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INTRODUÇÃO
“A porta da fé, que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na
sua Igreja, está sempre aberta para nós”. Com essas palavras, o Papa Bento XVI inicia a
carta em que proclama o Ano da Fé.
Esse Ano vem para nos confirmar nos trabalhos pastorais que realizamos até hoje
em nossa igreja local e, ao mesmo tempo, despertar uma reflexão e uma pergunta: “As
nossas pastorais, os nossos planos de ação, os programas, as estruturas dos planos da
nossa pastoral de conjunto estão ajudando o nosso povo a crescer na fé?”.
A resposta a essa pergunta poderemos encontrá-la no presente Plano de Pastoral,
resultado de um grande trabalho realizado nas bases da nossa Diocese.
Permito-me unicamente ressaltar a dimensão missionária que perpassa o Plano
todo. Sua intenção é propor para o próximo triênio uma caminhada que leve em
consideração os vários segmentos da nossa ação pastoral: as famílias, os jovens e a
formação de lideranças.
As palavras do Documento de Aparecida continuam sendo um grande incentivo
nessa direção missionária: “A Diocese, em todas as suas comunidades e estruturas, é
chamada a ser “comunidade missionária”. Cada Diocese necessita fortalecer sua
consciência missionária, saindo ao encontro dos que ainda não creem em Cristo no
espaço de seu próprio território e responder adequadamente aos grandes problemas da
sociedade na qual está inserida. Mas também com espírito materno, é chamada a sair em
busca de todos os batizados que não participam na vida das comunidades cristãs” (DAp.
168).
Que este Plano de Pastoral seja ponto de referência para toda a Diocese e nos
ajude a trabalhar em vista da comunhão, trilhando as mesmas metas e objetivos; seja um
instrumento precioso para que as portas da nossa Igreja permaneçam sempre abertas, a
fim de que mais batizados encontrem nela segurança e revigoramento na própria fé.
Dom José Negri, PIME
Bispo Diocesano de Blumenau
2
CONCÍLIO VATICANO II DE TODOS NÓS!
Dando graças a Deus, de 2012 a 2015 celebramos o Jubileu de Ouro do Concílio
Vaticano II. Ao convocar este maior acontecimento da Igreja no século passado, o Papa
João XXIII o anunciou como verdadeira primavera renovadora no campo pastoral. No pós-
Concílio vivemos, de fato, verdadeiro Pentecostes, num ímpeto de comunhão e
participação, na missão evangelizadora. Atualização, renovação, diálogo amplo,
tornaram-se realidades presentes nos diversos níveis da Igreja.
Passados 50 anos, os tempos são outros; estamos em nova época! Novas
respostas devem ser dadas aos desafios de hoje, pela Igreja que precisa se renovar,
sempre mais, no vigor missionário e no compromisso concreto de amor a Deus e ao
próximo.
O PLANO DE PASTORAL da amada Diocese de Blumenau procura oferecer
respostas aos novos desafios. Somos convocados à “nova evangelização para a
transmissão da fé cristã na atualidade, com novo ardor, novos métodos, novas
manifestações”, a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Diocese
discípula, missionária, profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz
da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, rumo ao
Reino definitivo do Pai!
Na realização deste verdadeiro mutirão evangelizador, a Diocese toda estará
vivendo, de forma esplêndida, o Jubileu de Ouro do Concílio Vaticano II. Que a Mãe de
Jesus, da Igreja, nos ajude, sendo nossa inspiradora na caminhada!
Dom Angélico Sândalo Bernardino
Bispo Emérito de Blumenau
3
OBJETIVO GERAL DA AÇÃO EVANGELIZADORA
A Diocese de Blumenau em comunhão com as Diretrizes Gerais da Ação
Evangelizadora da Igreja no Brasil e em unidade com Regional Sul IV da CNBB tem como
objetivo geral:
EVANGELIZAR,
A PARTIR DE JESUS CRISTO E NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO,
COMO IGREJA DISCÍPULA, MISSIONÁRIA E PROFÉTICA,
ALIMENTADA PELA PALAVRA DE DEUS E PELA EUCARISTIA,
À LUZ DA EVANGÉLICA OPÇÃO PREFERENCIAL PELOS POBRES,
PARA QUE TODOS TENHAM VIDA (Jo 10,10),
RUMO AO REINO DEFINITIVO.
I. PARTIR DE JESUS CRISTO
“Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram
reunidos os Onze e os outros discípulos. E estes confirmaram: Realmente, o Senhor
ressuscitou e apareceu a Simão!´” (Lc 24,33-34).
1. Depois que Jesus se fez conhecer aos discípulos de Emaús, como amigo, com sua
Palavra, com o convívio à mesa, Jesus desaparece. A ausência dele, porém, não é
uma pura e simples ausência. Ela abre o espaço para as premissas de um novo
tipo de presença, que não é mais externa aos discípulos, mas é, por assim dizer,
interiorizada. A nova realidade, criada por Jesus nos discípulos, começa a se
expressar em um novo estilo de vida: os discípulos tomam distância de suas
esperanças ambíguas, dos seus projetos, do cansaço, das preguiças. Um novo
ardor invade o coração deles e os enche de alegria. Quando já é noite, eles não
mais temem a escuridão, as inseguranças e os medos, não estão mais
preocupados consigo mesmos, pelo próprio descanso. Dirigem-se às pressas a
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Jerusalém e todos são envolvidos por uma missão que os fascina e os impulsiona
a lançar-se.
2. As relações dos discípulos também mudam, elas são envolvidas nesta nova
realidade que experimentaram no encontro com o Ressuscitado. Eles não ficam
sozinhos e à parte, mas sentem a necessidade de comunicar um ao outro; não
como fizeram antes, as amarguras as decepções, mas incentivar-se,
reciprocamente, com a lembrança do coração que ardia, e o encontro com Jesus
tinha suscitado neles. Eles sentem a necessidade de voltar correndo a Jerusalém
para contar o que eles viveram, para se agregar de novo à comunidade dos
discípulos, preparando-se para a missão de serem testemunhas do Ressuscitado
até os confins da terra.
