Ill anno DOMINGO, 18 -DE OUTUBRO DE 1903 N.° 118
I VSEM A N A R IO N O T IC IO S O , L IT T E R A R IO E A G R IC O L A
AssigitiUara hAnno, iSooo réis; semestre, 5oo réis. Pagamento adeantado. í] para o Brazil, anno. 2S5oo réis (moéda for e; . AAvulso, no dia da publicação, 20 réis. H
EDITOR— José A ngus lo Saloio M i.° — RUA DIREITA — 19, i.°
ú Publicaçõesí i Annuncios— i. a publicação, 40 réis a linha, nas seguintes, (S 20 réis. Annuncios na 4.» pag:na, contracto espícial. Os auto-i , graphos náo se restituem quer sejam ou não publicados.
f j P R O P R I E T Á R I O — José Auguslo Saloio
EXPEDIENTEllogamos aos nossos
estimáveis asslgnautes a fineza de nos participa- reni qualquer falta na r e messa «lo Jornal, para de prompto p ro v £ <1 eneia r- nios.
Acceitam-sè eotn g r a t i dão q u a e sq u e r no tie ias (|(ic sejam «le in ée resse |)!ll)IÍCO. .
O M A RDesde o começo do mun
do que elle é o flagello das màes e das esposas, a quem arrebata os entes queridos no seu vórtice medonho; desde o começo do mundo que ellè semeia por toda a parte a desgraça, o luto e a devastação.
Os homensdominam-n’o por um momento; conseguem caminhar-lhe sobre o dorso em frágeis barquinho» ou em vapores da mais alta lotação; vão des-> /cobrir por elle os mundos desconhecidos, as terras inhospitas onde espalham a civilisacão ou levam na »ponta das espadas e das baionetas, os horrores da guerra; mas elle, o gigante que por vezes se curva â vontade humana, tem tambem as suas coleras terríveis, os seus momentos dc desespero e de raiva, e então nada ha que o contenha, não ha diques que se lhe possam oppòr.
Ainda ha pouco o nau- fragio que se deu na praia da Torreira deixou na miséria e na orphandade bastantes familias, por falta dos braços vigorosos que as amparavam. Felizmente, porém, a caridade nunca se extingue nos corações portuguezes, e essas familias hão de ter em breve o conchego no lar e o pão na arca.
O que ninguém pode é restituir-lhes as vidas que o mar lhes roubou. Mas se a saudade lhes faz verter lagrimas amargas, as dadivas abençoadas das.almas bondosas hão de l.e\>ir-lhes aos corações amargura
dos o balsamo da resignação.
Bem hajam os seus bem- feitores.
JOAQIJIM DOS ANJOS.
.V cam ara m u n ic ip a l
A camara municipal d’es- te concelho deliberou or- ganisar uma postura sobre vehiculos, que mandou affi- xar por todo o concelho. Custa-nos vêr transgredir a maior parte dos artigos de que se compõe essa postura, e, muito especialm ente, os artigos 2.0, &.°, <).° e io.°. Lembramos, pois, á digna camara a convenien- cia de os fazer cumprir rigorosamente, afim de evitai- clamnos e sobretudo algum desastre.
•Jesus. e iPaaa
Da Livraria K dilora de José Figueirinhas Junior, rua das Oliveiras, 75, Porto, recebemos um interessante livrinho de poesias de Teixeira de Pascoaes.
Não temos duvida em recommendal-o aos nossos leitores e tanto mais que o seu custo é apenas de 400 réis, revertendo o seu pro- ducto a favor duma Avsz.s- lencia a creanças doentes que se vae fundar em Ama- rante.
Agradecemos 0 exemplar otferecido.
O Concelho «fBSstarreja
Entrou no terceiro anno de publicação este nosso presado e bem redigido collega, orgão do partido progressista, que se publica em Pardilhó, Estarreja.
Cordiaes felicitacões.
O Vargas
Conforme noticiámos, ef- fectuou-se no domingo ultimo no salão do Novo Club, com regular concorrência de socios, o espectáculo promovido pelo distincto actor-imitador Var- gas.
Vargas foi muito applaudido.
AGRI CULTURAOs m a s t ru ç o v u lg a r
Ha duas plantas nas hortas a que dão o nome vul- gar'de mastruço.
CJma é a chaga Troce- lum inajus, uma soberba planta trepadora, de largo effeito ornamental, cujos fructos verdes servem para preparar de conserva em vinagre, como as alcaparras, e as pétalas das flores para misturar com as saladas, que ornamentam, e a que dão um sabôr similhante ao dos agriões. A esta tropaeoleácea dão o nome vulgar de Mastruço do Perú.
