C l a r a W a i d e r g o r n
C l a r a W a i d e r g o r n
FAVELA,RISCO URBANO
2 edio - 2013
FAVELAS / RISCO URBANOFAVELAS / RISCO URBANO
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ANO 2 - 2013 NMERO 2
AUTORIA Clara Waidergorn
PATROCNIO
Urbaniza Engenharia
COLABORADORES
Clia Aquarone de OliveiraSuzu Chazan
Denise MesquitaJos Roberto dos Santos
Danielly Baia
ASSESSOR DE IMPRENSA
Giuliana Aquarone
REVISO
Sabino Ferreira Afonso
PROJETO GRFICO
Eduardo Briquet
IMPRESSO
Ayala Grfica
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PALAVRA DA EMPRESA
Est sendo elaborado_______________________
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AGRADECIMENTOS
Agradeo a empresa Urbaniza Engenharia, na figura de seu Diretor Loureno Linhares, por colaborao, patrocnio e fornecimento de dados e fotos de trabalhos executados.
Agradeo ao professor Marcos Cintra e ao Vereador Larcio Benko, por compartilhar opinies tcnicas sobre o assunto.
E finalmente a minha famlia que me apoiou nesta empreitada.
CLARA WAIDERGORN
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APRESENTAO
O livro de autoria da pedagoga Clara Waidergorn pretende compartilhar experincias de intervenes sociais em favelas e aproximar o leitor da realidade de vida, desta parcela da populao, em vrios estados do Brasil.
O objetivo principal o de retratar experincias vivenciadas pela autora em servios prestados em parceria com uma empresa de engenharia onde na sua execuo, teve a oportunidade de em todo o territrio nacional, participar do dia a dia da vida de moradores na maioria de baixa renda, de ocupaes irregulares.
Pela sua formao acadmica em pedagogia, aborda questes habitacionais relacionadas as de educao e de identidade cultural, que impactam diretamente nas solues engendradas e ou pretendidas pelas polticas pblicas utilizadas.
Embora no pretenda criticar as aes de governo e ao contrrio, aponta o desenvolvimento do setor, tem como principal objetivo, buscar evidncias na prioridade da educao para a concretizao das modalidades de intervenes na rea habitacional.
Afirma que as favelas, cada vez mais se entitulando como comunidades, representam um modo de vida no erradicado em si mesmo e s possvel de erradicar, atravs das pessoas que a habitam.
As intervenes nestes territrios emolduram modo de vida da populao, neles representados, com identidade cultural, educao, histrias. Ao arrumar seus pertences para novas realidades, as pessoas carregam estes legados em suas bagagens.
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Prefcio
Apresentao
Introduo
CAPITULO I
A casa sem endereo, no Brasil
As Favelas
As regies e suas manifestaes culturais
CAPITULO II
Nas favelas do Brasil, diferenas culturais
Fatos e fotos
CAPITULO III
A vida como ela ...
Que Jeito esse!
CAPITULO IV
Onde est o foco?
CAPITULO V
Relatos dos moradores
CAPTULO VI
Bibliografia
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PREFCIO POR MARCOS CINTRA
Est sendo elaborado_______________________
BIOGRAFIA DO ECONOMISTAMARCOS CINTRA
Marcos Cintra professor-titular da Escola de Administrao de Empresas de So
Paulo (EAESP/FGV), onde ingressou mediante concurso pblico em 1969. tambm
o idealizador da proposta do imposto nico. Em 1997 foi eleito vice-presidente da
Fundao Getlio Vargas, cargo que ocupa at o momento.
Obteve quatro ttulos superiores pela Universidade de Harvard (EUA): Bacharel
em Economia (B.A cum laude, 1968), Mestre em Planejamento Regional (M.R.P.,
1972), Mestre em Economia (M.A., 1974) e Doutor em Economia (Ph.D.,1985).
professor de microeconomia, macroeconomia, finanas pblicas, economia agrcola
e desenvolvimento econmico nos cursos de Administrao de Empresas e de
Administrao Pblica da FGV.
Foi chefe do Departamento de Economia da EAESP/FGV entre 1985 e 1987, e diretor
da instituio de 1987 a 1991, quando introduziu os cursos de mestrado e doutorado
em Economia de Empresas.
autor de diversos livros sobre finanas pblicas, teoria econmica e economia
agrcola, no Brasil e no exterior. Alm de vrios artigos tcnicos (ver Platafoma
Lattes para seu memorial completo)foi a proposta do Imposto nico que o tornou
conhecido. Dos trabalhos mais conhecidos so A Verdade sobre o Imposto nico
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(LCTE 2003) e Bank transactions: pathway to the single tax ideal editado nos
Estados Unidos, tambm sobre a proposta do imposto nico, onde tambm apresenta
uma viso crtica sobre impostos sobre valor agregado (IVAs. colunista do caderno
Dinheiro da Folha de So Paulo. colaborador regular dos jornais Gazeta Mercantil,
Correio Braziliense, Valor Econmico, Dirio do Comrcio e centenas de outros
veculos em todo o pas.
Foi vereador de So Paulo entre 1993 e 1996, e secretrio do Planejamento,
Privatizao e Parceria do Municpio de So Paulo em 1993.
Em 1998 foi eleito deputado federal pelo PL de So Paulo com 132.266 votos,
cargo que ocupou de 1999 a 2003. Como parlamentar foi membro das Comisses de
Finanas e Tributao e de Reforma Tributria e presidente da Comisso de Economia,
Indstria e Comrcio.
Foi secretrio municipal das Finanas de So Bernardo do Campo de 2003 a 2006.
Nas eleies de 2008 foi eleito vereador de So Paulo pelo PR, e logo nomeado pelo
prefeito Gilberto Kassab secretrio municipal de Desenvolvimento Econmico e do
Trabalho.
Marcos Cintra apresentou e aprovou em todas as comisses parlamentares competentes
da Cmara dos Deputados o projeto do Imposto nico Federal (PEC 474/2001). O
projeto acha-se na pauta de votao naquela Casa.
Como vereador em S.Paulo foi autor da lei que criou em 1995 os CEPACs (Certificado
de Potencial Adicional de Construo). O tema foi posteriormente incorporado no
Estatuto da Cidade e tornou-se um dos mais importantes e inovadores mecanismos
de financiamento de investimentos pblicos urbanos, sendo amplamente utilizado
na cidade de S.Paulo. Tambm est sendo implantado em vrias outras metrpoles
brasileiras, entre elas no Rio de Janeiro.
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PREFCIO POR LAERCIO BENKO
Verdadeiros fenmenos urbanos, assim que defino to importante obra escrita
por minha amiga Clara Waidergorn. As favelas nas cores do Brasil a autora
traduz com propriedade toda experincia emprica nas favelas brasileiras. Longa
trajetria em uma narrativa a partir da cultura de cada regio do Pas, visitada por
Clara, realidades que conflitam em muitos momentos com o princpio da dignidade
humana, prevista pela Constituio Brasileira de 1988, esta que conota com
relevncia os direitos iguais e inalienveis a todo cidado deste territrio brasileiro,
tendo como base a liberdade, a justia, a paz e o desenvolvimento social. E
nesta obra que, por meio de depoimentos, a autora revela a dura realidade dos
moradores que por reiteradas vezes se veem entre os meliantes e a polcia, total
vulnerabilidade que promove aos cidados e seus familiares, situaes de risco e
desconforto, qui pnico.
Outro cenrio de risco o da falta de projeto arquitetnico e de engenharia,
que visem edificaes seguras. Assim, o cotidiano de milhares de moradores das
favelas ficam por conta da falta de polticas pblicas em meio a um emaranhado
de construes desordenadas, e claro, despadronizadas e to pouco sem o
imprescindvel saneamento bsico alinhado a sonhada pavimentao. Mas, este
panorama no o maior complicador registrado nesta obra, na minha viso o
que est por vir. Entretanto, no algo que nos tempos de hoje o faa ter uma
taquicardia. Infelizmente o dia a dia destas pessoas se transforma em dados
estatsticos e so elencados pelas editorias policiais, pautadas para linhas
sensacionalistas das principais capaz do pas. Reportagens que tratam de anunciar
o crescimento abusivo do trfico de drogas, entre outros, atrelados a ousadia dos
criminosos frente s operaes policiais.
Por fim, a autora discorre e compara o conceito de comunidade a cerca das Cidades
de So Paulo, Rio de Janeiro, Maranho entre outras. Revela ainda como foi o
trabalho social, ao qual participou no quesito intervenes de reassentamento
e encerra com os temas cujos objetivos versam sobre as aes de educao,
organizao e mobilizao da comunidade e o impacto de aceitao junto a estas
grandiosas comunidades urbanas.
A Clara Waidergom meus sinceros votos de muito sucesso pela obra. E aos homens
pblicos do nosso pas, o apelo para um olhar de compromisso e comprometimento,
pois tenho certeza que s assim a eficcia almejada por muitos nesta obra, poder
se estabelecer nas Favelas nas cores do Brasil e em muitas outras que ainda esto
no anonimato.
Laercio BenkoPSH
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BIOGRAFIA DO ADVOGADOLAERCIO BENKO
Advogado Dr. Larcio Benko Lopes que trouxe consigo larga experincia nas diversas
funes exercidas:
Formado em Bacharel de Direito (Faculdade de Direito de Osasco)
Ps Graduado em Direito Tributrio pelo CEU Centro de Extenso Universitria
Atualmente scio majoritrio da Advocacia Benko Lopes Presidente Municipal do
PHS de So Paulo
Fundador e Presidente da Associao Brasileira dos Contribuintes - www.abcbr.org.br
Presidente do Lions Clube de So Paulo Centro em trs gestes
(2003/2004 2005/2006 2006/2007)
Presidente de Diviso LC-2 A-2 em 1 gesto (2004/2005)
Presidente do Comalc em uma gesto (2006/2007)
Membro da diviso do Comalc Centro 2 em uma gesto (2007/2008)
Membro da diviso do Comalc Centro 1 em uma gesto (2008/2009)
Diretor de Relaes Externas em uma gesto (2008/2009)
Membro do Diretrio Nacional do Partido Humanista da Solidariedade PHS (desde 2011)
Presidente Estadual do Partido Humanista da Solidariedade PHS So Paulo (desde 2011)
Vereador em So Paulo/SP, sendo membro da Comisso de Constituio e Justia (2013/2016)
PREFCIO POR SILVIO FIGUEIREDO
Bomba social.
