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Jornal Laboratório | Comunicação Social - Jornalismo | UFOP | Ano 1 - Edição Nº 1 - Junho de 2011
Reativar ou não?Projeto de reabertura
da Mina Del Rey preocupa população
CabanasOcupação irregular na cidade paralela
Página 5
Com 20 anos de atraso, transposição do córrego Catete promete solução em 180 diasPáginas 6 e 7
4 8
10
SiMião CASTro
Limpeza urbana Varredoras de rua
trabalham sem equipamento de proteção
Filas na PoliclínicaTempo de espera para
atendimento odontológico é de até seis meses
Cães sem donoDescaso com animais abandonados revolta
comunidade
José Marques de Melo diz que o jornal laboratório é instrumen-to básico do curso de Jornalismo, por integrar os estudantes na pro-blemática da futura profissão. Po-rém, produzir um jornal faz mais do que nos integrar – nós, os futu-ros jornalistas – nas dúvidas e feli-cidades da profissão escolhida.
Produzir um jornal significa a integração entre a universidade e a sociedade. Entre os visitantes e a cidade de Mariana. Entre os es-tudantes e a comunidade. Entre a vocalista Neila Ferreira e o re-pórter Allãn Passos. Entre o bair-ro Cabanas e o centro da cidade. Os problemas e as soluções. Entre as ruas, os entrevistados, as histó-rias e as letras impressas no papel.
E, para as letras serem impres-sas, é preciso estar atento aos de-talhes. Propor pautas como a situ-
ação de trabalho das varredoras ou a acessibilidade nas escolas de-manda cuidados tanto na aborda-gem, quanto na transmissão das ideias. Temos ainda que andar muito, subir ladeiras, ligar repeti-das vezes para o mesmo número de telefone, voltar outro dia. Ten-tamos não perder nada. E os deta-lhes continuam.
Buscamos entender Mariana pelo lado de dentro. Como
recompensa, ganhamos de vez o status de
moradores e queremos demonstrar isso no papel.
Na edição, cada vírgula tem seu lugar. A mesma página lida e relida, medida, contada e recon-tada. A eterna discussão sobre o que vai estar na capa, sobre qual
é o espaço dedicado a cada assun-to. São muitas ideias que transfor-mam a todo momento um jornal em vários outros. A mesma cidade desdobrada em várias outras, sob uma porção de aspectos diferentes.
Caminhar por aí, tentando en-xergar a cidade com outros olhos, exigiu que tivéssemos lentes ex-tras. Tentamos encontrar assuntos que da riam uma boa conversa, que permaneceriam latejando na cabe-ça por alguns dias. Buscamos en-tender Mariana pelo lado de den-tro. Como recompensa, ganhamos de vez o status de moradores e que-remos demonstrar isso no papel.
Cada matéria escolhida e de-senvolvida está impressa porque teve fôlego para chegar até as pági-nas do jornal. Cada jornal foi en-tregue porque o fôlego do Lampião é você, leitor.
LAMPIÃO D MARIANA, JUNHO DE 201102
EntrE olharEs
A praia – Cada lugar é, à sua maneira, o mundo. Cada Prainha é, à sua maneira, o mundo. A rua que vem de lá é de asfalto, a daqui é de terra macia. Algo é certo, pipas no céu. Sorrisos ingênuos, mesmo que entre as emba-lagens de leite e as fraldas descartáveis. Em um sábado de sol, o escuro da água, o cheiro da falta de preocupa-ção impregnava os sentidos. A Prainha contava, mesmo que de forma inconsciente, como a vida ali é solitária, cheia de lacunas e desconhecidos. A menina brinca descalça, com roupa amarela e roxa, com boneca no colo. As crianças correm, gritam por entre a sujeira. Mas alguns também brincam com os olhos, com a imaginação, essa inexplicável capacidade de nos transportar para todos os lugares possíveis. Havia um menino na cadeira de rodas, com um olhar de gente grande. Estava no andar de cima deste mesmo barranco, apenas observando. A sua mente parecia se esparramar ludicamente para um espaço onde tudo é permitido, até andar. (Camila Dias)
Editorial
Jornal laboratório produzido pelos alunos do 6° período de Jornalismo D Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA)/Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) D Reitor: Prof. Dr. João Luiz Martins. Diretor do ICSA: Prof. Dr. José Artur dos Santos Ferreira. Chefe de departamento: Profa. Dra. Juçara Gorski Brittes.Presidente do Colegiado de Jornalismo: Profa. Dra. Marta Regina Maia D Professores responsáveis: Hila Rodrigues (Laboratório de Jornalismo Impresso), Anderson Medeiros (Fotografia) e Ricardo Augusto Orlando (Planejamento Visual) D Reportagem, fotografia e edição: Allãn Passos,
Amanda Rodrigues, Ana Beatriz Noronha, Ana Cláudia Garcêz, Camila Dias, Douglas Gomides, Enrico Mencarelli, Fábio Seletti, Fernando Gentil, Izabella Magalhães, Leidiane Vieira, Lorena Caminhas, Luana Viana, Lucas Vasconcellos (Lucas Aellos), Lucas Borges, Lucas Lameira, Luiza Lourenço, Mari Fonseca, Mateus Fagundes, Mayara Gouvea, Olívia Mussato, Paulo Dias, Raísa Geribello, Rodolfo Gregório, Sabrina Carvalho, Sara Oliveira, Simião Castro, Sophia Figueiredo, Tábata Romero, Tabatha Campelo, Thales Vilela Lelo D Projeto gráfico: Enrico Mencarelli, Lucas Lameira, Luiza Lourenço, Mayara Gouvea, Simião Castro, Tábata Romero D Colaboração: Fábio Germano, Neto Medeiros D Impressão: Conceito Gráfica Editora Ltda D Tiragem: 3.000 exemplares. Endereço eletrônico: jornallampiã[email protected]. Endereço: Rua do Catete nº 166, Centro, CEP 35420-000, Mariana-MG.
lampEjos dEsta Edição
Edição: Ana Sophia Figueiredo e Camila Dias
opinião
Diferente Achei a escolha do nome mui-
to interessante, me chamou a atenção. O jornal se destacou en-tre os outros do mercado local. As reportagens deram ênfase à nos-sa região. Mas senti falta de es-portes. Poderia ter mais serviços também, em um sentido de espe-rar o Lampião chegar para saber as oportunidades.
Edmilson Eloy José Rodrigues – balconista
Política claraUm jornal que trouxe a políti-
ca de uma forma clara, que inte-grou as pessoas.
Carlos Alberto Alves – professor
“O que sobrará de Minas Gerais se não for barrado este processo de mineração?”
Aida Anacleto, sobre a reativação da Mina Del-Rey. p. 3
É grande a angústia dos moradores de Mariana com
a execução das obras de transposição do córrego do Catete.
Sobre a construção do túnel bala. p. 6 e 7
“Há vinte anos não tinha ônibus, a gente andava a pé e a luz era de querosene.”
Maria Aparecida de Jesus, sobre o Cabanas. p. 5
“Elas tem que gastar a própria roupa para atender ao serviço público.”
Darcy Carvalho, sobre as varredoras. p. 4
Quem precisa de um jornal laboratório?
Cristiano Vilas Boas
Desde o dia em que a Vale anunciou sua pretensão de rea-tivar a mina de minério de ferro praticamente dentro da área urba-na da cidade, nós, moradores, não tivemos paz. Pressentimos a ame-aça sem conseguir determiná-la com precisão. Só sabemos que o estrago será enorme. Danos ir-reparáveis à nossa saúde, ao nos-so direito de bem-viver, à estrutu-ra urbana já em colapso, ao nos-so patrimônio histórico e ambien-tal. A mineradora nega. Fala em “convivência saudável”, em “miti-gação” dos impactos. Acena com algumas poucas benesses econô-micas. Prega a boa nova do pro-gresso e apela para nossa supos-ta “vocação” para a mineração. Há quem acredite: “Que se tire miné-rio debaixo da Sé se for o caso!” – andam fazendo coro por aí os convertidos à seita do desenvolvi-mento a todo custo.
Como Mamon, o homem que, por causa de sua ambição mate-rial, foi condenado a passar a eter-nidade vivendo sob a forma de um dragão, esses profetas do progres-so vendem a alma para o dragão da vez, que é chinês. Montanhas inteiras, e junto com elas as pes-
soas que nelas vivem, têm sido sa-crificadas em nome do lucro cada vez maior. É que a ambição de um bicho desses não tem fim. Engo-le tudo que vê pela frente. Não é à toa que o símbolo da inflação é justamente um dragão. O do fim dos tempos também.
O dragão é um e sempre o mesmo em todas as Minas: a ex-ploração sem limites. Sem nada que o constranja, exige cada vez mais. Cidades inteiras. Agora quer Mariana, a cidade que vive a ameaça de ser oferecida em sacri-fício a esse dragão desde seu nas-cimento. No seu hino, Mariana já lamenta sua sorte; chora as agres-sões sofridas ao longo dos sécu-los por causa da ambição e da ex-ploração predatória do seu chão e pede socorro.
Cabe a cada um de nós, que es-colhemos essa cidade para viver, defender a Mariana dos cálidos sentimentos, cantada em verso e prosa – a Primaz de Minas. Afinal, Mariana é muito mais que minério de ferro. A história de Minas nas-ceu aqui. Esse chão é berço! Cabe a nós lutarmos para que ele não seja transformado em túmulo.
Cristiano Vilas Boas é estudante de direi-to na Universidade Federal de Ouro Preto
Mariana e o dragão
Fala, Cidadão!
Mais humorExcelente! Sugiro ter mais hu-
mor na próxima edição.Leonardo dos Reis – comerciante
EngajadoA criação do Lampião é uma
mostra de que o curso de Jorna-lismo da UFOP preocupa-se com a configuração de espaços demo-cráticos de circulação das infor-mações, já que a sociedade ne-cessita de veículos independentes como este. Parabéns aos estudantes e professores envolvidos na produ-ção deste importante veículo de in-formação para a comunidade local.
Marta Maia - professora da UFOP
FALE VOCÊ TAMBÉM! para enviar su-gestões de matérias, opiniões e críticas, escreva para [email protected]
CAMILA DIAS
ChargE
LAMPIÃO D MARIANA, JUNHO DE 2011 03Edição: Leidiane Vieira e Simião Castro
Mariana vista de cima: ao fundo, a Vila Maquiné e a área de exploração da Mina Del Rey. Apenas 2km separam a mina do centro da cidade. População teme pela queda na qualidade de vida
Reativação causa controvérsia
MINA DEL REY
AnA BeAtriz noronhA
Na condição de maior minera-dora do mundo, a Vale S.A já mar-cou para 2014 o início da explo-ração da Mina Del Rey, em Ma-riana. O anúncio formal foi feito durante a 11ª reunião ordinária da Câmara de Vereadores, quando o diretor geral da empresa, Artur de Melo, falou sobre o processo exploratório que deve durar cerca de dez anos.