O mastruço, porém, de que nos vamos occupar, é o mastruço vulgar, uma u u u f c i . u a jLepídiiim òcicí-
1-7 /7 77, planta annual de origem duvidosa, que, segundo uns, é originaria da Persia, segundo outros, da índia, da Grecia, da Russia e do Egypto.
Vinda seja d’onde fòr, o caso é que foi introduzida na Europa desde os mais remotos tempos, sendo, ao presente, pouco cultivada em virtude de uma das muitas injustiças da moda que, depois cie ter justamente consagrado o mastruço vulgar, e de 0 ter feito ser prato obrigatorio nas mesas dos opulentos, o deixou cair pouco a pouco no indevido esquecimento em que ao presente jaz.
E’ uma planta muito rústica, de caufe de o,n‘3o a0,45 de altura, glabro, de folhas glaucas oblongas e pinna-partidas; as flores, pequenas e brancas, estão dispostas em cacho na extremidade dos ramos.
Desenvolve-se quasi sem cuidados e em todas as exposições. Semeia-se todo o anno e, mais em especial, em agosto e setembro’ ou março e abril, a lanço ou em canteiro, á sombra. As sementes germinam em 24 horas e a planta produz folhas aproveitaveis alguns dias após 0 nascimento.
Quem quizer ter sempre folhas e rebentos tenros, carece de semear o mas
truço de quinze em quinze dias.
Se o terreno onde se fizer a sementeira fôr sec- co é indispensável régal-o abundantemente e sachal-o com frequencia, para que as plantas se desenvolvam bem e sejam tenras e saborosas.
A rapida germinação do mastruço faz com que as sementes sejam muito utili- sadas no extrange ro para, no inverno, cob ir de verdura vasos, jarras, garrafas, eíc. Para isto vestem- se os vasos com musgo, fragmentos de esponja, ou tiras de panno de tecido fino, que se embebem em agua e depois se lhe pousam em cima as sementes do mastruço. Por este processo obtem-se, em meia Uu/.ict diu, u m a q u a lquer vasilha da fórma mais caprichosa, fique completamente vestida com um lindo invólucro vegetal.
O mastruço, assim como nasce rapidamente, tambem espiga e se inutilisa de prompto, para fins culinários. Convém não deixar perder as sementes, que carecem de ser cuidadosamente aproveitadas para frequente utilisação. As espigas colhem-se logo que as hastes começarem a mudar de côr, e dispõem-se sobre um panno, que se estende ao sol. Quando começarem a seccar, saco- dem-se fortemente para que as sementes cáeam sobre o panno, onde se apanham e guardam. Estas sementes conservam todo o seu vigor vegetativo durante cinco annos.
As folhas novas e os rebentos tenros do mastruço, pelo seu sabor ácre um pouco similhante ao do das folhas da mostarda, servem para ornamentar assados e ser proveitosamente misturados com as saladas. Na medicina utilisam-se para combater 0 escorbuto.
O mastruço não tem sido até ao presente atacado por doença criptogamica alguma, e, do reino animal, só é devorado pela áltica, que faz destroço nas folhas tenras.
Das numerosas variedades de mastruço as principaes são:
Mastruço dourado — De folhagem verde desbotado passando quasi ao amar.el-io. E’ muito apreciado pelo seu grande vigor e extraor- dinaria rusticidacfe.
Mastruço de folh a larga— E’ uma variedade muito saborosa, pouco picante, de folhagem muito abundante, e folhas, como o nome indica, largas e pouco dentadas.
Mastruço frisa d o — De folhas numerosas, profundamente recortadas, quasi lanciniadas, torcidas.
Mastruço anão muito f r i sado— Produz um formosotufo de folhas muito frisad a s , 4 L IC m<e u a u u m i u j u u
effeito decorativo.
ED U A RD O S E Q U E IR A .
Da Gazeta das Aldeias).
—<co— —
A rm azén s Círandella
Acabamos de receber o supplemento ao n.° 67 do Passatempo, interessante Revista Illustrada da capital.
Contém o Catalogo das novidades para a estação de inverno illustrado com cerca de 800 gravuras de tudo o que a moda impõe de mais recente criação.
As facilidades que os Armazéns Grandella de Lisboa proporcionam ás pessoas de fóra da capital que
li queiram fazer as suas compras são taes, que o movimento de expedições para a provinda tem naquella importante casa, tornado, nestes últimos tempos um desenvolvimento colossal.
O interessante livrinho de modas é enviado de graça a quem o pedir aos srs. Grandella & C .a — Rua do Ouro, 215 — Lisboa, e nós lembramos a conveniencia que todos terão em adqui- ril-o porque nada lhes custa e é de grande utilidade.
Sloeidade
Subordinada a esta epi-g.raphe acabamos da receber. ,uma interessante poesia do nosso amigo, sr. Antonio Mendes Freire Maneira, a que não damos hoje publicidade por ter já chegado tarde. Será publicada no proximo numero.
