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INSIDE

André Furlan

Aventuras num mundo distante.

Sonhos reais, realidades abstratas...

SURREAL

Meu trabalho como terapeuta continua na ilha de

Sarah. Ann apresenta melhoras, mas ainda

necessita de tratamento. Esta semana não fiquei

muito bem no mundo físico, pois tive

formigamento no corpo e fadiga. Durante três dias

tive estes sintomas, mas foram melhorando e hoje

estão bem mais fracos. O que notei nestes dias foi

a eficácia da prece, pois senti a ajuda divina e de

seus anjos. É um auxílio poderoso, ainda que não

seja visível. Posso garantir que a ajuda divina foi

bem real.

Aqui na ilha espiritual converso com Sarah sobre

minha semana.

- Vi como você ficou, André. Vi também suas

orações sendo atendidas.

Sarah diz isto preocupada. Mas logo continua:

- A oração para você é um excelente remédio, um

recurso poderoso devido à sua fé. Nunca perca

isto, André. Mesmo com uma doença tão terrível

você vai vencer, pô nunca se entregar ou desistir.

Sarah agora me abraça, lacrimejante.

Realmente estou bem melhor fisicamente, mas

ainda sinto um pouco de dormência nas pernas,

que sei que vai passar em breve.

- Sarah, como vai ficar o tratamento de Ann? -

pergunto.

Ela pensa um pouco e responde:

- Ela está melhor. Mas devemos continuar o

tratamento, pois os traumas que ela sofreu ainda a

perturbam. Às vezes a alma carrega males sofridos

por um longo tempo. A massagem terapêutica

deve continuar, com a manipulação dos nódulos

ocasionados por tensões. Amanhã podemos

reiniciar a massagem terapêutica em Ann. Pode

ser, André? Ela confia muito em você.

Sinto-me feliz em ser útil.

- Claro que sim, Sarah. - respondo.

E cada lágrima que a gente derramou vai ser luz na

escuridão,

Nossas asas quebradas vão ser restauradas

naquela noite.

Onde choramos, tiremos libertos, com a felicidade

da vitória.

Nosso amor reinará absoluto onde havia tanto dor.

Vai ser o dia da vitória, a paz da batalha vencida.

Onde a gente não via saída, uma porta foi aberta.

E anjos iluminaram o nosso caminho.

Uma estrada de luz se formou e passamos

resolutos.

Quando a gente achou que era o fim, vimos que

era uma continuidade.

E naquele paraíso tudo mais fez sentido.

Naquele dia.

É tempo de vencer. Deixar de lado o que não nos

faz bem. É hora de dar a volta por cima. Podemos

fazer isto.

Dizer não para nossa eterna falta de amor próprio.

O Cristo ensinou que devemos amar o próximo

assim como amamos a nós mesmos.

Vamos perdoar nossas falhas. Ou você quer atirar

a primeira pedra?

Perfeito é só Deus, amigo.

Ame-se, respeite-se, entenda-se, perdoe-se.

Um novo tempo assim vai começar.

- André, Ann já vai chegar para a massagem

terapêutica. - fala Sarah.

Estamos no exterior do mosteiro aguardando a

moça.

Está uma noite muito bonita estrelada aqui na ilha

de Sarah.

Entro para arrumar a sala e a maca para a

massagem. Lembro-me de quando trabalhei com a

massoterapia no mundo físico, mas infelizmente a

doença me impediu de continuar com este

trabalho. Mas aqui na ilha de Sarah não tenho

limitações e posso ser terapeuta. No mundo físico

também estudei e trabalhei com terapias

holísticas, como a cromoterapia e as essências

florais.

Ann entra na sala junto com Sarah.

Sabe meu amigo, o corpo acumula tensões da

alma em forma de tensões musculares e as

tratamos com a massagem terapêutica.

Ann não parece bem. Está com aspecto triste e

atribulado.

Sarah sai da sala e me pede para iniciar o

tratamento.

Lembro-me de um atendimento no mundo físico

em que eu apenas impus minhas mãos sobre os

Chakras de uma moça e ela começou a chorar

convulsivamente, melhorando depois. Vou

começar esta sessão com esta técnica.

Imponho minhas mãos sobre o Chakra Cardíaco de

Ann e sinto toda sua energia e traumas. Ela parece

sofrer, parece querer que eu pare. Mas também

me recordo das afirmações de libertação que

aprendi nas Escrituras Sagradas. Com

determinação grito palavras de incentivo e amor.

Mas num outro momento dou ordens sentindo o

poder de Deus:

- Ann, você está livre! Todo este mal seja retirado

de você, em nome de Jesus Cristo.

Ela chora muito, na toda aquela tribulação parece

ter saído da moça.

Ela depois de algum tempo se levanta da maca e

me abraça, feliz.

Tem dias que estou aqui na ilha de Sarah e me vejo

andando normalmente. No mundo físico não é

assim, pois não ando mais. É estranho o fato de

não poder andar. Antigamente era perfeito e

saudável. Andava, corria, nadava. Mas tudo

mudou com a doença. Mas tudo bem, me adaptei.

A gente tem que continuar a vida.

A noite está nebulosa e acho que a chuva está

vindo.

- André, gostaria de conversar com você sobre a

minha vida física. Sofri muito. Acho que fala um

pouco sobre isto vai me ajudar. - diz Ann.

Não vou mentir, acho que não sou a melhor

pessoa para isto. Gosto muito de Ann, mas acho

melhor que ela converse com Sarah.

- Só um instante, Ann. - digo e saio para falar com

minha amiga ninja branco.

Conto o acontecido e Sarah me diz que Ann confia

muito em mim e é comigo que ela quer conversar.

Volto para a sala onde Ann está e iniciamos o

diálogo. Mas tenho a ideia de conversar enquanto

executo a massagem terapêutica, pois tensões

musculares são originadas por traumas.

Início a sessão de massagem terapêutica

normalmente e oriento Ann a me conta sua

história enquanto encarnada.

Massageio suas pernas e ela começa a me falar

sobre si.

- Fui escravizada já jovem. Sofri muito. Minha vida

toda foi assim. - me diz Ann chorando muito.

Ela continua a descrever pormenores que não vou

citar aqui. Ela chora durante toda a massagem.

Finalizo a sessão com uma energização no Chakra

Cardíaco e ela se acalma.

Que história triste! Coitada de Ann. Sofreu a vida

física toda.

Ann depois de um tempo se acalma e diz:

- André, você é um grande amigo e terapeuta.

Muito obrigada por sua ajuda.

