Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva
Ministro da EducaçãoFernando Haddad
Secretário ExecutivoJosé Henrique Paim Fernandes
Secretária de Educação EspecialClaudia Pereira Dutra
ministério da educaçãosecretaria de educação especial
Saberes e práticasda inclusão
desenvolvendo competências parao atendimento às necessidades educacionais
especiais de alunos cegos e de alunos com baixa visão
Brasília − 2006
FICHA TÉCNICA
Coordenação GeralSEESP/MEC
ConsultoriaMaria Salete Fábio Aranha
Revisão TécnicaMaria Glória Batista MotaDenise de Oliveira Alves
Revisão de TextoMaria de Fátima Cardoso Telles
Série: SABereS e PrÁTiCAS DA iNCLUSÃO
Caderno do Coordenador e do Formador de Grupo
Recomendações para a Construção de Escolas Inclusivas
Desenvolvendo Competências para o Atendimento às Necessidades Educacionais Especiais de Alunos Surdos
Desenvolvendo Competências para o Atendimento às Necessidades EducacionaisEspeciaisdeAlunoscomDeficiênciaFísica/Neuro-motora
Desenvolvendo Competências para o Atendimento às Necessidades Educacionais Especiais de Alunos com Altas Habilidades/Superdotação
Desenvolvendo Competências para o Atendimento às Necessidades Educacionais Especiais de Alunos Cegos e de Alunos com Baixa Visão
AvaliaçãoparaIdentificaçãodasNecessidadesEducacionaisEspeciais
Saberes e práticas da inclusão : desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos cegos e de alunos com baixa visão. [2.ed.]/coordenaçãogeralSEESP/MEC.-Brasília:MEC,SecretariadeEducaçãoEspecial,2006.
208p.(Série:Saberesepráticasdainclusão)
1.Competênciapedagógica.2.Educaçãodos cegos.3.Adequaçãodo currículo. I.Brasil. Secretaria de Educação Especial.
CDU:376.014.53CDU376.32
DadosInternacionaisdeCatalogaçãonaPublicação(CIP)
Apresentação
Prezado(a)Professor(a),
AEducaçãoEspecial,comoumamodalidadedeeducaçãoescolarqueperpassatodasasetapaseníveisdeensino,estádefinidanasDiretrizesNacionaisparaa Educação Especial na Educação Básica que regulamenta a garantia do direito de acesso e permanência dos alunos com necessidade educacionais especiais e orienta para a inclusão em classes comuns do sistema regular de ensino.
Considerandoa importânciada formaçãodeprofessores e anecessidadedeorganização de sistemas educacionais inclusivos para a concretização dos direitos dos alunos com necessidade educacionais especiais a Secretaria de Educação Especial do MEC está entregando a coleção “Saberes e Práticas da Inclusão”,que aborda as seguintes temáticas:
. Cadernodocoordenadoredoformadordegrupo.
. Recomendações para a construção de escolas inclusivas.
. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos.
. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência física/neuro-motora.
. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com altas habilidades/superdotação.
. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos cegos e com baixa visão.
. Avaliaçãoparaidentificaçãodasnecessidadeseducacionaisespeciais.Desejamos sucesso em seu trabalho.
Secretaria de Educação Especial
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
“Oquadroaseguir ilustracomosedeveentendereofertarosserviços
de educação especial, como parte integrante do sistema educacional
brasileiro,emtodososníveisdeeducaçãoeensino”.
(ParecerCNE/CEBNº2/2001)
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Sumário
Introdução
Conhecendo a Deficiência Visual: cegueira e
baixa visão
Consequências da Deficiência Visual:
importância e método de triagem diagnóstica
Suportes para o Aluno com Deficiência Visual:
estimulação sensorial e recursos ópticos
Sistema Braille
Complementações Curriculares Específicas
para a Educação de Alunos Cegos e de Alunos
com Baixa Visão: atividades de vida diária
(AVD) orientação e mobilidade
Complementações Curriculares Específicas para
a Educação de Alunos Cegos: escrita cursiva e
soroban
Ensino da Língua Portuguesa e Ensino da
Matemática
Ensino de Estudos Sociais (Geografia e
História) e Ensino de Ciências
1
57
7
33
11
85
115
127
143
2
3
4
5
6
7
8
Ensino de Arte e de Educação Física
Construção de um Sistema Educacional
Acolhedor para Alunos Cegos e para Alunos
com Baixa Visão - Adequações Curriculares
Avaliação Compreensiva
A Interação Social e o Desenvolvimento de
Relações Sociais Estáveis
9
10
11
12
157
173187
201
�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Introdução
FINALIDADE FavorecercondiçõesparaqueprofessoreseespecialistasemEducaçãopossam
identificareatenderàsnecessidadeseducacionaisespeciaisdealunoscegosede
alunoscombaixavisãopresentesnaclassecomum,doensinoregular.
EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEMAofinaldestemódulo,oprofessordeverásercapazde:
1. Descrevercaracterísticasdacegueiraedabaixavisão,conceitoseclassificações
correntes.
2. Dissertar sobre as implicações da cegueira e da baixa visão para o
desenvolvimento do aluno e para o processo de ensino e aprendizagem.
3. Aplicar o teste de acuidade visual.
4. Discutirsobreanecessidadedeseestimularodesenvolvimentosensorialdo
aluno cego e do aluno com baixa visão .
5. Reconhecer recursos ópticos disponíveis paradiferentes tipos de baixa
visão.
6. DissertarsobreoBraille,comosistemadecomunicaçãoparaoalunocom
deficiênciavisual.
7. Dissertar sobre complementações curriculares específicas (emboranão
exclusivas)paraoensinodealunoscegose/oudealunoscombaixavisão:
Atividades deVidaDiária,Orientação eMobilidade,Escrita cursiva, e
Soroban.
8. DissertarsobreaaplicaçãodosistemaBraillenoensinodediferentesáreas
do conhecimento para alunos cegos.
9. Dissertar sobre adequações curriculares para o acolhimento de alunos cegos
e de alunos com baixa visão.
10.Dissertarcriticamentesobreaavaliaçãocompreensivadoprocessodeensino
e aprendizagem do aluno cego e do aluno com baixa visão.
11. Analisarcriticamenteosdesafiosnoprocessodeensinoeaprendizagem,em
relaçãoaalunoscomdeficiênciavisual.
�
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
12.Planejareimplementarajustescurricularesdepequenoporte:organizacionais,
deobjetivos,deconteúdos,demétodoseprocedimentos,detemporalidadeede
avaliação,considerandoasespecificidadesdecadaáreadoconhecimento.
13. Apontar os ajustes curriculares de grande porte que se mostram necessários
para atender às necessidades educacionais especiais de cada aluno:
organizacionais,deobjetivos,deconteúdos,demétodoseprocedimentos,
de temporalidade e de avaliação.
14.Identificarestratégiasdeaçãovoltadasparaodesenvolvimentodeinterações
sociais e de relações sociais estáveis no contexto da sala inclusiva.
CONTEÚDO1. Adeficiênciavisual:conceituação,sistemasdeclassificação,característicase
implicações(expectativas1e2).
2. Testedeacuidadevisual:EscaladeSnellen(expectativa3).
3. Estimulaçãoedesenvolvimento sensorial: tato,olfato, audição,paladare
sentidosintegrados(expectativa4).
4. Recursosópticosparaaeducaçãodealunoscombaixavisão(expectativa5).
5. SistemaBraille(expectativa6).
6. Complementações curricularesespecíficasparaaeducaçãodoalunocego
e/oudoalunocombaixavisão:orientaçãoemobilidade,atividadesdevida
diária(AVD);sorobaneescritacursiva(expectativa7).
7. Recursosdidáticosparausoemáreasespecíficasdoconhecimento:Língua
Portuguesa,Matemática,HistóriaeGeografia,Ciências,ArteseEducação
Física(expectativa8).
8. AdequaçõesCurriculares(expectativa9).
9. Avaliaçãocompreensivadoprocessodeensinoeaprendizagemeidentificação
denecessidadeseducacionaisespeciais(expectativas10,11,12e13).
10.Estratégiasdeaçãovoltadasparaodesenvolvimentodeinteraçõessociaise
derelaçõessociaisestáveisnocontextodasalainclusiva(expectativa14).
�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino
Fundamental – Deficiência Visual. SérieAtualidadesPedagógicas,
6,vol.1.Brasília:MEC/SEESP,2001.
BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino
Fundamental – Deficiência Visual. SérieAtualidadesPedagógicas,
6,vol.2.Brasília:MEC/SEESP,2001.
BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino
Fundamental – Deficiência Visual. SérieAtualidadesPedagógicas,
6,vol.3.Brasília:MEC/SEESP,2001.
SÃO PAULO. O deficiente visual na classe comum.SãoPaulo:SE/CENP,
1987.
11DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Iº ENCONTRO
1. CONHECENDO A DEFICIÊNCIA VISUAL: CEGUEIRA E BAIXA VISÃO
TEMPO PREVISTO08horas
FINALIDADE DO ENCONTROFavorecercondiçõesparaquecadaparticipantesefamiliarizecomosprincipaisaspectos que constituem a condição de cegueira e a condição de baixa visão: sistema efunçãovisual,conceituação,incidência,causas,sintomas,sinaisindicadoresetiposdedeficiênciavisual(ref.aexpectativa1).
MATERIAL Texto:Brasil. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental
– Deficiência Visual. VoI1,p.29-33,34–35,38-41,46-50,61-74.Brasília:MEC/SEESP,2001.
SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESEste encontro deverá se constituir de diferentesmomentos de interação,objetivando a construção do conhecimento sobre os principais aspectos que constituem a cegueira e a baixa visão.
PERÍODO DA MANHÃ
TEMPO PREVISTO04horas
1. Apresentação dos participantes do grupo (1 h)Primeiramente, o formador deverá propor aos participantes que seapresentem.Para tanto, sugere-seautilizaçãoda técnicadedinâmicade
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
grupodenominadaCosme/Damião.Descreve-se,aseguir,ospassosqueconstituematécnicasugerida.
Objetivos • Favorecer o conhecimento e o entrosamento dos participantes. • Procurardesenvolvera compreensãosobreasexpectativasepossíveis
predisposiçõesdooutro,comrelaçãoaotrabalhoaserdesenvolvido. • Desenvolver a capacidade de ouvir e de sintetizar as informações
transmitidas pelo outro.
Desenvolvimento • Oformadordeveráformarsubgruposde,nomáximo,doisintegrantes,
orientando-osa trocarem idéias,durantedezminutos, sobreos itensconstantesdoroteiro,apresentadoaseguir:
Roteiro da entrevista• Nome• Qualificaçãoprofissional• Históricoprofissional• Funçãoprofissionalatual• Interesses• Qualidadesedefeitos• Competênciasedificuldades• Objetivosprofissionais• Objetivos para este encontroObs:Éimportanteenfatizarabuscadeidentificaçãodascaracterísticaspessoais do companheiro que está sendo entrevistado e anotar suas colocações.
• Apósaentrevistamútua,osparticipantesdeverãosereagruparemgrandecírculo,possibilitandoquecadaumseapresenteaosdemaisintegrantesdogrupo,comosefosseocompanheiroqueentrevistou.Exemplo:JoséentrevistaMariaeMariaentrevistaJosé.ParaaexposiçãoMariadiz:“EusouJosé,etc..eJosédiz:“MeunomeéMaria,etc..
• Aofinaldasapresentações, faz-seaavaliaçãodoexercício,verificandosetodososparticipantesforamapresentadosàplenária.Essaatividadedeveráteraduraçãomáximade45minutos.
2. Estudo dos textos (1 h)O formador deverá dar continuidade às atividades, propondo aosparticipantesque seorganizem,a seguir, emsubgruposdenomáximo
13DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
quatro pessoas, para leitura, identificaçãoediscussão sobreosaspectosrelevantes constantes dos textos abaixo indicados:
SISTEMA E FUNÇÃO VISUAL – CONCEITUANDO A DEFICIÊNCIA VISUAL1
A formaçãoda imagemvisualdependedeuma rede integrada,de estruturacomplexa,daqualosolhossãoapenasumaparte,envolvendoaspectosfisiológicos,funçãosensório-motora,perceptivaepsicológica.
Acapacidadedeveredeinterpretarasimagensvisuaisdependefundamentalmentedafunçãocerebraldereceber,decodificar,selecionar,armazenareassociaressasimagens a outras experiências anteriores.
Paraveromundoemformasecoresénecessárioqueonervoópticoearetina(camadainternaquerevesteacâmaraocular)estejamintactos.Aretinaéformadaporcélulasfoto-receptoras,oscones,responsáveispelavisãocentralevisãodecores,epelosbastonetes,responsáveispelavisãoperiféricaeadaptaçãoapoucailuminação–visãonoturna.
Aconcentraçãodascélulasnervosasnaretinapassaaconstituiramácula,pontocentraldavisão,cujafunçãoéaacuidadevisual,responsávelpelavisãonítidaededetalhes.Asterminaçõesdessascélulasnervosasconstituemonervoópticoqueconduzoestímulovisualaocérebro,ondeasimagenssãointerpretadas.
1 Brasil. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental - Deficiência Visual. Vol. 1,p.29-33,34-35,38-41,46-50,61-74.Brasília:MEC/SEESP,2001.
Estrutura do globo ocular
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Aparteexternaéconstituídapelaesclerótica,membranafibrosaeresistente(o
brancodosolhos),responsávelporsuaproteção.Acórneaétransparente,para
possibilitar a passagem dos raios luminosos.
Atúnicamédiaéconstituídapelacoróide,membranapigmentada,ricaem
vasossangüíneos,responsáveispelairrigaçãoepelanutriçãodaretina.
Ocorpociliar éumespessamentoda túnicamédia, ligandoa coróideà íris.
Produzohumoraquoso,fluidotransparentequeocupaoespaçoentreacórnea
eocristalino,parteanterior.Juntocomohumorvítreo(substânciagelatinosa
e transparente),ocupaoespaçoposteriordocristalinoeretina, formandoos
meioslíquidos.
Aíris,odiscocoloridodosolhos,éformada,napartecentral,pelapupila(menina
dosolhos),quecontrolaaentradaeaquantidadedoestímuloluminoso.Pela
açãodosmúsculosdaíris,controladapelosistemaautônomo,apupilasedilata
noescuroesecontraiemaltailuminação,regulandoaquantidadedeluzque
penetra no olho.
Atrásdaíris,ficaocristalino,umalentebiconvexa,transparente,responsávelpelo
focoenitidezdaimagem.Oestímuloatravessaosdiversosmeiostransparentes,
córnea,humoraquoso,cristalinoecorpovítreo,parachegaraofundodoolho.
Qualquermáformaçãooualteração,nessesistema,podeprejudicarseriamente
afunçãovisual.
Assensaçõesvisuais,recebidasinvertidaspelaretina,sãolevadasaocérebro,
pelonervoóptico,ecorrigidaspelocórtexvisualoccipital,que,interpretadas,
tornam-seconscientes.
Osconesebastonetesfazemsinapsecomcélulasbipolaresque,conectadasàs
célulasganglionares,formamosaxôniosdonervoóptico.
Córtex Visual
As imagensvisuais se formamatravésda excitação,pela luz,dasmoléculas
fotossensíveis,desencadeandoreaçõesquímicasegerandoimpulsosnervosos,que
sãoconduzidospelonervoópticoaocórtexvisual,responsávelpeladecodificação,
interpretação e associação de imagens.
15DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
A Visão Tridimensional
Avisão tridimensional ou estereoscópicaocorrequandohábinocularidade,
possibilitandoapercepçãodaposiçãodosobjetosnoespaço,ocálculodadistância
entreeleseanoçãodeprofundidade.
Aimagemintegradanocérebroocorreporqueainformaçãovisualdeambosos
olhos(visãobinocular)éfundidaemumaúnicaimagem,pelascélulascorticais
conectadas às vias ópticas de ambos os olhos.
Avisãobinocular sedesenvolvenormalmente, seosdoisolhos trabalharem
juntos.Comimagensdiferentespordesviodosolhos(estrabismo)ouporerrode
refração,nãoocorreafusão.Dessaforma,acriançapassaapreferiromelhorolho,
suprimindoaimagemdooutrooufixandoalternadamente,podendodesenvolver
a ambliopia ou baixa visão.
Asalteraçõesda visãobinocular, asdificuldadesde convergência (desvio) e
acomodativas(acomodaçãodalenteocularparaveremdiferentesdistâncias),
podem acarretar na criança sensações desagradáveis como: imagens duplas
(diplopia),dificuldadedediscriminaçãodefigurae fundoedeorientaçãono
espaço.
Essas dificuldades devem ser corrigidas por correção óptica, oclusão ou
intervençãocirúrgica,quandoforocaso,omaiscedopossível,antesdaredução
daplasticidadeneuronalecortical,paraqueacriançatenhaumdesenvolvimento
normaldosistemaefunçãovisual.
Processamento visual
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
CONCEITUANDO A DEFICIÊNCIA VISUAL
Baixa Visão
Éaalteraçãodacapacidadefuncionaldavisão,decorrentedeinúmerosfatoresisoladosouassociados,taiscomo:baixaacuidadevisualsignificativa,reduçãoimportantedo campovisual, alterações corticais e/oude sensibilidade aoscontrastes,queinterferemouquelimitamodesempenhovisualdoindivíduo.
Aperdadafunçãovisualpodesedaremnívelsevero,moderadoouleve,podendoserinfluenciadatambémporfatoresambientaisinadequados.
Cegueira
Éaperdatotaldavisão,atéaausênciadeprojeçãodeluz.
Dopontode vista educacional, deve-se evitar o conceito de cegueira legal(acuidadevisualigualoumenorque20/200oucampovisualinferiora20°nomenorolho),utilizadaapenasparafins sociais,poisnão revelamopotencialvisualútilparaaexecuçãodetarefas.
ABORDAGEM EDUCACIONAL
A comprovação de que portadores do mesmo grau de acuidade apresentam níveisdiferentesdedesempenhovisualeanecessidadederelacionarautilizaçãomáximadavisãoresidualcomopotencialdeaprendizagemdacriança,levouasDras.FayeeBarragaaenfatizaremanecessidadedeumaavaliaçãofuncional,pela observação criteriosa da capacidade e desempenho visual da criança. Sob esseaspectoe,portanto,parafinseducacionais,sãoporelasconsiderados:
Pessoascombaixavisão–aquelasqueapresentam“desdecondiçõesdeindicarprojeçãodeluz,atéograuemqueareduçãodaacuidadevisualinterfereoulimitaseudesempenho”.Seuprocessoeducativosedesenvolverá,principalmente,pormeiosvisuais,aindaquecomautilizaçãoderecursosespecíficos.
1�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Cegas–pessoasqueapresentam“desdeaausênciatotaldevisão,atéaperdadaprojeçãodeluz”.Oprocessodeaprendizagemsefaráatravésdossentidosremanescentes(tato,audição,olfato,paladar),utilizando o Sistema Braille como principal meio de comunicação escrita.
INCIDÊNCIA
DadosdaOrganizaçãoMundialdeSaúderevelamaexistênciadeaproximadamente40milhões de pessoas deficientes visuais nomundo, dos quais 75% sãoprovenientes de regiões consideradas em desenvolvimento.
OBrasil, segundoessamesma fonte,deve apresentar taxade incidênciadedeficiência visual entre 1,0a 1,5%dapopulação, sendodeumaentre3.000criançascomcegueira,edeumaentre500criançascombaixavisão.Observa-sequeaproporçãoéde80%depessoascombaixavisãoede20%depessoastotalmente cegas.
Calcula-sequeosdadosestimadospoderiamserreduzidospelomenosàmetade,sefossemtomadasmedidaspreventivaseficientes.
Ocensoescolar/2002(INEP)registra20.257alunoscomdeficiênciavisualnaeducaçãobásicadosistemaeducacionalbrasileiro.Aanálisedessesdadosrefletequemuitascrianças,jovenseadultoscomdeficiênciavisualencontram-seforada escola.
CAUSAS MAIS FREQUENTES
Causas Congênitas
• RetinopatiadaPrematuridade,grausIII,IVouV–(porimaturidadedaretinaemvirtudedepartoprematuro,ouporexcessodeoxigênionaincubadora).
• Corioretinite,portoxoplasmosenagestação.• Cataratacongênita(rubéola,infecçõesnagestaçãoouhereditária).• Glaucomacongênito(hereditárioouporinfecções).• Atrofiaópticaporproblemadeparto(hipoxia,anoxiaouinfecçõesperinatais).• Degenerações retinianas (SíndromedeLeber, doenças hereditárias ou
diabetes).• Deficiência visual cortical (encefalopatias, alteraçõesde sistemanervoso
centralouconvulsões).
1�
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Causas Adquiridas
Por doenças comodiabetes, descolamento de retina, glaucoma, catarata,degeneração senil e traumas oculares.
PREVENÇÃO DA DEFICIÊNCIA VISUAL NA INFÂNCIA
Emnossomeio,abaixavisãoaindapassa,muitasvezes,despercebidaapaiseprofessores,manifestando-se,comfreqüência,nomomentoemqueaumentamnaescolaosníveisdeexigênciaquantoaodesempenhovisualdacriança,paraperto.Porsuavez,acegueiraémaisfacilmentedetectadaegeralmentediagnosticadamais cedo.
Adetecçãoprecocedequaisquerdosproblemaspodeconstituirfatordecisivonodesenvolvimentoglobaldacriança,desdequesejampropiciadascondiçõesde estimulaçãoadequadaa suasnecessidadesdematuração, favorecendoodesenvolvimento máximo de suas potencialidades e minimizando as limitações impostas pela incapacidade visual.
Emtodasassituaçõesescolares,aprofessoratem,normalmente,oportunidadedeobservar sinais, sintomas, posturas e condutasdo aluno, que indicamanecessidadedeencaminhamentoaumexameclínicoapurado.
SINTOMAS E SINAIS MAIS COMUNS DE ALTERAÇõES VISUAIS
Sintomas:• tonturas,náuseasedordecabeça;• sensibilidadeexcessivaàluz(fotofobia);• visão dupla e embaçada.
Condutas do aluno:• apertaeesfregaosolhos;• irritação,olhosavermelhadose/oulacrimejantes;• pálpebrascomasbordasavermelhadasouinchadas;• purgaçõeseterçóis;• estrabismo;• nistagmo(olhosemconstanteoscilação);• piscarexcessivamente;• crostapresentenaáreadeimplantedoscílios;
1�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• franzimentodatesta,oupiscarcontínuo,parafixarpertooulonge;• dificuldadeparaseguimentodeobjeto;• cautelaexcessivaaoandar;• tropeçoequedafreqüentes;• desatençãoefaltadeinteresse;• inquietaçãoeirritabilidade;• dificuldadeparaleituraeescrita;• aproximaçãoexcessivadoobjetoqueestásendovisto;• posturainadequada;• fadigaaoesforçovisual.
Formas de Prevenção
Ascausasdeorigemgenéticaefamiliar,comoretinitepigmentosa,glaucomaecataratacongênita,podemserevitadascomaconselhamentogenético.
Dentreascausascongênitas,destacam-seosfatoresmaisfreqüentes:gestaçãoprecoce,desnutriçãodagestante,drogasemgeral,álcool,infecçõesduranteagravidez(rubéola,sífilis,AIDS,toxoplasmoseecitomegalovirus).
Existealtaincidênciadedeficiênciavisualseveraassociadaàmúltipladeficiência,emnossomeio,emvistadafaltadeprevenção(vacinaçãodemeninascontraarubéola),oqueevitariaonascimentodecriançascomcataratacongênita,surdezedeficiênciamental.
Todamulherdeveservacinadaantesdeengravidarou,depreferência,noiníciodaadolescência,poisovírusdarubéolamaternaatravessaaplacenta,alterandooprocessodeformaçãoembrionária.
A prevenção depende apenas da política pública, devendo a investigaçãoepidemiológica a ser realizada pelos governos estaduais e municipais.
Atoxoplasmoseétransmitidapeloprotozoário“toxoplasmagondii”,geralmentepormeiodecontatocomanimaisdomésticosinfectados:cães,coelhos,gatos,galinhas, pombos e alimentosmal cozidos.Amãe contagiadanoprimeirotrimestredegestaçãopodegerarumacriança comdeficiênciavisual severa,microcefaliaecalcificaçõescerebrais.
As doenças virais e bacterianas como sarampo,meningites, encefalites,podem acarretar hidrocefalia, oumicrocefalia. São também causas dedeficiência visual que podem ser reduzidas pormedidas eficientes deprevençãodesaúde,comodetecçãoprecocedasalteraçõesvisuais,triagememberçário,crechesepré-escolas.
20
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
TIPOS DE DEFICIÊNCIA VISUAL
As principais alterações visuais na infância são: hipermetropia,miopia,astigmatismo,ambliopiaeestrabismo.Emboraessasalteraçõesnãoconstituamdeficiênciavisual,sãoproblemasvisuaisquedevemserdetectadosetratadosprecocemente, com intervenção clínicaoftalmológica adequada,paraque acriançaatinjaumdesenvolvimentodasfunçõesvisuaisdentrodospadrõesdenormalidade.
Oolhohumanopodever,comnitidez,objetosacurtadistância,desde25cmatémuitosquilômetrosdedistância.Paraqueistoocorra,osmeiosópticoseviasópticasdevemestarintactos,demodoqueaimagemcaptadapelaretinasejatransmitidapelonervoópticoatéocórtexvisual,responsávelpeladecodificaçãoe interpretação das imagens visuais.
Adetecçãoprecoceecorreçãodasprincipaisalteraçõesvisuais,noprimeiroanodevida,permitemqueasimagensdeambososolhossejamiguaisedeboaqualidade,paraqueocérebrosejacapazderealizarafusão.Asduasimagenssefundemtornandoumapercepçãoúnica,processoresponsávelpelavisãobinocular.
Avisãobinocular temumrápidodesenvolvimento, apartirda coordenaçãooculardos3atéos12meses,oquepossibilitaapercepçãoespacialeavisãodeprofundidade.Asconexõescelulareseaplasticidadeneuronalsãointensasatéos3anos,porissoasalteraçõesvisuaiscomoambliopiaeestrabismodevemsercorrigidas,depreferência,noprimeiroanodevida,pararesultadosdegrandeeficácia.
Emboraabinocularidadesecompleteporvoltados5–6anos,osresultadosobtidosdepoisdos5(cinco)anossãobemmenores.Porisso,deveriaserpráticacomum,emnossomeio,realizaraavaliaçãooftalmológicanascrechesepré-escolas.
Ambliopia
Éaparadaouregressãododesenvolvimentovisualemumouambososolhos,determinandoadiminuiçãodaacuidadevisual, semumaalteraçãoorgânicaaparente.
A ambliopia pode ser causada por:• Estrabismo,em50%doscasos;• Privaçãosensorial(ex-anopsia,catarataouptose);
21DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Anisometria-discrepânciadeerrosderefração;• Ametropia - altos erros de refração: (hipermetropia, miopia e
astigmatismo).
Comovimospelostiposdeambliopia,otratamentoeocontrolesãoexclusivamentederesponsabilidadedooftalmologistaquefaráaprescriçãodorecursoópticoea indicação da oclusão.
Osmédicosdãopreferênciaàoclusãodiretanapele,comoclusorantialérgicoerecomendam a oclusão dos óculos somente nos casos de ambliopia leve.
Aorientaçãodacondutadeoclusão,noscasosdeambliopiaeestrabismo,nãoédecompetênciadoprofessorespecializado.Essedeve,sim,orientarafamíliaparaterconsistênciaeperseverançanaconduta,bemcomoorientarsobreatividadeslúdicasquepossamdistraireestimularvisualmenteacriança.
ESTRABISMO
Éaausênciadeparalelismoesincroniadosmúsculosoculares,paraumaperfeitacoordenaçãodeambososolhos,responsávelporumaimagemnítida,nomesmopontodaretina,quepossibilitaafusão.Acriançaestrábicaterágrandedificuldadepararealizarabinocularidade,podendoapresentar:• Diplopia–imagemdupla;• Anularousuprimiraimagemdoolhodesviado;• Visãomonocular;• Baixadeacuidadevisualnoolhodesviado;• Desconfortovisualparaleitura,televisão,etc;• Embaçamentoouembaralhamentovisual;• Dificuldadeparadesenhoeatividadesquerequeiramtri-dimensionalidade;• Piscarmuitoedificuldadeparadirigirànoite.
Tipos de Estrabismo• Convergente(esotropia);• Congênito -pode ter tratamento cirúrgico, entre6 e 12mesesde idade,
parapromoveroalinhamentooculareodesenvolvimentodavisão,porquegeralmenteapresentafixaçãocruzadacompoucamotilidadeocular;
• Adquirido–acomodativo,ouessencial.
Oestrabismoacomodativopodeocorrerporexcessodeacomodação.Acomodaçãoéoajustedoolhoparaverdiferentesdistânciaseformarimagemclara,pelamudançadaformadocristalinoeaaçãodosmúsculosciliares.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
O estrabismo acomodativo pode ser causado por hipermetropia ou por alteração deconvergência,deorigemcentral.Quandotratadocomcorreçãoópticanosprimeiros6meses,tendeadesaparecer.
Exotropia - Estrabismo Divergente XT
O estrabismo divergente ou XT aparece geralmente mais tarde e está associado à miopia.Osexercíciosortópticospodemajudarmuitonotratamento.Acirurgiapodeserindicadaparaadquirirfunção,ouseja,recuperaravisãobinocularoupuramenteporestética.
ERROS DE REFRAÇÃO
Hipermetropia
Éuma dificuldade acomodativa (capacidade de ver perto), causada peloachatamentodogloboocular.Nessecaso,aimagemseformaatrásdaretinaesuacorreçãoexigeautilizaçãodelentesconvergentesoupositivas,paratornaro cristalino mais convergente.
Oportadordehipermetropia,mesmocomesforçoacomodativo,nãoconsegueenxergarnitidamenteumobjetoquandoolhaparaperto.Acriançamostra-sedesinteressadaparaverfiguras,TV,leituraepodeteratrasodedesenvolvimentovisual,nasaltashipermetropias,porbaixacapacidadedefixaçãoeseguimentovisual.
Crianças portadoras de alterações neurológicas podem apresentar baixa capacidadeacomodativa,mostrando funcionamentovisualpobre.Éde sumaimportânciaadetecçãoprecocee correçãode refraçãonessas crianças,paraotimizar o desenvolvimento visual e cognitivo.
Miopia
Amiopiaédificuldadeparaverlonge,emvirtudedoalongamentodogloboocular,queformaaimagemantesdaretina.As pessoas com miopia não enxergam com nitidez objetos distantes. A correção éfeitautilizando-selentesdivergentesounegativas.Osalunoscommiopia,nãodetectada,apresentammuitadificuldadeparacopiardalousa,sãotidoscomo
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desinteressados, preguiçosos e lentos.Apresentam, como sintomas, piscarconstantemente,fecharapálpebra(esforçoacomodativo),coçarosolhos,etc.
Muitos bebês com altamiopia, não detectada, podem apresentar atrasoneuropsicomotor,retardandooengatinhareamarchaemvirtudedatensãooudomedodesedeslocarnoespaçoepelafaltadecontroledoambiente.
OsportadoresdaSíndromedeDownedeoutrassíndromesquepodemapresentaraltamiopia,devemseravaliados,ecorrigidaaretração,parapreveniralteraçõesde desenvolvimento.
Astigmatismo
Ocorrequandoacórneanãoapresentaamesmacurvaturaemtodasasdireções,ocasionandoumadeformaçãodaimagem.
Os sintomasmais freqüentes do astigmatismo são: dores de cabeça, olhoslacrimejantes, queimaçãoe coceiranosolhos edeformaçãooudistorçãodaimagem.Nosgrandesastigmatismosaacuidadevisual ébaixa.A lenteparacorreçãodoastigmatismoécilíndrica.
BAIXA VISÃO - PRINCIPAIS PATOLOGIAS
Atrofia Óptica
Éaperdatotalouparcialdavisão,emdecorrênciadelesõesoudoençasnonervoóptico,discoóptico,papila,podendohaverdegeneraçõesdasfibras,tantodascélulasganglionares,comodocorpogeniculado.
Tipos de Atrofia Óptica
a) Simples–quandoodiscoópticoperdea cor rosada, torna-sepálidooubranco.Geralmenteháumaescoriaçãodapapila,dasbordasparaocentro,ocorrendopalideztemporaldapapila.Essetipodeatrofiapodeserdecorrentedehidrocefalia,meningiomasesífilis.
b) Secundária–édecorrentedeneuriteóptica,neurorretiniteeedemapapilar.Nestecaso,aaparênciadapapilaébranco-azulada,turvaouacinzentada.Asalteraçõespodemafetarasregiõesvizinhasdaretina.Podemocorrerpor
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
doenças infecciosas,bactérias, vírus,protozoários,hemorragias,diabete,Leber,traumatismosetumores.
c) Atrofia Glaucomatosa–háumaumentodaescavação,atingindotodoodiscoóptico,atrofiadepapilaedescolamentodotroncocentral.
Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:
• Lupasmanuaisdealtasdioptrias;• Altoníveldeiluminaçãocomfiltroparapotencializarcontrasteediminuir
reflexãoebrilho;• Contrasteeampliação(dependendodaalteraçãodocampo);• Lentesesféricaseprismáticas;• Telessistemas;• Magnificaçãoeletrônica,comcontroledecontraste,brilhoeprofundidade;• Portatextoecadernodepautaampliadaoureforçada;• Jogosdecomputadorparaelaboraçãodedesenhosecenas.
Estratégias Pedagógicas:
• Verificaropotencialdevisãocentralpreservado.• Compreenderasdificuldadesdepercepçãodedetalhesqueoalunoapresente
e a necessidade de aproximação da lousa ou do material pedagógico.• Facilitar a discriminação de detalhes, potencializando o contraste e a
iluminação do material a ser discriminado.• Favorecer odesenvolvimentoda consciência visual, ajudandoo alunoa
analisareinterpretarformasmaiscomplexasdeobjetosefiguras.• Favoreceraampliaçãodorepertóriovisualdoaluno,atravésdemúltiplas
experiências,incluindoatéajudastáteiseauditivasquandoavisãonãoforsuficiente.
• Motivar o aluno a construir as imagens mentais a partir da experiência concreta com os objetos para a representação tridimensional e a representação simbólica.
• Ajudar o aluno a compreender suas reais alteraçõesde campovisual,as dificuldades com escotoma (ponto cego), buscando o melhorposicionamentodecabeçaoudomaterialquefavoreçamelhordesempenhovisual.
25DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Nistagmo
Sãooscilaçõesinvoluntáriaserítmicasdosolhos,queocasionamalteraçãodosistemasensório-motorocular.Onistagmopodesercongênito,quandosurgeduranteosseisprimeirosmeses,ouadquirido.Aorigemdonistagmoaindanãoébemconhecida.Podeserumaalteraçãoneurológica(vestibular,lesõesdosistemanervosocentral),pororigemcerebelar,outumorintracraniano.
Onistagmopode estar presentenas cataratas congênitas, atrofias ópticas,albinismo,acromatopsias,alteraçõesretinianaseoutras.
Tipos de Nistagmo:
• MovimentoPendular;• Ondulatórios–igualvelocidade,duração–direção;• Emmola;• Movimentosmais lentos e retorno rápido– freqüentes em alterações
neurológicasevestibulares;• Mistos.
Osmovimentospodemserhorizontal,vertical,oblíquo,rotatórioecircular.
Spamus Nutans
Surgeporvoltadosseismesesaumanodevida.Caracteriza-sepornistagmodecabeça,commovimentosantero-posterioreselaterais,rápidos,bemnítidos,quandoaposiçãoésentada.Deitada,tendeadesaparecer,aorigemédesconhecidae tende à cura.
Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:
• Lentesprismáticasouesfero-prismáticas;• Lentesmanuaisoudeapoio;• Lupasderégua;• Os telessistemaspara longepodemserdedifícil adaptação,dependeda
possibilidade de o aluno realizar a compensação de cabeça para bloqueio do nistagmo;
• Lentesescurecidasoufiltroamareloparapotencializarocontraste.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Estratégias Pedagógicas:
• Compreenderqueasdificuldadesóculo-motorasdefocalização,seguimentovisualecoordenaçãoolho-mãopodemdificultararealizaçãodeatividadespráticasde coordenaçãoviso-motora, comoencaixes,desenhos, cópiadalousa e escrita.
• Evitar alta iluminaçãodireta, reflexoebrilhona lousaoumaterial a serdiscriminado.
• Orientaroalunoquantoàmelhororganizaçãoespacial,posiçãoparaleituraeadequaçãodomaterial,aopontodecompensaçãoedistânciaqueconsigafocalizarediscriminar.
• Evitar corrigir aposiçãode cabeçaque é aúnica formadebloqueiodosmovimentos involuntários.
• Utilizarpistasvisuaisparamelhororganizaçãodocampográfico,tantoparaleituracomoparaescrita(guiasparaleitura).
• Proporcionaratividadeslúdicasquefavoreçamoexercíciodosmovimentosoculares,graduandoasdificuldades:boliche,jogosdepeteca,bolaaocesto,futebol,tiroaoalvo,natação.Jogosdeintegraçãosensorialeequilíbrio.
Cório-retinite
Éumainflamaçãodacoróide(coroidite),quandoafetaambasascamadascoróidee retina.
Acausaéatoxoplasmose,porinfestaçãodoprotozoárioGondii,adquiridapelocontatocomanimaisinfectados:cães,coelho,gatos,pombo,galinhaenacarnesuína.
Éimportantequesefaçaodiagnósticodiferencialdesífilis,tuberculose,herpes,AIDSeuveítes.OtesteespecíficoparaavaliarosanticorposparatoxoplasmoseéaimunofluorescênciaouElisa.Oquadroneurológicopodeserdealteraçãofocal,comlesõescicatrizadas,placasmaculareseconvulsões.Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:
• Óculosdecorreçãorefracionalcomum;• Lentesbifocais;• Lupasmanuaisoudemesaparamagnificação;
2�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Lentesesfero-prismáticasentre6e12graus-comacuidadevisualsemelhanteemA.O.;
• Lentesesféricasdealtasadiçõescomvisãomonocular;• TelescópiotipoGalileu-2x,3x,4xe6xmanuais,preferíveisatelescópios
fixosemarmações.
Estratégias Pedagógicas:
Oprofessorprecisacompreenderquemuitasvezeséimpossívelacriançaolharparafrente,ounosolhosdoprofessor,poisosolhosdesviamparafugirdopontocego,dacicatrizmacular.
Recomendam-seosmesmosprocedimentospedagógicosdaatrofiaóptica,poisofuncionamentovisualésemelhante.Deve-seconsiderarquenasalteraçõesmacularesimportantes,adiscriminaçãodefigurascomplexascomodeanimaistorna-sedifícil.Emboraoalunoapresentenívelgráficoelementar,oprofessorpodeedeveoferecermateriaissimbólicoscomoletraseoutros.Acópiadalousaébastantedifícilemvirtudede,adistância,avisãoficarprejudicada,ouapresentar escotomas no campo visual.
Oprofessordeveajudaroalunoabuscaramelhorposiçãoedistânciaparafacilitaracópianalousa,alémdeorganizarocampográficodalousaemrelaçãoà necessidade do aluno.
ALTERAÇõES RETINIANAS
Retinopatia da prematuridade ou fibroplasia retrolental
Aretinopatiadaprematuridadepodeserdecorrentedeimaturidadedaretina,porbaixaidadegestacional,e/ouporaltadosedeoxigênionaincubadora.Ooxigênioemaltaconcentraçãoprovocaavasoconstrição,impedindoairrigaçãodaretina,podendoprovocaraformaçãodepregasretinianas,massafibrosaoucicatricial,retraçãodaretina,oudeslocamentototalouparcial.
Podemocorreraindacomplicaçõescomoacatarata,oglaucomaouuveíte.Oprocedimentocirúrgiconosdescolamentosderetinatêmpoucosucesso,dopontodevistafuncional,sendomuitasvezespreferívelàestimulaçãodavisãoresidualremanescente,mesmoqueestasejapouca.
2�
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:
a) Para perto • Óculosacopladoscomlentesdeaumento; • Lentesparamiopia; • Lentesdeaumentomanual; • Lupasiluminadastipocopooudemesa.
b) Para longe • Sistemas telescópicos.
Retinose Pigmentar
Distrofiahereditáriados receptores retinianos,por transmissãoautossômicarecessiva dominante ligada ao cromossomaX.Constitui síndromes como:Laurence-Moon, Bardet-Bield,Usher, sendo rigorosamente necessária aprevençãoporaconselhamentogenético.
Sãomuitosostiposderetinosepigmentar,geralmentedecaráterprogressivo,comdegeneraçãodecones(responsávelpelavisãodecores)ebastonetes(visãodeformas),noestágiofinalcomalteraçãomacular.
Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:• Altoníveldeiluminação;• CircuitodeTV;• Lâmpadacomraiosinfravermelhos;• Ampliaçãoepotencializaçãodecontrastescomfiltroamarelo;• Lupamanualaté11dioptria.
Retinopatia Diabética
É uma alteração retiniana por obstrução dos vasos capilares da região da mácula eretina,comformaçãodecicatrizouescotomasextensos,podendoformaredemaou cistos de mácula.Pode haver descolamentos de retina. O tratamento pode ser a vitrectomia e a foto-coagulação,queestabilizamoquadrodeedema.Háassociaçõescomcatarataou glaucoma.
2�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Síndrome de Leber ou Amaurose Congênita de Leber
É caracterizadapordegeneração retiniana, comeletroretinograma extinto.Manifesta-seporumaneuriteópticahereditária,maisfreqüentena2ªinfância,lesandoosolhosdeformabrusca.Étransmitidapelamãeeafetageralmenteosexomasculino,podendoafetarosistemanervoso.
Hádegeneraçõesretinianasqueafetamtambémmeninasesãodotipoprogressivo.Afunçãovisualébastanteprejudicada,acuidadevisual-AVmuitoreduzidaeníveldefuncionamentovisualbastanteheterogêneo.
Retinoblastoma
Tumornaretinaquepodeaparecernasprimeirassemanas,atéos2anosdeidade.Osprimeirossinaissãoleucocoria(manchabranca),podendoserunioubilateral,estrabismoeligeiramidríase.Otratamentoéaenucleaçãodeurgência,radioterapiaouquimioterapiaconformeresultadoanatomo-patológico.
Estratégias Pedagógicas:
• Motivar o aluno a utilizar ao máximo o potencial visual mesmo nos descolamentos de retina ou em degenerações progressivas. Nos descolamentos deretinaoureduçãoextremadocampovisual,asdificuldadesdeleituraseacentuam.Entretanto,oprofessordeveencorajaroalunoautilizaravisãoresidual,semtemordeperdê-laougastá-la.
• Recursosdealtailuminação,controledeluzpordimmerepotencializaçãodecontrastes,melhoramodesempenhovisualdoaluno.
• Lápisoucanetasfluorescentesajudamnavisualização.• Naacuidadevisualmuitobaixaourestriçãoacentuadadocampovisual,a
cópiadalousasetornamuitodifícil.Podemserutilizadasampliaçõesparapertoourecursoseletrônicosparacópiadalousa,porvarredura.
• Lentesescurecidasmelhoramofuncionamentovisualeajudamnasatividadesrecreativas.
GLAUCOMA
Decorrentedaalteraçãonacirculaçãodolíquidohumoraquoso,responsávelpelanutriçãodocristalino,írisecórnea.Háoaumentodapressãointra-ocular.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Ossintomasmaisfreqüentes:dorintensa,fotofobia,olhobuftálmicoeazulado.Háestudosrecentesqueapontamumapredisposiçãogenéticaparaoglaucomacongênito.Émais freqüenteapósa4ªdécada, emaltashipermetropias, emdiabéticoseemnegros.
Otratamentoécirúrgicoeomaisprecocepossívelobtendobonsresultados.Podehavercomplicaçõescomoluxaçõesdocristalino,descolamentoderetina,atrofiaóptica e hemorragias.
Oglaucomapodeestar associadoa aniridia, (ausênciade íris) síndromedeMarfan,AxenfeldeSturge-Weber.
Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:
• Iluminaçãopotentesemreflexoebrilho;• Lupademesacomiluminação;• Altocontrasteefiltros;• Lupasmanuais;• Paraleitura,lentesmicroscópicas;• Paralonge,telelupasdebaixadioptria(di).
Estratégias Pedagógicas:
• Compreenderqueoníveldevisãodoalunocomglaucomaflutuamuito.Eleseestressacomfreqüênciapelador,fotofobiaeflutuaçãodavisão.Istonãosignificaqueoalunosejadesmotivadoepreguiçoso.
• Analisar, cuidadosamente, as alteraçõesde campovisualquepodemserdiferentesemcadaolho.
• Ajudar o aluno a compreender e buscar a melhor posição para o trabalho visual.• Ajudaroalunoaidentificaromelhorequipamentodemagnificação,delupas
manuais,decopo,mesaoulupasiluminadas.Muitasvezesaadaptaçãodessesauxíliosficamdificultadaspelareflexodeluzebrilho.
• Compreenderqueemvirtudedasalteraçõesdecampovisual,nemsempreomaterialampliadofacilitaadiscriminaçãoealeitura.
• Utilizarporta-textoparamaiorconfortoparaaleitura.
31DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
CATARATA
Éaopacificaçãodocristalino,produzindoa leucocoriaoumanchabrancanapupila.Ascausascongênitaspodemserdecorrentesdarubéola(síndromedarubéola congênita),do sarampo,de fatorhereditário,do citomegalovirus,datoxoplasmoseedasífilis.AlteraçõescromossômicascomoSíndromedeDown,Lowe,Trissomia13-15eSíndromedeCockayne.
Podeocorrertambémporirradiações,medicaçõestóxicaseconsumodedrogas.A catarata congênita é umadasmaiores causasde cegueirana infância.Aprevençãoimplicaemcirurgiaprecocee,principalmente,avacinaçãoecontroleepidemiológicodarubéolaeoaconselhamentogenético.
Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:
• Lentedecontatoouóculos;• Lenteintra-ocularnosprimeirosanosdevidapodeocasionarmaisrejeição,
sendodesaconselhávelpelamudançaderefração;• Óculosdeaté20di sãobemaceitospor crianças,podendoser tentadaa
correçãodahipermetropia e astigmatismo.Osbifocais commaisde6dipodemsertestados;
• Lupademesailuminada;• Lupasmanuaistiporégua;• Controle de iluminação no ambiente.
Estratégias Pedagógicas:
O aluno que teve a catarata operada precocemente e com boa correção óptica dificilmentenecessitarádeajudasadicionais.
