Comissão de
Formação do CNLB
Estamos vivendo uma mudança de época, saindo de uma
civilização já construída, para construir outra.
Por isso estamos em crise...
Como é atravessar esse período que vai do que conhecemos para o desconhecido?
Como é
abandonar
uma situação
com a qual
convivemos e
acreditamos
estável de
valores e de
costumes e
construir uma
nova? Como se dá essa mudança? Como é construir uma nova
civilização?
.
De onde partimos sabemos que estamos deixando algo conhecido, e olhando para o final da ponte,
percebemos que nada sabemos do que nos espera. Assim é sair de uma civilização e
construir outra.
Para
entender
melhor
esta
civilização
.
Quando surge a cidade construída por mercadores e
comerciantes lentamente surge também o novo
paradigma civilizacional que vai questionar o
mundo medieval.
Esta civilização na qual vivemos
começou há 1000 anos no ultra- passamento da
sociedade medieval
A Modernidade, um novo modo de pensar, vai questionar a civilização medieval em que as pessoas e o seu trabalho dependiam dos seus
senhores feudais; não tinham liberdade para ir e vir e o que valia eram os valores de nascença e
de honra, de aristocracia..
GRANDES AVANÇOS DA
MODERNIDADE
Na Modernidade, o EU é a medida de
tudo. O HOMEM entende
que com a sua RAZÃOserá capaz de cuidar
de tudo e dará destino a tudo.
Dará impulso à Ciência que vai propiciar uma nova vida. Construirá o melhor dos mundos, o paraíso, aqui e agora.
E vem com a idéia de que não se produz só para as necessidades mas que é preciso criar necessidades, desejos, para que sejam produzidas e lançadas no mercado.
Surge o capitalismo, como economia.Surge o capitalismo, como economia.
A RAZÃO fica a serviço do mercado.
Libera-se a busca
de lucro, a
possibilidade
de juros.
O HOMEM passa a ser um objeto manuseado pelo Mercado que
determina que o seu ser não é o que ele É mas o que ele TEM.
E principalmente, pelo que tem obtido nas vitórias contra o outro, que tem
que ser continuamente vencido, derrotado.
A GRANDE REALIDADE DO MERCADO É: PRODUZIR PARA VENDER E ASSIM CONSUMIR PARA PRODUZIR MAIS
DINHEIRO
A Modernidade torna-se então, a civilização da produção de
mercadoria.
Instrumentalizada, a RAZÃO humana torna-se apenas construtora da mercadoria, do valor de troca.
O Homem Racional, mais que um construtor da felicidade, mostra-se, com o passar do tempo, um
”aprendiz de feiticeiro” que destrava as forças da Razão mas não consegue controlá-las a seu
serviço.
Onde ficou o PARAISO tão prometido pela MODERNIDADE?
A RAZÃO HUMANA além de seus avanços
também levou o mundo à barbárie, carnificina, exploração, à exclusão,
à morte.
Conclusão com o tempo
Como o ser
humano não
está
em primeiro
lugar, valores
como a
fraternidade,
a
solidariedade,
a partilha,
o amor, a
justiça
não contam.
“Todavia perante a evolução atual do mundo, cada dia são mais numerosos os que põem ou sentem com nova acuidade as questões fundamentais: Que é o homem?
Qual o sentido da dor, do mal, e da morte, que apesar do enorme progresso alcançado continuam a existir?
Para que servem essas vitórias ganhas a tão grande preço?
Como pode a RAZÃO HUMANA ser a medida de tudo
se levará o ser humano a não saber
Quem de fato é ?
Cai a onipotência do EU racional, e as grandes soluções dadas pela
racionalidade moderna.
Surgem as crises.
O Estado foi criado para o reordenamen
to das relações
entre homens e mulheres que vivem
em sociedade, para agir pelo bem comum.
Porém, o Estado se revela incompetente para dar as respostas esperadas por Ele.
Não consegue também fazer frente aos poderes paralelos, tanto internamente,
mas muito mais dos grupos em redes internacionais.
Da forma como está organizada sua
Economia, tem sido presa fácil do
poder econômico, das grandes
empresas, do capital financeiro, do
poder econômico do crime organizado.
Por outro lado, vivemos uma perda de legitimidade dos governos, dos parlamentos,
dos partidos políticos, dos processos eleitorais, das ideologias que nos moviam e
até mesmo dos movimentos sociais.Há um desprestígio completo de quem exerce cargo em qualquer um dos três Poderes.
O Estado minimiza o cuidado aos menos favorecidos e maximiza a atenção aos
grandes sistemas econômicos financeiros.
Diminui drasticamente a
força das lutas coletivas
que tanto impulsionaram o Brasil nas últimas décadas.
O aparato burocrático constituiu-se em instância para si, voltado para a busca de seus direitos e do “status quo” e o
aparato repressivo muitas vezes se vê na impossibilidade de
cumprir a sua função.
A democracia representativa pensada numa forma do povo exercer seu poder,
concede apenas aos eleitores serem políticos na hora do voto. A partir daí o eleitor delega aos eleitos
a função de agirem em seu nome.
São necessários outros rituais para que o próprio povo retorne seu ser político e atue da forma mais direta possível no controle
do Estado e seus aparelhos.