A decisão assusta parte dos habitantes da cidade, que teme os impactos da reativação da mina – em especial os que vivem pró-ximo ao terreno que interessa à companhia. Esse receio resultou na criação da Associação Maria-na Viva, presidida pela vereadora
Aída Anacleto (PT). O objetivo é centralizar as ações das pessoas que se sentem ameaçadas.
Para Aída, trata-se de cumprir a lei e, sobretudo, de respeitar a população de Mariana. “É neces-sário garantir junto aos órgãos competentes o veto à reativação da Mina. O que sobrará de Mi-nas Gerais se não for barrado este processo de mineração?”
Receio
A Vale detém o direito legal de mineração na área da Mina Del Rey. Porém, o problema levantado pelos moradores do condomínio Vila Del Rey, bairros Vila Maqui-né, São Cristóvão e Gogô - onde existe um sítio arqueológico - está relacionado aos impactos da ativi-dade de exploração.
O morador do condomínio Vila Del Rey, Glauco de Freitas, preocupa-se com o abastecimento de água. “Toda parte norte da ci-dade é abastecida pelas nascentes na região de possível exploração. O que vai acontecer com elas?”
A região da mina fica a cerca de 1 km do condomínio Vila Del Rey, e 2 km do centro.
Embalada por discurso desenvolvimentista, Vale decide retomar exploração da Mina Del Rey. Impactos preocupam moradores das possíveis regiões afetadas
AUDIÊNCIA
Dia 22 junho, às 10h30, no Centro de Convenções de Mariana, haverá uma audiência pública para discutir a reabertura da Mina Del Rey.
CAmilA DiAs
A Vale S.A garante que a reativação da Mina Del Rey vai beneficiar a cidade. Em 29 de março, representantes da empresa se reuniram com mo-radores do Condomínio Del Rey para destacar os pontos positivos: geração de empregos, aumento da receita e desenvol-vimento socioeconômico.
Cerca de um mês depois, o promotor Antônio Carlos de Oliveira instaurou inquérito público civil e deu início às in-vestigações em torno da ques-
tão. O ofício argumenta que a poeira, e eventuais explosões, podem prejudicar as edifica-ções dos monumentos barro-cos, tombados como patrimô-nio histórico.
O inquérito alerta ainda para os riscos aos quais o sítio arqueológico do Gogô estará sujeito, pois fica próximo ao empreendimento. Por fim, diz que, hoje, não há como impedir a poluição do ar pelo pó de mi-nério de ferro. Esse tipo de con-taminação atmosférica afetaria diretamente a população.
A cidade ganha o quê?
simião castro
Combustível mais barato
PAulo DiAs
Os preços do etanol e da gasolina sofrem nova que-da em Mariana, seguindo a tendência nacional. A safra da cana-de-açúcar, respon-sável pela oferta de etanol a preços mais baixos, é que provoca a redução.
A Agência Nacional de Petróleo (ANP) registra que, no mês de maio, a queda dos preços do etanol e da gaso-lina comum foi, em média, de 15,8% e 4,2%, respectiva-mente. Em Mariana, o valor acompanhou a queda na-cional no período: o preço médio do etanol passou de R$ 2,44 para R$ 2,11 o litro, enquanto o litro de gasolina caiu de R$ 3,09 para R$ 2,97.
Os fatores que influen-ciam o preço pago pelo con-sumidor são vários. Entre eles, estão a carga tributária, a concorrência e os custos de cada posto de gasolina. De acordo com a Lei nº 9.478/1997, que vigora no Brasil desde 2002, os preços podem ser praticados livre-mente. Não há tabelamento ou necessidade de autoriza-ção para definir o preço fi-nal dos combustíveis.
simião castro paulo dias
ECONOMIA
Jogo de cintura para encher o tanqueluAnA ViAnA
Nos finais de semana em que visita seus filhos em Belo Ho-rizonte, o comerciante Edson Santos aproveita para encher o tanque. Essa foi a alternativa en-contrada por ele para driblar os preços altos dos combustíveis nos postos de Mariana. “É mais vanta-joso abastecer na capital”, diz.
Mesmo com a queda no preço da gasolina, observada em todo o país, quem passa por Mariana descobre que o valor praticado na cidade ainda é abusivo. José Geraldo mora em Itabira e afirma que pagar um preço na faixa de R$ 2,90 por litro é “absurdo”. Ele garante que, na cidade de Juiz de Fora, é possível encontrar o litro
do combustível por R$ 2,67. Afir-ma ainda que não importa a ban-deira do posto – o ideal é abaste-cer onde é mais barato.
Frentista em Mariana há 15 anos, Elizângelo Martins conta que, embora os clientes ainda re-clamem muito, no último mês o preço da gasolina caiu em função da queda do álcool. No estabele-
cimento em que trabalha, o com-bustível chegou a custar R$ 3,12, mas o preço atual é de R$ 2,99.
Segundo Elizângelo, é vanta-joso abastecer com álcool quando ele representa até 70% do valor da gasolina. Para saber se na cidade essa troca faz alguma diferença, basta dividir o preço do álcool pelo da gasolina.
Preço dos combustíveis cai em Mariana, seguindo tendência nacional, mas consumidor ainda precisa desembolsar muito para abastecer veículos na cidade
LAMPIÃO D MARIANA, JUNHO DE 201104 Edição: Luiza Lourenço e Rodolfo Gregório
LIMPEZA URBANA
Varredoras de rua sem proteção Equipamentos de segurança já foram distribuídos para as trabalhadoras, mas muitas ainda não utilizam por falta de fiscalização da Prefeitura
Varredora de rua há cerca de 11 anos, C.P. – como prefere ser identificada – acredita que ape-nas o uso do sapato é importante. Os demais itens a incomodam na hora de realizar as atividades. “Re-ceber, nós recebemos, só não usa quem não quer”, afirma. Segundo a varredora, a maioria de suas co-legas também não gosta de traba-lhar com os equipamentos de se-
gurança. Na opinião de C.P., que sempre compra seu próprio pro-tetor solar, a maior necessidade das trabalhadoras, agora, é um uniforme feito de um tecido mais leve, que não seja quente. “Tenho sempre que comprar roupas para trabalhar”, diz.
Para o diretor de comunica-ção do Sindicato dos Servido-res Públicos de Mariana (Sind-
serv), Darcy Carvalho, é inaceitá-vel que essas funcionárias não te-nham sequer um dispositivo de identificação. “Elas têm que gas-tar a própria roupa para atender ao serviço público”, protesta. Se-gundo ele, falta uma campanha educativa, por parte da Prefeitu-ra, para conscientizar as traba-lhadoras da importância dos itens de segurança de uso obrigatório.
AmAndARodRigues
Uma pá, uma vassoura e um balde. Esses são, na maioria das vezes, os únicos equipamentos que cerca de 55 mulheres usam para limpar as ruas de Maria-na. As varredoras, que trabalham nove horas por dia, não possuem uniforme e são vistas, muitas ve-zes, usando sapatos abertos du-rante a varredura. Além disso, não usam luvas, máscaras e carri-nhos para a coleta do lixo.
Segundo o estudo Varredores de rua: acidentes de trabalho ocor-ridos na cidade de Ribeirão Pre-to, publicado no final da década de 90, em São Paulo, varrer a rua é uma atividade capaz de provo-car doenças. O motivo é a expo-sição constante dos trabalhadores ao sol, vento, chuva, barulho dos carros, além da poeira, que pode penetrar profundamente nos pul-mões e causar irritação crônica.
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), pela Norma Re-gulamentadora n° 6 (NR 6), con-sidera que Equipamento de Pro-teção Individual (EPI) é todo dis-positivo utilizado para proteger o trabalhador de riscos e ameaças à segurança e à saúde.
No entanto, a secretária-ad-junta de Limpeza Urbana, De-nise C. de Almeida, garante que, este ano, todas as funcionárias já receberam o EPI – que inclui sa-pato, luvas, máscara, capa de chu-va, óculos de segurança e boné. Segundo ela, o número de fiscais do trabalho da Prefeitura é insu-ficiente e as funcionárias resistem ao uso do material. A Secretaria pretende organizar palestras edu-cativas sobre o uso do EPI.
FeRnAndogentil
O baixo número de lixei-ras no centro histórico de Ma-riana tem representado proble-mas não apenas do ponto de vis-ta estético, mas também – e so-bretudo – patrimonial. Além de sujar a cidade, o lixo contribui para a degradação das paredes, do chão, das praças.
Alguns moradores acredi-tam que o quadro só será rever-tido a partir da disponibiliza-ção de novas lixeiras pelo poder público – e não apenas de ações de cunho educacional. “A cons-cientização é essencial para que as pessoas parem de jogar lixo na rua, por exemplo. Mas tam-bém é necessário que as ruas possuam lixeiras – para que es-sas pessoas não tenham ‘moti-vo’ para poluir a cidade”, avalia o estudante de economia da Uni-versidade Federal de Ouro Pre-to (Ufop), André Spuri. “O pro-blema do lixo não é só o visual, que já é um problemão, mas ele
também degrada as ruas, pra-ças, a cidade”, assegura.
A arquiteta Débora Queiroz, chefe do Escritório Técnico do Iphan de Mariana, explica que um dos motivos da inexistência de muitas lixeiras na cidade é o vandalismo. Por isso, defende medidas de cunho educacional. “A população brasileira preci-sa ser reeducada, e não somen-te no sentido de parar de atirar lixo nas ruas, mas também de aprender a apreciar e cuidar dos monumentos tombados. Isto in-clui não grafitar ou pichar, não apoiar os pés nas paredes, pintar as casas quando necessário, en-tre outras ações”, explica.
Ela admite que faltam lixei-ras na cidade. “Recentemente, as lixeiras da Praça Cláudio Ma-noel (Praça da Sé) foram subs-tituídas pelo mesmo modelo da praça Gomes Freire. Porém, o município não apresentou um plano mais amplo de implanta-ção de equipamentos”.
Cenas do cotidiano de quem zela pela limpeza e organização da cidade. Um trabalho diário que, muitas vezes, não tem sua importância reconhecida. Nas fotos, varredoras e jardineiros de Mariana
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Lixo descartado de maneira incorreta nas ruas e jardins da cidade
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Faça um exercício: tente se lembrar da última vez que jogou algum lixo no chão. Foi há 20 mi-nutos? Talvez até se canse des-sas palavras e jogue o jornal em qualquer lugar. Agora tente outro exercício: lembra da última vez que prestou atenção a uma var-redora de rua, ou ao gari que re-colhe o lixo em frente a sua casa? Pois é, talvez não se lembre.
