um raciocínio, ou validar para verificar se nos
fizemos entender e se a compreensão do que foi dito está correta(3).
A não validação da comunicação é uma das causas da não compreensão
entre as pessoas e a comunicação terapêutica deve ser desenvolvida pelos
profissionais de saúde para conseguir ajudar as pessoas a enfrentarem os seus
problemas, a se relacionarem, entenderem o que não pode ser mudado e
confrontarem a realidade(3).
O entendimento da comunicação não verbal pode resgatar a capacidade
do profissional de saúde em perceber mais precisamente os sentimentos do paciente,
assim como suas necessidades, dúvidas e dificuldades durante a relação terapeuta-
paciente. A comunicação não verbal define-se como toda informação transmitida por
meio de gestos, posturas, comportamentos do corpo, expressões faciais e pela
relação de distância mantida entre os indivíduos(3).Na comunicação verbal observa-
se, portanto, uma exteriorização do ser psicossocial, enquanto que na comunicação
não verbal há uma exteriorização do ser psicobiológico, que determina o ser
individual(3,110).
A demonstração de afeto não está presente somente no toque expressivo,
mas pode aparecer nas diversas formas de se comunicar. A comunicação não verbal
é entendida como tudo que pode ter algum significado para o emissor ou o receptor,
excetuando-se as palavras ditas. Como discutido na introdução, Knapp classifica os
tipos de linguagem não verbal como: a comunicação proxêmica que esboça a
proximidade com o outro, a paralinguagem ou paraverbal que reflete o jeito como
falamos; a tacêsica que é foco principal desse estudo e envolve o tato, a pressão
exercida, onde e o local que se toca, o sexo e a idade dos comunicadores, o espaço
pessoal e as expectativas do relacionamento; a cinésica que é a comunicação por
meio dos movimentos do corpo; as características físicas que são a própria forma e
aparência do corpo e os fatores do meio ambiente que são as características e a
disposição do próprio espaço como cor, forma e tamanho que influenciam em nosso
comportamento(52).
As funções da comunicação não verbal nas relações interpessoais são:
Completar a comunicação verbal ao emitirmos sinais não verbais que completa ou
68
reforça o que foi dito como, por exemplo, um sorriso depois da frase “eu gosto disso”;
Substituir a comunicação verbal quando transmitimos qualquer sinal não verbal no
lugar de palavras, a de pacientes que verbalizam menos e querem interagir com o
profissional de saúde; Contradizer o verbal com qualquer sinal não verbal que
desminta o que foi dito, como perguntar ao paciente “Como você está hoje?” olhando
para o relógio e denunciando o seu desinteresse e Demonstrar sentimentos e
emoções não por meio de palavras, mas principalmente por expressões faciais tais
como o rubor sinalizando timidez ou raiva(53).
Muitas vezes o paciente não fala ou não demostra seus sentimentos por
tristeza, raiva, timidez o que prejudica sua relação com o terapeuta. Entretanto, é
necessário ficarmos atentos a esses aspectos.
Neste estudo alguns sinais de comunicação não verbal foram claramente
visualizados durante toda a assistência e na maioria dos profissionais, tais como: olhar
nos olhos do paciente durante o atendimento,observar a face do paciente enquanto
tocavam procurando algum tipo de reação, o tom de voz mantido como calmo e
tranquilo, os avisos sobre a técnica antes de iniciar o atendimento,pedidos de
permissão para iniciaro atendimento, os gestos e a pressão exercida durante o toque
prevaleceram de forma sutil, as expressões faciais demonstravam sempre um sorriso
e a dedicação de atenção, denotando a grande proximidade do fisioterapeuta-paciente
durante todo atendimento. Além disso, os profissionais preocupavam-se com o
conforto do paciente mediante a posição posta por eles, poisnotava-se as expressões
faciais desses profissionais e a proximidade que demonstraram ser muito significativa
na grande parte dos atendimentos realizados.
Destaca-se neste estudo que o fisioterapeuta toca profundamente o corpo
do paciente enquanto realiza o atendimento, pois suas ações e procedimentos só se
concretizam no corpo do outro não havendo meios de oferecer cuidado sem estar
próximo e sem tocar, mesmo que de forma instrumental e inconsciente, o que exige
aproximação e cuidado. Percebe-se, assim, que a pouca presença do toque
expressivo não significa ausência de afetividade e que as atitudes e gestos
demonstraram sim afeto e cuidado durante a assistência desses profissionais.
69
Quadro 4 – Resumo dos achados da Categoria 2 que emergiram da análise das observações e
entrevistas. Campinas, 2016.
OBSERVAÇÕES ENTREVISTAS
Toque expressivo: muito raro Relataram afeto durante o atendimento.
Manifestações afetivas por meio de gestos e
atitudes.