Termo que vem sendo largamente utilizado para caracterizar a baixa qualidade no
ensino, o aumento vertiginoso da criminalidade, e porque no, a segregao urbana
que ocorre no Brasil.
E todos esses temas esto intimamente ligados. A baixa qualidade da educao, que
diminui o acesso a empregos e melhores salrios, levando o indivduo a buscar por
habitaes alternativas, em parcelamentos urbanos segregados, com ausncia de
melhoramentos, infraestrutura e servios pblicos.
A inrcia do Poder Pblico, que permitiu o apossamento de reas pblicas e a
especulao imobiliria desmedida, ajudando a criar esse fenmeno nas regies
mais distantes dos grandes centros, muitas delas em reas de risco, de mananciais
ou de reas de preservao ambiental.
Ainda a ineficiencia do Poder Pblico para atender demanda por habitaes nas
ltimas dcadas e as dificuldades que se impe aos empreendedores interessados
em aumentar a oferta.
H diversas disciplinas que podem, individual ou coletivamente tratar do problema,
traando novos paradigmas em nosso Pas.
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Mas s a pesquisa, dados estatsticos, empenho dos profissionais e muita
criatividade podero propor solues eficientes e alternativas que solucionem ou
minimizem e problema dos assentamentos precrios.
Enquanto assistimos o incio de um grande movimento visando promover a
regularizao de milhares de parcelamentos urbanos, desde 2007, cuja inteno
primeira evitar a favelizao e resgatar a dignidade do cidado, a autora, grande
parceira, contribuiu de forma relevante, emprestando seu conhecimento, dividindo
experincias e metodologias extremamente teis ao nosso trabalho.
com imenso prazer que participo desse trabalho, que dever ser fonte de dados,
experincias e conhecimento que s o profissional que milita diariamente pode
oferecer.
Abordando dados histricos, estatsticos, sociais e culturais, a autora analisa,
critica e prope caminhos para a soluo ou diminuio desse fenmeno mundial.
E alerta para a questo fundamental envolvida nesse processo; a educao, o
conhecimento, a formao do indivduo como um todo, enfim, o resgate da
cidadania e a dignidade social.
Silvio Figueiredo
BIOGRAFIA DO ARQUITETOSILVIO FIGUEIREDO
Arquiteto, com especializao em planejamento urbano, atua h trinta anos nas
esferas pblica e privada, (Governo do Estado de So Paulo em diversos setores,
Prefeitura Municipal de Guarulhos), com nfase nas questes habitacionais e seus
desdobramentos.
A implementao do Programa Cidade Legal e licenciamento de empreendimentos
habitacionais, nos moldes propostos pelo profissional, de forma inovadora,
resultado de duas dcadas de pesquisa aplicados s questes de forma realista e com
resultado sustentvel.
2011 Ideal Arquitetura e Comunicao Ltda
( Scio )
- Diviso de Regularizao Fundiria e Licenciamentos - Prospeco de novos
empreendimentos
2007-2011 Governo do Estado de So Paulo Secretaria de Estado da Habitao
( Secretrio Executivo )
- Programa Estadual de Regularizao Fundiria Cidade legal - Graprohab Grupo de
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Aprovao de Projetos Habitacionais - Assessor Tcnico Gabinete do Secretrio de
Estado
2005-2006 Assembleia Legislativa do Estado de So Paulo
Gabinete Deputado Estadual Paulo Srgio Partido Verde - Assessoria tcnica
Planejamento urbano, meio ambiente e programas habitacionais projetos de leis
1998-2007 Instituto Ambiental e Cultural Terra Azul Guarulhos. SP
Vice Presidente
OSCIP Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico
Organizao no governamental, sem fins lucrativos, voltada a programas de
conscientizao ambiental, projetos de revitalizao e recuperao de reas
degradadas, controle e preservao ambiental, assessoria e consultoria tcnica
ambiental;
1986-1996 Prefeitura Municipal de Guarulhos - SP
Assessor do Gabinete - Diretor de Planejamento Urbano
Membro das comisses de estudos aeroporturios e seus diversos impactos no meio
urbano.
1984-1986 Secretaria de Estado dos Negcios do Interior- SP
CEPAM CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS DAS ADMINISTRAES MUNICIPAIS
Assessor Gabinete do Secretrio e Presidncia
Articulao governamental, visando assessoria e cooperao para modernizao das
administraes regionais.
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INTRODUO
01 - 0 CONTEXTO
Com o objetivo de compartilhar experincias em trabalhos com favelas no territrio
nacional e desmistificar um assunto polmico e do interesse de leigos, estudiosos
e tcnicos envolvidos com trabalhos similares, iniciei este livro me baseando na
oportunidade que tive na minha carreira profissional de vivenciar experincias com
moradores de favela em regies distintas, com histrias de vida nicas e facinantes.
Quando me perguntam sobre meu trabalho, e digo que trabalho com favelas, as
reaes das pessoas so as mais diversas, alguns dizem que acham muito bonito
quem cuida dos pobres, outras dizem que deve ser muito perigozo, algumas no
levam a srio e acham perda de tempo se preocupar com a escria da sociedade e na
verdade nenhum sabe direito o que fao, quais so os objetivos, e quais os resultados
pretendidos.
Afinal o termo at foi modificado para ser batizado de comunidades algum iluminado
achou que com isso se perderia o estgma que o pesado nome para este tipo de
moradia refletia para os residentes destes locais. Na realidade o nome no importa
e no capaz de modificar o jeito de viver desta parcela da populao, excluda do
mercado formal de habitao.
O trabalho na realidade facinante, a experincia nica e implantar aes nestes
territrios de fato uma misso mais multidissiplinar que de fato social, esta afirmao
no pretende excluir o trabalho social to importante no processo, mas apresentar a
problemtica como um todo urbanstico, ambiental, jurdico, social, de engenharia e
acima de tudo de muita determinao e entendimento a cerca de sociedades distintas
com organizao prpria, com identidades culturais diversificadas, para muitos
incompreensveis, e para os moradores o seu jeito de viver.
Estive em muitos locais, norte, nordeste, sudeste e sul do pas e troxe na bagagem
mais lioes que ensinamentos, j que aprendi a respeitar este jeito de viver, uma
identidade cultural que nos trabalhos realizados no podem ser excludas do todo,
sem esta observncia, nenhum trabalho com esta populao ter sucesso.
Para alguns este conceito pode parecer irrelevante, mas o jeito de viver dos moradores
retrata cada cultura, sua histria, organizao, legados e tambm o amor a Favela e
o conceito de morar bem de cada habitante.
Nossa casa muito mais que paredes engendradas, tem a conotao de lar de
ambiente familiar e de memria de vida, nosso territrio o retrato do que somos e
nossa vida feita de muitos tus.
O bar do Jao, a casa da Maria, o lugar onde compro o alimento, a briga do vizinho,
os meninos que protegem as pessoas, o baile que vai acontecer, a escola dos meus
filhos, o barraco que caiu, a moa da prefeitura, a festa da fulana, o cheiro, o lixo, os
catadores, as vielas, a ponte construda, a mulher do amendoim, a surra do marido,
meus amigos, familiares, o mercadinho, os puchadinhos, os gatos de luz e gua, o
FAVELAS / RISCO URBANOFAVELAS / RISCO URBANO
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esgoto e alguns ainda o rio, o mar, as barricadas, as brincadeiras tpicas, a festa
religioza, o trem, a rodovia, o crrego, a construtora e outros, retratam o dia a dia,
das tais comunidades.
Quando qualquer interveno est prevista, o medo, a espectativa, a rdio pio, os
do contra, a resistncia, os politicos, os jornalistas, as manifestaes e o assunto
do local.
Para os executores o inicio de todo trabalho em favela tem esta cara, de no vai ser
facil, muitas aes tero que ser implantadas, antes, durante e aps as intervenes.
As intervenes em favela ocorrem por vrios motivos, ora de urbanizao, ora de
regularizao, ora para eliminao de riscos de vida, ambientais ou ainda legais,
por necessidade de obras virias, de ferrovias, rodovias, transporte, construo de
equipamentos, erradicao e reassentamento, ou at para a segurana, como no
caso do RJ com as UPPs.
A metodologia utilizada nestas intervenes por motivos obvios requer um trabalho
multidissiplinar e de apoio e acompanhamento social e este o meu trabalho. No
cuido de pobres, nem acho perigozo e o assunto tem sim importncia para todas
estas frentes e para promover o desenvolvimento social e sustentvel para quem se
destina.
Ainda hoje muitos acreditam que trabalhar com favelas em remoes de moradias,
basta colocar o caminho na porta da casa destes ocupantes de terrenos alheios,
que eles saem. Outros acham que s fazer o cadastro, outros ainda acham que
errado mecher com eles, so pobres carentes e coitadinhos, alguns acham que todos
so bandidos, e alguns simplismente ignoram e pedem que a prefeitura remova ou ao
menos coloque um muro bem alto para no deixar a cidade feia.
E na realidade a preteno de resolver o problema ambiental, urbanstico, fundirio
e social de forma definitiva, ser que possivel?
Trabalho a 20 anos com a temtica e as respostas esto nas perguntas, o completo
entendimento do modo de vida desta camada da populao a base de todo o
trabalho pretendido, sem esta viso, nenuma ao ser possibilitada, nenhum tijolo
poder ser erguido e nenhuma obra ser concluda.
E de casa em casa iniciamos a dificil misso de mudar de vida, de mudar o jeito de
viver destas famlias, de formar cidados, de tornar o produto final sustentvel para
a auto gesto da oferta ou benefcio, de permitir a abertura as frentes necessrias e
de remover mais a favela do morador que o morador da favela.
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CAPI
TULO
01CAPTULO I
02 - A CASA SEM ENDEREO, NO BRASIL.
