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Meditando no Evangelho de Mateus 2014
Jorge Wilson Nogueira Neves
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O Objetivo deste PDF é compartilhar algumas
meditações que usamos em Pequenos Grupos e que
esperamos possam ser de inspiração para o nosso
leitor.
Soli Deo Gloria
Jorge Wilson
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Sumário Neste Natal, confie no “pegador” ................................................................................................. 5
Orar é partir para o abraço ........................................................................................................... 7
Jejum ............................................................................................................................................. 8
O Dia Mau .................................................................................................................................... 10
A realidade maior da espiritualidade .......................................................................................... 13
Descanso para todos que vierem ................................................................................................ 15
A busca do que já se encontrou .................................................................................................. 19
Onde fica esse Reino? ................................................................................................................. 20
Falando por parábolas ................................................................................................................. 22
O Tesouro .................................................................................................................................... 24
O silêncio de Jesus ....................................................................................................................... 26
Pegue sua paz de volta!............................................................................................................... 29
Vivendo sob disciplina do Pai ...................................................................................................... 30
Os Dois Desertos ......................................................................................................................... 33
A Parábola do Semeador ............................................................................................................. 36
Quanto você vale. ....................................................................................................................... 39
Preparando-se para a oração e meditação ................................................................................. 40
O que foi que eu não vi ............................................................................................................... 43
E se o seu candidato não ganhar? ............................................................................................... 46
ANOTAÇÕES ................................................................................................................................ 48
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Neste Natal, confie no “pegador”
Confiando no Emanuel
Enquanto José estava pensando nisso, um anjo do Senhor apareceu a ele num sonho e
disse: -José, descendente de Davi, não tenha medo de receber Maria como sua esposa,
pois ela está grávida pelo Espírito Santo. Ela terá um menino, e você porá nele o nome
de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos pecados deles. Tudo isso aconteceu para se
cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta: "A virgem ficará grávida e terá
um filho que receberá o nome de Emanuel”.(Emanuel quer dizer "Deus está conosco".)
(Mateus 1:20-23 BLH).
Emanuel – o Deus conosco.
Deus enviou Jesus para restabelecer a verdadeira ordem humana. Jesus é chamado de
o Redentor. Ele veio para pagar a nossa conta (nossos pecados) e nos lembrar dessa
verdade: somos filhos e filhas de Deus, irmãos e irmãs uns dos outros . E Jesus
fez isso nascendo como nós, vivendo como nós e morrendo como nós morremos. Tudo
isso ele fez para que descobríssemos nossa irmandade, descobrir que somos irmãos e
irmãs uns dos outros.Brancos, negros, amarelos - somos todos irmãos.Sérvios e
croatas, judeus e palestinos, americanos e russos, socialistas e capitalistas – todos
somos irmãos e devemos focar nossa luta no bem comum. Somos todos filhos do
mesmo Pai.
O “pegador” - nosso presente de Natal
Jesus, o “Deus conosco”, veio para ser (e se alegra em ser) o nosso “pegador”.
Quando nos “falta o chão” é ele quem nos segura. Para entender melhor essa historia
de “pegador”, veja esse relato na vida de Henry Nouwen.Leia:
Os Flying Rodleighs são trapezistas do circo alemão Simoneit-Barum, que esteve em
Freiburg há dois anos. Meus amigos Franz e Reny convidaram-me e a meu pai para
assistir ao espetáculo. Nunca esquecerei meu encanto ao ver pela primeira vez os
Rodleighs movendo-se no ar, voando e se agarrando como elegantes dançarinos. No
dia seguinte, voltei ao circo para vê-los novamente e apresentei-me como um grande
fã. Eles me chamaram para assistir aos ensaios, deram-me ingressos, convidaram-me
para jantar e sugeriram que eu viajasse com eles por uma semana num futuro próximo.
Eu o fiz , e nos tornamos bons amigos.
Um dia, sentado no carro de Rodleigh, o líder do grupo, conversávamos sobre o voar.
Ele disse:
• Como um voador, preciso ter completa confiança em quem vai me pegar. Talvez o
público pense que sou a grande estrela do trapézio, mas a verdadeira estrela é Joe,
meu pegador. Ele deve estar lá para mim com uma precisão de frações de segundo e
apanhar-me no ar quando vou ao seu encontro no longo salto.
• E como isso funciona? – perguntei.
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• O segredo é que o voador não faz nada e o pegador faz tudo. Quando vôo para Joe,
tenho simplesmente de estender meus braços e esperar que ele me agarre e puxe com
segurança para cima da plataforma atrás da barra de apoio.
• Você não faz nada! – disse eu, surpreso.
• Nada, insistiu Rodleigh. – A pior coisa que o voador pode fazer é tentar pegar o
pegador. Não se espera que eu o pegue. É tarefa dele pegar-me. Se eu agarrasse os
punhos dele, poderia quebrá-los, ou então ele poderia quebrar os meus, e isso seria o
fim para nós dois. Um voador tem de voar, e um pegador tem de pegar. Além disso, o
voador deve acreditar, com os braços estendidos, que seu pegador estará lá à sua
espera.” 1
Quando chega o Natal, Jesus é, ao mesmo tempo, o aniversariante e o presente - o
nosso presente . Ele é ‘Deus conosco' porque quer estar sempre perto de nós. Neste
Natal, receba-O como seu presente. E quando te “faltar o chão”, ou a vida vier exigir
malabarismos perigosos, Ele estará por perto!
• Confie no pegador!
1 Nouwen HJM. Nossa Maior Dádiva. Ed Loyola.São Paulo. 1997, pág 66-67.
Jorge Wilson
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Orar é partir para o abraço
Encontrando a misericórdia do Pai na oração
5 -Quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de orar de pé nas
sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos outros. Eu afirmo a vocês
que isto é verdade: Eles já receberam a sua recompensa. 6 Mas você, quando orar, vá
para o seu quarto, feche a porta e ore ao seu Pai, que não pode ser visto. E o seu Pai,
que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa 7 -Nas suas orações, não
fiquem repetindo o que vocês já disseram, como fazem os pagãos. Eles pensam que
Deus os ouvirá porque fazem orações compridas. 8 Não sejam como eles, pois, antes
de vocês pedirem, o Pai de vocês já sabe o que vocês precisam. (Mateus 6:5-8 BLH)
O místico russo Teófano , o Recluso quando definiu oração, disse:
Orar é descer com a mente ao coração e ali ficar diante da face do Senhor,
onipresente, onividente dentro de nós.
É bom explicar que na tradição judaico-cristã, a palavra "coração" refere-se à fonte de
todas as nossas energias :físicas, emocionais, intelectuais. É a partir dele que a nossa
vontade funciona e é ele quem determina nossa personalidade. Como consequência
disso é não só o lugar onde Deus habita mas também o alvo ao qual Satanás dirige
seus ataques.
O texto nos ensina que nesse encontro diário é necessário ir só. Além de ir só devo ter
um lugar para ele – uma espécie de capela. É um lugar para falar e ouvir,
principalmente – ouvir . Minha oração deve ser sem “vãs repetições” e com palavras
cheias de significado porque orar não é só ter palavras, pensamentos ou emoções
piedosas.
Um dos monges do deserto, Macário, o Grande, ensina:
A tarefa principal do atleta (do monge) é entrar em seu coração.
Não oro só para “me sentir bem” mas para abrir os olhos de minha alma à verdade de
mim mesmo e também à verdade de Deus. No encontro dessas duas verdades é que
se dará minha transformação. E quem ora deve estar em aberto para isso – ser
transformado, sair diferente!
Na oração passo a me ver como um pecador abraçado pela misericórdia de Deus
– um Filho Pródigo retornando arrependido e encontrando um Pai que não teve
paciência de ficar em casa mas que correu para a estrada para me encontrar.
E me abraçar!
Jorge Wilson
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Jejum
A expectativa de Cristo
Vieram depois os discípulos de João e lhe perguntaram: Por que jejuamos nós e os
fariseus [muitas vezes] , e teus discípulos não jejuam?
Respondeu-lhes Jesus: Podem acaso estar tristes os convidados para o casamento,
enquanto o noivo está com eles? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo,
e nesses dias hão de jejuar. " ( Mt 9: 14-15).
"Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque
desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo
que eles já receberam a recompensa.
Tu, porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto; com o fim de não parecer
aos homens que jejuas, e, sim, ao teu Pai em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará (Mt 6:16-18)
No texto bíblico acima, fica claro que Jesus tem a expectativa de que o cristão
jejue nos tempos de hoje, enquanto aguardamos a sua segunda vinda.
Mas, o que é o Jejum?
Jejum é a abstinência de alimento com finalidade espiritual, em que nos colocamos
inteiramente na dependência de Deus. Pode ser total ou parcial, dependendo da
possibilidade de cada um, mas sempre com ênfase na busca de uma maior comunhão
com Deus. O Jejum é centrado em Deus !
No Antigo Testamento o jejum é encontrado como:
A - Sinal de arrependimento: I Sm 7:6 , Ne 9:1-3 , Dn 9:3 , Jl 1:14
B - Por causa do trabalho de Deus: Ne 1:4
C - Pedindo proteção: II Cr 20: 3-17 , Ed 8:21
Referências do Novo Testamento:
A - Jesus ensinou o Jejum: Mt 6:16-18, Mc 2:18-20 , Lc 5:33-35.
B - Jejum como parte da adoração: Lc 2:37, , At 13:2
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C - Paulo orou com jejuns em cada igreja: At 14:23. At. 13:2
Em Joel 2:13, Deus manda os judeus "rasgarem o coração e não as vestes " durante o
jejum. Isto significaria que a contrição interna é a mais importante. Por ser
considerado, àquela época, o lugar das decisões morais e espirituais, o coração é que
deveria ser atingido. Algum comportamento deveria ser modificado.
Outras vezes o Jejum será considerado impróprio, por exemplo:
Querer "enrolar" a Deus - Is 58:3-5. Os judeus não ajudavam os necessitados e
queriam subornar a Deus com jejum. Jejum não é substituto para a obediência.
Para impressionar os outros: Zc 7:5
Para mudar a vontade de Deus: II Sm 12.
Quando se torna mera formalidade ou legalismo.
O JEJUM QUE DEUS QUER: Leia agora Isaías 58 : 1-14
O nosso jejum, enchendo-nos da comunhão com Deus, precisa "derramar", ou seja,
precisa alcançar o nosso próximo. Existe uma dimensão horizontal para o jejum, além
da vertical. Fazer jejuns mecanicamente não é tão importante quanto
demonstrar cuidado pelas pessoas - Bíblia Anotada. Combater a injustiça (v.6),
repartir o pão e cuidar do semelhante (v.7) fazem parte do jejum que agrada a
Deus. Devemos portanto ficar atentos para o que o Senhor quiser nos revelar durante
o jejum!
