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6. 0 DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA
ALEM A: A CONTRIBUICAO DE MAX WEBERPara 0 positivismo, 0 que 0 cientista tem diante de si , com
hist6ria, e 0 processo universal de evolu,yao da humanidade, cujo
estagios ele pode perce bel' pelo metodo comparativo, capaz de apro
ximar sociedades humanas de todos os tempos e lugares. A hist6ri
particular de cada sociedade desaparece frente a essa lei geral que
pensadores positivistas tentaram reCOl1struir. Essa forma de pensar f
desaparecer as particularidades hist6ricas, assimcomo os indivfduos
saodissolvidos em meio as forc;as sociais impositivas.
Ao definir 0 que e uma especie social, Durkheim, em uma not
de pe de pagina em seu livro As regras do metodo sociol6gico, alert
para que nao se confunda uma especie social com as fases hist6ricaspelas quais ela passa. Diz ele:
o positivismo foi 0 pensamento predominante na Franc;a e naInglaterra, no seculo XIX, nascido principal mente de conentes filoso-
ficas da Ilustrac;ao e do papel desses paises na expansao colonialista.
A Alemanha, tendo se unificado tardiamente como nac;ao, ingressou
com atraso na conida da industrializac;ao e do imperialismo. Na Ale-
manha, 0 positivismo teve menor repercussao. A grande fonte filos6fica
ali foi 0 idealismo de. Immanuel Kant e Georg Friedri~h Hegel, que
exerceram grande infl~encia sobre 0 nascente pensamento sociol6gico
desenvolvido pOl' Ferdinand Tonnies, Georg Simmel, Werner Sombart
e Max Weber.
As filosofias kantiana e hegeliana preocuparam-se menos com 0
objclo do conhecimento do que com a maneira como a razao podia
aprccndc-Io. Dizia Kant que, "embora todo 0 nosso conhecimento co-
mccc com a experiencia, nao e verdadeiro que ele derive todo des sa
expcriencia" .
o conhecimento, para a filosofia alema, e huto da relac;ao darazao com os objetos do mundo. Assim sendo, 0 conhecimento naoC objctivo pel a simples natureza da razao ou pel a racionalidade do
objeto, como sustcntavam alguns dos filosofos da Ilustrac;ao, mas peln
forma como se conduz 0 ato de conhecer. Ha, portanto, no idealismo
alemao, uma nova concepC;ao de objetividade do conhecimento humano:
os acontecimentos nao sao apenas vividos, mas tambem pens ados e,
conseqUentemente, a ciencia nao pode apreende-Ios apenas pela sua
exterioridade, mas tambem pela maneira como sac interiorizados pelos
indivfduos.
Esses pressupostos tiveram grande influencia sobre 0 desenvolvi-
men to da Sociologia alema, na elaboraC;ao dos conceitos e do metodo
de pesquisa.
"Desde suas origens, passou a Fran
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Weber. figura dominante na So-
ciologia alema, tendo forte forma-
y30 historica, se opora a essa con-
cepy30. Para ele, a pesq uisa hist6-
rica c essencial para a compreensaoclas socicdades. Essa pesquisa hist6-
rica. bascada na coleta de documen-
tos e no csforyo interpretativo das
fontes, permite 0 entendimento das
diferenyas sociais, que seriam, para
Weber. de genese e formayao, e nao
de estagios de evoluyao.
POI'tanto, segundo a perspectiva
de Weber, 0 carater""Particular e
especffico de cada formac;ao social
e historica contemporanea deve ser
respeitado. 0 conhecimento histo-
rico, entendido como a busca de
cvidcllcias, torna-sc urn poderoso
instrurncnto para 0 cicntista social.
Webcr conscgue combinar duas
perspectivas: a historiogrMica, que
rcspeita a particularidade de cad asocicclade, e a sociol6gica, que rcs-
salta os elcmcntos mais gerais dc ca-
da fase do proeesso historico. Em
"As causas sociais do declinio da
cu!tura antiga", ele estabeJeceu,
Cl)111 base em textos e documentos,
as transformac;oes cia sociedade 1'0-
mana cm funyao da utilizayao da
Imio-de-obra escrava e do servo de
gleba, mostrando a passagem da An-
tiguidade para a sociedade medieval.