3. Se nós entendemos o que foi a experiência dos discípulos, se os acompanhamos
através do caminho destes dois anos (2010 – Ano da Palavra; 2011 – Ano da
Liturgia), se percebemos que nestes anos descobrimos que Jesus é a verdade, a
esperança, a salvação de nossa vida, não podemos somente aderir a sua pessoa,
mas deveríamos sentir profundamente a urgente necessidade de comunicar aos
outros a nossa descoberta.
4. Se entendermos de verdade que Jesus não é um homem qualquer, mas aquele
que conhece a plena verdade do homem, a minha verdade e aquela de cada um,
não podemos permanecer indiferentes diante de tantos irmãos e irmãs que vivem e
trabalham, sofrem e morrem sem conhecer e sem ter encontrado o próprio Jesus.
Sentimo-nos, então, impulsionados a nos tornarmos testemunhas do Ressuscitado.
5. É Jesus mesmo quem convida os seus discípulos a serem missionários e
testemunhas. É emocionante e, de certa responsabilidade, também saber que o
próprio Cristo pede a nossa livre colaboração para alcançar a todos.
6. Duas palavras de Jesus dentre tantas palavras que ele falou a respeito da missão:
a primeira é extraída de Lucas, capítulo 10. Jesus envia pela primeira vez os
discípulos, dois a dois, aos povoados da Galileia para anunciar o evangelho. Ele
recomenda que sejam pobres, sinceros, simples, capazes de enfrentar as
dificuldades, incompreensões, firmes em testemunhar o evangelho, confiando
unicamente no Pai. Na nossa sociedade tão preocupada pelo bem-estar e pelo
sucesso, Jesus apresenta um estilo de vida sóbrio, simples, que sabe aderir às
coisas essenciais e que sabe ir contra a corrente.
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7. A segunda palavra está contida na página final do evangelho de Mateus. Antes de
voltar definitivamente ao Pai, Jesus ressuscitado envia os seus discípulos pelo
mundo inteiro. Confia a eles uma missão universal, aberta a todos os povos. O
mundo de hoje tornou-se uma aldeia com os meios de comunicação. Tem-se,
portanto, uma explosão em sentido muito universal de notícias, de interesses. Mas
é o tempo também das discriminações raciais, das injustiças que as nações
desenvolvidas cometem contra as que estão em vias de desenvolvimento, das
divisões entre classes sociais e da corrida aos armamentos. O discípulo de Jesus
encontra no evangelho um anúncio de fraternidade e de paz que deve anunciar ao
mundo inteiro, a todos os homens e mulheres.
II. A REALIDADE QUE NOS DESAFIA
8. Vivemos hoje uma realidade marcada por grandes mudanças. Como discípulos de
Jesus Cristo, sentimo-nos desafiados a discernir os “sinais dos tempos”, à luz do
Espírito Santo, para nos colocar a serviço do Reino, para que todos tenham vida. A
novidade dessas mudanças é que elas têm alcance global. A utilização dos meios
de comunicação de massa está introduzindo na sociedade uma visão a respeito da
felicidade, uma percepção da realidade e até uma linguagem, que querem impor-se
como autêntica cultura. Quando as pessoas percebem esta fragmentação e
limitação, costumam sentirem-se frustradas, ansiosas, angustiadas.
9. A realidade traz uma crise do sentido que dá unidade a tudo o que existe e que
chamamos de sentido religioso. Este sentido se coloca através de nossas
tradições, especialmente a religiosidade popular com forte ênfase mariana. No
entanto, essa preciosa tradição começa a diluir-se; já não se transmite de uma
geração à outra como no passado. Ao lado da sabedoria das tradições, localizam-
se agora a informação do último minuto, a distração, o entretenimento, as imagens
dos vencedores que souberam usar a seu favor as ferramentas tecnológicas.
10. Entre os pressupostos que enfraquecem e menosprezam a vida familiar,
encontramos a ideologia de gênero, segundo a qual cada um pode escolher sua
orientação sexual, sem levar em consideração as diferenças dadas pela natureza
humana. Isso tem provocado modificações legais que ferem gravemente a
dignidade do matrimônio, o respeito ao direito à vida e a identidade da família.
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11. Surge hoje uma supervalorização do indivíduo, sem preocupação com critérios
éticos. O individualismo enfraquece os vínculos comunitários. As relações
humanas são consideradas objetos de consumo, conduzindo a relações afetivas
sem compromisso responsável e definitivo. As mudanças culturais alteraram os
papéis tradicionais de homens e mulheres. As novas gerações crescem na lógica
da vida como espetáculo, considerando o corpo como ponto de referência de sua
realidade presente. Têm atração pelas sensações e crescem sem referência aos
valores e instâncias religiosas.
12. Entre os aspectos positivos dessa mudança cultural aparece o valor fundamental
da pessoa, de sua consciência e experiência, a busca do sentido da vida e da
transcendência. Essa ênfase na valorização da pessoa abre novos horizontes,
onde a tradição cristã adquire renovado valor, sobretudo quando a pessoa se
reconhece no Verbo encarnado.
13. A Igreja Católica tem dado testemunho de Cristo, anunciado seu Evangelho e
oferecido seu serviço de caridade principalmente aos mais pobres, no esforço de
promover sua dignidade e também no empenho de promoção humana nos campos
da saúde, da economia solidária, da educação, do trabalho, da cultura, da
assistência, entre outros. Devido à animação bíblica da pastoral, aumenta o
conhecimento da Palavra de Deus e do amor por ela. A renovação litúrgica
acentuou a dimensão celebrativa e festiva da vida cristã centrada no mistério
pascal de Cristo Salvador, em particular da Eucaristia.
14. Estão sendo superados os riscos de reduzir a Igreja a sujeito político, com melhor
discernimento dos impactos sedutores das ideologias. Nosso povo tem grande
estima pelos sacerdotes. Crescem os esforços de renovação pastoral das
paróquias. A Doutrina Social da Igreja tem animado o testemunho e a ação
solidária de leigos e leigas. Alegra-nos o profundo sentimento de solidariedade que
caracteriza nossas comunidades e a prática de compartilhar e de ajuda mútua.
