INSTITUTO PEDAGÓGICO DE
MINAS GERAIS
Módulo Básico
Apostila 1 – Metodologia Científica
Coordenação Pedagógica – IPEMIG
Belo Horizonte
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 03
1 O QUE É CIÊNCIA?...................................................................................... 05
2 NÍVEIS DE CONHECIMENTO ...................................................................... 09
2.1 Empírico ..................................................................................................... 09
2.2 Teológico .................................................................................................... 10
2.3 Filosófico .................................................................................................... 11
2.4 Científico .................................................................................................... 12
3 A HISTÓRIA DA CIÊNCIA ATRAVÉS DOS TEMPOS ................................. 14
3.1 Antiguidade ................................................................................................ 14
3.2 Idade Média e Renascimento ..................................................................... 16
3.3 A Revolução Científica ............................................................................... 16
3.4 A Revolução Industrial................................................................................ 18
3.5 O século XX ............................................................................................... 19
4 A CLASSIFICAÇÃO DA CIÊNCIA................................................................ 21
5 FERRAMENTAS DE TRABALHO DO PROFISSIONAL DO
NÍVEL SUPERIOR ........................................................................................... 24
5.1 Conceitos, leis, teorias e doutrinas ............................................................. 24
6 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA .................................................... 30
6.1 Métodos ...................................................................................................... 30
6.2 Técnicas ..................................................................................................... 34
6.3 Formas de pensamento .............................................................................. 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS E UTILIZADAS .......... 41
AVALIAÇÃO .................................................................................................... 42
INTRODUÇÃO
3
Sejam bem vindos aos cursos de Especialização oferecidos pelo Instituto
Pedagógico de Minas Gerais - IPEMIG.
Esforçamos-nos para oferecer um material condizente com a graduação
daqueles que se candidataram a esta especialização, procuramos referências
atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso.
As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras,
afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos
educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou
aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e
provado pelos pesquisadores.
Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos
colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada
está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e
melhorar nosso trabalho.
Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês
são livres para estudar da melhor forma que puderem se organizar, lembrando que:
aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é
demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação
dos nossos/ seus alunos.
Deste modo, o curso em questão tem como objetivo geral oferecer subsídios
teórico-metodológicos para que os ingressantes na especialização possam atuar de
maneira comprometida e adequada, reforçar os conhecimentos daqueles que já
atuam na área, pois sabemos que o mercado atual exige renovação da bagagem
profissional, valorização das novas tendências na sua área de trabalho.
O curso é dividido em dois módulos. No primeiro módulo, teremos três
apostilas/conteúdos considerados básicos que são a Metodologia Científica, a
Didática do Ensino Superior e as Orientações para o Trabalho de Conclusão de
Curso – TCC. O módulo dois será composto de cinco apostilas com conteúdos
específicos à pós-graduação escolhida.
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Nesta primeira apostila nosso assunto é a Metodologia Científica, o que
inclui as suas origens, os níveis de conhecimentos existentes, um pouco da história
das ciências através dos tempos, as ferramentas de trabalho do profissional do nível
superior, os métodos, técnicas e formas de pensamento através dos tempos.
Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos
serem os mais importantes para a disciplina.
São inúmeros os autores que discutem os temas tratados na Metodologia
Científica, optamos por seguir a linha de pensamento de três autores mais
especificamente que são Lakatos e Marconi (2004), Cervo, Bervian e Silva (2007) e
Mattar (2008), mas salientamos que existem inúmeros outros autores que nos
oferecem uma bibliografia rica nesse conteúdo.
Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de
redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico.
Logo após as referências, em todas as demais apostilas do curso, encontra-
se uma avaliação contendo 10 questões fechadas, de múltipla escolha e o
respectivo gabarito. Vocês terão dois meses a contar do recebimento da apostila
para responder as questões, as quais salientamos, encontram-se todas no decorrer
da apostila e enviar suas respostas para o endereço eletrônico abaixo ou via
Correios (ECT).
Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final
da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar
dúvidas e aprofundar os conhecimentos.
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1 O QUE É CIÊNCIA?
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Etimologicamente a palavra ciência vem do latim scientia, que quer dizer por
definição ampla, conhecimento ou reconhecimento. Podemos inferir também que ela
origina do verbo scire = saber. Num sentido mais restrito a palavra ciência nos leva a
um modo de adquirir conhecimento baseado no método científico, ou seja, é o
esforço que o ser humano faz para descobrir e aumentar o seu conhecimento
de
como funciona a realidade.
Segundo Bello (2004) a evolução humana corresponde ao desenvolvimento
de sua inteligência. Sendo assim são definidos três níveis de desenvolvimento da
inteligência dos seres humanos desde o surgimento dos primeiros hominídeos: o
medo, o misticismo e a ciência.
a) O medo: os seres humanos pré-históricos não conseguiam entender os
fenômenos da natureza. Por este motivo, suas reações eram sempre de medo:
tinham medo das tempestades e do desconhecido. Como não conseguiam
compreender o que se passava diante deles, não lhes restava outra alternativa
senão o medo e o espanto daquilo que presenciavam.
b) O misticismo: num segundo momento, a inteligência humana evoluiu do
medo para a tentativa de explicação dos fenômenos através do pensamento mágico,
das crenças e das superstições. Era, sem dúvida, uma evolução já que tentavam
explicar o que viam. Assim, as tempestades podiam ser fruto de uma ira divina, a
boa colheita da benevolência dos mitos, as desgraças ou as fortunas do casamento
do humano com o mágico.
c) A ciência: como as explicações mágicas não bastavam para
compreender os fenômenos os seres humanos finalmente evoluíram para a busca
de respostas através de caminhos que pudessem ser comprovados. Desta forma,
nasceu a ciência metódica, que procura sempre uma aproximação com a lógica.
O ser humano é o único animal na natureza com capacidade de
pensar.
Esta característica permite que nós, os seres humanos, sejamos capazes de refletir
sobre o significado de nossas próprias experiências. Assim sendo, somos capazes
de novas descobertas e de transmiti-las aos nossos descendentes.
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O desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente ligado à
sua característica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido
a outro, que, por sua vez, aproveita-se deste saber para somar outro. Assim evolui a
ciência.
Uma boa definição está no Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Ferreira
(2004) define ciência como um conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos
ou produzidos, historicamente acumulados, dotados de universalidade e objetividade
que permitem sua transmissão, e estruturados com métodos, teorias e linguagens
próprias, que visam compreender e orientar a natureza e as atividades humanas.
Popularmente é entendida como sabedoria ou habilidade intuitiva.
Lakatos e Marconi (2004) no cl ssico livro “Metodologia Científica” levantam
várias definições para Ciência, mas no entendimento dessas autoras, todas
incompletas. Abaixo estão algumas delas:
“Acumula ão de conhecimentos sistem ticos”.
“Atividade que se propõe a demonstrar a verdade dos fatos experimentais e
suas aplica ões pr ticas”.
“Conhecimento certo do real pelas suas causas”.
“Conjunto de enunciados lógica e dedutivamente justificados por outros
enunciados”.
Para as autoras acima, a melhor definição é de Ander-Egg (1978)
apresentada na obra Introducción a las técnicas de investigación social: “A ciência
um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos
metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de
uma mesma natureza”.
Fazendo uma decomposição ou análise da definição de Ander-Egg
encontramos que:
a)conhecimento racional – é aquele que exige um método e está constituído por
uma série de elementos básicos, tais como sistema conceitual, hipóteses,
definições.
b)certo ou provável – já que não se pode atribuir à ciência a certeza indiscutível de
todo o saber que a compõe. Ao lado dos conhecimentos certos, é grande a
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quantidade dos prováveis. Antes de tudo, toda lei indutiva, é meramente provável,
por mais elevada que seja sua probabilidade.
c)obtidos metodicamente – pois não se adquire ao acaso ou na vida cotidiana,
mas mediante regras lógicas e procedimentos técnicos.
d)sistematizadores – isto é, não se trata de conhecimentos dispersos e
desconexos, mas de um saber ordenado logicamente, constituindo um sistema de
ideias (teoria).
e)verificáveis – pelo fato de que as afirmações, que não podem ser comprovadas
ou que não passam pelo exame da experiência, não fazem parte do âmbito
da
ciência, que necessita, para incorporá-las, de afirmações comprovadas pela
observação.
f)relativos a objetos de uma mesma natureza – ou seja, objetos pertencentes a
determinada realidade, que guardam entre si certos caracteres de homogeneidade
(LAKATOS; MARCONI, 2004).
Cervo, Bervian e Silva (2007) ressaltam que a ciência, em sua condição
atual, é o resultado de descobertas ocasionais, nas primeiras etapas, e de pesquisas
cada vez mais metódicas, nas etapas posteriores. “É uma das poucas realidades
que podem ser legadas às gerações seguintes. Os homens de cada período
histórico assimilam os resultados científicos das gerações anteriores, desenvolvendo
e ampliando aspectos novos”.
Mas, por que estamos alongando tanto em um conceito? Fácil! A disciplina
Metodologia Científica que uma grande maioria dos estudantes tem “medo” ao se
aproximar dela, nos levam ao conhecimento científico e precisamos deixá-los
tranquilos, uma vez que ela não o “bicho de sete cabe as” que muitos pensam.