Noscasosdealtascorreçõesópticas,hánecessidadedegrandeaproximaçãodomaterialaserlido,oquepodeacarretarcansaçoeestressenaleitura.Éimportanteinvestigarcomoalunoeomédico,seumacorreçãoópticademenordioptriacomadiçãomanualnãofavoreceoprocessodeleitura-escrita.
Nascataratasnãooperadas,lupasiluminadasecontroledeiluminaçãonoambientecomlumináriasdefocodirigíveispodemmelhorarodesempenhovisual.
3. Intervalo (15 min.)
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
4. Continuação do estudo do texto (1h e 45 min.).
5. Almoço (2 h)
PERÍODO DA TARDE
TEMPO PREVISTO04horas
1. Continuação do estudo dos textos (2 h)Reiniciandoostrabalhos,osparticipantesdeverãoretomaraorganizaçãoempequenosgrupos,paratérminodaleituradostextos.
2. Preparação das questões para gincana (30 min.)Emseguida,oformadordeveráorientarosparticipantesquantoàsregrasdeorganizaçãodagincana.Deverácomeçarpeladivisãodosparticipantes,destavez,emdoisgrupos:AeB.Cadagrupodeveráelaborarde25a30questões,relativasaoconteúdodostextoslidoseestudadosnessedia;serãousadas,duranteagincana,somente15,maselasnãopoderãoserrepetidas,deformaqueéinteressantequecadagrupotenhaquestõesextrasparausar,casooadversário apresente primeiro uma de suas questões.
O tempo de desenvolvimento da gincana deverá ser cronometrado rigorosamente pelo coordenador e não será permitida a consulta a qualquer material.
3. Intervalo (15 min.)
4. Efetivação da gincana (1 h e 15 min.)Deverásersorteadoogrupoqueiniciaráagincana,propondosuaprimeiraquestão.Ogrupoadversárioteráaté01minutoparainiciararesposta.Caberáàplenáriadizersearespostaestáounãocorreta,eaoformador,ovotodeMinerva,casonãoseobtenhaconsenso.
Ospontosdeverãoserregistrados,peloformador,emlocalvisívelparatodos.Agincanaserávencidapelogrupoqueprimeiroatingir15pontos.
33DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
2º ENCONTRO
2. CONSEqUÊNCIAS DA DEFICIÊNCIAVISUAL: IMPORTÂNCIA E MÉTODO
DE TRIAGEM DIAGNÓSTICA
TEMPO PREVISTO08horas
FINALIDADE DO ENCONTROFavorecer condições para que cada participante discuta sobre algumas das possíveisconseqüênciasdadeficiênciavisual(ref.aexpectativa2)eaprendaaaplicarotestedeacuidadevisual(ref.aexpectativa3)
MATERIAL Textos:SÃO PAULO. O Deficiente Visual na Classe Comum. SãoPaulo:SE/CENP,p.
13-15,1987.
BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental - Deficiência Visual,volume1,p.39,41-46.Brasília:MEC/SEESP,2001.
• Listadetarefasaseremdesempenhadasduranteatividadedesimulaçãodecegueira.
SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva
PERÍODO DA MANHÃ
TEMPO PREVISTO04horas
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
1. Leitura do texto (45 min.)Sugere-sequeoformadorproponhaaosparticipantesquesedistribuamemgruposdeatécincopessoas,paraleituraediscussãodoseguintetexto:
qUAIS AS REAIS LIMITAÇOES DECORRENTES DA DEFICIÊNCIA VISUAL? 2
Talvezumadasmaioresdificuldadesenfrentadaspeloportadordedeficiênciavisualresidanafaltadeumacompreensãosocialmaisprofundaarespeitodasreaisimplicaçõesdacegueira,oudabaixavisão.
Éfreqüenteencontrarmosníveisbastantebaixosdeexpectativacomrelaçãoaorendimentoacadêmicododeficientevisual.
O fato,motivado pelo desconhecimento das possibilidades da pessoa quetemessadeficiênciagera,muitasvezes,afalsaconvicçãodequeàdeficiênciavisual sevinculamsempredificuldadesdeaprendizagemeatémesmodéficitintelectual.
Comoconseqüência,ocorre,nãoraro,encontrarmoscriançasportadorasdebaixavisãosendo tratadascomose fossemcegasou identificadascomodeficientesmentais,semqualquerestimuloparamelhorutilizaçãodesuavisãoremanescenteou de oportunidade para o desenvolvimento de suas potencialidades.
Estudos têmdemonstrado,porém,que,dopontodevista intelectual,nãohádiferençaentreodeficiente“visual”easpessoasdotadasdevisão.Apotencialidadementaldoindivíduonãoéalteradapeladeficiênciavisual.Oseunível“funcional”,entretanto,podeestarreduzido,pelarestriçãodeexperiênciasque,adequadasàssuasnecessidadesdematuração,sejamcapazesdeminimizarosprejuízosdecorrentesdodistúrbiovisual.
Essaausênciadeestimulaçãoou“restriçãodeexperiências”podeameaçarodesenvolvimentonormaldoprocessoeducativodacriançaprivadadevisão,principalmente naqueles aspectos relacionados às habilidades que envolvem
2 São Paulo.CoordenadoriadeEstudoseNormasPedagógicas.Odeficientevisualnaclassecomum.SãoPaulo:SE/CENP,p.13-15,1987.
35DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
autilizaçãodoscanaisvisuais,taiscomoosaspectosligadosàsáreasdeaquisiçãodeconceitos,orientação,mobilidadeecontroledoambiente.
Apercepçãodomundo,pelacriançavisualmenteprejudicada,éobtidaatravésdosseussentidosremanescenteseaspistasporelesfornecidaspodemlevarainformaçõesincompletas,originando,muitasvezes,conceitosdiferentesdaquelesobtidoseutilizadospelosquepossuemumavisãonormal.Exemplodissoéaredaçãoelaboradaporumacriançacegacongênita,alunadeclassecomum,2ª sériedeumaescoladaredeestadualdeensino.
“Minha mãe é azul, olhos verdes, boca vermelha.Às vezes minha mãe é brava.
Ela faz carinho, amorosa, muito linda, linda, linda, linda!”
Qualafonteperceptivaquealevouaconceituaramãecomo“azul”?
Narealidade,apalavra“azul”erafreqüentementeempregadapelaprofessoraaocomentarcomosalunossobreabelezadodia:“océuestámuitoazul,muitolindo”.
Separaacriançadevisãonormal,acompreensãodevetersidoconcomitantepelavisãodocéuazuloupelamemóriavisualquedelepossui,paraaportadoradecegueiracongênita,ainexistênciadeimagemmental,querepresentasseocéuouacor,devetê-lalevadoaumprocessomentalqueacreditamosser:
céuazul/céulindo céunãoazul/céunãolindo céumuitoazul/céumuitolindo muito azul/ muito lindo.
Paraela,apalavra“azul”passouasignificar“lindo”, tudoqueé lindo,muitolindo,éazul;mamãeémuitolinda,entãomamãeéazul.
Concluímosmaisumavezque,numacultura comoanossa, ondea grandemaioriadasatividadesgiraemtornodeestímulosvisuais,ondeaprogramaçãoeducacionalseorientaquasequeexclusivamenteparaumaaprendizagemvisual,oindivíduo,portadordecegueiraoudebaixavisão,hádeseencontrarsempreemsituaçãodedesvantagememrelaçãoaquelesconsiderados“normais”.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Outrosérioproblemadodeficientevisualéasuageralmenterestritapossibilidadedesemoverlivremente,emambientesnãofamiliares.
Dadaa importânciadessa locomoção independente - fator essencialparaoajustamentopessoaleadequaçãosocialdodeficiente-éenfatizadaanecessidadededesenvolver,nacriançaportadoradessalimitação,habilidadesdeorientaçãoemobilidade, ou seja, capacidadeparaquepossa,utilizando-sede todas asinformaçõessensoriaisfornecidaspeloambiente,reconhecê-loesituar-senele,numainteraçãoquelhepermitainfluireserinfluenciadaporele.
Embora possamos considerar a restrição à mobilidade independente e à percepção globalediretadomeiocomolimitaçõesbásicas,impostasporumadeficiênciavisualgrave,nãopodemosnosesquecerdequedelaspodemdecorrermuitasoutraslimitações,variandoemgraueocorrênciaparacadaindivíduo,deacordocomsuacapacidadedeutilizaçãodetécnicaseprocedimentoscompensatórios,desuareaçãoàspráticaseexpectativassociaisque,deacordocomTelford,podemlheimpedirodesenvolvimentoeoexercíciodeaptidõesecompetênciasqueohabilitariam a se tornar uma pessoa independente.
QUE VARIÁVEIS PODEM INFLUIR NO DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO DEFICIENTE VISUAL?
Dentreosfatoresquepodeminfluirnodesenvolvimentodoprocessoeducativododeficientevisual,algunsmerecemserdestacadosafimdeque,conhecendo-os,oprofessorpossaatuarsobreeles,superando-osouatenuandoseusefeitos.
Idade da manifestação:Afasedavidaemqueoindivíduosetornoudeficientedetermina a necessidade de atenção especial para alguns aspectos do seu processo educacional.Aexistência (ounãoexistência)de imagensvisuaisacumuladaspeloportadordessadeficiênciairádeterminaraconstituiçãodeumconjuntodenecessidadesespecíficas,bemcomoexigiraadequaçãodetécnicasedeestratégiasdeensino,casosedesejeumaefetivaaprendizagem.
Oportadordecegueiracongênita,ouaquelequeperdeuavisãonosprimeirosanosdevida,nãoconserva imagensvisuaisúteis.Experimentaomundoqueo cerca através do tato, da audição, do olfato, dopaladar, percebendo-o einterpretando-o,muitasvezes,demaneiradiferentedaquelaqueosdemaisofazem.Freqüentemente,também,teráquerepresentaromundoatravésdeumalinguagem cujos signos nem sempre coincidem com suas vivências pessoais.
3�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Este fato ressalta a necessidadede se prover estímulos complementares àexposiçãodoconteúdoquesepretendatransmitiraoalunodeficiente,atravésda multiplicação de vivências perceptivas em torno de uma mesma noção.
Para o indivíduo que perdeu a visãomais tarde em sua vida - depois dealfabetizadopor tipos impressos,por exemplo, - abagagemde informaçõesvisuaisdeve constituir elemento facilitadorparaa continuidadedoprocessoeducacional.Entretanto,aperdapodeacarretarsériasconseqüênciasemocionaisepedagógicas.Anãoaceitaçãodadeficiência,muitasvezeslevaoalunoaoferecerresistênciaàutilizaçãoderecursosetécnicasquefavoreçamaminimizaçãodaslimitaçõesimpostaspelodistúrbiovisual.
O tempo transcorridodesdeaperdaéoutrofatorimportantenoprocessodeadaptaçãodoindivíduoàsituaçãoeducacional.Aquelequeconvivecomafaltadevisãohámaistempoestáemsituaçãodiferentedaquelequeaindaseencontrasob o impacto emocional de uma perda recente.
O tipo de manifestação-Oindivíduoqueperdeavisãosubitamente,podeter,emfacedaincapacidade,reaçõesemocionaisdiferentesdasdaquelecujavisãovaiseapagandolentamente.Numaperdalenta,apessoaviveumprolongadoperíodode insegurança e angústia, enquantoquenaperda súbita, apessoasofreum impactocuja intensidadee recuperação irãodepender tantodesuaprópriaestruturaecapacidadedeaceitação,comodascondiçõesdoseumeiosociofamiliar.
Àmedidaque,quernaperdagradual,quernasúbita,diferentesreaçõespodeminfluirnoajustamentoemocionaldoindivíduo,édeseesperarqueelaspossamtrazerimplicaçõestambémaodesenvolvimentodoseuprocessoeducacional.
A causa do distúrbio-Oconhecimentodacausadoproblemapoderáindicarseoestadogeraldoindivíduoestácomprometido,seoprocessopatológicoselimitaaosolhos,qualéotratamentoministradoequaissãooscuidadosnecessários.Acondutadodeficientevisualpodeserafetada,ainda,porumprocessodoloroso,comoacontecenoglaucomacongênito,ou,dentreváriosoutrosmotivos,porumrelacionamentoalteradocomospais,quando,porexemplo,odistúrbioocularéconseqüênciadeumadoençavenérea.”(SãoPaulo,1987)
2. Discussão do texto em plenária (45 min.)
3�
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
3. Intervalo (15 min.)
4. Preparação da simulação (30 min.)Findaa leituraeadiscussão sobreo texto,o formadordeverádar inícioà organização do grupo para a atividade de simulação da cegueira. Os participantesdeverãoconstituirduplas,asquaisdeverãoreceberduasfaixasdegaze,sendoumaparacadaparticipante,comasquaiscadaumdeveráterseusolhosvendados,impedindoqualquerpossibilidadedevisão.
Enquantoumdosparticipantesdaduplaestiver comosolhosvendados,ooutro servirádeacompanhante.Após30min. ea execuçãodas tarefassolicitadas,ospapéisdeverãoser invertidos,passandooacompanhanteaservendadoeo“cego”,aseroacompanhante.Enquantoacompanhantes,osmembrosdogrupodeverãoobservarasexpressões faciaiseamaneiracomoseuparceiroadministraaausênciadaviavisual,comoinstrumentoderelação com a realidade.
Aspessoasnãopoderão,sobhipótesenenhuma,utilizar-sedavisãocomorecursoparaexecuçãodas tarefaspropostas.Para tanto,deverão ter seusolhosvendadosdeformaaimpossibilitaroreconhecimentovisualdepessoas,lugares e objetos presentes no espaço.
Acadaparticipantedeveráserdadaumacópiadalistadetarefas.Estadeveráserexecutadaenquantooparticipanteestivercomosolhosvendados.Assim,primeiramenteumdesempenharásuastarefas,enquantoqueooutrosóofaráquandoospapéisforeminvertidos.
LISTA DE TAREFAS A SEREM DESEMPENHADAS DURANTE ATIVIDADE DE SIMULAÇÃO DE CEGUEIRA
1. Dar uma volta pelo quarteirão.2. Tomaráguaembebedouropúblico.3. Darumtelefonema,deumaparelhodetelefonepúblico.4. AssistirprogramadeTVpor05minutos.5. Consultartextodisponívelsobreamesadocoordenadordogrupo.6. Registrarseussentimentossobreaexperiência,emfolhadecaderno.7. Usar o sanitário.8. Comprarbalaemumbar,cantina,ouqualqueroutroestabelecimentopróximo.9. Solicitarqualquerinformaçãodealgumtranseunte.10.Assinarumalistadepresença.
3�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
5. Simulação (45 min.)
6. Plenária (1 h)Apósavivênciadasimulação,ogruposereuniráemplenáriaparadiscussão.Oformadordeveráestimularquecadaumexpliciteoquesentiu,oquepensou,enfim,quesignificadoteveavivênciaparacadaparticipante.
O formador, deve, também, incentivar os participantes a apresentaremsugestões sobrecomo tornarmaisviável,parao sujeito cego, executarastarefasemquestão.
7. Almoço (2 h)
PERÍODO DA TARDE
TEMPO PREVISTO04horas
1. Estudo dirigido (45 min.)Dando início às atividades deste encontro, o formador sugerirá aosparticipantesqueretomemaorganizaçãoempequenosgrupos,paraaleiturae discussão sobre o texto abaixo.
TRIAGEM OCULAR3
Aavaliaçãodaacuidadevisual,porsisó,nãoéfatordeterminantenadetecçãodadeficiênciavisual;associadaaela,édesumaimportânciaaobservaçãodossinais,sintomasecondutasdoaluno.
Noexameoculardebebês(pelométodoTeller)(apartirdo1ºmêsdevida)edecriançasapartirde2anos(TesteBust,LH,LightHouse)jáépossíveldetectaradeficiênciavisual.Infelizmente,taistestesnãoseencontramdisponíveis,emlargaescala,nomercadonacional.
3 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual, vol.1,p39,41-46.Brasília:MEC/SEESP,2001.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Teste Bust
Teste Light House
Ospaiseprofessoresdecriançasdeberçário,decreche,dapré-escolaedeescolasdoensinofundamentalpodemsolicitar,emcasodapresençadesintomasoudesinais,umaavaliaçãofuncionaldavisãoparadetecçãodepossíveisalteraçõesno desenvolvimento visual.
Funções da Escola• Aplicar testes para triagemocular de pré-escolares para verificaçãoda
acuidadevisual;
• Encaminhar a criança, comurgência, aomédicooftalmologista, quando
Teste Light House
Teste Bust
41DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
necessário;
• Proporcionar orientação quanto à higiene e à prevenção dos problemas
oculares;
• Buscar,juntoaospaise/ouàcomunidade,recursosparaomelhoratendimento
da criança.
Ométodomaissimpleseeficazdeavaliaçãoedetriagemdepré-escolaresede
escolareséorealizadoatravésdaEscalaOptométricadeSnellenoutestedoE
(ganchos)quepodeseraplicadoemcriançasmaioresde4anos.
OtestedeSnellennãoéadequadoparaaavaliaçãodeacuidadevisualdecrianças
combaixavisão,sendoaconselhávelutilizá-loapenasparatriagemdapopulação
escolar.
Aplicando o teste de acuidade visual
Primeiramente,selecionaromaterialnecessário:
• EscalaoptométricadeSnellenouLightHouse;
• Ponteirooulápispreto;
• Fitamétrica;
• Giz,cadeira;
• Modelodo“gancho”,confeccionadoemcartolinaoupapelcartãopreto;
• Cartãoparacobriroolho;
• Listanominaldosalunospararegistrodosresultados.
Aseguir,providenciarolocaladequadoparaaaplicaçãodoteste:
• Ternomínimo5(cinco)metrosdeespaçolivre;
• Terboailuminação,semofuscamento(luzdevevirdetrásoudosladosda
criançaqueserátestada);
• Sembarulhoesemestímulosquedesviemaatençãodoaluno.
Tomadasestasprimeirasprovidências,procede-sedaseguintemaneira:
• Colocaratabelademodoquealinhacorrespondenteàacuidade1.0fiqueno
níveldosolhosdacriança,quandosentada;
• Riscarnochãoumalinhaàdistânciade5(cinco)metros,paraindicaronde
oalunodeverácolocar-seduranteaaplicação;
• Colocarumacadeiracomospéstraseirossobrealinhariscadanochão;
• Apontaros“ganchos”depreferência,comlápispreto.Grandepartedoêxitodotestedeacuidadevisualdependedopreparoprévio
42
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
dos escolares.
Paratanto,oprofessordeveexplicardetalhadamenteoquevaifazer,mostrandoasdiferentesposiçõesnasquaisos“ganchos”aparecemnatabela.Comauxíliodomodelo,verificarseaexplicaçãofoibemcompreendida,pedindoacadaalunoqueinformeaposiçãodeumdos“ganchos”.
Individualmenteexplicaraoaluno,juntoàtabela,oqueseesperaqueelefaça,mostrandoumoudois“ganchos”everificandoseeleentendeubemoquefoipedido.Àdistânciade5metros,colocaroalunosentadonumacadeira,emfrenteàtabela.Ensinaracobrirumolhocomocartão,colocadoobliquamentesobreonariz,sempressionarogloboocular(oolhodevepermaneceraberto).
Quanto à aplicação propriamente dita, são os seguintes os cuidadosnecessários:• Seacriançausaróculos,testarprimeirocomelesedepoissemeles;• Testarsempreoolhodireito(O.D.)primeiroedepoisoesquerdo(O.E.),para
evitarconfusãonasanotações;• Usarlápispreto,ouponteiro,paraindicarosinalaserlido;• Começarde cimaparabaixo indicandodoisou três sinaisde linha, sem
estabelecerrotina;• Mudardeumsinalparaooutro,ritmicamente,evitandoapressaroaluno,
massemdemorardemasiadamente;• Mostraromaiornúmerodesinaisdaslinhas0,9e1,0;• Seacriançaficarindecisaemdeterminadalinha,indicarumnúmeromaior
desinais,paracertificarseérealmentefalhadevisão;• Anotarcomoresultadodoteste,ovalordecimalcorrespondenteàúltimalinha
emquenãoencontroudificuldade,registrandoseparadamenteosresultadosdeO.D.eO.E.Exemplo:O.D.=1,0O.E.=0,8;
• Quandoacriançanãoenxergarossinaismaiores–linha0,1–registrar“<0,1”(menordoque0,1);
• Registrarnacolunadeobservações,sinaisousintomaspercebidosduranteoteste,bemcomoseoalunoestiveremtratamentooftalmológico;
• Encaminharaooftalmologista,prioritariamente,oalunoqueobtevenotesteresultadoigualouinferiora0,8emqualquerolho,ouqueapresentediferençade duas linhas ou mais entre os resultados de um e de outro olho.
Antesde fazeroencaminhamento,realizeoreteste,usandoamesmatécnicadescrita.
2. Seleção dos materiais e preparação do ambiente (30 min.)
43DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Apósaleituradotexto,osparticipantesterãocomotarefaaorganizaçãodaatividadepráticadeaplicaçãodotestedeacuidadevisual,atravésdaescalaoptométricadeSnellen.
Paratanto,deverãoprovidenciarosmateriaisnecessáriosàaplicação,verificaraadequaçãodolocalaserrealizadootesteeprepararoambiente,observandoas recomendações constantes do texto.
3. Intervalo (15 min.)
4. Execução de exercício prático (1 h e 30 min.)Retornandoàsatividades,osparticipantes,organizadosemduplas,deverão,primeiramente,realizaraaplicaçãodotestedeacuidadevisual,deformaquesejafeitoumrevezamento,ouseja,aquelequeéoaplicadornaprimeiravez,coloca-senopapeldealunonasegundavez.
Essadinâmicadeverápermitirquetodososparticipantesrealizemafunçãodeaplicadores,bemcomorepresentemoalunoavaliado.Aoformadorcaberáalertá-los sobreanecessidadedeatenção comamaneirade registrarosresultadosobtidos,poisessemesmoregistroseráposteriormenteanalisadopelo grupo.
5. Plenária (1 h)Depois que todos os participantes tiverem aplicado o teste e terem sido sujeitosdaaplicaçãodeveráserdadoinícioàdiscussão,emplenária,sobreaatuaçãodecadaumcomoaplicadordoteste,sobresuasdúvidaseincertezasaoavaliarodesempenhoemacuidadevisualdocompanheiro,bemcomosobreasprovidênciasaseremtomadasapartirdaí.
Oformador,nopapeldemediador,poderáexporsuasprópriasobservaçõesacercadoexercícioprático,orientandoosparticipantesquantoaoquetiverobservado.Éimportantequenestemomentooformadorenfatizeosaspectosque devem ser respeitados para a realização da triagem.
Paraterminaraatividade,osparticipantesdeverãoanalisarosresultadosobtidos e, combaseno texto lido, identificarpossíveisnecessidadesdeencaminhamentoprofissional.
45DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
3º ENCONTRO
3. SUPORTES PARA O ALUNO COMDEFICIÊNCIA VISUAL: ESTIMULAÇÃOSENSORIAL E RECURSOS ÓPTICOS
TEMPO PREVISTO07horas
FINALIDADE DO ENCONTROFavorecer condições para que cada participante:• reconheça a importância da estimulação sensorial para a aprendizagem e
paraodesenvolvimentodoalunocegoedoalunocombaixavisão.(ref.aexpectativa4).
• reconheçarecursosópticosdisponíveisparaoalunocombaixavisão(ref.aexpectativa5).
MATERIAL Texto:São Paulo. O Deficiente Visual na Classe Comum,p. 19-21.SãoPaulo:SE/
CENP,1987.
Brasil. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.1,p.74-78.Brasília:MEC/SEESP,2001.
SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva
PERÍODO DA MANHÃ
TEMPO PREVISTO 04horas
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
1. Leitura e discussão do primeiro texto (1 h)Dandoinícioàsatividadesdesseencontro,o formadordeveráproporqueosparticipantessedistribuamemgruposdeaté05pessoas,paraleituraediscussão do texto abaixo:
qUAL A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO SENSORIAL PARA O ALUNO DEFICIENTE VISUAL?4
Comoascriançasdeficientesvisuaisgeralmenteadquiremseuconhecimentopormeiodeexperiênciasquenãoincluemousodavisão,faz-senecessárioquelhessejamoferecidasoportunidadesparadesenvolverossentidosremanescentes:tato,audição,olfatoemesmopaladar.
Noambientedaescola,oprofessorpodeaproveitarváriosmomentosesituaçõesparaqueoalunoidentifiquesons,discrimineodores,experimentediversossaboresediferencieosmaisvariadosmateriais,proporcionando,destamaneira,nãosóparaoalunodeficientevisual,comoparatodososalunos,umdesenvolvimentosensorial harmoniosoque favorecerá tantooprocesso educacional, comoaorientaçãoeamobilidadedodeficientevisual.
Audição
Pedir ao aluno que discrimine os diversos tipos de sons existentes:• Na salade aula: ventilador, gizna lousa, abrir e fechar cortinas, porta,
armário;• Nasecretaria:máquinadedatilografia,gavetadearquivo, telefone,rádio,
relógio,campainha;• Na cozinha: talheres, copos,pratos, torneira aberta,diferentes fervuras,
queimadoresdefogãoaceso;• Nobanheiro;descarga,lavatório,chuveiro;• Nopátio:vassouraserodossendousadosnalimpeza,baldesenchendode
água,esguicho.
É importanteque ele aprenda adiscriminar tambémsons externos: carro,
caminhão,ônibus,sirene,pássaros,sonsmusicais,vozesdeanimaiseoutros.
4 SÃO PAULO. O Deficiente Visual na Classe Comum.SãoPaulo:SE/CENP,p.19-21,1987.
4�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Semprequepossível,pediraoalunoquelocalizeasfontessonoraseidentifiqueaspessoasecolegasdeseucírculodeamizade,pelavoz.
Oprofessor pode, então pedir ao aluno que, localizada umadeterminadafontesonora,dirija-seatéela.Exemplo:umabatidanaporta,acampainhadotelefone,etc.Issocapacitaráoalunoafazerusodaaudiçãoparasuaorientaçãoe mobilidade.
Comoexercícioparaqueoalunopossachegaràfontesonora,oprofessorpodeproceder da seguinte maneira:
Emlocalsemobstáculos,quepodeseropátio,oprofessordeveafastar-sedoalunoalgunspassose,falandosempre,pedirquevenhaatéele.Quandooalunoalcançarêxito,oprofessorrepetiráaexperiência,sóque,agora,silenciando-seassimqueelecomeçaraandar.Casooalunosedesviedadireção,oprofessordeveráfalarnovamente,atéqueconsigacorrigirorumo.
Édegrandevaliaqueoalunosejacapazdeencherumcopocomlíquido(detorneira,jarraougarrafa)semderramá-lo,apenasutilizando-sedaaudição.
Tato
Ofereceraodeficientevisualamaiorvariedadepossíveldemateriaiscomo:tiposdiferentesdepapel,detecido,demadeira,decouro,deamostrasdetapetes,defios,deplásticos,delixas,etc..Comestesmateriais,pedir-lhequediscrimineespessura,tamanhoetextura:grosso,fino,pequeno,grande,liso,rugoso,macio,áspero,etc..
Apresentaraoaluno sólidosgeométricos feitosemmadeiraouemcartolina,linhasdeváriostiposemrelevoecoladasemcartão,desenhossimplesdeobjetosconhecidos contornados com lã ou barbante. Permitir que o aluno explore à vontadeomaterial,identificando-oerelacionando-ocomaquiloqueédoseuconhecimento e de seu ambiente.
Fazercomqueoalunopercebaasváriassensaçõestérmicas:quente,frio,morno,gelado,etc.
Proporcionarcondiçõesparaquepossaidentificaraconsistênciade:óleo,pasta,creme,cera,graxa,bemcomodediferentestiposdealimentoscrusecozidos.Eledeverásercapazdereconhecertodosestesprodutos,utilizando-se,também,deumtipodeinstrumento,comoporexemplo,umaespátulaouumtalher.
4�
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Todasestasatividadesserãodegrandevaliaparaaadequaçãosocialdoaluno,poispossibilitamodesenvolvimentodehabilidadesnecessáriasàsdiferentessituações de sua vida diária.
Olfato
Pediraoalunoqueidentifiqueváriosprodutos,pelocheiro(odor).Exemplos:odores fortes:gasolina, álcool,naftalina, inseticida,desinfetante, cera, etc.Aseguir, produtos comodoresmais suaves: sabonete, talco, pastadedentes,perfume;odoresdealimentos:frutas,carnes,cafécebola,alho,etc.
Solicitaraoalunoqueprocurereconhecer,peloolfato,algumasdependênciasdaescolacomo:cozinha,banheiro,jardime,notrajetoentresuacasaeaescola:farmácia,açougue,barbearia,postodegasolina,padaria,etc.
Importante:Comoosentidodoolfatosatura-serapidamente,deve-seterocuidadodenãorealizarexercíciosmuitoprolongados.
Paladar
Permitirqueoalunoexperimentealimentoscomosprincipaissabores:amargo,doce,azedo,salgado,picante,nãohavendonecessidadededegluti-los.
Sentidos integrados
Acompanharoalunopelasdependênciasdaescola,pedindo-lhequeidentifiqueosváriosestímulos,procurandolocalizarafonte.Estesestímulospodemser:vozes,ruídos,perfumes,odores,etc.
Fazendousodetodosossentidos,eledeveaprendera localizar-senoespaçofísicoconhecidoelocomover-secomsegurança.Pedirqueinformecomoestápercebendooambiente:tipodepiso(terra,cimento,madeira,grama,cerâmica),ventilação,espaço,númerodepessoas,etc.(SãoPaulo,1987).
2. Organização e distribuição de tarefas (1 h)Emseguida,oformadordeverásolicitarquecadagrupoescolhaumdossentidos(quenãoavisão:audição,tato,olfato,paladar),garantindoquetodos os sentidos estejam representados na turma. Não há problema se
4�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
maisdeumgrupoescolheromesmosentido,mastodosossentidosdevemserfocalizadospor,pelomenos,umgrupo.
Oformadordeverá,então,solicitarque,decadasubgrupo,umdosmembrossaiadasala.Esteserá,posteriormente,chamadodevoltaparaasala,momentoem que deverá representar o papel de um aluno cego. Os participantes escolhidosparadeixarasaladeverãopermanecerforadela,enquantocadagrupodesenvolveatarefaquelhesserádada.
Apósasaídadessesparticipantes,cadasubgrupodeveráelaborarumalistadepelomenos03atividadesaseremdesenvolvidas,posteriormente,peloparceiroqueseretiroudasala,atravésdautilizaçãodosentidoescolhidopelo seu subgrupo.
Apósotérminodoplanejamento,osparticipantesqueseencontramforadasaladeverãoserchamadosdevolta,vendados,deformaanãopoderemcaptarqualquerestímuloatravésdaviavisual,eentão,solicitadosadesenvolverastrêsatividadesplanejadaspelo seugrupo,utilizando-seespecialmentedosentido escolhido pelo grupo.
3. Intervalo (15 min.)
4. Execução das atividades (45 min.)Oformadordeverá,então,solicitarqueumgrupoapósooutrodesenvolvaasatividadesplanejadas,emorganizaçãodeassembléia,deformaquetodospossamassistirodesempenhodosparticipantesvedados,membrosdetodosos grupos.
5. Discussão em grupo (1 h)Apóso intervalo, o formadordeverá solicitarque todososparticipantesdiscutamospontosdeadequaçãoeosdeinadequaçãoidentificadosduranteaatividade.Deverá,também,solicitarquesugiramestratégiasparafavorecereadequarodesenvolvimentodasatividadesàscondiçõesdo“aluno”cego.
Incentiva-sequeosparticipantesquevivenciaramasituaçãoda“cegueira”compartilhemsuaspercepções,sentimentosemanifestemsuasnecessidades.
6. Almoço (2 h)
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
PERÍODO DA TARDE
TEMPO PREVISTO03horas.
SEqüÊNCIA DE ATIVIDADES
1. Leitura e discussão sobre o texto referente a recursos ópticos (1 h 30 min.)Osparticipantesdeverãoretornaràorganizaçãodepequenosgrupos,paraleitura,estudoediscussãodosegundotexto.
Dadaapresençadeinúmerostermostécnicos,possivelmentenãofamiliaresaosprofessores,sugere-seque:
• Aleiturasejafeitaemvozalta,sendocadatópicolidoporumapessoadiferente.Com isso, pode-se evitar o tédiona atividadede leitura ediscussão.
• O grupo atribua a cada participante a responsabilidade de um conjunto de conceitos.
Destaforma,todososparticipantesdogrupolerãootexto,emsuaíntegra,mascadaumdeverásercapazdeexpor,emplenária,osconceitosqueficaramsob sua responsabilidade.
Cadamembrodogrupopode(edeve)prepararsuaapresentaçãodosconceitosquelhecouber,utilizando-sedesuacriatividade(usodedramatização,cartazes,criaçãodeprotótipos,etc...).
ADAPTAÇÃO DE RECURSOS ÓPTICOS ESPECÍFICOS5
SegundoBarraga(1985),acapacidadedefuncionamentoeodesenvolvimentoda eficiência visualdependem, fundamentalmente, da experiência visual.Aoportunidadedeenfocar,deolharedeinterpretarimagensvisuaisémecanismoativadordasfunçõescerebrais.
5 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.1,p.74-78.Brasília:MEC/SEESP,2001.
51DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Muitosindivíduoscombaixavisão,severaoumoderada,poderãosebeneficiar
daajudaderecursosópticosespecíficos,parapertooulonge,comoformade
facilitaroprocessodeensinoeaprendizagem.
Osmesmosrecursosópticostêmafunçãodecorregirasametropias,ouseja,
melhorarafocalizaçãoporampliação,proporcionandomaisnitidezdeimagem
pelacorreçãodarefração.
Comadaptaçãoderecursosópticosesféricosadequados,aampliaçãodaimagem
retinianapermiteaconexãocelulareaformaçãodeimagensnítidasedetalhadas
quepossibilitamodesenvolvimentodaeficiênciavisualparaatividadesdeperto,
comoleitura,escrita,visualizaçãodateladocomputador,TVeadecodificação
deestímulosvisuaisalongadistância.
Osrecursosópticosespeciais,geralmentecaracterizadosporlentesdegrande
aumentoparacorreçãodavisãodepertooulonge,são:
a) Auxílio para perto
• Óculosbifocaisoumonofocais
• Sistemas telemicroscópicos
• Lupasmanuaisedeapoio
Óculos bifocais e monofocais
Osbifocaisaumentama imagemdoobjetoedãomaisnitidez comas lentes
convergentesde+4,+6,+8,+10DE.
Óculos bifocais e monofocais
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Lentes esferoprismáticas
Sãoformadasporlentespositivasconvergentescomadiçãodeprismanabasenasalparamelhorarafixação,aconvergênciaedarconfortoparaatividadesdeleitura. Essas lentes geralmente são combinadas em seu poder dióptrico como por exemplo:+5DE/7P(dióptricaeprismática).Menosde10DEsãoaconselháveisparaaspessoasquepossuemvisãobinocularoupoucaperdavisual,paramaioresde10DE/12Pmonoculares.
As lentesesféricaspodemser simples, semadiçãodeprisma, indicadasparapessoas com visão binocular ou monocular que não apresentam acuidade visual muitobaixa,poisvãoaté10DE.
Lentes asféricas
Sãolentesmonocularesemvirtudedaaltadioptria,variandode10DIasféricaaté24DI.
Sãoutilizadasparaatividadesdeleituraparaperto,eadistânciaolho-objetodevesermaispróxima,àmedidaqueaumentamasdioptrias.
Háumapequenafórmulaparachegar-seàdistânciafocal: F=100/D F=100/20D F=5cm
Adistância focal variadeacordocomapatologia,acuidadevisual eníveldemagnificaçãodalente.Adistânciaidealparamelhorarafunçãovisual,deveserpesquisadaindividualmentecomcadaaluno,poisdevevariarde15a5cmoumenos. Essas lentes podem ser montadas em óculos ou adicionadas tipo clipes.
Lentes microscópicas
Sãolentesdealtadioptria,com+28D,variandode7xaté12xdeaumento.Parachegaraovalordióptrico,multiplica-sepor4.
Essas lentes geralmente são prescritas para pessoas com acuidade visual muitobaixa.Comosãolentesconvexaspositivasdealtadioptria,adistânciafocalémuitopequena,comadesvantagemdelimitaçãoacentuadadecampovisual.
53DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Comoa coordenaçãodosmovimentosoculares, apostura corretada cabeçaedasmãos sãonecessárias; o tempoémais longoe a adaptaçãodas lentesmicroscópicasémaisdifícil.Paramelhorconfortodoaluno,paraleitura/escrita,édefundamentalimportânciaautilizaçãodesuporteparaleitura/escrita,mesaadequada,pesquisade iluminaçãoe contraste, fatoresquepodem facilitarodesempenho visual.
Lupas manuais e de apoio
São recursos auxiliares importantes para pessoas que não se adaptam aos recursosdescritos,de fácilusoe funcionamento,dispensandoo treinamentopara adaptação.
As lentes manuais com lentes esféricas ou asféricas possuem melhor qualidade óptica.Variamde2xaté10xdeaumento.Adistânciafocaldaslentesmanuaisdeapoioétiradapelamesmafórmuladosóculos.
Aslentesmanuaisdealtadioptriatêmocampovisualmuitorestrito;jáaslupasdeapoiopossuemumcampovisualmaisampliado,porquesãodeaumentosmenores.Têmaindaavantagemdepossuir focomaisfixoedeixarasmãoslivres.Sãoaconselháveisparacriançasemetapapré-escolareidosos.
Tanto as lupas manuais como de apoio podem ser usadas como complementação deóculosespeciais.Podemseriluminadas,ounão,eterdiferentesformatos:lupasmanuais,tiporégua,copo,folha,lanterna,gancho,etc.
Lupas manuais e de apoio
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Telemicroscópios em óculos
Sãotelelupasdeacoplagememóculosmonoculares,binocularesoumanuais,que permitem trabalho em uma distância maior.
Essaslentes,emboratenhamrestriçãodecampo,permitemconfortovisualpelaqualidade de iluminação e por deixar as mãos livres.
b) Auxílio para longe
Telelupas
Permitem o aumento e aproximação do objeto a ser visto. Há dois tipos:• Galilei–Formadaporduaslentes,umaconvergenteeumadivergente.São
muitopráticasedefáciladaptação.• KeplerouPrismática–Écompostaporduaslentesconvergentesqueinvertem
aimagem,porissoéusadacomlenteprismática.
As telelupas podem sermanuais ou acopladas a óculosmonoculares, oubinoculares. As telelupas binoculares geralmente são de pequeno poder dióptrico, e são indicadas para o uso de pessoas que têm acuidade visualsemelhante,emambososolhos.SãousadasparaassistirTV,teatroejogos.
As telelupas monoculares manuais são mais bem aceitas por alunos e adolescentes emfunçãodaestética,entretantotêmadesvantagemdenãoliberarasduasmãospara a escrita.
Paraosalunosquetêmdificuldadedecoordenaçãooculomotoraeoualteraçãodecampovisual,astelelupasmanuaissãodemaisfáciladaptação.
Osaumentosdastelelupasvariamde2xaté12x,sendomelhoriniciaroprocessode adaptação com aumentos gradativos.
Noprocessodeadaptaçãoderecursosópticos,oalunodevelevarorecursoparacasa,parapoderpesquisarlivrementeemseuambiente,nosespaçosexternosdesuapreferência,edecidirseguramenteamelhoropção.
2. Intervalo (15 min.)
55DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
3. Plenária (1 h 15 min.)Terminadooestudoemgrupo,osparticipantesdeverãoretornaràsituaçãode plenária.
Sugere-sequeosparticipantessereagrupem,agora,apartirdosconceitosqueficaramsob suaespecial responsabilidade.Assim,haveráogrupodeparticipantesquevaiapresentaraslentesesferoprismáticas,ogrupoquevaifalarsobreaslentesasféricas,etc..
Osparticipantesdecadagrupodeverão,então,apresentarparaaplenáriaorecursoópticoqueseencontrasobsuaresponsabilidade,coordenandoadiscussão sobre o tópico.
Pretende-sequeestaatividade sejadenatureza lúdica,oquecertamentefavorecerá a apreensão de um conhecimento técnico de forma leve edescontraída.
5�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
4º ENCONTRO
4. SISTEMA BRAILLE
TEMPO PREVISTO08horas
FINALIDADE DO ENCONTROFavorecer condiçõesparaque cadaparticipante se familiarize comoBraillecomosistemadecomunicaçãoparaoalunocomdeficiênciavisual,emgraudecegueira.
MATERIAL Texto:BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino
Fundamental – Deficiência Visual. Brasília:MEC/SEESP,2001.
SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva
PERÍODO DA MANHÃ
TEMPO PREVISTO04horas
1. Estudo em grupo (2 h)Para a realizaçãodeste encontro, recomenda-sequeosparticipantes seorganizememgruposdeaté04pessoas,paraaleituraeestudodostextosabaixo.
5�
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
ESCOLARIZAÇÃO DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA VISUAL6
Oprofessor alfabetizadordeve levar emconsideração todosos aspectosdedesenvolvimentodacriançaepartirdosseguintesprincípios:• Qualograudeperdadavisãodacriança?• Oqueacriançasabe?• Quetipodeexperiênciateveanteriormente?• Queoportunidadeslheforamoferecidas?• Oquelheésignificativonestemomento?• Oqueacriançaquersaberfazernessemomento?• Qualéoníveldeenvolvimentodesuafamília?
Oprofessoralfabetizadordeveajudaracriançaalidarcomfrustraçõesemotivá-la a investigar,pesquisar, construirnovos significados. Isto irá reforçar suaidentidadeeconstituiráabasedafuturaaprendizagem.
Porisso,oprocessodedesenvolvimentoeaprendizagemdaleituraeescritadevetercomometaaaçãofuncional,significativa,vivenciadaeconstruídapelacriança,mediantecooperaçãoconjuntaprofessor-aluno-colegasefamiliares.
Cabeaoprofessoraanálisedecadacaso,aorganizaçãoeasistematizaçãodeatividadespedagógicasespecíficas,necessáriasaodesenvolvimentointegraldoaluno,comotambémproporeadaptaratividadeslúdicas,prazerosasesituaçõesde interação, socialização e participação coletiva comosdemais alunosdaescola.
FASE INICIAL DA ALFABETIZAÇÃO
Antesdeaprendercomoseescreveecomoselê,apessoatemalgumasidéiassobrecomodeveserisso.Elavêalgumasescritasnarua,natelevisão,nosjornaise em muitos lugares. Ela vê pessoas lendo e escrevendo e pensa sobre isso.
A criança vidente incorpora, assistematicamente, hábitos de escrita e deleituradesdemuitocedo.Acriançacega,noentanto,demoramuitotempoaentrarnouniversodo“lereescrever”.OSistemaBraillenãofazpartedo
6 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.2,p.27-38,42-68.Brasília:MEC/SEESP,2001.
5�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
cotidiano, como um objeto socialmente estabelecido. Somenteos cegos seutilizamdele.Asdescobertasdaspropriedadesefunçõesdaescritatornam-seimpraticáveis para ela.
Infelizmenteascriançascegassótomamcontatocomaescritaecomaleituranoperíodoescolar.Esseimpedimento,sabe-se,podetrazerprejuízoseatrasosnoprocessode alfabetização.É ahorade a educação fazer-semais forte ecumprircomseusreaisobjetivos:abrirfrentesdeconhecimento,suprirlacunase minimizar carências.
Algunsestudiosos,especialmentedalinhaconstrutivista,consideramatécertopontodesnecessáriosexercíciosprévios,quepreparamoeducandoparaingressarnoprocessode alfabetizaçãopropriamente dito, porquenão acreditamnachamada“prontidãoparaaalfabetização”.
Deacordo comesta leitura teórica, a aprendizagemnão sedápor exercíciomecânico,pelaassimilaçãooudecodificaçãodecódigosoutécnicas,maspelapossibilidadedeacriançapensar,analisar,compararsemelhançasediferenças,pesquisar,terdúvidasebuscarsoluçõescomoauxíliodoprofessor.
Oquedeveficarclaro,entretanto,équenocasodaeducaçãodecriançascegas,independente da concepção pedagógica ou linha metodológica adotada pela escola,não sepodenegligenciarodesenvolvimento integral, autilizaçãodetécnicaserecursosespecíficosfundamentaisaoêxitoeeficáciadoprocessodeaprendizagemdaleituraeescrita,peloSistemaBraille.
Égeralmentenafasepré-escolar,quevaidosquatroaosseisanos,queseprocuradargrandeênfaseaodesenvolvimentodeumconjuntodehabilidadesquesãoimportantes para a leitura e a escrita no Sistema Braille.
Capacitar uma criança não é condicioná-la, transformando-a num serautomatizado, com respostas previsíveis e resultados esperados. Acapacitaçãoressaltadanascedaindependênciaedodomíniodesimesmo.
Quandosefalanaimportânciadodesenvolvimentodecapacidadesbásicas,fala-sedafinalidademáximadaeducaçãoespecial:proporcionaraoindivíduocomqualquerdeficiênciaaoportunidadededesenvolver-senadireçãodetornar-seumserautônomo,participativo,umapessoaplena,umhomemcomconsciênciade si mesmo.
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Ashabilidadesbásicas são trabalhadasapartirdasdificuldadesgeradaspelaprópria cegueira,oudecorrentesda faltade interaçãocomomeio,podendoapresentar-seemdiferentesníveisouemáreasdedesenvolvimento.
Ao estimular o mecanismo capaz de mobilizar estruturas internas da criança pré-escolar,deve-sedesenvolverhabilidades relativasà:percepção corporal,percepção espacial, desenvolvimento de conceitos, discriminação tátil,discriminaçãoauditiva,motricidadefinaeampla,acrescidosdadiscriminaçãovisualparacriançascomvisãosubnormal.Porisso,faz-senecessárioumtrabalhodeestimulaçãocontínuoeconsistente,apartirdaeducaçãoinfantil,naqualáreasimportantes necessitam ser aprimoradas.
Assim,oprofessor alfabetizadordeve levar a criançaa experimentar váriassituações de aprendizagem, a fimde que ela possa aprender a explorar, amanipular, aperceber, a reconhecer efinalmente a conhecerouniverso aoqualpertence,fazendocomqueelatambémsedescubraeseidentifiquecomoindivíduointeiroecapaz.
Nãoraroverifica-seodespreparodoprofessor,quedesconheceasnecessidadesdacriançanesseperíodo.Éfundamentalqueoprofissionalestejaomaispreparadopossívelparaquepossarealizarumatarefaeficiente,afimdealcançarosobjetivosa que se propõe.