Ann diz estas palavras e me abraça por um longo

tempo.

Aqui na ilha de Sarah tudo segue normalmente.

Gosto muito de vir aqui. Sinto-me bem. O que

gostaria de dizer é que vejo pessoas normais com

sonhos, traumas e dores. Pessoas que tem

saudades e choram. Pessoas que ficam felizes e

sorriem. Ninguém virou anjo ou demônio por

desencarnar. Não, a vida segue e continuamos a

viver como somos. Não tem mágica, tem apenas a

continuidade da vida.

Agora a noite vai ter um baile no salão da igreja

que fica na rua central. Sarah foi convidada. Outra

vez eu fui com ela. Ann foi visitar uma amiga num

hospital numa ilha próxima Ela foi resgatada de

uma colônia das sombras e está se recuperando.

Sarah e eu estamos conversando em sua casa. A

noite está muito bonita. Estrelas iluminam a ilha.

Conversamos sobre o tratamento de Ann. As horas

passam e se aproxima a hora do baile.

- Gostaria de ir comigo no baile, André? - pergunta

Sarah.

Ela me olha fixamente com um lindo sorriso. Como

dizer não a um anjo?

- Claro que sim, Sarah.

Dizendo isto, vamos nos aprontar. Visto uma

roupa social e espero Sarah na varanda. Pouco

tempo depois ela sai vestindo um lindo vestido

longo vermelho. Ela está deslumbrante.

- Gostou do vestido, André?

- Ficou lindo, Sarah.

Então caminhamos até o salão da igreja. O baile

vai começar.

Está um ambiente muito agradável. É um baile em

comemoração ao dia de Santa Bárbara. Tem umas

quarenta pessoas. Então a banda começa a tocar

uma linda música dançante e vários casais

começam a dançar.

Sarah me olha e pergunta:

- Me concede o prazer desta dança?

Começamos a dançar e queria dizer que Sarah

dança muito bem. São momentos revigorantes e

inesquecíveis. É mágico o fato de ter todos os

movimentos aqui na ilha de Sarah, sendo que no

mundo físico sou tão limitado.

Uma das músicas que dançamos é Greensleeves,

conhecida no mundo físico. As outras canções eu

não conheço, devem ser composições daqui do

mundo espiritual.

Dançamos algumas músicas e vamos felizes para a

cabana de Sarah.

Tem vezes que acontece cada coisa com a gente

que até desanima. Tem coisas que acontecem e a

gente pensa até que não vai suportar. Mas Deus

dá força e a gente continua.

Faz uma semana que tive uma crise na esclerose

múltipla e meu corpo ficou adormecido do

pescoço para baixo. Esta doença é complicada.

Mas já melhorei um pouco. E tenho certeza

absoluta que vou melhorar.

Mas a vida é assim. Vou em frente.

Onde quer que estejas, saiba uma coisa meu

amigo,

Tenha fé, Deus é contigo,

Deus é bom e vai ajudar.

Por quantas vezes nesta estrada

Ele me livrou de coisas erradas,

Tirou-me da ilusão e me mostrou

Que aquele caminho em nada iria dar.

Tem horas difíceis, eu sei,

Em que não vemos uma saída,

Mas Deus abre porta onde não há.

Uma coisa aprendi,

Que ter fé é ter o poder

De o impossível alcançar.

Concerto no Bosque da Paz

Sarah está alegre e sorri ao me ver. Ela veste um

vestido azul escuro muito bonito. Parece que vai a

uma festa. Ela me cumprimenta e me leva a sua

cabana.

- André, hoje quero te levar a um concerto

musical. Tem uma roupa bonita em meu quarto

para você vestir. Mas não demore.

Entro na cabana e me troco. É um blazer preto.

Sarah me vê e me diz que ficou bonito.

Saímos rapidamente em direção ao Bosque da Paz,

que fica perto do rio. Quinze minutos e chegamos

a nosso destino. Este bosque é realmente lindo.

Tem um palco montado e uma moça toca violino.

Toca muito bem.

Vejo que tem outros músicos esperando sua vez

de tocar.

Sarah me diz que vários músicos vão se apresentar

neste concerto musical.

Sentamos numa mesa próxima ao palco. Sarah

está muito feliz.

Tem um apresentador chamando a pessoa que

será a próxima a se apresentar. Numa dão instante

ele diz:

- Agora André vai tocar Greensleeves no violão.

Achei uma grande coincidência. Mas Sarah diz:

- Estão te chamando, André! Eu inscrevi você.

Fico vermelho, mas sigo no palco. Será que vou

conseguir tocar? No mundo físico já quase não

tenho conseguido devido à doença.

Seguro o violão e para meu espanto toco

maravilhosamente bem. Aqui minha mãos

também funcionam perfeitamente. Acabo de tocar

Greensleeves e sou muito aplaudido pelas

aproximadamente cinquenta pessoas presentes.

Sarah me abraça, emocionada.

Estou sozinho sentado num banco no bosque

próximo ao mosteiro na ilha de Sarah. Estou aqui

captando as boas energias das plantas deste local.

Estou me sentindo um pouco fraco e desanimado,

coisa que nunca aconteceu quando estou aqui.

Acho que a gente acaba carregando energias

negativas de palavras ríspidas, de lugares e

pessoas que não estão bem.

Sarah chega e me olha espantada. Ela diz:

- Você precisa recompor suas energias! Vamos ao

lago das águas medicinais.

Andamos por algum tempo e chegamos ao lago de

águas medicinais. Sarah me diz para entrar no

lago, pois vou me senti melhor. Entro na água e

logo depois ela também pula no lago.

- Estas águas são terapêuticas. Há minerais e

energias subterrâneas que vão te ajudar.

Ficamos imersos por um tempo e realmente

melhoro em contato com o líquido medicinal. Hoje

no mundo físico realmente me descontrolei

energeticamente. Depois de mais um pouco

imerso melhoro totalmente.

Saímos do lago e me sinto bem melhor.

- Agora você está bem melhor. - me diz Sarah.

Digo que sim e vamos ao mosteiro.

Nesta noite de oração rogamos a Deus que nos

ajude em nossas dificuldades e nos liberte de tudo

o que nos aprisiona e faz sofrer.

Senhor, sinto teus anjos a nos ajudar e proteger.

Anjos guerreiros poderosos a nos auxiliar.

Este grupo Nossa Oração novamente se une

orando a ti, Senhor. Pois tudo podes e estamos

certos da tua ajuda.

Senhor, perdoa nossas fraquezas e às vezes falta

de fé.