Jorge Wilson
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O Dia Mau
A Parábola dos Construtores
Algumas pessoas encaram a busca da espiritualidade como um bem em si mesmo –
algo que eu faço para me sentir melhor, ter uma sensação agradável. Mas
esta parábola destaca uma verdade – na esfera espiritual o ouvir, o buscar a
intimidade do Pai não tem valor se não resultar em ação.
Leia a parábola:
O Prudente e o Insensato
24 “Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem
prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. 25 Caiu a chuva, transbordaram os
rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus
alicerces na rocha.
26 Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que
construiu a sua casa sobre a areia.27 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os
ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda”.28 Quando
Jesus acabou de dizer essas coisas, as multidões estavam maravilhadas com o seu
ensino, 29 porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os mestres
da lei. Mateus 7
Cristo nos alerta para verificarmos como estamos construindo. Jesus fala em chuvas
que enchem os rios que transbordam contra nós assim como ventos fortes. Usa essas
metáforas para simbolizar que o Dia Mau é uma realidade que vem testar nossos
alicerces.
O apóstolo Paulo me ensina que ser cristão significa construir em alicerce sólido
– que é o próprio Cristo. Em I Coríntios 3:9-15, lemos:
9 Pois nós somos cooperadores de Deus; vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus.
10 Conforme a graça de Deus que me foi concedida, eu, como sábio construtor, lancei
o alicerce, e outro está construindo sobre ele. Contudo, veja cada um como constrói.
11 Porque ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus
Cristo. 12 Se alguém constrói sobre esse alicerce usando ouro, prata, pedras preciosas,
madeira, feno ou palha, 13 sua obra será mostrada, porque o Dia a trará à luz; pois
será revelada pelo fogo, que provará a qualidade da obra de cada um. 14 Se o que
alguém construiu permanecer, esse receberá recompensa. 15 Se o que alguém
construiu se queimar, esse sofrerá prejuízo; contudo, será salvo como alguém que
escapa através do fogo.
Aprendemos que Cristo é a única base que pode resistir ao Dia Mau. Paulo , preso em
Roma, no seu Dia Mau, ensina como o crente deve se preparar para esse dia e pede
que orem por ele para que possa entrar em ação como um
11
embaixador preso em correntes. Orem para que, permanecendo nele, eu fale com
coragem, como me cumpre fazer
13 Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e
permanecer inabaláveis, depois de terem feito tudo. 14 Assim, mantenham-se firmes,
cingindo-se com o cinto da verdade, vestindo a couraça da justiça 15 e tendo os pés
calçados com a prontidão do evangelho da paz. 16 Além disso, usem o escudo da fé,
com o qual vocês poderão apagar todas as setas inflamadas do Maligno. 17 Usem o
capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. 18 Orem no
Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente,
estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos.19 Orem também por
mim, para que, quando eu falar, seja-me dada a mensagem a fim de que,
destemidamente, torne conhecido o mistério do evangelho, 20 pelo qual sou
embaixador preso em correntes. Orem para que, permanecendo nele, eu fale com
coragem, como me cumpre fazer. Efésios 6
O apóstolo Pedro também ensina a respeito dessa construção de vida que
1 Portanto, livrem-se de toda maldade e de todo engano, hipocrisia, inveja e toda
espécie de maledicência. 2 Como crianças recém-nascidas, desejem de coração o
leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação, 3 agora que
provaram que o Senhor é bom.4 À medida que se aproximam dele, a pedra viva
rejeitada pelos homens, mas escolhida por Deus e preciosa para ele 5 vocês
também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa
espiritualpara serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a
Deus, por meio de Jesus Cristo. 6 Pois assim é dito na Escritura:“Eis que ponho em
Sião uma pedra angular,escolhida e preciosa,e aquele que nela confia jamais será
envergonhado”.7 Portanto, para vocês, os que crêem, esta pedra é preciosa; mas
para os que não crêem,“a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra
angular”,8 e, “pedra de tropeço e rocha que faz cair”.Os que não crêem tropeçam,
porque desobedecem à mensagem; para o que também foram destinados.9 Vocês,
porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus,
para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz. 10 Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de
Deus; não haviam recebido misericórdia, mas agora a receberam.1 Pedro 2:1-10
Todos temos de passar por esse teste das chuvas rios e ventos, se é que já não temos
passado. Jesus fala que o cristão deve estar pronto para esse dia . Construir bem
sobre o bom alicerce que é Cristo é o que o discípulo tem que fazer. Até porque
14 Se o que alguém construiu permanecer, esse receberá recompensa. 15 Se o que
alguém construiu se queimar, esse sofrerá prejuízo; contudo, será salvo como
alguém que escapa através do fogo.! 1 Corintios 3:15
12
Pessoalmente acho que a maior parte dos dias do cristão são bons mas nem sempre
será assim e temos de construir nossa vida pensando nas chuvas, rios transbordantes
e ventos fortes que virão.
Escreva agora uma oração falando das suas chuvas, rios e ventos pedindo ao Pai que
te ajude a saber construir a casa nova:
Boa construção!
Jorge Wilson
Textos Bíblicos – CDROM – NVI -Concordância Exaustiva da Bíblia Sagrada.
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A realidade maior da espiritualidade
O Reino de Deus dentro de nós!
Jesus chamou os seus doze discípulos e lhes deu autoridade para expulsarem
espíritos maus e curarem todas as enfermidades e doenças graves. São estes os
nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado de Pedro, e o seu irmão
André; Tiago e o seu irmão João, filhos de Zebedeu; Filipe, Bartolomeu, Tomé e
Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu e Simão, o
nacionalista; e Judas Iscariotes, que traiu Jesus. Jesus enviou esses doze homens,
dando-lhes a seguinte ordem: Não vão aos lugares onde vivem os não-judeus, nem
entrem nas cidades dos samaritanos. Pelo contrário, procurem as ovelhas perdidas
do povo de Israel. Vão e anunciem isto: "O Reino do Céu está perto." (Mateus 10:1-
7 BLH)
Alguns fariseus perguntaram a Jesus quando ia chegar o Reino de Deus. Ele
respondeu: Quando o Reino de Deus chegar, não será uma coisa que se possa ver.
Ninguém vai dizer: "Vejam! Está aqui" ou "Está ali". Porque o Reino de Deus está
dentro de vocês." (Lucas 17:20-21 BLH)
Jesus veio para anunciar a proximidade do Reino de Deus e a transformação interior
daqueles que o recebessem. A experiência transformadora desse Reino é que nos faz
sentir filhos e filhas de Deus e olharmos uns aos outros como irmãos e criados à
imagem do Pai. Posteriormente é que surgiu a Igreja como comunidade de fiéis que
crêem em Jesus.
Infelizmente, com o passar do tempo, os cristãos confundiram Reino de Deus com
Igreja e, para muitos, a igreja histórica ao invés de se apresentar como caminho para
a salvação, voltou-se para si mesma e passou a se apresentar como a própria salvação
(como se a imagem do pão fosse o próprio pão). E, como decorrência disso, as
autoridades eclesiásticas de algumas igrejas, ao invés de se colocarem como
representantes de Deus e do povo praticamente ocuparam o lugar de Deus pela
reverência e obediência total que exigiam.
A espiritualidade surge quando esse "Reino em nós" diariamente nos avalia
transformando-nos, assim, continuamente. Se isso não acontece, a religião torna-se
apenas um meio de consolo, ou um meio de manipular o mercado religioso através dos
ritos e símbolos para suscitar comoção e não transformação. E assim, ela se
transforma em ópio, nada mais!
14
Alguém disse que " a Igreja deve ser como a vela acesa. O que ilumina é a chama, não
a vela. A vela é suporte para que a chama queime, irradiando luz e calor. A vela é a
igreja, a chama é Jesus e sua experiência fundadora." L. Boff
Devemos evitar que os cuidados em demasia com a vela (ou nós mesmos) nos façam
esquecer da chama, o Reino de Deus dentro de nós.
A chama é mais importante que a vela.
Jorge Wilson
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Descanso para todos que vierem
E muita paciência com nós mesmos
28 “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei
descanso.
29 Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde
de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. 30 Pois o meu jugo é
suave e o meu fardo é leve”. Mateus 11
O primeiro ensino de Mateus
O convite do v. 28 só existe no Evangelho de Mateus. Jesus atrai os ouvintes para Si
mesmo. Quem são eles? Todos os que estão cansados e sobrecarregados . Naquela época
Jesus estava se referindo àquelas pessoas sobre as quais os fariseus colocaram o peso
inteiro da Lei e da sua compreensão particular dela.
Mas Jesus fala em jugo – o que seria esse jugo? O Dicionário Houaiss define jugo
como peça de madeira assentada sobre a cabeça dos bois para atrelá-los a
uma carroça ou arado. Uma espécie de canga. Figurativamente seria “vínculo de
submissão e obediência resultante de determinado tipo de convenção e
obrigação”*.
É no compartilhar do jugo (Tomem sobre vocês o meu jugo) que vou aprender (e
aprendam de mim) os valores de Jesus. Jesus , nosso modelo de espiritualidade,
era em tudo submisso ao Pai (estava sob jugo). Leia:
Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho não pode fazer nada de si mesmo; só
pode fazer o que vê o Pai fazer, porque o que o Pai faz o Filho também faz. João
5:19
Por mim mesmo, nada posso fazer; eu julgo apenas conforme ouço, e o meu
julgamento é justo, pois não procuro agradar a mim mesmo, mas àquele que me
enviou. João 5:30
16
Pois não falei por mim mesmo, mas o Pai que me enviou me ordenou o que dizer e
o que falar. Sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu digo é
exatamente o que o Pai me mandou dizer. João 12 :49-50
Jesus então nos propõe um lugar ao seu lado e em seu jugo. Com esse lugar - um
aprendizado - aprendei de mim Jesus fica com a Lei e eu faço uma caminhada com Ele.
Nela aprenderei a desenvolver mansidão e humildade para encontrar o descanso (lit.
Alívio) .
E nessa caminhada, muita paciência com nós mesmos
Tiago e João ainda não tinham compreendido isso quando quiseram literalmente
queimar os samaritanos? Leiam;
51 Aproximando-se o tempo em que seria elevado aos céus, Jesus partiu
resolutamente em direção a Jerusalém. 52 E enviou mensageiros à sua frente. Indo
estes, entraram num povoado samaritano para lhe fazer os preparativos; 53 mas o
povo dali não o recebeu porque se notava que ele se dirigia para Jerusalém.54 Ao
verem isso, os discípulos Tiago e João perguntaram: “Senhor, queres que façamos
cair fogo do céu para destruí-los?”55 Mas Jesus, voltando-se, os repreendeu,
dizendo: “Vocês não sabem de que espécie de espírito vocês são, pois o Filho do
homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los”e;56 e foram
para outro povoado. Lucas 9
Não somos diferentes de Tiago e João - mas Jesus é tão paciente conosco como foi
com eles. É uma caminhada. Se tropeçar, terei paciência com mim mesmo.