. É o alerta de que se nada for mudado não haverá mais condições de vida digna no planeta, sendo irremediável a degradação da espécie humana e das relações humanas que se estabeleceram ao longo dos últimos milênios
Essa crise não é natural,
mas o efeito colateral de um modelo
civilizacional de construção histórica
dos processos econômicos.
Degelo por causa do calor
Efeito estufa
Acúmulo de lixo
A água como mercadoria
Esta crise tem razões na lógica do capitalismo que vem convertendo a concorrência e a busca da produtividade num processo destrutivo
Leva um grande contingente de pessoas a ser massa sobrante,
excluídas e descartáveis.
•A super-exploração da força humana de trabalho
•Eliminação dos direitos sociais
•Trabalhadores/as transformados em animais de trabalho•A relação homem-natureza torna-se predatória
•Cria uma monumental sociedade do descartável.
Como resultado dessa crise no
CRISES INSTITUCIONAIS – A CRISE DA RELIGIÃO
As instituições todas estão
sendo questionadas.
Crise na Religião
Crise
nas
Igrejas
Em épocas de angústia, de muitas interrogações como estamos vivendo, o ser humano se pergunta sobre a razão de sua existência e sente que o sentido
de sua vida tem a ver com profunda aspiração religiosa, mas experimenta
um mundo incapaz de responder a essa necessidade mística e espiritual.
Para nós cristãos, salvação é todo o processo de revelação divina na
história da humanidade, é a história da reconciliação e união com Deus, em
Cristo, no Espírito.
Salvação diz respeito à totalidade do nosso ser e é uma construção demorada, porque somos seres inacabados;nos construímos a todo momento e a todo momento experimentamos a graça de Deus.
Hoje, a nossa relação com Deus a quem servimos sofre uma inversão nessa Crise da Modernidade.
“Em lugar de servir a Deus, a religião passa a servir-se de Deus transformada num espaço para a resolução de
problemas pessoais, consolo, compensação.”
Hoje, o conceito de salvação sofreu um processo de materialização e passou a ser entendida com
cura.
Todos acreditam em Deus, mas
nem todos acreditam nas
instituições que dizem falar em
nome Dele.
Preferem uma religião invisível de pouca
prática e sem adesão total.
Ou ainda constroem um mosaico religioso com pedaços de todo
o tipo de religião.
Por isso não pode ficar parado frente às novas realidades, às crises, às
ofertas do religioso, ao mercado da fé; não pode continuar dando respostas
antigas a questionamentos novos que lhe são feitos.
EM CRISE
O Cristianismo é uma religião, mas também é uma completa visão de mundo. E essa, está em crise.
Fechada em si mesma, ao longo dos séculos, somente com o
Vaticano II se abre ao diálogo com as novas formas de pensar, de
fazer política, com o ecumenismo e outras denominações religiosas. Porém forças internas teimam em reeconduzí-la ao enquadramento
dos séculos passados. Esse descompasso impede seu avanço
dialogal com o mundo e gera crise.
A Igreja se estruturou num mundo rural. Mas a cidade e o urbano venceram. Não é possível mais
manter estruturas que não respondem à vida urbana.
O mundo rural era masculino.Hoje a presença da mulher é marcante.
A autoridade vinha de fora, hoje as pessoas querem ser sujeitos da
sua própria história
Não havia pressa, hoje a velocidade impõem decisões rápidas.
A liturgia deve responder aos anseios do urbano.
O mundo rural
O mundo urbano
Leigos e leigas garantem a Celebração da Palavra onde não há Celebração Eucarística além
de exercerem outros ministérios. Não fosse assim e o
problema do trânsito religioso seria maior.
Um número cada vez maior de leigos/as buscam uma formação mais sistemática e estruturada.
Muitos fazem teologia e se preparam para sua atuação na
sociedade.
luzes
Ainda temos uma parcela do laicato que exerce seus ministérios como sombra dos ministérios ordenados.
Alguns não se movem sem que o padre lhes diga o que fazer.
Não se sentem como sujeitos eclesiais porque pouco entendem de sua vocação laical.
Há ainda os que tem postura autoritária e clerical criando no interno da Igreja uma hierarquia entre o laicato.
Esse desfecho levou à
seguinte realidade;
É nesta situação que lentamente vai-se dando o fim de uma civilização e o começo de outra.
Não há porquê propor grandes projetos para a humanidade se eles tendem ao fracasso.
Perde-se então o
desejo de lutar por
transformações.
Alguns sentem as
mudanças, temem-
nas e buscam acreditar que são
passageiras, que
são conjunturais e
vivem um mundo
mais de fantasia do
que de realidade. Outros se fecham à realidade e não querem perceber as mudanças.
quem souber fazer as perguntas certas, tiver uma análise corajosa da crise e buscar o processo
histórico não para se adaptarem ao NOVO, mas para construírem o NOVO.
Só continuarão existindo no próximo momento civilizacional
É possível construir algo novo e melhor!
Neste momento em que a Modernidade se mostra incompetente para a realização plena do ser humano porque se fecha no EU absoluto, nós cristãos, conforme Jesus Cristo, podemos mostrar o que seja realmente humano.
1- Como é abandonar uma situação com a qual convivemos e acreditamos estável de valores e de costumes e construir uma nova?
2-Como é atravessar esse período que vai do que conhecemos para o desconhecido? As pessoas estão se dando conta disso?
Questões para
o debate
3- Como nós cristãos
podemos mostrar o que
realmente seja
humano na construção do
NOVO?
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