15. No entanto, o crescimento percentual da Igreja não segue o mesmo ritmo que o
crescimento populacional. Lamentam-se algumas infidelidades à doutrina, à moral,
à comunhão. Percebemos uma evangelização com pouco ardor e sem novos
métodos e expressões, uma ênfase no ritualismo sem o conveniente caminho de
formação. Preocupa-nos uma espiritualidade individualista, uma mentalidade
relativista no ético e no religioso. Na evangelização, na catequese e, em geral, na
pastoral, persistem também linguagens pouco significativas para a cultura atual e
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em particular para os jovens. Falta espírito missionário. Enfrentam-se dificuldades
para assumir a sustentação econômica das estruturas pastorais. Alguns
movimentos eclesiais nem sempre se integram adequadamente na pastoral
paroquial e diocesana. Nas últimas décadas, numerosas pessoas perdem o sentido
transcendente de suas vidas e abandonam as práticas religiosas.
III. IGREJA EM ESTADO PERMANENTE DE MISSÃO
16. A Conferência de Aparecida convocou a Igreja na América Latina e no Caribe a
colocar-se em estado permanente de missão: a missão Continental (DAp 551). A
Igreja é, por natureza, missionária. Essa é sua essência e compromisso de
identidade e fidelidade a Jesus Cristo, missionário do Pai, na força do Espírito
Santo, que chamou, formou discípulos e os enviou em missão. A partir de
Aparecida, a Igreja, povo de Deus, comunidade missionária, sabe que está
convocada para a missão, “para que todos os povos tenham vida em abundância”
(Jo 10,10).
17. O próprio papa Bento XVI nos convida a uma missão evangelizadora que
convoque todas as forças vivas, e a condição indispensável é que nos façamos
autênticos discípulos missionários de Jesus Cristo. “Ao chamar os seus para que o
sigam Jesus lhes dá uma missão muito precisa: anunciar o evangelho do Reino a
todas as nações (Mt 28,19). Por isso, todo discípulo é missionário, pois Jesus o faz
partícipe de sua missão, ao mesmo tempo em que o vincula a ele como amigo e
irmão” (DAp 144). Só quem se torna discípulo pode ser missionário e a missão
forma o discípulo. Todos “de modo harmônico e integrado no projeto pastoral da
Diocese” (DAp 169).
18. Começaremos na nossa Diocese valorizando o que já temos nesta perspectiva,
como por exemplo, a religiosidade popular, “aquela rica e profunda religiosidade
popular, na qual aparece a alma dos povos latino-americanos e o precioso tesouro
da Igreja Católica na América Latina” (DAp 258). Essa religiosidade alimenta-se de
profundas expressões de espiritualidade. A religiosidade popular é o
“imprescindível ponto de partida para conseguir que a fé do povo amadureça e se
faça mais fecunda. Por isso, o discípulo missionário precisa ser sensível a ela,
saber perceber suas dimensões interiores e seus valores inegáveis... ela é, em si
mesma, um gesto evangelizador pelo qual o povo cristão evangeliza a si mesmo e
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cumpre a vocação missionária da Igreja.” Em todos os nossos santuários e
paróquias são previstas as festas dos padroeiros com tríduos, novenas, etc. Como
não tornar estes momentos intensos de fé, momentos de profunda espiritualidade e
de evangelização? Pensemos em quantas pessoas que normalmente não
costumam participar das atividades nas paróquias poderemos aproximar numa
festa. Sem falar de outras práticas ligadas mais à tradição popular como
procissões, caminhadas penitenciais, etc.
19. O Documento de Aparecida (DAp 492ss) aponta os novos espaços de
evangelização, isto é, ambientes onde se faz cultura: o mundo da comunicação e
da educação, da política e dos formadores de opinião no mundo do trabalho, o
mundo dos empresários. Além disso, encontramos novos campos missionários e
pastorais que se abrem. Um deles é a pastoral do turismo e do entretenimento, os
clubes, os esportes, o cinema, centros comerciais e outras opções que diariamente
chamam a atenção e pedem para ser evangelizados.
20. Neste contexto não podemos perder de vista a missão específica que nos foi
confiada ao assumir o compromisso missionário com a nossa igreja-irmã de
Humaitá. Que o triênio missionário seja um incentivo para reforçar os nossos
relacionamentos com esta igreja da Amazônia, e multipliquemos os nossos
esforços na ajuda recíproca, levando em consideração que há mais alegria em dar
do que em receber.
IV. IGREJA: CASA DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ
21. Iniciação cristã é um processo pelo qual a pessoa humana é introduzida na
experiência de um “encontro vivo e persuasivo com Cristo”. Isso acontece com o
anúncio de testemunhas autênticas (DAp 280; SC 64).
22. A transcendência é uma das necessidades da pessoa humana. Nascemos todos
com o instinto da religiosidade. É uma força inata que nos impele à transcendência.
Mas isso ainda não é religião. A religião requer um ato consciente e livre da pessoa
humana, não de admitir uma determinada ética, nem de aceitar alguma verdade
doutrinal, mas sim de aderir a uma pessoa, que manifesta o amor de Deus, de uma
forma concreta, doando a vida para salvar a humanidade. Esta pessoa é Jesus
Cristo. A adesão a esta pessoa chamamos Fé.
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23. Na prática, a fé se concretiza como uma teia de relações que, de acordo com o
lugar, a cultura, o jeito de cada povo, vai levando as pessoas a se relacionarem
entre si com gestos de amor (serviço), fortemente arraigados na adesão à pessoa
de Jesus.
24. Isso parecia mais fácil em épocas do passado. Mas, na sociedade de hoje,
constatam-se tantas rupturas, tantos desencontros, tantos desvios que dificultam o
anúncio da pessoa de Jesus. São famílias desestruturadas, instituições sem rumo
definido, pregadores e pregações que apresentam um Cristo que já não é o Cristo
do Evangelho. Constatam-se ainda uma cultura de falsos valores, a relativização
da moral, uma religião intimista, uma igreja institucional, que não é vista como
comunidade, mas “tipo supermercado”, que apenas fornece sacramentos que
interessam às pessoas, em determinados momentos.