Mas nesta noite sinto tua presença como sempre

sei que conosco estás.

Se tivermos fé seremos libertos do que nos aflige.

O senhor, assim como abriu o Mar Vermelho, vai

abrir nossos caminhos.

Cristo, assim como curou o cego de Jericó, vai

curar nossa cegueira espiritual e veremos o

esplendor da morada do Pai.

Abba, absoluto senhor do tempo e espaço, nos

abençoa nesta noite de oração.

Agradecemos Senhor por mais estes minutos de

oração.

Amém.

Chorei, pois meus olhos se contaminaram com a

fuligem da alma.

A poluição etérea se embrenhou e ocupou meu

ser.

Que dizer de enganos e decepções?

Quão pesadas lágrimas caíram de meus olhos,

Ao ver o fim de algo tão belo.

Mas tudo acaba um dia não é mesmo?

Acaba para algo novo começar,

Para a alma voar no infinito do tempo/espaço.

Mas naquele breu vi uma luz.

Uma coisa é certa,

Sempre tem um novo amanhecer.

Uma tempestade assolou minha mente ,

Ventos velozes se abateram em meu interior.

Abba, papai do céu, me ajude por favor.

Que a bonança, o sol, céu azul venham novamente

E me alegrem, me façam sorrir.

Náufrago, preciso de resgate.

Estou à mercê, mente em tempestade.

Jogue a bóia da fé,

A prancha da esperança,

Mente em desalinho, espero a bonança.

Quero um pouco da paciência de Jó,

A sabedoria de Salomão,

A fé de Abraão.

Assim sei que a tempestade vai passar...

Mulher,

Guardas da vida a essência, os planos, os sonhos,

Sem tu nada houve ou haverá.

Carregas a humanidade em teu ventre,

Cada vitória ou conquista são por teu esperar.

Inspiras poetas e melodias são feitas pensando em

ti.

Quantas lágrimas e sorrisos, gemidos e suspiros

São por teu existir.

Teu dia são todos, pois és rainha da vida,

És princesa e menina,

És mãe do existir.

Mulher.

O corpo precisa de alimentação equilibrada e

exercícios.

A alma precisa de bons pensamentos.

O espírito precisa ter comunhão com Deus.

Semear a boa palavra

No abismo profundo, no escuro deserto

Num mundo de aflição e dor.

Semear a boa palavra

Na mente obscura, na morte tão perto

Num mundo onde falta amor.

Semear a semente,

Falar a palavra de Deus.

Longe, perto, no mar, no deserto,

Em todos os lugares,

Esta é a ordem direta do céu

A noite está estrelada e quente aqui na ilha de

Sarah. Interessante é que o calor não afeta o meu

corpo etérico. Já no mundo físico o calor

enfraquece meu físico, devido à esclerose

múltipla. Mas até me acostumei com isto. Como já

mencionei, aqui na ilha ando e até mesmo corro

normalmente.

Fisicamente tenho sérias limitações, mas continuo

minha vida física sempre m adaptando a estas

sequelas.

Ann me aguarda para a continuação da terapia

manual, massoterapia. Ela tem apresentado

melhoras, mas Sarah e disse para continuar o

tratamento de Ann.

O mosteiro está iluminado nesta noite. Sarah me

diz para entrar na sala de atendimento, pois Ann

me aguarda.

- André, trabalhe bastante a região do Chakra

esplênico, pois apresenta desarmonia energética e

muita tensão relacionada a traumas vividos. - me

orienta Sarah.

Respondo afirmativamente e entro na sala para

atender Ann. Ela já está deitada na maca. Observo

que ela parece aflita.

Início o tratamento com energização do Chakra

Cardíaco e Ann se acalma, parecendo ter

harmonizado seu corpo etérico.

Realizo deslizamentos profundos em seus

membros e noto a quase ausência de tensões. Mas

quando início massagem abdominal ela parece

sentir repulsa ao toque, revivendo traumas.

Contínuo com movimentos profundos e ela geme

e grita num misto de prazer e dor. Sarah entra e

me ajuda com energização e segurando as mãos

de Ann para infundir nela confiança e garantir a

continuidade da massagem terapêutica. Ann chora

e suspira bastante e depois de uma hora de

tratamento se acalma e relaxa, expressando

felicidade e paz. Terminada a sessão, Ann

adormece por algum tempo e ao acordar do sono

reparadora, me abraça, agradecida.

Sarah me chama em separado e me diz, para um

dia, usar a oração como terapia para eliminação de

traumas e restauração do amor próprio e

autoestima.

Na minha vida conheci muitas pessoas especiais,

gente do bem , que me fazem bem e que gosto de

me lembrar.

Uma época trabalhei como professor de

massoterapia e em uma destas turmas que

lecionei tinha o Paulão boxeador. Ele treinava boxe

e lutava em competições na época. Neste tempo

eu já tinha sequelas motoras da esclerose múltipla

e carregar pesos era difícil para mim. Em algumas

aulas práticas usávamos salas em que era

necessário levar macas e me lembro que o Paulão

sempre me ajudava e levava macas. Lembro-me de

uma vez em que ele tinha uma maca em cada

mão!

Os anos se passaram e me lembro de algumas

vezes em que ele passava num caminhão e quando

me via gritava bem alto:

- E aí André !!!

Tem gente que passa pela nossa vida e gostamos

de lembrar. Para mim o antigo aluno de

massoterapia Paulão boxeador é um deles

TESTEMUNHO

A busca pelo espiritual sempre foi muito forte em

mim. Desde garoto faço esta busca. Doutrinas

espiritualistas, igrejas e até doutrinas orientais.

Hoje vejo como válido este caminhar, esta busca

pelo divino. Encontrei Deus em todos lugares. Hoje

em dia não frequento nenhum local religioso

específico. Oro e estudo em casa. Sinto o Divino

dentro de mim e busco hoje mais sentir do que

tentar teorizar. A fé é algo que precisamos sentir e

não ver ou entender.

Mas um dia a doença chegou em mim. Uma

doença neurológica incurável irreversível e

degenerativa chamada esclerose múltipla. Uma

doença que me fé rever valores e me adaptar a

cada dia, pois dia a dia foi me limitando. Há alguns

anos sou cadeirante.

No início foi muito difícil conviver com tão nefasto

destino. Mas hoje em dia aprendi a viver com

limitações cada vez maiores.

