Obras contidas nesta monografia:
Materializaes de Espritos
em propores minsculas
por Ernesto Bozzano
Contedo resumido
O presente volume abrange duas obras distintas:
As materializaes de fantasmas (do original Les Matria-lisations de Fantmes), de Paul Gibier;
Materializaes de espritos em propores minsculas, de Ernesto Bozzano.
As referidas obras foram includas em um nico livro poss-velmente pelo pequeno volume de cada um dos trabalhos indivi-
dualmente.
Ambas abordam as minuciosas pesquisas desses dois grandes
nomes do Espiritismo experimental a respeito das materializa-es de espritos em condies rigorosas de controle e vista de
inmeras testemunhas presentes.
A obra de Bozzano aborda especificamente as materializa-es em propores minsculas, que so fenmenos observados
mais raramente e despertam especial admirao entre aqueles que os presenciam.
Ambas as obras tm, particularmente, o objetivo de demons-trar a sobrevivncia da individualidade do esprito em relao
destruio do corpo fsico.
Sumrio
Prefcio ......................................................................................... 5
SEGUNDA PARTE ERNESTO BOZZANO
Materializaes de Espritos em propores minsculas ......... 8
ERNESTO BOZZANO Autobiografia ........................................... 9
Introduo ................................................................................. 15 Caso 1 ........................................................................................ 17
Caso 2 ........................................................................................ 22
Caso 3 ........................................................................................ 33 Caso 4 ........................................................................................ 36
Caso 5 ........................................................................................ 39
Caso 6 ........................................................................................ 41 Concluses ................................................................................ 44
Adendo do tradutor ao caso 3 .................................................... 46
Prefcio
Em recente nmero de Psychic News, o jornal esprita de
maior circulao no mundo, como dizem os ingleses, tive
ocasio de ver que certa articulista, cujo nome no anotei porque no havia ainda pensado neste trabalho, respondia, em termos, a
um desses parapsiclogos que nunca fizeram experincias
espritas e andam por a proclamando que o ilustre sbio ingls Sir William Crookes, j com mais de 40 anos de idade e grandes
experincias realizadas no terreno cientfico, portanto um homem sereno e observador, fora ingnua e redondamente
enganado pela jovem mdium Florence Cook.
Como isto se passou na Inglaterra, deixei-o ficar por l, porm, tendo tido tambm o ensejo de comprar a verso
brasileira de uma obra intitulada Os Poderes Secretos do Homem, de autoria do francs Robert Tocquet, que diz que essa
mdium inglesa (como eles julgam todos os espritas!) aprendera
desde cedo a enganar esses tolos espritas e que as suas sesses com Crookes foram todas fraudulentas, resolvi recapitular,
resumidamente, a histria das aparies do esprito de Katie
King por meio da referida mdium, mas desde as suas primeiras sesses de materializao, a fim de que os nossos esclarecidos
leitores julguem o caso, j que esses poderes secretos do
homem ou poderes ocultos da mente no chegaram, nem chegam (porque no o puderam) a explicar como a mente de uma
pessoa ou pessoas funciona para alucinar uma mquina
fotogrfica a ponto desta fotografar coisas que no existem para eles, parapsiclogos. Porque, diga-se a verdade, esse esprito foi
fotografado por diversas vezes, na presena de muitos
assistentes, pessoas de grandes nomes e no menores reputaes, entre as quais Sir William Crookes, considerado, na sua poca,
um dos trs maiores sbios da Inglaterra.
Como a palavra de um esprita sempre suspeita para esses parapsiclogos-negativistas, vamos recorrer a um dos mais
reputados dicionrios enciclopdicos brasileiros, qual o organizado pela Editora Globo sob a competente direo do
professor lvaro Magalhes. Da pg. 664 da edio que temos
em mos, transcrevemos a seguinte nota biogrfica:
CROOKES, sir William Biogr. Qumico e fsico ingls
(1832-1919). Nascido e educado em Londres, estudou com A. W. Hofmann no Royal College of Chemistry. Fundou a
importante revista Chemical News, da qual publicou o pri-
meiro nmero em 1859. Notabilizou-se por suas pesquisas na espectrografia, sobre raios catdicos e fenmenos radioa-
tivos, pelas quais se tornou o precursor imediato das idias
atuais acerca da constituio da matria. Inventou o radi-metro (1874), o espintariscpio (1903) e os vidros especiais
que vedam a passagem dos raios de calor e de luz ultraviole-
ta. Descobriu o elemento qumico tlio em 1861.
Eis o sbio experiente, meticuloso e observador, que durante vrios anos foi, como os seus amigos, engazopado pela jovem
mdium...
Achamos oportuno rememorar o caso, fazendo um resumo da Histria das aparies de Katie King, mas como j a temos
excelentemente feita e reproduzida na obra do engenheiro Gabri-el Delanne A Alma Imortal, vamos reproduzi-la na ntegra.
Embora a verrina s tenha sido lanada contra esse sbio in-gls, resolvemos traduzir, em defesa dos fenmenos de materia-
lizaes de fantasmas ou espritos, dois pequenos e importantes
trabalhos do Dr. Paul Gibier e do Prof. Ernesto Bozzano, o primeiro precedido de sua biografia e o segundo de sua autobio-
grafia, para demonstrar que o Espiritismo conta, nas suas fileiras,
com homens de alto gabarito moral e intelectual.
E o supracitado Robert Tocquet quem ou era? Em 1954, era
ainda professor de Qumica da Escola Lavoisier, de Paris, e fazia parte do Conselho Administrativo do Instituto Metapsquico
Internacional e do corpo redatorial do seu rgo, a Revista
Metapsquica, da qual era redator-chefe o outro demolidor do Espiritismo, seu homnimo Robert Amadou, para quem todos os
Grandes Mdiuns (ttulo de um livro dele) foram fraudadores.
As infmias assacadas por Robert Tocquet contra o sbio William Crookes e a mdium esto na pg. 419 de Os poderes
secretos do homem. Contra Crookes, assim: J dissemos o que
pensvamos das experincias do sbio com Florence Cook.
Julgamos que elas podem ser explicadas com duas palavras: mistificao, sempre, cumplicidade, s vezes. E contra o m-
dium: O mdium de Katie King era uma cnica e hbil farsista.
Assim so os parapsiclogos.
Mas passemos s aparies e materializaes do esprito em
questo.
SEGUNDA PARTE
ERNESTO BOZZANO
Materializaes de Espritos
em propores minsculas
ERNESTO BOZZANO
Autobiografia
No interesse de seus leitores, a International Psychic Gazette,
de Londres, pediu-me um estudo autobiogrfico, no qual, acima de tudo, relate as circunstncias que me levaram a interessar-me
pelas pesquisas psquicas. Acedo de boa vontade ao pedido,
reconhecendo que a histria das converses filosficas contm sempre ensinos valiosos para os que a lem.
Digo converses filosficas muito de intento, porque a mi-nha o foi na mais ampla expresso do termo.
Nasci em Gnova, Itlia, em 1862 e a minha vida carece lite-ralmente de episdios biogrficos, pois tem sido a de um ermi-
to.
Nunca fiz outra coisa seno estudar. Na mocidade, todos os
ramos do conhecimento, atinentes s artes e cincias, exerceram igualmente irresistvel fascinao sobre mim, tornando-me at
difcil seguir um caminho na vida. Decidi-me, finalmente, pela
Filosofia e Herbert Spencer foi o meu dolo.
Tornei-me um positivista-materialista convicto a tal ponto
que me parecia incrvel existissem pessoas de cultura intelectual, dotadas normalmente de senso comum, que pudessem crer na
existncia ou na sobrevivncia do esprito. No somente pensava
assim como at escrevia audaciosos artigos em apoio de minhas convices. A lembrana de tal proceder me faz indulgente e
tolerante para com uma classe particular de antagonistas que, de
boa f, sustentam ser capazes de refutar as rigorosas concluses experimentais a que tem chegado o neo-espiritualismo, opondo-
me s indues e dedues da Psicofisiologia, nas quais eu
acreditava h 40 anos passados.
preciso que se compreenda que, nos tempos a que me refi-
ro, eu nada conhecia das investigaes medinicas ou do Espiri-tismo, com exceo de breves artigos que eu lia nos jornais, sem
lhes prestar maior ateno e nos quais se apontavam estratage-
mas de mdiuns e se comentava piedosamente a credulidade dos espritas.
Aconteceu, porm, que no ano de 1891 o professor Th. Ribot, diretor da Revue Philosophique, me escreveu comunicando a
prxima publicao de uma nova revista sob o ttulo de Annales des Sciences Psychiques, tendo como diretor o Dr. Darieux,
antecessor do professor Charles Richet. Era uma revista que se
propunha principalmente a colher e investigar certos casos curiosos de transmisso de pensamentos distncia, compreen-
didos sob a denominao de fenmenos telepticos.
A misteriosa psicologia, oculta nestas frases, me atraiu a cu-riosidade, do mesmo modo que o nome do prof. Richet bastava
para garantir a seriedade cientfica do empreendimento. Respon-di ao prof. Ribot, agradecendo-lhe a ateno e incluindo-me
entre os assinantes da revista.