Relatam ter atitudes e gestos de afetividade e
vínculo durante o atendimento.
Pareciam desejar e transmitir bons sentimentos
enquanto tocavam.
Relatam querer transmitir coisas boas aos
pacientes.
Os sinais de comunicação não verbal e afeto
manifestavam – se de forma inconsciente na
relação.
Os atos se misturam em um só procedimento.
Fonte: Dados do estudo, 2016
6.2.3 Categoria 3: Sentimentos do fisioterapeuta relacionados ao toque
Apesar de o toque expressivo ter sido raro durante as observações, foram
relatados nas entrevistas sentimentos de afeto, vínculo e troca de energia em relação
ao toque contrapondo-se aos comportamentos visualizados. Os fisioterapeutas que
percebem o toque como afeto, o relacionam com sensibilidade, sentimento e
percepção:
E6: “(...) eu muitas vezes toco, assim... com carinho mesmo. Passo a mão na cabeça: Bom dia, seu José, tudo bem né? Toca no rosto... acho que não como um desrespeito, mas como um carinho mesmo, né? (...)”.
E9: “(...) porque ele [o paciente] não consegue se expressar, então acho que isso já te gera uma... parece que uma necessidade de um cuidado maior, de uma atenção maior, que ele precisa daquela... da atenção maior. É onde a gente tem um pouco mais de cuidado, um pouco mais de mimo... né?”.
O afeto é um importante componente das relações, em especial das
estabelecidas entre o fisioterapeuta e o paciente. As vivências afetivas compreendem
várias modalidades, entre elas o humor, as emoções e os sentimentos(111).
Os afetos podem ser divididos em positivos e negativos. O afeto positivo
ocorre quando há entusiasmo e prazer pela vida, enquanto que o afeto negativo se
traduz na falta de energia e prazer, na apatia e desesperança, no cansaço e nas
sensações desconfortáveis. Todos nós apresentamos afetos positivos e negativos,
70
sendo que o equilíbrio entre eles transparece o bem-estar emocional mesmo diante
das adversidades experimentadas no trabalho e na vida pessoal. Aspectos negativos
podem gerar nos profissionais de saúde raiva, culpa, medo, desgosto e preocupação,
afetando a qualidade do cuidado prestado e a qualidade de vida destes profissionais.
Por outro lado, afetos positivos geram motivação e satisfação(112).
O equilíbrio entre afetos positivos e negativos torna-se um desafio para os
profissionais da área da saúde, pois o ambiente hospitalar faz com que
experimentemos momentos de cura, esperança e bem-estar. Em contrapartida
também há momentos de sofrimento, dor e morte.
O afeto e o toque são indispensáveis e é uma necessidade que se torna
maior ainda quando se está doente. O afeto se faz muitas vezes no ambiente
hospitalar, quando as palavras já são insuficientes e a única coisa que ainda resta do
profissional é segurar a mão ou acariciar o ser cuidado.
Durante as observações deste estudo pode-se confirmar uma afetividade
maior quando o fisioterapeuta estabelece um vínculo com o paciente, e esse vínculo
parece ter relação quando o paciente é idoso, bebê, quando está com dor, quando é
de longa permanência, não consegue se expressar ou quando está gravemente
enfermo:
F6: “Qualquer ser humano que cê convive por um tempo mais prolongado, cê...cê tem um... um carinho. Cê desenvolve um carinho por ele. Então acho que o toque às vezes acontece além da... da parte terapêutica... Essa parte de carinho mesmo, de afeto, né? com o paciente”.
F7: “(...) tem paciente que a gente envolve muito mais, ainda mais se ele tiver grave. É o que falei: a gente sempre toca com mais cuidado”.
E9: “(...) porque ele não consegue se expressar, então acho que isso já te gera uma... parece que uma necessidade de um cuidado maior, de uma atenção maior, que ele [o paciente] precisa daquela... da atenção maior. É onde a gente tem um pouco mais de cuidado, um pouco mais de mimo... né?”
Os fisioterapeutas que percebem o toque como promotor de vínculo
também o associa à proximidade, contato, intimidade e confiança:
71
E4: “Quando eu ficava na ala [clínica e cirúrgica] muitas vezes a gente cria um vínculo com alguns pacientes idosos. Assim, cê via que às vezes eles são carentes de toque. Cê chegar e por a mão, cumprimentar: ‘E aí? Tá tudo bem? Então, o toque é uma forma também de você se aproximar desse paciente e uma forma de demonstrar um... uma... uma parte humanizada, uma... pensar no paciente como um ser humanoe não só como um paciente que precisa de um processo de reabilitação”.
E6: “(...) a gente se apega a alguns pacientes pelo tempo de permanência ou pela identificação que cê tem com ele... ou porque ele parece teu vô, porque ele parece teu irmão, porque ele parece tua irmã (...)”.
