CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC
ALESANDRA ALVES AMARAL
ROBSON DE MENDONÇA ATAIDE
MELANOMA MALIGINO EM EQUINO MESTIÇO: relato de caso
MACEIÓ/AL
2017/2
ALESANDRA ALVES AMARAL
ROBSON DE MENDONÇA ATAIDE
MELANOMA MALIGINO EM EQUINO MESTIÇO: relato de
caso
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da professora Ma. Kézia dos Santos Carvalho.
MACEIÓ/AL 2017/2
BIBLIOTECA CENTRAL CESMAC
A485m Amaral, AlesandraAlves
Melanoma Meligno em equino mestiço: relato de caso /
Alesandra Alves Amaral, Robson de Mendonça Ataide. - Marechal
Deodoro , 2017.
17f. il.
TCC (Graduação em Medicina Veterinária) - Centro Universitário
CESMAC, Marechal Deodoro, AL, 2017.
Orientadora: Kézia dos Santos Carvalho.
1. Tumores. 2. Maligno. 3. Nódulos. 4. Melanócitos. 4.
Citologia. I. Ataide, Robson de Mendonça. II. Carvalho, Kézia
dos Santos . III. Título.
CDU: 619:616-006
ALESANDRA ALVES AMARAL
ROBSON DE MENDONÇA ATAIDE
MELANOMA MALIGINO EM EQUINO MESTIÇO: relato de
caso
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da professora Ma. Kézia dos Santos Carvalho.
APROVADO EM: 08/08/17
Ma. Kézia dos Santo Carvalho
Orientadora
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Edson de Figueiredo Gaudêncio Barbosa
Profa. Ma. Raissa Karolliny Salgueiro Cruz
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus e nossas famílias, que nos fortaleceram
com esperança e fé, para à conclusão desse trabalho.
Dedicamos este trabalho à orientadora Ma. Kézia dos Santos Carvalho,
técnicos dos laboratórios, professores, diretores, parentes e amigos.
MELANOMA MALIGINO EM EQUINO MESTIÇO: relato de caso MALIGNANT MELANOMA IN MALE EQUINE: case report
RESUMO Melanoma é uma neoplasia benigna ou maligna que resultam em alterações nos melanócitos, comumente observado em equinos. Essas neoplasias representam 5-14% das neoplasmas cutâneas de equinos. Sendo assim o objetivo deste trabalho é descrever um caso de melanoma em um equino macho, mestiço, com 15 anos de idade que apresentava o quadro clinico de múltiplas massas subcutâneas em diversos regiões e tamanhos variados, sendo seus sinais clínicos sugestivos de melanoma. Em geral, estes tumores nos cavalos tordilhos expandem-se vagarosamente ou podem tornar-se tumores latentes por longos períodos, isso se deve, provavelmente, à reduzida atividade dos melanócitos. Em outros casos, disseminam e tornam-se letais, como acontece com os cavalos de pelagens baia ou castanha, além dos observados nos humanos. Cabe ao médico veterinário a confirmação e tratamento adequado ao paciente, estes, quando estabelecidos precocemente, podem garantir ao animal alguma sobrevida, apesar de pouco, prognóstico favorável na literatura.
PALAVRAS CHAVES: Tumores. Maligno. Nódulos. Melanócitos. Citologia .
ABSTRACT Melanoma is a benign or malignant neoplasm that results in changes in melanocytes, commonly observed in horses. These neoplasms represent 5-14% of the cutaneous neoplasms of horses. Therefore, the objective of this work is to describe a case of melanoma in a equine, male breed, 15 - year - old male with clinical features of multiple subcutaneous masses in different regions and sizes, with clinical signs suggestive of melanoma. In general, these tumors in grey horses expand slowly or may become tumors latent for long periods, this is probably due to the reduced activity of melanocytes. In other cases, they spread and become lethal, as with brown and brown pelt horses, in addition to those observed in humans. It is up to the veterinarian to confirm and appropriately treat the patient, these, when established early, can guarantee the animal some survival, although little, favorable prognosis in the literature.
KEY WORDS: Tumors. Malignant. Nodules. Melanocytes. Cytology
Alesandra Alves Amaral
Graduanda do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Cesmac [email protected]
Robson de Mendonça Ataíde Graduando do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Cesmac
[email protected] Sob a orientação da professora Ma. Kézia dos Santos Carvalho.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................
