30 :: Webdesign30 :: Webdesign
Uma das frases mais famosas do filósofo
George Santayana dizia que “aqueles que não podem
lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”. Nesta
mesma linha, o intelectual alemão Karl Marx ressaltava
que a história pode se repetir em forma de farsa ou até
mesmo de tragédia.
Analisando estes pensamentos dentro do processo
de produção de ambientes digitais e interativos, seja
para seguir as boas práticas, ou até mesmo na hora de
quebrar os padrões convencionais, as soluções criadas
pelo designer devem estar sempre embasadas em
conceitos que justifiquem a sua eficácia.
Assim, conhecer os ideais e estudar as
metodologias que ajudaram a construir a prática do
design contemporâneo torna-se fundamental para
fortalecer o discurso de defesa de um projeto. “Os
benefícios estão no fato de que este processo faz com
que passemos (se o processo for bem feito, tanto por
quem ensina quanto por quem aprende) a integrar estes
pensamentos do design como um alicerce em nosso
processo criativo. E, a partir disso, instigar um rigor
crítico que seja acessível e faça sentido em contexto
contemporâneo. A figura dos ideais como alicerce
reforça justamente o discurso de Santayana de que não
devemos repetir o passado, mas lembrá-lo e a partir dele
construir o nosso presente”, afirma Marcos Nähr, gerente
de desenvolvimento web da Dell e professor do curso de
comunicação digital da UNISINOS.
“O designer que possui repertório e referências de
diversas escolas consegue aprimorar o seu processo
criativo, revisitando conceitos e ideais de cada época.
Com esta bagagem, poderá avaliar e sugerir novos usos
e/ou combinações de tecnologias, materiais, fontes,
cores, padrões visuais. Fazer arte abstrata, sem ter
conhecimento de escolas clássicas, pode deixar o trabalho
final pouco elaborado. Neste aspecto, gosto muito do
livro ‘Das coisas nascem coisas’, de Bruno Munari, que
li quando ainda cursava a Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da UFRGS. Nele, o autor mostra vários
estudos fundamentais para a Comunicação Visual e Artes
Como os conceitos da Bauhaus se transformam no design digital
capa - menos é mais :: 31
Plásticas. Além disso, adoro quando ele questiona: você
acha melhor ter uma torneira de ouro que serve água
poluída, ou uma boa torneira cromada ou mesmo plástica,
com água potável e filtrada?”, revela Gladimir Dutra,
sócio-fundador e gestor executivo da Aldeia | Agência de
Internet (www.aldeiainternet.com.br).
Como exemplo prático das questões envolvendo o
mundo digital, Marcelo Gluz, gerente de novas mídias
dos canais Globosat, destaca, por exemplo, o uso
inadequado do Flash na criação de elementos de uma
interface. “Ignorar o passado é tão comum e equivocado
quanto se prender demais a ele. Negar um conceito
de design estabelecido é algo necessário, se for feito
conscientemente. Quando surgiu o Flash com toda aquela
facilidade de criar objetos com movimento, muita gente
pensou ‘pra que fazer um menu parado se ele pode se
mexer pela página?’. Ficaram seduzidos pelo recurso
e esqueceram o que já se sabia sobre dispositivos de
navegação em design de produto: que eles devem servir
de porto seguro para os usuários e que sua razão de
existir é funcional. Esse é o exemplo de uma ruptura tola.”
Diante disso, para evitar que o deslumbramento
prejudique o seu processo criativo, vamos analisar como
os ideais originados por um dos principais movimentos
históricos da sociedade moderna devem ser aplicados e
transformados no desenvolvimento de projetos web.
“Acredito que uma das maiores contribuições da
Bauhaus para a profissão e a oficialização da figura do
designer foi sua pedagogia. Mais do que as obras e
objetos que saíram daquela escola. O ensino, através de
uma proposta com métodos particulares a cada realidade
e necessidade, é facilmente transposto ao ambiente web.
Empresas como a Adaptive Path e o próprio Google,
em suas devidas proporções, utilizam métodos quase
científicos e questionamentos muito semelhantes aos da
Bauhaus”, explica Eduardo de La Rocque, designer visual
e de interação (www.delarocque.com.br/).