O conceito de vínculo é polissêmico e apresenta-se articulado aos
conceitos de humanização. O vínculo liga, aproxima, permite envolvimento mútuo
entre os sujeitos(113).No dicionário, vínculo é a capacidade de ligar-se moralmente, de
prender-se, é tudo o que ata, liga ou aperta: que estabelece um relacionamento lógico
ou de dependência, que impõe uma restrição ou condição(54). O vínculo se cria através
de algumas expressões simples, porém, como tudo o que é simples se mostra muito
profundo no toque, no olhar, no falar, no marcar presença.
O bom atendimento e desempenho profissional dependem muitas vezes do
ouvir o paciente, o que favorece a formação do vínculo que impulsiona o processo da
assistência e um maior conhecimento das necessidades dos indivíduos. Assim, o
vínculo promove ainda a possibilidade do profissional de saúde estabelecer planos
terapêuticos mais apropriados à realidade de vida dos pacientes, o que pode
determinar maiores chances de adesão ao tratamento, contribuindo para promover a
autonomia e o poder de decisão sobre a saúde-doença(114).
Em uma relação em que o profissional é autêntico e transparente, onde há
empatia e estima em relação ao paciente, existe uma grande probabilidade dessa
relação se tornar eficaz. Se esse profissional escuta e valoriza o seu paciente, o que
ele expressa mesmo em seus aspectos ocultos e desagradáveis, vivencia o apreço e
a afeição por si mesmo. À medida que o profissional é percebido como sendo real, o
paciente é capaz de se abrir e mostrar sua vivência interna(115).
O fortalecimento do vínculo entre a equipe de saúde e o paciente é de
extrema relevância, pois favorece a produção do cuidado mediante uma relação de
confiança e partilha de compromissos. Além do mais, o vínculo possui uma estreita
72
relação com a prática de cuidados, uma vez que ambos promovem sintonia, troca de
afetos e convivência potencialmente reconstrutora de autonomias(116).
Dessa forma, o vínculo pode ser pensado como um acontecimento, pois
inventa novas modalidades de relação do sujeito com o campo da saúde(117). O vínculo
profissional-paciente acontece a partir do momento em que o profissional se interessa
pelo paciente, reconhecendo a suasingularidade e a realidade de vida em que se
insere, conforme as conversas vão se aprofundando. Desse modo, os profissionais
de saúde são desafiados a compreender o paciente para além de sua doença, no
sentido de reconhecer suas reais necessidades e promover a saúde de forma
integral(118).
Os sujeitos que descrevem o toque como uma troca de energia relatam
que, através do mesmo, desejam transmitir aos pacientes sentimentos positivos para
auxiliar em sua recuperação. Confirmando esta crença, relatam experimentar
sentimentos positivos ou negativos após tocar pacientes deprimidos:
E8: “O meu sentimento [quando toco o paciente] acho que é assim... é muito de... eu acho que é uma troca mesmo, sabe? É uma troca, assim, tanto de informações, quanto de carinho, de afeto (...)”.
E14: “(...) dependendo do paciente cê sente tudo! Dependendo do toque se sente, assim, alegre, cê se sente feliz em poder tá... tá proporcionando ali alguma coisa boa pro paciente. Em alguns momentos a gente sente tristeza, a gente se sente deprimido, né? Existe uma troca de energia muito grande, né? em relação ao tocar. Eu às vezes eu me sinto assim...bem carregada (...)”.
E15: “Eu acho que o toque é uma transmissão de...de energia, de... de tudo, uma transmissão. É uma coisa que eu recebo. É uma doação, né? Você doa e você recebe, então é uma transmissão, acho que é isso o toque”.
Tocar alguém significa troca de energias, pois depende de envolvimento
com o outro. Tocar também implica em se expor, pois o ato do toque em si é bilateral,
uma via de mão dupla onde há sempre alguma troca entre o terapeuta e o paciente.
Afinal, quem é tocado tem suas respostas e quem toca também tem suas
repercussões. Quando uma pessoa toca a outra, a experiência é inevitavelmente
recíproca por meio da troca de energia que há através dos movimentos das mãos de
quem cuida no corpo de quem é cuidado, o que proporciona mudanças físicas e
73
emocionais em relação à pele, aos músculos, ao sistema nervoso, à química corporal
e a tudo o que transcende o corpo de ambos(112).
Ao tocarmos alguém não se toca somente o seu corpo, toca-se uma pessoa
com toda a memória da sua existência, com todas as suas alegrias, tristezas, amores,
ódios, ansiedades, sonhos, sofrimentos, dores e desilusões. O toque, portanto,
envolve a troca de energia e intuições constituindo uma dimensão essencial para o
cuidar(119).
Quadro 5 – Resumo dos achados da Categoria 3 que emergiram da análise das entrevistas.