2 RELATO DE CASO................................................................................................
3 DISCUSSÃO...........................................................................................................
4 CONSIDERAÇOES FINAIS...................................................................................
REFERÊNCIAS ........................................................................................................
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1 INTRODUÇÃO
Melanoma é uma neoplasia benigna ou maligna que resultam em alterações
nos melanócitos, comumente observado em equinos.Essas neoplasias representam
5-14% das lesões cutâneas de equinos. No entanto, uma teoria inicial afirma que
neoplasia de origem melanocítica em equino sugere que tumores melanocíticos
dermais e viscerais são manifestações de uma doença do armazenamento em lugar
de neoplasia maligna e ocorre como resultado do acúmulo de melanina nos
melanófagos durante o processo de despigmentação. No entanto, melanócitos são
células dendríticas que estão presentes na epiderme e que sintetizam a melanina
(SMITH et al., 2002).
O melanoma ocorre em tecidos tegumentares, linfonodos, músculo
esquelético e tem ocorrência mais frequente em equinos de pelagem tordilha, mas
pode acometer também outras pelagens. O melanoma pode afetar apenas um local
da pele, que seria um tumor isolado ou de forma sistêmica em todas as regiões do
corpo, inclusive na cauda, anus, membrana nictitante, vulva, bolsas guturais e em
tecidos linfáticos (DEREK,1998).
Os melanomas estão diretamente relacionados com a coloração, raça e idade
dos animais, acometendo sobre tudo os mais velhos e os de pelagem branca
(COLEMAN e SUTTON,1993). O melanoma é comumente identificado
macroscopicamente por sua cor intensamente negra e pelo pigmento escuro que
pode difundir-se para qualquer meio aquoso com o qual a superfície de corte entre
em contato (JONES, 2000).
Em geral, estes tumores nos equídeos tordilhos expandem-se vagarosamente
ou podem tornar-se tumores latentes por longos períodos, que se deve,
provavelmente, à reduzida atividade dos melanócitos dermais, os quais se
apresentam encapsulados e diminuindo a ocorrência de metástase. Em outras
pelagens, disseminam e tornam- se letais, como acorre com nos equinos de
pelagens baia ou castanha, além dos observados nos humanos (SELTENHAMMER
et al., 2003).
Os possíveis tratamentos indicados para esta neoplasia são: a remoção
cirúrgica (desde que preserve a função dos órgãos adjacentes), o uso de cisplatina
intratumoral e cimetidina via oral, além de indicar técnicas de preparação de vacinas
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e anticorpos monoclonais para promover o reconhecimento imunológico e rejeição
tumoral (LOVOIE & HINCHCLIFF 2008).
Com esse relato objetivou-se relatar um caso de um equino macho, mestiço,
com 15 anos de idade onde apresentava o quadro clínico de múltiplas massas
subcutâneas disseminadas, com diagnóstico morfopatológico de melanoma maligno
2 RELATO DO CASO
Foi encaminhado ao setor de necropsia da clínica escola de Medicina
Veterinária do Centro Universitário Cesmac, um equino, macho, raça mestiço,
pelagem tordilha, com 15 anos de idade, pesando em torno de 380 quilogramas.
Na necropsia, tanto no exame externo como no exame interno, verificou-se a
presença de múltiplas nodulações com tamanhos variando entre 0,5 a 10 cm,
enegrecidos, de consistência firme presente predominantemente no tecido
subcutâneo, particularmente nos membros posteriores e anteriores, região da
cabeça (próximo ao pavilhão auricular), pescoço (figura 01- A e B), região inguinal,
prepúcio (figura 02), escroto, cauda e no ânus.
Figura 1. A - Massa neoplásica de aproximadamente 10 cm, encontrado na região ventral do pescoço entre o esôfago e traqueia. Fonte de pesquisa: arquivo pessoal.
Figura 1. B - Mesma imagem da anterior, mostrando superfície de corte da massa neoplásica, observa-se a coloração acentuadamente enegrecida. Fonte da pesquisa: arquivo pessoal.
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No exame das cavidades toracica e abdominal notaram-se pequenos nódulos
coalescente de consistência firme, disseminados por algumas regiões da pleura
parietal (figura- 03), mucosa prepucial (figura 02) e tecido adiposo perirrenal (figura
04).Os demais órgãos não apresentaram lesões dignas de notar.