“Fazer um design que atenda a todos, ou seja,
socialmente responsável, foi um lema da Bauhaus
influenciado por movimentos artísticos como
Suprematismo, Construtivismo e De Stijl. Com certeza,
é uma das filosofias que ajudam a embasar os conceitos
de acessibilidade, usabilidade e, principalmente, design
universal de hoje. Nessa perspectiva, tornar algo
usável e acessível não se trata
apenas de uma ação simplória,
mas uma atitude e uma filosofia de
desenvolvimento que visa contemplar o
máximo de pessoas possível independente
de características físicas, que possam prejudicar
sua interação com a interface. O fato de governos
de o mundo inteiro passar a adotar padrões rígidos
de acessibilidade para seus websites é um exemplo
claro de que esses conceitos têm forte apelo social
de acesso democrático às informações importantes
para a população”, complementa Eduardo Loureiro,
experience designer e coordenador de experiência do
usuário da Mapa Digital (www.mapadigital.net).
Primeira lição: forma e função
No artigo “Princípios de design para a internet (sem
dogmas)” (http://migre.me/4hpY), o designer Marcelo
Gluz cita três princípios da Bauhaus que vêm sendo
aplicados no processo de desenvolvimento das novas
mídias: “a elegância pela economia de formas, o enfoque
funcional e a redução de custos de produção”. Inclusive,
o primeiro deles é muito utilizado para justificar a ideia de
que “a forma deve seguir a função do objeto”.
"Fico muito feliz quando esta frase, que resume o
design como atividade, está presente nas discussões.
Principalmente, quando este conceito também migra
para as mídias digitais. Muitos profissionais desconhecem
este princípio ou, quando o relacionam, não sabem
muito bem de onde surgiu. A Bauhaus está fazendo 90
anos. Há uma história que a justifica. Anteriormente à
Bauhaus, e ainda em seu início, havia um movimento
simbólico-romântico trazendo consigo ideias que ligavam
a arte e a natureza. No entanto, aos poucos, com a
disseminação dos preceitos da Revolução Industrial, a
objetividade e o construtivismo foram tomando espaço.
Foi a continuidade deste processo que estabeleceu este
princípio - cores e formas interagem em um sistema
que se integra funcionalmente. Dessa forma, o design
tornou-se o resultado da aplicação de uma metodologia
de projeto para o desenvolvimento funcional e estético
de objetos visuais ou tridimensionais”, explica José
Ricardo Cereja, coordenador pedagógico da Escola de
Design do Instituto Infnet.
32 :: Webdesign32 :: Webdesign
Sobre os benefícios de sua aplicação no design de
interfaces, algumas características terão que ser avaliadas
pelos profissionais. “Diferentemente de outras mídias,
onde geralmente apenas um sentido é requerido, a mídia
interativa proporciona o uso de vários sentidos ao mesmo
tempo. Aqui as pessoas usam as interfaces, ou seja, elas
promovem ações e recebem resultados. Assim, a função
exerce papel fundamental nesse contexto. A decisão
de se trabalhar um design que privilegia a função ao
tirar o foco ornamental dos elementos gráficos é uma
estratégia muito utilizada para manter o foco das pessoas
na realização das tarefas que elas estão desempenhando
na interface. A aplicação do preceito da simplicidade, um
dos pilares da usabilidade, nas interfaces dos projetos
interativos, com toda certeza é consequência do que a
Bauhaus começou há 90 anos. O principal aprendizado
para as interfaces web é a busca por objetivos claros, ou
seja, foco”, diz Eduardo Loureiro.
“Quando o excesso é eliminado, o principal
sobressalta. Encontrar o que se procura passa a ser
mais fácil, claro e rápido se não estiver escondido
por um emaranhado de efeitos visuais e informações
desnecessárias. Para o designer de interface, trabalhar
a elegância pela economia de formas traz a enorme
vantagem de garantir a comunicação/interação de uma
forma mais simples”, completa Marcia Maia, especialista
em ergonomia e usabilidade pela PUC-RJ.