Campinas, 2016.
AFETO VÍNCULO TROCA DE ENERGIA
Apesar do toque expressivo ter sido
raro, nas entrevistas relatam afeto
durante o toque.
Observações: quando
há afeto o vínculo é
maior.
Relatam transmitir por meio do
toque sentimentos positivos para
auxiliar na recuperação dos
pacientes.
Relacionam afeto com sensibilidade,
sentimento e percepção.
Vínculo: associado
como proximidade,
contato, intimidade e
confiança.
Relatam experimentar
sentimentos negativos após tocar
pacientes, deprimidos.
Afetividade é maior quando:
paciente é idoso, bebê, dor, longa
permanência ou grave.
Fonte: Dados do estudo, 2016
6.2.4 Categoria 4: A dificuldade em falar sobre o toque traduz deficiência na
formação
A quarta categoria retrata a dificuldade em falar sobre o toque expressivo
e que foi inferido pelos sujeitos como sendo uma deficiência na formação do
profissional fisioterapeuta. Nas falas dos entrevistados percebe-se certo
constrangimento em falar de algo que parecia ser desconhecido, o que pode ser
apreendido pelos diversos momentos de silêncio e reflexão sobre o quê dizer com
relação ao assunto. Olhar fixo, alguns gaguejavam e pediam para repetir a pergunta
várias vezes, outros riam e admitiam não saber abordar o assunto, outros ainda
relatavam surpresa e vergonha por nunca terem percebido a importância do tocar em
seu aspecto humano e a maioria reconhecia a dificuldade em abordar o tema em
74
função do despreparo desde a formação acadêmica. Atribuiam tal dificuldade pelo fato
do foco de aprendizagem principal ser tecnicista. Isso pode ser comprovado por meio
das diversas falas dos sujeitos:
F4: “(...) E eu acho que devia ter na grade curricular porque faz uma diferença e-nor–me (ênfase na pronúncia)”.
F5: “Não, não tive! Nada que abordasse [a questão do toque]. Não. Na época da faculdade não”.
F8: “(...) Talvez não abordado [o tema]... dessa forma, da forma de tocar, mas com a... com as matérias...que a gente acaba tendo que usar o toque. Seria a massagem, a massoterapia...acho que... que é o...o que seria... o que foi o que... [o momento da minha formação] que abordou mais essa questão do toque. Eu não me lembro de nenhum outro momento abordar especificamente o toque com esse... a terapia assim, aquela importância do toque na terapia (...)”.
F10: “(...) na graduação [o tema é tratado] muito pouco porque, assim, a neonatologia está chegando agora aos poucos na faculdade, a gente não falava muito sobre isso (...)”.
F12: “(...) Muito pouco, muito pouco mesmo, foi [abordado o tema do toque] mais assim, é... na experiência mesmo... Muito pouco foi abordado [no meu curso], foi mais abordado a parte técnica. Sim, é! Parte mecânica, fala sim da humanização, que é importante e tal, mas assim, muito pouco. E acho que isso é uma grande falha dentro da formação acadêmica, né? da nossa profissão. E acredito que nas demais profissões aí da área da saúde. Eu acho que isso é uma grande falha sim, que não é abordado com tanta ênfase, com tanta...como deveria ser”.
F13: “(...) eu acho que é abordado pouco [o tema do toque humanizado], eu acho que é uma coisa que deveria abordar mais, em todos os âmbitos, tanto na graduação quanto na pós-graduação, quanto no ambiente de trabalho...propriamente dito. Eu acho que ninguém fala...sobre isso e eu acho que é muito pouco explorado em todos os âmbitos”.
F16: “(...) na graduação eu não lembro de ter tido isso (silêncio) [da reflexão sobre o toque humanizado]. Tanto é que quando eu entrei pro estágio eu acho que foi uma das minhas maiores dificuldades... Eu não sabia nem por a mão na pessoa, eu não sabia nem por onde começava... Acho que é muito falho [a formação nesse sentido]”.
75
Conforme descrito no item que aborda o histórico e formação da
fisioterapia, estavem vinculada ao modelo biomédico, cartesiano, com uma visão
reducionista em que o corpo é comparado a uma máquina e o profissional centrado
em reabilitar o corpo físico lesado(9). A Fisioterapia só foi regulamentada como
profissão em 1969 e até hoje traz como definição:
“Uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais
intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano e gerados por alterações
genéticas, traumas e/ou doenças adquiridas, sendo ofertada na atenção básica,
média complexidade e alta complexidade. Fundamenta suas ações em mecanismos
terapêuticos próprios, sistematizados pelos estudos da biologia, ciências
morfológicas, ciências fisiológicas, patologias, bioquímica, biofísica, biomecânica,
sinergia funcional e cinesia patológica de órgãos e sistemas do corpo humano, além
das disciplinas comportamentais e sociais”(11).