Devo sinceramente declarar que a leitura dos seus primeiros nmeros produziu desastrosa impresso sobre o meu irreconcili-
vel criterium positivista. Parecia-me escandaloso que certos representantes da cincia oficial quisessem discutir seriamente a
transmisso de pensamento de um continente a outro, as apari-
es de fantasmas telepticos, como entidades reais, e casos atuais de assombrao. O inibitivo poder das preconcepes
tornara a minha faculdade de raciocinar inteiramente inacessvel
a tais idias novas, ou, melhor, a tais fatos novos, pois realmente se tratava de fatos demonstrados cientificamente e rigorosamente
documentados, embora eu no estivesse habilitado a assimil-
los. Quando ainda era esse o meu estado mental, apareceu na Revue Philosophique um longo artigo do prof. Rosenbach, de
So Petersburgo, Rssia, atacando com violncia a sacrlega
intromisso deste novo misticismo nos recintos da Psicologia oficial e explicando os novos casos pelas hipteses da alucina-
o, das coincidncias fortuitas e mais algumas de que no
me lembro.
Tais refutaes me pareceram to deficientes e inbeis a pro-
duzir efeito contrrio ao que me repugnava mente, como o autor pretendia, que me convenci de que a questo era realmente
de fatos. Em conseqncia, julguei o prof. Rosenbach incapaz de combat-las simplesmente com idias preconcebidas.
Aconteceu assim que refutaes desastradas de um dos meus correligionrios, aferrado sua crena positivista, me fizeram
dar o primeiro passo para a nova Cincia da Alma, qual viria depois a consagrar a minha vida.
1
No nmero seguinte da Revue Philosophique apareceu, feliz-mente, um artigo do prof. Richet, no qual as argumentaes
superficiais do prof. Rosenbach foram refutadas ponto por ponto.
Esse artigo aumentou extraordinariamente as minhas convices quanto realidade dos fatos e quanto ao mistrio em que a
explicao deles estava envolta. Nesse mesmo ano, da lavra do
Sr. Marillier, apareceu uma verso em francs do famoso livro Phantasms of the Living (por Myers, Gurney e Podmore) sob o
ttulo de Hallucinations Telepathiques, traduo que adquiri
incontinenti e que serviu definitivamente para me convencer da realidade dos fenmenos telepticos. Fao notar que esse con-
vencimento meu em nada alterou a minha crena positivista,
porque a explicao cientfica, ento em voga, dos fenmenos, explicao segundo a qual eles derivam do pensamento a cami-
nhar pelo infinito em ondas concntricas, satisfazia inteiramente
ao meu juzo cientfico.
No obstante, eu havia dado, com segurana, sem o saber, um
grande passo na estrada de Damasco, porque essa primeira concesso a respeito das manifestaes supranormais me coloca-
ra irrevogavelmente num novo campo de pesquisas, que iriam
conduzir-me em direo oposta do Positivismo materialista que eu professava. De fato, no tardei a chegar a um perodo de crise
na minha conscincia cientfica. Foi a obra de Alexander Aksa-
kof Animismo e Espiritismo a causa dessa crise, abalando pro-fundamente os alicerces de minha crena positivista.
Seguiu-se para mim uma poca de perturbao moral, pois que, embora o novo caminho se orientasse no sentido de uma f
cientfica mais confortadora, no sem desalento que assistimos
demolio do sistema completo de nossas convices filosfi-cas, adquiridas custa de meditaes acuradas e de perseveran-
tes esforos intelectuais.
No aludido perodo, li vrias obras metapsquicas, de autores
ento afamados, as de Kardec, Delanne, Denis, dAssier, Nus,
Crookes, Brofferio, do Prel, porm no custei a verificar que
quem desejasse realizar trabalhos cientficos teis nesse novo
campo de pesquisas teria de remontar s origens do movimento esprita. Conseqentemente, escrevi para Londres e New York a
fim de obter as principais publicaes datando do comeo do
movimento at 1870 e, chegada dos livros pedidos, abriu-se para mim o perodo realmente frutuoso das investigaes siste-
mticas no vasto terreno do metapsiquismo.
Catalogava cada obra que lia, anotando os respectivos assun-tos por ordem alfabtica adequada, com a inteno de os utilizar
para a classificao comparativa e a anlise dos fatos e casos. A excelncia de semelhante mtodo de investigao ficou de tal
modo provada, que continuo a empreg-lo at presente data.
Guardo imorredoura lembrana desse perodo de fervorosas e perseverantes pesquisas, porque por meio delas me tornei capaz
de assentar as minhas novas convices espritas sobre uma base
cientificamente inabalvel.
Entre as obras que mais me influenciaram para a adoo de
meu novo ponto de vista, mencionarei as seguintes:
Robert Dale Owen: Footfalls on the Boundary of another World e The Debatable Land between this World and the
Next;
Epes Sargent: Planchette, the Despair of Science;
Sra. de Morgan: From Matter to Spirit;
Dr. N. B. Wolfe: Startling Facts in Modern Spiritualism.
verdadeiramente deplorvel que tais obras, h muito im-
pressas, no fossem reeditadas na Inglaterra e na Amrica, desde que conservam intactos seu frescor e seu valor. Quanto histria
do movimento esprita, o livro da Sra. Ema Hardinge-Britten,
Modern American Spiritualism, me foi de grande ajuda. Pelo que concerne histria dos precursores nesse mesmo campo, colhi
grande resultado da obra em dois volumes de William Howitt
History of Supernatural.
Do ponto de vista da fenomenologia medinica e de efeitos fsicos, as atas, redigidas pela Sra. Speer, das sesses experimen-
tais com William Stainton Moses foram as que produziram maior
efeito persuasivo sobre as minhas convices, em virtude da
interveno do esprito na fenomenologia, demonstradas nos
comentrios da Light de 1892 a 1893.
Fiquei assim apto a formar para mim mesmo um slido co-
nhecimento cientfico, tirado dos argumentos. Entendi, porm, que chegara o momento em que deveria confirmar os meus
conhecimentos tericos com investigaes experimentais.
Entrementes, por aquela misteriosa lei que une uma pessoa a outra pela afinidade das aspiraes e tendncias, encontrei vrias
pessoas que se ocupavam a srio com pesquisas medinicas, entre as quais menciono o Dr. Giuseppe Venzano, Carlo Peretti e
Luigi Arnaldo Vassallo, editor do Sculo XIV.
Tivemos a boa sorte de descobrir, no nosso prprio grupo, dois mdiuns poderosos de efeitos fsicos e mentais, com o
auxlio dos quais obtivemos manifestaes de todos os gneros: fortes pancadas a distncia, luzes, transportes de objetos pesados
e provas de identidade dos espritos.
Realizaram-se ento as experincias com Euspia Paladino, nas quais o prof. Enrico Morselli tomou parte e maravilhosos
resultados foram conseguidos. Vimos materializaes completas de espritos, observados luz de um bico de gs Auer, enquanto
o mdium jazia no gabinete, atado pelos braos, pernas e cintura
a uma cama de campanha. As experincias anteriores foram por mim relatadas em meu livro Ipotesi Spiritica e Teorie Scientifi-
che e o prof. Morselli fez outro tanto em sua obra Psicologia e
Spiritismo.
Aqui termino as minhas memrias, lembrando que o que se
me pediu foi que esboasse a narrativa dos primeiros passos por mim dados no caminho que me conduziu s convices espritas
que atualmente possuo.
Termino fazendo notar que as minhas convices amadurece-ram lentamente, no curso, no pequeno, de 40 anos de pesquisas
em que perseverei, empreendidas que foram sem idias precon-cebidas de qualquer espcie, da o me sentir no direito de mani-
festar abertamente a minha crena na significao e importncia de tais investigaes a que devotei grande parte de minha vida.
Aquele que, em vez de se perder em discusses ociosas, em-preende sistemticas e aprofundadas pesquisas dos fenmenos
metapsquicos e nelas persevera por muitos anos, acumulando imenso material de casos e aplicando-lhe os mtodos das inves-
tigaes cientficas, h de infalivelmente ficar convencido de que
os fenmenos metapsquicos constituem admirvel coletnea de provas, todas convergindo para um centro: a demonstrao
rigorosamente cientfica da existncia e da sobrevivncia do
esprito. Esta a minha convico inabalvel e nutro a esperana de que o tempo se encarregar de demonstrar que tenho razo.
Introduo
Relendo o relatrio apresentado pela Sra. Juliette-Alexandre Bisson ao Congresso Metapsquico de Copenhagen (1922), no
qual ela resume as suas experincias com a mdium Eva
Carrire, fiquei surpreso com o grande enigma terico que oferece o fenmeno de materializao de espritos em propor-
es minsculas.
Uma das materializaes minsculas obtidas com a mdium Eva Carrire
Trata-se de um fenmeno obtido em plena luz diuturna e na
presena de seis espectadores, isto , em condies experimen-
tais que excluem toda espcie de fraude, assim como a possibili-dade de se explicarem os fatos em questo pela hiptese da
alucinao.
Pensei que seria ento til examinar, posteriormente, esse fe-
nmeno estranho e perturbador e, para tal fim, consultei a cole-o inteira de minhas classificaes de fenmenos a fim de
assegurar-me se no haviam, entre os casos metapsquicos,
outros casos semelhantes. Nada descobri entre os casos j anti-gos, mas entre os mais recentes encontrei cinco outros episdios
anlogos ao relatado pela Sra. Bisson. Alm disso, na categoria
das vises clarividentes de espritos, encontrei certo nmero de
aparies em formas minsculas, entre as quais algumas verda-deiramente estranhas e interessantes, em pontos de vista diferen-
tes.
No me parece, entretanto, que essas manifestaes apresen-tem analogias utilizveis para a explicao das materializaes
minsculas, apesar do detalhe caracterstico das propores reduzidas que lhes comum.