25. Diante desta situação e dos desvios gritantes, o Documento de Aparecida (293-
294) é enfático: “A paróquia precisa ser o lugar onde se assegure a iniciação cristã
e terá como tarefas irrenunciáveis: iniciar na vida cristã os adultos batizados e não
suficientemente evangelizados; educar na fé as crianças batizadas em um
processo que as leve a completar sua iniciação cristã; iniciar os não batizados que,
havendo escutado o querigma, querem abraçar a fé” (DAp 293). E segue: “Assumir
essa iniciação cristã exige não só uma renovação de modalidade catequética da
paróquia. Propomos que o processo catequético de formação adotado pela Igreja
para iniciação cristã seja assumido em todo o Continente como a maneira ordinária
e indispensável de introdução na vida cristã e como a catequese básica
fundamental. Depois, virá a catequese permanente que continua o processo de
amadurecimento da fé. Nela se deve incorporar o discernimento vocacional e a
iluminação para projetos pessoais de vida” (DAp 294).
26. Infelizmente, há batizados que, timidamente, exprimem sua pertença à Igreja da
seguinte forma: “Sou católico, mas não sou praticante”. Tais pessoas merecem
pena e perdão, porque, na realidade, não sabem o que estão dizendo. Cristão que
não pratica a vida cristã é uma contradição nos próprios termos.
27. O que espanta é que o número destas pessoas é inumerável. São pessoas que
não participam da Eucaristia, não celebram os sacramentos, não se sentem
inseridos na comunidade eclesial, conhecem superficialmente alguns enunciados
da catequese, não têm consciência da sua missão de ser sal, fermento e luz no
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mundo. E, então, conforme a necessidade social, ou psicológica, ou de
conveniência, buscam esporadicamente algum sacramento.
28. Com espanto, constata-se nas comunidades que, apesar da catequese para
crianças, adolescentes e jovens, as igrejas são menos frequentadas, ano após
ano. De forma alguma, queremos desconhecer ou minimizar as romarias, as
grandes concentrações. Existem na nossa Igreja como em outras denominações.
Devemos analisá-las de forma positiva sem esquecer que devemos também olhá-
las de forma crítica. Até onde vai a religiosidade (que é um instinto) e onde começa
a religião (que é um ato livre e consciente), que decorre da fé (adesão total à
pessoa de Jesus). É a partir daqui, que alguém pode se considerar discípulo
missionário de Jesus. “A messe é grande e os operários são poucos”. É preciso
fazer também das romarias e das concentrações meios de iniciação cristã.
Reconheçamos que o nosso povo é muito religioso. Mas, entre ser religioso e viver
a religião há a necessidade de um processo que chamamos “iniciação cristã”.
29. O dia a dia da pastoral, sobretudo da Catequese, nos convence de que a grande
parte dos que perfazem as etapas da Catequese nas paróquias não ultrapassam o
nível instintivo da religiosidade. O compromisso religioso não é um objetivo. O
objetivo mesmo é atingir o fim de uma etapa, na qual se recebe um determinado
sacramento, mais como sinal social do que como compromisso de fé. É apenas
para apresentar um diploma de uma etapa vencida. Por isso, eventualmente,
recorrem aos sacramentos e, raramente, celebram a Eucaristia. Para celebrar um
casamento, recorre-se à secretaria paroquial, a fim de encaminhar o processo
matrimonial, quando não para pedir licença de realizar a cerimônia num clube. Os
cursos de preparação dos noivos seriam um momento de iniciação cristã. Como
são realizados? Qual o conteúdo? Da mesma forma, os encontros de pais e
padrinhos em preparação para o batismo seriam outro momento de iniciação cristã.
Isso acontece? E por aí afora. Os que trabalham nestes cursos estão preparados
para transmitir o objetivo da Igreja, no que toca à iniciação cristã?
30. A fé é dom de Deus. Não se é cristão por uma decisão ética, nem por causa de
uma ideia, mas pela adesão a um acontecimento, a uma Pessoa: Jesus Cristo. O
grande desafio é o seu seguimento. Mas, como seguir alguém que não é
conhecido? E o que fazer para fazê-lo conhecido? Novamente, buscamos a
resposta na aplicação da “iniciação cristã”.
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31. Hoje em dia, costuma-se falar em formação permanente ou continuada. No nível
acadêmico, definem-se até as etapas posteriores do ensino fundamental:
bacharelado, graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado, pós-doutorado. Em
todas as profissões busca-se cada vez mais o aperfeiçoamento, a especialização.
É edificante ver pessoas altamente especializadas, falando de forma convincente
de assuntos que elas dominam. Por outro lado, é lastimável, quando nos
defrontamos com algumas destas pessoas tendo a coragem de se pronunciar em
termos de conteúdo e de vivência da fé. Dão a nítida impressão de estarem ainda
exibindo “o terninho ou o vestidinho da primeira comunhão”. Mas, quem se
aperfeiçoa para ser esposo, esposa, pai, mãe? O que é formação integral da
pessoa? Podemos afirmar que algum cristão alcançou a formação integral, se não
chegou ainda a um “encontro pessoal com Cristo?”. Isso compreenderia “o cultivo
da amizade com Cristo pela oração, o apreço pela celebração litúrgica, a
experiência comunitária, o compromisso apostólico, mediante um permanente
compromisso aos demais” (DGAE 86). A pessoa humana integral é a pessoa
humana sonhada por Deus. Uma pessoa sem fé, infelizmente, não pode ser dita
“pessoa humana integral”.
32. O contexto em que vivemos é marcado pelo pluralismo e pelo subjetivismo. Tem-
se grande respeito pela individualidade da pessoa, que tem sua liberdade, sua
experiência, sua capacidade, seus valores, sua caminhada cristã pela ação do
Espírito Santo. Cada pessoa é única. Por isso, a importância e a necessidade de
uma atenção e acompanhamento personalizados. O processo de iniciação cristã
não impõe nada, mas respeita a individualidade. A persuasão acontece pelo
testemunho de vida de membros da comunidade e da própria comunidade. Esse
testemunho também desperta e estimula a busca da verdade. Essa é a pedagogia
do Evangelho. “Mestre, onde moras? Vinde e vede! E eles foram, ficaram com
Jesus, fizeram a experiência. Transmitiram a experiência a outros, e estes foram
convidados a se aproximar de Jesus para um contato pessoal e fazer a sua
experiência de Jesus”.