Assimsendo, ao ingressarnoprogramadealfabetização, a criançadeve sercriteriosamenteobservadapeloprofessor,paraqueestepossa identificarseuperfildedesenvolvimento.
Osaspectospsicomotores,cognitivoseespecialmenteashabilidadessensoriais(táteis, auditivas e visuais)devemserobservados, vistoque sãohabilidadesessenciaisparafacilitaroprocessodealfabetizaçãopropriamentedito.
Ovolumedeinformaçõeseaqualidadedasexperiênciasdeaprendizagemdevemserosmaisvariadospossíveis,desdeasatividadesdelinguagem,comoreproduçãoeproduçãodepequenosversos,músicas,contosetextos,elaboraçãoeconstruçãodeesquemaslúdicos,deevocação,memória,representaçãomentaletemporal,jogosderepresentaçãoeraciocínioespacial,lógico-matemático,etc.
Alémdessas atividades grupais, as atividades individuais demanuseio e autilizaçãoderecursosespecíficoscomoreglete,punção,acessoaocódigobrailee ao texto em braile deverão ser priorizadas no contexto escolar.
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APRENDIZAGEM DO SISTEMA BRAILLE E O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
Umprogramadealfabetizaçãoparaatenderverdadeiramenteàsnecessidadesbásicasdeumalunodeficientevisual,precisaestabelecerconteúdosquevenhamprepará-loparaumdesempenhosatisfatórionastarefasdelereescrever.
Sabe-sequedesdeonascimentoatéaetapaescolar,acriançacom limitaçãovisualpodeapresentaratrasoemseudesenvolvimentoerequer,porisso,umaatençãoespecífica.
Suasdescobertaseconstruçõesmentaisirãodependerdaformapelaqualeleseráestimulado,levadoaconheceromundoqueorodeia.
Eisodesafiodoalfabetizador: estimular,orientar, conduzirparaautonomia,oportunizar, sempre dosando suas ações.O professor deverá favorecer ocrescimentoglobaldacriança,jamaisatolhendo,jamaisatransformandonumacópiamalforjadadeseumestre.
Independentedaposturapedagógicaadotada,oalfabetizadordecriançascegasdeve compreender que elas necessitam de mais tempo para adquirir habilidades sensório-motoras,simbólicasepré-operatórias.
Odesenvolvimentoerefinamentodapercepçãotátileodomíniodehabilidadespsicomotorassãoessenciaisparaafacilitaçãodoprocessodeleituraeescritapelo Sistema Braille.
Aescolhadeumprocesso,deummétodoedetécnicasadequadastemqueestarpresentesnasmetastraçadaspeloprofessor.
Tendoemvistaquevivemosnumasociedadealtamentecentradanaleitura,essesfatorestrazempreocupaçõesprofundasparaoaprendizadodaleituraedaescritapeloalunodeficientevisual.Dependendodograudevisão,oalunoaprenderáalereaescreverpeloSistemaBraille,ouescreveráeleráatravésdaletraimpressaemtinta,ampliada.
Ahabilidadedeusareficientementeosdedos,paraaleituraemSistemaBraille,serádesenvolvidacomapráticapeloexercíciofuncional.Deinício,issoimplicafazerascoisascomtodoocorpo,depoiscomosbraços,asmãoseosmúsculosgrossosefinalmente,utilizarosmúsculosfinosquefortalecemosdedos,tornando-osmaisflexíveisesensíveis.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Oalunoquepossui visão suficiente para ver letras impressas ou em tiposampliadosprecisatambémdeatividadesfísicasefuncionais,quepossibilitemumnívelsatisfatóriodecoordenaçãoolho-mão,necessárioaoprocessodeleitura-escrita.
Outraquestãoimportanteparaaqualoprofessoralfabetizadordeveestaratento,équecriançascegastendemautilizarmaisoraciocínioverbaleaviafonológicaparaaconstruçãodaleituraedaescrita,podendomuitasvezesautomatizaraleituraeapresentarmaisdificuldadeparaaconstruçãodaescrita.
Algunsalunospodem,naverdade,encontrarmuitadificuldadeparaaprenderalereescrever.Issoéespecialmenteverídiconoscasosdealunosquepossuemoutrasdeficiênciasouproblemasemocionais,alémdadeficiênciavisual.Outrospodem adquirir com mais lentidão a habilidade da leitura e da escrita.
O desafio específico está em encontrar-se o melhor caminho pelo qual cada aluno possa progredir.
O SISTEMA BRAILLE: PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA7
OSistemaBrailleéumcódigouniversaldeleituratátiledeescrita,usadoporpessoascegas,inventadonaFrançaporLouisBraille,umjovemcego.Oanode1825éreconhecidocomoomarcodessaimportanteconquistaparaaeducaçãoeaintegraçãodaspessoascomdeficiênciavisualnasociedade.
Antesdesseinventohistórico,registraram-seinúmerastentativas,emdiferentespaíses,nosentidodeencontrarummeioqueproporcionasseàspessoascegascondiçõesde lereescrever.Dentreessas tentativas,destaca-seoprocessoderepresentaçãodoscaracterescomunscomlinhasemaltorelevo,adaptadopelofrancêsValentinHauy,fundadordaprimeiraescolaparacegosnomundo,em1784,nacidadedeParis,denominadaInstitutoRealdosJovensCegos.
7 BRASIL,Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental. SérieAtualidadesPedagógicas,6,Volume2,p.32-38;42-62.Brasília:MEC/SEESP,2002.
63DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Foinestaescola,ondeosestudantescegostinhamacessoapenasà leitura,peloprocessodeValentinHauy,queestudouLouisBraille.Atéentão,nãohaviarecursoquepermitisseàpessoacegacomunicar-sepelaescritaindividual.
LouisBraille, ainda jovemestudante, tomouconhecimentodeuma invençãodenominadasonografiaoucódigomilitar,desenvolvidaporCharlesBarbier,oficialdoexércitofrancês.Oinventotinhacomoobjetivopossibilitaracomunicaçãonoturnaentreoficiaisnascampanhasdeguerra.
Baseava-se em doze sinais, compreendendo linhas e pontos salientes,representandosílabasnalínguafrancesa.OinventodeBarbiernãologrouêxitonoquesepropunha,inicialmente.ObemintencionadooficiallevouseuinventoparaserexperimentadoentreaspessoascegasdoInstitutoRealdosJovensCegos.
AsignificaçãotátildospontosemrelevodoinventodeBarbierfoiabaseparaacriaçãodoSistemaBraille,aplicáveltantonaleituracomonaescrita,porpessoascegas,ecujaestruturadivergefundamentalmentedoprocessoqueinspirouseuinventor.OSistemaBraille,utilizandoseispontosemrelevo,dispostosemduascolunas,possibilitaaformaçãode63símbolosdiferentesquesãoempregadosemtextosliteráriosnosdiversosidiomas,comotambémnassimbologiasmatemáticaecientífica,emgeral,namúsicae,recentemente,naInformática.
ApartirdainvençãodoSistemaBraille,em1825,seuautordesenvolveuestudosqueresultaram,em1837,napropostaquedefiniuaestruturabásicadosistema,aindahojeutilizadamundialmente.Comprovadamente,oSistemaBrailleteveplenaaceitaçãoporpartedaspessoascegas, tendo-seregistrado,noentanto,algumastentativasparaaadoçãodeoutrasformasdeleituraeescritae,aindaoutras, sem resultadoprático, para aperfeiçoamentoda invençãodeLouisBraille.
ApesardealgumasresistênciasmaisoumenosprolongadasemoutrospaísesdaEuropaenosEstadosUnidos,oSistemaBraille,porsuaeficiênciaevastaaplicabilidade, se impôsdefinitivamentecomoomelhormeiode leituraedeescrita para as pessoas cegas.
Constado arranjode seis pontos em relevo, dispostos emduas colunasdetrêspontos,configurandoumretângulodeseismilímetrosdealturapordoismilímetrosdelargura.Osseispontosformamoqueseconvencionouchamar“celabraile”.Parafacilitarsuaidentificação,ospontossãonumeradosdaseguinteforma:
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• doaltoparabaixo,colunadaesquerda:pontos1-2-3;• doaltoparabaixo,colunadadireita:pontos4-5-6;
1 42 53 6
Conformecombinadosospontosentresi,formar-se-ãoasletras;porexemplo,oponto1,sozinho,representao“a”.
1 42 53 6
Éfácilsaberqualdospontosestádeterminado,poissãocolocadossemprenamesma disposição.
As diferentes disposições desses seis pontos permitem a formação de 63combinaçõesousímbolobraile.Asdezprimeirasletrasdoalfabetosãoformadaspelasdiversascombinaçõespossíveisdosquatropontossuperiores (1-2-4-5);asdezletrasseguintessãoascombinaçõesdasdezprimeirasletras,acrescidasdoponto3,eformamasegundalinhadesinais.Aterceiralinhaéformadapeloacréscimodospontos3e6àscombinaçõesdaprimeiralinha.
Ossímbolosdaprimeiralinhasãoasdezprimeirasletrasdoalfabetoromano(a-j).Essesmesmossinais,namesmaordem,assumemcaracterísticasdevaloresnuméricos1-0,quandoprecedidasdosinaldonúmero,formadopelospontos3-4-5-6.
Noalfabetoromano,vinteeseissinaissãoutilizadosparaoalfabeto,dezparaossinaisdepontuaçãodeusointernacional,correspondendoaos10sinaisdaprimeiralinha,localizadosnaparteinferiordacelabraile:pontos2-3-5-6.Osvinteeseissinaisrestantessãodestinadosàsnecessidadesespecíficasdecadalíngua(letrasacentuadas,porexemplo)eparaabreviaturas.
Dozeanosapósainvençãodessesistema,LouisBrailleacrescentoualetra“w”aodécimosinaldaquartalinhaparaatenderàsnecessidadesdalínguainglesa.
Os chamados “SímbolosUniversaisdoSistemaBraille” representamnão sóasletrasdoalfabeto,mastambémossinaisdepontuação,números,notaçõesmusicaisecientíficas,enfim,tudooqueseutilizanagrafiacomum,sendo,ainda,deextraordináriauniversalidade;elepodeexprimirasdiferenteslínguaseescritasdaEuropa,ÁsiaeÁfrica.
65DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Em1878,umcongressointernacionalrealizadoemParis,comaparticipaçãodeonzepaíseseuropeusedosEstadosUnidos,estabeleceuqueoSistemaBrailledeveriaseradotadodeformapadronizada,parausonaliteratura,exatamentedeacordocomapropostadeestruturadosistema,apresentadaporLouisBrailleem1837,járeferidaanteriormente.
ALFABETO BRAILLE
LeituraDisposição Universal dos 63 sinais simples do Sistema Braille
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OSistemaBrailleaplicadoàMatemáticatambémfoipropostoporseuinventorna revisão editada em 1837.Nesta época, foramapresentados os símbolosfundamentaisparaalgarismos,bemcomoas convençõesparaaAritméticaepara a Geometria.
Desdeentão,novossímbolosforamcriados,determinadospelaevoluçãotécnicaecientífica,eoutrosforammodificados,provocandoestudosetentativasdeseestabelecerumcódigounificado,decarátermundial,oquefoiinviabilizadopelaacentuada divergência entre os códigos.
NoBrasil,apartirdadécadade70,especialistasnoSistemaBraillepassaramapreocupar-se comas vantagensque adviriamdaunificaçãodo códigodeMatemática,umavezqueatabelaTaylor,adotadadesdeadécadade40,nãovinhaatendendosatisfatoriamenteàtranscriçãoembraile,sobretudoapósaintroduçãodossímbolosdaMatemáticaModerna,revelando-seestatabelainsuficienteparaasrepresentaçõesmatemáticasecientíficasemnívelsuperior.
Dessemodo,oBrasilparticipou inicialmentedosestudosdesenvolvidospelocomitêdeespecialistasdaONCE(OrganizaçãoNacionaldeCegosEspanhóis)acompanhando seus estudos, dos quais resultou oCódigo deMatemáticaUnificado.
Em1991,foicriadaaComissãoparaEstudoeAtualizaçãodoSistemaBraille,emusonoBrasil,comaparticipaçãodeespecialistasrepresentantesdoInstitutoBenjaminConstant, da FundaçãoDorinaNowill para cegos, doConselhoBrasileiroparaoBem-EstardosCegos,daAssociaçãoBrasileiradeEducadoresdeDeficientesVisuaisedaFederaçãoBrasileiradeEntidadesdeCegos,comoapoiodaUniãoBrasileiradeCegoseopatrocíniodoFundodeCooperaçãoEconômicaparaIbero-América–ONCE-ULAC.
Osestudosdessacomissãoforamconcluídosem18demaiode1994,tendocomoumadasprincipais resoluções, adeadotar,noBrasil, oCódigoMatemáticoUnificadoparaaLínguaCastelhana,comasnecessáriasadaptaçõesàrealidadebrasileira.
PororientaçãodaUniãoBrasileiradeCegos,especialistasdaComissãonaáreadaMatemáticavêmrealizandoestudosparaoestabelecimentodeestratégias,visandoà implantação, em todoo territóriobrasileiro, danovaSimbologiaMatemáticaUnificada.
6�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
A Produção Braile
OaparelhodeescritausadoporLouisBrailleconsistiadeumaprancha,umaréguacom2linhas,comjanelascorrespondentesàscelasbrailequeseencaixampelasextremidadeslateraisnaprancha,eopunção.Opapeleraintroduzidoentreapranchaearégua,oquepermitiaàpessoacega,pressionandoopapelcomopunção,escreverospontosemrelevo.Hoje,asregletes,umavariaçãodesseaparelhodeescritadeLouisBraille,sãoaindamuitousadaspelaspessoascegas.Todasasregletesmodernas,quersejammodelosdemesaoudebolso,consistemessencialmentededuasplacasdemetaloudeplástico,fixadasdeumladopordobradiças,demodoapermitiraintroduçãodopapel.
A placa superior funciona como a primitiva régua e possui as janelascorrespondentesàscelasbraile.Diretamentesobcadajanela,aplacainferiorpossui, embaixo relevo,a configuraçãodecela.Pontoporponto,aspessoascegas,comopunção,formamosímbolocorrespondenteàsletras,númerosouabreviaturas desejadas.
Escrita no sistema Braile com uso de reglete e punção
Escrita com máquina braile
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Nareglete,escreve-sedadireitaparaaesquerda,naseqüêncianormaldeletrasousímbolos,invertendo-se,entãoanumeraçãodospontos,assim:
4 15 26 3
A leitura é feitanormalmenteda esquerdapara adireita.Conhecendo-se anumeraçãodospontos,correspondentesacadasímbolo,torna-sefáciltantoaleitura,quantoaescritafeitaemreglete.
Excetopela fadiga,aescritanaregletepodetornar-setãoautomática,paraocego,quantoaescritacomolápisparaapessoadevisãonormal.
Alémdareglete,obrailepodeserproduzidoatravésdemáquinasespeciaisdedatilografia,de7teclas:cadateclacorrespondeaumpontoeaoespaço.Opapeléfixoeenroladoemrolocomum,deslizandonormalmentequandopressionadoo botão de mudança da linha. O toque de uma ou mais teclas simultaneamente produzacombinaçãodospontosemrelevo,correspondenteaosímbolodesejado.Obraileéproduzidodaesquerdaparaadireita,podendoserlidosemaretiradadopapeldamáquina.AprimeiradelasfoiinventadaporFrankH.Hall,em1882,nosEstadosUnidosdaAmérica.
Asimprensasbraileproduzemseuslivrosatravésdemáquinasestereotípicas,semelhantesàsmáquinasespeciaisdedatilografia,conquantoelétricas.Essasmáquinaspermitemaescritadobraile emmatrizesdemetal.Essaescrita éfeitadosdoisladosdamatriz,permitindoaimpressãodobrailenasduasfacesdopapel.Esseéobraileinterpontado:ospontossãodispostosdetalformaqueimpressosdeumladonãocoincidamcomospontosdaoutraface,permitindoumaleituracorrente,umaproveitamentomelhordopapel,reduzindoovolumedos livros transcritos no Sistema Braille.
Aluno em atividade motora
6�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Novosrecursosparaaproduçãobraile têmsidoempregados,deacordocomosavançostecnológicosdenossaera.Obraile,agora,podeserproduzidopelaautomatização de recursos modernos dos computadores e de uma variedade de modelos de impressora.
OSistemaBrailleéempregadoporextenso,istoé,escrevendo-seapalavra,letraporletra,oudeformaabreviada,adotando-seocódigoespecialdeabreviaturasparacadalínguaougrupolingüístico.Obraileporextensoédenominadograu1.Ograu2éa formaabreviada, empregadapara representaras conjunções,preposições,pronomes,prefixos,sufixos,gruposdeletrasquesãocomumenteencontradas nas palavras de uso corrente. A principal razão de seu emprego é reduzirovolumedos livrosepermitiromaior rendimentona leituraenaescrita.
Uma série de abreviaturasmais complexas forma o grau 3, que requerconhecimentoprofundoda língua, boamemória e sensibilidade tátilmuitodesenvolvida por parte do leitor cego.
Noque se refere ao sistemaabreviado, faz-se importante ressaltarquepororientaçãodaComissãoBrasileiradoBraille,combasenosresultadosobtidosnapesquisasobreaaceitaçãoounãodosistemabrailleGrau2daLínguaPortuguesapelosleitorescegosbrasileiros,estátotalmenteabolidoousodestesistema,natranscrição de quaisquer obras pelos centros de produção e imprensas braile do Brasil,oquejávinhaocorrendodesde1ºdejaneirode1996.
AComissãoBrasileiradoBraillerecomendou,ainda,aelaboraçãodeumsistemapadronizadode abreviaturas braile daLínguaPortuguesa, para ser usadoexclusivamente na escrita individual. Este sistema deverá ser preparado por técnicosdevidamentecapacitados.
Ossímbolosfundamentaisdobraile,utilizadosparaasnotaçõesmusicaisforam,também,apresentadospelopróprioLouisBraille,naversãofinaldosestudosconstantesdapropostadeestruturadoSistema,concluídaem1837.
São muitos os aspectos que incidem positiva e negativamente na escrita e leitura doSistemaBraille.Abordaremos,deformagenérica,fatoresfundamentaisquepoderãofavorecerouprejudicaraescritaealeitura.
Todas as crianças têm o direito a receber educação nos requisitos básicos para a leituraeaescrita,eoprofessordevecompreender,compaciência,asimplicaçõesda questão.
�0
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Oquesebuscaéumaleiturafluida,comcompreensão,eumaescritaprecisa.
Noentanto,nãosepodeesquecerqueacriançaceganãotempistasvisuais,comodesenhos,paraajudá-loareconhecerumapalavraenemtãopoucopodereconhecer,deimediato,umapalavraespecíficaincluídanumaoração.
Apontadodedonãosubstituioolho,poisseualcanceémuitolimitadoemcomparação com o campo visual. O aluno cego pode reconhecer apenas um símbolodecadavez.Porconseguinte,aleituradobrailenosprimeirosestágiossebaseia,emgrandeparte,nométodoalfabético,silábicoefonético.
Paraqueoalunocegoseenvolvacomoprocessodeescritapropriamentedito,oprofessordevededicarespecialatençãoparaodesenvolvimentomáximodashabilidadesmotoras,vistoqueomanuseiodosrecursosmateriaisespecíficosparaaescritabraile,reglete,punçãoe/oumáquinaPerkins,exigirãodestreza,harmonia e sincronização de movimentos.
FUNDAMENTOS ESSENCIAIS PARA A ESCRITA, NO SISTEMA BRAILLE
Habilidades Motoras
Uma sucessão de movimentos motores amplos levará ao desenvolvimento das habilidadesmotorasfinas,quedaráaoalunoapossibilidadedeanalisardetalhes,bemcomoadquirirflexibilidadedepunhoedestrezadosdedos.
Algumasatividades funcionais e contextualizadaspodemserpropostasparaqueoalunopossaadquirirforçamuscularemobilidadeadequadaeprecisa,nosmovimentos das mãos:• usofuncionaldasduasmãos;• tampar–destamparfrascos(tampasdepressão,deatarraxar,etc.);• subir–descerzíperdecalças,bolsas,vestidos,etc.;• empilhar–desempilhareconstruircomobjetos;• colar–descolaretiquetas,fitasadesivas,etc.;• abrir–fechardiferentestiposdeportasedejanelas;• aparafusar–desparafusar;• alinhavar–desalinhavar–bordar–costurar;• enfiar–desenfiarcontas(elaborarobjetoscomcontas);
�1DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• abotoar–desabotoar;
• fazer–desfazernósgrossos,laços,etc.;
• armar–desarmarquebra-cabeças(primeiramentesimples,depoisfazendo
crescerograudecomplexidade);
• pintaremodelarcomasmãos;
• tocar instrumentos como violão e piano.
Nessas atividades podem também ser trabalhados os conceitos de igual–
diferente,grande–pequeno,etc.,associadosàlinguagem,atravésdarealização
deatividadesde classificaçãoque começamcomobjetos familiaresgrandes,
introduzindo-se, gradualmente,outros seqüencialmentemenores.Podemser
incluídostambémconteúdosparaadiscriminaçãodetamanhos,formas,posições,
texturas,etc.
Odomíniodosmovimentosexecutadospelosdedosédesumaimportância.Com
ousodosdedoséqueoalunoescreveráefaráoreconhecimentodossímbolos
braile.Daí anecessidadede seproporuma sériede exercícios estruturados
sistematicamente,quepoderãoajudaroalunoaidentificareinterpretaresses
símbolos.
Inicialmente,pode-sesugeriraoalunoatividadescomo:
• rasgar pedaços de papel de diferentes texturas para construir painéis,
caixas;
• destacartirasdepapel,etc.previamentepontilhados;
• cortarcomtesouraprópria,folhasdepapel,tecidos,etc.;
• dobrarpedaçosdepapel,tecidos,roupas;
• virarpáginasdecadernoscomapontadosdedos;
• recolhercomaspontasdosdedos:grãos,palitos,pregossemponta,folhas
depapel,clipes,etc..
Emseguida,oalunodevetatearsímbolosbraile,paraaprenderaavançarda
esquerdapara adireita, e o inverso,noprincípioda linha seguinte.Muitos
cegostêmdificuldadeparadesenvolveressadestreza.Éimportantegraduaras
atividades para assegurar o êxito.
Essaetapaéessencialparaestimularoalunoadesenvolverumaboapostura.
Lembrar que os antebraçosdevemapoiar-se sobre amesa comospunhos
ligeiramente elevados. Isto proporcionará apoio adequado às mãos. Os dedos
devemestarligeiramentecurvados.Deve-sepropiciarousodeambasasmãos
paraleitura,nesteestágio.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Paradesenvolverosmovimentosespecíficosdasmãosededosrecomenda-se:• amassaramassaplástica;• fazerrolinhoscomela;• trabalharbolinhasdemassa;• criarformas,nocomeçolivremente,maistarde,dandoacadaobjetocriado
a noção aproximada que ele deverá representar.
Para coordenar, concomitantemente, o jogo articulatóriodopunho comosmovimentos de segurar e apertar objetos com as mãos e dedos:• pegar uma chave entre os dedos fazendo-a girar no tambor de uma
fechadura;• segurarocabodeumafaca,firmando-anapalmadamãoenosdedos,afim
deexecutaromovimentodecortar;• prender com toda a mão o cabo de um martelo procurando ritmar o movimento
de bater e tornar o golpe cada vez mais dirigido ao alvo.
Nestafase,devemseroferecidas,aoaluno,situaçõesconcretasqueservirãocomobase para a escrita:• dar aoalunoumaespuma forrada comumpedaçodepapel eopunção,
deixando-ofurarlivremente;• mesmoexercíciopoderáserexecutadocomumbastidor,umaplacadeisopor,
tampadecaixadeovos,etc.
Concomitantemente,oprofessordevedaroportunidadeaoalunoparairentrandoemcontatocomareglete,opunçãoouamáquinaPerkins.
Algumasorientaçõespreliminaressefazemnecessáriasparaqueoalunocegoutilize,adequadamente,omaterialdeescrita:• apresentar o material por parte, explicando a utilidade de cada
componente;
Leitura em braile
�3DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• mostrarcomoabrirefecharareglete;• orientarcomoencaixararegletenosofíciosdaprancha;• ensinaracolocareretiraropapeldareglete;• orientarparaquedescubraasváriasfileirasdecelasque formamaparte
superiordareglete;• conduziroalunoaexploraracelabrailenareglete;• pedirque,apósacolocaçãodopapel,pressioneapunção,àvontade,nos
diferentespontosdacela,começandosempredadireitaparaaesquerda;• deixarqueperfurelivrementeafimdequeeleentreemcontatocomospontos
docódigobraile;• solicitarqueinicieapontuar,colocandoapenasumpontoemcadacela,em
qualquerposição;depoissolicitarquecoloqueosseispontos;aseguirqueescreva várias combinações de pontos. Exemplo:
1-2-3 e 1-2-3-4
• solicitarquefaçalinhaspontilhadascontínuasealternadas;• considerar os vários tipos de regletes existentes com suas peculiaridades
(formato,materialutilizado,númerodelinhasecelas,procedimentoparacolocaropapel,etc.)bemcomoousodamáquinaPerkinsBraille,seforocaso;
• explicarque,nareglete,aescritadeveserfeitadadireitaparaaesquerda,demonstrando, praticamente, que esse fato não altera a contagemdospontos.
Apóscadaexercício,éimportantequeoalunoretireopapeldaregleteeverifiqueoquefoifeito,identificando,pormeiodotato,aposiçãodospontos.
Mesmonão sendo imprescindível para a alfabetizaçãodeumaluno cego ahabilidadedetraçar,oprofessorpoderáoferecer-lhemaisessapossibilidade,afimdequeoutrosmovimentossejamincorporadosporele;istofacilitará,maistarde,a aquisição da capacidade de escrever seu próprio nome no sistema comum.
Paradominarosistemadeleituraeescritabraile,énecessárioqueoalunotenhabomdesempenhonoqueserefereàlocalizaçãoespacialeàlateralização,tendodesenvolvido boa habilidade manual.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
A Leitura Braile
Amaioriadosleitorescegoslê,deinício,comapontadodedoindicadordeumadasmãos:esquerdaoudireita.Umnúmerodepessoas,entretanto,podelerobrailecomasduasmãos.Algumaspessoasaindautilizamodedomédioouanular,emvezdo indicador. Os leitores mais experientes comumente utilizam o dedo indicador damãodireita,comumalevepressãosobreospontosemrelevo,permitindo-lhespercepção,identificaçãoediscriminaçãodossímbolos.
Estefatoacontecesomenteatravésdaestimulaçãoconsecutivadosdedospelospontos em relevo. Essas estimulações ocorrem muito mais quando se movimenta amão(oumãos)sobrecadalinhaescritanummovimentodaesquerdaparaadireita.Emgeralamédiaatingidapelamaioriadosleitoreséde104palavrasporminuto. É a simplicidade do braile que permite essa velocidade de leitura.
Os pontos em relevo permitem a compreensão instantânea das letras como um todo,umafunçãoindispensávelaoprocessodaleitura(leiturasintética).
Para a leitura tátil corrente, ospontos em relevodevem serprecisos e seutamanho máximo não deve exceder a área da ponta dos dedos empregados para aleitura.Oscaracteresdevemtodospossuiramesmadimensão,obedecendoaos espaçamentos regulares entre as letras e entre as linhas. A posição de leitura deveserconfortável.
Otatoéumfatordecisivonacapacidadedeutilizaçãodobraile,devendoportantooeducadorestaratentoasuasimplicaçõesnaeducaçãodosalunoscegos,comoserá tratado posteriormente.
FUNDAMENTOS ESSENCIAIS PARA A LEITURA, NO SISTEMA BRAILLE
Desenvolvimento da Linguagem
Écomumoalunocegodesenvolveruma linguagemreprodutora, carentedesignificado, denominadaverbalismo.Os pais e professores devem estarconscientes e assegurar ao aluno a oportunidade de veicular sua linguagem em desenvolvimento, comexperiências concretas.É comumodesenvolvimentodeumaleituramecânica,semcompreensão.Omaterialaserutilizadoparaaalfabetizaçãodeveserselecionado,demodoqueosalunospossamcompreenderosignificado.
�5DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Discriminação Auditiva
Osalunoscegosdevemter,desdepequenos,ambientericoemestimulaçãosonora,comsignificado,demodoa:• Perceber,reconhecer,identificar,discriminarelocalizaragamavariadade
sonsexistentes;• Reconhecer,pormeiodejogos,palavrascomeçadaseterminadaspelomesmo
som;• Discriminar a identidade de sons em palavras que contenham rimas.
Ashabilidadesauditivasqueincluemadiscriminação,aseqüenciaçãoeoritmosãoessenciaiseservemdeapoioparaaleituraeficiente.
Existeumagamadeatividadesqueoprofessorpodeproporaseualuno,paraqueelepossadesenvolverbemashabilidadesauditivas,porexemplo:repetircorretamenteorações curtas, aprendere repetirpequenas cançõesepoemasrimados,escutareobedeceraordens,marcharedançarsegundoritmosdiferentes,cantar canções, executar as açõesditas por elas, caminhar acompanhandoritmosdiferenciadosproduzidosporumtambor,reproduzirmodelosderitmosapresentados,etc.
Discriminação Tátil
A leitura tátil e a escrita dos símbolos braile devem ser processadasconcomitantemente,poisnãoéraroalgunsaprendizessentiremdificuldadesnasistematização da leitura.
Arelevânciadodesenvolvimentotátil,esuasimplicaçõesparaaeducaçãodealunoscegos,podemserconstatadasnoseguintetextodeHaroldC.GrifimeRaulJ.Geber,daUniversidadedeNewOrleans8:
A modalidade tátil é de ampla confiabilidade. Vai além do mero sentido do tato; inclui também a percepção e a interpretação por meio da exploração sensorial. Esta modalidade fornece informações a respeito do ambiente, menos refinadas que as fornecidas pela visão.
8TraduçãodeElzaViégaserevisãodePauloFelicíssimoeVeraLúciadeOliveiraVogel,professoresdoInstitutoBenjamin Constant.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Asinformaçõesobtidaspormeiodotatotêmdeseradquiridassistematicamentee reguladas de acordo com o desenvolvimento, para que os estímulosambientais sejamsignificativos.Ao contráriodoque sepensa, o sentidodavisão,quesedesenvolveucomopassardotempo,podecaptarasinformaçõesinstantaneamenteepodetambémprocessarnuançasdeinformação,pormeiode“input”sensorial.
Aausênciadamodalidadevisualexigeexperiênciasalternativasdedesenvolvimento,afimdecultivarainteligênciaepromovercapacidadessócio-adaptativas.Opontocentraldessesesforçoséa exploraçãodoplenodesenvolvimento tátil.Nesseprocesso,ficaimplícitaacompreensãodasseqüênciasdodesenvolvimento,namodalidade tátil. São elas:• consciênciadequalidadetátil;• reconhecimentodaestruturaedarelaçãodaspartescomotodo;• compreensãoderepresentaçõesgráficas;• utilização de simbologia.
Recurso auxiliar para uso funcional da visão
Adaptação de texto para leitura
Todasasfasescontêmníveisvariadosdeaquisiçãodehabilidadesrelativasaodesenvolvimento.
��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
A modalidade tátil se desenvolve por um processo de crescimento gradual. Esse processoéseqüencialelevaascriançascegasapassaremdeumreconhecimentosimplista a uma interpretação complexa do ambiente. Os pais e educadores têm umpapelimportantíssimonesteprocesso,porqueestimulamodesenvolvimentodascriançascegasdesdeainfância.Comoresponsáveisporessascrianças,elesdevemcontinuaradarênfaseaodesenvolvimentotátil,durantetodaavidadelas,jáqueessaéabaseparaosníveismaisaltosdodesenvolvimentocognitivo.
Finalmente,odesenvolvimentosistemáticodapercepçãotátiléessencialparaqueoscegoscheguemadesenvolveracapacidadedeorganizar,transferireabstrairconceitos.Comamaiordisponibilidadedematerialembraile,oconhecimentodas limitações da modalidade tátil será essencial para determinar as opções de aprendizado para crianças cegas.
Deformamaisprática,durantetodootrabalhodediscriminaçãotátil,oprofessordeve estar empenhado em levar a criança cega a:• exploraromaiorvolumepossíveldeobjetos;• identificardiversostiposdeobjetos;• classificardiversostiposdeobjetosquantoàforma,tamanho,textura,etc.;• seriarobjetosdediferentes espécies (gradação crescente edecrescente),
visandopreparar o alunopara compreender osdiferentes tamanhosdepalavraselinhas;
• estabelecerdiferençasentre: 1. semelhança,diferença,equivalência; 2. largura(largo–estreito); 3. posição(emcima–embaixo–entrelinhavertical–horizontal); 4. lateralidade(esquerda–direita); 5. textura(áspero–liso); 6. distância(longe–perto); 7. comprimento(longo–médio–curto); 8. noçãodeconteúdo(cheio–vazio).
• Compreender a organização da página escrita: 1. queselêdaesquerdaparaadireita,deslizandoapontadosdedossobre
alinha; 2. queaslinhassãodispostasnopapeldecimaparabaixo; 3. queaslinhastêmcomeçoefim; 4. queaslinhaspodemestarcompletas; 5. queaslinhaspodemvircomespaçosvazios-queaslinhaspodemvariar
de tamanho.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Trabalhar o elemento escrito: • oferecerlinhaspontilhadas; • oferecerlinhaspontilhadascomsinaisdiferentes; • oferecerummodeloepediràcriançaqueoidentifiquenalinhatraçada
ou pontilhada.
• Assegurar os movimentos corretos das mãos, no ato da leitura: • conduziracriançaaestarcomodedoempermanentemovimento; • leratravésdemovimentos,contínuos,portantoaspausassãomínimas; • lerletraporletra; • evitarmovimentosdesnecessários:decimaparabaixo,debaixoparacima,
regressivos; • evitarexcessodepressãododedosobrealetra,istodiminuiaqualidade
dapercepção; • alertar a criança para que tenha o cuidado de perceber todas as unidades
contidasnalinha,demodoapreparar-separaoprocessodealfabetizaçãolendopalavras.Aleituratátilsefazletraporletraeapalavrasóépercebidaquando termina.
Reflexão sobre os Métodos de Alfabetização para Crianças Cegas
Encontrarmétodosquefavoreçamaaprendizagemdaleituraedaescritatemsidopreocupaçãofreqüenteentreosprofissionaisdomundodaeducação.
Frenteàproliferaçãodemateriaisexistentesparaaaprendizagemdaleituraedaescrita,observamosescassezdetrabalhosespecíficos,respaldadosporumaboafundamentaçãoteórica,sobreaaprendizagemdoSistemaBraille.
Antesmesmodedefinirqualquermetodologiaparaaaprendizagemdaleituraedaescritabraile,deve-seteceralgumasconsideraçõespréviasarespeitodomomentoemqueodeficientevisualéencaminhadoparaaaprendizagemdocomplexo código que será usado para sua comunicação.
Aaprendizagemdastécnicasdeleituraeescritadependedodesenvolvimentosimbólico,conceitual,psicomotoreemocionaldacriança.
Essaevoluçãosatisfatórianemsempresedádeformaespontâneaparaacriançacega.Pensa-sequeémissãodoeducadorcontribuireintervirintencionalmenteneste processo.
��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Éclaroquenemtodasascriançascomidadecronológicade6a7anosestãoaptasparainiciaraaprendizagemdastécnicasdeleituraeescrita,equeparaaquelasquenãotenhamconseguidoumamaturidadepsicológicaadequada,insistirquedominemastécnicasécontribuirparaofracasso.Daíanecessidadedeprestarespecialatençãoàshabilidadesenecessidadesdacriança,antesdedecidiromomento de iniciar o ensino da simbologia.
Menciona-seaqui,deformasucinta,osfatoresqueinterferemnaaprendizagemda leitura e da escrita braile:• Organizaçãoespaço-temporal;• Interiorizaçãodoesquemacorporal;• Independênciafuncionaldosmembrossuperiores;• Destrezamanipulativa;• Coordenaçãobimanual;• Independênciadigital;• Desenvolvimentodasensibilidadetátil;• Vocabulárioadequadoàidade;• Pronúnciacorreta(diferenciaçãodefonemassimilares);• Compreensãoverbal;• Motivaçãoanteaaprendizagem;• Nívelgeraldematuridade.
Paraquea criança comdeficiência visualprogrida,nesses aspectos,deveráparticipar de programas com conteúdos curriculares específicos, alémdaprogramação normal da sala de aula.
DadasasparticularidadesdoensinodoSistemaBraille,considera-seoprocessosintéticoomaisfácilerápidoparaaalfabetizaçãodecriançascegas.Porissoacredita-sequeoprofessorpodefazersuaopção,conformeoestiloperceptivodoalunoeviadeapoioeacesso:fonético,silábicooualfabético.
Ométodo fonéticoou sintético temporobjetivobásico ensinar à criançaocódigoaoqualnossossonssãoconvertidosemletrasougrafemas,ouvice-versa,separandoinicialmentealeituraeosignificado.
DecifraroSistemaBrailleéumadecodificaçãodenaturezaperceptivo-tátilenãogarante,deformaalguma,aprendizagemconceitualeinterpretação,necessáriasao processo de leitura.
A leitura é uma atividade de representaçãomental, que envolve o léxicointerno,istoé,oconhecimentoeosignificadodapalavrapeloprocessoglobal.Leréumaatividadecomplexaquenãoserestringeapenasadecifrarsímbolos
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
táteis.Envolveumavariedadedeatividadescomoatribuirsignificadoaosímbolo,àspalavras,parachegaràinterpretaçãoecompreensãodotexto.
Emboraessesmétodos revelemalgumas falhas,podemserusadoscomêxitopelosalfabetizadores.Osucessovaidependerdacompetênciaedacriatividadedoprofessor,quepodetransformarseutrabalhoemalgoatraenteeenriquecedor.
Oprofessordeveaindabuscar sugestõesdeatividadesespecíficasemoutrasfonteseadaptaràmetodologiadesuaopção.
Aleiturabrailetemsidoabordadapormuitosestudiosossoboenfoqueanalítico,atendendoàsexigênciasdocaráteranalíticodapercepçãotátil.Emboraacriançacom6a7anosdeidadeaindanãotenhadesenvolvidotodososesquemasdeoperaçãomental,seupensamentoéglobalesincrético.
Trata-sedecombinaraviasemântica,lexicaleométodofonético(quepermiteaoalfabetizando,oquantoantespossível,conteúdossignificativos)aomesmotempo,erespeitaraspeculiaridadesdaexploraçãotátil.Podeoptar-setambémporumaapresentaçãogradualdecadagrafema,querepresentaumsomsimplesdofonema,palavracomounidadebásicadamensagemsem,entretanto,deixardeoferecerostextosembraileparaexploraçãoedecodificação.
Nométodosilábico,assílabassãocombinadasparaformarpalavras.Emgeral,quandoseensinaporestemétodo,inicia-seporumtreinoauditivo,pormeiodoqualacriançaélevadaaperceberqueaspalavrassãoformadasporsimplessílabasouporgruposconsonantais.
Apartirdaíoalunoassimilaaformagráficadasílabaàqualatribuiodevidosom.Nestemétodo,apresenta-se inicialmentea família silábica,emseguida,palavras,frasesetextos.
ComojádissemosoSistemaBrailleestábaseadonotatoeutiliza,geralmente,ummétodomaisfácilerápidoqueéosintético.Porseresseumsentidoquepercebeumasucessãodecurtaextensão,otatodistingueefetivamentealetraenãoo conjunto simplesqueconstitui apalavra, emuitomenoso conjuntocomplexoqueformaafrase.Portanto,aoler,acriançacegaelaboraumasíntesedasdiferentesletras.
Nessaperspectiva,podemtambémseroferecidascartelascomosímbolobraileparaacriançaepeloprocessoalfabéticoconstruiraleituraeaescrita.
�1DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Paraambososmétodos,deve-seproporconteúdossignificativosadequadosàidade,vistoquealeitura,comoinstrumentodecomunicaçãoedeinformação,será mais tarde estimulante e motivadora por si mesma.
Osujeitoseinteressarádiretamentepelosconteúdosdotexto,semterderealizarespeciais esforçosparadecifrar símbolos, para recomporpalavras e frases.Duranteoperíododeaprendizagem,oalfabetizandofocalizasuaatençãomaisnainterpretaçãodossignificadosenosaspectosformaisdamensagemescrita.Porisso,pensamosqueduranteestaprimeiraetapaaspalavraseasfrasesqueseapresentamtêmdesercurtasecarregadasdeumconteúdoemocionalquesuponhaumreforçoimediatoaoesforçorealizado.
Asmensagensdostextosdevemapresentar-secompalavrasquejátenhamsidotrabalhadasoralmentepelosalunosecomestruturaslingüísticasfamiliaresparaeles.
Com relação à seqüência de apresentação das letras consideramos que se deve respeitaralgunscritérios:• Asdificuldades específicasdoSistemaBraille, semelhançados símbolos,
reversibilidade,assimetria,dificuldadesdepercepçãodecadagrafema,• As características próprias de cada língua: dificuldades ortográficas e
fonéticas.
Segundoapossibilidadedeusarumdosmétodosmencionados,oprofessorpoderádefiniraapresentaçãodasletras,dosfonemasoudassílabas,levandoemconsideraçãooscritériosjáexpostos,ointeresseeexperiênciadoaluno.
Oprofessortemaindaaoportunidadedeoptarporadotarlivrosjáexistenteseutilizados pelas crianças videntes ou textos elaborados com os alunos.
Normalmente,quandoseutilizaométodosilábico,começa-seporapresentarasvogaisminúsculasemaiúsculas,encontrosvocálicos,consoantesqueformamsílabas simples, consoantesque formamsílabas compostas comas seguintesrecomendações:• Desdeoprimeirofonemaintroduzidooprofessordeveráensinaradivisão
silábicadaspalavras.Ensinarohífen.• As palavras que comporão cada unidade proposta devem pertencer ao
repertóriodacriança,paraqueelaestabeleçaumarelaçãosimbólicaentreoconceito e o elemento escrito.
• Daraoalunoanoçãoexatadaunidadepalavracomoalgosignificativo.• Daranoçãodequeoconjuntodepalavrasformaumtodosignificativo,a
sentença.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Levaracriançaaobservarecompreenderquenumasentençaaspalavrassãoescritasnumaordemlógica,obedecendoaregrasdeconstrução.
• As palavras na sentença precisam ser escritas respeitando espaços em branco entre elas.
• Desdeosprimeirosfonemasintroduzirassentenças,conseqüentemente,ossinais de pontuação. O primeiro sinal de pontuação a ser dado será o ponto final,depoisopontode interrogação,opontodeexclamação,avírgulaefinalmenteosdoispontos.
• Outrossinaiscomotravessão,reticências,grifo,apóstrofo,aspaseparêntesespoderão ser introduzidos no decorrer dos textos lidos.
Acondutadoprofessorcontribuiparadarsignificadoeimportânciaaoprocessodealfabetização,paraumacriançacomdeficiênciavisual.Assimsendo,acredita-sequeoprofessoralfabetizadorprecisa:• Planejaratividadesapartirdointeresse,competênciaeexperiênciadoaluno;• Acompanhar o processo de aprendizagemde cada aluno, registrando
o progresso. Saber identificar os alunos que precisamde uma atençãoespecífica;
• Fazertrabalhosdiversificados,deacordocomosníveisdosalunos;• Propor trabalhos em pequenos grupos para que cada um possa dar e receber
ascontribuiçõesdesuasidéiasedoquejádescobriu;• Planejarcadaaula,demaneiraqueotemposejadistribuídoentreatividadesque
osalunostenhamdefazersozinhos,empequenosgrupos,ecoletivamente;• Estimularaautoconfiançadosalfabetizandos;• Enfatizarascapacidadesenuncaasdeficiências;• Proporvivênciaseexperimentaçõesparacadaconteúdoaserministrado,
dandosignificadoecontextualizandoaaprendizagem;• Oferecermateriaisatrativoseacessíveis;• Apresentar materiais de boa qualidade e com possibilidade de serem
manipulados;• Apresentar textos, cartilhas e livrosde volumes reduzidos, editados em
formatospequenos,quepossamsermanuseados,edefáciltransporteparaosalunos;
• Recorreraalternativasquesejamtambémmotivadorasparaascriançascegas,taiscomoodesenho,emrelevo,deobjetosfamiliaresquetenhamreferênciascomostextos;
• Usarrecursosvisuais(desenhos,coloridos,contrastes)paramotivaracriançadebaixavisão;
• Adaptaroconteúdo,quandoadeficiênciavisualconstituirimpedimentoparaaexecuçãodedeterminadasatividades;
• Buscarmetodologiasalternativas,quandonecessário.
�3DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
2. Intervalo (15 min.)
3. Continuação do estudo em grupo (1 h e 45 min.)
4. Almoço (2 h)
PERÍODO DA TARDE
TEMPO PREVISTO04horas
1. Continuação do estudo em grupo (2 h)
2. Intervalo (15 min.)
3. Elaboração de síntese (45 min.) Apresenta-seaseguirumroteirodequestõesqueobjetivafacilitaradiscussãogeral e a elaboraçãodeuma síntese, pelos participantes dosdiferentesgrupos.
Roteiro de Questões • NoqueconsisteoSistemaBraille? • Quaisinstrumentospermitemaredaçãoembraile? • O que se recomenda para a postura do aluno cego quando este escreve em
braile? • Oqueéoverbalismo? • Porquesãoimportantesashabilidadesmotoras? • Qualéaimportânciadotato? • Queprocessosestãoenvolvidosnaproduçãodaleitura? • Oquepodeumprofessoralfabetizadorfazerparaauxiliaraaprendizagem
deumalunocego?
4. Plenária (1 h)As respostas às questões do roteiro deverão ser apresentadas e discutidas em plenária,nahorafinaldesteencontro.
�5DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
5º ENCONTRO
5. COMPLEMENTAÇÕES CURRICULARES ESPECÍFICAS PARA A EDUCAÇÃO DE
ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO: ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA (AVD),
ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE
TEMPO PREVISTO08horas
FINALIDADE DO ENCONTROFavorecercondiçõesparaquecadaparticipantesefamiliarizecom:• aimportânciadodomínio,peloalunocegoepeloalunocombaixavisão,das
atividadesdevidadiária(AVD);• estratégiasdeensinoquefavoreçamaaprendizagemeaautomatizaçãodas
atividadesdevidadiária;• aimportânciadaautonomiaparaorientaçãoespacialemobilidade;• oensinodeOrientaçãoeMobilidade-OM.