Nessas condies, julguei no dever consider-lo neste estu-do, podendo, em todo caso, ocupar-me dele em separado.
Caso 1
Comeo a narrao dos fatos reproduzindo a interessantssi-ma narrao da Sra. Juliette Bisson. Escreve ela:
H 5 meses o engenheiro Sr. Jeanson, um dos meus assis-
tentes, mostrou-se muito interessado pelas minhas experin-
cias s quais ele assistia regularmente. Baseando-se nos fe-nmenos espontneos obtidos por Eva em plena luz do dia
(fenmenos assinalados em minha obra), ele me perguntou
se eu aceitaria fazer sesses, tarde, no grande aposento em que moro.
Confesso ter hesitado um pouco por causa da mdium. Sabia que a experincia era possvel, mas que causaria uma
reao muito viva na mdium e, por repercusso, uma fadiga
muito intensa nela. Consenti, porm, reservando-me o direi-to de suspender a sesso se a mdium no pudesse suportar
esse gnero de experincias...
... Na hora atual, podemos trabalhar com a luz do meu ate-lier; vamos aparies de dia, sem inconvenientes.
H algumas semanas, com grande surpresa nossa, depois de ter seguido com interesse a evoluo de uma poro de ectoplasma que se desenvolvia em Eva, uma deliciosa mu-
lherzinha de 20 centmetros de altura apareceu no meio des-
sa substncia. Essa mulherzinha deslizou de cima de Eva, avanou docilmente para ns e, continuando os seus movi-
mentos, veio colocar-se nas mos de Eva, fora das cortinas,
depois nas mos do Sr. Jeanson e, em seguida, nas minhas.
Passo exposio dos fenmenos, lendo-vos a ata feita
pelo Sr. Jeanson:
Sesso de 25-05-1921, s 16 horas e 36 minutos
Os assistentes so em nmero de seis. A Sra. Bisson a-
dormece a mdium. Esperamos trs quartos de hora. No fim desse tempo, a respirao da mdium se acelera, faz ouvir
sons guturais e, em suas mos, que, segundo o costume, no
deixavam de ser seguras por ns, a Sra. Bisson direita e eu
esquerda, aparece, subitamente, um pouco de uma subs-
tncia cinza e branca, cujo volume aumenta, atinge o de uma
tangerina, depois ovaliza-se e alonga-se de tal modo que o seu comprimento pode ter uns 20 centmetros e seu dimetro
6 centmetros. Nesse momento e em plena luz diuturna, a
materializao se desprende das mos da mdium e dos fis-calizadores e se mostra um pouco acima. Cada um de ns
verifica que a extremidade esquerda da materializao se
transforma em cabelos muito finos e que a parte central se torna branca e muito clara. Ela se modela muito rapidamente
e podemos todos reconhecer, admiravelmente modelada, a
curva da cintura de uma mulher, vista de costas, como que engastada em uma ganga sem forma. A parte branca se diri-
ge rapidamente para a direita, depois para a esquerda e a
substncia se transforma progressivamente em uma mulher-zinha nua, de forma impecvel, na qual vemos surgir, suces-
sivamente, a cintura, as coxas, as pernas e os ps.
Da substncia primitiva s restam alguns cordes cinzen-tos e pretos, enrolados no baixo ventre e dos quais no ve-
mos os pontos de ligao. A pequena apario admirvel de delicadeza; longos cabelos louros a cobrem, enrolados na
cintura; seios descobertos; a parte inferior de uma brancura
notvel.
A materializao tem 20 centmetros de altura; ela per-
feitamente iluminada pela luz que jorra atravs dos vidros de uma larga janela; ela visvel a todos. No fim de dois
minutos, desaparece, depois se mostra de novo. Os cabelos
esto dispostos de outra maneira, pondo-lhe o rosto mos-tra. Verificamos que as pernas tm movimentos prprios;
uma delas se dobra, fazendo movimentar as articulaes do
quadril e do joelho. Ela desaparece bruscamente. Logo de-pois a substncia branca ressurge nas mos da mdium, a se
mostrando, muito rapidamente, um delicado rosto de mulher, parecendo iluminado por uma luz que lhe prpria. , em
tamanho, cinco vezes maior do que a materializao prece-
dente. Admiramos-lhe o azul dos olhos e o carmim dos l-bios. A apario some. Introduzo minha mo livre pela aber-
tura do saco e sinto ento um contato indefinvel que se pode
comparar ao roar que produziria uma teia de aranha. Pouco
depois, a mdium entreabre o saco: tornamos a ver a mu-lherzinha nua, estendida no avental da mdium.
Ela vista em sua forma primitiva, porm 5 centmetros menor; est deitada no regao da mdium, com a cabea vol-
tada para a esquerda. Os braos esto desembaraados da
cabeleira. A Sra. Bisson pede apario para mover-se, a fim de mostrar que est viva. Logo a pequena forma se agita
e, sem mudar de lugar, move-se, mostrando, sucessivamente,
o lado direito e depois a face.
Ela retoma a sua posio anterior. As pernas, que estavam
direita, deslocam-se e se cruzam esquerda; depois, apoi-ando-se sobre as mos, a forma faz um movimento ascen-
dente fora dos msculos dos braos, assim como clssi-
co em ginstica, colocando-se de p para tornar a deitar-se em nova posio, desta vez com a cabea voltada para a di-
reita.
A mdium me segura a mo livre e, levantando-a boca, faz-me explorar-lhe a cavidade, que acho inteiramente vazia.
Durante esse tempo, a formazinha continua as suas evolu-es, subindo e descendo, verticalmente, pelo peito da m-
dium, como um ludrio.
Nesse momento, a mdium retira as suas mos das nossas e, segurando este corpozinho, deposita-o nas minhas mos, a
40 centmetros de distncia do saco. A apario fica nas mi-nhas mos durante 10 segundos e cada um pode verificar-lhe
a perfeio das formas. Esse pequeno corpo pesado e o ta-
to que dele tive seco e suave, porm no me deu a impres-so nem de quente nem de frio. Depois desaparece das mi-
nhas mos. Vimo-lo ainda um momento evoluir sobre os
joelhos da mdium, depois desaparece definitivamente. Dei-xamos a mdium repousar alguns instantes, depois a revis-
tamos e a estendemos em um div prximo.
Essa sesso inesquecvel, quer pelo interesse dos fen-
menos, quer pela admirvel fiscalizao.
Lida e achada absolutamente exata.
(Ass.) Juliette Bisson, Maurice Jeanson, Anne Barbin,
Ren Duval, Jean Lefebvre, J. de la Beaumelle
A Sra. Bisson comenta assim a ata dessa memorvel sesso:
Que significam essas manifestaes? De onde saem elas?
Que so? Muitas hipteses foram arquitetadas, todas elas in-teressantes, ainda que uma s possa pretender ser a verda-
deira. Se, como supem os espritas, so espritos de desen-carnados que nos vm visitar, de que esfera desce essa mu-
lher em miniatura de que acabo de falar? De onde provm
essas manifestaes inslitas? Se a teoria da ideoplastia, que ensina que a idia em ao provm sempre do mdium ou
dos espectadores (para fazer uso de um termo j antigo) a
verdadeira, como explicar o papel quase negativo que repre-sentam os espectadores do ponto de vista da produo do fe-
nmeno? Como explicar igualmente sempre dentro da hi-
ptese ideoplstica o transe brutal da mdium em horas imprevistas? Como explicar, por exemplo, que, s 8 horas da
manh, Eva, ocupada, quer em seu toucador, quer em seu
apartamento, caia bruscamente adormecida? S tenho tempo de transport-la para a sala das sesses, onde ela me d uma
materializao... Enfim, precisamos todos continuar com as
nossas verificaes e experincias, sem buscar dar um nome fora X que utilizamos durante os nossos estudos. Todavia,
somos obrigados a declarar que tal fora inteligente. im-
possvel, atualmente, afirmar que tal ou qual hiptese cor-responde realidade dos fatos. O que inegvel a existn-
cia de uma fora X, de uma energia inteligente que preside
certas experincias, parecendo dirigi-las.
O momento ainda no chegou de fazer seguir as considera-
es da Sra. Bisson pelas nossas. Com efeito, os processos da anlise comparada, aplicados a alguns episdios dos casos de
que tratamos, podero apenas permitir-nos descobrir algum fundamento indutivo legtimo para a soluo do problema.
Limito-me, ento, a insistir no fato das condies experimentais
literalmente irrepreensveis, dentro das quais o fenmeno se
produziu. Notarei que o ideal dos metapsiquistas foi sempre o de
obter fenmenos fsicos em plena luz diuturna e que dessa vez
chegou-se a atingir o fim desejado. Os experimentadores tiveram oportunidade de seguir a evoluo de uma materializao mins-
cula, em todas as fases do seu desenvolvimento, desde o apare-
cimento de um ncleo de ectoplasma que, alongando-se e con-densando-se, modelou-se como por encanto, sob os seus olhos,
comeando as suas transformaes por uma das extremidades.
Viram surgir da uma fina cabeleira loura que chegava at a cintura da forma feminina em miniatura, a qual, depois de toda
formada, se moveu, levantando, deitando-se, subindo na mdium
e deixando-se colocar na palma da mo dos espectadores para desaparecer em seguida, bruscamente, e depois de reaparecer,
no menos repentinamente, menor ainda. Essas circunstncias
eliminam, de modo absoluto, qualquer possibilidade de fraude, sendo, pois, absurdo duvidar-se da autenticidade dos fatos.