O segundo ensino de Mateus
Eu, pecador, sou convidado a esse lugar de descanso e, assim como Jesus, tenho
responsabilidade de me tornar também um lugar de descanso para outros.
Quem são esses outros? Bem, o mesmo Mateus no texto do Juízo Final me ensina:
31 “Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á
em seu trono na glória celestial. 32 Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele
separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes. 33 E colocará as
ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda.34 “Então o Rei dirá aos que estiverem
à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes
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foi preparado desde a criação do mundo. 35 Pois eu tive fome, e vocês me deram de
comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram;
36 necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de
mim; estive preso, e vocês me visitaram’.37 “Então os justos lhe responderão: ‘Senhor,
quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber?
38 Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te
vestimos? 39 Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?’40 “O Rei
responderá: ‘Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores
irmãos, a mim o fizeram’.
41 “Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Malditos, apartem-se de mim
para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos. 42 Pois eu tive fome, e
vocês não me deram de comer; tive sede, e nada me deram para beber; 43 fui
estrangeiro, e vocês não me acolheram; necessitei de roupas, e vocês não me
vestiram; estive enfermo e preso, e vocês não me visitaram’.
44 “Eles também responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome ou com sede ou
estrangeiro ou necessitado de roupas ou enfermo ou preso, e não te ajudamos?’45 “Ele
responderá: ‘Digo-lhes a verdade: O que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais
pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo’.46 “E estes irão para o castigo eterno,
mas os justos para a vida eterna”. Mateus 25
William A. Barry em seu livro Procura meu Rosto cita Buechner que nos explica bem
com é esse sentimento de responsabilidade com o próximo:
Em sua autobiografia, The Sacred Journey, Frederick Buechner relata um
acontecimento que acaba com a nossa perplexidade. Acabara de assinar um
contrato para seu primeiro romance nos escritórios de Alfred Knopf. Ao sair da
editora, encontrou um ex-colega de faculdade que estava trabalhando como
mensageiro. “Eu estava” diz Buechner “como eu imaginava, no limiar da fama e da
fortuna. Mas em vez de sentir orgulho ou superioridade com a comparação, lembro-
me que senti um ímpeto grande e involuntário de algo parecido com tristeza, quase
vergonha”. Reflete sobre sua sorte e a falta de sorte do colega. Despedem-se sem
dizer muito a respeito de nada um para o outro. Então Buechner pondera: “Tudo o
que posso dizer agora é que algo pequeno mas inesquecível aconteceu dentro de
mim em conseqüência daquele encontro casual – um pequeno bruxuleio da verdade
que, no final de contas, não pode haver verdadeira alegria para ninguém até que
finalmente haja alegria para nós todos - e não posso colher os louros por isso...o
que senti foi uma coisa melhor e mais verdadeira do que eu era, ou do que sou e
aconteceu, como talvez todas essas coisas acontecem, como uma dádiva.**
Preciso primeiro receber essa dádiva – o descanso . Só assim poderei contemplar os
outros e o mundo com os valores de Jesus.
18
Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes
darei descanso Mt 11;28.
Jorge Wilson
* http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=jugo&stype=k (acessado em 11/9/2007)
** William A. Barry - Procura meu Rosto. Ed. Loyola. São Paulo – 1994 - pág 90-91.
Textos Bíblicos – CDROM – NVI -Concordância Exaustiva da Bìblia Sagrada.
19
A busca do que já se encontrou
"O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem,
tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria vai, vende tudo o que tem, e
compra aquele campo." Mt 13:44
Faça de conta que foi você que encontrou o tesouro. Foi uma grande surpresa que
muito te alegrou. Só que você não pode possuí-lo. Agora você sabe onde ele está mas
ainda não tem condições de apropiar-se dele inteiramente - é preciso despojar-se.
Então você esconde o tesouro e sai alegremente determinado a comprar aquele
terreno. O preço? Sim, é alto e inclui tudo o que você tem e é - cursos, dinheiro,
diplomas, sucesso, etc.. mas você está resolvido em apropriar-se dele.
Jesus quer dizer que ter descoberto o tesouro do amor incondicional do Pai nos coloca
na busca pelo mesmo tesouro - nada mais poderá nos satisfazer. Esconder o tesouro
corresponde a carregarmos conosco essa convicção, esse amor secreto, essa certeza
de sermos amados pelo Pai.
Essa insatisfação fundamental me faz sentir o mesmo que o salmista a saudade dos
átrios.
A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha
carne exultam pelo Deus vivo! Sl 84 :2.
A busca constante daquilo que um dia encontramos (a intimidade com o Pai) é que faz
caminhar nossa espiritualidade, nossa busca do reino dos céus e o lugar de verdadeiro
descanso para a alma.
Boa meditação!
Jorge Wilson
20
Onde fica esse Reino?
Vivendo em maior profundidade
O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem,
tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem, e
compra aquele campo. Mt 13:44
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas. Mt 6:33
Imagine que foi você que encontrou o tesouro. Foi uma grande surpresa que muito te
alegrou. Só que você não pode possuí-lo. Você sabe onde ele está mas ainda não tem
condições de apropiar-se dele inteiramente - é preciso despojar-se. Então você
esconde o tesouro e sai alegremente determinado a comprar aquele terreno. O preço?
Sim, é alto e inclui tudo o que você tem e é - cursos, dinheiro, diplomas, sucesso,
etc..mas não importa, você está resolvido em apropriar-se dele.
Jesus quer dizer que ter descoberto o tesouro do amor incondicional do Pai nos coloca
na busca pelo mesmo tesouro - nada mais poderá nos satisfazer. Esconder o tesouro
corresponde a carregarmos conosco essa convicção, esse amor secreto, essa certeza
de sermos amados pelo Pai.
A vida espiritual exige esforço e determinação - o tesouro da Graça precisa ser
reconquistado. Essa reconquista chama-se disciplina. Isso é importante pois será
essa disciplina que nos tornará mais sensíveis e perceptivos à delicada voz de Deus. O
profeta Elias não encontrou Deus no terremoto, no vento impetuoso ou no fogo - mas
na brisa leve que surgiu naquela hora (I Reis 19: 9-13).
Mas, o que significa afinal buscar o Reino de Deus?
Significa buscar onde Deus reina. Significa colocar o coração e a mente no centro da
vontade de Deus e, acima de tudo, obedecer ao Pai. Reino de Deus é o lugar onde o
Espírito Santo nos guia, cura, e restaura.
Jesus - o modelo "alcançável".
Jesus veio para ser nosso modelo de espiritualidade. O problema é que muitas vezes,
já de saída, colocamos Jesus numa posição tão divinizada que Ele fica "inatingível"
21
como nosso modelo. (Mal comparando consideramos o jogo perdido antes de
começar). E o interessante é o que o próprio Jesus fala de Si mesmo como modelo
completamente atingível:
15 Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos
chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.Jo 15:15
12 Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras
que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.Jo 14:12
21 Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também
eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. 22 E eu dei-lhes a
glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. 23 Eu neles, e tu
em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que
tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim. 24 Pai,
aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para
que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do
mundo. 25 Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes
conheceram que tu me enviaste a mim. 26 E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho
farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles
esteja.Jo 17;21-26
E por fim:
13 Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade;
porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o
que há de vir. 14 Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de
anunciar. 15 Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há de receber do
que é meu e vo-lo há de anunciar. Jo 16:13-15
A vida espiritual, o ingresso nesse Reino do Pai não nos retira do mundo, mas nos
conduz a ele e desta vez, em maior profundidade. Nossas disciplinas serão: a oração,
jejum, leitura da Bíblia e nossa vida na comunidade dos irmãos. Essas disciplinas serão
os nossos guias.
Em suma os que habitam no Reino de Deus primeiro ouvem (o Espírito Santo) e
depois, obedecem . Foi assim no Pentecostes* quando os discípulos, amedrontados,
ouviram o que as línguas disseram e foram à luta (Atos 2).Leia agora o Salmo 27 e
declare ao Senhor a sua vontade de buscar primeiro o reino de Deus.
Jorge Wilson
* Pentecostes era a quarta das festas anuais dos judeus ( depois da Páscoa, dos Pães Asmos, e
das Primícias). Acontecia 50 dias depois das Festa das Prímícias - celebrava a colheita de trigo.
Este dia de Pentecostes marcou o início da Igreja.
22
Falando por parábolas
A didática de Jesus - vivências!
11 Jesus respondeu: -A vocês Deus mostra os segredos do Reino do Céu, mas, a eles,
não. 12 Pois quem tem receberá mais, para que tenha mais ainda. Mas quem não tem,
até o pouco que tem lhe será tirado. 13 É por isso que eu uso parábolas para falar com
eles. Porque eles olham e não enxergam; escutam e não ouvem, nem entendem. 14 E
assim acontece com eles o que disse o profeta Isaías: "Vocês ouvirão, mas não
entenderão; olharão, mas não enxergarão nada. 15 Pois a mente deste povo está
fechada: Eles taparam os ouvidos e fecharam os olhos. Se eles não tivessem feito isso,
os seus olhos poderiam ver, e os seus ouvidos poderiam ouvir; a sua mente poderia
entender, e eles voltariam para mim, e eu os curaria! -disse Deus." 16 Jesus continuou,
dizendo: -Mas vocês, como são felizes! Pois os seus olhos vêem, e os seus ouvidos
ouvem. 17 Eu afirmo a vocês que isto é verdade: Muitos profetas e muitas outras
pessoas do povo de Deus gostariam de ver o que vocês estão vendo, mas não
puderam; e gostariam de ouvir o que vocês estão ouvindo, mas não ouviram. (Mateus
13:11-17 BLH)
Parábola significa para = ao longo de e bola = atirar.
Eram estórias lançadas ao longo das vidas normais e que, os que amam a Deus,
irrompem dentro deles trazendo novas convicções, novas ligações com a vida, com a
eternidade. As parábolas faziam trabalhar a imaginação do ouvinte fazendo-o
compreender as verdades que o Espírito quer trazer às suas vidas.
Cenário
Jesus, no fim do seu segundo ano de ministério, aparentemente dá uma guinada no
seu tipo de preleção, seus discípulos ficam confusos e lhe perguntam em particular, Por
que lhes falas por parábolas? (Mateus 13:10; Marcos 4:10).
Falando por parábolas
As parábolas não eram bem uma novidade. Elas apareceram no Velho Testamento (2
Samuel 12:1-4; Isaías 5:1-2; Ezequiel 17:1-10). Perguntado a respeito da mudança de
método Jesus atribui essa mudança a uma mudança na atitude(endurecimento) de
seus ouvintes.
O propósito das parábolas era revelar as verdades ocultas do reino de Deus, porém
não a todos. Ao coração desejoso de aprender sobre as verdades do Reino estas
estórias trabalhariam em sua imaginação e trariam mais luz interior. Por outro lado,
aos de coração duro, elas criariam mais confusão (Mateus 13:11-17).