Continuação da relação das pessoas mais antigas desta villa, que actualmen te aqui existem.
Maria Izabel de Almeida, nasceu em 28 de agosto de 1810, tem 88 annos; Manuel Rodrigu.es Pinto, nasceu em 28 de 1824, tem 79; Gertrudes de Jesus Moiteira, nasceu em 2 de junho de 1824, tem 79; José Matoquis Gasp ir, nas ceu em 6 de setembro de 1825, tem 78; José da Veiga Magdalena, nasceu em 14 de dezembro de 1825, tem 77; Domingos Tavares, nasceu em 22 de fevereiro de 1828, tem y5 ; Joaquim Marques Catita, nasceu em 3 i de dezembro de 18 3 1, tem 71.
Acham-se affixados edi-taes annunciando para odia 8 do proximo mezde novembro, pela uma nora aa tarde, o seguinte:
Renda da casa para venda do peixe, imposto no vinho, rendimento do guindaste e terrenos no Caes em Aldegallega; imposto' no vinho e adjudicação da illuminação em Ganha; imposto no vinho e adjudicação da illuminação em Sarilhos Grandes.
são de 12 do corrente, para fazerem parte da commissão do recenseamento militar, os seguintes individuos:
Effeclivos— Antonio dos Anjos Bello, Emilio de Jesus Bisca, José Antonio da Silva e Antonio Luiz Sal-
<Supplenles— Antonio Lei
te, Antonio Vicente Nunes Marques, Antonio Joaquim Pereira Nepomuceno e Joaquim Duarte Pereira Rato.
gado.
«JtaaeixasManuel Malhão, traba
lhador, natural e residente nesta villa, queixou-se na administração do concelho de que, cerca das 9 horas e meia da noite de domingo ultimo, na taberna de João Soares Canastreiro, na rua de S. Sebastião, nesta villa, foi cobardemente ag- gredido com duas facadas, uma no hombro esquerdo e outra no mamillo esquerdo, por José Maria Frade, tambem trabalhador e natural desta villa. Foram-lhe prestados todos os soccor- ros médicos na pharmacia Maneira. O aggressor re- fjgiou-se, não tendo ainda sido preso.
— Tambem se queixou Jayme José Antonio Pedro ou Jayme Enguiço de que,p i cxt) 1 0 l-i o r c to • ^ n i c i a vlicinoite, no largo da Palma, fòra aggredido com uma facada na cara por Francisco da Silva Calceteiro com uma pedrada nas costas por José Mamede, ambos naturaes e residentes nesta villa.
A
Foram ao banquete offe- recido em i 5 do corrente ao presidente do conselho d e' ministros sr. Ernesto Rodolpho Llintze Ribeiro, representando este concelho, os ex.n,os srs. Domingos Tavares, presidente da camara, e Francisco da Silva, vice-presidente.
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Foram nomeados pela camara municipal, em ses
A i s u i re r s a r io sPassa hoje o anniversa
rio natalicio da sr.a D. Angelina Gusmão da Silva, esposa do nosso amigo, sr. Antonio José da Silva, conceituado commerciante da praça de Lisboa.
Parabéns..— Tambem o sr Felicia-
no da Costa, .empregado- no commercio, Lisboa, faz ámanhã o seu 35 .° anniversario natalicio.
Os nossos parabéns.
C O F R E B I F E 1 0 L 1 S
ANDALUZIA(Por occasião dos terramotos)
P o r que esids abalida, anniquilada,Tu, que eras como a luz da madrugada, .
A estrella da manhan?Parece que, movido á crua guerra,N 'u m momento le f o i lançar p o r terra
0 braço d ’um litan!
0 calaclysmo horrivel e sombrio Faz perder d ’uma idéa o p ro p rio f io
Que existe em cada craneo;E num a dura, atroz monotonia,Dom ina sempre os grilos da agonia
Um estrondo subterrâneo!»
Abalem as famosas calhedraes,Poemas d ’aiie, as obras immortaes
D'altíssimo 'Valor;Foge p r a 0 campo o povo desolado,Ouve-se em toda a parte 0 mesmo brado
De gélido pavor!
Vêem-se as mães, em doloroso anceio, Apertarem os filh o s contra o seio,
N 'u m soluçar pungente,E beijando essa face estremecida,Defenderam a vida da sua vida
D'aquelle abalo ingente!
E um quadro medonho e pavoroso;A esposa e mãe lamenta filho e esposo,
Com uma angustia estranha;E a Natureza, sem p a ra r jamais.Continua espalhando o luto e os aes
P o r sobre a pobre Hespanha!
! T
Se agora o fatal anjo d'azas negras Levou alli a m orle, o isolamento,E u vejo d'ou Iro anjo as niveas azas Que brilham como o sol no firmamento.