MATERIAL Texto:BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino
Fundamental – Deficiência Visual. Vol.3,p.47–80.Brasília:MEC/SEESP,2001.
SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva
PERÍODO DA MANHÃ
TEMPO PREVISTO04horas
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
1. E s t u d o d e t e x t o c o m s i m u l a ç ã o d a s a t i v i d a d e s d e AVD (2 h)Aoseiniciaresteencontro,oformadordeverásolicitaraosparticipantesqueseorganizemempequenosgruposparaleitura,estudoediscussãosobreotexto abaixo.
Recomenda-se, àmedidaque se vai lendoo texto, queosparticipantesreproduzamas atividades focalizadas, simulando a cegueira ou a baixavisão.Paratanto,podemutilizarasfaixasusadasnoexercíciodesimulaçãodesenvolvido no encontro.
Paraquetodospossamparticipar,sugere-sequeosparticipantesdecadagruporevezem-senaleituraenassimulações.
ENSINO DE ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIAPRINCÍPIOS DO PROGRAMA DE AVD9
AsAtividadesdaVidaDiária-AVDsereferemaumconjuntodeatividadesquevisamodesenvolvimentopessoalesocialnosmúltiplosafazeresdocotidiano,tendoemvistaaindependência,aautonomiaeaconvivênciasocialdoeducandocomdeficiênciavisual.
Temcomoobjetivos:proporcionaroportunidades educativas funcionaisquehabilitemoalunocomdeficiênciavisualadesenvolver,deformaindependente,seuauto-cuidadoedemais tarefasnoambientedoméstico,promovendo seubem-estarsocial,naescolaenacomunidade.
Tem como objetivos:• favoreceraaquisiçãodehábitos salutaresnaalimentação,nahigiene,na
saúdeenovestuário;• observarasformasqueoalunoutilizaparapercebereinteragircomomeio,
ampliandoeenriquecendo-as;• proporcionaraoalunosegurançaeconfiançapelautilizaçãointegradados
sentidosremanescentes;• favoreceraaquisiçãodeconceitosepistasespaço-temporaiserelaçõescausais,
paraodomínioeaorganizaçãodomeio;• estimularatitudes,habilidadesetécnicasparaodesenvolvimentodeatividades
navidaprática;
9 BRASIL.MinistériodaEducação.Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual.Vol.3,p.47-59,Brasília:MEC/SEESP,2001.
��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• estabelecerrotinadiárianamanutenção,ordemelimpezadacasa,escolaouescritório;
• orientarquantoaposturas,gestosecomunicaçãosocial;• desenvolverhabilidadesdavidadoméstica:culinária,jardinagem,domíniode
equipamentos,artesanato,pequenosconsertos,atividadesartísticas,etc.;• orientarquantoàadequaçãosocial,etiquetas,boasmaneirasnotratodiário
emrestaurantes,festas,eventospúblicoseoutros;• propiciarvivênciasematividadesesportivas,lúdicaserecreativas.
Recomendações do programa de AVD
1. A pessoa que desenvolve um programa de ensino de AVD precisa de conhecimento técnico-científico, de tempo, paciência, compreensão,imaginação,sensocomum,flexibilidade,tolerância,coerência,conhecimentosobrepersonalidade,conhecimentodasdificuldadesedasnecessidadesdodeficientevisual,alémdelevaremcontaasexpectativaseosinteressesdeseu aluno.
2. OprogramadeensinodeAVDdeveiniciar-seomaisprecocementepossível.Comintervençãoapropriadaeorientaçãoàfamília,muitasinabilidadespodemser compensadas ou superadas.
3. OtrabalhodeensinodeAVD,naetapapré-escolar,deveserdesenvolvidopreferencialmenteatravésdejogos,rotinasejogodepapéis,comafinalidadede motivar a instalação e o estabelecimento de hábitos permanentes na criança.
4. OprogramadeAVDdeveserdesenvolvidoapartirdoníveldeexperiênciaperceptiva,dossignificadosedonívelconceitualdoaluno.
5. OprogramadeensinodeAVDnãodeveserderesponsabilidadeexclusivadoprofessordadisciplina,masdesenvolvidoeminterdisciplinaridadecomoProgramadeOrientaçãoeMobilidade,EducaçãoArtística,EducaçãoFísicae outros.
6. Muitasatividadesserãodesenvolvidaspelafamília,quedeveserorientada,paraqueoalunotenhaplenodomíniodomeioedasatividadescomunitárias.
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7. As atividadesdevem ter, comopontode referência, não apenas onívelde desempenhodas pessoas que enxergam,mas fundamentalmente aspeculiaridadesdacegueira,aformadiferenciadadeperceberedeserelacionarcom o meio.
8. OprocessometodológicoparaodesenvolvimentodasatividadesdeAVDéodaexperimentaçãoativa,comdiscussãopermanentecomapessoaeogrupo.
9. ÉdefundamentalimportânciaarealeconstantemotivaçãonodesenvolvimentodoprogramadeensinodeAVD,apartirdointeresse,expectativaerealidadesociocultural do aluno.
10.TodasastécnicasdeensinodeAVDsãoimportantesparaqueoaluno,comdeficiência visual, atinja sua independência. Para tanto, nãodevem seroptativas em seus aspectos básicos.
11. OensinodeAVDdeverespeitarosvaloresdecadaaluno,semforçarnempressionar jamais para que se efetivem aprendizagens que firam seusprincípios(comoporexemplo,costumesreligiosos).
12.AsAVD´sdevemser ensinadas levando-seemcontaa realidadede cadaaluno;alémdisso,éconvenientequeseconheçaousodeoutroselementos,aindaqueestesestejamtemporariamenteforadeseualcance.
13.ÉessencialqueasAVD´ssejaminternalizadaspeloalunocomdeficiênciavisual,paraseremreproduzidaseusadaspermanentemente.
Programa básico de ensino de AVD
O programa básico de ensino de AVD deve ter a preocupação de instrumentalizar a pessoacomdeficiênciavisualparabuscararealizaçãodeseusprópriosinteressesepossibilidades,apromoverodesenvolvimentodesuashabilidadeseaconstruirautonomia e independência nas atividades do cotidiano.
É sabido que a visão transmite informações ao indivíduo, com rapidez eprecisão,antecipaecoordenamovimentoseaçõeserespondepor80%darelaçãodoindivíduocomomundo.Portanto,sãomuitasesignificativasasimplicaçõesdadeficiênciavisualparaa integraçãodo indivíduo,vistoquea ausência de visão prejudica sua compreensão domundo e interfere na
��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
qualidadedetrocacomomeio,causando,muitasvezes,aprivaçãodevivências,alimitaçãodemovimentoseainterferêncianaorientaçãoespacial.
Emvistadetodasessasimplicações,faz-senecessárioqueoprogramadeensinodasAVD´s,quecongregaatividadescomgraudecomplexidadeprogressiva,sejadesenvolvidodeformasistemática,permitindoaoindivíduotercontatocomastécnicase/ouprocedimentosparaaaquisiçãodaspráticas,bemcomofazeroquestionamentodelas,teraoportunidadedecompartilharexperiências,criar,planejar e experimentar.
Oprogramadeveaindafavorecerodesenvolvimentoafetivo,cognitivo,social,lingüístico eperceptivo-motordoaluno, comaperspectivadeproporcionaraodeficientevisualaindependênciaplenaemAVD,queéabasesobreaqualse acumulam todas as demais habilidades necessárias para sua autonomia e independência.
AiniciaçãonasAVD´scomeça,semdúvida,nolar,devendoseraescolaumlocaldecomplementaçãodeseuensinoeprática.Oprofessor,alémdesuasfunçõesespecíficas,terádeorientarafamíliaemcertosaspectos,principalmentepelofatodequeamaioriadesconheceaspossibilidadesdeseusfilhosenemsabetambéma formacorretadeauxiliá-los.Nãobastadarà criançaaorientaçãoverbaladequadaparaarealizaçãodedeterminadatarefa;elanecessitadeajudaparaaexecuçãoearepetiçãodaexperiênciaemconjunto,comsupervisão,paraque possa executar a atividade com segurança e desembaraço.
Oatodevestir-se,porexemplo,constituiumadificuldadedevidoàvariedadedecoreseacessóriosquedeverãosercombinados,exigindoaparticipaçãodeterceiros.Noentanto,oatodedespir-senãoconstituitantoproblema,sebemqueacriançadeveserorientadaparaestaratentaquandotirasuasroupas,poisdevefazê-locomcertaordem,parapoderencontrá-lasmaistarde.
SeasAVD´sforemrealizadasdeacordocomodesenvolvimentofísicoementaldacriança,ter-se-á,nofuturo,umadultoauto-suficienteeadaptadoàrealidadedavida.Deve-se lembrarqueparaodesenvolvimentodasAVD´s,podemserutilizadosmateriais comuns, sendonecessário,no entanto,maior tempodeexecução,concretizaçãoeobjetividadenoensino,doqueorequeridoparaumapessoa vidente.
A independência nas AVD´s serve a duas finalidades: a primeira,naturalmente,visaàsatividadesemsi,poisédesejávelenecessárioquetoda
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pessoasaibavestir-se,alimentar-se,etc..Asegunda,visaasmesmasatividades,porémcomomeioparaoeducandooureabilitandocomdeficiênciavisualtornar-secapazdedesempenharseupapeldecidadãodemaneiracompleta,ouseja,naáreadaeducação(estudar,freqüentarcursos,participar),naáreadarecreação(lazer, sociabilidade, crescimento social),na áreado trabalho (qualificar-se,trabalhareproduzir)eprincipalmentenodebatesocialdeidéiasenoprocessodecisório que rege a vida em sociedade.
A prática autônoma de AVD´s deve proporcionar ao deficiente visualindependência física e emocional, que lhepermitaparticipar ativamentedoambiente em que vive.
OmétododeensinodeAVDdevesersempreflexível.Nenhumatécnicadeveserrígida.Assim,sugere-sequeoeducandopasseporumaentrevista,atravésdaqualsepossaverificarsuasnecessidades,definirosobjetivosparaumprogramadeensino,econseqüentementeestabelecerumplanodetrabalho.
Este plano de trabalho poderá ser desenvolvido:• Pelafamília,comorientaçãodoprofessor;• Peloprofessor,emsaladeaula,aproveitandoosrecursosdequeaescola
dispõe.
Aentrevistarealizadacomoalunoecomsuafamíliaconstituiumrecursovaliosoquepossibilitacolhersubsídiosparaumamelhorprogramação,umavezqueeladevesondaroperfildoaluno,mediantequestionamentossobreoquejárealiza,comorealiza,quaisasdificuldadesqueenfrenta,emquenecessitadeorientaçãoequaisasexpectativasquetem,comrelaçãoàaprendizagemdasAVD´s.
Apósoestabelecimentodaprogramação,sugere-sequeaprimeiraatividadedoalunosejaadeexploraçãonaturaleespontâneadoambienteasertrabalhado,bem como a dos elementos nele existentes.
Aetapaseguinteéamanipulaçãodesseselementos,comafinalidadedeco-nhecersuascaracterísticasefunção:comotocarosobjetosecomomanipulá-los.Opassofinaléautilizaçãodesseselementos,queconsisteemtocarosobjetos,manipulá-los,reconhecê-los,saberutilizá-los.
A uti l ização dos elementos é condição primária do processo derelacionamentodoindivíduocomomeio.Éimportantelembrarquetodo
�1DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
o trabalhoaserdesenvolvidodeverápartirdasvivênciasreaisdoeducando,associando-asaoutraspráticasdocotidiano.
Emtodosospassosverificar-se-ãoashabilidadesnecessáriasparasuaexecução,tais como: desenvolvimento sensorial, perceptivo,motor, noções espaço-temporais,etc.,umavezqueaqualidadedodesempenhonatarefadependeráde vivências sucessivas nestes aspectos.
Exemplo: Habilidades necessárias para a execução da atividade:Área: Higiene CorporalAtividade: Limpeza e cuidados necessários com o corpo• Conhecimentodaspartesdocorpoesuasfunções;• Conhecimentodosmateriaisdehigienecorporal;• Preensãodosmateriais;• Percepçãotátil-cinestésicadaação;• Percepçãoolfativa;• Planejamentodoatomotor;• Ritmo e agilidade para execução.
É necessário lembrar que essas habilidades são importantes para a aprendizagem e a eficiênciana execuçãodessa tarefa, alémde serem importantespara odesenvolvimento integral do educando.
Aprender a escovar os dentes ou lavar o rosto requer o conhecimento anterior do usodapia(abrirefecharatorneira,colocarpastadentalnaescova,etc..).
TodoprogramadeensinodeA.V.D.,portanto,deveestarbaseadoematividadesprogramadaspassoapasso,notempoenorítmoprópriodecadaaluno,deformaquecadapassosejaimplementadoperfeitamente,atéqueoeducandoapresentedesempenhosadequadosemaiseficazes.
Síntese de um Programa Básico de ensino de AVD1. Higiene pessoal • Higiene bucal • Higiene do rosto • Higiene das mãos • Higienedospés • Higiene dos cabelos • Higiene das unhas • Higiene do ouvido • Higiene do nariz • Higienedosolhos(prótese)
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Higiene do corpo • Higienesexual(utilizaçãodepreservativo) • Higienemental,etc.
Exemplo:Área: Higiene Corporal / Higiene das mãos e do rostoAtividade: lavar as mãos e o rostoPassos:• abriratorneira;• molharasmãoseorosto;• pegarosabonete;• ensaboarasmãos,envolvendo-as;• escovarasunhas;• ensaboarorosto;• assoaronariz;• enxaguarorostoeasmãos;• fecharatorneira;• pegaratoalha;• secarorostoeasmãos;• pendurar a toalha.
É importante ressaltarque essas seqüênciasnaturais (quequalquer criançaaprendeespontaneamente,pelaobservaçãovisual,eàsvezescomumapequenaajuda)nãoépercebidapelacriançacomdeficiênciavisual.Daíanecessidadedeumensinosistemáticoeplanejado,comaintroduçãodeníveisdiferenciadosdeajuda e sua gradativa retirada.
Higiene de utensílios domésticos
2. Vestuário • Identificaraspeçasdovestuário; • Vestir-se(camisetas,calças,saias,etc.);
�3DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Despir-se; • Calçarmeiasesapatos; • Procedimentoparadarlaçoenó; • Procedimentoparaabotoaredesabotoar; • Lavarpeçasdovestuário; • Engomarasroupas; • Reparosderoupas(alinhavar,fazerbainha...); • Dobraduraderoupas; • Organizaçãodasroupas(gavetas,cabides...); • Higienedoscalçados,etc.
Exemplo: Área: Vestuário Conteúdo: Vestir calça Passos: • Localizaracintura(cós); • Voltarapartedetrásdapeçaparaocorpo; • Desabotoarouabrirzíper; • Segurarpelapartedafrentedocós; • Vestirumapernaatéojoelho; • Vestiraoutraatéojoelho; • Puxaratéacintura; • Abotoar,fecharzíperoucolchete.
3. Atividades Domésticas • Explorarereconhecerambientes; • Organizareconservaroambiente; • Limpezaemgeral(varrer,lavar,encerar,aspirarpó); • Arrumaçãodacasa; • Utilização e conservação de eletrodomésticos e demais utensílios
domésticos; • Noçõespreliminaresparapreparodealimentos; • Preparodealimentossimples; • Preparo de alimentos complexos.
Exemplo: Área: Atividades domésticas Conteúdo: Uso do liquidificador Passos: Partes do aparelho:tampa,sobretampa,copodeplástico,fundometálico
(faquinhas),aneldeborrachaparavedaçãoecorpocommotor.
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Instruções para uso: • Atarraxar o copono fundometálico, tendo entre eles o anel de
borracha; • Encaixarocopo,jámontado,nocorpodoliquidificador,apoiando-o
nasquatrohastesexistentes; • Colocaroalimentoatéametadedocopo,depreferênciafrio; • Ligaropluguenatomadaeemseguida,naprimeiravelocidade; • Nãocolocaroutirarocopocomoaparelhofuncionando; • Adicionaraospoucosassubstânciassólidasouduras; • Desligarlentamente,passandodaterceiravelocidadeparasegundae
desta,paraaprimeira; • Desligar; • Limparocopodoliquidificador,apóscadauso.Bastacolocarumpouco
deáguaesabão,ligandooliquidificadornaprimeiravelocidade,poralgunsmomentos;
• Desligar; • Tirar o copodo corpodo liquidificador, desenroscando o fundo
metálico; • Enxaguarnatorneira; • Enxugarbem; • Guardarmontado; • Nãoligaroliquidificadormolhado; • Nãotocarnoaparelholigado,commãosmolhadas; • Limparo corpodo liquidificadorapenas companoúmido.Nunca
colocá-lonaágua,oquedanificaráomotor.
4. Alimentação e Boas Maneiras à Mesa. • Procedimentoparasentar-seelevantar-se; • Explorarolugaràmesa; • Procedimentoparaocortedosalimentosnoprato; • Procedimentoparaseservirdelíquidos; • Procedimentoparausodacolher; • Procedimentoparaseservirdealimentossólidos; • Procedimentoparacolocaraçúcar,sal,pimentaoucanela; • Procedimentoparacortarpão,bolo; • Procedimentoparapassarmel,margarina,geléia,etc.
Exemplo: Área: Alimentação e Boas Maneiras à Mesa. Conteúdo: cortar pão. Passos: • Localizaracestadepão,opãoeafacadeserra;
�5DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Seguraropãocomamãoesquerdadeixando-onoarsobreacestaousobreoprópriopratinho;
• Segurarafacadeserracomamãodireita; • Deslizarafacasobreasuperfíciedecimaedarocorte; • Seprecisar,darumligeirotoquenafatiaqueestásendopartida; • Havendo tábuadepão, cortar opão sobre ela, até a faca tocar a
madeira.
5. Cortesia social: • Saudação; • Despedir; • Agradecimento; • Pedirpermissãoedesculpar; • Dirigirorostoaointerlocutor; • Identificar-seeidentificarointerlocutorpelonome; • Solicitareoferecerajuda,etc.
Exemplo: Área: Cortesia social Conteúdo: Polidez social Passos: • seramávelnocontatocomopúblico; • olharparaaspessoascomquemsefala; • levaremconsideraçãoaopiniãodosoutros; • evitarmudardeassuntoabruptamente; • colocardiscretamentesuasnecessidades; • oferecerorientaçõesdecondutasquandonecessário.
Boas maneiras à mesa
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
AVALIAÇÃO
Como todoprogramadeensino,deve contar comumprocessodeavaliaçãocontínua,queparaefeitodidático,podeserdivididaemtrêsetapas:• Avaliação Inicial– serveparadeterminaro “pontodepartida”parao
programa.São verificadas as aptidões, habilidades e experiênciasqueoalunojátem,atravésdaexecuçãodatarefa.Nestafase,oconhecimentodoprontuáriodoaluno,cujosdadosforamcoletadosduranteaentrevistainicial,édegrandeimportância.Deve-seestabeleceroprogramadaáreacomoalunoou como seu responsável,priorizandoosobjetivospor ele selecionados.ExplorarasaladeensinodeA.V.D.eseuequipamento,paraqueelepossaorientar-seelocomover-seadequadamente.
• Avaliação durante o processo–Pode serdeterminadapormês,porbimestre, oupor semestre.Consiste emavaliar o desenvolvimentodasatividades,começandosempredaquiloquefazpartedorepertóriodoaluno,paraprogredirporaproximaçõesprogressivas,domaissimplesparaomaiscomplexo,atéchegaràmetadesejada.
• Avaliação Final–medeasmodificaçõesoperadasno comportamentoenashabilidadesdoaluno, identificandoas conquistas e asdificuldadesconstatadas,deformaapoderorientaroprocedimentodemanutençãodoscomportamentos desejáveis adquiridos.
Oprofessordeveestarconscientedeque,desdepequena,acriançadeficientevisual precisa aprender as atividades rotineiras que lhe são importantes para a independênciapessoal.Sabercomer,atenderasuahigienecorporal,pentear-se,cuidardeseusobjetos,dentreoutrashabilidades,constituemumasériedeárduas,masnecessáriasaprendizagens,paraqueelapossaadquirirsentidodevaliapessoal.Somenteadquirindoconfiançaemhabilidadessimples,elapoderáempreenderoutrasmaisdifíceisequeexijammaioresforço.
Essas habilidades deverão ser aprendidas gradualmente. À medida que a criança dominaumaatividade,deveserensinadaeestimuladaabuscaroutras.Ensiná-laéumatarefaqueexigeconhecimentodasestratégias,paciência,compreensão,habilidadeeconstânciaporpartedaprofessoraedafamília,especialmentedapessoaque mais proximamente cuida da criança. O acordo e o entrosamento de trabalho entreolareaescolasãofatoresindispensáveisaosucesso.
2. Intervalo (15 min.)
3. Continuação da atividade de leitura e de simulação (1 h 45 min.)
4. Almoço (2 h)
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PERÍODO DA TARDE
TEMPO PREVISTO04horas
1. E s t u d o d e t e x t o c o m s i m u l a ç ã o d a s a t i v i d a d e s d e Orientação e Mobilidade (2h)Retornandoasatividades,osparticipantesdeverãopassarparaoestudodostextosreferentesàOrientaçãoeMobilidade.
Recomenda-se,novamente,queosparticipantes,àmedidaqueseforlendootexto,procuremreproduzirasatividadesfocalizadas,simulandoacegueiraouabaixavisão.Paratanto,podemutilizarasfaixasusadasnoexercíciodesimulação desenvolvido no encontro.
ASPECTOS CURRICULARES DO PROGRAMA DE ENSINO DE ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE10
Adeficiênciavisualcongênitaouadquiridaacarretarásérioscomprometimentosrelacionados à capacidade de se orientar e de se locomover com independência esegurança,alémdecomprometer,ainda,aaquisiçãoeodesenvolvimentodeconceitos,esuasinteraçõessociais.
Noqueserefereaoadultoatingidopeladeficiênciavisual,seusefeitosimplicamtambémperdasnoaspecto físico,psíquico, social e econômico, oque exigereorganização e estabelecimento de novos esquemas de interação.
Lowenfeld (1948)eGokmam(1969) consideramqueapessoacega,quenãopode locomover-se independentemente,fica limitadaemconcretizardecisõesespontâneas, emassumir ou concluir várias atividadesde conhecimento esatisfaçãopessoal.Afirmam, ainda, quena área social e na interação comoambiente, aorientaçãoe amobilidade são, semdúvida, essenciais,pois adependênciadapessoadeficientevisualnessaáreapodelevá-laaumestadodeisolamentoededescrédito.
10 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.3,p.60-80.Brasília:MEC/SEESP,2001.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
SegundoKepharteSchawatz(1974)eWebster(1976),“alimitaçãonaorientaçãoemobilidade é considerada comoomais grave efeito da cegueira sobre oindivíduo”.
Assimsendo,aeducaçãoeareabilitaçãodepessoascomdeficiênciavisual,comoprocessosparaatenderasuasnecessidadesparticulares,envolvemaaplicaçãodetécnicasespecializadas,alémdasutilizadasnosprocessosgeraisdeeducação.
A orientação decorre do processo de uso dos sentidos remanescentes,principalmente o tato, a audição e o olfato, a fimde estabelecer posição erelacionamentocomosobjetossignificativosdoambiente.OprocessoconjuntodeOrientaçãoeMobilidade(OM)permitequeoeducando,cegooudebaixavisão,adquiraacapacidadedeselocomoveredeseorientarnosdiversosespaços,taiscomo:escola,lar,comunidade,trânsito,etc.Aodominaressesespaçosesentir-seinseridoneles,comindependênciaenaturalidade,oeducandoadquiremaiorconfiançaemsiemaiordomíniopessoal,condiçõesfavoráveisasuaintegraçãosocial.
Suterko (1967) citouqueodesenvolvimentodashabilidadesde orientaçãoemobilidadeéparte essencialdoprocesso educacionaldequalquer criançadeficientevisual.Deveser iniciadopelospais,no lar,desdecedo,seguidonoensinoformalpeloprofessorhabilitadonaeducaçãodedeficientesvisuais.Talprogramadeve ser concluídoporumprofessorespecialista emOrientaçãoeMobilidade,quandosãoensinadasastécnicasmaisavançadas,comvistasamaiscompletaepossívelindependência,favorecendoefetivamentearealintegraçãoda pessoa na sociedade.
CONCEITOS E DEFINIÇõES
Para que uma pessoa realize um movimento com estabilidade e proporção será necessário que haja uma orientação apropriada para o relacionamento com o espaçodesuaação.Somentequandoistoforalcançadoéqueamobilidadepoderáacontecerde formaseguraeeficiente.Conclui-sequenomovimentodeumapessoaatravésdoespaço,aorientaçãovememprimeirolugareamobilidadeem seguida.
Apartirdisso,podemosdefinir “OrientaçãoeMobilidade”parapessoas comdeficiênciavisualcomo:
Orientação –Habilidade do indivíduo para perceber o ambiente que ocerca,estabelecendoasrelaçõescorporais,espaciaise temporaiscomesse
��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
ambiente, através dos sentidos remanescentes.A orientaçãododeficientevisualéalcançadapelautilizaçãodaaudição,doaparelhovestibular,dotato,daconsciênciacinestésica,doolfatoedavisãoresidual,noscasosdepessoascombaixa visão.
Mobilidade–Capacidadedo indivíduode semover, reagindoa estímulosinternosou externos, emequilíbrio estáticooudinâmico.Amobilidadedodeficientevisualéalcançadapormeiodeumprocessodeensinoeaprendizagem,bemcomodeummétodosistematizadoqueenvolveautilizaçãode recursosmecânicos,ópticos,eletrônicos,animal(cão-guia),emvivênciascontextualizadas,favorecendoodesenvolvimentodashabilidadesedecapacidadesperceptivo-motorasdoindivíduo.
OBJETIVOS
Gerais: Proporcionar à pessoa cega ou combaixa visão independência,autonomiana locomoção,eautoconfiança,comoelementos favorecedoresdesua integração social.
Específicos: • Conhecer,sentir,percebereserelacionarefetivaeeficientementecomoseu
própriocorpo;• Usaromáximopossíveledeformaseguraacapacidadefuncionaldesuavisão
residual(noscasosdepessoascombaixavisão);• Percebereserelacionarefetivaeeficientementecomoespaço,assimcomo
comosobjetos,sonseodoressignificativosdoambiente,atravésdautilizaçãodossentidosremanescentesedomíniodoprópriocorpo;
• Utilizaradequadamenteastécnicascomoguiavidente;• Empregarcomsegurançaeeficiênciaastécnicasdeautoproteção;• Empregaradequadamenteecomeficiênciaastécnicascomabengalalonga;• Estabelecercontatoadequadocomaspessoasemgeral;• Locomover-secomsegurança,eficiênciaeadequaçãoporáreas internase
externas,comcaracterísticasdasmaisdiversas,assimcomoutilizarosmeiosde transportes.
PROGRAMA DE ENSINO DE ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE
OprogramadeOrientaçãoeMobilidade,porsermuitocomplexo,deveseguircertas etapas para seu desenvolvimento e auxiliar o educando na aquisição da capacidadedeorientar-seelocomover-seindependentemente.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Poderá ser ministrado individualmente ou para pequenos grupos. O programa completoexigiráde300a320horas-aula,podendoalgunsalunosconcluí-locom maior brevidade.
Oprogramadeveserelaboradoapartirdeumestudodocaso,queconsidereaspectosbiopsicossociais, condições sensório-motoras, experiênciade vida,necessidadeseinteressesdapessoacomdeficiênciavisual.
Portanto,oprogramadeOrientaçãoeMobilidadeémuitomaisqueosimplesensinodastécnicasparausodabengalalonga.DaíanecessidadedeoprofessordeOMestaradequadamentepreparadopara,também,considerarosaspectosbiopsicossociaisecognitivosrelevantes,paraensinarumapessoacomdeficiênciavisual a se locomover independentemente. Por isso, o professor deve serespecializadonaárea, com formaçãometodológicaedidáticaqueo capaciteparaessafunção.
AlémdosaspectosjámencionadoseporrecomendaçãodaprimeiraconferênciasobreOM, realizada emNovaYork, em 1959, o professor dessa áreadevepossuir as seguintes característicasdepersonalidade: otimismo, incentivo,paciência,equilíbrioemocional,segurança,honestidade,alegria,facilidadederelacionamento e prazer pelo trabalho.
Durantetodooprocessodeensino-aprendizagemdaOM,assituaçõesdelocomoçãovãosetornandomaiscomplexas,exigindodapessoacomdeficiênciavisualumapercepçãoaprofundadadoambiente,açõescadavezmaisindependentesetomadasdedecisõesque aumentam em uma seqüência ordenada.
Inicialmente,oalunoaprendeaserconduzidoporumguiavidente,alémdeadquirirainformaçãoaudível,tátil,cinestésica,necessáriasparaumamobilidadesegura,eleganteeeficiente.
Uso da bengala longa no rastreamento de linha guia
101DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
A locomoção passa por uma seqüência que considera primeiro a vivência e a exploraçãocontroladadoambienteinterno,independentedoguia,usandobraçosemãosparaseproteger.Emseguida,éintroduzidoousodabengalalonga,paraoalunoobtersegurançamaior.Nesseestágio,oalunoprecisaaprendermuitosobreorientação.Ele começaa ter a chancedeplanejar e executar trajetos,quandoandasozinho,e tambémdeacharoutroscaminhosalternativos, semdepender do guia.
Nasáreasexternas,oalunoprecisacontinuar integrandosuashabilidadesdeorientaçãoemobilidadedamesmamaneiraquefezemáreasinternas.Aspistassãodiferentes,masahabilidadedeplanejaredealternartraçadosésemelhante.Amaiordificuldadeprovémdemudançasnoaspectoemocionaldalocomoção,bemcomodanecessidadedeintegraçãodashabilidades,enquantoexperimentanovassituações,comoatravessarruas,calçadas,entreoutras.
Nasáreascomerciais,asmesmashabilidadessãoutilizadas,alémdeconsiderarapresençadepedestres,tantoparaconseguirajuda(quandodesejada)quantoparadispensá-la,quandonãonecessária.
O professor participa como guia do aluno, durante o primeiro estágio dalocomoção,eoajudaamantersuaorientação.Duranteosestágiosiniciaisdoaprendizadodousodabengalalonga,oprofessoradota,freqüentemente,reforçossobreo rendimentodoalunoepermanece junto,dandonovas informações,semprequesefizeremnecessárias.
Masoprofessorprecisa,gradualmente,retirar-sedasituação,afimdepermitirque o aluno se desoriente e aprenda a restabelecer sua localização. Ele pode deixarqueoalunodêbatidas,ocasionalmente,demodoaensinar-lhequeeleprecisaaprenderausarastécnicasadequadamenteenãodependerdoprofessora todo instante.Oalunodeveescolher seupróprio caminho, apartirdeumpontodeterminadoatéoobjetivoeaceitarasconseqüências,quandoocaminhoescolhidoolevaaenfrentarmuitadificuldade.
Todosessesobjetivossãoatingidosgradualmente,eoprofessorprecisaráserextremamente sensível àsnecessidadesde cadaaluno.As experiências,nosespaçosexternos,devemincluir:transportecoletivo,taxi,trens,metrô,escadascomunserolantes,elevadores,portasgiratórias,auditórios,cinemas,restaurantes,bancoscomerciais,instalaçõesdesportivas(comoginásios,piscinas),instalaçõesresidenciais e outros.
Apresentar-se-á, a seguir, oprogramabásicodeOrientação eMobilidade,sendo sua seqüenciação puramente didática. Seu planejamento deve se
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
fundamentarnascaracterísticasdecadaaluno,eemseusinteresses,nomomentoem que este estiver ingressando no programa.
1. Desenvolvimento dos requisitos básicos• Cognitivos–aquisiçãoeconcretizaçãodeconceitos;naturezadosobjetose
ambientes;usoefunçãodosobjetos;pensamentológico;soluçãodeproblemasetomadadedecisão;retençãoetransferência;abstraçãoegeneralização.
• Psicomotores–movimentosbásicos fundamentais (locomotores,não-locomotores emanipulativos); capacidades perceptivas (discriminaçãocinestésica,tátil,visual,auditiva,olfativaecoordenações,olho-mão,olho-pé, ouvido-mão,ouvido-pé); capacidades físicas;habilidades edestrezasmotoras.
• Emocionais – atitudes, motivações, valores, auto-imagem eautoconfiança.
2. Utilização dos sentidos remanescentes• Utilizaçãodavisãoresidualparaaspessoascombaixavisão;• Interpretaçãodepistaseestabelecimentodepontosdereferênciacaptados
atravésdossentidoremanescentes;• Relacionamento comoespaçodeaçãoe comosobjetos significativosdo
ambientepelautilizaçãoeficientedossentidosremanescentes.
3. Aquisição e desenvolvimento do sentido de orientação• Pontosdereferência;• Pistas;• Sistemadenumeraçãointerno;• Sistemadenumeraçãoexterno;• Medição;• Orientaçãodirecionadapelospontoscardeais;• Auto-familiarização.
Técnica para localização do assento
103DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
4. Mobilidade dependenteTécnicas com a utilização do guia vidente:• Técnicabásicaparadeslocamentocomoguiavidente;• Técnicaparamudançadedireção;• Técnicaparatrocadelado;• Técnicaparapassagensestreitas;• Técnicaparapassagensporportas;• Técnicaparasentar-secomaajudadoguiavidente;• Técnicaparasubiredescerescadas;• Técnicaparaaceitar,recusarouadequaraajuda;• Técnicaparaentrarnumcarrodepasseio.
Técnica para deslocamento com guia vidente
Técnica para subir escada com uso da bengala
5. Mobilidade independente em ambientes fechadosTécnicas de autoproteção:• Proteçãoinferior• Proteção superior• Rastreamento com a mão• Enquadramento e tomada de direção
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Métododepesquisa–localizaçãodeobjetos• Métododepesquisa–familiarizaçãocomambientes
Técnica para detectar e localizar linhas guias
Técnica de proteção superior
6. Mobilidade independente Técnicas com o auxílio da bengala longa• TécnicadeHoover;• TécnicadaquebradeHines;• Técnicaemdiagonal;• Técnicapararastreamentocomabengala;• Técnicaparavarreduradosolo;• Técnicaparadetecçãoeexploraçãodeobjetoscomabengala;• Técnicaparasubiredescerescadas;• Técnicadetoqueedeslize;• Técnicaparadetectarelocalizarlinhasgerais;• Técnicaparaacessoaelevadores;• Técnicasparareconhecimentodeáreasresidenciais;• Técnicaparatravessiaderua;• Técnicasparareconhecimentodeáreascomerciais;
105DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Técnicaparatravessiaderuacomsemáforos;• Técnicaparautilizaçãodeestabelecimentoscomerciais;• Técnicaparamobilidadeemáreascomintensotráfegodepedestres.
7. Vivências especiais• Passagemporautoposto;• Familiarizaçãocomveículos;• Ônibus;• Elevadores;• Escadasrolantes;• Portasgiratórias;• Trens;• Travessiadelinhasférreas;• Feiraslivresemercados;• Hiperesupermercados;• Estaçõesrodoviárias,ferroviárias,portuáriaseaeroviárias;• ShoppingCenters–Grandesmagazines;• Ambientesespecíficos.
AVALIAÇÃO
OsistemadeavaliaçãodoprogramadeOMdeveráserdeobservaçãodireta,sendooresultadoregistradoemfichaderegistrodedesempenhodecadaaluno.
Sugere-seaobservaçãododomíniodeaspectospsicomotor,afetivoecognitivo,comregistroapartirdaentrevistainicialedetestesdeaptidão,paraacompanhamentodasmodificaçõesqueseprocessamnocomportamentodoaluno,possibilitandoretroalimentaçãocontínuaeaevoluçãodoprograma.
Locomoção independente com uso de bengala longa
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Nofinaldecadaetapa,aavaliaçãomostraráatéquepontoosobjetivosforamatingidos,devendodiscutir-secomoalunoseudesempenho,considerando-se,assim,concluídoseuatendimento.
Os conceitos são uma parte extremamente importante no programa de Orientação eMobilidade.Oprofessorprecisaadotarumsistemaquetorneclarososobjetivosdoprograma.Sugerem-se conceitos:Aptoe Inapto.Asatividadesdevemserdesenvolvidasatéqueoalunosejaconsideradoaptoemtodosositensprevistosnoprogramaounositensporeledefinidos.
ORIENTAÇõES PRÁTICAS DE ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE PARA O PROFESSOR DA CLASSE
COMUM E O ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Alocomoçãoéparaoalunocomdeficiênciavisual–principalmenteparaocego–umadastarefasmaisdifíceis.Paratanto,hánecessidadedequeoalunosejaorientadoemdeterminadosprocedimentosquefacilitarãosuamobilidadeeaconseqüente integração no ambiente escolar.
Aseguir,algumasdasorientaçõesquepoderãosertransmitidaspeloprofessor.
Asprimeirasreferem-seàutilizaçãodeumaoutrapessoacomoguia-vidente.1. Oalunocomdeficiênciavisualdeverá,comobraçoflexionadoa90ºejunto
aocorpo,segurarlevemente,logoacimadocotovelo,obraçodoguia,aquemseguirámantendoumadistânciademeiopassoparatrás.Dessaforma,poderáperceberosmovimentosdoguia(parafrenteeparatrás,direita,esquerda,subidaoudescida),evitandoacidentesdesagradáveis.Éimportantequeoalunosoliciteoauxílio, ao invésdeesperarporele,pois com istoevitarátambémserpuxadoouempurrado.
Técnica de locomoção com guia vidente
10�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
2. Paratrocardeladoprocederádaseguinteforma: • Comamãolivre,deverásegurarobraçodoguia,ficandoexatamentea
umpassodedistânciaatrásdele; • Comaoutramão,faráorastreamentodascostasdoguiaatéencontraro
outrobraço; • Seguraráentãoessebraço,ficandonovamenteameiopassodoguia.
3. Comrelaçãoàsubidaoudescidadeescadas,comguia-vidente,salientamosdois procedimentos:
• Oguiaestarásempreumdegrauàfrentedoalunoepróximoaocorrimãosehouver;
• Oalunocomdeficiênciavisualdeveráperceberamudançadenívelentreelesesentir,comopé,abordadodegrau.
4. Quandofornecessárioatravessarpassagensestreitas,oguiadeveráestenderobraçoparatrásedeslocá-loatéalinhamédiadocorpo,paraqueoalunodeficientevisualpossacolocar-sebematrásdele.
Técnica de troca de lado
Técnica para subida e descida de escada com guia vidente
10�
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
5. Emumauditório,comooteatrodaescola,porexemplo,oguiadeverá,após
encontrarafileiradebraços,posicionar-seaoladodoalunocomdeficiência
visual,semqueestesolteseubraçoeseguiratéobancodesejado.Éimportante
que,aopassarentreasfileiras,oalunofaçaorastreamentodosencostosdos
bancos.
Asorientaçõesaseguirpossibilitammaior independênciaaoalunodeficiente
visual,poisnãorequeremapresençadoguia.
6. Paraacompanharumasuperfície,tambémchamadalinha-guia,quepoderáser
umaparede,ummóvel,ummuroouqualqueroutra,oalunocomdeficiência
visualdeverá,comobraçonaalturadacintura,encostaramãonasuperfície,
comapalmaparabaixoe, comosdedos levementeflexionados seguir a
linha-guia.Éconvenientequeaofazeresterastreamento,oalunoutilizea
proteçãosuperiore/ouinferior(descritasaseguir)quandoalinha-guiafor
interrompidaporaberturas,comoportas,porexemplo.
Técnica para passagens estreitas
Técnica para entrar em auditórios
10�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
7. Paraprotegerorostodepossíveischoques,deverálevantarobraçonaalturadoombro,flexioná-loemângulode120ºaproximadamenteecolocarapalmadamãovoltadaparafora.Adistânciaentreobraçoflexionadoeorostodeverásersuficienteparaquetenhatempodereaçãoaocontataroobstáculo.
8. Paraprotegeraregiãoabdominalepélvica,deverácolocarobraçolevementeflexionadonaalturadosquadris,demodoquea extremidadedosdedosultrapassealinhamédiadocorpo.
Técnica de rastreamento
Técnica de proteção inferior
Técnica de proteção superior
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
9. Para determinar uma linha reta de direção a ser guiada e estabelecer uma marcha,deveráalinharumapartedeseucorpoemrelaçãoàlinhadoobjetooudeterminaradireçãodo som,apósoquepoderácaminharatéo localdesejado.Semprequenecessário,utilizaraproteçãosuperiore/ouinferior.
10.Paraoconhecimentodointeriordasaladeaulaedeoutrosambientesdaescola, comopiasdebanheiro, biblioteca, etc. o alunodeverá, partindodeumpontode referência, constante efixo, comoaporta,por exemplo,orientar-sesegundoasdireções:direita,esquerda,frente,atráse,utilizandoorastreamento,localizarosobjetosdoambiente.Quandoforpesquisarumambientedesconhecidoparaele,nãodeveesquecer-sedeutilizaraproteçãosuperiore/ouinferior.
11. Haverácircunstânciasemqueoprofessorprecisaráinformaradistânciaeaposiçãodoalunocomdeficiênciavisualemrelaçãoaumacadeiranaqualestedeverásesentar.Quandoacadeiraestiverdecostasparaoaluno,estedeveráutilizaraproteçãoinferioreseestiverdefrenteoudelado,afastaráapernaatétocá-lalevemente.Aseguir,oalunofaráaexploraçãodacadeiraesentar-se-ámantendoocorpoereto.
Alinhamento do corpo em relação a um objeto
Reconhecimento de ambiente
111DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
12.Parapesquisarumamesa,oalunodeverádeslizarasmãosnassuasbordas,comapalmavoltadaparadentroeosdedoslevementeflexionadosafimdeverificarsuasdimensões,apósoquedeverárealizaraexploraçãodesuasuperfície,com movimentos leves para não derrubar os objetos encontrados.
13.Naposiçãode“agachar”(seminclinarparaafrente)eutilizandoaproteçãosuperior,oalunopoderáencontrarobjetosque tenhamsidoderrubados,tocandolevementeosolocomosdedosflexionadosemtrêsmovimentosasua escolha:
• Circular concêntrico: iniciar commovimentos circularespequenos, irampliandoatéqueencontreoobjeto(figuraa).
• Horizontal:deverãoserrealizadosmovimentoshorizontais,daesquerdaparaadireitaevice-versa,iniciandopróximoaocorpoeseafastandoatéaextensãototaldobraço(figurab).
• Vertical: os movimentos verticais deverão começar em proximidade do corpoe seafastara extensão totaldobraço, repetindo-seapequenasdistâncias,atécobrirtodaaáreadebusca(figurac).
Técnica para localização de assento
Técnica para exploração de superfícies
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
14.Oalunopoderá,medianterastreamento,percebersuaposiçãoemrelaçãoaumveículo,comoaperuaescolar,porexemplo;aseguir,encontraramaçanetapara abrir a porta e localizar amoldura superior, observandoo espaçodisponívelparaentrar.Apóslocalizarobanco,oalunodeverápesquisá-lo,antes de sentar.
CONCLUSÃO
Orientação eMobilidade é uma áreamuito ampla, rica e fundamental noatendimento à pessoa cega ou com baixa visão. Um programa de orientação e mobilidade,domaissimplesaomaissofisticado,deveráatenderàperspetivaatualdaparticipaçãoefetivaecomprometidadopróprioindivíduo,dafamíliaedosprofissionaisembuscadeumainteraçãosaudável,facilitandoodesenvolvimentodapessoadeficientevisualintegradosnosistemacomumdeensino.
Técnica para localização de objetos
Técnica para entrar em veículos
113DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
É, portanto, imprescindível o programadeOrientação eMobilidade paraessaspessoas,poisnãohádúvidasdequeodeficientevisualdeveráadquiriracapacidadedeselocomover,orientando-seesabendoparaondevai.Istoincluioconhecimentodacasaemquemora,doslugarespróximose,porfim,dosmaisdistantes.
Atésercapazdeandarsónarua,atravessarumaavenidadetráfegointenso,iraobanco,aocorreio,fazercompras,hámuitooqueaprender.Aotérminodestaaprendizagem,comoauxíliodesuabengala,oalunodeficientevisualdeveráteradquiridoacapacidadedeirevir,dirigir-seelocomover-secomautonomiaetotal independência.
2. Intervalo (15 min.)
3. Continuação da atividade de leitura e de simulação (45 min)
4. Plenária (1 h)Nosúltimos60minutosdodia,findooperíododetrabalhonospequenosgrupos,osparticipantesdeverão retornaràestruturadeplenária,ondeocoordenadordeverásolicitar,detodos,quesemanifestemquantoaoensinodasA.V.D.s,daorientaçãoedamobilidade, fazendoumparaleloentreoque estudaramnestedia e a experiênciaque tiveramno encontro2, desimulaçãodadeficiência.O formadordeveauxiliarogrupoaenfatizarasdificuldadesencontradasparaarealizaçãodasatividadesfocalizadas,bemcomoadiscussão sobreas estratégias eprovidências importantesparaapromoçãodeumalocomoçãoedeumfuncionamentoindependente,seguroe socialmente adequado.
115DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
6º ENCONTRO
6. COMPLEMENTAÇÕES CURRICULARES ESPECÍFICAS PARA A EDUCAÇÃO DE ALUNOS CEGOS: ESCRITA CURSIVA E
SOROBAN
TEMPO PREVISTO04horas
FINALIDADE DO ENCONTROFavorecercondiçõesparaquecadaparticipantesefamiliarizecomasprincipaisquestõesrelacionadascomaescritacursiva,ecomousodosoroban.
MATERIAL Texto:BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino
Fundamental – Deficiência Visual. Vol.3,p.81–83.Brasília:MEC/SEESP,2001.
Material• Cartolina• Barbante• Fios metálicos• Reglete(ondepossível)
SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva
PERÍODO DA MANHÃ
TEMPO PREVISTO04horas
116
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
1. Leitura e discussão sobre o texto referente à Escrita Cursiva (30 min.)Aoseiniciaresteencontro,ocoordenadordeverásolicitaraosparticipantesqueseorganizemempequenosgruposparaleitura,estudoediscussãosobreo texto abaixo.
ESCRITA CURSIVA11
Conceito
EscritaCursivaéométodoutilizadopelapessoacegaparaescreverseunomedeprópriopunho (assinatura).Omanuscrito éumrecurso importanteparaapessoa cega e serveparapromover sua comunicação social, autonomia eindependência.
AEscritaCursiva temcomoobjetivopermitirao indivíduocegoescreverseupróprionome,dando-lheindependênciaeauto-afirmaçãonestaáreaetornando-oapto a assinar qualquer documento e dominar os instrumentos da comunicação universal e integração social.