Como estamos falando do Brasil o prximo captulo vai expor para os leitores o
contexto territorial e cultural onde esto inseridos estes clamados excludos.
O Brasil, oficialmente Repblica Federativa do Brasil, uma repblica federativa
presidencialista localizada na Amrica do Sul, formada pela unio de 26 estados,
um distrito federal, divididos em 5. 565 municpios. Faz fronteira a norte com a
Venezuela, com a Guiana, com o Suriname e com o departamento ultramarino da
Guiana Francesa; ao sul com o Uruguai; a sudoeste com a Argentina e com o Paraguai;
a oeste com a Bolvia e com o Peru e, por fim a noroeste com a Colmbia. Os nicos
pases sul-americanos que no tm uma fronteira comum com o Brasil so o Chile
e o Equador. O pas banhado pelo oceano Atlntico ao longo de toda sua costa
norte, nordeste, sudeste e sul. Alm do territrio continental, o Brasil tambm possui
alguns grandes grupos de ilhas no oceano Atlntico como os Penedos de So Pedro
e So Paulo, Fernando de Noronha, Trindade e Martim Vaz, no Esprito Santo, e um
complexo de pequenas ilhas e corais chamado Atol das Rocas.
Com 8.514.876,599 quilmetros quadrados de rea, equivalente a 47% do territrio
sul-americano, e com cerca de 190 milhes de habitantes, o pas possui a quinta
maior rea territorial do planeta e o quinto maior contingente populacional do
mundo. O Brasil o nico pas falante do portugus das Amricas, alm de ser uma
das naes mais multiculturais e etnicamente diversas do mundo, resultado da forte
imigrao vinda de muitos pases.
O Brasil foi uma colnia do Imprio Portugus desde o desembarque de Pedro lvares
Cabral em 1500 at 1815, quando se tornou um reino unido com Portugal. Em 1822
o pas se tornou independente, formando o Imprio do Brasil, poca em que esteve
sob a soberania da famlia imperial brasileira, um dos ramos da Casa de Bragana, por
quem era governado desde 1500, no Brasil Colnia. Em 1889 torna-se uma repblica,
embora a legislatura bicameral, agora chamada de Congresso, remonte ratificao
da primeira Constituio em 1824. Desde a proclamao da repblica brasileira em
1889, o Brasil tem sido governado por trs poderes, o judicirio, legislativo e o
executivo, em que o chefe do ltimo, eleito a cada quatro anos pelo voto popular,
o presidente do Brasil.
Nona maior economia do planeta em paridade do poder de compra (2008), oitava maior
em PIB nominal (2009) e maior economia latino-americana, o Brasil tem hoje forte
influncia internacional, seja em mbito regional ou global. Em 2005, encontrava-se
na 39 posio entre os pases com melhor qualidade de vida do planeta, alm de
possuir entre 15 e 20% de toda biodiversidade mundial, sendo exemplo desta riqueza
a Floresta Amaznica, com 3,6 milhes de km, a Mata Atlntica, o Pantanal e o
Cerrado. O Brasil membro fundador da Organizao das Naes Unidas, do G20, do
Mercosul, da Unio de Naes Sul-Americanas e um dos pases BRIC.
FAVELAS / RISCO URBANOFAVELAS / RISCO URBANO
32 33
CAPI
TULO
01
Trinta e quatro anos aps o Descobrimento, o litoral brasileiro estava sendo saqueado
a por piratas em busca de pedras preciosas e madeiras raras. Para manter o controle
do territrio, a coroa portuguesa decidiu criar as capitanias hereditrias, 15 faixas de
terra que se estendiam da costa at a linha imaginria do Tratado de Tordesilhas. Para
tomar conta desses primeiros estados do pas, foram nomeados capites-donatrios.
Em 1709, os portugueses resolveram reorganizar a colnia em funo dos benefcios
especficos que cada regio poderia trazer para a coroa. Nasceram, ento, as sete
provncias, imensas extenses de terra com fronteiras mais bem definidas. Alm dos
aspectos econmicos, a criao das provncias visava obter um controle ainda maior
sobre o territrio, constantemente ameaado pela ao de piratas e do olho grande
espanhol.
Aps a Independncia, em 1822, o Brasil foi repartido em diversas novas provncias,
rascunhos do que viriam a serem os futuros estados. O mapa atual do Nordeste,
por exemplo, j est quase todo l. No Sul, contvamos ainda com a provncia da
Cisplatina, que pertenceu ao Brasil at 1829, quando um movimento separatista
obrigou o pas a reconhecer a independncia da regio, que deu origem ao Uruguai.
Rolaram grandes mudanas no mapa aps a Proclamao da Repblica, em 1889,
como a prpria adoo da palavra estado para nomear as pores do territrio. Em
1942, o Brasil entrou na Segunda Guerra e, como estratgia de defesa e administrao
das fronteiras, o governo desmembrou algumas reas, criando novos territrios, como
Amap e Guapor, no norte, e Iguau, no sul. Mais tarde, alguns desses territrios
viraram estados, outros foram reintegrados sua regio de origem
A partir de 1960, ano da inaugurao de Braslia, as ltimas mexidas que deixaram
o Brasil com a cara que tem hoje, com seus 26 estados mais o Distrito Federal. Alm
da promoo de alguns territrios, como Acre e Rondnia, os estados, Fernando
de Noronha voltou a fazer parte de Pernambuco, e nasceram Mato Grosso do Sul
(desmembrado do Mato Grosso) e Tocantins (fatiado de Gois).
Nos ltimos anos, chegaram vrias propostas ao Congresso para a criao de novos
estados e territrios no pas, sendo que muitas ainda esto em curso.
FAVELAS / RISCO URBANOFAVELAS / RISCO URBANO
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CAPI
TULO
01
03 - AS FAVELAS
Favela, tal como definido pela agncia das Naes Unidas, UN-HABITAT, uma rea
degradada de uma determinada cidade caracterizada por moradias precrias, falta
de infraestrutura e sem regularizao fundiria. Segundo a Organizao das Naes
Unidas, a porcentagem da populao urbana que vive em favelas diminuiu de 47%
para 37% no mundo em desenvolvimento, no perodo entre 1990 e 2005.
No entanto, devido ao crescimento populacional e ao aumento das populaes
urbanas, o nmero dos moradores de favelas ainda crescente. Um bilho de pessoas
no mundo vivem em favelas e esse nmero provavelmente ir crescer para 2 bilhes
em 2030. Outro relatrio da ONU, divulgado em 2010, apontou que 227 milhes de
pessoas deixaram de viver em favelas na dcada de 2000.
O termo tem sido tradicionalmente referido aos vastos assentamentos informais
encontrados nas cidades do mundo subdesenvolvido e em desenvolvimento.
Muitos moradores opem-se energicamente contra a descrio de suas comunidades
como favelas, alegando que o termo pejorativo e que, muitas vezes, resulta em
ameaas de despejos. Muitos acadmicos tm criticado a UN-HABITAT e o Banco
Mundial, argumentando que a campanha criada pelas duas instituies denominada
Cidades Sem Favelas levou a um aumento macio de despejos forados.
Embora suas caractersticas geogrficas variem entre as diferentes regies, geralmente
essas reas so habitadas por pessoas socialmente desfavorecidas. Os edifcios de
favelas variam desde simples barracos a estruturas permanentes e bem-estruturadas.
Na maioria das favelas ocorre a falta de gua potvel, eletricidade, saneamento e
outros servios bsicos.
A origem do termo em portugus brasileiro favela surge no episdio histrico
conhecido por Guerra de Canudos. A cidadela de Canudos foi construda junto a
alguns morros, entre eles o Morro da Favela, assim batizado em virtude da planta
Cnidoscolus quercifolius (popularmente chamada de favela) que encobria a regio.
Alguns dos soldados que foram para a guerra, ao regressarem ao Rio de Janeiro em
1897, deixaram de receber o soldo, instalando-se em construes provisrias erigidas
sobre o Morro da Providncia.
O local passou ento a ser designado popularmente Morro da Favela, em referncia
favela original. O nome favela ficou conhecido e na dcada de 1920, as habitaes
improvisadas, sem infraestrutura, que ocupavam os morros.
As caractersticas associadas a favelas variam de um lugar para outro. Favelas so
normalmente caracterizadas pela degradao urbana, elevadas taxas de pobreza e
desemprego. Elas normalmente so associadas a problemas sociais como o crime,
toxicodependncia, alcoolismo, elevadas taxas de doenas. Um grupo de peritos das
Naes Unidas criou uma definio operacional de uma favela como uma rea que
combina vrias caractersticas: acesso insuficiente gua potvel, ao saneamento
FAVELAS / RISCO URBANOFAVELAS / RISCO URBANO
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CAPI
TULO
01
bsico e a outras infraestruturas; m qualidade estrutural de habitao; superlotao; e
estruturas residenciais inseguras. Pode-se acrescentar o baixo estado socioeconmico
de seus residentes.
Como a construo desses assentamentos informal e no guiada pelo planejamento
urbano, h uma quase total ausncia de redes formais de ruas, ruas numeradas, rede de
esgotos, eletricidade ou telefone. Mesmo se esses recursos esto presentes, eles so
desorganizados, velhos ou inferiores. As favelas tambm tendem a falta de servios
bsicos presentes nos assentamentos mais formalmente organizados, incluindo o
policiamento, os servios mdicos e de combate a incndios. Os incndios so um
perigo especial para favelas, no s pela a falta de postos de combate a incndios e
de caminhes de bombeiros, que no conseguem acessar as estreitas ruas e vielas,
mas tambm devido proximidade das edificaes e da inflamabilidade dos materiais
utilizados na construo.
As favelas apresentam altas taxas de criminalidade, uso de drogas e doenas.