E " seu nome form oso a Caridade,O uro e luz semeando a plenas mãos;Reune toda a lerra n um abraço E os povos faz universaes irm ãos!
JOAQ UIM DOS ANJOS.
A N E C D O T A S
— E certo, minha senhora, que v. ex:' disse que eu não tinha talento?
— Não, senhor. Posso ju ra r-lh e que é esta a prim eira vez e,n cl ue ouvi falar do seu talento.
u m i i i i i i i i i i i i i i i i t i i
Professor— Valha-le Deus, rapaz! Cada vez sabes menos! L u quando tinha a tua edade, já lia correctamente, efazia as quatro operações. . .
Discípulo— E que naturalmente o senhor teve melhor mestre do que eu.
LITTERATURAA torre de vidro
fContinuado d o n .° 117J
Teugoh voltou, calculando o valor do que tomára aos seus visinhos e o valor dos destroços que ia en- contrar junto da torre de vidro.
Olhou para o Oceano e viu á popa de um navio Thogarma que lhe enviava com a mão um signal de despedida. Ouviu o canto de Horvada, e este canto era a melodia da despedida; Viarna por meio dn espelho, dirigia um raio de sol sobre T eugoh...
E o chefe de coração duro julgou morrer de colera, Os navios desapareceram, e elle pensou:
— A construcção da torre chamou sobre mim a desgraça!
E quiz destruir o edificio de vidro.
Ordenou aos escravos que derrubassem as paredes com pesados martellos, Mas os martellos partiram- se ao baterem no vidro. A resonancia da torre parecia uma sequencia de soluços.
Teugoh quiz que ella fosse derrubada por meio de blóc-os lançados por catapultas; mas os blocos deslisavam pelas paredes, mais lisas que o marfim... E a resonancia da torre pareci am ga rgal hadas zom- beteiras.
Disse elle então:-— Os esforços dos ho
mens não podem destruir a torre de vidro. As tempestades se encarregarão d’isso.. . e o fogo do céo reduzil-a-ha a cinzas...
Mas na mais forte das tempestades, as ondas pareciam abrir-se, para não arruinarem a torre, e os raios pareciam afastar-se delia. . .
★
Um anno decorreu.Certa manhã, Teugoh
viu no horisonte tres navios, de vélas ao vento, de pavilhões multicolores.
40 FOLHETIM
Traduccão de J. DOS ANJOS
1)3 P E C C A D OL iv ro p r im e i ro
IV
E lle, vendo-a alli, comprehendeu que a máe não se oppunhu ao casamento e sahiu-lhe dos labios um grito de gratidão.
O’ minha mãe, exclamou inclinando-se, obrigado!
— P o r que me agradeces? perguntou cila surprehedida.
— Não consente em auxiliar a minha felicidade?
— Consinto por que sou obrigada a isso. E <c enten "es por felicidade o
teu casamento com esta menina, não tenhas muita pressa de me agradecer. Esse casamento não póde ser já, a não ser que . ..
Não acabou e passou as mãos pela testa, como para desviar uma visão imp rtuna; mas o Adriano adivinhou o que ella receiava e baixou os olhos. Ella tornou:
— Não, não consentirei n'es<e cass- mento antes de ter estudado o caracter da mulher que escolheste sem me consultar e que, depois de a seduzires, me vens agora impêr. Antes de a deixar casar comtigo, quero es- tudal-a, saber o que ella vale, saber sobretudo se e digna de ti; quero ensinar-lhe os deveres que ella ignora.
— Mas depois do que se passou, minha mãe, não lem o direito de demorar a nossa união, objectou o Adriano.
— A mãe tem tod >s osd reitos, meu filho, replicou severamente a sr.a Hervey. Ouçam. po s. ambo; docilmente a minha vontade, porque só pela obe diencia podem alcançara minha confiança e o meu affecto. Desde hoje vão separar-se para nunca mais se reunirem senão no dia do seu casamento. cuja data eu fixarei. \té então a’ Magdalena fie. rá aqui ao pé de mim, para receber as minhas lições. T u , Adriano, alugarás um quarto no interior de Faris e morarás n’elle em- quanto eu não resolver outra coisa.
— Mas isso é uma separação, minha mãe! exclamou o Adriano; não contente com adiar o nosso casamento, ainda exige que não nos possamos vêr e que amando-nos. ..
— E xijo que renunciem a viver no crime, interrompeu friamente a sr.a H ervey . Por uma fraqueza culpável,
comprometteram a sua felicidade fu tura; não podem vêr se a merecem por meio do soflrimento? Mas não queio tambem que du-ante esse tempo deixem absolutamente de se vêr. virás aqui todas as semanas algumas vezes, Adriano, se quizeres e poderás falar com a Magdalena, mas sempre na minha presença.