Desde o ingresso em um curso superior, a metodologia científica deveria ser
apresentada ao aluno, em toda sua grandiosidade e simplicidade. Ela deveria guiar
o aluno, uma vez que significa o estudo dos caminhos do saber, mas o que temos
observado é que ela é apresentada em sua grandiosidade, esquecendo, contudo,
sua praticidade e simplicidade.
O conteúdo da disciplina Metodologia Científica pode ser classificado como
conceitual e procedimental, uma vez que não basta memorizar as ações ou as
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normas da Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT) sem uma construção
de sentidos, pois é preciso compreender sua lógica de funcionalidade, bem como,
realizar as etapas - que comporta o saber fazer – para isso as condições de
aprendizagem são:
A reflexão sobre a ação que o sujeito está fazendo;
A exercitação constante, pois é preciso fazer uso deste conhecimento com
frequência e,
A descontextualização – saber aplicar em outras situações que se
apresentam como necessidade (ZABALA, 2001).
No entendimento de Neves (2005), um dos grandes méritos desta disciplina,
é a reflexão sobre a inconstância do conhecimento, pois permite a compreensão da
necessidade do ser humano produzir perguntas e respostas relacionadas às dúvidas
e questionamentos postos, objetivando a interpretação e a explicação da realidade,
das coisas e dos fenômenos.
Neste sentido, o fato de podermos hoje validar um conhecimento e amanhã
o refutarmos, constitui-se num aspecto fantástico que se traduz na própria
inconclusão do ser, na ideia do provisório. Isso nos remete ao campo da produção
das explicações e das verdades. É comum os alunos e alunas terem um conceito de
verdade absoluto, uma única referência. No processo de leituras e debates a
desconstrução destas ideias, é algo que se torna inevitável.
A metodologia instrumentaliza o futuro profissional auxiliando-o na
investigação, levando-o a comunicar-se de forma correta, inteligível, demonstrando
um pensamento estruturado, plausível e convincente. Ela mostra por onde começar,
qual o primeiro passo a ser dado, o que é mais urgente.
No capítulo 6 falaremos detalhadamente do método científico, deixamos por
hora o seguinte entendimento: embora a utilização de métodos científicos não seja
da alçada exclusiva da ciência, não há ciência sem o emprego de métodos
científicos (LAKATOS E MARCONI, 2004).
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2 NÍVEIS DE CONHECIMENTO
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Em todos ou quase todos os livros dedicado aos temas: Metodologia
Científica, Métodos e Técnicas de Pesquisa, Redação de Monografias, Teses e
Dissertações, encontraremos um tópico destinado aos diversos tipos ou níveis de
conhecimento, dependendo dos autores, mas que tem uma finalidade comum:
objetiva mostrar que existem vários tipos de conhecimentos, mas que aos olhos da
ciência, possuem grandes e marcantes diferenças.
Relembrando, quando falamos em conhecimentos, estamos falando em
saberes que podem ser sistematizados ou não, verificáveis ou não, certo ou
provável, falível ou infalível, exato ou inexato.
O conhecimento está diretamente ligado ao homem, à sua realidade. Como
o conhecimento pretende idealizar o bem estar do ser humano, logo ele advém das
relações do homem com o meio. O indivíduo procura entender o meio partindo dos
pressupostos de interação do homem com os objetivos. É uma forma de explicar os
fenômenos das relações, seja, entre sujeito/objeto, homem/razão, homem/desejo ou
homem/realidade.
A forma de explicar e entender o conhecimento passa por várias vertentes
como: conhecimento empírico (vulgar ou senso comum), conhecimento filosófico,
conhecimento teológico e conhecimento científico.
Para Lakatos e Marconi (2004) no caso do conhecimento empírico, este não
se distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do
objeto conhecido: o que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os
instrumentos do conhecer, por isso podemos dizer que a ciência não é o único
caminho de acesso ao conhecimento e à verdade. Mais uma vez veremos a
importância do método para conferir veracidade a um fato e torná-lo mais real.
2.1 O conhecimento empírico
Segundo Bello (2004) o conhecimento empírico é obtido ao acaso, após
inúmeras tentativas, ou seja, é o conhecimento adquirido através de ações não
planejadas.
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É aquele adquirido pela própria pessoa na sua relação com o meio ambiente
ou com o meio social, obtido por meio da interação contínua na forma de ensaios e
tentativas que resultam em erros e em acertos (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).
Do ponto de vista da utilização de métodos e técnicas científicas, esse tipo
de conhecimento, mesmo quando consolidado como convicção, como cultura ou
como tradição, é ametódico e assistemático. A característica de assistemático
baseia-se na organização particular das experiências próprias do sujeito
cognoscente, e não em uma sistematização das ideias, na procura de uma
formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que dificulta a
transmissão de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer.
É valorativo por excelência, pois se fundamenta numa seleção operada
com base em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma
dualidade de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente e, de outro lado, o
objeto conhecido e este é possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do
sujeito impregnam o objeto conhecido.
É reflexivo, mas estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode
ser reduzido a uma formulação geral.
É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito
ao que se pode perceber no dia-a-dia.
É falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu
dizer a respeito do objeto, ou seja, não permite formular hipóteses sobre a existência
de fenômenos situados além das percepções objetivas (LAKATOS; MARCONI,
2004).
2.2 O conhecimento teológico
O conhecimento teológico ou religioso apoia-se em doutrinas que contém
proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural
(inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e
indiscutíveis (exatas). É um conhecimento sistemático do mundo (origem,
significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências
não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um
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conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do
princípio de que as verdades tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem
em revelações da divindidade (LAKATOS; MARCONI, 2004).
Para Bello (2004) é o conhecimento revelado pela fé divina ou crença
religiosa. Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da
formação moral e das crenças de cada indivíduo.
Ou seja, é um conhecimento ao qual as pessoas chegaram não com o
auxílio de sua inteligência, mas mediante a aceitação dos dados da revelação divina.
Vale-se de modo especial do argumento de autoridade. São os conhecimentos
adquiridos nos livros sagrados e aceitos racionalmente pelas pessoas, depois de
terem passado pela crítica histórica mais exigente (LAKATOS; MARCONI, 2004).
Dentre os exemplos do conhecimento teológico temos: o acreditar em
reencarnação, acreditar que foi curado de uma doença por milagre, acreditar em
espíritos.
2.3 O conhecimento filosófico
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste
em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: as hipóteses
filosóficas baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento emerge da
experiência e não da experimentação, e por este motivo, o conhecimento filosófico é
não verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que
ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmadas nem refutadas (LAKATOS;
MARCONI, 2004).
É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo
sobre fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos
gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência (BELLO, 2004).
É racional em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente
correlacionados.
Outra característica do conhecimento filosófico é ser sistemático, pois suas
hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada,
numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade. É também infalível e exato, já
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que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na
definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim
como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação
(experimentação) (LAKATOS; MARCONI, 2004).
O procedimento científico leva a circunscrever, delimitar, fragmentar e
analisar o que se constitui o objeto de pesquisa, atingindo segmentos da realidade,
ao passo que a filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral,
interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do
universo. Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano
e até busca as leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da
ciência (LAKATOS; MARCONI, 2004).
2.4 O conhecimento científico
O conhecimento científico vai além do empírico, assim como o filosófico,
é
racional, pretendendo ser sistemático e revelar aspectos da realidade.
É real porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda forma de
existência que se manifesta de algum modo. É contingente, pois suas proposições
ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida por meio de
experimentação e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico.
É sistemático porque trata de um saber ordenado logicamente, formando um
sistema de ideias (teorias) e não conhecimentos dispersos e desconexos.
Apresenta a característica de verificabilidade: as afirmações ou hipóteses
que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência.
É um conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final
e por esse motivo, é aproximadamente exato, ou seja, novas proposições e o
desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.
O ciclo do conhecimento científico (inclusive o das ciências empíricas) inclui
a observação, a produção de teorias para explicar essa observação, o teste dessas
teorias e seu aperfeiçoamento. Há nas ciências, um movimento circular, que parte
da observação da realidade para a abstração teórica, retorna à realidade, direciona-
se novamente à abstração, num fluxo constante entre a experiência e a teoria. Como
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diz Neville (2001) “a investiga ão nunca come a no início. Não existe problema
puro, mas sim algo problemático surgindo de inúmeras convicções relativamente
estabelecidas; a investigação encontra-se sempre no meio, corrigindo assunções e
inferências prévias, harmonizando hábitos de pensamento ao engajar a realidade
com as hipóteses testadas”.
Lakatos e Marconi (2004) inferem que apesar da separação metodológica
entre os tipos de conhecimentos popular, filosófico, religioso e científico, no
processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar
nas diversas áreas:
Ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões
sobre sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na
experiência cotidiana;
Pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando, com base na
investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos
e suas funções;
Pode-se questioná-los quanto a sua origem e destino; assim como quanto a
sua liberdade; finalmente,
Pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, a sua imagem e
semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.
Por sua vez, essas formas de conhecimento podem coexistir na mesma
pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente
praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos
aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso
comum.
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3 A HISTÓRIA DA CIÊNCIA ATRAVÉS DOS TEMPOS
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Acreditamos que todo conhecimento passa por uma evolução histórica,
sendo este um caminho interessante que nos situa no tempo, no espaço e nos
mostra o quanto podemos construir, modificar, aprender, enfim evoluir através dos
tempos.