No entanto, o observador Georg Gerster notou que (com referncia especfica s
invases de Braslia) as favelas, apesar de seus materiais de construo pouco
atraentes, podem ser tambm um local de esperana, cenas de uma contracultura,
com um grande potencial de incentivar mudanas e de um forte impulso. (1978)
Stewart Brand tambm disse, mais recentemente, que favelas so verdes. Elas tm
densidade mxima - um milho de pessoas por quilmetro quadrado em Mumbai - e
uso mnimo de energia e de utilizao de materiais. As pessoas ficam por perto,
a p, de bicicleta, riquix, txi ou das universais lotaes... Nem tudo eficiente
nas favelas, no entanto. Nas favelas brasileiras, onde a eletricidade roubada e,
portanto, livre, Jan Chipchase, da Nokia, descobriu que as pessoas deixam as luzes
acesas durante todo o dia. Na maioria das favelas a reciclagem , literalmente, um
modo de vida..
H rumores de que os cdigos sociais nas favelas probam que os habitantes cometam
crimes dentro de seus limites. As gangues locais acabam se tornando uma milcia
particular da regio, policiando-a a sua prpria maneira. No entanto, a maioria das
favelas exibe altos ndices de crimes violentos, em especial homicdios. A existncia
das supostas milcias, segundo alguns estudiosos, aponta para a existncia de uma
espcie de cdigo de honra interno, o qual caso no respeitado, pode levar
execuo por parte deste efetivo como um Estado paralelo.
Em muitas favelas, especialmente nos pases pobres, muitos vivem em vielas muito
estreitas que no permitem o acesso de veculos (como ambulncias e caminhes de
incndio). As faltas de servios como a coleta de resduos permitem o acmulo de
detritos em grandes quantidades. A falta de infraestrutura causada pela natureza
informal das habitaes e pela ausncia de planejamento. Alm disso, assentamentos
informais enfrentam muitas vezes as consequncias das catstrofes naturais e
artificiais, tais como deslizamentos de terra, terremotos e tempestades tropicais.
Incndios um problema frequente.
Muitos habitantes de favelas empregam-se na economia informal. Isso pode incluir
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venda de algum produto na rua, trfico de droga, trabalhos domsticos e prostituio.
Em algumas favelas os moradores reciclam resduos de diferentes tipos para a sua
subsistncia.
Vamos aos poucos descobrir como a diversidade cultural e de identidade... esto
distantes umas das outras, quando se visita ou trabalha com a populao carente,
nas ocupaes irregulares, de risco ou de impedimentos legais, que as escncaras
retratam as reais realidades que vivem hoje 26,4% da populao.
Cumpri-me no entanto informar que diminuiu de 31,5% em dez anos devido adoo
de polticas econmicas e sociais, diminuio da taxa de natalidade e migrao
do campo para a cidade, disse o relatrio da ONU.
Entre os pases pesquisados, o Brasil est atrs apenas de China, ndia e Indonsia,
que, segundo a ONU, deram grandes passos para combater a precariedade das
moradias.
Os autores do estudo calculam que, mantida a taxa atual, o nmero de habitantes
de favelas aumentar seis milhes por ano at 2020, quando chegar a 889 milhes.
Apesar do incremento de 55 milhes no nmero absoluto de favelados no perodo
pesquisado, o relatrio destaca que 227 milhes de pessoas no mundo deixaram
de viver em assentamentos precrios entre 2000 e 2010 e passaram a fazer parte da
cidade formal.
Isto significa que, coletivamente, os governos do mundo alcanaram a Meta 11 do
Objetivo 7 dos Objetivos de Desenvolvimento do Milnio (melhorar a vida de pelo
menos 100 milhes de habitantes em assentamentos precrios para o ano 2020) em
2,2 vezes, diz o texto. Mas o progresso que foi feito em relao meta das favelas
ainda no foi o suficiente para conter o crescimento de assentamentos informais nos
pases em desenvolvimento. E tambm sua sustentabilidade no ps ocupao ainda
no alcana total autonomia.
A diversidade cultural refere-se aos diferentes costumes de uma sociedade, entre os
quais podemos citar: vestimenta, culinria, manifestaes religiosas, tradies, entre
outros aspectos. O Brasil, por conter um extenso territrio, apresenta diferenas
climticas, econmicas, sociais e culturais entre as suas regies.
Os principais disseminadores da cultura brasileira so os colonizadores europeus, a
populao indgena e os escravos africanos. Posteriormente, os imigrantes italianos,
japoneses, alemes, poloneses, rabes, entre outros, contriburam para a pluralidade
cultural do Brasil.
Nesse contexto, alguns aspectos culturais das regies brasileiras sero abordados.
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04 - AS REGIES E SUAS MANIFESTAES CULTURAIS.
REGIO NORDESTE
Entre as manifestaes culturais da regio esto danas e festas como o bumba meu
boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, terno de zabumba, marujada,
reisado, frevo, cavalhada e capoeira. Algumas manifestaes religiosas so a festa
de Iemanj e a lavagem das escadarias do Bonfim. A literatura de Cordel outro
elemento forte da cultura nordestina. O artesanato representado pelos trabalhos de
rendas. Os pratos tpicos so: carne de sol, peixes, frutos do mar, buchada de bode,
sarapatel, acaraj, vatap, cururu, feijo-verde, canjica, arroz-doce, bolo de fub
cozido, bolo de massa de mandioca, broa de milho verde, pamonha, cocada, tapioca,
p de moleque, entre tantos outros.
REGIO NORDESTE
A quantidade de eventos culturais do Norte imensa. As duas maiores festas
populares do Norte so o Crio de Nazar, em Belm (PA); e o Festival de Parintins,
a mais conhecida festa do boi-bumb do pas, que ocorre em junho, no Amazonas.
Outros elementos culturais da regio Norte so: o carimb, o congo ou congada, a
folia de reis e a festa do divino.
A influncia indgena fortssima na culinria do Norte, baseada na mandioca e em
peixes. Outros alimentos tpicos do povo nortista so: carne de sol, tucupi (caldo da
mandioca cozida), tacac (espcie de sopa quente feita com tucupi), jambu (um tipo
de erva), camaro seco e pimenta-de-cheiro.
REGIO CENTRO-OESTE
A cultura do Centro-Oeste brasileiro bem diversificada, recebendo contribuies
principalmente dos indgenas, paulistas, mineiros, gachos, bolivianos e paraguaios.
So manifestaes culturais tpicas da regio: a cavalhada e o fogaru, no estado
de Gois; e o cururu, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A culinria regional
composta por arroz com pequi, sopa paraguaia, arroz carreteiro, arroz boliviano,
maria-isabel, empado goiano, pamonha, angu, cural, os peixes do Pantanal - como
o pintado, pacu, dourado, entre outros.
REGIO SUDESTE
Os principais elementos da cultura regional so: festa do divino, festejos da pscoa
e dos santos padroeiros, congada, cavalhadas, bumba meu boi, carnaval, peo de
boiadeiro, dana de velhos, batuque, samba de leno, festa de Iemanj, folia de reis,
caiap.
A culinria do Sudeste bem diversificada e apresenta forte influncia do ndio,
do escravo e dos diversos imigrantes europeus e asiticos. Entre os pratos tpicos
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se destacam a moqueca capixaba, po de queijo, feijo-tropeiro, carne de porco,
feijoada, aipim frito, bolinho de bacalhau, picadinho, virado paulista, cuscuz
paulista, farofa, pizza, etc.
REGIO SUL
O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses, espanhis e,
principalmente, alemes e italianos. As festas tpicas so: a Festa da Uva (italiana) e
a Oktoberfest (alem). Tambm integram a cultura sulista: o fandango de influncia
portuguesa, a tirana e o anuo de origem espanhola, a festa de Nossa Senhora dos
Navegantes, a congada, o boi-de-mamo, a dana de fitas, boi na vara. Na culinria
esto presentes: churrasco, chimarro, camaro, piro de peixe, marreco assado,
barreado (cozido de carne em uma panela de barro), vinho
CAPTULO 2
05 - NAS FAVELAS DO BRASIL, DIFERENAS CULTURAIS.
Assim como existem marcantes diferenas culturais no Brasil, nas favelas elas tambm
esto caracterizadas, mas com uma identidade prpria, relacionada com o modo de
viver nico, dentro e distante das cidades. Estas diferenas se confundem entre o
que consideramos rasoveis condies de moradia, para a interpretao dos que de
fato moram nas favelas.
A influncia cultural da regio est presente nos becos e vielas, mas assume
uma caracterstica de excuso da cidade, de um universo paralelo dependente
da infraestrutura das cidades, mas independente no seu modo de viver e esta
independncia fruto de luta e desejo dos moradores. Para o trabalho social, inserir
a favela na cidade formar cidados, para os moradores das favelas ser cidado ter
o direito de viver onde est, do seu jeito.
Os valores e conceitos se conflitam, frente as realidades vivenciadas e para as
politicas habitacionais utilizadas pressupomos um dificil trabalho, que envolve
educao para a cidadania, mudanas de habitos e cotumes, mudana de identidade
cultural, mudana radical do jeito de viver.
Assim nosso trabalho inicial consiste em buscar indicadores e obter diagnsticos
precisos destes habitantes e seus territrios, antes de iniciar qualquer interveno.
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Muito aquem destas pesquisas realizadas atravs de visitas domiciliares e analises
tcnicas, est a sencibilidade do executor de enchergar o todo, o contexto, as
entrelinhas e o jeito de viver daquelas famlias para de fato conhecer as diferentes
realidades de cada territrio que se pretende intervir.
Morar em favela, para a muitos dos moradores significa ter muitos direitos e
poucos deveres, afinal podem deixar de pagar a energia, podem deixar de pagar o
abastecimento de gua, podem construir sem alvar da prefeitura, podem ser carentes
e ter proteo das redes sociais, podem se assim entenderem, criar suas prprias
leis, podem at cometer crimes e terem escudo e no terem endereo, podem ter a
proteo do governo, das ongs, da igreja seja ela qual for e podem ter a identidade
de excludo, para obteno de benefcios.
Podem ainda ampliar suas casas ao bel prazer ou necessidade para cima ou lado
ou fundos, podem ocupar reas com impedimentos legais ou de risco, quando uma
emergncia so sempre beneficiados de alguma forma e quando quiserem podem
voltar para seus ambientes, vendendo ou comercializando o benefcio, sabem que na
realidade no podem, mas sabem tambm que no sero punidos.