O Adriano não respondeu; olhava com tristeza para a sua amada, com- movido pelas lagrimas que lhe via brilhar nos cilios negros.
Comtudo náo quiz combater rs idéas ua mãe. Sabia que nada conseguiria.
A Magdalena tambem se resignava, mas na apparencia.
No fundo do seu coração erguia-se uma rebellião violenta.
Não deixou, porém, transparecer nada do que sentia e quando depois
do almoço, a que o Adriano assistiu, este se despediu d’ella, disse-lhe apenas estas palavras ao ouvido:
— Adriano, náo me deixe aqui, longe de si; sou capaz de morrer.
Logo no dia seguinte a Magdalena foi iniciada na existencia que a mãe do Adriano lhe traçara e continuou-a regularmente durante algumas semanas.
A’s seis horas começava a trabalhar, como se fosse um.1 criada. A sr.a Hervey queria primeiro fazer d’ella uma boa dona de casa.
— E ’ pobre, dizia-lhe ella, e o Adriano tambem náo é rico. E ’ preciso queT emquanto seu marido trabalhar, a menina esteja em estado de dirigir a sua casa com economia.
(Continua).
Dirigiam-se para a torre.' A’ prôa do primeiro, via- se de pé uma mulher vestida de escarlate e de ouro e tinha nos braços uma creança loura e formosa como o mais bello dos che- rubins.
Teugoh reconheceu V iarna, e sentiu-se perturbado até ao fundo dalma.
A' prôa do segundo navio via-se uma princeza vestida de azul e de prata. Dava o seio a uma creança e cantava.
Teugoh reconheceu Horvada.
A’ prôa do terceiro navio vinha urna mulher tão bella que deslumbrava o proprio sol. Toda vestida de branco, os seus braços formavam o berço de uma creança.
Teugoh reconheceuTho- gàrma.
O chefe chorou então de contentamento. E sentiu-se satisfeito por que a torre de vidro tivesse resistido aos esforços dos elementos, pois que ella podia abrigar dignamente as filhas e os netos de Teugoh.
E este, que nunca na sua vida orára, ajoelhou, sup- plicando aos deuses, senhores dos destinos, que penuittissem que a torre de vidro nunca se abysmas- se nas ondas tempestuosas.
— Que ella cante, ao menos durante séculos, de envolta cora as lyras das mulheres, com os clarins guerreiros, e com os gritos das creanças!
A voz feminina, o som beliicoso da guerra e a tagarelice duma creança rejubilam divinamente o coração dos homens!
E é tão bom viver na antiga casa onde as próprias pedras parecem associar-se ás nossas alegrias!
publicação, editada pelos Grandes Armazéns Gran- aella, da capital, e ficámos encantados, pois que o seu summario ardstíeo e litterario é de primeira ordem. Traz, em continuação, uma notável monographia do Mosteiro da Batalha devido á critica de Fag. O Passatempo distribuirá pelo proximo Natal e por meio de Tombola, brindes no valor de 400^000 réis. Assigna-se nos Grandes Arnazens Grandella ao preço de 5 00 réis o semestre. Basta enviar, em carta, esta importancia dirigida a Grandella & C .a, Lisboa, para logo se principiar recebendo o Passaíe/npo e ficar com direito á Tombola.
---co-
FFeséejos ajss. S ebas tião
Acha-se já contratada para os pomposos festejos' a S. Sebastião, a distincta phylarmonica Fstrella M oi- tense, da Moita, que pela primeira vez aqui vem tocar.
T o u ra d a
A commissão promotora dos grandes festejos a S. Sebastião, foi no dia 16 pedir ao ex.mo sr. Estevam Augusto d’01iveira, gado para uma tourada que terá logar na tarde de 27 do corrente na praça desta villa. S. ex.a da melhor vontade se promptificou a ajudar a commissão dos festejos, cedendo-lhe generosamente gado para uma tourada.
Tomam parte nesta tou rada os amadores mais distinctos desta villa, coadjuvados pelo eximio banda- rilheiro Augusto Salgado
' ‘Passatempo..
Acabamos de receber 0 numero 67 desta luxuosa
S ssiaaosa
Falleceu em ifSdeoutu- bro<ipelas 7 horas da noite, Maria Carmina, desta villa, com a edade de 29 annos.
Paz á sua alma.
í ra je <l’is s e n h o ra s esS S B í l i i S
Na provincia, outrora, era convicção que uma senhora casada, mãe de familia se devia considerar velha. O seu tempo tinha passado, dziam: devia renunciar a enfei.ar-se e era elegante consagrar-se por completo ao marido, aos íilhos ao governo da sua casa; abandonar todos os cuidados da toilette, não attender ás regras da moda, esperar as rugas e os cabellos brancos, precipitando mesmo a sua chegada por falta de cuidados, de medidas preventivas e de regras hygienicas.