Podemos traçar a história da ciência de várias maneiras: apresentando os
principais nomes que fizeram o seu progresso, destacando os trabalhos e livros mais
importantes, estudando o progresso das teorias científicas, apontando as principais
invenções técnicas, acompanhando o desenvolvimento dos instrumentos utilizados
nas ciências, listando as descobertas científicas importantes, abordando a história
dos métodos científicos, centrando o estudo nas mudanças dos paradigmas
científicos, chamando a atenção para a continuidade ou descontinuidade no
desenvolvimento das ciências, ressaltando o contexto social, econômico ou outro
das descobertas da ciência, enfim, várias são as maneiras de vislumbrarmos os
progressos da ciência.
Faremos uma síntese dos acontecimentos ao longo da evolução humana,
mas lembramos que aconteceu muito mais do que apresentamos aqui. Caso tenham
necessidade de aprofundar nessa história, uma dica a leitura do livro “Metodologia
Científica na Era da Inform tica” de João Mattar que traz um capítulo dedicado
evolução da ciência ao longo dos tempos.
3.1 Na Antiguidade
Para nós, “sujeitos moderno”, a ciência caminha a passos muito lentos,
principalmente se pensarmos que cerca de 2 bilhões de anos atrás, o
Australopitecus fabricou a primeira ferramenta de pedra e que foi necessário
mais
um bilhão de anos para que esta fosse aperfeiçoada, transformada em arma de caça
e para que o fogo fosse descoberto.
Somente 10 mil anos atrás o homem abandonou sua condição de nômade e
passou a fazer uso da pecuária e agricultura que marcam o início da nossa
civilização e da ciência, isto porque cada estágio do cultivo de plantas e
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domesticação de animais requer invenções, daí surgem as inovações técnicas e
acabam dando fundamento a princípios científicos (BRONOWSKI, 1992 apud
MATTAR, 2008).
Na Medicina encontramos na Babilônia as primeiras cirurgias, os egípcios
usando grande variedade de remédios, incluindo o ópio. Os indianos antigos
realizavam cirurgias no nariz, na China, o uso da acupuntura. Somente a partir
de
Hipócrates (460-370 a.C.), considerado pai da medicina, o qual passa a criticar as
causas apontadas para as doenças e mortes, dentre elas as supertições e os
aspectos sagrados, é que a medicina começa a ser vista sob o prisma científico. Por
volta de 180 d.C. Galeno resume e sistematiza o pensamento médico da
Antiguidade.
A Botânica, nessa época, também passa a ter um pensamento mais
sistematizado.
No final do século VII e início do século VI, o modo de explicar o mundo, que
passa do mitológico para o racional, é considerado por muitos autores como um dos
mais bonitos e importantes espetáculos da humanidade. Mitos e religião começam a
ser abandonados dando lugar à Filosofia (MATTAR, 2008).
O pensamento racional surgiu com a escrita, diminuindo a importância da
memória e audição começando a prevalecer a experiência e razão. Aumenta
também a importância da observação da realidade sobre a história dos deuses.
Lógica e geometria alcançam desenvolvimento exemplar na Grécia Antiga.
Por volta de 300 a.C. começam a ser organizados respectivamente, o Museu
e a Biblioteca de Alexandria com toda estrutura para o desenvolvimento da ciência e
onde Ptolomeu elaborou sua teoria geocêntrica que mais tarde na Idade Média irá
marcar o Tratado sobre a Óptica.
Apesar de toda evolução, nada na Antiguidade se parecia com a
ciência
moderna. Todos os temas ainda estavam no campo da Filosofia. Por exemplo, não
havia muita distinção entre um filósofo natural e um matemático.
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3.2 Na Idade Média e Renascimento
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Em termos de história, geralmente a Idade Média nos é apresentada como o
período das trevas e do atraso, mas precisamos atentar que esse pensamento volta-
se para o campo das ciências em seu sentido mais estrito, entretanto, as artes e a
cultura que antes eram desconsideradas apresentam grandes progressos.
Há introdução do sistema hindu-arábico e aperfeiçoamento do nosso
sistema decimal. A invasão da Europa pelos árabes é essencial para o
desenvolvimento da álgebra e matemática aplicada.
A alquimia, uma atividade misteriosa praticada na Idade Média, a qual tinha
como objetivo maior transformar quaisquer metais em ouro, também procurava
explicar seus esforços através da ciência. Astrologia e astronomia assim como
alquimia, magia, espiritualismo e química tinham fronteiras muito tênues.
Por volta do século XIV, desenvolve-se em Oxford e depois em Paris, uma
linha de pensamento denominada teoria impetus, que desafia as teorias aristotélicas
sobre o movimento ainda dominante na Europa. As definições e os teoremas
elaborados por esse grupo de lógicos e matemáticos serão importantes para a
Cinética, desenvolvida posteriormente por Galileu, representando, assim, o primeiro
estágio na história da revolução científica (MATTAR, 2008).
A invenção da imprensa no final do Renascimento foi importante para
o
desenvolvimento da ciência, pois a partir dela, o conhecimento pode ser reproduzido
com mais facilidade e outro inventos como gravuras colocaram novos instrumentos a
disposição dos cientistas permitindo copiar e multiplicar desenhos e diagramas.
No entendimento de Mattar (2008) o maior mérito da Idade Média foi
organizar o conteúdo da Filosofia grega e islâmica, assim como do cristianismo e
uma das principais conquistas foi a institui ão de escolas e universidades como “lar”
para a organização de tais conteúdos.
3.3 A Revolução Científica
O desenvolvimento dos instrumentos de viagem como o astrolábio
(dispositivo de observação astronômica que media grosseiramente a elevação do
Sol ou de uma estrela permitindo determinar latitude, as horas do nascer e pôr-do-
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sol) funcionando como relógio de bolso e régua de cálculo foi um dos inventos que
marcou esse novo período, sendo batizado de Revolução Científica.
A medicina também tomou novos rumos: em 1543, Andreas Vesalius publica
De fabrica humani corporis, que corrige erros médicos dos gregos e revolucionou a
disciplina, constituindo os fundamentos da anatomia moderna. Em 1615, William
Harvey, estabelece a mecânica do funcionamento do coração e da circulação do
sangue (MATTAR, 2008).
Não há dúvidas que a Revolução Científica é caracterizada pelos avanços
marcados na Astronomia. Nomes como Copérnico, Kepler, Galileu e Newton
marcaram época na História das Ciências, como veremos brevemente no quadro
abaixo:
Nicolau Copérnico (1473-1543) – contesta teoria de Ptolomeu de que a Terra era o
centro do universo, com os planetas e o Sol girando ao seu redor e propõe a teoria
heliocêntrica, que inclui a ideia do movimento da Terra.
Johannes Kepler (1571-1628) – conjuga as descobertas de Copérnico e Brahe,
abre caminho para a aceitação definitiva da teoria heliocêntrica e suas três
leis
planetárias transformam a descrição geral do Sol e dos planetas em uma formulação
matemática precisa.
Galileu Galilei (1564-1642) – teoriza o método experimental, dividindo-o em:
observação, análise, indução, verificação, generalização e confirmação.
René Descartes (1596-1650) – de um lado defende a razão como princípio absoluto
do conhecimento e de outro, usa a matemática e a geometria como modelos
de
raciocínio.
Francis Bacon (1561-1626) – desenvolve o que é considerada a primeira teoria
moderna do método científico, indicando como etapas essenciais para o progresso
da ciência: a observação e a experimentação dos fenômenos, a formulação de
hipóteses, a repetição dos experimentos, o teste das hipóteses e a formulação de
generalizações e leis.
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Evidentemente que muitos outros nomes fizeram história dentro da ciência,
foram grandes as evoluções na botânica, na medicina, na química, enfim, em todos
os campos, mas nosso intuito ao falar destas invenções é exclusivamente mostrar
que existe uma evolução no pensamento e a importância do método para provar e
refutar os fenômenos.
3.4 A Revolução Industrial
A Revolução Industrial, a partir do século XIX, foi marcada pela criação e
pelo uso da energia, assim, ciência e produção passaram a se influenciar
mutuamente, ou seja, a necessidade de meios mais eficientes de produção fez com
que a ciência se desenvolvesse. “Os problemas técnicas da indústria começam a
gerar constantes desafios às ciências, ao mesmo tempo em que a indústria torna-se
dependente dos progressos científicos” (MATTAR, 2008).
É inventado o primeiro termômetro de mercúrio; provou-se que os raios são
eletricidade; a indústria têxtil é desenvolvida a partir do aperfeiçoamento da primeira
máquina a vapor; a química avança mostrando que o ar não é uma
substância
elementar, mas composto de vários gases, dentre eles o oxigênio é isolado pela
primeira vez; é instaurada a lei da conservação das massas (na natureza nada se
perde, nada se cria, tudo se transforma); a matemática também alcança progressos
principalmente no campo das equações diferenciais; a medicina entra na era da
prevenção com a introdução da técnica de vacinação.
O século XIX apresenta, sem dúvida, uma série de invenções importantes, é
também o século da invenção das ciências biológicas:
1821 – inventado o motor elétrico.
1824 – funda-se a dinâmica do calor ou termodinâmica.
