IDENTIDADE DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Acadêmica do Serviço Social: Rejane Lazzaretti Manique de Oliveira UNISINOS
Orientadora: Prof.ª MS Sônia Maria Almeida UNISINOS
Resumo
Esta pesquisa tem como temática a identidade da escola de Educação Infantil, sendo
realizada nas Escolas Municipais de Educação Infantil Irmã Valéria e Cinderela de
Novo Hamburgo, de fevereiro a julho de 2008. Tem como objetivo geral identificar o
significado que as famílias e profissionais atribuem a escola de educação infantil e como
eles se percebem nesse processo e específicos: contribuir para a construção da identidade
da escola de educação infantil, envolvendo as famílias e profissionais, através de suas
falas, para a elaboração do projeto político pedagógico; identificar formas de participação
dos profissionais e das famílias na escola de educação infantil; verificar fatores que
interferem na participação dos profissionais e das famílias na escola de educação infantil;
descrever a concepção, a percepção e as expectativas dos profissionais e das famílias na
escola de educação infantil. Esta pesquisa justifica-se pela necessidade da elaboração do
projeto político pedagógico da escola de educação infantil na busca da construção de uma
identidade própria contando com a participação das famílias e profissionais envolvidas
nesse espaço. Trata-se de estudo qualitativo do tipo descritivo, cuja coleta de dados
envolveu famílias e professores, através de entrevistas. Concluiu-se que famílias e
profissionais entendem a escola como espaço primeiro de aprendizado; onde a criança
começa a se relacionar com outras crianças aprendendo a dividir, a trabalhar em grupo,
a ter organização e responsabilidades sentindo-se capazes e comprometidos com
propostas oferecidas a seus filhos; entendem que o cuidado e educação da criança
exercem influência decisiva sobre aprendizagem e desenvolvimento; os pais verbalizam
sobre desenvolvimento de seus filhos, quanto à autonomia, iniciativa, hábitos de higiene
e alimentação e maneira de seus filhos se relacionarem com os colegas.
Palavras -chave: Educação infantil, Escola de qualidade, Projeto político pedagógico
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Introdução
O presente relatório trata do resultado da realização da pesquisa, atividade exigida
na disciplina de Pesquisa do Serviço Social II, ministrado pela professora Sonia Maria
A.F. Almeida. A temática escolhida para o projeto foi a Identidade da Escola de
Educação Infantil e foi realizada nas Escolas de Educação Infantil Irmã Valéria e
Cinderela de Novo Hamburgo, no período de fevereiro a julho de 2008, com o propósito
de buscar dados para a construção do projeto político-pedagógico, a partir das falas das
famílias e profissionais das escolas, criando uma identidade própria.
A pesquisa tem como objetivo geral identificar o significado que as famílias e
profissionais atribuem a escola de educação infantil e como eles se percebem nesse
processo. Como objetivos específicos temos: Contribuir para a construção da identidade
da escola de educação infantil, envolvendo as famílias e profissionais, através de suas
falas, para a elaboração do projeto político pedagógico; Identificar formas de participação
dos profissionais e das famílias na escola de educação infantil; Verificar fatores que
interferem na participação dos profissionais e das famílias na escola de educação infantil;
Descrever a concepção, a percepção e as expectativas dos profissionais e das famílias na
escola de educação infantil.
Para tanto foi utilizado o seguinte problema: O que os profissionais e famílias da
escola de educação infantil pensam e esperam deste espaço, com vistas à construção de
uma escola de qualidade com uma identidade própria? As questões norteadoras da
pesquisa estão assim apresentadas: O que é uma escola de educação infantil? O que é uma
escola de qualidade? Os profissionais e as famílias da escola de educação infantil,
percebem-se como partícipes, sentem-se capazes e com habilidades, e sentem-se
comprometidos no processo de construção do projeto político pedagógico?
A presente pesquisa justifica-se pela necessidade da elaboração do projeto
político pedagógico da escola de educação infantil na busca da construção de uma
identidade contando com a participação das famílias e profissionais envolvidas nesse
espaço.
A partir da pesquisa bibliográfica empreendida e com o objetivo de construção do
objeto de pesquisa, sistematizamos as informações e dados em três categorias, as quais
serão desenvolvidas a seguir: educação infantil; escola de qualidade e projeto político
pedagógico.
• Educação infantil:
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A implantação da política pública para a educação infantil está em curso. No
Brasil , a Constituição e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, definem a
Educação Infantil como um direito da criança de 0 a 6 anos de idade e como parte
integrante do sistema educacional, constituindo a etapa da Educação Básica. Deve ser
oferecida em creches, ou em entidades equivalentes, para crianças de o a 3 anos de idade,
e em pré-escola, para crianças de 4 a 6 anos de idade. Ainda que não obrigatória, é um
direito público cabendo a expansão da oferta ao município, com apoio das esferas
estaduais federal e estadual.
Para Cavaton(2003), a educação infantil tem um papel pedagógico próprio a
cumprir. Acredita que a pré-escola é espaço estritamente educacional. Tem como objetivo
principal ser a modalidade de ensino que visa dar oportunidades a as experiências
necessárias para que a criança de 0 a 6 anos se desenvolva plena e harmoniosamente em
todos os aspectos. Ressalta, que se isso acontecer, o sucesso da criança da educação
infantil, ao ingressar na educação fundamental será conseqüência e não finalidade.
Os pais e mães lutam por um lugar seguro para deixar seus filhos enquanto
trabalham, então a educação infantil é o lugar adequado para a criança descobrir o mundo
que a cerca nos seus primeiros anos de vida.
Ressalta, que o desenvolvimento da criança se constrói na e pela interação com as
outras pessoas de seu meio ambiente, especialmente com aquelas envolvida efetivamente
com seu cuidado. Por isso o conhecimento do educar do desenvolvimento infantil faz
diferença na maneira de tratar a criança na escola em que está inserida, uma vez que cada
criança de 0 a 6 anos apresenta características, necessidades conflitos e origens próprias.
A criança pequena, segundo a autora, é curiosa, observadora, interagindo com o
meio e retirando dele as informações necessárias para melhor entende-lo, mas é
necessário que o educador atue como intermediário nessa relação, facilitando as
interferências dos adultos para com ela.
Por isso, é importante que a educação infantil, defina propostas educacionais que
tenham como objetivo avaliar o quanto a criança evolui em seu desenvolvimento sobre
determinado conteúdo, partindo do que ele já sabe. Sabe-se também que cada criança tem
tempos e ritmos próprios, a avaliação deverá ser sempre em relação ao que a criança
progrediu, o que sabia antes e o que está sabendo agora.
Ressalta a importância de que para propor as atividades às crianças da educação
infantil, deve-se conhecer as fases de desenvolvimento em que estão. Cada educador deve
ser um observador contínuo sobre as crianças, suas formas de manifestação, e
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brincadeiras.As atividades pedagógicas propostas, precisam se aproximar do
desenvolvimento natural das crianças, para tanto devem ser lúdicas, pois ela é lúdica, vive
intensamente suas brincadeiras. O educador deve otimizar as
experiências e as oportunidades das crianças frente aos desafios que a levem a melhores
elaborações que fazem sobre o que vêem, ouvem ou sentem das coisas e das pessoas.
Para Campos(2006), a educação infantil tem sua crescente importância ligada a
motivos de várias naturezas. Em primeiro lugar decorrem das profundas mudanças
ocorridas no papel da mulher na sociedade moderna, e as conseqüentes transformações nos
arranjos familiares que envolvem a proteção, o cuidado e a educação dos filhos. Outro
fator importante é os estudos sobre o desenvolvimento infantil, onde pesquisas mostram a
importância dos primeiros anos de vida para a desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e
social dos seres humanos, além de melhorar significativamente o aproveitamento das
crianças na escola fundamental, especialmente as de baixa renda.
Também frisa, o reconhecimento dos direitos da criança, que inclui uma educação
de qualidade desde os primeiros anos de vida. Direitos estes que vêm sendo conquistados e
reafirmados através de movimentos que objetivam o desejo de viver em sociedades mais
justas e democráticas.
Segunda a autora a definição legal da educação infantil, introduziu mudanças
importantes, como agregou a creche aos sistemas educacionais, definiu a formação
mínima dos professores o curso de magistério e estabeleceu a responsabilidade do setor
público com respeito à oferta de vagas na Educação Infantil, respeitando a opção da
família, sem ter caráter obrigatório.
Bujes(2007), falando de educação infantil, inicia sua fala dizendo que durante
muito tempo , a educação da criança era uma responsabilidade da família ou do grupo
social no qual pertencia. Era junto com os adultos que ela aprendia a se tornar um
membro deste grupo. Segundo ela, por um bom tempo não houve nenhuma instituição que
pudesse compartilhar esta responsabilidade com os pais e com a comunidade da qual fazia
parte. Visto isso, e educação infantil, realizada de forma complementar à família hoje, é
um fato recente.