Claro que entendemos no ser a ideal condio de moradia e entendemos que ser
cidado uma conquista, mas ser que os moradores das favelas pensam assim?
E se no pensam ser que a culpa deles? Acredito que no, uma questo em
parte cultural... e ou ainda intervenes equivocadas tanto sociais quanto legais ou
urbansticas.
Muitas aes sociais foram implantadas nas favelas nas maiorias das obras de
urbanizao das cidades, por iniciativa dos governos e por tcnicos multidissiplinares
e qualificados.
E...para as intervenes se observou o ambiente e as diferentes realidades locais
antes de iniciar todo e qualquer trabalho social apresentando seus diagnsticos. A
sustentabilidade tambm foi tema de todas as discusses sobre as avaliaes destes
trabalhos implantados.
Na teoria um avano...nunca houve tanto investimento no trabalho social, ambiental
e de comunicao, observou-se meios adequados de mobilizar, educar, organizar,
capacitar, gerar emprego e renda e ainda houve grande preocupao com as questes
sanitrias, ambientais e patrimoniais. Muitas atividades foram propostas, com a
participao comunitria e foram tambm implantadas em diversas comunidades em
todo o Brasil.
Muitos resultados obtidos...mas pontuais, neste ou naquele local, muitos em parte de
uma mesma comunidade e para a euforia dos tcnicos...algumas conquistas obtidas.
o que todos necessitam, mas ainda no o que desejam, conhecer as potencialidades
de um grupo social uma tarefa dificil e ofertar necessidades no significa realizar
ou concretizar sonhos, estes so conquistas individuais ou at de um grupo, desde
que tenham lutado para obte-lo. As mudanas dependem muito mais dos que a
desejam do que de quem oferece.
Em 20 anos de trabalho em comunidades carentes tive a oportunidade trabalhando
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tanto na esfera pblica quanto na privada com a Empresa Urbaniza, e obtive uma rica
experincia percorrendo o pais realizando trabalhos sociais na Bahia, no Maranho,
no Par, em Santa Catarina, em SP, no Rio de Janeiro, no Rio grande do Norte e tive
como prmio conhecer diversificadas culturas e observar as diferentes realidades que
o pais abriga, nunca antes imaginada.
Com o objetivo de melhor retratar estas localidades, antes de escrever sobre elas,
apresento algumas fotos e fatos, para uma pequena viagem conjunta com os leitores
nesta leitura, com o nico objetivo de compartilhar com todos a rica experincia.
06 - FATOS E FOTOS.
NO MARANHO
O Maranho est localizado no oeste da Regio Nordeste do Brasil e tem, como
limites, ao norte o Oceano Atlntico, a leste o estado brasileiro do Piau, a sul e
sudeste o estado brasileiro de Tocantins e o estado brasileiro do Par a oeste. Ocupa
uma rea de 331 935,507 km, sendo o segundo maior estado da Regio Nordeste
do Brasil e o oitavo maior estado do Brasil. Em termos de produto interno bruto,
o quarto estado mais rico da Regio Nordeste do Brasil e o 16 estado mais rico do
Brasil.
No sculo XVI, o atual territrio maranhense era ocupado por ndios tupinambs no
seu litoral oeste, por ndios potiguaras no seu litoral leste e por ndios tremembs
no seu interior.
Os europeus s conseguiram efetivamente ocupar a regio em 1612, com o projeto da
Frana Equinocial. Os franceses fundaram a cidade de So Lus, onde permaneceram
por trs anos, at serem expulsos pelos portugueses.
Localizado entre as regies Norte e Nordeste do Brasil, o Maranho possui uma
grande diversidade de ecossistemas. So 640 quilmetros de extenso de praias
tropicais, floresta amaznica, cerrados, mangues, delta em mar aberto e o nico
deserto do mundo com milhares de lagoas de guas cristalinas. Essa diversidade est
organizada em cinco polos tursticos, cada um com seus atrativos naturais, culturais
e arquitetnicos. So eles: o polo turstico de So Lus, o Parque Nacional dos Lenis
Maranhenses, o Parque Nacional da Chapada das Mesas, o Delta do Parnaba e o polo
da Floresta dos Guars.
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NO SANTA CATARINA
Santa Catarina uma das 27 unidades federativas do Brasil, localizada no centro
da regio Sul do pas. o vigsimo estado brasileiro com maior extenso territorial
e o dcimo primeiro mais populoso alm de ser o nono mais povoado com 293
municpios. O catolicismo a religio predominante.
As dimenses territoriais abrangem uma rea de 95.346,181 km,sendo maior do
que Portugal ou a soma dos estados brasileiros do Rio de Janeiro e Esprito Santo
com o Distrito Federal. Limita-se com os estados do Paran (ao norte) e Rio Grande
do Sul (ao sul), alm do Oceano Atlntico (a leste) e da Argentina (a oeste). A
costa ocenica tem cerca de 450 km, ou seja, aproximadamente metade da costa
continental de Portugal (943 km). Sua capital e sede de governo a cidade de
Florianpolis, localizada na Ilha de Santa Catarina.
Em termos histricos, sua colonizao foi largamente efetuada por imigrantes
europeus: os portugueses aorianos colonizaram o litoral no sculo XVIII; os alemes
colonizaram o Vale do Itaja, parte da regio sul e o norte catarinense em meados do
sculo XIX; e os italianos colonizaram o sul do estado no final do mesmo sculo. O
oeste catarinense foi colonizado por gachos de origem italiana e alem na primeira
metade do sculo XX.
Os ndices sociais do estado situam-se entre os melhores do pas. Santa Catarina o
sexto estado mais rico da Federao, com uma economia diversificada e industrializada.
Importante polo exportador e consumidor, o estado um dos responsveis pela
expanso econmica nacional, respondendo por 4% do produto interno bruto do pas.
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NO SO PAULO
So Paulo um municpio brasileiro, capital do estado de So Paulo e principal centro
financeiro, corporativo e mercantil da Amrica do Sul. a cidade mais populosa do
Brasil, do continente americano e de todo o hemisfrio sul e a cidade brasileira mais
influente no cenrio global, sendo considerada a 14 cidade mais globalizada do
planeta, recebendo a classificao de cidade global alfa, por parte do Globalization
and World Cities Study Group & Network. O lema da cidade, presente em seu braso
oficial, Non ducor, duco, frase latina que significa No sou conduzido, conduzo.
Fundada em 1554 por padres jesutas, a cidade mundialmente conhecida e exerce
significativa influncia nacional e internacional, seja do ponto de vista cultural,
econmico ou poltico.
O municpio possui o 10 maior PIB do mundo, representando, isoladamente, 12,26%
de todo o PIB brasileiro e 36% de toda a produo de bens e servios do estado de
So Paulo, sendo sede de 63% das multinacionais estabelecidas no Brasil, alm de
ter sido responsvel por 28% de toda a produo cientfica nacional em 2005. A
cidade tambm a sede da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de So Paulo
(BM&FBovespa), a segunda maior bolsa de valores do mundo em valor de mercado.
So Paulo tambm concentra muitos dos edifcios mais altos do Brasil, como os
edifcios Mirante do Vale, Itlia, Altino Arantes, a Torre Norte, entre outros.
So Paulo a sexta cidade mais populosa do planeta e sua regio metropolitana, a
quarta maior aglomerao urbana do mundo. Regies muito prximas a So Paulo so
tambm regies metropolitanas do estado, como Campinas, Baixada Santista e Vale
do Paraba; outras cidades prximas compreendem aglomeraes urbanas em processo
de conurbao, como Sorocaba e Jundia. A populao total dessas reas somada
da capital o chamado Complexo Metropolitano Expandido ultrapassa 29 milhes
de habitantes, aproximadamente 75% da populao do estado inteiro. As regies
metropolitanas de Campinas e de So Paulo j formam a primeira macrometrpole
do hemisfrio sul, unindo 65 municpios que juntos abrigam 12% da populao
brasileira.
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NO RIO DE JANEIRO
A Cultura da cidade do Rio de Janeiro possui uma forte herana do passado, desde
o final do sculo XIX, quando foram ali realizadas as primeiras sesses de cinema
tupiniquins e desde ento, descortinaram-se vrios ciclos de produo, os quais
acabaram por inserir a produo cinematogrfica carioca na vanguarda experimental
e na liderana do cinema nacional. Atualmente, o Rio aglutina os principais centros
de produo da TV brasileira: o Projac da Rede Globo, o RecNov da Rede Record e o
Polo de Cinema de Jacarepagu. Em 2006, 65% da produo do cinema nacional foi
realizada exclusivamente por produtoras sediadas na cidade, captando R$ 91 milhes
em recursos federais atravs da Lei Rouanet.
Na arquitetura nacional, despontaram, na ribalta das tendncias vanguardistas,
nomes como Oscar Niemeyer e Lucio Costa, alm dos irmos Roberto e Afonso Eduardo
Reidy.
Contemplada por diversos museus, teatros e casas de espetculos, e passagem
obrigatria das grandes mostras internacionais de artes ou cinema, a capital
fluminense o destino mais procurado pelos turistas estrangeiros que visitam o
Brasil a lazer, e o segundo colocado no ranking de negcios e eventos, segundo a
Embratur.
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NA BAHIA
A cultura da Bahia uma das mais ricas e diversificadas do Brasil, sendo o estado
considerado um dos mais ricos centros culturais do pas, conservando no apenas
um rico acervo de obras religiosas, arquitetnicas, mas bero das mais tpicas
manifestaes culturais populares, quer na culinria, na msica, e em praticamente
todas as artes.
A Bahia tem seus expoentes, suas caractersticas prprias, resultado da rica
miscigenao entre o ndio nativo, o portugus colonizador e o negro escravizado.
Nessa imensa vastido cultural, entre as principais manifestaes culturais esto
o carnaval de Salvador, a festa da Independncia da Bahia, as festas juninas no
interior, em especial a guerra de espadas em Cruz das Almas e em Senhor do Bonfim,
a lavagem do Bonfim, a Festa de Santa Brbara, a Festa de So Sebastio, a festa de
Iemanj, e muitas outras.