Porém, como destaca Marcos Nähr, é preciso cuidado
para que este princípio não seja interpretado de forma
errônea. “O maior erro que podemos cometer ao seguirmos
cegamente o ensinamento de que ‘a forma deve seguir a
função’ é imaginar que uma função terá necessariamente
apenas uma forma. Normalmente, quando começo
a desenvolver esse raciocínio com os meus alunos, a
impressão que eles têm é de que esta é quase uma fórmula
mágica que irá transformar a função automaticamente
em uma forma. Henry Petroski, em seu livro ‘Small Things
Considered: why there is no perfect design’, argumenta
que esta ideia mágica pode nos levar a outra máxima, a
de que ‘a forma segue o fracasso’. Ao invés de existir
apenas uma forma certa (predestinada) de se fazer algo,
vamos perceber que o design deve trabalhar como uma
forma de evolução, onde novas ideias construídas muitas
vezes a partir do fracasso de outras ideias ajudam a obter
melhores resultados. Este aspecto pode ser muito bem
utilizado na web, onde a observação do que funciona e
do que não funciona é praticamente imediata e o design
pode ser usado como forma de evoluir para se alcançar
resultados cada vez melhores.”
Na seja simplório!
Um dos conceitos da Bauhaus que mais se
popularizou foi o “menos é mais” (“less is more”), criado
pelo arquiteto alemão Ludwig Mies Van der Rohe.
Para se ter uma ideia de sua disseminação, ele
tornou-se uma espécie de oração na hora de se
apresentar argumentos sobre a simplicidade e a
funcionalidade de um projeto.
Segundo Marcelo Gluz, tal frase está intimamente
ligada às características presentes atualmente no
design de mídias interativas.
“Encaixo o conceito em três pilares, igualmente
importantes. O primeiro é a redução de complexidade
das interfaces. Ela não deve apresentar opções demais
para o usuário. No livro ‘The Paradox of Choice’, o
professor Barry Schwartz discorre sobre como a vontade
de proporcionar mais opções ao usuário pode criar
barreiras de compreensão e consumo. Abrir mão de
recursos de interface secundários é importante para
privilegiar o uso das funcionalidades principais. O
segundo diz respeito ao escopo inicial de um projeto.
A primeira versão do produto deve ter somente o set
mínimo de funcionalidades, deixando espaço para evoluir
na direção apontada pelo uso do produto. Por último,
entra a questão mais subjetiva: o minimalismo estético.
Em minha opinião, deve-se dar menos destaque para
a moldura e mais para o conteúdo. Menos foco nas
decorações supérfluas e mais nos dispositivos funcionais.
“Não devemos repetir o passado, mas
lembrá-lo e a partir dele construir o
nosso presente” (Marcos Nähr)
34 :: Webdesign34 :: Webdesign
solução simplória”, ressalta Gladimir Dutra.
Para fechar este assunto, Renato Costa, co-fundador
e professor do Instituto Faber-Ludens (www.faberludens.
com.br), lembra da discussão sobre a validade no uso
deste conceito na página principal do mais popular
mecanismo de buscas pela web. “O maior erro na
aplicação desse conceito é confundir simplicidade
com simplismo. Uma interface simples apresenta o
mínimo de elementos necessários para compreensão
do complexo de informações que estão por trás dela.
Uma interface simplista ultrapassa esse limite mínimo de
elementos e começa a prejudicar a percepção de todas
as possibilidades oferecidas. Um exemplo de simplismo
na web é a página inicial do Google, que, como foi muito
bem observado no artigo ‘The truth about Google’s
so-called simplicity’ (http://migre.me/4Yhe), de Donald
Norman, não representa a quantidade de serviços
oferecidos pela empresa.”
Estética não exclui Funcionalidade. E vice-versa
Aproveitando a citação anterior de artigo escrito
pelo respeitado professor Donald Norman (http://
migre.me/4YUE), vamos recorrer a um de seus livros
mais famosos, “O design do dia-a-dia”, que trata das
principais questões envolvendo a metodologia de design
centrado no usuário.
Dentre seus pensamentos, ele destaca que “a arte e a
beleza desempenham papéis essenciais em nossas vidas.
Bons designs incluem tudo isso - prazer estético, arte,
criatividade - e ao mesmo tempo são usáveis, de fácil
operação e prazerosos”. Levando-se em consideração
os princípios da Bauhaus, o designer precisará trabalhar
alguns aspectos para atingir harmonia e equilíbrio na
criação de um projeto, ou seja, para produzir interfaces
com estética e funcionalidade adequadas, sem que um
conceito elimine o outro.