Ampliaes dos rostos de duas das materializaes minsculas obtidas nas sesses
Aquele que duvidasse delas seria convidado a explicar como poderia reproduzir, pela fraude, semelhante manifestao, em
plena luz do dia, na presena de seis pessoas e com um mdium
seguro pelas mos. Que se poderia pretender ainda: Suponho que ningum pensar em pr em dvida o fenmeno aqui relatado,
estupefaciente que ele .
Outros episdios anlogos, que seguem, demonstram que o fenmeno de que se trata no nico em seu gnero: eles contri-
buem para torn-los mais assimilveis s nossas mentes sempre
obstinadas em querer circunscrever as possibilidades da nature-
za.
Caso 2
Este caso extrado das j clebres experincias do Dr. Glen Hamilton, de Winnipeg, Canad.
Do ponto de vista que nos ocupa, difere, consideravelmente, do da Sra. Bisson, pois que os fenmenos de materializao
minscula se limitam, aqui, formao de rostos animados e
vivos, de trs dimenses, que se produzem com o auxlio de uma emisso de ectoplasma aderente face da mdium, atingindo
suas propores apenas um tero do rosto desta. Difere tambm
do caso da Sra. Bisson sob este outro aspecto: so produzidos em plena obscuridade. Vrios aparelhos fotogrficos, assestados
para o mesmo ponto, as fixaram em chapas sensveis.
Um conjunto de mquinas fotogrficas que focalizavam um mesmo ponto para fixar as fotografias, tiradas nas sesses, em chapas sensveis.
Desnecessrio se faz lembrar que mquinas fotogrficas no se alucinam...
Escreve o Dr. Hamilton:
No fomos levados a fazer experincias por motivo de
natureza sentimental nem por convices ou consideraes religiosas, mas sim impulsionados por intensa curiosidade
de natureza cientfica. Queramos verificar o que de verdade
havia nas manifestaes medinicas. Como nos propusemos
satisfazer nossas intenes de maneira rigorosamente cient-
fica, decidimos s conceder ateno aos fenmenos obser-vados em condies de fiscalizao que permitissem elimi-
nar toda espcie de fraude. Com esse fim, empregamos sem-
pre mtodos cientficos:
1) provocando a repetio do mesmo fenmeno em condi-
es diversas;
2) tomando notas exatas medida que os fenmenos se
produziam;
3) empregando amplamente a fotografia. (Psychic Science,
1929, pg. 180).
Materializao de Lucy, um dos guias da mdium Mary M.
O diagrama acima mostra a disposio da sala das sesses. No gabinete ficava a mdium Mary M. e ao redor 9 experimentadores. Por detrs dos
experimentadores ns 3, 4, 6 e 7 estavam colocadas as mquinas fotogrficas que eram acionadas ao mesmo tempo, tirando as fotografias de vrios
ngulos. Havia, bem defronte do gabinete em que se achava a mdium, uma mesa grande e no canto da sala o 10 experimentador, que era encarregado
de tomar notas de tudo que acontecia nas sesses.
O Dr. Hamilton experimentou com duas mdiuns que se pres-
taram graciosamente s experincias, mas as materializaes de
rostos minsculos foram exclusivamente obtidas pela mediuni-dade de Mary M., a respeito da qual d o narrador as seguintes
informaes:
Aprendemos a respeitar nela uma mulher trabalhadora,
desinteressada, devotadamente sensvel aos interesses de sua confisso religiosa, de seus amigos, de sua pequena famlia.
Do mesmo modo que a outra mdium, no teve Mary M. o-
casio de receber uma instruo qualquer que fosse, todavia
inteligente, com capacidades diversas notveis.
Desde a sua infncia percebera que possua faculdades vi-suais e auditivas que no podia compreender. H alguns a-
nos interessou-se pelas experincias medinicas, freqentou sesses e no tardou a cair em transe. Em janeiro de 1928
Mary M. tornou-se membro de nosso grupo, do qual a outra
mdium, Elisabeth, continuava a fazer parte. Durante os trs primeiros meses o esperado desenvolvimento de suas facul-
dades medinicas causou-nos certa decepo, pois, com e-
feito, no se notava nela nenhum sinal de faculdades supra-normais. Seus progressos pareciam depois encaminhar-se
para as formas comuns de mediunidade, com estado de tran-
se mais profundo, acompanhado de um aumento de suas fa-culdades de clarividncia e clariaudincia. Eis, porm, que
em dado momento uma mudana feliz se operou graas in-
terveno de uma entidade espiritual que tomou o controle da mdium. (Psychic Science, 1929, pgs. 183-4).
Achando-me na necessidade de abreviar esta narrao, direi que esse novo esprito-guia, que reformou a mediunidade de
Mary M., deu o nome de Walter Stimson, irmo e guia espiritual da famosa mdium de Boston, Sra. Margery Crandon. Ele come-
ou por ensaiar a produo dos mesmos fenmenos probantes
executados no grupo de Boston, porm, como a experincia das campainhas, que se faziam ouvir em uma caixa fechada, a qual
abria a srie de fenmenos, pouco interessasse ao Dr. Hamilton,
este no executou as minuciosas instrues de fiscalizao cientfica ordenadas por Walter.
Walter acabou por indispor-se com o Dr. Hamilton e decla-rou-lhe que se ele no fazia o que lhe ordenara, no voltaria. Em
seguida, para justificar o seu ressentimento e a sua insistncia,
disse ainda: Eles (os sbios) no acreditam nisto. No tiveram a coragem de dizer que a minha irm falava pelos ouvidos? (essa
assero foi confirmada). Walter satisfez o desejo do grupo,
produzindo a emisso de ectoplasma e dele se utilizando para a materializao de rostos, mais ou menos pequenos, de defuntos
que afirmavam estar presentes.
Estes, ao que parece, produziam os seus rostos em propores reduzidas porque no dispunham de muita substncia ectopls-
mica. No nmero de outubro de 1929 da revista inglesa Psychic Science, apareceu uma srie muito interessante de fotografias de
rostos materializados. Cinco desses rostos, representando o
mesmo desencarnado, so colocados em confronto com trs fotografias comuns do defunto tal qual era quando vivo, em
pocas diferentes. Umas, de modo notvel, correspondem s
outras: a identificao no permite dvida.
O desencarnado em questo era ministro de uma igreja pro-
testante e se chamava G. H. Spurgeon. A histria de suas mani-festaes merece ser aqui resumida:
No decurso da sesso de 4 de novembro de 1928, Walter pedira a um dos assistentes para passar a mo pelo rosto da
mdium. A pessoa a quem se dera essa ordem, depois de haver
executado a ordem recebida, declarara nada lhe ter percebido nem no rosto nem no pescoo. Walter deu ento o sinal con-
vencionado para que se acendesse o magnsio. Logo que essa
ordem foi executada, Walter pediu a um dos experimentadores que passasse um lpis e uma folha de papel mdium, que se
achava mergulhada em profundo transe.
A mdium escreveu no papel qualquer coisa e Walter a-nunciou que ela escrevera o nome do defunto cujo rosto materia-
lizado sara na chapa. Ele ordenou que se entregasse a folha de papel ao Dr. Hamilton, no devendo ningum v-la enquanto a
fotografia obtida no fosse mostrada outra mdium, visto que
essa, tendo percebido, pela clariaudincia, o defunto que se materializara, iria reconhec-lo na fotografia.
Materializao ectoplsmica minscula do rosto de Walter, o falecido irmo e guia espiritual da mdium Margery.
Preciso acrescentar que Walter tinha antes pronunciado
algumas palavras de momento, contendo referncias religiosas,
dizendo que o que ele fazia era repetir o que lhe transmitia um dos espritos presentes, de nome John Plowman. Seguiram-se as
instrues de Walter e, quando a chapa fotogrfica foi mostra-
da mdium Elisabeth, esta observou, com espanto, que se tratava de um esprito que conhecia muito bem e que lhe dissera
chamar-se Spurgeon. O Dr. Hamilton tirou ento do bolso o
papel escrito pela outra mdium, no qual se lia Charles Haddon Spurgeon.
Fizeram-se, em seguida, outras descobertas notveis, isto , que o nome John Plowman, pronunciado por Walter, era o
pseudnimo de Spurgeon quando escrevia artigos para revistas.
Verificou-se, alm disso, que as frases pronunciadas por Wal-ter constituam uma passagem do ltimo sermo proferido pelo
reverendo Spurgeon. Concebe-se que nenhum dos assistentes
tinha conhecimento dos fatos em questo.
Relativamente fotografia obtida durante a referida sesso,
escreve o Dr. Hamilton:
Esta materializao foi fixada por trs aparelhos, entre os
quais um estereoscpico.
Os trs retratos apresentam o mesmo fenmeno: um rosto absolutamente perfeito em todos os seus detalhes e que mos-
tra tais indcios de vitalidade e uma semelhana to espanto-sa com os retratos de G. H. Spurgeon que provocaram imen-
so interesse e grande surpresa.
Do ponto de vista biolgico, de notar que na fotografia as duas sees de ectoplasma se estendem como asas de uma
borboleta em repouso. Analisando as margens das duas asas, verifica-se que so notavelmente anlogas, como se consti-
tussem duas sees de um invlucro que seria fendido late-
ralmente em uma linha bem ntida para fazer aparecer o ros-to nele contido. Esta forma morfolgica de desenvolvimento
parece ter algumas semelhanas com o fenmeno que se ob-
serva na vida das plantas.
Enfim, esse rosto em miniatura se mostra em trs dimen-
ses como um rosto normal, pelo menos no exterior; repro-duz a figura de um indivduo normal, salvo nas propores.