NO RIO GRANDE DO NORTE
O estado do Rio Grande do Norte um dos estados da federao que contm o mais
antigo marco da presena portuguesa no pas. O Marco de Touros sinaliza o incio
da fase moderna de ocupao da terra potiguar por populaes oriundas da Europa,
frica do Norte e da frica Subsahariana.
Antes disso, o territrio do atual Estado do RN era ocupado por diversas naes
indgenas, como os potiguaras no litoral e os tararius no serto.
A formao do povo potiguar passa pela confluncia de diversos elementos tnicos,
como galegos, mouros, judeus (cristo-novos) portugueses, tupis, africanos que se
espalharam pelos vales dos grandes rios, como Cear Mirim, Potengi, Au, Mossor
ou pelas regies serranas do Serto.
Dessa confluncia nasceu uma cultura rica, marcada pela presena tanto da civilizao
do couro e do algodo, quanto pela presena de uma religiosidade catlica marcada
pela miscigenao com elementos judaicos e indgenas.
Folclore do Rio Grande do Norte conta com vrios autos e manifestaes populares.
As velhas danas do povo podem ser classificadas em dois grupos. O primeiro e mais
importante deles o dos autos populares, misto de dana e espetculo teatral em
que h um fulcro dramtico central que caracteriza cada um deles. O segundo grupo
composto por danas folclricas de uma forma em geral.
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03CAPTULO III
07 - A VIDA COMO ELA ...
O Paulistano da capital acha que na sua cidade tudo melhor: infraestrutura
exuberante, os melhores restaurantes, o maior comrcio, as indstrias, o Ceasa, o
Mercado Municipal, o Centro, a Paulista, a 25 de Maro, os servios, as padarias, os
shoppings, a Bela Cintra, os melhores mdicos e hospitais, a Vila Nova Conceio,
Moema, Perdizes, Aclimao, Vila Mariana, o Ptio do Colgio, o Terrao Itlia, o
trabalho... O norte e nordeste acham o paulistano arrogante, exigente e equivocado,
pois o melhor mesmo so as redes, as festas, a praia e comprar tudo pronto de SP.
Em SP o consumidor rei, no norte e nordeste o paulistano perde a majestade e tem
que aprender a ser s o segundo turista, j que o primeiro internacional.
...no existe de fato uma cultura nacional, no Brasil existem culturas regionais,
identidades prprias, de acordo com diversificadas realidades o que faz do Brasil um
pas mgico: ora elegante e bonito, ora atrasado, ora de primeiro mundo, ora carente,
ora frentico, ora tranquilo; urbano, rural e turstico.
Na arquitetura tambm, diferenas marcantes, retratam modo de vida de cada povo,
tendncias regionais ou ainda, de influncia de sua colonizao, marcam a alma de
cada povo.
A cultura brasileira uma sntese da influncia dos vrios povos e etnias que formaram
o povo brasileiro. No existe uma cultura brasileira perfeitamente homognea, e sim
um mosaico de diferentes vertentes culturais que formam juntas, a cultura do Brasil.
Naturalmente, aps mais de trs sculos de colonizao portuguesa, a cultura do
Brasil , majoritariamente, de raiz lusitana. justamente essa herana cultural lusa
que compe a unidade do Brasil: apesar do povo brasileiro ser um mosaico tnico,
todos falam a mesma lngua (o portugus) e, quase todos, so cristos, com largo
predomnio de catlicos. Esta igualdade lingustica e religiosa um fato raro para um
pas de grande tamanho como o Brasil, especialmente em comparao com os pases
do Velho Mundo.
Embora seja um pas de colonizao portuguesa, outros grupos tnicos deixaram
influncias profundas na cultura nacional, destacando-se os povos indgenas, os
africanos, os italianos e os alemes. As influncias indgenas e africanas deixaram
marcas no mbito da msica, da culinria, do folclore, do artesanato, dos caracteres
emocionais e das festas populares do Brasil, assim como centenas de emprstimos
lngua portuguesa. evidente que algumas regies receberam maior contribuio
desses povos: os estados do Norte tm forte influncia das culturas indgenas,
enquanto algumas regies do Nordeste tm uma cultura bastante africanizada,
sendo que, em outras, principalmente no serto, h uma intensa e antiga mescla de
caracteres lusitanos e indgenas, com menor participao africana.
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03
No Sul do pas as influncias de imigrantes italianos e alemes so evidentes, seja na
lngua, culinria, msica e outros aspectos. Outras etnias, como os rabes, espanhis,
poloneses e japoneses contriburam tambm para a cultura do Brasil, porm, de
forma mais limitada.
O substrato bsico da cultura brasileira formou-se durante os sculos de colonizao,
quando ocorre a fuso primordial entre as culturas dos indgenas, dos europeus,
especialmente portugueses, e dos escravos trazidos da frica subsahariana. A partir
do sculo XIX, a imigrao de europeus no portugueses e povos de outras culturas,
como rabes e asiticos, adicionou novos traos ao panorama cultural brasileiro.
Tambm foi grande a influncia dos grandes centros culturais do planeta, como a
Frana, a Inglaterra e, mais recentemente, dos Estados Unidos, pases que exportam
hbitos e produtos culturais para o resto do globo.
Enquanto no restante do pais temos as caractersticas prprias de cada povo, em SP
temos de todos os povos juntos, imigrantes em busca de oportunidades, fizeram de
SP um ambiente nico e diversificado, onde encontramos um pedao de cada Brasil
em cada esquina.
A cultura tudo que resulta da criao humana, a cultura consiste nos valores de um
grupo de pessoas, nas normas que seguem e nos bens que criam ou engendram, na
alma de cada povo.
Nesta obra pretendo retratar a cultura dos grupos chamados excludos, aqueles que
expulsos do mercado habitacional formal, criaram culturas prprias, de vida, de
moradia, de servios, de leis, com o objetivo de compartilhar experincias vivenciadas
e tambm com o objetivo de melhor entender estas realidades culturais.
Muitos exemplos equivocados de intervenes propostas nestas localidades
demonstram a no observncia destas realidades e muitas das aes implantadas se
perdem no vazio do indesejado, no equivoco dos sonhos e reais necessidades, para
mudanas efetivamente sustentveis.
Estamos falando em populao de baixa renda e escolaridade, como visto em vrios
diagnsticos tcnicos e de pesquisas cientficas, onde as intervenes consideram
estes indicadores scio econmicos, antes de iniciar qualquer trabalho ou propor
qualquer ao social, ambiental, urbanstica ou legal para estas, chamadas:
Comunidades...
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Do ponto de vista ambiental, comunidade a totalidade dos organismos vivos que
fazem parte do mesmo ecossistema e interagem entre si, corresponde, no apenas
reunio de indivduos e ou sua organizao social e sim ao nvel mais elevado de
complexidade de um ambiente. Uma comunidade pode ter seus limites definidos de
acordo com caractersticas que signifiquem algo para ns, investigadores humanos.
Mas ela tambm pode ser definida a partir da perspectiva de um determinado
organismo da comunidade.
As comunidades possuem estrutura, fluxo de energia, diversidade, processos de
sucesso, alma, identidade e vontade prpria.
Do ponto de vista da sociologia, uma comunidade um conjunto de pessoas que
se organizam sob o mesmo conjunto de normas, geralmente vivem no mesmo local,
sob o mesmo governo ou compartilham do mesmo legado cultural e histrico.
Mas as comunidades tambm caracterizam um grupo territorial de indivduos tem
caractersticas prprias, vontades, desejos, apego ambiental, potencialidades,
relaes sociais, interdependncia, legados, modo de vida, e identidade prpria.
Desta forma acredito que todos concordam que as intervenes das polticas pblicas
habitacionais, sociais, ambientais e urbansticas devam respeitar estas caractersticas para
obteno do sucesso ps intervenes e tambm para a sua autonomia e sustentabilidade.
Para avaliar as intervenes temos que verificar sua eficcia, eficincia e satisfao
no ps ocupao ou interveno e fazemos isso, todos os tcnicos e estudiosos sobre
o assunto tem esta preocupao e os sistemas de avaliao de indicadores antes,
durante e depois fazem parte do cotidiano dos profissionais da rea.
Caracterizamos os territrios, elaboramos diagnsticos, criamos projetos, implantamos
as aes e trabalhamos no ps ocupao e nas avaliaes.
Muitas conquistas foram obtidas com melhoria nas condies de vida, mas ainda assim
a maioria dos beneficiados, retornam para situaes de favelamento, comercializando
o benefcio e voltando a viver do seu jeito!
08 - QUE JEITO ESSE!
Um total de 11.425.644 de pessoas, o equivalente a 6% da populao do pas, ou
pouco mais de uma populao inteira de Portugal ou mais de trs vezes a do Uruguai.
Esse o total de quem vive, atualmente, no Brasil em aglomerados subnormais, nome
tcnico dado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica) para designar
locais como favelas, invases e comunidades com, no mnimo, 51 domiclios.
O nmero foi divulgado pelo instituto como complemento ao Censo 2010, do final de
abril deste ano. Alm do mnimo de moradias, outro critrio-chave para classificar
essas reas como aglomerados subnormais carncia: com origem em ocupaes de
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locais pblicos ou particulares, a maioria sofre a falta ou a inadequao de servios
pblicos de qualidade, alm de em geral, estarem dispostas densa e desordenadamente.
O contingente identificado pelos pesquisadores em todo o Brasil est em pouco mais
de 3,224 milhes de domiclios, a maioria, 49,8%, na regio Sudeste com destaque
para os Estados de So Paulo, com 23,2% dos domiclios, e Rio de Janeiro, com
19,1%. Em toda a regio, so mais de 5,580 milhes vivendo nesses aglomerados.