33. Assim funciona o processo da iniciação cristã. “Os discípulos não buscaram, em
primeiro lugar doutrinas, mas o encontro pessoal, o relacionamento solidário e
fraterno, a acolhida, a vivência implícita do próprio Evangelho” (DGAE 89).
Crianças, adolescentes, jovens, adultos, batizados e não suficientemente
evangelizados, os não batizados que querem abraçar a fé; para todos o lugar da
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iniciação cristã é a comunidade eclesial (DGAE 90). O objetivo último é formar
discípulos missionários que basicamente serão exemplos de vida cristã que, pelo
testemunho, se tornam capazes de persuadir a outros a buscar a adesão pessoal e
o encontro com Cristo. A formação destes discípulos missionários deve integrar
cinco aspectos fundamentais: o encontro com Cristo, a conversão, o discipulado, a
comunhão, a missão. Tudo isto deve ter como pano de fundo e, ao mesmo tempo,
como objetivo o próprio objetivo de Cristo, que se fez todo para todos, pão da vida,
tendo preferência pelos mais pobres.
V. IGREJA: LUGAR DE ANIMAÇÃO BÍBLICA DA VIDA E DA PASTORAL
34. Deus se dá a conhecer no diálogo que estabelece conosco. Conclui-se como é
importante que o Povo de Deus seja educado e formado claramente para conhecer
as Sagradas Escrituras na sua relação com a Tradição viva da Igreja,
reconhecendo nelas a própria Palavra de Deus (VD 17-18).
35. Vinculado à iniciação à vida cristã, o atual momento da ação evangelizadora
convida o discípulo missionário a redescobrir o contato pessoal e comunitário com
a Palavra de Deus como lugar privilegiado de encontro com Jesus Cristo (DAp 247-
249). É, pois, no contato eclesial com a Palavra de Deus que o discípulo
missionário, permanecendo fiel, vai encontrar forças para atravessar um período
histórico de pluralismo e grandes incertezas. O mundo fala, mas tem sede da
palavra que guia, tranquiliza, impulsiona, envolve, ajuda a discernir. O mundo tem
sede, portanto, da Palavra de Deus.
36. Ao se curvar diante da Palavra, o discípulo missionário sabe que não o faz
isoladamente. Acolhe o dom da Palavra na Igreja e com toda a Igreja. Assim, a
Palavra é saboreada na gratuidade e na eclesialidade. Quantas comunidades se
nutrem dominicalmente da Palavra de Deus! Quanta riqueza evangelizadora
acontece nos Grupos de Reflexão!
37. São vários os métodos de leitura da Bíblia. A Conferência de Aparecida destacou
a Leitura Orante como caminho de encontro com a Palavra de Deus. Nela, o
discípulo missionário acolhe a Palavra como dom, mergulha na riqueza do texto
sagrado e, sob o impulso do Espírito, assimila esta Palavra na vida e na missão.
38. A Igreja, como casa da Palavra deve, antes de tudo, privilegiar a Liturgia, pois esta
é o âmbito privilegiado onde Deus fala à comunidade. Nela Deus fala e o povo
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escuta e responde. Cada ação litúrgica está, por sua natureza, impregnada da
Escritura Sagrada.
39. A Diocese de Blumenau quer investir cada vez mais na formação de todos os
católicos para que, nas mais diversas formas de seguimento e missão, sejam
agentes deste contato vivo, apaixonado e comprometido com a Palavra de Deus.
Assim, como toda a Igreja, todos os serviços eclesiais precisam estar
fundamentados na Palavra de Deus e serem por ela iluminados. Para que isto
aconteça, algumas atitudes e vivências tornam-se indispensáveis:
40. Em primeiro lugar, nos deparamos com a necessidade de possuir a Bíblia. No
entanto, é necessário também que a pessoa seja ajudada a ler corretamente a
Escritura, “chegar à interpretação adequada dos textos bíblicos e empregá-los
como mediação do diálogo com Jesus Cristo” (DAp 248; VD 73).
41. O Ano da Palavra deu novo impulso à animação bíblica em nossa Diocese.
Despertou nossas comunidades para a leitura orante da Palavra de Deus,
valorizando as celebrações da Palavra e fortalecendo os Grupos de Reflexão. Por
isso, é importante que, nos próximos anos, continuemos a incentivar a “Lectio
Divina” com seus quatro momentos: leitura, meditação, oração, contemplação, que
favorece o encontro pessoal com Jesus Cristo, o Verbo de Deus (DAp 249).
42. Dentre as diferentes formas de animação bíblica da pastoral, sobressaem aquelas
que reúnem grupos de famílias – os nossos Grupos de Reflexão – em torno à
meditação e vivência da Palavra de Deus. O ano de 2012, como Ano da Família
em nossa Diocese e, em comunhão com o Encontro Mundial das Famílias, será um
tempo de grande renovação do ministério junto às famílias de nossas
comunidades, um tempo de missão permanente, onde procuraremos reacender o
ardor pela Palavra e pela Liturgia.
43. Dado que a Bíblia encerra “valores antropológicos e filosóficos que influíram
positivamente sobre toda a humanidade”, é importante favorecer o conhecimento
da mesma “entre os agentes culturais, mesmo nos ambientes secularizados e entre
a educação religiosa (VD 110-111).
44. Investir na animação bíblica da pastoral e em agentes e equipes leva à instituição
e à formação continuada dos ministros e ministras da Palavra. Implica a
“necessidade de cuidar, com uma adequada formação, do exercício do múnus de
leitor na celebração litúrgica (...), com capacitação não apenas bíblica e litúrgica,
mas também técnica” (VD 58).
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45. Em todos os níveis da ação evangelizadora – Diocese, Paróquia, Comunidade –
sejam fortalecidas as iniciativas com a específica missão de propiciar meios de
aproximação de cada pessoa com a Palavra de Deus para entrar em comunhão e
oração com ela; evangelizar e proclamá-la como vida em abundância para todos.
Para isso, o material para os Grupos de Reflexão seja sempre mais valorizado
como instrumento valioso na animação bíblica. Além disso, sejam proporcionados
retiros, cursos, encontros, e outras iniciativas a partir da realidade local.
46. No próximo Triênio Missionário, dentro das comemorações do Cinquentenário do
Concílio Vaticano II, haja a possibilidade de oferecer a todos um contato mais
estreito com os documentos referentes à Palavra de Deus e à Sagrada Liturgia.