Percebe-se, entretanto, que apesar da definição trazer o fisioterapeuta
voltado à atenção social e/ou ao lado ético e humano, na prática acadêmica dos
sujeitos dessa amostra, não lhes foram ensinados os tipos e as diferentes formas de
tocar. Embora o fisioterapeuta tenha conquistado o reconhecimento como um
profissional da área da saúde, e não mais apenas um técnico e/ou ajudante do médico,
infelizmente em sua formação, apesar da grade curricular oferecer disciplinas na área
de humanas e a humanização ser um tema tão discutido após a PNH, ainda
continuaem sua maioria, fundamentada na perspectiva curativo-reabilitadora baseada
no modelo mecanicista e que é orientado pela lógica do capital e do lucro(30).
Desta forma, a fisioterapia não alcança totalmente as necessidades do
paciente, devendo adequar-se para atuar de acordo com o novo modelo de
organização e atenção juntamente com o perfil epidemiológico da população(18).
Ainda hoje a organização curricular é baseada em técnicas, procedimentos,
métodos de atendimento e de abordagem clínico-terapêutico e muito pouco se ensina
sobre práticas humanas, o que necessita o desenvolvimento de uma identidade
própria da profissão, capaz de proporcionar uma aproximação entre a fisioterapia e as
necessidades da população.
Uma das maneiras de alterar esse cenário é inserir e aumentar a carga
horária na grade curricular, ensinamentos sobre temas que abordem melhor esses
conhecimentos na área das ciências humanas, como os sociológicos, sobre a
constituição das políticas públicas e seu real alcance à população, conhecimentos
76
filosóficos e psicológicos, além de ensinamentos que favoreçam o relacionamento
interpessoal do fisioterapeuta com o paciente(29). Aprender os tipos e as formas de
tocar o paciente seria uma dessas formas.
Tudo isso justifica a dificuldade dos fisioterapeutas entrevistados
abordarem o tema toque, visto que está inserido em sua identidade apenas o
atendimento instrumentalizado do paciente no qual esse profissional utiliza as mãos
somente como instrumento de manipulação de técnicas sem, contudo, ser
compreendido como um sujeito único, cuja subjetividade pode demandar uma
abordagem mais humanizada e de maior envolvimento do profissional da
fisioterapia(29).
Quadro 6 – Resumo dos achados da Categoria 4 que emergiram da análise das entrevistas.
Campinas, 2016.
ENTREVISTAS
A dificuldade e constrangimento em falar sobre o toque expressivo.
Falam do toque somente de maneira instrumental e desconhecem os outros tipos e formas de
tocar.
Relataram um despreparo durante a formação acadêmica, cujo foco de aprendizagem
principal era o tecnicismo.
Fonte: Dados do estudo, 2016
77
7. À GUISA DAS CONCLUSÕES
Para os fisioterapeutas deste estudo, o toque significa a ferramenta
básica de seu trabalho, sendo utilizado predominantemente em suas ações, no
desenvolvimento de procedimentos e técnicas. Há afetividade e envolvimento na
relação fisioterapeuta-paciente, porém não foram expressos por meio do toque,
justificado pelo fato de desconheceremos tipos e as formas de tocar,
consequência essa, atribuída ao despreparo acadêmico.
O fato de o toque estar inserido no universo das atividades dos
fisioterapeutas e a afetividade surgir no mesmo momento, os entrevistados
relataram sentimentos de afeto ao tocarpor talvez confundirem seus gestos,
atitudes e comportamentos em um só procedimento, o que justifica os relatos
contraporem-se às observações.
O estudo também concluiu que a proximidade está presente tanto
para quem cuida quanto para quem é cuidado. Tanto a proximidade observada
quanto o vínculo relatado pelos sujeitos do estudo devem-se à íntima ligação
física e ao contato pele a pele estabelecidos entre o terapeuta e o paciente
durante o atendimento, quando ambos têm a capacidade de receber, ouvir,
entender e compartilhar seus sentimentos.
Nesse estudo o toque também significa troca de energia por utilizar o
corpo e as mãos como ferramenta e não só como executor de suas ações, o que
dinamicamente faz com que o envolvimento seja recíproco e a dinâmica corporal
se torne sensível ao mundo do outro. Dependendo da forma como se toca, essa
energia pode atingir o profissional, compartilhando os mesmos sentimentos
experimentados pelos pacientes.
A dificuldade em falar sobre o tema ficou evidente. Os relatos
demonstraram o despreparo em sua formação e o desconhecimento quanto aos
tipos e as diferentes formas de se tocar, incorporados ao trabalho do
fisioterapeuta hospitalar. Esses profissionais demonstraram reconhecer, utilizar
e valorizar o toque somente no aspecto mecanicista da assistência e não
percebem que por meio da subjetividade poderiam oferecer uma assistência
mais humanizadano sentido do ser humano em sua totalidade.