Weber, entretanto, nao achava que uma sucessao de fatos hist6,
ricos fizesse sentido pOI' si mesma. Para ele, todo historiador trabalha
com dados esparsos e fragmentarios. POI' isso, propunha para esse
trabalho 0 metodo compreensivo, isto eLum esforc;o interpretativo do
passado e de sua repercussao nas '~~teri"S"tIcas-I;eculiares das socie-
dades contemporaneas. Essa atitude'de compreensao e que permite ao
cientista atribuir aos fatos esparsos um sentido social e hist6rico.
Max Weber
( 1864-1920)Cad a ordem social adquiriu, para Weber, especificidade e impo
tancia proprias. Mas 0 ponto de partida da Sociologia de Weber na
estava nas entidades coletivas, grupos ou instituic;oes. Seu objeto d
investigayao c a arao social, a conduta human a dotada de senti d
Assim, 0 homcm ganhou, na teoria weberiana, significado e especifi
cidade. 0homem da sentido a sua a((aO social: estabe1ece a conexa
entre 0 motivo da ayao, a aC;ao propriamente dita e seus efeitos.
Segundo Weber, a ordem social nao difere nem se opoe a
indivfduos como forc;a exterior a e1es, tal como pensava Durkheim:
ao contrario, as normas sociais s6 se torn am eoncretas quando
manifestam em cada indivfduo sob a forma de motiva((ao. Cada sujeit
age leva do pOI' um !Qoti.Y~gu(:_se. orieQt!1P.~L~UTadi((a()l pOI' interesse
racionais ou pela emotividade. 0motivo, quando se manifest a na aC
concreta, da a ela um carateI' - "economico", "politico" etc.
objetivo que tl'ansparece na ac;ao social permite desvendar 0 seu se
lido, que e social na medida em que cada indivfduo age levan do e
conta a resposta ou reac;ao de outros indivfduos.
A tarefa do cientista e descobrir as~~ex5es2SJ.1'~iveis de senti9
eIp rela((aO ao aspecto da realidade sociqlq1,1e the interesse estuda
o sentido, pOl' um lado, e aquele que motiva a ac;ao individual, 1
mula do expressamente pelo agente ou implicito em sua conduta. Poutro lado. a a((30 social gera efeitos sobre a realidade em que ocone
os quais cscapam ao contrale e a previsao do agentc. Ao cicntistcompete cap tar, pois, 0 sentido produzido pelos agentes em todas
suas conseqliencias. As conex6es que 0 cientista estabelece revelam
implicac;oes da aC;ao social - politicas, economicas, religiosas etc.
cientista pode, portanto, descobrir 0 nexo entre as varias etapas e
que se decomp6e a a((aO social. POl' exemplo, 0 simples ato de envi
uma carta se decompoe em uma serie de ac;6es sociais com sentid
- escrever, selar, enviar e receber - que terminam pOI' realizar u
objetivo.
f: 0 indivfduo que, atraves dos valores socia is e de sua motivaC;a
produz 0 sentido da ac;ao social. Isso nao significa que cad a sujeipossa preyer com certeza todas as conseqiiencias de determinada a((
Como dissemos, cabe ao cientista perceber isso. Nao significa tambe
que a analise sociologic a se confunda com a analise psicologica. Tr
ta-se, antes de mais nada, do principio de que qualquer norma soc
so se manifesta atraves dos indivfduos, motivando-os internamente
para a a((ao.
Foi na cidade de Erfurtljue nasceLl Max Weber,numa familia de burgLlescsliberais. Desenvolveu estu-dos de direito, filosofia, his-taria e sociologia, constan-temente interrompidos pOI'uma doen
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metodo de reflexao, nao a objetividade pura dos fatos. Weber relembr
sempre que, embora os acontecimentos sociais possam ser quantifica
veis, a analise do social envolve sempre uma questao de qualidade
interpreta~ao, subjetividade e compreensao.
Por outro lado, Weber distingue a ar;:ao da relar;:ao social. Para
que se estabeJe~a uma relayao social, e precise que 0 sentido seja
compartilhado Por exemplo. um sujeito que pede uma informayao a
outro estabelcce uma aC;aosocial: ele tem urn motivo e age em relayao
a outro individuo, mas tal motivo nao e compartilhado. Numa salade aula. onde 0 objetivo da ac;ao dos varios sujeitos c compartilhado.
existe uma reJayno social.