VI. IGREJA: COMUNIDADE DE COMUNIDADES
47. As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, citando o
Documento de Aparecida, nos lembram que “a dimensão comunitária é intrínseca
ao mistério e à realidade da Igreja que deve refletir a Santíssima Trindade” (DAp
304), pois “sem vida em comunidade, não há como efetivamente viver a proposta
cristã, isto é, o Reino de Deus. A comunidade acolhe, forma e transforma, envia em
missão, restaura, celebra, adverte e sustenta” (Doc. 94, n.56).
48. A Diocese de Blumenau, segundo os dados (IBGE) do último censo de 2010,
possui 636.171 habitantes. Possuímos 38 Paróquias, 2 Áreas Pastorais e 278
Comunidades. Atuam em nossa Diocese, 6 Congregações Religiosas Femininas e
5 Masculinas e ainda há a presença de uma Comunidade de Vida e Aliança.
49. A Igreja em Santa Catarina nos convida a criar redes de comunidades. É nos
setores e nas pequenas comunidades, como os grupos de família (grupos de
reflexão), as comunidades eclesiais de base, as comunidades territoriais, as novas
comunidades, que acontece o convívio e se favorecem vínculos profundos,
afetividade, interesses comuns, estabilidade e solidariedade nos sonhos, nas
alegrias e nas dores (Plano Regional de Pastoral, n. 75).
50. Para sermos uma Igreja Comunidade de Comunidades faz-se necessário
passarmos de uma pastoral de “conservação/manutenção” para uma pastoral
autenticamente “missionária”. Em vista disso, a Diocese de Blumenau, definiu em
sua última Assembleia de Pastoral que, para o triênio de 2012-2014, viveremos um
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Triênio Missionário, dando destaque à Família (2012), à Juventude (2013) e à
Formação de Lideranças (2014).
51. O Plano Regional de Pastoral lembra-nos que “as paróquias têm papel
fundamental para se tornarem uma rede de comunidades. O valor primordial tem
que ser o diálogo, que permite maior aproximação e caminho permanente de
fraternidade. Na paróquia precisam ser estimuladas as diferentes vocações,
carismas, espiritualidades, movimentos, serviços, ministérios...” (n. 75 c.). “Uma
Igreja ministerial, com atuação forte dos leigos e leigas. A Igreja confia-lhes
espaços de participação, bem como ministérios e responsabilidades, para que
todos vivam o compromisso de batizados” (n.76).
52. Somos convidados a realizar uma verdadeira Pastoral de Conjunto, integrando as
pastorais e movimentos nas atividades propostas para este Triênio Missionário,
animando, assim, nossas Comarcas, Paróquias e Comunidades.
VII. IGREJA A SERVIÇO DA VIDA PLENA PARA TODOS
53. “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). O
texto resume a missão de Jesus e, por extensão, também a missão da Igreja.
Exige que o cristão assuma atitudes, não apenas no que se refere ao anúncio do
imprescindível valor da vida, mas também através de práticas que ajudam a vida a
desabrochar e florescer, em toda a sua plenitude. Em meio a um mundo marcado
por tantos sinais de morte e inúmeras formas de exclusão, “a Igreja, em todos os
seus grupos, movimentos, associações, animados por uma Pastoral Social
estruturada, orgânica e integral, tem a importante missão de defender, cuidar e
preservar a vida, em todas as suas expressões”. O serviço da vida começa pelo
respeito à dignidade da pessoa humana, através de iniciativas como:
a. Promover e defender a dignidade da vida humana em todas as etapas da
existência, desde a fecundação até a morte natural;
b. Tratar o ser humano como fim e não como meio, respeitando-o em tudo o
que lhe é próprio: corpo, espírito e liberdade;
c. Tratar o ser humano sem preconceitos nem discriminação, acolhendo,
perdoando, recuperando a vida e a liberdade de cada pessoa, tendo
presente as condições materiais e o contexto histórico, social, cultural em
que cada pessoa vive;
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d. Olhar especial merece a família, patrimônio da humanidade, lugar e escola
de comunhão, primeiro lugar para a iniciação cristã das crianças, no seio da
qual os pais são os primeiros catequistas. A família é considerada um dos
eixos da ação evangelizadora. A Pastoral Familiar, como os demais
movimentos familiares poderão contribuir para que a família seja, de fato,
lugar da realização humana, de santificação na experiência da paternidade e
filiação e de educação contínua e permanente da fé;
e. Crianças, adolescentes e jovens, que constituem parcela importante da
população, precisam de mais atenção por parte de nossas comunidades
eclesiais, pois são os mais expostos ao drama do abandono e ao perigo das
drogas, da violência, da venda de armas, do abuso sexual, bem como a
falta de oportunidades e perspectivas do futuro. Além da Pastoral da
Juventude, torna-se urgente a Pastoral Universitária como também uma
Pastoral Infanto-Juvenil mais consistente e efetiva em nossas Igrejas.
54. No serviço à vida, a Igreja deve acompanhar as alegrias e preocupações dos
trabalhadores e trabalhadoras. A Igreja deve fazer-se presente nos locais de
trabalho, nos sindicatos, nas associações de classe e lazer. Em nossos dias,
através das diversas pastorais sociais, numa luta contra o desemprego e
subemprego. Merecem uma atenção especial:
a. Os migrantes, forçados pela busca de trabalho e moradia;
b. Os migrantes sazonais, os que constituem mão de obra barata e super
exploração;
c. Vítimas de tráfico de pessoas seduzidas por propostas de trabalho que
levam também a exploração sexual;
d. Trabalhadores explorados pelos métodos de terceirização e vítimas de
atravessadores de mão de obra;
e. Novos migrantes estrangeiros em busca de sobrevivência em nossa Pátria,
muitos vivendo a situação de não cidadania e discriminação. Diante desses
desafios e realidades, é urgente a Igreja acompanhar os migrantes e
refugiados.