23
Jesus cita Isaias para explicar sua súbita mudança para o uso das parábolas (Isaías
6:9-10). Nesse texto sentimos a degradação espiritual dos israelitas que havia no
tempo de Isaias . Era um povo com coração endurecido e nada predisposto a ouvir e
entender as palavras de Deus. Jesus percebe que no seu próprio tempo não é
diferente, toda a sabedoria que eles ouviram de Sua boca e todas as milagres que
haviam presenciado nada tinham significado:
Pois a mente deste povo está fechada: Eles taparam os ouvidos e fecharam os olhos.
Se eles não tivessem feito isso, os seus olhos poderiam ver, e os seus ouvidos poderiam
ouvir; a sua mente poderia entender, e eles voltariam para mim, e eu os curaria! -disse
Deus
Ao coração arrependido e desejoso da intimidade:
Pois quem tem receberá mais, para que tenha mais ainda. Mas quem não tem, até o
pouco que tem lhe será tirado (Mateus 13:12).
Pelo contrário os que não desejavam essa intimidade, estavam destinados a perder até
o pouco entendimento que tinham.
Exercitando o espírito com as parábolas
Leia algumas vezes a parábola do fermento (de um só versículo) e deixe que as
verdades dessa pequena parábola usem sua imaginação e falem a você.
Jesus contou mais esta parábola para o povo: -O Reino do Céu é como o fermento que
uma mulher pega e mistura em três medidas de farinha, até que ele se espalhe por
toda a massa. (Mateus 13:33 BLH)
Agradeça a Jesus pois foi seu sacrifício que permitiu nossa massa receber Seu
fermento. O fermento trabalha de um modo eficiente mas quieto e invisível – a
influência de Cristo nos corações humanos. Como você pessoalmente avalia isso?
Medite sobre sua “massa levedada” e a “por levedar” - a ação contínua de Deus em
sua vida. Agradeça ao Pai pelo cuidado paciente de ficar misturando pacientemente a
massa até toda ela ser atingida pelo fermento.
Dê testemunho disso tudo.
1 Escutai a minha lei, povo meu; inclinai os ouvidos às palavras da minha boca. 2
Abrirei a boca numa parábola; proporei enigmas da antiguidade, 3 os quais temos
ouvido e sabido, e nossos pais no-los têm contado. 4 Não os encobriremos aos seus
filhos, mostrando à geração futura os louvores do SENHOR, assim como a sua força e
as maravilhas que fez. (Salmos 78:1-4 RC)
Jorge Wilson
24
O Tesouro
Tenho duas notícias para você: uma boa e a outra ótima.
– Qual você quer primeiro?
“O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem,
tendo-o achado, escondeu. E, trasbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem, e
compra aquele campo.” Mt. 13:44.
A boa? Então vamos lá:
- Você descobriu um tesouro!
- A ótima?
Você encontrou um tesouro, algo que vale muito à pena mas que você não pode
carregar- é maior que você! Você está muito feliz por tê-lo encontrado mas agora que
o encontrou você não consegue ficar longe dele. Mas também não adianta só “ficar
perto“– é necessário possui-lo!
Você tem que comprar o campo onde está esse tesouro. O preço? É alto! - É tudo o
que você tem incluindo tudo o que você é e ama. Nada pode ficar de fora - não tem
desconto!
(Mas vale à pena! É o tesouro do amor de Deus!)
Henry Nouwen, comentando esse texto, nos ensina:
Você pode estar satisfeito por ter encontrado o tesouro. Mas não deve ser tão ingênuo
a ponto de pensar que já o possui. Somente quando se despojar de tudo o mais é que o
tesouro poderá ser inteiramente seu.
Ter descoberto o tesouro o coloca numa nova busca pelo mesmo tesouro. A vida
espiritual é uma longa e muitas vezes árdua procura do que já se encontrou. Você só
pode buscar a Deus quando já o tiver encontrado. O anseio pelo amor incondicional de
Deus é o fruto de ter sido tocado por esse amor.
Você tem que ser cuidadoso, porque encontrar o tesouro é somente o princípio da
busca. Se expuser esse tesouro a terceiros sem que você mesmo o possua
inteiramente, pode prejudicar-se e até pô-lo a perder.
Um amor recém-descoberto precisa ser alimentado num espaço silencioso e íntimo. Se
muito exposto, pode morrer. Eis porque é preciso ocultar o tesouro e utilizar a sua
energia para vender a sua propriedade de modo a poder comprar onde o ocultou.
25
Muitas vezes, é um empreendimento difícil, porque a sua noção de quem você é está
intimamente relacionada a todas as coisas que possui: sucesso, amigos, prestígio,
dinheiro, diplomas, etc. Mas você sabe que nada, a não ser o próprio tesouro, poderá
realmente satisfazê-lo.
Encontrar o tesouro sem estar em condições de possuí-lo por completo irá deixá-lo
insatisfeito. Essa é a insatisfação da busca de Deus, é o caminho para a santidade, é a
estrada para o Reino, é a jornada para o local onde pode descansar." [i]
Boa meditação!
Jorge Wilson
[i] Nouwen,Henri J.M. – A voz íntima do amor. Ed. Paulinas. 4ª ed. 2001 págs. 105-6.
26
O silêncio de Jesus
A teologia do cachorrinho
Jesus saiu dali e foi para a região que fica perto das cidades de Tiro e de Sidom. Certa
mulher cananéia, que morava naquela terra, chegou perto dele e gritou: -Senhor, Filho
de Davi, tenha pena de mim! A minha filha está horrivelmente dominada por um
demônio! Mas Jesus não respondeu nada. Então os discípulos chegaram perto dele e
disseram: -Mande essa mulher embora, pois ela está vindo atrás de nós, fazendo muito
barulho! Jesus respondeu: -Eu fui mandado somente para as ovelhas perdidas do povo
de Israel. Então ela veio, ajoelhou-se aos pés dele e disse: -Senhor, me ajude! Jesus
disse: -Não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo para os cachorros. -Sim, senhor, -
respondeu a mulher-mas até mesmo os cachorrinhos comem as migalhas que caem
debaixo da mesa dos seus donos. -Mulher, você tem muita fé! -disse Jesus. -Que seja
feito o que você quer! E naquele momento a filha dela ficou curada. (Mateus 15:21-28
BLH)
Esse texto tem um impacto muito grande em nossa vida espiritual. Muitas vezes, em
nossa oração, parece haver um silencio – uma aparente “não-resposta”. O Jesus
solícito de sempre parece-nos faltar aqui e ficamos perplexos.
O cenário
Uma mulher, não judia, aproxima-se de Jesus com seu problema – uma filha
endemoninhada. Provavelmente já ouvira falar de Jesus e saindo de sua terra de
origem vem ao encontro dEle buscando alívio para a filha.
- Senhor, Filho de Davi, tenha pena de mim! A minha filha está horrivelmente dominada
por um demônio!
- Mas Jesus não respondeu nada.
A aparente frieza de Jesus não parece inibi-la pela reação dos discípulos de Jesus:
Então os discípulos chegaram perto dele e disseram: -Mande essa mulher embora, pois
ela está vindo atrás de nós, fazendo muito barulho!
Longe de desistir o silêncio do Mestre a desafia a continuar. Deve ter sido difícil para
ela ver os discípulos, incomodados pelo barulho que ela fazia, baterem no ombro de
Jesus falando com Ele e apontando para ela, e escutar Jesus dizer :
Eu fui mandado somente para as ovelhas perdidas do povo de Israel.
É duro,não? Já pensou você no lugar dela. Qual seria a sua reação? Mateus nem
parecia amigo de Jesus ao colocar esse texto no seu Evangelho, a menos que...
(...tivesse Jesus alguma estratégia em mente?)
27
A mulher
Provavelmente ela ouvira dos milagres de Jesus incluindo a expulsão de demônios.
Talvez pensasse que ao colocar respeitosamente seu problema perante Jesus, este
logo lhe pediria: “
Traga já sua filha, vamos curá-la agora mesmo”.
Porém Jesus não disse uma palavra mas a fez caminhar com Ele um pedaço. Por que
fazer esta caminhada? Por que, às vezes, a resposta à nossa oração parece lenta e
difícil?
O texto fala que finalmente a mulher ousadamente correu para Ele e se ajoelhou (em
outra versão – o adorou) :
Então ela veio, ajoelhou-se aos pés dele e disse: -Senhor, me ajude!
Tasker, comenta esse trecho:
Com sinceridade, sem acanhamento, ela repete o clamor de maneira mais abreviada e
mais pungente, Senhor, socorre-me !, enquanto se arroja quase desesperadamente
sobre sua piedade. E enquanto Ele lhe recorda, com gentileza e quase brincando, o
conhecido ditado: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos
cachorrinhos , conquanto ela saiba muito bem que, como mulher gentia, é impura aos
olhos de um judeu como um dos cães enjeitados que vagavam em torno das antigas
cidades orientais, sem abrigo e sem dono, alimentando-se de lixo e restos das ruas, ela
não contradiz o que Jesus está dizendo. Ao contrário, aceita a implícita alusão feita a
ela, e na própria humildade desta aceitação revela sua fé. (...) Não pondera se o judeu
é melhor que o gentio, ou se o gentio é tão bom como o judeu. Não discute a justiça
dos misteriosos meios pelos quais Deus executa o seu propósito divino, escolhendo
uma raça e rejeitando outra. Tudo que sabe é que sua filha é penosamente
atormentada, que necessita de socorro sobrenatural, e que ali, na pessoa do Senhor, o
filho de Davi está Aquele que, só Ele, pode dar-lhe esse socorro; e está confiante em
que, mesmo não tendo direito de sentar-se à mesa do Messias como um convidado,
“cachorrinha” gentia que é, todavia pode ao menos ter permissão para receber uma
migalha das misericórdias de Deus alheias à aliança. E tal humildade e fé obtêm o
poder curativo do Messias. Ó mulher, grande é tua fé! Faça-se contigo como
queres.
E no silêncio, o encontro.
A mulher que começa a jornada não é a mesma que termina. Ela aprendeu que só
levamos alguém a Jesus depois que temos um encontro pessoal com Ele – e é que Ele
nos chama para o encontro. E o perdão – para nós ou para os outros, só vem depois
desse encontro. Quantas vezes tentamos levar nossos queridos a Jesus por um
caminho afetivo que ainda desconhecemos!
28
Precisamos fazer essa jornada.
O silêncio aparente de Jesus tem sempre algum propósito. O silêncio de Jesus serviu
para aumentar a fé dessa mulher na graça e misericórdia do Deus de Israel. Sua fé
subiu de nível.