78
Diante dos achados deste estudo sugere-se o repensar sobre o
desconhecimento e a forma como o toque vem sendo realizado pelo
fisioterapeuta.
79
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo permitiu identificar o toque instrumental como sendo o
tipo mais utilizado pelo fisioterapeuta e compreender que o toque significa afeto,
vínculo e troca de energia segundo os sentimentos experimentados durante a
assistência desses profissionais, o que respondeu aos objetivos desse trabalho.
Os resultados mostraram quatro categorias em evidência: 1) O toque
instrumental como recurso fundamental da profissão: realizado com muita
frequência e em quase todos os procedimentos e técnicas durante a assistência.
2) Toque expressivo: sua pouca presença não significa ausência de afetividade:
o toque expressivo raramente é utilizado durante o atendimento, porém houve
demonstração de afeto nas atitudes e comportamentos dos fisioterapeutas. 3)
Sentimentos do fisioterapeuta relacionados ao toque: afeto, vínculo e troca de
energia foram os mais evidentes. 4) A dificuldade em falar sobre o toque
expressivo traduz deficiência na formação: quase todos os entrevistados
justificaram um desconhecimento e uma dificuldade em falar sobre o tema devido
não receberem em sua formação conteúdos sobre os tipos e as formas de tocar.
A escassez de literatura específica na área da fisioterapia, sobre o
tema “toque expressivo” e “humanização” é surpreendente, mesmo que a
maioria das ações do fisioterapeuta envolva o tocar. Talvez por ser uma
profissão relativamente nova e encontrar-se na fase de expansão, ainda não há
literatura disponível, o que nos remete com esse estudo à necessidade de
desenvolvimento de pesquisas nessa área e ao entendimento de que o toque
realizado por esse profissional tem importante papel nesse contexto.
Esse estudo também demonstrou a importância do profissional
fisioterapeuta receber capacitação necessária durante sua formação para obter
habilidades quanto aos tipos e formas de se tocar, permitindo o entendimento
das reais necessidades do paciente por meio da subjetividade que existe nessa
relação, o que poderia proporcionar melhoria na qualidade e humanização da
assistência.
Desta forma, sugere-se uma reflexão crítica com relação à grade
curricular que compõe a formação do fisioterapeuta, que apesar de conter
disciplinas na área do conhecimento humano, não contém conteúdos sobre a
80
importância, os diferentes tipos e formas de se tocar e assim, surgem
profissionais que confundem assistencialismo com humanização.
Nesta perspectiva, sugere-se uma intervenção educativa para a
equipe de fisioterapia da instituição estudada com a intenção de fazê-los
incorporar novos valores relacionados ao toque e, futuramente, desenvolver
estratégias para conscientizar e ensinar a valorização do toque nos cursos de
graduação e pós-graduação em fisioterapia, o que poderá influenciar na
qualidade e na humanização da assistência por parte desses profissionais.
Como limitação do estudo, percebe-se que a amostra estudada foi
somente de fisioterapeutas egressos de universidades privadas, não podendo,
entretanto, generalizar os resultados. Deste modo, sugere-se novos estudos em
populações egressas de escolas federais e estaduais.
Nota-se ainda que a pouca utilização do toque expressivo foi
evidenciada no ambiente hospitalar, não devendo-se generalizar os achados,
visto este não abranger outras esferas de atuação do profissional fisioterapeuta
como a atenção primária e secundária.
81
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APÊNDICES APÊNDICE A – Roteiro para entrevista.
Entrevista nº _____ Duração: __________ Local: __________________
Data:___/___/___ Entrevistador: ________________________________
Parte I – Dados de Identificação do Fisioterapeuta Entrevistado
1. Nome completo:___________________________________________
2. Sexo: ____ Idade: _______ naturalidade_______________________
3. Atividade de lazer: ________________________________________
4. Outras ocupações de trabalho? ______________________________
5. Religião / religiosidade (prática):______________________________
6. Nível de Graduação: _________________ Estado civil: ___________
7. Setor onde atua na instituição:_______________________________
8. Horário de trabalho:________________________________________
9. Tempo que trabalha na instituição: ____________________________
10. Porque escolheu a fisioterapia como profissão?__________________
__________________________________________________________
11. Porque escolheu fazer especialização na área hospitalar? _________
__________________________________________________________
Parte II – Questões Disparadoras:
1. Como você define o ato de tocar?
2. O que significa tocar o paciente durante sua assistência?
3. Como você qualifica o ato de tocar o paciente?
4. Descreva os sentimentos que você experimenta enquanto toca o
paciente.