Esse tempo porém passou, o que está sobejamente provado pelo costume com que todas as senhoras na actualidade procuram esconder os estragos causados pelos annos.
Quasi que não ha mulheres de edade; comtudo é impossivel destruir a lei natural.
O correr dos annos não se póde evitar, nem tão pouco o declinar da vida
Cada estacão tem os seus encantos, cada edade os seus attractivos. O que eu desejo aconselhar ás mi nhas leitoras é a fórma de evitar que se precipitem os
estragos da edade, sem recorrer ás tinturas, aos artifícios e aos irinumeros sub- terfugios empregados.
Todos se inclinam com respeito deante de um;i senhora, bem vestida, correcta, coroada de cabellos brancos, mas com a pelle macia e lisa, sem pinturas nem artifícios; mas todos olham de fórma bem diversa para a mulher da mesma edade pintada, frizada como qualquer menina com a cara cheia de cosméticos e os olhos de traços.
As senhoras de certa edade devem abster-se de frisar os cabellos em anneis ondeando-os apenas.
Quando uma senhora tiver falta de cabello e necessitar cabelleira deve mandal-a fazer com cabellos brancos.
As cores dos vestidos para as senhoras de mais de cincoenta annos devem ser escuras: preto, violeta, cinzento, azul-escuro. As fazendas ricas, são preferidas, como veliudo, seda, damasco, moirée, seda de riscas, etc.
A L IC E DE A T I IA YD E.
O D O M I N G O
Sftosairhfilio
Começaram hontem no pittoresco logar do Rosai- rinho, as tradicionaes festas á Senhora do Rosário e terminarão' ámanhã
Estes festejos são abrilhantados pela phylarmonica Estrella Moitense, da villa da Moita.
Pedimos licença para lembrar á ex.ma camara a conveniencia de fazer umas reparações na rua que conduz á ponte dos vapores. E’ de péssimo effeito para quem entrane-ta villa,que tão boas condições tem para agradar, o estado de abandono a que aquella rua se acha votada.
3
pequena pitada de pedra hume; põe-se outra agua ao lume, e fervendo, espreme-se nella um limão; tira-se a flor de larangeira da primeira agua com es- cumadeira, deixando-a escorrer um pouco, e ferve- se na agua de limão, até que esteja bem tenra e depois lança-se por meia hora em agua fresca com um pouco de sumo de limão; pas- sa-se por um panno para lhe tirar a massa, e pisa-se em um almofariz para a reduzir a massa.
Põe-se tudo a fogo brando e deita-se o assucar por muitas vezes. Sem deixar levantar fervura, deita-se nos vasos, e depois de fria polvilha-se com assucar refinado.
ARTE CULINARIA
M arm elada de flor dc Iara u g e ira
Ponham-se a ferver, e escumem-se bem, 62b gr. de assucar em um quarto de litro dagua; a fervura deve durar até que, molhando-se a escumadeira, sacudindo-a sobre o assucar e soprando nos buracos, saiam pequenas fitas de assucar. Então junta-se- lhe a flor de larangeira, preparada deste modo: fervem-se meio quarto de hora, em agua, 25o grammas de flor de larangeira escolhida, tira-se a agua do fogo e deita-se-lhe uma
T E I XE I R A DE PASCOAES
SEMPREUm volume de 325 pagi
nas, edição luxuosa Doo réis.
J E S U S E P A N
Preço 400 réis
Pedidos á Livraria Editora de José Figueirinhas Junior— Rua das Oliveiras, 7 5 — Porto.
O producto deste livro revertera a favor duma Assistência a creanças doentes que se vae fundar em Amarante.
G R A D N E A R M A Z É M
1IISC0S JOSÉ DE MORAES& Còmp."
Farinha, semea, arroz nacional, alimpadura, fava, milho, cevada, aveia, sulphato e enxofre.
Todos estes generos se vendem por preços muito em conta tanto para o consumidor como para o revendedor.
126
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TH ESP ASSA-SEA casa onde está instai-
lada a Chapelaria Ribeiro.. Trata-se com João An
tonio Ribeiro, Praça Serpa Pinto, 5g — Aldegallega do Ribatejo.
J O S É D A R O C H A B A R B O S ACohí officiua de C o r re e iro e K ellciro
18, RUA DO FORNO, 18 A i, 19 B<: «N A Si S, l<: in A
1)11) L DIA M O DE N O T I C I A SA. GUERRA ANGLO-BOER
Impressões do Transvaal
Interessantíssima narração das luetas entre inglezes e boers, «illustrada» com numerosas zinc o-gravuras de «homens celebres» do 1 ransvaal e do Orange. incidentes notáveis, «cercos e batalhas mais cruentas da
G U E R R A A N G L O - B O E R Por um funccionario da Cruz Vermelha ao serviço
do Transvaal.Fasciculos semanaes de 16 pagin as. *............ 3o réisTom o de 5 fa scicu lo s ..................................... i 5o »A G U ERRA ANG LO BO ER é a obra de mais palpitante actualidade.