1843 – surge o primeiro telégrafo elétrico.
1859 – Darwin formula a sua teoria da evolução das espécies.
1860 – inventado o motor a gasolina.
1866 – surge a dinamite.
1876 – é inventado o telefone.
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1887 – é descoberto o elétron.
19
Mais uma vez o que desejamos é mostrar que a utilização de métodos
próprios levam as ciências a avançarem, principalmente a partir de pesquisas e
descobertas em ramos específicos do conhecimento.
3.5 O século XX
A racionalidade e a consciência representam apenas uma camada da psique
humana, que é também determinada por processos inconscientes e irracionais sobre
os quais o ser humano não tem controle; não é possível prever os fenômenos
nucleares, já que seus movimentos são irregulares e desordenados; tempo e espaço
não são absolutos, mas relativos; o universo está em constante expansão; os
átomos são estruturas praticamente vazias, e não maciças: a matéria é descontinua
(MATTAR, 2008, p. 18).
Por mais paradoxal que possa parecer, o intenso desenvolvimento da
ciência, no século XX, acabou abalando a crença do ser humano num universo
regido por leis e passível de ser conhecido em seus mínimos detalhes. Ao contrário,
o progresso científico do século passado levou o ser humano a perceber que
só
pode compreender o mundo em que vive pelas leis da probabilidade, por meio
de
aproximações que, em geral, são passíveis de erro. A ciência passou a conviver
com a ideia de que o acaso desempenha papel primordial no universo, assim como
no próprio ser humano.
“A ciência não epistemológica e tampouco ontologicamente neutra”
(MATTAR, 2008, p. 18) e vemos nas pesquisas em Física uma contribuição nesse
sentido quando propõe que o átomo já não é mais considerado um maciço e nem
indivisível.
Na segunda metade do século XX, as ciências físicas alcançam também um
alto grau de abstração quando começa a desenvolver uma teoria de que o universo
não é estático, mas em constante movimento e expansão. Os avanços na genética,
principalmente através do Projeto Genoma Humano, um dos mais audaciosos do
final do século XX promete revolucionar a medicina, as ciências biológicas, a
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indústria relacionada à biotecnologia (agricultura, produção de energia, controle de
lixo, despoluição ambiental).
Enfim, o papel das ciências, do conhecimento científico é insumo
indispensável para o desenvolvimento econômico e social do planeta.
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4 A CLASSIFICAÇÃO DA CIÊNCIA
21
Devido à complexidade do universo e da diversidade dos fenômenos que
acontecem nele, foi preciso haver uma divisão da ciência em vários ramos para que
o homem estudasse e entendesse esses fenômenos. Essa divisão ou classificação
obedece várias características: ou pelo conteúdo, pela diferença dos enunciados ou
pela metodologia empregada.
A primeira classificação foi proposta por Augusto Comte que obedeceu uma
ordem crescente de complexidade: Matemática, Astronomia, Física, Química,
Biologia, Sociologia e Moral. Outros autores aliaram a complexidade crescente com
o conteúdo.
Em relação ao conteúdo, a classificação primeira foi feita por Rudolf Carnap,
que dividiu as ciências em formais (contendo apenas enunciados analíticos, isto é,
cuja verdade depende unicamente do significado de seus termos ou de sua estrutura
lógica) e factuais (além dos enunciados analíticos, contém, sobretudo os sintéticos,
aqueles cuja verdade depende não só do significado de seus termos, mas,
igualmente, dos fatos a que se referem).
Bunge (1976, p. 41 apud Lakatos e Marconi, 2004, p. 27) apresenta a
seguinte classificação:
Formal (lógica e matemática);
Factual:
- natural (física, química, biologia e psicologia individual);
-cultural (psicologia social, sociologia, economia, ciência política,
história material e história das ideias).
temos:
Na classificação de Wundt (1952 apud Lakatos e Marconi, 2004, p. 27)
Formais (matemática)
Reais –ciências da natureza
-ciências do espírito
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Mesmo não havendo muito consenso entre as classificações, a diferença
fundamental é ser formal ou factual, ou seja, a ciência formal estuda as ideias e a
ciência factual estuda os fatos.
Nas primeiras (ciências formais) encontramos a lógica e a matemática, que
não tendo relação com algo encontrado na realidade, não podem valer-se dos
contatos com essa realidade para convalidar suas fórmulas. Por outro lado, a física e
a sociologia, sendo ciências factuais, referem-se a fatos que supostamente ocorrem
no mundo e, em consequência, recorrem à observação e à experimentação para
comprovar (ou refutar) suas fórmulas (hipóteses) (LAKATOS; MARCONI, 2004).
A lógica e a matemática tratam de entes ideais, tanto abstratos quanto
interpretados, existentes apenas na mente humana e, mesmo nela, em âmbito
conceitual e não fisiológico. Em outras palavras, constroem seus próprios objetos de
estudo, mesmo que, muitas vezes, o faça, por abstração de objetos reais (naturais
ou sociais).
Segundo Lakatos e Marconi (2004) citando Trujillo (1974) e Bunge (1976) a
divisão em ciências formais e factuais leva alguns aspectos em consideração,
conforme o quadro comparativo abaixo:
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ASPECTOS
O objeto ou tema das
respectivas disciplinas
A diferença de
espécie entre
CIÊNCIAS FORMAIS
Preocupa com enunciados
Relacionam símbolos
CIÊNCIAS FACTUAIS
Tratam de coisas e
processos
Tratam de entes
extracientíficos –
23
enunciados fenômenos e processos
O método pelo qual
se comprovam os
enunciados
O grau de suficiência
em relação ao
conteúdo e método de
prova
O papel da coerência
para se alcançar a
verdade
O resultado alcançado
Contentam com a lógica
para demonstrar seus
teoremas
São suficientes em relação a
seus conteúdos e métodos
de prova
Os axiomas podem ser
escolhidos à vontade, mas
os teoremas (as conclusões)
têm que ser verdadeiros, ou
seja, não é possível violar as
leis do sistema de lógica que
se determinou utilizar
Demonstram ou provam
Necessitam observar e/ou
experimentar
Dependem do fato
experimental para sua
convalidação
Usam-se símbolos
interpretativos. A coerência
com um sistema de ideias
previamente admitido é
necessária, mas não
suficiente para obter a
verdade. O enunciado
precisa passar pelo sistema
de provas
Verificam (comprovam ou
refutam) hipóteses que
geralmente são provisórias.
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5 FERRAMENTAS DE TRABALHO DO PROFISSIONA DO NÍVEL
SUPERIOR
24
Para Cervo, Bervian e Silva (2007) não se pode deixar de tratar dos
conceitos, leis, teorias e doutrinas quando estamos falando em Metodologia
Científica, mesmo porque o profissional do nível superior, principalmente das áreas
de ciências humanas e sociais, utiliza em seu trabalho, ferramentas teóricas e não
ferramentas manuais ou técnicas, como é característico dos níveis de formação de
ensino médio e técnico.
“Ferramentas teóricas são um conjunto de ideias, códigos, símbolos e
valores que indicam uma série de operações realizáveis, física e/ou mentalmente, a
partir da manipulação de conceitos abstratos” (FERRARI, 1974, p. 98).
5.1 Conceitos, leis, teorias e doutrinas
Conceitos ou constructo pode ser entendido como ideia, sentença, opinião
(FERREIRA, 2004).
Para Lakatos (1983, p. 99) “conceito expressa uma abstra ão, formada
mediante a generalização de observa ões particulares”. Para os que privilegiam a
teoria em detrimento da prática, conceito seria uma técnica utilizada para obter
ou
medir alguma coisa para além do próprio fenômeno que descreve. Inversamente,
para aqueles que privilegiam os fatos em detrimento da teoria, conceito significa
uma série de operações realizáveis física e/ou mentalmente, empreendidas com a
finalidade de justificar ou reproduzir os referentes do fenômeno que está definindo.
Conceitos são construções lógicas, estabelecidas de acordo com um
sistema de referência e formando parte dele. São considerados, por um lado, como
instrumentos de trabalho do cientista e, por outro, como termos técnicos do
vocabulário da ciência (FERRARI, 1974, p. 98).
De todo modo, cada ciência ou área de conhecimento em particular possui
um vocabulário técnico específico que precisa ser de domínio comum de seus
praticantes. Poucas ciências, entretanto, conseguem ou podem construir vocábulos
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e conceitos originais, sendo necessário que elas invadam o campo semântico de
outras ciências, ocorrendo a migração de conceitos ou a apropriação de conceitos
de uma ciência para outras.
Conceito é a pedra angular para a construção das teorias, assim como a
família é a pedra angular para a construção da sociedade e a célula, a pedra angular
para a existência dos corpos vivos (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).
Nos processos de observação, descrição, análise, comparação e síntese
das propriedades gerais e específicas dos objetos, fatos e fenômenos, a ciência
encontra certas regularidades que, se uniformes, constantes e regulares,
possibilitam a classificação e a generalização para objetos, fatos e fenômenos
semelhantes por admitir-se que “se um fato ou fenômeno se enquadra em uma lei,
ele se comportará conforme o estabelecido na lei” (KNELLER, 1980, p. 94).