Para a autora, a educação infantil nasce a partir de uma nova forma de encarar a
infância dando-lhe um destaque que não tinha antes, onde especialistas falavam das
características da infância, da importância deste momento na vida do indivíduo. Então
esta educação envolve dois processos complementares e indissociáveis: educar e cuidar.
As crianças desta faixa etária têm necessidades de atenção, carinho, segurança para
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sobreviver. E nesta etapa também, começam a ter contato com o mundo que as cerca, a
partir as experiências com as pessoas e com as coisas, bem como com tudo que nele
ocorrem.
O cuidar seria realizar atividades voltadas para os cuidados primários: higiene,
sono , alimentação. Acredita que a sociedade que exige dos pais e mães a participação no
trabalho, ter a obrigação de oferecer aos seus filhos, ambientes acolhedores, seguros,
alegres, instigadores, com adultos bem preparados para oferecer experiências desafiadoras
e aprendizagens adequadas a cada faixa de idade das crianças.. No entendimento da
autora, esses cuidados se organizam para que pais e mães possam exercer de forma mais
ampla seus papéis como cidadãos e trabalhadores.
Por outro lado, a criança, segundo a autora, vive um momento de interação com
pessoas e coisas do mundo que faz com que vá atribuindo significado àquilo a cerca,
participando desta forma da cultura de seu grupo, processo este que chamamos de
educação.
A partir das colocações acima, a autora, acredita que a experiência da educação
infantil precisa ser muito mais qualificada, ela deve incluir o acolhimento, a segurança, o
lugar para a emoção, para o gosto, para o desenvolvimento da sensibilidade. Também não
pode deixar de lado o desenvolvimento das habilidades sociais, nem o domínio do espaço
e do corpo e das modalidades expressivas, bem como o lugar para a curiosidade e o
desafio e a oportunidade para a investigação.
Por tais razões, ela coloca que as escolas de educação infantil são hoje
indispensáveis na sociedade, pois vão ainda, por muito tempo, construir um importante
espaço de “descoberta do mundo “ para muitas crianças.
Outra autora que nos fala sobre a educação infantil é Oliveira(2002). Para ela, a
educação de crianças até 6 anos em creches e pré-escolas tem sido vista, cada vez mais,
como um investimento necessário para seu desenvolvimento desde os primeiros meses até
a idade de ingresso na escolarização obrigatória. A educação infantil, sendo nível de
ensino integrante da educação básica, requer um aprofundamento do debate acerca de
quais os modelos de qualidade para a educação coletiva de crianças pequenas.
Oliveira(2002) diz, que as creches e pré-escolas não devem nem substituir a
família nem antecipar práticas tradicionais de escolarização. Segundo ela, é possível criar
muitas alternativas de programas de educação infantil, que obedeçam critérios mínimos de
qualidade, levando em conta as diferentes culturas de vivências e desenvolvimento. É
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necessário que na educação infantil se busque aproximar cultura, linguagem, cognição e
afetividade como elementos constituintes do desenvolvimento da criança.
A educação infantil pode atuar como agente de transmissão de conhecimentos
elaborados a partir dos conjuntos de relações sociais presentes nos determinados
momentos históricos. Mas isto precisa ser feito na vivência cotidiana com parceiros
significativos levando a criança a perceber o mundo e a si mesma de maneiras diferentes.
Reforça, que os cuidados da educação infantil , através das creches e pré-escolas,
não se reduz ao atendimento de necessidades físicas das crianças, mas também a criação
de um ambiente que garanta a segurança física e psicológica delas que lhes assegure a
oportunidade de exploração e de construção de sentidos pessoais, que se preocupe com a
forma pela qual elas estão se percebendo como sujeitos. Neste ambientes a criança sente
que existe uma preocupação com seu bem estar, com seus sentimentos, com suas
produções e com sua auto estima. Para a autora, educar e cuidar são formas de acolher.
• Escola de qualidade:
Para Mezomo(1993), o desenvolvimento da pessoa através da educação é uma
prioridade, pois é ela que possibilita o crescimento social, econômico e político do país. A
qualidade do país passa pela qualidade de seus cidadãos, que só a educação pode garantir.
Acredita, que a educação não tem conseguido resgatar sua verdadeira importância. Vê
então a necessidade da mesma, renovar e melhorar, para poder responder com rapidez e
eficácia às necessidades do mundo em mudanças. Para isto, é preciso ousadia, criatividade
e inovação por parte de todos que estão envolvidos no processo para abrir novos
caminhos. É preciso que ocorra uma mudança na atual cultura organizacional escolar com
a participação de todos.
Para Mezomo(1993), uma escola de qualidade está embasada em alguns
elementos como:
a) elaborar um projeto político pedagógico que leve em conta as expectativas de
toda a comunidade escolar;
b) criar um currículo que leve em conta as necessidades de seus alunos,
professores e comunidade;
c) capacitar o professor para a implementação da filosofia da qualidade, em todas
as etapas do processo ensino e aprendizagem;
d) envolver os alunos e motivá-los a participar do esforço da escola no sentido de
oferecer um ensino que o prepare para a vida.
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Reforça que a melhoria da qualidade na escola, é um esforço a longo prazo que
exige total reestruturação do espaço escolar. Isto implica numa mudança de cultura,
exigindo liderança efetiva, trabalho em equipe, delegação de responsabilidade e
envolvimento de todos na tomada de decisões. É na escola administrada com enfoque na
qualidade que se tem o fortalecimento dos professores no processo ensino e aprendizagem.
É também importante para uma escola de qualidade, que os professores estejam
comprometidos com este objetivo, bem como é necessário que participem na elaboração
da proposta de trabalho reforçando a credibilidade da escola no desenvolvimento do seu
trabalho. É importante e necessário para que uma escola tenha qualidade são as relações
do professor com seu aluno. Ele deve ser cada dia mais um educador que trabalhe,
conhecendo a realidade, que seleciona o conteúdo necessário ao desenvolvimento integral
da criança com quem está trabalhando.
Segundo o autor, a escola de qualidade é aquela que compreende as necessidades
e expectativas de seus alunos e busca caminhos para melhor atende-los. Acredita também,
que esta qualidade depende de todos e não é algo que possa ser atribuído a uma pessoa ou
a um grupo apenas. Cada um deve fazer a sua parte, cuidado para que seu trabalho
contribua para a melhoria do todo.
Outro autor que nos fala de qualidade, em especial nas escolas de educação
infantil, é Zabalza(1998), que destaca vários fatores que considera importante na educação
infantil, na busca da qualidade.
Na educação infantil, um dos elementos considerados importantes para a
qualidade, é a organização dos espaços, que precisam ser amplos, bem diferentes de fácil
acesso. Também é importante que exista um espaço onde possam ser realizadas tarefas
conjuntas com todo o grupo.
Outro elemento que considera relevante é a atenção privilegiada aos aspectos
emocionais, por desempenharem um papel fundamental nesta etapa de desenvolvimento
da criança. Tudo na educação infantil é influenciado pelos aspectos emocionais, desde o
desenvolvimento psicomotor até o intelectual,o social e o cultural. A emoção age no nível
de segurança da criança, que está ligada ao prazer, ao sentir-se bem, a capacidade de
assumir riscos e enfrentar o desafio da autonomia e o aceitar as relações sociais. Por isso é
preciso que sejam criadas oportunidades à criança de expressão emotiva, para que possam
reconhecer cada vez mais as suas emoções e sendo capazes de controla-las.
Zabalza(1998), coloca a linguagem como peça chave na educação infantil. É
preciso criar ambiente no qual a linguagem seja a grande protagonista, pois é a partir dela
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que vai sendo construindo o pensamento e a capacidade de decodificar a realidade e a
própria experiência, ou seja, a capacidade de aprender da criança nesta etapa.
Para que a escola de educação infantil possa atingir seus objetivos, outro fator
muito relevante é a sala de aula que deve ser um espaço estimulante, capaz de facilitar e
sugerir várias possibilidades de ação, ampliando as suas vivências e experiências.
Cada criança precisaria de uma atenção individualizada, no entanto mesmo que
não seja possível desenvolver esta atenção individual permanente, é preciso manter,
mesmo que seja parcialmente, contatos individuais com cada criança. É o momento da
linguagem pessoal, de orientar seu trabalho, de apóia-la na aquisição de habilidades ou
condutas mais específicas de cada criança.
Mais um fator, segundo o autor, é a participação dos pais e mães no ambiente
escolar, pois isto enriquece o trabalho educativo que é desenvolvido pela escola. Para ele
é um processo onde todos os envolvidos aprendem muito, para o enfrentamento dos
problemas que podem surgir nesta etapa onde a criança. A escola infantil deve enfrentar o
desafio de abrir as portas de maneira a poder transformar em educativo tudo o que faz,
bem como transformar em colaboradores do projeto todos que fazem parte do ambiente
escolar.