93
5. O que você percebe no paciente enquanto ele é tocado? Quais as
manifestações?
6. Durante sua formação acadêmica (graduação e/ou pós-graduação) foi
abordado o tema “toque” ou “comunicação não verbal”? Fale sobre
isso?
Parte III – Dados da Observação e auto-observação do entrevistado:
Apresentação pessoal do informante, seu comportamento global,
expressões corporais, gesticulações, mímica facial, expressões do olhar,
estilo e alteração na fala (silêncios, fala embargada, lapsos de língua e
outros atos falhos, colocações inibidas e desinibidas, alterações no timbre
de voz e volume da voz), riso, sorriso, choro e manifestações afins.
(Modelo adaptado por Turato, 2010).
94
APÊNDICE B – Roteiro para observação de campo.
Nº Fisioterapeuta observado ______ Data: ____/___/____ Hora: _________
Setor:_______________________
Local:__________________________________
Posição do observador:__________________________________________
Duração(Tempo médio: 30 minutos):________________________________
Observador:___________________________________________________
Data da anotação: _____/____/____ Hora da anotação:_____________.
Parte I – Descrição dos comportamentos e atitudes dos fisioterapeutas.
Parte II – Descrição do comportamento e do aspecto emocional dos
pacientes que estão sendo atendidos.
Parte III – Descrição de outros profissionais que estão envolvidos ou se
aproximam do paciente no momento da assistência fisioterapêutica.
Parte IV – Descrição do ambiente físico.
Parte V – Descrição do toque nas atividades observadas do fisioterapeuta.
Parte VI – Descrição do toque durante a comunicação com o paciente.
Parte VII – Descrição de eventuais diálogos com outros profissionais da
equipe.
Parte VIII – Anotações de natureza reflexiva.
95
(Modelo adaptado de Triviños, 2009).
OBSERVAÇÃO DA PARTE DESCRITIVA
OBSERVAÇÃO DA PARTE REFLEXIVA
(PERCEPÇÕES DO OBSERVADOR)
96
APÊNDICE C – Roteiro de observação e análise do toque.
Nome do profissional observado:_________________________________
Período de observação:____________ Setor de observação:__________
TOQUE (TACÊSICA)
1) TOQUE INSTRUMENTAL (contato físico deliberado necessário para o
desempenho de uma tarefa especifica).
a) Frequência:
Ausente Pouco frequente Frequente Muito frequente
b) Duração do toque: Curto Longo
c) Localização do toque:
______________________________________________
d) Ação:
Informa previamente Não inf. previamente Informa algumas vezes
Solicita permissão para tocar? Sim Não
e) Intensidade:
Leve Firme porém com cuidado Firme porém grosseiro
f) Resposta provocada no individuo tocado:_______________________
___________________________________________________________ g) Enquanto toca:
Observa indivíduo Observa o ambiente/conversa com pessoas
97
2) TOQUE EXPRESSIVO (contato relativamente espontâneo e afetivo, não
necessariamente relacionado a uma tarefa específica e com a finalidade
de demonstrar carinho, empatia, apoio, segurança e proximidade em
relação ao paciente).
a) Frequência:
Ausente Pouco frequente Frequente Muito frequente
b) Duração do toque:Curto Longo
c) Localização do Toque:_____________________________________
d) Ação:
Toca espontaneamente Toca por retribuição
Toca devido um contexto especial Qual? _____________________
e) Intensidade:
Leve Firme, porém com cuidado Firme porém grosseiro
f) Resposta provocada no individuo tocado: _______________________
___________________________________________________________
g) Enquanto toca:
Observa indivíduo Observa o ambiente - conversa com pessoas
3) PROXÊMICA
1) Distâncias observadas durante o atendimento:
Distância íntima (45cm)
Qual(is) momento(s)?_________________________________________
Distância pessoal (de 45 a 125cm)
Qual(is) momento(s)?______ ___________________________________
Distância social (de 125 a 360cm)
Qual(is) momento(s)?__________________________________________
Distância pública (acima de 360cm)
Qual(is) momento(s)?__________________________________________
98
DEMAIS OBSERVAÇÕES
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Roteiro baseado em:
Silva MJP. Comunicação tem remédio – A comunicação nas relações
interpessoais em saúde. São Paulo: Loyola; 2011. 133p.
99
APÊNDICE D – Carta de autorização da instituição participante.
100
APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
N.º Registro CEP: CAAE45938215.6.0000.5404
Prezado Senhor (a),
Este Termo de Consentimento pode conter palavras que você não entenda. Peça
ao pesquisador que explique as palavras ou informações não compreendidas.