O silêncio de Jesus em relação a mim pode significar que ainda não chegou o tempo
da resposta. Posso também, enganado, estar pedindo algo que não vai ser bom para
mim. O silêncio é o tempo de cuidar do meditar do meu coração. Semelhantemente a
essa mulher devo insistir na oração e se algo mudar, ou se eu mudar, será para
melhor. Afinal, não devo me esquecer que o propósito maior na minha oração não é
mudar a Deus, mas a mim mesmo.
A “teologia” do cachorrinho.
E enquanto espero no silêncio tenho algo a aprender com o cachorrinho da história.
Confiar no Dono, olhar para o alto e crer nas promessas.
Boa meditação!
Jorge Wilson
29
Pegue sua paz de volta!
11 E, em qualquer cidade ou povoado em que entrardes, indagai quem neles é digno; e
aí ficai até vos retirardes. 12 Ao entrardes na casa, saudai-a; 13 se, com efeito, a casa
for digna, venha sobre ela a vossa paz; se, porém, não o for, torne para vós outros a
vossa paz. (Mateus 10:11-13 RA)
Todos queremos tentar “converter” nossos familiares, cônjuges e amigos ao amor de
Jesus. Quando somos bem recebidos por eles, insistimos, convidamos todos eles para
irem à igreja conosco (até pedimos ao pastor para “caprichar” naquele culto). Se não
vemos o resultado – conversão e batismo – nos frustramos.
Outras vezes, em outros lugares nem somos bem recebidos. Problemas antigos, rixas
familiares atrapalham qualquer possibilidade de um convite bem sucedido. A diferença
religiosa parece aguçar mais ainda essas rixas.
Sem dúvida todos queremos ver nossos queridos tendo o mesmo Senhor que nós.
Jesus nos adverte que podemos ter problemas com a nossa paz quando
evangelizamos. O fato é que quando perdemos essa paz, tornamo-nos muitas vezes
rancorosos, julgadores invocando muitas vezes o jugo desigual para termos base
bíblica para abandonarmos o “ímpio ” que não quer se converter.
A lição de Jesus
Jesus, enviando seus discípulos para evangelizar, sabia que cem por cento de sucesso
não haveria (nem curando os doentes, ressuscitando os mortos ou expulsando os
demônios – Mt 10:8). No entanto estava ensinando algo muito importante aos seus
discípulos e aos evangelizadores do futuro – nada deve tirar a nossa paz.
- Por que Jesus estaria ensinando isso (se não fosse importante não precisaria ser
ensinado)?
A conversão das pessoas é obra do Espírito Santo. Somos apenas carteiros,
mensageiros que trazem uma mensagem e saúdam o destinatário ao chegar
desejando dividir com ele a paz que recebem de Jesus.
Se o destinatário, aceitar, ótimo. Se não...
- Obedeça a Jesus e confie no Espírito: - Pegue sua paz de volta!
Boa meditação!
Jorge Wilson
30
Vivendo sob disciplina do Pai
Na Roda do Oleiro
1 Este é o conteúdo da carta que o profeta Jeremias enviou de Jerusalém aos líderes,
que ainda restavam entre os exilados, aos sacerdotes, aos profetas e a todo o povo que
Nabucodonosor deportara de Jerusalém para a Babilônia. (...) A carta dizia o seguinte:4
“Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os exilados, que deportei
de Jerusalém para a Babilônia: 5 ‘Construam casas e habitem nelas; plantem jardins e
comam de seus frutos.
6 Casem-se e tenham filhos e filhas; escolham mulheres para casar-se com seus filhos
e deem as suas filhas em casamento, para que também tenham filhos e filhas.
Multipliquem-se e não diminuam. 7 Busquem a prosperidade da cidade para a qual eu
os deportei e orem ao Senhor em favor dela, porque a prosperidade de vocês depende
da prosperidade dela’. 8 Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel:
‘Não deixem que os profetas e adivinhos que há no meio de vocês os enganem. Não
deem atenção aos sonhos que vocês os encorajam a terem. 9 Eles estão profetizando
mentiras em meu nome. Eu não os enviei’, declara o Senhor.
10 “Assim diz o Senhor: ‘Quando se completarem os setenta anos da Babilônia, eu
cumprirei a minha promessa em favor de vocês, de trazê-los de volta para este lugar.
11 Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês’, diz o Senhor, ‘planos
de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um
futuro. 12 Então vocês clamarão a mim, virão orar a mim, e eu os ouvirei. 13 Vocês me
procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração. 14 Eu me deixarei
ser encontrado por vocês’, declara o Senhor, ‘e os trarei de volta do cativeiro. Eu os
reunirei de todas as nações e de todos os lugares para onde eu os dispersei, e os trarei
de volta para o lugar de onde os deportei’, diz o Senhor. Jeremias 29
Em Jeremias 29 encontramos uma carta endereçada pelo profeta Jeremias, sob
inspiração divina, ao povo que se encontrava exilado na Babilônia. Israel havia adorado
outros deuses, havia muita injustiça social e Deus determinou um período de 70 anos
para esse exílio como disciplina.
Ainda sob a influência de falsos profetas como Acabe e Zedequias, o povo estava
desanimado e entregando os pontos, pois esses falsos profetas prometiam um retorno
para breve a Jerusalém. E o interessante é que esses falsos profetas desconheciam a
Lei no que tangia à presença de falsos representantes de Deus profetizando em Seu
nome, leia;
20 Mas o profeta que ousar falar em meu nome alguma coisa que não lhe ordenei, ou que falar
em nome de outros deuses, terá que ser morto’.21 “Mas talvez vocês perguntem a si mesmos:
‘Como saberemos se uma mensagem não vem do SENHOR?’ 22 Se o que o profeta proclamar
31
em nome do SENHOR não acontecer nem se cumprir, essa mensagem não vem do SENHOR.
Aquele profeta falou com presunção. Não tenham medo dele. Deuteronômio 18
Então Deus se compadece mais uma vez de Israel e inspira Jeremias a escrever uma
carta que foi enviada e entregue ao povo exilado. Em última análise a carta convidava
o povo a parar de sentir pena de si mesmo e viver a vida que Deus dá – descobrir e
criar beleza vivendo da melhor forma possível (e logicamente aprendendo a lição). A
carta trazia promessa de intimidade com Deus para com todos os que resolvessem
aceitar a vida daquela forma que o Senhor estava dando. Afinal se foi o Senhor dos
Exércitos que disciplinou, só Ele pode tirar alguém da disciplina que Ele pessoalmente
colocou. E a partir dessa intimidade com Deus, todas as estruturas como trabalho,
família, casamentos e filhos seriam atingidos.
Adversidade da vida ou pecado mesmo?
Israel é uma metáfora do ser humano. Afastou-se do Senhor, pecou e foi disciplinado
.Como nos ensina o autor da Carta aos Hebreus Deus nos disciplina para o nosso bem,
para que participemos da sua santidade. Então, vemos que a disciplina de Deus faz parte
do processo educativo para que o cristão participe da Sua santidade, especialmente se
estiver em pecado pois texto fala em repreensão (v.5).
5 Vocês se esqueceram da palavra de ânimo que ele lhes dirige como a filhos: “Meu
filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua repreensão, 6 pois
o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho”.7
Suportem as dificuldades, recebendo-as como disciplina; Deus os trata como filhos.
Ora, qual o filho que não é disciplinado por seu pai? 8 Se vocês não são disciplinados, e
a disciplina é para todos os filhos, então vocês não são filhos legítimos, mas sim
ilegítimos . 9 Além disso, tínhamos pais humanos que nos disciplinavam, e nós os
respeitávamos. Quanto mais devemos submeter-nos ao Pai dos espíritos, para assim
vivermos! 10 Nossos pais nos disciplinavam por curto período, segundo lhes parecia
melhor; mas Deus nos disciplina para o nosso bem, para que participemos da sua
santidade. 11 Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim
de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela
foram exercitados.12 Portanto, fortaleçam as mãos enfraquecidas e os joelhos
vacilantes. 13 “Façam caminhos retos para os seus pés”, para que o manco não se
desvie, antes, seja curado. Hebreus 12
Quando sob disciplina, meu Pai me convida a aceitá-la, a continuar na Roda do Oleiro
porque está tentando fazer comigo o que queria fazer com Israel como quis fazer ver
a Jeremias:
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1 Esta é a palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor: 2 “Vá à casa do oleiro, e ali
você ouvirá a minha mensagem”. 3 Então fui à casa do oleiro, e o vi trabalhando com a
roda. 4 Mas o vaso de barro que ele estava formando estragou-se em suas mãos; e ele
o refez, moldando outro vaso de acordo com a sua vontade.5 Então o Senhor dirigiu-
me a palavra: 6 “Ó comunidade de Israel, será que eu não posso agir com vocês como
fez o oleiro?”, pergunta o Senhor. “Como barro nas mãos do oleiro, assim são vocês
nas minhas mãos, ó comunidade de Israel. Jeremias 18
Existe esperança para quem está vivendo nas suas “Babilônias”. Viver a minha
disciplina com sabedoria é procurar entender como as mãos do Supremo Oleiro estão
trabalhando para pegar o meu velho barro e moldá-lo novamente segundo a Sua
vontade. Nas vezes em que estive nessa roda do oleiro eu nem sempre saberia dizer
quando isso acontecia por meu pecado ou mera adversidade. Mas acho que não
importa se foi uma ou outra. Se estou nessa roda, o importante é sentir as mãos do
Oleiro Supremo a me tocar, me moldar dando-me força para viver a vida na minha
comunidade, e aguardar os tempos de Deus, os tempos da minha restauração.
Ou seja, fazer isso do mesmo modo que Deus queria que o povo fizesse na Babilônia.
Como lembra Nouwen:
Alguns de nós têm a tendência de pôr de lado coisas que estão levemente
danificadas. Em vez de consertá-las, dizemos: “Bem, não tenho tempo de consertar
isso, poderia muito bem jogá-lo na lata de lixo e comprar um novo”. Não raramente,
tratamos as pessoas também desse modo. Dizemos: Bem, ele tem problema com
álcool; ela, está muito deprimida; eles, administram mal o negócio...É melhor não
correr risco de se envolver com eles”. Quando desprezamos as pessoas de imediato
pelo aparente sofrimento, nós tolhemos suas vidas, ignoramos seus dons, que estão
quase sempre escondidos sob o sofrimento.
Somos todos caniços rachados (Mateus 12:18-21), estejam as nossas rachaduras
visíveis ou não. A vida compassiva é aquela em que acreditamos que a força se
esconde na fraqueza e que a verdadeira comunidade é a irmandade dos fracos.”*
Boa meditação!
Jorge Wilson
Textos Bíblicos – CDROM – NVI -Concordância Exaustiva da Bíblia Sagrada.
*Nouwen, H – Pão para o Caminho. Ed Loyola. São Paulo, 1999 pág 105.