Para retratar o modo de vida desta populao, esquecendo um pouco os indicadores
que pesquisamos, mas escutando seus relatos, separei alguns deles que retratam o
jeito de viver destes ilustres e fantsticos:
Aqui no prdio novo no posso dormir, a parede cai se eu colocar ganchos para a
rede! O engenheiro me disse o nome do material que cai a parede, mas esqueci,
estrangeiro; (Em So Luiz no Maranho)
Aqui no posso ganhar dinheiro, pois no tenho onde colocar o meu cavalo;
(Em So Luiz no Maranho)
Acham que eu no sou mais carente, tenho um apartamento que ganhei e as pessoas
acham que tenho que me virar s, sem ajuda; (Na maioria das regies)
Melhorou muito, aqui tem gua na torneira, mas antes eu ia buscar e no pagava
nada, agora tem um tal de condomnio e o sindico acha que dono de tudo e obriga
as pessoas a pagar o que antes era de graa; (Em So Luiz no Maranho)
Na favela me ensinaram a fazer um vaso com garrafa pet para por na mesa e eu no
tinha mesa, aqui, ganhei uma mesa e no sei para que serve; (No Par)
Aqui no posso fazer barulho, e a mar no leva o lixo, tenho que colocar na lixeira,
tenho que pagar por tudo, tenho muitas cobranas e gosto mais da favela, eu era livre;
(Em So Luiz no Maranho)
Agora tenho que pagar um tal de IPTU que serve s para o governo ganhar dinheiro e
viver como ricos; (No Rio de Janeiro)
No vou sair da rea de risco, esta a minha casa e no tenho para onde ir, no quero
o abrigo oferecido, parece um presdio, tem horrio e regras e deixam a gente l para
sempre; (Em So Paulo)
Aqui sou protegida pelos meninos, no tenho medo, vivo bem, tenho ajuda dos meus
vizinhos, posso fazer tudo sem pagar nada e ganho muitas coisas da prefeitura e do
governo e at de pessoas ricas; (Na maioria das regies)
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Queremos viver aqui mesmo e no nos apartamentos ou condomnios, aqui muito
bom para viver; (Na maioria das regies)
Temos muitos problemas, com o lixo, com a estrutura, com segurana, mas conheo
todos estes problemas e aprendi a conviver com eles, este o melhor lugar do mundo
para viver; (Na maioria das regies)
Mudei para a casa nova, mas gostava mais da favela, sinto saudades do meu lugar;
(Na maioria das regies)
Estou vendendo o apartamento, sei que no pode, a assistente social me falou, mas
todo mundo vende e no acontece nada, vou construir uma casa na favela onde muitos
foram; (Em So Paulo)
Vou matar o meu vizinho do apartamento, ele acha que manda na minha vida, s
porque quero trazer minhas galinhas, elas so fonte do meu trabalho; como posso
melhorar de vida e pagar tudo, sem meu trabalho. (Em So Luiz no Maranho)
Sem meus animais, no saio da favela; (No Par)
Disseram que a vida da gente ia melhorar, mas no lugar dos meus direitos, s tenho
deveres; (Na maioria das regies)
Aqui no posso ampliar a casa para meus filhos que casaram e construram novas
famlias, na favela eu podia e todos moravam juntos, mas cada um no seu cantinho;
(Na maioria das regies)
Como vou criar meus porcos no tem local nos apartamentos; (Em algumas localidades)
Na hora do cadastro, dividi a casa para fazer 5 cadastros e ganhar 5 casas, mas a
assistente social no concordou e todos estavam fazendo isso. (Em So Paulo)
Moro em outro local, mas tenho 5 casas alugadas na favela, vou retirar os inquilinos
pois sou eu que tenho o direito, gastei dinheiro para construir as casas. Vou ter 5
apartamentos para alugar ou vender. (SP e RJ)
Briguei com o meu companheiro, ele me batia e me mandou embora da casa com meus
filhos, agora ele vai ganhar uma casa pois disse que vai me matar se eu contar para a
assistente social. (Em vrios locais)
E o meu comrcio, vo me devolver no local que vo me levar, tem como eu trabalhar
l, ou vo me ajudar para sustentar minha famlia; (Em vrios locais)
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Troquei minha companheira com uma mquina de fazer caldo de cana, posso ir para o
apartamento sem a mulher e com a mquina; (Em So Paulo)
No vamos pagar nada antes era assim, que histria essa de condomnio, gua, luz;
(Em vrios locais)
No cabe nada em apartamento e no tem quintal e acaba na parede;
(Em vrios locais)
Reclamaram que joguei o lixo no local errado, antes ningum reclamava e todos
jogavam; (Em vrios locais)
Disseram que agora sou cidado, deus me livre, preferia ser favelada; (Em vrios locais)
A maioria daqui j vendeu o apartamento e voltou para a favela; (Em vrios locais)
Lutei muito para fazer meu barraco; e me deram esta casa sem perguntar se eu queria;
(Em vrios locais)
L eu era livre e tinha muitos direitos, aqui s tenho deveres e vivo presa; (No Par)
Eles vm na comunidade e falam o que melhor para a gente, sem saber o que de fato
melhor; (Em vrios locais)
Aqui criei meus filhos e amo este lugar, mesmo com todos os problemas, meu jeito
de viver; (Em vrios locais)
Morava em rea de risco, disseram que minha casa ia cair, aceitei me mudar com a
minha famlia, mas ainda no me sinto no meu lugar, vem gente toda hora dizer como
devo ser ou me comportar e gosto de viver do meu jeito, vou voltar para a favela onde
eu morava; (Em So Paulo)
Na favela eu era feliz, todos eram amigos, defendiam uns aos outros, se ajudavam,
agora s brigam; (Em vrios locais)
No vou mais aceitar que me digam o que certo ou errado, sei o que bom para
minha famlia e vou viver do meu jeito; (Em vrios locais)
Adorei a casa nova, tem tudo de bom para minha famlia, realizei meu sonho,
agora tenho uma casa, vou deixar ela linda e construir mais alguns cmodos para meus
filhos e netos; e um terrao na laje para lazer e pendurar roupas e ainda um bar na
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frente para trabalhar com mesas e cadeiras na rua; (Em vrios locais)
Como vou ensaiar meu grupo de dana do Bumba meu Boi neste apartamento;
(Em So Luiz)
Me, aqui no tem jacar e nem caranguejo para eu vender na rua; (Em So Luiz)
Aquilo vermelho pendurado no corredor do prdio de brincar de fumaa e tiro;
(Em So Luiz)
Adorei o apartamento tudo novinho e acho que a prefeitura deve cuidar para sempre
para manter assim, nosso direito de cidado; (Em vrios locais)
Vamos ter que limpar os corredores e escadas? Quanto a prefeitura vai pagar pelo
servio? (Em vrios locais)
No gostei dos briquedos serem coletivos, vai dar briga, queria ter para cada casa um
separado. (Em vrios locais)
Meu vizinho foi reclamar na prefeitura que dou gua para meu cavalo no condomnio,
mas minha casa e meu o cavalo, tenho o direito. (Na Bahia)
A gente na favela, no escutava a gritaria das crianas brincando e aqui no consigo
dormir, sou velha e me colocaram no cho do prdio. (Em So Paulo)
No tinha que subir escada para chegar minha casa, e as pessoas antes amigas agora
parecem inimigas, s vezes no deixam a gente subir as escadas, pois esto fumando
maconha. (Em So Paulo)
A polcia agora tem nosso endereo, e continuam achar que somos todos bandidos,
toda hora vem aqui e o pior algum daqui chamou, se fosse antes estava morto.
(Em So Paulo)
Que bom, vem a ambulncia, o correio, posso abrir credirio com meu endereo, ficou
mais fcil arrumar emprego, mas ningum vem aqui ajudar a gente e no temos
dinheiro para pagar tantas contas que antes era de graa. (Em vrios locais)
No quero nenhuma casa, s o dinheiro da venda para ir para outra favela. (RJ e SP)
Aqui no cadastro 3 pis e duas gurias, mas tenho que ter duas casas para meu pi
casado, da! (Em Santa Catarina)
Finalmente vou ter uma moradia digna, logo que me mudar vou ampliar para meu filho
que vai se casar. (Em vrios locais)
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Muitos outros relatos de moradores de favela eu escutei, tentei no criticar, mas
aprender com eles, afinal estas constataes no se afere em pesquisas, mas fazem
parte de sua cultura e modo de vida desta populao de acordo com seu lugar de
origem, seus valores de vida, seus anseios, sonhos e jeito de viver.
Nestes relatos podemos observar que as maiorias dos moradores que sero reassentados
esperam que os conjuntos virem.... favelas, com os chamados avanadinhos que por
questes bvias impossibilitados, com os gatos, sem regras de convivncia, com
possibilidades comerciais, para que se aproximem ao mximo do jeito de viver que
sempre tiveram, comprometendo assim sua sustentabilidade.
Alguns casos lies de vida, outros nem tanto, mas todos cheios de ambiente e
identidades culturais distintas de cada local, em SP todas estas identidades moram
juntas, quase nenhum morador de favela da cidade, mas esto aqui e muitos j com
descendentes desta mistura de cultura e origem, sem identidade cultural nica.
No Rio de Janeiro uma realidade a parte, as favelas cariocas diferente das demais
favelas no pais. Poucos lugares do mundo possuem turismo ou observatrios, upps,
ou possuem tanto interesse nas favelas. Pela prpria geografia da cidade, no poderia
ser diferente, a cidade cercada por favelas e a maioria nos morros, com viso
privilegiada, em verdadeiras cidades dos morros, uma arquitetura e modo de vida
prprio e surpreendente.
Zuenir Ventura criou a viso do Rio de Janeiro como cidade partida, dividida entre
o asfalto e o morro, mesmo que morro plano. Diversos estudos demonstraram a
existncia de diferenas das condies de trabalho e renda entre favelas cariocas e o
restante da cidade. Em particular, especial nfase na realidade das grandes favelas da
cidade tais como Complexo do Alemo, Manguinhos e Rocinha.
O comrcio e aquecido com altos preos, possveis apenas pela informalidade.
As vias de acesso difceis. Motos cortando os carros muita gente, insuportvel, muitos
acessos impedidos por barricadas, muitos agentes do trfico de drogas.