Tem ainda como objetivos:• Adquirirhabilidadespsicomotoras,permitindoqueoalunopercebaecapte
aconfiguraçãodasletras;• Oferecercondiçõesdetirarosdocumentoscomsuaassinatura,evitandoo
usodaimpressãodigitalparaosalunoscegosalfabetizados;• Proporcionar autonomia e privacidade nas comunicações pessoais.
Etapas do Processoa. Preparação inicial: variaremfunçãodascondiçõesdoalunocomdeficiência
visual.Develevaremcontasuamotivação,suaidadecronológica,maturidade,desenvolvimentopsicomotoreosobjetivosdoaluno,emrelaçãoàescrita.
b. Programação de exercícios psicomotores: as atividades serão variadas acritériodoprofessor,baseadasespecialmenteemsuacriatividade, enorepertóriobásicodoaluno.Devemser trabalhadashabilidades corporais,
11 BRASIL.MinistériodaEducação.Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental. Deficiência Visual,volume3.,p.81-83.Brasília:MEC/SEESP,2001.
11�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
taiscomo:posiçãodocorpo,dosbraçosedasmãos,movimentaçãodasmãos
(daguia,edaqueescreve);oespaçamentoentrelinhas,letrasepalavras,a
percepçãodasformaseotamanhodasletras,dentreoutras.
c. Programação de ações para a escrita cursiva: nesta etapa, será
apresentadoaoalunocomdeficiênciavisual:
• os vários modelos de grade ou assinaladores. O aluno deverá ser incentivado
afazerexploraçãodagrade,noquesereferea:materialutilizado,largura,
númerodeespaçosvazados,comocolocaragrade,ondeficaoinícioda
linha,comopassardeumalinhaparaoutra,comocolocarodedoguia,
qualamelhorposiçãodacaneta,etc.;
• preparaçãodoalfabeto edonomedoaluno: em relevo,usando lixa,
barbante,fioursoearameflexível;
• exercíciosparaaassinaturapropriamentedita, segundoasexigências
legais;
• utilização da prancheta para manuscrito em relevo.
Aavaliaçãododesempenhoserácontínuaesistemática,durantetodooprocesso.
Oalunoseráconsideradoapto,quandoconseguirassinarseunome,devendo
essaassinaturaserapreciadaelidacorretamenteporalguém,ouquandotiver
atingido todos os seus objetivos.
Deve-seconsiderarqueatualmentetemaumentadoointeressedealunoscom
deficiênciavisual,integradosemclassesregularesdaescolacomum,pelautilização
domanuscrito.Essadecisãodeveserdoalunoenãosignificanecessariamente
negação da cegueira.
Muitosalunosmostramdesejode,alémdedominaroSistemaBraille,utilizar-se
daescritacomum.Paraalgunsalunos,esseprocessopodeserconcomitantecom
oensinodobraile;outros,preferemaprenderapósdominaroCódigoBraille.
Háalunosqueconsiderammaisfácilusaraletradeforma,oualetrabastão,
enquantoqueoutros, preferema cursiva.Paraque a escrita comum tenha
significadoparaa criança cega, é importanteque seja feita emrelevonuma
pranchetacomtela,utilizandoguiasmetálicosdelinha,guiasplastificados,ou
em cartão.
As“celas”daregletesãotambémusadascomolinhaguiaedeorientaçãoespacial
para a escrita.
11�
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
NaFrançajáexisteumacanetaqueescreveemrelevo.Logo,aescolanãopodeignoraressaalternativacomplementar,paraapromoçãodaindependênciaeaintegração do aluno cego.
2. Atividade Prática (45 min.)Cada grupo deverá representar uma encenação, ambientada em umaseçãodeumserviçopúblico,ondeé solicitadoque seassinedocumentosimportantes.
Osparticipantesdeverãoserevezarnopapeldeumfuncionáriovidente,enodecidadãoscegos,dequemésolicitadaaassinatura,ouopreenchimentodeumaficha,porexemplo.
Após todososparticipantes teremvivenciadoa experiênciada cegueira,nessasituação,deverãodiscutirasdificuldadesencontradas,eassoluçõesencontradasparaaexecuçãodatarefa.
3. Discussão sobre a experiência em plenária (30 min.)
4. Intervalo (15 min.)
5. Trabalho em grupo (1 h)Apósointervalo,osparticipantesdeverãoretomaraorganizaçãoempequenosgrupos,paraleituraediscussãodotextoaseguir.
O SOROBAN12
Aspectos históricos
Osoroban,ouábaco,aparelhodecálculodeprocedênciajaponesa,adaptadoparaousodedeficientesdavisão,vemmerecendocrescenteaceitaçãonoensinoespecializado,emvirtudedarapidezedaeficiêncianarealizaçãodas
12 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos no Ensino Fundamental. Deficiência Visual,Volume3,p.29-38.Brasília:MEC/SEESP,2001.
11�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
operaçõesmatemáticas(adição,subtração,multiplicação,divisão,radiciação,potenciação),deseubaixocustoedesuagrandedurabilidade.
NoJapão,mesmonaeradainformática,aindaseusatradicionalmenteosoroban,depaiparafilhoe,oficialmente,apartirdaterceirasérie.Seuuso,hojecomumparatodotipodecálculonoslares,firmasouescolasregulares,foiimplantadona educação de cegos há mais de cem anos.
Nasúltimasdécadas,osorobanvemsendodifundidocomoumrecursoauxiliarnaeducaçãodepessoascegasemváriospaíses,comoEstadosUnidos,Canadá,Inglaterra,Austrália,ÁfricadoSul,Alemanha,Colômbiaeoutros,alémdoBrasil.
Comoavanço tecnológico, as escolas especiaispara crianças e adultos comdeficiênciasdavisãosubstituíramousotradicionaldocubarítmopelosoroban.AmbossãoaparelhosdestinadosaoensinodaMatemática,sendoqueosoroban,tambémdenominado ábaco japonês, émais eficiente, contribuindopara aindependênciaeintegraçãomaisrápidadodeficientedavisãoàsociedade,poroferecer-lhemaisrapidezesegurança,pelaprecisãoeeficiênciadoaparelho.Porsuavez,ocubarítmotemavantagemdarepresentaçãoespacialdasoperações.
NoBrasil, o soroban foi adaptadoparausode cegos em1949,porJoaquimLimadeMoraes.Hoje,ousodosorobanédevalorreconhecidoporprofessoresespecializadosepessoascegas,eaindarequerumaorientaçãoprecisaeobjetivasobreastécnicasapropriadasparasuautilização.SeuempregonaaprendizagemdaMatemáticafazpartedocurrículodoEnsinoFundamentalparadeficientedavisão,sendoadotadopelosistemaeducacionalemtodoterritórionacional.
Descrição do Instrumento:
Osorobanouábacoéuminstrumentomatemático,manual,quesecompõededuaspartes, separadasporuma réguahorizontal, chamadaparticularmentede “régua de numeração”.Na suaparte inferior apresenta4 contas emcadaeixo.Aréguaapresenta,de3em3eixos,umpontoemrelevo,destinado,principalmente,asepararasclassesdosnúmeros.
Hásorobansqueapresentam13,21ou27eixos,sendoqueomaiscomumentrenóséode21eixos,utilizadopelocego,apartirdo iníciodaalfabetização.Osorobanacompanhaoalunoportodasuavidaescolar,sendoseuusoincorporadoà vida cotidiana.
120
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Partes que compõem o soroban:
Legenda:1. Molduraassentadasobresuportesdeborracha,naparteinferiordabasedo
soroban,evitandoseudeslizamentodesnecessário.2. Réguadenumeração,quedivideosorobanemduaspartes:partessuperior
eparteinferior.3. Parte superior.4. Parteinferior.5. Eixos,hastesverticaissobreosquaissemovimentamascontas.6. Contas, situadas na parte superior da régua, sendo uma em cada
eixo.7. Contas, situadas na parte inferior da régua, sendo quatro em cada
eixo.8. Pontosemrelevoexistentesaolongodaréguadenumeração,localizandocada
umdetrêsemtrêseixosdividindo-aemseteespaçosiguaisouem7classes,consideradas da direita para a esquerda.
9. Borracha colocadaemcimadabasedamoldurado soroban, impedindoque as contasdeslizem livremente, isto é, semqueooperador as tenhamanipulado.
RECOMENDAÇõES PARA A UTILIZAÇÃO DO SOROBAN
Posição correta
Osorobandevesercolocadosobreamesa,nosentidohorizontal,devendoaparteinferior,ouseja,aquepossuiquatrocontasemcadaeixo,estarvoltadaparaooperador.Deveficarparaleloebememfrenteaooperador,evitando-sequalquer inclinação dos lados.
121DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Postura adequada do operador
Ooperador, quando sentado, devemanter o tronco na posição ereta.Osantebraçosnãodevemficarapoiadosnamesa,afimdequenãosejadificultadaa movimentação das mãos.
Movimento dos dedos
Paraefetuarregistrodenúmerosecálculosnosoroban,sãoutilizadosdoisdedos:indicador e polegar das duas mãos.
Oindicadorserveparaabaixarelevantarascontasdapartesuperior,bemcomoabaixarascontasdaparteinferior.
Opolegaréutilizadosomenteparalevantarascontasdaparteinferior.
Método de trabalho
Paraoaprendizadodousodosoroban,propõem-seaulasteóricasassociadasàs aulaspráticas, comduraçãoeperiodicidadea serdefinidapeloprofessorespecializado, junto a seu aluno, sendoque a avaliação será sistemática eassistemática,medianteexercíciosdeaprendizagemefixaçãodurante todooprograma.
Escrita de Números
ParaoperaroSoroban,devemoscolocá-losobreamesa,demodoqueoretânguloinferior,omaislargo,fiquepróximodooperador.
Escrita dos números no soroban
122
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Aescritadenúmeroséfeitapelodeslocamentodascontascomasextremidadesdosdedos,parajuntodarégua.Cadacontadoretânguloinferiorvaleumaunidadedaordemaquecorresponde,enquantoquecadacontadoretângulosuperiorvalecinco unidades da ordem a que corresponde. Quando todas as contas do mesmo eixoestiveremafastadasdarégua,aíestaráescritozero.
Antesdeiniciaraoperação,verifiquesetodasascontasestãoafastadasdaréguademodoquefiqueregistradozeroemtodasuaextensão.
Paraescrever1,2,3,4,desloquesucessivamente,parajuntodarégua,uma,duas,trêsouquatrocontasdoretânguloinferior.
Para escrever 5, desloque para junto da régua, uma conta do retângulosuperior.
Paraescrever6,7,8,9,desloquesobreomesmoeixoacontadoretângulosuperior,juntamentecomuma,duas,trêsouquatrocontasdoretânguloinferior.
Paranumeraisdedoisoumaisalgarismos,utilizetantoseixosquantosforemosalgarismos,observandoqueospontosemrelevofuncionamnaturalmente,comoseparadores de classes.
Aescritadequalquernúmerodeveserfeitaapartirdasuaordemmaiselevada.
Pararepresentarumnúmeroisoladoemqualquerpartedosoroban,escrevaaunidade à esquerda de um dos pontos em relevo.
Leitura de Números
Pararealizaraleituradequalquernúmero,desloqueodedoindicadorsobrearégua,apartirdadireita,procurandolocalizaraordemmaiselevada,contandoospontosseparadoresdasclasses,seforocaso.Apartirdaí,a leituraéfeitanormalmente,iniciando-sepelaordemmaiselevada.
Leitura dos números no soroban
123DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Orientação Metodológica
1. A aprendizagem da escrita e da leitura de numerais deve ser feitasimultaneamenteporseconstituíremdeprocessosquesecompletam.
2. Maioreficiêncianastécnicasoperatóriasnosorobanpoderáseralcançadadesdequeoaluno sejaorientado,de início,parautilizar ambasasmãosindependentemente,tantonaleituraquantonaescrita.Amãodireitadeveatuarda1ªà4ªclasseeamãoesquerdanasclassesrestantes.
3. Aescritaealeituradenumeraispoderãosermaiseficientesseoalunoutilizaro indicadorparaas contasdo retângulo superior, eopolegarparaasdoretânguloinferior.
4. deslocamentodosdedos,naleituraeamovimentaçãodascontasnaescrita,devemserfeitasdemaneirasuaveeprecisa,evitando-seassimodeslocamentodesnecessário de outras contas.
5. Nosexercíciosde leitura,osnumeraisdevemser escritospeloprofessor,poisaescritafeitapelopróprioalunoprejudicaráoobjetivoprincipaldessaatividade.
6. Aaprendizagemdaescritaedaleituraconsideradastécnicasbásicasparaautilizaçãodo soroban,deve ser consolidadapela realizaçãodemuitosediversificadosexercícios.
7. Osalunosnãodevemutilizarsorobanqueestejamemmalestadodeconservação;cumpreaoprofessorverificaroestadodoaparelho,bemcomoorientarosalunosnosentidodemantê-lossempreemperfeitoestado.
A utilização do soroban por um aluno cego integrado numa classe comum não exigirá,necessariamente,porpartedoprofessor,conhecimentodesuatécnicaoperatória,vistoqueouso,odomínioeoensinodessatécnicaseráatribuiçãodoprofessorespecializado.Entretanto,seoprofessordematemáticaquiseraprender,serámaisumrecursodeconcretizaçãodaaprendizagembenéficaparaaclassetoda.Aconscientizaçãodaescola,nosentidodecompreenderqueosrecursosespecíficospodemtrazerdiversidademetodológica,contribuindoparaamelhoriadoensino-aprendizagemdaescolatoda,édefundamentalimportância.
Oprofessordaclassecomumpoderárealizarobservaçõesquantoàdeficiêncianousodoaparelhoediscuti-lascomoprofessorespecializado:
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Se o aluno utiliza apenas uma das mãos para escrita ou leitura dos números;
• seoalunoutilizaambasasmãos;• seoalunorealizacálculoscomexatidão;• se,naresoluçãodesituações-problema,oalunoanotaosdadosnuméricos
no aparelho.
Nasoportunidadesemqueestejamsendoefetuadoscálculos,emsala,oprofessordaturmapoderáobservarseoalunoestáutilizando-sedosorobanesolicitaráqueeleexpresseverbalmenteasrespostas,comoqueavaliaráaeficiênciadouso do aparelho.
Quantoaousodosoroban,cumpreesclarecerquesuatécnicaoperatóriadifere,fundamentalmente,dausualemnossasescolas,considerandoque:• osnúmerossãodispostoslinearmente,emboraseparadosporespaço;• emoperaçõescomoaadição,porexemplo,opera-sedaordemmaiselevada
para a ordem mais baixa.
Recomenda-seque,vencidaafasedeconcretizaçãodasoperaçõesdecálculo,oalunodevaaprenderatécnicadecadaoperaçãonosoroban,afimdepoderparticipar normalmente das aulas com os demais alunos.
Emrelaçãoaoprofessorespecializado,sugere-se:• utilizarumacaixamatemáticapróprianacomposiçãodenúmeros;• orientaroalunoparaousocorretodeambasasmãos;• adquirirdomíniodoconteúdoqueestejasendodesenvolvidonasaulas,para
evitarqualquerformadedefasagemnaaprendizagem;• associarousodosorobanaodesenvolvimentodocálculomental,funcionando
oaparelhocomomeiodeanotaçãodosresultadosobtidos;• propiciarvivênciasematividadesesportivas,lúdicaserecreativas.
Cálculo mental
Considerandonãocomoúnicorecurso,mascomoalternativanecessáriaparao uso de umapessoa cega, o cálculomental deve ser estimulado entre osalunos,logoqueestesapresentemcondiçõesderealizá-lo,vencidaafasedeconcretizaçãodasoperaçõesmatemáticas.Nãopoderáserexigidadoaluno,nafaseinicial,arealizaçãodeetapasmaisavançadas,porquesevisaapenasafamiliarizaçãocomosnúmeroseodesenvolvimentodahabilidadedecalcular,recurso de grande valia para a vida prática de uma pessoa cega.
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Afamiliarizaçãocomocálculomentalfacilitará,emetapasmaisavançadas,oestudodaálgebra,paraoqualéexigidocertograudeabstração.
Material didático
Ousodomaterialdidáticoassumedestacadaimportâncianoensinoespecializado,emgeral.Talimportânciaadvémdofatodeacegueira–ououtradeficiênciavisual–constituirsérioobstáculo,queafastaoindivíduodarealidadefísica.
Desta forma, crianças com cegueira congênita ou adquiridaprecocementeapresentam mais restrições de vivência e experiências que as crianças videntes. Esta circunstância, como já foi anteriormente referido, poderá influir norendimentoescolardoaluno,comoderestoemtodasuavida.
Nestaordemdeidéias,oconceitodematerialdidáticoparaoensinoespecializadoémuitomaisamploqueparaoensinocomum,noqualoprofessorutilizarecursosnamedidadasnecessidades.Quandosetratadealunoscegos,aindasãomaioresascarências.Paraeles,omaterialvivenciarásituaçõescorriqueiras,fornecendoinformaçõesqueenriquecerãoseuacervodeconhecimentoscomoeducando.Cadasituaçãovividaemclassesupõeumasériedeconceitos,sobreosquaisoprofessortrabalhará.
No caso de um aluno cego, as lacunas porventura existentes deverão serpreenchidasporsituaçõesfuncionaiscriadasemclasseounasaladerecursoserepassadasalgumasexperiênciassignificativasparavivenciar-seemcasaenacomunidade.
Consideraçõesmaisaprofundadassobreomaterialdidáticoparaalunoscegos,emgeral,dependerãodascircunstâncias,cabenoentantodestacarqueeledeveserfarto,variadoesignificativo.
Farto,paraatenderadiferentessituações;variado,paradespertarointeressedoeducando;esignificativo,paraatenderàsfinalidadesaquesepropõe.
Quantoàorigem,omaterialdidáticopodeser:• mesmousadopelosalunosdevisãonormal:objetosparaformarconjuntos,
Cuisinarepara trabalhar relaçãode tamanhoequantidade,Tangranparapercepçãoerelaçõesgeométricas,raciocínioecriatividade,MaterialDouradoparaosistemamétricoeoperaçõesbásicas;
• especialmente adaptados tais como instrumento de medida com marcação especial;
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• blocos lógicos para classificação e seriação com texturas, baralhoparatrabalharconceitosnuméricos,adiçãoesubtração;
• especialmente elaborado para os alunos cegos.
É importante considerar que o material concreto reduz a abstração nas situações deaprendizagem,reduzindoasexposiçõesverbais,atendendoassimàrealidadepsicológica do aluno.
Aseleção e adaptaçãodematerial éumadasmais importantes atribuiçõesdoprofessorespecializadoporque,dispondode informações sobreosalunosdeficientes e conhecendoaspeculiaridadesdo ensino especializado,poderádesincumbir-se,comvantagem,dessatarefa.
6. Plenária (1 h)Retornandoàconfiguraçãodeplenária,osparticipantesdeverãodiscutireresponder a duas questões:
• Como fazerpara verificar se as operações realizadaspelo aluno comdeficiênciavisual,nosoroban,estãocorretas, seeunãoseicomousá-lo?
• Comoadministraroensinoemumaclasseondeháalunosvidentes,quenãoutilizamosorobanparaefetivarsuasoperações,ealunoscegosqueoutilizam?
12�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
7º ENCONTRO
7. ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA E ENSINO DA MATEMÁTICA
TEMPO PREVISTO06horas
FINALIDADE DO ENCONTRO• DisponibilizaraoprofessorinformaçõessobreautilizaçãodoBrailenoensino
da Língua Portuguesa e no ensino da Matemáticaparaoalunocego(ref.àexpectativa8).
MATERIAL Textos:Adaptação de documentos e textos anteriormente já publicados pelo MEC:BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa. Brasília:
MEC/SEF,1997.
_____,Proposta Curricular para Deficientes Visuais. Volume3,p.7-8.Brasília:MEC/CENESP,1979.
_____. Proposta Curricular para Deficientes Visuais. Volume4,p.20-22.Brasília:MEC/CENESP,1979.
SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva
PERÍODO DA MANHÃ
TEMPO PREVISTO03horas
12�
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1. Estudo em grupo (1h 30 min.)Para a realizaçãodeste encontro, recomenda-sequeosparticipantes seorganizememgruposdeaté04pessoas,paraaleituraeestudosobreotextoa seguir.
Apósa leitura,osparticipantesdeverãodiscutir e responderàsquestõesconstantes do Roteiro de Estudo apresentado logo após o texto.
REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA13
ConformeentendidonoensinodaLínguaPortuguesa,“alinguageméumaformadeaçãointerindividualorientadaporumafinalidadeespecífica;umprocessodeinterlocuçãoqueserealizanaspráticassociaisexistentesnosdiferentesgruposdeumasociedade,nosdistintosmomentosdasuahistória.Dessaforma,produz-selinguagemtantonumaconversadebar,entreamigos,quantoaoescreverumalistadecompras,ouaoredigirumacarta–diferentespráticassociaisdasquaissepodeparticipar.Poroutrolado,aconversadebarnaépocaatualdiferencia-sedaqueocorriaháumséculo,porexemplo,tantoemrelaçãoaoassunto,quantoàformadedizer,propriamente–característicasespecíficasdomomentohistórico.Alémdisso,umaconversadebarentreeconomistaspodediferenciar-sedaquelaqueocorreentreprofessoresouoperáriosdeumaconstrução,tantoemfunçãodo registro14edoconhecimentolingüístico,quantoemrelaçãoaoassuntoempauta.
Dessaperspectiva, a língua é um sistemade signoshistórico e social, quepossibilitaaohomemsignificaromundoea realidade.Assim,apreendê-laéaprendernão sóaspalavras,mas tambémseus significados culturais e, com
13Estetextoconstitui-sedeumaadaptaçãodedocumentosetextosanteriormentejápublicadospeloMEC:
BRASIL,SecretariadeEducaçãoFundamental.Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa. Brasília:MEC/SEF,1997.
_____,MinistériodaEducaçãoeCultura.Proposta Curricular para Deficientes Visuais. Volume3,p.7-8.Brasília:MEC/CENESP,1979.
_____.MinistériodaEducaçãoeCultura.Proposta Curricular para Deficientes Visuais.Volume4,p.20-22.Brasília:MEC/CENESP,1979.
14Registrorefere-se,aqui,aosdiferentesusosquesepodefazerdalíngua,dependendodasituaçãocomunicativa.Assim,épossívelqueumamesmapessoaorautilizeagíria,oraumfalartécnico(o“pedagogês”,o“economês”),oraumalinguagemmaispopularecoloquial,oraumjeitomaisformaldedizer,dependendodolugarsocialque ocupa e do grupo no qual a interação verbal ocorrer.
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eles,osmodospelosquaisaspessoasdoseumeiosocialentendemeinterpretama realidade e a si mesmas.
Alinguagemverbalpossibilitaaohomemrepresentararealidadefísicaesociale,desdeomomentoemqueéaprendida,conservaumvínculomuitoestreitocomo pensamento. Possibilita não só a representação e a regulação do pensamento edaação,própriosealheios,mas,também,comunicaridéias,pensamentoseintençõesdediversasnaturezase,dessemodo,influenciarooutroeestabelecerrelações interpessoais anteriormente inexistentes.
Essasdiferentesdimensõesdalinguagemnãoseexcluem:nãoépossíveldizeralgoaalguém,semteroquedizer.Eteroquedizer,porsuavez,sóépossívelapartirdasrepresentaçõesconstruídassobreomundo.Tambémacomunicaçãocomaspessoaspermiteaconstruçãodenovosmodosdecompreenderomundo,denovas representações sobreele.A linguagem,por realizar-sena interaçãoverbal15dosinterlocutores,nãopodesercompreendidasemqueseconsidereoseuvínculocomasituaçãoconcretadeprodução.Énointeriordofuncionamentodalinguagemqueépossívelcompreenderomododessefuncionamento.Produzindolinguagem,aprende-selinguagem.
Produzir linguagemsignificaproduzirdiscursos.Significadizeralgumacoisaparaalguém,deumadeterminadaforma,numdeterminadocontextohistórico.Issosignificaqueasescolhasfeitasaodizer,aoproduzirumdiscurso,nãosãoaleatórias–aindaquepossamserinconscientes-,masdecorrentesdascondiçõesemqueessediscursoérealizado.
Odiscurso, quandoproduzido,manifesta-se lingüisticamentepormeiodetextos.Assim,pode-seafirmarque textoéoprodutodaatividadediscursivaoralouescrita,queformaumtodosignificativoeacabado,qualquerquesejasua extensão.
Todaeducaçãoverdadeiramentecomprometidacomoexercíciodacidadaniaprecisacriarcondiçõesparaodesenvolvimentodacapacidadedeusoeficazdalinguagem,quesatisfaçanecessidadespessoais–quepodemestarrelacionadasàsaçõesefetivasdocotidiano,àtransmissãoebuscadeinformação,aoexercíciodareflexão.Demodogeral,ostextossãoproduzidos,lidoseouvidosemrazão
15Interaçãoverbal,aqui,éentendidacomotodaequalquercomunicaçãoqueserealizapelalinguagem,tantoasqueacontecemnapresença(física),comonaausênciadointerlocutor.Éinteraçãoverbaltantoaconversação,quantoumaconferênciaouumaproduçãoescrita,poistodassãodirigidasaalguém,aindaqueessealguémseja virtual.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
definalidadesdessetipo.Semnegaraimportânciadosquerespondemaexigênciaspráticasdavidadiária,sãoostextosquefavorecemareflexãocríticaeimaginativa,oexercíciodeformasdepensamentomaiselaboradaseabstratas,osmaisvitaisparaa plena participação numa sociedade letrada.
Cabe,portanto,àescola,viabilizaroacessodoalunoaouniversodostextosquecirculamsocialmente,ensinaraproduzi-loseainterpretá-los.Issoincluiostextosdasdiferentesdisciplinas,comosquaisoalunosedefrontasistematicamentenocotidianoescolare,mesmoassim,nãoconseguemanejar,poisnãoháumtrabalhoplanejadocomessafinalidade.Umexemplo:nasaulasdeLínguaPortuguesa,nãoseensinaatrabalharcomtextosexpositivoscomoosdasáreasdeHistória,GeografiaeCiênciasNaturais;enessasaulastambémnão,poisconsidera-sequetrabalharcomtextoséumaatividadeespecíficadaáreadeLínguaPortuguesa.Emconseqüência,oalunonãose tornacapazdeutilizar textoscujafinalidadesejacompreenderumconceito,apresentarumainformaçãonova,descreverumproblema,comparardiferentespontosdevista,argumentara favoroucontraumadeterminadahipótese,outeoria.Eessacapacidade,quepermiteoacessoàinformaçãoescritacomautonomia,écondiçãoparaobomaprendizado,poisdeladependeapossibilidadedeaprenderosdiferentesconteúdos.Porisso,todasasdisciplinastêmaresponsabilidadedeensinarautilizarostextosdequefazemuso,maséadeLínguaPortuguesaquedevetomarparasiopapeldefazê-lodemodomaissistemático.”(p.23-31).
Taisconsideraçõesprecisamsermantidascomopontosdereferência,quandose trata do ensino para o aluno cego ou com baixa visão.
Oalunocomdeficiênciavisualpodechegaràescolacomumarestritaexperiênciade linguagem,pornão ter tidoumaatenção sistemáticanocontextoemquevive.
Istodeterminaumatrasoemseudesenvolvimentogeral,oqueexigequeumprimeiroesforçonoestudodalínguasedestineaodesenvolvimentodalinguagemoral.
Considerandoque a linguagemé construídano contexto das relações quepermeiamavidadohomem,cadaalunopoderáapresentarumacervovariávelde vocabulário e de estruturas lógicas. Isto traz, como implicações para aaçãopedagógicadoprofessor,anecessidadedeconhecercomoseconfiguraalinguagemcomqueelechegaàescola,bemcomoanecessidadedeoportunizaraoalunoavivênciadeexperiênciascomovocabulárioecomconteúdosprópriosda idade.
131DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Assim,tornam-seimportantesoportunidadesparadramatização,relatodefatosesituações,descriçãodeobjetos,defatoseacontecimentos,deouvir,reproduzirecriarhistórias,demanifestaropiniões,julgamentos,enfim,desemanifestarerecebermanifestaçõesdocoletivo,sobamediaçãocríticadoprofessor.
Um programa que se proponha a enriquecer o desenvolvimento da linguagem doalunocegotemqueserflexível,significativoparaarealidadesociocultural,dinâmico,fundamentadoemobjetivosdiversificadoserealistas.
Numprimeiromomento,portanto,háquesegarantir,aoalunocego,umavariedadedeexperiênciascomoexercíciodalinguagem,deformaainstrumentalizá-loparaconhecerarealidade,analisá-lacriticamente,manifestar-seatravésdediferentesformas,einteragirnomeiosocial.
Emseguida,háquesegarantiroensinodaleituraedaescritaembraile,habilidadequedevegradativamentetornar-semaisrápida.Éimportante,àmedidaqueoalunoavance nos anos da escolaridade que este passe a utilizar a leitura como instrumento deaprendizagem,que leiacomcompreensãoconteúdosgradativamentemaiscomplexoseabstratos,queescrevacomrapidezecorreçãopormeiodoSistemaBraille,naregleteeemmáquinasdedatilografar,queutilizeasformasgramaticaiscorretas(nosdiversoscontextosqueconstituemsuavidasocial),queseexpressecriativamente,quecodifiqueedecodifique,corretamente,mensagensapresentadasemdiferentesformasdelinguagem,incluindoaslínguasestrangeirasemestudo,quedemonstrecapacidadedeanáliseedecrítica,equesejacapazdeutilizaraleituraauditiva,atravésdeledorese/oudegravadores.
Assim, cada itemconstantedoplanode ensinodeve constituirumobjetivoretomado seguidamente, em cada ano da escolaridade, com gradativacomplexidadeeaprofundamento.
Istoexigedaescolacoerêncianoplanejamento,respeitandoaverticalidade,noqueserefereaosdiferentesconteúdosaseremtrabalhadosemcadaano,eahorizontalidade,noqueserefereasuagradativacomplexificaçãonocontinuum dos anos de escolaridade.
Exige,também,queoplanodeensinorespeiteatransdisciplinaridade,naqualcadaáreadoconhecimentodêsuacontribuiçãoparaoprocessodeaprendizagem,emcadaconteúdotemático.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Encontra-seabaixoumarelaçãodeprecauçõesquepodemseradotadaspeloprofessor,nointuitodefavoreceraparticipaçãoeoaproveitamentodoalunocomdeficiênciavisual:• “gravurasdevemserdescritaspeloprofessor,ousubstituídasporumagravação
outextopreviamentepreparado,embraile,peloprofessorespecializado;• quandoforemutilizadosexercíciosdetexto,estesdevemserpreparadosem
braile,comantecedência;• trabalhoseredaçõesserãofeitosembraileetranscritos,peloaluno,nosistema
comum,utilizandoamáquinadeescrever;casoestapossibilidadenãoestejadisponível,oalunopoderá ler,paraoprofessore/ouparaaclasse,oqueproduziuembraile;
• aanálisecríticadaproduçãodoalunodeveserfeitajuntamentecomadosdemaisalunos;
• asavaliaçõesescritasdeverãoserpreparadaserespondidasembraile,sendoposteriormente transcritaspeloprofessor especializado,ouapresentadasoralmente,pelopróprioaluno,aoprofessordasalaregular;
• exercíciosdotipo“lacunas”,ou“numerea2a. coluna de acordo com a 1a.”devemseradaptadosparaumaformaqueoalunopossarealizá-los;
• oalunonãodeve serdispensadodeatividades,buscando-se sempreumaalternativaquepermitasuaparticipação;
• ousodobrailedevesersempreincentivado;• semprequepossível,amáquinadeescrever,ouocomputadordevemser
utilizados,paraevitaradependênciatãocomumemalunoscomdeficiênciavisualquenãoreceberamatençãoeducacionaladequada;
• noensinodelínguaestrangeira,ousodematerialimpressoembraileedegravaçõestambéméessencial;
• é importante que oprofessorda classe regular conte como suportedeprofessorespecializado,paraumensinointegradoeconseqüente.”
Roteiro de Questões
1. Qualaimportânciadalinguagemnaformaçãoedesenvolvimentodoaluno?
2. Noquealinguagemdoalunocegopodesediferenciardadosalunosvidentes?
3. Oquepodeoprofessor fazerparapromoverodesenvolvimentodalinguagemdealunoscegos?Listepelomenos10exemplosdeatividadespedagógicas.
4. Comoadministrarapresençadeumalunocegoqueutilizaaleituraeescritaembrailenasaladeaula?
5. Casonãosedisponhadematerialdidáticoproduzidoembraile,comooprofessorpodefavoreceraoalunocegoalfabetizadooacessoatextos?
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2. Intervalo (15 min.)
3. Plenária (1 h 15 min.)
Apósointervalo,oformadordeverásolicitaraosparticipantesquevoltemà
organizaçãodeplenária,naqualcadagrupodeveráapresentarasrespostas
que produziram para as questões constantes do Roteiro de Estudo.
Deve-seincentivarquetodosdiscutamasrespostasapresentadas,àluzda
realidadedocontextoemqueatuamprofissionalmente.
PERÍODO DA TARDE
TEMPO PREVISTO03horas
1. Estudo em grupo (1 h 30 min.)
Para a realizaçãodeste encontro, recomenda-sequeosparticipantes se
organizememgruposdeatéquatropessoas,paraaleituraeestudosobreo
texto abaixo.
MATEMÁTICA PARA ALUNOS DEFICIENTES VISUAIS16
Orientação Geral
Opresentetrabalhovisacomplementareenriquecerocurrículos,noquetangeao
ensinodaMatemática,fornecendosubsídiostantoparaoprofessordeclasseregular,
quantoaoprofessorespecializado,queatuarãocomesseseducandos.
Em qualquer abordagem sobre o ensino da Matemática a alunos cegos ou
a alunos combaixa visão, deve-se considerar, preliminarmente, que esses
educandosapresentamasmesmascondiçõesqueosalunosvidentes,parao
16 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.3,p.23–28,38-45.Brasília:MEC/SEESP,2001.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
aprendizadodessadisciplina,ressalvadasasadaptaçõesnecessáriasquantoàsrepresentaçõesgráficaseaosrecursosdidáticos.
Comrelaçãoaos conteúdosprogramáticos, estesdeverão serosmesmosqueosministradosaqualquer tipodeeducando.Nesse sentido, sãoerrôneasasconcepçõesdequeaspossibilidadesdosalunoscegossãolimitadasou,ainda,dequenãoexistemmeiosdelevarestesalunosaaprenderMatemática.Naverdade,deve-seconsiderarque,alémdacondiçãodealunocegooucombaixavisão,oeducandoapresenta,comoosdemais,diferençasindividuaisqueinfluirãodiretaou indiretamente em seu desempenho na escola.
Dessemodo,oprofessordeclassecomumnãodeveráalterarodesenvolvimentodosconteúdosestabelecidospelaescola,nemprecisaráalterarfundamentalmenteseusprocedimentos,pelofatodeterumalunocomdeficiênciavisualentreosdemais.
ÉevidentequeumensinodaMatemáticacalcadoapenasemexposiçõesteóricas,semexperiênciaconcretaesignificativa,emquefalteaparticipaçãodiretadoalunoporinsuficiênciaderecursosdidáticosadequados,tenderáadesenvolver,emqualquereducando,umaatitudedesfavorávelàassimilaçãoeàcompreensãodoconteúdodesenvolvido.
Atarefadoprofessordaclasseregularprecisaráserdesenvolvidaemestreitoentrosamentocomoprofessorespecializado,doqualeleobteráasorientaçõesquejulgarnecessárias,semtransferirparaeste,oencargodeministrarosconteúdosprogramáticos.
Preliminarmente,oprofessorprecisaráobterinformaçõesbásicascomreferênciaaoalunocomdeficiênciavisual,especialmentenoqueserefereaoníveldeestudosdossímbolosmatemáticosusados:• Dispõedelivro-textoadequadooudematerialtranscritonoSistemaBraille?• UtilizaosorobancomorecursonecessárioparaoaprendizadodaMatemática?• Realizacálculomental?• Dispõe-se de recursos pedagógicos adaptados (blocos lógicos,material
dourado,tangram,ábaco,cubaritmo)?
O Aluno
O grau da perda visual que o aluno apresentar determinará os procedimentos especiaisqueoprofessordeverá assumir, bemcomoomaterial quedeverá
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utilizar.Seoalunopossuirvisãosuficienteparalereescrevernosistemacomum,ousoderecursosópticos,aoladodeprovidênciascomoacolocaçãodoalunobempróximoaoquadro-negro,aescritaemcadernosespeciais,autilizaçãodelivroscomunsoudetiposampliados,garantirãocondiçõesdesejáveisparaobomaproveitamento do aluno.
Dependendodoníveldofuncionamentovisual,osprocedimentosdiferirão,demodoaproporcionartambémosmeiosnecessáriosparaaaprendizagem.Cabeaoprofessorprocederdeformaanãocaracterizarinteresseespecialousuperprotetorpeloaluno,atendendo-oconformesuasnecessidadesespecíficas,paraquetenhaacessoaoconteúdodesenvolvidoemsala.Apropósito,sugere-se,comonorma,os seguintes procedimentos:• expressarverbalmente,semprequepossível,oqueestásendorepresentado
noquadro;• verificarseoalunoacompanhouaproblematizaçãoeefetuouseupróprio
raciocínio;• dar tempo suficienteparaoalunoapresentar suasdúvidas,hipótesesde
resoluçãodoproblemaedemonstraroraciocínioelaborado;• procurarnão isentaroalunodas tarefas escolares, seja emclasseouem
casa;• recorrer aoprofessor especializado,no sentidode valer-sedos recursos
necessários,emtempo,afimdeevitarlacunasnoprocessodeaprendizagemda Matemática.
Nocasodadeficiência ter sido adquirida recentemente, oprofessordeveráatentartambémparaoprocessodeadaptaçãodoalunoaosnovosrecursosdeque se utiliza.
Aidadeemqueocorreuadeficiênciadoalunoéfatordefundamentalimportânciaparaotrabalhodoprofessor,considerando-seque,viaderegra,acriançaquevê,vivenciasituaçõesvariadasecommaisfreqüênciadoqueadeficiente,oquelhedáumabagagemmaiordeinformaçõesquepoderãoinfluirdiretamentenorendimento escolar.
Conceitos espaço-temporais, noções práticas relativas a peso,medidas equantidades e outrashabilidadesutilizadasna vida, comocompra e venda,prepararedartroco,leituradehoras,cálculodedistâncias,etc.sãovivenciados,atodomomento,pelascriançasdevisãonormal.
Umadas formas de compensar essa desvantagempara a criança cega é aatuaçãodosprofessores,orientandoosfamiliaresdoalunoparaquelhesejamproporcionadastaisvivências,indispensáveisnavidaprática.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Observações realizadas entrealunos cegosdeaprendizagem insuficiente emMatemáticarevelaramfatostaiscomo:1. alunosqueefetuavamcálculoseresolviamproblemasenvolvendoquantias,
comabsolutacorreção,desconheciam,noentanto,ocustodecoisasmuitocomuns,comodoces,balas,sorvetes,etc.,revelandofaltadevivência;
2. alunosquefaziamconversõesecálculoscommedidas,mantinhamnoçõeserradassobrealgumasmedidas,comoometro,demonstrandofaltadecontatocom instrumentos usuais de medição.
O Domínio do Sistema Braille
DominandooSistemaBraille,oalunocegoécapazdeanotaredeexecutarastarefasescolaresquelhesãopassadas.Oconhecimentodossímbolosmatemáticoséde fundamental importânciaporque,diferindoemsua formados símbolosusadosnosistemacomum,seudesconhecimentopoderálevaroalunoacriarumasimbolizaçãoprópria,quenãoatenderáasuasnecessidadeseoimpossibilitarádeutilizar-sedelivrosquejátenhamsidotranscritosembraile.
OssímbolosmatemáticosnoSistemaBrailledeverãoserensinadosporprofessorespecializado,oqualdeveráorientaroalunoeoprofessordaclassequantoàsuaaplicação.Oprofessordevedispordosnúmeros,dossímbolosedomanualembraile,parapoderacompanhareavaliaroprocessodeaprendizagemdoaluno,nomomentodarealizaçãodosexercícios,emclasse.
Paracumprirestatarefa,oprofessordeverámanter-seatualizadoquantoaosnovossímbolosadotados,bemcomoàsalteraçõesintroduzidasnoscódigosdeMatemática.Convém,ainda,dispordemanualparaeventuaisconsultas.
CumprelembrarqueaescritalineardoSistemaBrailleimpõeadaptações,comoousodeparêntesesauxiliares,porexemplo,noscasosemquetermosdeumafraçãosejamumasoma indicada.Taisadaptaçõessupõemumconhecimentoda simbolizaçãomatemática edamatéria,paraque sejamevitadoserrosdeinterpretação da escrita.
O Livro Didático, no ensino da Matemática
OensinomodernodeMatemática, chamadogenericamentedeMatemáticaModerna, impôsumasériedemodificaçõesnaapresentaçãodamatéria, até
13�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
mesmonoque se refere ao livro-texto.Emvezde textos longos, tais livrospassaramaser ilustradoscomfigurasedesenhos,emsuamaioriacoloridos,visandofundamentar-senarealidadedoaluno,paraobtermaioreficiêncianoprocesso de ensino.
Emconseqüência,atranscriçãodelivrosdeMatemáticaparaoSistemaBrailletornou-semaisdifícil,porqueas ilustrações,aindaquandorepresentadasemrelevo,nãoproporcionamaotatoasmesmasimpressõesqueavisão,associando-seaistoosproblemastécnicosdecorrentesdatranscriçãodireta.
Aadaptaçãodetextosparaseremtranscritos,recursoporvezesusado,nãodeveser feitaporpessoaquedesconheçaamatéria,afimdeseremevitadoserrosprejudiciais ao aluno.
Osignificadotátildeumdesenhoemrelevoéassuntoquemerece,porpartedoprofessorespecializado,umconhecimento tãoprofundoquantopossíveldaspossibilidades desse recurso.
Areproduçãodeobjetostridimensionaisatravésdelinhasemrelevo,emborade fácil identificaçãoparaovidente,nãoofereceao tato idênticapercepção,devendoserutilizadacomreservae,depreferência,cominformaçõesverbaisadicionais.É importante ressaltar,porém,que representações, emrelevo,delinhas,figurasplanas como triângulos,quadriláterosoupolígonos emgeral(figurasbidimensionais),quandodetamanhoadequadoe fácildiscriminaçãotátil,sãodegrandevalornoestudodaGeometria.
Aesserespeitodevemoslevaremcontaosseguintesfatos:• as figuras geométricas devem possuir tamanho adequado para o
reconhecimentotátil,tamanhoesteaserverificadocomopróprioaluno;• figurasmuitograndesdeterminamnão sóo reconhecimento lento, como
tambémdificuldadesna estruturaçãodo todo.Valenotarquefigurasdetamanhoreduzidodificultamadiscriminaçãodesuaspartescomponentes.
Porserdesaconselhávelarepresentaçãoemrelevodeobjetostridimensionais,olivro-textodeverásercomplementadocommodelosdessesobjetos,quepoderãosermanuseadospelosalunoscomo,porexemplo,ossólidosgeométricos:prisma,pirâmide, cone, esfera,paralelepípedo, etc.De fundamental importância é apossibilidadedeoalunopoderelaborarerepresentaressasfiguraseobjetosemdiferentestamanhoseescalas,utilizando-sedemateriaisvariadoscomomassa,argila,papelãoematerialdesucata, recursos inestimáveisparaaprendizagemsignificativaeconceitual.
13�
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
OensinodeMatemáticadeve atender, principalmente, àsnecessidadesdoalunonos anos iniciais do ensino fundamental, especialmente na fase dealfabetização.
Levando-seemcontaqueumobjetivopodeseratingidopormeiodediferentessituaçõesdeaprendizagemeque,inversamente,amesmasituaçãopodeatenderaváriosobjetivos,comafinalidadedefacilitarotrabalhodoprofessor,serãorelacionados,adiante,osobjetivosdoestudodaMatemática,quenessafasedaalfabetizaçãoseintegra,maisqueemoutras,àsdemaisatividades.
Valelembrarqueasdiferentessituaçõesdeaprendizagemdevemserencaradasapenas como sugestões de atividades e nunca comomodelos rígidos paraatingirdeterminadoobjetivo.Apartirdessassugestões,oprofessororientaráseutrabalho,modificando-aseadaptando-as,segundoascondiçõesmateriaisdequedispuser,arealidadeeointeressedosalunos.
Osobjetivosreferidosanteriormentesão:• reconhecerosobjetospelotato;• utilizar a noção de grandeza pela percepção do espaço que seu corpo pode
ocupar;• reconheceraigualdadecomorelaçãodeequivalência;• identificarashorasexatasnaconstruçãodanoçãodetempo;• reconhecerobjetospelotatoenomeá-los;• construiroconceitodeuniãodeconjuntos;• identificaropesodosobjetos,associandoasexpressõesverbais;• realizaradições,utilizandoapalavrasomaparaindicaroresultado;• reconhecer,pelotato,asmoedasecédulasdosistemamonetárionacional;• reconhecerasubtraçãocomoumaadiçãosuplementar;• utilizaroconceitodeequivalênciautilizandoosímbolo;• utilizaro conceitode seriação,usandoas expressões:primeiro, segundo,
último,etc.;• identificarrelaçõesdeespaçoentreseucorpoeoutrosobjetos;• deslocar-secomdesembaraçoemambienteconhecido,seguindodireções.
Dandocontinuidadeàescolarização,emespecial,paraosquatroprimeirosanosdoensinofundamental,oprofessorprecisaráatentarparaosseguintespontos:• Osmateriaisescolhidos,alémdeseremdebaixocustoedefácilobtenção,têm
a vantagem de poder ser utilizados tanto por alunos cegos como por alunos videntes.
13�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Algumas atividades que envolvam o uso do próprio corpo podem ser realizadas porqualqueraluno,comoalternativa,propiciandooportunidadeparamelhorintegração entre os alunos.
• Atividadescomo“deslocar-sedeumpontoaoutro,percorrendocaminhosdeterminadosporcordas,emlinhareta,ziguezagueouemlinhassinuosas;observaradiferençaentreospercursosrealizados”emuitasoutrasfavorecema formação de esquemasmentais, habilidade que tem grande valia namobilidade de uma pessoa cega.
• Oconhecimentodaformadosnumeraisusadosnaescritacomumapresentavantagensparaoalunocego:adepoderutilizá-losemsituaçõespráticaseadecompreenderadistinçãoentrenúmeroenumeral.