(Psychic Science, 1929, pgs. 200-1).
Em uma outra relao sobre os mesmos fenmenos e se refe-rindo ao conjunto dos fatos, observa o Dr. Hamilton:
Dos treze rostos fotografados at aqui, todos, menos um,
so rostos em miniatura, ainda que todos, menos um, sejam
figuras de pessoas adultas.
Essas miniaturas delicadas, que no atingem um tero do rosto da mdium, so perfeitas em seus traos e parecem vi-
vas; elas se impem ento aos pesquisadores como uma fon-te inesgotvel de estudos e maravilhas. Graas ao relevo que
as sombras conferem aos traos da figura, assim como ao fa-
to da incidncia produzida pela luz nas pupilas dos olhos (como se observa nas fotografias tomadas em ngulos dife-
rentes), obtm-se excelente prova de sua formao em trs
dimenses. Uma outra circunstncia de grande valor cient-fico consiste no fato de que todos esses rostos ectoplsmicos
so cercados desta substncia em condies amorfas, de ma-
neira a fazer supor que elas se formam no invlucro da subs-
tncia que se fende quando a organizao do rosto est com-
pleta. Se esta hiptese exata, e nossas experincias o de-monstram muito eficazmente, achamo-nos em face de um
processo embrionrio semelhante ao de todo processo gera-
dor natural. Notarei que essa analogia j foi assinalada pelo Dr. Geley. (Psychic Science, 1931, pg. 268).
O Dr. Hamiltom evita construir teorias, entretanto sente-se que ele est muito impressionado com o fato dos rostos minscu-
los de defuntos que afirmam estar presentes e que so identifica-dos e, sobretudo, com o outro fato das admirveis provas de
identificao pessoal que se ligam imagem materializada de
Spurgeon, o que faz com que ele conclua dizendo:
verdade que grande nmero de pesquisadores eminen-
tes, no domnio das pesquisas psquicas, se propuseram ig-
norar ou antes ocultar o trao caracterstico de natureza sub-
jetiva que sempre est associado emisso de ectoplasma. Essa atitude foi sbia no primeiro perodo transitrio, no de-
curso do qual se tratou, sobretudo, de certificar-se da reali-
dade dos fenmenos; mas, presentemente, chegado o mo-mento em que podemos e devemos analisar os fatos em seu
conjunto, isto , tomando seriamente em considerao a cir-
cunstncia da inteligncia ou das inteligncias interpostas, que dirigem os fenmenos.
Devemos faz-lo com um cuidado escrupuloso e com a mesma coragem moral que empregamos em analisar as ma-
ravilhas da substncia ectoplsmica. (Psychic Science,
1929, pg. 208).
Eis palavras serenas, sbias e sagradas, que infelizmente no
sero muito facilmente ouvidas pelos investigadores eminentes aos quais o Dr. Hamilton faz aluso.
No importa que a circunstncia das inteligncias interpostas, que acompanham sempre estas manifestaes, seja a mais impor-
tante para a penetrao de sua origem.
Notarei, a esse respeito, que o conjunto das manifestaes de que falamos j nos permite entrever qual deveria ser a orientao
do pensamento cientfico para chegar ao fim desejado.
que, se os fenmenos em questo parecem ser produtos da
ideoplastia, se parecem ser criaes de um pensamento e de uma vontade exteriorizadas tomando forma concreta, no menos
verdade que tudo contribui para demonstrar que esse prodgio
no deveria ser sempre exclusivamente atribudo ao poder supra-normal do pensamento e da vontade dos vivos (Animismo), mas
tambm, conforme as circunstncias, ao pensamento e vontade
dos defuntos (Espiritismo). E no caso em questo, no qual se obtiveram imagens de defuntos que os experimentadores no
conheciam e que deram excelentes provas de identificao
pessoal, esta segunda verso da hiptese ideoplstica teria todas as probabilidades de ser verdadeira.
Jamais deixarei de repetir que o Animismo e o Espiritismo, longe de serem hipteses opostas, so complementares uma da
outra e ambas necessrias interpretao espiritualista dos
fenmenos medinicos.
Efetivamente, se a sobrevivncia um fato, s se pode encon-
trar nas profundezas da subconscincia as faculdades supranor-mais do esprito, j formadas, posto que ainda em estado latente,
faculdades que no poderiam ser criadas do nada, no momento
da morte.
Se assim , essas faculdades devem emergir, por jatos fuga-
zes, nas crises de minorao vital s quais os indivduos esto sujeitos (sono fisiolgico, sono medinico, sncope, narcose,
coma). Ora, justamente o que atestam os fenmenos anmi-
cos, que, pelo simples fato de existirem, provam que o homem j um esprito durante a sua vida na carne, na expectativa de
exercer suas faculdades espirituais latentes em um meio adapta-
do, depois da crise da morte. Donde ainda uma vez: a existncia dos fenmenos anmicos constitui uma condio indispensvel
para admitir-se a existncia dos fenmenos espritas.
Segue-se da que, do nosso ponto de vista e graas ao fen-
meno anmico da ideoplastia, devemos conjeturar que aquilo que
um esprito encarnado pode fazer, um esprito desencarnado
deve poder fazer tambm, com a vantagem, para este ltimo, de
poder realiz-lo muito melhor, visto achar-se livre do invlucro carnal, que cria um obstculo, em certa medida, ao exerccio das
faculdades transcendentais do esprito.
Conclumos: a anlise do caso em questo nos autoriza a pen-sar que, em princpio, inteiramente provvel que as materiali-
zaes minsculas de rostos e de espritos constituem simples simulacros (do mesmo modo que vrias fotografias transcen-
dentais), porm simulacros projetados e materializados pela
vontade das personalidades medinicas que operam e que, em certos casos, so as personalidades dos defuntos representados
nas formaes em apreo.
Acrescento, todavia, que esta interpretao dos fatos admite vrias excees regra, pois que se encontram condies especi-
ais de manifestaes, como, por exemplo, no caso da Sra. Bisson e nos trs casos anlogos que vo seguir.
Essas condies especiais exigem interpretaes diferentes, considerando que as figuras minsculas se mostram vivas e
inteligentes. Fiz referncia a uma dessas interpretaes a prop-
sito do caso relatado pelo Dr. Hamilton, notando que certas personalidades medinicas explicaram que elas se materializa-
ram em propores reduzidas porque no dispunham de ecto-
plasma suficiente para faz-lo em propores normais. Falarei de uma interpretao desses fatos quando tratar do caso 6, onde o
rosto apareceu em forma reduzida a fim de no despender muita
fora.
Com as duas interpretaes que acabo de indicar, estamos em
condies de responder, por completo, s seguintes interrogaes da Sra. Bisson:
Se, como supem os espritas, so espritos de desencar-
nados que vm visitar-nos, de qual esfera desce esta forma
em miniatura? Donde provm estas manifestaes insli-tas?
Finalmente, dever-se-ia conjeturar que estas ltimas s so simples simulacros projetados e materializados pela vontade das
personalidades medinicas que operam, ao passo que as figuras
minsculas, vivas e inteligentes, no proviriam de nenhuma
esfera espiritual especial; elas se organizariam em propores minsculas ou por falta de ectoplasma sua disposio ou pela
vontade das prprias entidades que se materializavam e que
assim agiriam para no gastarem muita fora. Acrescento que essas duas interpretaes recebero, pouco mais adiante, confir-
maes absolutamente decisivas.
Caso 3
Tiro este episdio da obra da Sra. Anne Louise Fletcher, Dea-th Unveiled (A morte sem vu). Ele adquire maior importncia
probatria pelo fato de a autora que relata o fato, do qual foi
testemunha, achar-se em companhia do conhecido metapsiquista norte-americano Dr. Hereward Carrington, experimentador
meticuloso, prestidigitador habilssimo, com 30 anos de experi-
ncias nas pesquisas psquicas e autor da obra The Story of Psychic Science (Histria da Cincia Psquica).
Escreve a Sra. Fletcher:
Em Washington tive ocasio de assistir, em casa de um
amigo, a uma sesso com a bem conhecida mdium Srta.
Ada Bessenet de Toledo (Ohio). A sesso se realizou em
completa obscuridade, porm o Dr. Hereward Carrington es-tava sentado direita da mdium e vigiava-lhe atentamente
todos os movimentos. No tardamos em ver aparecer as ha-
bituais luzes que iam e vinham altura do teto; em seguida, vozes diretas, masculinas e femininas, se fizeram ouvir no
alto, cantando solos e duos.
Quando as primeiras formas materializadas apareceram, iluminando a si prprias, entrevi, de maneira fugaz, o rosto de minha me, o qual me apareceu depois sob a forma de um
camafeu. Um dos meus amigos, falecido havia j algum
tempo, se materializou to perfeitamente bem que lhe perce-bi, na face direita, um grande sinal natural que o caracteriza-
va. Naturalmente, nesse grupo de 8 pessoas no fui a nica a
ser favorecida com essas manifestaes.
O fenmeno, porm, que mais me surpreendeu, interes-
sando-me grandemente, foi a materializao de uma figura com a altura de 14 polegadas, cercada de longo manto flutu-
ante, a qual se ps a danar na mesa, entre mim e o Dr. Car-
rington (estvamos sentados um defronte do outro).