Muitas vezes as pessoas tran-sitam por Mariana sem perceber a ação e o trabalho das chama-das “formiguinhas”. Segundo uma varredora da cidade, que prefere se identificar apenas como Maria Aparecida, elas são chamadas as-sim pela semelhança com o tra-balho desses insetos. “As formigas ficam cortando e cortando as fo-lhas, pouco a pouco, e carregam. Nós ficamos recolhendo o lixo do mesmo jeito, todos os dias, um pouquinho de cada vez”, conta ela, fazendo os gestos com pá e vas-soura em mãos.
José Batista, o Dêzinho, tra-balha no jardim. “Recolho muito lixo, e milhares de folhas de qua-resmeira todo dia”, conta ele, or-gulhoso. Outra formiguinha, que prefere ser chamada apenas por Matilde, trabalha na rua Direita e comenta: “É muita quantidade de papel de bala e bituca de cigarro, é o que mais pego por aí”.
Moradores, como o serven-te Eder Tulio Silva, observam que muitas pessoas passam ao lado das varredoras e, mesmo assim,
jogam as coisas no chão. “Parece que não enxergam essas mulhe-res”, reclama. Para ele, ainda que pareça bobagem, um simples ges-to de jogar um papel de bala no lixo, ou guardar no bolso, mostra o reconhecimento da importân-cia do trabalho dessas mulheres. “Imagina Mariana sem elas? Eu estaria sentado, agora, num mon-te de entulho e lixo”, afirma.
No momento em que você lê esta reportagem, outros traba-lhadores como Dêzinho, Maria
Aparecida e Matilde estão aí, pe-las ruas de Mariana, cuidando de cada canto, cada esquina. Segun-do o Ministério do Trabalho e Emprego, essas pessoas são fun-cionárias da limpeza, e possuem um papel fundamental para dei-xar as ruas limpas e livres de do-enças que podem resultar do lixo acumulado.
Trabalhador invisível faz diferença
Providências
A secretária de Limpeza Urba-na, Denise C. de Almeida, garante que os uniformes já estão em or-çamento. Segundo ela, a demora se deve à burocracia dos proces-sos públicos. “Ainda tem que fazer licitação, para depois fazer a com-pra”, conta. A secretária também assegura que vários protetores solares foram adquiridos e serão distribuídos em breve, mas ainda não há uma data prevista.
“Tenho sempre que comprar roupas para trabalhar”
C.P.
No entanto, também há proble-mas com o tipo de material utili-zado na limpeza. A coleta do lixo é feita em baldes comuns, impróprios para o manuseio nas ruas e não em carrinhos próprios. Segundo De-nise, os carrinhos com rodas de borracha não são mais utilizados porque os moradores da cidade teriam reclamado do barulho. Ela admite que é preciso obter novos carrinhos, mais confortáveis, para as varredoras, mas não há previ-são de compra do material.
Para a secretária de Limpeza Urbana, é preciso mudar a cultura das trabalhadoras. “Acho que te-rei de tomar medidas mais enérgi-cas quanto ao uso dos equipamen-tos.” Ela acredita que, mesmo as-sim, vai ser preciso contar com a ajuda de um técnico de segurança do trabalho, só para atender às ne-cessidades da Secretaria-Adjunta de Serviços Urbanos (Sasu), que tem cerca de 300 funcionários.
Lixo polui centro histórico
Fotos: ana Beatriz noronha
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LAMPIÃO D MARIANA, JUNHO DE 2011 05Edição: Lucas Aellos e Paulo Dias
Falta de condições vira negócioExpansão desenfreada e sem regulamentação no Complexo Cabanas deixa moradores da região expostos ao risco, sem esgoto, luz ou depósito de lixo
Izabella Magalhães
A expansão do Complexo Caba nas é feita sem regulamentação. Desde 2008, a região que fica entre o bairro Cabanas e o Santa Rita, chamada Cabanas II, é ocupada sem aprovação legal. O terreno está na área de preservação permanente do Parque Estadual do Itacolomi. Mas a posse é da CNP Agricultura e Pecuária Ltda.
Hoje existem cerca de 180 famílias no terreno ocupado. Muitas casas estão sendo construídas, e pequenas porções de terra têm sido loteadas. Segundo o presidente da Associação de Moradores do Bairro Cabanas, Raimundo Silvestre, a situação é caótica. “O esgoto é jogado direto nas ruelas que eles abriram, só tem luz porque os moradores fazem gato, o lixo é depositado numa vala do lado das casas”, explica.
LevantamentoA equipe de reportagem do
Lampião foi até o local e constatou que, além da falta de saneamento básico, existe outro problema grave: muitas pessoas que poderiam investir em áreas legais estão construindo casas no terreno. Segundo levantamento feito pela Prefeitura em 2010, apenas 36% dos moradores tinham renda inferior ou igual a R$ 140. “Tem gente que vendeu casa no bairro ou alugou e foi construir barraco na ocupação. Gente que não precisa, que está fazendo negócio para ganhar dinheiro”, denuncia Raimundo Silvestre. Algumas casas já possuem placa de “vendese”. E, muitas vezes, o que está à venda é um imóvel que não pertence legalmente a quem faz a oferta.
“O que não pode é aceitar a falta de dignidade humana.
Ratos, lixo e crianças disputam o espaço. Isso não
é vida”Raimundo Silvestre
O levantamento inicial da Prefeitura não teve continuidade e não gerou resoluções. De acordo com o coordenador de habitação da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, Marcelo Silva, essa situação é decorrente da instabilidade política. Para
ele, é difícil elaborar projetos com essa troca de prefeitos. “Você não sabe se vai ter seu emprego daqui a um ano”, diz.
Os barracos erguidos no Cabanas II são simples. Algumas pessoas vieram da área rural, sem renda alguma. Mas nem todos chegaram nessa situação. Seguindo a ruela principal e virando à direita, por exemplo, é possível ver uma nova construção. Muros altos de concreto e um lote grande – todo assentado por máquinas próprias para o trabalho – mostram que alguns moradores têm condições de construir em terreno regularizado. Marcelo Silva explica que, como o terreno pertence a CNP, a Prefeitura não tem
condições de agir. Por outro lado, admite que o Executivo municipal nunca fez contato com a empresa para tratar do assunto. “Oficialmente, não há nenhuma ação em curso sobre a situação no Cabanas II”, afirma.
O chefe de Departamento de Regularização Fundiária do município, Thiago de Castro, acredita que uma ação virá em algum momento, mas não para oficializar a ocupação. Para ele, a retirada das famílias que precisam de auxílio é o mais urgente.
Segundo o presidente da Associação de Moradores do Cabanas, Raimundo Silvestre, o Ministério Público pode pressionar o poder municipal, para que ele se
posicione sobre a questão. “O que não pode é aceitar a falta de dignidade humana. Ratos, lixo e crianças disputam o espaço. Isso não é vida”, argumenta. Atualmente, Raimundo tenta organizar os moradores, mas alega que a dificuldade é grande, pois muitas pessoas estão apenas fazendo negócio e não se preocupam com melhorias.
De acordo com a legislação brasileira, as diretrizes para uso do solo devem ser apresentadas ao governo municipal. Mesmo sendo área particular, a forma de se usar o espaço tem efeito no que é público. No Cabanas II, não houve nenhuma ação de planejamento ou intervenção. A CNP preferiu não dar declarações sobre o caso.
Fotos: Leidiane Vieira
enrIco MencarellI
Novas casas populares a preços mais acessíveis serão construídas em outras regiões. A promessa é da Prefeitura, que planeja comprar lotes em outros bairros.Porém, a proposta de loteamentos acarretaria um outro problema: nem todos os moradores estão dispostos a desfazer os laços já criados. A moradora Pauliane Silva, de 21 anos, disse à reportagem do Lampião que não troca o Cabanas pelo centro. “Violência tem em todos os lugares, as pessoas têm preconceito. Aqui é muito bom de viver", garante ela.
Os técnicos da administração municipal alertam para as consequências decorrentes da ocupação. De acordo com o Chefe de Departamento de Regularização Fundiária, Thiago de Castro, existe a possibilidade de inundação nas regiões mais baixas. Como até hoje não existe um estudo geológico da área que aponte as providências necessárias para evitar o pior, todos os habitantes da região estão sujeitos aos riscos – tanto quem mora no bairro, quanto aqueles que vivem no entorno das águas.
Um estudo do professor do Departamento de Geologia da Uni
CABANAS
Ocupação irregular é motivo de discussão
Crescimento desregulado afeta Complexo Cabanas. Moradores vivem em uma espécie de cidade paralela, alguns quase nunca se deslocam para o centro
leIdIane VIeIra
O Complexo Cabanas possui posto de saúde, várias lojas de roupa, quadra esportiva, escola municipal e particular, casa lotérica, supermercado e muitos outros estabelecimentos públicos e comerciais. Construindo prédios e casas, abrindo novos negócios, oferecendo novos serviços, os moradores do lugar transformaram o complexo em sua própria cidade – uma cidade paralela à Mariana.
De acordo com o presidente da Associação de Moradores do Bairro Cabanas, Raimundo Silveira, só ali vivem sete mil pessoas – um número significativo, já que a cidade de Mariana tem cerca de 54 mil habitantes, de acordo com o levantamento feito pelo IBGE em 2010. O Complexo é formado pelos bairros Cabanas, Cartuxa, Vale Verde e Santa Rita de Cássia. São tantos os serviços oferecidos que alguns moradores dificilmente vão ao centro da cidade. É o caso de José Geraldo da Cunha. “Vou lá embaixo uma vez por mês, é muito difícil eu ir para a rua. Ir para lá por questão de
Bairro é transformado em cidade paralela
comércio não precisa, tem coisa lá no centro que é mais caro do que aqui. Duas passagens para o centro fica em R$ 3,60. Com esse dinheiro dá para você comprar alguma coisa miúda”, calcula ele.
DificuldadesMoradora antiga, Maria Apa
recida de Jesus ainda se lembra de alguns detalhes do cenário de 20 anos atrás, antes da expansão da região. “Aqui só tinha umas barracas e eu catava lenha para sobreviver. Há vinte anos não tinha ônibus, a gente andava a pé e a luz era de querosene”, relembra.
A dona de casa Maria das Dores Machado também sofreu muito nos primeiros anos que passou no bairro: “Saía para o mato procurando água e lavava roupa em um poço sujo”. Lembra ainda que, durante muito tempo, foi obrigada a levar e buscar os dois filhos na escola carregando no colo o terceiro, que ainda era bebê. Ela assegura que hoje a situação melhorou bastante. Atualmente, está entre aqueles moradores que só se deslocam até o centro de Mariana em casos de muita necessidade.
versidade Federal de Ouro Preto, Frederico Garcia Sobreira, aponta que o escoamento precário na região pode gerar erosões e, consequentemente, a desestruturação do terreno.