• A solução de problemas que envolvam quantias precisa ser associada ao manuseio denotasemoedasdediversosvalores,emsituaçõesdecompraevenda.Essassituaçõesdevemserestimuladasnocasodoalunocegoporque,emgeral,osfamiliaresimpedem-nodefazercomprasdiretamente.
• Asatividadesquecompreendemleituradehoras(relógiobraile)requeremrepetiçõessistemáticasafimdeseremfixadas,pelofatodeacriançaceganãodispordeoportunidadesparaverificarashorasatodoomomento,porexemplo,nosrelógioscomunsdeoutraspessoas,nascasascomerciais,emlugarespúblicos,etc.
• Apráticadeexercíciodeefetuarmedições(metro,litro,quilograma)devebasear-senousodeinstrumentosadaptados.
• Nocasoparticulardoestudodefrações,sugere-seousodefartomaterialconcreto para boa compreensão dos conceitos a serem transmitidos e a compreensãodaformalineardeseuregistro.
Nos anos finais do ensino fundamental, o aluno cego, já deverá dominarmecanismosdeleituraeescritaembraile,ousodosoroban,ocálculomental,que lhe permitirão um desempenho mais independente na classe.
Aoprofessordaclassecomumcompeteapresentarconteúdos,acompanhareverificaraaprendizagemdoalunocego,comoadequalqueroutroaluno.
PONTOS ESSENCIAIS PARA A AÇÃO DO PROFESSOR JUNTO A ALUNOS CEGOS OU AOS ALUNOS COM BAIXA VISÃO INCLUíDOS NAS CLASSES COMUNS.
Ao professor regente da turma cabe:
• Procurarobter todasas informaçõessobrecomooalunopercebeomeio,elaborasuaspercepções,pensaeage.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Tomaraseucargoatarefadeensinar,acompanhareverificaraaprendizagem,deixandoaoprofessorespecializadoastarefasquedependamdeconhecimentoespecíficooudousoderecursosespeciais.
• Recorreraoprofessorespecializadosemprequenecessitardeorientaçõesespecíficasquenorteiemseutrabalhoemclasse.
• Verbalizar,namedidadopossível,situaçõesquedependemexclusivamentedo uso da visão.
• Procurarnãoisentaroalunodaexecuçãodastarefasescolares.• Fazerasverificaçõesdeaprendizagemdoalunocomdeficiênciavisualno
mesmo momento em que as realiza com os demais alunos.• Utilizar, quando possível,materiais que atendam tanto ao aluno com
deficiênciavisualquantoaosdevisãonormal.• Propiciar oportunidades para que o aluno vivencie certas situações que
interessemaodesenvolvimentodamatéria.
Ao professor especializado cabe:
• ComplementarasinformaçõeosdasaulasdeMatemática,fixandoossímbolos,formasderegistroembraile,utilizandorecursosapropriados.
• Conhecerossímbolosmatemáticosembraileeseuemprego,orientando-seem manual próprio.
• Colaborarnaseleção,adaptaçãoouelaboraçãodematerialdidático.• Conheceratécnicadecálculosnosoroban.
Oensinodamatemáticaparaalunoscomdeficiênciavisualrequerautilizaçãodeváriosrecursosmateriaisespeciaisadaptados,alémdosorobanjácitado.
Omaterial abaixo relacionadoéoferecido como sugestãopara serutilizadoem situações nas quais o material comumente adotado para os alunos de visão normal,nãopodeserusadocomeficiênciaporalunoscegos.Paraesses,torna-seindispensável a utilização de:• soroban;• pequenasbarrasdemadeira,dediferentestamanhos,divididasempartes
iguais;• cordasdeváriasespessuras;• fiosdediferentesespessuras;• botõesdediversostamanhoseformatos;• chapinhas;• discoslisoseásperos;• pequenosquadradosetriânguloslisoseásperos;• metrorígido,emmadeira,commarcaçõesemrelevo;
141DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• fitamétricaadaptada;• réguas,adaptadas,dediferentestamanhos;• metroarticulado;• tirasdepapelão,comespessurasvariadasde1mma5mm;• quadradosempapelão,dediferentestamanhos;• recipientesemplásticocomcapacidadesde:1litro,1/2litroe1/4delitro;• cubosdemadeira;• pesosemmetalcom:1,10,50,100,250,500e1000gramas;• balançaadaptada;• modelosdefigurasgeométricasplanasrecortadasemcartolina,papelãoe
madeira;• hastesdemetal,dediferentestamanhos,paraformarfigurasgeométricas;• modelosdesólidosgeométricos,emmadeira;• retângulosdeborracha,coladossobremadeira,paraproduzir,comcaneta
esferográficaoupunção,desenhosemrelevo;• transferidoradaptado,apresentandopequenossulcosde10ºem10ºeno
qualsejamfixados,pormeiodeumparafuso,suashastesdemetalcomoosponteirosdeumrelógio;
• pranchacomtelaparadesenhoegráficosemrelevo;• caixadematemática,comtelaoufolhamilimetradapararepresentaçãode
desenhogeométricoougráfico(tipogeomatic,comalfinetedecabeçaeelásticoparademonstração).
ROTEIRO DE ESTUDO
1. Épossívelensinar,paraosalunoscomdeficiênciavisual,osmesmosconteúdosprogramáticostrabalhadoscomosalunosvidentes?
2. Que informaçõessão importantesparaoprofessorpoderplanejarseuensino?
3. Quefatoressãoimportantesdeconsiderar,noqueserefereaoaluno,quandoseplanejaoensinodamatemática?
4. Quematerialdidáticopodeserútilparaoensinodamatemáticaparadeficientesvisuais?
5. Oqueserecomendaparaarelaçãoentreoprofessordaclassecomumeoprofessorespecialista?Quetarefascaberiamacadaum?
2. Intervalo (15 min.)
3. Plenária (1 h 15 min.)Após o intervalo, o formador deverá solicitar aos participantes que
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
voltemàorganizaçãodeplenária,naqual cadagrupodeveráapresentaras respostas que produziram para as questões constantes do Roteiro de Estudo.
Deve-seincentivarquetodosdiscutamasrespostasapresentadas,àluzdarealidadedocontextoemqueatuamprofissionalmente.
143DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
8º ENCONTRO
8. ENSINO DE ESTUDOS SOCIAIS (GEOGRAFIA E HISTÓRIA) E ENSINO DE CIÊNCIAS
TEMPO PREVISTO06horas
FINALIDADE DO ENCONTRO• Disponibilizar aoprofessor informações sobre autilizaçãodoBraileno
ensino de Estudos Sociais e o ensino de Ciênciasparaoalunocego(ref.àexpectativa8).
MATERIAL Textos17 :1. OensinodeHistóriaedeGeografia2. O ensino de Ciências
Material• Diferentestiposdepapel;• Barbante,fiosdenylon,lã;• Diferentestiposdetecidos,delixas;• Colaplástica,colacomum;• Tesoura;• Massa de modelagem• Pranchadeborrachaecarretilhadecostura;• Prancharevestidadetela(deplástico).
17Textoselaboradosapartirdoconteúdoconstantede:
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais- História/Geografia. Brasília:MEC/SEF,1997.
____. Proposta Curricular para Deficientes Visuais. Volume3.Brasília:MEC/CENESP,1979.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva
PERÍODO DA MANHÃ
TEMPO PREVISTO04horas
1. Estudo em grupo (1 h)Para a realizaçãodeste encontro, recomenda-sequeosparticipantes seorganizememgruposdeaté04pessoas,paraaleituraeestudosobreotextoabaixo.
O ENSINO DE HISTÓRIA E DE GEOGRAFIA
“OensinodeHistóriapossuiobjetivosespecíficos,sendoumdosmaisrelevantesoqueserelacionaàconstituiçãodanoçãodeidentidade.Assim,éprimordialqueoensinodeHistóriaestabeleçarelaçõesentreidentidadesindividuais,sociaisecoletivas,entreasquaisasqueseconstituemcomonacionais.”(p.32).
“Espera-seque, ao longodo ensino fundamental, os alunosgradativamentepossamlerecompreendersuarealidade,posicionar-se, fazerescolhas,eagircriteriosamente.Nessesentido,osalunosdeverãosercapazesde:• Identificaroprópriogrupodeconvívioeasrelaçõesqueestabelecemcom
outrostemposeespaços;• Organizaralgunsrepertórioshistórico-culturais,quelhespermitamlocalizar
acontecimentos numamultiplicidade de tempo, demodo a formularexplicaçõesparaalgumasquestõesdopresenteedopassado;
• Conhecererespeitaromododevidadediferentesgrupossociais,emdiversostemposeespaços,emsuasmanifestaçõesculturais,econômicas,políticasesociais,reconhecendosemelhançasediferençasentreeles;
• Reconhecermudançasepermanênciasnasvivênciashumanas,presentesnasuarealidadeeemoutrascomunidades,próximasoudistantesnotempoenoespaço;
• Questionarsuarealidade,identificandoalgunsdeseusproblemaserefletindosobrealgumasdesuaspossíveissoluções, reconhecendo formasdeatuaçãopolíticainstitucionaiseorganizaçõescoletivasdasociedadecivil;
145DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Utilizarmétodosdepesquisaedeproduçãodetextosdeconteúdohistórico,aprendendoalerdiferentesregistrosescritos,iconográficos,sonoros;
• Valorizaropatrimôniosocioculturalerespeitaradiversidade,reconhecendo-acomoumdireitodospovoseindivíduosecomoumelementodefortalecimentodademocracia.”(p.41).
Paraoalcancedetaisobjetivos,foramsugeridosconteúdos“apartirdahistóriadocotidianodacriança(oseutempoeoseuespaço),integradaaumcontextomaisamplo,queincluioscontextoshistóricos.Osconteúdosforamescolhidosapartirdotempopresente,noqualexistemmaterialidadesementalidadesquedenunciamapresençadeoutrostempos,outrosmodosdevidasobreviventesdopassado,outroscostumeseoutrasmodalidadesdeorganizaçãosocial,quecontinuam,dealgumaforma,presentesnavidadaspessoasedacoletividade.Osconteúdosforamescolhidos,ainda,apartirdaidéiadequeconhecerasmuitashistórias,deoutrostempos,relacionadasaoespaçoemquevivem,edeoutrosespaços,possibilitaaosalunoscompreenderemasimesmoseavidacoletivadequefazemparte.”(p.43-44).
Já aGeografia, “estuda as relações entre oprocessohistóricoque regula aformaçãodassociedadeshumanaseofuncionamentodanatureza,pormeiodaleituradoespaçogeográficoedapaisagem.”(p.109).Partedopressupostodeque“oespaçogeográficoéhistoricamenteproduzidopelohomemenquantoorganizaeconômicaesocialmentesuasociedade.Apercepçãoespacialdecadaindivíduoousociedadeétambémmarcadaporlaçosafetivosereferênciassocioculturais.Nessaperspectiva, ahistoricidadeenfocaohomemcomosujeito construtordoespaçogeográfico,umhomemsocialecultural,situadoparaalémeatravésdaperspectivaeconômicaepolítica,queimprimeseusvaloresnoprocessodeconstruçãodeseuespaço.Assim,oestudodeumatotalidade,istoé,dapaisagemcomosíntesedemúltiplosespaçosetemposdeveconsideraroespaçotopológico–oespaçovividoeopercebido–eoespaçoproduzidoeconomicamentecomoalgumas das noções de espaço dentre as tantas que povoam o discurso da Geografia.”(p.109-110).
OensinodaHistóriaedaGeografia,paraoalunocego,exigeousodelivrosemateriaisdidáticostranscritosparaoSistemaBraille,adaptadosemrelevo,comdiferentestexturas,bemcomoaintensificaçãodacomunicaçãooral.
Ousodemaquetes, de representaçõesmateriais do sistemaplanetário, deacidentesgeográficos,decartografiacomdistintosmateriais,podeserútil,massempreacompanhadosdeminuciosadescriçãooral,edediscussão.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Éimportantequeacadaitemdoconteúdoprogramáticooprofessorestimuleapesquisasobreinformações,aanálisecrítica,amanifestaçãoverbaldetodososalunos,inclusivedosqueapresentamdeficiênciavisual.Oprofessortambémnão deve se esquecer de explicitar oralmente tudo o que estiver escrevendo no quadro,bemcomoevitaratividadesdeleiturasilenciosa,jáqueoconteúdoassimtratadomantém-seforadoâmbitoperceptualdessealuno.
Aoalunocombaixavisãofaz-se,poroutrolado,importanteousodosrecursosópticos que lhe favoreçam o acesso à comunicação escrita. O ensino daGeografia,principalmente,implicaráatividadescomplementaresquepoderãoser desenvolvidas em salas de recursos.
Serãoapresentadas,abaixo,sugestõesdeatividadesedemateriaisespecializadosquepodemfavoreceraaprendizagemdeHistóriaedeGeografiadosalunos,demaneirageral,edosquetêmdeficiênciavisual,emparticular.(Brasil,1979).
a) Coleta de reáliasJóias,ornamentos,dinheiro,bonecastípicas,roupas,utensílios, ferramentas,manuscritos (alunoscombaixavisão),documentos, selos, gravaçõesemfita,modelosdetransportesemeiodecomunicação,faqueiros,instrumentosmusicais,objetosdearte,baixelas,amostrasdeprodutos,relógios,armas,revistas,fórmulasdetelegramas,contasdetelefone,deluz,degás,passagensdetransportes,etc.
b) Coleta de plantas arquitetônicas da comunidadePara alunos cegos e, senecessário, para osdebaixa visão, utilizar plantasconfeccionadasemaltorelevo.
c) Organização de um fichário de leituras informativasRecomenda-sequenasfichasde leitura informativasejamobservadoscertoscuidados,taiscomo:• Trechosnãomuitoextensos;• Linguagemacessívelàturma,devendofocalizarespecialmenteaspalavras
novas;• Informaçõesautênticas;• Organização lógica.
d) Seleção de lugares para excursõesAseleçãodos lugaresdeve serdirecionadapelos conteúdosqueestão sendodesenvolvidosemclasse,eaosinteressesdemonstradospelosalunos.Alémdisso,cadaexcursãoexigeumcuidadosoplanejamento,peloprofessor,apresentando:
14�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Objetivosdeterminados;• Previsãodediaehoraparaaexcursão;• Previsãodaduraçãodaexcursão;• Cálculodasdespesas;• Previsãodetransporteedealimentação;• Solicitação de permissão da direção da unidade escolar e dos responsáveis
peloaluno;• Previsãodeacompanhantes,alémdoprofessor,paraadescriçãodolocaldo
passeio,paraajudanalocomoçãoenaalimentaçãodealunocego;• Explicitação de comportamentos exigidos.
Osalunosdevemparticipardoplanejamento, fazendo sugestões e tomandoconhecimentoprévioacercadoqueseesperaqueobservem,dasinformaçõesquepretendemobter,doprocedimentodecoletadedados.
Émuitoimportanteque,apósaexcursão,sejaavaliadaaatividade,tendoemvistaos itensconstantesdeseuplanejamento.Étambéminteressantequeasinformaçõesobtidas sejamutilizadas emoutras situaçõesdeaprendizagem,tais como,discussões críticas, apresentaçãode relatórios orais ou escritos,dramatizações,etc.
Os alunos cegos que participarem das excursões ou de visitas devem ser informadosminuciosamentepeloprofessor,colegas,ouacompanhantes,detodososfatos,situaçõeseocorrênciasvisuais.
e) EntrevistasConsidera-sevaliosooacessoapessoas-fonte,comomeiodeobterinformaçõessobreacomunidade.Aentrevistatambémrequerumplanejamento,paraoqualse sugere os seguintes itens:• Objetivosdaentrevista;• Relaçãodeperguntasaseremfeitasparaoentrevistado,fundamentadanos
objetivospreviamenteestipulados;• Apessoadoentrevistado;• Oconvite;• Olocalondeserárealizadaaentrevista:naescola,ounolocalondeseencontra
oentrevistado;• Adeterminaçãododiaedahora;• Adeterminaçãodequaisalunosfarãoasperguntasequaisosquegravarão
aentrevista,ouqueanotarãoasrespostas;• O agradecimento à atenção do entrevistado.
Tambémno casode entrevistas, recomenda-seque seja feitaumaavaliaçãoposterior, reportando-se aos itens constantesdoplanejamento.Damesma
14�
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
forma,asinformaçõesadquiridasdevemserutilizadasemoutrasatividadesdeaprendizagem.
f) Utilização dos meios de comunicação de massaOsacontecimentosdaatualidade,enfocadosporjornais,revistas,rádio,televisão,podemserlidos,ouvidosecomentadosemclasse.
Asprimeirasinformaçõespodemsertrazidaspeloprofessoroupelosalunos.Apartirdisso,sugere-sequeosalunosselecionemaquelasqueserãodiscutidasemclasse,servindotambémcomotemaparapesquisas,debates,júrissimulados,dramatizações,etc.
Osalunoscegosdevemserestimuladosasolicitaracolaboraçãodefamiliares,colegaseamigos,paraa leiturade impressoseparaadescriçãode imagensveiculadas pela TV ou cinema.
Sugestões de roteiro para Sistematização de Pesquisa sobre Fatos Sociais ligados à comunidade• Fatosocial;• Épocaemqueofatoaconteceu;• Causas;• Conseqüências;• Acontecimentosrelevantesligadosaofatosocial;• Locaisrelacionados(localizaçãoemmapas,plantas,etc.)OBS:Paraalunoscegos,nãosepodeesquecerqueénecessáriaautilizaçãodemapaseplantas,emaltorelevo;• Personagensprincipaisesuaatuaçãonosacontecimentos;• Situaçãodomunicípio,doestado,dopaís,naépoca,quanto: • aogoverno; • aodesenvolvimentocultural; • àagricultura; • àindústria; • aocomércio; • àpopulação; • aos meios de transporte e comunicação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: História, Geografia. Volume5.Brasília:MEC/SEF,1997.
____. Proposta Curricular para Deficientes Visuais. Vol.4.Brasília:MEC/CENESP,1979.
14�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
2. Atividade Prática (1 h)
Apósotérminodaleituraediscussãosobreotexto,osparticipantesdecada
grupodeverãoescolherumtópicodoconteúdoprogramáticodaHistóriae
daGeografia,paraapresentarparaalunoscegos.
Ogrupodeveráelaboraroplanodeensinoparaessetópico,contendoobjetivo
geral,objetivosespecíficos,conteúdo,estratégiasmetodológicas,materiais/
atividadesaseremutilizados(incluindoasadaptaçõescriadasparaoacesso
doalunocego),processodeavaliação.
O grupo deverá, também, criar ummaterial adaptado, o qual será
posteriormenteapresentadoemplenária,juntamentecomoplanodeensino
elaborado.
3. Intervalo (15 min.)
4. Plenária (1 h 45 min.)
Devoltaàorganizaçãoemplenária,cadagrupodeveráapresentaroplanode
ensinoqueelaborou,bemcomoomaterialadaptadocriado.
Recomenda-sequeaapresentação incluaacontextualizaçãodo tópicoedo
material,noconjuntomaisamplodoconteúdoprogramáticofocalizado.
Recomenda-se, também,quecadagrupopermitaautilizaçãodomaterial
criado por outros participantes da plenária, previamente vendados,
enriquecendo,assim,adiscussão.
PERÍODO DA TARDE
TEMPO PREVISTO04horas
1. Estudo em grupo (1 h 30 min.)
Nestemomento,oformadordevesolicitaraosparticipantesquesereorganizem
emgruposdeatéquatropessoas,paraaleituraeestudosobreotextoaseguir.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
ENSINO DE CIÊNCIAS
OensinodeCiências implicaráatividades realizadasem laboratórios,ouem
salasderecursos,alémdeatividadesnaprópriasaladeaula.Nocasodenão
contarcomestaspossibilidades,oprofessordeveráusardesuacriatividadepara
implementaromáximodeatividadespráticasquepossaconseguir,nopróprio
contexto da sala.
As recomendações para o ensino do aluno cego continuam sendo as mesmas das
já feitasparaoutrasáreasdoconhecimento:ouso intensivodacomunicação
oral, garantindo-se que seja a ele descrito verbalmente, todo e qualquer
fenômenotratadovisualmente.Paraoalunocombaixavisão,deve-segarantir
disponibilização dos recursos ópticos necessários.
Seguem algumas sugestões metodológicas.
Pressão
• Anoçãodepressãodeveserdadaantesdasdeareágua;
• Nãohánecessidadedeapresentarafórmuladedefiniçãodepressão;
• É importanterepetirasexperiências,usandomateriaisdiferentes,porque
omanuseiodematerialvariadoésempreútilparaoalunocomdeficiência
visual.
Rochas e Solo
• O estudo sobre rochas e solos deve ser relacionado com os conceitos de erosão
edesagregaçãoderochasparaformaçãodesolos.
Os Seres Vivos
• Situaçõeseatividadespráticasdevemfundamentaraabordagemaotópico
classificaçãodeanimais;
• Quandoseestiverabordandonoçõesdeanatomia,defisiologia,recomenda-se
utilizaromáximodeprotótipos/modelosconcretos,comoocorpohumano
desmontável. Eles podem auxiliar na construção do conceito em questão.
Énecessárioque se expliqueaosalunos,por exemplo,queumovopode
representarumacélula,masquesuacascaéproporcionalmentemuitomais
grossadoqueamembranadacélulareal;queagemaémuitomaiorqueo
núcleodacélula;quenãoépossívelrepresentarosvacúolos;queháoutros
detalhesdacélulaquetambémnãopodemserpercebidos.
151DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
O Corpo Humano
• Este temapodeserdesenvolvidocomohabitualmente,quantoaobjetivos
específicos.Entretanto, comoos alunos cegosnãopodemse apoiarnas
ilustraçõeshabitualmenteencontradasnoslivrosdidáticos,seránecessário
que acompanhem todas as exposições orais manuseando o corpo humano
desmontável e suaspartes (tronco, órgãos internos, órgãosdos sentidos
eaparelhos).Osalunosdebaixavisão deverãorecebercópiasampliadas
das ilustraçõesapresentadasaosdemais,quandoestas foremdepequeno
tamanho.
• A mesma orientação pode ser seguida para os temas relacionados com higiene
esaúde.
Força e Movimento
• Anoçãodeforçasópodeserpercebidadiretamentepeloalunocegoatravés
deseucorpo,seusmúsculos.Portanto,aapresentaçãodessanoçãodeveser
acompanhadaporsituaçõesdeexperiência,emqueoalunoexerçaforçacom
seusprópriosmúsculos.
• Omovimentoéumfenômenodedifícilpercepçãoparaoalunocomdeficiência
visual,pordoismotivos:
• levaoobjetoparalongedoobservador;
• é impossível apalpar um objeto que semove sem alterar-lhe o
movimento.
• Uma solução para dar ao aluno comdeficiência visual a percepção do
movimentoéusarobjetosqueemitemsons,aomesmo tempoemquese
move.
Som
• Osfenômenossonorossãoosdemaisfácilpercepçãoparaoalunocego.Ofato
dequeossonssãoproduzidosporobjetosvibrantesédepercepçãoimediata
pelotato.Portanto,nessetópico,osexperimentoshabitualmenterealizados
comalunosvidentespodemserutilizadossemmodificaçõescomalunoscegos
e alunos com baixa visão.
• É conveniente explorar ao máximo os sons emitidos por instrumentos
musicais,isoladamente,ouemconjunto.
Luz
• Osexperimentosrelacionadoscomfenômenosluminosospodemserrealizados
semalterações, comalunosdebaixavisão.Evidentemente, estão forade
cogitaçãoparaosalunoscegos,resguardandoaquelesquetêmpercepçãode
luz.
152
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Eletricidade e Magnetismo• Os fenômenoseletrostáticos sãodedifícilpercepçãoparaocego,pois são
evidenciadosporatraçõeserepulsõesdeobjetosmuitoleves,queaoseremtocadossedescarregam,omesmoacontecendocomoobjetoqueosatraiu.
• Acorrenteelétricaemcircuitossimplescostumaserevidenciadapeloseuefeitoluminoso,empequenaslâmpadas,dotipolanternadepilha,nãochegandoaproduziraquecimentosensívelnessaslâmpadas.Portanto,acriançacegapoderámontarcircuitosmasnãopoderáverificarporsimesmaaintensidadedacorrente.Acriançadebaixavisãopoderáfazê-lo,observandoobrilhodaslâmpadasintercaladasnocírculo.
• Dosefeitoseletromagnéticos,omaissimplesequepodeserobservadopelocegoéodeeletroímã,usando-secorrentefornecidaporumapilhacomumdelanterna.Opróprioalunopodeconstruiroseueletroímã.
• Os fenômenosmagnéticosmais simples (atraçãoe repulsãoentre ímãseatraçãodeobjetosde ferro)podemser constatadospela criança cega.Oexperimentocomum,realizadocomlimalhadeferroparaconcretizaranoçãodelinhasdeforçadocampomagnético,estáforadoalcancedoalunocego,maséútilparaoalunocombaixavisão.
Gravitação da matéria• Asnoçõesdepesodoscorpos,aceleraçãodagravidadeeequilíbriopodemser
tentativamente concretizadas para o aluno cego mediante a seguinte situação de experiência:
• Atirarhorizontalmenteumapedracomvelocidadecadavezmaior; • Acadavez,irprocurarondecaiuapedra; • Apalparomodelodatrajetóriadapedraconstruídonaparede,utilizando
umacordaepregos.Convémrelacionarestaatividadecomolançamentodesatélitesartificiais.
Transformações da Matéria• As noções elementares de constituição damatéria são desenvolvidas,
habitualmente,partindodasnoçõesdemistura,soluçãoecombinação.• As transformaçõesdamatériaclassificadascomoreaçõesquímicaspodem
serobservadaspeloalunocombaixavisão,nosexperimentoshabitualmenterealizados. O aluno cego poderá concretizar essa noção observando a reação que ocorre,quandosecolocaumcomprimidoefervescenteemágua.Paramelhorconstatação,elepoderáprovaraáguaantesedepoisdareaçãoecolocarodedodentro do recipiente durante a mesma.
• Anoçãodereaçãoquímicadotipo“combinação”podeserconcretizadaparaoalunocombaixavisão,atravésdaoxidação(enferrujamento)deumpedaçode palha de aço de cozinha.
153DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Pode-se,também,compararavelocidadedeoxidaçãodapalhadeaço,emdiferentessituações(águafriaegelada,águapuraecomsabão,asecoecomáguapura,comáguapuraeacidificadacomsucodelimão).
CuidAdOs nO lAbORAtÓRiO E nA sAlA dE RECuRsOs (FUNBEC, 1975)
Recomendações para o aluno
Cuidados com o uso de substâncias químicas• Ao aquecer substâncias emum tubode ensaio, dirija a abertura deste
para o lado em que não haja nenhum companheiro do grupo. Peça a seus companheirosquesedesloquemumpouco,emtornodamesa,deformaquefiqueumladolivreparadirigiraaberturadotubodeensaio.
• Nunca coloque o rosto muito próximo de um recipiente onde está ocorrendo umareaçãoquímica.Mantenhaorostoaumadistânciaquepermitaobservarbemofenômeno(alunosvidentesealunoscombaixavisão),semcorreroriscode ser atingido por respingos ou borbulhamento.
• Nunca cheire diretamente qualquer substância. Mantenha o recipiente que a contémafastadodorostoe,commovimentosdamão,dirijaparaoseunarizos vapores desprendidos.
• Somente prove qualquer substância utilizada ou produzida durante os experimentos,comautorizaçãoexpressadoprofessor.
• Nuncaadicioneáguaaumácidoconcentrado,poisareaçãoseráviolenta,comgrande produção de calor e borbulhamento intenso. O ácido poderá atingir o seurosto.Sevocêreceberumácidoconcentradoeprecisardiluí-lo,despejelentamenteoácidosobrebastanteágua.Essatécnicaéimportante,sobretudoparaoácidosulfúrico.
• Peçaaoprofessorparalerosrótulosdosfrascosantesdeusarseusconteúdos.• Nãousequantidadeexageradadesubstâncias;usesempreasquantidades
indicadaspeloprofessor.• Conserveosfrascossempretampados.• Nãotorneacolocarnosfrascossubstânciasquetenhamsidoparcialmente
utilizadas.• Nãomisturesubstânciasaoacaso,massomentedeacordocomasinstruções
doprofessor.
Cuidados com o uso do fogo• Nuncacoloquepertodofogosubstânciasvoláteiseinflamáveis,comoálcool,
gasolina,benzina,queroseneedetergentesdotipoVarsolouFaísca,assimcomo qualquer aerosol.
154
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Seoálcooldalamparinaseesgotar,váreabastecê-lanamesadoprofessor.Nuncacirculecomumfrascograndedeálcoolentreasmesasdosseuscolegas,onde há lamparinas acesas.
• Se for necessáriomudar de lugar uma lamparina acessa, faça-o comcuidado.
O que fazer em caso de acidente• Qualquer acidente, por menor que seja, deve ser comunicado ao
professor.• Qualquercorte,pormenorqueseja,deveserdesinfetadoecoberto.• Nocasodequeimaduraseintoxicações,oprofessordevedirigir-seaohospital
maispróximoparaorientaçãomédica.• Seosolhos forematingidosporqualquer substância irritante,devemser
lavadoscombastanteáguaoudepreferênciacomcolírio.• Seumasubstânciainflamávelderramar-sesobreamesaepegarfogo,useo
extintor de incêndio ou pegue uma das caixas de areia que devem existir no laboratórioejogueareiasobreofogo.
• Seasvestesdeumcolegapegaremfogo,abafeofogocompanosgrandesoupeçasdevestuário(camisas,agasalhos).Nuncaabaneofogo.
Recomendações para o professor
• Oprofessoréoresponsávelpelasegurançadosalunosnolaboratórioenassalasderecursos.Portanto,deveplanejarasatividadespráticascomomaiorcuidado,afimdereduziraomínimoaprobabilidadedeacidentes.
• Toda aula prática deve ser precedida de recomendações bem claras sobre certosdetalhesdoprocedimento,paraevitarsituaçõesconfusasdurantearealização da experiência.
• Oprofessoréresponsávelpelaexistência,nolaboratório,deumextintordeincêndioembomestadodefuncionamento,ecaixasdeareia,emdiversospontos da sala.
• Semprequeoprofessorde classe tiverde levar, parao laboratório, umalunocegooudebaixavisão,deveráantespedirorientaçãoaoprofessorespecializado.
2. Atividade Prática (1 h)Após o término da leitura e discussão sobre o texto, os participantesde cada grupodeverão escolherum tópicodo conteúdoprogramáticodeCiências,paraapresentarparaalunos cegos (recomenda-sequeos
155DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
professoresescolhamentreosparticipantesaquelesqueestejamtrabalhando,emsuassalas,nomomento).
Ogrupodeveráelaboraroplanodeensinoparaessetópico,contendoobjetivogeral,objetivosespecíficos,conteúdo,estratégiasmetodológicas,materiais/atividadesaseremutilizados(incluindoasadaptaçõescriadasparaoacessodoalunocegoeparaoalunocombaixavisão),processodeavaliação.
Ogrupodeverá,também,explicitarcomoseráoprocedimentoaserutilizadocomosalunoscomdeficiênciavisual,oqualseráposteriormenteapresentadoemplenária,juntamentecomoplanodeensinoelaborado.
3. Intervalo (15 min.)
4. Plenária (1 h 45 min.)Devoltaàorganizaçãoemplenária,cadagrupodeveráapresentaroplanodeensinoqueelaborou,bemcomoaatividadeadaptadacriada.
Recomenda-sequeaapresentaçãoincluaacontextualizaçãodotópicoedomaterial,noconjuntomaisamplodoconteúdoprogramáticofocalizado.
Recomenda-se, também,quecadagrupopermitaautilizaçãodomaterialcriado por outros participantes da plenária, previamente vendados,enriquecendo,assim,adiscussão.
15�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
9º ENCONTRO
9. ENSINO DE ARTE E DE EDUCAÇÃO FÍSICA
TEMPO PREVISTO06horas
FINALIDADE DO ENCONTRO• DisponibilizaraoprofessorinformaçõessobreoensinodeArte e de Educação
Físicaparaoalunocomdeficiênciavisual(ref.àexpectativa8)
MATERIAL Textos:BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Volume6 . Brasília:MEC/SEF,
1997.
Materiais• Diferentestiposdepapel• Argila• Fios de diversos tipos• Fita crepe• Violão• Vendas,emnúmerosuficienteparavendarmetadedosparticipantes• Massa de modelagem• Tesoura
SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva
PERÍODO DA MANHÃ
TEMPO PREVISTO04horas
15�
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
1. Estudo em grupo (40 min.)Para a realizaçãodeste encontro recomenda-se que os participantes seorganizememgruposdeatéquatropessoas,paraaleituraediscussãosobreo texto abaixo.
2. Atividade prática (1h 30 min.) Terminadaaleitura,oformadordeverávendarmetadedosparticipantesepedirquepassem,agora,atrabalharempares(umvidente,eumvendado).Comosmateriaisdisponíveisnasala,cadaumdeverádesenvolverumaformade expressar o seguinte tema: “ser professor, na realidade”.
Aformadeveráserdiscutidapelospareseoparticipantevidentedeveficarcomoauxiliardoprofessorvendado.
Após1hora,acondiçãodeveseralternada,passandooprofessorvendadoaservidente(tiraavenda)eoprofessorvidenteaserovendado(colocaavenda).
ARTES18
“Aeducaçãoemartepropiciaodesenvolvimentodopensamentoartísticoedapercepçãoestética,que caracterizamummodoprópriodeordenar edarsentidoàexperiênciahumana:oalunodesenvolvesuasensibilidade,percepçãoe imaginaçãoj,tantoaorealizarformasartísticas,quantonaaçãodeapreciareconheceras formasproduzidasporeleepeloscolegas,pelanaturezaenasdiferentesculturas.
Estaáreatambémfavoreceaoalunorelacionar-secriadoramentecomasoutrasdisciplinasdocurrículo.Porexemplo,oalunoqueconheceartepodeestabelecerrelaçõesmaisamplasquandoestudaumdeterminadoperíodohistórico.Umaluno que exercita continuamente sua imaginação estará mais habilitado a construirumtexto,adesenvolverestratégiaspessoaispararesolverumproblemamatemático.
18EstetextosefundamentounotextodosParâmetrosCurricularesNacionaiseemoutrostextosdaliteraturanacional:
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Volume6.Brasília:MEC/SEF,1997.
15�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Conhecendoaartedeoutrasculturas,oalunopoderácompreenderarelatividadedosvaloresqueestãoenraizadosnosseusmodosdepensareagir,quepodecriarumcampodesentidoparaavalorizaçãodoquelheépróprioefavoreceraberturaàriquezaeàdiversidadedaimaginaçãohumana.Alémdisso,torna-secapazdepercebersuarealidadecotidianamaisvivamente,reconhecendoobjetoseformasqueestãoàsuavolta,noexercíciodeumaobservaçãocríticadoqueexistenasuacultura,podendocriarcondiçõesparaumaqualidadedevidamelhor.
Umafunçãoigualmenteimportantequeoensinodaartetemacumprirdizrespeitoàdimensãosocialdasmanifestaçõesartísticas.Aartedecadaculturarevelaomododeperceber,sentirearticularsignificadosevaloresquegovernamosdiferentestiposderelaçõesentreosindivíduosnasociedade.
Aartetambémestápresentenasociedade,emprofissõesquesãoexercidasnosmaisdiferentesramosdeatividades;oconhecimentoemartesénecessárionomundodotrabalhoefazpartedodesenvolvimentoprofissionaldoscidadãos.
O conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão domundonaqualadimensãopoéticaestejapresente:aarteensinaqueépossíveltransformarcontinuamenteaexistência,queéprecisomudarreferênciasacadamomento,serflexível.Issoquerdizerquecriareconhecersãoindissociáveiseaflexibilidadeécondiçãofundamentalparaaprender.”(p.19-21).
De Oliveira (1998) aponta que “mostrar omundo a um cego requer oestabelecimentodocontatoomaisconcretopossível;docontrário,corre-seoriscodequeaspalavras,emsuadimensãodescritiva,sejamreduzidasaoverbalismo,denotandoassim realidadesdesprovidasda compreensãodo seu significadoefetivo.” (p.9).Continuadizendoque “assimcomoaartenão se restringeàvisualidade, tampoucoa faltadavisão inviabilizanecessariamenteoacessoàbelezaartística.”(p.9).
Acomunicaçãoartísticadoalunocomdeficiênciavisualéinfluenciadapelograudeperdavisual,peloperíododainstalaçãodadeficiênciaepelasoportunidadesdecontatoconcretocomarealidade,jávivenciadaspeloaluno.
Acomunicaçãoartísticadoalunocego,maiscomumente,podeserexploradaapartirdousodotato(escultura,tapeçaria,modelagem,porexemplo),dousodaexpressãocorporal(dramaturgia),daaudição(artesmusicais)emaisraramenteatravésdodesenhoedapintura(Amiralian,1998).
160
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Partindodoprincípiodequesedeveproporcionaraosalunoscomdeficiência
visual recursosdeexpressãoplásticaatravésdepropostas,deprocedimentos
outécnicas,quenãolhestragaminibiçõesdequalquerordem,valeassinalara
necessidadedeevitarosprocessosquelevamàexpressãoplástica,apartirda
compreensãodeimpressõesvisuais-asexperiênciastáteisdocegonãopodem
sertransformadasemimpressõesópticas.
Assimapontamoscomopráticafundamentaldostrabalhosdecriaçãoplástica
dosalunoscomdeficiênciavisual,amodelagememargila,oumassaplástica,
porqueproporcionaaoalunoomelhorrecursoparaoseuauto-conhecimento
eaoprofessor,oaprofundamentodesuasobservaçõesdoaluno,numtrabalho
cujas etapas ele pode controlar. A modelagem se constitui em excelente meio de
expressãodosubjetivoparaessesalunos,queporseuintermédioexecutama
representaçãodassensaçõescorporais,emgeral,edotato,emparticular–nela
acentuando a importância de pormenores de maior valor emocional e omitindo
osaspectosconsideradosporelecomoinsignificantes.
Porseraperspectivaespacialdoalunocegoumaperspectivadevalor(aquelaem
queasformasmaisdistantesnãosãopercebidasemtamanhoreduzido,comona
percepçãovisual,masmantêmsuasdimensõesreais,quandoidentificadaspelo
tato)asuarepresentaçãocorrespondeàatitudesubjetivadoalunocomdeficiência
visual para com o meio que tenta reconhecer. Tendo ainda este tipo de aluno
extremadificuldadedeperceberseutrabalhorealizadocomoumtodo,aumenta
para ele a importância do processo e não o resultado do trabalho. O aluno com
deficiênciavisualcresceenquantorealizaenãoporquerealiza.
Épráticacomumemalgumasescolaseclassesparaalunoscomdeficiênciavisual,
daraelesformas-modeloparaqueascopiemmodelando,sobopretextodeque
issofacilitariaasuacompreensãodaformapercebida.
Alémdamodelagem,indicadaaquicomoprocedimentopreferencialedeapoiona
educaçãoemartesdoalunocomdeficiênciavisual,deveráoprofessorintroduzir
outraspropostasde trabalhoque levemaoaprofundamentodeexperiências
plásticasdeoutrogênero.Nointuitodemotivaroaluno,aspropostasdevem
apresentarordemcrescentededificuldadedeexecução.Assim,porexemplo,
odesenho, tão fundamentalparaa compreensãoe representaçãodomundo
exterior,doalunocombaixavisão,quantoamodelagemparaoalunocego,
poderá ser apresentado como:
161DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Estudo da linha como elemento estrutural a partir de vários processos: sulcos deestiletesobrecartãogrosso,traçosdepunçãosobrepapeldeescritabraile,desenhoalápiscomumsobrefolhadealumínio(desenhoemrelevo).
• Desenhocommateriaiscomuns(paraalunoscombaixavisão).• Desenhoapartirdefiosdiversos(lãs,linha,barbante)fixadosaosuportepor
meio de cola ou agulha.• Linhasemrelevocomfiospresosapinos (pregosfixadosemsuportesde
tábuasecongêneres)–asformasresultantespodemserlivres,ougeométricas,regulares ou irregulares.
• Linhanoespaçopormeiodeestruturastridimensionaisdearame.
Dessemodo, o trabalho criadorpoderá atingir,nosúltimosanosdo ensinofundamental,oníveldeevoluçãonecessárioparaodomínioartesanal.
Oalunocomdeficiênciavisualpodeparticiparassimdequasetodasasatividadesartísticas,excetuandoasrelacionadascomcoresedomíniodeespaço.
Finalmente,ascaracterísticasespeciaisdecadaambienteescolar,decadaclassee,particularmente,decadaalunocomdeficiênciavisual,nortearãooprofessorna seleção dos meios e na obtenção das soluções mais adequadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMIRALIAN, M.L. Desenho com cegos. Contato. Ano2,no.4,1998.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Artes. Vol.6.Brasília:MEC/SEF,1997.
_____. Proposta Curricular para deficientes visuais. Volume4.Brasília:MEC/CENESP,1979.
DE OLIVEIRA, J.V.G. Arte e visualidade: a questão da cegueira. Tema Arte,ano4,n.10,p.7-10,1998.
BRASIL. Sugestões de atividades para os alunos portadores de deficiência visual – Educação Artística. Textodigitado.Brasília:FEDF/DEE,1994.
3. Intervalo (20 min.)
162
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
4. Plenária (1h 30 min.)Osparticipantestodosdeverão,então,apresentaràplenáriaasrepresentaçõesque prepararam.
Aplenáriadeveráserencerradacomumareflexãocríticasobreoconteúdotrabalhado.
PERÍODO DA TARDE
TEMPO PREVISTO02horas
1. Estudo em grupo (1 h)Paraarealizaçãodesteencontro,recomenda-sequeosparticipantesseorganizememgruposdeaté04pessoas,paraaleituraeestudosobreotextoabaixo.
ATIVIDADES FÍSICAS ADAPTADAS AO DEFICIENTE VISUAL19
Este trabalho tem comoobjetivo levantar umperfil básico das defasagensgeralmenteapresentadasnodesenvolvimentogeraldecriançascegascongênitas,antes da primeira intervençãoda educação formal, buscar a apresentaçãoda funçãoda educação física adaptada a essa clientela, referenciando suaoportunidade,propriedadeevalidadecomoelementoimportanteeimprescindívelno processo educacional pelo qual passará a criança cega.
Essa criança pode apresentar desempenhos inferiores na áreamotora, nacognitiva e social-afetiva, nas séries iniciais. A defasagem apresentadanãoé inerenteàcondiçãodecego,massim funçãodeumrelacionamentofamiliarinadequadoe,principalmente,écausadopelaprópriaproblemáticadarealizaçãomotora.Quantomenosacriançacegainteragefisicamenteno
19 Conde, A.J.M.Atividadesfísicasadaptadasaodeficientevisual.Revista Integração.Brasília,SENEB,ano3,n.07,Ed.Especial,p.10-11,1991.
163DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
ambiente,menoselaexperimentasituaçõesdeaprendizagem,menosoportunidades elatemdeformarconceitosbásicos,menoselaserelacionacomoambienteecomaspessoas,emaiselasefechadentrode“SEUMUNDO”particularerestrito,pelafaltadeinformaçõesvisuaiseespaciais.
Afamília,muitasvezes,criaaoredordacriançacegaumaredomaformadapela superproteção,quepodeserprovocadapelo sentimentodeculpa,peladesestruturaçãoqueonascimentodeuma criançadeficiente causa em suafamília,pelomedoepor faltade informações.Existeumtotalcerceamentoda ação motora dessa criança. Tudo vem a ela sem que ela saiba a origem das coisas,tudoaquiloqueaconteceaseuredorpassa-secomosituaçõesabaixodeseulimiardecaptação,percepçãoeelaboração,fazendocomqueelatenhaatendênciadefechar-secadavezmaisemseumundoexclusivo,nãofazendoa relação de seu EU com os que a cercam e com o ambiente em que vive.
Asdefasagensnodesenvolvimentogeraldacriançacega,queseapresentamcomoestatisticamenterelevantes,sãomaisacentuadasnaáreamotora.Estassedão,nãoporumdéficitanátomo-fisiológicoinerenteàcriançacongenitamentecega,massimpelalimitaçãodeexperiênciasmotorasemdiversosníveis.
Como caracterização do estágio de desenvolvimento motor da criança cega apresentam-se com freqüência as seguintes defasagens: equilíbrio falho,mobilidadeprejudicada, esquemacorporal e cinestésiconão internalizados,locomoçãodependente,posturainadequada,expressãocorporalefacialmuitoraras,coordenaçãomotorabastanteprejudicada,lateralidadeedirecionalidadenãoestabelecidas,inibiçãovoluntárianãocontrolada,faltaderesistênciafísica,tônusmuscularalteradoe faltadeauto-iniciativaedeplanejamentodaaçãomotora.
Como respostas socioafetivas, apresentam-se, freqüentemente, omedode situações e ambientes não conhecidos, insegurança em relação a suaspossibilidadesdeaçãofísica,dependência,apatia,isolamentosocial,desinteressepelaaçãomotora,sentimentodemenosvalia,autoconfiançabastanteprejudicadaedificuldadenoestabelecimentoderelaçõesbásicasdeseu“EU”comaspessoase com o ambiente.
A limitaçãona captaçãode estímulos, assimcomoa faltade relaçãoobjetovisualmente percebido com a palavra, e a falta de experiências práticascausamumadefasagemno sistema cognitivo, que tem como característicabásica a dificuldadena formação e nautilizaçãode conceitos.Ressalve-se
164
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
que adefasagemcognitiva é uma situação conjuntural enão estrutural nodesenvolvimento da pessoa cega.
Privadodoprincipaldossentidos,acriançaceganãodesenvolvenaturalmenteossentidosintactos,deformacompensatória.Otato,ascinestesias,aaudiçãoeoolfato,semumaadequadaestimulação,nãoatuamdemaneirafidedignanadiminuição,nadefasagemdacaptaçãoeelaboraçãodosestímulosqueacegueiraprovoca.Alémdisso, a impossibilidadeda imitaçãoedoestabelecimentodemodelosrestringe,aindamais,afacilitaçãodeseudesenvolvimento.
A educação física adaptada à criança cega trabalha abrangendo seudesenvolvimento,não sóna áreapsicomotora, como tambémnos aspectoscognitivos,socioafetivosesensoriais.Elautilizaocorpodacriançacegacomoinstrumento, como ferramentamaior.Partindodo conhecimento edomíniodessecorpo,elausaomovimentocontroladocomomeio,orespeitoabsolutoà individualidadedoalunocomoestratégiabásica,oprazerdadescobertadepoder fazer como reforço, tendo comofinso alicerçamentogeral, buscandopropiciarcondiçõesfavoráveisasuatrajetóriaacadêmicae,futuramente,asuaemancipação social.