A partir disto, o autor, ressalta que a qualidade das escolas, tem muitas leituras e
podem ser analisadas de pontos de vista muito diferentes, é conveniente sermos prudentes
na hora de propor estratégias de melhoria da qualidade das escolas.
Sousa(2008), também é uma autora que nos fala da escola de qualidade na
educação infantil. Para ela explicar o termo qualidade não é tarefa fácil, apesar de ser algo
muito importante na vida de todos. Acredita que essa dificuldade decorre de uma série de
fatores que se relacionam, começando com a natureza ambígua e subjetiva do termo
qualidade.
Quando queremos analisar a qualidade de um programa de educação infantil
precisamos, segundo ela, saber quais são os parâmetros de análise e o que na prática pode
ser considerado indicadores dessa qualidade.Mesmo assim ainda pode haver a
interferência de outros fatores que podem nos dar uma idéia falsa sobre a qualidade, bem
como pode haver variações na avaliação até mesmo entre os avaliadores em diferentes
contextos.
Frente a vários questionamento sobre qualidade, a autora coloca que a qualidade
da educação infantil pode ser considerada a partir de diferentes pontos de vista. Sabendo
que o cliente é a criança entre 0 a 6 anos e suas famílias, o objetivo é, portanto satisfazer
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as necessidades e interesses das crianças e envolvê-las cognitiva e afetivamente com seu
processo educativo. Levando-as com isto ao desafio de aprender cada vez mais,
ampliando seus horizontes de possibilidades, desejos, aspirações e realizações.
Outra forma de identificar se há qualidade em um dado programa da educação
infantil, é necessário observar a partir do olhar ou da experiência da própria criança,
através de suas ações e reações.
Um espaço acolhedor, seguro e confiável para todas as crianças, também pode
identificar um programa de qualidade, desenvolvido na educação infantil.
Mais um aspecto que identifica a qualidade na educação infantil, conforme relata
a autora, é o olhar e o interesse dos pais ou família. A eles interessa saber se podem ou
não confiar nos profissionais que serão as pessoas mais diretamente responsáveis por seus
filhos. Profissionais que saibam como cuidar, proteger e educar seus filhos para que se
sintam bem, seguros e felizes, onde possam crescer e se desenvolver de forma saudável.
Tão importante quanto a visão das crianças e dos pais sobre o que é um programa
de qualidade na educação infantil, é a visão dos profissionais que estão na escola, pois são
os principais responsáveis pela construção cotidiana desta qualidade.
Para complementar, a autora diz que a qualidade em educação infantil é a criação
de condições necessárias para que a criança se desenvolva, aprenda e caminhe na direção
da autonomia e do exercício pleno da cidadania com alegria e prazer.
• Projeto político pedagógico:
No contexto atual, a escola vem sendo questionada a respeito de seu papel frente
as transformações econômicas, políticas, sociais e culturais. As mudanças causadas pelo
capitalismo, criam novas demandas, exigindo da escola ações educativas mais
compatíveis com os interesses do mercado e do mundo do trabalho.
Para que as escolas se ajustem às mudanças que acontecem. É preciso a
construção de um projeto político pedagógico, sendo o que realmente caracteriza e orienta
a ação educativa no espaço escolar. O projeto político pedagógico deve mostrar a escola,
com sua cultura organizacional, suas potencialidades e suas limitações.
Segundo Gadotti(1998), a crise de paradigmas também atinge a escola e ela se
pergunta sobre si mesma, qual vem a ser o seu papel como instituição nesta sociedade pós
moderna, pós industrial, caracterizada pelo globalização da economia, das comunicações,
da educação e da cultura, pelo pluralismo político pela emergência do poder local. Ele diz
que em nossa sociedade cresce a reivindicação pela participação, autonomia, bem como o
desejo de afirmação da singularidade de cada região, de cada língua.
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Afirma também, que nunca nossas escolas discutiram tanto autonomia, cidadania
e participação. E isto tem se traduzido na necessidade da construção de um projeto político
pedagógico próprio de cada escola. E este projeto político pedagógico não pode negar o
instituído da escola, que é a sua história, o conjunto de seus currículos, dos seus métodos,
o conjunto de seus atores internos e externos e seu modo de vida, pois não é possível
construir um projeto sem uma direção política, um norte.
Conforme Gadotti(1998), o projeto pedagógico da escola está hoje inserido num
cenário marcado pela diversidade. Não existem duas escolas iguais. Por isso, não deve
existir um padrão único que oriente a escolha do projeto de nossas escolas. A escola
precisa ter autonomia para estabelecer seu projeto e autonomia para executá-lo e avaliá-lo.
A gestão democrática é uma exigência do próprio projeto político pedagógico de
cada escola. E é nesta gestão democrática que pais, professores , alunos e funcionários
devem assumir sua parte na responsabilidade pelo projeto da escola. A gestão
democrática requer a participação, pois proporciona um melhor conhecimento do
funcionamento da escola e de todos os seus atores.
Gadotti(1998), também reconhece que existem limitações na construção do
projeto político pedagógico da escola. Entre elas a pouca experiência democrática, a
mentalidade que se atribui apenas aos técnicos a capacidade de planejar e governar , e o
povo ser incapaz de exercer o governo ou de participar de um planejamento, a própria
estrutura vertical do sistema educacional e o tipo de liderança que domina no campo
educacional.
Mas, afirma que o projeto da escola depende da ousadia de seus agentes e de cada
escola em se assumir como tal, partindo da cara que tem , seu cotidiano e seu tempo-
espaço, ou seja, o contexto histórico em que ela se insere. O projeto político pedagógico
também pode ser considerado como um momento importante para renovação da escola,
pois supõe rupturas com a presente e promessas para o futuro.
Azevedo(2002), fala que uma das conquistas registradas na Constituição de 1988
e referendadas na LDB, de 1996, foi a gestão democrática do ensino público. E neste
contexto definiu-se que os sistemas públicos deveriam definir as normas da gestão
democrática do ensino básico, com a garantia da participação dos profissionais e
comunidade escolar na elaboração do projeto político pedagógico da escola.
Conforme a autora, é neste contexto onde tentou-se delegar às unidades escolares,
aos professores e à comunidade, a solução dos problemas que vêm contribuindo, para que
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não tenhamos uma educação pública de qualidade, que o governo de Fernando Henrique,
procurou estimular a escola para a criação do seu projeto político pedagógico.
Ainda que a realidade demonstre que há inúmeros problemas a superar para que
nossa população usufrua de uma educação de qualidade, mudanças começam aparecer nos
processos políticos no sentido da participação.
Segunda a autora, é preciso considerar que a escola desenvolve ritos e práticas
exercidas pelos atores que, no seu interior ou mesmo no seu entorno, desempenham papéis
e funções distintas, professores, alunos, funcionários, pais e comunidade que formam a
história desta escola, com as características da comunidade em que se insere, com a forma
de percepção da realidade dos que a fazem e das relações que estabelecem entre si.
Frente a isto, o processo de construção do projeto político pedagógico, como
instrumento de gestão democrática, deve acontecer a partir da participação ativa de seus
atores locais. E em função da pluralidade que caracteriza uma comunidade escolar, o
envolvimento do processo, para que possam decidir através de suas visões de mundo e de
suas motivações.
Afirma, que no processo de convencimento, motivação e apelo à participação, é
também importante considerar que o cotidiano da escola é produto da ação de atores que
têm a possibilidade de fazer a ligação entre o geral e o particular. Frente isto, podemos
dizer que a dimensão social e política constituem dimensões inseparáveis das ações
educativas. Segundo ela, existe um espaço de atuação nas escolas que pode ser utilizado
como um dos meios de se procurar melhorar a educação pública. Para tanto faz-se
necessário contar com a presença de mediadores da escola comprometidos com um projeto
de educação e sociedade emancipatória, bem como a criação de mecanismos que
considerem que a gestão democrática e a construção e implementação do projeto político
pedagógico não apenas baseado na racionalidade, mas conhecendo que a cultura e o desejo
de mudar, são forças que impulsionam a escola pública brasileira na realização das
funções dela esperadas.
Para Veiga(2002), o projeto político pedagógico tem sido objeto de estudos
para professores, pesquisadores e instituições educacionais em nível nacional, estadual e
municipal, em busca da melhoria da qualidade de ensino. Ele é construído e vivenciado
em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola.
Todo projeto pedagógico da escola, é também político, por estar articulado ao
compromisso sóciopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária.
Político e pedagógico têm significado indissociável. Por isso o projeto político pedagógico
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da escola é considerado como um processo permanente de reflexão e discussão de
problemas, na busca da efetivação de sua intencionalidade.
Para que a construção do projeto político pedagógico, segundo Veiga(2002), seja
possível é preciso proporcionar situações que permitam aos envolvidos no processo,
aprender e pensar e a realizar o fazer pedagógico de forma coerente. A luta da escola é
para a descentralização em busca da sua autonomia e qualidade em todo o processo vivido.