N'ella sáo descriptas, «por uma testemunha presencial», as differentes phases e acontecimentos emocionantes da 'terrível guerra que tem espantado o mundo inteiro.
A G U ER R A ANGLO -' O ER faz passar ante os olhos do leitor todas as «grandes batalhas, combates» e «escaramuças» d'esta prolongada e acérrima lueta entre inglezes, tra isvaalianos e oranginos, verdadeiros prodigios de heroismo e tenacidade, em que são egualmente admiravéis a coragem e dedicação p.'triotica de vencidos e vencedores.
Os incidentes variadíssimos d’esta contenda e _tre a poderosa Inglater ra e as duas pequenas republicas sul-africanas, decorrem atravez de verdadeiras perpecias, po rtal maneira dramaticas e pittorescas,que dão á G U ER RA A N G LO -BO ER. conjunctamente com o irresistível attractivo d’uma nar rativa histórica dos nossos d:as, o encanto da leitura romantisada.
A Bibliotheca do DIARIO DE N O TICIASapresen:ando ao publico esta obra em «esmerada edição.» e por um preço diminuto. julga prestar um serviço aos numerosos leitores que ao mesmo tempo desejam deleitar-se e adquirir perfeito conhecimento dos successos que mais interessam o mundo culto na actualidade.
Pedidos d Emprega do D IA R IO D E N O T IC IA S P,ua do Diario de Noticias, i io — LISBOA
Igente em .. [Idegallega - A. Mendes Pinheiro Junior.
ESTEVÃO JO SE DOS REIS—* COM *—
O F F I C I N A D E CALD EI RE I R O DE COBREf l l l i d l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l i l l l i i s i l l l l l l l l l l l l l
Encarrega-se de todos os trabalhos concernentes á sua arte.
R U A D E J O S É M A R L I D O S S A N T O S ALDEGALLEGA
S A L C H I C H A R I A M E R C A N T I L
J O A Q U I M P E D R O J E S U S R E L O G I O--------.-.iflix e i --------------
Carne de porco, azeite de Castello Branco e mais qualidades, petroieo, sabão, cereaes, legumes, mantei- gas puras de leite da Ilha da Madeira e da Praia d’Ancora e queijos de differentes qualidades.
Todos estes generos são de primeira qualidade e vendidos por preços excessivamente baratos.'
54 a 56, L a rg o da P raça Serpa Pinlo, 54 a 56 ALDEGALLEGA
L O J A D O B A R A T O126 D E —
MOURA Z. BRANOOOs proprietários d'este estabelecimento acabam de
receber um importante sortimento de casimiras, chapéos, calçado, bombasinas, sedas, chitas, brocados, enfeites, rendas, etc., taes como;
Finas casimiras para fato, cortes com 3 metros desde i $ 5oo a 11 $000 réis;
Um saldo de 80 peças de chitas que eram de i 5o a 100 réis;
Patentes desde 70 a 240 réis;Grande variedade de lãs em phantasia desde 36o
a 900 réis;Lindos riscados zephires a 115 réis;Lenços de seda desde 7 5o réis;Sortimento completo de calçado para homem, se
nhora e creanças;
U LTIM A NOVIDADELindas cassas muito finas e largas a 3oo réis;Finas sedas a 5oo réis;.Setins muits largos de primeira qualidrde a i$ 3oo;Panninhos de todas as côres, largos, a n o réis;Chapéos de sol automáticos, de seda, a 3 $000 réis;Cotins em phantasia para fato de creança,desde :26o;Laços de seda, modernos, a 100 réis;Lindos meltons para capas a 1.S200 réis;Chapéos para homem desde 700 réis;Piugas com canhão de cores para creança desde 120;Piugas para homem desde 3o réis;Rendas, enfeites, entremeios, bordados, grande sor
timento a preços baratíssimos.Pedimos uma vi-ita ao nosso estabelecimento para
que possam apreciar o grande sortimento de cassas de iino gosto que acabam de chegar e que se vendem pelo preço de 160 réis o metro.
Preços mais baratos que em qualquer outro estabelecimento.
f :F p 'í
GRANDE ARIMZEIÍ! DO COMMERCIOI
OAO AWBÒNIO r : s é if »o 118
CttECAUAM WOVÍÍAMS!