Em 1988, quando o processo de ocupação desenfreada dos bairros se intensificou, os gestores municipais não estavam preocupados com o tratamento urbanístico. Segundo Thiago de Castro, foi a troca constante de prefeitos que agravou o problema, na medida em que os administradores faziam “vista grossa” diante das ações irregulares que envolviam a ocupação do lugar.
Sem planos de sair do bairro, moradores aguardam melhorias
Gerações dividem o mesmo espaço
LAMPIÃO D MARIANA, JUNHO DE 201106 Edição: Ana Cláudia Garcêz. Colaboradores: Amanda Rodrigues, Enrico Mencarelli, Lucas Lameira, Luiza Lourenço, Mari Fonseca e Tábata Romero
ESPECIAL
Buracos e crateras causados por falta de manutenção em túnel ameaçava trânsito e casas do bairro Vila do Carmo
Problemas na região do bairro Vila do Carmo já davam sinais há muitos anos. Segundo os moradores, desde o loteamento do
espaço, há mais de vinte anos, a ocorrência de buracos nas ruas era constante. “A Prefeitura vinha, tapava os buracos e pouco depois eles estavam novamente expostos”, diz a empresária Nanci J. M. Barbosa.
A obra de canalização e drenagem do Córrego do Catete foi realizada pela Prefeitura na década de 1980 para construção do bairro Vila do Carmo e da Avenida Nossa Senhora do Carmo. Em fevereiro de 2009, uma cratera se abriu na rua Hélvio Moreira e, em uma semana, revelou as consequências dessa obra: o espaço entre a superfície e a tubulação estava oco, ameaçando casas e ruas. Para os moradores, os problemas apenas começavam.
A empresária Nanci J. M. Barbosa acredita que o problema já existia há muito tempo. O asfalto cedia pouco a pouco e os buracos na rua eram mais frequentes. A Prefeitura realizava obras paliativas. Porém, o sistema nunca passou por manutenção adequada. Segundo ela, quando comprou seu terreno, no início dos anos 1990, não lhe informaram que a região havia sido drenada. “Se soubesse disso nem teria
Transtornos vivenciados pelos moradoresMuitos foram os transtornos causados
à professora Maria da Conceição Alves en-tre janeiro de 2008 e fevereiro de 2009. Mo-radora do bairro Vila do Carmo, ela viu, do dia para a noite, o asfalto em frente à sua casa ruir – e uma grande cratera se abrir na rua Hélvio Moreira. Mesmo com as dificul-dades pelas quais passou, afirma que não quer sair da casa.
Lampião: Como começou o problema?
Maria da Conceição: De repente. No final de 2008, começaram a aparecer uns buracos (na rua). No dia do meu aniversário, 16 de janeiro, eu estava chegando de viagem, cho-veu muito e, no lote aqui do lado, havia um banheiro que caiu, afundou. A partir daí o buraco foi aumentando cada dia mais. Nós tivemos que sair às pressas da casa, que foi interditada pela Defesa Civil. Nós ficamos dois anos fora de casa.
L.: Desde quando vocês moram no local?
M.C.: Eu mudei para Mariana em 2000. Em 1995, a gente comprou o lote. Não tinha quase nada aqui, pouquíssimas casas. Fo-mos os primeiros moradores. Nós e o hotel.
Esse loteamento era da Prefeitura. Nós com-pramos o lote da mão dela. Quando a gente comprou eu não sabia que passava o córrego aqui embaixo. Aí construímos a casa, levou uns cinco anos. E depois, com o passar dos anos, o problema começou a dar o sinal.
L.: O que a prefeitura fez na época?
M.C.: Eu mudei para a rua Dom Silvério. No início foi bem difícil, mas a Prefeitura assu-miu a dívida dela (pagando o aluguel). Pa-rece que uma das prioridades da Prefeitu-ra era segurar a casa. Ela fez de tudo: inves-tiu, chamou pessoas de fora para fazer o es-coramento. O objetivo deles era não deixar a casa cair. E como a estrutura foi muito bem construída, bem forte, a casa ficou suspen-sa pelas sapatas (parte mais larga e inferior do alicerce). Se a casa caísse, eu acho que eles (a Prefeitura) iam se sentir muito der-rotados.
L.: Hoje a senhora tem medo de morar aqui?
M.C.: Se eu tenho medo? Não. Agora a gen-te está mais seguro porque o córrego vai ser transposto. Eu não tenho medo porque nós tivemos pessoas que avaliaram se a gen-
te estava correndo risco ou não. Tenho um cunhado que é geólogo, ele veio aqui. O pes-soal da Fundação Gorceix também esteve aqui. Eu poderia sair daqui para outro lu-gar, mas não quero. Eu quero a minha casa, que eu fiz, que eu construí, que levei anos para fazer com o meu gosto, comprei o meu material. E vou deixar?
Problema afeta também hotelaria do local
O acesso complicado pela cratera na rua Hélvio Moreira isolou os moradores e dei-xou vazio o Hotel Brasil Real. A proprietária do estabelecimento, Nanci Joventina Moura, estima que perdeu mais de 70% dos hóspe-des, o que ocasionou na demissão de quatro dos dez funcionários.
Neste ano as obras na rua foram concluí-das, o que trouxe de volta o movimento e os empregados do Hotel. Mesmo assim, a em-presária continua apreensiva. “Não me sinto totalmente segura”, relatou.
Para ela, o atraso para solucionar o pro-blema foi causado devido à instabilidade po-lítica da cidade. “Um dia era um prefeito, no dia seguinte era outro. Com quem nós iria-mos reclamar?”, indagou a proprietária do Hotel.
Tubulação situada abaixo da Rua Estrela do Oriente já estava desgastada e ameaçava casas e ruas
comprado o lote”, afirmou.
Solução Após dois anos de discussões e obras
que se arrastavam, a Prefeitura recebeu o apoio técnico da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop ) para investigar as causas e econtrar possíveis soluções para o problema.
Obras de deslocamento do Córrego do Catete têm seis meses para resolver problemas que já duram vinte anosFábio Seletti, MateuS FagundeS e SiMião CaStro
T R A N S P O S I Ç Ã O
ILusTRAção: AMAndA RodRIGuEs, LuCAs LAMEIRA E TábATA RoMERo
LEonARdo RodRIGuEs
Tubulação está corroída,
diz especialistaA Prefeitura de Mariana procu-
rou o professor do curso de engenha-ria civil da Ufop, Romero César Go-
mes, para que ele analisasse os proble-mas que envolvem o Córrego do Catete.
Entre os problemas relatados, Rome-ro Gomes constata que “houve corrosão da
base do tubo” e “distorção e colapso estrutu-ral do teto do tubo” – o teto do tubo cedeu. Por
esses motivos, ele entende que há “comprome-timento integral da canalização existente”. Com isso, o engenheiro recomendou a “construção, em caráter de máxima urgência, de novo sistema de canalização do Córrego do Catete” e a “recupera-ção integral do sistema de canalização em Tubo AR-MCO” – a tubulação antiga.
A análise resultou em um laudo técnico, que se encontra no site da Prefeitura de Mariana - http://www.mariana.mg.gov.br
“Espero
que acabe o mais rápido possível. Tem
atrapalhado bastante os estacionamentos.
A sinalização é falha. Tem também a
questão da poeira.
antônio gabriel FernandeS,Montador de MóveiS
“O loteamento
foi feito em uma área bem degradada.
Eu acho que realmente precisava fazer uma
reforma por causa do risco aos imóveis.”
antônio CarloS doS SantoS,teC. de proCeSSoS de uSinaS
LAMPIÃO D MARIANA, JUNHO DE 2011 07Edição: Ana Cláudia Garcêz. Colaboradores: Amanda Rodrigues, Enrico Mencarelli, Lucas Lameira, Luiza Lourenço, Mari Fonseca e Tábata Romero
É grande a ansiedade dos moradores de Mariana em torno da execução das obras de transposição do córrego do Catete. A empreitada
só foi possível após a aprovação - por sete votos a dois -, pela Câmara de Vereadores, do empréstimo de R$ 13 milhões feito pelo poder municipal ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
O vereador Bruno Mól (PSDB) votou contra a contratação do empréstimo. Ele alega que Mariana possui um orçamento anual de R$ 180 milhões e que, além disso, existe um projeto de suplementação de recursos no âmbito da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, já aprovado pela Câmara dos Vereadores. O projeto previa a liberação de R$ 28 milhões, que viabilizariam o pagamento da obra à vista. “Reconheço a necessidade da obra, mas entendo que o município tem arrecadação suficiente para dispensar o empréstimo.”
O caráter de urgência da obra foi evidenciado há dois anos, quando uma cratera se abriu na rua Hélvio Moreira, revelando o péssimo estado da tubulação, que cedeu. No próximo período chuvoso, há riscos de desabamento na Avenida Nossa Senhora do Carmo e também na rua do Catete – o que levou a Prefeitura a contratar a empresa Completa Engenharia para realizar a transposição do córrego.
Devido à necessidade emergencial da obra, a coordenadora de planejamento da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura, Fernanda Trindade, defendeu a dispensa de licitação. Segundo ela, a medida foi necessária para evitar um desastre no local.
“Em caráter de emergência, a contratação é direta. Senão a obra não é concluída no prazo”, explica, acrescentando que somente a Completa Engenharia domina a tecnologia exigida para as obras do Túnel Bala. “O ganho fundamental nisso é a obra não interferir na vida das pessoas na principal área de acesso da cidade.”
Fernanda afirma ainda que, com o Túnel Bala, o problema será resolvido definitivamente. Segundo ela, a obra deve ser concluída em, no máximo, seis meses, podendo terminar até antes disso.
Relatos de moradores
Os problemas causados pelo envelhecimento da tubulação preocupam os moradores e comerciantes que se estabeleceram no Catete e na Avenida Nossa Senhora do Carmo. “Algumas pessoas que estavam perto do túnel chegaram a falar em mudança”, relata o morador Flavio Raimundo da Cruz.
O morador também comentou que “a informação é de que a avenida inteira estava em risco” e que “uma casa chegou a trincar” – segundo o relato, a construção fica perto da quadra de Society Tairol. Maycon Mendes, gerente do Posto Sorriso, conta que seu patrão, José Geraldo Gomes, também ficou preocupado depois de ouvir do professor de Engenharia da Ufop que, se as obras não fossem realizadas, as casas da região estariam em risco. Entretanto, nem todas as pessoas instaladas na Avenida tem receio, como afirma João Carlos, funcionário da Denimotos, “está tudo tranqüilo”. Ele ressalta que houve diminuição no número de clientes, mas que “talvez não tenha relação com a obra”.
Com orçamento de 180 milhões, Prefeitura de Mariana pede empréstimo de 13 milhões para realizar a intervenção
3
1 Investigação do Terreno: ocorreu a avaliação do local onde está sendo feito o túnel
para conhecer o terreno e definir quais técnicas deveriam ser utili-zadas.