A autora parte do pressuposto que a construção do projeto político pedagógico,
está embasado nos seguintes princípios norteadores:
a) Igualdade de condições para acesso e permanência na escola.
b) Qualidade para todos. Tem que garantir a meta qualitativa do desempenho
satisfatório de todos.
c) Gestão democrática, implica o repensar da estrutura de poder da escola, tendo
em vista sua socialização.
d) Liberdade associada à idéia de autonomia. A liberdade e autonomia fazem
parte da própria natureza do ato pedagógico.
e) Valorização do magistério, considerar a experiência e o conhecimento que os
professores têm a partir de sua prática pedagógica.
Outro aspecto importante na construção do projeto político pedagógico, conforma
cita a autora, é que os educadores precisam ter clareza das finalidades de sua escola. É
preciso refletir sobre a ação educativa que a escola desenvolve com base nas finalidades e
nos objetivos que ela define.
Acredita ela, que é preciso entender o projeto político pedagógico da escola como
uma reflexão do cotidiano, que requer avaliação constante dos resultados da própria
organização do trabalho pedagógico.
Metodologia
A pesquisa consiste em um estudo qualitativo do tipo descritivo. A pesquisa
qualitativa é basicamente aquela que busca entender um fenômeno específico em
profundidade. Ao invés de estatísticas, regras e outras generalizações, a pesquisa
qualitativa trabalha com descrições, comparações e interpretações.
Segundo Minayo (1994), a pesquisa qualitativa responde a questões muito
particulares, preocupando-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado.
Pois vai trabalhar com um universo de significados, valores, crenças que corresponde a um
espaço muito além das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser
resumidos à operacionalização de variáveis. A abordagem qualitativa aprofunda-se no
2838
significado das ações e relações humanas, algo que não é possível transformar em médias
e estatísticas.Ela está centrada na percepção das famílias e profissionais sobre o papel da
escola de educação infantil , com o objetivo de compreender o que pensam e o que
sentem , a partir de suas falas.
A referida pesquisa utilizou-se de uma amostra intencional com famílias e
profissionais das escolas, que demonstravam disponibilidade de tempo, conforme
observação das direções destas escolas. As unidades de pesquisa apresentam um total de
284 famílias e 35 profissionais, assim distribuídos nas escolas:
- 200 famílias e 19 profissionais na Escola de Educação Infantil Irmã Valéria.
- 84 famílias e 16 profissionais na Escola de Educação Infantil Cinderela.
Inicialmente, a partir desta classificação foi eleita uma amostragem de 20% do
universo em cada segmento das escolas. Mas, na realidade foi reduzida para 10% o
segmento das famílias, uma vez que não seria possível a aplicação do instrumento de
pesquisa em toda a amostra em função do tempo disponível para a conclusão da pesquisa.
No segmento profissionais a amostra permaneceu 20%. A amostra ficou assim
constituída:na Escola de Educação Infantil Irmã Valéria foi aplicado o instrumento de
pesquisa em 20 famílias e 04 profissionais; na Escola de Educação Infantil Cinderela, foi
aplicado o instrumento de pesquisa em 08 famílias e 03 profissionais.
Foi empregado como instrumento para a coleta de dados (anexo 1) a entrevista
semiestruturada, que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teoria e
hipóteses, que interessam à pesquisa, oferecendo um amplo campo de interrogativas. Se
apresenta com perguntas abertas , para melhor captar o que os entrevistados pensam e
sabem a respeito do tema investigado.
Definida a amostra, contatou-se através de bilhete e pessoalmente as famílias, com
o propósito de explicar a proposta de investigação. As entrevistas foram realizadas nas
respectivas escolas pela estagiária do Serviço Social, nos horários antecipadamente
marcados ou quando traziam os filhos. Foi necessário remarcar algumas entrevistas
devido a imprevistos das famílias. Os profissionais foram entrevistados em seu horário
de intervalo.
As entrevistas com as famílias e profissionais duraram em média quinze a vinte
minutos e todas foram gravadas com concordância prévia dos mesmos (anexo 2) e,
posteriormente, transcritas. Foram realizadas no período de abril e maio de 2008.
2839
Para a análise dos dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo.A análise
de conteúdos é uma técnica de investigação que tem por finalidade a descrição objetiva,
sistemática e quantitativa do conteúdo do que é comunicada.
Triviños(1987),apresenta como Bardin conceitua a análise de conteúdo:
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, obter indicadores quantitativos ou não, que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção das mensagens.(1987,p.160)
Resultados
A análise qualitativa caracteriza-se por trabalhar com o espaço mais profundo das
relações humanas, por isso não há preocupação em quantificar, mas sim compreender e
explicar a dinâmica das relações sociais trabalhando com a vivência, com a experiências e
com o cotidiano. Neste sentido. Através da metodologia da análise de conteúdo, passou-se
a categorizar os dados observados.
A pesquisa apresenta quatro categorias a saber: Concepção de Educação Infantil,
Concepção de Escola de Qualidade , Participação e Compromisso dos Profissionais e
Famílias no Processo de Construção do Projeto Político Pedagógico.
Tabela I -Categoria 1: Concepção de Educação Infantil
Categoria Inicial Categorias Intermediárias Categoria Final
Concepção de Educação Infantil
. Aprendizado.
. Começo de aprendizado.
. Aprendizado para o resto da vida.
. Aprender brincando.
. Desenvolvimento de todas as habilidades. . Desenvolvimento saudável. . Começo de tudo. . Convivência no meio social. . Relacionamento com outras crianças. . Preparação para o ensino fundamental. . Construção do caráter. . Espaço de cuidados. . Socialização da criança.
Aprendizado
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Pode-se verificar a partir das entrevistas realizadas, que as famílias têm uma
concepção formada a respeito da educação infantil. Foi identificado que o conceito era
sempre apresentado com muita naturalidade, sem muitos requintes e palavras técnicas para
explicar o que cada um entendia por educação infantil. Mesmo algumas pessoas tendo
dificuldades de falar, conseguiam expressar o que realmente entendiam a respeito deste
espaço. Muitos só conseguiam conceituar, a partir da relação que faziam do espaço da
escola onde seus filhos freqüentam a educação infantil.
Para a maioria das famílias entrevistadas a escola de educação infantil é um
espaço onde inicia o aprendizado de tudo, para a vida toda. É também o espaço onde
a criança começa a se relacionar com outras crianças e aprende a dividir as coisas, a
trabalhar em grupo, a ter organização e responsabilidades. É possível ver isso através das
falas:
“ No meu ver, é aprender, é um começo de aprendizagem, aprende a repartir,
respeitar os outros...”
“ Eu acho que é um lugar onde as crianças vêm aprender alguma coisa...”
“ Para mim é o começo pra criança, ela pode construir o caráter dela, é um
aprendizado para o resto da vida, é o início para serem bons profissionais.”
Tanto as famílias, como os profissionais que trabalham com a Educação
Infantil entendem de que o cuidado e a educação da criança nos primeiros anos de vida
exercem influência decisiva sobre toda aprendizagem e desenvolvimento posteriores.
Percebe-se isto, quando os pais percebem e falam na escola, sobre o desenvolvimento de
seus filhos, especialmente na expressão verbal, na autonomia, na iniciativa, nos hábitos de
higiene e alimentação e na maneira de relacionar-se com os colegas.
Vários estudos têm apresentado resultados positivos em relação a educação infantil
, o quanto melhora o desempenho da criança no ensino fundamental, em função da
aprendizagem que desenvolve nesta fase inicial de sua vida. Muitos estudiosos reforçam
esta idéia de que a escola é importante na vida da criança como um todo e especialmente
nos primeiros anos de vida.
Os seres humanos são seres sociais que nascem dentro de uma cultura. O primeiro
espaço desta cultura é dentro de casa na relação da criança com aquelas pessoas que
tomam conta dela: mãe, pai, avó, avô, enfim seu cuidador. Esta relação é caracterizada
pelo afeto.Assim o afeto parece ser um aspecto fundamental para o desenvolvimento de
uma pessoa, e que pode trazer conseqüências para esse desenvolvimento posterior. E é
2841
neste contexto que as relações iniciais da criança com a escola de educação infantil vão
acontecer. Na escola a criança vai ampliar seu espaço afetivo. Então a escola de educação
infantil além de suprir uma possível deficiência de afeto, vai oferecer uma série de
contribuições para o desenvolvimento inicial, principalmente o desenvolvimento cognitivo
pleno da criança.
Sabe-se que a aprendizagem é um processo que inicia com o nascimento e finda
com a morte. Isto quer dizer que em qualquer etapa, em qualquer situação ou em qualquer
momento o ser humano está aprendendo, e na medida que aprende muda seu
comportamento e desempenho. Pode-se dizer então que a aprendizagem é a própria
mudança que vai se operando na pessoa através das experiências que adquire ao longo da
vida, onde muda e transforma o meio que vive.