“Ser bonito e fácil de usar não são características
excludentes. Existem projetos onde o primeiro é mais
importante e outros onde o segundo importa mais.
Menos discussão sobre a aplicação de grafismos da marca
e mais sobre como transformar os valores dessa marca em
funcionalidades de sucesso.”
Além disso, os especialistas recomendam um
posicionamento crítico para evitar que erros sejam
cometidos em sua aplicação pelos diversos tipos de
projetos digitais. “O conceito se traduz na priorização
da ‘função’ que o projeto tem que entregar. Essa função
pode ser atendida por uma combinação de premissas
básicas e devemos nos perguntar o tempo todo, ao
longo do processo, se elas estão sendo comunicadas
claramente e zelar para que se mantenham assim. Se o
objetivo do website é claro, se o público para o qual ele
é endereçado tem essa percepção e se identifica com o
produto final. Podemos testar isso de inúmeras maneiras
- de uma forma simples e rápida entre os nossos colegas
de trabalho; ou de uma forma mais dispendiosa, científica
e complexa, através de testes de usabilidade. Por outro
lado, devemos tomar cuidado com o jargão do ‘menos
é mais’, que pode ser interpretado de forma errônea,
levando a caminhos não imaginativos e a uma falta de
exploração de inúmeras novas possibilidades. Costumo
brincar dizendo que ‘simples não é simplório’. E nem
sempre ‘menos é mais’. Às vezes, ‘mais é mais’. Basta
olhar uma peça de tapeçaria oriental, por exemplo... Tudo
vai depender das características do projeto em questão”,
diz Eduardo de La Rocque.
“Para chegar numa solução minimalista e simples,
há um processo de análise e testes onde você lapida os
elementos. Pensa no todo, separa em partes, organiza as
partes e volta ao todo. Este processo ocorre em espiral
de iterações. Quanto mais iterações, mais profunda
a análise. Até que você chega à solução sintética,
simples, minimalista. E onde você acaba encontrando os
elementos fundamentais de sua interface. Este conceito
de menos é mais acaba sendo erroneamente confundido
com fazer tudo ‘ligeirinho’ e ‘sem stress’. O que era para
ser simples acaba virando simplório! E há uma grande
diferença entre uma solução simples e elegante e uma
“Por trás de um bom projeto, há um bom
profissional. É este ‘humanware’ que faz
a diferença” (José Cereja)
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36 :: Webdesign36 :: Webdesign
Não dá para pôr o portfólio de um designer e um site
de internet banking na mesma cesta. No entanto, é
fácil perceber que existe um ‘tipo de beleza’ comum
aos produtos bem-sucedidos na web. E é uma beleza
minimalista, de formas cartesianas, fundos claros,
grids bem pensados e teor funcional. Os exemplos
óbvios são Flickr, Amazon, Twitter e Facebook, mas
a lista é bem maior. Talvez a simplicidade seja o valor
mais difícil de atingir, mas quando se atinge surgem
produtos maravilhosos. Esse foi o legado de Miles
Davis para música, é a grande sacada do fenômeno
iPod, permeia as obras mais geniais do Niemeyer
na arquitetura e as carreiras dos maiores craques
de futebol. Tornar um problema complexo em algo
simples”, argumenta Marcelo Gluz.
“De fato, estética e função são aspectos que devem
ser trabalhados juntos e de forma plena nas interfaces.
Pensar que são dois fatores antagônicos ou conflitantes
é um erro grave em projetos interativos. A usabilidade
desempenha um papel muito importante para produtos
interativos, mas o apelo estético também é fundamental
para que as pessoas sejam instigadas a utilizar o produto e
sintam prazer durante o uso. A estética influi diretamente
na emoção das pessoas e esse é um fator que consegue
até mesmo sobrepor a questão da facilidade de uso,
como mostrou o próprio Donald Norman, em seu outro
livro, ‘Design Emocional’. Para trabalhar forma e função
da maneira correta, é preciso traçar corretamente os
objetivos dos projetos. Alguns necessitarão de maior
facilidade de uso para diminuir a carga cognitiva dos
usuários e assim a forma tem que seguir uma linha mais
minimalista, como, por exemplo, um internet banking.