Estudioso das Escrituras Sagradas li que Jesus

Cristo curou paralíticos. Realizou milagres e

maravilhas. Mas quem sabe em mim ele queira

curar algo em minha alma, algo que quem sabe

necessite que eu ando para dentro de mim e não

exteriormente. Acredito que Deus sempre faça o

melhor, mesmo que cause sofrimento e que não

entendamos o porquê.

Claro que já vivi revoltas interiores, já chorei e

pensei em desistir. Sou humano. O que percebo é

que tenho ficado mais forte interiormente e

conseguido viver com maior estabilidade

emocional.

Tenho certeza de que esta busca pela fé sempre

presente em mim é algo que desde o início da

doença tem me ajudado a viver melhor, mesmo

com tanta limitação física.

Quero concluir dizendo que mesmo que não tenha

sido curado fisicamente, minha alma hoje é muito

mais forte, por atravessar tal prova. Deus quem

sabe queira em mim uma cura mais profunda, a

cura da alma e do espírito.

- Tudo bem, André ?

Sentado num banco no bosque escuto uma voz

familiar. Faz um tempo que não venho aqui.

- André, que saudades !

Sarah me abraça bem apertado. É tanta emoção

que lágrimas caem em meu rosto. Adoro este

lugar. No mundo físico tenho graves limitações,

mas aqui na ilha de Sarah tenho saúde e

desenvolvo trabalhos como engenheiro e

terapeuta, coisa não mais possível fisicamente.

- Sarah, que bom estar aqui! Por que fiquei um

tempo longe?

Ela me olha emocionada também e responde:

- André, você ficou muito debilitado este tempo

que não veio aqui. Achei melhor poupar você. Mas

não te abandonei, toda noite visitava você e fazia

tratamentos energéticos.

É verdade. Sempre sentia a presença de Sarah,

minha benfeitora espiritual.

Agradeço pela ajuda e a abraço, feliz.

- Estou melhor agora. Gostaria de continuar o

tratamento de Ann. Como ela está? - pergunto.

- Ela sempre me pergunta sobre você. André, ela

disse que prefere que você a atenda e espera sua

melhora. Ann tem chorado muito.

- Posso atendê-la agora?

- Sim. André.

Sarah me leva ao mosteiro e vai buscar Ann. Já me

adianto e preparo a sala para a massagem

terapêutica. É um tratamento sério e tenho

experiência e bons resultados.

Elas entram na sala e Ann me abraça, emocionada

e agradecida.

Sarah sai da sala e início a massagem terapêutica.

Começo com energização no chakra cardíaco e

Ann chora convulsivamente. Sinto muita mágoa e

digo: - Perdoe, Ann. Liberte-se.

Mas ela começa a gritar palavras de ódio. Sinto a

energia de Sarah dando suporte ao trabalho. Início

deslizamentos profundos nas pernas e ela agora se

acalma. No decorrer da sessão ela chora, ri, geme,

sorri. Agora Ann dorme, calma.

Sarah entra na sala e Ann se levanta da maca.

Estou contente com o tratamento, pois Ann parece

estar melhor.

Tem feridas na alma difíceis de serem curadas.

Entendo Ann. Não a julgo. Ela sofreu muito no

mundo físico, foi muito maltratada. O perdão às

vezes é difícil. O problema é que o ódio acaba

prejudicando muito. É uma escravidão, uma

prisão.

Ann me abraça, feliz.

PÁSCOA

Triste, o sol se recusou a brilhar e a escuridão se

fez presente.

Tudo ficou em trevas porque a Luz se foi.

Uma cena lúgubre de injustiça e traição.

Mas, desta aparente derrota, um novo dia

nasceria.

A morte deu lugar à vida,

A escravidão, à libertação.

Amar,

É a regra que nos deixa o Messias.

E cada lágrima que a gente derramou vai ser luz na

escuridão,

Nossas asas quebradas vão ser restauradas

naquela noite.

Onde choramos, tiremos libertos, com a felicidade

da vitória.

Nosso amor reinará absoluto onde havia tanto dor.

Vai ser o dia da vitória, a paz da batalha vencida.

Onde a gente não via saída, uma porta foi aberta

E anjos iluminaram o nosso caminho.

Uma estrada de luz se formou e passamos

resolutos.

Quando a gente achou que era o fim, vimos que

era uma continuidade.

E naquele paraíso tudo mais fez sentido.

Naquele dia.

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..........................

Quem assistiu o filme Avatar vai entender como

me sinto aqui na ilha de Sarah. Cadeirante no

mundo físico, aqui ando perfeitamente.

Estou na praia do Mar Azul. Sarah e Ann também

estão. Vamos fazer exercícios de Chi Kung,

orientados por Sarah.

Chi Kung é feito com movimentos lentos,

associados com respiração mais profunda. Gosto

de treinar aqui na praia ouvindo o mar. Parece que

o exercício ganha uma força especial perto do mar.

Sarah é um especialista nesta técnica, pois

desenvolveu o treinamento no templo ninja onde

estudou.

Ann sempre treina com Sarah, pois faz parte de

seu tratamento.

Acabamos o exercício e sentamos na areia para

descansar. Sarah e Ann se levantam e conversam

algo distante de mim. Fico olhando para o Mar

Azul e ouvindo o terapêutico som de suas ondas.

Elas agora se sentam perto de mim e parecem

querer me dizer algo.

- André, Ann quer pedir uma coisa a você, mas

está com vergonha. - diz Sarah.

Ann está vermelha, envergonhada.

- Pode falar, Ann! - digo, curioso.

- André, tenho o sonho de participar do musical

que vai ter aqui na ilha. Gosto muito de cantar,

mas não sei tocar nenhum instrumento musical.

Sarah me disse que você toca violão. Você pode

tocar comigo?

Sarah sorri e sabe o tanto que eu gosto de tocar

violão.

- Posso tocar sim, Ann! Você precisa escolher uma

música para ensaiarmos.

Sarah e Ann se olham sorrindo.

- Tem um música que eu adoro. Quer ouvir? - diz

Ann.

- Claro que sim. Cante. - digo.

Ela começa a cantar uma música que eu compus,

chamada Infinito Blue. Ela canta muito bem. Fico

emocionado. Ann acaba de cantar a música e a

abraço. O musical vai ser daqui a um mês. Vamos

ensaiar bastante.

O Mar Azul está lindo nesta noite estrelada...

Noto que a doença física nem sempre desaparece

imediatamente após o desencarne. Sarah me disse

que a alma às vezes também está doente e o

processo da cura da alma pode continuar no

mundo espiritual. Depende do caso. Tem pessoas

que ficam curadas logo após a morte física.

