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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR NA EMANCIPAÇÃO DO ALUNO DO
ENSINO MÉDIO
Autor Ordália de Fátima Dias
Escola de Atuação Colégio Estadual “Marcílio Dias”- Ensino Fundamental e Médio
Município da escola Itambaracá
Núcleo Regional de Educação Cornélio Procópio
Orientador Me. Celso Davi Aoki
Instituição de Ensino Superior Universidade do Norte do Paraná
Disciplina/Área (entrada no PDE) Gestão
Produção Didático-pedagógica Unidade Temática – 4 Parte integrante do Caderno Temático: Abordagens Educacionais e Seus Diversos Papéis.
Relação Interdisciplinar Sociologia
Público Alvo Professores, gestores e alunos do ensino médio do 3º ano
Localização Colégio Estadual “Marcílio Dias” - Ensino Fundamental e Médio. Rua: Antonio Dias, 140 – Centro – Itambaracá - PR
Apresentação:
O papel do gestor na emancipação do aluno do Ensino Médio é um tema que precisa ser discutido na sociedade contemporânea, considerando a necessidade do jovem prosseguir seus estudos. Diante desta necessidade propusemos o seguinte problema da pesquisa: Qual o papel do gestor e de sua equipe, no direcionamento do concluinte do ensino médio, quanto à sua realidade a escolha de um curso superior na continuidade de seus estudos? Com o objetivo de avaliar o papel da escola no direcionamento do jovem egresso do Ensino Médio. Com o intuito de atingi-lo desenvolveremos ações tendo o envolvimento de gestores, pedagogos, professores e alunos da referida etapa da educação básica. Com o intuito de fundamentar tal reflexão, elaboramos a presente unidade didática, assim organizada: 1. “Do papel social da educação no ensino médio”, na qual promovemos que a educação é primordial ao indivíduo, fazendo com que possa ser um diferencial entre ele e os outros. 2. “Contribuições da história da educação escolar e das políticas públicas de Ensino Médio no Brasil e no Paraná” apresenta uma dualidade estrutural desde 1932, quando as alternativas de formação exclusiva para o mundo do trabalho no nível técnico seguido pelo
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secundário superior comercial e agrícola. 3 A responsabilidade pedagógica do gestor escolar na construção do conhecimento do aluno do Ensino Médio promove discussão na participação do gestor enquanto colaborador e articulador do processo de emancipação do aluno do Ensino Médio, bem como de toda a Educação Básica.
Palavras-chave Ensino Médio. Gestão Democrática. Projeto Político Pedagógico. Mundo do Trabalho.
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ – UENP/IES
MATERIAL DIDÁTICO: UNIDADE 4 - PARTE INTEGRANTE DO CADERNO
TEMÁTICO
O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR NA EMANCIPAÇÃO DO ALUNO DO
ENSINO MÉDIO
Produção Didático-Pedagógica na área de Pedagogia, apresentado na forma de Caderno Temático, à Secretaria de Estado da Educação - SEED, como quesito parcial de participação no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Orientador : Ms. Celso Davi Aoki.
CORNÉLIO PROCÓPIO/PR 2011
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UNIDADE – 4
O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR NA EMANCIPAÇÃO DO ALUNO DO
E. MÉDIO
Autora: DIAS, Ordália
Orientador: AOKI, Celso David [email protected]
INTRODUÇÃO
“O papel da escola e do gestor na emancipação do aluno do ensino
médio” é resultado de projeto no PDE-Pr, com implementação na Colégio
Estadual “Marcílio Dias” – Ensino Fundamental, Médio e Normal do Município
de Itambaracá.
Sempre em busca do verdadeiro papel da educação na vida do aluno e
sua importância, sabemos da grande responsabilidade da escola no processo
de ensino e aprendizagem. Entretanto, o ensino realiza repercussões.