São duas as principais funções da lei:
1. Resumir grande quantidade de fatos e de fenômenos;
2. Possibilitar a previsão de novos fatos e fenômenos.
Desse modo, temos leis gerais para explicar o comportamento dos líquidos,
dos gases, da matéria, dos grandes números, do movimento etc., bem como
presumimos leis gerais para explicar a natalidade, a mortalidade, o movimento de
populações ou o desenvolvimento pessoal e social.
Quando a lei é abordada pela Metodologia Científica, trata-se de lei
científica, sem qualquer conotação legislativa ou jurídica, conforme estamos
acostumados a pensar. As leis científicas são, nas palavras de Montesquieu “as
relações constantes e necessárias que derivam da natureza das coisas”. As leis
exprimem quer relações de existência ou de coexistência (a água é um corpo
incolor, inodoro, tendo tal densidade, suscetível de assumir o estado líquido, sólido e
gasoso etc.), quer relações de causalidade ou de sucessão (a água ferve a
cem
graus centígrados, o calor dilata os metais, etc.), quer, enfim, relações de finalidade
(o fígado tem por função regular a quantidade de açúcar no sangue) (CERVO;
BERVIAN; SILVA, 2007).
Nas ciências experimentais, as leis possuem maior rigor e exatidão do que
nas ciências humanas e sociais, pois, enquanto estas estão condicionadas, mais ou
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menos, à liberdade humana, aquelas seguem o curso fatal do determinismo da
natureza. Desse fato, entretanto, não se pode concluir que as ciências humanas e
sociais se constituam em simples opiniões mais ou menos viáveis. As ciências
humanas e sociais realizam todas as condições para se constituírem em ciência:
Os fenômenos que estudam são reais e distintos dos tratados nas ciências
experimentais;
As causas e as leis descobertas nessa área exprimem relações necessárias
entre os fatos e entre os atos;
Suas conclusões têm um caráter incontestável de certeza, embora de ordem
diferente da certeza das ciências experimentais.
As ciências humanas e sociais ocupam, sem dúvida, lugar distinto na
hierarquia das ciências quanto aos quesitos de precisão, certeza e rigor de seus
resultados. Muitos dos fatos considerados nas ciências humanas e sociais não são
atingidos diretamente, como os fenômenos psíquicos que apenas se manifestam no
comportamento. Isso acarreta dificuldades tanto para a experimentação quanto para
a generalização (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).
Os fatos humanos e sociais implicam maior complexidade do que os
quantitativos ou físicos. A abordagem e a análise qualitativa comportam algo da
subjetividade do próprio ser humano, que tende a abordar e analisar os fatos
orientados por matrizes filosóficas e ideológicas exteriores a eles. Enfim, pode-se
dizer que as incertezas e as angústias humanas em relação a sua origem, finalidade
e destino são componentes importantes na determinação do grau de certeza e de
precisão na pesquisa, uma vez que o rigor metodológico aplicado na condução da
própria pesquisa é sempre relativo. Essa é a base da origem da diversidade
de
opiniões, por vezes desconcertantes, sobre várias questões das ciências humanas e
sociais (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).
Os fenômenos físicos, por serem regidos por leis determinísticas, podem ser
previstos e alguns até provocados para serem mais bem observados; enquanto isso,
a liberdade, que interfere mais ou menos nos atos humanos, impede que sua
previsão seja absolutamente exata, tornando apenas aproximativos os cálculos
quando aplicados às ciências humanas e sociais.
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Finalmente, as ciências da natureza tratam de fatos e objetos materiais que
podem ser pesados e medidos, ao menos indiretamente. Assim, essa possibilidade
de quantificação das propriedades físicas atribui aos resultados da pesquisa um
pouco de rigor matemático. Aos fatos humanos e sociais, por serem essencialmente
qualitativos, não são aplicáveis os processos de quantificação (pesar e medir).
Embora sejam generalizadas as relações descobertas em amostras particulares,
deve-se sempre ter em mente que os homens, em tese, mesmo sendo iguais, agem,
pensam e se organizam socialmente de formas diferenciadas (CERVO; BERVIAN;
SILVA, 2007).
Por esses motivos, os resultados, como também as leis das ciências
humanas e sociais, são mais flexíveis e menos rigorosos, apesar de expressarem
suficiente estabilidade e constância para se constituírem em verdadeiras ciências.
O emprego usual do termo teoria opõe-se ao termo prática. Nesse sentido, a
teoria refere-se ao conhecimento (saber, conhecer) em oposição à prática como
ação (agir, fazer). Aqui, entretanto, o termo teoria é empregado para significar um
resultado a que tendem as ciências. Estas não se contentam apenas com a
formulação das leis. Ao contrário, determinadas as leis, procuram interpretá-Ias ou
explicá-Ias (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).
Assim, surgem as chamadas teorias científicas, que reúnem determinado
número de leis particulares sob a forma de uma lei superior e mais universal.
A teoria distingue-se da hipótese, uma vez que a hipótese é verificável
experimentalmente, e a teoria não. Todas as proposições da teoria se integram no
mundo do discurso (conhecimento), enquanto a hipótese comprova sua validade,
submetendo-se ao teste da experiência. A teoria é interpretativa, enquanto a
hipótese resulta em explicação por meio de leis naturais. A teoria formula
necessariamente hipóteses, ao passo que estas subsistem independentemente dos
enunciados teóricos.
É importante que o estudante saiba que a teoria cumpre as seguintes
funções:
Coordenar e unificar os saberes científicos;
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Ser instrumento precioso do pesquisador, sugerindo-lhe analogias até então
ignoradas e possibilitando-lhe, assim, novas descobertas.
Com o decorrer do tempo e a evolução da ciência, as opiniões dos próprios
cientistas se modificaram. Até meados do século XIX, os cientistas, de modo geral,
admitiam que as teorias não só explicavam os fatos, mas também eram uma
apreensão da própria natureza ontológica (última) da realidade. A partir de meados
do século XIX, os cientistas restringiram o valor explicativo da teoria (CERVO;
BERVIAN; SILVA, 2007).
Ainda que seja um sistema lógico e coerente, capaz de orientar tanto o
pensamento como a ação, principalmente na investigação científica, a teoria não é e
não pode ser entendida como a verdade. Ela reflete, sim, o estado da arte no
conhecimento sobre determinado fato ou fenômeno em um espaço e um
tempo
também determinados e pode e deve ser modificada pelos avanços posteriores do
conhecimento e da própria ciência. Assim sendo, o estudante deve conhecer a teoria
e saber operacionalizar os conceitos nela implícitos, mas deve saber também que a
teoria, mesmo se chamada de científica, tem seus limites (CERVO; BERVIAN;
SILVA, 2007).
Se a teoria tiver a pretensão de explicar e solucionar todo e qualquer
problema, ela se torna irrefutável; logo, passa a ser uma ideologia, e não mais
uma teoria.
A teoria é e precisa ser parcial, pois não pode abrigar hipóteses ou
proposições antagônicas ou contraditórias nem estar contra as evidências
observáveis e conhecidas. O que é possível e salutar é a tentativa de unificação de
teorias ou, pelo menos, a busca pela conciliação de aspectos de teorias divergentes,
que podem significar importante indicativo para a investigação científica. Não
admitimos tranquilamente sermos descendentes dos macacos. Um ponto de
intersecção possível entre as duas teorias é a admissão de que Deus tenha criado o
espírito do ser humano e a natureza seja a responsável pela evolução de sua parte
física (o corpo), suficiente para estimular o surgimento de inúmeras correntes,
teóricas e experimentais, que visam a buscar meios para conciliar o espírito e a
matéria, a mente e o corpo, a vida física e a vida espiritual etc. (CERVO; BERVIAN;
SILVA, 2007).
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A ciência visa a explicar os fenômenos. Para isso observa, analisa, levanta
hipóteses e as verifica, em confronto com os fatos, pela experimentação, e induz a
lei, colocando-a em um contexto mais amplo, por meio de teorias. São operações
que se desenvolvem em um ambiente de objetividade, de indiferença e de
neutralidade.
A doutrina, porém, propõe diretrizes para a ação. Em uma doutrina, há ideias
morais, posições filosóficas e políticas e atitudes psicológicas. Há, também,
subjacentes, interesses individuais, interesses de classes ou de nações. A doutrina
é, assim, um encadeamento de correntes, de pensamentos que não se limitam a
constatar e a explicar os fenômenos, mas os apreciam em função de determinadas
concepções éticas e, à luz desses juízos, preconizam certas medidas e proíbem
outras (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).
A doutrina situa-se na linha divisória dos problemas do espírito e dos fatos
(teoria = ciência versus ação) e, estando largamente assentada nesses dois
domínios, permite proceder à síntese.
É importante ficar claro que a postura científica é imparcial, não torce
os fatos e respeita escrupulosamente a verdade. O cientista deve cultivar a
honestidade, evitar o plágio, não colher como seu o que os outros plantaram, não
ser acomodado e enfrentar os obstáculos e perigos que uma pesquisa possa
oferecer (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).
A postura científica não reconhece fronteiras, não admite nenhuma
intromissão de autoridades estranhas ou limitações em seu campo de investigação e
defende o livre exame dos problemas.
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6 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA
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Chegamos ao ponto que realmente nos interessa nessa apostila de
Metodologia Científica e que nos levará ao objetivo proposto que é desmistificar que
a pesquisa e seu processo são reservados a poucos iluminados, mostrar que cada
sujeito pesquisa o tempo todo, mas compreender a importância do uso do método e
suas normas para que a pesquisa tenha resultado confiável e se torne um novo
conhecimento universal.