33
Os Dois Desertos
Aprendendo na solidão
1 Naquele tempo João Batista foi para o deserto da Judéia e começou a pregar, 2
dizendo: -Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto! 3 A
respeito de João, o profeta Isaías tinha escrito o seguinte: "Alguém está gritando no
deserto: Preparem o caminho para o Senhor passar! Abram estradas retas para ele!" 4
João usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinto de couro e comia
gafanhotos e mel do mato. 5 Os moradores de Jerusalém, da região da Judéia e de
todos os lugares em volta do rio Jordão iam ouvi-lo. 6 Eles confessavam os seus
pecados, e João os batizava no rio Jordão. 7 Quando João viu que muitos fariseus e
saduceus vinham para serem batizados por ele, disse: -Ninhada de cobras venenosas!
Quem disse que vocês escaparão do terrível castigo que Deus vai mandar? 8 Façam
coisas que mostrem que vocês se arrependeram dos seus pecados. 9 E não digam uns
aos outros: "Abraão é nosso antepassado." Pois eu afirmo a vocês que até destas
pedras Deus pode fazer descendentes de Abraão! 10 O machado já está pronto para
cortar as árvores pela raiz. Toda árvore que não dá frutas boas será cortada e jogada
no fogo. 11 Eu os batizo com água para mostrar que vocês se arrependeram dos seus
pecados, mas aquele que virá depois de mim os batizará com o Espírito Santo e fogo.
Ele é mais importante do que eu, e não mereço a honra de carregar as sandálias dele.
12 Com a pá que tem na mão ele vai separar o trigo da palha. Guardará o trigo no seu
depósito, mas queimará a palha no fogo que nunca se apaga. 13 ¶ Naqueles dias,
Jesus foi da Galiléia até o rio Jordão a fim de ser batizado por João Batista. 14 Mas
João tentou convencê-lo a mudar de ideia, dizendo assim: -Eu é que preciso ser
batizado por você, e você está querendo que eu o batize? 15 Mas Jesus respondeu: -
Deixe que seja assim agora, pois é dessa maneira que faremos tudo o que Deus quer. E
João concordou. 16 Logo que foi batizado, Jesus saiu da água. O céu se abriu, e Jesus
viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre ele. 17 E do céu veio
uma voz, que disse: -Este é o meu Filho querido, que me dá muita alegria! 1 Então o
Espírito Santo levou Jesus ao deserto para ser tentado pelo Diabo. 2 E, depois de
passar quarenta dias e quarenta noites sem comer, Jesus estava com fome. 3 Então o
Diabo chegou perto dele e disse: -Se você é o Filho de Deus, mande que estas pedras
virem pão. (Mateus 3:1-4:3 BLH)
Um homem sai de sua casa porque sabe que é chegada a época de desenvolver sua
missão como salvador do mundo. Esse homem, Jesus, desce da Galileia rumo ao rio
Jordão para encontrar aquele que era considerado o profeta, o homem de Deus.
Para isso, Jesus precisa atravessar um deserto - deserto em todos os sentidos – longe
de casa e a caminho de algo que sabe ser importante mas que ainda não sabe
exatamente como vai ser. E Jesus faz a coisa certa, humildemente se apresenta a João
Batista até então considerado o profeta, o homem de Deus.
João Batista
João Batista pregava o batismo de arrependimento. Todos vinham de longe procurá-lo
porque se sentiam pecadores. Provavelmente cumpriram suas cerimônias rituais no
34
Templo mas alguma coisa estava faltando a eles . E o profeta era exigente, no
texto paralelo de Lucas 3 , João reivindicava que as pessoas apresentassem sinais de
arrependimento, mudanças de atitude tais como atenção com os pobres,
contentamento com a vida e os salários, etc...
João Batista deixava bem claro que os judeus não seriam salvos por serem meramente
descendência de Abraão e as promessas de Deus a ele, mas que havia algo mais que
estaria a caminho - o Reino dos Céus e o Messias estariam próximos!
O homem Jesus pede para ser batizado por João. Mas, por que se ele não era
pecador? Provavelmente Jesus fez isso como um sinal da aceitação de sua missão e
para se envolver com aqueles que iria salvar. E foi aí que aconteceu a experiência de
amor que iria suprir toda a sua obra pessoal – ouvir a voz do Pai.
A voz do Pai e a declaração de adoção
Seria isso importante nos dias de hoje ou só o foi para quem iria morrer na cruz?
Paulo no livro de Romanos nos ensina:
14 Pois aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. 15 Porque o
Espírito que vocês receberam de Deus não torna vocês escravos e não faz com que
tenham medo. Pelo contrário, o Espírito torna vocês filhos de Deus; e pelo poder do
Espírito dizemos com fervor a Deus: "Pai, meu Pai!" 16 O Espírito de Deus se une com
o nosso espírito para afirmar que somos filhos de Deus. 17 Nós somos seus filhos, e por
isso receberemos as bênçãos que ele guarda para o seu povo, e também receberemos
com Cristo aquilo que Deus tem guardado para ele. Porque, se tomamos parte nos
sofrimentos de Cristo, também tomaremos parte na sua glória. 18 Eu penso que o que
sofremos durante a nossa vida não pode ser comparado, de modo nenhum, com a
glória que nos será revelada no futuro. 19 O Universo todo espera com muita
impaciência o momento em que Deus vai revelar o que os seus filhos realmente são.
(Romanos 8:14-19 BLH)
Paulo diz que o Espírito de Deus se une ao nosso para nos dar a convicção íntima de
que somos filhos de Deus. Não dá para explicar. Quem é filho de Deus sabe que é!
A experiência de Jesus em seu primeiro deserto é sentir-se filho amado por Seu Pai. É
a experiência de nosso primeiro deserto quando nos convertemos e sentimos o amor
de Deus por nós.
O segundo deserto
Se encerrássemos nossa leitura no final do cap.3 de Mateus seria algo apoteótico,
magnífico. Só que... vem o segundo deserto e o próprio Espírito Santo se encarrega de
levar Jesus para esse deserto onde a experiência com o amor do Pai seria posta à
prova. A tentação satânica é exatamente quebrar aquele vínculo criado no batismo do
rio Jordão. Deus havia falado Este é o meu Filho querido, que me dá muita alegria!
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O diabo vem então e diz : -Se você é o Filho de Deus, mande... prove!!!
Com isso, cria dúvidas afetivas pois exigia o milagre que comprovaria a afetividade, ou
seja, “Se és...prova!”.
A experiência do segundo deserto não acontece apenas com Jesus. Acredito que nós
mesmos passamos pelos dois desertos. Na experiência do primeiro deserto precisamos
perceber que somos os filhos amados e que o Pai tem prazer em nós.
Na experiência do segundo deserto precisamos enfrentar os obstáculos que querem
quebra o vínculo Pai- filho, Deus-nós.
Os desertos de nossa vida poderão ser usados a nosso favor se eles se tornarem
momentos em que procuramos mais intensamente a intimidade com Deus. Oração,
leitura da Bíblia, jejum e comunhão com os irmãos nos ajudarão a enfrentar esses
momentos, ressignificar nossas convicções íntimas de filhos e crer que não precisamos
ficar discutindo com Satanás. Basta estarmos firmes na Palavra (foi tudo o que Jesus
precisou e ele é o nosso modelo de espiritualidade).
Que o Espírito Santo possa aumentar suas convicções íntimas como um filho amado do
Pai!
Boa meditação!
Jorge Wilson
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A Parábola do Semeador
Ou a Parábola dos Terrenos e da Candeia
O Cenário
1 Depois disso Jesus ia passando pelas cidades e povoados proclamando as boas novas
do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele, 2 e também algumas mulheres que
haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de
quem haviam saído sete demônios; 3 Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de
Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus
bens.4 Reunindo-se uma grande multidão e vindo a Jesus gente de várias cidades, ele
contou esta parábola:
Acho muito interessante Lucas ter colocado esses dados referentes a essas mulheres e
seu envolvimento com Jesus dando suportes variados, inclusive $$$ ao ministério de
Jesus. Haviam tido experiências pessoais fortes com o Mestre e, como guardaram a
Palavra, resolveram se empenhar presencialmente com Jesus e seu grupo. Parece que
foram assimiladas como “discípulas”, pois o texto refere que iam além dos Doze. É
importante compreender esse cenário de dedicação delas, pois nos prepara o coração
e a mente para a Parábola do Semeador (ou dos Terrenos) e a da Candeia que lemos
a seguir no mesmo capítulo de Lucas:
A Parábola do Semeador
5 “O semeador saiu a semear. Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do
caminho; foi pisada, e as aves do céu a comeram.
6 Parte dela caiu sobre pedras e, quando germinou, as plantas secaram, porque não
havia umidade.
7 Outra parte caiu entre espinhos, que cresceram com ela e sufocaram as plantas.
8 Outra ainda caiu em boa terra. Cresceu e deu boa colheita, a cem por um”.Tendo dito
isso, exclamou: “Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!”
9 Seus discípulos perguntaram-lhe o que significava aquela parábola.
10 Ele disse: “A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino de Deus, mas
aos outros falo por parábolas, para que “ ‘vendo, não vejam; e ouvindo, não entendam.
11 “Este é o significado da parábola: A semente é a palavra de Deus.
12 As que caíram à beira do caminho são os que ouvem, e então vem o Diabo e tira a
palavra do seu coração, para que não creiam e não sejam salvos.
37
13 As que caíram sobre as pedras são os que recebem a palavra com alegria quando a
ouvem, mas não têm raiz. Crêem durante algum tempo, mas desistem na hora da
provação.
14 As que caíram entre espinhos são os que ouvem, mas, ao seguirem seu caminho,
são sufocados pelas preocupações, pelas riquezas e pelos prazeres desta vida, e não
amadurecem.
15 Mas as que caíram em boa terra são os que, com coração bom e generoso, ouvem a
palavra, a retêm e dão fruto, com perseverança.
Jesus estava falando das várias reações à mensagem do Evangelho. Geralmente
pensamos em termos de evangelização com algo repentino, explosivo e de efeitos
imediatos. Mas Jesus associa o Evangelho com a imagem de uma semente – algo que
tem o potencial para crescer mas precisa de tempo e condições. E nesse tempo as
atitudes podem ser de quatro tipos: indiferente, emocional, mundana e frutífera.
Como ensina o v.15 é necessário saber e querer ouvir, reter a palavra do Evangelho
para se dar fruto e, finalmente, perseverar nessa atitude.
E a parábola a seguir nos ensina como frutificar:
A Candeia
16 “Ninguém acende uma candeia e a esconde num jarro ou a coloca debaixo de uma
cama. Ao contrário, coloca-a num lugar apropriado, de modo que os que entram
possam ver a luz.
17 Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não
venha a ser conhecido e trazido à luz.18 Portanto, considerem atentamente como vocês
estão ouvindo. A quem tiver, mais lhe será dado; de quem não tiver, até o que pensa
que tem lhe será tirado”.