Ann por exemplo vive na ilha de Sarah, mas tem

depressão. Conflitos e traumas não somem com o

desencarne. Por este motivo existem clínicas,

hospitais e tratamentos também no mundo

espiritual.

Tem dias que são mais atribulados e parecem

pesados, tristes. Estou aqui na ilha de Sarah, mas

me sinto ansioso e mente inquieta.

- Tudo bem André?

- Tudo bem Sarah. - digo.

- Parece que você está preocupado.

Sarah então segura minhas mãos e faz uma

oração. Sinto-me revigorado depois de alguns

minutos. Sinto todo meu corpo sendo energizado.

Sarah além de guerreira ninja branco é também

excelente terapeuta. ,

- Obrigado Sarah. Estou bem melhor.

Acho que tem dias que a doença física interfere

mais em minha alma. O fato de ter deficiência

física debilita o corpo, a alma e o espírito.

Uma visita muito especial na ilha de Sarah

Tenho conversado com Sarah a respeito de Ann.

Estou fazendo o tratamento com ela, mas tem um

momento que não consigo ir além para uma

melhora mais efetiva. Sarah me disse que hoje

teremos uma visita aqui na ilha de uma pessoa que

vai poder ajudar no tratamento de Ann.

Estamos no exterior do mosteiro e noto uma luz se

aproximando do céu. Cada vez mais próxima, ela

chega bem perto e vejo que a luz se trata de uma

linda mulher, quem sabe um anjo de luz.

Sarah não se surpreende e vai cumprimentar a

visitante.

- Que honrja recebê-la, Irmã Rute!

- O prazer é meu, Sarah. Estou contente em vir

aqui.

Ela agora olha para Ann e para mim.

- E quem são eles, Sarah?

- Ela se chama Ann e este é o André.

Agora a Irmã Rute vem perto de mim e diz:

- Prazer em conhecê-lo, André. Nunca se esqueça

de que Deus tem um propósito para tudo em

nossa vida.

Sarah chama a Irmã Rute e explica a situação de

Ann.

A religiosa faz uma imposição de mãos na cabeça

de Ann e faz um clamor, pedindo as bençãos de

Deus para a moça. A oração dura quinze minutos.

Ann agora parece muito mais calma.

- lembranças tristes de Ann foram bloqueadas para

ela reagir melhor ao tratamento. Claro que um dia

as recordações voltarão, mas ela estará mais

equilibrada. - diz a Irmã Rute.

Observo a visita angelical de mais perto e percebo

que ela parece ser de um material mais sutil, além

de ter uma espécie de aura luminosa que a

circunda. Seus olhos são azuis bem claros e tem

uma luminosidade especial.

- André, posso orar por você? - pergunta a Irmã

Rute.

Digo que sim e ela impõe as mãos sobre meu

Chakra Cardíaco e clama pedindo a Deus forças

para que eu continue minha caminhada.

É tanta luz que emana deste anjo, que quando ela

termina a oração, estou chorando muito e me

prostro agradecido. Mas ela me manda levantar e

diz:

- André, só o Cordeiro de Deus merece tal m gesto.

Sou apenas sua irmã em Cristo.

Levsnto-me e agjradeço. A irmã Rute é um anjo

bondoso e humilde. Sinto- me muiito bem.

- André, tudo tem seu propósito é seu tempo.

Fique em paz.

A irmã Rute se despede de nós e vai embora.

O Concerto

Chegamos o dia de nossa apresentação musical.

Treinamos algumas vezes e acredito que esteja

bom. Vamos tocar a música " infinito Blue" que

compus em 2016. Eu vou tocar violão e Ann,

cantar.

Ann está agora reagindo melhor ao tratamento,

depois que a amiga de Sarah bloqueou uma parte

das recordações negativas da moça. As lembranças

tristes causavam ódio em Ann, que não conseguia

libertar-se e reagir. Agora ela já está bem melhor.

O salão da igreja de São Bento está lotado. Tem

umas oitenta pessoas. Sarah está sentada na

primeira fileira. Chega nossa vez.

Sento num banquinho, no palco, e Ann se senta ao

meu lado. Estou com uma calça preta e camisa

social branca. Aqui na ilha de Sarah toco

perfeitamente o violão. Executo os primeiros

acordes e Ann canta lindamente. Ela veste um

vestido longo azul escuro. Ann disse que a cor de

sua roupa é para combinar com o nome da canção.

As pessoas da platéia parecem estar gostando do

som.

Acabamos a música " Infinito Blue" e somos

aplaudidos bastante.

Sarah sobe no palco e nos abraça. Ann me abraça

feliz e m agradece.

Chegamos à cabana de Sarah e conversamos na

varanda.

A noite está linda, estrelada.

Sarah relata o trabalho de resgate a

desencarnados em conflitos armados.

Conto a ela imagens que vi na internet mostrando

crianças vítimas de conflitos no oriente médio.

- Eu sei, André. Participo de algumas missões de

socorro nesta região. Tem exércitos de

trabalhadores espirituais nestes conflitos.

Sarah, emocionada, olhos para o céu, parecendo

pedir ajuda a anjos de Deus.

Quando pessoas percebem minhas deficiências e

dificuldades e me oferecem ajuda, ou me olham

com ternura ou compaixão, sinto o amor Divino,

presente em nosso coração.

Uma folha que cai com a brisa de outono, faz

reviver meu sonho de ver um mundo melhor.

Crianças brincando, não importa nação, etnia ou

classe.

Tem todas pessoas felizes, pois só o bem existe,

todos sorriem em paz.

Que bosque lindo!!! Tem aqui perto. Até é bonito

o deserto, pois água está a jorrar!

Maravilhoso ver tanta harmonia, um ajudando o

outro, pois solidariedade aqui há.

Em cada rosto um sorriso, em cada alma um

sonho, em cada coração um amar.

Que gostoso poder sentir tanta alegria! Poder

imaginar este paraíso, não custa nada sonhar.

Acreditar...

Um dia chamado hoje

Pense bem, amigo. Hoje é o que realmente existe.

Ontem já passou e amanhã ainda não chegou.

Claro que é gostoso recordar momentos bons que

vivemos e projetar nosso futuro. Considero atitude

saudável.

Gosto de me lembrar do tempo em que trabalhei

como engenheiro em diversas obras, ou quando

fui professor de matemática. Também trabalhei

como massoterapeuta e atendi muita pessoas.

Tenho ótimas recordações destes tempos.

Mas tudo isto é passado para mim, pois a

esclerose múltipla me trouxe severas limitações

físicas, impossibilitando tais atividades.