Figura 02 - Observa-se áreas enegrecidas localizadas na mucosa prepucial (seta). Fonte da pesquisa: arquivo pessoal.
Figura 03 - observa-se disseminados em regiões da pleura parietal (seta). Fonte da pesquisa: arquivo pessoal.
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Durante a necropsia foram coletadas amostras de alguns nódulos (figura 05)
e acondicionados em um recipiente com formol a 10% (figura 06), que foram
encaminhados ao laboratório de histopatológia da Clínica Escola do Centro
Universitário Cesmac para análise histopatológica.
Figura 04 - Observados no tecido adiposo peri-renal (seta). . Fonte da pesquisa: arquivo pessoal.
Figura 05 - Fragmento de amostra do nódulo
neoplásico. Fonte da pesquisa: arquivo pessoal.
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No laboratório, após a coleta e fixação no formol, iniciou-se o processamento
das amostras coletadas, que foram clivadas e colocadas nos cassetes, com a devida
identificação e posteriormente processado, para produção de lâmina histológica.
O processamento se inicia com a desidratação em álcool, seguido pelas
etapas de clarificação em xilol, impregnação com parafina, inclusão em parafina,
microtomia, coloração (HE) e fixação em lâmina.
A leitura foi realizada em microscópio óptico com objetiva de 10x e 40x. No
exame histológico observou-se massa neoplásica acentuadamente infiltrativa em
tecido subcutâneo, tecido muscular e derme profunda. As células melanocíticas
variavam de epitelióides a fusiformes, na maioria das vezes, apresentando núcleos
hipercromáticos e contorno citoplasmático mal definido. Houve grande variação na
quantidade de melanina em citoplasma e sobre o núcleo, desde discreta presença
até abundante, chegando a ocultar o núcleo. Observaram-se mitose (figura - 07, 08 e
09).
Figura 06 - Fixação da amostra neoplásica em formol a 10%. Fonte da pesquisa: arquivo pessoal.
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.
Figura 07 - Células neoplásicas observadas entre as fibras musculares. Objetiva de 10x. Fonte da pesquisa: arquivo pessoal
Figura 08 - Mesma foto que anterior demostrando as
células neoplásicas. Na objetiva 40x.
Fonte da pesquisa: arquivo pessoal.
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O diagnóstico foi baseado nos aspectos macroscópico e microscópico,
compatíveis com melanoma.
3 DISCUSSÃO
Os melanomas são processos neoplásicos, onde ocorre alterações nos
melanócitos ou melanoblastos. Geralmente se apresentam em forma de massas
únicas ou múltiplas, localizadas no tecido dermo-epitelial ou subcutâneo, de acordo
com o que foi visualizado na histologia.
O animal do caso em relato apresenta pelagem de cor tordilha. De forma
geral, quando estes animais nascem apresentam coloração da pele escura e com o
passar do tempo ocorre alguns fatores como a despigmentação, tornando-o de
pelagem clara. Ainda segundo CAMPOS (2017), inicialmente a pele permanece
cinza. Com o tempo, ocorre progressão da despigmentação e com a idade, o pelo
torna- se progressivamente branco. Esta despigmentação se inicia ao redor dos
olhos e na região anal, sendo este fator considerado predisponente a ocorrência de
melanomas nas áreas despigmentadas.
Possivelmente, animais tordilhos tem uma predisposição maior e uma maior
incidência a melanomas, devido à coloração de pele clara associado à exposição
Figura 09 - Presença de células neoplásicas
entre as fibras musculares de coloração
enegrecida, e modificação do citoplasma.
Fonte da pesquisa: arquivo pessoal.
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frequente à radiação ultravioleta da luz solar que induzem ou estimulam a
transformação neoplásica.
Cescom 2012 cita que os melanomas em cavalos tordilhos idosos ocorrem
devido à desorientação do metabolismo da melanina, levando à formação de novos
melanoblastos ou a um aumento de sua atividade, resultando em uma área de
superprodução de pigmentos na derme.
Em geral, o tumor em cavalos tordilhos está associado à idade avançada,
sendo mais observados a partir dos 15 anos. Desta forma, expandem-se
vagarosamente. Geralmente animais de pelagem clara conseguem viver um tempo
maior com a doença, sem apresentar complicações mais sérias. Entretanto, devido à
forma lenta que o melanoma apresenta, ainda existe uma grande negligência em ser
diagnosticado (GOETZ et. al., 1990).