Acriança cega temabsolutanecessidadededescobrir, conhecer,dominar erelacionarseucorpocomoambienteecomaspessoas.Sóassimelaseidentificarácomoserinédito,formandoseu“EU”,interagindonoambienteeemseugruposocial.Éumaetapade seudesenvolvimento importanteparaa formaçãodaidentidade e da imagem social. Ela buscará inicialmente a própria estimulação dentrodoâmbitocorporalencontrandoaíodesestímuloeamotivaçãoparaaação motora.
O conhecimento do próprio corpo está intimamente vinculado ao desenvolvimento geraldacriançacega.Aolevá-la,comoprimeiropasso,aoconhecimento,controleedomíniodeseucorpo,aeducaçãofísicaadaptadairáembasarefavoreceraevoluçãodessacriança,enfocandotambémaspectoscomoaautoconfiança,osentimentodemaisvalia,osentimentodecooperação,oprazerdepoderfazereasinterfacesdessasvalênciasafetivascomseucotidianonafamília,naescolae na sociedade.
Aeducaçãofísicacumprirásuafunçãodeimportanteelementofacilitadornocaminhardacriançacega,rumoasuaemancipaçãosocial,possibilitando-lhecondiçõesbásicasqueacapacitemfuturamenteasuperarasbarreiras,dediversostipos,nuançaseintensidades,quecertamentelheserãoimpostas.
165DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
ATIVIDADES EM EDUCAÇÃO FÍSICA PARA ALUNOS DEFICIENTES VISUAIS20
Asatividadesfísicasmaisindicadasparaosalunoscomdeficiênciavisualsãosemelhantes aquelas para alunos videntes. Em qualquer classe existem variações nograudehabilidadedosalunos.Umprofessorquesabeadaptaraauladentrodoslimitessuperioreinferiordascapacidadesdosalunos,serátambémcapazdeintegrarascriançascomdeficiênciasvisuais.Instruçõesindividualizadaseem bases concretas podem ajudar o aluno a vencer seus limites.
Porexemplo,pularcordanãoexigeadaptação:osalunosdeficientesvisuaispodemouvirobarulhodacordabatendonochão.Umafalta(debatida)seriaouvidacomouma interrupçãodo ritmo.Elespodemtambémpular corda, sozinhos,por ser uma atividade intrinsecamente ritmada e que não exige deslocamento. Defato,umaestratégiaútil,quandoseensinacriançasvidentesapularcorda,épedirquefechemosolhosparaseconcentrarnoritmo,semdeixar-sedistrairpelos movimentos da corda.
Sugestões de Materiais, Estratégias e Adaptação Metodológicas para o Ensino da Educação Física aos Alunos com deficiência Visual Organização e constância são elementos essenciais com relação ao equipamento. Porexemplo,antesdeumaauladeEducaçãoFísicaseráprecisoorientarosalunos,comdeficiênciavisual,arespeitodalocomoção,doequipamento,edepoisdissoevitarmudançasdelugarsemavisá-los.
SeguindoestasugestãoemtodasasaulasdeEducaçãoFísica,osalunoscomdeficiênciavisualserãocapazesdesemovimentar,independentementeesemreceio,noginásiodeesportesouquadra.Sehouverumalunocomdeficiênciavisualassistindoaojogo,deveráserdesignadoum“locutor”quefiqueaseuladoe lhe descreva o desenrolar do jogo.
AoensinarEducaçãoFísicaaalunoscomdeficiênciavisual,sigaestaslinhasdeaçãoparamodificarasexperiênciasdeaprendizagem:
20 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.2,p.133-142,Brasília:MEC/SEESP,2001.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
SELECIONAR UMA ATIVIDADE QUE NÃO NECESSITE DE
MODIFICAÇõES
Umapessoa,compoucaounenhumavisão,podeparticipardemuitasatividades
eesportessemmodificações:remoebicicletacomumapessoavidentenobanco
da frente, competiçãode remo com timoneiro vidente, bolicheparapessoa
comvisãodetúnel,bolichesonoroparaoscegos,esquiaquáticousandosinais
sonoros,luta(corpoacorpo).Defato,oslutadorescomdeficiênciasvisuaistêm
umahistóriadevitóriascontraosvidentes(Buell,1966).
Umprofessorcriativoserácapazde incluirparaosdeficientesvisuaisampla
variedadedeatividades,desdequeraciocinedopontodevistadacegueira.
MODIFICAR AS REGRAS DA ATIVIDADE
Muitosesportesforammodificadosemfunçãodosparticipantescomdeficiência
visual.Pequenasmodificações,quenãoalteramanaturezadoesporte,sãomais
aconselháveis. Por exemplo: para compensar asdificuldadesde orientação
emobilidadeno jogode futebol edebeisebolutiliza-seumabola comguizo
ede tamanhomaiordoqueaoficial,queé localizadaeacertadacommaior
facilidade.
Asregrasdepistasecorridastambémpodemsermodificadaspermitindoque
osalunoscomdeficiênciavisualseguiemporumarameoucordacolocadosem
voltadaparteinternadapistaoucorramsegurandonobraço(acimadocotovelo)
deumcolegavidente,combambolês,bastõesouaindaporintermédiodepista
sonora.
MODIFICAR AS TÉCNICAS DAS HABILIDADES
Anataçãoéumexcelenteesporteaeróbicoquenãoexigeavisão.Asbraçadas
sãoaprendidasatravésdefeedbackcinestésicoeauditivo.Asmarcasdasraias
ajudamonadadoraumalinhareta.Contarcomonúmerodebraçadasnecessárias
paraatravessarapiscinacapacitaumnadadorcomdeficiênciavisualadiminuir
avelocidadeantesdealcançaraorla,nonadodecostas,peito,borboletasede
lado.O“crawl”nãoprecisadeadaptaçõesporquenesteestilodenataçãoosbraços
sempre chegam antes da cabeça.
16�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
MODIFICAR A TÉCNICA DE ENSINO
Talvezamaiormodificaçãonoensinodetécnicassejaainclusãodainstruçãoverbal,damanipulaçãodasdemonstraçõesvisuais.Colocaroalunocomdeficiênciavisualdemodoqueelepossavê-looutocá-loquandonecessário.Paraoalunoquenãoforcegocongênitoseráútilautilizaçõesdeimagensvisuais.Querosalunoscegos,querosdebaixavisão,beneficiam-secomumalinguagemprecisadoprofessor,comoporexemplo:“Araquetedeveficarde10a12cmacimadoombrodireito”,emvezde“seguraaraqueteassim...”.
PesquisasfeitasporDye(1983)mostraramque,paracriançascomdeficiênciasvisuais,ofeedbackcinestésicoépotencialmenteummétododeaprendizagemmais eficiente do que feedback auditivo.Esses resultados sugeremque osprofessoresdeveriamposicionarcorretamenteocorpodacriançaquandoensinamhabilidademotora,afimdeajudaroalunoaaprender,poiselesnãoobservamdiferentesorganizaçõescorporais.
MODIFICAR O AMBIENTE, INCLUINDO ESPAÇO, FACILIDADE E EQUIPAMENTO
Bolasdecoresfortes,marcadoresdecampoegoalsquecontrastamcomofundopossibilitamaosalunoscomdeficiênciasvisuaisautilizaçãodavisãoresidual.Pelofatodeanaturezadaslimitaçõesvisuaisvariarmuito,éimportantefalarcomoalunoparasaberquaismodificaçõespoderãoajudarmais.Háalunosqueenxergam,melhor,objetosluminososmulticoloridossobluzesfortes,enquantooutros precisam de objetos coloridos sólidos sob luzes moderadas que não produzem brilho.
Novôlei,autilizaçãodeumaboladepraiafacilitaoseguimentovisualetornamais lento o ritmo da partida. Ao selecionar as atividades para os alunos com deficiênciasvisuais,aprioridadedeveriaserdadaaosesportesquepodemserpraticadosao longodavida, comoboliche, ciclismo, remo,natação, futebol,basquete,vela,dançaaeróbica,yoga,judô,corrida(jogging),dançadesalãoedançasfolclóricas.
Sugestões de Esportes e Atividades para Deficientes Visuais• Natação;• Atletismo;• Musculação;• Ginásticaescolar;
16�
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Judô;• Gool-balleTorball;• GinásticaPosturaleCorretiva;• Futeboldesalão;• Basquete;• Ciclismo;• CorridadeOrientação;• Xadrez.
Sugestões do professor da sala de aula para trabalhar com o professor de Educação Física
Oprofessor,decriançascomdeficiênciavisual,podeajudarosprofessoresdeEducaçãoFísicadeváriasmaneiras:• Fornecendo a descriçãodo aluno: qual a visãoútil, quais os exercícios
contra-indicadosnocasodeperigodedeslocamentoderetinaeglaucoma,informaçõesdooftalmologista,etc.;
• Explicandoaquiloqueoalunopodeenãopodever.Istoserádemuitoauxílio,seoalunoconseguirexplicar-seporsipróprio;
• Discutirem juntos (osprofessores) aspossíveismodificações, inclusive anecessidadedeóculosdeproteção;
• Sugerirqueoprofessordeeducaçãofísicaavalieindividualmenteoalunocomdeficiênciasvisuais,quantoaseuatualníveldedesenvolvimentomotor,antesdecolocá-lonumaclassedeEducaçãoFísica;
• Umavezqueoalunodeficientevisualtenhasidoincluídonumaclasse,entrarfreqüentementeemcontatocomoprofessorparaacompanhamentoeavaliação.Umapoiocontínuoesugestõessãoimportantes;
• Oferecer-separatranscreveromaterialsobreEducaçãoFísicaparaobraile,tiposampliadosoufitasgravadas.
Pode acontecer que uma criança cega seja colocada numa classe de Educação Físicacomumprofessorquenãosesintaàvontadecomsuapresença.Tentedeterminara razãodestarelutância.Se fornecessáriaumapreparaçãoextra,trabalhecomoprincípiodededicarmaistempoaoprofessor.Procurefazercomqueoprofessorvisiteouconheçaumprogramadeeducaçãofísica,noqualalunoscomdeficiênciavisualestejamsatisfatoriamenteintegrados.
A contribuição da educação física à saúde e ao bem estar dos indivíduoscom deficiência visual pode ser significativa. A Educação Física podediminuiradistâncianashabilidadesmotorasexistentesentreosdeficientesvisuais e seuspares videntes.Estesúltimos têmmaiores oportunidadesde
16�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
aprendizagem incidental para aumentar ashabilidadesmotoras e refinarosentidocinestésico.
Atividadesquedesenvolvamaaptidãofísica,equilíbrio,habilidadesmotoras,imagemcorporalealinhamentodocorpo(posturaadequada)podemserindicadasjuntamente com esportes que promovam a integração com amigos videntes e a família.
Osaspectosmais fáceisdesermudadossãoosequipamentoseasregras.Osaspectosmaisdifíceisparamudarsãoasatitudessegundoasquaispelofatodeumapessoanãotervisão,nãotertambémacapacidadedeparticiparplenamentedosesportes(Sherrill,1976).Acontribuiçãomaissignificativa,doprofessordealunoscomdeficiênciavisual,podeseradetrabalharosoutrosafimdeeliminarestas atitudes negativas.
Propostas de Adequação Curricular para Programas de Educação Física de Alunos com Deficiência Visual• Reconhecimento (conceituaçãoemapamental)dasáreas, implementose
materiaisa seremutilizadosnasaulasdeEducaçãoFísica.Aoalunocegodeve ser dado o tempo necessário ao completo reconhecimento do ambiente de aula.
• Usodepistasambientais:oventoentrandoporumaportaoujanela,umafontesonora localizadaemumpontoconstante,umodorcaracterístico,aposiçãodosol,atexturadesoloseparedes.Aoalunovidente,indicaçõessemamenorimportância,aoalunocego,pistasessenciaisasuaorientaçãoelocomoçãoeaformaçãodomapamentaldoambientefísico.
• Éabsolutamentenecessárioqueoprofessorsaibaonomedeseusalunoscomdeficiênciavisual.Essanecessidade,alémdaquestãoafetiva,assumeumpapelimportantíssimonasegurançadoaluno.Elesnãoresponderãoaexpressõescomumenteacompanhadasdagesticulação“Ei!,Vocêaí!,Pare!,Vemaqui”!.
• Tratando-sedeuma instituição especializadana formaçãode turmasdeEducaçãoFísica é altamente indicadoamesclagementre alunos cegos edebaixavisão, tendoemvistaoaumentoconsideráveldaspossibilidadesdeexercíciosemduplasougrupos,altamenteeficazeseindicados,mesmoem turmas regulares em que se tenha somente um ou poucos alunos com deficiênciavisual.
• Aformaçãoemroda,demãosdadasoucomautilizaçãodeumacordacircularémuitoadequadaefácildeseralcançada.
• Averbalizaçãoéaprincipalarmadoprofessordecegos.Umavozdecomandoclaraetranqüilafacilitaemmuitoapercepçãodocomandosolicitado.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Existindoumalimitaçãoóbviaàdemonstração,oprofessor,alémdavozde
comando,poderáutilizaraajudafísicaeapercepçãotátil-cinestésica,tocando
em seu aluno e deixando que ele o toque.
• Procureevitarambientesprofundamentericosemestímulossonoros,que
podemdesorientaroaluno.Lembre-sedaimportânciadaspistassonorase
da voz de comando.
• Não tenha melindres de alertar seu aluno cego sobre qualquer impropriedade
no vestuário.
• Enfatizeahigienepessoal.Alémdaimportânciafundamentalparaasaúde,
asboascondiçõesdehigienesãoimportantíssimasnoconvíviosocial.
• Não saiadeumaconversa comseualuno cego semavisarde sua saída,
tampoucochegueaumgrupodealunoscegossemidentificar-se.
• Não julgue que seu aluno cego conte passos para localizar objetos ou portas.
Eleutiliza amemória cinestésicaque todosnós temos e eledesenvolve
muitomais.Naetapapré-escolaresériesiniciaiselepodelançarmãodesse
recurso.
• Conduza seu aluno cegooferecendo-lheobraço.Ele segurará acimado
cotoveloecaminharámeiopassoatrásdevocê.Seoalunoforpequeno,ele
tomará seu pulso.
• Nunca prejulgue seu aluno cego ou de baixa visão como incapaz de realizar
umexercícioouatividade,lembrequeavidadeleseráumcontínuosuperar
obstáculos.Tentee,principalmente,useobomsenso.
• Não demonstre superproteção a seu aluno cego ou de baixa visão inserido
emumaturmadenãodeficientes.Lembre-sesemprequeele,antesdemais
nada,quersertratadocomigualdade.
• Nãogeneralizepredicadosoudefeitosdeumdeficientevisualatodososoutros.
Lembre-sequeasdiferençasindividuaisconstituemparâmetrosbásicosdo
processo educacional e as generalizações são componentes do preconceito.
• Toda a criança gosta de brincar. A brincadeira desempenha um papel
importanteemseudesenvolvimento.Acriançacegaoudebaixavisãonãoé
diferente.Elagostaetemnecessidadedebrincar,correr,pular,dançar.
• Emborapossamacontecerdefasagenspsicomotoras,acriançacega,quantoao
interesse por atividades recreativas tem seu desenvolvimento em consonância
comacriançadevisãonormaldamesmafaixaetária.
• É uma tendência natural do ser humano o temor do desconhecido.
A criança cega enquanto não forma o conceito desconhece.Omedo
de situações novas não lhe é inerente, contudo, se for demonstrado,
1�1DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
empregueestratégiasquepropiciemaelaexperimentaçãofísicaeaformaçãodo conceito ambiental.
• Oalunodebaixavisão,compatologiadedescolamentoderetina,nãodeverásersubmetidoaexercíciosnosquaishajapossibilidadedetraumatismonacabeça.
• Háumagrandeincidênciadeproblemasneurológicos,comcrisesconvulsivas,emalunos comdeficiência visual.Nanatação, é importantíssimoqueoprofessortenhaessainformaçãoeatenteparaosaspectosdesegurançanessescasos.
• Osentidorítmicoéinerenteatodoserhumano.Àcriançacegadeveserdadaapossibilidadede,inicialmente,exteriorizarlivrementeatravésdomovimentoseuritmopróprio.Elanãotem,naturalmente,padrõesdeexpressõesrítmicascorporais.Essespadrões,seinseridospeloprofessor,poderiamdemonstrar-secontraproducenteseinibidoresnapré-escolaounosprimeirosanosdoensinofundamental.Nessa fase,omais importanteéqueomovimentocorporalaconteça,suaperformance,aínãodeveserenfatizada.
• Napré-escolaeatéaproximadamenteaosoitoanosdeidade,acriançaceganãotemapossibilidadedeabstrair-sedomodeloparaoreal.Suaaprendizagemdeve ser amais concreta possível.Depois dessa idade o professor deEducaçãoFísicapoderáutilizar-sedemaquetaseplantasbaixasemrelevopara apresentar aos alunos modelos de quadras desportivas e instalações de educaçãofísica.
• Oprofessordeeducaçãofísicadevebuscarinformaçõesrelativasàanamnesemédica, social, familiar, psicológica e acadêmicade seualunodeficientevisual.Essasinformaçõescertamentelhedarãoparâmetrosbásicosparasuaintervenção,contudonãopoderálimitar-lhepelaformaçãodeumprognósticofinal.
• Aosprofessoresdeeducação físicadealunoscomdeficiênciavisualcaberábuscara integração,queé fundamentalepropiciaráa significatividade,asgeneralizações e as aplicações da aprendizagem proposta.
• Oalunocomdeficiênciavisualéumser lúdico,comotodooserhumano.Emalgumas ocasiões ele temnecessidadede ser despertadopara isso,principalmentenoscasosdecegueiraadquirida.OprofessordeEducaçãoFísicaterátambémafunçãodeincitar-lheparaolúdicoeparaoprazeroso,buscando ampliar suas possibilidades de opção de lazer.
2. Plenária (1 h)Apósaleituraeadiscussãosobreotexto,osparticipantesdeverãovoltarparaa condição de plenária.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Oformadordeveráfazer,juntamentecomosprofessores,umlevantamentodosmateriaiseequipamentosadaptados,disponíveisnasdiferentesunidadesescolares.
Apartirdasinformaçõesobtidasjuntoaosparticipantes,oformadordeveauxiliarogrupoaidentificarpossibilidadesdeimplementaratividadesedecriarmateriaisadaptados,levandoemcontaascaracterísticasdesuarealidadelocal.
1�3DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
10º ENCONTRO
10. CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA EDUCACIO-NAL ACOLHEDOR PARA ALUNOS CEGOS E
PARA ALUNOS COM BAIXA VISÃO: ADEqUA-ÇÕES CURRICULARES
TEMPO PREVISTO04horas
FINALIDADE DESTE ENCONTRO• DisponibilizaraoprofessorinformaçõessobreasAdequaçõesCurriculares
de Grande e de Pequeno Porte mais comumente necessárias para atender a necessidades educacionais de alunos comdeficiência visual. (ref. àexpectativa9)
MATERIAL Textos:BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino
Fundamental – Deficiência Visual. Vol.2,p.70–74,120–130.(Textoadaptado).Brasília:MEC/SEESP,2001.
_____. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.2,p.75-90.Brasília:MEC/SEESP,2001.
Material:• Livrosescolaresvelhos;• Cadernos;• Gizdecera;• Material de sucata, que possa ser utilizado para a criação de recursos
didáticos.
SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva
1�4
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
1. Estudo em grupo (1h e 45 min.)Iniciandoesteencontro,oformadordeverásolicitaraosparticipantesquesedividamemgruposdeatéquatropessoas,paraleitura,estudoediscussãosobreostextosaseguir.Osparticipantesqueopreferirempoderãousar,comosuporte,oroteiro de estudos abaixo.
ROTEIRO DE ESTUDOS
1. Qualoconceitodecurrículoaquiadotado?2. Recordando,oquesãoadequaçõescurriculares?3. Quais as adequações curricularesmais freqüentementeúteis para
atenderanecessidadeseducacionaisespecíficaseespeciaisdealunoscegos/combaixavisão?
Natureza De pequeno porte De grande porte
Providências que o Providências de
professor pode competência
Categoria tomar por conta técnico-
própria administrativa
Organizativas
De objetivos
De conteúdo
De método de ensino
De avaliação
De temporalidade
PROMOVENDO ADEqUAÇÕES CURRICULARES qUE PERMITAM O ACOLHIMENTO DE ALUNOS COM
DEFICIÊNCIA VISUAL21
Entendendo-seporcurrículooconjuntodefatoresqueincluidesdequestõesfilosóficas e sociopolíticasda educação, até osmarcos teóricos, referenciaistécnicos e tecnológicos que a concretizamna sala de aula (Brasil, 1999),
21 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol.2,p.70-74,120-130.(Textoadaptado).Brasília:MEC/SEESP,2001.
1�5DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
entende-seporadequaçõescurriculares,oconjuntodeajustesquefavoreçamoacessodetodososalunos(inclusivedoalunocego)àpropostacurriculardoEnsino Regular.
Asadequaçõescurricularespodemseconstituirdegrandesedepequenosajustes,sejanosobjetivoseducacionais,noconteúdoprogramático,nosprocedimentoseestratégiasdeensinoadotados,noprocessodeavaliaçãoenatemporalidade.
Assim,tem-secomoadequaçõesquefavorecemoacessoaocurrículoaoalunocego e/ou ao aluno com baixa visão:• propiciarrecursosfísicos,ambientaisemateriaisaoalunonaunidadeescolar
deatendimento;• possibilitarosmelhoresníveisdecomunicaçãoeinteraçãocomosprofissionais
epessoasqueconvivemnacomunidadeescolar,reconhecendoeadotandosistemas adaptados de comunicação escrita: braile, tipos ampliados,computador;
• realizarajustesquegarantamaparticipaçãodoalunonasdiferentesatividadesescolares.
SUGESTõESDEADEQUAÇõESPARAACESSOAOCURRíCULOESCOLAR,PARAALUNOSCOMDEFICIêNCIAVISUAL
• Proveraescoladesistemadecomunicação,adaptadoàspossibilidadesdoalunoemquestão:SistemaBraille,tipoampliado,recursostecnológicos;
• Proveraescolaouoalunocegodemáquinabraile,reglete,punção,soroban,bengalalonga,livrofalado,materialadaptadoemrelevo,etc...
• Provera escolaouoalunodebaixavisãode: lápis6B, canetasdepontaporosadecorescontrastantes,papelpautadupla,recursoópticonecessário,luminária,lupa,etc..
• Proveradequaçãodemateriaisescritosdeusocomum:tamanhodasletras,relevocomtexturas,softwareseducativosemtipoampliado,etc.
• Prover a escola ou o aluno de materiais adaptados: pranchas ou presilhas para nãodeslizaropapel,lupas,computadorcomsintetizadordevozeperiféricosadaptados,etc.
• Providenciar softwareseducativosespecíficoserecursosópticos;• Propiciar acomodação, para aluno de baixa visão, com iluminação
adequada;• Posicionaroalunonasaladeaulademodoafavorecersuapossibilidadede
ouviroprofessor;
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Promoverorganizaçãoespacialparafacilitaramobilidadeeevitaracidentes:colocarextintoresdeincêndioemposiçãomaisalta,pistastáteis,auditivaseolfativasparaorientarnalocalizaçãodeambientes,espaçoentreascarteirasparafacilitarodeslocamento,corrimãonasescadas,etc.;
• Providenciarmateriaisdesportivosadaptados:boladeguizo,xadrez,dominó,dama,baralhoeoutros;
• Promoveroensinodobraileparaalunos,professoresepaisvidentesquedesejaremconheceressesistema;
• Divulgar informações sobreamelhormaneiradeguiar, informaroudarreferênciasdelocaisaoalunocomdeficiênciavisual;
• Apoiaralocomoçãodosalunosnoacessoàdiretoria,salasdeaula,banheirosedemaisdependênciadaescola;
• Possibilitarasalternativasnaformaderealizaçãodasprovas:lida,transcritaembraile,gravadaemfitacasseteouampliadaparaoalunocombaixavisão,bem como uso de recursos tecnológicos.
• Permitir a realizaçãode provas orais, casonecessário, recorrendo-se aassessoriaslegais,emprovasdelongostextos.
A construção de um sistema educacional acolhedor para os alunos que têm deficiência visual exige, alémdas acima expostas emais freqüentemente,adaptaçõesdeobjetivos(comasconseqüentesmudançasnoconteúdoenoprocessodeavaliação)eadaptaçõesnométododeensino(didático-pedagógicas).
Adequações de objetivos e de conteúdo
• Adequar/enfatizarobjetivos, conteúdose critériosdeavaliação, tendoemvistapeculiaridadesindividuaisdoaluno;
• Variar a temporalidadedosobjetivos, conteúdose critériosdeavaliação,quandonecessário,levandoemcontaqueoalunocomdeficiênciavisualpodeatingirosobjetivoscomunsdogrupo,emumperíodomaislongodetempo.
• Introduzir conteúdos,objetivos e critériosdeavaliação, indispensáveis àeducaçãodoalunocomdeficiênciavisual,taiscomo:ensinodeatividadesdavidadiária,orientaçãoemobilidade,escritacursivaeexercícioscomosoroban.
• Eliminarconteúdos,objetivosecritériosdeavaliaçãoquedificultemoalcancedosobjetivoseducacionaispostosparaseugrupodereferência,emfunçãodadeficiênciaqueapresentam.Cabe,entretanto,enfatizar,queessasupressãonão deve comprometer sua escolarização e sua promoção acadêmica.
1��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Adequações didático-pedagógicas
Nosegundogrupodeadequaçõestem-se:oreagrupamentodealunos,osmétodosdeensinoadotados,oprocessoeasestratégiasdeavaliação.Seguemexemplosde adaptações dessa categoria: • Promover o trabalho emparceria, lembrando que diversas teorias de
aprendizagem indicam que o aprendiz pode ser beneficiado, quandotrabalhandocomalguémquesabeumpoucomaisdoqueele.Damesmaforma,éimportantequeoalunosejaagrupadocomcolegascomquemelemelhorseidentifique.
• Usodemétodosetécnicasespecíficosparaoensinodepessoasquetêmalimitaçãovisualparaacompreensãoeacessoàrealidade;
• Usodeprocedimentos, técnicas e instrumentosdeavaliaçãodistintosdaclasse,quandonecessário, semprivilegiaroalunocomdeficiênciavisual,nemprejudicá-loquanto ao alcancedosobjetivos educacionaispara eleestabelecidos;
• Disponibilizarsuportesfísico,verbal,visual(aosportadoresdebaixavisão)eoutrosquesemostremnecessários,demodoa facilitararealizaçãodasatividadesescolaresedoprocessoavaliativo.Osuportepodeseroferecidopeloprofessor regente,peloprofessorde salade recursos,peloprofessoritineranteoupelospróprioscolegas;
• Introduzir atividades complementares individuais que permitam ao aluno alcançar os objetivos comuns aos demais colegas. Essas atividades podem realizar-senaprópriasaladeaula,nasaladerecursosoupormeiodeatençãodeumprofessoritinerante,devendoserimplementadasdeformaconjuntacomosprofessoresregentesdasdiversasáreas,comafamíliae/oucomoscolegas;
• Introduziratividadescomplementaresespecíficasparaoaluno,emgrupoou individualmente.Essasatividadespodemsermediadaspeloprofessorespecializadonassalasderecursose/oupormeiodoatendimentoitinerante;
• Eliminaratividadesquenãobeneficiemoaluno,ouque lhe restrinjamaparticipação ativa e real no processo de ensino e aprendizagem
• Eliminaratividadesqueoalunoestejaimpossibilitadodeexecutar;• Suprimirobjetivoseconteúdoscurricularesquenãopossamseralcançados
pelo aluno em razãode suadeficiência, substituindo-ospor objetivos econteúdosacessíveis,significativosebásicos,paraoaluno.
• Complementarostextosescritoscomoutroselementos(ilustraçõestáteis)paramelhoraracompreensão;
• Explicarverbalmentetodoomaterial,informaçõesedispositivosapresentadosemaulademaneiravisual;
• Encorajaroalunoadeslocar-senasaladeaulaedependênciasexternasparaobtermateriaiseinformações;
1��
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Dar apoio físico, verbal e instrucional para viabilizar a orientação e amobilidade,visandoàlocomoçãoindependentedoaluno;
• Dizer o nomedo aluno comdeficiência visual, semprequedesejar suaparticipação;
• Identificar-sesemprequecomeçaraconversarcomumalunocomdeficiênciavisual;
• Informá-loquandoforausentar-sedaclassee,quandoforembora,despedir-sedele;
• Ensinaraboapostura,evitandoos“maneirismos”comumenteexibidospelosalunos;
• Agruparosalunosdeumamaneiraquefavoreçaarealizaçãodeatividadesemgrupoeincentivaracomunicaçãoeasrelaçõesinterpessoais;
• Encorajar,estimularereforçaracomunicação,aparticipação,osucesso,ainiciativaeodesempenhodoaluno;
• Fazer-lheperguntas,pedir-lheparabuscaralgo,falarcomoutrosprofessores,solicitarsuaopinião,paraquepossasentir-semembroativoeparticipantedasaladeaula;
• Dar-lheaoportunidadede ler, comoosdemaiscolegas, integrando-onasatividadesextra-classecomoutrosalunos;
• Daroportunidadeparaquetodaaturmaseapresenteaoalunocomdeficiênciavisual,nominalmenteeemvozalta,paraelepossaconhecertodososcolegas,equeseuscolegaspróximospossamservir-lhedeapoio;
• Estimulá-loaexpressar-seoralmenteeporescrito,cumprimentando-opelossucessosalcançados;
• Substituir gráficos,fluxogramas, tabelas emapaspor textosquando suaadaptaçãoemrelevonãoforcompreensível;
• Ampliarotempodisponívelparaarealizaçãodasprovas;• Conceder tempo de descanso visual para alunos com baixa visão.• Aoescrever,leredarmaistempoparaqueoalunocomdeficiênciavisual
possatomarnotaseacompanharoraciocínio;• Semprequedispuserdemodelos,objetos,mapasemrelevo,figurasemtrês
dimensões,etc.,fazê-loobservarpelotato;• Não se esquecer de que a leitura e a escrita do braile exigem mais tempo que
aescritacomum;• Quandooalunoapresentarbaixavisão,colocá-lonasprimeirasfilas,semque
recebaluzdefrente;• Quandosetratardecego,colocá-lonumacarteiradasprimeirasfilas,demodo
quefiquebemasuafrenteparaouvir-lhe;• Alguns alunos de baixa visão recorrem à lupa e necessitam de ampliações que
podemser feitasamão,usandomaiorespaçoentreaspalavraseas linhaseseremescritascomcaneta futura,oupincelpretosobrepapelbrancooupalha;
1��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Adequar,semprequenecessário,oscomandos,asinstruções,asquestões(enãosomentenahoradasavaliações);
• Prestaratençãoaoutilizarmaterialconcreto,figurasegestos,porqueseránecessárioexplicar-lheosignificado;
• Oferecer-lheajudasemprequeparecernecessitar,sementretantoajudá-losemqueeleconcorde.Aoprestarajuda,pergunteantescomoagir,esevocênãosouberemque,ecomoajudar,peçaexplicaçõesdecomofazê-lo;
• Nuncalhedizer“ali”,“aqui”,masindicar,comprecisãoolugarexato,usandotermoscomo:asuafrente,atrásdevocê,emcima,etc.;
• Àhorada refeiçãodizer-lheoquevai comer.Se solicitado, ajudá-loa seservir.Nãoencher,demasiadamente,oprato,axícaraouocopoquevaiserutilizado;
• Organizarjogos(cabra-cegaeoutros),vivênciadesimulaçõesdalimitaçãovisual,demodoqueosoutrosalunospossamperceberasdificuldadesdoscolegascomdeficiênciavisual;
• Contatar,sistematicamente,ospaiseosprofessoresdaEducaçãoEspecial,oitineranteeodasaladerecursos;
• Enviar,comantecedência,paraoprofessordesaladerecursos/itinerante,todooconteúdoaserdesenvolvidonasemanaseguinte,possibilitando,assim,suaadaptaçãoparaobraileoutipoampliado;
• Solicitar a presençadoprofessor itinerante ouda sala de recursosnosConselhosdeClasseenomomentodaavaliação,sejulgaroportuno.
ADEQUAÇõES NA SALA DE AULA PARA ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Para se acolher o aluno com baixa visão na classe regular de ensino são necessárias adequaçõesquefavoreçamcondiçõesdeparticipaçãoedeaprendizagem.
Os principais aspectos a serem considerados são:• Posicionamento do aluno em sala de aula e • Adequação de materiais.
POSICIONAMENTO DO ALUNO EM SALA DE AULA
Leitura na Lousa
Geralmente,amelhorposiçãoparaoalunocombaixavisão,ésentar-seemfrenteàlousa,nocentrodasala,anãoserqueenxerguemenoscomumdos
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
olhos.Nessecaso,talveznecessitesentar-seumpoucomaisparaaesquerdaouparaadireita,dependendodoolhoafetado.
Seoalunousaralgumsistematelescópico,paralonge,deverásentar-seaumadistânciafixada lousa (cercade2metros), conforme indicaçãodaavaliaçãofuncionaldavisão.Senãousar,oprofessordeverápermitirqueoalunoselevanteeseaproximedalousa,semprequesefizernecessário.
Leitura de Perto e Escrita
Cadaalunotemsuaprópriadistânciafocal,dependendodoníveldeacuidadevisualedotipodeauxílioópticoutilizado.Devemoslembrarque,nessescasos,aaproximaçãodomaterialdeleituradosolhosnãoprejudicaavisão–apenaspropiciaumaumentodotamanhodaimagem.Aaproximaçãoéumrecursoparaa ampliação do objeto.
Quantomaioramagnificaçãodalente,menoradistânciafocal,istoé,quantomaisfortesosóculosutilizados,maispróximadeveráseradistânciadeleitura.Existemsuportesdeleitura(tipopranchetas)queelevamomaterialàdistânciaeàposiçãoadequadas,permitindoboaposturanaleituraeescrita.
ADEQUAÇÃO DE MATERIAIS
Iluminação
Nas escolas, é importanteoprofessor estar atento à iluminaçãoambiental,pois esta, quando insuficiente, pode ocasionardificuldadesnoprocessodeaprendizagemeno bem-estar da criança.Recomenda-se usar sistemasdeiluminaçãovariáveis,conformeasnecessidadesdecadacriança22 .
Emrelaçãoàiluminaçãoambiental,deve-secuidarparaqueoslocaissejamuniformemente iluminados, evitando-se áreas escuras, principalmentenas salas de aulas, escadas, entradas e corredores. Para a execução dastarefasvisuais,éútillocalizaroalunosemprepróximoaumajanela,poisailuminaçãonaturalésemprepreferível.Casonãosejasuficiente,pode-seutilizarumalumináriaportátil,próximaàcarteiradoaluno,provendo-odeluzfocal.Nocasodeoalunoapresentarfotofobia(sensibilidadeàluz),deve-
22 No caso do atendimento individualizado.
1�1DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
se utilizar uma cortina leve. O sol que incide diretamente nas áreas de trabalho e emsuperfíciesbrilhantesdeveserevitado,paranãohaverofuscamento.
Emrelaçãoàposiçãodaluz,estadeveestarnumângulodecercade45º,vindodepreferênciadaesquerda,nocasodosdestros,paranãosombrearaescrita.
Contraste
Ousodocontrasteadequadomelhoraafunçãovisual.Nocasodealunoscombaixavisão,a lousadeveserescurao suficienteparapermitirbomcontrastecomogiz,sendooidealoquadronegrocomgizbrancoouamarelo,evitando-seogizverdeouvermelho,poissãocoresmenoscontrastantesemaisdifíceisdeseremvistas,principalmentepelosalunoscomdeficiênciascongênitasdavisãodecores.Alousadecorverdefoscopodefavorecermelhoradaptação,evitando-seoreflexoeobrilhodalousanegra.
Osmateriaisescolares,comocadernos,devemteraspautasbempretasouverdes,eatémesmoampliadassenecessário,istoé,riscadasmanualmentecomtraçosmaisescuros,conformeanecessidadevisualdoaluno.Oidealéusartintapreta,empapelbrancooupalha,oulápispreton.º1oun.º6B,cujografiteémaismoleeportantomaiscontrastante.
Paragráficose cartazes,usar cores comooamareloem fundopreto,azulouverdeemfundobranco,coresescurasemfundoluminoso,coresfluorescentesbem contrastantes. As canetas de ponta porosa são muito utilizadas. No caso de materialmimeografadopodesernecessárioreforçaraslinhascomtintapretapara melhorar a nitidez.
Ampliação
Algunsalunosconseguemler,semdificuldade,otamanhodetiposdeletrasdoslivrosescolaresseestasapresentarembomcontraste,principalmentenassériesiniciaisdoensinofundamental.Casosejanecessárioousodetiposampliados,pode-sefazerampliaçãomanual,cópiasxeroxampliadasouampliaçãonocomputador,cuidandosempredeseconseguirbomcontraste.Altosníveisdeiluminaçãosãonecessáriosno caso de uso de material duplicado.
Os sistemasdevídeo-magnificaçãoda imagem, tambémchamados circuitosfechadosdetelevisão,sãomuitoutilizadosemoutrospaíses.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Aaproximaçãodomaterial,aosolhos,éoutrorecursodeampliaçãodaimagem
amplamente utilizado pelas próprias crianças, que neste caso utilizam a
acomodação,para focara imagem.Pode serpermitido,desdequeo cansaço
produzido pelo uso deste sistema não seja excessivo.
Algumas considerações são indispensáveisparaa efetivaçãodasadequações
curricularesnoprocessoeducacionaldealunoscomdeficiênciavisual:
• Devem ser precedidas de rigorosa avaliação do aluno nos seguintes aspectos:
competênciaacadêmica,aspectosdodesenvolvimento(biológico,intelectual,
motor,lingüístico,emocionalecompetênciasocial/interpessoal),motivação
para os estudos
• É imprescindívelque se leveemconsideraçãopeculiaridadesdocontexto
escolarefamiliardoaluno,paraaelaboraçãodoplanejamentodasadaptações
curriculares;
• As avaliações relativas às condições do aluno e de seu contexto escolar e
familiardevemserfeitaspelaequipedocenteetécnicadaunidadeescolar,
com a orientação do corpo dirigente e o apoio da Secretaria de Educação
(dirigentedaEducaçãoEspecial)local,senecessário;
• As adequações curricularesdevemestarregistradasejustificadastécnicae
formalmente,emdocumentosquepassamaintegrarodossiêdoaluno;
• Asprogramações individuaisdoalunodevemserdefinidas,organizadase
realizadasdemodoanãoprejudicarsuaescolarização,seusucessoepromoção
escolar,bemcomosuasocialização;
As adequações curriculares permitem as seguintes modalidades de apoio à
educaçãodosdeficientesvisuais,aseremprestadospelasunidadesescolaresepor
meio de encaminhamentos para os atendimentos e recursos da comunidade:
• Assalasderecursos;
• Oatendimentoitinerante;
• Aaçãocombinadaentresalasderecursos/atendimentoitinerante;
• Oatendimentopsicopedagógico,quandonecessário;
• Os atendimentos na área de saúde, oferecidos pela rede pública ou
particular.
As adequações paraalunos cegosedebaixavisãoqueafetemocurrículode
determinadas disciplinas comoEducaçãoArtística,Química,Matemática,
Geografia,Desenho, etc. devem ser realizadas pelos professores das áreas
referidas,emconjuntocomosprofessoresitinerantes,professoresdesalasde
recursosemembrosdaequipetécnicaescolar.
1�3DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
INDICAÇõES CURRICULARES PARA OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Noque se refereàprogramação curricularparaa educaçãodosalunos comdeficiência visual, faz-se imprescindível o acréscimodasComplementaçõesCurricularesEspecíficasemquesãopropostososseguintesconteúdos:• OrientaçãoeMobilidade,• AtividadedaVidaDiária,• EscritaCursiva,• Soroban.
Adefiniçãodasmodalidadesdeapoiodestinadasàeducaçãodosalunoscomdeficiênciavisualconsideraosseguintesaspectos:• A(s)área(s)emqueoapoiosefaznecessário;• O(s)tipo(s)deapoiocondizente(s);• A(s)formas(s)deministraroapoio:individualmenteouemgrupo,dentroou
foradasaladeaula,emgruposmistosouconstituídosapenasdeportadoresdecegueiraoudebaixavisão;
• Osprofissionaisenvolvidosesuasformasdeatuação;• Operíododeduraçãodoapoioindicado.
As seguintespremissasdevemserobservadas, ao seplanejar as adaptaçõescurriculares e os tipos de suporte a serem disponibilizados ao aluno:• Partir sempredeumestudodecaso interdisciplinar,queconsidere todos
os aspectos relevantes da vida do aluno, identifique suasnecessidadeseducacionais especiais e indique as adaptações importantes para seu atendimento;
• Buscar,aomáximo,umprocessoeducativopautadonocurrículoregular;• Evitarafastamentodoalunodassituaçõesnormaisdaaçãoeducativaedeseu
grupodecolegas,assegurandosuaparticipaçãonocontextosocioculturaldesuasaladeaulaedesuaescola;
• Criarambientefavorávelàaprendizagemdoaluno,àsuaintegraçãosocialeautonomia moral e intelectual.
NocasoespecíficodoalunodaEducaçãoInfantil,apropostapedagógicaparaa criança comdeficiência visual promoverá osmesmosobjetivos gerais daeducaçãopré-escolar:desenvolvimentofísico,psicológico,intelectualesocial,medianteapráticasociointeracionista,complementandoaaçãodafamíliaedacomunidade.
Oconteúdo curricular será idêntico aodosdemais alunos, requerendo,noentanto,algumasadaptações,complementosouajustes,deformaagarantir
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
àcriançacegaeácriançacomcegueiraoucombaixavisão,umaaprendizagemcontextualizadaesignificativa.
Asadequaçõescurricularesdeverãosefundamentarnapropostapedagógicadecadaescola,dotrabalhopedagógicodesenvolvidonocotidiano,dasdiretrizesmetodológicas,dosrecursosedasatividadescontempladas.
Há escolas que adotam como eixo organizador do trabalho pedagógico as áreas do desenvolvimento,osjogoseasbrincadeiras.Outraspartemdaseleçãodetemastrazidospelosalunos,organizandoatividadese seleçãodemateriais apartirdos dados elaborados na intervenção. Incentivam a participação de atividades culturaiscomoteatro,cinema,vídeo,brinquedoteca,museusebibliotecas.
Noentanto,háescolasquenãodispõemdeestruturafísica,recursosemateriaisdisponíveisparaumaaprendizagemsignificativaeconceitual.
Emambosos casos, a propostapedagógica, bemcomoas adequações e ascomplementações curriculares serão elaboradas com todas as pessoas envolvidas noprocessodedesenvolvimento,aprendizagemeintegraçãoescolardoaluno.
O atendimento às necessidades educacionais especiais do aluno é deresponsabilidadedetodos:Direçãoescolar,Coordenaçãotécnica,professordoensinoregular,professorespecialista,ouprofessordeapoioe,principalmente,dafamília,comoparceiraeficienteparaexplicitaressasnecessidades.
A adequação e a complementação curricular para a educação do aluno com deficiência visual requerem,muitas vezes, umconjuntode experiênciasdeavaliaçãodoseudesenvolvimentointegral,doseuprocessodeaprendizagem,dametodologiautilizadaedos recursosmateriaisdisponíveis, ouaindanãodisponíveisnosistemaescolar.
DaíafunçãodaInstituiçãoEscolar,debuscaraarticulaçãonasdiferentesesferasdoensinopúblicoeaparceriacomserviçoseinstituiçõesnãogovernamentaisdacomunidadequepossamdarsuporte,apoioeorientaçãoparaadaptaçãoecomplementação curricular.
Aarticulaçãoou integraçãoentreEscola–Família–Comunidadegarantiráamelhoriadaqualidadedevidaedaeducaçãodas crianças comdeficiênciavisual.
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Asadequaçõescurricularesparaosdeficientesvisuaisbaseiam-senapropostacurriculardoEnsinoRegular.Noentanto,énecessárioquesejamfeitasalgumasmodificações,ajustesoualternativasqueatendamàsnecessidadeseducativasdo aluno.
Aoseremfeitasessasadequações,devemserlevadostambémemcontaalgunsaspectos:• Anecessidadedeajustamentoscompatíveiscomodesenvolvimentointegral
eoprocessoensino-aprendizagemaodeficientevisual.• Acondiçãododesempenhocurriculardoaluno, tendocomoreferênciao
currículooficialdosistema.• Aadequaçãoconstantedoprocessodeadequaçãoparaosalunos,demodoa
permitir alterações e tomadas de decisão.
REGISTRO DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE ADEQUAÇõES CURRICULARES –
SUGESTÃO PARA DOCUMENTAÇÃO
Após a realização de estudo de caso e de análise dos problemas no processo de ensinoeaprendizagem,aidentificaçãodasadequaçõescurricularesdegrandeepequenoporteaserempromovidas,énecessárioqueistosejaformalmentedocumentadonoprontuáriodoaluno.Este,deveserumdocumentoindividual,umavezqueasnecessidadesespeciaisdecadaalunosãodiferenciadas.Deve-seelaboraroRelatórioIndividualdeAdequaçõesCurriculares,comasseguintesinformações:
1. identificação do aluno: • Nome • Data do Nascimento • Filiação • Endereço • Telefone
2. Informações sobre a Escolarização: • Estabelecimento de ensino atualmente matriculado • SérieeNível • Dadosanterioressobreaescolarização(“vidaescolar”) • Tipo de apoio especializado ou não especializado atual e anterior para a
escolarização • Informaçõessobreatendimentosoutratamentosrecebidosatualmentee
no passado.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Indicação das adequações curriculares anteriores. • Necessidadeseducacionaisespeciaisatuais(deadequaçãocurriculare/ou
deacessoaocurrículo). • Períodoindicadoparaasadequações, • Duraçãoprevistaparaocursoenível. • Modalidadesdeapoio (atendimento itinerante, salade recursosetc.),
recursos da comunidade. • Critériosdeavaliaçãoadotados. • Fontesdocumentaisutilizadas–pareceres,laudos,relatórios,histórico
escolar, entreoutros,podemseranexadosaoRelatório IndividualdeAdaptação Curricular.
• Equiperesponsávelpelaindicaçãodasadequações–registrarosnomesdosintegrantesdogrupoproponentedasadequaçõeseasfunçõesexercidasnaInstituição.Identificarprofissionaisenvolvidos,sehouver,suasprofissõese o tipo de atuação com o aluno.