55. Promover uma sociedade que respeite as diferenças, combatendo o preconceito e
as discriminações nas mais diversas esferas, efetivando a convivência pacífica das
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várias etnias, culturas e expressões religiosas, o respeito às legítimas diferenças. A
Igreja, como Mãe, deve ser a primeira a se interessar pela defesa dos Direitos
Humanos. Deve estar atenta, porém, para que, nesta luta, não haja manipulação e
distorções prejudiciais à vida plena.
56. É importante educar para a preservação da natureza e o cuidado com a ecologia
humana, através de atitudes que respeitem a biodiversidade e de ações que zelem
pelo meio ambiente. Entre essas ações destaca-se a preservação da água,
evitando sua privatização, mas também do solo e do ar.
57. Incentive-se cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e
leigas nos diversos níveis e instituições, promovendo a formação permanente e
ações concretas nos Conselhos de Direito e em Campanhas populares.
58. Deve haver um empenho na busca de Políticas Públicas que oferecem condições
necessárias ao bem estar de pessoas, famílias e povos. Estas políticas devem
estar voltadas para a defesa e promoção da vida e do bem comum, segundo a
Doutrina Social da Igreja. Atenção especial deve ser dada pela Igreja à Pastoral
carcerária. Faz-se necessária a presença da Igreja junto a numerosa população
reclusa em condições desumanas. É urgente a formação de pensadores e pessoas
que estejam em níveis de decisão, evangelizando, com especial atenção e
empenho:
59. O mundo universitário: uma consistente Pastoral Universitária é necessária em
quase todas as Igrejas particulares;
60. O mundo da Comunicação, garantindo a presença da Igreja no diálogo com a
mentalidade e a cultura contemporânea, à luz dos valores do evangelho.
61. O mundo dos empresários: presença Pastoral junto aos empresários, aos
políticos, aos formadores de opiniões do mundo do trabalho, dirigentes sindicais e
comunitários.
62. No contexto cultural cada dia mais marcado pelo ceticismo diante do
conhecimento da verdade, a evangelização assume o desafio de aproximar a fé e a
razão, através do diálogo atento, atualizado e corajoso com as pessoas de hoje.
63. Este diálogo se faz urgente no contexto eclesial da “nova evangelização”,
mantendo e proclamando com firmeza os elementos essenciais da fé, com adesão
intelectual à Revelação.
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64. Em nosso tempo, cada vez mais leigos e leigas se interessam por sua formação
teológica, também na Doutrina Social da Igreja, tornando-se verdadeiros
missionários da caridade no seio da sociedade secular.
65. Neste ano de 2012, queremos deter-nos sobre a realidade familiar. Afirma o
Documento de Aparecida que “a família está fundada no sacramento do
matrimônio entre um homem e uma mulher, sinal do amor de Deus pela
humanidade e da entrega de Cristo por sua esposa, a Igreja” (nº 433ss). A família
tem origem, tem o seu modelo perfeito, sua motivação mais bela e seu último
destino na comunhão de amor das três pessoas da Santíssima Trindade.
66. Devemos, portanto, assumi-la como um dos eixos transversais de toda a ação
evangelizadora da Igreja, e respaldá-la por uma pastoral familiar intensa, vigorosa
e frutuosa. Trabalhando em favor da família, estaremos trabalhando
contemporaneamente com toda a realidade pastoral da nossa diocese. Coloco aqui
agora algumas pistas de ação que poderão nos ajudar a refletir:
a. Evitar o pessimismo. A um aluno do ensino superior foram apresentadas
algumas questões para responder, e no meio dessas, havia uma questão a
respeito da família. O aluno sem hesitação respondeu que a instituição
família “já era”. Procuremos ao menos, neste ano, ser positivos, e acreditar
que podemos fazer muito em favor da família.
b. A oração em família. Devemos acreditar que quem salva a família é a
oração. Engajar os grupos de reflexão para que alarguem seus raios de
ação atingindo o maior número de famílias.
c. Ação de prevenção. Rever os cursos de preparação para o matrimônio,
fazer uma séria análise sobre os objetivos que queremos alcançar e ver se
os métodos são ainda válidos, ou se necessitam de uma revisão.
d. Realizar um censo na paróquia, através dos pais das crianças da catequese
(por exemplo) para descobrir os casais amasiados que vivem sem o
sacramento do matrimônio e fazer um acompanhamento junto às crianças.
e. Ajudar a família a superar os momentos de crise que podem ocorrer. Pensar
em criar nas paróquias centros de atendimento às famílias com a presença
de psicólogos voluntários que prestem seus serviços atendendo famílias
carentes em todos os níveis.
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f. Incentivar em nossas paróquias a Pastoral dos casos especiais, casais de 2ª
união, proporcionando âmbitos adequados para a acolhida e integração na
comunidade.
g. Integrar os vários movimentos familiares, para que promovam iniciativas
comuns que tenham como alvo a família.
VIII. ANO DA FÉ
O Santo Padre, o Papa Bento XVI, através de sua carta apostólica Porta fidei
(Porta da Fé), proclama o ano de 2012 como o Ano da Fé, que se iniciará em 11 de
outubro de 2012, no 50º aniversário de abertura do Concílio Vaticano II e no 20º
aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica, texto promulgado pelo Beato
Papa João Paulo II, e terminará em 24 de novembro de 2013, Solenidade de Cristo Rei do
Universo. "Será um momento de graça e de empenho para uma sempre mais plena
conversão a Deus, para reforçar a nossa fé n'Ele e para anunciá-Lo com alegria ao
homem do nosso tempo", explicou o Papa.
Para a vivência deste Ano, a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu algumas
indicações para melhor vivermos o Ano da Fé.
1. Em nível diocesano
1.1. Deseja-se uma celebração de abertura do Ano da Fé e uma solene conclusão
do mesmo, em nível de cada Igreja particular, ocasião para “confessar a fé no
Senhor Ressuscitado nas nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro”.
1.2. Será oportuno organizar em cada Diocese do mundo uma jornada sobre
o Catecismo da Igreja Católica, convidando especialmente os sacerdotes, as
pessoas consagradas e os catequistas.
1.3. Cada Bispo poderá dedicar uma Carta Pastoral ao tema da fé, recordando a
importância do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica levando em
conta as circunstâncias pastorais específicas da porção de fiéis a ele confiada.