Houve um tempo em que fiquei muito triste por

ter que parar de trabalhar com atividades que eu

gostava muito. Tive que com o tempo aprender a

aceitar a nova realidade e procurar fazer algo que

fosse possível e me deixasse feliz. Foi aí que me

lembrei de algo que sempre quis fazer: escrever.

Comecei em 2011 e escrevi o meu e book

“APRENDIZ SAMURAI” ,que relata um pouco de

minha vida na época já com limitações físicas. Não

parei mais e hoje tenho vários e books publicados,

que disponibilizo gratuitamente até em outros

países.

Aí vem para mim um pequeno problema: a

esclerose múltipla é uma doença neurológica

incurável irreversível e degenerativa. E meu

futuro? Vou piorar mais ainda? Vou um dia não

sair mais da cama? O que fazer?

Simples. Não penso nisto. Claro que tomo

medicamentos, faço reeducação alimentar e

exercícios e orações. Mas não fico pensando na

evolução da doença. Sabe por que? Porque senão

eu iria perder tempo, piorar e até desenvolver

uma depressão. Eu não quero isto. Penso no hoje!

Penso e acredito muito em Deus e sua ajuda

sempre presente. Isto me fortalece bastante. Não

tenho medo do amanhã. Vivo o hoje!

Converso, interajo, passeio, escrevo, vejo filmes,

escuto músicas.

Faço o que é possível!

Vivo o dia chamado hoje...

Noto no olhar de Sarah a tristeza de um deserto

seco e sem vida. Com certeza ela está se

recordando de cenas triste de lugares que foi em

missões de resgate e socorro.

A noite hoje está escura, nuvens escondem as

estrelas.

Eu e Sarah estamos conversando na areia da praia

do Mar Azul. Mar agitado.

- Tudo bem Sarah? - indago.

Ela demora para responder, parecendo estar

distante.

- Tudo. Só estava me lembrando de um resgate

que participei.

Gostaria de ir com Sarah nestas missões de

socorro. Pergunto para ela se posso ir na próxima

missão junto.

- Não posso te levar, André. É muito triste ver

tanto sofrimento.

- Imagino, Sarah, mas é muito bonito este trabalho

de resgate e socorro aos que desncarnam em

situações de guerra.

Ela concorda e relata uma destas missões:

- Era tudo escuro e num canto sobre escombros

ouvi uma voz de criança. Vasculhei o entulho e vi

um garoto. Ele estava muito fraco. Desencarnou

devido a um ataque de mísseis. Ele sorriu para

mim e desmaiou. Levamos ele e outras vítima

deste combate a um hospital espiritual. Foi muito

triste, mas fiquei contente em resgatar aquele

garoto.

Chorando, abraço Sarah.

Quantos traumas desenvolvemos, decepções,

sonhos desfeitos ou não realizados. Tudo fica

gravado em nossa alma.

Muitas vezes nosso medo de não ser bom, ou

nossa baixa autoestima, nos fazem desistir, antes

mesmo de tentarmos. É desilusão na certa.

Às vezes uma palavra negativa ou até um olhar

torto nos atrapalham. Claro que podemos e

devemos ser mais fortes que isto.

Cultivar a autoestima é fundamental. Temos que

acreditar em nós mesmos, temos que nos amar. Se

não acreditarmos em nós mesmos, quem vai

acreditar?

Minha situação física atual é complicada. Não

ando mais, às vezes meus braços ficam fracos.

Claro que às vezes fico desanimado, mas sempre

tenho conseguido superar esta negatividade. Mas

cada dia é um dia e sempre temos que tomar

cuidado para não ficarmos numa sintonia negativa.

Escrevo bastante e tenho textos e ebooks

publicados em vários sites, páginas e grupos. Isto

me faz bem, pois compartilhar aquilo que escrevo

é como conhecer ou conversar com pessoas bem

distantes. Sinto-me bem.

É como compartilhar a mim mesmo, minha alma, o

que sou.

O tempo é tão veloz, não é mesmo? Ontem

mesmo estava andando de bicicleta, correndo na

praia, fazendo treinamento de resgate na selva,

casando, o Jônatas nascendo...

Mas o que fazer, senão continuar a viver?

Uma vez eu escutei num filme umai frase que me

marcou: " Todo mundo morre, mas nem todos

vivem."

Vamos viver!!! Como quiser, como puder.

Andando, correndo, rodando, rolando, voando. O

importante é viver...

Vou relatar um caso que aconteceu quando eu era

estagiário de engenharia sanitária. Comecei a

trabalhar numa cidade em que havia uma lagoa de

estabilização, que serve para tratamento do

esgoto. O funcionamento da lagoa da estabilização

é simples. Lança-se o esgoto na lagoa e

naturalmente a água é tratada por bactérias

presentes nesta água. Chamamos este processo de

autodepuração.

Nesta lagoa chegava água também você uma

pequena cascata. Era uma água límpida. O

interessante era que o cair da água com certa

força na lagoa fazia entrar mais ar na água,

aumentando o oxigênio diluído e auxiliando a

autodepuração e também tornando a água ainda

mais saudável para todo aquele ecossistema.

Mas um dia eu estava olhando aquela cascata e

percebi uma coloração bem escura, como uma

tinta preta. Aquela água tão cristalina agora estava

maculada por um produto estranho. Perguntei o

que estava acontecendo para o técnico

responsável por aquela maravilhosa lagoa de

estabilização e ele ,com tristeza, me disse que

aquela tinta preta vinha de uma tinturaria situada

rio acima, que não tratava a água de dejetos antes

de lança-las no rio. Disse a ele que no outro dia

iríamos na tinturaria, cobrando tal procedimento.

Lembro-me bem do que o técnico me disse,

desapontado:

- Infelizmente não podemos fazer isto, André. O

dono da tinturaria é amigo do prefeito...

Era uma época em que as lei sanitárias estavam

ainda sem tanta força e não pude na época

resolver aquela situação.

Triste ver aquela água tão pura sendo maculada,

interferindo no processo de tratamento da água

da lagoa e naquele ecossistema.

Procurar usar algo negativo que nos acontece

buscando algo positivo, como um aprendizado ou

uma mudança em algo que fazemos, melhorando

nossa atuação. Como dizem: foi uma crítica

construtiva; não é nada pessoal; se a vida te dar

limões faça uma limonada.

Claro que não é sempre que vai dar para fazer isto.

Às vezes tenho conseguido reverter o jogo.

Negativo para positivo.