Desta forma, Charlot (2005, p.85) “O problema é que ensinar não é
somente transmitir, nem fazer se aprender saberes. É por meio de saberes,
que vamos humanizar socializar, ajudar um sujeito singular a acontecer”.
Diante disso, sendo município pequeno, com poucas possibilidades de
trabalho, ao jovem resta poucas perspectivas de ingressarem no mundo do
trabalho, tendo muitas vezes que sair de casa, da cidade, para em centros
maiores, este ingresso. Neste quadro, adolescentes acabam abandonando a
escola e não chegam a concluir nem o ensino médio, por perceber que não há
condições de prosseguir nos estudos, por não ter também o mínimo de
conhecimento de certas carreiras e profissões. Muitas vezes nem acreditam ser
possível ter um futuro pautado em estudos superiores.
Alguns jovens e adolescentes, por não terem o que fazer muitas vezes
acabam se enveredando por caminhos tortuosos das bebidas, das drogas que
quase sempre levam a atos de roubos e latrocínio.
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Evidencia-se, nesse contexto, um dos grandes desafios da escola
quanto à capacidade coletiva de constituição de sujeitos históricos envolvidos
num processo de “lutas” pela socialização dos bens culturais e materiais. Ou
seja, uma prática docente fundada na compreensão de que sem o acesso ao
patrimônio cultural da humanidade não se potencializa alterações significativas
na realidade social, de forma que se possa pensar em alterações no estado da
situação acima descrita.
A escola, palco de muitas discussões e dificuldades emergentes nos
apresenta um quadro que necessita ser desvendado e refletido, legitimando os
conflitos e estabelecendo formas e meios possíveis de enfrentamento e
superação dos problemas detectados. Para tanto se faz necessário
potencializar discussões no coletivo da escola para se encontrar possíveis
alternativas de ajuda com referência aos problemas e dúvidas apresentados
por jovens e adolescentes.
Diante do quadro apresentado pela realidade encontrada em nossa
escola, cabe-nos tentar encontrarmos alternativas que minimizem esses
conflitos encontrados pelos nossos jovens e adolescentes. Na verdade isso
terá que ser uma ação em comunhão com toda comunidade, principalmente
tendo um pouco mais de apoio dos gestores e membros de toda a comunidade
escolar.
Nessa perspectiva, cabe-nos perguntar: Qual o papel do gestor e de
sua equipe, no direcionamento do concluinte do ensino médio, quanto à sua
realidade e a escolha de um curso superior na continuidade de seus estudos?
Na busca de respostas para essa problematização, orienta-se, o
presente estudo na perspectiva de Saviani
Se promover homem significa libertá-lo de toda e qualquer forma de dominação, se nas sociedades em que vigora o modo de produção capitalista, a dominação se manifesta concretamente como dominação de classe, então, educar, isto é, promover o homem, significa libertá-lo da dominação de classe, vale dizer, superar a divisão da sociedade em classes antagônicas e atingir o estágio da sociedade regulada (SAVIANI, 2005 p.8).
A escola tem que promover por meio dos conteúdos, estratégias para
que o aluno possa transformar a realidade em que vive. Repensar o papel da
escola.
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Tendo em vista, o dia a dia em sala de aula e o contato com os alunos,
observa-se a grande necessidade e anseio dos jovens em se decidirem por sua
inserção no mundo do trabalho; acredita-se ser a Educação o meio que os
levarão a esse objetivo. Esta pesquisa a que me proponho é relevante para
mostrar à nossa comunidade escolar, a importância da escola para a formação
do cidadão, seu caráter e sua personalidade, sendo ela o meio mais coerente e
necessário para alcançar seus objetivos. A finalidade será identificar as
dificuldades que os alunos concluintes do ensino médio encontram na sua
inserção no mundo do trabalho, esclarecendo o papel da escola como
ferramenta emancipadora que apropria o indivíduo à sociedade e não apenas
como uma ponte ao mundo do trabalho. Por essa indefinição do jovem que
está presente na contemporaneidade, cabe ao Ensino Médio, orientar o aluno
no sentido de tomada de decisões referente à sua orientação vocacional.