2Poço de ataque (P.A.): aber-tura de 2,5m x 2,5m na su-perfície, por onde entram os
trabalhadores da obra, as ferra-mentas e as peças pré-moldadas que compõem a estrutura do tú-nel subterrâneo.
3Escavação: feita manual-mente, a escavação é realiza-da ao mesmo tempo em que
são montadas as peças pré-mol-dadas.
4Seção: Trecho entre os poços de ataque. Uma seção aberta é sempre mais alta que a an-
terior. Ou seja, a seção iniciada no P.A. 1 está a 11m abaixo da super-fície, enquanto a do P.A. 2 está a 11,5. Assim, consegue-se o desní-vel para que a água escorra.
5Acabamento: após o térmi-no da montagem das peças e concretagem do piso, o es-
paço entre a estrutura e o solo do terreno, acima do túnel, será pre-enchido com solo-cimento.
O PROCESSO
Obras de deslocamento do Córrego do Catete têm seis meses para resolver problemas que já duram vinte anosFábio Seletti, MateuS FagundeS e SiMião CaStro
T R A N S P O S I Ç Ã O
Tubulação está corroída,
diz especialistaA Prefeitura de Mariana procu-
rou o professor do curso de engenha-ria civil da Ufop, Romero César Go-
mes, para que ele analisasse os proble-mas que envolvem o Córrego do Catete.
Entre os problemas relatados, Rome-ro Gomes constata que “houve corrosão da
base do tubo” e “distorção e colapso estrutu-ral do teto do tubo” – o teto do tubo cedeu. Por
esses motivos, ele entende que há “comprome-timento integral da canalização existente”. Com isso, o engenheiro recomendou a “construção, em caráter de máxima urgência, de novo sistema de canalização do Córrego do Catete” e a “recupera-ção integral do sistema de canalização em Tubo AR-MCO” – a tubulação antiga.
A análise resultou em um laudo técnico, que se encontra no site da Prefeitura de Mariana - http://www.mariana.mg.gov.br
é o tempo previsto para a conclusão
da obra.
6 meses
3
4
2
51
“Eu acho que
está sendo um bom serviço. Se não fizer, prejudica tanto os
moradores quanto a gente que depende da avenida. E estão trabalhando sem prejudicar o
serviço da gente.”
eliaS naSCiMento oliveira,ajudante de
ConStrução Civil
LAMPIÃO D MARIANA, JUNHO DE 201108 Edição: Mateus Fagundes e Allãn Passos
Espera por atendimento é grandeMesmo após a readequação do espaço, demora para agendamento de consulta odontológica na Policlínica Dr. Elias Salim Mansur chega até seis meses
SAÚDE
Leidiane Vieira
É grande a fila de espera para aqueles que procuram os servi-ços de odontologia da Policlínia Dr. Elias Salim Mansur, no bairro Barro Preto. Para agendar a pri-meira consulta, é preciso aguar-dar, em média, de três a seis me-ses. As consultas, incluindo os casos de emergência e de retorno, equivalem a algo em torno de 150 atendimentos por dia. Além dis-so, são muitos os pacientes que saem dos distritos e seguem para Mariana, na tentativa de fazer um tratamento dentário.
Atualmente, apenas seis dos onze distritos da região contam com Equipes de Saúde da Família (ESF) – o antigo Plano de Saúde da Família (PSF) –, que oferecem atendimento odontológico. Além disso, é expressivo o número de pessoas que, mesmo vivendo em distritos onde as ESF atuam, têm se deslocado para Mariana. É o caso, por exemplo, da lavradora Maria Aparecida Almeida e da técnica de patologia clínica Ma-rielza Venâncio, que vivem no
distrito de Cachoeira do Bruma-do, onde há ESF. Elas alegam que não conseguem vagas para atendi-mento junto às equipes de saúde da família que trabalham no local.
De acordo com a coordenado-ra do Serviço de Saúde Bucal de Mariana, Eliane Cota, cada ESF dos distritos conta os serviços diários de um profissional. “Mui-tas pessoas não querem aguardar pelo atendimento numa lista de espera e, assim, seguem para Ma-riana, recorrendo ao atendimento de emergência”, explica. Apesar dos transtornos causados pela grande procura, muitas pessoas estão satisfeitas com o atendimen-to da clínica. A dona de casa Flo-
ripes Odete Honoro, moradora do distrito de Padre Viegas, diz que os dentistas são muito atencio-sos. A estudante Noemia Marques também aprova o serviço. “Gostei do atendimento, a dentista é óti-ma, parece que ela me conhece há anos”, comenta.
A clínica odontológica foi transferida no final do ano passa-do para um novo prédio, na Ave-nida do Contorno, próximo ao antigo endereço. Com a mudança, o número de equipamentos dis-poníveis foi ampliado e os servi-ços prestados passaram a ser ofe-
Moradores da cidade e dos distritos aguardam na fila para atendimento e marcação de consultas
lEIDIANE VIEIRA
16dentistas atendem
na Policlínica
ACESSIBILIDADE
recidos em um único local. Antes, o tratamento de canal era realiza-da no antigo Centro Municipal de Medicina Preventiva (Previve), que fica na rua Wenceslau Braz.
Segundo Eliana Cota, há um projeto de Prótese em andamento, previsto para ainda este ano.
Escolas têm problemas para atender alunos com deficiência
Lucas Lameira
As escolas de Mariana encon-tram dificuldades relacionadas a infra-estrutura e qualidade de ensino para atender alunos com deficiência. Se por um lado há es-paço e recurso para o atendimen-to especializado, ainda existem desafios para que as instituições de ensino garantam a inclusão dos alunos que possuem deficiência.
“A escola não está preparada nem mesmo para o aluno sem deficiência”, afirma o vice-diretor da Escola Municipal Wilson Pi-menta, Claudomiro Araújo da Fonseca. A instituição, localiza-da no bairro Santo Antônio, não possui recursos estruturais como rampas, corrimões e banheiros adaptados para facilitar o acesso do aluno com deficiência às insta-lações do prédio. “Era necessário que outros alunos me ajudassem porque os banheiros não eram adaptados para pessoas com defi-ciência”, lembra o ex-aluno da es-cola, Luciano Silva Cipriano.
Mesmo possuindo rampas de acesso para cadeirantes e o auxí-lio de dez monitores para acom-panhar os alunos, a Escola Mu-nicipal Monsenhor José Cota, do bairro Cabanas, enfrenta dificul-dades com a qualidade do ensino. Os monitores, selecionados pela Prefeitura, cursaram apenas o magistério e não possuem o grau de especialização necessário para auxiliar os alunos de forma mais apropriada no ambiente escolar.
“Essa falta de especialização dificulta o trabalho do professor e, consequentemente, o aprendizado do aluno”, afirma Luciléia Siqueira da Silva, mãe da aluna Thaís Apa-recida Celestina dos Santos. Thaís, aluna da segunda série na escola Monsenhor José Cota, tem Sín-drome de Down. Luciléia conta que a filha passou por problemas de adaptação devido à troca cons-tante do quadro de monitores: nos
últimos dois anos, quatro monito-res diferentes acompanharam o desenvolvimento escolar de Thaís.
Para auxiliar aos alunos com deficiência, foi criada na Escola Gomes Freire a Sala de Recursos. O local possui instrumentos para o atendimento a alunos com defi-ciência auditiva, visual, intelectual ou locomotora. São computado-res, jogos e brinquedos pedagógi-cos e alfabetos em braile e na Lín-gua Brasileira de Sinais (Libras). A professora Ercimar de Souza
reduzir o número de automóveis nos centros históricos e melhorar os transportes públicos. Aponta ainda que nem sempre é possível conciliar defesa do patrimônio e acessibilidade. “É uma equação difícil. Ao mesmo tempo em que a Lei obriga a acessibilidade univer-sal nas cidades, muitas vezes essas alterações podem descaracterizar as ruas e edificações tombadas sendo que o tombamento é, tam-bém, previsto em Lei”, argumenta.
Segundo a arquiteta, tornar as vias públicas acessíveis é papel do poder público. “A Prefeitura de Mariana pode, a qualquer tempo, propor programas que visem ao melhoramento da acessibilidade na cidade, já que, de acordo com o inciso 8º do artigo 30 da Cons-tituição Federal, cabe aos muni-cípios ‘promover, no que couber, adequado ordenamento territo-rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano’”.
Reis, responsável pela sala, explica que o trabalho realizado na sala de recursos não substitui o ensino regular, sendo um complemento para o desenvolvimento do apren-dizado do aluno.
A Sala de Recursos é destina-da a estudantes de todas as idades, desde que estejam matriculados no ensino regular. O cadastro para a utilização do espaço pode ser feito em qualquer instituição de ensino. O serviço é oferecido a alunos de escolas públicas.
lucAs lAmEIRA
Única escola com Sala de Recursos, Gomes Freire se destaca na cidade
sabrina carVaLho
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) tem atraído cada vez mais estudantes. Na Univer-sidade Federal de Ouro Preto (Ufop), ela é lecionada no curso de Letras desde o segundo se-mestre de 2010. Só este ano, 72 alunos já se matricularam – um número superior ao registrado no ano passado, de 64 discentes. A Disciplina, obrigatória para o quinto período, é ministrada em duas turmas como matéria eletiva para estudantes de ou-tros cursos.
De acordo com a professo-ra Andreia Rocha, a maior di-vulgação da disciplina foi feita pelos próprios alunos. “Muitas pessoas que cursaram as aulas comentavam com os amigos que se matricularam nesse se-mestre”, explica.
A aluna Maria Luíza de Frei-tas Santos está segundo semes-tre da disciplina e diz que en-controu sua verdadeira vocação no estudo de Libras. A jovem afirma que pretende seguir a carreira de professora de Por-tuguês como segunda língua, nome da cadeira que ensina a língua dos sinais.
Mas o aprendizado de Libras não chama a atenção apenas dos alunos de Letras. De acordo com a professora Andreia Ro-cha, há pessoas de outros cursos que participam das aulas.
Aluno de Ciências Econô-micas, João Vitor Rocha se in-teressou pelo curso porque o ir-mão mais novo tem problemas auditivos. “É a primeira vez que estudo a libras, mas pretendo cursar as três cadeiras disponí-veis”, afirma.
Fernando GentiL
A pouca acessibilidade às vias públicas de Mariana é um pro-blema enfrentado por vários ci-dadãos. Idosos, crianças, cadei-rantes, portadores de deficiência visual, entre outros, precisam de rampas, calçadas planas e respeito dos demais habitantes.
O estudante Luciano Silva Ci-priano é cadeirante e alega que a topografia e o relevo da cidade são grandes desafios. “A maior dificul-dade de andar numa cadeira de rodas na cidade é o fato de haver muitos morros e muito buraco”, diz ele. Luciano também critica as pessoas que nem sempre o res-peitam. “Tem muita gente que en-costa o carro nas rampas de aces-so para deficiente. Isso atrapalha muito a nossa vida”, assegura.