Antes de escrever este texto fiz duas horas de

exercícios para os braços, que enfraqueceram um

pouco depois da última crise. Tenho feito

exercícios todos os dias. Tenho sentido melhoras

nos braços.

Depois que parei de poder andar tenho escrito

mais. Se eu não vou fisicamente, meus

pensamentos voam pelas asas da internet.

Negativo para positivo !!!

Com a melhora de Ann, Sarah quer que ela

desenvolva alguma atividade que ela goste e

queira.

- André, você pode me ensinar massoterapia? -

pergunta Ann.

- Sarah é uma terapeuta muito mais experiente.

Ela não se importaria em te ensinar. - digo.

Ann me olha triste. Acho que ela prefere que eu a

ensine.

- O que você acha, Sarah? - pergunto.

Sarah olhos para Ann e depois para mim e

responde:

- Ann tem o direito de escolher seu professor.

Acho que ela já escolheu.

Ann sorri.

Ann quer que eu seja seu professor de

massoterapia.

Massoterapia é o nome dado para a massagem

terapêutica.

Disse para Sarah que vou ensinar manobras

básicas da massagem terapêutica com

deslizamento. Peço para a minha amiga ninja

branco que depois ensine para Ann a teoria dos

Chakras e energização.

Ann chega ao mosteiro junto com uma outra

moça, muito bonita também.

Eu e Sarah definimos que hoje será a primeira aula

de massagem terapêutica para Ann. Sarah me

deixou à vontade para ministrar as aulas.

A sala de aula prática já está pronta, com a maca

arrumada.

- Oi, André! Estou muito feliz por começar a minha

aula hoje. A minha amiga Lídia veio comigo para

que eu treine a massagem com ela. Pode ser,

professor? - diz Ann, sorrindo.

Olho para Sarah que balança a cabeça com um

gesto de aprovação.

- Tudo bem, Ann. Se não tiver problema para Lídia.

- digo.

Lídia vem em minha direção e me abraça,

respondendo com seu gesto que confia em mim

também.

Entramos na sala e Lídia se apronta é feita na maca

de barriga parara cima.

Ensino a Ann a massagem no rosto e ela observa e

depois executa as manobras. Assim acontece com

o tórax e abdômen. Ann observa meus

movimentos e depois executa. Ela está indo bem!

Trabalho a perna esquerda com deslizamento

superficial e depois profundo.

Ensino sobre a importância do ritmo e velocidade

adequada.

A primeira aula termina. Ann foi bem. Lídia diz ter

gostado muito da massagem. Ann me abraça e diz

obrigado.

Ann foi muito bem ontem em sua primeira aula de

massoterapia.

Esta noite está muito agradável na ilha de Sarah.

Temperatura em torno de vinte graus Celsius,

estrelas no céu.

Ann diz que quer conversar comigo. Estamos no

lado de fora do mosteiro e Sarah está na praia

treinando Chi Kung.

Percebo que Ann está nervosa.

- André, quero conversar com você antes de

continuar as aulas de massagem. Pode ser?

Digo que sim.

- André, tem problema se depois, que eu acabar o

curso de massoterapia, atender só mulheres?

Penso um pouco e respondo convicto:

- Não tem nenhum problema. Você tem que se

sentir confortável nos atendimentos. Você pode

direcionar sua terapia para o público feminino. Se

um dia você muda de ideia atenda todos os

públicos.

Ela demora um pouco para dizer algo, mas depois

de algum tempo diz:

- É que nem todos meus traumas foram

esquecidos e superados.

- Tudo bem, Ann.

Ela sorri e diz envergonhada:

- Mas tem um homem que quero massagear. Você,

André. Confio muito em você.

Ela me abraça demoradamente. Existem laços

espirituais muito fortes. Um amor fraternal, uma

amizade sincera no decorrer dos milênios.

Ann hoje será minha massoterapeuta. Sarah quer

que eu avalie o atendimento para posteriormente

Ann começar a atender pessoas no mosteiro.

- Estou nervosa, André. - fala Ann.

Digo que vai dar tudo certo. Ann então inicia a

massagem terapêutica.

A terapia corporal está bem, mas quando Ann

massageia a região peitoral começo a chorar. Ann

fica assustada e para a massagem. Sarah percebe e

entra na sala.

- Está tudo bem, Ann. O André também tem seus

traumas. - diz Sarah.

Converso com Ann e a parabenizo pelo ótimo

atendimento.

- Parabéns, Ann. Adorei a terapia. Você já é quase

profissional ! - digo.

- Desculpe-me, André. Eu me assustei quando você

chorou.

- Ann, a massagem causa todo tipo de reação, pois

traumas ficam armazenados em forma de tensões,

que quando estimulados emergem para a alma.

Mas você vai acostumar a isto com a experiência.

Mas digo a você que sua massagem terapêutica foi

espetacular. Esta reação causada em mim só

aconteceu devido à terapia ser bem realizada e

pela confiança que tenho em você. Parabéns!

Ann me abraça contente e agradecida por minhas

palavras de incentivo.

Interessante a reação de choro que a massagem

terapêutica causou em mim, dado que meu corpo

etérico foi massageado e não meu corpo físico.

Percebo que ainda que aqui na ilha de Sarah não

apresente as sequelas causadas pela esclerose

múltipla, sendo que no mundo físico sou

cadeirante, o corpo físico e o corpo etérico estão

intimamente ligados.

Ann está indo muito bem nas aulas de

massoterapia. Fico feliz por ser seu professor.

Sarah quer que Ann continue a realizar massagem

terapêutica em mim. Disse que Ann vai

acompanhar minha evolução e marcar na ficha de

anamnese.

Hoje Sarah reuniu algumas pessoas conhecidas

aqui no mosteiro. São pessoas interessadas em

realizar alguma terapia ou treinar Chi Kung.

Sarah tem aumentado seus atendimentos e tem

um turma de Chi Kung que ela treinamento à beira

mar.

Sarah está ocupada conversando e eu estou com

Ann falando sobre como conheci Sarah.

- Ann, faz algum tempo que eu vinha em uma ilha

próxima e recebia tratamento com uma mulher

muito especial chamada Ivy. Nesta época eu usava

cadeira de rodas até aqui no mundo espiritual. Foi

quando Ivy me trouxe aqui na ilha para conhecer

Sarah, a guerreira ninja branco, para receber um

tratamento mais adequado para o meu caso.

Ann ouve atentamente e diz:

- Mas hoje você está diferente, André. Parece

triste, atribulado.

Realmente estou assim, nem sei o porquê.