Repercutem, então, como objetivo amplo do estudo: avaliar o papel da
escola no direcionamento do jovem egresso do Ensino Médio. O que de forma
mais concreta direciona a transitar pela história da educação escolar e das
políticas públicas para o referido segmento da educação no Brasil; avaliar
papel do gestor escolar e sua responsabilidade pedagógica na construção do
conhecimento do aluno do Ensino Médio; discutir as perspectivas de atuação
profissional na Região Norte do Paraná. Coerente com os objetivos a produção
encontra-se organizada nos seguintes tópicos:
1. “Do papel social da educação no ensino médio” onde promovemos
que a educação é primordial ao indivíduo, fazendo com que possa ser um
diferencial entre ele e os outros. O papel do gestor escolar nessa perspectiva é
de garantir que os alunos aprendam e sejam preparados. O compromisso do
gestor com a qualidade da educação deve dirigir a relação entre ensino e
aprendizagem; orientar o saber e sistematizar o conhecimento, bem como
empenhar-se pedagogicamente com a formação do jovem.
2. “Contribuições da história da educação escolar e das políticas
públicas de Ensino Médio no Brasil e no Paraná” apresenta uma dualidade
estrutural desde 1932, quando as alternativas de formação exclusiva para o
mundo do trabalho no nível técnico seguido pelo secundário superior comercial
e agrícola. Para as elites a trajetória era diferente destinavam-se ao ensino
primário seguido pelo secundário propedêutico e o ensino superior, divididos
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este sim em ramos profissionais. a grande característica da educação neste
período é a grande dualidade que ainda continuou por muito tempo e até
mesmo os dias atuais a preferência das camadas populares pelos cursos
técnicos profissionalizantes. Temos que reconhecer a priori que o Ensino
Médio não tem sido para todos, muito embora o compromisso do Estado deva
ser com sua universalização.
3. A responsabilidade pedagógica do gestor escolar na construção do
conhecimento do aluno do Ensino Médio promove discussão na participação do
gestor enquanto colaborador e articulador do processo de emancipação do
Aluno do Ensino Médio, bem como de toda a Educação Básica.
1 Do papel social da educação no ensino médio
O ponto principal desta pesquisa é conduzir o aluno a se interessar
pelos estudos, fazendo com que compreenda a importância de sua educação
no âmbito da escolarização, para que possa se inserir na sociedade e no
mundo do trabalho, agindo como agente transformador, crítico ativo e
participativo dessa mesma sociedade; contribuindo para a melhoria da sua
qualidade de vida, do desenvolvimento de suas potencialidades e da sociedade
como um todo. Bem como compreender o papel do gestor escolar no seu
processo educativo e pedagógico.
A educação é primordial na vida do indivíduo, pois desde quando
nasce ele já começa a passar pelo processo educativo e de socialização. A
escola deverá ser a articuladora de todo o conhecimento científico e cultural
acumulado pela humanidade, e a maior responsável pela participação ativa do
homem na sociedade, como sujeito de sua própria história.
Para a lei, a educação não é apenas uma transmissão de
conhecimentos e informações. A educação abrange vários aspectos de
formação do ser humano: o trabalho, as manifestações culturais, o aprendizado
na escola e na faculdade, entre outros. (art.1°, caput). A LDBEN cuida da
educação escolar, aquela desenvolvida na escola, sobretudo, através do
ensino, nas chamadas instituições próprias (a escola é uma instituição própria)
(art.1°, §1°). A Educação escolar deve estar relacionada ao mundo do trabalho
e à vida em Sociedade (art.1°, § 2º).