Como explicar esse fenmeno? Talvez que tenhamos per-
cebido, pela viso inversa (como quando se olha em um bi-nculo ao contrrio), essa pequena que danava ao ritmo da
msica, iluminada por sua prpria luz? Em todo caso, era
bem uma mulherzinha viva, perfeitamente normal, salvo no
que concerne s suas propores minsculas. tambm pos-svel que tenhamos obtido um ensaio de transmisso dis-
tncia de uma imagem psquica, graas s ondas eltricas,
assim como se faz pela televiso. , enfim, possvel que a entidade em questo, por um ato de sua vontade, tenha que-
rido materializar-se em propores reduzidas. Consta-nos
que, nos fenmenos de materializao, os espritos se mani-festam mais ou menos bem, segundo o grau de intensidade
com o qual chega a concentrar o pensamento sobre o fen-
meno que se prope produzir. Isto explicaria porque diversas vezes as materializaes dos desencarnados no correspon-
dem, no que concerne sua altura ou sua beleza, expec-
tativa dos experimentadores. O Dr. Carrington colocou na mesa um prato quimicamente preparado que registrou o fe-
nmeno da luminosidade dos espritos, mas no a sua apa-
rncia. Recordarei que cada uma das materializaes suces-sivamente iluminava a si prpria. (Ibidem, pg. 50).
O episdio supra parece inteiramente anlogo ao narrado pela Sra. Bisson.
Neste ltimo caso, a figurinha materializada demonstrara a sua natureza de criatura viva e inteligente, executando, por assim
dizer, operaes ginsticas; a de que fala a Sra. Fletcher a de-monstrou, ao contrrio, danando na mesa ao ritmo da msica.
A Sra. Fletcher se esfora pela resoluo do problema que es-tabelece esse fenmeno propondo quatro hipteses diferentes,
das quais a terceira a mesma que propus mais acima. Com
efeito, ela supe que as materializaes minsculas no deveri-am ser sempre olhadas como simples simulacros projetados
distncia pela vontade dos defuntos, mas que poderiam ser s
vezes animadas pelos espritos dos defuntos que se materializari-am, por sua prpria vontade, em propores reduzidas.
Na sua quarta hiptese a Sra. Fletcher supe que essas mate-rializaes poderiam tambm ser mais ou menos pequenas em
conseqncia da intensidade com a qual a entidade espiritual
chega a concentrar o pensamento sobre o fenmeno que se
dispe a produzir. Esta uma hiptese que poderia tambm ser
bem empregada, segundo as circunstncias.
Caso 4
O seguinte episdio tirado da revista inglesa Psychic Scien-ce (1925, pg. 221) e narrado pelo comandante de artilharia C.
C. Colley, filho do arcediago Colley, bem conhecido como
intrpido defensor da verdade esprita em face de todos, mas sobretudo perante os seus prprios confrades em religio: os
pastores, diconos, arcediagos e bispos. O comandante Colley,
numa conferncia realizada na sede do British College of Psy-chic Science, relatou, entre outros, o seguinte caso que lhe
pessoal:
Certo dia do ms de agosto de 1898 fui convidado para
assistir a uma sesso com o mesmo mdium de que falei na minha ltima conferncia. Recordarei que nessa ocasio le-
vara comigo um oficial subalterno, meu amigo, que acendera
um fsforo, do que resultou que, da outra vez, no levei nin-gum a essa sesso. ramos quatro: o mdium, o nosso hos-
pedeiro, a sua filha e eu. Os espritos me anunciaram que eu
iria assistir a uma manifestao prodigiosa e que me prepa-rasse para ver um fenmeno que no obteria nunca mais em
minha vida. Respondi-lhe: Se assim , concedei-me tempo para tomar todas as medidas de fiscalizao necessrias.
Assim, depois de haver fechado a porta chave, pedi licena
para fech-la de modo que no pudesse ser aberta nem de dentro nem de fora. Fechei, da mesma maneira, a janela e,
quando adquiri a certeza de que ningum poderia sair do a-
posento ou de a penetrar, comecei a esquadrinhar todos os cantos desse aposento, inclusive o piano, que era de grandes
dimenses. Aps isto, pediram-me para abaixar a luz do gs,
o que fiz gradualmente, solicitando que concedessem tanta luz quanto possvel, o que fizeram a ponto de eu poder ler,
correntemente, um jornal ilustrado que se achava na mesa.
O mdium estava mergulhado em profundo transe. De re-pente, vi sair de seu lado algo parecendo o vapor de uma
chaleira fervendo. Esse vapor tomou a forma de um tubo que chamaremos o condutor da substncia que se alongou
at atingir o centro da mesa oval em torno da qual estvamos
sentados. A ele se transformou numa nuvenzinha de cerca
de dois ps de dimetro, que no tardou a tomar a forma de uma bela boneca da altura de 18 polegadas, que se ps a
passear graciosamente na mesa, como se fosse a miniatura
viva de um esprito. Ela se apresentou diante de cada um de ns com muita naturalidade e, finalmente, sentou-se em
meus joelhos.
Tive o privilgio de apertar-lhe a mo, que no era maior do que o meu polegar.
Essa mozinha era quente, mas desde que a apertei via-a fundir-se na minha, que esfriou subitamente e pareceu-me
cercada de uma espcie de nevoeiro. Ento, a figurinha co-meou, por sua vez, a dissolver-se rapidamente, deixando
uma como nuvem na mesa. Finalmente, o tubo condutor
foi rapidamente absorvido no lado direito do mdium. Tais so os fatos. Felizmente para mim, verifico que o auditrio a
quem me dirijo no o mesmo que ouviu meu pai quando
lhe aconteceu narrar um fenmeno semelhante a que assisti-ra e durante o qual vira materializar-se uma forma de mulher
com a altura de 4 ps, num processo anlogo ao que acabo
de descrever.
Dvida alguma padece de que o fenmeno que acabo de
relatar digno de toda a ateno dos sbios por causa das indues que se pode extrair dele. Devemos consider-lo
como uma experincia cientfica, pois, com efeito, no est
longe o dia em que se descobrir que essas materializaes so reguladas por leis estritamente fsicas. Minha teoria a es-
se respeito a seguinte: Quando os espritos dos defuntos
no dispem de substncia suficiente para materializar-se ao natural e fazer-se identificar, podem, todavia, materializar-se
em miniatura. Por que? Eu, por mim, ficaria mais satisfeito
em ver a figura completa de meu pai, em miniatura, com o seu porte caracterstico e os seus gestos habituais, do que u-
nicamente a sua cabea em propores normais. Ora, sou de opinio que, no caso em apreo, algo de semelhante se reali-
zou. Dir-se-ia que essa mulherzinha se manifestou a mim
dessa forma na esperana de que a reconhecesse pelos ges-
tos, pelo porte, pela roupa. Infelizmente, devo dizer que no
a reconheci, porm a sua graciosa figurinha, com os seus ca-belos louros anelados, maravilhosamente conformada e ves-
tida de roupa branca parecendo de musselina, me ficou gra-
vada na memria de modo indelvel.
Este caso , por sua vez, absolutamente semelhante aos outros dois que o precederam. Notarei que, no caso da Sra. Bisson, a
figurinha materializada subiu na palma da mo de trs experi-
mentadores e que, no caso do comandante Colley, a forma sentou-se nos joelhos deste.
Quanto hiptese formulada pelo Sr. Colley para considerar o fenmeno a que assistira, pode-se ver que ela a mesma que
formulei a respeito. E se se considera que outro experimentador,
a Sra. Fletcher, chegou a hipteses que pouco diferem da de que tratamos, s se pode deduzir da que essa concordncia na inter-
pretao do fenmeno j demonstra que esta hiptese a mais
natural.
Caso 5
O episdio que segue no uma narrao propriamente dita dos fenmenos observados, mas simplesmente uma referncia a
fenmenos desta categoria que se produziram durante longa srie
de manifestaes medinicas complexas e extraordinrias, fenmenos que realmente se deram e que servem para esclarecer,
ulterior e eficazmente, a gnese provvel das manifestaes
minsculas, o que me levou a tom-lo seriamente em considera-o.
Na interessantssima narrao do professor F. W. Pawloski a respeito de suas experincias com o famoso mdium polons
Frank Kluski, publicada na j citada revista Psychic Science
(1925, pgs. 206-8), encontra-se a passagem que aqui reproduzo:
As materializaes no so sempre do tamanho normal.
No fim da sesso, quando o mdium comea a ficar esgota-
do ou quando no est fisiolgica e psicologicamente bem
disposto, a estatura dos espritos torna-se inferior normal; ela fica reduzida a dois teros ou mesmo metade da nor-
mal. A primeira vez que me sucedeu observar esse fenme-
no, julguei tratar-se de crianas, mas examinando-as melhor, distingui os rostos enrugados de um velho e de uma velha,
em dimenses muito reduzidas. Quando esse fato se deu, a personalidade dirigente das sesses disse: Ajudemos o m-
dium, expresso empregada no crculo para fazer notar que
o mdium comeava a perder as foras e que os experimen-tadores executassem simultaneamente a respirao profunda
cujo efeito era literalmente maravilhoso: o tamanho dos es-
pritos anes aumentava rapidamente e, em alguns segundos, tomava propores normais. (Ibidem, pgs. 216-7).