Alm do comrcio, no se percebe outra atividade produtiva. Agentes do trfico
armados por todo canto, vielas, esgoto a cu aberto, crianas e traficantes armados
juntos, sem reas livres, construes de madeira e alvenaria, muito lixo e ao lado
viciados em craque jogados no cho ao lado de porcos, corre corre, olheiros, bandidos
e mocinhos, turistas, todos juntos. Construes verticalizadas com diferentes
famlias j que comercializam as lajes. Cenrio no complexo de Manguinhos, antes da
implantao da UPP.
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Uma realidade muito longe das favelas, por exemplo, em So Luiz ou no Par, tambm
precrias as condies de habitabilidade, muitas palafitas, muitas construes em
madeira, sem carros ou motos, muitas redes, poucos comrcios, sem armamento visvel
salvo de faces, o lixo levado e devolvido diariamente pela mar, muitos pescadores
e algumas atividades com caranguejo, com artesanato, com grupos folclricos e com
grande identidade cultural. Acesso na maioria irregular dos servios de abastecimento
de gua e energia, pouco ou nenhum representante formal.
No Rio de Janeiro acesso fcil e clandestino para as telecomunicaes, acesso
fcil para a cidade promovido pelo governo como telefricos, bondinhos, escadas,
acesso oficial inclusive dos servios de abastecimento de gua e energia, muitas
construes engendradas irregularmente em reas de risco, mais representantes que
representados.
Em SP as favelas se espalham e no cercam a cidade como no RJ, a cidade formal
ou os turistas daqui no tem nenhum interesse em visitar as favelas, as condies
de moradia ora precrias, ora melhores que muitas unidades regularizadas, erradicar
ncleos de favela ainda possvel em SP e necessrias para obras e remoo de risco
habitacional.
Em SP, assim como no RJ as atividades ilegais usam a favela como escudo, muitos
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cativeiros, esconderijo de armas e drogas, mas no as escancaras como no RJ, existe
um cdigo de segurana, mas permitem intervenes tcnicas e de cunho coletivo.
No RJ muitas atividades so impedidas por ordem do trfico, uma considervel melhora
com a implantao das UPPS em alguns territrios, mas longe de uma soluo de fato
autossustentvel.
No RJ a remoo ou desfavelamento no so prioridades dos governos, preferem
regularizar e ou urbanizar...no tem espao para remover e reassentar, poucas reas
disponveis, para atender demandas de reas de risco, custo altssimo de terrenos
ou para compra assistida de moradias, pouca experincia com remoes de famlias.
No Par a maioria da populao politizada, organizada e exagerados nos seus
direitos, interferindo nas aes tcnicas dos governos, a populao fiscal
inexperiente de intervenes tcnicas propostas, mas lutam pelo que querem em um
territrio pitoresco, cheio de culturas regionais, nas danas, na musica, na f, e jeito
de viver.
Em Santa Catarina as favelas tem muito espao, as casas tem quintal, a madeira utilizada
nas construes, mas j possuem tambm casas de alvenaria, so mais receptivos com as
intervenes, sabem escutar, mas tem opinio e gostam do seu modo de vida.
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Na Bahia as construes irregulares so de alvenaria e tambm de madeira, a religio
esprita forte e respeitada, as comunidades tm violncia e trfico, mas convivem
pacificamente com as famlias de trabalhadores nas favelas salvo algum desafeto, a
morte neste caso inevitvel.
Bem, as caractersticas sociais e econmicas dos indicadores, so semelhantes:
Baixa renda e escolaridade, so a maioria em todos os territrios tem estas
condies scias econmicas e muitos dos diagnsticos que tive a oportunidade
de ler, apresentam quase o mesmo perfil dos habitantes das favelas com relao
aos principais indicadores aferidos, porm seus ambientes so muito diferentes, sua
histria, cultura, identidade, e sonhos tambm.
Como implantar aes sociais para pessoas diferentes, como avaliar mais os desejos
que as necessidades, como ter sustentabilidade nas aes implantadas, como oferecer
valores de nossas vidas para a vida de outros, como avaliar potencialidades locais
excluindo das pessoas a sua histria e o seu o territrio, como olhar o todo com
microscpio, como melhorar de fato o modo de vida destes chamados excludos, como
mudar o jeito de viver e como ter solues efetivamente resolutivas para as favelas
no Brasil.
reconhecido o avano, caracterizamos as cidades, os bairros, as comunidades e
a populao, antes de iniciar qualquer interveno em favelas, hoje implantamos
aes baseadas em diagnsticos muito complexos destas realidades, mas por vezes
esquecemos-nos de inserir e integrar o beneficirio final, nesta cidade, neste bairro
na sua histria e realidade.
Basta olhar para o nosso maior gargalo no ps-ocupao, para reconhecer que alguma
coisa est errada, houve melhora nas condies de habitao, melhora nas condies
de infraestrutura, melhora nas condies de vida, excluso do risco, melhora no
aspecto ambiental, nas relaes com o governo, no transporte, na educao, na
gerao de emprego e renda, todos estes setores foram pensados, estudados e muitas
aes sociais foram implantadas com este objetivo e ainda assim sua sustentabilidade
continua ameaada.
Embora a participao comunitria nas intervenes, a criao de agentes
multiplicadores e o esforo das trs esferas de governo, temos que admitir que temos
muito mais a aprender que a ensinar, muito mais a observar antes de fazer, muito mais
a estudar antes de aplicar e ainda a evaso e o retorno a situaes de favelamento
so identificadas ao estarrecimento de todos os envolvidos nos principais projetos
tcnicos sociais implantados.
Por este motivo acredito que o problema habitacional est atrelado ao cultural,
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e ainda ao esforo e luta de cada cidado na conquista de seus prprios sonhos,
o problema habitacional est atrelado tambm ao acesso habitao formal por
vontade prpria, com esforo prprio e de escolha prpria.
A casa, onde moro e sou proprietria, foi fruto de muito trabalho, meus valores com
relao ao patrimnio so sustentveis, ser cidado motivo de orgulho para toda
a minha famlia e o trabalho foi fundamental para que a conquista fosse justa e
merecida.
Nunca ouvi de nenhum reassentado a afirmao acima e tenho como objetivo um dia,
mesmo que distante ter este prazer do dever cumprido de fato.
O conceito acima, ainda est distante da maioria dos reassentados ou beneficiados
com as intervenes at o momento implantadas no Brasil. No pretendo aqui criticar
aes e ou polticas pblicas da rea habitacional, fao parte desta luta e acredito
que os governos tm timas pretenses nesta temtica, ocorre que as aes tm
destinos diferentes e o apoderamento das ofertas por parte dos beneficiados ainda
esto distantes das suas diferentes realidades e do jeito de viver de cada famlia em
cada regio que tive a rica experincia de conhecer e com estas realidades aprender.
Os projetos sociais a serem desenvolvidos nas comunidades devem abranger todos os
segmentos da populao e estarem estreitamente relacionados sustentabilidade da
interveno, em seus aspectos fsicos, ambientais, socioculturais e econmicos. Para
tanto, devem privilegiar a educao comunitria, considerando a teia de relaes
econmicas, histricas, culturais, religiosas, interpessoais, polticas e sociais. Neste
caso, a metodologia tambm , necessariamente, participativa, contribuindo assim
para despert-lo do senso crtico e a promoo do dilogo entre os agentes.
De modo geral, o trabalho deve priorizar o investimento na auto-organizao da
comunidade e no fortalecimento de sua autonomia, permitindo que as relaes, aes
e conflitos vivenciados pela populao formem um processo pedaggico significativo
e contribua para que os moradores assumam-se como protagonistas e gestores de
seus processos individuais e coletivos.
Como atender a estes conceitos, como cumprir uma misso to complexa, s vezes
temos dificuldades desta natureza dentro de casa, com nossos filhos, na escola com
alunos e at nas empresas com os funcionrios.
Socilogos, psiclogos, assistentes sociais, pedagogos e at engenheiros e arquitetos
buscam estas solues para projetos cada vez mais de acordo com as diferentes
realidades que os territrios abrigam, mas esquecem que nestes territrios foram
engendrados o modo de vida e jeito de viver de pessoas, com relao afetiva do local
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e do conceito que possuem por vezes muito diferentes dos propostos.
NO MARANHO
O projeto pretendeu transformar as reas palafitadas em habitaes dignas e
saudveis, um projeto de reforma urbana, um avano para o sistema virio da cidade,
resultando no segundo anel virio em So Lus. Obras de grande porte com impacto
na articulao e integrao do territrio; Obras de recuperao ambiental e de bacias
hidrogrficas crticas a Margem esquerda do Rio Anil e Pennsula Ipase.
A Urbaniza vencedora da concorrncia escolheu seus melhores talentos que se
mudaram para o local.
A primeira misso, remover palafitas...iniciamos o trabalho aps mobilizao,
assembleias, apresentaes, criao de comisso de moradores, e toda a estrutura
para pela primeira vez no estado remover favelas por risco e necessidade de obras
ambientais, sociais e urbansticas. Tnhamos muita experincia em aes similares e
j tnhamos erradicado muitas favelas em SP.
A preveno exorbitante, aproximadamente 15.000 famlias envolvidas direta e
indiretamente e aproximadamente 1.200 para reassentar em conjuntos habitacionais
e gerenciar um projeto de trabalho tcnico social.
Chegamos primeira comunidade a ser removida para instalao de bate estaca e
Font
e: U
RBAN
IZA
no M
aran
ho
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para incio de aterramento para construo de um virio, muitas casas de madeira
com esgoto aberto para o rio, muito lixo no local desprovido de gua e com ligaes
clandestinas de luz.
A nica alternativa era um alojamento chamado de Vila Provisria onde as famlias
teriam o uso do mesmo, depois seriam atendidos por unidades habitacionais
definitivas em construo.
A Vila era de lata, mas tinham o conforto de telhados e ventiladores, para atenuar
temperaturas de 35 at 40 graus. No havia convnio ainda com o municpio e sem
dotao para locao social, esta era nossa nica possibilidade para a abertura das
frentes necessrias.
A resistncia era enorme, pois temiam perder suas casas que no ponto de vista da
populao, um local timo e bom de viver..., o risco, o esgoto
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