Conforme Campos (2006), a aprendizagem pode ser definida como uma
modificação sistemática do comportamento, por efeito da prática ou da experiência, com
um sentido de progressiva adaptação ou ajustamento.
Considerando a situação de sala de aula, também na educação infantil, os
momentos de aprendizagem devem ser favorecidos, a través de estratégias de ensino que
oportunizem a criança a entender o verdadeiro significado de tudo que é proposto. É
importante também frisar que para que haja aprendizagem é necessário vontade e desejo
de aprender, ou seja, motivação. Ao professor cabe descobrir a forma de como chegar ao
aluno. O aprendiz deve sentir-se envolvido na situação de aprendizagem , para tanto é
preciso que o incentivo que ocorre na sala de aula deve ser forte e eficaz. Mas é necessário
saber também que cada indivíduo tem um ritmo próprio de aprender. Cabe ao professor
também, respeitar o ritmo de cada criança, uma vez que a aprendizagem é um processo
gradual e que ocorre passa a passo, de acordo com o ritmo de cada um.
Outro aspecto que ficou muito claro, na colocação das famílias é que a escola de
educação infantil vai preparar a criança para o ensino fundamental. Observa-se uma
preocupação bastante visível por parte das famílias, quanto essa preparação para a escola
futura. É depositada na escola de educação infantil esta responsabilidade de preparo para a
vida escolar dos filhos. As falas das famílias, confirmam esta concepção:
“ Acho que prepara as crianças para os primeiros passos na escola.”
“ Escola de educação infantil é o ingresso pra tudo, pra mim é a preparação pra
escola, pra construir uma base deles com a escola.”
“ É uma escola onde vai dar o desenvolvimento das crianças, como conviver em
grupo, dividir os brinquedos. É preparar a criança já para o ensino fundamental dela.”
2842
“ É onde as crianças vão aprender, pra ter um futuro melhor. Acho que a escola de
educação infantil prepara eles pra 1ª série.”
Através das entrevistas, foi possível entender que para as famílias a escola de
educação infantil é muito importante na vida das crianças. Isto fica claro quando
uma mãe fala: “Ela significa muito, é muito importante, é um ensino para a criança, é
muito bom, uma educação”.
Outras falas mostram que para as famílias a escola de educação infantil é essencial
para o desenvolvimento das crianças:
“Uma escola de educação infantil é a base, onde a criança começa a se interagir
com a escola, com as professoras e que é fundamental para eles.”
“ Acho que a pessoa aprende muita coisa, né, aprende como lidar com as pessoas
acriança aprende muita coisa, lidar com os colegas, repartir os brinquedos.”
Mas além da escola de educação infantil ter a função de aprendizado, segundo
as famílias também apareceu nas entrevistas que a mesma tem a função de cuidar, como
aparece nas falas:
“ Eu acho que é bom porque, daí a gente pode trabalhar descansada, daí os filhos
estão aqui, são bem cuidados.”
“ Pra cuidar das crianças...”
“ Um lugar onde as crianças possam ficar pra mães trabalhar, que realmente
precisa trabalhar e ter onde deixar, e ter onde deixar, é um lugar muito bom.”
As profissionais entrevistadas deixaram muito claro que a escola de educação
infantil, além de ser um direito da criança, é o espaço que promove a ela o bem estar, a
socialização, onde ela começa a se desenvolver, a partir da brincadeira, conforme as
falas:
“Pra mim a escola de educação infantil é o lugar que promove pra criança o bem
estar, socialização, que desenvolve todos os aspectos dela...”
“ Um espaço onde a criança começa se desenvolver a partir da brincadeira, ela
aprende brincando, com isso vai desenvolvendo todas as suas habilidades, se preparando
pro futuro.”
Sabe-se que a socialização é o processo pelo as pessoas aprendem e interiorizam
valores, conhecimentos, normas da sociedade em que vivem. Portanto trata-se de um
processo pelo qual o indivíduo se torna membro de seu grupo. Então na escola de
educação infantil é possível considerar, ser o início da socialização que vai atravessar
2843
toda a vida humana. E é neste início que a socialização vai transformar a criança em um
ser social, apontando-lhe modos de pensar, de sentir e de agir.
A partir da análise feita, através das falas das famílias e profissionais que fazem
parte do espaço da educação infantil, foi possível verificar que os elementos surgidos
durante as entrevistas, apresentam uma relação bastante coerente com o referencial
teórico consultado nesta pesquisa.
A escola de educação infantil é um espaço de grande importância, onde o
desenvolvimento a criança se constrói a partir da relação com outras pessoas.
As famílias buscam um lugar seguro para deixar seus filhos enquanto trabalham,
mas também mostram uma preocupação em relação a escola de educação infantil, pois
esperam que este espaço, além de cuidar possa realizar um trabalho onde vão desenvolver
suas habilidades, preparando-os para a vida futura.
Bujes(2007), coloca que a educação infantil nasce a partir de uma nova forma de
encarar a infância. Essa educação passa a ter dois processos complementares e
dissociáveis: educar e cuidar. As crianças nesta faixa necessitam de atenção, carinho e
segurança para sobreviver, e passam a ter contato com o mundo que as cercam. Para ela, o
cuidar seria realizar atividades voltadas para os cuidados primários: higiene, sono e
alimentação. Em relação a educação que deve ser qualificada, pois deve ser responsável
pelo desenvolvimento das habilidades da criança.
Oliveira(2002), também reforça que escola de educação infantil, não se reduz ao
atendimento de necessidades físicas das crianças, mas também da criação de um ambiente
que garanta a segurança física e psicológica delas que lhes assegure a oportunidade de
exploração e de construção de sentidos pessoais, que se preocupe com a forma pela qual
elas estão se percebendo como sujeitos. Para a autora, educar e cuidar são formas de
acolher.
Tabela II- Categoria 2: Concepção de Escola de Qualidade
Concepção Inicial Concepção Intermediária Concepção Final
Concepção de
Escola de Qualidade
. Profissionais capacitados que gostam do que fazem. . Recursos materiais. .Participação e comprometimento dos pais, professores e comunidade. . Espaço democrático. . Bem estar da criança. . Tranqüilidade. .Organização, respeito e responsabilidade.
Bem estar da criança
2844
.
Através dos depoimentos das famílias também está claro que elas têm uma
concepção de escola de qualidade bem definida. Esta concepção está voltada ao bem estar
da criança que freqüenta a escola de educação infantil.
Sabe-se que os cuidados fornecidos pela escola de educação infantil não se
reduzem ao atendimento de necessidades físicas das crianças, mas também deve criar um
ambiente que garanta sua segurança física e psicológica delas, criando oportunidades de
exploração e de construção de sentidos pessoais, que se preocupe com a forma pela qual
elas estão se percebendo como sujeitos. Ficando claro a preocupação com seu bem estar,
com seus sentimentos, com suas produções e com sua auto-estima.
Todos os aspectos citados nas entrevistas são realmente importantes para que uma
escola de educação infantil possa atender as crianças com qualidade. A maioria das
famílias acredita que, em uma escola de qualidade, vários fatores são importantes, como
profissionais capacitados, dedicados e que gostam do que fazem. Essa preocupação não
foi manifestada diretamente pelos pais, mas foi possível considerar que, indiretamente,
eles abordaram aspectos dessa formação profissional, quando manifestaram o desejo de
ver seus filhos bem cuidados, tratados com carinho e recebendo boa orientação por parte
dos professores. Segundo as falas, pode-se ver que isso se revela:
“ Na escola de qualidade os professores devem estar dispostos a ensinar e cuidar
das crianças.”
“ Escola de qualidade, onde os professores têm uma responsabilidade com as
crianças para educar quanto para cuidar.”.”
“Os professores precisam ser preparados para trabalhar com a educação infantil.”
“ Os profissionais, primeiro que gostam do que fazem, ... depois que sejam
qualificados, bastante qualificados.”
“ Acho que tem que ter pessoas qualificadas pra trabalhar, pra poder cuidar das
crianças.”
“ Precisa também bons professores, que sejam dedicados, que gostam do que
fazem.”
Parece óbvio a necessidade de professor qualificado para trabalhar com as
crianças pequenas, sem isso não se pode falar em uma educação infantil de qualidade.
Porém não é fácil definir o perfil ideal de professor da educação infantil. Esse perfil
2845
exige uma formação profissional na dimensões humanas, profissionais, culturais,
históricas e contextuais que não podem ser consideradas isoladamente.
Ao se falar no direito a uma educação de qualidade é, de certa forma referir-se à
existência de professores qualificados. Isto é, ao direito de se ter professores bem
formados, cuidando das crianças e educando-as. Para ter professores qualificados nas
escola de educação infantil é necessário uma boa formação que deve ser constante e
contínua, sendo também um direito deste profissional. É imprescindível a constante
ampliação do conhecimento de como se processa o desenvolvimento da criança pequena,
pois cada criança de 0 a 6 anos tem características, necessidades, conflitos e origens
próprias.