Não refutamos a existência dos conhecimentos teológicos, filosóficos ou
empíricos, mas para a academia, para a ciência, o que vale e acreditamos ter
deixado bem claro até o momento, é o conhecimento baseado na observação dos
fatos, no teste das hipóteses, na verificação e comprovação e na possibilidade de
sua contestação.
Como dizem Lakatos e Marconi (2004) todas as ciências caracterizam-se
pela utilização de métodos científicos; em contrapartida, nem todos os ramos de
estudo que empregam esses métodos são ciências. Dessas afirmações podemos
concluir que a utilização de métodos científicos não é da alçada da ciência, mas não
há ciência sem o emprego de métodos científicos.
6.1 Métodos
Método em sentido geral quer dizer “Ordem que se deve impor
aos
diferentes processos necessários para atingir um certo fim ou um resultado
desejado”. Nas ciências, entende-se como o conjunto de processos empregados na
investigação e na demonstração da verdade (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).
Lakatos e Marconi (2004) oferecem vários conceitos de método, dentre eles:
“Caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse
caminho tenha sido fixado de antemão de modo refletido e deliberado”.
“Forma de proceder ao longo de um caminho”.
„Procedimento regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir-se
alguma coisa, seja material ou conceitual”.
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Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007) o método não é inventado; ele
depende do objeto da pesquisa. Os cientistas cujas investigações foram coroadas
de êxito tiveram o cuidado de anotar os passos percorridos e os meios que os
levaram aos resultados. Mesmo que no começo tenha sido usado de maneira
empírica, gradativamente eles foram se transformando em métodos
verdadeiramente científicos.
O método científico quer descobrir a realidade dos fatos, e estes, ao serem
descobertos, devem por sua vez, guiar o uso do método. Entretanto, ele é apenas
um meio de acesso, pois é preciso inteligência e reflexão juntas para se descobrir o
que os fatos e os fenômenos realmente são.
O método científico segue o caminho da dúvida sistemática, metódica, que
não se confunde com a dúvida universal dos céticos, cuja solução e impossível. O
pesquisador que não tiver a evidência como arrimo precisa sempre questionar e
interrogar a realidade. Mesmo no campo das ciências sociais, deve ser aplicado de
modo positivo, e não de modo normativo, isto é, a pesquisa positiva deve preocupar-
se com o que é, e não com o que se pensa que deve ser (CERVO;
BERVIAN;
SILVA, 2007).
O método científico aproveita a observação, a descrição, a comparação, a
análise e a síntese, além dos processos mentais da dedução e da indução, comuns
a todo tipo de investigação, quer experimental, quer racional.
Quando falamos em método científico nos reportamos aos métodos indutivo,
dedutivo e hipotético-dedutivo. Todos possuem alguma variante ou ramificação e
evidentemente são criticados.
Numa acepção bem simples, a diferença fundamental entre o método
dedutivo e o método indutivo é que o primeiro aspira a demonstrar, mediante a
lógica pura, a conclusão na sua totalidade a partir de umas premissas, de maneira
que se garante a veracidade das conclusões, se não se invalida a lógica aplicada.
Trata-se do modelo axiomático proposto por Aristóteles como método científico ideal
(MOLINA, 2007).
Pelo contrário, o método indutivo cria leis a partir da observação dos fatos,
mediante a generalização do comportamento observado; na realidade, o que realiza
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é uma espécie de generalização, sem que através da lógica possa conseguir uma
demonstração das citadas leis ou conjunto de conclusões (MOLINA, 2007).
As referidas conclusões poderiam ser falsas e, ao mesmo tempo, a
aplicação parcial efetuada da lógica poderia manter a sua validade; por isso, o
método indutivo necessita de uma condição adicional, a sua aplicação considera-se
válida enquanto não se encontrar nenhum caso que não cumpra o modelo proposto.
O método hipotético-dedutivo ou de verificação de hipóteses não coloca, em
princípio, nenhum problema, visto que a sua validade depende dos resultados da
própria verificação (MOLINA, 2007).
Temos ainda o Método Dialético que foi proposto por Hegel, o qual postula
que as contradições se transcendem dando origem a novas contradições que
passam a requerer solução. Nesse sentido, os fatos não podem ser considerados
fora de um contexto social, político, econômico, etc.
Outros métodos específicos das Ciências Sociais seriam o Método Histórico,
o Comparativo, o Monográfico, o Estatístico, o Tipológico, o Funcionalista e o
Estruturalista.
Para maior clareza com relação a estes métodos citados acima, sugere-se a
leitura do livro Metodologia Científica de Lakatos e Marconi, utilizado como
referência nesta apostila, o qual traz de forma clara os detalhes e variantes de cada
um deles.
Como diz Lakatos e Marconi (2004) do mesmo modo que o conhecimento se
desenvolveu, o método, sistematização das atividades, também sofreu
transformações. Para Galileu, por exemplo, o primeiro teórico do método
experimental, as ciências não tinham como foco principal a preocupação com a
qualidade, mas com as relações quantitativas. Seu método é descrito como indução
experimental, chegando-se a uma lei geral por intermédio da observação de
certo
número de casos particulares.
Para Francis Bacon são essenciais a observação e a experimentação dos
fenômenos, pois somente esta última pode confirmar a verdade: uma autêntica
demonstração sobre o que é verdadeiro ou falso, somente é proporcionada pela
experimentação.
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O tipo de experimentação proposto por Bacon é denominado coincidências
constantes. Ele postula que: aparecendo a causa, dá-se o fenômeno; retirando-se a
causa, o efeito não ocorre; variando-se a causa, o efeito altera-se.
René Descartes afasta-se dos processos indutivos e utiliza o método
dedutivo. Para ele chega-se à certeza, por intermédio da razão, princípio absoluto do
conhecimento humano.
O quadro comparativo abaixo nos mostra de forma sucinta o método
segundo alguns cientistas famosos.
GALILEU
Observa
Analisa
Induz
Verifica
Generaliza
Confirma.
BACON
Experimenta
Formula
hipóteses
Repete o
experimento
Testa a
hipótese
Formula
generalizações
e leis.
DESCARTES
Evidencia
Analisa
Sintetiza
Enumera.
MÉTODO ATUAL
Descobre o problema
Colocação precisa do problema
Procura conhecimentos ou
instrumentos relevantes ao
problema
Tenta solucionar o problema
com auxílio dos meios
identificados
Inventa novas ideias – produz
novos dados empíricos
Obtém uma solução
Investiga as consequências da
solução obtida
Prova a solução
Corrige as hipóteses, teorias,
procedimentos ou dados
empregados na obtenção da
solução incorreta.
De forma resumida devemos entender que método é o dispositivo ordenado,
o procedimento sistemático em plano geral.
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O método racional também é científico, embora os assuntos a que se aplica
não sejam realidades, fatos ou fenômenos suscetíveis de comprovação
experimental. As disciplinas que o empregam (principalmente as diversas áreas da
filosofia) nem por isso deixam de ser verdadeiras ciências.
Todo método depende do objetivo da investigação. A filosofia, por exemplo,
não tem por objeto o estudo de coisas fantasiosas, irreais ou inexistentes. A filosofia
questiona a própria realidade. Por isso, o ponto de partida do método racional é a
observação dessa realidade ou a aceitação de certas proposições evidentes,
princípios ou axiomas, para em seguida prosseguir por dedução ou por indução, em
virtude das exigências unicamente lógicas e racionais. Mediante o método racional,
que também se desdobra em diversas técnicas científicas (como a observação, a
análise, a comparação e a síntese) e técnicas de pensamento (como a indução e a
dedução, a hipótese e a teoria), procura-se interpretar a realidade quanto a sua
origem, natureza profunda, destino e significado no contexto geral.
Pelo método racional, procura-se uma compreensão e uma visão mais
ampla sobre o homem, sobre a vida, sobre o mundo, sobre o ser. Essa cosmovisão,
a qual leva a investigação racional, nada pode ser testada ou comprovada
experimentalmente em laboratórios. E é exatamente a possibilidade comprovar ou
não as hipóteses que distingue o método experimental (científico em sentido restrito)
do racional (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).
6.2 Técnicas
O método concretiza-se como o conjunto das diversas etapas ou passos que
devem ser seguidos para a realização da pesquisa e que configuram as técnicas. Os
objetos de investigação determinam o tipo de método a ser empregado, a saber, o
experimental ou o racional. Um e outro empregam técnicas específicas como
também técnicas comuns a ambos. Pode-se dizer que a maioria das técnicas que
compõe o método científico e racional é comum, embora devam ser adaptadas ao
objetivo da investigação. Por isso, as técnicas ou processos que serão explicitadas a
seguir dizem respeito ao método experimental e, indiretamente, com as adaptações
que se impõem, ao método racional (LAKATOS; MARCONI, 2004).
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Podem ser chamados de técnicas aqueles procedimentos científicos
utilizados por uma ciência determinada no quadro das pesquisas próprias dessa
ciência. Assim, há técnicas associadas ao uso de certos testes em laboratório, ao
levantamento de opiniões de massa, à coleta de dados estatísticos; há técnicas para
conduzir uma entrevista, para determinar a idade por medições de carbono, para
decifrar inscrições desconhecidas etc. (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).