1.4. Deseja-se que em cada Diocese, sob a responsabilidade do Bispo, sejam
organizados momentos de catequese, destinados aos jovens e àqueles que estão
em busca de um sentido para a vida, com a finalidade de descobrir a beleza da fé
eclesial, e que sejam promovidos encontros com as testemunhas significativas da
mesma.
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1.5. Será oportuno valorizar a assimilação do Concílio Vaticano II e do Catecismo
da Igreja Católica na vida e na missão de cada Igreja Particular, especialmente em
âmbito catequético. Haja empenho renovado por parte das coordenações de
catequese das Dioceses, as quais têm o dever de providenciar a formação dos
catequistas no que diz respeito aos conteúdos da fé.
1.6. A formação permanente do clero poderá ser concentrada, especialmente
neste Ano da Fé, nos Documentos do Concílio Vaticano II e no Catecismo da Igreja
Católica, tratando, por exemplo, de temas como “o anúncio do Cristo ressuscitado”,
“a Igreja, sacramento de salvação”, “a missão evangelizadora no mundo de hoje”,
“fé e incredulidade”, “fé, ecumenismo e diálogo inter-religioso”, “fé e vida eterna”, “a
hermenêutica da reforma na continuidade”, “o Catecismo na preocupação pastoral
ordinária”.
1.7. Os Bispos são convidados a organizar, especialmente no período da
Quaresma, celebrações penitenciais nas quais se peça perdão a Deus, também e
particularmente, pelos pecados contra a fé. Este Ano será também um tempo
favorável para se aproximar com maior fé e maior frequência do sacramento da
Penitência.
1.8. Deseja-se um envolvimento do mundo acadêmico e da cultura por uma
renovada ocasião de diálogo criativo entre fé e razão por meio de simpósios,
congressos e jornadas de estudo, especialmente nas universidades católicas,
mostrando “que não é possível haver qualquer conflito entre fé e ciência autêntica,
porque ambas, embora por caminhos diferentes, tendem para a verdade”.
1.9. Será importante promover encontros com pessoas que, “embora não
reconhecendo em si mesmas o dom da fé, todavia vivem uma busca sincera do
sentido último e da verdade definitiva acerca da sua existência e do mundo”.
1.10. O Ano da Fé poderá ser uma ocasião para prestar uma maior atenção às
escolas católicas, lugares próprios para oferecer aos alunos um testemunho vivo
do Senhor e para cultivar a sua fé com uma referência oportuna à utilização de
bons instrumentos catequéticos, como por exemplo, o Compêndio do Catecismo da
Igreja Católica ou como o Youcat.
2. Em nível das paróquias / comunidades / associações / movimentos
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2.1. Em preparação para o Ano da Fé, todos os fiéis são convidados a ler e meditar
atentamente a Carta apostólica Porta fidei do Santo Padre Bento XVI.
2.2. O Ano da Fé “será uma ocasião propícia também para intensificar
a celebração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia”. Na Eucaristia,
mistério da fé e fonte da nova evangelização, a fé da Igreja é proclamada,
celebrada e fortalecida. Todos os fiéis são convidados a participar dela
conscientemente, ativamente e frutuosamente, a fim de serem testemunhas
autênticas do Senhor.
2.3. Os sacerdotes poderão dedicar maior atenção ao estudo dos documentos do
Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica, tirando daí fruto para a
pastoral paroquial – a catequese, a pregação, a preparação aos sacramentos – e
propondo ciclos de homilias sobre a fé ou sobre alguns dos seus aspectos
específicos, como por exemplo, “o encontro com Cristo”, “os conteúdos
fundamentais do Credo”, “a fé e a Igreja”.
2.4. Os catequistas poderão haurir sobremaneira da riqueza doutrinal do Catecismo
da Igreja Católica e guiar, sob a responsabilidade dos respectivos párocos, grupos
de fiéis à leitura e ao aprofundamento deste precioso instrumento, a fim de criar
pequenas comunidades de fé e de testemunho do Senhor Jesus.
2.5. Deseja-se que nas paróquias haja um empenho renovado na difusão e na
distribuição do Catecismo da Igreja Católica ou de outros subsídios adequados às
famílias, que são autênticas igrejas domésticas e primeiro lugar da transmissão da
fé, como por exemplo, no contexto das bênçãos das casas, dos batismos dos
adultos, das crismas, dos matrimônios. Isto poderá contribuir para a confissão e
aprofundamento da doutrina católica “nas nossas casas e no meio das nossas
famílias, para que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer melhor e de
transmitir às gerações futuras a fé de sempre”.
2.6. Será oportuno promover missões populares e outras iniciativas nas paróquias
e nos lugares de trabalho para ajudar os fiéis a redescobrir o dom da fé batismal e
a responsabilidade do seu testemunho, na consciência de que a vocação cristã “é
também, por sua própria natureza, vocação ao apostolado”.
2.7. Neste tempo, os membros dos Institutos de Vida Consagrada e das
Sociedades de Vida Apostólica são solicitados a se empenhar na nova
evangelização, com uma adesão renovada ao Senhor Jesus, pela contribuição dos
próprios carismas e na fidelidade ao Santo Padre e à sã doutrina.
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2. 8. As Comunidades contemplativas durante o Ano da Fé dedicarão uma intenção
de oração especial para a renovação da fé no Povo de Deus e para um novo
impulso na sua transmissão às jovens gerações.
2.9. As Associações e os Movimentos eclesiais são convidados a serem
promotores de iniciativas específicas, as quais, pela contribuição do próprio
carisma e em colaboração com os Pastores locais, sejam inseridas no grande
evento do Ano da Fé. As novas Comunidades e os Movimentos eclesiais, de modo
criativo e generoso, saberão encontrar os modos mais adequados para oferecer o
próprio testemunho de fé ao serviço da Igreja.
2.10. Todos os fiéis, chamados a reavivar o dom da fé, tentarão comunicar a
própria experiência de fé e de caridade dialogando com os seus irmãos e irmãs,
também com os das outras confissões cristãs, com os seguidores de outras
religiões e com aqueles que não creem ou são indiferentes. Deste modo se deseja
que todo o povo cristão comece uma espécie de missão endereçada aqueles com
os quais vive e trabalha, com consciência de ter recebido “a mensagem da
salvação para comunicar a todos”.
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