No se poderia desejar melhor prova experimental do que es-ta para demonstrar que a hiptese que propus, como dois outros
experimentadores, para explicar as causas que determinam as
materializaes minsculas legtima, racional e bem fundada, pois que confirmada por modalidades nas quais se realizam os
fenmenos em questo. Dever-se- ento reconhecer que, quan-
do rostos ou espritos em propores minsculas se materiali-
zam, isto significa, quase sempre, que as personalidades medi-
nicas que se manifestam no dispem de ectoplasmas em quanti-dade suficiente para poderem materializar-se normalmente. o
que vemos produzir-se no caso exposto pelo professor Pawloski,
no qual, desde que os assistentes, executando a respirao rtmi-ca profunda, fornecem, abundantemente, fluido vital ao mdium,
o tamanho dos espritos materializados aumenta, tornando-se, em
alguns segundos, normal. Ora, esse fato no apenas uma prova a favor de minha tese, mas constitui tambm uma demonstrao
absolutamente decisiva de que ela est certa, salvo sempre a
circunstncia de que o fenmeno pode, por vezes, produzir-se por efeito da vontade da entidade que se manifesta.
Caso 6
Na importantssima narrao do Sr. E. H. Sach, de Auckland (Nova Zelndia), publicada na Light (a partir do n de 15 de
novembro de 1929), encontra-se um episdio de figurinhas vivas
completamente materializadas. O mdium era a Sra. Lily Hope, residente em Wellington. O narrador f-la ir a Auckland e escre-
ve a respeito:
A mdium viveu em nossa casa durante os 16 dias que
duraram as minhas experincias e nesse perodo de tempo apenas saiu duas vezes, acompanhada por minha esposa e
eu.
As sesses de materializao se realizaram luz vermelha com a mdium no gabinete, mas as formas saam do gabinete medinico para se mostrarem em plena luz e muitas vezes afas-
tavam as cortinas a fim de fazerem ver a mdium sentada na
poltrona e mergulhada em profundo transe.
Escreve o Sr. Sach:
luz vermelha viu-se o ectoplasma cair lentamente so-
bre o estrado, no ponto de juno das duas cortinas. Ele se elevou at trs ps de altura e, no interior dessa substncia,
comearam a aparecer rostos em miniaturas que se forma-
vam e se dissolviam. Em dado momento, apareceu um rosto que tinha um nariz muito comprido e pouco depois dois ros-
tos se materializaram simultaneamente um ao lado do outro.
No nos esqueamos de que isto se produzia sob os olhares de todos, com uma luz mais do que suficiente e os nossos
olhares perscrutadores se aproximavam, s vezes, de algu-
mas polegadas do ectoplasma gerador. Nesse momento, Sunrise (o esprito-guia) nos pediu que abrssemos a cortina
lateral e olhssemos para o interior do gabinete. Olhamos e
vimos que o mdium jazia na sua poltrona enquanto o ecto-plasma se formava no centro do gabinete.
A respeito de outra circunstncia, escreve ainda o Sr. Sach:
Houve um curto intervalo de repouso, depois do qual vi-
mos aparecer, no meio de ns, uma figurinha com a altura de
cerca de 30 polegadas, a qual, sorrindo, nos dirigiu a pala-vra. Ela diz ser Sunrise, que deixara, por alguns instantes, o
controle da mdium a fim de mostrar-se a ns. Perguntamos-
lhe por que se manifestava em dimenses to reduzidas e ela respondeu que assim o fizera para no gastar muita fora.
Tendo lhe pedido que permanecesse entre ns mais algum
tempo do que as outras manifestaes, sorriu, fez um sinal negativo com a mozinha e desapareceu.
Neste quarto episdio das materializaes minsculas inte-gralmente organizadas, nota-se primeiramente uma confirmao
da observao que formulamos em nossos comentrios ao caso precedente, isto , que o fenmeno das materializaes minscu-
las algumas vezes deve realizar-se em conseqncia de um ato
de vontade da entidade manifestante. Neste ltimo caso , com efeito, a prpria entidade que afirma ter-se materializado em
propores reduzidas para no consumir muita fora. Parece-me,
ento, que as duas hipteses que propus para a explicao das causas que determinam as materializaes minsculas j foram
examinadas sob diferentes pontos de vista que convergem todos
para sua confirmao.
Apenas, no caso narrado pelo Sr. Sach, h outra coisa ainda
a considerar. Nota-se nele, com efeito, o importantssimo detalhe de a figurinha materializada conversar com os assistentes. Se-
gue-se da que neste caso trata-se, evidentemente, da encarnao
da entidade que operava na pequena forma materializada. Nestas condies mais do que patente que se deveria admitir, em
geral, a hiptese que propus e segundo a qual as materializaes
minsculas de rostos e de espritos devem ser consideradas como projees de simples simulacros materializados pela
vontade das personalidades operantes.
De outra parte, porm, no menos verdade que esta regra est sujeita a excees, pois o ltimo episdio o demonstra de
maneira decisiva. Penso que ningum o contestar, mas, ao mesmo tempo, no ignoro que, a propsito da inteligncia que
anima a pequena forma materializada, se me poderia objetar que
esse fato no demonstra a presena, no local, de entidades espiri-
tuais estranhas ao mdium, pois o psiquismo deste ltimo
poderia muito bem animar a figurinha. Responderia que neste caso especial impossvel provar o contrrio e no insistirei
nisso, ainda que tal no seja opinio minha bem refletida, funda-
da na circunstncia de que, nas experincias do Dr. Hamilton, ainda que s se tratasse de simples rostos em miniatura, chegou-
se a obter magnficas provas de identificao pessoal de mortos
que materializavam os seus rostos.
E, como no episdio a que refiro, as indicaes pessoais fos-
sem ignoradas de todos os assistentes, somos levados, racional-mente, a admitir a presena espiritual, na sesso, daqueles que
eram os nicos a conhec-las e que, ao mesmo tempo, materiali-
zaram a imagem dos seus prprios rostos.
Concluses
A presente classificao demonstra que o magnfico caso re-latado pela Sra. Bisson, longe de ser nico, j se renovou pelo
menos seis vezes nestes ltimos tempos, com modalidades
idnticas de produo, o que basta para conferir-se alto valor de autenticidade aos casos de materializaes minsculas.
Nessas condies, era cientificamente oportuno que se lhes descobrissem as causas. A anlise comparada de alguns casos
que eu recolhi permitiu-me faz-lo. Com efeito, graas ao exame
das modalidades nas quais esses fatos se produziram, vimos que o fenmeno das materializaes ans tinha como causa determi-
nante a circunstncia da quantidade mais ou menos suficiente de
ectoplasma e de fluidos de que dispunha o esprito que operava. Este, no podendo manifestar-se em propores normais, o fazia
em dimenses reduzidas, o que no impede que, em certos casos,
o fizesse para economizar a fora e os fluidos de que dispunha.
Pareceu-me, ao mesmo tempo, necessrio formular a esse
respeito uma hiptese mais extensa, segundo a qual os fenme-nos em questo, especialmente quando se trata de simples rostos,
podem, em princpio, ser considerados como projees criadas por um ato de vontade das personalidades medinicas que ope-
ram, ou bem, em casos especiais, simulacros criados por um ato
de vontade dos espritos de defuntos, cujos rostos ou figuras foram representados nas formas em apreo. Sempre, bem enten-
dido, com as inevitveis excees regra, nas quais as figurinhas
materializadas aparecem vivas, inteligentes, o que leva a pensar que elas so diretamente animadas pelas entidades que as cria-
ram.
Relativamente ao ltimo problema que se refere individua-lidade psquica (subconsciente ou estranha ao mdium) das
personalidades medinicas que se manifestam nessas condies, o momento ainda no chegado de formul-lo definitivamente,
pois os dados de que dispomos sobre o assunto no so suficien-
tes.
Entretanto, o fato, mais acima assinalado, de terem certas personalidades medinicas de defuntos chegado a demonstrar a
sua identidade pessoal, s pode fazer-nos inclinar para a suposi-o de que se trata, muitas vezes, de verdadeiras intervenes
estranhas aos mdiuns e assistentes. Isso corresponde, alis, ao
que se verifica em todas as categorias de manifestaes psquicas que, segundo as circunstncias, podem ser algumas vezes anmi-
cas e em outras ocasies espritas. No seria, pois, lgico supor
que as manifestaes de que acabamos de tratar constituam uma exceo regra e que sejam sempre anmicas.
Ernesto Bozzano
Adendo do tradutor ao caso 3
O Dr. T. Glen Hamilton foi um ilustre experimentador espri-ta de Winnipeg, Canad, cuja visita Inglaterra, em 1932, cons-
tituiu notvel acontecimento nos anais das pesquisas psquicas.
No dia 30 de julho ele realizou uma palestra no British Colle-ge of Psychic Science, ilustrada com projees de lanterna e para
um vasto auditrio constitudo, inclusive, de muitas pessoas de destaque no domnio das pesquisas psquicas.
O conferencista foi apresentado ao pblico pela Sra. Rose Champion de Crespigny, Honorable Principal do British Colle-
ge, que discorreu sobre as pesquisas realizadas pelo Dr. Hamil-
ton em um crculo privado com mdiuns preparados por ele, e a Sra. Hewat McKenzie, outro membro eminente do College,
referiu-se ao grande interesse despertado nessa importante
associao inglesa pelas experincias do cientista canadense.
A Psychic Science, muito apreciado rgo do British College,
publicou, em vrios nmeros seus, relatos das sesses do Dr. Hamilton, todos eles ilustrados com as mais curiosas fotografias
psquicas.
Dentre as experincias do Dr. Hamilton, as que mais nos inte-ressam para este apndice sobre as materializaes minsculas so as que vm narradas nos nmeros de janeiro e outubro de
1932 da referida revista bimestral. Elas foram realizadas em 22
de setembro e 27 de outubro de 1929. Para fotografar os interes-santes e curiosos fenmenos ectoplsmicos que se produziam nas
sesses, o Dr. Hamilton disps um total de 11 mquinas fotogr-
ficas, de vrios tipos e fabricantes, em duas prateleiras, na frente e nos lados direito e esquerdo da mdium, com as necessrias
disposies para se baterem as chapas conjuntamente e de modo
instantneo.