Porém, outros projetos poderão seguir uma corrente
contrária, ao precisarem estimular o raciocínio das pessoas,
e aí o apelo estético tem que ser muito mais forte e
contundente”, complementa Eduardo Loureiro.
Cores na Bauhaus
Johannes Itten (http://migre.me/4YNP) foi um
dos principais pensadores dentro do movimento da
Bauhaus. Uma de suas realizações mais importantes
envolveu a criação do disco de cores (ver box página
38), elemento fundamental no estudo da harmonia e do
contraste cromático. Diante da variedade dos dispositivos
existentes para o manuseio de projetos digitais, de
que maneira esta “ferramenta” deve ser utilizada pelos
profissionais de criação?
“Muitas vezes, o designer já possui a habilidade
nata de criar contrastes cromáticos harmônicos sem a
necessidade de ferramentas ou do conhecimento das
teorias, mas não podemos esquecer que o cliente precisa
ser convencido daquilo que o designer está fazendo e um
singelo ‘porque assim fica melhor’ nem sempre convence
os mais desconfiados. Assim, conhecer as teorias que
existem por trás de nossas escolhas é fundamental. Saber
explicar a necessidade de cores tônicas, dominantes ou
intermediárias, defender a escolha de uma harmonia
assonante para uma interface e argumentar que existe
a necessidade de trabalhar o equilíbrio da matiz de
algum elemento pode ser de grande valia no dia-a-dia do
designer”, explica Marcos Nähr.
“O disco de cores do Johannes Itten continua tendo
fundamental importância no estudo de harmonia e
contraste cromático. No entanto, ao trabalhar com cores
em projetos digitais, é preciso levar em consideração que
a ‘superfície de impressão’ é uma tela. Então, deve-se
estar atento para a emissão de luz e a quantidade de
cores do monitor (laptop, desktop, mobile, palm top etc.).
Além disso, não podemos deixar de analisar questões
fundamentais de acessibilidade, como, por exemplo: se
utilizar sinalização em cores para alguma informação,
é indicado utilizar um texto em conjunto. Atualmente,
No site da Revista Webdesign, seção Downloads,
é possível baixar gratuitamente um PDF
onde você poderá conferir uma lista de livros
específicos que apresentam as histórias e as
particularidades sobre a escola alemã Bauhaus.
Acesse: www.revistawebdesign.com.br
38 :: Webdesign38 :: Webdesign
temos algumas ferramentas que nos ajudam a verificar
contraste e simular a visualização do site por pessoas
daltônicas: Colour Check (http://migre.me/4YNA), Colour
Blind Simulator (http://migre.me/4YNE) e VischeckURL
(http://migre.me/4YNI)”, relata Marcia Maia.
Tecnologia como suporte ao trabalho criativo
Outro fator importante introduzido pela Bauhaus
foi a valorização da tecnologia com intuito de inserir
um caráter industrial na produção do design e das
artes. Quando falamos do mercado de internet, é
possível apontar uma variada e expansiva oferta dos
aparatos tecnológicos disponíveis para criação e
desenvolvimento de ambientes virtuais.
Neste contexto, dois questionamentos surgem
pelo caminho: como os princípios da Bauhaus podem
contribuir para que os projetos sejam concebidos com as
tecnologias mais adequadas ao seu objetivo final? E como
evitar o uso apenas pelo uso da tecnologia na web?
“Tenho refletido muito ultimamente sobre o que,
de fato, forma um designer. E acabo sempre voltando
a pensar na gênese do design. Para mim, não é a
tecnologia que faz um designer, mas o seu saber projetar
utilizando as tecnologias. A oferta crescente de novos
recursos tecnológicos, as falácias estéticas produzidas
por softwares cada vez mais automatizados não são,
definitivamente, determinantes para a produção de um
bom projeto na área. Por trás de um bom projeto, há um
bom profissional. É este ‘humanware’ que faz a diferença.