TUDO MAIS BARATO!.vxto íajenbas recebibas bc fresco, c não retarbabas. lícnbe-se tubo por menos
20 RÉIS EM CADA METRO
(to qiíe em qnaíqrter ca^a, e bao-se importantes ímnbes aos íregite^es. í) proprietário peòe a tobos os írectue;es qite antes be procurarem 0 sen estabeleci
mento, palpitem os preços nos antros para assim poberem vêt quem venòe mais barato* (lanhar pouco para nenber muito.
PREÇO FIXO E 1NEGUALAVEL
V E N D A S A P R O M P T O E P R E Ç O F I X O7, ftUA M 8 - Albegallefla
G A B A N T H 1 × DE -
ARQUES cVende e concerta Ioda a qua
lidade de relogios p o r preços modicos. Tambem concerta caixas de musica, objectos de ouro prata e tudo que pertença d arte de gravador e galvanisador.
Cassas desde 120 réis o metro.
Casimiras desde 400 réis o metro.
Lãs e semi-lãs desde 36o réis o metro.
Phantasias desde i 5o r é is o melro.
Lã e seda desde 700 réis o metro.
Cotins, riscados, chitas e tudo quanto diz respeito a fazendas.
Neste estabelecimento só se annuncia o que ha e pelo minimo preço por que se póde vender; não se annuncia o que não ha por que não é loja mista, unicamente tem fazendas, e não como outras
que apenas teem umas amostras para illudir o publico.Quando, por qualquer eventualidade, haja alguma casa que se queira pôr a
par desta eguaiando-lhe os preços, o proprietário do Grande Arm arem do Commercio, péde que confrontem as qualidades.
N esta casa nao se fazem milagres; limitS-se o seu proprietário a ganhar muito pouco para assim dar grande desenvolvimento ao seu
commercio.c v v j\ x a \ : x \ r o ò s t ív t x \ r : x c - x v : -x n : x v ? -x n t x v : . \ v 7 \ \ r x \ : c w c c c - t o c cvyr, - x \ r c w r .x n s t c c t o c cvs r c s x r c v v - x v x v : x c
!! IIA PE LA IIIA R I B E I R O »-_:>£<=>---
7 em tido esta casa um desenvolvimento exlraordinario devido d solide^ com que teem sido feitos todos os trabalhos concernentes a chapelaria. Todos os trabalhos são executados nesta casa com a maxim aperfeição, rapide^e modicidade de preços, tanto nos d2 encommenda como nos concertos, para o que tem pessoal habilitado.
A Pt-.içít Pi„fo - A fJM G A L lE S A IM RIBA T H ®t ííõlJiõ) j Ir#J
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1
C O M P A N H I A F A B R I L S I M EliP o r 500 réis semanaes se adquirem as cele
bres machinas SINGER para coser.
Pedidos a AURÉLIO JO Ã O DA CRUZ, cobrador da casa tk €Vl e concessionário em P ortugal para a venda das ditas machinas.
Envia catalogas a quem os desejar, yo, rua do Rato, yo — Alcochete.
OMMBROIO POVO
G A R A N T E M - S l i 0 3 CON CERT OS
1, R a a do Poço. 1- AJJ*Gftll£O A129
Estabelecimento com m aior sortido, que mais vantagens offerece, e que tem p o r norma vender a todos os seus fregueses pela mesmo preço sem illu d ir COM MILAGRES!...
N ão se dão brindes; pais para tal era preciso vender M A I S C A R O
Todas as transaccões se fa^em com serhdade. Visitem o C O M M E R C IO DO P O V O .
JOÃO SENTO & 1*. M OAíWAittO— * —
■ $8j fíU-A IJPjt^lTr. 90“ ESQUINA l) \ RUA 1)0 CONDEA ld c g s iíe g a 4I 0 UHittCejo
OS D R A M A S DA CORTE
'Chronica do reinado de Luiz XV)Romance historico par
E. LADOUCETTEOs amores trágicos de Manon Les-
raut com o celebre caválleiro de Grieux. formam o entrecho deste romame, rigorosamente historico, a que Ladoucette imprimiu um cunho de originalidade deveras encantaiíor.
A côrte de Luiz xv. com todos os seus esplendores e misérias, é escri- pta magistralmente pelo auctor d'0 Bastardo da Rainha nas paginas do seu novo livro, destinado sem duvida a alcançar entre nós exito egual áquelle com que foi recebido em Pa- ris, onde se contavam por milhares os exemplares vendidos.
A edição portugueza do popular e commovente romance, será feita em fasciculos semanaes de 16 paginas, de grande formato, illustrados com soberbas gravuras de pagina, e constará apenas de 2 volumes.
2 0 ré is o fa sc ícu loSOO ré is o tonio
2 valiosos brindes a todos os assignantes
Pedidos á Bibliotheca Popular, hiti-presa Editora, 162, Rua da Rosa,— Lisboa.
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