A respeito do assunto, a chefe do escritório técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Ar-tístico Nacional (Iphan), Débora Queiroz, destaca que é preciso
Desafio para os cadeirantes
Curso de Libras na Ufop
LAMPIÃO D MARIANA, JUNHO DE 2011 09Edição: Thales Lelo e Sabrina Carvalho
EsportEs
Alunos da Ufop realizam campeonato de futsal
Torneio incentiva práticas esportivas
Campeonato promove integraçao entre alunos de cursos da Ufop
DATA CRONOGRAMA DAS ETAPAS DOS JOGOS LOCAL
31 de julho
13 e 14 de agosto
20 e 21 de agosto
27 e 28 de agosto
2 e 4 de setembro
10 e 11 de setembro
16 a 18 de setembro
5 de outubro
11 de outubro
20 a 23 de outubro
22 de outubro
15 de novembro
1 a 4 de dezembro
Encerramento das fases municipais
Fase regional Centro Oeste
Fase regional Zona da Mata
Fase regional Norte
Fase regional Leste
Fase regional Metropolitana
Fase regional Sul
Prazo final para inscrição dos Jogos Sesi Estadual e Meeting
Congresso Técnico dos Jogos Sesi Estadual MG
Jogos Sesi Estadual MG
Meeting Estadual de Atletismo e Natação
Prazo final para inscrição dos Jogos Sesi Região Sudeste
Jogos Sesi Região Sudeste
Unidades Sedes
Sesi Divinópolis
Sesi Ubá
Sesi Pirapora
Sesi Manhuaçu
Sesi Betim
Sesi Varginha
GLE - BH
Sesi Betim
Vila OlímpicaSesi Uberlândia
GLE - BH
Vitória - ES
Vila OlímpicaSesi Uberlândia
Mayara Gouvea
As etapas municipais dos Jo-gos Sesi 2011 começam em junho e este ano o objetivo principal da competição é estimular a prática de atividades físicas dentro das fábricas. “A gente quer incentivar os hábitos saudáveis dos trabalha-dores das indústrias de Mariana, Ouro Preto e região”, explica a coordenadora da primeira fase da disputa, Giane Rodrigues.
As fases municipais ocorrem até o final de julho e serão reali-zadas durante três sábados, em datas a serem definidas, mas a competição toda se estende até o ano que vem. São 12 modalida-des de esporte, entre elas futsal, futebol de campo, tênis de mesa, peteca, entre outras, que podem levar os atletas às etapas regional, estadual, nacional e internacional. O Sesi - Mariana espera que um representante de cada categoria consiga chegar, pelos menos, à se-gunda fase da disputa.
Mariana participa dos Jogos Sesi desde 2006. O melhor desem-penho até hoje foi do atleta da mi-
neradora Vale S.A., Elicarlos José de Araújo, que conseguiu chegar até a fase nacional da edição pas-sada, sediada em Salvador, Bahia. Em 2011, a última etapa da dispu-ta será em Goiana (GO).
“A gente quer incentivar os hábitos
saudáveis dos trabalhadores das
indústrias”Giane rodriGues
Este ano são quatro as indús-trias que representam Mariana nos Jogos Sesi: Vale e OPM Em-preendimentos, instaladas na pró-pria cidade; RCT Serviços de Vul-canização, de Ouro Preto, e Delphi Automotive Systems do Brasil, em Itabirito. Em 2010, oito empresas se inscreveram nos jogos. Giane explica que a queda se deve a uma alteração no regulamento da com-petição. “Antes, todos os tipos de empresas podiam participar, ago-ra o regulamento mudou e apenas
as indústrias competem”, diz.Carlos Roberto Oliveira tra-
balha como técnico em mecânica na Vale e há anos disputa no fu-tebol Sete Master, onde cada time possui sete jogadores. Para ele, a mudança afetou os Jogos Sesi de
Jogos promovidos pelo Sesi integram empresas do mundo todo. Em 2011, quatro empresas representam a cidade de Mariana para chegar à fase regional
forma negativa, já que a interação entre os participantes agora está restrita somente aos funcionários de indústrias. “Antes a gente tinha maior contato com as pessoas, agora a gente perdeu a chance de fazer novas parcerias”, avalia.
Atividades físicas auxiliam desenvolvimento escolar
Luiza Lourenço
A prática de atividades físicas frequentemente é associada a há-bitos de vida saudável, prin-cipalmente quando está relacionada à fase de d e s e nv o l v i m e n -to de crianças e adolescentes. No processo de crescimento, praticar es-portes pode contribuir não só para o desenvolvimento do corpo e da mente, como para evolução do comportamento dos jovens.
O professor de Educação Fí-sica da Escola Estadual Dom Silvério, Célio Mol, destaca que a prática esportiva pode influen-ciar diversos aspectos do cotidia-no de crianças e adolescentes.
O primeiro deles diz respei-to à capacidade de socialização. “Através da revelação das habili-dades em um esporte, uma crian-ça que é tímida e tem dificuldade para se relacionar no dia-a-dia, passa a se soltar mais e conse-gue vencer a timidez”, explica.
Outra melhora no cotidiano de
quem pratica ativi-dades físicas está relacionada ao processo de aprendizado e me-mória. O jovem que experimenta algum esporte ou participa das atividades de educação física re-gistra melhoras significativas nos quadros de atenção e raciocínio.
Além disso, tende a aprender melhor uma série de conceitos considerados importantes pelas instituições de ensino, como o respeito aos professores e aos co-legas de equipe. “Cada modalida-de esportiva traz algum valor a ser acrescentado na vida dos jovens. As regras aprendidas em determi-nados jogos servem para que o jo-
vem consiga ser mais disciplinado também em sua vida. Ele apren-
de o espírito de equipe e o valor do esfor-ço para a vitória”, resalta Célio Mol.
Habilidades
Tatyany Patrícia dos Reis cursa o primeiro ano do ensino médio na Escola Estadual Dom Silvério e diz que o esporte abriu cami-nhos para que ela desenvolvesse habilidades em sua modalidade favorita, o vôlei. “Ser atleta de vôlei me proporcionou muitas experiências, como viagens para competições. Além disso, me-lhorou meu desempenho escolar. Penso que as instituições de en-sino poderiam investir mais na prática esportiva. Assim, a parti-cipação e o destaque dos alunos nos times seria maior”, avalia.
Para Célio Mol, a integração de práticas esportivas nas esco-las é muitas vezes impossiblitada pela falta de estrutura. Isto reflete na ausência de quadras adequa-das ao esporte e na falta de uni-formes para as atividades físicas.
douGLas GoMides
Mais de 150 alunos da Ufop em Mariana e pelo menos 19 times estão envolvidos na 16ª edição da Copa Cahis, realizada neste se-mestre. A competição, criada com o intuito de garantir a integração dos alunos dos campi da Univer-sidade no município, atrai cada vez mais estudantes. A primeira edição do campeonato aconteceu em 1999 e, desde então, a Copa vem crescendo e ganhando mais apreciadores entre a comunidade local.
“O grande barato da Copa Cahis é
seu caráter diferenciado.
Todos podem jogar: desde aqueles
que são realmente bons de bola, até
aqueles que só querem juntar
uma turma e participar da Copa”
rafaeL CaMara
Inicialmente, o torneio conta-va apenas com a participação de alunos de História e Letras, do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) da Ufop. Mas com
a criação do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (Icsa) no segun-do semestre de 2008, o campeo-nato foi repensado e remodelado para que pudesse receber os alu-nos do novo prédio.
Rafael Camara, aluno de Jor-nalismo, disputa pela terceira vez o campeonato. Segundo ele, a Copa Cahis consegue integrar, animar e atrair alunos do Icsa e do ICHS. “O grande barato da Copa Cahis é seu caráter diferenciado. A quadra é pequena e os jogos fi-cam muitos mais emocionantes. Sem espaço para grandes firulas e jogadas ensaiadas. Todos podem jogar: desde aqueles que são re-almente bons de bola, até aqueles que só querem juntar uma turma e participar da Copa”, diz.
O aluno Pablo Miranda, do curso de História, é um dos or-ganizadores do torneio. Para ele, apesar das dificuldades, é muito prazeroso ver o campeonato ser realizado todos os semestres no ICHS. “Não temos nenhum retor-no financeiro. Fazemos mais por amor ao esporte”, garante.
Mas apesar do entusiasmo dos participantes e do público, os or-ganizadores avaliam que a com-petição ainda conta com pouco apoio da Ufop. “Seria muito inte-ressante se houvesse um auxilio mais efetivo da Universidade na Copa Cahis. Com essa ajuda, seria possível realizar um campeonato ainda melhor”, afirma Pablo.
Enrico MEncarEli
31/6Encerramento
das fases municipais nas unidades
sedes
Seleção de Mariana aposta em jovensaLLãn Passos
Os jovens jogadores de futebol de Mariana podem comemorar um maior espaço na seleção. Isso acontece porque houve uma mu-dança no trabalho da equipe que representa o futebol da cidade nas competições amadoras da região.
A participação na Copa Estra-da Real em 2011 contou com uma base de atletas que tinham, no máximo, 20 anos. A opção feita pela seleção de Mariana ganhou força e passou a integrar o regula-mento da competição.
A mudança foi vista com bons olhos pelos jogadores e pela co-missão técnica. Mesmo com a eli-minação ainda na primeira fase, o auxiliar técnico do time, Sandro
Arcanjo, aprovou a participação dos jovens. “Claro que o objetivo era passar de fase, mas serviu para esse grupo ganhar experiência para os próximos anos. A grande maioria deles têm idade pra seguir com a gente. O grupo é muito res-ponsável e disciplinado. Trabalhar com os jovens é melhor”, explica.
O meia Thales Assumpção, de 17 anos, disse que apesar da grande responsabilidade que car-rega, o fato da equipe ser formada somente por jovens dá mais con-fiança. “A gente tem mais oportu-nidade e, com o grupo formado só por atletas jovens, o jogador se gente mais à vontade”, explica. O atacante Juninho, de 26 anos, que fazia parte da equipe até o ano
passado, acha essa oportunidade importante para os mais novos, mas aponta um problema: “Fal-tam opções de jogadores com essa faixa etária na cidade. É difícil vencer o campeonato nessas con-dições por causa da estrutura e da falta de atletas nesta categoria”.