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Segundo a LDBEN, o indivíduo é educado para o seu desenvolvimento,
para a cidadania e para o trabalho. (art.2º). A palavra trabalho não pode ser
limitada à idéia de emprego, serviço, garantir a sobrevivência. O trabalho deve
ser destinado, sobretudo, ao desenvolvimento das potencialidades do ser
humano, para proporcionar-lhe prazer, melhorar sua vida e a vida de toda a
sociedade. A escola tem um papel muito importante na vida dos alunos, pois,
eles passam uma média de doze anos de suas vidas nela.
O conhecimento é muito importante no processo de emancipação dos
seres humanos, “não se trata de reformar ou melhorar o que existe, trata-se de
um processo de transformação que exige recriar e reinventar as práticas”
(FERREIRA, 2000, p.173).
Sonhamos e desejamos que a escola possa ser como alguns autores
proclamam: um lugar de “enriquecimento do espírito” na medida em que os
conhecimentos escolares acumulados permitam a interpretação do mundo,
olhar o mundo ao redor, ter a possibilidade de interpretá-lo e interagir com ele.
Nesse sentido,
A virada do século caracteriza-se por transformações profundas nas esferas da economia, das instituições sociais, culturais e políticas – bem como na natureza das relações entre essas diferentes esferas. Tal afirmação está longe de ser nova, assim como não são novas as constatações de que essas mudanças se inscrevem num processo crescente de mundialização da economia e reestruturação da divisão internacional do trabalho, de perda da autonomia dos Estados nacionais, de desregulação dos mercados e de modificação dos parâmetros de representação política. (KRAWCZYK, 2000, p.1).
Podemos compreender que a educação é primordial ao indivíduo,
fazendo com que possa ser um diferencial entre ele e os outros.
O papel do gestor escolar nessa perspectiva é de garantir que os
alunos aprendam e sejam preparados. O compromisso do gestor com a
qualidade da educação não se deve prender apenas às responsabilidades
burocráticas, mas também dirigir a relação entre ensino e aprendizagem;
orientar o saber e sistematizar o conhecimento, bem como empenhar-se
pedagogicamente com a formação do jovem.
Nessa perspectiva, a escola não pode fugir de sua responsabilidade
como emancipadora e nem o gestor eximir-se da responsabilidade e do
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compromisso de fazer da escola um espaço agradável ao jovem, para a
produção do conhecimento e mostrar a eles o momento de assumirem
responsabilidades e compromisso para consigo mesmos e para com a
sociedade.
É necessário agir e enfrentar esse problema que preocupa toda a
sociedade e atinge os alunos da escola pública no Brasil, temos que buscar
uma educação que seja transformadora, crítica, dinâmica, contemporânea,
realmente inserida no século XXI, conduzir a escola para uma sociedade mais
justa e participativa nas decisões, para uma sociedade mais humana, de
valorização do homem enquanto sujeito do processo educativo e responsável
pelo mundo em que vive.
2 Contribuições da história da educação escolar e das políticas públicas
de Ensino Médio no Brasil e no Paraná
Com a criação das Leis Orgânicas as classes menos privilegiadas da
população começam a contar com alternativas de formação para o acesso ao
nível superior, não ficando mais restrito apenas seu acesso ao ensino
profissionalizante.
Em 1942, a reforma de Gustavo Capanema faz o ajuste entre as propostas pedagógicas existentes para formação de intelectuais e trabalhadores e as mudanças que estavam ocorrendo no mundo do trabalho. Para as elites, são criados os cursos médios de segundo ciclo, científico e clássico, com três anos de duração, sempre destinados a preparar os estudantes para o ensino superior. (KUENZER, 2002 p.28)
Essa probabilidade reafirma um princípio já presente nas formas
escolares anteriores: o acesso ao nível superior se dá pelo campo de
conteúdos gerais, das ciências, das letras e das humanidades, saberes de
classe, os únicos socialmente reconhecidos como válidos para a formação
daqueles que desenvolverão as funções dirigentes.