As técnicas em uma ciência são os meios corretos de executar as operações
de interesse de tal ciência. O treinamento científico reside, em grande parte, no
domínio dessas técnicas. Ocorre, entretanto, que certas técnicas são utilizadas por
inúmeras ciências ou, ainda, por todas elas. O conjunto dessas técnicas gerais
constitui o método. Portanto, métodos são técnicas suficientemente gerais para
se tornarem procedimentos comuns a uma área das ciências ou a todas as
ciências.
Existe, pois, um método fundamentalmente idêntico para todas as ciências,
que compreende um certo número de procedimentos, aplicações científicas ou
operações levadas a efeito em qualquer tipo de pesquisa. São eles: a observação,
a descrição, a comparação, a análise e a síntese. Esses procedimentos servem
aos seguintes propósitos:
Formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses;
Efetuar observações e medidas;
Registrar tão cuidadosamente quanto possível os dados observados com o
intuito de responder às perguntas formuladas ou comprovar a hipótese
levantada;
Elaborar explicações ou rever conclusões, ideias ou opiniões que estejam em
desacordo com as observações ou com as respostas resultantes; generalizar,
isto é, estender as conclusões obtidas a todos os casos que envolvem
condições similares; a generalização é tarefa do processo chamado indução,
Prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de
esperar que surjam certas relações.
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Mesmo assim, o método pode e deve ser adaptado às diversas ciências, à
medida que a investigação de seu objeto impõe ao pesquisador lançar mão de
técnicas especializadas.
Parece faltar algo aqui não é mesmo? Como, por exemplo, os diversos tipos
de pesquisa de acordo com os objetivos (exploratória, descritiva, explicativa), ou os
delineamentos da pesquisa (bibliográfica, documental, experimental) ou ainda falar
dos meios de coletar os dados, mas optamos por explanar sobre as técnicas mais
amiúde, na apostila destinada a Orientações de Trabalho de Conclusão de Curso,
acreditando que seria mais pertinente, sendo uma colaboração para com o
estudante nessa etapa do trabalho.
6.3 Formas de pensamento
O pensamento alimenta-se da realidade externa e é produto direto da
experiência. O ato de pensar caracteriza-se por ser dispersivo, natural e
espontâneo. A reflexão, porém, requer esforço e concentração voluntária. É dirigida
e planificada. A conclusão do raciocínio constitui o último elo de uma cadeia, o
período final de um ciclo de operações que se condicionam necessariamente
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).
Segundo Mattar (2008) vários são os movimentos que procuram discutir em
sentido amplo, os métodos em ciências, alguns deles acreditamos ser importantes
discorrer, pois mostram as formas de pensamento que reinaram ao longo da história
da humanidade.
O empirismo, a primeira dessas formas de pensamento, pode ser entendido
como uma postura filosófica, assim como o racionalismo e o idealismo.
O empirismo inglês afirma, de uma forma geral, que a única fonte de nossas
ideias é a experiência sensível, valorizando assim os sentidos. O empirismo acabou
funcionando, na história do pensamento, como um movimento que funda todas as
correntes anti-idealistas, que defendem que o pensamento humano deva ser
compreendido pela experiência efetiva, e não pela abstração do real.
Se é claro que o empirismo não determinou o desenvolvimento das ciências
naturais ou empíricas contemporâneas, ajudou sem dúvida a construir uma
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atmosfera intelectual que se coaduna perfeitamente com os métodos dessas
ciências (MATTAR, 2008).
Nesse sentido, os empiristas ingleses destacam a importância da sensação
e da experiência, e discutem temas importantes como o uso das hipóteses, a
estrutura do raciocínio indutivo, a importância da probabilidade, etc.
Ao positivismo associa-se o ideal de neutralidade nas ciências. Seu principal
nome é o de Auguste Comte (1798-1857). Para ele, a ciência seria o conhecimento
por excelência. Os conceitos e as expressões possuem significado se, e apenas se
ou seja, se forem operacionalizados (MATTAR, 2008).
A extensão do positivismo é o neopositivismo (positivismo lógico ou
empirismo lógico), que também destaca a importância da operacionalização. O neo
positivismo caracteriza-se pela combinação de ideias empiristas com a lógica
moderna. O movimento surgiu na Áustria, com o “Círculo de Viena” (fundado pelo
filósofo Moritz Schlich em 1924, durou até 1936), na Alemanha e na Polônia. Muitos
de seus principais filósofos emigraram para os Estados Unidos ou a Inglaterra,
fugindo do nazismo. Alguns de seus nomes mais importantes são Rudolf Carnap
(1891-1970), Herbert Feigl (1902-1988), Otto Neurath (1882-1945) e Friedrich
Waisman (1896-1959) (MATTAR, 2008).
Para o neopositivismo, a verificabilidade seria o critério de significação de
um enunciado. O sentido das proposições científicas dependeria, portanto, de uma
verificabilidade empírica. Assim, as ciências empíricas, guiadas pela lógica e pela
matemática para manter o rigor e a correção de suas teorias, esgotariam o
conhecimento possível do real. O neopositivismo destaca-se também, nesse
sentido, pelas investigações centradas num critério de demarcação, que separaria
as proposições científicas das não científicas (MATTAR, 2008).
O pragmatismo está associado ao filósofo, matemático, lógico e cientista
norte americano Charles Sanders Peirce (1839-1914). Há outros nomes importantes
de pragmatistas clássicos, além de Peirce, como Ralph Waldo Emerson, William
James e John Dewey, assim como de pragmatistas contemporâneos, como Richard
Rorty, Hilary Putnam, Stanley Fish, Nancy Fraser, Cornel West, Ian Hacking, Richard
Poirier e Stanley Cavell, De origem filosófica, o pragmatismo apresentará
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ramificações na política, na educação e na crítica literária, para se constituir como
um método científico (MATTAR, 2008).
Para os pragmatistas, a clareza de nossas ideias implica concebermos seus
efeitos práticos, ou seja, sensações e reações associadas com o objeto do
pensamento.
A máxima pragmatista diz que, para clarificar, para “desenvolver” o
significado de uma concepção, é preciso determinar que hábitos ela produz, pois
aquilo que uma coisa significa é simplesmente os hábitos que ela envolve. O
pragmatismo busca os resultados, mais do que as origens, em nossa compreensão
das ideias. Assim, equivale aos procedimentos experimentais básicos das ciências
de laboratório, e poderia ser empregado em qualquer campo do conhecimento. É
sinônimo, portanto, do método experimental das ciências para adquirir e desenvolver
o conhecimento humano (MATTAR, 2008).
A estrutura do método científico, segundo o pragmatismo, dividir-se-ia em:
identificar o problema; oferecer uma hipótese explanatória usando meios abdutivos;
e testar nossa hipótese contra o problema por meios dedutivos. O que poderia ser
resumido pela tríade problema-hipótese-teste. A estrutura básica do método do
pragmatismo para a aquisição e o desenvolvimento do conhecimento humano,
portanto, implica três passos:
a) Identificar o problema que se tem em mãos, seja pela experiência comum,
como se aprende, ou pelos fatos ou explicações especiais ou peculiares da
disciplina acadêmica.
b) Produzir, usando toda a criatividade possível, uma explicação ou, ainda
melhor, uma hipótese explanatória (algo passível de teste) que se acredite que
possa pelo menos parcialmente resolver o problema.
c) Testar a sua explicação cuidadosa e repetidamente, principalmente a sua
hipótese, contra aquilo a que ela está programada a explicar, principalmente o
problema, e com o mesmo cuidado (ou ainda mais cuidado) observar e anotar
os
resultados desse teste buscando erros (MATTAR, 2008).
O pragmatismo seria, nesse sentido, o método dos métodos, ou o método
dos outros métodos. Seriam seus métodos subsidiários: o raciocínio abdutivo, do
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qual derivam as hipóteses que são selecionadas para testar o raciocínio dedutivo,
pelo qual, idealmente, a certeza do conhecimento é expressa e pelo qual, com a
finalidade de certeza, hipóteses erradas são eliminadas de nosso conjunto de
explicações; e o raciocínio indutivo, pelo qual, sobretudo, probabilidades são
examinadas e, de acordo com elas, hipóteses que sobrevivem a nossos exercícios
de eliminação dedutiva são consideradas, para investigações futuras (MATTAR,
2008).
É importante distinguir o marxismo como metodologia do marxismo como
programa social. Como método, é necessário destacar pelo menos dois aspectos do
marxismo:
Em primeiro lugar, o marxismo, ao descrever o movimento da realidade e do
próprio pensamento por meio de uma dialética tese/antítese/síntese, defende
a necessidade do trabalho com a negação e com a contradição: por meio da
confrontação entre as ideias, seria possível gerar uma síntese, que por sua
vez deveria ser submetida a uma nova contradição, e assim por diante.
Em segundo lugar, o marxismo é importante por defender que os níveis
econômico, jurídico-político e ideológico devem ser estudados no processo de
construção do conhecimento. Assim, o marxismo insiste que essas
perspectivas devem ser levadas em conta, nas ciências humanas, para a
análise e interpretação dos fenômenos relacionados ao ser humano, e, em
relação às ciências empíricas, introduz uma perspectiva de estudar a verdade
científica em sua exterioridade, ou seja, não apenas por meio do
desenvolvimento interno das ciências, de seus métodos e sua lógica, mas
também das influências socioeconômicas que determinam o seu progresso, a
maior ou menor aceitação das teorias científicas, a transmissão do
conhecimento científico, etc. (MATTAR, 2008).