O levantamento do número de equinos no Brasil pelo IBGE atinge seis
milhões de animais sendo que, destes, 3 a 8% são acometidos com melanoma
(SILVEIRA, 2007).
Alguns autores chegam a afirmar que 80% dos equinos, com pelagem branca
e idade acima de 15 anos desenvolverão tumores melanocíticos.
(BONESI;BRACARENSE; MINELLI, 1998).
Já os animais de pelagem escura têm proliferação tumoral bastante
acelerada, além de metástases. Morrem relativamente cedo devido à proliferação
tumoral. No entanto, são menos acometidos (RIEDER et al, 2000).
Os melanomas em equinos podem ser confundidos com algumas outras
neoplasias, principalmente com os sarcóides e com o carcinoma de células
escamosas.(.....) Cescon 2012 comenta que os sarcóides são neoplasias
fibroblásticas localmente invasivas, sendo a neoplasia cutânea mais comum.
Comenta também que o CCE fica em segundo lugar em ocorrências. Já o melanoma
tem presença comum entre as neoplasias.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O melanoma maligno é uma neoplasia que progressivamente é diagnosticada
na clínica médica de equídeos. Possui grande importância, pois é uma neoplasia
agressiva e seu protocolo de tratamento não é totalmente eficaz, em casos de alto
grau de malignidade, associando-se ao fato do seu caráter invasivo. Animais
acometidos têm uma porcentagem de sobrevivência muito baixa devido ao caráter
maligno da neoplasia. Cabe ao médico veterinário a confirmação e tratamento
adequado ao paciente. Estes quando estabelecidos precocemente, podem garantir
ao animal alguma sobrevida, apesar de pouco prognóstico favorável na literatura.
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REFERÊNCIAS
CAMPOS, A. G. S. S. et al. Melanoma equino. Ciênc. vet. Tróp. Recife-PE,v. 11, n.2/3, p.76-80, maio/dezembro.2004.
COLEMAN, G. T.; SUTTON, R. H. Grey horse melanoma – is it a true neoplasm. New Zeal Veterinary Journal, v.41, n.1, p.43-44, 1993.
DEREK C. K; PASCOE R. C. Afecção e distúrbios do cavalo. 1. ed. São Paulo: Editora Manole, 1998, p.257-303.
GOETZ, T. E.; OGILVIE, G. K.; KEEGAN, K. G. et.al. Cimetidine for treatament of melanomas in three horses. Journal of the American Veterinary, Medical Association. v.196, nº 3, February 1, p.449 – 452, 1990.
JONES T. C.; HUNT R.D.; KING N. W. Patologia Veterinária. 6. ed. São Paulo Editora Manole, 2000.
JUNQUEIRA.L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica.8.ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1995.
RISSI, D. R. et al. Melanoma maligno anaplásico em um equino.Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.7, out, 2008.
SANTOS, S. F. et al.Ocorrência de melanoma em equinos abatidos em matadouro. Frigorífico exportador de Minas Gerais,PUBVET, Londrina, v. 6, n. 1, Ed. 188, Art. 1268, 2012.
SELTENHAMMER, M. H.; SIMHOFER, H.; SCHERZER, S. et al. Equine melanoma in a population of 296 grey Lipizzaner horses. Equine Veterinary Journal, London. v. 35, n.2, p. 153 157, 2003.
SILVA, F. X. Lesões proliferativas em pênis e prepúcio equinos.47f.Programa de Pós-Graduação em Veterinária(Dissertação).Universidade federal de pelotas,Pelotas, 2010.
SMITH, S. H.; GOLDSCHMIDT, M. H.; McMANUS, P. M. A comparative review of melanocitic neoplasms. Veterinary Pathology, Washington, v. 39, p. 651 - 678, 2002.
SOUZA, R. R. et al.Melanoma em equídeos: relato de 11 casos. Revista científica eletrônica de medicina veterinária,Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral de Garça – FAEF, n.21,Julho de 2013.
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TIZONI, G. C. Quimioterapia no tratamento de neoplasias cutâneas em equinos. 50f. (Trabalho conclusão de curso). Faculdade de veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.
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