Assim, o saber próprio do campo de trabalho não é reconhecido como
ciência o candidato ao ensino superior deverá provar capacidade em línguas,
ciências, filosofia e arte.
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Essa distinguida separação em duas abas distintas no âmbito do
sistema de ensino passou a ser completada com o sistema privado de
formação profissional, criado em 1942 (SENAI) e em 1946 (SENAC). Dessa
forma, combinam-se as iniciativas públicas e privadas para atender a
demandas decorrentes da divisão social e técnica do trabalho organizado e
gerido pelo paradigma taylorista-fordista como resposta ao crescente
desenvolvimento industrial que passa a exigir mão de obra qualificada. Neste
período, inicia-se a criação das escolas técnicas (1942).
Em 1961, com na promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei n 4.024/1961) a partir de mudanças ocorridas no
mundo do trabalho. O desenvolvimento dos diversos setores secundários e
terciários conduzem a importância da eficácia de novos saberes, que não só os
de perspectivas acadêmicos, na etapa que se caracteriza como tradicional
nova, do ponto de vista do princípio educativo. Pela primeira vez, a legislação
educacional reconhece a conexão completa do ensino profissional ao sistema
regular de ensino, estabelecendo-se a plena equivalência entre os cursos
profissionalizantes e os propedêuticos, para fins de prosseguimento nos
estudos.
Saviani (1997 p.238) comenta sobre o texto da LDBEN n 9.394/96:
A Lei n. 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996 que “estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”, em vigor a partir de sua publicação no Diário Oficial da União de 23 de Dezembro de 1996, embora não tenha incorporado dispositivos que claramente apontassem na direção da necessária transformação da deficiente estrutura educacional brasileira, ela, de si, não impede que isso venha a acontecer.
Essa afirmação nos remete como diz o próprio autor‟: “que a efetivação
dessa possibilidade depende de nossa capacidade de forjar uma coesa
vontade política capaz de transpor os limites que marcam a conjuntura
presente” (SAVIANI, 1997, p.238).
Na verdade o que não podemos fazer é deixar de lutarmos e montarmos
estratégias de resistências contínuas e ativas para construirmos uma relação
hegemônica que contribua para as transformações indispensáveis para a
educação às aspirações da população brasileira, fazendo dessas aspirações a
vitória de uma educação mais justa, necessária, coerente e democrática.
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No Paraná, a educação vem sofrendo modificações a cada governo que
passa. No governo Lerner foi desvinculado o Ensino profissional do Ensino
Médio e criou-se uma estrutura paralela, de caráter privado, para realizar a
gestão da educação profissional: o PARANATEC. (SILVA, 2008, p. 201).
Com essa desvinculação tinha como ponto de partida o entendimento
que a educação deveria estar relacionada lógica comercial da relação
custo/benéfico, isto é que se deveria formar trabalhadores para atender as
necessidades do mercado de trabalho.
Poucas escolas resistiram às investidas e pressões por parte da
Secretaria de Estado da Educação do Paraná, para que essa mudança
acontecesse.
Nesse ponto Araújo (2008, p.185) corrobora
Neste percurso, verificou-se no Paraná, como em outros estados, o „Magistério‟ público fechou as portas, apenas quatorze „sobreviveram‟. Foi um caminhar solitário. A Secretária de Estado da Educação desvalorizou completamente o Curso de formação de Docentes. Foram oito anos de exílio (1995-2002).
Diante deste quadro a educação profissional no Paraná, foi relegada a
um plano onde muitos empresários da educação começaram a investir e
ganhar muito dinheiro, com a oferta de cursos profissionalizantes à distância,
Porém, havia uma grande necessidade de profissionais formados em algumas
áreas, principalmente na de formação de professores. “Em 2003 assumiu,
também no Paraná, outro governo, estabelecendo, uma política contrária aos
princípios neoliberais. As portas dos colégios que ofertavam o „Magistério‟ que
não se fecharam permanecem abertas, Algumas outras se reabriram.”