De acordo com a Secretaria Municipal de Desportes, a mu-dança de parte da comissão téc-nica ocorre naturalmente a cada ano, mas a base dos atletas será mantida. Apenas 25% dos atletas não terão idade para disputar a competição e a expectativa é de que a continuidade do trabalho possa servir como fator positivo na busca por melhores resultados nas próximas competições.
lucas laMEira
Sara Oliveira
Quando as pessoas andam pe-las ruas de Mariana e se deparam com animais abandonados, sujos, famintos e maltratados, raramen-te pensam em cuidar ou procu-rar um destino melhor para eles. Geralmente, ideias desse tipo só ocorrem às pessoas quando al-gum cachorro revira o lixo ou suja a calçada de alguém. Há quem acredite, porém, que esse tipo de problema pode ser resolvido se cada cidadão fizer a sua parte. É o caso de João Bosco Maciel. Am-bientalista e técnico em veteriná-ria, ele é conhecido na cidade por sua paixão por animais .
Há cerca de dez anos, João Bosco começou a receber telefo-nemas de pessoas que não sabiam
como lidar com seus próprios cães – em especial quando os animais tumultuavam o ambiente em que viviam. Elas pediam socorro e foi assim que ele passou a ajudar várias famílias a lidar com seus animais domésticos. João conhece algumas técnicas de adestramen-to, mas também é chamado para recolher cães abandonados (e, às vezes, até animais silvestres) que vivem nas ruas.
O ambientalista explica que o grande problema é que as pesso-as compram um cachorro filhote e, de certa forma, acabam se desi-ludindo quando o animal cresce. Quando não conseguem outra pessoa para cuidar, acabam sol-tando o cão na rua, transferindo deveres e obrigações para o mu-
nicípio. “A sociedade vê esses cachorros como empecilho, mas quem provocou o problema foi a própria sociedade”, diz ele.
Cansado de se deparar com o abandono e o descaso, João Bos-co resolveu fazer a sua parte para que a cidade se torne um lugar melhor. Recolhe os animais de-samparados e os repassa a quem possa cuidar deles. O problema é que João Bosco só pode recolher animais domésticos apropriados para o repasse a outras famílias – já que não há como se responsabi-lizar permanentemente por todos os animais abandonados no mu-nicípio. O restante fica por conta da Prefeitura, que nem sempre re-colhe e cuida de todos os animais nessa situação.
LAMPIÃO D MARIANA, JUNHO DE 201110 Edição: Douglas Gomides e Enrico Mencarelli
DENÚNCIA
Falta de canil revolta populaçãoAnimais em Mariana e Ouro Preto sofrem com o desamparo e a ausência de locais capazes de oferecer abrigo, alimentação e cuidados básicos de saúde
Inverno exige cuidados com a saúdelucaS aellOS e TábaTa rOmerO
Com a chegada do outono e do inverno, muitos moradores de Mariana sofrem com problemas respiratórios. É assim no país in-teiro. A baixa umidade relativa do ar é um fator que contribui para o aumento das alergias respiratórias e também para a maior incidência de queimadas, dispersando re-síduos que comprometem ainda mais a saúde dos alérgicos.
De acordo com dados da Or-ganização Mundial de Saúde, as alergias atingem, em média, 30% da população mundial. Durante o inverno, o ar frio e a falta de umi-dade ressecam as vias respirató-rias, causando alergias, espirros, bronquite e até sangramentos.
Geraldo Camelo, funcionário público, sofre de rinite e diz que durante o inverno as crises acon-tecem com mais frequência. “Var-rer a casa é o mais difícil. Tenho certeza que vou espirrar por mais de meia hora, sem parar”, diz.
Nessa época, as queimadas são muito comuns. A estiagem resse-ca as plantações e os riscos de in-cêndio são maiores, especialmen-te em função da prática de alguns proprietários de terra, que costu-mam atear fogo em determinadas áreas, para limpar o terreno.
A dispersão dos resíduos e da fumaça é comum durante todas as estações do ano, mas aumenta no inverno devido ao vento forte e ao tempo seco. Asma, conjuntivite, irritação nos olhos e garganta são exemplos de doenças causadas pe-las queimadas.
Twitter é nova aposta da Prefeitura
allãn PaSSOS
Desde o início do ano, a Prefei-tura de Mariana utiliza o Twitter. É mais um meio para a divulgação de informação e também para o contato com a imprensa e a popu-lação. É a primeira conta oficial da Prefeitura no site.
O assessor de comunicação da Prefeitura, Lincon Zarbietti, ex-plica que o objetivo da ferramenta é criar um canal de comunicação entre a Prefeitura e o internauta. “Uma parcela considerável da po-pulação e boa parte dos jornais aqui, de Mariana, já tem twitter. E o nosso Twitter tem feito bastante sucesso. Temos recebido muitas perguntas e comentários”, come-mora.
O assessor afirma que o Twit-ter não eliminou outras formas de comunicação já usadas, mas atua como elemento auxiliar na divul-gação das informações de manei-ra mais ágil.
O estudante de Jornalismo, Marcelo Nahime Júnior já usou o Twitter e aprova a iniciativa. “Acho que a adequação do poder público a essas redes sociais está sendo fundamental para garantir maior interação com a sociedade. Eu enviei um tweet e logo me res-ponderam com os contatos que eu precisava”, conta ele.
Quem se interessar em falar com a Prefeitura pelo Twitter é só seguir @PrefMariana ou acessar www.twitter.com/prefmariana.
Olívia muSSaTO
Kayra, Neston e Baleia vivem bem. Eles têm comida, compa-nhia e uma boa cama para dormir. Mas a realidade não é a mesma para todos os cães em Mariana e Ouro Preto. O comerciante Elógio Pontes cuida com apreço da boxer Kayra e de Neston e Baleia, ambos da raça basset. Os cães são vaci-nados, alimentados com ração e vivem em um espaço adequado. Mas quem sabe o que é feito dos animais sem dono e sem cuida-dos nas duas cidades? Sem canil municipal e sem uma política apropriada, o destino de animais maltratados ou abandonados é in-certo na região.
Em Mariana, o canil está desa-tivado e não há previsão para que a instalação volte a funcionar. De acordo com o setor de Vigilância Epidemiológica e Zoonoses da Prefeitura, o contrato com a em-presa terceirizada PSC terminou em abril deste ano e não há data estipulada para novo processo de licitação. E n q u a n -to isso, os
serviços de recolhimento e de tra-tamento estão suspensos, assim como o encaminhamento para adoção de cães necessitados.
A situação não é diferente em Ouro Preto. Não há recolhimento de animais em vias públicas por-que a Prefeitura não tem carroci-nha. O setor de Controle de Zoo-noses também passa pelos trâmi-tes que envolvem a contratação de uma empresa terceirizada para realizar os serviços.
A situação deixa vários mora-dores da região indignados. Uma das moradoras de Mariana – que não quis ser identificada – cuida há mais de um ano de um cachor-ro encontrado nas ruas e reclama da falta de políticas públicas que zelem pelos animais. “Não há ne-nhum órgão que proteja e evite casos de maus tratos e até surtos de doenças, como parvovirose e cinomose, em animais da cidade. O município deveria atentar para o problema, garantindo o bem estar de cães e gatos encontrados aqui”, ressalta.
Abusos e maus tratos contra animais são considerados crimes ambientais pela Lei Federal nº 9.605 e devem ser comunica-dos à Polícia Militar. Abandonar
animais, mantê-los sem comida por muito tempo ou deixá-los
em lugares impróprios e sem higiene, agressão fí-
sica e envenenamento são exemplos de
maus tratos aos quais diversos
animais estão sujeitos.
Cidadão pode evitar abandono de animais
Olivia MussatO
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Alguns moradores compram filhotes, desistem dos cães quando eles crescem e soltam os animais nas ruas
D Evite fumar ou se expor a ambientes com muita poeira ou fumaça. Cigarro e tempo seco contribuem para problemas respiratórios.
D Evitar ao máximo o contato com bichos de pelúcia, tapetes e produtos que possuam pelos e que possam acumular poeira e ácaros.
Algumas soluções caseiras podem ajudar a combater os problemas desse período do ano. Márcio Alves, doutor em Saúde Coletiva e professor do curso de medicina na Universidade Federal de Juiz de Fora, explica o que fazer para se prevenir das doenças comuns nessa época.
DICAS PARA AMENIZAR O CLIMA SECO DO INVERNO
D No caso de queimadas, mantenha todas as portas e janelas fechadas enquanto há a dispersão de resíduos e fumaça.
D Aumente a ingestão de líquidos. Isso melhora a qualidade das secreções produzidas pelo corpo contra o tempo seco.
D Mantenha o ambiente com circulação de ar. As bactérias ficam mais concentradas em ambientes fechados.
D Umidifique o ar. Se não tiver um vaporizador, pode colocar uma toalha molhada no quarto e estendê-la.
BEM ESTAR COMUNICAÇÃO
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Das garagens para os palcosFalta de regularização e caráter informal dificulta a assinatura de contratos para participação nos principais eventos da cidade de Mariana
Allãn PAssos
Em uma cidade como Maria-na, com tantas opções no campo da cultura, inclusive no cenário musical, as chamadas “bandas de garagem” encontram dificuldades para se manterem em atividade. A Prefeitura, principal fonte de re-cursos para os projetos musicais do município, nem sempre conse-gue atender a todos, e as dificul-dades financeiras para essas ban-das ficam ainda mais evidentes.
Espalhadas pelos bairros e distritos, as bandas de garagem sobrevivem em função do sonho e da expectativa dos músicos - jo-vens, em sua maioria - que bus-cam reconhecimento pelo menos no cenário regional. Na ausência de apoio fixo e garantido, a manu-tenção dos grupos acaba custeada pelos próprios músicos e seus fa-miliares, e pela renda provenien-te das apresentações particulares que realizam.
De acordo com secretário de Cultura e Turismo de Mariana, Cristiano Casemiro dos Santos, a informalidade e o caráter quase impessoal que marca o gerencia-mento desses grupos dificultam as relações comerciais entre a Prefei-tura e as bandas. “A vulnerabilida-de das bandas é muito grande. A formação muda constantemente e os músicos fazem parte de mais de um conjunto ao mesmo tempo. E,
além disso, essas bandas não pos-suem uma atividade reconhecida como algo institucionalizado juri-dicamente”, afirma.
A vocalista e uma das funda-doras da banda Kollares, Neila Ferreira, acredita que as bandas mudam tanto justamente por cau-sa da falta de oportunidades de apresentações. “Muitos músicos fazem parte de mais de uma ban-da em busca de uma renda que considerem justa, já que existe es-paço para todos, mas esse espaço é mal distribuído”, aponta.
O vocalista da Banda Limity Natural, Bruno Ramos, concorda que falta organização nesse conta-to entre as bandas e a Prefeitura. “Deveria haver um planejamento para que todos soubessem quan-do e como fazer contratos com a Prefeitura. Todos deveriam ter oportunidade para mostrar seu trabalho”, defende.
O secretário de Cultura e Tu-rismo orienta as bandas a se ca-dastrarem e se regularizarem como entidades. “Um caminho é procurar a ACIAM, Associação Comercial Industrial e Agrope-cuária de Mariana, e se informar sobre os procedimentos para se tornar empresa jurídica de cará-ter individual”, sugere. A ACIAM auxilia nesse processo, mas, para isso, uma banda não pode ter ren-da anual superior a R$ 36 mil.