A luz da candeia, embora fraca, se colocada com cuidado no lugar devido seria
percebida por quem quer que entrasse na casa. É preciso querer entrar nessa casa e
uma vez percebida essa luz da candeia, embora ela pareça fraca é suficiente para
revelar o que está oculto em mim e no meu próximo. Acho até bom que essa luz seja
fraca pois talvez meu Pai queira trabalhar aos poucos tanto em mim como aqueles a
quem a minha vida atinge, sem nos assustar com a revelação integral dos nossos
pecados. Isto é necessário para afofar os nossos terrenos, a raiz da semente possa
crescer e finalmente possamos frutificar. È todo um processo desde que se preste
atenção:
18 Portanto, considerem atentamente como vocês estão ouvindo
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Escreva abaixo sua oração. Medite sobre que tipo de terreno você tem oferecido à
Semente? Se você entrou na casa onde está a candeia (onde o Espírito Santo brilha
dentro de algum cristão que você conhece), deixe essa luz lhe revelar o que ela quiser
revelar – quem você é e onde deve mudar. Só assim você afofa seu terreno para a Boa
Semente do Pai.
Minha oração:
Jorge Wilson
39
Quanto você vale.
Tendo Jesus partido dali, entrou na sinagoga deles. Achava-se ali um homem que tinha
uma das mãos ressequida; e eles, então, com o intuito de acusá-lo, perguntaram a
Jesus: É lícito curar no sábado? Ao que lhes respondeu: Qual dentre vós será o homem
que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não fará todo o esforço,
tirando-a dali? Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito, nos
sábados, fazer o bem. Então, disse ao homem: Estende a mão. Estendeu-a, e ela ficou
sã como a outra. Retirando-se, porém, os fariseus, conspiravam contra ele, sobre como
lhe tirariam a vida. Mas Jesus, sabendo disto, afastou-se dali. Muitos o seguiram, e a
todos ele curou, advertindo-lhes, porém, que o não expusessem à publicidade, para se
cumprir o que foi dito por intermédio do profeta Isaías: Eis aqui o meu servo, que
escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz. Farei repousar sobre ele o
meu Espírito, e ele anunciará juízo aos gentios. Não contenderá, nem gritará, nem
alguém ouvirá nas praças a sua voz. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a
torcida que fumega , até que faça vencedor o juízo. E, no seu nome, esperarão os
gentios. (Mateus 12:9-21 RA)
Quanto vale um ser humano?
Nos versículos 6 e 7 Jesus havia dito, (relembrando Oséias 6:7-8) :
aqui está quem é maior que o templo. Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia
quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes. (Mateus 12:6-7 RA ).
O próprio Deus declara a importância de se conceder dignidade ao ser humano, pois
nem o culto ao Senhor é desculpa para falta de amor ao próximo.
Jesus coloca que se o salvar a vida de um homem ou animal não pode esperar,
restaurar a dignidade do ser humano também não. Ele se preocupa com as muitas
“canas quebradas” e esses “pavios quase apagando de vez” que existem por aí. Ele se
preocupa com os que caminham sem esperança e de olhos pro chão. Se for o seu
caso, saiba que, sem fazer barulho, Ele quer te consertar, te acender.
Acredite, você vale muito!
E todos os que esperam nEle, também.
E no seu nome esperarão os gentios.
Jorge Wilson
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Preparando-se para a oração e meditação
Quietude e solitude
Loucura? Mas é assim!
Certamente gastamos muito mais energia (e tempo) do que deveríamos porque em
nosso dia de 24 horas não conseguimos dedicar o tempo necessário à intimidade com
o Pai e receber a Sua direção em nossa vida. Mas, vamos tentar virar este jogo!
Nesta questão da busca da intimidade com o Pai, somos todos amadores. Falando
nisso, fique tranquilo - o Pai gosta de amadores – o que Ele não gosta é de gente
“religiosa” (deram muito trabalho para Jesus e sem proveito algum). O Pai nos ensina
a viver um dia de cada vez e neste encontro vamos reconhece-Lo junto a nós.
Se não na teoria, na prática vivemos como se tivéssemos um Deus impessoal –
algo tipo Internet, um provedor à distância, literalmente. Utilizamo-nos dele
quando precisamos e temos o poder de pedir a “desconexão” quando
satisfeitos. Mas, a Bíblia faz referência a um Deus que sente tristeza, que é
pessoal que quer se relacionar, falar, conversar conosco. Só que um bom
relacionamento pressupõe intimidade, conversa, tempo – todos nós sabemos
disso. Quando tentamos nos comunicar, sem intimidade com o Pai, incorremos
na tragédia humana, qual seja: dizer a Deus quem Ele é e o que Ele deve fazer!
Ao invés de esperar as Suas boas respostas e sermos surpreendidos por Ele e
pelo Seu amor, queremos controlá-Lo para assim “garantir a qualidade da
resposta”.
Só que Ele é o Criador e nós, as criaturas!
Nesse conhecimento do Pai eu sempre vou me surpreender. Nunca vou saber quem
Deus é. Em Êxodo 33:17-23 Ele se dá a conhecer a Moisés pelas costas, pois ninguém
conseguiria ver a face do Senhor a sair vivo do encontro. Todo o nosso conhecimento
é parcial e limitado - precisamos ter humildade, qualquer que tenha sido a nossa
experiência com Ele. Minha segurança nesse Pai não é pelo que eu conheço dEle, mas
é afetiva! Eu não duvido do seu amor por mim! Esta é a chave do relacionamento.
Muitas vezes achamos que sabemos tudo sobre Deus como se fôssemos donos dEle,
seus criadores. (Essa, aliás, foi a tragédia dos fariseus: achavam sabiam tudo sobre
Deus, e quando surge um Deus “que não se encaixa...” não admitem, não aceitam
Jesus!). Este é o problema da “religião”!
Precisamos diariamente conhecer e desfrutar do amor do Pai, um dos seus atributos
mais marcantes. Esse conhecimento é profundo, pois toca o coração, faz vínculos e
estreita o relacionamento dEle conosco. Esse relacionamento afetivo, essa experiência
com o Seu amor é o eixo central da nossa caminhada na vida cristã. Só assim vou
pensar o que Ele pensa e desejar o que ele deseja. Posso até ter tido experiências
pentecostais, mas não ter uma experiência profunda com o amor de Deus!
O relacionamento de hoje não acumula para amanhã, pois amanhã é outro dia – e
você terá de buscá-Lo novamente!
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Nessa meditação gostaríamos de exercitar nossa alma em dois movimentos:
1. Da ação à contemplação – como eu consigo aquietar minha alma e me
apresento como um filho que retorna ao Pai.
2. Da contemplação à ação – a partir do encontro com meu Pai como posso
caminhar sob a Sua direção.
Faremos esse exercício no sentido da contemplação do amor do Pai através da
quietude, solitude e a leitura meditativa da Sua Palavra.
Quando eu contemplo o Pai, eu O adoro silenciosamente em meu coração. Eu entendo
o que Paulo nos ensina em Romanos 8:16: “O Espírito testifica com o nosso espírito
que somos filhos de Deus”. Quem é filho, sabe que é.
Engraçado, porque nem sempre nós nos sentimos assim – filhos?
Para isso, precisamos contemplá-Lo!
Como fazer esse caminho?
A leitura meditativa (com o coração aberto) da Bíblia me faz conhecê-Lo, aumenta a
minha fé e corrige as minhas imagens erradas do Pai. Ter um encontro com Ele
durante a leitura é uma experiência marcante, sentir as palavras dEle em meu coração
é o meu objetivo. Esse encontro me surpreende e eu contemplo o Seu amor.
É uma experiência do secreto, tenho que ir só. A vida em comunidade é boa, mas não
há ninguém que me faça conhecer de fato o Senhor senão Ele mesmo.
“Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o
Senhor. Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei;
eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Não ensinará jamais cada um ao seu
próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor... porque todos me
conhecerão, desde o menor até o maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei a sua
iniqüidade, e dos seus pecados jamais me lembrarei”. Jeremias 31:33 e 34
É neste confronto com o Pai e na percepção do significado de Suas respostas que eu
sigo descobrindo dia-a-dia a minha verdadeira identidade e consigo direção para a
minha caminhada.
Durante esse período, preste atenção em tudo o que o Espírito lhe fizer perceber.
George MacDonald diz que “as minhas orações não fluem do homem que eu sou, pois
meu coração pode me enganar, mas as respostas do Pai vêem para o homem que eu
realmente devo ser”.
Antes de ler os textos, procure “estar presente”, ou seja, desligue-se de problemas que
ficaram no escritório, em casa, etc... Feche os olhos por alguns minutos (5 a 10). No
início parecerá difícil, mas depois você vai se acostumar. Deixe as idéias irem e virem,
quaisquer que sejam. Quando sua mente e coração se acalmarem, faça a leitura do
texto recomendado, pois na meditação cristã coração e mente funcionam juntos!
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Além de nos aquietarmos, ficaremos em solitude. “Solitude” vem da palavra solus, que
significa estar só. A grande verdade é que produzimos muito barulho na nossa alma e
por isso não conseguimos ouvir a voz de um Pai que fala. Também vivemos na ilusão
de controlar nosso próprio destino e criamos uma identidade enganosa respeito de nós
mesmos. A verdade é que:
Não somos quem nós nos sabemos ser, mas quem Deus sabe que somos.
Não somos o que podemos adquirir e conquistar, mas o que recebemos.
Não somos o dinheiro que ganhamos, os amigos que fazemos ou os resultados
que conseguimos.
Somos antes quem Deus nos fez em seu infinito amor.
E é daí que vem a nossa dignidade!
A solitude envolve oração, leitura espiritual e estar a sós com o Pai. Tudo isso visa
desenvolver uma consciência da voz do Pai em nossos corações que diz: ”Eu te amei
muito antes que você pudesse Ter amado outras pessoas. Eu te aceitei muito antes
que você pudesse ter aceito outras pessoas”.
Você pode perguntar: - O que faço em minha solitude?
A resposta é: nada. Apenas esteja presente para Ele que deseja a sua atenção e
escute!
É nessa presença “inútil” diante de Deus que podemos morrer gradualmente para
nossas ilusões de poder e controle e dar ouvidos à voz de amor escondida no centro
de nosso ser, e deixarmo-nos ler por Ele! É quando conseguimos ver nosso próprio eu
pecador num espelho tranqüilo e confessar que também somos promotores de guerras
é que poderemos estar prontos para começar a caminhar humildemente na estrada
para a paz.
O apóstolo Paulo tinha um propósito na vida: [Pois o meu propósito, bem
determinado,] é conhece-lo – é conhecer progressivamente a Cristo com maior
profundidade e intimidade, percebendo, reconhecendo e entendendo [as maravilhas de
sua Pessoa] de modo mais forte e com maior clareza. E, da mesma forma, chegar a
conhecer o poder que flui da sua ressurreição [o poder exercido sobre os crentes]; e
assim compartilhar de seus sofrimentos, sendo continuamente transformado [em
espírito na sua exata semelhança] na sua morte. (Filipenses 3:10 - Versão Amplificada
da Bíblia)
É nesse encontro que o Pai nos revela quem realmente somos!