No meio das notveis fotografias que ele tirou na primeira
dessas memorveis sesses destaca-se a que se v abaixo, que uma ampliao. Na fotografia original os quatro rostos so quase
microscopicamente pequenos. Vem-se nela: 1) Arthur Conan
Doyle, facilmente reconhecvel por quem quer que o tenha
conhecido em vida, mesmo em retrato; 2) C. H. Spurgeon um
jovem pregador; 3 e 4) um rosto de moo e um crnio, ambos,
evidentemente, desenhos de Walter na massa ectoplsmica.
Abundante emisso de ectoplasma que sai da boca da mdium Mary M., mostrando rostos minsculos, entre os quais o do falecido Sir Arthur Conan Doyle.
Com referncia ao aparecimento da forma minscula do rosto
de Conan Doyle, devemos esclarecer o seguinte: a 17 de abril
Conan Doyle, escrevendo pela mo da mdium Mercedes em transe, disse que, se Walter lhe permitisse, ele produziria uma
imagem ectoplsmica de sua pessoa, e assim o fez.
A outra massa ectoplsmica, acerca da qual queremos chamar a ateno dos leitores, produziu-se na sesso de 27 de outubro de
1929, como dissemos antes, sendo a vigsima segunda massa ectoplsmica a ser fotografada bem defronte da mdium de
Winnipeg, Mary M., e a nona a revelar a presena de rostos
minsculos.
Em muitos dos seus aspectos ela constitui a mais notvel e
brilhante produo psicofsica at ento obtida, pois a nitidez e a perfeio biolgica dos rostos minsculos bem demonstram que
se verificou excepcional fenmeno.
Na primeira sesso preliminar duas pequenas massas ecto-plsmicas apareceram e foram fotografadas. Pela primeira vez o
sinal, para se bater o instantneo, sinal este sempre dado na mais completa escurido, foi dado por um mdium auxiliar na pessoa
de um dos assistentes um mdium assistente pela entidade
espiritual Walter, diretora dos trabalhos.
Na sesso de 29 de setembro essa personalidade espiritual
predisse a formao de ectoplasmas com outros rostos, tais como os que se produziram de Stead, Spurgeon e outros. No dia 6 de
outubro Walter tambm referiu-se ao futuro fenmeno, infor-
mando ento que a manifestao que eles esperavam produzir requeria uma boa poro de fora de todos, mdiuns e assis-
tentes.
Na sesso de 20 de outubro Walter, falando pela mdium Mary M., com pesar informou que ele no pudera, nessa sesso,
produzir o quadro como pretendera, devido ao fato de que, ao contrrio do costume, se examinara a cabea da mdium e a
parte superior de seu corpo, sem o habitual aviso para tal. Em
conseqncia, eles haviam destrudo o seu trabalho inicial. Esse alegado erro de tcnica deu por resultado que, no meio da
sesso, outro guia de Mary M., conhecido por Black Hawk
(o ndio Gavio Preto), falando em lugar do aborrecido e desa-pontado Walter, deu, inesperadamente, o sinal convencionado
para se tirar o instantneo, obtendo-se a fotografia em que se v
a massa ectoplsmica saindo da boca da mdium.
Antes de principiar-se a clebre sesso de 27 de outubro, a
mdium Mary M. foi despida, lavada com uma esponja e vestida com uma roupa apropriada para a sesso. Os assistentes e os
arranjos da reunio foram os mesmos de sempre, inclusive com
uma taqugrafa que registrava no papel todas as particularidades dela. As mos da mdium em transe foram seguras de um lado
pelo Sr. W. B. Cooper e do outro pelo Dr. J. A. Hamilton, os
quais lhe examinaram cabea, rosto, pescoo, busto, antebraos, nada encontrando de mais, do que fizeram uma declarao
audvel para todos.
Os outros dois mdiuns caram logo em transe e comunica-
ram que, com toda probabilidade, a manifestao, h muito
esperada, estava iminente. Onze minutos depois, de acordo com
o sinal pr-combinado de Walter (quatro batidas com o p de
Mary M.) sendo batida a quarta, o instantneo foi tirado e, ao momentneo claro da luz, pde-se perceber os contornos de
uma massa branca na frente da mdium.
Logo a seguir, houve interessante dilogo entre a personali-dade medinica Walter e o Dr. T. Glen Hamilton, a quem
Walter anunciou que seriam reconhecidos os rostos minscu-los aparecidos na massa ectoplsmica.
Sete mquinas fotogrficas foram usadas na experincia em questo. O Sr. Hugh A. Reed assistiu o Dr. Hamilton na revela-
o das chapas logo aps o trmino da sesso, tendo ele prprio
revelado a tirada por sua mquina no apartamento do hotel em que residia.
Conforme Walter anunciara, no meio da massa ectoplsmi-ca que saa do nariz e da boca da mdium, caindo sobre o colo,
viam-se duas caras pequenssimas e uma terceira no bem visvel
e ntida como as outras duas.
Uma delas apresenta, com fidelidade admirvel, como se po-
de ver pela ampliao da fotografia tirada na sesso (figura abaixo), comparada com a batida, quando vivo, o filho do pro-
fessor Oliver Lodge, morto na I Guerra Mundial, o mesmo
Raymond que deu origem a um livro que leva o seu nome, de autoria do prprio pai e j publicado em nossa lngua. Lodge, a
quem foram remetidas as provas fotogrficas, no teve objees
a opor aos elementos de identidade oferecidos pela fotografia, mostrando-se apenas surpreso por no ter o esprito de seu filho
o avisado da experincia que ia tentar no Canad, talvez espe-
rando o resultado dela, para maior surpresa do pai.
Comparao do rosto de Raymond, quando fardado de soldado, com o aparecido na massa ectoplsmica sada da boca da mdium.
A outra imagem, tambm identificada, apresenta um morto de
cujo nome, por motivos de ordem particular, s foram publicadas as iniciais. A semelhana, neste caso, tambm nitidamente
perfeita.
Limitamo-nos a fazer este resumo sem entrar no relato de i-nmeros pormenores e abstendo-nos, por outro lado, de comen-
trios a respeito. Os fatos falam por si e so bem eloqentes.
Abundante emisso de massa ectoplsmica, mostrando rostos minsculos de pessoas mortas, que foram reconhecidas.
O Dr. T. Glen Hamilton, j falecido, se revelou um dos mais hbeis cultores das pesquisas psquicas, que lhe ficaram devedo-
ras de uma contribuio considervel de experincias bem im-
pressionantes. Foi um sbio sereno e frio na experimentao e
prudente e sbrio nas teorias e concluses. No obstante, no se pde furtar necessidade de declarar, sinceramente, que no
conseguia encontrar hiptese mais clara e satisfatria, para
explicar os fenmenos relatados, seno aquela segundo a qual as entidades operantes eram realmente o que diziam ser, isto ,
espritos de pessoas mortas que procuravam fornecer aos vivos
da Terra as mais extraordinrias e impressionantes provas de sua sobrevivncia espiritual.
Ampliao da fotografia anterior, mostrando dois rostos de pessoas bem conhecidas em vida, sendo um de Raymond, filho de Sir Oliver Lodge,
e o outro de um jovem cujo nome no se quis divulgar.
Todas as fotografias que ilustram este volume foram por mim colocadas nele, visto no existir nenhuma delas nem na obra do
Dr. Paul Gibier nem na monografia do Professor Ernesto Bozza-
no.
Poucas foram colhidas em outras obras, mas a maioria delas
devo ilustre redao da Psychic Science, de Londres, Inglater-ra, que atenciosamente me remeteu os nmeros que me eram
necessrios para esse fim.
O Dr. T. Glen Hamilton foi presidente de The National Exe-cutive of the Canadian Medical Association de 1922 a 1933,
membro da Manitoba Medical Association em 1921/22, membro
da Provincial Legislature de 1915 a 1920 e decano da King
Memorial Church durante 28 anos. Foi tambm presidente da Winnipeg Society for Psychical Research.
Do seu grupo habitual de experimentadores faziam parte qua-tro mdicos, um advogado, um engenheiro civil e um engenheiro
eletricista e ainda sua prpria esposa, enfermeira diplomada. Ele
se utilizou dos seguintes mdiuns no profissionais: Elizabeth M., Mary M. e Mercedes.
Devo, finalmente, uma explicao ao leitor, isto , que as du-as fotografias a seguir mais duas excelentes provas da sobrevi-
vncia espiritual no fazem parte do assunto deste duplo traba-
lho. A primeira uma das muitas luvas de parafina obtidas pelo mdico francs Dr. Gustave Geley no Instituto Metapsquico
Internacional, do qual foi o primeiro diretor, e a seguinte obtida
numa sesso com a mdium de Boston, Sra. Margery Crandon, pela qual se manifestava o esprito Walter.
O tradutor
Um par de luvas de parafina com os dedos das mos entrecruzadas, mos-trando gros do corante colocados na cera para melhor autentic-lo.
Impresso digital feita em cera dentria pelo esprito Walter, verificada ser verdadeira em confronto com a constante de sua ficha datiloscpica
completa existente nos arquivos das autoridades locais.
FIM
Notas:
1 Bozzano escreveu esta autobiografia em 1930. Seu primeiro
artigo de 1901 e ele escreveu at 1940. (N.T.)