E tanto o fará quanto for sua formação em conteúdo
próprio e aprofundado sobre o design. Para ilustrar, vou
usar um exemplo que todos conhecem: a oferta de fontes
nos softwares gráficos. Nos primórdios do surgimento
dos softwares gráficos havia disponíveis apenas cerca de
três famílias de fontes (Helvética, Times e Courier). Hoje,
há centenas de possibilidades. No entanto, em um bom
projeto de design, quantas fontes são utilizadas de fato? E
quantas destas fontes guardam o mesmo estilo ou desenho
das pioneiras? Sem me aprofundar nesta discussão, o que
quero ressaltar é que designers devem ser conhecedores
dos processos para desenvolverem bem seus projetos. A
tecnologia pela tecnologia não resolve nada, não assegura
bons resultados”, alerta José Cereja.
“Para projetos de interfaces de mídias interativas, a
tecnologia é apenas uma ferramenta que deve ajudar a
viabilizar soluções. Muitas vezes, os projetos são iniciados
pelo caminho inverso, ou seja, pensando no recurso
para depois pensar no problema a ser solucionado. Por
exemplo, ao invés de começar as definições de um site
com afirmativas do tipo ‘quero que tenha um App do
Google Maps no meu site’ ou ‘quero que, na página
inicial, tenha um Flash bem grande’, devemos fazer
perguntas como: ‘por quê?’, ‘pra quê?’e ‘faz sentido?’. E
só depois identificar qual é a tecnologia mais adequada
para resolver o problema. Como diz Pierre Lévy, a
tecnologia não é boa nem má. O importante é o uso que
fazemos dela”, orienta Marcia Maia.
Para consolidar os assuntos abordados nesta
edição, vamos conferir exemplos práticos da
aplicação dos conceitos da Bauhaus em projetos
web, selecionados especialmente pelos profissionais
consultados nesta reportagem.
Fonte: Curso web para designers
Desenhado por Johannes Itten, em 1928. No centro
do círculo estão as cores primárias, que são magenta,
amarelo e azul cyan. Essas cores são usadas na criação de
todas as outras. Combinando as primárias, duas a duas,
em proporções similares, surgem três cores secundárias:
vermelho, verde e violeta. As seis cores terciárias são
formadas através da mistura de uma primária com uma
secundária adjacente. Exemplos: magenta com vermelho,
magenta com violeta, amarelo com verde, amarelo com
vermelho, azul cyan com verde, azul cyan com violeta etc.
40 :: Webdesign40 :: Webdesign
AREA 17www.area17.com
“Com relação à influência estética, o
site desta agência interativa é um bom
exemplo pela aplicação da tipografia
e pela ausência de ornamentos ao
optar pelo minimalismo no design dos
elementos e formas.” (Eduardo Loureiro)
Bauhaus Dessau Fundationwww.bauhaus-dessau.de
“O próprio site da Bauhaus é um
exemplo da aplicação dos conceitos à
representação visual da própria escola. A
distribuição dos menus, a navegação, as
animações concisas, a forma cartesiana
de dispor informação objetivamente.”
(José Cereja)
Edenspiekermannwww.edenspiekermann.com/en/
“O site consegue ser elegante e
simples. Ao mesmo tempo sua beleza
não interfere nos trabalhos que são
mostrados nele, favorecendo seu
conteúdo e funcionando como apoio.”
(Eduardo de La Rocque)
Conceitos da Bauhaus
aplicados pela web
Edigma.comwww.edigma.com
“É uma empresa de gestão de projetos
digitais. Seu site tem uma excelente
organização da informação. Os
agrupamentos dos assuntos por interesse
e as formas gráficas que os contém são um
ótimo exemplo da harmonia entre forma e
função.” (José Cereja)
Google Analyticswww.google.com/analytics/
“Traduz dados estatísticos de forma leve e
interessante. É fácil perdermos um bom tempo
nele, onde informações matemáticas são facilmente
‘digeríveis’ através de uma interface simples. Sua
beleza vem simplesmente da interpretação de
dados.” (Eduardo de La Rocque)
Panasonic Design Museumwww.panasonic.eu/designmuseum
“Ótima combinação de uso de Flash, com
navegação funcional e tempo de carregamento
adequado aliados a uma estética simples e linda!”
(Gladimir Dutra)
UX Magazinewww.uxmag.com
“Um dos aspectos que mais chama a atenção
na interface é o modo como uma quantidade
grande de informação pode ser disponibilizada
sem agredir o usuário. Isto foi feito por meio
de elementos que procuraram ‘simplificar a
complexidade’.” (Marcos Nähr)
capa - menos é mais :: 41
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