Jorge Wilson
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O que foi que eu não vi
Meditação sobre a Graça
1 “Pois o Reino dos céus é como um proprietário que saiu de manhã cedo para
contratar trabalhadores para a sua vinha. 2 Ele combinou pagar-lhes um denário pelo
dia e mandou-os para a sua vinha.3 “Por volta das noves hora da manhã, ele saiu e viu
outros que estavam desocupados na praça, 4 e lhes disse: ‘Vão também trabalhar na
vinha, e eu lhes pagarei o que for justo’. 5 E eles foram. “Saindo outra vez, por volta do
meio-dia e das três horas da tarde, fez a mesma coisa. 6 Saindo por volta das cinco
horas da tarde, encontrou ainda outros que estavam desocupados e lhes perguntou:
‘Por que vocês estiveram aqui desocupados o dia todo?’
7 ‘Porque ninguém nos contratou’, responderam eles.“Ele lhes disse: ‘Vão vocês
também trabalhar na vinha’.8 “Ao cair da tarde, o dono da vinha disse a seu
administrador: ‘Chame os trabalhadores e pague-lhes o salário, começando com os
últimos contratados e terminando nos primeiros’.9 “Vieram os trabalhadores
contratados por volta das cinco horas da tarde, e cada um recebeu um denário. 10
Quando vieram os que tinham sido contratados primeiro, esperavam receber mais. Mas
cada um deles também recebeu um denário. 11 Quando o receberam, começaram a se
queixar do proprietário da vinha, 12 dizendo-lhe: ‘Estes homens contratados por último
trabalharam apenas uma hora, e o senhor os igualou a nós, que suportamos o peso do
trabalho e o calor do dia’.13 “Mas ele respondeu a um deles: ‘Amigo, não estou sendo
injusto com você. Você não concordou em trabalhar por um denário? 14 Receba o que
é seu e vá. Eu quero dar ao que foi contratado por último o mesmo que lhe dei. 15 Não
tenho o direito de fazer o que quero com o meu dinheiro? Ou você está com inveja
porque sou generoso?’16 “Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão
últimos”. Mateus 20
O contexto dessa parábola começa com a pergunta de Pedro no final do capítulo 19 de
Mateus. Pedro pergunta: “Nós deixamos tudo para seguir-te! Que será de nós?”
Jesus conta esta parábola para deixar claro que haverá recompensas para todos que
responderem ao chamado do discipulado com Ele e aceitarem os riscos.
Os trabalhadores da primeira hora olharam para trás e só viram o trabalho que
tiveram. Não lembraram que tiveram seu sustento garantido desde o inicio do dia ao
contrário dos demais.
Não viram que , mesmo que não tivessem encontrado o dono da vinha na primeira
hora seus familiares não teriam dificuldades pois o denário – o salário de um dia de
trabalho, estaria garantido. Não ficaram com sentimentos de injustiça pois afinal de
contas haviam acordado com o dono da vinha pelo denário. Foi pior, tiveram inveja
dos trabalhadores da undécima hora. Talvez tenham ficado enciumados com a atitude
do dono da vinha para com os trabalhadores da undécima hora.
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O interessante é que o acordo só foi feito com os trabalhadores enviados pela manhã –
um denário. Com os demais foi apenas dito que receberiam o que fosse justo não
sendo especificada a quantia. Acreditaram no caráter justo do dono da vinha e
resolveram arriscar.
Os da primeira hora não conseguiram se sentir felizes com o dono da vinha no
momento em que este garantiu a sobrevivência dos que quase não trabalharam,
mesmo à custo da descapitalização do negócio pois afinal, poderiam ser muitos.
E nós?
Como nos sentimos ao vermos Deus abençoar irmãos recém chegados em nossa
vinha? Será que nosso coração por vezes não levanta alguma suspeita que Nosso Pai
gosta mais deles do que nós? Realmente nos sentimos felizes quando nosso irmão
parece, digo, parece (mas não é) mais abençoado que nós?Acho que caímos
frequentemente nessa armadilha satânica de suspeitarmos do amor do Nosso Pai.
Essa parábola vem me falar da Graça de Deus e me mostrar como tenho dificuldade
em aceitar essa graça mas preciso olhar para trás e responder à pergunta do início
dessa meditação e mais algumas:
O que foi que eu não vi ou não me lembro das muitas vezes em que fui
abençoado?
Há quanto tempo posso contar com a fidelidade e o suprimento desse Pai em
minha vida?
Foi o dono da vinha que acordou cedo para contratar os trabalhadores – será
que já percebi que a primeira iniciativa é sempre de meu Pai?
Para usufruir da Graça será que não preciso rever meus conceitos moralistas ou
legalistas?
Será que eu entendi que Meu Pai estende os mesmos benefícios para todos os
que se submetem ao seu domínio na vinha independentemente de quando
foram chamados para trabalhar nela ?
Espero que você tenha crescido na Graça ao responder essas perguntas. Leia agora a
oração de Paulo pelos efésios que , de propósito,tomei a liberdade de colocar na
primeira pessoa do singular numa tentativa de nos aproximar mais com o
entendimento dessa Graça. Após ler o texto de Paulo, complemente essa oração com a
sua própria:
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3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que meabençoou com todas
as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. 4 Porque Deus meescolheu nele
antes da criação do mundo, para ser santo e irrepreensível em sua presença. 5 Em
amor mepredestinou para ser adotado como filho , por meio de Jesus Cristo, conforme
o bom propósito da sua vontade, 6 para o louvor da sua gloriosa graça, a qual medeu
gratuitamente no Amado.7 Nele tenho a redenção por meio de seu sangue, o perdão
dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus, 8 a qual ele derramou sobre
mimcom toda a sabedoria e entendimento. 9 E merevelou o mistério da sua vontade,
de acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo, 10 isto é, de fazer
convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude
dos tempos. 11 Nele fui também escolhido, tendo sido predestinado conforme o plano
daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade, 12 a fim de que
eu , que primeiro espero em Cristo, seja para o louvor da sua glória. Efésios 1
Escreva aqui sua oração como trabalhador dessa vinha:
Jorge Wilson
Textos Bíblicos – CDROM – NVI -Concordância Exaustiva da Bíblia Sagrada
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E se o seu candidato não ganhar?
Você tem combustível para aguentar?
Jesus disse: - Naquele dia o Reino do Céu será como dez moças que pegaram as suas
lamparinas e saíram para se encontrarem com o noivo. Cinco eram sem juízo, e cinco
eram ajuizadas.As moças sem juízo pegaram as suas lamparinas, mas não levaram óleo
de reserva. As ajuizadas levaram vasilhas com óleo para as suas lamparinas. Como o
noivo estava demorando, as dez moças começaram a cochilar e pegaram no sono. -À
meia-noite se ouviu este grito: "O noivo está chegando! Venham se encontrar com ele!"
-Então as dez moças acordaram e acenderam as suas lamparinas.
Aí as moças sem juízo disseram às outras: "Dêem um pouco de óleo para nós, pois as
nossas lamparinas estão se apagando".- "De jeito nenhum", responderam as moças
ajuizadas. "O óleo que nós temos não dá para nós e para vocês. Se vocês querem óleo,
vão comprar!" -Então as moças sem juízo saíram para comprar óleo, e, enquanto
estavam fora, o noivo chegou. As cinco moças que estavam com as lamparinas prontas
entraram com ele para a festa do casamento, e a porta foi trancada. -Mais tarde as
outras chegaram e começaram a gritar: "Senhor, senhor, nos deixe entrar!" -O noivo
respondeu: "Eu afirmo a vocês que isto é verdade: Eu não sei quem são vocês!" E
Jesus terminou, dizendo: -Portanto, fiquem vigiando porque vocês não sabem qual será
o dia e a hora.(Mateus 25:1-13 BLH)
Estamos em época de eleições, vivendo uma festa da democracia, mas...preocupados
com o nosso país! Vivemos um clima de expectativas, pois as "aflições" de todo tipo
são nacionais e internacionais. Esperamos um novo governo, um novo ministério (um
novo "pacote" de medidas “ .
Após digitar nosso voto na urna, ficamos como as noivas do texto: esperando!
Transformando chronos em kairós.
A espera às vezes traz consigo o tédio, a desesperança. Isto acontece porque não
"curtimos" o tempo. Estamos sempre tão preocupados com as coisas por fazer que
não percebemos o trabalho do Pai hoje. Ele é o Dono da História. Mesmo que o
meu candidato não ganhe todos os eventos históricos estão debaixo de Seu controle.
Para quê?
- Para que cresçamos e nos tornemos maduros!
(E serei maduro quando aprender a transformar meu tempo de "chronos" (tempo
cronológico) em "kairós" - oportunidade – parece haver um propósito intencional
nesses momentos).
Essa transformação - chronos em kairós – demanda "muito óleo em nossas
lamparinas – o Espírito do Pai é esse óleo que mantém nossa luz e nossa esperança
acesas. O tempo da espera, o cansaço e o tédio atingem a todos: Como o noivo estava
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demorando, as dez moças começaram a cochilar e pegaram no sono. Mas o texto me ensina
que: eu posso até dormir, mas não devo ficar no escuro: As ajuizadas levaram
vasilhas com óleo para as suas lamparinas. A minha lamparina tem que continuar
acesa para poder iluminar o caminho até meu Pai.
Se eu tiver óleo, terei luz para ver o caminho até o Noivo e assim, enquanto eu espero,
mantenho a minha esperança!
Thomas Merton disse:
"A real esperança não reside em alguma coisa que possamos fazer, mas em Deus, que
está fazendo alguma coisa boa, de um modo que não podemos ver".*
Camus (cit. por Rubens Alves) nos ensina que esperança é diferente de otimismo:
Otimismo é quando, sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de
dentro. Esperança é quando, sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes
a borbulhar dentro do coração.
E Rubem Alves complementa: Otimismo é alegria "por causa de": coisa humana,
natural. Esperança é alegria a despeito de: coisa divina.
"O otimismo tem suas raízes no tempo. A esperança tem suas raízes na
eternidade. O otimismo se alimenta de grandes coisas. Sem elas, ele morre. A
esperança se alimenta de pequenas coisas. Nas pequenas coisas ela
floresce".**
A fé e o amor que temos são baseados naquilo que esperamos e que está guardado
para nós no céu.
Boa meditação!
Jorge Wilson
* Cit. em Transforma meu pranto em dança. Henri Nouwen, São Paulo, pág. 59.
**Rubem Alves – Concertos para o corpo e alma - Ed. Papirus pág 159-160 (6ª edição).
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ANOTAÇÕES
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