Pela freqi.iencia com que determinadas ayoes sociais se manifes-
tam, 0 cientista pode conceber as tendencias gerais que levam os indi-
vfduos. em determinada sociedade, a agir de determinado modo.Para atingir a explica~ao dos fatos sociais, Weber construiu u
instrumento de analise que chamou de t ipo ideal. Trata-se de um
cria~ao abstrata a partir de casos particulares o.bservados.
Ele da como exemplo a constru-
~ao do tipo ideal de uma sociedade
onde a produc;ao e artesanal. 0
cientista pode, atraves de observa-
~oes sistematicas dos casos particu-
lares, construir urn modelo de como
seriam as 1'elac;oes politicas, econo-
micas e sociais das sociedades arte-
sanais, acentuando os tra~os que
lhe pareyam mais caracteristicos.
NenhulU exemplo represent a real-
mer.te esse tipo ideal, uma vez que
eIe c construfdo a partir dos casos
particulares de ordcns sociais dife-
rentes no tempo e no espa~o. Mas
esse modelo ajuda as comparayoes e
a percep
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3. Ao cientista cabe, segundo Weber, estabelecer conex6es entre
motivayao dos indivfduos e os efeitos de sua ayao no meio socia
Procedendo assim, Weber analisa os valores do catolicismo e
protestantismo, mostrando que os ultimos revel am a tendencia
racionalismo economico que predominara no capitalismo.
4. Para constituir 0 tipo ideal do capitalismo ocidental modemo
Weber estuda as diversas caracterfsticas das atividades economica
em divers as epocas e lugares, antes e ap6s 0 surgimento das ativ
dades mercantis e da industria. E, con forme seus preceitos, constr6
urn tipo gradualmente estruturado a partir de suas manifestayoes
particulares tomadas a realidade hist6rica. Assim, diz ser 0 capitlismo, na sua forma tipica, uma organizayao economica racion
assentada no trabalho livre e orientada para urn mercado real, n
para a mera especulayao ou rapinagem. 0capitalismo promove
separayao entre empresa e residencia, a utilizayao tecnica de conh
cimentos cientificos, 0 surgimento do direito e da administrac;a
racionalizados.
Um dos ,tt;abalhos mais conhecidos e importantes de Wcber e A etica protestante e 0 espirito do capitalisma. no qual ele relaciona
o papel do protestantismo na formac;ao do comportamento tipico do
capitalismo ocidental modemo.
Weber parte de dados estatisticos que the mostraram a proemi-
nencia de adeptos da Reforma entre os grandes homens de neg6cios,
empresarios bem-sucediclos e mao-de--obra qualificada. A partir cIai,
procura estabelecer conexocs entre a cIoutrina e a pregayao protestanlc,
sellS deitos no comportamento dos individuos e sobre 0 desenvolvi-mcn(o capitalista.
.\
\Vcbcr descobre ~~ue valorcs do protestantismo - como a dis-
ciplin
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"Devcmos desenvolver no curso da discussao, como seu resultado ma
importante, a melhor formula9ao conceitual do que entendemos aq
por e spir ito do c a pita lismo, isto e , a me lhor do ponto de vista q
nos inter essa . E ste ponto de vista, a de ma is, nao e , de modo a lgum,
unico possive l a pa rtir do qual 0 fenomeno hist6rico que estamo
investigando possa ser analisado." (p. 28)
6. Qual a diferefl(;a, para Weber, entre (u;:iio e rclcl('iio social'!
7. D e que f or ma 0 idealismo alemao entendia a processo de conheci
mento?
8. Qual a importancia da hist6ria para Weber?
9. Como a cientista deve captar 0 sentido da a9iio social?
10. Como Weber concebe a objetividade cientifica?
11. Como 0 tipo ideal se relaciona com a realidade conereta?
12. 0 que e metodo compreensivo?13.0 que os dados estatisticos revelaram a Weber sobre a rela9iio entr
protestantismo e capitalismo?
14. D e que maneira 0 protestantismo gera condutas adequadas ao cap
talismo?
15. Q ue dif er elll;a s W eber e stabelec e e ntre a s a titudes e a s vis6e s d
mundo de cat6licos e protestantes?
Os trechos de autoria de Webcr, selecionados para estes exereicios.
foram extraidos de A itic a prote stante e 0 espirito do capitalislno.
I. Nas seguintes afirma
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