A vocalista da Banda Kollares acredita que a regularização das bandas facilitaria esse processo e vê a unificação dos músicos como solução para o problema. “Seria importante sermos regularizados como microempresa, mas o pro-blema é a falta de uma renda fixa. Acho que o ideal seria a criação de uma associação para que ela pu-desse intermediar essa relação e repassar as oportunidades às ban-das, igualmente”, afirma.
O vocalista da Banda Limity Natural concorda com a criação de uma associação, mas acha que o apoio não deve se limitar ao campo financeiro. “As bandas pre-cisam se sentir acolhidas pelo mu-nicípio. Não há mais festivais com essa finalidade e a participação das bandas nas maiores festas da cidade é muito pequena”, avalia.
O secretário da Cultura refor-ça a dificuldade burocrática para contratar as bandas. Segundo ele, sem uma associação ou uma em-presa encarregada de intermediar o negócio, a Prefeitura contrata pessoas físicas. “Os valores dos impostos são maiores, o processo fica bem mais complicado porque se contrata uma só pessoa da ban-da. A partir daí, foge ao controle da secretaria”, explica.
Os contratos para este ano com as bandas já estão sendo feitos e a novidade
é que, desta vez, todos receberão o mesmo valor e farão o mesmo número de shows. Os cadastros das bandas já podem ser feitos na Secretaria de Cultura e Turismo. A participação de cada grupo se dará de acordo com as demandas apresentadas pelos organiza-dores dos eventos na cida-de e nos distritos.
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TábATA RomeRo GARciA
A música habita Mariana. Seja na rua, dentro das igreja, um luau na praça, nas corporações musi-cais. São mais de dez bandas re-gistradas em cartório e pelo me-nos cinco corais. E quem ensinava a música até 28 de maio de 2010 eram pais, tios, avós, amigos e os mestres das bandas. Um ensino artesanal, quase hereditário.
A data marca o início do Con-servatório de Música Mestre Vi-cente Ângelo das Mercês, entida-de destinada ao ensino da música em Mariana. Como consta no site da instituição, o Conservatório nasceu de um “desejo ardente” – dos diretores, regentes, profes-sores e integrantes da Orquestra e Coro Mestre Vicente – de sus-tentar um espaço de comunhão, de lazer e de estudo da música. A tarefa tem sido cumprida em um casarão na Rua da Glória, no cen-tro da cidade.
A iniciativa de instalar o Con-servatório foi de Efraim Leopol-do Rocha, 48 anos, presidente da instituição mantenedora. Moveu recursos, pediu patrocínio, levan-tou o nome do lugar e ainda fez o espaço se multiplicar em quatro. Efraim não é músico, mas é apai-xonado – e talvez o conservatório seja movido à paixão.
A entidade não tem fins lucra-tivos, não tem subsídio do
governo e não tem patrocínio fixo. Sobrevive do auxílio de patroci-nadores e do apoio do deputado federal Vitor Penido (DEM-MG). Também existe uma taxa de ma-nutenção para os futuros músicos. “Cada aluno que pode contribui com dez reais por mês para ajudar na manutenção da casa. Aqueles que não podem não precisam pa-gar a taxa”, diz Efraim.
Logo no início das atividades do Conservatório, as vagas já se esgotaram nos primeiros dias de inscrição. “Seria muito mais fácil adequar um número restrito de alunos às nossas dependências do que ampliar o espaço para atender à comunidade como um todo”, diz o presidente da instituição. Mas, mesmo assim, houve um esforço em adquirir mais espaço para mi-nistrar as aulas.
Hoje, o Conservatório conta com quatro espaços: o central na Rua da Glória, onde fica a admi-nistração e também onde são mi-nistradas as aulas práticas; uma casa na Rua Monsenhor Horta, onde ocorrem as aulas teóricas e de percussão; uma sala na Rua André Corsino, na qual os gru-pos do Conservatório com mais integrantes ensaiam; e um último espaço no bairro da Cartuxa, uma região afastada do centro, onde funciona uma escola de música que atende os moradores locais.
Conservatório consolida trajetória de música
Palavras Cruzadas
TIrINHa
Banda Limity
Natural, do vocalista
Bruno (foto), se mantém com
apresentações em eventos
particulares e recursos próprios
Conservatório traz Painel Funarte de Regencia Coral, inédito em MG
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11Edição: Lucas Borges e Sara Oliveira
LAMPIÃO D MARIANA, JUNHO DE 2011
Solução da edição anterior – Horizontais: 1 - minas Gerais 8 CvrD. 2 - Foice. 3 - rio 8 Halo 8 Jr 8 lan. 4 - mN 8 Congada. 5 - Almei-da 8 mv 8 CP 8 mv. 6 - Ns 8 AT 8 ru 8 ei 8 Chorume. 7 - Guarani 8 ló. 8 - Nau 8 osso 8 Pib. 9 - Carmo. 10 - edil 8 entronizado.Verticais: 1 – marianense. 2 – ls. 3 – Não 8 luci. 4 – mea 8 Al. 5 – schnitger. 6 – mA. 7 – enluarado. 8 – ur. 9 – AG 8 Cm 8 De. 10 – No-vena. 11 – sé 8 ii 8 lT. -12 – JG. 13 – Francisco. 14 – Do. 15 – itacolomi. 16 – CC 8 Pró. 17 - vela 8 Pia. 18 – mm. 19 – De Novembro.
CulTura
HORIZONTAIS:1- (?) do Carmo: curso d`água marianense. 2- Com-panhia. 3- relativo aos des-cendentes de africanos. 4- Dom (?) (?): avô da Princesa isabel. 5- Partido. 6- rua do (?), 166, Centro, CeP 35420-000, mariana-mG: endereço do iCsA - instituto de Ciências sociais e Aplica-das. 7- Argola de corrente. 8- beija-flor. 9- Agremiação como o marianense Futebol Clube. 10- Nascido em mi-nas Gerais.
VERTICAIS:
1 -importante via do centro de mariana. 3 - estilo artís-tico do mestre Aleijadinho. 4- quantidade de anos em um século. 5 - Praça fron-teira a uma igreja; adro. 6 - Faça oração; ore. 7 - Co-loquei data. 8 - Tornar oco 8 “(?) da cara preta”: canti-ga de ninar. 10 - Aquele que trabalha no garimpo.
Solução dessa edição - Horizontais: 1 - ribeirão. 2 - CiA. 3 - Afro. 4 - Pedro i. 5 - ido. 6 - Catete. 7 - elo. 8 - Colibri. 9 - Time. 10 - mineiro. 8 Verticais: 1- rua Direita. 3 - barroco. 4 - Cem. 5 - Pátio. 6 - reze. 7 - Datei. 8 - ocar, boi. 10 - Garimpeiro.
LAMPIÃO D MARIANA, JUNHO DE 201112 Edição: Lorena Caminhas e Tábata Romero
Será que você transita por aqui? AnA BeAtriz noronhA
Quarta-feira de sol forte, 16h37, aquele céu azul lindo, com uma claridade fora do comum e um calor que sussurra aos ouvidos – por favor, uma cachoeira! Um pouco d’água, sossego e, se possível, uma dose menor de tarefas e rotinas cansativas. Passos pra lá, passos pra cá. Aquele barulho de
buzinas que mais parecem gritar na rua em coro com os si-nos que, claro, são mais elegantes; conversas, palavras, mui-tas e soltas pelas esquinas. Mais carros, sinal fechado! Siga...
Siga e pare. Como seria bom parar um pouco, neste meio de semana que não está nem lá, nem cá, esse entre – lugar de afazeres acumulados, o cotidiano fervendo igual ou até mais do que o sol desses estranhos dias de outono, em que
as coisas já deveriam ser outras. Engraçado como o clima, as folhas das árvores, que ainda não caíram, e as tardes ensola-
radas a lembrar os dias mais quentes de verão, parecem tam-bém tão ou mais perdidos e alucinados que nós, a circular
pelas ruas com os dias e a cabeça cheios, deveras cheios.
O trânsito de gente, carros, bicicletas, palavras, pés apressados. Passos contemplativos e até mesmo desligados,
alimentam o dia-a-dia neste centro desta histórica dona Ma-riana, com suas ruas, seus movimentos e suas pessoas. Mas
o sol, que lá de cima parece estar muito mais próximo em tardes tão quentes assim, na verdade tem também uma brisa
boa e uma beleza declarada.
Há detalhes inusitados, imperceptíveis, tão comuns, tão próximos uns dos outros e entre todos esses pedestres, estes
caminhantes que se lançam às ruas todos os dias, indo e vindo... Pras casas, empregos, encontros, saudades, vontades, estudos, pra onde os passos os levam, nos levam e, por vezes,
nos param. É, há algumas paradas obrigatórias entre os cami-nhos e algumas esperas necessárias. 17h20, ponto de ônibus.
Parada, quase obrigatória.
Cabeças encostadas, apoiadas na estrutura que sus-tenta uma pequena cobertura para os que esperam por seus ônibus e por tudo que virá com eles, pos-
síveis destinos. Então transitam gente, transitam carros, transitam os anseios e sim...
Transitam os devaneios, os pensamentos, borbulhando nas mãos inquietas sobre o
joelho, enquanto os olhos miram lá adiante pra ver se o ônibus, já atrasado, resolve apa-recer. Tanto pensamento se movimentando nos olhos se movendo de um lado ao outro, parando um pouco pra descansar sem nem
piscar enquanto fita o terminal turístico...
Sem se expressar em voz, os pensa-mentos movimentam os gestos, os corpos e as expressões. Levantam-se, alguns com
pressa pela agilidade imposta pelos pés que os guiam. Outros perdidos, só observando. Alguns realmente entretidos, lá dentro, nas
mãos que sustentam aquele livro que detém a atenção dos olhos. Alguns ainda flutuan-tes na leveza daquele sorriso. E há aqueles
também submersos, nas mãos segurando a testa e mexendo nos cabelos, tentando sair
por algum lado...
Fotos: AnA BeAtriz noronhA. ilustrAções: AmAndA rodrigues, lucAs lAmeirA e táBAtA romero
Estes e todos aqueles outros, os seus, e até os meus. Atravessam a roleta, miram um lugar pra se
apoiar, sentados ou não, e conti-nuam pulsando rua afora. Rumo
ao fim de tarde em casa; à ligação que irá fazer; à voz que irá ouvir; à bagunça do quarto do filho; ao abraço esperado; às constatações
de hoje; às boas sensações do agora; aos anseios de mudanças; às preocupações com o que virá
ou não; e de tantas outras diversas formas e sentidos pra continuar
a transitar de novo... Amanhã, enquanto esperam.