Esteprontuáriodeveacompanharoalunoinclusivenocasodetransferência,devendosermantidoacessívelparaosseusprofessores,familiareseórgãosdeinspeção escolar.
Odocumentolevaráaassinaturadaequipeenvolvidanasdecisões,dodiretordoestabelecimento de ensino e do aluno ou de seu responsável.
2. Intervalo (15 min.)
3. Continuação da atividade de estudo em grupo (1 h)
4. Plenária (1 h)Aofinaldaatividadedeestudodirigido,oformadorpoderáutilizarasquestõesconstantesdo roteirode estudos, paradirecionarodebate emplenária.Nesta,osparticipantesdeverãocompartilharoconteúdoque foidebatidonospequenosgrupos,discutirsuasdúvidasebuscarsoluçõesparaproblemaspresentes.
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11º ENCONTRO
11. AVALIAÇÃO COMPREENSIVA
TEMPO PREVISTO07horas
FINALIDADE DO ENCONTRO• Promoverareflexãocríticadoprofessoracercadoprocessodeavaliação(ref.
àexpectativa10)• Desenvolver atividade prática de avaliação e de planejamento de ensino para
oalunocomnecessidadesespeciais(ref.àsexpectativas11,13,14)
MATERIAL Textos:Aranha, M.S.F. Reflexões sobre a Avaliação. Textodigitado.Bauru:UNESP-
Bauru,2000.
SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva
PERÍODO DA MANHÃ
TEMPO PREVISTO04horas
1. Estudo em grupo (2 h)Para a realizaçãodeste encontro recomenda-se que os participantes seorganizememgruposdeaté04pessoas,paraaleituraeestudosobreotextoabaixo.
Durantea leitura, osparticipantesdeverãodiscutir e responderàsquestõesconstantes do Roteiro de Estudo apresentado logo após o texto.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE AVALIAÇÃOMaria Salete Fábio Aranha
A avaliação assume natureza e características diferentes, em função dasdiferentesleiturasfilosófico-teóricasqueseassumenoqueserefereaoprocessoeducacional.
Nestetexto,parte-sedopressupostoqueensinoeaprendizagemsãoumprocessocomplexo,denaturezabidirecionalprópriaepeculiar,diferentedoselementos(ensino e aprendizagem)queo constituem. Isto significaqueoprocessodeensino e aprendizagemproduzidoporumadeterminada relaçãoprofessor-alunoserásemprepeculiarecomplexo,diferentedascaracterísticasexclusivasdoensinaroudoaprenderdoprofessorealunoenvolvidos.Assim,oensinarsópodesercompreendido,quandoanalisadoàluzdaaprendizagem,enquantoqueesta,damesmaforma,somentepoderáserentendidaquandoanalisadaemsuasmúltiplasdeterminações,sendoumadelas,oensinaraoqualoaprendizencontra-sesubmetido.
Em função de tal pressuposto é que se toma a avaliação como processocompreensivo,nãoclassificatório,norteadoressencialdapráticapedagógica.
Para contextualizar e fundamentar tal posicionamento, entretanto, faz-senecessáriodetalharalgumasidéiasqueconstituemomeioepistemológicoemqueelesedefineedesenvolve.
Pensando a Educação
Entende-seporEducaçãooprocessoformaldefavorecimento,aoaluno,doacessoeapreensãodosaberhistoricamenteconstruídoesistematizado.
NodecorrerdaHistóriadaHumanidadeohomemolhouparaosdiferentesaspectos da realidade e investigou, buscando identificar seus elementosconstituintes e como se dão as relações entre eles. Ao fazer isso, foiexplicitando e sistematizando os princípios e as leis que as regem. Aorganizaçãosistemáticadessasinformaçõesfoiconstituindoasdiversasáreasdoconhecimento,chamadasciências,edifíciosqueconfiguramverdadeiraslinguagens.Assim,cadarecorteda realidadepodehoje ser lidopormeiodalinguagemdafísica,dalinguagemdaquímica,dabiologia,damatemática,da psicologia, dentre outras, cada uma focalizando aspectos específicos ediferenciadosdanaturezadecadafenômeno.
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Retomando,então,aquestãodaEducação, tem-sequeestadetém,comoseuprincipal objetivo, favorecer a todosos cidadãoso acessoa esses conjuntosdeconhecimento,bemcomoodomíniodeles,deformaafavoreceramelhorcompreensãodoqueestápostonarealidadeeemdaípartindo,permitirqueseavancetantonasuautilizaçãoparaamelhoriadaqualidadedevidadoscidadãos,como avançar na produção de novos conhecimentos.
Aescolaéoespaçoinstitucionalquetemcomofunçãosocialpromoveraaquisição,atransmissãoeaampliaçãodessesaberhistoricamenteacumulado,visandoaformaçãodoindivíduoparaainterpretaçãofundamentadaecríticadomundoedasociedade,ouseja,paraainstrumentalizaçãodeseuagirepensarnaqualificaçãodas relações sociais e do homem.
Emboranão se dê exclusivamentena sala de aula, o processode ensino eaprendizagem,objetodotrabalhoescolar,sequalificaediferenciadoensinonocotidiano,pelascaracterísticas,objetivosemétodospróprios,bemcomopelacategoriadesaberqueelasocializa.(Laranjeira,1995).
Enquantoqueaaprendizagemquesedánatrivialidadedocotidianoéassistemáticaeprodutodo compartilharnãoplanejadode conteúdos e significados entreparceirossociais,aqueseesperafavoreceremsaladeauladeveriaserplanejadaederesponsabilidadedoprofessor,tantonaprovocaçãodacuriosidadedoaluno,como na mediação e acompanhamento do processo do aprender.
Aaulaé,enfim,umespaçoondeocorreumadadarelaçãoensino/aprendizagem,aquela na qual o professor temo papel de autoridade, por competência eresponsabilidadeprofissional.Cabeaelebuscaroconhecimentosobreoprocessodoaprenderdoaluno,organizaroensinoemfunçãodesseconhecimento,reajustarsuasaçõespedagógicasemfunçãodeseusefeitossobreaaprendizagemdoaluno,enfim,coordenaroensino,mediandooprocessodeaprendizagemdaquelequeseencontrasobsuaresponsabilidadeprofissional.
Taisconsideraçõesrequeremqueseaborde,aseguir,aquestãodarelaçãoensino-aprendizagem,bemcomoopapeldoprofessorcomomediadordesseprocesso.
Pensando sobre o processo de ensinar e aprender
Fundamentadosna leitura socioconstrutivistadedesenvolvimentohumano,considera-sequecada indivíduoapresenta, a cada recortede suahistóriade
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
desenvolvimento,umdesenvolvimentoreal,detectávelapartirdasoperaçõesquedesenvolvecomautonomia(semajuda).Aconstruçãoefetivadoconhecimentosóépossívelnoespaçointerpessoal,situaçãoemqueoprofessor,verificandooqueoalunoconsegueproduzirsozinho,leva-o,atravésdesuainstigaçãoemediação,aumpassoalémnoprocessodeconstruçãodoconhecimento.
“AposiçãoqueVygotskyassumesobrearelaçãodesenvolvimento/aprendizagemestádeclaradanoseuconceitodezonadedesenvolvimentoproximal,atravésdoqual,nosoferececommagistralclareza,oquetemoschamadode“desenhodaaula”,umavezquenosapontaoslimitesepossibilidadesnosquaisdevemosapoiarnossatarefadearticulação/mediação.
Situaocampodaposturadosocialparacomosujeito,considerandoumaesferadedesenvolvimentoreal-aquecomportaoqueosujeitopodefazersozinho-comopontodereferênciaparaaesferadedesenvolvimentopotencial-aquedelimitasuapossibilidadedeatuarcomajuda-e,considera,então,oespaçocompreendidoentreasduasesferas,azonadedesenvolvimentoproximal.Comissopermiteque,nósprofessores,apreendamostambémoquenãoéaula,ousejanãoestaremoscumprindonossopapelcomrelaçãoaoaluno,nemseestivermostrabalhandono interiordaprimeiraesfera (porexemplo,quandoutilizarmosaaulaparafazê-loretornaraoconcretopalpável,emrealidadesquejálhesãoconhecidas),nemsequerseofizermosnoexteriordasegundaesfera(porexemplo,quandopropormosqueapliquemtesesgeraisacasosespecíficos,emsituaçõesnasquaisaconstruçãodeconceitosaindanãoestágarantida).Contudo,aaulaestarábempostaquandoaalocarmosentreambas,ouseja,senãoestivermosasubestimar,nemasuperestimaracapacidaderealdosujeito”.(Laranjeira.1995).
Caberiaaoprofessor,assim,planejarereajustarsuasaçõespedagógicasemfunçãode parâmetros estabelecidos pelo ponto de partida do aluno e pelas peculiaridades que apresenta em seu processo de apreensão e construção do conhecimento.
Para tanto,o educadorprecisa terodomíniodo conhecimentoque lhe cabesocializar, tero conhecimento eodomíniodaDidática, ter conhecimento edomíniosobrecomosedáaaprendizagemesaberutilizartaisconhecimentosna investigação e análise das necessidades de cada um de seus alunos.
Oidealseráquetodoeducadortenhaformaçãoeinstrumentalizaçãonecessáriapararealizartaltarefa,sejaqualforamodalidadeestruturaldeEducaçãoemqueestiver inserido,mesmoporquesomenteentãopoderáserrealmenteumeducador.Paratanto,necessitadeapoioesuportetécnico-científicoparaquepossacumprircomseupapel,interrompendoaavalanchedeencaminhamentosequivocados e desnecessários para as classes especiais
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Pensando sobre o fracasso escolar
Denaturezacomplexa,irredutívelaumacausaúnica,ofracassoescolarguardaemsuamultideterminaçãoadificuldadedeseuenfrentamento.
AsdificuldadesdaSaúdePública emgarantir atenção integral àpopulaçãoinfantil,necessáriaeprioritáriaparaqualquersistemacomprometidocomseuprópriofuturo,contribuemcomamanutençãodealtosíndicesdemortalidadeinfantil,mantendoemcondiçõesderiscoascriançasquesobrevivem(precáriascondiçõesdenutriçãoesaúde).
Asdificuldadeseconômicasedeinserçãonomercadodetrabalhodeterminamaexistênciadeumasignificativaparceladapopulação,quebuscaasobrevivênciaemcondiçõesdebaixopoderaquisitivo,produtoegeradordeinúmerosproblemassociais(precáriascondiçõesdehabitação,lazer,educação,trabalhoinfantil,etc.).Assim,muitasvezes,asituaçãosocioeconômicaprovocaaentradaprematuraemesmoilegaldacriançanomercadodetrabalho,movidapelanecessidadedecompletaroorçamentofamiliar.Nestascondições,freqüentementeficadifícilparaacriançaconciliarestudoetrabalhoequandoofaz,diferencia-sedeoutrosquenãoenfrentamamesmarealidadedevida.
Tem-se,também,aprópriaorganizaçãodosistemaeducacionalpúblicoque,atítulodedisponibilizaraeducaçãoparatodos,permiteaformaçãodeclassescomaltonúmerodealunos(maisde50,àsvezes),salasmultisseriadas(encontrando-se,inclusive,classescujosprofessorescursaramaté2ªsérie,ministrandoaulaspara 1ªa4ªséries,comoaconteceamiúde,emalgumasregiõesdopaís),oque,naverdade,podeprejudicaroumesmo inviabilizarqualquerparticularizaçãodo ensino.
A utilização de livros didáticos que privilegiam um pequeno recorte da realidadesociocultural,tomandoosvaloresealeituradaclassedominantecomo a representaçãodo “real”,do correto edoadequado, fazdo conteúdoabordado,muitasvezes,conjuntos totalmentedestituídosdesignificadoparaamaioriadascriançasquefreqüentamaescolapública.Oensinoaserviçodospadrõesculturaisdeclassessocioeconômicasprivilegiadas,emdetrimentodacriança de classe popular pode conduzir a sua segregação e exclusão do sistema educacional, pormeiodasdificuldadesque impõe à apreensãopeculiardoconhecimento que caracteriza o processo de aprendizagem.
Oprópriodesconhecimentodosprofessoressobreoprocessodeconstruçãodoconhecimento e seu despreparo para o atendimento das peculiaridades individuais noreferidoprocessoconstitui-setambémfatordeterminantedessefenômeno.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Acriança carentenãodiferedasdemais emhabilidades cognitivasbásicas,nememtermos funcionais (processodeaprendizagem),masdifere, sim,nospadrõesculturais,deaprendizagemedemotivação,bemcomonarelaçãocomaculturadominante.Aosedefinirpelareproduçãodessacultura,aescolaignora,desrespeitaepenalizaoscidadãosdecamadasmenosfavorecidas,constituindo-se, assim,maisum fatorde explicaçãoparamuitos casosdebaixoníveldeaquisição e de desempenho da criança em sala de aula.
Poroutro lado, a vida emambienteque restringe a exposiçãoda criança àdiversidadeeàcomplexidadede informaçõeseoportunidadesdisponíveisàscriançasdaclassedominante,limitaeimpedeseuconhecimentoecompreensãocríticada realidadeedas relações sociaisquea constituem,diferenciando-adesvantajosamente de seus demais parceiros sociais.
Como já se discutiu anteriormente, a escola temumpapel fundamental,masquandoo ensinooferecido encontra-sedistantedos reaisproblemas enecessidadesdas criançasede suas famílias, seuefeitopode sero crescentedesinteressedacriança,afastando-adaescola,oudeterminandoofracassoescolare sua gradativa exclusão.
Tais fatores podem, por um lado, acarretar atrasos e comprometimentosnodesenvolvimentoglobalda criança.Poroutro,podem indicarumensinomuitasvezesdeficitário, acrítico,despersonalizado,massificado,queemboraaparentementedemocráticoedisponívelpara todos,nãogarantea igualdadede condições, fator essencial paraque as oportunidadespostaspossam ser“igualmente”acessadas.
O conjunto de tais variáveis, aliado a outras aqui nãomencionadas,focalizaassimacriançaque,narelaçãocomarealidadesociocultural,égradativamenteexcluídadasdiversasinstânciasdosistemasocial,incluindooeducacional.
Istoposto,considera-seimportanteque,aoseconsideraraquestãodofracassoescolar,nãoseignoreascondiçõesdesaúdefísicaementaldacriança,produzidaspelascarênciassociaiseculturais,bemosdiferentesdeterminantessituacionais,escolareseextra-escolares,quepossamestarconvergindoemsuaprodução.
Emborajásesaibahoje,entretanto,queasprincipaiscausasdofracassoescolarnãoseencontramnecessáriaeexclusivamentenacriança,massim,sãoproduzidasnocontextorelacionaldesuasvidascotidianas(econômicas,sociais,escolares,familiares,etc.),aindaseadota,comfreqüência,avaliaçõesescolaresnelaexclusivamentefocalizada,culpabilizando-apelofracassoescolar.
1�3DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Pensando, então, a Avaliação
Primeiramente faz-se importante explicar que, ao se falar sobreAvaliação,reporta-seaoprocessoque temcomo funçãoprimordial verificar se equaisobjetivospedagógicosestãosendoalcançados,identificarpossíveisproblemasnarelaçãoensino-aprendizagemedetectaraspectosdessarelaçãoquenecessitamredirecionamento.
Alémdeprocesso,oque implicaemseudesenvolvimentoao longo tempo,éessencialquesejacontínuo.Decarátercompreensivoenãoclassificatório,exigeaanálisebidirecionaldaproduçãodadíadeprofessor-aluno,ouseja,decomoumafetaooutro,contextualizadosnoconteúdo-alvo,nasaladeaula(políade),na instituiçãoescolar (comsuaspeculiaridades físicas,econômicas,políticas,administrativas,pessoais)enoprópriosistemaeducacionalmaisamplo.
Talprocessofavoreceaoprofessor,quedetémaresponsabilidadedoensinar,aidentificaçãodasnecessidadesdoalunoedasdireçõesàsquaisdeveencaminharas mudanças de sua ação pedagógica.
Éatribuiçãodoprofessorpensarsobreopensardoaluno,ouseja,desenvolversuasaçõespedagógicasconstantementeatentoaosseusefeitosnoaluno,peculiarem sua subjetividade e em seu processo de construção do conhecimento.
Étambémsuaatribuiçãoensinarpesquisando,ouseja,redirecionarsuapráticaemfunçãodosdadosconstatadossobreofuncionamentodoaluno.
Não é entretanto esta, a práticade avaliação rotineira emnossa realidadeeducacional.Demaneirageral,asavaliaçõesrealizadasemsaladeaulatêmcomoobjetivoidentificarerroseacertosdoaluno,servindoafunçõesclassificatóriasque penalizam exatamente aquelas crianças que mais necessitam de ajustes e redirecionamentosnarelaçãoensino-aprendizagem.
Criançascujodesempenho,nesteraciocínioquantitativoeclassificatório,mostra-seinsuficiente,aonãoserematendidasemsuasnecessidadeserespeitadasemsuasparticularidades, tendema sedistanciar cadavezmaisdodesempenho“esperado”peloprofessor,sendoconcretamentelevadaaumgradativoprocessode exclusão.
Opróximopasso,conseqüêncianaturaldesta leituraequivocadadoprocessoeducacional e dopapel doprofessor, é o encaminhamentoda criançaparaavaliaçõespsicológicasexternas,providênciafundamentadanaidéiadequeelaéaúnicadepositáriadeseusprópriosproblemas.
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Aliteraturatemdemonstradojáhálongotempo,ainoperânciadessasavaliações,rotineirasemnosso sistemadeensino,oque se tornamaisgravequandoseconstataqueseusresultadospassamafuncionarcomoprincipalnorteadordoespaço de escolaridade que vai determinar o resto da vida escolar e social do aluno.
Umagrandecríticaaoprocessodeavaliaçãoexterna,talcomotemseconfiguradoeminúmeroscasosdenossarealidadeequevemsesomaràcriticaanteriormentefeita àprática atualde avaliação emsalade aula, refere-se ao fatodesta sefundamentarprincipalmentenaaplicaçãodetestespsicométricos,geralmentedesenvolvidosemoutrospaíses,quetomamcomoparâmetrospopulaçõesquevivememcontextos socioculturais absolutamentediferentesdonosso, sempadronização para a população brasileira. Resultados obtidos por instrumentos destanatureza,naverdadesómostramqualaposiçãopercentualemqueumdeterminadoalunobrasileiroseencontra,quandocomparadocomcidadãosdeoutropaís.Parailustrarestacrítica,acredita-seserinteressantedissertarumpouco sobre esses testes.
Em geral, são constituídos por diferentes provas, que solicitam umdeterminadodesempenhodoaluno.Cadatestetemumgabarito,queexplicaqual seria a resposta considerada correta. Após o aluno ter respondido ao solicitadono teste, o avaliadormarca as respostas corretas e as erradas,norteadopelogabarito.Emseguida,tabula-seonúmeroderespostascorretasereporta-seàtabeladepercentis,buscandoaidentificaçãodopatamarnoqualoalunoemquestãoseencontra,apartirdonúmeroderespostascorretasqueapresentou.Deve-seatentarparaofatodequeeapopulaçãocomaqualoalunoé comparado, é constituídaporumgrupo -parâmetrode sujeitos, emgeralamericanos,queviviaemumdeterminadoestadonosEstadosUnidos,noanoemqueotestefoiconstruídoeapartirdoqualelefoipadronizado.Oresultadofinalindica,narealidade,quequandocomparadoaogrupodealunosdasériex,escolay,estadom,estealunobrasileiroseencontranaposiçãok,quecorrespondeao quociente de inteligência z.Ora, sabe-se que realidades socioculturaisdiferentesfavorecemaconstruçãodeconhecimentosdiferenciados!Esabe-setambém,queterconhecimentosdiferenciadosnãosignificanecessariamenteumfuncionamentomentaldeficitário.
Parailustrar,pode-secriarumexemploqueseriaengraçado,senãofossetãodramáticoemseuefeito.Aopassarporumadessasavaliações,umalunodeparou-secomaquestão“Oqueéaesmeralda?”Oaluno,cujaúnicaEsmeraldaqueconheciaerasuamãe,assimorespondeu,tendoobtidoumX(errado)parasua
1�5DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
resposta.Asomatóriadeerrosdestetipoéquepodeestarlevandoàidentificaçãotão freqüentededeficiênciasnoaluno, justificandode formaequivocada seuencaminhamento(muitasvezesdesnecessário)paraumaclasseespecial!
Taiscríticas,entretanto,seriamabsolutamente inócuas, senão levassemaumrepensardoprocessodeavaliação,contextualizadonoespaçoeducacional.Eénestadireçãoquesepretende,agora,encaminharestareflexão.
Aavaliaçãodaaprendizageméparteintegrantedetodocurrículocujoconceitomanifesta,implicitamente,umaconcepçãodeEducação.Todoprojetopedagógicasedireciona,aindaqueimplicitamente,paraaformaçãodeumtipodecidadãoe de um tipo de sociedade.
Aescolhadecritériosedeinstrumentosquefundamentaaavaliaçãodeumalunoreflete,emúltimainstância,ohomemquesepretendeformar.
Aavaliaçãotradicional,classificatória,configuradaemprovaseexames,serveprincipalmentea funçõesclassificatórias,práticaqueveladamente favoreceaconstruçãodacrençadequeexistemcidadãosmelhoresepiores, emnível enatureza.Estaéamaiorperversidadedeumsistemaquetornacorriqueiraegeneralizadaumapráticaqueafetaaconstruçãoda leituradarealidade,peloaluno,nadireçãode ter como“natural” a classificação, ahierarquizaçãoeaexclusão de cidadãos.
Emgeral,aspessoasnãotêmclarezadeque,aotomardeterminadasatitudesavaliatórias,estãocontribuindoparaaformaçãodepessoaspassivas,conformistaseacríticas,conservando,assim,asformasdedominaçãosocial.Naverdade,taismicropoderes,nãodesvelados,sãomaiseficientesqueoutros,explicitamentecolocadossocialmente.Daíaimportânciadeseterumavisãocríticasobreaqueseprestaaavaliaçãoedeseconheceranaturezaepistemológicadométododeavaliação empregado.
Ora, se a Educação tem como objeto a socialização dos conhecimentoshistoricamente construídos e sistematizados, bem como a formação decidadãosconscientes,ativoseparticipativos,talsistemaperdeasignificação.Oquestionamento do modelo mecanicista e a visão da avaliação da aprendizagem comoumproblemaeminentemente técnico, tememKliebardumexcelenteargumentador. Ele aponta para o reducionismo da noção simplista de avaliação comosinônimodemedida,emquesecorreoriscodeavaliaronãorelevanteedeixardeladoaspectossignificativosquelheescapamaocrivo.Apontatambém
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
queumaavaliaçãoquenãosómeça,atribuanotaepredigaosucessoouofracasso,masqueconsidereosdiferentesdeterminantesdodesempenhodoprofessoredoaluno,mostra-setransformadoraeemancipadora.
Nesta, troca-se dados exclusivamente quantitativos por outros demaiorsignificação,quaissejamosquedesvelamacaracterizaçãocontextualizadadoalunoemseuprocessodeaprendizagem, situando-opedagogicamente comosujeito interativo de um processo de aquisição e de produção do conhecimento e da cultura.
Nãose trata,nesteposicionamento,de seabrirmãodo rigoraoavaliar.Naverdade,esteprocessorequerumrigormaior,tantoquantoclarezanasintençõesenomododeavaliar.Requeraverificaçãodoquefoiapreendidopeloaluno,decomosedáoseupensar,dequaisrelaçõesestabeleceentreeventos,decomoestabelecetaisrelações,bemcomorequeraidentificaçãode“oque”e“como”oprofessorestáensinando,quaisintervençõese/oumudançasdevemocorrernasestratégiaspedagógicasadotadas.Nesteprocesso,torna-seessencialOUVIRoaluno,nabuscadecompreensãosobreoqueelepensaesobrequehipóteseseleformulaacercadeseusacertoseerros.ÉessencialBUSCARCONHECERqualéoseuníveldedesenvolvimentoededomíniodepré-requisitosreferentesacadaconteúdotrabalhado.ÉessencialqueoprofessorPENSEarespeitodessacaracterização do aluno e de como a considera no planejamento e na execução de suas ações pedagógicas.
Aanáliseacercadoserroseacertostantodoalunoquantodasestratégiasadotadaspeloprofessorpermitedesvelaroprocessodeconstruçãodeconhecimento.Nãofaz sentido,portanto, serumapráticaunilateral.Professorealunoprecisamestar juntosnessaanálise, ondenão se trocaráapretensaobjetividadepelasubjetividade,mas sim,buscar-se-á a compreensão críticade comouma serelacionacomaoutra.Analisarcriticamenteaqualidadedaavaliaçãosignificarefletirinterativamentesobreaobjetividadeeasubjetividadenelacontidas.
Nestaperspectiva, a avaliação só toma sentidoquandodeixade sermedidalinear,estáticaeadquireaperspectivadabuscadecompreensãodoindivíduoqueaprendeesedesenvolve,edopróprioprocessodeaquisição,construçãodoconhecimento,deformacontextualizada.
Aavaliaçãocompreensiva,enfim,éprocessual,oqueimplicaemdesenvolvimentoaolongodotempoeécontínua.Exigeaanálisebidirecionaldarelaçãoprofessor-aluno,nabuscadacompreensãodecomoumagecomoutro,decomoéqueum
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afetaooutro,dentro,deumcontextodasaladeaula,daescolaedarealidadesócio-culturaldessesagentes.
Éatribuiçãodoprofessorpensarsobreopensardoaluno,ouseja,desenvolversuasaçõespedagógicasconstantementeatentoaosseusefeitosnoprocessodeaprendizagemdoaluno,peculiar emsua subjetividadeeemseuprocessodeconstrução do conhecimento.
Étambémsuaatribuiçãoensinarpesquisando:aoatuar,analisarosefeitosdesuaatuaçãonoprocessodeaprendizagemdoaluno,redirecionandosuaprática,emfunçãodosdadosentãoconstatados.
Somenteassimsepoderedirecionaraavaliação,nosentidodefazerdelaumprocesso efetivodediagnósticopedagógico, compreensivo e sinalizadordosnecessários ajustes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Coll, C, Palácios, J. e Marchesi, A. Necessidades Educativas Especiais e Aprendizagem Escolar. Desenvolvimento Psicológico e Educação. Volume3.PortoAlegre:ArtesMédicas,1995.
Laranjeira, M.I. Da Arte de Aprender ao Ofício de Ensinar. Dissertação deMestrado.Marília:UNESP,1995.
Vygotsky, L.S. A Formação Social da Mente.SãoPaulo:LivrariaMartinsFontes,1984.
____. Pensamento e Linguagem. SãoPaulo:LivrariaMartinsFontes,1987.
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ROTEIRO DE QUESTõES
1. O que diferencia uma avaliação classificatória de uma avaliaçãocompreensiva?
2. Quais determinantes o grupo poderia citar como importantes para seremconsideradosnoprocessodeavaliaçãodeumalunocego,edeumalunocombaixavisão?
2. Intervalo (15 min.)
3. Plenária (2 h)Apósointervalo,oformadordeverásolicitardosparticipantesquevoltemàorganizaçãodeplenária,naqualcadagrupodeveráapresentarasrespostasque produziram para as questões constantes do Roteiro de Estudo.
Deve-se incentivar que todosdiscutamas respostas apresentadas, à luzdarealidadedocontextoemqueatuamprofissionalmente.
PERÍODO DA TARDE
TEMPO PREVISTO02horas
1. Estudo em grupo (1 h)O formadordeve solicitarquealguémdaplenária (pode serumoumaisprofessores)que já tenhatido,ouestejavivendoaexperiênciadeensinarparaumaluno cego, ouparaumaluno combaixa visão, numa sala doensinoregular,descrevaumadificuldadedetectadanoprocessodeensinoeaprendizagem,emsuarelaçãocomessealuno.Ogrupodevefazeromáximodeperguntas,deformaapoderconstruirumcenárioclaroeobjetivosobreocaso,ouoscasosescolhidos.
1��DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
Sugere-sequeahistóriado(s)caso(s)sejaescritanalousa,deformaatornar-seacessívelatodos.
Emseguida, o formadordeve solicitar aosparticipantesque se reúnamemgruposdeatéquatropessoas,para, apartirdahistória construída, elaborarumplanejamentode ação, pormeiodopreenchimentodaplanilha abaixoapresentada
2. Plenária (1h)Apósotrabalhoemgrupo,osparticipantesdeverãoretornaràcondiçãodeplenária,naqualcadagrupodeveráapresentarediscutiroplanejamentorealizado.
Problema de Determinantes Necessidades Adequações de Adequações de
ensinoede identificados Educacionais GrandePorte, PequenoPorte,
aprendizagem Especiaisdo quesefazem quesefazem
aluno necessárias necessárias
201DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
12º ENCONTRO
12. A INTERAÇÃO SOCIAL E O DESENVOLVIMENTO DE RELAÇÕES SOCIAIS ESTÁVEIS
TEMPO PREVISTO03horas
FINALIDADE DO ENCONTRO• Promover,noprofessor, a reflexão crítica sobreas interações sociais eo
processodedesenvolvimentoderelaçõesestáveis(ref.àexpectativa14)
MATERIAL Brasil. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental
– Deficiência Visual. VoIIIp.143-151.Brasília:MEC/SEESP,2001.
SEqüÊNCIA DE ATIVIDADESMomentosdeinteraçãoreflexiva
PERÍODO DA MANHÃ
TEMPO PREVISTO2 horas
1. Estudo em grupo (1 h)Oformadordeverásolicitardosparticipantesquesedividamemsub-gruposdeaté4pessoas,paraleituradotextoeparaopreparodeumarepresentaçãodramáticasobrequaisquerdostópicosneleabordados.Sugere-seque,emcadaapresentação,ogruporepresenteaçõesinadequadaseaçõesquefavorecemodesenvolvimentodainteraçãoederelaçõesinterpessoaiscomoalunocego,e/ou com o aluno com baixa visão.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
A INTERAÇÃO SOCIAL COM A PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA VISUAL23
Avisãoéomaisimportantecanalderelacionamentodoindivíduocomomundoexterior.Acegueirasensorialfoisempretratada,atravésdosséculos,commedo,superstiçãoeignorância.NaIdadeMédia,chegava-seaconsideraracegueiracomoumcastigodoscéus.
Hellen Keller abriu os olhos do mundo para a imensa capacidade e disponibilidade queodeficientevisualtemdeserútilàsociedadeeinteragircomomeio.
Cabeàsociedadecooperaredaroportunidadeparaqueessesindivíduos,quetêmlimitaçãoemseurelacionamentocomomundo,possamdesenvolvereusufruirdetodaasuacapacidadefísicaemental.
Pretendemos,comestasinformações,esclareceraoseducadores,aosfamiliareseàsociedadeemgeralalgunstópicossobredeficiênciavisual,suascapacidadeselimitações,ampliandonossoshorizontesnorelacionamentohumano.
1. Considerações Gerais
• Nãoserefiraàcegueiracomouminfortúnio.Elapodeserassimencaradalogoapósaperdadavisão,masaorientaçãoadequada,aeducaçãoespecial,areabilitaçãoeaprofissionalizaçãoconseguemminimizarosseusefeitos.
• A cegueiranão é contagiosa, razãopela qual cumprimente seu vizinho,conhecidoouamigocego,identificando-se,poiselenãooenxerga.
• A cegueira não restringe o relacionamento com as pessoas nem com o meio ambiente,desdequeaspessoascomasquaisocegoconvivanãolheomitamouencubramfatoseacontecimentos,oquelhetrarámuitainsegurançaaoconstatarquefoienganado.
• Ocegonãoenxergaaexpressãofisionômicaeosgestosdaspessoas.Porestemotivofalesobreseussentimentoseemoções,paraquehajaumbomrelacionamento.
23 BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental - Def. Visual.Vol2,p.143-151.Brasília:MEC/SEESP,2001.
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• Não trateapessoacomoumserdiferenteporqueelanãopodeenxergar.Saibaqueelaestásempreinteressadanosacontecimentos,nasnotícias,nasnovidades,navida.
• OcegonãotemavisãodasimagensquesesucedemnaTV,nocinema,noteatro.Quandoeleperguntar,descrevaacena,aaçãoenãoosruídosediálogospois estes ele escuta muito bem.
• Ocegoorganizaseudinheirocomoauxíliodealguémdesuaconfiança,queenxerga.
• Aquelesqueaproximamodinheirodorostoparaidentificá-losãopessoascom baixa visão.
• Não generalize aspectos positivos ou negativos de uma pessoa cega que você conheça,estendendo-osaoutroscegos.Nãoseesqueçadequeanaturezadotouatodososseresdediferençasindividuaismaisoumenosacentuadas.Oqueoscegostêmemcomuméacegueira,porquecadaumtemsuaprópriamaneira de ser.
• Procurenãolimitaraspessoascegasmaisdoqueaprópriacegueiraofaz,impedindo-asderealizaroqueelassabem,edevemfazersozinhas.
• Aosedirigiraumapessoacegachame-apeloseunome.Chamá-ladecegoouceguinhoédesrespeitoso.
• Apessoaceganãonecessitadepiedadeesimdecompreensão,oportunidade,valorização e respeito como qualquer pessoa.Mostrar-lhe exageradasolidariedade não a ajuda em nada.
• Nãofalecomapessoacegacomoseelafossesurda.Aoprocurarsaberoqueeladeseja,pergunteaelaenãoaseuacompanhante.
• Ocegotemcondiçõesdeconsultarorelógio(adaptado),discarotelefoneouassinaronome,nãohavendomotivoparaqueseexclame“maravilhoso”,“extraordinário”.
• Apessoa ceganãodispõede “sexto sentido”, nemde “compensaçãodanatureza”.Istosãoconceitoserrôneos.Oquehánapessoacegaésimplesdesenvolvimento de recursos latentes que existe em todas as pessoas.
• Conversandosobrea cegueira comquemnãovê,useapalavra cego semrodeios.
• Aoajudarapessoacegaasentar-se,bastapôr-lheamãonoespaldarounobraçodacadeira,queistoindicarásuaposição,semnecessidadedesegurá-lopelosbraçosourodarcomeleoupuxá-loparaacadeira.
• Cuide para não deixar nada no caminho por onde uma pessoa cega costuma passar.
• Aoentrarnorecintooudelesair,ondehajaumapessoacega,faleparaanunciarsuapresençaeidentifique-se.
• Quandoestiver conversandocomumapessoacega,necessitandoafastar-se,comunique-o.Comissovocêevitaráadesagradávelsituaçãodedeixá-lafalandosozinha,chamandoaatençãodosoutrossobresi.
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Aoencontrar-secomumapessoacega,oudespedir-sedela,aperte-lheamão.O aperto de mão cordial substitui para ela o sorriso amável.
• Ao encontrar um cego que você conhece, vá logo dizendo-lhe quem é,cumprimentando-o.Colocaçõescomo“Sabequemsoueu?”...“Vejaseadivinhaquemestáaqui...”“Nãovádizerquenãoestámeconhecendo...”Sóofaçasetiver realmente muita intimidade com ele.
• Apresente seu visitante cego a todas as pessoas presentes. Assim procedendo vocêfacilitaráaintegraçãodeleaogrupo.
• Aonotarqualquerincorreçãonovestuáriodeumapessoacegacomunique-lhe.
• Muitoscegostêmohábitodeligaraluz,emcasaounoescritório.Issolhepermiteacenderaluzparaosoutrose,nãoraro,elaprópriapreferetrabalharcomluz.Osqueenxergampouco(baixavisão)beneficiam-secomousodaluz.
• Aodirigir-seaocegoparaorientá-loquantoaoambiente,diga-lhe:a suadireita,asuaesquerda,paratrás,parafrenteparacimaouparabaixo.Termoscomoaquioualinãolheservemdereferência.
• Encaminhebebês,crianças,adolescentesouadultoscomdeficiênciavisual,quenão receberamatendimentoespecializado, aos serviçosdeEducaçãoEspecial.
• Ousodeóculosescuroparaoscegostemduasfinalidades:deproteçãodoglobooculareestéticaquandoeleprópriopreferir.
• Quandosedispuseralerparaumapessoacega,jornal,revista,etc.,perguntea ela o que deseja ser lido.
2. Na Residência
• Mudanças de móveis constantes prejudicam a orientação e locomoção do cego.Aonecessitarfazê-lo,comunique-oparaqueelesereorganize.
• Pequenoscuidadosfacilitarãoavidadodeficientevisual.Assim,asportasdeverãoficarfechadasoutotalmenteabertas.Portasentreabertasfavorecemqueomesmo sebata.Portinhasde armários aéreosbemcomogavetasdeverãoestarsemprefechadas;cadeirasforadolugarepisosengorduradose escorregadios são perigosos.
• Osobjetosdeusocomumdeverãoficarsemprenomesmolugar,evitandoassimcadavezqueocegonecessitedeumobjeto,(tesoura,pente,lixeira,etc.),tenhaqueperguntarondeseencontram.
• Osobjetospessoaisdocegodevemsermantidosondeeleoscolocou,poisassimsaberáencontrá-los.
• Narefeição,digaaocegooquetemparacomerequandohouverváriaspessoasàmesapergunteaele,peloseunome,oqueeledeseja.
205DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Opratopodeserpensadocomosefosseumrelógioeacomidadistribuídasegundoashoras.Assim,nas12:00horas,queficaparaocentrodamesa,serácolocado,porexemplo,ofeijão.Nas3:00horas,àdireitadoprato,oarroz,nas6:00horas,próximoaopeitodocego,acarne,facilitandoassimsercortadaporele,eàs09:OOhoras,àesquerdadoprato,asalada.Pratocheio complica a vida de qualquer pessoa.
• Ocegotemcondiçõesdeusargarfoefaca,bemcomopratosraso,podendosozinhocortaracarneemseuprato,firmandoacarnecomogarfoesituando,comafaca,otamanhodacarneeopedaçoasercortado.
• Ao servir qualquer bebida não encha emdemasia o copo ou a xícara,alcançando-osnamãodocegoparaqueelepossa situar-sequantoa sualocalização.
• Nãofiquepreocupadoemorientara colherougarfodapessoacegaparaapanharacomidanoprato.Elapodefalharalgumasvezes,masacabaráporconcluirsuarefeição.
• Pequenasmarcaçõesemobjetosdeutilizaçãodocegopoderãoajudá-loaidentificar,porexemplo,suaescovadedentes,suatoalhadebanho,ascoresdaslatinhasdepastadesapatos,corderoupas,aslatasdemantimentos,etc.Estaspoderãoserfeitasembraile,comesparadrapo,botão,cordão,pontosde costura ou outros.
• Objetosquebráveis(copos,garrafastérmicas,vasosdeflores,etc.)deixadosnabeiradademesas,pias,móveisoupelochãoconstituemperigoparaqualquerpessoa e obviamente perigo maior para o cego.
• Mostreaseuhóspedecegoasprincipaisdependênciasdesuacasa,afimdequeeleaprendadetalhessignificativoseaposiçãorelativadoscômodos,podendo,assim, locomover-se sozinho.Para realizaresta tarefa,devemoscolocarocegodecostasparaaportadeentradaedali,comauxílio,elemesmofaráoreconhecimentoàdireitaàesquerda,comoécadapeçaequaléadistribuiçãodos móveis.
3. Na Rua
• Aoencontrarumapessoaceganarua,pergunteseelanecessitadeajuda,talcomo:atravessararua,apanhartáxiouônibus, localizareentraremumaloja,etc.
• Ofereçaauxilioàpessoacegaqueestejaquerendoatravessararuaoutomarcondução.Emboraseuoferecimentopossaserrecusado,oumalrecebido,poralgumasdelas,estejacertodequeamaiorialheagradeceráogesto.
• Opedestrecegoémuitomaisobservador.Eletemmeiosemodosdesaberondeestáeparaondevai,semprecisarestarcontandoospassos.Antes
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DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
desairdecasaelefazoquetodapessoadeveriafazer:procurasaberbemocaminho a seguir para chegar a seu destino. Na primeira caminhada poderá errarumpouco,masdepoisraramenteseenganará.Saliências,depressões,quaisquer ruídos eodores característicos, tudoeleobservapara suaboaorientação.Nadaésobrenatural.
• Em locaisdesconhecidos, apessoa ceganecessita sempredeorientação,sobretudo para localizar a porta por onde deseja entrar.
• Não tenha constrangimento em receber ajuda, admitir colaboração ouaceitar gentilezas por parte de uma pessoa cega. Tenha sempre em mente quesolidariedadehumanadeveserpraticadaportodosequeninguémétãoincapaz que não tenha algo para dar.
• Aoguiarapessoacegabastadeixá-lasegurarseubraçoqueomovimentodeseucorpolhedaráaorientaçãodequeelaprecisa.Naspassagensestreitas,tomeafrenteedeixe-aseguí-lo,comamãoemseuombro.Nosônibuseescadasbastapôr-lheamãonocorrimão.
• Quando passear com um cego que já estiver acompanhado não o pegue pelo outrobraço,nemlhefiquedandoavisos.Deixe-oserorientadosóporquemo estiver guiando.
• AoatravessarumcruzamentoguieapessoacegaemL,queserádemaiorsegurançaparavocêeparaela.Cruzamentoemdiagonalpodefazê-laperdera orientação.
• Paraindicaraentradaemumcarrofaçaapessoacegatocarcomamãonaportaabertadocarroecomaoutramãonobatentesuperiordaporta.Avise-osetemassentonadianteira,emcasodetáxi.
• Aobateraportadoautomóvel,ondehajaumapessoacega, certifique-seprimeirodequenãovaiprender-lheosdedos.Estessãosuamaiorriqueza.
• Sevocêencontrarumapessoacegatentandofazercomprassozinhaemumalojaousupermercado,ofereça-separaajudá-la.Paraelaémuitodifícilsaberaexatalocalizaçãodosprodutos,assimcomoescolhermarcasepreços.
• Não “siga” apessoa comdeficiência visual,pois elepoderáperceber suapresença, perturbando-se e desorientando-se.Oriente sempre que fornecessário.
• Odeficiente visual, geralmente, sabe onde é o terminal de seu ônibus.Quandoperguntarpordeterminadalinhaéparacertificar-se.Emumpontodeônibusondepassamvárias linhasodeficientevisualnecessitadeseuauxílioparaidentificaroônibusquedesejaapanhar.Sepassarseuônibus,ondepassasóumalinha,odeficientevisualo identificarápeloruídodomotor, aberturadeportas,movimentodepessoas subindo e descendo,necessitando suaajudaapenaspara localizaraporta.Em trajetos retos,semmudançadosolo,ocegonãopodeadivinharopontoondeirádescereprecisarádesuacolaboração.Emtrajetossinuososouquemodificamo
20�DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
soloelefazseuesquemamentaledesceemseuponto,semprecisardeauxílio.Quandovocê fordescerdeumônibuseperceberqueumapessoacegavaidescernomesmopontoofereçasuaajuda.Elanecessitarádesuaajudaparaatravessararuaouinformaçõessobrealgumpontodereferência.
• Ajudeapessoacegaquepretendesubiremumônibuscolocandosuamãonaalçaexternaverticaleelasubirásozinha,semnecessidadedeserempurradaou levantada.
• Dentrodoônibusnãoobrigueasentar-se,deixandoàsuaescolha.Apenasinforme-oondehálugarcolocandosuamãonoassentoounoencostocasoeledesejesentar-se.
• Constituemgrandeperigoparaosdeficientesvisuaisosobstáculosexistentesnascalçadastaiscomolixeiras,carros,motos,andaimes,venezianasabertasparafora,jardineiras,árvorescujostroncosatravessamacalçada,tampasdeesgotosabertas,buracos,escadas,andaimes,etc.
4. No Trabalho
• Emfunçãoadequadaecompatível,odeficientevisualproduziráigualoumaisqueaspessoasdevisãonormal,poisseupotencialdeconcentraçãoémaisbem utilizado.
• Aoingressarnaempresaodeficientevisual,comoqualqueroutrofuncionáriodeve ser apresentadoa todososdemais colegas, chefias e ser orientadoquantoàáreafísica(distribuiçãodassalas,máquinas,santirário,refeitório,outros).
• Todoo cidadão temdireitos e deveres iguais frente à sociedade.Dessaformaodeficientevisualdevedesempenhar,naíntegra,seupapelenquantotrabalhadorcumprindoseusdeveres,quantoàpontualidade,assiduidade,responsabilidade,relaçõeshumanas,etc.
• Seodeficientevisualnãocorresponderaoqueaempresaesperadele,nãogeneralizeosaspectosnegativosatodososdeficientesvisuais;lembre-sequecadapessoatemcaracterísticaspróprias.
• Pelofatodeter-setornadodeficientevisualotrabalhadoroufuncionárionãodeveserestimuladoabuscarsuaaposentadoria,masareabilitar-se,podendocontinuarnaempresaouhabilitar-seemoutrasfunçõeseoutroscargos.
5. Na Escola
• Criançacomolhosirritadosqueesfregaasmãosneles,aproximamuitoparalerouescrever,manifestadoresdecabeça,tonturas,sensibilidadeexcessivaàluz,visãoconfusa,deveserencaminhadaaumoftalmologista.
20�
DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADESEDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO
• Tododeficientevisual,poramparo legal,pode freqüentar escolada rederegulardeensino(públicoouparticular).
• Seacriançaenxergapoucodeveráestarnaprimeirafila,nomeiodasalaoucomdistânciasuficienteparaleroqueestáescritonoquadro.
• Aincidênciadereflexosolare/ouluzartificialnoquadronegrodevemserevitadas.
• Trateacriançadeficientevisualnormalmente,semdemonstrarsentimentosderejeição,subestimaçãoousuperproteção.
• TodospodemparticipardeaulasdeEducaçãoFísicaeEducaçãoArtística.Useoprópriocorpododeficientevisualparaorientá-lo.
• Trabalhosdepesquisaem livros impressosem tintapodemser feitosemconjunto com colegas de visão normal.
Conclusão
Por faltadeconhecimentos,muitos têmdificuldadesno relacionamentocompessoascegas.Desejamajudar,masnãosabemcomofazê-lo.Bemintencionados,muitosqueremajudardemaisecomistocriamdificuldadesesériosembaraçosaoscegos.Esperamosqueassugestõesou“dicas”propostasanteriormentepossamorientarorelacionamentocomapessoadeficientevisual.
2. Plenária (1 h)Novamentenaconfiguraçãodeplenária,cadasub-grupodeveráapresentarsuadramatização,contextualizando-aemediandoadiscussãosobreela,como conjunto de participantes.
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