A exigência legal em relação aos professores da educação infantil, que é a
formação mínima em magistério de nível médio, com certeza, foi um dos fatores que
ajudaram na construção de uma educação infantil de boa qualidade. É importante repensar
o perfil deste profissional para atender à demanda de desenvolvimento integral da criança.
Este profissional deve estar preparado para as duas grandes funções que estão presentes na
educação infantil: educar e cuidar de forma indissociável da criança de 0 a 6 anos de
idade.
Para Miranda(2003), esse profissional deve ter uma ampla formação capaz de
torná-lo um profissional que tenha domínio dos conhecimentos necessários para
desenvolver as atividades pedagógicas apropriadas para as crianças de o a 6 anos e para
dispensar-lhes os cuidados necessários para seu desenvolvimento físico, emocional,
afetivo e cognitivo.
O trabalho com a criança pequena, supõe que seus professores tenham uma
competência polivalente, uma vez que suas atividades nesses espaços exigem, além dos
conhecimentos básicos necessários para as atividades rotineiras, a absorção dos
conhecimentos mais específicos, procedentes das diversas áreas do conhecimento.
Os recursos materiais , segundo as famílias, também são importantes como
brinquedos, jogos, material pedagógico para elaboração dos trabalhos com os alunos, bem
como uma pracinha, onde as crianças possam brincar no pátio.
“ Eu acho que é necessário bastante coisas, recursos financeiros, material
pedagógico.”
“ Que tenha condições de oferecer os recursos materiais adequados, uma
diversidade de materiais, uma diversidade de recursos...”
“ Ah! Um bom mobiliário simples, brinquedos, uma pracinha e outros recursos.”
2846
Na escola de educação infantil, necessita-se de diferentes tipos de materiais: de
uso coletivo e de uso individual, para que o trabalho possa ser desenvolvido com mais
facilidade pelos professores. É preciso que o material seja classificado, considerando a
idade das crianças para não provocarem acidentes, é importante que representem
segurança para elas. A variedade também é necessária, para que a criança tenha a
possibilidade jogar e trabalhar com material variado, sendo interessante para ela.
As atividades propostas às crianças da educação infantil devem estar centradas no
desenvolvimento individual de cada criança. Devem aproximar-se do desenvolvimento
natural da criança, e para isso devem ser lúdicas. A criança é lúdica, vive suas brincadeiras
intensamente, para ele a brincadeira é uma forma de linguagem.
Sempre que se fala em criança de educação infantil, pensa-se em brincadeiras,
brinquedos e jogos. A brincadeira é algo que pertence à criança, à infância. Através do
brincar a criança experimenta, organiza-se, constrói normas para si e para o outro. O
brincar é uma forma de linguagem que a criança usa para compreender e interagir
consigo, com o outro com o mundo.
Desde muito cedo as crianças começam a conhecer o mundo e é pelo brincar que
elas se expressam e se comunicam. É através da brincadeira que elas começam a
experimentar e a fazer interações com os objetos e as pessoas que estão à sua volta.
Caidy e Kaercher(2007), reforçam que:
...À medida que criança cresce, as brincadeiras vão tomando uma dimensão mais socializadora, em que os participantes se encontram, têm uma atividade comum e aprendem a coexistência com tudo que lhes possibilita aprender como lidar com o respeito mútuo, partilhar brinquedos, dividir tarefas e tudo aquilo que implica uma vida coletiva.( p.104)
Acreditam também, que para uma escola ter qualidade é necessário o
comprometimento dos pais, dos professores e da comunidade, pois não é possível fazer
um bom trabalho sem a participação destes segmentos. Isso aparece nas falas:
“ De qualidade, acho que é a escola que tem a participação dos pais, participação
da equipe, de todos que estão envolvidos com a escola, daí a gente consegue fazer uma
escola de qualidade.”
“ Também acho que precisa da participação da comunidade né, para o
entrosamento com a escola.”
No decorrer de todo o desenvolvimento da criança, o conhecimento mútuo e o
estabelecimentos de acordos entre as famílias e a escola atuam em benefício da criança
pequena e promovem o seu bem estar. Mas esta relação somente pode ser construtiva se
2847
estiver baseada no respeito mútuo, na confiança e na aceitação das peculiaridades de cada
um. O contato entre a escola e a família das crianças deve ter como objetivo conhecer
essa criança bem como conhecer a função educativa da escola.
Ao aproximar-se da escola, a família passará a conhecê-la, compreendê-la e
valorizá-la, a partir das ações educativas desenvolvidas no espaço escolar, favorecendo o
fortalecimento e a criação de vínculos. A conscientização da família em relação a sua
participação na escola, favorece a criança no seu desenvolvimento integral e no sucesso da
sua aprendizagem.
Assim, na medida em que este currículo considera a realidade social e cultural das crianças como um de seus alicerce básicos, entendemos a relação escola-famílias na sua dimensão social, respeitando os modos de agir e pensar dos pais, valorizando seus costumes e tradições, mas simultaneamente, explicitando nossa metas, atitudes e prioridades educacionais. (KRAMER, 1998. p.100)
O que também aparece nas falas é que a escola de educação infantil deve ser um
espaço democrático onde todos podem e devem se envolver na busca de uma escola
voltada ao bem estar da criança.
Também onde a família possa deixar a criança com bastante tranqüilidade,
sabendo que a mesma está sendo bem cuidada, num ambiente capaz de formar e
desenvolver suas habilidades.
O que chamou a atenção foi que muitas famílias colocaram que uma escola de
qualidade é a que os filhos estão freqüentando , relacionando a este espaço , conforme
aparece nas falas:
“ Vamos dizer, a Irmã Valéria é uma escola de qualidade.Tem brinquedos, os
espaços, as atividades. As crianças aprendem coisas boas.”
“ Esta é uma escola de qualidade.... Tudo organizadinho, sabe.”
“ Ah! Como esta aqui, eu to achando assim, uma escola de qualidade. Ela tem tudo
de bom.”
Ficou bem claro que as famílias acreditam no trabalho que está sendo desenvolvido
pelas escola, oferecendo condições para que as crianças tenham o necessário para a sua
aprendizagem.
Com base no referencial teórico estudado, entende-se que as famílias estão bem
cientes de que a escola de educação infantil é um espaço importante para atender seus
filhos, buscando sempre uma qualidade no atendimento de suas necessidades.
Apresenta-se que na escola de educação infantil vários fatores contribuem para
que este espaço possa atender a criança com qualidade, satisfazendo suas necessidades e
2848
interesses, favorecendo com isso o seu desenvolvimento no processo cognitivo. O
professor é um dos fatores mais relevantes nesse processo da educação infantil, pois as
famílias acreditam que eles são seus substitutos na formação dos filhos. A
responsabilidade deste profissional é enorme, uma vez que sua proposta de trabalho deve
ser planejada a partir do conhecimento da realidade da criança, buscando caminhos para
melhor atende-la.
O que também identifica uma escola de educação infantil de qualidade é o espaço
que deve ser acolhedor, seguro e confiável, onde a criança possa desenvolver-se de forma
saudável, levando-as ao desafio de aprender mais, ampliando suas vivências e
experiências.
Souza(2008), complementa, dizendo que a qualidade em educação infantil é a
criação de condições necessárias para que a criança se desenvolva, aprenda e caminhe na
direção da autonomia e do exercício pleno da cidadania com alegria e prazer.
Tabela III -Categoria 3: Participação dos profissionais e famílias no processo de
construção do PPP
Categoria Inicial Categoria Intermediária Categoria Final
Participação dos profissionais e famílias no processo de construção do PPP.
.Acompanhamento do desenvolvimento da criança. . Conhecimento do filho. . Sugestões e idéias. . Participação nas atividades da escola. . Fazer o que está ao alcance. . Maior envolvimento. . Tempo disponível.
Estar presente
A partir das entrevistas realizadas foi possível visualizar que todas famílias se
sentem capazes de participar no processo da construção do projeto político pedagógico
da escola de educação infantil. Para elas, o participar é estar presente na escola, nas
atividades planejadas pela escola, sempre que possível e contribuir
quando a mesma, pede algo. Ficou entendido que para as famílias sua participação pode
ser através de idéias e sugestões, se alguma vez lhe for solicitado.Isto pode-se identificar
através das falas:
“ Acho que como eu participo da escola posso participar deste planejamento, talvez
dando idéias, sugestões.”
2849
“Acredito que sim. Ajudar em alguma coisa, de repente o que escola pedir eu
venho. Acho que posso dar sugestões e idéias pra colaborar.”
Muitas famílias disseram que poderiam participar do planejamento, desde que
estivesse ao seu alcance, ou quando fosse possível, pois o objetivo principal é buscar o
melhor para seus filhos.