Sarah nota que não estou bem e se aproxima. Ela

me segura pela mão e me leva a um lugar

reservado. Sinto-me com tontura e fraqueza.

- Calma, André. Você já vai melhorar.

Dizendo isto Sarah me deita na maca e inicia uma

energização. Ann entra na sala e a guerreira ninja

branco pede que ela massageie minhas mãos,

enquanto ela me energiza. Em alguns minutos foco

bem.

- Muito obrigado. Estou bem melhor. - digo.

Sarah me olha fixamente e diz:

- André, controle mais seus pensamentos. Hoje no

mundo físico você se descontrolou e até seu corpo

etérico enfraqueceu. Lembra de quando você era

cadeirante até aqui na espiritualidade? Foi devido

a descontrole emocional. Eu sei que não é fácil ser

cadeirante no mundo físico, mas também sei que

você tem condições de superar esta prova.

Sarah e Ann me abraçam nesta noite estrelada.

Eu e Sarah estamos andando pelo bosque próximo

ao mosteiro, conversando sobre a evolução de

Ann como massoterapeuta.

A noite está muito agradável e as estrelas

iluminam o bosque.

Andamos bastante em lugares que eu não

conheço. Vejo uma pequena cabana isolada no

meio do bosque.

- É a cabana do JJ. Vamos até lá.

Dizendo isto, Sara e eu vamos até aquela humilde

habitação. Percebo sons semelhantes a tambores

e vejo fumaça vindo da cabana. Ao ouvir nossa

chegada, JJ abre a porta e sai ao nosso encontro.

- Sarah, que bom que você veio me visitar! Quem é

seu amigo?

Eles se abraçam e Sarah diz:

- Que bom ver você, JJ ! Este é meu amigo André.

Percebo que ele estava fumando e o som deveria

ser de tambor. Acredito que JJ deve ser adepto da

umbanda.

- André, JJ é umbandista. -diz Sarah.

Ele nos convida a entrar em sua cabana e toca

tambor para nós. Ele parece ter muita fé é uma

ótima e saudável energia.

É bonito ver que aqui na ilha de Sarah as pessoas

seguem diversas religiões ou doutrinas, mas todos

respeitam a fé do próximo. Quem sabe um dia vai

ser assim na Terra, onde vemos tanta intolerância

religiosa.

- As pessoas aqui se respeitam muito, André. Cada

um com sua crença. - diz Sarah.

Despedimo-nos de JJ e voltamos para o mosteiro,

onde Ann nos aguarda.

Na noite passada, Sarah participou de um resgate

muito difícil numa região trevosa, resgatando um

mulher prisioneira, que depois de salva foi levada

a um hospital para tratamento. Sarah parece

esgotada e me disse que seu corpo etérico está

dolorido.

- André, poderia me ajudar? Não me sinto bem.

Vamos então para um sala de atendimento no

mosteiro e ela se deita na maca. Vou iniciar a

energização, quando ela me diz:

- André, faça a massagem, trabalhando a

musculatura.

Início a massagem terapêutica e sinto que seu

corpo está bem tenso, devido ao esforço e tensão

tensão na batalha de ontem.

Sarah demonstra em seu rosto a dor que sente

com a terapia manual.

Mas em certos momentos exprime prazer e alegria

quando faço massagem em suas mãos e pescoço.

Noto que as tensões vão sendo aliviadas e a

energia de Sarah está normalizando . Quando

trabalho a região peitoral, do Chakra Cardíaco,

Sarah sorri e expressa alívio.

Depois de uma hora finalizo a terapia manual e

Sarah diz estar bem melhor.

- Obrigada, André. - dizendo isto me abraça, feliz.

Ann está melhorando cada vez mais como

massoterapeuta. Ela não me atendeu mais, pois

não tem dado certo, pois sempre que venho aqui

na ilha de Sarah tenho algum atendimento.

Mesmo Ann continua recebendo massagem

terapêutica e tem apresentado melhoras

Sarah ainda não se recuperou totalmente e hoje

vou atende-la.

Sarah já está pronta, deitada. Inicio a sessão de

massagem e noto que a tensão muscular vai

melhorando gradativamente com a massagem

terapêutica.

Depois vamos para a cabana de Sarah e agora

conversamos na varanda.

Ela agora está melhor. O último resgate que

participou realmente foi muito desgastante para

ela. Sarah precisa melhorar, pois tem um novo

resgate a ser feito na próxima semana. A equipe

de ninjas branco contam sempre com esta

guerreira.

- André, gosto muito de poemas. - diz Sarah.

Ela fica apenas pensando por algum tempo e

depois fala:

- André, sei que você é um poeta. Pode escrever

um poema agora?

Sarah sempre me diz que lê o que escrevo. Vou

tentar pensar em algum texto. Como dizer não a

um anjo?

Penso por algum tempo e as palavras fluem.

Caleidoscópio Divino, luz nas trevas.

Linhas convergentes ao portal sagrado.

Visão do próprio paraíso.

Hipnotizante, por tão rara beleza,

Mantra sem som, cativeiro sem grades,

O absoluto, ali.

Recito este poema para Sarah, que ouve

atentamente.

- Que lindo poema, André! São palavras lindas.

Mas me desculpe, pois não entendi sobre o que

fala. Poderia me dizer?

- Claro que sim. - digo.

- Então me diga.

Olho para Sarah e esclareço:

- Este poema fala sobre seus olhos, Sarah. Seus

olhos.

Sarah me abraça, chorando.

- Muito obrigada, André.

A noite está linda aqui na ilha de Sarah

Ainda que fatigado e sedento ele caminha pelo

deserto, certo de encontrar água e respostas. Faz

muito tempo que este homem anda sem rumo

certo, ele perdeu tudo, menos a fé, que o faz

continuar.

Às vezes sou assim. Embora vivendo com uma

doença que não tem perspectivas positivas,

continuo resoluto. Se não ando, procuro fazer

outras coisas. Hoje sou muito mais forte e

determinado. Não me interessam causas, apenas

quero viver com a plenitude possível. Claro que

tenho momentos difíceis, de muita luta interior,

daquela voz que fala coisas negativas e me manda

desistir. Mas cada dia é uma luta. Não tem como

ser diferente. Aprendi a, sempre que estou para

baixo, fazer uma oração, ouvir uma música, puxar

um ferro, me exercitar. Demora, mas depois

melhoro.

Escrever é algo que gosto muito de fazer, me deixa

feliz.

Quando deixei de andar tive que adaptar toda

minha vida, mas tem dado certo.

A vida continua...