(ARAÚJO, 2008, p.185).
Dessa forma estava se estabelecendo uma nova perspectiva no cenário
educacional do Ensino Médio no Paraná. “O Curso Normal Integrado que
objetiva a formação integral dos jovens na perspectiva da superação de uma
formação fragmentada imposta pela divisão social do trabalho.” (CRUZ, 2008,
p.172)
O grande sonho e desafio do Ensino Médio é superar a dicotomia
histórica que abala o ensino no Brasil.
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A ideia de formação integrada sugere superar o ser humano dividido historicamente pela divisão do trabalho entre a ação de executar e a ação de pensar, dirigir o planejar. Trata-se de superar a redução da preparação para o trabalho ao seu aspecto operacional, simplificado, escoimado dos conhecimentos que estão na sua gênese científico-tecnológica e na apropriação histórico-cultural. Como a formação Humana, o que se busca garantir ao adolescente, ao jovem e ao adulto trabalhador o direito a uma formação completa para leitura do mundo e para atuação como pertencente a um país, integrado dignamente à sua sociedade política. Formação que, nesse sentido, supõe a compreensão das relações sociais subjacentes a todos os fenômenos. (CIAVATTA, 2005, p.85)
E a formação almejada pelos estudiosos da educação no Estado
do Paraná para os alunos que estão no Ensino Médio, nas escolas do Nosso
Estado. “Uma formação humana integral que não separa trabalho, ciência,
cultura e tecnologia do processo ensino e aprendizagem, na perspectiva de
uma formação docente que melhor os prepara para o mundo do trabalho.”
(CRUZ, 2008, p.173)
3 O responsabilidade pedagógica do gestor escolar na construção do
conhecimento do aluno do Ensino Médio
O gestor escolar deve ter um papel dinâmico no processo da construção
do conhecimento do aluno. Não deverá apenas se incumbir da parte
burocrática da escola. Muitos gestores apenas se preocupam de fazer a parte
social da instituição e muito pouco se preocupando com os rumos pedagógicos
que a escola toma.
Muitas vezes a parte pedagógica fica relegada a segundo plano, por
alguns gestores, ficando por vezes apenas restrito as equipes pedagógicas. O
gestor muitas vezes restringe o seu papel apenas na parte burocrática e social
de sua comunidade escolar. Deixando de lembrar que o sucesso ou o fracasso
do ensino em sua unidade também é de responsabilidade sua. A escola é uma
instituição coletiva, por isso há necessidade de integração entre todos os seus
seguimentos.
Pensar na gestão escolar, nos remete a gestão democrática dentro das
escolas públicas do estado do Paraná, sem deixar de lembrarmos que vivemos
em uma democracia que é regulada pela forma de organização capitalista.
Silva (2001) nos mostra o seguinte entendimento
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A gestão denominada de democrática tem como meta a criação de mecanismos que viabilizam a participação na gestão da escola. Esse quadro esbarra na estrutura do Estado e do sistema de ensino, ainda muito centralizador, em que as pessoas envolvidas não assimilaram concepções e práticas democráticas. (p.149)
Paro (1997, p. 10) encontramos o conceito de gestão democrática
como ampliação dos processos participativos e decisórios no interior das
escolas, expressando-se em práticas cotidianas, no exercício da cidadania e
permanentemente no processo de formação dos sujeitos. A gestão
democrática é um exercício diário que contém o princípio da reflexão, da
concepção e da transformação que demanda necessariamente a elaboração
de um projeto político-pedagógico emancipador. Neste sentido, segundo o
autor a gestão deve se preocupar com todo o processo que constituem as
relações entre os sujeitos participantes da escola e de todo o processo ensino-
aprendizagem.