Título do Projeto:
SIGNIFICADOS DO TOQUE PARA O FISIOTERAPEUTA QUE ATUA EM
AMBIENTE HOSPITALAR
1) Introdução
Você está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que estudará os
significados atribuídos pelos fisioterapeutas ao toque durante a assistência do
paciente no ambiente hospitalar. Este estudo é importante porque conhecendo
como os fisioterapeutas percebem o toque, a equipe de fisioterapia poderá
conscientizar-se da importância do toque no sentido da totalidade do ser humano
e a partir daí, poderão talvez oferecer melhor qualidade em seus atendimentos e
torná-lo mais humanizado. Você foi escolhido (a) por ser um (a) fisioterapeuta que
atua nessa instituição. Você poderá participar da pesquisa durante o tempo que
tiver no hospital e não necessita sair de casa para participar da pesquisa. A sua
participação não é obrigatória. O objetivo desta pesquisa é: conhecer os tipos de
toque e compreender seus significados para os fisioterapeutas que atuam em
ambiente hospitalar, na perspectiva dos sentimentos, atitudes e comportamentos
durante a assistência.
2) Procedimentos do Estudo
Para participar deste estudo peço a sua colaboração para responder algumas
perguntas que serão feitas durante a entrevista sobre dados pessoais e sobre o
toque na unidade em que você atua nessa instituição. As entrevistas serão
gravadas, porém, você não será identificado. Os arquivos de áudio serão mantidos
pelo período necessário para a conclusão da pesquisa, sendo depois apagados.
Para obter melhores informações serão realizadas observações das atividades na
unidade por uma fisioterapeuta colaboradora desse estudo.
101
3) Riscos e Desconfortos
Este estudo não possui riscos físicos previsíveis, porém poderá existir algum
desconforto em relação ao gravador e a possibilidade do tempo de entrevista ser
maior que o tempo estimado.
4) Benefícios
Espera-se que, com o resultado desta pesquisa, a equipe de fisioterapia da
instituição estudada possa compreender e conscientizar-se da importância do
toque expressivo e ao longo do tempo, possam aprimorar a qualidade da
assistência tornando-a mais humanizada.
5) Custos/ Reembolso
Você não terá nenhum gasto com a sua participação no estudo e também não
receberá pagamento pelo mesmo.
6) Caráter Confidencial dos Registros
A sua identidade será mantida em segredo. Você não será identificado quando o
material de seu registro for utilizado, seja para propósitos de publicação científica
ou educativa. Todo o material de gravação e transcrição será descartado pela
própria pesquisadora após cinco anos e será de total responsabilidade da mesma.
7) Participação
Sua participação neste estudo é voluntária. Você tem o direito de não querer
participar ou de sair deste estudo a qualquer momento, sem penalidades ou perda
de qualquer benefício ou cuidados a que tenha direito nesta instituição. Você
também pode ser desligado do estudo a qualquer momento sem o seu
consentimento nas seguintes situações: (a) você não possua experiência na área
hospitalar superior de 6 meses que é um dos critérios de inclusão e (b) caso o
estudo termine.
Em caso de você decidir-se retirar-se do estudo, favor notificar a pesquisadora.
Este projeto de pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa
da Universidade Estadual de Campinas. Rua Tessália Vieira de Camargo, 126
Caixa Postal 611113083-887 Campinas-SP Fone:(19) 3521–8936 Fax: (19) 3521
7187 e-mail: [email protected]
102
A pesquisadora responsável pelo estudo poderá fornecer qualquer esclarecimento
sobre a pesquisa, assim como tirar dúvidas, bastando contato no seguinte
endereço e/ou telefone: (35) 98853-9233
Nome da Pesquisadora: Michelle Ferraz Martins Jamarim RG: M- 8.267.873
E-mail: [email protected] Endereço: Praça Francisco Escobar S/N –
Centro – Poços de Caldas – 37.701.027
Nome do Orientador: Prof. Dr. Claudinei José Gomes Campos
8) Declaração de Consentimento
Li todas as informações contidas neste documento antes de assinar este termo de
consentimento. Declaro que toda a linguagem técnica utilizada na descrição deste
estudo de pesquisa me foi explicada e que recebi respostas para todas as minhas
dúvidas. Confirmo também que recebi uma cópia deste Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido. Compreendo que sou livre para me retirar da pesquisa em
qualquer momento, sem perda de benefícios ou qualquer outra penalidade. Dou
meu consentimento de livre e espontânea vontade para participar desta pesquisa.
Obrigado pela sua colaboração e por merecer sua confiança.
_____________________________ ____________________________
Nome do participante (em letra de forma) Assinatura do participante
Data: ___/___/___
_____________________________ ____________________________
Nome da pesquisadora (em letra de forma) Assinatura do Pesquisador
Data: ___/___/___
103
ANEXOS ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
104
105
106
107
108
ANEXO B – Comprovante de submissão do artigo extraído da dissertação
109
CONSIDERAÇÕES DA BANCA ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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