O estruturalismo desenvolveu-se na França, entre os anos 1950 e 1960,
envolvendo os campos da psicanálise e da psicologia, da filosofia, da antropologia,
da linguística, das ciências sociais, da crítica literária e da semiótica, incluindo a
matemática e a lógica, a física e a biologia. Nomes de destaque no movimento são:
os linguistas Ferdinand de Saussure (com seu clássico Curso de Linguística Geral),
Roman Jakobson; o antropólogo Claude Lévi-Strauss; os filósofos Michel Foucault,
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Jacques Derrida; o estudioso da cultura grega Jean-Pierre Vernant; O psicólogo
Jacques Lacan; além de Roland Barthes, Louis Althusser, Pierre Bourdieu e George
Dúmezil (MATTAR, 2008).
O estruturalismo defende que a realidade é composta de estruturas. Assim,
seria possível encontrar e estudar estruturas em arquitetura, no corpo, nas línguas,
na psicologia, na matemática, na geologia, na anatomia, e inclusive nas ciências
humanas e sociais. O método das ciências, portanto, seria identificar essas
estruturas e explicar como suas partes organizam-se numa totalidade, formalizando-
as.
A estrutura não deveria, entretanto, necessariamente ser entendida como
algo estático, mas sim como uma totalidade que se transforma e se auto-regula.
Por fim, temos Karl Popper, bastante conhecido como o introdutor do critério
de falseabilidade para diferenciar as teorias científicas dos discursos não científicos.
Um conceito científico deve ser refutável ou falseável, ou seja, deve ser possível
admitir uma situação prática, como resultado de uma experiência, em que esse
conceito possa ser desmentido. Uma teoria científica deve implicar a possibilidade
de sua contradição: as teorias que não admitem sua possível negação pela
experiência não seriam científicas (MATTAR, 2008).
Em linhas gerais, Popper defende a substituição do método indutivo por um
método hipotético-dedutivo. Ele se propõe a responder às seguintes questões, com
o objetivo de distinguir entre ciência e pseudociência: “Quando uma teoria deve ser
classificada como científica?” e “Há um critério para o caráter ou estatuto científico
de uma teoria?” (MATTAR, 2008).
Nessa direção, Popper realiza uma crítica à teoria da história de Marx,
à
psicanálise freudiana e à psicologia individual de Alfred Adler: há muitas verificações
de suas verdades, e essas teorias acabam por ser sempre confirmadas. Para
Popper, as confirmações devem ser classificadas como científicas apenas se forem
o resultado de uma previsão que tiver assumido riscos. Uma teoria científica seria,
então, uma proibição: quanto mais proíbe, melhor. Uma teoria que não é refutável
por nenhum evento concebível não deve ser considerada científica; para assumir tal
estatuto, ela deve ser incompatível com certos resultados possíveis da observação.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS E UTILIZADAS
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trabajadores sociales. 7 ed. Buenos Aires: Humanitas, 1978.
BELLO, José Luiz de Paiva. Metodologia Científica (2004). Disponível em:
<http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met01.htm> Acesso em: 05 jun. 2010.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro A; SILVA, Roberto da. Metodologia
científica. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
FERRARI, Alfonso Trujillo. Metodologia da Ciência. 2 ed. Rio de Janeiro: Kennedy,
1974.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa. 3 ed. Positivo. 2004 [CD-ROM].
LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1983.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 4
ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MATTAR, João. Metodologia Científica na Era da informática. 3 ed. São Paulo:
Saraiva, 2008.
MOLINA, Maria José T. O método dialético global (2007). Disponível em:
<http://www.molwick.com/pt/metodos-cientificos/524-metodoscientificos.html#texto> Acesso em: 06 jun. 2010.
NEVES, Josélia Gomes. Metodologia Científica ou a dor e a delícia de aprender a ler
e escrever na graduação. Revista Virtual Partes, 2005. Disponível em:
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NEVILLE, Robert. As contribuições de Charles S Pierce para a filosofia da religião
contemporânea. Cognitio: revista de filosofia do Centro de Estudos do Pragmatismo da PUC-SP, São Paulo, ano 2, 2001.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2001.
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AVALIAÇÃO
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1) A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos
metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de
uma mesma natureza. De acordo com a definição acima, assinale a opção que
corresponde a sua característica de ser um conhecimento sistematizado:
A( ) exige um método e está constituído por uma série de elementos básicos, tais
como sistema conceitual, hipóteses, definições.
B( ) não se adquire ao acaso ou na vida cotidiana, mas mediante regras lógicas e
procedimentos técnicos.
C( ) não se trata de conhecimentos dispersos e desconexos, mas de um saber
ordenado logicamente, constituindo um sistema de ideias.
D( ) nenhuma das respostas acima.
2) O conteúdo da disciplina Metodologia Científica pode ser classificado como
conceitual e procedimental, uma vez que não basta memorizar as ações ou as
normas da Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT) sem uma construção
de sentidos, pois é preciso compreender sua lógica de funcionalidade, bem como,
realizar as etapas. Qual a sequência correta dessas etapas? Assinale a opção
verdadeira.
A( )refletir sobre a ação – exercitar constantemente - descontextualizar
B( )refletir sobre a ação – descontextualizar – exercitar constantemente
C( )descontextualizar – refletir sobre a ação – exercitar constantemente
D( )exercitar constantemente – descontextualizar – refletir sobre a ação
3) De acordo com a defini ão: “é obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja,
é o conhecimento adquirido através de ações não planejadas”, assinale a alternativa
correta:
A( )conhecimento filosófico
B( )conhecimento empírico
C( )conhecimento científico
D( )conhecimento teológico
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4) O conhecimento teológico é marcado por qual conjunto de características abaixo?
A( ) valorativo, inspiracional, exato, sistemático, não verificado.
B( ) reflexivo, verificável, falível, inexato.
C( ) valorativo, não verificável, racional, infalível e exato.
D( ) racional, real, contingente, verificável, falível.
5)Segundo Neville (2001) “a investigação nunca começa no início. Não existe
problema puro, mas sim algo problemático surgindo de inúmeras convicções
relativamente estabelecidas; a investigação encontra-se sempre no meio, corrigindo
assunções e inferências prévias, harmonizando hábitos de pensamento ao engajar a
realidade com as hipóteses testadas”. Deste modo qual dos ciclos abaixo faz parte
da ciência?
A( )é um movimento retilíneo.
B( )é um movimento uniforme, reto, com começo e fim.
C( )é um movimento circular, parte da observação da realidade para a abstração
teórica, retorna à realidade, direciona-se novamente à abstração.
D( )é um movimento sem fluxo constante.
6)Contamos um pouco da história da evolução da ciência ao longos do tempo. Qual
das épocas pode ser considerada a época das trevas e respectivamente, qual o
período das invenções biológicas?
A( )Antiguidade – Idade Média
B( )Renascimento – Século XX
C( )Antiguidade – Século XIX
D( )Idade Média – Século XIX
7) Bunge (1976, p. 41 apud Lakatos e Marconi, 2004, p. 27) apresenta a seguinte
classificação para a ciência: formal e factual. Quais as matérias pertencem às
ciências formais?
A( )matemática e sociologia
B( )matemática e biologia
C( )lógica e matemática
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D( )física e matemática
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8) Segundo Lakatos e Marconi (2004) citando Trujillo (1974) e Bunge (1976) a
divisão em ciências formais e factuais leva alguns aspectos em consideração, como
por exemplo, o método pelo qual se comprovam os enunciados. Como é esse
método nas ciências factuais?
A( ) Contentam com a lógica para demonstrar seus teoremas.
B( ) Necessitam observar e/ou experimentar.
C( ) Relacionam símbolos.
D( ) Dependem do fato experimental para sua convalidação.
9) Assinale a op ão que apresenta a seguinte defini ão: “são um conjunto de ideias ,
códigos, símbolos e valores que indicam uma série de operações realizáveis, física
e/ou mentalmente, a partir da manipula ão de conceitos abstratos”.
A( )ferramentas teóricas
B( )ferramentas práticas
C( )ferramentas mistas
D( )ferramentas manuais
10)Leia atentamente as afirmativas abaixo e assinale a opção correta:
I – As ciências humanas e sociais estudam fenômenos que são reais e distintos dos
tratados nas ciências experimentais.
II - As causas e as leis descobertas nas áreas de humanas e sociais exprimem
relações necessárias entre os fatos e entre os atos.
III - As conclusões das ciências sociais e humanas têm um caráter incontestável de
certeza, embora de ordem diferente da certeza das ciências experimentais.
A( )Somente a afirmativa I está correta.
B( )Somente a afirmativa II está correta.
C( )Todas as afirmativas estão corretas.
D( )Todas as afirmativas estão erradas.
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GABARITO
Nome do aluno:_______________________________________
Matrícula:___________
Curso:_______________________________________________
Data do envio:____/____/_______.
METODOLOGIA CIENTÍFICA
45
1)___
6)___
2)___
7)___
3)___
8)___
4)___
9)___
5)___
10)___
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