Mesmo sabendo que sua participação resume-se na colaboração, sempre que a
professora pede, dizem que são capazes de participar do planejamento da escola. Mas é
possível observar, que isto não é um ato voluntário de direito e sim uma obrigação,
cobrada talvez pela escola, quando exige a participação no planejamento desta. A
maioria as falas deixa claro que a participação é importante, pois acreditam que é
necessário estar presente, para saber o que acontece no dia- a -dia da escola, com seus
filhos. Assim mostra a fala:
“ Pra gente saber o que tá acontecendo né, por isso eu vim hoje, pra tá presente.
Os pais têm que tá presente pra saber como tá acontecendo com seu filho, ver como ele tá
evoluindo.”
As relações entre a família e a escola devem consistir em uma preocupação de
todos os envolvidos neste processo, principalmente os que trabalham com a educação
infantil. Aprender uma nova forma de se relacionar com os pais é fundamental. É preciso
levá-los para dentro da escola, ouvi-los e aprender com eles. Mas também é importante
deixar claro que cada grupo tem seu papel na educação da criança.
Com as várias mudanças ocorridas em nossa sociedade, o novo conceito de família
deve ser entendido. As famílias em suas novas configurações, na confusão de papéis,
também buscam na escola, ajuda na formação de seus filhos, mas na sua maioria,
esquecem que a sua participação é de grande valor na busca de uma educação de
qualidade.
O papel da família é fundamental na escola, mas é preciso conhecer essa família.
Conhecer as características e peculiaridades que marcam cada família e consequentemente
cada criança, a quem a escola de educação infantil atende para que suas ações possam ser
voltadas a essas demandas atendendo suas necessidades.
Minasi(1997), refere-se a isso, afirmando que:
Assim, se estamos interessados na participação da comunidade na escola, é preciso levar em conta a dimensão em que o modo de pensar e agir das pessoas que aí atuam facilita/incentiva ou dificulta/impede a participação dos usuários.(p.73)
2850
A família precisa de um espaço para apresentar suas idéias, e essas devem ser
respeitadas, pois só assim se sentirá responsável pelo processo. Quanto mais as famílias
estiverem em sintonia com a escola mais fácil vai ser o processo educativo da criança.
Afirma Minasi(1997):
O que a escola, como espaço público de preparação para a cidadania, precisa, é arregimentar todos os seus segmentos em especial as mães, pais ou responsáveis pelos alunos, para que estes, ao participarem efetivamente nas decisões e atividades pedagógicas da escola, possam, com certa competência, acompanhar o estudo dos filhos.(p.67)
Algumas mães relembraram de quando eram crianças, onde seus pais não
participavam da escola, ou sua participação se limitava em buscar o boletins, o quanto
isso as incomodava. Por isso acreditam que é mais importante ainda para as crianças
quando a família está entrosada e participa na escola do que propriamente sua
participação. Podemos observar isso através da fala:
“ A minha participação é estar presente em todos os convites que a escola me
convida, eu acho que tem que acontecer pra criança ficar bem na escola com a presença
dos pais.”
Alguns também colocam que se tivessem mais tempo disponível, talvez
participassem mais, acreditam que a criança se torna mais confiante e segura, quando
percebe que os pais se envolvem mais com a escola. Conforme diz a mãe:
“ Com certeza. Pra ele se sentir seguro, quando ele sai lá de casa ele vem pra um
mundo diferente...”
Os profissionais acreditam que sua participação é importante, por que fazem a
diferença, seu empenho e dedicação vão, com certeza, contribuir para um melhor
desenvolvimento da criança. O planejamento de seu trabalho é realizado com muita
responsabilidade, buscando sempre o melhor, para atender as suas necessidades da
criança, uma vez que consideram a educação infantil um espaço de construção de
conhecimento desta criança. Observa-se na fala:
“Com certeza, na medida que busco o melhor ao meu aluno. Sei que meu trabalho
é importante para seu desenvolvimento.”
“ Sim , pois o planejamento deve atender sempre o desenvolvimento da criança e
isso, por isso me empenho na construção de um planejamento adequado as necessidades
desta criança.”
O profissional da educação infantil precisa estar ciente da importância de sua
atuação junto à seus alunos. Baseados nisso, é um profissional que deve estar em constante
2851
aperfeiçoamento. Segundo Sousa(2008), quanto menor a criança, maior deveria ser o
preparo e o nível de formação de quem dela cuida e educa. Para ela:
É nesta etapa que as bases da constituição da pessoa e do seu processo de desenvolvimento e de aprendizagem, da sua forma de ser e estar no mundo se iniciam. É também um momento em que a criança é mais suscetível a influência, que tendem a ser duradouras em sua vida.(2008, p.215)
Acredita-se que com os pais dentro escola, a criança se sente motivada e segura,
ela quer mostrar do que é capaz. Só consegue isso se a família se interessa pelo sucesso
dos filhos, pois é um dos fatores relevantes para a melhoria do rendimento dos mesmo.
Na educação infantil há vários canais que possibilitam a comunicação entre a
família e a escola, favorecendo a participação e o conhecimento mútuo desses espaços.
Entre os mais comuns, temos os momentos de entrada e saída, as entrevistas, as reuniões
de pais, as festas e eventos que a escola organiza durante o ano letivo, fazendo com que a
família tenha acesso no espaço escolar, contribuindo na relação escola e família para um
desenvolvimento integral da criança envolvida neste processo.
Tabela IV - Categoria 4 : Compromisso dos profissionais e famílias no processo de
construção do PPP
Categoria Inicial Categoria Intermediária Categoria Final
Compromisso dos profissionais e famílias no processo de construção do PPP
. Considera a escola um apoio, um suporte. . Relação de reciprocidade . Interesse pelo que acontece com o filho. . Estímulo ao crescimento e a aprendizagem. . Dividindo com a escola meu trabalho de mãe. . Demonstra empenho. . A escola e o compromisso com o filho. . Responsabilidade com a escola. . Um dever. . O estar presente. . Colaboração com a escola.
Relação de troca
Pode-se observar que todas as famílias referiram-se comprometidas com a escola
de educação infantil. A partir das falas, ficou claro que existe uma relação de troca.
Sentem-se comprometidas com a escola, por que entendem também que a escola, em
2852
contraponto atende bem seu filho. O comprometimento torna-se uma reciprocidade,
pois o sentimento de compromisso se define, em justificar, que como a escola está sendo
boa para as crianças.As famílias têm o dever se comprometer com o que a escola faz,
tornando esta relação uma troca de favores.
Em algumas falas, fica visível que a escola de educação infantil é um espaço,
onde a família deve se sentir comprometida, uma vez que a criança está ali. Entendem que
existe um envolvimento da escola de educação infantil com a família, na medida em que a
criança está na escola. Existe uma entrega por parte das mães de seus filhos aos
professores e isso faz com que exista um comprometimento por parte desta família,
quando espera que os mesmos sejam bem tratados.Vejamos as falas:
“Eu sinto. Sinto pelo meu filho,né. Porque eu entrego ele pra elas... Eu tenho um
compromisso com a escola como ela se compromete comigo de cuidar bem.”
“ A sim , com certeza. Como a escola tem um compromisso comigo, quer dizer.”
Aparece também que as famílias entendem que devem ter uma responsabilidade
com a escola, em contrapartida quando consideram a mesma responsável pelo
aprendizado da criança que está iniciando sua vida na escola. Acreditam que é importante
se interessar pelo que é realizado na escola, e isto reforça entre eles que o estar presente
na escola é essencial, não importando de que forma isto aconteça. O fato da família estar
presente na escola, faz com que a criança se sinta valorizada, conforme a fala:
“ Com certeza, ela se sente valorizada com isso, e isso pra mim é mais importante.
Na fala dos profissionais observa-se que existe um comprometimento, uma vez que
os mesmos se sentem comprometidos com seus alunos. Buscam realizar um trabalho que
vai fazer com que cresçam a prendam, para se tornarem no futuro cidadãos um pouco
melhores. E para isso é preciso respeitar as fases de desenvolvimento em que a criança se
encontra, planejando atividades adequadas, buscando saber o que elas precisam em cada
idade de suas vidas. E fazem isso, tentando atingir os objetivos da escola de educação
infantil. As falas afirmam:
“Sim, meu compromisso é com meus alunos, quando busco realizar um trabalho
que vai fazer com que cresçam e aprendam para se tornarem no futuro cidadãos um pouco
melhores.”
“Me sinto.Me sinto comprometida tentando justamente esse aspecto de não
atropelar, sabendo exatamente a fase em que as crianças se encontram, o que elas precisam
nesse momento, ... quais as atividades que são as mais adequadas...”
2853
Nesta relação de troca que os pais consideram o seu comprometimento com a
escola, deve estar a possibilidade de participação na construção do processo do projeto
político-pedagógico que vai nortear o trabalho a ser desenvolvido pela escola, em busca da
melhoria da qualidade.
A escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os pais para passar
informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre questões
pedagógicas. Só assim eles vão se sentir comprometidos com a melhoria da qualidade
escolar. O que acontece em algumas escolas é que estas não informam à família sobre o
trabalho ali desenvolvido e isso dificulta o diálogo e desfavorece ao relacionamento entre
os segmentos primordiais para um bom andamento do espaço escolar.
O diálogo entre as partes deve ser uma troca de saberes, onde a capacidade de
compreensão das mensagens é necessário para o sucesso desta participação da família na
escola. A família precisa de um espaço para apresentar suas idéias e sugestões, e estas
devem ser respeitadas, pois só assim se sentirá comprometida e responsável pelo processo.
As pessoas têm que perceber que a escola pertence a comunidade. Quanto mais as famílias
estiverem em sintonia com a escola mais fácil será o processo educativo das crianças. A
família deve, portanto se esforçar em estar presente em todos os momentos de seus filhos.
Presença que implica envolvimento, comprometimento e colaboração.
Conclusão
O direito à educação infantil inclui não só o acesso a creches e pré-escolas, mas
também o direito a uma educação de qualidade, que considere as necessidades da criança
na faixa etária de 0 até 6 anos. A integração do cuidado e da educação, uma boa
comunicação com as famílias e a atenção às suas condições de vida são aspectos
fundamentais para um atendimento de qualidade à criança pequena.
A educação infantil envolve dois processos complementares e indissociáveis:
educar e cuidar. Nesta etapa as crianças têm necessidades de atenção, carinho e segurança,
bem como começam a ter contato com o mundo que as cercam.
Para a famílias e os profissionais da escola de educação infantil, as crianças nesta
etapa da vida precisam de um espaço que prepare-as para as necessidades do futuro.
Quando questionados em relação a escola de educação infantil, observou-se que tanto as
famílias quanto os profissionais tinham clareza em explicar o que para eles, é este
espaço. As respostas eram simples, mas cheias de significados. Para a maioria este
espaço é o inicio do aprendizado que as crianças necessitam para a vida toda. Onde
2854
começa a convivência social e o desenvolvimento de todas as habilidades que a criança
precisa para este aprendizado. Os famílias têm percebido e falado sobre o
desenvolvimento de seus filhos, especialmente na expressão oral, na autonomia, na
iniciativa, nos hábitos de higiene e alimentação e no comportamento social. Em uma das
escola além da função de preparar as crianças para o futuro, também apareceu com mais
intensidade, que a escola de educação infantil tem o objetivo de preparar para o ensino
fundamental.
Para que a escola de educação infantil possa atender as crianças bem, as famílias e
profissionais têm o entendimento de que vários fatores são importantes. Esta concepção
está voltada ao bem estar da criança. A escola de educação infantil deve ser um espaço de
respeito, tranqüilidade, responsabilidade, que tenha profissionais capacitados para atender
as crianças. No entendimento das famílias as professoras devem ter formação para o
trabalho, e o mais importante, devem gostar do que fazem. Pois, segundo elas, não é
possível realizar um bom trabalho sem gostar do que faz.
A escola necessita também de recursos materiais para o trabalho com as crianças e
um espaço adequado onde possam brincar e desenvolver suas habilidades.
A participação e o comprometimento dos pais, professores e da comunidade, foi
outro fator apresentado, pela maioria das famílias e dos profissionais. Todos estão cientes
de que é necessário a participação e o envolvimento de todos os segmentos deste
processo, para que a escola possa realizar uma trabalho com qualidade. Não é possível
desenvolver qualquer projeto sem que haja a participação e o envolvimento das famílias,
pois tudo está voltado para a criança que necessita da atenção tanto da escola como em
casa.
As famílias entendem que sua participação na escola de educação infantil é de
muita importância, mas o que se observa, que em várias famílias esta participação se
limita em trazer a buscar a criança na escola. Através das falas ficou visível que muitas
famílias até gostariam de participar de outra forma, mas não sabem como. Entende-se que
talvez a escola não está oferecendo oportunidades para que esta família participe mais.
É necessário que a família realmente participe da vida escolar do filho. O
comparecimento e o envolvimento devem ser permanentes e acima de tudo, construtivos
para que a criança possa se sentir amparada, acolhida e amada. Do mesmo modo deve
garantir que pais e escola estejam em sintonia, já que seus objetivos são os mesmos. O
bem estar da criança depende tanto da escola como da família, então por que não
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compartilhar de um mesmo objetivo, para poder educar e formar a criança, superando
conflitos e dificuldades que surgem no decorrer de suas vidas.
O importante também nesta relação é o conhecimento, por parte da escola, das
razões pelas quais as famílias não têm correspondido ao que os professores esperam,
enquanto sua participação na escola. Temos que deixar a postura de condenação, para
conhecer as razões e investigar a causa do desconhecido, somente assim será possível uma
interação com sucesso entre a família e a escola em busca de uma educação de qualidade.
As famílias sentem-se comprometidas com a escola de educação infantil, no
momento em que se interessam pelo que acontece com seus filhos neste espaço, pois o
consideram como um apoio e suporte na educação dos mesmos. Acreditam que como a
escola está sendo boa para as crianças é dever da família se comprometer com ela,
formando quase que uma relação de troca.
Acredita-se que a escola tem papel fundamental no comprometimento dos pais com
ela. É importante que a escola passe as famílias todas as informações importantes do
processo que se desenvolve no espaço escolar. É preciso que as famílias conheçam o
trabalho que está sendo desenvolvido na escola para que esta se sinta comprometida e
envolvida neste processo. O conhecimento será favorável também para a criança, pois ela
vê que sua família participa, e isto fortalece o seu desenvolvimento.
A escola de educação infantil, a partir da Constituição de 1988, está tendo um
novo olhar. A educação infantil está sendo compreendida como um direito da criança.
Isso significa entender que a educação infantil deve propiciar à criança desenvolvimento
integral - físico, cognitivo e psicológico -, num conhecimento científico e metodológico.
A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de
uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada
cultura, em um determinado momento histórico. Olhando nesta direção, Kramer
(1998),raciona da seguinte forma:
Dizer que a criança é um ser social significa considerar que ela tem uma história, vive uma geografia, pertence a uma classe social determinada, estabelece relações definidas segundo o seu contexto de origem, apresenta uma linguagem decorrente dessas relações sociais e culturais estabelecidas e ocupa um espaço que não só é geográfico, mas também de valor.(p.43)
Hoje já se sabe que a criança deve ser estimulada a adquirir autonomia na solução
de problemas e para isso é preciso dar espaço e liberdade para explorar o mundo ao seu
redor. A escola cumpre um papel socializador, propiciando o desenvolvimento da
identidade da criança, por meio de aprendizagens variadas, realizadas no dia-a-dia.
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Na escola de educação infantil, educar significa propiciar situações de cuidados,
brincadeiras e aprendizagens orientadas que possam contribuir para o desenvolvimento
das capacidades infantis. Cuidar é compreender como ajudar o outro a se desenvolver
como ser humano. Precisa considerar as necessidades da criança e estar comprometido
com o outro, com sua singularidade, confiando em suas capacidades. A criança na
educação infantil precisa também brincar. Propiciando a brincadeira, cria-se um espaço no
qual a criança pode experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular
sobre as pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos.
Entretanto, a intervenção de um bom profissional para atender a escola de
educação infantil se faz necessária, para que a criança possa ampliar suas capacidades e
desenvolver suas habilidades. É preciso ter professores comprometidos com a prática
educacional, capazes de atender às demandas das famílias e das crianças, e também às
questões relativas aos cuidados e aprendizagens infantis, que faça uma avaliação constante
do seu trabalho, procurando aprimorar cada vez mais sua atuação.
Mas sabe-se que somente isso não é suficiente para uma escola de educação
infantil desenvolver um trabalho com qualidade. A participação da família também se faz
necessário, conforme elas mesmo, evidenciaram a partir da pesquisa realizada. É
importante que a escola crie mecanismos onde a participação da família seja voluntária e
não apenas uma obrigação. Na relação família- escola, deve-se criar um diálogo onde
cada parte envolvida tenha o seu momento de fala, uma troca de saberes, onde o respeito
pelos espaço de cada segmento deve estar presente.
Acredita-se que somente a partir do que foi apresentado, a escola possa
desenvolver um trabalho voltado a educação infantil com sucesso. Deve ser um espaço
onde todos os envolvidos têm consciência do significado desse espaço, e como se
percebem neste processo, sentindo-se capazes de participar e comprometidos com a
escola no processo para a construção de um projeto político - pedagógico capaz de suprir
à todas as exigências que a escola de educação infantil deve ter para atender as crianças,
buscando a qualidade.
Com este trabalho, acredita-se ter dado mais um passo no sentido de contribuir
para que a importância da escola de educação infantil seja reconhecida pela sociedade
como um direito das crianças e das famílias, um dever do Estado e um desafio de todos
nós.
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