Garantir que o aluno do Ensino Médio, bem como todos os alunos da
educação básica o acesso ao conhecimento cultural historicamente construído
pela a humanidade, é um dever e obrigação do gestor escolar. Ele deverá criar
mecanismos paralelos que leve o aluno a se interessar pelo conhecimento,
fazendo com que isso se torne uma prática cotidiana e prazerosa para o seu
aluno.
O gestor deverá se envolver de forma clara e objetivamente em todo o
processo pedagógico de sua escola, não restringindo seu papel apenas na
parte burocrática e de poder dentro da instituição.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise apresentada nos permite chegar a algumas considerações
sobre o problema aqui discutido. Por meio de leituras e estudos, tendo em vista
a nossa realidade da região Norte do Estado do Paraná. O quadro que se
apresenta diante das perspectivas de oportunidades, para os jovens em
relação ao mundo do trabalho, o quadro que se apresenta é muito preocupante
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e decepcionante, para nós professores. Como motivar nossos alunos para que
se dediquem aos estudos, se não há oferta de trabalho, para eles? Ë muito
comum falarmos aos nossos alunos que eles devem estudar e se dedicarem
aos estudos para que tenham um futuro melhor e melhores oportunidades. Mas
melhores oportunidades de que? Onde? Como?
A questão fundamental é que temos que cobrar de nossos governantes,
políticas de desenvolvimento da Região. Nossos jovens estão saindo de suas
cidades e migrando para centros maiores em busca da tão sonhada
“oportunidade”.
A escola, seus professores e gestores continuam tentando chamar a
atenção dos alunos, para que se dediquem a que assim tenham menos
dificuldade quando tiverem que enfrentar o mundo do trabalho e da vida em
sociedade.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, Miriam, ANDRADE, Eliane Ribeiro. ESTEVES, Luiz Carlos Gil Esteves. - juventude: outros olhares para a diversidade. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação continuada, Alfabetização e Diversidade; UNESCO 2007.
BRASIL/MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394/96. Brasília: 1996. FERREIRA, Naura Carapeto. Gestão Democrática na Educação para uma Formação Humana. Em aberto, Brasília, v.17, n.72, p.167-177, fev./jun.2000. FRIGOTO, Gaudêncio. CIAVATTA, Maria. RAMOS, Mariz (orgs). Ensino Médio integrado: concepções e contradições. São Paulo: Cortez, 2005. HILSDORF, Maria Lúcia Spedo. História da Educação Brasileira: Leituras. São Paulo: Thomson Learning, 2007. KUENZER, Acácia Zeneida. Ensino Médio: construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002. _______. Ensino Médio e profissional: as políticas do Estado neoliberal/ Acácia Kuenzer. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001. (Coleção Questões da Nossa Época)
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KRAWCZYK, Nora, Maria Malta Campos, Sergio Haddad. O Cenário educacional latino-americano no limiar do século XXI: Reformas em Debate. – Campinas São Paulo: Autores Associados, 2000. (Coleção Educação Contemporânea). LIBÂNEO, José Carlos. Didática – São Paulo: Cortez, 1994 (Coleção magistério 2º grau. Série Formação de professor). PARANÁ/ SEED/ SUED/DET. O ensino médio integrado à educação profissional: concepções e construções a partir da implantação na Rede pública Estadual do Paraná. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação profissional. – Curitiba: SEED – Pr. 2008. PARO, Vitor H. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 1997. ______. Parem de preparar para o trabalho: reflexões acerca dos efeitos do neoliberalismo sobre a gestão e o papel da escola básica. In: FERRETI, Celso João ET alii (orgs). Trabalho, formação e currículo: para onde vai à escola. São Paulo, Xamã, 1999.p.101-120. SAVIANI, Dermeval. A nova Lei da Educação – LDB – Trajetória, limites e perspectivas. 11. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2008.
_______. Pedagogia Histórico-crítica primeiras aproximações. 2ª ed. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1991(Coleção Polêmicas do Nosso Tempo).
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